- Associação Brasileira de Medicina Antroposófica
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- Associação Brasileira de Medicina Antroposófica
Não é fácil escrever um artigo, ainda mais quando pensamos em quem irá ler. Começa na escolha de um tema que desperte interesse, depois vem o desenvolvimento dessa idéia e, finalmente, tentar colocar no papel alguma coisa que mais se aproxime com aquele projeto inicial. Se já é difícil escrever, o desafio se torna ainda maior quando o conteúdo se relaciona com as diversas áreas de atuação da Antroposofia, colocando o foco nas questões que geram a saúde no ser humano. Então, seja por ousadia, seja por acreditar que esse também é um modo de contribuir na divulgação da Antroposofia e de seus vários segmentos para um público menos acostumado a ela, reunimos essas idéias nesse segundo número da revista. E fomos atrás de uma entrevista com a Dra. Gudrun, que através de suas lembranças e de sua atividade atual, nos conta um pouco da própria história da Antroposofia no Brasil; tem ainda a idéia da interdisciplinaridade discutida entre cinco profissionais que estão acostumados a essa troca de experiências dentro da Pedagogia Waldorf; o Dr. Wesley nos traz suas impressões de seu contato com o Xingu, um passeio em Botucatu e ainda Terapia Artística. Enfim, vários e diversificados assuntos tentando abranger o maior número de interesses. Esse continua sendo o principal objetivo dessa revista da ABMA, dirigida não apenas para os profissionais de saúde e seus pacientes, como também à comunidade não antroposófica: tentar acolher o maior número de segmentos que existem sob a orientação antroposófica e mostrar que podem existir assuntos e temas pertinentes e interessantes dentro desse campo tão vasto e multifacetado e, portanto, muito rico e curioso. Estamos ainda inaugurando um espaço para o leitor expressar sua opinião, seus elogios, suas críticas e sugestões, escrevam para nós. Boa leitura e nos encontraremos no próximo número. COMPARTILHE ESSA IDÉIA, BAIXE A REVISTA ATP no. 2 através do site http://www.medicinaantroposofica.com.br 2 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ EDITORIAL RECICLE ESSAS IDÉIAS: OFEREÇA ESSA REVISTA, DEPOIS DE TER LIDO, PARA ALGUÉM QUE AINDA NÃO LEU. ÍNDICE Biografia 3 Dra. Gudrun Burkhard Turismo 6 Botucatu Medicamentos 9 Entenda como são feitos Terapia Artística 14 A cura pela arte Crônica 16 Xingu Literatura 18 Indicações de livros DEST AQUE DESTAQUE Pedagogia Waldorf Uma escola que deixa a criança ser criança EXPEDIENTE ATP é uma publicação da ABMA (Associação Brasileira de Medicina Antroposófica). Distribuição gratuita. Tiragem 5 mil exemplares. • • • • • Presidente: Dr. Ronaldo José de Lima Perlatto Vice-Presidente: Dr. José Carlos Neves Machado Tesoureiro: Dr. Luiz Carlos Nascimento Secretário: Dr. Francisco Antônio Braz Conselho Fiscal: Dr. José Luiz Amuratti Gonçalves Dr. José Roberto Kater Dr. Paulo Roberto Volkmann • Regionais ABMA - Rio Grande do Sul Pres.: Dra. Jaqueline de Aguiar Volkmann Amaral ABMA - Rio de Janeiro Pres.: Dra. Sheila P. C. Grande ABMA - Santa Catarina Pres.: Dr. Cláudio Fernando Werlang ABMA - São Paulo Pres.: Dr. Vitor Manuel Costa Ferreira da Silva ABMA - Minas Gerais Pres.: Maria Regina Reis Cançado ABMA - Sergipe Pres.: Elizabeth de Albuquerque Cotrim ABMA - Brasília - Distrito Federal Pres.: Dr. Paulo Sérgio M. Tavares 11 • Criação RMC Design [email protected] • Editora Priscila Lanaro Treguer MTB 30.110 • Marketing e publicidade Alessandro Treguer • Direção de Arte Rosemeire M. Cavalheiro • Impressão Ananda Digital • Capa: Lisa Vilela Gomes Fotógrafo: Marcos Muzi Imagem gentilmente cedida pelo Colégio Waldorf Micael de São Paulo Mande suas c r í t i c a s , sugestões e/ou elogios para a nossa redação. Teremos enorme prazer em conhecer sua opinião sobre nosso trabalho. E-mail: [email protected] Carta: A/C Revista ATP Rua Regina Badra 576 São Paulo - CEP 04641-000 Personalidade Dra. Gudrun Burkhard contato com a Antroposofia? Dra. Gudrun: Através dos meus pais, que aos vinte e um anos me levaram para uma palestra do Dr. Mayen sobre Goethe, numa casa onde os antropósofos daquela época (1951) se reuniam para Biografia ATP: Como foi o seu primeiro estudos. Após esta palestra, fui freqüentando outras palestras, e por ocasião da fundação da Escola Waldorf no Brasil, eu me candidatei à médica escolar. Conseqüentemente, fui fazer um curso de medicina antroposófica, seguido de estágio, na Clínica Ita Wegman na Suíça, no ano de 1956. ^^ ATP: Como foi o processo de introdução da Medicina Antro- Personalidade posófica no Brasil? Dra. Gudrun: De volta da Suíça, comecei a clinicar no Instituto Weka de fisioterapia, no centro de São Paulo (na época, na Rua Marconi) e ia para a Escola Higienópolis, a atual Escola Waldorf Rudolf Steiner. Após algum tempo, foi necessário iniciar a fabricação dos medicamentos da Weleda, fundando-se, para tanto, em 1957, A mãe da Medicina Antroposófica e do Trabalho Biográfico no Brasil. E a empresa Weleda. la já fundou duas clíni- ATP: A senhora encontrou al- cas e escreveu vários gum tipo de resistência neste livros sobre Biografia processo? Como as pessoas,em Humana,um dos campos em que geral, receberam a novidade? atua há trinta anos. Dra. Gudrun: Não tive nenhum Saiba mais sobre o trabalho problema por parte de parentes ou e formação da Dra. Gudrun colegas com a introdução dessa Burkhard, a principal responsável medicina aqui no Brasil. A Medicina pela introdução da Medicina Antroposófica, porém, só se Antroposófica no Brasil. tornou mais visível para o público 3 Dra. Gudrun: A importância da alimentação é fundamental para a saúde. Existem dietas especiais para doenças específicas, e um cardápio geral saudável, para pessoas de trabalho mais intelectual, diferente da dieta de um trabalhador braçal. ATP: De que maneira a Antroposofia vê a instalação da