revisão de psoríase do cip - International Psoriasis Council
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revisão de psoríase do cip - International Psoriasis Council
CONSELHO INTERNACIONAL DE PSORÍASE REVISÃO DE PSORÍASE DO CIP Setembro 2010 Vol. 6, N o . 2 O CIP apresenta os principais artigos Próximos eventos Reunião com especialistas em Gotemburgo clínicos e de pesquisa sobre psoríase O Conselho Internacional de Psoríase convida profissionais de saúde para um fórum de discussão de casos de psoríase de difícil tratamento. publicados em 2009/2010 Todos os anos, o Conselho Internacional de Psoríase (CIP) seleciona os principais artigos publicados sobre psoríase. Na seleção, os membros do conselho indicam artigos, que são enviados a todos os membros para votação. A seleção deste ano contém artigos que trazem novas informações sobre as bases genéticas da psoríase, identificam microrganismos que podem iniciar ou potencializar a doença, trazem novos dados sobre mediadores-chave da patogênese da doença (p.ex. VEGF, IL-6 e IL-21) e apresentam novas informações sobre os mecanismos de ação de tratamentos comumente utilizados. Este número conta com a participação dos coeditores Drª. Catherine Smith, do St John’s Institute of Dermatology, de Londres, e Dr. Arthur David Burden, da Universidade de Glasgow, na Escócia, que comentam os artigos e sua importância para a prática clínica. ARTIGOS APRESENTADOS NESTE NÚMERO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Besgen et al., J Immunol. 2010;184(9):5392-402. Singh et al., J Immunol. 2010;184(12):7257-67. Griffiths et al., N Engl J Med. 2010;362(2):118-28. Kagami et al., J Invest Dermatol. 2010;130(5):1373-83. Schonthaler et al., Proc Natl Acad Sci U S A. 2009;106(50):21264-9. Zaba et al., J Allergy Clin Immunol. 2009;124(5):1022-10.e1-395. Caruso et al., Nat Med. 2009;15(9):1013-5. Feng et al., PLoS Genet. 2009;5(8):e1000606. Goodman et al., J Immunol. 2009;183(5):3170-6. Mehta, et al., Eur Heart J. 2010 31(8):1000-6. 7 de outubro de 2010 15:00 – 16:30 19º Congresso da EADV Gotemburgo, Suécia Presidente Wolfram Sterry, M.D. Berlim, Alemanha Debatedores Knud Kragballe, M.D., Ph.D., Dinamarca Craig Leonardi, M.D., St. Louis, EUA Alan Menter, M.D., Dallas, EUA www.psoriasiscouncil.org Seleção para verbas de pesquisa A National Psoriasis Foundation está aceitando propostas de pesquisadores do mundo inteiro para os programas de verbas de pesquisa e de pesquisa translacional. Neste ciclo, serão concedidos até US$ 1,5 milhão em verbas. O prazo para envio de propostas termina em 4 de outubro de 2010. Para mais informações, acesse www.psoriasis.org Revisão de artigos na página 3. NESTA EDIÇÃO ► Dez principais artigos do ano — seleção do CIP 1 ► Carta do presidente 2 ► Revisão dos dez principais artigos 3 ► A psoríase no mundo: Foco na Europa 8 Dia Mundial da Psoríase 29 de outubro de 2010 O Dia Mundial da Psoríase é comemorado todos os anos e é dedicado a indivíduos com psoríase ou artrite psoriática. Idealizado por pacientes para pacientes, o Dia Mundial da Psoríase é um evento genuinamente global, que dá voz internacional às mais de 125 milhões de pessoas que sofrem de psoríase ou de artrite psoriática. Para mais informações, acesse www.worldpsoriasisday.com Carta do Presidente Em nome do Conselho Internacional de Psoríase (CIP) e dos coeditores deste número — a Drª. Catherine Smith, do St John’s Institute of Dermatology, de Londres, e o Dr. Arthur David Burden, da Universidade de Glasgow, na Escócia — tenho o prazer de apresentar a edição de setembro de 2010 da Revisão de Psoríase do CIP . A edição de setembro é especial para nós porque os membros do CIP escolheram, pelo voto, os dez principais artigos clínicos e de pesquisa. Os artigos selecionados resumem os mais recentes avanços clínicos e de pesquisa sobre psoríase e comenta as publicações que mais influenciaram nossa compreensão da doença e seu tratamento. A seleção deste ano contém artigos importantes, que aprofundam a compreensão da psoríase e de seus efeitos sobre a mortalidade, além da patogênese e da história natural da doença. Assim, acredito sinceramente que poderemos compreender melhor os mecanismos por trás da psoríase, e que estas informações ajudarão a conceber e a desenvolver estratégias melhores de tratamento. Lembro-me com saudade de quando esse era o nosso sonho e fundamos o CIP em 2004. Parece uma eternidade! O CIP evoluiu e se transformou em uma organização reconhecida internacionalmente, cuja missão é influenciar a educação, tratamento e pesquisa sobre a doença. Todos os anos, o CIP organiza diversos eventos em congressos internacionais, como o programa Encontro com Especialistas, que vem ganhando projeção, realizado no EADV em Gotemburgo, na Suécia, no dia 7 de outubro. A revista do CIP é a Revisão de Psoríase do CIP, publicada três vezes por ano e traduzida para o espanhol e para o português . Em nossa opinião, traduzir a revista é importante para interagir melhor com colegas dermatologistas do mundo inteiro, facilitar o compartilhamento de abordagens e dos desafios específicos do tratamento da psoríase em diversas populações no mundo inteiro. Quando penso em o quanto o CIP progrediu como organização, me sinto orgulhoso porque fomos capazes de transformar uma ideia em uma realidade palpável, porque pudemos influenciar o tratamento da psoríase através de reuniões internacionais de consenso, publicações e modificação de diretrizes de tratamento. Mas a jornada do CIP ainda não terminou. Ainda há muito a fazer para conseguirmos uma solução definitiva para o drama que a psoríase cria na vida de cada paciente. Ciente dos desafios que nos esperam, a partir de 2011 eu deixarei a presidência do CIP, que será assumida pelo meu querido colega e amigo Prof. Wolfram Sterry, Conselho de Diretores do CIP Prof. Hervé Bachelez, França Prof. Jonathan Barker, Reino Unido Prof. Christopher E.M. Griffiths, Secretário, Reino Unido Robert Holland III, Estados Unidos Prof. Peter van de Kerkhof, Países Baixos Drª. Alexa B. Kimball, Estados Unidos Dr. Craig L. Leonardi, Tesoureiro, Estados Unidos Dr. Alan Menter, Presidente, Estados Unidos Karen Baxter Rodman, Estados Unidos, CEO e Diretora Executiva Prof. Wolfram Sterry, Presidente-eleito, Alemanha Conselheiros do CIP* Dr. Ian Bruce, Reino Unido Dr. Wai-Kwong Cheong, Cingapura Professor Andrew Finlay, Reino Unido Prof. Alberto Giannetti, Itália Drª. Alice Gottlieb, Estados Unidos Dr. Gerald G. Krueger, Estados Unidos Dr. James G. Krueger, Estados Unidos Drª. Gladys Aires Martins, Brasil 2 Revisão de Psoríase do CIP da Clínica Universitária de Dermatologia do Hospital Charité, de Berlim. O Dr. Sterry foi um importante parceiro, que deu apoio ao conselho e a mim desde que o CIP foi fundado. Wolfram e eu temos a mesma paixão e visão para o futuro da psoríase. Caberá a ele determinar novas diretrizes que mantenham e promovam nossa ambiciosa agenda, que é influenciar profundamente a compreensão, tratamento e conduta em psoríase no mundo inteiro. Tenho certeza de que, com sua competência, capacidade de organização e envolvimento com a psoríase, o CIP continuará a se expandir e a inovar sob sua liderança. O CIP também continua a fornecer oportunidades de colaboração profissional através de seu website e de outras programações em nível internacional, nacional e regional. Oferecemos também um fórum global em www.psoriasiscouncil.org, em que o CIP continua a expandir suas atividades, criando um banco de dados global e melhorando