tomada patagonia Dillon mt

Transcrição

tomada patagonia Dillon mt
Informativo CNPC Ano IX
Março 2011
2011
Momentos de reflexão
para a pecuária de corte
Eleito presidente do CNPC
para a nova gestão,
Tirso de Salles Meirelles
fala sobre os desafios e
perspectivas do setor para
os próximos anos.
Nova Diretoria
Diretoria eleita em setembro passado toma posse em
janeiro de 2011. Sua composição é a seguinte:
Presidente: Tirso de Salles Meirelles (FAESP)
Vice Pres. Relações Internacionais e Coordenador Cadeia: Ricardo Pinto (SINDAN/VALLEE)
Vice Pres. Pecuária: Gedeão Silveira Pereira (FARSUL)
Vice Pres. Indústria: Norberto Lanzara Giangrande Jr. (SINDIFRIO)
Vice Pres. Comércio: Jose Milton Dallari Soares (ABRAS Supermercados)
Vice Pres. Inovação Tecnológica: Ovídio Carlos de Brito (ABCZ)
Expediente
O informativo CNPC é uma
publicação do CNPC Conselho
Nacional de Pecuária de Corte.
Rua do Rócio, 313 9º andar
Vila Olímpia - São Paulo - SP
CEP 04552-904
Tel.:
Fax:
Site:
email:
+55 11 3845-0368
+55 11 3045-0427
www.cnpc.org.br
[email protected]
Diretor Financeiro: Paulo Reimann (GELITA)
Diretor Administrativo: Francisco Everton da Silva (Unicarnes)
Conselho Fiscal:
Titular Ângelo Munhoz Benko (ACNB)
Suplente Josaphat Paranhos de Azevedo Filho (FAEPA)
Titular Antenor de Amorim Nogueira (FNPPC/CNA)
Suplente Jose Lemos Monteiro - FAMASUL
Titular Zeca D Ávila (FEFA-MT)
Suplente: Fábio de Salles Meirelles Filho (FAEMG/CNA)
Presidente de Honra: João Carlos de Souza Meirelles (Fundador do CNPC).
O CNPC convidou o ex-presidente Sebastião Costa Guedes para ser Diretor de Sanidade Animal da
entidade. O convite se deve ao conhecimento e prestigio do Dr. Guedes na área.
A diretoria que encerra seu mandato foi constituída por:
Presidente: Sebastião Costa Guedes (SINDAN)
Conselho Editorial
Tirso de Salles Meirelles
Presidente do CNPC
Thiago Rocha
Secretário Executivo
Vice Pres. Relações Internacionais e Coordenador Cadeia: Emílio Carlos Salani (SINDAN)
Vice Pres. Pecuária: Deputado Sandoval Lobo Cardoso (Pecuarista Tocantins - solicitou afastamento)
Vice Pres. Indústria: Miguel Grazziano Russo (ABIEC)
Vice Pres. Comércio: Jose Milton Dallari Soares (ABRAS Supermercados)
Vice Pres. Inovação Tecnológica: Tirso de Salles Meirelles (FAESP)
Projeto Gráfico
Diretor Financeiro: Ovídio Carlos de Brito (ABCZ)
Oziris Zaniboni
Agência Contatto
Fone: 11 2231 1154
Diretor Administrativo: Francisco Ewerton da Silva (Unicarnes)
Jornalista Responsável
Antônio Reche
MBT 17283/67/100/SP
Distribuição
Conselho Fiscal:
Titular Alexandre Antonio Jacewicz (FAEP)
Suplente: Paulo Reimann (GELITA)
Titular Antenor de Amorim Nogueira (FNPPC/CNA)
Suplente Carlos Fernandes Xavier (FAEPA)
Titular José Antonio de Ávila (FEFA-MT)
Suplente Eduardo Soares de Camargo (SRB/ABAG)
Presidente de Honra: João Carlos de Souza Meirelles (Fundador da entidade).
De acordo com os estatutos, a nova diretoria deve em curto prazo preencher os demais cargos da entidade,
de acordo com os estatutos.
Interna e Gratuita
2
CNPC no
Congresso Mundial
da Carne na
Argentina
N
o fim de 2010 na Sociedad Rural
Argentina em Palermo, Buenos
Aires realizou-se o citado
congresso, promovido pelo International
Meat Secretariat – IMS e pelo Instituto de
Promoción de la Carne Vacuna ArgentinaIPCVA .
Houve expressiva presença de criadores,
profissionais da mídia e técnicos do Brasil.
O CNPC esteve representado por
Sebastião Costa Guedes e pelo Secretário
Executivo Thiago do Nascimento Alves
Rocha.
O Brasil teve ainda destacada participação
com palestra do Dr. Francisco Sérgio
Ferreira Jardim, Secretário de Defesa
Agropecuária do MAPA, representando o
Ministro Wagner Gonçalves Rossi. Sua
exposição mostrou a sustentabilidade da
pecuária brasileira e os esforços feitos pelo
governo no combate ao desmatamento das
florestas tropicais. Mostrou a positiva
evolução dos números e outras iniciativas
federais como o Projeto Boi Guardião na
Amazônia.
Detalhou também o avanço do Programa
Nacional de Erradicação da Febre Aftosa,
principalmente nas regiões do Nordeste e
da Amazônia. Assegurou que em 2011
todo o país será livre da doença com ou
sem vacinação. O texto da palestra do
Secretário Jardim, tanto em português
como em inglês, está disponível no CNPC.
Os interessados podem solicitar pelo email [email protected] ou pelo telefone
011-38450368.
Outra palestra de grande repercussão
alusiva à sustentabilidade de nossa
pecuária foi feita pelo Dr. Fernando
Sampaio da ABIEC.
Na ocasião a FAMASUL de Mato Grosso
do Sul fez a divulgação do Congresso
Internacional da Carne – Regional Meat
Conference – que realizará em conjunto
com a IMS em 8 e 9 de junho próximo em
Campo Grande, MS.
Maiores detalhes no site www.congressodacarne2011.com.br
O 19º Congresso Mundial da Carne será
em Paris, França de 4 a 6 de Junho de 2012
e será coordenado pela IMS e INTERBEV.
Na mesma época do congresso em Buenos
Aires a IMS promoveu reunião de seus
comitês específicos.
No Comitê de Carne Bovina, Sebastião
Costa Guedes, então presidente do CNPC
apresentou em palestra duas reivindicações do setor brasileiro à diretoria da IMS.
A primeira refere-se à necessidade de se
atualizar as exigências dos requisitos para
a cota Hilton, pois está havendo muita
disparidade no tratamento aos diferentes
países.
Os critérios atuais estão defasados e não
estimulam produtores a segui-los,
provocando oferta insuficiente para cobrir a
cota brasileira.
Guedes solicitou também o empenho da
IMS junto à OMS e à FAO para estimular
países a adotar a padronização das
amostras,bem como dos métodos de
coleta e análise para avaliação de resíduos
em carnes.
Na assembléia da IMS houve eleição para
o Conselho da entidade sendo reeleito,sob
bandeira do CNPC,o ex-ministro Marcus
Vinicius Pratini de Moraes.
Para a diretoria foi reeleito o Dr.Antenor de
Amorim Nogueira ,coordenador do Fórum
Nacional Permanente da Pecuária de Corte
da CNA e conselheiro do CNPC.
O novo presidente da IMS é Arturo
Llavallol, diretor da tradicional Sociedad
Rural Argentina e ex-presidente do IPCVA.
