- Associação Brasileira de Medicina Antroposófica

Transcrição

- Associação Brasileira de Medicina Antroposófica
Não é fácil escrever um artigo, ainda mais
quando pensamos em quem irá ler. Começa
na escolha de um tema que desperte interesse, depois vem o desenvolvimento dessa
idéia e, finalmente, tentar colocar no papel
alguma coisa que mais se aproxime com
aquele projeto inicial. Se já é difícil escrever,
o desafio se torna ainda maior quando o
conteúdo se relaciona com as diversas áreas
de atuação da Antroposofia, colocando o
foco nas questões que geram a saúde no
ser humano. Então, seja por ousadia, seja
por acreditar que esse também é um modo
de contribuir na divulgação da Antroposofia
e de seus vários segmentos para um público
menos acostumado a ela, reunimos essas
idéias nesse segundo número da revista. E
fomos atrás de uma entrevista com a Dra.
Gudrun, que através de suas lembranças e
de sua atividade atual, nos conta um pouco
da própria história da Antroposofia no Brasil;
tem ainda a idéia da interdisciplinaridade
discutida entre cinco profissionais que estão
acostumados a essa troca de experiências
dentro da Pedagogia Waldorf; o Dr. Wesley
nos traz suas impressões de seu contato
com o Xingu, um passeio em Botucatu e
ainda Terapia Artística. Enfim, vários e
diversificados assuntos tentando abranger
o maior número de interesses. Esse continua sendo o principal objetivo dessa revista
da ABMA, dirigida não apenas para os
profissionais de saúde e seus pacientes,
como
também
à
comunidade
não
antroposófica: tentar acolher o maior
número de segmentos que existem sob a
orientação antroposófica e mostrar que
podem existir assuntos e temas pertinentes
e interessantes dentro desse campo tão
vasto e multifacetado e, portanto, muito rico
e curioso. Estamos ainda inaugurando um
espaço para o leitor expressar sua opinião,
seus elogios, suas críticas e sugestões,
escrevam para nós.
Boa leitura e nos encontraremos no
próximo número.
COMPARTILHE ESSA IDÉIA, BAIXE A
REVISTA ATP no. 2 através do site
http://www.medicinaantroposofica.com.br
2
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
EDITORIAL
RECICLE ESSAS IDÉIAS: OFEREÇA ESSA REVISTA, DEPOIS
DE TER LIDO, PARA ALGUÉM QUE AINDA NÃO LEU.
ÍNDICE
Biografia
3
Dra. Gudrun Burkhard
Turismo
6
Botucatu
Medicamentos
9
Entenda como são feitos
Terapia Artística
14
A cura pela arte
Crônica
16
Xingu
Literatura
18
Indicações de livros
DEST
AQUE
DESTAQUE
Pedagogia
Waldorf
Uma escola que
deixa a criança
ser criança
EXPEDIENTE
ATP é uma publicação da ABMA (Associação
Brasileira de Medicina Antroposófica). Distribuição
gratuita. Tiragem 5 mil exemplares.
•
•
•
•
•
Presidente: Dr. Ronaldo José de Lima Perlatto
Vice-Presidente: Dr. José Carlos Neves Machado
Tesoureiro: Dr. Luiz Carlos Nascimento
Secretário: Dr. Francisco Antônio Braz
Conselho Fiscal:
Dr. José Luiz Amuratti Gonçalves
Dr. José Roberto Kater
Dr. Paulo Roberto Volkmann
• Regionais
ABMA - Rio Grande do Sul Pres.: Dra. Jaqueline de Aguiar Volkmann Amaral
ABMA - Rio de Janeiro
Pres.: Dra. Sheila P. C. Grande
ABMA - Santa Catarina
Pres.: Dr. Cláudio Fernando Werlang
ABMA - São Paulo
Pres.: Dr. Vitor Manuel Costa Ferreira da Silva
ABMA - Minas Gerais
Pres.: Maria Regina Reis Cançado
ABMA - Sergipe
Pres.: Elizabeth de Albuquerque Cotrim
ABMA - Brasília - Distrito Federal
Pres.: Dr. Paulo Sérgio M. Tavares
11
• Criação
RMC Design
[email protected]
• Editora
Priscila Lanaro Treguer
MTB 30.110
• Marketing e publicidade
Alessandro Treguer
• Direção de Arte
Rosemeire M. Cavalheiro
• Impressão
Ananda Digital
• Capa: Lisa Vilela Gomes
Fotógrafo: Marcos Muzi
Imagem gentilmente cedida pelo
Colégio Waldorf Micael de São Paulo
Mande suas c r í t i c a s ,
sugestões e/ou elogios
para a nossa redação.
Teremos enorme prazer em
conhecer sua opinião sobre
nosso trabalho.
E-mail:
[email protected]
Carta:
A/C Revista ATP
Rua Regina Badra 576 São Paulo - CEP 04641-000
Personalidade
Dra. Gudrun Burkhard
contato com a Antroposofia?
Dra. Gudrun: Através dos meus
pais, que aos vinte e um anos
me levaram para uma palestra
do Dr. Mayen sobre Goethe, numa
casa onde os antropósofos daquela época (1951) se reuniam para
Biografia
ATP: Como foi o seu primeiro
estudos. Após esta palestra, fui
freqüentando outras palestras, e
por ocasião da fundação da Escola
Waldorf no Brasil, eu me candidatei
à médica escolar. Conseqüentemente, fui fazer um curso de
medicina antroposófica, seguido
de estágio, na Clínica Ita Wegman
na Suíça, no ano de 1956.
^^
ATP: Como foi o processo de
introdução da Medicina Antro- Personalidade
posófica no Brasil?
Dra. Gudrun: De volta da Suíça,
comecei a clinicar no Instituto
Weka de fisioterapia, no centro de
São Paulo (na época, na Rua
Marconi) e ia para a Escola Higienópolis, a atual Escola Waldorf
Rudolf Steiner. Após algum tempo,
foi necessário iniciar a fabricação
dos medicamentos da Weleda,
fundando-se, para tanto, em 1957,
A mãe da Medicina Antroposófica
e do Trabalho Biográfico no Brasil.
E
a empresa Weleda.
la já fundou duas clíni-
ATP: A senhora encontrou al-
cas e escreveu vários
gum tipo de resistência neste
livros sobre Biografia
processo? Como as pessoas,em
Humana,um dos campos em que
geral, receberam a novidade?
atua há trinta anos.
Dra. Gudrun: Não tive nenhum
Saiba mais sobre o trabalho
problema por parte de parentes ou
e formação da Dra. Gudrun
colegas com a introdução dessa
Burkhard, a principal responsável
medicina aqui no Brasil. A Medicina
pela introdução da Medicina
Antroposófica, porém, só se
Antroposófica no Brasil.
tornou mais visível para o público
3
Dra. Gudrun: A importância da
alimentação é fundamental para a
saúde. Existem dietas especiais
para doenças específicas, e um
cardápio geral saudável, para
pessoas de trabalho mais intelectual, diferente da dieta de um
trabalhador braçal.
