tomada patagonia Dillon mt
Transcrição
tomada patagonia Dillon mt
Informativo CNPC Ano IX Março 2011 2011 Momentos de reflexão para a pecuária de corte Eleito presidente do CNPC para a nova gestão, Tirso de Salles Meirelles fala sobre os desafios e perspectivas do setor para os próximos anos. Nova Diretoria Diretoria eleita em setembro passado toma posse em janeiro de 2011. Sua composição é a seguinte: Presidente: Tirso de Salles Meirelles (FAESP) Vice Pres. Relações Internacionais e Coordenador Cadeia: Ricardo Pinto (SINDAN/VALLEE) Vice Pres. Pecuária: Gedeão Silveira Pereira (FARSUL) Vice Pres. Indústria: Norberto Lanzara Giangrande Jr. (SINDIFRIO) Vice Pres. Comércio: Jose Milton Dallari Soares (ABRAS Supermercados) Vice Pres. Inovação Tecnológica: Ovídio Carlos de Brito (ABCZ) Expediente O informativo CNPC é uma publicação do CNPC Conselho Nacional de Pecuária de Corte. Rua do Rócio, 313 9º andar Vila Olímpia - São Paulo - SP CEP 04552-904 Tel.: Fax: Site: email: +55 11 3845-0368 +55 11 3045-0427 www.cnpc.org.br [email protected] Diretor Financeiro: Paulo Reimann (GELITA) Diretor Administrativo: Francisco Everton da Silva (Unicarnes) Conselho Fiscal: Titular Ângelo Munhoz Benko (ACNB) Suplente Josaphat Paranhos de Azevedo Filho (FAEPA) Titular Antenor de Amorim Nogueira (FNPPC/CNA) Suplente Jose Lemos Monteiro - FAMASUL Titular Zeca D Ávila (FEFA-MT) Suplente: Fábio de Salles Meirelles Filho (FAEMG/CNA) Presidente de Honra: João Carlos de Souza Meirelles (Fundador do CNPC). O CNPC convidou o ex-presidente Sebastião Costa Guedes para ser Diretor de Sanidade Animal da entidade. O convite se deve ao conhecimento e prestigio do Dr. Guedes na área. A diretoria que encerra seu mandato foi constituída por: Presidente: Sebastião Costa Guedes (SINDAN) Conselho Editorial Tirso de Salles Meirelles Presidente do CNPC Thiago Rocha Secretário Executivo Vice Pres. Relações Internacionais e Coordenador Cadeia: Emílio Carlos Salani (SINDAN) Vice Pres. Pecuária: Deputado Sandoval Lobo Cardoso (Pecuarista Tocantins - solicitou afastamento) Vice Pres. Indústria: Miguel Grazziano Russo (ABIEC) Vice Pres. Comércio: Jose Milton Dallari Soares (ABRAS Supermercados) Vice Pres. Inovação Tecnológica: Tirso de Salles Meirelles (FAESP) Projeto Gráfico Diretor Financeiro: Ovídio Carlos de Brito (ABCZ) Oziris Zaniboni Agência Contatto Fone: 11 2231 1154 Diretor Administrativo: Francisco Ewerton da Silva (Unicarnes) Jornalista Responsável Antônio Reche MBT 17283/67/100/SP Distribuição Conselho Fiscal: Titular Alexandre Antonio Jacewicz (FAEP) Suplente: Paulo Reimann (GELITA) Titular Antenor de Amorim Nogueira (FNPPC/CNA) Suplente Carlos Fernandes Xavier (FAEPA) Titular José Antonio de Ávila (FEFA-MT) Suplente Eduardo Soares de Camargo (SRB/ABAG) Presidente de Honra: João Carlos de Souza Meirelles (Fundador da entidade). De acordo com os estatutos, a nova diretoria deve em curto prazo preencher os demais cargos da entidade, de acordo com os estatutos. Interna e Gratuita 2 CNPC no Congresso Mundial da Carne na Argentina N o fim de 2010 na Sociedad Rural Argentina em Palermo, Buenos Aires realizou-se o citado congresso, promovido pelo International Meat Secretariat – IMS e pelo Instituto de Promoción de la Carne Vacuna ArgentinaIPCVA . Houve expressiva presença de criadores, profissionais da mídia e técnicos do Brasil. O CNPC esteve representado por Sebastião Costa Guedes e pelo Secretário Executivo Thiago do Nascimento Alves Rocha. O Brasil teve ainda destacada participação com palestra do Dr. Francisco Sérgio Ferreira Jardim, Secretário de Defesa Agropecuária do MAPA, representando o Ministro Wagner Gonçalves Rossi. Sua exposição mostrou a sustentabilidade da pecuária brasileira e os esforços feitos pelo governo no combate ao desmatamento das florestas tropicais. Mostrou a positiva evolução dos números e outras iniciativas federais como o Projeto Boi Guardião na Amazônia. Detalhou também o avanço do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, principalmente nas regiões do Nordeste e da Amazônia. Assegurou que em 2011 todo o país será livre da doença com ou sem vacinação. O texto da palestra do Secretário Jardim, tanto em português como em inglês, está disponível no CNPC. Os interessados podem solicitar pelo email [email protected] ou pelo telefone 011-38450368. Outra palestra de grande repercussão alusiva à sustentabilidade de nossa pecuária foi feita pelo Dr. Fernando Sampaio da ABIEC. Na ocasião a FAMASUL de Mato Grosso do Sul fez a divulgação do Congresso Internacional da Carne – Regional Meat Conference – que realizará em conjunto com a IMS em 8 e 9 de junho próximo em Campo Grande, MS. Maiores detalhes no site www.congressodacarne2011.com.br O 19º Congresso Mundial da Carne será em Paris, França de 4 a 6 de Junho de 2012 e será coordenado pela IMS e INTERBEV. Na mesma época do congresso em Buenos Aires a IMS promoveu reunião de seus comitês específicos. No Comitê de Carne Bovina, Sebastião Costa Guedes, então presidente do CNPC apresentou em palestra duas reivindicações do setor brasileiro à diretoria da IMS. A primeira refere-se à necessidade de se atualizar as exigências dos requisitos para a cota Hilton, pois está havendo muita disparidade no tratamento aos diferentes países. Os critérios atuais estão defasados e não estimulam produtores a segui-los, provocando oferta insuficiente para cobrir a cota brasileira. Guedes solicitou também o empenho da IMS junto à OMS e à FAO para estimular países a adotar a padronização das amostras,bem como dos métodos de coleta e análise para avaliação de resíduos em carnes. Na assembléia da IMS houve eleição para o Conselho da entidade sendo reeleito,sob bandeira do CNPC,o ex-ministro Marcus Vinicius Pratini de Moraes. Para a diretoria foi reeleito o Dr.Antenor de Amorim Nogueira ,coordenador do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA e conselheiro do CNPC. O novo presidente da IMS é Arturo Llavallol, diretor da tradicional Sociedad Rural Argentina e ex-presidente do IPCVA. O futuro sustentável da PECUÁRIA MUNDIAL Por Antônio Reche (*) S erá que o cenário, o ambiente, a arquitetura, a culinária ou o idioma de uma cidade onde realiza-se um evento interfere no clima do próprio evento. Depois de participar do 18º Congresso Mundial da Carne, em 2010, na espetacular sede da Sociedade Rural Argentina, em Buenos Aires, não tenho dúvida nenhuma em afirmar que a resposta é sim, interfere. A capital da Argentina é uma cidade que enche os olhos com suas belas, arejadas e largas avenidas, seus prédios de arquitetura agradável, seus cafés agitados e sempre lotados, sua gastronomia irretocável, seus vinhos cada dia melhores, suas livrarias magistrais, enfim... Depois de muitas horas de palestras, algumas técnicas, outras mais politizadas, não há cansaço que sobreviva a um passeio na praça San Martin, apenas para citar um exemplo. E a sensação de bem estar fica ainda melhor, quando ouve-se a declaração na abertura do evento feita pelo presidente do International Meat Secretariat, IMS, Patrick