Cálculo da Perda por Impairment

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Cálculo da Perda por Impairment
IFRS – TESTE DE RECUPERABILIDADE
CPC 01 / IAS 36
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Visão geral
O CPC 01 é a norma que trata do impairment de ativos ou, em
outras palavras, da redução ao valor recuperável de ativos.
 Impairment ocorre quando o valor registrado de um ativo ou de
uma Unidade Geradora de Caixa (UGC) excede o montante a
ser recuperado através de venda ou utilização do ativo.
 Exemplos:
o O ativo está danificado e não pode ser mais utilizado em
sua plena capacidade;
o O mercado do ativo declinou e o ativo não tem mais valor;
o Inovações tecnológicas fizeram com que o ativo perdesse
valor ou utilidade.
o Um novo concorrente entrou no mercado e causará
redução das receitas futuras.
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Visão geral
§ 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a
recuperação dos valores registrados no imobilizado, no intangível e no
diferido, a fim de que sejam:
I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão
de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou
quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para
recuperação desse valor; ou
II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida
útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e
amortização.
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Objetivo e abrangência
1. Introdução:
O objetivo do CPC 01 é determinar os procedimentos que
devem ser aplicados para garantir que um ativo não seja
mantido a valor maior do que seu valor recuperável.
 Abrangência:
o
o
o
o
Como calcular o valor recuperável de um ativo
Como definir as Unidades Geradoras de Caixa (UGC);
Como contabilizar o impairment;
Quando uma entidade deve reverter uma perda por
impairment e como a reversão deve ser calculada e
contabilizada;
o Os princípios de divulgação.
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Objetivo e abrangência
O CPC 01 não aplica-se a:
Ativos de contratos de construção (IAS 11)
Estoques (IAS 2)
Tributos diferidos (IAS 12)
Ativos originados de benefícios a empregados
Ativos financeiros dentro do escopo do IAS 39
Propriedades de investimento mensuradas ao valor justo
(IAS 40)
Ativos biológicos relacionados à atividade de agricultura
(IAS 41)
Custos de aquisição diferidos dentro do escopo do IFRS 4
(contratos de seguros)
Ativos de longo prazo classificados como mantidos para
venda, conforme IFRS 5.
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Objetivo e abrangência
O pronunciamento sobre impairment é de natureza geral e se
aplica a todos os ativos relevantes relacionados às atividades
industriais, comerciais, agropecuárias, minerais, financeiras,
de serviços e outras.
 Em particular, aplica-se também para ativos registrados
em:
o Subsidiárias (IAS27)
o Associadas (IAS28)
o Joint-ventures (IAS 31)
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1. Unidades Geradoras de Caixa (UGC):
 UGC é o menor grupo de ativos identificáveis que geram fluxos
de caixa de forma independente dos fluxos de caixa de outros
ativos ou grupos de ativos.
o Utilizado quando o fluxo de caixa gerado pelos ativos não
são independentes de outros ativos (valor em uso não pode
ser estimado individualmente);
o Todos ativos que geram fluxos de caixa devem ser
incluídos;
o Goodwill e ativos corporativas devem também ser incluídos
nas UGC’s, individualmente ou no conjunto delas;
o Necessidade de consistência dos ativos utilizados ao longo
dos anos.
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2. Testando ativos por Impairment
Impairment – quando o valor registrado do ativo excede seu
valor recuperável (o valor recuperável de um ativo ou UGC é
o maior entre seu valor justo menos custos de venda ou seu
valor em uso).
 Regra geral para teste: a entidade deve verificar se há
indicativos de impairment a cada data de balanço;
 Contudo, a entidade deve comparar no mínimo
ANUALMENTE os valores registrados dos seguintes
ativos com os valores recuperáveis:
o Goodwill;
o Ativo intangível com vida útil indefinida;
o Ativo intangível ainda não pronto para uso.
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3. Indicativos de impairment
Caso haja indicativo de impairment, a entidade deve realizar
uma estimativa do valor recuperável do ativo, para que seja
comparado com seu valor de registro.
A norma inclui duas fontes de indicativo de impairment:
Fontes externas:
o Diminuição do valor de mercado
do ativo;
o Mudanças nos ambientes legal,
econômico ou tecnológico;
o Aumento nas taxas de juros no
mercado;
o O valor de mercado das ações da
empresa é menor que o seu valor
contábil.
