A velhice é um lugar para Maricas
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A velhice é um lugar para Maricas
A velhice é um lugar para Maricas? Homossexualidade Masculina, Meia Idade e Velhice na cidade de São Paulo, Brasil. Carlos Eduardo Henning – PPGAS/Unicamp Minha pesquisa envolve conversas, entrevistas e convivência on e off line com um conjunto de homens “maduros” e com práticas sexuais homoeróticas1 que poderiam ser incluídos, dentro do curso da vida, entre a meia-idade e a velhice.2 Homens esses que, em sua maioria, estão entre os 45 e os 71 anos de idade, fazem parte das classes médias, se consideram de cor branca e vivem na cidade de São Paulo. Os contatos, em sua maioria, foram realizados através do site de relacionamentos Manhunt e grande parte das conversas se realizou através de comunicadores instantâneos na internet, sendo que de 90 homens com os quais tive um contato relativamente frequente, realizei entrevistas presenciais com 15 desses homens, e com parte deles pude desenvolver distintos graus de convivência social “ao vivo”. Sendo assim, nesse texto apresento alguns extratos de meu relatório de qualificação, trazendo algumas de minhas reflexões, e de forma a contextualizá-las, é importante afirmar que elas partem no decorrer do último ano, do esforço de refletir e dialogar com três principais referenciais: o primeiro diz respeito à literatura que poderia ser denominada de gerontologia social LGBT nos Estados Unidos, desde seus marcos fundacionais em fins da década de 1960, até o contemporâneo. O segundo referencial é relativo ao campo das temporalidades queer ou temporalidades não-heteronormativas posto como base para 1 Em termos gerais, opto por trabalhar com a categoria homoerotismo (ao invés de homossexualidade ou da já extremamente criticada “homossexualismo”) embasado em Jurandir Freire Costa (1992), também por considerá-la uma categoria mais ampla para abarcar as múltiplas manifestações e facetas das relações e práticas eróticas, afetivas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo sem correr tantos riscos de essencialismos. Entretanto, em vários momentos do relatório, especialmente no diálogo com diversos autores do campo, utilizarei também “homossexualidade”. 2 Poucos entre meus contatos se identificam abertamente com as categorias do curso da vida como a própria meia-idade e especialmente com a velhice, como se verá no decorrer do relatório. Considerado enquanto categoria jurídica, no Brasil, o Estatuto do Idoso de 2003 estipula que estariam inclusos na categoria “idoso” todos os indivíduos com mais de 60 anos de idade. analisar o curso da vida, a meia idade e a velhice. Esse referencial, porém, permanece como uma influência e presença latente, mas será desenvolvido na tese. O terceiro diz respeito a alguns elementos da produção teórica de Judith Butler (2003 [1990]), nos quais procuro me inspirar, especialmente as maneiras de refletir sobre a inteligibilidade de gênero (em sua coerência compulsória entre sexo, identidade de gênero, desejo e práticas sexuais, ancorada em pressupostos heteronormativos) quando o que está em jogo são as expectativas sociais e normatividades que recortam o curso da vida, assim como a meia idade e a velhice. São três referenciais que parecem díspares e difíceis de “por em diálogo” – e talvez, de fato, sejam mas mesmo assim, me parecem rentáveis e podem auxiliar a produzir ideias e talvez contribuições interessantes para a tese e para o campo de estudos sobre experiências e modelos não-heteronormativos de envelhecimento no Brasil. Dessa forma, tenho sondado as possibilidades de me aproximar, a partir de minha experiência de campo, da ideia de “cursos de vida inteligíveis”, de “vidas que têm sentido” (e por conseguinte, de “vidas que não têm sentido”), assim como de “vidas que fazem mais sentido que outras”, quando a lógica biográfica passa por uma teleologia heteronormativa. Ou seja, uma forma normativa de identificar metas, fins e objetivos últimos para o percurso biográfico - como relações sexuais, conjugalidade, reprodução, parentalidade e conformação familiar - os quais são guiados por referenciais heterossexuais inequívocos e aparentemente inescapáveis, e cuja finalidade e sequencialidade irretornável se tornam, em um efeito social pervasivo e convincente, princípios fundamentais de explicação, significação e ordenação da experiência biográfica. Dentre os homens que participaram de minha pesquisa, parte se associava a distintas categorias identitárias como gay, homossexual, entendido, entre outras, porém, parte se afastava de tais categorias de identificação, embora mantivesse com relativa frequência práticas sexuais com outros homens. Entre esses últimos homens, que em geral defendiam como regras de identificação e de apresentação social distintos graus de "discrição" em relação às suas práticas sexuais com outros homens, muitos eram casados heterossexualmente ou já haviam sido casados, e era comum que possuíssem filhos surgidos dessas relações. Os homens que se identificavam, por exemplo, como gays ou homossexuais, se mostravam em geral mais dispostos a encontros presenciais para conversas e entrevistas, enquanto aqueles que se afastavam de tais categorias identificatórias se mostravam mais propensos a manter os diálogos e entrevistas mediados pela internet. Dessa forma, algumas das questões que nortearam minha etnografia envolveram primeiramente investigar e levar em consideração algumas das implicações estruturais vivenciadas por indivíduos que poderiam ser incluídos na meia idade ou na velhice e que experimentam um curso da vida que foge a determinadas expectativas heteronormativas. Tal dissidência de um modelo hegemônico de curso de vida pode ser compreendida de várias formas, como virei a abordar posteriormente, porém no contexto brasileiro, ao menos até recentemente, é possível encontrar exemplos através da proibição de contrair matrimônio com alguém do mesmo sexo, inúmeras limitações quanto aos direitos de adoção de pessoas que se identificam como homossexuais, complicações legais, por exemplo, no direito de guarda dos filhos quando a orientação homossexual do pai ou da mãe é conhecida, e a ausência de reconhecimento legal da conformação de estruturas familiares não-heterocentradas, entre muitas outras restrições e desigualdades mantidas pelo Estado. Em estreita relação com essa linha geral, eu procuro em