J. Moore: “O mercado para proteínas animais está em crescimento, oito milhões de novos consumidores são incorporados a cada ano. As oportunidades são enormes. Temas como segurança alimentar, cuidados ambientais, políticas socialmente corretas para os trabalhadores nesse setor devem ser observadas rigorosamente. O consumidor está cada dia mais exigente nesses aspectos. Sustentabilidade é a palavra chave para a pecuária mundial e o tema desse nosso congresso”. De fato, palestrantes de todos os países 4 não se esqueceram de ressaltar os cuidados com essa exigência dos tempos modernos: “A expansão da agropecuária é limitada já que a terra é finita. Temos que trabalhar e cuidar simultaneamente da sustentabilidade, a ambiental, a econômica e a social, tendo em vista também o bemestar animal. Aqui na Argentina trabalhamos com todos esses temas”, afirmou Lorenzo Basso, secretário de Agropecuária, Pesca e Alimentos da Argentina. Lars Hoelgaard, diretor-geral de Desenvolvimento da Agropecuária da União Européia, apimentou as discussões e agitou a platéia ao afirmar as mudanças ocorridas no setor nos últimos 20 anos, o que, segundo ele, tornou o agronegócio daquele continente muito mais competitivo. “Reduzimos e eliminamos alguns subsídi- os. Tomamos a decisão de o quê e quanto devemos produzir de olho nos sinais do mercado. Hoje a União Européia está pronta para fechar um acordo no âmbito da Rodada de Doha. Os outros países estão(ponto de interrogação)”, desafiou. Já o representante do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América do Norte, USDA, Craig Morris, preferiu falar da crise norte-americana que começou em 2008 e perdura até hoje. Ele afirmou que o seu país crescerá menos que muitos outros e isso afetará todos os segmentos econômicos, incluindo a pecuária. Disse também que as perspectivas para o setor são animadoras pois o consumo de todos os tipos de carne estão crescendo no mundo todo. “No nosso país houve uma mudança na alimentação, consumimos menos carne bovina e muito mais carne de aves. Isso explica o fato do consumo total de carne dos norteamericanos ter se mantido estável”, disse. Francisco Sérgio Ferreira Jardim, secretário de Defesa Sanitária Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mapa, foi o primeiro brasileiro a falar durante o congresso. Jardim demonstrou a vanguarda brasileira na questão ambiental informando que há 40 anos o país possui leis que visam proteger o meio-ambiente. “Cinquenta e cinco por cento do gigantesco território brasileiro encontram-se nas mesmas condições desde que o país foi colonizado” Quanto aos cuidados sanitários, o secretário explicou que mesmo em estados como o Amazonas e o Amapá, que não têm importância econômica para a pecuária brasileira, o governo aplica um rigoroso sistema de vacinação preventiva. “Também um acordo com a Bolívia permite que técnicos e vacinas contra a febre-aftosa brasileiros imunizem o rebanho daquele país entrando até 50 quilômetros além da fronteira”, afirmou. Por último, destacou os programas de reflorestamento e de boas práticas de produção. “Vamos recuperar 15 milhões de hectares de pastos degradados e aumentar as áreas com produção de agricultura orgânica. De 1,7 milhão de hectares pretendemos chegar a 4 milhões. Temos atualmente 6 milhões de hectares de florestas cultivadas e vamos aumentar esse número para 9 milhões de hectares”, concluiu. “Não fosse a China, a crise que começou em 2008 seria muito pior”, disse o exembaixador argentino na Alemanha, Guillermo Nielsen. Seguiu afirmando que a taxa de juros mundial é definida baseada nos bônus norte-americanos nas mãos dos chineses e previu que a próxima discussão será sobre a moeda de reserva mundial. Atualmente ainda é o dólar. “A União Européia está perdendo uma oportunidade histórica de ocupar esse lugar. E o Yuan poderá ser a nova moeda mundial. Segundo alguns analistas, lá pelo ano 2050 a economia chinesa deverá ser a maior do planeta. Mas atualmente as exportações de muitos países já dependem das compras asiáticas. A China é a maior importadora de metais e a segunda maior compradora de petróleo”, analisou. Sara Kahn, da Organização Internacional de Epizootias, OIE, reclamou bastante. Disse que muitos países não respeitam as medidas sanitárias exigidas pela entidade que ela representa nem na questão da febre aftosa e nem da doença da vaca louca. Queixou-se ainda da omissão da Organização Mundial do Comércio, OMC, no tema do bem estar animal. Foi consenso no evento o crescimento mundial do setor de carnes. A fala de Richard Brown, diretor da consultoria suíça Gira, não desafinou. Dados dessa empresa mostram grandes oportunidades e quem pode ganhar espaço são os países sulamericanos. Por falar em oportunidades, o diretor de Relações com Investidores e Francisco Sérgio Ferreira Jardim, secretário de Defesa Agropecuária 5 membro do Comitê Executivo do JBS, disse que o comércio mundial de carnes deve ficar ainda melhor no futuro, “mas para isso precisamos de mais carne no mercado internacional”. Provavelmente esse foi um recado direto para os representantes do Brasil e da Argentina. E terminou: “Não apenas devemos buscar a sustentabilidade, como devemos demonstrar que investimos fortunas para melhorar a qualidade dos alimentos”. Não é segredo que os líderes da agropecuária argentina e o governo da família Kirchner vivem às turras. O reflexo do desentendimento é muito claro no setor. Mas como roupa suja se lava em casa, estando em casa, nunca na frente das visitas, muito menos na frente dos principais personagens do mercado mundial de carnes, coube a Héctor Salamanco, diretor-executivo do Consórcio de Exportadores de Carnes Argentinas, fazer a análise do setor argentino. O discurso dele e de outros analisas presentes ao evento foi o mesmo: “A pecuária de corte na Argentina vive um momento de incertezas”. E mais: “Se hoje temos problemas, o futuro promete ser promissor”, disse. As exportações de carne da Índia estão dobrando a cada ano, seus clientes principais são a China e países africanos. Com isso, os países sul-americanos têm perdido espaço naquela região. Essas informações são de Rashid Kadimi, presidente da Associação dos Exportadores de Carne daquele país. “O crescimento acelerado deve-se, entre outros fatores, às vantagens da carne de búfalos, que mantém a umidade por mais tempo e é mais fácil de ser processada, além de subprodutos que agregam valor ”, informou o executivo. “O panorama interno é difícil nos Estados Unidos da América do Norte. A demanda e o consumo de carne bovina e de cordeiro caem sistematicamente. No ano passado, o consumo de carne vermelha foi dez por cento menor em relação ao de 2007. O consumo vem caindo ao longo do tempo. As donas de casa compram mais carne de aves”, explicou Joel Haggard, da Federação de Exportação de Carne do Estados Unidos da América do Norte. Ele disse que apenas quinze por cento da produção de carne vermelha e de aves são exportadas. Também nesse mercado, segundo informações de Haggard, os exportadores norte-americanos dependem das decisões dos chineses. A Rússia tem registrado aumento de produção de carne suína, redução na carne bovina, mas a qualidade desta última tem melhorado. Também tem crescido a produção de carne de aves, mas o país continuará importando esse produto. Musheg Mamikonyan, da União de Carne da Rússia, deu essas informações e acrescentou que com os aumentos das pensões e dos salários, o povo daquele país tem maior poder aquisitivo e isso já está beneficiando o setor de carnes. Jin Xiangyu, representante da China, discorreu sobre a modernização da indústria de carnes naquele país, mas como quase sempre acontece com palestrantes chineses, preferiu não tocar em números que eles consideram estratégicos. “A produtividade que obtivemos nos permite não apenas atender ao mercado interno como também atuar no mercado internacional. Adotamos novas formas de produção e comercialização, cuidando das questões sanitárias e do meio-ambiente”, finalizou. Sonhar nunca foi proibido. Miguel Gorelik, diretor de assuntos públicos da Quickfood, uma da empresas do Grupo Marfrig, sonhou. Afirmou que a alta competitividade do Mercosul poderia ser melhor explorada se for criada uma autoridade supranacional para comandar o processo, principalmente nas questões de acordos bilaterais. Quem conhece um pouco o que se passa na cabeça dos dirigentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, sabe que as discussões desse bloco atolam em questões de menor importância. De qualquer modo, a Sebastião Costa Guedes, ex-presidente do CNPC Conselho Nacional da Pecuária de Corte idéia de Gorelik é muito boa. Falta saber apenas quem vai convencer os presidentes dos países do Mercosul a adotarem tal estratégia. O minuto de glória foi para Fernando Sampaio, diretor de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, Abiec. Ele rebateu algumas acusações feitas contra a pecuária brasileira sem embasamento científico com contundência. As tamancadas de Sampaio agitaram a platéia. Ele foi aplaudido freneticamente por mais de um minuto. “Esse congresso foi extraordinário. Além de muito bem organizado, a nata do comércio internacional da carne esteve presente. Agora é o momento de aproveitar os bons contatos feitos e continuar tomando atitudes em benefício desse setor. Importante também é promover a união com os países da região para fortalecer a imagem real de que produzimos carne bovina com sustentabilidade”, declarou o dr. Sebastião Costa Guedes, então presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, CNPC. (*) Antônio Reche é jornalista Imprensa brasileira bem representada A mídia brasileira especializada e geral acompanhou atentamente tudo que foi dito durante o 18 Congresso Mundial da Carne, realizado em Buenos Aires, Argentina, numa clara demonstração da importância que a pecuária de corte tem para a economia brasileira. Moacir de Souza José, editor-executivo da revista DBO; Sebastião Nascimento, editor da revista Globo Rural; Alda do Amaral Rocha, do jornal Valor Econômico e Mauro Zafalon, da Folha de S. Paulo, entre outros, participaram ativamente dos principais debates ocorridos no evento. 6 Evento na EXPOINTER 2010 Erradicação da Aftosa no Extremo Sul da América. A SOVERGS realizou o evento com palestras das seguintes autoridades responsáveis pela defesa sanitária Dr. Jorge Dillon, da Argentina, Dr. Francisco Muzio, do Uruguai, Dr.Jamil Gomes de Souza, do MAPA e Dr.Ottorino Cosivi, do PANAFTOSA. As palestras estão disponíveis no site www.cnpc.org.br . Os pontos importantes estão resumidos a seguir. N a Argentina os focos reapareceram em 2001, um ano após a suspensão da vacinação. Desde então, foram intensificados controles na produção de vacinas e no monitoramento da cadeia do frio. A vacinação foi feita 2 vezes por ano em todo o rebanho, exceto na região da Patagônia, onde não se vacina há anos. Agora com a grande redução da atividade viral o governo reduzirá a vacinação de animais superiores a 2 anos de idade para apenas uma vez ao ano. A Argentina está transformando a zona de alta vigilância, na fronteira com Paraguai e Bolívia em zona livre com vacinação. Argentina retirará em breve a vacinação em mais uma região ao Norte da Patagônia, onde vivem 490.000 bovinos. No restante do país não haverá alteração a curto prazo. A Bolívia é fator de preocupação pois não há transparência e rapidez no fornecimento de informações epidemiológicas. O relacionamento entre o setor público e o privado precisa ser intensificado. Alem disso os países vizinhos precisam dar apoio técnico e financeiro aos bolivianos. O Uruguai considera importante que haja enfoque regional bem harmonizado no programa de erradicação.A retirada da vacinação maciça exige alguns pré requisitos: demonstrar ausência de circulação viral na região; trocar a estratégia de prevenção por uma de diagnóstico precoce; capacidade de rápida reação em emergências; possibilidade de vacinação tática em emergências eventuais, e constituir banco de reserva de antígenos e vacinas quando o programa de vacinação já estiver muito reduzido. A evolução do programa requer uma atualização do plano hemisférico - PHEFA II - com metas e 7 indicadores mensuráveis ,para permitir uma eficiente coordenação e acompanhamento pelos países da região.Esta última ação já foi concluída na Segunda COHEFA Extraordinária no Rio de Janeiro em dezembro pp. O Brasil, cuja meta atual é a manutenção da condição sanitária conquistada, deve revisar as bases conceituais e estratégicas do PNEFA para reforçar a prevenção entre seus objetivos. Se ocorrer reintrodução da doença devemos ter um esquema adequado para rápida restituição da condição sanitária. A zona de alta vigilância na fronteira com Paraguai e Bolívia foi transformada em área livre com vacinação. Áreas fronteiriças principalmente com Bolívia e Paraguai devem receber atenção especial, pois de 1998 a 2006 tivemos no país 97 focos,dos quais 95% em regiões de fronteira. Os estados do Amazonas e do Amapá foram incorporados ao PNEFA com o uso da “agulha oficial”. Regiões com circulação viral devem receber ações prioritárias envolvendo organismos internacionais como CVP, GIEFA, OIE, FAO, CAS e FARM sob coordenação do PANAFTOSA ,que é a entidade de referência e com mandato internacional para tratar da doença no continente. É necessário que haja apoio técnico,f inanceiro, administrativo e político de seus vizinhos. Organismos internacionais são importantes para validar os processos de vigilância, comunicação, certificação e até de coordenação de alerta máximo. A retirada da vacinação envolve uma mudança de paradigmas e de ampliação da estrutura de defesa sanitária, que será muito mais onerosa para o setor oficial dos países. Erradicação da aftosa req maior apoio A cooperação público-privada na maior parte dos países da região e o bom entrosamento entre as políticas nacionais de defesa sanitária permitiram um grande avanço na erradicação continental da aftosa nas últimas décadas. A vacina oleosa, desenvolvida pelo PANAFTOSA, foi elemento