Perfil Rondônia 1997
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Perfil Rondônia 1997
Federação das Indústrias do Estado de Rondônia - FIERO Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia Porto Velho, RO - 1997 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Ficha Catalográfica preparada pelo Setor de Documentação do SENAI-DR-RO. Federação das Indústrias do Estado de Rondônia. Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia. Porto Velho, 1997. 1. Política industrial - Rondônia. 2. Rondônia - Indústrias. 3. Rondônia - Condições econômicas. I. FIERO. II. Título. CDU 338.45 (085) (085):338.45(811.1)"1997" Direitos reservados à FIERO. Composição gráfica, “copy-desk”, revisão, “layout” e editoração eletrônica a cargo de MC&A - Consultoria e Assistência Empresarial Ltda. com editor MS-Word 8.0 e planilha Excel 7.0 Impressão, montagem e encadernação a cargo da Divisão de Reprografia do SENAI-DR/RO Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 PARTE I CENÁRIOS, POLÍTICAS E PERFÍS A primeira parte deste trabalho, dividida em nove capítulos, está voltada ao objetivo de traçar o mais completo e abrangente perfil do Estado de Rondônia e de suas potencialidades, sem esquecer de sua inserção no quadro nacional e a análise dos fatores exógenos e endógenos que contribuem para o seu desenvolvimento. Aqui se apresentam aqueles fatores que interferem na vida econômica e social como um todo, portanto determinantes para o planejamento do Estado de Rondônia ou de seu municípios, e instrumentos indispensáveis à iniciativa privada na tomada de decisões. Seus dados são na verdade, as bases que determinam o planejamento, mesmo quando se trata de temas setoriais. São determinantes ainda enquanto paradigmas que descortinam possibilidades que limitam ou alavancam o desenvolvimento. Qualquer análise ou planejamento de curto e médio prazos, para se respaldar em bases concretas, deve, obrigatoriamente, levar em conta esses fatores, suas interrelações, seus desdobramentos, soluções e tendências . Caso contrário, serão desprovidos de realismo e incorrerão em erros grosseiros, limitando-se a produzir mais um documento sem qualquer utilidade objetiva. A partir de um estudo de situação abrangente, em que se focam as atuais tendências mundiais e nacionais, se propõem alguns cenários possíveis para o desenvolvimento estadual. Em seguida se passa à descrição dos aspectos geopolíticos e ao conhecimento detalhado das potencialidades, ensejando-se capítulos próprios a questões básicas para o Estado, que são sua administração, seu meio-ambiente, seu potencial energético e os transportes. Por último, analisam-se em detalhes a configuração e as atividades dos setores primário e secundário da economia de Rondônia, completando-se assim o desenho de seu perfil sócio-econômico e produtivo. Os capítulos desta Parte estão assim titulados: Capítulo 1 - Cenários Alternativos Regionais Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos do Estado de Rondônia Capítulo 3 - A Administração Pública do Estado de Rondônia Capítulo 4 - A Questão Ambiental no Estado de Rondônia Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia Capítulo 7 - O Setor Primário Capítulo 8 - Perfil da Indústria do Estado de Rondônia Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia ***** Parte I - Cenários, Políticas e Perfis 9 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 10 Parte I - Cenários, Políticas e Perfis Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 1 CENÁRIOS REGIONAIS A região Norte brasileira é formada por sete Estados da federação: Amazonas, Pará, Tocantins, Rondônia, Roraima, Acre e Amapá. Soma uma área de 3,9 milhões de Km², o que eqüivale a mais de 45% do território nacional e uma população de 11,29 milhões, o que corresponde a 7,1% da população brasileira. O ecossistema amazônico, formado predominantemente pela floresta tropical no complexo hidrológico da bacia do rio Solimões-Amazonas, apresenta substancial diversidade e fragilidade ambientais. O comportamento econômico regional esteve estreitamente vinculado à produção da borracha em seus diversos ciclos, até o final da 2ª guerra. A partir daí entrou num longo período de estagnação e relativo isolamento econômico, com passagem de nível, reação econômica e política em meados da década de 70, através de governos que implementaram a ocupação dessa nova fronteira agrícola e a exploração de recursos naturais, com conseqüente indução da presença humana no Norte do país. Objetivava-se ocupar para não entregar. O primeiro grande movimento se deu através da Rodovia Transamazônica, na tentativa de um fluxo induzido de ocupação. Em seguida o fluxo se deslocou em direção a Rondônia. A partir dos anos 70, portanto, não só a região Norte, mas toda a Amazônia, intensifica um processo de ocupação pelo incremento do crescimento econômico e populacional, pela diversificação da estrutura produtiva e pela maior inserção à economia nacional. Entre 1970 e 1985, enquanto a economia nacional cresceu a taxas de 7% ao ano, a regional foi superior a 11%. A partir daí ocorreu uma retração da economia nacional que cresceu a uma taxa média de 1,23%, enquanto a da região, 5,77%. O PIB da região Norte passa de 2,16% do PIB nacional em 1970, para 5,4% em 1990, com ligeiro declínio em 1996, que registrou 4,6%, equivalente a US$ 25,3 bilhões. Esse diferencial de comportamento da economia regional, comparativamente a nacional, é decorrente em muito de efeitos retardados de investimentos, da transferência de capital para a região, em particular para Carajás, e da ampliação e dinamismo da Zona Franca de Manaus. Da mesma forma a população regional demonstrou crescimento acelerado em função da intensificação migratória, em particular nas décadas de 70 e 80, passando de 3,87% da população brasileira em 1970, para 6,8%, em 1990 e 7,1%, em 1996. Nesse período a taxa média de crescimento anual foi de 5%, duas vezes e meia a média brasileira. A população regional cresce de 3,6 milhões em 1970 para 11,29 milhões em 1996. Embora a população mais que triplique nesse período, a região Norte caracteriza-se pela menor densidade demográfica brasileira. Como resultante das dinâmicas econômica e populacional, o PIB per capita da região cresceu de US$ 196,7 em 1970 (55,91% do nacional) para US$ 1.367 em 1990 (71,9% do nacional) e US$ 2.240 em 1996 (aproximadamente 65% do PIB per capita nacional). O acelerado crescimento dos anos 70 a 90 foi acompanhado de uma alteração na estrutura produtiva regional, com incremento significativo no setor industrial, tendo por base a Zona Franca de Manaus e o processo de industrialização ocorrido no Estado do Pará. Em contrapartida os outros setores diminuem sua importância na participação relativa da ecoParte I - Capítulo 1 - Cenários Regionais 11 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 nomia da região, mas, mesmo assim, o setor primário mantém ainda uma maior participação na produção nacional (em torno de 5,5%) comparativo ao setor industrial (3,5%), em 1996. Outro aspecto importante a ressaltar é o aumento da participação regional nas exportações brasileiras e a alteração de sua pauta, com substancial aumento dos produtos semielaborados no total exportado. A resultante econômica, populacional e de modernização trouxe em contrapartida alguns fatores negativos, em particular quanto ao meio ambiente, a aspectos sociais e de desigualdade intra-regional. Ocorre de pronto uma desigualdade e diferenciação intra-regional, condicionada por níveis de investimentos e de objetivos desiguais, com grande diferenciações sócioeconômicas e políticas. Como resultado destes fatores existem três pólos de desenvolvimento regional, desarticulados entre si e voltados prioritariamente para o Sudeste e para exportação: Carajás, núcleo eletro-eletrônico de Manaus e o pólo agrícola de Rondônia, que soma também parte do Estado do Acre. Ocorre assim, uma dupla desigualdade regional: o confronto e o desequilíbrio entre o moderno e o tradicional e entre os diferentes pólos de desenvolvimento, que disputam privilégios do Estado, os recursos naturais e o capital. Em relação ao meio ambiente a ocupação regional implicou necessariamente em desmatamentos com destruição de parcela significativa da floresta tropical, que manteve a partir de 1978 um incremento médio anual próximo de 0,5%. As questões sociais não encontraram soluções correspondentes ao dinamismo econômico, caracterizando-se pela persistência de um quadro de pobreza, desigualdade e subemprego. Mas, há que se ressaltar, que embora o processo acelerado e desordenado de ocupação, a maioria dos indicadores sociais da região em 1996, assemelham-se à média nacional: - taxa de analfabetismo: 13,6% - domicílios com abastecimento de água: 69,8% - domicílios com esgoto ou fossa séptica: 45,5% - desempregados e subempregados: 30,5% da PEA - domicílios com energia elétrica: 83% A região Norte registra um conjunto de fatores de resistências e de dinamismo ao crescimento, que interagidos formam as condicionantes de transformação do futuro regional. Os fatores de dinamismo ao crescimento traduzem-se na grande potencialidade de recursos naturais, na verdade a maior do planeta, e de algumas tendências em andamento: 1. Concentra cerca de 1/3 das florestas tropicais úmidas do planeta, com mais de 300 milhões de hectares de floresta densa e mais de 100 milhões de hectares de floresta aberta, o que abriga um total de madeiras comercializáveis da ordem de 45 bilhões de metros cúbicos de madeira em pé. 2. Constitui o maior banco genético do planeta, com cerca de 30% do estoque genético do mundo. Trata de um inestimável banco de dados vivo disponível para pesquisas no campo da genética e microbiologia e para o desenvolvimento de biotecnologia através dos seus diferentes ecossistemas, representados pelo material biológico de espécies animais, vegetais e microorganismos. O desenvolvimento da biotecnologia se baseia em grande medida na informação genética da biodiversidade, especialmente concentrada nas florestas tropicais úmidas, dominantes na região. 3. De seus solos 25 milhões de hectares não apresentam qualquer limitação à agricultura, além de vastas áreas de várzeas com grande potencial agrícola e ainda não exploradas. 4. Grandes reservas de elevados teores de minérios tradicionais (ferro, bauxita, ouro e cassiterita) e de minérios com novas aplicações tecnológicas (nióbio, manganês, titânio), que juntos somam a maior concentração mineral do planeta. Some-se ainda a descoberta de gás natural e petróleo que poderá abrir caminho para um novo pólo de desen12 Parte I - Capítulo 1 - Cenários Regionais Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 volvimento na Amazônia Ocidental e permitirá soluções alternativas de menor impacto ambiental na geração de energia. 5. Compõe uma bacia hidrográfica de quase 6 milhões de Km² reunindo um potencial hidrelétrico de mais de 50% do potencial brasileiro, além de vastos recursos pesqueiros. 6. Num futuro não remoto, provavelmente ou certamente, uma das maiores riquezas da região Norte diz respeito a água . Considera-se que menos de 0,5% da água do planeta está disponível facilmente para utilização. Hoje 80 países sofrem de escassez de água e este problema tende cada vez mais a se agravar e ser um dos principais fatores de disputas geoeconômicas e sociais . No mundo, quase 1,5 bilhão de pessoas não dispõe de água potável. Do total de água doce disponível, 2/3 encontra-se na região amazônica (em toda ela, não só na Amazônia brasileira). Do total, mais de 50% encontra-se na região Norte brasileira. Outro aspecto muito importante é que a contaminação da água na região Norte, através do comprometimento por esgotos domésticos e industriais, acúmulo de lixo nas margens dos rios, uso de agrotóxicos, é muito menor que em outras regiões do planeta. 7. Integra e articula um complexo ecológico transnacional pela continuidade e contiguidade da floresta, juntamente com amplo sistema fluvial, o que torna a região Norte fator de unificação de vários subsistemas ecológicos da América Latina. 8. Tendência de ampliação e propagação dos pólos de desenvolvimento, ou seja, o aumento de seu raios de influência em torno dos quais novas cidades e atividades econômicas vão gravitar. 9. A integração com a Venezuela e Caribe, através da pavimentação da rodovia BR174, ligando Manaus, Boa Vista, BV-8, Caracas e os Portos Cabello e La Cruz, no Atlântico Norte. 10. A integração com o Oeste europeu, pela hidrovia Rio Madeira - Rio Amazonas e Atlântico Norte. 11.Tendência de urbanização. Embora a ocupação regional associe-se numa primeira instância à terra, seu crescimento populacional está se dando de forma acentuada em aglomerados urbanos. Neste caminhar, algumas cidades deverão desempenhar um papel catalisador. 12. A possibilidade da integração continental, ligando a Amazônia Ocidental ao Pacífico, que permitirá um maior intercâmbio comercial com os países andinos numa primeira fase e, posteriormente, com os EUA e Ásia. 13. Possibilidade de consolidação da ALCA - Associação de Livre Comércio das Américas - com possível impacto em nações de menor estrutura industrial e maior aproximação com os Estados Unidos. As potencialidades regionais se transformaram num foco de atenção mundial, por conta de suas riquezas e pela cada vez maior consciência dos problemas globais de conservação ambiental. Esses aspectos fazem da região Norte um palco de disputas geopolíticas que somados a problemas endógenos podem ser determinantes para o futuro regional. Entre os principais fatores endógenos de resistência às mudanças destacam-se: 1. Fragilidade e instabilidade do sistema ecológico, vulnerável à ocupação econômica com tecnologias inadequadas, já caracterizadas pelo intenso desmatamento, ameaçando a redução da principal potencialidade e riqueza regional. 2. Realidade sócio-cultural, marcada ainda pela forte cultura extrativista do caboclo e das nações indígenas, o que leva a um processo traumático e conflitivo na ocupação econômica, somado à deficiência de recursos humanos quer por índices de alfabetização, quer por níveis de escolaridade, universo este que não se coaduna com as exigências de um novo caminho de desenvolvimento. Parte I - Capítulo 1 - Cenários Regionais 13 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 3. Economia de periferia, distante dos grandes centros nacionais e internacionais consu-midores, criando relativo isolamento da região, com conseqüente aumento dos custos de integração regional. 4. Dificuldades de ocupação humana na região, tendo em conta a densidade florestal, a intensidade das chuvas, elevado teor de umidade relativa e temperaturas também elevadas, o que propicia meios favoráveis à proliferação de pragas e doenças na agricultura, doenças endêmicas no homem, e dificultando o transporte interno. 5. Conflitos de terra, caracterizados, de um lado pela cultura dos “posseiros” e, de outro, por empresários rurais que definem suas próprias leis e suas próprias terras e o Estado quase que invariavelmente caminhando a reboque desta situação. 6. Deteriorização do sistema e das instituições de pesquisa na região, diminuindo a capacidade de domínio das informações genéticas da biodiversidade regional e, portanto, do apro-veitamento econômico desta riqueza. 7. Retração dos investimentos públicos e diminuição de recursos e mecanismos de incentivos ao desenvolvimento, incluindo a previsão da eliminação dos incentivos da Zona Franca de Manaus, no ano 2.006. 8. Alteração demográfica com redução das taxas gerais de crescimento populacional, decorrente do baixo crescimento vegetativo e da diminuição do processo migratório. 9. Reorganização da estrutura produtiva mundial e redução na demanda de matérias primas e recursos naturais e, principalmente, uma mudança do perfil desta demanda e uma maior exigência em qualidade, o que afeta diretamente a região Norte. 10. A Medida Provisória 1.511, de efeitos negativos a curto prazo, por ampliar a área de preservação obrigatória, induzindo a uma maior incerteza quanto aos investimentos na região. De médio e longo prazos positivos, por acatar as Leis de Zoneamento Ambiental dos estados, desde que devidamente aprovadas por organismos federais e obedecendo a escala de 1: 250.000. Esses aspectos apontam de pronto alguns desdobramentos: - o Estado de Rondônia passa a ser beneficiado a partir de 1998, quando terá concluída a 2ª aproximação do Zoneamento, obedecendo os preceitos exigidos pela M.P. 1.511; -os demais estados da região se obrigarão a instituir suas leis de Zoneamento, o que demandará um tempo não inferior a três anos e recursos médios, por Estado, superiores a US$ 30 milhões; -quando e se consumada essa exigência e com o devido acompanhamento e fiscalização de seu cumprimento, a região Norte passa a ter um direcionamento correto de ocupação e de explo-ração de seus recursos naturais, altera o seu “status quo” e passa a ser um exemplo para o país e para o mundo. Todos os fatores até agora elencados estão na dependência ou se vinculam ao comportamento nacional que, por sua vez, também dependem de fatores internacionais que caminham em direção à globalização. Os fatores mais importantes estão na inteira dependência da reformulação ou não do papel do Estado e da estabilidade da economia nacional, na possibilidade de implementação de políticas regionais, beneficiando aquelas de menor desenvolvimento e competitividade, da implementação de uma política ambientalista que defina com eficiência a proteção e o uso correto dos recursos naturais. Todas essas incertezas entretanto, dependem muito de ações políticas regio-nais capazes de negociar uma ação nacional para a região Norte e também da reforma dos estados da região. Para a análise de possíveis cenários para a região há que se combinar os fatores exógenos, nacionais e internacionais, os fatores endógenos e a ação dos atores regionais. Podemos inferir da interação dos diversos agentes, três cenários, a seguir descritos. Cenário A - Crescimento Econômico com Preservação A região Norte apresenta economia dinâmica e diversificada integrada ao contexto nacional, com elevada geração de renda e emprego, melhoria da qualidade de vida da popula14 Parte I - Capítulo 1 - Cenários Regionais Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ção e aproveitamento sustentável dos recursos naturais renováveis, assegurando a recuperação e conservação do meio ambiente. As condições do contexto nacional, dominado pelo dinamismo econômico e pela implantação de políticas regional e ambiental, deve impactar de forma decisiva sobre a realidade regional desatando um processo de reestruturação e reorientação do desenvolvimento. Aliadas à consolidação da ALCA ( Área de Livre Comércio das Américas) e à aceleração da revolução científica e tecnológica, com a valorização da biodiversidade da Amazônia, formam-se condições bastante favoráveis para o desenvolvimento regional sustentável. A articulação dos atores regionais viabiliza, por outro lado, a ação reguladora do Estado nacional na região Norte - principalmente os incentivos fiscais e financeiros reformulados - e a implantação de projetos que melhor aproveitem as potencialidades - hidrovias, energias alternativas e recuperação e fortalecimento do sistema de pesquisa. Além disso, a iniciativa dos atores regionais promove a reforma das instituições públicas, criando as condições técnico-operacionais para conferir eficiência às iniciativas e projetos regionais e estaduais, assegurando a efetividade dos seus resultados. Desta forma, deve ser ampliado o sistema de transporte hidroviário da região, fortalecidos e reorientados os incentivos de desenvolvimento regional, implantados parcialmente projetos de infra-estrutura e consolidado o sistema de pesquisa e inovação regional. Dos grandes projetos transformadores, não se implanta contudo, a Saída para o Pacífico, inibido pelas restrições ambientais. Cenário B - Modernização e Crescimento Predatório A Região Norte mantém sua posição na economia nacional e internacional como grande fornecedora de matérias primas e bens intermediários, baseado, especialmente na minero-metalurgia, registrando um crescimento moderado com ligeira perda de posição relativa na economia brasileira em processo de reconcentração, combinando a persistência de pobreza alta com degradação do meio ambiente natural. O moderado dinamismo da economia brasileira combinado com ausência de política regio-nal e limitada regulação no terreno ambiental expressam os condicionantes do contexto nacional que determina o futuro da Região Norte. Ao mesmo tempo, propaga-se a modernização tecnoló-gica na economia nacional e avança apenas parcialmente a formação da Área de Livre Comércio das Américas. Esta conjunção de fatores exógenos tende a moderar as potencialidades regionais e inibir os empreendimentos capazes de enfrentar os estrangulamentos e problemas e alavancar o de-senvolvimento da Região Norte. Apenas de forma parcial, no limite do interesse dos empreende-dores privados em parceria, implementam-se projetos de Saída para o Pacífico, hidrovias e infra-estrutura de transporte e energia, ao mesmo tempo em que se reduzem os incentivos regional de baixa eficácia e ocorre limitada recuperação do sistema de pesquisa e inovação. A articulação dos atores regionais não é suficiente para construir espaços favoráveis para políticas nacionais de de-senvolvimento regional e implantação de projetos e instrumentos centrais para a Região Norte. As instituições regionais e estaduais podem alcançar níveis de eficiência elevados, mas sua orientação não reguladora e não intervencionista diminui o poder de transformação das iniciativas públicas. Cenário C - Pobreza no Limbo Ecológico A economia da Região Norte é dominada pela estagnação com perda de espaço na economia brasileira em crise, apresentando elevados níveis de pobreza e moderada degradação ambiental, devido à redução do ritmo e intensidade da exploração econômica dos recursos naturais, preservando, parcialmente, o patrimônio da biodiversidade pela incapacidade de aproveitamento técnico e econômico. Parte I - Capítulo 1 - Cenários Regionais 15 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A permanência da instabilidade econômica e a persistência da crise do Estado no Brasil, têm como desdobramentos a ausência de política regional e a falta de política ambiental, pela incapacidade do setor público exercer um papel regulador da economia e sociedade brasileiras. A moderada propagação das novas tecnologias no processo produtivo tende a restringir a modernização da economia a setores produtivos isolados, mesmo assim, de forma limitada e parcial, como resultado da própria estagnação da economia nacional. Por outro lado, a lentidão na formação da Área de Livre Comércio das Américas, restringe os espaços de mercado no grande bloco americano para as regiões periféricas do norte brasileiro. Estas são as grandes tendências do contexto regional que devem condicionar fortemente o seu futuro, reduzindo suas potencialidades e agravando as dificuldades e problemas regionais. Como conseqüência, apesar da completa ausência de restrições ambientais para os grandes projetos regional, a carência de recursos e de prioridades não permite a implantação da Saída para o Pacífico e, apenas de forma parcial e tímida, viabiliza a implantação das hidrovias e da infra-estrutura econômica, além da manutenção de precários e reduzidos instrumentos e mecanismos de incentivos fiscais e financeiros para os investidores da região. Os atores regionais não encontram ambiente favorável no contexto nem conseguem se organizar e formar uma base política para negociação e ocupação de espaços no quadro nacional que viabilizassem iniciativas de desenvolvimento regional. Da mesma forma, não conseguem realizar as reformulações nas instituições estaduais e regional, que elevariam a capacidade indutora e promoveriam os processos endógenos de desenvolvimento. Comentários Sucintos quanto às Tendências A passagem de nível que a Nação brasileira esperava foi frustrada no governo Collor e é ameaçada no governo Fernando Henrique. O Plano Real, vitorioso quanto à inflação, ainda não avançou na busca de solidez com soluções para o déficit público, redirecionamento do papel do estado e alteração da âncora cambial pela fiscal, e se sustenta, agigantando a dívida interna, na âncora cambial, no estoque de moedas fortes hoje disponível e na redução drástica da liquidez através das elevadas taxas de juros, do achatamento da massa salarial e da diminuição de investimentos públicos e privados. As tão propaladas e necessárias medidas de reforma do estado ainda são tímidas e/ou inexistentes e o governo faz uso permanente de Medidas Provisórias como forma de remendos, de tapar pequenos buracos, mas que não conduzem a uma alteração substancial. Não se definiu claramente qual é o novo papel do Estado e o processo de privatização caminha lentamente, embora exista um conjunto de organismos da administração direta e indireta que, por sua própria existência, oneram o orçamento público sem nenhum benefício aparente e que devem, por isso mesmo, ser extintos ou privatizados. As dificuldades do governo no Congresso aumentam em função da aprovação da reeleição, o que na verdade antecipa a campanha e já a deflagra e pode inibir a aprovação de projetos de lei que possam gerar desgastes eleitorais. Esses mesmos mecanismos refletem de forma mais aguda nos Estados, onde governadores já estão em campanha com conseqüentes negociações políticas, que em nada beneficiam os estados e oneram ainda mais os orçamentos públicos. Da parte do governo federal ocorre uma diferenciação salutar comparativamente aos governos estaduais, tratando-se de que a marca da campanha é a sustentabilidade da moeda. Isso implica que o governo federal deve continuar buscando os objetivos que permitam esta sustentabilidade, com base antes de tudo na eliminação do déficit publico. A aprovação da quebra da estabilidade do funcionalismo público embora com determinadas restrições e carecendo ainda de regulamentação, é um indicativo da assertiva acima. É possível ainda que no corrente ano, 1997, seja aprovada a lei de reforma da Previdência e que algumas privatizações também ocorram. 16 Parte I - Capítulo 1 - Cenários Regionais Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Entendemos que alterações constitucionais de vulto esgotam-se aí, na atual administração federal. Com isso ficam comprometidas medidas como um pacto federativo, ou seja, de uma redistribuição de competência e encargos entre União, Estados e Municípios, a reforma tributária e o custo Brasil, a reforma patrimonial do Estado, entre outras. O governo deve ainda conviver com outros impasses, aparentemente insolúveis de curto e médio prazos. No processo de globalização, o Brasil precisa inserir-se de forma mais agressiva na economia internacional. Para isso precisa de uma economia competitiva em custos e qualidade, de forma a garantir a existência de setores dinâmicos através da exportação, o que bate de frente com a defasagem cambial e o custo Brasil, ligeiramente amenizado pela desoneração das exportações. De outro lado, é incompatível com o momento brasileiro contar com um mercado interno vigoro-so, o que exigiria uma política de distribuição de rendas mais eqüitativa, inicialmente via aumento real de salários, somada a um aumento da liquidez, via diminuição das taxas de juros e incremento de investimentos públicos e privados, o que certamente induziria a um recrudescimento do processo inflacionário. Do lado dos governos estaduais da Região, medidas saneadoras e de redirecionamento do papel do estado também são tímidas ou inexistentes, agravadas a partir de agora, pelo processo de reeleição. O único Estado da região que trabalha com orçamento equilibrado e com elevada capacidade de investimento, é o do Amazonas, muito mais pela arrecadação direta em função da Zona Franca de Manaus, do que pela reorganização de sua administração. A análise até agora efetuada permite pressupor a persistência da crise do Estado Nacional que deverá perdurar por um período não inferior a cinco anos, até o final do próximo governo, isto considerando uma continuidade administrativa. Quanto aos atores regionais, a tendência é a continuidade do que historicamente vem ocor-rendo, ou seja, a inexistência de um bloco político que trabalhe pela Região Norte, a exemplo do que ocorre com a região Nordeste. As ações continuarão sendo pontuais e compartimentadas em função das sub-regiões de interesse. A soma desses fatores, sinalizam que a economia regional deverá trilhar pelo cenário C, por um período pelo menos até o final do próximo governo, reiterando aqui a continuidade administrativa. Exceção se faz a esse cenário quanto à completa ausência de restrições ambientais. É provável que nessa fase, os Estados da região Norte, de forma total ou parcial estabeleçam suas leis de zoneamento ambiental, o que criaria as bases para um desenvolvimento mais sustentado na fase seguinte. Conclui-se portanto que a 1ª fase, Cenário C, deve perdurar até o ano 2.002, com as ressalvas anteriormente estabelecidas, quando a partir daí as mudanças constitucionais necessárias já estarão consolidadas, com geração de superávit público capaz de amortização gradativa da dívida interna e o real sendo sustentado pela âncora fiscal. Prevê-se portanto, uma 2ª fase da economia nacional, que deverá ocorrer a partir do ano 2003, onde a nação brasileira deverá voltar a crescer a taxas de 7% ao ano, o que permite pressupor para a Região Norte uma alteração de cenário e um crescimento superior a 10%, a exemplo do que ocorreu no período 1970 a 1985. Nessa fase, a economia regional poderá caminhar em direção ao Cenário B ou Cenário A, condicionada ao encaminhamento a ser dado aos principais fatores de mudança endógenos e exógenos e às ações dos atores regionais. Em sendo correta essa análise, os estados e municípios da Região Norte devem ajustar suas economias a esta realidade, ou seja, praticamente não contar com o apoio do governo federal, a não ser aqueles recursos constitucionalmente devidos, até o ano 2.002. Quanto a Rondônia, com sua Lei de Zoneamento Ambiental e com a 2ª aproximação em fase de conclusão, habilita e credencia o Estado para a busca de recursos internacionais, através de um programa de desenvolvimento nas áreas “liberadas”, que dê continuidade ao PLANAFLORO. Entende-se como uma obrigatoriedade do Banco Mundial dar continuidade ao Parte I - Capítulo 1 - Cenários Regionais 17 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 atual programa, a despeito de que, caso contrário, todos os esforços e recursos financeiros gastos terão sido de certa forma inúteis. • 18 **** • Parte I - Capítulo 1 - Cenários Regionais Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 2 ASPECTOS GEOPOLÍTICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS DA HISTÓRIA DE RONDÔNIA 1 - ASPECTOS HISTÓRICOS DA OCUPAÇÃO ECONÔMICA DO ESTADO 1.1 - O Ciclo das Descobertas A origem histórica da ocupação do atual Estado de Rondônia remonta ao século XVII, com a penetração das Bandeiras que visavam a caça ao índio e a procura de ouro, madeiras nobres e especiarias. Em 1650, uma Bandeira comandada por Raposo Tavares alcançava o Vale do Guaporé. No início do século XVIII os portugueses, partindo de Belém, subiram o Rio Madeira transpondo suas cachoeiras, atingiram o Rio Guaporé e chegaram até o arraial de Bom Jesus, antigo nome da localidade de Cuiabá. Com a descoberta das minas de ouro do Arraial de Bom Jesus e Vila Bela, tornou-se mais freqüente a presença dos portugueses na região do Guaporé/Madeira. Pelo Tratado de Tordesilhas toda esta região pertencia à Espanha. Com a penetração das Bandeiras e o mapeamento dos rios Madeira, Guaporé e Mamoré, no período de 1722 a 1747, houve uma redefinição dos limites entre Portugal e Espanha, realizada através dos Tratados de Madri e de Santo Ildefonso, e Portugal passou a ter a posse definitiva da região e a defesa dos limites territoriais. As demarcações da área ocorreram a partir de 1781. Esta fase, apesar de não proporcionar uma ocupação econômica efetiva na região, deixou em seu rastro os primeiros indícios de agregados populacionais, centrados principalmente na catequese jesuítica e na política de "conservação de fronteiras" de Sebastião José de Carvalho e Mello, o Marquês de Pombal, cuja ação mais importante na área resultou na construção do Real Forte Príncipe da Beira e na criação da capitania de Mato Grosso, tendo como mandatário o Capitão General Antônio Rolim de Moura. 1.2 - O Primeiro Ciclo da BorrachaA Revolução Industrial ocorrida no século XIX aumentou a demanda do mercado internacional da borracha e provocou um grande estímulo à sua produção na Amazônia, de onde era nativa. Esse fator desencadearia o hoje chamado "Primeiro Ciclo da Borracha" (houve um segundo ciclo, como se verá adiante), entre 1877 e 1880, trazendo como efeito o deslocamento de grande contingente de mão-de-obra para sua exploração, o que levou a produzir sensíveis transformações na região. Os fatores que influenciaram a formação dessa corrente migratória estão relacionados com a grande seca que assolou o Nordeste entre 1877 e 1880, e a intensa propaganda dos governos brasileiro e regionais, que acenavam com prêmios e facilidades para os migrantes. Por esta época, Rondônia recebeu mais de oito mil homens que adentraram os rios e se estabeleceram nos seringais. A crescente expansão da produção de borracha e a progressiva incorporação de novas áreas de exploração, levaram os brasileiros a ocuparem parte do território da vizinha Bolívia, gerando assim um conflito internacional. Como aquele país, que havia perdido sua costa marítima para o Chile, não dispunha de saída para o Pacífico, a solução do conflito redundou na incorporação, pelo Brasil, do Estado do Acre, com o pagamento de 2 milhões de libras de indenização e o comParte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 19 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 promisso de construir uma estrada de ferro, em terras brasileiras, que permitisse o acesso da Bolívia ao Rio Madeira, abaixo do último trecho encachoeirado, e daí com saída para o Rio Amazonas e o Oceano Atlântico. Esse acordo foi consumado pelo Tratado de Petrópolis, no ano de 1903, e a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré teve sua construção retomada em 1905. Foi concluída em 1912, numa extensão de 360 Km, e consolidou nos seus extremos os maiores pólos populacionais: GuajaráMirim, limite com a Bolívia, e Porto Velho, a jusante da última cachoeira do Rio Madeira. Ao longo dessa via se desenvolveram alguns núcleos habitacionais e floresceu uma pequena economia de subsistência. Contudo, desde o início do seu funcionamento a ferrovia sofreu um impacto negativo causado pelo desinteresse que logo atingiu a borracha natural brasileira, superada pelos seringais de cultivo implantados pelos ingleses na Malásia, através de sementes oriundas da Amazônia, que permitiram suprir o mercado internacional por preços menores. O desaquecimento da extração da borracha natural aliado à falta de uma política de ocupação para a região, não permitiu que se realizasse um povoamento efetivo. A ferrovia Madeira-Mamoré, portanto, nasceu praticamente deficitária. A nacionalização, em 1931, ao contrário do que se esperava, levou o déficit da ferrovia em crescimento contínuo até sua total inviabilidade, em 1971, quando foi desativada. Assim, o Primeiro Ciclo da Borracha, além de propiciar a construção da estrada de ferro, deixou como saldo populacional e econômico tão somente a ocupação de Guajará-Mirim e Porto Velho, exatamente os dois extremos da ferrovia, lançando a base para a formação de um mercado abrangendo as regiões Norte e Noroeste do Estado. 1.3 - O Ciclo do Telégrafo Após o declínio da borracha, Rondônia passa por um período de estagnação, a exemplo de toda a Amazônia, até o ano de 1940. A preocupação governamental com o isolamento e o esvaziamento da região resultou na decisão de implantar uma rede telegráfica entre Cuiabá e Porto Velho, cortando todo o Norte do Mato Grosso. Parte da região atingida por essa rede daria origem a Rondônia. À frente dessa missão estava o coronel Cândido Mariano da Silva Rondon, que, para a implantação da rede telegráfica, concluída em 1915, utilizou mão-de-obra do sul do país. Foram estes homens que, somados aos migrantes eventuais, criaram povoados nas localidades onde os postos telegráficos foram instalados: Vilhena, Marco Rondon, Pimenta Bueno, Vila Rondônia, Ariquemes, entre outros. Essa expedição concorreu para o processo da ocupação de Rondônia, não só pela implantação destes povoados como também através da demarcação de seringais remanescentes do ciclo da borracha e outros, doados por Rondon como prêmio a alguns de seus auxiliares. Ainda persistem alguns desses seringais, mas a grande maioria foi desapropriada e deu origem, após o ano de 1970, a projetos de colonização. O Ciclo do Telégrafo, ao contrário dos ciclos anteriores, cuja ação se inscreveu no Norte e no Noroeste do Estado, ocorreu no sentido Sul-Norte, deixando em sua esteira as raízes do que hoje são os municípios de Vilhena, Pimenta Bueno e Ji-Paraná, entre outros. 1.4 - O Segundo Ciclo da Borracha Em 1943, durante a 2ª Guerra Mundial, a Malásia ficou isolada da Europa pela ocupação do sudeste asiático pelos japoneses, o que fez renascer a importância dos seringais da Amazônia. Desta época data a última grande leva de migrantes para a região, composta quase que exclusivamente de nordestinos vinculados à exploração de seringueira, e denominados "Soldados da Borracha". Neste mesmo ano, o Presidente Getúlio Vargas criou os territórios federais, entre eles o Território Federal do Guaporé, posteriormente Território de Rondônia, desmembrado de terras do Amazonas e Mato Grosso. Em 1945 foram criados os municípios de Guajará-Mirim, que ocupava toda a região do Vale do Guaporé, e Porto Velho, abrangendo toda a região de influência da atual BR-364. 20 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Esse novo ciclo econômico, acompanhado da alteração institucional havida com a criação do Território, não veio gerar efeitos capazes de provocar transformações substanciais na região, visto que teve curta duração e, quando de sua exaustão, não surgiu qualquer sucedâneo capaz de provocar a incorporação da área ao espaço econômico nacional. Contudo, apesar do desaquecimento do mercado internacional da borracha, a região não se despovoou como no Primeiro Ciclo, mantendo alguns seringais ativos e prosseguindo o extrativismo da castanha e de algumas outras essências para atender o mercado europeu. Parte dos ex-soldados da borracha deixaram os seringais e se fixaram na Colônia Agrícola IATA, em Guajará-Mirim, criada em 1945, e na Colônia Agrícola do Candeias, em Porto Velho, criada em 1948. Os primeiros dados demográficos disponíveis registram no final da década de 40 uma população de 36.935 habitantes em Rondônia, sendo 13.816 na área urbana e 23.119 na área rural, tendo a cidade de Porto Velho cerca de 60% da população total da época. Além disso, o traçado telegráfico estabelecido por Rondon deu início, a partir de 1943, aos primeiros passos para a construção da BR-29, posteriormente denominada BR-364. 1.5 - O Ciclo da Cassiterita Em 1958 foram descobertos os primeiros aluviões de cassiterita em Rondônia, nas áreas de seringais, dando início ao extrativismo mineral sob o regime de garimpo. Essa atividade induziu o fluxo de migrantes oriundos de diversos estados brasileiros, que se concentravam em Porto Velho e em alguns povoados que praticamente haviam desaparecido com a desativação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Pelo fato da garimpagem ser manual, era grande a exigência de mão-de-obra, absorvendo praticamente 50% da população economicamente ativa da época além de permitir o fortalecimento do comércio, de serviços e de algumas ramificações industriais. Ao lado do fluxo de garimpeiros também acorreram ao Território migrantes agricultores, e o governo criou novas colônias agrícolas em Porto Velho, implantadas até o final do ano de 1960. Infelizmente, essas colônias não prosperaram, quer pela baixa fertilidade dos solos quer pela impossibilidade de concorrência com o garimpo. Entre 1958 e 1970 toda a economia local se desenvolveu à sombra da exploração da cassiterita. Entretanto, em 31 de março de 1971, através da Portaria Ministerial n.º 195/70, expedida pelo Ministério das Minas e Energias, ocorreu a proibição sumária da garimpagem manual, sob a alegação de que o garimpo tinha um percentual de aproveitamento reduzido e inviabilizava a exploração complementar mecanizada. Embalsava-se na alegação de que a exploração mecanizada era economicamente mais rentável. A medida culminou com a remoção dos garimpeiros para fora de Rondônia, e privilegiou um reduzido número de empresas de grande porte, predominantemente multinacionais, o que, ironicamente, encerrou o Ciclo da Cassiterita, já que deixaram de circular riquezas locais e o resultado econômico da exploração passou a ser aplicado fora do Território. Entretanto, a exploração mecanizada do minério significou o primeiro impulso industrial no Estado, e Rondônia passou, no final da década de 70, a ser o maior produtor brasileiro com 10.000 toneladas de cassiterita, representando 67,43% da produção nacional. Contudo, deve-se ressaltar que o mineral era exportado na forma bruta, sem qualquer beneficiamento industrial, além de se constituir num setor oligopolizado, o que acarretava limitação de emprego e de renda para o Território. Sem embargo das desvantagens econômicas e sociais advindas com a implantação da extração pelo regime de lavra mecanizada, essa atividade se constituiu na primeira experiência de empresa industrial em Rondônia. No final desse ciclo, em 1968, a BR-29, hoje BR-364, foi consolidada, fato que permitiu que, a partir de 1970, fosse iniciado o ciclo agrícola do então Território Federal de Rondônia, que permanece até hoje, e que iniciou a ligação econômica da região com os centros consumidores do Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 21 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Sul e Sudeste brasileiros. Em 1970, Rondônia contava com 111.064 habitantes, dos quais 84.048 residiam no município de Porto Velho. 1.6 - O Ciclo Agrícola 1.6.1 - Aspectos da Demografia e da Migração Cronologicamente sucedâneo do "Ciclo da Cassiterita", e beneficiando-se dos agregados populacionais de todos os ciclos anteriores, o "Ciclo Agrícola" consolidou a vocação de Rondônia como Estado produtor da Amazônia e entreposto comercial da Região Norte do país. As principais marcas desse ciclo são: a presença maciça de investimentos federais nos pro-jetos de colonização e a intensificação do fluxo migratório. O efeito imediato deste último fator foi a rápida formação de aglomerados urbanos e a ocupação efetiva do Estado ao longo da BR-364, de forma desordenada e veloz, o que tornou impraticável a ação do governo no que se refere ao controle ou antecipação do processo. O fenômeno ocorrido em Rondônia tem as mesmas características e é complemento da expansão da fronteira econômica do sistema produtivo, que ocupou num primeiro momento o Norte do Paraná, realimentou-se no Mato Grosso, e chegou a Rondônia, como último estágio de sua escalada para a ocupação da Amazônia. Este processo provocou no Estado a quebra da estrutura espacial existente e que até então estava condicionada aos ciclos extrativos, concentrando a economia nos municípios de Porto Velho e Guajará Mirim. Com o Ciclo Agrícola essa hierarquia foi alterada; o eixo de importância econômica do Estado deslocou-se para os municípios situados ao longo da BR-364, com tal intensidade que, dos então existentes, apenas dois, exatamente Porto Velho e Guajará-Mirim, não sofreram agregações populacionais em proporção às registradas na área de influência da BR-364. Outro dado a ressaltar, porque demonstra também a quebra da estrutura espacial existente na época, é que em 1950, antes do Ciclo Agrícola, havia em Rondônia 530 estabelecimentos rurais, perfazendo uma área total ocupada de 693.775ha, com média de 1.309ha por estabelecimento. Com o Ciclo Agrícola, em 1980, o Estado passou a ter 48.371 estabelecimentos, perfazendo uma área ocupada de 5.223.631ha, com média de 107ha por estabelecimento. Em meados da década de 70, a migração alcançou em Rondônia níveis percentuais jamais atingidos no país. Chegaram nesta época cerca de 285.000 migrantes, com destino principalmente à área rural, maior responsável pela absorção da população economicamente ativa. Esses migrantes, expulsos dos campos mecanizados do Sul, já traziam considerável experiência agrícola e vinham para Rondônia a procura de terra própria, o que explica em sua maioria destinar-se à zona rural. Assim, o Estado passou a destacar-se na região amazônica por sua singularidade, conforme se depreende do quadro abaixo: Comparativo da Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual (1950/1996) Rondônia/Região Norte/Brasil Período 1950 1960 1970 1980 1991 1996 Rondônia Quantitativo 36.935 70.783 116.620 503.125 1.130.874 1.231.007 % 6,72 5,12 15,74 7,64 1,71 Região Norte Quantitativo % 2.048.696 2.930.005 3,64 4.188.313 3,64 6.767.249 4,91 10.257.266 3,85 11.290.093 1,94 Brasil Quantitativo 51.944.397 70.992.343 94.508.583 121.150.573 146.917.459 157.079.573 % 3,16 2,90 2,51 1,77 1,35 Fonte: IBGE Destaca-se aqui o crescimento populacional do Estado na década 70, chegando a casa dos 15,74 %, contra 4,91 % da Região Norte e 2,51 % no Brasil. Disto resultou uma séria tensão social, que deu início à colonização oficial do Território com a criação do Projeto Integrado de 22 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Colonização (PIC) de Ouro Preto. Esta corrente migratória tornou-se cada vez mais forte, numa verdadeira explosão demográfica que levou o INCRA, como Coordenador da Política Agrária, a proceder a criação de vários Projetos Fundiários de Colonização e de Assentamento Dirigido, buscando a solução desse problema e a ordenação das novas ocupações. Constata-se também que, a partir da década de 80, houve um decréscimo acentuado na taxa de crescimento, em função das condições gerais do país, caracterizadas pela crise econômica, com influência marcante na retração do capital. Além disto colaboraram fatores inerentes ao Estado, especialmente o enfraquecimento das atividades extrativistas mineral e florestal, pelo declínio das principais culturas perenes: café, cacau e seringueira, todas afetadas pelo baixo preço, baixa produtividade e, no caso da seringueira, porque a borracha nativa perdera sua competitividade. O ritmo de crescimento populacional em Rondônia, continua em processo de desaceleração, fato que também ocorre nos outros estados, o que reflete a intensificação do declínio da fecundidade, ocorrido de forma generalizada no Brasil, principalmente a partir da década de 80. Além disso, os fluxos migratórios que se dirigiram para Rondônia na década de 70, perderam intensidade a partir dos anos 80. Os quadros a seguir confirmam os volumes demográficos desse crescimento. Anos 1950 1960 1970 1980 1991 1996 Evolução das populações urbana e rural de Rondônia - 1950/1996 Área Urbana Área Rural População Total % % % População População População 13.816 37,4 23.119 62,6 36.935 100,0 30.842 43,6 39.941 56,4 70.783 100,0 60.541 54,5 56.079 50,5 111.064 100,0 239.436 47,6 263.689 52,4 503.125 100,0 658.172 58,2 472.702 41,8 1.130.874 100,0 762.864 61,9 468.143 38,1 1.231.007 100,0 Fonte: IBGE A ordem de grandeza das taxas de crescimento populacional na década de 50 sugere que, além do crescimento natural, houve nesse período uma migração significativa, relacionada certamente com o 2º Ciclo da Borracha e início do Ciclo da Cassiterita. Na década de 60 houve um declínio no índice de crescimento populacional do Estado, que se pode atribuir à falta de sucedâneo imediato para o Ciclo da Cassiterita. Em números absolutos, a população de Rondônia passa de 116.620 habitantes no início da década de 70, para 503.125 em 1980, em 1991 para 1.130.874 e em 1996 para 1.231.007 habitantes. De 1991 a 1996, há uma tendência de acomodação, a exemplo do que ocorreu em outras regiões do país, visto que não foram criados novos estímulos por parte do governo federal. Do ponto de vista da origem, os migrantes que aqui chegaram são agricultores provenientes, em sua maioria, do Sul e Centro-Sul do país, e 2/3 do total passaram em pelo menos dois estados antes de Rondônia. Quanto aos estados, entre os que mais contribuíram para a migração, destacam-se, no ano 1980, o Estado do Paraná, com participação média de 39,0% do total, seguido do Mato Grosso com 17,5%, Mato Grosso do Sul 9,8% e São Paulo com 6,8%. Embora o Estado do Paraná tenha concorrido com o maior índice quanto à origem (local de nascimento), sua participação no que diz respeito à procedência é bem superior, o que indica que os migrantes passaram por vários estados antes de se estabelecerem em Rondônia. As causas determinantes da migração estão, no geral, relacionadas ao modelo econômico e à política de desenvolvimento de cada região. No caso de Rondônia, essas causas vinculam-se principalmente à erradicação de cafezais do Norte do Paraná e sua gradativa substituição por outras culturas de menor exigência de mão-de-obra, além de geadas no Sul do país e da seca do Nordeste. Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 23 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 No que diz respeito ao destino desses migrantes no Estado, destacou-se Porto Velho com 16,4%; Cacoal, 13%; Ariquemes, 10,1%; Rolim de Moura, 8,5% e Ji-Paraná com 8%. Foi observado que a maioria dos migrantes relacionados com a agropecuária destinava-se a Cacoal e Ariquemes, enquanto aqueles relacionados com o comércio e construção civil, em sua maior parte, destinava-se a Porto Velho. Permanece em evidência a agropecuária como ocupação habitual (22,1%), embora este índice seja bastante inferior aos registrados em anos anteriores, o que demonstra o surgimento de outras atividades econômicas no Estado. Outra informação importante diz respeito à idade dos migrantes que compõem a força de trabalho economicamente ativa: cerca de 41,4% encontravam-se na faixa de 15 a 29 anos. Na década de 70, a migração caracterizava-se por ser eminentemente do tipo: procedência rural-destino rural, coerente portanto com o decréscimo da população rural de outras regiões do país. Entretanto, esta característica vem se modificando gradativamente a partir de 1980. De rural-rural passou ser rural-urbana ou mesmo urbana-urbana, com valores em 1991 expressos por 58,2% de população urbana e 41,8% de população rural, caracterizando procedência e destinação urbanas. Aspecto relevante é que grande parte dos migrantes com destino rural passa por um estágio urbano involuntário, por conta da morosidade do aparelho estatal em realizar os assentamentos ou por dificuldade de aquisições de terras particulares. De qualquer forma, registra-se a existência de bolsões de miséria nos bairros periféricos das cidades, situações de subemprego e fome, além de sintomas localizados de insegurança social. Como regra geral, as cidades não estavam preparadas para suportar os impactos do fluxo migratório, sendo ainda comum a insuficiência de água tratada, energia elétrica e esgotos sanitários. Em virtude do alto custo para manter os Centros de Triagem e Migração e, entendendo-se que não havia um fluxo migratório tão intenso no início dos anos 90, o governo do Estado optou pela desativação dos Cetremis, interrompendo assim um acompanhamento mais efetivo do processo de migração. 1.6.2 - Aspectos da Estrutura Espacial Fundiária O Estado de Rondônia ocupa uma área de 238.512,8 km² e a maioria dos estabelecimentos rurais, cerca de 80%, possuem até l00ha, concentrando-se em 35% da área ocupada, denotando uma relativa desconcentração fundiária que se reveste de especial importância no que concerne à fixação da população nas áreas rurais. Os estabelecimentos com menos de l00ha empregam mais de 75% da força de trabalho agrícola. Isto se deve, em parte, ao tipo de exploração econômica destes estabelecimentos, com a predominância do cultivo temporário desenvolvido nos projetos de colonização implantados pelo INCRA, a partir de 1970. Informações emanadas da Comissão Pastoral da Terra, do Movimento dos Sem Terra, da Fetagro e Sindicatos de Trabalhadores Rurais, sinalizam no sentido da existência de aproximadamente vinte mil famílias de rurículas sem terras, enquanto que os registros fundiários do INCRA/RO mostram que os latifúndios rurais atingem uma superfície em torno dos quatro milhões de hectares, algo próximo a 17% da superfície territorial do Estado, concentrados em 1.800 imóveis. A este quadro se contrapõe uma distribuição equânime de aproximadamente onze milhões de hectares entre cerca de 90 mil famílias de agricultores, em sua grande maioria de pequeno e médio portes, o que gera uma melhor estrutura agrária. Esta distribuição modificou o regime de posse e uso da terra e incorporou terras ociosas ao processo produtivo, e contribui, em muito, para o desenvolvimento geral do Estado. O quadro a seguir resume a situação fundiária de Rondônia: Discriminação/Destinação de terras em Rondônia Tipo de Ocupação 24 ha Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Áreas Urbanas (Prefeituras) Áreas Indígenas (Funai) Áreas Preservadas (lbama) Áreas do Ministério do Exército Áreas do Ministério da Aeronáutica Áreas do Governo do Estado Áreas dos PICs e PADs (l) Áreas dos PAs (Machadinho, Cujubim, Urupá e Bom Princípio) (2) Áreas de, 24 Projetos de Reforma Agrária (3) Áreas de Concorrências Públicas (Corumbiara, Burareiro, Garças, Baixo Candeias, Igarapé Três Casas (4) Áreas de Projetos de Assentamento Rápido (80/82) (5) Reconhecimento de 283 Títulos dos Estado do Amazonas e Mato Grosso Regularização Fundiária via dos 4 PFs (6) Regularização Fundiária (em andamento) (7) Terras Devolutas da União (8) TOTAL 117.011 4.524.142 1.907.637 578.000 6.420 31.100 3.344.500 334.927 439.329 1.527.265 667.439 2.735.578 4.581.879 1.546.530 1.509.523 23.851.280 Fonte: INCRA-RO Observações: (l) - Na década de 70, foram assentadas 23.626 famílias em cinco PICs (Projetos Integrados de Colonização): Ouro Preto, Paulo de Assis Ribeiro, Gy-Paraná, Sidney Girão e Pe. Adolpho Rohl, e em dois PADs (Projetos de Assentamento Dirigido): Marechal Dutra e Burareiro. (2) - Os PAs (Projetos de Assentamento) implantados no período de 1981/83, com recursos do POLONOROESTE e do FINSOCIAL, beneficiaram cerca de 6.000 famílias em lotes médio de 50ha. (3) - Estes vinte e quatro Projetos de Reforma Agrária abrigam cerca de 8.600 famílias. (4) - Nestas licitações de terras, com Concorrência Pública sem preferência, foram alienados 1.260 lotes, com módulo rural variando no entorno de 2.000 ha. (5) - Os Projetos de Assentamento Rápido absorveram 11.139 famílias. (6) - A Regularização Fundiária concluída (títulos expedidos) no período de 1994, beneficia 38.611 imóveis rurais. (7) - A Regularização Fundiária em processo de Regularização (processos em andamento) envolve, atualmente, 8.976 imóveis rurais. (8) - Áreas disponíveis para destinação em função do uso, aptidão e da demanda. A conservação desta estrutura fundiária mais eqüitativa que a média de outros estados brasileiros significa, para Rondônia, que possui cerca de 40% de sua população na área rural, além da produção de alimentos, a capacidade de absorção da população economicamente ativa e conseqüente formação de mercado consumidor interno, e a possibilidade de engendrar atividades agro-industriais nos núcleos urbanos, que complementem o desenvolvimento e ampliem a geração de riquezas e oportunidades de novos empregos. 1.7 - A Industrialização em Rondônia Ainda que a industrialização do Estado seja objeto de capítulo específico, onde se transcre-vem os resultados da pesquisa realizada em 1997 sobre o tema, aqui se ressaltarão alguns aspec-tos da inserção histórica desta atividade no desenvolvimento econômico de Rondônia. Pelas características de seu perfil produtivo, desde o início da ocupação de seus espaços, o antigo Território Federal não ensejou o aparecimento de indústrias, limitadas, de outra parte, pela carência de infra-estrutura que facilitasse seu surgimento e desenvolvimento. Afora, talvez, as pequenas olarias nascidas para o suprimento de tijolos e telhas utilizadas na construção civil ainda Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 25 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 in-cipiente, e localizadas em Porto Velho e Guajará-Mirim, é possível afirmar-se que os primeiros equipamentos industriais surgidos foram os locomóveis das serrarias, pioneiras da industrialização no Estado. Mesmo em sua fase eminentemente extrativista, com a borracha e a castanha representando ponderável peso na pauta de exportação, não se verificou qualquer tentativa de industrialização ou simples beneficiamento destes produtos, a não ser de forma tardia, em relação ao primeiro, quando a produção de látex já entrava em declínio pela concorrência internacional. O beneficia-mento da castanha para fins de exportação, é ainda mais recente no quadro da industrialização de Rondônia. Pode-se igualmente afirmar que a descoberta de cassiterita em terras rondonienses ensejou um movimento de industrialização extrativa do mineral, com características ainda próximas da garimpagem, e que chegou a ter forte significado econômico, ainda que não tenha representado muito mais do que as atividades extrativas praticadas por pedreiras, areais e olarias. A colonização, iniciada em escala significativa através dos projetos patrocinados pelo INCRA, motivou, de sua parte, um forte apelo ao desenvolvimento da própria construção civil, que passou a ter nos órgãos governamentais uma fonte de serviços mais ou menos constante e em paulatina expansão ao longo de todo o eixo da BR-364. As pressões populares advindas do forte surto migratório, sentidas nos últimos anos do então Território, aumentaram o mercado de obras públicas, e trouxeram para Rondônia várias agências federais que estimularam, por seus servidores, o mercado habitacional, especialmente em Porto Velho. Pequenas indústrias caseiras, bem como oficinas de reparação de veículos, também se disseminaram por aquela época, na busca do atendimento à crescente demanda de bens industriais essenciais para a crescente população do Estado. Em outro movimento, a criação da Província Estanífera de Rondônia, a partir de 1970, e a proibição do garimpo manual da cassiterita, trouxeram os primeiros investimentos industriais de porte, representados pelas companhias mineradoras. A melhoria da malha viária, por sua vez, per-mitiu a rápida expansão da indústria madeireira, que se voltou majoritariamente para a exportação. Não por outros fatos estes segmentos (construção civil, madeireiro e minerador) capitalizam tanta importância no perfil do desenvolvimento industrial do Estado. Na década de 80, o que se observou a nível de industrialização, foi o crescimento no número de empresas dos segmentos madeireiro, mineral, construção civil e alimentos. Com exceção do segmento mineral, os demais, até os dias atuais, se incluem entre os mais significativos pelo número de empregos gerados. Observa-se o crescente nível de importância do setor de produtos alimentícios que representa atualmente em números aproximados 25% do total de indústrias do Estado, contra 20% alcançados em 1987. Igual comportamento verificou-se também com o segmento das indústrias me-tal-mecânicas, que passou de 4% em número de estabelecimentos em 1995, para 15% em 1997, sobre o total. A atividade garimpeira deve ser considerada em separado porque não se constitui numa atividade empresarial nos termos tradicionais. Mas, ainda que sua contribuição para o Estado seja bem menor do que a das mineradoras, ela produz muito mais do que estas, tanto em relação ao ouro quanto à cassiterita. O setor industrial, a despeito de uma série de condições adversas, principalmente em termos de infra-estrutura, e em função dos reflexos negativos produzidos pela crise econômica nacional sobre a região, passou por modificações que, de certa forma, têm influenciado na conformação de seu perfil. Entretanto, seu crescimento, na última década, é um fato inquestionável. Em 1984, existiam em Rondônia, aproximadamente, 690 indústrias; em 1994, o número de estabelecimentos industriais somaram 3.391 empresas, representando assim, um incremento da ordem de 491%. Em 1997 somam-se 3.754 indústrias (2.681 e 1.073, respectivamente na economia formal e informal). 26 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 As mudanças que marcaram o desenvolvimento do setor, nesse período, estão diretamente relacionadas com o aumento da demanda dos mercados de outras regiões do país por matérias primas e ao crescimento populacional. Somam-se a tais fatores as pressões ecológicas nacionais e internacionais sobre a região, impondo aos agentes produtivos várias restrições para a exploração dos recursos naturais, e aos agentes financeiros, várias regras limitantes do financiamento para a produção industrial. Esse conjunto de fatores exerceu influência em maior ou menor grau sobre determinados segmentos industriais; todavia, o que se observou aqui foi a diversificação das atividades do setor e a ampliação do beneficiamento e transformação das matérias-primas locais, fato este facilmente comprovado quando se observa a participação do segmento agroindustrial, principalmente do ramo de alimentos, no quadro total das indústrias do Estado. Uma melhor visão do setor industrial de Rondônia poderá ser obtida no capítulo dedicado ao perfil industrial do Estado. 2 - ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DO ESTADO 2.1 -Extensão, Localização, Limites e Divisão Política O Estado de Rondônia se localiza na Região Norte do Brasil, em área abrangida pela Amazônia Ocidental, e se limita ao Norte e Nordeste com o Estado do Amazonas, a Leste e Sudeste com o Mato Grosso, a Sudeste e Oeste com a República da Bolívia, a Noroeste com os estados do Amazonas e Acre, dentro das seguintes coordenadas - 7º55' e 13º45' de latitude Sul e 66º47' e 59º55' a Oeste de Greenwich, abrangendo uma área de 23.851.280 ha (238.512,8km²), correspondendo a 2,8% da superfície do Brasil e 6,19% da região Norte. O Estado encontra-se dividido em cinqüenta e dois municípios, nominados no quadro a seguir: Municípios do Estado - Alto Alegre dos Parecis - Alta Floresta do Oeste - Alto Paraíso - Alvorada d’Oeste - Ariquemes - Buritis - Cabixi - Cacaulândia - Cacoal - Campo Novo de Rondônia - Candeias do Jamari - Castanheiras - Cerejeiras - Chupinguaia - Colorado do Oeste - Corumbiara - Costa Marques - Cujubim - Espigão do Oeste - Governador Jorge Teixeira - Guajará - Mirim - Jamari - Jaru - Ji-Paraná - Machadinho d’Oeste - Mirante da Serra - Monte Negro - Nova Brasilândia do Oeste - Nova Mamoré - Nova União - Novo Horizonte do Oeste - Ouro Preto do Oeste - Parecis - Pimenta Bueno - Pimenteiras - Porto Velho - Presidente Médici - Primavera de Rondônia - Rio Crespo - Rolim de Moura - Santa Luzia do Oeste - São Felipe do Oeste - São Francisco do Guaporé - São Miguel do Guaporé - Seringueiras - Teixeirópolis - Theobroma - Urupá - Vale do Anari - Vale do Paraíso Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 27 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 - Ministro Andreazza - Vilhena 2.2 - Relevo A área do Estado apresenta variação de altitudes, prevalecendo a faixa entre 90 e 600 m. As maiores altitudes ocorrem ao Sul do município de Vilhena (acima de 500 m) e as menores ao Norte do município de Porto Velho (entre 90 e 200 m). Genericamente, o relevo de Rondônia é pouco acidentado, com pequenas elevações e depressões. As áreas mais acidentadas localizam-se próximas a Jaru, Sul de Rolim de Moura e em Colorado d'Oeste, que apresenta grandes elevações e depressões com altitudes variando entre 400 e 600 metros. 2.3 - Solos As unidades pedológicas que ocorrem em Rondônia pertencem a vários grupos onde predominam os latossolos. Ocorrem ainda os solos podzólicos, que podem ser eutróficos ou distróficos, areias quartzosas, terras roxas, brunizem, planossolo, glei pouco húmico, solos aluviais, solos litólicos e afloramento de rocha. A tabela seguinte mostra sua distribuição absoluta e relativa ao Estado: Distribuição das classes de solos de Rondônia Grande Grupo Área (km²) Latossolo (álico/distrófico) 104.643 Podzólico ( álico/distrófico/eutrófico) 75.975 Areia quartzosa 15.165 Plintossolo 10.409 Cambissolo 8.287 Glei pouco húmico 8.117 Litossolo 6.003 Hidromórfico indiscriminado 2.284 Aluvial 2.965 Afloramento rocha 291 Terra roxa estruturada 1.968 Planossolo 1.239 Glei húmico 24 Águas internas 1.142 TOTAL 238.512 FONTE: Embrapa % 44,92 31,26 6,24 4,28 3,41 3,34 2,47 0,94 1,22 0,12 0,81 0,51 0,01 0,47 100,00 Segundo a Embrapa, foram identificados em Rondônia 186.442 km² de solos aptos para lavouras, 8.626 km² para pastagem plantada e ainda 6.549 km² com possibilidades de utilização para silvicultura e pastagem natural. 2.4 - Hidrografia A rede hidrográfica do Estado de Rondônia é representada pelo Rio Madeira e seus afluentes, e composta de oito principais bacias, a saber: - Bacia do Guaporé - Bacia do Mamoré - Bacia do Abunã - Bacia do Mutum-Paraná - Bacia do Jacy-Paraná - Bacia do Jamari - Bacia do Ji-Paraná 28 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 - Bacia do Aripuanã O Rio Madeira, o maior afluente do Rio Amazonas, e um dos maiores rios do mundo, tem vazão média de 23.000m³/segundo; com seus 1.700 km de extensão em território brasileiro, atravessa o Estado, a Noroeste, e é formado por três rios importantes: Guaporé, Mamoré e Beni. O Rio Guaporé tem suas nascentes nos contrafortes meridionais da Chapada dos Parecis e vem fazendo o limite natural com a Bolívia. Entre as cidades de Costa Marques e Guajará-Mirim recebe o Rio Mamoré, passando a ter esse nome, até receber o Rio Beni, ambos originários dos planaltos andinos. Na altura da cidade de Abunã , recebe o rio do mesmo nome e passa a chamarse Rio Madeira. O Rio Madeira, de acordo com seu curso, pode ser dividido em dois trechos: o Alto e o Baixo Madeira. O primeiro trecho possui 360km de extensão e se apresenta todo encachoeirado até pouco acima de Porto Velho, não apresentando condições de navegabilidade pois possui 18 cachoeiras e um desnível de cerca de 72 metros, com uma declividade da ordem geral de 20 cm/km. O Baixo Madeira, com uma extensão de 1.340 km, vai da Cachoeira de Santo Antônio até sua foz, no Amazonas, trecho em que é francamente navegável. A seguir descrevem-se sucintamente as oito bacias que compõem a rede hidrográfica do Estado: a) Bacia do Guaporé O Rio Guaporé, em todo o seu percurso, forma a linha divisória entre o Brasil e a Bolívia, e recebe, do lado brasileiro, margem direita, como principais afluentes das nascentes para a foz, os rios: Cabixi, Escondido, Riozinho, Corumbiara, Verde, Mequéns, Colorado, Branco, São Miguel, Cautarinho, São Domingos e Cautário. O Rio Guaporé apresenta condições de navegabilidade a embarcações de pequeno e médio calados na época da vazante, e para embarcação de porte maior, no período das cheias. Os seus afluentes são de médio curso d'água, apresentando, a maioria deles, condições de tráfego fluvial somente nas enchentes, comportando embarcações de pequeno e médio calados. Esta bacia abrange uma área de aproximadamente 57.000km². b) Bacia do Mamoré O Rio Mamoré nasce na Bolívia, estendendo-se desde a confluência do Guaporé até receber o Rio Beni, extensão em que forma linha fronteiriça do Brasil com a Bolívia. Nesta faixa ele banha todo o Oeste do Município de Guajará-Mirim, desde Sudoeste até o Noroeste, tendo como principais afluentes, do lado brasileiro, os rios Pacáas Novos e Sotério. O Mamoré faculta o tráfego fluvial a embarcações de médio calado em qualquer época do ano, enquanto seus afluentes permitem a navegação, na seca, de pequenas embarcações e, de embarcações médias, somente no Rio Pacáas Novos, no período de cheias. A Bacia do Mamoré, dentro de Rondônia, ocupa uma área de, aproximadamente, 30.000 km². Estas duas bacias hidrográficas são de capital importância para o Vale do Guaporé, pois a região ainda é bastante carente em rodovias, contando apenas como sua principal via a BR-429 (Costa Marques - Presidente Médici). A hidrovia é, pois, o principal meio de transporte e comunicação para as comunidades ribeirinhas, instaladas ao longo do Guaporé/Mamoré. c) Bacia do Mutum-Paraná O Rio Mutum-Paraná,. afluente da margem direita do Rio Madeira é de importância relativa, porquanto somente tem significação como via de penetração para o interior da gleba Capitão Sílvio, cuja área, tipicamente extrativista, é inexpressiva em termos de produção. Sua bacia abrange uma superfície de, aproximadamente, 8.840km². Os primeiros afluentes do Rio Mutum-Paraná são os rios Cotia e Jacu, os quais apresentam, vários igarapés como tributários, sendo relevantes apenas na formação da drenagem da área, vez que possibilitam a navegação somente às pequenas embarcações. Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 29 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 d) Bacia do Abunã O Rio Abunã é de grande importância por ser responsável pela promoção da linha divisória dos limites internacionais Brasil/Bolívia, no extremo Oeste do Estado. Trata-se de um rio de mé-dio calado, permitindo embarcações somente no trecho compreendido pelas cachoeiras Nova Vida e do Barro, visto que, ao longo de seu curso, existem várias cachoeiras e corredeiras dificultando a navegação. As principais são: Cachoeira do Tambaqui, Cachoerinha, Nova Vida e do Barro. O Rio Abunã apresenta como principais tributários os rios Marmelo e São Sebastião, que são de baixo calado, facultando o tráfego fluvial apenas nos períodos de enchentes e para embarcações de pequeno porte. A área de abrangência da bacia hidrográfica do Rio Abunã é de, aproximadamente, 4.600km ² . e) Bacia do Jaci-Paraná Também afluente da margem direita do Rio Madeira, o Jaci-Paraná tem as mesmas características do Mutum-Paraná, tendo como principais afluentes os rios São Francisco e Branco. A bacia deste rio atinge uma área em torno de 12.000 km². f) Bacia do Jamari O Rio Jamari é de grande importância econômica para Rondônia, por ter sido represado para a formação da primeira Usina Hidrelétrica do Estado. Mesmo antes desta usina, o Jamari tinha grande valor como meio de transporte na região compreendida pelos municípios de Porto Velho e Ariquemes. O Rio Jamari tem como principais afluentes os rios Candeias - muito importante pela sua extensão e pela região que atende como meio de transporte - Branco, Novo e Preto. Esta bacia hidrográfica ocupa uma extensão territorial aproximadamente 31.300 km². g) Bacia do Rio Ji-Paraná ou Machado Este rio é o mais importante afluente do Rio Madeira, em Rondônia, dada a longa extensão de seu curso que corta o Estado desde o Sul até o Norte, no sentido Sudeste/Nordeste. Ele tem suas nascentes na junção dos rios Comemoração e Barão de Melgaço, que nascem nos municípios de Vilhena e Pimenta Bueno, respectivamente, e sua foz ocorre na altura da sede do distrito de Calama, município de Porto Velho. Neste trecho ele recebe as águas de vários rios e igarapés, sendo os principais os seguintes: Rio Preto, Jaruazinho, Machadinho, Anari, Jaru, Urupá, Muqui ou Ricardo Franco, Igarapé Boa Vista, Rio Luiz D'Alincourt, Rolim de Moura, Luiz Albuquerque, igarapés Esperança, Água Azul, Jatuarana, Prainha e Pimenta Bueno ou Apidiá, todos da margem esquerda, e os igarapés São Pe-dro ou Tarumã e Lourdes, e os rios Escondido, Riozinho, Barão de Melgaço e Comemoração na margem direita, além de inúmeros outros igarapés em ambas as margens desde as nascentes até a foz. Em dois dos principais afluentes do Barão de Melgaço, Rio Vermelho e Ávila, foram instaladas mini-usinas hidrelétricas. O Rio Machado é bastante encachoeirado, apresentando mais de 50 cachoeiras e corredeiras ao longo de seu curso, razão pela qual não é muito utilizado como meio de transporte no seu todo, sendo porém muito usado em vários trechos de seu curso, atendendo prioritariamente o escoamento de produções provenientes do extrativismo vegetal aos pontos de ligações rodoviárias. Sendo a maior bacia hidrográfica formadora do Madeira, no âmbito do Estado de Rondônia, seu complexo hidrográfico abrange uma superfície de aproximadamente 92.500 km². h) Bacia do Aripuanã Na região Sudeste de Rondônia, estão situadas as cabeceiras de vários rios, formadores da Bacia do Rio Aripuanã, principal afluente do Rio Madeira no Brasil. Destacam-se os rios da 30 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Dúvida, ou Roosevelt, Tenente Marques, Capitão Cardoso e outros, com área total de aproximadamente 10.000 km². Por serem rios extremamente encachoeirados oferecem grande potencial hidrelétrico, embora estejam, em sua maioria, dentro de áreas indígenas. i) Pequenos Afluentes do Rio Madeira No Rio Madeira, além dos afluentes formadores de bacias, existem inúmeros outros tributários, que não chegam a constituir Bacias Hidrográficas, dos quais os mais importantes se situam na sua margem esquerda, sendo que, no trecho compreendido entre Abunã a Calama, no âmbito do Estado, os principais afluentes são os rios: São Lourenço, Caripunas, Jatuarana e Abunã. Estes afluentes isolados do Rio Madeira e seus tributários abrangem uma superfície em torno de 6.800km². 2.5 - Clima 2.5.1 - Condições Térmicas O ambiente térmico do Estado é caracterizado por apresentar temperaturas médias, máximas e mínimas anuais oscilando, respectivamente, entre 24 e 26ºC, 28 e 33ºC, e 18 e 2lºC, ocorrendo os limites mínimos desses valores na localidade de Vilhena. Considerando-se as temperaturas mínimas, aponta-se a ocorrência de três zonas térmicas no Estado: a primeira se situa em torno de Porto Velho, a segunda abrange Guajará-Mirim e Ariquemes e a terceira indo de Ouro Preto a Vilhena, aí, registrando-se as menores temperaturas no Estado, que são em grande parte influenciadas pela ação conjunta do fenômeno da friagem e da altitude. O fenômeno da friagem consiste na queda de temperatura de maneira brusca e de curta duração, que atinge algumas áreas da Amazônia Ocidental. Em termos de insolação, os dados disponíveis de brilho solar para Porto Velho mostram a ocorrência de totais anuais em torno de 2.100 horas e com oscilação mensal entre 100 e 270 horas. 2.5.2 - Condições Hídricas A umidade do ar em termos médios anuais situa-se entre 75 e 83%, sendo que os valores mais elevados se concentram em torno de Porto Velho. Verifica-se que em todo o Estado o período mais úmido ocorre de dezembro a maio. A precipitação média anual varia de 1.800 a 2.400mm. A precipitação pluviométrica é, sem dúvida, o elemento que proporciona maiores diferenciações climáticas, quer em espaço como em tempo. Os valores anuais mais elevados são encontrados na área que engloba Porto Velho, e os menores em torno de Guajará-Mirim. O período de menor queda pluviométrica concentra-se no trimestre junho-agosto, registrando valores inferiores a 60 mm. 2.6 - Meio-Ambiente O meio-ambiente enquanto aspecto fisiográficao do Estado, mereceu um capítulo específico apresentado mais adiante neste trabalho. 3 - ASPECTOS DA INFRA-ESTRUTURA DE COMUNICAÇÕES 3.1 - Telefonia Os serviços de telefonia em Rondônia estão a cargo da Teleron - Telecomunicações de Rondônia S/A. A empresa estatal foi fundada em 05 de maio de 1973, como resultado da encampação, pela Telebrás, da Entel e da Centel, empresas que atuavam em Porto Velho e Guajará-Mirim. Atualmente ocupa posição de destaque entre as empresas de telecomunicações Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 31 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 da região Norte. Desde sua fundação a empresa tem crescido consideravelmente - a planta instalada de terminais convencionais acumulou um crescimento de 170% nos últimos dez anos. A preocupação com o desenvolvimento é constante. Equipamentos avançados tecnologicamente e modernos serviços vêm sendo implantados seguidamente. A empresa tem primado nos últimos anos pela qualidade tanto de seus recursos humanos, quanto pelos serviços prestados à comunidade. 3.1.1 - Serviços oferecidos • Telefonia Nacional Serviços de comunicação por voz que interligam todo o país, colocados à disposição dos usuários, via telefones individuais ou coletivos, através da rede nacional de telecomunicações. A telefonia nacional permite a realização de ligações locais e interurbanas, através de serviços automáticos de discagem direta ou via telefonista. • Telefonia Internacional Serviços de comunicações por voz que interligam o Brasil a todos os países do mundo, colocados à disposição dos usuários via telefones individuais ou coletivos, através da rede nacional de telecomunicações. • Serviços Especiais São aqueles que auxiliam e completam a prestação do Serviço Público de Telecomunicações, sendo designados por número de discagem, simplificados de 2, 3 ou 4 algarismos. Fazem parte destes serviços: os de Utilidade Pública de Emergência, os de Apoio ao Cidadão, os Serviços Especiais Básicos Telefônicos e não Telefônicos e os Serviços Especiais Verticais. • Serviços de Utilidade Pública de Emergência Polícia Civil Disque-Seqüestro Polícia Militar Pronto-Socorro Corpo de Bombeiros Energia Elétrica • Serviços de Apoio ao Cidadão Defesa Civil Ligue Luz Farmácias de Plantão Ligue Hemope - Doação de Sangue Água/Esgoto Sunab • Serviços Especiais Básicos Telefônicos e Não Telefônicos Permitem acesso a informações sobre os serviços de Telefonia, Telex, Renpac, Videotexto e outros, assim como a solicitação de consertos, serviços e reclamações. Os números de acesso a esses serviços constam nas listas telefônicas de cada empresa do Sistema Telebrás, destacandose: Auxílio da Telefonista Interurbano via Telefonista Auxílio à Lista Solicitação de Consertos Solicitação de Serviços Central Telefônica da Operadora de Telecomunicações • Serviços Especiais Verticais São serviços correlatos afins aos Serviços Públicos de Telecomunicações que visam atender necessidades quanto à obtenção de informações ou de serviço de utilidade no dia-a-dia da 32 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 vida do cidadão e dos vários segmentos da sociedade. O usuário do serviço arca com o custo da chamada. Hora Certa Despertador Telegrama Fonado Farmácia de Plantão Disque Amizade • Outros Serviços * Linha Privativa Esta modalidade de atendimento coloca seu telefone em linha direta em qualquer ponto do país, bastando tirar o fone do gancho e falar com sigilo garantido. * Busca Automática Serviço oferecido que permite a programação de várias linhas telefônicas em um único número chave. * Telecard Nacional Cartão de crédito telefônico emitido pela empresa telefônica local e que permite efetuar ligações telefônicas em qualquer cidade do país, debitando em número previamente designado. Este cartão habilita seu proprietário a efetuar ligações internacionais no sentido do Brasil para o exterior. • Serviços Suplementares São serviços adicionais ao serviço telefônico público, oferecidos por centrais CPA, que possibilitam aos seus usuários uma série de facilidades para agilizar e otimizar o processo de comunicação. Estes serviços são implantados segundo solicitação do cliente e, de acordo com a sua natureza, poderão ser programados pelo próprio usuário ou pela operadora. São eles: * Fac-Símile Serviço que permite a transmissão e recepção de mensagens, fotos e documentos, através da própria linha telefônica, colocando um terminal Fac-Símile (Fax) acoplado ao telefone. * Comunicação de Dados Permite a transmissão de dados entre dois pontos, através da linha telefônica, sem limite de distância e com velocidade que varia de 300 bps a 64 kbps, utilizando o telefone, um terminal de dados e um modem. Para estabelecer comunicação entre os computadores, basta telefonar para o local onde está o outro computador, acionar os modens e transmitir os dados. * Serviços de Interiorização e Popularização O programa de interiorização e popularização do uso do telefone tem por objetivo permitir que a parcela da população não atendida com o serviço individualizado também possa se beneficiar dos serviços telefônicos. São os telefones de Uso Público - TUPs, relacionados a seguir: * Telefone de Postos de Serviços Localizados principalmente em pequenos aglomerados urbanos e rurais, onde podem ser obtidas informações sobre o serviço telefônico e efetuadas ligações locais e interurbanas via telefones públicos, a ficha e cartão ou via operador, bem como em locais de grande movimento de público nas cidades. * Telefone Público Local Acionado a fichas, e destinado a ligações locais ou interurbanas a cobrar. Os aparelhos são de cor vermelha. * Telefone Público Interurbano Telefone público de fichas especiais, exclusivamente para ligações interurbanas. Distingue-se dos demais telefones públicos por sua cor azul. * Telefone Público a Cartão Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 33 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Telefone público acionado a cartão. Destinado a ligações locais e interurbanas, diretas e a cobrar. * Telefone Público Comunitário Telefone Público programado para receber ligações que não sejam a cobrar. * Telefone Semi-Público Aparelho telefônico que, mediante o acionamento de uma chave seletora, funciona ora como telefone público, ora como telefone particular. * Telefonia Celular A Telefonia Celular, já implantada pela Teleron, é um sistema independente da telefonia fixa ou convencional, mas que funciona de maneira integrada com aquela. O Serviço Celular permite a seus usuários, através de equipamentos portáteis, fazer e receber chamadas locais, interurbanos e internacionais de qualquer local dentro de sua área de cobertura e com mobilidade. * Serviço Público de Mensagens - SPM O SPM, em fase de licitação, é um serviço público suplementar ao serviço telefônico básico, implementado pela operadora através de recursos da rede de telecomunicações, com o objetivo de atendimento automático de ligações telefônicas (voz ou fax) permitindo originar, receber e armazenar mensagens e reenviá-las a outros usuários e gerenciá-las. Uma das aplicações do SPM é o Telefone Virtual, que irá beneficiar a população sem atendimento individualizado, os assinantes residenciais e não-residenciais que necessitem de um serviço de recados e também os profissionais liberais/autônomos. A população sem telefone próprio pode utilizar o Telefone Virtual através dos Telefones Públicos para acessar as mensagens e recados a ela destinados. •Telecentro Em fase de implantação, o Telecentro também complementará os serviços de interiorização e Popularização. É um centro de Tele-serviços comunitários que oferece serviços aos diversos segmentos da sociedade nas áreas urbana e rural, em regime de parceria com outras entidades públicas e privadas também interessadas na prestação de tais serviços. • Serviços de Faixa Larga O crescimento de demanda dos serviços de telecomunicações e o aparecimento de novos serviços que requerem elevadas capacidades de transferência de informação, associados às novas soluções tecnológicas de transmissão e comutação, tem fomentado o estudo e a experimentação das redes de Faixa Larga. O incremento tecnológico proporcionado pela evolução dos equipamentos e das atuais redes de cobre para redes ópticas de Faixa Larga possibilitará o oferecimento de serviços como: TV a cabo, Videofone, Vídeo-Conferência, Vídeo Interativo, Comunicação de Dados em Alta Velocidade, Acessos a Bancos de Informações e Correio Eletrônico, entre outros. 3.1.2 - Distribuição de Postos de Serviços O quadro a seguir demonstra as localidades atendidas com Postos de Serviços - 1996 Localidade Abunã Alta Floresta d’Oeste Alto Alegre dos Parecis Alto Paraíso Alvorada do Oeste Ariquemes Bandeira Branca Boa Vista do Pacarana 34 Sigla ABUN AFT AAPC APIS ADW AQS BDRA BVPC Prefixo do Terminal 544 641 442 535 412 535 471 441 Terminais em Serviço 02 04 01 04 03 12 01 01 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Localidade Bom Jesus Buritis Cabixi Cacoal - PS 1 Cacoal - PS 2 Cacoal - PS 3 Calama Cacaulândia Campo Novo de Rondônia Candeias do Jamari Canelinha Castanheiras Cerejeiras Chupinguaia Colina Verde Colorado d’Oeste Corumbiara Costa Marques Cujubim Espigão d’Oeste Estrela de Rondônia Fortaleza do Abunã Gov. Jorge Teixeira Guajará-Mirim Iata Jaci Paraná Jamari Jardinópolis Jaru Ji-Paraná - PS 1 Machadinho d’Oeste Ministro Andreazza Mirante da Serra Monte Negro Mutum-Paraná N. Brasilândia d’Oeste Nova Colina Nova Mamoré Nova Esperança Nova Estrela Nova Londrina Nova União Novo Colorado Novo Horizonte d’Oeste Ouro Preto d’Oeste Parecis Pimenta Bueno - PS 1 Pimenta Bueno - PS 2 Pimenteiras Planalto São Luiz Porto Velho - PS 1 Sigla BJSU BTIS CBXI Prefixo do Terminal 521 530 345 Terminais em Serviço 01 01 02 CWL 441 02 CLMA CAUL CMNV CDEY CNLA CSTH CJW CHG CLVE KLO CRBR CMR CJJU EOE ETDR FZUM GJT GUM IATA JAPA JMRS JDPS JAW JIPE MACH MNAZ MTRR MNK MUPA MBA NALN VANV NVEA NVET NALA NVUO NVCO NHDO OPO PREC PPW PPW PTRS PSLZ PVO 221 535 530 230 481 422 342 322 422 341 342 651 535 481 471 544 422 541 541 225 231 422 521 421 581 441 463 535 544 418 422 544 481 442 422 461 342 422 461 451 451 451 342 345 221 01 01 01 03 01 01 03 01 01 03 02 02 01 03 01 01 01 15 01 01 02 01 06 10 04 01 02 02 01 04 01 05 01 01 01 01 01 01 09 01 06 03 01 01 12 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 35 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Localidade Porto Velho - PS 2 Porto Velho - PS 3 Presidente Médici Primavera Posto do Gaúcho Príncipe da Beira Quinto BEC Riachuelo Rio Crespo Riozinho Rolim de Moura Rondominas Santa Cruz da Serra São Carlos Santa Luzia d’Oeste São Felipe São Francisco São Miguel do Guaporé Seringueiras Tarilândia Teixeirópolis Theobroma Urupá Vale do Anari Vale do Paraíso Vista Alegre do Abunã Vilhena Total Geral Sigla PVO PVO PYM PIVR PGUO PRPE QBEC RCHU RCR ROZH RMM ROND STCS SOCL SKZ SOFP SFGE SMGE SRGS TALA TXPP TORM URUW VEAI VALP VSBU VHA Prefixo do Terminal 222 223 471 451 321 651 581 422 535 441 442 422 521 223 434 442 422 422 422 422 422 521 413 581 422 544 321 Terminais em Serviço 10 05 02 01 01 01 01 01 01 30 08 01 01 01 02 01 02 03 01 02 01 01 02 01 01 01 04 252 Fonte: Anuário Estatístico - Teleron S/A - 1996 Localidades Atendidas com Central Telefônica Analógica Localidade Alta Floresta d’Oeste Alvorada do Oeste Ariquemes Cabixi Cerejeiras Colorado d’Oeste Costa Marques Espigão d’Oeste Guajará-Mirim Jamari Ji-Paraná Machadinho d’Oeste Ministro Andreazza Mirante da Serra Nova Brasilândia d’Oeste Nova Mamoré Ouro Preto d’Oeste 36 Sigla AFT ADW AQS CBXI CJW KLO CMR EOE GUM JMRS JIPE MACH MNAZ MTRR MBA VANV OPO Prefixo do Terminal 641 412 535 345 342 341 651 481 541 231 421 581 441 463 418 544 461 Terminais Instalados 600 640 4.110 160 640 1.000 480 1.500 2.000 280 5.200 320 33 300 320 160 2.000 Terminais em Serviço 431 553 3.930 116 561 865 422 1.240 1.905 100 4.878 288 30 230 282 146 1.893 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Porto Velho Porto Velho Porto Velho Santa Luzia d’Oeste Urupá Vilhena Total Geral PVO PVO PVO SKZ URUW VHA 221 222 223 434 413 321 10.400 5.200 3.070 340 320 3.110 42.183 9.047 5.066 2.445 226 180 2.602 37.436 Fonte: Anuário Estatístico - Teleron S/A - 1996 Localidades Atendidas com Central Telefônica Digital Localidade Cacoal Candeias Jaru Ji-Paraná Monte Negro Pimenta Bueno Porto Velho Porto Velho Porto Velho Porto Velho Presidente Médici Rolim de Moura Vilhena São Miguel do Guaporé Total Geral Teleron Sigla CWL CDEY JAW JIPE MNK PPW PVO PVO PVO PVO PYM RMM VHA SMGE Prefixo do Terminal 441 230 521 422 530 451 224 225 226 227 471 442 322 642 Terminais Instalados 5.010 400 2.500 2.889 131 2.048 7.335 2.546 723 3.460 1.500 2.500 1.300 265 32.607 74.790 Terminais em Serviço 4.593 231 2.340 2.765 114 1.960 3.669 2.472 703 2.997 1.037 2.283 1.058 188 26.410 63.846 Fonte: Anuário Estatístico - Teleron S/A - 1996 Localidades Atendidas através de Porto Velho via Rádio Localidade Sigla Prefixo do Terminais Terminal Instalados Cachoeira de Samuel CHSA 222/223/224 24 (Hidrelétrica) Santa Bárbara(Mineração STBB 223/224 12 MIBRASA) Fonte: Terminais em Serviço 23 10 Anuário Estatístico - Teleron S/A - 1996 Localidades Atendidas com Sistema Móvel Celular Localidade Sigla Prefixo do Terminais Terminal Instalados Ariquemes AQS 970/722 1.056 Cacoal CWL 960/726 709 Ji-Paraná JIPE 975/725 1.413 Porto Velho PVO 981/720 3.900 Porto Velho PVO TP 05 Rolim de Moura RMM 961/726 483 Vilhena VHA 995/727 483 Terminais em Serviço 568 388 845 3.847 05 215 468 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 37 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Guajará Mirim GUM 965 700 35 Total 8.744 6.371 Fonte: Anuário Estatístico - Teleron S/A - 1996 Observação: Em 1997 entrou em funcionamento, nos municípios de Ouro Preto e Jaru. 3.2 - Telecomunicações Criada a 16 de setembro de 1965, a EMBRATEL - Empresa Brasileira de Telecomunicações, recebeu do Governo Federal a missão de promover a integração de todo o país através de uma rede de telecomunicações. A missão foi cumprida e através dos trabalhos da EMBRATEL, o Brasil finalmente se integrou, possibilitando a comunicação com todos os municípios. O sucesso tecnológico e financeiro da Empresa levam-na a local de destaque no panorama mundial ao ocupar a 5ª colocação em todo o mundo. Em 1971 a EMBRATEL chegava a Rondônia para implantar um sistema em tropodifusão com capacidade de 120 canais, em substituição ao sistema da empresa privada Radional, composto de 6 canais. Mais tarde, em 1983, implantava um sistema em microondas de 1.800 canais, hoje expandido para 7.200, visando extinguir o isolamento ao qual o Estado de Rondônia estava condenado. A constante modernização da Empresa, trouxe em 1994 para Rondônia as Redes Digitais de Alta Confiabilidade, concebidas unicamente para o trânsito de sinais de dados, que fizeram surgir toda uma nova geração de serviços identificados com os padrões exigidos nos países dotados da mais avançada tecnologia. Desta forma, os serviços disponíveis no Estado em nada diferem daqueles oferecidos pela EMBRATEL em outros pontos do país, fazendo romper definitivamente o isolamento do Estado de Rondônia e colocando-o em pé de igualdade com o resto do mundo. Alguns dos serviços prestados pela EMBRATEL são a seguir especificados: • Renpac Dedicado Este serviço permite a comunicação de um ponto de transmissão de dados com qualquer assinante interligado à rede da EMBRATEL. É aplicado tipicamente na interligação de matriz a filiais de pequeno ou médio porte, na interligação de HOST a micros ou terminais inteligentes e na conexão de Base de Dados para uso público ou de grupo de assinantes. Suas principais vantagens são os baixos custos, a flexibilidade, decorrente de interligação com qualquer ponto da Rede, permite a operação de modo que a ligação seja cobrada no destino, opera em diversas velocidades até 9.600 bps, seus custos dependem do volume cursado no circuito, e possibilita a criação de sub-redes particulares. • Renpac Discado Permite a comunicação de um ponto de consulta de dados com qualquer base de dados interligada à rede da EMBRATEL. Seu uso mais freqüente se dá na interligação de filiais de pequeno ou médio porte à matriz e interligação de micros a Bases de Dados. Suas principais vantagens são: os baixos custos, a flexibilidade, decorrente da interligação com qualquer Base de Dados da Rede, também permite a operação de modo que a ligação seja cobrada no destino, opera em diversas velocidades até 9.600 bps, seus custos dependem do volume cursado no circuito e compartilha os equipamentos dos clientes. • STM-400 Este é um correio eletrônico para a troca de mensagens entre os assinantes. Serve para a interligação entre matriz e filiais de pequeno porte, para a comunicação entre profissionais liberais e demais aplicações de Correio Eletrônico. Suas vantagens são: o compartilhamento dos equipamentos já existentes no cliente, os baixos custos para usuários de pequeno porte, a facilidade operacional, devido ao software bastante amigável, o envio de mensagens para fax, caixa postal sempre disponível para recepção de mensagens, a garantia de sigilo e segurança das informações, a possibilidade de multi endereçamento, e o controle de entrega e numeração das mensagens. A EMBRATEL oferece gratuitamente software emulador, treinamento e suporte 38 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 • Datasat Trata-se de um Rede de Alta Confiabilidade, via satélite, utilizada na aplicação de redes de pequeno e médio portes em que o controle é exercido pelo nó central e no atendimento a redes com pontos em locais remotos. Suas maiores vantagens são: a alta confiabilidade dos enlaces, garantindo operar praticamente sem interrupções, a facilidade de relocação dos pontos de transmissão, a possibilidade de transmissão em alta velocidade, a facilidade de inclusão de pontos na Rede, a garantia de sigilo e segurança das informações, o atendimento a pontos remotos onde não exista nem serviço telefônico e a facilidade operacional. • Datafax Este serviço destina-se à emissão de fax para o exterior através de rede digital e com garantia de entrega. Sua aplicação típica se dá em empresas que emitam mais de 10 fax por mês para o Exterior. Suas vantagens são: os custos mais baixos que o fax convencional via Rede Telefônica Pública, a cobrança somente das páginas efetivamente entregues, o controle de erros das mensagens transmitidas, a facilidade operacional, por ser transparente ao operador, a possibilidade de multi-endereçamento, a notificação de não entrega, caso haja problemas na transmissão, a condição para estabelecer Status de Urgência, a emissão de Relatório Diário e a possibilidade de emissão de notificação das mensagens que tenham sido entregues. • Telex É o serviço de transmissão de textos entre máquinas teleimpressores interligadas à Rede Telex. Sua aplicação típica é em redes de filiais interligadas entre si e com a matriz, na formalização de pedidos junto a fornecedores, e na comunicação entre profissionais liberais em geral. Possui várias vantagens, entre as quais se destaca o fato de que registra a data e a hora da recepção da mensagem, tem fé pública e pode servir como documento, utiliza impressão por impacto, que não apaga com o tempo, possibilita a conversação on line entre as máquinas interligadas, etc. Atende a 90.000 assinantes em todo o Brasil. • Transdata O serviço de Transdata possibilita a comunicação entre dois ou mais pontos de transmissão de dados, como se as máquinas estivessem ligadas fisicamente. Aplica-se tipicamente na interligação entre 2 ou mais centros de alto tráfego de dados, e na interligação entre HOST e terminais não-inteligentes. Suas vantagens principais são: dispensa a necessidade de estabelecimento de chamada para iniciar a comunicação, independe do produto de comunicação utilizado, opera em diversas velocidades, até 96.000 bps no interior de Rondônia, e em até 19.200 bps de Porto Velho para outros centros do País. 3.3 - Correios O antigo Departamento de Correios e Telégrafos foi transformado em Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, através do Decreto Lei 509, de 20/03/69. Hoje é uma instituição forte que congrega em seu quadro funcional cerca de 75.000 empregados. Sua administração central está sediada em Brasília, onde estão os órgãos normativos da Empresa. As Diretorias Regionais, em número de 23, compõem os órgãos executores. A Diretoria Regional de Noroeste abrange os estados de Rondônia e do Acre, estando presente na quase totalidade dos municípios desses estados, atendendo a uma população estimada em 1.800.000 habitantes, segundo o censo demográfico de 1991. O Estado de Rondônia é dividido em duas Regiões Operacionais, denominada REOP 01 e REOP 03. A REOP - 01 que tem sede na cidade de Porto Velho, coordena as atividades postais e telegráficas dos seguintes municípios: - Alto Paraíso - Jaru - Ariquemes - Cacaulândia - Candeias do Jamari - Jamari - Guajará-Mirim - Gov. Jorge Teixeira - Nova Mamoré - Machadinho d'Oeste - Porto Velho - Monte Negro Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 39 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 - Rio Crespo - Theobroma - Campo Novo de Rondônia A REOP - 03 que tem sede na cidade de Ji-Paraná, coordena os municípios: - Alvorada d’Oeste - Nova Brasilândia do Oeste - Cacoal - Colorado do Oeste - Cerejeiras - Cabixi - Ji-Paraná - Novo Horizonte do Oeste - Mirante da Serra - Costa Marques - Pimenta Bueno - Castanheiras - Presidente Médici - Corumbiara - Rolim de Moura - Espigão do Oeste - Santa Luzia do Oeste - Vilhena - São Miguel do Guaporé - Ouro Preto do Oeste - Seringueiras - Ministro Andreazza - Urupá - Alta Floresta do Oeste - Vale do Paraíso A rede de atendimento é composta por Agência de Correios (AC), Agência de Correios Franqueada (ACF), Agência de Correios Satélite (ACS), Posto de Venda de Produtos (PVP) e Caixa de Coleta (CC). O quadro a seguir representa a rede de atendimento do Estado de Rondônia, dividido por tipo de Unidade e por município, sendo responsável por cerca de 60% de todas as correspondências postadas na Diretoria Regional. Demonstrativo Regional dos Serviços da ECT em Rondônia Municípios Alta Floresta d'Oeste Alto Paraíso Alvorada d’Oeste Ariquemes Cabixi Novo Horizonte Cacaulândia Cacoal Campo Novo de Rondônia Candeias do Jamari Castanheiras Cerejeiras Colorado do Oeste Corumbiara Costa Marques Espigão do Oeste Governador Jorge Teixeira Guajará - Mirim Jamari Jaru Ji-Paraná Machadinho d’Oeste Ministro Andreazza Mirante da Serra 40 AC 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Pontos de Atendimento ACF ACS 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1 - CC 1 1 7 1 9 2 1 2 2 1 1 1 4 1 12 1 - PVS 1 2 6 1 1 6 1 1 2 3 2 1 4 5 9 - Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Municípios Montenegro Nova Brasilândia do Oeste Nova Mamoré Ouro Preto do Oeste Pimenta Bueno Porto Velho Presidente Médici Rio Crespo Rolim de Moura Santa Luzia do Oeste São Miguel do Guaporé Seringueiras Theobroma Urupá Vale do Paraíso Vilhena Totais AC 1 1 1 1 7 1 1 1 1 1 1 1 34 Pontos de Atendimento ACF ACS CC 1 1 1 1 1 7 4 5 1 44 2 1 1 7 1 1 1 1 1 1 1 12 16 135 PVS 1 2 6 38 3 5 1 11 92 A rede de distribuição domiciliar atende a quase todos os municípios do Estado de Rondônia, empregando um efetivo de 170 carteiros que garantem agilidade, regularidade e segurança na distribuição de 122.000 objetos postais por dia. Em Porto Velho, sede da Diretoria Regional, a ECT dispõe de dois Centros de Distribuição Domiciliar, com uma carga diária de 41.000 objetos postais. 3.3.1 - Sistema de Franchising da ECT O sistema de franchising dos Correios é o sistema pelo qual a ECT autoriza a terceiros o direito do uso da marca "Correios", mediante a transferência de sua tecnologia de atendimento, fiscalizando a adequada prestação dos serviços e remunerando sua execução. As primeiras Agências de Correios Franqueadas (ACF) surgiram em 1991, quando a ECT sentia a necessidade de aumentar seus pontos de atendimento com um custo baixo. Hoje, através de um projeto bem sucedido, já existem 1.700 agências, gerando empregos diretos e indiretos. No Estado de Rondônia, a Diretoria Regional conta com 15 agências franqueadas, que juntas movimentam uma receita na ordem de R$ 220.000/mês. A partir de junho de 1993, com vigência da Lei 8.666 (Lei das Licitações), a abertura de uma agência franqueada tem que ser precedida de licitação pública, o que veio garantir ainda mais a lisura e o sucesso do sistema, que hoje já é o maior do Brasil. 3.4 - Radiodifusão O Sistema de Radiodifusão no país é controlado pelo Ministério das Comunicações através das Delegacias Regionais localizadas nas Unidades Federadas. Os quadros a seguir identificam a relação das entidades executoras dos vários serviços de radiodifusão no Estado de Rondônia. Entidades Executoras dos Serviços de Radiodifusão de Sons e Imagens - (TV) Item 001 002 003 004 Canal 09+ 1004 06 Nome da Entidade TV Allamanda Sistema Tropical Rondônia de Comunicação. Ltda Rádio TV do Amazonas Ltda RBN-Rede Brasil Norte de Televisão Ltda Localidade Cacoal Pimenta Bueno Porto Velho Porto Velho Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 41 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 005 13 Sistema Meridional de Comunicação Ltda Porto Velho FONTE: Delegacia do Ministério das Comunicações do Estado de Rondônia Entidades Executoras dos Serviços Especiais de Retransmissão de Televisão - (RTV) Item 001 002 003 004 005 006 007 008 009 010 011 012 013 014 015 016 017 018 019 020 021 022 023 024 025 026 027 028 029 030 031 032 033 034 035 036 037 038 039 040 041 042 043 044 045 046 42 Canal 03 05+ 07+ 09111304050713+ 04 10 12 11 13 05 07 09 02 E 03 05 10+ 18 0710 02 E 04+ 05 07 09 11 13 17 1206+ 08 10+ 12 02+ 12+ 08+ 03 06 0810 13- Nome da Entidade Rondovisão Rond. Rádio e TV Ltda Rede de Comunicação Cidade Ltda Rádio TV do Amazonas Ltda Trópico-Adm. e Assess. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Mens Sana Comunicações Ltda Central Rond. de Comunic. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e Tv. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e Tv. Ltda Rádio e TV do Amazonas Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rede de Comunicação Cidade Ltda Governo do Estado de Rondônia Rádio e TV do Amazonas Ltda Rádio e TV do Amazonas Ltda Central Rond. de Comunic. Ltda Tv Indep. de São José do Rio Preto Rádio e Televisão Anary Ltda Rádio e TV do Amazonas Ltda Governo do Estado de Rondônia Sistema Imagem de Comunic. TV. Candelária Rádio e TV do Amazonas Ltda Rede de Comunicação Cidade Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda TV Indep. de São José do Rio Preto Rede de Comunicação Cidade Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rádio e TV do Amazonas Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rádio e TV do Amazonas Ltda Central Rond. de Comunic. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e Tv. Ltda Central Rond. de Comunic. Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rádio e TV do Amazonas Ltda Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Localidade Ariquemes Ariquemes Ariquemes Ariquemes Ariquemes Cacoal Cacoal Cacoal Cacoal Cacoal Colorado D’Oeste Colorado D’Oeste Colorado D’Oeste Vilhena Vilhena Vilhena Vilhena Vilhena Vilhena Guajará-Mirim Guajará-Mirim Guajará-Mirim Guajará-Mirim Jaru Jaru Ji-Paraná Ji-Paraná Ji-Paraná Ji-Paraná Ji-Paraná Ji-Paraná Ji-Paraná Ji-Paraná Machadinho D’Oeste Ouro Preto D’Oeste Ouro Preto D’Oeste Ouro Preto D’Oeste Ouro Preto D’Oeste Pimenta Bueno Pimenta Bueno Presidente Médici Rolim de Moura Rolim de Moura Rolim de Moura Rolim de Moura Rolim de Moura Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Item 047 048 049 050 051 052 053 054 055 056 057 058 059 060 061 062 063 Canal 4311 08 25 10 07 07 10 07 07 03 13 07 10 11 12 19 Nome da Entidade Rádio e TV do Amazonas Ltda Sistema Imagem de Comunic. TV. Candelária Rondovisão Rond. Rádio e TV. Ltda Rádio e TV Maíra Ltda Governo do Estado de Rondônia Governo do Estado de Rondônia Governo do Estado de Rondônia Governo do Estado de Rondônia Governo do Estado de Rondônia Governo do Estado de Rondônia Mineração Jacundá Ltda Mineração Jacundá Ltda Mineração Jacundá Ltda Governo do Estado de Rondônia Governo do Estado de Rondônia Governo do Estado de Rondônia Tv Indep. de São José do Rio Preto Localidade Porto Velho Porto Velho Porto Velho Porto Velho Porto Velho-Abunã Porto Velho-Campo Novo Porto Velho-Fort. do Abunã Porto Velho- Jamari Porto Velho- Jaci-Paraná Porto Velho- Mutum-Paraná Santa Bárbara Santa Bárbara Santa Maria Porto Velho - São Carlos Porto Velho - Urupá Porto Velho - Vista Alegre Porto Velho FONTE: Delegacia do Ministério das Comunicações do Estado de Rondônia Observações: (+) = decalado p/ mais (-) = decalado p/ menos Quantitativo de Entidades - Serviços de Radiocomunicação Item 001 002 Modalidade de Serviço Móvel Celular Limitado Privado Nº de Entidades/RO 001 177 FONTE: Delegacia do Ministério das Comunicações do Estado de Rondônia Entidades Executoras do Serviço de Radiodifusão Sonora em Frequência Modulada (FM) Item 001 002 003 004 005 006 007 008 009 010 011 012 013 014 015 016 017 018 Canal 216 231 235 229 218 228 227 231 245 251 22 212 231 210 220 224 226 235 Nome da Entidade Rádio Nequem Ltda Rede Sanmori de Rádio e TV Ltda Empresa de Rádiodifusão Nova Fronteira Rondovisão Rondônia Rádio e TV Ltda Rádio Planalto de Ouro Preto Ltda Rádio Clube de Pimenta Bueno Ltda Rádio Sociedade Rondônia Ltda Rádio Fronteira Ltda Rbn-Rede Brasil Norte de TV Ltda Sociedade de Cultura Rádio Parecis Ltda Rádio Planície de Ariquemes Ltda Rádio Clube de Cacoal Ltda Rádio Anazônia de Colorado D’Oeste Empresa de Radiodifusão Guaporé Ltda Rádio Sociedade Rondônia Ltda Empresa de Rádiodifusão Nova Fronteira Rádio Clube de Rolim de Moura Ltda Rádio Clube Cidade de Vilhena Ltda Localidade Jaru Jaru Jaru Ji-Paraná Ouro Preto D’Oeste Pimenta Bueno Porto Velho Porto Velho Porto Velho Porto Velho Ariquemes Cacoal Colorado D’Oeste Guajará Mirim Pres. Médici Pres. Médici Rolim de Moura Vilhena FONTE: Delegacia do Ministério das Comunicações do Estado de Rondônia Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 43 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Entidades Executoras do Serviço de Radiodifusão Sonora em Ondas Médias - OM Item 001 002 003 004 005 006 007 008 009 010 011 012 013 014 015 016 017 Classe C C B B C C C C C B B C C C C C C Nome da Entidade Rádio Ariquemes Ltda Rádio Colina do Machadinho Ltda Rádio Sociedade Rondonia Ltda Rádio Educ. de Guajará Mirim Ltda Rádio Alvorada de Rond6onia Ltda Empresa de Radio Morimoto Ltda Rádio Tucumã Ltda Sistema Itapirema de Comunicação Ltda Rádio Sociedade Rondônia Rádio e TV Eldorado do Brasil Ltda Rede Sanmori de Radio e TV Ltda Sociedade de Cultura Radio Caiari Ltda Rádio Educadora de Rolim de Moura Ltda Rádio Planalto de Vilhena Ltda Empresa de Radio Morimoto Ltda Rádio Verde Ltda RBN-Rede Brasil Norte TV Ltda Localidade Ariquemes Ariquemes Cacoal Guajará-Mirim Ji-Paraná Ji-Parana Ji-Parana Ji-Paraná Pimenta Bueno Porto Velho Porto Velho Porto Velho Rolim de Moura Vilhena Vilhena Jaru Porto Velho FONTE: Delegacia do Ministério das Comunicações do Estado de Rondônia Entidades Executoras do Serviço de Radiodifusão Em Ondas Tropicais - OT Item 001 002 003 004 005 Faixa 90 60 60 60 60 Nome das Entidades Rádio Educadora de Guajará Mirim Empresa de Radiodifusão Morimoto Sociedade de Cultura Radio Caiari Rádio Amarela Radiobrás - Emp. Brasileira de Comunicação Localidade Guajará-Mirim Ji-Paraná Porto Velho Rolim de Moura Porto Velho FONTE: Delegacia do Ministério das Comunicações do Estado de Rondônia Quantitativo de Entidades - Serviços de Radiocomunicação Item 001 002 003 004 005 006 007 008 009 010 011 Modalidade de Serviço Móvel Celular Limitado Privado Limitado Móvel Especializado Especial de Radiochamada Limitado Privado de Rádio Taxi Radiotelefônico Público Auxiliar Radiodifusão - Reportagem Externa Serviço de Radioamador Serviço Radio do Cidadão Serviço Móvel Aeronáutico Serviço Móvel Marítimo Nº de Entidades/RO 001 177 006 003 004 001 001 1.578 641 010 005 FONTE: Delegacia do Ministério das Comunicações do Estado de Rondônia 3.5 - Imprensa 44 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A imprensa desempenha papel relevante no sistema de comunicação, sendo o primeiro instrumento utilizado na disseminação de informações, cumprindo até os dias de hoje sua missão em meios modernos e tecnologicamente avançados. O Estado de Rondônia possui 20 jornais de periodicidade regular, mas somente três circulam em todo o território. Todos estes órgãos estão descritos no quadro que se segue: Órgãos da Imprensa de Rondônia (Jornais e Revistas) Entidade Sede Circulação Estadão do Norte Alto Madeira Porto Velho Porto Velho Diário da Amazônia Porto Velho Gazeta Cacoal Tribuna Popular Cacoal Folha do Sul Vilhena Vilhetaço Vilhena Folha Vilhena de Vilhena Correio Popular JiParaná O Mamoré Guajará Mirim Jornal do Cone Espigão Sul do Oeste Todo o Estado/Brasília/ Humaitá (AM) Todo o Estado/Brasília/ Rio de Janeiro/Rio Branco/Manaus Todo o Estado/Brasília/ Rio de Janeiro/S. Paulo/ Boa Vista (RR)/ Manaus (AM)/Rio Branco(AC) Colorado d’Oeste/ Vilhena/Ministro Andreazza/Pimenta Bueno/Porto Velho Cacoal/Pimenta Bueno/ Rolim de Moura/ Porto Velho Vilhena/Cabixi/ Corumbiara/Cerejeiras/Col orado d’Oeste/ Comodoro-MT/ Juina - MT Vilhena/Colorado/ Cerejeiras/Cabixi/ Pimenta Bueno/Cacoal /Ji-Paraná/Ariquemes/ Porto Velho/GuajaráMirim/Comodoro (MT) Vilhena/Colorado/ Cerejeiras/Cabixi/ Corumbiara/Ji-Paraná /Porto Velho Ji-Paraná/Ouro Preto do Oeste/Presidente Médici Guajará-Mirim/Nova Mamoré/Costa Marques/Guayaramerim (Bolívia) Espigão do Oeste/ /Pimenta Bueno/ Rolim de Moura/Vilhena /Cacoal/Porto Velho Tiragem (Exempla res) 14.000 Tipo de Impressã o Off/Set Format o (1) Standar t Standar t Sim 6.872 Off/Set 18.000 Off/Set Standar t Sim 1.600 Off/Set Tablóid e Sim 6.000 Off/Set Standar t Sim 1.000 Off/Set Tablóid e Sim 4.000 Off/Set Tablóid e Sim 3.000 Off/Set Tablóid e Sim 3.000 Off/Set Tablóid e Sim 3.000 Tipográf. Germai co Não 2.300 Off/Set Tablóid e Sim Sim Fonte: Departamentos Comerciais das próprias Empresas (1) Informatizado Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 45 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Em virtude da dificuldade de se obter informações sobre os pequenos periódicos que circulam no interior do Estado, relacionam-se a seguir apenas seus nomes e os municípios sede. Entidade Jornal Folha de Vale Jornal Folha do Oeste Jornal O Eldorado Jornal Folha Pimentense Jornal Tribuna de Rondônia Jornal Tribuna da Amazônia Jornal Voz do Povo Jornal Notícias de Rondônia Jornal Folha de Rondônia Município São Miguel do Guaporé Alta Floresta do Oeste Ji-Paraná Pimenta Bueno Presidente Médici Vilhena Alta Floresta do Oeste Cacoal Ji-Paraná Fonte: FIERO 4 - ASPECTOS ECONÔMICOS Rondônia, assim como toda a Amazônia, é uma região de fronteira econômica, caracterizada por rico potencial de recursos naturais e baixa capacidade própria de investimentos, o que faz com que seus rumos tenham extrema dependência de decisões exógenas, tanto a nível nacional quanto internacional. A dependência dessas decisões impõem ao Estado o caminho de uma economia caudatária, onde os reflexos da economia nacional são mais fortemente internalizados, principalmente se considerarmos que sua frágil base econômica está alicerçada no fornecimento de matéria-prima e na participação dos investimentos públicos, cada vez mais escassos. Assim sendo, torna-se necessária uma retrospectiva ainda que simplificada da economia nacional, como forma de possibilitar maior compreensão dos fatores positivos ou negativos que interferem na economia local. Os anos 90 se constituem em um período de transição para a economia brasileira e, consequentemente, para Rondônia. Uma economia que desde a década de 80 até os primeiros anos da década de 90, apresentou uma tendência de estagnação, diretamente associada a elevadas e crescentes taxas de inflação, refletindo uma deterioração das condições de vida de parcela significativa da população brasileira. A partir de 1993, a economia brasileira começa a apresentar sinais de mudanças, saindo de um modelo de desenvolvimento que desde o início dos anos 50 esteve baseado na proteção efetiva à indústria nacional contra a livre concorrência de bens competitivos, para um modelo adequado a um mundo crescentemente globalizado. As mudanças referidas foram estimuladas por um cenário externo mais favorável, onde se destaca a recuperação do fluxo de capitais para os “mercados emergentes” ante um quadro de quedas pronunciadas das taxas de juros internacionais e a superação da crise política gerada pelo impeachment. A partir da abertura aos fluxos de comércio e dos avanços no processo de desregulamentação e privatização, foi sendo configurado um novo ambiente econômico, o que efetivamente obrigou as empresas a incorporar, de forma crescente, a racionalização de custos e aumentos de produtividade nas suas estratégias de crescimento. A economia brasileira, passa então a apresentar um quadro de crescimento acelerado da produção, resultante da reação da indústria, propiciada pela existência de amplas margens de capacidade ociosa, e do aumento da demanda, respaldada na reversão parcial da política de juros elevados praticados no final do Governo Collor. 46 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Este processo impôs preocupações quanto à possibilidade de recrudescimento do processo inflacionário, dado que os indicadores apontavam para uma repetição dos “ciclos inflacionários” que caracterizaram a década de 80. A reversão desse quadro passou então a ser o grande desafio, diante da certeza de que isto somente seria possível quando estivessem consolidadas as bases de uma estabilização duradoura, firmada no equilíbrio do setor público. A perspectiva de que a economia caminhava nesse sentido, permitiu manter o crescimento ao longo de 1993 e início de 1994. Nos primeiros meses de 1994, o comportamento da economia foi fortemente influenciado pelas expectativas geradas com o plano de estabilização, lançado pelo Governo Federal em dezembro de 1993. Programas de estabilização que objetivam derrubar as altas taxas de inflação caracterizam-se, via de regra, por expressivo aumento da demanda por bens e serviços, nos meses subsequentes à sua implantação, dado os efeitos que a eliminação virtualmente instantânea exerce sobre a renda real dos consumidores e sobre o clima de expectativas dos agentes econômicos. Não foi diferente com o Plano Real. A partir de julho de 1994, as vendas no comércio e a produção industrial entraram em ritmo de crescimento acelerado. Para evitar a retomada do processo inflacionário, medidas de contenção ao crédito foram tomadas - redução dos prazos máximos de crédito ao consumidor e o compulsório não remunerado de 15% sobre empréstimos do sistema financeiro. Estas medidas visavam, de um lado, aliviar as pressões da demanda e de outro, enfrentar a questão externa, particularmente dos fluxos financeiros, que tendiam a gerar contínua depreciação do câmbio diante de um diferencial de juros muito elevados. Além disso, procuravam minimizar o impacto da elevação dos juros sobre a dívida pública. Pelo lado da demanda, a situação da imensa maioria dos consumidores durante o período de inflação elevada era de racionamento total, logo, não importava quão altas as taxas de juros cobradas, pois haveria disposição de contrair dívidas, desde que coubessem no orçamento familiar, fato este mais facilmente visualizado junto a classe média que ampliou o consumo de bens duráveis. O crescimento foi acompanhado de retomada de investimento em 1994, muito embora a combinação de aceleração de abertura comercial, através de redução de tarifas e eliminação de entraves burocráticos às importações, com câmbio valorizado, tenha exposto a indústria nacional a um grau de concorrência sem precedentes. O crescimento das importações, confirmou a possibilidade de busca da estabilização com base na âncora cambial. O crescimento da economia manteve taxas elevadas até o primeiro trimestre de 1995. A explosão do consumo desde a implantação do Real, foi uma decorrência natural da redução da inflação e continuou a despeito das medidas restritivas implementadas pelo governo ao final de outubro de 1994. Em 1995 continua o superaquecimento da atividade econômica e, particularmente, do consumo, absorvido sem gerar maior impacto sobre a inflação, através de um forte aumento das importações. Além do aumento da demanda, este crescimento é explicado também pela valorização real do câmbio e pela intensificação da abertura comercial. No entanto, a trajetória deste processo passa a indicar sua insustentabilidade, e a crise do México, serviu de alerta para a necessidade de reorientar a política econômica. Em março daquele ano, o câmbio passa então de um regime flutuante para um regime de bandas, resultando numa desvalorização de 5% em termos reais. No campo da política comercial, as tarifas de importação foram significativamente elevadas para um conjunto de bens de consumo, adequando o ritmo da abertura da economia ao novo cenário externo. Simultaneamente à mudança na política cambial, o Banco Central aprofundou os controles monetários e creditícios sobre a economia. Os impactos dessa mudança de política sobre o nível da atividade econômica se fizeram sentir sob a forma de uma acentuada redução da produção industrial. A política de juros elevados e a retração da demanda afetaram a taxa de investimentos. O desaquecimento da atividade Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 47 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 econômica, a recuperação em termos reais do câmbio e o aumento das tarifas de importação, não foram suficientes para evitar o aparecimento de déficits comerciais. As restrições para concessão de créditos representaram forte impacto sobre a situação financeira de empresas e famílias, aumentando significativamente os níveis de inadimplências, com reflexos sobre um sistema financeiro em processo de adaptação à nova realidade de taxas de inflação baixas, conduzindo ao fechamento das instituições mais frágeis. A reestruturação do sistema financeiro passou a constituir-se numa das principais restrições à atuação do Banco Central. Outra restrição veio da entrada de recursos externos, atraídos pela política de juros altos e possibilitada pela rápida reversão das expectativas negativas criadas com a desvalorização do peso mexicano em dezembro/94. Com o retorno do fluxo de capitais externos e a sinalização positiva da balança comercial, o Banco Central começou a promover um relaxamento gradual das restrições monetária e creditícia a partir de agosto de 1995. A questão dominante daquele ano foi, sem dúvida, a deterioração das contas públicas, tanto a nível nacional quanto estadual e municipal, explicado em parte pelo forte aumento dos encargos financeiros reais, decorrentes tanto do aumento dos juros, como do estoque da dívida pública. Diante dos resultados que apontavam para uma relativa fragilidade de recuperação, o Banco Central promoveu, no final de abril de 1996, uma nova rodada de medidas visando flexibilizar ainda mais as restrições ao crédito. Aumentou os prazos de financiamento, condições mais favoráveis para refinanciamento de micro e pequenas empresas, redução do IOF e eliminação das restrições à emissão de commercial papers por parte das empresas. Mais recentemente, foram definidas novas regras para os compulsórios, como forma de ampliar a liquidez do sistema, muito embora ainda se mantenham em patamares elevados. Apesar da desaceleração da atividade econômica, a massa de rendimentos para as pessoas ocupadas manteve-se crescendo, em termos reais, a taxas elevadas, na comparação entre o primeiro quadrimestre de 1996 e igual período de 1995. Em termos setoriais, este crescimento reflete as mudanças que vêm ocorrendo na estrutura produtiva: um forte aumento na construção civil, comércio e serviços, enquanto a massa de rendimentos do pessoal ocupado na indústria, em termos reais, manteve-se estável. Mesmo com um aumento do desemprego, no mesmo período, estes resultados apontam para a sustentação da renda global e, portanto, da demanda, o que é nitidamente comprovado pela elevação do item alimentação e principalmente da cesta básica, demandada pelas classes de menor renda. A questão central do processo de ajustamento continua sendo a necessidade de se reduzir, em bases permanentes, o déficit público. As perspectivas são de que se avance nesse sentido, seja pelo lado do controle do gasto, seja pelo efeito positivo que a queda das taxas de juros deverá ter sobre os encargos financeiros do setor público. Além disso, um grande esforço vem sendo feito por estados, inclusive Rondônia, e pelos municípios, como parte de um processo de renegociação de suas dívidas junto ao Governo Federal. Esta situação retrata de forma veemente as dificuldades de sustentação do crescimento da economia de Rondônia, tendo em vista as condições adversas que se impõem ante a necessidade de participação em um mercado externo altamente competitivo, entre as quais se destacam: a falta de incorporação de tecnologias adequadas à agregação de qualidade aos produtos, dificuldades de implementação de políticas públicas regionais e inexistência de políticas públicas locais de fomento à produção. Todas estas dificuldades são ainda agravadas pela localização geográfica do Estado, distante dos grandes centros consumidores. Se de um lado, as condições adversas ora referidas, imputam uma situação de desigualdade, por outro, impõem a necessidade do aprimoramento da produção para que em um horizonte de médio prazo, aproveitando a aptidão regional e própria situação geográfica - pólo irradiador regional e internacional a partir da viabilização do corredor rodo-fluvial para o Atlântico Norte e, num futuro próximo, a Saída para o Pacífico - possa suprir não só o consumo interno como atingir novos mercados. 48 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Para que Rondônia possa competir com os demais mercados em condições mais favoráveis, torna-se necessário o seu ajuste às ações de política industrial e tecnológica adotadas pelo Governo Federal e pelo mercado internacional, como forma de garantir maior competitividade ao setor produtivo, buscando melhor qualidade a custos competitivos tanto no setor primário quanto no incipiente setor secundário. Com a presença cada vez mais crescente dos bens importados, a resposta local ao concorrente externo tem que, necessariamente, passar pela capacitação tecnológica na busca da excelência da qualidade do processo produtivo, dos produtos e dos serviços finais. Isto evidencia a necessidade de fortalecimento de instituições locais, tais como universidades, entidades de pesquisa, extensão, capacitação tecnológica e de fomento ao crédito. A profundidade e abrangência das transformações que vêm ocorrendo não permitem ainda nenhum julgamento definitivo quanto às tendências presentes no processo de mudanças na estrutura produtiva. A recuperação do crescimento sustentado, exige o aumento da competitividade da economia local em geral, e a viabilização do setor exportador em particular. A possibilidade de fazer com que as exportações cresçam a taxas mais elevadas, tanto a nível nacional, quanto estadual, está estreitamente associada à redução do déficit público, à aprovação das reformas constitucionais, ao aprofundamento do programa de privatizações e outras medidas de ajuste estrutural do setor público, na medida em que estes fatores determinam a possibilidade de se recuperar o investimento e assim tornar a produção doméstica mais competitiva, traduzindo-se em reais condições para um crescimento sustentado. Os quadros a seguir exibem a evolução dos valores do PIB a custo de fatores de Rondônia, comparam-no aos de outros estados da Região Norte e do Brasil, e apontam sua variação através do tempo no período 1991 a 1995. Produto Interno Bruto - PIB (a custo de fatores) Anos 1991 1992 1993 1994 1995 PIB Em US$ Bilhões População (1.000 Hab) PIB "Per Capita" US$ Brasil Região Norte Rondônia Brasil Região Norte Rondônia Brasil Região Norte Rondônia 377,2 372,7 437,5 541,3 656,2 17,1 15,8 18,6 24,2 30,4 2,1 1,8 2,1 2,7 3,7 146.917,9 149.357,5 151.571,7 153.725,7 155.822,4 10.257,5 10.349,0 10.629,7 10.899,6 11.159,0 1.130,9 1.190,9 1.241,7 1.291,2 1.339,5 2,567 2,496 2,886 3,521 4,211 1,669 1,526 1,754 2,217 2,727 1,827 1,528 1,702 2,121 2,802 Fonte: IPCA/BACEN Composição Percentual do PIB das U.F. da Região Norte (em relação à própria região e ao Brasil) Unidade Federada Região Norte Brasil 1991 1992 1993 1994 1995 1991 1992 1993 1994 1995 Rondônia 12,07 11,52 11,36 11,31 12,35 0,55 0,49 0,48 0,51 0,57 Acre 4,22 4,54 4,82 4,75 4,87 0,19 0,19 0,21 0,21 0,23 Amazonas 28,57 28,53 28,41 27,06 26,28 1,30 1,21 1,21 1,20 1,22 Roraima 2,05 2,06 2,09 2,01 2,48 0,09 1,96 0,09 0,09 0,11 Pará 46,24 46,20 46,16 46,97 46,16 2,10 0,09 1,96 2,10 2,14 Amapá 3,20 3,07 3,15 3,26 3,56 0,15 0,13 0,13 0,15 0,17 Tocantins 3,65 4,08 4,28 4,65 4,31 0,17 0,17 0,18 0,21 0,20 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 49 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Região Norte 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 4,54 4,24 4,26 4,46 4,64 Fonte: IPCA/BACEN Em 1995, Rondônia apresenta uma variação de crescimento do PIB superior a do Brasil e Região Norte, comportamento diferente dos anos anteriores, o que se pode avaliar como um fato que demonstra a vocação do Estado enquanto produtor agrícola, explicado pelo forte crescimento da demanda por estes produtos em nível nacional. VARIAÇÃO NOMINAL % DO PIB 40 37,04 30 30,11 23,73 16,7 20 17,38 25,62 21,23 28,57 17,72 10 1994/1995 -7,6 1993/1994 -10 1992/1993 -1,19 1991/1992 0 BRASIL R. NORTE -14,3 -20 RONDÔNIA Fonte: IPEA/BACEN Evolução do PIB “Per Capita” - Brasil, Região Norte, Rondônia PIB "Per Capita" US$ 4.500 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 4.211 3.521 2.886 2.567 2.802 2.496 1.827 2.121 1.528 1.702 2.727 REGIÃO NORTE 2.217 1.754 1.669 RONDÔNIA 1.526 1.991 1.992 1.993 BRASIL 1.994 1.995 Fonte: IPEA/BACEN 5 - ASPECTOS SOCIAIS 5.1 - Educação 5.1.1 - Situação da Educação Fundamental 50 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A educação abrange processos formativos em dois grupos básicos: formais ou escolares, e os informais ou sócio-familiares. Trataremos, aqui, da educação escolar ou formal, que se desenvolve predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9394/96) - princípios que regem a educação nacional - enuncia que a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a própria prática social e, em seu Art. 21, altera a composição da educação que passa a compor-se de : educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e educação superior. Nas últimas décadas a população brasileira vem aumentando paulatinamente sua educação segundo o IBGE (Contagem populacional - 1996), sem ainda atingir, no entanto, os níveis considerados adequados para o exercício pleno da cidadania e produtividade em uma sociedade moderna. Ainda segundo o IBGE (idem), a escolarização das crianças de 7 a 14 anos, correspondente ao ensino fundamental (1ª a 8ª série) e obrigatória por lei, é da ordem de 90% em todo o País, com algumas variações significativas por região (Norte: 84,8%). Apesar de ser uma proporção muito expressiva, ainda existem, no Brasil, cerca de 2,7 milhões de crianças dessa faixa etária fora das escolas. Para se estabelecer o quadro das condicionantes do sistema educacional de Rondônia, necessário se faz estabelecer uma visão panorâmica do contexto situacional do Estado, em suas várias dimensões. A análise da interação entre os setores externos que possam ter implicações significativas (já abordados neste trabalho) e os que são inerentes ao próprio sistema. Um diagnóstico sintético da educação em Rondônia será aqui elaborado baseado em quatro dimensões principais: o nível educacional da população; a produtividade do sistema educacional; a qualidade da ação educativa e o desempenho administrativo do sistema. 1 - Nível Educacional da População Nesta dimensão, dois indicadores sintetizam a informação necessária para avaliar o nível de educação da população: as taxas de analfabetismo e o grau de escolaridade. Rondônia Anos de Estudo - sem instrução e < 1 ano - 1 a 3 anos - 4 a 7 anos - 8 a 10 anos - 11 a 14 anos - 15 anos ou mais Fonte: IBGE/91 % 26,52 22,98 30,36 9,27 8,57 2,29 Pesquisa patrocinada pelo MEC, informa que o baixo nível educacional da população costuma estar associado às seguintes variações contextuais e educacionais: predominância na economia de atividades extrativas agropecuárias; dispersão espacial da população; disseminação de escolas unidocentes com classes multisseriadas; e nível inadequado de qualificação do professor. Se, pela natureza, as duas primeiras variáveis estão fora do controle do setor educacional, o mesmo não ocorre com as duas últimas. Por conseguinte, a influência relativa destes dois últimos fatores deve ser acuradamente ponderada ao se buscar elevar o nível educacional da população. 2 - Produtividade do Sistema Educacional Para se proceder uma análise da produtividade do sistema educacional temos, necessariamente, que levar em conta o atendimento da população segundo a capacidade escolar instalada; Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 51 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 aces-so escolar e a permanência na escola. Tais dados nos darão uma visão abrangente da eficiência e do rendimento do Sistema. 2.1 - Capacidade escolar instalada - as redes federal, municipal e particular, atuam no Esta-do em todos os graus e modalidades de ensino, com diferentes características de participação. Essas diferenças refletem-se, diretamente, nas peculiaridades de distribuição dos espaços físicos, segundo as várias redes e a localização (urbana ou rural). Capacidade Escolar Instalada Rede Localização Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Federal Estadual Municipal Particular Soma das Redes N.º de Escolas Rural TOTAL GERAL - N.º Salas de Aula 01 01 02 262 160 422 99 2.528 2.627 106 06 112 468 01 06 07 2.722 300 3.022 464 2.766 3.230 727 33 760 3.914 2.695 3.163 3.105 7.019 Fonte: DEMEC/RO De acordo com o quadro acima o sistema teria, de forma ideal, capacidade para atender uma demanda aproximada de 275.000 alunos em zona urbana no regime de dois turnos (matutino e vespertino) para a população na faixa etária própria, mais 138.500 no turno da noite para alunos jovens e adultos, totalizando 413.500 vagas. Na zona rural há uma capacidade, aproximada, de 217.000 vagas para os dois turnos diurnos, mais 108.000 vagas para o turno da noite, num total aproximado de 325.000 vagas. 2.2 - Acesso escolar - são consideravelmente desiguais as oportunidades de acesso à educação formal para as populações das áreas urbanas e rurais no que tange a demanda potencial de incorporação à escola dos diversos graus e modalidades de ensino, bem como a distribuição espacial assimétrica da rede física. Demanda Potencial e População Atendida por Faixa Etária - Rondônia - 1996 4 a 6 anos Demanda Pop.Atendida 100.878 27.969 % 27,7 7 a 14 anos Demanda Pop.Atendida 260.131 241.390 % 92,8 15 a 17 anos Demanda Pop.Atendida 84.761 62.655 % 73,9 Fonte: SEDUC/DEPE 3 -Qualidade da Ação Educativa Inúmeros são os fatores que afetam a qualidade da ação educativa, tanto os que ocorrem nas escolas como fora dela mas que a influenciam. Na impossibilidade de focalizar todas as variáveis, três foram intencionalmente selecionadas, pois usualmente se lhes atribui maior 52 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 influência sobre os padrões qualitativos do processo ensino - aprendizagem. São elas: a qualificação do professor, a qualificação de técnicos e especialistas, e a tipologia das escolas. O nível de qualificação do professor, tanto do ponto de vista de sua formação propedêutica, cuja relevância é absolutamente fundamental, como de sua preparação profissional, é, entre todos, o determinante de maior peso da qualidade da ação educativa. Dois indicadores estão disponíveis para analisar o nível de qualificação dos professores: as taxas de habilitação correspondentes as atuações docentes e as de nível de instrução e qualificação. Focalizando-se a rede oficial de ensino no Estado, constata-se que, em números aproximados cerca de ¼ dos docentes que militam no ensino fundamental (5ª à 8ª série) na rede estadual urbana, são inabilitados; já na faixa de 1ª à 4ª série a proporção cai para 1/6. Na rede municipal da área urbana, no mesmo nível de ensino temos os seguintes dados: 1ª à 4ª série - 1/5 de inabilitados e de 5ª à 8ª série a metade. O ensino rural é uma realidade bem mais negativa. Tanto na rede estadual, quanto na municipal cerca de metade dos professores de 1ª à 4ª série do ensino fundamental, não têm a habilitação exigida, fato que sobe para aproximadamente 5/6 quando se trata de docentes que militam de 5ª à 8ª séries. Esse quadro de deficiências de preparação para o magistério parece explicar, em parte, os baixos índices de produtividade escolar ocorrido. Educação Básica - Aprovados, Reprovados e Afastados por Abandono - Rondônia - 1996 Grau de Ensino Educação Fundamental Ensino Médio Matrículas Aprovação % Reprovaç ão % Afast/ Abandono % 285.746 191.966 67,18 46.855 16,40 46.925 16.42 32.557 18.584 57,09 2.691 8,26 11.282 34,65 FONTE: MEC/INEPE 4 - Desempenho Técnico-administrativo do Sistema Os técnicos e especialistas exercem, tanto na esfera administrativa quanto na técnica, um papel fundamental na rede escolar. Eles promovem a mediação entre as especificações previstas para a ação administrativa e para a ação educativa e sua efetiva realização, no campo das práticas escolares. Para esse efeito, eles coordenam, orientam e dão suporte metodológico às atividades do pessoal administrativo e docente das escolas e aos próprios alunos. Em certa medida, eles são os multiplicadores dos princípios e diretrizes emanadas dos órgãos superiores de educação. Sua função, todavia, não é a de meros repassadores das mensagens recebidas; ao contrário disso, no contato com as situações encontradas na rede escolar, eles devem utilizar o seu conhecimento especializado na busca de soluções adequadas às peculiaridades de cada contexto. A situação do nível de qualificação dos quadros administrativo e técnico é, de modo geral insatisfatória, segundo os dados da Secretaria de Estado da Educação e, evidenciam necessidades diversificadas de capacitação de recursos humanos, como podemos verificar nas informações a seguir: - Área Administrativa - 50% sem habilitação; - Área Técnica - 47% de inabilitados. A tipologia das escolas, assim como os recursos humanos, apresentam forte correlação com a qualidade da ação educativa. Escolas muito pequenas - sobretudo as unidocentes de uma só sala e turmas multisseriadas - geralmente não oferecem condições favoráveis a um ensino de qualidade. Na maioria das vezes, a existência dessas escolas, se justifica pela dispersão populacional, particularmente na área rural. Em outros casos, porém elas são o resultado da escassez de recursos e da precariedade da estratégia de articulação das esferas estadual e municipal. Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 53 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Enfim, podemos inferir que numa perspectiva de ação integrada, a solução dos problemas aqui apontados implica na superação de uma série de obstáculos intrínsecos e extrínsecos ao sistema educacional de Rondônia, tais como: articulação deficiente em várias esferas; uso insatisfatório dos recursos humanos, físico e financeiros disponíveis; carência de um sistema de informações; limitadas oportunidades de participação tanto na ação educativa direta como na ação administrativa; descontinuidade administrativa na implementação de políticas, planos e projetos. 5.1.2 - Rede de Ensino Superior Rondônia conta com as seguintes instituições de Ensino Superior l - UNIR - A Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR, oferece os cursos de: Pedagogia, Psicologia, Educação Física, Matemática, Enfermagem, História, Geografia, Letras (Português, Inglês e Espanhol), Direito, Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas no Campus do município de Porto Velho. Possui Campi nos municípios de GuajaráMirim, Rolim de Moura, Cacoal, Ji-Paraná e Vilhena. Dispõe ainda de cursos parcelados nos umnicípios de Ariquemes, Ouro Preto d’Oeste e Pimenta Bueno nas áreas de Pedagogia, Matemática e Letras (Língua Portuguesa). A UNIR oferece ainda cursos de Extensão e de Pós-Graduação em várias áreas do conhecimento. 2 - FARO - Faculdade de Ciências Humanas e Letras de Rondônia, tem sua sede no município de Porto Velho, onde oferece cursos de Direito e Ciências Contábeis. 3 - FATEC - Faculdade de Ciências Administrativas e de Tecnologia, com sede em Porto Velho oferecendo os cursos de Administração e Curso Superior de Tecnologia em Processamento de Dados. 4 - IPEC - Instituto de Porto Velho de Educação e Cultura, com sede na capital do Estado, oferece os cursos de Pedagogia e Ciências com habilitação em Biologia 5 - FIAR - Faculdades Integradas de Ariquemes - com sede no município de Ariquemes oferece os cursos de Ciências (licenciatura de 1º grau), Matemática (licenciatura de 1º grau), e Pedagogia, com habilitações em Magistério, Administração e Orientação Educacional. 6 - ULBRA - Universidade Luterana do Brasil, em Ji-Paraná, oferece os cursos de Administração, Ciências Contábeis, Direito, Pedagogia, Informática e Agronomia. 7 - FEC - Faculdade de Educação de Cacoal, com sede em Cacoal, oferece os cursos de Letras e Pedagogia com habilitação em Administração e Supervisão Escolar. 8 - FECAV - Faculdade de Educação e Ciências Administrativas de Vilhena, com sede em Vilhena, onde funciona com os cursos de Pedagogia e Administração. 9 - Faculdades Integradas Maria Coelho Aguiar, em fase de autorização, oferecerá o curso de Odontologia. 5.2 - SAÚDE Os serviços públicos de saúde em Rondônia tiveram início na década de 60, com o desenvolvimento de ações de saúde através da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública - SUCAM, no combate à Malária, com a entrada dos Serviços Especiais de Saúde Pública SESP, nos núcleos populacionais ao longo da antiga BR-29, atual BR-364, desenvolvendo programas de saneamento básico e atendimento à saúde pública, em especial na área maternoinfantil e através de atividades privadas e empresariais de atenção à saúde, as quais se multiplicaram na região, face o aumento da demanda pelos serviços de saúde. A partir da década de 80, efetiva-se a estruturação das bases do atual sistema de saúde de Rondônia, através da implantação da Rede Básica de Saúde, a qual teve como ponto de sustentação a implantação de um sistema hierarquizado de prestação de serviços, pautado em três níveis de atenção, ou seja, Nível Primário, através de Postos (porta de entrada do sistema) e Centros de Saúde, Nível Secundário, através das Unidades Mistas de Saúde e Nível Terciário, 54 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 por meio de Hospitais Regionais e Hospital de Base, nível este de referência para atendimentos de maior complexidade. Já naquele momento, buscava-se a consolidação de um sistema municipalizado e universalizado de saúde. Inicialmente, fazem parte desse sistema, apenas as Unidades de Saúde pertencentes a rede oficial. A partir de 1991, passam a integrá-lo Hospitais e Ambulatórios da iniciativa privada e outros de caráter filantrópico, contratados pelo setor público, predominando as Unidades Ambulatoriais em relação às Unidades Hospitalares. Para melhor gerenciamento da ação descentralizada de saúde, o Estado foi dividido em quatro Regionais de Saúde, com sede nos municípios de Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná e Porto Velho, abrangendo os seguintes municípios: Região Coordenação Porto Velho Delegacia Regional de Saúde de Ji-Paraná Delegacia Regional de Saúde de Cacoal Delegacia Regional de Saúde de Vilhena Municípios Nova Mamoré, Guajará-Mirim, Machadinho d’Oeste, Ariquemes, Porto Velho, Rio Crespo, Cacaulândia, Campo Novo, Monte Negro, Candeias do Jamari, Jamari, Alto Paraíso, Cujubim, Buritis Jaru, Ouro Preto, Ji-Paraná, Presidente Médici, São Miguel, Alvorada d’Oeste, Costa Marques, Seringueiras, Jorge Teixeira, Mirante da Serra, Urupá, Theobroma, Nova União, Teixeirópolis, São Francisco Santa Luzia, Cacoal, Rolim de Moura, Nova Brasilândia, Espigão do Oeste, Alta Floresta, Pimenta Bueno, Ministro Andreazza, Novo Horizonte, Castanheira, Alto Alegre, Primavera, São Felipe, Parecis, Vale do Anari Cerejeiras, Cabixi, Vilhena, Colorado do Oeste, Corumbiara, Chupinguaia, Pimenteiras Fonte: Ministério da Saúde 5.2.1 - Sistema Único de Saúde X Estado de Rondônia As ações de saúde desenvolvidas no Estado de Rondônia, encontram-se pautadas nas Leis Orgânicas da Saúde de n.º 8.080 e 8.142, que traçam os caminhos para a implantação definitiva do Sistema Único de Saúde - SUS, cujo princípio norteador é a descentralização das ações, do planejamento e dos recursos financeiros. Respaldado legalmente, o Estado descentralizou para o nível municipal, a execução das ações de saúde e o gerenciamento dos recursos destinados a estas ações. Na medida em que este processo se amplia, consolida-se a competência da Secretaria de Estado da Saúde como órgão controlador, supervisor, auditor e orientador das ações de saúde desenvolvidas pelos municípios, ficando ainda sob responsabilidade do Estado, a ação direta dos serviços de âmbito mais complexo, desenvolvidos nas Unidades Integradas (Centro de Medicina Tropical de Rondônia CEMETRON; Laboratório Central de Saúde Pública - LACEN; Central de Medicamentos CEME; Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Rondônia - HEMERON; Policlínica Oswaldo Cruz) e nos Hospitais de Base e João Paulo II. 5.2.2 - Indicadores de Saúde Rede de Serviços de Saúde Cadastrados no SUS - 1995 Unidades Assistenciais Setor Público % Setor % Total % Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 55 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Posto de Saúde Centro de Saúde Centro de Saúde Diferenciado Policlínica e Posto de Assistência Médica Unidade Mista Hospital Outras Unidades(*) Total 611 74 37 100 100 100 Privado - - 611 74 37 70,80 8,57 4,29 12 29 9 47 819 100 100 23,68 75,80 94,90 29 15 44 73,32 24,20 5,10 12 29 38 62 863 1,39 3,36 4,40 7,18 100 Fonte: DIES/SESAU - RO Nota: (*) Laboratórios, Hemeron, Clínicas Fisioterápicas, Unidade Móvel, Vigilância Sanitária, Consultórios Médicos e Odontológicos A rede de unidades de saúde cadastradas no SUS, é constituída por unidades do setor público e privado, sendo que a grande maioria oferece atendimento básico. Para atendimento dos serviços de maior complexidade, o número de unidades é insuficiente para a cobertura da demanda, ficando então a iniciativa privada como opção de complementação, porém, de forma seletiva, uma vez que é reduzida a parcela da população que tem possibilidade econômica de acesso a esses serviços. Leitos Cadastrados no SUS e n.º de Leitos Necessários por Especialidade/1995 Especialidade Clínica Cirúrgica Clínica Obstétrica Clínica Médica Clínica Psiquiátrica Clínica Pediátrica Total DRS I Exist Ideal 133 142 171 137 230 217 78 147 217 681 791 DRS II Exist Ideal 88 117 155 114 211 181 1 65 126 181 581 658 DRS III Exist Ideal 60 46 70 45 123 71 25 69 71 322 258 COORD Exist Ideal 180 182 181 177 528 281 24 101 310 281 1.223 1.022 TOTAL Exist Ideal 461 487 577 473 1.092 750 25 269 652 750 2.807 2.729 Fonte: DIES/SESAU Rondônia dispõe de 2.807 leitos cadastrados no Sistema Único de Saúde, total este, em princípio, maior do que a necessidade, entretanto, a estratificação desse quantitativo por tipo de especialidade, demonstra elevados déficits nas clínicas psiquiátrica (96%) e pediátrica (13%) e, excedentes nas clínicas obstétrica (22%) e médica (45%). Na Coordenação, localizada em Porto Velho, os números indicam excedentes de leitos, porém nela se localizam os hospitais de referência para todo o Estado, inclusive os únicos cinco leitos de UTI de Rondônia (entre as unidades públicas e privadas) localizados no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro. Também é na capital que encontra-se o Centro de Medicina Tropical de Rondônia, hospital de referência para diagnóstico e tratamento das doenças tropicais, o qual possui um total de 100 leitos, dos quais 28 destinados a isolamento. Cobertura Vacinal em Menores de 1 ano com vacinas Sabin, DPT, Anti-Sarampo, BCG e Hepatite B - 1994/1995 56 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 120% 100% 80% 1994 60% 1995 40% 20% 0% SABIN DPT VAS BCG HEPATITE B Fonte: Departamento de Epidemiologia/SESAU - RO A cobertura vacinal em Rondônia, até o início da década de 90, foi considerada insatisfatória, principalmente nas ações de rotina. A partir de 1994, foram adotadas estratégias de intensificação para sua ampliação tanto na vacinação de rotina, como em campanhas, o que resultou em importantes melhoras dos indicadores de imunização, refletindo-se conseqüentemente no declínio da morbi-mortalidade por doenças imunopreviníveis. Coeficiente de Incidência por Doenças Transmissíveis - 1994 Doença Malária (*) Leishmaniose Tegumentar Hepatite Hanseníase Tuberculose Pulmonar Meningites Esquistossomose Cólera Sarampo D. de Chagas AIDS Coqueluche Tétano Acidental Tétano Neonatal Difteria Raiva Humana Casos 133.838 2.249 1.455 1.230 763 176 137 131 72 34 28 29 26 2 1 1 Coef. Incidência/100.000 hab. 103,6 174,2 112,7 95,2 59,1 13,6 10,6 10,1 5,6 2,6 2,2 2,2 2,0 0,15 0,08 0,08 Fonte: Departamento de Epidemiologia/SESAU - RO Nota: (*) Malária: o coeficiente está calculado para uma base de 1000 habitantes A malária ainda é, indiscutivelmente, a doença transmissível de mais alta incidência, sendo responsável pela elevada demanda hospitalar e ambulatorial. A Leishmaniose Tegumentar Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 57 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 apresenta-se com a segunda maior incidência, sendo mais freqüente na área da segunda regional de saúde, provavelmente associada aos intensos desmatamentos da região. Em relação aos demais agravos, apesar da incidência relativamente baixa, a AIDS apresentou um aumento de incidência na ordem de 968,2% quando comparado a 1990 (SESAURO). A evolução natural da doença, associada ao aumento da possibilidade de diagnóstico, devem ter colaborado para tal fato. Chama atenção a necessidade de ampliação dos serviços de controle de qualidade do sangue transfundido, uma vez que dos casos registrados até 1996 (104 casos), 10% contraíram o vírus através de transfusão sangüínea. As hepatites, da mesma forma, apresentaram um acréscimo da ordem de 214,7% no mesmo período. A inauguração do ambulatório especializado em hepatites no CEMETRON (1993) e a realização de sorologia pelo LACEN (1995), seguramente têm contribuído para a melhoria da notificação dos casos. Dentre as micobacterioses, a tuberculose, apesar da sub-notificação, ocupa a quarta posição entre as mais incidentes. A incidência de Doenças de Chagas e Esquistossomose, sugerem a entrada no Estado de portadores dessas doenças, oriundos de outras regiões do país, uma vez que não há transmissão dessas patologias no Estado. Coeficientes de Mortalidade - 1986/1990 Especificação 1986 Mortalidade Geral 6,4/1000 hab Mortalidade Infantil 61,5/1000 n.v. Mortalidade Materna 1,5/1000 n.v. Mortalidade por D. 68,5/100.000 hab Transmissíveis Mortalidade por Malária 36,3/ 100.000 hab 1987 1988 1989 1990 6,0/1000 hab 5,5/1000 hab 5,6/1000 hab 4,8/1000 hab 58,5/1000 n.v. 53,0/1000 n.v. 50,8/1000 n.v. 51,1/1000 n.v. 1,2/1000 n.v. 1,4/1000 n.v. 1,5/1000 n.v. 0,6/1000 n.v. 55,5/100.000 49,6/100.000 39,6/100.000 25,5/100.000 hab hab hab hab 33,6/100.000 30,9/100.000 22,9/100.000 11,9/100.000 hab hab hab hab 1,6/100.000 hab 1,0/100.000 hab 0,6/100.000 hab 0,9/100.000 hab 0,3/1000 n.v. 0,4/1000 n.v. 0,6/1000 n.v. 0,3/1000 n.v. Mortalidade por Tétano 1,8/100.000 hab Mortalidade por Tétano 0,8/1000 n.v. Neonatal Mortalidade por 73,8/100.000 hab 13,6/100.000 Sarampo* hab Mortalidade por Infecção 381,5/100.000 hab 298,5/100.000 Intestinal* hab 2,3/100.000 hab 2,2/100.000 hab 6,8/100.000 hab 260,2/100.000 hab 211,5/100.000 hab 194,2/100.000 hab Fonte: DIES/SESAU/RO - CENEPI/FNS Notas: (*) 0 a 4 anos n.v. - nascidos vivos Coeficientes de Mortalidade - 1991/1995 Especificação Mortalidade Geral Mortalidade Infantil Mortalidade Materna Mortalidade por D. Transmissíveis Mortalidade por Malária Mortalidade por Tétano Mortalidade por Tétano Neonatal Mortalidade por Sarampo(*) Mortalidade por 58 1991 4,3/1000 hab 40,8/1000 n.v. 1,0/1000 n.v. 25,1/100.000 hab 12,11/100.000 hab 1,3/100.000 hab 0 1992 1993 1994 1995 3,9/1000 hab 3,9/1000 hab 3,7/1000 hab 4,0/1000 hab 24,9/1000 n.v. 19,9/1000n. v. 17,3/1000 n. v. 17,6/1000n. v. 0,4/1000 n.v. 0,4/1000 n. v. 0,3/1000 n. v. 0,1/1000 n. v. 16,7/100.000 14,2/100.000 8,6/100.000 n.d. hab hab hab 5,9/100.000 3,8/100.000 3,2/100.000 3,8/100.000 hab hab hab hab 1,1/100.000 1,0/100.000 0,7/100.000 0,1/100.000 hab hab hab hab 0,2/1000 n. v. 0,1/1000 n. v. 0 0 0,6/100.000 hab 0 0 0 0 116,8/100.000 65,1/100.000 61,3/100.000 56,6/100.000 57,4/100.000 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Especificação Infecção Intestinal(*) 1991 hab 1992 hab 1993 hab 1994 hab 1995 hab Fonte: DIES/SESAU/RO - CENEPI/FNS Nota: (*) 0 a 4 anos n.v. - nascidos vivos n.d. - não disponível Principais Causas de Morte (%) em Rondônia - 1986/1994 Causas â- Anos à 1986 Causas Externas 20,0 Doenças Cardiovasculares 13,4 Mal Definidas 11,9 Doenças Infecciosas Intestinais 9,8 Afecção Originada no Período Perinatal 11,0 Neoplasias 4,1 Doenças do Aparelho Digestivo 2,9 Pneumonia 6,8 Malária 3,9 Anomalias Congênitas 1,5 Outras causas 15,7 1987 20,2 1988 21,7 1989 21,7 1990 21,7 1991 21,8 1992 22,5 1993 25,3 1994 23,6 13,1 12,1 14,9 11,0 14,7 11,8 14,3 14,1 16,4 16,6 16,1 17,6 18,4 16,9 17,4 16,7 7,8 7,3 6,1 6,5 4,6 3,2 7,3 8,0 12,3 4,1 11,8 5,8 10,8 5,2 10,5 5,5 10,7 4,7 9,6 5,9 8,6 6,5 7,2 7,1 2,7 5,7 5.7 1,5 13,8 3,1 4,4 5.7 1,6 13,9 3,5 4,2 4,4 1,4 15,5 3,2 4,6 2,6 1,1 15,2 3,0 3,1 3,8 1,3 14,2 3,5 3,8 1,4 1,3 14,7 3,5 3,1 1,0 1,6 7,6 4,2 3,9 0,9 1,0 9,9 Fonte: DIES/SESAU - RO - CENEPI/FNS/MS Composição Percentual dos Óbitos por Causas Externas, Rondônia - 1991/1994 Anos à Causas Externas â Homicídio Outros Acidentes Acidente de Trânsito Outras Violências Afogamento Total de óbitos 1991 Casos % 491 43,2 262 23,1 233 20,5 46 4,1 104 9,1 1.136 100 1992 Casos % 395 37,8 248 23,8 247 23,7 67 6,4 87 8,3 1.044 100 1993 Casos % 498 40,9 258 21,2 276 22,7 102 8,3 84 6,9 1.218 100 1994 Casos % 398 35,3 289 25,6 238 21,1 128 11,4 74 6,6 1.127 100 Fonte: CENEPI/FNS/MS Principais Causas de Mortalidade Infantil (%) - 1986 a 1994 Anos à 1986 Causas â Afecção Originada no Período Perinatal 28,2 Doenças Infecciosas Intestinais 25,4 Mal Definidas 9,2 Pneumonia 6,9 Anomalias Congênitas 4,7 Septicemia 2,0 Cresc.Fetal Retardado 9,7 Malária 2,6 Meningite 1,7 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 31,8 38,8 38,0 36,4 44,4 52,3 50,1 46,0 28,8 7,6 11,3 4,5 1,7 11,5 2,2 1,2 22,2 6,6 9,7 5,5 1,3 3,6 1,6 1,0 19,7 8,4 8,6 4,8 1,5 4,3 2,4 1,2 21,0 9,5 9,7 4,2 1,6 6,0 1,2 0,6 16,3 11,6 7,7 5,2 3,3 4,1 2,3 0,7 10,4 12,7 6,0 6,2 1,9 4,0 0,4 0,5 9,2 11,7 7,3 6,9 2,3 5,7 0,5 1,2 12,7 11,8 8,7 4,7 3,5 3,0 0,8 0 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 59 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Anos à Causas â Outras Causas 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 9,6 7,4 9,5 11,1 9,6 4,4 5,6 5,1 8,8 Fonte: DIES/SESAU - RO De modo geral, os coeficientes de mortalidade assinalam uma variação decrescente ano a ano, o que, em princípio (observada apenas esta variável), indicaria um quadro de melhora nas condições de saúde da população do Estado. No entanto, deve ser considerado que em Rondônia, o sub-registro, seja de nascimentos, seja de óbitos, principalmente os infantis, é uma realidade, o que seguramente reduz a confiabilidade das estatísticas vitais, sem contudo torná-las nulas, por fornecerem indicativos para percepção do quadro geral acerca da situação de saúde. As principais causas de morte, compõem um perfil de convivência entre as doenças típicas de sociedades altamente desenvolvidas e industrializadas (causas externas e doenças cárdio-vasculares) com aquelas encontradas em regiões pouco desenvolvidas (doenças infecciosas, parasitárias e perinatais), bem como, altas taxas de mortalidade por causas não identificadas (sinal e sintomas mal definidos) demonstrando, neste caso, de forma clara, as deficiências no sistema de registro, acessibilidade, diagnóstico e terapêutica, entre outras. O alto coeficiente de mortalidade por causas externas, cujos determinantes são sociais, indicam um aumento na escalada da violência no Estado. As mortes por doenças cárdio-vasculares, crescem de forma paulatina e constante, demonstrando uma mudança no estilo de vida (stress, má alimentação e falta de exercício físico), e o próprio envelhecimento da população, onde as pessoas que sobrevivem às agressões externas (doenças infecciosas e parasitárias, traumas acidentais ou intencionais) e à falta de resolutividade do sistema de saúde (perinatais) atingem as idades em que a probabilidade de morrer pelas doenças crônicas degenerativas é maior. O coeficiente de mortalidade infantil/95, apresenta um resultado compatível com condições de vida favoráveis à saúde, o que reforça a tese das sub-notificações de nascimento e óbito, principalmente quando se processa o cruzamento deste coeficiente com o detalhamento das causas dos óbitos que lhe dão origem, evidenciando que “condições de vida favoráveis à saúde, usualmente não são compatíveis com doenças infecto-parasitárias e perinatais”. O declínio da mortalidade por sarampo e tétano neonatal, revela a melhoria do programa de imunização, o qual vem buscando atingir as metas traçadas para manter sob controle a morbimortalidade por doenças imunopreviníveis. Em contrapartida, a mortalidade por infecção intestinal, muito embora venha apresentando redução, permanece em níveis preocupantes, confirmando a presença de condicionantes sociais e ambientais (desnutrição, más condições de higiene, más condições de habitação e saneamento, altos níveis de exposição a agentes patógenos presentes na natureza), além das dificuldades inerentes à capacidade resolutiva do sistema de saúde. ***** 60 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Parte I - Capítulo 2 - Aspectos Geopolíticos, Econômicos e Sociais da História de Rondônia 61 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 3 A QUESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL A té o advento do Plano Real, Estados e Municípios brasileiros encontravam no processo inflacionário um poderoso instrumento de autofinanciamento de sua gestão financeira, situação esta inversamente alterada com a efetivação do referido Plano. Em Rondônia, particularmente, por se tratar de um Estado de criação recente, cuja estrutura econômica não está consolidada, os reflexos do agravamento da crise que se abateu sobre o Estado, após a efetivação do Plano de Estabilização da Moeda, se faz sentir de forma ainda mais contundente, até porque a esse fato se agregam também dificuldades regionais naturais de competitividade e mercado, e dificuldades gerenciais na esfera político-administrativa do poder público. Diante da pressão dos governadores e percebendo a dificuldade dos Estados em arcarem com os compromissos assumidos em gestões passadas, o Governo Federal criou o “Programa de Apoio à Restruturação e Ajuste Fiscal dos Estados”, através do Voto n.º 162/95, do Conselho Monetário Nacional - CMN. Este Voto compreende medidas de ajuste fiscal e saneamento financeiro que devem ser tomadas pelos Estados, bem como linhas de crédito condicionadas a essas medidas, e ainda a restruturação das Antecipações de Receitas Orçamentárias - AROs, sob condições estritas, como forma a permitir a redução do déficit dos Estados. O Governo do Estado de Rondônia, através da Lei n.º 637, de 12 de dezembro de 1995, aderiu ao Programa preconizado pelo Conselho Monetário Nacional, tendo estabelecido as seguintes metas: I - o controle e redução das despesas com pessoal; II - a implementação de programas de: a) privatização de empresas estatais; b) concessão de serviços públicos; c) controle centralizado das empresas estatais, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas estaduais; e d) reforma patrimonial. III - o incremento da receita tributária própria, através de: a) modernização e melhoria dos sistemas de arrecadação; b) implementação de mecanismo de controle de gastos e de geração de informações fiscais. IV - o compromisso de resultado fiscal mínimo; e V - a redução e controle do endividamento estadual. Não obstante a celebração do compromisso, o Governo Estadual continuou tendo dificuldades para cumprir o acordo, propondo então novas negociações que resultaram na assinatura de termos aditivos de rerratificações aos compromissos firmados anteriormente. Parte I - Capítulo 3 - A Questão da Admi63nistração Pública Estadual 63 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 O que se verifica, na prática, é que embora medidas saneadoras tenham sido acordadas, estas foram implantadas timidamente, e o Estado continua enfrentando sérios problemas financeiros para atender as funções mais elementares, como pagamento de pessoal, atividades essenciais (saúde, educação e segurança), repasse aos demais Poderes e investimentos, indicativo de que deve ser buscada a criação de novas políticas internas de sustentação econômica, que possibilitem garantir a operacionalização de medidas eficazes de manutenção das atividades produtivas e de expansão e captação de novos investimentos. SITUAÇÃO FINANCEIRA ♦ Receita A receita arrecadada no exercício de 1996, atingiu o patamar dos R$ 650,8 milhões, sendo que, deste total, 45% foram provenientes de recursos próprios (ICMS, IPVA, receitas diversas e taxas), e os 55% restantes foram decorrentes de transferências da União, o que demonstra a significativa dependência dos recursos externos por parte do Estado de Rondônia. ♦ Despesa As despesas efetivadas no mesmo período, alcançaram a cifra de R$ 759,7 milhões, tendo como resultado um déficit de R$ 108,9 milhões. Convém salientar que do total de despesas comprometidas, 86% representam gastos com pessoal e outros custeios, restando apenas 14% para despesas de capital. Para 1997, projeta-se um déficit de R$ 297,4 milhões, o que, se confirmado, agrava ainda mais a situação financeira do Estado. Os dados de receita e despesas incluem a administração direta e indireta Da relação receita/despesa, depreende-se que o Governo Estadual não apresenta capacidade de financiar suas despesas de capital com recursos próprios. Na verdade o que se observa é a total incapacidade de geração de poupança interna, uma vez que as receitas disponíveis não foram suficientes sequer para cobrir o volume das despesas; e mais: o Estado não dispõe de mais nenhuma capacidade de endividamento. Por outro lado, há que se considerar que os investimentos canalizados para a área produtiva nos últimos anos, têm obedecido a uma escala decrescente, o que tem inviabilizado a geração de emprego e renda, e consequentemente o incremento na arrecadação de tributos. Acrescenta-se ainda, o fato de que as entidades que compõem a Administração Indireta, via de regra não atuam na produção e venda de bens e serviços destinados ao mercado, exercendo em sua maioria, funções típicas da Administração Direta, ou seja, não exploram economicamente serviços que poderiam ampliar sua receita própria, o que fatalmente se reverteria em novos investimentos. Ainda que esta seja uma análise sintética, baseada em indicadores globais, fica evidente a existência de um déficit expressivo, o qual sinaliza certamente para um aumento no endividamento do Estado, que hoje ultrapassa R$ 1 bilhão, o que eqüivale a dois anos de arrecadação, fato este que inviabiliza, inclusive, a internalização de novos recursos oriundos de financiamentos externos, principalmente aqueles destinados à implementação de projetos voltados para o desenvolvimento do estado de Rondônia, haja vista que para obtenção de novos financiamentos é imperiosa a necessidade de assegurar a contrapartida local, o que só se concretiza com a efetiva disponibilidade de poupança pública.. Seria necessário garantir a adoção de medidas que possibilitem o cumprimento da Lei n.º 637, de 12.12.95. No seu cumprimento se exigirá um amplo programa de reforma do Estado e meios necessários para agilizar os processos de fusão, extinção, privatização e descentralização de órgãos públicos para a esfera municipal, tais como: BERON, CAGERO, CAERD, CERON, 64 Parte I - Capítulo 3 - A Questão da Admi64nistração Pública Estadual Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ENARO, FUNSEPRO, FUNSER, FASER, SECOM, SUDERON, CMR e CEPRORD, entre outros. Ademais, o cumprimento da Lei n.º 637 implicaria: - recensear e regularizar os bens patrimoniais com vista a proceder a alienação, remanejamento de unidade administrativa e eliminação de locação de imóveis. Também viabilizar a reciclagem dos bens móveis e imóveis inservíveis e sucatas para serem leiloados, incluindo-se aqui, aqueles ociosos; - a criação de um sub-programa de cargos e salários, determinando o quantitativo de funcionários para cada órgão público da administração direta e indireta; - redução drástica de gastos com outros custeios, se possível chegar a 5% da receita do Tesouro Estadual; - contingenciar até 10% do saldo de dotação orçamentária direta e indireta referente a outros custeios (administração direta e indireta), como forma de cobrir o déficit com a rubrica de pessoal; - redução drástica de despesas terceirizadas, de horas-extras e de concessão de diárias. Nesta tentativa de reorganização da máquina pública e do cumprimento à Lei n.º 637, haverá necessidade de disciplinar os orçamentos dos outros Poderes, no sentido de efetivar remanejamento da dotação existente dos recursos de outros custeios e capital para cobrir o déficit orçamentário de despesa com capital, e ainda negociar redução geral de despesas e um percentual fixo da arrecadação do ICMS como determinante dos valores orçamentários e financeiros dos mesmos. As medidas aqui elencadas, somadas a ações de menor monta, como proibição de contratação de serviços via consultorias, excetuando aquelas necessárias à reforma do Estado e as que assegurem retornos financeiros nacionais e internacionais, entre outras, são os pré-requisitos mínimos capazes de alterar o atual quadro. Embora seja caótica a situação porque passa a administração pública estadual, caminhando a passos largos para a quase total insolvência, é possível afirmar que essas medidas não ocorrerão na atual administração. Ao contrário, o processo de reeleição e de antecipação da campanha tem induzido a que o executivo infle mais a administração pública direta e se sinta impotente para negociar com os outros Poderes, em particular com o Legislativo, e que não tome nenhuma decisão que possa gerar desgastes eleitorais. Essas assertivas indicam que a atual crise da administração pública do Estado de Rondônia deverá perdurar por tempo não inferior até o final da próxima gestão. A análise até aqui efetuada, a nível nacional e estadual, permite concluir que os municípios do Estado de Rondônia devem se ajustar a essa realidade, organizando-se para caminhar com seus próprios meios e contar, na prática, tão somente com recursos federais e estaduais ditos constitucionais, pelo menos até o ano 2.002, não implicando, evidentemente, que os municípios não devam envidar esforços na busca de recursos externos. ***** Parte I - Capítulo 3 - A Questão da Admi65nistração Pública Estadual 65 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 66 Parte I - Capítulo 3 - A Questão da Admi66nistração Pública Estadual Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 4 A QUESTÃO AMBIENTAL DO ESTADO DE RONDÔNIA O aproveitamento dos recursos naturais em perfeita harmonia com a proteção do meio ambiente, tem sido preocupação permanente de vários segmentos da sociedade brasileira e internacional. Esta preocupação é maior em se tratando da Amazônia, principalmente após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a chamada Conferência do Rio, ou ECO-92. A questão ambiental adquiriu, em Rondônia, um elevado nível de consciência crítica provocada, em parte, pela rápida expansão das atividades agropecuárias durante os primeiros anos de implantação dos Projetos de Colonização do INCRA, que fatalmente implicavam em derrubadas e queimadas para o preparo das áreas de cultivo, o que veio a despertar a atenção da opinião pública nacional e mundial. A elevação do antigo Território Federal à categoria de Estado, em 1982, se deu em meio a um clima de enorme agitação motivado pelos problemas ambientais que a conquista destes novos territórios poderiam representar para o país e para o mundo, caso não houvesse uma preocupação maior das autoridades, tanto federais quanto estaduais, para com o assunto. Ainda que os naturais de Rondônia, bem como seus novos ocupantes, pudessem entender tais manifestações como derivadas do sentimento de culpa daqueles países ou estados que já haviam arrasado com suas florestas nativas, houve suficiente consciência local para que se assumissem determinados postulados ambientais, a ponto da primeira Constituição Estadual, promulgada em 1982, trazer toda uma Seção sobre o tema, e da Legislação Complementar sobre Meio Ambiente, votada a partir daquela data, ser considerada uma das melhores do país. Contudo, a exploração florestal desencadeada no Estado nas duas últimas décadas, se caracterizou pelo puro extrativismo vegetal, em sucessivas intervenções nas florestas, sem nenhuma preocupação com a regeneração natural ou reflorestamento. Fica claro, portanto, que a exploração madeireira no Estado nunca esteve próxima de uma exploração racional. Não por culpa exclusiva dos empresários, mas principalmente, pela falta de uma política séria e direcionada dos órgãos ambientais, estaduais e federais, que ainda não conseguiram definir claramente as diretrizes a serem observadas pelo setor. O Governo Federal, preocupado com a ocupação desordenada da região, e constatando a pouca capacidade dos Governos Estaduais em fazer frente à necessidade de apoio sócioeconômico à população migrante, implantou o POLONOROESTE que tinha como objetivo a maior integração regional, incorporando a idéia do ordenamento territorial, já numa ótica de sustentabilidade a longo prazo. Em seguida surgiu o Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia - PLANAFLORO, que teve como base a 1ª Aproximação do Zoneamento SocioeconômicoEcológico. Este assunto será tratado a seguir. Desmatamento Sendo Rondônia um Estado muito novo, e ainda em formação, a ação antrópica se manifesta muito mais pela intervenção na floresta do que através de fatores industriais ou de concentração urbana. O desmatamento, portanto, é, dos aspectos ambientais, o mais importante. Parte I - Capítulo 4 - A Questão Ambiental do Estado de Rondônia 67 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Os projetos de colonização e o asfaltamento da BR-364 foram determinantes no processo de desmatamento do Estado, tanto assim que os índices registrados na década de 70, situavam-se próximo de zero, não tendo, portanto, maiores significados. O quadro abaixo mostra a evolução deste fenômeno no período de 1978 a 1996. Quadro 01 - Desmatamento total em Rondônia (1978 a 1996) Ano Área Desmatada (hectares) (hectares) 1978 420.000 1988 3.000.000 1989 3.180.000 1990 3.350.000 1991 3.460.000 1992 3.686.500 1993 3.981.312 1994(*) 4.276.124 1995 4.873.143 1996(**) 5.226.429 Média Geral % (1978/1996) Incremento Médio Anual (hectares) 234.545 180.000 170.000 110.000 226.500 294.812 445.916 445.916 353.286 Incremento Percentual (%) Ano Média/Ano 12,77 13,54 0,77 14,26 0,72 14,73 0,47 15,70 0,96 16,95 1,26 18,21 1,26 20,75 2,54 22,25 1,50 1,05 Fonte: INPE (1992) e SEDAM (1993 e 1995) (*) Estimativa média entre 93/95. Área do Estado: 23.298.000 hectares (IBGE) (**) Estimativa para 1996 com base na média do desmatamento entre 1992 a 1995 Com base nas informações obtidas neste trabalho, pode-se concluir que o Estado de Rondônia teve uma média de 273.442 hectares desmatados anualmente, entre 1978 e 1996. Nesse período, manteve um incremento percentual médio anual de área desmatada de 1,05%, o dobro da média da região Norte, de 0,5%. Estima-se que em 1996 a área total desmatada em Rondônia seja de 5.226.429 hectares, correspondente a 22,25% da área total do Estado. Quadro 02 - Desmatamento por Município/1993(*) Município Alta Floresta Alto Paraíso Alto Parecis Alvorada d’Oeste Ariquemes Cabixi Cacaulândia Cacoal Campo Novo Candeias Castanheiras Cerejeiras Colorado d'Oeste Corumbiara Costa Marques Cujubim Espigão d’Oeste Gov. Jorge Teixeira 68 Área (Hectares) 722.423,67 274.294,38 328.378,41 297.336,09 455.825,64 164.478,03 179.719,72 371.001,58 550.283,24 658.895,59 93.386,72 812.180,42 166.623,15 436.587,54 1.464.131,32 391.083,47 462.554,96 480.234,84 Desmatamento (Hectares) 76.566,56 51.765,16 64.504,11 71.075,36 180.638,50 69.615,92 62.439,95 186.514,70 44.223,47 102.890,13 43.540,88 123.652,90 90.481,52 218.083,61 42.971,88 28.174,05 133.526,82 69.596,96 % Desmatado em Relação Município 10,60 18,87 19,64 23,90 39,63 42,33 34,74 50,27 8,04 15,62 46,62 15,22 54,30 49,95 2,93 7,20 28,87 14,49 Estado 0,33 0,22 0,27 0,30 0,77 0,30 0,27 0,79 0,19 0,44 0,19 0,53 0,39 0,93 0,18 0,12 0,57 0,30 Parte I - Capítulo 4 - A Questão Ambiental do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Município Guajará-Mirim Jamari Jaru Ji-Paraná Machadinho Ministro Andreazza Mirante da Serra Monte Negro Nova Brasilândia Nova Mamoré Nova União Novo Horizonte Ouro Preto d'Oeste Parecis Pimenta Bueno Porto Velho Presidente Médici Primavera Rio Crespo Rolim de Moura Santa Luzia São Felipe São Miguel Seringueiras Teixeirópolis Theobroma Urupá Vale do Anari Vale do Paraíso Vilhena Total Área (Hectares) 2.422.569,85 407.067,19 337.147,96 628.992,26 813.362,48 67.455,68 120.037,15 173.634,94 113.808,07 997.696,13 58.892,95 76.891,14 220.443,47 381.137,57 808.057,81 3.879.371,00 188.286,27 46.369,11 181.427,95 138.157,41 145.302,16 80.389,44 765.271,41 470.169,28 54.758,64 217.862,67 82.201,24 234.154,44 100.748,24 1.321.187,54 23.851.280,00 Desmatamento (Hectares) 64.538,35 47.487,44 180.035,12 179.514,18 61.935,49 39.355,70 31.522,34 56.424,26 44.912,28 61.463,74 40.358,26 39.008,40 120.730,45 23.029,42 217.395,07 245.206,64 103.821,05 40.107,03 48.684,84 120.425,70 71.375,23 41.697,65 63.431,93 40.319,81 22.494,59 90.489,24 40.360,22 23.315,93 72.971,46 113.114,34 4.005.788,64 % Desmatado em Relação 2,66 11,67 53,40 28,54 7,61 58,34 `26,26 32,50 39,46 6,16 68,53 50,73 54,77 6,04 26,90 6,96 55,14 86,50 26,83 87,17 49,12 51,87 8,29 8,58 41,08 41,53 49,10 9,96 72,43 8,56 16,95 0,27 0,20 0,77 0,76 0,26 0,17 0,13 0,24 0,19 0,26 0,17 0,17 0,51 0,10 0,93 1,04 0,44 0,17 0,21 0,51 0,30 0,18 0,27 0,17 0,10 0,39 0,17 0,10 0,31 0,48 16,95 Fonte: Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental - SEDAM (1995) / (*)Base de dados SEDAM/1993 Em relação ao desmatamento nos municípios do Estado de Rondônia, pode-se afirmar que 12 deles (Cacoal, Colorado d'Oeste, Jaru, Ministro Mário Andreazza, Novo Horizonte, Nova União, Ouro Preto d'Oeste, Presidente Médici, Primavera, Rolim de Moura, São Felipe e Vale do Paraíso), já em 1993 apresentavam mais de 50% de suas áreas totais desmatadas a corte raso. Desta forma, em análise preliminar, conclui-se que a maior parte das propriedades rurais destes municípios já ultrapassaram o limite de desmatamento permitido por lei, ou seja, foram efetuados desmatamentos em áreas de reserva legal (50%) na maioria das propriedades dos municípios citados anteriormente. Os municípios com desmatamentos mais acentuados em área absoluta, foram Porto Velho, Corumbiara e Pimenta Bueno, com 245.000 ha, 218.000 ha e 217.000 ha, respectivamente. Porém, deve-se lembrar que Porto Velho possui uma área total de mais de 3.500.000 ha, enquanto Pimenta Bueno e Corumbiara juntos somam pouco mais de 1.100.000 ha, isto é, a área impactada nos dois últimos casos é relativamente bastante superior quando considerada a área total dos municípios. Quando observados apenas valores relativos, os casos mais acentuados de desmatamento nos municípios foram Rolim de Moura e Primavera, que ultrapassaram 80% de suas áreas totais. Parte I - Capítulo 4 - A Questão Ambiental do Estado de Rondônia 69 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Isto leva a crer que a maioria das propriedades rurais destes municípios já ultrapassaram o limite de desmatamento de outras regiões do país. Contudo, em valores absolutos, apresentam juntos pouco mais de 160.000 ha desmatados. Situações semelhantes a todos os municípios citados anteriormente em relação ao desmatamento de propriedades rurais, existem na maior parte do Estado em que foram implantados os primeiros projetos de colonização, ao longo da BR-364. Contudo, não constam neste trabalho com valores relativos superiores a 50% da área total desmatada, em função da existência, na maioria dos casos, de Unidades de Conservação e Áreas Indígenas, que reduzem o percentual do total desmatado. Pode-se citar como exemplo o município de Ji-Paraná, que apresenta valores na ordem de 28,54% de desmatamento em sua área total, compensado pela existência de parte da área de uma Reserva Biológica no município, não alterando, porém, a situação individual das propriedades rurais, que em grande parte já desmataram acima do limite dos 50% de reserva legal. Estima-se que aproximadamente 90% das áreas desmatadas do Estado estão ocupadas por pastagens e os restantes 10% estão ocupadas por outros usos da terra (cultivos permanentes, agricultura, infra-estrutura, etc.). Já para as grandes propriedades (acima de 1000 hectares), estima-se que, no máximo, 2% de suas áreas totais são utilizadas para fins diversos e 98% para pastagens extensivas ou semi-intensivas. Com base em informações socioeconômicas, pode-se apresentar a distribuição de área por diferentes usos da terra em Rondônia, conforme quadro seguinte: Quadro 03 - Distribuição das Áreas efetivamente ocupadas Uso da Terra em Rondônia até 1995. Uso da Terra Área (ha) % em relação à área total do Estado Pastagens (1) Inundação (represas) (***) Exploração Mineral (terra firme e céu aberto) (***) Áreas Urbanas (**) Cultivos Anuais (*) Cultivos Semi-Perenes (*) Cultivos Perenes (*) Outros (estradas, etc.) (2) 3.480.000,00 44.000,00 18.000,00 14,32 0,18 0,07 51.111,00 495.616,00 74.125,00 181.459,80 109.689,00 0,21 2,04 0,30 0,75 0,45 Fontes: (*)EMATER (1995) - (**) ITERON (1996) - (***)SEDAM (1995) (1) Para a estimativa da área de pastagens, foi considerado que o rebanho bovino é de 4,44 milhões de cabeças. (2) Considerou-se um total de 25.000 Km de estradas, com uma largura média de 40 m, incluindo-se áreas de segurança e escape. Deve-se ressaltar que no caso específico das capoeiras, estão associadas as áreas de diferentes usos da terra (cultivos anuais, semi-perenes, perenes e pastagens), podendo chegar em seus diferentes estágios de existência a 10% do total desmatado até 1995, ou seja, 487mil hectares em todo o Estado, formando áreas temporariamente sub-aproveitadas e bastante suscetíveis a queimadas na estação seca do ano. Reflorestamento Embora a indústria madeireira de Rondônia tenha se desenvolvido segundo um modelo de exploração extrativa, com o simples corte de espécies selecionadas, basicamente em função da cotação alcançada no mercado pelas espécies-alvo, vem sendo reorientada para uma atuação em bases empresariais, voltando-se para o reflorestamento, o manejo florestal e outras práticas. 70 Parte I - Capítulo 4 - A Questão Ambiental do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Atualmente, apesar das incertezas provocadas pela atuação dos órgãos normativos e fiscalizadores, encontra-se no caminho da auto-sustentação. Hoje existem empresários, que individualmente e/ou como participantes de Associações e/ou Cooperativas, desenvolvem vários projetos de reflorestamento e de condução da regeneração natural. Os primeiros e importantes resultados destas ações, que irão suprir a indústria madeireira nas próximas décadas em bases racionais e empresariais, são assinalados a seguir. Para o reflorestamento as espécies mais utilizadas são: a teca, o freijó, o mogno, a caixeta e o cedro-rosa. De importância também são os plantios de ipê, leiteira, pinus, açaí, faveira, itaúba, marupá, bandarra, cerejeira, samaúma, sucupira, entre outras. A área total reflorestada corresponde a 12.402 ha, onde já foram plantadas 11.517.224 árvores das espécies indicadas. Os primeiros cortes estão previstos para o ano de 1999. Quadro 04 - Fontes de Reflorestamento Projetos FUNDAGRO PAIC Projeto de Reflorestamento Levantamento Circunstancial Total Nº Mudas Distribuídas 881.437 848.197 8.408.442 1.379.148 11.517.224 Hectares Reflorestados 2.004 1.501 6.620 2.277 12.402 Fonte: SEPLAN/PLANAFLORO/97 Quadro 05 - Instituições de Fomento Instituição PLANAFLORO IBAMA Total Nº Mudas 1.729.634 9.787.590 11.517.224 Hectares 3.505 8.897 12.402 Fonte:SEPLAN/PLANAFLORO/97 O PLANAFLORO O Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia (Planafloro), teve sua origem a partir da identificação dos problemas advindos do intenso processo de migração porque passou o Estado, sobretudo na década de 80. O projeto teve seu contrato de empréstimo assinado em 19 de setembro de 1992, entre o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, e a República Federativa do Brasil, para execução pelo Estado de Rondônia. O principal objetivo do Planafloro consiste na implementação de ações que propiciem o aproveitamento racional dos recursos naturais, de forma a favorecer o desenvolvimento sustentável de Rondônia. Politicamente, o PLANAFLORO é uma proposta que atende à necessidade do Governo do Estado de substituir o POLONOROESTE, quando se encontrava em fase de conclusão, ao tempo que surgia como alternativa capaz de assegurar os recursos indispensáveis à viabilização de programas essenciais à consolidação de atividades produtivas, sociais e ambientais de Rondônia. Do ponto de vista econômico, o PLANAFLORO é uma ousada proposta de captação de recursos financeiros do Banco Mundial para viabilizar o desenvolvimento do Estado de Rondônia. Não se pode esquecer que estes empréstimos acarretam pesados ônus a toda população do país, razão pela qual exigem uma competente análise da relação existente entre os custos financeiros do projeto e os benefícios sociais e econômicos que produzem. Nesta análise, o Governo do Estado não pode prescindir da participação da sociedade civil organizada. Parte I - Capítulo 4 - A Questão Ambiental do Estado de Rondônia 71 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Socialmente é uma proposta pioneira, ao ensejar a participação da sociedade civil nos processos de diagnóstico, análise e proposição de soluções, o que se consubstancia nos planejamentos das ações a serem realizadas. Tecnicamente é uma proposta inovadora, que procura viabilizar o Zoneamento Socioeconômico-Ecológico - ZEE que, em síntese, é um instrumento técnico e político de planejamento das peculiaridades regionais, segundo critérios de sustentabilidade, de absorção de conflitos, e de temporalidade, o que lhe atribui um caráter de processo dinâmico que deve ser periodicamente revisto e atualizado, capaz de agilizar a passagem para o novo padrão de desenvolvimento. O ZEE, portanto, não é um fim em si, nem mera divisão física, e tampouco visa criar zonas homogêneas e estáticas cristalizadas em mapas. O PLANAFLORO, elaborado nesta perspectiva, traz em seu conjunto de componentes, atividades que visam promover a implantação de modelos de desfrute dos recursos naturais, numa visão de longo prazo e de sustentabilidade, tanto econômica quanto ambiental. O que se assiste em alguns países da Europa é a exigência crescente de certificados de origem, para produtos oriundos de regiões de trópico úmido, que comprovem ser tal produção sustentável. Isto só é possível de ser plenamente atingido com a implantação de novos sistemas de manejo e uso da floresta, do solo e da água, que permitam a conservação destes recursos. Quadro 06 - Zoneamento Socioeconômico-Ecológico de Rondônia ZONA 1 2 3 4 5 6 DESTINAÇÃO Intensificação da Exploração Agropecuária Pequenos produtores em coletividade FINALIDADE Ordenamento e recuperação das atividades agrícolas, pecuárias e agroflorestais Recuperação e desenvolvimento da atividade agropecuária e de agricultura consorciada com culturas permanentes Aproveitamento de várzeas e terras firmes Ribeirinha marginais aos rios, desenvolvendo atividades agroflorestais e pesqueiras Ordenamento e desenvolvimento do Extrativista extrativismo vegetal de castanha, gomas, óleos, frutos e raízes exploráveis Manejo Florestal Importante potencial madeireiro para extração em escala comercial Conservação e Preservação Garantir a manutenção dos ecossistemas e o Permanentes equilíbrio ecológico ÁREA (ha) 6.195.000 3.015.000 589.000 3.500.000 2.435.000 6.400.000 Fonte: SEPLAN Resultante da 1ª Aproximação conforme mostra o Quadro acima, 59,70% da área total do Estado, está sendo mantida com revestimento florestal. Somam-se mais 2,5%, que estão sendo mantidas preservadas por serem áreas predominantemente de várzeas, com alagações periódicas. Aproximadamente os 40% restantes do Estado são destinados às explorações agropecuárias. Some-se ainda que desse total 50% de cada propriedade são preservados face a vigência de Lei Federal que institucionalizou o Código Florestal determinando a obrigatoriedade da existência da reserva legal, donde se conclui que somente 20% do total da área do Estado, tem possibilidade de corte raso e aproveitamento integral. Ressalte-se aqui que a área atualmente desmatada (22,25%) já é superior a estes 20%. Esta distorção deverá ser sanada através de ajustes na 2ª Aproximação do Zoneamento Socioeconômico-Ecológico. O aprofundamento dos estudos do Zoneamento, através da 2ª Aproximação, deverá prioritariamente gerar informações básicas ao ordenamento territorial definitivo, segundo a capacidade da oferta ambiental, de modo a subsidiar o planejamento das intervenções públicas e 72 Parte I - Capítulo 4 - A Questão Ambiental do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 privadas, a fim de atingir a auto-sustentabilidade dos recursos naturais, através de inter-relações e interdependências que caracterizam as áreas equiproblemáticas. Estes sistemas deverão ser avaliados quanto à sua vulnerabilidade, à ação antrópica e identificadas as alternativas de uso que serão projetadas na forma de prognósticos a serem materializados no formato de “zonas de intervenção”. Estas zonas serão consolidadas através de proposições, planos e programas recomendados e consubstanciados no mapa do Zoneamento Socioeconômico-Ecológico. A escala de trabalho será de 1:250.000, à exceção da Zona 1, de 1:100.000, envolvendo levantamentos temáticos e a integração de temas abordando: Geologia, Geomorfologia, Climatologia, Recursos Hídricos Superficiais, Pedologia, Vegetação, Fauna, Uso e Ocupação do Solo, Situação e Estrutura Fundiária, Socioeconomia e Aptidão Agrícola, Vulnerabilidade Ambiental, Sistemas Naturais e Socioeconômicos e Zoneamento. A conclusão prevista da 2ª Aproximação deverá ocorrer em abril de 1998. A partir da análise de variáveis selecionadas, estabelecidas nos quadros físicos, bióticos e socioeconômicos das áreas estudadas, obtém-se a compreensão da situação. Nesta etapa, a análise interativa das informações geradas nos estudos temáticos realizados, assumirá, em forma e proporção, a expressão em resultados cartográficos, que indicarão a vulnerabilidade e sustentabilidade, permitindo a caracterização das zonas de intervenção. Atualmente os resultados mais significativos alcançados pelo PLANAFLORO estão centrados no componente ambiental, destacando-se os principais como: − regularização e implantação de Unidades de Conservação e de Reservas Extrativistas; − realização da 2ª Aproximação do Zoneamento; − revisão dos instrumentos de políticas públicas; − capacitação do pessoal em Sistema de Informação Geográfica - S.I.G. e gestão de espaço; − validação dos sistemas agroflorestais e sistemas alternativos de produção pelo Projeto de Iniciativas Comunitárias - PIC, atualmente Programa de Apoio às Iniciativas Comunitárias - PAICs; − busca de alternativas econômicas sustentáveis às populações indígenas; − implantação de um sistema de unidades de conservação de uso indireto; − capacitação de técnicos em diversas áreas; − implantação de programa de educação ambiental, não formal. No momento, está sendo negociado a prorrogação do PLANAFLORO para mais um ano, objetivando a maximização do atendimento às comunidades rurais (PAICs), investimento em estradas, consolidação das Unidades de Conservação e conclusão dos trabalhos da 2ª Aproximação do Zoneamento. Os recursos financeiros disponíveis, que no momento são objeto de negociação, com vistas à prorrogação do Programa, infelizmente pouco ou quase nada vão ajudar no processo de desenvolvimento do Estado de Rondônia. Para que haja um efetivo crescimento, com vistas a transformar Rondônia em um estado com desenvolvimento sustentável, além de recursos financeiros suficientes, faz-se necessária a identificação de instrumentos e mecanismos capazes de direcionar as atividades sócioeconômicas, objetivando atender os anseios da comunidade. O POLONOROESTE teve como objetivo principal o caráter desenvolvimentista e trouxe para Rondônia US$ 1 bilhão. O PLANAFLORO, através do seu documento principal de negociação, o Zoneamento Socioeconômico-Ecológico, alavancou para as atividades de desenvolvimento e preservação somente US$ 228,9 milhões. Como vimos, mesmo com a Parte I - Capítulo 4 - A Questão Ambiental do Estado de Rondônia 73 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 prorrogação do PLANAFLORO, os recursos serão insuficientes para atender a demanda de investimentos necessários ao pleno desenvolvimento do Estado. Diante de tal situação, é imperiosa a elaboração de um novo Projeto, a ser negociado com o Banco Mundial. Baseados na 2ª Aproximação do Zoneamento, os recursos alocados seriam aplicados exclusivamente nas áreas de exploração agropecuária intensiva, atividades de reflorestamento, fomento à indústria e à agroindústria, além de projetos de infra-estrutura rodoviária e urbana (recuperação da malha viária, ampliação de sistemas de abastecimentos de energia, de água, entre outros). O Governo do Estado solicitou o apoio do Banco Mundial para um futuro Projeto, a ser implantado após conclusão do PLANAFLORO, encontrando-se em fase de discussão o Termo de Referência, que define ações a serem desenvolvidas. Este novo Projeto, irrigando com suficientes recursos as áreas destinadas a exploração intensiva definidas pela 2ª Aproximação, compensaria, de certa forma, a preservação dos ecossistemas frágeis de Rondônia, alterando significativamente a atual configuração econômica do Estado, proporcionando um novo impulso desenvolvimentista, baseado na autosustentabilidade, garantindo renda e bem estar social. Caso o Governo de Rondônia não consiga, através de negociação com o Banco Mundial, um novo projeto, de nada valerão os Programas e recursos advindos do PLANAFLORO, pelo simples fato de não existir no momento, nenhuma política governamental de incentivos para implantação de projetos que venham proporcionar o desenvolvimento das Zonas 1 e 2 do atual Zoneamento. Para que se evitem pressões de toda ordem por invasões de áreas de preservação e conservação, é necessário que se criem políticas de desenvolvimento e instrumentos de aplicação de recursos, objetivando a verticalização da atividade produtiva em áreas existentes na Zona 1 e 2, para que haja o desestímulo das iniciativas de derrubadas de mais florestas. ***** 74 Parte I - Capítulo 4 - A Questão Ambiental do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 5 A QUESTÃO ENERGÉTICA DO ESTADO DE RONDÔNIA CONTEXTO ATUAL DA EMPRESA A s Centrais Elétricas de Rondônia S/A - CERON, sociedade de economia mista, é concessionária do Estado de Rondônia, cabendo-lhe a responsabilidade pela geração, distribuição e comercialização de energia elétrica. A geração de energia elétrica de responsabilidade da CERON ocorreu, em todo o período de sua existência, através de unidades termo-elétricas diesel, com exceção da pequena contribuição da usina hidráulica do Rio Vermelho, localizada no município de Vilhena. Desde 1981, a responsabilidade pela geração de energia elétrica na capital, Porto Velho, foi transferida para a ELETRONORTE. Na ocasião, constituída por um parque gerador térmico diesel, passando, posteriormente, a ser suprida por energia hidráulica, com o início de operação da usina hidroelétrica de Samuel, em julho de 1989. A partir de agosto de 1994 foi construída a linha de transmissão em 230 Kv, interligando Samuel a Ariquemes e Ji-Paraná, passando portanto o suprimento dessas Regiões para a responsabilidade da ELETRONORTE. No mesmo ano, também concluída a construção da linha de transmissão em 69 Kv, interligando Cacoal e Pimenta Bueno ao sistema da usina hidroelétrica de Samuel. Atualmente, com relação a produção de energia elétrica, a ELETRONORTE responde por 78 % da energia gerada, ficando 17 % para a CERON e 5% distribuídos entre diversos autoprodutores independentes, que construíram e operam pequenas centrais hidroelétricas. A CERON atende, hoje, todos os 52 municípios do Estado, além de 48 pequenas localidades, com totais de 221.226 consumidores, uma demanda máxima de 188.339 KW e com consumo mensal de energia elétrica de 65.900 MWh. Este atendimento se realiza através de 66 usinas (65 usinas termoelétricas diesel e uma hidráulica), da compra de energia da ELETRONORTE e de autoprodutores. Para o atendimento deste mercado, a CERON conta com 1534 empregados. O faturamento da empresa em 1996 foi de R$ 104,2 milhões, insuficientes para a cobertura de todas as despesas. Em conseqüência do déficit operacional crônico, a empresa acumulou até o momento um passivo de aproximadamente R$ 400 milhões, e atravessa uma fase de grandes dificuldades financeiras. A insuficiência de recursos financeiros impossibilita e dificulta a aquisição de materiais e equipamentos para a manutenção mínima do seu sistema de geração e distribuição, provocando interrupções do fornecimento e racionamento de energia elétrica principalmente nos sistemas isolados. Para reverter este quadro crítico, bem como objetivando a desestatização da CERON, o Governo do Estado, que detinha 99,77% do patrimônio acionário, em 20/12/96 vendeu à ELETROBRÁS 48,7% de sua participação, ficando com 51,07%. Nessa mesma data as duas partes, ou seja, o Governo do Estado e a ELETROBRÁS, firmaram um acordo de acionistas no qual transferiu toda a gestão da CERON para a ELETRONORTE. Nesse acordo foi estabelecido ainda que os novos administradores deverão tomar como bases gerenciais o re-equacionamento da situação econômica financeira e a privatização da Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia 75 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CERON num prazo máximo de 12 meses, contado a partir de suas posses, o que implica que a CERON deverá ser privatizada até o final do corrente ano - 1997.1 Localidades Atendidas pela CERON Do total de 100 localidades que compõe o mercado da CERON, 30 delas já são atendidas com a energia comprada da ELETRONORTE e que representa aproximadamente 78% do total de consumo. As localidades de Pimenta Bueno e Jaru, apesar de terem geração térmica própria, passaram a receber energia complementar do Sistema da ELETRONORTE. As demais localidades possuem geração própria, através da CERON, e/ou energia adquirida de produtores independentes. Mercado de Energia Elétrica O consumo de energia elétrica no ano de 1996 foi de 828.065 MWh, apresentando um crescimento de 9,4% comparativamente a 1995. O mercado em 1996 não manteve, ao longo do ano, crescimento expressivo, quando comparado ao exercício anterior, pois em 1995 o consumo de energia obteve um significativo crescimento na história da empresa (27,8%), comparado aos últimos 10 anos. Deve-se registrar que este índice foi alcançado em função de uma base extremamente baixa em 1994, quando o interior do Estado sofria de intenso racionamento, principalmente em grandes cidades como Ji-Paraná, Ariquemes, Cacoal, Pimenta Bueno e Jaru hoje interligadas ao Sistema ELETRONORTE. Ainda assim, a taxa de crescimento do mercado ocorrida em 1996 (9,4%) foi muito expressiva para o mercado da CERON, quando comparada com os anos de 1992, 1993, 1994 que cresceram 1,7%, 0,3% e 4,7%, respectivamente. Consumo Total O fim do racionamento de energia ocorrido nas grandes cidades do Interior do Estado, interligadas ao Sistema ELETRONORTE, aliado ao desempenho da economia regional após a implantação do Plano Real, não foram suficientes para o mercado atingir a taxa de crescimento prevista para o ano de 1996, que era de 14,1%. Logo, o desvio ocorrido nas previsões de venda de energia foi 4,1% menor, indicando que as vendas ficaram cerca de 35.735 MWh aquém daquelas previstas.O quadro a seguir apresenta a comparação entre os mercados projetado e realizado pela CERON, no exercício de 1996 e o mercado realizado em 1995. Consumo por Classe em MWh - Valores Realizados e Projetados Classe Residencial Industrial Comercial Rural Poder Público Iluminação Pública Serviço Público Próprio Total Mercado Realizado 1995 359.379 71.906 190.636 18.257 57.891 32.075 24.447 2.498 757.089 (A) Mercado Realizado 1996 387.928 85.861 202.929 26.098 66.979 31.966 24.046 2.258 828.065 (B) Mercado Projetado 1996 398.871 90.079 211.813 17.840 65.579 43.257 33.119 3.248 863.800 Desvio (%) (A) / (B) -2,7 -4,7 -4,2 46,3 2,1 -26,1 -27,4 -30,5 -4,1 1 - Quando do fechamento da edição desta publicação, o Governo Federal decidiu que faria a privatização da CERON e da ELETRONORTE conjuntamente. 76 Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 O quadro abaixo, apresenta as taxas de crescimento do mercado da CERON, Região Norte e do Brasil nos últimos cinco anos onde se observa a melhoria da taxa de crescimento do mercado da CERON, nos últimos anos: Taxas de Crescimento CERON, Região Norte, Brasil 1992-1996 Região Rondônia (CERON) Região Norte Brasil 1992 1,7 3,9 1,9 1993 0,3 2,4 3,7 1994 4,7 3,1 2,4 1995 27,8 9,2 7,6 1996 9,4 7,1 6,0 O consumo de energia elétrica por classe, no quadro a seguir demonstra, que a Classe Residencial mantém a maior participação no mercado, 46,8%, seguida da Comercial, com 24,5%. Destaca-se a classe Rural com a maior taxa de crescimento no ano, 42,9%, seguida da classe Industrial, com 19,4%, porém ainda com pouca participação na estrutura do mercado da CERON, 3,2% e 10,4%, respectivamente. O consumo de energia elétrica médio mensal da CERON, em 1996, situou-se em torno de 69.005 MWh/mês. Consumo de Energia por Classe (MWh) - 1996 Classe 1996 Residencial Industrial Comercial Rural Poder Público Iluminação Pública Serviço Público Próprio Interno Total Part.% 387.928 85.861 202.929 26.098 66.979 31.966 24.046 1.825 433 828.065 1995 46,8 10,4 24,5 3,2 8,1 3,9 2,9 0,2 0,1 100,0 Part% 359.379 71.906 190.636 18.257 57.891 32.075 24.447 2.120 378 757.089 47,5 9,5 25,2 2,4 7,6 4,2 3,2 0,3 0,0 100,0 Tx.Cres.% 96/95 7,9 19,4 6,4 42,9 15,7 -0,3 -1,6 -13,9 14,6 9,4 Tx.Cres.% 95/94 28,8 49,1 27,8 88,0 18,8 0,8 3,6 13,5 -15,4 27,8 O número total de consumidores elevou-se em dezembro/96 para 221.226, representando um crescimento de 7,2% em relação a dezembro/95, e um incremento de 14.855 novos consumidores. Deve-se registrar que o acréscimo do número de consumidores em 1995 foi de 15.636. O quadro a seguir, apresenta uma comparação do número de consumidores por classe, em dezembro/95 e dezembro/96, com as respectivas taxas de crescimento, bem como sua evolução mensal. Número de Consumidores por Classe Classe Residencial Industrial Comercial Rural Pod.Público Ilum. Pública Serv. Público Próprio Dez/96 179.886 1.978 23.986 13.091 2.008 112 63 72 Part.% 81,31 0,89 10,84 5,92 0,91 0,05 0,03 0,03 Dez/95 170.012 1.823 22.894 9.435 1.928 110 62 78 Part% 82,38 0,88 11,09 4,57 0,93 0,05 0,03 0,04 Acrésc. 9.874 155 1.092 3.656 80 2 1 -6 Tx.Cres.% 96/95 5,8 8,5 4,8 38,7 4,1 1,8 1,6 -7,7 Tx.Cres.% 95/94 6,6 10,0 8,2 59,5 -12,6 -1,8 -1,6 4,0 Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia 77 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Classe Interno Total Dez/96 Part.% 30 221.226 Dez/95 0,01 100,0 29 206.371 Part% 0,01 100,0 Acrésc. Tx.Cres.% 96/95 1 3,4 14.855 7,2 Tx.Cres.% 95/94 3,6 8,2 Na análise do consumo por localidade, quadro a seguir, observa-se que apenas 21 das 100 localidades consumiram no ano de 1996, 787.850 MWh, que representam 95,1% do consumo total. As localidades restantes, consumiram 4,9%. Consumo - MWh - 1996 Part% 1995 Part% Localidade 1996 Porto Velho Ji-Paraná Ariquemes Cacoal Vilhena Jaru Pimenta Bueno Guajará-Mirim Ouro Preto d’Oeste Rolim de Moura Colorado d’Oeste Espigão d’Oeste Presidente Médici Cerejeiras Alta Floresta Alvorada d’Oeste Machadinho d’Oeste Candeias do Jamari Montenegro Costa Marques Nova Brasilândia SUBTOTAL OUTRAS TOTAL GERAL 334.507 90.701 63.635 52.099 40.828 30.727 25.922 25.762 24.639 24.380 11.740 11.715 11.439 9.278 6.172 5.654 4.335 3.837 3.689 3.506 3.285 787.850 40.215 828.065 40,4 315.532 11,0 82.617 7,7 57.393 6,3 46.175 4,9 38.065 3,7 24.867 3,1 25.866 3,1 23.306 3,0 23.747 2,9 22.208 1,4 10.694 1,4 11.003 1,4 9.993 1,1 8.116 0,7 5.548 0,7 5.325 0,5 3.547 0,5 3.766 0,4 2.564 0,4 3.537 0,4 2.960 95,1 726.829 4,9 30.260 100,0 757.089 41,7 10,9 7,6 6,1 5,0 3,3 3,4 3,1 3,1 2,9 1,4 1,5 1,3 1,1 0,7 0,7 0,5 0,5 0,3 0,5 0,4 96,0 4,0 100,0 Tx.Cres.% 96/95 6,0 9,8 10,9 12,8 7,3 23,6 0,2 10,5 3,8 9,8 9,8 6,5 14,5 14,3 11,2 6,2 22,2 1,9 43,9 -0,9 11,0 8,4 32,9 9,4 Tx.Cres% 95/94 18,2 46,8 56,2 31,6 13,2 38,5 25,2 14,6 46,6 28,0 15,8 26,7 53,8 21,9 39,2 40,3 36,5 -9,1 166,0 26,1 68,4 27,0 49,5 27,8 Consumo Residencial O consumo de energia elétrica Residencial no ano de 1996 totalizou 387.928 MWh e mantém a maior participação no mercado total, 46,8%, com crescimento de 7,9%, comparativamente a 1995. Analisando-se a Classe Residencial por faixa de consumo, no quadro a seguir e conforme comentado anteriormente, observa-se que as taxas de crescimento no ano de 1996 não foram tão expressivas como as registradas em 1995, isto porque, a partir de 1996 muitas localidades do interior deixaram de sofrer racionamento de energia elétrica. Consumo Residencial por Faixa 78 Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Faixa KWh 0 a 30 31 a 50 51 a 100 101 a 150 151 a 200 201 a 300 301 a 400 401 a 500 501 a 1000 Acima de 1000 Total 1996 MWh 5.014 5.285 33.091 57.503 55.335 75.618 42.185 26.730 56.592 30.575 387.928 Part.% 1,3 1,4 8,5 14,8 14,3 19,5 10,9 6,9 14,6 7,9 100,0 1995 Part.% Tx.Cresc% MWh 96/95 5.255 1,5 -4,6 5.160 1,4 2,4 31.301 8,7 5,7 51.151 14,2 12,4 53.298 14,8 3,8 72.556 20,2 4,2 39.188 10,9 7,6 24.201 6,7 10,4 50.353 14,0 12,4 26.916 7,5 13,6 359.379 100,0 7,9 Tx.Cresc.% 95/94 -23,2 -14,5 -8,3 3,4 23,6 43,9 54,3 53,5 56,6 73,0 28,8 Pode-se observar que o maior consumo Residencial se mantém nas faixas de 201 a 300 KWh, representando 19,5% do total da classe. No que se refere ao número de consumidores Residenciais, verifica-se que este número evoluiu em dezembro/96 para 179.886, representando 81,3% do total e cresceu 5,8% em relação a dezembro/95. No período de janeiro a dezembro de 1996 foram incorporados ao sistema CERON 9.874 novos consumidores Residenciais, o que representou uma média de 823 ligações/mês. A variação percentual mais significativa do número de consumidores residenciais se deu na faixa de 101 a 150 KWh, 19,9%, conforme demonstrado no quadro a seguir: Número de Consumidores Residenciais por Faixa de Consumo Faixa Dez/96 Part. Dez/95 Part. Acrésc. Tx.Cresc.% Tx.Cresc.% KWh % % 96/95 95/94 0 a 30 13.772 7,7 15.100 8,9 -1.328 -8,8 -8,8 31 a 50 10.567 5,9 9.973 5,9 594 6,0 -7,8 51 a 100 36.303 20,2 33.844 19,9 2.459 7,3 -1,3 101 a 150 41.108 22,9 34.283 20,2 6.825 19,9 -0,4 151 a 200 26.509 14,7 25.807 15,2 702 2,7 9,4 201 a 300 26.018 14,5 25.860 15,2 158 0,6 21,0 301 a 400 10.475 5,8 10,211 6,0 264 2,6 32,0 401 a 500 5.375 3,0 5.248 3,1 127 2,4 34,8 501 a 1000 7.774 4,3 7.540 4,4 234 3,1 36,3 Acima de 1000 1.985 1,1 2.146 1,3 -161 -7,5 60,9 Total 179.886 100,0 170.012 100,0 9.874 5,8 6,6 Observa-se que a grande maioria, 129.938 consumidores, concentra-se na faixa de 51 a 300 KWh, representando 72,2% do total do número de consumidores residenciais, os quais consumiram no ano, 221.547 MWh, ou seja, 57,1% do consumo da classe. Da análise dos quadros anteriores (consumo e número de consumidores residenciais), depreende-se que o consumo residencial médio apresentou excelente recuperação nos últimos dois anos, saindo de 176 KWh em 1995, para 180 KWh por consumidor/mês, em 1996. O quadro a seguir, mostra a evolução do consumo Residencial médio mensal nos últimos cinco anos, da CERON, Região Norte e Brasil. Comparativo do Consumo Residencial Médio Mensal em Kwh/Mês Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia 79 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CERON Região Norte Brasil 1992 1993 1994 1995 1996 Tx.Cresc. Tx.Cresc. Tx.Cresc. Tx.Cresc. % 93/92 % 94/93 % 95/94 % 96/95 166 149 146 176 180 -10,2 -2,0 20,5 2,3 145 132 129 151 160 -9,0 -2,3 17,1 6,0 152 148 148 163 170 -2,6 0,0 10,1 4,3 Consumo Comercial A Classe Comercial que representa 24,5% do mercado total da CERON, apresentou um crescimento de 6,4% no consumo de energia elétrica no ano de 1996. Consumiu 202.929 KWh, contra 190.636 KWh no exercício anterior. O desempenho desta Classe vem sendo determinado pelas atividades “Comércio Varejista” e “Serviço de Alojamento e Alimentação”, que representaram 57,5% do consumo total da classe e apresentaram taxas de crescimento de 10,7% e 1,3%, respectivamente, comparativamente ao ano de 1995. A variação percentual mais significativa foi da Atividade “Ensino” que cresceu 21,3%, demonstrado no quadro a seguir: Consumo por Classe Comercial - Principais Atividades Ramo de Atividade Comércio Varejista Serv. De Aloj. e Alimentação Instituições Fin. Soc. Seguradora Serviços de Comunicação Serviços Auxiliares Diversos Comércio Atacadista Serv. Reparação Manut. Instal. Serviços de Saúde Serv. Comunitários e Sociais Ensino Serv. Radiodifusão, Televisão e Diversões Serviço de Transporte SUBTOTAL Outros Total da Classe 1996 Part.% MWh 89.423 44,1 27.358 13,4 11.507 5,7 11.191 5,5 9.772 4,8 8.045 4,0 8.113 4,0 6.860 3,4 9.016 4,4 8.326 4,1 4.876 2,4 1995 MWh 80.797 26.917 12.143 10.968 9.089 8.538 7.792 6.492 7.693 6.866 4.137 3.918 198.305 4.624 202.929 3.842 185.274 5.362 190.636 1,9 97,7 2,3 100,0 Part.% Tx.Cresc. Tx.Cresc. % 96/95 % 95/94 42,4 10,7 36,6 14,1 1,3 30,6 6,4 -5,2 11,7 5,8 2,0 13,5 4,8 7,5 25,8 4,5 -5,8 25,1 4,1 4,1 25,6 3,4 5,7 16,6 4,0 17,2 33,1 3,6 21,3 44,6 2,2 17,9 34,7 2,0 97,2 2,8 100,0 2,0 7,0 -13,8 6,4 20,0 29,6 -14,5 27,8 Consumo Industrial A Classe Industrial fechou o ano de 1996 com uma participação de 10,4% do consumo total, atingindo 85.861 MWh, apresentando uma taxa de crescimento 19,4%, contra 49,1% registrado no período 95/94. Analisando-se o comportamento desta Classe, observa-se que no ano de 1995 houve um elevado consumo de energia, com uma das maiores taxas de crescimento nos últimos dez anos (49,1%). Conforme comentado anteriormente, este comportamento refletiu o fim do racionamento em grandes cidades do interior, devido a melhoria na oferta, ocasionada pelas interligações ao Sistema de Transmissão UHE Samuel (ELETRONORTE). No Interior estão concentrados 81,6% dos consumidores Industriais da CERON, na sua maioria quanto ao segmento madeireiro, embora ainda exista uma demanda reprimida no setor Industrial, pelas insuficiência na oferta, na qualidade e na confiabilidade, forçando a que os consumidores continuem com seus grupos geradores particulares. 80 Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 O número de consumidores Industriais elevou-se em dezembro/96 para 1.978, contra 1.823 registrado em dezembro/95, apresentando um crescimento de 8,5%. No período de dezembro/95 a dezembro/96 foram acrescidos 155 consumidores, inferior ao acréscimo registrado no período dezembro 95/94 que foi de 165 consumidores. Na estrutura do consumo Industrial, por ramo de atividade, constata-se que a “Indústria Madeireira” vem mantendo a maior participação na classe Industrial com 42,1%, seguida da atividade “Produtos Alimentares” com 28,4%, conforme demonstrado a seguir: Consumo por Classe Industrial - Principais Atividades Ramo de Atividade 1996 Part.% 1995 Part.% Tx.Cresc. MWh MWh % 96/95 Ind. de Madeira 36.128 42,1 33.643 46,8 7,4 Ind. Produtos Alimentares 21.984 28,4 18.052 25,1 21,8 Ind. Prod. Min. não 6.652 9,2 5.653 7,9 17,7 Metálicos Ind. Metarlúgica 8.942 6,2 2.814 3,9 217,8 SUBTOTAL 73.706 96,3 60.162 83,7 22,5 Outras Atividades 12.155 3,7 11.744 16,3 3,5 85.861 100,0 71.906 100,0 19,4 Total da Classe Tx.Cresc. % 95/94 33,0 31,6 27,3 -6,0 29,5 558,3 49,1 Outras Classes Neste grupo estão agregadas as classes Rural, Iluminação Pública, Poder Público e Serviço Público que, juntas, consumiram em 1996, 151.347 MWh, com uma participação de 18,3% do consumo total. A participação deste grupo aumentou de 17,8% em 1995, para 18,3%, em 1996, devido ao ganho de participação das classes Rural e Poder Público. Deste grupo, o maior desempenho continua sendo da classe Rural, porém de pouco peso no mercado total, que cresceu 42,9% em 1996, contra 88,9% em 1995, saindo de uma participação no consumo total de 2,4% em 1995, para 3,2% em 1996. O destaque da classe Rural continua sendo pelas obras de eletrificação rural realizadas em parceria (CERON, prefeituras e comunidades), às quais permitiram um incremento de ligações no ano de 1996, de 3.656 novos consumidores, superior ao acréscimo verificado em 1995, que foi de 3.519 consumidores. Energia Requerida A Energia Requerida para atender ao sistema elétrico da CERON, que compreende a geração própria mais as compras da Eletronorte, PCH Castaman, PCH Cassol, PCH Cabixi e PCH Ruttmann, totalizou no ano 1.086.002 MWh, apresentando um crescimento de 12,3% em relação a Energia Requerida no ano anterior. Este crescimento se deu pela compra de energia da Eletronorte que cresceu 23,9%, em decorrência da expansão do atendimento ao interior do Estado, ocorrida a partir do 2º semestre/95, com a interligação das cidades de Cacoal (15/07/95), Pimenta Bueno (29/07/95), Mirante da Serra (27/09/95) e Jaru (30/12/95). A composição da Energia Requerida no ano de 1996, ficou assim constituída: Composição da Energia Requerida pela CERON - 1996 Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia 81 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Energia Requerida (MWh) Geração Própria Térmica PCH Rio Vermelho Energia Comprada ELETRONORTE Porto Velho Ji-Paraná Ariquemes Cacoal Pimenta Bueno Jaru PCH Castaman PCH Cassol PCH Cabixi PCH Ruttmann TOTAL 1996 184.844 174.252 10.592 901.158 846.151 441.049 169.282 97.503 68.624 38.827 30.866 13.741 20.096 19.317 1.853 1.086.002 Part% 17,.0 16,0 1,0 83,0 77,9 40,6 15,6 9,0 6,3 3,6 2,8 1,3 1,9 1,8 0,2 100,0 1995 238.320 229.697 8.623 728.861 682.813 411.482 150.211 79.210 28.453 13.457 12.302 15.397 17.019 1.330 967.181 Part% 24,6 23,7 0,9 75,4 70,6 42,5 15,5 8,2 2,9 1,4 1,3 1,6 1,8 0,1 100,0 Tx.Cresc.% 96/95 -22,4 -24,1 22,8 23,6 23,9 7,2 12,7 23,1 141,2 188,5 11,7 30,5 13,5 39,3 127,3 Tx.Cresc. % 95/94 -23,3 -23,4 -20,3 60,2 61,5 11,5 366,6 263,0 20,9 36,6 0,0 0,0 26,3 Apresenta-se no quadro seguinte, a evolução mensal da Energia Requerida no ano de 1996. Evolução Mensal da Energia Requerida, em MWh - 1996 MÊS Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total CERON Térmica Hídrica 12.694 11.669 12.869 12.775 13.684 13.316 15.091 16.888 16.955 17.581 15.175 15.555 174.252 904 1.080 1.094 1.121 1.011 732 1.027 823 668 680 787 665 10.592 Energia Comprada ELETRO PCH PCH PCH NORTE Castaman Cassol Cabixi 64.827 1.040 2.004 1.743 62.524 1.097 1.915 1.653 68.738 1.506 1.869 1.921 67.606 1.433 1.927 1.565 73.367 1.751 2.000 1.788 67.377 1.202 1.738 1.617 70.474 980 1.338 1.491 74.601 898 1.126 1.418 74.716 817 1.106 1.450 74.864 864 1.205 1.345 72.786 1.063 1.873 1.628 74.271 1.090 1.995 1.698 846.151 13.741 20.096 19.317 PCH Ruttmann 140 148 161 173 178 168 182 112 94 158 172 167 1.853 Total 83.352 80.086 88.158 86.600 93.779 86.150 90.583 95.866 95.806 96.697 93.484 95.441 1.086.002 Conforme comentado anteriormente, o sistema elétrico da CERON no interior do Estado é composto pela energia comprada da ELETRONORTE e dos autoprodutores privados: PCH Castaman, PCH Cassol, PCH Cabixi e PCH Ruttmann. Com relação à energia comprada dos autoprodutores privados no interior do Estado, apenas a localidade de Chupinguaia é suprida totalmente pela PCH Ruttmann. As demais PCHs suprem parcialmente o sistema elétrico das localidades. A energia comprada das PCHs está assim distribuída: Energia Comprada das Pequenas Centrais Hidrelétricas PCH Localização Potência Instalada Localidades Início Município KW Atendidas Operação da 82 Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Castaman Cassol Cabixi Ruttmann Colorado d’Oeste 2.700 Alta Floresta 3.160 Vilhena Cabixi 2.400 630 Colorado d’Oeste Cerejeiras Rolim de Moura Santa Luzia Cacaieiros São Felipe Alto Alegre Migrantenópolis Castanheiras Alta Floresta Vilhena Chupinguaia PCH maio/92 junho/93 janeiro/95 fevereiro/95 A geração própria da CERON pode ser visualizada no quadro a seguir, onde estão destacadas as 14 maiores usinas com geração acima de 4.000 MWh. A taxa de crescimento negativa das “OUTRAS” se refere a pequenas usinas que foram desativadas e interligadas a outras usinas de maior porte. Geração Própria - Maiores Usinas - Interior do Estado Usinas 1996 Part.% 1995 Part.