i - introduo - Revista Eletrônica Interdisciplinar

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Date: 2009.12.09 11:03:51 -02'00'
ANÁLISE E CARACTERIZAÇÃO DE BENZODIAZEPÍNICOS
1- Menandes Alves de Souza Neto 1
2- Gisele Almeida Amaral 2
RESUMO
Atualmente, existem medicamentos capazes de atuar sobre a ansiedade e a
tensão. Estes são denominados ansiolíticos, ou seja, os benzodiazepínicos.
Eles possuem nomes químicos que geralmente terminam pelo sufixo pam. Há
uma grande quantidade da comercialização dos benzodiazepínicos, mesmo
considerando que esses ansiolíticos tenham sua venda controlada através do
receituário de controle especial tanto nas drogarias quanto nas farmácias de
manipulação. Neste artigo de revisão cientifica estaremos abordando este tema.
Palavras-chave: benzodiazepínicos, ansiolíticos, consumo, sexo, ansiedade,
tensão.
ABSTRACT
Currently, there are drugs that act on the anxiety and tension. These are known
as benzodiazepines, or benzodiazepines. They have chemical names that
usually end in the suffix pam. There are a lot of marketing of benzodiazepines,
even considering that these anxiolytics have their sale controlled by special
control prescription drug stores as well in pharmacies. In this review we will be
addressing the scientific theme.
Keywords: benzodiazepines, anxiolytics, consumption, sex, anxiety, tension.
INTRODUÇÃO
A vida moderna, o corre-corre do dia a dia faz com que as pessoas
tenham muitas tensões, cobranças e preocupações, as quais provocam
desconforto emocional, causando stress e ansiedade. Tais motivos levaram ao
aumento do consumo de drogas ansiolíticas e benzodiazepínicas. Este
Trabalho visa comparar o consumo de benzodiazepínicos entre drogarias e
farmácias de manipulação na cidade de Goiânia no ano de 2003.
1
2
Professor Me. Faculdades Unidas do Vale do Araguaia
Professora Esp. Faculdades Unidas do Vale do Araguaia
2
Em termos biológicos, a ansiedade pode ser considerada como forma
particular de inibição comportamental que ocorre em resposta a acontecimentos
ambientais que são novos, não gratificantes ou punitivos. Muitas vezes a
ansiedade está associada a certos tipos de patologias como hipertensão, asma,
hipertireoidismo, distúrbios do pânico, câncer, podendo causar desconforto
grave ao paciente (SILVA, 1998).
Os agentes ansiolíticos estão entre as substâncias prescritas com
maior freqüência e utilizadas regularmente por mais de dez por cento da
população na maioria dos países desenvolvidos.
Os ansiolíticos surgiram em 1950, com o meprobamato, que
praticamente desapareceu após a descoberta do clorodiazepoxido, em 1950. A
partir daí, segui-se uma série de derivados que se mostraram muito eficientes
no controle da ansiedade, insônias e certos distúrbios epiléticos. A
benzodiazepina, sintetizada na década de 50, tem mais de 2000 derivados.
Existem 19 substâncias comercializadas no Brasil, com mais de 250 nomes
comerciais. O meprobamato foi sendo abandonado e as benzodiazepinas
dominam completamente os tratamentos farmacológicos das neuroses e das
formas de ansiedade. Além da grande eficiência terapêutica, mostraram-se
drogas muito seguras. Têm uso terapêutico como ansiolítico, hipnótico e
síndrome de dependência do álcool. O crescimento do seu consumo foi
vertiginoso entre 1960 e 1980 e estima-se que cerca de 10% da população
adulta dos países desenvolvidos faz uso de diazepínicos, regular ou
esporadicamente (CEBRID, 2004)
Classificação Farmacológica
Segundo SILVA (1998) os fármacos disponíveis no arsenal terapêutico
contra a ansiedade podem ser classificados em:
Benzodiazepínicos – a classe mais importante utilizada no tratamento
dos estados de ansiedade de insônia;
Agonistas dos receptores 5-HT – recentemente introduzidos mostrando
atividade ansiolítica com pouca sedação.