fundamental para maior espaçamento entre as vacinações nos rebanhos extensivos de nosso continente. O Brasil apresentou enorme evolução e tem hoje credibilidade no cenário internacional de sanidade animal. No momento ainda são necessárias medidas baseadas em sorologia para avaliar e eliminar as áreas de risco do Nordeste e da Amazônia Setentrional,que a união federal e os estados da região estão conduzindo. A situação no Pará está evoluindo para incluir Marajó e o restante do Sul do estado na sua área livre com vacinação. No estado do Amazonas e na calha do rio com o mesmo nome o programa sorológico está em franca evolução e os resultados indicam perspectivas promissoras. O Amapá tornou – se o foco da operação “agulha oficial” desde o final de 2009 (vide reportagem especial nesta edição). Em Roraima o programa evolui bem há vários anos e medidas para evitar que os focos venezuelanos atinjam o estado foram intensificadas. Com os investimentos oficiais na Amazônia e no Nordeste estamos acelerando o processo para incluir estas regiões na condição de livre com vacinação, completando assim a desejada erradicação em todo o país. A aftosa atualmente está presente de maneira problemática na Venezuela e Equador, além de se mostrar inadequadamente avaliada na Bolívia.Estes três países andinos deixam muito a desejar na cooperação público-privada,fator essencial para o êxito do programa! A Organização Pan americana de SaúdeOPAS, através do PANAFTOSA, coordenou no continente e com participação de outras organizações internacionais a elaboração de um novo programa hemisférico para a fase final da erradicação, provisoriamente batizado de PHEFA II. Este vai priorizar atividades para a Bolívia, Equador e Venezuela, bem como ampliar a vigilância para evitar recidivas da doença nos demais países do continente, muitos dos quais devem intensificar a retirada gradual e segura da vacinação. A Bolívia é questionada pela falta de 8 transparência nas ações governamentais de vigilância. O Brasil e demais membros do MERCOSUL estão investindo no apoio técnico e operacional para melhoria da infra-estrutura sanitária principalmente na chamada “meia lua “ boliviana ,que engloba as províncias de Santa Cruz de la Sierra, Beni e Tarija. O FOCEM, fundo para melhoria da infraestrutura do MERCOSUL tem priorizado investimentos na Bolívia principalmente nas áreas mais carentes, onde se constrói até mesmo currais para manejar o gado das comunidades de pequenos agricultores.Estes também receberam de entidades privadas brasileiras,através do CNPC, doações de novilhas girolandas e de sêmen de gir leiteiro para melhoria da produtividade leiteira. O Ministério da Agricultura e o setor privado brasileiros nos últimos anos também doaram vacinas ao governo boliviano em diversas ocasiões. Estas ajudas na área governamental são complexas e exigem aprovação do Congresso Nacional.Por outro lado a falta de recursos humanos dos recebedores dificulta ainda mais a operação de logística. O PHEFA II, oriundo de diversas reuniões prévias com especialistas e técnicos continental quer privado. oficiais, foi debatido em 15 de Novembro passado em Montevidéu, Uruguai e após a incorporação das últimas sugestões foi submetido à aprovação da Comissão Hemisférica da Febre Aftosa- COHEFA em reunião realizada no Rio de Janeiro em 14 e 15 de Dezembro. O objetivo maior deste programa deve ser a intensificação da vacinação nos três países problemáticos já citados e nas regiões fronteiriças com os mesmos. Ficou claro, entretanto que haverá necessidade suplementar de recursos para se atingir a erradicação total. A retirada ampla da vacinação no Brasil depende de uma situação segura do programa nos países vizinhos, principalmente na Bolívia. Este pensamento é comum aos demais países do cone sul já dispostos a criar seus programas de apoio e trabalhar de maneira harmonizada,como ficou evidenciado no encontro sobre aftosa no Cone Sul organizado pela SOVERGS durante a última EXPOINTER. Embora os criadores e o governo brasileiro venham investindo grandes somas na erradicação,temos que nos livrar do contingenciamento de verbas oficiais já escassas e vencer a falta de recursos privados principalmente nas regiões onde a pecuária não tem grande expressão econômica ,pois estes fatos levam a atrasos consideráveis na evolução do programa. Quando presidimos o GIEFA sugerimos um fundo de apoio à erradicação, baseado na contribuição de um dólar por tonelada de carne exportada pelo Cone Sul,mas a proposta não foi aceita principalmente por países vizinhos,que alegavam a conhecida falta de rentabilidade. Na fase final em que estamos adentrando, torna-se essencial ter recursos suplementares para ações objetivas em certas áreas do país e principalmente em países vizinhos com carência de custeio ou de fontes de financiamentos. A OPAS também tem limitações e tem recusado a aumentar sua contribuição a atividades agropecuárias.Deseja usar seus recursos em ações ligadas única e diretamente à saúde humana. Governos são lentos e limitados, principalmente quando recursos serão aplicados em outro países. Um fundo privado, baseado em percentual ou num valor fixo sobre o preço da vacina, seria de fácil viabilização e asseguraria às áreas carentes do país e dos vizinhos os recursos para ações efetivas e importantes 9 ,coordenadas pelo PANAFTOSA,mas sempre aprovadas e fiscalizadas pelos doadores. A administração deste fundo poderia ser exercida por representantes do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal- SINDAN, do Conselho Nacional da Pecuária de Corte- CNPC, e do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA- FNPPC/CNA. A aplicação seria sempre feita com base em planos aprovados pelas autoridades sanitárias brasileiras e no caso de trabalhos internacionais através do PANAFTOSA Com isto apoiaremos a Bolívia em seu programa, reforçaremos nossas defesas em pontos mais críticos incluindo as fronteiras e divulgaremos o progresso da erradicação no cenário internacional. Iniciativa desta ordem vai dar resultados efetivos rapidamente e viabilizar a erradicação continental a curto prazo. Este fundo permitirá uma substancial redução no prazo requerido para atingir o status de livre da febre aftosa sem vacinação na totalidade do continente sul americano. Governo acelera incorporação da Amazonia ao PNEFA O MAPA, Secretarias Estaduais da Agricultura e Pecuária ,bem como as classes produtoras estão empenhadas em avançar com o PNEFA tanto na Amazônia, quanto na região Nordeste do país. A meta é retirar o status destas regiões caracterizadas como áreas de risco e transformá-los em livres com vacinação no máximo ainda no decorrer de 2011. O CNPC visitou em março de 2010 juntamente com o então Secretário de Defesa Agropecuária Dr. Inácio Afonso Kroetz e com o Diretor de Sanidade Animal Dr. Jamil Gomes de Souza a vacinação com ”agulha oficial” e a coleta de sangue para sorologia em Autazes no estado do Amazonas. Agora em dezembro passado o CNPC e o FNPPC/CNA estiveram juntamente com Dr. Jamil no Amapá