doença no corpo humano? Dra. Gudrun: A Antroposofia vê o ser humano como uma entidade de corpo, alma e espírito. O a partir de 1969 com a fundação médico, no sentido clássico, e corpo consta da parte anatômica da Clínica Tobias, em São Paulo. assim poder ser um bom médico palpável, o corpo físico, e da parte antroposófico em seus conheci- vital que desencadeia processos ATP: Como funciona a Clínica mentos e no seu caminho de auto- vitais (ou fisiológicos). A alma, ou Tobias? Quais são as especia- desenvolvimento. O paciente quer a psique, se manifesta no ser lidades médicas de tratamento tratar a sua doença, para muitos, humano a partir do pensar, sentir que ela oferece? não importa a metodologia, o que e querer humano, responsável pelo Dra. Gudrun: A Clínica Tobias e o paciente quer é sarar. Sempre desencadeamento de processos outras clínicas, como a Clínica constatei que os nossos medica- psicológicos sadios ou alterados, Vialis, em Florianópolis, a Vivenda mentos são ótimos, para casos conforme a atuação conjunta e Sant’Ana, em Juiz de Fora e agudos e crônicos, o impor- equilibrada desses três elementos. outras, hoje funcionam na base de tante é saber usá-los de maneira A parte espiritual é a instância associações terapêuticas, multi- adequada e com coragem. disciplinares, tendo pediatras, clínicos gerais, obstetras e ginecologistas, ou mesmo especialistas como ortopedistas, oftalmologistas, médicos de famí-lia, etc. A parte médico-terapêutica é complementada com atividades terapêutico-artísticas, euritmia, arte da fala, massagens e especialmente, banhos e aplicações externas, ampliando todo o arsenal da medicina antroposófica. ATP: A senhora acredita que o Brasil tem condições de aplicar e difundir os conceitos da Medicina Antroposófica de uma maneira mais ampla? Como ampliar essa difusão? Dra. Gudrun: Acredito que a regente do corpo e alma, responsável pela nossa biografia desde ATP: Em que consiste o seu o nascimento até a morte e que curso de Biografia Humana? elabora através de várias encar- Quais são os tipos de profis- nações a sublimação do ser sionais que podem fazer uso humano. A doença se manifesta dos através de insultos físicos, desvita- conceitos aprendidos neste curso? lização de origens diversas (inclu- Dra. Gudrun: O trabalho biográ- sive constitucional hereditária), fico é feito com pacientes em cri- desequilíbrios psicológicos que ses de vida, doentes crônicos afetam o vital e o físico (por ou simplesmente pessoas que queiram mudar o rumo de suas exemplo, situações difíceis ou vidas. A formação biográfica é de caráter modular (cerca de quinze módulos) ao longo de três anos. Ela se direciona a médic os, terapeutas diversos, psicólogos, consultores (coaching), sociólo- biográficas (a pessoa sendo, por exemplo, impedida de realizar o que se propôs na vida terrena). Esta última podemos denominar também de causas cármicas. gos e outros interessados, que irão utilizar os conceitos e práticas ATP: posteriormente. podem mesmo afetar a saúde difusão da Medicina Antroposó- 4 perdas não elaboradas) ou causas Distúrbios psicológicos física? Como tratar estes dois fica depende dos médicos antro- ATP: Q u a l a i m p o r t â n c i a d a problemas de maneira efetiva? posóficos e dos cursos oferecidos alimentação (e definitiva!) para médicos, de ser um bom manutenção da saúde? para a boa Dra. Gudrun: Já dissemos que distúrbios psicológicos podem os procuram, mas não sabem afetar a saúde física. Estes distúr- que bios podem ser abordados pela medicina? Como explicar as terapêutica biográfica, psicoterapêu- diferenças entre os dois tipos tica ou terapia artística. O efetivo e de tratamento? praticam este tipo de definitivo da cura dependem de Dra. Gudrun: Cada médico mudanças externas e internas que deverá achar a sua forma de o paciente se dispõe a fazer. explicar ao paciente, ao longo do tratamento, as diferentes aborda- ATP: Na sua opinião, como os gens. Mas, para muitos casos, médicos antroposóficos devem nem é necessário dar explica- se dirigir aos pacientes que ções ao paciente. Gudrun K. Burkhard nasceu em São Paulo, formou-se em medicina pela USP em 1953, especializando-se em Medicina Antroposófica na Ita Wegman Klinik, na Suíça. Trouxe essa medicina para o Brasil, fundando em 1969, com seu primeiro marido, Pedro Schmidt, a Clínica Tobias, em São Paulo. Desde 1975, ministra cursos sobre a biografia humana, acumuando trinta anos de experiência nesta área. Fundou com seu segundo marido, Daniel Burkhard, a Artemísia, Centro de Desenvolvimento Humano, em Parelheiros, São Paulo. A partir de 1988, começou a dar cursos de formação biográfica em vários países da Europa e no Brasil, publicando nesse campo vários livros traduzidos para mais de dez línguas. Atualmente, reside em Florianópolis, Santa Catarina, onde fundou a Clínica Vialis e presidiu a Associação Sagres desde o seu início, em 2001, até março de 2007. 5 Turismo Viagem Botucatu Botucatu Uma cidade que consegue unir progresso científico e a tranqüilidade de sua exuberante paisagem natural como caracte- D e origem tupi, o nome Ybytu-Katu serra, só difere dela por não se significa “bons ares”. As manter constantemente elevada terras desta cidade do interior (após a ascensão, vai declinando). paulista já foram fazendas de jesuítas, condes e morada de rísticas marcantes. Será por isso povos de diversas nações. Hoje, que os adeptos da Antroposofia Botucatu é um importante pólo gostam tanto de Botucatu? ATRATIVOS TURÍSTICOS de grande potencial turístico e Entre as diversas atrações científico, mas suas ruas ainda turísticas que a cidade oferece, está preservam um clima de tranqüili- uma formação rochosa chamada dade graças às riquezas naturais de “Gigante Adormecido”. Três da região. Pedras formam os pés da “criatura”, Botucatu integra o Pólo Cuesta, reunião de dez cidades que têm 6 A cuesta é uma espécie de (Botucatu) que parece