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Janeiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 REVISTA WAMY AMÉRICA LATINA A PaciÊncia Dez coisas que anulam o Islam A Criação de Ciências Específicas sobre a Lei Islâmica A Esperança na Misericórdia de Deus WAMY REALIZA COMPETIÇÃO DE MEMORIZAÇÃO DO ALCORÃO SAGRADO Revista WAMY 1 Conteúdo W AMY REALIZA COMPETIÇÃO DE MEMORIZAÇÃO DO ALCORÃO SAGRADO.......................................................................................................................3 A A A D Esperança na Misericórdia de Deus................................................4 Criação de Ciências Específicas sobre a Lei Islâmica.....6 Importância da Oração no Islam......................................................14 ez coisas que anulam o Islam............................................................16 A WAMY REALIZA COMPETIÇÃO DE MEMORIZAÇÃO DO ALCORÃO SAGRADO A WAMY realizou a competição regional de memorização do Alcorão Sagrado no Brasil. O evento ocorreu em parceria com a Organização Mundial para a Memorização do Alcorão Sagrado. dores, entre eles o sheikh Ali Abduni, representante da WAMY para a América Latina e o sheikh Ibahim Jahlil, enviado da Organização Mundial para a Memorização do Alcorão Sagrado e professor no Instituto do Alcorão no IESH (l’Institut Européen des Sciences Humaines) O evento foi realizado na Mesquita Abu Bukr Assiddik localizada na cidade de Château-chinon, França. em São Bernardo do Campo/SP no dia 25 de Janeiro de 2014 (sábado) Ao todo foram 21 jovens e crianças os participantes da competição, eles foram divididos em quatro níveis; - Nível I: Memorização do Alcorão completo - Nível II: Memorização de metade do Alcorão - Nível III: Memorização de 1/6 do Alcorão Paciência.....................................................................................................18 - Nível IV: Juz’ Amma O principal vencedor foi o representante da sociedade muçulmana do Rio de Janeiro, Abdolaye Mohamed, que memorizou todo o Alcorão Sagrado obtendo assim a maior premiação. A competição contou com a participação de diversos sheikhs que foram jurados para a escolha dos vence- Equipe de Redação Sheikh Ahmad Mazloum Mujahid Attard É permitido copiar, imprimir e distribuir alguns ou todo o conteúdo da revista, desde que citando a fonte. Cooperação Wamy.org.br Não é permitido modificar o conteúdo nem fazer uso comercial da revista. Design e Fotografia Ricardo Henrique da Silva Para baixar as edições anteriores da Revista WAMY visite nosso site: www.wamy.org.br Inscreva-se para receber gratuitamente a revista para o seu email: [email protected] 2 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 Revista WAMY 3 A Esperança na Misericórdia de Deus Não pense, nem por um instante, que os exemplos dados anteriormente não são aplicáveis à religião, convencida como está de que Deus, Louvado e Altíssimo, é imensamente indulgente, perdoa infinitamente, e que Sua misericórdia está sempre próxima e abrange todas as coisas, estando a dois dedos de nós, sobretudo daqueles que têm fé n’Ele, Altíssimo, mesmo que sua obra não seja particularmente meritória. Estou totalmente de acordo consigo e o apóio plenamente quando diz que Deus é capaz infinitamente, de absolver e é Clementíssimo, e que Sua misericórdia é imensa, a ponto de conter os céus e a terra e tudo o que houver neles, que o oceano de Sua graça e generosidade é interminável e que não mais que uma única gota dele é suficiente para cobrir todas as pessoas como Suas mercês e com Seus dons transbordantes. Afirmo isto com plena convicção; porém, queria que içasse um instante a ponderar comigo a respeito de alguns dos versículos do Sagrado Alcorão, e tentasse compreender algumas coisas das tradições do Profeta (Que a paz esteja com ele), para ver se a misericórdia de Deus é tão acessível e se Ele a distribui assim, gratuitamente, a quem a pedir, e até a quem não a pede, nem a espera, e ainda mais àquela que nem sequer a percebeu nem lhe veio à mente apelar para ela ou procurar obtê-la. Estou convencido de que o bom senso comum e a razão prudente, assim como a chari’a eterna, não aceitam que misericórdia divina seja depreciada, a ponto de ser dada ao primeiro que aparece, ainda mais se essa pessoa for alguém por cujas más obras as montanhas se estejam a fundir, o céu a romperse ou a terra a estremecer. Por renegar o Misericordioso e não reconhecer as Suas mercês faz sofrer os demais com suas injustiças e com as humilhações a que os submete, desobedecendo a Ele e ao Seu 4 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 Mensageiro, já que contraria os Seus mandamentos, Assim, age opondo-se a tudo que lhe determina a jurisdição d’Ele (chari’a), à qual diz pertencer. Pensa que merece a misericórdia divina, obtendo, assim, tão digno grau? Certamente está distante dela que, sem duvida, permanece muito perto dos benfeitores. Deus o Altíssimo, disse: “A misericórdia de Deus está ao alcance dos benfeitores”. (7º Surata, vers. 56) E disse ainda: Houve indivíduos que foram seduzidos pelas vãs ilusões, até que deixaram esta vida sem levar nenhum crédito por boas abras. Disseram: Temos um bom conceito de Deus, o Altíssimo! Mentiram, porque se tivessem tido um bom conceito de Deus, teriam realizado boas obras”. Depois disto, espero que você não se desespere para ter a misericórdia de Deus, o Altíssimo, porque ela, efetivamente, está muito próxima de si, ao alcance das mãos. Arrependa-se diante de Deus, retorne a Ele, seja um dos que se prostram diante d’Ele para adorá-lo, e obterá, então o que o sei coração almeja, ou seja, a Sua misericórdia, a Sua indulgência e a Sua complacência. É aí que se encontra a sua salvação nesta vida e na outra. Vá a Deus e Deus irá a você e o apoiará, para que consiga êxito em tudo. Observe os seus deveres religiosos e dirija-se a Ele humildemente, pleno de adoração e prostrado. Deus perdoará o seu pecados, apagarão as suas más ações, introduzi-lo-á em Sua misericórdia e lhe reservará jardins e palácios no Paraíso. Apresse-se em observar corretamente a oração, que, entre outras virtudes, tem à de preveni-lo da abominação e da reprovação e a de aproximá-lo de deus. A oração de nada servirá se não for feita com humildade e de dedicada, absolutamente, ao Senhor do Universo. Se ela for apenas aparente, anular-se-á seu efeito e os esforços daquele que orou terão sido em vão. “Muitas clemência abrange tudo, e a concederei aos tementes, que pagam o zakat e crêem em Nossos versículos”. (7ª Surata, vers. 156) E entre as Tradições Sagrados, enunciadas pelo Mensageiro de Deus, das quais me recordo, há uma em que Deus disse: “Que falta de pudor é a daquele que espera conseguir alcançar o Meu Paraíso, sem fazer nada para merecê-lo! Como posso agraciar como a Minha misericórdia quem foi tão avaro ao Me obedecer?”