Contribuição de Alessandro Alberani, Secretário Geral da CISL

Transcrição

Contribuição de Alessandro Alberani, Secretário Geral da CISL
Contribuição de Alessandro Alberani, Secretário Geral da CISL Bolonha
por ocasião do 25 º aniversário da fundação da Escola Sindical 7 de Outubro.
É "com grande emoção que eu vou escrever estas palavras por ocasião do 25 º
aniversário da Fundação da Escola Sindical 7 Outubro.
Os laços pessoais, sindicais e experiência política com essa experiência é para mim de
grande profundidade, pois em poucos dias nós faremos menção do 5 º ano da morte de
Enrico Giusti que foi, para todos nós, a pessoa que nos fez conhecer em profundidade o
Brasil a escola.
A Escola foi fundada em 29 de agosto de 1987 como iniciativa da CUT e a colaboração
determinante dos trabalhadores metalúrgicos italianos do sindicato Fim Cisl. Seu
nascimento foi resultado de um esforço conjunto que tinha como objetivo central a criação
de um lugar onde através os trabalhadores poderiam se educar e afirmar a democracia
após o negro período da ditadura. Iscos Cisl começado a realizar em 1985 projetos ativos
de cooperação. Em 1983 nasceu a escola de formação profissional de Maputo em
Moçambique e pouco depois o projeto para a formação sindical em Costa Rica. A esses
dois primeiros passos se une um projeto formativo para quadros sindicais a Betim, sede
de um estabelecimento da FIAT no Brasil. Estes primeiros passos forma levados adiante
por Enrico Giusti, sindicalista da Cisl Emilia Romagna, que havia maturado uma grande
experiência de formação através do projeto 150 horas, experiência que dava a
possibilidade a trabalhadores que não tinham diploma e não tinham estudado, de ter
permissão e formação gratuita para conseguir um título de estudo. Giusti decidiu
acompnhar esse primeiro projeto correndo risco pessoal pois, sobretudo pelas grandes
empresas, não era bem visto o nascimento de um movimento sindial que através da
formação fortalece o seu papel nas fábricas e no país. Enquanto isso na Itália, em
fevereiro de 1987, entrou em vigor a Lei nº 49 sobre a cooperação e o desenvolvimento
que dava possibilidade às organizações não governamentais de apresentar projetos
financiados para sustentar os interventos. Foi ali que veio em mente a Nino Sergi,
presidente do Iscos, e a Luigi Cal responsável internacional da Cisl, a ideia de apresentar
um projeto de formação sindical para os trabalhadores brasileiros. A Cisl desde a sua
fundação em 1950, sempre teve como ponto chave da sua ação a formação dos quadros.
Era necessário, porém, encontrar encontrar um lugar certo para realizar os cursos de
formação e eis porque a dois grandes sindicalistas da Cisl: Franco Bentivogli e Raffaele
Morese vem a ideia de angariar fundos dentro do contexto de solidariedade entre os
trabalhadores metalúrgicos da Cisl e entre os inscritos de outras categorias da Cisl. No
momento em que a solidariedade era também um valor, a resposta foi generosa e se
angariou uma soma suficiente para iniciar o projeto da escola. O aspecto mais
significativo é que esta escola nasce através da solidariedade “da base” em um projeto de
união forte com os trabalhadores brasileiros. A CUT sempre teve uma grande atenção ao
tema da formação confirmada até hoje pelas diversas escolas que existem no país.
Naqueles anos Pippo Morelli, que foi um dos protagonistas das lutas sindicais na Itália, na
Fim e na Cisl, contribuiu de modo decisivo para sustentar o projeto. O significado político
foi bem claro desde o início, porque aquela escola na grande tradição pedagógica
brasileira ligada a extraordinária figura de Paulo Freyre se transformava em um ponto de
referência formativo, mas também educativo para todos de Minas Gerais e para todo o
Brasil. Um centro de referência livre, independente, plural onde a cada dia nasciam
desafios para fortalecer o conhecimento e a democracia. A escolha da CUT, desde a sua
fundação, de investir na formação para seus dirigentes e militantes tornou-se fundamental
para o futuro do sindicato e da política. Pensamos só que um dos maiores presidentes da
República do mundoe falo do presidentes Lula, vinha de uma experiência sindical. É
exatamente em agosto de 1993 que encontrei, pela primeira vez, Inácio Lula e foi um dos
encontros fundamentais no plano pessoal e político. Fui chamado como formador para
ministrar um cursos de formação sindical na escola 7, organizado pela CUT, com o título
“O desafio da qualidade total”. Foi a primeira vez que pisei na escola e a minha lembrança
me comove até hoje. Na minha mente permanecem aquelas imagens indeléveis> tantos
sindicalistas simples, com condições econômicas difíceis que tinha viajado por dias a fio
de ônibus para vir ao curso, os quartos coletivos na escola onde nasciam amizades ; o
momento das refeições comuns com o extraordinário pão de queijo; as discussões
noturnas sobre maoismo e sobre marxismo; a vontade de futuro. Aquele futuro que
daquele tempo a hoje fez do Brasil um dos maiores países do mundo. O encontro com
Lula me atingiu a tal ponto que fui com ele aos comícios que tinha sobre um carro com a
música e dali entendi o que significava ser um líder político. Muitas vezes fui inspirado por
aquela experiência nos anos sucessivos de sindicato. Outro aspecto extraordinário da
escola foi conhecer a grande competência dos formadores brasileiros. Fui para ensinar e
voltei enriquecido pela capacidade dos formadores brasileiros, e utlizei sucessivamente
muitas técnicas de aprendizagem. Ali entendi verdadeiramente que a cooperação era
acima de tudo a reciprocidade, nunca pensar de ser os melhores e mais capazes, mas se
colocar em empatia com os outros, em um tipo de troca que enriquecia a todos,
sustentados de grandes valores. Se passaram 25 anos e a escola continua a viver, a ser
um ponto de referência, uma grande oportunidade para o sindicato, para os trabalhadores
e para a cultura. Juntos a Enrico Giusti e a Raffaele Bonanni, secretário geral da Cisl,
estávamos presentes no 20º aniversário da escola e comemos juntos um churrasco e
cantamos canções italianas e brasileiras.
Aquela noite ninguém podia imaginar que exatamente um ano depois voltaríamos para
colocar uma placa na entrada da escola em memória de Enrico que pouquíssimo tempo
depois da celebração do vigésimo ano nos deixou. Conservo ainda a carta que de
Brasília, no dia 5 de outubro de 2007, nos escreveu o presidente Lula, lembrando-se de
Enrico como irmão, encarnação da irmandade e do dom. Naquela carta Inácio Lula, além
de homenagear Enrico, agradeceu a tantos companheiros, trabalhadores, sindicalistas
italianos que se dedicaram ao povo brasileiro.
Concluo com votos de parabéns aos atuais responsáveis pela escola, aos formadores,
aos sindicalistas e aos trabalhadores. Que façam viver essa experiência por muito tempo,
porque a escola não é feita apenas de tijolos, mas também de almas e de corações.
Atenciosamente,
Alessandro Alberani
Segretario generale della Cisl di Bologna
[email protected]
Bologna, settembre 2012