meu trabalho também: a) investigar as bases e as configurações sociais dos processos de depreciação e estereotipação devido ao avanço da idade que recaem sobre parte desses homens mais velhos, especialmente o fenômeno que chamo de gerontofobia em parte das comunidades homossexuais masculinas; b) realizar um levantamento acerca das características, experiências e desafios específicos que surgem a partir da conformação das redes de apoio e de suporte social na velhice entre os homens pesquisados. E nesse quesito, eu levo em consideração tanto as dinâmicas dos homens que se vêem como homossexuais e que são cuidadores de idosos - uma experiência surpreendentemente comum entre os homens na meia idade pesquisados - quanto homens homossexuais idosos sendo alvo de cuidados; c) analisar os usos e a relevância da internet nas vidas e para a expansão do campo de possibilidades de interação social para os homens “maduros” pesquisados; d) e por fim, por em relevo e problematizar algumas características êmicas das relações intergeracionais. Assim, além de analisar algumas das possíveis características específicas do curso da vida dos homens, especialmente em suas experiências na meia idade e na velhice, eu procuro também enfocar os horizontes agenciais que subjazem às possibilidades de escapar as expectativas de um curso da vida heteronormativo. Quais são as restrições estruturais e as possibilidades agenciais em termos do desenvolvimento do curso da vida, especialmente na meia idade e na velhice, que se abrem para os homens que não seguem prerrogativas heteronormativas de vida? Sendo assim, me interessa pensar de que forma a heteronormatividade afeta, fundamenta, e estrutura o desenvolvimento do curso da vida, a meia idade e a velhice, e nessa linha eu me aproximo de alguns debates de gênero de vertentes do feminismo pós-estruturalista estadunidense. Meu interesse se volta também a extrair da pesquisa informações sobre a experiência e a relação desses homens com as ideias de “envelhecimento” e “velhice” inseridas em suas concepções pessoais sobre esses momentos específicos e o curso da vida como um todo. A atenção também se volta para a relação desses homens com as concepções vigentes no contemporâneo envolvidas na ideia de “juventude como estilo de vida”, e os processos contemporâneos de (re)criação de novos sentidos e de reformulação do curso da vida, apontando para duas questões: se por um lado há uma difundida expectativa de um estilo de vida jovial permanente, há limitações normativas importantes para os “desempenhos de jovialidade” que fazem do “curso de vida pós-moderno” e da “descronologização do curso da vida”, fatos que não se dão sem resistências. Essa análise das “limitações sociais” relativas aos “desempenhos de jovialidade” será demonstrada a partir da apresentação de uma situação de campo em que a categoria “viado Susana Vieira” emergiu e é inicialmente analisada. Levando em consideração os arranjos, combinações e variações das representações correntes sobre experiências e categorias positivas (valorizadoras) e negativas (desvalorizadoras) vigentes socialmente e marcadas pelo entrecruzamento de homossexualidade masculina e o envelhecimento, procuro apresentar uma análise do vocabulário, das categorias e das práticas (des)valorizantes locais acerca dos homens “maduros” pesquisados, as quais influem nas (e são influenciadas pelas) relações geracionais encontradas em campo, especialmente as categorias “daddy”, “paizão” e “cacura”, e suas implicações sociais na economia do desejo êmica.3 Questionando o Panorama Heteronormativo para o Curso da Vida Para além da importância de propor um levantamento e problematização dos processos históricos e sociais de criação, recriação e delimitação dos distintos momentos do curso da vida, assim como da assunção dos movimentos de (des)cronologização da experiência biográfica no contemporâneo, me interessa levar em consideração as maneiras específicas as quais as transições entre os “períodos” da vida são imaginadas e quais são as bases que estipulam padrões, regras, pressupostos e expectativas sociais para cada momento da vida. Quais são as implicações sociais no âmbito do curso da vida decorrentes de se alcançar a juventude e não corresponder às expectativas de demonstrar interesse eróticoafetivo por pessoas do sexo oposto? Questões materializadas, por exemplo, através das notórias experiências durante a adolescência e juventude, na perspectiva dos rapazes, de interpelação reiterada através de perguntas como: “E as namoradas?”, “Você já começou a namorar?” “Eu nunca te vi com namoradas, você é tímido?” “Já está mais do que na hora de começar a namorar, você não acha?”. Como são experimentadas as experiências de vida adulta que não corroboram, por exemplo, com o projeto do casamento heterossexual? Quais consequências sutis ou explícitas vivenciam os homens que passam dos trinta anos de idade sem se terem casado heterossexualmente, que não levam para o ambiente de trabalho as fotos da esposa e dos filhos, que são conhecidos em suas redes próximas de 3 Aqui levo para a análise algumas das recomendações de Julio Assis Simões (2004: 421): “Uma pesquisa sobre experiências e representações de maturidade e envelhecimento entre homens que fazem sexo com outros homens deveria, então, situá-las no cruzamento tenso e móvel entre as velhas e novas convenções sobre a periodização da vida, envelhecimento e velhice e suas relações com a sexualidade e homossexualidade. Isso significaria levar em conta, numa frase, os arranjos, combinações, variações e passagens possíveis entre a ‘tia velha’ deprimida e solitária e o ‘coroa’ bem-disposto e bem acompanhado.” contatos como “solteirões inveterados” ou como “esquisitos”, que evitam falar dos detalhes de suas vidas privadas no trabalho ou para pessoas com as quais não têm um nível mínimo de intimidade? Através de quais práticas sociais os indivíduos que desafiam e decepcionam as prerrogativas heteronormativas da formação familiar e procriação experimentam as suas próprias construções de redes de apoio ou suporte social no decorrer da vida adulta, e especialmente da meia idade e da velhice? Como tais indivíduos são vistos e como são posicionados no contexto de suas famílias de origem? Quais são os efeitos palpáveis da dissidência de modelos de normatividade que atravessam vidas que, por tal dissidência, fazem pouco ou um menor sentido? E, por