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DESAFIOS ENFRETADOS NO COTIDIANO DA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE
MENTAL EM UNIDADE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA(1)
Marciele Barcelos Ávila (2), Mariele Castro Charão, Aline Martinelli Piccinini(3), Anali
Martegani Ferreira(4)
(1)
Trabalho executado com recursos do Edital PROPET Saúde e PET Saúde.
Estudante de enfermagem; Bolsista do Programa de Educação pelo Trabalho S.O.S Emergência; Universidade
Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande do Sul; [email protected];
(3)
Enfermeira Residente. Programa de Residência Integrada Multiprofissional da Unipampa. Egressa do Programa
Educação pelo Trabalho - PET Saúde Redes de Atenção; Universidade Federal do Pampa; [email protected];
(3)
Coordenadora de Ensino do Núcleo de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde; Preceptora do Programa PET
Saúde SOS Urgência e Emergência; Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana/RS; [email protected]
(4)
Docente do Curso de Enfermagem; Coordenadora Adjunta do Programa Nacional de Reorientação Profissional em
Saúde; Tutora do Programa PET Saúde SOS Urgência e Emergência; Universidade Federal do Pampa;
(2)
RESUMO: O pronto socorro constitui-se em um cenário desafiador para realização da assistência em saúde mental,
pois, esse tipo de atendimento exige sensibilidade, paciência e segurança dos profissionais. O objetivo desse trabalho
foi conhecer os principais desafios enfrentados pela equipe multiprofissional durante assistência em saúde mental para
contribuir na qualificação do atendimento. Trata-se de um relato de experiência de atividades observacionais realizadas
durante o desenvolvimento do PET saúde Redes de atenção, nos meses de junho e julho de 2015, na unidade de
Urgência e Emergência de um Hospital em um município da Fronteira Oeste do RS. Buscou-se acompanhar as
atividades assistenciais ofertadas aos usuários com transtornos mentais. No decorrer das atividades observou-se a
necessidade de formação profissional baseada em práticas com enfoque em educação permanente e na assistência em
saúde mental. Outros pontos que dificultam a assistência é a grande demanda de atendimentos da unidade aliada ao
número reduzido de profissionais. No entanto, a parceria entre o PET Saúde e instituição de saúde contribui para
identificação de estratégias para superação das dificuldades e possibilita a troca de experiência entre acadêmicos e
profissionais, contribuindo para formação em serviço, de modo aproximar conhecimentos teóricos a prática, contribuindo
para qualidade da assistência prestada.
Palavras-Chave: urgência, emergência, saúde mental, profissionais da saúde.
INTRODUÇÃO
O movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira marcou o inicio de um grande processo de
transformações na assistência em Saúde Mental visando o atendimento humanizado e integral aos usuários
com transtornos mentais e também aos seus familiares. Em vista disso, muitos hospitais psiquiátricos foram
fechados e consequentemente, a assistência está sendo realizada em outras instituições de saúde
(PERRONE, 2014).
Na fronteira oeste do RS a rede de atenção à saúde mental é constituída pelos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), as Estratégias Saúde da Família (ESF) e Hospital Geral. O hospital oferta atendimento
as situações clínicas que exigem assistência ou internação em âmbito hospitalar. Desse modo, nessa
instituição a porta de entrada para todos os usuários com transtornos mentais é o a unidade de urgência e
Emergência. Essas unidades são caracterizadas pela superlotação, sobrecarga de trabalho e ritmo
acelerado de atividades e demandas assistenciais (PAI e LAUTERT, 2008). Assim, esse serviço constitui-se
em cenário desafiador para realização da assistência em saúde mental, pois, o atendimento as demandas
de cuidado dos usuários em saúde mental exige sensibilidade, diálogo, paciência, segurança e criatividade
dos profissionais (PERRONE, 2014). Desse modo, o objetivo deste trabalho foi conhecer os principais
desafios enfrentados pela equipe multiprofissional durante assistência em saúde mental em uma unidade de
urgência e emergência de um Hospital da fronteira oeste do RS, para construção de estratégias para
superação destas.