% Tx.Cres% MWh MWh 96/95 Guajará-Mirim 32.308 17,5 32.298 13,6 0,03 Rolim de Moura 22.087 11,9 19.733 8,3 11,9 Vilhena 20.659 11,2 20.313 8,5 1,7 Pimenta Bueno (*) 12.747 6,9 39.591 16,6 -67,8 Jaru (*) 12.254 6,6 32.265 13,5 -62,0 PCH Rio Vermelho 10.592 5,7 8.624 3,6 22,8 Alvorada D’oeste 8.607 4,7 7.181 3,0 19,9 Colorado D’oeste 7.305 4,0 5.255 2,2 39,0 Alta Floresta 7.249 3,9 7.220 3,0 0,4 Machadinho d’Oeste 6.709 3,6 5.279 2,2 27,1 Cerejeiras 5.602 3,0 5.762 2,4 -2,8 Costa Marques 5.090 2,8 4.714 2,0 8,0 Nova Brasilândia 4.744 2,6 4.234 1,8 12,0 Nova Mamoré 4.589 2,5 2.939 1,2 56,1 Subtotal 160.542 86,9 195.408 82,0 -17,8 Outras 24.302 13,1 42.912 18,0 -43,4 Total 184.844 100,0 238.320 100,0 -22,4 Tx.Cres% 95/94 23,0 50,7 -28,3 2,4 41,2 -20,3 52,4 27,1 25,3 80,3 34,0 21,0 105,2 54,0 15,1 -69,6 -23,3 Na composição da Geração Própria da CERON no Interior, destaca-se a usina de GuajaráMirim com a maior geração térmica no ano de 1996, 32.308 MWh, seguida da usina de Rolim de Moura, com 22.087 MWh, conforme demonstrado no quadro acima. Pólos de Geração Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia 83 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 No quadro a seguir se relacionam as 30 localidades atendidas pela geração de energia da ELETRONORTE, incluindo-se aqui as localidades de Pimenta Bueno e Jaru, que somam geração própria térmica e energia complementar do sistema. Sistema ELETRONORTE - Dezembro/1996 Sistema ELETRONORTE Localidades Atendidas Data da Energização 01- Porto Velho 26/07/89 - Sistema Porto Velho 02- Candeias do Jamari 26/07/89 30/08/94 03- Ariquemes 27/12/94 04- Monte Negro 15/12/95 05- Cacaulândia 30/12/95 06- Jaru (PRE) - Sistema Ariquemes 30/12/95 07- Theobroma 30/12/95 08- Gov. Jorge Teixeira 30/12/95 09- Nova Olinda 10- Ji-Paraná 29/09/94 11- Ouro Preto d’Oeste 29/09/94 12- Presidente Médici 29/09/94 13- Nova Londrina 29/09/94 14- Nova Colina 29/09/94 15- Rondominas 29/09/94 - Sistema Ji-Paraná 16- Vale do Paraíso 29/09/94 17- Novo Riachuelo 29/09/94 18- Teixeirópolis 29/09/94 19- Mirante da Serra 27/09/94 20- Nova União 27/09/95 21- Cacoal 15/07/95 22- Riozinho 15/07/95 23- Divinópolis 15/07/95 15/07/95 - Sistema Cacoal/Pimenta 24- Ministro Andreazza 25- Pimenta Bueno 29/07/95 Bueno 26- Espigão d’Oeste 29/07/95 27- Nova Esperança 29/07/95 28- Nova Estrela 29/07/95 29- Vila Primavera 29/07/95 30- Canelinha 19/07/96 A CERON vem mantendo a política de centralização da geração, já existindo também no interior do Estado algumas localidades sendo atendidas por outras usinas, através de linhas de distribuição, conforme demonstrado a seguir: Usinas Sistema Rolim de Moura/PCH CASSOL 84 Localidade Atendida Rolim de Moura 01- Santa Luzia 02- Cacaieiros 03- Alto Alegre 04- São Felipe 05- Migrantinópolis Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Usinas Sistema Costa Marques Sistema PCH Ruttmann Sistema Alvorada d’Oeste Localidade Atendida 06- Castanheiras 07- Alta Floresta (*) Costa Marques 08- Forte Príncipe da Beira 09- Chupinguaia Alvorada d’Oeste 10- Urupá (*) Possui geração própria térmica e recebe energia complementar do Sistema Rolim de Moura Consumo de Óleo Diesel O consumo de óleo diesel das usinas da CERON, no ano de 1996 foi de 58.255.532 litros, menor 21,7%, comparado ao ano de 1995, que foi de 74.393.204 litros, justificado pela queda da geração própria térmica no interior, devido a desativação de usinas que passaram a ser supridas pela compra de energia do sistema ELETRONORTE. Pode-se destacar que o montante desembolsado pela CERON com aquisição de óleo diesel para geração de energia elétrica (R$ 5.261.075,26), representa cerca de 28% do total que seria desembolsado, caso não houvesse o subsídio via Cota de Consumo de Combustíveis (CCC). Registra-se no ano um consumo específico de 0,334 litros/KWh, conforme demonstrado a seguir: Mês Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez TOTAL Geração Própria Térmica (MWh) 12.694 11.669 12.869 12.775 13.684 13.316 15.091 16.888 16.955 17.581 15.175 15.555 174.252 Óleo Diesel (Litros) 4.192.114 3.901.138 4.304.436 4.257.161 4.575.336 4.413.553 5.160.553 5.772.868 5.598.805 5.802.063 5.037.755 5.239.750 58.255.532 Consumo Específico (Litros/KWh) 0,330 0,334 0,334 0,333 0,334 0,331 0,342 0,342 0,330 0,330 0,332 0,337 0,334 Potência Instalada A Potência Instalada Nominal do parque hidrotérmico do Estado, compreendendo a ELETRONORTE, CERON e autoprodutores, registrada em dezembro/96, foi de 400.362 KW, maior 8,5% em relação a 1995. Este crescimento foi influenciado pela conclusão e inauguração da 5ª turbina da UHE Samuel, e teve a seguinte estrutura: Usinas CERON Potência Instalada - KW 1996 Pot. Nom Pot. Efet. Pot.Disp. Pot.Nom. 105.362 94.825 60.135 117.588 1995 Pot.Efet. Pot.Disp. 105.833 66.848 Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia 85 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Usinas 1996 Pot. Nom Pot. Efet. Pot.Disp. Térmica 102.762 92.485 58.965 PCH R. Vermelho 2.600 2.340 1.170 86 Pot.Nom. 114.988 2.600 1995 Pot.Efet. Pot.Disp. 103.493 65.388 2.340 1.460 Parte I - Capítulo 5 - A Questão Energética do Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 6 A QUESTÃO DOS TRANSPORTES NO ESTADO DE RONDÔNIA 1 - ASPECTOS NACIONAIS A inda que a região amazônica tenha recebido nos últimos quarenta anos grandes empreendimentos na área dos transportes, graças aos quais a região tem sido gradativamente integrada à vida nacional, este setor apresenta hoje enormes deficiências, que agravam sobremaneira as dificuldades de seus habitantes. A análise sumária a seguir, sobre a questão dos transportes em nível nacional, para a qual os dados e estudos da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes - GEIPOT foram fundamentais, é o pano de fundo para a compreensão da situação regional. A política e o processo de integração nacional, vistos tanto no sentido físico-territorial quanto no aspecto econômico-social, é que explicam a matriz nacional de transportes, construída ao longo da segunda metade deste século, período no qual observam-se dois momentos distintos: • até a Primeira Guerra Mundial, as diversas regiões do país se interligavam basicamente pelo tráfego marítimo de cabotagem. Desde fins do Império, as ferrovias se haviam firmado como o meio mais importante de ligação entre os portos e as áreas de produção agropecuária, embora sem penetrar o vasto espaço do hiterland nacional. A dependência financeira e tecnológica do exterior, a postura concedente e paternalista do Estado e a ausência de visão estratégica nacional contribuíram para a inexistência de um planejamento estruturado dos transportes no Brasil. • a partir do final da Primeira Guerra Mundial teve início a expansão rodoviária brasileira e, com ela, o processo de integração do mercado interno. Dentre os fatores que contribuíram para esta expansão, destacam-se: - a política de industrialização pela substituição de importações. Ao voltar sua produção para dentro do país, a nova indústria encontrou uma estrutura de transportes voltada para fora, verdadeiros corredores de exportação, desatrelados entre si, com grande diversidade de equipamentos e inadequados aos objetivos de integração do mercado interno; - a gradativa deterioração das ferrovias e portos decorrentes tanto do declínio do comércio exterior ocasionado pela Grande Depressão, quanto da dificuldade de reposição de equipamentos caros ante às restrições à importação; - o baixo custo relativo da implantação da infra-estrutura rodoviária, bem como a flexibilidade e versatilidade da modalidade; - finalmente, diversas medidas de caráter institucional que favoreceram o transporte rodoviário, quais sejam: a aprovação do Plano Geral de Viação Nacional (1934), a criação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1937), a instituição do Conselho Nacional do Petróleo (1938), a instituição do Imposto Único sobre Lubrificantes e Combustíveis Líquidos e Gasosos (1940) e a instituição do Fundo Rodoviário Nacional (1945). Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia 97 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A implantação da indústria automobilística nos anos 50, consolidou os mecanismos de financiamento, responsáveis por uma verdadeira revolução no setor de transporte nacional. O primeiro choque do petróleo em 1973, evidenciou a grande dependência brasileira na importação de energia, bem como a elevada participação rodoviária na matriz nacional de transporte. Sua baixa eficiência relativa ao consumo de combustível por passageiro ou carga transportada, já percebida no passado, indicava a necessidade de conferir maior equilíbrio à repartição modal dos transportes. Assim, em 1974, o Fundo Nacional de Desenvolvimento, passou a desvincular os recursos, antes destinados compulsoriamente às rodovias, contemplando as novas opções de investimentos destinadas a ajustar a economia e os transportes ao mundo do petróleo caro. Os planos desenvolvidos desde então contribuíram para alterar a matriz de transporte de cargas no país, elevando de 17% em 1970, para cerca de 25% em 1980 a participação ferroviária, e reduzindo de quase 70% em 1970 para pouco mais de 59% em 1980, a participação rodoviária. A profunda crise fiscal do Estado brasileiro durante os anos 80, quando se observou uma despoupança superior a 3,5% do PIB em 89/90, resultou no insuficiente financiamento para os investimentos ferroviários e hidroviários. Assim, ao final da década de 80, o país não conseguia completar a transição mais eficiente e equilibrada. Ao mesmo tempo, face a escassez de recursos, sequer os serviços de conservação eram realizados, ocasionando grave deterioração do parque rodoviário nacional. Em conclusão, pode-se afirmar que até o ano 2000, e o mais tardar até o ano 2010, diversas ações deverão ser implementadas no setor de transporte nacional: a - Para todos os sistemas de transporte de cargas: • recuperação urgente de toda a infra-estrutura deteriorada; • descentralização do sistema nacional de viação, com redução substancial dos segmentos sob responsabilidade federal; • renovação e modernização das frotas rodoviária, ferroviária e de navegação; • implantação de terminais multi-modais; • expansão e interiorização do uso de containers, com descentralização e desburocratização alfandegária; • melhoria crescente da qualidade na prestação dos serviços de transporte; • captação de recursos para assegurar a manutenção e a expansão dos sistemas viários que não possuem formas de cobrança tarifária. b - Para os corredores de transporte de cargas: • tanto nas áreas urbanas como nos espaços geográficos mais amplos, a tendência será a de descentralização da coordenação das operações de transporte por campos específicos de negócios, sob a responsabilidade dos setores produtivos envolvidos; • esta tendência será crescentemente desenvolvida nos corredores de transporte de interesses comerciais múltiplos, envolvendo produtores, transportadores, comerciantes, seguradoras, sindicatos, usuários e quaisquer outras entidades, sob supervisão das autoridades normativas e fiscalizadoras do Estado; • desta forma, prevê-se que a divisão do espaço geográfico brasileiro em corredores de exportação/importação, será uma realidade, em função das áreas econômicas de influência dos portos marítimos concentradores de cargas, e, também, em corredores para os mercados internos e regionais do Mercosul e do Pacto Amazônico. 2 - ASPECTOS REGIONAIS A Amazônia brasileira, com quase 5.000.000 Km² de área, é uma vasta e rica região a ser, ainda, plenamente incorporada à economia nacional. Considerada a mais importante reserva bio98 Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 lógica do mundo, com mercado mundial de produtos naturais em franca expansão, é fundamental encontrar meios de aproveitamento racional desses recursos. A exploração racional das riquezas naturais da floresta amazônica será, decerto, o meio mais seguro de se evitar as ocupações desordenadas de áreas cada vez maiores, com conseqüentes danos ao meio ambiente natural. A vida na região é comandada pelo maior complexo hidrográfico do planeta, onde se destacam as bacias dos rios Amazonas, Madeira e Tocantins. Cerca de 28.000 Km de rios navegáveis tornam a navegação fluvial o meio de transporte mais adequado e econômico, constituindo em fator de integração e de desenvolvimento regional. Entretanto, diversos fatores restritivos têm inibido o desenvolvimento do transporte fluvial na Amazônia, entre eles destacam-se: a - a insuficiência ou inexistência de indicadores das condições de navegabilidade na maioria dos rios que compõem as bacias regionais; b - a inadequada infra-estrutura portuária; c - obstáculos naturais que impedem a navegação contínua; d - as longas distâncias, devidas aos meandros dos rios, entre localidades e mercados consumidores muitas vezes geograficamente próximos. O principal meio de transporte fluvial na região é o chamado “motor”, embarcação típica, construída de madeira. São também largamente empregados os comboios de granéis, sólidos e líquidos, compostos de empurradores acoplados a balsas petroleiras ou de convés corrido, chamados alvarengas. Esse sistema é usado para interligar Manaus a outras regiões do país. Empurradores ligados a balsas de convés corrido são utilizados para o transporte de carretas até Porto Velho ou Belém. Daí, por rodovia, alcançam o ponto de destino numa espécie de sistema Ro-Ro (roll-on, roll-off ). O sistema rodoviário é ainda incipiente, embora várias capitais como Belém, Porto Velho, Rio Branco e São Luís estejam ligadas às outras regiões do país por meio de rodovias asfaltadas. A rede rodoviária federal tem, na região, 3.931 Km de estradas asfaltadas e 8.974 Km de estradas não pavimentadas. Entretanto as diversas rodovias já planejadas, e que favoreceriam a penetração ou mesmo interligação modal com as hidrovias, têm sua inexistência bastante sentida na região. As principais vias da malha federal são as seguintes: • Rodovia Belém/Brasília (BR-158, BR-226, BR-010, BR-316). Rodovia de integração nacional, parte do Sistema Pan-americano de Rodovias, no trecho Buenos Aires/Assunção/Belém; • Rodovia Cuiabá/Porto Velho/Rio Branco/Boqueirão da Esperança (fronteira com o Peru) - BR-364. Estrada pioneira, principal responsável pela ocupação do Sudoeste Amazônico, na fronteira oeste do Brasil com a Bolívia e o Peru; • Rodovia Transamazônica ( BR-230 ) - Parte do Sistema Pan-americano de Rodovias, integra a rodovia Lima/Recife. Prevista para interligar o Brasil de Leste a Oeste, entre João Pessoa no estado da Paraíba e Benjamim Constant, no estado do Amazonas, na fronteira Brasil/Peru. Não foi totalmente concluída. Encontra-se, particularmente na sua porção amazônica, em péssimas condições, com alguns trechos já fechados ao tráfego; • Rodovia Abunã/Guajará-Mirim ( BR-425 ) no estado de Rondônia. Fundamental para a conjugação dos meios rodoviário e fluvial, e ainda para a integração das regiões amazônicas do Brasil e Bolívia, é parte da rodovia La Paz/Caracas, do Sistema PanAmericano de Rodovias; • Rodovia Manaus/Santa Elena - Venezuela (BR-174) - Também integra a rodovia La Paz/Caracas; • Rodovia Porto Velho/Manaus ( BR-319 ) - Também parte integrante da rodovia La Paz/ Caracas, do Sistema Pan-Americano de Rodovias, é fundamental para manter a conexão terrestre entre Manaus e a região no Norte dos rios Negro e Amazonas com o restante do país. Encontra-se atualmente fechada ao tráfego em quase toda a sua extensão. Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia 99 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A rede rodoviária sob responsabilidade dos governos estaduais tem 80.698 Km, dos quais 7.326 Km são asfaltados, correspondendo a 9,1%. As rodovias municipais totalizam 197.016 Km, dos quais 908 Km são pavimentados, representando apenas 0,5%. Os governos estaduais vêm desenvolvendo amplos programas de construção de estradas vicinais, para o atendimento às demandas das diversas áreas de produção, especialmente a agropecuária. Os estados de Rondônia e Mato Grosso desenvolvem intensos programas rodoviários para dar aos agricultores acesso à BR-364 - Porto Velho/Cuiabá e aos mercados do Centro/Sul. A rede ferroviária regional é também incipiente e destinada, basicamente, ao escoamento da produção de minérios em diversas províncias produtoras. A maioria tem pequena extensão, sendo a de maior importância a Estrada de Ferro Carajás, com 1.005 Km de extensão, interligando as minas de Serra dos Carajás ao terminal de Ponta da Madeira, em São Luís do Maranhão. Dentre as demais, destacam-se ainda algumas pequenas ferrovias privadas que têm a mesma função principal, escoar a produção de minérios desde as minas onde são extraídos até os terminais de embarque: • Estrada de Ferro Amapá, de propriedade da Indústria e Comércio de Minério S/A ICOMI. Com 194 Km de extensão, transporta minério de manganês entre as minas, em Serra do Navio até o porto de Santana, no estado do Amapá; • Estrada de Ferro Jari, com 81 Km de extensão, construída para suprir de madeira a fábrica de celulose do Projeto Jari; • Estrada de Ferro Mineração Rio do Norte, com 35 Km de extensão, construída para escoar o minério de bauxita da região do Rio Trombetas, até o porto de embarque. Cabe ainda registrar, dois projetos de construção de ferrovias, os quais poderão alterar significativamente as condições nas suas áreas de influência. O primeiro é a da ferrovia Norte/Sul, com 1.600 Km de extensão, interligando a Estrada de Ferro de Carajás, em Açailândia no estado do Maranhão, à malha ferroviária do Centro/Sul em Goiânia, no estado de Goiás, dos quais já foram inaugurados 107 Km que ligam hoje Açailândia a Imperatriz. O segundo projeto é o da ferrovia Ferronorte S/A, a ser executado pela iniciativa privada, e que pretende interligar Cuiabá (MT) ao sudoeste goiano e ao noroeste paulista, devendo também ser estendida a Santarém (PA) e a Porto Velho (RO). Por outro lado, Rondônia inclui-se no corredor de transportes do Centro-Oeste brasileiro, no Programa de Corredores de Transportes, instituído ainda durante o I Plano Nacional de Desenvolvimento. Este programa procura induzir a multimodalidade do transporte, visando maior eficiência no escoamento, principalmente de grãos destinados à exportação. No atual corredor Leste-Oeste, um sistema multimodal de transportes, com grandes variedades de meios e facilidades, já possibilita o escoamento da produção dos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Rondônia. Na área federal, diversas medidas de curto e médio prazos que alcançam cenários previstos para até o ano de 2005, estão sendo programadas para melhorar as condições de tráfego por essas vias, visto o estado de desgaste apresentado em vários trechos, e as estimativas de demanda de transportes. 3 - O SISTEMA DE TRANSPORTES EM RONDÔNIA. 3.1 - Transporte Hidroviário. As principais vias de transporte fluvial no Estado são constituídas pelos rios Madeira, Guaporé e Machado. As bacias dos rios Guaporé/Mamoré e Madeira/Machado, considerada sob o Plano Hidroviário de Rondônia, estão localizadas em áreas que o Zoneamento Socioeconômico e Ecológico de Rondônia, previsto no PLANAFLORO, caracterizou como zonas de preservação ecológica e zonas de reservas extrativistas. 100 Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A quase totalidade das áreas banhadas pelos rios Madeira e Machado, consideradas sob o ponto de vista ambiental, está localizada em zona ribeirinha de várzeas e terras firmes marginais, adjacentes porém a zona de extrativismo vegetal. Consequentemente, também as necessidades de transporte nestas áreas deverão ser atendidas com o mínimo de impacto negativo sobre o meio ambiente. Esta exigência limita a utilização do modo rodoviário, que favorece a ocupação intensiva da terra, e tende a promover impactos ambientais adversos. Saliente-se a atual inexistência de rodovias ao longo dos trechos navegáveis destes rios, tornando a navegação indispensável à vida das populações ribeirinhas. Entretanto, ao longo do trecho encachoeirado Mamoré/Madeira, entre os municípios de Porto Velho e Guajará-Mirim, há ligação rodoviária pavimentada (BR-425 e BR-364) numa extensão de 348 Km, mantendo permanentemente aberto o acesso à Bolívia, ao estado do Acre e à interligação das bacias do Madeira e do Guaporé/Mamoré. O transporte hidroviário, essencial à vida das populações ribeirinhas nas bacias desses rios, constitui-se atualmente num serviço de má qualidade. A baixa freqüência das viagens, o alto tempo de espera, inclusive pela utilização de embarcações de uso misto e maiores que o desejável, e o mau estado de conservação das embarcações, com reflexos na segurança e na duração das viagens, acentuam o desconforto e o inadequado atendimento aos usuários. O Plano Hidroviário de Rondônia para essas regiões objetiva superar essas dificuldades e garantir aos ribeirinhos acesso às sedes municipais, em tempo apropriado e com segurança. O total de investimentos previstos é da ordem de US$ 8.086.630, destinados à ampliação e melhorias nas condições de atendimento aos passageiros e transporte de carga . Os investimentos em instalações portuárias, incluindo-se aí simples escadas cravadas nas barrancas dos rios, serão da ordem de US$ 1.762.200, sendo os principais em Porto Velho, Calama, Guajará-Mirim, Costa Marques e Pimenteiras. Em equipamentos, os principais investimentos serão realizados em três embarcações: uma para 60 passageiros, uma para 30 e outra para 20, ao custo total de US$ 3.186.600. Quadro Resumo - Em US$ Item Portos Embarcações Projetos Contingências TOTAL Mamoré/Guaporé 755.200 1.998.700 568.163 1.162.722 4.484.785 Madeira/Machado 1.007.000 1.187.900 473.133 933.812 3.601.845 Investimento 1.762.200 3.186.600 1.041.296 2.096.534 8.086.630 3.1.1 - Hidrovia Guaporé/Mamoré Do ponto de vista ambiental, observa-se que a quase totalidade das áreas banhadas pelos rios Guaporé/Mamoré está localizada em zonas de reservas biológicas, em áreas indígenas, ou em zonas de extrativismo vegetal. O desenvolvimento do transporte fluvial, assim, atende à zona ribeirinha que apresenta grande potencial extrativista agrícola, sem impacto negativo indesejável nas zonas adjacentes. O transporte fluvial atende melhor à política de preservação das referidas zonas, constituindo uma resposta positiva às pressões por novas rodovias, que apresentam maior tendência a ocupação intensiva da terra e degradação do meio ambiente. O Rio Guaporé, com 1.224 Km de extensão, serve de linha divisória entre o Brasil e a Bolívia, desaguando no Rio Mamoré cerca de 190 Km a montante da cidade brasileira de Guajará-Mirim. Seu trecho navegável, desde a foz até Vila Bela, no estado do Mato Grosso, estende-se por 1.180 Km. Somado ao trecho navegável do Mamoré, forma uma hidrovia com cerca de 1.400 Km de extensão. A navegação é ainda incipiente, embora existam empresas brasileiras e bolivianas operando. Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia 101 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Ao longo de toda sua extensão, o Rio Guaporé não apresenta instalações portuárias minimamente estruturadas, com a movimentação de cargas sendo feita manualmente, desde a embarcação até as margens do rio. O transporte fluvial é subsidiado, atendendo as necessidades básicas da população ribeirinha, transportando principalmente os produtos da agricultura regional, passageiros e cargas em geral, entre as localidades de Guajará-Mirim e Cabixi em Rondônia. Quase sempre alimentos, bens de consumo diário e materiais de construção civil. Dados disponíveis na Empresa de Navegação de Rondônia (ENARO), estatal que atende a maior parte das necessidades de transporte nessas bacias, permitem concluir pela existência de uma demanda anual de transportes da ordem de 7.000 passageiros e 600 toneladas de carga na bacia Guaporé/Mamoré, concentrando-se no trecho entre Guajará-Mirim e Costa Marques, atendendo a outras seis localidades no Brasil e na Bolívia. Presentemente, a rodovia BR-429, com revestimento sílico-argiloso na plataforma de rolamento, constitui-se no principal acesso à região do Vale do Rio Guaporé, interligando Presidente Médici a Costa Marques, na fronteira com a Bolívia. No período das chuvas, que vai de setembro a abril, as condições de tráfego na estrada são péssimas, por vezes ficando intransitável. 3.1.2 - Hidrovia Madeira/Machado Histórica e geograficamente “porta de entrada e saída” para a Amazônia brasileira e o Atlântico, para a Bolívia e mesmo para o Peru, o Rio Madeira é formado pelos rios Beni, o mais volumoso, e Mamoré, o mais extenso. A jusante de Guajará-Mirim, apresenta na altura daquele município, trecho de numerosas cachoeiras. Fato que se repete ao longo do Rio Madeira por uma extensão de 360 Km até Santo Antônio do Madeira, sete quilômetros a montante de Porto Velho. Na bacia Madeira/Machado, a demanda anual de transportes é da ordem de 6.000 passageiros e 300 toneladas de carga, concentrando-se no trecho entre Porto Velho e Calama (190 Km) no Rio Madeira, sendo diminuta a demanda no Rio Machado, onde as populações ribeirinhas dependem totalmente das atividades da estatal ENARO. Nos demais rios citados, também empresas privadas prestam esses serviços. O Rio Madeira é navegável desde Porto Velho até sua foz, numa extensão de 1.100 Km, enquanto a profundidade do canal de navegação varia entre 2,80m no estio e 8,20m na estação das águas. O trânsito fluvial é possível durante todo o ano entre os municípios de Porto Velho e Belém, que perfazem uma hidrovia de cerca de 3.750 Km, formada pelos rios Madeira e Amazonas/Solimões . Devido às precárias condições de trafegabilidade na BR-319, que interliga Porto Velho a Manaus, é através do Rio Madeira que circula a quase totalidade da carga entre estes dois municípios, inclusive, e principalmente aquela produzida nas indústrias da Zona Franca. O complexo portuário de Porto Velho é composto de : • Terminais de combustíveis e GLP – operado por empresas distribuidoras ou contratadas, como PETROBRÁS, Equatorial, Amazongás, Fogás, Petro Sabbá, Ipiranga, Schuan e Nacional; • Atracadouro “Cai N’Água” – onde são realizados transportes de mercadorias “no varejo”, isto é, destinadas às comunidades ribeirinhas e passageiros para Manaus - AM e outras localidades; • Porto de Porto Velho – Atualmente administrado pelo Governo do Estado, que por sua vez, deverá privatizá-lo. Opera: 1. Terminal de containers; 2. Rampa de embarque e desembarque de cargas na modalidade “roll-on-roll-off” – sistema Ro-Ro; 3. Cais flutuante com ponte rolante de capacidade de 6,0 toneladas; 102 Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 4. Armazém com capacidade estática de 10.000t. No ano de 1996 foi inaugurado pela Companhia de Navegação da Amazônia – C.N.A, um novo terminal com rampa de acesso (Ro-Ro). Maior operadora de transportes fluviais do eixo, a C.N.A. visualizou na operação do terminal próprio uma maior rentabilidade em suas atividades, bem como maior agilidade. Ao longo dos anos, dada às sucessivas mudanças na administração do Porto, a sistemática dos registros de volumes transportados na Hidrovia do Madeira sofria modificações pelo seu titular, limitando a possibilidade de utilizá-los como dados confiáveis. De outro lado, estas estatísticas limitam-se, via de regra, aos registros do Terminal de Porto Velho, outrora administrado pela PORTOBRÁS, posteriormente pela Cia. Docas do Pará e atualmente pelo Governo do Estado. Não obstante, eles são apresentados no quadro a seguir. Ano 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 Movimento em toneladas Embarque Desembarque 108.393 547.686 229.248 587.712 467.560 712.535 462.945 660.895 505.261 665.289 483.643 569.437 393.097 39.064 441.849 88.034 529.189 275.551 399.161 633.382 195.354 350.104 FONTE: Ministério dos Transportes e Administração do porto de Porto Velho. Houve, ainda em 1997, a inauguração do Terminal Graneleiro de Porto Velho. Os detalhes deste projeto encontram-se no Capítulo 11 deste trabalho. 3.1.3 - Sistema de Fretes Os fretes rodo-fluviais com destino a Manaus e de passagem ou origem em Porto Velho, podem ser classificados em duas categorias: A – Cargas fechadas da origem ao destino feitas por veículo e equipamentos em geral: o sistema de cobrança de fretes, neste tipo de serviço é por “praça”, isto é, por espaço ocupado na superfície da balsa, independente do peso transportado. O preço médio do frete de uma carreta, com cavalo, com aproximadamente 17 metros, no itinerário Porto Velho/Manaus/Porto Velho é de R$ 1.100,00. B – Cargas com transbordo em Porto Velho. Este tipo de serviço pode ser atendido em duas modalidades diversas: B.1 – Realizado por empresas que prestam serviços de transporte de cargas, por tonelada, utilizando carretas próprias para as quais são transbordadas as mercadorias dos caminhões transportadores que não querem seguir até Manaus em seus próprios veículos. A empresa prestadora deste serviço, inclui no valor do frete fluvial, os custos de mão-de-obra de transbordo da carga e posterior descarga e entrega no local de destino em Manaus – sistema Porto a Porta. O custo médio é de R$ 70,00 a R$ 80,00 por tonelada transportada. Este sistema é o mais utilizado para o transporte de frutas, verduras e legumes. Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia 103 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 B.2 – Outra modalidade é o transporte de containers, utilizado por quem transporta mercadorias até Porto Velho com destino a Manaus. Semelhante à modalidade anterior, porém utilizando containers, com as seguintes capacidades : 20 pés (33 m³) ou 20 toneladas; 40 pés (66 m³) ou 15 toneladas. Contrariamente ao esperado, os containeres de 40 pés, por serem mais pesados e de difícil manuseio, são mais indicados para cargas volumosas de pouco peso, daí comportarem menos peso, comparativamente aos de 20 pés. O valor do aluguel de um container de 20 pés e seu transporte até Manaus é da ordem de R$ 600,00. Para as mercadorias com origem em Rondônia e destino a Manaus, devem ser agregados os custos de transporte desde a origem, no interior do estado, até o Porto de Porto Velho. O transporte intermunicipal de cargas fechadas em Rondônia é feito principalmente por caminhoneiros autônomos. Os preços a seguir são os normalmente praticados por estes profissionais, em caminhões de 15 toneladas, por caminhão contratado: Vilhena/Porto Velho Ji-Paraná/Porto Velho Guajará-Mirim/Porto Velho Rio Branco(AC) – Porto Velho R$ 600,00 R$ 400,00 R$ 500,00 R$ 600,00 3.2 - Transporte Rodoviário. Sob responsabilidade do governo estadual, Rondônia dispõe de importante malha rodoviária com 27.218 Km de estradas, sendo 20.056 Km municipais, 5.222 Km de rodovias estaduais e 1.940 Km de rodovias federais. Verdadeiro elo de ligação entre a capital do estado e todos os outros municípios rondonienses, a BR-364 é de importância histórica para Rondônia. Seu estado de conservação influi diretamente na economia rondoniense, vez que todo o transporte (interno ou externo) passa necessariamente por essa rodovia. O crescimento da produção agropecuária obrigou o Governo do Estado a desenvolver grande esforço no sentido de ampliar e melhorar as vias de acesso às regiões produtoras, e suas interligações com a rodovia troncal no Estado – a BR-364. O Plano Diretor Rodoviário de Rondônia - PDR prevê investimentos de US$ 173.912.377, no período 1994/2008, em 133 projetos rodoviários, atingindo 3.520,1 Km para suprir essas atuais exigências. Pelo conceito adotado no PDR, pavimentação compreende a mudança do pavimento atual para outro mais nobre, havendo ou não mudança de classe da rodovia. Resumidamente, o programa está assim composto: A – implantação de rodovias - 111,0 Km - US$ 2.009.732 B – melhoramento de rodovias - 1.963,3 Km - US$ 49.302.859 C – pavimentação de rodovias - 1.445,8 Km - US$ 122.599.786 Dividido em três quinquênios, serão necessários cerca de US$ 60.000.000 em cada lustro para sua consecução. No período inicial, a programação está assim elaborada: Programação Anual de Obras - 1994 Rodovia RO-010 RO-010 RO-470 RO-479 RO-479 104 Trecho RO-481 – RO-135 RO-135 – RO-383/479 Nova União – BR-364 BR-364 – RO-267 RO-267 – RO-010/383 Extensão (Km) 33,1 24,8 42,9 13,2 25,7 Pav. Atual F-RP F-RP F-RP E-RP D-RP Pav. Futura C-AS C-AS C-AS C-AS B-AS Prog. P P P P P Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Rodovia Trecho Extensão Pav. Pav. Prog. (Km) Atual Futura RO-481 RO-010 – Nova Brasilândia 4,9 E-RP C-AS P Obs.: As letras B, C, D, E e F, significam a classe rodoviária; RP – revestimento primário; AS – asfalto; I – implantação; P – pavimentação; M – melhoramento. Rodovia Trecho Programação Anual de Obras - 1995 Extensão Pav. Pav. Prog. (Km) Atual Futura RO-133 RO-480 – R0-135 11,0 Plan E-RP I RO-133 RO-466 – RO-464 9,0 Plan E-RP I RO-133 RO-387 – RO-383 5,1 C-RP C-AS P RO-383 R0-133 – BR-364 37,2 D-RP C-AS P RO-399 R0-370/487 – EIXO 4 26,5 F-RP C-AS P RO-399 EIXO 4 – Pimenteiras 27,0 F-RP C-AS P RO-461 RO-010 – RO-140 19,3 F-TE E-TE M RO-463 Jorge Teixeira – RO-010 35,4 F-TE E-TE M RO-470 Trav. Q – RO-133 27,0 Plan E-TE I RO-476 BR-364 – RO-480 10,0 Plan E-RP I RO-493 L-85 – RO-495 4,0 Plan E-RP I RO-493 BR-364 – L-85 36,8 E-TE E-RP P RO-494 Primavera – RO-491 7,7 F-RP C-AS P Obs.: As letras B, C, D, E e F, significam a classe rodoviária; RP – revestimento primário; AS – asfalto; I – implantação; P – pavimentação; M – melhoramento; Plan. – planejada; TE – terra. Programação Anual de Obras - 1996 Rodovia Trecho Extensão Pav. Pav. Prog. (Km) Atual Futura RO-135 BR-364 – Nova Londrina 24,4 F-RP C-AS P RO-140 BR-364 – RO-257 22,0 Plan E-TE I RO-461 BR-364 – RO-010 50,0 E-RP E-RP M RO-463 BR-364 – Jorge Teixeira 37,8 E-RP C-RP M RO-485 RO-370 – Vitória da União 10,9 D-RP D-RP M RO-485 RO-399 – RO-487 45,0 C-RP C-AS P RO-485 RO-487 – R0-370 12,8 D-RP C-AS P RO-495 RO-493 – RO-494 27,0 E-RP E-RP M Obs.: As letras B, C, D, E e F, significam a classe rodoviária; RP – revestimento primário; AS – asfalto; I – implantação; P – pavimentação; M – melhoramento; Plan. – planejada; TE – terra. Programação Anual de Obras - 1997 Rodovia Trecho Extensão Pav. Pav. Prog. (Km) Atual Futura RO-370 EIXO 4 – RO-399/487 15,7 F-RP C-AS P RO-487 RO-485 – RO-370/399 23,3 E-RP C-AS P Triunfo BR-364 – Alto Paraíso 125,5 E-RP C-AS M BR-429 BR-364 – RO-135 12,2 E-RP C-AS P BR-429 RO-135 – RO-010 30,2 E-RP C-AS P BR-429 RO-010 – RO-473 10,6 C-RP C-AS P Obs.: As letras B, C, D, E e F, significam a classe rodoviária; RP – revestimento primário; AS – asfalto; I – implantação; P – pavimentação; M – melhoramento. Rodovia Trecho Programação Anual de Obras - 1998 Extensão Pav. Pav. Prog. Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia 105 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 (Km) Atual Futura RO-133 Mina de Calcáreo – RO-482 4,9 E-TE E-RP P RO-133 RO-482 – RO-387 45,4 E-TE E-RP P RO-370 RO-485 – EIXO 4 26,8 F-RP C-AS P RO-370 RO-399 – Cabixi 38,7 E-RP C-AS P RO-383 BR-364 – RO-010 38,5 C-RP C-AS P RO-495 RO-391 – RO-493 41,0 E-RP E-RP M EIXO 4 RO-370 – RO-399 12,5 E-RP E-RP M L 208 RO-383 – RO-491 20,6 E-RP E-RP M Obs.: As letras B, C, D, E e F, significam a classe rodoviária; RP – revestimento primário; AS – asfalto; I – implantação; P – pavimentação; M – melhoramento. Com o desenvolvimento do PDR 1994/2008 e a execução das obras previstas no plano plurianual, resumidas no quadro abaixo, a extensão da malha rodoviária estadual ficará assim composta: Pavimento Asfalto Ver. Prim. Terra TOTAL Em 1993 258,2 4.153,4 336,9 4.748,5 Obras em Km. 1994 1999 1998 2003 526,3 520,2 121,1 96,6 49,0 25,0 696,4 641,8 2003 2008 218,6 0,0 0,0 218,6 Em 1998 784,5 3.748,2 298,8 4.831,5 Extensão em Km. Em 2003 Em 2008 1.304,7 3.324,6 230,2 4.859,5 1.523,3 3.106,0 230,2 4.859,5 3.3 - Transporte Aeroviário. O Estado é servido de uma razoável infra-estrutura aeroviária, que necessita, porém, de atualização e alguma expansão. O aeroporto de Porto Velho está equipado para operar aeronaves de classe internacional, embora ainda não esteja liberado para este tipo de tráfego. Dispõe de Base Aérea da FAB, e de Serviço de Proteção ao Vôo, equipado para aumentar a eficácia e a segurança às operações de vôo. Também as cidades de Guajará-Mirim, Ji-Paraná e Vilhena possuem aeroportos com capacidade de operar jatos, sendo que o de Vilhena é alternativa internacional. Levantamento realizado junto ao Departamento de Aviação Civil em 1997, mostrou que as seguintes empresas operam as linhas regionais e nacionais a partir dos Aeroportos de Rondônia: VASP, VARIG, TAM, TAVAJ, BLC e Real Linhas Aéreas. Diversos municípios, entre os quais: Ariquemes, Cacoal, Pimenta Bueno, Espigão d'Oeste, Rolim de Moura, Colorado d'Oeste e Costa Marques, contam com pistas para atendimento a aeronaves de médio porte. Outros municípios também dispõem de pistas de boa qualidade para aviões de pequeno porte. O quadro a seguir resume as estatísticas de transporte de cargas e passageiros no aeroporto de Porto Velho, no período de 1992 a 1997. Note-se o decréscimo e posterior estabilização dos quantitativos, fenômeno decorrente basicamente da interrupção dos investimentos federais e diminuição da exploração aurífera do Rio Madeira, com posterior regularização da economia local. Movimento Pousos/Dec. Embarque Desembarque Carga Embarcada 106 Unid. Nº Nº Nº t Ano 1992 7.856 67.747 62.578 810.595 1993 7.090 60.551 61.194 3.143.892 1994 7.990 75.337 70.411 964.861 1995 8.338 85.285 87.660 1.396.306 1996 10.594 89.255 94.127 2.692.211 1997 9.172 69.577 72.231 1.713.257 Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Movimento Carga Desembarcada Unid. t 1992 1.676.372 1993 4.273.882 Ano 1994 1995 1.856.395 2.093.074 1996 24.495.862 1997 2.268.185 As autoridades estaduais deram curso a solicitação junto ao Departamento de Aviação Civil com a proposta de internacionalização do Aeroporto de Porto Velho – Belmont, possibilitando integrar Rondônia aos países vizinhos, incentivando o comércio principalmente na Zona de Livre Comércio de Guajará-Mirim. 3.4 - Transporte Ferroviário. O transporte ferroviário no estado de Rondônia é inexistente. Desde a desativação da histórica Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, apenas um trecho de poucos quilômetros permanece em utilização para passeios turísticos que vão de Porto Velho ao Distrito de Santo Antônio, em percurso de aproximadamente 8 Km. A execução da Ferrovia Ferronorte S/A, ainda em fase de projeto, permitirá o escoamento da produção agropecuária do Estado na direção Centro-Sul, integrando-se ao sistema de transportes do chamado corredor Leste-Oeste. Esta iniciativa vem sendo acompanhada com interesse pelo empresariado e governo local, devido à grande repercussão desta obra sobre a economia rondoniense. 4 - A SAÍDA PARA O PACÍFICO Ver Capítulo 12, deste trabalho. 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS O sistema hidroviário é de capital importância para a integração e o desenvolvimento da região amazônica e o Estado de Rondônia em particular. No entanto, as condições de utilização das grandes vias naturais da Amazônia são atualmente inadequadas e inseguras, na maioria dessas hidrovias. É este o modo de transporte que mais se adapta às condições ambientais da grande região amazônica. Não existe ainda um sistema eficiente de transporte de passageiros por via fluvial, em particular, entre Porto Velho, Manaus e Belém. Ainda que o porto de Porto Velho atenda ao movimento atual, este não é condizente com a importância do sistema hidroviário para o transporte de bens e passageiros na região, e com as amplas possibilidades futuras, em função da hidrovia Madeira-Amazonas. As pequenas localidades, ao longo dos rios Guaporé, Mamoré, Madeira e Machado não dispõem de instalações portuárias mínimas, que tornem as hidrovias que lhes dão acesso adequadas ao transporte de passageiros e cargas da região. Por outro lado, Rondônia dispõe de uma malha rodoviária importante, com estradas vicinais dando acesso às diversas áreas produtoras. O governo estadual executa um plano de investimentos no setor, para melhorar e ampliar esse acesso. Entretanto, a grande estrutura desse sistema, a rodovia federal BR-364 apresenta condições de tráfego deficientes, sofríveis em alguns trechos. O sistema rodoviário é responsável por 90% de toda a carga movimentada no Estado. A rodovia BR-319, Manaus-Porto Velho, é importante para o desenvolvimento da Amazônia Ocidental, embora se encontre atualmente fechada para o tráfego em quase toda sua extensão. Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia 107 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 O sistema aeroviário atende razoavelmente a demanda. As principais empresas nacionais de aviação mantêm vôos diários regulares para Porto Velho, e a população interiorana é atendida pelo sistema de transporte aéreo regional. Entretanto, a demanda atual de passageiros e carga, a proximidade das fronteiras boliviana e peruana, as perspectivas de crescimento dos negócios com esses países e a evolução da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim tornam inadequados aos atuais estatutos legais e instalações dos aeroportos de Porto Velho e Guarajá-Mirim. O sub-sistema ferroviário é hoje inexistente sua falta se reflete em maiores dificuldades de acesso da produção estadual aos maiores mercados consumidores de Centro- Sul do país. A ferrovia Ferronorte S/A é importante para uma melhor integração do Estado ao Corredor de Transportes Centro-Leste, e acesso dos seus produtos aos grandes mercados consumidores do Centro e do Sul. Acresça-se ainda sua importância quanto aos escoamento das produções do Centro-Oeste para o Rio Madeira – Atlântico Norte. É imprescindível adotar medidas que permitam o desenvolvimento do meio de transporte hidroviário no Estado e região, entre as quais aquelas que tornem seguras as condições de navegação nos rios da região. Em particular, deverá ser executado balizamento e derrocagem no Rio Madeira, melhorando as condições do seu canal navegável e atualização periódica das cartas de navegação. Deverá ser atrasado o processo de privatização do porto de Porto Velho, já autorizado pelo Governo Federal, que resolveu antes a transferência para a administração do Governo Estadual. O porto, no entanto, necessita de melhorias e expansão das instalações, segundo critérios a serem estabelecidos documentalmente pelo Governo do Estado. A proximidade da fronteira, as vantagens da integração com a economia dos países vizinhos, a operacionalização da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim e a própria consolidação da economia do Estado, requerem a transformação dos “status” dos aeroportos da capital e daquela cidade, de modo a permitir operações de vôos internacionais. É necessário que o governo estadual e a iniciativa privada gestionem para que seja viabilizada a construção da Ferronorte S/A, de modo que o Estado venha a dispor dessa importante alternativa de transporte. Também fundamental será organizar o processo de comercialização de Rondônia, rumo Norte, visando o comércio com a Amazônia, em particular com Manaus, e exportação via Belém, como forma de atingir o Atlântico Norte e se preparar para o advento da rodovia de saída para o Pacífico, através de : a – implantação de entrepostos comerciais em Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Vilhena e Guajará-Mirim; b - organização do transporte rodoviário das áreas de produção aos entrepostos, dos entrepostos ao terminal hidroviário e o transporte fluvial através do Rio Madeira. Os locais indicados para entrepostos, além de produtores representativos, são estratégicos para a centralização da produção das áreas de abrangência com cobertura a todo o estado. Os entrepostos de Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena canalizariam ainda parte da produção do norte de Mato Grosso, o de Guajará-Mirim, produtos da Bolívia e do Vale do Guaporé em Rondônia e Mato Grosso através do fluxo fluvial via rio Guaporé. A comercialização do estado do Acre ocorreria via Porto Velho. À primeira vista o sistema preconizado demonstra custos extremamente elevados, o que não é verdade. O que se propõe é o aproveitamento racional das estruturas já disponíveis, a serem implementadas e adequadas pela iniciativa privada em parceria com o Governo. Todos os locais indicados para entrepostos dispõem de satisfatória estrutura de armazenagem oficial, além de rede interiorizada e nas sedes dos municípios, distritos e núcleos urbanos. Caso se consiga elevada rotatividade nos armazéns, a necessidade complementar deverá ser bastante reduzida. A obtenção da rotatividade desejada está na inteira dependência da organização dos transporte nos três níveis: até os entrepostos, daí ao terminal, e deste até o local de comercialização; está na agressividade e 108 Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 competência de comercialização dos produtos nos mercados desejados; e está na solução dos problemas de beneficiamento e secagem. Por sua vez, em Porto Velho, além da estrutura do porto, existe disponibilidade significativa de armazenagem oficial. O que se recomenda é o desenvolvimento de estudos de viabilidade da proposta, expressa em projeto específico que seja negociado com empresas da iniciativa privada. Não se concebe em absoluto que esta seja uma atividade estatal. Deve-se para tanto, buscar parcerias com empresas dos setores rodoviário, fluvial e de armazenagem, e ainda, empresas especializadas na área comercial, principalmente quanto ao comércio externo, para constituição, juntamente com o Governo do Estado de uma empresa local capaz de operar o sistema. As indústrias e produtores, por sua vez, poderiam vender sua produção a esta empresa ou apenas utilizar os serviços de armazenagem e transporte por ela administrados. A participação de empresas de áreas afins na constituição desta empresa local permitiria o início de operação a curto prazo através do deslocamento de parte de sua frota e/ou equipamentos para a integralização do capital requerido. O Governo do Estado deve gestionar, portanto: a – junto a empresas privadas de navegação para o estabelecimento de transporte regular de passageiros até Manaus; b – junto ao Governo Federal, para liberar os aeroportos do Belmont, em Porto Velho, e o da cidade de Guajará-Mirim, para operações de tráfego aéreo internacional; c – junto aos Governos Federais do Brasil, Peru e Bolívia, para que os vôos com escala em Guayaramerin (Bolívia), e os provenientes do Peru, com escala em Rio Branco (AC), cheguem até Porto Velho; d – no sentido do projeto da ferrovia Ferronorte seja estendido até o porto fluvial do Rio Madeira, Porto Velho, integrando aquele sistema com a Hidrovia Madeira-Amazonas, complementado a BR-319 na ligação Porto Velho-Manaus, além de interligar outros sistemas rodoviários que permitam o escoamento da produção do Brasil central e da Amazônia Ocidental em direção até mesmo aos dois Oceanos; e – junto ao Governo Federal no sentido de que a rodovia Manaus-Porto Velho seja recuperada e reativada, interligando-se à rodovia Transamazônica. ***** Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia 109 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 110 Parte I - Capítulo 6 - A Questão dos Transportes no Estado de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 7 O SETOR PRIMÁRIO 1. AGRICULTURA A intensificação da atividade agrícola no Estado, teve início na década de 70, com uma série de adventos de efeitos combinados, através de uma política de distribuição de terra que privilegiou o pequeno e médio produtor rural que migrava para esta região. O asfaltamento da BR-364, a transformação de Rondônia em estado autônomo, a criação de vários municípios em apenas duas décadas, conferiu à região um dinâmico perfil sócioeconômico. Além disso, investimentos federais contribuíram de forma efetiva para a expressividade da agricultura, fator aliado, sem dúvida, à disponibilidade de solos férteis e à existência de migrantes com vocação e tradição agrícola, que fizeram com que a agricultura de subsistência praticada inicialmente em Porto Velho e Guajará-Mirim, desse lugar a uma verdadeira explosão produtiva ao longo da BR-364. Segundo dados do IBGE datados de 1983, dos 23.851.280ha do Estado, a área plantada com lavouras temporárias era de 504.747ha e com lavouras perenes de 215.728ha. A soma desses totais atingia 720.475ha, correspondendo a 0,03% da área total do Estado. De maneira geral, apesar da existência de alguns fatores inibidores e de outros que se colocam como restritivos à atividade primária, o setor apresentou uma considerável performance nos níveis de produção, colocando o Estado na condição de segundo maior produtor de cereais e grãos da Região Norte. Um quadro geral da produção agrícola do Estado, demonstra também que a diversificação da produção já retirou Rondônia da fase da mera agricultura de subsistência e que paulatinamente ingressa em fase mais sofisticada, especialmente no tocante ao café, cacau, soja, legumes e frutas tropicais - exceção feita à banana, que embora ainda de produção expressiva, vê seu desempenho decaindo ao longo dos anos. Tabela 1 - Produção Agrícola de Rondônia - (Toneladas) Produtos Arroz Feijão Milho Cacau Café Mandioca Soja Algodão Banana * Abacaxi (1) Mamão (1) Citros (1) Cupuaçu (1) Tomate 1975 62.096 2.485 5.178 12 63 21.429 23.109 - 1985 219.101 36.050 147.764 29.443 92.535 493.378 407.200 - 1992 191.055 67.993 265.672 20.468 137.227 553.214 9.852 9.919 24.425 6.584 160 1993 209.756 85.165 306.098 20.231 149.932 579.899 10.852 24.989 29.156 4.660 96 1994 275.028 92.723 390.273 15.929 165.552 672.921 11.052 37.945 26.048 5.229 96 1995* 262.437 81.002 370.180 15.871 171.235 708.605 10.800 27.062 258.890 5.654 1.177 157.918 3.606 488 1996** 229.378 82.589 376.160 14.739 150.896 696.257 10.044 10.219 23.377 5.452 446 1997*** 230.379 90.849 388.394 11.950 190.842 677.675 5.287 22.235 - FONTE: EMATER/RO: (1) 1.000 frutos; (*) Anuário Estatístico Agropecuário 1995; (** )Levantamento Sist. Da Prod. Agríc. 1996; (***) Safra 1996/97 mês setembro. 1.1 - Culturas Anuais Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 115 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A maioria das culturas anuais já são praticadas tradicionalmente no Estado, de longa data. O fato novo está na grande expansão de cultivo, determinada pela colonização de Rondônia e pela introdução de algumas novas opções como, por exemplo, a soja. No cenário atual, a vocação dos cultivos anuais tradicionais é o abastecimento do mercado interno do Estado, não apresentando condições de remuneração capazes de viabilizar a competição com os produtores do Centro-Sul. A viabilização de alternativas de exploração de grãos e importação de insumos por via fluvial, pode alterar este quadro, permitindo inclusive a modernização da exploração, que hoje é rudimentar, para a maioria delas. 1.1.1 - Arroz O arroz é a cultura anual que ocupa, tradicionalmente, maior área de plantio no Estado. Apresenta sistemas de exploração variados, indo desde a cultura pioneira nas terras recémdesmatadas e queimadas, até o cultivo no cerrado, com alto uso de insumos. Iniciativas de algum sucesso permitiram o surgimento de culturas mecanizadas na região de Porto Velho, embora problemas de apoio e capacidade empresarial dos produtores tenham comprometido sua continuidade. Nas regiões de mata, onde o cultivo é de subsistência, sua importância social é muito grande, representando a principal fonte de alimentos dos colonos. Excedentes exportáveis deste segmento constituem a maior parte da oferta do produto no Estado, porém não há condições de competição com o Centro-Sul, salvo se mantidos os preços aviltados para o produtor ou subsídios ao frete pelo Governo. Os maiores problemas da cultura são decorrentes do ataque de doenças, principalmente no cerrado, onde a “brusone” é limitante, exigindo o emprego de cultivares tolerantes. A produção de sementes básicas e fiscalizadas ainda é questão não resolvida, em Rondônia, mesmo por que a embalagem e armazenamento destas sementes exigem cuidados especiais, em função das altas temperaturas e umidade relativa da Amazônia. Tabela 2 - Cultura do Arroz por Micro-regiões - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’ Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste Produção Total do Estado Produção de Arroz Beneficiado Total do Consumo Interno Excedente Produção (t) 10.980 5.228 29.765 102.392 34.244 44.305 7.487 28.036 262.437 174.978 45.948 129.031 FONTE: Dados de produção EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995; Consumo: FIERO 1.1.2 - Milho O cultivo do milho está presente em todas as áreas onde a condição de fertilidade de solo não o inviabilize. Como as demais culturas de grãos, também o milho sofre os mesmos problemas de preço, em função do custo do frete para os mercados tradicionais do Centro-Sul. Competir com os produtores tradicionais, com tecnologia moderna, não é alternativa, mesmo porque a maior parte da produção é consumida na propriedade. O excedente comercializável atende às necessidades do Estado e tem sido em parte exportada, a custa dos baixos preços pagos ao produtor ou subsídios de frete pelo Governo. Como no caso da soja, a exportação a granel, via 116 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Rio Madeira, permitirá visualizar uma nova alternativa de comercialização, ainda que fosse apenas atender os mercados do Acre, Amazonas e Pará. Os problemas da cultura estão definidos pelo baixo nível de tecnologia empregado no cultivo, geralmente em áreas de derrubadas recentes, sem qualquer uso de insumos. Na região dos cerrados existe a possibilidade de se desenvolver uma cultura tecnificada, com emprego de insumos, mecanização e até mesmo irrigação. O milho, como segundo cultivo, será uma das culturas importantes na definição de um pólo produtor de grãos em Vilhena, sucedendo a soja e o arroz. Um adequado esquema de produção e distribuição de sementes melhoradas é parte fundamental de um programa de apoio aos produtores de milho, mesmo apenas dentro da perspectiva de abastecimento interno do Estado. O cultivo contínuo na mesma área, resolvendo o problema de competição das ervas invasoras, também se impõe como solução fundamental para o aproveitamento dos melhores solos, descartando-se o esquema de agricultura itinerante para o milho. Tabela 3 - Cultura do Milho por Micro-regiões - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’ Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste TOTAL DO ESTADO Produção (t) 6.868 5.592 26.364 130.101 50.257 93.280 20.948 36.770 370.180 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 1.1.3 - Feijão Como uma das culturas que representam a garantia de sobrevivência do produtor, o feijão é cultivado na maioria das regiões do Estado, apesar da ocorrência da doença chamada “mela”. O fungo causador desta doença está presente no solo e nas regiões tropicais úmidas, comprometendo drasticamente a produção de feijão. Esta situação permite apenas a cultura do feijão das secas e, dependendo da época de plantio e do regime de chuvas, o produtor poderá ter desde uma boa produção até a perda total da colheita, seja pela ocorrência de “mela”, seja pela insuficiência de chuvas. Apesar das dificuldades, Rondônia apresenta um volume de produção responsável pelo abastecimento interno do Estado, gerando ainda excedentes exportáveis. Portanto, mesmo acumulando muitos prejuízos a nível individual dos produtores, a cultura é geradora de riqueza e pode responder aos estímulos. Um adequado esquema de produção, armazenamento e distribuição de sementes melhoradas é fundamental para o aumento da produção e produtividade da cultura. Sistemas melhorados de cultivo, onde tanto o controle da “mela” quanto a melhoria da disponibilidade de água do solo sejam contemplados, também são igualmente indispensáveis. Tabela 4 - Cultura do Feijão por Micro-regiões - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’ Oeste Produção (t) 342 1.980 2.750 30.238 6.648 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 117 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Região 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste Produção Total do Estado Total do Consumo Interno Excedente Produção (t) 27.279 3.713 8.052 81.002 15.929 65.073 FONTE: Dados de produção EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995; Consumo: FIERO 1.1.4 - Mandioca Embora seja uma cultura de importância social maior, a mandioca representa muito pouco na composição da renda da grande maioria dos que a cultivam. Fazem exceção aqueles produtores que dispõem de pequenas casas de farinha rudimentares e que chegam a sobreviver em função dessa atividade. O problema dos preços inibe a expansão desta cultura como alternativa de renda, embora a produtividade obtida no Estado esteja acima da média nacional. Os pontos de estrangulamento situam-se tanto a nível de lavoura quanto de industrialização, afetando de maneira diferente os dois segmentos: produtores que vendem raízes para indústrias e microindustriais que transformam a mandioca em farinha. Pequenas modificações nas farinheiras rudimentares poderão aumentar em muito o retorno da mão-de-obra empregada. A introdução de cultivares melhoradas é medida que poderá facilitar o processo de agroindustrialização de maior porte, além de significar aumento da produtividade agrícola. O potencial para a produção da mandioca e sua industrialização no Estado, torna injustificável o volume de importação de farinha ainda existente. Tabela 5 - Cultura da Mandioca por Micro-regiões - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’ Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste TOTAL DO ESTADO Produção (t) 149.748 39.095 80.920 229.017 21.340 126.405 30.240 31.840 708.605 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 1.1.5 - Hortaliças O cultivo de espécies hortícolas é mais intenso junto às cidades do interior e tem como dificuldades maiores o excesso de chuvas no período úmido e as altas temperaturas o ano inteiro. As variedades cultivadas em climas mais amenos, regra geral, apresentam problemas de desenvolvimento e a qualidade e a produtividade ficam comprometidas. Alguns produtos, dos mais consumidos, são totalmente importados, como a cebola, batata, cenoura e alho. O tomate e o repolho, apesar de alguma produção local, também representam um grande volume de importação. As condições de transporte e as longas distâncias comprometem a qualidade dos produtos e oneram os preços para o consumidor. As folhosas são produzidas satisfatoriamente no período seco e com algumas restrições no período chuvoso. Produtos menos consumidos, como beringela, couve-flor, beterraba entre outros, também são totalmente importados, embora algumas pequenas áreas de produção sejam eventualmente cultivadas no interior. 118 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Recentemente têm-se observado um acelerado crescimento da oferta de hortaliças na região sul do Estado. O principal entrave à expansão da produção e melhoria da qualidade dos produtos está na falta de um sistema que melhore as oportunidades de comercialização para o produtor. Contudo, com as recentes experiências bem sucedidas levadas a efeito na região de Vilhena com a “plasticultura”, que já começa a se disseminar por outros municípios, é de se prever que esta atividade passe a ter um importante papel no quadro produtivo, substituindo importações e até mesmo gerando excedentes exportáveis. Além deste fato, acresça-se o início da prática da hidroponia, hoje já encontrada em Vilhena, Pimenta Bueno e Porto Velho, que tornará a produção de legumes e verduras ainda mais promissora no Estado. Tabela 06 - Área Plantada e Produção Agrícola de Hortaliças - Ano 1995 melancia abóbora tomate (ha) mil (ha) mil (ha) (t) frutos frutos 1 - Porto Velho 677 566 5 3 2 - Guajará-Mirim 26 24 90 80 3 - Ariquemes 4 9 7 13 4 - Ji-Paraná 21 26 49 64 30 360 5 - Alvorada d’Oeste 8 128 6 - Cacoal 13 11 33 70 7 - Vilhena 3 7 9 6 8 - Colorado d’Oeste 1 2 Total do Estado 745 635 183 236 38 488 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 Região pimentão (ha) mil frutos 19 4 11 36 22 6 4 102 pepino (ha) mil frutos 96 48 7 192 70 11 12 436 1.1.6 - Soja A região de Vilhena produziu 10.800t de soja no ano de 1995, mostrando o seu grande potencial, a partir de alguns elementos a considerar: a semelhança dos solos, clima e do relevo com as áreas adjacentes da região norte de Mato Grosso, onde hoje a soja é cultivada em larga escala, a tradição agrícola da maioria dos produtores da região de Vilhena, e o tamanho médio das propriedades, adequado à mecanização da lavoura. De outra parte, a entrada em cena do PRODECER III - Expansão, Programa de Cooperação Nipo-brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados, contemplando o Estado com uma verba total de US$ 52 milhões para o financiamento do plantio de soja nas regiões de cerrado rondoniense, irá afetar decisivamente esta cultura que, a curto prazo, deverá se posicionar como uma nova e rentável alternativa agrícola. Outro ponto a considerar será o impulso que fatalmente será dado a esta cultura com a entrada em operação do projeto Hermasa, que transformará Vilhena no maior pólo produtor de grãos do Estado. Dentro desta perspectiva se torna urgente investir na pesquisa de tecnologias capazes de maximizar as vantagens que o cultivo da soja apresenta em Rondônia Tabela 07 - Área Cultivada e Produção da Cultura da Soja - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’ Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena Área Colhida (ha) Produção (t) 4.500 -10.800 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 119 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Região 8 - Colorado D’ Oeste Total do Estado Área Colhida (ha) Produção (t) 4.500 10.800 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 1.1.8 - Algodão Nos últimos anos o algodão apareceu com uma área de plantio maior, melhorando a renda de um grande número de pequenos produtores. Favorecido por um ataque de pragas relativamente baixo, um estímulo ao plantio de empresas particulares, e um preço competitivo em relação às demais alternativas do produtor, a área de plantio do algodão tem se expandido a cada ano. O plantio se faz desde a segunda quinzena de janeiro até o final de abril. Esta faixa de tempo, condiciona riscos para a lavoura, porém plantios feitos em fevereiro normalmente conseguem bom desenvolvimento e produção. Um dos agravantes é o excesso de chuvas no início do ano, dificultando o preparo do solo e o desenvolvimento inicial das plantas. A manutenção da produção de algodão em pequena lavouras, isoladas entre outros cultivos e áreas de mata e capoeiras, como ocorre hoje, representa uma situação desejável. Grandes culturas contínuas, provavelmente estariam fadadas ao insucesso, tendo em vista as dificuldades de preparo e mecanização que tais lavouras exigem, além do agravante de intensificação do ataque de pragas. A questão central desta cultura está no comportamento dos preços. O atual sistema de comercialização da produção representa altos riscos para o produtor, tendo em vista a concorrência dos cotonicultores tradicionais e inevitável queda periódica dos preços. Tabela 08 - Cultura do Algodão por Micro-regiões - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’ Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste TOTAL DO ESTADO Produção (t) 30 675 300 9.224 5.298 5.392 5.668 475 27.062 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 Embora a significativa produção registrada em 1995, as produções e áreas cultivadas em 1996 e 1997 registraram severos declínios pela falta da apoio governamental à cultura. Este fato induziu a que nos dois últimos anos fossem paralisadas as maiores indústrias beneficiadoras e as que se mantiveram ativas trabalharam com capacidade ociosa superior a 60%. É necessário portanto, um novo estímulo à cultura do algodão, a um nível que pelo menos abasteça as indústrias já instaladas. 1.2 - Culturas Perenes Os cultivos perenes têm sido considerados a alternativa mais indicada na exploração do potencial agrícola no trópico úmido. O alto volume de chuvas, que compromete os solos quando diretamente expostos, melhor perspectiva de renda em relação às culturas anuais tradicionais e maior aproximação com as características do ambiente natural, são critérios que embasam a preferência citada. O estímulo às pesquisas e iniciativas de produtores nas áreas de cultivos 120 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 consorciados e sistemas agroflorestais, deverá tornar ainda mais atrativa a opção pelas culturas de ciclo longo no Estado. 1.2.1 - Cafeicultura em Rondônia a - Área Cultivada, Produção e Rendimento A área ocupada pela cultura do café no Estado é estimada em 145.299 hectares, com produção esperada de 173.869 toneladas de café em coco e rendimento de 1.197 quilogramas por hectare. Rondônia ocupa atualmente o quarto lugar como produtor de café no País e o primeiro como produtor de café do tipo Robusta. Predominam na região pequenos e médios produtores, com sistemas de produção similares aos utilizados nas regiões produtoras tradicionais do país, pouco adequados às condições ecológicas do Estado. Estima-se que aproximadamente 18.000 agricultores tenham a cultura de café como base econômica de suas propriedades . As cultivares mais plantadas em Rondônia são: Kouillou (Conilon), da espécie Coffea canephora (Café Robusta), Catuaí e Mundo Novo, de Coffea Arabica. A cultivar Mundo Novo, bastante utilizada na década de 1970, mostra boa adaptação às regiões mais altas do Estado, com elevada rusticidade, vigor e produtividade. A cultivar Catuaí, também bastante rústica e produtiva, é preferida por muitos produtores pelo porte baixo. Tanto a cultivar Mundo Novo como a Catuaí, apresentam maturação bastante precoce em Rondônia, com início em fevereiro e março, em plena estação chuvosa, prejudicando as operações de colheita e preparo do produto. b - Fatores Limitantes ao Desenvolvimento da Cafeicultura em Rondônia Rondônia possui área de 23,8 milhões de hectares, com predominância de dois grandes grupos de solos: Latossolo (distrófico) representando aproximadamente 45% da área total e Podzólico (eutrófico/distrófico) 31%; os Latossolos (amarelo, vermelho, vermelho-amarelo) são de baixa fertilidade natural, com elevada saturação de alumínio e grande capacidade de fixação de fósforo. Por outro lado, as progênies de cafeeiros disponíveis atualmente, são bastante exigentes em nutrientes e necessitam da aplicação de corretivos e fertilizantes no solo, para externar todo seu potencial produtivo. Dessa forma, a viabilidade econômica da cultura do café nos solos mais pobres da região, depende muito da relação entre o preço do produto e os preços dos insumos utilizados. Tecnicamente recomenda-se regiões com altitudes superiores a 500 m para a espécie Coffea arabica e inferiores a 500 m para Coffea canephora. Entretanto, em Rondônia, cafeeiros da espécie Coffea arabica, cultivares Mundo Novo e Catuaí, vêm produzindo satisfatoriamente em áreas com altitudes entre 250 e 500 m. Porém, devido às condições climáticas da região, a maturação é bastante precoce, com início em fevereiro-março, em plena estação chuvosa, prejudicando as operações de colheita e preparo do produto. Com base em pesquisa e em observação em lavouras da região, pode-se afirmar que o Estado possui condições de produzir café tanto da espécie Coffea arabica como Coffea canephora. Porém, é indispensável adotar-se um zoneamento climático para a cultura, destinando-se as áreas com altitudes inferiores a 250 m para Coffea canephora; entre 250 e 500 m para Coffea arabica e Coffea canephora; superiores a 500 m apenas para Coffea arabica. As principais doenças do cafeeiro em Rondônia são causadas por fungos, tais como: Hemileia vastatrix (ferrugem do cafeeiro), Roselinea sp. (mal-dos-quatro-anos), Cercospora coffeicola (Cercosporiose), Rhizoctonia solani (Rizotoniose), Corticium Kolerogue (Koleroga) e Colletotrichum coffeanum (Antracnose). Dentre essas doenças, merece destaque a ferrugem do cafeeiro, pelos prejuízos que causa ao produtor, com uma média de danos em torno de 20% da produção, podendo atingir níveis de até 45% da colheita sob condições propícias à esta enfermidade. Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 121 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Dentre as pragas que atacam o cafeeiro na região, destacam-se as seguintes: Hypothenemus hampei (broca-do-café) e Perileucoptera cofeella (bicho-mineiro), pelos danos que causam à produção. No entanto, dependendo das condições climáticas e de desequilíbrios biológicos, outras pragas podem causar danos à cultura, como é o caso do Oligonychus ilicis (ácaro vermelho), Planococcus citri (Cochonilha branca) e Coccus viridis (Cochonilha verde). Com relação à broca-do-café, as condições climáticas de Rondônia favorecem o seu desenvolvimento, sendo encontrada em todas as regiões produtoras. Provoca danos severos, reduzindo o peso dos grãos e também prejudicando a comercialização por depreciar o tipo do café. De modo geral, a mão-de-obra também constitui um fator limitante ao desenvolvimento da cafeicultura no Estado. A exploração de madeira e minérios, a migração de agricultores para outros estados e a atração exercida pelas cidades, são responsáveis pela redução significativa de mão-de-obra no meio rural. A distância dos grandes centros de consumo, industrialização e exportação; a falta de organização dos produtores através de associações e/ou cooperativas para padronizar e colocar o café no mercado interestadual e internacional; a falta de linhas especiais de crédito para comercialização; a má qualidade do produto; a armazenagem deficiente e o desconhecimento do mercado de café pelos produtores, são fatores que dificultam a comercialização e contribuem para que os preços obtidos pelo produto sejam inferiores aos alcançados em outras regiões produtoras do país. A cultura do café continuará desempenhando papel importante na economia de Rondônia, gerando riquezas e fixando a mão-de-obra no campo. Entretanto, para que se tenha uma cafeicultura estável e economicamente competitiva, algumas medidas deverão ser tomadas, tais como: − Zoneamento climático da cultura no Estado; − Viabilização da exportação de café pelo porto de Porto Velho; − Incentivo à industrialização do café (solúvel); − Fomento ao associativismo e/ou cooperativismo; − Incentivo à recuperação de lavouras degradadas e a melhoria da qualidade do produto; − Criação de linhas de crédito para investimento (tulhas, terreiros), custeio e comercialização; − Realização de treinamento (reciclagem) da rede técnica de extensão rural; − Modificação do atual sistema de produção de café com a introdução de novas tecnologias. Tabela 09 - Acompanhamento da safra agrícola de Café em Rondônia/dez-96 Municípios Porto Velho Alto Paraíso Ariquemes Cacaulândia Campo Novo de Rondônia Candeias do Jamari Cujubim Governador Jorge Teixeira Guajará-Mirim Jamari Jaru Machadinho D’Oeste Monte Negro Nova Mamoré Rio Crespo Theobroma Vale do Anari Ji-Paraná 122 Área (ha) 126 10.828 3.500 3.500 42 300 1.562 2.530 15 50 6.666 4.540 6.250 180 2.975 2.111 1.860 2.484 Produção (t) Rendimento (kg/ha) 101 12.994 3.273 4.200 34 360 1.140 2.821 13 60 10.666 2.270 11.250 144 2.737 2.533 2.232 2.981 800 1.200 935 1.200 810 1.200 730 1.115 867 1.200 1.600 500 1.800 800 920 1.200 1.200 1.200 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Municípios Alvorada D’Oeste Costa Marques Mirante da Serra Nova União Ouro Preto D’Oeste Presidente Médici São Miguel do Guaporé Seringueiras Teixeirópolis Urupá Vale do Paraíso Cacoal Alta Floresta D’Oeste Alto Alegre dos Parecis Castanheiras Espigão D’Oeste Ministro Andreazza Nova Brasilândia D’Oeste Novo Horizonte D’Oeste Parecis Pimenta Bueno Primavera de Rondônia Rolim de Moura Santa Luzia D’Oeste São Felipe D’Oeste Vilhena Cabixi Cerejeiras Colorado D’Oeste Corumbiara Total Área (ha) 3.289 1.610 4.050 1.947 4.546 3.840 4.800 3.744 1.146 4.550 6.240 20.797 3.250 1.750 1.289 1.705 4.990 6.336 3.225 382 180 1.189 6.570 3.200 1.911 80 290 228 187 1.222 148.082 Produção (t) Rendimento (kg/ha) 3.289 1.610 3.524 2.336 5.455 4.224 5.376 4.118 825 5.005 6.240 16.638 3.250 1.750 1.031 1.449 4.072 5.069 2.715 344 162 1.070 5.125 3.200 1.911 48 305 103 112 733 150.896 1.000 1.000 870 1.200 1.200 1.100 1.120 1.100 720 1.100 1.000 800 1.000 1.000 800 850 816 800 842 900 900 900 780 1.000 1.000 600 1.050 450 600 600 1.019 Fonte: SEAGRI/97 Tabela 10 - Produção de Café por Micro-regiões - Ano 1995 Região Produção (t) 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste TOTAL DO ESTADO 699 1.413 47.515 39.702 22.040 53.467 5.146 1.253 171.235 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995. Existe hoje um crescente consenso que a cafeicultura rondoniense em sua proposta de melhoria de qualidade somente obterá êxito se houver determinação por parte dos atuais dirigentes do setor primário, em mudar a atual política do “Plante Café”. É necessário a eliminação do terreiro de chão batido responsável principal pela fermentação dos grãos causadores da quebra de 25 a 35%, da produção que obriga o produtor a entregar aos maquinistas e atravessadores o seu café a menor preço. Incentiva-se o plantio de café Conillon cujo preço de uma saca beneficiada (60 kg) vale apenas pouco mais de 52% do valor do preço de uma saca de café Arábica tipo 7. O produtor Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 123 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 rural rondoniense perde acima de R$ 100,00 por saca plantando café conillon comparativamente às variedades arábica cujo preço hoje atinge acima de R$ 240,00 para o café do tipo 6 lote corrido, bebida livre do gosto Rio Zona, que são os cafés arábica de Rondônia. Atualmente, o poder público estadual não investe em programas de terreiros tijolados e tulhas de madeiras, para tirar o café do chão batido, tão prejudicial a qualidade e não fomenta o armazenamento através de tulha, que evita o ensacamento em sacos plástico, que prejudica ainda mais a qualidade. Não investe também em secador mecânico, que é a saída para a secagem do café da variedade Arábica, colhidos em nosso estado nos meses de janeiro a março, em pleno período das chuvas. Para que haja uma melhor qualificação da produção é necessário que se agregue ao processo produtivo tecnologias, para que se viabilize a exploração do café arábica em Rondônia já que: sistemas de plantio, espaçamentos e tratos culturais são os mesmos para os gêneros conillon e arábica. O grande problema está centrado na época de produção do café arábica que coincide com o período chuvoso, precisando portanto de um complexo de máquina que possua incluso processo de: secagem, beneficiamento e padronização. O Estado pela sua estrutura de produção cafeeira comporta três ou quatro unidades desse tipo de máquina. É necessário que se desenvolvam estudos de pesquisa objetivando, através de clonagem, com os grupos conillon e arábica, para conseguir uma variedade do grupo arábica para que sua produção venha ocorrer no período seco. Outro aspecto importante é a necessidade de se evitar a monocultura. O programa “Plante Café”, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Agricultura, deve necessariamente levar em conta também outros cultivos. 1.2.2 - Cacauicultura em Rondônia a - A implantação da cultura O processo de implantação e desenvolvimento da cacauicultura em Rondônia teve início em 1971, respaldado em estudos realizados pela CEPLAC, que apontavam a viabilidade da lavoura nesta região. Entretanto somente com a implementação do PROCACAU em 1976, o Estado de Rondônia foi contemplado com parcela significativa do Programa. As definições que levaram Rondônia a participar de forma tão relevante no programa, foram calcadas nos critérios técnicos, econômicos e ecológicos. Dentre os expressivos resultados alcançados nos campo social e econômico, podemos destacar os seguintes: Renda por área explorada: Renda familiar mensal Salário por operário rural Empregos diretos gerados: Produtividade média: Produção Estadual: Nível de desmatamento: US$ 800/ha US$ 1.300,00 US$ 300,00 20.000 800kg/ha 35.000 t/ano 23% / propriedade A partir de 1986 o mercado internacional começou a apresentar tendências de declínio e o preço médio da tonelada sofreu baixa significativa variando de US$ 2,500/tonelada para até US$ 800/tonelada. Tal fato teve como origem o excedente de oferta provocado por políticas subsidiárias de países africanos, somado ao novo padrão de competitividade da Malásia e Indonésia. 124 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Consequentemente, para sobreviver a essas ameaças, o setor cacaueiro teria que, além de apostar na extinção das políticas subsidiárias dos países africanos, melhorar substancialmente o perfil tecnológico do setor. A primeira condição, como era previsível, encontra-se em processo final de saneamento, devido a impossibilidade de manutenção irreal de produtores nos países africanos, o que além de premiar a ineficiência, permitiria a expansão de uma produção que desequilibra o mercado, exigindo desses países um volume cada vez maior de recursos para manter o subsídio. Para a segunda questão, embora detentora de satisfatório nível da tecnologia gerada em seus setores de pesquisa, a instituição responsável pela assistência técnica da cacauicultura viu-se quase totalmente paralisada nas suas ações de atendimento ao produtor, devido ao descaso dos governos com o setor. Esse descaso impediu o atendimento necessário aos produtores, os quais reduziram drasticamente os investimentos na condução técnica de suas lavouras, tendo, por conseqüência , a redução da produtividade, proliferação de pragas e doenças e diminuição da renda, levando ao abandono, aproximadamente, 60% das lavouras. Os resultados significativos desse processo podem ser perfeitamente observados nos dados abaixo, os quais foram retirados do diagnóstico realizado pela CEPLAC no ano de 1992: • • • • • • Lavouras abandonadas: 60% (35.000 ha); Redução da produção anual do Estado de 35.000t para 22.000t; Redução da produtividade de 800 kg para 300 kg/ha.; Redução na oferta de emprego de 20.000 para 5.000.; Redução de renda familiar mensal de US$ 1.300 para US$ 250; Expansão significativa da pecuária extensiva nas propriedades. No ano de 1994, no que diz respeito ao mercado internacional, os preços médios atingiram cifras equivalentes a US$ 1.350/t, revelando uma elevação na ordem de 60% quando comparados aos preços médios praticados nos cinco anos anteriores. b - Recuperação das Lavouras Cacaueiras A cacauicultura do Estado de Rondônia apresenta um quadro deveras adverso. Este é fruto de fatores internos tais como: a ocorrência da enfermidade “vassoura de bruxa”, competição com a pecuária em fase de formação, carência de mão-de-obra especializada, concorrência com mineradoras e garimpos, desorganização dos produtores e consequentemente da produção, preços aviltados por parte dos intermediários, que em muitos casos chegaram a praticar até 50% em relação a outras regiões produtoras. E também devido a fatores externos, tais como: super produção mundial, cotações que chegaram a níveis impraticáveis de US$ 700 por tonelada, falta de recursos para investimento em pesquisas. Apesar desses fatores adversos à cacauicultura em Rondônia, constatou-se ser ainda possível o resgate dessa atividade no Estado, uma vez que as outras atividades como: pecuária, guaraná, seringueira, etc. apresentavam problemas e relação custo/beneficio menos favoráveis que a atividade cacaueira, fato comprovado junto a produtores que se mantiveram a muito custo e sacrifício nesta atividade. Diante desse quadro desfavorável, mas contando com pequenos acenos do mercado internacional em nível de Bolsa, da diminuição da safra do cacau baiano e baseado no apoio das instituições estaduais e do vasto manancial de pesquisas desenvolvidas pela CEPLAC em Rondônia, nas diversas áreas (genética e melhoramento, entomologia, fitopatologia, processamento primário do cacau, processamento industrial de polpa, solos e nutrição mineral, climatologia) destacando-se os resultados promissores, alcançados especialmente no que diz respeito ao controle da “vassoura de bruxa”, a CEPLAC decidiu retomar as ações em Rondônia. Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 125 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Com o controle da doença, através da prática de manejo integrado, é perfeitamente possível a recuperação de lavouras cacaueiras com elevado nível de infestação. Pode-se observar que a utilização dessa prática possibilitou, no período de apenas três anos, a recuperação de lavouras altamente atacadas (com produtividade de aproximadamente 300Kg/ha e perdas em torno de 80% da produção), permitindo ao final desse período, a redução de perda para valores na ordem de 10% e elevando a produtividade para 1.500 Kg/ha, além de permitir o enriquecimento da lavoura com espécies madeireiras e/ou frutíferas. O aumento da produção de amêndoas secas de cacau possibilitará a instalação de indústrias de transformação (manteiga e torta de cacau), tendo como conseqüência a instalação de pequenas indústrias transformando a torta e manteiga em chocolates, doces, balas, etc. A produção atual, aliás, já comporta a instalação de uma unidade industrial de porte pequeno capaz de processar até 10. 000 t de cacau/ano. A utilização das amêndoas secas e de sub-produtos do cacau no Estado de Rondônia, possibilitará o incremento de aproximadamente 5.000 empregos diretos e indiretos, aumentando a renda no Estado através da geração de empregos e de impostos a serem arrecadados. Atualmente a cacauicultura no Estado de Rondônia está representada nos dados abaixo: I) Dados Gerais a) Agricultores envolvidos b) Área assistida c) Produção 96/97 d) Produção 97/98 5.085 35.600 ha 14.739 t 18.000 t (estimativa) 2) Programa de Recuperação e Implantação de cacauais a) Recuperação 96/97 8.567 ha 1223 agricultores b) Implantação 96/97 500 ha 70 agricultores c) Recuperação 97/98 1.200 ha 171 agricultores d) Implantação 97/98 1.500 ha 500 agricultores A propósito do Programa de Expansão da Cacauicultura em Rondônia, a CEPLAC, em parceria com o Governo do Estado, vem imprimindo ações para implementar a partir de 1998 um programa de implantação de 10.000ha de novos cacauais ao longo de cinco anos. Com isso, aliada às ações de recuperação de áreas de cacau, o Estado de Rondônia proporcionará à indústria nos próximos anos, algo em torno de 40.000 t/ano. 1.2.3 - Seringueira Após os planos de incentivo à heveicultura, a Amazônia viu o centro de interesse de produção de borracha, se deslocar para o Mato Grosso e São Paulo. Rondônia representa situação especial dentro da Amazônia. Muitas áreas de plantio que começam a ser exploradas e um interesse crescente dos produtores, dá a esta cultura lugar importante dentre as alternativas de exploração da propriedade. Apesar da ocorrência do “mal-das-folhas”, a viabilidade do cultivo da seringueira em Rondônia não pode ser questionada e o rendimento dos seringais, embora com produtividade relativamente baixa, representa uma das melhores alternativas de renda para o produtor. A possibilidade do cultivo em consórcios, também já comprovada, permite somar vantagens a uma diversificação de cultura com o uso racional e intensivo das áreas. As experiências com cacau, café e pimenta-do-reino permitem prever bons resultados, além de outras alternativas, exigindo pesquisas urgentes para sua comprovação. Formas mais adequadas de elaboração do produto e comercialização da produção, também podem representar grandes saltos nos preços pagos ao produtor. Um intensivo trabalho de testes de novos clones, 126 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 desenvolvidos pela EMBRAPA, permite dispor de material para avaliação preliminar junto aos produtores, prevendo-se um avanço nos resultados de produtividade. Tabela 11 - Produção do Látex Coagulado por Micro-regiões - Ano 1995 Região Produção (t) seringal de cultivo Produção (t) seringal nativo 1 - Porto Velho 1.257 2 - Guajará-Mirim 116 21 3 - Ariquemes 155 4 - Ji-Paraná 5 105 5 - Alvorada d’ Oeste 7 6 - Cacoal 1 117 7 - Vilhena 32 8 - Colorado d’ Oeste Total do Estado 122 1.694 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 1.2.4 - Pimenta-do-Reino Produtores de todo o Estado tem mostrado interesse muito grande por esta cultura. A adequação ao sistema de exploração dos pequenos proprietários comprovam sua lucratividade. Embora a exigência da cultura pela demanda por alto volume de fertilizantes não tem sido obstáculo para sua exploração sem adubação, mesmo em solos de baixa fertilidade. Os resultados dos primeiros anos de produção se mostraram satisfatórios. Maior dificuldade para o cultivo da pimenta, tem sido a falta de estacas e mudas para implantação de novas lavouras. Apesar da produção ainda pequena, as colheitas já comercializadas são estimulantes, mostrando aos pipericultores o potencial da cultura. Tabela 12 - Área Cultivada e Produção da Cultura da Pimenta-do-Reino - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’Oeste Total do Estado Área Colhida (há) Produção (t) 100 3 103 48 4 52 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 1.2.5 - Banana A bananeira é a espécie frutífera mais plantada em Rondônia. Introduzida em larga escala nos plantios de cacau, visando o sombreamento, criou uma oferta abundante que levou a abertura de um mercado interno importante. Hoje, já se exporta a variedade “maçã” para o centro sul, criando uma alternativa para a expansão da bananeira como cultura principal. A situação estimuladora dos preços, de alguns períodos, contrasta com sua queda em outros, o que é mais grave ainda, em função das distorções no processo de comercialização. Ainda assim, a banana se mantém como alternativa atraente para aqueles produtores que dispõem de infraestrutura de estradas e localização mais privilegiada. O grande problema da cultura é a presença do “mal-do-panamá” na variedade maçã, a mais cultivada e que, juntamente com a banana comprida, dominam o mercado. O nível de tecnologia da cultura é rudimentar, não havendo uso Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 127 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 de insumos, controle de pragas ou doenças e nem condução das touceiras. Associar medidas profiláticas para a variedade “maçã” ao uso de cultivares resistentes, diversificando os plantios, é uma das alternativas para garantir a continuidade da bananicultura no Estado. A organização de comercialização e implantação de agroindústrias são fundamentais para a expansão da cultura, existindo iniciativas empresariais para instalação de uma indústria de polpa e concentrado. Tabela 13 - Cultura da Banana por Micro-regiões - Ano 1995 Região Produção (t) 1 - Porto Velho 11.300 2 - Guajará-Mirim 6.780 3 - Ariquemes 36.790 4 - Ji-Paraná 171.430 5 - Alvorada D’ Oeste 3.360 6 - Cacoal 20.140 7 - Vilhena 3.000 8 - Colorado D’ Oeste 6.090 Produção Total do Estado 258.890 Total do Consumo Interno 15.776 Excedente 243.114 FONTE: Dados de produção EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995; Consumo: FIERO Observação: Cálculo com base em 10 k por cacho. 1.2.6 - Cupuaçu Planta já conhecida e presente em grande número de pomares rurais e fundos de quintal, o cupuaçu vem sendo muito procurado pelos produtores e se transformando em uma das opções de cultivo da pequena propriedade. A procura pelos frutos e o potencial dos subprodutos já identificados faz prever ampla possibilidade de expansão desta espécie. O problema maior está na variabilidade muito grande das plantas obtidas a partir de sementes comuns, o que determina uma produtividade média muito abaixo do potencial comprovado em algumas plantas. Através do processo de enxertia é possível alcançar clones superiores e desenvolver processos melhorados de cultivo, modernizando a exploração desta espécie. Identificar plantas superiores e avançar em um programa de melhoramento para produção de clones superiores e populações melhoradas é um objetivo a ser alcançado pela pesquisa. Tabela 14 - Cultura do Cupuaçu por Micro-regiões - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’ Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste TOTAL DO ESTADO Produção (1000 Frutos) 2.594 378 484 32 85,5 23,4 9,6 3.606,5 FONTE: Dados de produção EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995; Consumo: FIERO 1.2.7 - Guaraná Já introduzido como cultura no Estado, o guaraná tem sido motivo de reclamação por parte dos plantadores, tendo em vista os baixos preços alcançados pelo produto nos últimos anos. O excessivo otimismo inicial em relação aos resultados, deverá dar lugar a uma expectativa mais 128 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 realista, que permita uma gradativa contribuição desta cultura, na renda da propriedade diversificada. Para tanto é necessário que a comercialização seja viabilizada e a produtividade está condicionada ao uso de clones ou sementes melhoradas, o que implica em definição de programas de apoio para favorecimento destes insumos. Tabela 15 - Cultura do Guaraná por Micro-regiões - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’ Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste Total do Estado Área Colhida (ha) Produção (t) 15 322 337 6 141 147 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 1.2.8 - Palmito A exploração de palmito tem sido atividade extrativa, o que faz com que a obtenção da matéria-prima seja o principal problema enfrentado pela agroindústria. Os preços ao produtos, quando pagos, representam muito pouco na renda da propriedade, sendo eventual e de pouco interesse para o colono. Considerando o elevado interesse dos mercados nacionais e internacionais pelo palmito, o desenvolvimento de uma agroindústria sólida, no Estado, depende de se conseguir transformar a produção de palmito em uma atividade agrícola. O extraordinário potencial de crescimento e adaptação das palmáceas na região permite prever alta rentabilidade para o produtor, capaz de se organizar para uma comercialização eficiente. As espécies que se destacam são: açaí, pupunha e babaçu. A área atualmente cultivada é de aproximadamente 300ha. Importante ressalvar um projeto em fase de implantação de 600ha no município de Porto Velho, que visa o processamento final do produto. 1.2.9 - Citros Várias experiências de produção, realizadas em diversas partes do estado, comprovam o alto potencial das regiões de solo mais fértil, para a produção citrícola. Apesar disto, são predominantes os pequenos pomares, quase sempre com plantas “pé-franco”, sem importância na geração da renda do produtor. A importação, não só eleva os preços como compromete a qualidade das frutas. Alguns problemas típicos dos citros, como a “gomose” e as viroses de maneira geral, também estão presentes no Estado. Porém, um adequado programa de apoio a instalação de pomares comerciais, poderá tornar Rondônia auto-suficiente na oferta de citros. É necessário definir pólos de produção que possam receber um esforço concentrado do Governo, no apoio a produção, organização de produtores e comercialização do produto. Nas regiões de JiParaná, Cacoal e Ariquemes está concentrada a maior parte da citricultura do Estado. Tabela 17 - Cultura de Citros por Micro-regiões - Ano 1995 Região Produção (1.000 Frutos) 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 9.750 2.615 26.691 72.550 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 129 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Região 5 - Alvorada D’ Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste TOTAL DO ESTADO Produção (1.000 Frutos) 415 33.150 6.578 6.169 157.918 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 1.2.10 - Urucu Planta muito conhecida e já cultivada há muito tempo, somente agora o urucu despertou interesse como cultura comercial. A quantidade de informações de cultivo é limitada. O interesse comercial pelo produto se expandiu devido ao seu corante “bixina”, que tem sido visto nos países do Primeiro Mundo, como um substituto natural para os corantes sintéticos, condenados como cancerígenos. Para comercialização que visa a exportação do produto, em São Paulo, é exigido que as sementes apresentem um teor mínimo de 2,5% de “bixina”. O desconhecimento das técnicas de cultivo é o maior empecilho para este produto, no Estado, sendo mais sensível a falta de cultivares adaptadas, apresentado altos teores de “bixina”. A EMBRAPA já desenvolveu e comercializa sementes de cultivares com 5% de bixina. É necessário organizar a produção no Estado com base nessas cultivares e sistema de produção adequado. Tabela 18 - Cultura do Urucu por Micro-regiões - Ano 1995 Região 1 - Porto Velho 2 - Guajará-Mirim 3 - Ariquemes 4 - Ji-Paraná 5 - Alvorada D’ Oeste 6 - Cacoal 7 - Vilhena 8 - Colorado D’ Oeste Total do Estado Área Colhida (ha) Produção (t) 18 198 85 301 7 131 72 210 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 1.2.10 - Fruteiras e Outros Cultivos Perenes Muitas outras espécies frutíferas mostram potencial para cultivo racional em Rondônia, podendo ser citadas: manga, abacaxi, abacate, graviola, mangostão, mamão, coco, acerola, melancia, maracujá, jaca e fruta-pão. A avaliação sistemática de espécies frutíferas nativas e exóticas poderá permitir aos produtores novas opções de renda. É na comercialização e na falta de agroindústria que se encontram as maiores limitações que colocam em risco o plantio de áreas maiores. 1.3 - Outras Culturas Muitas outras culturas são plantadas em pequenas experiências, pelos colonos que conseguem as sementes em suas regiões de origem, como é o caso do sorgo e caupi. São comuns as manifestações de interesse por atividades ainda não convencionais no Estado, como as culturas de amendoim, mamona, caupi, sorgo, girassol, gergelim, amoreira, para citar algumas. O estudo preliminar do potencial destas culturas novas, poderá permitir antecipar iniciativas de produtores, muitas vezes fadadas ao fracasso, em função do desconhecimento de tecnologia própria para a região. A avaliação de cultivares e adaptação as condições de clima e solo, são estudos fundamentais. 130 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 2 - PECUÁRIA 2.1 - Panorama da Pecuária O panorama mais geral da pecuária bovina mundial é o de uma atividade que, no segmento de produção, vem apresentando um longo período de declínio nos tradicionais centros de produção pecuária do mundo, como é o caso da Europa e da América do Norte, de uma expansão moderada na América do Sul e na Ásia e uma expansão mais significativa nos rebanhos da Oceania. O panorama mais geral da pecuária bovina de corte brasileira é o de uma atividade econômica em fase de modernização, que apresenta uma evolução moderada, tanto em termos de produção em nível de campo como em produção de produtos cárneos. Trata-se, pois, de um país que, embora seja detentor do segundo maior efetivo mundial, com um rebanho em 1995, de 151,5 milhões de cabeças, ainda apresenta indicadores de produtividade e índices zootécnicos considerados bastante baixos em relação aos apresentados pelos países considerados grandes produtores a nível mundial, com exceção dos parâmetros relativos à Índia, onde a pecuária bovina não é considerada uma prioridade em termos de produção de proteína animal. As perspectivas de estabilização da economia nacional poderão, a curto prazo, favorecer os investimentos na produção bovina, em níveis suficientes para garantir a manutenção de uma taxa média de crescimento do rebanho em 2,5% ao ano, com uma taxa de abate de aproximadamente 18%, que seria compatível com o nível de produção de carne para atender a demanda interna e aumentar o nível das exportações brutas em um ritmo de crescimento de, no mínimo, 20% ao ano. É evidente que a manutenção dessa taxa de exportação deverá levar em consideração, de um lado, a expansão das políticas de controle da febre aftosa e da proibição do uso de anabolizantes pelos criadores. A esse respeito, o programa governamental em desenvolvimento, para erradicar até 1997, a febre aftosa, nas zonas de criação do eixo Sul-Sudeste, já conseguiu resultados bastante expressivos. De outro lado, o Governo está consciente de que deverá adotar, como já vem adotando, uma série de medidas importantes, como foi o caso da proibição de importação e comercialização de anabolizantes, da instalação e operação de laboratórios para análise de resíduos químicos e biológicos de carne e derivados, e do credenciamento dos laboratórios das Universidades brasileiras para agilizarem as análises, de sorte a eliminar até o ano 2000, todas as restrições que atualmente pesam sobre as exportações brasileiras. 2.2 - Caracterização da Pecuária em Rondônia. 2.2.1 - Situação Atual A pecuária é a atividade do setor primário que mais se expandiu nos últimos anos no Estado, especialmente a bovina, que hoje se apresenta como plenamente capaz de satisfazer o consumo interno e ainda oferecer excedentes exportáveis. A pecuária de corte, aliás, tem evoluído mais rapidamente do que as outras, junto com a expansão das áreas de pastagens, contra uma estagnação ou até mesmo redução de áreas de lavoura. Já a pecuária de leite se desenvolveu mais nas áreas de pequenas e médias propriedades, como fator de agregação de renda aos agricultores tradicionais. A Tabela 19 mostra o rebanho bovino do Estado, em 1995, constituído de 4,4 milhões de cabeças. Assim, para um taxa média de desfrute de 15%, teríamos o abate de 660.000 cabeças por ano. Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 131 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A situação atual é representada pelo abate 300.000 cabeças/ano em três frigoríficos em operação, 200.000 cabeças/ano abatidas em pequenos matadouros municipais e/ou em abatedouros clandestinos e 160.000 cabeças/ano que saem em pé, para o Mato Grosso e Manaus. Existem mais quatro frigoríficos em fase de construção, com conclusão prevista para o ano de 1998 e com capacidade individual de abate de 1.000 cabeças/dia. Tabela 19 - Produção de animais de corte em Rondônia - Ano 1995 Regiões/Rebanho Bovinos % s/Total Suínos Porto Velho 324.068 7,30 98.062 Guajará-Mirim 71.520 1,61 3.350 Ariquemes 474.429 10,68 63.661 Ji-Paraná 1.043.223 23,49 174.073 Alvorada d’Oeste 202.186 4,55 34.193 Cacoal 807.722 18,19 394.428 Vilhena 778.370 17,53 68.199 Colorado do Oeste 739.449 16,65 90.184 TOTAL ESTADO 4.440.967 100,00 926.150 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 % S/Total 10,59 0,36 6,87 18,80 3,69 42,59 7,36 9,74 100,00 Aves 456.795 85.000 575.601 2.187.878 261.218 1.028.552 384.215 304.390 5.283.649 % s/ total 8,65 1,61 10,89 41,41 4,94 19,47 7,27 5,76 100,00 O desenvolvimento da pecuária bovina foi praticamente simultâneo à abertura da rodovia BR-364 (Cuiabá - Porto Velho), mediante o estimulo à formação da pastagem cultivada. Em 1980, a proporção de pastagens cultivadas era de 68%, o que facultava a criação de gado de finalidade mista (carne e leite) com animais de cria, recria e engorda. Nesta época, em razão da carência de espécies forrageiras adaptadas às diversas condições edafoclimáticas da região, a bovinocultura do tipo tradicional caracterizava-se por uma baixa capacidade de suporte das pastagens. O deslocamento e fixação da pecuária na parte Sul do estado processaram-se a partir de 1980, tendo como um dos principais pontos de partida os sistemas de criação em estabelecimentos de médio porte localizados originariamente em áreas do município de Pimenta Bueno, incluindo partes da Gleba de Corumbiara e de Espigão D’Oeste. Esta região pode ser considerada, pois, o embrião dos empreendimentos pecuários de médio porte no Estado, uma vez que os lotes licitados pelo INCRA, foram fixados em 2.000 hectares. Para a época, essa área configurava o tamanho ideal do lote por unidade familiar para o desenvolvimento da bovinocultura. 2.2.2 - Alimentação animal O sistema extensivo de criação caracteriza-se pela alimentação dos animais diretamente no campo, sendo, pois, as pastagens cultivadas a mais importantes fonte de alimentos do rebanho rondoniense, seja de corte ou de leite. O uso de concentrado como complemento alimentar é muito pouco freqüente mesmo na criação do gado leiteiro. Em contrapartida, o plantio de capineiras para a oferta às vacas lactantes leiteiras nos meses de estiagem é prática bem difundida no estado. A espécie mais cultivada para esse fim é o capim-elefante (Pennisetum purpureum cvs. Cameroon e Napier). 2.2.3 - Mineralização A mineralização do rebanho, através da oferta de sais minerais, é deficiente no que respeita à qualidade do produto, na maioria das vezes, sal comum. Desse modo, apesar de satisfatoriamente disseminada no Estado, a mineralização não supre às necessidades do rebanho, já que as formulações comerciais não observam corretamente os níveis de carência dos animais nas diferentes regiões. 132 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 2.2.4 - Sanidade do Rebanho Muito embora a rusticidade prevaleça na escolha das raças a serem criadas na região, a severidade das condições climáticas da Amazônia favorece à incidência acentuada de moléstias bacterianas, viróticas ou parasitárias. Essa suscetibilidade é agravada pelo manejo inadequado e deficiências alimentares do rebanho, propiciando condições ao surgimento das doenças carenciais. Não obstante o programa de controle sanitário, a cargo da Delegacia Federal da Agricultura do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária - DFA/MARA e da Secretaria da Agricultura do Estado, as vacinações do rebanho contra a febre aftosa, brucelose, carbúnculo sintomático e pneumoenterite são implementadas de modo deficiente e sem a freqüência correta. Especialmente contra a raiva bovina, a vacinação é feita em caso de identificação de focos. 2.2.5 - Produção de Leite A produção do leite em Rondônia é alta, pois, embora com uma média em torno de 45 litros por produtor, o grande número destes no Estado faz com que o volume total produzido atinja níveis significativos, o que em parte explica a implantação do número de indústrias que já representa uma parcela razoável da oferta de queijos no mercado nacional. A tabela a seguir demonstra a produção anual de leite no Estado, por região: Tabela 20 - Produção de Leite em Rondônia por Micro-regiões - Ano 1995 Regiões Produção Anual (litros) Porto Velho 10.189.766 Guajará-Mirim 2.563.000 Ariquemes 18.686.638 Ji-Paraná 170.016.578 Alvorada D’Oeste 9.062.800 Cacoal 9.191.500 Vilhena 6.798.500 Colorado D’Oeste 8.589.200 TOTAL DO ESTADO 235.097.982 FONTE: EMATER/RO - Anuário Estatístico Agropecuário 1995 Comparando-se a capacidade anual de processamentos das indústrias instaladas em Rondônia, com os números da tabela 21, percebe-se que há uma ociosidade de cerca de 50% nos laticínios do Estado. É válido observar que a qualidade do plantel leiteiro de Rondônia é em geral boa, mas a falta de tratos adequados não permite que se obtenham maiores índices de produtividade, significando que o simples ato de adicionar ração ao gado leiteiro representaria um incremento imediato de produção e produtividade. Note-se que em todas as regiões supracitadas existem indústrias de laticínios e que, segundo pesquisa junto a esse segmento, 75% do leite produzido é destinado a indústria, e 25% para o consumo “in natura” e fabricação de queijo caseiro. Desta forma, pode-se estimar um volume anual de 176 milhões de litros utilizados pela indústria. Deste total, próximo de 20% (35 milhões de litros/ano) é destinado à pasteurização e, os 80% restantes, à fabricação de queijo. A relação média da indústria é de 9,5 litros de leite por quilo de queijo produzido. Aplicando-se esse indicador sobre o volume de leite destinado a fabricação de queijos, obtém-se uma estimativa de produção anual de 14,8 mil toneladas de queijos tipo muzzarela e prato. A indústria possui uma capacidade instalada suficiente para produzir anualmente 48,6 mil toneladas de queijos, significando que, para os atuais volumes repassados à indústria, apenas 30% Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 133 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 é utilizada. Portanto, à medida que a produção de leite seja incrementada, o setor não precisará de novos investimentos em instalações industriais. 2.2.6 - Comercialização e Mercado Dos produtos obtidos pela indústria de laticínios apenas os queijos requerem ações mais complexas para comercialização, uma vez que o leite pasteurizado, por suas características de baixa durabilidade, é totalmente comercializado no mercado local. Do total passível de venda de queijo em outros estados, o mercado da cidade de S. Paulo absorve a quase totalidade da produção de Rondônia, quer para consumo próprio, quer para revenda para as demais regiões do país. O mercado dos estados da Região Norte, embora não apresente um consumo “per capita” comparável com os da região Sul e Sudeste e, por conseqüência, um volume que justifique uma política mais agressiva de vendas, representa uma alternativa para suprir parte do mercado que está se perdendo em São Paulo para os produtos do Uruguai e Argentina. Para que a indústria de laticínios de Rondônia atinja o mercado dos estados da Região Norte em condições permanentemente de abastecimento, necessário se faz que: a - passe a produzir outros tipos de queijos que lhe permita consolidar uma carga de menores quantidades e maior diversificação por tipo de produto; b - faça um esforço de marketing visando fixação de marcas; c - mantenha regularidade no suprimento; d - instale ou promova a instalação de distribuidores nas cidades. O crescimento da indústria de laticínios em Rondônia deu-se em ritmo acelerado com a conseqüente resposta da bacia leiteira, por cerca de dez anos até a entrada em vigor do tratado do Mercosul, quando então passou a sofrer competição dos produtos do Uruguai e da Argentina, uma vez que a alíquota do Imposto de Importação foi reduzida a 2%. Esta política redundou numa violenta crise no setor de produção de laticínios em nível nacional, já que as indústrias daqueles dois países operam com preços internacionais, comprando o leite junto ao produtor a U$ 0,15/ litro, enquanto que a indústria nacional e de Rondônia operava pagando R$ 0,25/ litro de leite. 2.2.7 - Capacidade Instalada Atualmente existem no estado de Rondônia 44 indústrias de laticínios, todas voltadas para produção de queijos e leite pasteurizados, e se registra a iminente entrada em produção do leite tipo Longa Vida por uma delas. Esta iniciativa permitirá ao Estado entrar no mercado brasileiro desse produto. Tabela - 21 Empresas de Laticínios do Estado de Rondônia - Ano 1995 Empresas Nova Esperança Santa Beatriz Laticínios Arilac Laticínios Frio Bom Ltda. Laticínio Asa Branca Laticínio Danny Laticínio Arilac Teixeiralat Ind. Laticínios Ltda. Inlaron Ind. de Laticínio Jaru Ltda. Monte Verde Inlaron 134 Localização Porto Velho Porto Velho Ariquemes Cacaulândia Machadinho D’Oeste Montenegro Rio Crespo Jaru Jaru Jaru Jaru (Tarilândia) Jaru (Tarilândia) Capacidade/dia 8.000 20.000 30.000 30.000 4.000 5.000 20.000 80.000 35.000 100.000 não disponível não disponível Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Empresas Localização Capacidade/dia Laticínios Ouro Minas Ji-Paraná (Rondominas) 10.000 C.J.I. Flor de Rondônia Ji-Paraná (Nova Londrina) 3.500 Laticínio Boa Vista Ji-Paraná 20.000 Laticínio Monte Verde Mirante da Serra 5.000 Yolat Com. Prod. Aliment. Ltda. Ouro Preto d’Oeste 100.000 Laticínio Flor de Rondônia Presidente Médici 25.000 Laticínio Flor de Rondônia Distrito de Pres. Médici 18.000 Canãa Laticínios Teixeirópolis 70.000 Laticínio Urupá Ltda. Urupá 70.000 Inlaron Ind. de Latic. Ltda. Vale do Paraíso 70.000 Laticínio Fribom Alvorada d’Oeste 20.000 Laticínio Nova Brasilândia Nova Brasilândia d’Oeste 3.300 Laticínio Guaporé São Miguel do Guaporé 15.000 Laticínios Alta Floresta Alta Floresta d’Oeste 20.000 Inlaron Cacoal 50.000 Laticínios Nova Esperança Espigão d’Oeste 1.500 Laticínios Canelinha Espigão d’Oeste 4.000 Laticínios Vale do Oeste Espigão d’Oeste 40.000 Laticínio Cacoal Ministro Andreazza 5.000 Laticínios Esperança do Oeste Ministro Andreazza 3.000 Laticínio Presidente Médici Ministro Andreazza 2.000 Laticínio Rolim De Moura Ltda. Rolim de Moura 100.000 Laticínio Santa Luzia Santa Luzia d’Oeste 7.000 Laticínio Porto Belo Santa Luzia d’Oeste 40.000 Laticínios Rolim de Moura Santa Luzia d’Oeste 100.000 Laticínios Pimenta Bueno Pimenta Bueno 30.000 Laticínios Cerejeiras MULTI-BOM Cerejeiras 80.000 Laticínios Colorado MULTI-BOM Colorado d’Oeste 20.000 Laticínios Realeza Colorado d’Oeste 1.500 Queijo Bela Rose Colorado d’Oeste 200 Total da capacidade instalada (*) 1.266.000 FONTE: EMBRAPA/RO (*) - Obtido sem os dados das localidades não disponíveis. É possível que se tratem apenas de postos de coleta e resfriamento de leite. (**) Não estão incluídas aqui as usinas de Guajará-Mirim (1) e Nova Mamoré (1) Tabela 22 - Efetivo dos Rebanhos Bovinos (Corte e Leite), Suínos, Aves, Eqüinos, Muares, Caprinos, Ovinos e Colmeias, por Municípios - RO - Ano 1995 Municípios Cód. 