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V. 8, N0 2 | Março/Abril 2011 ISSN 1678-6661 Latino-americana Implantodontia 2011 Bases científicas multidisciplinares para uma prática clínica de sucesso. Nesta Edição: Caderno Científico Eventos TrendMarking Mercado In Os melhores implantodontistas da América Latina estarão aqui. Vol. 8 • No 2 • Março/Abril • 2011 Qualificação: Qualis Nacional B3 – Medicina I Qualis Nacional B4 - Odontologia e Interdisciplinar Qualis Nacional B5 - Medicina II e Engenharias II e III Indexação: BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde ImplantNews - Vol. 8, n.2 (março/abril/2011) - São Paulo: VM Comunicações - Divisão Cultural, 2004 Periodicidade Bimestral ISSN - 1678-6661 1. Implantes dentários. 2. Cirurgia de implantes. 3. Prótese sobreimplantes. I. VM Comunicações - Divisão Cultural II. Título CDD 617.6005 Black D74 Ponto de Vista Série “A voz do leitor” A ImplantNews, a partir desta edição, abre espaço para que o público leitor – razão de existir publicações como esta – possa deixar registrado suas visões e necessidades de informação no campo da Implantodontia. O convidado desta primeira edição da série “A voz do leitor” é a implantodontista de Ubá/MG, Evelyn Júri Rezende de Lacerda. A voz da dra. Evelyn F iquei muito feliz com o convite dos editores da ImplantNews para falar e externar minha visão como profissional atuante na Implantodontia. Há cerca de quatro anos tornei-me assinante da ImplantNews, pois entendi que precisava consultar uma publicação regular e altamente especializada, que divulgasse e dissecasse temas das várias áreas multidisciplinares que compreendem a Implantodontia. Com o passar do tempo, acabei me apoiando nas páginas desta revista, encontrando autores que com muita felicidade, e porque não simplicidade, conseguem passar, de forma clara e objetiva, como proceder seguramente diante de ocorrências cirúrgico-protéticas, nem sempre bem descritas nos compêndios consagrados sobre esta especialidade. Tenho a satisfação de ver, na ImplantNews, trabalhos interessantes e esclareEvelyn Júri Rezende de Lacerda cedores, sempre enriquecidos com importantes referências e que fazem nossa Odontologia mais atrativa. Já entrei em contato com vários autores e sempre fui muito bem acolhida e informada por todos. Espero que a ImplantNews e outras publicações semelhantes se aprofundem cada vez mais em desmistificar e bem traduzir a pesquisa acadêmica para uma melhor prática profissional segura e, principalmente, tragam satisfação plena para todos os nossos pacientes. Evelyn Júri Rezende de Lacerda é mestre em Ciências Odontológicas e especialista em Implantodontia – CPO São Leopoldo Mandic. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):153 153 Editor Científico: Prof. Dr. Paulo Rossetti ([email protected]) Capa: perspectiva artística que expressa visão multidisciplinar. Conselho Científico: Profs. Drs. Alberto Noriyuki Kojima (Unes-SJC/SP), Antônio Pinheiro (UFBA-Salvador/BA), Antônio Wilson Sallum (FOP-Unicamp/SP), Arthur Belém Novaes Jr. (Forp-USP-Ribeirão Preto/SP), Carlos dos Reis Pereira Araújo (FOB-Bauru/SP), Carlos Eduardo Francischone (FOB-Bauru/SP), Carlos Nelson Elias (IME/RJ), Cimara Fortes Ferreira (NSU College of Dental Medicine/USA), Cláudio Luiz Sendyk (Unisa/SP), Edevaldo Tadeu Camarini (UEM-Maringá/ PR), Eduardo Saba Chujfi (SLMandic/SP), Elcio Marcantonio Jr. (Unesp-Araraquara/SP), Flavia Rabello de Mattos (Fapi/SP), Guaracilei Maciel Vidigal Junior (Unigranrio-Rio de Janeiro/RJ), Hugo Nary Filho (USC-Bauru/SP), Israel Chilvarquer (Fousp-São Paulo/SP), Jamil A. Shibli (UnG- Guarulhos/SP), Luciano Lauria Dib (Unip/SP), Marco Antonio Bottino (Unesp-São José dos Campos/SP), Marco Aurélio Bianchini (UFSC/SC), Marco Antônio Brandão Pontual (Ufes/ ES), Maurício G. Araújo (UEM-Maringá/PR), Paulo Sérgio Perri de Carvalho (Unesp-Araçatuba/SP), Renato Mazzonetto (FOP-Unicamp/SP), Ronaldo Barcellos de Santana (UFF/RJ), Thomaz Wassall (SLMandic-Campinas/SP), Waldemar Daudt Polido (ABO-Porto Alegre/RS), Wellington Cardoso Bonachela (FOB-USPBauru/SP), Wilson Roberto Sendyk (Unisa/SP). Avaliadores: Profs. Drs. Alberto Noriyuki Kojima, Antônio Wilson Sallum, Carlos Nelson Elias, Cimara Fortes Ferreira, Edevaldo Tadeu Camarini, Elcio Marcantonio Jr., Flavia Rabello de Mattos, Guaracilei Maciel Vidigal Junior, Jamil A. Shibli, Marco Antonio Bottino, Marco Aurélio Bianchini, Marco Antônio Brandão Pontual, Renato Mazzonetto, Ronaldo Barcellos de Santana. Publicação bimestral dirigida aos cirurgiões-dentistas, especialistas ou com interesse em Implantodontia clínica. Compromisso com nossos leitores Facilitar o acesso a conteúdos baseados em pesquisas clínicas testadas e comprovadas. Conselho Consultivo: Profs. Drs. Aldo Brugnera Junior (Univap/SP), Antonio Vicente de Souza Pinto (São Paulo/SP), Carlos Alberto Dotto (ABO-SP), César Arita (Aorp-Ribeirão Preto/SP), Fábio José Barboza Bezerra (ABO-BA), Fernando Santos Cauduro (PUC-Porto Alegre/RS), Francisco Fernando Todescan (Fundecto-USP/SP), Hamilton Navarro (Fousp-São Paulo/SP), Hiron Andreaza da Cunha (ABO-GO), Ivete Sartori (Ilapeo-Curitiba/PR), José Cícero Dinato (UFRGS/RS), Laércio W. Vasconcelos (P-I Brånemark Institute-Bauru/SP), Luiz Fernando Martins André (Unimes-Santos/SP), Luís Ronaldo Picosse (Fousp/ SP), Mário Groisman (SLMandic/RJ), Milton Miranda (SLMandic-Campinas/SP), Pedro Tortamano Neto (Fousp-São Paulo/SP), Rander Pereira Avelar (UNB/ DF), Ricardo Curcio (Hospital Heliópolis/SP), Sérgio Jayme (Instituto Sérgio Jayme-São Paulo/SP). Conselho de Tecnologia Aplicada: Profs. Drs. Adolfo Embacher Filho (Itu/SP), Ariel Lenharo (Inepo-São Paulo/SP), Aziz Constantino (São Paulo/SP), Cláudio Chedid (Ciodonto-São Paulo/SP), Dráuseo Speratti (Boston-EUA), Fernando Cosso (São Paulo/SP), Fernando Pastor (São Paulo/SP), Geninho Thomé (Ilapeo-Curitiba/PR), Jorge Mulatinho (APCD-São Paulo/SP), Luiz Antonio Gomes (São Paulo/SP), Maurício Motta (São Paulo/SP), Mauro Tosta (Cetao-São Paulo/SP), Nilton de Bortolli Jr. (Fundecto-São Paulo/SP), Paulo Zaidan Maluf (APCD-SP), Pedro Velasco Dias (Instituto Velasco-São Paulo/SP), Reginaldo Migliorança (ABO-Campinas/SP), Rodolfo Candia Alba Jr. (São Paulo/SP). Publicar conteúdos de vanguarda, visando trazer mais perto possibilidades futuras. Promover a discussão de temas polêmicos e fazer consenso para melhor orientar e proporcionar segurança nas várias práticas clínicas. Incentivar a produção científica de jovens talentos, criando prêmios de mérito para ampliar o número de pesquisadores no Brasil. Crescer continuamente o volume de artigos clínicos publicados por edição, buscando aumentar a base de informação. Disponibilizar canal on-line de consultas para solucionar eventuais dúvidas em práticas clínicas seguras. Garantir circulação da revista na data certa, evitando a quebra do fluxo regular de atualização científica neste campo. www.implantnews.com.br Editor Executivo: Haroldo J. Vieira ([email protected]) Editora e Jornalista Responsável: Cecilia Felippe Nery MTb: 15.685 ([email protected]); Revisora: Vivian Arais Soares ([email protected]); Assistente de Redação: Aline Souza ([email protected]); Diretora de Arte: Miriam Ribalta ([email protected]); Assistentes de Arte: Cristina Sigaud ([email protected]) e Eduardo Kabello (criacao. 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Só será permitida a reprodução total ou parcial de conteúdos desta edição com a autorização dos editores. Tiragem: 10.000 exemplares - auditada por Circulação nacional. Revista filiada Assinatura anual - R$ 520,00 | 8 edições Exterior - US$ 380. Central de Relacionamento com o Assinante: e-mail: [email protected] Tel.: (11) 3566-6205 Central de Vendas | Hunter Contact Center | Tel.: (11) 3566-6227 [email protected] | Loja virtual: www.vmstore.com.br Importante: a revista ImplantNews só comercializa assinaturas através de telemarketing próprio. Não possui “vendedores” em domicílio. sumário 153. Ponto de Vista Série “A voz do leitor” Evelyn Júri Rezende de Lacerda 159. Editorial ImplantNews: informação virtual com mobilidade em tempo real 161. Caderno Científico Um registro da produção dos autores nacionais 270 IN 2011 em contagem regressiva. 264. Temas em Debate Sistemas piezoelétricos: existem limites? 267. TrendMarking Os lançamentos do mundo da Implantodontia 269. A Vez dos Editores Clássicos da década 270. Eventos O melhor da Implantodontia espera 275 por você no IN 2011 275. Lumina-Bone chega ao mercado. Mercado In • O Lumina-Bone chega ao mercado • SIN lança serviço de financiamento para o cirurgião-dentista • Mais de 250 inscritos no Curso de Credenciamento do Snap-On Smile • Intra-Lock lança implante Blossom • Vídeo da J&J mostra a ação das bactérias na boca 279. Responsabilidade Civil O prontuário – a documentação odontológica 281. Normas de Publicação 279 Regina Célia Dalle Nogare, advogada. CADERNO CIENTÍFICO ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES 161. Avaliação da fidelidade de biomodelos de prototipagem rápida – estudo experimental in vivo Accuracy of rapid biomodel prototyping – an experimental in vivo study Lucio Costa Safira, Luana Costa Bastos, Thiara Bagdeve de Oliveira, Valter Estevão Beal, Roberto Almeida de Azevedo, Viviane Almeida Sarmento 213. Revisão dos princípios fundamentais de prótese sobreimplante parafusada e cimentada Review of fundamental principles for screwed- and cementretained implant-supported prostheses Luciana de Oliveira Silva, Eduardo Fraiha Henriques, Rodrigo Porto Guimarães, Francisco Mauro da Silva Girundi, Sergio Eduardo Feitosa Henriques, Luiz Felipe Cardoso Lehman 169. Implantes curtos associados à prótese tipo barra clip na reabilitação de rebordo mandibular severamente reabsorvido Short dental implants for a bar-clip, implant-supported prosthesis in the severely resorbed mandibular arch Alinne Azevedo Pereira da Silva, Alexander Höhn, Marcelo Fontes Teixeira, Vinícius Ferreira, Eliane Barboza 221. Influência do formato das roscas dos implantes na distribuição de tensões no tecido ósseo: análise fotoelástica Influence of dental implant thread shape on bone stress distribution: photoelastic analysis Thalita Pelayo Poli, Fabio Shiniti Mizutani, Dalva Cruz Laganá, Dario Paterno Junior, Ari Akerman Sadetsky, André Chacon Montesino, Renata Tucci 175. A importância do preparo cirúrgico com enxertos e das técnicas para confecção de próteses em abordagem de casos nas regiões estéticas The importance of surgical grafting procedures and prosthetic techniques in the esthetic zone – a case report Cladis Tomaselli, Ivete A. de Mattias Sartori, Rogéria A. Vieira, José Renato de Souza, Sidney Sato Oku, Marcelo Schulz 229. Prótese total fixa em função imediata confeccionada em resina composta indireta Indirect composite, resin fixed prostheses for immediate dental implant loading Ana Cláudia Real Gabrielli Piveta, Andréia Affonso B. Montandon, Maurício Nagle, Weber Adad Ricci, Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli, Luis Fernando Pilon 185. Implantes nanotopograficamente modificados pela ação do laser Yb-YAG Nanofeatured dental implants by Yb-YAG laser modification Karin E. Sisti, Antonio C. Guastaldi, Hewerson Santos Tavares, Andreia M. Brochado Antoniolli, Thallita P. Queiroz, Francisley Avila Souza, Idelmo R. Garcia Jr, Adriano Piattelli, Elcio Marcantonio Jr., Elenir Rose Jardim Cury Pontes, Rafael de Rossi 239. Análise in vitro da infiltração bacteriana na interface de pilares protéticos e implantes cone-morse In vitro analysis of bacterial leakage at the interface between Morse taper implant platform and prosthetic abutments Carlos Magno dos Anjos, Nassim David Harari, Rodrigo S. de Aguiar Reis, Guaracilei Maciel Vidigal Jr. 191. Obtenção de reosseointegração em implantes acometidos por periimplantite Re-osseointegration on implants affected by peri-implantitis: a systematic review Renata Abou El Hosn Ohana, Maria Lúcia Rubo de Rezende, Adriana Campos Passanezi Sant’Ana, Sebastião Luis Aguiar Greghi, Carla Andreotti Damante, Euloir Passanezi 247. Avaliação biomecânica e histológica de implantes com diferentes macrogeometrias no período inicial de osseointegração. Estudo experimental em cães Early biomechanical and histological analyses of different implant macrogeometries. An experimental study in beagle dogs Charles Marin, Rodrigo Granato, Estevam Bonfante, Gabriela Giro, Marcelo Suzuki, Ryan Jeong, Paulo Guilherme Coelho 201. Deslizamento de retalho palatino: visão estética The palatal sliding flap: an aesthetic view Kevelin Poliana Thiesen, Romeo Carlos Rigo, João Ricardo Almeida Grossi, Thomaz Jefferson Pessoa 253. Adaptação marginal e assentamento de cilindros calcináveis e sobrefundíveis fundidos em barras de Co-Cr Vertical and passive fit of burnout plastic and pre-machined cylinders cast in Co-Cr frameworks Anna Cristina Biagini, Juliana C. Ramaccioto, Anna Beatriz B. Palombini, Saturnino Aparecido Ramalho 207. BMPs em Implantodontia: uma revisão dos estudos clínicos BMPs in implant dentistry: a review of clinical studies Rodrigo Salbego Bueno, Camila Maia, Diego Segatto Blaya, Micéli Beck Guimarães, Magáli Beck Guimarães, José Renato de Souza Editorial ImplantNews: informação virtual com mobilidade em tempo real á 11 anos, eu decidi me livrar daquela pilha de papéis na mesa de trabalho: muita H poeira, volume inútil e as páginas perdidas seriam substituídas pela leitura na tela do computador. Entretanto, meus chefes não viam o assunto desta forma. Bom, a história de conflito entre gerações é antiga e não vou me estender. Para minha felicidade, o aquecimento global tratou de apressar os meus anseios. Moral da história: devemos estar conectados ao mundo. A voz da experiência diz: “diploma na parede qualquer um tem, mas a melhor banca de tese é o mercado: o resto é formalidade”. Paulo Rossetti O futuro (presente, melhor dizendo) é um rolo compressor. Experimente ficar fora de sintonia por 24 horas. Nunca usou e-mail pessoal ou rede social? Meu Deus, você está muito doente! John Naisbitt, autor do livro Megatendências, dizia: “Sempre que surge uma nova tecnologia (high-tech) deve haver em contrapartida uma resposta de natureza humana que aumente a qualidade de contato entre as pessoas (high-touch). Ou então, a tecnologia será rejeitada”. Computadores são grandes bancos de dados, não a sua cabeça. No início, mandava no mundo quem tinha terras; depois, quem tinha capital para financiar a industrialização. Hoje, manda no mundo quem detém a informação. Como implantodontista, você é especialista em informação! No século 21, suas ferramentas (onde, como, quando, para quem) estão amarradas ao conceito de mobilidade (informação em qualquer lugar e a qualquer momento). Assim, a ImplantNews, o melhor canal de comunicação da Implantodontia contemporânea, segue as tendências e disponibiliza seu conteúdo na íntegra para aparelhos tipo tablets. Esta é uma decisão madura, que beneficia pacientes e profissionais. Mantenha-se informado em tempo real: surpreenda seus clientes! Um forte abraço, Paulo Rossetti Editor científico REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):159 159 Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Avaliação da fidelidade de biomodelos de prototipagem rápida – estudo experimental in vivo Accuracy of rapid biomodel prototyping – an experimental in vivo study Lucio Costa Safira* Luana Costa Bastos** Thiara Bagdeve de Oliveira*** Valter Estevão Beal**** Roberto Almeida de Azevedo***** Viviane Almeida Sarmento****** RESUMO Nos últimos anos, os biomodelos de prototipagem rápida vêm ganhando mais espaço na Odontologia, sobretudo, nas especialidades de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e Implantodontia. Suas vantagens incluem planejamento mais preciso, diminuição do tempo cirúrgico, consequentemente, também do tempo de anestesia e melhores resultados funcionais e estéticos. Este estudo teve como objetivo comparar medidas lineares obtidas de imagens tridimensionais virtuais (construídas no programa 3D Doctor, a partir de exames de tomografia computadorizada de pacientes portadores de neoplasias odontogênicas nos maxilares) e de seus respectivos biomodelos, obtidos pela técnica de impressão tridimensional. As medidas virtuais foram feitas com a ferramenta régua disponível no próprio programa e as medidas nos biomodelos foram feitas com um paquímetro eletrônico digital, por dois avaliadores e repetidas após uma semana. As médias entre as medidas obtidas foram testadas quanto à distribuição normal pelo teste de Kolmogorov e Smirnov e, posteriormente, foi aplicado o teste t Student para amostras pareadas, com uma probabilidade de erro de 5%. A variabilidade interexaminador foi avaliada pelo coeficiente de Lin. Os resultados demonstraram que não houve diferença estatística (p > 0,05) entre as medidas das imagens virtuais e dos seus respectivos biomodelos, além de uma forte correlação entre os avaliadores tanto para as medidas virtuais (0,9975), quanto para as medidas nos biomodelos (0,9972). Unitermos - Prototipagem rápida; Biomodelo; Modelo virtual; Cirurgia. ABSTRACT In recent years, rapid biomodel prototyping has been gaining more evidence in Dentistry, particularly on surgical and implantodontic areas. Its advantages include more accuracy on treatment planning, decreased surgical and anesthesia times with better functional and aesthetic results. This study aimed to compare linear measurements (obtained from three-dimensional virtual images, built into the 3-D Doctor software, from computed tomography scans of four patients referred for surgery) and their respective biomodels, obtained by three-dimensional printing technique. The virtual measurements were made with a rule available in the program itself and the measures in the mandible models were made with a digital caliper by two examiners and repeated one week later. Measurement values were tested for normal distribution by Kolmogorov-Smirnov test. The Student´s t-test for paired samples (5% level of significance) was used for comparisons. The inter-examiner variability was assessed by the coefficient of Lin. The results showed no statistical difference (p > 0.05) between measures of virtual images and their respective biomodels, with a strong correlation between examiners for both virtual (0.9975) and biomodels (0.9972) measurements. Key Words - Rapid prototyping; Biomodels; Virtual models; Surgery. *Doutorando em Implantodontia – USC/Bauru. **Mestranda em Radiologia Odontológica – FOP-Unicamp. ***Doutoranda em Medicina Dentária – Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto/Portugal – FMDUP. ****Doutor em Engenharia Mecânica – UFSC. *****Doutor em Odontologia – UFBA, Professor Associado – UFBA. ******Doutora em Estomatologia – PUC-RS, Professora Associada – UFBA. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):161-6 161 Safira LC • Bastos LC • de Oliveira TB • Beal VE • de Azevedo RA • Sarmento VA Introdução Material e Métodos A crescente busca pela excelência em diagnóstico e tratamento das alterações do complexo bucomaxilofacial tem se tornado um grande desafio para os cirurgiõesdentistas. Neste sentido, a incorporação de modernas tecnologias aos exames imaginológicos e no planejamento de terapêuticas avançadas, como as cirurgias reconstrutivas e com implantes, tem assumido uma posição de destaque no ramo da biotecnologia. Uma dessas inovações é a prototipagem rápida (PR), que a partir do sistema CAD (Computer Aided Design) usa as imagens de exames por tomografia computadorizada (TC) e cria modelos tridimensionais virtuais1-3. Este arquivo é enviado a uma estação de PR, que utiliza o sistema CAM (Computer Aided Manufacturing) e constrói fisicamente o objeto projetado, que na área da saúde é denominado biomodelo4. Uma das técnicas disponíveis comercialmente é a impressão tridimensional (3DP), que funciona como uma impressora que dispersa um agente aglutinante líquido sobre um gesso em pó, construindo os biomodelos camada por camada de maneira incremental5. Esta tecnologia tem como vantagens: possibilidade de gerar protótipos coloridos (permitindo melhor análise de estruturas vasculares, por exemplo), menor tempo de produção do biomodelo e custo mais acessível6. Desse modo, esta tecnologia surge para tornar os protótipos biomédicos mais acessíveis em procedimentos cirúrgicos específicos, em vista do seu potencial de redução de custos para os serviços públicos de saúde de países em desenvolvimento7. A obtenção de biomodelos permite um diagnóstico mais preciso e, consequentemente, melhor planejamento em cirurgias reconstrutivas, ortognáticas, de distrações osteogênicas e da articulação temporomandibular 7-8. Dentre outras vantagens, destacam-se a diminuição do tempo cirúrgico, com consequente diminuição do tempo de anestesia, e melhor resultado estético e funcional, devido à possibilidade de mensuração e modelagem prévia de peças substitutivas nos protótipos personalizados5,9-10. Entretanto, a confecção dos protótipos é um procedimento extremamente complexo, pois envolve muitas etapas (exame imaginológico, processamento das imagens, manufatura) e cada uma delas pode ser fonte de distorções e erros geométricos11-12. Poucos são os estudos que avaliam a precisão desses biomodelos e orientam o profissional quanto à sua correta indicação, principalmente quando precisão milimétrica é necessária, como no caso da Implantodontia. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar a fidelidade dos biomodelos de PR da técnica 3DP através de mensurações lineares superficiais, comparando-as com essas mesmas medidas aferidas nos seus respectivos modelos tridimensionais virtuais. Após aprovação do projeto pelo comitê de ética do Hospital Santo Antônio - Obras Assistenciais Irmã Dulce (número de registro: 35/07), foram selecionados quatro exames de TC helicoidal de pacientes portadores de neoplasias odontogênicas dos maxilares. Os exames foram realizados no mesmo aparelho (TC Helicoidal – Somaton Emotion, Siemens AG, Muenchen, Germany) em uma clínica de radiologia particular da cidade de Salvador/BA. As imagens foram obtidas com o paciente em posição supina, com filtro para osso e sem uso de contraste organoiodado endovenoso. Os cortes axiais (1,0 x 1,0 mm) da maxila estavam paralelos ao palato duro e os da mandíbula paralelos à base da mesma, sendo que toda a extensão de maxila ou mandíbula foi incluída no exame. Após a aquisição dos cortes, as imagens foram salvas em CD-ROM no formato Dicom. 162 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):161-6 A obtenção de biomodelos permite um diagnóstico mais preciso e, consequentemente, melhor planejamento em cirurgias reconstrutivas, ortognáticas, de distrações osteogênicas e da articulação temporomandibular7-8. Dentre outras vantagens, destacam-se a diminuição do tempo cirúrgico, com consequente diminuição do tempo de anestesia, e melhor resultado estético e funcional, devido à possibilidade de mensuração e modelagem prévia de peças substitutivas nos protótipos personalizados5,9-10. Trabalho de Pesquisa Caderno Científico QUADRO 1 - DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS FEITAS NOS MODELOS VIRTUAIS E BIOMODELOS DAS MANDÍBULAS Medidas aferidas nas mandíbulas - MED 1 – Distância intercondilar: distância entre os pontos Co direito e esquerdo. - MED 2 - Comprimento do corpo direito: distância entre os pontos Go e Me do lado direito. - MED 3 - Comprimento do corpo esquerdo: distância entre os pontos Go e Me do lado esquerdo. - MED 4 - Comprimento mandibular efetivo direito: distância entre os pontos Co e Pog do lado direito. - MED 5 - Comprimento mandibular efetivo esquerdo: distância entre os pontos Co e Pog do lado esquerdo. - MED 6 - Distância intergoníaca: distância entre os pontos Go direito e esquerdo. - MED 7 - Distância intercanina: distância entre as faces distais dos caninos. - MED 8 - Distância entre os forâmenes mentonianos. - MED 9 - Menor espessura da mandíbula do lado esquerdo. - MED 10 - Menor espessura da mandíbula do lado direito. - MED 11 - Maior largura do ramo esquerdo. - MED 12 - Maior largura do ramo direito. - MED 13 - Altura do ramo direito: distância entre os pontos Co e Go do lado direito. - MED 14 - Altura do ramo esquerdo: distância entre os pontos Co e Go do lado esquerdo. - MED 15 - Altura da sínfise: da crista óssea mediana até a base da mandíbula. - MED 16 - Distância entre o forâmen mentual e a base da mandíbula do lado direito. - MED 17 - Distância entre o forâmen mentual e a base da mandíbula do lado esquerdo. - MED 18 - Distância entre o forâmen mentual e a crista mesial do 2º pré-molar do lado direito. - MED 19 - Distância entre o forâmen mentual e a crista mesial do 2º pré-molar do lado esquerdo. Co: condílio, Go: gônio; Me: mentoniano; Pog: pogônio. QUADRO 2 - DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS FEITAS NO MODELO VIRTUAL E BIOMODELO DA MAXILA Medidas aferidas na maxilla - MED 1 - Largura interzigomática: distância entre os pontos Zi direito e esquerdo. - MED 2 - Largura da maxila: distância entre os pontos Tu direito e esquerdo. - MED 3 - Distância entre os pontos SFZ direito e esquerdo. - MED 4 - Largura da abertura piriforme: distância entre os pontos AP direito e esquerdo. - MED 5 - Distância entre os pontos mais inferiores das bordas inferiores das órbitas. - MED 6 - Distância entre o ponto mais inferior da borda inferior da órbita e o ponto Zi do lado direito. - MED 7 - Distância entre o ponto mais inferior da borda inferior da órbita e o ponto Zi do lado esquerdo. - MED 8 - Distância entre os pontos Zi direito e esquerdo numa vista basal. Zi: ponto mais lateral da borda do arco zigomático; Tu: ponto situado na extremidade lateral do túber da maxila; SFZ: ponto mais interno da borda medial da sutura frontozigomática; AP: ponto situado na extremidade lateral da abertura piriforme. TABELA 1 - DIFERENÇA MÉDIA ENTRE AS MEDIDAS DOS MODELOS VIRTUAIS E DOS BIOMODELOS PARA CADA AVALIADOR Avaliador Diferença média (mm) Diferença média (%) Valor de p 1 + 0,25 0,49 0,61 2 + 0,62 1,22 0,26 Obs.: o sinall ((+)) signififica que as medidas Ob d d ddo bbiomodelo d l fforam maiores ddo que as ddo modelo d l virtual.l As imagens foram levadas ao laboratório de PR do Senai-Cimatec (BA), onde foram convertidas em arquivos STL, através do programa 3D Doctor. Em seguida, os biomodelos foram plotados em uma máquina de PR (ZPrint-ZCorp), pelo sistema 3DP, que tem como matéria-prima um pó à base de gesso e amido e um líquido aglutinante presente em um reservatório. O método de construção dos biomodelos é incremental (em camadas de 0,1 mm). Sobre cada camada de pó que é depositada, uma camada de aglutinante é aplicada em pontos nos quais o modelo virtual correspondia à estrutura a ser construída, funcionando de forma semelhante a uma impressora que dispersa jatos de tinta. Em seguida, a plataforma é ligeiramente abaixada, uma nova camada de pó é adicionada sobre a camada anterior e o processo se repete até a finalização da peça. O pó que continua solto permanece na plataforma para dar suporte ao protótipo. Após a plotagem, os biomodelos foram removidos da máquina cuidadosamente. O excesso de pó foi removido com um pincel e um aspirador apropriados. Nessa etapa, cuidados de biossegurança foram adotados pelos operadores no intuito de evitar a aspiração do pó. Em seguida, procedeu-se à cobertura dos biomodelos com uma camada de cianocrilato líquido, no intuito de impermeabilizá-los e aumentar a resistência e a durabilidade das peças. As medidas nos modelos virtuais foram realizadas através da régua eletrônica do programa 3D Doctor. Já as medidas sobre os biomodelos foram tomadas com um paquímetro eletrônico digital (série 727 - Starrett Indústria e Comércio Ltda., Itu – São Paulo). Foram realizadas medidas lineares horizontais e verticais sobre a superfície dos biomodelos, específicas para mandíbula (Quadro 1) e maxila (Quadro 2), levando em consideração pontos anatômicos preestabelecidos. As medidas foram realizadas duas vezes, com um intervalo de sete dias entre as aferições, por dois examinadores calibrados. Os dados foram anotados em fichas específicas para posterior análise. Primeiramente, testou-se a aderência dos dados obtidos à distribuição normal pelo teste de Kolmogorov e Smirnov e então foi aplicado o teste t Student para amostras pareadas, com probabilidade de erro de 5%. Para testar a variabilidade interexaminador foi utilizado o coeficiente de Lin, para a mesma probabilidade de erro. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):161-6 163 Safira LC • Bastos LC • de Oliveira TB • Beal VE • de Azevedo RA • Sarmento VA Resultados Neste estudo foram avaliadas quatro imagens virtuais e quatro biomodelos, sendo três de mandíbula e um de maxila (Figuras 1 a 4). As distâncias lineares entre pontos anatômicos específicos (Figuras 5 e 6) foram mensuradas, tanto nas reconstruções tridimensionais virtuais quanto em seus respectivos biomodelos, sendo 19 medidas nas mandíbulas e outras oito medidas na maxila. Foram calculadas as médias entre as duas aferições de cada avaliador e os dados obtidos submetidos à análise estatística. Inicialmente, compararam-se as medidas obtidas dos biomodelos e de seus correspondentes modelos virtuais (Tabela 1). Para o avaliador 1, a diferença entre as duas peças foi em média de 0,25 mm (0,49%) e para o avaliador 2, essa diferença foi de 0,62 mm (1,22%), sendo que o biomodelo foi ligeiramente maior que o modelo virtual em todos os casos. Essa comparação não demonstrou diferença estatística para nenhum dos avaliadores (avaliador 1: p = 0,61 e avaliador 2: p = 0,26), o que indica grande similaridade dimensional entre o modelo tridimensional virtual e o biomodelo real. Figuras 1 a 4 Exemplos de modelos tridimensionais e seus respectivos biomodelos de prototipagem rápida utilizados no estudo. Figura 5 Pontos anatômicos na mandíbula – Co: condílio; Go: gônio; Me: mentoniano; Pog: pogônio. 164 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):161-6 Figura 6 Pontos anatômicos na maxila – SFZ: ponto mais interno da borda medial da sutura frontozigomática; Zi: ponto mais lateral da borda do arco zigomático; AP: ponto situado na extremidade lateral da abertura piriforme; Tu: ponto situado na extremidade lateral do túber da maxila. Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Figura 7 Diagrama de dispersão da variabilidade interexaminador para as medidas obtidas dos modelos virtuais (coeficiente de correlação de concordância = 0,9975). Comparando-se os dois avaliadores entre si (Figuras 7 e 8), foi observada forte correlação tanto para as medidas virtuais (0,9975) quanto para as medidas nos biomodelos (0,9972). Tais resultados demonstram a reprodutibilidade do método de aferição. Discussão A maioria dos trabalhos que estudou a precisão dos biomodelos da região craniofacial utilizou a tecnologia de Estereolitografia, que se baseia na fotopolimerização de uma resina líquida. Um estudo13 comparou medidas de modelos virtuais e de seus respectivos biomodelos estereolitográficos e concluiu que ambos reproduziram com sucesso as estruturas cranianas complexas. Utilizando o crânio seco como padrão ouro, a média de erro para o modelo virtual foi de 2,16% e para o biomodelo 0,63%, sendo que as mensurações no crânio foram obtidas mais facilmente do que aquelas realizadas no protótipo. Para os autores, a contração de polimerização da resina, no momento da confecção do biomodelo, e os erros inerentes à etapa de mensuração podem interferir na precisão final. Do mesmo modo, em outro trabalho foram observadas variações dimensionais de 0,65% para o modelo virtual e uma diferença menor (0,56%) para o biomodelo obtido pela mesma tecnologia, quando comparados ao crânio seco14. Autores15 avaliaram a fidelidade de biomodelos obtidos pela técnica de Sinterização Seletiva a Laser, onde se utiliza um raio laser para fundir, de forma seletiva, materiais pulverulentos, tais como náilon, elastômeros e metais, em um objeto sólido. Os autores compararam as medidas aferidas nos biomodelos com aquelas obtidas nos modelos virtuais e demonstraram uma alteração di- Figura 8 Diagrama de dispersão da variabilidade interexaminador para as medidas obtidas dos biomodelos (coeficiente de correlação de concordância= 0,9972). mensional de 0,64%. Ainda que aparentemente pequena, eles consideraram esta variação significativa e atribuíram o erro ao tamanho do voxel, à segmentação das imagens, às mensurações no modelo e à resolução dimensional do processo de fabricação. No entanto, assim como no presente trabalho, o crânio seco não foi utilizado como padrão ouro, o que por sua vez já pode ter originado alterações em relação às dimensões do crânio original. As pesquisas direcionadas aos processos de impressão tridimensional são mais recentes e não foram encontrados, na literatura consultada, trabalhos que compararam dimensionalmente os biomodelos 3DP com seus correspondentes virtuais. As discrepâncias aqui encontradas, no entanto, são semelhantes às dos estudos que utilizaram outras técnicas de plotagem, como descrito. Pôde-se notar que as dimensões aferidas nos biomodelos foram superiores às dos modelos virtuais, fato este que pode estar associado a problemas no momento de segmentação de imagens. Isso porque pode ser produzido no biomodelo um periósteo mais espesso, o que aumenta as distâncias entre dois pontos externos (isto é denominado de efeito dumb-bell)16. Desde o exame de tomografia até a confecção do biomodelo, distorções podem ser geradas. Definir o momento exato em que as distorções ocorreram, na presente metodologia, não é possível. Neste estudo foram comparadas apenas as reconstruções tridimensionais virtuais com os biomodelos. Para esses dois produtos, erros podem ser produzidos no processamento das imagens ou na manufatura do modelo. A segmentação das imagens durante a construção virtual do modelo tridimensional é um momento crítico do processamento e, geralmente, é realizada de forma subjetiva pelo operador. Para deixar o processo ainda REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):161-6 165 Safira LC • Bastos LC • de Oliveira TB • Beal VE • de Azevedo RA • Sarmento VA mais complexo existem diferentes técnicas de segmentação que precisam ser avaliadas. Da mesma forma, definir os parâmetros da fabricação do modelo é muito importante. Assim, as ferramentas de suavização e refinamento superficiais precisam ser testadas. Adicionalmente, as técnicas de plotagem podem trazer erros adicionais. O próprio fabricante da máquina de PR ZCorp indica que existe distorção de 1,0 mm para mais no eixo Y (sentido vertical), inerente ao processo de construção do biomodelo17. Assim, estudos adicionais são necessários. Quanto ao impacto dessas discrepâncias em diagnóstico e planejamento terapêutico dos pacientes, estima-se que para a região craniofacial, uma variação dentro de 1,0 a 2,0 mm de espessura ofereça uma qualidade de imagem satisfatória, situando-se dentro dos limites de segurança para o paciente, em termos de dose de radiação14,16. Para outros autores, uma variação de erro de 2% é aceitável e os biomodelos podem ser usados no diagnóstico e na comunicação com o paciente durante o planejamento cirúrgico de traumas e grandes deformidades faciais13. Essa diferença é irrelevante para a maioria dos propósitos em cirurgia bucomaxilofacial, porém, para a Implantodontia, devem ser observadas cautelosamente. Referências 1. Gorni AA. Introdução à prototipagem rápida e seus processos. Disponível em: <http:// www.gorni.hpg.ig.com.br/protrap.htm>. Acesso em: 10 de dezembro de 2009. 2. Jardini ALM, Maciel R, Scarparo MAF, Andrade SR, Moura LFM. Improvement of the spatial resolution of prototypes using infrared laser stereolithography on thermosensitive resins. J Mater Process Technol 2006;172:104-9. 3. Winder J, Bibb R. Medical Rapid Prototyping Techinologies: State of the Art and Current Limitations for Application in Oral and Maxillofacial Surgery. J Oral Maxillofac Surg 2005;63:1006-15. 4. 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Cunningham JR, Madsen MJ, Peterson G. Stereolithographic modeling Technology 166 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):161-6 Conclusão De acordo com a metodologia empregada, não houve diferença significante entre as medidas dos modelos tridimensionais virtuais e dos biomodelos. O método de aferição se mostrou adequado, pois houve forte correlação entre os avaliadores para ambos os tipos de medidas. Agradecimentos: ao Senai-Cimatec pela disponibilização do laboratório de PR. À Fapesb pelo apoio financeiro. Recebido em: ago/2010 Aprovado em: dez/2010 Endereço para correspondência: Luana Costa Bastos – FOP-Unicamp Av. Limeira, 901 – Bairro Areião 13414-903 – Piracicaba – SP [email protected] applied to Tumor Resection. J Oral Maxillofac Surg 2005;63:873-9. 10. Wagner JD, Baack B, Brown GA, Kelly J. Rapid 3-Dimensional Prototyping for Surgical Repair of Maxillofacial Fractures: A technical Note. J Oral Maxillofac Surg 2004;62:898-901. 11. Foggiatto JA. 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A literatura descreve para a solução destes casos a utilização de técnicas de enxertia e distração osteogênica para aumento da disponibilidade óssea, instalação de implantes transmandibulares ou a utilização de implantes curtos. Contudo, as reabilitações protéticas suportadas por implantes curtos têm apresentado resultados excelentes e morbidade reduzida frente às demais técnicas. O presente artigo refere-se a um caso clínico de mandíbula severamente atrofiada com cerca de 6,5 mm de altura entre os forâmenes mentuais, na qual foram instalados dois implantes curtos na região interforaminal para a reabilitação com overdenture retida por barra clip. Unitermos - Atrofia; Maxilares; Implantes. ABSTRACT The solution for mandibular atrophy cases has been a great challenge for Implantology regarding rehabilitation of edentulous mandibles. This paper reports an extreme mandibular atrophic bone with 6.5 mm of height between the mental foramina. The literature describes augmentation techniques with grafts, distraction osteogenics, transmandibular, or short dental implants. However, prosthetic-surgical rehabilitation with short-implants has been associated to good success rates and reduced morbidity compared to other techniques. This clinical case reports the installation of two short dental implants between the mental foramina for rehabilitation of an atrophic mandible with a bar-clip prosthesis. Key Words - Atrophy; Jaws; Dental implants; Bar-clip; Implant-supported prosthesis. *Mestranda – Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ – área de concentração: Clínica Odontológica; Especialista em Implantodontia – Associação Brasileira de Odontologia – ABO/RJ. **Mestre em Implantodontia – CPO São Leopoldo Mandic/Campinas; Especialista em Implantodontia – Universidade Gama Filho/RJ; Coordenador do curso de Especialização em Implantodontia – Associação Brasileira de Odontologia ABO/RJ. ***Mestre em Implantodontia – CPO São Leopoldo Mandic/Campinas; Coordenador do curso de Especialização em Implantodontia – Unifoa/RJ; Professor dos cursos de Especialização em Implantodontia – ABO/RJ; Universidade Veiga de Almeida/RJ. ****Mestre em Odontologia – Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ; Especialista em Prótese Dentária – Associação Brasileira de Odontologia ABO/RJ. *****Doutora em Periodontia – Universidade de Boston; Professora associada – Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):169-72 169 da Silva AAP • Höhn A • Teixeira MF • Ferreira V • Barboza E Introdução e Proposição A reabilitação de áreas edêntulas teve uma evolução com o advento da Implantodontia. Contudo, o tratamento depende da disponibilidade óssea da região a ser implantada, que rotineiramente está diminuída em casos de severa atrofia dos maxilares1. Com a altura óssea perdida, surge um problema que frequentemente limita a instalação dos implantes osseointegráveis, principalmente nas regiões posteriores dos maxilares, pois a presença do canal mandibular e do seio maxilar reduzem ainda mais a disponibilidade de altura óssea para os implantes2. A perda dentária resulta na reabsorção do processo alveolar e, em estágios mais avançados, pode ocorrer também a reabsorção do osso basal. Os rebordos mandibulares severamente reabsorvidos (< 7 mm) são de difícil reabilitação por meio de próteses totais mucossuportadas, principalmente devido à falta de retenção, disfunções mastigatórias, perda de tecido mole e dor por excesso de carga sobre a mucosa3. Com isso, há necessidade de se restaurar a função mastigatória dos rebordos mandibulares severamente reabsorvidos através de uma intervenção cirúrgica e protética4. No passado, diferentes técnicas cirúrgicas eram adotadas na reabilitação de mandíbulas severamente atróficas, dentre elas: sulcoplastia, enxertos onlay, osteotomia tipo sanduíche e enxertia do bordo inferior da mandíbula. Embora esses procedimentos proporcionassem inicialmente retenção protética, ao receberem função, os enxertos eram rapidamente reabsorvidos. Posteriormente, na tentativa de se evitar enxertos ósseos de mandíbulas atróficas, desenvolveu-se o sistema de implantes transmandibulares de Bosker5. Contudo, complicações como infecções, fratura estrutural dos implantes e altas taxas de fratura mandibular foram relatadas nos casos de severa atrofia6-8. Atualmente, tratamentos cirúrgicos como a enxertia de blocos ósseos autógenos e a distração osteogênica antes da instalação de implantes osseointegráveis são alternativas utilizadas na reconstrução de mandíbulas severamente reabsorvidas9-10. Na literatura, taxas de sucesso de 88% a 100% foram obtidas em reconstruções mandibulares com enxertia autógena seguida de implantes dentários3. No entanto, complicações significantes podem ocorrer após procedimentos de enxertia mandibular, tais como: distúrbios sensoriais do nervo mentoniano, deiscências, infecções na área enxertada e morbidade da área doadora9. Um estudo avaliou 45 pacientes com mandíbulas edêntulas atróficas tratados com distração osteogênica vertical, seguida de implantes osseointegráveis, e concluiu que a técnica é extremamente delicada com alto risco de complicações, tais como: deiscência de mucosa, fratura mandibular, perda de implantes e diminuição da altura óssea residual, sendo ainda contraindicada quando a altura óssea residual é menor que 10 mm10. 