ATP: De que maneira a Antroposofia
vê
a
instalação
da
doença no corpo humano?
Dra. Gudrun: A Antroposofia vê
o ser humano como uma entidade de corpo, alma e espírito. O
a partir de 1969 com a fundação
médico, no sentido clássico, e
corpo consta da parte anatômica
da Clínica Tobias, em São Paulo.
assim poder ser um bom médico
palpável, o corpo físico, e da parte
antroposófico em seus conheci-
vital que desencadeia processos
ATP: Como funciona a Clínica
mentos e no seu caminho de auto-
vitais (ou fisiológicos). A alma, ou
Tobias? Quais são as especia-
desenvolvimento. O paciente quer
a psique, se manifesta no ser
lidades médicas de tratamento
tratar a sua doença, para muitos,
humano a partir do pensar, sentir
que ela oferece?
não importa a metodologia, o que
e querer humano, responsável pelo
Dra. Gudrun: A Clínica Tobias e
o paciente quer é sarar. Sempre
desencadeamento de processos
outras clínicas, como a Clínica
constatei que os nossos medica-
psicológicos sadios ou alterados,
Vialis, em Florianópolis, a Vivenda
mentos são ótimos, para casos
conforme a atuação conjunta e
Sant’Ana, em Juiz de Fora e
agudos e crônicos, o impor-
equilibrada desses três elementos.
outras, hoje funcionam na base de
tante é saber usá-los de maneira
A parte espiritual é a instância
associações terapêuticas, multi-
adequada e com coragem.
disciplinares, tendo pediatras,
clínicos gerais, obstetras e ginecologistas, ou mesmo especialistas
como ortopedistas, oftalmologistas, médicos de famí-lia, etc. A
parte médico-terapêutica é complementada com atividades terapêutico-artísticas, euritmia, arte da
fala, massagens e especialmente,
banhos e aplicações externas,
ampliando todo o arsenal da
medicina antroposófica.
ATP: A senhora acredita que
o
Brasil
tem
condições
de
aplicar e difundir os conceitos
da Medicina Antroposófica de
uma
maneira
mais
ampla?
Como ampliar essa difusão?
Dra. Gudrun: Acredito que a
regente do corpo e alma, responsável pela nossa biografia desde
ATP: Em que consiste o seu
o nascimento até a morte e que
curso de Biografia Humana?
elabora através de várias encar-
Quais são os tipos de profis-
nações a sublimação do ser
sionais que podem fazer uso
humano. A doença se manifesta
dos
através de insultos físicos, desvita-
conceitos
aprendidos
neste curso?
lização de origens diversas (inclu-
Dra. Gudrun: O trabalho biográ-
sive constitucional hereditária),
fico é feito com pacientes em cri-
desequilíbrios psicológicos que
ses de vida, doentes crônicos
afetam o vital e o físico (por
ou simplesmente pessoas que
queiram mudar o rumo de suas
exemplo, situações difíceis ou
vidas. A formação biográfica é de
caráter modular (cerca de quinze
módulos) ao longo de três anos.
Ela se direciona a médic os,
terapeutas diversos, psicólogos,
consultores (coaching), sociólo-
biográficas (a pessoa sendo, por
exemplo, impedida de realizar o
que se propôs na vida terrena).
Esta última podemos denominar
também de causas cármicas.
gos e outros interessados, que
irão utilizar os conceitos e práticas
ATP:
posteriormente.
podem mesmo afetar a saúde
difusão da Medicina Antroposó-
4
perdas não elaboradas) ou causas
Distúrbios
psicológicos
física? Como tratar estes dois
fica depende dos médicos antro-
ATP: Q u a l a i m p o r t â n c i a d a
problemas de maneira efetiva?
posóficos e dos cursos oferecidos
alimentação
(e definitiva!)
para médicos, de ser um bom
manutenção da saúde?
para
a
boa
Dra. Gudrun: Já dissemos que
distúrbios psicológicos podem
os procuram, mas não sabem
afetar a saúde física. Estes distúr-
que
bios podem ser abordados pela
medicina? Como explicar as
terapêutica biográfica, psicoterapêu-
diferenças entre os dois tipos
tica ou terapia artística. O efetivo e
de tratamento?
praticam
este
tipo
de
definitivo da cura dependem de
Dra. Gudrun: Cada médico
mudanças externas e internas que
deverá achar a sua forma de
o paciente se dispõe a fazer.
explicar ao paciente, ao longo do
tratamento, as diferentes aborda-
ATP: Na sua opinião, como os
gens. Mas, para muitos casos,
médicos antroposóficos devem
nem é necessário dar explica-
se dirigir aos pacientes que
ções ao paciente.
Gudrun K. Burkhard nasceu em São Paulo, formou-se em medicina
pela USP em 1953, especializando-se em Medicina Antroposófica na
Ita Wegman Klinik, na Suíça. Trouxe essa medicina para o Brasil,
fundando em 1969, com seu primeiro marido, Pedro Schmidt, a Clínica
Tobias, em São Paulo. Desde 1975, ministra cursos sobre a biografia
humana, acumuando trinta anos de experiência nesta área. Fundou
com seu segundo marido, Daniel Burkhard, a Artemísia, Centro de
Desenvolvimento Humano, em Parelheiros, São Paulo. A partir de 1988,
começou a dar cursos de formação biográfica em vários países da
Europa e no Brasil, publicando nesse campo vários livros traduzidos para mais de dez línguas. Atualmente, reside em Florianópolis,
Santa Catarina, onde fundou a Clínica Vialis e presidiu a Associação
Sagres desde o seu início, em 2001, até março de 2007.
5
Turismo
Viagem
Botucatu
Botucatu
Uma cidade que consegue unir
progresso científico e a tranqüilidade de sua exuberante
paisagem natural como caracte-
D
e origem tupi, o nome
Ybytu-Katu
serra, só difere dela por não se
significa “bons ares”. As
manter constantemente elevada
terras desta cidade do interior
(após a ascensão, vai declinando).
paulista já foram fazendas de
jesuítas, condes e morada de
rísticas marcantes. Será por isso
povos de diversas nações. Hoje,
que os adeptos da Antroposofia
Botucatu é um importante pólo
gostam tanto de Botucatu?
ATRATIVOS
TURÍSTICOS
de grande potencial turístico e
Entre as diversas atrações
científico, mas suas ruas ainda
turísticas que a cidade oferece, está
preservam um clima de tranqüili-
uma formação rochosa chamada
dade graças às riquezas naturais
de “Gigante Adormecido”. Três
da região.