METODOLOGIA
Trata-se de um relato de experiência a partir de atividades observacionais desenvolvidas, por uma
acadêmica do curso de enfermagem, do Programa PET Saúde Redes de Atenção SOS Urgência e
Emergência, da Universidade Federal Pampa, na Unidade de Urgência Emergência de um Hospital em um
município da Fronteira Oeste. As atividades foram realizadas durante 48 horas de observações divididas
em 6 horas semanais, durante os meses de junho e julho de 2015. Objetivou-se acompanhar a assistência
ofertada aos usuários com foco na atenção em saúde mental.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante atividades observacionais identificou-se, que há demandas de atendimentos destinados à
saúde mental com média de dois a três atendimentos diários. Os motivos de atendimento são relacionados
a alcoolismo, dependência química, e surtos psicóticos relacionados à esquizofrenia. Considerando esse
contexto observa-se que é necessária formação para qualificar a atenção em saúde com foco em
assistência mental para equipes que trabalham em urgência e emergência.
Uma vez que os usuários necessitam de atendimento as suas demandas, as quais são diferentes
das demandas clínicas, comumente observadas em unidade de pronto atendimento (KONDO et.al, 2011).
Também é necessário ofertar apoio às famílias, sendo que estas podem sentirem-se inseguras diante da
situação doença vivenciada (CAVALHERI, 2010). Contudo, como estratégia para superação dos desafios
para atendimento qualificado em saúde mental em urgência e emergência destaca-se a implementação das
politicas nacional de educação permanente em saúde (BRASIL, 2009) e Humanização (BRASIL, 2011).
Visto que, os atendimentos em saúde mental exigem práticas como escuta qualificada, apoio emocional e
métodos terapêuticos alternativos.
De acordo com Vasconcellos e Azevedo (2012), os profissionais da
saúde sentem-se inseguros e inabilitados ao lidar com situações que envolvem doenças mentais.
Principalmente, pelo alto grau de imprevisibilidade que se diferencia das outras áreas da saúde onde as
rotinas e os protocolos de tratamento estão constantemente presentes. Desse modo ações de educação
permanente são essenciais para a atuação efetiva da equipe diante das situações que envolvem
transtornos mentais e devem ser desenvolvidas de acordo com problematização do processo de trabalho
das equipes, visando a aperfeiçoamento das práticas profissionais (KONDO et.al, 2011).
CONCLUSÕES
As atividades desenvolvidas por meio do PET Saúde possibilitaram conhecer os desafios
enfrentados pela equipe, a serem superados para consolidação de uma assistência em saúde mental
humanizada e holística em Urgência e Emergência. A interação e parceria entre o Programa Educação pelo
Trabalho PET Saúde Redes de Atenção Urgência e Emergência e as instituições de saúde proporciona
ações compartilhadas para superação de dificuldades identificadas e implementação de possíveis
estratégias para sua superação, permitindo que estudantes possam contribuir e construir novos
conhecimentos em conjunto com as equipes de saúde e usuários dos serviços, possibilitando também, a
troca de experiências, o dialogo e a maior aproximação entre teoria e prática. Assim contribuindo
positivamente para formação em serviço e qualidade da assistência prestada.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Caderno Humana SUS: Atenção Hospitalar/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
BRASIL. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho
e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
CAVALHERI, S.C. Transformações do modelo assistencial em saúde mental e seu impacto na família. Revista
Brasileira de Enfermagem, 0034-7167, 2010.
KONDO, E.H.; VILELLA, J.C.; BORBA, L.O.; Abordagem da equipe de enfermagem ao usuário na emergência em
saúde mental em um pronto atendimento. Revista da Escola da Enfermagem da USP, 0080-6234, 2011.
PAI, D.A.; LAUTERT, L. O trabalho em urgência e emergência e a relação com a saúde das profissionais de
enfermagem. Revista Latino- Americana de Enfermagem, 1518-8345, 2008.
PERRONE, P. A. K. A comunidade terapêutica para recuperação da dependência do álcool e outras drogas no Brasil:
mão ou contramão da reforma psiquiátrica? Revista Ciência e Saúde Coletiva 1413-8123, 2014.
VASCONCELLOS, V.C.; AZEVEDO, C. Trabalho em saúde mental: vivências dos profissionais diante dos resultados.
Revista Psicologia em Estudo 1413-7372, 2012.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa