Plano de Voluntariado - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Transcrição

Plano de Voluntariado - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
XXII Seminário PIBIC
22, 23 e 24 de julho de 2014
Local:
Auditório Graziela Maciel Barroso
Escola Nacional de Botânica Tropical
Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal
Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
XXII Seminário PIBIC
22, 23 e 24 de julho de 2014
Programa e Resumos
Local: Auditório Graziela Maciel Barroso
Escola Nacional de Botânica Tropical
Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Presidente – Samyra Crespo
Diretor de Pesquisa Científica – Rogério Gribel Soares Neto
Diretor da ENBT – Neusa Tamaio
Diretor de Ambiente e Tecnologia – Claudison Rodrigues de Vasconcelos
Diretor de Gestão – João Rezende Elisiário Lima de Rezende (Diretor interino)
Museu do Meio Ambiente – Henrique Gomes de Paiva Lins de Barros
Comitê Institucional PIBIC
Claudia Franca Barros
Leandro Freitas
Leonardo Tavares
Vidal de Freitas Mansano
Secretária: Leila A. Fonseca
Comitê Externo PIBIC
Paulo Cesar de Paiva, Departamento de Zoologia - UFRJ
Vinicius Castro Souza - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de
Ciências Biológicas - USP
Apoio
Fundação Flora de Apoio à Botânica
10/07/2014
PROGRAMAÇÃO
Dia 22/07/2014
13:30h - ABERTURA
13:45h – PALESTRA DE ABERTURA
“Reprogramando a carreira científica: sonhos e desatinos de um cientista carioca
interessado em células-tronco” - Stevens Rehen - Professor Titular - Instituto de
Ciências Biomédicas - UFRJ
INTERVALO
15:15h - 17:00h - APRESENTAÇÕES ORAIS
15:15h – Adrian Hagemeye Leonardo-Pereira
A INFLUÊNCIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO PROCESSO
REGENERAÇÃO NATURAL EM PLANTIOS DE RESTAURAÇÃO
DE
15:30h – Alessandra Ribeiro Pinto
COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM
MATA ATLÂNTICA MONTANA
15:45h – Bruno Damasceno Cordeiro
CRESCIMENTO INICIAL DE TRÊS ESPÉCIES DA FORMAÇÃO ARBUSTIVA
ABERTA DA RESTINGA EM RESPOSTA A FERTILIZAÇÃO DO SOLO
16:00h – Caio Baez Gomes
FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:
PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS (PETP)
16:15h – Camila Pereira da Silva
MORFO-FISIOLOGIA DAS RAIZES AÉREAS DA ARÁCEA LIANESCENTE
RHODOSPATHA OBLONGATA POEPPIG
16:30h – Felipe Juliani de S. Christo
LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE BRIÓFITAS NA ÁREA URBANA DO
CENTRO DA CIDADE DE PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO, BRASIL
16:45h – Íris Lourenco de Menezes
APRIMORAMENTO DO CULTIVO IN VITRO DE CANISTROCARPUS
CERVICORNIS
17:00h - 17:30h – ANÁLISE DOS RELATÓRIOS PELO COMITÊ EXTERNO - CNPq
iii
Dia 23/07/2014
9:15h - 9:45h - APRESENTAÇÕES ORAIS
9:15h – Isabel Ramalho Ortigão de Leoni
ANÁLISE DO SISTEMA DE COLETA E PRODUÇÃO DE MUDAS EM VIVEIROS
FLORESTAIS DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO JOÃO –
RJ
9:30h – Jonas de Azevedo
IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA DAS ALGAS CALCÁRIAS INCRUSTANTES
DO MONUMENTO NATURAL DAS ILHAS CAGARRAS
9:45h – PALESTRA
“Em busca da conexão entre o cultivo e a conservação de algas marinhas” - Beatriz
Castelar – Oceanógrafa -Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro
(FIPERJ)
INTERVALO
10:45h - 11:45h - APRESENTAÇÕES ORAIS
10:45h – Júlia Maria Correia Gaspar
HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO
11:00h – Laura Videira Filardi
EVOLUÇÃO EM FERRUGENS (UREDINALES-FUNGI): VISÃO A PARTIR DA
RECONSTRUÇÃO FILOGENÉTICA DOS HOSPEDEIROS
11:15h – Leonardo Bora do Nascimento
IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA DE MADEIRAS COMERCIAIS NO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO
11:30h – Maria Julia Pinto da Fonseca Fernandes Willemes
EFEITOS A CURTO PRAZO DA ACIDIFICAÇÃO DA ÁGUA DO MAR NO
BIOFILME FORMADO SOBRE ALGAS CALCÁRIAS IN VITRO
ALMOÇO
13:30h – PALESTRA
“Sistemática e Conservação das Scrophulariaceae s.l. do Brasil” - Vinicius Castro
Souza – Professor Associado - Departamento de Ciências Biológicas - Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP
14:15h - 16:00h - APRESENTAÇÕES ORAIS
iv
14:15h – Luan Carlos Dias de Freitas
DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA DE POPULAÇÕES DO
JEQUITIBÁ-AÇU (CARINIANA IANEIRENSIS R. KNUTH, LECYTHIDACEAE),
UMA ESPÉCIE ARBÓREA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO
14:30h – Luísa Lima Leal
POTENCIAL ALELOPÁTICO DAS ESPÉCIES NATIVAS DA RESTINGA NA
PLANTA EXÓTICA INVASORA C. EQUISETIFOLIA L.
14:45h – Luiz Paulo Martins de Moraes
DIVERSIDADE DE BORAGINACEAE NA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI/
MARICÁ, RJ, BRASIL
INTERVALO
15:15h – Marcus José de A. F. Junior
REVISÃO TAXONÔMICA DO
DIALIINAE) NO NEOTRÓPICO
GÊNERO
DIALIUM
15:30h – Lilian Jorge Hill
CARACTERIZAÇÃO
E
LOCALIZAÇÃO
INTERMEDIÁRIOS EM MACROALGAS MARINHAS
DE
(LEGUMINOSAE:
FILAMENTOS
15: 45h – Natália Ribeiro Costa
FAUNA ASSOCIADA A RODOLITOS DO BANCO DAVIS NA CADEIA DE
MONTANHAS SUBMARINAS VITÓRIA-TRINDADE
16: 00h – 16:30 h - SESSÃO DE PAINÉIS – PIBIC-EM
Pedro N.A. Quinderé
MORFOLOGIA DE FRUTOS E SEMENTES DO CLADO HYMENAEA
Ronnie Freire Marques de Sousa
ATUALIZAÇÃO DAS COLETAS DE MADEIRAS DO BIOMA MATA
ATLÂNTICA: RESGATE DE INFORMAÇÕES, OBTENÇÃO DE IMAGENS E
ATUALIZAÇÃO DA BASE DE DADOS DA XILOTECA DO JARDIM
BOTÃNICO DO RIO DE JANEIRO
Seiji Rocha Watanabe
QUANTO MAIOR O NÚMERO DE POLINIZADORES MAIOR O NÚMERO DE
LADRÕES DE NÉCTAR?
Ygor Martins da Cruz
IMAGENS DE UMA EXPEDIÇÃO. JEAN MASSART E SUA VIAGEM À
AMAZÔNIA, EM 1922
16:30h - 17:30h – ANÁLISE DOS RELATÓRIOS PELO COMITÊ EXTERNO - CNPq
v
Dia 24/07/2014
09:00h - 11:15h – APRESENTAÇÕES ORAIS
09:00h – Rafael Gomes Barbosa da Silva
RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA VASCULAR DA SERRA DO ARACÁ,
AMAZONAS, BRASIL
09:15h – Renato Tenan de B. Almeida
CARACTERIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO BÊNTICA EM ÁREAS
DIFERENTES CONDICIONANTES ECOLÓGICAS NO BANCO
ABROLHOS, BA
SOB
DOS
09:30h – PALESTRA
“Como construir uma carreira sistemática” - Raquel Fernandes Monteiro –
Doutoranda – PPG Botânica - JBRJ
INTERVALO
10:30h – Talvanis Lorenzetti Freire
ESTUDOS ONTOGENÉTICOS DE INFLORESCÊNCIAS EM CLIDEMIA
(MICONIEAE, MELASTOMATACEAE) APLICADOS À SISTEMÁTICA.