Pedras formam os pés da “criatura”,
Botucatu integra o Pólo Cuesta,
reunião de dez cidades que têm
6
A cuesta é uma espécie de
(Botucatu)
que parece estar deitada com a
barriga para cima.
em comum uma formação geoló-
A cidade ainda se destaca por
gica com grande potencial de
seus roteiros turísticos diferen-
exploração para o ecoturismo.
ciados, cada um voltado a um tipo
Estas cidades são: Areiópolis,
específico de grupo. Um dos
Anhembi, Bofete, Conchas, Itatin-
passeios que se destacam é o
ga, Pardinho, Pratânia, Paranapa-
Roteiro da Biodinâmica, em que o
nema e São Manuel.
visitante tem a oportunidade de
conferir a qualidade superior dos
produtos originados do cultivo
biodinâmico. A diferença vem do
método de cultivo da terra , e o turista pode conhecer este processo
neste passeio. Esse caminho diferenciado, chamado “agricultura
biodinâmica”, estrutura e trata da
propriedade como um organismo
vivo, auto-sustentável e integrado
que, pelo manejo, ativa e equilibra
as forças da natureza gerando
fertilidade e alimentos vitalizados.
BAIRRO DEMÉTRIA
Esse bairro surgiu com o
objetivo de englobar a Fazenda
Demétria, que foi criada para pro-
grupos. A Antroposofia como
e tantas outras iniciativas que
duzir alimentos biodinâmicos,
caminho de conhecimento, com
merecem
alicerçada nos ideais antropo-
ênfase na agricultura biodinâmica
prestigiadas. E é no Bairro Demé-
sóficos. Dois grupos de pessoas
e na busca por inovação social,
tria que o turista pode vivenciar
uniram-se para dar nascimento à
foi o ingrediente principal a deixar
todas as etapas da produção de
Estância Demétria em 1973/74.
a sua marca nessa semente que
alimentos orgânicos e curtir tudo
De um lado os fundadores da
queria brotar.
o que a natureza pode oferecer,
ser
conhecidas
e
Giroflex e da Associação Tobias
Neste local, surgem diversas
em São Paulo e, de outro, um
iniciativas concretizando os ideais
O Instituto Elo dispõe de uma
grupo de jovens que assumiria o
antroposóficos: a escola Aitiara,
sugestão de roteiro para quem
dia-a-dia da Estância Demétria.
Associação de produtos biodinâ-
deseja conhecer um pouco mais
O
as
micos, o Instituto Biodinâmico,
sobre a Agricultura Biodinâmica
condições, retirando as terras da
Casa Somé, Associação Adão e
e ouvir histórias e “causos” sobre
esfera patrimonial privada e
Ema, Congregação de Cristãos,
o Bairro Demétria.
primeiro
grupo
criou
com total tranqüilidade.
viabilizando os investimentos
necessários no decorrer de vários
anos. O segundo grupo encontrou
DADOS GERAIS
nestas condições especiais a
oportunidade para realizar os
ideais que motivavam esses dois
• Localização: Região Centro-sul do
Estado de São Paulo.
• Área do Município: 1.522 km ² .
• População Estimada: 110.000
habitantes.
• Temperatura Média: 19°. À noite
constantemente sopra sobre a cidade
uma brisa vinda da Serra.
roxa legítima, vermelha arenosa, arenosa.
• Bacias Hidrográficas: Rio Pardo e Rio
Tietê.
Vias de Acesso
Rodovias Castelo Branco (SP-280) e Marechal
Rondon (SP-300). Há também acesso para
Piracicaba pela rodovia Geraldo Pereira de
Barros e para Jaú pela rodovia João Melão,
através da Marechal Rondon.
• Relevo: compreende três regiões
distintas: Baixada, Topo da Serra e Frente
de Cuesta.
• Distâncias da Capital e Principais
Cidades
S. Paulo: 240 km
Brasília: 898 km
Jaú: 81 km
Bauru: 92 km
Rio Claro151 km
Curitiba: 557 km
• Tipos de Solo: Terra arisca (Arenito
de Botucatu), terra roxa de campo, terra
• Atividades Econômicas:
Indústria, comércio, agropecuária
• Vegetação: Na Cuesta, Mata Pluvial
do Paraná. No topo da Cuesta, Cerrado
com manchas de mata.
7
ROTEIRO DEMÉTRIA
Paisagem,
Pessoas
e
Arte
SEXTA
• 17h30 - Chegada
Chegada na Casa Somé, acomodação e recepção.
• 18h30/19h30 - HISTÓRICO
Histórico do Bairro Demétria com
Marco Bertalot-Bay (economista do
Instituto Elo) e “O Cerrado e a
Paisagem Local” imagens com
Maria Bertalot (bióloga e pesquisadora da Associação Biodinâmica).
• 19h30/20h15 – Jantar
• 20h30/21h30 – “ASTRONO MIA: observações e dinâmicas”
com Pedro Jovchelevic (agrônomo
e diretor da Associação Biodinâmica). Eventualmente: “NOITE
MUSICAL.” Música popular instrumental e vocal dançante com
toques eruditos” com o grupo
“Casa Forte” (sanfona, violino,
flauta e pandeiro).
(professora de música da Escola
Aitiara)
• 09h15/12h00 – “PASSEIO
DA TERRA” – Cerrado, Agrossilvicultura, uma nascente na
mata e a paisagem local com
Maria e Marco. Um laticínio diferente. Uma trilha encantada. Uma
horta biodinâmica. Qual é o ouro
do agricultor? Como fazer um
composto?
• 09h15/12h00 – PLANTAR A
MINHA ÁRVORE - Um viveiro de
mudas. Outra trilha encantada.
Cada um planta sua árvore.
• 12h15h – Almoço
• 13h30
Partida.
É
–
possível
Encerramento
adaptar
a
•14h00/15h15 – OUVIRATIVO:
Vivências musicais com Marcelo
Petraglia
• 15h30/18h30 – P ASSEIO
DOS HABITANTES - A Escola
Aitiara. Um museu de pedras. Onde
vai parar o lixo dos moradores?
A Bioloja da Estância Demétria
com padaria, sorvetes e algumas
coisinhas mais. Um condomínio
de moradores.
• 19:00h – Jantar
• 20h00 – DINÂMICAS 2:
Fogueira, violão e canto com Glória.
•
pro-
DOMINGO
07h45 – Café da Manhã
• 08h00/09h00 – DINÂMICAS3:
Ritmos, percepção musical e canto
interesses específicos.
