Desvendando o envelhecimento precoce na síndrome de Cockayne
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Desvendando o envelhecimento precoce na síndrome de Cockayne
Desvendando o envelhecimento precoce na síndrome de Cockayne (CS) Por André Souza Fragoso O departamento de Microbiologia (EROS) e manutenção da CSB-iPSCs sob a hipóxia (USP), em parceria com o De- (ambiente com baixo teor de oxigênio). partamento de Medicina Celular e Molecular da University of Califonia San Diego (EUA) e a Faculdade de Medicina (USP) fizeram uma pesquisa sobre o envelhecimento precoce na síndrome de Cockayne (CS) que foi publicada na revista “Human Molecular Genetics” da Oxford Journals. O artigo foi autoria da pesquisadora Dra. Luciana Nogueira Andrade, aluna de pós-doutorado, sob a orientação do Dr. Carlos Frederico Menck e sua equipe*. Assim, os pesquisadores chegaram algumas conclusões importantes, entre elas, perceberam que não havia diferenças nos níveis de CDKI (importante para o ciclo celular), ou seja, as CSB-iPSCs não eram essenciais para a reprogramação celular, mas tinham um papel importante na manutenção e viabilidade das células pluripotentes. Também que elas são caracterizadas por uma sobre-regulação de genes p53 e TXNIP e aumento do EROS. O que estas coisas têm haver com o envelhecimento? Se os níveis de EROS aumentam, isto pode O trabalho da pesquisadora Dra. Luciana rea- causar danos nas estruturas celulares - também chama- lizado sob a coordenação do Dr. Carlos Menck investi- do estresse oxidativo. No estudo, houve aumento de gou as mutações do grupo B da síndrome de Cockayne EROS nessas células, e também aumento de mRNA (CSB) no gene ERCC6. Indivíduos que nascem com TXNIP e, consequentemente, um aumento da proteína mutações nesse gene apresentam um quadro clínico de p53**. Esta proteína é considerada a “guardiã do geno- neurodegeneração e envelhecimento precoce. Tentando ma” sendo encarregada pela eliminação das células se- entender porque esse quadro clínico ocorre, os autores nescentes, provocando morte celular. O curioso é que investigaram a contribuição do CSB durante a repro- esse estresse oxidativo aumentado seja observado nas gramação celular e manutenção do estado pluripotente. células iPSCs, que se comportam com precursoras de Desta forma, eles produziram as iPSCs (Induced pluri- todas as células do organismo. Daí a correlação com a potent stem cell ou células-tronco de pluripotência in- morte celular, em massa, que poderia estar relacionado duzida) a partir de fibroblastos da pele de um paciente com o envelhecimento precoce dos portadores da sín- com a síndrome de Cockayne (CSB-iPSCs). Para isso e drome de Cockayne. Veja a figura. para investigar o que aconteceria com essas células, utilizaram uma série de técnicas tais como: a produção de vetor retroviral, extração de RNA e RT-PCR, eletroporação. Na sequência foram feitas análises de microRnas e cariótipo, sendo que esta última foi realizada pelo Cell Line Genetics (Madison, EUA) e Molecular Diagnostic Services, Inc (San Diego, EUA). E, por fim, testes para a detecção do espécies reativas de oxigênio A síndrome de Cockayne (CS) é um distúrbio autossômico de origem recessiva*** causada por mutações, principalmente no gene do grupo B (ERCC6). Ela é autossômica porque houve distúrbio em um dos seus 22 pares autossômicos. E, por fim, ela é recessiva, pois são necessários dois genes, um do pai e um da mãe, para que um indivíduo tenha esta síndrome. Ela é caracterizada pela hipersensibilidade a luz solar, envelheci- mento precoce, nanismo, degeneração da suas mutações são conhecidas por causar a síndrome, retina e degeneração neural. Sendo que sendo eles o ERCC6 (65% dos indivíduos) e o ERCC8 existem três tipos a CS I (moderada), (35% dos indivíduos). Certamente, a deficiência em CS II (grave) e a CS III (leve). **** reparação de DNA deve estar correlacionada com a De acordo com a literatura, no nível molecular a síndrome de Cockayne (CS) é caracterizada pela deficiência na via de reparação de transcrição de DNA. Existem dois genes os quais síndrome, mas se as células pluripotentes como as iPSCs têm esse estresse oxidativo e morte celular aumentadas, é possível que esses dados tenham correlação com o quadro de neurodegeneração e envelhecimento precoce observado nos pacientes. Figura: De acordo com o modelo, (A) a CSB inibe a transcrição de TXNIP impedindo o bloqueio da atividade sequestrante da TRX e favorecem a sobrevivência das células. (B) Em contraste, a ausência da CBS funcional aumentaria a transcrição de TXNIP e da sua interação com TRX, levando a um aumento dos níveis intracelulares de ROS, como consequência, p53 é regulada provocando a morte celular. *Luciana Nogueira de Sousa Andrade, Jason L. Nathanson, Gene W. YeoCarlos Frederico Martins Menck e Alysson Renato Muotri. O artigo completo pode ser encontrado no link: http://hmg.oxfordjournals.org/content/21/17/3825.long **Quando a proteína p53 (produto do gene p53) detecta a presença de danos no DNA, imediatamente aciona os mecanismos de bloqueio da divisão celular e reparo do DNA. Caso os danos não possam ser corrigidos, o p53 pode ativar o programa de morte celular (apoptose), destruindo a célula com genoma modificado. ***Para compreendermos o seu mecanismo, precisamos lembrar que os homens e as mulheres possuem 23 pares de cromossomos. Destes cromossomos, 22 pares são autossômicos, ou seja, são idênticos em ambos; e 1 par são cromossomos sexuais que definem quando o indivíduo é masculino (XY) ou feminino (XX). Se houver um distúrbio nos pares de cromossomos sexuais ou nos pares autossômicos existirão anomalias nos indivíduos como, por exemplo, a síndrome de Down cujo problema aparece no grupo G, no par 21 dos cromossomos autossômicos, pois em vez de dois cromossomos 21, existem 3 (trissomia). ****CS tipo I, a forma clássica ou moderada, caracterizada por um crescimento pré-natal normal com início das anormalidades nos primeiros dois anos. CS tipo II, a forma mais grave, caracterizada pela falha de crescimento no momento do nascimento com pouco ou nenhum desenvolvimento pós-natal. CS tipo III, a forma leve, caracterizada por crescimento e desenvolvimento normais, essencialmente cognitivo ou aparecimento tardio. Texto produzido por André Fragoso, aluna da FFLCH-USP e bolsista do projeto Aprender com Cultura e Extensão do ICB-USP.
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