O futuro sustentável da
PECUÁRIA MUNDIAL
Por Antônio Reche (*)
S
erá que o cenário, o ambiente, a
arquitetura, a culinária ou o idioma
de uma cidade onde realiza-se um
evento interfere no clima do próprio evento.
Depois de participar do 18º Congresso
Mundial da Carne, em 2010, na espetacular
sede da Sociedade Rural Argentina, em
Buenos Aires, não tenho dúvida nenhuma
em afirmar que a resposta é sim, interfere.
A capital da Argentina é uma cidade que
enche os olhos com suas belas, arejadas e
largas avenidas, seus prédios de arquitetura agradável, seus cafés agitados e sempre
lotados, sua gastronomia irretocável, seus
vinhos cada dia melhores, suas livrarias
magistrais, enfim... Depois de muitas horas
de palestras, algumas técnicas, outras
mais politizadas, não há cansaço que
sobreviva a um passeio na praça San
Martin, apenas para citar um exemplo. E a
sensação de bem estar fica ainda melhor,
quando ouve-se a declaração na abertura
do evento feita pelo presidente do
International Meat Secretariat, IMS, Patrick
J. Moore: “O mercado para proteínas
animais está em crescimento, oito milhões
de novos consumidores são incorporados
a cada ano. As oportunidades são
enormes. Temas como segurança
alimentar, cuidados ambientais, políticas
socialmente corretas para os trabalhadores nesse setor devem ser observadas
rigorosamente. O consumidor está cada
dia mais exigente nesses aspectos.
Sustentabilidade é a palavra chave para a
pecuária mundial e o tema desse nosso
congresso”.
De fato, palestrantes de todos os países
4
não se esqueceram de ressaltar os
cuidados com essa exigência dos tempos
modernos: “A expansão da agropecuária é
limitada já que a terra é finita. Temos que
trabalhar e cuidar simultaneamente da
sustentabilidade, a ambiental, a econômica
e a social, tendo em vista também o bemestar animal. Aqui na Argentina trabalhamos com todos esses temas”, afirmou
Lorenzo Basso, secretário de Agropecuária, Pesca e Alimentos da Argentina.
Lars Hoelgaard, diretor-geral
de
Desenvolvimento da
Agropecuária da
União Européia, apimentou as discussões
e agitou a platéia ao afirmar as mudanças
ocorridas no setor nos últimos 20 anos, o
que, segundo ele, tornou o agronegócio
daquele continente muito mais competitivo.
“Reduzimos e eliminamos alguns subsídi-
os. Tomamos a decisão de o quê e quanto
devemos produzir de olho nos sinais do
mercado. Hoje a União Européia está
pronta para fechar um acordo no âmbito da
Rodada de Doha. Os outros países
estão(ponto de interrogação)”, desafiou.
Já o representante do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos da América
do Norte, USDA, Craig Morris, preferiu
falar da crise norte-americana que
começou em 2008 e perdura até hoje. Ele
afirmou que o seu país crescerá menos que
muitos outros e isso afetará todos os
segmentos econômicos, incluindo a
pecuária. Disse também que as perspectivas para o setor são animadoras pois o
consumo de todos os tipos de carne estão
crescendo no mundo todo. “No nosso país
houve uma mudança na alimentação,
consumimos menos carne bovina e muito
mais carne de aves. Isso explica o fato do
consumo total de carne dos norteamericanos ter se mantido estável”, disse.
Francisco Sérgio Ferreira Jardim, secretário de Defesa Sanitária Animal do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
Mapa, foi o primeiro brasileiro a falar
durante o congresso. Jardim demonstrou a
vanguarda brasileira na questão ambiental
informando que há 40 anos o país possui
leis que visam proteger o meio-ambiente.
“Cinquenta e cinco por cento do gigantesco
território brasileiro encontram-se nas
mesmas condições desde que o país foi
colonizado”
Quanto aos cuidados sanitários, o
secretário explicou que mesmo em estados
como o Amazonas e o Amapá, que não têm
importância econômica para a pecuária
brasileira, o governo aplica um rigoroso
sistema de vacinação preventiva. “Também um acordo com a Bolívia permite que
técnicos e vacinas contra a febre-aftosa
brasileiros imunizem o rebanho daquele
país entrando até 50 quilômetros além da
fronteira”, afirmou.
Por último, destacou os programas de
reflorestamento e de boas práticas de
produção. “Vamos recuperar 15 milhões de
hectares de pastos degradados e aumentar
as áreas com produção de agricultura
orgânica. De 1,7 milhão de hectares
pretendemos chegar a 4 milhões. Temos
atualmente 6 milhões de hectares de
florestas cultivadas e vamos aumentar
esse número para 9 milhões de hectares”,
concluiu.
“Não fosse a China, a crise que começou
em 2008 seria muito pior”, disse o exembaixador argentino na Alemanha,
Guillermo Nielsen. Seguiu afirmando que a
taxa de juros mundial é definida baseada
nos bônus norte-americanos nas mãos dos
chineses e previu que a próxima discussão
será sobre a moeda de reserva mundial.
Atualmente ainda é o dólar. “A União
Européia está perdendo uma oportunidade
histórica de ocupar esse lugar. E o Yuan
poderá ser a nova moeda mundial.
Segundo alguns analistas, lá pelo ano 2050
a economia chinesa deverá ser a maior do
planeta. Mas atualmente as exportações
de muitos países já dependem das
compras asiáticas. A China é a maior
importadora de metais e a segunda maior
compradora de petróleo”, analisou.
Sara Kahn, da Organização Internacional
de Epizootias, OIE, reclamou bastante.
Disse que muitos países não respeitam as
medidas sanitárias exigidas pela entidade
que ela representa nem na questão da
febre aftosa e nem da doença da vaca
louca. Queixou-se ainda da omissão da
Organização Mundial do Comércio, OMC,
no tema do bem estar animal.
Foi consenso no evento o crescimento
mundial do setor de carnes. A fala de
Richard Brown, diretor da consultoria suíça
Gira, não desafinou. Dados dessa empresa
mostram grandes oportunidades e quem
pode ganhar espaço são os países sulamericanos. Por falar em oportunidades, o
diretor de Relações com Investidores e
Francisco Sérgio Ferreira Jardim, secretário de Defesa Agropecuária
5
membro do Comitê Executivo do JBS,
disse que o comércio mundial de carnes
deve ficar ainda melhor no futuro, “mas
para isso precisamos de mais carne no
mercado internacional”. Provavelmente
esse foi um recado direto para os representantes do Brasil e da Argentina. E terminou:
“Não apenas devemos buscar a sustentabilidade, como devemos demonstrar que
investimos fortunas para melhorar a
qualidade dos alimentos”.
Não é segredo que os líderes da agropecuária argentina e o governo da família
Kirchner vivem às turras. O reflexo do
desentendimento é muito claro no setor.
Mas como roupa suja se lava em casa,
estando em casa, nunca na frente das
visitas, muito menos na frente dos
principais personagens do mercado
mundial de carnes, coube a Héctor
Salamanco, diretor-executivo do
Consórcio de Exportadores de Carnes
Argentinas, fazer a análise do setor
argentino. O discurso dele e de outros
analisas presentes ao evento foi o mesmo:
“A pecuária de corte na Argentina vive um
momento de incertezas”. E mais: “Se hoje
temos problemas, o futuro promete ser
promissor”, disse.
As exportações de carne da Índia estão
dobrando a cada ano, seus clientes
principais são a China e países africanos.
