PROMOCIÓN DE LA SALUD EN LA ESCUELA: LA BÚSQUEDA DE
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PROMOCIÓN DE LA SALUD EN LA ESCUELA: LA BÚSQUEDA DE
PROMOCIÓN DE LA SALUD EN LA ESCUELA: LA BÚSQUEDA DE DEFINICIONES EN LA ACCIÓN DEL ENFERMERO A promoção da saúde na escola: a busca de definições na ação do enfermeiro. Promotion of the health in the school: the search of definitions in the action of nurse ___________________________________________________________________ ___ Alexandra Schmitt Rasche1 Maria Da Soledade Simeão Dos Santos2 RESUMEN: Este estudio presenta los conceptos para los términos: salud escolar, educación en salud y promoción de la salud, construidos desde las caracterizaciones hechas con el examen bibliográfico agregado a la experiencia profesional del enfermero escolar. El objetivo es caracterizar los términos presentados como manera de clarificar las distorsiones conceptuales posibles y su interfaz con el práctico en la actuación del enfermero en la escuela. La metodología se pauta en el abordaje cualitativo, donde son relacionados elementos teóricos levantados desde el práctico del enfermero de una escuela de educación básica teniendo en vista la promoción de la salud de alumnos y empleados. Son verificados como resultados de qué manera la actuación del enfermero en el ambiente escolar, a través de planeamiento y de acciones conjuntas, crea elementos desencadenadores para acciones en la educación en la salud responsable por la estructuración y el mantenimiento del ambiente 1 Mestre em Enfermagem, Professora Substituta do Departamento de Metodologia da Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. E-mail: [email protected]. 2 Doutora em Enfermagem, Professora Adjunta do Departamento de Metodologia da Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. [email protected] 21 saludable, del espíritu crítico y la formación de ciudadanos responsables por la mejora de la calidad de la vida. Palabras Clave: Educación en Salud; Enfermero; Promoción de la Salud; Enseñanza Básica RESUMO: Este estudo apresenta conceitos para os termos: saúde escolar, educação em saúde e promoção da saúde, construídos a partir de caracterizações feitas através de levantamento bibliográfico somado a experiência profissional do enfermeiro escolar. O objetivo é caracterizar os termos apresentados como forma de esclarecimento para as possíveis distorções conceituais e sua interface com as práticas na atuação do enfermeiro na escola. A metodologia pauta-se na abordagem qualitativa, onde são relacionados elementos teóricos levantados a partir da prática do enfermeiro em uma escola de ensino fundamental visando à promoção da saúde de alunos e funcionários. São verificados como resultados de que forma a atuação do enfermeiro no ambiente escolar, através de planejamentos e ações conjuntas, cria elementos desencadeadores para ações na educação em saúde responsáveis pela estruturação e manutenção do ambiente saudável, o desenvolvimento do espírito crítico e a formação de cidadãos responsáveis pela melhoria da qualidade de vida. Palavras-Chave: Educação em saúde. Enfermeiro. Promoção da saúd. Ensino Fundamental. ABSTRACT: This study presents concepts for the terms: school health, education in health and promotion of the health, constructed from characterizations made through bibliographical survey added to the professional experience of the school nurse. The 22 objective is to characterize the presented terms as a way to clarify the possible conceptual distortions and its interface with the practical in the performance of the nurse in the school. The methodology guideline in the qualitative approach, where theoretical elements raised from the practical of the nurse in a school of basic education are related aiming at to the promotion of the health of students and employees. Are verified as resulted of in what way the performance of the nurse in the school environment, through planning and joint actions, it creates elements that burst for action in the education in health responsible to make the structure and maintenance of the healthful environment, the critical spirit and the formation of responsible citizens for the improvement of the quality of life. Keywords: Health Education. Nurs; Health Promotion. Basic Education. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A escola é apresentada pelo Ministério da Saúde em seus Informes Técnicos Institucionais, como um cenário importante para a construção de uma nova cultura de saúde, fortalecendo as capacidades individuais e da comunidade e a criação de ambientes saudáveis.1 A partir deste cenário e suas práticas, apresentamos definições para os termos: saúde escolar, educação em saúde e promoção da saúde, buscando fortalecer a qualidade das discussões técnicas entre profissionais da saúde e da educação. Nosso objetivo é caracterizar os termos: saúde escolar, educação em saúde e promoção da saúde de forma a esclarecer as possíveis distorções conceituais e sua interface com as práticas na ação do enfermeiro escolar. O esclarecimento destes conceitos e as ações propostas pelas atividades a eles associadas permitirão definir as atividades do enfermeiro no ambiente escolar. O termo enfermeiro escolar, que designa a função do enfermeiro que atua na escola, foi apresentado pela primeira vez no Brasil em 1936 por Edith Fraenkel nos Anais de Enfermagem.2 23 Utilizamos os conceitos construídos por especialistas, somado a nossa experiência de trabalho no ambiente escolar. Para realização desta caracterização optamos por uma revisão de literatura, também pelo desejo de levantar artigos da área das ciências da saúde que trouxessem a tona o termo enfermeiro escolar e observar como estavam sendo vistos no cenário nacional os conceitos a serem caracterizados. A revisão ocorreu durante o ano 2006 e não foi feito um corte temporal para seleção dos artigos, partimos de artigos desde a década de 30 quando no Brasil aparece pela primeira vez o termo enfermeiro escolar, até os dias atuais. Utilizamos como base a página SCIELO (Acesso pela internet: www.scielo.br), e como descritores os termos: saúde escolar com 64 artigos, educação em saúde com 162 artigos, educação sanitária com 08 artigos e saúde e educação com 126 artigos. Dos títulos e resumos encontrados, a partir dos descritores, foram selecionados 19 artigos por aderência aos termos: saúde escolar, enfermagem e escola de ensino fundamental. Dos artigos selecionados realizamos a leitura e análise, resultando em uma categorização temática a partir do objetivo proposto, atender a caracterização dos termos: saúde escolar, educação em saúde e promoção da saúde. Cabe salientar como limitação do estudo a seleção dos artigos, esta não correspondeu à totalidade de publicações por utilizarmos como meio de acesso aos artigos somente o meio eletrônico. Somada a revisão da literatura, a experiência na atuação como enfermeiro escolar demonstrou a dificuldade de caracterização destes conceitos, destacando-se quando utilizados nas atividades de planejamento e construção das propostas pedagógicas e quando envolvem profissionais da saúde e educação. Entraves de comunicação ocorrem por desentendimentos conceituais e são refletidos nas ações em saúde, quando da construção das propostas pedagógicas. Consideramos necessária clareza das ações que partem do entendimento das bases teóricas e de onde emergirão objetivos planejados conjuntamente. A comunicação, entre os diferentes profissionais: docentes, direção escolar e profissionais da saúde, que atuam na escola deve passar pelo uso de uma 24 linguagem e objetivos comuns. Entendemos que através do diálogo e do planejamento conjunto das ações atingiremos uma homogenidade de ações, ou seja, ações continuadas e consistentes. Da compreensão desses conceitos e da linguagem comum, poderão ser traçados os diferentes níveis de atuação dos profissionais da saúde e educação no desenvolvimento do tema saúde para seus educandos, assim como seus desdobramentos para a comunidade escolar. Compreendemos ser necessário abrir espaços para discussão do tema saúde e sua promoção no ambiente escolar, de forma a tornar as ações para saúde claras, exeqüíveis e efetivas no seu desenvolvimento dentro do currículo escolar. O TEMA SAÚDE NA ESCOLA E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL A partir de 1920, o Instituto de Hygiene de São Paulo incumbe a escola primária da tarefa de “formação da consciência sanitária”, com a denominação de “higiene escolar”. Tal modelo era baseado no modelo alemão de “Polícia médica” cuja finalidade era o controle de doenças contagiosas. 