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 3 3 3 3 Nome Total Estadual Porto Velho 01 Campo N. de Rondônia 02 Candeias do Jamari 03 Cujubim 04 Jamari 05 Nova Mamoré 06 Porto Velho Guajará-Mirim 01 Costa Marques 02 Guajará-Mirim Ariquemes 01 Alto Paraíso 02 Ariquemes 03 Cacaulândia 3 3 3 04 05 06 Machadinho d’Oeste Monte Negro Rio Crespo Bovinos Suínos Aves Eqüinos (cab.) 4.440.967 324.068 41.445 3.640 15.578 10.900 31.505 221.000 71.520 10.320 61.200 474.429 18.756 180.000 52.800 (cab.) 926.150 98.062 43.450 992 4.000 2.200 7.420 40.000 3.350 1.350 2.000 63.661 3.350 8.000 9.240 (cab.) 5.283.649 456.795 134.320 23.825 26.150 15.000 47.500 210.000 85.000 15.000 70.000 575.601 115.000 130.000 6.050 (cab.) 101.910 11.551 4.105 121 400 800 1.125 5.000 2.600 600 2.000 7.339 200 500 3.900 Muare s (cab.) 33.979 2.898 2.483 5 250 75 85 260 200 60 2.549 150 200 1.200 63.600 83.848 59.510 19.260 8.630 3.450 123.853 88.450 27.000 812 1.250 350 281 380 225 Caprinos Ovinos Colmeias (cab.) 34.890 4.471 890 101 120 120 240 3.000 600 600 5.414 900 3.520 (cab.) 63.095 7.869 1.154 165 100 200 1.250 5.000 3.050 50 3.000 8.701 380 4.000 2.750 (unid.) 7.888 177 30 12 35 100 60 60 571 110 350 20 191 190 300 167 635 600 13 25 45 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 135 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Municípios Bovinos Suínos Aves Cód. Nome 3 07 Vale do Anari 4 Ji-Paraná 4 01 Governador J. Teixeira 4 02 Jaru 4 03 Ji-Paraná 4 04 Mirante da Serra 4 05 Nova União 4 06 Ouro Preto d’Oeste 4 07 Presidente Médici 4 08 Teixeirópolis 4 09 Theobroma 4 10 Urupá 4 11 Vale do Paraíso 5 Alvorada d'Oeste 5 01 Alvorada d’Oeste 5 02 N.Brasilândia d’Oeste 5 03 São Miguel do Guaporé 5 04 Seringueiras 6 Cacoal 01 Alta Floresta d’Oeste 6 02 Alto Alegre dos Parecis 6 03 Cacoal 6 04 Castanheiras 6 05 Espigão d’Oeste 6 06 Ministro Andreazza 6 07 Novo Horiz. d’Oeste 6 08 Rolim de Moura 6 09 Santa Luzia d’Oeste 7 Vilhena (cab.) 15.915 1.043.223 37.800 317.173 119.300 27.000 112.000 230.000 53.700 50.000 36.250 60.000 202.186 68.996 62.540 25.000 45.650 807.722 134.000 216.000 35.000 185.472 47.250 26.000 96.500 67.500 778.370 (cab.) 11.731 174.073 24.500 69.185 19.088 11.000 7.900 15.000 7.000 9.100 6.300 5.000 34.193 11.750 13.000 2.000 7.443 394.428 15.000 27.120 1.400 240.855 28.000 4.000 43.000 35.053 68.199 (cab.) 85.248 2.187.878 150.000 634.278 238.600 147.000 190.000 300.000 90.000 91.000 147.000 200.000 261.218 20.650 125.000 65.000 50.568 1.028.552 100.000 144.000 25.000 233.912 44.100 100.000 260.000 121.540 384.215 Eqüinos (cab.) 327 34.707 750 11.807 3.400 1.750 6.000 2.500 1.500 2.200 1.800 3.000 10.619 6.600 519 3.000 500 16.058 1.400 4.902 800 2.497 1.505 2.000 2.000 954 7.782 Muare s (cab.) 113 11.866 230 4.800 2.386 600 1.000 700 350 1.400 200 200 2.248 960 150 1.000 138 7.857 2.348 200 896 800 1.000 2.613 3.610 Caprinos Ovinos Colmeias (cab.) 313 11.171 3.000 2.081 1.200 1.120 1.400 500 500 170 400 800 1.017 130 519 200 168 7.069 100 655 941 500 4.000 873 4.094 (cab.) 169 21.624 4.200 2.924 2.500 1.250 6.600 700 800 600 550 1.500 1.171 340 570 100 161 9.877 1.926 2.000 550 1.200 1.500 2.000 701 5.930 (unid.) 8 2.116 15 320 280 371 600 300 95 15 80 40 210 60 80 70 1.957 50 439 250 468 50 120 550 30 2.370 7 01 Parecis 49.500 18.000 60.000 500 600 500 500 20 7 02 Pimenta Bueno 235.000 850 60.000 1.600 700 1.200 2.100 1.000 7 03 Primavera de Rondônia 90.500 2.000 58.000 800 500 300 500 150 7 04 São Felipe d’Oeste 45.000 12.000 45.000 - - - - - 7 05 Vilhena 358.370 35.349 161.215 4.882 1.810 2.094 2.830 1.200 8 Colorado D’Oeste 739.449 90.184 304.390 11.254 2.691 1.054 4.873 427 8 01 Cabixi 101.700 21.700 22.000 1.100 - - 1.800 30 8 02 Cerejeiras 132.749 10.558 62.890 3.254 385 279 658 105 8 03 Colorado d’ Oeste 82.000 23.726 72.800 3.480 836 720 2.215 250 8 04 Corumbiara 423.000 34.200 146.700 3.420 1.470 55 200 42 FONTE: EMATER-RO - Escritórios Locais. Nota: No Brasil - bovinos - 154.440.803 cab., suínos - 34.532.168 cab., aves - 642.113.531 cab., eqüinos - 6.329.213 cab., muares - 2.046.367 cab.. caprinos - 12.159.564 cab., ovinos - 19.955.874 cab., em 1.992 - IBGE/Anuário Estatístico do Brasil/1.994. 2.3 - Piscicultura A Amazônia brasileira tem nas suas reservas aqüíferas o maior potencial da Terra para produção de peixes de água doce, quer em criatórios naturais em lagos e rios, quer no desenvolvimento da piscicultura racional através de criadouros que contemplem desde a produção de alevinos, passando pela recria, até alcançar o produto final pronto para consumo. Esta atividade, inibida talvez pela produção natural, somente há alguns anos vem sendo encarada pelos empresários como importante, não só por questões ambientais, mas por ter demonstrado capacidade de oferecer retorno aos seus investimentos. Assim é que o estado do Pará, que há mais tempo desenvolve pesquisas de criadouros de peixes em cativeiro, já dispõe de uma vasta rede de produtores bem sucedidos. 136 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Em Rondônia, mais recentemente a piscicultura racional foi introduzida e vem se desenvolvendo rapidamente com aporte de investimentos em todas as suas fases de produção. A produção de alevinos, considerada a fase mais delicada do processo, já conta no Estado com oito produtores, sendo dois registrados no IBAMA e seis informais, que podem oferecer ao mercado cinco milhões de unidades/ano das espécies mais comumente criadas em Rondônia: tambaqui, tambacu, pacu, curimatá e carpa. Outro projeto, já em fase final de implantação, agregará a essa oferta potencial, mais um milhão/ano de alevinos, inclusive aumentando suas variedades, pois pretende oferecer, além das espécies citadas, também o matrinxã, o pintado, o jundiá e a jatuarana. A fase de recria e engorda em 1996 já contava no Estado com 360 produtores, com espelho d’água médio de 5.000 m2 e com uma produção estimada de 400t/ano. Vale salientar que entre estes, destacam-se dez criadores que somados atingem uma produção de 100t/ano, representando 25% do total produzido. No tocante à produção de rações, embora não exista ainda nenhuma indústria envolvida apenas nessa atividade, pode-se afirmar que dentre os grandes produtores de peixe, seis dispõem de misturadores para o preparo de sua própria ração. Quanto ao mercado consumidor, o consumo “per capita” do Estado situa-se em torno de 9 kg/ano, o que para uma população de 1,23 milhão de habitantes se traduz numa demanda de 13.770 t/ano, que é abastecido pela pesca artesanal e pela importação de regiões próximas, do estado do Amazonas. Note-se que somente 3% da demanda é atendida pelos piscicultores locais, daí este setor estar demonstrando forte tendência de expansão. No mercado estadual os picos de preços ao consumidor ocorrem entre dezembro e fevereiro, época de desova, quando a pesca é proibida, e de março a junho, época das cheias dos rios, quando há escassez na oferta de pescados. Em 1996, o valor médio do quilograma do peixe bruto (com vísceras) pago ao produtor foi de R$ 2,50, chegando ao consumidor entre R$ 3,50 e 4,00. Dentre os principais motivos da tendência de crescimento da piscicultura em Rondônia podem-se relacionar: a - o mercado estadual é importador de peixes; b - os preços no mercado estadual, em particular Porto Velho, permitem elevadas margens de lucro ao produtor; c - trata-se de atividade ecologicamente correta, o que propicia acesso mais fácil a financiamentos, credenciamentos e autorização dos organismos públicos governamentais; d - acesso ao mercado potencial brasileiro, com custo de transporte não proibitivo; e - clima e recursos hídricos, em várias sub-regiões do Estado, chegando próximo do ideal para as espécies hoje produzidas; f - o mercado para exportação é extremamente promissor desde que haja regularidade na oferta e atendimento aos padrões requeridos de qualidade. Nesse mercado, os produtores poderão obter margens de lucro superiores aos obtidos no mercado interno. A questão fundamental que deve ser resolvida para que o produtor tenha um mercado cativo e obtenha bons contratos de fornecimento é, basicamente, a regularidade da produção e a qualidade do produto. É importante ressaltar que a atual baixa qualidade do peixe produzido em cativeiro, pela grande maioria de criadores não estruturados, deve-se ao fato de não utilizarem ração específica, alimentando-os, principalmente, com mandioca e milho, que induz a um excesso de gordura. Identificam-se, também, como os principais problemas que atingem a piscicultura no Estado: a - falta de organização do sistema produtivo, de fomento e de assistência técnica; Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 137 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 b - deficiências no sistema de comercialização e distribuição do produto; c - carga tributária para venda fora do Estado, já que os países do Mercosul exportam para o Brasil com isenção tributária. Quanto ao custo de produção, em linhas gerais, um peixe “de mercado” (com aproximadamente 2,5 kg), produzido por um piscicultor mais estruturado, não considerando os custos do investimento, que utiliza ração importada e considerando ainda, uma taxa de conversão alimentar padrão de 2:1 (dois para um), é de R$ 1,20 por quilograma de peixe. Neste valor está computado o custo de aquisição dos alevinos, sendo: Alevinos I - R$ 30,00 a 40,00 / milheiro Alevinos II - R$ 100,00 / milheiro A piscicultura, hoje em Rondônia, exige um projeto específico que leve em conta: a - as particularidades de cada sub-região do Estado; b - organização dos sistemas produtivo, fomento, assistência técnica e pesquisas; c - priorização nas linhas de crédito; d - desestímulo ou proibição (não credenciar) a produção de alevinos de forma empírica; e - estímulo - via iniciativa privada - a infra-estrutura de beneficiamento de pescado, aliada a uma estratégia de comercialização; f - proibição à saída do Estado de peixes produzidos em cativeiros com alimentação de baixa qualidade; g - estímulo à implantação de fábrica de ração específica para peixes, inclusive com extrusor, a partir de matérias primas produzidas no Estado: farinha de carne e osso, milho, farelo e torta de soja, caroço de algodão, entre outros; h - busca da regularidade da produção - produção o ano inteiro - e a permanente qualidade do produto; i - efetivo controle sanitário, principalmente na movimentação de alevinos provenientes de outras regiões. 2.4 - Suinocultura Em 1995, o efetivo suíno do Estado estava estimado em 926.150 cabeças, significando um crescimento da ordem de 84,2% no período 1985 - 95, mais esse desempenho pode ser considerado insatisfatório, tendo em vista o caráter incipiente das técnicas de criação, consideradas, em geral, como típicas de fundo de quintal Não há dúvidas de que, em 1985, a suinocultura ainda não tinha uma conotação de atividade econômica principal nas diversas classes de atividades agropecuária. A rigor, praticamente todos os criatórios, nas diversas classes, eram exercidos em caráter secundário às atividades econômicas principais e tinham finalidade básica participar decisivamente da equação de auto-suficiência alimentar do estabelecimento, mesmo que em algumas propriedades pudesse ser gerado um pequeno volume de excedente para comercialização em feiras, açougues e mercados. Verificou-se que a distribuição espacial do efetivo suíno estadual apresenta uma forte concentração na micro-região de Cacoal, equivalendo a 42,6% do efetivo suíno estadual, seguido das micro-regiões de Porto Velho, com uma participação de 12,5%, e Vilhena, com uma participação de 11,9%. A menor participação no efetivo estadual ficou por conta da micro-região de Colorado d'Oeste, com apenas 7,4% do total estadual. Em termos de crescimento do rebanho, observa-se que, excetuando a micro-região de JiParaná, que apresentou, no período 1985/88, uma expansão bruta da ordem de 43,5%, todas as demais micro-regiões experimentaram expansão superior à registrada para o Estado como um todo, que foi de 55,2% no triênio. 138 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Espigão d’Oeste constituiu-se no destaque de âmbito municipal revelando um crescimento excepcional: de 20.362 cabeças de suínos existentes em 1985 saltou para 240.855, em 1995, passando à representar 20,4% do rebanho suinícola estadual. A rigor, em praticamente todas essas áreas, a atividade suinícola ainda não representa a atividade econômica principal face à instabilidade da política creditícia do governo e da pequena dimensão do consumo per capita dessas regiões. Em termos de distribuição dos rebanhos por áreas específicas de maior concentração do efetivo, verifica-se, que as áreas consideradas de alta concentração reunia os municípios de Ariquemes, Jaru, Ouro Preto d'Oeste, Cacoal e Rolim de Moura. Nas áreas classificadas como de média concentração encontravam-se os municípios de JiParaná, Alvorada d'Oeste, Presidente Médici, Espigão d'Oeste, Pimenta Bueno, Colorado d' Oeste e Costa Marques. Finalmente, temos as áreas consideradas de baixa concentração que agrupavam os municípios de Porto Velho, Alta Floresta, Santa Luzia d'Oeste e Cerejeiras. Todas as demais áreas, pelos critérios adotados, enquadravam-se como áreas não significativas para o desenvolvimento da suinocultura de forma integrada. O comportamento dos preços da carne suína em nível do produtor no estado, é distinto do que ocorre no mercado de carne de frango, vez que o preço médio da carne suína em Rondônia situou-se em patamar abaixo (menos 20,9 % no período 1985-96) da média nacional. As razões para esta situação depreciativa do produto local localizam-se na forte concorrência da carne bovina, na qualidade de carne suína de origem local, em geral, tipo banha, considerada inadequada para as condições climáticas do estado. Tabela 23 - Suinocultura - Micro-regiões/Evolução do Nº de Produtores/Nº de Suínos Escritórios Regionais 1993 1994 1995 /Locais Prod. Cab. Prod. Cab. Prod. Cab. 136 1.002 692 12.487 366 3.731 Região Porto Velho Porto Velho 38 445 85 1.250 11 73 Candeias do Jamari 60 398 170 1.017 265 2.190 V. Nova Mamoré 38 159 260 9.200 Guajará-Mirim 04 109 79 1.168 Extrema 50 455 11 100 Jamari 123 456 Região Ariquemes Ariquemes 01 01 02 86 204 2.985 Alto Paraíso 279 48 291 61 1.519 Cacaulândia 01 18 18 146 Rio Crespo 103 1.074 31 555 02 14 Monte Negro 13 154 06 198 248 2.735 Cujubim 18 155 100 1.00 253 1.957 Machadinho 30 60 36 760 124 1.172 Jaru 02 26 1.814 10.200 414 5.970 Gov. J. Teixeira 17 248 43 490 140 1.716 Theobroma 02 15 46 479 Bom Jesus 04 08 100 4.000 68 899 S. Cruz da Serra 20 262 Tarilândia 18 639 08 159 154 2.276 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 139 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Escritórios Regionais /Locais 1993 Prod. Região Ji-Paraná Ji-Paraná Nova Colina Nova Londrina Mirante da Serra Rondominas Ouro Preto Teixerópolis Nova União Urupá Vale do Paraíso Alvorada D’Oeste Tancredópolis Presidente Médici Nova Riachuelo São Francisco Estrela de Rondônia São Miguel do Guaporé Região Pimenta Bueno Pimenta Bueno Rolim de Moura Novo Horizonte Esp. D’Oeste Ministro Andreazza São Felipe Nova Esperança Cacoal S. Luzia D’Oeste Alta Floresta Nova Brasilândia Castanheiras Região Colorado d’Oeste Colorado Cabixi Cerejeiras Corumbiara Vilhena Chupinguaia TOTAL GERAL 1994 Cab. Prod. 1995 Cab. 01 22 20 01 06 20 04 - 05 180 355 28 43 432 18 217 50 100 24 64 50 40 190 30 10 100 301 167 03 6.510 800 95 380 806 1.000 226 4.370 240 30 1.000 01 29 08 08 28 59 244 313 268 88 594 Prod. Cab. 1.898 12 48 161 285 300 99 150 175 165 199 145 420 325 43 108 1.357 2.315 1.426 3.000 1.272 1.784 1.479 2.403 2.216 1.475 6.000 350 250 1.170 05 2.418 60 12.050 122 115 1.400 1.116 10 431 114 60 490 116 100 282 186 384 02 20 170 273 450 05 23 2.000 2.800 3.580 5.471 24 250 1.800 2.803 900 30 74 176 119 03 241 87 133 96 176 58 260 200 2.002 2.414 55 3.122 948 1.596 843 1.608 1.118 1.820 1.850 5.407 3.603 6.526 27.214 581 7.278 46 361 513 12 65 150 9.603 900 1.579 6.300 72 1.100 1.500 90.908 400 65 60 46 50 7.158 3.700 1.045 180 823 220 78.018 FONTE: EMATER-RO 2.4.3 - Os Problemas Básicos da Suinocultura De um modo geral, dado o estágio de desenvolvimento e de organização alcançados pela suinocultura estadual e da baixa densidade de agroindústria de abate e de processamento de carnes, aquela atividade apresenta um conjunto de problemas ligados tanto aos aspectos da 140 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 produção, como aos do processamento e comercialização, os quais decorrem de fatores estruturais que têm limitado sua expansão e modernização. Admite-se que há amplas possibilidades de que o consumo de carne suína possa aumentar no Estado, caso haja mudanças no perfil da atividade. Em primeiro lugar, através da melhoria dos índices zootécnicos; em segundo lugar, pelo estabelecimento de agroindústrias em moldes modernos. O desempenho do efetivo suíno decorre de alguns fatores considerados básicos, como é o caso do custo das rações, que chegam a compor até 80% do custo total de produção. No que tange à comercialização, verifica-se que um dos problemas mais graves diz respeito à ação dos intermediários/marchantes que, dada a dispersão espacial dos produtores e o pequeno volume de produção, ficam fortemente dependentes da intermediação junto aos frigoríficos e aos retalhistas. A rigor, a taxa de lucro obtida pelos produtores é irrisória perto daquela obtida pelos intermediários e, em face disso, não existe nenhum estímulo para que os criadores possam expandir seus rebanhos e a qualidade do plantel. No caso das rações, é evidente que há um déficit na produção de macro-alimentos para elaboração que é normalmente suprido por importações de rações prontas ou dos componentes para fabricação no Estado. 2.5 - Avicultura 2.5.1 - Panorama da Avicultura O panorama mais geral da avicultura de corte no Brasil é o de uma atividade econômica que, ao longo da última década, vem mantendo um ritmo de expansão relativamente elevado, decorrente, de um lado, do desenvolvimento tecnológico que a atividade vem experimentando, principalmente a partir do início da década de 80, com a importação de pacotes tecnológicos dos EUA e, de outro lado, pela expansão da produção de carne a custos competitivos, tanto no mercado interno como externo. A importação de tecnologias de ponta, inclusive linhagens de alta eficiência produtiva, permitiu que, a partir da década de 70, a diversificação da produção e a articulação das atividades, através de cadeias produtivas vinculadas a sistemas de produção integrados, fosse disseminado inicialmente nas regiões Sul e Sudeste e, posteriormente, para todo o Brasil, pela difusão desse tipo de organização produtiva e pelo fornecimento dos insumos básicos, como foi o caso das rações, ovos fertilizados ou pintos de um dia. 2.5.2 - Situação da Avicultura em Rondônia Tomando por base os dados da Tabela 24, verifica-se que as áreas de maior concentração da produção avícola em 1988 estão representadas pelas micro-regiões de Ji-Paraná que, com um efetivo de 3.723,5 mil cabeças, participava com 66,7% do efetivo avícola do Estado, e Porto Velho, com um efetivo de 1.008,6 mil cabeças, participando com 18,0% do efetivo estadual. Em termos de crescimento, observa-se que o maior desempenho apresentado, no período 1985/1988, foi o do Colorado d’Oeste que, apesar de ter apresentado a menor participação na formação do efetivo estadual, teve uma expansão média anual de 125,1%, enquanto o Estado como um todo teve crescimento médio de apenas 13,6%. O segundo maior desempenho foi obtido pela micro-região de Porto Velho que, no mesmo período, apresentou uma taxa média de crescimento de 15,6% ao ano. As demais micro-regiões tiveram um crescimento anual bem abaixo do registrado para o Estado. Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 141 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Tabela 24 - Crescimento do Efetivo Avícola de Rondônia - (1.000 cab.) Micro-região homogênea Rondônia − Porto Velho − Ji-Paraná − Vilhena − Colorado d’Oeste 1985 Efetivo 3.812,8 652,2 2.772,9 350,6 37,2 % 100,0 17,1 72,7 9,2 1,0 1988 Efetivo 5.590,4 1.008,6 3.723,5 432,3 426,0 % 100,0 18,0 66,7 7,7 7,6 Crescimento (%) Relativo Médio anual 46,6 13,6 54,7 15,6 34,3 10,9 23,3 7,2 1.045,2 125,1 Fonte: Censo Agropecuário 1985 e Produção da Pecuária Municipal 1992 Em termos municipais, verifica-se que as áreas consideradas de alta concentração da produção (plantel acima de 250 mil cabeças) abrangiam os municípios de Porto Velho, com 571,2 mil cabeças; Ariquemes com 679,5 mil cabeças; Jaru, com 526,7 mil cabeças; Cacoal, com 584,4 mil cabeças; Ouro Preto d'Oeste, com 723,2 mil cabeças; Ji-Paraná, com 332,7 mil cabeças; Presidente Médici, com 251,0 mil cabeças e Rolim de Moura, com 347,9 mil cabeças. Com exceção de Porto Velho, todos os municípios acima relacionados pertencem à micro-região de JiParaná. Nas áreas consideradas de média concentração (efetivo entre 150 mil a 250 mil cabeças), situam-se os municípios de Costa Marques e Alvorada d'Oeste. Os demais municípios são classificados como áreas de baixa concentração (efetivo entre 50.000 e 150.000 cabeças), como é o caso de Guajará-Mirim, Alta Floresta e Espigão d'Oeste, ou áreas de produção não significativa (efetivo abaixo de 50 mil cabeças). Os dados seguintes demonstram que, do total de 1,96 milhão de aves abatidas em 1995, aproximadamente 926 mil cabeças (47,4%) provieram da micro-região de Ji-Paraná, principal pólo de avicultura de corte do Estado. Nesta micro-região, os principais municípios produtores de carne de frango foram Jaru (444 mil aves abatidas correspondendo a 22,7 % do total estadual); Ouro Preto d’Oeste (114 mil cabeças - 5,8%) e Vale do Paraíso (100 mil cabeças - 5,1%). Destacaram-se ainda como produtores de carne avícola, os municípios de Pimenta Bueno (200 mil aves abatidas - 10,2%), Corumbiara (146,7 mil aves -7,5%) e Porto Velho (140 mil aves 7,1%). Esses seis municípios representaram praticamente dois terços da produção estadual de carne de frango no ano de 1995. No que concerne à produção de ovos, o desempenho da avicultura rondoniense, da ordem de 12 milhões de dúzias em 1995, também se concentrou na micro-região de Ji-Paraná, que produziu 4,9 milhões de dúzias, equivalente a 41,1% do total do Estado. No plano municipal, sobressaíram na produção de ovos os municípios de Ouro Preto d'Oeste (1,37 milhão de dz. 11,4% da produção estadual) e Ji-Paraná (1,2 milhão de dz. - 10,2%). A produção de carne de frango de Rondônia, da ordem de 3,25 mil toneladas em 1995, eqüivaleu a apenas 0,08% da produção brasileira, estimada em 4,0 milhões de toneladas. No âmbito estadual, essa quantidade de carne avícola significou somente 1,7 % da produção de carne bovina. Nesta produção autóctone diminuta de carne de frango, insuficiente para atender à demanda, reside, pois, a razão dos preços altos vigentes no Estado. O preço médio da carne de frango, ao produtor em Rondônia (R$ 1,75/kg) correspondeu a mais do que o dobro da média nacional (R$ 0,80/kg) em 1995, segundo os dados da Fundação Getúlio Vargas. Destaque-se que esta situação peculiar do mercado de carnes, em que a demanda do produto avícola prepondera sobre a oferta, é bem antiga em Rondônia, tendo em vista que nos últimos doze anos a média do preço nacional da carne de frango em nível do produtor, situou-se num patamar 39,0% abaixo do preço médio corrente no Estado no período 1985-96. A vigência de preços em nível elevado por longo período deveria constituir-se, pois, em forte estímulo ao crescimento da avicultura local. Vários obstáculos se interpõem, porém, a essa expansão. O principal deles seria a grande oferta de carne bovina no mercado local a preços 142 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 baixos. Com efeito, o preço médio da carne bovina (boi gordo) em nível do produtor em Rondônia foi 21,5% abaixo da média de preços vigentes no país no período 1985-96. Além disso, a possibilidade de entrada do produto avícola procedente da parte meridional do país a preços altamente competitivos torna-se sempre um freio às iniciativas locais no sentido da expansão da avicultura. O outro fator desestimulante a ser considerado incide sobre a dependência da economia rondoniense do componente protéico (em geral, o farelo de soja) da ração, vez que inexiste indústria de óleo de soja no Estado, levando a que os avicultores sejam forçados a adquirir o concentrado oriundo de outros estados. Embora não haja dúvidas de que a produção de carne de frango seja a atividade ligada ao complexo cárneo que mais tem crescido nos últimos anos, tem-se que reconhecer que, de um modo geral, muito pouco tem sido feito em termos de ações de fomento e medidas de política governamental, visando dar suporte ao desenvolvimento do setor. 2.5.3 - As previsões de Aumento da Produção e do Consumo De um modo geral, há fortes expectativas de que a produção e o consumo de carne de frango deva continuar se expandindo em, praticamente, todo o território nacional, como decorrência de uma série de fatores que, direta ou indiretamente, vêm contribuindo para um maior desempenho deste segmento produtivo, dentre os quais destacam-se os seguintes: a - há uma tendência crescente de substituição das carnes vermelhas por carnes brancas, sob uma campanha que ressalta suas características organoléticas e o fato de que a carne de frango possui baixo teor de colesterol sendo, portanto, mais saudável; b - maior atratividade da carne de frango, tanto em termos de diversificação de produtos (semi-prontos, cortes selecionados, etc.) como preços mais baixos que dos outros tipos de carne; c - fortes avanços tecnológicos que permitiram melhorar, significativamente, os índices zootécnicos e, desta maneira, dar maior segurança alimentar e, ainda, menores custos de produção; d - campanhas de marketing e maior eficiência na distribuição/comercialização do produto, inclusive adoção de sistemas de franquia; e - melhoria do poder aquisitivo da população, devido aos resultados das políticas de estabilização; f - boas perspectivas de aumento das exportações. 3 - AGROINDÚSTRIA A agroindústria é a única forma que os produtores do Estado de Rondônia têm para gerar valores que servirão para independência da sua atividade produtiva. A área rural que industrializa seus produtos agropecuários, cria mercados para os insumos agrícola e pecuários, gera emprego, lucros, aluguéis, impostos, etc. É simples constatar que o produtor recebe valores iguais ou menores do que 10% pela sua matéria-prima quando comparada com o mesmo produto já industrializado. Diante dessa realidade é necessário a organização dos produtores através de Associações ou Cooperativas, objetivando a conscientização e treinamento na área da industrialização e comercialização, buscando sempre aperfeiçoamento da produção, e qualidade do seu produto. Para o alcance desse objetivo é necessário que os produtores de Rondônia galguem os setores secundário e terciário da economia, o que lhes permitirá agregarem valores até 90% à sua matéria-prima. A Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral - SEPLAN, realizou em 1997 encontros que tiveram o objetivo de identificar potencialidades e oportunidades regionais Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 143 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 para instalação de agroindústrias. O Estado foi subdividido em 7 micro-regiões e foram obtidos os seguintes resultados: A) Micro-região de Porto Velho A micro-região de Porto Velho compreende os seguintes municípios: Candeias do Jamari, Jamari e Porto Velho. Produção Agropecuária e Extrativa Comportamento dos principais produtos agropecuários, florestais e extrativos da região, em relação à produção estadual. Principais Produtos Pecuários do Estado e Micro-região de Porto Velho - Ano 1994 Discriminação Rondônia Rebanho Pecuário Bovinos 3.861.260 Suínos (cab) 920.860 Aves (cab) 5.706.660 Caprinos (cab) 32.743 Produção Pecuária Bovinos Para Abate (cab) 193.063 Suínos Para Abate (cab) 920.860 Leite (1.000 litros) 259.664 Aves (cab) 5.706.660 Mel (Kg) 189.003 FONTES: Departamento da Produção Animal - SEAGRI - 1994/95 CPAF/RO - Diagnóstico da Pecuária em Rondônia - 1995 Indicadores Municipais 1993/94 - SEPLAN/RO Micro-região (%) 254.457 55.595 409.625 4.835 6,59 6,04 7,18 14,76 25.444 55.595 11.988 409.625 13.150 13,18 6,04 4,62 7,18 6,95 Principais Produtos Agrícolas no Estado e Micro-região de Porto Velho - Ano 1995 Discriminação Rondônia Micro-região Área (ha) Prod. (t) Área (ha) Culturas Anuais Arroz 148.545 262.436 4.907 Algodão 19.091 27.059 Milho 198.785 370.179 2.078 Feijão 123.682 80.977 510 Mandioca 41.755 708.605 7.707 Culturas Perenes Café 137.739 171.233 476 Cacau 34.591 15.871 42 Banana 30.963 26.441 973 Seringueira 17.504 26.256 1.045 Cupuaçu 4.969 7.732 2.265 Citros (ha) pro. em caixas 1.185 494.145 FONTES: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola DIPEQ/IBGE/RO - 1995 DEI/CDE/SEPLAN/RO - 1995 Partic. (%) Prod. (t) 6.485 2.024 194 127.724 2,47 0,55 0,23 18,31 521 13 866 1.149 2.718 - 0,30 0,08 3,27 4,39 35,15 - Oportunidades de negócios da Micro-região de Porto Velho: 1 - Locais, com apoio direto ao grupo/empresa: a - Frigorífico b - Laticínio c - Movelaria d - Processamento de Frutas e - Couro f - Minerais Metálicos 144 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 g - Madeira h - Minerais Não Metálicos II - Em parcerias com outras empresas locais, nacionais e/ou internacionais: a - Curtume b - Minerais Metálicos c - Frigorífico d - Laticínio e - Movelaria f - Derivados de Madeira B) Micro-região de Ariquemes A micro-região de Ariquemes compreende os seguintes municípios: Alto Paraíso, Ariquemes, Buritis, Cacaulândia, Campo Novo de Rondônia, Cujubim, Machadinho d’Oeste, Monte Negro, Rio Crespo e Vale do Anari. Produção Agropecuária e Extrativa Comportamento dos principais produtos agropecuários, florestais e extrativos da região, em relação à produção estadual na micro-região de Ariquemes. Principais Produtos Pecuários do Estado e Micro-região de Ariquemes - Ano 1995 Discriminação Rondônia Micro-região (%) Rebanho Bovino 3.861.260 228.488 5,92 Suíno (cab.) 920.860 65.260 7,09 Aves (cab.) 5.706.660 468.400 8,21 Ovino/Caprino (cab.) 32.743 14.332 43,77 Peixes (ha) 322 Produção Pecuária Bovinos Para Abate (cab.) 193.063 11.432 5,92 Suínos Para Abate (cab.) 920.860 65.260 7,09 Leite (1.000 Litros) 259.664 30.086 11,59 Aves (cab.) 5.706.660 468.400 8,21 Mel (kg) 198.003 19.100 9,64 FONTES: Departamento da Produção Animal -n SEAGRI - 1994/95 CPAF/RO - Diagnóstico da Pecuária em Rondônia - 1995 Indicadores Municipais 1993/94 - SEPLAN/RO Principais Produtos Agrícolas no Estado e Micro-região de Ariquemes - Ano 1995 Discriminação Rondônia Área (ha) Culturas Anuais Arroz Algodão Milho Feijão Mandioca Abacaxi (und) Culturas Perenes Café Micro-região Prod. (t) Área (ha) Partic. (%) Prod. (t) 148.545 19.091 198.785 123.682 41.755 - 262.436 27.059 370.179 80.977 708.605 - 21.129 225 18.331 5.998 6.749 10 30.480 300 27.383 2.784 92.749 350.000 11,61 1,11 7,40 3,44 13,09 - 137.739 171.233 35.819 47.549 26,00 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 145 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Discriminação Cacau Banana Citros Urucu Guaraná Seringueira Cupuaçu Rondônia Área (ha) 34.591 30.963 1.185 2.698 268 17.504 4.969 Prod. (t) 15.871 26.441 494.145 2.750 161 26.256 7.732 Micro-região Área (ha) 15.149 5.404 270 304 202 9.316 552 Prod. (t) 6.531 3.866 112.580 304 120 13.973 859 Partic. (%) 43,79 17,45 22,78 11,26 75,37 53,22 11,11 FONTES: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola IBGE - 1995 CDE/SEPLAM 1996 Os principais produtos extrativos da micro-região de Ariquemes, dados de 1995 são: madeira, 180.304 m³ e cassiterita 12.582t. Oportunidades de negócios na micro-região de Ariquemes: I - Locais, com apoio direto ao grupo/empresa: a - Frigorífico; b - Processamento de sucos e polpas de frutas; c - Manejo de sistemas agroflorestais; d - Laticínios; e - Pecuária; f - Café/cacau; g - Madeira; h - Movelaria; i - Minerais metálicos; j - Curtume. II - Em parcerias com outras empresas locais, nacionais e/ou internacionais: a - Frigorífico b - Processamento de sucos e polpas de frutas; c - Laticínios; d - Movelaria; e - Minerais metálicos; f - Curtume; g - Café/cacau. C) Micro-Região de Ji-Paraná A microrregião de Ji-Paraná compreende os seguintes municípios: Alvorada d'Oeste, Governador Jorge Teixeira, Jaru, Ji-Paraná, Mirante da Serra, Nova União, Ouro Preto d''Oeste, presidente Médici, Teixeirópolis, Theobroma, Urupá e Vale do Paraíso. Principais Produtos Agrícolas no Estado e Micro-região de Ji-Paraná - Ano 1995 Discriminação Rondônia Área (ha) Culturas Anuais Arroz Algodão Milho Feijão Mandioca 146 148.545 19.091 198.785 123.682 41.755 Micro-região Prod. (t) 262.436 27.059 370.179 80.977 708.605 Área (ha) 51.826 8.805 69.031 51.256 12.931 Partic. (%) Prod. (t) 105.092 18.090 140.101 35.200 235.317 40,0 66,8 37,8 43,5 33,2 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Discriminação Rondônia Área (ha) Culturas Perenes Café Cacau Banana Seringueira Acerola Coco 137.739 34.591 30.963 17.504 - Micro-região Prod. (t) 171.233 15.871 26.441 26.256 - Área (ha) 36.158 16.423 19.471 4.197 510 232 Partic. (%) Prod. (t) 43.750 7.788 17.339 6.286 - 25,5 49,1 65,6 23,9 - FONTES: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola DIPEQ/IBGE/RO - 1995 DEI/CDE/SEPLAN/RO - 1995 Análise da Produção Agrícola Os setores de madeira e leite já atuam em níveis que justificam maior integração vertical, com maior agregação de valor a partir da introdução de novas tecnologias. O setor de piscicultura justifica-se pela produção estimada de peixes, suficiente para instalação de um frigorífico. A instalação do frigorífico possibilitará a ampliação da aquicultura na região, face à garantia da comercialização da produção. O setor cafeeiro apresenta boas possibilidades para expansão de unidades de beneficiamento e classificação, decorrentes dos plantios de novos cafeeiros na região. A posição geográfica e a maior segurança quanto à disponibilidade de energia elétrica, justifica considerar a possibilidade da implantação de uma unidade para a produção de café solúvel. A industrialização de frutas - na forma de sucos, polpas, geleias, marmeladas, desidratação, etc. - produzindo produtos acondicionáveis em condições higiênicas e com maior prazo de validade, tem condição de preservar a produção local e evitar as perdas atualmente constatadas. O nível tecnológico necessário depende, entretanto, do volume da produção disponível. O principal produto extrativo da micro-região de Ji-Paraná é a madeira com produção em 1995 superior a 150.000 m³. Oportunidades de negócios na micro-região de Ji-Paraná: I - Locais, com apoio direto ao grupo/empresa: a - Beneficiamento primário de madeira; b -Processamento de leite; c - Beneficiamento de borracha; d - Beneficiamento de algodão; e - Beneficiamento de café; f - Pescado para comercialização no Estado; g - Beneficiamento primário de couros; h - Beneficiamento primário de frutas. II - Em parcerias com outras empresas locais, nacionais e/ou internacionais: a - Industrialização da madeira; b - Pescado para exportação; c - Couros com acabamento; d - Frutas processadas para exportação. D) Micro-região de Rolim de Moura Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 147 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A micro-região de Rolim de Moura compreende os seguintes municípios: Alta Floresta d’Oeste, Alto Alegre dos Parecis, Castanheiras, Costa Marques, Nova Brasilândia d’Oeste, Novo Horizonte d’Oeste, Parecis, Rolim de Moura, Santa Luzia d’Oeste, São Francisco do Guaporé, São Miguel do Guaporé e Seringueiras. Produção Agropecuária e Extrativa A produção dos principais produtos da região apresentava-se como detalhada no quadro a seguir, para 1994: Principais Produtos Pecuários do Estado e Micro-região de Rolim de Moura - Ano 1994 Discriminação Rebanho Pecuário Bovinos (cab) Suínos (cab) Aves (cab) Caprinos (cab) Peixes (ha) Produção Pecuária Bovinos Para Abate (cab) Suínos Para Abate (cab) Leite (1.000 litros) Aves (cab) Mel (kg) Peixes (t) Rondônia Micro-região (%) 3.861.260 920.860 5.706.660 322 901.332 235.215 981.020 12.050 - 23,3 25,5 17,2 - 193.063 920.860 259.664 5.706.660 189.003 - 45.129 235.215 18.651 981.020 34.750 - 23,3 25,5 7,2 17,2 18,4 - FONTES: Departamento da Produção Animal - SEAGRI - 1994/95 CPAF/RO - Diagnóstico da Pecuária em Rondônia - 1995 Principais Produtos Agrícolas no Estado e Micro-região de Rolim de Moura - Ano 1995 Discriminação Rondônia Área (ha) Culturas Anuais Arroz Algodão Milho Feijão Mandioca Culturas Perenes Café Cacau Banana/1.000 cachos Cupuaçu Acerola Citros (prod. em caixas) Micro-região Prod. (t) Área (ha) Partic. (%) Prod. (t) 148.545 19.091 198.785 123.682 41.755 262.436 27.059 370.179 80.977 708.605 35.217 4.554 52.423 38.652 6.023 63.152 6.336 95.025 27.525 111.425 24.1 23,4 25,7 34,0 15,7 137.739 34.591 30.963 4.969 1.185 171.233 15.871 26.441 7.732 494.145 31.499 1.662 5.149 54 222 520 40.055 828 949 84 216.840 23,4 5,2 3,6 1,1 43,8 FONTES: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola DIPEQ/IBGE/RO - 1995 DEI/CDE/SEPLAN/RO - 1995 O principal produto extrativo da micro-região de Rolim de Moura é a madeira com produção superior a 150.000 m³ em 1995. Oportunidade de negócios na micro-região de Rolim de Moura: I - Locais, com apoio direto ao grupo/empresa: a - Beneficiamento de madeira; 148 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 b - Fabricação de móveis; c - Processamento de leite e derivados; d - Industrialização de produtos alimentícios; e - Utilização de minerais não metálicos; f - Frigorificação de carnes e derivados; g - Industrialização de café e de algodão; h - Processamento de frutas; i - Produção hortifrutigranjeira.; j - Processamento de mandioca; II - Em parcerias com outras empresas locais, nacionais e/ou internacionais: a - Beneficiamento de madeira; b - Fabricação de móveis ; c - Processamento de leite e derivados; d - Industrialização de produtos alimentícios; e - Utilização de minerais não metálicos; f - Frigorificação de carnes e derivados; g - Industrialização de café e de algodão; h - Processamento de frutas; i - Produção hortifrutigranjeira; j - Processamento de mandioca. E) Micro-região de Cacoal Os municípios da área de influência da região de Cacoal, são: Cacoal, Espigão d’Oeste, Ministro Andreazza, Pimenta Bueno, Primavera de Rondônia e São Felipe d'Oeste. Produção Agropecuária e Extrativa Comportamento dos principais produtos agropecuários, florestais e extrativos da região, em relação à produção estadual. Principais Produtos Pecuários do Estado e Micro-região de Cacoal - 1995 Discriminação Rondônia Micro-região (%) Rebanho Pecuário bovinos (cab) 3.861.260 568.651 suínos (cab) 920.860 300.231 aves (cab) 5.706.660 1.084.309 ovinos/ caprinos (cab) 32.743 12.918 Produção Pecuária bovinos para abate (cab) 193.063 1.937 suínos para abate (cab) 920.860 300.231 leite (1.000 litros ) 259.664 511.854 aves (cab) 5.706.660 1.312.451 mel (kg) 189.003 50.985 peixes (t) -300 14,7 32,6 19,0 39,4 16,5 32,6 20,0 23,0 27,0 -- Fontes: Departamento da Produção Animal - SEAGRI 1994/95 CPAF/RO - Diagnóstico da Pecuária em Rondônia 1995 Indicadores Municipais 1993/94 . SEPLAN/RO Principais Produtos Agrícolas no Estado Micro-região de Cacoal - Ano 1995 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 149 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Discriminação Rondônia Área (ha) Culturas Anuais arroz algodão milho feijão mandioca Culturas Perenes café cacau banana seringueira acerola citros (há) prod. em caixa Micro-região Prod. (t) -2 Área (ha) -3 (%) 2-4 Prod.(t) - 4 148.545 19.091 198.785 123.682 41.755 262.436 27.059 370.179 80.077 708.605 13.046 5.111 32.004 17.316 3.395 22.724 7.931 55.620 9.635 58.555 8,66 29,31 15,02 11,90 8,26 137.739 34.591 30.963 17.504 171.233 15.871 26.441 26.256 494.145 37.902 965 1.619 3.519 400 202.245 22,13 6,08 6,12 13,40 1.185 31.585 2.139 1.995 2.514 80 485 40,92 FONTES: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola DIPEQ/IBGE/RO. 1995 DEI/CDE/SEPLAN/RO. 1995 Os principais produtos extrativos da micro-região de Cacoal, dados de 1995 são: madeira 60.000 m³, palmito - 50.000 unid., calcário - 9.000t. Oportunidades de negócios na micro-região de Cacoal: I - Locais, com apoio direto ao grupo/empresa a - Frigorífico; b - Processamento de sucos e polpas de frutas; c - Laticínios; d - Pecuária; e - Ração; f - Movelaria; g - Piscicultura h - Produtos minerais não metálicos i - Alimentício; j - Curtume; l - Cacau; m - Café. II - Parcerias com outras empresas locais, nacionais e/ou internacionais: a - Frigorífico b - Processamento de sucos e polpas de frutas; c - Laticínios; d - Movelaria; e - Curtume; f - Cacau; g - Café. F) Micro-região de Vilhena Os municípios da área de influência da região de Vilhena, são : Cabixi, Cerejeiras, Chupinguaia, Colorado d’Oeste, Pimenteiras d'Oeste e Vilhena. Produção Agropecuária e Extrativa 150 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Comportamento dos principais produtos agropecuários, florestais e extrativos da região, em relação à produção estadual. Principais Produtos no Estado e Micro-região de Vilhena - Ano 1995 Discriminação Rondônia Micro-região (%) Rebanho 34,3 1.325.117 3.861.260 bovinos (cab) 33,8 11.069 32.743 ovinos / caprinos (cab) 13,1 745.200 5.706.660 aves (cab) 10,8 99.405 920.860 suínos (cab) Produção Pecuária 34,3 66.255 193.063 bovinos para abate (cab) 22,7 58.888 259.664 leite (1.000 l) 14,3 28.340 198.003 mel (kg) 13,1 745.200 5.706.660 aves (cab) 8,4 77.655 920.860 suínos para abate (cab) FONTES: Departamento da Produção Animal/SEAGRI 1995 Diagnóstico da Pecuária de Rondônia. EMBRAPA/CPAF/RO 1995 Indicadores Municipais 1993/94 SEPLAN Principais Produtos Agrícolas no Estado e Micro-região de Vilhena - Ano 1995 Discriminação Rondônia Microrregião Partic. Área (ha) Prod. (t) Área (ha) Prod.(t) % Culturas Anuais milho 198.785 370.179 21.008 44.570 12,0 arroz 148.545 262.436 15.960 29.236 11,1 feijão 123.682 80.977 13.920 8.352 10,3 mandioca 41.755 708.605 2.840 45.440 6,4 algodão 19.091 27.059 350 475 1,8 olericultura (*) ----162 (**)260 --Culturas Perenes urucu 2.698 2.750 2.352 2.370 86,2 caju 460 161 160 54 33,5 citros 1.185 494.145 220 91.740 18,6 cacau 34.591 15.871 785 546 3,4 banana (prod. em 1.000 cachos) 30.963 26.441 954 621 2,3 café. 137.739 171.233 2.007 1.301 0,8 FONTES: FIBGE - DPV/SEAGRI (*) áreas e produções estão sendo levantadas (**) produção mensal do setor de plasticultura A principal atividade extrativa da micro-região de Vilhena, dados de 1995, é a madeira 180.000 m³. Oportunidades de negócios na micro-região de Vilhena: I - Locais, com apoio direto ao grupo/empresa: a - Frigoríficos; b - Curtume; c - Rações; d - Avicultura de corte; Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 151 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 e - Processamento de sucos e polpas de frutas; f - Hortifrutigrangeiros; g - Manejo de sistemas agroflorestais; h - Laticínios; i - Pecuária; j - Movelaria; l - Acondicionamento e classificação de produtos hortifrutigrangeiros; m - Esmagamento de soja - óleo e subprodutos. II - Em parcerias com outras empresas locais, nacionais e/ou internacionais: a - Frigorífico; b - Curtume; c - Rações; d - Processamento de sucos e polpas de frutas; e - Laticínios; f - Movelaria; g - Frutas processadas para exportação Análise das Oportunidades de Instalações de Agroindústrias O processamento de frutas - na forma de sucos, polpas, geleias, marmeladas, desidratação, etc. - produzindo produtos acondicionáveis em condições higiênicas e com maior prazo de validade tem condição de preservar a produção local e evitar as perdas atualmente constatadas. Para tanto, as instalações da Empresa Agro-industrial Barão do Melgaço, implantada em Vilhena, tem capacidade para processamento de grande parte da produção de frutas da região, criando condições para o desenvolvimento de indústrias de refrigerantes, doces, geleias e sorvetes. A produção de hortifrutigrangeiros possui grande potencialidade de crescimento, em função dos mercados locais e regionais que apresentaram grande aceitação para estes produtos. Se destacando como principais importadores, os municípios de Porto Velho, Manaus e Rio Branco. O nível de tecnificação já é considerado satisfatório, se destacando neste processo, o setor chacareiro de Vilhena que explora atualmente 162 ha de área cultivada com olerícolas. A importante criação de gado na região, e o fato de ser passagem para o transporte de rebanhos destinados aos mercados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e aos estados da região sudeste do Brasil, possui condições potenciais para a instalação de frigoríficos. Neste particular encontra-se em fase de registro na Delegacia Federal de Agricultura em Porto Velho, a instalação de frigorífico “Sifado” para Vilhena. Com oferta anual de 66.255 cabeças de gado prontas para abate, somente na região em estudo, mais o corredor de couro cru produzido em outros locais do Estado, há possibilidade de instalação de curtumes e fábricas para produção de artefatos de couro. Nesta linha de produção é possível visualizar a necessidade, até por uma questão de controle ambiental, de fábrica para farinha de sangue e de ossos, cujos produtos são matérias primas essencial em qualquer fábrica de ração para suínos, frangos e gado de leite, dentre outros. Por outro lado, verifica-se que a taxa de desfrute da região está muito abaixo da média da região Norte, conforme “Diagnóstico da Pecuária de Rondônia” e ”Diretrizes para uma Pecuária para a Amazônia”, documentos estes do CPAF/RO e da SUDAM, respectivamente. Fato semelhante em termos de produtividade é observado com a produção leiteira, cujo volume atinge algo em torno de 59 milhões de litros anuais. G) Microrregião de Guajará-Mirim 152 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Os municípios da área de influência da região de Guajará-Mirim, são: Guajará-Mirim e Nova Mamoré Produção Agropecuária e Extrativa Comportamento dos principais produtos agropecuários, florestais e extrativos da região, em relação à produção estadual. Principais Produtos Pecuários do Estado e Micro-região de Guajará-Mirim - Ano 1995 Discriminação Rondônia Região (%) Rebanho Pecuário 2,78 107.457 3.861.260 bovinos (cab) 1,41 13.000 920.860 suínos (cab) 5,48 312.500 5.706.660 aves (cab) 13,74 4.500 32.743 ovinos /caprinos (cab) Produção Pecuária 2,78 5.373 193.063 bovinos para abate (cab) 1,41 13.000 920.860 suínos para abate (cab) 5,48 312.500 5.706.660 aves (cab) 0,48 1.254 259.664 leite (cab) 6,56 12.400 189.003 mel (kg) -----300 peixes (t) FONTES: Departamento da Produção Animal - SEAGRI 1994/95 CPAF/RO - Diagnóstico da Pecuária em Rondônia. 1995 Indicadores Municipais 1993/94 - SEPLAN/RO Principais Produtos Agrícolas no Estado e Micro-região de Guajará-Mirim - Ano 1995 Discriminação Rondônia Microrregião Partic. % Área (ha) Prod. (t) Área (ha) Prod.(t) Culturas Anuais arroz 148.545 262.436 3.460 5.268 2,01 algodão 19.091 27.059 56 30 0,11 milho 198.785 370.179 3.910 5.457 1,47 feijão 123.682 80.977 1.000 270 0,33 mandioca 41.755 708.605 2.110 35.360 5,0 Culturas Perenes café 137.739 171.233 195 157 0,09 coco anão ----43 ----banana 30.963 26.441 1.017 1.181 4,47 seringueira 17.504 26.256 351 520 2,0 citros prod. em caixa 1.185 494.145 ------FONTES: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola DIPEQ/IBGE/RO 1995 DEI/CDE/SEPLAN/RO 1995 As atividade extrativa na micro-região de Guajará-Mirim, ainda com algum significado econômico é a borracha com produção em 1995, de 21t e a madeira com 10.000 m³. Oportunidades de negócios na micro-região de Guajará-Mirim: I - Locais, com apoio direto ao grupo/empresa a - Pecuária b - Laticínio Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário 153 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 c - Movelaria d - Pescado e - Ecoturismo f - Indústria alimentícia II - Em parcerias com outras empresas locais, nacionais e/ou internacionais: a - Pecuária b - Laticínio c - Movelaria d - Ecoturismo e - Indústria alimentícia ***** 154 Parte I - Capítulo 7 - O Setor Primário Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 8 PERFIL DA INDÚSTRIA DO ESTADO DE RONDÔNIA 1 - O Cadastro Industrial O primeiro estudo realizado em Rondônia com a finalidade de promover um amplo levantamento do setor industrial foi realizado pelo CEAG/RO, atual SEBRAE/RO, que resultou no Cadastro Industrial de Rondônia de 1984. A Federação das Indústrias do Estado de Rondônia - FIERO tomou a iniciativa de atualizar o cadastramento industrial, tendo executado o Cadastro Industrial em 1989, 1994 e 1997, contando com o apoio da SUDAM e do SEBRAE/RO nas duas últimas edições, respectivamente. O conhecimento da realidade do setor é de fundamental importância para identificação dos problemas existentes e melhor divulgação de suas potencialidades, além de orientar as ações do poder público e os investimentos da iniciativa privada. É preciso saber quantas indústrias existem, onde estão localizadas, o que produzem, como e onde comercializam sua produção e como suprem suas necessidades de matérias-primas. Preocupados com todos estes questionamentos, à medida que se processavam os trabalhos de pesquisa de campo, buscou-se obter um maior volume de informações, de modo a formular um diagnóstico do setor, para facilitar a elaboração de projetos de implantação e ampliação de empresas, subsidiando o poder público, órgãos de desenvolvimento regional e as agências financiadoras na tomada de decisões. Com base nesse banco de informações do Cadastro Industrial, tornou-se possível traçar um Perfil da Indústria de Rondônia, conforme será tratado mais adiante. Os trabalhos preliminares para a formação do banco de dados, objeto deste estudo, obedeceu ao seguinte plano de ação: 2 - Metodologia e Estratégia da Pesquisa A pesquisa de campo, realizada pela FIERO em 1997, se impôs como necessária a fim de que se colhessem dados para uma análise atualizada da atividade industrial de Rondônia, através de um levantamento que apontasse as principais dificuldades operacionais, infra-estruturais, potencialidades e demais indicadores que pudessem auxiliar na solução de problemas existentes. A realização dos trabalhos obedeceu ao seguinte roteiro: a - Elaboração do pré-cadastro b - Levantamento de dados de campo c - Tabulação e digitação de dados d - Elaboração e redação do documento final De acordo com a concepção inicial, foi desenvolvida a pesquisa de campo de modo a cobrir todos os municípios do Estado, em número de 52. Foram pesquisados todos os estabelecimentos da atividade industrial, inclusive um grande contigente de empresas informais mais representativas, desconsideradas apenas aquelas que são do tipo “fundo de quintal”, estritamente familiar. Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 2.1 Pré-Cadastro O planejamento das ações necessárias à realização do Cadastro Industrial 97, especialmente a fase de execução das pesquisas, teve como fundamento básico as informações constantes do pré-cadastro, um documento que contava com uma listagem geral das empresas industriais do Estado, resultado do cruzamento das informações cadastrais disponíveis em instituições como Secretaria de Estado da Fazenda - SEFAZ, Sindicato das Indústrias de Construção - SINDUSCOM, Prefeituras Municipais, Centrais Elétricas de Rondônia - CERON, Instituto de Geografia e Estatística - IBGE, Federação das Industrias do Estado de Rondônia FIERO, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE/RO e outros. O levantamento e compatibilização dos diversos bancos de dados pesquisados nas várias fontes para elaboração do pré-cadastro, requereu um exaustivo trabalho da equipe técnica, por um período superior a 60 dias. 2.2 Coleta de Dados Selecionados e treinados 40 pesquisadores, após a definição do formulário padrão a ser utilizado na pesquisa, os trabalhos foram iniciados na capital. Para cada pesquisador foi entregue uma listagem preliminar contendo nomes e endereços de indústrias, obtida através do pré-cadastro. Esta listagem, entretanto, foi utilizada apenas como referencial, pois a localização dessas e de outras empresas não constantes da lista dependeriam de investigação e busca por parte dos pesquisadores. Encerrada a pesquisa em Porto Velho, deu-se início aos levantamentos no interior. Para a realização das pesquisas em todo Estado foram criadas quatro equipes independentes para atender as diversas regiões , levando-se em conta o porte dos municípios, o número de indústrias existentes e suas localizações geográficas. Neste contexto, a divisão por equipe ficou assim definida: Grupo 1- Porto Velho, Candeias, Jamari. Grupo II- Ariquemes, Jaru, Ouro Preto d’Oeste, Ji-Paraná, Presidente Médici, Cacoal, Rolim de Moura, Pimenta Bueno, Espigão d’Oeste, Vilhena, Colorado e Cerejeiras. Grupo III - Guajará-Mirim, Nova Mamoré, Vale do Anari, Cacaulândia, Vale do Paraíso, Campo Novo de Rondônia, Monte Negro, Theobroma, Rio Crespo, Cujubim, Machadinho d’Oeste, Alto Paraíso, Teixeirópolis, Nova Brasilândia d’Oeste, Castanheiras, Nova União e Urupá. Grupo IV - Alta Floresta d’Oeste, São Francisco do Guaporé, Mirante da Serra, Costa Marques, Santa Luzia d’Oeste, Alvorada d’Oeste, São Miguel do Guaporé, Governador Jorge Teixeira, São Felipe d’Oeste, Novo Horizonte d’Oeste, Seringueiras, Nova União, Chupinguaia, Alto Alegre dos Parecis, Buritis, Cabixi, Corumbiara, Pimenteiras, Monte Negro e Ministro Andreazza. A primeira equipe, responsável pelos municípios de Porto Velho e circunvizinhos, Candeias e Jamari, foi composta por 40 pesquisadores e um coordenador. A segunda equipe se encarregou dos municípios maiores, situados em sua maioria ao longo do eixo da BR 364, composta por um coordenador, um motorista e 26 pesquisadores, deslocou-se em ônibus e mais uma viatura de apoio, iniciando os trabalhos por Ariquemes e, sucessivamente, Jaru, Ouro Preto D’Oeste, Ji-Paraná, Presidente Médici, Cacoal, Rolim de Moura, Espigão D’Oeste, Pimenta Bueno, Vilhena, Colorado D’Oeste e Cerejeiras. A terceira e a quarta equipes, compostas por quatro pesquisadores cada, tendo à disposição uma viatura, foram responsáveis pelo trabalho de pesquisa nas cidades de pequeno porte, tendo percorrido todos os municípios relacionados nos Grupos III e IV. A definição do que incluir no questionário teve como fundamento buscar todas as informações essenciais, com objetividade, para facilitar o trabalho de pesquisa e propiciar uma Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 melhor qualidade das informações. Das principais questões levantadas através do formulário padrão utilizado na pesquisa de campo, destacam-se: ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ Nome da empresa; Nome fantasia; Número do CGC; Endereço completo; Fone, fax; Nome do proprietário; Tempo de fundação; Atividade principal; Principais produtos; Número de empregados; Faturamento médio anual; Matérias-primas utilizadas e suas origens; Quantidades produzidas - por produto; Destino da Produção; 2.3 - Universo da Pesquisa A pesquisa cobriu todo o Estado e 100% das empresas industriais, contando com apoio da estrutura das prefeituras municipais e entidades das classes produtivas, associações, sindicatos e outros. 2.4 - Treinamento de Pesquisadores e Coordenadores Foram recrutados e treinados 40 pesquisadores e três coordenadores setoriais. Os pesquisadores foram recrutados na Capital, com exigência mínima de 2º grau completo e experiência em trabalhos de pesquisa. O treinamento foi ministrado por técnicos da FIERO 2.5 - Processamento e Tabulação dos Dados Após concluída a pesquisa de campo, os questionários foram revisados, agrupados por setores e por municípios, codificados conforme classificação do IBGE e, em seguida, processados. Montou-se um banco de dados a partir do qual foi possível a obtenção de diversos produtos informativos, tais como relatórios, quadros estatísticos e gráficos representativos dos diversos aspectos abordados na pesquisa. 2.6 - Análise e Composição Mediante a interpretação dos dados e análise crítica dos inúmeros produtos informativos gerados na fase anterior foi possível elaborar este capítulo relativo ao Perfil da Indústria em Rondônia, cuja estrutura está montada da seguinte forma: ♦ Caracterização espacial das indústrias ♦ Distribuição setorial ♦ Caracterização dos aspectos estruturais e produtivos ♦ Avaliação dos principais segmentos ♦ Indicação das perspectivas para o setor ♦ Avaliação dos fatores intervenientes Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 3 - A Industrialização em Rondônia A carência de registros históricos acerca da atividade industrial em Rondônia é um fato que não permite definir, com precisão, um marco que caracterize o início da industrialização. Entretanto, a partir da análise da evolução econômica do Estado, mais precisamente de seus sucessivos ciclos econômicos, percebe-se a presença de algumas poucas atividades ligadas à extração de madeira, borracha, castanha e, mais recentemente, cassiterita. Todavia, estas últimas atividades eram desenvolvidas mais em nível de extrativismo do que de industrialização propriamente dita. Já a transição do processo de exploração da cassiterita, do sistema de garimpagem manual para o mecanizado, representou, a partir de 1971, o primeiro movimento com características de um processo industrial, cabendo salientar que o produto assim extraído ainda sofresse efetivamente uma etapa de industrialização em fundidoras localizadas em outros estados. Com a consolidação da BR-29, atualmente BR-364, no final da década de 70, Rondônia experimenta o início do ciclo agrícola, estimulado pelos maciços investimentos federais nos projetos de colonização e em obras de infra-estrutura e, em decorrência, a intensificação do fluxo migratório. Esse conjunto de mudanças teve como conseqüência o declínio da estrutura geoeconômica até então centralizada no extrativismo vegetal e mineral, que predominava ao Norte e Noroeste do Estado, dando lugar a uma intensa ocupação socioeconômica ao longo da área de influência da BR-364. O processo de industrialização, geograficamente, também seguiu na esteira desse eixo de ocupação. Historicamente, o processo de formação do parque industrial rondoniense esteve sempre atrelado à exploração das matérias-primas vegetais e minerais, passando gradativamente, a contar com significativo número de indústrias ligadas ao beneficiamento de produtos agropecuários, com maior intensidade na segunda metade da década de 80. Ainda na década de 80, o que se observou foi o crescimento do número de empresas dos segmentos madeireiro, mineral, construção civil e alimentos. Com exceção do segmento mineral, os demais, até os dias atuais, se incluem entre os mais significativos, principalmente pelo número de estabelecimentos que congregam. Em 1989, esses quatro segmentos representavam juntos 79,7% do total de indústrias do Estado. Os dados obtidos do Cadastro Industrial 97 FIERO/SEBRAE/RO indicam que estes mesmos segmentos correspondem a 58,71% do total de indústrias. Esta redução de 21 pontos percentuais, deve-se principalmente à desativação de significativo número de empresas do setor madeireiro, mesmo considerando o crescente aumento no número de indústrias do ramo alimentício, no mesmo período, que em 1989 contava com 455 estabelecimentos e em 1997 alcançou um total de 937 indústrias - um crescimento de 105,93%. A realização de pesquisas e registros a cerca do quantitativo de indústrias em Rondônia passou a ser mais intensa a partir de 1982, ocasião em que entraram em funcionamento diversos órgãos estaduais e foram iniciadas algumas pesquisas no Estado, principalmente devido à sua condição de mais nova unidade da Federação. O levantamento de alguns desses registros permitiu a elaboração do gráfico a seguir, que apresenta a evolução dos quantitativos de estabelecimentos industriais no período de 1984 a 1997. Gráfico1 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Empresas Anos Nº de Indústrias Evolução da Quantidade de Indústrias em Rondônia - 1984/1997 84 890 854.000 987 3.754 86 1.445 3.391 3.500 87(*) 1.689 883.000 1.775 2.595 2.293 89(*) 2.290 2.500 2.149 2.107 902.000 2.107 1.775 1.689 91 2.149 1.445 1.500 92 2.595 987 890 1.000 94(*) 3.301 97(*)500 3.754 0 84 85 86 87(*) 88 89(*) 90 91 92 94(*) 97(*) Anos Fontes: SICT/SEFAZ (*) Banco de Dados da FIERO Considerando-se os dados acima, percebe-se claramente que o setor vem evoluindo de forma ascendente, embora em 1990 e 1991 tenha ocorrido redução em relação ao quantitativo de empresas de 1989, da ordem de 8% e 6,2%, respectivamente. O incremento no número de empresas industriais no período 84/97 foi de 321%. Se considerar apenas o período 89/97, houve um crescimento de 120,95%. Pode-se observar que o nível de crescimento foi mais acentuado até a metade da década de 80. As mudanças que marcaram o desenvolvimento do setor, nesse período, estão diretamente relacionadas com o aumento da demanda dos mercados de outras regiões do País por matériasprimas locais, aliadas à expansão da produção primária e ao crescimento populacional. Opõem-se a tais tendências as pressões ecológicas sobre a região, em nível nacional e internacional, impondo aos agentes produtivos várias restrições para a exploração dos recursos naturais, agravado pelos agentes financeiros, por adotarem um conjunto de regras limitantes ao financiamento da atividade industrial. Esse conjunto de fatores exerceu influências, em maior ou menor grau, sobre determinados segmentos industriais. Os efeitos de tais medidas já se fazem sentir sobre alguns segmentos, principalmente o madeireiro que apresenta significativa redução em sua atividade econômica, conforme será tratado mais adiante. Todavia, o que se observou foi a diversificação das atividades dos setores industriais, com a ampliação dos níveis de beneficiamento e transformação das matérias-primas de origem agrícola, pecuária e florestal. 4 - O Perfil Industrial Ao realizar o levantamento das informações, a partir do Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 FIERO/SEBRAE/RO, com vistas à elaboração deste Perfil Industrial, procurou-se atingir a totalidade dos municípios de Rondônia, de forma a abranger todos os estabelecimentos industriais, inclusive as empresas informais, independentemente do porte, ramo de atividade ou localização das empresas. Deste universo, 71,41% é composto por indústrias formais, sendo que o restante, 28,59%, é representado por empresas que, por ocasião da pesquisa, operavam de maneira informal. Se comparado este resultado com aquele obtido em 1994, onde 81,8% das indústrias existentes eram formais e 18,2%, informais, conclui-se que a atividade informal cresceu em 10% em apenas três anos. Do total de 3.754 estabelecimentos pesquisados, constatou-se que 1.073 são informais, ou Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 seja não estão inscritos na Receita Federal - não têm CGC e não estão inscritos na Receita Estadual - não tem Inscrição Estadual. Houve uma preocupação de somente cadastrar as empresas informais que tivessem “jeito” de indústrias, com maquinário, empregados, produção e instalações mínimas. Ou seja, não foram cadastradas as típicas “fundo de quintal”. No contexto geral estas empresas demonstraram representar uma importante parcela na atividade econômica do Estado, com expressiva participação na geração de emprego, com aproximadamente 4.000 empregados. A constatação do crescimento da economia informal encontra justificativa no fato de que, operando na clandestinidade, as empresas têm seus custos reduzidos, pois não recolhem tributos e encargos sociais, quase não necessitam de estrutura administrativa e utilizam instalações simples. 4.1 - Distribuição Espacial Das 3.754 indústrias pesquisadas, 72,03% delas se encontram nos seguintes municípios: Porto Velho 783 (20,85%), Ji-Paraná 409 (10,89%), Ariquemes 375 (9,98%), Jaru 226 (6,02%)Vilhena 225 (5.99%), Rolim de Moura 197 (5,24%), Cacoal 182 (4,84%), Pimenta Bueno 161 (4,28%) e Ouro Preto d'Oeste 148 (3,94%). A criação de novos municípios no Estado, nos últimos anos, alterou significativamente a distribuição de indústrias. Quando comparados os resultados acima com os mesmos obtidos em 1994, constata-se que Porto Velho e Ouro Preto d’Oeste tiveram importantes baixas. O quadro a seguir mostra os resultados do levantamento quantitativo realizado no Estado, com o número de estabelecimentos industriais por município e sua participação relativa no total de indústrias de Rondônia. Municípios Porto Velho Ji-Paraná Ariquemes Jaru Vilhena Rolim de Moura Cacoal Pimenta Bueno Ouro Preto d’Oeste Espigão d’Oeste Cerejeiras Alvorada d'Oeste Colorado d’Oeste Machadinho d’Oeste Alta Floresta d’Oeste Monte Negro Mirante da Serra São Miguel do Guaporé Nova Brasilândia d’Oeste Buritis Presidente Médici Indústrias de Rondônia por Município Economia Total Geral Formal Informal 599 184 783 262 147 409 205 170 375 116 110 226 157 68 225 138 59 197 129 53 182 115 46 161 83 65 148 64 22 86 48 33 81 76 76 47 20 67 50 1 51 43 5 48 46 1 47 41 41 38 38 35 3 38 35 35 29 1 30 Partic. sobre o Total Geral (%) 20,85 10,89 9,98 6,02 5,99 5,24 4,84 4,28 3,94 2,29 2,16 2,02 1,78 1,36 1,28 1,25 1,09 1,01 1,01 0,93 0,90 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Municípios Alto Paraíso Guajará-Mirim Teixerópolis Candeias do Jamari Cabixi Santa Luzia d’Oeste Urupá Campo Novo de Rondônia Costa Marques Seringueiras São Francisco do Guaporé Ministro Mário Andreazza Corumbiara Governador Jorge Teixeira São Felipe Vale do Paraíso Cacaulândia Cujubim Nova Mamoré Jamari Nova União Primavera de Rondônia Alto Alegre dos Parecis Parecis Chupinguaia Vale do Anari Rio Crespo Theobroma Castanheiras Novo Horizonte d'Oeste Pimenteiras d’Oeste TOTAL Economia Formal 29 19 17 10 23 20 17 17 17 12 15 15 14 13 3 10 12 3 9 6 8 4 5 6 6 5 5 2 2 1 2.681 Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO do Informal 9 9 13 1 3 3 5 1 1 10 3 8 2 3 4 2 7 1 1.073 Cadastro Total Geral Partic. sobre o Total Geral (%) 29 28 26 26 24 24 20 17 17 17 16 15 15 13 13 13 12 11 11 9 8 8 7 7 6 6 5 5 3 2 1 3.754 0,77 0,74 0,69 0,69 0,64 0,64 0,53 0,45 0,45 0,45 0,42 0,39 0,39 0,34 0,34 0,34 0,32 0,29 0,29 0,24 0,21 0,21 0,18 0,18 0,16 0,16 0,13 0,13 0,01 0,01 0,01 100% Industrial de Rondônia 97 - Quando se analisa a localização e a concentração das indústrias no Estado, percebe-se que os municípios com mais de 100 indústrias são aqueles mais antigos e se localizam, quase todos, ao longo da BR 364, principal artéria rodoviária do Estado, à exceção de Rolim de Moura. Um aspecto interessante a se observar é que, apesar dos municípios do interior concentrarem, juntos, aproximadamente, 80% do total de indústrias, a participação da Capital no quadro geral de estabelecimentos ainda é bastante expressiva. Em 1989, Porto Velho participava com 14,82% do total de indústrias, porém, em 1994, esse percentual aumentou para 37,33%, representando nesse período um incremento da ordem de 272%. Já em 1997 esta participação caiu para 20,85%. Alguns fatores influenciaram para essa Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 situação, dentre eles destacam-se a escassez de investimentos públicos em obras de infraestrutura e as elevadas taxas de juros aplicadas sobre o mercado financeiro, que inviabilizam a abertura de novos empreendimentos e obtenção de capital de giro para manter os existentes. Muitas empresas paralisaram suas atividades, com maior incidência relativa na capital. Oportuno salientar que o trabalho de pesquisa no município de Porto Velho abrangeu as empresas dos distritos de Nova Califórnia, Extrema, Fortaleza do Abunã, Vista Alegre do Abunã, Abunã, Jaci-Paraná e Mutum-Paraná, cujos respectivos quantitativos foram incluídos no total das indústrias de Porto Velho. O quadro a seguir estabelece uma comparação do número de estabelecimentos industriais dos principais municípios nos anos de 1989 e 1997, segundo as pesquisas realizadas pela FIERO naqueles anos. Indústrias de Rondônia nos Principais Municípios - Comparativo 1989/1997 Municípios Indústrias em Indústrias em Variação 1989 1997 Número ±% Porto Velho 340 783 443 130,29 Ariquemes 306 375 69 22,54 Ji-Paraná 223 409 186 83,40 Ouro Preto d’Oeste 188 148 -40 (21,27) Cacoal 162 182 20 12,34 Vilhena 159 225 66 41,50 Pimenta Bueno 151 161 10 6,62 Rolim de Moura 149 197 48 32,21 Jaru 134 226 92 68,65 Subtotal 1.812 2.706 894 49,33 Total de indústrias no Estado 2.293 3.754 1.461 63,37 Participação relativa 79,02 % 72,08% - Fontes: Cadastro Industrial de Rondônia - FIERO 1989 Banco de Dados Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO Percebe-se que, apesar do incremento real de 49,33% no número de indústrias dos principais municípios, neste período, apenas Ouro Preto d’Oeste apresentou variação negativa no número de indústrias. Tal fato pode estar relacionado com a criação de novos municípios, em sua área de abrangência, associado também ao fechamento de várias indústrias do setor madeireiro. No geral houve um importante incremento no número de estabelecimentos industriais do Estado. Esta constatação permite deduzir que há tendência natural para que esses municípios se tornem, em futuro próximo, pólos industriais. Também é fato que o crescimento havido nos demais municípios do Estado mostra que o fenômeno está bastante disseminado quanto à sua distribuição espacial. Além das questões especificamente pesquisadas é importante acrescentar algumas observações para uma melhor compreensão do diagnóstico do setor. Quando se analisa a localização das indústrias em nível de cada município, defronta-se com a seguinte situação: na sua quase totalidade as empresas encontram-se dispersas, geralmente funcionando em locais não apropriados ou destinados para uso industrial. Dentre os muitos fatores que contribuem para essa situação, alguns devem ser destacados: ♦ o processo de instalação das indústrias vem se dando de maneira desordenada em quase todos os municípios, muitas vezes, antecedendo a urbanização dos locais onde as Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 empresas foram se assentando. Por outro lado, as administrações municipais não desenvolveram um planejamento urbano preventivo ou corretivo que discipline, de forma ágil, essa situação; ♦ em alguns municípios, as áreas definidas nas plantas urbanas para uso industrial foram descaracterizadas ao longo do tempo, dando lugar a residências e outras edificações, ou então, foram subdivididas e distribuídas, porém, permaneceram ociosas, ficando como reserva de valor imobiliário para seus detentores; ♦ os municípios ainda não dispõem de planos diretores urbanos consolidados e na sua quase totalidade, não têm definida uma política local de incentivo à industrialização, que contemple alternativas para a solução de tal problemática; ♦ a condição de informalidade com que atuam muitas micro e pequenas indústrias, aliada à falta de recursos financeiros dos seus proprietários para promoverem os investimentos necessários à transferência das respectivas empresas para áreas industriais específicas (setores, áreas, centros ou distritos industriais), também se constitui numa das principais causas para a existência de um elevado contingente de empresas instaladas em locais inadequados. Vale ressaltar que o número de empresas formais que se enquadram nessa situação também é elevado. Esse conjunto de fatores indica a necessidade de que os poderes públicos municipal e estadual, assim como os próprios empresários, busquem, conjuntamente, soluções que possam reverter este quadro, a médio e longo prazos. Esforço semelhante deve ser conduzido no sentido de se encontrar alternativas para promover uma atração competitiva de novos empreendimentos industriais, garantindo antecipadamente locais apropriados para essas novas empresas, nos diversos municípios do Estado. 4.2 - Distribuição Setorial 4.2.1 - Composição do Setor Industrial por Atividade No que diz respeito à distribuição dos estabelecimentos industriais por ramo de atividade verifica-se, através do gráfico a seguir, que o maior número de empresas atua nos segmentos de produtos alimentícios (24,96%), madeireiro (18,25%), moveleiro (12,94%), de produtos metálicos (11,41%), confecções (5,75%) e minerais não metálicos (4,72%). Cada um desses segmentos congrega mais de 100 indústrias e, no conjunto, eles representam 78,03 % do total de empresas do setor industrial. Os grupos de ramos de atividade apresentados nos gráficos seguintes, são denominados, neste documento, como "segmentos industriais", conforme a codificação adotada pelo IBGE. Gráfico 2 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 indústrias Segmentos Indústrias 937 1000 Alimentício 937 900 Outras Ativ. 825 Madeireiro 685 800 Moveleiro 486 Produtos Metálicos 700 428 Confecções 216 600 M inerais não Metálicos 177 500 D istrib u i ç ã o d a s I n d ú s t r i a s p o r S e g m e n t o s 825 685 486 428 400 216 300 177 200 Minerais não Metálicos Confecções Produtos Metálicos Moveleiro Madeireiro Outras Ativ. 0 Alimentício 100 Segmentos Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO Segundo informações levantadas junto ao Cadastro de Contribuintes de ICMS - Secretaria do Estado da fazenda - SEFAZ e da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Turismo, Ciências e Tecnologia, em 1986, existiam no setor industrial de Rondônia, aproximadamente 60 diferentes ramos de atividade. De acordo com a pesquisa do Perfil Industrial, o Estado conta hoje com mais de 130 ramos, o que caracteriza uma maior diversificação e verticalização das atividades do setor industrial. A distribuição setorial das Indústrias em Rondônia, por atividade de conformidade com os dados da pesquisa, apresenta-se como demonstra o quadro abaixo: Indústria de Rondônia por Categoria Econômica Atividade Economia Total Geral Formal Informal Indústria de Produtos Alimentícios 750 187 937 Indústria Madeireira 563 122 685 Indústria do Mobiliário 261 225 486 Indústria de Produtos Metálicos 228 200 428 Indústrias Diversas 209 101 310 Vestuário Calçados e Artefatos de Tecidos 107 109 216 Produção de Minerais Não Metálicos 133 44 177 Indústria Mecânica 93 25 118 Editorial e Gráfica 105 7 112 Indústria da Construção 95 1 96 Indústria de Material de Transporte 32 22 54 Material Elétrico e de Comunicação 39 3 42 Indústria de Calçados 10 21 31 Indústria de Bebidas 18 18 Indústria de Couros. Peles e Produtos 13 2 15 Similares Produtos Químicos Inorgânicos, 10 2 12 Orgânicos e etc. Serviços de Indústria de Utilidade Pública 8 1 9 Indústria de Borracha 7 1 8 Partic. s/o Total (%) 24,96 18,24 12,94 11,40 8,26 5,75 4,71 3,14 2,98 2,56 1,45 1,12 0,83 0,48 0,40 0,32 0,24 0,22 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Atividade TOTAL GERAL Economia Formal 2.681 Informal 1.073 Total Geral Partic. s/o Total (%) 3.754 100% Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO Com intuito de melhor avaliar o desempenho da indústria em Rondônia nos últimos 10 anos, os quadros a seguir estabelecem um comparativo da participação dos principais segmentos do setor industrial nos anos de 1989/1994 e 1989/1997. Principais Segmentos Industriais - Comparativo 1989/1994 Segmentos 1989 1994 Variação Quant. % Quant. % Quant. Madeireiro 1.019 44,4 937 27,6 - 82 Prod. Aliment. 455 19,9 792 23,4 337 Constr.Civil 182 7,9 416 12,3 234 Metalurgia 88 3,8 248 7,3 160 Moveleiro 130(*) 5,7 234 6,9 104 Confecções 29 1,3 141 4,1 112 Miner.ñ/metál. 99 4,3 122 3,6 23 Outros 291 12,7 501 14,8 212 Totais 2.293 100 3.391 100 1.100 % (8,05) 74,06 128,57 181,82 80,00 386,21 23,23 72,85 - Fontes: Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia 89/97 - FIERO Banco de dados do Cadastro Industrial de Rondônia 97 FIERO/SEBRAE/RO Principais Segmentos Industriais - Comparativo 1989/1997 1989 1997 Variação Nº de Ind. Part. % Nº de Ind. Part. % Quant. Prod. Aliment. 455 19,9 937 24,96 482 Madeireiro 1.019 44,4 685 18,24 - 334 Moveleiro 130 5,7 486 12,94 356 Prod. Metálic. 88 3,8 428 11,40 340 Confecções 29 1,3 216 5,75 187 Minerais Não 99 4,3 177 4,71 78 Metálicos Construção 182 7,9 96 2,56 - 86 Civil Outros 291 12,7 729 19,42 438 TOTAIS 2.293 100% 3.754 100% 1.461 - Segmento % 105,93 (67,22) 273,84 386,36 644,82 78,78 (52,74) 150,51 - Fontes: Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia 89/97 - FIERO Banco de dados do Cadastro Industrial de Rondônia 97 FIERO/SEBRAE/RO - Por estes dados, quando comparado o período 1989 e 1994, observa-se que o único segmento em que houve um decréscimo no número de estabelecimentos foi o madeireiro (8,05%). Em 1989, o segmento participava com 44,4% do total de estabelecimentos industriais do Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Estado, entretanto, no ano de 1994 sua participação caiu para 27,6 %. Os fatores que influenciaram com maior intensidade para essa redução serão tratados em parte específica deste capítulo, dedicada ao Segmento Madeireiro. Quando se analisa o período de 1989 a 1997, verifica-se que houve queda no número de indústrias e redução na participação total dos segmentos madeireiro e de construção civil, da ordem de 67,22% e 52,74%, respectivamente. Trata-se de dois segmentos que mais empregam mão-de-obra, proporcionalmente, e que mais foram prejudicados pela política econômica imposta pelo Governo, agravado pela ação dos organismos ambientalistas, no caso madeireiro, e pela falta de investimento do poder público, no caso da construção civil. Dos 1.461 novos empreendimentos industriais instalados no período de 1989/1997, verifica-se que a predominância se deu no segmento alimentício (482), representando aproximadamente, 33% desse total. Em termos percentuais, a maior variação se deu no segmento de confecções e artefatos de tecido (644,82%), todavia, a participação desse segmento no total de indústrias ainda é pequena, representando apenas 5,75%. A partir da verificação do número de estabelecimentos por cada ramo de atividade e a sua participação no respectivo segmento, chegou-se ao seguinte quadro sintético da composição das principais atividades industriais do Estado: Segmento/N.º Indústrias Alimentício Subtotal Madeireiro Subtotal Produtos Metálicos Subtotal Moveleiro Subtotal Confecções Subtotal Diversos Total Composição das Principais Atividades Industriais N.º Participação % Atividade de Industrial Indústrias No No Segmento setor 452 48,24 12,04 • Beneficiamento de Cereais; 283 30,20 7,53 • Fabricação de Prod. de Panificação 47 5,02 1,26 • Fabricação de Prod. de Laticínios 155 16,54 4,13 937 100 24,96 180 26,27 4,79 • Desdobramento de Madeira 298 43,51 7,94 • Madeira Beneficiada 75 10,95 1,99 • Fabricação de Art. Diversos de 132 29,27 3,52 Madeira 685 100 18,24 210 49,07 5,59 • Serralharia 218 59,93 5,81 • Outras 428 100 11,40 472 97,12 12,57 • Fabrica de Móveis de Madeira 14 2,88 0,37 • Outras 486 100 12,94 202 93,52 5,38 • Fabrica De Confecções De Roupas 14 6,48 0,37 • Outras 216 100 5,75 Diversas 1.002 100 26,7 3.754 100 Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO do Cadastro Industrial de Rondônia 97 - Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Nota-se que as atividades mais representativas, nos respectivos segmentos, são, pela ordem: beneficiamento de cereais, desdobramento de madeira, fábrica de móveis de madeira, serralharia e fábrica de confecções. Verifica-se que tais atividades dependem totalmente, ou em grande parte, de matérias-primas e produtos regionais, com exceção do segmento de confecções. 4.2.2 - Composição do Setor segundo o Porte das Empresas Na coleta dos dados da pesquisa foi possível levantar dois parâmetros importantes para identificação do porte das empresas: o total de empregados e a faixa de faturamento. Desta forma a distribuição das empresas industriais do Estado, classificadas segundo seu porte, observandose os dois critérios, é apresentada no quadro a seguir: Porte MICRO PEQUENO MÉDIO GRANDE Total Indústrias de Rondônia por Porte N.º de Indústrias Partic. % sobre N.º de Indústria Partic. % sobre por faturamento Total Geral por n.º de empreg. o Total Geral 92,89 3.487 84,20 3.161 4,98 187 12,82 481 1,44 54 2,05 77 0,69 26 0,93 35 3.754 100% 3.754 100% Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO Para a definição do porte das indústrias foram adotados como critérios: a) Por faturamento/ano: n n Micro: até R$ 120.000,00 Pequeno: de R$ 120.000,00 até R$ 720.000,00 n Médio: de R$ 720.000,00 até R$ 1.500.000,00 n Grande: Acima de R$ referencial os seguintes 1.500.000,00 b) Por número de empregados: n n n n Micro: até 20 Pequeno: de 21 a 50 Médio: de 51 a 100 Grande: acima de 100 Quando considerado o critério do faturamento, os resultados obtidos na classificação do porte das indústrias se aproxima da média nacional, mantendo-se, porém, distante quando adotado o critério da mão-de-obra. Tomando-se por base apenas as indústrias de porte micro, verifica-se que 3.161 empresas têm faturamento máximo de R$ 120.000,00/ano e 3.487 empregam menos de 20 operários. Donde se conclui que os níveis de faturamento e de emprego na indústria rondoniense são muito baixos, mesmo considerando a particularidade de serem de micro porte. Percebe-se que em qualquer das hipóteses apresentadas o universo empresarial em Rondônia é predominantemente constituído de micro empresas, seguido de longe pelas pequenas e, em número bastante reduzido, de médias e grandes empresas. O quadro abaixo apresenta a ocorrência das empresas, segundo o seu porte, nos principais municípios. Município Distribuição Espacial das Indústrias pelo Porte - Municípios Com Maior Concentração Porte Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Porto Velho Ji-Paraná Ariquemes Vilhena Cacoal Rolim de Moura Pimenta Bueno Jaru Subtotal Demais Municípios Total Geral Micro 672 357 328 180 143 162 130 198 2.170 991 3.161 Pequeno 89 42 36 26 30 26 17 23 289 192 481 Médio Grande 10 4 8 10 9 8 13 4 66 11 77 11 6 3 9 1 1 1 1 33 1 35 Total 783 409 375 225 182 197 161 226 2.558 1.196 3.754 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO. OBS.: Adotado o critério da faixa de faturamento. A concentração das empresas nos municípios, por categoria de porte, ocorre quase nas mesmas proporções verificadas quanto ao total de indústrias de cada município. Da análise do banco de dados composto com as informações da pesquisa, ainda relativo ao porte, pode-se afirmar o seguinte: ♦ A maior parte das micro-empresas se localizam nos municípios de Porto Velho, Ariquemes, Ji-Paraná, Jaru, Vilhena, Rolim de Moura, Cacoal e Pimenta Bueno. ♦ A maioria das micro-indústrias, aproximadamente 84%, desenvolve atividades ligadas à madeira, móveis, produtos alimentícios, produtos metalúrgicos, minerais não metálicos, construção civil e confecções; ♦ As pequenas indústrias representam cerca de 12% do total, concentrando-se em maior número nos municípios de Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes, Cacoal, Vilhena e Rolim de Moura; atuam no segmento madeireiro e produtos alimentícios, produtos minerais não metálicos e produtos metálicos; ♦ As médias e grandes indústrias atuam nos segmentos de madeira, produtos alimentícios e na construção civil, concentrando-se em maior número nos municípios de Porto Velho, Vilhena, Ji-Paraná, Ariquemes, Pimenta Bueno e Cacoal. 4.3 - Aspectos Estruturais e Produtivos 4.3.1 - Instalações A questão das instalações industriais, quando se consideram aspectos como: locais onde estão instaladas as empresas, a predominância - em termos quantitativos - de micro-indústrias, o “lay-out” adotado e a disponibilidade de espaço para uso dos estabelecimentos, percebe-se que, de maneira geral, há deficiências estruturais na maioria das empresas, comprometendo sobremaneira o desempenho operacional de suas plantas industriais. Dentre os fatores que mais contribuem para tal situação, podem-se elencar os seguintes: ♦ alta ou deficiência de suprimento de energia elétrica; ♦ falta ou deficiência do abastecimento d'água; ♦ insuficiência de espaço interno; ♦ distância em relação à rede telefônica; ♦ precariedade do acesso ao local da empresa; ♦ local sujeito a alagações; ♦ falta de espaço externo; ♦ outros fatores relacionados às deficiências da infra-estrutura urbana e ao Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 impacto ambiental. O nível de interferência destes fatores na “performance” das indústrias varia de uma empresa para outra e sua ocorrência não obedece necessariamente, em intensidade ou importância, a ordem em que são apresentados. 4.3.2 - Mão-de-Obra No que se refere a ocupação de mão-de-obra na indústria, a pesquisa de campo buscou levantar com a maior fidelidade possível o contigente de trabalhadores diretamente ligado ao setor. O quadro abaixo reflete a consolidação das informações prestadas pelos empresários sobre a questão: Ocupação de Mão-De-Obra nas Indústrias de Rondônia - Por Atividade Atividade Total de Indústrias Tot. de Empregados Indústria de Produtos Alimentícios 937 6.272 Indústria Madeireira 685 11.978 Indústria Moveleira 486 3.095 Indústria Metálica 428 1.744 Industria Diversas 275 842 Vestuário, Calçados e Artefatos de Tecidos 216 791 Produção de Minerais Não Metálicos 177 1.700 Indústria Mecânica 118 796 Editorial e Gráfica 112 1.165 Indústria da Construção 96 2.174 Indústria de Material de Transporte 54 234 Material Elétrico e de Comunicação 42 190 Indústria de Calçados 31 74 Indústria de Bebidas 20 503 Indústria de Couros, Peles e Produtos 15 78 Similares Produtos Químicos Inorgânicos, Orgânicos e 12 58 Etc. Serviços de Indústria de Utilidade Pública 9 2.324 Outras Atividades 41 691 TOTAL 3.754 34.709 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO. A participação dos principais segmentos industriais na geração de emprego, comparando-se a situação de 1994 e 1997, está apresentada no quadro seguinte: Mão-De-Obra por Principais Segmentos - Comparativo 1994/1997 Segmento 1994 1997 Nº de Nº de Percent. S/ Nº de Nº de Ind. Empregados Total Ind. Empregados Madeireiro 937 20.614 33,37 685 11.978 Alimentício 792 12.371 20,03 937 6.272 Constr.Civil 416 7.434 12,03 96 2.174 Moveleiro 234 2.108 3,41 486 3.095 Percent. S/ Total 34,50 18,07 6,26 8,92 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Prod. Metálicos Confecções Editorial/Gráfico Min.ñ/metálicos Outros Totais 246 141 122 480 3.391 1.630 1.565 1.410 8.440 61.770 2,64 2,54 2,28 13,67 100 428 216 112 177 617 3.754 1.744 791 1.165 1.700 5.790 34.709 Fontes: Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia/94 - FIERO Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia FIERO/SEBRAE/RO 5,03 2,28 3,36 4,89 16,69 100 97 - Diante do demonstrativo do quadro acima conclui-se que a atividade industrial em Rondônia é responsável pela geração de 34.709 empregos diretos. Quando comparado este resultado com o obtido em 1994, percebe-se que houve uma redução de 43,8% no número de empregos na indústria, mesmo tendo havido um crescimento de 10,7% no quantitativo total. Segundo a pesquisa levada a efeito pela FIERO em 1994, a força de trabalho na indústria rondoniense somava 61.770 trabalhadores, sendo que as atividades de extração mineral, desdobramento de madeira e construção civil eram, naquela época, as que mais ocupavam mãode-obra. Absorviam juntas, aproximadamente, 85% dos trabalhadores industriais. Comparando-se esses dados com os resultados obtidos na pesquisa adotada neste Perfil, percebe-se que houve uma queda de 34,8% do número de trabalhadores industriais nas referidas atividades, embora tenha ocorrido também uma significativa diminuição no número de empresas destas atividades, no mesmo período. Dentre os fatores que mais contribuíram para a ocorrência de tal diminuição, destaca-se a redução acentuada do nível de produção, principalmente das empresas ligadas à extração de cassiterita e do garimpo de ouro no Rio Madeira. No caso da indústria de madeira, a redução se deu também diante da diminuição do número de empresas, ainda que a participação da mão-deobra do segmento, em relação ao total de empregados, tenha se mantido quase a mesma. Quando se analisa o nível de absorção de mão-de-obra nos setores das empresas, depreende-se que as atividades com maior índice de ocupação de empregados na produção, são aquelas ligadas à extração e beneficiamento de minerais e industrialização da madeira que. O maior índice de empregados atuantes nas atividades administrativas é apresentado por empresas que prestam serviços industriais de utilidade pública, como é o caso da CERON e CAERD. A análise da distribuição da mão-de-obra nos principais segmentos industriais também permite delinear o quadro a seguir, no qual está indicada a participação percentual de cada um no total de mão-de-obra, e as médias de empregados por empresa nos anos de 1989, 1994 e 1997. Participação da Mão-De-Obra nas Principais Atividades - Período 1989/1994/1997 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Segmentos Industriais 1989 Partic. % Não 1,33 Prod. Minerais Metálicos Metalúrgico/Prod. Metálicos Madeireiro Moveleiro Produtos Alimentícios Editorial e Gráfico Confecções e Art. Tecido Construção Outros Total 1994 Empreg. Partic. por Ind. % 9,6 2,28 1997 Empreg. Partic. por Ind. % 11,6 4,89 Empreg. por Ind. 9,6 1,74 14,1 2,64 6,6 5,02 4,1 30,08 2,27 5.50 0,63 21,0 12,3 8,6 8,7 33,37 3,41 20,03 1,60 22,0 9,0 15,6 13,0 34,51 8,91 18,07 3,35 17,5 6,4 6,7 10,4 (*) 14,40 44,05 100 (*) 56,28 13,70 - 2,54 12,03 22,10 100 11,1 17,9 29,2 - 2,28 6,28 16,69 100 3,7 22,6 9,5 - Fontes: Cadastro Industrial de Rondônia 89 e 94 Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia 94 e 97 FIERO/SEBRAE/RO * Dados não disponíveis O decréscimo na média de empregados por indústria no segmento de produtos metálicos tem como principal causa a redução da atividade garimpeira, que, naquela época, era o maior usuário de balsas e estruturas metálicas, peças e serviços de serralharia, tendo, portanto, um maior contingente de empregados por empresa, face a existência daquela demanda. Mesmo com o desaquecimento da atividade de construção civil, este segmento aumentou a média de ocupação de mão-de-obra, passando de 17,9 em 1994, para 22,6 em 1997, obtendo o maior índice de empregados por indústria comparativamente a todos os outros segmentos. Mesmo assim, se comparado com o ano de 1989 (56,28) houve uma redução superior a 50%. Quando comparados os níveis de ocupação de empregados por indústria, observa-se que as atividades que mais absorvem mão-de-obra são, pela ordem: Construção (22,6%), Madeireiro (17,5%), Editorial e Gráfico (10,4%), Minerais Não Metálicos (9,6%), Produtos Alimentícios (6,7%) e Moveleiro (6,4%). Comparados estes resultados com os obtidos em 1987 e 1994, constata-se que houve uma queda acentuada em todos os níveis de contratação de mão-de-obra por empresa, exceção a construção civil. Quando comparados (1997) com 1989, a exceção diz respeito ao segmento Editorial e Gráfico (8,7 e 10,4). Desta forma, justifica-se a redução verificada no número de emprego na indústria, visto que ocorrem simultaneamente dois fatores restritivos: redução do número de indústrias de certos segmentos e diminuição de taxa de ocupação por indústria. Os outros aspectos relativos à questão da mão-de-obra, constantes da pesquisa, apesar de não estarem numericamente dimensionados, comprometem sobremaneira o desempenho das empresas. Entre estes, citam-se os seguintes: ♦ O grau de escolaridade da força de trabalho nas indústrias apresenta-se baixo, sinalizando para a necessidade de uma convergência de esforços visando conscientizar, não só os funcionários mas também os empresários, suas respectivas entidades de classe e os órgãos ligados à área educacional, quanto à necessidade de se tomar medidas que revertam esse quadro. Até por que a ocorrência do absenteísmo, de baixa Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 qualificação e de produtividade, além de elevado índice de rotatividade, em algumas atividades industriais, têm estreita relação com o reduzido grau escolar dos trabalhadores. ♦ A carência de profissionais qualificados ocorre praticamente em todos os segmentos e setores industriais. Tal ocorrência, além de muito variável a nível de atividades, também é diferenciada nas diversas regiões do Estado. Muitos empresários chegam a apontar o aspecto qualidade dos recursos humanos como o principal condicionante para obtenção de melhores níveis de competitividade, comprometendo a “performance” de suas empresas, numa escala bem maior do que as dificuldades decorrentes da deficiência do fornecimento de energia elétrica, por exemplo. ♦ A rotatividade da mão-de-obra é outro fator com o qual as indústrias ainda convivem. Entretanto, atividades como o garimpo e a extração de cassiterita, nos dias de hoje, não são fatores preponderantes para a atração de trabalhadores de outras atividades, a exemplo do que ocorria há alguns anos, principalmente nos períodos de menor incidência de chuvas. Alguns segmentos e atividades apresentam índices de rotatividade mais elevados, principalmente nas regiões de maior produção agrícola, atividade esta que, em determinadas épocas, absorve um grande número de trabalhadores, sobretudo os não especializados. A obtenção de um diagnóstico completo da mão-de-obra industrial, requer um levantamento mais apurado. Tal medida se reveste de importância para o planejamento de ações institucionais públicas e privadas voltadas para a elevação da eficiência e competitividade dos setores produtivos em Rondônia. Isso é tão mais necessário, por ter o setor industrial rondoniense crescido, tanto quantitativa quanto qualitativamente, nos últimos anos; além de estar buscando uma maior verticalização de suas atividades. Isto gera novas demandas por profissionais com maior capacitação e especialização. Por outro lado, as empresas concorrentes de outros estados vêm, cada vez mais, investindo na qualidade de seus produtos, fazendo com que as indústrias locais tenham de se preocupar com a melhor qualidade de seus recursos humanos e tecnológicos para se tornarem competitivas. 4.3.3 - Matérias-Primas A análise dos dados fornecidos por empresas dos maiores segmentos da indústria em Rondônia, com relação às principais matérias-primas utilizadas e aos mercados onde as mesmas são adquiridas, permitiu a elaboração das relações apresentadas a seguir. a) Segmento Madeireiro A maioria das indústrias do segmento madeireiro adquire a totalidade de suas matériasprimas dentro do Estado. A exceção é formada por um pequeno número de empresas localizadas nos municípios de Vilhena, Ji-Paraná e Porto Velho, que adquirem parte da madeira de outros estados, em especial do Mato Grosso e Acre. Em 1989 o segmento trabalhava com apenas quatro espécies: mogno, cerejeira, cedro e freijó. Com o advento da dificuldade de obtenção destas madeiras, e também em função do grau de verticalização ocorrido, atualmente são utilizadas mais de quarenta espécies de madeiras regionais, especialmente nas atividades de fabricação de laminados e compensados. As principais são: angelim, caucho, caxeta, cedro, cerejeira, cumaru, envireira, faveira, garapeira, garoba, imbireira, ipê, jatobá, libra, maçanaiga, maracatiara, marinheiro, peroba, pequiá, roxinho, sumaúma, sangui, sucupira, tamarindo, abiu, tauari, mogno e freijó. b) Segmento de Produtos Alimentícios Com base nos dados obtidos, conclui-se que aproximadamente 82% das empresas deste segmento adquirem suas matérias-primas dentro do próprio Estado, sendo, as principais, as Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 seguintes: arroz em casca, café em coco e em grãos, leite “in natura”, milho e carnes. Já os insumos advindos de outros estados, mais comumente utilizados pelo segmento, são: arroz em casca, açúcar, café, feijão, milho, sal, trigo, óleo vegetal, leite natural, ovos, fermento, carne bovina, carne suína, frutas cítricas e palmito, manteiga, embalagem e sacarias. c) Segmento de Construção Civil De acordo com os dados, observou-se que os produtos adquiridos, em maior escala, de fornecedores de outros estados, são: cimento, tinta, telhas, pedras decorativas para revestimentos e materiais de acabamento, provenientes de São Paulo, Rio, Paraná, Minas Gerais, principalmente. Constatou-se também que a maior parte das empresas construtoras do Estado são supridas com matérias-primas oriundas da própria região ou por revendedores de materiais, aqui instalados. Dentre os produtos adquiridos no mercado local, segundo os informantes destacamse: cimento, tijolos, madeira, areia, brita e pedras diversas. d) Segmento Moveleiro Das empresas do ramo moveleiro existentes, cerca de 92% adquirem madeira, chapas, compensados e laminados, de fornecedores do próprio Estado. As madeiras mais utilizadas pelo segmento são: cerejeira, cedro, maracatiara e angelim. As principais matérias-primas do segmento moveleiro são: madeira serrada (cedro, mogno, cerejeira, maracatiara, angelim), compensado, cola, “duratex”, lixas, parafusos, pregos, selador, “tinner” e verniz, napas e assemelhados, tecidos para estofados, ferragens e espumas. e) Segmento de Indústrias de Produtos Metálicos As indústrias de produtos metálicos adquirem suas matérias-primas: aço, barra de ferro, cantoneira de ferro, chapa de aço inox, chapa de alumínio, chapa de ferro, cobre, disco de corte, disco de lixadeira, eletrodos, ferro tubular, lixas, massa plástica, metal trefilado, metalon, solda de oxigênio, solda elétrica, “tinner”, tubo de alumínio, tubo de ferro, tubo galvanizado e zarcão, predominantemente, dos estados do Sul e Sudeste. Das empresas que compõem o segmento, quase dois terços informaram que as principais matérias-primas, mesmo as produzidas em outros estados, são adquiridas no mercado de Rondônia, através distribuidores locais. Este fato pode ser justificado, em parte, devido ao expressivo número de micro e pequenas indústrias, que trabalham por encomenda e, consequentemente, adquirem suas matérias-primas em pequenas quantidades. f) Segmento das Indústrias de Confecções e Artefatos de Tecidos Detectou-se que cerca de 70% das empresas adquirem suas matérias-primas de fornecedores de outros estados, principalmente tecidos, malha de algodão, cotton e aviamentos diversos, especialmente de São Paulo, Santa Catarina, Ceará e Rio Grande do Sul. Somente parte dos tecidos é fornecida pelo mercado local, através de distribuidores. No entanto, as microindústrias da atividade informal adquirem suas matérias-primas, na quase totalidade, no mercado local. Dentre as matérias-primas destacam-se: tecidos, aviamentos, elástico, etiquetas, linha e renda, malha de algodão, cotton e aviamentos diversos. g) Segmento de Minerais Não Metálicos A maior parte das matérias-primas utilizadas são oriundas do próprio Estado, e a lista abrange: argilas, areia, barro, brita, granilite, água mineral, granito e pedras diversas. Segundo os dados informados, estas indústrias compõem a maioria do segmento. As matérias-primas adquiridas fora, são: cimento, mármore, vidro, fibra de vidro, pó de mármore, mármore, Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 argamassa, pedras decorativas, resina de poliéster e gesso, vindos principalmente da região Sudeste. Embora haja uma significativa produção de água mineral no Estado, ainda assim é importada uma quantidade superior a 50%, para o consumo local. No que se refere à manutenção do suprimento de insumos, a sazonalidade é um dos fatores importantes, principalmente por aquelas que extraem ou dependem de matérias-primas agropecuárias e extrativas locais. A redução dos níveis de produção industrial no período de maior intensidade das chuvas ocorre praticamente em quase todos os segmentos, variando logicamente de uma atividade para outra. As empresas que operam em sistema de encomendas, geralmente não mantêm estoques de insumos, uma vez que, em função dessa característica, o “layout” e o processo produtivo de tais empresas estão condicionados ao atendimento dos pedidos dos clientes, o que leva ao imediatismo das aquisições desses materiais. 4.3.4 - A Produção Industrial e Fatores Intervenientes a) Produtos e Destino da Produção Com base nas informações prestadas pelas empresas sobre seus principais produtos e o destino da produção, foi possível elaborar o extrato abaixo. Nele constam os itens produzidos pelos principais segmentos da atividade industrial em Rondônia. a.1 - Segmento Madeireiro Principais Produtos Madeira beneficiada em geral Madeira serrada Madeira em prancha Assoalhos Laminados Vigas Lambris Portas Carrocerias Cabos de Vassoura O destino da produção de 45% das empresas do segmento é o próprio Estado. No entanto, 48% das empresas fornecem tanto para Rondônia como para outros estados; as demais atentem aos mercados local, nacional e internacional. a.2 - Segmento de Produtos Alimentícios Principais Produtos Arroz beneficiado Pães, bolos e biscoitos Café beneficiado Sorvetes e picolés Café moído Laticínios em geral Cereais beneficiados em geral Milho beneficiado e produtos derivados Feijão beneficiado Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Quanto ao número de indústrias deste segmento, 80,50% delas produzem para o mercado local. Outros 19,50% de empresas atendem tanto ao mercado de Rondônia quanto a outros estados e, em pequena escala, à exportação. a.3 - Segmento Moveleiro Principais Produtos Móveis de madeira em geral Móveis estofados e serviços de estofamento Móveis e esquadrias em geral Diversos (móveis tubulares, etc.) Cerca de 88% das indústrias moveleiras colocam sua produção exclusivamente em Rondônia. Apenas 12% delas atendem, também, a outros estados. a.4 - Segmento de Produtos Metálicos Principais Produtos Esquadrias metálicas em geral Portas e janelas de ferro Peças para garimpo Estruturas metálicas Embarcações Calhas Artefatos de ferro e aço Este segmento é, possivelmente, o mais concentrado no atendimento ao mercado local, pois 94% de suas empresas só colocam sua produção no Estado. Pequena parcela de 6% delas atende também a outros estados. a.5 - Segmento da Construção Civil Os principais produtos deste segmento são a construção civil propriamente dita, os projetos de construção civil, os serviços de terraplanagem e outros (variados). Pelas informações prestadas, 87% das empresas atuam exclusivamente no mercado de Rondônia, 13% operam tanto em Rondônia como em outros estados. a.6 - Segmento da Indústria de Confecções e Artefatos de Tecido Principais Produtos Confecções em geral Camisetas, peças de malha e cotton Cortinas Uniformes profissionais Calças e bermudas Peças íntimas Capas para estofados Uniformes escolares Outros artefatos de tecido O destino da produção é local para 88% das empresas deste ramo. Apenas 12% atendem, Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 também, a mercados de estados vizinhos. a.7 - Segmento das Indústrias de Produtos Minerais Não Metálicos Principais Produtos Tijolos Manilhas Artefatos de cimento Lavatórios e pias Pré-moldados em geral Artefatos de concreto diversos Artefatos de mármore Pedra britada A maioria absoluta do setor (96%) atende unicamente o mercado local. Apenas 4% das empresas colocam sua produção também em outros estados. Os demais segmentos não fogem à regra quanto ao destino da produção, uma vez que comercializam a maior parte de seus produtos no mercado de Rondônia. Os tópicos seguintes foram analisados tomando-se por base as informações das empresas dos principais segmentos industriais, por concentrarem um maior número de estabelecimentos, permitindo assim a obtenção de uma amostra mais significativa para efeito de caracterização e representatividade dos diversos aspectos enfocados. b) Transporte da Produção As informações obtidas mostram que o transporte da produção é feito, em sua quase totalidade, por via rodoviária, com exceção de algumas poucas empresas que se utilizam de outros meios, principalmente o fluvial, através do Rio Madeira, nas operações para com o estado do Amazonas, em particular quanto à carne bovina. A predominância do transporte rodoviário é natural, considerando o fato de que a maior parte da produção é consumida no próprio Estado, e que boa parte dela é destinada aos grandes centros consumidores do Centro-Sul, e à exportação através dos portos de Santos e Paranaguá, tendo a BR-364 como principal via de escoamento. Sendo o setor de transporte bastante expressivo para a produção, em especial num Estado de clara vocação agrícola e agro-industrial, ele é analisado em capítulo próprio deste trabalho, e de uma forma abrangente, que permitirá ter uma visão clara desta questão em Rondônia. c) Controle de Qualidade A questão do controle de qualidade no processo produtivo, dentro dos principais segmentos das indústrias de Rondônia, mesmo não tendo sido alvo específico da pesquisa, com base nas informações que a FIERO dispõe, pode ser entendida como segue: ♦ Constata-se que as indústrias que aplicam controle de qualidade na produção, fazemno, em sua maioria, por meio de controle humano, preferencialmente durante todo o processo, tomando-se para efeito de verificação, todo o universo de produtos fabricados. No caso do controle em partes, algumas empresas o aplicam em determinadas fases do processo, principalmente no decorrer ou no fim do mesmo. Normalmente, este controle é feito pelo próprio pessoal envolvido na produção, exceto em algumas poucas empresas, que dispõem em seus quadros de elementos destacados exclusivamente para tal finalidade. Aproximadamente 20% das indústrias dos principais segmentos não aplicam nenhum tipo de controle de qualidade em seus processos produtivos. Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ♦ Os dados fornecidos pelas empresas que exercem controle de qualidade não possibilitam avaliar até que ponto tais controles repercutem nos níveis de qualidade dos produtos e, muito menos, até que ponto eles impedem a ocorrência de peças defeituosas ou de desperdícios no processo produtivo. ♦ Disto tudo depreende-se que o aspecto da aplicação de controle de qualidade em produto e processos industriais nas empresas locais apresenta-se ainda tímido, principalmente se forem levados em conta aspectos como produtividade, tecnologia e nível de concorrência dos similares importados de outros estados. Aspectos como: registro de produtos nos órgãos de controle, fiscalização e de normatização, além do registro de marcas e patentes, entretanto, apesar de não se dispor de dados que permitam dimensionar até que ponto as empresas locais estão atualizadas com relação a estes aspectos, alguns empresários desconhecem totalmente os procedimentos necessários para efetuarem tais registros. d) Fatores Restritivos A existência de fatores impeditivos ou restritivos à produção industrial foi registrada através da resposta das empresas industriais de todos os segmentos. Segundo as mesmas, os fatores abaixo constituem-se em entraves para se atingir a capacidade plena de produção: O levantamento de dados em campo também pesquisou as questões que mais interferem no desempenho e desenvolvimento do setor industrial. Indagados sobre os principais problemas enfrentados, 2.752 empresas, o que corresponde a 73,33% do total de indústrias do Estado, apontaram os entraves mais freqüentes e que mais pesam sobre suas atividades, pela ordem de importância: falta de capital de giro, falta de mão-de-obra qualificada, dificuldade de transporte e escassez de matéria-prima. Principais Fatores Restritivos da Indústria Número de Participação % Ocorrências sobre o total 1 - Capital de giro 734 26,67 2 - Escassez de matéria-prima 702 25,51 3 - Dificuldade de transporte 586 21,30 4 - Matéria-prima de má qualidade 266 9,66 5 - Outros 464 16,86 TOTAL 2.752 100% Fatores Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO. do Cadastro Industrial de Rondônia 97 - Estas questões faziam parte expressa do questionário. No espaço reservado à livre manifestação, foram indicadas outras dificuldades, em respostas dadas por 464 empresas. Considerando que as mesmas se revestem de maior importância por demonstrar o nível de insatisfação, expressa em opinião voluntária, estão detalhadas no quadro abaixo as mais representativas: Principais Entraves Na Indústria - Manifestação Expontânea Dificuldades Ocorrência Participação s/total Ação do IBAMA 201 43,34% Capital de giro 55 11,85% Alto custo da matéria-prima 47 10,12% Outras 161 34,69% Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 TOTAL 464 100,00% Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia 97 FIERO/SEBRAE/RO. Obs.: As reclamações sobre o IBAMA recaem sobre a fiscalização e burocracia. Entre as demais restrições apontadas, destacam-se com pelo menos dez citações as seguintes: elevado custo do ICMS, falta de incentivos, má conservação de estradas, distância para aquisição de matéria-prima e falta de mão-de-obra qualificada. Para melhor ilustrar o comportamento geral das dificuldades levantadas, o quadro seguinte informa a participação sobre o total pesquisado e sua ocorrência por município: Fatores Restritivos À Indústria - Ocorrência Nos Principais Municípios Part. Nº de Municípios 1 2 3 4 5 Total Nº de Ind.