TÍTULO: POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA, RELAÇÕES
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TÍTULO: POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA, RELAÇÕES
1 8º ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIÊNCIA POLÍTICA – ABCP GRAMADO/RS 01 A 04 DE AGOSTO DE 2012 ÁREA TEMÁTICA "SEGURANÇA PÚBLICA E SEGURANÇA NACIONAL" TÍTULO: POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA, RELAÇÕES INTERGOVERNAMENTAIS E PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA Letícia Maria Schabbach1 1 INTRODUÇÃO A problemática da criminalidade e da violência, especialmente as suas manifestações urbanas, vem obtendo grande destaque na esfera pública nacional desde o fim da Ditadura Militar. Nas Ciências Sociais, a questão entrou para a agenda de pesquisa no final da década de 1980, a partir de evidências que demonstravam o avanço generalizado dos crimes violentos no País naquela década (KANT DE LIMA et al., 2000; ZALUAR, 1999; ADORNO, 2008). Tal crescimento ocorreu justamente a partir da consolidação democrática, situação que se revelou paradoxal, pois a expectativa geral era de que o aprofundamento democrático resultasse na consolidação do Estado de Direito; contudo, este se mostrou extremamente precário em algumas regiões (ADORNO, 1995; PINHEIRO, 1998). Posteriormente, na década de 1990, a temática da segurança pública desponta na arena política, desdobrando-se em uma “disputa política sobre modalidades de controle social e de policiar na tardia modernidade brasileira” (TAVARES DOS SANTOS, 2008, p. 1) Neste contexto, o crescimento do crime organizado, da violência, o maior clamor punitivo, a ampliação do encarceramento –, e, ao mesmo tempo, a emergência de governos formados por coalizões de partidos de esquerda e integrados por ativistas de direitos humanos, cientistas sociais, pesquisadores universitários, defensores do Estado de Direito, demandaram a inclusão de nova pauta na agenda sociológica: as intervenções sociais e governamentais voltadas ao enfrentamento dos fenômenos da violência e do crime. Desta forma, o vasto campo dos estudos da violência e do crime passou a incorporar, de forma crescente desde o início deste século, a análise das políticas de segurança, introduzindo categorias e modelos de análise próprios da área das “Políticas Públicas”: ciclo das políticas, monitoramento e avaliação, governança, accountability, janelas de oportunidade 1 Doutora em Sociologia, professora adjunta II do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, coordenadora do Curso de Políticas Públicas (Bacharelado). 2 e empreendedores políticos, federalismo e relações intergovernamentais, controle social e modelos de tomada de decisão, dentre outros. Pretende-se, com este artigo: a) analisar a atual configuração da política de segurança pública em nível nacional, b) examinar as relações intergovernamentais no âmbito da segurança pública, através das características e critérios determinantes dos convênios firmados entre o Ministério da Justiça e as unidades subnacionais, especialmente os municípios. Muitos pesquisadores ressaltam a necessidade de se avaliar as políticas de segurança pública, para além do aprofundamento dos diagnósticos sobre a violência e a criminalidade, ilustrativos de uma tradição investigativa bastante conhecida no Brasil. Há uma produção crescente, ainda que insuficiente, voltada para o diagnóstico analítico da violência e da criminalidade, mas uma ausência quase absoluta de trabalhos sobre políticas públicas de segurança. [...] As consequências têm sido graves: faltam acúmulos de conhecimentos especializados e massa crítica para o debate educativo, e quadros competentes não estão sendo formados [...] políticas públicas de segurança, graus de eficiência policial e credibilidade das polícias também podem fazer diferença, dependendo do tipo de crime e das circunstâncias históricas e culturais. (SOARES, 2001, p. 121 e 125) Neste sentido, o presente artigo relaciona-se com o novo desafio lançado aos cientistas sociais: aquilatar os avanços e os impasses das políticas públicas de segurança, nos diferentes níveis federativos2. 2 A SEGURANÇA PÚBLICA EM ÂMBITO FEDERAL Ao longo de nossa história republicana, os sistemas policiais brasileiros sempre oscilaram entre a submissão ao poder central e a autonomia dos governos estaduais. Exceção feita aos períodos autoritários, sempre houve grandes reservas à interferência da União na autonomia política das unidades federativas, onde as polícias e órgãos de segurança pública atuavam e ainda atuam de forma compartimentada. Assim como em outras áreas de políticas públicas, nota-se uma alternância entre impulsos centralizadores e descentralizadores. 2 Ao tomar como objeto tanto o problema social ou sociológico, como as respostas estatais e societais a ele, o cientista social certamente se defronta com um dilema que envolve qualquer analista de políticas: a dupla natureza de sua análise. Ela envolve, por um lado, o estudo científico de determinada política, de forma isenta e com rigor metodológico, visando o seu entendimento (dimensão of policy). Por outro, abrange a orientação pela política (dimensão for policy), que diz respeito à natureza aplicada e normativa do estudo, no sentido de que a ação governamental tenha efetividade no enfrentamento da situação problemática: reduzir a violência e a desigualdade social, promover justiça social, melhorar o processo político e o bem estar da população. Eis que, acima de tudo, o pesquisador é um cidadão, podendo se constituir em beneficiário ou vítima das ações públicas ou estatais. 