Com isso, os países sul-americanos têm
perdido espaço naquela região. Essas
informações são de Rashid Kadimi,
presidente da Associação dos Exportadores de Carne daquele país. “O crescimento acelerado deve-se, entre outros
fatores, às vantagens da carne de búfalos,
que mantém a umidade por mais tempo e é
mais fácil de ser processada, além de
subprodutos que agregam valor ”, informou
o executivo.
“O panorama interno é difícil nos Estados
Unidos da América do Norte. A demanda e
o consumo de carne bovina e de cordeiro
caem sistematicamente. No ano passado,
o consumo de carne vermelha foi dez por
cento menor em relação ao de 2007. O
consumo vem caindo ao longo do tempo.
As donas de casa compram mais carne de
aves”, explicou Joel Haggard, da
Federação de Exportação de Carne do
Estados Unidos da América do Norte. Ele
disse que apenas quinze por cento da
produção de carne vermelha e de aves são
exportadas. Também nesse mercado,
segundo informações de Haggard, os
exportadores norte-americanos dependem
das decisões dos chineses.
A Rússia tem registrado aumento de
produção de carne suína, redução na carne
bovina, mas a qualidade desta última tem
melhorado. Também tem crescido a
produção de carne de aves, mas o país
continuará importando esse produto.
Musheg Mamikonyan, da União de Carne
da Rússia, deu essas informações e
acrescentou que com os aumentos das
pensões e dos salários, o povo daquele
país tem maior poder aquisitivo e isso já
está beneficiando o setor de carnes.
Jin Xiangyu, representante da China,
discorreu sobre a modernização da
indústria de carnes naquele país, mas
como quase sempre acontece com
palestrantes chineses, preferiu não tocar
em números que eles consideram estratégicos. “A produtividade que obtivemos nos
permite não apenas atender ao mercado
interno como também atuar no mercado
internacional. Adotamos novas formas de
produção e comercialização, cuidando das
questões sanitárias e do meio-ambiente”,
finalizou.
Sonhar nunca foi proibido. Miguel Gorelik,
diretor de assuntos públicos da Quickfood,
uma da empresas do Grupo Marfrig,
sonhou. Afirmou que a alta competitividade
do Mercosul poderia ser melhor explorada
se for criada uma autoridade supranacional
para comandar o processo, principalmente
nas questões de acordos bilaterais. Quem
conhece um pouco o que se passa na
cabeça dos dirigentes de Brasil, Argentina,
Uruguai e Paraguai, sabe que as discussões desse bloco atolam em questões de
menor importância. De qualquer modo, a
Sebastião Costa Guedes, ex-presidente do CNPC
Conselho Nacional da Pecuária de Corte
idéia de Gorelik é muito boa. Falta saber
apenas quem vai convencer os presidentes
dos países do Mercosul a adotarem tal
estratégia.
O minuto de glória foi para Fernando
Sampaio, diretor de sustentabilidade da
Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carnes, Abiec. Ele
rebateu algumas acusações feitas contra a
pecuária brasileira sem embasamento
científico com contundência. As tamancadas de Sampaio agitaram a platéia. Ele foi
aplaudido freneticamente por mais de um
minuto.
“Esse congresso foi extraordinário. Além de
muito bem organizado, a nata do comércio
internacional da carne esteve presente.
Agora é o momento de aproveitar os bons
contatos feitos e continuar tomando
atitudes em benefício desse setor.
Importante também é promover a união
com os países da região para fortalecer a
imagem real de que produzimos carne
bovina com sustentabilidade”, declarou o
dr. Sebastião Costa Guedes, então
presidente do Conselho Nacional da
Pecuária de Corte, CNPC.
(*) Antônio Reche é jornalista
Imprensa brasileira bem representada
A mídia brasileira especializada e geral acompanhou atentamente tudo que foi dito durante o 18 Congresso Mundial da Carne, realizado em
Buenos Aires, Argentina, numa clara demonstração da importância que a pecuária de corte tem para a economia brasileira. Moacir de Souza
José, editor-executivo da revista DBO; Sebastião Nascimento, editor da revista Globo Rural; Alda do Amaral Rocha, do jornal Valor Econômico
e Mauro Zafalon, da Folha de S. Paulo, entre outros, participaram ativamente dos principais debates ocorridos no evento.
6
Evento na EXPOINTER 2010
Erradicação da Aftosa no Extremo Sul da América.
A SOVERGS realizou o evento com palestras das seguintes autoridades responsáveis
pela defesa sanitária Dr. Jorge Dillon, da Argentina, Dr. Francisco Muzio, do Uruguai,
Dr.Jamil Gomes de Souza, do MAPA e Dr.Ottorino Cosivi, do PANAFTOSA.
As palestras estão disponíveis no site www.cnpc.org.br .
Os pontos importantes estão resumidos a seguir.
N
a Argentina os focos reapareceram em 2001, um ano após a
suspensão da vacinação. Desde
então, foram intensificados controles na
produção de vacinas e no monitoramento
da cadeia do frio. A vacinação foi feita 2
vezes por ano em todo o rebanho, exceto
na região da Patagônia, onde não se vacina
há anos. Agora com a grande redução da
atividade viral o governo reduzirá a
vacinação de animais superiores a 2 anos
de idade para apenas uma vez ao ano. A
Argentina está transformando a zona de
alta vigilância, na fronteira com Paraguai e
Bolívia em zona livre com vacinação.
Argentina retirará em breve a vacinação
em mais uma região ao Norte da
Patagônia, onde vivem 490.000 bovinos.
No restante do país não haverá alteração a
curto prazo.
A Bolívia é fator de preocupação pois não
há transparência e rapidez no fornecimento de informações epidemiológicas. O
relacionamento entre o setor público e o
privado precisa ser intensificado. Alem
disso os países vizinhos precisam dar
apoio técnico e financeiro aos bolivianos.
O Uruguai considera importante que haja
enfoque regional bem harmonizado no
programa de erradicação.A retirada da
vacinação maciça exige alguns pré
requisitos: demonstrar ausência de
circulação viral na região; trocar a estratégia de prevenção por uma de diagnóstico
precoce; capacidade de rápida reação em
emergências; possibilidade de vacinação
tática em emergências eventuais, e
constituir banco de reserva de antígenos e
vacinas quando o programa de vacinação
já estiver muito reduzido. A evolução do
programa requer uma atualização do plano
hemisférico - PHEFA II - com metas e
7
indicadores mensuráveis ,para permitir
uma eficiente coordenação e acompanhamento pelos países da região.Esta última
ação já foi concluída na Segunda COHEFA
Extraordinária no Rio de Janeiro em
dezembro pp.
O Brasil, cuja meta atual é a manutenção
da condição sanitária conquistada, deve
revisar as bases conceituais e estratégicas
do PNEFA para reforçar a prevenção entre
seus objetivos. Se ocorrer reintrodução da
doença devemos ter um esquema
adequado para rápida restituição da
condição sanitária. A zona de alta vigilância
na fronteira com Paraguai e Bolívia foi
transformada em área livre com vacinação.
Áreas fronteiriças principalmente com
Bolívia e Paraguai devem receber atenção
especial, pois de 1998 a 2006 tivemos no
país 97 focos,dos quais 95% em regiões de
fronteira. Os estados do Amazonas e do
Amapá foram incorporados ao PNEFA com
o uso da “agulha oficial”.