os serviços fornecidos a profissionais médicos que participam do tratamento da psoríase no mundo inteiro. Temos orgulho de ter participado da criação da SOLAPSO, uma sociedade de líderes de opinião e cientistas latino-americanos que trabalham com psoríase. Nos próximos anos, esperamos ter a oportunidade de nos expandirmos para outras regiões do mundo. Esperamos que esta newsletter tenha trazido e continue trazendo novas informações e que os conhecimentos e insights de nossa equipe ajudem você a tratar seus pacientes com psoríase. Obrigado a todos que contribuíram e a todos os nossos patrocinadores, sem os quais nada disso teria sido possível. Adeus a todos, e desejo a todos prosperidade durante o resto de 2010. No futuro, espero poder continuar a participar da evolução do CIP, agora sob a presidência do Prof. Sterry, do conselho de diretores e dos membros do CIP. Atenciosamente, Alan Menter, M.D., Presidente Conselho Internacional de Psoríase Dr. Hidemi Nakagawa, Japão Prof. Jean-Paul Ortonne, França Dr. Kim Alexander Papp, Canadá Prof. Errol Prens, Países Baixos Prof. Jean-Hilaire Saurat, Suíça Drª. Catherine Smith, Reino Unido Dr. Fernando Stengel, Argentina Prof. Georg Stingl, Áustria Drª. Gail Todd, África do Sul * O CIP concedeu a estes membros o título de Conselheiro em reconhecimento a suas contribuições ao campo da psoríase. Membros do CIP Dr. Wolf-Henning Boehncke, Alemanha Dr. Arthur David Burden, Reino Unido Dr. Robert J. G. Chalmers, Reino Unido Professor Sergio Chimenti, Itália Prof. Edgardo Chouela, Argentina Dr. Arnon D. Cohen, Israel Prof. Kevin D. Cooper, Estados Unidos Prof. Esteban Dauden, Espanha Prof. Charles N. Ellis, Estados Unidos Prof. Carlos Ferrandiz, Espanha Dr. Kenneth Gordon, Estados Unidos Dr. Lars Iversen, Dinamarca Drª. Seija-Liisa Karvonen, Finlândia** Dr. Francisco “Pancho” Kerdel, Estados Unidos Dr. Richard G. Langley, Canadá Dr. Mark Lebwohl, Estados Unidos Dr. Ulrich Mrowietz, Alemanha Drª. Ruth Murphy, Reino Unido Dr. Frank O. Nestle, Reino Unido Drª. Amy S. Paller, Estados Unidos Dr. David M. Pariser, Estados Unidos Dr. Carlo Pincelli, Itália Dr. Mark R. Pittelkow, Estados Unidos Prof. Jörg Prinz, Alemanha Dr. Murlidar Rajagopalan, Índia Prof. Ricardo Romiti, Brasil Profª. Mona Ståhle, Suécia Dr. Bruce Strober, Estados Unidos ** In memoriam Os dez principais artigos clínicos e científicos APRESENTAÇÃO DE RESUMOS E COMENTÁRIOS Os artigos são apresentados em ordem aleatória. Identificação de antígenos que possam iniciar e propagar a psoríase A psoríase é classificada como uma doença autoimune, embora não haja evidências de um autoantígeno capaz de induzir ou estimular a propagação da doença. Neste artigo, Besgen e colaboradores descrevem diversas evidências que indicam a possibilidade de que o Streptococcus pyogenes participe da geração de uma possível resposta autoimune. Os autores observaram que anticorpos produzidos por imunização de coelhos com Streptococcus pyogenes termo-inativados apresentam reação cruzada com diversas proteínas de queratinócitos humanos em ensaios de western blot 2D. Constatou-se também que o soro de pacientes com psoríase, ao contrário do de indivíduos normais, reagiu contra várias destas proteínas, como a ezrina, maspina, perodirredoxina 2 (PRDX2), proteína de choque térmico (hsp) 27 e queratina 6, que também são capazes de induzir ativação de células T do sangue periférico de pacientes com psoríase, sobretudo pacientes HLA-Cw6+. As células T antígeno-específicas geradas contra estas proteínas consistiram em células T CD8+ e continham rearranjos de cadeias TCR-com elevado grau de homologia com os arranjos detectados na lesão cutânea correspondente. A análise das sequências destas proteínas e do genoma do S. pyogenes apontou diversos epitopos imunodominantes, que podem indicar que o S. pyogenes adota uma estratégia de mimetismo molecular projetada para confundir a reação do sistema imunológico à infecção. P. Besgen, P. Trommler, S. Vollmer, J.C. Prinz, 2010. Ezrin, maspin, peroxiredoxin 2, and Hsp27: Potential targets of a streptococcal-induced autoimmune response in psoriasis. J Immunol. 184:5392-402. COMENTÁRIO Estas observações constituem fortes evidências de que diversas proteínas de queratinócitos podem ser alvo de uma resposta autoimune causadora de psoríase induzida por estreptococos. O mecanismo desta resposta imunológica seletiva da pele pode envolver mimetismo molecular devido à homologia definida entre os vários peptídios estreptocócicos, reatividade cruzada do TCR ativado e receptores de tropismo seletivos para a pele nas células T responsivas. Pode-se inferir que as proteínas mimetizadas, entre elas a ezrina e a hsp27, podem atuar como intermediários antigênicos entre a psoríase e outras entidades clínicas associadas a ela, como doença inflamatória do cólon, uveíte e aterosclerose. Em nossa opinião, novos avanços desta linha de pesquisa poderão levar a novas modalidades de tratamento, tanto terapêuticas como profiláticas. 2. Base imunológica do mecanismo de ação do PUVA (8-metoxipsoraleno mais ultravioleta A) Para a maioria dos dermatologistas no mundo inteiro, o PUVA continua sendo um importante recurso, mesmo após o surgimento de novas drogas como os agentes biológicos inibidores de TNF- ou de IL-12/23. Embora muitas pesquisas venham tentando desvendar o mecanismo de ação dos agentes biológicos, o mecanismo pelo qual o PUVA combate as lesões cutâneas ainda não é bem compreendido. Para tentar identificar o mecanismo de ação molecular do 8-metoxipsoraleno mais UVA (PUVA), Singh et al. utilizaram ratos transgênicos K5.hTGF-b1 com fenótipo cutâneo e anomalias de citoquinas bastante semelhantes aos observados na psoríase humana. As anomalias macro e microscópicas na pele dos animais foram eliminadas pela PUVAterapia. Ao mesmo tempo, constatou-se que o PUVA suprimiu a via IL-23/Th17 em ensaios de RT-PCR quantitativo da expressão de genes de citoquinas em pele psoriática e elevou a atividade da via Th2 e de células T reguladoras CD4+/CD25+/Foxp3+. O tratamento com anticorpos monoclonais anti-CTLA4 aboliu a supressão da doença. Em conjunto, estes dados indicam que a ação terapêutica do PUVA depende de células T reguladoras que participam da sinalização de CTLA4 e da inibição do eixo IL-23/Th17. Singh TP, Schön MP, Wallbrecht K, Michaelis K, Rinner B, Mayer G, SchmidbauerU, Strohmaier H, Wang XJ, Wolf P. 8-methoxypsoralen plus ultraviolet A therapyacts via inhibition of the IL-23/Th17 axis and induction of Foxp3+ regulatory T cells involving CTLA4 signaling in a psoriasis-like skin disorder. J Immunol. 