INSTITUTO ELO
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
O Instituto Elo tem por
objetivo promover atividades
para o desenvolvimento de
uma Economia Associativa
e de uma Trimembração do
Organismo Social com
base na geração de conhecimentos, técnicas, habilidades e práticas de Gestão
Empreendedor Associativa. Para a realização do seu
objetivo, o Instituto Elo desenvolve atividades de pesquisa
e desenvolvimento, publicações, cursos, consultoria e projetos e para a
formação de uma Rede
Associativa, visando fomentar parcerias econômico-associativas; o comércio
justo; a função social do uso
do solo; do capital financeiro
e de instalações industriais;
a geração de recursos para o
desenvolvimento educacional e profissionalizante; a
concessão de créditos; realização de feiras, de eventos
culturais e de educação
sócio-ambiental que, entre
outros, promovam a demanda e a conseqüente oferta de
produtos e serviços cada vez
mais ecológicos e humanos.
Maiores informações:
http://www.elo.org.br
8
e
gramação para grupos com
• 12h15h – Almoço
SÁBADO
• 7h40/7h45 – Café da Manhã
• 08h00/09h00 – “DINÂMICAS
1”: Ritmos, percepção musical e
canto com Gloria Bertalot
com Glória.
O que são medicamentos
Antroposóficos?
A
razão
é
simples:
os
processos normais ou doentios
Tira-dúvidas
que ocorrem no organismo humano encontram na natureza
algum processo correlato ou
oposto. De acordo com cada
caso, a medicina antroposófica
indicará um medicamento para
estimular no ser humano uma
reação que levará à cura ou alívio
da enfermidade. O fundamental
no medicamento antroposófico é
que ele estimula as forças autocurativas do organismo.
Um medicamento antropo-
A
sófico pode agir, de acordo com
farmácia antroposófica
sua composição, de três modos:
começou a ser desen-
(1) estimulando um processo
volvida há cerca de 100
contrário à doença – esta é a ma-
anos, por Rudolf Steiner, fundador
neira alopática de ação, por
da antroposofia, e Oskar Schmie-
exemplo, para uma inflamação
del, químico austríaco, em colaboração com médicos – especi-
pode-se usar uma planta que Medicamentos
estimule no organismo suas
almente Ita Wegman, fundadora
atividades antiinflamatórias; (2)
da medicina antroposófica.
agindo de modo igual à doença e
Os primeiros produtos medicinais antroposóficos datam de
1921, quando o primeiro laboratório farmacêutico antroposófico
foi criado na Suíça, a Weleda.
Quando alguém começa um
tratamento com a medicina
antroposófica, uma das
primeiras perguntas que
surge é: o que é um medicamento antroposófico?
Quais as diferenças em
relação aos outros medicamentos?
Todos os medicamentos antroposóficos são obtidos da natureza,
a partir de sustâncias minerais,
vegetais ou animais. Não há
medicamento antroposófico sintético, embora o médico antroposófico recorra aos chamados
medicamentos alopáticos quando
necessário. Tampouco se concebe
um medicamento antroposófico
provocando uma reação contrária
maior do organismo no sentido
da cura – este é um princípio
homeopático de ação: aquilo que
provoca também pode curar; (3)
proporcionando
um
modelo
orientador para o órgão ou sistema
doente, levando à sua atividade
sadia – este princípio é exclusivo
dos
medicamentos
antropo-
sóficos.
Muitos medicamentos antroposóficos são dinamizados, isto é,
diluídos e agitados de modo
rítmico várias vezes. Esse pro-
obtido de uma planta geneticamente modificada, ou que em seu
processo de cultivo foram usados
agrotóxicos, fertilizantes químicos
cesso farmacêutico serve para
ou herbicidas sintéticos.
também existem remédios feitos
despertar na substância seu
potencial curativo, que estava
como que adormecido. Mas
9
colhidas nas primeiras horas da
manhã, quando na natureza as
forças de vitalização são mais
intensas. As tenras folhas da
bétula, usadas como rejuvenescedoras desde o século I, são
colhidas na Primavera, justamente a época em que a natureza se
a partir de tinturas de plantas,
extratos secos e chás, ou seja, medicamentos não dinamizados.
rejuvenesce.
Entre um mineral natural e um
derivado de uma reação química
Há uma grande preocupação
sintética – ainda que ambos te-
com a qualidade da substância
nham a mesma composição – o
que será usada para se fazer o
mineral natural será o escolhido
astro com o metal – já demons-
medicamento antroposófico, pois
para compor um medicamento
trada em diversos experimentos
se entende que a substância é a
antroposófico justamente porque
científicos.
fase final de um processo. Então, o
ele trará consigo todo o seu
As principais vias de adminis-
processo precisa ser tão valoriza-
processo natural que culminou
tração dos medicamentos antro-
do quanto a substância em si.
na substância.
posóficos são a oral, a injetável
Alguns exemplos práticos: a
Isso significa que existe um
subcutânea e a tópica (compres-
calêndula é uma planta conhecida
cuidado especial com tudo o que
sas externas de pomadas, cremes
como cicatrizante e vitalizante
cerca o futuro medicamento,
ou óleos). De acordo com o que
desde a Idade Média. Além do
inclusive influências “de longe”.
se pretende estimular, o médico
cultivo orgânico (sem agrotóxicos
A prata, mineral de grande
optará por uma ou outra via.
ou fertilizantes químicos), para
aplicação terapêutica na medicina
Oficialmente, a Agência Nacio-
que as flores da calêndula sejam
antroposófica, é dinamizada de
nal de Vigilância Sanitária (Anvisa),
usadas em um medicamento ou
acordo com a fase da lua, pois
reconhece os medicamentos an-
cosmético antroposófico, elas são
existe uma clara influência deste
troposóficos como uma categoria
de medicamentos dinamizados.
Portanto, existe uma identidade
própria de tais remédios no Brasil.
A farmácia antroposófica é
reconhecida pelo Conselho Federal de Farmácia, que também
atribui ao farmacêutico antroposófico suas principais tarefas.
Agora você já conhece os
princípios que regem os medicamentos antroposóficos. Quando
receber a prescrição de seu médico
antroposófico, você saberá que
dentro daquele frasco, nas gotas,
glóbulos, ampolas ou pomadas,
existe uma parte da natureza
pronta para lhe ajudar a recuperar
ou manter sua saúde, de forma
harmônica, suave e profunda.
Parabéns pela opção!
Nilo Gardin – Médico
responsável pelo departamento
médico-científico da Weleda do
Brasil.
10
Pedagogia
Waldorf
maneira como as atividades são
respeitando o desenvolvimento
da criança e suas necessidades mentais, anímicas, físicas e
espirituais.