. Com certeza, a misericórdia de Deus só se consegue por meio das obras virtuosas, da piedade e da bondade, juntamente com a dedicação, bem-intencionada, a Ele. A verdadeira fé n’Ele é aquela que esta confirmada pela prática dos preceitos de acordo com as regras que a refletem. A fé não se consegue pelo vão desejo de tê-la, mas por aquilo que se enraíza no coração e é confirmado pelas ações. Al-Bukhari relatou uma Tradição autêntica, na qual o mensageiro de Deus disse: “A fé não consiste em um vago desejo, e sim no que se enraíza no coração e é confirmado pela ação. Revista WAMY 5 A Criação de Ciências Específicas sobre a Lei Islâmica Nenhuma nação deu tanta atenção à sua religião como o fez a nação muçulmana. Isso se revelou na inovação de ciências puramente islâmicas, semelhantes às quais jamais existiram em nenhuma nação. Dentre as mais importantes destas ciências nascimento e de morte, saber os textos que revogaram e os textos que foram revogados (al-nasikh wa al-mansukh), os termos divergentes e termos raros do hadith (mukhtalaf al-hadith wa gharibuh), entre outros estudos. Em suma, esta disciplina é o conhecimento das regras que revelam a situação do narrador e da narração, 1 - Ciência dos fundamentos do hadith (usul al-ha- as condições do sanad e matn em termos de aceitação dith): ou rejeição, o que é denominado usul al-hadith (fundamentos do hadith) ou Mustalah al hadith (terminologia A ciência dos fundamentos do hadith é uma ciên- do hadith). cia relacionada com a Sunnah (tradição) do Profeta Muhammad Profeta (Que a paz esteja com ele), que é Esta ciência foi criada para proteger os ahadith do proconsiderada a segunda fonte de legislação islâmica, su- feta (a paz esteja com ele) da mentira e da invenção e cedendo o Alcorão Sagrado. A importância da Sunnah para saber o que é correto atribuir ao mensageiro (a paz decorre do fato de que ela explica e detalha o Alcorão. O esteja com ele) e o que não é correto. profeta (a paz esteja com ele), através de suas palavras, atos e aprovações, interpretou e explicou o Alcorão e Al-Ramahurmuzi[1] é considerado o primeiro autor orientou os muçulmanos à maneira de aplicar o Islam e de uma obra na qual expôs muitas das regras e termos dos muhaddithin (estudiosos do hadith). Ele denomiexecutar suas leis. nou seu livro “al-Muhaddith al-Faasil bain al-Rawi wa al-Wa’i”. Foi seguido por Al-Hakim Al-Naisaburi[2], que escreveu seu livro “Ma`Rifat `Ulum Al-Hadith” As partes da ciência dos fundamentos do hadith (Conhecimento das Ciências do Hadith), em seguida, A ciência do hadith é definida como “a ciência dos fun- Abu Nu’aym al-Asbahani[3], em seu livro “Al-musdamentos pelos quais são conhecidas as condições do takhraj `ala Ma`Rifat ulum al-Hadith”. Em seguida, sanad (a cadeia de narradores) do hadith e o seu matn veio al-Khatib al-Baghdadi, que escreveu um livro inti(o texto do hadith). O objetivo desta ciência é conhecer tulado “al-kifaayah fi ilm al-riwayah”, e al-Qadi ‘Eyaad o hadith autêntico e discerní-lo dos outros. É dividido compilou um livro nomeado “al-Ilmaa ila Ma`Rifat usul al-riwayah wa taqeed al-Asamaa”. Finalmente, Ibn alem duas disciplinas: Salah escreveu seu famoso livro “Ulum al-Hadith” (As Ciência do hadith “riwaih” (Ciência do hadith por nar- Ciências do Hadith), que foi um livro abrangente e um ração): É a disciplina que abrange a transmissão pura e resumo das obras anteriores, e foi bem recebido pelos exata de tudo que foi atribuído ao Profeta (a paz esteja estudiosos e se tornou uma referência para a maioria do com ele) dentre dizer, prática, aprovação ou caracterís- que foi escrito depois dele. Alguns fizeram um resumo dele, enquanto outros fizeram uma explicação, enquantica física ou moral. to outros se dedicaram em indicá-lo ou organizá-lo de Ciência do hadith “diraiah” (Ciência do hadith por in- formas diferentes. Um dos livros mais importantes que formação): É a disciplina que estuda os fundamentos e foram escritos de forma independente depois do livro regras que levam a determinar o hadith sahih (correto de Ibn al-Salah foi uma mensagem resumida escrita por e autêntico), hassan (bom) e da’eef (fraco) e as catego- al-Hafidh Ibn Hajar al-Asqalani[4], à qual ele denomirias de cada um deles e o que está relacionado a isso de nou “Nukhbat al-Fikr”, em seguida, ele mesmo fez uma conhecimento do significado da narrativa, as suas con- explicação desse livro e a denominou “Nuzhat al-Nadições, as seções e as situações dos narradores e suas dhar”. Há muitos outros livros escritos nas épocas secondições, al-Jarh & al-Ta’dil (Avaliação de Crítica e guintes, cuja enumeração é demorada[5]. Confiabilidade), a história dos narradores, suas datas de [1] Al-Ramahurmuzi: Abu Muhammad ibn Al-Hassan Abdel Rahman ibn Khallad (360 dH/970 dC), foi um grande erudito do hadith dos não árabes em sua época. Seu livro famoso é: “Al-Muhaddith Al-Faasil bain Al-rawi wa al-wa’i. Veja: Al-Safadi: Al-Wafi bel Wafiyat 12/42. [2] Al-Hakim Al-Naisaburi: Abu Abdullah Muhammad ibn Abdullah ibn Hamdawuh (321-405 dH/933-1014 dC), um dos memorizador de hadith sênior. Ele nasceu e morreu em Naisabur. Veja: Ibn Khillikan: Wafiyat Al-A’ayan 4/280-282. 6 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 E assim, os tipos de ciências do hadith se diversificaram de acordo com a dimensão pela qual se observa o hadith. Em termos de tema do Hadith, ele pode ser dividido em dois: Sanad (os narradores que transmitiram o seu texto), matn (as palavras do hadith que indicam os seus significados e nas quais o sanad termina). (declinado), mudtarib (instável), maqlub (alterado / invertido), mudraj (interpolado), mazid (aumentado), Mussahhaf (relatório de cadeia distorcida) e muharraf (relatório de texto distorcido). A nação muçulmana tem todo o direito de ter orgulho desta ciência e suas regras, ciência que foi estabeleciEm termos de atribuição a quem o disse, o hadith é di- da para que esta nação nos transmita a palavra, ações e vidido em três categorias: Marfu’ (atribuído ao Profeta): aprovações do profeta (a paz esteja com ele) de maneira Uma narração atribuída diretamente ao Profeta (a paz clara e livre de qualquer suspeita e acusação. esteja com ele); Mauquf (uma transmissão restrita): A narração atribuída a um companheiro, o sanad (corrente de transmissão) teve seu fim na atribuição ao compa- 2 - al-Jarh & al-Ta’dil (Avaliação de Crítica e Confianheiro do Profeta (a paz esteja com ele); Maqtu’ (uma bilidade): transmissão interrompida): A narração de um sucessor dos companheiros (Tabi’i). Os Ahadith e as notícias do Profeta (a paz esteja com ele) só podem ser conhecidos através dos narradores Em termos da maneira pela qual o hadith nos chegou, o e transmissores, este é um fato conhecido claramente. hadith é dividido de acordo com o número de relatores Assim sendo, a observação das condições destes narem cada etapa do isnad: 1) Mutawatir (transmissão di- radores, rastrear os seus caminhos, conhecer seus obfundida e indubitável): Um relatório Mutawatir é o que jetivos e tendências, conhecer seus cargos e níveis, disfoi relatado por um grande número de pessoas em cada tinguir entre quem é confiável e quem é fraco, este foi o etapa do isnad, de maneira que seja racionalmente e mais importante meio para se conhecer e se distinguir comumente impossível que tenham feito acordo numa as informações autênticas das falsas. mentira. O hadith Mutawatir também se divide em mutawatir em seu texto e em mutawatir em seu significado. E este é o assunto da ciência de al-Jarh wa al-Ta’dil ou 2) Ahad (de transmissão única) ou ikhbar al ahad: um al-Rijal (narradores de ahadith), uma ciência que não hadith no qual as condições do hadith mutawatir não tem similar em nenhuma outra nação do mundo. Os estão disponíveis. É dividido em três categorias: Mash princípios e regras desta ciência foram bem elaborados -hur (bem conhecido), que é o hadith relatado em cada e estabelecidos para medir minuciosamente as condiestágio do isnad por mais de dois transmissores; áziz ções dos narradores em termos de confiabilidade e fal(raro), é um hadith que tem no máximo dois transmis- ta de confiabilidade, em termos de aceitação e rejeição. sores em cada etapa de seu isnad; gharib (desconheci- Esta ciência foi considerada a metade das ciências do do), é o hadith relatado por apenas um transmissor em hadith porque pesa os narradores do hadith e julga-os e todos ou em alguns estágios do isnad. É também deno- é o protetor da Sunnah de toda falsidade e intromissão. minado “al fard”. Os estudiosos do hadith se apressaram em defender Em termos de aceitação e rejeição, o hadith é dividi- o hadith do profeta (a paz esteja com ele), por receio do em três categorias: 1) o hadith sahih, que é dividi- de haver falsificação, invenção e mentiras, por motivos do em duas seções: sahih para si e para os outros; 1) o como diferenças políticas, tendências partidárias, obhadith hassan, que também se divide em: hassan para jetivos ideológicos, opiniões sectárias, elaboração de si e para os outros; 3) o da’eef (fraco), este tem muitas histórias que poderiam atrair os ouvintes, aproximação subseções, como por exemplo: Mu’allaq (em que um ou dos governantes ou conspiração contra o Islam. Esses mais narradores consecutivos foram omitidos no início estudiosos seguiram uma metodologia definida que fido seu sanad), mursal (apressado), mudallas (oculta- cou conhecida como a ciência de al-Jarh wa al-Ta’dil, do), mursal khafi (relatório oculto), munqati’ (relatório que é baseada no estudo das correntes de transmissão com cadeia de transmissão interrompida), Mu’dal (rela- do hadith (dirassat assanid al hadith), ou seja, a cadeia tório problemático), maudu’ (inventado/ forjado), ma- de narradores que transmitiu esse hadith, levando em truk (abandonado), matruh, shazh (irregular), munkar consideração que esta cadeia é o caminho que leva ao [3] Abu Al-Nu’aym Asbahani: Ahmad ibn Abdullah ibn Ahmad Al-Asbahani (336-430 dH/ 948-1038 dC), memorizador, historiador, um dos narradores confiáveis. Seu famoso livro é “Hiliat Al-Awliya wa Tabakat Al-Asfiya”. Veja: Shazarat Al-Dahab 2 / 245. [4] Ibn Hajar Al-Asqalani: Abu Al-Fadl Ahmad ibn Ali ibn Muhammad Al-Kanani (773-852 dH / 1372-1449 dC), um dos líderes religiosos na história. Ele nasceu em Ashkelon, e morreu no Cairo. Seu famoso livro é “Fath Al-Bari”. Veja: Ibn Al-Imad: Shazarat AlDahab 7/270-273. [5] Veja: Mahmud al-Tahan: Taissir Mustalah Al-Hadith, p 12-15. Revista WAMY 7 matn (texto) e ao seu nível. Nenhuma prova de confiabilidade do hadith é maior que a confiabilidade e credibilidade do seu narrador. Se não fosse o isnad (a corrente de transmissão), quem desejasse poderia ter dito o que desejasse. E se não fosse o estudo e o desenvolvimento desta ciência, o farol do Islam poderia ter se destruído e os descrentes e inovadores poderiam ter se alicerssado inventando dizeres e atribuindo-os ao profeta (a paz esteja com ele)[6]. A definição de Al-Jarh wa al-Ta’dil das no crítico (al-jarih) e avaliador (al-mu’addil), entre elas: 1- Ter conhecimento, temor e veracidade. 2- Saber as razões de Al-Jarh wa al-Ta’dil. 3– Ter conhecimento da língua árabe, para não interpretar mal as palavras e não lesar e criticar com a sua transmissão um termo que não merece crítica[12]. Termos de Al-Jarh wa al-Ta’dil Os estudiosos do hadith estabeleceram determinados Al-Jarh em termos de definição é a descrição do narra- termos para descrever narradores, para distinguir entre dor ou a sua lesão e crítica de maneira que se torna obri- os níveis de suas narrações em termos de aceitação e gatória a rejeição de sua narração. Al-Ta’dil é a descrição rejeição. Esses termos são os seguintes: do narrador de maneira que seja aceita a sua narração. Assim, a ciência de al-Jarh wa al-Ta’dil é uma disciplina que verifica o narrador e dá a descrição dele, usando Primeiro: Termos de Al-Tawthiq ou al-Ta’dil (confiaterminologias específicas e estuda os níveis destas ter- bilidade) minologias. Esta ciência se destina a proteger a Shari’a, portanto é uma ciência que tem a sua legalidade na pro- 1- Termos utilizados para confiabilidade em demazia, teção da religião objetivando o bom conselho e descre- utilizando o superlativo, tais como a mais confiável das vendo a situação de quem nós recebemos dele a ciência pessoas, o mais exato das pessoas. da religião. Portanto, não se destina a maledicência das pessoas, mas sim a proteger a religião[7]. 2- Termos nos quais a qualificação de tawthiq é repetida, como “thiqatun thiqah” (muito confiável) ou “thiOs estudiosos desta ciência não tem caprichos ou não qatun Hafidh” (confiável e memorizador). são motivados por assuntoss pessoais, por isso eles nunca lisonjearam ninguém, mesmo se for o familiar mais 3- Em que as palavras de tawthiq são citadas uma vez, próximo. Existiu entre eles, quem criticou o seu pró- como “thiqah” (confiável), thabt (memorizador com prio pai. Ali ibn al-Madini[8] foi questionado sobre a exatidão), imam, hujjah (referência). Ou os termos se confiabilidade de seu pai e ele respondeu: “Perguntem duplicaram, porém com significado único: justo e mea alguém além de mim”. Disseram-lhe: “Perguntamos a morizador. ti”. Ele parou por um tempo e depois levantou a cabeça e disse: “Esta é a religião. Meu pai é da’eef (fraco, incon- 4- Termos nos quais é citado: “nenhum problema com fiável na transmissão)”[9]. Houve quem sentenciou que ele”, tais como aqueles usados por Ibn Ma’in[13], ou saseu filho ou irmão é da’eef. Zaid ibn Abi Anissah[10] duq (muito honesto). disse: “Não tome (hadith) do meu irmão Yahia[11].” 5- Termos nos quais dizem: É fonte de confiança ou Condições de quem pode avaliar não é distante da verdade, sheikh, veraz que tem erros, Por isso, existem certas condições que devem ser aplica- veraz inshallah (com a permissão de Allah), espero que [6] Veja: Muhammad Dhaifullah Al-Batayna: A Civilização Islâmica, p 322. [7] Veja: Al-Sharif Hatim ibn Arif al-Aouni: Khulassat Al-Ta’sil li ‘Ilm Al-Jarh Al-Ta’dil, p 6. [8] Ali ibn Al-Madini: Abu Al-Hassan Ali ibn Abdullah ibn Jaafar Al-Sa’di (161-234 dH / 777-849 dC), veja: Al-Asfahani: Shazarat AlDahab 2 / 81. [9] Ibn Hiban : Majruhin-Al 15/02. [10] Zaid ibn Abi Anissah: (124 AH), ele é Abu Zaid Usamah ibn Abi Anisa Al-Jazri Al-Rahawi, Hafiz imã, imãs de alto nível como ele citou como Imam Abi Hanifa e Imam Malik. Veja: Al -Zahabi: Siyar Al-Alam Al-Nubala 6 / 88. [11] Al-Sakhawi: Fath Al-Mughith 3 / 355. [12] Veja: Al-Sharif Hatim ibn Arif al-Aouni: Khulassat Al-Ta’sil li ‘Ilm Al-Jarh Al-Ta’dil, p 27, Abu Al-Hassanat Al-Luknawi Al-Hindi: Al Raf ’ wa Al Takmil, p 67. [13] Yahia ibn Ma’in: Abu Zakariyah Yahia ibn Ma’in ibn A’un ibn Ziad ibn Bastam ibn Abdul Rahman Al-Miri Al-Bughdadi (158-233 H/755-848 dC), ele é um famoso Hafidh (memorizador) e imam. Veja: Ibn Khillikan: Wafiyat Al-A’ayan 6 / 139. Al-Zirikli: Al A’alam 8 / 172. Veja: Mahmud al-Tahan: Taissir Mustalah Al-Hadith, p 116-118. 