Barbitúricos – na atualidade são em grande parte obsoletos como
agentes ansiolíticos/sedativos, embora sejam algumas vezes prescritos.
3
Antagonistas dos receptores ß-adrenérgicos – utilizados principalmente
para reduzir os sintomas físicos de ansiedade (tremor, palpitação etc), nenhum
efeito sobre o componente afetivo.
O potencial de abuso dos benzodiazepínicos, culminando com a
produção da síndrome de dependência é um fenômeno clínico relativamente
recente. Foi somente a partir de meados dos anos 70 – quando os primeiros
estudos clínicos evidenciaram o desenvolvimento de dependência e sintomas
de abstinência em doses terapêuticas – que se passou a considerar o risco dos
benzodiazepínicos para induzirem abuso ou dependência. Mesmo assim,
durante algum tempo considerava-se a própria dependência como uma
complicação rara. Nessa época, o diazepam tornou-se, em pouco tempo, o
benzodiazepínico mais vendido dentro da classe dos sedativos, hipnóticos e
ansiolíticos, chegando a liderar o ranking das medicações mais prescritas nos
Estados Unidos entre 1972 a 1983 (CASTRO e LARANJEIRA, 2000).
Muito desta relutância em aceitar o potencial de abuso dos
benzodiazepínicos deve-se ao perfil benigno dos seus efeitos adversos,
tornando-o uma droga segura em relação aos barbitúricos e outros sedativos
hipnóticos. No começo dos anos 80, quando se demonstrou que 50% dos
usuários crônicos de benzodiazepínicos (acima de 12 meses) evoluíam com
uma síndrome de abstinência, esta visão ‘complacente’ dos benzodiazepínicos
alterou-se acentuadamente.
Para CASTRO e LARANJEIRA (2000), as principais vantagens dos
benzodiazepínicos, quando comparados aos antigos sedativos hipnóticos eram:
menor potencial letal para depressão respiratória e do SNC; menor potencial
para induzir tolerância e dependência; Maior margem de segurança dos efeitos
sedativos e ansiolíticos
Partindo para uma caracterização dos usuários, estima-se que 1,6% da população adulta é
usuária crônica de benzodiazepínicos, principalmente os pacientes do sexo feminino, acima de
50 anos e apresentando problemas clínicos crônicos, tais como transtornos de ansiedade
(HANSON, 1995, p.119 ).
Os indivíduos que abusam de benzodiazepínicos, geralmente o fazem
para lidar com as reações, por exemplo, ao estresse devido ao luto,
desemprego, etc. Com a expectativa de que tais medicações podem ajudá-los a
resolver os seus próprios problemas, ou então, simplesmente busca do estado
4
motivacional para a realização de suas atividades cotidianas. “Quando os
pacientes adquirem tolerância a algum desses efeitos tendem a procurar um
médico com o objetivo de persuadi-lo a prescrever um benzodiazepínico, ou
então, compram de forma ilegal a medicação” (CASTRO e LARANJEIRA, 2000,
p.256).
Durante nossa rotina de trabalho nos chamou a atenção a grande
quantidade de benzodiazepínicos dispensados, o que despertou nosso
interesse por esta classe de medicamentos.
Para
esses
mesmos
autores,
os
usuários
crônicos
de
benzodiazepínicos são classificados em 4 tipos principais:
Usuários Médicos: são os usuários que são medicados com
benzodiazepínicos por indicação médica, como é o caso dos pacientes
portadores
de
doenças
músculo-esqueléticas
assim
como
espasmos
musculares e neurológicos, como, por exemplo, epilepsia. Os usuários médicos
raramente desenvolvem abuso ou dependência dos benzodiazepínicos, quando
comparados aqueles com insônia ou estados ansiosos.