170 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):169-72 Procedimentos cirúrgicos utilizando implantes curtos são uma alternativa capaz de proporcionar retenção protética em casos de severa reabsorção mandibular e morbidade inferior aos procedimentos de enxertia óssea e distração osteogênica11. Entretanto, na literatura é relatado que se obtém melhor resultado na utilização dos implantes osseointegráveis quando o maior contato possível entre a área total da superfície do implante e o osso alveolar é alcançado, por isso, há procura por implantes maiores tanto em comprimento quanto em diâmetro12-13. Estudos com implantes 10 mm não apresentaram diferenças estatísticas em relação a implantes maiores. Os implantes curtos foram considerados sucesso após nenhuma evidência clínica ou radiográfica ser detectada, o que aprova o uso dos implantes curtos usinados e também os de superfície tratada14-16. Na avaliação de sucesso de implantes curtos em mandíbulas atrofiadas associados à overdenture implantorretida, uma taxa de sucesso de 88% foi obtida17 e os autores concluíram que a simplicidade relativa e a baixa morbidade do tratamento justificam o uso dos implantes curtos nesses casos11,17-18. Além disso, um estudo de revisão da literatura em implantes curtos concluiu que a utilização desses implantes como suporte em diversos tipos de reabilitações protéticas possui uma previsibilidade comparável a de implantes mais longos, apresentando uma taxa média de sucesso de 95,82% e diminuindo a necessidade de cirurgias de maior complexidade, o que facilita a fase cirúrgica e a torna menos dispendiosa19. O objetivo desse trabalho foi descrever um caso clínico de uma paciente com rebordo mandibular severamente reabsorvido, tratado sem enxerto ósseo em bloco, usando implantes curtos e prótese tipo overdenture retida por barra clip. Relato de Caso Clínico Paciente IGC, gênero feminino, 75 anos, compareceu à clínica do curso de especialização em Implantodontia Oral da Associação Brasileira de Odontologia – ABO/RJ, relatando insatisfação com suas próteses totais e queixa principal relacionada à sua prótese inferior, que totalmente sem retenção e suporte não possibilitava sua alimentação adequada, segurança à fonética e convívio social e, ainda pior, causava dor. Ao exame clínico, observou-se o reduzido suporte do rebordo inferior (Figura 1). Para que fosse possível planejar um trabalho que pudesse melhorar sua qualidade de vida, foi solicitada uma tomografia computadorizada mandibular tipo cone-beam. Após análise tomográfica cuidadosa, constatou-se que a paciente apresentava um quadro de reabsorção severa da mandíbula. As regiões marcadas no guia tomográfico mostraram uma altura óssea intracortical de cerca de Relato de Caso Clínico Caderno Científico 6,5 mm e diâmetro de cerca de 13 mm (Figura 2). Alternativas para a solução do caso foram consideradas: cirurgia de enxertia mandibular prévia à cirurgia de implantes, ou instalação de implantes curtos. Em função da idade avançada da paciente e dos bons resultados encontrados na utilização de implantes curtos, foi descartada qualquer tentativa de enxertia, optando-se então pela instalação de implantes curtos. Após análise dos exames laboratoriais pedidos à paciente, observou-se taxas de normalidade em hemograma e coagulograma, permitindo a abordagem cirúrgica a nível ambulatorial para a instalação de dois implantes Titamax Cortical WS Cone Morse Neodent de 5 x 5 mm, mantendo a cortical óssea inferior a fim de evitar riscos de fratura mandibular. No período pós-operatório, a paciente foi orientada a manter uma alimentação de consistência macia durante o período de cicatrização. Em seguida, transcorrido o período de quatro meses de maturação óssea, foi realizada a reabertura dos implantes (Figuras 3 e 4) e iniciado os procedimentos protéticos para a confecção de uma over- Alternativas para a solução do caso foram consideradas: cirurgia de enxertia mandibular prévia à cirurgia de implantes, ou instalação de implantes curtos. Em função da idade avançada da paciente e dos bons resultados encontrados na utilização de implantes curtos, foi descartada qualquer tentativa de enxertia, optando-se então pela instalação de implantes curtos. Figura 1 Foto do caso clínico inicial: ausência dos dentes inferiores, com reduzido suporte do rebordo inferior (vista frontal). Figura 2 Tomografia: as regiões marcadas no guia tomográfico mostram uma altura óssea intracortical de cerca de 6,5 mm e diâmetro de cerca de 13 mm. Figura 3 Foto após uma semana da reabertura dos implantes. Figura 4 Foto dos implantes com os cicatrizadores. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):169-72 171 da Silva AAP • Höhn A • Teixeira MF • Ferreira V • Barboza E Figura 5 Foto aproximada da vista interna da prótese inferior com o clip. Figura 6 Foto da vista frontal da instalação das próteses totais superior (mucossuportada) e inferior (retenção por barra clip). denture inferior com retenção por meio de barra clip e uma nova prótese total superior mucossuportada (Figuras 5 e 6). Este tratamento foi realizado de forma simples e segura, devolvendo à paciente significativa melhora de qualidade de vida. Atualmente, a paciente encontra-se em pós-operatório de dez meses, muito satisfeita com o resultado do tratamento realizado. O sucesso de implantes curtos associados à overdenture implantorretida em mandíbulas atrofiadas teve uma taxa de sucesso de 88%17 e devido à simplicidade relativa e menor morbidade do tratamento em relação aos procedimentos mais invasivos mencionados3,5,10, os implantes curtos têm sido empregados nesses casos11,17-18. Conclusão Discussão Ao longo do estudo da reabilitação de áreas edêntulas em casos de severa atrofia dos maxilares, diversas técnicas cirúrgicas – sulcoplastia, enxertos onlay, osteotomia tipo sanduíche, enxertia do bordo inferior da mandíbula, instalação de implantes transmandibulares de Bosker5, enxertia de blocos ósseos autógenos e a distração osteogênica antes da instalação de implantes osseointegráveis3,10 – começaram a ser atualmente substituídas pelo uso de implantes curtos11,17-18, pois, segundo estudos, estes implantes não apresentam taxas de sucesso com diferenças estatísticas significantes em relação aos implantes maiores14-16,19. Referências 1. Brånemark PI, Breine U, Adell R, Hansson BO, Lindström J, Olsson A. Intra-osseus Anchorage of dental protheses. Experimental studies. Scand J Plast Reconstr Surg 1969;3:81-100. 2. Bernstein S, Cooke J, Fotek P, Wang HL. Vertical bone augmentation: where are we now? Implant Dent 2006;15(3):219-28. 3. 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Lopes N, Oliveira DM, Vajgel A, Pita I, Bezerra T, Vasconcellos RJH. A New Approach for Reconstruction of a Severely Atrophic Mandible. J Oral Maxillofac Surg 2009;67:2455-9. 12. Misch CE, Perel ML, Wang HL, Sammartino G, Galindo-Moreno P, Trisi P et al. Implant success, survival, and failure: the International Congress of Oral Implantologists (ICOI) Pisa Consensus Conference. Implant Dent 2008;17(1):5-15. 13. Lee JH, Frias V, Lee KW, Wrigth RF. Effect of implant size and shape on implant success rates. A literature review. IN: Misch C.E. Prótese sobre implantes. Editora Santos; 2006.p.14. 14. Deporter D, Piliar RM, Todescan R, Watson P, Pharoah M. Managing the posterior mandible of partially edentulous patients with short, porous-surfaced dental implants: early data from a clinical trial. Int J Oral Maxillofac Implants 2001;16(5):653-8. 15. Tawil, G, Younan R. Evaluation of short, machined surface implants followes for 12 to 92 months. 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Relato de Caso Clínico Caderno Científico A importância do preparo cirúrgico com enxertos e das técnicas para confecção de próteses em abordagem de casos nas regiões estéticas The importance of surgical grafting procedures and prosthetic techniques in the esthetic zone – a case report Cladis Tomaselli* Ivete A. de Mattias Sartori** Rogéria A. Vieira*** José Renato de Souza**** Sidney Sato Oku***** Marcelo Schulz****** RESUMO A introdução da técnica de implantes osseointegrados, proposta por Brånemark, trouxe muitas mudanças no tratamento de pacientes edêntulos. Considerando-se que além da função, o resultado estético é um objetivo buscado pelos pacientes, surgiram diversas técnicas para este fim. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi analisar algumas técnicas para obtenção de estética em segmento anterior, associado à instalação posterior de implante. Por meio de um caso clínico apresenta-se a utilização de técnica para aumentar volume ósseo, melhorando o posicionamento do implante em relação aos demais dentes e obtendo-se, ao final, uma restauração em harmonia com o conjunto. Unitermos - Implante dentário; Estética; Reabilitação na zona estética. ABSTRACT The introduction of osseointegrated implants according to Brånemark´s protocol brought many changes in the treatment of edentulous patients. Besides function, the aesthetic result is highly-desired by patients, and thus several techniques have been developed. The aim of this paper is to analyze some techniques to achieve esthetics in anterior zone, associated to implants already in function. The technique increases bone volume, improving implant position related to adjacent teeth, for an harmonious final result. Key Words - Dental implants; Esthetics; Rehabilitation in the esthetic zone. *Especialista em Implantes Dentários – ABO/Curitiba/PR; Especialista em Periodontia – EAP-ABO/Florianópolis/SC; Atuação em clínica privada – Schroeder/SC. **Mestre e doutora em Reabilitação Oral – USP; Professora dos cursos de Especialização em Implantes – Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico (Ilapeo) e ABO/Curitiba/PR; Coordenadora do curso de Mestrado –Ilapeo/Curitiba/PR. ***Especialista em Implantes Dentários e mestranda em Implantodontia – Ilapeo/Curitiba/PR. ****Especialista, mestre e doutorando em Implantodontia – São Leopoldo Mandic; Coordenador dos cursos de Implantodontia – Ilapeo/Curitiba/PR e ABO/Curitiba/PR. *****Especialista em Implantes Dentários – ABO/Curitiba/PR; Especialista em Prótese Dentária. ******Especialista em Implantes Dentários – ABO/Curitiba/PR. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):175-81 175 Tomaselli C • Sartori IAM • Vieira RA • de Souza JR • Oku SS • Schulz M Introdução segundo estudo, está relacionada com a distância do ponto de contato até a crista óssea em dentes naturais9. Este estudo foi importante para que se entendesse o diagnóstico da área antes da instalação dos implantes, ajudando a traçar prognósticos e a indicar ou não as técnicas de reconstruções. No entanto, outros fatores também se mostram importantes, como: análise do espaço a ser reabilitado, análises intraorais e análises faciais. Considerando que o número de pacientes que buscam reabilitações com implantes osseointegrados é muito grande e que a expectativa estética é cada vez mais alta, este trabalho foi idealizado com o objetivo de, através de descrição de um caso clínico, considerar as diferentes técnicas relatadas para reabilitar áreas desdentadas em segmentos anteriores com envolvimento estético. A Implantodontia iniciada por Brånemark, com o objetivo principal de reabilitar desdentados totais, passou por várias mudanças à medida em que foi se consolidando como prática clínica confiável e sendo utilizada em todas as partes do mundo1. Trabalhos de acompanhamentos de casos parciais e unitários mostraram altos índices de sucessos, assim como os acompanhamentos de casos de arcos totais. A consolidação da técnica como opção de tratamento viável a todos os tipos de reabilitação, associada ao alto grau de exigência estética que está sempre presente nos casos parciais, fez com que a obtenção de coroas com aparências totalmente naturais passasse a ser um fator determinante na avaliação do sucesso da técnica1. A primeira restauração unitária sobre um implante ad modum Brånemark, para a substituição unitária de dente perdido, foi no final de 19832. A instalação de implantes unitários, apesar de aparentemente simples, é uma modalidade de tratamento bastante desafiadora2-3. Para que um bom resultado seja alcançado, os tecidos moles e duros que circundam a restauração necessitam ser saudáveis em vários aspectos, incluindo qualidade, espessura, quantidade de tecido ósseo e gengival, bem como a presença de papila e ausência de qualquer inflamação para que possa exibir harmonia com a prótese definitiva4. Técnicas para aumento de tecido duro e mole surgiram para ajudar a garantir melhores resultados estéticos5-6. Os enxertos ósseos são indicados visando, além do preenchimento da área, um correto posicionamento do implante, principalmente no sentido vestíbulo lingual2. Já enxertos de tecido conjuntivo visam o aumento de mucosa ceratinizada7, aumentando também o volume gengival3. A manutenção da altura de margem gengival e papilas interdentais é de grande importância para a harmonia do resultado estético final8. Mudanças da morfologia da papila interdental podem acarretar comprometimento estético e psicológico em casos de reabilitação, especialmente, com o uso de implantes1. A presença ou a ausência de papila interproximal, Uma paciente de 29 anos, sexo feminino, raça branca, não fumante, sistemicamente saudável, procurou atendimento no Curso de Especialização em Implantodontia da ABO/Curitiba em 31 de março de 2007, para corrigir estética inadequada da região superior anterior. Havia ausência do dente 11 e o mesmo estava substituído por uma prótese adesiva confeccionada com uma faceta de dente de estoque unida aos dentes vizinhos com resina (Figuras 1 e 2). Este trabalho deixava a paciente muito insegura e constrangida, pois o mesmo soltava com frequência. Observou-se, ao exame clínico, coroa total em acrílico nos dentes 21 e 22 e o dente 12 com a coroa clínica escurecida. O conjunto não proporcionava harmonia estética. Nos movimentos cursivos da mandíbula, observamos guia canino bilateral e no movimento de protrusão ausência de contatos nos dentes 11, 21 e 22. Avaliando-se o contorno gengival, vimos presença de depressão no sentido vertical na área edêntula (Figura 3). A paciente estava decidida a mudar a aparência de seus dentes anteriores. Para o planejamento, foram obtidos os modelos de estudo, radiografia periapical (Figura 4) e panorâmica (Figura 5). Foi planejado um enxerto ósseo onlay para minimizar a depressão vertical da região 11, instalação Figura 1 Situação inicial. Figura 2 Vista anterior inicial. 176 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):175-81 Relato de Caso Clínico Relato de Caso Clínico Caderno Científico posterior de implante no local e posterior confecção de coroas metalocerâmicas nos quatro dentes anteriores. Este planejamento foi aceito pela paciente. O enxerto foi executado, sendo a área doadora o osso do ramo ascendente esquerdo da mandíbula, pela maior quantidade óssea existente no local. O bloco ósseo foi fixado à maxila com um parafuso de 12 mm (Neodent, Curitiba, Brasil), Figura 6. Após seis meses foi executada a instalação de um implante titamax cone-morse de 3,75 x 11 mm (Neodent, Curitiba, Brasil, lote 2765293), pela qualidade óssea presente no local10 (Figura 7). A estabilidade inicial aferida pela catraca torquímetro foi de 45 Ncm. Foi instalado um cicatrizador de 2,5 mm de altura e 4,5 mm de diâmetro (Neodent, Curitiba, Brasil, lote 2652739), Figura 8, e o dente foi novamente fixado aos vizinhos com resina fotoativada. Após o período de seis meses de espera para a osseointegração, moldou-se a cabeça do implante para personalização de um munhão universal de parafuso passante previamente selecionado (2,5 mm de altura de transmucoso e porção coronária de 6 mm de altura e 4,5 mm de diâmetro – Neodent, Curitiba, Brasil, lote 2936527). Confeccionou-se sobre este munhão um guia para instalação em boca (Figura 9). Após instalado em boca, obteve-se uma radiografia periapical para saber se o mesmo estava a uma distância recomendada do tecido ósseo (Figura 10). Obtendo-se um resultado favorável, o mesmo recebeu o torque recomendado pelo fabricante; que é de 10 Ncm utilizando a catraca torquímetro protética da mesma empresa (Figura 11). Em seguida, foi instalado o provisório sobre o munhão (Figura 12). Nas sessões subsequentes, foi realizado um preparo para coroa metalocerâmica dos dentes 12, 21 e 22 e instalados provisórios previamente confeccionados em resina termo polimerizável. Os mesmos foram adaptados aos preparos feitos e reembasados com resina autopolimerizável (Dencor, Art.Odont. Clássico Ltda. Brasil) e depois cimentados com cimento provisório (Relay X tempNE, 3M Espe, Brasil), Figura 13. Observou-se a necessidade de condicionamento gengival na região do implante e, utilizando-se a técnica de recontorno coronário por acréscimos e reduções da resina acrílica3, obteve-se o formato ideal de perfil de emergência (Figura 14). As coroas dos dentes vizinhos também foram reavaliadas e esculpidas. Após 60 dias, quando o contorno do Figura 3 Vista oclusal inicial. Figura 5 Radiografia panorâmica. Figura 4 Radiografia periapical inicial. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):175-81 177 Tomaselli C • Sartori IAM • Vieira RA • de Souza JR • Oku SS • Schulz M Figura 6 Enxerto posicionado na região do 11. Figura 7 Implante instalado. Figura 9 Pilar sendo instalado auxiliado pelo guia. Figura 8 Cicatrizador posicionado. Figura 11 Pilar instalado. Figura 10 Radiografia do pilar em posição. 178 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):175-81 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Figura 12 Provisório instalado sobe pilar. Figura 13 Demais dentes preparados. Figura 14 Condicionamento gengival feito na região do implante. Figura 15 Trabalho concluído. tecido gengival atingiu o desenho esperado, foi obtida a moldagem total do arco superior para a confecção das coroas definitivas. Utilizou-se fio retrator (Ultrapack, Ultradent, USA) para afastar o tecido gengival e o material de moldagem utilizado foi silicone de condensação (Speedex, Coltene, Suíça). As infraestruturas sobre os preparos de dentes e intermediário do implante foram confeccionadas em metal (Vera-Bond, Alemanha). Após a prova destas infraestruturas foi realizada moldagem de transferência para remontagem das estruturas. A cerâmica (Noritake, Japão) foi então aplicada e provada. Foram realizados ajustes na habitual do paciente, fornecendo desoclusão de canino como a que a paciente já possuía desde o início do tratamento. A cimentação das mesmas foi com cimento provisório (Rely X tempNE, 3M Espe, Brasil) por um período de 30 dias, observando-se neste a saúde gengival. Após, este foi substituído por cimento de fosfato de zinco (SSWhite, RJ, Brasil), Figura 15. desejo de obtenção de naturalidade é ainda maior, dada a visibilidade da área. Várias técnicas são constantemente relatadas em busca deste objetivo. Uma das técnicas propõe o uso de tecido conjuntivo associado à exodontia e à compressão da área com a prótese provisória para ajudar a manter a altura da margem gengival e as papilas interdentais8. Um clássico estudo relata que alguns fatores devem ser observados antes da instalação dos implantes, uma vez que apresenta dados de porcentagem de obtenção de papilas em situações de diferentes relações de altura do ponto de contato interdental ao osso. Após análise das diferentes porcentagens de obtenção de preenchimento, conclui-se que a formação de papila interdental está relacionada à distância entre o ponto de contato e a altura da crista óssea e que esse é um fato a ser observado9. A preocupação com a estética fez surgirem várias técnicas que auxiliam a busca por bons resultados7,11. Entre estas foi relatado o uso de enxerto de tecido conjuntivo para conseguir preenchimento total interimplantar12. Já a manipulação dos tecidos moles poderá ser utilizada antes, durante ou após a osseointegração13. Porém, vários autores relatam a importância de bom posicionamento dos implantes1,3,7 e que somente com esse correto Discussão A busca por reabilitação funcional e estética não é recente. Quando a região anterior superior é abordada, o REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):175-81 179 Tomaselli C • Sartori IAM • Vieira RA • de Souza JR • Oku SS • Schulz M posicionamento os procedimentos de cirurgia plástica gengival para recompor o contorno bucal são válidos1. Antes da instalação de um implante é importante planejar a futura prótese1. Com base neste planejamento, saberemos o local onde o implante deverá ser posicionado, o que irá colaborar para uma estética adequada em cada caso1,7. O planejamento também permitirá a verificação da necessidade ou não de enxertos ósseos7,14, a necessidade de tratamento do tecido mole1-2,7,12-14 e a futura coroa protética1,3,7. Também, dentro deste planejamento, muitos autores1,5,14-16 sugerem a instalação de implantes imediatamente pós-exodontia, favorecendo a manutenção da arquitetura gengival1. Técnica esta, basicamente, recomendada em situações de perda dentária por reabsorção ou fraturas1. Alguns autores15-16 relatam estudos de casos clínicos nos pilares e sua subsequente recolocação18. A preocupação com a harmonia de forma e contorno é uma constante nos trabalhos. A importância do planejamento é sempre lembrada e a necessidade de obtenção de modelos de estudos e confecção de enceramentos que possibilitem uma análise prévia da prótese que poderá ser instalada é também colocada por vários autores. Na ausência de contornos apropriados, se não forem usados procedimentos de reconstrução para que o espaço edêntulo fique congruente com o tamanho de coroa que se deseja confeccionar, não haverá a possibilidade de obtenção do objetivo maior do trabalho que é a cimentação de um dente que se dissemine no conjunto. Para a resolução do caso apresentado, foi importante o conhecimento de várias técnicas aqui relatadas. O planejamento cuidadoso permitiu a avaliação da deficiência Apesar dos bons resultados, alguns autores recomendam cautela no uso de implantes imediatos, especialmente em regiões estéticas, colocando a necessidade de observação de alguns critérios para que a técnica possa ser indicada. Os critérios são: bom nível de margem gengival, boa espessura óssea e presença da tábua óssea vestibular4. A prótese definitiva deve possuir forma adequada, que complemente os tecidos ao redor, facilitando o controle de placa e oclusão, gerando aparência harmoniosa com os demais dentes. quais foram instaladas coroas provisórias sobreimplantes imediatamente pós-extração com resultados satisfatórios. Com este mesmo pensamento, através de um estudo, utilizou-se o próprio dente do paciente como provisório, obtendo aparência normal com as papilas similares às apresentadas antes da extração16. Apesar dos bons resultados, alguns autores recomendam cautela no uso de implantes imediatos, especialmente em regiões estéticas, colocando a necessidade de observação de alguns critérios para que a técnica possa ser indicada. Os critérios são: bom nível de margem gengival, boa espessura óssea e presença da tábua óssea vestibular4. A prótese definitiva deve possuir forma adequada, que complemente os tecidos ao redor, facilitando o controle de placa e oclusão, gerando aparência harmoniosa com os demais dentes. Uma vez que o implante está instalado na posição ideal, poderá ocorrer retração gengival após a instalação da prótese. Esta, segundo autores, poderá ser em consequência do tipo de material utilizado na confecção do pilar17, ou também pelo efeito de repetidas remoções dos 180 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):175-81 de contorno presente. A técnica de enxerto ósseo foi utilizada, como recomendada por autores3,7, com o objetivo de resolver deficiência horizontal e vertical. Por isso, o enxerto foi do tipo onlay. A quantidade de mucosa ceratinizada presente foi preservada porque a incisão foi intrassulcular. A instalação do cicatrizador após a instalação do implante foi indicada porque havia sido obtida estabilidade maior do que 30 Ncm18. Com isto, evitamos trauma cirúrgico do tecido ósseo e mucosa em uma cirurgia de reabertura. Preservando, deste modo, estas estruturas que são vitais para alcançarmos um nível estético aceitável2. A escolha do implante tipo cone-morse permitiu a instalação do cicatrizador côncavo para que o tecido gengival pudesse se formar na área durante o período de osseointegração, o que garantiu quantidade presente de tecido para o condicionamento. O uso de cicatrizadores amplos pode, às vezes, causar recessão do tecido mole. A pressão exercida na gengiva ao redor do anel, que é uniforme, permite o deslizamento desta em direção apical7. Outro ponto importante no uso do cicatrizador côncavo é que, pelo fato de estarmos deslocando a interface implante/cicatrizador Relato de Caso Clínico Caderno Científico horizontalmente, estamos afastando o processo inflamatório do osso, reduzindo a reabsorção deste e preservando o nível gengival2. A posição em que o implante foi instalado também foi importante. Em relação ao contorno gengival, ele foi instalado 3 mm apicalmente e em relação ao nível ósseo 2 mm. Fato esse que permitiu a instalação de um munhão com altura de cinta 2,5 mm, deixando uma área importante para a formação gengival. A associação de todos os conceitos é muito importante para que uma coroa de tamanho natural possa ser obtida3. É importante, ainda, salientar que as técnicas para refinamento estético estão em constante desenvolvimento e, apesar de haver unanimidade em relação à importância das mesmas, estas são entendidas como de maior grau de dificuldade para aplicação e como técnicas que envolvem mais procedimentos clínicos. Os profissionais precisam de treinamento técnico suficiente para conseguir detectar as necessidades de reconstruções e estar aptos a aplicar as técnicas. Sendo esta uma realidade, não ocorreriam casos de instalação de coroas sobreimplantes totalmente discrepantes em tamanho e formato em decorrência do fato de o implante ter sido instalado sem o cuidado recomendado de análise e planejamento. Para que um profissional possa oferecer trabalhos com aspectos mais naturais é importante que se mantenha constantemente atualizado e que dados de acompanhamentos dos casos tratados sejam sempre publicados. O emprego da técnica de instalação de implante associada ao uso prévio de enxerto autógeno onlay e condicionamento gengival permitem a resolução de casos complexos. O planejamento pré-cirúrgico foi muito importante para que os objetivos finais fossem alcançados assim como a associação de diferentes técnicas. Referências 1. Groisman M, Harari ND. Técnicas de cirurgia plástica periodontal visando a estética em implantes orais. In: Dinato, JC, Polido, W. Implantes Osseointegrados, cirurgia e prótese. São Paulo. Artes Médicas; 2004.p.243-58. 2. Rebollal J, Vidigal Jr. GMV, Cardoso ES. Fatores locais que determinam o fenótipo gengival ao redor de implantes dentários: revisão de literatura. Rev ImplantNews 2006;3(2):155-9. 3. Salam AE, Askary E. Considerações estéticas em próteses unitárias anteriores. Implant Dentistry- Ed.Português 2000;6:40-5. 4. Mendes MTM, Ottoni J. Parâmetros previsíveis para a formação de papila periimplantar. Rev ImplantNews 2005;2(3):237-41. 5. 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Conclusão Recebido em: out/2010 Aprovado em: fev/2011 Endereço para correspondência: Cladis Tomaselli Rua Marechal Castelo Branco, 3.376 89275-000 – Schroeder – SC Tel.: (47) 3374-1163 [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):175-81 181 Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Implantes nanotopograficamente modificados pela ação do laser Yb-YAG Nanofeatured dental implants by Yb-YAG laser modification Karin E. Sisti* Antonio C. Guastaldi** Hewerson Santos Tavares** Andreia M. Brochado Antoniolli*** Thallita P. Queiroz**** Francisley Avila Souza**** Idelmo R. Garcia Jr***** Adriano Piattelli****** Elcio Marcantonio Jr.******* Elenir Rose Jardim Cury Pontes******** Rafael de Rossi********* RESUMO O titânio como biomaterial apresenta excelente biocompatibilidade e resistência à corrosão. Vários estudos foram realizados nas últimas décadas sobre modificação da superfície dos implantes de titânio, a fim de otimizar o processo da osseointegração; o uso do laser é um dentre eles. Objetivo: o propósito deste estudo foi avaliar implantes de titânio modificados por feixe de laser de alta intensidade, comparando-os com os implantes usinados, por meio de análise topográfica e histométrica. Métodos: implantes de titânio com duas superfícies diferentes foram inseridas em tíbia de 30 coelhos (um de cada lado, escolhidos de forma aleatória). Grupo I (GI) superfície usinada (grupo controle) e Grupo II (GII) superfície irradiada com laser Yb-YAG (Pulsed Ytterbium Fiber Laser). A caracterização das superfícies foi realizada por meio de MEV-EDS, ângulo de contato e rugosidade média (Ra). Após 30 e 60 dias pós-operatórios, os animais foram submetidos à eutanásia e os implantes foram removidos para análise histológica da interface osso/implante. Resultados: a microfotografia do GII mostrou superfície rugosa e homogênea, com molhabilidade total e rugosidade maior do que o GI. A análise histológica da extensão linear de contato entre o tecido ósseo e a superfície do implante (Elcoi) revelou melhores resultados no GII aos 30 dias (39,26 ± 18,23 e 68,41 ± 13,68, para GI e GII, respectivamente). Conclusão: os implantes de titânio modificados por laser mostraram importantes características superficiais que favoreceram uma precoce osseointegração. Unitermos - Lasers; Titânio; Implantes dentários; Osseointegração; Coelhos. ABSTRACT Titanium has proven its suitability as an implant material in surgery over many years. Excellent biocompatibility and corrosion resistance are outstanding features. Implant surfaces always causes concern and interest in scientific communities, due to its close relationship with the time required for osseointegration. Surface modification can be performed by several methods, being laser irradiation one of them. Titanium implants with two different surfaces were inserted in rabbits: Group I (G-I: machined surface, control group), and group II (G-II: laser irradiated, test group) being processed 30 and 60 days after surgery for histological analysis. Surface characterization was performed with SEM-EDS, contact angle measurement, and mean roughness (Ra) parameters. Surface analysis in the GII group showed a nanomorphology affected by melt and quick solidification zones following laser irradiation (SEM), as well as total wettability and Ra mean values significantly higher than in the G-I group. The laser treatment resulted in a homogenized, porous surface, with increased surface area and volume. Histological analysis of bone-implant contact linear extension (BIC) showed better results in G-II at 30 days (39.26 ± 18.23 and 68.41 ± 13.68 for G-I and G-II groups, respectively). Titanium implants modified by laser irradiation showed important features that may accelerate early osseointegration. Key Words - Lasers; Titanium; Dental implants; Osseointegration, Rabbits. *Departamento de Clínica Cirúrgica – Faculdade de Medicina Dr. Hélio Mandeta – UFMS/Campo Grande/MS; Grupo de Biomateriais – Instituto de Química – Unesp/Araraquara/SP. **Grupo de Biomateriais – Instituto de Química – Unesp/Araraquara/SP. ***Departamento de Clínica Cirúrgica – Faculdade de Medicina Dr. Hélio Mandeta – UFMS/Campo Grande/MS. ****Grupo de Biomateriais – Instituto de Química – Unesp/Araraquara/SP; Departamento de Cirurgia e Clínica Integrada – Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp. *****Departamento de Cirurgia e Clínica Integrada – Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp. ******Departamento de Cirurgia – Faculdade de Odontologia e Medicina – Unich/Chieti/Itália. *******Departamento de Periodontia – Faculdade de Odontologia de Araraquara – Unesp. ********Departamento de Tecnologia de Alimentos e Saúde Pública – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – UFMS/Campo Grande/MS. *********Departamento de Medicina Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UFMS/Campo Grande/MS. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):185-9 185 Sisti KE • Guastaldi AC • Tavares HS • Antoniolli AMB • Queiroz TP • Souza FA • Garcia Jr. IR • Piattelli A • Marcantonio Jr. E • Pontes ERJC • de Rossi R Introdução Sabe-se que a rugosidade da superfície do titânio influencia as respostas teciduais e celulares, uma vez que é foco de muitas pesquisas1-3. Esse metal tem mostrado boa opção como biomaterial, apresenta excelente biocompatibilidade e resistência à corrosão4. Dentre os exemplos de modificação de superfície do implante de titânio estão: hidroxiapatita, plasma spray de titânio, jateamento com partículas (óxido de alumínio, silício, titânio), ataque ácido, oxidação anódica e catódica, irradiação com feixe de laser5-9. A oxidação e nitretação da superfície de titânio por ablação a laser apresenta grande interesse por aumentar a superfície sem alterar a biocompatibilidade6-9. A nitretação de titânio aumenta a molhabilidade de implantes e são considerados bioinertes – Food and Drugs Administration (FDA)7-9. Em 2002, superfícies de implantes de titânio foram irradiados em diferentes temperaturas elevadas, o que alterou a morfologia original da superfície10. O laser foi usado em amostras de titânio e indicou que os parâmetros de regulagem, tais como potência e duração da exposição, influenciaram a fusão desta superfície11. Nos estudos de oxidação por laser em superfícies de titânio, um autor12 concluiu que a espessura da camada fundida depende da quantidade de emissões na superfície do mesmo local. Os mecanismos que explicam as razões para uma precoce osseointegração, assim como o sucesso ou fracasso dos implantes, não são totalmente compreendidos. O surgimento da nanotecnologia pode ser um caminho de sucesso para somar conhecimentos no fenômeno osseointegração, tanto na interface tecido/implante, como na superfície do metal13. Pesquisas recentes em escala nanométrica tendem a apresentar resultados positivos para superfície modificada de titânio13-15. Com base nisso, achou-se pertinente a condução deste estudo. Objetivo Avaliar implantes de titânio com superfícies modificadas por feixe de laser de alta intensidade, comparando-os com os implantes usinados, por meio de análise topográfica e histométrica. Material e Métodos De acordo com os aspectos éticos e legais, este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em animais da UFMS, sob o protocolo nº 121-2006. Modificação da superfície do implante No GII os implantes foram irradiados com laser de alta intensidade Yb-YAG - Pulsed Ytterbium Fiber Laser (Grupo de Biomateriais do Instituto de Química Unesp/ Araraquara), com potência pré-determinada15. 186 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):185-9 Os mecanismos que explicam as razões para uma precoce osseointegração, assim como o sucesso ou fracasso dos implantes, não são totalmente compreendidos. Caracterização da superfície Análise da rugosidade: a média de rugosidade (Ra) de cada tipo de superfície foi avaliada usando um rugosímetro - equipamento Mitutoyo SJ-400, pertencente à Foar - Unesp. MEV/EDS (microscopia eletrônica de varredura e espectrometria de energia dispersiva de raios X ): todas as superfícies dos implantes foram analisadas utilizando MEV – Instituto de Química – Unesp/Araraquara/SP, antes de ser inserido nos coelhos. Ângulo de contato: análise do ângulo foi realizada com vídeo baseada em equipamento de medição óptico (Dataphysics, modelo OCA-15), controlado por software. Todos os dados foram registrados em temperatura ambiente, utilizando água destilada como umectante. O ângulo de contato foi determinado empregando três amostras de cada grupo para obter uma média16. Procedimento cirúrgico: implantes de titânio 3,75 X 10,00 mm (Titaniumfix - São José dos Campos/SP) foram inseridos pelo método de Brånemark, respeitando os princípios da técnica asséptica, nas metáfises tibiais direita e esquerda (escolhidas de forma aleatória) de 30 coelhos brancos (Oryctolagus cuniculus), raça nova Zelândia, variação albinus, com idade de cinco meses, machos, de peso entre 3 e 4 Kg. Cada animal recebeu dois diferentes tipos de superfície de implantes de titânio: grupo controle usinado (GI) e grupo tratado por feixe laser (GII). Os animais passaram por um período de observação pós-cirúrgico de 30 e 60 dias. Análise histométrica: após cada período de observação, os animais sofreram eutanásia e as amostras teciduais contendo os implantes foram imersas em formol neutro a 4% tamponado e processadas para a secção17. Os blocos contendo os implantes e o fragmento ósseo foram desidratados em série crescente de etanol (60-100%) e, posteriormente, infiltrado e polimerizado em resina fotopolimerizável (Technovit 7200 VLC, Kultzer Heraeus GmbH & Co., Wehrheim, Alemanha). Em seguida, foram cortados em uma seção central por uma unidade de corte de moagem (Exakt Apparatebeau, Hamburgo, Alemanha). As secções finais foram de aproximadamente 45 mm de espessura e corados com fucsina ácida e azul de Stevenel Trabalho de Pesquisa Caderno Científico plus. As análises histométricas foram realizadas por meio do software de análise de imagens Imagelab 2000, versão 2.4. Foram calculadas, em porcentagem, a extensão linear de contato entre o tecido ósseo e a superfície do implante (Elcoi) entre as três espiras mais coronárias, localizadas em osso cortical em cada lado do implante. Análise estatística: os valores de Elcoi foram comparados nos períodos pós-cirúrgicos de 30 e 60 dias, em cada grupo, através do teste t. A comparação entre os dois grupos (GI x GII) em cada período pós-cirúrgico, para os valores de Elcoi, foi realizada pelo teste t. A normalidade da distribuição foi analisada pelo Teste Shapiro-Wilk, o nível de significância adotado foi de 5%, e o programa estatístico utilizado foi o Bio Estat versão 5.018. Resultados Figuras 1 Fotomicrografia em MEV em aumento de 5.000 x GI e GII. Figuras 2 Microfotografia da interface osso/ implante grupo usinado GI 30 dias (a), usinado GI 60 dias (b), grupo laser GII 30 dias (c), laser GII 60 dias (d), nota-se em preto o implante seccionado transversalmente, em rosa (fucsina ácida) presença de tecido ósseo mineralizado, em azul (Stevenel) ausência de tecido ósseo mineralizado. Figuras 3 EDS mostrando que não houve contaminação das duas superfícies. No GI apresentou apenas picos de Ti, enquanto que no GII apresentou picos de Ti e óxidos. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):185-9 187 Sisti KE • Guastaldi AC • Tavares HS • Antoniolli AMB • Queiroz TP • Souza FA • Garcia Jr. IR • Piattelli A • Marcantonio Jr. E • Pontes ERJC • de Rossi R QUADRO 1 – ÂNGULO DE CONTATO PARA ANALISAR A MOLHABILIDADE (HIDROFILIA) Superfície Ângulo de contato Usinado 72,73º Laser 0º TABELA 1 – MÉDIA DA RUGOSIDADE (Ra) DO GI E GII Superfície Ra (µm) GI (usinado) 0,252 GII (Laser) 10,096 TABELA 2 – MÉDIA E DESVIO-PADRÃO DOS VALORES DO ELCOI DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS: USINADO (GI) E LASER (GII) Período GI GII p 30 dias 39,26 ± 18,23 68,41 ± 13,68 p < 0,001 60 dias 52,37 ± 15,43 70,89 ± 10,47 p < 0,001 0,006 0,536 - p Nota: se p 0,05 – diferença estatisticamente significativa. Teste t. A ablação da superfície por laser é fácil de administrar, apresenta baixo custo, é um processo limpo e reprodutível. Com fusão e solidificação rápida produz irregularidades uniformes no metal e pode ser controlada por vários fatores (tais como parâmetro de feixes de laser e atmosfera durante irradiação), concordando com a descrição de vários autores6-11,20. O tratamento a laser parece ser um método promissor para os implantes dentários, resultando em uma precoce osseointegração. 188 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):185-9 Discussão Apesar de não estar claramente descrito na literatura o processo de osseointegração, sabe-se que ele desencadeia mecanismos biológicos favoráveis ao sucesso do implante19. Após a inserção do metal, uma série de etapas de modelagem e remodelagem óssea ocorrem na interface osso/superfície do implante19. Esta superfície sempre causou preocupação e interesse nas comunidades científicas20, pela estreita relação com o tempo necessário para a osseointegração. Modificação da superfície pode ser realizada por vários métodos, a irradiação do laser é um dentre eles. Já é descrito na literatura um grande número de pesquisas que usam o laser para modificar a superfície do titânio6-11,15. Em 2002, autores11 usaram laser de alta intensidade para alterar a superfície de titânio e analisaram posteriormente com MEV, mostrando modificação na última camada do metal. Outro autor20 estudou a superfície da liga Ti6Al4V irradiada com laser, avaliando a resistência à corrosão, o que apresentou redução na corrosão, assim como uma alteração da superfície, ausência de fraturas e relativa maleabilidade, comprovando uma característica positiva na superfície. A ablação da superfície por laser é fácil de administrar, apresenta baixo custo, é um processo limpo e reprodutível. Com fusão e solidificação rápida produz irregularidades uniformes no metal e pode ser controlada por vários fatores (tais como parâmetro de feixes de laser e atmosfera durante irradiação), concordando com a descrição de vários autores6-11,20. O tratamento a laser parece ser um método promissor para os implantes dentários, resultando em uma precoce osseointegração. Por meio de EDS notamos que não houve contaminação nos dois grupos, apenas picos de titânio no GI e picos de titânio e óxidos no GII o que comprova a oxidação do processo de ablação (Figura 4). Observamos que as superfícies de implante modificado por laser apresentam irregularidades homogêneas que podem favorecer a osseointegração. As zonas de fusão e solidificação rápida resultaram em estruturas similares a esferas em toda a superfície, em escala nanométrica (Figuras 1), que sugere aumento da área e do volume. Entretanto, as microfotografias das amostras usinadas revelaram topografia lisa com estrias relacionadas com o processo de usinagem (Figuras 1). Partindo do pressuposto que a rugosidade média (Ra) pode ser definida como desvio da média aritmética21, a Tabela 1 apresenta um aumento significativo da superfície teste quando comparada com a superfície controle, como também foi demonstrado na microfotografia do GII (Figuras 1). As amostras irradiadas apresentaram superfície rugosa com sulcos paralelos e estruturas proeminentes semelhantes a couve-flor, provavelmente, devido à varredura do feixe de laser sobre a superfície; estas ainda apresentaram características de nanoestruturas, sendo esta outra forma Trabalho de Pesquisa Caderno Científico de manipular a resposta biológica sobre a superfície de titânio, a criação de superfície com características topográficas em escala nanométrica. A escala em nanômetros (10-9 m) significa a faixa de 1-100 nm, em dimensão13; a nanotecnologia mostra um campo promissor e amplo para pesquisas sobre interação dos biomateriais e talvez seja uma resposta mais específica para o advento da osseointegração. A hidrofilia ou molhabilidade está diretamente relacionada com o potencial da energia da superfície, tem sido objeto de muitos estudos ao longo dos anos e é facilmente estabelecida (Figuras 2)22. A superfície usinada apresentou molhabilidade parcial, enquanto que a superfície laser apresentou total molhabilidade, o que sugere a facilidade de escoamento do sangue sobre a superfície modificada, facilitando o processo de osseointegração7-8. A extensão linear de contato entre tecido ósseo e superfície do implante (Elcoi) é claramente mostrada na Figuras 3, onde os dois tipos de superfícies apresentaram osseointegração. Porém, o grupo laser favoreceu maior presença de células ósseas na interface, tanto em 30 dias quanto em 60 dias, assim como um osso mais maduro com presença de lamelas. Autores13, analisando o Elcoi em histologia não descalcificada de coelhos, puderam notar a presença de maior quantidade de tecido ósseo na interface osso/implante no grupo tratado (superfície nanométrica), em 30 dias. Neste estudo também foi possível comprovar melhora, tanto em 30 dias no grupo teste quanto em 60 dias quando Referências 1. Cooper LF. A role for surface topography in creating and maintaining bone at titanium endosseous implants. J Prosth Dentistry 2000;84:522-34. 2. Shalabi MM, Gortemaker A, Van’t Hof MA, Jansen JA, Creugers NH. Implant surface roughness and bone healing: a systematic review. J Dent Res 2006;85:496-500. 3. Le Gue´hennec L, Soueidan A, Layrolle P, Amouriq Y. Surface treatments of titanium dental implants for rapid osseointegration. Dent Mater 2007;23:844-54. 4. Taddei EB, Henriques VAR, Silva CRM, Cairo CAA. Production of new titanium alloy for orthopedic implants. Materials Science and Engineering 2004;24:683-7. 5. György E, Del Pino AP, Serra P, Morenza JL. Chemical composition of dome-shaped structures grown on titanium by multi-pulse Nd:YAG laser irradiation. Applied Surface Science 2004;222:415-22. 6. Sisti KE, Garcia Jr. IR, Guastaldi AC, Antoniolli ACMB, de Rossi R, Brochado Neto AL. Analyse titanium surface irradiated with laser, with and without deposited of durapatite Acta cir. bras 2006;21(Supll.4):57-62. 7. Hallgren C, Reimers H, Chakarov D, Gold J , Wennerberg A. An in vivo study of bone response to implants topographically modified by laser micromachining. Biomaterials 2003;24:701-10. 8. Traini T, Mangano C, Sammons R, Mangano F, Macchi A, Piattelli A. Direct laser metal sintering as a new approach to fabrication of an isoelastic functionally graded material. Dental Materials 2008;24:1525-33. 9. Faeda RS, Tavares HS, Sartori R, Guastaldi AC, Marcantonio Jr. E. Evaluation of titanium implants with surface modification by laser beam: biomechanical study in rabbit tibias. Braz. Oral Res 2009;23(2):137-43. doi: 10.1590/S1806-83242009000200008. 10. György E, Mihailescu IN, Serra P, Del Pino AP, Morenza JL. Single Pulse Nd:YAG laser irradiation of titanium: influence of laser intensity on surface morphology. Surface Coating Technol 2002;154:63-7. 11. Lavisse L, Grevey D, Langlade C, Vannes B. The early stage of the laser-induced oxidation of titanium substrates. Appl Surface Sci 2002;186:150-5. 12. Meirelles L, Currie F, Jacobsson M, Albrektsson T, Wennerberg A. The Effect of Chemical comparados aos grupos controle (Tabela 2). Com isso, é possível relatar que a formação óssea foi mais rápida e com maior contato osso/implante nos grupos modificados a laser (Figuras 3). Esse reparo ósseo precoce caracteriza a superfície modificada como material em excelência quanto ao quesito biocompatibilidade, pois um biomaterial deve apresentar não somente compatibilidade, mas também biofuncionabilidade. Contudo, o desenvolvimento de biomateriais com dimensões nanométricas pode ser uma forma de modular a resposta óssea e somar conhecimentos para a melhor compreensão sobre mecanismos da osseointegração. Conclusão Os implantes de titânio modificados por feixes de laser de alta intensidade apresentaram características importantes, favorecendo uma osseointegração precoce. Recebido em: set/2010 Aprovado em: nov/2010 Endereço para correspondência: Karin E. Sisti Rua José Antonio, 2.200 – Sala 6 – Centro 79010-190 – Campo Grande – MS [email protected] 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. and Nanotopographical Modifications on the Early Stages of Osseointegration. The International Journal of Oral & Maxillofacial Implants 2008:23(4):641-7. Albrektsson T, Wennerberg A. Oral implant surfaces: part 1 – review focusing on topographic and chemical properties of different surfaces and in vivo responses to them. International Journal of Prosthodontics 2004;17:536-43. Sisti K, Guastaldi A, Antoniolli AB, Queiroz T, Tavares H, Souza F et al. Surface and biomechanical study of titanium implants modified by laser with and without hydroxyapatite coating, in rabbits. Journal of Oral Implantology In-Press. doi: 10.1563/ AAID-JOI-D-10-00030 Stanford CM. Surface Modification of Biomedical and Dental Implants and the Processes of Inflammation, Wound Healing and Bone Formation. Int. J. Mol. Sci 2010;11:354-69. doi:10.3390/ijms11010354. Park J, Lakes RS. Biomaterials. An introduction.3ª ed. New York: Springer Surface 64. Properties and adhesion; 2007.p.72-5. Donath K, Breuner G. A method for the study of undecalcified bones and teeth with attached soft tissues. The Sage-Schliff (sawing and grinding) technique. J Oral Pathol 1982;11(4):318-26. 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REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):185-9 189 Revisão da Literatura Caderno Científico Obtenção de reosseointegração em implantes acometidos por peri-implantite Re-osseointegration on implants affected by peri-implantitis: a systematic review Renata Abou El Hosn Ohana* Maria Lúcia Rubo de Rezende** Adriana Campos Passanezi Sant’Ana** Sebastião Luis Aguiar Greghi*** Carla Andreotti Damante**** Euloir Passanezi***** RESUMO Atualmente, a colocação de implantes osseointegráveis é a primeira escolha para substituir dentes perdidos, portanto, é uma realidade clínica que tem aumentando e juntamente com ela suas complicações. A principal complicação é a peri-implantite que se apresenta como uma infecção bacteriana que afeta os tecidos moles e duros ao redor do implante, promovendo a perda da osseointegração. Essa patologia pode ocorrer devido ao acúmulo de bactérias na superfície do implante, mas o seu desenvolvimento também está relacionado aos indicadores de risco, como história de doença periodontal. Várias terapias são propostas a fim de minimizar as sequelas deixadas pela infecção peri-implantar. A reosseointegração é um dos objetivos dos vários métodos de tratamento da peri-implantite que, em última análise, pretendem aumentar a previsibilidade dos implantes. Esses métodos podem ser conservadores, incluindo o debridamento da superfície do implante, como também cirúrgicos que são baseados em técnicas regenerativas. Entretanto, não há até o presente momento um consenso a respeito do protocolo ideal para o tratamento da peri-implantite, pois as metodologias são muito variadas e os resultados inconclusivos. Esta revisão abordou um total de 11 estudos em animais com os métodos mais aceitos, chegando à conclusão de que um protocolo definitivo ainda está para ser estabelecido. Contudo, a associação de debridamento mecânico, jato de pó abrasivo, limpeza com ácido cítrico, laserterapia e enxerto ósseo autógeno parece tender a resultados mais promissores. Unitermos - Implantes dentários; Perda óssea alveolar; Descontaminação; Tratamento; Osseointegração. ABSTRACT Currently, the placement of dental implants is the first choice to replace missing teeth; therefore, complications have increased in clinical cases. The main complication is that peri-implantitis presents as a bacterial infection that affects the soft and hard tissue around the implant, promoting loss of osseointegration. This pathology can occur due bacterial accumulation on the implant surface, but its development is also associated to risk factors such as history of periodontal disease. Several therapies are proposed to minimize the consequences of the peri-implant infection. The re-osseointegration is the main goal of the existent treatment methods aiming to improve their predictability. These attempts may be conservative, including implant surface debridement as well as surgical attempts, which are based on regenerative techniques. At present, a consensus regarding the ideal protocol for the treatment of peri-implantitis cannot be established because of the great variability of methodologies and inconclusive results. This systematic review addressed a total of 11 histological studies in animals employing the most acceptable methods and concluded that a protocol is yet to be definitively established. However, the combination of mechanical debridement, abrasive powder, cleaning with citric acid, laser, and autogenous bone grafts tends to reach the most promising results. Key Words - Dental implants; Alveolar bone loss; Decontamination; Treatment; Osseointegration. *Especialista em Periodontia e Implantodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo; Mestranda em Periodontia – Centro de Pós-graduação em Odontologia São Leopoldo Mandic. **Professora associada, Disciplina de Periodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo; Docente dos cursos de Especialização em Periodontia e Implantodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru e da Fundação Bauruense de Estudos Odontológicos. ***Professor doutor, Disciplina de Periodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo; Docente dos cursos de Especialização em Periodontia – Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas e Sociedade de Promoção Social do Fissurado Labiopalatal. ****Professora doutora, Disciplina de Periodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo. *****Professor titular e responsável, Disciplina de Periodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – Universidade de São Paulo; Docente dos cursos de Especialização em Periodontia e Implantodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru e da Fundação Bauruense de Estudos Odontológicos. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):191-8 191 Ohana RAEH • de Rezende MLR • Sant’Ana ACP • Greghi SLA • Damante CA • Passanezi E Introdução A instalação de implantes de titânio endósseos tornouse um tratamento com taxas de sucesso em torno de 99% após cinco anos em função1. Apesar da alta previsibilidade de sucesso dos implantes, falhas podem ocasionalmente ocorrer e, dentre as possíveis complicações, a peri-implantite é um dos principais fatores implicados na perda óssea ao redor do implante osseointegrado em função2-3. O termo doença peri-implantar passou a ser utilizado para denominar as reações inflamatórias que ocorrem nos tecidos peri-implantares associadas à perda de suporte ósseo marginal, que pode levar à perda do implante4. A mucosite peri-implantar é uma alteração inflamatória reversível, restrita aos tecidos moles peri-implantares, que se desenvolve em resposta ao acúmulo de biofilme no sulco peri-implantar com bom prognóstico e boa previsibilidade e, se não tratada, tende a evoluir para peri-implantite, podendo haver formação de bolsa peri-implantar, geralmente, acompanhada de perdas ósseas marginais3,5. A prevalência da peri-implantite varia entre 28-56% sobre o paciente e 12-43% em relação ao implante5. Os fatores de risco mais associados à peri-implantite são: má higiene oral do paciente, história prévia de periodontite, alterações sistêmicas, como diabetes mellitus mal controlado, consumo de álcool, tabagismo e, ainda, fatores locais como sobrecarga de próteses mal adaptadas2,5-6. A placa bacteriana tornou-se o foco de diversas investigações no desenvolvimento e na progressão da peri-implantite1,3,7. Afinal, a presença dos microrganismos é fundamental para o desenvolvimento de infecções peri-implantares7-8. Seus sinais clínicos mais comuns são: presença de placa e cálculo, sangramento leve após a sondagem, supuração proveniente da bolsa peri-implantar, edema e vermelhidão nos tecidos marginais, ausência de dor e de mobilidade aparente do implante2-3,6. A destruição óssea é caracterizada radiograficamente por áreas radiolúcidas ao redor do implante, geralmente, em formato de cálice e/ou cunha, porém, sem que sejam observadas alterações na porção apical do implante3,9-10. Na peri-implantite, a perda óssea é progressiva e se estende além do limite médio anual tolerável de 0,2 mm, na dependência da qualidade da mucosa ceratinizada, da quantidade óssea e do tamanho do implante2,5. Quando ultrapassa 1/3 da altura do implante, pode haver prejuízos na sua manutenção e na preservação da prótese11. É importante distinguir a perda óssea que ocorre ao redor do implante submetido à instalação recente da prótese (saucerização), da perda de suporte ósseo que ocorre durante a fase funcional (peri-implantite)2,9,12. A perda óssea peri-implantar dentro de 0,9-1,6 mm, durante o primeiro ano, e que se estabiliza em 0,02-0,15 mm, após o segundo e terceiro anos, não conduz à perda do implante1,4,9. Esta perda é considerada um processo de adaptação na fase de remodelação e apresenta-se em forma de U ou V na porção coronal dos implantes10. A progressão da doença peri-implantar é mais acelerada quando comparada com a periodontite, o que em parte, justifica-se pela ausência do ligamento periodontal e pela disposição paralela das fibras de colágeno nos tecidos moles ao redor dos implantes1,3,9,13. A contaminação das superfícies metálicas dos implantes representa o principal obstáculo na obtenção de sucesso dos tratamentos de peri-implantite2,11,14. Diferentemente das raízes dentais, a raspagem e a aplicação de agentes químicos descontaminantes não produzem os mesmos efeitos biológicos, como: desmineralização, abertura de túbulos dentinários para promover a reinserção de tecido conjuntivo, entre outros1,9,12,15. Por outro lado, a completa descontaminação da superfície metálica é fundamental para que ocorra não apenas o reparo ósseo nos defeitos peri-implantares, como também a reosseointegração do tecido regenerado16-17. É importante distinguir a perda óssea que ocorre ao redor do implante submetido à instalação recente da prótese (saucerização), da perda de suporte ósseo que ocorre durante a fase funcional (peri-implantite)2,9,12. A perda óssea peri-implantar dentro de 0,9-1,6 mm, durante o primeiro ano, e que se estabiliza em 0,02-0,15 mm, após o segundo e terceiro anos, não conduz à perda do implante1,4,9. Esta perda é considerada um processo de adaptação na fase de remodelação e apresenta-se em forma de U ou V na porção coronal dos implantes10. 192 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):191-8 Revisão da Literatura Caderno Científico Inúmeros esforços têm sido direcionados com a finalidade de estabelecer um protocolo de atuação frente à presença de defeitos ósseos peri-implantares causados por peri-implantite18. Entretanto, há uma evidente discrepância entre resultados in vivo e in vitro, assim como falta de uniformidade metodológica, o que dificulta as comparações e, consequentemente, o estabelecimento de um protocolo de tratamento19. Esta revisão da literatura levantou, entre os trabalhos histológicos disponíveis a partir de 2000 até a presente data, aqueles que demonstraram ocorrência de reosseointegração e discutiu os métodos mais previsíveis de tratamento da peri-implantite. Método Foram levantados dados específicos e estratégicos no banco de dados eletrônico da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (PubMed), do Scientific Electronic Library Online (Scielo) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). As palavras-chave utilizadas nas pesquisas foram: periimplantis and treatment and reosseointegration. Durante a seleção, foram encontrados 288 artigos, utilizando a busca com as palavras-chave peri-implantis and treatment. Entretanto, para obter os artigos que comprovassem a evidência da reosseointegração, foi inserida na busca a palavra-chave reosseointegration, reduzindo a pesquisa para 56 artigos. Destes, foram excluídos os estudos realizados em humanos, já que a reosseointegração só pode ser avaliada através das análises histológicas, o que por razões éticas excluem os estudos em humanos. Foram selecionados os artigos que abordavam a peri-implantite causada por placa bacteriana, excluindo a possibilidade de indução por trauma, como também os artigos publicados anteriormente ao ano de 2000 e que não estivessem em português, inglês ou espanhol. Os artigos resultantes foram desenvolvidos em animais cuja contaminação bacteriana da superfície do implante ocorreu pela indução da formação de placa bacteriana. Sendo assim, de 288 estudos permaneceram apenas 11 artigos originais com protocolos cirúrgicos e avaliações histológicas, os quais se enquadraram nos critérios de inclusão desta revisão. Os fatores avaliados para esta revisão foram: utilização ou não de antibioticoterapia; métodos de descontaminação e características das superfícies dos implantes; utilização ou não de enxertos ósseos e procedimentos regenerativos. Os estudos foram colocados em ordem de protocolo cirúrgico, respeitando a seguinte sequência de tratamento (Tabela 1): • Somente retalho20. • Enxerto ósseo autógeno com ou sem membrana21-22. • Somente enxerto ósseo autógeno23. • Substitutos ósseos com ou sem membrana em cães24-26. • Substitutos ósseos com ou sem membrana em macacos27. • Retalho associado à laserterapia com CO228. • Retalho associado à laserterapia com CO2 e membrana29. • Retalho associado à laserterapia com Er:YAG30. Resultados Apenas um estudo20 utilizou como modalidade terapêutica da peri-implantite somente cirurgia de retalho associada à limpeza com solução salina, o que torna impossível a comparação com resultados de outros autores. O estudo em questão também foi o único a submergir os implantes na fase reparativa, com alta porcentagem de reosseointegração (84%) em implantes de superfície SLA (Tabela 1). Dois estudos empregaram associação de ROG e enxerto autógeno com metodologia semelhante quanto à antibioticoterapia e tipo de superfície, variando o método de descontaminação (jato de pó abrasivo, ácido cítrico, solução salina e clorexidina) e o tempo de avaliação (três e seis meses)21-22. Um dos trabalhos21 mostrou melhores resultados de preenchimento (100%) e reosseointegração (40-46%), enquanto que o outro22 obteve 40-94% e 14-45%, respectivamente. Ambos os estudos foram realizados em macacos21,22 (Tabela 1). Somente um estudo23 utilizou clindamicina como escolha na antibioticoterapia, como também, a realização de escovação mecânica como terapia descontaminante, comparando-a com outros métodos, como: ácido cítrico ou peróxido de hidrogênio, ambos associados à solução salina. Nesse estudo, os autores não relataram os resultados em valores, entretanto, determinaram de acordo com uma escala (ruim, favorável, bom, ótimo) os níveis de preenchimento e reosseointegração (Tabela 1). Três estudos24-26 empregaram cães e foram semelhantes quanto à antibioticoteapia (metronidazol) e ao tempo de avaliação (cinco meses). Os mesmos estudos eram semelhantes quanto ao protocolo de tratamento (cirurgia a retalho, debridamento, jato de pó abrasivo, substituto ósseo e membranas). Diferiram, entretanto, quanto ao tipo de membrana, de forma que dois deles25-26 utilizaram membranas reabsorvíveis (Bio-Gide) e obtiveram resultados superiores de preenchimento (55%) e inferiores de reosseointegração (26%), quando comparados aos que utilizaram membranas não reabsorvíveis (e-PTFE)24 e encontraram 52% de preenchimento e 31% de reosseointegração. A diversidade das terapias também foi um fator que diferenciou os estudos. Dois estudos24-25 compararam as terapias (somente membrana, somente substituto ósseo ou associação dos dois) e ambos mostraram resultados satisfatórios de preenchimento ósseo quando utilizado apenas substituto ósseo Bio-Oss (56% e 28%). Os resultados de reosseointegração foram melhores quando utilizaram apenas a membrana e-PTFE (31%)24,26. Em outro estudo26, os dois tipos de membranas (reabsorvíveis e não reabsorvíveis) foram utilizadas com a REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):191-8 193 Ohana RAEH • de Rezende MLR • Sant’Ana ACP • Greghi SLA • Damante CA • Passanezi E TABELA 1 - ESTUDOS HISTOLÓGICOS EM ANIMAIS E PROTOCOLOS DE TRATAMENTO CIRÚRGICOS DA PERI-IMPLANTITE QUE VISAM À REOSSEOINTEGRAÇÃO Quantidade Protocolo Autores 20 21 Animais Implante Antibiótico Tratamento Quatro cães 24 ITI (Turned) e Straumann (SLA) 17 dias de Amoxicilina e Metronidazol Cirurgia a retalho + descontaminação com algodão embebido em solução salina (cinco min.) + submersão dos implantes 12 dias de Ampicilina e Metronidazol Cirurgia a retalho + ROG (enxerto autógeno e membrana de e-PTFE) 1) Jato de pó abrasivo (cinco min.) 2) Jato de pó abrasivo (cinco min.) + ácido cítrico (dois min.) 3) Solução salina (cinco min.) + ácido cítrico (dois min.) 4) Solução salina (cinco min.) + clorexidina 0,2% (cinco min.) Oito macacos 64 ITI (TPS) 22 Oito macacos 64 ITI (TPS) 12 dias de Amoxicilina e Metronidazol 12 dias de Clorexidina e solução salina (cinco min.) Cirurgia a retalho 1) Associada ao enxerto autógeno + Gore-Tex 2) Associada ao enxerto autógeno 3) Associada a Gore-Tex 4) Sem associação 23 Quatro cães Três Nobel Biocare (Ti-Unite) 14 dias de Clindamicina Cirurgia a retalho + enxerto ósseo autógeno 1) Ácido cítrico (30 seg.) + solução salina 2) Escova mecânica + solução salina (um min.) 3) Peróxido de hidrogênio à 10% (um min.) + solução salina 24 25 26 Cinco cães Cinco cães Cinco cães 20 Napio System (AE) 20 Napio System (AE) 30 Napio System (AE) 21 dias de Metronidazol Cirurgia a retalho + debridamento + jato de pó abrasivo (30 seg.) 1) Associado à e-PTFE 2) Associado à e-PTFE + Bio-Oss 3) Associado ao Bio-Oss 21 dias de Metronidazol Cirurgia a retalho + debridamento + jato de pó abrasivo (30 seg.) 1) Sem associação 2) Associado ao Bio-Oss 3) Associado a Bio-Gide 4) Associado ao Bio-Oss + Bio-Gide 21 dias de Metronidazol Cirurgia a retalho + jato de pó abrasivo (30 seg.) 1) Associado à e-PTFE 2) Associado ao Bio-Oss 3) Associado à e-PTFE + Bio-Oss 4) Sem associação 5) Associado ao Bio-Gide 6) Associado ao Bio-Gide + Bio-Oss Tempo Resultados Seis meses Preenchimento 72% ITI – 76% SLA Reosseointegração 22% ITI – 84% SLA Seis meses Preenchimento 1, 2, 3 e 4) 100% Reosseointegração 1) 39% 2) 46% 3) 43% 4) 40% Três meses Preenchimento 1) 94% 2) 80% 3) 65% 4) 40% Reosseointegração 1) 45% 2) 22% 3) 21% 4) 14% Três meses Preenchimento bom Reosseointegração favorável Cinco meses Preenchimento 1) 52% 2) 52% 3) 56% Reosseointegração 1) 31% 2) 27% 3) 28% Cinco meses Preenchimento 1) 49,5% 2) 51% 3) 55,7% 4) 48% Reosseointegração 1) 26% 2) 28% 3) 26,6% 4) 25,6% Cinco meses Preenchimento bom Reosseointegração 1) 30,7% 2) 28,0% 3) 27,2% 4) 26,9% 5) 26,6% 6) 25,6% Realce rosa: somente retalho; realce verde: enxerto ósseo autógeno com ou sem membrana; realce amarelo: somente enxerto ósseo autógeno; realce azul: substituto ósseo com ou sem membrana em cães. SLA (Sand-blasted Large-grit acid-etched); TPS (Plasma Spray de Titânio); AE (Acid-etchedRough Surface); ROG (Regeneração óssea guiada); e-PTFE (Membrana não reabsorvível); Bio-Gide (Membrana reabsorvível); Bio-Oss (Enxerto ósseo xenógeno); ER:YAG (Erbium YAG); CO2 (Dióxido de carbono). 194 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):191-8 Revisão da Literatura Caderno Científico TABELA 1 - CONTINUAÇÃO Quantidade Protocolo Autores Animais Implante Antibiótico Tempo Resultados Seis meses Preenchimento 1) 111% 2) 96% 3) 74% 4) 47% Reosseointegração 1) 36% 2) 16% 3) 23% 4) 13% Seis meses Preenchimento (72-82%) Reosseointegração 1) 22% ITI – 74% SLA 2) 21% ITI – 84% SLA Quatro meses Preenchimento 1) 29% 2) 94% 3) 53% 4) 112% 5) 47% 6) 88% Reosseointegração 1) 0,8 mm 2) 1,2 mm 3) 1,0 mm 4) 1,2 mm 5) 0,8 mm 6) 1,1 mm Seis meses Reosseointegração 69,7% Tratamento 27 Oito macacos 64 ITI (TPS) 12 dias de Ampicilina e Metronidazol Cirurgia a retalho + clorexidina (cinco min.) + solução salina (cinco min.) 1) Associado ao Bio-Oss + e-PTFE 2) Associado ao Bio-Oss 3) Associado à e-PTFE 4) Sem associação 28 Quatro cães 24 ITI (Turned) e Straumann (SLA) 17 dias de Amoxicilina e Metronidazol Cirurgias a retalho 1) Algodões embebidos em solução salina (cinco min.) 2) Laser CO2 + solução de peróxido de hidrogênio à 10% 29 Seis cães 60 ITI (TPS) Não informado Cirurgia a retalho 1) Jato de pó abrasivo (um min.) 2) Jato de pó abrasivo (um min.) + e-PTFE 3) Irradiação do laser de CO2 (um min.) 4) Irradiação do laser de CO2 (um min.) + e-PTFE 5) Jato de pó abrasivo (um min.) + laser de CO2 (um min.) 6) Jato de pó abrasivo (um min.) + laser de CO2 (um min.) + e-PTFE 30 Quatro cães 16 Straumann (SLA) 21dias de Enrofloxacina Cirurgia a retalho + debridamento + laser Er:YAG Realce lilás: substituto ósseo com ou sem membrana em macacos; sem realce: retalho associado à laserterapia com CO2; realce coral: retalho associado à laserterapia com CO2 e membrana; realce cinza: retalho associado ao laser Er:YAG. SLA (Sand-blasted Large-grit acid-etched); TPS (Plasma Spray de Titânio); AE (Acid-etchedRough Surface); ROG (Regeneração óssea guiada); e-PTFE (Membrana não reabsorvível); Bio-Gide (Membrana reabsorvível); Bio-oss (Enxerto ósseo xenógeno); ER:YAG (Erbium YAG); CO2 (Dióxido de carbono). mesma função de barreira física. Em dois estudos25-26 foram analisados os resultados de reosseointegração tanto nas terapias que não associaram a cirurgia a retalho e descontaminantes, com substitutos ósseos e membranas (26% e 26,9%), quanto nas terapias que fizeram essas associações (25,6-28% e 25,6-30,7%), mostrando que os resultados não foram discrepantes (Tabela 1). Apenas um estudo em macacos27 empregou a terapia de descontaminação da superfície do implante somente com clorexidina e solução salina associada a substituto ósseo com membrana ou isoladamente. Os resultados, em seis meses, tanto de preenchimento quanto de reosseointegração foram melhores (111% e 36%, respectivamente) quando associaram substituto ósseo e membrana, do que a terapia sem associação (47% e 13%, respectivamente, Tabela 1). Outro estudo isolado realizou, em cães, a terapia cirúrgica associada aos descontaminantes (algodões embebidos em solução salina e aplicação do laser CO2 + solução de peróxido de hidrogênio a 10%) com os diferentes princípios de limpeza das superfícies lisas (ITI) e rugosas (SLA) dos implantes28. Os resultados de reosseointegração não foram significativamente diferentes após seis meses (21 e 22% na superfície lisa; 74% e 84% na rugosa). Entretanto, os percentuais apresentados pelos autores quanto à reosseointegração obtida nas superfícies rugosas foram os maiores e mais favoráveis de toda a análise desta revisão sistemática (Tabela 1). Somente um estudo29 não informou se foi utilizada a antibioticoterapia prévia à cirurgia em cães. A limpeza das superfícies dos implantes realizada com jato de pó abrasivo e/ou irradiação do laser de CO2, associados ou não com REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):191-8 195 Ohana RAEH • de Rezende MLR • Sant’Ana ACP • Greghi SLA • Damante CA • Passanezi E membrana de e-PTFE, foi o que diferenciou os protocolos terapêuticos desse estudo. Após quatro meses de avaliação, os autores relataram que os melhores resultados de preenchimento (88-112%) e reosseointegração (1,1-1,2 mm) ocorreram quando ambos descontaminantes de superfície foram associados à membrana e-PTFE (Tabela 1). Um único estudo30 utilizou a enrofloxacina como antibioticoterapia de escolha e também realizou um protocolo cirúrgico ainda não mencionado: debridamento e aplicação de laser Er:YAG. A avaliação da reosseointegração foi realizada após seis meses obtendo o segundo melhor resultado (70%) dentre os estudos já relatados (Tabela 1). promovendo a manutenção do implante em função com os tecidos peri-implantares saudáveis. Dentre as estratégias anti-infecciosas investigadas pelos autores estudados, diversos métodos foram propostos para a desinfecção dos implantes, como: debridamento mecânico com curetas e/ ou ultrassom; lavagem com solução salina e/ou clorexidina 0,12%; condicionamento ácido (peróxido de hidrogênio à 10% e ácido cítrico); jato de pó abrasivo; aplicação de laser (CO2 e Er:YAG). Há, ainda, procedimentos regenerativos associados ou não a materiais de preenchimento que visam à redução do defeito ósseo peri-implantar por meio de enxertos autógenos e/ou xenógenos e membranas, com o objetivo de recuperar os tecidos perdidos, sobretudo, o osso alveolar peri-implantar. Os melhores resultados foram alObservou-se que o tratamento de lesões peri-implantares em cançados com associações de procedimentos regenerativos modelos animais resultaram em reosseointegração variando peri-implantares, descontade 1% a 84%. Os resultados extremamente variados apontam minações com laser, principalmente quando utilizada para a provável impossibilidade, no momento atual, do a antibioticoterapia21-22,28. Váestabelecimento de um protocolo previsível de tratamento. rios autores20-22,24-28 avaliaram Além disso, resultados obtidos em animais não devem ser o benefício da terapêutica antimicrobiana (amoxicilina transferidos diretamente para humanos, de forma que são e metronidazol) como um desejáveis outras investigações focalizando a situação clínica. complemento para o tratamento cirúrgico da doença peri-implantar. Na maioria dos tratamentos foi possível obter, em uma superfície de implante previamente contaminada, uma resposta favoDiscussão rável quanto à reosseointegração20-22,27-30. Assim, a antibioticoterapia com o uso de amoxicilina e metronidazol, Não foi encontrada na literatura definição clara e durante 12 ou 17 dias, associada ao tratamento cirúrgico específica de reosseointegração. Entretanto, aceita-se que parece ser uma medida benéfica20-22,27-28. A ligadura para induzir a peri-implantite experimenrepresente a aposição direta de novo osso em superfícies talmente em animais tem sido extensivamente utilizada cuja osseointegração foi perdida por contaminação bactepara investigar sua evolução e tratamento, havendo evidênriana15,18-19. A proposta central desta revisão foi levantar evidências científicas de que a reosseointegração pode ocorrer cias de similaridade entre defeitos ocorridos naturalmente em implantes previamente expostos à peri-implantite. em humanos e induzidos por ligadura em cães18, sugerindo que este possa ser um modelo válido de avaliação. Embora Observou-se que o tratamento de lesões peri-implano uso de ligaduras tenha sido uma característica comum tares em modelos animais resultaram em reosseointegração dos estudos revisados, esses diferiram significativamente variando de 1% a 84%. Os resultados extremamente variaquanto ao desenho do implante. dos apontam para a provável impossibilidade, no momento Outras diferenças incluíram: modelo animal, número, atual, do estabelecimento de um protocolo previsível de tipo e localização dos implantes, tipos de superfície dos tratamento. Além disso, resultados obtidos em animais implantes, tempo de osseointegração e período de tempo não devem ser transferidos diretamente para humanos, de decorrido entre início da peri-implantite, tratamento e saforma que são desejáveis outras investigações focalizando crifício dos animais. Além disso, houve diversas variações a situação clínica. de tamanho e forma do defeito, assim como nas medições É consenso de que o tratamento ideal para a perie análise de resultados. implantite deve proporcionar a paralisação da progressão Os procedimentos regenerativos aplicados nos diferenda doença e a regeneração do tecido ósseo em contato tes estudos foram: utilização de membranas reabsorvíveis com a superfície do implante anteriormente contaminada, 196 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):191-8 Revisão da Literatura Caderno Científico e não reabsorvíveis, enxerto autógeno ou xenógeno, combinados ou não com biomateriais, bem como os diferentes métodos cirúrgicos. Entretanto, parece não haver consenso entre os autores quanto à necessidade ou não do uso de membranas no tratamento de lesões peri-implantares. Dois estudos investigaram o impacto das diferentes superfícies do implante com relação ao potencial para reosseointegração 20,28. Entretanto, apenas um deles 28 observou essas diferenças após as tentativas cirúrgicas regenerativas. De acordo com esta revisão sistemática, pode-se perceber grande heterogeneidade de protocolos de tratamento da peri-implantite que visam à reosseointegração. A ausência de padronização entre os estudos dificulta as comparações entre eles e impede a definição de um método que seja o mais indicado. Dentre os autores estudados parece consenso ser recomendável: utilização de debridamento mecânico na superfície dos implantes com curetas plásticas de titânio, teflon, ou ainda, de fibra de carbono; jato de pó abrasivo, ácido cítrico e laser parecem ser os métodos descontaminantes de superfície de eleição entre os pesquisadores por apresentarem resultados satisfatórios no potencial de reosseointegração. A falta de reosseointegração chamou a atenção em alguns trabalhos. Embora muitos tenham empregado a abordagem cirúrgica no tratamento da peri-implantite e haja certa expectativa de que a cirurgia seja mais eficaz no processo de descontaminação da superfície do implante, resultando em grande quantidade de preenchimento ósseo no defeito; frequentemente, uma cápsula de tecido conjuntivo é observada intermediando a superfície do implante tratada anteriormente, contaminado o osso regenerado17,19. Alguns autores17 observaram que este tecido conjuntivo era desprovido de células inflamatórias, mas outros19 relataram presença dessas células. Pesquisas14,21,24,26,28 que, ao contrário, relataram ausência desta cápsula de tecido conjuntivo e demonstraram que de fato ocorria reosseointegração consistente ao longo de componentes dos implantes anteriormente contaminados e, também, revelaram que a reosseointegração não se mostrou completa em todo o defeito peri-implantar. Esses trabalhos ainda concluíram que a incapacidade de se promover a reosseointegração está mais associada à dificuldade de se descontaminar totalmente a superfície do implante e ao tipo/qualidade da superfície do titânio. Parece evidente que nenhum dos métodos de descontaminação investigados é capaz de facilitar a reosseointegração, apesar de que, em todos os estudos, as respostas foram satisfatórias quanto à resolução do processo inflamatório. Assim, embora a análise dos trabalhos possa responder positivamente à possibilidade da ocorrência de reosseointegração quando alguns métodos são empregados, os resultados desta revisão devem ser vistos com cautela, já que incertezas permanecem em relação à real viabilidade de descontaminação da superfície dos implantes e quanto à transferência dos resultados para a situação clínica. Torna-se, pois, necessário avaliar a eficiência dos métodos de descontaminação não só em produzir superfícies passíveis de se reosseointegrarem, como também investigar de forma padronizada seus efeitos sobre as características microestruturais das superfícies dos implantes e a resposta tecidual a essas superfícies. Conclusão Embora os resultados desta revisão mereçam ser analisados com cuidado quanto à transferência para a prática clínica, evidências extraídas de estudos histológicos em animais demonstram que a reosseointegração de implantes previamente expostos à peri-implantite é um fenômeno possível. Os variados protocolos cirúrgicos dificultam a comparação e a conclusão a respeito de uma terapia mais previsível quanto à reosseointegração. Por outro lado, os resultados mais promissores foram conseguidos com os métodos de tratamentos que associaram debridamento mecânico cirúrgico, jato de pó abrasivo, limpeza com ácido cítrico, laserterapia e enxerto ósseo autógeno. Recebido em: nov/2010 Aprovado em: dez/2010 Endereço para correspondência: Renata Abou El Hosn Ohana – Departamento de Periodontia Al. Octávio Pinheiro Brisola, 9-75 17012-901 – Bauru – SP Tel.: (14) 3235-8000 [email protected]; [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):191-8 197 Ohana RAEH • de Rezende MLR • Sant’Ana ACP • Greghi SLA • Damante CA • Passanezi E Referências 1. Esposito M, Hirsch JM, Lekholm U, Thomsen P. Biological factors contributing to failures of osseointegrated oral implants. (II) Etiopathogenesis. European Journal of Oral Sciences 1998;106:721-64. 2. Heitz-Mayfield LJ. Peri-implants diseases: diagnosis and risk indicators. J Clin Periodontol 2008;35:292-304. 3. Lindhe J, Meyle J. Peri-implant diseases:Consensus Report of the Sixth European. Workshop on Periodontology. J Clin Periodontol 2008;35:282-5. 4. Mombelli A, Lang NP. The diagnosis and treatment of peri-implantitis. Periodontol 2000 2000;17:63-7. 5. Zitzmann NU, Berglundh T. 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Takasaki AA, Aoki A, Mizutani K, Kikuchi S, Oda S, Ishikawa I. Er:YAG laser therapy for peri-implant infection: A histological study. Lasers Med Sci 2007;22:143-57. Relato de Caso Clínico Caderno Científico Deslizamento de retalho palatino: visão estética The palatal sliding flap: an aesthetic view Kevelin Poliana Thiesen* Romeo Carlos Rigo** João Ricardo Almeida Grossi*** Thomaz Jefferson Pessoa**** RESUMO A relação implante/estética está se tornando cada vez mais desafiadora, pois para uma prótese adequada, devemos conhecer e imitar forma e contorno do dente adjacente, papila interdental, zênite gengival, dentre outros. Pensando nesta combinação, os autores propuseram, neste trabalho, uma técnica modificada visando oferecer um prognóstico estético favorável. As técnicas utilizadas foram a de preenchimento alveolar com osso liofilizado bovino pós-exodontia e deslizamento de retalho palatino modificado no fechamento da ferida alveolar. O objetivo desta associação de técnicas é a manutenção do rebordo para diminuição da perda de crista óssea e/ou parede vestibular, manutenção do arcabouço alveolar quando existem defeitos estabelecidos, fechamento por primeira intenção da ferida cirúrgica e ganho de tecido gengival para a reorganização de papila interdental e zênite gengival evitando, assim, a necessidade de um segundo momento cirúrgico na manipulação de tecido mole para ganho estético. Os resultados são provenientes da prática clínica, porém, de extrema satisfação. Unitermos - Regeneração óssea; Xenoenxerto; Reparo; Gengiva. ABSTRACT The relationship between aesthetics and implants is becoming more and more important. It is imperative that we know about the restored tooth’s planned shape and contour to have an appropriate prosthesis with adequate interdental papillae and gingival margins. In this paper, the authors propose a modified extraction closure procedure attempting to offer a favorable aesthetic prognosis for the final implant. We used two different alveolar preservation techniques with freeze-dried bone after tooth extraction and a modified palatal rotation flap for soft tissue coverage. The aim was to keep buccal and alveolar crest bone loss to a minimum and to have closure and healing by primary intention. The procedure was designed to enhance soft tissue reorganization of the interdental papillae and marginal gingival tissue. Using these combined techniques, there is no need to gain soft tissue in a second surgical procedure. The results are variable, but extreme satisfactory. Key Words - Dental implants; Xenografts; Bone regeneration; Wound repair; Gingival tissue. *Especialista em Implantodontia – ABO/Guarapuava/PR. **Especialista em Implantodontia e professor associado do curso de Especialização em Implantodontia – ABO/Guarapuava/PR. ***Mestrando em Clínicas Odontológicas, especialista em Periodontia e professor titular do curso de Especialização em Implantodontia – ABO/Guarapuava/PR. ****Mestre em Implantodontia – USC/Bauru; Especialista em Periodontia – UFRS; Professor da Clínica Integrada – PUC/PR; Coordenador do curso de Especialização em Implantodontia – ABO/Guarapuava/PR. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):201-5 201 Thiesen KP • Rigo RC • Grossi JRA • Pessoa TJ Introdução A ciência odontológica está se tornando cada vez mais especializada, técnicas estão surgindo ou sendo aprimoradas, visando melhorar os resultados. Comumente, no dia a dia, cirurgiões-dentistas se deparam com situações diversas que necessitam intervenção imediata, seja por exigência estética, fonética ou função mecânica. A fratura radicular é uma situação adversa frequentemente observada na clínica odontológica, para tanto, o tipo de exodontia a ser aplicada influi diretamente na preservação de tecido, duro e mole, remanescente. Técnicas convencionais que abrangem osteotomia, odontosecção usando cinzéis e brocas, bem como exodontia à retalho, são técnicas invasivas que levam à reabsorção óssea, sendo assim, é preferível o uso da técnica atraumática1, ideal para preservar osso. Uma vez que o alvéolo é esvaziado, ele pode ser preenchido com implante osseointegrável imediato pósexodontia, para minimizar reações fisiológicas de perda óssea em altura e espessura2. Porém, para o posicionamento correto de um implante osseointegrável, a literatura descreve alguns parâmetros teciduais necessários, tais como a plataforma do implante ficar 3 mm abaixo do zênite gengival vestibular, pois o tecido sofre mudanças no período de manutenção e cicatrização, chegando a retrações de 1 a 1,5 mm3-4; a distância vertical interproximal entre a crista óssea e o ponto de contato, deve ser de 5 mm para que haja formação de papila5; a distância horizontal entre implante e dente deve ser de 2 mm; a distância entre implante e implante deve ser no mínimo de 3 mm, pois, uma distância menor do que esta pode aumentar o nível de reabsorção da crista óssea e diminuir a chance de formação da papila6; para mensurar a distância vestíbulo-palatal, traça-se uma linha na vestibular dos dentes adjacentes e posiciona o implante 2 mm em relação a essa linha na direção palatina/lingual7. Quando os tecidos remanescentes não dispõem destas características, é indicado preservar o alvéolo (PA) para melhorar a quantidade e a qualidade de tecido ósseo adjacente. A cavidade alveolar pós-exodontia pode ser preenchida com materiais biocompatíveis que promovam condução, indução ou formação de uma nova estrutura óssea. Dentre estes materiais tem-se osso autógeno, onde é realizado transplante no indivíduo para ele mesmo, alógeno, em transplante entre indivíduos da mesma espécie, porém, geneticamente diferentes (osso retirado do Banco de Ossos), xenógeno, onde o transplante é entre espécies diferentes (osso bovino), ou aloplásticos (derivados de hidroxiapatita e vidros bioativos)8. Estes materiais, quando aplicados no alvéolo, devem ser protegidos em sua parte mais cervical para evitar contaminação bacteriana9, para tanto, pode-se usar membranas reabsorvíveis ou não8, tecido conjuntivo pediculado ou livre10 ou também tecido epitelial conjuntivo pediculado. Para a proteção do material de preenchimento alveolar, a modificação da técnica de deslizamento de retalho palatino (DRP), para recobrimento de comunicação oroantral, se mostra eficaz. A técnica convencional consiste na excisão do tecido mole circundante à abertura oroantral com exposição do osso; desenho, incisão e elevação do retalho palatino total (epitélio, conjuntivo e periósteo) no sentido anteroposterior, base ampla envolvendo a artéria palatina, largura suficiente para cobrir todo o defeito e o comprimento suficiente para recobrimento do defeito sem tensão do tecido; rotação do pedículo e sutura. O osso exposto no palato cicatrizará por segunda intenção com pouca ou nenhuma alteração da anatomia normal dos tecidos moles11. A modificação desta técnica consiste basicamente em utilizá-la na região anterior, incisando a mucosa, obtendo-se um retalho parcial; porém, seguindo os mesmos princípios anatômicos apresentados na técnica convencional. As diferenças entre as técnicas convencional e modificada estão apresentadas no Quadro1. Neste relato de caso clínico, o objetivo dos autores foi apresentar a associação da técnica de PA com a técnica de DRP-modificada, afim de obter um rebordo favorável para a colocação de um implante funcional e estético. QUADRO 1 - DIFERENÇAS ENTRE A TÉCNICA CONVENCIONAL E A MODIFICADA DRP DRP – modificada 1 - Região posterior – abrange artéria palatina maior. 1 - Região anterior – abrange artéria incisiva. 2 - Excisão do tecido mole com exposição óssea. 2 – Peeling no tecido mole expondo conjuntivo. 3 - Retalho total – epitélio, conjuntivo e periósteo. 3 - Retalho parcial – epitélio e conjuntivo. 4 - Base ampla, largura para recobrir todo o defeito e o comprimento para rotacionar e suturar sem tensão. 4 - Base ampla, largura para recobrir todo o defeito e o comprimento para rotacionar e suturar sem tensão. 5 - Osso exposto no palato cicatrizará por segunda intenção. 5 - Periósteo e tecido conjuntivo no palato cicatrizará por segunda intenção. 