10:45h - Tarlile Barbosa Lima
MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO EM SWARTZIA
(LEGUMINOSAE, PAPILIONOIDEAE), UM GÊNERO DIVERSO NO
NEOTRÓPICO
11:00h – Wellington Souza de França
MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS ESTIGMAS DE GÊNEROS
TILLANDSÓIDES
11:15h – ENCERRAMENTO
11:30h – 12:00h – REUNIÃO DO COMITÊ INSTITUCIONAL COM COMITÊ EXTERNO CNPq
RESUMOS DE BOLSISTAS DO PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS
Ana Carolina Brant Correa
FENODINÂMICA DE UMA
ATLÂNTICA MONTANA
COMUNIDADE
ARBÓREA
DE
MATA
Gabriela Lins Nogueira Bezerra
ANATOMIA E HISTOQUÍMICA DO ARILO EM SWARTZIA (LEGUMINOSAE,
PAPILIONOIDEAE)
vi
A INFLUÊNCIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NO PROCESSO DE REGENERAÇÃO
NATURAL EM PLANTIOS DE RESTAURAÇÃO
Adrian Hagemeyer Leonardo-Pereira; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na
graduação - 2009.2; previsão de conclusão do curso - 2014.2; ingresso no PIBIC - 2013.2; orientador:
João Marcelo Alvarenga Braga
INTRODUÇÃO
Devido ao histórico de extensa substituição das florestas nativas para uso agropecuário, industrial
e urbano restam, atualmente, apenas ca. 12% da extensão original do domínio de Mata Atlântica
(Ribeiro et al. 2009). Sob esse contexto emergencial, o conhecimento sobre a regeneração destas
florestas representa um importante passo para a qualidade das ações de restauração ecológica. O
plantio de espécies arbóreas é a técnica mais difundida dentre as práticas de restauração ecológica
(Engel & Parrota 2003), por ser eficiente ferramenta no aumento imediato da biodiversidade, na
atratividade da fauna dispersora de sementes e na exclusão de gramíneas pelo sombreamento do solo
(Rodrigues et al. 2011; Sansevero et al. 2011; Moraes et al. 2013). Entretanto, a escolha das espécies é
de fundamental importância na determinação do sucesso do plantio, pois é esperado que as espécies
contribuam diferentemente no processo de regeneração natural (Gandolfi et al. 2007).
A cobertura da área pela comunidade vegetal ou até mesmo por um dado indivíduo pode acarretar
em alterações microclimáticas específicas como variação da luminosidade, redução da temperatura do
ar e mudanças nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo (Vieira et al. 1994; Gandolfi et
al. 2007). Diante da existência de distintos microambientes é esperado que a composição e a
abundância das espécies, que virão estabelecer-se nos mesmos, também apresentem diferenças (Abreu
et al. 2014). Portanto, assumindo a hipótese de que diferentes espécies vão atuar como filtros
ecológicos, modificando as condições microclimáticas sob suas copas, espera-se encontrar diferenças
nas comunidades regenerantes (estrutura, riqueza e composição) sob a copa de diferentes espécies
introduzidas nos plantios. No intuito de ampliar a compreensão sobre os processos de regeneração
natural em plantios de restauração ecológica, o objetivo geral deste trabalho é investigar a influência
de cinco espécies arbóreas nativas sobre a regeneração natural que ocorre sob suas copas, em plantios
de restauração.
OBJETIVOS
Realizar o levantamento das comunidades arbustivo-arbóreas ocorrentes sob as copas dos indivíduos
do dossel amostrados; comparar a densidade, riqueza e composição florística da regeneração natural
entre as espécies arbóreas selecionadas.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada na Reserva Biológica de Poço das Antas, município de Silva Jardim, no
Rio de Janeiro. Foram selecionados quatro plantios de restauração ecológica localizados em área de
baixada implantados entre os anos de 1994 e 1996 pelo Projeto Revegetação do Programa Mata
Atlântica/JBRJ (Moraes et al. 2006). Foram selecionados entre 15 e 20 indivíduos com DAP ≥ 10 cm
de cinco espécies do dossel: Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. (Bignoniaceae),
Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns (Malvaceae), Guarea guidonia (L.) Sleumer
(Meliaceae), Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn. (Melastomataceae) e Citharexylum myrianthum
Cham. (Verbenaceae), distribuídos em pelos menos dois plantios. A seleção das espécies foi norteada
em função das diferenças quanto à síndrome de dispersão, caducifólia e o uso frequente dessas
espécies em projetos de restauração na Mata Atlântica.
Amostragem do sub-bosque: Sob a copa de cada indivíduo do dossel foi determinada uma parcela
circular de raio 1,8 m e amostrado todos os indivíduos arbustivo-arbóreos acima de 50 cm de altura.
Todas as plantas amostradas tiveram a o diâmetro do solo e a altura total medidas. Para comparação
das riquezas foi utilizado curva de rarefação. Já as variáveis de densidade e área basal foram
comparadas a partir de Análise de Variância (ANOVA) com permutação (p <0,05)
.
7
RESULTADOS
As espécies G. guidonia (2,28 n/m² ± 0,86), P. grandiflorum (2,33 n/m² ± 1,28) e S. leucanthum
(2,56 n/m² ± 1,48) obtiverem maior densidade de regenerantes comparados a C. myrianthum (1,55
n/m² ± 0,73) e T. granulosa (1,47 n/m² ± 0,63) (Q = 15,55; p = 0,018). Área basal não apresentou
diferença significativa entre os tratamentos: C. myrianthum (11,93 m²/m²), seguida por S. leucanthum
(10,0927 cm²/m²), P. grandiflorum (9,78 m²/m²), T. granulosa (9,00 m²/m²) e G. guidonia (5,74
m²/m²). A maior riqueza obtida foi de T. granulosa (S = 42,73; ± 6,43; 243 indv.), seguida por S.
leucanthum (S = 40,81; ± 7,01; 246 indv.), Guarea guidonia (S = 35,95; ± 5,04; 240 indv.), C.
myrianthum (S = 33,58; ± 5,91; 234 indv.) e P. grandiflorum (S = 29,98; ± 5,42; 243 indv.). Na
análise dos intervalos de confiança na curva de rarefação foi observado diferença significativa na
riqueza entre T. granulosa e P. grandiflorum. As diferenças observadas corroboram com a hipótese
proposta acerca de diferentes espécies proporcionarem efeitos distintos no processo de regeneração
natural.
DISCUSSÃO
A presente pesquisa ainda está em desenvolvimento e, desta forma, se propõem a apresentar
apenas análises e discussões preliminares. As duas espécies de dossel que apresentaram maior riqueza
da regeneração natural (T. granulosa e S. leucanthum) são anemocóricas. Esse resultado difere do
esperado, já que outros estudos descrevem a importância do uso de espécies zoocóricas em plantios de
restauração no intuito de intensificar a visitação e deposição de sementes pela fauna dispersora (Engel
& Parrota 2003; Sansevero et al. 2011; Moraes et al. 2013). Embora T. granulosa possa ser
classificada como perenifólia, sua estrutura de copa possibilita uma elevada intensidade luminosa no
sub-bosque, semelhante a espécie caducifólia S. leucanthum. Em contrapartida, G. guidonia, a qual
possui sub-bosque mais sombreado, obteve a menor área basal dos cinco tratamentos, i.e. um possível
indicativo do efeito da baixa luminosidade no desenvolvimento da regeneração natural. Desta forma,
os resultados preliminares indicam que a radiação disponível sob a copa das espécies pode exercer um
papel determinante na regeneração natural nos plantios de restauração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, R.C.R; SANTOS F.F.M & DURIGAN G. 2014. Changes in plant community of seasonally
semideciduous forest after invasion by Schizolobium parahyba at Southeastern Brazil. Acta Oecologia
54: 57-64.
ENGEL, V.L & PARROTA, J.A. 2003. Definindo a restauração ecológica: tendências e perspectivas
mundiais. Pp. 3-25. In: Kageyama, P.Y.; Oliveira, R.E.; Moraes, L.F.D.; Engel, V.L & Gandara, F.B.
Restauração ecológica de ecossistemas naturais. 2 ed. FEPAF, Botucatu.