3, 4 Nesta concepção higienista, a escola através de imposições e normas realizava o controle sanitário dos ambientes e dos hábitos de higiene dos indivíduos. Conclui-se que foi a partir destas concepções que a escola, na década de 70, era responsabilizada pelo controle do quadro vacinal de seus alunos e hoje ainda adota os métodos de campanhas – Dias Nacionais ou Dias D – que tentam focalizar e tratar de maneira isolada alguns problemas de saúde como a dengue, malária, tuberculose.5 A partir dos anos 50, para além das abordagens normativas da higiene escolar, surgem algumas propostas que representaram um movimento no sentido de biologização das questões relacionadas à aprendizagem escolar. Nesta concepção o fracasso escolar tentava ser explicado por distúrbios de nutrição, auditivos, visuais. 25 O controle desses distúrbios passava a ser responsabilidade da área da saúde na escola.4 Na escola, ainda em nossos dias, é remetido ao indivíduo a responsabilidade por adoecer, supondo-se que a escola ensina hábitos de higiene e a prática de hábitos saudáveis como forma básica de não se contrair doenças, cabe ao indivíduo a sua prática, resultando por si só no controle de doenças e epidemias. Surge, na década de 70, a Medicina Escolar cujo objetivo era a realização de exames físicos de forma massificada para o ingresso na escola e durante o período em que o aluno nela permanecia até a conclusão de sua formação fundamental, acreditava-se ser realizado, deste modo, o controle de “doenças”. O crescimento da demanda da escola e a insuficiência dos serviços de saúde levaram a centralização do atendimento para alunos com “déficit de aprendizagem” ou “distúrbios de comportamento”, fortalecendo a visão comportamentalizada da saúde e intensificando a idéia de medicalização da saúde na escola 4,6 A idéia da medicalização, mantida até hoje, revela a carência de ações na assistência básica à saúde onde pela premência da solução trata-se prioritariamente dos agravos na saúde. A busca pela “nova idéia de saúde” surge através da Carta de Otawa (1986), baseada no princípio da saúde positiva, a partir dela abrem-se espaços para discussão de como trabalhar saúde, também na escola, de forma mais global e integradora.7 Na década de 80, passou-se a discutir a promoção da saúde de forma mais exaustiva, estabelecendo-se metas e analisando-se saúde não mais a partir do prisma individual, mas sim do comunitário. Torna-se assim necessário pensar em ambiente e comunidade escolar que compreendem não somente alunos e professores, mas também pais e funcionários da escola e o seu entorno escolar. 6 26 OS CONCEITOS DE SAÚDE APLICADOS NA ESCOLA E AS PRÁTICAS DO ENFERMEIRO: 1. A saúde escolar O termo saúde escolar está mais intimamente relacionado à década de 70, onde os profissionais da educação estavam acostumados com a presença do enfermeiro na escola esporadicamente ou em campanhas de saúde em uma ação “medicalizadora” para solução de questões médicas e essencialmente curativas. A busca de soluções por parte das políticas públicas de saúde para as carências existentes levavam a uma forma de interpretação onde o enfermeiro somente poderia contribuir nas ações curativas, por serem elas mais urgentes. Assim, o enfermeiro observando as necessidades e deparando-se com as limitações do setor de saúde, tendo em vista também uma perspectiva medicalizadora, passava a entender esta ação como sua principal atividade no âmbito da escola. 4,6 A saúde escolar, nas instituições de ensino, encontra-se baseada em uma proposta de orientação aos professores para detecção de doenças e realização de seus devidos encaminhamentos no controle agravos, assim, oferecendo melhores condições de aprendizagem aos seus alunos. É sustentada pelo princípio de que através do ensino de hábitos saudáveis nos conteúdos da disciplina de ciências poderia-se tornar o indivíduo responsável pelo controle de sua saúde8,5. Encontra-se centrada na forma de ensino biologicista, onde apenas são discutidos agentes causadores de doença e os agravos na saúde do ser humano pela contaminação, não levando em consideração a realidade daquela escola, mas apenas seguindo o conteúdo proposto pelo livro didático. 