COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA – A CONQUISTA A
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COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA – A CONQUISTA A partir de 1492 os europeus não pararam mais de chegar ao Novo Mundo, cada vez em maior número. Desencadeou-se, assim, um rápido processo de ocupação das terras americanas. Inicialmente, foram conquistadas as ilhas da América Central; em seguida, as terras firmes do continente, com as expedições de Cortez ao território asteca e de Pizarro ao Império Inca, ao mesmo tempo que os portugueses se estabeleciam no Brasil atual. À conquista, seguiu-se a colonização, fato que mudou radicalmente a história dos povos que viviam dos dois lados do Atlântico. Para os europeus, o principal efeito foi a acumulação de riquezas que mais tarde contribuíram para impulsionar a industrialização da Europa e o desenvolvimento do capitalismo moderno, processo conhecido como acumulação primitiva de capital. Para os ameríndios, a colonização significou o extermínio de povos inteiros, a exploração da mão-de-obra nativa e a destruição de grande parte de sua cultura. Para os africanos, o horror da escravização em larga escala para atender à necessidade de mãode-obra dos colonizadores. A América subjugada O primeiro a chegar foi Cristóvão Colombo. Viajando a serviço da Espanha, o navegador genovês aportou numa ilha do Caribe, que denominou de San Salvador. Eram 12 de outubro de 1492. Em seguida, Colombo explorou outras ilhas da região. Em uma delas, batizada por ele de Hispaniola — Haiti e República Dominicana atuais —, fundou uma fortaleza. Assim tinha início a ocupação da América pelos europeus. Já em 1509, o governo de Madri criaria o Conselho das Índias, destinado a administrar as colônias espanholas no novo continente. Depois da viagem inaugural de Colombo, outros navegadores espanhóis começaram a chegar à América, entre eles Vicente Pinzón, que, ao que parece, percorreu parte do litoral da atual América do Sul, em janeiro de 1500. Três anos depois, foi a vez de Vasco Nunez Balboa atravessar o atual istmo do Panamá e deparar-se com o oceano Pacífico. Em 1515, João Dias de Solis encontrou o rio da Prata, ao sul. Mais quatro anos se passaram até que Fernão de Magalhães, um português a serviço da Espanha, e Sebastião d'Elcano dessem início à primeira viagem de circunavegação. No primeiro século de colonização, a riqueza do continente atrairia ainda outros conquistadores, que passariam a disputar as terras da América, como os portugueses, os franceses, os holandeses e os ingleses. A CONQUISTA ESPANHOLA Colombo morreu em 1506, depois de fazer mais três viagens à América. Até o último momento, no entanto, ele acreditou ter chegado às Índias. O erro seria corrigido logo após sua morte pelo navegante florentino Américo Vespúcio, um de seus companheiros de viagem. Vespúcio conseguiu demonstrar que as terras conquistadas por Colombo e outros navegadores faziam parte de um mesmo continente, desconhecido dos europeus, ao qual deram o nome de América, em sua homenagem. Por muito tempo, porém, a América continuaria a ser chamada também de Índias Ocidentais. Religião e conquista Que direito tinha a Espanha de se apoderar de uma terra já habitada? Por que a França, os Países Baixos e a Inglaterra não gozavam do mesmo privilégio? Na época, essa era uma questão complicada para os europeus e foi alvo de longas discussões entre teólogos e juristas. A justificativa para a conquista espanhola era de ordem religiosa: o papa havia reconhecido o direito da Espanha às novas terras com o argumento de que, ao ocupá-las e ensinar a religião de Cristo a seus habitantes, a Coroa espanhola estaria prestando um serviço ao catolicismo. Morte no México Durante os primeiros anos, a ocupação européia do continente americano se restringiu às ilhas do Caribe. Nessa região os espanhóis exploraram o ouro de superfície, valendo-se do trabalho forçado dos nativos. Com o tempo e o esgotamento do metal, o interesse se voltaria para o continente. As primeiras bases em terra firme foram estabelecidas no atual Panamá, a partir de 1509. Do local saíam expedições de conquista para o norte, até a região onde hoje se encontra a Nicarágua, e para o sul, em direção ao Império Inca. No início, a Coroa espanhola encarregou alguns particulares de empreender a conquista. As expedições eram então organizadas sob a forma de empresa comercial. Os sócios do empreendimento entravam, cada um, com uma parte do capital (armas, caravelas, mantimentos, homens etc.) e depois dividiam os lucros proporcionalmente. A esses particulares, que recebiam o título de adelantados, a Coroa concedia também o direito de explorar a mão-de-obra nativa. A concessão era chamada de encomienda, e seu titular, o encomendero, assumia o compromisso de cristianizar os nativos colocados a seu serviço. Num primeiro momento, os conquistadores eram investidos de amplos poderes. Entretanto, como as áreas conquistadas se expandiram muito, surgiu a necessidade de uma intervenção mais direta da Coroa nas novas terras. Com o objetivo de exercer o controle administrativo das colônias e acompanhar de perto os mecanismos reguladores, como a cobrança de impostos, a Coroa acabou abolindo a autonomia dos encomenderos e impondo sua própria autoridade. Um dos homens de confiança da Coroa espanhola, Hernán