fim, de quais formas o curso da vida é concebido, naturalizado e produzido, em seus “períodos” e “transições” a partir de uma matriz heterossexual? Em minha pesquisa de campo, pude encontrar um conjunto de experiências e de modelos de cursos da vida que se posicionavam de maneiras díspares em relação às expectativas hegemônicas para o desenvolvimento biográfico. Entre os homens com os quais tive contato e que haviam sido casados heterossexualmente (ou ainda o eram), suas experiências, por mais que marcadas pela peculiaridade do ocultamento do interesse sexual por (e das práticas sexuais com) outros homens, não divergiram das linhas mestras do desenvolvimento normativo esperado para o curso da vida. Ou seja, tiveram relações afetivo-sexuais com mulheres, casaram-se e tiveram filhos, em termos gerais, dentro da lógica temporal biográfica e heteronormativa esperada. Entre esses casos está Ari, de 55 anos de idade, de cor branca, morador da Zona Norte de São Paulo, bancário aposentado, de classes médias, que foi casado heterossexualmente por quase vinte anos e teve duas filhas. Seu relato é ilustrativo das pressões sociais (nesse caso, familiares) para a imposição das expectativas estruturais de conformidade e adequação a um modelo de curso da vida heteronormativo: “Eu não me rotulo, não gosto da sensação de hétero ou homo ou bi, apenas gosto e me apaixono por pessoas. Já fui casado com uma mulher por 18 anos e tenho duas filhas. Depois namorei por mais um ano e sete meses com um homem, fora outros que só conheci, nada sério. Minha ex-mulher não sabe [das relações erótico-afetivas com homens], mas minhas filhas sim. E apenas alguns amigos [sabem], familiares, nenhum. Eu nunca fui de sair muito pra bares, danceterias, e sauna mesmo eu nunca fui. Hoje eu tenho um parceiro há 4 meses, mas gosto de sair para dançar, às vezes a gente vai. Ele [o parceiro] tem 35 anos, por enquanto [a relação] está dando certo. (...) Eu me aposentei por invalidez, tive bursite e tendinite, pois sempre precisei trabalhar em muitas coisas, eu sou formato em psicologia, mas trabalhei como bancário e fiz muitos bicos na vida, tive que me ocupar ao máximo para esconder a minha real situação, ou melhor minha orientação sexual. Talvez por esse motivo fazia tantas coisas juntas. (...) Eu só fui ter alguma coisa com homens depois de me separar. Me separei e então fui conhecer este outro lado. Sempre fui um exemplo de homem, marido e pai, nem imaginava que um dia iria ficar com um homem, apesar de me sentir atraído por eles, mas nunca me permiti. Não sei onde achei coragem, mas fui, pesquisei casas noturnas e comecei indo sozinho. Morrendo de medo, mas fui. Eu sempre tive muitos amigos, mas nenhum para confiar este segredo. Isso [de ter amigos e confidentes sobre a orientação sexual] faz só uns oito anos talvez. (...) [A primeira vez numa casa noturna gay] Foi muito assustador, tinha muito medo de tudo e alguém me conhecer. Eu mesmo nunca assumindo, eu fui muito discriminado pela minha família. Quando me separei todos quiseram me condenar, tirar minha casa, minhas filhas, foi uma luta feia. Mas eu permaneci. Hoje moro com minha filhas e divido a casa com a minha ex. Eu que banco a casa com todas as despesas, então ela [a ex-esposa] e todos os familiares dela tem que me engolir. Eu sempre dizia que não largava minhas filhas por nada, e aqui estou. Há dois anos informei minhas filhas [que estão por volta dos vinte anos de idade] sobre mim e elas aceitaram bem. É só o que me importa, elas. Mas na minha vida sempre sofri discriminações, as pessoas sempre perceberam que eu era diferente. Eu nunca nem tinha amizade com os moleques da minha idade, e sempre era eu que fazia de tudo em casa, limpeza, essas coisas, por isso era mal visto na família. Família de ignorantes dá nisso. Eu tenho sete irmãos, mas nem tenho mais contato com eles hoje em dia. Sempre fui discriminado por eles, ainda mais depois que me separei, eles sempre jogaram na minha cara por ser diferente deles. Eu sentia muita revolta, uma revolta muito grande do meu pai por mim, ele me odiava e eu não entendia o por quê. Mas com o tempo fui percebendo. (...) Ele morreu quando eu tinha 23 anos. A minha mãe, quando eu disse que iria casar, me disse: “pelo menos agora vão parar de falar pelas suas costas”. Mãe é mãe. Ela nunca tocou no assunto, eu nunca fui o mais querido, mas fui o que mais ficou com ela. [Ela] Morreu há uns 10 anos, mas foi ela que me manteve casado. Eu dizia a ela que queria me separar e ela sempre me aconselhava pra pensar nas crianças. Mas no fundo ela queria dizer: “Pensa que os outros vão voltar a falar de você!”. Ela e o meu pai faziam muita pressão quando eu era novo. Lembro que o meu pai me disse uma vez que eu podia fazer qualquer sem-vergonhice que fosse, desde que eu casasse e formasse família. Eu devia ter uns 20 [anos]. Era meio uma obrigação [casar], entende? Você não tinha muita alternativa. Eu só me divorciei mesmo depois que a minha mãe morreu. Um ano depois que ela morreu eu já tava divorciado”. [Trecho adaptado de conversa mediada por messenger na internet. Noite de 02/05/2011]. A pressão social, especialmente familiar, pela condução da vida de acordo com as expectativas esperadas para o curso da vida se mostrou particularmente forte nos relatos dos meus contatos que permaneciam casados heterossexualmente (ou que já haviam sido). Lauro, 52 anos, branco, de classes médias altas, morador do bairro Vila Madalena, engenheiro, pai de um rapaz e ainda casado heterossexualmente, me dizia algo semelhante: “[Na minha época de juventude] Era muito diferente de hoje em dia. Você via seus irmãos mais velhos namorando, noivando, casando. As mulheres deles engravidando e vai chegando a sua vez. Não tem escapatória. E daí quando você casa não tem como mudar mais. Vem filho, vem responsabilidade. Você encontra sempre uns jeitos pra dar umas escapadas, mas é isso. (...) Nunca imaginei abandonar minha mulher e meu filho por causa disso [da atração e das práticas sexuais com outros homens]. Eu sou responsável, não vou destruir a minha vida e da minha família por causa disso. Imagina! (...) Mas pra vocês hoje em dia é diferente. Vocês podem coisas que na minha época não podia, não tinha escapatória. [Trecho adaptado de conversa mediada por messenger na internet. Noite de 03/04/2011]. A interessante fala de Mauro dá a deixa para pensar a lógica dos cursos da vida