Fontes internas:
o O ativo está obsoleto ou danificado;
o Mudanças de planos no uso do ativo;
o Verifica-se um rendimento menor que
o esperado para o ativo
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 Quando não testar (além do anteriormente exposto):
o Quando estimativas anteriores mostram que o montante
recuperável do ativo é significativamente maior do que o valor
registrado e nenhum evento ocorreu que eliminasse a
diferença;
o Quando análises prévias mostram que o valor recuperável do
ativo não é sensível a qualquer indicativo de impairment que foi
encontrado;
o É improvável que a redução do valor recuperável do ativo
resulte em perda material de impairment.
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4. Requerimentos adicionais
 Se há indicativo de impairment, os seguintes itens
precisam ser revistos e, se for o caso, ajustados (mesmo
se nenhum ajuste foi reconhecido):
o Vida útil remanescente;
o Método de amortização/depreciação;
o Valor residual para o ativo;
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5. Como o valor recuperável é calculado?
O valor recuperável é definido como o maior valor entre o valor justo
menos custo de venda e o valor em uso (de um ativo ou UGC).
Não é necessário calcular sempre o valor justo menos custo de
venda e o valor de uso, pois se qualquer um dos dois for maior do
que valor registrado, o ativo não possui impairment.
1) Como o valor justo menos custo de venda é calculado?
o Valor justo é melhor representado por um preço acordado em
condições normais de mercado;
o Caso o bem ou UGC seja negociado em um mercado ativo, o
preço de mercado do bem ou UGC menos o seu custo de venda
é utilizado;
o Caso nenhuma destas informações estejam disponíveis, utilizar a
melhor estimativa que reflita uma potencial transação de
mercado;
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2) Como o valor de uso é determinado?
A estimativa do valor em uso de um ativo envolve os seguintes
passos:
a) estimar futuras entradas e saídas de caixa decorrentes de uso
contínuo do ativo e de sua baixa final; e
b) aplicar taxa de desconto adequada a esses fluxos de caixa
futuros.
Ao mensurar o valor em uso, a entidade deve:
• basear as projeções de fluxo de caixa em premissas razoáveis
e fundamentadas que representem a melhor estimativa, por
parte da administração, do conjunto de condições econômicas
que existirão na vida útil remanescente do ativo;
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• basear as projeções de fluxo de caixa nas previsões ou nos
orçamentos financeiros mais recentes que foram
aprovados pela administração.
Geralmente não estão disponíveis orçamentos e previsões
financeiras confiáveis de fluxos de caixa futuros para períodos
superiores a cinco anos. Por essa razão, as estimativas devem
considerar um período máximo de cinco anos. A administração
pode considerar um período superior a cinco anos se estiver
convicta de que essas projeções são fiáveis e possa demonstrar
sua capacidade, baseada em experiência passada, de fazer
previsão de fluxo de caixa corretamente para esse período mais
longo.
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As projeções de fluxo de caixa até o fim da vida útil de um
ativo são estimadas pela extrapolação de projeções de fluxo de
caixa baseadas em orçamentos e previsões financeiras usando
uma taxa de crescimento para anos subseqüentes. Essa taxa
deve ser estável ou decrescente, a menos que um aumento
nas taxas seja condizente com informações objetivas sobre
padrões de um produto ou do ciclo de vida do setor no qual a
entidade opera.
As estimativas de fluxos de caixa futuros devem incluir:
a) projeções de entradas de caixa a partir do uso contínuo do
ativo;
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b) projeções de saídas de caixa, que são incorridas
necessariamente para gerar as entradas de caixa decorrentes do
uso contínuo do ativo, incluindo saídas de caixa para preparar o
ativo para uso, e que podem ser diretamente atribuídas ao ativo,
em base consistente e razoável; e
c) se houver, fluxos líquidos de caixa, a serem recebidos ou pagos
no momento da baixa do ativo no fim de sua vida útil.
Os fluxos de caixa futuros são estimados para o ativo em sua
condição atual. Com isso, o valor em uso não deve refletir:
 Entradas ou saídas de caixa decorrentes de reestruturação com a
qual a entidade ainda não está comprometida; ou
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 Entradas ou saídas de caixa relacionadas a melhorias
futuras no ativo.
As estimativas de fluxos de caixa futuros não devem incluir
entradas ou saídas de caixa provenientes de atividades de
financiamento ou recebimentos e pagamentos de tributos
sobre a renda.
