flutd (dtubf) - clinicalvetnews

theVeterinarian
n ovi dade s e m c l í n i c a a p r e s e n t a d a s por E uka nuba Vet erina ry Diet s
Edição 8, Junho 2011
FLUTD - Doença do Trato
Urinário Baixo nos Felinos:
O papel dos urólitos e cristais
Sarah M. A. Caney BVSc PhD DSAM(Feline) MRCVS, RCVS, Specialist in Feline Medicine
Bem-vindo ao theVeterinarian de Eukanuba Veterinary Diets. O objec­
tivo desta edição é dar ao clínico de animais de companhia, sempre
ocupado, uma informação prática, rápida e de fácil leitura; bem como
algumas sugestões sobre maneio de problemas clínicos comuns.
Causas e investigação da
FLUTD – Doença do Trato
Urinário Baixo nos Felinos
Existem várias causas importantes de
FLUTD nos gatos. As principais são:
• Cistite Idiopática Felina (FIC)
Sobre o autor/a
Sarah formou-se em 1993 na Universidade de Bristol, onde também realizou
o seu estágio em medicina felina e um doutoramento. Actualmente é
especialista em medicina felina no Royal College of Veterinary Surgeons
exercendo tanto clínica geral como especialidade em pacientes
felinos. Escreveu vários livros para os donos dos gatos assim como
livros técnicos para profissionais da veterinária, incluindo “Caring
for a cat wiht lower urinary tract disease” (co-autor Prof. Danièlle
Gunn-Moore) publicado pela sua empressa Cat Professional
(www.catprofessional.com)
• Urolitíase
• Obstruções uretrais
• Infeções bacterianas do trato urinário
Estas causas podem atuar separadamente
ou interagir entre elas.
A urolitíase (Fig 1) é responsável por 20%
dos casos de FLUTD em gatos com menos
de 10 anos e por 10% em gatos com mais
de 10 anos.1 A urolitíase apresenta-se com
Figura 1.
mais frequência na bexiga provocando
Urólitos felinos de oxalato cálcico.
inflamação da mucosa interna. Os gatos
É recomendada uma análise quantitativa
dos urólitos removidos para determinar a
sua composição.
podem sofrer de vários tipos diferentes de
cálculos na bexiga, os mais comuns são de
estruvite (fosfato amónio magnésio) e de
oxalato (de cálcio). Durante muito tempo
os cálculos de estruvite eram os mais
comuns a ser diagnosticadas. O facto de
se usarem dietas específicas para reduzir a
formação de cálculos de estruvite, induziu
FLUTD - Doença do Trato Urinário Baixo nos Felinos: O papel dos urólitos e cristais
Sabia
que ...?
Parede da bexiga
• A cristalúria encontra-se em mais de
75% dos gatos alimentados com dietas
comerciais secas.
Lumen da bexiga
Urólito
Colo da bexiga
• A rápida refrigeração e atrasos na
análise da amostra de urina aumentam
o número de cristais identificados.
• Nos pacientes com urolitíase, o tipo de
cristais não é sempre indicativo do tipo
de urólito presente.
• O exame rectal em gatos obstruídos
ajuda na identificação de massas e
cálculos uretrais. A massagem rectal
assim como a irrigação com uma
solução salina pode ajudar aos cálculos
a retrocederem para a bexiga.
• Lubrificante lacrimal e cateteres intrave­
nosos podem ajudar a desobstruir certos
gatos, evitando assim o uso de algálias,
pois podem causar lesões na uretra.