3 A tensão entre impulsos centralizadores e descentralizadores é constitutiva e sempre presente nas relações intergovernamentais na federação brasileira e produz diferentes resultados de acordo com a questão da política pública em pauta. (ALMEIDA, 2005, p. 39) O artigo 144 da Constituição Federal de 1988 definiu competências exclusivas em termos de segurança pública aos entes federados, estes com autonomia decisória e financeira. A segurança pública, dever do Estado e responsabilidade de todos, compete à União (com as Forças Armadas e as Polícias Federais); aos Estados (com as Polícias: Militar - ostensiva e de preservação da ordem pública, e Civil - investigativa), enquanto que os municípios têm função supletiva, através das Guardas Municipais. Por outro lado, desde meados da década de 1990 verifica-se uma reorganização das relações intergovernamentais no âmbito da segurança pública, na qual o governo federal, ao mesmo tempo em que toma para si a responsabilidade de enfrentar os fenômenos da criminalidade, violência e violação de direitos humanos, busca incrementar a articulação intergovernamental. Neste aspecto, alguns autores sugerem que as políticas dessa área passaram por uma inflexão, ou uma mudança de enfoque: da segurança pública para a “segurança cidadã” (FREIRE, 2009) ou para as “políticas públicas de segurança” (ILANUD, 2002) 3. Dentro deste novo enfoque, o controle do crime e da violência não seria mais atribuição exclusiva dos órgãos policiais, abrangendo também as agências responsáveis por políticas sociais e a sociedade civil. Além de seu caráter intersetorial, esta orientação procuraria ultrapassar o viés repressivo-penal, enfatizando as ações preventivas, a participação social e a articulação entre distintas pastas e níveis de governo. Luiz Eduardo Soares (2007) identifica uma série histórica compacta da política de segurança em nível federal, desde meados da década de 1990 até hoje (considerando-se o período que abrange os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva), 3 Moema Freire (2009) identifica três paradigmas subsequentes: a) Segurança Nacional (1964-1985), centrado na defesa do Estado e da ordem política e social, a cargo das Forças Armadas; b) Segurança Pública (1988-1995), visando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, com papel preponderante atribuído às instituições policiais, através, principalmente, de estratégias reativas de repressão à violência; c) Segurança Cidadã (1995 até hoje), objetivando o controle e a prevenção da violência, e a promoção da convivência e da cidadania, promovidos não só pelas instituições policiais, mas também por organizações responsáveis por políticas sociais. Outros especialistas da área designam esta nova orientação como “políticas públicas de segurança” - que privilegia o caráter interdisciplinar e pluriagencial da segurança, tema que é transversal ao conjunto das políticas públicas - em substituição às “políticas de segurança pública”, focadas na atuação policial e no controle repressivo-penal do crime (ILANUD, 2002). 4 quanto aos objetivos e esforços buscados pelos governos, podendo-se falar mais de continuidade do que de descontinuidade4 nas respectivas ações governamentais. Para Adorno (2008, p. 140), tal trajetória difere do período anterior, marcado por uma profunda omissão na área da segurança pública, pela ausência de ações coordenadas e de recursos específicos (em nível federal), ou pela mera manutenção das forças policiais com o propósito de “caçar bandidos conhecidos”. Entre os marcos representativos desse processo, destacam-se: a) A criação da Secretaria de Ações Nacionais de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SEPLANSEG, em 1995, posteriormente transformada em Secretaria Nacional de Segurança Pública - SENASP, em 1997). b) o I Plano Nacional de Segurança Pública (I PNSP, em 2000), o Plano anterior era de Direitos Humanos. c) o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP, em 2000), destinado a gerir recursos para apoiar projetos de responsabilidade dos governos federal, estaduais e municipais na área da segurança pública. d) o Sistema Unificado de Segurança Pública (SUSP, em 2003), que através da integração de diversas agências, busca implantar programas relacionados com as seguintes diretrizes: a) Reforma das instituições de segurança pública, b) Redução da violência (BRASIL, s/d). e) o Programa Nacional de Segurança com Cidadania – PRONASCI (2007), que reúne ações de prevenção, controle e repressão da violência, e prevê a integração entre União, estados e municípios para implementá-las. f) a 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (I CONSEG, em 2009), que marca o início do debate envolvendo os profissionais do Sistema de Justiça Criminal e a sociedade civil organizada. 3 A DESCENTRALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA Os níveis subnacionais de governo não ficaram inertes ao incremento do crime e da violência. 4 Isto remete à noção de dependência de trajetória (path dependence), a qual significa, na literatura de Políticas Públicas, que as escolhas feitas no passado podem afetar a viabilidade das alternativas do presente e do futuro. Assim, muitas vezes se torna mais fácil e eficaz permanecer no caminho definido anteriormente do que criar um inteiramente novo. Em suma, significa admitir que a história importa. 