8 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 não tenha problema, não conheço problema com ele, terceira categoria são considerados matruk (abandonahomem de bom hadith. dos), e o hadith narrados pelos narradores classificados na quarta categoria são dha’if jiddan (muito fracos). E o Para julgar estas categorias, se um narrador é descrito hadith narrado pelas quinta e sexta categorias são escricom uma das três primeiras categorias, suas narrações tos para consideração, e pode ser promovido a hassan são “sahih”, e uns são mais autênticos que os outros. se os seus caminhos (de transmissão) se diversificarem Quanto aos narradores da quarta categoria, os seus ha- (se for narrado por diferentes linhas (de transmissão)) dith são “hassan”, enquanto os da quinta categoria, o [14]. seus hadith não são considerados, mas são escritos para consideração. Se houver concordância com outros são Assim, os estudiosos assimilaram bem os resultados aceitos, caso contrário, são rejeitados. de seus estudos de narradores em seus livros sobre a Al-Jarh wa al-Ta’dil. Eles colocaram os narradores fracos (da’if) em livros chamados “Al-Dua’afa”, “Al-Dua’afa Segundo: Termos de al-Jarh (crítica) al-Kabir” e “Al-Dua’afa al-Saghir” (de autoria de Al -Bukhari) e “Al-Dua’afa wa Al- Matrukin” (de Al-Nas1- Descrição que prova demásia na crítica. O termo sai’i)[15]. Eles também colocaram os narradores confimais claro é o superlativo, por exemplo: “O maior de áveis (thiqat) em livros denominados “Al-Thiqat”, como todos os mentirosos” (akzhab al-nas). Outro exemplo: é “Al-Thiqat” compilado por Ibn Hiban. Há também um pilar da mentira. livros que reúnem narradores fracos e confiáveis, tais como “Al-Tabaqat al-Kubra” (Ibn Sa’d) e “Al-Takmil fi 2- Sobre quem foi dito: inventor, mentiroso, forja o ha- Marifat al-Thiqat”, “Al-Dua’afa wa Al-Majahil” (escrito dith, inventa o hadith, ou “não é nada” na terminologia por Al-Hafiz Ibn Kathir)[16]. de Asshaf ’i. Tudo isso revela os esforços empreendidos pelos es3- Quem foi descrito como: acusado de mentira, ou in- tudiosos muçulmanos para documentar e autenticar a venção, rouba o hadith, seu hadith é abandonado, não é Sunnah e proteger os ditos do profeta (a paz esteja com de confiança, etc. ele). Eles não deixaram pedra sobre pedra, não deixaram nenhum caminho para definir a credibilidade da 4- Quem foi descrito como: seu hadith foi rejeitado, Sunnah sem trilhá-lo e criaram essa ciência, que é conmuito fraco, não permitido transmitir dele, munkar al siderada exclusiva da nação muçulmana, não existindo hadith (para al Bukhari),etc. ciência similar na história humana antiga nem moderna. 5-Quem foi descrito como: da’eef (fraco), o classificaram fraco, munkar al Hadith (além de al-Bukhari) ou Assim, foram compilados os livros al Sihah (de ahadith mudtarib al-hadith (de hadith instável) ou não reco- autênticos) – os seis livros famosos e outros -, em seu mendado como um narrador. topo Sahih Al-Bukhari e Muslim, que são os livros mais autênticos conhecidos em toda a história. 6-Quem foi descrito como: existe opinião (negativa) sobre ele, nele tem fraqueza, não é forte, não é referência, tem má memória, maleável, etc. 3- A ciência dos fundamentos da jurisprudência (usul al-fiqh): Nas quatro primeiras categorias, não é aceita a narração de nenhum de seus membros. Os muçulmanos não podem receber um hadith a partir deles e não são considerados. Os hadith dos narradores da primeira e segunda categorias são considerados maudu’ (forjados), enquanto o hadith dos narradores classificados na Quando se refere aos grandes feitos da civilização islâmica é imprescindível mencionar a ciência dos fundamentos da jurisprudência, esta ciência que somente a nação muçulmana tem. Nenhuma nação anterior teve e nenhuma nação posterior terá uma disciplina independente, como a ciência dos princípios da jurisprudência [14] Veja: Mahmud Al-Tahan: Taissir Mustalah al-Hadith, p 116-118. [15] Al Nassai’i: Abu Abdul Rahman Ahmad ibn Shuaib ibn Ali Al-Khurassani (215-303 dH/830-915 dC), um dos famosos imams da ciência do hadith e um escritor da Sunnah. Ele nasceu em Khurasan e morreu em Makkah. Veja: Al-Zahabi: Siyar A’lam Al Nubala 14/125. [16] Veja: Muhammad Daifullah Al-Batayna: Civilização Islâmica, p 323, Mahmud al-Tahan: Taissir Mustalah Al-Hadith, p 115-116. Revista WAMY 9 islâmica, em sua integração e sua precisão, com as quais é capaz de definir suas regras e estatutos. A definição da ciência dos fundamentos da jurisprudência Esta ciência, como Ibn Khaldun mencionou, tem sua origem no Islam. É considerada uma das maiores e mais importantes ciências religiosas e uma das disciplinas mais úteis. Ela significa: A observação das provas da lei religiosa a partir das quais se assimilam as leis e as obrigações[17]. Em outras palavras: O conhecimento das bases e das provas com as quais chegamos às regras religiosas. O objetivo da criação desta grande ciência é servir o Islam e servir as suas regras que organizam o comportamento opcional das pessoas. Esta ciência teve início quando surgiram discussões sobre a consideração de alguns jurisprudentes no estabelecimento de regras religiosas ou na sua assimilação conforme algumas metodologias e princípios que eram divergidos por outros. Então, era necessário estabelecer argumentos e provas religiosamente aceitos para autenticar o que é autêntico, e para escolher o que é mais provável quando há certa divergência na opinião. Então, surgiram os primeiros manuscritos em forma de mensagens, contendo regras fundamentais do que deve ser considerado uma diretriz básica, do que é permitido considerar e do que não é permitido considerar e se apoiar sobre ele como diretriz[18]. alshafiAl Imam Abu Abdullah Muhammad ibn Idris ash-Shafi’i é considerado o primeiro autor de um livro sobre ussul al-fiqh (fundamentos da jurisprudência). Ele é o fundador desta disciplina e quem elaborou os seus princípios. Ele é autor de vários livros da disciplina, entre eles o seu famoso livro “Al-Risalah, “Juma al Ilm”, “Ibtal Al-Istihsan”, “ikhtilaf al-hadith”. Ibn Khaldun disse: “O primeiro a escrever sobre o assunto foi ash-Shafi’i. Ele ditou a sua famosa Risalah (mensagem), na qual ele discutiu as ordens e as proibições, os textos, as ab-rogações, a regra do motivo indicado no texto em relação à analogia. Mais tarde, os juristas hanafis escreveram sobre o assunto e sobre a derivação das normas das questões da jurisprudência, na medida do possível. Um de seus principais estudiosos, Abu Zaid Al-Dabussi[19], escreveu mais extensamente sobre o raciocínio analógico do que qualquer outro estudioso. Ele completou os métodos de pesquisa e condições que regem esta disciplina. Assim, a técnica dos princípios da jurisprudência foi aperfeiçoada, as suas questões foram refinadas e as suas regras básicas foram estabelecidas. Os estudiosos também se ocuparam com os métodos dos teólogos especulativos (al mutakallimin). Dentre os melhores livros escritos por teólogos sobre o assunto: Kitab al-Burhan, por Imam al-Haramayn Al Juaini, Al Mustasfa, por al-Ghazali (falecido em 505 dH). Ambos os autores foram Ash’ari. Havia mais dois livros, o Kitab al-’Ahd por Abdul Jabbar[20], e os comentários sobre 17] Ibn Khaldun: al-Ibar wa Diwan A-Mubtada wa Al-Khabar 1 / 452. [18] Abd Al-Rahman Hassan Habannakah: A Civilização Islâmica, p 518, 520. [19] Al-Dabussi: Ele é Abu Zaid Abdullah ibn Umar ibn Issa (430 dH/1039 dC), ele é um dos jurisprudentes seniores da escola Hanafi e o primeiro autor de um livro sobre a disciplina de divergências. Ele nasceu em Dabbusiyah (entre Bukhara e Samarcanda), e morreu em Bukhara. Veja: Ibn Khillikan: Wafiyat Al-A´ian 3 / 48. [20] Abdul Jabbar: É o juiz dos juízes Abu Al Hussain Abdul Jabbar ibn Ahmad Al Hamazani (415 dH/1025 dC). Ele era um jurisprudente sênior da escola Shafi’i. Era o sheikh dos mu’tazilah em sua época. Ele foi nomeado desembargador em Al-Ri, onde morreu. Ele tem muitos livros famosos como “Tanzih Al-Quran A’n Al-Mata’in”. Veja: Al-Zahabi: Siyar A’lam Al-Nubala 17/244, 245. 