Uma possível explicação para esta observação clínica é a menor
prevalência de características de personalidade e sintomas psiquiátricos entre
os pacientes que são medicados por razões médicas. Além disso, existe muita
controvérsia se a prescrição de benzodiazepínicos para determinadas
condições médicas, particularmente as doenças músculo-esqueléticas é efetiva.
Usuários diurnos: são os usuários que fazem uso de benzodiazepínicos
por indicação psiquiátrica, tais como: ansiedade crônica, como transtornos
fóbicos. Clinicamente, os pacientes caracterizam-se por serem mais jovens, não
manifestando doenças físicas e uso dos benzodiazepínicos por curto período de
tempo.
Usuários Noturnos: são os usuários caracterizados pela presença de
alterações crônicas do sono. Estima-se que 15% dos idosos fazem uso de
algum hipnótico para tratar a insônia. É o grupo predominante dentre os quatro
tipos de usuários de benzodiazepínicos. Os pacientes caracterizam-se por
serem idosos, predominantemente do sexo feminino, sendo comum a presença
de doenças físicas e estado depressivo crônico. Costumam tomar baixas doses
dos benzodiazepínicos, entretanto, são os usuários que mais relutam em tratarse, quando desenvolvem dependência. Porém, quando se submetem a alguma
5
intervenção psico-social, como terapia de relaxamento que, costumam aceitar
o tratamento para descontinuar ou reduzir o uso de benzodiazepínico.
Poli-usuários de Drogas: são usuários que engloba um pequeno grupo
de pacientes, que fazem uso caótico e ilícito de outras drogas como, opióides,
psico-estimulantes.
Segundo
CASTRO
e
LARANJEIRA
(2000),
os
usuários
de
benzodiazepínicos caracterizam-se pelos seguintes dados clínicos
- Pacientes mais jovens;
- Uso de altas doses diárias de benzodiazepínicos;
- Maior exposição aos benzodiazepínicos;
- Presença de vários problemas psico-sociais e clínicos causados pelo
abuso de drogas ilícitas.
Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos
no nosso cérebro que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade.
Assim, quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias,
determinadas áreas do nosso cérebro funcionam exageradamente resultando
num estado de ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário
isto é, inibem os mecanismos que estavam hiperfuncionantes e a pessoa fica
mais tranqüila como que desligada do meio ambiente e dos estímulos internos
(CEBRID, 2004).
Os benzodiazepínicos possuem grande margem de segurança, sendo
raro os casos de morte por ‘overdose’. Entretanto, isso fez com que muitos
médicos
prescrevessem
de
forma
abusiva
os
benzodiazepínicos,
principalmente os de ação mais curta, tais como, o diazepam, o alprazolam e o
lorazepam, acreditando que se tratavam de uma classe de medicação
desprovida de risco de induzir dependência. O uso prolongado de altas doses
de benzodiazepínicos para tratar transtornos psiquiátricos primários (estados
ansiosos e alterações do sono, principalmente as queixas de insônia), que
compreendem períodos acima de quatro a seis semanas, pode levar ao
desenvolvimento de tolerância, abstinência e conseqüentemente dependência,
particularmente quando se prescreve doses elevadas de benzodiazepínicos de
alta potência e de meia-vida curta, como o midazolam, lorazepam, alprazolam
(CEBRID, 2004).
6
Análise e Caracterização dos Benzodiazepínicos
Existem medicamentos que são capazes de atuar sobre a ansiedade e
tensão. Atualmente, estes tipos de medicamentos são denominados de
ansiolíticos, ou seja, que ‘destroem’ (lise) a ansiedade. Estas drogas foram
chamadas de tranqüilizantes, destinados às pessoas em estado de estresse,
tensão e ansiedade (CEBRID, 2004).