Figura 2. A ultrassonografia pode ser valiosa na identificação dos urólitos da bexiga
• Uma solução de acetato sódico/ácido
acético é altamente agressiva pelo que é
preferível lavagem com soluções salinas.
o aumento da produção de cálculos de
oxalato são com frequência muito pontia-
• Quando existem em grande quantidade
oxalato de cálcio. Informações atuais do
gudos e ásperos. Não é inusual encontrar-
(suficiente para se observar na urina)
Minnesota Urolith Center sugerem que
se urólitos com uma estrutura externa de
podem aumentar o risco de obstrução
o equilíbrio pende cada vez menos para
um tipo (p.ex. oxalato) e com uma estru-
os cálculos de estruvite (44%) sendo os
tura interna diferente (p.ex. estruvite).
de oxalato cerca de 40%. Cálculos de
• A cristalúria pode ser um factor de risco
para a formação de obstruções uretrais
em alguns gatos. As obstruções uretrais
2
uratos são cada vez menos frequentes,
Os cristais não são visíveis a olho nu,
são a razão de aproximadamente 20%
cerca de 5% dos casos, mas regista-se
podendo ser observados unicamente ao
dos casos de FLUTD em gatos com
um aumento nas raças Mau Egípcio,
microscópio, a não ser que sejam em
menos de 10 anos de idade e 6% de
Birmanês e Siamês.
quantidades suficientes para formar areia
casos em gatos com mais de 10 anos
de cristais e observar-se nas amostras de
de idade.1
3
Certas raças de gatos podem ser mais pro-
urina. A cristalúria, presença de cristais
pensas à formação de cálculos de oxalato,
na urina, não é prejudicial para a saúde e
nomeadamente os gatos dos Himalaias,
não provoca FLUTD. A maioria dos gatos
Diagnóstico da urolitíase e
cristalúria
Persa, Siameses e Ragdoll. Os cálculos
que se alimenta de dietas secas comerciais
As imagens (radiografias com contraste,
de oxalato também são mais frequentes
têm cristais na sua urina e isto é normal.
ultrasonografias [fig. 2]) são necessárias
em gatos com hipercalcémia idiopática e
Num gato com urolitíase o tipo de cristal
para identificar a presença de urólitos.
gatos idosos, pois tendem a acidificar a
presente pode indicar o tipo de urólito
A análise microscópica de uma colheita
urina, favorecendo a formação de cálculos.
presente.
fresca de urina permite a identificação de
Os cálculos são visíveis a olho nu e a sua
Os cristais podem ser motivo de preocu-
aparência varia com a sua constituição.
pação nos seguintes casos:
Cálculos
Os cálculos de estruvite tendem a ser
• Os cristais de urato podem estar asso-
podem ser analisados para se determinar
3
cristais de urina.
lisos, com forma de seixo. Os cálculos de
ciados a doença hepática
removidos
cirurgicamente
a sua composição (Fig. 1).
FLUTD - Doença do Trato Urinário Baixo nos Felinos: O papel dos urólitos e cristais
Gestão da urolitíase e
cristalúria
Os cálculos renais são mais difíceis de tratar
Quando os gatos sofrem de urolitíase pela
ser que causem problemas específicos
primeira vez, recomenda-se a remoção
de saúde – p. ex. obstruir a passagem de
cirúrgica para garantir a correcta identifi-
urina do rim para o uréter ou causar uma
cação do urólito e a prescrição correcta de
infeção localizada - Cálculos nos ureteres
o tratamento a longo prazo. As dietas
são mais raros de acontecer, menos de
especiais formuladas para dissolver
5% dos casos.
e normalmente não são abordados, a não
podem ser muito eficazes nos gatos que
apresentam cálculos de estruvite, obser-
Prevenção da urolitíase
vando-se a sua completa dissolução ao fim
Gatos que tenham sofrido de cálculos
de 4 a 6 semanas. Estas dietas de disso­
urinários ou obstruções uretrais são mais
lução podem estar contra-indicadas em
vulneráveis a sofrer recidivas. Os trata-
alguns gatos (p. ex. pacientes com doença
mentos de apoio incluem:
renal crónica) e normalmente recomenda-
• Alimentar o gato com uma dieta for-
se o uso destas dietas por um período
mulada especificamente para reduzir
máximo de 2 meses. Os cálculos de oxalato
a formação de cristais. Não sendo
não podem ser tratados tera­peuticamente
possível, é preferível uma dieta húmida
e devem ser removidos cirurgicamente.
comum a uma dieta seca comum.