2010 Jun 15;184(12):7257-67. COMENTÁRIO Por muitos anos, o interesse nos efeitos moleculares do PUVA concentrou-se na ligação de psoralenos ao DNA, em que as bases pirimidinas eram os principais alvos de reações fotoquímicas. Assim, acreditava-se que o PUVA exercia um efeito antiproliferativo direto sobre as células da pele e induzia apoptose, assim como ocorre com os agentes alquilantes de DNA, mas cada vez mais evidências indicam que o PUVA e a radiação UV em geral têm potentes efeitos imunossupressores. Este artigo descreve os efeitos do PUVA, demonstrando sua participação em uma série de eventos como a modulação seletiva de citoquinas e ativação de subtipos de células imunológicas. Setembro 2010 3 Os dez principais artigos clínicos e científicos 3 A primeira comparação direta de dois agentes biológicos (ustekinumabe e etanercept) na psoríase Para tentar comparar os perfis de risco e benefício do ustekinumabe (bloqueador das interleucinas 12 e 23) e do etanercept (inibidor do fator de necrose tumoral alfa), Griffiths et al. realizaram um grande estudo clínico de comparação direta com 903 pacientes, que receberam a dose de indução padrão de etanercept aprovada pelo FDA (50 mg 2x/semana por 12 semanas) e ustekinumabe 40 ou 90 mg nas semanas 0 e 4. Na semana 12, 67,5% dos pacientes que receberam ustekinumabe 45 mg, 73,8% dos que receberam ustekinumabe 90 mg e 56,8% dos que receberam etanercept atingiram a meta primária de melhora de 75% do escore PASI. Estatisticamente, observou-se que o ustekinumabe foi mais eficaz que o etanercept, em ambas as doses, tanto na avaliação do escore PASI como na avaliação global pelo médico. Os pacientes que não responderam ao etanercept na semana 12 foram permutados para o ustekinumabe, e 48,9% deles tiveram melhora igual ou superior a 75% do escore PASI 12 semanas após a permuta. Os perfis de segurança foram semelhantes antes e depois da troca do etanercept pelo ustekinumabe. Griffiths CE, Strober BE, van de Kerkhof P, Ho V, Fidelus-Gort R, Yeilding N, Guzzo C, Xia Y, Zhou B, Li S, Dooley LT, Goldstein NH, Menter A; ACCEPT Study Group. Comparison of ustekinumab and etanercept for moderate-to-severe psoriasis. N Engl J Med. 2010 Jan 14;362(2):118-28. COMENTÁRIO Este foi o primeiro estudo clínico dermatológico a comparar dois agentes biológicos e provavelmente é parte de uma nova tendência. Cada vez mais agências regulatórias (p.ex. a Agência Europeia de Medicamentos) vêm “sugerindo” análises de comparação direta para promover avanços de tratamento. Agentes pagadores públicos e privados, que vêm buscando reduzir as despesas, também demandam este tipo de estudo. Quase 50% dos pacientes em que o tratamento com etanercept falhou responderam ao ustekinumabe. Esta informação é vital para entidades regulatórias que buscam ponderar a custo-eficiência de diversas sequências de tratamentos biológicos. A análise apresentada neste artigo também indica que os pacientes podem ser tratados de forma esporádica, de acordo com o surgimento de novas manifestações de doença cutânea. Esta abordagem parece incompatível, pelo menos teoricamente, com a natureza crônica da inflamação subjacente; logo, será interessante observar se esta estratégia sobreviverá ao teste do tempo. 4. Níveis mais elevados de células Th17, Th22 e Th1 no sangue contribuem para o “fingerprint” da inflamação psoriática Como a pele de pacientes com psoríase apresenta altas concentrações de células Th17, Th22 e Th1, acredita-se que estes tipos celulares participem da patogênese da doença. Entretanto, ainda não se sabe ao certo quais as concentrações e tipos de células T inflamatórias no sangue e a importância relativa de cada tipo celular. Os autores empregaram citometria de fluxo com sete cores para definir os padrões de circulação de células Th1, Th17 e Th22 na circulação de pacientes com psoríase não tratada em comparação com 17 indivíduos saudáveis. Observou-se que o CCR6 é o melhor marcador de superfície para células IL-17A+ que o IL-23R ou o CD161. A presença de células IL-17A que coexpressam CCR6, IL-22 e fator de necrose tumoral alfa foi definida a partir de diversos critérios, embora não houvesse correlação entre a presença destas células e a gravidade da doença cutânea. Além disso, a terapia de indução com infliximab diminuiu os níveis de células Th17 na circulação. Isso indica que estas células são pelo menos parcialmente responsáveis pela doença inflamatória sistêmica subjacente observada em indivíduos com psoríase. Kagami S, Rizzo HL, Lee JJ, Koguchi Y, Blauvelt A. Circulating Th17, Th22, and Th1 cells are increased in psoriasis. J Invest Dermatol. 2010 May;130(5):1373-83. COMENTÁRIO O trabalho de Kagami et al. é o primeiro a analisar o sangue de pacientes psoriáticos de forma detalhada o suficiente para observar aumentos das concentrações de células Th17, Th22 e Th1. Alguns aspectos positivos destes estudos são o número grande de pacientes e o emprego de vários critérios diagnósticos para corroborar a observação de que pacientes com psoríase apresentavam concentrações sanguíneas de células Th17 significativamente maiores que as encontradas em indivíduos normais. Os resultados produziram algumas observações interessantes, entre elas a de que o CCR6, e não a IL-23R, foi o marcador mais bem correlacionado com as células Th17. Outro indício de que a psoríase é uma doença sistêmica foram os dados obtidos em pacientes tratados com infliximab, que evidenciaram queda consistente dos níveis de células Th17. Talvez este fenômeno indique que estes tipos celulares participam mais ativamente de outros tipos de inflamação sistêmica associados à psoríase observada em outros tecidos, como as articulações e as artérias coronárias. 4 Revisão de Psoríase do CIP Os dez principais artigos clínicos e científicos 5. Tratamento anti-VEGF sistêmico reduz fortemente a inflamação cutânea em um modelo murino de psoríase Schonthaler et al. empregaram uma abordagem terapêutica em um modelo genético de psoríase em camundongos nocaute para investigar o papel do VEGF na exacerbação e na progressão da doença. Os autores partiram da premissa de que a remodelagem vascular é parte da patogênese de diversas doenças inflamatórias, entre elas a artrite reumatoide e a doença de Crohn. Também foram observados casos de remissão completa em pacientes que receberam anticorpos anti-VEGF (bevacizumab, Avastin®) para tratamento de câncer. Neste artigo, os autores definiram a psoríase como o fenótipo decorrente da deleção simultânea dos protooncogenes JunB e c-Jun. As análises de imunofluorescência mostraram forte indução das queratinas 6 e 10, dois marcadores de hiperproliferação tipicamente observados na epiderme com psoríase. Da mesma forma, a análise da expressão de mRNA por RT-PCR revelou níveis elevados de TNF-, IL-12p40, IL-22, IL-23 e IL-23R, que são os principais mediadores inflamatórios observados na patogênese da psoríase. O tratamento dos camundongos com um anticorpo anti-VEGF eliminou os padrões indicativos de uma doença semelhante à psoríase, e a imunofluorescência diferencial foi empregada para aferir diminuições significativas da arquitetura de vasos sanguíneos e linfáticos. Em conjunto, os resultados mostraram que o bloqueio sistêmico de VEGF por um anticorpo inibitório poderá ser uma nova estratégia terapêutica contra a psoríase. Schonthaler HB, Huggenberger R, Wculek SK, Detmar M, Wagner EF. Systemic anti-VEGF treatment strongly reduces skin inflammation in a mouse model of psoriasis. Proc Natl Acad Sci U S A. 2009 Dec 15;106(50):21264-9. COMENTÁRIO As estratégias terapêuticas que atuam sobre a vasculatura foram pouco estudadas até agora, mas poderão vir a ser um importante componente do tratamento da psoríase a longo prazo. A associação de tratamentos contra inflamação sistêmica com modalidades que inibem a progressão da psoríase (p.ex. anti-VEGF) poderá ser parte importante de um esquema de tratamento abrangente. 