estar deitada com a barriga para cima. em comum uma formação geoló- A cidade ainda se destaca por gica com grande potencial de seus roteiros turísticos diferen- exploração para o ecoturismo. ciados, cada um voltado a um tipo Estas cidades são: Areiópolis, específico de grupo. Um dos Anhembi, Bofete, Conchas, Itatin- passeios que se destacam é o ga, Pardinho, Pratânia, Paranapa- Roteiro da Biodinâmica, em que o nema e São Manuel. visitante tem a oportunidade de conferir a qualidade superior dos produtos originados do cultivo biodinâmico. A diferença vem do método de cultivo da terra , e o turista pode conhecer este processo neste passeio. Esse caminho diferenciado, chamado “agricultura biodinâmica”, estrutura e trata da propriedade como um organismo vivo, auto-sustentável e integrado que, pelo manejo, ativa e equilibra as forças da natureza gerando fertilidade e alimentos vitalizados. BAIRRO DEMÉTRIA Esse bairro surgiu com o objetivo de englobar a Fazenda Demétria, que foi criada para pro- grupos. A Antroposofia como e tantas outras iniciativas que duzir alimentos biodinâmicos, caminho de conhecimento, com merecem alicerçada nos ideais antropo- ênfase na agricultura biodinâmica prestigiadas. E é no Bairro Demé- sóficos. Dois grupos de pessoas e na busca por inovação social, tria que o turista pode vivenciar uniram-se para dar nascimento à foi o ingrediente principal a deixar todas as etapas da produção de Estância Demétria em 1973/74. a sua marca nessa semente que alimentos orgânicos e curtir tudo De um lado os fundadores da queria brotar. o que a natureza pode oferecer, ser conhecidas e Giroflex e da Associação Tobias Neste local, surgem diversas em São Paulo e, de outro, um iniciativas concretizando os ideais O Instituto Elo dispõe de uma grupo de jovens que assumiria o antroposóficos: a escola Aitiara, sugestão de roteiro para quem dia-a-dia da Estância Demétria. Associação de produtos biodinâ- deseja conhecer um pouco mais O as micos, o Instituto Biodinâmico, sobre a Agricultura Biodinâmica condições, retirando as terras da Casa Somé, Associação Adão e e ouvir histórias e “causos” sobre esfera patrimonial privada e Ema, Congregação de Cristãos, o Bairro Demétria. primeiro grupo criou com total tranqüilidade. viabilizando os investimentos necessários no decorrer de vários anos. O segundo grupo encontrou DADOS GERAIS nestas condições especiais a oportunidade para realizar os ideais que motivavam esses dois • Localização: Região Centro-sul do Estado de São Paulo. • Área do Município: 1.522 km ² . • População Estimada: 110.000 habitantes. • Temperatura Média: 19°. À noite constantemente sopra sobre a cidade uma brisa vinda da Serra. roxa legítima, vermelha arenosa, arenosa. • Bacias Hidrográficas: Rio Pardo e Rio Tietê. Vias de Acesso Rodovias Castelo Branco (SP-280) e Marechal Rondon (SP-300). Há também acesso para Piracicaba pela rodovia Geraldo Pereira de Barros e para Jaú pela rodovia João Melão, através da Marechal Rondon. • Relevo: compreende três regiões distintas: Baixada, Topo da Serra e Frente de Cuesta. • Distâncias da Capital e Principais Cidades S. Paulo: 240 km Brasília: 898 km Jaú: 81 km Bauru: 92 km Rio Claro151 km Curitiba: 557 km • Tipos de Solo: Terra arisca (Arenito de Botucatu), terra roxa de campo, terra • Atividades Econômicas: Indústria, comércio, agropecuária • Vegetação: Na Cuesta, Mata Pluvial do Paraná. No topo da Cuesta, Cerrado com manchas de mata. 7 ROTEIRO DEMÉTRIA Paisagem, Pessoas e Arte SEXTA • 17h30 - Chegada Chegada na Casa Somé, acomodação e recepção. • 18h30/19h30 - HISTÓRICO Histórico do Bairro Demétria com Marco Bertalot-Bay (economista do Instituto Elo) e “O Cerrado e a Paisagem Local” imagens com Maria Bertalot (bióloga e pesquisadora da Associação Biodinâmica). • 19h30/20h15 – Jantar • 20h30/21h30 – “ASTRONO MIA: observações e dinâmicas” com Pedro Jovchelevic (agrônomo e diretor da Associação Biodinâmica). Eventualmente: “NOITE MUSICAL.” Música popular instrumental e vocal dançante com toques eruditos” com o grupo “Casa Forte” (sanfona, violino, flauta e pandeiro). (professora de música da Escola Aitiara) • 09h15/12h00 – “PASSEIO DA TERRA” – Cerrado, Agrossilvicultura, uma nascente na mata e a paisagem local com Maria e Marco. Um laticínio diferente. Uma trilha encantada. Uma horta biodinâmica. Qual é o ouro do agricultor? Como fazer um composto? • 09h15/12h00 – PLANTAR A MINHA ÁRVORE - Um viveiro de mudas. Outra trilha encantada. Cada um planta sua árvore. • 12h15h – Almoço • 13h30 Partida. É – possível Encerramento adaptar a •14h00/15h15 – OUVIRATIVO: Vivências musicais com Marcelo Petraglia • 15h30/18h30 – P ASSEIO DOS HABITANTES - A Escola Aitiara. Um museu de pedras. Onde vai parar o lixo dos moradores? A Bioloja da Estância Demétria com padaria, sorvetes e algumas coisinhas mais. Um condomínio de moradores. • 19:00h – Jantar • 20h00 – DINÂMICAS 2: Fogueira, violão e canto com Glória. • pro- DOMINGO 07h45 – Café da Manhã • 08h00/09h00 – DINÂMICAS3: Ritmos, percepção musical e canto interesses específicos. INSTITUTO ELO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O Instituto Elo tem por objetivo promover atividades para o desenvolvimento de uma Economia Associativa e de uma Trimembração do Organismo Social com base na geração de conhecimentos, técnicas, habilidades e práticas de Gestão Empreendedor Associativa. Para a realização do seu objetivo, o Instituto Elo desenvolve atividades de pesquisa e desenvolvimento, publicações, cursos, consultoria e projetos e para a formação de uma Rede Associativa, visando fomentar parcerias econômico-associativas; o comércio justo; a função social do uso do solo; do capital financeiro e de instalações industriais; a geração de recursos para o desenvolvimento educacional e profissionalizante; a concessão de créditos; realização de feiras, de eventos culturais e de educação sócio-ambiental que, entre outros, promovam a demanda e a conseqüente oferta de produtos e serviços cada vez mais ecológicos e humanos. Maiores informações: http://www.elo.org.br 8 e gramação para grupos com • 12h15h – Almoço SÁBADO • 7h40/7h45 – Café da Manhã • 08h00/09h00 – “DINÂMICAS 1”: Ritmos, percepção musical e canto com Gloria Bertalot com Glória. O que são medicamentos Antroposóficos? A razão é simples: os processos normais ou doentios Tira-dúvidas que ocorrem no organismo humano encontram na natureza algum processo correlato ou oposto. De acordo com cada caso, a medicina antroposófica indicará um medicamento para estimular no ser humano uma reação que levará à cura ou alívio da enfermidade. O fundamental no medicamento antroposófico é que ele estimula as forças autocurativas do organismo. Um medicamento antropo- A sófico pode agir, de acordo com farmácia antroposófica sua composição, de três modos: começou a ser desen- (1) estimulando um processo volvida há cerca de 100 contrário à doença – esta é a ma- anos, por Rudolf Steiner, fundador neira alopática de ação, por da antroposofia, e Oskar Schmie- exemplo, para uma inflamação del, químico austríaco, em colaboração com médicos – especi- pode-se usar uma planta que Medicamentos estimule no organismo suas almente Ita Wegman, fundadora atividades antiinflamatórias; (2) da medicina antroposófica. agindo de modo igual à doença e Os primeiros produtos medicinais antroposóficos datam de 1921, quando o primeiro laboratório farmacêutico antroposófico foi criado na Suíça, a Weleda. Quando alguém começa um tratamento com a medicina antroposófica, uma das primeiras perguntas que surge é: o que é um medicamento antroposófico? Quais as diferenças em relação aos outros medicamentos? Todos os medicamentos antroposóficos são obtidos da natureza, a partir de sustâncias minerais, vegetais ou animais. Não há medicamento antroposófico sintético, embora o médico antroposófico recorra aos chamados medicamentos alopáticos quando necessário. Tampouco se concebe um medicamento antroposófico provocando uma reação contrária maior do organismo no sentido da cura – este é um princípio homeopático de ação: aquilo que provoca também pode curar; (3) proporcionando um modelo orientador para o órgão ou sistema doente, levando à sua atividade sadia – este princípio é exclusivo dos medicamentos antropo- sóficos. Muitos medicamentos antroposóficos são dinamizados, isto é, diluídos e agitados de modo rítmico várias vezes. Esse pro- obtido de uma planta geneticamente modificada, ou que em seu processo de cultivo foram usados agrotóxicos, fertilizantes químicos cesso farmacêutico serve para ou herbicidas sintéticos. também existem remédios feitos despertar na substância seu potencial curativo, que estava como que adormecido. Mas 9 colhidas nas primeiras horas da manhã, quando na natureza as forças de vitalização são mais intensas. As tenras folhas da bétula, usadas como rejuvenescedoras desde o século I, são colhidas na Primavera, justamente a época em que a natureza se a partir de tinturas de plantas, extratos secos e chás, ou seja, medicamentos não dinamizados. rejuvenesce. Entre um mineral natural e um derivado de uma reação química Há uma grande preocupação sintética – ainda que ambos te- com a qualidade da substância nham a mesma composição – o que será usada para se fazer o mineral natural será o escolhido astro com o metal – já demons- medicamento antroposófico, pois para compor um medicamento trada em diversos experimentos se entende que a substância é a antroposófico justamente porque científicos. fase final de um processo. Então, o ele trará consigo todo o seu As principais vias de adminis- processo precisa ser tão valoriza- processo natural que culminou tração dos medicamentos antro- do quanto a substância em si. na substância. posóficos são a oral, a injetável Alguns exemplos práticos: a Isso significa que existe um subcutânea e a tópica (compres- calêndula é uma planta conhecida cuidado especial com tudo o que sas externas de pomadas, cremes como cicatrizante e vitalizante cerca o futuro medicamento, ou óleos). De acordo com o que desde a Idade Média. Além do inclusive influências “de longe”. se pretende estimular, o médico cultivo orgânico (sem agrotóxicos A prata, mineral de grande optará por uma ou outra via. ou fertilizantes químicos), para aplicação terapêutica na medicina Oficialmente, a Agência Nacio- que as flores da calêndula sejam antroposófica, é dinamizada de nal de Vigilância Sanitária (Anvisa), usadas em um medicamento ou acordo com a fase da lua, pois reconhece os medicamentos an- cosmético antroposófico, elas são existe uma clara influência deste troposóficos como uma categoria de medicamentos dinamizados. Portanto, existe uma identidade própria de tais remédios no Brasil. A farmácia antroposófica é reconhecida pelo Conselho Federal de Farmácia, que também atribui ao farmacêutico antroposófico suas principais tarefas. Agora você já conhece os princípios que regem os medicamentos antroposóficos. Quando receber a prescrição de seu médico antroposófico, você saberá que dentro daquele frasco, nas gotas, glóbulos, ampolas ou pomadas, existe uma parte da natureza pronta para lhe ajudar a recuperar ou manter sua saúde, de forma harmônica, suave e profunda. Parabéns pela opção! Nilo Gardin – Médico responsável pelo departamento médico-científico da Weleda do Brasil. 10 Pedagogia Waldorf maneira como as atividades são respeitando o desenvolvimento da criança e suas necessidades mentais, anímicas, físicas e espirituais. Outro fator que diferencia as Escolas Waldorf entre as instituições de ensino tradicionais é a sua grade curricular. Além de todas as disciplinas exigidas pela lei no Brasil, fazem parte do currículo dos Jardins diferentes atividades interdisciplinaridade útil e com um sentido maior, Matéria de Capa trabalhadas, de forma criativa, artísticas, histórias adequadas para cada idade (currículo do cordão de ouro da pedagogia Waldorf), trabalho de respiração durante as aulas e atividades manuais. Já no Ensino Fundamental, além das matérias básicas que compõem o currículo de toda es- ~ Educação cola, existem matérias específicas de ciências, como: zoologia, botânica, mineralogia, antropologia e astronomia. Matérias específicas de Artes, como: tricô, pintura, desenho com carvão, modelagem, marcenaria, costura, arte da fala, D teatro, etc. No Ensino Médio lecionam-se eixar a criança ser mais matérias como: Filosofia, Astrono- criança. Pode parecer mia, Ecologia, Agrimensura, No- redundância, mas esta ções de Agricultura Biodinâmica, frase, tão simples, representa um Culinária, Projeto Social, entre outras. dos principais objetivos da Peda- nhado por diversos profissionais, As Escolas Waldorf recebem gogia Waldorf, um método de crianças de diferentes perfis, de das mais diferentes áreas, tudo ensino que tem como base os todo o tipo de família. Aliás, segun- fundamentos da Antroposofia. De do Cecília Bonna, coordenadora e acordo com Maria Chantal, profes- professora do Jardim Espaço Bem sora do Jardim da Escola Jardim Viver, em Cotia, São Paulo, quem Waldorf Colibri, em São Paulo, o define o perfil do aluno que vai que difere a pedagogia Waldorf dos estudar em uma Escola Waldorf é demais métodos tradicionais é a a própria família, pois as crianças Nas Escolas Waldorf, não basta ensinar a ler e a contar. O desenvolvimento da criança é acompa- isso com a finalidade de educar uma criança, levando em consideração seus sentimentos, seus desejos e aptidões naturais. 11 Waldorf para tornar a criança mais atenta, mais presente nas aulas, melhorar sua concentração, sua cognição, desenvolver sua motricidade e sua flexibilidade. Maria Elisabeth Canelada é euritmista curativa e trabalha numa clínica que atende crianças indicadas pela escola e pelos médicos. Ela acredita que sempre que o professor perceber que o processo de aprendizagem, assim como o relacionamento social do aluno com os colegas de classe e da escola e com os professores estão em desenvolvimento e se acompanhamento do processo de não transcorre de forma satisfa- submetem ao que as famílias lhes aprendizagem e desenvolvimento tória, ele deve apontar o problema ofertam. “Em geral, estas famílias global. para os pais, para o médico esco- têm uma preocupação um pouco Mas o que representa a figura lar e qualquer outro profissional, maior em proteger seus filhos do médico escolar e qual sua se for o caso. “O mais importante quanto ao que vêem e ouvem na função? Este é mais um diferencial é que o aluno seja olhado pelos mídia, buscam uma alimentação da pedagogia Waldorf. O doutor di-ferentes lados, do professor, do saudável, um ritmo de vida mais José Carlos Neves Machado, médico, do euritmista, e até de um tranqüilo, assim como um brincar médico escolar do Colégio Waldorf ortodontista, e que a impressão de sem violência ou muita agitação”, Micael, de São Paulo, define sua cada um seja trocada com os define Cecília. função como “ter sob o ponto de outros. Dessa forma, a imagem do Neste tipo de pedagogia, existe vista médico-terapêutico um olhar aluno ficará mais rica e o problema ainda uma maior abertura para a abrangente sobre a criança e o seu poderá ser mais facilmente corri- interdisciplinaridade, ou seja, a mundo e auxiliar, através de gido”, afirma Elisabeth. relação entre as diversas disci- orientações e indicações, a crian- Outro fato muito interessante plinas com a finalidade de pro- ça, sua família e o professor, a fim dentro da interdisciplinaridade mover um melhor e mais completo de conduzi-la da melhor forma deste tipo de pedagogia é perceber desenvolvimento para o aluno possível dentro de suas capaci- que o aluno Waldorf é um ser Waldorf. Na opinião de Maria dades e acreditar que isso é privilegiado, pois é cuidado como Chantal, um médico escolar e uma absolutamente viável.” um ser em desenvolvimento e euritmista são profissionais que Desta maneira, o médico esco- que precisa ser conduzido com devem estar sempre presentes no lar é um aliado do professor na bondade, beleza e verdade, de- tarefa de observar a criança em pendendo da fase em que se seus múltiplos aspectos. encontra. Assim sendo, até mes- Já a Euritmia, através de seus mo a Odontologia pode contribuir exercícios, com belos poemas e neste processo. De acordo com a músicas, é usada nas Escolas doutora Viviana Faria, dentista e ortodontista, os dentes são considerados sinalizadores de desenvolvimento integral da criança. Através deles, pode-se fazer a leitura se a criança está ou não pronta para ser alfabetizada. “O profissional da odontologia pode auxiliar detectando, prevenindo e removendo qualquer alteração no desenvolvimento orofacial da criança. Os dentes, além de 12 instrumentos da mastigação, têm estreita relação com a postura corporal, com a respiração. Desta forma, desvios posturais podem ter relação com a disposição dos dentes nos arcos dentários, alterações respiratórias como a respiração bucal, presença de adenóides hipertrofiadas e que influenciam no desenvolvimento e posição dos dentes, tudo isto terá Maria Chantal Amarante: conseqüências para a saúde Formada em Artes Plásticas; pós-graduação em Psico-Pedagogia; Seminário de Pedagogia Waldorf; Formação em Terapia Biográfica e Artística; professora de classe do Colégio Waldorf Micael de São Paulo; professora de jardim na Escola Waldorf João Guimarães Rosa, de Ribeirão Preto, coordenadora pedagógica e professora na Associação C. Monte Azul de SP; atualmente, professora de jardim no Jardim Waldorf Colibri, de São Paulo, secretária dos jardins na Federação das Escolas Waldorf no Brasil e colaboradora e palestrante da Aliança pela Infância. como um todo, pois a boca está inserida dentro de um corpo, portanto, há uma relação de interdependência entre o todo e as