GANDOLFI, S.; JOLY, C.A. & RODRIGUES, R.R. 2007. Permeability-impermeability: canopy trees
as biodiversity filters. Scientific Agriculture 64: 433-438
MORAES, L.F.D.; ASSUMPÇÃO, J.M.; LUCHIARI, C. & PEREIRA, T.S. 2006. Plantio de espécies
arbóreas nativas para a restauração ecológica na Reserva Biológica Poço das Antas, Rio de Janeiro,
Brasil. Rodriguésia 57: 477-489.
MORAES, L.F.D; ASSUMPÇÃO, J.M.; PEREIRA, T.S. & LUCHIARI, C. 2013. Manual técnico
para restauração de áreas degradadas no Estado do Rio de Janeiro. JBRJ, Rio de Janeiro. 84p.
RIBEIRO, M.C.; METZGER, J.P.; MARTENSEN, A.C.; PONZONI, F.J. & HIROTA, M.M. 2009.
The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed?
Implications for conservation. Biological Conservation 142: 1141-1153.
RODRIGUES, R.R.; GANDOLFI, S.; NAVE, A.G.; ARONSON, J.; BARRETO, T.E.; VIDAL, C.Y.
& BRANCALION, P.H.S. 2011. Large-scale ecological restoration of high-diversity tropical forest in
SE Brazil. Forest Ecology and Management 261: 1605-1613.
SANSEVERO, J.B.B.; PRIETO, P.V.; MORAES, L.F.D. & RODRIGUES, J.F.P. Natural
regeneration in plantation of native lowland Brazilian Atlantic Forest: community, structure, diversity
and dispersal syndrome. Restoration Ecology 19: 379-389.
VIEIRA, I.C.G; UHL, C. & NEPSTAD, D. 1994. The role of the shrub Cordia multispicata Cham. as
a “sucession facilitator” in an abandoned pasture, Paragominas, Amazônia. Vegetatio 115: 91-99.
8
COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM MATA
ATLÂNTICA MONTANA
Alessandra Ribeiro Pinto; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação:
08/2009; previsão de conclusão do curso: 08/2014; ingresso no PIBIC: 03/2012; orientador: Leandro
Freitas
INTRODUÇÃO
As abelhas Euglossini constituem uma subtribo pertencente à família Apidae, apresentam cerca de 200
espécies distribuídas por cinco gêneros (Roubik & Hanson 2004). O grupo é exclusivamente
neotropical, ocorrendo desde a Argentina central até o sul dos Estados Unidos (Silveira et al. 2002) e
seus machos são conhecidos por coletar odores em flores de orquídeas e outras fontes (Endress 1994,
Roubik & Hanson 2004). A Região Neotropical apresenta distintas comunidades biológicas, com
contínua migração altitudinal de zonas de vegetação em resposta a mudanças climáticas (Gentry
1995). Esses fatores podem ter grande influência na distribuição de abelhas Euglossini, as quais
ocorrem em maior abundância em regiões de baixas altitudes (Roubik & Hanson 2004).
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi inventariar a composição de abelhas Euglossini em uma área de Mata
Atlântica montana, além de elaborar uma lista de orquídeas de odor ocorrentes no local.
Especificamente, pretendeu-se monitorar a ocorrência de Euglossini em um pequeno gradiente
altitudinal, a fim de determinar uma altitude limite para sua ocorrência, com consequente limitação do
sucesso reprodutivo das orquídeas de odor.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O estudo foi realizado no PARNASO, em trilhas localizadas na sede de Teresópolis, RJ. O local
apresenta uma área de floresta ombrófila densa montana, com 2263 m de altitude no seu pico mais
alto. Foram selecionadas três trilhas em torno de 960 m, 1050 m e 1200 m de altitude.
Procedimentos
Para as coletas dos machos de Euglossini foram utilizadas armadilhas contendo iscas odoríferas
(modelo adaptado de Campos et al. 1989). Em cada ponto de coleta foram utilizados 6 armadilhas,
preparadas com um composto aromático cada uma. Essas armadilhas foram instaladas a uma altura de
aproximadamente 1,5 m do solo e com uma distância de 10 m entre si, sendo colocadas a partir das
8:00 h e retiradas as 16:00 h. As espécies foram identificadas por meio de comparação com o material
já identificado e uso das chaves de identificação de Rebelo & Moure (1995) e Nemésio (2009), e por
especialista da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). A lista de
orquídeas foi elaborada com base no trabalho de Cronemberger 2010. Calculou-se dominância,
frequência de ocorrência e categoria das espécies segundo Palma (1975) apud Buschini (2006). O
teste de Kruskal-Wallis foi utilizado na análise de abundância em relação às altitudes. Foram
calculadas correlações de Pearson entre dados climatológicos registrados nos dias e nos meses de
coleta (temperatura e precipitação) com a abundância e riqueza de espécies.
RESULTADOS
Em 19 meses foram registrados 110 machos de Euglossini. O gênero mais representativo foi
Euglossa. Euglossa annectans foi classificada como a única espécie comum na área de estudo. Houve
uma queda abrupta da abundância com o aumento da altitude (Tab. 1, Kruskal-Wallis p < 0,05). As
temperaturas dos meses de coleta mostraram relação positiva apenas com o número de espécies. Já as
temperaturas dos dias de coleta mostraram relação tanto com a riqueza quanto com a abundância.
Entre as 18 orquídeas de odor listadas (Tab. 2), apenas Dichaea pendula foi observada no local
durante o estudo.
9
DISCUSSÃO
A comunidade amostrada apresentou um alto grau de dominância por uma única espécie, além de
riqueza e abundância muito inferiores ao que o esperado para uma comunidade de Mata Atlântica. A
queda no número de abelhas Euglossini com o aumento da altitude havia sido relatada para a Mata
Atlântica em um estudo na Serra do Caraça-MG (Nemésio, 2008), entretanto a abundância e riqueza
encontradas foram maiores e a queda em relação à altitude menos abrupta do que a encontrada no
PARNASO. Não há um padrão estabelecido para a sazonalidade de abelhas Euglossini e, apesar da
maior abundância encontrada no PARNASO ter ocorrido no início da estação chuvosa, os níveis de
precipitação não mostraram relação forte com a distribuição destas abelhas.
CONCLUSÃO
A queda abrupta de Euglossini com a elevação altitudinal indica que há um limite para a sua
ocorrência entre cerca de 1000 e 1200 m no local de estudo. A baixa ocorrência dessas abelhas pode
gerar uma redução do sucesso reprodutivo das orquídeas polinizadas por elas, limitando a ocorrência
de possíveis populações de orquídeas que ofereçam odor como recurso na área.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUSCHINI, M.L.T. 2006. Species diversity and community structure in trap-nesting bees in Southern
Brazil. Apidologie 37: 58-66.
CAMPOS, L.A.O., SILVEIRA, F.A., OLIVEIRA, M.L., ABRANTES, C.V.M., MORATO, E.F. &
MELO, G.A.R., 1989. Utilização de armadilhas para a captura de machos de Euglossini
(Hymenoptera, Apoidea). Revista Brasileira de Zoologia 6: 621-626.
ENDRESS, P.K. (1994). Diversity and evolutionary biology of tropical flowers. Cambridge:
Cambridge University Press.
GENTRY, A. H. 1995. Diversity and floristic composition of neotropical dry forests pp. 146-194. In:
S. H. Bullock, H. A. Mooney & E. Medina, (eds.). Seasonally dry tropical forests. Cambridge
University Press, Cambridge.
NEMÉSIO, A. 2008. Orchid bee community (Hymenoptera: Apidae) at an altitudinal gradient in a
large forest fragment in southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoociências 10: 249-256
NEMÉSIO, A. 2009. Orchid bees (Hymenoptera: Apidae) of the Brazilian Atlantic Forest. Zootaxa
2041: 1-242.
REBÊLO, J.M.M. & J.S. MOURE. 1995. As espécies de Euglossa Latreille do Nordeste de São Paulo
(Apidae, Euglossinae). Rev. Bras. Zool. 12:445-466
ROUBIK, D. W. & P. E. HANSON. 2004. Orchid Bees of Tropical America: Biology and Field
guide. INBio, Costa Rica. 352p.