Regiões com circulação viral devem
receber ações prioritárias envolvendo
organismos internacionais como CVP,
GIEFA, OIE, FAO, CAS e FARM sob
coordenação do PANAFTOSA ,que é a
entidade de referência e com mandato
internacional para tratar da doença no
continente. É necessário que haja apoio
técnico,f inanceiro, administrativo e político
de seus vizinhos. Organismos internacionais são importantes para validar os
processos de vigilância, comunicação,
certificação e até de coordenação de
alerta máximo.
A retirada da vacinação envolve uma
mudança de paradigmas e de ampliação
da estrutura de defesa sanitária, que será
muito mais onerosa para o setor oficial dos
países.
Erradicação
da aftosa req
maior apoio
A
cooperação público-privada na
maior parte dos países da região e
o bom entrosamento entre as
políticas nacionais de defesa sanitária
permitiram um grande avanço na erradicação continental da aftosa nas últimas
décadas. A vacina oleosa, desenvolvida
pelo PANAFTOSA, foi elemento fundamental para maior espaçamento entre as
vacinações nos rebanhos extensivos de
nosso continente.
O Brasil apresentou enorme evolução e tem
hoje credibilidade no cenário internacional
de sanidade animal. No momento ainda são
necessárias
medidas baseadas em
sorologia para avaliar e eliminar as áreas de
risco do Nordeste e da Amazônia
Setentrional,que a união federal e os
estados da região estão conduzindo.
A situação no Pará está evoluindo para
incluir Marajó e o restante do Sul do estado
na sua área livre com vacinação.
No estado do Amazonas e na calha do rio
com o mesmo nome o programa sorológico
está em franca evolução e os resultados
indicam perspectivas promissoras.
O Amapá tornou – se o foco da operação
“agulha oficial” desde o final de 2009 (vide
reportagem especial nesta edição).
Em Roraima o programa evolui bem há
vários anos e medidas para evitar que os
focos venezuelanos atinjam o estado foram
intensificadas.
Com os investimentos oficiais na Amazônia
e no Nordeste estamos acelerando o
processo para incluir estas regiões na
condição de livre com vacinação, completando assim a desejada erradicação em
todo o país.
A aftosa atualmente está presente de
maneira problemática na Venezuela e
Equador, além de se mostrar inadequadamente avaliada na Bolívia.Estes três
países andinos deixam muito a desejar na
cooperação público-privada,fator essencial
para o êxito do programa!
A Organização Pan americana de SaúdeOPAS, através do PANAFTOSA, coordenou no continente e com participação de
outras organizações internacionais a
elaboração de um novo programa hemisférico para a fase final da erradicação,
provisoriamente batizado de PHEFA II.
Este vai priorizar atividades para a Bolívia,
Equador e Venezuela, bem como ampliar a
vigilância para evitar recidivas da doença
nos demais países do continente, muitos
dos quais devem intensificar a retirada
gradual e segura da vacinação.
A Bolívia é questionada pela falta de
8
transparência nas ações governamentais
de vigilância. O Brasil e demais membros
do MERCOSUL estão investindo no apoio
técnico e operacional para melhoria da
infra-estrutura sanitária principalmente na
chamada “meia lua “ boliviana ,que engloba
as províncias de Santa Cruz de la Sierra,
Beni e Tarija.
O FOCEM, fundo para melhoria da infraestrutura do MERCOSUL tem priorizado
investimentos na Bolívia principalmente
nas áreas mais carentes, onde se constrói
até mesmo currais para manejar o gado
das comunidades de pequenos agricultores.Estes também receberam
de
entidades privadas brasileiras,através do
CNPC, doações de novilhas girolandas e
de sêmen de gir leiteiro para melhoria da
produtividade leiteira.
O Ministério da Agricultura e o setor privado
brasileiros nos últimos anos também
doaram vacinas ao governo boliviano em
diversas ocasiões. Estas ajudas na área
governamental são complexas e exigem
aprovação do Congresso Nacional.Por
outro lado a falta de recursos humanos dos
recebedores dificulta ainda mais a
operação de logística.
O PHEFA II, oriundo de diversas reuniões
prévias com especialistas e técnicos
continental
quer
privado.
oficiais, foi debatido em 15 de Novembro
passado em Montevidéu, Uruguai e após a
incorporação das últimas sugestões foi
submetido à aprovação da Comissão
Hemisférica da Febre Aftosa- COHEFA em
reunião realizada no Rio de Janeiro em 14 e
15 de Dezembro.
O objetivo maior deste programa deve ser a
intensificação da vacinação nos três países
problemáticos já citados e nas regiões
fronteiriças com os mesmos.
Ficou claro, entretanto que haverá necessidade suplementar de recursos para se
atingir a erradicação total. A retirada ampla
da vacinação no Brasil depende de uma
situação segura do programa nos países
vizinhos, principalmente na Bolívia. Este
pensamento é comum aos demais países
do cone sul já dispostos a criar seus
programas de apoio e trabalhar de maneira
harmonizada,como ficou evidenciado no
encontro sobre aftosa no Cone Sul
organizado pela SOVERGS durante a
última EXPOINTER.
Embora os criadores e o governo brasileiro
venham investindo grandes somas na
erradicação,temos que nos livrar do
contingenciamento de verbas oficiais já
escassas e vencer a falta de recursos
privados principalmente nas regiões onde a
pecuária não tem grande expressão
econômica ,pois estes fatos levam a
atrasos consideráveis na evolução do
programa.
Quando presidimos o GIEFA sugerimos um
fundo de apoio à erradicação, baseado na
contribuição de um dólar por tonelada de
carne exportada pelo Cone Sul,mas a
proposta não foi aceita principalmente por
países vizinhos,que alegavam a conhecida
falta de rentabilidade.
Na fase final em que estamos adentrando,
torna-se essencial ter recursos suplementares para ações objetivas em certas áreas
do país e principalmente em países
vizinhos com carência de custeio ou de
fontes de financiamentos.
A OPAS também tem limitações e tem
recusado a aumentar sua contribuição a
atividades agropecuárias.Deseja usar seus
recursos em ações ligadas única e
diretamente à saúde humana.
Governos são lentos e limitados, principalmente quando recursos serão aplicados
em outro países.
Um fundo privado, baseado em percentual
ou num valor fixo sobre o preço da vacina,
seria de fácil viabilização e asseguraria às
áreas carentes do país e dos vizinhos os
recursos para ações efetivas e importantes
9
,coordenadas pelo PANAFTOSA,mas
sempre aprovadas e fiscalizadas pelos
doadores.
A administração deste fundo poderia ser
exercida por representantes do Sindicato
Nacional da Indústria de Produtos para
Saúde Animal- SINDAN, do Conselho
Nacional da Pecuária de Corte- CNPC, e do
Fórum Nacional Permanente da Pecuária
de Corte da CNA- FNPPC/CNA.
A aplicação seria sempre feita com base em
planos aprovados pelas autoridades
sanitárias brasileiras e no caso de trabalhos
internacionais através do PANAFTOSA
Com isto apoiaremos a Bolívia em seu
programa, reforçaremos nossas defesas
em pontos mais críticos incluindo as
fronteiras e divulgaremos o progresso da
erradicação no cenário internacional.
Iniciativa desta ordem vai dar resultados
efetivos rapidamente e viabilizar a erradicação continental a curto prazo.
Este fundo permitirá uma substancial
redução no prazo requerido para atingir o
status de livre da febre aftosa sem vacinação
na totalidade do continente sul
americano.
Governo acelera
incorporação da
Amazonia ao PNEFA
O
MAPA, Secretarias Estaduais da
Agricultura e Pecuária ,bem como
as classes produtoras estão
empenhadas em avançar com o PNEFA
tanto na Amazônia, quanto na região
Nordeste do país. A meta é retirar o status
destas regiões caracterizadas como áreas
de risco e transformá-los em livres com
vacinação no máximo ainda no decorrer de
2011.