6. Bloqueio da via de sinalização da IL-17, possível “chave-mestra” da resposta a agentes biológicos anti-TNF Embora os inibidores de TNF sejam amplamente utilizados no tratamento da psoríase, artrite reumatoide e doença de Crohn, seus mecanismos de ação, que são específicos e complexos, ainda não são inteiramente compreendidos. Zaba et al. empregaram arrays Affymetrix para analisar perfis de expressão gênica em pele lesionada e comparar os efeitos genômicos da resposta ao TNF em pacientes com psoríase de 15 pacientes tratados com etanercept 50 mg 2x/semana. Antes da análise de clusters de genes, a resposta ao etanercept foi definida como resolução histológica da doença. Nos pacientes que responderam, foram identificados 4 clusters de genes sub-regulados e 3 de genes supra-regulados. A sub-regulação gênica deveu-se sobretudo à inibição direta de genes imunes de linhagem mieloide, enquanto a supra-regulação ocorreu principalmente nos genes CD1c e CD207 (langerina), encontrados na população estável de células dendríticas. A comparação dos respondedores com os não-respondedores revelou redução rápida da IL-1 e da IL-8 da cascata da sepse em ambos os grupos, mas a expressão de genes da via IL-17 só atingiu níveis basais nos respondedores. Isto sugere que a resposta da psoríase a agentes inibidores de TNF requer supressão de Th17. Zaba LC, Suárez-Fariñas M, Fuentes-Duculan J, Nograles KE, Guttman-Yassky E, Cardinale I, Lowes MA, Krueger JG. Effective treatment of psoriasis with etanercept is linked to suppression of IL-17 signaling, not immediate response TNF genes. J Allergy Clin Immunol. 2009 Nov;124(5):1022-10.e1-395. COMENTÁRIO O acúmulo de evidências vem tornando cada vez mais evidentes as diferenças entre doenças inflamatórias que pareciam relacionadas entre si, como a psoríase e a artrite reumatoide. O estudo descrito neste artigo sugere que os mecanismos subjacentes ao benefício terapêutico do etanercept podem ser diferentes na psoríase e na artrite reumatoide. Zaba e colaboradores mostraram inicialmente que as citoquinas da cascata da sepse (IL-1 e IL-8) diminuem rapidamente em paciente com psoríase, tanto nos que respondem como nos refratários ao etanercept, enquanto na artrite reumatoide esta queda é observada somente entre os pacientes que respondem ao tratamento. O artigo postula também que a análise do grau de supressão de clusters gênicos relacionados à doença pode servir para monitorar a resposta da doença ao tratamento. Mais especificamente, constatou-se que a resposta ao etanercept dependia da inibição de genes relacionados a linhagens mieloides dendríticas e à resposta imune das células Th17. Os dados obtidos indicam que há uma rede de genes que participam tanto da imunidade inata como da imunidade adaptativa e que podem causar doenças inflamatórias e/ou promover a resposta a determinados agentes quando perturbados. Como exemplo, a resolução da psoríase após tratamento com etanercept parece estar mais relacionada à modulação de circuitos imunes adaptativos que à inibição de circuitos inatos, embora o etanercept afete ambas estas vias. Setembro 2010 5 Os dez principais artigos clínicos e científicos 7. IL-21 tem importante papel na patogênese da hiperplasia epidérmica na psoríase Estudos de PCR em tempo real mostraram que a interleucina-21 (IL-21) é uma citoquina derivada de células T fortemente expressa em biopsias de pele lesionada de indivíduos com psoríase (n=13), sendo encontrada em concentrações superiores às observadas em pele sadia ou em controles saudáveis com líquen plano ou dermatite de contato. A análise de citometria de fluxo revelou que a IL-21 era expressa tanto em células T CD4+ como em células NK (CD161+). Alguns subconjuntos de células CD4+ e IL-21+ também expressam IFN- ou IL-17, e o sangue periférico de pacientes com psoríase apresenta padrões semelhantes. Em indivíduos normais, os queratinócitos que expressam IL-21R proliferaram quando expostos à IL-21, e observou-se que esta resposta era propagada pela ativação de ERK1/2, uma MAP quinase cuja expressão é exacerbada na pele psoriática. Em um modelo murino de xenoenerto de psoríase humana, o bloqueio da atividade de IL21 eliminou a inflamação e reduziu a proliferação de queratinócitos de forma que pareceu ser independente da IL-22. Caruso R, Botti E, Sarra M, Esposito M, Stolfi C, Diluvio L, Giustizieri ML, Pacciani V, Mazzotta A, Campione E, Macdonald TT, Chimenti S, Pallone F, Costanzo A, Monteleone G. Involvement of interleukin-21 in the epidermal hyperplasia of psoriasis. Nat Med. 2009 Sep;15(9):1013-5. COMENTÁRIO Novas pesquisas vêm elucidando as complexas redes envolvidas na patogênese da psoríase. A IL-21 participa da psoríase humana e age por intermédio de um circuito independente de IL-22 em modelos murinos da doença. Na edição do ano passado dos dez principais artigos clínicos e científicos do CIP, destacamos os trabalhos de Nograles et al. e Wolk et al., que constataram que a contribuição da IL-22 para a hiperplasia da epiderme se dá através da via mediada por IL-23, que é uma etapa distal da patogênese da psoríase. A IL-21 parece ser suficiente para promover hiperplasia epidérmica por intermédio da via de sinalização ERK1/2, e isso aponta para uma nova estratégia terapêutica. Em suma, parece que não há um tratamento antipsoriático adequado para todos os pacientes, mas sim diferentes tratamentos, que devem ser adaptados às características específicas da inflamação do paciente. 8. Loci genéticos que trazem risco de psoríase Feng et al. realizaram um estudo de associação pangenômico (GWAS, genome-wide association study) de psoríase com 1.359 e 1.400 controles, em que foi realizada genotipagem para 447.249 polimorfismos de um nucleotídeo (SNP, single nucleotide polymorphism) para determinar se a região do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) que contém o HLA-Cw*0602, alelo sobre o qual há consenso sobre a associação com psoríase. A metodologia incluiu uma análise estatística de probabilidades que inferiu os haplótipos que contêm combinações de 3 a 4 SNPs. Neste método, que foi validado em uma amostra de 420 pacientes com psoríase no estado americano de Utah para prever a incidência de haplótipos HLA-C antes da busca de outros loci, realiza-se a imputação de haplótipos de HLA que contêm os alelos gênicos procurados. Foram detectados dois novos sinais de associação gênica: o rs2073048, localizado em c6orf10 e que pode afetar o TNF- mais distalmente, e o rs13437088, localizado e 30 kb centromérico de HLA-B e em 16 kb telomérico de MICA. Para ambos estes loci putativos, houve associação significativa em um banco de dados de chineses da etnia Han. Estes resultados permitiram identificar dois novos loci do MHC associados a risco de psoríase. Feng BJ, Sun LD, Soltani-Arabshahi R, Bowcock AM, Nair RP, Stuart P, ElderJT, Schrodi SJ, Begovich AB, Abecasis GR, Zhang XJ, Callis-Duffin KP, Krueger GG, Goldgar DE. Multiple Loci within the major histocompatibility complex confer risk of psoriasis. PLoS Genet. 2009 Aug;5(8):e1000606. COMENTÁRIO Este trabalho complementa e aprofunda as observações anteriores dos autores (Nair et al. e Zhang et al.) descritas na seleção dos dez principais artigos clínicos e científicos do CIP de 2008/9. Estes estudos buscaram identificar novos loci no HLA-C. O acúmulo de informações genéticas vem definindo novos alelos subjacentes à psoríase, cuja identificação pode vir a ser essencial para adaptar esquemas de tratamento às necessidades específicas do paciente. A inclusão do banco de dados de chineses da etnia Han confirma que há uma base genética comum que aumenta o risco de psoríase em diferentes populações e, ao mesmo tempo, destaca diferenças importantes que podem ser exploradas para definir melhora a patogênese da psoríase. 