SILVEIRA, F.A., G.A.R. MELO & E.A.B. ALMEIDA. 2002. Abelhas brasileiras: Sistemática e
identificação. Belo Horizonte, Fundação Araucária, 253p.
10
Tabela 1: Composição de espécies e abundância de machos de abelhas Euglossini em três pontos de
coleta a diferentes altitudes (P1 a P3) em Mata Atlântica montana no PARNA Serra dos Órgãos,
Teresópolis.
Espécie
Abundância
P1
P2
P3
Total por
Espécie
(960 m)
(1050 m)
(1200 m)
Eufriesea violacea
1
0
0
1
Euglossa annectans
70
14
2
86
Euglossa cordata
5
8
0
13
Euglossa ignita
0
1
0
1
Euglossa securigera
1
0
0
1
Eulaema cingulata
3
4
0
7
Eulaema nigrita
1
0
0
1
Abundância
81
27
2
110
Riqueza
6
4
1
Tabela 2: Espécies de Orchidaceae com flores de perfume, potencialmente polinizadas por machos de
abelhas Euglossini, registradas no município de Teresópolis e com registros para áreas no PARNA
Serra dos Órgãos entre 900 e 1500m.
Orquídeas de Odor (Teresópolis)
Bifrenaria atropurpurea Lindl.
PARNASO (900 - 1500m)
X
Bifrenaria racemosa (Hook.) Lindl.
Bifrenaria stefanae V.P.Castro
X
Cirrhaea fuscolutea Lindl.
X
Cirrhaea loddigesii Lindl.
Dichaea cogniauxiana Schltr.
X
Dichaea pendula (Aubl.) Cogn.
X
Dichaea trulla Rchb.f.
Encyclia cyperifolia (C.Schweinf.) Carnevali & I.Ramírez
X
Encyclia patens Hook. var. patens
Eulophia alta (L.) Fawc. & Rendle
Notylia lyrata S.Moore
Promenaea stapelioides (Link & Otto) Lindl.
X
Promenaea xanthina Lindl.
X
Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins
X
Scuticaria hadwenii (Lindl.) Planch.
Warrea warreana (Lodd. ex Lindl.) C.Schweinf.
X
Zygopetalum pedicellatum (Thunb.) Garay
X
11
CRESCIMENTO INICIAL DE TRÊS ESPÉCIES DA FORMAÇÃO ARBUSTIVA ABERTA
DA RESTINGA EM RESPOSTA A FERTILIZAÇÃO DO SOLO
Bruno Damasceno Cordeiro; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação –
03/2012; previsão de conclusão do curso – 03/2015; ingresso no PIBIC: março/2013; orientador:
Antônio Carlos Silva de Andrade.
INTRODUÇÃO
As restingas são comunidades vegetais encontradas na planície litorânea arenosa quaternária e ocupam
mais de 80% da costa brasileira (MONTEZUMA & ARAUJO, 2007). Além de ser ambiente
naturalmente frágil devido à alta salinidade em solos oligotróficos e sob forte incidência de luz e
ventos, as restingas encontram-se muito devastadas pela ação antrópica, apresentando perdas
consideráveis da vegetação nativa (ROCHA et al. 2007). Tal situação reduz a capacidade de
regeneração natural nas restingas e exige a intervenção humana para acelerar esse processo. A
recuperação de áreas degradadas (RAD) pode ser feita com o plantio de mudas de espécies nativas
adaptadas às condições do local (KAGEYAMA; GANDARA, 2004), mas seu sucesso é prejudicado
pela falta de informações sobre suas exigências nutricionais, principalmente nas fases de produção de
mudas e estabelecimento no campo (GONÇALVES et al., 2012). Neste caso, a fertilização do solo é
uma das principais medidas para o sucesso na RAD, especialmente em locais onde os solos são pobres
em nutrientes e matéria orgânica, como é o caso das restingas (REINERT et al., 1997).
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi o de avaliar se o crescimento de plantas jovens de três espécies típicas da
restinga é favorecido pela fertilização do solo com adubo líquido.
MÉTODOS
Frutos maduros de Clusia fluminensis, Erythroxylum ovalifolium e Maythenus obtusifolia foram
coletados na restinga de Massambaba (Arraial do Cabo-RJ). As sementes das espécies (n=200) foram
colocadas para germinar em vermiculita úmida e temperatura de 30°C. As 100 maiores plântulas
foram transplantadas para tubetes (500 mL) preenchidos com areia de restinga e foram mantidas sob
50% de sombreamento e irrigação (3 X semana). 30 dias após o transplante foi feita a primeira
retirada (T=0 dias; n=12 plântulas). Em seguida, 48 plântulas de cada espécie foram divididas em dois
tratamentos: (a) metade delas foi regada apenas com água e (b) a outra metade foi regada uma vez por
semana com fertilizante NPK 10-10-10 (1 mL fertilizante/200mL água). Ambos os tratamentos foram
regados com 15 mL água, três vezes por semana. Após 60 dias, amostras de solo dos tubetes foram
coletadas para análise química do pH e macronutrientes (EMBRAPA, 1997). Amostras das plantas
aos 30 e 60 dias foram tomadas para as variáveis: altura (cm), diâmetro do colo (mm), nº folhas e área
foliar (cm2). Folhas, caule e raízes foram usados (70ºC/48 h) para determinação da massa seca. As
seguintes variáveis secundárias foram calculadas: razão de massa foliar, razão de massa caulinar,
razão de massa radicular, razão de área foliar, área foliar específica e comprimento específico do
caule. Os dados foram submetidos às análises estatísticas para comparação dos tratamentos entre
períodos de amostragem (teste t; 5%).
RESULTADOS
Os valores de pH e nutrientes apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos de solo “não
fertilizado” e “fertilizado”. Entretanto, as variáveis primárias indicaram que as plantas jovens das três
espécies não cresceram com aplicação do fertilizante. Diferenças estatísticas entre os tratamentos “não
fertilizado” e “fertilizado” foram observadas apenas aos 60 dias de avaliação, para a massa seca total
em C. hilariana e diâmetro do colo e número de folhas em E. ovalifolium, onde o tratamento “não
fertilizado” foi significativamente superior ao “fertilizado”. Não foram observadas diferenças
estatísticas nas variáveis de M. obtusifolia, exceto para a razão de área foliar (60 dias). Além disso, o
tratamento “fertilizado” causou 100% de mortalidade de plantas de E. ovalifolium, após 45 dias de
estudo.
12
DISCUSSÃO
As análises do solo das amostras coletadas na Massambaba confirmam a oligotrofia típica dos solos
de restinga (Montezuma & Araujo, 2007). A ausência de resposta (em C. hilariana e M. obtusifolia)
ou até mesmo o efeito negativo (100% mortalidade; E. ovalifolium) provocado pela adição de
macronutrientes sugerem que estas espécies estejam adaptadas ao baixo nível de nutrientes nos solos
da restinga. É possível que a adubação líquida, mesmo com pequenas doses sob solos arenosos e que
apresentam baixa capacidade de retenção de nutrientes, possa ter causado a fitotoxidez das plantas. A
fertilização de substratos reconhecidamente promove o crescimento das espécies nativas
(GONÇALVES et al., 2000). Entretanto, é necessário estudar tipos e doses apropriados para
maximizar o crescimento das mudas e promover a sua produção econômica, visto que desbalanços
nutricionais podem prejudicar o crescimento (BERNARDI et al., 2000), conforme observado neste
estudo.
CONCLUSÃO
A fertilização do solo prejudicou o crescimento das plantas jovens das três espécies selecionadas da
restinga.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMBRAPA. 1997. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. 2.
ed. rev. atual. Rio de Janeiro, 212p.
GONÇALVES, E.O. 2012. Nutrição de mudas de angico-vermelho submetidas a doses de N, P, K, Ca
E Mg. Revista Árvore, v.36, n.2, p. 219-228.
GONÇALVES, J.L.M.; SANTARELLI, E.G.; MORAES NETO, S.P.; MANARA, M.P. 2000.
Produção de mudas de espécies nativas: substrato, nutrição, sombreamento e fertilização. In:
Gonçalves, J.L.M.; Benedetti, V. (Eds.) Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, p.309-350.