Outro fator que diferencia as
Escolas Waldorf entre as instituições de ensino tradicionais é a
sua grade curricular. Além de todas
as disciplinas exigidas pela lei
no Brasil, fazem parte do currículo
dos Jardins diferentes atividades
interdisciplinaridade
útil e com um sentido maior,
Matéria de Capa
trabalhadas, de forma criativa,
artísticas, histórias adequadas
para cada idade (currículo do cordão de ouro da pedagogia Waldorf),
trabalho de respiração durante
as aulas e atividades manuais.
Já no Ensino Fundamental,
além das matérias básicas que
compõem o currículo de toda es-
~
Educação
cola, existem matérias específicas
de ciências, como: zoologia, botânica, mineralogia, antropologia e
astronomia. Matérias específicas
de Artes, como: tricô, pintura,
desenho com carvão, modelagem,
marcenaria, costura, arte da fala,
D
teatro, etc.
No Ensino Médio lecionam-se
eixar a criança ser mais
matérias como: Filosofia, Astrono-
criança. Pode parecer
mia, Ecologia, Agrimensura, No-
redundância, mas esta
ções de Agricultura Biodinâmica,
frase, tão simples, representa um
Culinária, Projeto Social, entre outras.
dos principais objetivos da Peda-
nhado por diversos profissionais,
As Escolas Waldorf recebem
gogia Waldorf, um método de
crianças de diferentes perfis, de
das mais diferentes áreas, tudo
ensino que tem como base os
todo o tipo de família. Aliás, segun-
fundamentos da Antroposofia. De
do Cecília Bonna, coordenadora e
acordo com Maria Chantal, profes-
professora do Jardim Espaço Bem
sora do Jardim da Escola Jardim
Viver, em Cotia, São Paulo, quem
Waldorf Colibri, em São Paulo, o
define o perfil do aluno que vai
que difere a pedagogia Waldorf dos
estudar em uma Escola Waldorf é
demais métodos tradicionais é a
a própria família, pois as crianças
Nas Escolas Waldorf, não basta
ensinar a ler e a contar. O desenvolvimento da criança é acompa-
isso com a finalidade de educar
uma criança, levando em consideração seus sentimentos, seus
desejos e aptidões naturais.
11
Waldorf para tornar a criança mais
atenta, mais presente nas aulas,
melhorar sua concentração, sua
cognição, desenvolver sua motricidade e sua flexibilidade.
Maria Elisabeth Canelada é
euritmista curativa e trabalha
numa clínica que atende crianças
indicadas pela escola e pelos
médicos. Ela acredita que sempre
que o professor perceber que o
processo de aprendizagem, assim
como o relacionamento social do
aluno com os colegas de classe e
da escola e com os professores
estão em desenvolvimento e se
acompanhamento do processo de
não transcorre de forma satisfa-
submetem ao que as famílias lhes
aprendizagem e desenvolvimento
tória, ele deve apontar o problema
ofertam. “Em geral, estas famílias
global.
para os pais, para o médico esco-
têm uma preocupação um pouco
Mas o que representa a figura
lar e qualquer outro profissional,
maior em proteger seus filhos
do médico escolar e qual sua
se for o caso. “O mais importante
quanto ao que vêem e ouvem na
função? Este é mais um diferencial
é que o aluno seja olhado pelos
mídia, buscam uma alimentação
da pedagogia Waldorf. O doutor
di-ferentes lados, do professor, do
saudável, um ritmo de vida mais
José Carlos Neves Machado,
médico, do euritmista, e até de um
tranqüilo, assim como um brincar
médico escolar do Colégio Waldorf
ortodontista, e que a impressão de
sem violência ou muita agitação”,
Micael, de São Paulo, define sua
cada um seja trocada com os
define Cecília.
função como “ter sob o ponto de
outros. Dessa forma, a imagem do
Neste tipo de pedagogia, existe
vista médico-terapêutico um olhar
aluno ficará mais rica e o problema
ainda uma maior abertura para a
abrangente sobre a criança e o seu
poderá ser mais facilmente corri-
interdisciplinaridade, ou seja, a
mundo e auxiliar, através de
gido”, afirma Elisabeth.
relação entre as diversas disci-
orientações e indicações, a crian-
Outro fato muito interessante
plinas com a finalidade de pro-
ça, sua família e o professor, a fim
dentro da interdisciplinaridade
mover um melhor e mais completo
de conduzi-la da melhor forma
deste tipo de pedagogia é perceber
desenvolvimento para o aluno
possível dentro de suas capaci-
que o aluno Waldorf é um ser
Waldorf. Na opinião de Maria
dades e acreditar que isso é
privilegiado, pois é cuidado como
Chantal, um médico escolar e uma
absolutamente viável.”
um ser em desenvolvimento e
euritmista são profissionais que
Desta maneira, o médico esco-
que precisa ser conduzido com
devem estar sempre presentes no
lar é um aliado do professor na
bondade, beleza e verdade, de-
tarefa de observar a criança em
pendendo da fase em que se
seus múltiplos aspectos.
encontra. Assim sendo, até mes-
Já a Euritmia, através de seus
mo a Odontologia pode contribuir
exercícios, com belos poemas e
neste processo. De acordo com a
músicas, é usada nas Escolas
doutora Viviana Faria, dentista e
ortodontista, os dentes são considerados sinalizadores de desenvolvimento integral da criança.
Através deles, pode-se fazer a
leitura se a criança está ou não
pronta para ser alfabetizada. “O
profissional da odontologia pode
auxiliar detectando, prevenindo e
removendo qualquer alteração
no desenvolvimento orofacial da
criança. Os dentes, além de
12
instrumentos da mastigação,
têm estreita relação com a postura corporal, com a respiração.
Desta forma, desvios posturais
podem ter relação com a disposição dos dentes nos arcos dentários, alterações respiratórias
como a respiração bucal, presença
de adenóides hipertrofiadas e que
influenciam no desenvolvimento e
posição dos dentes, tudo isto terá
Maria Chantal Amarante:
conseqüências para a saúde
Formada em Artes Plásticas; pós-graduação em Psico-Pedagogia;
Seminário de Pedagogia Waldorf; Formação em Terapia
Biográfica e Artística; professora de classe do Colégio Waldorf
Micael de São Paulo; professora de jardim na Escola Waldorf
João Guimarães Rosa, de Ribeirão Preto, coordenadora
pedagógica e professora na Associação C. Monte Azul de SP;
atualmente, professora de jardim no Jardim Waldorf Colibri, de
São Paulo, secretária dos jardins na Federação das Escolas
Waldorf no Brasil e colaboradora e palestrante da Aliança pela Infância.
como um todo, pois a boca está
inserida dentro de um corpo,
portanto, há uma relação de interdependência entre o todo e as
partes e vice-versa”, explica a
doutora Viviana.