partes e vice-versa”, explica a doutora Viviana. Portanto, a interdisciplinaridade dentro da Pedagogia Waldorf Maria tem como objetivo primordial o Fisioterapeuta com especialização em RPG. Estudou Euritmia Artística e Curativa em Dornach, na Suíça, de 1983 a 1991. Fez a Formação em Biografia, em São Paulo. Atualmente, trabalha como fisioterapeuta, euritmista curativa e dá assistência biográfica individual e em grupos na Clínica Tobias. desenvolvimento da criança de maneira plena, levando em consideração todos os aspectos de sua vida. Segundo o doutor José Carlos, a interdisciplinaridade precisa ser estimulada e devidamente cobrada entre os profissionais que irão lidar com a criança. “É comum que três ou mais terapeutas (euritmista, médico, ortodontista, fonoaudiólogo, etc.), trabalhem com a criança e nunca tenham trocado suas experiências, cada um dentro de sua especialidade e de seu Elisabeth Mansano Canelada: Maria Cecília Bonna: Professora Waldorf desde 1987. Iniciou como Professora de Jardim por três anos e depois tornou-se professora de classe por dezesseis anos, acompanhando duas turmas no colégio Micael, em São Paulo. Lecionou ainda no Ensino Médio do colégio Waldorf Micael. Em 2005, fundou um Jardim, Espaço Bem viver, em Cotia, São Paulo. Formada como Assistente Social, Pedagoga e Psicodramatista e Sociodramatista (SP). Formação em Pedagogia Waldorf (SP), (1982 e 1983) Quirofonética (1988 a 1990), Estudos Goetheanísticos ( Sacramento, CA) (1996). Trabalha atualmente como coordenadora e professora no Jardim que fundou, como tutora na Escola Pólen, em Belo Horizonte, Minas Gerais, e dando Parsifal para os jovens do Ensino Médio em algumas escolas do Brasil: São Paulo, Botucatu, Bauru e Ribeirão Preto. narcisismo não tenha compar- Dr. José Carlos Neves Machado: tilhado com o outro a sua visão. Médico Pediatra com especialização em Homeopatia, Medicina Chinesa e Acupuntura e Medicina Antroposófica. Médico Escolar do Colégio Waldorf Micael de São Paulo. Vice-Presidente da ABMA (2005 -2007). Conferencista e orientador junto a FEWB a atividades ligadas ao trabalho com professoras do Jardim-de-Infância. Em formação como especialista em Psiquiatria Infantil e da Adolescência (IPPIA). Trabalha como médico pediatra em consultório particular e na Associação Três Fontes em Campinas, São Paulo. Palestrante de temas ligados à Medicina Escolar e Orientação de Pais em várias escolas e faculdades no Brasil. Isso além de não trazer nenhum benefício, torna o processo mais doente ainda. Dentro de uma proposta antroposófica, observa-se a criança de um modo mais amplo. Podemos, assim, dispor de uma série de terapias e de enfoques que em determinadas situações podem ser extremamente valiosos, cabe ao médico, como observador indicar esta ou aquela terapia como complemento no processo de trabalhar um determinado aspecto”, conclui o doutor José Carlos. Dra. Viviana Cristina Martins Faria: Bióloga com bacharelado em Fisiologia e especialização em Bioquímica Clínica. Fez Odontologia, começou a trabalhar com Ortodontia e, na busca de aperfeiçoamento e de melhores recursos para atender o paciente, especializou-se em Ortopedia Funcional dos Maxilares. Mestrado na Escola Paulista de Medicina na área de Ciências Pneumológicas. Trabalha com os conteúdos da Antroposofia desde 1995, quando começou a formação em Odontologia Antroposófica pela ABMA. 13 Terapia Arte e Saúde Artística Artes A Terapia Artística é fundamentada na visão artística, médica e tera- pêutica ampliada pela Antroposofia, ciência espiritual fundada por Rudolf Steiner. presentes no processo artístico terapêutico. O paciente de terapia artística Cor, forma, volumes, disposição é, de fato, um agente da sua espacial, luz e sombra: são estes própria transformação, buscando os instrumentos da Terapia Artís- em um processo contínuo, a tica. Enfim, todos os elementos expressão de seu equilíbrio. Seja Uma grande aliada para a das artes plásticas que são vi- trazendo a forma onde é pouco Medicina Antroposófica. venciados através da pintura, da estruturado, dissolvendo onde há modelagem e do desenho. O enfo- rigidez, trazendo precisão onde que terapêutico está no próprio tudo está vago ou permitindo processo artístico, onde as forças que a fantasia encante a mente arquetípicas desses elementos endurecida. entram em consonância com as forças internas que constituem o ser humano e que podem estar bloqueadas ou em desarmonia. 14 Beleza, ritmo, harmonia e o entusiasmo na observação da natureza, são qualidades também Diante da prática artística enfrentam-se limites e superam-se obstáculos na procura criativa de soluções. As dificuldades são acolhidas e superadas, desenvolvendo-se assim a auto-estima e a confiança. Os pensamentos, as ações e os sentimentos tornam-se mais conscientes. O que a diferencia de um processo apenas artístico é o caminho terapêutico que tem a intenção de transformar cada dificuldade em exercícios que possibilitem os processos de mudança, havendo sempre um propósito, um método e uma atitude interior. Origem da Terapia Artística A origem da Terapia Artística A Terapia Artística pode ser vem do trabalho que a doutora aplicada a todos os casos de Ita Wegmann desenvolveu com doenças ou como um processo Rudolf Steiner, no qual a pintura de auto-conhecimento e desen- era eventualmente prescrita como volvimento. parte do tratamento médico. Em RECOMENDAÇÕES MÉDICAS 1925, a doutora Margarethe Hauschka (fundadora da Terapia “Indico a Terapia Artística, principalmente nos casos de Artística Antroposófica; escreveu doenças crônicas, câncer, quadros de esclerose e doenças seus primeiros artigos em 1930) foi auto-imunes. Minha impressão pessoal é que ela pode agir em à clínica de Arlesheim (Suíça), três níveis: um mais perceptivo, onde o paciente relaciona-se encontrou-se com duas pintoras, com um novo conteúdo para sua alma, e aprende a colocar-se