KAGEYAMA, P.Y.; GANDARA, F.B. 2004. Recuperação de áreas ciliares. In: RODRIGUES, R. R.;
LEITÃO FILHO, H. F. (Eds.). Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo:
EDUSP/FAPESP. p.249-269.
MONTEZUMA, RCM; ARAUJO DSD. 2007. Estrutura da vegetação de uma restinga arbustiva
inundável no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, Rio de Janeiro. Pesquisa botânica 58: 157176.
REINERT, F.; ROBERTS, A.; WILSON, J.M.; de Ribas, L.; Cardinot, G., Griffith, H. 1997.
Gradation in nutrient composition and photosynthetic pathway across the restinga vegetation of
Brazil. Acta Botânica. 110: 135-142.
ROCHA, C.F.D.; BERGALLO, H.G.; VAN SLUYS, M.; ALVES, M.S.; JAMEL, C.E. 2007. The
remnants of restinga habitats in the Brazilian Atlantic Forest of Rio de Janeiro state, Brazil: habitat
loss and risk of disappearance. Brazilian Journal of Biology 67:263–73.
13
14
0,00
0,03
0,06
0,09
0
3
6
9
0
2
4
6
8
0,00
0,05
0,10
0,15
0
2
4
6
0
0
0
0
0
0
Dias
30
30
30
Dias
30
30
30
60
60
60
60
*
60
60
2
0
20
40
60
80
100
120
140
0
2
4
6
8
0,0
0,5
1,0
1,5
0
30
60
90
120
150
180
0
2
4
6
8
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0
0
0
0
0
0
Dias
30
30
30
Dias
30
30
30
60
*
60
60
60
60
60
0
100
200
300
0
200
400
600
800
1000
1200
0
50
100
150
200
0
200
400
600
0
0
0
0
c
Dias
30
30
Dias
30
30
a
60
60
60
60
Altura (cm)
0
2
4
6
8
0
1
2
3
4
5
6
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
No folhas
3,0
Dias
30
30
*
30
60
60
60
0
30
60
90
120
150
180
0
1
2
3
4
5
0,0
0,5
1,0
1,5
0
0
0
Dias
30
30
30
*
60
60
60
0
100
200
300
400
0
200
400
600
800
1000
1200
0
0
Dias
30
30
b
60
60
Figura 1. Valores (média desvio padrão) de altura (cm), diâmetro
do colo (mm), comprimento específico do caule, número de folhas,
área foliar (cm2), área foliar específica (cm2 g-1), massa seca total
(g) e razão de área foliar (cm2 g-1) em plantas jovens de Clusia
hilariana (a), Erythroxylum ovalifolium (b) e Maytenus obtusifolia
(c) submetidas aos tratamentos sem fertilização () e com
fertilização (). Valores seguidos de asterisco dentro de cada
período apresentam diferenças estatísticas pelo teste t (P<0,05).
0
0
0
2
Area foliar (cm )
Altura (cm)
8
2
No folhas
Altura (cm)
No folhas
Area foliar (cm )
2
Area foliar (cm )
Massa seca total (g)
Massa seca total (g)
Diâmetro colo (mm)
-1
Razao area foliar (cm g )
2
-1
2
-1
2
Diâmetro colo (mm)
-1
Razao area foliar (cm g )
2
-1
2
Comp. Espec. Caule
Area Fol. Espec. (cm g )
Comp. Espec. Caule
Area Fol. Espec. (cm g )
Diâmetro colo (mm)
-1
Razao area foliar (cm g )
Comp. Espec. Caule
Area Fol. Espec. (cm g )
Massa seca total (g)
FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: PARQUE
ESTADUAL DOS TRÊS PICOS (PETP)
Caio Baez Gomes; Graduação em Ciências Biológicas, PUC-RJ; ingresso na graduação – 01/2011;
previsão de conclusão do curso – 07/2015; ingresso no PIBIC: Agosto/2013; orientador: Gustavo
Martinelli.
INTRODUÇÃO
O Parque Estadual dos Três Picos é o maior parque estadual do Rio de Janeiro, localizado num dos
mais expressivos fragmentos da Mata Atlântica no centro do estado. O parque criado em 2002 abrange
uma superfície de 46.350 ha, tornando-se a maior Unidade de Conservação da Natureza de Proteção
Integral Estadual do Rio de Janeiro. O PETP forma um contínuo florestal com o Parque Nacional da
Serra dos Órgãos e com a Estação Ecológica Estadual do Paraíso, propiciando um importante refúgio
para inúmeras espécies da fauna e da flora fluminenses. Além disso, a sua variação altitudinal é de
aproximadamente 2.200 m, onde o ponto mais baixo está a 100 m acima do nível do mar, diferindo
significativamente dos 2.316 m do Pico Maior que é o ponto mais alto do parque assim como de toda
a cadeia montanhosa da Serra do Mar. Essa variação na elevação do relevo contribui para que esse
trecho de Mata Atlântica seja apontado como o local de maior índice de biodiversidade do estado do
Rio de Janeiro.
Essa enorme diversidade de ambientes contribui para diferentes formações vegetacionais, como a
floresta ombrófila densa baixo montana, as matas nebulares e o alvo do estudo que estamos
desenvolvendo, os campos de altitude.
Uma característica importante dos campos de altitude são seus elevados índices de espécies nativas e
endêmicas. Este alto grau de endemismo pode ser explicado pelo isolamento deste tipo de formação
vegetacional, geralmente rodeado por florestas montanas e alto-montanas e presente apenas no topo de
montanhas, formando assim “ilhas” de campos de altitude (Porembski et al.,1998; Ribeiro, 2002) que
mantiveram populações isoladas favorecendo o processo de especiação.
A fisionomia da vegetação mais freqüentemente encontrada nos platôs dos campos de altitude é
composta de mosaicos de arbustos e arvoretas, inseridos em uma matriz de touceiras de gramíneas,
com pteridófitas e outras ervas dispostas espaçadamente, além de extensões variáveis de afloramentos
rochosos (Caiafa & Silva, 2007; Safford 1999; Safford & Martinelli 2000).
Este projeto é de extrema importância para a caracterização da biodiversidade dos campos de altitude
da região sudeste, uma vez que as áreas que estão sendo amostradas contém pouco ou nenhum estudo
prévio, tornando expedições a campo de fundamental importância para a descrição da região estudada.
OBJETIVOS
Este projeto tem como principal objetivo identificar as áreas de campos de altitude ocorrentes dentro
do PETP e gerar uma lista das espécies ocorrentes neste tipo de habitat. A partir desse levantamento
florístico, será possível caracterizar as espécies ameaçadas de extinção presentes da unidade de
conservação, principalmente as endêmicas e seus respectivos graus de endemismo, além de conduzir
análises de similaridade entre as áreas.
MATERIAIS E MÉTODOS
A lista de espécies dos campos de altitude do parque será composta pelas informações da flora da
região encontradas na literatura disponível e na consulta de banco de dados, assim como da análise
das amostras obtidas em campo.
As áreas a serem amostradas foram selecionadas através de mapas de relevo obtidos no site da
EMBRAPA e de características sobre a área descritas na literatura disponível. A altitude mínima
definida para a seleção das áreas de campos de altitude foi de 1500 m acima do nível do mar.
Até o momento duas expedições a campo já foram realizadas, nas quais 5 áreas das 11 selecionadas
foram amostradas.A primeira saída a campo aconteceu no mês de março de 2014 e as localidades
amostradas foram o Vale dos Deuses, morro Cabeça de Dragão (Fig. 1), morro Caixa de Fósforos
(Fig. 2) e uma área de campos de altitude próxima a trilha do Pico Menor.
15
A segunda expedição a campo ocorreu no mês de abril de 2014, na qual foram amostradas as áreas do
Pico da Caledônia e o cume do Pico Menor (Fig.3). Todo o material coletado, seja na primeira ou na
segunda expedição, estava em estado fértil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Devido a dificuldade de acesso aos cumes das montanhas da Serra do Mar e da Mantiqueira, muitos
locais ainda se encontram bastante preservados de ações antrópicas, mas ao mesmo tempo com poucas
pesquisas sobre a fauna e a flora ocorrentes nessa região. O local mais bem amostrado e que
apresentou uma maior lista de espécies disponível na literatura foi o Pico da Caledônia, com 36
famílias descritas. Mesmo com o material coletado nesta localidade ainda estando em processo de
descrição, 6 novas famílias já foram identificadas ocorrendo no local, são elas: Apiaceae, Clethraceae,
Escalloniaceae, Lamiaceae, Orobanchaceae e Plantaginaceae. Isso mostra o quanto os campos de
altitude das localidades sugeridas neste trabalho precisam ser melhor estudados.