6 - Pouca ou nenhuma alteração no tecido mole. 6 - Pouca ou nenhuma alteração no tecido mole. 202 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):201-5 Relato de Caso Clínico Caderno Científico Relato de Caso Clínico A paciente JP compareceu ao consultório odontológico relatando mal cheiro na boca e suspeita de fratura do dente. Em anamnese, foi observado que a saúde geral da paciente estava boa. Após exames clínico e radiográfico constatou-se fratura do terço cervical vestibular radicular do dente 21. Foi proposta, então, a exodontia e o preenchimento alveolar, visto que o sítio cirúrgico não se apresentava favorável às exigências padronizadas pela literatura para colocação imediata de implante. A primeira etapa da cirurgia consistiu na anestesia com cloridrato de mepivacaína 2%, sindesmotomia e exodontia utilizando técnica atraumática. A segunda etapa da cirurgia contou com anestesia infiltrativa complementar nas ramificações entre os nervos nasopalatino e palatino maior. Utilizando uma lâmina de bisturi aço carbono 15c Sovereign adaptada a um cabo de bisturi reto, fez-se uma incisão intrassulcular no alvéolo vazio, seguido por uma incisão perpendicular ao palato, abrangendo apenas epitélio e conjuntivo. A incisão se estendeu do alvéolo até distal de primeiro pré-molar preservando uma cinta gengival de 1,5 mm na cervical. A incisão seguinte se estende da distal de primeiro pré-molar e vai em direção a rafe palatina (3 mm antes), onde esta continua contornando a rafe palatina em direção a fossa incisal, no entanto, as incisões não se encontram para que se mantenha uma ponte de tecido/pedículo, Figuras 1 e 2. Em sequência, foi realizada a divisão do retalho separando epitélio e conjuntivo do periósteo, posicionando-o sobre a cavidade alveolar e então fez-se o debridamento da margem gengival vestibular e das papilas expondo o tecido conjuntivo. Partindo para a terceira etapa da cirurgia, vamos para o preenchimento do alvéolo com composto ósseo liofilizado bovino, Gen mix 0,75cc da Baumer. Para sutura e coaptação do tecido pediculado, usamos o fio seda 4,0 da Technofio. A ferida do palato foi recoberta com cimento cirúrgico Coe-Pack. O espaço edêntulo foi preenchido com um dente provisório. Ao dente provisório foram confeccionadas duas aletas (mesial e distal) com resina autopolimerizável que encaixavam nos dentes adjacentes. Nessas aletas foi colocada uma gota de éster de cianocrilato para a fixação do provisório, onde este foi reembasado e remodelado de 20 em 20 dias guiando a anatomização da gengiva. Figura 1 Incisão do retalho seguindo os critérios da técnica de DRP-modificada. Figura 2 Desenho esquemático da incisão no palato, seguindo os critérios da técnica de DRP-modificada. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):201-5 203 Thiesen KP • Rigo RC • Grossi JRA • Pessoa TJ Como manutenção pós-operatória foi prescrito Amoxicilina 875 mg, de 12 em 12 horas, durante sete dias; Nimesulida 100 mg, de 12 em 12 horas, durante cinco dias; Paracetamol 750 mg, de seis em seis horas, durante cinco dias. Após sete meses foi realizada a abertura do local utilizando bisturi punch, fresagem e colocação do implante, Figuras 3 e 4. Após quatro meses, foi colocada a prótese sobre o implante, Figuras 5 e 6. Discussão Figura 3 Utilização do bisturi punch, diminuindo a manipulação do tecido mole. Existem muitas alternativas para se obter bom resultado estético e funcional na Implantodontia, porém, cada técnica deve ser avaliada corretamente para se empregar conforme a indicação. A opção por empregar osso autógeno na PA seria viável, porém, necessitaria de um segundo momento cirúrgico, que devido à associação da técnica com DRP-modificada aumentaria para três áreas cirúrgicas, intensificando a morbidade operatória12. Sendo assim, para minimizar o desconforto pós-cirúrgico, além de minimizar o tempo transcirúrgico, optamos pelo composto liofilizado contendo osso bovino desproteinizado, osso bovino desmineralizado e aglutinante de colágeno bovino na forma granular, um xenoenxerto, visto que este tem praticidade, bons resultados e está disponível em grandes quantidades8. O osso alógeno se apresenta em grandes quantidades e facilita por ser proveniente de banco de ossos, porém, custo, armazenamento e transporte inviabilizaram a disponibilidade. Existem algumas membranas reabsorvíveis ou não reabsorvíveis que poderiam ser usadas para manter as células ósseas confinadas, porém, as barreiras, quando expostas, podem contaminar-se com bactérias levando à diminuição da osseointegração13. Como a paciente apresentava boa espessura de tecido palatal, o que favorecia a técnica da DRP-modificada, optamos por esta no fechamento da ferida cirúrgica e na contenção dos grânulos ósseos no alvéolo. O uso da técnica de enxerto conjuntivo se apresentou Figura 4 Fresagem e colocação do implante. Figura 5 Comparação entre os zênites gengivais onde o elemento 11 não foi submetido à técnica de DRP-modificada previamente a colocação do implante, sendo que, o elemento 21 foi submetido ao preparo tecidual mole. 204 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):201-5 Figura 6 O elemento 21 será mantido provisoriamente, visto que, a paciente optou submeter-se a técnica do DRP-modificada no elemento 11, para favorecer a harmonia entre os zênites. Relato de Caso Clínico Caderno Científico com menos morbidade pós-cirúrgica quando comparada a técnica de DRP-modificada, no entanto, o uso de uma técnica que envolve enxerto de epitélio e conjuntivo fornece maior espessura e irrigação para o tecido14-15. Desconforto e morbidade pós-operatória podem ser amenizados com o uso de percloreto férrico 47% como coagulante associado a uma placa acrílica diretamente sobre a área doadora ou até mesmo o uso de cimento cirúrgico. É importante que o tecido não esteja sofrendo tração, se apresente com base ampla, largura e comprimento suficientes para rotacionar e recobrir toda a área receptora11. A técnica de DRP-modificada se mostrou eficaz mesmo utilizando um retalho parcial, pois, mantendo o periósteo na ferida palatina, o osso seria nutrido por uma fonte vascular não rompida e ficaria protegido contra agentes externos. Outra importância do retalho parcial é aprimorar a união do tecido conjuntivo desepitelizado ao redor do alvéolo com o tecido conjuntivo do pedículo para favorecer a coaptação e a anastomose entre o tecido pediculado e o tecido adjacente. Para abertura do sítio na colocação do implante, os autores optaram por não levantar retalho para prevenir possíveis recessões posteriores a manipulação do tecido mole. A técnica apresentada vem sendo eficaz e a maior dificuldade da mesma está na manipulação do tecido mole, pois para obter um prognóstico cicatricial preciso é necessária uma cicatrização por primeira intenção e, Referências 1. Quayle AA. Atraumatic Removal of Teeth and Root Fragments in Dental Implantology. Int. j. oral maxillofac. Implants 1990;5:292-6. 2. Martins HSP. Implante em alvéolo fresco: uma revisão da literatura, RJ. [monografia]. Rio de Janeiro: Academia de Odontologia do Rio de Janeiro; 2007. 3. Phillips K, Kois JC. Aesthetic peri-implant site development. Dent. Clin. North Am. 1998;42:57-70. 4. Palacci P. Peri-implant soft tissue augumentation procedures. Esthetic implant dentistry: soft and hard tissue management. Chicago: Quintessence books 2001;8:159-202. 5. Tarnow DP, Magner AW, Fletcher P. The effect of the distance from the contact point to the presence or absence of the interproximal dental papilla. J Periodontology 1992;63:995-1004. 6. Tarnow DP, Cho SC, Wallace SS. The effect of inter-implant distance on the height of inter-implant bone crest. J Periodontol 2000;71:546-9. 7. Saadum AP, LE Gall M, Touati B. Selection and ideal tridimensional implant position for soft tissue aesthetics. Pract. Periodontics Aesthetics Dent 1999;11:1063-72. 8. Calasans-Maia MD, Fernandes GVO, Granjeiro JM. Preservação Alveolar com enxertos após exodontias e previamente à instalação de implantes. ImplanteNews 2008;5:583-90. para que isso ocorra, deve-se ter apropriada técnica de incisão, desenho do retalho, manipulação cuidadosa do tecido mole, prezar pelo suprimento sanguíneo, preciso fechamento da ferida sem tensão de tecido mole e cuidados pós-cirúrgicos9. Conclusão Concluiu-se que utilizando a técnica de preservação alveolar óssea, associada à técnica de deslizamento de retalho palatino/modificada, o resultado clínico é de formação de papila, zênite gengival, ganho de tecido mole e mantimento do ganho ósseo pelo preenchimento alveolar, sendo assim, o rebordo se torna mais favorável para o posicionamento funcional e estético do implante. Perspectiva: esses resultados são provenientes da prática clínica e estudos clínicos científicos são necessários para a elucidação do tema. Recebido em: fev/2010 Aprovado em: nov/2010 Endereço para correpondência: Kevelin Poliana Thiesen Rua Wenceslau Bráz, 559 85660-000 – Dois Vizinhos – PR Tel.: (46) 35361481 – 35362992 [email protected] 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. Azzi R, Takei HH, Etienne D, Carranza FA. Root coverage and papilla reconstruction using autogenous osseous and connective tissue grafts. Int J Periodontics Restorative Dent 2001;21:141-7. Reis AC, Marcantonio Jr. E, Margonar R, Silva LJ. Prevenção estética com enxerto conjuntivo e biomaterial. RGO 2009;5:235-9. Peterson JL, Ellis E, Hupp RJ, Tucher RM. Cirurgia oral e maxillofacial contemporânea. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 450-9. Goldberg V, Stevenson S. Natural history of autografts and allografts. Clin Orthop Relat Res 1987;225:7-16. DeSanctis M, Zucchelli G, Clauser C. Bacterial colonization of barrier materials and periodontal regeneração. J. Clin Periodontol 1996;23:1039-46. Raldi FV, Lima JRS, Moraes MB, Zanotti GG. Fechamento de comunicações BucoSinusais: Utilização de Enxerto Pediculado do corpo adiposo. RGO 2005;54(2):178-81. Silveira RL, Santos MESMS, Takahashi A, Bourguignon Filho AM, Heltz C. Tratamento de fístula bucosinusal através de retalho palatino. Rer Cir Traumatol Buco-Maxilo-Fac 2008; 8(1):29-34. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):201-5 205 Revisão da Literatura Caderno Científico BMPs em Implantodontia: uma revisão dos estudos clínicos BMPs in implant dentistry: a review of clinical studies Rodrigo Salbego Bueno* Camila Maia** Diego Segatto Blaya*** Micéli Beck Guimarães**** Magáli Beck Guimarães***** José Renato de Souza****** RESUMO As proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs) estão presentes no organismo humano e desempenham as mais diferentes funções. Uma, em especial, desperta o interesse da Implantodontia: a regeneração óssea. Por muitos anos, o poder osteoindutor das BMPs vem sendo estudado nas diferentes áreas da saúde e diversos estudos in vitro e experimentais já comprovaram que as BMPs são capazes de induzir crescimento ósseo. Baseado nisso, e mais recentemente em estudos clínicos, é que a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso da rhBMP-2 associada a uma esponja de colágeno reabsorvível como alternativa de substituto ósseo em enxertias. Sendo assim, objetiva-se realizar uma revisão da literatura dos estudos clínicos realizados com as BMPs na área de interesse da Implantodontia, pois observando-se os diferentes trabalhos sobre o uso das BMPs em alvéolos pós-extrações, o aumento do rebordo edêntulo e o levantamento do assoalho do seio maxilar foi possível concluir que ainda é necessário um número maior de estudos qualificados e de longo prazo; embora, as evidências científicas existentes demonstrem resultados tão eficazes com o uso das BMPs associadas a carreadores quanto os alcançados com o osso autógeno nessas indicações. Unitermos - Proteínas morfogenéticas ósseas; Transplante ósseo; Materiais biocompatíveis; Implantes dentários. ABSTRACT Bone morphogenetic proteins (BMPs) are present in our organism and perform a variety of functions. One of these functions, particularly for Implant Dentistry, is bone regeneration. For many years, the BMPs osteoinductive power has been studied in the different health sciences. Many experimental and in vitro studies have already confirmed that BMPs have the capacity to induce bone growth. Based on this, and more recently on clinical studies, the Food and Drug Administration (FDA) approved the use of rhBMP-2 in association with an absorbable collagen sponge as an alternative of bone substitute in case of bone grafting. Therefore, the aim of this study was to review the literature on clinical studies using BMPs in Implant Dentistry. Observing the different studies about the use of BMPs in post-extraction pockets, edentulous ridge augmentation and maxillary sinus lifting, it was possible to conclude that it’s still necessary a greater number of qualified and long-term studies to certify some aspects. However, the existing scientific evidences show that the use of BMPs associated with carriers or autogenous bone in these indications presented the same effective results. Key Words - Bone morphogenetic proteins; Bone transplantation; Biocompatible materials; Dental implants. *Cirurgião-dentista e especialista em Implantodontia – Sindicato dos Odontologistas no Estado do Rio Grande do Sul – Soergs. **Especialista em Odontogeriatria – Associação Brasileira de Odontologia do Rio Grande do Sul – ABO/RS; Especialista em Implantodontia – Soergs. ***Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC/RS; Professor – Curso de Odontologia, Centro Universitário Franciscano – Unifra. ****Especialista em Ortodontia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Doutora em Materiais Dentários – PUC/RS. *****Mestre em Prótese Dentária – PUC/RS; Professora do Curso de Odontologia do Centro Universitário Franciscano – Unifra. ******Mestre em Odontologia – área de concentração em Implantodontia – Centro de Pesquisas Odontológica São Leopoldo Mandic; Coordenador dos cursos de especialização em Implantodontia – Ilapeo e ABO/PR. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):207-11 207 Bueno RS • Maia C • Blaya DS • Guimarães MB • Guimarães MB • de Souza JR Introdução Desde a descoberta da osseointegração e o advento dos implantes dentários osseointegrados, vem sendo realizada uma série de trabalhos longitudinais e multicêntricos com altos índices de sucesso, que determinam credibilidade à terapia1-3. Uma limitação, comumente encontrada para instalação do implante, é a falta de tecido ósseo suficiente4, já que a inserção bem-sucedida deste requer quantidade e qualidade suficientes de osso no local receptor, pois o sucesso em longo prazo é adversamente afetado por um volume inadequado de tecido ósseo5. Nos casos onde há tecido ósseo insuficiente, uma variedade de técnicas tem sido descrita para aumentar a quantidade óssea6. Nesse sentido, inúmeros materiais de substituição óssea podem ser utilizados, incluindo osso autógeno, heterógeno, xenógeno e materiais alógenos7. Sabe-se que o material ideal para enxerto deve: promover osteogênese; possuir ou permitir a incorporação de citocinas e fatores de crescimento responsáveis pelo mecanismo de osseoindução; permitir a angiogênese e a osseocondução; estar disponível em quantidade suficiente para o tratamento proposto; ser de fácil manipulação e aplicabilidade; apresentar estrutura física capaz de manter o espaço para formação óssea; ser reabsorvível; não gerar resposta imune8-9. Assim, por atender a maior parte destes requisitos, o enxerto autógeno é considerado o melhor material na atualidade, mesmo com o inconveniente da necessidade de uma cirurgia extra, que confere maior morbidade ao tratamento4,7-9. A partir da comprovação da capacidade osseoindu10 tiva da matriz óssea desmineralizada, ocorreu o isolamento e a purificação das proteínas morfogenéticas ósseas (BMPs)11, o que permitiu posteriormente a produção de BMP humana recombinante (rhBMP), abrindo a perspectiva de seu uso em larga escala12. Atualmente, há a comprovação em diversos estudos experimentais do poder de osseoindução das BMPs9,12-14. Também em função disso, em 2007, houve a aprovação da combinação de rhBMP-2 e uma esponja de colágeno absorvível pelo FDA norte-americano como uma alternativa de substituto para o enxerto autógeno em levantamento do assoalho do seio maxilar, aumentos ósseos de rebordo e em defeitos associados com alvéolos pós-extração6. Assim, justifica-se esta revisão da literatura dos estudos clínicos referentes às aplicações das BMPs em Implantodontia. Revisão da Literatura Rebordo alveolar Os primeiros estudos em humanos de que se tem relato demonstraram resultados da utilização de proteína morfogenética óssea bovina (bBMP) em 1.106 cirurgias 208 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):207-11 realizadas em 482 pacientes. A bBMP foi carreada por hidroxiapatita reabsorvível na concentração de 1 mg/cm3 de osso liofilizado desmineralizado, ou cartilagem liofilizada (materiais misturados a bBMP). Dentre as cirurgias realizadas estava a instalação de implantes dentários imediatos com grandes enxertos ósseos. Tais autores demonstraram os baixos índices de perdas de implantes, quando a bBMP havia sido colocada entre o enxerto e o osso remanescente ou em perfurações no enxerto. Dessa forma, como conclusão, o estudo revelou que as bBMPs aceleram o processo de mineralização óssea, quando comparada a hidroxiapatita sozinha, pois esta promove mineralização entre dez e 12 meses, enquanto aquela entre um e dois meses. Não houve relato de qualquer problema de ordem imunológica15-16. Em um estudo longitudinal de três anos, foi avaliada a segurança do emprego de 0,43 mg/ml de rhBMP-2, carreada por colágeno, em defeitos ósseos que posteriormente receberam implantes dentários. Através de avaliações clínicas, radiográficas, imunológicas e sistêmicas, os autores não observaram qualquer reação adversa e nos dez pacientes acompanhados, os implantes permaneciam estáveis. O tecido ósseo removido no momento da instalação dos implantes, no sítio enxertado, foi avaliado em microscopia e demonstrou características de normalidade17. Um estudo clínico, randomizado e duplo cego, avaliou o tratamento de defeitos de crista alveolar enxertando substitutos xenogênicos (Bio Oss/Geistlich/Suíça) com ou sem rhBMP-2 (grupo teste e controle, respectivamente). Em 11 pacientes foram instalados implantes em defeitos ósseos (que foram medidos previamente), totalizando 34 implantes. O material de enxertia foi colocado no mesmo momento da instalação dos implantes e, seis meses após, realizou-se uma cirurgia de reentrada, em que foram tomadas medidas ósseas, feitas biópsias e instalados os abutments. Através da histomorfometria, foi possível verificar que, no grupo teste, houve um significante acréscimo na mineralização óssea e um maior contato entre a superfície das partículas do substituto ósseo com o osso neoformado, quando comparado ao grupo controle. Os autores concluíram que rhBMP-2 acelera a mineralização e o processo de maturação do osso neoformado em humanos18. Seis anos depois, outro estudo foi publicado, avaliando o desempenho clínico e radiográfico aos três e cinco anos dos implantes citados no estudo anterior. Verificouse que o desempenho foi excelente para os dois grupos6. Seio maxilar A utilização da rhBMP-2, carreada por uma esponja de colágeno reabsorvível (ACS), foi avaliada para utilização em cirurgias de levantamento do assoalho do seio maxilar em humanos. A dose total implantada variou entre os pacientes de 1,77 a 3,4 mg de rhBMP-2. Foram selecionados 12 pacientes por possuírem altura óssea inadequada para instalação de implantes da região posterior de maxila. Foi Revisão da Literatura Caderno Científico avaliado o conjunto rhBMP-2/ACS como de fácil manipulação, obtendo significativa formação óssea nos cortes tomográficos em 11 dos 12 pacientes, com altura média obtida de 8,51 mm. Os exames microscópicos, obtidos de biópsias no momento da inserção dos implantes, confirmaram a qualidade óssea induzida. Os autores acabaram por concluir que o dispositivo rhBMP-2/ACS pode ser uma alternativa de substituto ósseo nos procedimentos de levantamento do assoalho do seio maxilar em humanos. Nenhum efeito ou alteração adversa foi observado nos exames de sangue e urina19. Também foi realizado estudo objetivando definir uma concentração de rhBMP-2 para ser usada em procedimentos de levantamento do assoalho do seio maxilar. Um total de 48 pacientes foram alocados em três grupos distintos: um receberia enxerto ósseo autógeno, os outros dois seriam tratados com rhBMP-2/ACS, nas concentrações de 0,75 mg/ ml e 1,5 mg/ml. A indução óssea foi avaliada através de tomografia computadorizada (TC), observando a altura do rebordo, espessura e densidade óssea antes do tratamento, quatro meses após o levantamento do assoalho do seio e seis meses após a carga dos implantes. Biópsias ósseas colhidas no momento da instalação dos implantes dentários mostraram tecido normal. Os dois materiais alcançaram sucesso no tratamento, ganharam altura e espessura em quantidade suficiente para instalação dos implantes. A diferença foi encontrada na densidade óssea aos quatro meses, quando o enxerto autógeno obteve melhores resultados, seguido do grupo rhBMP-2/ACS a 1,5 mg/ml, o que levou à conclusão de que a concentração de 1,5 mg/ml é mais eficaz, pois permite a instalação dos implantes em menor tempo. Os autores relatam que este estudo foi o primeiro randomizado e controlado, demonstrando crescimento de novo tecido em humanos, a partir de uma proteína óssea recombinante, com a segurança adequada para instalação e colocação de carga funcional em implantes dentários em pacientes que necessitem de reposição, elevando o assoalho do seio maxilar20. O mais recente estudo prospectivo, multicêntrico e randomizado, comparando enxerto ósseo autógeno com rhBMP-2/ACS na concentração de 1,5 mg/ml, reuniu um total de 160 indivíduos com necessidade de levantamento de assoalho do seio maxilar, que foram distribuídos nos dois grupos de tratamento (autógeno e rhBMP-2/ACS). As medidas de altura e densidade foram quantificadas por TC e as biópsias foram obtidas no momento da colocação dos implantes dentários e utilizadas para análise histológica. Os efeitos adversos relacionados ao procedimento de enxertia foram avaliados através de exames clínicos e radiográficos, da química do soro sanguíneo e hematologia. A histologia mostrou semelhança entre o osso novo e o nativo, não apresentando diferença entre os grupos, além do estudo mostrar um ganho significativo de altura óssea em ambos os grupos. Na densidade óssea, uma di- ferença significativa foi observada em favor do grupo com enxerto ósseo, seis meses após a enxertia; enquanto uma diferença em prol do grupo rhBMP-2 foi observada seis meses após a colocação da carga funcional. Os implantes responderam de maneira semelhante nos dois grupos após a carga funcional. Os resultados do estudo demonstraram a eficácia e a segurança do rhBMP-2/ACS, comparada com enxerto autógeno, para o levantamento do assoalho da cavidade sinusal21. Alvéolos pós-exodontias Visando avaliar a segurança de utilização em curto prazo e a exequibilidade técnica do procedimento de enxertia do conjunto rhBMP-2/ACS para preservar o rebordo alveolar pós-exodontia e aumentar o tecido ósseo em defeitos ósseos localizados, realizou-se um estudo com 12 pacientes, que foram monitorados através de exames intraorais, radiografias periapicais, coleta de amostras de sangue e TC. Aqueles submetidos a procedimentos de aumento do rebordo alveolar receberam doses entre 0,2 a 1,75 mg/ml por sítio. Já nos pacientes em que se objetivava preservar os rebordos alveolares a dose foi de 0,12 e 0,88 mg/ml por sítio. Os resultados das amostras de soro testadas sugeriram que o conjunto rhBMP-2/ACS foi bem tolerado local e sistemicamente, não apresentando nenhum efeito colateral. Houve formação óssea em todos os alvéolos, porém, sem aumento de espessura. Para os autores, o aumento para este parâmetro é influenciado pela dose22. Quanto ao reparo ósseo em alvéolos pós-exodontias em humanos, foi realizada uma comparação entre osso autógeno, osso liofilizado desmineralizado (DFDBA), osso bovino desproteinado (Bio Oss – Geistlich - Suiça) e a BMP humana carreada por proteínas não colágenas. Todos os materiais atrasaram o reparo ósseo, com exceção do enxerto de BMP que, já em três meses após a implantação, havia resultado em osso lamelar. O estudo atribuiu ao osso autógeno o segundo melhor desempenho, embora ainda fosse possível observar partículas de osso desvitalizado, não reabsorvidas, em seis meses após a implantação23. Foi realizado um estudo radiográfico usando um programa de computador para a avaliação da eficácia de diferentes concentrações de rhBMP-2 na regeneração óssea em defeitos na maxila anterior. Nesse estudo, os 20 pacientes que necessitaram de aumento do rebordo alveolar no momento da extração de dentes foram divididos em quatro grupos conforme o tratamento recebido: enxerto de rhBMP-2/ACS na concentração de 0,75 mg/ml; rhBMP-2/ACS na concentração de 1,5mg/ml; ACS; sem tratamento. Todos se submeteram a uma TC padronizada quatro dias após a cirurgia e quatro meses após a cirurgia, objetivando verificar a diferença de volume entre os mesmos sítios nos diferentes momentos. Em nenhum dos grupos foi verificada perda de volume ósseo e o REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):207-11 209 Bueno RS • Maia C • Blaya DS • Guimarães MB • Guimarães MB • de Souza JR grupo tratado com rhBMP-2/ACS – na concentração de 1,5 mg/ml – apresentou diferença estatisticamente significativa na formação óssea, quando comparado aos outros grupos que não apresentaram diferença entre si. Concluiuse, assim, que a dose de 1,5 mg/ml de rhBMP-2 foi capaz de induzir o crescimento ósseo da parede vestibular nos defeitos da maxila seguidos de extração dentária24. Outro estudo avaliou 80 pacientes que apresentaram defeitos da parede vestibular de alvéolos na região anterior da maxila, ou em pré-molares imediatamente após a exodontia. Dois grupos com 40 pacientes foram randomizados em um protocolo duplo-cego para receber rhBMP-2/ACS (nas concentrações de 0,75 e 1,5 mg/ml) e ACS sozinho. A eficácia desse processo foi avaliada através da quantidade de indução óssea (altura e largura) e adequação do osso alveolar para apoiar a instalação de implantes dentários sem necessidade de um novo procedimento de enxertia quatro meses após a cirurgia. Locais de extração que receberam rhBMP-2/ACS, usando 1,5 mg/ml, apresentaram aumento ósseo significativamente maior do que os controles. Adequado volume ósseo para colocação de implantes foi observado, aproximadamente, duas vezes mais no grupo em comparação ao grupo controle. A densidade óssea e avaliação histológica não mostraram diferenças relevantes entre o osso recém-formado e o osso nativo. Segundo os autores, os resultados deste estudo demonstraram que rhBMP-2/ACS produz um efeito clinicamente relevante para esta indicação25. Em relação aos procedimentos de levantamento do assoalho do seio maxilar, os resultados dos trabalhos demonstraram que a utilização do composto rhBMP-2/ACS é eficaz e se assemelha aos resultados obtidos com osso autógeno, com a vantagem de possuir menor morbidade19-21. Nestes trabalhos, devemos ressaltar a sequência de pesquisas e a metodologia uniforme dos estudos citados, dando maior credibilidade à aplicação terapêutica para esta indicação. Discussão Em um trabalho clássico, quando implantada a matriz óssea desmineralizada no abdômen de coelhos e ratos, um autor induziu a formação óssea heterotópica10. Por ocorrer formação óssea em um lugar onde não havia células ósseas, passou-se a acreditar então que células-tronco mesenquimais teriam sido atraídas quimiotaticamente ao local de implantação e induzidas a formar cartilagem e osso26. Mesmo com a descoberta da BMP ocorrendo na década de 1960, apenas em 1988 ocorreu o isolamento e clonagem das primeiras BMPs humanas11, o que possibilitou a identificação e clonagem das demais BMPs e sua produção em larga escala, uma vez que a obtenção através de cadáveres apresentava vários inconvenientes12,15. Desde então, vários estudos têm sido realizados, demonstrando a presença das BMPs no desenvolvimento de vários tecidos e órgãos27-28. Dentre as aplicações deste material, destaca-se a regeneração óssea, devido à atividade osteogênica do mesmo, comprovada em estudos experimentais9,12-14 e clínicos15-25. Sabe-se que a BMP é uma proteína difusível e é necessário manter certo nível de concentração no local da implantação para iniciar a cascata de osseoindução in vivo. Liberação gradual de BMP pode ser estabelecida pelo uso 210 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):207-11 de carregadores como hidroxiapatita, colágeno, fibrina de coágulo, gesso Paris, ou materiais biodegradáveis, como poliácido lático ou copolímero de poliácido láctico e poliácido glicólico29. Neste trabalho, não se entrou no mérito desta questão, mas há, ao menos, uma boa revisão sobre esta temática30. Nos estudos revisados que aplicaram fatores de crescimento sobre defeitos do rebordo alveolar e em alvéolos pós-exodontias, observou-se que os objetivos foram alcançados e, em comparação aos materiais aplicados em grupo teste, os experimentais demonstraram serem tão eficazes quanto, apresentando altos índices de sobrevivência dos implantes instalados6,15-18,22-25. Entretanto, pode-se perceber que não há uma padronização da metodologia entre os estudos, o que impossibilita comparações e torna difícil, para o clínico, a definição de um protocolo terapêutico. Em relação aos procedimentos de levantamento do assoalho do seio maxilar, os resultados dos trabalhos demonstraram que a utilização do composto rhBMP-2/ACS é eficaz e se assemelha aos resultados obtidos com osso autógeno, com a vantagem de possuir menor morbidade19-21. Nestes trabalhos, devemos ressaltar a sequência de pesquisas e Revisão da Literatura Caderno Científico a metodologia uniforme dos estudos citados, dando maior credibilidade à aplicação terapêutica para esta indicação. Pode-se observar que, em todos os trabalhos revisados, o tempo de acompanhamento dos pacientes não é superior a cinco anos, fato que impossibilita elucidar questões referentes aos resultados locais e sistêmicos da terapêutica com as BMPs em longo prazo. Conclusão Acredita-se serem ainda necessários mais estudos clínicos, randomizados, duplo-cegos com metodologia padronizada, que permita comparações entre os mesmos, para que se consiga determinar a concentração e o carreador ideal em cada indicação. Faz-se necessário também a proservação em prazos maiores dos efeitos locais e sistêmicos destas terapias. Referências bibliográficas 1. Adell R, Lekholm U, Rockler B, Brånemark PI. A 15-year study of osseointefrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Int J Oral Surg 1981;10:387-416. 2. Albrektsson T, Branemark PI, Hansson HA, Lindstrom J. Osseointegrated titanium implants. Requirements for insuring a long-lasting direct bone anchorage in man. Acta Orthop Scand 1981;52:155-70. 3. Van Steenberghe D, Lekholm U, Bolender C, Folmer T, Henry P, Herrmann I et al. Applicability of osseointegrated oral implants in the rehabilitation of partial edentulism: a prospective multicenter study on 558 fixtures. Int J Oral Maxillofac Implants 1990;5(3):272-81. 4. Tonetti MS, Hammerle CHF. Advances in bone augmentation to enable dental implant placement: Consensus Report of the Sixth European Workshop on Periodontology. J Clin Periodont 2008;35(8):168-72. 5. 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Recebido em: jul/2010 Aprovado em: set/2010 Endereço para correspondência: Rodrigo Salbego Bueno Rua Doutor Alberto Paqualini, 25/402 – Centro 97015-010 – Santa Maria – RS 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. or operative defects of the skull with lyophilized cartilage and BMP. J Cranio Maxillof Surg 1994;22(4):191-9. Cochran DL, Jones AA, Lilly LC, Fiorellini JP, Howell H. Evaluation of recombinant human bone morphogenetic protein-2 stimulation in oral application including de use of endosseous implants: 3-year results of a pilot study in humans. J Periodont 2000;71(8):1241-57. Jung RE, Glauser R, Sharer P, Hammerle CHF, Sailer, HF, Weber FE. Effect of rhBMP-2 on guided bone regeneration in humans. Clin Oral Impl Res 2003;14:556-68. Boyne P, Marx RE, Nevins M, Triplett G, Lazaro E, Lilly LC et al. A feasibility study evaluating rhBMP-2/absorbable collagen sponge for maxillary sinus floor augmentation. J Periodont Rest Dent 1997;17(11):11-25. 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REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):207-11 211 Revisão da Literatura Caderno Científico Revisão dos princípios fundamentais de prótese sobreimplante parafusada e cimentada Review of fundamental principles for screwed- and cement-retained implant-supported prostheses Luciana de Oliveira Silva* Eduardo Fraiha Henriques* Rodrigo Porto Guimarães** Francisco Mauro da Silva Girundi** Sergio Eduardo Feitosa Henriques*** Luiz Felipe Cardoso Lehman**** RESUMO Os implantes osseointegráveis representam grande avanço no tratamento odontológico, proporcionando significativa melhora no restabelecimento da saúde bucal, da função e da estética. Com seu advento, novos conceitos foram incrementados às técnicas de reabilitação oral. Ao revisar esses conceitos, o presente trabalho busca avaliar as vantagens, desvantagens, indicações e contraindicações de cada modalidade de retenção sobreimplantes. A pesquisa da literatura pertinente ao tema avaliou estudos clínicos, experimentais, revisões da literatura e livros entre os anos de 1981 a 2010. Muitas vezes, a escolha do tipo de retenção baseia-se somente na preferência do profissional, porém, a seleção do sistema de retenção deve ter uma indicação precisa para cada caso. Para tanto, o protesista deve ter conhecimento sobre os princípios fundamentais de passividade e adaptação da restauração protética, estética, espaço interoclusal, saúde dos tecidos moles peri-implantares, necessidade de manutenção, reversibilidade da restauração e aspectos oclusais de cada uma das opções protéticas para adequada execução dos casos clínicos. Conclui-se que a escolha do sistema de retenção não deve ser feita de forma genérica e sim ser individualizada dentro da particularidade de cada caso. Não devemos pensar que uma retenção seja melhor ou pior quando comparamos próteses retidas por cimento versus parafuso, o que deve ser levado em consideração são vantagens, desvantagens, indicações e contraindicações de cada caso em particular. Unitermos - Prótese dentária fixada por implante; Implantes dentários. ABSTRACT The osseointegrated implants represent a major advance in dental treatment, providing a significant improvement in the restoration of oral health, function, and aesthetics. Since its advent, new concepts evolved in techniques for oral rehabilitation. When reviewing these concepts, this study sought to determine the advantages, disadvantages, indications, and contraindications for each type of retention. The literature research evaluated clinical studies, research, literature reviews, and books between the years of 1981 to 2010. Oftentimes, the choice of retention is based solely on the preference of professional, but selection of the system should have an indication for each case. Thus, dental clinicians must know the fundamental principles of passivity and fit of prosthetic restorations; interocclusal space; aesthetic; peri-implant soft tissue health; need for maintenance; retrievability, and occlusal aspects of each prosthetic option for proper implementation in clinical cases. We conclude that the choice of retention system should never be made by chance, but individualized within the particularity of each case. Screwed- are not superior to cement-retained prostheses and vice-versa; thus one must take into account the advantages, disadvantages, indications, and contraindications of each particular case. Key Words - Implant-supported prosthesis; Dental implants. *Aluno do curso de Especialização em Prótese Dentária – Instituto de Estudos da Saúde/Belo Horizonte. **Mestre em Odontologia – área de Concentração em Implantodontia – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/MG; Professor do curso de Especialização em Prótese Dentária – Instituto de Estudos da Saúde/Belo Horizonte. ***Coordenador do curso de Especialização em Prótese Dentária – Instituto de Estudos da Saúde/Belo Horizonte. ****Coordenador do Curso de Especialização em Implantodontia – Instituto de Estudos da Saúde/Belo Horizonte. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):213-8 213 Silva LO • Henriques EF • Guimarães RP • Girundi FMS • Henriques SEF • Lehman LFC Introdução Considerando os índices de falhas dos implantes durante os primeiros anos após a descoberta da osseointegração1, pode-se dizer que a característica da reversibilidade foi de grande importância para as próteses múltiplas sobreimplantes, diante da possibilidade de alteração do planejamento pré-estabelecido em caso de falha de algum suporte. Com o avanço das técnicas, os índices de sucesso dos implantes passaram de 50% para 90% e, com isso, o fator reversibilidade passou a ter menor significância clínica2 ou indicações restritas e mais específicas3. As próteses parafusadas foram desenvolvidas visando a reversibilidade, no entanto, outros aspectos como a oclusão e a estética passaram a ser visualizados como fatores negativos nessa modalidade de retenção, após mudanças de conceitos surgidas a partir da inclusão de próteses unitárias no cenário da Implantodontia, que passaram a exigir maior estabilidade de contatos oclusais e estética mais refinada. Com o objetivo de melhorar tais propriedades surgiram as próteses cimentadas que apresentam, dentre outras vantagens, a superioridade dos fatores estéticos e oclusais por não possuírem o orifício de acesso ao parafuso exposto na superfície2. Ambas as modalidades de retenção apresentam sucesso clínico comprovado. No entanto, os índices positivos dependem de uma série de fatores e particularidades relacionadas a cada caso, que direcionam a escolha do tipo de retenção a ser utilizada. Diante do exposto, este artigo teve como objetivo comparar vantagens e desvantagens, indicações e contraindicações entre as próteses cimentadas e parafusadas. Revisão da Literatura Passividade Estudos3 descreveram a passividade como o assentamento da prótese sobre o implante na ausência de tensões deletérias no sistema prótese/implante/osso. Sendo, portanto, um pré-requisito essencial para a manutenção da interface osso/implante e para o sucesso das reconstruções protéticas4. O processo de reabilitação, seja por meio de restaurações dento ou implantossuportadas, requer muitos procedimentos clínicos e laboratoriais. Cada etapa do processo, desde o procedimento de moldagem até a aplicação da cerâmica, pode incorporar erros insignificantes, mas a somatória de erros nas diferentes etapas pode gerar consequências com significado clínico e biológico, principalmente em próteses suportadas por implantes, por não apresentarem tolerância a micromovimentação conferida aos dentes pelo ligamento periodontal5-6. Portanto, cada etapa deve ser desenvolvida com máxima precisão7. Pesquisadores relataram maior passividade das pró- 214 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):213-8 teses cimentadas em relação às parafusadas, no entanto, uma situação totalmente passiva é difícil de ser obtida2,8. As próteses retidas por cimento favorecem o assentamento passivo pelo próprio espaço presente internamente para a ocupação do cimento e ao fato dos ajustes das interferências poderem ser realizados na superfície interna dos copings com auxílio de substâncias marcadoras9. Ainda, segundo alguns autores, a presença do cimento atua absorvendo as cargas mastigatórias2,7-8,10. Já as próteses parafusadas apresentam menor tolerância para erros, devido ao fato do assentamento da prótese ocorrer por um sistema de metal contatado diretamente a outro metal sem intermédio de cimento11. As possíveis complicações do assentamento não passivo podem ser mecânicas, como o afrouxamento ou fratura do parafuso, ou biológicas, como a possível reabsorção óssea causada pelo estresse gerado no tecido peri-implantar ou pelo desenvolvimento de uma microflora bacteriana no microespaço, geralmente, presente na ausência de uma adaptação passiva entre o implante e o componente protético7,12. Pequenas tensões causadas pela ausência de passividade podem ser reduzidas ao longo dos anos pela remodelação óssea e casos onde tensões geradas pela falta de passividade ultrapassam o limite de tolerância da remodelação óssea, o resultado pode ir desde fratura ou afrouxamento dos parafusos até falha da osseointegração3. Fatores oclusais A escolha entre uma prótese retida por parafusos ou cimento tem grande influência no plano de tratamento e no desenho oclusal2. Em relação à oclusão, vários autores ressaltaram as vantagens das restaurações cimentadas em relação às parafusadas, uma vez que a manutenção dos contatos oclusais diretamente sobre a cerâmica garante a estabilidade oclusal. O mesmo não ocorre sobre a resina de obliteração do orifício oclusal própria das restaurações parafusadas, que por se desgastar mais rapidamente que a cerâmica presente ao seu redor, têm-se alterado a resultante de forças e consequentemente a estabilidade oclusal2,13-15. Sabendo-se que a largura média da mesa oclusal de um pré-molar varia entre 4,5 e 5,5 mm, de um molar entre 5 e 6 mm e considerando que o diâmetro do orifício de passagem de um parafuso seja de 3 mm, o que representa 50% da largura da mesa oclusal em molares e mais de 50% em pré-molares; sugere-se, portanto, condição crítica para o estabelecimento de oclusão ideal3,7,9. Além disso, a falta de suporte na região do orifício aumenta os riscos de fratura para a cerâmica, pois por questões estéticas nem sempre é possível infraestrutura metálica como suporte adequado16. Em coroas sobreimplantes na região posterior, a área de contato oclusal no fundo de fossa não é utilizada no caso de uma prótese parafusada. Ademais, a compensação Revisão da Literatura Caderno Científico No caso de implantes que apresentam inclinação inadequada, a correção poderá ser realizada por meio de intermediários angulados, porém, o uso de abutments angulados pode prejudicar a estética na área cervical, devido a maior altura da cinta metálica desse tipo de intermediário. Já nas próteses cimentadas, essa correção é facilmente realizada sem comprometimento estético, além de se obter melhor emergência subgengival3. por meio do deslocamento do contato oclusal para uma região fora da fossa central deve ser evitada, pois leva a um direcionamento de força fora do eixo axial do implante, gerando um momento fletor17. Atualmente, as opções de materiais utilizados para obliterar o orifício de acesso ao parafuso são as resinas compostas e cerâmicas (inserts). A utilização de resina composta para o fechamento dos orifícios não é eficiente no sentido de manter a oclusão estável por muito tempo devido ao desgaste gerado pelo atrito2,7. Espaço interoclusal Apesar de ser o procedimento de escolha de alguns autores13, nem sempre um espaço interoclusal satisfatório é observado para a confecção de próteses cimentadas. As próteses sobreimplantes retidas por cimento possuem limitações similares às das próteses convencionais. Na presença de um reduzido espaço interoclusal, onde a redução da altura da parede axial de um componente protético torna-se necessária, a consequente limitação da retenção de uma coroa clínica curta, traz como melhor indicação o uso de coroas parafusadas por ter-se o parafuso como meio de retenção3,7. As próteses cimentadas necessitam de um componente vertical de pelo menos 5 mm de altura para oferecer retenção e resistência13. Neste caso, o sistema retido com parafuso é mais resistente às forças oclusais do que as coroas cimentadas13-14. Existem determinadas circunstâncias em que o espaço fica limitado até mesmo para as próteses parafusadas, pois uma distância mínima é requerida pelos componentes do sistema, além da necessidade de se ter um espaço suficiente para o fechamento do orifício do parafuso com material restaurador, sem que haja sobrecontornos3. Estética Sob o ponto de vista estético, observa-se unanimidade entre os autores que colocam as restaurações cimentadas como sendo mais vantajosas do que as parafusadas2,7,10,13. O orifício de acesso ao parafuso é antiestético, ainda que isso possa ser minimizado pelos modernos compósitos opacos7. Mas, não há dúvida de que a ausência do orifício perpetua a integridade das superfícies, permitindo ao técnico de laboratório elaborar trabalhos altamente estéticos, como em uma prótese fixa convencional3. Sob a ótica da estética, pode-se dizer que as próteses cimentadas podem ser usadas universalmente, enquanto que as parafusadas somente quando a posição do implante permite que o orifício do parafuso se situe em uma área sem apelo estético8-9. No caso de implantes que apresentam inclinação inadequada, a correção poderá ser realizada por meio de intermediários angulados, porém, o uso de abutments angulados pode prejudicar a estética na área cervical, devido a maior altura da cinta metálica desse tipo de intermediário. Já nas próteses cimentadas, essa correção é facilmente realizada sem comprometimento estético, além de se obter melhor emergência subgengival3. Adaptação marginal e tecidos peri-implantares Os desajustes em interfaces, além de facilitar o acúmulo bacteriano, o que pode comprometer a saúde dos tecidos peri-implantares, também pode ser um fator preponderante na perda de torque dos parafusos protéticos18. As próteses parafusadas sobreimplantes exibem uma abertura marginal significativamente menor do que as restaurações cimentadas7,19. Alguns estudos20 relataram a ausência de diferença estatística em relação a desadaptação marginal presente no grupo das próteses parafusadas e cimentadas antes do torque. Porém, após o torque do parafuso observou-se redução da desadaptação marginal no grupo das próteses parafusadas. A desadaptação marginal nas próteses parafusadas após o torque é em média de 5,7 µm, enquanto para as próteses cimentadas com ionômero de vidro o valor é de 20,2 µm e para as cimentadas com fosfato de zinco, de 15,9 µm19. Nas próteses cimentadas um cuidado especial deve ser tomado no ato da cimentação final, ao se remover por completo o cimento extravasado7. A presença de cimento na região peri-implantar pode causar inflamação associada a inchaço, sensibilidade, aumento na profundidade de REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):213-8 215 Silva LO • Henriques EF • Guimarães RP • Girundi FMS • Henriques SEF • Lehman LFC sondagem, sangramento e/ou exsudato a sondagem, além de perda óssea peri-implantar21. A remoção de cimento não é fácil, principalmente quando a margem da restauração está subgengival. Pesquisadores22 compararam três materiais de cimentação definitiva, ionômero de vidro, cimento resinoso e fosfato de zinco. Os autores concluíram que o fosfato de zinco é de mais fácil remoção e o cimento resinoso, mais difícil de ser removido. Alguns autores recomendaram a remarcação dos pacientes uma semana após a cimentação definitiva, pois, desta maneira, é possível detectar precocemente a existência de resíduos de cimento7,21. Essa praticidade na remoção e no reposicionamento das coroas parafusadas facilita as sessões clínicas de controle quando são necessários reparos e manutenções. Esse fator favorece a higienização dessa modalidade protética, permite monitoramento dos tecidos peri-implantares e possibilita a substituição dos componentes protéticos quando necessário7. Retenção Os fatores que influenciam a retenção das próteses cimentadas são basicamente os mesmos que influenciam a retenção em dentes naturais7. São eles: a) convergência ou paralelismo das paredes axiais – uma convergência de 6º é ideal para retenção das próteses23 – devido às características de preparo dos abutments, a retenção alcançada em próteses cimentadas sobreimplantes é três vezes maior que a retenção em dentes naturais2,7; b) área de superfície e altura: devido a localização subgengival dos abutments, esses possuem paredes axiais mais longas que os dentes naturais2,7; c) aspereza de superfície: a retenção friccional entre dois componentes metálicos é superior à retenção friccional resultante entre um coping metálico e um preparo em dente natural2,7; d) cimento: a vantagem da reversibilidade deixou de ser exclusiva das próteses parafusadas, pois as cimentadas podem ser fixadas com cimentos provisórios, permitindo assim sua remoção2,7. 