6 Revisão de Psoríase do CIP Os dez principais artigos clínicos e científicos 9. Sinalização por IL-6 inibe a supressão por células T reguladoras em pacientes com psoríase Demonstrou-se que as células T reguladoras encontradas normalmente (T reguladoras com CD4, Foxp3 e CD25) participam da manutenção da autotolerância e que sua ausência pode causar doenças autoimunes graves. As células de memória/efetoras (Tmem/eff) isoladas de pacientes com psoríase são ativadas cronicamente, talvez devido à ausência de regulação por Treg. A IL-6 é uma citoquina pró-inflamatória que impede a supressão mediada por Treg em camundongos. Goodman et al. realizaram uma elegante série de experimentos em pele humana e sangue periférico de pacientes e controles saudáveis para testar os efeitos da IL-6. Os resultados mostraram que a IL-6 liberada de células epidérmicas isoladas de pele com lesões psoriáticas, mas não de pele sã ou normal, e que os maiores aumentos dos níveis de IL-6 foram observados em células endoteliais CD31+ e em células dendríticas dérmicas CD11c+. Em um modelo in vitro em que células dendríticas ativadas foram utilizadas como fonte de IL6, observou-se que a IL-6 é necessária e suficiente para reverte a supressão de células T humanas pelo Treg. Goodman WA, Levine AD, Massari JV, Sugiyama H, McCormick TS, Cooper KD. IL-6 signaling in psoriasis prevents immune suppression by regulatory T cells. J Immunol. 2009 Sep 1;183(5):3170-6. COMENTÁRIO Uma compreensão melhor do microambiente da lesão psoriática ajudará a definir os complexos mecanismos patogênicos envolvidos na psoríase. O trabalho de Goodman et al. constatou que as células Th17 localizam-se próximas às células produtoras de IL-6 e que o aumento da expressão de IL-6 contribui para a diferenciação de células Th17. No modelo de psoríase empregado, os linfócitos T que entram na pele psoriática são expostos a altos níveis de IL-6 produzidos pelas células endoteliais, células dendríticas e Th17, que permitem que as células T cutâneas escapem da influência supressora dos linfócitos Treg e, ao mesmo tempo, facilitam a participação de células Th17 na inflamação. Portanto, o bloqueio de vias sinalizadoras de IL-6 na psoríase pode reequilibrar a atividade efetora de Treg/T e combater a doença. 10. A psoríase grave aumenta o risco de mortalidade cardiovascular Neste trabalho, os autores estenderam suas observações anteriores, segundo as quais a psoríase, especialmente as formas graves, é um fator de risco independente para aterosclerose, infarto do miocárdio (IM) e acidente vascular cerebral. Para determinar se a psoríase está associada a uma maior mortalidade cardiovascular, um estudo de coorte foi realizado a partir da General Practice Research Database (Banco de Dados de Clínica Geral) do Reino Unido em que pacientes com psoríase grave foram selecionados de acordo com o diagnóstico de psoríase e o emprego de tratamentos sistêmicos que indicassem psoríase grave (n = 3.603). Os controles foram pacientes não expostos sem psoríase selecionados das mesmas clínicas (n = 14.330), e a causa de morte for determinada por revisão de um prontuário eletrônico. Estatisticamente, observou-se que a psoríase grave é um fator de risco independente para mortalidade cardiovascular (RR 1,57; IC 95% 1,26 – 1,96). A associação foi ajustada para idade, sexo, tabagismo, diabetes, hipertensão e hiperlipidemia. Entre pacientes com psoríase grave, houve um óbito a mais a cada 283 pacientes. O risco relativo de mortalidade cardiovascular variou com a idade, de modo que a razão de riscos para morte cardiovascular em indivíduos com psoríase grave foi de 2,69 (1,45 – 4,99) aos 40 anos e 1,92 (1,45 – 4,99) aos 60 anos. Mehta NN, Azfar RS, Shin DB, Neimann AL, Troxel AB, Gelfand JM. Patients with severe psoriasis are at increased risk of cardiovascular mortality: cohort study using the General Practice Research Database. Eur Heart J. 2010 Apr;31(8):1000-6. COMENTÁRIO O artigo de Mehta et al. mostrou que a psoríase pode ter grande influência sobre o paciente, pois existe uma associação entre psoríase grave e aumento do risco de mortalidade cardiovascular, que independe dos fatores de risco cardiovasculares tradicionais. Estas novas evidências estatísticas contribuem para o crescente volume de dados que definem a associação entre psoríase e diversas comorbidades cardiovasculares, como diabetes melito, acidente vascular cerebral e aterosclerose. Embora sejam necessários mais estudos para determinar o mecanismo subjacente desta associação, pode-se conjecturar que o controle da psoríase pode reduzir, pelo menos parcialmente, o risco cardiovascular. De qualquer forma, observa-se claramente que todos os fatores de risco para doença cardiovascular devem ser avaliados e tratados cuidadosamente e de acordo com as diretrizes médicas aplicáveis em pacientes com psoríase, dada a associação cada vez mais evidente entre as duas patologias. Setembro 2010 7 A PSORÍASE NO MUNDO: FOCO NA EUROPA Foco na Europa O Conselho Internacional de Psoríase (CIP) é uma organização genuinamente global, que procura interagir de maneira constante com profissionais de saúde que se dedicam ao tratamento da psoríase em diferentes regiões do mundo. Nesta edição e em edições anteriores da Revisão de Psoríase do CIP, focaremos regiões selecionadas do mundo inteiro para compartilhar ideias, conhecimentos e apreciação. No 2009 Psoriasis Symposium, realizado em Dallas, no Texas, o CIP recebeu representantes de vários países europeus, latinoamericanos e da região Ásia-Pacífico, e a comunidade internacional de psoríase pôde discutir as semelhanças e diferenças no tratamento da psoríase em cada região. A seção deste número é dedicada à Europa, com artigos da Espanha, Hungria e Grécia (Atenas e Tessalônica), o país onde a psoríase foi diagnosticada pela primeira vez. Tessalônica, Grécia - Tratamento da psoríase Dimitrios Ioannides, MD, PhD, Professor Adjunto de Dermatologia e Chefe do Primeiro Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade Aristóteles em Tessalônica, Grécia A psoríase parece ter sido diagnosticada pela primeira vez na Grécia antiga. Os gregos, que foram pioneiros em medicina, classificavam as doenças de pele em psora, lepra e leichen. Hipócrates (460-377 AC) foi um dos primeiros autores a descrever doenças de pele. Ele utilizou a palavra lopoi para descrever as erupções secas, escamosas e deformantes da psoríase, lepra e outras doenças de pele. O termo psoríase foi utilizado pela primeira vez por Galeno (133-200 DC), mas hoje acredita-se que ele tenha descrito na verdade a dermatite seborreica. Na Grécia atual, a psoríase é um importante problema de saúde com importantes repercussões médicas e socioeconômicas, embora a Grécia seja um país mediterrâneo com tempo ensolarado durante quase todo o ano. Nosso departamento é um centro de referência terciário em dermatologia que cobre o norte do país e é um dos dois maiores centros do país. Segundo nossa experiência e uma pesquisa retrospectiva em nosso banco de dados de pacientes com psoríase (ambulatoriais e internados), acreditamos que a psoríase afete quase 1,5 a 3% da população grega — uma incidência compatível com a prevalência da doença no resto do mundo. Nossa clínica atende pacientes de todas as idades, inclusive crianças, e a psoríase é uma das cinco doenças dermatológicas que mais trazem pacientes ao nosso hospital. Na maioria dos casos, o subtipo clínico observado é a psoríase vulgar, mas muitos dos casos mais graves são de psoríase em placas ou outras variantes da doença, tais como psoríase gutata extensa, eritrodérmica, pustulosa ou invertida, que são encaminhadas ao nosso departamento por médicos em todo