Dessa forma quando falamos em ansiolíticos estamos falando,
praticamente, dos Benzodiazepínicos. De longe, os Benzodiazepínicos são as
drogas mais usadas em todo mundo. Estes têm nomes químicos que
geralmente terminam pelo sufixo pam (BALLONE, 2004).
Os atuais problemas de saúde pública, referentes ao abuso dos
benzodiazepínicos, podem ser devido ao abuso nas indicações desses
medicamentos.
Legalmente, os medicamentos são divididos em duas categorias: os
que dependem de prescrição (receita) para compra e os de venda livre. Os
medicamentos de receita obrigatória – considerados seguros para uso apenas
sob supervisão médica – podem ser fornecidos somente mediante uma receita
por escrito de um profissional habilitado como, por exemplo, médicos.
Os benzodiazepínicos são controlados pela ANVISA – Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – sendo que drogarias e farmácias de
manipulação só podem vendê-los mediante receita especial do médico que fica
retida para posterior controle (ANVISA, 1998). Para melhores esclarecimentos
ver anexo 1 e 2.
O diagnóstico de pacientes estudados em experiências clínicas
controladas com benzodiazepínicos correspondentes a distúrbios de ansiedade
generalizada em que se considera uma classificação da Organização Mundial
da Saúde (OMS), ou seja: ansiedade persistente generalizada manifestada por
sintomas das seguintes categorias:
Tensão motora: instabilidade, agitação, nervosismo, tremores, tensão,
mialgias, fatigabilidade, incapacidade para relaxar, contração muscular da
pálpebra, testa enrugada, face extenuada, desassossego, sobressalto, diplopia.
7
Hiperatividade
do
sistema
nervoso
autônomo:
sudorese,
palpitações, taquicardia, frio, mãos frias e pegajosas, boca seca, tontura, delírio,
parestesias (formigamento das mãos ou pés), distúrbios estomacais, acessos
de calor ou frio, micção freqüente, diarréia, desconforto epigástrico, nó na
garganta, rubor, palidez, pulso e respiração muito rápidos em repouso.
Expectativa apreensiva: ansiedade, preocupação, medo, reflexão e
pressentimento do infortúnio para si mesmo ou para outros.
Vigilância e vigília: estado de hiperalerta que resulta em distração,
dificuldade de concentração, insônia, sensibilidade extrema, irritabilidade e
impaciência.
Ressalta também as manifestações relacionadas à ansiedade e tensão
tais como:
- distúrbios funcionais cardiovasculares e respiratórios, tais como:
pseudo-angina do peito, ansiedade precordial, taquicardia, hipertensão
psicogênica, dispnéia, hiperventilação;
- distúrbios funcionais gastrintestinais, como: síndrome de cólon
irritável, colite ulcerativa, dor epigástrica, espasmos, distensão abdominal e
diarréia;
- distúrbios funcionais geniturinários, como: bexiga irritável, freqüência
urinária alterada; e outros distúrbios psicossomáticos, tais como: cefaléia e
dermatoses psicogênicas;
Os efeitos colaterais dos fármacos são, sintomas moderados,
transitórios e que ocorrem em decorrência de dose diária elevada ou
sensibilidade individual, ocorre sonolência, hipotonia muscular, amnésia
anterograda (descrita essencialmente com os benzodiazepínicos injetáveis),
sensação de embriagamento, fadiga, cefaléia, vertigens, constipação. ‘Rash’ e
prurido podem ocorrer, em decorrência de sensibilidade individual. Estes efeitos
colaterais podem ser observados muito raramente, assim como a elevação das
transaminases e da fosfatase alcalina, assim como icterícia. Têm sido descritas
reações paradoxais, tais como, excitação aguda, ansiedade, distúrbios do sono
e alucinações.
Pode-se observar alguma perda de eficácia a hipnóticos após uso
repetido por algumas semanas (ROCHE, 2004).
Hipersensibilidade: Reações de hipersensibilidade como vermelhidão
8
cutânea, inchaço ou queda da pressão podem ocorrer em indivíduos
suscetíveis.