para acompanhar a segunda vacinação contra aftosa e coleta de sangue. Foram visitadas propriedades nas margens da foz do Rio Amazonas, no município de Mazagão. Ambas as operações envolvem deslocamentos de veterinários e uma desafiadora logística, até mesmo de água potável para as equipes de pessoal. O MAPA possui ou aluga barcos com grande infra estrutura, onde as equipes dispõem de laboratórios e de boas instalações para viver durante o tempo da operação. Os criadores estão conscientes da 10 necessidade do trabalho desenvolvido não só para o nosso país, mas também para os demais vizinhos amazônicos. Este trabalho, de enorme dimensão em número de animais envolvidos e em extensão de área geográfica, é único no mundo, mostrando o engajamento do Brasil na meta continental de erradicar a aftosa. O PANAFTOSA opina sobre o vírus da Aftosa no Equador Nota Técnica sobre a situação da Febre Aftosa no Equador I. Antecedentes As autoridades de saúde animal do Equador têm solicitado a cooperação técnica do PANAFTOSA em seu Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, em particular, no assessoramento dos seus órgãos técnicos em ações destinadas a enfrentar o aumento dos casos clínicos de Febre Aftosa na maior parte do seu território, que vêm ocorrendo desde meados de 2008. Neste contexto, e dentro do âmbito de ação do PHEFA, o PANAFTOSA realizou um conjunto de atividades entre as quais se incluem diversas missões de trabalho para apoio em campo e planejamento, assim como em estudos de referência de cepas virais isoladas dos focos da doença pelo serviço oficial e remetidas ao PANAFTOSA. Em todos os casos, após a conclusão das missões e/ou estudos laboratoriais de referência, foi entregue um relatório de atividades com as devidas conclusões e recomendações ao Serviço Oficial. Em reiteradas oportunidades, entre outras ações, foi recomendada a criação de um banco de dados da população bovina/bubalina nacional, o fortalecimento do programa de vacinação contra a Febre Aftosa, a implementação de um rígido controle de movimentação de animais e um atendimento eficaz às ocorrências de doenças vesiculares. Em 2010, as autoridades nacionais solicitaram a opinião do PANAFTOSA no tocante às discrepâncias observadas nas interpretações de resultados de estudos de laboratório feitas por quatro laboratórios, entre os quais o PANAFTOSA, com cepas de campo correspondentes a focos de febre aftosa ocorridos no Equador durante esse ano. Os estudos de cobertura imunológica (“vaccine matching”) realizados pelo PANAFTOSA indicam que o uso de vacinas comerciais de qualidade comprovada contendo a cepa O1 Campos em campanhas de vacinação/revacinação maciça seria eficiente para proteger o rebanho nacional das cepas de casmpo. Por outro lado, os resultados de outros laboratórios sugerem que as modificações antigênicas de alguns isolados de campo em relação ao vírus de referência O1 Campos utilizado nas vacinas comerciais poderiam ter uma repercussão negativa no resultado das campanhas de vacinação. Uma vez analisada a informação disponível, foi enviada uma resposta às autoridades oficiais com esclarecimentos sobre as diferentes metodologias/interpretações recomendadas pela OIE para estudos de “vaccine matching”, o que explica as discrepâncias de posicionamento entre os laboratórios. Com base nos antecedentes de estudos comparativos realizados pelo PANAFTOSA com a aplicação de diferentes metodologias/interpretações sobre um mesmo conjunto de dados, o PANAFTOSA reiterou as conclusões e recomendações iniciais. Recentemente, o Serviço Sanitário Oficial do Equador comunicou que havia recebido informação adicional sobre testes de desafio in vivo realizados pelo laborató11 rio do SENASA, Argentina, utilizando uma vacina experimental O1 Campos e realizando o teste de desafio com os animais (primovacinados e revacinados) com uma cepa de campo isolada durante 2010 no Equador. Por solicitação do Sr. Ministro da Agricultura do Equador, a autoridade sanitária convocou uma reunião técnica para discutir estes antecedentes e tomar as decisões cabíveis. Neste contexto, foi realizada a referida reunião em Quito, Equador, com a participação de profissionais da AGROCALIDAD e do Ministério da Agricultura do Equador, representantes do SENASA/Argentina, da FAO, da OIE/GIEFA e do PANAFTOSA/OPS. Durante a reunião, foi exposta, analisada e discutida tanto a situação sanitária da Febre Aftosa quanto os resultados de estudos realizados pelo SENASA e pelo PANAFTOSA. Como resultado das informações e opiniões compartilhadas durante a reunião, o PANAFTOSA, na condição de entidade coordenadora do Programa Hemisférico para a Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA), elaborou um relatório com conclusões e recomendações. II. Análise Técnica 1. Foram considerados os resultados de laboratório apresentados pelo SENASA/Argentina durante a reunião, assim como os resultados de outros laboratórios de referência da OIE e a informação sobre a situação epidemiológica no Equador entregue pela AGROCALIDAD. Essa informação foi analisada juntamente com os resultados gerados pelo PANAFTOSA nos estudos de caracterização viral e cobertura imunológica (“vaccine matching”) de cepa vacinal dos isolados do Equador, com a experiência acumulada por este Centro sobre o assunto durante os trabalhos realizados em conjunto com os países nas últimas três décadas e com a informação disponível no PANAFTOSA sobre a situação da Febre Aftosa no Equador. 2. De acordo com as metodologias recomendadas pela OIE, é possível obter interpretações diferentes para o mesmo conjunto de resultados originados por testes sorológicos contemplados no Manual. Isto explica as diferentes interpretações e recomendações entre os laboratórios no tocante às cepas de Febre Aftosa atuantes no Equador em 2009 e 2010. 3. No tocante aos resultados dos testes in vivo apresentados pelo SENASA/Argentina, que, em resumo, indicam que a cepa de vacina O1 Campos não protegeria os animais vacinados com esta cepa e submetidos a testes de desafio com uma cepa de vírus O isolada de um surto de 2010, os mesmos não condizem com a situação epidemiológica de campo observada tanto no país quanto nas fronteiras dos países vizinhos. Neste contexto, consideramos necessário obter informações adicionais relevantes (tais como representatividade da cepa viral selecionada para o teste de desafio, temporalidade dos testes de desafio com vírus homólogo e heterólogo, detalhes da qualidade da vacina experimental utilizada, metodologia de preparação e titulação do vírus de desafio, condições de conservação do mesmo, características de animais de teste etc.) que nos permitam obter conclusões definitivas sobre os resultados gerados. 