o norte da Grécia. Todos os pacientes com psoríase são tratados por dermatologistas, tanto em hospitais como particulares, e os dermatologistas são a principal fonte de informações sobre a doença. Pacientes com psoríase leve são tratados com medicamentos tópicos, tais como corticoides tópicos de potência média ou elevada, calcitriol, calcipotriol mais propionato de betametasona, tazaroteno, inibidores e calcineurina, preparações contendo coaltar e emolientes. Os agentes sistêmicos disponíveis na Grécia para tratamento de psoríase moderada a grave são os seguintes: 8 Fototerapia nas modalidades UVB (banda larga ou estreita) ou PUVA, que são oferecidos apenas em poucos hospitais, entre eles o nosso. A fototerapia é associada aos agentes tópicos listados acima. Em alguns casos, acrescenta-se metotrexate ou acitretina, mas nunca usamos ciclosporina com luz UV de qualquer tipo. Metotrexate 10-15 mg por semana divididos em 2 ou 3 doses a cada 12 horas. O Departamento emprega o metotrexate como medicamento de primeira linha no tratamento da psoríase há muitos anos. O ácido fólico, que é administrado antes do metotrexate na dose de 10 mg por dia, parece proteger contra alguns dos efeitos colaterais frequentes do metotrexate em baixas doses, com estomatite, hepatotoxicidade e intolerância gastrointestinal. Revisão de Psoríase do CIP A psoríase no mundo: Foco na Europa Há dez anos, a ciclosporina é geralmente considerada o “padrão-ouro” de tratamento, especialmente como tratamento de indução para casos recalcitrantes da doença, mas também para tratamento a longo prazo, sem nunca deixar de monitorar o paciente de maneira apropriada. As doses comumente empregadas variam de 3 a 5 mg/kg de peso corporal, mas em muitos casos começamos com 5 mg/kg e diminuímos aos poucos de acordo com a resposta do paciente. A ciclosporina é geralmente usada como tratamento “ponte” sempre que é necessário trocar um agente biológico por outro. O seguro-saúde dos pacientes cobre todas as despesas com ciclosporina e todas as drogas imunomoduladoras. A acitretina 10-35 mg/dia não é nossa primeira escolha para monoterapia entre os tratamentos sistêmicos convencionais, mas também podemos utilizá-la em esquemas de tratamento junto com fototerapia. A toxicidade óssea e a teratogenicidade da acitretina restringem o número de pacientes em que ela pode ser utilizada. Os agentes biológicos infliximab, adalimumab, etanercept e ustekinumabe estão todos disponíveis na Grécia e são administrados a pacientes com psoríase em placas moderada a grave quando a resposta à fotoquimioterapia e aos agentes convencionais sistêmicos como a ciclosporina, metotrexate e acitretina é inadequada ou estes tratamentos são contraindicados ou mal tolerados. Os agentes biológicos são subsidiados apenas por farmácias hospitalares e o seguro-saúde dos pacientes cobre a totalidade dos custos. Por seu um centro de referência, nosso departamento tem alguma experiência com agentes biológicos, adquirida tanto na prática médica diária como em estudos clínicos. Até agora, não observamos efeitos colaterais graves associados à administração destes medicamentos. Também encontramos e contornamos alguns problemas como, por exemplo, portadores de hepatite B crônica, uma doença bastante comum em países mediterrâneos como a Grécia. Observamos também os efeitos benéficos destes agentes na psoríase ungueal. A seleção de medicamentos também deve ponderar fatores como a presença de artrite psoriática ou de outras comorbidades e o estilo de vida do paciente. Setembro 2010 9 A psoríase no mundo: Foco na Europa Os aspectos científicos da psoríase constituem um campo de grande interesse para os dermatologistas gregos em geral e para a nossa clínica em particular. Nossos trabalhos de pesquisa vêm sendo dedicados a compreender melhor os mecanismos patogênicos da doença e sua associação com outras patologias, além de oferecer um tratamento melhor aos pacientes. Referências 1. 2. 3. 4. 5. Hebra F. On Disease of the Skin. New Sydenham Society, London 1868. Vakirlis E, Kastanis A, Ioannides D. Calcipotriol /betamethasone dipropionate in the treatment of psoriasis vulgaris. Ther Clin Risk Manag. 2008; 4:141-148. Rigopoulos D, Gregoriou S, Stratigos A, Larios G, Korfitis C, Antoniou C, Ioannides D. Evaluation of the efficacy and safety of infliximab on psoriatic nails: an open-label study. Br J Dermatol 2008;159:453-7. Rigopoulos D, Gregoriou S, Lazaridou E, Belyayeva E, Apalla Z, Makris M, Katsambas A, Ioannides D. Treatment of nail psoriasis with adalimumab: an open label unblinded study. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2010; 24: 530-534. Fotiadou C, Lazaridou E, Ioannides D. Safety of anti-tumour necrosis factor-alpha agents in psoriasis patients who were chronic hepatitis B carriers: a retrospective report of seven patients and brief review of the literature. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2010 Jun 17. [Epub antes da impressão] Atenas, Grécia - O tratamento da psoríase e seus desafios Christina Antoniou, Theognosia Vergou, George Larios, Dimitris Rigopoulos, Alexander Stratigos, Andreas Katsambas. Departamento de Dermatologia do Hospital A. Sygros, Universidade de Atenas, Grécia. Contato: [email protected] Demografia: A Grécia é um país mediterrâneo europeu com 11.5 milhões de habitantes em que há cerca de 1000 dermatologistas, ou seja, 1 para cada 11.500 habitantes. Destes 1.000 dermatologistas, 500 dedicam-se à clínica; o restante trabalha em universidades e hospitais e inclui médicos residentes, estudantes de doutorado e estrangeiros. Instituições dedicadas à dermatologia: As cidades grandes e hospitais do governo contam com 9 departamentos universitários e 10 setores de dermatologia, que também participam de programas de treinamento de residentes em dermatologia e venereologia. A maioria dos departamentos universitários possui instalações completas para cirurgia dermatológica, alergia, fotodermatologia, oncodermatologia, patologia dermatológica e imunofluorescência, além de laboratórios de pesquisa. Equipe e infraestrutura hospitalar: As clínicas dermatológicas universitárias contam com 200 leitos, e os hospitais centrais têm mais 100 leitos. A maior clínica é a do Hospital A. Sygros, localizado em Atenas, (primeira clínica universitária), com 120 leitos de dermatologia e venereologia e 9 para pacientes com AIDS. No país, há cerca de 280 dermatologistas (inclusive residentes) trabalhando em clínicas de dermatologia, e a internação hospitalar não requer encaminhamento médico. O paciente paga € 3 (US$ 4,20) por consulta e € 60-85 (US$ 84-119) por dia de internação. Alguns pacientes precisam ser hospitalizados para indicações como doença grave de início rápido, necessidade de tratamento tópico ou fototerapia intensivos e início de tratamento sistêmico em casos refratários. Clínicas particulares: Mais de 60% dos especialistas trabalham em clínicas particulares e não há restrições a consultas particulares com especialistas, que custam de € 40 (US$ 56) a € 120 (US$ 168). O seguro do governo cobre 20 a 40% das despesas com consultas, exames laboratoriais e parte do tratamento. A psoríase A psoríase afeta cerca de 2,5% da população grega, tem grande impacto sobre a saúde pública e constitui um grande problema econômico, além de causar transtornos físicos e psicológicos e prejudicar a qualidade de vida. Quase 20% dos pacientes com psoríase sofrem também de artrite psoriática, outra patologia que causa deficiência e contribui para estigmatização dos pacientes pela sociedade. 