216 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):213-8 Estudos mostraram que a retenção das próteses parafusadas é obtida pelo aperto dos parafusos que conectam o implante ao abutment e este à prótese7. Essa retenção é consequência da resistência friccional presente entre as roscas internas do implante e as roscas do parafuso de fixação. O objetivo principal do torque aplicado ao parafuso é gerar uma pré-carga adequada entre as espiras do implante e do parafuso para manter a união dos componentes. Autores concluíram em seu estudo de elementos finitos que o coeficiente de atrito é o principal fator que influencia a pré-carga24. Os parafusos mais utilizados são de ouro e titânio7. Pesquisadores objetivaram em suas pesquisas análise comparativa entre parafusos de liga de titânio, liga de ouro e revestido de ouro25. Foram efetuados três torques subsequentes em cada um dos parafusos. Concluiu-se que o parafuso revestido de ouro apresentou maior tendência para deterioração da pré-carga com os torques repetidos, seguido pelo parafuso de liga de ouro e o de liga de titânio. O parafuso revestido de ouro apresentou maior pré-carga no primeiro torque, devido ao ouro ser um lubrificante eficaz, que reduz o coeficiente de atrito, gerando maior ângulo de rotação e maior tensão entre as roscas, fazendo com que ele se prenda de maneira mais eficaz e com menor risco de danificar as roscas. Porém, o parafuso de ouro deve ser usado somente na fixação final da prótese, evitando seu uso em procedimentos laboratoriais, para não danificar o revestimento de ouro que atua como excelente lubrificante, por se tratar de um material muito macio7,25. Reversibilidade Alguns autores recomendaram a confecção de próteses fixas parafusadas sobreimplantes, sugerindo que apenas a restauração parafusada possa ser removível. Essa característica de reversibilidade foi descrita como a principal vantagem das restaurações parafusadas2,8,10,15. Essa praticidade na remoção e no reposicionamento das coroas parafusadas facilita as sessões clínicas de controle quando são necessários reparos e manutenções. Esse fator favorece a higienização dessa modalidade protética, permite monitoramento dos tecidos peri-implantares e possibilita a substituição dos componentes protéticos quando necessário7. A reversibilidade deixou de ser característica exclusiva das próteses parafusadas após alguns pesquisadores terem descrito técnicas que possibilitam a remoção das próteses cimentadas, entre elas, a fixação de próteses definitivas com cimentos provisórios3, ou ainda, a inclusão de dispositivos que auxiliam a remoção dessas próteses26. No entanto, autores relataram que mesmo com a utilização de cimentos provisórios, as próteses cimentadas podem ser de difícil remoção7,27-28, pois o cimento provisório utilizado em restaurações sobredentes naturais pode, certamente, ser um agente de fixação definitivo para metal cimentado Revisão da Literatura Caderno Científico TABELA 1 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DE PRÓTESES SOBREIMPLANTES RETIDAS POR PARAFUSO Vantagens Desvantagens - Reversibilidade - Dificuldade de adaptação passiva em próteses múltiplas - Uso em regiões com limitado espaço interoclusal - Fragilização da cerâmica na região oclusal - Melhor adaptação entre os componentes protéticos após o torque final - Dificuldade na obtenção da estética - Instabilidade de contatos oclusais TABELA 2 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DE PRÓTESES SOBREIMPLANTES RETIDAS POR CIMENTO Vantagens Desvantagens - Melhor estética - Dificuldade de reversibilidade - Facilidade de adaptação passiva em próteses múltiplas - Remoção de cimento em regiões de sulcos profundos - Estabilidade de contatos oclusais a metal. Por causa da altura do abutment clínico, coroas sobreimplantes retidas por cimento temporário podem ser muito difíceis de serem removidas2,9. As próteses fixas implantossuportadas retidas por cimento podem ser fixadas com cimentos de resistência variada, selecionados em função do número e da localização dos pilares, altura, largura, grau de convergência, retenção, forma de resistência e formato2,13,15. Pesquisadores desenvolveram uma técnica denominada “cimentação progressiva”, a fim de facilitar a análise da capacidade retentiva do cimento e do abutment. Essa técnica é indicada na situação onde os intermediários não estão proporcionando a retenção esperada e, através dessa técnica, cimentos cada vez mais resistentes vão sendo utilizados até se obter a retenção desejada2. A característica de reversibilidade das próteses parafusadas não deve ser ignorada, sobretudo, em próteses extensas, porque a força aplicada para que uma prótese cimentada se solte, pode ser deletéria para os implantes3 (Tabelas 1 e 2). Discussão Parece existir um consenso entre os autores no que se refere à superioridade das próteses cimentadas sobre as parafusadas em relação à estética e oclusão2,7,10,13-15. Porém, a ausência de estética nas próteses parafusadas, causada pela presença do orifício de acesso do parafuso, está restrita somente às áreas de pré-molares e molares inferiores, pelo fato de que os mesmos estejam em áreas mais aparentes e ainda assim, atualmente, existem materiais restauradores modernos que podem diminuir a cor cinza aparente nessas áreas7. Estudos sugeriram que a inclinação inadequada de implantes possa ser corrigida através de intermediários - Dificuldade na obtenção da estética - Instabilidade de contatos oclusais angulados8-9. No entanto, outro autor lembrou que o uso de pilares angulados pode prejudicar a estética na área cervical dos implantes devido a maior altura da cinta metálica desse tipo de intermediário e relata ainda que a opção por próteses cimentadas utilizando-se intermediários personalizados do tipo munhão ou Ucla poderia ser mais vantajosa, pois a correção da angulação pode ser realizada sem prejuízos para a estética3. As próteses cimentadas têm potencial para serem completamente passivas devido ao espaço para o cimento que ainda atua absorvendo as cargas mastigatórias7-8,13. Pesquisadores acrescentaram que qualquer interferência no interior do coping pode ser marcada com substâncias evidenciadoras e eliminadas através de desgastes internos9. Outros acrescentaram que as próteses parafusadas apresentam tolerância zero para erros, pois não há espaço entre o intermediário e a coroa e sim um sistema de metal contra metal. Portanto, um quadro totalmente passivo é difícil de ser obtido2. Uma vantagem marcante da prótese parafusada é a reversibilidade10. Contrariamente, outros autores2 afirmaram que não há justificativa para o uso das próteses retidas por parafuso quando o assunto é reversibilidade, pois a cimentação progressiva poderá ser usada até se obter a retenção ideal. Contrário a esses pensamentos, a principal desvantagem das próteses cimentadas pode ser a sua dificuldade de remoção e recuperação, mesmo com a utilização de cimentos provisórios7. Estudos acrescentaram que o cimento provisório utilizado em restaurações sobredentes naturais pode, certamente, ser um agente de fixação definitivo para metal cimentado a metal9-10. Um dos poucos fatores que justificam o uso das próteses parafusadas é a necessidade de confeccionar próteses em espaços interoclusais limitados, o que não proporciona REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):213-8 217 Silva LO • Henriques EF • Guimarães RP • Girundi FMS • Henriques SEF • Lehman LFC boas condições de retenção para as próteses cimentadas13. Por outro lado, a prótese cimentada oferece como vantagens melhor oclusão, melhor estética e maior potencial para completa passividade. Avaliando a biocompatibilidade peri-implantar, auto2 res relataram que a presença de cimento na interface entre a coroa e o intermediário promove vedação que impede o ingresso de bactérias, mas existe uma preocupação adicional relacionada à presença de linhas de cimento muito espessas, decorrentes da desadaptação da prótese sobre o intermediário, pois a dissolução do cimento pode ocasionar a retenção de bactérias nessa interface, levando à inflamação dos tecidos peri-implantares3,7,21. Apesar da ausência de cimento no sulco gengival como um fator positivo para as próteses parafusadas7, outros autores21 acrescentaram que as coroas parafusadas podem apresentar problemas, caso haja afrouxamento dos parafusos de retenção, ocasionando acúmulo de placa bacteriana e inflamação dos tecidos peri-implantares. Nenhum método de retenção é superior a outro, clinicamente ou biologicamente, avaliando aspectos como tecidos peri-implantares, complicações protéticas e nível marginal de osso peri-implantar9. Conclusão A seleção do tipo de retenção protética não deveria partir de preferências pessoais ou costume na prática clínica. Além disso, a escolha do sistema de retenção não deve ser feita de forma genérica e sim ser individualizada dentro da particularidade de cada caso. Não devemos pensar que uma retenção seja melhor ou pior quando comparamos próteses retidas por cimento versus por parafuso, o que deve ser levado em consideração são vantagens, desvantagens, indicações e contraindicações de cada caso em particular. Recebido em: jul/2010 Aprovado em: jan/2011 Endereço para correspondência: Rodrigo Porto Guimarães Av. Brasil, 283 – Sala 1.701 – Santa Efigênia 30140-000 – Belo Horizonte – MG Tel.: (31) 3241-5547 [email protected] Referências 1. Adell R, Lekholm U, Rockier B, Brånemark PI. A 15-year study of osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Int J Oral Surg 1981;10(6):387-416. 2. Hebel KS, Gajjar RC. Cemented-retained versus screw-retained implant restorations: achieving optimal occlusion and esthetics in implant dentistry. J Prosthet Dent 1997;77(1):28-35. 3. Franciscone CE. Odontologia integrada: atualização multidisciplinar para o clinico e o especialista. Rio de Janeiro: Pedro Primeiro; 1999.p.104-8. 4. 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Este trabalho teve como objetivo analisar, por meio da análise fotoelástica, a influência dos formatos das roscas dos implantes na distribuição de tensões à estrutura de suporte de um modelo experimental. Foram construídos dois corpos de prova em resina fotoelástica, sendo que no modelo I foram colocados dois implantes de roscas trapezoidais e no modelo II foram colocados dois implantes com roscas triangulares com os seus respectivos componentes. Primeiramente, foi feita a aplicação de carga vertical de 6,4 kgf, a seguir, de 11,2 kgf e por último uma carga aplicada de 16 kgf, simulando uma sobrecarga no modelo I e no modelo II. Nos dois modelos (II e II) houve distribuição homogênea das franjas isocromáticas no terço cervical, médio e apical, porém, no modelo I a intensidade das franjas foi maior. Concluise que não houve diferença nos locais de distribuição das tensões entre os modelos I e II, mas a intensidade das franjas isocromáticas no modelo I mostra que existe maior compressão ao redor do implante de roscas trapezoidais. Unitermos - Análise fotoelástica; Macrogeometria dos implantes; Análise de estresse. ABSTRACT The design of a dental implant thread shape can be decisive on bone stress distribution. Thus, basic research is fundamental to identify its mechanical behavior when the load is applied on different types of thread formats. This study analyzed, by photoelastic techniques, the influence of the screw-thread formats in the stress distribution on the experimental model. Two photoelastic resin models were fabricated: model 1 consisted of trapezoidal-shaped and model 2 of triangle-shaped screw-thread implants with its respective components. Sequential loads of 6.4kgf, 11.2kgf, and 16kgf (overload) were applied in both groups. Uniform distribution of isochromatic fringes was verified at the cervical, middle and apical thirds of both models, with fringe intensity being higher in the model 1. One can conclude that greater compression was found around the trapezoidalshaped, screw-thread implants. Key Words - Photoelastic analysis; Dental implant macrogeometry; Stress analysis. *Especialista em Prótese Dentária – Cetao/São Paulo/SP; Especialista em Implantodontia – Uningá/Maringá/PR . **Doutor e mestre em Implantodontia – São Leopoldo Mandic/Campinas/SP. ***Doutora professora de Prótese Dentária – Fousp. ****Mestre e doutor em Implantodontia – São Leopoldo Mandic/Campinas/SP. *****Mestre em Implantodontia – São Leopoldo Mandic/Campinas/SP. ******Especialista em Implantodontia – NEO/São Paulo/SP; Mestrando em Periodontia - São Leopoldo Mandic/Campinas/SP. *******Doutora em Patologia Bucal – Fousp; Coordenadora Científica – Instituto de Pesquisa em Saúde – Inpes. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):221-6 221 Poli TP • Mizutani FS • Laganá DC • Paterno Jr. D • Sadetsky AA • Montesino AC • Tucci R Introdução A análise fotoelástica é um método experimental que permite a avaliação qualitativa das tensões através do polariscópio. Esta técnica fornece informação em forma de franjas coloridas, tornando-se possível determinar as direções e intensidade qualitativa das tensões. Na Odontologia, a análise de tensões fotoelásticas tem sido amplamente utilizada, permitindo-se a avaliação qualitativa das tensões de um determinado componente. Sabendo-se que a forma do implante, mais especificamente o perfil de suas roscas, pode influenciar significativamente na distribuição de tensões sobre o tecido ósseo, é importante realizar um estudo laboratorial que permita verificar seu comportamento quando a carga incide sobre os implantes com diferentes perfis de roscas. Revisão da Literatura Existem vários métodos possíveis para a determinação qualitativa e quantitativa das distribuições de tensões em componentes ou estruturas1. Entre eles pode-se citar os métodos numéricos como elementos finitos e os métodos experimentais – extensometria e fotoelasticidade1-2. O método fotoelástico possibilita observar a distribuição de tensões em toda a estrutura, permitindo uma percepção geral sobre o comportamento das tensões. Nessa técnica observa-se a localização das tensões dentro de um modelo experimental através de franjas de diferentes colorações. Pode-se inferir qualitativamente a deformação resultante de uma determinada força, comparando-se as tensões observadas com a área livre de tensão. Quanto maior o número de franjas, maior a intensidade das tensões, e quanto mais próximas as franjas umas das outras, maior a concentração das tensões3. Os autores4 analisaram a distribuição de tensões sobre os implantes da mesma forma externa, diferindo apenas em junções, hexágono externo e hexágono interno. Estas peças foram inseridas em modelos fotoelásticos e submetidas a duas cargas compressivas: axial e deslocada 6,5 mm do centro. Foram analisados 61 pontos sobre o corpo do implante, nos quais os valores de tensões cisalhantes máximas foram determinados. Os resultados deste estudo evidenciaram menor concentração de tensões em implantes que apresentavam hexágono interno, quando comparado ao hexágono externo. As condições fisiológicas e a arquitetura óssea nem sempre são ideais. A necessidade de estímulo nos sítios ósseos por determinados tipos de desenhos de implantes é uma proposta que vem se tornando cada vez mais presente na atualidade. Melhorar a forma dos implantes odontológicos através do aumento de suas áreas de dissipação de cargas (LBAs – Load Bearing Area), como mecanismo funcional primário para alcançar a osseocompressão e a 222 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):221-6 sustentação no tecido ósseo, tem sido proposta como fator primário de sucesso em implantes com carga imediata, cuja indicação cada vez mais tem-se tornado presente5. Autores6 avaliaram, através da análise fotoelástica, sete implantes com diferentes formas, submetendo estes a carga de compressão vertical. Os autores concluíram que a região apical foi a principal região de concentração de tensões dos implantes de configuração cônica. Os implantes cilíndricos distribuíram as tensões nos terços apical, médio e cervical. Outros autores7 compararam através da análise fotoelástica a distribuição de tensões ao longo de uma estrutura fixa colocada sobre os implantes angulados e paralelos. Foram construídos dois corpos de prova, um deles contendo três implantes paralelos entre si e o outro corpo de prova com três implantes, sendo que o implante central estava angulado 30º com relação aos outros dois implantes. A aplicação de carga utilizada foi de 100 N. A análise fotoelástica indicou que, no modelo com implantes paralelos, o esforço de distribuição seguiu o eixo do implante, e no modelo com um implante angulado maior e não homogêneo concentração de tensões foi observada ao redor da região apical dos implantes. Os autores ainda concluíram que o método fotoelástico apresenta como vantagem a obtenção de informações visuais diretas sobre o padrão de tensões que ocorrem em um modelo após a aplicação de cargas. Outros autores8 realizaram um estudo sob a influência de quatro diferentes formas de implantes endósseos na distribuição de tensões após cargas verticais e oblíquas a 7,5 N. Para este estudo foram selecionados 12 implantes, divididos em quatro grupo, grupo I: Master Conect Cônico 4,3 x 13 mm; grupo II: Titamax Ti Medular 3,75 x 13 mm; grupo III: Colosso RC 4,0 x 13 mm; grupo IV: Bicon Uncoated Implant 3,5 x 11 mm. Cada grupo continha três implantes da mesma marca comercial. Dentre os resultados, estes autores observaram que o grupo I, constituído por implantes cônicos de hexágono interno longo e porção cervical polida de 1 mm de altura, apresentou concentração das tensões na região apical sem distribuição à região média e cervical, quando submetida à carga vertical e oblíqua. Sendo que os grupos II, III e IV, de configuração cilíndrica, distribuíram as tensões com intensidade e localização similares nas três regiões. Proposição O objetivo deste trabalho foi analisar, por meio da análise fotoelástica, a influência dos perfis das roscas dos implantes na distribuição de tensões à estrutura de suporte de um modelo experimental. Material e Métodos Foram utilizados quatro implantes (Sistema de Im- Trabalho de Pesquisa Caderno Científico plantes Koop, Curitiba/PR, Brasil), sendo dois implantes cônicos de roscas triangulares (modelo I) e dois implantes cônicos de roscas trapezoidais (modelo II). Os quatro implantes eram do tipo cone-morse friccional. Foram colocados sobre os implantes pilares standard friccionais. Os implantes e componentes que foram fornecidos pelo fabricante estão ilustrados nas Figuras 1 e 2. A análise da distribuição das tensões produzidas no modelo fotoelástico foi realizada por meio de imagens obtidas do polariscópio circular desenvolvido pela empresa Eikonal Instrumentos Ópticos Comércio e Serviço Ltda. (São Paulo/SP), pertencente ao Laboratório de Pesquisa do Departamento de Prótese da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo – USP (Figura 3). Foi fabricado um dispositivo de metal apropriado para a pesquisa, como mostra a Figura 3. Sobre a base superior do aparelho foram colocados os pesos em diferentes momentos sequenciais para a análise das tensões, tanto no modelo I como no modelo II. A aplicação da carga foi realizada com emprego de três anilhas de ferro recobertas por borracha, adquiridas na Academia Tem em São Ber- nardo do Campo. Cada anilha teve seu peso aferido em uma balança pertencente ao Laboratório de Pesquisa do Departamento de Prótese da Fousp, pesando 4,8 kgf cada uma. A base superior do dispositivo de metal de aplicação de cargas também teve seu peso aferido (1,6 kgf), para que seu peso fosse computado, como carga aplicada ao corpo de prova. Assim, sobre os modelos I e II foram aplicadas cargas verticais de 6,4 kgf (4,8 kgf + 1,6 kgf), 11,2 kgf (9,6 kgf + 1,6 kgf) e 16 kgf (14,4 kgf +1,6 kgf) que em Newtons equivalem respectivamente a aproximadamente 50 N, 100 N e 150 N. O conjunto formado pelo dispositivo de aplicação de cargas e modelo foi inserido primeiramente em um aquário contendo óleo mineral incolor (Figura 3) e, no momento dos testes, os pesos foram aplicados de acordo com a sequência citada. Inicialmente, foi construído um retângulo em gesso nas dimensões de 6 cm de comprimento, 3 cm de altura e 1,5 cm de largura. Este retângulo foi colocado no interior de um recipiente para ser moldado com silicone laboratorial Silibor Clássico (São Paulo/SP), conforme mostrado na Figura 4. Após a polimerização do silicone (24 horas) Figuras 1 e 2 Implantes e componentes utilizados no experimento. Figura 3 Vista lateral do polariscópio circular. O aquário contendo óleo mineral incolor e, no seu interior, o mecanismo de aplicação de forças. Figura 4 Dois moldes em silicone Silibor Clássico e um modelo em gesso. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):221-6 223 Poli TP • Mizutani FS • Laganá DC • Paterno Jr. D • Sadetsky AA • Montesino AC • Tucci R este foi vazado com resina fotoelástica Araldite GY 279 e Aradur HY 2963 (Araltec Produtos químicos Ltda. – Huntsman) – Figura 5. Foram construídos dois corpos de prova nos quais foram inseridos dois implantes em cada bloco, resultando os corpos de prova: modelos I e II. No modelo I foram colocados dois implantes de roscas trapezoidais e no modelo II foram colocados dois implantes com roscas triangulares. Antes de verter a resina fotoelástica no molde de silicone (Silibor), os implantes foram posicionados paralelos entre si utilizando-se um posicionador de troquel onde foram apoiadas barras acrílicas localizadas a 90º em relação ao posicionador de troquel (Figuras 6 e 7). Antes que os implantes fossem posicionados paralelos entre si, foram colocados os pilares standard friccionais para que não gerasse tensões adicionais sobre o corpo de prova. Seguindo a proporção de cada um dos componentes da resina fotoelástica (1:2), foram introduzidos em um becker, sendo manipulados com bastão de vidro por dez minutos em movimentos circulares lentos, de forma a obter uma mistura de coloração homogênea. O recipiente foi levado a uma câmara à vácuo (Figura 8), na qual permaneceu por 15 minutos, de forma a eliminar inclusões de ar à resina. A resina apresentou-se translúcida e com coloração amarelada. A mesma foi vertida no interior do molde (Figura 9), recobrindo todas as espiras dos implantes, mimetizando a condição biológica da osseointegração. Os modelos I e II ficaram em repouso por 72 horas em ambiente fresco e arejado para a total polimerização da resina fotoelástica (Figura 10). Após a polimerização dos corpos de prova foi realizada a análise fotoelástica. Primeiro com aplicação de carga vertical de 6,4 kg, a seguir, de 11,2 kg e por último uma carga aplicada de 16 kg, simulando uma sobrecarga no modelo I e no modelo II. Registros fotográficos foram feitos em uma mesma distância focal antes e durante a aplicação de cargas. A análise qualitativa teve como objetivo observar o local de início das ordens das franjas isocromáticas nos modelos fotoelásticos e a distribuição dessas tensões ao longo do implante, no terço cervical, médio e apical. Resultados Figura 5 Resina fotoelástica Araldite e Aradur, empregadas para confecção dos modelos fotoelásticos. Observou-se que os implantes com roscas trapezoidais (modelo I) distribuíram tensões para a estrutura de suporte em todo seu redor. Tem-se na Figura 11a amostra com carregamento de 6,4 kgf e na Figura 11b sem carga. Pode-se verificar alterações pela coloração ao redor dos implantes tanto nas áreas proximais como cervicais e apicais, o que se torna mais nítido quando a carga aplicada foi de 11,2 kg (Figura 11c). Com a carga de 16 kgf (Figura 11d) há uma Figuras 6 e 7 Posicionamento dos implantes antes de verter a resina fotoelástica. 224 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):221-6 Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Figura 8 Becker com resina fotoelástica inserido na câmara a vácuo para eliminar inclusões de ar à resina. Figura 9 Resina fotoelástica após ter saído da câmara a vácuo sendo vertida no molde. Figura 10 Modelo I e II em repouso por 72 horas para a total polimerização. Figuras 11 Nesta figura, letras A, B, C e D significam, respectivamente: sem carga, 6,4 kg, 11,2 kg e 16 kg. Figuras 12 Nesta figura, letras A, B, C e D significam, respectivamente: sem carga, 6,4 kg, 11,2 kg e 16 kg. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):221-6 225 Poli TP • Mizutani FS • Laganá DC • Paterno Jr. D • Sadetsky AA • Montesino AC • Tucci R profusão de franjas coloridas, oriundas das superfícies dos implantes que convergem para a região mediana do modelo. O modelo II (roscas triangulares) apresentou distribuição semelhante à do modelo I, porém, com menor intensidade de cores (Figuras 12). Discussão O presente estudo mostrou que a forma dos perfis das roscas dos implantes é um fator importante na distribuição e na concentração das tensões e que estas podem ser minimizadas, concordando com outros autores4,6. Assim como no presente estudo, autores7 indicaram que, no modelo com implantes paralelos, o esforço de distribuição seguiu o eixo do implante. Os resultados obtidos no presente estudo são compatíveis aos apresentados em outro trabalho6, que relatou que o implante com forma cônica concentra as tensões na região apical com distribuição para o terço médio e cervical de maneira mais uniforme quando comparado aos implantes de configuração cilíndrica, diferentemente dos resultados mostrados por outros autores8. Estes autores observaram que os implantes cônicos apresentaram concentração das tensões na região apical sem distribuição na região média e cervical quando submetida à carga vertical e oblíqua. Já os implantes de configuração cilíndrica distribuíram as tensões com intensidade e localização similares nas três regiões. A diferença nos resultados entre os trabalhos pode estar na seleção da carga aplicada. Neste estudo observou-se que os implantes com roscas triangulares (modelo II) tiveram comportamento semelhante em relação à distribuição de tensões para a Referências 1. Alvarez ED, Strohaecker TR. Equipamento de baixo custo para análise de tensões. Rev Fis Apl Instrum 1998;13(4):86-91. 2. Kinomoto Y, Torri M. Photoelastic analysis of polymerization contraction stress in resin composite. J Dent 1998;26(2):165-71. 3. French AA, Bowles CQ, Parham Pl, Eicck Jd, Killoy Wj. Comparison of periimplant stresses transmited by four commercially available osseointegrated implants. 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A compressão funcionalmente controlada, ou seja, com um limite de carga, pode ser vantajosa para o tecido ósseo, pois estimula células osteoblásticas a formarem osso ao redor do implante, podendo acelerar os mecanismos envolvidos na osseointegração5. Conclusão Tanto as roscas trapezoidais como as roscas triangulares distribuíram as tensões ao redor dos implantes e apicalmente, sendo que a maior intensidade das forças ocorreu na região mediana do modelo. De acordo com a metodologia aplicada, os implantes com roscas triangulares e trapezoidais apresentaram comportamentos semelhantes quanto à distribuição das tensões no modelo experimental. Recebido em: jun/2010 Aprovado em: nov/2010 Endereço para correspondência: Thalita Pelayo Poli Av. Indianópolis, 153 – Moema 04063-000 – São Paulo – SP Tel./Fax: (11) 5051-2370 [email protected]/[email protected] 6. 7. 8. N. A influência da osseocompressão na estabilidade de implantes: revisão de literatura. 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Montandon** Maurício Nagle** Weber Adad Ricci** Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli*** Luis Fernando Pilon**** RESUMO Os implantes osseointegrados em função imediata estão sendo muito utilizados no tratamento reabilitador de pacientes desdentados totais por ser um procedimento seguro e de alta previsibilidade. No entanto, a viabilidade e o sucesso de tratamentos com implantes osseointegrados em função imediata são definidos por fatores como número de implantes, sua distribuição e esplintagem, redução das cargas laterais e contatos oclusais excessivos. As resinas compostas indiretas modificadas por vidro possibilitam a construção de uma prótese altamente estética, associada à resistência satisfatória e a melhor dissipação das forças durante o carregamento oclusal. Este artigo apresenta um caso de prótese total fixa mandibular implantossuportada em função imediata confeccionada em resina composta indireta. Unitermos - Carga imediata; Implantes dentários; Prótese dentária fixada por implantes. ABSTRACT Immediate functioning of osseointegrated implants has been widely employed in edentulous patients due to its safety and high predictability. However, viability and success of immediate-loaded implants is defined by factors such as number of implants, distribution and splinting, as well as reduction of oblique loads and excessive occlusal contacts. The indirect composite resin-modified glass enable building of a highly aesthetic prosthesis, combining satisfactory resistance and better force dissipation on occlusal loading. This article describes a resin composite, mandibular fixed prosthesis on osseointegrated implants in immediate function. Key Words - Immediate loading; Dental prosthesis; Implant-supported prosthesis. *Doutora em Reabilitação Oral e professora do Curso de Extensão em Implantodontia – Faepo-Unesp **Professor assistente doutor da Disciplina de Clínica Integrada do Departamento de Odontologia Social – Faculdade de Odontologia de Araraquara-Unesp. ***Professor adjunto da Disciplina de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Departamento de Diagnóstico e Cirurgia – Faculdade de Odontologia de Araraquara-Unesp. ****Técnico em Prótese Dentária – Escola Técnica de Prótese “Prof. Celso de Moraes Barbosa”. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):229-36 229 Piveta ACRG • Montandon AAB • Nagle M • Ricci WA • Gabrielli MAC • Pilon LF Introdução A reabilitação oral com implantes osseointegrados tem uma influência positiva na qualidade de vida dos edentados totais por possibilitar a confecção de próteses fixas. O aumento da expectativa de vida e, consequentemente, da população idosa promove o crescimento do número de desdentados totais com reabsorção óssea acentuada, onde o volume ósseo dos rebordos remanescentes limita retenção e estabilidade das próteses totais convencionais1-3. Como resultado desse estado, surgem os problemas sociais e psicológicos que dificultam o comportamento e o relacionamento dos pacientes. Isso ocorre porque a adaptação ao uso de próteses totais é um processo complexo e difícil sob o ponto de vista somático e psicológico4-5, principalmente, para os pacientes que passam da condição de dentado para desdentado total em um curto período de tempo. De acordo com o protocolo do sistema Brånemark, Nobel Biocare (Gothenburg, Suíça), a fase protética deverá ser realizada de três a seis meses após a instalação dos implantes. No período inicial, os implantes deverão ficar sem pressão para que ocorra a osseointegração entre osso e implante. Tradicionalmente, o protocolo de utilização de implantes osseointegráveis envolve dois estágios cirúrgicos e um período prolongado de cicatrização no qual a aplicação de cargas deverá ser evitada2,6-8. Entretanto, diferentes técnicas foram propostas para reduzir o tempo entre a instalação do implante e a colocação da prótese, e o protocolo cirúrgico de um só passo foi instituído permitindo o carregamento funcional imediato nos implantes fixados3,9-14. A viabilidade e o sucesso desta técnica estão associados a alguns fatores como estabilidade primária dos implantes instalados, qualidade do osso receptor, local de instalação dos implantes, fixação rígida da prótese, redução das cargas laterais e ausência de oclusão traumática7,13,15. A seleção do material de cobertura estética de prótese implantossuportada tem como objetivo preservar a interface osso/implante minimizando as tensões geradas nessa região2,16-17. A osseointegração permite que os implantes apresentem uma relação praticamente rígida com o osso circundante, sem um mecanismo de neutralização e transmissão de cargas oclusais, como ocorre com os dentes em relação aos ligamentos periodontais. Sendo assim, a confecção da prótese deverá contribuir positivamente para transmissão de carga mastigatória ao osso14,16,18-24. Em meados de 1996, surgiu no mercado uma nova classe de material restaurador indireto, os cerômeros ou resinas modificadas por vidro. Suprimindo suas desvantagens, este material tenta reunir as melhores propriedades das resinas compostas e das porcelanas, dentre elas: estética, resistência ao desgaste e a fratura, conservação e adesão à estrutura dentária25-26. Os cerômeros, ou polímeros otimizados por cerâmica, são resinas compostas microhí- 230 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):229-36 bridas de uso indireto e que apresentam média de 66% de peso de partículas minerais cerâmicas25-27 considerados resinas compostas laboratoriais de segunda geração, que devido ao seu alto teor de partículas cerâmicas pequenas, apresentam menor contração de polimerização, menor desgaste intraoral, melhor resistência à flexão, melhor estabilidade de cor, razoável capacidade de adesão à subestrutura metálica e resistência a abrasão similar a do esmalte24,26. Os cerômeros são fotopolimerizáveis e por produzirem restaurações semelhantes aos dentes naturais seu uso tem sido extremamente bem-sucedido na prática clínica. Alguns autores16 avaliaram tridimensionalmente a força gerada, no osso adjacente aos implantes, por cinco materiais utilizados como cobertura de prótese sobreimplantes e concluíram que as resinas acrílicas e as resinas compostas modificadas por cerâmica diminuíram em 25% e 15% a transmissão de carga ao osso peri-implantar quando comparadas às porcelanas e metal. Considerando que o tratamento com implantes osseointegrados reabilita a funcionalidade, a estética e a saúde do sistema estomatognático, devolvendo ao paciente a possibilidade de convívio social contribuindo para a sua qualidade de vida, o propósito do presente artigo foi descrever um caso de implantes em função imediata suportando uma prótese protocolo confeccionada em cerômero (Ceramage-Shofu, Japão). Material e Métodos Paciente do sexo masculino, 60 anos, com boas condições sistêmicas e não fumante alegava dificuldade na função mastigatória e desconforto nos dentes. Após análise clínica e radiográfica constatou-se a presença de prótese total superior e dentes inferiores comprometidos com doença periodontal avançada e perda de suporte ósseo, como mostra a Figura 1. Optou-se pela extração de todos os dentes inferiores (Figura 2) e após o período de cicatrização, a colocação de implantes osseointegrados para a confecção de uma prótese fixa implantossuportada com aplicação da função oclusal imediata. Previamente a cirurgia iniciou-se uma sequência para confecção de próteses totais superiores e inferiores. Após prova funcional e estética da montagem de dentes, foi confeccionado um guia cirúrgico em resina acrílica. Esse guia orienta a colocação dos implantes em uma posição mais adequada, levando-se em consideração os fatores biomecânicos e a localização adequada dos condutos de parafusamento. A montagem de dentes em cera e o enceramento da prótese total inferior também foi utilizado na confecção da muralha de silicona. O objetivo principal da muralha era registrar a posição dos dentes limitando o espaço disponível para a confecção da barra e aplicação da resina composta indireta Ceramage (Shofu, Japão). Trabalho de Pesquisa Caderno Científico A mandíbula do paciente recebeu seis implantes Neodent de hexágono externo (Titamax Ti medular), três implantes de 3,75 mm-13 mm e um implante de 3,75 mm11 mm entre os forâmenes mentonianos e um implante de 3,75 mm-9 mm na região dos molares em ambos os lados do arco (Figura 3), eliminando a extensão distal da futura prótese. A cirurgia foi realizada respeitando-se todo o protocolo cirúrgico exigido pelo caso e todos os implantes tiveram excelente estabilidade primária, em torno de 50 Ncm. Foram conectados os transferentes quadrados para moldeira aberta e sutura realizada. Inicialmente, os pilares foram posicionados sobre os análogos, no modelo de gesso, e a infraestrutura da barra foi confeccionada em resina acrílica Duralay com correções de forma em cera (Figura 10). Esse enceramento foi realizado com referência no guia de silicona, mantendo um espaço para aplicação da resina composta indireta coronária e gengival (Figura 11). Moldagem A moldagem dos implantes foi realizada logo após o término da cirurgia, sendo o guia multifuncional utilizado como moldeira individual. Os transferentes quadrados para moldeira aberta foram posicionados (Figura 4) e unidos com resina acrílica Duralay (Reliance), como mostra a Figura 5, e o guia cirúrgico posicionado para avaliar sua adaptação em relação a união dos transferentes (Figura 6) e realizar a união do conjunto ao guia cirúrgico (Figura 7). Para a moldagem do rebordo inferior e transferência dos implantes foi utilizada a silicona de condensação (Oranwash L, Zhermarck clinical), pasta leve, em uma seringa de moldagem. O material foi injetado no interior do guia através das aberturas vestibulares. Após o endurecimento do material, todo o conjunto foi removido da boca, adaptado aos análogos e vazada a gengiva artificial (Figura 8) para obtenção do modelo de gesso (Figura 9). Sobre os implantes foram colocados cicatrizadores com 5 mm de altura e adaptada uma prótese total convencional. A partir deste momento foram iniciados os trabalhos laboratoriais de confecção da barra fundida em metal e aplicação da resina composta indireta. Devido ao espaço interoclusal disponível e a posição dos implantes, foram utilizados como pilares protéticos Ucla Tilite (Neodente). Figura 3 Colocação dos implantes. Figura 1 Pré-operatório intrabucal. Figura 2 Extração dos dentes. Figura 4 Transferentes em posição. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):229-36 231 Piveta ACRG • Montandon AAB • Nagle M • Ricci WA • Gabrielli MAC • Pilon LF Figura 5 União dos transferentes com resina acrílica. Figura 6 Adaptação do guia cirúrgico em relação aos transferentes. Figura 7 Posicionamento do guia cirúrgico para união aos transferentes. Figura 8 Análogos posicionados e vazamento da gengiva artificial. Figura 9 Modelo de gesso. Figura 10 Infraestrutura em cera. A estrutura metálica foi fundida em liga níquel-cromo (Vera-Bond II, Albadent) e deveria apresentar assentamento passivo e livre de tensões (Figura 12). Após fundição e usinagem da barra ou infraestrutura metálica, o próximo passo foi a prova da estrutura metálica 232 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):229-36 Prova da estrutura metálica Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Figura 11 Guia de silicona - espaço para a aplicação da resina composta indireta. Figura 12 Infraestrutura metálica fundida em níquel-cromo. Figura 13 Prova da infraestrutura metálica na boca. Figura 14 Aplicação da camada de revestimento opaco. Figura 15 Aplicação das camadas de resina composta referentes à dentina e ao esmalte. na boca para avaliar o assentamento passivo, a oclusão e a dimensão vertical do paciente (Figura 13). A passividade no assentamento da estrutura metálica ocorre quando a adaptação está livre de resistência e ausência de espaço entre a plataforma protética do implante e o componente protético da estrutura metálica. Figura 16 Prótese protocolo polida e posicionada no modelo de gesso. Aplicação da Ceramage Previamente a aplicação da resina composta indireta, a barra foi jateada com óxido de alumínio, limpa com jato de vapor e aplicado álcool isopropílico para eliminar qualquer impureza ou vestígio de gordura. Foi aplicado primer à superfície da estrutura metálica que recebeu a resina REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):229-36 233 Piveta ACRG • Montandon AAB • Nagle M • Ricci WA • Gabrielli MAC • Pilon LF composta com um pincel e seco por dez segundos. O primer acompanha o sistema de resina híbrida de microcerâmica (Ceramage, Shofu) e foi utilizado como agente de união favorecendo a adesão entre o metal e a resina. Em seguida, iniciou-se a aplicação do revestimento opaco (Figura 14) e as camadas de resina foram dispostas na seguinte sequência: dentina opaca, dentina cor, gengiva rosa-GUN, esmalte translúcido e incisal (Figura 15). Cada camada foi aplicada com espessura em torno de 1,5 mm e polimerizada em forno de fotopolimerização sob vácuo com tempo de dez minutos. Devido a sua alta carga cerâmica, a resina composta indireta Ceramage (Shofu, Japão) tem grande resistência à abrasão e exibe propriedades físicas notáveis. Portanto, as superfícies polimerizadas devem ser desgastadas com instrumentos rotatórios apropriados. De acordo com o fabricante, essa resina contém mais de 73% de carga cerâmica microfina à base de silicato de zircônia (carga PFS, Progressive Fine Structured Filler), é apoiada por uma matriz de polímero orgânico, que fortalece a estrutura homogênea, e oferece ao material propriedades que permitem o uso em estruturas com ou sem suporte de metal e em restaurações anteriores e posteriores28. Prova dos dentes Após a aplicação das últimas camadas de resina composta, incisal e translúcida respectivamente, foi realizada prova estética e funcional da prótese. A oclusão foi ajustada com contatos posteriores bilaterais e simultâneos no fechamento, desoclusão anterior e guia canino nos movimentos excêntricos, mantendo o paciente em oclusão Classe I, uma vez que foi confeccionada nova prótese total superior. De acordo com alguns autores29, a oclusão satisfatória, juntamente com a estética e a fonética formam a tríade para o sucesso de uma prótese. Ajustada a oclusão, a prótese protocolo recebeu o polimento da superfície utilizando pedra tipo Duragreen (Shofu, Japão) e brocas finas de carboneto de tungstênio para reavivar sulcos e criar vertentes e fossas, borrachas, escovas com cerdas de nylon e pelo de cabra, feltros e rodas de pano, junto com pasta polidora DuraPolish (Shofu, Japão), impregnada de óxido de alumínio e Dura Polish Dia(Shofu, Japão) com partículas de diamante. O polimento deverá ser cuidadoso, evitando o sobreaquecimento da peça, sendo que superfícies não polidas poderão sofrer alteração de cor30 (Figura 16). Em seguida, a prótese foi colocada em posição e parafusada com chaves e catraca, torquímetro sob torque de 32 Ncm, restabelecendo a oclusão e harmonia facial. Discussão Os casos de reabilitações orais sobre os implantes osseointegrados em função imediata já demonstraram ser 234 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):229-36 uma alternativa de tratamento possível e com alta taxa de sucesso6,8-9,12-15. No presente trabalho, após um ano de proservação, os implantes encontram-se radiograficamente osseointegrados e clinicamente com o aspecto saudável dos tecidos peri-implantares e gengiva local. A reabilitação de pacientes desdentados totais inferiores com implantes osseointegrados em função imediata é uma modalidade de tratamento com alto índice de sucesso e uma série de vantagens tanto para o paciente quanto para o profissional9,14,20. Uma das principais vantagens da técnica seria a redução do tempo trabalho e de espera do paciente para que se obtenha função mastigatória, saúde e estética reabilitadas13. Problemas relacionados à retenção e à estabilidade de próteses totais removíveis convencionais prejudicam função, estética, saúde psicológica e, algumas vezes, convívio social3,5. Dessa forma, próteses sobreimplantes com função imediata eliminam a necessidade da utilização de próteses removíveis, melhorando as limitações funcionais e estéticas dessa modalidade terapêutica. Entretanto, é preciso considerar a não aplicabilidade da técnica para todos os casos, requerendo assim uma avaliação precisa e um planejamento seguro. Problemas relacionados à retenção e à estabilidade de próteses totais removíveis convencionais prejudicam função, estética, saúde psicológica e, algumas vezes, convívio social3,5. Dessa forma, próteses sobreimplantes com função imediata eliminam a necessidade da utilização de próteses removíveis, melhorando as limitações funcionais e estéticas dessa modalidade terapêutica. Entretanto, é preciso considerar a não aplicabilidade da técnica para todos os casos, requerendo assim uma avaliação precisa e um planejamento seguro. Micromovimentos na interface osso/implante, além de Trabalho de Pesquisa Caderno Científico 150 micrometros, resultam em encapsulamento ao invés de osseointegração do implante19,21. A função imediata aplicada sobre o implante, com pouca estabilidade periimplantar inicial, estimulará a formação de tecido fibroso na interface osso/implante favorecendo a perda do mesmo13. Dessa forma, o sucesso de tratamentos implantossuportados com carga imediata é definido por fatores como o número de implantes, sua distribuição e esplintagem3,8,19. Segundo alguns autores21-22, o planejamento cirúrgicoprotético deverá ser baseado na incidência de cargas axiais e os movimentos de deformação decorrentes das cargas transversais, principalmente na existência de cantiléver posterior. A quantidade de força gerada depende também da espessura do metal, da calcificação do tecido ósseo além da distribuição dos implantes no arco desdentado. Alguns sistemas de implantes possuem componentes pré-fabricados que incorporados ao desenho da prótese diminuem a tensão gerada no osso peri-implantar18. Vários autores recomendam a confecção de prótese protocolo em resina acrílica6,29 para favorecer a absorção da carga mastigatória. Entretanto, próteses em resina acrílica opostas a dentes naturais ou porcelanas desgastam-se mais rapidamente29, reduzindo a eficiência mastigatória e alterando as relações maxilo-mandibulares. Apesar da porcelana ter uma qualidade estética superior aos demais materiais de cobertura de prótese, não absorve a carga mastigatória, transmitindo-a integralmente ao osso circundante. Considerando que as forças incidentes na superfície oclusal das próteses sobreimplantes são completamente dissipadas sobre o implante e a interface osso/implante2,18,22,24, o esquema oclusal de uma prótese sobreimplantes protocolo associado ao material em que a mesma é confeccionada passa a ter uma influência significativa sobre o prognóstico do tratamento16,22. No caso clínico descrito, a prótese protocolo inferior foi confeccionada em resina composta indireta. Uma das particularidades desse tipo de prótese é o desenho da infraestrutura metálica que favorece a sua resistência às deformidades, quando submetida à função, além do aspecto natural obtido com a individualização a partir da construção incremental da prótese. Os dentes foram trabalhados exclusivamente de acordo com o biotipo do paciente e essa personalização é significativa quando comparada aos dentes de estoque. A resina composta indireta, Ceramage (Shofu, Japão), utilizada nesse caso clínico, possui transmissão e difusão da luz com índice de refração semelhantes aos dentes naturais e mantém a estabilidade de cor por aproximadamente cinco anos30. Entretanto, dependendo da dieta e da higiene oral dos pacientes poderá haver alterações de cor e adesão de placa na superfície dessa resina28. Devido a sua alta carga cerâmica, a vantagem funcional dessa resina composta indireta está associada a uma resistência a flexão e compressão em torno de 140 MPa30 e uma dissipação das forças durante o carregamento oclusal. A presença de prótese total convencional maxilar também influenciou na escolha desse material. No estudo realizado alguns autores17, a análise fotoelástica das tensões dissipadas pelos materiais restauradores de prótese implantossuportadas no ápice dos implantes constatou que a distribuição de stress maior ocorre nas porcelanas seguidas pelas resinas e que os cerômeros e as ligas de Ni-Cr apresentaram tensões mínimas. Entretanto, os autores ressaltaram que as forças geradas pelas cargas verticais foram significativas em todos os materiais. As resinas ou compósitos modificados por vidros absorvem parte das forças, transferindo uma quantidade menor de carga aos implantes, além da estética ser muito satisfatória. Somando-se a essas características, existe a possibilidade de reparos no consultório, pois polimerização é feita pela luz diferente das porcelanas que exigem altas temperaturas para sua sinterização22,24. Outra vantagem da prótese protocolo confeccionada em resina composta indireta é a caracterização da gengiva artificial que se assemelha muito com a gengiva natural do paciente. Esse detalhe permite aprimorar a estética rosa da prótese, principalmente em regiões expostas pelo sorriso, tais como as papilas e ameias, além da área de transição entre prótese e mucosa alveolar. Conclusão A utilização de implantes osseointegrados associada a prótese total inferior fixa em função imediata é uma alternativa de tratamento que obtém alto índice de sucesso, principalmente para pacientes que exigem o máximo de conforto, estética, função e longevidade de suas próteses. Além disso, a função imediata tem grande vantagem sobre as técnicas de implantes de dois estágios devido à diminuição de tempo e do número de consultas. A confecção de uma prótese total inferior fixa em cerômero permite a confecção de trabalhos mais naturais e individualizados, proporcionando prognóstico mais favorável, sendo esta uma grande vantagem para clínicos e pacientes. Recebido em: jun/2010 Aprovado em: dez/2010 Endereço para correspondência: Ana Cláudia Real Gabrielli Piveta Rua Voluntários da Pátria, 2.028 14801-320 – Araraquara – SP Tel.: (16) 3331-7186 [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):229-36 235 Piveta ACRG • Montandon AAB • Nagle M • Ricci WA • Gabrielli MAC • Pilon LF Referências 1. Magliorança RM, Nagahisa RT, Mayo T, Viterbo RBS, Coppedê AR, Pinto HO et al. RM Bridge: uma nova abordagem protético reabilitadora para o tratamento de desdentados totais, Revista ImplantNews 2007;4(2):131-7. 2. Misch CE. Implant design considerations for the posterior regions of the mouth . Cont Implant Dent 1999;8:376-86. 3. Sartori IAM, Bassi APF, Coro ER, Fontão FNG, Lee HJ. 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Artigo do especialista Reginaldo Migliorança foi aceito para publicação no JOMI Conforme comunicado do dia 22 de janeiro último do staff daquela publicação, o trabalho de aplicação clínica “Restauração de maxila edêntula usando implantes zigomáticos extrasinus combinado com implantes anteriores convencionais: um estudo retrospectivo”, de autoria do especialista e mestre em Implantodontia, Reginaldo Migliorança e colegas, foi aceito para publicação futura no JOMI – The International Journal of Oral & Maxillofacial Implants. Parabéns aos autores que estão levando a pesquisa brasileira para todos os quadrantes do mundo. 236 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):229-36 Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Análise in vitro da infiltração bacteriana na interface de pilares protéticos e implantes cone-morse In vitro analysis of bacterial leakage at the interface between Morse taper implant platform and prosthetic abutments Carlos Magno dos Anjos* Nassim David Harari** Rodrigo S. de Aguiar Reis*** Guaracilei Maciel Vidigal Jr.**** RESUMO A presença de microfenda entre o implante e o pilar protético pode ser responsável pelo acúmulo do biofilme peri-implantar, composto por várias cepas bacterianas. Quando descrito como fator etiológico de processos inflamatórios, apresentam como consequência a desorganização dos tecidos, podendo interferir na saúde peri-implantar a longo prazo. O objetivo deste estudo foi avaliar se a microfenda existente entre implantes com plataforma cone-morse e pilares protéticos permitiria a ocorrência de infiltração de uma cepa bacteriana específica. Foram utilizados 30 conjuntos implantes/pilares protéticos de dois sistemas de implantes com interface tipo cone-morse comercializados no Brasil. A amostra foi dividida em três grupos com dez corpos de prova cada: implantes Neodent com pilares protéticos Neodent, implantes Ankylos com pilares protéticos Ankylos e implantes Ankylos com pilares protéticos Neodent. O espaço interno dos implantes foi inoculado com 0,1 µl de uma suspensão de Escherichia coli. Em seguida, os pilares foram instalados utilizando-se o torque recomendado pelos fabricantes. Os corpos de prova foram então mergulhados em um meio de cultura MacConkey para análise de turvamento, comprovando a infiltração pela microfenda. A leitura após a inoculação foi realizada em um, dois, cinco, sete e 14 dias. Os resultados demonstraram que nenhum dos corpos de prova apresentou turvamento do meio de cultura, sendo a viabilidade da bactéria comprovada através de teste controle positivo. Concluiu-se que as interfaces tipo cone-morse estudadas, impediram a migração de Escherichia coli entre componentes de prótese e os implantes utilizados. Unitermos - Osseointegração; Implantes dentários; Cone-morse; Infiltração bacteriana. ABSTRACT The presence of microgap between dental implant and prosthetic abutment may be responsible for the accumulation of peri-implant biofilm, composed of several bacterial strains. When described as etiological factor of inflammatory processes they trigger tissue disruption and can interfere with the long-term periimplant health. The aim of this study was to assess whether the microgap between Morse Taper platform implants and prosthetic abutment allow the occurrence of infiltration of a specific bacterial strain. It was used 30 sets implants/prosthetic abutment of two implant systems with Morse Taper interface marketed in Brazil. The sample was divided into 3 groups with 10 samples each: Neodent implants and prosthetic abutments, Ankylos implants with respective prosthetic abutments, and Ankylos implants with Neodent prosthetic abutments. The implant inner chamber was inoculated with 0.1 µl of Escherichia coli suspension, before the abutment recommended tightening by each manufacturer. Samples were then immersed in a culture medium for analysis of MacConkey muddiness for analysis of cloudiness, indicating infiltration at the microgap. Measurements after inoculation were performed at 1, 2, 5, 7, and 14 days. The results showed that none of the samples presented cloudiness in the culture medium, with the viability of the bacteria demonstrated by positive control tests. It was concluded that the Morse Taper interfaces systems studied prevented the migration of E. coli between the prosthetic abutment and implants used. Key Words - Osseointegration; Dental implants; Cone-morse; Bacterial leakage. *Mestre em Implantologia Oral – Unigranrio. **Professor do curso de mestrado em Implantologia Oral – Unigranrio. ***Professor adjunto doutor da disciplina de Dentística – Unigranrio. ****Coordenador do curso de mestrado em Implantologia Oral – Unigranrio. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):239-43 239 dos Anjos CM • Harari ND • Reis RSA • Vidigal Jr. GM Introdução O tratamento reabilitador através do emprego de implantes não está livre de insucessos. Dentre as ocorrências que podem influenciar de forma negativa sua estabilidade em longo prazo, relaciona-se a presença de uma microfenda na interface implante/pilar protético como um fator de importância significativa. Sabe-se que a ausência de uma adaptação adequada entre o implante e seu componente protético levará a alterações nos parâmetros de normalidade clínica e microbiológica dos tecidos peri-implantares1. Além disto, também pode permitir a transmissão de tensões indesejáveis ao implante por movimento do pilar protético, podendo levar à fratura destas estruturas e comprometimento do processo de integração óssea2. Apesar da previsibilidade do tratamento, complicações patológicas inflamatórias podem ocorrer nos tecidos ao redor dos implantes. São usualmente denominadas de peri-implantites, podendo ter etiologia bacteriana ou traumática2. Depósitos de biofilme na superfície dos implantes e, principalmente, contidos na microfenda entre o implante e o pilar protético são de difícil controle, estão relacionados diretamente ao desenvolvimento de peri-implantites. Podendo evoluir para perda de suporte ósseo comprometendo, em alguns casos, a permanência dos implantes3. Na tentativa de minimizar os problemas relacionados à presença da microfenda e consequente desadaptação entre a plataforma dos implantes e seus respectivos pilares protéticos, alguns sistemas de implantes preconizam a utilização de componentes protéticos que adotam os princípios das conexões tipo cone-morse. A expectativa do uso destes componentes é conseguir melhor adaptação do conjunto, distribuição uniforme de forças devido à sua estabilidade antirrotacional e possível ausência de microfendas, quando comparados a implantes de plataformas convencionais. O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo in vitro, avaliando a possibilidade de infiltração de uma determinada cepa bacteriana entre os implantes com plataforma do tipo cone-morse dos sistemas Ankylos e Neodent com seus respectivos pilares protéticos. Além disso, tendo em vista a crescente tendência da utilização de componentes de prótese nacionais e com intuito de verificar se uma possível compatibilidade entre esses dois fabricantes, a mesma análise de infiltração bacteriana foi realizada combinando-se implantes do sistema Ankylos com pilares protéticos do sistema Neodent. Material e Métodos Seleção da amostra Um total de 30 pares de implantes e pilares protéticos com plataforma cone-morse foi selecionado para o presente estudo, divididos em três grupos de dez pares cada. Foram 240 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):239-43 utilizados dez implantes do sistema Ankylos (Dentsply, Mannhein, Alemanha), diâmetro de 5,5 mm e comprimento de 9,5 mm; dez implantes do sistema Ankylos (Dentsply, Mannhein, Alemanha) com plataforma cone-morse, diâmetro de 4,5 mm e altura de 17 mm; dez implantes do sistema CM Neodent (Neodent,Curitiba, Paraná, Brasil) com diâmetro 4,0 e altura de 17 mm (Quadro 1). Dez pilares protéticos standard b/1,5/4,0 reto Ankylos e 20 pilares protéticos universais cone-morse 4,5 x 6 x 6,5 Neodent (Quadros 2 e 3). Assim, os 30 corpos de prova foram acoplados a pilares protéticos constituindo a seguinte combinação: • Dez implantes Ankylos 5,5 x 9,5 mm e pilares Ankylos b/1,5/4,0 reto. • Dez implantes Ankylos 4,5 x 17 mm e pilares CM Neodent CM 4,5 x 6 x 6,5 mm. • Dez implantes CM Neodent 4 x 17 e pilares CM Neodent CM 4,5 x 6 x 6,5 mm. Preparação da amostra Os implantes Ankylos e Neodent estavam nas embalagens originais estéreis, assim como pilares protéticos Neodent que são esterilizados pelo método do óxido de etileno. Por esse motivo, os pilares Ankylos, que não são comercializados estéreis, foram esterilizados da mesma forma pela Bioxxi Serviço de Esterilização Ltda. (São Cristovão, Rio de Janeiro – RJ, Brasil). QUADRO 1 – CARACTERIZAÇÃO DOS IMPLANTES Modelo do implante Diâmetro plataforma ext. (mm) Referências Ankylos Standard – 5,5 x 9,5 mm 5,5 31010055 Ankylos Standard – 4,5 x 17 mm 4,5 31010050 4,0 x 17 mm 4,0 109603 Sistema CM Neodent Ankylos Dentsply (Mannhein, Alemanha). CM Neodent (Curitiba/PR, Brasil). QUADRO 2 – CARACTERIZAÇÃO DOS PILARES PROTÉTICOS E TORQUE RECOMENDADO Sistema Modelo do pilar protético Referências Torque Standard – b/1,5/4,0 reto 31021090 25 Ncm 4,5 x 6 x 6,5 mm 114147 32 Ncm Ankylos CM Neodent Ankylos Dentsply (Mannhein, Alemanha). CM Neodent (Curitiba/PR, Brasil). QUADRO 3 – CARACTERIZAÇÃO DOS LOTES DE FABRICAÇÃO DOS IMPLANTES E PILARES PROTÉTICOS UTILIZADOS Lote do implante Lote do pilar protético Ankylos 0141112 Ankylos Standard 20025549 Ankylos 0141112 CM Neodent 2787860 CM Neodent 2791873 CM Neodent 2787860 Ankylos Dentsply (Mannhein, Alemanha). CM Neodent (Curitiba/PR, Brasil). Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Teste microbiológico Os corpos de prova foram montados utilizando-se para estabilização e fixação torno de bancada esterilizado em autoclave M7 Speedclave Dabi-Atlante, por 30 minutos à temperatura de 132°C e pressão de 1,0 Kgf/cm³. Dentro da zona de segurança que ocorre entre dois bicos de Bunsen e utilizando campo estéril confeccionado em tecido 100% polipropileno. Os corpos de prova foram inoculados com 0,1 µl de suspensão de Escherichia coli (referência – 25922 – ATCC) aplicada no interior do implante, com auxílio de micropipeta Pipetman PLT801117/Z (Gilson SAS – Villiers-le-Bel, França), Figura 1. Com a proteção de luvas estéreis, os pilares protéticos foram cuidadosamente instalados (Figura 2), com o torque recomendado pelo fabricante, Ankylos 25 Ncm³ e Neodent 32 Ncm³. Para aplicação do torque de fixação nos pilares protéticos foi usada a chave de torque Ankylos e o torquímetro manual Neodent. Após aplicação do torque, um swab estéril foi passado na plataforma de cada implante para o teste de verificação de possível contaminação externa (Figura 3). Os corpos de prova e seu respectivo swab foram introduzidos em diferentes tubos de ensaio estéreis contendo meio de cultura seletivo para enterobactérias (caldo MacConkey – Merck, Alemanha). Para confirmação da viabilidade da cepa, foi feito teste controle positivo, inoculando 0,1 µl da suspensão de Escherichia coli, em tubo de ensaio estéril contendo meio de cultura seletivo (caldo MacConkey). Os tubos de ensaio contendo corpos de prova, seus respectivos swabs, e teste controle positivo foram incubados a 37°C em estufa biológica Q-316M2 (Quimis Aparelhos Científicos Ltda. Diadema, São Paulo, Brasil). Isso possibilitou as observações quanto à possibilidade de contaminação do meio de cultura por turvamento, no primeiro, segundo, quinto, sétimo e 14o dia. Resultados Infiltração bacteriana na interface implante/pilar Apesar da viabilidade bacteriana comprovada com o teste controle positivo, que turvou seletivamente o meio em 24 horas, nenhum dos corpos de prova apresentou a infiltração bacteriana, tendo em vista que o meio de cultura seletivo permaneceu inalterado em 100% das amostras, em todos os tempos de acompanhamento (Figura 4). Os swabs também não contaminaram os meios de cultura, o que determina não ter ocorrido falha por vazamento na manipulação dos corpos de prova e consequentemente Figura 1 Inoculação dos corpos de prova com 0,1 µl de suspensão de E. Coli. Figura 2 Instalação do pilar protético. Figura 3 Swab estéril passado na plataforma do implante após torque. Figura 4 Teste controle positivo e corpo de prova sem contaminação após 14 dias. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):239-43 241 dos Anjos CM • Harari ND • Reis RSA • Vidigal Jr. GM contaminação das superfícies externas dos implantes (Quadro 4). QUADRO 4 – ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DOS IMPLANTES INOCULADOS Ankylos/ Ankylos 1-10 Swab 1-10 Ankylos/ Neodent 1-10 Swab 1-10 Neodent/ Neodent 1-10 Swab 1-10 1 - - - - - - 2 - - - - - - 5 - - - - - - 10 - - - - - - 14 - - - - - - Implantes pilares Tempo/dias 0,01 µl da amostra de E. coli – cepa padrão ATCC 25922, em todos os tempos de acompanhamento. Discussão Do material e dos métodos As duas principais razões relatadas pela literatura para falhas em tratamentos com implantes são de ordem microbiana e de sobrecarga oclusal4; essas ocorrências podem ainda ser subdivididas em falhas precoces e de longo prazo. Geralmente, decorrem de técnica cirúrgica imprópria, carga prematura, baixa qualidade óssea e infecção5. As falhas de longo prazo decorrem, geralmente, de infecção bacteriana e sobrecarga biomecânica após a instalação da restauração protética. Enquanto os fatores relacionados à sobrecarga oclusal podem ser controlados por um planejamento protético cuidadoso, os fatores microbianos se mostram de difícil controle e previsão6. A presença de fendas entre os componentes dos diversos sistemas de implantes comercialmente disponíveis tem motivado diversos pesquisadores a, por um lado, detectar e pesquisar as rotas de infiltração microbiana e, por outro, investigar o seu efeito no sucesso dos tratamentos a curto e longo prazo. Esse estudo procurou detectar as rotas de infiltração microbiana entre componentes de implantes com plataforma cone-morse, para isso fez uso da metodologia já desenvolvida1. Estes autores apresentaram estudo publicado em 1997, no qual os conjuntos implante/pilar protético foram inoculados em seu interior por uma solução microbiana com Escherichia coli, observaram em prazos predeterminados de um, dois, cinco, sete e 14 dias após a inoculação, se houve extravasamento dos microrganismos para o meio de cultura, traçando assim a rota de infiltração. A determinação dessa infiltração se dá pelo turvamento da solução de cultura e por uma contraprova da viabilidade da bactéria. A Escherichia coli é uma bactéria gram-negativa, móvel, anaeróbia facultativa, com 1,1 a 1,5 µm de diâmetro e 2 a 6 µm de comprimento, encontrada no meio bucal de indi- 242 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):239-43 víduos saudáveis e com tempo de proliferação curto de 20 minutos. Essas características facilitam sua manipulação em laboratório e tornam conpatível a estudos microbiológicos de esterilização, desinfecção e contaminação in vitro1. Seguindo a mesma linha metodológica, outro estudo usou um microrganismo pequeno (A. actinomycetemcomitans), um médio (S. oralis) e um médio/grande (F. nucleatum), com o entendimento de que se um microrganismo pequeno como o A. actinomycetemcomitans não conseguisse achar rota de penetração entre os componentes dos implantes, certamente microrganismos maiores como a E. coli não conseguiriam. Os autores ainda afirmam terem usado esses microrganismos pelo fato de poderem ser encontrados na cavidade bucal5. Autores6 já haviam realizado um estudo examinando in vitro a penetração microbiana entre os componentes de implantes do sistema Brånemark. Entretanto, verificaram essa via de acesso submergindo os implantes estéreis parcial ou totalmente no meio de cultura, ou seja, traçando a rota de penetração do meio externo de cultura para as partes internas do sistema de implantes, rota contrária a observada nesse estudo. É válido ressaltar que a metodologia desenvolvida por esses autores é de mais difícil execução e apresenta maior possibilidade de falsos resultados, por submeter os conjuntos de implantes a níveis distintos de imersão no meio de cultura e por isso representa uma manobra mais difícil de ser executada com precisão. Dos resultados Alega-se que plataformas cone-morse foram desenvolvidas para melhorar as propriedades biomecânicas e reduzir os problemas mecânicos encontrados nos sistemas de hexágono externo e interno7. A plataforma dos implantes é a região que recebe o assentamento do componente protético, por isso é considerada crítica, uma vez que influencia no modo de transmissão das forças oclusais para o osso. A desadaptação entre o componente protético e a plataforma do implante pode levar ao insucesso do tratamento, principalmente devido à indução de concentração de tensões, infiltração de bactérias e formação de biofilmes8. A maior diferença entre os diversos sistemas de implantes é a conexão implante/pilar protético8-10. A maioria dos sistemas usa conexões tipo parafuso para fixar os pilares protéticos aos respectivos implantes, o que torna essa fixação dependente de uma tensão adequada ao torque durante sua instalação8. Quando as cargas oclusais excedem essa tensão ocorrem complicações mecânicas como o afrouxamento do parafuso ou deformação por cisalhamento da interface8. Além da maior estabilidade mecânica, que é decisiva para o sucesso dos implantes em longo prazo, o ajuste inicial entre os componentes do sistema de implantes é de importância fundamental para o sucesso dos mesmos a curto e longo prazo. Tem sido proposto que os implantes Trabalho de Pesquisa Caderno Científico com plataforma cone-morse são mais capazes de garantir saúde periodontal quanto ao aspecto microbiológico, à vantagem protética, por garantir melhor estabilidade do componente, e melhoria no aspecto biológico, por reduzir a perda óssea como resultado dessa somatória de fatores7. Alega-se ainda apresentar melhor fixação e estabilidade mecânica da prótese, reduzir a movimentação rotacional, apresentar maior resistência ao afrouxamento do parafuso e diminuir a folga entre o implante e o pilar protético, o que garantiria melhor selamento bacteriano7. A ausência de microfendas dos sistemas com plataforma cone-morse ou sua diminuição estaria associada a redução de inflamações peri-implantares e mínima perda óssea, conferindo um selamento eficiente contra a penetração bacteriana e, possivelmente, levando mais segurança aos procedimentos com implantes, favorecendo ao sucesso clínico8,11-12. Os resultados desse estudo mostraram não ter havido contaminação pela cepa bacteriana utilizada em nenhum dos grupos (Quadro 1). Assim, é possível especular que a interface implante/pilar protético em todos os grupos experimentais apresentou uma adaptação de tal magnitude que não permitiu a passagem da E. coli inoculada para o meio de cultura externo, o que corrobora outros resultados obtidos5. Sob as condições experimentais desse estudo in vitro, e com as limitações devido à ausência das variáveis de um estudo in vivo, pode-se concluir que os sistemas de implantes com plataforma cone-morse avaliados promo- Referências 1. Jensen VK, Conrads G, Richter E. Microbial leakage and marginal fit of the implantabutment interface. Int. J. Oral Maxillofac. Implants 1997;12:527-50. 2. Brägger U, Aeschlimann S, Burgin W, Hammerle CH, Lang NP. Biological and technical complications and failures with fixed parcial dentures (FPD) on implants and teeth after four to five years of function. Clin Oral Implant Res 2001;12(1):26-34. 3. O’Mahony A, Macneil SR, Cobb CM. Designfeatures that may influence bacterial plaque retention: a retrospective analysis of failed implants. Quintesscence Int 2000;31:249-56. 4. Sánchez-Garcés MA, Gay-Escoda C. Periimplantitis. Med Oral Patol Oral Cir Bucal 2004;9:63-74. 5. Dibart S, Warbington M, Su MF, Skobe Z. In vitro evaluation of the implant-abutment seal: the locking taper system. Int. J. Oral Maxillofac. Implants 2005;20:732-7. 6. Quirynen M, Bollen CML, Eyssen H, Van Steenberghe D. Microbial penetration along the implant components of the Branemark system. Clin. Oral Imp. Res 1994;5:239-44. 7. Mangano C, Mangano F, Piattelli A, Iezzi G, Mangano A, La Colla L. Prospective clinical evaluation of 1920 Morse taper connection implants: results after 4 years of functional veram um bom selamento bacteriano, o que por sua vez poderia, in vivo, reduzir a possibilidade de inflamações peri-implantares e infecções. Conclusão Com base na avaliação dos resultados obtidos, e dentro dos parâmetros do presente estudo, é lícito concluir que: • Não foi observada infiltração bacteriana na interface entre implantes com plataforma cone-morse Ankylos e seus respectivos pilares protéticos. • Não foi observada infiltração bacteriana na interface entre implantes com plataforma cone-morse Neodent e seus respectivos pilares protéticos. • Não foi observada infiltração bacteriana na interface entre implantes com plataforma cone-morse Ankylos e pilares protéticos para implantes com plataforma conemorse Neodent. Recebido em: jun/2010 Aprovado em: ago/2010 Endereço para correspondência: Carlos Magno dos Anjos Av. Sernambetiba, 3.360 – Bloco 6/2208 – Barra da Tijuca 22630-010 – Rio de Janeiro – RJ [email protected] loading. Clin. Oral Impl. Res 2009:20:254-61. Ding TA, Woody RD, Higginbottom FL, Miller BH. Evaluation of the ITI Morse taper implant/abutment design with an internal modification. Int. J. Oral Maxillofac. Implants 2003;18:865-72. 9. Steinebrunner L, Wolfart S, Böbmann K, Kern M. In vitro evaluation of bacterial leakage along the implant-abutment interface of different implant systems. Int. J. Oral Maxillofac. Implants 2005;20:875-81. 10. King GN, Hermann JS, Schoolfield JD, Buser D, Cochran DL. Influence of the size of the microgap on crestal bone levels in non-submerged dental implants: a radiographic study in the canine mandible. J. Periodontol 2002:1111-7. 11. Tenenbaum H, Schaaf JF, Cuisinier FJG. Histological analysis of the Ankylos perimplant soft tissues in a dog model. Impl. Dent 2003:12:259-65. 12. Nentwig HG. The Ankylos implant system: concept and clinical application. J. Oral Impl 2004:30:171-7. 8. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):239-43 243 Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Avaliação biomecânica e histológica de implantes com diferentes macrogeometrias no período inicial de osseointegração. Estudo experimental em cães Early biomechanical and histological analyses of different implant macrogeometries. An experimental study in beagle dogs Charles Marin* Rodrigo Granato** Estevam Bonfante*** Gabriela Giro**** Marcelo Suzuki***** Ryan Jeong****** Paulo Guilherme Coelho****** RESUMO Desde que o conceito de osseointegração foi introduzido na Odontologia, várias mudanças ocorreram no modelo e na texturização de superfície dos implantes dentários. O objetivo deste estudo foi avaliar biomecânica e histologicamente diferentes macrogeometrias no período inicial da osseointegração na porção proximal da tíbia de cães Beagle. Seis cães Beagle adultos foram utilizados, onde 24 implantes tratados com jateamento com micropartículas e ataque ácido foram inseridos na porção proximal da tíbia bilateralmente (dois implantes por tíbia), 12 implantes cilíndricos com roscas triangulares (grupo controle) e 12 implantes cônicos com roscas trapezoidais (grupo experimental). Após a eutanásia, as tíbias foram removidas e destinadas ao teste de torque de remoção e processamento histológico. A análise estatística foi realizada através de teste t com intervalo de confiança de 95%. Os resultados para o torque de remoção foram 70 ± 20 Ncm e 120 ± 20 Ncm (média ± 95% de intervalo de confiança). Diferença estatisticamente significante entre os grupos foi encontrada (p < 0,001). Histologicamente, ambos os grupos apresentaram adequada biocompatibilidade e osseocondução com neoformação óssea nas regiões cortical e medular da tíbia. Baseado nos resultados obtidos, a macrogeometria com o tratamento de superfície empregados promoveu a osseointegração nos períodos iniciais do reparo e a macrogeometria do grupo experimental melhorou o desempenho para o torque de remoção comparado ao grupo controle. Novos estudos são necessários para confirmar suas potenciais vantagens. Unitermos - Implante dentário; Desenho de equipamento; Cães. ABSTRACT Since the concept of osseointegration was introduced in dentistry, several changes concerning surface texture and macrodesign of dental implants were implemented. The objective of this study was to evaluate the effect of different implant macrogeometries on the early biomechanical and histomorphologic response in a beagle dog proximal tibia model. Six adult beagle dogs were used, and the implants with a grit-blasted and acid-etched surface were bilaterally placed along the proximal tibia (2 per limb)- 12 conic shaped with trapezoidal threads (experimental) and 12 cylindrical implants with triangular threads (control). After animal sacrifice, the limbs were retrieved and mechanical test and histological processing were performed. Statistical evaluation was performed by a Student´s t-test at 95% level of confidence. Removal torque test mean values were 70 ± 20Ncm and 120 ± 20Ncm for control and experimental groups, respectively (p < 0.001). Histological observations showed that both implant groups were biocompatible and osseoconductive, presenting newly formed bone at regions of cortical and trabecular bone. Based on results obtained, both macrogeometries and surface treatment presented osseointegration at early implantation times, and the experimental group geometry improved torque to interface fracture relative to the control geometry. Additional studies are necessary to confirm its potential benefits. Key Words - Dental implants; Design; Beagle dogs; Removal torque values. *Especialista e mestre em CTBMF – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Odontologia, Departamento de Cirurgia Bucomaxilofacial. **Especialista em CTBMF e mestre em Implantodontia – Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Odontologia. ***Especialista, mestre e doutor em Prótese Dentária – Clínica Privada, Bauru/SP. ****Especialista, mestre e doutora em Periodontia – Departamento de Diagnóstico e Cirurgia, Faculdade de Odontologia de Araraquara – Unesp. *****Especialista em Prótese e professor associado – Tufts University, Department of Prosthodontics. ******Engenheiro – New York University, Department of Biomaterials and Biomimetics. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):247-51 247 Marin C • Granato R • Bonfante E • Giro G • Suzuki M • Jeong R • Coelho PG Introdução O avanço tecnológico da área dos biomateriais é extremamente dinâmico e sofre mudanças diariamente. Dentro desta ampla área, os implantes dentários são melhorados a cada dia, desde a sua descoberta na década de 19601. Os implantes osseointegrados foram um marco, mudando drasticamente o tratamento odontológico, inicialmente com um protocolo bem estabelecido de dois estágios, com espera entre três a seis meses para osseointegração e sucesso acima de 90%2. Na década de 1980, a adição de biocerâmicas nas superfícies dos implantes foi o novo passo para acelerar a osseointeragração3, porém, por falhas mecânicas do recobrimento e dissolução irregular, seu uso foi descontinuado por alguns fabricantes4. Um novo foco, no final da década de 1980, foi o aumento da rugosidade de superfície, gerando mudanças na microtextura5. As microtexturas de superfície apresentam medias de rugosidade (Sa) entre 0,5 e 2,0 µm5 e vários processamentos industriais são utilizados para obter este padrão de rugosidade, tais como: jateamento com micropartículas absorvíveis6 ou não7, jateamento com ataque ácido8 e anodização9. Estas alterações da microrrugosidade da superfície demonstraram, em estudos pré-clínicos10 e clínicos11-12, adequada biocompatibilidade e melhor desempenho em relação aos implantes lisos. Além das mudanças da microestrutura dos implantes osseointegrados, a forma destes vem sofrendo mudanças ao longo dos últimos anos. Originalmente, os implantes possuíam forma cilíndrica com roscas, utilizada até os dias atuais por vários fabricantes2,13. Foram realizadas mudanças nesta configuração clássica e os implantes passaram a ter uma forma cônica com grande variação na geometria e no passo de roscas em diferentes regiões do implante (ex.: microrroscas cervicais). Estas alterações já são utilizadas por alguns sistemas, demonstrando melhoras na estabilidade inicial quando utilizados em osso medular14-15. Um estudo clínico prospectivo de três anos aponta o uso de microrroscas cervicais, implante cônico e tratamento de superfície como fatores importantes para manutenção do nível ósseo cervical16, o papel destas alterações também foi apresentado em outros estudos animais e clínicos17-18. O objetivo deste estudo foi avaliar, biomecânica e histologicamente, implantes com diferentes macrogeometrias no período inicial da osseointegração na porção proximal da tíbia de cães Beagle. Material e Métodos Para este estudo foram utilizados 24 implantes, fornecidos pela empresa Signo Vinces (Campo Largo, PR/ Brasil). Destes, 12 apresentavam formato cilíndrico, com dimensões de 4 x 10 mm representando o grupo controle (Inttegra Signo Vinces, Campo Largo, PR/Brasil) e os outros 248 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):247-51 12, em formato cônico, com 4,6 x 10 mm representando o grupo experimental (Duo Signo Vinces (Campo Largo, PR/Brasil). Todos os implantes receberam tratamento de superfície do tipo jateamento por micropartícula + ataque ácido (Figura 1). Foram utilizados seis cães Beagles adultos após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa em Animais da Universidade Federal de Santa Catarina. A região de escolha para inserção dos implantes foi a porção proximal da tíbia. Figura 1 Microscopia eletrônica de varredura (1.500 x) demonstrando a textura de superfície após o tratamento de superfície através de jateamento com micropartículas e posterior ataque ácido. Procedimento cirúrgico Como pré-anestesia foi realizada a aplicação de sulfato de atropina (0,044 mg/Kg) e cloridrato de xilazina (8 mg/Kg). Após o efeito inicial dessas drogas seguiu-se com a aplicação de Cloridrato de Ketamina (15 mg/Kg) para se obter anestesia geral. A porção proximal da tíbia foi inicialmente preparada com tricotomia e aplicação de solução antisséptica a base de iodo. Realizou-se, então, uma incisão através da pele de aproximadamente 5 cm de comprimento, até alcançar o periósteo e com o auxílio de descoladores, o mesmo foi elevado até a completa exposição do tecido ósseo. A sequência das perfurações, à 1.200 rpm sob irrigação com soro fisiológico, foi padronizada seguindo as especificações do fabricante da seguinte forma: grupo controle – fresa lança helicoidal 2,0 mm; fresa helicoidal 2,6 mm; fresa piloto 2,6/3,3 mm; fresa helicoidal 3,3 mm; broca countersink 4,1 mm; grupo experimental – fresa lança helicoidal 2,0 mm; fresa cônica 3,8 mm; fresa cônica 4,6 mm. O primeiro implante foi instalado 2 cm abaixo da cápsula articular no centro da porção proximal e médio lateral da tíbia. Os outros três implantes foram posicionados na direção distal com 1 cm de distância entre cada implante. Em cada tíbia, dois implantes de cada grupo foram instalados, de maneira intercalada, a fim de se obter melhor Trabalho de Pesquisa Caderno Científico 3000, Buehler, Germany) até aproximadamente 30 µm de espessura, foram analisadas em microscópio óptico (Leica Microsystems, Switzerland) para obtenção das imagens histológicas. Resultados Figura 2 Valores para torque de remoção (Ncm) para os grupos controle e experimental (p < 0.001). distribuição de amostra. Após a colocação dos implantes, os parafusos de cobertura foram instalados em cada implante. A sutura foi realizada por planos, o periósteo com vicryl 4-0 (Johnson & Johnson, Ethicon USA) e a pele com nylon 4-0 (Shalon Fios Cirúrgicos Ltda., Goiânia, Brasil). Após a cirurgia, os animais receberam antibióticos e anti-inflamatórios administrados em dose única de Penicilina Benzatina (20.000 UI/Kg) IM e cetoprofeno 1% (1 ml/5Kg). Os animais foram mantidos em duas baias em grupos de três cães com comida e água à vontade nos dias que se seguiram até a eutanásia sob os devidos cuidados. A eutanásia foi realizada duas semanas após o procedimento cirúrgico, por overdose anestésica, com as mesmas medicações citadas anteriormente. Com o auxílio de serra manual, o terço superior da tíbia foi removido e realizada a dissecção para remoção de todo o tecido mole adjacente. Seis implantes do grupo experimental e seis implantes do grupo controle foram destinados ao teste de remoção ao torque. A tíbia com os implantes foi adaptada à máquina eletrônica de torque equipada com célula de carga de 2.000 Ncm (Test Resources, Minneapolis, MN, EUA). Um conector foi adaptado a conexão de cada implante, o bloco foi cuidadosamente posicionado para evitar desalinhamento durante a realização do teste. Os implantes foram submetidos a torque no sentido anti-horário na razão de aproximadamente 0,196 rad/min e uma curva de torque/deslocamento foi registrada para cada espécime. O teste t Student foi realizado para tratamento estatístico com 95% de intervalo de confiança. Para fins ilustrativos, realizou-se o processamento histológico mantendo inicialmente as peças em formol 10% e posteriormente desidratadas através de sequência de alcoóis (70-100%). Após a desidratação, as peças foram embutidas em resina acrílica (Technovit 9100, Kultzer & Co, Wehrhein,Germany). Os blocos foram cortados (Isomet 2000, Buehler, Germany), endereçando o centro do longo eixo de cada implante e colados em placas de acrílico para produção de laminas. Estas, após polimento através de sequência de papéis abrasivos em politriz (Metaserv Os procedimentos cirúrgicos e o período pós-operatório imediato seguiram-se livre de complicações sem sinais de infecção ou outras intercorrências relevantes. Após a eutanásia, constatou-se a presença de uma fratura longitudinal em uma das tíbias de um animal, que ocasionou a exclusão dos implantes deste membro da análise estatística. Os implantes foram inspecionados, e uma vez determinada a estabilidade de todos os implantes, estes foram destinados para os testes de torque. O teste de torque apresentou os seguintes resultados: 70 ± 20 Ncm e 120 ± 20 Ncm para os grupos experimental e controle, respectivamente. O tratamento estatístico apontou diferença estatisticamente significante entre os grupos experimental e controle (p < 0,001), mostrando valores de torque de remoção mais altos para o grupo experimental (Figura 2). A análise histológica demonstrou íntima interação entre a superfície dos implantes e osso em regiões de osso cortical e trabeculado (Figuras 3). Morfologicamente, as Figuras 3 A análise histológica demonstrou íntima interação entre a superfície dos implantes do grupo controle (a e c) e experimental (b e d) com o tecido ósseo nas regiões de osso cortical (a e b) e medular (c e d). REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):247-51 249 Marin C • Granato R • Bonfante E • Giro G • Suzuki M • Jeong R • Coelho PG A macrogeometria é outro fator que vem gradativamente fazendo parte do armamentário A macrogeometria é outro fator que vem gradativamente disponibilizado para melhorar fazendo parte do armamentário disponibilizado para o desempenho biomecânico de implantes dentários, na qual o uso melhorar o desempenho biomecânico de implantes do implante cilíndrico tradiciodentários, na qual o uso do implante cilíndrico nal2,13 (grupo controle) vem sendo 2,13 substituído por implantes de fortradicional (grupo controle) vem sendo substituído ma cônica (grupo experimental), por implantes de forma cônica (grupo experimental), que favorecem a estabilidade inique favorecem a estabilidade inicial, melhorando o cial, melhorando o desempenho clínico quando inseridos em osso 14 desempenho clínico quando inseridos em osso medular . medular 14. Considerando esse fator, o modelo animal utilizado contempla diferentes quantidades de osso cortical e trabeculado ao longo da tíbia proximal29. Esta característica anatômica possui implicação clínica imlâminas adquiridas após duas semanas in vivo demonsportante, visto que áreas de baixa densidade óssea são traram o remodelamento da interface osso/implante entre comuns durante a instalação de implantes em pacientes, implantes do grupo controle e experimental. Osso imaturo onde maior tempo de osseointegração é considerado30. foi observado entre a superfície do implante e regiões de osso antigo, remanescente. Conclusão Discussão O termo osseointegração tem sido definido como o íntimo contato osso/implante observado através de microscopia óptica19. Baseado neste conceito, vários autores têm demonstrado sucesso clínico acima de 90% em estudos com controles de longo prazo com a utilização de implantes de superfície usinada, comumente descritas como lisas na literatura13,20. A melhora da biocompatibilidade dos implantes osseointegrados, através de alterações de superfície, fez com que melhores taxas de sucesso fossem alcançadas, tanto nos períodos iniciais da osseointegração quanto nos resultados a longo prazo, isto tornou o estudo da rugosidade de superfície um dos temas mais abordados na última década12,21-27. Uma das razões apontadas para o melhor desempenho dos implantes com rugosidade moderada é o maior embricamento entre o tecido ósseo e a superfície do implante. Entretanto, quando realizada a nanoidentação do osso neoformado junto a superfície do implante com superfície tratada, este se mostrou com melhores propriedades mecânicas quando comparados ao osso em torno de implantes de superfície usinada28. O tratamento de superfície empregado no presente estudo já está estabelecido na literatura e é conhecido por promover uma superfície de rugosidade moderada, encontrando-se dentro dos padrões aceitáveis para melhora na osseointegração e qualidades mecânicas do osso neoformado junto a superfície28. 250 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):247-51 Os resultados obtidos no presente estudo confirmaram que em relação aos implantes cilíndricos (grupo controle), o grupo experimental apresentou estabilidade aumentada em tempo de reparo reduzido. Estas características convergem para as tendências atuais dos implantes osseointegrados. Frente aos altos valores de torque obtidos para ambos os grupos, pode-se indicar adequada biocompatibilidade para essa superfície. Estudos dispondo de grupos controle e experimental, ambos com tratamento de superfície idêntico, são indicados para avaliar alterações de desenho geométrico, considerando que o conjunto de macroestrutura, textura de superfície e instrumentação cirúrgica afetam os estágios iniciais da interação osso/implante21. O conjunto de textura de superfície e macrogeometria, com roscas trapezoidais e microrroscas cervicais, apresentado pelo grupo experimental possivelmente justifica o melhor desempenho no teste mecânico. É importante ressaltar que são necessárias mais confirmações, através de novos testes in vivo e posteriormente clínicos com uso funcional de próteses, para confirmar potenciais vantagens deste conjunto. Recebido em: ago/2010 Aprovado em: nov/2010 Endereço para correspondência: Charles Marin Rua Joana Marin, 40 88501-350 – Lages – SC [email protected] Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Referências 1. Brånemark PI, Adell R, Breine U, Hansson BO, Lindstrom J, Ohlsson A. 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REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):247-51 251 Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Adaptação marginal e assentamento de cilindros calcináveis e sobrefundíveis fundidos em barras de Co-Cr Vertical and passive fit of burnout plastic and pre-machined cylinders cast in Co-Cr frameworks Anna Cristina Biagini* Juliana C. Ramaccioto** Anna Beatriz B. Palombini*** Saturnino Aparecido Ramalho**** RESUMO O objetivo desse estudo foi avaliar a adaptação marginal e a precisão do assentamento protético de cilindros plásticos e de cilindros plásticos com base usinada, fundidos em estruturas protéticas de liga de cobalto-cromo (Co-Cr). Em um modelo semicircular à base de poliuretano, quatro implantes de hexágono externo com conexões protéticas do tipo minipilar foram instalados, sendo oito sensores elétricos colados na superfície superior do bloco. A partir desse modelo foi realizado um índex sobre o qual foram confeccionadas dez barras segmentadas em acrílico, utilizando-se cilindros calcináveis e cilindros sobrefundíveis (n = 5). Depois de fundidas em centrífuga manual com liga de Co-Cr Biosil e soldadas convencionalmente, as estruturas tiveram os espaçamentos verticais entre cilindros e análogos avaliados sob microscopia de luz e as microdeformações determinadas por meio da extensometria. Os resultados foram analisados com o teste de análise de variância (p = 0,636) e teste t Student (p = 0,325), não apresentando diferenças estatísticas significantes. Concluiu-se que os cilindros sobrefundíveis não conferiram às barras nas quais foram fundidos maior adaptação marginal e passividade de assentamento que os cilindros plásticos calcináveis. Unitermos - Osseointegração; Prótese implantossuportada; Cilindros calcináveis; Adaptação marginal; Assentamento passivo. ABSTRACT The aim of the present study was to evaluate the vertical and passive fit of plastic burnout cylinders and plastic cylinders with a pre-machined cobalt-chromium collar cast in implant-supported frameworks. Four external hex cylindrical implants and their respective conical abutments were placed in an experimental semicircular model on which eight-element strain gauges were attached in close proximity to the implants. The master model was duplicated originating an index that was used to wax-up ten standard bars segmented in four sections (n = 5) and to allow the measurements under an optical microscope. The segments were cast in Co-Cr alloy and soldered conventionally. Initially, the structures were submitted to optical measurements. An average misfit value was assigned for each group and the Analysis of Variance was applied (p = 0.636). Later, each structure was tightened to the master model and the stress generated was recorded. The mean strain developed at each group was calculated and the Student´s t test was applied (p = 0.325). No significant statistical differences were found. It can be concluded that pre-machined Co-Cr cylinders could not offer better vertical fit or passive fit when compared to plastic burnout cylinders. Key Words - Osseointegration; Implant-supported fixed prosthesis; Castable cylinders; Vertical fit; Passive fit. *Mestre em Implantodontia – Faculdade SLM/Campinas/SP. **Doutora em Ciências e professora do Programa de Pós-Graduação – CPO São Leopoldo Mandic/Campinas/SP. ***Graduação em Odontologia – Faesa/Vitória/ES. ****Doutor em Ciências – Unicamp. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):253-62 253 Biagini AC • Ramaccioto JC • Palombini ABB • Ramalho SA Introdução Os resultados positivos alcançados com a osseointegração modificaram a Odontologia Restauradora, melhorando de forma visível a qualidade de vida dos indivíduos edêntulos. Utilizados para reabilitações protéticas, os implantes osseointegráveis têm sucesso clínico consistente respaldado pela literatura e representam um impacto considerável na situação psicossocial desses indivíduos1-2. O assentamento passivo de próteses implantossuportadas tem sido sugerido como um pré-requisito para a bem-sucedida e duradoura osseointegração. No entanto, não existem regras científicas para o que seria um assentamento passivo e como alcançá-lo ou medi-lo3. Muitas complicações nos tratamentos com implantes dentários podem ser oriundas de um mau ajuste das peças protéticas, pois, na ausência de ligamento periodontal, pequenas alterações protéticas acabam por não serem compensadas2. Essas complicações incluem falhas mecânicas, tais como afrouxamento de parafusos e fraturas nos componentes do sistema4 ou falhas biológicas, incluindo reações teciduais diversas tais como dor, perda do osso marginal e até perda da osseointegração1. A distorção da barra durante os procedimentos de fundição tem sido citada como a causa primordial de desajuste tanto de próteses convencionais como de próteses sobreimplantes. Fatores como contração linear do metal ou liga utilizada, espessura e padrão da barra e técnica de fundição influenciam a distorção e devem ser consideradas5. Por mais criteriosa que seja a confecção da prótese, alterações dimensionais acabam por ocorrer e são refletidas tridimensionalmente6. Os procedimentos empregados para a confecção de estruturas protéticas implantossuportadas são ainda inadequados para oferecer um assentamento passivo absoluto a essas estruturas, sendo que uma aceitável adaptação marginal não é sinal de adequado assentamento7. Devido ao fato dos implantes estarem completamente envolvidos pelo tecido ósseo, o conjunto osso/implante/prótese forma uma estrutura unificada8, o que torna a ausência de passividade do assentamento protético responsável por forças estáticas no sistema9 e essas forças não se dissipam com o tempo10. Nessa situação, nenhuma proteção à fadiga é obtida. Qualquer carga externa aplicada para separar a prótese do intermediário causa uma tensão adicional no parafuso, pois não é dissipada devido ao estresse de compressão já existente entre as partes unidas9. Estruturas metálicas mal assentadas podem potencialmente causar o contato alterado das roscas, tensão e estresse por flexão nos parafusos de conexão, resultando em sua perda e fratura4,9. A fim de oferecer subsídios que possam auxiliar o profissional a realizar uma escolha consciente dos componentes a serem utilizados, a presente pesquisa investigou, com o auxílio da microscopia de luz e da extensometria, a 254 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):253-62 adaptação vertical e a precisão do assentamento protético de próteses implantossuportadas confeccionadas com cilindros calcináveis ou com cilindros sobrefundíveis e fundidas em liga de cobalto-cromo (Co-Cr). Material e Métodos Inicialmente, foi confeccionado um modelo experimental semicircular de resina à base de poliuretano F16 (Axson - Cergy, France), com 20 mm de altura, 9 mm de espessura e 48 mm de diâmetro. Nesse bloco foram instalados quatro implantes cilíndricos autorrosqueantes, de hexágono externo Master Screw (Conexão Sistemas de Prótese - São Paulo, Brasil), medindo 4 mm de diâmetro por 11,5 mm de comprimento. Os implantes foram instalados como em um procedimento cirúrgico convencional (excluindo os cuidados com a assepsia), procurando-se posicioná-los o mais paralelamente possível entre si, com uma distância de 14 mm de centro a centro, simulando reproduzir uma situação clínica onde quatro implantes entre os forâmenes mentuais suportariam uma prótese fixa parafusada metaloplástica com 12 elementos. Oito sensores elétricos (extensômetros) KFG-02-120-C1-11N30C2 (Kyowa Eletronic Instruments Co. Ltda - Tokyo, Japan) foram colados com adesivo de cianocrilato, na superfície superior do bloco de poliuretano, tangenciando a plataforma dos implantes e foram unidos, com pontos de solda, a cabos elétricos blindados 26AWG-0,14 mm (Multicabo - São Paulo, Brasil), a fim de possibilitar a formação de uma ligação chamada de ¼ de ponte de Wheatstone de 120 . Sobre os implantes foram instaladas conexões protéticas Micro Unit (Conexão Sistemas de Prótese - São Paulo, Brasil), com cinta metálica de três milímetros e torque de 20 Ncm com um torquímetro progressivo Conexão (Conexão Sistemas de Prótese - São Paulo, Brasil), conforme recomendação do fabricante (Figura 1). Figura 1 Modelo experimental de poliuretano com os implantes e as respectivas conexões protéticas instaladas. Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Confecção do modelo de trabalho Sobre as conexões protéticas instaladas nos implantes do modelo mestre, quatro transferentes quadrados Conexão (Conexão Sistema s de Prótese - São Paulo, Brasil) foram posicionados e unidos com pinos de policarbonato PinJet (Odonto-Logika Ind. Ltda. – Londrina, Brasil) e resina acrílica G.C. Pattern Resin (G.C.Dental Industrial – Tokyo, Japan). Aos transferentes unidos, foram parafusados quatro análogos de pilares cônicos Micro Unit (Conexão Sistemas de Prótese – São Paulo, Brasil) com duas marcações a laser que ficavam distantes 180º entre si, criando dois sítios específicos em cada análogo, que tinham como objetivo padronizar a leitura que foi feita ao microscópio de luz. As bases dos análogos presos aos transferentes foram imersas em gesso Resin Rock (Whip Mix – Louisville, USA) que, após tomar presa, foi recortado dando origem ao modelo de trabalho. Figura 2 Vista frontal de cilindros com base usinada em cobalto-cromo posicionados sobre os análogos do modelo de trabalho. Confecção dos corpos de prova Inicialmente, quatro cilindros com base usinada em cobalto-cromo foram aleatoriamente selecionados e fixados, com parafusos laboratoriais e torque de 10 Ncm, sobre os análogos do modelo de trabalho (Figura 2). Sobre esses cilindros, uma estrutura padrão em resina acrílica G.C. Pattern Resin (G.C. Dental Industrial - Tokyo, Japan) foi modelada com formato retangular apresentando 4 mm de largura e 3 mm de espessura, tendo sido posicionada 1 mm acima do bordo de união entre o cilindro e o análogo (Figura 3). Para a obtenção de réplicas padronizadas, uma muralha de silicone Zetalabor (Zhermack – Badia Polesine, Italy) foi confeccionada a partir da estrutura padrão de resina. Seguindo estudo11 que concluiu que melhores resultados eram obtidos quando estruturas eram fundidas em segmentos para posterior soldagem, lâminas de barbear de aço inoxidável (Gillete do Brasil Ltda. – São Paulo, Brasil) com espessura de 0,01 mm (10 µm) foram posicionadas em pontos equidistantes aos cilindros protéticos, determinando os locais de soldagem (Figura 4). Os quatro segmentos de cada barra de resina foram unidos a canais de alimentação de cera média (CNG – São Paulo, Brasil) e presos, em conjunto, no centro de uma base formadora de cadinho. Em seguida, foi aplicado um agente redutor de tensão superficial sobre este conjunto e um anel de silicone foi adaptado à base. O revestimento Micro-Fine 1.700 (Talladium - Curitiba, Brasil) foi espatulado em máquina a vácuo Turbomix (EDG – Máquinas Industriais – São Bernardo do Campo, Brasil) na proporção: 90 g de pó/15 ml de líquido/7 ml de água destilada sendo vertido no anel, em fio, sob vibração intensa. Em seguida, o anel foi levado a uma pressurizadora Motopress (Tonini – São Paulo, Brasil) onde uma pressão de 60 Kgf/cm2 foi aplicada por dez minutos, para remoção Figura 3 Estrutura padrão: corpo de prova modelado em resina acrílica. Figura 4 Muralha posicionada sobre os cilindros permitindo a reprodução de peças semelhantes, já seccionadas em quatro segmentos. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):253-62 255 Biagini AC • Ramaccioto JC • Palombini ABB • Ramalho SA Figura 5 Segmentos da estrutura fundidos, posicionados no modelo de trabalho. Figura 7 Corpo de prova posicionado no modelo de estudo para leitura sob microscopia de luz. Observar o local selecionado para a realização das leituras. Figura 8 Leitura sob microscopia de luz – microscópio Mitutoyo MF e software para leitura e registro de dados. 256 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):253-62 Figura 6 Corpo de prova pronto para os ensaios. de possíveis bolhas. Mais cinco minutos foram necessários para a presa total do revestimento. Em seguida, a base e o anel foram removidos e o cilindro foi levado ao forno de fundição Inova (Bravac - São Paulo, Brasil) para préaquecimento e volatilização da cera e da resina. A partir da temperatura ambiente, iniciou-se um ciclo de aquecimento com o aumento gradativo da temperatura até 300ºC. Esta temperatura foi mantida por 30 min. para então ser elevada para 500ºC, onde foi mantida por mais 30 min. Por fim, um aumento até 1.005ºC por 15 min. A fundição das barras foi realizada com liga de cobalto-cromo Biosil (DeguDent – Hanau, Germany), composta de 64,8% de cobalto, 28,5% de cromo, 5,3% de molibdênio, 0,5% de sílica, 0,5% de magnésio e 0,4% de carbono, em centrífuga manual (Oga - BH, Brasil), com temperatura de fusão de 1.500ºC. Após resfriamento, as fundições foram removidas do bloco e os resíduos de revestimento foram removidos com um ácido para decapagem Decame (Citarc – São Paulo, Brasil), que agiu sobre a fundição por 30 min. Os canais de alimentação foram removidos com discos de carburundum, com espessura de 0,5 mm. Desta forma, pode-se obter dez peças semelhantes, seccionadas em quatro segmentos que foram fundidas separadamente. Depois de retirados do revestimento, os segmentos receberam acabamento e polimento, sendo então levados ao modelo de trabalho (Figura 5), onde foram unidos com resina acrílica G.C. Pattern Resin (G.C. Dental Industrial - Tokyo, Japan) e posteriormente soldados convencionalmente. Para a soldagem, foi manipulado o revestimento especial para altas temperaturas Termocast (Polidental Cotia, Brasil) na proporção: 70 g de pó/11,2 ml de água destilada. O líquido endurecedor não foi utilizado devido à recomendação do fabricante da solda. Com este revestimento, foi feito um bloco e levado para o forno Inova, a uma temperatura de 450ºC por 15 min., para desidratar e eliminar toda a carbonização. Depois do resfriamento Trabalho de Pesquisa Caderno Científico Figura 9 Observação microscópica do ponto da leitura 1 no análogo, definido sobre a linha de divisão entre a marcação a laser e o metal do análogo. Figura 10 Visão microscópica de uma fenda de 0,00221 mm localizada entre o análogo 1 e o cilindro calcinado da barra I – lado do análogo. Figura 11 Software para aquisição, análise e processamento de dados e sistema de condicionamento e conversão do sinal. Figura 12 Corpo de prova posicionado sobre modelo mestre, pronto para a realização das leituras de microdeformação. do bloco, à temperatura ambiente, os espaços entre os segmentos foram jateados, com óxido de alumínio, para eliminação de óxidos formados durante a secagem. Uma pequena quantidade de fundente High-fusing BondalFlux (Williams, Buffalo, USA) foi passada nas regiões de conexão, o excesso foi removido e deixou-se secar. A pressão do oxigênio foi reduzida para se adquirir uma chama azul. Uma vareta de solda para cromo-cobalto Dentorium (Dentorium International – NY, USA) teve sua ponta aquecida até que se tornasse rubra sendo, em seguida, mergulhada rapidamente no fundente. As partes a serem soldadas foram aquecidas com a chama redutora até a temperatura ideal (vermelho brilhante) e a ponta da vareta foi introduzida no sentido vertical (de cima para baixo) sem que a chama fosse removida da região da conexão. Neste momento, ao tocar o metal, a solda fluiu ocupando o espaço a ela destinado. Deixou-se esfriar naturalmente e jateou-se bem com óxido de alumínio antes de desgastar. A seguir, foi feito o acabamento de forma convencional e um novo jateamento foi realizado. Foram consideradas soldas ideais aquelas que apresentaram superfície lisa idêntica às demais áreas do metal, deixaram a região soldada com aparência de um monobloco e apresentaram total ausência de bolhas e porosidades. Ao final do trabalho laboratorial foram obtidos dez corpos de prova (Figura 6), cinco confeccionados com cilindros plásticos calcinados e cinco com cilindros com base em cobalto-cromo sobrefundidos. Verificação da adaptação marginal Para a verificação da adaptação marginal, cada estrutura metálica foi colocada sobre os pilares protéticos do modelo de estudo confeccionado com os análogos de pilares cônicos Micro Unit (Conexão Sistemas de Prótese) marcados a laser. A sequência de parafusamento utilizada foi a mesma preconizada por autores11 que concluíram que o estresse é melhor dissipado quando a finalização do torque é dada nos implantes terminais. Ou seja, com REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):253-62 257 Biagini AC • Ramaccioto JC • Palombini ABB • Ramalho SA uma chave manual Conexão, quatro parafusos de encaixe hexagonal Conexão ainda não utilizados foram apertados, da esquerda para a direita, até que a primeira resistência fosse observada (Figura 7). Posteriormente, com o auxílio de um torquímetro mecânico Conexão, foi dado um torque de 10 Ncm em cada parafuso respeitando-se a ordem dos implantes dois, três, um e quatro. Desta forma, iniciou-se pelos implantes centrais seguindo-se os das extremidades. O conjunto foi levado ao microscópio de luz MF-A (Mitutoyo - Kawasaki, Japan) com 200 vezes de aumento (Figura 8). Respeitou-se a sequência de numeração dos análogos (de um a quatro) para a realização das leituras, iniciando-se por vestibular e seguindo-se por lingual. Em cada face foram realizadas três leituras nomeadas como: um, dois e três. A leitura um foi padronizada como sendo a mensuração feita a partir de um ponto localizado sobre a linha divisória entre a marca a laser e o metal do análogo a um ponto diametralmente oposto localizado no bordo do cilindro. Como esse ponto ficou muito bem evidenciado microscopicamente e foi possível realizar as demais leituras definindo-se pontos nos análogos equidistantes a ele (Figura 9). Dessas três mensurações foi obtida média para as faces vestibular e lingual e, posteriormente, média para cada análogo de cada barra. A Figura 10 ilustra a visão microscópica de um espaço vertical. Verificação do assentamento das barras Para detectar as alterações na resistência elétrica do extensômetro, provocadas pelas deformações de assentamento ocorridas nas barras, os cabos blindados foram conectados a oito canais de um aparelho condicionador de sinais elétricos ADS 2000IP (Lynx – São Paulo, Brasil). O aparelho condicionador além de alimentar o circuito, também amplificou o sinal gerado que ocorreu em microvolts (µV) e realizou a conversão do sinal analógico em digital. Uma vez transformadas em sinais digitais, as variações elétricas foram aritmeticamente transformadas em unidades de microdeformação (µε) e registradas por um software de aquisição de dados AqDados (Lynx – São Paulo, Brasil) instalado em um microcomputador Pentium III 1.1GHz (Figura 11). Um módulo independente que acompanha o software realizou a análise e o processamento dos dados. Cada estrutura metálica foi colocada sobre os pilares protéticos do modelo experimental e como na etapa anterior, quatro parafusos de encaixe hexagonal Conexão ainda não utilizados foram rosqueados com a chave manual Conexão até a primeira resistência. Com o auxílio do torquímetro mecânico Conexão foi dado um torque de 10 Ncm em cada parafuso, respeitando-se a ordem dos implantes dois, três, um e quatro. Logo que concluído o último aperto, os extensômetros foram balanceados e calibrados em zero (Figura 12). Esse procedimento teve por objetivo eliminar qualquer estresse residual proveniente do assentamento da barra no modelo mestre. Feito isto, liberou-se a leitura da microdeformação (µε) produzida por cada extensômetro linear elétrico que foi medida e registrada por 15s e repetida por cinco vezes para cada pilar protético. A temperatura ambiente foi mantida em 21ºC durante o desenvolvimento das leituras. As microdeformações determinadas pela ausência de passividade aferidas nos dez corpos foram registradas e submetidas à análise estatística. Resultados A Tabela 1 apresenta as médias e o desvio-padrão das leituras de microscopia de luz feitas nos três pontos da face vestibular e nos três pontos da face lingual, para cada cilindro de cada barra. Para comparar as médias das leituras obtidas foi feita uma análise de variância. Os resultados dessa análise estão na Tabela 2. Não houve diferença estatisticamente significante entre os dois tipos de cilindros. Foram feitas cinco leituras de microdeformação, em µε, em oito canais, para cada barra. As médias das cinco leituras, segundo o canal e para cada barra, tanto para cilindros calcinados como para sobrefundidos, se encontram na Tabela 3. Para comparar as médias das leituras de microdeformação, em µε, obtidas por meio de extensômetros, em TABELA 1 – NÚMERO DE OBSERVAÇÕES, MÉDIAS E DESVIO-PADRÃO DAS LEITURAS OBTIDAS POR MEIO DE MICROSCOPIA DE LUZ FEITAS PARA AVALIAR ESPAÇOS EXISTENTES ENTRE OS INTERMEDIÁRIOS E OS CILINDROS PROTÉTICOS CALCINADOS E SOBREFUNDIDOS TABELA 2 – ANÁLISE DE VARIÂNCIA Cilindro Estatística Graus de liberdade Quadrado médio Valor de F p-valor Cilindros 1 8,3311 0,2268 0,6366 12,932 Erro 38 36,7269 6,555 Total 39 Calcinado Sobrefundido 20 20 Média 12,019 Desvio-padrão 5,522 Nº de observações 258 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):253-62 Causas de variação Trabalho de Pesquisa Caderno Científico TABELA 3 – MÉDIAS, EM Ɛ, DAS MICRODEFORMAÇÕES SEGUNDO O CANAL E PARA CADA BARRA, TANTO PARA CILINDROS CALCINADOS COMO PARA SOBREFUNDIDOS Barra Cilindros Calcinados Canal 1 2 3 4 5 6 7 8 Canal Sobrefundidos TABELA 4 – NÚMERO DE OBSERVAÇÕES, MÉDIAS, DESVIOPADRÃO E P-VALOR PARA O TESTE T STUDENT PARA LEITURAS DE MICRODEFORMAÇÃO, EM Ɛ, OBTIDAS POR MEIO DE EXTENSÔMETROS, EM CILINDROS CALCINADOS E SOBREFUNDIDOS 1 2 3 4 5 6 7 8 Estatísticas 1 2 3 4 5 16,42 25,70 5,06 15,74 220,96 39,10 5301,70 18,44 6,52 2,56 2,62 1,94 186,44 16,60 2,60 5,36 27,66 13,5 42,12 30,56 27,92 32,06 4,58 18,9 24,04 31,56 10,52 14,66 81,62 20,00 19,18 22,10 1 13,62 21,94 1,40 6,88 26,16 12,78 18,66 20,48 2 16,82 6,72 11,56 7,20 2,64 1,68 19,82 7,00 23,34 13,90 27,20 17,10 27,34 13,74 44,38 15,74 Barra 3 2,90 5,10 4,56 9,36 10,06 2,88 13,58 5,88 4 23,26 27,26 9,12 35,20 19,86 16,34 21,80 12,66 5 0,51 2,69 2,00 2,93 4,46 3,56 3,72 1,64 cilindros calcinados e sobrefundidos foi aplicado o teste t Student. Os resultados das médias, do desvio-padrão e o p-valor estão na Tabela 4. Pode-se observar que a média das microdeformações obtida para cilindros calcinados é cerca de 15 vezes a média das deformações obtidas para cilindros sobrefundidos. Isso ocorreu porque no canal 7 da barra I houve uma deformação muito discrepante, ou seja, de 5301,70 µε, sendo que as demais deformações variaram entre 0,51 µε a 220,93 µε (observar dados da Tabela 3). Embora tenha havido grande diferença de médias, não houve diferença estatisticamente significante entre os dois tipos de cilindros tendo sido o p-valor superior a 0,05. Discussão Como em próteses convencionais, as causas da desadaptação de próteses implantossuportadas são multifatoriais e vão desde a manufatura dos componentes até a restauração do indivíduo edêntulo12. Os passos clínicos e laboratoriais disponíveis e empregados para a confecção das estruturas protéticas ainda são inadequados para oferecer um vedamento marginal e um assentamento passivo absolutos entre essas estruturas e os implantes correspondentes5,7,13-16. Mínimas alterações na moldagem, na confecção do modelo de gesso ou na fabricação da estrutura metálica acumulativamente acabam sendo responsáveis por influenciar a adaptação observada pelos Cilindro Número de observações Média Desvio padrão p-valor Calcinados 40 161,79 303,89 Sobrefundidos 40 10,92 7,10 0,3259 clínicos quando o trabalho é fixado na boca13,17. Embora algumas complicações protéticas sejam atribuídas à falta de adaptação e à tensão causada por um assentamento inadequado, não existe um estudo clínico longitudinal que atribua a elas a perda dos implantes e seu efeito sobre o sucesso do implante ainda é questionável7,18. Sabe-se, no entanto, que o sucesso contínuo da osseointegração depende da barreira biológica que separa o ambiente interno do externo impedindo, dessa forma, a disseminação de organismos externos para a interface osso/implante. Uma adaptação inadequada na região peri-implantar resultaria em acúmulo de bactérias e em inflamação, podendo comprometer essa barreira19. Uma vez que espaçamentos presentes entre componentes protéticos e implantes se localizam normalmente de 2 a 4 mm abaixo do nível gengival, o possível efeito desses espaços na formação de biofilme bacteriano subgengival e inflamação não podem ser descartados, particularmente em indivíduos com hábitos de higiene desfavoráveis. Estudos20-21 que avaliaram a destruição óssea ao redor de implantes, quando submetidos ao acúmulo de biofilme bacteriano ou a cargas oclusais excessivas, concluíram que o acúmulo de biofilme bacteriano leva a sinais de peri-implantite com perda óssea marginal e que a sobrecarga pode levar à perda parcial ou total da osseointegração a nível histológico. Quanto à perda óssea marginal por desadaptação protética, segundo pesquisa realizada10, níveis marginais ósseos não estariam correlacionados com os desajustes protéticos, o que se REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):253-62 259 Biagini AC • Ramaccioto JC • Palombini ABB • Ramalho SA Sob o aspecto biomecânico, existe a possibilidade dos estresses induzidos em construções protéticas, componentes protéticos, implantes e osso circundante levarem à perda da osseointegração1 e a forma como são transferidos do implante para o osso é crítica e pode contribuir para o sucesso ou insucesso da osseointegração24-25. É essencial que não só o implante, mas também o osso não fiquem sob estresse no limite de fadiga por muito tempo8. confirmou por trabalhos22-23 que mostraram que mesmo com a mais precisa união entre os componentes (< 10 µm), a perda da crista óssea não pôde ser evitada nos sistemas onde implantes e intermediários não se encontravam rigidamente unidos, possivelmente, devido à movimentação entre implante e intermediário. Sob o aspecto biomecânico, existe a possibilidade dos estresses induzidos em construções protéticas, componentes protéticos, implantes e osso circundante levarem à perda da osseointegração1 e a forma como são transferidos do implante para o osso é crítica e pode contribuir para o sucesso ou insucesso da osseointegração24-25. É essencial que não só o implante, mas também o osso não fiquem sob estresse no limite de fadiga por muito tempo8. Caso o estresse seja introduzido em um sistema de implantes como resultado de uma má adaptação protética, ele poderá estar presente durante muitos anos após a instalação da 260 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):253-62 prótese10, o que justifica a preocupação em se obter uma estrutura o mais bem adaptada possível14. Durante as últimas três décadas, o significado da biomecânica no tratamento com implantes foi enfatizado e medidas de segurança foram sugeridas e aplicadas para controlar cargas sobre os implantes. Um ambiente com controle mecânico se faz necessário para assegurar a apropriada sequência de eventos biológicos que levam à remodelação óssea e à manutenção da osseointegração24. Esse conceito é baseado na lei de Wolff, que descreve a remodelação óssea como uma resposta às demandas funcionais aplicadas sobre o osso de forma que ele se apresentará mais forte onde for necessário26. Pesquisadores9-10,27 demonstraram que os componentes do sistema de implantes e o osso são capazes de tolerar algum grau de desajuste, sendo que, em estudos20-21 onde ocorreu perda óssea efetiva, observou-se que as tensões ósseas foram além de um limiar aceitável, ou seja, o mecanismo de perda da osseointegração por sobrecarga ocorreu quando os danos no osso excederam seu potencial de reparo26,28. Tensões inferiores a esse limiar justificaram a tolerância biológica do osso para as desadaptações protéticas, porém, o nível do desajuste que pode ser considerado clinicamente aceitável parece ainda não ter sido estabelecido. Outro fator a ser considerado também influenciado pelo desajuste da superestrutura é a pré-carga18,25. A integridade mecânica da união de componentes depende amplamente de dois fatores: a área de contato entre os componentes e a efetividade do parafuso8. No entanto, qualquer discrepância na relação entre o cilindro e o intermediário pode causar a dissipação da pré-carga durante o fechamento da junta resultando em menor força de travamento para manter as peças unidas18, isto significa dizer que a perda da fixação ou fratura dos parafusos é atribuída a um insuficiente torque para manter as peças em posição (tensão na haste do parafuso) devido ao contratorque causado por forças flexoras provindas da má adaptação da prótese7,9,18. O afrouxamento e a fratura do parafuso são as complicações biomecânicas mais comuns em próteses totais implantossuportadas, sendo os motivos mais frequentes de retorno do indivíduo ao consultório odontológico1,12. Quanto ao vedamento marginal, autores19 observaram que componentes protéticos fundidos apresentavam maior frequência e magnitude de discrepância, quando comparados aos sobrefundidos e usinados. Os espaçamentos verticais deste estudo variaram entre 36 µm e 86 µm, tendo os autores acrescentado que em uma situação intermediária, onde componentes com base usinada são modificados laboratorialmente, assim como nos componentes totalmente fundidos, existe a possibilidade de distorção dos componentes como resultado dos procedimentos de fundição, ciclo de oxidação da porcelana ou a combinação Trabalho de Pesquisa Caderno Científico de ambos. Já em outro estudo17, ao serem comparadas peças de ouro usinadas antes e depois da sobrefundição, não foram encontradas diferenças significativas nas dimensões originais destas peças. Segundo alguns pesquisadores29, embora peças fundidas tivessem sido obtidas, a partir de componentes plásticos, com níveis de desajuste semelhante a de componentes usinados, os procedimentos de fundição levaram a desajustes maiores ou menores dependendo do metal utilizado. Este trabalho, ao comparar componentes totalmente plásticos (calcináveis) e plásticos com base usinada (sobrefundíveis), observou não haver diferença estatisticamente significativa entre os dois tipos de cilindros, utilizados na confecção das barras de Co-Cr. A média dos espaçamentos encontrados entre os cilindros protéticos e os intermediários foi de 12,02 µm (± 5,5 µm) para os fundidos e 12,93 µm (± 6,5 µm) para os sobrefundidos, refletindo em ambos os componentes as dificuldades e as distorções introduzidas com as técnicas de fundição e as limitações inerentes aos procedimentos de acabamento. Quanto à magnitude das deformações geradas pelo estresse aplicado, quando o tecido ósseo é submetido a forças extremamente reduzidas, que correspondem a microdeformações abaixo de 100 µε, a substancial queda do estresse funcional causa um desequilíbrio negativo na remodelação óssea, prevalecendo a reabsorção óssea. Quando o tecido ósseo é submetido a forças consideradas normais, envolvendo microdeformações entre 100 e 2.000 µε, teoricamente, a massa óssea estabiliza-se em função do equilíbrio entre a osteogênese e a osteólise. Uma sobrecarga suave, cuja força leve a microdeformações entre 2.000 µε e 4.000 µε, gera um desequilíbrio positivo, com maior osteogênese e, consequentemente, aumento de massa óssea. Quando a estrutura óssea é submetida a forças que promovem deformações acima de 4.000 µε, ela torna-se incapaz de reparação e os danos que ocorrem são irreversíveis28. Neste estudo, analisando-se os valores das microdeformações geradas individualmente pelos extensômetros, somente o canal sete da barra I (confeccionada com cilindros calcinados) apresentou valor superior àquele capaz de causar danos irreparáveis ao tecido ósseo, o que seria de grande preocupação, pois, se não houvesse intervenção clínica, ocorreria a perda do implante em longo prazo. Quanto aos demais valores, em ambos os grupos avaliados, os níveis médios de deformação estática ao redor dos implantes se encontrou entre 0,51 µε e 220,96 µε, o que nos leva a acreditar que tanto os cilindros calcinados quanto os sobrefundidos apresentaram situação semelhante de assentamento, lembrando que estes valores se localizaram tanto na faixa de desuso como na faixa ideal para o equilíbrio fisiológico do osso. Contudo, é importante salientar que os implantes e suas próteses estão expostos a forças dinâmicas de várias magnitudes, promovidas pela ação fisiológica da mastigação, o que levaria a valores superiores aos encontrados. Neste estudo, essas forças não foram levadas em consideração, sendo que novas investigações são necessárias para quantificar a ação conjunta de forças estáticas e dinâmicas, bem como sua atuação na remodelação óssea. Devido à metodologia empregada neste trabalho, não foi possível correlacionar os espaçamentos observados com os valores das deformações colhidos pelos extensômetros. No entanto, utilizando a extensometria em conjunção com um aparelho de carregamento e outro estudo30 conseguiuse correlacionar a magnitude do estresse gerado com a amplitude da desadaptação, obtendo-se resultados que mostraram que o estresse aumenta na razão direta do espaçamento. Conclusão Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente e permitiram as seguintes conclusões: • a média da adaptação vertical obtida para os cilindros plásticos (calcináveis) e para os cilindros plásticos com base usinada (sobrefundíveis) foi de 12,02 µm (±5,52 µm) e 12,93 µm (± 6,55 µm), respectivamente, após terem sido utilizados na confecção de estruturas metálicas implantossuportadas e fundidos em liga de cobalto-cromo, não havendo diferença estatisticamente significante entre eles; • não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na passividade de assentamento das estruturas metálicas implantossuportadas confeccionadas com cilindros plásticos (calcináveis) ou com cilindros plásticos com base usinada (sobrefundíveis) e fundidas em liga de cobalto-cromo. Agradecimentos: ao Prof. Dr. Mario Bottino, ao Prof. Dr. Diego Klee e ao Sr. Isautino Scardua Jr., os quais foram fundamentais para a realização deste trabalho. Recebido em: ago/2010 Aprovado em: nov/2010 Endereço para correspondência: Anna Cristina Biagini Rua Carlos Eduardo Monteiro de Lemos, 262 – Sala 203 29055-260 – Vitória – ES Tel.: (27) 3225-7120 [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):253-62 261 Biagini AC • Ramaccioto JC • Palombini ABB • Ramalho SA Referências 1. Adell R, Lekholm U, Rockler B, Brånemark PI. A 15-year study of osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Int J Oral Surg 1981;10(6):387-416. 2. Cox JF, Zarb GA. The longitudinal clinical efficacy of osseointegrated dental implants: a 3-year report. Int J Oral Maxillofac Implants 1987;2(2):91-100. 3. Kan JY, Rungcharassaeng K, Bohsali K, Goodacre CJ, Lang BR. Clinical methods for evaluating implant framework fit. J Prosthet Dent 1999;81(1):7-13. 4. Zarb GA, Schmitt A. The longitudinal clinical effectiveness of osseointegrated dental implants: the Toronto study. Part III: Problems and complications encountered. 