A lista de
CONCLUSÃO
O projeto “Flora dos Campos de Altitude do Estado do Rio de Janeiro: Parque Estadual dos Três
Picos” servirá para aumentar o conhecimento acerca dos campos de altitude do sudeste brasileiro e
principalmente do próprio parque, sendo este tipo vegetacional, como já mencionado anteriormente de
extrema importância para a preservação de espécies endêmicas e nativas.
Nos próximos meses serão feitas outras expedições a campo com o intuito de amostrar as áreas que
ainda não foram contempladas, como os morros Mulher de Pedra, Morro dos Cabritos, Pedra D’Anta,
Dois Bicos, Pedra do Elefante e Torres de Bonsucesso. Algumas delas ainda são pouco exploradas por
turistas, o que contribuirá para a análise do estado de conservação dessas áreas.
A partir dos dados obtidos nas expedições a campo e na literatura, será possível gerar uma lista de
espécies dos campos de altitude do parque, que servirá para auxiliar nas tomadas de decisões e planos
de manejo da unidade de conservação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CAIAFA, A.N. & SILVA, A.F. 2007. Structural analysis of the vegetation on a highland granitic rock
outcrop in southeast Brazil. Revista Brasileira de Botânica 30:657-664
POREMBSKI, S.; MARTINELLI, G.; OHLEMÜLLER, R. & BARTHLOTT, W. 1998. Diversity and
ecology of saxicolous vegetation mats on inselbergs in the Brazilian Atlantic rainforest. Divertsity and
Distributions. 4:107-119.
RIBEIRO, K.T. 2002. Estrutura, dinâmica e biogeografia de ilhas de vegetação rupícola do Planalto
do Itatiaia, RJ. Tese de Doutorado. Curso de Pós-graduação em Ecologia, Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ.
SAFFORD, H.D. 1999. Brazilian paramos: Introduction on the physical environmentand vegetation of
the campos de altitude. Journal of Biogeography. 26:693-712.
SAFFORD, H.D. & MARTINELLI, G. 2000. Southeast Brazil. In: Inselbergs – Biotic Diversity of
Isolated Rock Outcrops in Tropical and Temerate Regions (S. Porembski & W. Barthlott – eds.).
Springer-Verlag, Ecological Studies. 146:339-389.
16
Fig. 1. Morro Cabeça de Dragão (2000 m de altitude)
altitude)
Fig. 2. Morro Caixa Fósforos (1700 m de
Fig. 3. Cume do Pico Menor (2315 m de altitude)
17
MORFO-FISIOLOGIA DAS RAIZES AÉREAS DA ARACEA LIANESCENTE
RHODOSPATHA OBLONGATA Poeppig
Camila Pereira da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UCL; Ingresso na graduação – 01/2007;
Previsão de conclusão – 06/2014; Ingresso no PIBIC: Agosto/2013; Orientador: Andre Mantovani.
INTRODUÇÃO
A família Araceae é representada por 105 gêneros com aproximadamente 3305 espécies (Boyce &
Croat 2012) que ocupam hábitos distintos, do aquático submerso ao epifítico (Lorenzo et al. 2009). O
gênero Rhodospatha possui 75 espécies de hábito lianescente (Filartiga et al. 2014), onde indivíduos
jovens crescem sobre o solo em busca de suporte, e ao encontrá-lo, ascendem verticalmente. Neste
caminho, nunca perdem o contato com o solo da floresta, feito via raízes aéreas. Durante esta ascensão
na floresta, as condições ambientais são caracterizadas pelo aumento da temperatura do ar e da luz,
com concomitante aumento da demanda evaporativa, em comparação ao solo (Mantovani, 1999).
Rhodospatha oblongata é uma arácea lianescente com crescimento alomórfico (Ray, 1992), isto é,
enquanto o indivíduo jovem cresce sobre o solo dotado de raízes terrestres, caule fino e folhas
pequenas, o indivíduo adulto cresce em direção a copa apresentando raízes aéreas, caule espesso e
folhas progressivamente maiores. Dois tipos de raízes aéreas são produzidos: escora, cuja função
preponderante é de aderência ao forófito; e alimentadora, que atua majoritariamente no transporte de
água e nutrientes vindos do solo (Filartiga et al. 2014). As raízes alimentadoras possuem quatro
estágios de desenvolvimento que são caracterizados por variação pictórica: vermelho, marrom, tigrada
e verde, respectivamente da fase mais jovem a fase madura (Figura 1). O morfotipo vermelho
constitui a porção inicial do desenvolvimento da raiz, provavelmente pelo alto conteúdo de
carotenoides na epiderme. O morfotipo marrom se destaca pela formação de exoderme, que constitui a
camada mais externa do córtex nesta fase. Já o morfotipo “raiz tigrada” possui essa descrição devido à
perda da exoderme mais externa, criando um aspecto de descascado. Finalmente o morfotipo verde
aparece após a raiz produzir nova exoderme, com alta concentração de clorofilas no córtex, exibindo
assim o tom esverdeado.
OBJETIVO
O presente estudo teve como objetivo analisar os quatro estágios de desenvolvimento de raízes
alimentadoras de R. oblongata. Considerando que a maturidade dessas raízes é alcançada quando
adquirem coloração verde, devido à alta produção de clorofila, levanta-se aqui a hipótese de uma
potencial capacidade fotoquímica das raízes aéreas.
MATERIAL E MÉTODOS
Para os diferentes morfotipos radiculares de R. oblongata foram quantificados: 1) Suculência e
biomassa seca através da relação peso seco (PS) e peso hidratado (PH), aplicando-se a fórmula ((PHPS)/PH) (Mantovani 1999); 2) Avaliação da atividade fotoquímica por fluorometria de luz modulada
(Mini-PAM da Walz) via curvas de luz (ajustadas por regressão não-linear) onde são relacionados o
parâmetro de Genty (Y=ΔF/Fm’) e a taxa de transporte de elétrons contra níveis crescentes de RFA
(radiação fotossinteticamente ativa), tanto em condições naturais (“light adapted”) quanto previamente
adaptadas ao escuro (“dark adapted”); 3) Teor de clorofila e carotenoides, através de
espectrofotometria utilizando fórmula de Lichtenthaler &Wellburn (1983).
RESULTADOS
Os valores de suculência e peso seco (g/g de material hidratado) variam nos quatro estágios de
desenvolvimento radicular: enquanto ocorre aumento de biomassa seca, a quantidade de água diminui
dos morfotipos vermelho ao verde. Nos testes realizados com fluorometria, os valores de rendimento
inicial foram maiores nas raízes verdes (Yield a = 0.64±0.04) em comparação com as demais (Tabela
1). Já a taxa máxima de transporte de elétrons foi menor nas raízes vermelhas (1.75±0.58 µmoles m-2s1
) em comparação com as demais (média entre 10 a 12 µmoles m-2s-1), bem como os valores de RFA
onde as mesmas foram obtidas. Já os valores de extinção da fluorescência via dissipação termal (NPQ,
18
“non-photochemical quenching”), obtidos no modo “dark-adapted” foram maiores nas raízes verdes.
As secções transversais dos morfotipos evidenciaram presença de cloroplastos, com diferença
quantitativa de clorofila em cada estágio. O morfotipo verde possui os maiores valores médios de
clorofila a, b e razão clorofila a/b, respectivamente 94,32 e 59,84 µg/g e 7,65. Os valores médios de
carotenoides (16,19 µg/g) bem como a média da razão clorofila total/carotenoides (3,47) também
foram mais altos nas raízes verdes em comparação com os outros morfotipos. A intensidade dos sinais
de fluorescência basal e máxima variou entre os morfotipos radiculares, sendo proporcionais aos
respectivos teores de clorofila, ocorrendo o mesmo entre a intensidade de NPQ e a quantidade total de
carotenóides.