4
• Estimular o gato a ingerir mais fluidos
Os urólitos podem ser removidos pelas
seguintes técnicas:
(Fig. 3)5
• Terapia direccionada a reduzir os espas-
• Citostomia
mos uretrais como são o uso de dantro-
• Hidro-propulsão retrógrada dos cálculos
lene sódico e prazosina, podem ajudar
uretrais seguida de citostomia
a gatos susceptíveis que obstruir.
Dicas
para desobstruir gatos
(cateterizar)
• A autora prefere a anestesia à
sedação, pois assegura uma bexiga
100% relaxada.
• Se a cistocentese é realizada antes da
anestesia, deve-se retirar o máximo de
volume de urina possível usando uma
seringa com uma agulha “Butterfly”,
minimizando assim os riscos de lesões
na uretra devido aos movimentos da
agulha.
• Seleccionar um cateter aberto não
traumático sempre que possível e
lubrificar com gelatina estéril.
• Nos gatos machos: exteriorizar
totalmente o pénis e observar possíveis
lesões e inflamações. Posicionar o
cateter dentro da ponta do pénis,
depois segurar a base do pénis e puxar
caudal e dorsalmente, permitindo o
endireitamento da uretra e facilitando
uma cauterização menos traumática.
• Nas gatas fêmeas: introduzir o cateter
na vulva e depois puxar a vulva
caudal e dorsalmente, para permitir
o endireitamento da uretra. Deslizar
a ponta do cateter sobre a base do
vestíbulo em direcção à uretra.
• Hidro-propulsão em vácuo (areias)
• Litotripsia – usando ondas choque de
Normalmente os tratamentos para a Cistite
alta energia para partir o urólito em
Idiopática Felina (FIC) também são consi-
pequenos fragmentos e permitir que
derados benéficos, especialmente em gatos
estes sejam eliminados junto com a
que já sofreram de obstruções uretrais,
urina – o que é a opção escolhida em
frequentemente associadas à cistite. O tra-
alguns centros especializados.
tamento da FIC é revisto em outra parte.
Figura 3.
Terapia preventiva
inclui o estímulo
para os gatos
beberem mais
fluidos.
Referências
1. Bartges JW (2002). What’s new in feline
LUTD? Proceedings of ECVIM 2002.
2. Cannon AB, Westropp JL, Ruby AL, Kass
PH (2007). Evaluation of trends in urolith
composition in cats: 5,230 cases (19852004). Journal of the American Veterinary
Medical Association 231(4):570-6.
3. Houston DM, Moore AE (2009). Canine
and feline urolithiasis: examination of
over 50 000 urolith submissions to the
Canadian veterinary urolith centre from
1998 to 2008. Canadian Veterinary
Journal 50(12):1263-8.
4. Roudebush P, Forrester SD, Padgelek T
(2010). What is the evidence? Therapeutic
foods to treat struvite uroliths in cats
instead of surgery. Journal of the
American Veterinary Medical Association
236(9): 965-6
5. Cat Professional. Encouraging your cat
to take in more fluids (2011). Technical
guide in the Free Downloads section of
www.catprofessional.com (available in
English and Spanish)
6. Caney SMA & Gunn-Moore D (2009).
Caring for a cat with lower urinary tract
disease. Published by Cat Professional
www.catprofessional.com
PesquisaFLUTD (DTUBF)
Realizada pela P&G Pet Care, fabricante da Eukanuba, Iams e Eukanuba Veterinary Diets.