4. Com a informação disponível até o momento, concluímos que nos últimos oito anos o Equador mantém o vírus da Febre Aftosa circulando de forma endêmica, com a ocorrência de surtos epidêmicos, os últimos ocorridos em 2009 e 2010 e que comprometeram uma parte significativa do território do país. Do ponto de vista técnico, acreditamos que esta situação se origina pela implementação deficiente do programa de intervenção sanitária, que não consegue interromper a circulação endêmica do vírus, fundamentalmente devido às campanhas de vacinação pouco eficazes, à utilização em campo de vacinas de qualidade duvidosa como consequência de condições de conservação deficientes, entre outros, e deficiências no sistema de controle de movimentação de animais. 5. Destacamos as ações de imunização em massa, onde diversos fatores, tais como deficiências no planejamento, na execução, no controle e na avaliação das campanhas, somado, entre outros, a um déficit no controle de gestão do processo de aplicação das vacinas em campo, e as dificuldades para conseguir uma plena adesão da comunidade pecuária às campanhas, vêm influenciando negativamente nas ações, impedindo de alcançar níveis de cobertura imunitária suficientes e sustentáveis em âmbito populacional que permitam interromper a circulação viral. Neste contexto, a cobertura imunitária parcial e insuficiente permite a circulação endêmica de cepas virais em algumas áreas, o que poderia explicar certas modificações genéticas e antigênicas como as observadas em algumas das cepas de vírus isoladas em 2010 e discutidas na reunião, modificações que não significam necessariamente desvios significativos frente às cepas padrão utilizadas nas vacinas. III. Recomendações Com base no que foi exposto, e como forma de contribuir para superar a situação detectada, recomenda-se, em caráter de urgência, introduzir modificações profundas no Programa de Controle e Erradicação da Febre Aftosa do Equador que contemplem as seguintes ações: Executar o mais rápido possível uma campanha intensificada de vacinação sob supervisão oficial, com especial preocupação nas zonas endêmicas primárias e secundárias. Idealmente, deve ser proposta a meta de vacinar toda a população bovina e bubalina (independentemente da idade) e realizar uma revacinação entre 30 e 60 dias utilizando as vacinas bivalentes O1 Campos e A24 Cruzeiro comercialmente disponíveis no mercado, com 12 qualidade comprovada (potência, inocuidade e pureza). – Paralelamente à campanha intensificada de vacinação, fortalecer os controles oficiais de movimentação de animais, em particular aplicando restrições de movimentação aos estabelecimentos com risco de circulação viral e aos que não cumprem a vacinação sistemática e completa do seu gado. – Ativar um mecanismo de pesquisa epidemiológica intensificado das ocorrências clínicas e do envio de amostras para estudos de referência, com o objetivo de monitorar permanentemente o comportamento do vírus e seu efeito na população de suscetíveis. IV. Considerações Finais Em decorrência do que foi exposto na análise, concluímos que não dispomos de evidências que indiquem a necessidade de mudanças na composição das vacinas, sendo prematuro tomar decisões sobre a utilização de vacinas preparadas com cepas de campo, e que, se forem realizadas as ações propostas anteriormente, é possível interromper o endemismo, tal como se tem demonstrado de forma consistente e bem-sucedida em outros países da região. Neste sentido, recomendamos continuar utilizando vacinas de qualidade comprovada, formuladas com as cepas O1 Campos e A24 Cruzeiro. Por último, considera-se importante destacar que o controle/erradicação da Febre Aftosa no Equador requer esforços intensificados, tanto em nível nacional quanto regional, que facilitem a adoção de medidas de caráter imediato, de curto e médio prazo, que consigam interromper o ciclo de circulação endêmico e, finalmente, a erradicação da doença. Neste sentido, o PANAFTOSA apresentará um plano de cooperação técnica específico ao Sr. Ministro da Agricultura do Equador. Espera-se que o Plano conte com a colaboração de países e entidades de cooperação para apoiar e fortalecer as ações do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa do Equador. Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2011 Rumos para ERRADICAÇÃO no continente Sebastião Costa Guedes* A comissão Hemisférica de Erradicação da Febre Aftosa (COHEFA) reuniu-se em meados de dezembro no Rio de Janeiro, sob a presidência de Jamil Gomes de Souza, diretor de sanidade animal do MAPA. Compareceram delegados dos setores governamentais e privados das seis regiões do continente: América do Norte, Caribe, América Central, Região Andina, Região Amazônica e Cone Sul, bem como representantes de organismos inter nacionais e regionais, como CAN, CVP, FAO, GIEFA, OIE e OIRSA. Organizações nacionais como APHIS-USDA, CONEFA Equador, Asociacion Rural del Paraguay, Asociacion Rural del Uruguay, FEDEGAN de Colombia, CRA de Argentina e CNA, CNPC, FAR- SUL, FONESA, FUNDEPECSP, IMA, SINDAN, entre outros do Brasil, além de organismos governamentais de Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Brasil. No evento, promovido pelo PANAFTOSA, órgão de referência para aftosa nas Américas, foram apresentados e discutidos o balanço da enfermidade no continente e diretrizes para o novo Plano Hemisférico, que aqui chamaremos de PHEFA II, elaborado e discutido por especialistas em diversas reuniões em 2010. Este prevê ações para 2011-2020 para os países Bolívia, Equador e Venezuela,verificações em algumas regiões epidemiologicamente importantes como a região chaquenha e certas áreas fronteiriças onde houve repetição de focos nos últimos anos. O plano indica ações para evitar que o vírus se propague nas regiões livres sem vacinação. O planejamento até 2020 não significa a presença da virose até aquela data. Ao contrário, espera-se a erradicação clínica da aftosa no continente dentro de cinco anos,desde que se trabalhe com afinco em bases científicas. A COHEFA recebeu observações finais e foi totalmente aprovado pelos delegados das regiões hemisféricas, que confirmaram a importância do PANAFTOSA continuar na liderança desta luta continental. Eis um resumo da reunião. Argentina, Brasil, Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai mostraram excelente desempenho de seus programas e poderão ampliar gradativamente suas áreas livres sem vacinação, desde que haja sincronismo com países ou regiões vizinhas, além de investimentos complementares nas estruturas de vigilância sanitária. Equador e Venezuela são os países mais defasados e a Bolívia ainda não permite a desejável transparência na avaliação de seu programa. A evolução da erradicação mostra a importância da sinergia entre os setores público e privado, premissa essencial ao sucesso do programa, ao lado do conceito da interdependência dos países. O GIEFA foi importante no recente avanço do PHEFA. Em diversas ocasiões, o GIEFA foi o fórum e o único canal para o diálogo entre setores ou países. Agora, empenha-se em apoiar iniciativas no Equador e na Bolívia, envolvendo forte cooperação com países vizinhos e organismos internacionais. Ao setor privado compete apoiar medidas essenciais para os programas, tais como: . Implementação e manutenção de vacinação assistida e vigilância nas áreas com