4,9 O enfermeiro, nesta proposta, realiza atividades como campanhas para controle de acuidade visual e auditiva, ou ainda, junto com o nutricionista poderiam promover campanhas de orientação para alimentação saudável, mas tais ações são pontuais e com datas e períodos de realização e conclusão definidos. Campanhas são 27 desencadeadas pelo surgimento do tema na imprensa, como o surto de dengue, por exemplo, mas dificilmente estendem-se durante todo o ano letivo. O processo de convencimento da pouca eficácia destas ações depende de propostas de trabalho em parcerias, do desejo de mudança e de busca de novos paradigmas a partir de uma visão crítica da atuação do enfermeiro junto à comunidade escolar. A integração dos conhecimentos da saúde e da educação e a fusão dos saberes populares e científicos com uma abertura para discussão das prioridades junto à comunidade escolar, permitem dar concretude as ações em saúde no ambiente escolar. Acreditamos ser o modelo da prática da “saúde escolar” adotando apenas o modelo medicalizador pouco eficiente, mas o enfermeiro a partir de uma proposta inicial e contando com o apoio de um modelo já institucionalizado e desenvolvido no currículo escolar poderá propor novas e continuadas ações em saúde, valer-se deste modelo como desencadeador de ações e despertando o interesse pelo tema saúde na escola. 2. A educação em saúde A educação em saúde deve superar a conceituação biomédica de ausência de doenças, para ser uma fonte de vida. Ela não se destina apenas à prevenção de doenças, mas preparar o indivíduo para a luta por uma vida saudável. Neste paradigma o indivíduo deve ser estimulado a tomar decisões sobre sua vida criando uma noção de autonomia e um ideal de autogoverno.10 A simples transmissão da informação, muito pouco ou nada significa para o receptor, para que o conhecimento seja significativo ele deve ser reelaborado pelo indivíduo que rearranja seu repertório de conceitos e informações e com os quais dá sentido aos acontecimentos e situações orientando sua ação.11 A educação enquanto proposta social não pode ser pensada como simples transmissão ou passagem de conhecimentos para outrem. A educação deve 28 instrumentalizar indivíduos e comunidades na compreensão de suas realidades de forma a permitir que estes possam interferir no cotidiano.12 A afirmação de Candeias, “a educação em saúde (não confundir com informação em saúde) procura desencadear mudanças de comportamento individuais e representa combinações de experiências de aprendizagem delineadas em vistas a facilitar ações voluntárias e conducentes à saúde”, salientando a importância da vivência do indivíduo.11 Dentro da ação do enfermeiro escolar, destacamos os termos facilitar que significa criar a oportunidade, possibilitar ou predispor que a comunidade escolar discuta sobre o tema saúde; voluntariedade que significa propor a discussão sem coerção e com plena compreensão e aceitação por parte desta comunidade escolar dos objetivos educativos implícitos e explícitos nas ações desenvolvidas e ação que diz respeito a medidas comportamentais adotadas pelo indivíduo ou grupo para alcançar um efeito intencional sobre sua saúde. Encontramos na prática que a educação em saúde constitui apenas uma fração das atividades técnicas voltadas para a saúde, prendendo-se especificamente à habilidade de organizar logicamente o componente educativo dos programas que podem se desenvolver em diversos ambientes inclusive a escola.11,13 Alguns autores, como Oliveira, costumam definir a educação em saúde em modelo tradicional e modelo radical. No modelo tradicional ou modelo preventivo de educação em saúde, o objetivo principal é a prevenção de doenças enfatizando o aspecto individual, ou seja, mudanças comportamentais a nível individual em