O CNPC visitou em março de 2010
juntamente com o então Secretário de
Defesa Agropecuária Dr. Inácio Afonso
Kroetz e com o Diretor de Sanidade Animal
Dr. Jamil Gomes de Souza a vacinação
com ”agulha oficial” e a coleta de sangue
para sorologia em Autazes no estado do
Amazonas.
Agora em dezembro passado o CNPC e o
FNPPC/CNA estiveram juntamente com
Dr. Jamil no Amapá para acompanhar a
segunda vacinação contra aftosa e coleta
de sangue.
Foram visitadas propriedades nas margens
da foz do Rio Amazonas, no município de
Mazagão.
Ambas as operações envolvem deslocamentos de veterinários e uma desafiadora
logística, até mesmo de água potável para
as equipes de pessoal. O MAPA possui ou
aluga barcos com grande infra estrutura,
onde as equipes dispõem de laboratórios e
de boas instalações para viver durante o
tempo da operação.
Os criadores estão conscientes da
10
necessidade do trabalho desenvolvido não
só para o nosso país, mas também para os
demais vizinhos amazônicos.
Este trabalho, de enorme dimensão em
número de animais envolvidos e em
extensão de área geográfica, é único no
mundo, mostrando o engajamento do
Brasil na meta continental de erradicar a
aftosa.
O PANAFTOSA
opina sobre o
vírus da
Aftosa no
Equador
Nota Técnica sobre a situação da Febre Aftosa no Equador
I. Antecedentes
As autoridades de saúde animal do
Equador têm solicitado a cooperação
técnica do PANAFTOSA em seu Programa
Nacional de Erradicação da Febre Aftosa,
em particular, no assessoramento dos seus
órgãos técnicos em ações destinadas a
enfrentar o aumento dos casos clínicos de
Febre Aftosa na maior parte do seu
território, que vêm ocorrendo desde
meados de 2008. Neste contexto, e dentro
do âmbito de ação do PHEFA, o
PANAFTOSA realizou um conjunto de
atividades entre as quais se incluem
diversas missões de trabalho para apoio
em campo e planejamento, assim como em
estudos de referência de cepas virais
isoladas dos focos da doença pelo serviço
oficial e remetidas ao PANAFTOSA. Em
todos os casos, após a conclusão das
missões e/ou estudos laboratoriais de
referência, foi entregue um relatório de
atividades com as devidas conclusões e
recomendações ao Serviço Oficial. Em
reiteradas oportunidades, entre outras
ações, foi recomendada a criação de um
banco de dados da população bovina/bubalina nacional, o fortalecimento do
programa de vacinação contra a Febre
Aftosa, a implementação de um rígido
controle de movimentação de animais e um
atendimento eficaz às ocorrências de
doenças vesiculares. Em 2010, as
autoridades nacionais solicitaram a opinião
do PANAFTOSA no tocante às discrepâncias observadas nas interpretações de
resultados de estudos de laboratório feitas
por quatro laboratórios, entre os quais o
PANAFTOSA, com cepas de campo
correspondentes a focos de febre aftosa
ocorridos no Equador durante esse ano. Os
estudos de cobertura imunológica (“vaccine matching”) realizados pelo
PANAFTOSA indicam que o uso de vacinas
comerciais de qualidade comprovada
contendo a cepa O1 Campos em campanhas de vacinação/revacinação maciça
seria eficiente para proteger o rebanho
nacional das cepas de casmpo. Por outro
lado, os resultados de outros laboratórios
sugerem que as modificações antigênicas
de alguns isolados de campo em relação ao
vírus de referência O1 Campos utilizado
nas vacinas comerciais poderiam ter uma
repercussão negativa no resultado das
campanhas de vacinação. Uma vez
analisada a informação disponível, foi
enviada uma resposta às autoridades
oficiais com esclarecimentos sobre as
diferentes metodologias/interpretações
recomendadas pela OIE para estudos de
“vaccine matching”, o que explica as
discrepâncias de posicionamento entre os
laboratórios. Com base nos antecedentes
de estudos comparativos realizados pelo
PANAFTOSA com a aplicação de diferentes metodologias/interpretações sobre um
mesmo conjunto de dados, o PANAFTOSA
reiterou as conclusões e recomendações
iniciais. Recentemente, o Serviço Sanitário
Oficial do Equador comunicou que havia
recebido informação adicional sobre testes
de desafio in vivo realizados pelo laborató11
rio do SENASA, Argentina, utilizando uma
vacina experimental O1 Campos e
realizando o teste de desafio com os
animais (primovacinados e revacinados)
com uma cepa de campo isolada durante
2010 no Equador. Por solicitação do Sr.
Ministro da Agricultura do Equador, a
autoridade sanitária convocou uma
reunião técnica para discutir estes
antecedentes e tomar as decisões
cabíveis. Neste contexto, foi realizada a
referida reunião em Quito, Equador, com a
participação de profissionais da
AGROCALIDAD e do Ministério da
Agricultura do Equador, representantes do
SENASA/Argentina, da FAO, da
OIE/GIEFA e do PANAFTOSA/OPS.
Durante a reunião, foi exposta, analisada e
discutida tanto a situação sanitária da
Febre Aftosa quanto os resultados de
estudos realizados pelo SENASA e pelo
PANAFTOSA. Como resultado das
informações e opiniões compartilhadas
durante a reunião, o PANAFTOSA, na
condição de entidade coordenadora do
Programa Hemisférico para a Erradicação
da Febre Aftosa (PHEFA), elaborou um
relatório com conclusões e recomendações.
II. Análise Técnica
1. Foram considerados os resultados de
laboratório apresentados pelo SENASA/Argentina durante a reunião, assim
como os resultados de outros laboratórios
de referência da OIE e a informação sobre a
situação epidemiológica no Equador
entregue pela AGROCALIDAD. Essa
informação foi analisada juntamente com
os resultados gerados pelo PANAFTOSA
nos estudos de caracterização viral e
cobertura imunológica (“vaccine matching”)
de cepa vacinal dos isolados do Equador,
com a experiência acumulada por este
Centro sobre o assunto durante os
trabalhos realizados em conjunto com os
países nas últimas três décadas e com a
informação disponível no PANAFTOSA
sobre a situação da Febre Aftosa no
Equador. 2. De acordo com as metodologias recomendadas pela OIE, é possível
obter interpretações diferentes para o
mesmo conjunto de resultados originados
por testes sorológicos contemplados no
Manual. Isto explica as diferentes interpretações e recomendações entre os laboratórios no tocante às cepas de Febre Aftosa
atuantes no Equador em 2009 e 2010. 3. No
tocante aos resultados dos testes in vivo
apresentados pelo SENASA/Argentina,
que, em resumo, indicam que a cepa de
vacina O1 Campos não protegeria os
animais vacinados com esta cepa e
submetidos a testes de desafio com uma
cepa de vírus O isolada de um surto de
2010, os mesmos não condizem com a
situação epidemiológica de campo
observada tanto no país quanto nas
fronteiras dos países vizinhos. Neste
contexto, consideramos necessário obter
informações adicionais relevantes (tais
como representatividade da cepa viral
selecionada para o teste de desafio,
temporalidade dos testes de desafio com
vírus homólogo e heterólogo, detalhes da
qualidade da vacina experimental utilizada,
metodologia de preparação e titulação do
vírus de desafio, condições de conservação do mesmo, características de animais
de teste etc.) que nos permitam obter
conclusões definitivas sobre os resultados
gerados.