risco de incidência ou reincidência de aftosa; . Colaboração nas investigações para identificar a origem de eventuais focos; . Manutenção rotineira do controle de qualidade oficial de imunógenos; Nos casos de necessidade de harmonizar parâmetros epidemiológicos, laboratoriais e padrões de exigências sanitárias na região, os requisitos mais exigentes devem prevalecer; . Inspeção para verificar condições de biossegurança de fábricas e laboratórios de diagnóstico para evitar escape de vírus; . Impedir manipulação de cepas exóticas ao continente; . Manutenção de equipe especial com pessoal treinado e ágil para deslocar rapidamente em suspeitas ou emergências; . Rastreabilidade da vacina desde a fábrica até o produtor rural; . Realização de auditorias nacionais e internacionais dos programas; e . Hegemonia da técnica e ciência nas decisões a serem tomadas, para evitar que interesses comerciais de fornecedores venham a prevalecer em países ou regiões. É ainda altamente importante o apoio político, técnico e material, complementar aos governos e setores privados dos estados ou países vizinhos carentes de recursos. Também o PANAFTOSA deve merecer maior investimento e apoio para concluir seu objetivo de eliminar a aftosa das Américas. O Brasil, com sua enorme fronteira, depende muito do êxito do programa nos países vizinhos, e alguns deles não possuem condições para priorizar sozinhos seus planos. A carência de recursos na Bolívia e no Equador exigirá maior contribuição de países como Brasil e Colômbia. A idéia de um fundo complementar, baseado no preço da vacina, é a solução para a rápida e eficiente evolução da erradicação continental da doença, com inegáveis benefícios à pecuária brasileira. *Médico-veterinário, diretor da International Federation for Animal Health (IFAH) e membro do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (GIEFA) Obrigado Dr. Jamil! O Dr. Jamil Gomes de Souza não é mais o diretor do Departamento de Sanidade Animal do MAPA no novo governo. Nesta ocasião torna-se oportuno comentar seu desempenho no importante cargo na perspectiva do setor privado da pecuária de corte. Participei com Dr. Jamil de numerosas viagens nacionais e internacionais, discutindo assuntos de defesa sanitária animal importantes para o Brasil e posso testemunhar sobre seu profissionalismo, sua formação técnica e sua constante atitude dedicada aos interesses da pecuária nacional. Fui seu colega no Grupo Interamericano para a Erradicação da Febre AftosaGIEFA durante seis anos, onde também constatei o conhecimento sobre as características geográficas e epidemiológicas das diferentes regiões do Brasil e muitas vezes também de países vizinhos. Neste aspecto, com toda certeza, foi o titular de seu cargo, que mais esteve presente no campo e participava dos debates e discussões com enorme riqueza de detalhes, desde remotos municípios da Amazônia até regiões fronteiriças do centro oeste e do sul brasileiros. Tive o privilégio de acompanhá-lo em viagens a regiões longínquas para ver os trabalhos de vacinação com “agulha oficial” e de coleta de sangue para sorologia em Vilhena e no vale do Guaporé em Rondônia,na fronteira com Bolívia, em Autazes no Amazonas e em 14 Mazagão na foz do rio Amazonas no Amapá. Não só inspecionava os trabalhos, mas ouvia opiniões com sugestões de melhoria logística e motivava as equipes para o árduo trabalho. Inúmeras visitas foram feitas em conjunto a importantes capitais internacionais para explicar a ocorrência dos focos de aftosa da época, sendo sua opinião sempre muito respeitada e bem recebida. Teve enorme dedicação à valorização da ciência e desassombrada atitude enfrentando posições que visavam prejudicar o Brasil ou beneficiar interesses obscuros. Sua postura honesta e franca na condução dos assuntos de política sanitária e de vigilância veterinária nos ambientes científicos e fóruns internacionais elevou o nível de respeito internacional ao Brasil. Demonstrações desta consideração e do apreço de seus pares é o fato de estar presidindo a Comissão das Américas da OIE, o GIEFA e de ter sido presidente do CVP. Em nome do CNPC e do GIEFA agradeço ao Dr. Jamil pela condução dos temas e pela constante cooperação com os objetivos do setor. Seu sucessor, Dr. Guilherme Henrique Figueiredo Marques, participou da equipe do Dr.Jamil, e certamente prosseguirá com a mesma orientação que tem assegurado êxito e boa avaliação dos nossos serviços de sanidade veterinária. Sebastião Costa Guedes Membro do GIEFA e ex- presidente do CNPC Pecuária de corte: reflexões sobre o momento atual Por Tirso de Salles Meirelles A bovinocultura de corte é a principal atividade de produção animal e a segunda mais importante da agropecuária brasileira em termos de receita bruta, atrás apenas da soja. Ela destaca-se também pela grande extensão de área que ocupa e pela sua dispersão espacial no mapa da produção rural, pois os seus criatórios estão distribuídos na totalidade dos 5.565 municípios do país. Nos últimos anos, algumas questões colocaram a atividade sob os holofotes e críticas da opinião pública, elevando o grau dos seus desafios. Algumas dessas questões foram: a) fusões e aquisições no segmento abatedor; b) paralisação de alguns frigoríficos por insolvência, devido à restrição de crédito decorrente da crise financeira de 2008; c) embargo da UE ao Brasil pela ineficiência na operacionalização do sistema de rastreabilidade (SISBOV); d) acusação de que os bovinos representam uma das maiores fontes de emissão dos GEE – Gases de Efeito Estufa; e) tentativa de associar o crescimento da pecuária à devastação da floresta Amazônica. Além das questões citadas, não podemos perder de vista problemas recorrentes que teimam em frear o desenvolvimento da pecuária: a sanidade (febre aftosa, vaca-louca, tuberculose, brucelose e outras); disparidades estruturais dos serviços estaduais de defesa agropecuá15 ria; falta de padrão de qualidade e acabamento das carcaças; inadequado nível de produtividade dos rebanhos; bem assim como a falta de coordenação e articulação da cadeia produtiva que vem reproduzindo atritos entre pecuaristas e frigoríficos. A despeito dos desafios apresentados, a bovinocultura de corte tem encontrado espaço para crescer, ainda que aquém do seu potencial, sobretudo no mercado externo, onde a demanda tem crescido continuadamente. Entretanto, é o mercado doméstico que consome 75% da produção nacional e sustenta de fato a cadeia da carne bovina. As estatísticas dos últimos anos revelam que o ciclo pecuário que alterna períodos de maior retenção e posterior abate de fêmeas ainda se impõe determinando sazonalidade de longo prazo dos preços e entrada/saída de pecuaristas e abatedouros no mercado. De 2004 a 2007 o abate de fêmeas permaneceu acima de 40%, caracterizando uma redução do inventário de fêmeas. O ano de 2010 foi de recuperação das cotações do boi gordo devido à escassez (restrição da oferta) que se originou no maior abate de fêmeas nos anos anteriores, como conseqüência dos baixos preços pagos pela arroba em 