Profissão? Business Angel
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Profissão? Business Angel I- Introdução II- Uma volta pelo mundo III- A importância de se ser Business Angel IV- Ser Business Angel em Portugal I -INTRODUÇÃO Quer acreditemos ou não, a verdade é que estamos a viver uma época de revolução, à semelhança da Revolução Agrícola ou Industrial. Designemo-la por Revolução Digital, ou Revolução do Conhecimento, o certo é que, por via disso, os modelos de negócios que funcionaram até aos dias de hoje estão a ficar ultrapassados. Novos modelos de negócio, implicam novas formas de financiamento. O financiamento tradicional (por exemplo bancário), já não se coaduna com empresas dinâmicas, que têm como principais activos os intangíveis e em que os custos de estrutura mais relevantes são o I&D e a publicidade e marketing. Assim, surge o capital de risco, que não sendo propriamente um tipo de financiamento novo, pode assumir diversas formas, que têm vindo a ser refinadas nos últimos tempos. Uma dessas formas são os Business Angels (BA). II - UMA VOLTA PELO MUNDO Os Estados Unidos já se aperceberam disso há alguns anos, tendo os primeiros BA aí surgido há cerca de três décadas. Hoje eles são aproximadamente 250.000, e desempenham um papel preponderante na economia norte americana. De acordo com a University of New Hampshire’s Center for Venture Research, já em 1995 o financiamento via BA, foi à volta de quatro vezes os fundos de capital de risco mais conhecidos. Será por isso que assumem neste momento a liderança dos negócios da Nova Economia ? Já na Europa, e tomando como exemplo a França, que até há bem pouco tempo tinha uma expressão quase nula em projectos de ponta, ocupa hoje um lugar privilegiado no surgimento de novas tecnologias. Será que, medidas como a criação de clubes de BA mistos de investidores americanos e franceses (Ex: IBACK – International Business Angels Club), foram importantes ? Só não vê quem não quer. E Portugal, onde se situa Portugal neste contexto? Portugal, o verdadeiro e genuíno criador do Capital de Risco (lembremo-nos como eram financiadas as naus e as viagens marítimas na época dos descobrimentos), está novamente a perder a 3ª revolução. Causa primeira: a falta de um verdadeiro “ecossistema” de Capital de Risco no nosso país. Quando se fala em ecossistema, fala-se numa série de empresas, institutos, consultores individuais, centros de incubação, investidores, “advisors”, “venture catalysts”, que através de relações formais ou informais, ajudam o empreendedor na sua fase mais crítica – a inicial-. III - A IMPORTÂNCIA DE SE SER BUSINESS ANGEL Neste “ecossistema” há sem dúvida que realçar uma figura, a dos Business Angels. São eles que promovem o verdadeiro crescimento económico. Numa altura, em que a grande meta do nosso país é atingir a convergência real com a restante Europa, importa criar mecanismos e incentivar o crescimento micro-económico e a iniciativa privada. Para Portugal ter um papel a desempenhar no espaço mundial, os investidores precisam de envolver-se em negócios early stage e inovadores, em vez de gold stocks por exemplo. Este tipo de investimento, em pequenos negócios dinâmicos, oferece benefícios substanciais em termos de saída/lucro e crescimento dos postos de trabalho. Da mesma forma, as pessoas estão a poupar menos, o número de pessoas sem capital numa fase mais avançada irá aumentar. Face a isto, o interesse de part-time numa pequena empresa poderá ser a solução. Para além do fomento empresarial e inovador, que um BA pode trazer, pois além do dinheiro, ele aporta ao projecto a sua experiência, os seus contactos, a sua credibilidade, que o jovem empreendedor ainda não adquiriu, ser BA é contribuir para enriquecer a própria realização profissional. Citando Patrick Le Granché, BA francês de 43 anos : “ Os apertos de mão que recebo, os olhares transformados quando o investimento é concluído. São momentos formidáveis. Ser BA é fabuloso! É sem dúvida a melhor profissão que já exerci...” É preciso notar, que grande parte das empresas hoje criadas, são pequenas empresas, são elas que representam os motores de criação de novos postos de trabalho – software, hardware, saúde e biotecnologia, turismo, startups de produtos para o consumidor, que muitas vezes têm início com uma inspiração do inventor. Mas, nem os bancos nem as sociedades de capital de risco podem confiar no financiamento dessas operações pequenas e vulneráveis, principalmente quando elas apenas necessitam de poucos milhares de contos para sobreviver ou avançar. Os BA têm que se apressar a preencher esta lacuna, de forma a tornarem-se (à semelhança do que já acontece noutros países) numa das partes mais importantes do mundo dos negócios. Ao preencherem este elo inicial da cadeia de financiamento, eles poderão possibilitar depois, numa fase mais avançada do negócio a entrada de novos parceiros e investidores (por exemplo sociedades de capital de risco), derivando daí mais valias, que o BA pode aplicar novamente em negócios seed. É um verdadeiro ciclo virtuoso, que só uma ferramenta como o Capital de Risco proporciona. IV - SER BUSINESS ANGEL EM PORTUGAL Em Portugal, ainda estamos nesta matéria algo atrasados relativamente à restante Europa. Embora já haja um clube formado, o certo é que ele começou agora a dar os primeiros passos, sendo necessária ainda uma fase de evangelização continuada. As razões deste atraso, prendem-se com factores de diversa ordem: 1) Razões Culturais a. Os portugueses não gostam de correr riscos. Existe uma cultura conservadora muito forte, daqueles que possuem capacidade financeira para proporcionar empréstimos, assumir capital próprio, ou financiar empreendimentos comerciais baseados em produtos novos sem provas dadas. b. O individualismo lusitano. A cooperação nunca foi nosso apanágio. E o capital de risco, é sobretudo partilha e cooperação. 2) Razões Fiscais a. Não existe na legislação portuguesa qualquer menção a este tipo de investidores. Porque não, colocar este tipo de investimentos, em iguais circunstâncias com os planos poupança, por exemplo. Um enquadramento fiscal favorável a estes investidores, quer na participação financeira de empresas não cotadas, quer na alienação das participações efectuadas desde que, as mais valias obtidas fossem reinvestidas, seria por certo uma medida eficaz. 3) Razões de Divulgação a. O desconhecimento que muitos ainda têm nesta matéria, é de facto outro dos óbices que Portugal enfrenta neste tema do Capital de Risco. Ainda existem muitas pessoas a pensar que o Capital de Risco é só para os grandes capitais, para os negócios da Internet, etc, etc... a comprovar que tal não é verdade queria deixar uma história que se passou com o director de operações da Technology Capital Network em Massachusetts: “Tivemos um fabricante de chocolates, a Paris Chocolates.” “O angel experimentou o chocolate, disse que era o melhor chocolate que alguma vez tinha provado, e passou um cheque na hora.” Para que histórias como esta não aconteçam só nos E.U.A, para que também possam vir a existir Bill Gates em Portugal, para que Portugal não se atrase mais nesta nova revolução, urge dinamizar o capital de risco em Portugal, nomeadamente através de redes de BA, pois pertence a eles o papel fundamental no financiamento desta Nova Economia. Se tal acontecer, por certo que em Portugal à pergunta da profissão, muitas respostas serão: Business Angel! Texto preparado por: Sérgio Paulo P. Soares Póvoas Director de Operações – Gesventure, Desenvolvimento de Novas Tecnologias, Lda
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