(%) Indústr ias No No Munic. Est. Porto Velho 157 108 111 84 84 544 783 69,47 14,49 Ji-Paraná 83 73 70 27 43 296 409 72,37 7,88 Ariquemes 74 47 69 34 44 268 375 71,46 7,13 Jaru 43 29 33 9 19 133 226 58,84 3,54 Vilhena 26 30 27 13 17 113 225 50,22 3,01 Rolim de Moura 21 20 25 10 15 91 197 46,19 2,42 Cacoal 32 14 29 11 19 105 182 57,69 2,79 Pimenta Bueno 20 28 20 9 17 94 161 58,38 2,50 Ouro P. d’Oeste 20 19 27 10 22 98 148 66,21 2,61 476 368 411 207 280 1742 2.706 68,37 46,37 SUBTOTAL Demais Munic. 258 334 175 59 184 1.110 1.048 96,37 28,82 TOTAL GERAL 734 702 586 266 464 2.752 3.754 - Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia 97 FIERO/SEBRAE/RO OBS.: 1 - Capital de giro; 2 - Matéria-prima escassa; 3 - Dificuldade de transporte; 4 - Má qualidade da matéria-prima; 5 - Outros Quando comparados estes fatores restritivos em relação ao mesmo questionamento constante do Perfil Industrial da FIERO de 1994, nota-se que o componente “energia”, que aparecia com 20,44%, se não está completamente equacionado, pelo menos não assume maior importância como impeditivo preponderante à atividade industrial. Outro fator importante que demonstra a preocupação do setor industrial com a melhoria da qualidade é o fato do item matéria-prima aparecer com mais de 30% - escassez e má qualidade - superando o capital de giro que é o eterno e crucial entrave ao desenvolvimento empresarial. Observa-se que as dificuldades ocorrem na proporção direta do número de indústrias existentes no município, o que significa que elas têm um comportamento linear, fato que está demonstrado quando comparados os resultados obtidos da relação direta dos entraves com o número de indústria de cada município, com uma participação média da ordem de 61%. A valer esta assertiva, conclui-se que, no geral, a atividade industrial se mantém em condições similares Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 em todo o Estado, não havendo pontos críticos isolados que requeiram ação emergencial. A crise existe, porem é extensiva a todos os setores produtivos, independente de sua ocupação espacial. Esses fatores confirmam a tendência da indústria local em trabalhar com grandes margens de ociosidade no processo produtivo, tendo como principal impeditivo as limitações de capital de giro. Muitos empresários informaram não apenas um fator limitante, mas vários, o que dificulta ainda mais para que os mesmos otimizem seus processos produtivos e obtenham melhores níveis de produtividade. Aspectos como a concorrência, a queda da demanda, o baixo poder aquisitivo dos consumidores, o custo da matéria-prima e insumos, o período chuvoso e a carga tributária elevada, foram também citados de forma isolada ou associados entre si, podendo afirmar-se que, de alguma forma, influenciam negativamente na produtividade e competitividade das empresas. A atividade industrial em Rondônia ainda é insuficiente e, na grande maioria, não dispõe de tecnologia moderna, no entanto, há uma preocupação constante com o processo de produção. e) Resíduos Industriais Os resíduos gerados (sobras, rejeitos, detritos e outros efluentes), são, em sua maior parte, destinados ao lixo ou incinerados. Mesmo que não seja motivado pelo aspecto de poluição ambiental, há necessidade de espaços que impõem sejam tomadas medidas para dar melhor distribuição final aos resíduos. Esses fatos dão uma clara idéia do baixo nível de reaproveitamento desses materiais, seja por parte das próprias empresas ou por terceiros, revelando aí um agravante em termos ambientais, até por que a grande maioria dos municípios é totalmente incipiente em termos de serviço urbano de coleta de lixo e a incineração é feita a céu aberto. Parte dos resíduos gerados pelas madeireiras e indústrias do setor de alimentos são doados principalmente a produtores rurais, para adubação, forração ou para alimentação de animais. Considerando-se que o maior número de indústrias é representado pelos segmentos de produtos alimentícios, madeireiro, e de produtos metálicos, deduz-se que o maior volume de resíduos originados de tais atividades são, principalmente: pó de serra, aparas e pedaços de madeira, casca de cereais, e sucatas. Todavia, o volume gerado é extremamente variável em função de vários fatores, tais como nível tecnológico de processos e produtos, e capacidade financeira dos empresários para proceder as inversões necessárias ao reaproveitamento ou tratamento dos resíduos, embora se saiba que vários desses materiais representam excelentes oportunidades a nível de diversificação de investimentos. 4.3.5 - Energia De acordo com as informações fornecidas, os meios de suprimento de energia utilizados pelo setor industrial variam nas diversas regiões de Rondônia. Contudo, em razão das deficiências dos sistemas de geração e de distribuição da energia elétrica fornecida pela CERON em algumas regiões do Estado, 12% do total das indústrias lançam mão de equipamentos de auto-geração, de uso contínuo ou de reserva para eventualidades, como forma de superar estas dificuldades, sendo que o óleo diesel é utilizado em 98% dessas empresas como principal combustível. Com base nos dados constantes da pesquisa, segundo informações prestadas pelos empresários, foi possível quantificar o consumo médio de energia elétrica na indústria em Rondônia. O quadro abaixo apresenta o consumo de energia por atividade industrial: Consumo de Energia por Atividade Industrial - Jul/96 a Jul/97 Atividade Total de Indústrias Total de MWH Indústria de Produtos Alimentícios 937 27.699 Indústria Madeireira/Moveleira 1.171 38.801 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Indústria Metálica Produção de Minerais Não Metálicos Outras atividades TOTAL GERAL 428 177 1.041 3.754 9.836 7.383 12.728 96.447 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO Quanto ao suprimento de energia, os dados da pesquisa indicam que a grande maioria das indústrias utiliza de fornecimento da CERON, conforme ilustra o quadro abaixo: Fontes de Suprimento de Energia na Indústria Fontes Nº De Indústrias Participação sobre o Total(%) 1 - CERON 3.330 88 2 - GERAÇÃO PRÓPRIA 90 3 3 - CERON E PRÓPRIA 334 9 TOTAL 3.754 100% Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO 4.4 - Incentivos Fiscais A participação das indústrias em incentivos e créditos especializados também constou do rol de questões apresentadas aos empresários do setor, por ocasião da pesquisa. Segundo os dados levantados, apenas 10% das empresas se utilizam destes instrumentos para financiamento e estímulo à atividade industrial, destacando-se os incentivos de natureza fiscal, como isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados - I.P.I. e do Imposto de Renda. Aspecto que chama a atenção é que, além de ser reduzido o número de empresas que recorrem aos instrumentos de incentivo e crédito, a maioria absoluta utiliza apenas os mecanismos de nível federal, o que revela a necessidade de que sejam fortalecidos e ampliados os instrumentos de incentivo hoje adotados pelo governo estadual, o que será tratado em capítulo próprio deste Perfil. Do total de indústrias pesquisadas, 2.143, o que corresponde a 57%, apontaram a necessidade de incentivos fiscais. Os quadros apresentados a seguir demonstram as ocorrências da falta de incentivos identificada por principais municípios e atividades. Necessidades de Incentivos Fiscais à Indústria por Principais Municípios Municípios Falta Incentivo Nº de Indústria Part. % Porto Velho 447 783 57,08 Ji-Paraná 223 409 54,92 Ariquemes 178 375 47,46 Jaru 127 226 56,19 Vilhena 135 225 60,00 Rolim de Moura 100 197 50,76 Cacoal 92 182 50,54 Pimenta Bueno 75 161 46,58 Ouro Preto d’Oeste 81 148 54,72 1.458 2.706 53,88 SUBTOTAL Outros 685 1.046 TOTAL GERAL 2.143 3.754 - Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia 97 - Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 FIERO/SEBRAE/RO O quadro abaixo ilustra a falta de incentivos fiscais, considerando a incidência sobre as principais atividades. Incentivos Fiscais à Indústria - Necessidades por Principais Atividades Atividades Falta Incentivo Nº de Indústria Part. % Produtos Alimentícios 557 937 59,44 Madeireira 350 685 51,09 Metal-Mecânico 303 546 55,49 Moveleira 359 538 66,72 Confecções 126 216 58,33 Minerais Não Metálicos 85 141 60,28 Construções 66 95 69,00 Editorial e Gráfica 64 112 57,00 1.920 3.270 58,00 SUBTOTAL Outras 223 484 46,07 2.143 3.754 57,08 TOTAL GERAL Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO. do Cadastro Industrial de Rondônia 97 - Em ambos os casos constata-se que a maior incidência da necessidade de incentivos fiscais ocorre nos municípios e também nas atividades quase na mesma proporção do número de indústrias de cada um destes, situando-se na faixa de 46% a 60%, e 51% a 69%, respectivamente. Apresentando, portanto, um comportamento linear, verificando-se igual comportamento dos entraves, não requerendo nenhum tratamento isolado e sim medida de âmbito geral. 5 - Considerações Finais Em que pesem alguns avanços registrados no setor industrial, no que diz respeito ao início de um processo de verticalização da produção, a exemplo do segmento madeireiro, onde a atividade de desdobramento apresentou uma queda no ano de 1997 comparativamente a 1994 e 1987, enquanto que outras atividades verticalizadas deste mesmo segmento apresentaram um crescimento nestes mesmos períodos, pode-se afirmar que esta situação está muito longe de se configurar num processo de mudança capaz de evitar a grande perda de riquezas, rendas e tributos para a economia do Estado. Tal prejuízo decorre do modelo atual cuja característica principal é a comercialização "in natura" ou com pequeno valor agregado à matéria-prima regional. Se fossem promovidos os meios necessários a um incremento do processo de verticalização industrial, haveria um ganho considerável na geração de novos empregos e aumento na arrecadação de tributos, em escala maior ou menor, conforme a elevação dos níveis de produção alcançados. No segmento madeireiro, dependendo da transformação que venha ser dada à madeira em prancha, o ganho para o Estado poderá ser ainda maior. Existem casos como o da industrialização da madeira "branca" em pequenos pedaços para a fabricação de lápis, onde o ganho chega a seis vezes. Com relação à fabricação de móveis, o valor agregado chega a alcançar até dez vezes o valor da madeira beneficiada, com igual ganho na arrecadação de tributos. A formação da cadeia produtiva num processo de verticalização da produção se Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 caracteriza como uma necessidade inadiável para o fortalecimento da economia do Estado. Sabese que é uma meta a ser atingida a médio e longo prazos, mas há de se criar as condições necessárias para que isto ocorra. Esta necessidade de verticalização pode ser observada em quase todos os segmentos, e não só no madeireiro. No setor de alimentos, por exemplo, onde, na exploração de frutos regionais e outros já aclimatados, a pura exploração de sua polpa não se traduz em um processo de efetiva agregação de valor, dadas as dificuldades que se tem em exportar o produto nesta fase de industrialização. Com a verticalização da produção de estanho, por exemplo, ainda que se concedesse uma redução de 56% na alíquota do ICMS, ou seja, de 12% (que é cobrado sobre a venda de cassiterita) para 5,7% (a ser tributado sobre o comércio do estanho), mesmo assim o valor arrecadado diretamente seria o mesmo. Segundo informações técnicas da SUDAM, para cada Real injetado na economia da Região Amazônica são gerados outros R$ 2,5, de modo indireto. Como o faturamento duplica com o referido processo (transformação em estanho), a arrecadação do Estado também seria igualmente multiplicada. Além disto, deverão ser criados outros instrumentos e mecanismos que estimulem a formação da cadeia produtiva, diminuindo ou até mesmo evitando a evasão de riquezas que muitas vezes tem se caracterizado numa espécie de sangria dupla de nossa economia, com perdas irrecuperáveis que, se demorar, comprometerão até mesmo a viabilização econômica do Estado que, além de excelentes condições naturais, dispõe uma população jovem e empreendedora, bem distribuída no campo e nas cidades. 6 - Os Principais Segmentos 6.1 - Indústria Madeireira A) Atual Estágio A indústria madeireira em Rondônia, devido ao seu caráter pioneiro, típico das novas áreas de ocupação e de colonização, assumiu - além do papel econômico local e regional que exerceu e ainda exerce - um papel histórico, uma vez que contribuiu, ao lado das atividades extrativas minerais e agropecuárias, para a formação e o desenvolvimento de muitos municípios. Entretanto, as pressões internacionais sobre a ocupação da Amazônia e os modelos adotados para a exploração dos recursos naturais, além das alterações ocorridas na legislação ambiental brasileira, foram fatores que, combinados a outros, exerceram influências marcadamente restritivas à manutenção das atividades madeireiras na região. O segmento vem perdendo o seu nível de importância em relação à economia do Estado, principalmente se considerada a posição por ele alcançado até 1989. Os dados obtidos nos trabalhos de pesquisa do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO sinaliza para uma queda vertiginosa de alguns segmentos do setor madeireiro nos últimos dez anos, tendo se acentuado no último lustro, conforme demonstrativos mais a frente. Todavia essa atividade ainda é muito significativa para a economia do Estado, por ser grande empregadora de mão-de-obra e importante geradora de renda e tributos. Em decorrência das dificuldades vivenciadas, o setor foi induzido a buscar outras alternativas de exploração das madeiras denominadas "brancas", abundantes em todo o Estado, principalmente na produção de laminados e compensados. Isto se constituiu, por outra parte, em importante evolução para o setor pela verticalização e diversificação da produção, pela introdução de novas tecnologias, possibilitando, inclusive, a instalação de algumas grandes empresas que, individualmente, empregam até 500 operários. Em 1989 Rondônia contava com 2.293 indústrias em funcionamento. Deste total, 1.182 (51,5%) eram da atividade madeireira, incluídas as indústrias moveleiras. Em 1994, em Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 levantamento realizado pela FIERO, o segmento madeireiro detinha um total de 1.171 industrias, também incluídas as movelarias, o que representou uma redução de -0,94%, sendo que a participação da atividade representava 34,53% do total de estabelecimentos industriais. Quando comparado ao resultado de 1997, nota-se que houve um crescimento da atividade madeireira, incluindo-se a industria moveleira, da ordem de 4,44%. Esta elevação deve-se essencialmente pelo crescimento quantitativo do segmento moveleiro. Constata-se que houve uma diminuição acentuada no número de indústrias da atividade de desdobramento de madeira, que contava com a participação de 66,07% sobre o total do segmento madeireiro e reduziu sua participação em 1997 para 14,72%. Composição do Segmento Madeireiro - Principais Atividades - 1989 a 1997 Ramo de Quantidade Participação % no Atividade segmen. 1989 1994 1997 1989 1994 1997 Desdobramento de Madeira 781 535 180 66,07 45,69 14,72 Fabricação de estruturas de madeira e artigos 264 135 298 22,33 11,53 24,36 de carpintaria Chapas e placas de madeiras aglomeradas ou 07 34 34 0,59 2,90 2,78 compensadas. Artigos diversos de madeira 35 233 173 2,96 19,90 14,15 Fabricação de móveis de diversos tipos 95 234 538 8,05 19,98 43,99 TOTAIS 1.182 1.171 1.223 100 100 100 Fontes: Cadastro Industrial de Rondônia - FIERO 1989 e 94 Cadastro Industrial de Rondônia 97 - FIERO/SEBRAE/RO O quadro seguinte apresenta a distribuição das indústria do segmento madeireiro nos principais municípios: Distribuição de Indústrias de Produtos Madeireiros - Principais Municípios Município Ind. Mad. N.º de Ind. Part. % S/ Part. % do nº s/ Part. % s/ do Mun. Total do Seg. Ind. do Mun. Total Geral Ariquemes 73 375 10,66 19,46 1,95 Ji-Paraná 48 409 7,02 11,74 1,27 Porto Velho 39 783 5,70 0,50 1,03 Rolim de Moura 29 197 4,23 14,73 0,77 Pimenta Bueno 24 161 3,50 14,91 0,63 Cacoal 24 182 3,50 13,18 0,63 Vilhena 23 225 3,36 10,22 0,61 Jaru 20 226 2,92 0,89 0,54 Ouro P. d’ Oeste 15 148 2,18 10,13 0,40 Demais 390 1.048 56,93 3,72 10,38 Municípios TOTAL 685 3.754 100 100 18,21 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO. Observa-se que a maior concentração de indústrias madeireiras está localizada nos municípios de Ariquemes (10,66%), Ji-Paraná (7,02%), Porto Velho (5,70%). Conclui-se também que, pela pequena concentração nos principais municípios é um dos segmentos que está Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 bem distribuído em todo Estado. As principais matérias-primas do segmento madeireiro são: angelim, caucho, caxeta, cedro, cerejeira, cumaru, envireira, faveira, garapeira, garoba, imbireira, ipê, jatobá, libra, maçanaiga, maracatiara, marinheiro, peroba, pequiá, roxinho, sumaúma, sangui, sucupira, abiu, mogno, freijó, tamarindo e tauari. Analisando-se o nível de participação das atividades que compõem o segmento, constatase que a atividade de desdobramento de madeira sofreu uma redução significativa, caindo sua participação de 45,69% em 1994, para 14,72% em 1997. Mas ao analisar o segmento madeireiro, no período 1989-1997, conforme quadro abaixo, verifica-se uma tendência crescente para a sua verticalização. Enquanto a atividade de desdobramento diminuiu em 601 indústrias, com uma redução de 76,95%, as atividades de produção, como as de fabricação de estruturas de madeira e artigos de carpintaria, artigos diversos da madeira, chapas e placas, aglomerados e móveis em geral, cresceram 12,87%, 385,71%, 394,28%, e 466,31% , respectivamente. Atividades do Segmento Madeireiro - Comparativo 1989/1997 Atividades Nº de Indústrias Variação 1989 1997 Nº de Ind. % Desdobramento de Madeira 781 180 -601 (76,95) Fab. de Est. de Madeira e Art. de Carpintaria 264 298 34 12,87 Chapas e Placas de Mad. Aglomerada e 7 34 27 385,71 Compensada Artigos Diversos de Madeira 35 173 138 394,28 Fabricação de Móveis 95 486 391 411,57 TOTAL 1.182 1.171 -11 (9,30) Fontes: Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia 87 - FIERO Banco de Dados do Cadastro Industrial de Rondônia 97 FIERO/SEBRAE/RO A redução havida nas atividades de desdobramento, e o crescimento das atividades mais verticalizadas, como a de fabricação de estruturas de madeira e artigos de carpintaria e a indústria moveleira, que apresentou um crescimento de quase duas vezes e meia em relação a 1994 e superior a cinco vezes, se comparados a 1989, permite concluir que houve um ganho significativo para a economia do Estado, como conseqüência da agregação de valor à matéria-prima regional. Isto certamente favoreceu o aproveitamento racional dos recursos florestais, e diminuiu ou evitou a evasão de riquezas para outras regiões e até para o exterior. Observa-se, que é expressiva a participação das indústrias que produzem estruturas e artigos diversos de madeira, sendo o principal produto representado pela madeira beneficiada em geral. Vale salientar que é bastante significativo o número de madeireiras que também produzem móveis e outros artefatos. Com uma força de trabalho da ordem de 15.000 empregos diretos, a indústria madeireira apresenta uma média de 17,5 operários por empresa, uma das maiores do setor, se comparada aos demais segmentos, perdendo apenas para a construção civil, com 22,6. No que se refere à participação da atividade informal na indústria madeireira, incluindo a atividade moveleira, constata-se que existem 333 indústrias informais, que representa 31,03% do total de empresas informais e 8,87% do total geral de indústrias do Estado. Quando considerada a participação na geração de emprego, verifica-se que a indústria informal do segmento gera 1.376 empregos, o que representa 39,34% do total de mão-de-obra das empresas informais e 10,07% do total geral do Estado. O quadro abaixo ilustra a presença da economia informal no setor Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Participação da Indústria Informal no Setor Madeireiro Atividade Número de Indústrias Número de Empregos Moveleira 277 1.006 Madeireira 56 307 Total do Setor 333 1.376 Total de Rondônia (informal) 1.073 3.497 Total Geral 3.754 34.709 Participação sobre o total informal 31,03% 39,34% Participação sobre o total geral 8,87% 10,07% Fonte: Cadastro Industrial de Rondônia 97 - FIERO/SEBRAE/RO. O quadro abaixo apresenta os principais produtos do segmento madeireiro, bem como as quantidades produzidas, de conformidade com as informações obtidas na pesquisa. Principais Produtos do Segmento Madeireiro - Período Jul/96 a Jul/97 Produtos Nº de Indústrias Unidade Quantidade Assoalho 191 m² 1.322.612 Lambril 204 m² 1.353.088 Lâminas 51 m² 1.785.126 Tábuas 276 m² 2.197.538 Esquadrias 10 m² 28.328 Madeira serrada em geral 60 m³ 1.032.338 Pranchas 350 m³ 416.388 Caibros 165 m 1.081.795 Cimalha 11 m 103.900 Mata-junta 11 m 427.605 Ripas 10 m 7.970 Vigas 278 m³ 1.728.733 Compensados (chapas) 19 un 2.452.159 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO O meio de transporte utilizado para o escoamento da produção da indústria madeireira na sua quase totalidade é o rodoviário, o que aliás também ocorre com praticamente todos os demais produtos. A utilização da via fluvial, associado à rodoviária, somente é usada quando a produção se destina à exportação, passando pelo porto de Manaus. Segundo dados da pesquisa, mais da metade da produção é destinada ao mercado local, diferentemente do que se observava há alguns anos atrás, quando quase toda a produção madeireira era exportada, principalmente para as regiões Sudeste e Sul do país. Alguns fatores são responsáveis diretos por esta mudança, como a concorrência com outros estados produtores mais próximos dos grandes centros consumidores e a dificuldade de obtenção de madeiras nobres, inviabilizaram a comercialização de madeiras de menor valor, visto que o custo do frete, muitas vezes, é igual ou superior ao da madeira transportada. A pesquisa levantou as principais dificuldades que ocorrem no segmento madeireiro. O resultado está apresentado no quadro abaixo: Entraves Principais Entraves na Indústria Madeireira Nº de Part. % s/ Total Part. % S/ Total do Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 1 - Dificuldade de transporte 2 - Ação do IBAMA 3 - Capital de giro 4 - Escassez de matéria-prima 5 - Qualidade de matéria-prima TOTAL Ocorrências 244 223 203 182 50 902 de Entraves 27,05 24,73 22,50 20,17 5,54 100% Segmento 35,62 32,55 29,64 26,56 7,30 131,67% Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO OBS.: A participação dos entraves em relação ao total do segmento foi superior a 100% por que algumas empresas indicaram mais de uma dificuldade. As dificuldades atribuídas à ação do IBAMA estão relacionadas com fiscalização e excesso de burocracia. Além destes, a indústria madeireira ainda não atingiu um patamar mais elevado de desenvolvimento, em função de outros fatores restritivos como: ♦ A política fundiária em Rondônia é deficiente e conflitante com o Zoneamento, dificultando a aprovação de projetos de manejo e exploração florestal. ♦ A falta de incentivos fiscais tem desestimulado novos investimentos e, inclusive, forçado a transferência de indústrias para o Estado do Mato Grosso. ♦ A falta de assistência técnica para introdução de novas tecnologias, com vistas ao aproveitamento mais racional e rentável da madeira. ♦ As dificuldades para obtenção de linhas de crédito específicas para o setor, especialmente para os projetos de reflorestamento. ♦ As empresas exportadoras têm dificuldades para efetivar o embarque em Porto Velho, pela inexistência de carteira de câmbio e pela irregularidade na freqüência de navios no porto de Manaus. ♦ O excesso de burocracia e rigor da fiscalização, sobretudo no transporte de toras, contribui para redução das atividades. ♦ A falta de pesquisa para o uso industrial de espécies florestais, que normalmente são queimadas. ♦ A falta de pesquisas, apoio técnico e financeiro para implantação de projetos de reflorestamento. ♦ A falta de estímulo à indústria complementar (moveleira) para maior utilização da produção madeireira (compensados). B) - Conclusões Apesar da redução do nível de participação da indústria madeireira na economia do Estado, não se pode negar sua importância para o desenvolvimento regional. As pressões ambientais sobre o setor, aliadas a outros fatores, como a dificuldade de obtenção das espécies nobres, questões emergentes de competitividade, têm sido decisivos para a gradual mudança de postura das empresas madeireiras, impondo-se uma nova mentalidade empresarial no sentido de reorientar seus sistemas de produção, tornando-os mais eficientes e mais racionais, sobretudo no que se refere ao melhor aproveitamento das matérias-primas disponíveis. Desta forma, os empresários do setor, principalmente os que produzem lâminas e compensados, vêm investindo em projetos de reflorestamento que, ao mesmo tempo, atendem às exigências requeridas quanto à preservação ambiental, através da exploração auto-sustentável dos recursos florestais, assegurando-lhes também a matéria-prima necessária para a produção futura. “A consciência empresarial para o reflorestamento suplanta a mera mentalidade de preservação ambiental, Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 passando à condição da própria sobrevivência.” Há reclamações do setor quanto à atuação dos organismos oficiais pela falta de informações e de orientação técnica para implantação de projetos de reflorestamento, visto que não existe nenhum modelo testado para Rondônia. O que existe é fruto de experiência particular de empresários que assumem sozinhos os riscos dos possíveis insucessos. Há também um certo ressentimento pela omissão do IBAMA que arrecadou, por décadas, a Taxa de Reposição Florestal (Fundão) e não houve nenhum retorno às indústrias, na forma de maior disponibilidade de áreas florestais enriquecidas para extração da madeira. Face às dificuldades e à falta de apoio, o empresário busca soluções criativas para fazer o reflorestamento, quer por iniciativa própria ou coletiva, através de cooperativas e associações. As dificuldades e o excesso de burocracia que se estabeleceram nos procedimentos para aprovação dos projetos de manejo e exploração florestal, que remontam a longas datas e prevalecem até o presente, são responsáveis em parte pelos impactos ambientais que ocorreram em grandes áreas do Estado. Isto porque era mais fácil conseguir uma autorização para desmate e posterior queima, do que a liberação para aproveitamento preliminar das madeiras de valor comercial. Nestas circunstâncias, perderam os empresários madeireiros, por não poderem dispor das matérias-primas para a indústria, e o próprio governo, que deixou de arrecadar os impostos, afora a perda do incremento da renda e geração de empregos. Em Rondônia, não há mais espaço para a "garimpagem" da madeira, como ocorreu até a década de 80, tendo em vista o nível de especialização exigida pelo setor e pelo mercado, bem como pelo controle, fiscalização e restrições impostas pelos setores públicos competentes. As indústrias que resistiram, em parte, foram obrigadas a diversificar sua linha de produção e buscar a modernização, ainda que incipiente. No entanto, o setor enfrenta dificuldades várias, como aliás todos os demais, em decorrência de fatores como: restrições ao crédito e financiamentos; das elevadas taxas de juros; a manutenção da banda cambial abaixo da realidade inflacionária, com prejuízos diretos aos exportadores. Resta, portanto, ao setor público competente instituir uma política de apoio à indústria madeireira, pela sua importância atual e futura para o desenvolvimento do Estado, por ser responsável pela geração de mais de 15.000 empregos diretos. Considerando-se que o atual parque industrial opera apenas com cerca de 40% de sua capacidade instalada, há um potencial expressivo de crescimento, sem exigir altos investimentos em imobilizações, caso sejam adotadas medidas concretas de estímulo e incentivo. 6.2 - Indústria Moveleira A) - Situação Atual A atividade industrial moveleira no Estado vem assumindo uma posição de destaque em sua economia, como complementar à industria madeireira e tirando proveito desta, estando em franca expansão. Com a retração do mercado de madeiras serradas, imposta em parte pelos custos de transportes quer para o mercado interno ou para exportação, com o agravante da concorrência com outros estados em melhor situação estratégica, como Pará e Mato Grosso, o próprio industrial madeireiro iniciou um processo de verticalização através do beneficiamento da madeira, em alguns casos agregados à produção de móveis. Em 1989, o número de indústrias de móveis representava 5,7% de todo o setor industrial, em 1994, 7%, sendo que atualmente essa participação chega a 12,94%. Enquanto no período 89/94 houve uma redução no número de madeireiras, o segmento moveleiro cresceu 80% em número de unidades fabris. Quando comparados os período de 1989 a 1997 e 1994 a 1997, verifica-se um extraordinário crescimento da ordem de 411% e 146%, respectivamente. A composição do segmento moveleiro é representada na sua quase totalidade, 97,12%, de Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 fabricação de móveis, conforme quadro seguinte: Segmento/N.º Indústrias Moveleiro TOTAL Composição das Principais Atividades do Segmento Moveleiro Atividade N.º de Participação Industrial Industrias % 472 97,12 12,57 • Fabrica de móveis de madeira 14 2,88 0,37 • Outras 486 100 12,94 Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO do Cadastro Industrial de Rondônia 97 - A distribuição dos estabelecimentos industriais do segmento é a seguinte, entre os principais municípios do Estado: Distribuição de Indústrias de Produtos Moveleiros - Principais Municípios Município Ind. N.º de Ind. do Part. % S/ Part. % do nº Part. % Moveleiras Mun. Total do s/ Ind. do s/ Total Segmento Município Geral Porto Velho 87 783 17,91 11,11 0,18 Ji-Paraná 72 409 14,81 17,60 0,38 Ariquemes 53 375 10,90 14,13 1,66 Vilhena 41 225 8,44 1,82 0,13 Rolim de Moura 40 197 8,23 2,03 0,15 Jaru 34 226 6,99 1,50 0,40 Cacoal 34 182 6,99 1,50 0,51 Ouro Preto d’ Oeste 29 148 5,97 1,95 0,30 Pimenta Bueno 24 161 4,94 1,49 0,21 Demais Municípios 72 1.048 14,82 6,87 0,19 TOTAL 486 3.754 100 100 4,11 Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO do Cadastro Industrial de Rondônia 97 - Conforme se observa a distribuição do segmento moveleiro, pelos principais municípios, concentra-se principalmente na Capital (17,91%), em Ji-Paraná (14,81%) e Ariquemes (10,90%). A maior parte dos móveis produzidos pela indústria moveleira de Rondônia é destinada ao atendimento da demanda interna. As principais matérias-primas do segmento moveleiro são: madeira serrada (cedro, mogno, cerejeira, maracatiara, angelim), compensado, cola, “duratex”, lixas, parafusos, pregos, selador, “tinner” e verniz, napas e assemelhados, tecidos para estofados, ferragens e espumas. Um fator decisivo para o crescimento do segmento é a melhoria do padrão de acabamento que já se obtém em várias indústrias e a conseqüente aceitação dos usuários. Até bem pouco tempo, a grande procura recaía sobre os móveis vindos do Sul. Hoje já é muito freqüente encontrar móveis produzidos na região em vários estabelecimentos comerciais. A introdução de tecnologias de secagem da madeira, novas técnicas de produção e acabamento, e modernos equipamentos, têm possibilitado a algumas empresas locais fornecerem móveis para São Paulo. No entanto, o setor também enfrenta sérias dificuldades para manter e expandir suas atividades. Objetivando identificar as dificuldades do segmento, foram levantadas algumas questões, cujo resultado está apresentado no quadro seguinte: Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Principais Entraves na Indústria Moveleira Nº de Ocorrências Part. % S/ Total de Entraves 1 - Capital de giro 205 46,17 2 - Escassez de matéria-prima 118 26,57 3 - Dificuldade de transporte 69 15,54 4 - Qualidade de matéria-prima 42 9,46 5 - Outros 10 2,26 TOTAL 444 100% Entraves Part. % S/ Total do Segmento 42,18 24,28 14,20 8,64 2,06 91,36% Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO Observa-se que houve 91,36% de incidência de entraves sobre o total de indústrias de móveis. O que vale dizer que na quase totalidade o segmento enfrente sérias dificuldades, com a maior concentração na falta de capital de giro seguido de problemas com matérias-primas, pela qualidade ou escassez. O governo iniciou um movimento de apoio aos moveleiros de Ouro Preto d'Oeste, denominado Polo Moveleiro, porém até o momento não se fez sentir nenhum efeito prático. Para superar as deficiências, os empresários também têm recorrido à criatividade, tanto na adequação de equipamentos, como nos processos produtivos e até mesmo ao associativismo. Um incentivo a mais para a consolidação do setor é o fator multiplicador do valor agregado à madeira quando transformada em móvel. Há indicação de que um metro cúbico de cedro, que custa em torno de R$ 350,00, alcance até R$ 3.000,00, dependendo do tipo de móvel. Portanto, altamente interessante para a indústria e para o governo que tem a arrecadação dos tributos elevada na mesma proporção. Das informações disponíveis no Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 FIERO/SEBRAE/RO, tornou-se possível identificar e quantificar os principais produtos da indústria. O quadro seguinte mostra a produção do segmento moveleiro, nos últimos doze meses. Principais Produtos do Segmento Moveleiro - Produção de Jul/96 a Jul/97 Produto Nº de Indústrias Unidade Quantidade Armário 245 un 19.625 Cadeira 355 un 202.810 Cama 396 un 84.244 Cômodas 175 un 11.803 Guarda-roupa 363 un 32.016 Mesa 371 un 50.597 Poltronas 2 un 680 Roupeiro 20 un 1.780 Móveis em geral 189 un 35.211 TOTAL 438.766 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO OBS.:O total de empresas supera o segmento, tendo em vista que a maioria é responsável por vários produtos. Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Portanto, o segmento produziu nos últimos 12 meses quase meio milhão de unidades de móveis diversos, e é responsável pela geração de cerca de 3.100 empregos diretos, com uma média de ocupação de 6,4 operários por indústria. B) - Conclusões A indústria moveleira no âmbito nacional, atinge, nos grandes centros industrializados, níveis de competitividade extremamente elevados e praticamente imbatíveis por novos centros produtores, dado que vêm detendo o maior conhecimento tecnológico e mercadológico capaz de dar o devido suporte às mesma. É preciso levar em conta alguns fatores bastante significativos que determinam praticamente o rumo, as tendências e mesmo a velocidade de expansão desta atividade, face as constantes evoluções tecnológicas e as restrições do mercado que se lhes apresentam. De outra parte, sendo o Brasil um país de baixo nível de renda, o consumo de móveis é mais elevado em se tratando de “linha econômica”, que representa cerca de 95% do total, produtos que, por sua própria natureza, exigem emprego de alta tecnologia e produção em série. A restrição mercadológica, aliada a cada vez maior complexidade dos processos fabris empregados e à diversidade de materiais, coloca a indústria de móveis numa posição sui-generis dentro do quadro industrial do país, pois mesmo tendo atingido, nos centros produtores mais importantes, altos níveis de sofisticação, é o único segmento industrial que ainda não foi capaz de ganhar um certificado internacional de qualidade ISO 9.000. Estes argumentos são colocados para facilitar o entendimento de parte das dificuldades pelas quais vem passando o setor moveleiro no Estado de Rondônia, onde se debatem em concorrência 486 fabricantes sem tradição, com baixa tecnologia e pouco conhecimento mercadológico, situados a centenas de quilômetros dos grandes centros consumidores, enquanto que a casta deste tipo de indústria se concentra em uma escassa centena de fabricantes radicados nos estados do Sul do país, próximos dos grandes centros consumidores e dos fabricantes de peças metálicas, elementos decorativos e revestimentos, que facilitam o desenvolvimento conjunto de novos produtos com grande competitividade. Ultimamente o setor moveleiro rondoniense vem buscando evoluir tanto na direção de seus investimentos quanto na absorção dessas tecnologias de produção, sem no entanto atingir patamares compatíveis com o setor em nível nacional, o que restringe sua atuação quase exclusivamente ao mercado local sem entretanto abastecê-lo e, eventualmente, a algumas parcerias com indústrias do Sul/Sudeste. A questão da qualidade da madeira, especialmente no tocante aos seus tratos e teor de umidade, está longe de ser superada e se restringe a um número pequeno de empresas de médio porte. Ainda assim, mesmo nestes casos, o produto final está longe dos padrões nacionais. É bem verdade que ainda existem alguns nichos de mercado menos exigentes no tocante a qualidade ou preço, ou que ainda valorizam o móvel de madeira maciça de alto preços, o que tem permitido a sobrevivência das indústrias locais. Pesquisas realizadas em Rondônia e Manaus junto aos revendedores de móveis, mostraram a grande presença desse produto fabricado no sul do país e a forte recusa em trabalhar com produtos fabricados na região. As razões apresentadas vão da falta de “design” atualizado, à não fabricação em série por se tratar de móveis maciços com custos comparativos mais elevados, até a qualidade inferior no acabamento e a não capacidade de fornecimento regular. Isto leva a concluir que não existe, em Rondônia como em Manaus, oferta de móveis produzidos localmente que atenda às necessidades desses mercados. Lembrando que em muito maior consumo o mercado nacional de móveis está voltado para a linha popular, verifica-se que a indústria moveleira de Rondônia incide em dois erros: por um lado, está voltada para o atendimento apenas da fatia minoritária do mercado que requer móveis de madeira maciça (5%), faltando-lhe contudo qualidade de acabamento; e por outro, Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 atende mal o grande mercado de móveis populares. Ainda assim, mesmo neste mercado bem mais reduzido, o do Estado de Rondônia, a participação do móvel de fabricação local não chega a 30%. Apesar de todos os fatores intervenientes que impedem um melhor desempenho da indústria moveleira, pelo que se pode observar através do diagnóstico, onde aparece com crescimento expressivo nos últimos anos, o segmento apresenta tendências positivas para ampliar sua participação na economia regional, com potencialidade de expandir cada vez mais sua participação no mercado. 6.3 - Indústria de Produtos Alimentícios A) - Situação Atual Ocupando uma relevante posição no contexto econômico de Rondônia, a indústria de produtos alimentícios ocupa hoje o primeiro lugar no "ranking" do setor industrial, com 937 indústrias. Tal importância se deve à estratégica função de suprimento e abastecimento internos e pela crescente participação na substituição das importações de produtos similares, tradicionalmente processados em outros Estados, principalmente do Sudeste do país. Para se ter uma idéia do nível de desenvolvimento da indústria alimentícia, basta verificar que, segundo levantamento efetuado pela FIERO em 1989 existiam 455 empresas desse segmento, em 1994 este número chegou a 792, e em 1997, a 937 indústrias. Conclui-se que, em apenas oito anos, a indústria alimentícia local teve um incremento de 105,93%. Das atividades que compõe o segmento, predominam as apresentadas no quadro seguinte: Composição das Principais Atividades Industriais do Setor Alimentício Segmento/ Atividade N.º De Participação N.º Industrial Indústri % Indústrias as No Segmento no Setor Alimentício • Beneficiamento de Cereais 452 48,24 12,04 283 30,20 7,53 • Fabricação de Prod. de Panificação 47 5,02 1,25 • Fabricação de Prod. de Laticínios 155 16,54 4,12 • Outras TOTAL 937 100% 24,94% Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO do Cadastro Industrial de Rondônia 97 - Verifica-se que as atividades de beneficiamento de cereais e fabricação de produtos de panificação correspondem a quase 80% das indústrias do segmento e se concentram em maior número nos municípios de Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes, Rolim de Moura, Jaru e Cacoal, conforme demonstra o quadro seguinte. Distribuição das Indústrias de Produtos Alimentícios - Principais Municípios Municípios Ind. Prod. N.º de Ind. Part. % s/ Part. % s/ nº de Part. % Alimentício do Total do Ind. do S/ Total s Município Segmento. Município. Geral Porto Velho 131 783 13,99 16,74 3,49 Ji-Paraná 104 409 11,10 25,42 2,78 Ariquemes 63 375 6,72 1,68 1,07 Vilhena 29 225 3,10 1,3 0,78 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Jaru Cacoal Rolim de Moura Pimenta Bueno Ouro Preto d’ Oeste Demais Municípios TOTAL 54 45 57 32 31 391 937 Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO 226 182 197 161 148 1.048 3.754 do Cadastro 5,76 4,80 6,08 3,41 3,31 41,73 100 Industrial 2,39 2,47 2,90 1,99 2,10 37,31 100 de Rondônia 1,44 1,19 1,52 0,08 0,82 10,41 23,58 97 - As principais matérias-primas do segmento de alimentos são: arroz em casca, açúcar, café, feijão, milho, sal, trigo, óleo vegetal, leite natural, ovos, fermento, carne bovina, carne suína, frutas cítricas e palmito, manteiga, embalagens e sacarias. O quadro abaixo apresenta os principais produtos do indústria alimentícia, bem como as quantidades produzidas. Principais Produtos do Segmento de Alimentos - Produção de Jul/97 a Jul/98 Produto Nº de Indústrias Unidade Quantidade Arroz 343 kg 60.257.515 Bolos e doces 207 kg 3.079.792 Cacau beneficiado 14 kg 773.715 Carne bovina 12 t 87.750 Carne suína 5 kg 68.660 Café 265 kg 78.776.495 Feijão 161 kg 27.843.908 Milho 116 kg 12.400.189 Fubá de milho 4 kg 265.440 Pão de queijo 14 kg 162.020 Polpa de fruta 19 kg 1.481.040 Queijo 36 kg 6.545.300 Salgados 85 kg 1.108.684 Pães 265 un 72.199.346 Palmito em conserva 9 It 285.900 Rações p/animais 6 sc 283.260 Leite pasteurizado 13 I 1.842.350 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO OBS.: O total de empresas é superior ao do segmento, pois a maioria é responsável por vários produtos. O segmento é responsável pela geração de 6.272 empregos diretos e detém uma taxa de ocupação por indústria de 6,7 operários. No concernente à classificação pelo porte, as indústrias do segmento mantêm o mesmo comportamento dos demais, tendo sua maior concentração de micro-indústrias na ordem de 86%. Buscou-se levantar informações sobre as dificuldades da atividade industrial. O quadro abaixo evidencia a situação do segmento alimentício: Entraves Entraves na Indústria de Produtos Alimentícios Nº de Part. % s/ nº de Part. % s/ Total de Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 1 - Dificuldade de transporte 2 - Capital de giro 3 - Escassez de matéria-prima 4 - Qualidade de matéria-prima 5 - Outros TOTAL Ocorrências 176 156 78 47 36 493 Ocorrências 35,70 31,64 15,82 9,53 7,31 100% Ind. do Segm. 18,78 16,65 8,32 5,02 3,85 52,62% Fonte: Banco de dados do Cadastro Industrial de Rondônia 97 FIERO/SEBRAE/RO OBS.: Em outras dificuldades, destacam-se o elevado custo de matéria-prima e sazonalidade.. Do total de 937 indústrias do segmento alimentício, 52,62% indicou algum nível de dificuldade, tendo maior importância a dificuldade de transporte, seguido da falta de capital de giro, com 35,70% e 31,64% das reclamações, respectivamente. a) Beneficiamento de Cereais e Grãos A aptidão essencialmente agrícola, característica do Estado, justifica a participação de um maior número de indústrias na área de beneficiamento de cereais. Em 1994, o segmento contava com 451 indústrias, correspondendo a 57% do total de empresas do setor de alimentação. Em 1997, a atividade de beneficiamento aparece com 452 empresas, equivalente a 48,24% do total. Mesmo assim, a atividade ainda deixa a desejar ao atendimento da demanda de consumo, especialmente no que se refere à qualidade. Considere-se que, mesmo sendo Rondônia responsável por 40% da produção regional de arroz, o mesmo produto, classificado de 1ª e consumido no Estado, é na sua quase totalidade, proveniente de outros Estados. Este é, portanto, um segmento que carece de modernização nas suas plantas fabris, hoje constituídas de máquinas obsoletas, que não respondem às exigências de qualidade e produtividade. A produção de cacau e café, mesmo ocorrendo em considerável volume, nas últimas safras, não tem despertado maior interesse do empresariado na aplicação de novos investimentos para sua industrialização, talvez pela própria conjuntura de preços de mercado nacional e internacional. Outros grãos, como o milho e o feijão, não sofrem basicamente nenhum processo de industrialização no Estado exceção do milho, com pequena incidência, na fabricação de fubá e querera. b) Indústria de Laticínios A produção de laticínios tem se constituído como uma atividade em franco crescimento, impulsionada pela rápida expansão da pecuária em todo o Estado, embora haja a predominância do rebanho de corte, que hoje conta com um rebanho de 4,4 milhões de cabeças, estima-se que a produção de leite esteja atingindo, atualmente, um volume da ordem de 235.097.982 litros/ano, de acordo com dados fornecidos pela EMATER/RO. Constata-se que boa parte desta produção ainda é consumida “in natura”, mesmo com a existência de laticínios em quase todo o Estado. As informações obtidas na pesquisa de 97, indicam que deste total, nos últimos 12 meses, foram industrializados 64.022.700 litros, menos de 30% do total, na produção de queijo, manteiga e leite pasteurizado. A pesquisa constatou a existência de 48 laticínios, dos quais 36 possuem registro do Serviço de Inspeção Federal - SIF, enquanto que os outros 12 encontram-se em fase de regularização. c) Indústria de Panificação Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A indústria de panificação e seus correlatos, por se tratar de produtos de consumo massificado, está presente em todos os municípios e, numericamente, ocupa posição de destaque no ramo de alimentação. No entanto, na sua grande maioria é composta por micro empresas, utilizando-se de equipamentos simplificados e, em muitos casos, em instalações inadequadas considerando-se as condições sanitárias mínimas exigidas pelas instituições de saúde pública. Em 1994, segundo os levantamentos do Perfil Industrial da FIERO, existiam 161 estabelecimentos industriais de panificação, o que representava uma participação de 20% do total de indústrias do ramo alimentício. Em 1997, verificou-se a existência de 283 indústrias, equivalente a 30,20% do segmento. d) Frigoríficos e Matadouros O abate de animais ocorre em matadouros e frigoríficos de propriedade dos municípios e da iniciativa privada, totalizando 18 indústrias. A produção oriunda de abatedouros municipais se destina ao abastecimento local. No entanto, os estabelecimentos particulares destinam a maior parte de seus produtos para mercados de outros estados. Deste total, somente quatro dispõem de SIF e mais nove solicitaram reserva de SIF à DFARA. Dos abatedouros particulares, três possuem capacidade de abate de 1.000 bois/dia, operando, no entanto, com apenas 50% de sua capacidade instalada e trabalhando em média cinco dias por semana. Dentro do próprio segmento se verifica a existência de atividades diversificadas através do aproveitamento de resíduos (sebo, ossos, vísceras, sangue), especialmente na fabricação de sabão, farinha de osso e carne, e também da carne, em subprodutos como mortadela, salames, etc. A pesquisa constatou ainda a existência de três frigoríficos com capacidade de abate de 1.000 bois/dia, em fase de construção em Ji-Paraná, Rolim de Moura e Vilhena. B) - Conclusões O segmento de produtos alimentícios, em que pese suas funções especiais de abastecimento dos diversos mercados e, considerando sua característica diferenciada pela estreita relação que mantém com os fornecedores primários, bem como sua decisiva influência na oferta de alimentos, ainda não foi alvo de maior atenção governamental. Apoiada nas atividades agrícolas, em franco processo de crescimento, a agro-indústria desponta ao lado da indústria da madeira, como a principal atividade secundária de Rondônia. Entretanto, por ser um setor potencialmente diversificado em termos de atividades, produtos e subprodutos, sua atual estrutura ainda é insuficiente para processar toda produção primária do Estado, além de ter necessidade urgente de ampliar os níveis de beneficiamento de suas matériasprimas. Tal, por exemplo, é o caso da utilização dos frutos regionais, como cupuaçu, açaí, acerola e maracujá, que têm sido apenas explorados em forma de polpa. De outro lado, nesse estágio de industrialização, além de não trazer maiores ganhos à economia, exige condições de congelamento que em muitos casos torna-se inviável. Desta forma, faz-se necessário desenvolver um processo de industrialização dos produtos derivados da polpa, não só para o mercado estadual, que sem dúvida é o principal consumidor, como também para atender a outros Estados. O beneficiamento da polpa de frutas regionais tem sua importância pelos seguintes fatores: ♦ agregar valor à matéria-prima regional; ♦ estimular os produtores rurais ao aumento do cultivo, uma vez que haverá mercado permanente para sua safra; ♦ permitir que a população possa consumir estes produtos durante todo o ano a preços acessíveis, e não apenas na safra; ♦ estimular o surgimento de novas agro-indústrias e de mais áreas plantadas, num Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 crescimento verdadeiramente integrado, inclusive com as empresas fornecendo mudas e sementes adequadas aos produtores rurais, podendo assim adquirir posteriormente um insumo seguro e de qualidade. Esta prática já acontece em alguns municípios do Estado, mas ainda de maneira incipiente. A atividade de industrialização do palmito, com destaque para o oriundo da pupunha, possui excelentes perspectivas de mercado, sobretudo o externo, requer também alguns cuidados, mesmo considerando a simplicidade do processo de produção. No Estado existem nove indústrias que beneficiam o palmito, mas encontram dificuldades para alcançar o mercado externo, ainda que a qualidade de seus produtos seja reconhecida. Para tanto, a união de produtores de matéria-prima e de industriais é imprescindível, não só para alcançar maiores quantidades que viabilizem a comercialização com o exterior, bem como atingir um padrão de qualidade exigido por aqueles mercados. Nesse sentido, a consolidação de uma política agrícola eficaz torna-se decisiva para o futuro do setor. Por outro lado, a obtenção de ganhos em termos de qualidade e de competitividade dos produtos locais, torna-se meta primordial a ser perseguida pelos empresários. De qualquer maneira, não se pode esperar uma maior produção e modernização do segmento, sem que haja uma política de desenvolvimento estadual que contemple incentivos fiscais e financeiros, através de linhas de crédito para o setor. 6.4 - Indústria de Confecções A) Situação Atual Até recentemente Rondônia importava de outros estados brasileiros quase todos os produtos industrializados para consumo interno, incluídos produtos alimentícios, calçados, confecções, e muitos outros produtos das mais variadas aplicações, além, naturalmente, dos eletro-eletrônicos. A fabricação de confecções no Estado começou a dar seu primeiro sinal de vitalidade a partir do final dos anos 80. Em 1989, conforme dados do Cadastro Industrial da FIERO, já contava com 29 indústrias. O segmento apresentou um excelente desempenho nos anos seguintes, tendo alcançado em 1994, em levantamento constante do banco de dados do Cadastro Industrial - FIERO, o total de 141 empresas, correspondendo um incremento de 386,21%, em relação a 1989. Considerando os resultados obtidos em 1997, onde o segmento aparece com 216 indústrias, evidencia-se mais uma vez a tendência de crescimento. Se comparados os resultados de 1989 e 1997 - um período de oito anos - constata-se que houve um crescimento de 645%. A distribuição espacial das indústrias de confecções por município está apresentada conforme quadro seguinte: Distribuição das Indústrias de Confecção por Principais Municípios Município Ind. de Total de Ind. Part. % s/ nº Part. % S/ Part. % s/ Confec. no Mun. de Ind. do Seg. Ind. do Mun. total geral Ariquemes 47 375 21,76 12,53 1,26 Porto Velho 42 783 19,44 5,36 1,13 Jaru 40 226 18,52 21,98 1,07 Ji-Paraná 17 409 7,87 4,16 0,46 Pimenta Bueno 12 161 5,55 7,46 0,33 Vilhena 11 225 5,10 4,89 0,30 Cacoal 10 182 4,63 5,49 0,27 Ouro Preto d’Oeste 9 148 4,17 6,08 0,25 Rolim de Moura 3 197 1,39 1,52 0,01 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Demais Municípios TOTAL 25 216 Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO 1.048 3.754 do Cadastro 11,57 2,39 59,33 100 Industrial de Rondônia 0.67 5,75 97 - Observa-se que apesar do nível de crescimento alcançado nos últimos anos, a participação da indústria de confecções no total geral do Estado ainda é muito pequena, da ordem de 5,75%. Quando considerada a participação do segmento no total de indústria do município, verifica-se que sua maior representatividade ocorre nos municípios de Ariquemes (21,76%), Porto Velho (19,44%) e Ji-Paraná (7,57%). As principais matérias-primas utilizadas são originadas de outros estados, porém, em sua maioria, adquiridas diretamente através do mercado atacadista e distribuidor local. As compras diretamente da fábrica se limitam a um pequeno número de indústrias de maior porte. Dentre as matérias-primas destacam-se: tecidos, aviamentos, elástico, etiquetas, linha e renda, malha de algodão, cotton e aviamentos diversos. Quando analisado o segmento conforme a classificação pelo porte das empresas, constatase que 89% é constituído de micro e 11% de pequeno e médio portes. A produção do segmento, na sua quase totalidade, se destina ao mercado do próprio Estado, com pequena parcela colocada nos mercados de Manaus e Acre. A despeito de se apresentar como um setor em franco crescimento, o ramo de confecções também enfrenta sérias dificuldades impostas pela própria situação da economia nacional, além dos problemas regionais, como alternativas de mercado, competitividade com outros estados, e a falta de recursos para investimento nos negócios. Conforme pesquisa direta realizada, o quadro a seguir mostra quais as principais dificuldades enfrentadas pelo segmento: Entraves na Indústria de Confecões Dificuldades N.º de Participação % Ocorrênc. s/total de ocorrên. Falta de capital de giro 48 29,63 Dificuldade de transporte 34 20,98 Escassez de matéria-prima 30 18,52 Qualidade da matéria-prima 29 17,90 Outras 21 12,96 Total 162 100,00% Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO do Cadastro Industrial Participação % s/ n.º Ind. do Seg. 22,22 15,74 13,88 13,42 9,72 74,98% de Rondônia 97 - Observa-se que 74,98% do total de indústrias de confecções indicam enfrentar alguma dificuldade. A dificuldade de obtenção de crédito para capital de giro, que aparece com 29,63% do total da ocorrência, tem sido uma constante em todos os demais segmentos. A pesquisa de campo buscou identificar e quantificar a produção em Rondônia. O quadro a seguir apresenta os principais produtos da indústria de confecções. Principais Produtos do Segmento de Confecções - Produção de Jul/ 96 a Jul/97 Produto N.º de Indústrias Unidade Quantidade Calça 75 un 17.430 Camisetas 111 un 300.066 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Confecções infantis Jalecos Macacões Roupas de banho Roupas femininas Roupas masculinas Uniforme escolar Uniforme profissional TOTAL 10 8 2 19 85 72 8 10 - un un un un un un un un un 105.340 8.510 398 31.738 148.751 285.991 64.290 57.070 1.019.584 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO OBS.:O total de indústrias é superior a 216, tendo em vista que a maior parte é responsável por mais de um produto. A indústria de confecção é responsável pela geração de 791 empregos diretos e tem uma taxa de ocupação da ordem de 3,66 operários por empresa, uma das mais baixas de todos os segmentos, tendo produzido mais de um milhão de peças nos últimos 12 meses. B) - Conclusões Pelo que se observou no diagnóstico do segmento, sobretudo a partir da análise da evolução na última década, pode-se concluir que a indústria de confecções desponta como importante alternativa de investimentos. A demanda por produtos é considerável, tendo em vista a localização estratégica de Rondônia em relação aos estados do Acre, Amazonas e ainda a proximidade com Bolívia e Peru, ensejando oportunidade de exportação do excedente da produção. Contudo o segmento enfrenta algumas dificuldades que precisam ser equacionadas, como linhas de crédito, melhoria da qualidade e mão-de-obra especializada. Há uma boa fatia de mercado nas áreas de uniformes escolares e profissionais, além de confecções de roupas em geral. 6.5 - Indústrias de Minerais Não Metálicos A) Situação Atual Compõem este segmento as indústrias ligadas às atividades de fabricação de telhas, tijolos, artefatos de cimento, britamento e aparelhagem de pedras, e produtos diversos. A pesquisa de campo detectou a existência de 177 empresas deste segmento e sua distribuição pelos municípios do Estado ocorre conforme demonstrado no quadro abaixo. Distribuição das Indústrias de Produtos não Metálicos - Principais Municípios Município Ind. Prod. N.º de Ind. Part. % s/ Part. % s/nº de Part. % S/ ñ Met. do Mun. total do Seg. Ind. do Mun. Total Geral Porto Velho 62 783 35,03 7,92 1,66 Ji-Paraná 19 409 10,73 4,65 0,51 Ariquemes 15 375 8,48 4,00 0,40 Vilhena 14 225 7,91 6,23 0,38 Jaru 11 226 6,22 4,87 0,29 Cacoal 8 182 4,52 4,40 0,21 Rolim de Moura 7 197 3,95 3,56 0,19 Pimenta Bueno 6 161 3,39 3,73 0,15 Ouro Preto d’ Oeste 5 148 2,83 3,38 0,13 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Demais Municípios TOTAL 30 177 Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO 1.048 3.754 do Cadastro 16,94 100 Industrial 2,86 45,60 de 0,79 4,71 Rondônia 97 - Observa-se que a maior concentração de indústrias do segmento ocorre nos municípios de Porto Velho(35,03%), Ji-Paraná(10,73%) e Ariquemes(8,48%). As principais matérias-primas do segmento de minerais não metálicos são: argamassa, areia, barro, brita, cimento, fibra de vidro, granito, pedras decorativas, pó de mármore, mármore, vidro, resina de poliester e gesso. A pesquisa constatou o início de implantação de uma grande indústria de beneficiamento de granito no município de Ji-Paraná. Com base nas informações colhidas diretamente junto às empresas do segmento, foi possível identificar e quantificar os principais produtos, conforme detalhado no quadro seguinte. Principais Produtos do Segmento Minerais não Metálicos - Produção de Jul/96 a Jul/97 Produto N.º de Indústrias Unidade Quantidade Artigos de cimento 6 un 62.136 Caixas d’água 26 un 8.927 Caixas p/ ar condicionado 19 un 7.468 Manilhas 33 un 53.460 Tubos de concreto 15 un 517.625 Lajes pré-moldadas 16 m² 161.185 Pias em Granito 3 m² 1.340 Pias em Mármore 11 m² 8.456 Telhas 11 mil. 793.050 Tijolos 62 mil. 6.831.028 Postes de concreto 16 m 18.886 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO As dificuldades apontadas pelo segmento estão apresentadas no quadro abaixo; Principais Entraves da Indústria de Minerais não Metálicos Entraves Nº de Part. % s/ nº de Part. % s/ total de Ocorrência Ocorrências Ind. do Seg. 1 - Capital de giro 28 35,44 15,82 2 - Dificuldade de transporte 18 22,78 10,17 3 - Escassez de matéria-prima 12 15,20 6,78 4 - Qualidade de matéria-prima 6 7,60 3,39 5 - Outros 15 18,90 8,47 TOTAL 79 100% 44,63 Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO do Cadastro Industrial de Rondônia 97 - Portanto, do total de 177 indústrias do segmento, 44,63% reclamam de algum tipo de dificuldade, tendo a maior concentração na falta de capital de giro (35,44%), seguido do problema de transportes (22,44%). B) - Conclusões Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Conforme os dados levantados, percebe-se que o segmento das indústrias de produtos não metálicos também tem apresentado um significativo crescimento na última década, apesar da crise econômica que reduziu os investimentos em obras de construção civil, um dos grandes consumidores de produtos do segmento. Tem assumido importante participação na geração de emprego e renda, proporcionalmente ao número de empresas. Desponta também com potencialidades para expandir o mercado, para atender aos estados do Acre e Amazonas e até aos países vizinhos, principalmente com produtos da indústria cerâmica. Neste particular, faz-se necessário investir em qualidade e diversificação de produtos, como pisos e revestimentos. 6.6 - Indústrias de Produtos Metálicos A) Situação Atual A indústria de produtos metálicos teve um grande impulso na época de grande atividade do garimpo de ouro do rio Madeira, nos anos 80, tendo em vista a fabricação de balsas e outros equipamentos. No entanto, com a drástica redução da garimpagem de ouro, muitas indústrias encerraram suas atividades. As principais atividades que compõe o segmento são: serralharia, fabricação de estruturas metálicas, artefatos de ferro e aço e estamparia, com um total de 428 indústrias, conforme detalhamento a seguir: Composição das Principais Atividades dos Produtos Metálicos Segmento/N.º Atividade N.º de Participação Indústria Industrial Industrias No Segmento no Setor 210 49,07 5,59 Produtos Metálicos • Serralharia 218 59,93 5,81 • Outras TOTAL 428 100% 11,40% Fonte: Banco de Dados FIERO/SEBRAE/RO do Cadastro Industrial de Rondônia 97 - O quadro a seguir apresenta a distribuição das indústrias do segmento nos principais municípios e sua participação no contexto local e estadual. Distribuição das Indústrias de Produtos Metálicos - Principais Municípios Nº de Ind. de Nº de Ind. Part. % Part. % do Município Produtos no s/total Seg. s/ nº de Metálicos Município do Seg. Ind. do Mun. Porto Velho 152 783 35,52 19,42 Ariquemes 44 375 10,28 11,74 Ji-Paraná 43 409 10,00 10,52 Vilhena 36 225 8,41 16,00 Ouro Preto d’ Oeste 22 148 5,14 14,86 Rolim de Moura 19 197 4,44 9,65 Jaru 17 226 4,00 7,53 Cacoal 17 182 4,00 9,34 Pimenta Bueno 15 161 3,50 9,32 Demais Municípios 63 1.048 14,71 6,01 TOTAL 428 3.754 100 - Part. s/ o Total 4,05 1,18 1,15 1,00 0,59 0,51 0,46 0,46 0,40 1,68 11,40 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO Conclui-se que as indústrias de produtos metálicos representam 11,40% do total de empresas industriais do Estado. Observa-se que a maior representatividade, tanto em relação ao total do segmento quanto ao total de indústrias, ocorre nos municípios de Porto Velho, Ariquemes, Ji-Paraná e Vilhena. O segmento é responsável pela geração de 1.744 empregos diretos e mantém uma taxa de ocupação de mão-de-obra de quatro operários por indústria, portanto uma das mais baixas já verificadas. Quanto ao porte, as empresas do segmento estão assim distribuídas: 93% micro, 5% pequeno e 2% de médio porte. Quando indagadas sobre as principais dificuldades do segmento, a situação se apresenta conforme o quadro seguinte: Entraves na Indústria de Produtos Metálicos Dificuldades Nº de Part. % s/ total Part. % s/ total Ocorrências de Ocorrências do Segmento Capital de giro 63 35,39 14,72 Elevado custo de matéria-prima 42 23,60 10,05 Dificuldade de transporte 35 19,66 8,17 Qualidade de matéria-prima 14 7,86 3,27 Outras 24 13,49 5,61 TOTAL 178 100% 41,82 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO Portanto, cerca de 42% das indústrias do segmento apontam que enfrentam algum tipo de dificuldade, tendo a falta de capital de giro a maior concentração, com 35,3% das ocorrências, seguida de matéria-prima, onde foi questionado o problema da dificuldade de obtenção e do monopólio no fornecimento. As principais matérias-primas dos produtos metálicos são: aço, barra de ferro, cantoneira de ferro, chapa de aço inox, chapa de alumínio, chapa de ferro, cobre, disco de corte, disco de lixadeira, eletrodos, ferro tubular, lixas, massa plástica, metal trefilado, metalon, solda de oxigênio, solda elétrica, “tinner”, tubo de alumínio, tubo de ferro, tubo galvanizado, zarcão e estanho. O quadro seguinte, evidencia os principais produtos da indústria de produtos metálicos, bem como as quantidades produzidas. Principais Produtos do Segmento de Produtos Metálicos - Produção de Jul/96 a Jul/97 Produtos N.º de Indústrias Unidade Quantidades Estruturas de forro em ferro 2 m² 524 Estruturas metálica 22 m² 95.387 Grades 140 m² 29.333 Janelas 197 m² 50.384 Portas 182 m² 48.510 Portões 111 m² 38.203 Tanques em ferro 23 m² 10.782 Telas em ferro 2 m² 620 Artefatos de ferro e aço 16 un 26.746 Cadeiras tubulares 11 un 5.314 Churrasqueiras 4 un 588 Estantes tubulares 7 un 1.200 Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Letreiros luminosos Lixeiras Móveis tubulares Torres Toldos Batentes em ferro 22 23 17 4 9 8 un un un m m m 4.640 2.344 2.588 5.444 4.990 42.488 Fonte: Banco de Dados do Cadastro Industrial 97 - FIERO/SEBRAE/RO OBS.: O número de indústrias supera o total do segmento visto que uma mesma empresa é responsável por vários produtos. No tocante ao estanho, em particular, extraído da cassiterita, minério que existe em grande quantidade no Estado, este assume relativa importância no segmento. Rondônia que já foi o maior produtor de cassiterita do país, ocupa atualmente o 2º lugar com produção de 13.620t em 1996. Foram desativadas três usinas de processamento de estanho, duas em Porto Velho e uma em Candeias do Jamari. Atualmente existe apenas uma siderúrgica que produz estanho, a firma: Estanho Rondônia S/A - ERSA, sediada em Ariquemes, que processa 5.160 t/ano de cassiterita para obter 3.000 t/ano de estanho. Verifica-se que o rendimento, ou índice de aproveitamento, é de 0,58%. Esta empresa consome 9.000 MWH/ano de energia elétrica e destina 70% de sua produção para o Estado do Rio de Janeiro e 30% para São Paulo. Tem plenas condições de duplicar sua produção, contudo reclama da falta de incentivos, sobretudo no que se refere à energia elétrica que representa um elevado custo no processo produtivo. Enquanto o custo de energia para indústria em outros Estados é de R$ 35,71 por MWH, em Rondônia custa R$ 80,81, portanto 126,29% a mais, inviabilizando qualquer investimento na atividade de processamento do estanho. O quadro seguinte apresenta a produção de cassiterita e estanho a partir de 1995. PRODUTO Cassiterita Estanho Produção de Cassiterita e Estanho em Rondônia 1995 1996 12.413t 13.620t 950t 2.600t 1997* 5.603t 1.500t * Produção até o mês de junho de 1997. Fonte: CPRM B) - Conclusões Dos estudos apresentados sobre o segmento de produtos metálicos, observa-se que houve um desaquecimento em função da quase paralisação do garimpo de ouro do rio Madeira, que utilizava balsas e dragas em larga escala, bem como a diminuição da atividade da construção civil, onde o segmento é responsável pela montagem e estruturas metálicas. Contudo, pela sua participação em vários produtos de uso geral, o segmento vem se mantendo com bom desempenho, distribuído em quase todos os municípios, mesmo tendo uma grande concentração de micro-indústrias. Carece igualmente de incentivos, sobretudo para estimular a saída da informalidade de muitas indústrias do ramo. A participação do estanho no segmento poderia ser muito mais representativa caso houvesse uma política de incentivos específica. Apesar da grande produção de cassiterita em Rondônia menos de 30 % é processada no Estado, seguindo a parte restante para ser usinada em outros estados. A principal dificuldade de viabilizar a usinagem em Rondônia é o elevado custo de energia elétrica, superior a 100% do que é cobrado em outros estados, fato que consta de reivindicação ao Governo Estadual para redução de tarifa, em horários que há sobra de energia. Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Sócio-Econômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ***** Parte I - Capítulo 8 - Perfil da Indústria de Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 9 O TURISMO EM RONDÔNIA A indústria do turismo, tida como uma das mais importantes do mundo, gera milhares de empregos e bilhões de dólares por ano. No Brasil, no entanto, este é um dos setores econômicos em que os sucessivos governos sempre depositaram a maior esperança, mas por muitos motivos - inclusive a política econômica inflacionária - não viram as expectativas atendidas na intensidade esperada. Há anos a Empresa Brasileira de Turismo - EMBRATUR vem tentando aumentar o número de turistas que visitam o país, utilizando todo tipo de atrativo. Apesar de todo o esforço e dos recursos despendidos na divulgação de eventos e pontos turísticos brasileiros, ainda existe um déficit e o número de brasileiros que viaja ao exterior é sempre superior à quantidade daqueles estrangeiros que aqui chegam. Para tentar reduzir este impacto na balança comercial, o Governo Federal, no pacote de ajuste econômico, editado em novembro de 97, resolveu aumentar a taxa de embarque para viagens ao exterior, que passou de US$ 19 para US$ 36. A medida atinge, além dos turistas que saem do país, as agências de turismo e de passagens, com o cancelamento de reservas; ficaram excluídos os estrangeiros em visita ao país. O turismo interno é sempre incentivado, mas encontra como entrave, entre outras dificuldades, o preço das tarifas aéreas, além de áreas sem estrutura para receber visitantes, especialmente aqueles roteiros fora do litoral e do eixo sul-sudeste-nordeste. Na Amazônia, as exceções ficam por conta das cidades de Belém (PA) e Manaus (AM), onde os governos federal, estaduais e municipais se uniram e montaram um eficiente esquema de turismo receptivo, contando com apoio da iniciativa privada, desde as agências de locação de veículos, passando pelos hotéis, restaurantes, guias turísticos, empresas de navegação e de outros tours, explorando a natural curiosidade pela Floresta Amazônica e sua bacia hidrográfica. RONDÔNIA A questão da exploração do turismo em Rondônia tem sido um tema muito discutido, mas com poucas iniciativas concretas sendo levadas a cabo. Projetos para reconstrução da histórica Ferrovia Madeira-Mamoré já foram encaminhados a órgãos federais sem sucesso, assim como as tentativas de fixação das ruínas do Real Forte Príncipe da Beira. O Governo do Estado, através da Fundação Cultural e Turística de Rondônia tem realizado levantamentos das potencialidades turísticas dos municípios para a confecção de calendários de eventos. Também o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Rondônia tem incentivado, através de seu “Balcão SEBRAE”, o desenvolvimento de pequenos negócios, através de projetos de aperfeiçoamento técnico, racionalização e capacitação gerencial. Os chamados pacotes receptivos, de iniciativa dos hotéis e agências de viagens, ainda são pouco utilizados. A timidez destas promoções se deve, em grande parte, à falta de estrutura em locais com potenciais turísticos. O turismo ecológico, uma alternativa apontada como a mais viável, ainda não teve o retorno econômico esperado nos poucos empreendimentos que já foram Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia 201 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 experimentados, um em Porto Velho, no lago Cujubim, no baixo Madeira; uma empresa de navegação fluvial em Guajará-Mirim; uma pousada para pescadores em Pimenteiras, no extremo sul do Estado e agora, mais recentemente, mais duas iniciativas: uma pousada ecológica em Cacaulândia (a 257 km de Porto Velho) e um hotel, também ecológico, no Rio Maici, na divisa de Rondônia com o Amazonas, no distrito de Calama. A seguir se relacionam os pontos turísticos potenciais mais expressivos de Rondônia, por município: Ariquemes: • Naturais e Ecológicos ♦ Prainha Sombra da Mata - Rio Jamari - utilização adequada no período da seca (julho a novembro); ♦ Praia do Canaã - Local rústico com praia e mata selvagem; ♦ Estância Paraíso - Granja Bellini - Riacho com corredeira, morro de pedra maciça com 65 m de altura; ♦ Cachoeira de Santa Cruz - Rio Jamari - Corredeira de águas sobre pedras, praias e local para camping “selvagem”; ♦ Balsa das Pedrinhas - Rio Jamari - águas calmas, ideal para a prática de jet-ski e lanchas; ♦ Praia Massangana - Rio Massangana - Cachoeira e praia; ♦ Cachoeira do Escovado - Rio Canaã - Local rústico com cachoeiras e matas selvagens; ♦ Cachoeira de São Francisco - Rio São Francisco - acesso pelo Rio São Francisco, utilizando bote; ♦ Encontro das Águas - Rio Canaã e Jamari - acesso de bote, pelo Rio Canaã, até a cachoeira; • Históricos e Culturais ♦ Acervo lítico, indígena e natural - Acervo de 100 peças recolhidas desde 1977, pedras de utilidade indígena e pedras semipreciosas no formato natural. Avenida Uirapuru, 1176 - Setor 2; ♦ Bairro Marechal Rondon - Antiga vila onde foi implantado o posto telegráfico de Ariquemes, dando origem ao nome da cidade. Pode-se encontrar exseringueiros, que contam suas próprias histórias e da vila. BR-364, avenida Mangabeira até a margem do Rio Jamari; ♦ Centro Cultural “Rui Barbosa” - Acervo histórico de Ariquemes com fotos, manuscritos de antigos moradores, vídeo-documentários e resumo bibliográfico; oficina de arte; apresentações artísticas periódicas; e eventos festivos anuais. • Folclore ♦ Artesanato - Objetos confeccionados em madeira, em cipó e cerâmica, encontrados em lojas de presentes. • Eventos Programados ♦ Fevereiro - carnaval ♦ Abril - Corpus Cristis ♦ Junho - Festa Junina ♦ Julho - Feira Agropecuária de Ariquemes - Expoari ♦ Setembro - Desfile de Sete de Setembro, competição de motocross ♦ Outubro - Aniversário do município, festa de São Francisco de Assis. 202 Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 • Zoológico e Horto Florestal - Iniciado em 1979, com 23 ha, como área de lazer, mantendo viveiro para produção de mudas de árvores nativas, ornamentais e plantas medicinais. A partir de 1983, a comunidade foi doando, espontaneamente, diversas espécies de animais selvagens encontrados na região, dando origem ao primeiro Jardim Zoológico do Estado. Sua atual área é de oito hectares e mantém diversas espécies vegetais mais significativas da região, tais como buriti, camelo-do-brejo, itaúba, copaíba. Em cativeiro são mantidos aproximadamente 124 animais de 26 espécies, com ênfase para a fauna regional da Amazônia, como o macaco-prego (Cebus Erxleben) e o jabuti (Testudo Tabulata Spix.). Cacaulândia: • Naturais e Ecológicos ♦ Rio Cantão - Localizado a 8 km da cidade onde existem quatro quedas d’água; local propício para o desenvolvimento de balneários, oferecendo belas paisagens; ♦ Rio Canaã - Inúmeras cachoeiras existentes ao longo do trecho de 60 km que corta o município; ♦ Rio Prado - Corta o município de norte a sul, num percurso de 110 km, possuindo cachoeiras e vários trechos navegáveis, oferecendo boas condições para pesca desportiva; ♦ Rio Jamari - Localizado na divisa com o município de Monte Negro, estando sua maior extensão na reserva indígena dos Uru-Weu-Wau-Wau, tendo 90 km navegáveis e bom para pesca; ♦ Pousada Ecológica Rancho Grande - Localizada na Linha C-20, a 13 km da sede do município, possui atrativos como trilhas no meio da selva; 300 espécies vegetais catalogadas e identificadas; 350 espécies de aves silvestres catalogadas; 1.500 espécies de borboletas catalogadas; orquidário, com várias espécies de orquídeas silvestres catalogadas e identificadas; duas represas para criatório de tambaquis, servindo para o sistema “pesque-pague”; passeio a cavalo na floresta; mirante a 300 metros de altitude. • Fundação Fauna e Flora Tropicais de Rondônia - FAUTRON - A Fundação ocupa ma área de 1500 ha, sendo 80% de mata nativa e o restante é ocupado com o plantio de cacau, pastagem e cultura de subsistência, onde residem quatro famílias. Está localizada nas proximidades da cidade e tem como objetivo a preservação da fauna e flora da região. • Reserva indígena dos Uru-Weu-Wau-Wau - Reserva demarcada e controlada pela FUNAI. É cortada pelo Rio Jamari, que é propício para a pesca. A visita de turistas depende de autorização da FUNAI. Costa Marques: • Naturais e Ecológicos ♦ Vale do Guaporé - Abrange toda a extensão do Rio Guaporé, que é, no total, de 1716 km, possuindo um imenso potencial turístico, incluindo monumentos históricos, sítios arqueológicos, parques indígenas., reservas biológicas e de preservação ambiental, rios, praias, lagos e cachoeiras, etc. O acesso para Costa Marques é feito por rodovia ou via aérea; ♦ Rio Guaporé - Nasce na Serra dos Parecis, no Mato Grosso, percorrendo 1716 km até desaguar no Rio Mamoré. Tem águas cristalinas com inúmeras baías e praias de julho a dezembro. É ideal para a pesca desportiva; Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia 203 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 • • • • 204 ♦ Rio Caudário e Mequéns - Rios com grande variedade de peixes, próprios para o desenvolvimento de pesca desportiva; ♦ Reserva do Rio Guaporé - Criada pelo Decreto Federal n.º 87.587, de 20 de setembro de 1982, atinge uma área de 600 ha no município, localizada entre os Rios Guaporé, Colorado, São Miguel e Baía Rica. É constituída por áreas da Floresta Amazônica e áreas de preservação de ecossistemas; somente pode ser visitada com autorização do IBAMA; ♦ Reserva Biológica de Pedras Negras - Área de preservação de ecossistemas com 22.100 ha, caracterizada por uma vegetação se sombra aberta, bosques de terras baixas com palmeiras; presença de pequenas áreas de campos naturais e de cerrados. Conta com excelentes atrativos como montanhas, serras e igarapés. O acesso é feito por barco pelo Rio Guaporé; Históricos e Culturais ♦ Real Forte Príncipe da Beira - Monumento arquitetônico histórico, representativo das conquistas do Império Português no Século XVIII. Teve sua construção iniciada no ano de 1776 e concluída em 1783, pelos colonizadores portugueses com o objetivo de garantir os limites estabelecidos pelo Tratado de Madri, de 1750, que traçou os contornos das Américas portuguesa e espanhola. Apesar de já haver sofrido a deterioração do tempo, o Forte ainda se mantém em um bom estado de conservação, graças à manutenção prestada pelo Batalhão de Fronteira do Exército, que também controla o acesso ao local; ♦ Festa do Divino Espírito Santo - Tradição religiosa realizada há mais de 100 anos pelos moradores do Vale do Guaporé. Originária de Portugal e criada por D. Isabel, esposa do rei, D. Diniz, no Século XIV. No Vale do Guaporé, foi introduzida em 1894 por Manoel Fernandes Coelho. A festa é realizada entre os meses de abril e maio, quando várias embarcações, tendo à frente o barco do Divino, que conduz a Coroa, o Cetro e a Bandeira - vermelha com uma pomba branca bordada -, percorrem as localidades de Pimenteiras, Bela Vista, Laranjeiras, Remanso, Cafetal, Rolim de Moura do Guaporé, Mateguá, Pedras Negras, Graças e Deus, Riozinho, Nazaré, Santa Fé, Costa Marques, Porto França e Forte Príncipe da Beira, no Brasil, e Versalles, na Bolívia. Folclore ♦ Apresenta grande variedade de comidas típicas, a base de peixes como tambaquí, tucunaré e dourado, entre outros. Na área de artesanato, a especialidade são peças feitas em argila, borracha, cipó, bambu, cabaça e madeira, entre outros materiais. Projeto de Proteção e Manejo de Quelônios - Este projeto tem objetivo de proteger a tartarugas e o tracajá, através do monitoramento da desova e postura, da criação em berçário e da formação da consciência de preservação da população ribeirinha. O projeto está localizado na Praia de Furado do Couro, no Rio Guaporé e pode ser visitado sob a orientação dos técnicos do IBAMA. Uma das bases do Centro Nacional dos Quelônios da Amazônia - CENAQUA, está localizado na sede do município e está aberta à visitação pública durante todo o ano. Dispõe de um pequeno Museu de História Natural, um berçário de quelônios e o “Clube da Tartaruga”. Eventos Programados Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ♦ Festa do Folclore - Realizada no período de 15 a 20 de agosto e conta com a participação da comunidade em geral. No local são apresentadas as danças folclóricas, vendas de comidas e bebidas típicas da região. Guajará-Mirim • Naturais e Ecológicos ♦ Cachoeira do Rio Lages - Existem três cachoeiras. A nascente do rio é na Serra dos Parecis e deságua no Rio Mamoré. Duas de suas cachoeiras estão localizadas fora da reserva indígena e uma é situada dentro da reserva. O acesso é feito pela BR-425 e por via fluvial pelo Rio Mamoré. O local oferece várias opções para exploração turística, com opções de pesca, visitas aos postos indígenas e banho nas várias quedas d’água existentes; ♦ Lago Deolinda - Situado no igarapé Deolinda, afluente do Rio Mamoré. Nas proximidades do lago existe um posto indígena, cuja população é de 79 indivíduos e é constituída por índios dos clãs Oro-Nao, Oro-Bone e por vigilantes da FUNAI. O acesso é pelo Rio Mamoré e a pesca no lago depende de autorização da FUNAI; ♦ Igarapé do Palheta - Nasce na Serra dos Parecis e deságua no Rio Mamoré. Às suas margens encontram-se vários clubes sociais como o Bancrévea, Marechal Rondon, Balneário Público do Palheta e Balneário Estrelinha. Está localizado na área urbana do município e se constitui um excelente local de lazer; ♦ Praia da Pedra da Morte - Praia do Acássio, no bairro Tamandaré - no Rio Mamoré; ponto utilizado pelos turistas para observar a cachoeira de GuajaráMirim. É a maior praia do município; ♦ Praia das Três Bocas - É formada por três igarapés. Área de camping, de esportes náuticos possui restaurante e quadras de voleibol. Está localizada no rio Pacaás- Novos e a via de acesso é fluvial; ♦ Rio Pacaás-Novos - Rio de águas cristalinas, está localizado entre a Serra dos Pacaás-Novos e o Rio Mamoré. O acesso pode ser feito pela Estrada do Palheta ou pelo Rio Mamoré. Área de interesse turístico, por ser um rio piscoso, além de apresentar belezas naturais, como pássaros de várias espécies e o boto vermelho. ♦ Rio Mamoré - Nasce na República da Bolívia, na Cordilheira dos Andes. Uma parte do rio serve como fronteira entre o Brasil e a Bolívia. Existem várias empresas que exploram, informalmente, o turismo fluvial; ♦ Igarapé Saldanha Gruta - nasce na Serra dos Parecis, no Rio Pacaás-Novos. Passando por baixo de pedras, por isso chamado Igarapé Saldanha Gruta, está localizado na estrada do Palheta e o acesso é pela Estrada do Palheta. Ótimo local para lazer, com possibilidades para banho, pesca e camping; ♦ Serra os Pacaás-Novos - Tem altitude média de 120 metros e está localizada no quilômetro 7 da BR-425. Existe um restaurante e um igarapé no alto da serra e do mirante é possível ver a cidade de Guajará-Mirim, o Distrito do Iata, o Rio Mamoré, campos, lagos e as matas circundantes. Também há rampa para salto de asa-delta; ♦ Caverna da Serra dos Pacaás-Novos - maior gruta até hoje encontrada no Estado, tendo 20m de interior, por 60 a 200 metros de abóbada em arco No meio da gruta há um lago de águas cristalinas, cercado de fetos de samambaias e árvores. A iluminação é feita por uma clarabóia natural, no teto da caverna. Está situada na ponta oriental da Serra dos Pacaás-Novos, o acesso é via fluvial pelo Rio Mamoré, Rio Pacaás-Novos e Rio Ouro Preto; Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia 205 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ♦ Arquipélago das Sete Ilhas - seqüência de ilhas no Rio Mamoré, quase todas são iguais e a distância média de 400m separa uma da outra; ♦ Lago do Calafate - É formado por águas do rio Mamoré em reserva indígena no território boliviano. Por ser distante de Guajará-Mirim, quase não é visitado por turistas. A área é considerada um dos melhores locais de pesca da região; ♦ Igarapé Santo André - Posto indígena com uma população de 190 indivíduos dos clãs Oro-Nao e Oro-Esse. Está localizado a 70 quilômetros de GuajaráMirim e o acesso pode ser feito pelos Rio Mamoré, Pacaás-Novos e Estrada do Palheta. Existe uma lagoa no local, preservada pelos indígenas, e a pesca amadora depende de autorização prévia da FUNAI; ♦ Encontro das águas dos Rios Mamoré e Pacaás-Novos - As águas barrentas do Rio Mamoré ao se encontrarem com as águas escuras do Rio PacaásNovos são a atração para os turistas a 20 km de Guajará-Mirim, com acesso fluvial. Local indicado para a pesca amadora e profissional, além de possuir praias e outras belezas naturais; ♦ Encontro da águas dos Rios Mamoré e Guaporé - É o local onde se encontram as águas barrentas do Rio Mamoré com as águas turvas do Rio Guaporé. Está localizada no Distrito de Surpresa, com acesso pelo Rio Mamoré. Há abundância de peixes, animais selvagens, praias e belezas naturais; ♦ Cachoeira do Madeira - Localizada na Vila Murtinho, no município de Nova Mamoré. Acesso pelo estrada que sai de Nova Mamoré. O grau de interesse turístico fica por conta da pesca e das praias no meio do rio. • Históricos e Culturais ♦ Catedral N.S.ª do Perpétuo Socorro - Inaugurada em 25 de janeiro de 1926, foi construída pelo coronel Paulo da Cruz Saldanha, com ajuda da população de Guajará-Mirim. Está localizada na Avenida 15 de Novembro, no centro comercial da cidade. É a primeira capela de Guajará-Mirim e faz parte do patrimônio diocesano; ♦ Via férrea Guajará-Mirim - Iata - É um trecho da Estrada de Ferro MadeiraMamoré, que foi recuperada neste ano (1997) e faz o itinerário de GuajaráMirim ao Distrito do Iata (berço agrícola do município), passando por uma histórica ponte de ferro, feita sob medida nos Estados Unidos. O embarque é feito na antiga estação de passageiros de Guajará-Mirim, atual Museu Municipal, em litorina (vagão autopropulsionado), por trole ou “cegonha”; ♦ Hotel Guajará - Foi o primeiro hotel da cidade. Atualmente funciona como escola de ensino fundamental de dia e como Campus Universitário à noite. Possui construção em arcos, que se identifica com a arquitetura espanhola do Século XIX. Localizado no centro comercial, é um marco da época áurea da borracha e da castanha, quando foi preciso construir um hotel de elevado padrão para hospedar os seringalistas daquele tempo. • Folclore ♦ FEMOPEM - O festival Folclórico “Peróla do Mamoré” apresenta atrações típicas da região, como danças indígenas, danças bolivianas, danças das outras regiões brasileiras e a disputa entre os bois-bumbá “Flor do Campo” e “Malhadinho”; 206 Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ♦ Boi-Bumbá - Trazido do Maranhão por migrantes, este movimento folclórico existe desde a época da borracha. Hoje destacam-se os bois “Flor do Campo” e “Malhadinho”, que se apresentam no Festival de Folclore. • Eventos Programados ♦ Festival de Verão - É realizado no Distrito do Iata e consta de campeonato de pesca, escolha da Garota Verão, Festival de Bandas, campings e atividades esportivas. • Outros ♦ Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim - ver capítulo dedicado a esse assunto nesta publicação. Ji-Paraná • Naturais e Ecológicos ♦ Ilha do Coração - Bifurcação dos rios Machado e Urupá, localizando-se na área urbana da cidade, com acesso por barco; ♦ Ilha do Rio Machado - Localizada no Rio Machado a um quilômetro da Ilha do Coração, acesso via fluvial; ♦ Rio Ji-Paraná ou Machado - Formado pelos rios Pimenta Bueno e Barão de Melgaço, com nascente na Serra dos Parecis. Apresenta-se, na cidade de JiParaná, com largura média de 260m e uma variação de nível de seis metros. Não permite a navegação de barcos de grande porte, devido às inúmeras corredeiras; ♦ Rio Urupá - Afluente da margem esquerda do Rio Machado, possui largura média, próxima à foz, de 100m e variação de nível de três metros. Tem a extensão de 180 km; ♦ Reserva Biológica do Jaru - Com uma área de 268.150 ha, distando 130 km da cidade de Ji-Paraná, com acesso via Rio Machado até a desembocadura do Rio Jaru. Faz divisa com o Estado do Mato Grosso . • Histórico e Culturais ♦ Posto Telegráfico “Presidente Pena” - É um dos patrimônios históricos do município, construído por ocasião da implantação da linha telegráfica entre Cuiabá e Santo Antônio do Madeira, pela Comissão Rondon. Localiza-se no centro da cidade; ♦ Museu de Rondon - Localizado nas dependências do Posto Telegráfico “Presidente Pena”. O local guarda peças e aparelhos utilizados por Rondon na instalação das linhas telegráficas; ♦ Biblioteca Ciro Escobar - É o local onde estão disponíveis informações sobre o município. • Folclore ♦ Festival Junino - Junho ♦ Festival de Folclore - Junho ♦ Encontro dos Povos Indígenas - 19 de abril ♦ Artesanato Indígena, peças em corda, cipó, madeira, argila e pedra, à venda em lojas de presentes. • Eventos Programados ♦ EXPOJIPA - Exposição Agropecuária - 01 a 05 de julho ♦ FIMMOVEL - Feira da Indústria Madeiro-Moveleira do Estado de Rondônia Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia 207 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ♦ Campeonato de Caiaque Pimenteiras • Naturais e Ecológicos ♦ Rio Guaporé - Ver Costa Marques; ♦ Rio Verde, Rio dos Veados, Rio Corumbiara e Rio Escondido - São afluentes e co-afluentes do Rio Guaporé, pouco explorados, representam uma reserva de flora, fauna, praias e locais para pescaria; ♦ Praias de verão - Pimenteiras está localizada em uma região privilegiada do Rio Guaporé, onde se concentram o maior número de praias. No verão, a cidade é tomada por turistas vindos de Rondônia, de outros estados e também estrangeiros. • Históricos e Culturais ♦ Cruz de bronze - Está fincada na frente da Igreja Católica e foi encontrada num cemitério no meio da mata, na fazenda Santa Cruz, pela Comissão Guaporé - 2 e foi implantada no centro de Pimenteiras como marco histórico. • Eventos Programados ♦ Festival de Praia - É um dos maiores eventos turísticos do Estado, acontecendo nas praias do Rio Guaporé, com diversas atividades recreativas, esportivas e de lazer; ♦ Pesca Esportiva - Os rios do município oferecem opção para a pesca esportiva durante o ano inteiro, oferecendo 360 espécies de peixes. No local existe um hotel denominado “Cabanas do Guaporé”, onde se concentram pescadores vindos de todo o Estado e de outras partes do Brasil. Porto Velho • Naturais e Ecológicos ♦ Rio Madeira - É um atrativo de grande interesse turístico, por possuir belas cachoeiras, além de trechos navegáveis a jusante de Porto Velho, com praias onde são realizados eventos esportivos e culturais, como nas praias do Capitari, Piruí, Belmont, entre outras; ♦ Rio Abunã - Fortaleza do Abunã - Um dos principais afluentes da margem esquerda do Rio Madeira e estabelece a fronteira natural entre o município de Porto Velho e a República da Bolívia. Suas cabeceiras estão localizadas no Estado do Acre, possuindo extensão de 200 km e uma média de 50m de largura. Sua foz fica nas proximidades da Vila de Abunã. Fortaleza do Abunã é um povoado localizado a 268 km de Porto Velho. No local o rio exibe corredeiras e praias durante o verão, onde são desenvolvidas atividades culturais e esportivas. O acesso é por rodovia asfaltada (BR-364) e um trecho encascalhado. Já há empresas de turismo estruturadas para atender os visitantes na época do verão; ♦ Lago do Belmont - Localizado nas proximidades do Rio Madeira, 10 km abaixo de Porto Velho. Caracteriza-se pela riquíssima fauna existente no local. O acesso é por via terrestre ou fluvial; ♦ Lago do Cuniã - Faz parte da Estação Ecológica do Cuniã, com 104 mil hectares, possui excelentes condições para a observação da flora, fauna e aves, especialmente biguás e garças. Neste lago pode ser encontrado, com facilidade, o maior peixe de escama do mundo, que é o pirarucu. Está localizado a 100 km de Porto Velho, com acesso via fluvial. Através do 208 Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Projeto de Turismo elaborado pelo Governo do Estado, o local deverá ser liberado para visitas turísticas. Por enquanto o acesso depende de autorização prévia do IBAMA; ♦ Praia de verão no povoado de Santo Antônio - Localizada a sete quilômetros de Porto Velho, em frente a cachoeira de Santo Antônio. Apresenta bonita paisagem natural e proporciona bons locais para pesca amadora. O acesso é possível por via rodoviária, fluvial e ferroviária. Por ficar próximo à capital, o local é explorado o ano todo por empresas de turismo. Falta, no entanto, melhor infra-estrutura para atender o turista no local.; ♦ Cachoeira do Teotônio - Também localizada no Rio Madeira, acima da Cachoeira de Santo Antônio, a 25 km da capital por via férrea e 18 km por rodovia (BR-364, sentido Porto Velho - Rio Branco). Seu principal atrativo é a beleza de suas corredeiras espalhadas em uma larga área do rio, de forma circular, passando por entre enormes blocos e lajes de pedras. Apresenta ainda beleza da vegetação, a vila dos pescadores e extensas praias durante o verão, nas duas principais ilhas abaixo da cachoeira. Anualmente é realizado o campeonato de pesca com enorme afluência de pessoas de várias regiões do Estado. Necessita de melhorar a infra-estrutura para atender o turista; ♦ Cachoeira do Paredão - Localizada no Rio Madeira a 180 km de Porto Velho. O local é ideal para campings e turismo ecológico nas praias, ilhas e igarapés. Não possui infra-estrutura para atender os turistas; ♦ Cachoeira do Jirau - Localizada no Rio Madeira, apresenta um desnível acentuado por entre as rochas, formando corredeiras fortíssimas e de muita beleza visual. Fica a 126 km de Porto Velho, sendo o acesso possível por estrada asfaltada e mais nove quilômetros por estrada encascalhada. É um local rústico e atração turística fica por conta da ilha da Embaúba, um antigo local de garimpagem, possuindo uma pista de pouso para pequenos aviões, também da época do garimpo de ouro; ♦ Cachoeira do Caldeirão do Inferno - Localizada no Rio Madeira, a 100 km da capital, apresenta bonitas corredeiras, ilhas e praias ideais para a prática do camping. As partes altas das ilhas são compostas de lajes e rochas maciças. O acesso é por rodovia asfaltada, ficando próxima a vila de JaciParaná. Não há infra-estrutura para atender ao turista; ♦ Cachoeira de Morrinhos - Localizada no Rio Madeira a 50 km da capital, um pouco acima da Cachoeira de Teotônio, caracteriza-se pela beleza das corredeiras, ilhas e praias extensas. O acesso é por rodovia asfaltada, mas o local não possui infra-estrutura para atender ao turista; ♦ Parque Municipal de Porto Velho - Localizado a 10 km do centro, é local próprio para visitas de observação para estudantes e interessados em conhecer os tipos de vegetação natural existentes em uma área de 200 ha. Há grutas e cavernas, igarapés com pequenas quedas d’água e trilhas ligando os vários nichos ecológicos. O acesso é feito pela Avenida Rio Madeira, sendo parte asfaltada e parte encascalhada. • Históricos e Culturais ♦ Capela de Santo Antônio - Situada em terreno particular a sete quilômetros de Porto Velho, é um edifício muito simples em suas linhas arquitetônicas, concluída em 1914, após a conclusão da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. O local tem grande importância para a comunidade, por sua localização nas proximidades da Cachoeira de Santo Antônio e pela devoção popular ao Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia 209 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ santo. A capela foi construída onde antes existia uma vila, que chegou a ser elevada a município, mas que depois decaiu, tendo a população se mudado para o entorno da estação da EFMM, dando origem à cidade de Porto Velho; Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré - Reúne variadas peças relacionadas à época da construção e funcionamento da ferrovia, móveis, fotografias dos operários e a primeira locomotiva trazida para a Amazônia, a “Cel. Churchill”, fabricada em 1872. Está localizado em um dos antigos galpões da estação ferroviária, à margem do Rio Madeira; As Três Caixas D’Água - Apelidadas de “Três Marias”, estão localizadas na parte alta do centro de Porto Velho e visíveis de vários pontos da cidade, elas são o símbolo da capital, por serem memorial histórico da construção da EFMM. O local serve de palco para diversas atividades artístico-culturais; Casa do Artesão - Espaço situado próximo ao Museu da EFMM, sendo local de exposição e venda de trabalhos artesanais; Casa do Índio - Local onde são expostos e vendidos trabalhos de origem indígenas. É um ponto de apoio para os índios que vêm à capital em busca de tratamento médico e odontológico. Possui oficina onde os índios podem executar os seus trabalhos durante a sua permanência na Casa. Fica localizada na Rua Rui Barbosa, no bairro Arigolândia; Mirantes do Rio Madeira - Locais estrategicamente posicionados à margem do rio Madeira para que se possa apreciar o pôr-do-sol, como se fossem decks com amplo espaço, dispõe de serviço de bar e lanchonete. O Mirante I está situado no início da Avenida Carlos Gomes; o Mirante II, no início da Rua D.Pedro II e o Mirante III, Rua Herbert de Azevedo, no bairro Arigolândia, ao lado das Igreja de N.S. do Perpétuo Socorro. Outro locais com vista para o Rio Madeira são: Buffet Araçá Recepções, Churrascaria Ponto Certo e Restaurante Caravela do Madeira; Parque Circuito “Dr. José Adelino”- Local de lazer construindo em uma antiga plantação de seringueiras, dispõe de pistas do tipo circuito com um quilômetro de extensão, onde é possível fazer exercícios físicos de caminhada, correr, além de equipamentos para ginástica. Situado na Avenida Lauro Sodré, a quatro quilômetros do centro da cidade. O local dispõe de serviço de bar e lanchonete; Exposição do CPRM/DNPM - A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM mantém uma exposição permanente de minerais e rochas da região e de outras partes do país, recolhida por seus pesquisadores. Fica localizada na Avenida Lauro Sodré com Avenida dos Migrantes; Jerusalém da Amazônia - Local com construções rústicas em um amplo espaço, onde se encenam a paixão de Cristo, durante a Semana Santa. O local é visitado durante todo o ano, por possuir características da região em seu cenário. • Folclore ♦ Festival de Boi-Bumbá e Quadrilhas - É realizado no mês de junho com a participação de grupos de bois e quadrilhas dos diferentes bairros da capital, que se apresentam com variadas cantigas e danças , para um público oriundo de várias partes do Estado. O festival é realizado no espaço do Arraial Flor do Maracujá, na Esplanada das Secretarias 210 Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ♦ Comidas Típicas - São pratos especiais preparados com peixes da região, recebendo tempero característico. Os peixes mais saborosos são o tambaquí, o tucunaré e o dourado; ♦ Doces e sucos de frutas regionais - Destacam-se o cupuaçu, o tucumã, o bacuri, entre outras, havendo uma produção em média escala de doces e sucos destas frutas de forma artesanal para atender a grande demanda de turistas que aqui chegam. Estes doces e sucos podem ser facilmente encontrados em restaurantes e lanchonetes da cidade; ♦ Artesanato Local - Variedade de peças produzidas por artesãos locais em cerâmica, fibras vegetais, sementes, madeira, pedra, penas e outros materiais, expostas e vendidas na Casa do Artesão, na Avenida Sete de Setembro próximo à Praça Marechal Rondon. • Eventos Programados ♦ Arraial Flor do Maracujá - Realizado na Semana do Folclore, com a construção de um grande arraial com barracas de comidas típicas da região, parque de diversões e uma arena onde são realizadas apresentações de quadrilhas (danças caipiras) e bois-bumbás por grupos folclóricos da cidade e convidados de outros municípios. É um dos maiores eventos da Amazônia Ocidental, onde milhares de pessoas se concentram durante dez dias; ♦ Campeonato de Pesca - Evento realizado no mês de setembro na Cachoeira do Teotônio, com premiação para a equipe que conseguir apanhar o maior e mais pesado peixe; ♦ Exposição Agropecuária de Porto Velho - Festa com exposição de animais variados, veículos de vários modelos, equipamentos para agropecuária, comidas típicas e apresentação de shows artísticos. O evento conta com a participação de pecuaristas das regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. A exposição é realizada no Parque dos Tanques, na Avenida Lauro Sodré, no mês de setembro ou outubro. Vilhena • Naturais e Ecológicos ♦ Rio Pimenta Bueno - Este rio percorre várias áreas indígenas. O acesso mais fácil é pela BR-399, para Colorado do Oeste, que cruza o rio na altura do quilômetro 35. O local é bastante freqüentado por pescadores, entre eles os próprios índios; ♦ Rio Tenente Marques - Grande parte de seu percurso é dentro das reservas indígenas dos Cinta Larga e Aripuanã. O acesso é pela estrada de Juína, saindo de Vilhena, até o quilômetro 12, entrando mais 35 km. A pescaria neste rio é praticada pelos índios das reservas e por chacareiros locais; ♦ Rio Barão de Melgaço - Está localizado a 77 km da cidade e existem vários acessos, sendo o melhor a BR-364, sentido Vilhena - Porto Velho. É de grande importância para o abastecimento de água das fazendas que existem às suas margens; ♦ Rio Ávila - Este rio percorre as áreas de várias fazendas, mas sua principal utilização é na geração de energia elétrica. Também possui um balneário no local onde cruza com a BR-364, a 50 km de Vilhena; ♦ Rio Vermelho - Possui um agradável balneário, um pequeno bosque com bancos para descanso e fica localizada a 27 km de Vilhena. O acesso é feito pela BR-364, sentido Cuiabá, entrando mais 15 km em estrada de chão; Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia 211 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ♦ Rio Roosevelt - O rio tem suas nascentes ao norte da cidade e uma grande extensão, sendo freqüentado por pescadores. O acesso é feito pela BR-179, no sentido de Juína - MT, até o quilômetro 15 e à esquerda por 10 quilômetros até a nascente; ♦ Rio Capitão Cardoso - Localizado ao norte do município, faz divisa de Rondônia com o Mato Grosso e é a continuação do Rio Tenente Marques. Localiza-se no interior de área indígena de Aripuanã. É freqüentado pelos índios e poucos pescadores; ♦ Igarapé Piracolino - Balneário à margem da BR-364 a sete quilômetros de Vilhena. Possui bosque e serviço de bar e lanchonete; ♦ Igarapé Ponta de Pedra - Possui ponte natural de pedra, daí a sua atração turística. O acesso é pela antiga estrada para Colorado d’Oeste; ♦ Cachoeira do Rio Ávila - Queda com quatro metros de altura, tendo várias outras pequenas quedas - antes e após a cachoeira principal. Encontra-se a 50 km de Vilhena, na direção de Porto Velho. É visitada por turistas durante todo o ano; ♦ Cachoeira Salto do Paraíso (Rio Iquê) - É o encontro de vários igarapés com o Rio Iquê, na área indígena de “Perineu de Souza”, a 52 quilômetros do centro da cidade. Por ser de difícil acesso e estar em área de reserva indígena, é pouco freqüentada; ♦ Cachoeira Quebra Cabo, Cachoeira Simplício, Cachoeira Centelhos e Cachoeira Pedro de Cai - São cachoeiras pouco exploradas no Rio Roosevelt e o acesso só se dá por via fluvial. Ficam localizadas em áreas indígenas; ♦ Cachoeira 9 de Abril, Cachoeira Uacaru e cachoeira Aprígio - Ficam no Rio Tenente Marques, na área indígena de Aripuanã. O acesso é pelo próprio rio. • Históricos e Culturais ♦ Casarão dos Chacareiros - Chácara destinada ao lazer com bosque, sendo as árvores identificadas com os nomes vulgares e científicos; plantas ornamentais e frutíferas; loja de artesanato; lago para “pesque-pague” e pedalinhos, e parque de diversão. O local recebe uma média de mil pessoas por semana e está localizado na Rua D, n.º 5672, bairro 5º BEC; ♦ Casa do Índio - Esta casa serve de alojamento para os índios, quando precisam se consultar com médicos ou alguém da família fica doente e os demais membros ficam hospedados neste local. Localiza-se em uma chácara próximo a Vilhena. O local é muito visitado por pessoas curiosas de saber a forma de vida do índio; ♦ Cemitério Indígena - Com cerca de cem indígenas sepultados, o local é conservado pelo poder municipal. Localiza-se na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, seguindo na direção do aeroporto e depois entrando à esquerda. Fica a seis quilômetros do centro; ♦ Casa do Artesão - Expõe e vende peças e entalhes em madeira. Localiza-se na Rua G, s/n.º - bairro 5º BEC. ♦ Peças indígenas - Exposição e vendas de objetos feitos pelos índios, como arcos, flechas, colares, brincos, anéis, cestos, cocares de pena, entre outros. A comercialização é feita no posto da FUNAI, na Avenida Marechal Rondon, s/n.º, bairro 5º BEC; • Acontecimentos Programados ♦ Festa da Acerola - É realizada no mês de setembro, com exposições comerciais, trabalhos de artesanato, desfile para escolha da Rainha da 212 Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ Acerola, barracas para venda de comidas regionais, salgados, doces e churrasco. É realizada no Casarão dos Chacareiros, na Rua D, n.