Portanto, a interdisciplinaridade dentro da Pedagogia Waldorf
Maria
tem como objetivo primordial o
Fisioterapeuta com especialização em RPG. Estudou Euritmia
Artística e Curativa em Dornach, na Suíça, de 1983 a 1991. Fez a
Formação em Biografia, em São Paulo. Atualmente, trabalha
como fisioterapeuta, euritmista curativa e dá assistência biográfica
individual e em grupos na Clínica Tobias.
desenvolvimento da criança de
maneira plena, levando em consideração todos os aspectos de
sua vida. Segundo o doutor José
Carlos, a interdisciplinaridade
precisa ser estimulada e devidamente
cobrada
entre
os
profissionais que irão lidar com a
criança. “É comum que três ou
mais
terapeutas
(euritmista,
médico, ortodontista, fonoaudiólogo, etc.), trabalhem com a
criança e nunca tenham trocado
suas experiências, cada um dentro
de sua especialidade e de seu
Elisabeth
Mansano
Canelada:
Maria Cecília Bonna:
Professora Waldorf desde 1987. Iniciou como Professora de Jardim
por três anos e depois tornou-se professora de classe por dezesseis
anos, acompanhando duas turmas no colégio Micael, em São Paulo.
Lecionou ainda no Ensino Médio do colégio Waldorf Micael. Em 2005,
fundou um Jardim, Espaço Bem viver, em Cotia, São Paulo. Formada
como Assistente Social, Pedagoga e Psicodramatista e Sociodramatista
(SP). Formação em Pedagogia Waldorf (SP), (1982 e 1983) Quirofonética
(1988 a 1990), Estudos Goetheanísticos ( Sacramento, CA) (1996).
Trabalha atualmente como coordenadora e professora no Jardim
que fundou, como tutora na Escola Pólen, em Belo Horizonte, Minas
Gerais, e dando Parsifal para os jovens do Ensino Médio em algumas
escolas do Brasil: São Paulo, Botucatu, Bauru e Ribeirão Preto.
narcisismo não tenha compar-
Dr. José Carlos Neves Machado:
tilhado com o outro a sua visão.
Médico Pediatra com especialização em Homeopatia, Medicina
Chinesa e Acupuntura e Medicina Antroposófica. Médico Escolar
do Colégio Waldorf Micael de São Paulo. Vice-Presidente da ABMA
(2005 -2007). Conferencista e orientador junto a FEWB a atividades
ligadas ao trabalho com professoras do Jardim-de-Infância. Em
formação como especialista em Psiquiatria Infantil e da
Adolescência (IPPIA). Trabalha como médico pediatra em
consultório particular e na Associação Três Fontes em Campinas,
São Paulo. Palestrante de temas ligados à Medicina Escolar e
Orientação de Pais em várias escolas e faculdades no Brasil.
Isso além de não trazer nenhum
benefício, torna o processo mais
doente ainda. Dentro de uma
proposta antroposófica, observa-se a criança de um modo mais
amplo. Podemos, assim, dispor
de uma série de terapias e de
enfoques que em determinadas
situações podem ser extremamente valiosos, cabe ao médico,
como observador indicar esta ou
aquela terapia como complemento no processo de trabalhar
um determinado aspecto”, conclui
o doutor José Carlos.
Dra. Viviana Cristina Martins Faria:
Bióloga com bacharelado em Fisiologia e especialização em
Bioquímica Clínica. Fez Odontologia, começou a trabalhar com
Ortodontia e, na busca de aperfeiçoamento e de melhores
recursos para atender o paciente, especializou-se em Ortopedia
Funcional dos Maxilares. Mestrado na Escola Paulista de
Medicina na área de Ciências Pneumológicas. Trabalha com
os conteúdos da Antroposofia desde 1995, quando começou a
formação em Odontologia Antroposófica pela ABMA.
13
Terapia
Arte e Saúde
Artística
Artes
A
Terapia Artística é fundamentada na visão
artística, médica e tera-
pêutica ampliada pela Antroposofia, ciência espiritual fundada
por Rudolf Steiner.
presentes no processo artístico
terapêutico.
O paciente de terapia artística
Cor, forma, volumes, disposição
é, de fato, um agente da sua
espacial, luz e sombra: são estes
própria transformação, buscando
os instrumentos da Terapia Artís-
em um processo contínuo, a
tica. Enfim, todos os elementos
expressão de seu equilíbrio. Seja
Uma grande aliada para a
das artes plásticas que são vi-
trazendo a forma onde é pouco
Medicina Antroposófica.
venciados através da pintura, da
estruturado, dissolvendo onde há
modelagem e do desenho. O enfo-
rigidez, trazendo precisão onde
que terapêutico está no próprio
tudo está vago ou permitindo
processo artístico, onde as forças
que a fantasia encante a mente
arquetípicas desses elementos
endurecida.
entram em consonância com as
forças internas que constituem o
ser humano e que podem estar
bloqueadas ou em desarmonia.
14
Beleza, ritmo, harmonia e o
entusiasmo na observação da
natureza, são qualidades também
Diante da prática artística
enfrentam-se limites e superam-se
obstáculos na procura criativa de
soluções. As dificuldades são
acolhidas e superadas, desenvolvendo-se assim a auto-estima e a
confiança. Os pensamentos, as
ações e os sentimentos tornam-se
mais conscientes. O que a diferencia de um processo apenas
artístico é o caminho terapêutico
que tem a intenção de transformar
cada dificuldade em exercícios
que possibilitem os processos
de mudança, havendo sempre
um propósito, um método e
uma atitude interior.
Origem da Terapia
Artística
A origem da Terapia Artística
A Terapia Artística pode ser
vem do trabalho que a doutora
aplicada a todos os casos de
Ita Wegmann desenvolveu com
doenças ou como um processo
Rudolf Steiner, no qual a pintura
de auto-conhecimento e desen-
era eventualmente prescrita como
volvimento.
parte do tratamento médico. Em
RECOMENDAÇÕES MÉDICAS
1925, a doutora
Margarethe
Hauschka (fundadora da Terapia
“Indico a Terapia Artística, principalmente nos casos de
Artística Antroposófica; escreveu
doenças crônicas, câncer, quadros de esclerose e doenças
seus primeiros artigos em 1930) foi
auto-imunes. Minha impressão pessoal é que ela pode agir em
à clínica de Arlesheim (Suíça),
três níveis: um mais perceptivo, onde o paciente relaciona-se
encontrou-se com duas pintoras,
com um novo conteúdo para sua alma, e aprende a colocar-se
Sofia Baurer e Maria Kleiner, que
de um modo diferente no mundo. Isto, no entanto só é possível
pintavam com os pacientes. Em
se o terapeuta for experiente e conseguir captar a necessi
1940, foi para a Áustria e durante
dade do paciente. Um segundo nível é aquele em que a Terapia
vinte e dois anos trabalhou e deu
Artística pode ser integrada com o trabalho biográfico e
cursos no país e no exterior.
ambos se enriquecem e se complementam (...) O terceiro nível,
No Brasil, a Terapia Artística
o mais específico, é onde ela é utilizada como instrumento de
surgiu graças ao impulso dado por
influência clara no estado orgânico do paciente (...)