10 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 as pesquisas léxicas, a analogia, al massalih al mursalah (apreciação de interesse público) e também fizeram uso de algumas das cinco faculdades, cuja preservação é considerada dos objetivos da lei islâmica: a fé, a vida, a razão, a descendência e a riqueza. Qualquer coisa que preserva essas necessidades ou alguma delas é considerado um interesse/benefício (maslahah) e tudo que falta com uma delas é considerado um prejuízo (mafsadah), e há diferentes classes e níveis entre elas, algumas são consideradas da classe das necessidades primárias (al dharuriyat), que é a classe superior e tem vários níveis. Há também a classe das necessidades (al hajiyat), que é a classe mediana e tem níveis variados, e também a classe das superfluolidades (al tahsiniyat), que é a classe mais baixa e tem também diversos níveis[25]. Al Shaf ’i, o fundador desta ciência ele, intitulado al-Mu’tamad, por Abul-Hussain al-Basri[21]. Ambos os autores foram Mu’tazilah. Estes quatro Assim, a ciência de ussul al-fiqh é uma invenção islâmilivros foram as obras de base e pilares desta disciplina. ca e um grande fenômeno da civilização. Eles foram posteriormente resumidos por dois excelentes teólogos mais recentes, o imam Fakhr-addin Ibn al -Khatib (falecido em 606 dH), em seu livro Al-Mahsul, e Sayf-addin al-Amidi[22], em seu livro al-Ihkam[23]. Dr Ragheb Elsergany Os estudiosos muçulmanos de diferentes escolas de fiqh deram o seu melhor para extrair e elaborar fundamentos principais que definem o método do jurista (faqih) que se dirige para a extração de regras para o comportamento humano a partir das fontes da legislação islâmica, para que o trabalho dos estudiosos que extraem as regras não seja desordenado e não observe qualquer regra estudada. Devido a essa orientação, nasceu a ciência de ussul al-fiqh, uma ciência extremamente profunda e racional e que é muito perspicaz na descrição das regras fundamentais e no esclarecimento do sistema que deve ser seguido por quem extrae as regras. Assim se originou esta ciência, enquanto nenhuma outra nação jamais teve ciência similar[24]. Aqueles que escrevem as leis com base em opiniões humanas e conforme os seus interesses pessoais e os seus caprichos elogiaram a glória da ciência de “ussul al fiqh” entre os muçulmanos. Eles, aliás, se beneficiaram de alguns dos seus princípios em seus estudos sobre Tradução: Sh Ahmad Mazloum [21] Abul-Hussain Al-Basri: Ele é Muhammad ibn Ali Al-Tayib (436 dH/1044 dC), um dos líderes dos mu’tazilah. Ele nasceu e viveu em Basra e em Bagdá, onde morreu. Seu livro famoso é “Al -Mu’tamad fi ussul Al-Fiqh”. Veja: Ibn Khillikan: Wafiyat al A’ayan 4 / 271. [22] Sayf-ad-Din al-Amidi: Ele é Abu Al-Hassan Ali ibn Muhammad ibn Salim Al-Taghlubi (551-631 dH/11560-1233 dC), ele era um professor de ciências da lógica, retórica e teologia . Ele nasceu em Diar Bakr e morreu em Damasco. Seu livro famoso é “Al- Ihkam fi ussul Al-Ahkam”. Veja: Al-Zahabi: Siyar A’lam Al -Nubala 22/364-36. [23] Ibn Khaldun: al-Ibar wa Diwan Al-Mubtada wa Al-Khabar 1 / 455. [24] Abd Al-Rahman Hassan Habannakah: A Civilização Islâmica, p 519. [25] Idem: p 520. Revista WAMY 11 Eles precisam do calor do nosso coração A WAMY desenvolve a vários anos um programa de captação e doação de roupas para famílias carentes. Nos períodos de frio a doação de agasalhos se torna fundamental. São muitas as famílias que moram nas ruas e precisam de nosso carinho e atenção, por isso se você tem agasalhos em boas condições não deixe de contribuir com esta campanha. Ajude-nos a levar esse calor, você é muito importante para esta causa! informações: [email protected] 11 4125-0800 12 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 Revista WAMY 13 A Importância da Oração no Islam propósito da oração: “A oração preserva (o homem) da Certamente que não! Ele então disse: É o caso das cinco obscenidade e do ilícito; na verdade, a recordação de orações, por meio das quais Deus vos remove todos os Deus é mais importante. Sabei que Deus está ciente de pecados”. tudo quanto fazeis”. (29ª Surata, vers. 45) A Oração é o Remédio dos Corações A oração comporta uma imagem exterior e um espírito. Sua imagem exterior é o ritual corporal e sua essência é o ritual do coração; isto é, ela consiste numa ginástica espiritual e corporal, que ilumina o coração e o rosto do praticante com luzes divinas, eleva o seu espírito e fortalece o vínculo entre o servo e o seu Senhor. O fato de praticá-la é um dos maiores sinais de fé e o mais significativo dos ritos religiosos; é a prova mais óbvia da gratidão a Deus e privar-se de Sua misericórdia, de Sua transbordante graça e de Sua ilimitada benevolência. É, também, uma negação da Sua generosidade e clemência. O que se transformou em verdadeiro axioma, transmi- tura, dizendo, bendito seja: “É certo que prosperarão os tido de boca a boca por todo muçulmano, e está pro- crentes, que são humildes em suas orações”. (23ª Surata, fundamente arraigado em seu coração. E certamente o vers. 1-2) é, pois representa o marco, que separa o muçulmano daquele que não o é. Efeitos Psicológicos da Oração O islam não lhe conferiu (a oração) essa qualidade de se tornar pilar da religião e seu grau supremo, senão pela alta importância, consideração majestosa e valor que detém diante de Deus e de Seus Mensageiro. Deus nos ordenou praticá-la, dizendo: A Unidade e a Igualdade na Oração Na oração manifestam-se a justiça e a igualdade. Quando o mu´azin(quem faz o Azan) lança o seu chamado: “Vinde para a oração, vinde para a salvação”, este chamado é dirigido q todos os que o ouvem, para que observem a oração. E entre eles há o rico e o pobre, o grande e o pequeno, o príncipe e o cidadão comum. Uma vez reunidos, dispõem-se, de pé, lado a lado, sem qualquer distinção ou discriminação, pois todos são servos de Deus, reunidos no mesmo lugar evocá-lo, em humilde entrega a Ele, numa das Suas casas. “As mesquitas são casas de Deus; não invoqueis, pois, ninguém, juntamente com Deus”. (72ª Surata, vers. 18) Todos se mantêm de pé, atrás de um único Imam (guia A oração correta é o remédio eficaz contra os males do das orações), voltados na direção da Caaba. Todos adocoração e contra a corrupção da alma, e é a luz que des- ram a um único Senhor que não tem parceiros, confaz as trevas dos pecados e das culpas. sagrados e humildes, tementes do castigo de Deus e esperançosos de Sua misericórdia. Sem qualquer duviAbu Huraira relata: Ouvi o mensageiro de Deus dizer: da, descem sobre eles as graças transbordantes de seu Senhor, e eles são envolvidos pela misericórdia divina. “O que pensaríeis se houvesse um riacho diante da por- “Invocai-O com temor e esperança, porque a misericórta de alguém, e essa pessoa se banhasse cinco vezes por dia de Deus está próxima dos benfeitores”. (7ª Surata, dia? Restar-lhe-ia alguma sujeira? E eles responderam: vers. 56) A oração corretamente realizada, com devoção espiritual e submissão completa (a Deus), ilumina o coração, purifica a alma e ensina ao servo as normas de submissão e os deveres divinos para com Deus, que é Todo-Poderoso e Majestoso, o que faz com que se enraízem no coração do praticante a majestade e a grandeza de Deus. “Observai as orações, especialmente as intermediárias e consagrai-vos fervorosamente a Deus” (2ª Surata, vers. Ela adorna e embeleza o indivíduo com as virtudes 238) mais sublimes, tais como a sinceridade, a honestidade, a moderação, a integridade, a lealdade, a tolerância, a O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz), modéstia, a justiça e a generosidade. Eleva o homem, disse: orientado-o exclusivamente para Deus. Reforça, desse modo, a sensação de que Deus o está observando e, pelo “A primeira coisa de que o homem terá de prestar conta, temor a Ele, faz com que se elevem as suas aspirações