Sofia Baurer e Maria Kleiner, que de um modo diferente no mundo. Isto, no entanto só é possível pintavam com os pacientes. Em se o terapeuta for experiente e conseguir captar a necessi 1940, foi para a Áustria e durante dade do paciente. Um segundo nível é aquele em que a Terapia vinte e dois anos trabalhou e deu Artística pode ser integrada com o trabalho biográfico e cursos no país e no exterior. ambos se enriquecem e se complementam (...) O terceiro nível, No Brasil, a Terapia Artística o mais específico, é onde ela é utilizada como instrumento de surgiu graças ao impulso dado por influência clara no estado orgânico do paciente (...) Ada Jens, enfermeira e fisio- A Terapia Artística não depende só de domínio de uma terapeuta que teve como mestra técnica por parte do terapeuta, mas da maturidade e do Margarethe Hauschka. De volta envolvimento que ele tem no processo com o paciente” ao Brasil, Ada foi responsável pela Terapia Artística na clínica Dr. Bernardo Kaliks Tobias por vinte anos e criadora Médico Antroposófico. do primeiro curso de formação Clínico Geral com formação em Neurologia e Medicina Interna em São Paulo, no Centro Paulus de Estudos Goethenísticos, em 1986, junto à Sociedade Brasileira “Vejo a terapia Artística fundamentada na Antroposofia como uma outra via de promoção da cura do paciente, além da via de Médicos Antroposóficos e com apoio da Associação Tobias. medicamentosa. Médico e terapeuta artístico trabalhando em conjunto visam despertar no paciente as forças curativas que estão desequilibradas no organismo doente (...)” Dr. Luiz Fernando de Carvalho MédicoAntroposófico. Clínico Geral e Pediatra Coletânea de textos organizados por Márcia Abumansur, artista plástica, terapeuta artística, terapeuta transpessoal e docente de pintura e desenho 15 Brasil indígena Indígena Cultura Afro-Europeu i Crônica Confira as impressões de Wesley Aragão de Moraes sobre as diferenças culturais entre o mundo ocidental e etnias indígenas. Será que existem mesmo dois mundos tão distintos? 16 C omo parte de minha traria críticas da parte de colegas pesquisa de campo em antropólogos). Rapidamente, a antropologia, estive por cultura urbana do Brasil ocidentali- duas vezes no Alto Xingu, após zado vai suplantando os hábitos uma longa viagem de avião até tradicionais indígenas. A canoa de Brasília, carro e caminhão até a madeira de jatobá vai sendo cidadezinha matogrossense de substituída pelo barco a motor. A Canarana e, finalmente, treze horas panela de barro vai sendo subs- de barco nas águas infestadas de tituída pela de alumínio. O silêncio jacarés, piranhas e sucuris do rio magnífico de uma aldeia indígena, Kuluene (afluente do rio Xingu, que permite se ouvir uma infini- por sua vez, afluente do grandioso dade de pássaros e os gritos dos rio Amazonas), perfazendo dois macacos nas árvores, vai sendo dias de ida e, depois, dois dias de substituído pelo ruído de motores, volta até Minas Gerais. Além disto, de rádios de pilha, que veiculam convivi, em minha própria casa, programas musicais de mau gosto, com alguns amigos indígenas, e até por aparelhos de TV ligados visitantes, por meses, e os na bateria, que veiculam teleno- acompanhei em suas andanças velas e partidas de futebol. O pela cidade dos brancos. machado de pedra é substi- O que vi foi uma cultura em tuído pelo som ensurdecedor da mudança (para não dizer em moto-serra. Jovens índios se agonia – modo de dizer que me envergonham de sê-lo e adotam modismos dos jovens urbanos e dos ídolos do cinema americano e da televisão nacional, para desespero dos anciãos que desejam preservar sua língua e sua cultura tradicionais. Mas é assim mesmo. Nenhuma cultura é estática. A cultura é dinâmica e vai mudando, às vezes para pior, às vezes para melhor... Apesar disto, pude presenciar coisas incríveis. Meu objeto de pesquisa foi o pajé e suas práticas de cura. Vi como a vida espiritual é presente em seu cotidiano. Vi como se pode passar da realidade física empírica para um universo mágico, para um outro mundo onde vivem os espíritos e os deuses criadores, apenas atra- desenvolveram. A maioria vés do canto, da dança e de dos índios tem enorme algumas baforadas de fumo desconfiança em relação selvagem. Vi como a doença aos brancos (“caraíbas”), pode ter uma explicação espiritual pois o comportamento e como o pajé a retira como se a destes últimos se mostrou, ao a um nível regional. Outra boa razão dor tivesse substância e como se longo do tempo, selvagem, agres- para isto é que a nossa Terra, a angústia fosse palpável, mani- sivo, ganancioso, predatório, física ou etericamente, ainda puláveis a um toque de mão. interesseiro, mentiroso, lascivo e guarda segredos e mistérios que, Enfim, vi o contraste entre o mun- incivilizado. Por outro lado, os ín- conhe-cidos, podem ser de tremen- do do branco, visto como material dios são fascinados pelos bens da utilidade para o médico do fu- e sem magia, e o do índio, ainda tecnológicos dos brancos. Somos turo, para o terapeuta do futuro, um mundo encantado onde os condicionados a pensar, desde a para a humanidade do futuro. seres naturais são dotados de escola, que somos uma filial da A antropologia, uma ciência alma e de fala. cultura européia, que é grandiosa respeitada no meio acadêmico, Talvez a teoria darwinista do e fascinante. Mas, quando saímos tem esta possibilidade de elaborar século XIX de que “há povos mais destes gigantescos guetos oci- conexões e de decifrar caminhos evoluídos e outros mais primiti- dentalizados que denominamos de vida, entre diferentes culturas vos” (que justificou o massacre e “grandes cidades” e então viaja- humanas. Acredito, porém, que a colonização de povos diversos mos pelo interior das terras não seja possível conhecimento, por parte de impérios europeus) americanas, não parece ser esta sabedoria, sem a aventura do abrir- tenha que ser revista, como a verdade