nãoheteronormativos através da variação histórico-social. Meu contato afirma que no passado (e até o presente) ele experimentou as estruturas que fundamentavam um curso da vida “inteligível” e compulsório de uma maneira que lhe pareceu de fato implacável e sem alternativas. Entretanto, ele também afirma que no contemporâneo há uma nova configuração ao afirmar: “mas para vocês hoje em dia é diferente. Vocês podem coisas que na minha época não podia, não tinha escapatória.” O que denota, em sua visão, que no contemporâneo houve uma relativa expansão do campo de possibilidades sociais para se trilhar percursos biográficos dissonantes da lógica sequencial e inescapável das “vidas que fazem sentido” a partir de óticas heterossexistas. Mesmo entre meus contatos que eram assumidamente homossexuais para a boa parte de seus círculos sociais, a pressão social pela conformidade a curso da vida heteronormativo se mostrava presente em seus relatos. Matheus, 62 anos, decorador de interiores, branco, morador de Moema, de classes médias, relata a importância do falecimento dos pais para que pudesse finalmente viver sua vida da maneira que desejava: “Depois dos 50tinha [dos cinquenta anos de idade] a família já está lá em cima [já falecidos]. Não temos mais que dar satisfação pra ninguém. A gente faz então o que quer mesmo. Eu sou filho único, então a pressão era maior. Fiquei noivo por oito anos, você acredita? Enrolando a coitada [da noiva]... rs. [risos]. Mas ela meio que sabia [da orientação sexual dele]. Nós homos temos uma lacuna enorme de pai e sobra de mãe, e possessivas, dominadoras mesmo. Até você destruir isso tudo dentro de você não é fácil. Quando descobri isso lutei pra chegar mais rápido à tona, tirar esse ranço todo. Minha mãe já é falecida, meu pai também. Nos últimos dois anos da vida dela resgatamos nosso encontro na vida. Meu pai perseguia menos. Era uma relação velada, eles no fundo sabiam [da orientação sexual do filho], mas até por uma questão de respeito... Venho de uma geração onde a palavra era ditadura, era ficar calado e respeitar. Não acredito em confrontos, da mesma forma que houve respeito deles para comigo, também tive com eles. Uma troca justa. Não acredito na conquista na base da porrada, você não chega a lugar nenhum. (...) Eu só fui me encontrar como homo na facul [na faculdade], onde tinha que esperar uns anos para ter vida própria. Eles [os pais] ficavam muito em cima. Isso de [ser] filho único era um lance muito pesado. Um inferno, né? A gente fica entre a filha predileta da mãe e a derrota do pai... kkkk [risos] A gente vive o nada. Daí [na faculdade] me joguei de cabeça. Você ainda tem teus pais vivos? [Ele me pergunta. E eu respondo que tenho apenas minha mãe]. Entendo, então você ainda vive o seu inferno astral kkkkk [risos]. Mas olha, o dia em que sua mãe morrer você vai se sentir muito estranho. Uma mistura de perda e ganho... Horas você vê a perda... Horas você vai ver que ganhou a vida... Liberdade. É muito estranho isso. Você vai viver com ela ao seu lado e ao mesmo tempo agradecendo ela não ser imortal... kkkk. [risos]. Faz 14 anos que a minha mãe morreu, e meu pai 12 [anos]. Você vai levar pelo menos um ano para refazer você mesmo, até romper todos os seus conceitos. Minha mãe teve morte súbita, dormiu e não acordou, meu pai resolveu que não queria mais viver e foi definhando. Eu que cuidei deles, até parei com a minha profissão. Cinco anos exatamente [ficou sem trabalhar para cuidar dos pais]. A gente tem que abandonar tudo, não tem como dividir, você tem que resolver tudo e nada ao mesmo tempo. Mas comigo [a velhice] vai ser diferente. Você já viu viado em asilo!??? Pedindo esmola!? Largado?! Nós fazemos amigos... que vão cuidar uns dos outros... [Trecho adaptado de conversa mediada por messenger na internet. Noite de 10/08/2010]. Os relatos acerca das pressões por uma conformidade às expectativas de um modelo de curso da vida heteronormativo se multiplicaram tanto entre meus contatos que não se vinculavam a categorias identitárias relacionadas à orientação sexual quanto aqueles de distintas maneiras se aproximavam de tais categorias. Muitos foram os relatos das pressões heterossexistas não apenas no âmbito da família, mas também no ambiente de trabalho, em determinadas redes de amigos, conhecidos, etc. Alguns de meus contatos relataram, por exemplo, que deixavam de receber promoções no trabalho por um tipo específico de homofobia velada, aquela que condiz com a tendência prioritária de promoções direcionada para aqueles que possuíam família (heterossexual) “para sustentar” e que demonstravam ser “homens responsáveis”, “sérios” e “corretos”, o que fazia que o próprio crescimento na carreira, quando da não-conformidade a um percurso biográfico normativo, fosse dificultado. Entretanto, além da retrospectiva apresentada por Matheus sobre a relação com seus pais e a pressão sofrida por estar condizente com o rumo “respeitável” e “sério” na vida de um homem, há também duas outras questões que emergiram de sua fala e que são particularmente importantes para o prosseguimento das análises desse relatório e posteriormente em minha tese: em primeiro lugar o fato de que boa parte dos homens que fizeram parte de minha etnografia eram vistos, no contexto de suas famílias de origem e de sua rede imediata de amigos, como cuidadores “naturais” e “preferenciais” de seus pais, de parentes idosos imediatos, ou de amigos próximos, assim como de companheiros ou excompanheiros. Ou seja, algo que eu não esperava encontrar em campo e que foi absolutamente surpreendente é que especialmente aqueles que se viam como homossexuais ou que eram assim vistos por seus familiares e rede de amigos imediata me relatavam recorrentemente experiências pessoais – curtas ou prolongadas - como cuidadores informais (não remunerados pelo oferecimento de seus serviços) concomitante às suas profissões e outras atribuições corriqueiras. Em segundo lugar, surgiu a problematização e preocupação, como um horizonte de futuro, da própria gestão pessoal da velhice, ou melhor, uma perscrutação de quem cuidará do indivíduo (assim como de que forma e em quais condições) quando ele for velho “como homossexual”. Ou seja, a pergunta: “Quem cuidará de mim quando eu não puder mais cuidar de mim?” pairava como uma sombra inquietante de distintas maneiras para muitos dos homens com os quais convivi. Para alguns se tratava