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Torezan Especialista e mestre em Cirurgia Bucomaxilofacial pela Unicamp e doutorando em Cirurgia Bucomaxilofacial pela Unicamp. [email protected] São vários os instrumentos cortantes que podem ser utilizados para cirurgia óssea. Em Implantodontia, a maioria dos profissionais utiliza instrumentos rotatórios (brocas e discos) para corte ósseo (osteotomia) e para corte e remoção de osso (ostectomia). Através de uma metodologia simples, vários pesquisadores compararam os danos ósseos causados pelos diferentes tipos de instrumentos de cirurgia óssea (rotatórios, serras oscilantes, serras reciprocantes, serras sagitais e sistema piezoelétrico). Este último sempre mostrou a melhor resposta histofisiológica dos cortes ósseos, sob irrigação com soro fisiológico. Os achados mostraram pouca ou nenhuma área de necrose óssea nas interfaces de corte. Temos de lembrar que a maioria dos implantodontistas está devidamente treinada e com grande habilidade adquirida no uso dos instrumentos rotatórios. Aos iniciantes em Implantodontia, parece que o sistema piezoelétrico poderá ser uma ferramenta espetacular na prática cirúrgica. Entretanto, temos de considerar vantagens e desvantagens para aquisição dessa nova técnica em nossos consultórios. Como vantagens, podemos citar: • Corte ósseo extremamente fisiológico, com baixíssimo grau de necrose óssea. • Possibilidade de cortar o tecido ósseo com delicadeza, mantendo intactos os tecidos moles (nervo mandibular, membrana sinusal e mucosa oral). • Maior conforto ao paciente no transoperatório, devido à delicadeza das vibrações ultrassônicas. Como desvantagens, podemos citar: • Custo elevado de aquisição do motor. • Os cortes ósseos são mais demorados, em comparação com os outros sistemas. • Pacientes que têm descolamento de retina, têm contraindicação absoluta para utilização de instrumentos ultrassônicos na cavidade bucal. • Muitas vezes, o implantodontista, que sempre foi treinado com instrumentos rotatórios e adquire o sistema piezoelétrico, acaba não usando porque está mais acostumado com os rotatórios e assim encosta o ultrassom, por ser mais lento no corte ósseo.Isso significa mau investimento financeiro. Portanto, a escolha de se utilizar o sistema piezoelétrico em Implantodontia deve ser questionada pelo profissional, a partir do equilíbrio entre suas vantagens e suas desvantagens. Fica aí meu parecer, como cirurgião bucomaxilofacial e implantodontista, que utiliza os vários sistemas de corte ósseo descritos acima. 264 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):264-5 Temas em Debate André Vilela Especialista em implantes pela FDCTO USP-SP e diretor científico da Driller. [email protected] A piezoeletricidade vem sendo estudada desde seu descobrimento em 1880 pelos irmãos Curie. Sua aplicação na área médica é bastante intensa, seja por efeito direto de ondas de choque aplicadas por transdutores ou por ação indireta dos efeitos decorrentes das mesmas e do efeito físico de cavitação. Da mesma forma que a área médica se beneficiou dos estudos de Brånemark relacionados à osseointegração, a área odontológica deve se aproveitar dos conhecimentos gerados pela medicina relacionados ao uso da tecnologia ultrassônica. Sabe-se ainda muito pouco sobre a atuação nos tecidos duros e moles, porém, o pouco já é bastante promissor, principalmente no que tange aos aspectos cirúrgicos e de implantes. Inúmeros trabalhos mostram a aceleração da reparação tecidual e ossificação, seja pelo estímulo elétrico criado ou até mesmo pela neovascularização obtida. Sabe-se também que o estímulo ultrassônico aumenta a permeabilidade celular, facilita a troca metabólica, acelera a neovascularização, provoca analgesia, diminui sangramento, tem ação bactericida, aumenta a velocidade de ossificação, favorece células osteoblásticas, promove crescimento mais ordenado de tecidos e é menos traumático que os procedimentos cirúrgicos realizados com brocas, fresas e serras. Além disto, variação da frequência, potência e comprimento de onda permitem uma vasta aplicação, seja ela de cortar, aquecer, separar, dissolver, cisalhar etc.; possibilitando seu uso, por exemplo, para cauterizar tumores, separar células a frio dos tecidos moles como cérebro e fígado, cortar osso, destruir pedras nos rins, dissolver gordura localizada, promover drenagem linfática, entre outros. Novos rumos apontam para controle de dosagem de medicamentos em nanoestruturas piezoelétricas. Esta combinação garante segurança e diversidade de aplicação, necessitando ainda de bastante pesquisa na área de desenvolvimento. O limite sempre é o conhecimento... Jamil Awad Shibli Doutor, mestre e especialista em Periodontia – Foar-Unesp e coordenador do Curso de Especialização em Implantodontia - UnG. [email protected] A tecnologia baseada na utilização de pontas impulsionadas por movimentos ultrassônicos em uma frequência que varia de 6 a 30 Khz, denominadas de piezosurgery, tem sido o grande hit do momento e parece realmente não ter limites. Este aparelho é tão versátil que até mesmo a confecção das lojas cirúrgicas para inserção do implantes osseointegráveis é possível de ser realizada. Além da grande precisão para osteotomias vizinhas, as estruturas anatômicas nobres, como o teto do canal mandibular e emergência do forâmen mentual, também são utilizadas para a realização da abertura lateral da cavidade sinusal, evitando perfurações e lacerações da membrana de Schneiderian. O aparelho permite a realização das mais variadas formas e direções de osteotomias e possibilita ainda que os limites da osteotomia atinjam toda a extensão do fragmento ósseo sem a preocupação com o tecido mole, uma vez que o aparelho não o danifica. Estudos recentes têm ampliado o campo de atuação deste instrumento, minimizando e viabilizando exodontias mais atraumáticas quando comparadas aos periótomos, fórceps e expansões horizontais de cristas óssea tênues que frequentemente rompiam-se com os cinzéis. Entretanto, assim como todos os instrumentais utilizados para corte, as pontas necessitam de refrigeração abundante com solução fisiológica, ajuste da frequência/potência das pontas e obviamente substituição das pontas após usos prolongados/repetidos. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):264-5 265 TrendMarking Os lançamentos do mundo da Implantodontia Orientações de mercado para a melhor prática da Implantodontia. MDI Mini dental implants Este é um sistema de mini-implantes pouco invasivo e que estabiliza as próteses totais com retenção inadequada em 90 minutos, sem rebatimento dos retalhos e usando-se a própria prótese do paciente. Desenhado para estabilidade em regiões ósseas de alta e baixa densidade, pode ser usado nos casos de carga imediata instalando-se attachments tipo O’rings. Mais informações: http://solutions.3m.com Hemcon dental dressing Utilizado nas feridas dos soldados das forças armadas dos EUA desde 2003, este produto se torna pegajoso em contato com o sangue, selando e protegendo a ferida, ao mesmo tempo em que alivia a dor. Não contém fatores de coagulação derivados de humanos ou animais. Mais informações: http://www.zimmerdental.com Unigrip universal disposal radiographic holder Este produto facilita a realização das radiografias, quer seja pelo uso de películas, placas de fósforo ou sensores digitais. A vantagem é que você só precisa de um Unigrip para região anterior, posterior e radiografias bitewing. Mais informações: http://www.dentpsly.com Rptary tissue punch with center guide pin for pilot drill Este punch de tecido possui um pino-guia que trespassa a gengiva e chega ao periósteo, marcando o osso para entrada da broca countersink. Este produto está disponível nos diâmetros 3,5 mm, 4,3 mm e 5,5 mm. Mais informações: G. Hartzell & Son. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):267 267 A Vez dos Editores Clássicos da década Esta coluna tem como objetivo apresentar aos leitores mais novos (e fazer com que os mais experientes recordem) os princípios que consagraram a Implantodontia como ciência que melhora a qualidade de vida dos nossos pacientes. Nkenke E, Schultze-Mosgau S, Radespiel-Tröger M, Kloss F, Neukam FW. Morbidity of harvesting of chin grafts: a prospective study. Clin Oral Implant Res 2001;495-502. A Odontologia é uma ciência da saúde e, como tal, entender as complicações e os riscos dos procedimentos cirúrgicos deveria ser a pedra fundamental para melhoria da prática clínica. Um grande temor do cirurgião é a perda total ou parcial da sensibilidade em áreas doadoras de enxerto, especialmente na região anterior mandibular entre os forâmens mentuais. Em 2001 saía o primeiro estudo prospectivo, cujo objetivo era verificar como a percepção sensorial desta área é alterada depois da cirurgia. Vinte pacientes foram operados por três cirurgiões experientes na Universidade Erlangen/Nuremberg. A sensibilidade foi verificada nos períodos pré-operatório, sete dias, um, três, seis e 12 meses depois. A diferença é que a avaliação da função sensorial do nervo alveolar inferior foi realizada com testes objetivos: 1) teste de discriminação entre dois pontos, 2) os distúrbios sensoriais na região foram verificados pelo teste de sensibilidade térmica, 3) aplicação de um instrumento de ponta arredondada para sensibilidade dolorosa e 4) a condição pulpar dos dentes 35-45 pela reposta à aplicação de gelo (spray de dióxido de carbono). Passado o período de acompanhamento, os pacientes receberam questionários para comparar dois procedimentos (inserção do implante x coleta do osso na área mentual). Quanto maior o número, maior o desconforto causado nos pacientes: Escala de análise visual Inserção do implante Coleta de osso do mento 29,5 64,4 Sobre a sensibilidade pulpar, ao final dos 12 meses, 11,6% dos dentes (20/176) ainda não acusam melhora, sendo que os caninos (8/20) eram os mais afetados. Mesmo que o valor seja menor comparado ao período inicial 21,6% (38/176), a diferença não foi significativa. Finalmente, sensações de hipo e hiperestesia acompanharam os pacientes ao longo dos 12 meses. Apenas o lado direito da região mentoniana mostrou melhor recuperação da localização territorial quando comparado ao lado esquerdo. O teste de discriminação entre dois pontos mostrou que no primeiro mês após a cirurgia existiu um impedimento significativo na função sensorial. Entretanto, a regeneração bilateral da função do nervo foi significativa após 12 meses, mesmo com dois pacientes ainda tendo permanecido com déficits sensoriais no limite de descriminação espacial. Vale lembrar que na segunda metade do século 21, a reconstrução anatômica tridimensional após tomografias computadorizadas muitas vezes revela a intricada anatomia vásculo-nervosa da região mentual, diminuindo a chance de complicações. Os pacientes agradecem! REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):269 269 SÃO PAULO, CERCA JULHO DE 2011. DE SEIS MIL CONGRESSISTAS ESTARÃO REUNIDOS NO CENTRO EXPO CENTER NORTE DE CONVENÇÕES DO PARA PARTICIPAR DO IN 2011 - LATIN AMERICAN OSSEOINTEGRATION CONGRESS. O CONGRESSO, QUE DEVERÁ SER O MAIOR REALIZADO PELA IMPLANTODONTIA BRASILEIRA NESTE ANO, É UM DOS MAIS IMPORTANTES EVENTOS DA ESPECIALIDADE EM TODO O MUNDO E TERÁ, COMO PRESIDENTE DE HONRA, PER INGVAR BRÅNEMARK, O DESCOBRIDOR DO O melhor da Implantodontia espera por você no IN 2011 PRINCÍPIO DA OSSEOINTEGRAÇÃO. O IN 2011 REUNIRÁ UM GRUPO HO- MOGÊNEO DE ESPECIALISTAS ESTRANGEIROS E BRASILEIROS PARA DISCUTIR A MELHOR PRÁTICA CLÍNICA E OS NOVOS RUMOS DA IMPLANTODONTIA, COM BASE EM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS. DOS PALESTRANTES INTERNACIONAIS, 35 NO- MES JÁ FORAM CONFIRMADOS (VEJA BOX), COM DESTAQUE PARA IMPORTANTES EXPOENTES DE PESQUISA NA ÁREA, COMO ANN WENNERBERG (S UÉCIA ), F RANCK R ENOUARD (F RANÇA ), JOSEPH KAN (EUA), MARKUS HÜRZELER Faltando pouco menos de quatro meses para o maior evento da Implantodontia deste ano, o IN 2011 já está pronto para receber quase seis mil participantes. 270 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):270-3 (ALEMANHA), SASCHA JOVANOVIC (EUA) TOMAS ALBREKTSSON (SUÉCIA). ENTRE E OS NACIONAIS, O EVENTO JÁ CONTA COM MAIS DE 90 MINISTRADORES CONFIRMADOS, REUNINDO ALGUNS DOS PRINCIPAIS PESQUISADORES E CLÍNICOS DO PAÍS. Eventos De acordo com Paulo Rossetti, coordenador internacional do evento, o IN 2011 representa a consagração da Implantodontia brasileira. “Mais uma vez, vamos ‘parar’ o Brasil em julho de 2011. Para tanto, preparamos uma programação especial recheada de conteúdo clínico e científico, com as opiniões e os ensinamentos dos nossos colegas latino-americanos, trocando experiências com EUA e Europa. Os melhores pesquisadores, os melhores clínicos. Tudo com muito bom gosto, conforto e atenção que o congressista merece! Mesas-redondas com assuntos polêmicos, pequenas conferências com tópicos essenciais. Grandes palestras apresentadas por gente que realmente entende do assunto e cursos de imersão (veja no box o ranking dos cinco mais procurados). Tudo aquilo que o cirurgião-dentista precisa saber para incrementar ou implantar em seu consultório. E ainda: sessão de painéis científicos, lançamentos de livros, tecnologia protética aplicada e muito mais. É um evento que o profissional de Odontologia não pode perder. Junte-se aos quase 6.000 participantes, porque eventos como este são únicos”, destaca Rossetti. ATIVIDADES DIFERENCIADAS A programação abrange ainda atividades como o Corporate Session – Ciclo de Conferências sobre Tecnologia Aplicada, que mostrará como as empresas pensam e formatam produtos e quais as indicações clínicas ideais de seus sistemas cirúrgico-protéticos. Esta atividade acontecerá no primeiro dia do evento e terá apresentações com três, quatro e oito horas de programação. Fazem parte destas atividades as empresas Biomet 3i, Conexão, INP, Dabi Atlante, Dentoflex, Neodent, P-I Brånemark Philosophy, Straumann, Driller, Emfils, Implacil De Bortoli, IntraLock, Nobel Biocare, Baumer e Dentsply. Outras atividades integram a programação do IN 2011, uma delas é o Centro de Planejamento Protético, um espaço para discussão e planejamento final de casos simples e complexos. Além deste, haverá lançamentos literários, com mais de 15 livros de autores como Mário Groisman, Paulo Perri de Carvalho, Zulene Alves Ferreira e Bráulio Paolucci; apresentação de Painéis Científicos; e a ExpoIN 2011 – Exposição Internacional de Produtos e Serviços para Implantodontia, com mais de 80 empresas presentes. No evento – e com o apoio da Driller – haverá um espaço destinado à degustação de vinhos produzidos com a uva Carmenère, da vinícula Mayu do Chile. No local, o congressista poderá também participar de palestras sobre enologia e comprar embalagens de vinhos por preço de atacado, cuja renda será destinada à assistência de moradores de rua da Aliança de Misericórdia. A solenidade de abertura oficial acontecerá no dia 2 de julho, no Auditório Expo Center Norte, seguida de um coquetel de confraternização. No dia 4 de julho será realizado o Jantar Oficial IN 2011, um momento de integração e congraçamento entre os participantes, que terá lugar no Buffet Rosa Rosarum, em Pinheiros. Para Elcio Marcantonio Jr., coordenador nacional, o IN 2011 será o grande evento da Implantodontia latino-americana do ano. “Os mais renomados professores do país e do exterior estarão presentes, apresentando de forma crítica o que há de mais novo na área. Os assuntos abordados serão os mais polêmicos e de maior aplicação na clínica e serão discutidos pelas maiores autoridades do mundo, de forma que o cirurgião-dentista possa ter segurança e previsibilidade de resultados na sua prática diária. Com a expectativa de público recorde, será uma ótima oportunidade para aprendizado e reciclagem”, acrescenta. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):270-3 271 ADESÕES AO EVENTO A participação no IN 2011 é feita por meio de adesão única, que garante acesso livre às conferências, mesasredondas, Corporate Session, sessão de Painéis Científicos, Centro de Planejamento Protético e quatro dias de visitação à ExpoIN 2011. São 36 opções de cursos de imersão internacionais e/ou nacionais. Para ter acesso a estes, o participante só poderá se inscrever a, no máximo, cinco cursos, em razão do espaço físico. E para facilitar o acesso de centenas de alunos de pós-graduação em seus vários níveis, foram criadas taxas reduzidas para aqueles que se inscreverem por meio de seus coordenadores de curso. E os três coordenadores com o maior grupo de alunos inscritos (acima de 30 alunos) ao IN 2011 receberão prêmios e reconhecimento. Cursos de imersão mais procurados Além da taxa de adesão reduzida – R$ 390, em quatro parcelas no cartão de crédito ou três no boleto bancário – os alunos de pós-graduação inscritos receberão gratuitamente o livro Procedimentos reconstrutivos estéticos em Periodontia e Implantodontia, de autoria de Zulene Alves Ferreira e colaboradores. Mais informações e adesões: VM Comunicação – Tel.: (11) 2168-3400 – www.implantnews.com.br/in2011 [email protected] Para os coordenadores de curso que aderirem ao evento, fale com a Natália Baltus – Tel.: (11) 2168-3400 – [email protected]. A visão mundial de grandes mestres internacionais e nacionais e a prática dos últimos avanços da reabilitação oral com implantes poderão ser conferidas nos cursos de imersão. Confira abaixo o ranking com os cinco cursos mais procurados até o fechamento desta edição: 1. Sascha Jovanovic (EUA) 4. Carlos Eduardo Francischone (Brasil) Módulo 1: Aumento de rebordo horizontal e vertical usando GBR, enxerto, substitutos ósseos e fatores de crescimento Módulo 2: Tecidos moles – estética e saúde com implantes dentários: dez critérios essenciais para o sucesso Terapias estéticas com osseointegração: técnicas e fatores que influenciam na longevidade 2. Franck Renouard (França) 5. Carlos Eduardo de Almeida Ferreira Enxerto em seio maxilar: previsibilidade baseada em evidência científica Implantes curtos. Uma alternativa confiável para a técnica cirúrgica Laura Guimarães P. Paleckis Enxerto em seio maxilar – biomateriais 3. Joseph Kan (EUA) Implantes imediatos na zona estética: resultados nos tecidos moles e duros 272 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):270-3 Caderno Eventos Científico Ministradores internacionais (confirmados) • Alejandro Maddalena (Argentina) • Ann Wennerberg (Suécia) • Arturo Meijueiro (México) • Carlos Aparício (Espanha) • Carlos Eduardo Francischone (Brasil) • César Guerrero (Venezuela) • Drauseo Speratti (EUA) • Esther Flores Mubarak (Peru) • Franck Renouard (França) • Guilhermo Rafael Cagnone (Argentina) • Héctor José Alvarez Cantoni (Argentina) • Ingemar Abrahamsson (Suécia) • John Schulte (EUA) • Jorge Luis Garcia (Argentina) • José Valdívia (Chile) • Joseph Kan (EUA) • Juan Carlos Abarno (Uruguai • Julio Garcia (Argentina) • Luigi Canullo (Itália) • Luis Guillermo Peredo-Paz (Bolívia) • Luiz A. Meirelles (EUA) • Mario Roccuzzo (Itália) • Markus Hürzeler (Alemanha) • Massimo Del Fabbro (Itália) • Maurício Tinajero (Equador) • Michael A. Pikos (EUA) • Moshe Goldstein (Isarel) • Paolo Trisi (Itália) • Paulo G. Coelho (EUA) • Robert Miller (EUA) • Sascha Jovanovic (EUA) • Sergio Luis Gotta (Argentina) • Stephen Chu (EUA) • Tomas Albrektsson (Suécia) • Ulf Wikesjö (EUA) • Zvi Artzi (Israel) Dimensão do evento • Até 6.000 participantes • 17 cursos internacionais de imersão • 19 cursos nacionais de imersão • Oito mesas-redondas consensus • 70 conferências especiais • 100 painéis clínicos e científicos • Corporate Session – ciclo de palestras, workshops e hands-on sobre Tecnologia Aplicada, com 70 atividades • CPP – Centro de Planejamento Protético • 80 empresas na ExpoIN 2011 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):270-3 273 Caderno MercadoCientífi In co O Lumina-Bone chega ao mercado A Anvisa homologou, no início deste ano, uma nova opção em biomateriais. Trata-se do Lumina-Bone, um composto mineral de cálcio e fósforo e acelular, fabricado pela Critéria Indústria e Comércio de Produtos Medicinais e Odontológicos. De origem natural bovina, o produto caracteriza-se pela absorção em curto prazo, quando comparável às opções sintéticas e naturais disponíveis no mercado. A Critéria acredita que além do acompanhamento por vias clínicas, é necessário realizar a interface entre a área médica e a ciência dos biomateriais, para obter maior precisão para suprir as exigências médicas-odontológicas. Assim, o Lumina-Bone é fruto de publicações científicas nacionais e internacionais. Durante o congresso Oroface 2011, que acontecerá de 7 a 9 de abril, em Canelas/RS, será possível conferir a repercussão e os questionamentos sobre o produto e similares, na apresentação do professor Luís Cláudio Aranha e equipe. “Vamos proporcionar e atualizar muitas tecnologias, o investimento em P&D é essencial para o crescimento e um compromisso da Critéria”, ressaltaram os diretores da empresa. Mais informações acesse www.criteria.com.br SIN lança serviço de financiamento para o cirurgião-dentista A SIN – Sistema de Implante Nacional – criou um serviço, via web, que permite ao cirurgião-dentista parcelar o tratamento dentário em até 36 vezes para o paciente e receber o pagamento à vista. Tratase da Amici, que possibilitará ao cirurgião-dentista expandir o seu mercado e o acesso das classes B e C Letícia Bezinelli ao procedimento. Para desfrutar do serviço, os cirurgiões-dentistas não pagam taxa de adesão ou mensalidade, tem total liberdade para orçar os tratamentos de seus pacientes on-line e deixam de lidar com problemas de inadimplência, já que passam a receber à vista. O pagamento facilitado leva ao consultório pessoas que até então não tinham condições de arcar com tratamentos dispendiosos. O processo é simples. Depois de receber o orçamento, o paciente deverá solicitar o financiamento ao cirurgiãodentista cadastrado. Em área restrita do site da Amici, o profissional fará o pedido de aprovação do empréstimo, em nome de seu paciente, assim que receber a aprovação, encaminhará documentação solicitada para Amici. O crédito será feito em uma conta pré-cadastrada pelo próprio cirurgião-dentista em até sete dias úteis após a entrega dos documentos. “O profissional de Odontologia deve ter visão de futuro, ser capaz de identificar as ameaças e as oportunidades do mercado. Para tal, é importante ir além da análise clínica e visitar outros estabelecimentos de saúde, ler jornais e revistas fora do meio odontológico e utilizar essas informações dentro do seu próprio consultório. Ele deve estar atento ao mercado. Imagine o que fazem hoje os profissionais que há 30 anos trabalhavam com próteses fixas e não acreditavam que o implante viria a se tornar uma realidade?”, afirma Letícia Bezinelli, mestre em Ciências Odontológicas pela Fousp e consultora de marketing e relações empresarias na FFO – Fundecto. Para mais esclarecimentos ligue (0800 770 2941) ou envie e-mail ([email protected]). REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):275-6 275 Mais de 250 inscritos no Curso de Credenciamento do Snap-On Smile O Snap-On Smile, a nova técnica que disfarça um sorriso problemático, deverá ser lançado em solo brasileiro no primeiro semestre deste ano, depois da realização do 1o Curso Internacional de Credenciamento ao Sistema Snap-On Smile no Brasil. O curso acontecerá nos dias 29 e 30 de abril próximos, no Hotel Sheraton WTC, em São Paulo, e já conta com 260 participantes confirmados. A programação do curso consta de três apresentações, com 4 horas/aula cada turma, sendo 200 alunos por turma. O participante receberá um certificado de conclusão do curso de credenciamento e estará apto a utilizar a técnica, fazendo parte, automaticamente, da rede de clínicas credenciadas no Brasil. Além disso, receberá todo o material de divulgação do produto para apresentar aos seus pacientes. Informações e inscrições – Tel.: (11) 2168-3400 – lumident.com.br/credenciamento. Intra-Lock lança implante Blossom A Intra-Lock está apresentando ao mercado o implante Blossom, que associado a nanosuperfície Ossean, determina respostas biológicas mais velozes e muito mais intensas na integração de implantes em diferentes classificações ósseas. Os novos implantes da linha Blossom apresentam design único com espiras de última geração. Cada espira apresenta uma superfície de corte e um sulco espiral de escoamento que corre em sentido contrário. Esta macrogeometria reduz o torque de inserção e aumenta a estabilidade primária sem causar compressões excessivas, minimizando, portanto, o trauma operatório. Além disso, o implante é provido da já consagrada superfície Ossean. Mais informações acesse www.intra-lock.com.br. 276 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):275-6 Vídeo da J&J mostra a ação das bactérias na boca A Johnson & Johnson, em parceria com a empresa americana Anatomical Travelogue, produziu um vídeo com imagens da cavidade bucal, mostrando o deslocamento das bactérias orais para o resto do organismo. “A colocação dos implantes osseointegrados não garante um ambiente bucal livre de placa. Entretanto, é o que os pacientes pensam...”, adverte Paulo Rossetti, editor científico da ImplantNews. “Para quebrar esse paradigma, recomendamos que assista ao vídeo. Ele explica (de forma simples) porque a saúde realmente começa pela boca”, acrescenta Rossetti. Para conferir o vídeo que a Johnson & Johnson disponibiliza, acesse: http://www.jnjbrasil.com.br/listerine/default. asp?area=5#param Responsabilidade Civil O prontuário – a documentação odontológica Dra. Regina Célia Dalle Nogare é advogada e atua há mais de 19 anos em orientação, assessoramento e defesa dos cirurgiões-dentistas nas questões profissionais de ordem judicial. Dúvidas e orientações enviar e-mail à dra. Regina Célia Dalle Nogare ([email protected]). Este espaço está reservado à exposição de matérias, particularmente, envolvendo a casuística jurídica, no âmbito da especialidade de implantes e, em que pese a questão de exigir eventual desdobramento técnico jurídico, enfatizamos que o enfoque não será didático, mas com objetivo de orientação à classe, à qual esperamos contar com a colaboração de profissionais que igualmente atuem na área de forma a permitir uma visão abrangente dos mais variados temas. Somos frequentemente consultados no que diz respeito à documentação odontológica. Assim, é da boa prática a elaboração de um prontuário, cuja recomendação está assentada no Código de Ética Odontológica, que regula os direitos e os deveres dos profissionais inscritos nos quadros do CRO, que em seu artigo 5o, VIII, determina: “Constituem deveres fundamentais dos profissionais e entidades odontológicas: VIII - elaborar e manter atualizados os prontuários dos pacientes, conservando-os em arquivo próprio”. A norma, pela clareza, dispensa qualquer comentário, sendo certo que embora exista a previsão acima citada quanto à manutenção do prontuário, não há norma ditada pelo Conselho de Classe sobre como o mesmo deve ser elaborado. Pela análise em cotejo da literatura odontológica e a casuística, consideramos importante a manutenção de um prontuário, no qual conste, no mínimo, anamnese, plano de tratamento, ficha de acompanhamento clínico, termo de livre consentimento informado e exames complementares laboratoriais e por imagem, que demonstrem a condição da saúde bucal e sistêmica do paciente. Particularmente, em relação às tomadas por imagem, embora a questão ofereça discussões do ponto de vista técnico científico odontológico quanto à necessidade de solicitação, a qual não nos aprofundaremos por refugir ao escopo desta matéria, já tivemos a oportunidade de nos depararmos em caso com desdobramento judicial, em que foi destacada a necessidade da tomografia computadorizada, embora tenhamos conhecimento das dificuldades que a prática oferece, quer em razão da falta de recursos financeiros, quer pela postura refratária do paciente quanto a esta recomendação. Por fim, a manutenção de um prontuário decorre, dentre outros do âmbito clínico, conter diagnóstico, planejamento e tratamento realizado, de normatização ética, como também, da essência para eventual defesa no âmbito judicial, não podendo aqui deixar de ser mencionado tratar-se de exigência para aqueles beneficiários de seguro de responsabilidade civil. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):279 279 Normas de Publicação Como enviar seus trabalhos Os trabalhos enviados que não seguirem rigorosamente as Normas de Publicação serão devolvidos automaticamente. A revista ImplantNews é um periódico científico que adota o sistema de revisão por pares para seleção dos trabalhos a serem publicados e segue em suas normas de publicação o estilo de Vancouver (Sistema Numérico de Citação), visando à padronização universal de expressões científicas nos trabalhos publicados. Desde janeiro de 2011, todos os trabalhos deverão ser enviados com o formulário de Conflito de Interesse preenchido, material que passa a fazer parte do Termo de Cessão de Direitos Autorais. Importante: Envie seu trabalho apenas pelo correio, para: ImplantNews Att. Cecilia Felippe Nery (Editora) Rua Gandavo, 70 – Vila Clementino 04023-000 – São Paulo – SP ATENÇÃO: para o envio de Notas Prévias, indique por fora do envelope “Seção Nota Prévia”. Contendo CD identificado (com todo o material do artigo), impresso completo do trabalho a ser submetido, Termo de Cessão de Direitos Autorais/Formulário de Conflito de Interesse devidamente preenchidos e Termo de Consentimento do Paciente, quando necessário. Em caso de dúvida, entre em contato com a redação: (11) 2168-3400 – <[email protected]>. NOTAS PRÉVIAS APRESENTAÇÃO A Nota Prévia deverá conter: título em português e inglês, nome(s) e titulação do(s) autor(es), resumo/abstract, unitermos/key words, introdução e/ou proposição, material e métodos, discussão, conclusão e referências bibliográficas. O autor deverá enviar o Termo de Cessão de Direitos Autorais de acordo com o item 2.7.1. Para a publicação deverão ser observados os itens das “Normas de Publicação”. Limites: texto com, no máximo, 5.000 caracteres (com espaços), 3 imagens com legendas concisas, uma tabela pequena e 5 referências bibliográficas. Revisão/edição: os trabalhos serão revisados pelo editor científico e um parecerista do Conselho Científico, especialista na área do artigo. O editor se reserva o direito de editar os trabalhos para melhorar a clareza e compreensão dos leitores. Aderência às Normas de Publicação: trabalhos não preparados de acordo com as normas serão devolvidos aos autores antes do processo de revisão. Introdução: resumir o princípio e o propósito do estudo, fornecendo apenas as referências pertinentes. Mostre claramente a hipótese testada. Material e métodos: apresente detalhes suficientes para permitir a confirmação das observações. Métodos publicados deverão ser referenciados e discutidos brevemente, à menos que hajam modificações. Indique os métodos estatísticos, quando aplicável. Resultados: apresente em ordem sequencial no texto, tabela e ilustrações. Não repita no texto todos os dados das tabelas e ilustrações; enfatize apenas observações importantes. Discussão: enfatize os aspectos novos e importantes e as NORMAS DE PUBLICAÇÃO redigidos em português. 2.6. A revista ImplantNews submeterá os originais à apreciação do Conselho Científico, que decidirá sobre a sua aceitação. Os nomes dos relatores/avaliadores permanecerão em sigilo e estes não terão ciência dos autores do trabalho analisado. 2.7. O trabalho deverá ser entregue juntamente com o Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado pelo(s) autor(es) ou pelo autor responsável. 2.7.1. Modelo de Termo de Cessão de Direitos Autorais: [Local e data] Eu (nós), [nome(s) do(s) autor(es)], autor(es) do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos) à apreciação da revista ImplantNews para nela ser publicado, declaro(amos) concordar, por meio deste suficiente instrumento, que os direitos autorais referentes ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da revista ImplantNews a partir da data de sua submissão, sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação de qualquer natureza, sem que a prévia e necessária autorização seja solicitada e obtida junto à revista ImplantNews. Declaro(amos) serem verdadeiras as informações do formulário de Conflito de Interesse. No caso de não aceitação para publicação, essa cessão de direitos autorais será automaticamente revogada após a devolução definitiva do citado trabalho, mediante o recebimento, por parte do autor, de ofício específico para esse fim. [Assinatura(s)] 1. OBJETIVO A revista ImplantNews, de periodicidade bimestral, destina-se à publicação de trabalhos inéditos de pesquisa aplicada, bem como artigos de atualização, relatos de casos clínicos e revisão da literatura na área de Implantodontia e de especialidades multidisciplinares que a envolvam. 2. NORMAS 2.1. Os trabalhos enviados para publicação devem ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação simultânea em outro periódico. 2.2. Os trabalhos deverão ser enviados exclusivamente via correio, gravados em CD, em formato DOC ou RTF (Word for Windows), acompanhados de uma cópia em papel, com informações para contato (endereço, telefone e e-mail do autor responsável). 2.2.1. O CD deve estar com a identificação do autor responsável, em sua face não gravável, com etiqueta ou caneta retroprojetor (própria para escrever na superfície do CD). 2.3. O material enviado, uma vez publicado o trabalho, não será devolvido. 2.4. A revista ImplantNews reserva todos os direitos autorais do trabalho publicado. 2.5. A revista ImplantNews receberá para publicação trabalhos conclusões que se seguem. Não repita em detalhes dados ou outro material fornecido na Introdução ou nos Resultados. Compare suas observações com outros estudos relevantes; aponte as implicações e limitações. Conclusão: faça de forma a reforçar ou refutar a hipótese. Agradecimentos: pessoas com contribuições substanciais ao trabalho. Especifique patrocinadores, agências de fomento (citando número do processo). Inclua uma declaração se existe ou não interesse ou vínculo comercial dos autores com o trabalho. Referências bibliográficas: siga rigorosamente as normas de citação numérica Vancouver; as referências são de inteira responsabilidade dos autores. Conflito de Interesse Sim Eu recebi apoio financeiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho Eu, ou os membros da minha família, recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho Eu, ou os membros da minha família, possuímos ações ou investimentos em organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho Eu recebi honorários de apresentações vindos de organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho Você está empregado pela entidade comercial que patrocinou o estudo? Você possui patentes ou royalties, trabalhou como testemunha especializada, ou realizou atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área? (forneça uma descrição resumida) Não [Assinatura] Importante: autores e coautores deverão preencher individualmente o formulário com informações próprias. Estas deverão ser acrescentadas ao final do artigo, em forma de texto, como Nota de Esclarecimento. 2.8. As informações contidas nos trabalhos enviados são de responsabilidade única e exclusiva de seus autores. 2.9. Os trabalhos desenvolvidos em instituições oficiais de ensino e/ou pesquisa deverão conter no texto referências à aprovação pelo Comitê de Ética. REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):281-2 281 2.10. Todos os trabalhos com imagens de pacientes, lábios, dentes, faces etc., com identificação ou não, deverão conter cópia do Formulário de Consentimento do Paciente, assinado por este. 3. APRESENTAÇÃO 3.1. Estrutura 3.1.1. Trabalhos científicos (pesquisas, artigos e teses) – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou revisão da literatura, proposição, material(ais) e método(s), resultados, discussão, conclusão, nota de esclarecimento, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 35.000 caracteres (com espaços), 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos e 16 figuras/imagens. 3.1.2. Revisão da literatura – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, revisão da literatura, discussão, conclusão, nota de esclarecimento, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 25.000 caracteres (com espaços), 10 páginas de texto, 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos e 16 figuras. 3.1.3. Relato de caso(s) clínico(s) – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão, conclusão, nota de esclarecimento, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 18.000 caracteres (com espaços), 2 tabelas ou quadros, 2 gráficos e 32 figuras. 3.2. Formatação de página: a. Margens superior e inferior: 2,5 cm b. Margens esquerda e direita: 3 cm c. Tamanho do papel: carta d. Alinhamento do texto: justificado e. Recuo especial da primeira linha dos parágrafos: 1,25 cm f. Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas g. Controle de linhas órfãs/viúvas: desabilitado h. As páginas devem ser numeradas 3.3. Formatação de texto: a. Tipo de fonte: times new roman b. Tamanho da fonte: 12 c. Título em português: máximo de 90 caracteres d. Titulação do(s) autor(es): citar até 2 títulos principais e. Resumos em português e inglês: máximo de 250 palavras cada f. Unitermos e key words: máximo de cinco. Consultar Descritores em Ciências da Saúde – Bireme (www.bireme.br/decs/) 3.4 Citações de referências bibliográficas a. No texto, seguir o Sistema Numérico de Citação, no qual somente os números índices das referências, na forma sobrescrita, são indicados no texto. b. Números sequenciais devem ser separados por hífen (ex.: 4-5); números aleatórios devem ser separados por vírgula (ex.: 7, 12, 21). c. Não citar os nomes dos autores e o ano de publicação. Exemplos: Errado: “Bergstrom J, Preber H2 (1994)...” Correto: “Vários autores1,5,8 avaliaram que a saúde geral e local do paciente é necessária para o sucesso do tratamento”; “Outros autores1-3 concordam...” 282 REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):281-2 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4.1. Quantidade máxima de 30 referências bibliográficas por trabalho. 4.2. A exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade única e exclusiva dos autores. 4.3. A apresentação das referências bibliográficas deve seguir a normatização do estilo Vancouver, conforme orientações fornecidas pelo International Committee of Medical Journal Editors (www.icmje.org) no “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals”. 4.4. Os títulos de periódicos devem ser abreviados de acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus” (www.nlm. nih.gov/tsd/serials/lji.html) e impressos sem negrito, itálico ou grifo/sublinhado. 4.5. As referências devem ser numeradas em ordem de entrada no texto pelos sobrenomes dos autores, que devem ser seguidos pelos seus prenomes abreviados, sem ponto ou vírgula. A vírgula só deve ser usada entre os nomes dos diferentes autores. Incluir ano, volume, número (fascículo) e páginas do artigo logo após o título do periódico. Exemplo: “1. Lorato DC. Influence of a composite resin restoration on the gengival. Prosthet Dent 1992;28:402-4. 2. Bergstrom J, Preber H. Tobaco use as a risk factor. J Periodontal 1994;65:545-50. 3. Meyer DH, Fives-Taylor PM. Oral pathogens: from dental plaque to cardiace disease. Cure opin microbial; 1998:88-95.” 4.5.1. Nas publicações com até seis autores, citam-se todos. 4.5.2. Nas publicações com sete ou mais autores, citam-se os seis primeiros e, em seguida, a expressão latina et al. 4.6. Deve-se evitar a citação de comunicações pessoais, trabalhos em andamento e os não publicados; caso seja estritamente necessária sua citação, as informações não devem ser incluídas na lista de referências, mas citadas em notas de rodapé. 4.7. Exemplos 4.7.1. Livro: Brånemark P-I, Hansson BO, Adell R, Breine U, Lindstrom J, Hallen O, et al. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Experience form a 10-year period. Scan J Plastic Rec Surg 1977;16:1-13. 4.7.2. Capítulo de livro: Baron, R. Mechanics and regulation on ostoclastic boné resorption. In: Norton, LA, Burstone CJ. The biology of tooth movement. Florida: CRC, 1989. p. 269-73. 4.7.3. Editor(es) ou compilador(es) como autor(es): Brånemark P-I, Oliveira MF, editors. Craniofacial prostheses: anaplastology and osseointegration. Illinois: Quintessence;1997. 4.7.4. Organização ou sociedade como autor: Clinical Research Associates. Glass ionomer-resin: state of art. Clin Res Assoc Newsletter 1993;17:1-2. 4.7.5. Artigo de periódico: Diacov NL, Sá JR. Absenteísmo odontológico. Rev Odont Unesp 1988;17(1/2):183-9. 4.7.6. Artigo sem indicação de autor: Fracture strenght of human teeth with cavity preparations. J Prosth Dent 1980;43(4):419-22. 4.7.7. Resumo: Steet TC. Marginal adaptation of composite restoration with and without flowable liner [resumo]. J Dent Res 2000;79:1002. 4.7.8. Artigo citado por outros autores apud: Sognnaes RF. A behavioral courses in dental school. J Dent Educ 1977;41:735-37 apud Dent Abstr 1978;23(8):408-9. 4.7.9. Dissertação e tese: Molina SMG. Avaliação do desenvolvimento físico de préescolares de Piracicaba, SP [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas;1997. 4.7.10. Trabalho apresentado em evento: Buser D. Estética em implantes de um ponto de vista cirúrgico. In: 3º Congresso Internacional de Osseointegração: 2002; APCD - São Paulo. Anais. São Paulo: EVM; 2002. p. 18. 4.7.11. Artigo em periódico on-line/internet: Tanriverdi et al. Na in vitro test model for investigation of desinfection of dentinal tubules infected whith enterococcus faecalis. Braz Dent J 1997,8(2):67- 72. [Online] Available from Internet <http://www.forp.usp.br/bdj/t0182.html>. [cited 30-6-1998]. ISSN 0103-6440. 5. TABELAS OU QUADROS 5.1. Devem constar sob as denominações “Tabela” ou “Quadro” no arquivo eletrônico e ser numerados em algarismos arábicos. 5.2. A legenda deve acompanhar a tabela ou o quadro e ser posicionada abaixo destes ou indicada de forma clara e objetiva no texto ou em documento anexo. 5.3. Devem ser autoexplicativos e, obrigatoriamente, citados no corpo do texto na ordem de sua numeração. 5.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em nota colocada abaixo do corpo da tabela/quadro ou em sua legenda. 6. FIGURAS/IMAGENS 6.1. Devem constar sob a denominação “Figura” e ser numeradas com algarismos arábicos. 6.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em arquivo ou folha impressa à parte. 6.3. Devem, obrigatoriamente, ser citadas no corpo do texto na ordem de sua numeração. 6.4. Sinais ou siglas devem estar traduzidos em sua legenda. 6.5. Na apresentação de imagens e texto, deve-se evitar o uso de iniciais, nome e número de registro de pacientes. O paciente não poderá ser identificado ou estar reconhecível em fotografias, a menos que expresse por escrito o seu consentimento, o qual deve acompanhar o trabalho enviado. 6.6. Devem possuir boa qualidade técnica e artística, utilizando o recurso de resolução máxima do equipamento/câmera fotográfica. 6.7. Devem ser enviadas gravadas em CD, com resolução mínima de 300dpi, nos formatos TIF ou JPG e largura mínima de 10 cm. 6.8. Não devem, em hipótese alguma, ser enviadas incorporadas a arquivos de programas de apresentação (PowerPoint), editores de texto (Word for Windows) ou planilhas eletrônicas (Excel). 7. GRÁFICOS 7.1. Devem constar sob a denominação “Gráfico”, numerados com algarismos arábicos e fornecidos, preferencialmente, em arquivo à parte, com largura mínima de 10 cm. 7.2. A legenda deve acompanhar o gráfico e ser posicionada abaixo deste. 7.3. Devem ser, obrigatoriamente, citados no corpo do texto, na ordem de sua numeração. 7.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em sua legenda. 7.5. As grandezas demonstradas na forma de barra, setor, curva ou outra forma gráfica devem vir acompanhadas dos respectivos valores numéricos para permitir sua reprodução com precisão.