º 5672 bairro 5º BEC. A festa costuma reunir 25.000 pessoas; Festas tradicionais da Igreja Católica - Nossa Senhora Auxiliadoras (mês de maio); Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro); São Cristóvão (mês de agosto); Tradição do Clube dos Alemães - Oktueber Fest (outubro); Ker Fest (novembro) Baile de Revellion. As festas são realizadas no Clube dos Alemães, no setor 5; EXPOVIL - Exposição Agropecuária de Vilhena - Realiza-se no mês de agosto ou setembro, com exposições de animais, veículos, vestuários, material gráfico; rodeios, shows artísticos, barracas de bebidas, comidas e doces, além de parque de diversões. É realizada no Parque de exposições “Ovídio Miranda de Brito”, localizado na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes s/n.º; FEMUCRI - Festival de Música Cristã - É realizado no mês de agosto, sendo organizado pela Igreja Católica, onde as comunidades inscrevem candidatos para apresentar músicas sacras inéditas. É realizado na Avenida Liberdade, s/n.º, no centro; FIC - Festival de Interpretação da Canção - É realizado no mês de agosto ou setembro, durante três dias. Geralmente é realizado no ginásio de esportes, na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, s/n.º; Festas do Centro de Tradições Gaúchas - São bailes típicos, onde são realizadas apresentações do elenco do C.T.G., leilões e outras atrações. São realizadas na sede do C.T.G., na Rua Afonso Pena, n.º 685, Centro. (Dados de potenciais turísticos: SEBRAE/RO) ***** Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia 213 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 214 Parte I - Capítulo 9 - O Turismo em Rondônia Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 PARTE II FATORES DE GRANDE INFLUÊNCIA E sta parte deste trabalho aborda especificamente, em oito capítulos, alguns fatores que já influenciam ou podem vir a influenciar fortemente o desenvolvimento tanto regional quanto do próprio Estado de Rondônia. Trata-se de projetos e políticas que, implementados ou ainda submetidos a estudos nas diversas esferas do Poder Público brasileiro e mesmo na iniciativa privada, certamente têm e terão aguda participação nos rumos da atividade econômica regional e em seu crescimento. Por sua importância e possíveis desdobramentos, estes Grandes Fatores não podem deixar de ser também analisados no planejamento regional ou estadual, e certamente desempenham, ou virão a desempenhar, um papel central na história do desenvolvimento de Rondônia, pelo que se buscou estudar cada um em separado para melhor atender as finalidades deste trabalho. Assim, serão apresentados os seguintes capítulos: Capítulo 10 - O Rio Madeira a Montante de Porto Velho: energia e transporte. Capítulo 11 - O Corredor Rodo-Fluvial . Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico. Capítulo 13 - Os Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA E ALCSA. Capítulo 14 - O Mercado de Manaus. Capítulo 15 - A Zona de Livre Comércio de Guajará-Mirim. Capítulo 16 - A Lei de Incentivos Fiscais e os Possíveis Pólos Industriais Capítulo 17 - Linhas de Crédito, Financiamento e Incentivos Financeiros e Fiscais do Estado de Rondônia ***** Parte II - Grandes Fatores de Influência 215 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 216 Parte II - Grandes Fatores de Influência Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 10 RIO MADEIRA A MONTANTE DE PORTO VELHO: GERAÇÃO DE ENERGIA E TRANSPORTE E ntendeu-se de criar um capítulo específico para este fator, embora trate de assunto pertinente à energia, descrita anteriormente, e do transporte fluvial no Rio Madeira, a ser tratado em tópico próprio. Essa decisão diz respeito ao nível de relevo deste fator de influência, provavelmente o mais importante para os destinos do futuro do Estado de Rondônia, caso venha a ocorrer sua efetiva implementação. O que à primeira vista pode parecer uma fantasia, começa a se descortinar como uma possível realidade, e mais: não de longo prazo. A exaustão do potencial hidrenergético brasileiro nas regiões Sul/Sudeste obrigou o setor elétrico a buscar outras fontes de energia, como as do gás e a termonuclear, bem como avaliar o potencial dos rios da região Amazônica para a produção de grandes blocos de energia que pudessem ser exportados para aquelas regiões, ao tempo que supririam o atendimento dos principais pólos da própria região, a exemplo de Belém, Manaus, Porto Velho e Cuiabá. Foram inicialmente identificados quatro grandes blocos de energia: Rio Tocantins (UHE Tucurui), Rio Xingu (UHEs de Altamira e Belo Monte), Rio Tapajós (UHE Itaituba), e Rio Madeira (UHEs de Santo Antônio e Jirau). O declínio dos investimentos nas áreas de infraestrutura, causado pela crise do Estado Brasileiro agravada a partir de 1982, ocasionou uma paralisação e/ou o não-início destes projetos e obras. A oferta de energia elétrica mantevese a níveis praticamente estabilizados, em função da geração ser efetuada quase que exclusivamente por empresas estatais, que se encontram em situação econômico-financeira, via de regra, crítica, com reduzida ou inexistente capacidade de investimentos em novos projetos. O único acréscimo de oferta foi resultado da complementação do programa de instalações de unidades geradoras em usinas que já estavam operando ou em final de construção, a exemplo de Samuel, em Rondônia. A demanda se manteve nos mesmos níveis da oferta, por conta da estagnação da economia e graças à campanha de racionalização do consumo de energia que reduziu perdas e desperdícios. Exceção se faz à maioria dos Estados da região Norte que convive com demanda superior à oferta e com racionamento, o que obriga, em particular a indústria, a ser autoprodutora. Há que se considerar ainda, que se a Nação Brasileira mantivesse seu ritmo de crescimento a taxas de 7%, anterior a 1982, a demanda atual seria bastante superior à oferta, e a questão energética seria um ponto de estrangulamento ao próprio crescimento nacional. A retomada do crescimento econômico do País, implicará na necessidade do aumento de oferta de energia elétrica a uma taxa de 5% ao ano, o que significa a necessidade de adição de 3.000 MW/ano ao sistema. Esse quantitativo de energia corresponde à construção de uma usina do porte de Itaipu a cada quatro anos. Quanto ao transporte, a partir do fim dos anos 50, motivado pela implantação da indústria automobilística, foi direcionado especificamente para o sistema rodoviário. Em função da crise econômica, a partir de 1982 e sua continuidade até os dias atuais, as principais rodovias brasileiras encontram-se hoje em estado precário, necessitando recursos substanciais para sua recuperação, induzindo a que o Governo Federal inicie um processo de privatização das mesmas. Parte II - Fatores de Grande Influência - Capítulo 10 - O Rio Madeira a Montante de Porto Velho 217 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 O sistema ferroviário de sua vez, criado no início do século passado, foi apenas mantido, quando não desmobilizado, a partir da opção pelo sistema rodoviário. Nos anos 70 foi iniciada a construção da Ferrovia do Aço, até hoje não concluída. Somente no final dos anos 80 o país recomeçou a pensar em ferrovias, através dos projetos da Norte-Sul e da ferrovia da soja, via empreendimentos privados. Ambos os projetos estão paralisados por falta de investimentos, seja estatal ou privado. A maior parte da malha ferroviária existente está sendo privatizada na tentativa de conseguir sua recuperação. A conscientização dos governos, pressionados pelas populações e organizações não governamentais, no que diz respeito à agressão ao meio ambiente, a proteção constitucional das áreas indígenas, os zoneamentos ambientais já encetados por dois Estados da região Norte (Rondônia e Mato Grosso) e sendo praticamente impostos a todos os outros, através da M.P. 1.511, vem dando um novo rumo às diretrizes básicas dos projetos a serem viabilizados, levando em conta ainda a obrigatoriedade de suas aprovações junto a órgãos ambientais de âmbito estadual e federal. Estas imposições tornam especialmente atraentes soluções de geração de energia que utilizam usinas de baixa queda com pequenos reservatórios, e a valorização da água como um bem esgotável e sujeito a taxações, induz à sua utilização de forma mais racional, valorizando empreendimentos de seu uso múltiplo. A atual tendência da globalização da economia, vem impondo condições bastante diferentes daquelas em passado recente: ao Estado cabe a competência mais nobre da indução e fiscalização da implantação da infra-estrutura básica socioeconômica e à iniciativa privada, os recursos técnico-financeiros necessários à sua implantação. Acrescese ainda que a implantação de empreendimentos de grande porte em regiões pioneiras, impõe que estes sejam realizados em etapas, com redução dos investimentos iniciais, de forma a possibilitar que as primeiras etapas de operação sejam o principal suporte à implantação das fases posteriores. Todas estes fatores aqui apresentadas, interagindo, permitem concluir do interesse da futura utilização do Rio Madeira, a montante de Porto Velho, para a geração de energia e navegação. Já existem empresários dispostos a investir neste projeto e foram iniciados os estudos das condições técnicas e de viabilidade econômica. Considerações sobre o Rio Madeira e o Projeto O Rio Madeira é formado pela confluência dos rios Mamoré e Beni, junto à cidade de Vila Murtinho, no Estado de Rondônia, prosseguindo seu curso como fronteira entre o Brasil e a Bolívia, até a foz do Rio Abunã, adentrando em território brasileiro, até a sua foz no Rio Amazonas. Além dos dois rios formadores, são contribuintes da bacia do Rio Madeira, os rios Guaporé e Madre de Diós. As nascentes dos rios Mamoré e Beni encontram-se nos Andes Bolivianos e a nascente do Rio Madre de Diós, nos Andes Peruanos. O Rio Guaporé serve de divisa entre o Brasil e a Bolívia, em toda sua extensão, nascendo junto ao pantanal matogrossense. Da nascente do Guaporé à confluência com o Mamoré, do qual aquele é tributário, o Rio Madeira percorre aproximadamente 1.300 km, dos quais cerca de 900 km navegáveis. O rio Mamoré tem um curso de 250 km, após receber as águas do Rio Guaporé, que de sua vez recebe as águas do Rio Beni e, dessa confluência, passa a se chamar Rio Madeira, até a sua foz no Rio Amazonas. A declividade média do Rio Madeira no trecho entre a foz do Rio Abunã e Porto Velho é da ordem de 20 cm/km, e os dois maiores desníveis verificam-se nas cachoeiras de Jirau e do Teotônio, em torno de 8m. A bacia do Rio Madeira abrange uma área de 1.058.000 km², dos quais 580.000 km², em território brasileiro. Da confluência dos rios Beni e Mamoré (Rio Madeira) até a cidade de Porto Velho (360 Km), estima-se um potencial hidrelétrico superior a 9.000 MW. O reservatório para a 218 Parte II - Fatores de Grande Influência - Capítulo 10 - O Rio Madeira a Montante de Porto Velho Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 exploração de todo esse potencial deverá atingir território boliviano, tornando o projeto bi-nacional. Neste caso, poderiam ser adicionados a esse potencial, cerca de 1.000 MW, existentes no Rio Beni, em território boliviano, no sítio denominado Cachoeira Esperança. As obras de geração poderão ser realizadas em prazos menores que os usuais, graças às condições peculiares do local, permitindo o início de operação comercial em tempo não superior a cinco anos. A ELETRONORTE estudou quatro alternativas para o projeto: - um único barramento na cachoeira Santo Antônio, aproveitando 36m de queda potência instalada 8.298 MW; - um único barramento na cachoeira do Teotônio, aproveitando neste caso 33m de queda - potência instalada 7.888 MW; - um barramento na cachoeira do Jirau de 17m e um segundo na cachoeira Santo Antônio - potência instalada 8.120 MW; - um barramento na cachoeira do Jirau de 17m e um segundo na cachoeira do Teotônio - potência instalada 7.634 MW. Neste estudo da ELETRONORTE, os aproveitamentos restringiram-se ao território nacional e indicam como alternativa mais econômica a terceira, assim detalhada: Sítio Cachoeira Santo Antônio Cachoeira do Jirau Potência Instalada 4.584 MW 3.536 MW Energia Firme 1.938 MW 1.568 MW A iniciativa privada interessada na implantação do sistema, já em adiantada fase de estudos e da busca de recursos, orçou preliminarmente o valor total do projeto em US$ 9 bilhões. Desse total, 50% diz respeito a máquinas e equipamentos, já assegurados por uma empresa alemã, 30% recursos em fase final de negociação com o BNDES e os 20% restantes, em fase de negociação com grupos econômicos japoneses e canadenses. Alia-se ao potencial hidrelétrico a grande vocação dos rios da bacia do Madeira para a navegação fluvial. Seus principais formadores e afluentes, com cerca de 3.000 km de extensão, são potencialmente navegáveis sem a necessidade de maiores intervenções, limitando-se ao balizamento do canal navegável e derrocamento em trechos localizados, além de alguma dragagem de manutenção nos períodos de estiagem. Exceção se faz quanto ao baixo e médio cursos do Rio Madeira, de Porto Velho à sua foz no Rio Amazonas, numa extensão de 1.100 km, que já é uma hidrovia implantada. A interligação dessas hidrovias depende de que nos barramentos se construam eclusas no trecho compreendido entre Cachoeira Esperança , no Rio Beni e cachoeira de Santo Antônio, no Rio Madeira, próximo a Porto Velho. A conjugação dos interesses de navegação e geração de energia em obras que apresentam reduzidos problemas ambientais, tornam o empreendimento extremamente atraente em termos estratégicos, e por apresentar menores custos de transporte e de energia obteníveis na região e provocar a passagem de nível, de um mercado carente para um abundante, na geração e oferta de energia, devendo alterar substancialmente as perspectivas de desenvolvimento de toda a Amazônia Ocidental, da região do Beni na Bolívia e ainda, contribuir de forma substancial para a melhoria das condições do sistema elétrico brasileiro. Este último aspecto, na verdade, é o propulsor de maior peso para que este projeto se torne realidade, pois alia interesses de investidores privados e do governo federal. Quanto a Rondônia os impactos de um projeto dessa envergadura são imensuráveis, alterando o “status quo” do Estado como um todo, a partir da geração de ICMS, aceleração do processo industrial e agrícola, ampliação da oferta de empregos e renda, consolidação da Zona de Livre Comércio de Guajará Mirim, ampliação do intercâmbio comercial e econômico do Estado e da Amazônia Ocidental com a Bolívia e Peru, entre outros. Parte II - Fatores de Grande Influência - Capítulo 10 - O Rio Madeira a Montante de Porto Velho 219 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 De outro lado, há que considerar ainda que, se implantado o projeto, sua conclusão coincide com uma 2ª fase da economia nacional, agora já estabilizada e retomando o seu crescimento. Esses dois aspectos somados, certamente criarão as bases para a implantação da rodovia de Saída para o Pacífico. ***** 220 Parte II - Fatores de Grande Influência - Capítulo 10 - O Rio Madeira a Montante de Porto Velho Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 11 O CORREDOR RODO-FLUVIAL G rande corredor natural de transporte fluvial, com 3.061 Km de extensão entre Porto Velho e Belém, no litoral norte, constitui-se em um importante fator de integração entre os povos da região. Historicamente assim tem sido para brasileiros, bolivianos e peruanos. A meio caminho, 1.348 Km de Porto Velho, encontra-se Manaus, a maior cidade da Amazônia Ocidental e importante pólo industrial e comercial, com um porto de porte marítimo encravado no interior amazônico. Embora diante de suas enormes potencialidades seja ainda incipiente e cara a navegação na hidrovia, evidencia-se agora como o meio mais direto para acesso aos grandes mercados do Atlântico Norte, para os produtos das novas fronteiras agrícolas do país, plantados no Centro-Oeste e avançando celeremente em direção ao Norte. O grande Amazonas permite a navegação de navios de porte oceânico, durante todo o ano, até Manaus, a 1.721 km do litoral. O baixo Madeira, trecho navegável do rio, tem 1.115 km de extensão, entre Porto Velho e a sua foz, esta situada a 233 km de Manaus. O Rio Madeira apresenta declividade média de 1,7 cm/km, largura quase sempre superior a um quilômetro, baixa sinuosidade e forte correnteza. A variação de nível das águas entre os períodos de cheia e estiagem situa-se entre 12 e 16 m. Apresenta alguns poucos pontos de maior risco à navegação, devido a bancos de areia ou pedras, que serão sanados em curto prazo com trabalhos relativamente simples de engenharia, projetados a partir dos dados disponíveis pela Marinha do Brasil. Durante o ciclo anual, podem-se distinguir quatro períodos distintos para a navegação, nas condições atuais do rio: de março a maio, período de enchente, e de junho a setembro, início da vazante do rio, que aceita embarcações com calado de até 6,8 m; de dezembro a fevereiro, embarcações com calado até 5 m e, de outubro ao final de novembro, calado até 2 m, quando a navegação torna-se necessariamente mais cuidadosa, mas não é interrompida. Incorporada aos projetos prioritários do Governo Federal, no Plano de Metas Plurianual, preparam-se atualmente novas cartas de navegação e praticagem para a hidrovia no trecho do Rio Madeira, escoradas em recentes levantamentos efetuados pela Marinha. Para o ano de 1997 estão programados os trabalhos de balizamento visual e eletrônico do canal navegável do Madeira. Além disso, será implantado um sistema de posicionamento por satélite, DGPS, que permitirá navegação em toda a região amazônica com segurança dentro dos padrões internacionais, durante todas as épocas do ano. Os novos padrões de navegação, entre outros benefícios, possibilitarão a redução dos tempos de viagem e a contratação de seguros para os bens transportados, inexistentes nas condições atuais. Essas melhorias certamente trarão redução nos custos do frete entre Manaus e Porto Velho, beneficiando de imediato, por exemplo, o transporte dos produtos eletro-eletrônicos da Zona Franca de Manaus em demanda ao Sul-Sudeste. O Projeto Hermasa 1- As Bases do Empreendimento Percebendo as enormes possibilidades da hidrovia Madeira-Amazonas, o Grupo André Maggi, que possui empreendimentos agrícolas na região da Chapada dos Parecis, em Mato Parte II - Capítulo 11 - O Corredor Rodo-fluvial 221 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Grosso, vem há anos estudando essa opção como alternativa para enfrentar os altos custos de transportes entre aquela região produtora e os portos de Paranaguá e Santos, distantes cerca de 2.500 km. Para alcançar qualquer desses portos exportadores, o transporte de uma tonelada de soja custa entre US$ 80 e US$ 115, por modal rodoviário, o único disponível. Os estudos do grupo acabaram por eleger o corredor fluvial como a melhor alternativa para redução dos custos de transportes dos produtos da região centro-oeste (especialmente soja), e da Amazônia Ocidental, e indicam economia de, no mínimo, US$ 30 por tonelada de soja transportada, posta em Roterdã, comparativamente ao menor preço, US$ 80, por modal rodoviário. Custo do transporte de soja - Chapada dos Parecis-Roterdã-Via Madeira-Amazonas Item Modal Rodoviário: Chapada dos ParecisPorto Velho. Carregamento das balsas: terminal de Porto Velho Modal fluvial: Porto Velho/ Itacoatiara Descarga da balsas: Terminal de Itacoatiara Total: transporte interno Modal Marítimo: Itacoatiara-Roterdã TOTAIS Distância - Km 900 US$ / Tonelada 31,00 - 2,00 1.270 19,50 2.170 7.124 9.294 6,50 59,00 16,00 75,00 FONTE: Hermasa Custo do transporte de soja- Chapada dos Parecis- Roterdã- Via Paranaguá Item Modal rodoviário: Chapada dos Paranaguá Porto - transbordo Modal Marítimo: Paranaguá-Roterdã TOTAIS Parecis- Distância - km 2300 US$/ Tonelada 80,00 7.993 10.293 9,00 16,00 105,00 FONTE: Hermasa O transporte da soja até o porto exportador de Santos (SP) tem custos idênticos ao via Paranaguá (PR). Fica assim evidente a vantagem da mudança em direção ao Norte: o preço da tonelada do produto posta em Roterdã, centro distribuidor para o mercado europeu e mundial, fica reduzido em pelo menos US$ 30,00. Reitera-se aqui que os custos aqui comparados baseiam-se no menor valor para o modal rodoviário até Paranaguá e Santos. Outro aspecto a ressaltar, de grande importância para toda a economia regional, é que o frete entre Porto Velho e Itacoatiara, e, por inferência, a Manaus e Belém, por força da entrada em operação do sistema de transporte da Hermasa, deverá sofrer uma redução acima de 50% em todas as tarifas hoje praticadas. Estudos demonstram ser ainda possível reduzir o valor hoje estimado em cerca de US$ 19,50/t para US$ 14,00/t, o que o aproxima dos US$ 12/t praticados no Rio Mississipi (EUA), paradigma mundial nessa forma de transporte, por distância similar. Obviamente, essa diminuição adicional no custo de transporte na hidrovia beneficiará ainda mais a relação de custos comparativos com os portos de Paranaguá e Santos, alcançando a diferença mínima de US$ 35 por tonelada. 222 Parte II - Capítulo 11 - O Corredor Rodo-fluvial Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 É necessário observar, entretanto, que essa vantagem é dependente da distância entre a zona de produção e o porto de Itacoatiara. Exemplificando: para o transporte de uma tonelada de soja, desde a zona de produção até Roterdã, teremos os seguintes custos comparativos: 1) de Humaitá, distante 1.100 km do terminal exportador por hidrovia, sem transporte rodoviário, o custo é de US$ 40; 2) de Ariquemes, distando 200 km de Porto Velho por via rodoviária, US$ 47; 3) desde o sul de Rondônia, distante de Porto Velho 750 km por via rodoviária, e mais 1.270 km por hidrovia, o custo atinge US$65; 4) desde a Chapada mato-grossense, a 900 km de Porto Velho, o custo é de US$ 75, como já vimos na tabela anterior. Por essa razão, é de se esperar que o plantio da soja em larga escala em Rondônia, iniciando pela região sul do estado, expanda-se na direção norte, em busca das terras mais próximas do porto da capital e de menores custos de transportes. Definida esta opção, deu-se início ao projeto Hermasa, que se propõe a transportar até um milhão de toneladas/ano de grãos, já no seu terceiro ano de operação, em 1999. O projeto inclui, além da construção de modernas balsas graneleiras e empurradores apropriados, especialmente projetados para navegar nas condições do Rio Madeira, um terminal graneleiro no porto de Porto Velho (RO), e um terminal portuário misto em Itacoatiara (AM), onde poderão atracar navios de até 60.000 toneladas de deslocamento. Em fase final de implementação, este sistema entrou em operação em abril de 1997, quando o primeiro navio cargueiro com destino ao porto de Roterdã foi abastecido de soja oriunda do Mato Grosso, no terminal de Itacoatiara. Para o transporte até Itacoatiara a Hermasa dispõe inicialmente, de um frota composta de dois comboios constituídos, cada um, das seguintes embarcações: • Um empurrador fluvial de 2.600 cavalos-vapor (BHP). • Quatro balsas graneleiras de 1.850 toneladas. • Duas balsas graneleiras de 2.000 toneladas. • Duas embarcações de apoio: • Dois rebocadores portuários de 15 toneladas de empuxo (TTE), um em cada terminal. • Uma lancha veloz de apoio, para monitoramento do tráfego, assistência operacional e manutenção de bóias de sinalização. Esses comboios de balsas estarão ocupados cinco meses por ano, de março a julho, no transporte de soja. Nos demais períodos do ano estarão prestando serviços de transporte geral ao longo da hidrovia podendo beneficiar-se dessa estrutura produtos agrícolas, agro-industriais e industriais, incluindo-se aqui a madeira, produzida e/ou beneficiada no estado de Rondônia. 2- O Projeto Agrícola. Tendo como pontos focais o plantio e a comercialização da soja, e secundariamente do milho, o projeto está dimensionado para uma produção atual, na Chapada dos Parecis em Mato Grosso, da ordem de 3,35 milhões de toneladas em 1,35 milhão de hectares plantados. As projeções indicam crescimento para 4,5 milhões de toneladas em 1,8 milhão de ha, no ano 2000. Incluindo-se as novas áreas a serem plantadas nos estados de Rondônia, Amazonas e Acre (não considerando o estado de Roraima), as projeções atingem 9 milhões de toneladas em 3,6 milhões de hectares até o ano 2004. Presentemente, a área plantada e a produção de soja na região do empreendimento esta assim distribuída: Parte II - Capítulo 11 - O Corredor Rodo-fluvial 223 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Áreas e Produção de soja - região de influência do projeto Hermasa Região Área ( ha ) Produção/t Soja Total Agricultável Plantada Chapada Parecis - MT/RO 40.000.000 20.000.000 1.350.000 3.350.000 Sul dos estados - AM/AC 30.000.000 5.000.000 15.000 30.000 FONTE: Hermasa As previsões de incremento do plantio de soja em novas áreas até o ano 2000 são: Chapada dos Parecis (MT) - 50.000 ha/ano. Chapada dos Parecis (RO) - 25.000 ha/ano Sul do Amazonas e Acre - 25.000 ha/ano. Total do incremento - 100.000 ha/ano Em Rondônia , as áreas inicialmente previstas para plantação estão localizadas na região sul do estado, na Chapada rondoniense, embora estejam em desenvolvimento pesquisas nas regiões centrais, como Jaru, Ouro Preto, Ariquemes, Ji-Paraná e Cacoal, com possibilidades futuras de expansão do plantio. Para a região de Vilhena, o Grupo Maggi dispõe de um pacote próprio de financiamento aos interessados que disponham das condições básicas para participação no empreendimento, quais sejam: extensão adequada de terras preparadas para o plantio e implementos como trator, caminhão e colheitadeira. Nesse pacote incluem-se o fornecimento das sementes com uma garantia mínima de produtividade, manutenção e até mesmo a reforma de máquinas como trator, caminhão e colheitadeira, a análise do solo e as quantidades adequadas de corretivos e fertilizantes, além de uma certa quantidade de recursos financeiros até a colheita. Não haverá financiamento de máquinas e implementos no pacote. Vale lembrar que a colheita é um serviço que já pode ser terceirizado no país. Devido às diferentes épocas de colheita nas diversas regiões produtoras, grande quantidade de colheitadeiras deslocam-se de região para região, nas épocas de safra, para execução da colheita. Portanto, em princípio, a inexistência de colheitadeiras na propriedade não é fator impeditivo para a participação no empreendimento. Está previsto para breve a conclusão, em Vilhena, de um armazém para grãos, a ser construído com modernos parâmetros tecnológicos de acondicionamento e capacidade para 65.000 toneladas. Para o futuro estão previstos mais cinco armazéns do mesmo tipo ao longo da BR-364, com capacidade e localização final ainda por definir. 3 - Agro-Indústria O volume de soja contemplado pelo projeto traz, de imediato, a decisão de implantação de indústrias de seu beneficiamento. O Grupo Maggi projeta a operação de uma indústria de óleo refinado a ser construída em Itacoatiara, com capacidade de esmagamento de 1.500 t/dia. 4 - Os Fertilizantes A intensa mecanização e exigência de alta produtividade para manutenção da competitividade do negócio da soja, exige, além de grandes extensões de terras planas para o plantio, correção e adequada adubação do solo. Em toda a área plantada, e nas novas previstas, há necessidade de correção e fertilização do solo. As grandes jazidas de calcário existentes em Rondônia, próprio para essa correção, constituem, portanto, reservas estratégicas nesse processo, já que têm volume e qualidade suficientes para atender às exigências. Entretanto, a quantidade e a qualidade do produto 224 Parte II - Capítulo 11 - O Corredor Rodo-fluvial Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 atualmente colocado à disposição do mercado são insuficientes e inadequadas, devido às deficiências da extração e beneficiamento realizadas com equipamentos inapropriados, não atendendo às especificações requeridas pela agricultura. Propriedade da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais - CPRM, vem sendo explorada pela Companhia de Mineração de Rondônia - CMR, a qual já evidenciou não ter capacidade técnica e financeira para investir no aumento e melhoria da qualidade da produção e já anuncia a privatização da exploração. Para a fertilização do solo corrigido, a própria hidrovia cria as condições necessárias à obtenção dos fertilizantes a preços competitivos. A área total plantada em toda a região nos próximos anos, fará com que o consumo de fertilizantes seja altamente expressivo em termos nacionais, certamente tornando atrativo esse mercado aos grandes fabricantes e distribuidores desses produtos. O Grupo Maggi demonstra-se interessado em localizar parceiros para investir nessa área, dominada por grandes empresas multinacionais. Na fase atual, entretanto, os navios transportadores de soja assegurarão o abastecimento de fertilizantes, de menor custo comparativo, utilizando-se dos fretes de retorno. 5 - Efeitos Imediatos sobre a Economia Regional Na agricultura os resultados imediatos virão sob a forma de fortes investimentos para incrementar a produção de soja na região Sul do Estado. Aí, várias famílias de agricultores reunindo as condições mínimas para participação no projeto já foram localizadas. Nos períodos do ano em que não estiver sendo trabalhada a soja, o segundo cultivo a ser desenvolvido pelo Grupo Maggi será o do milho. No entanto, outros produtos regionais decerto serão beneficiados durante a entresafra da soja, a partir do momento que a estrutura de comercialização e transporte criada em torno dela tornar-se ociosa, e superior às necessidades da cultura do milho. A força propulsora dos grandes recursos a serem aplicados na produção e comercialização de produtos como a soja e o milho, poderá alavancar a destinação de capitais para o desenvolvimento da agroindústria do estado de Rondônia. Nos serviços, haverá maior demanda por atividades relacionadas ao transporte de grandes quantidades de produtos agrícolas. O movimento de carretas nos dois sentidos da BR 364, transportando soja desde as regiões produtoras até o porto de Porto Velho será de 200 carretas/dia no primeiro ano (1997), 400 ao dia em 98 e 600 ao dia em 99, durante os cinco meses de escoamento da safra. Contratos de transporte para escoamento da safra poderão ser assinados entre proprietários de carretas e os exportadores, com a duração do período de safra. Também como conseqüência do intenso tráfego de veículos de carga, pode-se vislumbrar a ampliação dos negócios de comercialização e manutenção mecânica de veículos pesados, comércio de combustíveis e correlatos, comércio de máquinas e implementos agrícolas, etc. Esse será, certamente, um dos itens de maior expansão em decorrência da exploração da soja. No transporte fluvial entre Porto Velho e Manaus é que se vislumbram transformações radicais. A modernização das condições de navegação do baixo Rio Madeira, trará consigo a redução do tempo das viagens, e a maior segurança geral da navegação, inclusive e particularmente para o tráfego de passageiros. Na área de cargas a Hermasa estima a partir do ano de 2004 um volume de 12 milhões de toneladas anuais sendo transportadas pela hidrovia, dos quais 9 milhões de soja, 2 milhões de outros grãos e 1 milhão em outras cargas. A livre concorrência, nestas condições, decerto resultará na redução dos preços de fretes e num gigantesco crescimento no setor de transportes da região, e de Rondônia em particular, transformando esta hidrovia num dos mais importantes corredores de transporte fluvial do mundo. Pode-se concluir que todo o processo de produção e comercialização de Rondônia deve ser reprogramado em função dessa nova realidade, com vistas ao mercado do Amazonas, em Parte II - Capítulo 11 - O Corredor Rodo-fluvial 225 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 particular quanto à cidade de Manaus, que por sua vez comercializa com cidades interioranas daquele estado e com o estado de Roraima. Abre-se ainda a possibilidade de comercialização com estados do Nordeste brasileiro, principalmente quanto a grãos, em particular quanto ao milho; também com a cidade de Belém e quanto à exportação. Em todos os casos através de um transporte de significativo menor custo. Pode-se agora repensar ou replanejar o Estado com vistas à industria e/ou agroindústria, e com cultivos de entresafra, em particular quanto à produtos hortifrutigrangeiros. Acresce-se ainda que os subprodutos da industrialização da soja e o milho disponível no Estado, abrem perspectivas para a suplementação alimentar através de confinamento de bovinos, para a produção de peixe em cativeiros e produção avícola, este último para abastecimento do Estado. Nasce portanto, a partir dessa realidade, um novo momento para Rondônia, exigindo que o poder público e a iniciativa privada se organizem para otimizar o uso dessa estrutura, com vista a ampliar a geração de empregos e renda em todo o Estado. Pertinente a esse tema, deve-se relatar ainda, que o município de Vilhena foi incluído no PRODECER, programa de cooperação nipo-brasileira para o desenvolvimento dos cerrados. No caso específico de Rondônia, o programa objetiva incorporar naquele município, com início em 1997, uma área de 20.000 ha, através de 40 produtores, em áreas a serem cultivadas de 500 hectares. O modelo a ser adotado será o de assentamento de produtores previamente selecionados, associados e apoiados por um cooperativa, com assistência técnica e crédito orientados. As atividades a serem desenvolvidas constarão da produção de grãos, em particular a soja, e de culturas perenes irrigadas. Este é mais um fator a sinalizar a viabilidade da implantação de uma indústria de esmagamento de soja, a curto prazo, no município de Vilhena. Naquele município, aliás, experiências-piloto como os projetos de plasticultura, implementadas pela prefeitura, poderão servir de indicativos tecnológicos e de produção, vez que os mesmos já se enquadram perfeitamente nos propósitos do programa. ***** 226 Parte II - Capítulo 11 - O Corredor Rodo-fluvial Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 12 CORREDORES DE INTEGRAÇÃO E A SAÍDA PARA O PACÍFICO 1. Antecedentes A s discussões sobre a ligação do Brasil com o Oceano Pacífico são anteriores à Segunda Grande Guerra, quando já se discutiam as alternativas rodoviária/ferroviária e alguns traçados possíveis. A mais antiga referência ao assunto é de Euclides da Cunha, que defendia a construção da estrada "Transacreana" que, "transmutada em estrada internacional, terá extraordinário destino ". Apontado como o primeiro ecólogo brasileiro, Euclides da Cunha era um militar positivista e desenvolvimentista que defendia a construção de uma estrada de ferro entre os rios Acre (que banha Rio Branco, a capital do Estado) e Javari (na fronteira com o Peru). Na sua opinião (em 1907), a Transacreana era "a única estrada de ferro urgente e indispensável ao Estado do Acre". Pouco importava se a estrada não tivesse tráfego: "A linha acreana não vai satisfazer um tráfego que não existe, senão criar o que deve existir' ' escreveu Euclides da Cunha em "À Margem da História". A ferrovia permitiria redistribuir o povoamento e retirar os seringueiros do isolamento. A ligação transversal entre os rios, ao longo dos quais se concentrou o povoamento, permitiria superar "a submissão primitiva ao fatalismo imponente das grandes linhas naturais de comunicação". O então tenente-engenheiro do Exército (Chefe da Comissão de Reconhecimento do Alto Purus, em 1905) ressaltava que a estrada também reforçaria os interesses nacionais "garantindo nossas fronteiras naqueles lados". Euclides escrevia com conhecimento de causa: três anos antes, Plácido de Castro proclamara a independência do Acre. O território, antes pertencente à Bolívia, foi incorporado ao Brasil em 1904. A idéia pouco evoluiu no transcurso do século XX, mas agora, no limiar do século XXI, a consolidação da integração latino-americana e a necessidade de alcançar novos mercados, estão exigindo sua imediata implantação. Como se pode observar, desde o aparecimento da idéia de ligação do Brasil com o Pacífico, a tendência é de que a ligação se faça através do Peru. As relações Brasil-Peru, apesar destes países possuírem quase 3.000 km de fronteira comum, se caracterizam mais pelo aspecto diplomático, desde 1826, com pouco conteúdo econômico e comercial, ou mesmo estratégico. Ainda que formais e corretas, as relações entre os dois países sempre foram distantes e frias, não existindo, historicamente, grandes oportunidades de cooperação, nem significativas situações de conflito. No governo do general Francisco Morales Bermúdez (l975) o Peru manifestou o interesse de aproximação com o Brasil, reconhecendo as vantagens potenciais de cooperação e "o perigo de ignorar a crescente importância política e econômica do nosso poderoso vizinho" conforme declarou à imprensa internacional. A aproximação Peru-Brasil se efetivou a partir da "segunda fase" do autoritarismo militar, o que não significa que, anteriormente, não existissem vinculações e compromissos de diversos tipos, como o Convênio Cultural de 1945, dentre outros. Mas foi somente em 1975 que tais relações tomaram outros rumos, quando os dois países assinaram o Convênio Básico de Cooperação Técnica e Científica. Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico 223 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Relacionado com os assuntos regionais, que dizem respeito diretamente à Amazônia, destaca-se o "Acordo para a Constituição da Subcomissão Mista Brasileira-Peruana", cujas atribuições se destinavam à realização de estudos sobre problemas locais e adoção de medidas necessárias ao incremento do intercâmbio fronteiriço, com análises de base e da possibilidade de dinamizar as atividades agrícola, pecuária, florestal, industrial, pesqueira, mineral e energética, dentre outras. Extrapolando o aspecto bilateral, o assunto da construção da via intercontinental adquiriu caráter de compromisso multilateral com a assinatura, no dia 03 de junho de 1978, do Tratado de Cooperação Amazônica. Este compromisso basicamente pretende incrementar o desenvolvimento regional, mantendo a soberania dos signatários e, defendendo, principalmente, a premissa de que a Amazônia pertence aos países que a compõem, refutando qualquer tentativa de ingerência externa nesta parte do mundo. Em seu Artigo X, o Tratado de Cooperação Amazônica indica: "As partes contratantes coincidem na conveniência de criar uma infra-estrutura física (grifo nosso) adequada entre seus respectivos países, especialmente nos aspectos de transportes e comunicações. Consequentemente, comprometem-se a estudar as formas mais harmônicas de estabelecer ou aperfeiçoar as interconexões rodoviárias, de transportes fluviais, aéreos e de telecomunicações, tendo em conta os planos e programas de cada país para lograr o objetivo prioritário de integrar plenamente seus territórios amazônicos às suas respectivas economias nacionais". Outros instrumentos também carregam a preocupação de promover maior aproximação e cooperação entre os países sul-americanos. As nações cujos territórios se localizam na Cordilheira dos Andes, firmaram o Pacto Andino, objetivando consagrar um mercado comum capaz de conferir maior peso nas decisões econômicas do continente. A Ata de Rio Branco, assinada pelos Ministros dos Transportes da Bolívia, do Brasil e do Peru, registrava o interesse desses países pela "integração física" da região, através de uma rodovia ligando Lima a Brasília e de uma conexão entre Rio Branco e La Paz. Em outubro de 1979 foi firmado o Tratado de Amizade e Cooperação Brasil-Peru, cuja promulgação somente ocorreu em 1981. Os dois países comprometeram-se a acelerar estudos e contatos para a execução da "integração física", de acordo com os seus respectivos planos de desenvolvimento, e que viessem a possibilitar o transporte das exportações e importações do Peru para o Oceano Atlântico. No mesmo ano da promulgação desse tratado, foi firmado um acordo entre o Brasil e o Peru sobre a interconexão rodoviária, determinando-se que o ponto de passagem preferencial se situasse junto as localidades de Assis Brasil (Acre) e Iñapari (Peru). Como se pode notar, todos estes compromissos referentes a questões viárias se encaixam dentro do conceito de "integração física", expressão incorporada oficialmente durante a "Declaração dos Presidentes da América" (l967), com antecedentes fincados na própria execução de projetos dessa natureza, como o da Rodovia Pan-americana, executado em cumprimento dos Acordos da Quinta Conferência Interamericana de 1923. Aquela "integração física", expressão relativamente nova no jargão do desenvolvimento, combina os conceitos de integração econômica e infra-estrutura física. O primeiro se refere à consolidação de economias separadas, em uma unidade econômica maior dentro ou fora das fronteiras nacionais; o segundo, evidentemente se refere ao conjunto subjacente de sistemas que buscam facilitar o transporte de bens e de pessoas, assim como os de comunicação e outros. O Instituto Nacional de Desarrollo del Peru - INADE e a Agência Brasileira de Cooperação - A.B.C. chegaram a realizar estudos conjuntos para a construção da rodovia. Em 1988, o governo japonês mostrou-se interessado em financiar a pavimentação dessa rota, através do Overseas Economic Corporation Fund - OECF. O governo do Estado do Acre enviou uma cartaconsulta ao Governo Federal e a àquela organização, visando obter financiamento no valor global de US$ 307,4 milhões, para pavimentação da BR-364, no trecho Rio Branco-Cruzeiro do Sul. Após a concessão de prioridade dada pelo governo brasileiro, o governo do Estado do Acre inici224 Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 ou, e concluiu, o estudo de viabilidade técnica-econômica de pavimentação da rodovia, editado em sete volumes, hoje praticamente abandonados. É óbvio que uma estrada dessa magnitude acabará por diminuir a importância do Canal do Panamá. Esse fato afetará os interesses, principalmente geopolíticos, dos Estados Unidos. O Canal do Panamá foi fundamental para a construção da hegemonia dos E.U.A em nível mundial e, especialmente, para o seu domínio sobre a América Latina e projeção na Bacia do Pacífico em direção à Ásia, através da grande base que é o Hawai. Por esse motivo, alegando razões de ordem ecológica, tratou de opor-se à construção da rodovia. Durante as cerimônias fúnebres do Imperador Hiroito, em fevereiro de 1988, o presidente George Bush manifestou ao primeiro ministro Noburo Takeshita, a sua oposição a que o Japão financiasse essa estrada, caso não fossem realizados estudos prévios de impacto ambiental. Como era de se esperar, tal financiamento nunca se efetivou. O Japão, que parecia muito interessado em iniciar o financiamento da construção, passou, desde então, a declarar que nunca havia tido tal interesse. Mas George Bush não foi o primeiro presidente norte-americano a mostrar suas ambições a respeito da região Amazônica. No início do século, Theodore Roosevelt, de quem Bush se considera herdeiro de seus ideais conservacionistas e raciais, tentou criar um enclave territorial no que hoje é o Estado do Acre. Entusiasmado pela febre do caucho, Roosevelt auspiciou a criação do "Bolivian Syndicate of New York", organizado na forma das "Chartered Companies" ao estilo da Companhia das Índias Orientais, para explorar este produto. Colocou então, na junta diretiva, junto com os representantes das casas bancárias Baring e Rothschild, um sobrinho seu. Felizmente os esforços do Syndicate de Roosevelt foram derrotados por uma guerrilha de caucheiros comandada por Plácido de Castro, conforme já foi referido anteriormente. Atualmente a luta para promover o desenvolvimento regional continua, conduzida por abnegados idealistas. Ao assumir a presidência da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia FIERO, o empresário Miguel de Souza passou a liderar um movimento permanente de defesa e incentivo para a construção da rodovia, mobilizando empresários, políticos, e a própria comunidade nacional, através de palestras, publicações, encontros e depoimentos à imprensa. Sendo hoje uma das principais bandeiras de atuação da FIERO, a idéia foi amadurecida, inicialmente, em 20 de setembro de 1990, com a realização do seminário "A Saída para o Pacifico". O encontro, que contou com a parceria da CNI, reuniu empresários, governadores da Região Norte, representantes do Itamaraty, Ministério da Infra-Estrutura, Vice-Ministros da Agricultura e dos Transportes do Peru, Embaixador do Peru no Brasil e outras autoridades. A pauta de propostas do Seminário não se resumiu, apenas, à definição do trajeto rodoviário que viabilizará a Saída para o Pacífico. Ela foi além, analisando uma série de projetos que representam um grande passo para a interligação das bacias hidrográficas do Amazonas e do Prata, por meio de uma rede integrada de transportes fluviais, rodoviários e ferroviários. Em agosto de 1992, o assunto foi mais uma vez objeto de atenção da FIERO, que com o apoio da CNI, reuniu 25 profissionais (empresários, políticos, técnicos e jornalistas), na realização da "Caravana da Integração Brasil-Peru-Bolívia - A Saída para o Pacífico". A aventura vivida pelos integrantes, transformou-se em um livro, "A Saída para o Pacífico - Um relato de Miguel de Souza", publicado pelo SEBRAE Nacional na série "Idéias e Propostas". O livro narra a trajetória da Caravana que, em 20 dias de viagem, indo pelo Peru, via Assis Brasil/Iñapari, chegou aos portos de Ilo e Matarani, no Pacífico, retornando pela Bolívia, derrubando mitos e preconceitos que se impunham como obstáculos à construção da Rodovia. Em sua narrativa, Miguel de Souza vale-se de fotos, mapas e gráficos que situam o leitor no ambiente físico da estrada, desde a selva acidentada e úmida, com variações de 24 a 500 metros de altitude, seguindo pelo altiplano gélido e seco, até os cinco mil metros acima do nível do mar, chegando finalmente na costa desértica do Peru, a somente cinco metros de altitude. Por ocasião da Caravana, o empresário Miguel de Souza deslocou-se até Lima, onde manteve Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico 225 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 audiência com o presidente peruano, Alberto Fujimori, que declarou, na oportunidade, o interesse do seu país na construção da estrada. Fujimori afirmou que está buscando recursos no exterior para realizar a pavimentação básica das estradas que ligam a fronteira do Peru com o Brasil, até os Portos de Ilo e Matarani, no Pacífico. No dia 14 de maio de 1993, a FIERO, o Governo do Estado, a CNI e o jornal O Globo, com o apoio da FECOMÉRCIO, FAERON, FACER, SEBRAE/RO, governos do Acre e Mato Grosso, promoveram o Seminárío Internacional de Integração Brasil-Peru-Bolívia. No encontro, o diplomata Francisco Mauro Dantas, representante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ratificou que a Saída para o Pacífico será via Peru, através da interconexão Assis BrasilIñapari. O seminário sugeriu também a criação de comitês, em cada país, para tratar da integração física regional e divulgar os avanços sobre a evolução do projeto. Ao final, os participantes assinaram, a Carta de Integração Brasil-Peru-Bolívia. Outras entidades, estados e países também promoveram encontros, seminários e ciclos de palestras sobre a Saída para o Pacífico, inclusive apresentando outras rotas alternativas. Todo esse trabalho de discussão e divulgação da idéia teve reflexos positivos e imediatos sobre a opinião da classe política brasileira. O assunto passou a ser tema obrigatório na campanha eleitoral de 1994, para todos os candidatos à Presidência da República. Todos eles se referiram ao projeto com manifestação de apoio, e o candidato vitorioso, Fernando Henrique Cardoso, inseriu nas paginas 62/63, da Proposta de Governo "Mãos à Obra, Brasil", os seguintes tópicos: "Região Norte Projetos Rodoviários * BR-174 - construção do trecho Manaus-Boa Vista-Fronteira com a Venezuela. (Abertura dos mercados do Caribe, América Central, América do Norte, pelos Portos de Caracas e de Santa Cruz); * BR-317 - construção do trecho Rio-Branco-Assis Brasil (Saída para o Oceano Pacífico através do Porto de Ilo no Peru); (grifo nosso) * BR-230 - (Transamazônica): recuperação do Novo Repartimento AltamiraJacareacanga-Humaitá-Lábrea (Integração nacional e fomento à intermodalidade); * BR-319 - recuperação do trecho Humaitá-Porto Velho; * BR-364 - recuperação do trecho Porto Velho-Rio Branco; * BR-210 - (Perimetral Norte): recuperação do trecho Caracarai- Rio Trombetas; * BR- l53 - recuperação do trecho Araguaina - divisa de Goiás; * BR-364 - recuperação do trecho Porto Velho-Cuiabá (integração da Região Norte com o Centro-Oeste, e transporte de produtos agrícolas do Centro-Oeste para Porto Velho); * BR-010 - recuperação do trecho Açailândia - entroncamento da BR-316." Mais recentemente, durante a primeira visita feita à Amazônia depois de empossado no cargo de Presidente da República, Fernando Henrique declarou em Manaus, em 2 de abril de 1995 que "não estarei feliz ao deixar o governo sem ter iniciado a construção de uma via para o Pacífico. Não são promessas, são determinações". Outra frase que aumentou as esperanças dos brasileiros da Amazônia, foi quando ele disse "há várias estradas que são de uma importância enorme para o Amazonas e eu espero fazê-las em meu governo. Algumas pretendo iniciar já". No dia 20 de abril de 1995, o "Encontro Nacional sobre a Rodovia Transcontinental Brasil-Peru", realizado no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro projetou, mais uma vez, o assunto a nível nacional. Promovido conjuntamente pelos governos do Acre e de Rondônia, com a colaboração da FIERO que repassou as informações disponíveis em seus bancos de dados sobre o tema. O presidente Miguel de Souza foi um dos palestrantes do encontro. Em 1995, outra Caravana foi organizada, percorrendo o trajeto inverso da anterior, incluindo os portos chilenos de Arica e Iquique em seu roteiro, obtendo o mesmo sucesso da 226 Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 primeira. Realizada conjuntamente pela Federação das Indústrias do Estado de Rondônia e a Federação do Comércio do Estado de Rondônia, com o apoio da Confederação Nacional dos Transportes e do Governo do Estado de Rondônia, esta segunda Caravana confirmou o interesse dos povos, governos e lideranças empresariais dos países visitados, pela concretização da Saída para o Pacífico. Por tudo isso, acredita-se que a concretização da Saída para o Pacífico já está em contagem regressiva, e mais do que nunca precisa do empenho técnico, político, e competente dos governos e dos segmentos empresariais dos países interessados. A decisão política já existe e o grande desafio que se terá de enfrentar será o de sua viabilização. Mas, como diz o adágio popular: "o caminho se faz caminhando". 2 - A Importância da Saída Para o Pacífico A possibilidade de um mundo diferente com a construção de uma rodovia ligando o litoral brasileiro à costa peruana, que facilitará o escoamento da produção agrícola nacional aos portos do Oceano Pacífico é, como vimos, o caminho de uma antiga esperança. A atual situação é exatamente inversa daquela registrada no início do século, com a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, criada pelo governo brasileiro para ampliar o merca-do da Bolívia até o Atlântico e como pagamento à anexação do Acre ao Brasil. Quase cem anos depois, o destino passa a ser o Oceano Pacífico, onde se encontra o Japão e os "Tigres Asiáticos", grandes mercados consumidores potenciais para os produtos agrícolas produzidos no Brasil. A construção dessa rodovia diminuirá em cerca de quatro mil milhas (7.408 km) a distância percorrida pelos produtos oriundos do Oeste amazônico e do Centro-Oeste brasileiro até os portos asiáticos ou japoneses. Através dela, tais produtos evitarão o largo percurso até o Canal do Panamá, e se abrirão as portas para a independência econômica das duas regiões, além de dinamizar a economia e a integração latino-americana. Neste item, se passará a analisar a importância da Saída para o Pacífico, a partir de sua influência em relação à Orla do Pacífico, à Ásia, aos países andinos, ao Brasil, à Amazônia Ocidental e ao Estado de Rondônia. 2.1 - Em Relação à Orla do Pacífico Na medida em que se aceite como uma megatendência, para o ano 2.000, a ascensão econômica da Orla do Pacífico, a saída do Brasil para a costa do Pacífico se torna uma necessidade. A região da Orla do Pacífico tem o dobro da extensão geográfica da Europa e dos Estados Unidos. Estende-se desde a costa ocidental da América do Sul em direção ao Norte, até o estreito de Bhering, e da CEI (Comunidade dos Estados Independentes, antiga União Soviética); e em direção ao Sul, até a Austrália, incluindo todos os países banhados pelas águas do Pacífico. Mas a força propulsora que está por trás da mudança do Atlântico para o Pacifico é o milagre econômico da Ásia, em particular do Japão. As economias da Orla do Pacífico, dirigidas para as exportações, estão crescendo três vezes mais rápido do que as do restante do mundo. Dividindo a Bacia do Pacífico em sub-áreas, tem-se a seguinte configuração: a) Nordeste Asiático: nessa área estão localizados, além do Japão, três dos quatro Tigres Asiáticos: Coréia do Sul, Hong Kong e Taiwan. Concentra, atualmente, 30% da população mundial. b) Sudeste Asiático: formado pelo Vietnã, Cambodja, Laos, Tailândia e Filipinas, entre outros. Trata-se de uma área importante por ser densamente povoada, possuir territórios ricos em matérias-primas e áreas aptas à agricultura intensiva. c) Pacífico Sul: Reunindo dentre outros países a Austrália e a Nova Zelândia, área que Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico 227 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 apresenta baixa densidade demográfica, porém com potenciais produtivos semelhantes ao do sudeste asiático. Diante destas sub-áreas, vale observar que a mais importante é a que se localiza no Nordeste asiático, pois nela convergem os interesses dos EUA, China, C.E.I. e Japão. Quer dizer, grandes potências do mundo, à exceção do Mercado Comum Europeu, chegam diretamente a essa região. Observe-se ainda que, diante da configuração esboçada, os países sul-americanos do Pacífico (Colômbia, Equador, Peru e Chile) aparecem quase como excluídos do dinamismo econômico da Orla do Pacífico, a despeito de possuírem imensos territórios e recursos naturais apreciáveis como a pesca, cobre, chumbo, zinco, ferro, prata, gás, carvão, petróleo e outros, além de riquíssima biodiversidade e recursos genéticos, grandes extensões para a agricultura intensiva e uma expressiva população. É de se concluir que o acesso limitado ao rico potencial do interior sul-americano pelo Pacífico contribuiu para essa exclusão. E essa situação pode ser revertida com a abertura de um acesso direto entre a Orla do Pacifico e a Bacia Amazônia. 2.2 - Em relação à Ásia O grande fluxo da economia internacional, no século XXI, passará, com maior freqüência, pelas vastas terras do continente asiático, de nações populosas como a China, Japão, Índia, Paquistão e Malásia, bem como dos "Tigres Asiáticos": Hong-Kong, Taiwan, Cingapura e Coréia do Sul, recém desenvolvidos e prósperos. A Ásia é um continente que concentra 62% da população mundial. A média do crescimento regional nos últimos cinco anos é de 7% ao ano. O total das exportações brasileiras para esta região somou 12% em 1993 e 13% em 1994. As condições econômicas favoráveis em muitos países asiáticos representam, hoje, uma oportunidade de negócios para os produtos nacionais, principalmente com a implementação de uma saída rodoviária para um porto no Pacífico. Muitas destas nações possuem recursos que inclusive poderiam ser requisitados para financiar a construção da estrada. A seguir, algumas informações sobre os principais países da região: China - o intercâmbio bilateral entre o Brasil e a China, depois de atingir o seu apogeu em meados da década passada (US$ 1,4 bilhão) decresceu em importância. Espera-se, porém, que a recuperação econômica da China estimule o comércio bilateral, principalmente com a abertura às importações registradas no Brasil. O Brasil deverá, assim, investigar justamente as pequenas lacunas na economia agrícola chinesa, que possibilitarão o incremento da exportação brasileira. Também relacionado com a vocação de Rondônia e dos demais estados amazônicos do Brasil, outro segmento com grande potencial para exportação para a China são os produtos florestais, como o mogno, muito utilizado no artesanato chinês, além de óleo de soja, óleo de dendê, cacau e cana-de-açúcar. Indonésia - o Brasil e a Indonésia identificam-se em vários aspectos nas áreas agrícola e florestal, pois ambos contam com as maiores extensões de florestas tropicais do globo e têm sido amplamente pressionados a conservá-las. Os dois são produtores de matérias-primas tais como: café, cacau, pimenta, mandioca, borracha natural e madeiras tropicais, entre outras. No âmbito das negociação comerciais da Rodada do Uruguai, compartilharam posições e interesses análo-gos, em especial no que diz respeito a produtos tropicais e a liberalização de produtos agrícolas. Malásia - país tipicamente tropical, situado perto do Equador entre 10º e 7º latitude Norte, apresenta muitas culturas com afinidades e assemelhadas às brasileiras. A Malásia demonstrou grande interesse no intercâmbio de material genético, como germoplasmas de seringueira, cacau e plantas frutíferas, nativas do Brasil. Por outro lado, clones avançados de seringueiras, variedades de dendê, espécies florestais e frutíferas da Malásia, algumas nativas como graviola, carambola e jamelão, interessam ao Brasil. 228 Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Coréia do Sul - trata-se de um país com pequena área geográfica, mas de acelerado ritmo de crescimento econômico. O Brasil representa o 31º parceiro comercial da Coréia do Sul na América Latina, com um intercâmbio que ultrapassa US$ l bilhão. A economia da Coréia do Sul, hoje maior que a da Dinamarca ou da Áustria, apresenta uma peculiaridade que pode servir de exemplo: sua distribuição de renda que, pelos padrões da ONU, está entre as mais justas do mundo. Taiwan - com uma das mais altas densidades populacionais do mundo, atingiu uma invejá-vel renda "per capita" que supera US$ 10 mil. Taiwan, ao contrário da Coréia do Sul, possui terra para finalidades agropecuárias em seus 36.000 km2, e tem conseguido expandir sua produção agrí-cola rapidamente, por meio de uma busca vigorosa de políticas apropriadas, algumas das quais po-derão ser analisadas pelo Brasil, particularmente quanto à reforma agrária, que pôs fim aos latifún-dios daquele país. O intercâmbio comercial com o Brasil tem sido de produtos manufaturados. As vendas brasileiras para a Coréia do Sul e Taiwan respectivamente, excedem o total de exportações para a Europa Oriental, inclusive a Rússia e outros países da Comunidade de Estados Independentes (CEI). Hong Kong- trata-se de um pequeno país asiático com alta taxa de crescimento econômico e que foi revertido à China este ano. Existe uma disposição de manter-se Hong-Kong como porta de acesso aos mercados mundiais, admitindo normas de economia de mercado e a convivência proveitosa da cidade com as regiões chinesas limítrofes. O país tem uma alta densidade popula-cional e uma área extremamente reduzida para atividades agrícolas. Por isso, sua produção agríco-la é inexpressiva, restrita a apenas alguns produtos animais. A China provê a maior parte de suas necessidades alimentares. Mesmo assim, importa do Brasil alguns produtos como carne bovina, aves, óleos vegetais, fumo, couros, peles e papel. Cingapura - país com alta densidade demográfica (4.364,5 habitantes por km2) transformou-se em um dos quatro tigres asiáticos dinamizando sua produção com vistas à exportação. Hoje sua população tem, do ponto de vista material, poucas razões para estar insatisfeita: tem uma das maiores rendas "per capita" do mundo e uma inflação comparável à dos países desenvolvidos da Europa. Sua principal atividade industrial constitui-se de maquinário elétrico, refino de petróleo, petroquímica, química, equipamentos de transporte, alimentícia e vestuário. Suas exportações compõem-se de produtos petroquímicos, circuitos integrados, computadores, aparelhos de TV, rádio e vídeo cassete. Importa componentes eletrônicos, químicos, produtos de papel e borracha, além de alimentos, pois sua agricultura se reduz a 0,2% do PIB. Japão - é um pequeno arquipélago próximo do Continente Asiático, com uma área de 377.748 km² e possui uma população de 123,6 milhões de habitantes. Com uma das maiores rendas "per capita" do mundo, resultante do vertiginoso crescimento econômico nas últimas duas décadas, o Japão constitui-se hoje numa das maiores potências mundiais. O sucesso japonês, em inú-meros setores da atividade humana, tem propiciado que o país desempenhe, de forma gradativa e crescente, um novo papel no processo de desenvolvimento da economia mundial, principalmente entre os países comprometidos com o endividamento externo. Apesar de ser uma potência econômica mundial, o Japão é paupérrimo em recursos naturais. Para exemplificar, o Japão importa 99% de seu petróleo, 86,85% de seu carvão, 94,40% de seu gás natural, 99,70% de seu ferro, 96,80% de seu cobre, 80,80% de seu chumbo, 61,70% de seu zinco e 100% de seu alumínio. Nesse contexto, torna-se extraordinariamente perspicaz a frase de Isaac Asimov: "Pelos seus recursos naturais o Japão é como o escaravelho: não pode voar." Eis porque o Japão tem se mostrado reticente em participar do financiamento do projeto de construção da rodovia de Saída para o Pacífico, apesar de sua capacidade econômica e tecnológica. Ao Japão não interessa ter conflitos com os EUA, que poderiam ver, num eventual financiamento do projeto, uma atitude de insubordinação aos interesses americanos quanto à sua hegemonia sobre a América do Sul. Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico 229 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 2.3 - Em Relação aos Países Andinos A construção da Rodovia do Pacífico vai alterar significativamente a dinâmica econômica dos países andinos. Com exceção da Bolívia (que é um país mediterrâneo), da Venezuela (que tem sua costa no Atlântico) e da Colômbia (que detém a bi-oceanidade), na condição de países costeiros do Pacífico, Equador, Peru e Chile, buscam alternativas de se vincularem ao Atlântico. O Pacto Andino: Os cinco países do Pacto Andino - Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela - comprometidos em um processo de Integração cuja coluna vertebral é o Acordo de Cartagena, representam, em seu conjunto, 4 milhões e 718 mil quilômetros quadrados de extensão territorial, com uma população de 100 milhões de habitantes. A metade desta população tem 20 anos ou menos, e apenas 3,8% do seu total tem mais de 65 anos. As cifras econômicas do Grupo Andino revelam grande potencial de incremento no comércio, no investimento industrial e no desenvolvimento de seus vastos recursos naturais. É evidente que o grande volume de capitais privados necessários para efetuar este desenvolvimento terá que vir, em seus montantes mais significativos, como investimento externo direto. Para viabilizar o processo de integração física do Bloco Andino, a Corporação Andina de Fomento selecionou e está trabalhando na execução de 45 rotas - rodoviárias, ferroviárias e hidroviárias - dentre as quais cinco estão voltadas para a construção de um corredor interoceânico que possa apresentar-se de modo operacional, como alternativa para o Canal do Panamá. A iniciativa da construção da Rodovia Pan-americana, cujas primeiras gestões são do final do século XIX, como via férrea, evoluindo até o final da década de 20 para uma rodovia que interconecte todas as Américas, e posteriormente a Rodovia Marginal da Selva, inicialmente planejada na década de 50, mas que só veio a se consolidar em 1965 com a apresentação do relatório de estudos de reconhecimento à Comissão Conjunta dos Ministros de Fomento e Obras Públicas da Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, significaram um esforço consciente e decidido para integrar, no primeiro caso, todo o continente e, no segundo, vastas porções da região andina. Tanto a Rodovia Pan-americana como a Rodovia Marginal da Selva têm uma enorme importância para a região andina, já que unem os cinco países integrantes do Acordo de Cartagena e se acham consolidadas como os principais troncos de seu sistema viário. Ainda que o projeto original da Marginal da Selva tenha sido elaborado com o objetivo de ligar Santa Cruz, na Bolívia com o Rio Cobaría, na Colômbia, com possíveis conexões em Arauca ou Cúcuta, foi prevista, desde a época da proposta de sua construção, a necessidade geográfica e econômica de continuá-la pelo território venezuelano, conectando-a com a estrada que neste país contorna a Cordilheira dos Andes, para concluir provavelmente em Ciudad Bolívar, às margens do Rio Orinoco. É importante assinalar que mesmo não estando totalmente concluída, a rodovia Panamericana, para a conexão entre a América do Sul com a América Central e a do Norte, só faltando o trecho do "Tapón del Darién", tem se realizado um significativo esforço de construção de novos trajetos em todas as nações do Acordo de Cartagena. Conectando-se a Saída para o Pacífico com estas duas rodovias, o Brasil abrirá um mercado potencial de 100 milhões de pessoas a seus produtos, promovendo, além do aspecto puramente comercial, um intercâmbio turístico e cultural com as nações do Bloco Andino, a partir do Peru. Vale salientar que desde os tempos pré-hispânicos a região do altiplano andino localizada nas proximidades do lago do Titicaca, formava um pólo de desenvolvimento integrado, nos níveis sociais e econômicos. Conta a história que ao longo do séculos XVI a XIX, toda essa porção territorial andina, hoje comum ao Peru e a Bolívia, foi uma rota de trânsito entre Lima e Buenos Aires, uma vez que durante aquele período Callao era o único porto autorizado pela Coroa Espanhola e as mercadorias enviadas para a zona sudeste do continente deviam passar necessariamente pelo altiplano. Toda essa região era vital na extração, comercialização e tráfego das riquezas minerais provenientes das jazidas de Potosi, na Bolívia. O Chile: foi um dos signatários do Acordo de Cartagena em 1969, e veio a retirar-se do 230 Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Bloco Andino em 1976. O estabelecimento de vínculos mais estreitos com o Chile é um objetivo do Mercosul desde a sua criação. Com efeito, o próprio Tratado de Assunção continha uma referência indireta ao Chile, ao permitir a "consideração, em qualquer prazo, de solicitações de adesão apresentadas por países-membros da Associação Latino-Americana de Integração que não façam parte de esquemas de integração sub-regional ou de uma associação extra-regional", condição em que apenas o Chile se enquadrava, pois já havia saído do Pacto Andino. Entretanto, seja como integrante do NAFTA ou do Mercosul, o Chile sofrerá impactos positivos com a Saída para o Pacífico e nela tem papel importantíssimo, porque oferece três portos que, futuramente, serão utilizados como ponto de embarque dos produtos brasileiros rumo ao mercado asiático: Antofagasta, Iquique e Arica. 2.4. Em Relação ao Brasil Durante as décadas de 1940 e 1950, o Brasil consolidou a ocupação econômica de sua fronteira ao longo dos rios Paraná e Uruguai, abrangendo a região Oeste dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Nordeste do Rio Grande do Sul. Nas décadas de 60 e 70, a fronteira econômica avançou pelo Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Norte de Goiás, Sudoeste do Pará e Oeste do Maranhão. Hoje essa expansão continua, atingindo o Estado do Acre e toda a Bacia do Amazonas, até os limites com a Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Esse avanço de fronteiras econômicas não foi apenas um fenômeno brasileiro, tendo ocorrido nos demais países sul-americanos. E esse movimento tem levado, progressivamente, as nações limítrofes do continente a buscar maior intercâmbio e cooperação, segundo o perfil de regionalização que se delineia na economia mundial, com a integração de estratégias de desenvolvimento. Na qualidade de líder natural da América do Sul, o Brasil não pode perder de vista o extraordinário mercado da Orla do Pacífico que abriga 70% da população mundial e 70% dos recursos naturais ainda não explorados do planeta. 2.5 - Em relação à Amazônia Ocidental A situação geográfica da Amazônia, servindo de acesso natural ao Atlântico e às terras situadas nos países do Norte do continente, acabaram por evidenciar a necessidade de colaboração e ações conjuntas inspirando o Tratado de Cooperação Amazônica, subscrito por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Este tratado, também conhecido como Pacto Amazônico, abarcou um grande número de assuntos relativos à utilização dos rios, dos recursos naturais, da troca de experiências científicas, tecnológicas, sobre transportes e comunicações, sobre desenvolvimento econômico e social, comércio, turismo, preservação de riquezas ecológicas e arqueológicas. Dos oito países que integram este Tratado, cinco fazem parte do Pacto Andino, cuja influência que poderiam sofrer com a construção da Rodovia do Pacífico já foi analisada anteriormente. Uma simples análise do mapa rodoviário da América do Sul nos dá uma idéia do isolamento desta região com a constatação das diferenças de densidade de vias de transporte entre o Cone Sul e o Norte do Continente Sul-americano. A falta de vias de comunicação é a primeira evidência que se apresenta ao observador. Isso reflete uma atitude histórica de isolamento em que os países estiveram sempre voltados de costas uns para os outros. Os seus programas de desenvolvimento nunca contemplavam ligações de qualquer natureza com os países vizinhos. Até as estradas de ferro foram construídas com bitolas diferentes. A ciclagem de energia elétrica é diferente, e o mesmo acontece com os sistemas de televisão adotados. Superar as carências de comunicação entre si é o maior desafio que se impõe no momento aos países do Pacto Amazônico. A importância da abertura desse caminho para a Amazônia Ocidental é incomensurável. Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico 231 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Dentre os inúmeros benefícios que a Saída para o Pacífico trará para a Amazônia Ocidental brasileira, podem-se antever os seguintes: * Fortalecimento do núcleo industrial de Manaus, estreitando os laços de integração com a Região de modo a superar sua atual configuração de enclave; * Maior verticalização na atividade industrial madeireira. É importante observar que a região está se tornando um grande centro de produção e exportação de produtos e sub-produtos madeireiros. Os empresários do setor já começaram a se conscientizar que o corte raso, sem adequado manejo florestal, traz como conseqüência o empobrecimento da floresta pela perda de suas espécies mais nobres. O reflorestamento, portanto, é uma prática que tende a se tornar comum como conseqüência desta conscientização ecológica. * Expansão da fronteira agrícola, que hoje deve ultrapassar 6 milhões de hectares, ou seja, 8% da área agrícola brasileira de culturas permanentes e temporárias. Resta verificar até que ponto essa agricultura é ou não sustentável a médio e longo prazos. * Crescimento da atividade pecuária, incrementada na região a partir dos anos 60, com a abertura dos eixos rodoviários. Essa expansão, hoje duramente criticada pelo desmatamento que provocou, produziu a multiplicação dos rebanhos bovinos. * Incentivo ao desenvolvimento da pesca, atividade que se mantém estável ao longo dos últimos anos. * Aumento da atividade mineral, uma das mais promissoras frentes de expansão econômica da região. Prevê-se a expansão da mineração de cassiterita em Pitinga (AM) e Bom Futuro (RO), onde estão situados grandes afloramentos minerais, bem como a exploração de silvinita (potássio) em Fazendinha (Rio Madeira), nióbio no Morro dos 7 Lagos, e, outros minerais raros no Rio Negro. Além de ser hoje a mais importante província mineral do país, a Amazônia propicia ainda a exploração do petróleo e gás do Rio Urucu, no médio Solimões, com uma produção bastante promissora. As imensas reservas de gás e petróleo ali existentes acenam com a possibilidade de instalação, no futuro, de um grande pólo petroquímico na região, tanto para fins energéticos como para produção química de metanol, uréia, etc * O turismo, aproveitando as exuberantes paisagens naturais da Amazônia, também será intensificado. O eco-turismo ou turismo de aventura, será uma das alternativas de investimento na região, com amplas possibilidades de sucesso; * Desenvolvimento de um modelo sustentável agro-industrial-extrativo. Combinação da utilização dos recursos naturais da agricultura, fruticultura, extrativismo florestal e madeireiro, pesca fluvial e lacustre, exploração mineral com seu processamento industrial. Este modelo faria diminuir o ritmo do desmatamento florestal e o uso de outros recursos naturais e bens ambientais. O produto retirado do ecossistema com mais valor agregado e mediante adequado manejo, enriquecimento, e adensamento silvicultural, faria diminuir o ritmo da exploração extensiva e criar mais renda e emprego para a população regional, ao mesmo tempo que o manejo e uso inteligente desses recursos assegurariam maior viabilidade econômica, adequação ecológica, equilíbrio político, justiça social e modernização tecnológica. * Aproveitamento maior e mais rápido da biodiversidade da floresta amazônica, com o conhecimento de novos genomas e o desenvolvimento de pesquisas nos campos da botânica e da zoologia. Esta área é certamente a de maior potencial a ser explorada com a abertura para o Pacífico, tendo em vista, inclusive, a Amazônia peruana, com diferenças sensíveis da Amazônia brasileira, e que torna ainda mais vasto o painel de possibilidades neste campo. Mesmo prevendo que sua implantação significa a ampliação da nossa fronteira agrícola, a 232 Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 integração da Amazônia Ocidental ao resto do país e ao mercado asiático, o impacto só será inteiramente dimensionado com a efetivação de estudos mais detalhados e levando em consideração a opção da rota eleita para a ligação. 2.6 - Em Relação a Rondônia Os antecedentes históricos da ocupação do território rondoniense e a expressão do seu vasto potencial já foram detalhados em outra parte deste trabalho. Mas para relacionar o impacto previsto para a economia do Estado com a construção da rodovia do Pacífico, é bom recordar que a atividade econômica rondoniense é baseada na agropecuária e no extrativismo mineral e vegetal, com destaque para a borracha, café, cacau, arroz, feijão, milho e madeira, além de minérios, principalmente o estanho e o ouro. O rebanho bovino é estimado em 4,4 milhões de cabeças, aproximadamente. Com esse perfil de diversificação econômica - também comum aos demais estados da região - a abertura de um corredor de exportação será uma porta aberta ao incremento da produção, com o conseqüente salto na qualidade e na quantidade dos volumes negociados. A Saída para o Pacífico trará como primeiro impacto positivo a valorização das terras e outros bens imóveis localizados no Estado. A garantia de acesso a novos mercados para os produtos agrícolas, florestais e minerais de Rondônia, induzirá à verticalização na produção, com o conseqüente aumento da atividade industrial. Os mesmos caminhões que transportarão os produtos rondonienses poderiam trazer, a preços pelo menos 45% mais baixos que os atuais, o cimento peruano, fosfato, cobre, zinco, prata, estanho, farinha de pescado, frutos do mar e outros produtos dos países andinos. A estrada também promoverá a consolidação da Área de Livre Comércio de GuajaráMirim, permitindo o aumento do volume de importação e exportação. Esse incremento no fluxo de comércio exterior gerará mais emprego em todos os setores da atividade econômica, agricultura, indústria, comércio e serviços. Com essa revitalização econômica, a população terá mais acesso à riqueza e o Estado maior arrecadação. 3 - Alternativas de Rotas De um total de quatorze corredores definidos pela Comissão Técnica do Tratado de Cooperação Amazônica, defende-se a imediata implantação de pelo menos seis, considerados os mais importantes para a integração física do continente Sul-americano: 1 - Corumbá (MS) via Bolívia, pela rota Puerto Soares - Santa Cruz - La Paz - Ilo ou Matarani (Peru), com alternativa para Arica (Chile). Partindo de Campo Grande, via Corumbá-Puerto Soares, adentrando o território boliviano até a cidade de Santa Cruz, esta estrada é margeada por uma linha férrea ao longo de 1.110 km. A ferrovia Brasil-Bolívia, tanto do lado brasileiro, de São Paulo a Corumbá, como do lado boliviano, de Corumbá a Santa Cruz, opera com baixíssimo índice de produtividade. Entre Cochabamba e Santa Cruz, as redes ferroviárias Oriental e Ocidental da Bolívia ainda não se conectaram. Por essa rota, denominada de “Corredor Transcontinental Central” e que é tida como prioritária pelo governo boliviano, se terá um acesso ao Pacífico através da Interconexão Bolívia - Peru, de Corumbá a Ilo, com 1.852 km de extensão e, via Bolívia-Chile, de Corumbá a Arica, com 1.873 km. 2 - Cáceres (MT) via Bolívia, pela rota San Matias - San Ignácio - San Ramón - Santa Cruz - La Paz - Ilo ou Matarani (Peru), com alternativa para Arica (Chile). É a segunda alternativa boliviana de acesso direto ao Oceano Atlântico, via Cuiabá, até o porto de Santos ou ao eficiente e menos congestionado porto de Tubarão, em Vitória (ES). Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico 233 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Através desta rota, a Saída para o Pacífico terá, na conexão Bolívia - Peru, de Cáceres a Ilo, 2.230 km de extensão e, via Bolívia - Chile, de Cáceres a Arica, 2.251 km. 3 - Guajará-Mirim (RO), via Bolívia, pela rota Guayaramerim - Riberalta - Yocumo - La Paz - Ilo ou Matarani (Peru) com a alternativa para Arica (Chile). Principal rota de acesso ao Pacífico e que tem impacto direto na economia de Rondônia, permitindo um fácil acesso de seus produtos aos centros econômicos do Altiplano Andino e a possibilidade de transportá-los até os portos peruanos de Ilo e Matarani ou aos chilenos de Arica e Iquique, rota já aberta; seu traçado está definido e seu leito consolidado, passando por Riberalta, importante porto fluvial, localizado na confluência dos rios Beni e Madre de Dios. É a terceira via de acesso ao Atlântico trabalhada pelo governo boliviano e perfaz, via Bolívia - Peru, de Porto Velho a Ilo, 2.039 km, e na conexão Bolívia - Chile, de Porto Velho a Arica, 1.860 km . 4 - Assis Brasil (AC), via Peru, pela rota Inãpari - Puerto Maldonado - Ponte Inambari Macusani - Puno - Moquégua - Ilo ou Matarani. Esta rodovia, uma vez construída facilitará o comércio entre a Amazônia Ocidental e as regiões andina e costeiras do continente sul-americano, reforçando o comércio exterior do Brasil, da Bolívia e do Peru. O itinerário desta rota possui, de Porto Velho a Ilo, uma extensão total de 2.091 km. 5 - Rio Amazonas, via fluvial, a partir de Belém (PA) até Saramiza, no Norte do Peru, seguindo por rodovia pela rota Olmos - Lambayaque - Piura - Palta. Trata-se de um corredor intermodal. Nele se projeta a possibilidade de acesso a dois outros portos na costa peruana: Bayovar e Eten. Juntos, estes portos possuem capacidade para operar um milhão de toneladas ao ano. 6 - Rio Amazonas, via fluvial, a partir de Belém(PA), seguindo pelo Rio Putumayo, fronteira entre Colômbia e Peru, até chegar ao Equador, no Puerto El Carmem de Putumayo, atingindo, por rodovia, o Puerto de Esmeralda, no Pacífico Equatoriano. Esta rota também é um corredor intermodal proposto pelo governo equatoriano. São resumidas as informações disponíveis sobre o seu traçado. Sabe-se, no entanto, que o Rio Putumayo apresenta restrições quanto à navegação, no trecho que marca a fronteira entre o Equador e a Colômbia, de aproximadamente 190 km. 4 - Considerações Finais A decisão política do Governo Brasileiro para a construção dos Corredores de Integração não poderia ser mais explícita do que aquela manifestada pelo Decreto n.º 1726, de 4 de dezembro de 1995, que instituiu a Comissão Interministerial para sistematizar as informações sobre os Corredores de Transportes Bi-Oceânicos e apresentar estudos conclusivos sobre o assunto. Ao cabo de seus trabalhos, depois da análise dos diversos documentos e tendo ouvido representantes estaduais, empresários, órgãos setoriais, funcionário de governos vizinhos, a Comissão chegou às seguintes conclusões e recomendações: (1) "Ficaram claros diferentes estágios de desenvolvimento e aspirações das Regiões brasileiras na determinação de suas prioridades e estratégias de ação. A atuação do Estado deve ser pautada por estes diferentes contextos regionais. É particularmente importante a presença do Estado na Região Norte como provedor de infra-estrutura e formulador da estratégia mais ampla de ocupação do território. Urge dar prioridade à apropriação do território nacional em condições de desenvolvimento sustentável, à plena integração das diversas regiões do país ao espaço e à correção dos desequilíbrios regionais e sociais. 234 Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 (2) Ficou ainda bastante claro que as diferentes alternativas de conexão não são mutuamente excludentes mas, ao contrário, são complementares do ponto-de-vista do desenvolvimento integrado da economia nacional a médio e a longo prazos. Do lado brasileiro já se encontram, na sua maioria, implementadas. Precisa-se maximizar o aproveitamento da rede existente, concentrando ações (inclusive em termos de busca de financiamento) na construção ou reabilitação dos trechos que constituem gargalos. (3) Cumpre privilegiar a integração e a ocupação regional, assim como o desenvolvimento das regiões de fronteiras, a partir de uma presença mais eficaz do Estado. Ficou evidenciada a necessidade de integração (resultado do processo de ocupação em curso no centro do Brasil e do continente sul-americano). Por outro lado, a integração econômica exige crescente integração física, em função de uma situação de grande atraso no sistema viário sul-americano. O conceito de corredores bioceânicos deve dar lugar ao conceito de corredores de desenvolvimento das diversas regiões brasileiras e de integração com os países vizinhos. Entende-se que os corredores podem contribuir para a redução dos desequilíbrios regionais e sociais, mediante dinamização do intercâmbio com os países vizinhos e, em especial, entre regiões limítrofes. Notou-se que existe já, com relação a diversos tipos de produtos, um ativo comércio fronteiriço, embora em escala incipiente, que deverá crescer em função da ampliação da infra-estrutura viária. (4) No que diz respeito a grãos, e apesar da movimentação da safra agrícola estar sendo penalizada pelos custos do sistema interno de transporte: (a) a curto e médio prazos ficou evidente a inviabilidade da opção de exportação dos grãos brasileiros por portos do Pacífico. O estudo realizado pelo GEIPOT desmistifica o argumento: grãos para o Atlântico Norte e Oriente devem continuar a sair pelos portos do Atlântico. Os custos do transporte marítimo, bem como os portuários, têm importância muito menor do que os terrestres na composição final do preço do produto. Não se deve considerar válida a hipótese da transposição da cordilheira dos Andes por via rodoviária para a exportação dos grãos brasileiros para o Extremo Oriente. (b) embora seja difícil um cenário a longo prazo para a área agrícola (com grande potencial de expansão de produção), deve-se dar atenção à evolução do comércio mundial de grãos e, ao mesmo tempo, promover-se o efetivo fortalecimento da integração física e comercial dos países do continente. Preencher os vazios, unir os elos dos sistemas instalados, buscar uma visão integrada dos projetos nacionais; quebrar as barreiras não-físicas de fronteiras, os gargalos de ordem burocrática, institucional. (5) Dadas as várias instâncias em que o tema é discutido, conviria enfatizar a importância da Conferência de Ministros de Transportes, Comunicações e Obras Públicas da América do Sul como o foro sul-americano decisório e coordenador no qual, congregadas a esfera técnica e a esfera diplomática, se definissem as diretrizes que explicitariam de que forma os diversos planos nacionais e iniciativas bilaterais poderão ser integrados em uma visão continental. No âmbito interno, dever-se-ia, igualmente, buscar a coordenação de tais assuntos por um alto órgão interministerial, como parece à Comissão pode ser a própria Câmara de Políticas de Infra-Estrutura. Com isso estaria assegurada uma política integrada e coerente, que daria seguimento às iniciativas, evitando assim a multiplicidade de decisões, ora conflitantes (por refletirem apenas interesses locais), ora letra morta - por não haver contrapartida nos orçamentos. Embora não coubessem nas atribuições da Comissão, é importante mencionar que resta a ser estudada com muita atenção a grande questão do financiamento para as obras de infra-estrutura viária necessária à integração física do continente". Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico 235 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Da simples leitura do item de número 4, o leitor menos avisado será levado à errônea conclusão de que o escoamento de grãos brasileiros para o Extremo Oriente, via portos do Pacífico está descartado, a curto e médio prazos, por completa inviabilidade econômica. A verdade é que o relatório da Comissão considerou literalmente o termo “Corredor Bi-Ocêanico” e levou em consideração apenas os volumes de exportação com origem/destino nas regiões Sul/Sudeste do Brasil. É óbvio que escoar a produção destas regiões para o Extremo Oriente, via Pacífico, seria totalmente inviável. Mas o mesmo não se pode afirmar com relação aos excedentes de produção oriundos das regiões Norte e Centro-Oeste do país, como aqui se defende. Tanto é assim que no detalhamento e justificativa de suas conclusões e recomendações, o relatório da Comissão esclarece que “em todas as simulações os resultados demonstram que para o transporte de grãos com destino ao Extremo Oriente o embarque pelos portos brasileiros (no Atlântico) torna o custo final do transporte menor do que pelos portos chilenos e peruanos. A única exceção é o caso de containeres transportados por rodovia com origem/destino em Porto Velho/Cuiabá, quando se verificam custos totais de transporte entre o Brasil e o Extremo Oriente semelhantes ou menores que por portos brasileiros, se embarcados/desembarcados nos portos peruanos de Ilo/Matarani, ou nos portos chilenos de Arica/Iquique” (página 61, volume I, do Relatório). Embora se possa discordar de alguns valores de fretes levantados pelo GEIPOT e incluídos na base dos cálculos elaborados nas simulações, a proposta de escoamento de grãos das regiões Norte e Centro-Oeste por portos peruanos ou chilenos, no Pacífico, permanece incólume diante das conclusões da Comissão. Concorda-se que os níveis de produção de grãos no Norte e Centro-Oeste brasileiro não justifiquem ainda os vultosos investimentos necessários à construção da Rodovia do Pacifico, mas o relatório da Comissão assiste a esta idéia quando ressalta que “a urgência de investimentos em infra-estrutura nas regiões mais isoladas do território nacional não se deve, no entanto, a questões de ordem apenas econômica, pois é necessário assegurar às comunidades locais acesso à prosperidade econômica e bem estar social. Tais inversões tampouco devem ser avaliadas estritamente sob o prisma de sua viabilidade econômica, em confronto, por exemplo, com os benefícios imediatos e de grande escala, a serem auferidos do aperfeiçoamento da malha viária do Sul. A proliferação recente de grupos atuando à margem do controle estatal (especialmente garimpo ilegal e narcotráfico) em vastos vazios demográficos e econômicos nas regiões fronteiriças do país reforçam a importância da presença do Estado como fator de segurança e integridade nacionais. Para tanto, é indiscutível a função primordial de sistema eficiente de comunicações e transportes, na repressão a tais atividades”. (página 50, Volume I, do relatório). Se a Saída para o Pacífico, através dos corredores aqui apresentados, não se justifica em termos econômicos, salvo a saída por Corumbá/MS (já em fase de construção), a consolidação de todas as alternativas demostra sua procedência se analisada sob a ótica da integração continental. Mais uma vez, a propósito, o relatório da Comissão vem ao encontro desta proposta ao afirmar: “parece à Comissão que, quando se fala em Saída para o Pacífico mas se lê Integração Continental Sul-Americana, há consenso de sua importância imediata; sem integração, o continente não realizará o seu potencial. Deixe-se de falar em Corredor BiOceânico e se fale em Integração fronteiriça, e as coisas ficarão simples e factíveis, as ligações se farão no ritmo e tempo certos”. (página 74, Volume I, do Relatório). Em linhas gerais, o relatório da Comissão traduziu, em termos técnicos, as idéias e propostas que esta Federação vem defendendo ao longo dos anos com relação à Saída para o Pacífico. Por tal razão, o projeto, hoje, ganhou maior amplitude, tornando-se sem sentido a discussão sobre qual a melhor alternativa entre as rotas propostas. Essa evolução do 236 Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 projeto resultou numa proposta mais ampla e de concretização inevitável diante do fenômeno da globalização de mercados. A primeira reação objetiva e contundente da economia latino-americana diante do fenômeno da globalização de mercados aconteceu em 1991 com a assinatura do Tratado de Assunção, que instituiu o Mercosul, reunindo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. O sucesso do Mercosul, entretanto, se dinamizou a economia dos estados do Sul do Brasil e dos países do Sul do continente, estimulou de certa forma, o desequilíbrio regional brasileiro, preservando o atraso nas regiões Norte e Nordeste. Com estradas e infra-estrutura deficientes (quando não inexistentes), com falta de escola, de mão-de-obra qualificada, de incentivos à industrialização e de energia, agravados pela posição geográfica que os distanciam do epicentro das negociações, os estados do Norte e do Nordeste ficaram excluídos dos benefícios imediatos do Mercosul. E contra essa exclusão, levantaram-se as vozes de políticos, empresários e líderes representativos da sociedade civil organizada, exigindo do governo ações concretas para a imediata integração econômica dessas regiões com os países vizinhos do Norte Sul-americano. Como resposta a essas reivindicações, no início de 1993, o Brasil iniciou negociações com Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, sob o manto da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) buscando intensificar as relações com seus vizinhos da Bacia Amazônica, numa iniciativa que pretendia consolidar a presença de produtos brasileiros nos mercados da área Norte do continente Sul-americano. Desses entendimentos, em um processo que passou a ser chamado de Iniciativa Amazônica, foram firmados Acordos de Complementação Econômica com a Bolívia, o Peru e a Venezuela. Aproveitando essa iniciativa de fortalecer o Tratado de Cooperação Amazônica, a SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) lançou a idéia da criação do Merconorte - Mercado Comum do Norte Sul-Americano, que seria um tipo de associação econômica e comercial regional que se baseia no ambiente de cooperação internacional criado nos últimos anos. Infelizmente, o trabalho da SUDAM - realizado com o apoio financeiro do PROVAM (Programa de Estudos e Pesquisas nos Vales Amazônicos) objeto do Acordo de Cooperação Internacional firmado entre a SUDAM e a OEA (Organização dos Estados Americanos) - esbarrou em obstáculos técnicos, econômicos, políticos e institucionais até hoje intransponíveis. Em reunião do Grupo do Rio, realizada em 1993, o Brasil lançou uma proposta para a formação da ALCSA - Área de Livre Comércio Sul-americana, cujos pressupostos foram, de pronto, acatados pelos demais países. Os acordos de livre comércio seriam do tipo “4 + 1”, o que vale dizer que seriam acordos do Mercosul com outro país da América do Sul. Essa estratégia brasileira assenta-se, entre outros fatores, na verificação de que, com o êxito das experiências de estabilização econômica, a América do Sul tornou-se uma das regiões do mundo com maiores possibilidades de crescimento econômico e comercial. Trata-se de um mercado com perspectivas de forte aumento da capacidade de absorção de importações, inclusive de produtos manufaturados brasileiros, de maior sofisticação tecnológica e agregação econômica. Mas, apesar de sua importância técnica e política, o relatório da comissão já esta defasado diante de uma nova realidade econômica que se avulta no continente: a ALCA - Área de Livre Comércio das Américas, cuja concretização está prevista para o ano de 2005. ***** Parte II - Capítulo 12 - Os Corredores de Integração e a Saída para o Pacífico 237 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 13 NOVOS MERCADOS: MERCOSUL, ALCA E ALCSA 1 - O Esforço Exportador T odos os estudos relativos a Rondônia apontam três fatores como os principais impeditivos para a retomada do desenvolvimento do Estado e sua conseqüente industrialização: 1º - a limitada oferta de energia; 2º - a falta de uma política efetiva e coerente de apoio ao desenvolvimento industrial e, 3º - a limitação de mercado. As questões inerentes aos dois primeiros fatores já foram abordadas em capítulos específicos do presente trabalho. Este segmento, portanto, se destina ao estudo das possibilidades de conquista de novos mercados para a nossa produção que hoje é, na maior parte, voltada para o Sudeste brasileiro. A despeito do grande potencial do Estado, com suas enormes reservas mineral e florestal, e sua comprovada vocação agrícola, nossos produtos enfrentam natural resistência de competitividade junto aos grandes centros consumidores, em decorrência da distância do transporte (economia de periferia). No momento em que a economia mundial se encaminha para a globalização, o ambiente competitivo exige um processo constante de mudanças, tornando imprescindível que as empresas desenvolvam novas tecnologias, busquem novos mercados e o intercâmbio técnico e comercial, visando potencializar sua capacidade produtiva, atender às normas de qualidade internacional e aumentar a competitividade, que são as garantias para o êxito das empresas, dos estados e das nações. De acordo com esta ótica, o interesse empresarial se volta para três potenciais mercados: o Mercosul, a ALCA e a ALCSA. Assim, é importante lembrar as preocupações que devem envolver o empresariado que pretende neles ingressar. Para exercer suas atividades de maneira competitiva no mercado internacional, as empresas devem tomar alguns cuidados básicos, tais como: promover a constante modernização de seu parque industrial; investir na capacitação de recursos humanos e na modernização das técnicas de gestão empresarial; investir em preços compatíveis, reduzindo custos; buscar melhores níveis de competitividade através da melhoria da qualidade, produtividade e inovação tecnológica; atender às normas de qualidade internacional; buscar informações estratégicas sobre o mercado; investigar oportunidades internas, externas e associações estratégicas para dispensar atenção especial à satisfação dos públicos envolvidos no negócio: recursos humanos, dirigentes, acionistas e fornecedores; preocupar-se com o meio ambiente e o papel social da empresa, e, por fim, ater-se às atividades essenciais (fins) e delegar as atividades acessórias (meio), através de uma política de terceirização (parceria). Apesar, ou por causa mesmo, de todo este nível de exigência empresarial, o esforço exportador dinamiza hoje a economia de todos os países. A melhoria da competitividade empresarial, frente ao mercado internacional, proporciona efeitos internos positivos e importantes, como o ingresso de divisas, o aumento do nível de renda, emprego e da balança comercial, a elevação do grau de formação profissional, a melhoria no abastecimento de bens de consumo para a população e o incremento das oportunidades de comércio com os países desenvolvidos. Entre as vantagens que a empresa pode obter ao exportar, destacam-se as seguintes, observadas numa pesquisa junto aos exportadores brasileiros: melhor distribuição de riscos entre Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA 243 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 mercados, possibilidade de superação do teto da demanda nacional, maior economia de escala, redução de custos, maior competitividade, melhor planejamento da produção, maior agilidade à empresa, maior facilidade nas importações, maior acesso a crédito para financiar a produção e maior prestígio no mercado doméstico. 2 - O Fenômeno da Globalização Expressiva parcela das relações comerciais do mundo é conduzida hoje dentro de alguma forma de arranjo objetivando aumentar o nível de integração econômica entre os parceiros, e que varia desde simples áreas de preferências comerciais até complexas formas de união econômica. Apesar da teoria da integração econômica internacional já ser bastante conhecida, uma breve visão das principais definições, uniformizando os conceitos e situando a abrangência do processo de formação de um mercado comum, será importante para nos situarmos em relação ao que acontece hoje no Mercosul, na ALCA e na ALCSA. A integração econômica internacional é um meio para atingir com mais eficácia os objetivos de pleno emprego, crescimento e distribuição de renda, em um ambiente de plena mobilidade dos fatores de produção e ausência de qualquer discriminação entre os países da região integrada. No processo de integração destacam-se várias etapas e modalidades, embora não se tenha, necessariamente, de passar por cada uma delas. * Áreas de Preferência Tarifária (APT) - onde se pratica uma redução tarifária, total ou parcial, mas abrangendo apenas produtos ou setores selecionados; * Áreas de Livre Comércio (ALC): onde se busca a livre movimentação de bens na região, sem barreiras ou tarifas aduaneiras, mantendo, entretanto, cada país membro, o poder de fixar suas próprias tarifas e barreiras não tarifárias contra terceiros. O estabelecimento de regras e de certificados de origem torna-se necessário para se evitar que o diferencial entre as tarifas externas redirecione o fluxo de produtos, importados de terceiros, daqueles países membros que praticam tarifas externas mais baixas para os de mais altas tarifas. Apesar dos problemas de administração cambial serem mais cruciais em níveis mais aprofundados de integração, mesmo no caso de uma simples área de livre comércio as partes já demonstram inquietação quanto ao tema. Por exemplo, uma desvalorização brusca da moeda pode ser interpretada como uma barreira não tarifária, anulando na prática um programa de desgravação e encarecendo os preços dos produtos importados. * União Aduaneira (UA) - além das características da zona de livre comércio, os países membros adotam uma estrutura uniforme de barreiras tarifárias e não tarifárias em relação ao resto do mundo, e determinam a forma de distribuir a receita tributária advinda do comércio exterior entre os países membros; criam-se facilidades para os investimentos intra-regionais, como também para o trânsito de mão-de-obra de níveis mais especializados. Aqui deve ser lembrado que, para que a união aduaneira seja efetiva, deve existir uma relevante diferença entre as tarifas contra o resto do mundo. Tem sido destacado que, com a tendência geral da liberação comercial, há uma convergência de níveis tarifários praticados pelos diversos países, perdendo uma união aduaneira seu impacto. * Mercado Comum (MC) - à união aduaneira acresce-se a livre mobilidade de mão-deobra e do capital, isto é, prevalece a livre movimentação de bens, serviços e fatores de produção através das fronteiras. Uma ampla coordenação de políticas e unidade de objetivos passa a ser condição essencial neste nível de integração. * União Econômica (UE): trata-se de um estágio superior, definido como aquele em que, às características de um mercado comum, acresce-se um alto grau de integração das políticas macroeconômicas, em especial a monetária e a fiscal. Aqui, os membros devem decidir adotar 244 Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 uma moeda e estabelecer um Banco Central único e instituir órgãos comunitários para administrar as demais políticas. Há, ainda, a integração política, na qual os participantes se tornam uma "única nação", exigindo um parlamento único para gerar as leis que vigorarão em toda a comunidade. É importante ter em mente estas distinções para facilitar o entendimento do processo de globalização da economia. A teoria econômica tradicional enfatiza o caso das áreas de livre comércio e de uniões aduaneiras, procurando analisar os benefícios e custos da integração, basicamente, em termos de criação ou desvio de comércio entre os países em processo de integração. No caso da criação de comércio, um país passa a importar, de outro membro da união, um produto que ele próprio produzia ou obtinha de terceiros (i.é, de um país fora da união) a custos mais elevados. Por desvio de comércio, entende-se o caso em que um país deixa de importar de terceiros (ou, potencialmente, renuncia à possibilidade de importar) um produto que será obtido de um país membro a custos claramente superiores. No primeiro caso, haveria um aumento do nível de bem estar. No outro, uma redução. De uma maneira geral, uma área de livre comércio tem reflexos positivos em relação ao comércio mundial, se ela propicia um aumento de comércio entre os seus sócios, sem provocar reduções no comércio com o resto do mundo. O mesmo conceito tem sido aplicado aos investimentos. Uma área integrada pode criar ou desviar investimentos de/ou para o resto do mundo. Pode-se afirmar que quanto mais elevadas sejam as tarifas antes da formação da ALC maior será a criação de comércio, pois provavelmente se estará produzindo internamente bens que serão obtidos mais economicamente em um dos parceiros da área. Por outro lado, menores as tarifas externas resultantes do acordo, menor será a probalidade de haver "desvio" de comércio, pois a "união" terá acesso a terceiros mercados a custos vantajosos. Esta, entretanto, é uma abordagem estática que pressupõe o pleno emprego dos fatores de produção, quantidades fixas de insumos, e na qual os preços domésticos refletem os custos de oportunidade, tendo o processo de integração um único impacto na alocação de recursos. Na prática, a motivação para a integração tem um caráter mais dinâmico, indo muito além do simples ganho derivado do comércio, envolvendo a perspectiva de ganho potencial econômico ou político, regional ou setorial, macro ou microeconômico, através de: * crescimento da produção em função da especialização com menores custos decorrentes das economias de escala; * aumento da eficiência oriundo da competição dentro do grupo, o que levaria a uma melhoria dos termos de intercâmbio com o resto do mundo; * alterações induzidas pela integração, afetando a quantidade e qualidade dos insumos de fatores, tais como os fluxos de capitais e os avanços tecnológicos; * melhoria na capacidade de negociação política e econômica internacional; e, * adoção de decisões de políticas econômicas induzidas pela crescente competição. A justificativa para a integração entre os países em desenvolvimento baseia-se na necessidade de aumentar as oportunidades de investimentos domésticos e mobilizar recursos ociosos através da criação e ampliação de mercados, viabilizando principalmente o processo de industrialização, dependente de um maior grau de economia de escala. Além disso, a integração entre tais países pode e deve reduzir os custos de produção e aumentar o poder de barganha da região nas suas relações econômicas e políticas externas. 3 - O MERCOSUL A integração dos países latino-americanos entre si e aos demais blocos econômicos, como o Nafta, a União Européia e o Mercado Asiático, é a prioridade da política externa do governo brasileiro, segundo o presidente Fernando Henrique Cardoso. Visto por este enfoque, o Mercosul Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA 245 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 apresenta novos desafios para os empresários, resultantes da necessidade de adaptar suas escalas de produção, qualidade, serviços e organização, às exigências dos mercados almejados, os quais estão também passando por um período de abertura para outros países, situação que motiva a presença de mais competidores. Também para os governos dos Estados Partes, o Mercosul se constitui numa empreitada de grandes desafios. Todos os países que o compõem precisam construir ou recuperar condições de infra-estrutura básica para que o extraordinário volume de negócios esperados não naufrague num mar de problemas comuns. 