Dependência: O uso de benzodiazepínicos e similares pode levar à
dependência física e psíquica. O risco de dependência aumenta com a dose e
duração do tratamento; história prévia de dependência ou abuso de álcool ou
outras substâncias agravam este risco. A ocorrência de síndrome de
abstinência é provável naqueles pacientes que desenvolveram dependência e
interrompam o uso abruptamente. Portanto, a descontinuidade do remédio deve
ser feita sob orientação médica. A síndrome de abstinência se caracteriza por
cefaléia, dores musculares, ansiedade extrema, tensão, inquietação, confusão e
irritabilidade. Nos casos severos, os seguintes sintomas podem ocorrer:
desrealização,
despersonalização,
adormecimento
e
formigamento
de
extremidades, hipersensibilidade à luz, ruído ou contato físico, alucinações e
crises convulsivas.
Efeito rebote: Consiste de uma síndrome transitória, na qual os
sintomas que levaram à indicação de tratamento com o benzodiazepínico ou
similar, reaparecem em grau mais elevado quando da interrupção do uso.
Podem estar presentes ainda os sintomas de mudanças de humor, ansiedade e
inquietação. Mesmo quando utilizado por relativo período de tempo, a
interrupção do uso pode levar a uma redução transitória do sono, ou mesmo ao
ressurgimento de sintomas semelhantes aos que levaram ao tratamento, só que
em menor escala.
Amnésia: Os benzodiazepínicos podem induzir amnésia anterógrada.
Onde ocorre mais freqüentemente nas primeiras horas após a ingestão do
produto, e portanto, para diminuir o risco de sua ocorrência, deve-se assegurar
a possibilidade de o paciente poder desfrutar de 7 a 8 horas para dormir de
modo ininterrupto após a administração.
Reações psiquiátricas paradoxais: Reações como inquietação,
agitação, irritabilidade, agressividade e mais raramente de delírios, furor,
pesadelos,
alucinações,
psicose,
comportamento
inadequado
e
outros
transtornos do comportamento podem ocorrer associados ao uso de
benzodiazepínicos. Caso isto ocorra, o uso da medicação deve ser
interrompido. Estas reações são mais prováveis em pacientes idosos.
9
Depressão:
A
depressão
preexistente
pode
irromper
com
sintomatologia nítida durante o uso de benzodiazepínicos.
Dirigir veículos e operar máquinas: A sedação, amnésia, distúrbios
da atenção e o comprometimento da função muscular são efeitos que podem
ser observados e que comprometem a capacidade de dirigir veículos e operar
máquinas. Se vier a ocorrer insuficiente duração do sono, é provável que o
prejuízo da atenção seja ainda mais grave (CEBRID, 2004).
No caso de uso de diazepínicos durante a gravidez, foi detectado em
vários estudos o risco de malformações congênitas associadas com
tranqüilizantes menores assim como por exemplo o Diazepam dentre outros,
durante o primeiro trimestre de gravidez (CEBRID, 2004).
Podem ocorrer algumas reações adversas, assim como, sonolência
durante o dia, embotamento emocional, atenção prejudicada, cansaço, dor de
cabeça, tontura, fraqueza muscular, ataxia ou visão dupla. Quando vistos, estes
fenômenos ocorrem predominantemente no início do tratamento e geralmente
desaparecem com a administração contínua. Outros efeitos adversos como
gastrintestinais, mudanças na libido ou reações de pele têm sido descritos
ocasionalmente.
Os benzodiazepínicos estão contra-indicados no tratamento de
pacientes com insuficiência hepática severa, pois podem desencadear
encefalopatia. Não são indicados para tratamento primário de doenças
psiquiátricas. Além disso não devem ser utilizados isoladamente para o
tratamento de depressão ou ansiedade associada à doença depressiva devido
ao risco de suicídio potencial destes pacientes. Seu uso deve ser feito com
extrema cautela em pacientes com história prévia de abuso de álcool e/ou
outras drogas.