5 No tocante aos governos estaduais, a sua intervenção foi sempre reativa e repressiva (inclusive através da violência ilegítima). Gestão após gestão, e independentemente da composição das coalizões partidárias, os governos estaduais têm investido e buscado recursos para o reaparelhamento das polícias – armas, viaturas, coletes a prova de balas e outros dispositivos -, e, mais recentemente, para a qualificação profissional dos policiais (sob os auspícios do governo federal). As ações preventivas, quando existentes, sempre foram pontuais e isoladas, por exemplo, as experiências de policiamento comunitário realizadas pela Brigada Militar. Ao lado da redução da cobertura dos serviços estaduais de segurança (menor efetivo, menos investimentos, etc.), percebe-se, desde a década de 1990, uma progressiva responsabilização dos municípios quanto à segurança pública. Este movimento demonstra que, assim como em outras áreas de políticas, os municípios passaram a ser vistos como locais privilegiados de implementação de ações proativas de segurança5, com as Prefeituras assumindo responsabilidades crescentes, embora as delimitações previstas no artigo 144 da Constituição Brasileira (que prescreve a titularidade federal e estadual da segurança pública), as quais restringem a atuação das Guardas Municipais à proteção dos bens, serviços e instalações municipais. Em muitas cidades, as Guardas Municipais foram criadas recentemente, em outras, os guardas municipais passaram a assumir funções suplementares às das polícias estaduais, em geral vinculados às Secretarias Municipais de Segurança recém-criadas. A ênfase no protagonismo municipal relaciona-se com uma forte indução disseminada por organismos de cooperação internacional, como o Banco Mundial, que em 2003 lançou o manual “Prevenção Comunitária do crime e da violência em áreas urbanas da América Latina: um guia de recursos para municípios”, adaptado do anterior “Making South Africa Safe – a 5 De acordo com a previsão constitucional, desde a década de 1990 o governo federal vem delegando para os entes federados a gestão das políticas de saúde, habitação, saneamento básico e assistência social. A Constituição Federal de 1988, em seu capítulo IV, instituiu três pactuantes: União, Estados e Municípios, os últimos não são pactuantes plenos apenas por não contar com poder de Justiça em sua circunscrição. Os municípios foram alçados à condição de entes federados preferenciais para a implementação de políticas públicas e passaram a adquirir maior autonomia política, administrativa e financeira em relação ao período anterior, acompanhada de uma descentralização de recursos e atribuições. Descentralização seria, conforme o Banco Mundial: “[...] a transferência de autoridade e responsabilidade, no que diz respeito a funções públicas do governo central para governos locais ou intermediários, para organizações governamentais semi-independentes e/ou para o setor privado.” (WORLD BANK, 2002, em ALMEIDA, 2005, p. 30). 6 Manual for Community Based Crime Prevention” desenvolvido pelo governo sul-africano em 2000 (WORLD BANK, 2003)6. Também contribuíram para esse “municipalismo” uma plêiade de experiências municipais inovadoras, que foram sendo implementadas a partir de meados da década de 1990, dentre elas: Bogotá, Medellín, Cali, Nova Iguaçu, Diadema, Belo Horizonte (“Programa Fica Vivo”) e o Projeto Piloto “Segurança Cidadã” (sob a coordenação de Luiz Eduardo Soares), cuja implantação no Bairro Restinga de Porto Alegre iniciou no final de 2001, tendo sido interrompida no ano de 2002. Cabe salientar, ainda, que os municípios receberam grande destaque na I Conferência Nacional de Segurança Pública realizada em 2009, e foram amplamente citados nas diretrizes da CONSEG (BRASIL, 2009). Tal processo de municipalização da segurança pública é ilustrado nas tabelas subsequentes, cujos dados para os 5.565 municípios brasileiros foram obtidos da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) do IBGE, realizada em 2009. Na tabela 1 percebe-se que a existência de Secretaria Municipal e Guarda Municipal prevalece nos maiores municípios, de 100.000 ou mais habitantes (respectivamente, 74% e 68%), identificando-se um crescimento regular que acompanha o tamanho populacional. Tabela 1 – Municípios brasileiros – Existência de Secretaria ou órgão voltado à segurança pública e de Guarda Municipal Órgão Guarda Total de específico Municipal municípios 345 106 2.551 1 –Até 10.000 habitantes (14%) (4%) 531 451 2.425 2 – De 10.000 a 50.00 habitantes (22%) (19%) 151 122 316 3 –De 50.000 a 100.000 habitantes (48%) (39%) 203 186 273 4 – 100.000 ou mais habitantes (74%) (68%) 1.230 865 5.565 Total (22%) (16%) Fonte: IBGE. Perfil dos Municípios Brasileiros, 2009. Organização e compilação dos dados pela autora. Tamanho do município Na tabela 2 verifica-se que a presença de política municipal própria (Plano e Fundo Municipal) e de espaços de controle e participação social (Conselho Municipal e Conselho Comunitário) é menos frequente do que a existência de órgão específico e de Guarda 6 Conforme o documento original: NEL, Philip; LIEBERMANN, Susan. Making South Africa Safe – a Manual for Community Based Crime Prevention. Pretoria/South Africa: National Crime Prevention Centre, Dept. of Safety and Security, 2000. 