Ada Jens, enfermeira e fisio-
A Terapia Artística não depende só de domínio de uma
terapeuta que teve como mestra
técnica por parte do terapeuta, mas da maturidade e do
Margarethe Hauschka. De volta
envolvimento que ele tem no processo com o paciente”
ao Brasil,
Ada foi responsável
pela Terapia Artística na clínica
Dr. Bernardo Kaliks
Tobias por vinte anos e criadora
Médico Antroposófico.
do primeiro curso de formação
Clínico Geral com formação em Neurologia
e Medicina Interna
em São Paulo, no Centro Paulus
de Estudos Goethenísticos, em
1986, junto à Sociedade Brasileira
“Vejo a terapia Artística fundamentada na Antroposofia como
uma outra via de promoção da cura do paciente, além da via
de Médicos Antroposóficos e com
apoio da Associação Tobias.
medicamentosa. Médico e terapeuta artístico trabalhando em
conjunto visam despertar no paciente as forças curativas que estão
desequilibradas no organismo doente (...)”
Dr. Luiz Fernando de Carvalho
MédicoAntroposófico.
Clínico Geral e Pediatra
Coletânea de textos organizados
por Márcia Abumansur, artista
plástica, terapeuta artística,
terapeuta transpessoal e docente
de pintura e desenho
15
Brasil indígena
Indígena
Cultura
Afro-Europeu
i
Crônica
Confira as impressões de
Wesley Aragão de Moraes
sobre as diferenças culturais
entre o mundo ocidental e
etnias indígenas. Será que
existem mesmo dois mundos
tão distintos?
16
C
omo parte de minha
traria críticas da parte de colegas
pesquisa de campo em
antropólogos). Rapidamente, a
antropologia, estive por
cultura urbana do Brasil ocidentali-
duas vezes no Alto Xingu, após
zado vai suplantando os hábitos
uma longa viagem de avião até
tradicionais indígenas. A canoa de
Brasília, carro e caminhão até a
madeira de jatobá vai sendo
cidadezinha matogrossense de
substituída pelo barco a motor. A
Canarana e, finalmente, treze horas
panela de barro vai sendo subs-
de barco nas águas infestadas de
tituída pela de alumínio. O silêncio
jacarés, piranhas e sucuris do rio
magnífico de uma aldeia indígena,
Kuluene (afluente do rio Xingu,
que permite se ouvir uma infini-
por sua vez, afluente do grandioso
dade de pássaros e os gritos dos
rio Amazonas), perfazendo dois
macacos nas árvores, vai sendo
dias de ida e, depois, dois dias de
substituído pelo ruído de motores,
volta até Minas Gerais. Além disto,
de rádios de pilha, que veiculam
convivi, em minha própria casa,
programas musicais de mau gosto,
com alguns amigos indígenas,
e até por aparelhos de TV ligados
visitantes, por meses, e os
na bateria, que veiculam teleno-
acompanhei em suas andanças
velas e partidas de futebol. O
pela cidade dos brancos.
machado de pedra é substi-
O que vi foi uma cultura em
tuído pelo som ensurdecedor da
mudança (para não dizer em
moto-serra. Jovens índios se
agonia – modo de dizer que me
envergonham de sê-lo e adotam
modismos dos jovens urbanos e
dos ídolos do cinema americano
e da televisão nacional, para
desespero
dos anciãos que
desejam preservar sua língua e
sua cultura tradicionais. Mas é
assim mesmo. Nenhuma cultura
é estática. A cultura é dinâmica e
vai mudando, às vezes para pior,
às vezes para melhor...
Apesar disto, pude presenciar
coisas incríveis. Meu objeto de
pesquisa foi o pajé e suas práticas
de cura. Vi como a vida espiritual
é presente em seu cotidiano. Vi
como se pode passar da realidade
física empírica para um universo
mágico, para um outro mundo
onde vivem os espíritos e os
deuses criadores, apenas atra-
desenvolveram. A maioria
vés do canto, da dança e de
dos índios tem enorme
algumas baforadas de fumo
desconfiança em relação
selvagem. Vi como a doença
aos brancos (“caraíbas”),
pode ter uma explicação espiritual
pois o comportamento
e como o pajé a retira como se a
destes últimos se mostrou, ao
a um nível regional. Outra boa razão
dor tivesse substância e como se
longo do tempo, selvagem, agres-
para isto é que a nossa Terra,
a angústia fosse palpável, mani-
sivo, ganancioso, predatório,
física ou etericamente, ainda
puláveis a um toque de mão.
interesseiro, mentiroso, lascivo e
guarda segredos e mistérios que,
Enfim, vi o contraste entre o mun-
incivilizado. Por outro lado, os ín-
conhe-cidos, podem ser de tremen-
do do branco, visto como material
dios são fascinados pelos bens
da utilidade para o médico do fu-
e sem magia, e o do índio, ainda
tecnológicos dos brancos. Somos
turo, para o terapeuta do futuro,
um mundo encantado onde os
condicionados a pensar, desde a
para a humanidade do futuro.
seres naturais são dotados de
escola, que somos uma filial da
A antropologia, uma ciência
alma e de fala.
cultura européia, que é grandiosa
respeitada no meio acadêmico,
Talvez a teoria darwinista do
e fascinante. Mas, quando saímos
tem esta possibilidade de elaborar
século XIX de que “há povos mais
destes gigantescos guetos oci-
conexões e de decifrar caminhos
evoluídos e outros mais primiti-
dentalizados que denominamos
de vida, entre diferentes culturas
vos” (que justificou o massacre e
“grandes cidades” e então viaja-
humanas. Acredito, porém, que
a colonização de povos diversos
mos pelo interior das terras
não seja possível conhecimento,
por parte de impérios europeus)
americanas, não parece ser esta
sabedoria, sem a aventura do abrir-
tenha que ser revista, como
a verdade humana, geográfica, cul-
se para um Todo Infinito cognoscí-
propõem os antropólogos. Talvez
tural e histórica e espiritual. Teorizo
vel. Ao se fechar o saber dentro
não seja esta a questão. Não há
que o estudo das culturas in-
de um corpus encerra-se o Espírito
“mais evoluídos ou menos evoluí-
dígenas, assim como dos africa-
em esquemas e ele se torna desen-
dos” (evoluídos em relação a que
nismos locais, além do que já
cantado, cristalizado, petrificado.
aspecto?) - há apenas homens di-
vivenciamos do europeu, nos
Será preciso um xamã dançante vir
ferentes, culturas diferentes. Em
possibilitaria uma identificação
reencantá-lo....
termos
de
mais clara da verdadeira essência
consciência social e de ética, vi
da Terra. Não se trata de nenhuma
índios superiores à maioria dos
proposta nacionalista. Ao contrá-
brancos que conheço. Por outro
rio, trata-se de evidenciar, como
lado, o branco desenvolveu be-
indivíduos cidadãos do mundo,
nefícios diversos que os índios não
qual é a nossa tarefa local, cultural
de
solidariedade,
Wesley Aragão de Moraes é
médico, mestre em ciência
da religião, doutor em
antropologia, artista plástico e
docente universitário.