de uma sombra não profundamente assustadora, enquanto para outros tal questão era relativamente angustiante e surgia como parte das conversas vez por outra. Por fim, havia também um conjunto interessante de contatos que simplesmente se recusava a projetar ou a explicar suas concepções de futuridade, defendendo, em geral, a importância da experiência do presente vivida intensamente. E nesse quesito, os homens entre meus contatos que seguiram um percurso biográfico normativo (casaram-se, tiveram filhos, etc.) diferem marcadamente dessas preocupações, especialmente aqueles que mantêm completamente em segredo às suas práticas sexuais com outros homens. Nesses casos, raramente tais homens são tomados como cuidadores preferenciais de seus pais ou da rede de amigos imediata, e também não demonstravam preocupação profunda ou específica com a gestão de sua própria velhice. Para eles a base de segurança materializada na existência da esposa (ou ex-esposa) somada à lógica do cuidado quase compulsório dos pais idosos imposta aos filhos era o suficiente para que tal pergunta não assombrasse ou surgisse como questão recorrente. Porém, na maior parte dos casos meus contatos se tornavam responsáveis pelo cuidado de seus pais idosos (ou eram vistos como a primeira opção como cuidadores quando necessário), o que ocorria também com outros parentes velhos próximos. Embora em menor escala, o mesmo ocorria, por exemplo, em relação a relatos de contatos que eram ou foram cuidadores de seus amigos homossexuais mais íntimos, assim como de excompanheiros, ou mesmo dos atuais companheiros, quando da ocasião de doenças crônicas, adoecimento conjuntural ou envelhecimento avançado. Um efeito inesperado de se trilhar caminhos alternativos aos modelos de normatividades estruturantes do curso da vida parece se manifestar quando da necessidade de um cuidador no contexto familiar. Valdomiro, por exemplo, outro de meus contatos, de 53 anos, branco, professor da rede pública, de classes médias (porém com uma renda mais modesta que a de boa parte de meus contatos), e hoje em dia “abertamente gay”, me relatou ter sido extremamente maltratado no contexto de sua família, que provem de classes populares e em termos religiosos, é Neopentecostal. Possuía nove irmãos e todos, inclusive os pais, costumavam agredi-lo cotidianamente. Ele chegou a casar-se heterossexualmente no fim da adolescência, mas a esposa faleceu jovem. Mesmo tendo sido casado, os familiares nunca deixaram de ser agressivos e ofensivos com ele. Após a morte da esposa, ele assumiu ser homossexual para a família, amigos e vizinhança, se mudou da casa da família e começou a se “montar” como Drag Queen por alguns anos. Os pais e irmãos recusavam-se a recebê-lo nesse período. Conforme os pais envelheceram e necessitaram de atenção e cuidados especiais, a família de conjunto se mostrou aberta a rever o rechaço do passado e a voltar a recebê-lo no seio da família, até que ele se tornou a pessoa “escolhida” como cuidador dos pais. “Sempre me trataram como lixo, especialmente meus pais, e hoje em dia quem é que cuida deles?! Meus irmãos não ajudam em nada e eu nem quero perto mesmo. Eu cuido deles, apesar de tudo, eu sou filho, né? Apesar do que me fizeram, eles é que me puseram no mundo. É uma obrigação. Também é por pouco tempo, eles tão bem velhinhos agora. Mas esquecer eu não esqueço. Quando [os pais e os irmãos] me convidaram de volta e começaram a falar pra eu ficar [morando com os pais], eles [os irmãos] diziam que eu não tinha família e não tinha nada pra me preocupar, que eu tinha obrigação de ajudar. Mas eu sei que eles [os irmãos] tinham como cuidar sim, não cuidam porque não querem, mas poder, podem.” [Transcrição adaptada de gravação de entrevista, 29/06/2011]. Dessa forma, a dimensão do cuidado entre meus contatos de campo terá, segundo meus planos, um capítulo de minha tese dedicado à questão, em diálogo com um levantamento da literatura específica da inter-relação entre homossexualidade masculina, velhice, o cuidado e os cuidadores de idosos, a qual infelizmente não será exposta em profundidade nesse momento. Essa literatura é recente e está dentro do escopo do momento da Gerontologia Social LGBT que denominei de “giro pragmático”, ou seja, voltado às demandas práticas envolvidas no envelhecimento e velhice, no caso, homossexual masculina. Porém, adianto de antemão que pretendo dialogar com alguns autores que lidam tanto com questões gerais de saúde voltadas a lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros idosos. Dentro desse conjunto de publicações, algumas abordam as redes de suporte social e o debate sobre o cuidado e os cuidadores na velhice para tal população. Infelizmente não foi possível incluir a tempo para a análise de meus dados de campo nesse relatório, autores desse campo já lidos e apontados, os quais virão a figurar no capítulo específico da tese para a temática. Tais publicações incluem: Grossman, D’Augelli & Hershberger (2000), Brotman, Ryan, & Cormier (2003), Cantor, Brennan & Shippy (2004), Genke, (2004), Pugh (2005), Clover (2006), Brotman, Ryan, Collins et. al. (2007), Wallace, Cochran, Durazo & Ford (2011), assim como alguns importantes relatórios de organizações e entidades que direcionam a atenção aos envelhecimentos não-heteronormativos, como os relatórios: “The Health of Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender People: building a foundation for better understanding”, (2011)4, e “Still Out, Still Aging. The MetLife Study of Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Baby Boomers” (2010)5, entre outros. Sendo assim, a seguir apresento uma situação de convivência com alguns de meus contatos e que creio ser ilustrativa de alguns dos debates anteriormente citados, de maneira a retomá-los a partir da experiência de campo. Abordo principalmente quatro questões: o debate sobre o “curso de vida pós-moderno”, a “reprivatização da velhice” e problematizo as importantes limitações para a descronologização da experiência biográfica e para a ideia de “juventude como estilo de vida” no contemporâneo. O Encontro na Padaria e os “Viados Susana Vieira” Após muitas conversas por messenger, tê-lo encontrado presencialmente duas vezes e ter realizado uma entrevista presencial com Renan [58 anos, branco, alto funcionário de uma empresa de pesquisa em estatística, de classes médias, morador da Vila Mariana], um dos meus contatos de campo mais próximos, ele me convidou para um encontro com alguns de seus amigos em uma ampla e tradicional padaria próxima à Avenida Paulista. Lá 4 Relatório promovido por: Commitee on Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Health Issues and Research Gaps and Opportunities. Board on the Health and Select Populations, Institute of Medicine of the National Academies. 