7 Municipal (tabela 1), ainda que tais elementos também prevaleçam em municípios de 100.000 ou mais habitantes. Tabela 2 – Municípios brasileiros - Outros componentes da segurança pública Componentes Possuem % Plano Municipal de Segurança Pública 329 6% Fundo Municipal de Segurança Pública 246 4% Conselho Municipal de Segurança Pública 580 10% Conselho Comunitário 931 17% Fonte: IBGE. Perfil dos Municípios Brasileiros, 2009. Organização e compilação dos dados pela autora. Dos existentes Conselhos Municipais de Segurança Pública, 83% reuniram-se nos últimos 12 meses, sendo, portanto, ativos. Quanto à criação dos Conselhos Municipais de Segurança e da Guarda Municipal (tabela 3), percebe-se uma maior incidência no período 2003-2009 (57% e 36%, respectivamente). Ainda assim, identifica-se uma evolução regular das Guardas Municipais desde antes de 1988, quando muitos municípios já possuíam tal instituição. Gráfico 1 – Distribuição dos municípios brasileiros conforme o período de criação do Conselho Municipal de Segurança e da Guarda Municipal Fonte: IBGE. Perfil dos Municípios Brasileiros, 2009. Organização e compilação dos dados pela autora. 8 Da literatura sobre federalismo, tem-se que as unidades federativas assumem funções de gestão de políticas públicas por iniciativa própria ou por adesão a algum programa proposto por outro nível governamental mais abrangente, ou ainda por imposição constitucional. Os níveis superiores de governo elaboram estratégias de indução para assegurar a adesão dos governos locais, estes calculam os custos (fiscais e políticos) desta adesão, considerando a possibilidade de utilização de recursos fiscais e administrativos próprios para implementarem determinada política. A assimetria de poder entre estados e entre munícipios, bem como a concorrência por recursos escassos, produzem, dentre outros conflitos intergovernamentais no território brasileiro: a guerra fiscal (renúncia fiscal para atrair novos investimentos), a barganha federativa (quando cada nível de governo busca repassar os custos políticos e financeiros e tomar para si os benefícios da gestão de políticas, em: ARRETCHE, 1996, 2005), e o “hobbesbianismo” municipal, a disputa entre localidades por investimentos industriais e estratégias de exclusão social, incluindo a expulsão de imigrantes (MELLO, 1996). 4 RELAÇÕES INTERGOVERNAMENTAIS NO ÂMBITO DA SEGURANÇA PÚBLICA: OS CONVÊNIOS FIRMADOS ENTRE O MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E ATORES NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Cientistas políticos que estudam as relações intergovernamentais no País são unânimes em afirmar a dificuldade em se atingir a cooperação entre as diversas instâncias governativas, no sentido de um federalismo7 cooperativo. Dentre as possíveis razões, destacam-se: as desigualdades dos governos subnacionais para implementarem políticas públicas, devido às suas distintas capacidades institucionais (financeiras, técnicas e de gestão), bem como a inexistência de mecanismos institucionais ou normativos de coordenação e que estimulem a cooperação intergovernamental, tanto vertical quanto horizontalmente. Esta situação torna o sistema bastante competitivo. (SOUZA, 2005, ABRÚCIO, 2011) Para Costa e Grossi (2007), a cooperação intergovernamental na área da segurança pública sempre foi obstada pela reserva quanto à interferência da União na autonomia política das unidades federativas. Segundo os autores, a cooperação intergovernamental depende como condição necessária mas não suficiente - da existência de leis, normas e práticas políticas. Assim, caberia aos governos federais a criação de mecanismos promotores desta 7 “O Federalismo significa que para algum subconjunto das decisões ou atividades do governo central, torna-se necessário obter o consentimento ou a cooperação ativa das unidades subnacionais.” (RODDEN, 2005, p. 17). 9 cooperação, como, por exemplo, o Fundo Nacional de Segurança Pública, criado em 2000. (COSTA; GROSSI, 2007). Dentre as formas recentes de cooperação intergovernamental, podemos citar: - Os consórcios horizontais e inter-níveis, regulamentados pela lei 11.107 de 2005. Uma espécie de “associativismo territorial” (ABRÚCIO, 2011). - Os convênios entre os entes federados, que têm por finalidade “o alcance de objetivos institucionais comuns por meio de uma mútua colaboração entre os partícipes [que] pode assumir várias formas, como repasse de verbas, uso de equipamentos, de recursos humanos e materiais, de imóveis, de know how, entre outros.” (ABRÚCIO; FRANZESE, 2011, p. 15) Na sequência analisaremos os convênios firmados dentro da rubrica “transferências voluntárias” (não condicionadas), que compreendem a destinação de recursos federais a outro ente federado (estados, municípios, Distrito Federal), a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, e desvinculados de determinação constitucional ou legal. As transferências voluntárias – que além dos convênios, abrangem acordos, ajustes ou outros instrumentos similares – visam a realização de obras e/ou serviços de comum interesse. Os financiamentos, suportes e custos compreendem a “estrutura material” das políticas públicas, conforme Di Giovanni (2009)8. Certamente, não se tratam de meras operações contábeis, uma vez que a forma e o volume dos financiamentos são reveladores das concepções vigentes de política pública, expressam ideologias e o próprio posicionamento da política na agenda pública. Além disso, é complexa a rede de interesses, atores e agências que intervém na disputa pela definição institucional das políticas de segurança e justiça criminal, e pela partilha dos recursos orçamentários. (ADORNO, 2008). Este estudo contempla os convênios firmados pelo Ministério da Justiça no período 1996 a 20119, apurados pelo Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI), e acessados no Portal da Transparência do Governo Federal (www.portaldatransparencia.gov.br). As informações ali constantes são atualizadas semanalmente, a nossa consulta abrangeu, portanto, o acumulado até o dia 31 de agosto de 2011. 