e no Dia do Juízo Final, será a oração. Se (as orações) fo- se purifique o seu espírito. Ele se afasta, então, da menram válidas, todas a sua obra será; se foram defeituosas tira, da traição, do mal, da perfídia, da cólera e da pretodas as suas obra também o terá sido”. potência, e se põe acima da injustiça, da agressividade, da vileza, da prevaricação e da desobediência. Deus fez da oração o caminho da vitória, da prosperidade, da felicidade e do sucesso, na vida atual e na fu- O devoto realiza então aquilo que Deus preconizou, a 14 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 Revista WAMY 15 Dez coisas que anulam o Islam Deus, o Altíssimo: “Porém, se os interrogares, sem dúvida te dirão: Estávamos apenas falando e gracejando. Dize-lhes: Escarneceis, acaso, de Deus, de Seus versículos e de Seu Mensageiro? Não vos escuseis, porque renegastes, depois de terdes acreditado!” (9:65-66) “E quem quer que almeje (impingir) outra religião, que não seja o Islam, (aquela) jamais será aceita e, no outro mundo, essa pessoa contar-se-á entre os desventurados.” (3:85) 10. Afastar-se completamente da religião de Deus, deixar de conhecer seus preceitos ou de agir de acordo com 7. A prática da magia, aí incluído, por exemplo, provo- eles. Diz Deus, o Altíssimo: car uma rixa entre marido e esposa, transformando o amor por ela em ódio, ou seduzir uma pessoa, através “E haverá alguém mais iníquo do que quem, ao ser da magia negra, para fazer coisas de que ela não gos- exortado com os versículos do seu Senhor, logo os desta. Aquele que se envolve com estas coisas ou que gosta denha? Sabei que Nós puniremos os pecadores.” (32:22) delas está fora da comunidade do Islam. Diz Deus, o Altíssimo: E diz Deus, o Altíssimo: Todo louvor é devido a Deus, o Senhor dos mundos. Que a paz e as bênçãos estejam com o Último Mensageiro de Deus, e sobre todos aqueles que o seguem até o Último Dia. Prosseguindo, irmãos e irmãs muçulmanos, é preciso que saibam que existem questões que anulam o seu Islam. Por favor, prestem atenção a elas: manos são melhores do que a shari’ah do Islam; por exemplo, achar que o sistema islâmico não é adequado para o século XX; acreditar que o Islam é a causa do atraso dos muçulmanos; ou que o Islam é uma relação entre Deus e o muçulmano e que não deve interferir em outros aspectos da vida. 1. Atribuir parceiros a Deus (shirk). Diz Deus, o Altís- b) Dizer que o cumprimento das punições prescritas simo: por Deus, como, por exemplo, cortar a mão do ladrão ou o apedrejamento de um adúltero, não é adequado “A quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-á vedada a para os dias atuais. entrada no Paraíso e sua morada será o fogo infernal! Os iníquos jamais terão socorredores.” (5:72) c) Acreditar que é permissível baixar uma norma para as transações islâmicas ou matérias legais, punições e São formas de shirk invocar os mortos, pedir-lhes aju- outras questões, que não tenha sido revelada por Deus. da, oferecer presentes ou sacrifícios. Ainda que a pessoa não acredite que essas coisas estejam acima da shari’ah, na verdade ela acaba por aceitar 2. Criar intermediários entre a pessoa e Deus, suplicar como permissível uma coisa que Deus proibiu totala eles, pedir a intercessão deles junto a Deus e depositar mente, como o adultério, o álcool ou a usura. De acordo neles a confiança, é infidelidade (kufr) com o consenso muçulmano, aquele que afirma que tais coisas são permissíveis é um (kafir). 3. Pensar que os politeístas (mushrikin) não são descrentes, ou ter dúvida sobre a descrença deles, ou achar 5. Aquele que não aceita qualquer parte do que o Mensua forma de vida correta. Aquele que assim age é um(a) sageiro de Deus (SAW) tenha declarado lícito anula seu descrente (kafir). Islam, mesmo que aja em concordância com ele. Diz Deus, o Altíssimo: 4. Quem acredita que qualquer outra orientação seja mais perfeita, ou qualquer decisão seja melhor do que “Isso, por terem recusado o que Deus revelou; então, as emanadas dos profetas, é um descrente. Isto se aplica Ele tornará as suas obras sem efeito.” (47:9) àqueles que preferem as normas do Mal (Taghout) às dos profetas. Eis alguns exemplos: 6. Aquele que zomba de qualquer aspecto da religião do Mensageiro de Deus (SAW), ou de quaisquer de suas a) Acreditar que os sistemas e leis feitos pelos seres hu- recompensas ou punições, torna-se um descrente. Diz 16 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 “Ambos (Harut e Marut) a ninguém instruíram, sem “Aquele que não crê afasta-se daquilo do qual foi adverque dissessem: Somos tão-somente uma prova; não vos tido.” torneis incrédulos!” (2:102) Não faz diferença se tais violações sejam cometidas 8. Apoiar ou ajudar politeístas contra os muçulmanos. como brincadeira, com seriedade ou isentas de medo, Diz Deus, o Altíssimo: exceto quando praticadas sob coação (por exemplo, ameaça de perda da vida). Buscamos refúgio em Deus “Porém, que dentre vós os tomar por confidentes, cer- contra tais atos porque eles acarretam Sua ira e punitamente será um deles; e Deus não encaminha os iní- ções rigorosas. quos.” (5:51) University College London Islamic Society 9. Aquele que acredita que algumas pessoas têm a permissão de se afastar da shari’ah de Mohammad (SAW) Fonte: sbmrj.org.br é um descrente. Diz Deus, o Altíssimo: Revista WAMY 17 ^ A Paciência Deus, louvado seja, disse: possibilitando a passagem das pessoas. O jovem contou sobre aquilo para o monge, que disse: ‘Filho, hoje tu me “Ó crentes, perseverai, sede pacientes e constantes, estai passaste em liderança, e acho que chegaste a um estágio sempre vigilantes” (3ª:200). em que poderás sofrer injúrias. Se isso acontecer, não reveles o meu reduto!’ E o Altíssimo disse ainda: “ O jovem começou a curar as pessoas que sofriam de “Certamente que vos poremos à prova mediante o te- cegueira congênita, de lepra, e de outras enfermidades. mor, a fome, a perda dos bens, das vidas e dos frutos. E A notícia chegou aos ouvidos de um cortesão do rei (ó Mensageiro) anuncia (a bem-aventurança) aos per- que havia ficado cego. Ele foi ter com o jovem, levanseverantes” (2ª:155). do muitos presentes, e disse: ‘Tudo isto será teu, se me curas!’ O jovem lhe disse: ‘Eu não curo ninguém; é tão E, louvado seja, disse mais: somente Deus que concede a cura. Se declarardes a vossa fé em Deus, eu orarei por vós, e Ele vos concederá “Aos perseverantes, ser-lhes-ão pagas, irrestritamente, a saúde.’ Assim, ele declarou sua fé em Deus, que lhe as suas recompensas!” (39:10). restaurou a visão. Depois ele foi para a corte real e aí se assentou, como soia acontecer. O rei perguntou a ele 30. O Suhaib (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) quem lhe restaurado a visão, e ele respondeu ‘O meu disse: Deus!’ O rei perguntou: ‘Acaso tens outro Deus além de mim?’ O homem respondeu: ‘Deus é o vosso e o meu “Entre os povos antigos houve um rei que tinha um má- Sustentador!’ O rei ordenou que o cortesão fosse preso e gico (a seu serviço). Quando este ficou velho, disse para torturado, até que ele revelou o nome do jovem, que foi o rei:’Já que estou ficando velho, por favor escolha um levado perante o monarca, que lhe perguntou: ‘Filho, te jovem a quem eu possa ensinar magia!’ Concordando aprofundaste tanto na magia, que podes curar pessoas com isso, o rei enviou a ele um jovem para aprender que sofrem de cegueira, lepra e outras doenças?’ O raa arte da magia. No caminho do jovem, na ida para o paz disse: ‘Eu não curo ninguém; é Deus Quem cura!’ mágico, vivia um monge com o qual o rapaz costumava Então o rapaz foi também preso e torturado, até que ele sentar-se e ouvir-lhe a fala. Ele ficava tão aprazido com fez o rei saber o nome e endereço do monge, que foi o discurso do monge, que toda vez que ia encontrar-se do mesmo modo intimado, e ordenado no sentido de com o mágico, no caminho sentava-se com o monge, e repudiar a sua fé, mas ele se recusou. O rei mandou que isso o atrasava, e o mágico batia nele; o jovem queixou- trouxessem um serrote, que foi posto no meio da cabeça se junto ao monge sobre isso. Este lhe disse: ‘Quando ti- do monge, e ela foi cortada em dois pedaços. Depois o veres medo do mágico, dize-lhe que o teu pessoal te de- cortesão do rei foi chamado e intimado a renunciar à teve; e quando te vires acossado pelas perguntas do teu sua fé. Ele também recusou, e sua cabeça foi cortada. pessoal, dize que te atrasas por causa do monge.’ Esse O jovem foi trazido perante o rei, que lhe pediu que reestratagema continuou por algum tempo. Num dia o nunciasse ao seu culto, mas ele se recusou a fazê-lo. O jovem viu um grande animal a bloquear a passagem das rei entregou o jovem aos seus homens, e lhes disse: ‘Lepessoas, e disse para si mesmo:’Agora me certificarei se vai-o a tal montanha e, quando chegardes ao topo, se ele o mágico é o melhor, ou se é o monge!’ Então ele pegou ainda se recusar a renunciar à sua fé, atirai-o montanha uma pedra, e disse: ‘Ó Deus, se a conduta do monge é abaixo!’ Eles o levaram para o topo da montanha; aí ele mais do Teu agrado, do que a prática do mágico, causa a suplicou: ‘Ó Deus, ajuda-me a me livrar disto, da mamorte deste animal, para que as pessoas possam passar.’ neira que achares mais apropriada!’ Então um terremoEis que ele golpeou o animal com a pedra, e o matou, to sacudiu a montanha, e os homens despencaram para 18 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 baixo. O jovem voltou para o rei, que lhe perguntou: ‘Que aconteceu com os teus acompanhantes?’ Ele respondeu: ‘Deus me salvou deles!’ Então ele foi entregue a um outro grupo de homens aos quais foi mandado que o levassem num pequeno bote ao mar e, no caso de persistência em não renunciar à sua fé, que o atirassem ao mar. Assim eles o levaram, e ele orou: ‘Ó Deus, livra-me desses indivíduos, da maneira que desejares!’ O bote afundou com a sua carga e os homens do rei se afogaram. novamente o rapaz voltou para o rei, que lhe perguntou: ‘Que aconteceu com teus acompanhantes?’ Ele respondeu: ‘Deus me resgatou deles’, e acrescentou: ‘Não sereis capaz de me matar, a menos que façais o que eu vos disser!’ O rei inquiriu: ‘E o que?’ O jovem respondeu: ‘Reuni o povo num espaço aberto, e fazei com que eu seja amarrado no tronco de uma palmeira, depois tirai uma flecha da minha aljava e, colocando-a no arco, dizer: ‘Em nome de Deus, o Senhor desse jovem, e disparai a flecha em mim. Se fizerdes isso, sereis capaz de me matar!’ O rei procedeu de acordo com o que o rapaz dissera: o povo foi reunido num espaço aberto, o jovem foi amarrado ao tronco duma palmeira, o rei pegou uma flecha da aljava dele e, colocando-a no arco, disse: ‘Em nome de Deus, o Senhor desse jovem”, e disparou. A flecha atingiu o jovem na têmpora; ele se contorceu todo, e morreu. “Vendo aquilo, as pessoas disseram: ‘Declaramos a nossa fé no Senhor desse jovem!’, O rei foi informado: ‘Vede, aquilo sobre o que estáveis apreensivo aconteceu: o povo declarou a sua fé no Senhor desse jovem!’ O rei ordenou que trincheiras fossem escavadas em ambos os lados das estradas; quando estavam prontas, fizeramnas ficarem cheias de fogo. Então foi anunciado que qualquer pessoa que se recusasse a abandonar a sua fé seria arremessada nas trincheiras em chamas, ou seria ordenado que nelas se atirassem. Esse procedimento teve continuidade. Uma mulher se apresentou, acompanhada de um menino, e hesitava em ser atirada ao fogo, no que o menino a encorajou, dizendo: ‘Mãe, sê firme; tu está no caminho certo!’ “” (Muslim). A Sinceridade, o Desprendimento e a Boa Intenção em Todos os Atos e Assuntos, Públicos e Privados Deus, o Altíssimo, disse: “E nada lhes foi recomendado a não ser que adorassem sinceramente a Deus, fossem monoteístas, observassem a oração e pagassem o zakat; esta é a verdadeira religião” (98ª:5) E o Altíssimo disse também: “Nem suas carnes, nem seu sangue chegam até Deus; outrossim, alcança-O a vossa piedade” (22ª:37) E o Altíssimo disse ainda: “Diz: Quer ocultei o que encerram vossos corações, quer o manifesteis, Deus bem o sabe” (3ª:29) 12.Abdullah Ibn Ômar Ibn al Khatab (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer: “Num tempo anterior ao vosso, houve três homens que iniciaram uma marcha. Chegada a noite, decidiram refugiar-se em uma gruta; porém, uma vez dentro dela, uma rocha rolou da montanha e fechou a saída da gruta. Então disseram entre si: ‘Não há como escaparmos desta gruta, a não ser rogando a Deus e invocando as nossas boas obras.’ Um deles disse: ‘Deus meu, eu tinha em minha casa os meus pais, e eram muito velhos. Não permitia que ninguém da minha própria família tomasse do leite recém-ordenhado antes que eles. Aconteceu que um dia me distanciei muito de casa em busca de lenha. Quando voltei, estavam dormindo, e assim ordenhei as vacas enquanto dormiam. Não quis despertá -los, nem queria oferecer o leite à minha família ou aos servos, antes que a eles. Por isso fiquei esperando -- vasilha em punho -- que eles despertassem, até que clareou o dia, enquanto meus filhos reclamavam, incessantemente, a meus pés, o leite. Foi então que meus pais despertaram e tomaram o seu leite. Deus meu, se o que fiz foi em busca do Teu beneplácito, então alivia-nos desta situação e livra-nos desta rocha!’ A rocha se afastou um pouco, sem que eles pudessem sair. Disse o segundo: ‘Deus meu, tinha eu uma prima a quem amava mais do que a ninguém. Tentava persuadi-la a que se entregasse a mim, mas ela se negava. E, num ano de grande seca, veio a mim pedindo ajuda. Dei-lhe cento e vinte moedas de ouro, com a condição de que não resistisse aos meus desejos, e ela aceitou. Quando estava a ponto de a tomar, ela exclamou: ‘Tem piedade e teme a Deus! não me tomes, senão de um modo lícito!’ Foi então quando me retraí, mantendo o meu amor por ela, e deixando com ela as moedas de ouro que lhe havia entregue. Deus meu, se o que fiz foi em busca do Teu beneplácito, então alivia-nos desta situação!’ A rocha se afastou mais um pouco, mais ainda não podiam sair. Disse o terceiro: ‘Deus meu, havia contratado uns trabalhadores, e lhes paguei todos os seus salários, com exceção de um que havia partido sem nada cobrar. Então eu investi o salário dele, o qual rendeu grandes benefícios. Depois de alRevista WAMY 19 e que pagues o zacat; que jejues no mês de Ramadan, e que realizes a peregrinação à Caaba, se tens meios para isso.” O Homem disse: “Disseste a verdade.” A nós surpreendeu-nos que lhe perguntasse, e que logo confirmasse a verdade. O homem voltou a perguntar: “Falame sobre a Fé!” E o Profeta lhe respondeu: “Que creias em Deus, em Seus anjos, em Seus Livros, em Seus Mensageiros e no Dia do Juízo. E que creias no destino, tanto no bom como no mau.” E o homem disse: “Falaste a verdade! Fala-me agora sobre o ihsan (o devido cumprimento das obrigações).” O Mensageiro de Deus respondeu: “Que adores a Deus como se O visse, pois se não O vês, Ele te vê.” O homem disse: “Fala-me acerca da Hora A Vigilância (do Juízo)”. Disse o Profeta: “Quem está sendo interrogado disso não tem melhor conhecimento do que quem Deus, louvado seja, disse: está fazendo a pergunta.” O homem insistiu: “Fala-me, “Que te vê quando te ergues (para orar), assim como vê então, dos sinais dela!” Disse o Mensageiro de Deus (S): os teus movimentos entre os prostrados” (26ª: 218-219). “Será quando a escrava der à luz a sua própria senhora, e quando vires os descamisados e desamparados pastores de ovelhas competindo nas construções dos altos E, louvado seja, disse também: edifícios. “ Aquele homem se foi. Fiquei pensativo por “... está convosco onde quer que estejais, e Deus bem vê um bom tempo. O Profeta perguntou: “Ó Ômar, sabes quem era aquele que me perguntava? “ Eu disse: “Deus o quanto fazeis” (57ª: 4). e o Seu Mensageiro têm melhor conhecimento!” Disse o Profeta: “ Era o Arcanjo Gabriel, que veio ensinar-vos E, louvado seja, disse ainda: a essência da vossa religião. “ (Muslim). “De Deus nada se oculta, tanto na terra como no céu” 62. Ibn Abbas (R) relatou: “ Estava eu, um dia, na garu(3ª: 5). pa da montaria do Profeta Profeta (Que a paz esteja E, louvado seja, disse mais: com ele), quando ele me disse: ‘Ó jovem, ensinar-te-ei algumas palavras: Resguarda a Deus e Ele resguardará. “... teu Senhor está sempre alerta” (89ª: 14) recorda-te de Deus, e O encontrarás sempre à tua frente. Se implorares por algo, implora a Deus. E se pediE, louvado seja, continuou: res ajuda pede a Deus. E tem certeza de que ainda que se reúna todo o povo para beneficiar-te em algo, não “Ele conhece os olhares furtivos e quanto ocultam os conseguirão fazê-lo, a não ser naquilo que Deus houcorações” (40ª: 19) ver disposto para ti. E se reunirem para prejudicar-te em algo, não o conseguirão, a não ser naquilo que Deus 60. Ômar Ibn al Khatab (R) relatou que num dia em houver determinado para ti. Assim, as penas (das caneque ele e outras pessoas estavam sentados em compa- tas) ficam retiradas, e as folhas (dos livros do destino) nhia do Mensageiro de Deus (S), aproximou-se deles secas.´” (Tirmizi). um homem com roupa de resplandecente brancura, e tinha cabelos intensamente pretos. Não se lhe notavam 65. Abu Hurraira (R) relatou que havia ouvido o Prosinais de que tivesse viajado, nem tampouco o conhecia feta Profeta (Que a paz esteja com ele) dizer: “Havia nenhum de nós. Sentou-se em frente ao Profeta (Que três homens dentre os filhos de Israel: um leproso, um a paz esteja com ele), apoiando os joelhos contra os tinhoso, e o terceiro era cego. Deus quis pô-los à prova do Profeta; e, pondo as mãos sobre as coxas dele, disse: e, para isso, lhes enviou um anjo. Este se apresentou pe“Ó Mohammad, fala-me acerca do Islam!” O Mensa- rante o leproso e lhe perguntou: ‘Que é o que mais desegeiro de Deus Profeta (Que a paz esteja com ele) lhe jas?’ Respondeu: ‘Uma bonita cor, uma bela pele, e que respondeu: “O Islam consiste em que prestes testemu- me livres do que causa asco à minha gente.’ O anjo pasnho de não há outra divindade além de Deus, e de que sou a mão por sobre o corpo do homem e, desse modo, Mohammad é o Seu Mensageiro; que observes a oração desapareceu o mal que sofria, e lhe deu uma boa pele. gum tempo, aquele operário regressou, e disse: ‘Ó servo de Deus, entrega-me o meu salário!’ ao que respondi: Todo o que vês provem do teu salário. Todos estes camelos, todas estas vacas, estas ovelhas e estes escravos são teus. Ele replicou: Ó servo de Deus, não zombes de mim!’ e eu lhe respondi: Não estou zombando de ti. E eis que ele levou tudo o que lhe foi apresentado, sem nada deixar. Deus meu, se o que fiz foi em busca do Teu beneplácito, então alivia-nos desta situação.’ Foi então que a rocha se afastou de vez, e aqueles homens saíram, caminhando com seus próprios pés.” (Mutaffac alaih). 20 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435 Depois lhe perguntou: ‘Que espécie de posses gostaria de ter?’ E o homem respondeu: ‘Camelos ou vacas!’ Deu-lhe uma camela prenhe de dez meses (a ponto de dar cria) e lhe disse: ‘Que Deus ta bendiga!’ Logo depois o anjo se dirigiu ao tinhoso e lhe perguntou: ‘Que é o que mais deseja?’ O tinhoso lhe respondeu: ‘Um bonito cabelo, e que me livres do que causa asco à minha gente.’ O anjo pôs-lhe a mão sobre a cabeça e o curou, dandolhe um belo cabelo, e logo lhe perguntou: ‘Que espécie de posses gostaria de ter?’ Respondeu: ‘Vacas.’ Deu-lhe uma vaca prenhe, e lhe disse: ‘Que Deus ta bendiga!’ mais tarde o anjo foi ver o cego, e lhe perguntou: ‘Que é o que mais desejas?’ Respondeu: ‘Que Deus me devolva a visão para que eu possa ver as pessoas.’ O anjo passoulhe a mão sobre os olhos, e Deus lhe devolveu a visão. Logo depois lhe perguntou: ‘Que espécie de posses gostaria de ter?’ Respondeu-lhe: ‘Ovelhas.’ O anjo lhe deu uma ovelha prenhe. Todos os animais procriaram e se multiplicaram, de modo que o primeiro teve um grande rebanho de camelos; o segundo, um grande rebanho de vacas, e o terceiro, um grande rebanho de ovelhas. Tempos mais tarde, o anjo voltou a ver o leproso, em seu novo estado e nova situação, e lhe disse: ‘Sou um pobre homem que, durante a viagem, perdi tudo o que tinha! De sorte que não poderei chegar ao meu destino se não for primeiro com a ajuda de Deus, e depois a tua. Peço- te por Aquele que te deu essa bonita cor e essa linda pele, e também a riqueza, que me dês um camelo que me seja de ajuda na viagem!’ O ex-leproso respondeu: ‘Minhas obrigações são muitas!’ O anjo lhe replicou: ‘Parece-me que te conheço! Não eras acaso um leproso, que as pessoas repeliam, e também era pobre e Deus te agraciou?’ Disse o ex-leproso: ‘Não; outrossim, herdei estas riquezas de meus pais, que herdaram dos seus.’ Então o anjo lhe disse: ‘Se estás mentindo, que Deus te torne no que eras antes!’ E o anjo se foi, para ir ver o tinhoso, em sua nova situação e condição, repetindo-lhe o que havia falado ao primeiro, e obtendo a mesma resposta. Portanto, disse-lhe: ‘Se estás mentindo, que Deus te torne no que eras antes!’ logo depois o anjo se dirigiu até o cego, em sua nova situação e condição, e lhe disse: ‘sou um pobre homem, um viajante sem sustento, pois perdi todos os meus bens na viagem, de modo que não poderei chegar ao meu destino senão com a ajuda primeiro de Deus e depois a tua. Peço-te, em nome de Quem te devolveu a visão, que me dês uma ovelha com que me alimente durante a viagem!’ O ex-cego lhe respondeu: ‘Claro que sim, pois eu era cego e Deus me devolveu a visão. Leva o que quiseres, e deixa o que quiseres. Por Deus, nada te negarei do que quiseres levar, em nome de Deus, louvado e glorificado seja!’ O anjo então lhe disse: ‘Guarda as suas riquezas para ti. Vós três fostes postos à prova. Deus estás comprazido em ti, e desgostoso com teus companheiros!’” (Muttafac alaih). 66. Chadad Ibn Aus (R) relatou que o Profeta Profeta (Que a paz esteja com ele) disse: “O ajuizado é aquele que pede contas de si mesmo (se auto critica) e se prepara para depois da morte. O inútil é aquele que se entrega às suas paixões, mantendo-se à espera dos favores de Deus.” (Tirmizi). Fonte: O livro “Riadus-Sálihin” Titulo original árabe: Riadus-Sálihin -- Titulo em Português: O Jardim dos Virtuosos -- Compilação: Imam Abu Zakariya Yahia Ibn Sharaf An-Nawawi -- Tradução: Prof. Samir El Hayek -- Revisão: Cheique Áli Abdoni. Revista WAMY 21 Filiados WAMY Você também pode fazer parte da equipe da WAMY América Latina, ajudando na tradução de artigos das varias linguas para o português. Envie seus dados para [email protected] ou www.wamy.org.br 22 Fevereiro 2014 / Raby’ al-THaany 1435
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