No caso de gravidez e lactação o diazepam e seus metabólitos
atravessam a barreira placentária e atingem o leite materno. E também a
administração contínua de benzodiazepínicos durante a gravidez pode originar
hipotensão, diminuição da função respiratória e hipotermia no recém nascido.
No caso da presença de doença hepática ou renal, síndrome cerebral
crônica
ou
glaucoma
de
ângulo
fechado,
os
pacientes
devem
ser
cuidadosamente monitorizados e se necessário à dose desse medicamento
deve ser reduzida.
10
No tratamento da miastenia, a administração de benzodiazepínicos, só
deve ser feita sob rigorosa vigilância médica. Nos casos de depressão: antes de
tratar um estado ansioso associado à instabilidade emocional, deve-se
assegurar que o paciente não sofre de depressão que requeira tratamento
específico ou complementar. Em pessoas idosas, a prudência se impõe neste
caso, e deve se diminuir a posologia. O risco de agravação da insuficiência
respiratória impõe prudência e redução da posologia. A suspensão brusca do
tratamento com benzodiazepínicos pode levar a uma síndrome de privação, o
qual pode ter como sintomas: alterações menores: irritabilidade, ansiedade,
mialgias, tremores, insônia de rebote e pesadelos, náuseas, vômitos;
excepcionalmente, alterações maiores: convulsões isoladas, estado de mal
mioclônico com síndrome confusional, podem aparecer após alguns dias, e são
geralmente precedidos por sintomas menores.
Pode ocorrer dependência quando da terapia com benzodiazepínicos.
O risco é mais evidente em pacientes em uso prolongado, altas dosagens e
particularmente em pacientes predispostos, com história de alcoolismo, abuso
de drogas, forte personalidade ou outros distúrbios psiquiátricos graves.
Assim no sentido de minimizar o risco de dependência, os
benzodiazepínicos só devem ser prescritos após cuidadosa avaliação quanto à
indicação e devem ser administrados por período de tempo o mais curto
possível. A continuação do tratamento, quando necessário, deve ser
acompanhado, já que a duração prolongada do tratamento só é justificada após
cuidadosa avaliação dos riscos e benefícios.
Em indivíduos normais e pacientes, a interrupção do tratamento com
benzodiazepínicos depois de várias semanas ou meses provoca aumento nos
sistemas
de
ansiedade,
juntamente
com
humor
e
vertigem.
Os
benzodiazepínicos de ação curta causam efeitos de abstinência mais abruptos.
Em virtude dos sintomas físicos de abstinência, os pacientes têm
dificuldades em abandonar o uso de benzodiazepínicos, todavia, a dependência
psicológica grave, como a que ocorre prontamente com muitas drogas que
levam ao abuso não é um problema significativo.
No manejo da superdosagem dos diazepínicos, deve-se levar em conta
que na maioria dos casos, várias substâncias são geralmente ingeridas. Após
uma ingestão exagerada de benzodiazepínicos, a primeira providência é a
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indução de vômitos (se o paciente se encontra consciente), ou lavagem gástrica
com proteção das vias aéreas contra a aspiração, em pacientes desacordados.
Se o esvaziamento gástrico não for eficaz, deve-se ministrar carvão ativado
para reduzir a absorção.
O
mecanismo
de
ação
dos
benzodiazepínicos
consiste
em
potencializar a resposta ao GABA, facilitando a abertura dos canais de cloreto
ativados pelo GABA. Eles ligam-se especificamente a um sítio de ligação ao
GABA, e atuam de modo alostérico aumentando a afinidade do GABA pelo
receptor (SILVA. 1998).