10 Revisão de Psoríase do CIP A psoríase no mundo: Foco na Europa Fundação Grega para Pacientes com Psoríase Há alguns anos, foi criada na Grécia a primeira fundação para portadores com psoríase, denominada Calypso, e a conscientização e educação do público sobre a natureza da doença começou apenas recentemente. Um estudo recente publicado em março de 2006 no Hellenic DermatoVenereology Review (revista da Sociedade Helênica de Dermatologia e Venereologia) avaliou a importância de todos os fatores que os pacientes consideram apropriados para seu tratamento (Tabela 1). Os dermatologistas gregos ainda encontram grandes dificuldades para convencer os pacientes a participarem de grupos de apoio e organizações. 1 2 3 4 5 6 Eficácia • Segurança e baixa incidência de reações adversas • Posologia conveniente • Duração da resposta • Inicio rápido de ação Custo • • Tabela 1: Características do paciente que influenciam a seleção da melhor modalidade terapêutica (Avaliação: De 1 a 6, onde 1 é a característica menos importante e 6 a característica mais importante do tratamento.) Tratamento Na Grécia, assim como no resto do mundo, o tratamento depende de diversas variáveis, tais como a extensão da doença, o tipo de psoríase, a presença ou não de artrite psoriática, as expectativas do paciente e a existência de outros problemas de saúde; portanto, o tratamento deve ser individualizado. De modo geral, as opções terapêuticas dividem-se em três tipos: (a) tópicas, (b) fototerapia e (c) tratamento sistêmico. Os tratamentos tópicos costumam ser utilizados primeiro, sobretudo em formas localizadas da doença. Entre eles estão análogos de vitamina D (calcitriol, calcipotriol), corticoides e inibidores de calcineurina (para psoríase invertida). Na Grécia, a fototerapia (em especial o UVB TLO1, mas não o PUVA), embora seja eficaz, apresenta grandes problemas logísticos para muitos pacientes, pois requer consultas regulares em hospital por pelo menos seis semanas, e os hospitais às vezes são pouco acessíveis devido à distância. Medicamentos sistêmicos como a acitretina, metotrexate, ciclosporina A e agentes biológicos (anti-TNF- e inibidores de IL12/23) são geralmente reservados a pacientes com doença moderada a grave. Os agentes biológicos disponíveis são o etanercept, infliximab, adalimumab e ustekinumabe; o efalizumab também estava disponível até março de 2009, quando foi retirado do mercado. No passado, grande parte da população grega recebeu a vacina BCG, e isto influenciou os resultados de testes de PPD durante a triagem antes do início do tratamento com agentes biológicos. O teste Quantiferon Tb Gold também está disponível, mas apenas em poucas clínicas. É muito importante incluir o Quantiferon como teste nas diretrizes de profilaxia de tuberculose latente. Todos os agentes biológicos são cobertos pelo seguro-saúde do governo, e o reembolso para tratamentos sistêmicos convencionais é de aproximadamente 75%. Na Grécia, são proibidos comerciais de medicamentos e de estudos clínicos, quer em andamento, quer programados para o futuro. Madri, Espanha – Tratamento da psoríase em hospital universitário Raquel Rivera, Dermatologia, HU 12 de Octubre, Madri, Espanha O Hospital Universitário 12 de Octubre de Madri é um hospital público com um serviço de fototerapia (UVA ou UVB) ambulatorial, internação, tratamento em fins-de-semana (banhos e agentes tópicos) e um hospital-dia para administração de tratamentos como infliximab. Nós usamos os tratamentos clássicos de primeira linha, como metotrexate, ciclosporina, retinoides e hidroxiureia. Em pacientes que não respondem bem ou toleram mal estes tratamentos, pode-se utilizar “tratamentos direcionados” (um termo melhor que tratamento biológico) como etanercept, adalimumab, ustekinumabe ou infliximab. Setembro 2010 11 A psoríase no mundo: Foco na Europa O Hospital Universitário 12 de Octubre também participa do projeto BIOBADADERM da Academia Espanhola de Dermatologia, um registro de pacientes com psoríase moderada a grave com indicação de tratamento sistêmico criado para estudar eventos adversos em que os pacientes tratados com medicamentos clássicos servem como controle para comparação com os novos tratamentos direcionados. O registro começou em setembro de 2008 e atualmente há 12 hospitais participando do projeto de regiões de toda a Espanha. Ao todo, mais de 600 pacientes já foram incluídos, sendo mais de 100 do Hospital Universitário 12 de Octubre. O primeiro relatório do BIOBADADERM foi publicado em agosto de 2010. De outubro de 2008 a novembro de 2009, foram estudados 632 pacientes, sendo 417 tratados com agentes biológicos e 215 que receberem tratamentos clássicos, que foram classificados como controles. O tratamento biológico mais utilizado foi o etanercept (27%), seguido do adalimumab (17%). Foram documentados 232 eventos adversos, a maioria deles sem gravidade, sendo que os eventos mais comuns foram as infecções. Esperamos ter a oportunidade de combinar o banco de dados BIOBADADERM com outros registros para obter informações mais robustas e validar os achados iniciais. Hungria: Opções de tratamento e pesquisa em psoríase Prof. Dr. Lajos Kemény, Diretor do Departamento de Dermatologia e Alergologia do Centro Médico Albert Szent-Györgyi, Universidade de Szeged, Hungria Opções de tratamento A Hungria é um pequeno país da Europa Centro-Oriental com cerca de 10 milhões de habitantes. Estima-se que a incidência de psoríase é de 2%, o que significa que há 200.000 portadores da doença no país. A maioria destes pacientes são tratados por dermatologistas, pois os pacientes podem marcar consultas em um dos 450 dermatologistas do país. Os médicos generalistas participam pouco do tratamento da psoríase e geralmente limitam-se a receitar corticoides tópicos. Os dermatologistas que trabalham em hospitais ou em clínicas particulares utilizam sobretudo agentes tópicos, como por exemplo corticoides tópicos, análogos de vitamina D, ditranol e inibidores de calcineurina. A fototerapia (NB-UVB e PUVA) está disponível em cerca de 30 centros especializados. Atualmente, o PUVA é utilizado principalmente para tratar psoríase palmoplantar. O excimer laser de 308 nm foi desenvolvido em 1996 pelo meu departamento em Szeged, o único centro na Hungria que oferece esta modalidade de tratamento. Em pacientes com psoríase moderada a grave, o tratamento sistêmico com ciclosporina A, metotrexate e acitretina é iniciado principalmente por dermatologistas que trabalham em hospitais. Os agentes biológicos infliximab, adalimumab, etanercept e infliximab também estão disponíveis na Hungria para tratamento de psoríase moderada a grave refratária a um ou mais tratamentos convencionais sistêmicos. Entretanto, estes agentes biológicos são rigidamente controlados e estão disponíveis apenas em dez cetros especializados no país. O Sistema Nacional de Seguro-Saúde cobre cerca de 70 a 90% das despesas com tratamento convencional sistêmico e 100% dos custos do tratamento com agentes biológicos, que são mais caros. Por outro lado, os pacientes precisam desembolsar 70% das despesas com corticoides tópicos e arcar com 100% dos custos com análogos de vitamina D. Pesquisas sobre psoríase O Departamento de Dermatologia e Alergologia tem uma longa tradição de pesquisa em psoríase. O principal foco de nossas pesquisas em biologia molecular é compreender as características intrínsecas dos queratinócitos que não são afetados em pacientes com psoríase. É evidente que eles têm papel fundamental para iniciar e manter o ciclo vicioso de inflamação e proliferação observado na psoríase. Nossos resultados recentes em estudos sobre alterações em nível celular em casos de psoríase demonstraram que a via da fibronectina-α5 integrina apresenta atividade anormal em queratinócitos psoriáticos não envolvidos por lesões e poderia contribuir para a hiperproliferação de queratinócitos observada na psoríase (1). Outra série de experimentos revelou que as ciclinas do tipo D são importantes para a regulação do ciclo celular de queratinócitos e que possíveis disfunções da degradação da ciclina D1 podem ser parcialmente responsáveis pela hiperproliferação de queratinócitos e pela diferenciação anormal dos queratinócitos basais observada na psoríase (2). 