Cortez, chegou à América em 1504. Em menos de duas décadas, se transformaria num dos conquistadores mais ricos e poderosos do continente. Em fevereiro de 1519, depois de alguns contatos entre espanhóis e astecas, Cortez partiu da atual ilha de Cuba em direção ao continente. Levava consigo onze navios com pouco mais de 600 homens, armados de 14 canhões, muitos arcabuzes, mosquetões e pistolas, além de 16 cavalos. Dois meses depois, ele desembarcou na atual costa mexicana, onde recebeu emissários do imperador Montezuma que lhe ofereceram diversos presentes. As notícias sobre a riqueza e a extensão do Império aguçaram a cobiça do conquistador, que procurou arregimentar homens para suas tropas entre os povos que haviam sido subjugados pelos astecas. Obtido o apoio desses grupos, Cortez marchou em direção à principal cidade asteca, Tenochtitlán, acompanhado de milhares de guerreiros nativos. Em novembro de 1519, ao entrar em Tenochtitlán, o conquistador foi recebido amistosamente por Montezuma que, acreditando nas previsões de alguns mitos religiosos, interpretou a chegada dos europeus como a volta de antigos deuses astecas. Em pouco tempo, porém, ficaria claro o grande equívoco do imperador. Cortez e seus homens permaneceram vários meses em Tenochtitlán. Quando precisou se ausentar da cidade, seu substituto no comando das tropas acabou deflagrando um conflito de conseqüências trágicas: ordenou o massacre de cerca de 6 mil nativos no interior de um templo. Ao retornar, Cortez não conseguiu acalmar os ânimos dos astecas. Em junho de 1520, os astecas revidaram e infligiram pesada derrota aos espanhóis. Em resposta, Cortez buscou novos reforços e sitiou a cidade. Os astecas lutaram até o esgotamento. Finalmente, em 13 de agosto de 1521, o último imperador, Quatemozim, teve de render-se. O Império Asteca foi destruído e passou ao domínio da Coroa espanhola sob o nome de Nova Espanha, governada por Hernán Cortez. Pizarro destrói o império Inca Em abril de 1532, partiu da América Central uma expedição chefiada pelo militar espanhol Francisco Pizarro com o objetivo de conquistar o Império Inca. Levava 180 soldados e 37 cavalos. Com esse contingente, o conquistador esperava derrotar o exército inca, composto de mais de 100 mil guerreiros. Pizarro e sua tropa foram favorecidos por uma circunstância especial: o Império encontrava-se dividido, em virtude da disputa travada entre os dois pretendentes ao governo. De um lado, estava Atahualpa; de outro, seu irmão Huáscar. Quando os espanhóis chegaram, a luta, embora não tivesse terminado, já havia sido praticamente decidida em favor de Atahualpa. Apoiados por alguns povos hostis aos incas, os invasores marcharam para o sul e, em novembro daquele mesmo ano, entraram na cidade de Cajamarca sem encontrar resistência. Ao chegar, Pizarro convidou Atahualpa para uma reunião. Ele aceitou e se dirigiu ao local do encontro acompanhado de numeroso séquito. Porém, quando alcançou a praça central de Cajamarca, foi preso pelos homens de Pizarro. Em meio a intenso fogo de artilharia, os incas se retiraram da cidade. Na prisão, Atahualpa prometeu a Pizarro, em troca de sua liberdade, um imenso tesouro, composto de todo o ouro que pudesse caber na cela em que se encontrava. O inca cumpriu a promessa, mas não o soltaram. Julgado pelos espanhóis, foi executado em 29 de agosto de 1533. No centro do Império, em Cuzco, outro inca foi escolhido por membros da elite. Seguiram-se anos de luta com os espanhóis. Em maio de 1572, Tupac Amaru, o último governante inca, foi decapitado pelos espanhóis na praça principal de Cuzco. Era o fim do Império Inca. A conquista se estende Enquanto Pizarro estava às voltas com a ocupação do Império Inca, os espanhóis estenderam seus domínios a outras regiões, como a Venezuela e a Colômbia atuais. Diego de Almagro e Pero de Valdívia ampliaram a conquista em direção ao sul do continente, chegando, em 1540, ao território onde hoje se encontra o Chile. Poucos anos antes, Pero de Mendoza havia se estabelecido com seus homens na região do rio da Prata (atual Argentina), onde fundou, em 1536, o Porto de Santa Maria de los Buenos Aires. Assim, por volta de 1560, os espanhóis já haviam conquistado grande parte da terra que lhes cabia no novo continente pelo Tratado de Tordesilhas. Genocídio! A conquista espanhola das terras americanas constituiu um processo de extermínio rápido e brutal, uma verdadeira catástrofe demográfica. Nos trinta anos que se seguiram à conquista, a população do Império Asteca foi reduzida de 25 milhões para 6,3 milhões de pessoas, e a dos Andes baixou de 10 milhões para 2,5 milhões. O frei Bartolomeu de Las Casas, que testemunhou parte da conquista e tornou-se um de seus maiores críticos, relata assim a ocupação da ilha Hispaniola: Os espanhóis, com seus cavalos, suas espadas e lanças, começaram a praticar crueldades estranhas; entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres grávidas e as parturientes, e lhes abriam o ventre e as faziam em pedaços como se estivessem golpeando cordeiros fechados em seu redil. Faziam apostas sobre quem, de um só golpe de espada, fenderia e abriria um homem, pela metade, ou quem, mais habilmente e mais destramente, de um só golpe lhe cortaria a cabeça, ou ainda sobre quem abriria melhor as entranhas de um homem, de um só golpe.
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