4. Com a informação disponível até o
momento, concluímos que nos últimos oito
anos o Equador mantém o vírus da Febre
Aftosa circulando de forma endêmica, com
a ocorrência de surtos epidêmicos, os
últimos ocorridos em 2009 e 2010 e que
comprometeram uma parte significativa do
território do país. Do ponto de vista técnico,
acreditamos que esta situação se origina
pela implementação deficiente do programa de intervenção sanitária, que não
consegue interromper a circulação
endêmica do vírus, fundamentalmente
devido às campanhas de vacinação pouco
eficazes, à utilização em campo de vacinas
de qualidade duvidosa como consequência
de condições de conservação deficientes,
entre outros, e deficiências no sistema de
controle de movimentação de animais. 5.
Destacamos as ações de imunização em
massa, onde diversos fatores, tais como
deficiências no planejamento, na execução, no controle e na avaliação das
campanhas, somado, entre outros, a um
déficit no controle de gestão do processo
de aplicação das vacinas em campo, e as
dificuldades para conseguir uma plena
adesão da comunidade pecuária às
campanhas, vêm influenciando negativamente nas ações, impedindo de alcançar
níveis de cobertura imunitária suficientes e
sustentáveis em âmbito populacional que
permitam interromper a circulação viral.
Neste contexto, a cobertura imunitária
parcial e insuficiente permite a circulação
endêmica de cepas virais em algumas
áreas, o que poderia explicar certas
modificações genéticas e antigênicas
como as observadas em algumas das
cepas de vírus isoladas em 2010 e
discutidas na reunião, modificações que
não significam necessariamente desvios
significativos frente às cepas padrão
utilizadas nas vacinas.
III. Recomendações
Com base no que foi exposto, e como
forma de contribuir para superar a situação
detectada, recomenda-se, em caráter de
urgência, introduzir modificações profundas no Programa de Controle e
Erradicação da Febre Aftosa do Equador
que contemplem as seguintes ações:
Executar o mais rápido possível uma
campanha intensificada de vacinação sob
supervisão oficial, com especial preocupação nas zonas endêmicas primárias e
secundárias. Idealmente, deve ser
proposta a meta de vacinar toda a população bovina e bubalina (independentemente
da idade) e realizar uma revacinação entre
30 e 60 dias utilizando as vacinas bivalentes O1 Campos e A24 Cruzeiro comercialmente disponíveis no mercado, com
12
qualidade comprovada (potência, inocuidade e pureza). – Paralelamente à campanha intensificada de vacinação, fortalecer
os controles oficiais de movimentação de
animais, em particular aplicando restrições
de movimentação aos estabelecimentos
com risco de circulação viral e aos que não
cumprem a vacinação sistemática e
completa do seu gado.
– Ativar um mecanismo de pesquisa
epidemiológica intensificado das ocorrências clínicas e do envio de amostras para
estudos de referência, com o objetivo de
monitorar permanentemente o comportamento do vírus e seu efeito na população
de suscetíveis.
IV. Considerações Finais
Em decorrência do que foi exposto na
análise, concluímos que não dispomos de
evidências que indiquem a necessidade de
mudanças na composição das vacinas,
sendo prematuro tomar decisões sobre a
utilização de vacinas preparadas com
cepas de campo, e que, se forem realizadas as ações propostas anteriormente, é
possível interromper o endemismo, tal
como se tem demonstrado de forma
consistente e bem-sucedida em outros
países da região. Neste sentido, recomendamos continuar utilizando vacinas de
qualidade comprovada, formuladas com as
cepas O1 Campos e A24 Cruzeiro.
Por último, considera-se importante
destacar que o controle/erradicação da
Febre Aftosa no Equador requer esforços
intensificados, tanto em nível nacional
quanto regional, que facilitem a adoção de
medidas de caráter imediato, de curto e
médio prazo, que consigam interromper o
ciclo de circulação endêmico e, finalmente,
a erradicação da doença. Neste sentido, o
PANAFTOSA apresentará um plano de
cooperação técnica específico ao Sr.
Ministro da Agricultura do Equador.
Espera-se que o Plano conte com a
colaboração de países e entidades de
cooperação para apoiar e fortalecer as
ações do Programa Nacional de
Erradicação da Febre Aftosa do Equador.
Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2011
Rumos para ERRADICAÇÃO
no continente
Sebastião Costa Guedes*
A
comissão
Hemisférica
de Erradicação da Febre Aftosa
(COHEFA) reuniu-se em
meados de dezembro no
Rio de Janeiro, sob a
presidência de Jamil Gomes
de Souza, diretor de sanidade
animal do MAPA. Compareceram
delegados dos setores governamentais e
privados das seis regiões do continente:
América do Norte, Caribe, América
Central, Região Andina, Região Amazônica e Cone Sul, bem como representantes
de organismos inter nacionais e regionais,
como CAN, CVP, FAO, GIEFA, OIE e
OIRSA. Organizações nacionais como
APHIS-USDA, CONEFA Equador,
Asociacion Rural del Paraguay, Asociacion
Rural del Uruguay, FEDEGAN de
Colombia, CRA de Argentina e CNA,
CNPC, FAR- SUL, FONESA, FUNDEPECSP, IMA, SINDAN, entre outros do Brasil,
além de organismos governamentais de
Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai,
Peru, Uruguai e Brasil.
No evento, promovido pelo PANAFTOSA,
órgão de referência para aftosa nas
Américas, foram apresentados e discutidos o balanço da enfermidade no continente e diretrizes para o novo Plano
Hemisférico, que aqui chamaremos de
PHEFA II, elaborado e discutido por
especialistas em diversas reuniões em
2010. Este prevê ações para 2011-2020
para os países Bolívia, Equador e
Venezuela,verificações em algumas
regiões epidemiologicamente importantes
como a região chaquenha e certas áreas
fronteiriças onde houve repetição de focos
nos últimos anos. O plano indica ações para
evitar que o vírus se propague nas regiões
livres sem vacinação. O planejamento até
2020 não significa a presença da virose até
aquela data. Ao contrário, espera-se a
erradicação clínica da aftosa no continente
dentro de cinco anos,desde que se trabalhe
com afinco em bases científicas.
A COHEFA recebeu observações finais e
foi totalmente aprovado pelos delegados
das regiões hemisféricas, que confirmaram
a importância do PANAFTOSA continuar na
liderança desta luta continental. Eis um
resumo da reunião. Argentina, Brasil,
Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai
mostraram excelente desempenho de seus
programas e poderão ampliar gradativamente suas áreas livres sem vacinação,
desde que haja sincronismo com países ou
regiões vizinhas, além de investimentos
complementares nas estruturas de
vigilância sanitária. Equador e Venezuela
são os países mais defasados e a Bolívia
ainda não permite a desejável transparência na avaliação de seu programa. A
evolução da erradicação mostra a importância da sinergia entre os setores público e
privado, premissa essencial ao sucesso do
programa, ao lado do conceito da interdependência dos países. O GIEFA foi
importante no recente avanço do PHEFA.
Em diversas ocasiões, o GIEFA foi o fórum
e o único canal para o diálogo entre setores
ou países. Agora, empenha-se em apoiar
iniciativas no Equador e na Bolívia,
envolvendo forte cooperação com países
vizinhos e organismos internacionais.