um exercício de persuasão onde podemos concluir que apenas um bom instrumento de transmissão de informação resulte em entendimento e mudanças. Observamos hoje este tipo de ação nos trabalhos realizados para o controle de transmissão do HIV, ou ainda para o controle do uso abusivo do álcool.10 Pelo modelo radical, o objetivo está centrado no incremento da consciência crítica das pessoas meta esta, relacionada ao termo conscientização. A educação em saúde pelo modelo radical ao invés de trabalhar com os indivíduos, considerados 29 alvos isolados, busca atingir seus objetivos trabalhando os grupos. Parte de uma premissa mais recente de abordagem em educação utilizando a metodologia de grupo, onde ocorrem trocas de idéias e experiências potencializando o resultado de mudanças de comportamento pelo grupo, além de abrir espaços para discussão do ambiente e das ações de toda a comunidade.10 O enfermeiro, enquanto desencadeador destas ações proporciona a criação destes espaços de educação em saúde. Mas há que se salientar que nem sempre os resultados são aqueles esperados pelo profissional, pois devem ser respeitadas as escolhas e nem sempre o senso comum vai ao encontro do que a formação técnica aponta como a atitude em saúde “correta”, sendo este o maior entrave na utilização da metodologia radical. Ela deverá ser conduzida de forma a respeitar as conclusões do grupo, mas estabelecendo-se consensos relativos às práticas saudáveis em saúde. Oliveira ressalta também: “os modos de vida são padrões de escolhas (comportamentais) feitas a partir das alternativas disponíveis às pessoas, conforme suas circunstâncias socioeconômicas e suas facilidades para escolher certos modos de vida em detrimento de outros”. Assim em saúde padrões de comportamento não são fixos, pois dependem do fluxo da vida e de formas de viver.10 Cabe ao enfermeiro na realização de atividades de educação em saúde aplicar técnicas de condução de grupos de forma a tornar possível o uso da metodologia radical que é dada pela participação ativa dos sujeitos na atividade. Propostas de educação em saúde mais participativas e que valorizem saberes construídos de forma conjunta traduzem-se em resultados mais eficientes e duradouros. 3. A promoção da saúde na escola No texto do Ministério da Saúde encontramos “promover saúde é tocar nas diferentes dimensões humanas, é considerar a afetividade, a amorosidade e a capacidade criadora, e a busca da felicidade como igualmente relevantes e como indissociáveis das demais dimensões. Por isso, a promoção da saúde é vivencial e é 30 colocada ao sentido de viver e aos saberes acumulados pela ciência e pelas tradições culturais locais e universais”.1 A promoção da saúde traz como princípios norteadores um conjunto de valores éticos como a vida, a solidariedade, a eqüidade e a cidadania e uma série de estratégias que visam concretizar a cooperação e as parcerias.6 A promoção da saúde é definida por Candeias “como uma combinação de apoios educacionais e ambientais que visam a atingir ações e condições de vida conducentes à saúde”. Destacamos o termo ambiental por se tratar não somente de apoios educacionais, mas também o meio ambiente enquanto protetor da saúde.11 Este conceito ultrapassa os limites tradicionais e impõe que se pense não somente nos fatores comportamentais, mas na interação constituída pela cultura, por normas e pelo ambiente socioeconômico que são denominados “estilos de vida”. A promoção da saúde na escola exige da ação do enfermeiro, empenho naquilo que a escola e os profissionais da educação esperam em relação à saúde do escolar. Estão aí incluídas todas as atividades que envolvem os tratamentos nos agravos da saúde, mas requer e busca principalmente que este profissional envolva a comunidade em uma combinação de apoios educacionais e ambientais que visem atingir ações e condições de vida que garantam a saúde. Desta forma também as práticas educativas (educação em saúde) adquiram relevância e imperiosidade nas ações em saúde. O enfermeiro escolar deve valer-se de referenciais como as concepções de saúde positiva e da educação em saúde, pautadas no desenvolvimento das potencialidades humanas e na capacidade de transformação da realidade, sendo estes integrantes dos direitos fundamentais da pessoa. Por saúde positiva compreendemos todos os conceitos relacionados ao princípio de saúde integral (aspectos biopsicoeconomicosociais) e onde toda a discussão parte do princípio da saúde e não da doença. A ação esta baseada na prevenção e não no tratamento dos agravos em saúde. 