2005, 2006, 2007 e 2009. O preço médio do boi gordo no Estado de São Paulo, em 2010, foi de R$ 89,53 por arroba, alta de 12% em relação a 2009, quando a cotação média foi de R$ 79,93/@, e de apenas 4,8% em relação aos R$ 85,44/@ registrados em 2008. Desta vez, os preços da carne bovina no atacado e no varejo acompanharam o aumento dos preços do boi de 2010, pois, a título de exemplo, o coxão mole aumentou 11% no varejo e o traseiro 12% no mercado atacadista. Mesmo com a recuperação dos preços recebidos pelos pecuaristas, as margens seguem ajustadas, visto que os custos operacionais totais aumentaram 12,16%, no Estado de São Paulo. O aumento de custo médio no Brasil, quando ponderado pelo rebanho dos Estados, exibe uma elevação ainda maior, da ordem de 21%. Como bem sabemos o Brasil é um pais importante no cenário de exportação agropecuário. A pecuária bovina brasileira tem evoluído enormemente e se tornado altamente sofisticada nas áreas de reprodução, com modernos centros de coleta e industrialização de material genético, entre os quais sêmen e embriões, que elevam a qualidade genética do rebanho brasileiro. Em conseqüência, a cadeia de abastecimento bovina (genética - sêmen, embriões, animais reprodutores e serviços em melhoramento genético) tem conquistado um papel de destaque no mercado mundial. Apoiar a o melhoramento genético bovino e procurar incrementar as tecnologias de segmento são de grande importância para a nossa pecuária e mostra ao mundo que o Brasil é um pais preocupado não só com questões mercadológicas, como também com questões técnico – cientificas. No que se refere às exportações, as estatísticas de 2010 do MDIC mostram avanço em termos de valor exportado e declínio em quantidade. As exportações de carne bovina totalizaram US$ 4,8 bilhões, incremento de 16,4% em relação a 2008. Em volume, as exportações foram de 1.230 mil toneladas, redução de 1,2% em relação ao ano anterior. O desempenho no comércio exterior deve ser visto com ressalvas, pois os números de 2010 estão abaixo dos registrados em 2008, quando o valor das exportações atingiu o recorde de US$ 5,3 bilhões, e dos registrados em 2007, oportunidade em que o volume das vendas alcançou 1.615 mil toneladas. As exportações ainda não retornaram ao patamar pré-crise financeira. Os resultados da cadeia produtiva pecuária não têm sido mais consistentes porque, além das dificuldades conjunturais, os gargalos estruturais e desafios apresentados no início desta análise obstruem o caminho do crescimento. Porém, não é tempo de lamentações, é momento de planejar as ações, implementar projetos e focar em metas e objetivos que fortaleçam a atividade. Acreditamos intransigentemente que o setor privado organizado pode contribuir para criar sinergia, articulação e um ambiente de melhor governança, enfocando questões que interessam a todos os entes da cadeia produtiva. Vemos como propício o momento atual do país que se encontra com confiança e expectativas renovadas a partir do início do mandato do novo governo. Nesse contexto, esperamos que os atores envolvidos na cadeia da carne apóiem, contribuam e empreendam esforços nas seguintes frentes: 1) sanitária; 2) técnica/tecnológica; 3) mercadológica e 4) da sustentabilidade. Na área sanitária precisamos apoiar a modernização dos serviços de defesa nos Estados mais carentes, notadamente no Norte e Nordeste, com vistas a pleitear o status de livre de febre aftosa em todo território nacional. Ao mesmo tempo, temos que participar e liderar as iniciativas de erradicação da febre aftosa no Continente, bem como exigir do MAPA ações efetivas com vistas a obter a revisão da classificação equivocada atribuída ao Brasil quanto ao risco de BSE. Na esfera técnica/tecnológica os desafios não são menores. A produtividade no Brasil ainda é baixa, a nossa taxa de abate é de 22%, enquanto competidores no Brasil no mercado internacional exibem taxas de 26%, 29%, 32% e 37%, a exemplo da Argentina, Canadá, Austrália e EUA, respectivamente. A taxa brasileira não é adequada, mas ela significa uma oportunidade para dinamizar nossa pecuária verticalmente, elevando a taxa de abate e a produtividade d e ca r n e p o r u n i d a d e d e á re a . Simultaneamente, é conveniente empreender esforços para garantir 16 condições reais de rastreabilidade; estudar e implementar um novo sistema de avaliação de qualidade das carcaças (tipificação/classificação); e fomentar programas de boas práticas visando ao bem-estar animal, uso orientado de medicamentos para otimizar o consumo, evitar resíduos etc. No que se refere ao mercado, entendemos como fundamentais as ações para garantir acesso a mercados, pois o Brasil não consegue acessar importantes mercados em virtude de barreiras sanitárias e outras restrição que tem origem técnica e comercial. Igualmente importante é focar o mercado interno, o que passa por ações de fortalecimento do relacionamento entre os elos da cadeia produtiva, a fim de reduzir a tensão interna história e produzir um clima de convergência de objetivos, crucial para o avanço setorial. Obviamente, não podemos deixar de apontar a sustentabilidade ambiental como tema de primordial relevância para o progresso do complexo agroindustrial da carne bovina. Juntamente com os pilares econômico, social e tecnológico, o ambiental talvez seja o mais crítico no momento atual. A economia de baixo carbono começa a se impor nas relações comerciais entre países e o Brasil precisa ter uma postura pró-ativa, firme e clara a respeito do meio ambiente. Assim, são necessárias ações de fomento às pesquisas sobre o balanço de emissões e de desenvolvimento de práticas mitigadoras da emissão de GEE, bem como esforços contínuos para a comunicação com a sociedade e para rebater inverdades e acusações infundadas que concorrentes e outros grupos de interesse tentam imputar à pecuária de corte. É dessa forma que interpretamos as necessidades da bovinocultura de corte e nos colocamos serviço da atividade por meio da Presidência do CNPC. Pretendemos discutir as idéias apresentadas e auscultar a Diretoria da entidade para definir estratégias, prioridades e metas com o intuito de alcançar, por meio de parcerias internacionais e interinstitucionais, o caminho do desenvolvimento sustentável da nossa pecuária de corte. Dr. Sebastião: “Fazer bem feito e mostrar” 17 ’’ 18 19 Rua do Rócio, 313 9º andar Vila Olímpia - São Paulo - SP CEP 04552-904 Tel.: +55 11 3845-0368 Fax: + 55 11 3045-0427 Site: www.cnpc.org.br email: [email protected]
Documentos relacionados
revista 10 - jun05.qxd
da Carne Bovina O Grupo de Trabalho, que com satisfação foi anunciado pelo presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte, Dr. Sebastião Costa Guedes foi constituído da seguinte forma: Pelo s...
Leia maisfebre aftosa - Conselho Nacional da Pecuária de Corte
GIEFA valorizou muito o conceito de solidariedade continental propiciando a aplicação de recursos públicos e privados nos países e regiões mais carentes da América do Sul. Custeou estudos epidemiol...
Leia mais