3.1 - Breve Histórico da lntegração Regional O ideal de integração sul-americana remonta a Simón Bolívar, que falava numa só América. Contudo, a competição entre as nações, a maior parte delas de idêntica origem, foi mais forte do que os ideais do herói venezuelano. Foi somente no fim da década de 1940 que o ideal da união latino-americana foi retomado, com a criação da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina). Para a visão governista da época, a criação de um mercado comum latino-americano teria a função de ampliar os restritos mercados nacionais, de modo a obter economia de escala, aproveitando as peculiaridades de cada país e acelerando seu desenvolvimento industrial. Mas, na verdade, o primeiro esboço de um mercado comum latino-americano só seria concretizado no início dos anos 60, com o surgimento da ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio), através do Tratado de Montevidéu. Inicialmente participavam Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru e Uruguai. Em 1961, aderiram Colômbia e Equador, em 1966 entrou a Venezuela, em 1967 a Bolívia. A ALALC, porém, não previa nenhum instrumento para o planejamento de investimento entre os países signatários e nem uma harmonização de suas políticas macroeconômicas (fiscal, monetária e cambial). Cada país formulava suas próprias políticas, sem qualquer coordenação ou consulta prévia aos outros membros. A crise do petróleo, na década de 70, levou os países integrantes da ALALC a darem prioridade aos seus projetos nacionais de desenvolvimento. Para superar a estagnação da ALALC, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru criaram o chamado Grupo Andino, em 1969, constituído com o Acordo de Integração de Cartagena. Em 1987 os participantes reuniram-se em Quito e decidiram adotar uma estratégia mais realista que a proposta inicial, e flexibilizaram os mecanismos e prazos previstos. Outro caminho adotado foi a assinatura de acordos binacionais firmados pelos países do Cone Sul. Em 1975, a Argentina e o Uruguai firmaram o Convênio Argentina/Uruguai de Cooperação Econômica (CAUCE). Brasil e Uruguai assinaram o Protocolo de Expansão Comercial (PEC) em 1976. Em junho de 1978, preocupados com a exploração econômica da Amazônia, as Repúblicas da Bolívia, do Brasil, da Colômbia, do Equador, da Guiana, do Peru, do Suriname e da Venezuela, celebraram o Tratado de Cooperação Amazônica. Um esforço louvável de integração de políticas de desenvolvimento entre nações que compartilham a floresta amazônica e que, também, contribuiu para avançar no caminho da união e da solidariedade latinoamericana. As crescentes dificuldades dos países da América Latina no mercado, principalmente no que se refere à crise das dívidas externas, à formação de outros blocos econômicos e ao seu protecionismo crescente, levaram o processo de integração a adquirir nova dimensão. Em 1980, foi criada a ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) com o Tratado de Montevidéu. Foram definidos novos instrumentos que permitiriam promover o comércio inter-regional, principalmente via acordos bilaterias. Com a ALADI procurou-se adotar mecanismos de integração mais flexíveis e mais pragmáticos, se comparados com os da ALALC. O início da década de 90 inaugurou um novo modelo de relações na ordem econômica mundial caracterizado pela formação de grandes blocos econômicos na Europa, Ásia e América 246 Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 do Norte. Este novo modelo não tardou a ser percebido pelos países latino-americanos, tal o sucesso obtido na dinamização das economias em suas regiões de origem. Constataram que, se não adotassem medidas urgentes de integração econômica, aproveitando as suas vantagens comparativas e obtendo economias de escala na produção, veriam seriamente ameaçada sua posição no mercado mundial. Assim, em março de 1991 foi assinado o Tratado de Assunção, que instituiu o Mercosul. Três anos depois, um exaustivo trabalho de engenharia jurídico-diplomática foi concluído no dia 17 de dezembro de 1994, em Ouro Preto (MG), quando os presidentes do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai assinaram o protocolo que torna o Mercosul uma entidade de direito internacional. O Protocolo de Ouro Preto, foi o resultado de uma série de encontros de diplomatas, técnicos e ministros que dotou o Mercado Comum do Sul de personalidade jurídica, o que lhe permite negociar acordos comerciais, como entidade única, com outros países ou grupo de países. No mesmo encontro foram aprovadas as decisões de números 12 a 29, que regulam instrumentos de política comercial de extrema importância para o funcionamento da união aduaneira, que entrou em vigor no dia 10 de janeiro de 1995. Mais tarde, o Chile e a Bolívia aderiram ao Mercosul como sócios. 3.2 - Tendências Futuras No ano 2000, todos os produtos argentinos, brasileiros, paraguaios e uruguaios vão atravessar as fronteiras com tarifa zero. No ano 2006, todas as importações efetuadas de outros países vão pagar as mesmas tarifas, a TEC (Tarifa Externa Comum, que varia de 0% a 20%). No mesmo ano entrará em vigor a TEC de 16% para 24 bens de informática e centrais telefônicas, consolidando-se a união aduaneira perfeita entre os quatro países. Esse regime de união aduaneira passou a vigorar no dia 10 de janeiro de 1995. Uma união aduaneira parcial, é verdade, pois contempla tarifa zero apenas para 85% dos produtos listados em 9 mil itens. Os 15% restantes integram a denominada lista de exceção, cujas tarifas cairão paulatinamente até o ano 2.000. A meta do Mercosul é ainda muito maior: tornar-se, no início do próximo século, um verdadeiro mercado comum, com livre circulação de capitais e pessoas. As oportunidades, porém, não ficarão restritas aos 12 milhões de quilômetros quadrados onde se acomodam os quatro países. Há uma sucessão de mercados entrelaçados uns com os outros que se projetam por toda a América Latina. E mais, avançam na direção do Nafta, o rico mercado que reúne Canadá, Estados Unidos e México. A tendência natural dos EUA é dirigir seus interesses, após a consolidação do NAFTA, de início para a América Latina e, em seguida, buscando um acordo com o Japão, e conseqüentemente com o mercado asiático. Em conexão com o Mercosul e seus 190 milhões de habitantes, donos da metade do PIB da América Latina, despontam quatro importantes mercados emergentes: o Grupo dos Três, formado por México, Venezuela e Colômbia, com 140 milhões de consumidores; o Grupo Andino, composto por Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela, onde vivem 100 milhões de pessoas; o Mercado Comum da América Central, constituído por Guatemala, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Costa Rica, Panamá e Belize; e, finalmente, o Nafta, formado por EUA, México e Canadá, que reúne 360 milhões de habitantes, 7% da população mundial. A união de todos esses mercados resultará na futura formação de um macrobloco econômico denominado de Área de Livre Comércio das Américas - ALCA, sugerida pelo presidente Bill Clinton, na Cúpula das Américas, em Miami, que reuniu no início de dezembro de 94, líderes de 34 dos 35 países do hemisfério. 3.3 - Tendências de Rondônia neste cenário. O Estado de Rondônia, a exemplo dos demais estados do Norte e Nordeste do Brasil, ficou marginalizado nesse primeiro estágio do Mercosul. Privilegiando o Centro-Sul, área vizinha Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA 247 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 aos novos parceiros e historicamente mais adiantada, o novo bloco econômico estimulou, de certa forma, o desequilíbrio regional brasileiro, preservando o atraso nas regiões Norte e Nordeste. Com estradas e infra-estrutura deficientes - quando não inexistentes -, com deficiência de escolas, de mão-de-obra qualificada, de incentivos à industrialização e de energia, agravadas pela posição geográfica que os distanciam do epicentro das negociações, os estados do Norte e do Nordeste ficaram excluídos dos benefícios do Mercosul. Mas é preciso ter em mente que o Mercosul não é um acordo entre os estados do Sul do Brasil e os países do Sul do continente. É importante observar que o Tratado de Assunção é um instrumento entre países, não entre regiões de países, gerando custos e benefícios que afetam todas as regiões, evidentemente, com diferentes magnitudes. Valiosos produtos de exportação são comercializados através dos portos regionais, tais como matérias primas agrícolas, petróleo e minerais, e a região tem alta potencialidade para maior desenvolvimento de suas atividades produtivas. Outra alternativa para maximizar os lucros das relações comerciais dos estados do Norte e Nordeste do Brasil com os demais países do Mercosul será a utilização do Consórcio do Corredor Atlântico do Mercosul, organização privada, sem fins lucrativos, formada por empresas de navegação, portos, sindicatos, etc., com o objetivo de tornar competitivas as vias marítimas costeiras, cujo detalhamento será apresentado em outro tópico deste capítulo. O Estado de Rondônia deve portanto, se organizar, planejando o seu futuro frente a esta nova realidade. 3.4 - Potencial do Mercosul O Mercosul, ao que tudo indica, deixou de ser um programa apenas governamental, para se tornar, realmente, um programa com base empresarial. Nos últimos anos, os negócios foram triplicados. De US$ 3,2 bilhões em 1990, o intercâmbio comercial entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai subiu para US$ 10 bilhões em 1994, chegando hoje ao montante de US$ 16 bilhões. As exportações brasileiras para os países que formam o Mercosul totalizaram, em 1996, US$ 7.305 bilhões, com crescimento de 18,70% em relação a 1995, quando somaram US$ 6.154 bilhões. A participação das exportações brasileiras para o Bloco Econômico representou 15,30% em relação ao total das exportações realizadas em 1996. 4 - ALCA - Área de Livre Comércio das Américas Quando acabou a Segunda Guerra Mundial, o Brasil, que havia lutado ao lado dos Aliados, esperava um maciço aporte de investimentos norte-americanos. Este não veio na proporção esperada e no final dos anos 50 a OPA (Operação Pan-Americana), já no governo Juscelino Kubistchek, também se mostrou insuficiente. Em 1960, ainda aguardando a ajuda americana, o Brasil participou do Tratado de Montevidéu. Mais tarde os participantes do Tratado se juntaram à Associação Latino Americana de Livre Comércio (ALALC). Os EUA não levaram a iniciativa a sério e a ALALC, com propostas utópicas, nunca saiu mesmo do papel. Em 1980 foi assinado um novo Tratado de Montevidéu e surgiu a ALADI, mais realista porque previa a negociação em separado entre seus países-membros para uma abertura parcial e gradativa de suas economias. Mas os norteamericanos continuaram subestimando os vizinhos do Sul e mantiveram a habitual indiferença. O tempo foi passando e, no início da década de 90, a unificação européia mostrou que o futuro de um mundo cada vez mais globalizado passava necessariamente pela união de nações em blocos econômicos. Só então os americanos começaram a despertar e, finalmente, em 27 de junho de 1990, o presidente republicano George Bush lançou a Iniciativa para as Américas, a primeira ação americana na direção de seus vizinhos continentais. A idéia era uma nova parceria econômica entre os EUA, América Latina e Caribe para aumentar o fluxo de comércio e 248 Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 investimentos e negociar as dívidas externas de seus afiliados. Mas a idéia não prosperou, não passando das boas intenções, pois na prática oferecia pouco ou quase nada. A essa altura, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai avançavam nas negociações que, um ano mais tarde, culminariam no Tratado de Assunção e no Mercosul. Fortalecido pela parceria com os vizinhos do Cone Sul, o Brasil empreendeu uma ofensiva diplomática e, em 19 de junho de 1991, conseguiu de George Bush a assinatura do "Rose Garden Agreement", que previa mecanismos de consulta entre os cinco países - no Itamarati, os diplomatas usam a expressão “4 + 1” - sobre comércio e investimentos. Foi um progresso, mas quando desembarcaram em Washington para pedir empréstimos e novos investimentos os governantes brasileiros ouviram das autoridades americanas que o tratado não era um novo Plano Marshall. Os sul-americanos se distanciaram, assistindo, em junho daquele mesmo ano, os americanos abrirem negociações com canadenses e mexicanos para a criação de uma zona de livrecomércio, o NAFTA. Acabou a administração Bush, vieram as eleições de 1992 e o democrata Bill Clinton foi eleito. O novo presidente logo declarou sua intenção de aproximar os EUA da América Latina. Em 1994, durante a I Reunião de Cúpula das Américas, realizada em Miami, Clinton aproveitou a idéia de seu antecessor e na reunião, com a participação dos presidentes de 34 países das três Américas, inclusive o recém eleito Fernando Henrique Cardoso, lançou a idéia de criação da ALCA - Área de Livre Comércio das Américas, com previsão para vigorar a partir de 2005. A ALCA será o maior bloco econômico do planeta, já que os 34 países que a integram todos os países do continente com exceção de Cuba, vetado pelos EUA - detêm mais de 50% do comércio mundial, um PIB de mais de US$8 trilhões e quase 800 milhões de habitantes. As negociações para a implantação da ALCA desenvolvem-se cautelosamente, sendo atualmente a maior divergência, a questão da data de início de sua vigência plena. Os 34 países que firmaram o compromisso de criar essa nova Zona de Livre Comércio, assinaram em Miami, um documento estabelecendo que “as negociações devem estar concluídas em 2005". Para esta possível assertiva, duas interpretações estão em debate nas negociações: americanos e canadenses entendem que o quinto ano após a virada do século é o marco para a ALCA começar a funcionar para valer, em toda a sua amplitude; já os países do Mercosul, que desejam ganhar tempo e se preparar para o impacto que representará a união com os gigantes do Norte, consideram 2005 a data limite para a conclusão das negociações. O objetivo do Brasil é adiar ao máximo a data final para fortalecer os acordos do Mercosul, reduzir o Custo Brasil e tornar os produtos brasileiros, e do Bloco como um todo, mais competitivos. Caso isso não aconteça, autoridades e empresários brasileiros consideram perigosa a abertura de seu mercado para os produtos americanos. Afinal, os EUA representam mais de 70% do PIB dos 34 países reunidos. Os diplomatas brasileiros defendem a tese de que 2005 pode ser um bom ano para começar a cumprir um cronograma da ALCA com prazos bem elásticos. De início, poderiam entrar em vigor as medidas de facilitação de negócios, retirada de entraves e harmonização de práticas e regras, e construção de uma infra-estrutura de transportes e comunicações. Só em uma segunda etapa, uns cinco anos depois, haveria a abertura dos mercados e, ainda assim, apenas para os produtos agrícolas. Numa terceira etapa, por volta do ano de 2015, haveria então a abertura para os produtos industrias. Quanto aos automóveis, o prazo poderia ocorrer somente em torno de 2020. Enquanto não se supera o impasse da data para a efetivação da nova Zona de Livre Comércio do Hemisfério, os países envolvidos avançam nas negociações de temas convergentes, como aconteceu este ano em Belo Horizonte, durante a II Reunião de Cúpula Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA 249 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 das Américas, realizada entre os dias 14 e 16 de maio/97. O evento se constituiu da realização da III Reunião de Vice-Ministros do Comércio e do III Foro Empresarial das Américas. Em relação aos encontro anteriores (Miami, Denver e Cartagena), a reunião de Belo Horizonte registrou avanços importantes, tanto na esfera oficial, quanto no âmbito do setor privado. Notadamente a participação do setor empresarial caracterizou-se por um aprofundamento nas discussões dos temas tratados na esfera governamental, traduzido em recomendações bastante detalhadas que podem ser percebidas como diretrizes gerais do setor privado das Américas para as negociações da ALCA. 4. 1 - A III Reunião Ministerial A análise da Declaração Ministerial Conjunta de Belo Horizonte evidencia que o processo negociador da ALCA saiu fortalecido da III Reunião de Ministros Responsáveis pelo Comércio do Hemisfério. A decisão dos Ministros de recomendarem aos seus Chefes de Estado que iniciem as negociações em Santiago, Chile, em março de 1998, representou um passo importante neste processo. Nesta data será realizada a III Cúpula da Américas, reunindo os Chefes de Estado e de Governo dos países do hemisfério. Embora tenha avançado na definição de quando negociar, a Declaração ainda deixou em aberto importantes aspectos sobre como negociar. Ficaram por definir questões relativas ao escopo das negociações, sua estrutura e modo de operação. A solução para a polêmica em torno da proposta de negociações em etapas apresentada pelo Mercosul, em contraposição à idéia de que as negociações deveriam começar em todas as áreas simultaneamente, foi adiada para a IV Reunião de Ministros, a ser realizada na Costa Rica, em fevereiro do próximo ano. Dentre as questões sobre as quais existe significativo grau de convergência, merecem destaque especial: • Consenso: o consenso constitui o princípio fundamental de tomada de decisões da ALCA. Em um projeto de integração de países com características tão diversas como os 34 que participam deste processo de negociações, a definição de um critério de tomada de decisões que garanta a incorporação dos interesses de todos os países de forma equilibrada é fundamental para preservar um grau elevado de coesão. • Single Undertaking: o resultado das negociações da ALCA deverá ser adotado como um conjunto único de direitos e obrigações mutuamente acordados (single undertaking). Isto significa que “nada está acordado até que tudo esteja acordado”. Este é um dispositivo muito importante para a dinâmica das negociações, uma vez que mesmo que se avance mais rapidamente em determinados temas, qualquer acordo somente será válido quando o conjunto das negociações houver sido finalizado. Por outro lado, isto significa que as prioridades devem estar bem identificadas para garantir que o processo negociador evolua de maneira equilibrada. • Compatibilização com a Organização Mundial do Comércio: a Declaração define que os acordos da ALCA devem ser compatíveis com os da OMC, determinando um padrão de referência importante para o balizamento das negociações. • Acordos bilaterais e sub-regionais: a Declaração reconhece que a ALCA poderá coexistir com acordos bilaterais e sub-regionais na medida em que os direitos e obrigações previstos nestes acordos ou não estejam previstos nos direitos e obrigações da ALCA ou os ultrapassem. Este ponto foi alvo de intenso debate, particularmente entre representantes dos países do Mercosul e dos Estados Unidos. Enquanto os primeiros defendiam uma redação que garantisse a manutenção das questões essenciais à união aduaneira, como a coordenação da política externa, a tarifa externa comum e a possibilidade de seguir negociando acordos com países ou blocos sub-regionais ou de outras regiões geográficas, os últimos preocupavam-se em evitar que o avanço de novos acordos intrazonais viessem a causar dificuldades para a condução das negociações da ALCA. Embora a redação final preserve os interesses 250 Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 fundamentais do Mercosul, coloca mais transparentes os desafios de aprofundar a união aduaneira como forma de garantir a preservação de sua identidade. • Blocos sub-regionais como uma unidade negociadora: conforme pretendido pelo Mercosul, foi formalmente aceita a proposta de que os países poderão negociar individualmente ou em blocos sub-regionais. Esta proposta do Mercosul, ao contrastar com a dos Estados Unidos e Canadá, de negociações entre Estados nacionais, era percebida por diversos analistas como uma divergência importante a ser discutida na reunião de Belo Horizonte. Neste sentido, a atuação coordenada dos países do Mercosul ao longo do processo preparatório para a Reunião de Belo Horizonte, como unidade negociadora coerente, unida e organizada, foi, sob a ótica brasileira, uma das características marcantes desta III Reunião Ministerial. A manutenção desta unidade, exigirá, no entanto, um esforço adicional de consolidação das propostas no âmbito do Mercosul. • Economias menores: a Declaração determina que atenção especial deveria ser dada às economias menores, a fim de assegurar sua plena participação no processo da ALCA. A principal controvérsia a este respeito reside no dilema entre dar um tratamento diferenciado às economias menores desde o início das negociações, em contraposição à alternativa de avançar as negociações nas diversas disciplinas para então estabelecer prazos e condições específicas para as economias menores, de acordo com as suas necessidades. • Secretaria administrativa: há o reconhecimento da necessidade de ser estabelecida uma secretaria administrativa de caráter temporário, enquanto durarem as negociações, para prestar apoio às mesmas. O Rio de Janeiro é uma das cidades candidatas. • Comitê Preparatório: será formado um Comitê Preparatório constituído pelos 34 Vice-Ministros, com a incumbência de intensificar esforços na busca do consenso em relação aos temas pendentes, dentre eles, a questão do timing e do formato das negociações. O reconhecimento da necessidade de criar uma secretaria administrativa e o estabelecimento de um comitê preparatório são uma sinalização de que o processo está avançando em direção ao início das negociações. Assim como ocorreu na fase preparatória para Belo Horizonte, a Declaração Ministerial recomenda que os Vice-Ministros mantenham a prática de reunir-se pelo menos três vezes antes da próxima Reunião Ministerial em São José. Conforme previsto na Reunião de Cartagena, em Belo Horizonte foi criado um novo Grupo de Trabalho Hemisférico (GTH) sobre Solução de Controvérsias, que será presidido pelo Uruguai. Na III Reunião não se previu a criação de nenhum novo GTH, o que parece associado à proximidade do início das negociações da ALCA quando, possivelmente, os GTHs poderão ser transformados ou adaptados em Grupos Negociadores, conforme consta da Declaração. A transformação dos GTHs em Grupos Negociadores pressupõe, no entanto, o desenvolvimento de uma proposta de metodologia que assegure eficiência e complementaridade aos trabalhos. Nesse sentido, merecem ser analisados outros processos de negociação internacional como, por exemplo, a metodologia utilizada na Rodada Uruguai. A importância do papel do setor privado e de sua participação no processo de formação da ALCA foi mais uma vez assinalada na Declaração Ministerial quando do registro do recebimento das contribuições do III Foro Empresarial das Américas relativas ao processo preparatório das negociações da ALCA. No entanto, a Declaração frustrou a expectativa do setor empresarial, que gostaria de ver aí inserido o compromisso dos Ministros de responder e/ou comentar as recomendações oferecidas nas conclusões do Foro Empresarial. Neste sentido, a Declaração de Belo Horizonte representou um retrocesso em relação à de Cartagena. É necessário reconhecer, contudo, o forte empenho do governo brasileiro no sentido de obter um compromisso mais firme dos Ministros de responder às sugestões do Foro Empresarial. 4.2 - O III Foro Empresarial das Américas Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA 251 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A avaliação dos resultados do III Foro Empresarial das Américas deve considerar duas dimensões distintas. A primeira delas refere-se à avaliação da reunião em si, a participação dos empresários dos diferentes países, a condução dos debates nos workshops, o grau de consenso obtido, o conteúdo das conclusões finais e o seu reconhecimento pelos governos dos 34 países integrantes. A segunda está ligada ao engajamento do setor empresarial brasileiro nos debates, ao estreitamente das relações com o governo brasileiro na formulação das estratégias e à inclusão das posições defendidas pelos brasileiros no documento final do Foro Empresarial. Um dos aspectos mais importantes do Foro Empresarial de Belo Horizonte foi o estabelecimento de uma metodologia de trabalho que pudesse facilitar a construção de recomendações aos governos, tão concretas e específicas quanto possível, identificando áreas de consenso e apontando áreas de divergência. Os grupos de discussão constituíram-se, neste sentido, no instrumento principal de trabalho do setor privado, e foram estabelecidos com o objetivo de permitir a discussão de temas diretamente relacionados com os Grupos de Trabalho Hemisféricos (GTHs) e de temas que, embora sem uma correspondência direta com os oficiais, foram considerados de interesse empresarial, como o papel do setor privado, infra-estrutura e desenvolvimento econômico sustentado. A metodologia desenvolvida envolveu a definição dos termos de referência que deveriam nortear os temas a serem debatidos nos doze workshops, assim como servir como guia para a elaboração dos position papers (sugestões) a serem apresentados pelas diversas organizações empresariais do hemisfério. Foram recebidos um total de 80 position papers de associações de empresas, de 14 países diferentes, sendo 10 provenientes de organizações empresariais regionais. A partir das sugestões foram preparadas sinopses para cada workshop, de forma a facilitar a identificação de questões chaves para o setor privado das Américas no processo de integração, servindo de roteiro para as discussões nos grupos temáticos. Este documento de trabalho, destacou as convergências e divergências encontradas. O esforço inicial permitiu um trabalho mais eficiente e transparente durante o Foro Empresarial, servindo de importante suporte para a elaboração das conclusões do Encontro. O documento final contém mais de 200 recomendações consensuadas sobre os 12 temas que foram debatidos nos workshops. O Foro Empresarial contou com a participação de cerca de 2000 empresários de diversos países do continente, que se distribuíram pelos diversos grupos de trabalho. Neste sentido, merece ser destacada a significativa participação do empresariado brasileiro, com 1200 representantes, seguindo-se em ordem de importância, a participação dos Estados Unidos, da Argentina e da Colômbia. O número de participantes por workshop permitiu identificar os temas considerados mais relevantes para o setor privado: Acesso a Mercados, Tecnologia e Propriedade Intelectual, Infra-Estrutura de Comunicação e Transportes "Standards" e Barreiras NãoTarifárias ao Comércio e o Papel do Setor Privado. Como pode ser constatado no documento com as conclusões dos workshops, as diversas reuniões registraram um elevado grau de consenso, embora estivesse previsto o registro das divergências existentes. Destaque-se, neste sentido, que o grupo de discussão sobre "Standards" e Barreiras Não-Tarifárias ao Comércio, Procedimentos Aduaneiros e Regras de Origem e o Papel do Setor Privado não registrou pontos de divergência. O tema que despertou maior interesse dos empresários foi “Acesso a Mercados”. Para este tema registram-se 524 inscrições. Sobre este tema foi possível chegar a um consenso em uma série de recomendações acerca dos critérios para as negociações, temas correlatos que devem ser considerados e prioridades. As áreas de divergência concentraram-se na polêmica entre negociações globais e simultâneas, com início imediato e a proposta defendida principalmente pelos empresários do Mercosul de negociações graduais e em etapas. Outra questão que apresentou alguma divergência foi a possibilidade de que os países negociem por blocos sub-regionais em contraposição à recomendação de que os países se apresentem individualmente durante as negociações. 252 Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 A participação do setor empresarial caracterizou-se por um aprofundamento nas discussões do temas tratados na esfera governamental, traduzido em recomendações bastante detalhadas, e que podem ser percebidas como diretrizes gerais do setor privado das Américas para as negociações da ALCA. Cabe ressaltar que a despeito do desenvolvimento de um trabalho sem precedentes na história da participação empresarial em processos de integrarão econômica, a Declaração Ministerial de Belo Horizonte não registrou avanços no sentido de assegurar o desenvolvimento de uma sistemática que assegure a interlocução entre os governos e o setor privado através da resposta às recomendações emanadas do Foro Empresarial. Esta sistemática daria ao setor privado a percepção de que efetivamente suas contribuições estariam sendo consideradas pelos governos no processo de construção da ALCA. O presidente do Sistema FIERO, Miguel de Souza, participou do III Foro Empresarial das Américas, no grupo de trabalho “Infra-Estrutura”, tendo incluído no documento final do Encontro a recomendação para o desenvolvimento da integração regional. A redação final da proposta ficou assim definida: “Desenvolver esforços e captar recursos para identificação de ‘gaps’ de infra-estrutura, para apresentação de uma listagem detalhada no próximo Encontro, a ser realizado na Costa Rica, em 1998. Elaborar um ‘livro branco’ das inversões necessárias em infra-estrutura, contendo inventário dos corredores de integração comercial, situação físicofinanceira dos projetos e catálogo das autoridades e instituições responsáveis pelas atividades de construção e manutenção dos empreendimentos.” (grifo nosso). 5. ALCSA - Área de Livre Comércio Sul-Americana Paralelamente às negociações para a implantação da ALCA - Área de Livre Comércio das Américas, a Comunidade Andina e o Mercosul planejam, já para 1998, um Acordo de Livre Comércio aglutinando oito dos dez países da América do Sul. O acordo visa a criação da ALCSA - Área de Livre Comércio Sul-Americana, cujas negociações se encontram em curso, com previsão para vigorar plenamente a partir de 2005. A Comunidade Andina reúne Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela, após a saída do Peru; enquanto o Mercosul tem como membros efetivos Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, tendo Chile e Bolívia como associados. Coincidentemente, em 2005 também deverá se estar negociando a ALCA, de grande interesse para os Estados Unidos e Canadá, que tem como meta chegar a 2020 ou 2025 com um mercado único continental. O cronograma de negociações da ALCSA prevê, inicialmente, apenas a redução de tarifas alfandegárias para estimular a troca de mercadorias. Esta diminuição será seguida por acordos quanto a normas de origem, salvaguardas e soluções de controvérsias. Posteriormente prevê-se a negociação de aspectos relativos a serviços, investimentos, propriedade intelectual e outros pontos mais complexos. Durante o Conselho Presidencial Andino, realizado na cidade boliviana de Sucre, em abril/97, os presidentes dos países do Bloco reafirmaram como prioridade o entendimento com o Mercosul. Tecnicamente, a comunidade Andina e o Mercosul são processos de integração comercial ainda incompletos e que visam chegar ao estágio de mercados comuns. A Zona de Livre Comércio está mais adiantada na Comunidade Andina, que tem uma lista de exceção reduzida, enquanto o Mercosul já avançou mais no aspecto da União Aduaneira. Institucionalmente, os países andinos estão mais desenvolvidos, porque seu processo já existe há 28 anos, enquanto o Mercosul deu passos acelerados como grupo de integração desde 1991 e é, no momento, o mais expressivo Bloco do Sul, devido ao peso específico de suas economias e pelo rápido avanço do processo integracionista. O Mercosul concentra mais de 200 milhões de habitantes, um PIB acima de US$ 850 bilhões e um comércio interno que já alcança US$ 16 bilhões anuais. A Comunidade Andina, por sua vez, antes da saída do Peru, contava com mais de 100 milhões de Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA 253 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 pessoas, um PIB de US$ 200 bilhões e um comércio interno girando em torno de US$ 5 bilhões anuais. Estes dados permitem antever a expressão econômica e o potencial de mercado da futura Área de Livre Comércio Sul-Americana (ALCSA), caso suas negociações não sejam atropeladas pelo processo de implantação da ALCA. ***** 254 Parte II - Capítulo 13 - Novos Mercados: MERCOSUL, ALCA e ALCSA Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 14 O MERCADO DE MANAUS U ma hipótese de desenvolvimento para Rondônia pressupõe, naturalmente, que se tenham níveis de produção capazes não só de atender plenamente à maioria das demandas internas, mas também que permitam exportar excedentes, geradores de renda para a cobertura da aquisição de outros bens que o Estado não tem condições de produzir. Como se trata de uma região em fase de forte caraterização agrícola, é para o setor primário que se deve voltar a atenção como o primeiro a definir uma atividade exportadora. Ora, qualquer hipótese de desenvolvimento para o Estado terá de levar em consideração pelo menos um outro aspecto de suma importância, que é o distanciamento geográfico dos grandes centros de consumo, item fundamental para a produção primária. Dadas as condições de tráfego das estradas brasileiras, e à pouca ou nenhuma possibilidade de outros meios de transporte que não o rodoviário, este ponto passa a ter peso decisivo na composição de preços da produção exportável, podendo ser determinante na sua viabilidade como atividade econômica. Assim sendo, uma proposta que permita ao Estado alavancar-se para o crescimento econômico fatalmente observará que: − o Estado está demasiado distante dos grandes centros consumidores do Sul e Sudeste brasileiros, onde se concentram os maiores níveis de demanda por matérias primas primárias. O transporte rodoviário, nestas condições, único existente na prática, impõe preços dificilmente competitivos; − dos centros mais próximos, destacam-se por seu tamanho e facilidade de acesso: Cuiabá e Manaus; − Cuiabá, contudo, é capital de um Estado igualmente forte produtor de alimentos; − Manaus não produz nada do que consome. Estes pontos já indicam a direção para onde se devem voltar os cuidados dos exportadores. Mas ainda há outros tantos aspectos a serem considerados. Muitos se explicam por si mesmos, como a relativa proximidade geográfica, a grande dependência de Manaus no tocante aos alimentos, o enorme volume de cargas com destino àquela cidade passando pelo porto de Porto Velho, as economias aparentemente complementares. Por outro lado, a escolha da capital, ao invés do universo inteiro do Estado do Amazonas, está baseada no fato de que Manaus abriga, hoje, a metade dos habitantes do Estado, é responsável por noventa por cento de sua arrecadação fiscal e é seu principal ponto de entrada e entreposto comercial para quase tudo o que se consome no interior do Estado e em Roraima. Associadas a estas condições, considera-se ainda que Manaus é a porta de entrada da Amazônia para suas relações comerciais com a Venezuela e o Caribe, em conseqüência do asfaltamento já em curso da BR-174 que estabelecerá a ligação com aqueles países. Além disto a cidade de Manaus é um centro totalmente diferenciado na região Norte, com níveis de vida semelhantes e até superiores a de outras grandes metrópoles brasileiras. O Estado do Amazonas com uma população de 2,4 milhões de habitantes e apenas 26% de população rural, tem a cidade de Manaus com 1,3 milhão, 52% da população do Estado e representando 71% de toda sua população urbana. Parte II - Capítulo 14 - O Mercado de Manaus 255 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 O PIB do Estado do Amazonas, em 1996, foi de US$ 6,5 bilhões, com renda per capita próxima de US$ 2.700, sendo que a cidade de Manaus é responsável pelo valor de US$ 5,8 bilhões, próximo de 90% do PIB do Estado, com PIB per capita próximo de US$ 4.500. Esses dados do Estado do Amazonas e, em particular, da cidade de Manaus, demostram, além de sua potencialidade de consumo, a sua grande diferenciação comparativa ao Estado de Rondônia, com população de apenas 1,23 milhão, com aproximadamente 40% de população rural, e a capital, Porto Velho, com 300.000 habitantes, ou 24,3% da população do Estado. Portanto a população da cidade de Manaus é ligeiramente superior à do Estado de Rondônia. Esta cidade, por sua vez, responde por um mercado sofisticado, tipicamente importador de produtos de consumo geral, face à inexpressiva produção local. As questões ligadas ao transporte para Manaus têm sido, no entanto, bastante restritivas desta escolha, se comparadas com as das regiões do Sudeste e Sul do país, pois embora as distâncias sejam consideravelmente maiores, demandam menor tempo de tráfego e, além do mais, aquelas regiões formam um mercado esmagadoramente superior por englobar 78% do PIB nacional, contra apenas 1,3% do Amazonas. Contudo, a reorganização e implementação do projeto encetado pela Hermasa, já descrito anteriormente, quanto à hidrovia Rio Madeira, vai certamente modificar a curto prazo as condições atuais, transformando a cidade de Manaus num dos mais atrativos mercados para a produção de Rondônia. Apesar das boas oportunidades, o empresariado local não vem considerando prioritário, ou mesmo desconhece, o mercado de Manaus, estando mais ligado, física e culturalmente, com os centros Sul e Sudeste do país. Esta, contudo, é uma visão pouco apropriada para com a realidade regional, onde o fortalecimento dos laços comerciais comuns é passo indispensável ao desenvolvimento de todos e de cada um dos parceiros da região Norte. A FIERO e o SEBRAE, no final do ano de 1996, efetuaram um estudo sobre o mercado de Manaus. Esse trabalho elenca produtos que podem, quase sem exceção, serem produzidos em Rondônia nos dias atuais. Aqui se descreverão sucintamente os resultados do referido estudo, tendo em conta que o mesmo se encontra disponível para os interessados na sede da FIERO e do SEBRAE/RO. O trabalho é dividido em quatro partes: Introdução ao Conhecimento dos Mercados, analisando A questão dos Pólos de Desenvolvimento Regional, e fazendo um Histórico da Ocupação Econômica Regional; O Mercado de Manaus, trazendo Dois Estudos de Interesse e uma análise da Oferta e Consumo de Gêneros Alimentícios e outros; A Oferta de Rondônia, retratando a Agricultura (Cereais, Frutas, Legumes, Outros), a Pecuária (Carne, Laticínios), e a Indústria (Moveleira, Outras); Fatores de Influência, com análises dos Transportes, da Competitividade: Incentivos Fiscais, do Projeto Hermasa e PRODECER, sobre O 3º Ciclo, sobre A MP 1511; e Conclusões e Proposisões Finais. Uma síntese dos pontos de maior interesse, seria: 1. Observações Gerais A cidade de Manaus, representativa de 90% da economia amazonense, apesar do seu desenvolvimento industrial, continua somente a produzir para atender uma demanda externa de bens de consumo duráveis, notadamente eletroeletrônicos, desprezando a produção interna de produtos destinados a atender as necessidades básicas de sua população. No campo alimentar a cidade de Manaus só é auto-suficiente na produção de ovos de granja, que produz em quantidades que permite abastecer o interior do Estado. Tudo o mais é importado, sendo que alguns alimentos são empacotados pelos próprios atacadistas ou por empacotadoras independentes. Trezentas empresas brasileiras respondem por 71% do total de todas as compras efetuadas pelo Estado do Amazonas, num total de R$ 5 bilhões, em 1996. 256 Parte II - Capítulo 14 - O Mercado de Manaus Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Percebe-se, por sua vez, que o mercado de alimentos industrializados é fortemente dominado por grandes produtores nacionais e multinacionais, o que aparentemente poderia ser um fator inibidor de negócios com Manaus. Entretanto, no ano em observação, 1996, as importações nacionais do Estado somaram 3,5 bilhões de reais, enquanto os trezentos maiores fornecedores representaram 2,3 bilhões de reais. Restam ainda cerca de 1,2 bilhão a ser rateado entre fornecedores que não estão neste ranking dos 300 maiores, e que provavelmente a grande maioria seja composta de pequenas, médias e até mesmo grandes empresas com baixos volumes de negócios no mercado, em transações de gêneros alimentícios, confecções, brinquedos, móveis, materiais de construção e outros bens não oligopolizados. Embora Rondônia desponte como um dos grandes fornecedores, sua posição deriva da venda apenas de um único produto, a carne bovina. Posição importante é a do Mato Grosso, nos segmentos analisados, que é o maior exportador de alimentos para o Amazonas. Já a posição do Pará é apenas aparente, pois a alta cifra apontada representa vendas da distribuidora Nestlé para a região Norte. Também o valor de Minas Gerais deve ser considerado relativo, uma vez que engloba uma grande variedade de itens, além de alimentos, vendidos pela distribuidora Martins. 2 - Produtos Consumidos 2.1 - Valores e volumes Prioritariamente oriundos da agroindústria, de origem vegetal e animal. Estudo realizado para o Estado do Amazonas e região Norte - valores anuais. Amazonas US$ 1,000 229,123 Toneladas 272.477 Região Norte US$ 1,000 Toneladas 1,634,030 1.949.460 2.2 - Pesquisa em Supermercados 2.2.1 - Frutas, verduras e legumes São oriundos principalmente de Brasília, Minas Gerais, e São Paulo, à exceção das frutas de clima temperado (maçã, uva, etc.), oriundas do Rio Grande do Sul, e à banana, do interior do Estado do Amazonas e, em menor quantidade, de Rondônia. Os preços praticados na cidade de Manaus são sempre superiores aos de Porto Velho, variando de um mínimo de 42% (cebola nacional), a um máximo de 287% (banana prata), com uma média de variação de 138%. 2.2.2- Cereais e outros Os preços praticados também são, via de regra, superiores aos de Porto Velho, porém em menor monta, com média de 20%. 2.2.3 - Polpas de frutas Com valores de mercado inferiores aos praticados em Porto Velho. 2.2.4- Sucos de fruta Os sucos de fruta (abacaxi, acerola, goiaba, manga, maracujá e caju), todos com preços superiores aos praticados em Porto Velho, com menor variação de 19% (suco de caju), e maior de 70% (suco de acerola), com preços médios superiores a 36%. Parte II - Capítulo 14 - O Mercado de Manaus 257 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 2.2.5- Carnes, queijos e ovos Valores superiores aos praticados em Porto Velho, à exceção do charque regional e da mortadela Sadia. A menor variação superior de preço é de 12% (carne de sol caseira), a maior de 71% (queijo muzzarela), com variação média de 28%. 2.3 - Pesquisa de consumo per capita e consumo total da cidade de Manaus Produto Média Kg/Ano Consumo Total em t carne bovina 19,07 23.440 peixe 39,50 48.576 frango 13,91 17.094 leite pasteurizado 55,56 68.306 arroz 30,26 37.195 pão francês 20,52 25.231 açúcar 21,74 26.728 farinha de mandioca 9,43 11.591 óleo de soja 9,79 12.034 ovos de galinha 8,13 9.990 feijão 11,89 14.619 farinha de trigo 6,51 7.997 café moído 4,13 5.083 fubá de milho 3,01 3.696 banana 13,94 17.134 laranja 18,63 22.897 queijo 1,61 1.983 legumes e verduras 9,08 11.161 Chama a atenção, neste quadro, o consumo “per capita” anual de peixe que é um dos maiores do Brasil. Pelo fato de não ter sido determinada nem entrevistada a população flutuante, sendo esta significativa e com altos níveis de padrão de consumo, alguns destes itens arrolados poderão ter seus valores subestimados. Ainda assim, quase todos os resultados se encontram acima das médias nacionais de consumo, o que é facilmente explicável devido à segunda renda per capita do país ostentada por Manaus. 2. 4 - Produtos de Higiene e Limpeza Embora produtos de higiene e limpeza sejam de fabricação cartelizada, permitem nichos de mercados aos pequenos e médios fabricantes. A soma dos mercados do Amazonas e de Rondônia já seria um atrativo para a instalação de indústrias dedicadas a alguns destes itens, como foi possível demonstrar através de pesquisa de campo no caso do papel higiênico e alguns outros produtos de limpeza. Lembra-se aqui que os preços praticados em Manaus para estes produtos não tem diferenciação significativa dos praticados em Porto Velho. No tocante aos produtos de higiene residencial e pessoal possíveis de ser inventariados, consumidos no Estado do Amazonas, verificou-se que cerca de 92% são consumidos em Manaus, ainda que esta cidade detenha somente a metade dos habitantes do Estado. Isto se dá, provavelmente, pelos níveis de renda muito superiores ao restante do Estado, por ser a capital a responsável pela geração de 90% da renda global, porque Manaus centraliza as compras para muitos outros municípios mas, seja impossível determinar o volume de redistribuição, ou porque vários municípios são abastecidos 258 Parte II - Capítulo 14 - O Mercado de Manaus Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 diretamente, sem passar pela cidade de Manaus. Considere-se, além disto, que a população da capital é extremamente urbana e consumista. Os dados apresentados a seguir são resultados da pesquisa domiciliar e de levantamentos junto a atacadistas, supermercados, feiras e posterior cruzamento das informações. Dizem respeito, portanto, aos produtos selecionados que são consumidos no Amazonas e que passam por ou são consumidos na sua capital. Cera líquida - Unidades de 850 ml - utilizada por 40% da população do Estado Consumo Amazonas Manaus Anual 2.559.600 2.354.830 Mensal 213.300 196.236 Per capita/anual 1,1 1,9 Lustra-móveis - Unidades de 200 ml - utilizado por 27% da população Consumo Amazonas Manaus Anual 633.600 582.910 Saneador higiênico para 12% da população do Estado. Consumo Amazonas Manaus Anual 591.360 543.960 Mensal 52.800 48.576 Per capita/anual 0,27 0,47 vaso sanitário - Unidades de 500 ml - utilizado por Mensal 49.280 45.330 Per capita/anual 0,25 0,49 Papel higiênico - rolos de 40 m O consumo nacional anual “per capita” deste produto é de 40 rolos. O consumo inventariado para o Estado do Amazonas foi de 85% da média nacional, isto é, 34 rolos/ano. Assim sendo, o consumo anual do Estado deve ser de 81.600.000 unidades. Do total consumido, 20% é produto de baixa qualidade, 50% de qualidade média e 30% de qualidade superior. Pode-se afirmar, sem qualquer possibilidade de erro, que o consumo “per capita” de Manaus deste produto é superior à média do Estado e provavelmente se nivela com a média nacional. Se considerarmos também o consumo dos Estados de Rondônia e Acre, com consumo "per capita" anual de 34 rolos, acresce-se um total de 61.200.000 unidades. Considerando que o processo de industrialização utiliza entre 60% e 70% de papel reciclado, justifica-se plenamente a implantação de uma indústria em Rondônia. Sabão em barra - em Toneladas Não foi possível obter-se a informação quanto ao consumo do Estado, mas tão somente referente à cidade de Manaus. Consumo Manaus Anual/t 5.340 Mensal/t 445 Per capita/anual 4 kg ou 20 barras de 200g Se considerarmos o restante da população do Estado do Amazonas, a população dos Estados de Rondônia e Acre e um consumo médio per capita ano de 3Kg, agrega-se mais um consumo de 8.490t. É importante que se ressalte que o Estado de Rondônia produz atualmente 3.600t ano de sabão em barra e que, em função da matéria prima disponível (585 Kg de sebo para a produção de uma tonelada de sabão), dispõe de uma possibilidade potencial de produção da ordem de 13.800 t/ano, o que praticamente supriria os Estados do Amazonas, Acre e Parte II - Capítulo 14 - O Mercado de Manaus 259 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Rondônia. Acresce-se ainda que novas tecnologias demonstram que somando-se o uso de babaçu, triturado através de equipamentos simples e de baixo custo, melhora-se a qualidade do produto final e diminui-se o seu custo de produção. Esta é outra vantagem importante para a expansão do setor. 2.5 - O Setor Moveleiro A importação de móveis pelo Estado do Amazonas foi de R$ 18 milhões no ano de 1996, não computado aqui o valor dos móveis de produção local. Desse total 80% foi consumido pela cidade de Manaus, 12% por outros municípios, mas passando pela cidade de Manaus e 8% diretamente a outros municípios. A procedência desses móveis é na quase totalidade da região Sul do país, embora se registre uma participação ativa do Estado do Pará; porém entende-se, pelo padrão e qualidade dos móveis, que se trata muito mais de intermediação do que de produção. Com base na pesquisa efetuada em Manaus e os parâmetros encontrados, correlacionados com a população (urbana e rural) e níveis de renda, pode-se supor que o consumo anual de móveis em Rondônia totaliza algo como R$ 10 milhões e o do Estado do Acre, R$ 4 milhões. Considerando-se os três estados soma-se um mercado anual de R$ 32 milhões. Desses mercados a indústria de Rondônia participa com menos de 30%, tão somente quanto ao mercado Rondônia, o que significa dizer, algo como 9% desse total de mercado. Pesquisas realizadas em Manaus e Porto Velho junto aos revendedores de móveis mostraram forte recusa em trabalhar com produtos fabricados na região. As razões apresentadas vão da falta de “design” atualizado, à não fabricação em série por se tratar de móveis maciços com custos comparativos mais elevados, até a qualidade inferior no acabamento e a não capacidade de fornecimento regular. Isto leva a concluir que não existe em Rondônia atualmente, oferta de móveis que atenda a necessidade dos mercados aqui tratados. Há que se considerar ainda dois pontos importantes: − a indústria moveleira opera em duas linhas de consumo - o de móveis domiciliares e o de móveis para escritórios e escolares. O comportamento destas linhas é determinado por instalações novas domésticas ou de escritórios e renovação/substituição. A exceção do primeiro caso, móveis não se constituem em artigos de primeira necessidade, ao contrário: são a última prioridade de compras dentro de uma casa. − como o Brasil se constitui um país de baixo nível de renda, ou de renda concentrada, o consumo de móveis é muito mais elevado em se tratando de “linha econômica”, que representa cerca de 95% do total, produtos estes que por sua própria natureza exigem emprego de alta tecnologia e produção em série. Portanto a indústria moveleira do Estado de Rondônia convive com dois impasses: está voltada para o atendimento prioritário da fatia minoritária do mercado que requer móveis de madeira maciça (5%), faltando-lhe, contudo, qualidade de acabamento e, por outro lado, não atende o grande mercado de móveis populares. Algumas empresas buscam preparar-se para a produção de componíveis para as indústrias montadoras de móveis do Sul-Sudeste, mas isso demanda não só novos investimentos e treinamento, como também a busca de parceiros junto à indústria que hoje domina o mercado no país, especialmente a da linha mais popular. O setor moveleiro do Estado tem que se adequar a essa realidade e buscar cada vez mais ocupar os mercados do próprio Estado, do Amazonas e do Acre, além da busca de parcerias para a fabricação de componíveis com indústrias do Sul/Sudeste. 260 Parte II - Capítulo 14 - O Mercado de Manaus Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 2.5.1 - Outra opção para o setor: pequenos objetos de madeira A pesquisa inventariou o uso, freqüência e origem na cidade de Manaus dos seguintes objetos de madeira: colher de pau, tábua de cortar carne, cabide para roupa, porta-retratos, bandeja, rolo para massa, batedor de carne, porta- livros, porta-panela, cinzeiro, porta-lápis, porta-sapato, espátula, porta-fósforo, garfo, pilão, estojo escolar, porta-guardanapos, porta-copos, porta-revistas, suporte de TV, porta-papel higiênico, suporte de vidro, abajur, adega, saleiro, porta-CDs, porta-cassetes e porta-lixeiro. A freqüência de uso desses pequenos objetos de madeira variou de 7,8% do total de habitações na cidade de Manaus (portas-cassete e CD's), até 94,1% (colher de pau), com uma média de uso domiciliar de 24,7%. Esses objetos não são produzidos pela indústria de Manaus ou regional e sim oriundos dos Estados: Paraná São Paulo Pará Rio de Janeiro Rio Grande do Sul Santa Catarina 25% 25% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% O relatório de Estudos “Análise das Possibilidades Comerciais entre Rondônia e Manaus”, editado pela FIERO e SEBRAE relaciona ainda os principais produtos agrícolas e agroindustriais que prioritariamente podem ser produzidos pelo estado de Rondônia com vista ao mercado de Manaus. Também há sugestões para o setor moveleiro e a relação dos principais produtos possíveis de serem produzidos aproveitando as sobras de madeira. ***** Parte II - Capítulo 14 - O Mercado de Manaus 261 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 262 Parte II - Capítulo 14 - O Mercado de Manaus Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 15 ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DE GUAJARÁ-MIRIM 1 - O Município de Guajará-Mirim S ituado às margens do Rio Mamoré, em ponto terminal da BR-425, o município de Guajará-Mirim confronta-se com a cidade de Guayaramerin, na Bolívia, na margem esquerda do mesmo rio. Sua área territorial limita-se com os municípios de Nova Mamoré, São Miguel do Guaporé, Campo Novo de Rondônia, Governador Jorge Teixeira e Costa Marques, em Rondônia, e com a República da Bolívia. A denominação Guajará-Mirim é originada da língua tupi-guarani e significa "cachoeira pequena". O progresso do município incrementou-se com a chegada de imigrantes provenientes de várias partes do mundo, como barbadianos, cubanos, espanhóis, libaneses e brasileiros oriundos da região Norte e Nordeste do país, que ali chegaram atraídos pela oportunidade de trabalho em decorrência da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Nos primórdios de sua existência, a principal atividade econômica do município era extrativista, sobretudo exploração da borracha e da castanha, dada a ocorrência de grandes áreas de seringais nativos e elevada concentração de castanheiras no Vale do Guaporé e regiões circunvizinhas. Na fase áurea, quando estes produtos alcançaram bons preços nos mercados nacional e internacional, foram instaladas indústrias no município para beneficiamento dos mesmos. A inauguração da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré em 30 de abril de 1912, e o início de seu efetivo funcionamento em agosto do mesmo ano, colocou fim a uma rotina de quase duzentos anos de difícil transporte pela calha do Madeira-Mamoré, em que a passagem por dezenove cachoeiras se fazia através de varadouros na mata, levando-se a braço a carga e a própria embarcação. A ferrovia se consolidou como fator de integração desta grande extensão territorial da Amazônia, e um importante marco na longínqua fronteira ocidental do País. A elevação de Guajará-Mirim à categoria de município e comarca se deu através da Lei nº 991, do Estado do Mato Grosso, em 12 de julho de 1928, porém sua instalação somente ocorreu a 10 de abril de 1929. O município foi desmembrado do Estado do Mato Grosso passando a pertencer ao Território Federal do Guaporé (hoje Estado de Rondônia), pelo Decreto Lei nº 5.812, de 13 de setembro de 1943. Guajará-Mirim conta atualmente com uma população estimada em 50.079 habitantes, e possui uma extensão territorial de 25.000 km², sendo a maior parte constituída de áreas de preservação ambiental e áreas indígenas. Este fato, associado à baixa fertilidade natural de seus solos, impõe limitações às atividades agrícolas. Talvez, em parte, esta conjuntura justifique a tradicional vocação do município para as atividades do ramo terciário, como comércio e serviços. As enormes riquezas naturais disponíveis no município, de inominável beleza e atração, sinalizam que o turismo desponta como importante alternativa de investimento e desenvolvimento da região. A atividade econômica primária do município é caracterizada pela prática de uma agricultura de subsistência que se restringe à produção de milho, arroz e mandioca, e possui uma pecuária bovina da ordem de 38.000 cabeças. As atividades econômicas do município dispõe de Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim 263 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 578 estabelecimentos comerciais e 28 industriais, na sua totalidade composta de micro e pequeno porte. 2 - Antecedentes Históricos As relações comerciais na fronteira Brasil/Bolívia, através das cidades de Guajará-Mirim e Guayaramerin, respectivamente, vêm se consolidando há várias décadas. A necessidade de suprimento de produtos básicos para atender a boa parte da região da província do Beni, na Bolívia, bem como a existência de livre comércio de produtos importados do lado boliviano, exercem forte atrativo para usuários brasileiros e contribuíram para a formação de importante parceria, embasada na conveniente troca de produtos, do que resultou um considerável desenvolvimento da região, especialmente para os dois municípios limítrofes. A comercialização praticada na fronteira sempre se pautou em mecanismo bastante simplificado. Em 29 de março de 1958 foi assinado, em La Paz, um acordo instituindo um sistema de ajuste adicional sobre operações em moedas brasileira e boliviana, que autorizava a efetivação do comércio fronteiriço mediante simples emissão de nota fiscal para os produtos. As facilidades decorrentes da adoção desta medida foram responsáveis por longo período de prosperidade na região, com expressivo aumento do volume comercializado, inclusive para atender outras regiões mais distantes da República Boliviana. A localização estratégica do município de Guajará-Mirim, aliada às peculiaridades regionais, evidenciaram a tendência natural para o comércio, tendo se transformado em sua principal atividade econômica. No entanto, em 10 de novembro de 1992, a Receita Federal, através da Instrução Normativa nº 118, estabeleceu, em seu artigo 1º, incisos 1, 2 e parágrafo primeiro que: “será permitida a saída do território nacional de mercadorias nacionais adquiridas no mercado interno que se comportem no limite de valor equivalente a US$ 2,000 e, se em valor superior, não revelem destinação comercial". Impôs ainda restrições à comercialização de mercadorias que estejam sujeitas a controles específicos de outros órgãos da administração pública, exceção para a saída do país de açúcar, quando destinado a países limítrofes, no limite semanal de valor equivalente a US$ 250. Também foram exigidos procedimentos de praxe nas operações de exportação, como guias de exportação e pagamento em moeda estrangeira, mediante fechamento de câmbio efetivado na cidade de Manaus. A partir da entrada em vigor da referida Instrução, o município de Guajará-Mirim entrou em colapso, com a estagnação de sua economia, visto que a atividade comercial foi reduzida ao mínimo possível, limitando-se apenas a poucos grandes atacadistas. Esta situação perdurou por muito tempo, até que os empresários se reorganizassem, adaptando-se à nova sistemática. As estatísticas de exportações de produtos brasileiros comercializados pelo Estado de Rondônia, somados à importação, atestam a aptidão de Guajará-Mirim para o comércio exterior. Na prática, desde tempos remotos, até por absoluta necessidade de sobrevivência das populações ocupantes daquelas regiões fronteiriças do Brasil e da Bolívia, igualmente isoladas dos principais centros produtores, a livre circulação de mercadorias tem marcado as relações comerciais históricas dos dois países. 3 - Turismo O município de Guajará-Mirim é dotado de vasta beleza natural, composta pelos inúmeros rios que cortam seu território, formando múltiplas paisagens, em harmonioso equilíbrio ecológico. A paisagem é resultante de uma transição da floresta amazônica para aquela do pantanal matogrossense. Um roteiro turístico pela região poderá ter início na cidade de Guajará-Mirim, onde o turista encontrará logradouros públicos e praças de peculiar beleza, poderá desfrutar das oportunidades 264 Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 de compras de grande variedade de produtos importados na ALCGM, e ainda visitar alguns pontos turísticos como o "Museu Histórico Municipal". O passeio ecológico, feito de barco nos rios Mamoré e Guaporé, onde se contempla a rica paisagem natural e as praias que se formam em grandes extensões nas margens em épocas de estiagem, resulta num espetáculo inesquecível para o turista. A viagem pode culminar com uma visita ao município de Costa Marques, situada às margens do Rio Guaporé, onde o turista se defronta com um importante marco da nossa história: o “Real Forte Príncipe da Beira", construído no século XVIII pelos portugueses. Para os aficcionados em pescarias, um atrativo a mais. Os rios da região são dotados de grande variedade de espécies de peixes de reconhecido valor, e a pesca é permitida após o período de desova, ou seja, de 15 de fevereiro a 15 de novembro. A dinamização do turismo tende a ampliar outras atividades complementares, com significativo reflexo nos níveis de emprego e renda e na melhoria dos serviços. A participação dos setores públicos na promoção de investimentos, bem como a criação de mecanismos de atração da iniciativa privada, é fundamental para o fortalecimento do setor. Diante da expectativa de crescimento da ALCGM, houve a necessidade de dotar o município de infra-estrutura compatível com o fluxo turístico que ocorreu, a fim de oferecer condições de permanência com relativo conforto. Neste particular, foram construídos novos hotéis, instalação de mais restaurantes e melhoria dos existentes. O município dispõe de uma rede hoteleira composta por quatro hotéis de categoria duas e três estrelas, e dez sem classificação de categoria, além de 24 estabelecimentos diversos, restaurantes, lanchonetes e sorveterias. Atualmente a rede hoteleira é suficiente para atender a demanda dos finais de semana de visitantes atraídos pela oportunidade de compras na ALCGM e em Guayaramerim. 4. Criação da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim As áreas de livre comércio foram instituídas pelo Governo Federal tendo como principal finalidade a busca de alternativas para o desenvolvimento econômico e social das regiões periféricas e fronteiriças, possibilitando sua integração no contexto regional e com o restante do país, contribuindo também para a efetiva presença, com a defesa da soberania nacional. O movimento para a criação da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim data de 1987, por iniciativa da Associação Comercial local, tendo tomado impulso a partir do trabalho elaborado pela Comissão de Comércio Fronteiriço Brasil/Bolívia, concluindo pela viabilidade de sua implantação. Entretanto, até atingir este objetivo, foram necessárias exaustivas negociações e gestões das entidades de classe, em particular da FIERO, e do empenho de políticos e do próprio Governo do Estado. A Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim foi criada em 19 de julho de 1991, através da Lei nº 8.210, e regulamentada pelo Decreto nº 843, de 23 de junho de 1993, objetivando promover o desenvolvimento das regiões fronteiriças do extremo Noroeste do Estado e incrementar as relações comerciais bilaterais com os países vizinhos, de conformidade com a política de integração latino-americana. Efetivamente o início de operacionalização só ocorreu a partir de junho de 1994, com as primeiras importações. A extensão territorial da referida área de livre comércio é de 82,50 km², onde podem se instalar estabelecimentos industriais e comerciais, sob regime fiscal especial nas operações de importação e exportação. Complementarmente aos benefícios concedidos pelo Governo Federal na isenção ou suspensão do I I - Imposto de Importação, e do IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados, que especifica. O prazo de vigência dos benefícios e isenções da ALCGM é de Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim 265 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 25 anos. A administração da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim é de responsabilidade da SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus. Após a constatação dos resultados obtidos pelos empresários que fizeram as primeiras importações e rapidamente esgotaram seus estoques, bem como o fato de melhor adequação dos órgãos envolvidos no processo como SUFRAMA, Banco do Brasil e Receita Federal, que agilizaram a tramitação da documentação, incluindo guias de importação e fechamento de câmbio, tornou-se evidente o nível de interesse dos empresários que iniciaram investimentos na ALCGM. Somente nos meses de junho a dezembro de 1994 foram autorizadas importações em montante superior a US$ 4 milhões, e nos meses de janeiro a março de 1995, mais US$ 2 milhões. Em conformidade com as solicitações de cotas para importação, estimava-se que o total comercializado na ALCGM no exercício de 1995 fosse superior a US$ 30 milhões. No entanto, esta expectativa não se confirmou, não alcançando nem 50% deste valor. Foram cadastradas e aptas a atuarem na ALCGM cerca de 250 empresas, algumas com reconhecida atuação a nível nacional e internacional. Deste total apenas 43 empresas concluíram suas operações de importação e/ou exportação até o mês de março de 1995. Atualmente apenas 203 empresas estão cadastradas na SUFRAMA. A ALCGM tem a seu favor a facilidade de acesso por via rodoviária, fato que não ocorre com outras áreas de livre comércio criadas na Amazônia, inclusive a Zona Franca de Manaus. Acredita-se na possibilidade de deslocamento de turistas e pequenos comerciantes provenientes dos estados do Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, incluindo o próprio Estado de Rondônia. As distâncias que separam o município de Guajará-Mirim das capitais dos respectivos Estados são: Capitais Rio Branco - Acre Porto Velho - Rondônia Cuiabá - Mato Grosso Goiânia - Goiás Campo Grande - Mato Grosso do Sul Distância de Guajará-Mirim 315 km 332 km 1.836 km 2.764 km 2.770 km O fluxo de mercadorias da Zona Franca de Iquique, no Chile, para a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim, responsável inicialmente pelo abastecimento de 90% das mercadorias, estabeleceu uma linha regular de transporte de carga, com cerca de 10 carretas semanais, que retornavam vazias, encarecendo o custo do frete. Criou-se, portanto, uma excelente oportunidade para os exportadores do Estado de Rondônia, especialmente da cidade de GuajaráMirim, até de estados vizinhos, no transporte de cargas destinadas à Bolívia, Peru e Chile ou outros países, utilizando-se o embarque nos portos de Iquique ou Arica, no Chile, ou Ilo, no Peru. Em função da pequena participação atual no suprimento de mercadorias oriundas de Iquique, no Chile, não se confirmou a expectativa de intensificar o fluxo de transporte e possível utilização desta via para exportação de produtos. 5 - Indústria no Município A atividade industrial existente no município de Guajará-Mirim é hoje pouco expressiva no contexto de sua economia, limitando-se a 28 empresas de micro e pequeno portes, distribuídas em diversos ramos de atividade, sem que nenhuma mereça maior destaque. O advento da criação da ALCGM não contempla o setor industrial com a amplitude que se aplica ao comércio, visto que o texto do Decreto nº 843 estabelece, em seu Art. 3º, parágrafo 1º: 266 Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 "A suspensão dos tributos de que trata o "caput" deste artigo será convertida em isenção quando as mercadorias forem destinadas a: a) beneficiamento em seu território de pescado, recursos minerais e matérias primas de origem agrícola e florestal; b) instalação e operação de atividades de turismo e serviços de qualquer natureza; c) atividades de construção e reparos navais.” Como se vê, apenas atividades industriais de beneficiamento de pescado, recursos minerais e matérias-primas de origem agrícola ou florestal, ou construção e reparo de embarcações, são contempladas pela legislação da ALCGM, estando, assim, bastante limitada em confronto, por exemplo, com a Zona Franca de Manaus. Apesar destas limitações, resta ao poder público e ao setor privado identificar alternativas que possam viabilizar a implantação de novas indústrias, bem como estruturar e otimizar a indústria do turismo. No entanto, as indústrias dos segmentos madeireiro e moveleiro, podem utilizar os incentivos na importação de madeira da Bolívia e de outros municípios do Estado, com vistas a atender o mercado interno e externo. Aplica-se o mesmo raciocínio às indústrias de beneficiamento de produtos de origem mineral e agrícola. Há indícios de oportunidade de investimentos na implantação de unidades fabris para beneficiamento de palmito, urucum, mamona, óleos essenciais e, especialmente, de frutos regionais. No caso particular do palmito, que detém grande demanda e aceitação no mercado externo, a ALCGM tem servido até agora de entreposto para reexportação do produto originário da Bolívia. Outra atividade industrial que merece melhor atenção, é o setor de construção naval, que também goza dos benefícios, para atender às necessidades dos mercados local, nacional e internacional, sobretudo os países vizinhos, na construção e reforma de embarcações de pequeno e médio portes. 6 - Situação Atual A criação da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim gerou uma expectativa muito otimista quanto ao desenvolvimento do município, bem como de outras localidades de Rondônia, que teriam benefícios indiretos em conseqüência da expectativa de intenso fluxo de turistas e pequenos comerciantes. Com base nos resultados obtidos já nos primeiros meses de funcionamento, estimava-se um montante de importação para 1995 da ordem de US$ 30 milhões. No entanto, fechado o balanço de 1995, foi importado apenas US$ 12,928,857. Em 1996, face a enormes dificuldades, motivadas por vários fatores, a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim apresentava sinais de declínio, tendo encerrado o ano com um total de US$ 10,845,562 de importação. A cota para importação na Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim para o período de 1º de maio de 1997 a 30 de abril de 1998 é de US$ 24 milhões definida através do Decreto Nº 2.218, de 30 de abril de 1997. Até 1996 a maior reclamação do empresariado era a limitação da cota individual, que era de US$ 150,000/ano e passou para US$ 300,000/ano a partir de 1996. No próprio Decreto 2.218, foi instituído o mecanismo de ajuste de cotas, onde periodicamente são avaliados os saldos de cada empresa e concedido, automaticamente, adicionais de cotas de importação, através do aproveitamento de cotas não utilizadas por outras empresas. Portanto, hoje, segundo a direção da SUFRAMA, não há reclamação de falta de cotas para importação. As importações realizadas de janeiro a outubro de 1997 somam US$ 7,810,284 , com estimativa de atingir US$ 9,500,000 até o final do ano, mantendo-se no mesmo patamar de 1996. Vale lembrar que deste total, cerca de US$ 2,300,000 é resultado das importações realizadas no Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim 267 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 período de janeiro a abril de 1997 e estão incluídos na cota global de importações de 1996. Portanto, confirmando-se a expectativa de importação acima, da cota disponível de US$ 24 milhões para 1997, somente será efetivada a utilização de US$ 7,200,000 , correspondendo a 30% do total. O quadro abaixo apresenta o valor das importações realizadas com os benefícios da ALCGM, no período de 1995 a 1997: Montante das Importações da ALCGM - Período de 1995 a 1997 - Em US$ 1995 1996 1997* 12,928,857 10,845,562 7,810,284 Fonte: SUFRAMA/Guajará-Mirim * Valor até outubro de 1997. A entrada em vigor da Portaria nº 21, de 06 de fevereiro de 1997, introduziu um complicador a mais, e, segundo os empresários da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim, é responsável pelo desaquecimento do comércio. A referida Portaria admite a acumulação das cotas de casal, porém limita a saída de mercadorias consideradas ”bagagem acompanhada” a: a) até três unidades de objetos iguais ou semelhantes, cujo valor unitário não ultrapasse a US$ 200 ; b) o direito a isenção poderá ser exercido uma única vez a cada trinta dias. Antes da Portaria nº 21 não havia limite de quantidade de mercadorias e o período de compra, entrada e saída da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim era de um dia. Isto significa que não pode sair mais de três objetos, mesmo que de valor insignificante, como lápis ou fita cassete, por exemplo. Estas alterações tiveram como conseqüência o afastamento do pequeno comerciante que se abastecia sem limite de quantidade e diariamente, se assim desejasse. O Banco do Brasil colocou à disposição linha de crédito à importação, como alternativa de solução para o problema de capital de giro, através do financiamento de Carta de Crédito. No entanto o custo de manutenção deste tipo de operação é muito elevado, além das exigências cadastrais de praxe, tem inviabilizado o acesso a esta linha de crédito da maioria das empresas importadoras. Um fator que merece consideração é o volume de importação de produtos sem os benefícios da Área de Livre Comércio, destinados a outras unidades da Federação, que ocorre com e sem redução de alíquotas de importação. Nesta categoria estão incluídos o palmito e a madeira, provenientes da Bolívia, responsáveis por mais de 90% deste tipo de importação, a parte restante se compõe de computadores, aparelhos de fax, bebidas e outros produtos isentos dos benefícios. O quadro abaixo apresenta a participação deste componente: Importação de Produtos sem Incentivos - Valores em R$ Regime de Anos Importação 1995 1996 1997 Com Redução de Alíquotas 1.077.067,46 3.225.034,15 2.852.058,98 Sem Redução de Alíquotas 1.426.671,93 651.768,42 89.461,32 TOTAIS 2.503.739,39 3.876.802,57 2.941.520,30 Fonte: SUFRAMA/ALCGM Verifica-se que o ingresso de mercadorias sem utilização dos incentivos especiais da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim assume relativa importância sobre o volume total das importações, visto que, considerando-se apenas 1996, estas representaram 35,74% do total. Vale lembrar que o montante destas importações independe dos limites das cotas destinadas a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim, por serem consideradas importações sob regime normal. 268 Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 O comércio tradicional entre as duas cidades fronteiriças se mantém em níveis razoáveis, mesmo havendo uma tendência de queda em 1997. O quadro abaixo apresenta o volume de exportações de Guajará-Mirim para a Bolívia, no período de 1995 a 1997. Exportações de Guajará-Mirim para a Bolívia Período Exportações (R$) 1995 (MAI - DEZ) 2.479.171,90 1996 (JAN - DEZ) 7.038.240,15 1997 (JAN - OUT) 4.018.892,56 Fonte: Delegacia da Receita Federal - ALCGM Comparando-se os totais obtidos nas importações no exercício de 1996, que totalizaram aproximadamente R$ 14 milhões, em relação ao montante das exportações, no valor de R$ 7.038.240,15 no mesmo ano, observa-se que o total das exportações representa cerca de 50% sobre as importações. Os principais produtos que compõem estas exportações são: arroz, açúcar, óleo de soja, papel higiênico, água mineral, cimento e telha de amianto. Ao longo destes quatro anos de existência da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim, mudou também o perfil dos supridores de mercadorias. Na fase inicial 90% das mercadorias eram originadas da Zona Franca de Iquique, no Chile e 10% restantes provinha de Manaus, Panamá e Miami. Atualmente, somente 12% provem do Chile, 6% de Manaus, 37% de Miami, 40% do Panamá e 5% da Bolívia. Este fato não chega a comprometer, isoladamente, uma das alternativas do projeto de Saída para o Pacífico, via Guajará Mirim, contudo houve uma significativa redução no volume de tráfego nesta rota que, só para atender a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim chegou, em 1996, a quase 100 carretas por mês. No último mês de outubro/97, no entanto, chegaram apenas três carretas provenientes do Chile. 7 - Principais Incentivos Os incentivos aplicáveis às empresas instaladas na ALCGM, quer sejam do ramo do comércio, da indústria ou de serviços, constituem-se basicamente da suspensão ou isenção do I I Imposto sobre Importação, e IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados, concedidos pela Lei nº 8.210, para as mercadorias de origem estrangeira destinadas à referida área de livre comércio. No entanto, a isenção destes incentivos somente ocorre enquanto as mercadorias permanecerem ou forem comercializadas dentro do perímetro da Área de Livre Comércio. Quando as mercadorias forem remetidas para qualquer local do território nacional, inclusive outros municípios do Estado de Rondônia, estarão sujeitas ao recolhimento normal dos impostos, exceto se for bagagem acompanhada. Cada visitante poderá realizar compras até o limite de US$ 2,000 FOB, ou equivalente em outra moeda, gozando dos benefícios de isenção fiscal, válida a acumulação em caso de cota de casal. Além da cota estipulada, o visitante também terá a opção de comprar mais US$ 150, a cada 30 dias, em Guayaramerim, na Bolívia, podendo totalizar, portanto, até US$ 2,150 de compras numa única viagem. Leve-se em conta que, nas compras nas fronteiras com o Paraguai e a Bolívia, a exemplo de Ciudad del Leste e Pedro Juan Caballero, o limite de cota é de apenas US$ 150 . Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim 269 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 7.1 - Incentivos Estaduais. Em complementação aos incentivos concedidos em nível federal, relativos ao I I e IPI, o Governo do Estado também instituiu regime tributário especial para a ALCGM, através do Decreto n.º 6.006/93, da Lei n.º 579, de 6 de julho de 1994 - revogada pela Lei n.º 614, de 4 de agosto de 1995; da Lei n.º 641, de 27 de dezembro de 1995 e pelos Decretos n.ºs 7386/96, 7387/96. Apresenta-se a seguir os principais incentivos constantes dos mesmos: DECRETO N.º 6.006/93 (Acrescenta inciso XXXII e os §§ 19 e 21 ao Art. 1.º do Decreto n.º 4937/90 - Isenções.) “ Art. 1.º ........................ XXXII - A saída de produtos de origem nacional destinados à comercialização ou industrialização na Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim...........(outros), desde que o estabelecimento destinatário tenha domicílio no Município, observado o disposto nos §§ 17 e 22 a 44 (Conv. ICMS 65/88,52/92 e 127/92); ............. § 21 - As mercadorias beneficiadas pela isenção prevista no inciso XXXII, quando saírem da Zona Franca de Manaus ou das Áreas de Livre Comércio, perderão o direito àquela isenção, hipótese em que o imposto devido será cobrado pelo Estado de Rondônia, salvo se o produto tiver sido objeto de industrialização” DECRETO N.º 7387/96 ( Regulamenta a LEI N.º 614/95) “Art. 1º - O Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS incidente sobre a entrada de mercadorias ou bens, importados por estabelecimentos situados na Área de Livre Comércio de Guajará- Mirim, fica diferido para a etapa seguinte da circulação. § 1.º Encerra-se o diferimento previsto neste artigo: I - na saída da mercadoria do estabelecimento importador; II - na utilização ou consumo da mercadoria no estabelecimento importador. § 2.º - Fica dispensado o pagamento do Imposto diferido, no caso de máquinas e equipamentos incorporados aos ativo fixo ou imobilizado do estabelecimento importador, desde que permaneça nesta condição por prazo não inferior a quatro anos. Art. 2.º Na saída subsequente das mercadorias ou bens entrados nas condições do artigo anterior ou das que resultarem da sua industrialização, poderão ser concedidos os seguintes créditos presumidos: I - de 60% do crédito gerado pela respectiva saída, quando destinados a consumo na Área de Livre Comércio; II - de 7% do valor da operação de que decorrer a saída subsequente, nos demais casos”. DECRETO N.º 7386/96( Regulamenta o Art. 3.º da Lei 641/95) “Art. 1.º - Fica concedido aos estabelecimentos comerciais e industriais localizados na Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim prazo especial para pagamento do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, de até 120 dias, conforme condições abaixo: I - 30 dias, após o encerramento do período de apuração do imposto, para as empresas que tenham mais de dez empregados; II - 60 dias, após o encerramento do período de apuração do imposto, para as empresas que tenham mais de 40 empregados; III - 90 dias, após o encerramento do período de apuração do imposto, para as empresas que tenham mais de 40 empregados; 270 Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 IV - 120 dias, após o encerramento do período de apuração do imposto, para as empresas que tenham mais de 60 empregados.” Portanto, os benefícios concedidos pelo Governo do Estado a ALCGM se restringem ao crédito presumido do ICMS, isenções nos casos em que especifica o Decreto nº 6.006/93, diferimento e dilação de prazos para pagamento em até 120 dias, todos relativos ao ICMS. As vantagens específicas para a indústria do município de Guajará-Mirim são relativamente pequenas, visto que os benefícios do I I e do IPI, além de isenção do Imposto de Renda por período de até dez anos, já são concedidos para alguns segmentos mais importantes da indústria em todo o Estado de Rondônia, como extensão da Zona Franca de Manaus, mediante aprovação de projetos junto à SUFRAMA e à SUDAM, respectivamente. Há de se considerar, também, que o setor industrial poderá usufruir de isenção sobre o diferencial de alíquota na aquisição de máquinas e equipamentos industriais constante do Anexo I do Convênio ICMS nº 52/91, de acordo com o Convênio ICMS nº 88/92, de 30 de julho de 92. A adoção destas medidas, que dependem ainda de aprovação da Assembléia Legislativa, estabelecerá um tratamento diferenciado para as indústrias instaladas em Guajará-Mirim que, associados aos benefícios já existentes, deve representar importante fator de atração para o empresário industrial orientar e decidir pelo investimento na ALCGM. Os demais incentivos de ordem financeira e de Linhas de Créditos aplicáveis ao comércio e principalmente à indústria, estão detalhados em capítulo próprio, neste mesmo trabalho. 7.2 - Legislação Federal Os instrumentos legais que asseguram a operacionalização da ALCGM estão consubstanciados na Lei nº 8.210 e Decreto nº 843, que tratam da criação e regulamentação, e, complementarmente, na Lei nº 614/95 (revogou a Lei nº 579/94), e nos Decretos nº 6.006/93, 7386/96 e 7387/96 e na Resolução nº 013/GAB/SEFAZ, do Estado de Rondônia, que tratam dos benefícios fiscais de atribuição do Estado: Para melhor informação dos interessados, transcrevem-se a seguir os termos do Decreto de Regulamentação: “DECRETO Nº 843 DE 23 DE JUNHO DE 1993 REGULAMENTA a Lei nº 8.210, de 19 de julho de 1991, que cria a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim - ALCGM, no Estado de Rondônia e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 2º e 7º da Lei nº 8.210, de 19 de julho de 1991, bem como no art. 93 de Decreto-lei nº 37 de 18 de novembro de 1966, com a redação do art. 3º do Decreto-Lei nº 2.472 de 1º de setembro de 1988. DECRETA CAPÍTULO I DAS FINALIDADES E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DE GUAJARÁMIRIM - ALCGM Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim 271 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Art. 1º - A Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim (ALCGM), no Estado de Rondônia, é dotada de condições para exercer o livre comércio de importação e exportação, sob regime fiscal especial, criada com a finalidade de promover o desenvolvimento das regiões fronteiriças do extremo Noroeste daquele Estado, bem como incrementar as relações bilaterais com o país vizinho, segundo a política de integração latino-americana. Art. 2º - A ALCGM, na conformidade do art. 2º da lei nº 8.210 de 19 de julho de 1991, é configurada pelos seguintes limites: da área urbana, definidos pela lei Municipal nº 19, de 25 de janeiro de 1973, acrescidos da área compreendida entre o leito da BR-425 e a faixa de 500 metros, à sua direita, até ao acesso, pela esquerda da 5ª linha do Setor IATA - gleba de GuajaráIncra; seguindo daí até encontrar novamente a BR-425, continuando daí limitada pelo leito da Rodovia BR-425, até encontrar à esquerda do trecho da estrada Aluízio Ferreira e indo daí até o núcleo do Distrito do IATA; estendendo-se numa faixa à direita da referida estrada compreendida pelos seguintes lotes: 195, 196, 183, 165, 166, 164, 163 e de 69 a 63 e finalmente o lote 10, todos lotes da ala Norte do Setor IATA; fechando o polígono pelas margens do Rio Mamoré, até os limites da atual área urbana, dados pela referida Lei Municipal nº 19, de 25 de janeiro de 1973, excluindo-se desse polígono o somatório das zonas ZAU, ZAI, ZPF, ZPA1 e ZPA2. CAPÍTULO II DO REGIME FISCAL Art. 3º - A entrada de mercadorias estrangeiras na ALCGM far-se-á por suspensão dos impostos de Importação e sobre Produto Industrializados. Parágrafo 1º: A suspensão dos tributos de que trata o "caput" deste artigo será convertida em isenção quando as mercadorias forem destinadas a: a) consumo e venda internos; b) beneficiamento, em seu território, de pescado, recursos minerais e matérias- primas de origem agrícola ou florestal; c) agricultura e piscicultura; d) instalação e operação de atividades de turismo e serviços de qualquer natureza; e) estocagem para exportação ou reexportação para o mercado externo; f) atividades de construção e reparos navais.; g) internação como bagagem acompanhada, observado o mesmo tratamento previsto na legislação aduaneira para a Zona Franca de Manaus. Parágrafo 2º: Não se aplica o regime fiscal previsto neste artigo a: a) armas e munições de qualquer natureza; b) automóveis de passageiros; c) bens finais de informática; d) bebidas alcoólicas; e) perfumes; f) fumo e seus derivados. Art. 4º - Ressalvada a hipótese prevista na letra "g" do Parágrafo 1º do art. 3º, a internação de mercadorias estrangeiras da ALCGM para qualquer ponto do território nacional, inclusive as utilizadas como partes, peças ou insumos de produtos ali industrializados, estará sujeita à tributação no momento de sua internação. Parágrafo único: As mercadorias estrangeiras estocadas nos termos do art. 5º estarão sujeitas, ainda, ao controle administrativo aplicável às importações em geral. 272 Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Art. 5º - No interior da ALCGM serão delimitadas áreas, nas quais serão instaladas unidades de entrepostos destinados ao armazenamento de mercadorias a serem comercializadas internamente, reexportadas ou internadas para o restante do território nacional. Parágrafo 1º: As áreas de que trata este artigo terão extensões devidamente restritas às necessidades de instalações dos entrepostos, e serão adequadamente cercadas e providas de ponto de entrada e saída, determinados de modo a permitir o adequado controle aduaneiro do fluxo de bens, veículos e pessoas que nela deverão ingressar ou sair. Parágrafo 2º: Os entrepostos são recintos fechados, alfandegados e sob controle aduaneiro, instalados em locais específicos determinados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA e pela Secretaria da Receita Federal - SRF, levando-se em conta a melhor localização em termos de acesso ao porto e ao aeroporto existentes na ALCGM. Parágrafo 3º: Os entrepostos instalados serão destinados ao uso público e a respectiva permissão de exploração será antecipada de procedimento licitatório a ser realizado pela SRF, na forma da legislação em vigor. Parágrafo 4º: As mercadorias de origem estrangeira, destinadas a estocagem para comercialização no mercado externo ou à internação para o restante do território nacional, deverão ser, obrigatoriamente, depositadas em entrepostos autorizados a operar nos termos deste artigo. Parágrafo 5º: A exportação ou reexportação de mercadorias estrangeiras para o mercado externo, e a internação para o restante do território nacional, somente será autorizada se atendido o disposto no parágrafo anterior. Art. 6º - As mercadorias de origem estrangeira ou nacional enviadas a ALCGM serão, obrigatoriamente, destinadas às empresas nela estabelecidas e autorizadas a operar nesta Área. Art. 7º - As importações de mercadorias destinadas à ALCGM, estão sujeitas a guia de importação ou documento de efeito equivalente, previamente ao despacho aduaneiro. Parágrafo único: As importações de que trata este artigo deverão contar com a prévia anuência da SUFRAMA. Art. 8º - A compra de mercadorias estrangeiras, entrepostadas na ALCGM, por empresas estabelecidas em qualquer outro ponto do território nacional é equiparada, para efeitos administrativos e fiscais, a uma importação em regime comum. Art. 9º - A venda de mercadorias nacionais ou nacionalizadas, efetuada por empresas estabelecidas fora da ALCGM, para empresas ali sediadas, destinadas aos fins de que trata o art. 3º será, para os efeitos fiscais, equiparada a uma exportação. Art. 10 - O Banco Central do Brasil normatizará os procedimentos cambiais aplicáveis às operações da ALCGM, criando mecanismos que favoreçam seu comércio exterior. Art. 11- A isenção do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação dependerá de observância ao estabelecido na alínea "g" do inciso XII, do parágrafo 2º do art. 155 da Constituição. CAPÍTULO III DA ADMINISTRAÇÃO DA ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DE GUAJARÁ-MIRIM - ALCGM Art. 12 - A ALCGM está sob a administração da SUFRAMA, que deverá promover e coordenar sua implantação, sendo, inclusive, aplicado, no que couber à ALCGM, a legislação pertinente à Zona Franca de Manaus, com suas alterações e respectivas disposições complementares. CAPÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim 273 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Art. 13 - A SRF exercerá o controle aduaneiro, a fiscalização, a vigilância e a repressão ao contrabando e ao descaminho na ALCGM, sem prejuízo da competência da Polícia Federal. Parágrafo único - Para os fins do disposto neste artigo, serão expedidas as normas administrativas que se fizerem necessárias. Art. 14 - As importações destinadas à ALCGM estarão sujeitas a limite global, quando estabelecido pelo Poder Executivo, no mesmo ato em que o fizer para as demais áreas de livre comércio. Art. 15 - A SUFRAMA demarcará a área geográfica da ALCGM, observando o disposto neste Decreto. Art. 16 - O Ministério da Fazenda regulará a aplicação de regimes aduaneiros especiais para as mercadorias estrangeiras destinadas a ALCGM, assim como para as mercadorias dela procedentes. Art. 17 - Somente as firmas que se habilitarem na forma da Lei nº 4.503, de 30 de novembro de 1964 e devidamente cadastradas na SUFRAMA, podem operar na ALCGM. Art. 18 - As isenções previstas neste Decreto serão mantidas pelo prazo de 25 anos. Art. 19 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 23 de julho de 1993; 172º da Independência e 105º da República." Itamar Franco Fernando Henrique Cardoso Alexandre Alves Costa” 8 - Considerações Finais No primeiro momento a limitação de cotas de importação global e individual inibiu a instalação de grandes atacadistas e lojas que tinham interesse na Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim, que poderia ter sido decisiva para a sua consolidação. Ao analisar o desempenho da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim, verifica-se que mesmo sendo um pleito antigo das classes empresariais do Estado e do município, apesar de muito entusiasmo, porém, houve uma boa dose de amadorismo e os resultados obtidos no geral, não são satisfatórios, visto que as transações comerciais com o exterior requerem conhecimentos especializados, além da disponibilidade de capital de giro. A principal causa do insucesso da maioria das empresas ali instaladas é a falta de capacitação gerencial, seguida de descapitalização. Mesmo podendo atuar em algumas áreas como pescado, recursos minerais e matériasprimas de origem agrícola e florestal, turismo e construção naval, não houve interesse de implantação de projetos industriais naquela área, que dependeria de aprovação da SUFRAMA para concessão dos benefícios. A falta do suporte da atividade industrial à economia local também pode ser apontada como responsável pela atual crise. Apesar de várias investidas da Federação das Indústrias junto aos ministérios da Fazenda e do Planejamento, além de gestão direta junto à SUFRAMA, não foi possível flexibilizar a Lei de criação da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim no sentido de favorecer a instalação de indústrias de montagem de componentes. A consolidação definitiva da Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim passa necessariamente pela revisão das exigências da Portaria n.º 21, que segundo reivindicação da Associação Comercial do Município, deverá pelo menos flexibilizar a saída de quantidades maiores para as mercadorias de baixo valor unitário. Outras medidas precisam ser implementadas de modo a favorecer a ALCGM, como: 274 Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 • Internacionalização dos aeroportos de Guajará-Mirim e de Porto Velho, como alternativa de transporte de carga e de passageiros; • Construção, em Guajará-Mirim, de um porto adequado para o desembarque de "containers", e terminal de passageiros; • Melhoria do transporte de balsa, na travessia do Rio Mamoré • Divulgação em nível nacional, evidenciando as potencialidades comerciais e turísticas do município; • Implantar carteira de câmbio em Guajará-Mirim, para facilitar as operações de importação e exportação; • Estimular a industrialização no município, no âmbito dos incentivos da ALCGM; Caso sejam mantidas inalteradas as atuais condições de funcionamento da ALCGM, as expectativas mais otimistas sinalizam para uma estabilização com leve crescimento. Há, contudo, uma preocupação quanto ao futuro, tendo em vista que qualquer mudança na direção de desvalorização da moeda brasileira será fatal para a sua sobrevivência. ***** Parte II - Capítulo 15 - Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim 275 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 16 A LEI DE INCENTIVOS FISCAIS E OS POSSÍVEIS PÓLOS INDUSTRIAIS A Lei de Incentivos Fiscais acirrada competição imposta pela globalização da economia, aliada à necessidade de equacionar problemas regionais e locais como a geração de emprego e renda, tem desencadeado em todo o país uma verdadeira guerra fiscal, onde cada estado cria mecanismos cada vez mais vantajosos para atrair novos investimentos. O exemplo mais recente desta desenfreada corrida é o Estado do Paraná que, de forma bem sucedida, passou a abrigar em seu parque industrial pelo menos três grandes montadoras de automóveis e significativo número de indústrias complementares, além de muitas outras dos mais diversos ramos de atividade. Este exemplo vem sendo seguido por vários outros estados, que já alcançam também bom nível de desenvolvimento, como Mato Grosso, Pará, Ceará e tantos outros. Em consonância com insistente posição da FIERO junto ao Governo do Estado, e evidenciando a necessidade de Rondônia também implantar uma política de incentivos fiscais em condições realmente atrativas, até mesmo para compensar as desvantagens naturais impostas pela situação geográfica, dadas as grandes distâncias dos principais centros consumidores, somente agora foi instituída uma política de incentivos fiscais, através da Lei n.º 186, de 21 de julho de 1997. Dependendo ainda de regulamentação, a referida Lei, tem como principal incentivo o financiamento do ICMS que venha a ser obtido a partir de empreendimentos novos ou ampliação dos já existentes, conforme se detalha a seguir. A Financiamento do ICMS A Lei n.º 186/97, assegura a concessão do benefício de até 95% do ICMS gerado a partir da implantação de projetos fabris novos, limitado ao total do investimento realizado, para um prazo de utilização mínimo de 48 e máximo de 96 meses. Quanto se tratar de ampliação, os limites dos benefícios são os mesmos. No entanto, será tomado como base o diferencial de acréscimo do ICMS gerado a partir da ampliação, excluindo-se, portanto, o valor médio anterior. Créditos Especiais do ICMS Para os empreendimentos industriais contemplados com os benefícios desta Lei, serão concedidos créditos especiais do ICMS, conforme se segue: a) Os gastos com combustíveis para a geração de energia elétrica nas instalações industriais são dedutíveis em 50% do ICMS devido. b) Os custos de aquisição com resíduos industriais utilizados na produção industrial são dedutíveis em 100% sobre o valor de ICMS devido. A concessão dos benefícios obedecerá a critérios a serem definidos na Regulamentação da Lei e deverá contemplar prioritariamente os investimentos que sejam de maior interesse Parte II - Capítulo 16 - A Lei de Incentivos Fiscais e os Possíveis Pólos Industriais 277 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 econômico ou estratégico para o Estado, através do somatório de critérios que levem em consideração fatores como localização, utilização de matérias-primas locais, absorção de mão-deobra, projetos pioneiros, etc. Amortização do Financiamento O prazo para pagamento de cada parcela do ICMS tem seu vencimento no dia 20 de cada mês, a partir do 12º mês após o encerramento do prazo de uso do financiamento, sucessivamente, até a quitação da última parcela. Encerrado o prazo de concessão do financiamento, a Lei estabelece um beneficio adicional a ser deduzido das parcelas vincendas, que é o abatimento de 4% para cada ponto percentual de acréscimo de geração de emprego, que venha a ocorrer após o prazo de uso do benefício. Exemplificando, caso a indústria consiga gerar 25% a mais de emprego após o término do benefício, as parcelas a serem pagas serão deduzidas em 100%. Outro fator relevante é a não incidência de juros sobre o valor atualizado monetariamente das parcelas até o seu vencimento. Na forma como foi concebida a Lei de Incentivo do ICMS, pode-se afirmar que não há similar em todo o país. Pois na prática, é possível a obtenção integral do ressarcimento do valor gasto com a implantação do projeto ou ampliação de indústrias existentes, num prazo médio de uma vez e meia o período de utilização do benefício. Sabe-se que, isoladamente, a implementação destes benefícios não é suficiente para estimular uma ampla retomada do desenvolvimento econômico, mesmo considerando-se sua alta relevância no processo. São necessárias outras medidas complementares, como apoio infraestrutural - distritos industriais, disponibilidade de energia elétrica para alguns municípios do Estado, estradas em boas condições de tráfego, acesso a linhas de crédito especiais, facilidade para obtenção dos incentivos da SUDAM e SUFRAMA. Neste contexto o poder público municipal também pode emprestar boa parcela de contribuição para ampliar os benefícios e facilitar a atração de novos investimentos, como isenção ou redução do I.S.S., taxas de alvará de localização, concessão total ou parcial de áreas para instalação em distritos industriais dotados de infra-estrutura, etc. Somando-se a estas, uma campanha publicitária a nível nacional e o firme propósito do Governo na operacionalização desta política de incentivos, serão capazes de mudar o panorama da economia de Rondônia. A implantação de projeto de tal monta necessita de ampla sustentação por parte das entidades governamentais em todos os níveis, bem como da iniciativa privada Pólos Industriais Estudos realizados pela FIERO indicaram a necessidade de realização de estudos de viabilidade econômica para implantação de pelo menos 14 pólos industriais, distribuídos em várias cidades do Estado. Neste trabalho se retoma esta discussão, considerando a importância de um programa de pólos industriais como forma de promover um aproveitamento mais racional das potencialidades locais e regionais e estimular o crescimento de atividades industriais de reconhecida viabilidade e, ainda, poder adequar soluções a problemas comuns de determinados setores, como: treinamentos para qualificação de mão-de-obra, introdução de novas tecnologias, modernização de equipamentos, apoio na busca de mercado, incentivos fiscais e financeiros, entre outros. Recente trabalho produzido pela Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral - SEPLAN, denominado “Oportunidades Agroindustriais para Rondônia”, apresenta um panorama de Rondônia no que se refere às disponibilidades de recursos naturais, 278 Parte II - Capítulo 16 - A Lei de Incentivos Fiscais e os Possíveis Pólos Industriais Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 agroflorestais, agropecuários e minerais, agrupados em 8 (oito) micro-regiões, com indicação de oportunidades de investimentos, em função de aptidões locais. Traz ainda informações sobre infra-estruturas existentes como: energia elétrica, transporte e telecomunicação. Compatibilizando as informações existentes sobre as características de municípios e regiões, sobretudo no que se refere às potencialidades dos recursos naturais e aptidões econômicas, são indicadas abaixo algumas alternativas para implantação de Pólos Industriais: 1. Vilhena: Hortifrutigrangeiros; Frigorífico/Laticínios/Couro; Processamento de Soja. 2. Cacoal: Pólo Industrial de Café - Café Solúvel; Beneficiamento de Algodão. 3. Rolim de Moura: Beneficiamento de Madeira e Móveis; Processamento de Frutas. 4. Ariquemes: Movelaria; Laticínios; Industrialização Café/Cacau; Beneficiamento de Couro; Sabões; Beneficiamento de Cassiterita; Artefatos de Estanho; Pedras Semi-Preciosas. 5. Guajará-Mirim: Hortifrutigrangeiro; Ecoturismo; Pescado. 6. Porto Velho: Moveleiro; Processamento de Frutas; Minerais Metálicos Processamento do Estanho; Confecções. 7. Ji-Paraná: Madeireiro - Compensados e Laminados; Moveleiro; Pescado; Minerais Não Metálicos - Granito; Couro e Calçados. 8. Ouro Preto: Moveleiro; Laticínios. 9 - Jaru: Moveleiro; Laticínios. 10. Pimenta Bueno: Cerâmica. O direcionamento dos incentivos a serem adotados pelo Estado deverá dar prioridade à criação de pólos agroindustriais e/ou industriais. A opção pelo sistema de Pólos Industriais tem como fundamento dar uma melhor ordenação dos setores produtivos, possibilitando o controle, a avaliação e, mais importante, a obtenção de diagnóstico em bloco dos problemas existentes, bem como de seu equacionamento. Compete ao governo, como formulador das grandes linhas de ação para o desenvolvimento do Estado, estabelecer igualmente as diretrizes para uma política industrial, em especial para a criação dos seus pólos industriais. As sugestões aqui apresentadas, mesmo embasadas em alguns indicadores que sinalizam suas viabilidades, carecem ainda de estudos mais aprofundados. Faz-se necessário, portanto, a elaboração de um programa que vise determinar a plena adequação destes pólos aos objetivos propostos. Considerando, contudo, o alcance destas proposições, e seu nível de importância para o desenvolvimento do Estado, bem como sua complexidade nas fases de elaboração e implantação, torna-se inevitável um amplo entendimento entre o governo e os setores da atividade privada, através de suas entidades de classe, na discussão e na definição destes pólos industriais. ***** Parte II - Capítulo 16 - A Lei de Incentivos Fiscais e os Possíveis Pólos Industriais 279 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 17 LINHAS DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INCENTIVOS FINANCEIROS E FISCAIS DO ESTADO DE RONDÔNIA 1 - LINHAS DE CRÉDITO E FINANCIAMENTO 1.1 - Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - FNO - Programa de Apoio às Micro-Empresas de Atividades Selecionadas - PROMICRO - Programa de Desenvolvimento Industrial - PRODESIN - Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria - PROAGRIN - Programa de Desenvolvimento do Turismo Ecológico PRODETUR - Programa de Apoio ao Turismo Convencional - PROGETUR - Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica - PROCATEC 1.2 - BNDES - BNDES Automático 1.3 - FINAME - FINAME - Automático - FINAME - Programa Especial - FINAME - Crédito Complementar 1.4 - Fundo Especial de Apoio às Pequenas e Médias Empresas Industriais - FEPEMI 1.5 - BNDES - Programa Amazônia Integrada - PAI - FINAME - Programa Amazônia Integrada Automático - FINAME - Programa Amazônia Integrada Agrícola - Financiamento à Importação de Máquinas e Equipamentos 2 - INCENTIVOS FINANCEIROS E FISCAIS 2.1 - Incentivos Financeiros Fundo de Investimentos da Amazônia - FINAM/SUDAM Fundo de Planejamento e de Desenvolvimento Industrial do Estado de Rondônia - FIDER 2.2 - Incentivos Fiscais - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI - (SUFRAMA) Imposto de Importação - Imposto de Renda - Incentivos para a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim - Incentivos Tributários do Prodic - Programa de Desenvolvimento Industrial, Comercial e Mineral do Estado de Rondônia 3 - DETALHAMENTO DAS LINHAS DE CRÉDITO E FINANCIAMENTO 3.1 - Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - FNO Criado através da Lei nº 7827, de 27 de setembro de 1989, que regulamenta o art. 159, inciso I, alínea “c”, da Constituição Federal, o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte FNO tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento econômico e social da Região Norte do Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 281 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 país, através da execução de programas de financiamentos direcionados ao atendimento das atividades produtivas nas áreas ecológica, social, tecnológica e econômica dos setores rural, industrial e de turismo. Agentes Financeiros Banco da Amazônia S/A - BASA, e Banco do Estado de Rondônia S/A - BERON, este último operando apenas com empresas de micro e pequeno portes. Programas de Financiamento aos Setores Industrial, Agroindustrial e de Turismo Programa de Apoio às Microempresas de Atividades Selecionadas - PROMICRO (FNO-ESPECIAL) Os Objetivos Programa de Apoio às Microempresas Agro-industriais e Industriais - PROMICRO Criar condições para a implantação de pequenas unidades agro-industriais na região, como mecanismo de indução à formação de cadeias produtivas, necessárias à sustentabilidade da pequena produção familiar rural organizada e ao fortalecimento da economia regional. Fortalecer o segmento agro-industrial e industrial de micro-empresas da Região, através de um programa específico de crédito simplificado e em condições diferenciadas, que proporcione a expansão e a diversificação das atividades econômicas e o incremento do mercado interno regional. O que financia: Nos segmentos INDÚSTRIA e AGROINDÚSTRIA, compreendendo: - Integralização de cotas-partes do capital social das cooperativas de produção; - Investimento em ativo fixo; - Capital de Giro Associado; - Capital de Giro Isolado; - Investimento Misto (ativo fixo mais capital de giro); - Qualificação de mão-de-obra e capacitação tecnológica e gerencial; - Assistência Técnica; - Custo do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE). • AGROINDÚSTRIA: compreende as atividades de transformação ou beneficiamento de matérias-primas “ in natura” , de origem agrícola, pecuária e florestal, produzidas no próprio empreendimento ou adquiridas de terceiros; • INDÚSTRIA: compreende a atividade de fabricação de peças do artesanato regional em geral e as atividades descritas nos segmentos produtivos, contemplados no Programa de Desenvolvimento Industrial (PRODESIN), observada a compatibilidade da atividade com o porte empresarial. Beneficiários: Micro-empresas (pessoas jurídicas de direito privado, de capital efetivamente nacional, inclusive firmas individuais) e suas associações e cooperativas de produção. 