17
Antroposófica
Literatura
Indicações
Lendas da
Infância de Jesus
– Nascimento
e Infância
Nós convivemos
com Rudolf
Steiner
Jakob Streit
Indivíduos ligados às
diversas iniciativas antroposóficas e que conheceram Rudolf Steiner
pessoalmente apresentam seus relatos. Este
livro relata contato com
aspectos possíveis de
serem vivenciados apenas diretamente.
Jakob Streit inspirou-se
em lendas antigas, recolhidas da tradição popular e nos Evangelhos,
para escrever estas lendas. Apoiado em sua
longa experiência como
professor, desenvolveu
as histórias que podem
ser contadas às crianças
ou lidas por elas a partir
dos nove anos de idade.
Cultura
102 páginas,
7 ilustrações.
Preço: R$ 35,00
Autores Diversos
221 páginas,
6 ilustrações.
Preço: R$ 48,00
Literárias
Calendário da
Alma
Este “calendário” contém 52 versos meditativos, um para cada
semana do ano. Ele é
descrito por Rudolf
Steiner como um caminho de desenvolvimento feito através do
sentir, aberto a todas
as pessoas que desejam vincular-se à autoeducação.
121 páginas,
sem ilustrações.
Preço: R$18,00
Centro de
Mistérios na
Idade Média
Rudolf Steiner
A Antroposofia começou a
ser divulgada publicamente ao final do século XIX e
início do século XX, no
entanto, pode-se dizer que
ela faz parte de uma corrente de conhecimento,
cujos antecedentes na
História são abordados
neste ciclo de palestras,
principalmente em relação
ao período da Idade Média.
95 páginas,
14 ilustrações.
Preço: R$ 36,00
Todos estes livros podem ser
encontrados na Editora João
de Barro. A Editora João de
Barro é voltada, em especial,
à publicação de livros sobre
Pedra
Fundamental
Eu Sou a Favor
de Progredir
A Alma Humana
Rudolf Steiner
Peter Selg
Este livreto apresenta a
versão falada e a escrita
da Meditação da Pedra
Fundamental, acompanhadas dos originais em
alemão, além de outras
traduções recolhidas em
português.
Neste livro notável, Peter Selg nos mostra de
forma viva, embora sóbria, as experiências e o
exemplo de trabalho da
Dra. Ita Wegman, tornado-a, até hoje, a representante mais importante do impulso médico-terapêutico antroposófico.
O autor deste livro é
conhecido por suas descrições de fenômenos,
simples e mesmo assim,
verdadeiros. Aborda a
psique em suas várias
manifestações e atributos.Uma leitura indispensável para todos que
buscam ampliar sua
compreensão do ser
humano.
71 páginas,
sem ilustrações.
Preço: R$ 10,00
18
185 páginas,
sem ilustrações.
Preço: R$ 50,00
Karl König
181 páginas,
sem ilustrações.
Preço: R$ 43,00
Antroposofia, principalmente
aqueles destinados a ampliar o conhecimento das
diferentes áreas de atuação
profissional, seja da Medicina,
das Terapias, como da Antropologia Antroposófica.
Maiores informações:
www.editorajoaodebarro.com.br
[email protected]
Tel: (55) (11) 5181-9334
Associação Brasileira de Terapeutas Artísticos Antroposóficos
Rua da Fraternidade, 156 - São Paulo/SP - 04738-020
(11) 7667-5789 - [email protected]
• Goudy Le Berre
R. Marechal Deodoro, 513 - Alto da Boa Vista
(11) 5687- 3087
• Adélia Baião Glória
R. República do Iraque, 151 - Brooklin
(11) 5542-9103
• Adriana Venuto
R. Jericó, 255 conj. 134 - Vila Madalena
(11) 3812-1277
Clínica Tobias
R. Regina Badra, 576 - Alto da Boavista
(11) 5687- 3799
• Alice Nobre Martins
R. Regina Badra, 576 - Alto da Boa Vista
(11) 5687- 3799
• Camila Vieira
R. Conceição Marcondes Silva, 170 - Campo Belo
(11) 5685- 8799 e (11) 9569- 4118
• Dulcinéia Montico
Espaço SOFIA
R. Verbo Divino, 597
(11) 5181-5717
• Edna Andrade
R. Jericó, 255 cj. 134 - Vila Madalena
(11) 5523- 6134
Clínica Tobias
Rua Regina Badra 576 - Alto da Boa Vista
(11) 5687- 3799
• Fernando Abrão
Terapeuticum Raphael
R. Mal. Deodoro 225/ 103 - Juiz de Fora
(32) 3215- 4872 e (32) 9195- 4082
e-mail [email protected]
• Gabriela Seltz
R. Escobar Ortiz, 218 - V. Nova Conceição
(11) 3842 - 7943
R. Marjorie Prado, 191- Jardim Marajoara
(11) 5522 - 0579
• José Amadeu Piovani
R. Caminha do Amorim, 336 - Vila Madalena
(11) 3021- 2897 / (11) 9149-7700
• Helena Urben
R. Estado de Israel, 296 - Vila Mariana
(11) 5573- 7993/ (11) 9782- 4440
• Leila Buquera Bujaldon
R. Relíquia 230 - Casa Verde
(11) 3858 - 2727/ (11) 3966- 3021
• Márcia Abumansur
R. Pedro de Toledo, 2069 - Ibirapuera
(11) 5571-3228
R. Ana Catarina Randi, 44 - Broklin
(11) 5044-1121/ (11) 9339-4230
www.abumansur.art.br
• Marilena Mamprim
R.Conde de Porto alegre 1618 - Campo Belo
(11) 5041-1609
• Mary Porto
R. Virgilio Carvalho Pinto, 107 - Pinheiros
(11) 3064-0182
• Melba Echenique Proutiere
Clínica Vialis
R. Macela 80 - Novo Campeche
R. Tavares, Florianópolis, SC
(48) 3338-2977 e 3338-4011
• Simone Ornelas
R. Regina Badra, 576 - Alto da Boa Vista
(11) 5687-3799
• Vera Orgolini
R. Sincorá, 421 - Chácara Flora
(11) 5522-9640 / (11) 9931-4257