5 Relatório promovido pela ASA – American Society on Aging e The MetLife Institute. encontraríamos três de seus amigos para jantarmos juntos. Primeiramente me senti um pouco inseguro, como sempre me sentia antes de conhecer presencialmente pessoas para a pesquisa, mas sabia que seria importante comparecer. Fomos, eu e Renan, os primeiros a chegar, esperamos para conseguir uma mesa em que todos coubessem e já na fila um dos amigos chegou. Era Adriano, um homem por volta dos 40 anos de idade, de olhos e cabelos castanhos, depois, enquanto conversávamos me disse ser um advogado trabalhista. Assim que sentamos os outros dois amigos chegaram, bem mais jovens, Rafael e Bernardo, o primeiro com 25 e o segundo com 28 anos de idade. Embora eu não lhes tenha perguntado, eu os classificaria todos como de pele branca e pertencentes às classes médias. Os dois últimos eram namorados, estudavam e ainda viviam com os respectivos pais. Bernardo trabalhava em uma “loja chique” de um shopping e Rafael era universitário e só estudava. Bernardo era um amigo de Renan já há alguns anos e no passado tiveram um affair, como Renan me contaria mais tarde. Aliás, muitos anos antes desse affair, Renan também tivera um breve namoro com Adriano, o outro amigo que estava também presente, e quando terminaram o relacionamento iniciaram a amizade que já durava mais de quinze anos. O clima estava descontraído, mas eu me sentia um pouco tenso, pois não sabia como eles se sentiriam comigo participando da sua reunião íntima de amigos. Renan me apresentou como um amigo que era pesquisador da Unicamp e que sempre que podia o acompanhava em festas e para conhecer seus amigos como parte da pesquisa. Rafael, o rapaz mais jovem, então me perguntou: - Mas então você está fazendo pesquisa agora? Aqui com a gente? Eu disse que sim, que estar ali com eles fazia parte da minha pesquisa, mas que ao mesmo tempo isso não precisava dar um tom “formal” para o encontro, que eu gostaria que eles se sentissem à vontade e que eu não estava ali para “entrevistá-los”, apenas para conviver e interagir e que isso já seria muito importante para a pesquisa. Disse também que não usaria os nomes verdadeiros de ninguém e que se algum deles não se sentisse à vontade em participar eu garantia que não usaria aquele encontro em minha tese. Disse também que eles podiam ficar à vontade para me fazer qualquer pergunta que quisessem. Nenhum deles se mostrou abertamente incomodado com a minha presença ou por participar da pesquisa e se mostraram curiosos com o teor da investigação, quem eu era, se eu era gay também, se era casado, coisas do tipo. Respondi suas questões de forma propositalmente descontraída, pois era óbvio que a minha presença inicialmente dava um peso mais formal e incomum para as suas interações e a ideia de um “pesquisador” na mesa obviamente não era ignorada. Logo perguntaram como eu e Renan nos conhecemos, e este sorriu irônico e disse: - Adivinha!? - Manhunt! – responderam seus amigos ao mesmo tempo e rimos juntos. - Mas então você faz pesquisa lá também? – me perguntou Bernardo com uma cara de quem desconfia dos meus reais interesses de pesquisa.6 Eu expliquei rapidamente como 6 Em sua tese, Camilo Braz (2010: 37-39) aborda a presença constante de dúvidas semelhantes em relação ao que “de fato” ele fazia no interior dos clubes de sexo que pesquisava, sendo inclusive indagado se praticava sexo naqueles contextos. Apesar de em meu campo as dúvidas que minha presença suscitava nos distintos espaços pelos quais circulei (virtuais ou não) terem um caráter um pouco distinto das presentes no campo de Braz, elas também me perseguiram, chegando ao ponto de alguns homens afirmarem que eu estudava homens gays mais velhos, pois no fundo eu também seria um “daddy lover”, ou seja, alguém profundamente participava e quais eram os meus usos do Manhunt e em pouco tempo a conversa foi se diversificando e tomando outro rumo e a mesa começou a conversar sobre diversos assuntos, sobre as últimas fofocas de amigos e conhecidos, sobre acontecimentos recentes de suas vidas, sobre as artistas divas da música pop, sobre vídeos na internet, etc. e eu procurei me incorporar na medida do possível nos diversos assuntos para não ficar um “observador estranho” entre o grupo, que me pareceu um conjunto de amigos bastante íntimo. Achei interessante a composição etária do encontro, afinal Renan estava com 58 anos de idade, e havia uma diferença etário-geracional grande entre ele e os outros integrantes da mesa, mas os encontros entre eles eram constantes e Renan, nos momentos em que nos reunimos anteriormente já havia me apresentado um considerável número de amigos e conhecidos de várias idades e grande parte bem mais jovem. Entretanto, quando me convidou para esse encontro, disse que se tratavam dos seus amigos mais próximos atualmente. Algo que percebi auxiliar muito essas amizades intergeracionais era o fato de Renan manter um estilo de vida jovem, conectado com a moda e as referências estéticas contemporâneas de filmes, músicas e comportamento e se exigir muito em termos da aparência física, mantendo-se em forma, indo sempre que possível à academia, e fazendo vez por outra, por exemplo, cirurgias plásticas no rosto e corpo, embora se possa dizer que fossem bastante discretas (questões que ele não fazia questão alguma de esconder). Além disso, era de fato uma pessoa extremamente agradável de se conviver, muito sociável, culto e simpático, sendo muito fácil se sentir à vontade e conversar com ele sobre qualquer assunto. Em certo momento da conversa, quando já estávamos há um bom tempo reunidos e enquanto os outros conversavam, Bernardo se dirigiu a mim, se aproximou e perguntou a meia voz: - Fala a verdade, você não estranhou o Renan quando conheceu ele? Eu não entendi direito a pergunta repentina: - Estranhei como? Não entendi. - Ah, isso dele ser todo jovenzinho e tal? - Não, estranhar, não. Achei interessante, achei legal ele gostar de certas coisas que eu também gosto, essas coisas. E ele me pareceu gente fina assim que a gente começou a se falar. - Aham, ele é bem especial mesmo, mas vou falar a verdade, eu gosto de caras mais velhos, já tive alguns namorados mais velhos, acho que o Renan já deve ter te falado, mas uma coisa que eu não gostava no Renan quando a gente se conheceu foi essa coisa dele querer parecer mais jovem. Eu gosto de cara mais velho com cara de pai, sabe? Cabelo grisalho, barba grisalha e ele à primeira vista me parecia aquele tipo viado Suzana Vieira7, sabe? [Eu concordei acenando com a cabeça dizendo que entendia, e ele continuou] Aquele tipo que interessado eroticamente por homens mais velhos com “cara de pai”. A categoria “daddy” será abordada mais adiante, no relatório. 