12 Revisão de Psoríase do CIP A psoríase no mundo: Foco na Europa Nossos resultados anteriores indicam que as células T regulatórias apresentam defeitos funcionais na psoríase (3), mas a causa é desconhecida. Atualmente, estamos investigando o possível papel dos receptores de interleucina 1 na patogênese da psoríase, com ênfase em células T reguladoras e efetoras. Nossos dados sugerem que a expressão diferencial de genes da via da interleucina 1 em linfócitos T normais e psoriáticos pode indicar algumas alterações funcionais nestas células, que podem estar por trás da patogênese da psoríase. Identificamos um novo gene expressa RNA não-codificante denominado PRINS (Psoriasis-susceptibility Related RNA Gene Induced by Stress), que participa da suscetibilidade à psoríase e da resposta celular ao estresse (4, 5) e estamos trabalhando em sua caracterização funcional. Até agora, descobrimos que o PRINS pode interagir com fosfoproteínas nucleares (6) ou com nucleoplasmina e talvez regule, em associação com um complexo de ribonucleoproteína, a expressão de outros genes como o gene antiapoptótico G1P3 (7). A perda de regulação deste complexo pode contribuir para a suscetibilidade à psoríase e para a proliferação anormal de queratinócitos observada nas lesões. Além de pesquisa básica, também estamos desenvolvendo novas modalidades de fototerapia para tratamento de psoríase. O excimer laser de XeCl 308 nm foi desenvolvido em Szeged (8). Mais recentemente, lançamos um novo tratamento com LED emissor de luz UVB para tratamento da psoríase (9). Associações de pacientes Nos últimos anos, as associações de pacientes com psoríase vêm se fortalecendo na Hungria, e organizações profissionais e não-governamentais vêm trabalhando juntas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. As principais fontes de apoio das organizações de pacientes são a Sociedade Húngara de Dermatologia e os quatro departamentos universitários de dermatologia. Todos os anos em outubro, quando é comemorado o Dia Mundial da Psoríase, ocorrem entrevistas coletivas, geralmente promovidas por associações de pacientes, em parceria com instituições médicas locais, como departamentos de universidades, clínicas, hospitais, entre outros. Também foi produzido um filme curto para divulgar e chamar a atenção para a psoríase e as possibilidades de tratamento da doença, que foi transmitido por canais de televisão na Hungria e em outros países. As associações de pacientes bem organizadas realizam reuniões periódicas, em que dermatologistas, psicólogos e reumatologistas falam das tendências atuais na pesquisa e no tratamento da psoríase. Referências 1. Széll M, Bata-Csörgő Zs, , Koreck A, Pivarcsi A, Polyánka H, Szeg Cs, Gaál M, Kemény L, Dobozy A: Proliferating keratinocytes are putative sources of the psoriasis susceptibility related EDA+ oncofoetal fibronectin. J. Invest. Dermatol. 123:537-46, 2004 2. Belső N, Széll M, Pivarcsi A, Kis K, Kormos B, Kenderessy SzA, Dobozy A, Kemény L, Bata-Csörgő Zs: Differential expression of D-type cyclins in HaCaT keratinocytes and psoriasis. J Invest Dermatol 128:634-42, 2008 3. Sugiyama H, Gyulai R, Toichi E, Garaczi E, Shimada S, Stevens SR, McCormick TS,Cooper KD: Dysfunctional blood and target tissue CD4+CD25high regulatory T cells inpsoriasis: mechanism underlying unrestrained pathogenic effector T cellproliferation. J Immunol. 174(1):164-73, 2005 4. Sonkoly E, Bata-Csörgő Zs, Pivarcsi A, Polyánka H, Kenderessy-Szabó A, Molnár G, Szentpáli K, Megyeri K, Mándi Y, Dobozy A, Kemény L, Széll M. Identification and characterization of a novel, psoriasis susceptibility-related noncoding RNA gene, PRINS. J Biol Chem 280: 24159-67, 2005 5. Széll M, Bata-Csörgő Zs, Kemény L: The enigmatic world of mRNA-like ncRNAs: their role in human evolution and in human diseases. Semin Cancer Biol . Semin Cancer Biol. 18 :141-8, 2008 6. Széll M, Szegedi K, Antal M, Németh IB, Sonkoly E, Bata-Csörgő Zs, Dobozy A, Kemény L: PRINS, the psoriasis susceptibility related non-coding RNA interacts with nucleophosmin and regulates the gene expression of G1P3, an anti-apoptotic, interferon inducible protein. 2nd European Congress of Immunology, Berlin, 2009. September 13-16. Ed: RE Schmidt, MEDIMOND International Proceedings, 2009, 187-192 p. 7. Szegedi K, Sonkoly E, Nagy N, Németh IB, Bata-Csörgo Z, Kemény L, Dobozy A, Széll M: The anti-apoptotic protein G1P3 is overexpressed in psoriasis and regulated by the non-coding RNA, PRINS. Exp Dermatol. 3:269-78, 2010 8. Bónis B, Kemény L, Dobozy A, Bor Z, Szabó G, Ignácz F: 308 nm UVB excimer laser for psoriasis. Lancet. 350:1522, 1997 9. Kemény L, Csoma Z, Bagdi E, Banham AH, Krenács L, Koreck A: Targeted phototherapy of plaque-type psoriasis using ultraviolet B-light-emitting diodes. Br J Dermatol. 163:167-73, 2010 Setembro 2010 13 REVISÃO DE PSORÍASE DO CIP AGRADECIMENTOS REVISÃO O CIP gostaria de agradecer aos nossos coeditores, a Drª. Catherine Smith do St John’s Institute of Dermatology, de Londres, e o Dr. Arthur David Burden, da Universidade de Glasgow, na Escócia, por sua contribuição ao número de setembro de 2010 da Revisão de Psoríase do CIP. DECLARAÇÕES DOS AUTORES A Drª. Catherine Smith, do St John’s Institute of Dermatology, de Londres, recebeu verbas para programas educacionais e de pesquisa da Abbott, Pfizer, Schering-Plough e Janssen-Cilag. DE PSORÍASE DO CIP Coeditores Dr. Arthur David Burden Drª. Catherine Smith Autor Paul Tebbey, Ph.D., M.B.A. O Dr. Arthur David Burden, da Universidade de Glasgow, na Escócia, presta consultoria remunerada à Abbott, MSD, Pfizer, Novartis e Janssen-Cilag. APOIO CORPORATIVO O IPC agradece o generoso apoio da Abbott, Amgen, Abbott e Medicis à nossa organização e as verbas destinadas especificamente para editar da Revisão de Psoríase do CIP. Esta publicação foi elaborada de acordo com a política de planejamento de programas do CIP. Nossos patrocinadores não influenciam o conteúdo dos artigos selecionados para revisão. MEMBROS CORPORATIVOS 2010 Chairman’s Council $100.000 Abbott Galderma Trustee’s Council $50.000 LEO Pharma S/A JJPS/Centocor Ortho Biotech/ Janssen-Cilag President’s Council $25.000 Amgen Schering-Plough Stiefel, empresa do grupo GSK Os membros corporativos fornecem verbas, sem impor condições, para apoiar a missão do CIP. O Conselho Internacional de Psoríase é uma organização global sem fins lucrativos, cujo objetivo é promover a pesquisa e o tratamento da psoríase por meio de um fórum educativo, colaboração e inovação entre médicos, pesquisadores e outros profissionais dedicados à psoríase. 2626 Cole Avenue, Ste 400 ● Dallas, TX., USA 75204 ● 214-369-0406 ● www.psoriasiscouncil.org 14 Revisão de Psoríase do CIP