8 Para Di Giovanni (2009), as outras três estruturas elementares das políticas públicas compreendem: estrutura formal / teórica, estrutura substantiva (atores, interesses e regras), estrutura simbólica/cognitiva (linguagens específicas, significados e universos próprios de comunicação). 9 Embora concentrados no Ministério da Justiça, os recursos federais destinados à implementação das políticas de segurança pública, cada vez mais intersetoriais, abrangem outras pastas, como o Ministério do Esporte, que financia o Programa Esporte e Lazer na Cidade (PELC). 10 Analisando-se o conjunto dos estados brasileiros, de 1996 a agosto de 2011 foram firmados 5.040 convênios, que atingiram um total de R$ 6.237.976.056,67 (recursos conveniados) e R$ 5.474.946.591,61 (recursos liberados). Considerando a população de 2010, o valor per capita no País atingiu R$ 33,00, e os estados que receberam maior quantidade per capita de recursos foram: Acre (R$ 197,00), Distrito Federal (R$ 184,00), Roraima (R$ 138,00), Amapá (R$ 108,00), Tocantins (R$ 92,00), Rondônia (R$ 72,00). O valor per capita do Rio Grande do Sul - R$ 35,00 - aproxima-se da média nacional. A fim de analisarmos os convênios destinados aos partícipes no estado do Rio Grande do Sul, dividiu-se o intervalo temporal de 1996 a 201010 em quatro períodos: Antes de 2000 – antes do Primeiro Plano Nacional de Segurança Pública (I PNSP) e da criação do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) De 2000 a 2002 – relativo ao 2º governo de Cardoso, na vigência do I PNSP e do FNSP. De 2003 a 2007 – dois governos de Lula, antes do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (PRONASCI). De 2008 a 2010 – 2º Governo de Lula, na vigência do PRONASCI. No período 1996 a 2010, o Ministério da Justiça aprovou para o estado do Rio Grande do Sul um total de R$ 357.055.098,29 (valor conveniado), distribuídos em 310 convênios. No gráfico 2, que apresenta a quantidade de convênios por período e por tipo de ação, verifica-se, em primeiro lugar, a predominância dos convênios envolvendo construção e aparelhamento das instituições estaduais de segurança pública (estrutura física + equipamentos, que se mostraram expressivos nos quatro períodos) e a prevenção/trabalho comunitário/controle social (convênios a partir do período 2003-2007, prevalentes no último período). Além disso, percebem-se tendências distintas: a) Ações com maior quantidade de convênios em 2003-2007, mas com decréscimo no último período: Construção e aparelhamento das instituições estaduais; Formação e capacitação dos servidores estaduais (início em 2000-2002); Formação e capacitação das Guardas Municipais (início em 2003-2007); Assistência jurídica aos presos/oficinas/trabalho prisional (início em 2000-2002). 10 Nesta parte da análise foram excluídos os convênios relativos ao ano de 2011. 11 b) Ações com aumento da quantidade de convênios no último período: Prevenção/trabalho comunitário/controle social; consolidação da segurança pública municipal (ambos com início em 2003-2007). c) A ação “Estruturação e aparelhamento das Guardas Municipais” teve o mesmo número de convênios nos períodos 2003-2007 e 2008-201011. Gráfico 2 – RS – Quantidade de convênios distribuídos por período e por tipo de ação Fonte: BRASIL. Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br. Acesso em 31 de agosto 2011. Organização e compilação dos dados pela autora. Os valores médios de cada ação, expostos no gráfico 3, revelam que os convênios destinados à construção/aparelhamento das instituições estaduais sempre foram os mais custosos, atingindo o seu ponto máximo no período 2000 a 2002. 11 Os “outros” convênios também cresceram em todo o período, abrangendo, dentre outros: promoção de eventos, estágios, Mutirão de Execução Penal, pesquisas científicas. 12 Seguem, em 2008-2010, os convênios destinados à consolidação da segurança pública municipal; formação/capacitação das guardas municipais, e prevenção/trabalho comunitário/controle social. No último período da série constata-se, ainda, a participação de mais ações, conforme o valor médio dos respectivos convênios. Gráfico 3 – RS – Valores médios dos convênios, distribuídos por período e por tipo de ação Fonte: BRASIL. Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br. Acesso em 31 de agosto 2011. Organização e compilação dos dados pela autora. Nota: Valor médio = valor total / número de convênios. No tocante aos proponentes dos convênios, constata-se, no gráfico 4, que desde o período 2003 a 2007 vêm crescendo a participação das Prefeituras, especialmente no último período. Percebe-se, também, uma participação mais expressiva de organizações nãogovernamentais e do Poder Judiciário/Defensoria Pública. As proposições do governo estadual eram mais frequentes antes de 2008. Apenas um Consórcio Municipal (Consórcio Público da Associação dos Municípios do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, convênio 744904, de 2010) encaminhou e teve aprovado 13 projeto que objetivava o aparelhamento do Gabinete de Gestão Integrada Regional e a implantação de videomonitoramento nos municípios integrantes. Para efeitos da análise anterior, esta ação foi incluída no convenente “Prefeitura Municipal”, no período 2008-2010. Gráfico 4 – RS – Distribuição da quantidade dos convênios por proponentes Fonte: BRASIL. Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br/. Acesso em 31 de agosto 2011. Organização e compilação dos dados pela autora. Especificamente quanto às ações preventivas, foram firmados 74 convênios entre o Ministério da Justiça e atores do estado do Rio Grande do Sul, todos a partir de 2003: 11 projetos entre 2003 e 2007, e 63 entre 2008 e 2010, representando um crescimento de 473% deste tipo de convênios. As Prefeituras mais encaminharam e tiveram aprovados convênios envolvendo ações preventivas (total de 51, 69%), mas o custo médio dos projetos do governo estadual sempre foi mais alto (R$ 1.988.147,33 contra R$ 604.136,30 das Prefeituras). 14 Tabela 3 – RS – Convênios envolvendo ações preventivas, distribuídos por tipo de proponente, período, quantidade de convênios e valor médio por projeto 44 Nº de convênios relacionados c/ prevenção 51 (69%) Valor médio por projeto R$ 604.136,30 2 11 13 (18%) 1.077.094,68 Governo do RS 2 4 6 (8%) 1.988.147,33 Poder Judiciário / Defensoria Pública 0 2 2 (3%) 250.000,00 OAB – RS Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar Total 0 1 1 (1%) 600.708,85 0 1 1 (1%) 106.158,00 11 63 74 783.093,69 Convenentes 2003 a 2007 2008 a 2010 Prefeitura 7 Organização não-governamental Fonte: BRASIL. Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br. Acesso em 31 de agosto 2011. Organização e compilação dos dados pela autora. 5 CONCLUSÃO O trabalho analisou, com base nos dados sobre componentes dos sistemas municipais de segurança pública (órgão específico, guardas municipais, planos e fundos próprios) e sobre transferências não condicionadas efetuadas pelo Ministério da Justiça no período 1996 a 2010, alguns aspectos do chamado “novo paradigma” de segurança pública no território brasileiro, consubstanciado nos conceitos de “segurança cidadã” ou “políticas públicas de segurança” e referenciado pelos gestores da área pelo binômio “repressão qualificada + prevenção”. De um lado, percebe-se uma crescente responsabilização dos municípios nesta área de políticas (no tocante a estruturas criadas e encaminhamento de projetos), aliada a uma maior ênfase em ações preventivas/trabalho comunitário/participação e controle social (que cresceram 473% entre 2008 e 2010, e cujos proponentes são majoritariamente Prefeituras Municipais, embora com participação crescente de ONGS locais e do Poder Judiciário). Entretanto, em nível de municípios, o custo médio das ações abarcando a consolidação do sistema de segurança pública e a formação/capacitação das Guardas Municipais (ambos prevalentes no último período analisado) superou o das ações preventivas. De outro lado, a indução efetivada pelo governo federal refletiu-se na diminuição, no último período (sob a vigência do PRONASCI) da quantidade de convênios e recursos destinados ao governo estadual (historicamente direcionados à construção e aparelhamento das instituições e à capacitação de servidores), embora o custo médio dos projetos estaduais (em qualquer tipo de ação) tenha permanecido superior aos dos outros proponentes. 15 Segundo Celina Souza (2005), os estados sofreram uma redução relativa de suas despesas, inclusive devido à federalização das suas dívidas com a União no final dos anos 1990. Além disto, conforme a autora, as relações diretas entre o governo federal e os municípios limitaram a capacidade de iniciativa dos governos estaduais, especialmente no que se refere a novos investimentos (sejam em infraestrutura ou em políticas sociais). Assim, provavelmente a recente configuração das relações intergovernamentais, bem como o advento de novas regras, programas e atores expliquem a retração da participação dos governos estaduais nos financiamentos federais voltados à segurança pública. Analisando-se esse processo, é possível constatar a ocorrência de uma efetiva descentralização da política de segurança pública, através do repasse de responsabilidades e de recursos aos municípios? A extrema desigualdade entre os municípios brasileiros - quanto ao seu tamanho populacional, receita, nível de desenvolvimento econômico e social, desigualdade social, pertencer ou não à região metropolitana, dentre outros aspectos -, reflete-se na sua capacidade de propor e implementar políticas públicas12. Ao estudarem os acordos realizados na forma de convênios entre o governo federal e os entes federados, Abrúcio e Franzese (2011) verificaram que os termos são invariavelmente definidos pela esfera de governo superior, assemelhando-se mais a uma adesão por uma das partes, do que uma negociação com liberdade de decisão. Neste sentido: A despeito dos números absolutos de descentralização financeira impressionarem, a grande maioria dos municípios têm de sobreviver às custas das transferências federais e estaduais, mostrando que poucos governos locais aumentaram seu poder de independência política e financeira a partir da descentralização, o que afeta, obviamente, a autonomia política local. (SOUZA, 2001, p. 18). A depender do caso, talvez fosse mais apropriado se falar de consolidação13 ou desconcentração14 do que de realocação de capacidades fiscais e de decisão sobre políticas para os governos e autoridades subnacionais (SOUZA, 2005). Por fim, salientamos que razões e mecanismos complexos fazem com que as decisões tomadas e os recursos obtidos quanto a políticas nunca sejam auto-executáveis. Dentre os 12 A este respeito, Abrúcio (2011) considera uma “utopia edílica” a ideia de que o município seria mais eficaz e democrático apenas por estar mais próximo da população, e mais acessível às demandas. 