humana, geográfica, cul- se para um Todo Infinito cognoscí- propõem os antropólogos. Talvez tural e histórica e espiritual. Teorizo vel. Ao se fechar o saber dentro não seja esta a questão. Não há que o estudo das culturas in- de um corpus encerra-se o Espírito “mais evoluídos ou menos evoluí- dígenas, assim como dos africa- em esquemas e ele se torna desen- dos” (evoluídos em relação a que nismos locais, além do que já cantado, cristalizado, petrificado. aspecto?) - há apenas homens di- vivenciamos do europeu, nos Será preciso um xamã dançante vir ferentes, culturas diferentes. Em possibilitaria uma identificação reencantá-lo.... termos de mais clara da verdadeira essência consciência social e de ética, vi da Terra. Não se trata de nenhuma índios superiores à maioria dos proposta nacionalista. Ao contrá- brancos que conheço. Por outro rio, trata-se de evidenciar, como lado, o branco desenvolveu be- indivíduos cidadãos do mundo, nefícios diversos que os índios não qual é a nossa tarefa local, cultural de solidariedade, Wesley Aragão de Moraes é médico, mestre em ciência da religião, doutor em antropologia, artista plástico e docente universitário. 17 Antroposófica Literatura Indicações Lendas da Infância de Jesus – Nascimento e Infância Nós convivemos com Rudolf Steiner Jakob Streit Indivíduos ligados às diversas iniciativas antroposóficas e que conheceram Rudolf Steiner pessoalmente apresentam seus relatos. Este livro relata contato com aspectos possíveis de serem vivenciados apenas diretamente. Jakob Streit inspirou-se em lendas antigas, recolhidas da tradição popular e nos Evangelhos, para escrever estas lendas. Apoiado em sua longa experiência como professor, desenvolveu as histórias que podem ser contadas às crianças ou lidas por elas a partir dos nove anos de idade. Cultura 102 páginas, 7 ilustrações. Preço: R$ 35,00 Autores Diversos 221 páginas, 6 ilustrações. Preço: R$ 48,00 Literárias Calendário da Alma Este “calendário” contém 52 versos meditativos, um para cada semana do ano. Ele é descrito por Rudolf Steiner como um caminho de desenvolvimento feito através do sentir, aberto a todas as pessoas que desejam vincular-se à autoeducação. 121 páginas, sem ilustrações. Preço: R$18,00 Centro de Mistérios na Idade Média Rudolf Steiner A Antroposofia começou a ser divulgada publicamente ao final do século XIX e início do século XX, no entanto, pode-se dizer que ela faz parte de uma corrente de conhecimento, cujos antecedentes na História são abordados neste ciclo de palestras, principalmente em relação ao período da Idade Média. 95 páginas, 14 ilustrações. Preço: R$ 36,00 Todos estes livros podem ser encontrados na Editora João de Barro. A Editora João de Barro é voltada, em especial, à publicação de livros sobre Pedra Fundamental Eu Sou a Favor de Progredir A Alma Humana Rudolf Steiner Peter Selg Este livreto apresenta a versão falada e a escrita da Meditação da Pedra Fundamental, acompanhadas dos originais em alemão, além de outras traduções recolhidas em português. Neste livro notável, Peter Selg nos mostra de forma viva, embora sóbria, as experiências e o exemplo de trabalho da Dra. Ita Wegman, tornado-a, até hoje, a representante mais importante do impulso médico-terapêutico antroposófico. O autor deste livro é conhecido por suas descrições de fenômenos, simples e mesmo assim, verdadeiros. Aborda a psique em suas várias manifestações e atributos.Uma leitura indispensável para todos que buscam ampliar sua compreensão do ser humano. 71 páginas, sem ilustrações. Preço: R$ 10,00 18 185 páginas, sem ilustrações. Preço: R$ 50,00 Karl König 181 páginas, sem ilustrações. Preço: R$ 43,00 Antroposofia, principalmente aqueles destinados a ampliar o conhecimento das diferentes áreas de atuação profissional, seja da Medicina, das Terapias, como da Antropologia Antroposófica. Maiores informações: www.editorajoaodebarro.com.br [email protected] Tel: (55) (11) 5181-9334 Associação Brasileira de Terapeutas Artísticos Antroposóficos Rua da Fraternidade, 156 - São Paulo/SP - 04738-020 (11) 7667-5789 - [email protected] • Goudy Le Berre R. Marechal Deodoro, 513 - Alto da Boa Vista (11) 5687- 3087 • Adélia Baião Glória R. República do Iraque, 151 - Brooklin (11) 5542-9103 • Adriana Venuto R. Jericó, 255 conj. 134 - Vila Madalena (11) 3812-1277 Clínica Tobias R. Regina Badra, 576 - Alto da Boavista (11) 5687- 3799 • Alice Nobre Martins R. Regina Badra, 576 - Alto da Boa Vista (11) 5687- 3799 • Camila Vieira R. Conceição Marcondes Silva, 170 - Campo Belo (11) 5685- 8799 e (11) 9569- 4118 • Dulcinéia Montico Espaço SOFIA R. Verbo Divino, 597 (11) 5181-5717 • Edna Andrade R. Jericó, 255 cj. 134 - Vila Madalena (11) 5523- 6134 Clínica Tobias Rua Regina Badra 576 - Alto da Boa Vista (11) 5687- 3799 • Fernando Abrão Terapeuticum Raphael R. Mal. Deodoro 225/ 103 - Juiz de Fora (32) 3215- 4872 e (32) 9195- 4082 e-mail [email protected] • Gabriela Seltz R. Escobar Ortiz, 218 - V. Nova Conceição (11) 3842 - 7943 R. Marjorie Prado, 191- Jardim Marajoara (11) 5522 - 0579 • José Amadeu Piovani R. Caminha do Amorim, 336 - Vila Madalena (11) 3021- 2897 / (11) 9149-7700 • Helena Urben R. Estado de Israel, 296 - Vila Mariana (11) 5573- 7993/ (11) 9782- 4440 • Leila Buquera Bujaldon R. Relíquia 230 - Casa Verde (11) 3858 - 2727/ (11) 3966- 3021 • Márcia Abumansur R. Pedro de Toledo, 2069 - Ibirapuera (11) 5571-3228 R. Ana Catarina Randi, 44 - Broklin (11) 5044-1121/ (11) 9339-4230 www.abumansur.art.br • Marilena Mamprim R.Conde de Porto alegre 1618 - Campo Belo (11) 5041-1609 • Mary Porto R. Virgilio Carvalho Pinto, 107 - Pinheiros (11) 3064-0182 • Melba Echenique Proutiere Clínica Vialis R. Macela 80 - Novo Campeche R. Tavares, Florianópolis, SC (48) 3338-2977 e 3338-4011 • Simone Ornelas R. Regina Badra, 576 - Alto da Boa Vista (11) 5687-3799 • Vera Orgolini R. Sincorá, 421 - Chácara Flora (11) 5522-9640 / (11) 9931-4257