7 Susana Vieira é uma famosa atriz brasileira de telenovelas atualmente com 70 anos e que exibe um estilo de vida bastante jovial. Ela já teve alguns casamentos e relacionamentos com homens muito mais jovens, e seu atual namorado é quarenta e cinco anos mais jovem. É conhecida, além de seus papéis populares na TV, por alguns escândalos na vida pessoal e costuma ser bastante criticada - e às vezes ridicularizada - por ostentar uma aparência e comportamento exuberantes e muito mais jovens do que é “esperado” para mulheres da sua idade. fica tentando parecer mais novo a qualquer custo e à vezes fica ridículo. Mas com o tempo fui conhecendo mais ele e fui entendendo que ele não era assim, que era só o jeito dele, que ele na verdade era mais jovem que muita gente que eu conhecia com a metade da idade dele. - O que vocês tão cochichando aí? – perguntou Renan em tom de brincadeira. - Tô falando pra ele como eu te conheci e o que eu achava no começo – respondeu Bernardo. Renan me olhou fazendo uma cara proposital de enfado e então disse: - O Bernardo detesta as bichas velhas que pintam o cabelo, acredita? As bichas do cabelo acaju... [disse em tom de troça e todos riram]. Percebi que o assunto dos “viados-Susana-Vieira” parecia já ter sido um papo entre eles. - Ah, é? Pois é, ele estava me contando... – respondi. - Agora ele já se acostumou comigo – continuou Renan - mas olha, no começo foram meses e meses me dizendo pra parar de pintar o cabelo, pra deixar grisalho mesmo, pra usar camisa e não camiseta, pra deixar a barba crescer e essas coisas. Demorou mas ele percebeu que essa não era a minha, que não ía rolar mesmo, que eu não ía fazer o paizão... Todos riram. Olhei para Rafael para perceber se ele se sentia desconfortável pelo assunto abordar a época que Bernardo e Renan tiveram um caso, mas parece que ele já estava acostumado com aquele tipo de conversa. Como eu não queria que o rumo da conversa se perdesse, perguntei: - Mas você se incomodava com isso? - Ah, se eu for me incomodar com todas as criaturas que me olham torto... Mas já tive muitos casos e até amigos que ficavam tentando me mudar. Muitos mesmo. Faz isso, faz aquilo, usa isso, usa o cabelo assim, assado, essas coisas. Eu procuro não me incomodar com isso, eu digo que não vou fazer e pronto. Que eu faço o que quero e de um jeito que eu me sinto bem, é isso que importa. Eu não sou assim pra ser sempre jovem, não é isso. Eu só não sou um velho, entende? Não vou me fantasiar de velho só porque tô com a minha idade e tem gente que acha que eu devia, entende? Isso sim que é ridículo na minha opinião. Bernardo então olhou pra mim como que tentando captar minha opinião sobre o assunto e fazendo sinal com a cabeça de que concordava com Renan, disse: - É verdade, ele tem razão, mas é porque ele é especial, a gente vê que ele é assim mesmo, que é jovem de espírito e vai ser sempre assim, ele se cuida de verdade, se cuida mesmo, corpo e mente, e a gente se sente bem com ele, não parece que é bem mais velho; é como a gente. Agora tem umas criaturas que... por favor, né!? [E fez um sinal com as mãos sinalizando perda de paciência] Que ficam se macaqueando, não tem corpo, não se cuidam, que usam roupas que não tem nada a ver com elas, que ficam forçando a amizade parecendo umas poc-poc da terceira idade, que pelo amor! - Ai, Bernardo, deixa elas! O que é que tem? – disse Adriano. Percebi que o assunto estava começando a se mostrar inconveniente. Adriano, então, continuou: – Eu concordo que tem umas cacura com calça legging apertada que não sei o quê e que fica ridículo mesmo, mas quem sou eu pra ficar julgando? Seguiu-se um breve e incômodo silêncio e o assunto foi prontamente mudado. Continuamos a conversar sobre vários assuntos e a noite transcorreu bastante agradável até o momento em que me despedi, pois tinha um compromisso. Renan depois me disse que seus amigos haviam simpatizado comigo e Adriano até perguntara quando iríamos nos reunir novamente. Renan poderia ser visto como um exemplo, seguindo a análise de Featherstone (1994) de alguém análogo geracionalmente aos baby boomers, cuja característica seria promover uma “estetização da vida” própria da cultura pós-moderna. Geração essa que ao entrar na meia idade tende a acompanhar a promessa de que é possível burlar constrangimentos e estereótipos, assim como normas e padrões comportamentais baseados nas idades (Debert, 2010: 65). Convivi com Renan e seus amigos em mais alguns eventos, principalmente festas e encontros em boates e bares da região das Ruas Augusta e Frei Caneca, e pude perceber que vez por outra o assunto dos “viados Susana Vieira” retornava, mesmo que em breves alusões e troças. Por exemplo, quando algum homem gay mais velho passava por nós com um visual bastante jovial e que era considerado “exagerado” para a sua idade, Bernardo, o amigo de Renan com 28 anos de idade afirmava frases como: - Olha mais uma fazendo a Susana, aí! Bernardo e também Adriano, o amigo de 40 anos (apesar de este último ser mais tolerante com tais homens mais velhos), defendiam que as “pessoas precisam se cuidar”, “nunca descuidar da saúde” e diziam também nunca desejarem “virar velho”, ou seja, estavam envolvidos na ideia de “juventude como estilo de vida” e imersos na ideia de “curso da vida pós-moderno” em que há um questionamento das (e maior maleabilidade nas) assertivas comportamentais baseadas na idade. Por outro lado, a noção de “velhice” para eles estava englobada por uma zona semântica próxima à da doença, das enfermidades em geral, como se as promessas da biomedicina e das grandes companhias estéticofarmacêuticas de fato fossem em algum momento se cumprir e livrar a humanidade das chagas da “velhice