Ao setor privado compete apoiar
medidas essenciais para os
programas, tais como:
. Implementação e manutenção de
vacinação assistida e vigilância nas áreas
com risco de incidência ou reincidência de
aftosa;
. Colaboração nas investigações para
identificar a origem de eventuais focos;
. Manutenção rotineira do controle de
qualidade oficial de imunógenos;
Nos casos de necessidade de harmonizar parâmetros epidemiológicos, laboratoriais e padrões de exigências sanitárias na
região, os requisitos mais exigentes devem
prevalecer;
. Inspeção para verificar condições de
biossegurança de fábricas e laboratórios de
diagnóstico para evitar escape de vírus;
. Impedir manipulação de cepas exóticas
ao continente;
. Manutenção de equipe especial com
pessoal treinado e ágil para deslocar
rapidamente em suspeitas ou emergências;
. Rastreabilidade da vacina desde a fábrica
até o produtor rural;
. Realização de auditorias nacionais e
internacionais dos programas; e
. Hegemonia da técnica e ciência nas
decisões a serem tomadas, para evitar que
interesses comerciais de fornecedores
venham a prevalecer em países ou regiões.
É ainda altamente importante o apoio
político, técnico e material, complementar
aos governos e setores privados dos
estados ou países vizinhos carentes de
recursos. Também o PANAFTOSA deve
merecer maior investimento e apoio para
concluir seu objetivo de eliminar a aftosa
das Américas. O Brasil, com sua enorme
fronteira, depende muito do êxito do
programa nos países vizinhos, e alguns
deles não possuem condições para
priorizar sozinhos seus planos. A carência
de recursos na Bolívia e no Equador exigirá
maior contribuição de países como Brasil e
Colômbia. A idéia de um fundo complementar, baseado no preço da vacina, é a
solução para a rápida e eficiente evolução
da erradicação continental da doença, com
inegáveis benefícios à pecuária brasileira.
*Médico-veterinário, diretor da International
Federation for Animal Health (IFAH) e
membro do Grupo Interamericano para
Erradicação da Febre Aftosa (GIEFA)
Obrigado
Dr. Jamil!
O
Dr. Jamil Gomes de Souza não
é mais o diretor do Departamento de Sanidade Animal
do MAPA no novo governo.
Nesta ocasião torna-se oportuno
comentar seu desempenho no importante cargo na perspectiva do setor privado
da pecuária de corte.
Participei com Dr. Jamil de numerosas
viagens nacionais e internacionais,
discutindo assuntos de defesa sanitária
animal importantes para o Brasil e posso
testemunhar sobre seu profissionalismo, sua formação técnica e sua
constante atitude dedicada aos
interesses da pecuária nacional.
Fui seu colega no Grupo Interamericano
para a Erradicação da Febre AftosaGIEFA durante seis anos, onde também
constatei o conhecimento sobre as
características geográficas e epidemiológicas das diferentes regiões do Brasil e
muitas vezes também de países
vizinhos. Neste aspecto, com toda
certeza, foi o titular de seu cargo, que
mais esteve presente no campo e
participava dos debates e discussões
com enorme riqueza de detalhes, desde
remotos municípios da Amazônia até
regiões fronteiriças do centro oeste e do
sul brasileiros.
Tive o privilégio de acompanhá-lo em
viagens a regiões longínquas para ver
os trabalhos de vacinação com “agulha
oficial” e de coleta de sangue para
sorologia em Vilhena e no vale do
Guaporé em Rondônia,na fronteira com
Bolívia, em Autazes no Amazonas e em
14
Mazagão na foz do rio Amazonas no
Amapá.
Não só inspecionava os trabalhos, mas
ouvia opiniões com sugestões de melhoria
logística e motivava as equipes para o
árduo trabalho.
Inúmeras visitas foram feitas em conjunto a
importantes capitais internacionais para
explicar a ocorrência dos focos de aftosa
da época, sendo sua opinião sempre muito
respeitada e bem recebida.
Teve enorme dedicação à valorização da
ciência e desassombrada atitude enfrentando posições que visavam prejudicar o
Brasil ou beneficiar interesses obscuros.
Sua postura honesta e franca na condução
dos assuntos de política sanitária e de
vigilância veterinária nos ambientes
científicos e fóruns internacionais elevou o
nível de respeito internacional ao Brasil.
Demonstrações desta consideração e do
apreço de seus pares é o fato de estar
presidindo a Comissão das Américas da
OIE, o GIEFA e de ter sido presidente do
CVP.
Em nome do CNPC e do GIEFA agradeço
ao Dr. Jamil pela condução dos temas e
pela constante cooperação com os
objetivos do setor.
Seu sucessor, Dr. Guilherme Henrique
Figueiredo Marques, participou da equipe
do Dr.Jamil, e certamente prosseguirá com
a mesma orientação que tem assegurado
êxito e boa avaliação dos nossos serviços
de sanidade veterinária.
Sebastião Costa Guedes
Membro do GIEFA e ex- presidente do CNPC
Pecuária de corte:
reflexões sobre
o momento atual
Por Tirso de Salles Meirelles
A
bovinocultura de corte é a
principal atividade de produção
animal e a segunda mais importante da agropecuária brasileira em
termos de receita bruta, atrás apenas da
soja. Ela destaca-se também pela grande
extensão de área que ocupa e pela sua
dispersão espacial no mapa da produção
rural, pois os seus criatórios estão
distribuídos na totalidade dos 5.565
municípios do país.
Nos últimos anos, algumas questões
colocaram a atividade sob os holofotes e
críticas da opinião pública, elevando o
grau dos seus desafios. Algumas dessas
questões foram: a) fusões e aquisições no
segmento abatedor; b) paralisação de
alguns frigoríficos por insolvência, devido
à restrição de crédito decorrente da crise
financeira de 2008; c) embargo da UE ao
Brasil pela ineficiência na operacionalização do sistema de rastreabilidade
(SISBOV); d) acusação de que os bovinos
representam uma das maiores fontes de
emissão dos GEE – Gases de Efeito Estufa;
e) tentativa de associar o crescimento da
pecuária à devastação da floresta
Amazônica.
Além das questões citadas, não podemos
perder de vista problemas recorrentes
que teimam em frear o desenvolvimento
da pecuária: a sanidade (febre aftosa,
vaca-louca, tuberculose, brucelose e
outras); disparidades estruturais dos
serviços estaduais de defesa agropecuá15
ria; falta de padrão de qualidade e
acabamento das carcaças; inadequado
nível de produtividade dos rebanhos; bem
assim como a falta de coordenação e
articulação da cadeia produtiva que vem
reproduzindo atritos entre pecuaristas e
frigoríficos.
A despeito dos desafios apresentados, a
bovinocultura de corte tem encontrado
espaço para crescer, ainda que aquém do
seu potencial, sobretudo no mercado
externo, onde a demanda tem crescido
continuadamente. Entretanto, é o
mercado doméstico que consome 75% da
produção nacional e sustenta de fato a
cadeia da carne bovina.
As estatísticas dos últimos anos revelam
que o ciclo pecuário que alterna períodos
de maior retenção e posterior abate de
fêmeas ainda se impõe determinando
sazonalidade de longo prazo dos preços e
entrada/saída de pecuaristas e abatedouros no mercado. De 2004 a 2007 o abate de
fêmeas permaneceu acima de 40%,
caracterizando uma redução do inventário
de fêmeas.