A taxa (ou as taxas) de desconto deve(m) ser a taxa (ou as
taxas) antes dos impostos, que reflita(m) as avaliações atuais
de mercado:
a) do valor da moeda no tempo; e
b) dos riscos específicos do ativo para os quais as estimativas
de fluxos de caixa futuro não foram ajustadas.
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6. Impairment de ativos que não possuem Goodwill alocado:
 Deve ser registrado impairment quando o valor registrado do
ativo for maior do que seu valor recuperável;
 Reconhecimento imediato no resultado, a menos que o ativo
seja reavaliado (nesse caso o impairment deve ser
registrado contra a reserva de reavaliação, até o seu limite);
 Se o valor da perda for maior do que o valor registrado, o
passivo deve ser reconhecido somente se outra norma
exigir;
 Depreciação e amortização devem ser ajustadas em
períodos futuros, de forma a alocar o novo valor registrado
do ativo menos seu valor residual em base sistemática ao
longo da vida útil.
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7.
Impairment de ativos com Goodwill alocado:

o ágio (goodwill) pago em uma aquisição, em decorrência
de expectativa de resultado futuro, deverá, a partir da data
da aquisição, ser alocado a cada uma das unidades
geradoras de caixa do adquirente, ou ao menor grupo
possível de unidades geradoras de caixa que devem se
beneficiar das sinergias da aquisição;

Com isso, para fins de cálculo do impairment, o ágio passa
a integrar o valor do custo dos ativos ou da UGC aos quais
ele foi alocado;

Todos os ativos ou UGC que receberam a alocação de
valor de ágio devem ser testados anualmente para fins de
verificação de impairment;
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 Às vezes a alocação inicial do goodwill adquirido em uma
combinação de negócios não pode ser completada antes do
final do período na qual a combinação de negócios foi
realizada. Nestes casos a alocação inicial deve ser
completada antes do final do primeiro período anual iniciado
após a data de aquisição
 O teste deve ser realizado no primeiro ano da aquisição e ser
realizado a qualquer época do ano (desde que mantida a
mesma época todos os anos)
 Quando o goodwill refere-se a uma subsidiária que não é
integral, o goodwill pago e contabilizado refere-se apenas à
participação dos controladores. Contudo, no teste de
impairment, esse goodwill (dos controladores) é alocado aos
valores integrais dos ativos e unidades geradoras de caixa das
empresas que formam as demonstrações consolidadas.
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 Conseqüentemente, para realizar o teste de impairment em
uma unidade geradora de caixa que contém goodwill
decorrente de subsidiária não integral, o valor do goodwill
correspondente à participação minoritária (que não foi
contabilizado) deve ser considerado. Esse valor ajustado deve
ser então comparado com o valor recuperável de uma unidade
para determinar se a unidade geradora de caixa está
desvalorizada.
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Contabilização
Como uma perda por impairment de UGC deve ser alocada?
 PRIMEIRO – para qualquer goodwill alocado à UGC (ou grupo de
UGCs);
 SEGUNDO – aos outros ativos da UGC, com base no valor
registrado da unidade;
 O valor registrado não deve ser reduzido abaixo do maior valor de:
 Valor justo menos custos de venda (se determinável)
 Valor em uso (se determinável)
 Zero
 Depois que o impairment foi registrado, conforme detalhado
anteriormente, um passivo somente deve ser reconhecido se
requerido por outra norma.
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Contabilização
Ativos Corporativos
 Incluem ativos tais como escritório central e centro de
processamento de dados.
 A estrutura da entidade determina se um ativo atende a
definição da norma para UGC.
