História da Hanseníase

Transcrição

História da Hanseníase
ESTADO DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
GERÊNCIA DE VIGILÂNCIA DE AGRAVOS
HISTÓRIA DA HANSENÍASE
No Egito antigo, há referências sobre a lepra de mais de 4.000 anos atrás,
em hieróglifos por volta de 1.350 a.C.
Na Europa, a Lepra teve seu ápice nos séculos XII e XIV.
Na França, nos anos de 1404 a 1413 , o Rei Carlos XI ordenou a
expulsão dos ¨leprosos¨ da cidade, pois significavam uma ameaça à ordem
social.
A Bíblia contém passagens sobre a doença, mas sem comprovação se era
realmente Lepra pois esse termo foi utilizado para designar diversos agravos
dermatológicos de origem e gravidade variáveis e desconhecidas na época.
Sofreu
seu principal combate através das ações da Igreja que excluía e
destituía os doentes de seus direitos civis, sendo considerados socialmente
como mortos. A doença era tida como reflexo de impureza espiritual.
A Lepra (Hanseníase) foi, durante muito tempo, considerada incurável
além de muito mutiladora, o que forçava o isolamento dos doentes em leprosários
(hospitais ou albergues) muito comuns na idade média. O “ tratamento” consistia
na segregação. Os segregados eram obrigados a portar sinos para anunciar sua
presença. Essas medidas segregacionais eram algumas vezes como marcas
familiares e de grupos sociais rejeitados como no caso dos “Cagots”, no sudoeste
da França (1.400). Estes formavam uma categoria de pessoas oficialmente
classificadas como “leprosos” mas que não ficavam confinados em instituições
porém eram tidas como classe social de parias.
O termo “Cagot” seria uma gíria com o significado de sujo, impuro e
deveriam manter-se afastadas das pessoas saudáveis.
No Brasil, a antiga lei judaica obrigava
seus religiosos a reconhecer a
doença e indivíduos portadores da mesma.
Os primeiros casos notificados em terras brasileiras datam de 1.600, na
cidade do Rio de Janeiro. Focos da doença foram identificados também na Bahia
e no Pará e as medidas iniciais de controle aconteceram por ordem de D. João VI
e se limitaram a construção de leprosários (depósitos de doentes) com precária
e incipiente assistência aos pacientes. Por muito tempo as leis determinavam a
internação compulsória, segregação como nos Hospitais Pirapitingui (São Paulo),
Curupaiti (RJ), Santa Teresa (Santa Catarina) e outros em todo o país.
A lei da internação compulsória foi revogada em 1962 e o tratamento foi
transformado em ambulatorial.
A descoberta do bacilo da Hanseníase ( Mycobacterium Leprae ) ocorreu
em 1874 nos estudos e pesquisas de um jovem médico norueguês, Dr. Gerhard
Henrick Armauer Hansen. Até esta data, acreditava-se que a doença tinha causas
hereditárias e era crença popular que fosse castigo divino.
Dr. Gerhard Hansen examinou material retirado de lesões de pacientes e
visualizou os bacilos e concluiu que eram os causadores do mal, afetando nervos
periféricos e a pele, provocando danos severos.
Este foi talvez, o mais importante feito na história da microbiologia
humana e um dos maiores na história da medicina.
O Brasil foi pioneiro na substituição do termo “Lepra” por “Hanseníase” (em
homenagem ao Dr. Gerhard Hansen) em 1974, por uma iniciativa de Dr. Abrahão
Rotberg, professor titular da Universidade de São Paulo. Essa tentativa foi de
livrar
a
doença
do Estigma historicamente
fortemente vinculado ao preconceito social.
Fonte: CNPCH/MS
inerente a sua denominação