DISCUSSÃO
O aumento do peso seco pode estar relacionado à lignificação dos tecidos do estelo na fase matura,
levando a queda da suculência. Essa lignificação pode tem importância para o desenvolvimento da
pressão de raiz, que em R. oblongata chega a 50 KPa. Maiores valores de taxa de transporte de
elétrons (até 20 µmoles m2 s-1) nas raízes verdes se aproximam aos valores obtidos em folhas de
indivíduos terrestres da mesma espécie. Isto indica que ambas as estruturas são aparentemente
semelhantes em termos fotoquímicos. O maior teor de clorofila a é encontrado nas raízes verdes e
indica que nelas possivelmente existem mais centros de reação do PSII. O fato de apresentarem maior
teor de carotenoides e maiores valores máximos de NPQ sugere estar o morfotipo verde mais
protegido contra o excesso de luz do que os demais morfotipos (Filartiga et al. 2014).
CONCLUSÃO
É provável que tanto as modificações fisiológicas (aumento da fotoquímica, da capacidade de
proteção contra fotoinibição via NPQ, aumento da clorofila a) quanto às anatômicas (desenvolvimento
de duas exodermes), representem estratégias contra estresse luminoso e hídrico em ambiente
atmosférico. Devido ao aparente elevado investimento de carbono (intensa lignificação do estelo,
fibras no córtex e exodermes) nas raízes, é possível que a atividade fotoquímica aqui evidenciada seja
um indicador de fixação de carbono por fotossíntese. Isto ajudaria a reduzir os custos de produção e
manutenção destas raízes. Outra possibilidade está ligada a produção de oxigênio pela fotólise, o que
diminuiria o estresse potencial por hipoxia dos tecidos, ajudando por sua vez na manutenção da
respiração. Tais estratégias morfo-fisiológicas das raízes aéreas são importantes para manutenção do
contato das aráceas lianescentes com o solo da floresta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOYCE, P.C. & CROAT, T. B. 2012. The Überlist of Araceae, totals for published and estimated
number of species in aroid genera. Available online at:
http://www.aroid.org/genera/120110uberlist.pdf
FILARTIGA, AL.; VIEIRA, R.C. & MANTOVANI, A. 2014. Size-correlated morphophysiology of
the aroid vine Rhodospatha oblongata along a vertical gradient in a Brazilian rainforest. Plant Biology
16: 155-165.
LICHTENTHALER, H.K. AND A. R. WELLBURN. 1983. Determinations of total carotenoids and
chlorophylls a and b of leaf extracts in different solvents. Biochemical Society Transactions 603: 591592.
LORENZO, L., MANTUANO, D. G. & MANTOVANI, A. 2009. Comparative leaf ecophysiology
and anatomy of seedlings, young and adult individuals of the epiphytic aroid Anthurium scandens
(Aubl.) Engl. Environmental and Experimental Botany 68:314-322.
MANTOVANI A. 1999. Leaf morpho-physiology and distribution of epiphytic aroids along a vertical
gradient in a brazilian Rain Forest. Selbyana 20(2):241-249.
RAY, T. S. 1992. Foraging behavior in tropical herbaceous climbers (Araceae). Journal of Ecology
80:189-203.
19
Tabela 1. Parâmetros utilizados a fim de avaliar potencial fotoquímico dos quatro morfotipos de raízes
alimentadoras de R. oblongata. Siglas são Ft (fluorescência basal em condição adaptada a luz), Fm´
(fluorescência máxima em condição adaptada a luz), “Yield fotoquímico” (ΔF/Fm´), taxas máximas
de transporte de elétrons (ETR Max) e de extinção não fotoquímica (NPQ) da fluorescência (com
respectivos níveis de radiação fotossinteticamente ativa (RFA)), além dos coeficientes de regressão
(Yield a, Yield b) entre “Yield fotoquímico” e RFA.
Ft
Fm´
F/Fm´
ETR
max
RFA
ETRmax
Yield
a
Yield
b
NPQ
max
RFA
NPQmax
Verde
377±
92.88
1242.33±3
31.71
0.69±
0.025
10.69±
4.45
372.76±
184.52
0.64±
0.04
0.99±
0.005
0.56±
0.28
532±
79.53
Tigrad
a
Marro
m
Vermel
ha
266±
138.68
110.5±
70.38
213.5±
50.01
791.83±
393.41
329.83±
279.33
366.16±
78.53
0.66±
0.03
0.62±
0.09
0.41±
0.03
11.05±
4.33
12.95±
5.83
1.75±
0.58
359.38±
175.15
387.65±
157.77
73.42±
23.51
0.60±
0.02
0.55±
0.06
0.40±
0.04
0.99±
0.003
0.99±
0.004
0.97±
0.010
0.30±
0.18
0.21±
0.09
0.10±
0.03
461.5±
172.86
471.50±
159.29
317±
145.84
Folhas
482.83±
58.25
2006.67±1
31.99
0.75±
0.01
24.11±
4.32
520.33±
23.91
0.69±
0.02
0.99±
0.01
1.07±
0.29
1211.67±1
66.18
Figura 1. R. oblongata na Reserva Botânica das Águas Claras, Silva Jardim, RJ. (A) R. oblongata em
crescimento no alto da copa, setas indicam raízes aéreas alimentadora e escora. (B) Raízes aéreas
alimentadoras com os morfotipos vermelha, marrom, tigrada e verde (em destaque, setas mostrando
ápice vermelho com mucilagem). Note parte superior da raiz tigrada, onde o descamado foi retirado
manualmente, evidenciando a cor verde. Compare com o morfotipo verde ao lado.
20
LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES DE BRIÓFITAS NA ÁREA URBANA DO CENTRO DA
CIDADE DE PETRÓPOLIS, RIO DE JANEIRO, BRASIL
Felipe Juliani de Souza Christo; Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estácio de Sá;
ingresso na graduação – 01/2011; previsão de conclusão do curso – 12/2014; ingresso no PIBIC:
outubro/2013; orientador: Denise Pinheiro da Costa.
INTRODUÇÃO
As briófitas são plantas pequenas e avasculares, representadas por três linhagens: antóceros, hepáticas
e musgos. São organismos pioneiros ocorrendo em áreas urbanas em árvores e muros, calçadas,
telhados, etc. Algumas espécies de briófitas ocorrem com mais frequência em áreas urbanas do que
em áreas naturais (Schofield 1995). Existem no Brasil oito trabalhos com briófitas de áreas urbanas,
sendo o de Costa & Molinaro (2001) o único para o bioma Mata Atlântica. A cidade de Petrópolis
situa-se no Rio de Janeiro (Serra do Mar), ca. 845 m, com Floresta Ombrófila Densa, chuvas
frequentes que mantem a alta umidade e evitam secas (Secretaria de Ciência e Tecnologia 2012).
Costa et al. (2005) no checklist do estado do Rio de Janeiro, citam para Petrópolis 158 espécies de
briófitas, entretanto não existem publicações com a brioflora da cidade de Petrópolis.
OBJETIVOS
O estudo tem como objetivo responder as questões: 1) Quantas espécies ocorrem na área urbana de
Petrópolis?; 2) Quais as principais famílias?; 3) Qual o padrão de distribuição geográfica das
espécies?; 4) Quais as formas de vida das espécies?
MATERIAL E MÉTODOS
Áreas estudadas e coleta do material - Foram ruas e praças do centro de Petrópolis e as amostras
coletadas nos barrancos, solo, muros e troncos de árvores até 2 m de altura.
Identificação do material - Realizada com base nos trabalhos publicados e por comparação com
material depositado no herbário RB.
Distribuição geográfica - Analisada a distribuição dos táxons no Brasil (baseado na Lista de Espécies
da Flora do Brasil - Costa, 2014) e no mundo (baseado na literatura).
Variação altitudinal - Realizada com base nos dados disponíveis na literatura.
Tipos de substrato - A nomenclatura adotada seguiu Robbins (1952).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Riqueza - No total foram encontradas 28 espécies de briófitas, em 23 gêneros e 19 famílias, sendo 15
espécies de hepáticas (12 gêneros e 10 famílias) e 13 de musgos (11 gêneros e 9 famílias). O número
de espécies e de famílias é semelhante a maioria dos trabalhos de áreas urbanas do país, diferindo de
Costa & Molinaro (2001) que têm a influência do PARNA-Tijuca, uma área de floresta contínua; e de
Yano & Câmara (2004) porque o esforço de coleta foi maior. Dezesseis espécies (57%) não foram
encontradas nos outros trabalhos, possivelmente porque Petrópolis está a ca. 800 m, apresenta Floresta
Atlântica Montana, e inclui barranco um microhabitat com espécies de hepáticas talosas e folhosas
típicas deste. Sete espécies (25%) foram encontradas em pelo menos um trabalho e cinco (17%) em
três ou mais, todas de áreas urbanas.