13 Transferência administrativa para outras esferas de governo das responsabilidades pela implementação e gestão de políticas e programas definidos em nível federal, a qual é perfeitamente compatível com elevada concentração de decisões no nível federal (SOUZA, 2005). 14 Mecanismos de transferência de encargos e tarefas entre unidades federativas ou políticas subnacionais. (MELLO, 1996). 16 principais motivos deste gap, salientam-se: a) a natureza e o conteúdo dos projetos, b) a dinâmica das relações inter e intragovernamentais, c) a complexidade da ação conjunta, que interpõe pontos de incentivo e/ou de veto entre as várias instâncias e agências envolvidas, bem como requer coordenação, d) as características das estruturas político-administrativas e a atuação efetiva dos seus agentes, e) a existência prévia de ações similares e a expertise adquirida pelos gestores e executores. Ainda é cedo para se avaliarem os avanços e os impasses da implantação dos convênios recentemente aprovados pelo governo federal, especialmente os vinculados ao PRONASCI, uma vez que muitos projetos ainda estão sendo executados. Neste aspecto, poderíamos considerar a implementação como a formulação de políticas públicas em processo, uma vez que o conteúdo da política e o seu impacto sobre as pessoas afetadas podem ser substancialmente afetados, reelaborados e até mesmo negados durante essa fase (HILL; HUPE, 2002). REFERÊNCIAS ABRUCIO, Fernando Luís; FRANZESE, Cibele. Federalismo e Políticas Públicas: o impacto das relações intergovernamentais no Brasil. s/d. Disponível em: http://www.defesasocial.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/searh_escola/arquivos/pdf/pape r-federalismo-fernando-abrucio.pdf. Acesso em: 20 janeiro 2011. ABRÚCIO, Fernando. Pacto Federativo: fator auxiliador para a implementação das políticas públicas no município. Palestra proferida no X Encontro Nacional de Estudantes de Administração Pública, em Serra-Negra-SP, 18 de agosto de 2011. ADORNO, Sérgio. A violência na sociedade brasileira: um painel inconcluso em uma democracia não consolidada. Sociedade e Estado, Brasília, v. 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TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS BRASIL TOTAL AÇOES DO PRONASCI PRONASCI 8857 - Apoio à implementação de políticas de segurança cidadã 8853 - Apoio à implementação de políticas sociais 8854 - Gestão e Comunicação do PRONASCI 8855 - Fortalecimento das instituições de segurança pública 8858 - Valorização de Profissionais e Operadores de Segurança Pública 8856 - Modernização de Estabelecimentos Penais 8860 - Apoio à Construção de Estabelecimentos Penais Especiais 8375 - Campanha do Desarmamento 20EV -Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas 7H58 - Construção e Implantação da Academia da Polícia Civil do Distrito Federal 2008 2009 2010 2011 203.766.062.325,61 209.364.793.984,53 232.525.320.910,76 265.087.732.011,67 494.318.459,34 160.592.290,09 301.512.274,21 269.694.853,82 105.386.072,58 39.463.989,68 88.175.544,41 20754129,41 (f) 79.998.051,80 48.258.926,24 32.489.813,13 37.228.394,59 (a) 21.560.704,67 4.880.118,85 4.929.248,73 (g) 273.669.299,38 48.998.216,53 146.066.354,18 87.943.990,50 19.147.350,04 1.617.452,97 6.377.598,45 10.880.415,00 0.0 693.000,00 (c) 686.000,00 (d) 0.0 0.0 0.0 22.836.845,19 (e) 76.142.684,4 (h) 791.111,54 (b) 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 31.815.991,19 11.540.724,00 (a) 0.0 0.0 0.0 3.785.850, 00 Fonte: BRASIL. Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br. Acesso em: 24 de junho de 2012. Organização e compilação dos dados pela autora. 20 Notas: (a) Só DF. (b) Só RJ. (c) Só CE. (d) Só RS. (e) Só TO. (f) AM, BA, CE, MS, ES, MG, PB, PE, RJ, SP. (g) DF, SP. (h) AL, CE, GO, MT, MG, PR, RO (i) Só SP. (j) BA, DF, MG, PE, TO. Tabela 6 – Distribuição das aplicações diretas e das transferências de recursos do governo federal (em reais, números absolutos) total e PRONASCI – Brasil, 2008 a 2011. APLICAÇÃO DIRETA + TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS BRASIL TOTAL AÇOES DO PRONASCI PRONASCI 8857 - Apoio à implementação de políticas de segurança cidadã 8853 - Apoio à implementação de políticas sociais 8854 - Gestão e Comunicação do PRONASCI 8855 - Fortalecimento das instituições de segurança pública 8858 - Valorização de Profissionais e Operadores de Segurança Pública 00CA e 20B6 - Concessão de BolsaFormação a Policiais Militares e Civis, Agentes Penitenciários, Bombeiros e Peritos Criminais, de baixa renda, pertencentes aos Estados-Membros. 