crônica”. Dessa forma, no contexto do curso de vida pós-moderno, se: “por um lado, a juventude perde conexão com um grupo etário específico e passa a significar um valor que deve ser conquistado e mantido em qualquer idade através da adoção de formas de consumo de bens e serviços apropriados. Por outro lado, a velhice perde conexão com uma faixa etária específica e passa a ser um modo de expressar uma atitude de negligência com o corpo, de falta de motivação para a vida, uma espécie de doença autoinfligida, como são vistos hoje, por exemplo, o fumo, as bebidas alcoólicas e as drogas” (Debert, 2010: 51). Sendo assim, os atributos sociais da juventude nesse contexto não são apenas almejados, são também considerados um valor central no contemporâneo, uma espécie de privilégio para aqueles que podem performatiza-los de maneira legítima. E conforme ocorre o avanço dos anos, o grau de legitimidade para desempenhar a “juventude como estilo de vida” pareceu ser, em meu campo, inversamente proporcional. Ou seja, apesar da presunção da “descronologização da experiência biográfica na pós-modernidade” e da ascensão da “juventude como estilo de vida”, em termos da concepção do acúmulo cronológico dos anos, no contexto de meus contatos de campo: quanto mais velho fosse o indivíduo, maior eram as resistências sociais para suas performances de jovialidade.8 Além disso, nesse contexto social (e certamente não apenas ali) a velhice se torna uma espécie de norte do qual todos devem permanentemente se afastar, como transparece na fala de Renan na padaria ao explanar sobre seu estilo jovial: “Eu não sou assim pra ser sempre jovem, não é isso. Eu só não sou um velho, entende? Não vou me fantasiar de velho só porque tô com a minha idade e tem gente que acha que eu devia, entende?” Em sua fala, o desejo de se afastar da velhice, com suas imagens pesadas e negativas, é evidente, enquanto a jovialidade parece quase como uma consequência óbvia da negação da velhice e do envelhecimento. Entretanto, o que começou a me intrigar era que, se a juventude era um ideal defendido por todos, e a velhice um norte a se afastar, como refletir sobre o rechaço contínuo de Bernardo e de outras pessoas que conheci durante a pesquisa a alguns dos homens gays mais velhos que levavam a ideia de juventude como estilo de vida, digamos, radicalmente a sério? Em outra ocasião, Bernardo – e aqui o uso novamente, embora seu relato seja ilustrativo de um discurso encontrado em campo, e que excede à sua fala - em frente a um bar da Rua Augusta, reduto de parte da juventude paulistana de classes médias, me disse quando vimos um homem gay mais velho passar por nós usando uma “franja desfiada” no cabelo escuro tingido: 8 Considerando as etapas em que a vida se desdobra como relacionais e performáticas, Debert (2010: 51). - Olha aí, é ridículo! Um emo de sessenta anos!9 Ai, eu acho que quem é velho é velho e quem é novo é novo, e pronto. Não precisa ser caquético, mas também não é pra fazer a adolescente, né? Bernardo e muitos outros em meu campo, dessa forma, expressavam uma espécie de desejo de controle das performances geracionais, especialmente dos homens mais velhos em relação ao ideal de juventude; algo como: “deve-se seguir o ideal, mas com ressalvas”. Além disso, se a juventude enquanto um ideal e enquanto um desempenho social relativamente regulado e legitimado (mas acima de tudo, enquanto um privilégio) é assim tomada, parece compreensível que homens mais velhos que de fato desempenham a juventude relativamente bem, fossem criticados pelos mais jovens por representarem uma potencial ameaça a uma certa economia das práticas de jovialidade que atravessam, por exemplo, a imaginação legitimada das performances geracionais contemporâneas. Considero esse processo também como uma espécie de permanência de lógicas cronologizantes envolvidas no controle de comportamentos e expectativas sociais etáriogeracionais - uma espécie de normatização que atravessa os desempenhos etáriogeracionais - como uma expressão social específica e contemporânea de regulação dos “modos de ser” vistos como apropriados para os distintos momentos do curso da vida e que podem ser observados com contornos próprios – mas não exclusivas - em meu campo. Esse processo não me parece necessariamente um retorno aos velhos estereótipos e expetativas “do que é ser adulto”, ou “do que é ser velho”, mas parece um produto contraditório das mudanças sociais vividas no processo de dissolução da vida adulta e de extensão da juventude sobre outros momentos do curso da vida, lidando, porém, centralmente com uma espécie de “economia do privilégio” – considerando a juventude como um privilégio - em contextos sociais delimitados. Ou seja, na sociedade brasileira como um todo e em meu contexto de campo em específico, os atributos da juventude em termos de um “capital erótico” podem ser interpretados como importantes trunfos os quais 9 Quanto ao universo emo, uma juventude contemporânea envolvida com o rock sentimental, valorizadora de atitudes românticas e com códigos específicos que se refletem nas vestimentas e no cuidados com o cabelo e corpo, consultar a dissertação de Raphael Bispo (2009). Regina Facchini (2008: 141), define os “emo” como dizendo respeito ao “emocore”, “um gênero musical derivado do hardcore, utilizado para descrever bandas que compunham num lirismo mais emotivo que o habitual. No Brasil, o gênero se estabeleceu e influenciou também uma moda de adolescentes caracterizada não somente pela música, mas também pelo comportamento geralmente motivo e tolerante, e também pelo visual, que consiste em geral em trajes pretos, listrados, cabelos coloridos e franjas caídas sobre os olhos”. denotam uma vantagem social digna de ser expressa de forma socialmente específica, assim como por sujeitos específicos a partir de marcações etário-geracionais. Sendo assim, se por um lado pude encontrar em campo uma disseminada defesa do cuidado estético-corporal de si e de um estilo jovial virtualmente perene, por outro lado, convivendo contraditoriamente com essas assertivas, alguns sujeitos que “exacerbavam” essas prerrogativas eram continuamente censurados. Esse tipo de censura além de estar presente em vários momentos em que convivi com Renan, seus amigos e conhecidos, também esteve presente a partir das experiências de vários de meus contatos de campo. 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