Os
benzodiazepínicos
não
afetam
os
receptores
de
outros
aminoácidos, como glicina ou glutamato. Por motivos desconhecidos, a
potencialização da resposta neuroronal ao GABA aplicado, parece ser mais
pronunciada do que a potencialização das respostas sinápticas, além disso o
efeito dos benzodiazepínicos de potencialização
do GABA atinge um nível
máximo em baixas concentrações e fica reduzido quando se aumenta a
concentração, de modo que é possível que os outros mecanismos possam
contribuir para seus efeitos globais (SILVA, 1998).
Os benzodiazepínicos atuam como depressores do SNC, produzindo
todos os seus níveis de depressão, desde uma leve sedação até hipnose,
dependendo da dose. Calcula-se que por exemplo o clonazepam estimule os
receptores de GABA (ácido gama aminobutírico) no sistema reticular ativador
ascendente. Dado que o GABA é inibidor, a estimulação dos receptores
aumenta a inibição e bloqueia a excitação cortical e límbica, após estimular a
formação reticular do talo cerebral. (SILVA, 1998).
Segundo RANG e RITTER (2001), os efeitos mais importantes dos
benzodiazepínicos são exercidos sobre o sistema nervoso central e consistem
em:
Redução da ansiedade e de agressão: Os benzodiazepínicos
exercem acentuado efeito de domesticação, permitindo que os animais
dependendo da espécie sejam manipulados com mais facilidade. Ou seja, os
benzodiazepínicos reduzem o número de ataques por parte do animal
dominante e aumenta o número de ataques dos quais são aferidos. Com
exceção
do
alprazolam,
os
benzodiazepínicos
não
exercem
efeitos
antidepressivos. Por outro lado tais elementos produzem um aumento na
12
irritabilidade e na agressão em certos indivíduos. Fato particularmente
observado com a droga de ação ultracurta triazolam, sendo geralmente mais
comum com os compostos de ação curta. Provavelmente refere-se a uma
manifestação de síndrome de abstinência dos benzodiazepínicos, que ocorre
com todas essas drogas, mas que é mais intensa com drogas onde sua ação
desaparece em curto intervalo de tempo.
Sedação e indução do sono: Os benzodiazepínicos diminuem o
tempo para que o indivíduo atinja o sono e aumentam a duração do mesmo,
sendo que este último efeito é visualizado apenas em indivíduos com ciclo de
sono inferior a seis horas por noite. Porém tais efeitos costumam ter notável
declínio quando os benzodiazepínicos são administrados regularmente durante
um intervalo de uma a duas semanas. Qualquer agente hipnótico reduz a
proporção do sono REM, enquanto os benzodiazepínicos interferem menos do
que outros hipnóticos. A interrupção artificial do sono REM provoca irritabilidade
e ansiedade, mesmo com a quantidade total de sono não sendo reduzida, e o
sono REM perdido. Acredita-se que o sono REM desempenha alguma função,
e sua redução relativamente pequena provocada pelos benzodiazepínicos
constitui um ponto favorável.
Redução do tônus muscular da coordenação: Os benzodiazepínicos
reduzem o tônus muscular através de uma ação central totalmente alheia a seu
efeito sedativo. Os experimentos feitos com camundongos testam a
coordenação medindo-se o período de tempo durante o qual a cobaia
permanece sobre um bastão de plástico horizontal em rotação lenta ou o tempo
que leva para escapar do confinamento, subindo pelo interior de uma chaminé
tubular. Tal desempenho em habilidades acrobáticas é afetado pelos
Benzodiazepínicos e por outros sedativos, mas não fica claro se determinados
fármacos apresentam seletividade nesse aspecto em outras espécies. Estudos
realizados em seres humanos não conseguiram demonstrar quaisquer
diferenças entre os benzodiazepínicos. Em estados de ansiedade nos seres
humanos é comum o aumento do tônus muscular, sendo este característico de
tal estado, podendo contribuir em quadros de mialgias e dores, incluindo
cefaléia, que freqüentemente atormentam os pacientes ansiosos. Tendo em
vista tais quadros pode-se avaliar que o efeito relaxante dos benzodiazepínicos
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seja clinicamente útil. O tônus muscular aparentemente pode ser reduzido sem
que haja apreciável da coordenação.