 Ativos corporativos possuem as seguintes características:
 Não geram caixa de forma independente de outros
ativos
 O valor registrado não pode ser totalmente atribuído à
uma única UGC sob revisão
 Caso haja qualquer indicativo de que o ativo corporativo
possa ter impairment e ele não pode ser vendido
separadamente, a UGC ao qual ele pertence deve ser
testada
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Contabilização
 Assim, seu valor recuperável será determinado para a
UGC ou grupos de UGCs às quais ele pertence e
comparado com o valor registrado
 Caso o ativo corporativo não possa ser alocado à
menor UGC em análise, deve-se partir para o próximo
nível (próxima UGC da qual o ativo corporativo faça
parte)
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Reversão das perdas por Impairment
 A entidade deve avaliar a cada data de reporte se há indicação de
que o impairment anteriormente reconhecido não mais existe
 Excetuando-se o goodwill, aplica-se a todos ativos
 Fatores internos e externos devem ser considerados na análise
 Limitações de reversão: valor que seria determinado caso perda
por impairment não tivesse sido registrada
 Reversão reconhecida imediatamente no resultado
 Para ativos reavaliados, a reversão é contra Reserva de
Reavaliação até o montante originalmente registrado; caso o
excesso tenha sido registrado no resultado, este deve ser o
tratamento (para o mesmo ativo)
 A depreciação e amortização devem ser ajustadas nos períodos
futuros (a ser lançada de forma sistemática ao longo da vida útil
remanescente)
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Divulgações em nota explicativa
1) A entidade deve divulgar as seguintes informações para
cada classe de ativos:
 O valor da perda por desvalorizações reconhecidas no
resultado durante o período, e a(s) linha(s) da
demonstração do resultado na(s) qual(is) essas perdas
por desvalorizações foram incluídas;
 O valor das reversões de perdas por desvalorizações
reconhecidas no resultado do período, e a(s) linha(s) da
demonstração do resultado na(s) qual(is) essas reversões
foram incluídas;
 O valor de perdas por desvalorizações em ativos
reavaliados reconhecido diretamente no patrimônio líquido
durante o período; e
 O valor das reversões das perdas por desvalorizações em
ativos reavaliados reconhecido diretamente no patrimônio
líquido durante o período.
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Divulgações em nota explicativa
2) A entidade deve divulgar as seguintes informações para cada
perda por desvalorização ou reversão relevante reconhecida
durante o período para um ativo individual ou para uma unidade
geradora de caixa, incluindo ágio (goodwill):
 Os eventos e as circunstâncias que levaram ao reconhecimento
ou reversão da perda por desvalorização;
 O valor da perda por desvalorização reconhecida ou revertida;
 Se o valor recuperável é seu valor líquido de venda ou seu
valor em uso;
 Se o valor recuperável for o valor líquido de venda (valor de
venda menos despesas diretas e incrementais necessárias à
venda), a base usada para determinar o valor líquido de venda
(por exemplo: se o valor foi determinado por referência a um
mercado ativo);
 Se o valor recuperável for o valor em uso, a(s) taxa (s) de
desconto usada(s) na estimativa atual e na estimativa anterior;
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Divulgações em nota explicativa
 Para um ativo individual, a natureza do ativo; e
 Para uma unidade geradora de caixa:
i. Descrição da unidade geradora de caixa, por exemplo, se é
uma linha de produção, ou uma unidade operacional, ou
uma determinada área geográfica;
ii. O montante da desvalorização reconhecida ou revertida por
classe de ativos; e
iii. Se o conjunto de ativos para identificar a unidade geradora
de caixa mudou desde a estimativa anterior do valor
recuperável, uma descrição da maneira atual e anterior da
agregação dos ativos envolvidos e as razões que
justificaram a mudança na maneira pela qual é identificada
a unidade geradora de caixa.
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Exemplo de cálculo do Impairment
Uma companhia aérea possui um avião, cujo valor de custo menos
depreciação acumulada é R$ 800,000, sendo que o valor de mercado de
um avião usado, nas mesmas condições, é R$700,000 e os custos de
transporte para entrega são de R$20,000. Um novo concorrente estará
entrando no mesmo mercado de sua atuação e impactará as receitas da
empresa em 12%.
Informações:
- fluxo de caixa estimado para 5 anos
- A taxa de desconto antes dos impostos é de 14%, considerando todos os
riscos
- A empresa pretende vender o avião no início do ano 6 por R$500.000.
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Exemplo de cálculo do Impairment
Consideremos o seguinte fluxo da caixa da companhia
aérea:
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Venda
Fluxo de
Caixa
300.000
390.000
380.000
400.000
280.000
500.000
Custos
Correntes
126.000
164.000
160.000
174.000
120.000
-
Outros
Atribuíveis
33.000
39.000
38.000
41.000
28.000
20.000
30
Fluxo
Líquido
141.000
187.000
182.000
185.000
132.000
480.000
Taxa de
desconto
a 14%
1,140
1,300
1,482
1,689
1,925
2,195
Fluxo
descontado
123.684
143.890
122.845
109.535
68.557
218.682
787.193
CPC 01 – Cálculo da Perda por Impairment
Com base nos dados apresentados, temos os seguintes
valores:
Valor justo do avião menos custos de venda: $ 680,000
Valor de uso do avião: $ 787,193
Valor do impairment a ser reconhecido: 12,807
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OBRIGADO
Nestor Ferreira Campos Filho
Sócio – Auditoria
E-mail: [email protected]
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