O ano de 2010 foi de recuperação das
cotações do boi gordo devido à escassez
(restrição da oferta) que se originou no
maior abate de fêmeas nos anos anteriores, como conseqüência dos baixos preços
pagos pela arroba em 2005, 2006, 2007 e
2009. O preço médio do boi gordo no
Estado de São Paulo, em 2010, foi de R$
89,53 por arroba, alta de 12% em relação a
2009, quando a cotação média foi de R$
79,93/@, e de apenas 4,8% em relação aos
R$ 85,44/@ registrados em 2008.
Desta vez, os preços da carne bovina no
atacado e no varejo acompanharam o
aumento dos preços do boi de 2010, pois, a
título de exemplo, o coxão mole aumentou
11% no varejo e o traseiro 12% no mercado
atacadista.
Mesmo com a recuperação dos preços
recebidos pelos pecuaristas, as margens
seguem ajustadas, visto que os custos
operacionais totais aumentaram 12,16%,
no Estado de São Paulo. O aumento de
custo médio no Brasil, quando ponderado
pelo rebanho dos Estados, exibe uma
elevação ainda maior, da ordem de 21%.
Como bem sabemos o Brasil é um pais
importante no cenário de exportação
agropecuário. A pecuária bovina brasileira
tem evoluído enormemente e se tornado
altamente sofisticada nas áreas de
reprodução, com modernos centros de
coleta e industrialização de material
genético, entre os quais sêmen e
embriões, que elevam a qualidade
genética do rebanho brasileiro. Em
conseqüência, a cadeia de abastecimento
bovina (genética - sêmen, embriões,
animais reprodutores e serviços em
melhoramento genético) tem conquistado
um papel de destaque no mercado
mundial. Apoiar a o melhoramento
genético bovino e procurar incrementar as
tecnologias de segmento são de grande
importância para a nossa pecuária e
mostra ao mundo que o Brasil é um pais
preocupado não só com questões
mercadológicas, como também com
questões técnico – cientificas.
No que se refere às exportações, as
estatísticas de 2010 do MDIC mostram
avanço em termos de valor exportado e
declínio em quantidade. As exportações de
carne bovina totalizaram US$ 4,8 bilhões,
incremento de 16,4% em relação a 2008.
Em volume, as exportações foram de 1.230
mil toneladas, redução de 1,2% em relação
ao ano anterior.
O desempenho no comércio exterior deve
ser visto com ressalvas, pois os números de
2010 estão abaixo dos registrados em
2008, quando o valor das exportações
atingiu o recorde de US$ 5,3 bilhões, e dos
registrados em 2007, oportunidade em
que o volume das vendas alcançou 1.615
mil toneladas. As exportações ainda não
retornaram ao patamar pré-crise financeira.
Os resultados da cadeia produtiva
pecuária não têm sido mais consistentes
porque, além das dificuldades conjunturais, os gargalos estruturais e desafios
apresentados no início desta análise
obstruem o caminho do crescimento.
Porém, não é tempo de lamentações, é
momento de planejar as ações, implementar projetos e focar em metas e
objetivos que fortaleçam a atividade.
Acreditamos intransigentemente que o
setor privado organizado pode contribuir
para criar sinergia, articulação e um
ambiente de melhor governança,
enfocando questões que interessam a
todos os entes da cadeia produtiva.
Vemos como propício o momento atual do
país que se encontra com confiança e
expectativas renovadas a partir do início
do mandato do novo governo. Nesse
contexto, esperamos que os atores
envolvidos na cadeia da carne apóiem,
contribuam e empreendam esforços nas
seguintes frentes: 1) sanitária; 2) técnica/tecnológica; 3) mercadológica e 4) da
sustentabilidade.
Na área sanitária precisamos apoiar a
modernização dos serviços de defesa nos
Estados mais carentes, notadamente no
Norte e Nordeste, com vistas a pleitear o
status de livre de febre aftosa em todo
território nacional. Ao mesmo tempo,
temos que participar e liderar as iniciativas
de erradicação da febre aftosa no
Continente, bem como exigir do MAPA
ações efetivas com vistas a obter a revisão
da classificação equivocada atribuída ao
Brasil quanto ao risco de BSE.
Na esfera técnica/tecnológica os desafios
não são menores. A produtividade no
Brasil ainda é baixa, a nossa taxa de abate é
de 22%, enquanto competidores no Brasil
no mercado internacional exibem taxas de
26%, 29%, 32% e 37%, a exemplo da
Argentina, Canadá, Austrália e EUA,
respectivamente.
A taxa brasileira não é adequada, mas ela
significa uma oportunidade para dinamizar nossa pecuária verticalmente,
elevando a taxa de abate e a produtividade
d e ca r n e p o r u n i d a d e d e á re a .
Simultaneamente, é conveniente
empreender esforços para garantir
16
condições reais de rastreabilidade;
estudar e implementar um novo sistema
de avaliação de qualidade das carcaças
(tipificação/classificação); e fomentar
programas de boas práticas visando ao
bem-estar animal, uso orientado de
medicamentos para otimizar o consumo,
evitar resíduos etc.
No que se refere ao mercado, entendemos como fundamentais as ações para
garantir acesso a mercados, pois o Brasil
não consegue acessar importantes
mercados em virtude de barreiras
sanitárias e outras restrição que tem
origem técnica e comercial.
Igualmente importante é focar o mercado
interno, o que passa por ações de
fortalecimento do relacionamento entre
os elos da cadeia produtiva, a fim de
reduzir a tensão interna história e
produzir um clima de convergência de
objetivos, crucial para o avanço setorial.
Obviamente, não podemos deixar de
apontar a sustentabilidade ambiental
como tema de primordial relevância para
o progresso do complexo agroindustrial
da carne bovina. Juntamente com os
pilares econômico, social e tecnológico, o
ambiental talvez seja o mais crítico no
momento atual.
A economia de baixo carbono começa a se
impor nas relações comerciais entre
países e o Brasil precisa ter uma postura
pró-ativa, firme e clara a respeito do meio
ambiente. Assim, são necessárias ações
de fomento às pesquisas sobre o balanço
de emissões e de desenvolvimento de
práticas mitigadoras da emissão de GEE,
bem como esforços contínuos para a
comunicação com a sociedade e para
rebater inverdades e acusações infundadas que concorrentes e outros grupos de
interesse tentam imputar à pecuária de
corte.
É dessa forma que interpretamos as
necessidades da bovinocultura de corte e
nos colocamos serviço da atividade por
meio da Presidência do CNPC.
Pretendemos discutir as idéias apresentadas e auscultar a Diretoria da entidade
para definir estratégias, prioridades e
metas com o intuito de alcançar, por meio
de parcerias internacionais e interinstitucionais, o caminho do desenvolvimento sustentável da nossa pecuária de
corte.
Dr. Sebastião:
“Fazer bem feito e mostrar”
17
’’
18
19
Rua do Rócio, 313 9º andar Vila Olímpia - São Paulo - SP CEP 04552-904
Tel.: +55 11 3845-0368
Fax: + 55 11 3045-0427
Site: www.cnpc.org.br
email: [email protected]

Documentos relacionados

revista 10 - jun05.qxd

revista 10 - jun05.qxd da Carne Bovina O Grupo de Trabalho, que com satisfação foi anunciado pelo presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, Dr. Sebastião Costa Guedes foi constituído da seguinte forma: Pelo s...

Leia mais

febre aftosa - Conselho Nacional da Pecuária de Corte

febre aftosa - Conselho Nacional da Pecuária de Corte GIEFA valorizou muito o conceito de solidariedade continental propiciando a aplicação de recursos públicos e privados nos países e regiões mais carentes da América do Sul. Custeou estudos epidemiol...

Leia mais