Segundo os mesmos autores, todos os benzodiazepínicos exercem
atividade anticonvulsivante verificada em testes realizados em animais
experimentais.
Tais
elementos
mostram-se
altamente
eficazes
contra
convulsões quimicamente induzidas, causadas pelo leptazol, pela bicuculina e
por drogas semelhantes, mas sua eficácia é reduzida em relação a convulsões
eletricamente induzidas. Não foram notadas alterações no estado convulsivo
induzido pela estricnina em animais, com o uso de benzodiazepínicos. Tanto a
bicuculina quanto a estricnina podem bloquear a ação de transmissores
inibitórios
do
sistema
nervoso
central.
Como
os
benzodiazepínicos
potencializam a ação do GABA, mas não da glicina, a seletividade de sua ação
anticonvulsivante é explicável. O clonazepam, em virtude de sua ação
anticonvulsivante seletiva, é utilizado no tratamento de epilepsia, assim como o
diazepam, que é administrado por via intravenosa para controlar convulsões
potencialmente fatais no estado de mal epilético.
Os benzodiazepínicos são bem absorvidos quando administrados por
via oral, produzindo, em geral, concentração plasmática máxima em cerco de
uma hora. É absorvido no trato gastrintestinal. A eliminação do fármaco é lenta,
pois os metabólitos ativos podem permanecer no sangue vários dias e inclusive
semanas, com efeitos persistentes. O clonazepam por exemplo, é um fármaco
de meia-vida intermediária.
Com exceção do lorazepam, a grande maioria dos benzodiazepínicos
tem meia-vida longa, em geral entre 10 e 30 horas. Isso faz com que o
equilíbrio dinâmico da droga no organismo ocorra até depois de 3 dias de uso.
Todos os benzodiazepínicos são metabolizados no fígado e, por fim,
excretados na forma de conjugados de glicuronídio na urina, ou seja,
eliminação renal. Variam acentuadamente na sua duração de ação e podem ser
divididos, a grosso modo, em composto de ação rápida, média e prolongada.
Vários são convertidos em metabólitos ativos que possuem meia-vida de cerca
de 60 horas e é responsável pela tendência de muitos benzodiazepínicos a
produzir efeitos cumulativos e longas ressacas quando são administrados a
intervalos regulares. Os compostos de ação curta são aqueles metabolizados
diretamente por conjugação com glicuronídio.
14
- Ansiolíticos benzodiazepínicos disponíveis no Brasil
A seguir encontram se listados os fármacos benzodiazepínicos
disponíveis em nosso país.
N. Nome Químico
1 Alprazolam
2 Bromozepam
3
4
5
6
7
Clobazam
Clonazepam
clordiazepóxido
cloxazolam
Diazepam
8 lorazepam
9 Flunitrazepam
10 Flurazepam
11 Midazolam
12 Nitrazepam
Nome Comercial
Apraz , Frontal®, Tranquinal®
Brozepax®, Deptra®, Lexotan
Nervium® Novazepam®, Somalium®,
Sulpan®
Frisium®, Urbanil®
Rivotril®,Clonotril®
Psicosedin
Elum®, Olcadil®
Ansilive®, Calmociteno®, Diazepam®
Kiatrium®, Somaplus®, Valium®
Lorium®, Lorax®, Mesmerin
Rohypnol®
Dalmadorm®
Dormonid®
Nitrazepol®,Sonebon®
®
VII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BALLONE, Geraldo José Dr. Curso de Psicofarmacologia – Disponivel em:
http://gballone sites.uol.com.br/cursos/fármaco2. Acesso Maio /2004
CEBRID - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas.
Departamento
de
Psicobiologia/
UNIFESP
Disponível
em
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