31 Em Pereira, encontramos a definição de que “saúde não são apenas processos de intervenção na doença, mas processos de intervenção para que o indivíduo e a coletividade disponham de meios para a manutenção ou recuperação do seu estado de saúde, no qual estão relacionados os fatores orgânicos, psicológicos, sócio-econômicos e espirituais”. Consideramos ainda que a prática de saúde é exercida em qualquer espaço social, visto que o campo da saúde é muito mais amplo do que o da doença. 14 A promoção da saúde na escola compromete-se com a formação de um cidadão autônomo e crítico e conseqüentemente com uma ação transformadora para a melhoria das condições de vida. Está voltada para provocar mudanças de comportamento organizacional capazes de beneficiar a saúde de forma ampla na comunidade escolar. O conceito de promoção em saúde traduz o envolvimento comunitário no processo de formação em saúde visando uma proposta de prevenção em saúde. Cabe ao enfermeiro ser o estimulador para o desenvolvimento destas práticas e para o comprometimento de toda comunidade escolar na construção de ambientes saudáveis. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por ambiente escolar compreendemos não somente o espaço físico que a escola ocupa, mas também seu entorno e os individuas que interagem neste ambiente. Com suas condições de acesso ao: transporte, saneamento e com ele recolhimento de lixo, distribuição de água potável, manutenção de reservatórios e instalações elétricas, mobiliário, manutenção do prédio e todas as questões de segurança. Acesso à merenda escolar, sua qualidade e condições de preparo, presença de animais como ratos e seu controle, enfim todos os fatores que possam permitir condições saudáveis de trabalho para seus profissionais e de estudo para seus alunos. Pensar saúde na escola é estar atento para o ambiente escolar. 32 A escola representa um espaço socialmente reconhecido para desenvolver o ato pedagógico, é uma instituição em que o ser humano passa longa e importante etapa de sua vida, sendo assim, a escola juntamente com a família contribui para construção de valores pessoais e dos significados atribuídos a objetos e situações, entre eles a saúde.6 Por escola saudável entendemos aquela que possui um ambiente solidário e propício ao aprendizado e por isso engajada na estimulação da criação de entornos favorecedores à saúde e na aprendizagem de comportamentos que permitam a proteção do meio ambiente, na conservação de recursos naturais e no engajamento cada vez maior da população em projetos de promoção da saúde.6 A promoção da saúde no ambiente escolar constitui-se em uma meta a ser atingida pelo enfermeiro em sua ação no ambiente escolar. Não queremos com este artigo afirmar que as ações curativas em saúde são menos importantes, mas entendemos ser necessário rever as nossas práticas enquanto enfermeiro escolar e na realização de atividades que recuperem e principalmente preservem à saúde através do envolvimento e comprometimento da comunidade escolar. Entendemos assim, ser necessário conhecer os paradigmas que orientam as definições de saúde escolar, educação em saúde e promoção da saúde apresentadas neste artigo, permitindo desta forma apoiar discussões conceituais necessárias para a elaboração de planejamentos conjuntos entre profissionais da saúde e educação, assim como as atividades do enfermeiro escolar. Salientamos que a experiência no trabalho de enfermeiro escolar como um “novo” campo de atuação, permite escolhas do jeito de “fazer saúde” na escola, não existindo jeito errado, mas “jeito novo” e principalmente engajado na ação comprometida com o bem estar e o envolvimento de todos os segmentos da escola. 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