Gestão nutricional na
urolitíase e cristalúria
pode servir tanto para dissolver os cristais
como para prevenir. Os urolitos de oxala2
O artigo principal da Dra Sarah Caney,
to cálcico não podem ser dissolvidos com
ressal­
a dieta.2 A remoção dos urolitos é tão
tam a urolitíase como uma das principais
importante como a realização de análises
causas por detrás da FLUTD (Doença
quantitativas para ajudar na aplicação da
do Trato Urinário Baixo nos Felinos).
gestão nutricional.
assim como outras publicações,
1,2
Estruvite e oxalatos de cálcio na bexiga
são1,3 os urólitos mais comuns e que
Para ambos os tipos de cristais, de estru-
devemos ter em consideração. Em 2009
vite (se dissolvem e previnem) como os de
os cristais de estruvite ainda eram os mais
oxalato (só se previnem), a primeira escolha
encontrados nos cálculos uretrais, com
alimentar deve ser uma dieta húmida para
94% de incidência sobre 1% de cálculos
ajudar a aumentar o volume urinário e
de oxalato de cálcio.
diminuir a gravidade específica da urina.4
1
3
Alguns gatos não apreciam alimentos
Os urolitos de estruvite nos felinos ten-
húmidos pelo que tem que se comple-
dem a ser estéreis e a gestão nutricional
mentar com uma dieta veterinária seca.2
2
Referências
1. Cannon AB, Westropp JL, Ruby AL, Kass
PH (2007). Evaluation of trends in urolith
composition in cats: 5,230 cases (1985-2004).
J Am Vet Med Assoc 231(4):570-576.
2. Adams L (2011). Management of uroliths: new
approaches to an old problem. Proceedings of
the BSAVA Congress 2011; 149-150. Pod cast
available at www.bsava.com
3. Osborne CA (2010). Epidemiology of feline
uroliths and urethral plugs: Update 1981
to 2009 changes in feline diets may relate
to changes in urolith composition. DVM
NEWSMAGAZINE, June 1st, 2010; http://
veterinarynews.dvm360.com/dvm/
4. Markwell PJ, Buffington CA, Chew DJ, Kendall
MS, Harte JG, DiBartola SP (1999). Clinical
evaluation of commercially available urinary
acidification diets in the management of
idiopathic cystitis in cats. J Am Vet Med Assoc
214(3):361-365.
5. Westropp JL, Buffington CA, Chew D (2005).
Feline lower urinary tract disease. In; Textbook
of Veterinary Internal Medicine, Eds Ettinger SJ
& Feldman EC, chapter 266: 1828-1850
6. Osborne CA, Lulich JP, et al (2011). Feline
calcium oxalate uroliths. http://www.cvm.umn.
edu/depts/minnesotaurolithcenter
7. Houston DM, Moore AE, Favrin MG, Hoff
B (2003). Feline urethral plugs and bladder
uroliths: a review of 5484 submissions 19982003. Can Vet J 44(12):974-977.
NOTIFICAÇÃO
A chave para reduzir a formação de cris-
Ambas as dietas veterinárias estão dis-
e ambas têm os níveis de gordura reduzi-
talúria e urólitos de estruvite, é a obten-
poníveis na forma seca ou húmida (latas)
do para ajudar reduzir os riscos de FLUTD
ção de um pH ácido. A dieta veterinária
para ajudar nas complicações do paciente
nos animais com excesso de peso.7
5
Eukanuba Veterinary Diet Urinary Struvite
Formula, favorece um pH de entre 5.9
a 6.3 e contém magnésio restringido.
Eukanuba Veterinary Diets® Urinary Struvite e Urinary Oxalate Formula para gatos,
Para os oxalatos de cálcio, controlar
são a prevenção para a formação de cristais e urolitos
os factores de risco que promovem a
super-saturação de oxalato cálcico (hipercalciúria, hiperoxalúria, hiperacidúria e
hipocitratúria) junto com a manutenção
de um pH superior a 6.2 devem minimizar as recorrências.6 A dieta Urinary
Oxalate Formula, tem adicionado citrato
de potássio e promove um pH de entre
6.4 a 6.8.