3.2 - Programa de Desenvolvimento Industrial - PRODESIN Objetivo: Promover o desenvolvimento da indústria de transformação da Região Norte, proporcionando a implantação, ampliação e/ou modernização, racionalização e relocalização de empreendimentos dos diversos segmentos do setor. 282 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 O que financia: - Integralização de cotas-partes do capital social de cooperativas de micro e pequenas empresas; - Os investimentos em ativo fixo; - O capital de giro associado; - O Capital de Giro Isolado; - O investimento Misto (ativo fixo mais capital de giro); - A qualificação da mão-de-obra e capacitação gerencial; - Assistência Técnica. Segmentos Contemplados: • alimentos e bebidas; • alta tecnologia (tecnologia de ponta), compreendendo química fina, eletrônica, comunicações, informática, novos materiais e bio-indústria; • borracha; • couros e peles; • editorial e gráfica (exclusive edição e impressão de jornais e outros periódicos); • indústria têxtil; • indústria de geração de energia; • indústrias diversas (fabricação de instrumentos, aparelhos e utensílios, brinquedos, jogos recreativos, lapidação de pedras preciosas e semipreciosas, artigos de ourivesaria, joalheiria, bijuteria e artigos de caça e pesca - exclusive armas de fogo e munição); • madeireiro (atividades de fabricação de produtos diversos de madeira e cortiça, artefatos de bambu, vime, junco e palha trançada; Nota: A transformação da madeira, incluindo o processo de produção verticalizado, poderá ser atendida pelo programa, desde que, também, seja desenvolvido projeto de manejo florestal ou reflorestamento, observando-se a sustentabilidade econômica e ecológica do empreendimento, excluindo-se o financiamento isolado para desdobramento da madeira (serraria); • materiais elétricos; • materiais plásticos; • minerais não metálicos (oleiro-cerâmico, corretivos de solo e fertilizantes - calcário e fosfato, beneficiamento de pedras preciosas, semipreciosas e ornamentais, artefatos diversos de cimento e gesso); • minero-metal-mecânico; • mobiliário; • papel e papelão; • perfumaria, sabões e velas; • processamento e reciclagem de resíduos (alumínio, papelão, papel, plásticos, vidro, etc); • produtos farmacêuticos e veterinários; • química; • transporte (carrocerias para veículos automotores e de tração animal, construção naval/estaleiros artesanais); • vestuário, calçados e artefatos de tecidos. 3.3 - Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria - PROAGRIN Objetivos: Apoiar as iniciativas empresariais que visem a implantação, ampliação, modernização e relocalização de unidades agro-industriais na Região. Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 283 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Criar condições para o processamento local de matérias-primas de origem agrícola, pecuária e florestal, gerando empregos e renda na Região. Fortalecer as atividades produtivas do setor rural, elevando a competitividade dos produtos agrícolas, pecuários e florestais, de forma que possa atender a demanda do mercado regional e conquistar espaço nos mercados externos, aumentando o valor agregado regional. O que financia: - Integralização de cotas-partes de capital social de cooperativas de produção; - Os investimentos em ativo fixo; - O capital de giro associado; - O capital de giro isolado; - O investimento misto; - A qualificação de mão-de-obra e capacitação gerencial; - A assistência técnica, necessária às atividades de transformação ou beneficiamento de matérias-primas “in natura”, de origem agrícola, pecuária e florestal, produzidas no próprio empreendimento ou adquiridas de terceiros. Beneficiários: Empresas e associações e/ou cooperativas de produção. 3.4 - Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica - PROCATEC Objetivos: Apoiar o desenvolvimento do sistema regional de ciência e tecnologia, incentivando a geração e transferência de inovações tecnológicas, através de iniciativas que articulem a base técnico-científica com o sistema produtivo privado, visando impulsionar a criação de pólos de modernização das atividades empresariais na região. Apoiar as iniciativas empresariais voltadas para a capacitação tecnológica de seus empreendimentos através da adoção de tecnologias avançadas desenvolvidas de forma adequadas ou aperfeiçoadas às condições e necessidades da Amazônia, com ênfase para a renovação tecnológica, objetivando a modernização e dinamização das atividades econômicas contempladas pelo FNO. Proporcionar condições para o produto regional alcançar ganho de produtividade e de qualidade, visando elevar o nível de competitividade nos mercados consumidores. O que financia: Pesquisas tecnológicas aplicadas, experimentação, adaptação e difusão de tecnologias avançadas, voltadas para manejo florestal, agricultura adaptada, beneficiamento e melhoramentos genéticos, agroindústria, indústria de alimentos e outros segmentos industriais avançados, recuperação de áreas degradadas, melhoria da qualidade da pequena produção, lavra, beneficiamento e transformação mineral e tecnologias diversas, aplicadas aos setores produtivos atendidos pelo FNO, compreendendo: • desenvolvimento de pesquisas tecnológicas aplicadas e experimentação, destacando as de caráter cooperativo, propícias aos setores produtivos sob contrato com instituições credenciadas; • participação em “joint-venture” tecnológico no País; • aquisição de pacotes tecnológicos, desenvolvidos por instituições de pesquisas; • programas de transferências de tecnologias das grandes empresas para as pequenas tecnologicamente dinâmicas; 284 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 • capacitação gerencial, formação/treinamento de mão-de-obra, organização e automação empresarial; • investimentos em ativo fixo, misto (fixo mais capital de giro), capital de giro associado/isolado. Beneficiários: - Empresas industriais/agro-industriais, inclusive firmas individuais; - Associações e cooperativas de produção; 3.5 - Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo Regional - PRODETUR Objetivos: Promover o desenvolvimento do ecoturismo em localidades da Amazônia, com potencial ecológico; de forma conservacionista, procurando conciliar a exploração turística com o meio ambiente, harmonizando as ações com a natureza, assim como, oferecer aos turistas um contato íntimo com os recursos naturais da Região, buscando a formação de uma consciência ecológica. • • • • • • • O que financia: - Investimento fixo; - Capital de giro associado; - Capital de giro isolado; - Investimento misto; - Formação de mão-de-obra e capacitação gerencial, necessários à implantação, ampliação, reforma e modernização de empreendimentos ecoturísticos, abrangendo: meios de hospedagem ambiental e ecológico; campings ecológicos e trilhas interpretadas; restaurantes ecológicos integrados ao complexo turístico; pontos de parada integrados ao complexo turístico; infra-estrutura de transportes (terminais turísticos, embarcações, etc). Geração de energia alternativa viável para empreendimento de ecoturismo; equipamentos de lazer e outros necessários ao exercício da atividade, integrados ao projeto, à critério do banco. Beneficiários: Empresas habilitadas pela EMBRATUR. 3.6 - Programa de Apoio ao Turismo Convencional – PROGETUR Objetivo: Apoiar as iniciativas empresariais de investimento no turismo convencional, proporcionando a implantação, ampliação, modernização e diversificação da infra-estrutura e dos equipamentos turísticos (meios de hospedagem e de transporte) em áreas pioneiras, de expansão de fronteira econômica da Região ou em cidades, preferencialmente, do interior com comprovado déficit de hospedagem. O que financia: - Investimento em ativo fixo; Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 285 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 - Capital de giro isolado; - Investimento misto; - Formação de mão-de-obra e capacitação gerencial; - Assistência técnica, necessária aos empreendimentos que visem a execução de obras de infra-estrutura turística, compreendendo: • hotéis em centros urbanos; • hotéis-fazendas; • pousadas rurais e outras Exclusive meios de hospedagem caracterizados como de alta rotatividade. Beneficiários: • Empresas (pessoas jurídicas, inclusive firmas individuais) devidamente habilitadas pela Embratur. Quadro 1 - Bases e Condições de Financiamento Micro Pequeno Médio Grande Discriminação Micro/ FNO Especial Até Até Até Até 15 Até 15 Porte 400 mil 400 mil milhões milhões − Receita Operacional Líquida 400 mil Anual (R$ 1,00) Limites I - Investimento fixo ou misto: - Por empresa 36.000 300.000 900.000 1.800.000 3.600.000 - Por Grupo Econômico - 4.300.000 4.300.000 4.300.000 - Por Cooperativa - Agroindústria 1.000.000 Especial 1.440.000 2.400.000 4.300.000 4.300.000 4.300.000 Demais Agroind e Ind. - % s/Investimento total 100% 100% 95% 85% 70% II - Capital de Giro Isolado: Encargos I - Investimento fixo ou misto: - Del credere - TJLP com redução de: PROMICRO: - Agroindustria especial - Demais Agroindústrias Indústrias PRODESIN / PROGETUR PROAGRIN PRODETUR / PROCATEC II - Capital de Giro Isolado: - Del credere - TJLP com redução de: 286 100% das necessidades de giro, limitado a 35% dos valores estabelecidos para investimento fixo ou misto 4% 4,5% 4,8% 5,1% 5,4% 70% - - - - 55% - 40% 50% 60% 30% 40% 50% 20% 30% 40% 10% 10% 10% 4% 0% 6% 0% 6% 0% 6% 0% 6% 0% e Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Micro Pequeno Micro/ FNO Especial Até Até Até Prazos (meses) 24 24 36 Carência - Para Implantação 120 120 120 -Invest. fixo ou misto: Total 24 24 24 Carência - Demais casos 96 96 96 -Invest. fixo ou misto: Total 12 12 12 - Capital de giro Isolado Carência 24 24 24 Total Mínimo Mínimo Mínimo Garantias (Relação gar./financ.) 65% 65% 35% - Prévias 130% 130% 100% - Finais FINAME - Agência Especial de Financiamento Industrial FINAME - Programa Automático Discriminação Médio Grande Até 24 120 24 96 12 24 Mínimo 130% 130% Até 24 120 24 96 12 24 Mínimo 130% 130% Beneficiários: Firmas individuais; pessoas jurídicas de direito privado, sediadas no país, cujo controle efetivo seja exercido direta ou indiretamente por pessoas físicas ou grupo de pessoas físicas domiciliadas e residentes no país; pessoas jurídicas de direito público interno ou entidades direta ou indiretamente por ela controladas. Finalidade Financiamentos a usuários para a aquisição, diretamente das empresas fabricantes cadastradas na FINAME, de máquinas e equipamentos novos produzidos no país e financiamentos a municípios e a empresas usuárias para aquisição de ambulâncias e de caminhões para coleta de lixo. Prazo/Forma de Pagamento De 02 a 05 anos, incluída a carência, em parcelas mensais e sucessivas. Adiantamento Até 70% sobre o valor das garantias reais constituídas. As operações relativas ao FINAME Automático obedecerão às condições constantes no quadro apresentado a seguir. F a i x a A B Beneficiárias Micro e Pequena Empresa Média e Grande Empresa R e g i ã o Máquinas Equipamentos produção industrial, informática e prestação de serviços básicos (1) produção industrial, informática e prestação de serviços Participação Máxima (1) (%) Spread (% A.A.) Encargos BNDES Del Credere Máximo I 90 1,0 2,0 II 80 2,0 2,0 I 90 1,0 2,0 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 287 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 F a i x a Beneficiárias R e g i ã o Máquinas Equipamentos básicos (1) produção agropecuária II I II Participação Máxima (1) (%) Spread (% A.A.) Encargos BNDES 80 80 70 2,0 3,5 4,5 Del Credere Máximo 2,0 2,0 2,0 70 4,5 20 75 75 75 75 4,5 4,5 4,5 4,5 2,0 2,0 2,0 2,0 Empresa de C Qualquer Porte Transporte rodoviário de passageiros (2) transporte rodoviário de cargas (3) máquinas e tratores rodoviários, caminhões para coleta e transporte de lixo (4), equipamentos de prestação de serviços e outros, a critério do FINAME (vide obs. b) Ônibus a gás Transporte rodoviário de carga (3) I e II I II I e II Notas: (1) prestação de serviços básicos: equipamentos médico-hospitalares, odontológico, de energia elétrica e de telecomunicações; (2) transporte rodoviário de passageiros: chassis de ônibus com potência máxima superior a 130 hp (Normas SAE); carrocerias de passageiros para veículos de potência máxima superior a 130 hp (Normas SAE); ambulância; (3) transporte rodoviário de carga: chassis de caminhão com capacidade máxima de tração (cmt) superior a 4,95 toneladas; carrocerias e equipamentos especiais adaptáveis a chassis de caminhão com cmt superior a 4,95 toneladas; reboques e semi-reboques; cofres de cargacontainers; (4) caminhões para coleta e transporte de lixo: caminhões caçamba basculante tipos comum ou "prefeitura "ou "bau", carretas abertas ou fechadas, poliguindastes ou porta-caçambas, compactadores ou similares, cujos chassis tenham capacidade máxima de tração igual ou superior a 4, 95 toneladas; caçambas estacionárias. Observações: A) Foi extinta, pela FINAME, a faixa I, sendo seus equipamentos (ambulâncias e caminhões e equipamentos para coleta de lixo) incluídos na faixa C. B) Prazos de carência (de 3 a 6 meses) e total (de 12 a 36 meses) somente para Caminhões 288 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 p/coleta e transporte de lixo. Agentes Financeiros: Banco do Brasil e bancos privados. FINAME - Programa Especial Beneficiários: Os mesmos do Programa Automático Finalidade: Financiamento a usuários e fabricantes para aquisição ou venda/produção, respectivamente, de máquinas e equipamentos novos, produzidos no país, por empresas cadastradas na FINAME e que atendam a uma das seguintes condições: a) Sejam produzidos sob encomendas e apresentem relevante acréscimo de tecnologia ou de índice de nacionalização; b) Estejam competindo com congêneres importados; c) Destinem-se a projetos de elevado interesse para a economia nacional. Prazo/Forma de Pagamento: De 05 a 08 anos, incluída a carência, em parcelas mensais e sucessivas. Adiantamento: Até 70% sobre o valor das garantias reais constituídas. As operações relativas ao FINAME ESPECIAL obedecerão às condições constantes no quadro apresentado a seguir. Beneficiárias Empresas Máquinas e Equipamentos R e g i ã o Spread (% A.A.) Participaçã o Máxima (1) (%) a critério da FINAME I II 80 70 Encargos BNDES 3,5 4,5 programa integrado de ônibus a gás I II 90 (2) 4,5 Del Credere Máximo 2,0 2,0 2,0 de Qualquer Porte Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 289 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Beneficiárias Máquinas e Equipamentos transporte urbano de trolebus transp. de passag. (vide obs. b) demais itens no caso de concorrência internacional (3) R e g i ã o I II I II I II Spread (% A.A.) Participaçã o Máxima (1) (%) Encargos BNDES Del Credere Máximo 90 (2) 4,5 2,0 85 (2) 4,5 2,0 80 80 4,5 4,5 2,0 2,0 Notas: a) No segmento de geração de energia elétrica, a região II equipara-se à região I, para fins de participação máxima; b) Inclusive, no caso de concorrência internacional: c) Custo básico: 'I'JP ou cesta de moedas, caso haja disponibilidade. Observação: A - Prazos de carência e total (em meses) para os itens a seguir: ITEM CARÊNCIA TOTAL Ônibus a gás 3A6 12 A 60 Trolebus 3A6 12 A 60 Demais itens 3A6 12 A 60 B - no caso de equipamentos destinados à capacitação tecnológica, meio-ambiente, reestruturação empresarial e qualidade e produtividade poderão prevalecer as condições financeiras, prazos e participação estabelecidos para o respectivo programa operacional do BNDES; C - no caso de apoio à empresa sob o controle de capital estrangeiro, os financiamentos de valor igual ou superior a R$ 3.000.000,00 somente poderão ser realizados quando enquadrados pelo BNDES; D - no caso de aquisição de máquinas e equipamentos destinados à coleta de lixo de disposição em aterros sanitários inseridos em empreendimentos integrados de coleta, tratamento e disposição de resíduos, o prazo máximo será de 42 meses, observadas as demais condições operacionais constantes para o meio-ambiente. Agentes Financeiros: Banco do Brasil e bancos privados. FINAME - Crédito Complementar Beneficiários: Os mesmos dos programas da FINAME, exceto pessoa física quando for financiamento rural. Finalidade: Complementação de financiamentos concedidos pela FINAME, através do Banco do Brasil, para aquisição de máquinas e equipamentos de empresas associadas à ABIMAQ, SIMEFRE, ABICOMP, ABCPAI, ABINEE, ABIMO e SINAEMO, participantes do fundo OURONMAQ. 290 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Prazo/Forma de Pagamento: Os mesmos dos programas da FINAME Limite de Participação: Até 90% Agente Financeiro: Banco do Brasil Fundo Especial de Apoio às Pequenas e Médias Empresas Industriais - FEPEMI Beneficiários: Micro, pequenas e médias empresas industriais Finalidade: Apoio a treinamento de pessoal e assistência técnica, objetivando estimular o aumento da produtividade e da produção e/ ou promover a melhoria das estruturas administrativas das empresas. Prazo/Forma de Pagamento: Até 05 anos, incluída a carência de até 02 anos, em prestações semestrais e sucessivas. Agente Financeiro: Banco do Brasil BNDES - Programa Amazônia Integrada - PAI De acordo com a DEC.DIR-369/94 BNDES, de 01/12/94. Objetivos: O Sistema BNDES apoia neste Programa empreendimentos conduzidos pela iniciativa privada que: − sejam geradores de emprego e renda com vantagens competitivas inquestionáveis; − possibilitem a integração desta Região com o restante do Pais e com mercado externo e; − sejam consistentes com a política ambiental da Região Amazônica. Além destas características, os empreendimentos apoiados devem contribuir para o desenvolvimento dos seguintes fatores: − crescimento econômico da Região e efetiva melhoria da qualidade de vida de seus habitantes; − reorganização do espaço regional, estimulando novas formas de integração da Região ao processo econômico nacional e internacional; − conservação do meio ambiente de forma a promover o desenvolvimento regional sustentável; − aproveitamento econômico racional da biodiversidade, assegurando a sua conservação e reprodução auto-sustentada; − implantação na Região de novas atividades de grande potencial econômico e sustentabilidade ambiental estimulando vantagens competitivas regionais potenciais e consolidando aquelas já existentes; − reformulação da estrutura produtiva atual incorporando tecnologia ecologicamente adequadas e reorientando organizacionalmente as atividades tradicionais; Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 291 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 − conhecimento científico e tecnológico, assegurando a difusão de técnicas e processos adequados às condições regionais; − − − − − − − − Principais ações setoriais a serem desenvolvidas: bioindústria - utilização das potencialidades de recursos naturais com informações sistematizadas e com oferta adequada de recursos humanos, instalações laboratoriais e centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico para utilização em processos produtivos, propiciando o aproveitamento econômico da biodiversidade regional; agricultura e agroindústria - aumento da eficiência dos sistemas produtivos, da qualidade dos produtos e do apoio logístico de suporte e fomento ao sistema de comercialização, armazenagem e transporte da produção agrícola e aproveitamento industrial; aquicultura - uso de tecnologia ambientalmente favoráveis, capazes de aumentar a produtividade, melhorando a qualidade, a classificação, a capacidade de processamento e de armazenagem integrando toda a cadeia produtiva desde a captura e frigorificação nos terminais até a industrialização: turismo - expansão e desenvolvimento da atividade principalmente do turismo ecológico, visando ampliação do fluxo, da oferta e da qualidade dos produtos e serviços turísticos; indústria de beneficiamento da madeira - aumento da participação da Amazônia no mercado de produtos que exigem um processo produtivo mais complexo estabelecendo as condições de competitividade, qualidade e sustentabilidade da floresta; mineração e metalurgia - fortalecimento da produção de bens minerais, do conhecimento da potencialidade mineral e desenvolvimento de tecnologias de prospecção e pesquisa adaptadas à realidade regional; indústria instalada na Zona Franca de Manaus - aumento da competitividade com investimento em capacitação tecnológica, qualidade e produtividade com a finalidade de integrá-la aos mercados externo; infra-estrutura (setor privado) - implantação e melhoramento de infra-estrutura sistêmica integrando, em bases competitivas, as atividades econômicas da Região ao espaço nacional e internacional. Clientes: São considerados clientes deste programa as empresas privadas cujos empreendimentos estejam localizados nos estados da Região Norte, Mato Grosso, Goiás (ao Norte do paralelo de 13º), e Maranhão (Oeste do meridiano de 44º), que compõem a Amazônia conforme definido na Lei n.º 5.173, de 27 de outubro de 1966, e que se enquadrem nos segmentos constantes do item 3. − − − − − − 292 Segmentos Apoiados: Os segmentos contemplados neste Programa são os seguintes: bioindústria (óleos essenciais para perfumaria e outros fins, produtos naturais, farmacêuticos e biotecnológicos); agricultura e agroindústria - culturas temporárias e permanentes (soja, arroz, milho, frutas tropicais e adaptadas, palmitos, amido e álcool de mandioca e óleo vegetais); aquicultura (piscicultura, carcinicultura e criação de outros animais e plantas aquáticos); turismo; indústria de beneficiamento de madeira (movelaria, artefatos de madeira, casas préfabricadas, silvicultura e manejo florestal); mineração e metalurgia (beneficiamento de gemas, granito, pedras ornamentais, calcário, fosfato e outros); Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 − construção naval (barcos pesqueiros, balsas para carga, empurradores, rebocadores e "ferry boats" destinados à pesca industrial e transporte de carga e barcos destinados ao transporte de passageiros, inclusive para fins turísticos); − indústria instalada na Zona Franca de Manaus; − infra-estrutura (setor privado) - telecomunicações, energia, instalações portuárias, transportes. Itens Apoiáveis: O Sistema BNDES considera para cálculo do valor total dos investimentos financiáveis montante sobre o qual incide sua participação máxima percentual - os seguintes itens que, em casos específicos, podem se constituir na finalidade única da operação: − construção civil, materiais e instalações; − pesquisa e desenvolvimento tecnológico; − conservação de energia e do meio ambiente; − aquisição de máquinas e equipamentos novos - importados e nacionais (estes de acordo com normas e critérios do FINAMI), embarcações e outros materiais de transporte, bem como despesas com sua instalação e importação; − informatização, inclusive aquisição e desenvolvimento de "software"; gastos com infraestrutura econômica e social; − estudos, consultoria e projetos; − capacitação gerencial e implantação de sistemas de gestão de qualidade; − marketing de produtos, compreendendo prospecção de mercados, identificação de canais de comercialização e divulgação; − habitação rural, postos de saúde, escolas, creches e equipamentos de lazer, campestres; − telefonia; − geração e transmissão de energia elétrica, − construção melhoria de vias de acesso; − despesas financeiras relacionadas aos Financiamentos do Sistema BNDES, associadas às fontes originais do projeto durante a sua implantação; − outras despesas caracterizadas como pré-operacionais. Além destes itens, em cada segmento específico serão considerados também: Bioindústria, Agricultura e Agroindústria: − construção, ampliação e reforma de benfeitoras e instalações; − embalagens e design; − projetos de pesquisa e desenvolvimento entre empresas, cooperativas ou através de subcontratação; − aquisição de câmaras frigoríficas, túneis de congelamento e caminhões frigoríficos; − sistemas e equipamentos para drenagem, proteção e recuperação do solo erodido; − armazenagem; − calagem e adubação intensiva em culturas permanentes; − centrais de seleção, classificação e embalagem de produtos (packing house); − açudes, barragens, poços tubulares e amazonas; − telefonia rural; − terminais frigoríficos em portos e aeroportos; − laboratórios de solos e de fitos-sanidade; − produção de sementes e mudas; − formação de lavouras para culturas permanentes e culturas temporárias, respeitada a legislação vigente; Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 293 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 − formação de florestas para insumos industriais, desde que vinculadas a empreendimentos apoiáveis pelo Sistema BNDES; − na bioindústria e na agroindústria, capital de giro associado ao investimento fixo. − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − Aquicultura: desenvolvimento de produtos e processos, incluindo gastos com compra, absorção e adaptação de tecnologia: design; projetos de pesquisa e desenvolvimento entre empresas, cooperativas ou através de subcontratação; implantação nas empresas de centros e laboratórios de pesquisa e desenvolvimento; ampliação e reforma de benfeitorias e instalações; aquisição de câmaras frigoríficas, túneis de congelamento e caminhões frigoríficos; açudes e barragens; terminais frigoríficos em portos e aeroportos; centrais de seleção, classificação e embalagem de produtos (packing house); Turismo: implantação ou expansão de parques temáticos; implantação, expansão e recuperação de parques ecológicos; implantação ou expansão de restaurantes e casas de espetáculos; equipamentos especiais para esportes náuticos e aeronáuticos; embarcações destinadas a passeios turísticos; recuperação de equipamentos e prédios históricos para fins turísticos (igrejas, casas de cultura, museus, etc.); implantação ou expansão de centros de convenções; ônibus; participação em eventos (feiras, exposições, seminários, etc.) de divulgação do produto da Amazônia no país e no exterior, implantação e ou expansão de escolas destinadas à qualificação da mão-de-obra para o setor; marinas; hotéis e alojamentos de selva (lodges); "resorts"; Indústria de Beneficiamento de Madeira: − desenvolvimento de produtos e processos, incluindo gastos com compra, absorção e adaptação de tecnologia; − design; − secagem da madeira; − manejo florestal; − projeto de pesquisa e desenvolvimento entre empresas, cooperativas ou através de subcontratação; − implantação nas empresas de centros e laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e de departamentos de engenharia: − sistemas de metrologia, de normalização e de procedimentos para qualidade dos produtos; − reordenamento de "layout"; − adaptação de máquinas e dispositivos para redução do tempo de "set up"; 294 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 − formação de florestas para insumos industriais, desde que vinculadas a empreendimentos apoiáveis pelo Sistema BNDES; − capital de giro associado ao investimento fixo; − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − Mineração e Metalurgia: pesquisa geológica; recuperação ambiental das áreas mineradas; desenvolvimento de produtos e processos, incluindo gastos com compra, absorção e adaptação de tecnologia; design; projetos de pesquisa e desenvolvimento de empresas, cooperativas ou através de subcontratação; implantação nas empresas de centros e laboratórios de pesquisa e desenvolvimento; sistemas de metrologia, de normalização e de procedimentos para qualidade dos produtos; reordenamento de "layout"; adaptação de máquinas e dispositivos para redução do tempo de "set up"; capital de giro associado ao investimento fixo; Construção Naval: barcos pesqueiros, balsas para carga, empurradores, rebocadores e “ferry-boats” destinados à pesca industrial e transporte de carga; barcos destinados ao transporte de passageiros, inclusive para fins turísticos; desenvolvimento de produtos e processos, incluindo gastos com compra, absorção e adaptação de tecnologia; design, implantação nas empresas de centros laboratoriais de pesquisa e de desenvolvimento e de departamentos de engenharia; sistemas de metrologia, de normalização e de procedimentos para qualidade dos produtos; reordenamento de "layout"; Infra-Estrutura (Setor Privado): investimentos de expansão da capacidade em geração, transmissão de distribuição de energia elétrica; armazenagem (exceto armazéns gerais); investimentos em terminais especializados na movimentação de containeres a granéis localizados em portos; investimentos em terminais retroportuários; implantação e/ou modernização de instalações portuárias de uso próprio ou misto; investimentos complementares à infra-estrutura existente visando inclusive ao fornecimento do serviço de transporte porta a porta. Critérios Específicos: O apoio do Sistema BNDES a investimentos nos segmentos enquadrados no Programa Amazônia Integrada - PAI deverá observar os seguintes critérios específicos: − No apoio a todos estes segmentos deverão ser observadas e atendidas as exigências legais e aquelas específicas estabelecidas pelo Sistema BNDES para controle ambiental e conservação de energia. Os investimentos necessários para o cumprimento dessas normas serão consideradas como itens passíveis de apoio pelo Sistema BNDES. Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 295 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 − Os financiamentos para empresas sob controle de capital estrangeiro de valor igual ou superior a R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) serão realizados, exclusivamente, sob a modalidade direta, exceto para aquisição de máquinas e equipamentos nacionais, quando enquadrados pelo BNDES. Aqueles de valor inferior a esse limite, deverão ser realizados, preferencialmente, sob a modalidade indireta, através de Agentes Financeiros privados. − Os investimentos mencionados no item 4 realizados até o sexto mês anterior à apresentação da carta consulta ao Sistema BNDES, poderão ser considerados para efeito de contrapartida, a critério da análise, como itens apoiáveis. − No caso de financiamento de máquinas e equipamentos nacionais deverá ser observado o índice de nacionalização mínimo de 60%. − Quando a concepção do empreendimento determinar a necessidade de instalação de infraestrutura cativa, o investimento correspondente deverá ser assumido pela empresa e poderá ser apoiado pelo Sistema BNDES. − Nos investimentos de infra-estrutura de uso cativo será verificada a sua adequação à rede de infra-estrutura pública da qual venha a se constituir parte integrante. − Para viabilizar empreendimentos de controle privado considerados relevantes, o Sistema BNDES poderá financiar a realização de estudos de viabilidade de projetos de infraestrutura. − Os empreendimentos destinados à instalação e expansão de unidades produtivas eletrointensivas somente serão apoiados quando apresentarem equacionamento adequado para seu suprimento de energia. − O Sistema BNDES não considera no cálculo do valor total dos investimentos financiáveis os seguintes itens: • aquisição de terrenos e de benfeitorias; • máquinas e equipamentos usados; • armazéns gerais. − Empreendimentos que envolvam pesquisa na biodiversidade poderão ser contemplados no âmbito do CONTEC. − Somente poderão ser apoiadas as embarcações que atendam cumulativamente, aos seguintes requisitos: • Sejam novas e produzidas por empresas sediadas no País; • Sejam cadastradas na FINAME; • Sejam destinadas à utilização pela respectiva empresa compradora. − Serrarias e exportação de madeira não beneficiada não serão apoiadas pelo Sistema BNDES. Os empreendimentos que utilizem madeira proveniente de florestas nativas somente serão apoiados quando acompanhados de um programa de manejo sustentável e reflorestamento com essências nativas. − Empreendimentos nos segmentos de agricultura e aquicultura terão as mesmas condições de financiamento estabelecidas para a agroindústria. − No setor de metalurgia não serão apoiados empreendimentos que impliquem no consumo de carvão vegetal sem que esteja assegurado o suprimento de madeira a partir de reflorestamento próprio. − O apoio oferecido aos empreendimentos turísticos só será efetuado se estes estiverem situados em municípios turísticos definidos pela EMBRATUR. Os projetos de empreendimentos turísticos estão equiparados aos da indústria para efeito de condições de financiamento, exceto para capital de giro associado. − Não serão apoiadas a reforma de meios de hospedagem e a construção de hotéis-residência. 296 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 − Os segmentos da indústria, apoiados neste Programa, exceto o de turismo, poderão dispor de financiamento de capital de giro associado ao investimento será limitado a 35% (trinta e cinco por cento) do valor do investimento fixo financiável. Produtos e Serviços: O Sistema BNDES dispõe, preferencialmente, dos seguintes produtos e serviços, cujas condições são descritas no item 1.1.5.7, para apoio a investimentos no âmbito deste Programa: Produtos: − Financiamento à Empresa - FINEM; − BNDES Automático; − FINAME Agrícola - PAI, − FINAME Automático - PAI; − FINAME Especial - PAI; − FINAME Construção Naval - PAI; − Financiamento à Importação de Máquinas e Equipamentos; − Capitalização de Empresas de Base Tecnológica - CONTEC; Condições de Apoio: As condições operacionais de apoio a este Programa pelo Sistema BNDES encontram-se a seguir: Financiamento à Empresa - FINEM O FINEM destina-se ao financiamento de operações de investimentos fixo e de capital de giro associado, envolvendo os itens apoiáveis mencionados anteriormente. O apoio através do FINEM será destinado a financiamentos de valor superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), observado o seguinte: − no caso de operações de valor superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) e até R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), será admitida, preferencialmente, a modalidade de financiamento indireto; − no caso de operações de valor superior a R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), serão admitidas as modalidades de financiamentos direta e mista. − As condições operacionais deste produto são as seguintes: Financiamento à Empresa - FINEM Prazo Participação Encargos Destinação de Recursos Máximo (1) Máxima (2) BNDES (anos) total (%) (% a.a.) Indústria Implantação expansão 10 80 2,0 (4) Capacitação Tecnológica (5) 10 90 2,0 Qualidade e Produtividade 6 85 2,0 Del credere máx.(3) (% a.a.) 2,5 2,5 2,5 Indústria (4) Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 297 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Destinação de Recursos Infra-estrutura Setor Privado Agricultura, Aquicultura e Agroindúst. (4) Bioindústria (4) Conservação do Meio Ambiente Participação Prazo Máximo (1) Máxima (2) total (%) (anos) Encargos BNDES (% a.a.) Del credere máx.(3) (% a.a.) 10 80 2,0 2,5 8 80 2,0 2,5 10 90 2,0 2,5 8 85 2,0 2,5 Observações: (1) prazo será determinado em função da capacidade de pagamento do empreendimento, da empresa ou do grupo econômico, sendo que o término da carência ocorrerá em até seis meses, contados da data prevista para o início da operação comercial do empreendimento. No caso de agricultura e aquicultura, em função do ciclo de produção, o pagamento do principal, TJLP e "spread" poderá ser semestral e os clientes poderão ser pessoas físicas e jurídicas, (2) Inclui todos os produtos utilizados na operação. (3) No caso de operação indireta corresponde ao del credere máximo que deverá ser negociado entre o BNDES e o Agente Financeiro. (4) Os segmentos da indústria apoiados neste Programa, exceto o de turismo, poderão dispor de financiamento para o capital de giro associado limitado a 35% (trinta e cinco por cento) do investimento fixo financiável. Para a pequena empresa os encargos BNDES são de 3,5% a.a. e de 4,096 para a média e grande empresa. (5) Inclusive para Agroindústria e Bioindústria. − Modalidades de Financiamento: direta, indireta e mista; − No caso do empreendimento necessitar de máquinas e equipamentos poderão ser seguidas as condições fixadas para o Financiamento à Empresa - FINEM; − Custo Básico: TJLP. − No caso de empresas nacionais exportadoras o custo básico poderá ser em cesta de moedas. BNDES Automático O BNDES Automático destina-se ao financiamento, exclusivamente através dos Agentes Financeiros do Sistema BNDES, de operações de empresas privadas no valor de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) por empresa, a cada 12 (doze) meses. Aqueles agentes financeiros que tenham ficado inadimplentes, por um período superior a 30 (trinta) dias nos últimos 18 (dezoito) meses anteriores à operação somente poderão realizar operações no valor de até R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), Nos empreendimentos financiados pelo BNDES Automático será admitida suplementação de fontes somente através dos produtos operados pela FINAME e a Subscrição de Valores Mobiliários pelo CONTEC. As condições operacionais destes produtos encontram-se a seguir: Destinação de Recursos 298 BNDES Automático Porte Prazo Particip. Enc. da Máx. (1) Máx. (2) Financiá BNDES Empre (meses) no Invest. vel (% a.a.) sa Del Credere max. (3) (% a.a.) Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Implantação Peq. Expansão Modernizaçã o Indústr ia (4) Média e Grande Capacitação Peq. Tecnológica (5) Média e Gran. Qualidade e Peq. Produtividad e 24 96 (2) 80 1,0 2,5 24 96 (2) 80 2,0 2,5 24 96 80 1,0 2,5 24 24 96 96 80 80 2,0 1,0 25 2,5 24 24 96 96 80 80 2,0 1,0 2,5 2,5 24 96 80 2,0 2,5 (5) 96 (2) 80 1,0 2,5 (5) 96 (2) 80 2,0 2,5 (5) 100 90 1,0 2,5 (5) 100 90 2,0 2,5 Indústr ia (4) Infraestrutura Setor Privado Agricultura, Aquicultura e Agroindústri a (4) Média e Gran. Peq.a Média e Grande Peq. Indústr ia (4) Média e Grande Peq. Bioindústria (3) Média e Gran. Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 299 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Conservação Peq. do Meio Ambiente Média e Grande 24 96 85 1,0 2,5 24 96 85 2,0 2,5 Observações: (1) A carência está limitada a até 6 (seis) meses contados da data prevista para entrada em operação comercial do empreendimento. O prazo total, respeitado o limite fixado, será determinado, em qualquer caso, em função da capacidade de pagamento do empreendimento, da empresa ou do grupo econômico. No caso de agricultura e aquicultura, em função do ciclo de produção, o pagamento do principal, TJLP e “spread” poderá ser semestral. (2) O prazo máximo para formação de florestas para insumos industriais, culturas permanentes e carcinicultura será de 10 anos. (3) Os segmentos da indústria, apoiados neste Programa, exceto o turismo, poderão dispor de financiamento para o capital de giro associado limitado a 35% (trinta e cinco por cento) do valor do investimento fixo financiável. Para a pequena empresa os encargos BNDES são de 3,5% a.a., e de 4,0% a.a. para a média e grande empresa. (4) Incluindo pessoas físicas e jurídicas. (5) Carência sem limite de prazo, exceto na Agroindústria. − Modalidade de Financiamento: indireta − Custo Básico: TJLP. − No caso do empreendimento necessitar de importações, serão seguidas as condições fixadas para o Financiamento à Importação de Máquinas e Equipamentos na Sistemática do BNDES Automático. FINAME Agrícola PAI e FINAME Automático - PAI e FINAME Especial - PAI Estes produtos destinam-se ao Financiamento, através de Agentes Financeiros do Sistema BNDES, exclusivamente para aquisição de máquinas e equipamentos novos fabricados no País e cadastrados na FINAME. FINAME Agrícola - PAI As condições operacionais do Financiamento para aquisição de máquinas e implementos agrícolas novos por empresas do setor Agrícola, inclusive cooperativas e pessoas físicas, através da FINAME Agrícola, encontram-se a seguir. Cliente Período de Pagamento Esquema de Pagamento Primeira Prestação (1) 300 Nº Máx. de Prest. Particip. % Máxima no empreend. Spread (% a.a.) Encarg. Del cred. BNDES Máximo Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Empresa de qualquer porte, classificad o no setor agrícola, inclusive Cooperativ as e Pessoas Físicas Semestral Anual Até o 12º mês após o mês de Protocolo da operação na FINAME Até o 18º mês após o mês de Protocolo da operação na FINAME 10 20 20 80 Observação: (1) Primeira Prestação: fixada pelo Agente em função do mês previsto para comercialização da safra. − Modalidade de Financiamento: indireta − Custo Básico: TJLP FINAME Automático PAI As condições operacionais de Financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos no âmbito da FINAME Automático - PAI encontram-se a seguir: FINAME Automático PAI Máquina e Prazos (meses) Participaç Faix Porte equipamentos ão a da Máx. (%) Empre para: sa Carênc Total ia Micro produção 3 a 12 12 a 60 90 A e industrial; pequen prestaç. de a serviços básicos (1) Média produção 3 a 12 12 a 60 80 B e industrial; Grande inform. e prest. de serviços básicos (1) Spread (% a.a.) Encargos BNDES Del cred. Máximo 1,5 2,0 2,5 2,0 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 301 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 produção agropecuária. C 3 a 12 12 a 60 80 3,5 2,0 3 a 12 12 a 36 70 3,5 2,0 3a6 12 a 36 75 3,5 2,0 Qualqu er Porte transp. rodov. de pass. (2), transp. rodov. de carga (3), máq. e tratores rodov., equip. de prest. de serviços e outros, a critério da FINAME ônibus a gás Observações: (1) Prestação de Serviços Básicos: equipamentos médico-hospitalares, odontológicos, de energia elétrica e de telecomunicações. (2) Transporte Rodoviário de Passageiros: chassis de ônibus com potência máxima superior a 130 HP (Normas SAE); carrocerias para veículos de passageiros de potência máxima superior a 130 HP (Normas SAE); ambulâncias; (3) Transporte Rodoviário de Carga: chassis de caminhão com capacidade máxima de tração - CMT superior a 4,95t; carrocerias e equipamentos especiais adaptáveis a chassis de caminhão com CMT superior a 4,95t; reboques e semi-reboques cofres de cargas (containeres). − Modalidade de Financiamento: indireta − Custo Básico: TJLP. FINAME Especial -PAI A FINAME Especial destina-se ao financiamento de máquinas e equipamentos integrantes de empreendimentos que necessitem de condições mais adequadas para sua viabilização. Este produto poderá apoiar ainda: − empresas fabricantes para produção e comercialização de máquinas e equipamentos já negociados com a usuária; − empresas sob controle de capital estrangeiro com a utilização de recursos externos e com condições específicas. As condições operacionais do produto FINAME Especial encontram-se a seguir. FINAME Especial -PAI Máquina e Prazos (meses) Participa Spread (% a.a.) Clientes equipamentos ção para: Máx. (%) Carênc Total Encargos Del Cred. ia BNDES Máximo A critério da (1) 12 a 96 80 3,5 2,0 Empresa de FINAME qualquer No caso de (1) 12 a 80 1,0 2,0 porte concorrência 120 302 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 internacional Observações: (1) A serem definidos pela análise. (2) Custo Básico: TJLP ou cesta de moedas, caso haja disponibilidade. − Modalidade de Financiamento: indireta − Custo Básico: TJLP. No caso de equipamentos destinados à Capacitação Tecnológica, Meio Ambiente, Reestruturação Empresarial e Qualidade e Produtividade, poderão prevalecer as condições de encargos, prazos e participação estabelecidos no FINEM. No caso de financiamento a empresa sob controle de capital estrangeiro deverá ser observado: − os financiamentos de valor igual ou superior a R$.3 milhões somente poderão ser realizados quando enquadrados pelo BNDES. − nos financiamentos não vinculados a projeto apoiado pelo BNDES deverá ser apresentada carta consulta à FINAME, através de Agente Financeiro. − realizado de acordo com trâmites formais, considerados pela FINAME. FINAME Construção Naval - PAI Destina-se ao financiamento de comercialização de embarcações, cadastradas na FINAME, produzidas por empresa sediadas no País, destinadas à utilização pela empresa compradora.As condições operacionais desse produto encontram-se a seguir: FINAME CONSTRUÇÃO NAVAL - PAI Cliente Embarcações Reg. de Prod. (1) Prazos (meses) Particip. Máxima Carên Total cia Empres as de qualqu er porte destin. à pesca industrial e transp. carga; barcos pesqueiros; balsa p/ carga; empurrador reboc.; ferry-boat destin. a transporte de passag., barcos de passageiro Spread (% a.a.) Enc. BNDES Del Cred. Máx. 1,0 I 3 a 24 12 a 96 2,0 85 1,5 II I 1,0 3 a 36 12 a 108 II 85 2,0 1,5 Observação: (1) Os estados que compõem a Região II são os seguintes: Minas Gerais (exceto a área da SUDENE), Paraná, Rio de janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Os demais estados fazem parte da Região I. − Modalidade de Financiamento: indireta − Custo Básico: TJLP Financiamento à Importação de Máquinas e Equipamentos Destina-se ao financiamento à importação de bens e serviços sujeita à disponibilidade de Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 303 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 recursos específicos e à aprovação do pedido de financiamento pela instituição credora dos recursos, podendo ser utilizado no apoio a empresas de capital estrangeiro somente quando a importação se constituir em um dos itens de investimento apoiado pelo Sistema BNDES. O apoio à importação de máquinas e equipamento somente poderá ser concedido através da prestação de garantia, do repasse de linha de recursos externos e da aplicação do retorno desses recursos. Aquela operação cujo valor do financiamento externo seja em moeda nacional, inferior ao equivalente a R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), poderá ser operacionalizada de acordo com o processamento adotado para o BNDES Automático. Neste caso, serão obedecidas as condições operacionais estipuladas para o financiamento à importação de máquinas e equipamentos e atendidos os limites para apoio do Sistema BNDES a pleitos de pequeno valor. As operações destinadas a financiar a importação de máquinas e equipamentos que não estejam associadas a empreendimentos apoiados pelo Sistema BNDES serão limitadas a R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais), As condições operacionais deste produto são as seguintes: Financiamento à Importação de Máquinas e Equipamentos Prazo Particip. Cliente Cliente Máximo Máxima (2) (meses) (1) (% do FOB) Encargos BNDES Del Cred. Máx (3) Qualquer Porte 60 85 4,5 2,0 Observações: (1) Financeiro, exceto no caso dos investimentos se destinarem à capacitação tecnológica, quando o prazo máximo será de 10 (dez) anos. (2) O nível de participação, considerando o custo total do equipamento importado após sua internalização (CIF mais impostos), não poderá exceder o praticado pela FINAME para equipamentos nacionais equivalentes. (3) No caso de operação indireta corresponde ao del credere máximo do agente. − Modalidade de Financiamento: direta, indireta ou mista. − Custo Básico: TJLP. Capitalização de Empresas de Base Tecnológica - CONTEC Tem por finalidade o apoio a Companhias Regionais de Capital de Risco - CCR de controle privado, que tenham como objetivo identificar e aportar capital de risco em empresas inovadoras ou diferenciadas, principalmente aquelas de base tecnológica. O modelo idealizado prevê a existência de CCR como sociedades anônimas, atuando de forma semelhante a um fundo de investimentos, com um compromisso de seus acionistas de um porte mínimo de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) a ser integralizado no prazo máximo de 4 (quatro) anos. O BNDESPAR/CONTEC não poderá ser o maior acionista individual da CCR e poderá participar com até 30% (trinta por cento) do capital total da CCR. Caso a participação das empresas de base tecnológica no portfólio da CCR seja superior a 20% (vinte por cento) do investimento total da Companhia, tomando-se como referência para tal os valores dos aportes realizados, a BNDESPAR poderá atingir um máximo de 40% (quarenta por cento), sempre subscrevendo ações ordinárias. Promoção e/ou Articulação de Funding Viabilizar empreendimentos prioritários através de ação institucional do Sistema BNDES. 304 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Nesse tipo de serviço serão identificados, formulados ou promovidos empreendimentos encaminhados por terceiros, desde que condizente com a sua política de atuação. No papel de promotor, o Sistema BNDES comprometerá uma parte de recursos necessários - sob forma de capital ou empréstimo - e poderá, inclusive, prestar garantias. Promoção de Eventos O Sistema BNDES participara em eventos (feiras, exposições, seminários, etc.) de divulgação dos setores contemplados no Programa Amazônia Integrada - PAI, no país e no exterior. Garantias: Nas operações constantes deste Programa as garantias ficarão a critério do BNDES ou dos Agentes Financeiros, observadas as normas pertinentes do Banco Central e do Sistema BNDES. Disposições Gerais: Deverão ser observadas, no que couber, as demais diretrizes e condições estabelecidas nas Políticas Operacionais do Sistema BNDES. Agentes Financeiros: Banco do Brasil e outros bancos de investimentos privados, conveniados com o BNDES. INCENTIVOS FINANCEIROS Participação no Fundo de Investimento da Amazônia FINAM/ SUDAM. Criado pelo Governo Federal, através do D.L n.º 1.376, de 12/12/74, e alterado pela Lei n.º 8.167, de 16/01/91, o Fundo de Investimentos da Amazônia - FINAM constitui-se no depositário dos recursos oriundos das parcelas dedutíveis do Imposto de Renda devido pelas pessoas jurídicas e relativas a incentivos fiscais, dirigidos para a Amazônia Legal por opção específica por parte das empresas. Para efeito de participação dos recursos administrados pela SUDAM, os projetos de investimento serão classificados em 3 (três) faixas de prioridade, designadas pelas letras A, B e C, nos limites indicados no quadro a seguir: Cliente Percentuais de participação dos recursos administrados pela SUDAM no investimento total para aplicação em inversões fixas. A Até 50% (cinqüenta por cento) B Até 40% (quarenta por cento) C Até 30% (trinta por cento) Serão enquadrados na faixa A os projetos que atendem as prioridades setoriais e as espaciais, definidas em primeira instância pelo Plano de Desenvolvimento da Amazônia - PDA, e submetidas às Comissões Coordenadoras de Zoneamento Ecológico-Econômico Estaduais, de acordo com os próprios Zoneamentos Ecológico-Econômicos executados ou em fase de execução. São prioridades setoriais as definidas nos sub-programas do Plano de Desenvolvimento Regional e que podem corresponder, de forma integrada ou parcial, a um ou mais dos seguintes setores, ramos de atividade ou segmentos: • culturas tropicais passíveis de aproveitamento na indústria; • pecuária de grande, médio e pequeno portes, inclusive aquicultura e assemelhados; • agroindústria com base em culturas tropicais, inclusive a construção de silos e armazéns, Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 305 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 quando integrantes do empreendimento; • produção de insumo agrícolas e pecuários; • bio-indústria; • produção de medicamentos com base na fitoterapia; • indústria moveleira e oleiro-cerâmica; • minero-metalurgia, com verticalização do segmento; • indústria naval, entendida como a construção ou montagem de embarcações adaptadas às peculiaridades regionais; • fabricação ou montagem de máquinas e equipamentos de controle ambiental; • captura e industrialização, de forma integrada, do pescado; • turismo (hotéis e/ou equipamentos de apoio); • florestamento e reflorestamento; a energia (produção, transmissão, transformação e/ou distribuição); • sistemas energéticos baseados em fontes alternativas; • transporte (hidroviário e rodoviário); • comunicações (exploração das redes telefônicas urbanas e interurbanas, expansão das estações terrenas, renovação e ampliação da rede de satélites). Considera-se bio-indústria, a produção de pesticidas biológicos e insumos alimentícios, aí incluídos aminoácidos, biopolímeros, enzimas, ácidos orgânicos, adoçantes, vitaminas, fermentos biológicos, óleos, gorduras e proteínas microbianas. Prazos: Tipo Carência até Amortização até Investimentos Fixos 3 anos 5 anos Capital de Giro 6 meses 12 meses Serão enquadrados na faixa B os projetos de implantação que, localizados em áreas ou distritos industriais, agropecuários ou de exploração específica e assemelhados nos estados do Acre, Roraima, Rondônia, Amapá e Tocantins, se dediquem a uma ou mais das atividades citadas anteriormente. Os projetos relativos a empreendimentos turísticos (hotéis e/ou equipamentos de apoio) serão enquadrados na prioridade A. Serão enquadrados na faixa C, os projetos não incluídos nas faixas A ou B e que, na Amazônia Legal, objetivem a uma das atividades consideradas de interesse regional. Fundo de Planejamento e Desenvolvimento Industrial do Estado de Rondônia - FIDER Criado através da Lei n.º 61, de 21/07/ 92 e regulamentado pelo Decreto n.º 5.874, de 23/03/93, o FIDER tem como finalidade financiar micro, pequenas e médias empresas industriais, comerciais, de serviços e de transformação mineral, para ,realização de investimentos fixos e capital de giro, de forma isolada ou mista. Enquadramento: Estabelecido de acordo com a Receita Bruta Anual em UPF/RO e/ou empregos diretos gerados de acordo com o porte e a atividade do empreendimento. Limite de Financiamento: Micro empresas: até 100% 306 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Empresas de pequeno porte: até 90% Médias empresas: até 80% Os valores-limites para financiamento estão estabelecidos em UPFs/RO e variam de 4.023,72 a 10.059,31 UPFs/RO, de acordo com o porte da empresa proponente. Garantias: A relação garantia/financiamento adotada pelo agente financeiro nas operações do FIDER obedece a relação 1,2:1 Agente Financeiro: Banco do Estado de Rondônia S/A - BERON Outras informações poderão ser obtidas junto à Secretaria da Indústria, Comércio, Turismo, Minas e Energia - SICME/RO ou ao BERON. 4 - DETALHAMENTO DOS INCENTIVOS FINANCEIROS E FISCAIS Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI As empresas industriais, cuja matéria-prima principal utilizada no processo produtivo tenha origem na região Norte, instaladas ou em instalação no Estado de Rondônia gozarão, por força do Art. 2º do Decreto n.º 288, referente à SUFRAMA, de isenção do pagamento do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI, por um prazo de 10 (dez) anos, mediante solicitação em modelo simplificado do projeto, quando o faturamento anual da empresa não exceder a 700 mil UFIRs ou R$ 480.000,00. Acima deste faturamento, utilizar o roteiro do projeto pleno. Bens/Atividades beneficiadas: − Bens e mercadorias nacionais ou estrangeiras recebidos, beneficiados ou fabricados, desde que, adquiridos através da Zona Franca de Manaus ou dos entrepostos da SUFRAMA, na Amazônia Ocidental, e que sejam destinados ao consumo interno ou à utilização nestas mesmas áreas. − Fabricação de produtos com matérias-primas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional, exceto de origem agropecuária, por estabelecimentos industriais da Amazônia Ocidental. Imposto de Importação - II As empresas, de um modo geral, poderão solicitar, mediante apresentação em formulário simplificado, a isenção ou redução do Imposto de Importação - II, bem como do IPI, para a aquisição de bens de capital e até US$ 200 mil para aquisição de insumos, quando de sua importação. Acima desses valores, a solicitação deverá ser feita através de projeto pleno. Limite da Operação: O índice de redução do Imposto sobre Importação será aplicado mediante coeficiente redutor e de acordo com os índices de nacionalização estabelecidos pela SUFRAMA e pelo Conselho de Desenvolvimento Industrial - CDI. Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 307 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Imposto de Renda - IR As empresas que exerçam atividades dentre as relacionadas a seguir, instaladas ou em instalação no Estado de Rondônia, gozarão, por força da Resolução n.º 7077 do Conselho Deliberativo da SUDAM, de isenção ou redução de 50% do Imposto de Renda por um prazo 10 (dez) anos, mediante aprovação do projeto junto à referida autarquia. I - agricultura, silvicultura, exclusive floricultura, e a criação de animais, aceita a engorda destes apenas como complementação das fases de cria e recria próprias; II - pesca integrada à atividade industrial própria e aquicultura; III- Extração de minerais metálicos, não metálicos, petróleo, gás natural e combustíveis minerais, com o beneficiamento associado ou em continuação à extração; IV- Indústria de transformação, entendida como a de processamento e/ou a de montagem, de acordo com os seguintes grupos: a) produtos de minerais não metálicos, exclusive preparação de massa de concreto, argamassa e reboco; b) metalurgia, exceto a fabricação de granalhas e pó metálico; c) indústria mecânica; d) material elétrico e de comunicações, observada, para a montagem de equipamentos de telefonia, telegrafia, sinalização, transmissão e recepção de rádio e televisão, a necessidade de fabricação própria de peças, partes, conjuntos ou subconjuntos; e) material de transporte, exclusive reparação, recondicionamento e recuperação de embarcações, aviões, veículos ferroviários e automotores, bem como de caldeiras, turbinas e motores; f) madeiras, sendo que para a produção de carvão vegetal, apenas quando resultante de produção de floresta própria; g) mobiliário; h) papel e papelão; i) borracha e seus artefatos, exclusive recondicionamento de pneumáticos câmaras de ar; j) couros, peles e produtos similares, exclusive a secagem e a salga; k) química, exclusiva a fabricação de artigos pirotécnicos; l) produtos farmacêuticos e veterinários; m) perfumaria, sabões e velas; n) produtos de matérias plásticas, exclusive as atividades isoladas de pigmentação ou tingimento; o) têxtil; p) vestuário, calçados e artefatos de tecidos, exclusive as atividades isoladas de tingimento, estamparia e outros acabamentos em roupas, peças do vestuário e artefatos diversos de tecidos; q) produtos alimentares em escala industrial, fabricação de gelo para uso industrial, exclusive preparação de refeições conservadas ou não, as atividades isoladas de abate de animais, bem como de resfriamento de leite, produtos de padaria, confeitaria e pastelaria; r) bebidas em escala industrial, exclusive padronização, retificação e homogeneização de aguardentes para engarrafamento e a atividade isolada de engarrafamento de bebidas; editorial e gráfica, exclusive edição e impressão de jornais e periódicos, bem como as atividades isoladas de pautação, encadernação, douração, plastificação, corte e vinco; s) atividades diversas, desde que desenvolvidas em escala industrial, a saber: • fabricação de instrumentos, utensílios e aparelhos de medida, não elétricos, para usos técnicos e profissionais; • fabricação de instrumentos e utensílios não elétricos para usos médico-cirúrgicos, odontológicos e de laboratórios; aparelhos mecânicos, elétricos o eletrônicos para 308 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 instalações hospitalares em consultórios médicos e odontológico e para laboratórios; aparelhos e utensílios para correção de defeitos físicos, membros artificiais e aparelhos ortopédicos em geral, inclusive material para uso em medicina, cirurgia e odontologia; • fabricação de aparelhos, instrumentos e material fotográfico e de ótica; • lapidação de pedras preciosas e semipreciosas e fabricação de artigos de ourivesaria, joalheria e bijuteria, bem como cunhagem de moedas e medalhas; • fabricação de instrumentos musicais, reprodução integrada à fabricação de discos e de fitas magnéticas gravadas de som e imagem e a atividade de reprodução isolada dos referidos produtos; • fabricação de escovas, brochas, pincéis, vassouras, espanadores e semelhantes; • fabricação de brinquedos; • fabricação de artefatos para caça e pesca, esporte e jogos recreativos; • fabricação de aviamentos para costura; • fabricação de artefatos de pelos, plumas, chifres, garras e couros; • fabricação de canetas, lápis, fitas para máquinas e outros artigos para escritório não compreendidos em outros grupos, exclusive carimbos, sinetes e semelhantes; • fabricação de quadros-negros, lousas ou outros artigos escolares; • fabricação de isqueiros de qualquer material e acendedores automáticos para fogões; • montagem de filtros de água potável, de qualquer material, para uso doméstico; • decoração, lapidação, gravação, espelhação, bizotagem, vitrificação e outros trabalhos em cerâmica, louça, vidro e cristal; • fabricação ou montagem de máquinas ou equipamentos de controle ambiental; • agroindústria, entendida como a integração, no mesmo empreendimento, e sob a responsabilidade da mesma pessoa jurídica, das atividades agrícola e industrial; • produção, transmissão, transformação, e/ou distribuição de energia; • transporte hidroviário, dutoviário e ferroviário, de carga e/ou passageiros; • transporte rodo-hidroviário, armazenagem e distribuição de combustíveis, de forma integrada; • exploração de redes telefônicas urbanas e interurbanas, expansão das estações terrenas, renovação e ampliação da rede de satélites; • turismo: hotéis e/ou equipamentos de apoio; • armazenagem, com ou sem frigorificação, em instalações de propriedade da empresa interessada; • ionização de alimentos e outros produtos, de forma integrada à fabricação ou montagem dos equipamentos respectivos; • outras atividades não expressamente relacionadas que, a critério e mediante parecer da Secretaria Executiva, venham a ser consideradas pelo Conselho Deliberativo como de interesse para o desenvolvimento da Amazônia. A produção de serrados, a fabricação de gelo para uso industrial, o engarrafamento e gaseificação de água mineral e o beneficiamento de minérios, poderão ser contemplados apenas com a redução de 50% (cinqüenta por cento) do Imposto de Renda, observada para a produção de serrados que represente, no máximo, 50% (cinqüenta por cento) do volume de produção do empreendimento, complementada por bens de maior grau de elaboração. Entende-se por beneficiamento de minérios as operações que não atinjam o processo de transformação industrial dentro da cadeia produtiva. Nos projetos que envolvam a exploração de recursos minerais, para efeito de cubagem da jazida, serão consideradas 100% (cem por cento) das reservas medidas e 70%(setenta por cento) das reservas indicadas, devendo o empreendimento apresentar tempo de vida útil de, no mínimo, 10 (dez) anos e, no caso de mineração de ouro de, no mínimo, 5 (cinco) anos. Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 309 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Observação: Os incentivos da SUDAM/FINAM são de dois tipos: − Colaboração financeira, conforme Artigos 5º e 9º (o primeiro está temporariamente suspenso); − Isenção e/ou redução do pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica po um prazo de 10 (dez) anos. Incentivos para a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim Localizada a noroeste do Estado de Rondônia, no município com o mesmo nome, a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim - ALCGM possui uma extensão de 82,52 KM², delimitada e administrada pela SUFRAMA, onde a negociação de produtos poderá ser feita com suspensão e/ou isenção do Imposto de Importação - II e do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI O armazenamento de mercadorias a serem comercializadas na ALCGM, ou com o exterior (reexportação) ou, ainda, com os outros estados do Brasil (internação), será realizado em entrepostos alfandegados e sob controle aduaneiro, determinados pela SUFRAMA e Secretaria da Receita Federal. Beneficiários: Poderão operar na ALCGM as empresas de todos os setores de atividade, desde que habilitadas e cadastradas na SUFRAMA. Prazo: Os benefícios fiscais estabelecidos para a ALCGM serão adotados por um prazo de 25 anos. Suspensão e Isenção de II e IPI: Suspensão - todas as mercadorias destinadas ao consumo e à venda, a nível interno, naquela área, exceto armas e munições, automóveis de passageiros, bens finais de informática, perfumes, fumos e derivados e bebidas alcoólicas. Também se incluem entre as mercadorias sujeitas à suspensão de tributos, sendo permitida a importação, as seguintes: − Matérias-primas de origem agrícola, florestal, mineral e pescados, para serem beneficiados na ALCGM; − Produtos de origem agrícola e de piscicultura; − As mercadorias estocadas para serem exportadas ou reexportadas para o exterior, − Produtos e serviços de construção e reparos navais; − Produtos em geral, quando da internação, desde que, constantes de bagagens acompanhadas, da mesma forma como se processa na Zona Franca de Manaus. Isenção - ocorrerá durante o tempo em que as mercadorias estrangeiras permanecerem nos limites da ALCGM. Incentivo do ICMS para a ALCGM: No caso de remessa de mercadorias destinadas à ALCGM, sem o destaque do ICMS, será deduzido o crédito fiscal presumido correspondente à operação interestadual. Incentivo Tributário/Prodic - Redução do ICMS 310 Resolução N.º 021/93 do Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CONDER As empresas industriais que realizarem investimentos de expansão ou aquelas em fase de implantação poderão utilizar de até 70% (setenta por cento) da alíquota do ICMS como autofinanciamento, financiado em até 05 anos incluindo até 02 anos de carência, com juros de 4, 6 e 8% a.a., e correção pela Taxa Referencial CM de 50, 60 e 80%, respectivamente para empresas de micro, pequeno e médio portes. Pontuação > = 145 de 120 a 144 de 101 a 119 de 81 a 100 de 60 a 80 Faixa A B C D E Participação PRODIC (1) até 70% até 60% até 50% até 40% até 30% Prazos até (meses) Carência 24 24 24 24 24 Amortização 36 36 36 36 36 O enquadramento das empresas nas faixas acima previstas, far-se-á observando os seguintes critérios, vedada a acumulação dentro de cada parâmetro: a) Quanto ao Grau de Integração: empreendimentos que se propuserem a utilizar ou que já utilizem no seu processo produtivo, matéria-prima e material secundário local ou regional, na proporção: - Igual ou superior a 60% (sessenta por cento) do custo total dos insumos empregados: 20 (vinte) pontos - Até 59% (cinqüenta e nove por cento) de custo total dos insumos empregados: 10 (dez) pontos b) Quanto à Localização - Empreendimentos situados em: - Distritos ou áreas industriais regulamentadas pelo Poder Público Estadual, Municipal, ou os de localização considerados adequados por razões técnicas: 30 (trinta) pontos. - Áreas não deliberadas pelo Poder Público Municipal: 15 (quinze) pontos. - Área residencial: 05 (cinco) pontos. c) Quanto ao Grau de Verticalização: - Projetos integrados que visem a verticalização da produção, 25 (vinte e cinco) pontos. d) Quanto à Geração de Empregos Empreendimentos que, com a sua implantação ou expansão, ofereçam empregos diretos da ordem de: Empregos Pontos de 01 a 20 05 (cinco) pontos de 21 a 50 10 (dez) pontos de 51 a 100 20 (vinte) pontos Acima de 100 30 (trinta) pontos e) Quanto à Diversificação - Empreendimentos que: - Não venham a concorrer diretamente com similar no Estado: 20 (vinte) pontos. - Substituam produtos importados: 10 (dez) pontos. f) Quanto à Expansão - Empresas industriais já instaladas em Rondônia, em processo de expansão: 10 (dez) pontos. g) Quanto à Tecnologia - Empreendimentos que atendam, no mínimo, a 03 (três) das seguintes exigências de investimento: 30 (trinta) pontos. g.l) Geração de novos produtos ou processos; Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes 311 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 g.2) g.3) Redução de custo dos produtos ou processos; Formação de recursos humanos objetivando melhoria da produtividade; g.4) Utilização racional de insumos, em especial no que se refere às alternativas energéticas: 20 (vinte) pontos. g.5) Atenderem parcialmente ao item “g”: 10 (dez) pontos. As indústrias, cooperativas e associações implantadas serão contempladas com os benefícios sobre as unidades de produção incrementadas e não sobre as unidades de produção existentes. As vantagens cessarão na sua totalidade, caso o montante financeiro, oriundo do Incentivo Tributário, venha alcançar o valor total real do projeto da empresa beneficiada, preferencialmente ao prazo de enquadramento concedido pelo PRODIC. ***** 312 Parte II - Capítulo 17 - Linhas de Crédito e Incentivos Existentes Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 PARTE III PROGRAMA PLURIANUAL SESI-SENAI-IEL E sta terceira parte deste estudo apresenta a Programação Plurianual dos três órgãos constitutivos do Sistema FIERO: SENAI, SESI e IEL. Cada uma delas, de sua parte, busca resumir os trabalhos realizados até o presente, e explicita os vários planos, programas e projetos em que estão engajadas as entidades e aqueles que serão desenvolvidos no período até o ano 2.000 Esta parte está dividida em três capítulos, a saber: Capítulo 18 - Programação SENAI Capítulo 19 - Programação SESI Capítulo 20 - Programa IEL ***** Parte III - Programação FIERO: SESI - SENAI - IEL 311 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 312 Parte III - Programação FIERO: SESI - SENAI - IEL Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 18 PROGRAMA SESI - SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA Departamento Regional de Rondônia APRESENTAÇÃO D iante do cenário nacional em que se descortina a qualidade total com vistas ao desenvolvimento humano, a globalização e a estabilização da economia, as reformas constitucionais, e a nova abordagem gerencial nas empresas, assistimos ao fortalecimento de entidades prestadores de serviços na área social, a exemplo do SESI. Estas entidades ajudam a manter o equilíbrio social, convergindo seus esforços no resgate à cidadania e ao bem estar social da população brasileira. Coordenado pela Confederação Nacional da Indústria - CNI, o SESI é uma entidade não governamental que tem a responsabilidade de prestar serviços sociais aos trabalhadores do setor industrial e de atividades assemelhadas (pesca e comunicação), visando a melhoria das condições de vida do trabalhador e de sua família, estimulando a responsabilidade social das empresas com vistas ao seu desenvolvimento. Consciente de seu papel como auxiliar na solução dos problemas sociais no país, o SESI atua nos 26 Estados da Federação e no Distrito Federal, através de seus Departamentos Regionais nas áreas da Educação, Lazer, Saúde, e Cooperação e Assistência, elegendo como prioridades, explicitadas no Plano Plurianual Nacional - PPN 96/98, os Ensinos Infantil de 0 a 6 anos e Fundamental para Jovens e Adultos; a Saúde Ocupacional; a Odontologia Social; o Lazer junto a empresas, destinado ao trabalhador no seu local de trabalho; e o gerenciamento e modernização organizacional. O SESI mantém seus princípios básicos de atuação na valorização do ser humano, no estímulo ao exercício da cidadania, na defesa do ecossistema, na participação da clientela, na ética e confiabilidade, na transparência administrativa, nos serviços de qualidade e na satisfação da clientela. Das entidades que compõem o Sistema CNI, o SESI foi o primeiro a introduzir o planejamento estratégico como instrumento gerencial, dentro da concepção rigorosamente técnica do termo. Através deste planejamento estratégico o SESI utiliza como principal instrumento norteador de sua atuação, o Plano Plurianual Nacional - PPN, o qual apresenta os grandes referenciais estratégicos da Instituição, indicando a direção a seguir, identificando as capacidades e forças presentes, explicitando as idéias da alta direção da Instituição. Outro instrumento de trabalho, criado pelo Departamento Nacional do SESI, são os Programas Nacionais, os quais visam consubstanciar as prioridades expressas no PPN, otimizando o potencial técnico dos Departamento Regionais, subsidiando-os financeiramente, com vistas a implantação/implementação de projetos atividades, assessorando técnica e operacionalmente o desenvolvimento dos mesmos. Os Departamentos Regionais utilizam-se Parte III - Capítulo 18 - Programação SESI 313 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 destes instrumentos como forma de ampliar sua atuação nos diversos segmentos, conforme suas peculiaridades regionais. Os Programas Nacionais constituem ainda uma uniformidade nacional de metodologias sistêmicas em ações prioritárias de carências nacionais. São eles: Programa Nacional de Educação Infantil - PNEI Tem como objetivo fomentar a expansão do atendimento à criança de 0 a 6 anos, através de projetos que garantam o desenvolvimento bio-psicossocial dessa clientela. Além disso propõe a melhoria da qualidade das escolas do SESI e a promoção da educação infantil do País. Programa Nacional de Educação para Jovens e Adultos - PNEJA Tem por objetivo fomentar a expansão do atendimento na área de Ensino Fundamental em todos os Departamentos Regionais do SESI, priorizando ações nas empresas, visando a elevação dos níveis de escolaridade e o bem estar do trabalhador e seus dependentes. Programa Nacional de Odontologia Social - PNOS Tem por objetivo implantar e/ou implementar em todos os Departamentos Regionais o aumento do atendimento da população industriária com serviços de atenção odontológica, visando a melhoria dos níveis de Saúde Bucal daquela clientela. Programa Nacional de Lazer junto a Empresas - PNLE Objetiva fomentar a ampliação do atendimento no campo do lazer, visando a elevação dos níveis de bem estar do trabalhador e da produtividade industrial, priorizando o desenvolvimento das atividades de lazer nas empresas, facilitando o acesso do trabalhador como participante e agente do lazer. Programa Nacional de Desenvolvimento Humano - PNDH Objetiva estimular ações de qualificação e capacitação profissional, no que se refere a novas competências com agregação de um conjunto de conhecimentos e habilidades, promovendo a melhoria contínua para a efetivação da missão do SESI. Além desses Programas Nacionais, foram criados projetos especiais, abrindo um amplo leque na prestação de serviços do SESI, através de parcerias com Instituições Públicas e Privadas, Nacionais e Internacionais. Uma característica fundamental desses projetos é a preocupação com a obtenção de maior abrangência dos serviços, inclusive com a comunidade não regulamentar, o que se tornou possível através das parcerias, as quais além de outras vantagens nos proporcionam redução do custeio dos serviços prestados. Enumeram-se abaixo alguns destes projetos dando uma visão da amplitude do atendimento do SESI no Brasil. SESI Esporte Solidário Um projeto especial da CNI/SESI Nacional em parceria com o Ministério Extraordinário dos Esportes - INDESP, o qual tem como objetivo melhorar a qualidade de vida de crianças carentes. O SESI acredita que por meio do esporte, é possível educar, contribuindo para a formação de uma nova sociedade cujos cidadãos serão mais conscientes de seus valores, direitos e responsabilidades. TV Futura 314 Parte III - Capítulo 18 - Programação SESI Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Está sendo organizado o Plano de Mobilização no Sistema para plena interação com a programação da TV FUTURA, o Canal do Conhecimento. Trata-se de canal de educação, gerido e financiado pela iniciativa privada que utilizará a mídia eletrônica para chegar a todo tipo de público. O FUTURA conta com inúmeros parceiros, dentre eles a CNI (SESI e SENAI), a FIESP e a FIRJAN. É operado pela GLOBOSAT e Fundação Roberto Marinho. O SESI está elaborando, além do Plano de Mobilização, proposta para organização de rede de mobilizadores e oficinas para formação dos agentes, indicação de interlocadores locais e programas e projetos desenvolvidos nos Estados que poderão manter interface com o FUTURA. Sesinho O Programa Sesinho Multimídia Interativa é uma série de programas em CD-ROM destinada a crianças de 4 a 6 anos. Seis títulos já estão concluídos: água, ar, arco-íris, sol, fogo e vegetais. O Projeto Piloto de implantação será realizado pelo Departamento Nacional, nos Departamentos Regionais de Rondônia, Pará, Ceará, Pernambuco, Piauí e Distrito Federal. Estes são apenas alguns exemplos, para que se possa ter uma idéia da dimensão de uma Instituição como o SESI, pois em meio século de história muito se fez, mas têm-se a consciência de que ainda há bastante por fazer. O SESI está preparado para os novos desafios que fazem do dia-a-dia uma busca constante da melhoria dos seus serviços. O SESI RONDÔNIA Inserido no contexto nacional, o SESI Rondônia atua nas diversas áreas seguindo as prerrogativas do PPN, contempladas de acordo com as prioridades e peculiaridades regionais, nas áreas da educação, saúde e lazer, atuando nos municípios de Porto Velho, Vilhena, Cacoal, Pimenta Bueno e Ji-Paraná, nas unidades operacionais e unidades móveis. Na área educacional implantou-se o Programa Nacional de Educação Infantil atendendo a crianças de 2 a 6 anos, e o Ensino Regular de 1ª a 4ª séries do 1º grau, onde se desenvolve a proposta pedagógica inspirada nos princípios do “construtivismo”, iniciação da língua inglesa desde o pré-escolar, o projeto Ra-Tim-Bum, educação psicomotora com profissionais habilitados a partir da pré-escola, e filosofia - educação para o pensar, para crianças a partir dos 5 anos. Os escolares Sesianos são assistidos ainda com serviços de saúde, esporte, lazer e alimentação (merenda escolar). Desenvolve-se também o Programa Nacional de Educação para Jovens e Adultos, através do Supletivo TC 2000. O Telecurso 2000 é uma proposta inovadora com uma metodologia diferenciada, utilizando-se de multimeios (TV, vídeo e material impresso) enriquecendo as aulas. Este projeto é realizado em parceria com empresas públicas e privadas, com o Governo do Estado através da Secretaria de Estado da Educação SEDUC e Prefeituras dos Municípios de Cacoal, Chupinguaia, Parecis, Espigão d'Oeste, Cujubim, Primavera de Rondônia, Ministro Andreaza, São Felipe d'Oeste e de Porto Velho. Em nível estadual, o SESI é a única entidade autorizada pelo Conselho Estadual de Educação a certificar os alunos do TC 2000, sendo esta avaliação efetivada no processo, ou seja, uma avaliação a cada dez aulas, e não no final do curso, como ocorre no ensino supletivo convencional. Outro Projeto Atividade desenvolvido no setor educacional do SESI Rondônia, são os cursos de suprimento nas áreas da educação para o vestuário, arte culinária e artesanato, no Centro de Atividades do SESI Vilhena, e demais cursos em diversos municípios através do convênio com a Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social - SETAS, a qual subsidia integralmente os mesmos. Parte III - Capítulo 18 - Programação SESI 315 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Com a implantação do SESICLÍNICA, uma Unidade de Saúde moderna, totalmente informatizada, no centro de Porto Velho, oferecendo serviços especializados e atendimento com hora marcada, o SESI Rondônia ampliou e implementou os serviços de saúde na capital, oferecendo ações médicas de clínica geral, ginecologia, pediatria e serviços laboratoriais, de enfermagem e endoscopia. Na área odontológica desenvolvem-se ações com ênfase à prevenção e educação através do Programa Nacional de Odontologia Social e serviços especializados em endodontia, prótese e odontopediatria. No interior do Estado, se desenvolvem atividades de saúde nos Centros de Atividades, através das unidades fixas e móveis, atendendo diretamente nas empresas. Nos serviços médicos conta-se com um médico clínico geral em Vilhena exclusivamente, e os serviços laboratoriais em Vilhena e Ji-Paraná. No setor odontológico se desenvolvem ações educativas, preventivas e curativas nas unidades de Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná, e em Pimenta Bueno, exclusivo aos escolares Sesianos. Esta atividade é desenvolvida em todos os centros educacionais do SESI, através da aplicação tópica de flúor duas vezes ao ano, e o levantamento do perfil da saúde bucal dos mesmos, sendo efetuado a seguir o tratamento dos dentes permanentes preferencialmente, elencados como prioridade, diminuindo assim consideravelmente o número de cáries dos nossos escolares. Na área da saúde desenvolve-se o Programa Nacional de Odontologia Social - PNOS, um projeto que busca a eficiência no trabalho a quatro mãos (Cirurgião Dentista/Técnico de Higiene Dental), evidenciando a prevenção e a educação em saúde, com um atendimento diferenciado, diminuindo os custos operacionais, bem como exercendo efetivamente a prevenção em saúde oral. O PNOS proporciona a capacitação e formação de técnicos de higiene dental (THD), um profissional que auxilia eficazmente o Cirurgião Dentista, sob a supervisão do mesmo. No ano de 1990 o SESI formou a primeira turma de Técnicos em Higiene Dental em Porto Velho, e neste exercício está se formando mais uma turma com trinta e cinco participantes no município de JiParaná, curso este realizado em parceria com o Instituto Luterano de Ensino Superior - ILES. Além da Educação e Saúde, o SESI Rondônia atua também na área do Lazer, como forma prazerosa de compensar o desgaste físico e mental do dia-a-dia do trabalhador, bem como de sua família, envolvendo os diversos ambientes que o rodeiam. Nesta área desenvolve o Programa Nacional de Lazer junto às Empresas, que proporciona maior aproximação do SESI com os trabalhadores da indústria, oferecendo-lhes atividades de esporte e lazer, preferencialmente no seu local de trabalho. Desenvolvem-se nas empresas: palestras, lazer no almoço e assessoria na montagem e realização de eventos como torneios, campeonatos, manhãs de lazer e colônias de férias aos trabalhadores e seus dependentes. Realiza-se ainda um programa de lazer noturno nas dependências do SESI, destinado a trabalhadores de empresas que não possuem estrutura física para o desenvolvimento dessas ações. O SESI conta ainda com as escolinhas de iniciação esportiva e artística nas modalidades de judô, karatê, ginástica aeróbica e localizada, tae-kwon-dô, futebol de salão, natação, hidroginástica, tênis de quadra e ballet. No setor social do lazer realizam-se torneios e campeonatos nas diversas modalidades, festivais e mostras de dança, sextas-feiras musicais, cinema do SESI, e festas diversas como a confraternização operária. A entidade participa ainda do projeto Esporte Solidário, que desenvolve atividades esportivas, educativo-formativas, de assistência à saúde, além da alimentação a crianças e adolescentes carentes na faixa etária de 7 a 14 anos, favorecendo o seu desenvolvimento integral e a constituição da cidadania. O programa está atendendo a 450 crianças e adolescentes nos municípios de Porto Velho e Vilhena. 316 Parte III - Capítulo 18 - Programação SESI Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Encontram-se ainda em fase de conclusão as obras do Parque Aquático, futuro SESICLUBE, composto de piscinas, quadras, campo de futebol, e um restaurante que virá abrir novos horizontes de lazer à comunidade industriária de Porto Velho e futuramente do interior. SERVIÇO SOCIAL O SESI é uma organização que, buscando a satisfação da clientela e com o propósito da melhoria da qualidade de vida, busca também valorizar seu potencial humano, incentivando a realização de cursos de aperfeiçoamento e especialização aos seus profissionais, através do Programa Nacional de Desenvolvimento Humano - PNDH que tem por objetivo fomentar ações de qualificação e capacitação profissional, no que se refere a novas competências com agregação de um conjunto de conhecimentos e habilidades, promovendo, assim, sua melhoria contínua. As ações do Serviço Social do SESI Rondônia estão pautadas na participação das Campanhas Nacionais, no desenvolvimento de ações junto às empresas industriais, no acompanhamento de casos econômicos e sociais das diversas áreas de atuação deste Regional, bem como na realização de eventos de grande porte, como a Ação Global. No desenvolvimento das ações do SESI, enfatizam-se as de caráter social mais abrangentes, através de parcerias com entidades públicas e privadas, co-responsáveis no desenvolvimento sócio econômico do Estado de Rondônia, como forma de somar esforços objetivando a elevação da qualidade de vida e do bem estar social do trabalhador e de sua família. Em sua atuação, o SESI conta como parceiros com o Departamento Nacional e Conselho Nacional do SESI, o Governo do Estado de Rondônia, através das Secretarias de Estado da Educação e do Trabalho e Ação Social, o Instituto Luterano de Ensino Superior; as Prefeituras Municipais de Pimenta Bueno, Cacoal, Chupinguaia, Parecis, Espigão d'Oeste, Cujubim, Primavera de Rondônia, Ministro Andreazza, São Felipe d'Oeste e de Porto Velho, bem como empresas da iniciativa pública e privada, como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Ministério Público de Rondônia, Telecomunicações de Rondônia - Teleron, Gráfica e Editora Leonora (Vilhena) , Madron - Madeiras de Rondônia (Ji-Paraná), entre outras. ***** Parte III - Capítulo 18 - Programação SESI 317 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 318 Parte III - Capítulo 18 - Programação SESI Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 19 PROGRAMAÇÃO SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de Rondônia P resente no Estado de Rondônia desde 1960, o SENAI já proporcionou a mais de 26.000 pessoas, melhores oportunidades no mercado de trabalho. Atuando em Porto Velho, Cacoal e Vilhena com as Unidades Operacionais fixas, o SENAI leva educação profissional, principalmente para as áreas industriais da Madeira, Mobiliário, Construção Civil, Metal-Mecânica, Confecção, Automecânica, Eletroeletrônica e de Alimentos. São 49 cursos diferentes, distribuídos na modalidades de: Aprendizagem Industrial, Qualificação Profissional e Treinamentos. Outros cursos específicos à realidade dos municípios ou de empresas dos mais variados setores econômicos do Estado são definidos tecnicamente e realizados de acordo com as demandas e necessidades de qualificação ou requalificação profissional. Atualmente o SENAI propicia a formação técnica de profissionais da área de segurança do trabalho nos municípios de Porto Velho, Cacoal, Ji-Paraná e Vilhena. O curso vem ao encontro das necessidades de demanda profissional, diagnosticada em 1996 em parceria com a Delegacia Regional do Trabalho - DRT/RO, que identifica um déficit no Estado de Rondônia superior a 300 profissionais técnicos em Segurança do Trabalho. Outro curso que está sendo objeto de estudo de viabilidade é o de técnico em Informática, devido aos evidentes avanços tecnológicos e a crescente utilização de meios eletrônicos no setor industrial, e também à receptividade, no período de 1995/1997, aos cursos de Informática realizados pelo SENAI em Porto Velho. No segundo semestre de 1998, o Centro de Formação Marechal Rondon deverá implantar a 1ª turma de Técnico em Informática. Todos os produtos educacionais do SENAI são oferecidos à industria rondoniense e à comunidade em geral por suas unidades fixas, principalmente. Entretanto, através de parcerias com instituições, empresas, Governo do Estado e Prefeituras Municipais, é possível, através do Programa de Ações Móveis Integradas/ PAMI, levar unidades móveis de laminação e afiação de serras, costura, panificação, mecânico de máquinas, reparador de eletrodomésticos, confeitaria, conservas e embutidos, entre outros, a todo o Estado, oferecendo o benefício da formação profissional com a tradição e qualidade de 55 anos de serviços educacionais prestado ao Brasil. O SENAI, na sua missão institucional de contribuir para o fortalecimento da Indústria e do desenvolvimento sustentável, além de propiciar serviços de educação para o trabalho, leva ao industrial assistência técnica e informação tecnológica através de assessoria empresarial. Esses serviços são levados a efeito por uma equipe técnica com especialidade nas seguintes áreas: Madeira, Mobiliário, Mecânica de Autos, Mecânica de Manutenção de Máquinas, Soldas Especiais, Tornearia e Fresagem, Metrologia, Eletroeletrônica, Refrigeração, Panificação, Higiene e Segurança do Trabalho, Desenvolvimento Organizacional e Treinamento Gerencial. Pelo caráter institucional de Sistema Nacional o SENAI em Rondônia, quando solicitado para o desenvolvimento de qualquer de suas atividades-fim, seja treinamento, qualificação profissional, assistência técnica ou assessoria empresarial que requeira competências ou Parte III - Capítulo 19 - Programação SENAI 319 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 especialidades técnico-profissionais de outros estados, encontra sempre a parceria de outros Departamentos Regionais necessária à consecução das respostas rápidas de que o empresário da indústria rondoniense precisa. O SENAI em Rondônia é uma entidade do Sistema FIERO - Federação das Indústrias do Estado de Rondônia e procura levar com idealismo e abnegação a mensagem e os instrumentos de uma vida melhor para o profissional da indústria: o conhecimento técnico e a informação tecnológica como alicerces para construção de um novo cidadão. ***** 320 Parte III - Capítulo 19 - Programação SENAI Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 CAPÍTULO 20 PROGRAMAÇÃO IEL - Instituto Euvaldo Lodi Núcleo Regional de Rondônia. APRESENTAÇÃO O Instituto Euvaldo Lodi - IEL, há mais de vinte e cinco anos participa de um processo relevante para o desenvolvimento do país. Instituído pela CNI Confederação Nacional da Indústria, pelo SESI - Serviço Social da Indústria e pelo SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, entidades criadas e mantidas pela indústria brasileira, este Instituto tem diretrizes elaboradas de forma a priorizar a competitividade industrial, o desenvolvimento tecnológico, os princípios básicos da qualidade, a integração e complementaridade de ações com a CNI, o SESI e o SENAI e, principalmente o cumprimento de sua missão institucional de promover a interação do segmento econômico com a atividade universitária. O IEL é uma instituição sem fins lucrativos, com um núcleo central em Brasília - DF e Núcleos Regionais criados gradativamente com a mesma finalidade, filiados às Federações das Indústrias em todos os estados brasileiros. Hoje, o IEL está presente em 26 Estados e no Distrito Federal, onde tem sua sede. O caráter orgânico das ações do IEL decorre das diretrizes emanadas do Conselho Superior, consubstanciados no Plano Nacional de Integração do Sistema CNI e a formação de novas parcerias e em Resoluções específicas que atribuem a responsabilidade de coordenação e gerência ao Núcleo Central, ainda que considerando as características internas e as peculiaridades regionais. O alinhamento dos Programas Institucionais do IEL aos Programas Nacionais da CNI foi efetivado como forma de aproximar cada vez mais as instituições do Sistema maximizando resultados e evitando duplicação de meios para os mesmos fins. Nesse sentido, o IEL buscará o aperfeiçoamento contínuo dos programas e envidará esforços para cumprir o papel que lhe cabe no processo de desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira em suas linhas de atuação, apresentadas sob a forma de macroprocessos de negócios de maneira que, ao se desdobrarem em projetos, gerem produtos que atendam efetivamente à demanda dos clientes do IEL, considerando como indicadores de sua missão a articulação para o desenvolvimento industrial e a interação entre a educação e o trabalho. São os seguintes os Programas Institucionais do IEL: 1 - Programa Inovação e Desenvolvimento Tecnológico A participação do IEL ocorre no incentivo à geração, absorção e uso da tecnologia de processos, produtos e serviços, na capacitação na área de gestão tecnológica e intercâmbio com entidades de apoio, indústrias e instituições internacionais, no estímulo a projetos de pesquisa cooperativa, na divulgação de incentivos fiscais e linhas de financiamento e demais instrumentos de apoio à capacitação tecnológica, bem como no acompanhamento dos projetos encaminhados aos órgãos financiadores, propondo a seguinte linha de programas: • Programa de Capacitação e Intercâmbio de Experiências de Sucesso em Interação Universidade - Indústria - Consiste na realização de missões, visitas Parte III - Capítulo 20 - Programação IEL 321 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 • técnicas, seminários e ações de intercâmbio de experiências de sucesso, nacionais e internacionais, que promovam o estreitamento e o fortalecimento das relações entre a comunidade universitária e o setor produtivo, de forma permanente e adequada. Programa Propriedade Industrial - Participação no grupo de trabalho junto com a CNI e SENAI, ao lado do MICT e do MCT, para elaborar o Projeto “Propriedade Industrial” - Direitos e Mecanismos de Incentivo ao Desenvolvimento Tecnológico Industrial”, bem como na execução de sub-projetos relacionados à criação de um sistema integrado de informação, que envolvam recursos disponíveis em universidades brasileiras, junto às quais iniciou-se um levantamento de identificação de competências e estruturas organizadas sobre o assunto. 2 - Programa Qualidade e Produtividade O IEL integra este programa, incentivando e participando de projetos que promovam a melhoria da qualidade e o aumento de produtividade, em consonância com a política industrial que visa uma inserção competitiva na economia mundial, cada vez mais globalizada, agregando recursos disponíveis em universidades e centros de pesquisa a iniciativas que visem à disseminação dos princípios e instrumentos da qualidade. 3 - Programa de Gestão Ambiental O IEL se insere neste programa, em conjunto com as demais entidades do Sistema, na elaboração de projetos e atividades relacionadas ao meio ambiente, com o objetivo de difundir a utilização das normas técnicas e demais questões relacionadas ao assunto, apoiando e divulgando estudos e pesquisas das novas tendências de reciclagem, recuperação de materiais e resíduos que propiciem às indústrias brasileiras condições isonômicas de competitividade no mercado internacional. 4 - Programa de Design Industrial O Programa Brasileiro de Design tem o objetivo de desenvolver o design brasileiro como uma ferramenta que promove a adequação ao uso, a funcionalidade e a identificação visual, com vistas ao aumento da competitividade dos bens e serviços e à agregação de valor, fator decisivo de diferenciação do produto nos mercados. O IEL participa do Programa complementando as ações das demais entidades do Sistema CNI e, em particular, compondo o comitê do Subprograma Geral III: Capacitação de Recursos Humanos. 5 - Programa de Educação para a Competitividade O equacionamento da questão educacional constitui-se em assunto de permanente interesse para a CNI, especialmente no que tange à recuperação e valorização da educação abrangendo os diferentes âmbitos estruturais e os diferentes níveis educacionais do país. Neste sentido, o IEL está incumbido de dar continuidade às ações de sensibilização e de mobilização de parcerias com as universidades, para a qualificação e reciclagem, em diversos níveis, alinhando esforços com o SESI e com o SENAI. Nesta linha, propõe os seguintes programas: • Programa Novos Talentos - Visa o aproveitamento de novos talentos universitários, recém formados em centros de reconhecida competência, vocacionadas para atividades industriais. Para os graduandos, a seleção de novos talentos deverá contemplar todas as regiões brasileiras, permitindo-lhes o acesso a: a) programas de pós-graduação em centros de excelência mundial nas suas áreas de formação; b) contratos especiais de trabalho para recém-formados, em empresas, centros de estudos e pesquisas e entidades públicas e privadas de referência nacional nas suas áreas de opção, estimulando também o intercâmbio de culturas regionais. 322 Parte III - Capítulo 20 - Programação IEL Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 Para os mestrandos e doutorandos, em área de conhecimento com grande interface com o setor industrial (tecnológicas, gerenciais ou financeiras), o Programa prevê: a) um mês de estágio junto às indústrias, centros de pesquisa e desenvolvimento e associações setoriais, a ser realizado no período intermediário entre a fase de obtenção dos créditos obrigatórios e a de elaboração da dissertação ou tese, lembrando que o tema de mestrado ou doutorado deve levar em conta as necessidades da comunidade industrial brasileira. b) o estabelecimento de laços rotineiros de contato entre esses mestrandos e doutorandos brasileiros, de maneira que possam ser acompanhadas a evolução de nossas demandas tecnológico-industriais bem como o trabalho desses estudantes. Esse Programa está sendo estruturado através de parcerias entre os Sistemas CNI SEBRAE e os Ministérios das Relações Exteriores, da Ciência e Tecnologia ( CNPq) e da Educação (CAPES), além de entidades internacionais como a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI). • Programa Conselheiros Master - Contempla projetos voltados ao aproveitamento de talentos de grande experiência profissional na tarefa de orientação e aconselhamento de nova geração de empresários e/ou administradores da indústria, por meio de consultorias, palestras, seminários, treinamento de curta duração, entre outros. Uma das linhas básicas de atuação do Conselheiro Master deverá ser junto às incubadoras, pólos e parques tecnológicos, empresas juniores e novos empresários identificados com a cultura empreendedora, com prioridade aos micro e pequenos empresários. • Programa de Capacitação de Alto Nível para Dirigentes Industriais - Neste Programa se inserem projetos voltados para o aperfeiçoamento ou a atualização de conhecimentos de dirigentes industriais, em parceria com instituições nacionais e internacionais, por meio de: a) treinamento de curta duração em cursos não disponíveis nos centros de formação, de visitas técnicas, de seminários e de congressos, em parceria com entidades do Sistema, ou outras instituições de ensino e pesquisa; b) preparação para a participação em feiras e eventos internacionais, de forma a otimizar a conclusão de negócios. • Programa Educação à Distância (EAD) - Visa a promoção da educação básica, através de metodologia audiovisual consagrada, associando alfabetização, profissionalização e geração de emprego e renda. Vem sendo executado desde 1995 em parceria com a SUFRAMA, tendo, a partir de 1996, sua gestão compartilhada com as instituições do Sistema CNI, sob a coordenação geral do SESI. • Programa de Infra-estrutura - Promove a sensibilização e a mobilização da indústria e demais consumidores para o uso racional e a conservação de energia e o estímulo à participação das indústrias em Conselhos e demais organismos de gestão e controle dos sistemas de transportes e demais itens que compõem a infra-estrutura básica do desenvolvimento. • Programa de Comércio Internacional - Visa o incentivo ao aumento de participação das pequenas e médias indústrias no comércio internacional e na exportação. O IEL orienta também sua atuação tendo em vista o envolvimento dos Núcleos Regionais na implementação de sua identidade institucional, com os seguintes Programas: Parte III - Capítulo 20 - Programação IEL 323 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 6 - Programa Estratégico: Interação Universidade-Indústria Compreende os projetos vinculados estritamente ao cumprimento da missão do IEL, ou seja, aqueles relacionados à promoção da interação com universidades, órgãos de pesquisa e desenvolvimento, entidades públicas e privadas visando implementar ações que somem conhecimento e experiências, necessários ao atendimento de demandas do segmento industrial. Para sua implementação poderão ser estabelecidas parcerias, convênios ou acordos, em níveis regional e nacional, que viabilizem projetos e ações identificados com as características de cada região. Este programa envolve: • Estágio Supervisionado - Atividade curricular ou extra-curricular que reforça o processo de interação, na medida em que contribui para a capacitação profissional de recursos humanos para as empresas, para o aperfeiçoamento de disciplinas e currículos, abrindo possibilidades de propostas de estudos para uma formação acadêmica em consonância com as expectativas do mercado de trabalho. • Bolsas de Iniciação Tecnológica (Convênio IEL/SEBRAE/CNPq) Programa destinado a estudantes universitários de bom desempenho acadêmico, convenientemente orientados por professores, para o desenvolvimento de projetos que equacionem, descrevam ou resolvam questões do interesse de empresas. Sua operacionalização ocorre através de recursos alocados especificamente para este fim, oriundos de convênio assinado entre o IEL, o SEBRAE e o CNPq. • Empreendedorismo - Mecanismos efetivos para a criação de uma cultura empreendedora e de incentivos à formação de empresas juniores e de incubadoras de empresas, através de ações ou investimentos articulados entre a indústria ou empresas de base tecnológica e a universidade e centros de pesquisa. • Integração Universidade-Indústria para o Desenvolvimento Regional (Convênio IEL/UNB) - Palestras de estímulo à interação universidade-indústria e à promoção da ciência e tecnologia para o desenvolvimento regional. A parceria apoia a ida do professor especialista a convite de entidades de todo o país. 7 Programa Complementar: Geração de Recursos e Apoio às Peculiaridades Regionais Compreende os projetos que geram recursos financeiros para as ações do IEL ou que servem como facilitadores das relações do IEL com instituições afins. Neste Programa, também estão enquadrados projetos que promovam o desenvolvimento sócio-econômico regional, evitando-se superposição de ações com as demais entidades do Sistema CNI, mas incentivando a adoção de mecanismos de auto-sustentação, através da geração de produtos ou serviços, sem perder de vista a missão institucional do IEL. O NÚCLEO REGIONAL DE RONDÔNIA - IEL/RO O Núcleo Regional de Rondônia do Instituto Euvaldo Lodi, criado em fevereiro de 1989 sob os auspícios da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia - FIERO, do Departamento Regional do SESI e da Diretoria Regional do SENAI, é uma sociedade civil de natureza privada, sem fins lucrativos, com sede e foro na cidade de Porto Velho, com o objetivo de promover a interação do segmento produtivo com o setor educacional, em todo território do Estado, de conformidade com a filosofia do IEL. 324 Parte III - Capítulo 20 - Programação IEL Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 As ações do IEL/RO se efetivam objetivamente através de projetos que permitem atender às demandas do segmento produtivo e do ensino, em pesquisas, estudos, treinamentos, entre outros, compreendidos nos seguintes itens: 1 - Educação para a Competitividade Valorizar a educação nos diferentes âmbitos estruturais e nos diferentes níveis constitui-se o permanente objetivo do IEL/RO. Neste sentido o Núcleo Regional de Rondônia, alinhando seus esforços com as demais casas do Sistema FIERO, desenvolve os seguintes programas: • Programa Educação Pela Qualidade - Desenvolvido através do Projeto Amazônia Ocidental de Educação à Distância - Convênio SUFRAMA/IEL, cuja tônica principal é a valorização da cidadania e a melhoria da qualidade de vida da população. Para a consecução destes objetivos o projeto utiliza as etapas de: alfabetização e cálculos aritméticos, ocupações regionalmente requeridas e empreendedorismo, estas últimas para geração de emprego e renda. Este Programa está sendo desenvolvido em 40 municípios do Estado num sistema de parcerias, nos 140 telepostos (cujos equipamentos e recursos instrucionais e didáticos foram entregues pelo Sistema FIERO) através de recursos audiovisuais na modalidade de educação à distância. Os recursos humanos envolvidos foram devidamente capacitados pelo Programa e estão atuando em seu município de origem. Os resultados da ação já são mensuráveis - ano de 1996 - 3.850 alfabetizados; e no 1o. semestre/1997, foram alfabetizados 1.620 jovens e adultos. • Programa Conselheiros Master - Programa estruturado através de uma parceria entre os Sistemas CNI e SEBRAE, contempla projetos voltados ao aproveitamento dos talentos de experiência profissional comprovada no Estado na tarefa de orientação e aconselhamento a nova geração de empresários e/ou administradores de empresa, com prioridade aos micro e pequenos empresários. Este Programa, em Rondônia, está sendo articulado pelo IEL e SEBRAE com a participação de outras entidades. • Programa Banco de Especialistas - BESP - Programa que possibilita o cadastramento de especialistas para prestarem serviços de consultoria em quaisquer áreas do conhecimento. O BESP propicia ao profissional cadastrado aumentar suas oportunidades no mercado de trabalho. As empresas de Rondônia e região podem contar com profissionais competentes e de experiência comprovada para detectar e solucionar problemas ou promover a atualização de seus processos e produtos, num mercado em constantes mutações. 2 - Programa Estratégico Compreende projetos vinculados ao cumprimento da missão do IEL, ou seja interação do segmento econômico com a atividade educacional. O IEL/RO desenvolve, neste programa, os projetos permanentes a seguir: • Estágio Supervisionado - Atividade curricular e/ou extra - curricular que reforça o processo de interação na medida em que contribui para a capacitação de recursos humanos, aperfeiçoamento dos conteúdos curriculares das instituições de ensino para atender a demanda e expectativas do mercado de trabalho. • Bolsas de Iniciação Tecnológica (convênio IEL/SEBRAE/CNPq) - Programa destinado a estudantes de nível superior de bom desempenho acadêmico, com conveniente orientação de um docente da área, para o desenvolvimento de projetos de interesse da classe empresarial. • Rede Antares (convênio IEL/IBICT/CNPq) - Tem como objetivo ampliar o acesso às fontes de informações nacionais e internacionais, implementação de Bancos de Dados voltados ao segmento industrial, a implantação de Bancos de Dados Regionais, Parte III - Capítulo 20 - Programação IEL 325 Perfil Socioeconômico e Industrial do Estado de Rondônia - FIERO - 1997 desenvolvimento de novos produtos de informação, além da divulgação de informações do Estado e da Região, entre outros. 3 - Programa Complementar: Geração de Recursos e Apoio às Peculiaridades Regionais Compreendem projetos que geram recursos financeiros para o IEL/RO, servem como facilitadores das relações do Núcleo Regional com instituições do Estado. Neste programa, estão enquadrados, também, projetos que promovam o desenvolvimento sócio-econômico regional. ***** 326 Parte III - Capítulo 20 - Programação IEL