8856 - Modernização de Estabelecimentos Penais 8860 - Apoio à Construção de Estabelecimentos Penais Especiais 8375 - Campanha do Desarmamento 20EV -Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas 7H58 - Construção e Implantação da Academia da Polícia Civil do Distrito Federal 2008 2009 2010 2011 1.134.888.206.999,31 1.310.440.082.494,34 1.277.479.504.836,50 1.552.127.633.658,39 683.485.921,74 1.037.283.315,81 1.291.115.111,82 1.053.365.750,52 116.953.167,42 116.608.192,80 184.348.697,15 81.384.397,81 82.603.516,32 90.513.649,52 38.779.511,66 54.791.487,66 10.585.378,42 40.752.204,76 9.016.067,89 5.918.220,98 287.399.261,43 104.436.811,44 184.672.300,08 142.395.185,57 38.631.276,16 10.599.915,34 28.203.142,18 32.872.028,75 133.717.486,45 656.134.186,39 799.129.677,37 572.540.050,95 0,00 15.155.712,00 3.838.170,00 0,00 0,00 0,00 22.894.345,19 76.372.684,40 2.055.111,54 3.082.643,56 3.026.662,57 5.408.340,00 0,00 0,00 17.206.537,73 81.683.354,40 11.540.724,00 0,00 0,00 0,00 Fonte: BRASIL. Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br. Acesso em: 24 de junho de 2012. Organização e compilação dos dados pela autora. 21 Tabela 7 – Distribuição relativa das aplicações diretas e das transferências de recursos do governo federal com relação ao PRONASCI e suas ações – Brasil, 2008 a 2011. 2008 2009 2010 2011 4 anos Participação do PRONASCI sobre o total de aplicações diretas + transferências de recursos 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 8857 e 8853 - Apoio à implementação de políticas de segurança cidadã / Apoio à implementação de políticas sociais 29,2% 20,0% 12,9% 17,3% 18,8% 8854 - Gestão e Comunicação do PRONASCI 1,5% 3,9% 0,6% 0,7% 1,6% 43,7% 10,1% 13,5% 14,3% 18,0% 5,7% 1,0% 3,1% 2,2% 2,7% 19,6% 63,3% 54,4% 61,9% 53,2% 0,0 1,5% 7,3% 2,1% 2,9% 0,3% 0,3% 0,5% 0,2% 0,3% 0,0 0,0 7,8% 1,3% 2,4% Participação das ações sobre o total do PRONASCI BRASIL 8855 - Fortalecimento das instituições de segurança pública / 7H58 – Construção e implantação da Academia de Polícia de Polícia Civil do Distrito Federal 8858 - Valorização de Profissionais e Operadores de Segurança Pública 00CA e 20B6 - Concessão de Bolsa-Formação a Policiais Militares e Civis, Agentes Penitenciários, Bombeiros e Peritos Criminais, de baixa renda, pertencentes aos Estados-Membros. 8856 e 8860 - Modernização de Estabelecimentos Penais / Apoio à Construção de Estabelecimentos Penais Especiais 8375 – Campanha do Desarmamento 20EV - Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas Fonte: BRASIL. Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br. Acesso em: 24 de junho de 2012. Organização e compilação dos dados pela autora. 22 APÊNDICE 2 – TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS DO GOVERNO FEDERAL – RIO GRANDE DO SUL E COMPARAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO RELATIVA COM O BRASIL Tabela 8 – Distribuição das transferências de recursos do governo federal (em reais, números absolutos) total e PRONASCI – Rio Grande do Sul, 2008 a 2011 2008 2009 2010 2011 TOTAL 9.458.832.957,29 9.551.372.643,70 10.589.112.802,63 11.949.779.430,81 PRONASCI 44.315.574,83 21.571.813,69 49.661.420,20 17.057.280,29 8857 - Apoio à implementação de políticas de segurança cidadã 4.538.182,15 5.873.161,60 21.288.497,56 0,0 8853 - Apoio à implementação de políticas sociais 4.538.182,15 3.595.348,43 2.768.746,40 9.197.007,38 0,0 3.960.695,55 709.827,00 0,0 33.925.771,92 7.898.800,00 24.108.349,24 5.556.990,70 1.313.438,61 243.808,11 100.000,00 1.836.488,88 8856 - Modernização de Estabelecimentos Penais 0,0 0,0 686.000,00 0,0 8860 - Apoio à Construção de Estabelecimentos Penais Especiais 0,0 0,0 0,0 0,0 20EV -Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas 0,0 0,0 0,0 466.793,33 AÇOES DO PRONASCI RIO GRANDE DO SUL 8854 - Gestão e Comunicação do PRONASCI 8855 - Fortalecimento das instituições de segurança pública 8858 - Valorização de Profissionais e Operadores de Segurança Pública Fonte: BRASIL. Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). Disponível em: http://www.portaldatransparencia.gov.br. Acesso em: 24 de junho de 2012. Organização e compilação dos dados pela autora. Tabela 9 – Distribuição relativa das transferências de recursos referentes ao PRONASCI e suas ações – Brasil (excluídas as aplicações diretas) e Rio Grande do Sul, 2008 a 2010 2008 2009 2010 2011 4 anos Brasil e Rio Grande do Sul Participação das ações sobre o total do PRONASCI Participação do PRONASCI sobre o total de transferências de recursos 8857 e 8853 - Apoio à implementação de políticas de segurança cidadã / Apoio à implementação de políticas sociais 8854 - Gestão e Comunicação do PRONASCI 8855 - Fortalecimento das instituições de segurança pública / 7H58 – Construção e implantação da Academia de Polícia de Polícia Civil do Distrito Federal 8858 - Valorização de Profissionais e Operadores de Segurança Pública 8856 e 8860 - Modernização de Estabelecimentos Penais / Apoio à Construção de Estabelecimentos Penais Especiais 20EV - Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas 8375 – Campanha do Desarmamento (só RJ) BR RS BR RS BR RS BR RS BR RS 0,2% 0,5% 0,1% 0,2% 0,1% 0,5% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 37,5% 20,5% 54,6% 43,9% 40,0% 48,4% 21,5% 53,9% 36,8% 39,1% 0,8% 0,0 13,4% 18,4% 1,6% 1,4% 1,8% 0,0 2,9% 3,5% 57,7% 76,6% 30,5% 36,6% 48,4% 48,5% 32,6% 32,6% 46,3% 53,9% 3,9% 3,0% 1,0% 1,1% 2,1% 0,2% 4,0% 10,8% 3,1% 2,6% 0,0 0,0 0,4% 0,0 7,8% 1,4% 28,0% 0,0 8,2% 0,5% 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 11,8% 2,7% 2,6% 0,4% 0,2% 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1% 0,0 Fonte: BRASIL. 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