Composição florística - As famílias de hepáticas mais representativas foram: Lejeuneaceae;
Frullaniaceae e Lophocoleaceae que juntas totalizam 41% dos gêneros e 53% das espécies; e para os
musgos: Brachytheciaceae; Cryphaeaceae e Sematophyllaceae que juntas totalizam 45% dos gêneros
e 53% das espécies. Estas famílias concentram 43% dos gêneros e 53% das espécies estudadas. Cerca
de 90% das briófitas das florestas tropicais estão em 15 famílias, e dentre estas foram encontradas
quatro (2 de hepáticas e 2 de musgos). Dentre as 28 espécies encontradas, quatro (14%) são novas
ocorrências para o estado do Rio de Janeiro e Lejeunea huctumalcensis Lindenb. & Gottsche e
Cryphaea filiformis (Hedw.) Brid. não eram conhecidas para o SE do Brasil, tendo aqui o limite
altitudinal ampliado e ocorrência na formação vegetal (até 845 m para Floresta Montana).
21
Substrato - As espécies colonizaram três tipos de substratos, predominando o terrícola (17 espécies 60%), seguido do rupícola(9 spp. - 32%) e corticícola (6 spp. - 21%). O alto número de espécies
terrícolas ocorre devido a presença do barranco onde ocorrem espécies de hepáticas talosas e folhosas
típicas deste ambiente.
Padrões de distribuição - Foram caracterizados sete padrões, predominando o Neotropical (12
espécies - 42%), seguido do Pantropical e América Tropical/África, (5 spp. cada - 17%). Os resultados
são similares aos de Costa & Molinaro (2001) o único trabalho que analisou padrões de distribuição.
Em relação a distribuição dos táxons no Brasil, predominam espécies com ampla distribuição (20
táxons - 71%), seguidas daquelas com distribuição no SE/S (quatro espécies - 14%), sendo estes
resultados similares aos encontrados em outros trabalhos em áreas urbanas para o país.
CONCLUSÕES
O diferencial deste trabalho em relação aos outros realizados em áreas urbanas no país, foi a presença
do microhabitat barranco, que é um ambiente propício para espécies de hepáticas talosas e folhosas
pouco comuns em áreas urbanas. Foram encontradas quatro novas ocorrências para o Rio de Janeiro,
sendo duas não citadas para o SE do Brasil e tiveram seus limites ampliados, porque eram conhecidas
para Florestas de Terras Baixas e Submontana. Em relação aos padrões predominou o padrão
Neotropical resultado similar aos encontrados em inventários floristícos realizados no Brasil,
principalmente no bioma Mata Atlântica. A área está inserida no bioma Mata Atlântica, com ca. 845
m (Floresta Montana), o que possibilitou encontrar espécies não citadas em outros trabalhos, porque
estes foram realizados nos biomas Cerrado e Amazônia. Até o presente momento foi analisada a
brioflora de apenas uma das localidades de estudo, e embora os resultados encontrados sejam
similares aos de outros trabalhos de áreas urbanas no país, estes apresentam novidades em termos de
ocorrência de espécies. Até o final deste ano serão analisadas as outras localidades, bem como as
formas de vida. Este projeto representa a monografia de conclusão do curso de Ciências Biológicas da
Universidade Estácio de Sá, campus Petrópolis, que será apresentada em dezembro de 2014.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, D.P. 2014. Briófitas. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de
Janeiro (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB128472).
COSTA, D.P. & MOLINARO, L.C. 2001. Briófitas do Arboreto do Jardim Botânico, RJ, Brasil.
Rodriguésia 52: 107-124.
COSTA, D.P., IMBASSAHY, C.A.A. & SILVA, V.P.A.V. 2005. Diversidade e importância das
espécies de briófitas na conservação do ecossintema do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia
56: 13-49.
ROBBINS, R.G. 1952. Bryophyte ecology of a dune area in New Zealand. Vegetatio, Acta
Geobotanica 4: 1-31.
SCHOFIELD, W.B. 1985. Ecology. In: Schofield, W.B. Introduction to Bryology. Editora Blackburn
Press, USA.
SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. 2012. Guia do investidor. Prefeitura Municipal de
Petrópolis (http://www.petropolis.rj.gov.br, acessado em novembro de 2013).
YANO, O. & CÂMARA, P.E. 2004. Briófitas de Manaus, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica 34:
445-457.
22
APRIMORAMENTO DO CULTIVO IN VITRO DE CANISTROCARPUS CERVICORNIS
Íris Lourenço de Menezes; Graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura), UNESA; ingresso na
graduação – 08/2012; previsão de conclusão do curso – 07/2014; ingresso no PIBIC: agosto/2012;
orientador: Renata Perpetuo Reis.
INTRODUÇÃO
A algicultura é uma aquicultura em ascensão como meio suprir a demanda mundial por algas (FAO
2014). A tecnologia de cultivo dependerá do tipo de crescimento da alga, que pode ser clonal ou
unitário. O cultivo de algas clonais é por fragmentação do talo que é um método de cultivo simples e
barato, enquanto que o cultivo de espécies unitárias, que são cultivos mais elaborados e onerosos,
deve ter em uma de suas etapas o uso de esporos (Santelices 2001). Desta forma, como primeira etapa
o tipo de crescimento da espécie deve ser identificado e posteriormente suas características
fisiológicas de adaptação ao ambiente de cultivo. Devido as propriedades antivirais e anticoagulantes
de Canistrocarpus cervicornis (Kützing) De Paula & De Clerck (Vallim et al. 2010), em 2012,
Menezes (2013) iniciou estudos sobre a viabilidade do cultivo desta espécie. A partir desse estudo,
foram levantadas as seguintes hipóteses: C. cervicornis é uma espécie unitária; a irradiância interfere
na esporulação e no crescimento; talos coletados férteis serão eficientes para induzir a esporulação e
plântulas coletadas nos talos poderão ser utilizadas para obtenção de biomassa e não existe biomassa
suficiente para uma explotação sustentável.
OBJETIVOS
O objetivo geral foi o de estabelecer uma técnica de cultivo para C. cervicornis. Para atingir este
objetivo foram usados os seguintes objetivos específicos: identificar o tipo de crescimento da espécie;
avaliar a interferência da irradiância na esporulação e no crescimento; verificar a viabilidade da
produção de biomassa a partir do uso de plântulas, averiguar se o estado fértil interfere na esporulação
e o potencial de uso de uma população.
MATERIAL E METODOS
Os espécimes foram coletados em Paraty Mirim (RJ), em três períodos e aclimados por 21 dias em
condições ambientais controladas de temperatura (24±1°C), irradiância (30±10 mol.fótons.m-2.s-1) e
fotoperíodo (12 horas). Para averiguar se as algas são clonais foi verificado o crescimento de porções
apicais (2 cm) cultivadas em cinco Erlenmeyer (250 ml). A interferência da irradiação na esporulação
e no crescimento foi verificada em dois tratamentos: baixa irradiância (TBI, 30 ± 10 mol.fótons.m2 -1
.s ) e alta irradiância (TAI, 60 ± 10 mol.fótons.m-2.s-1) e seu crescimento em 15 e 30 dias. A
viabilidade da produção de biomassa a partir do uso de plântulas geradas in vitro foi quantificada pelo
no. de plântulas no talo e seu crescimento após 30 dias. Após 15 dias, foi verificado o crescimento de
10 plântulas (2cm), crescidas nos talos, em Erlenmeyer (n=5). O crescimento dos talos e das plântulas
foram estimados pela taxa de crescimento diário, TCD (% dia−1)=[(compr.final/compr.inicial)1/tempo de
cultivo
-1]×100%]. A influência da fertilidade na esporulação foi avaliada em 50 porções apicais (5cm).
O potencial de explotação (biomassa.m-2) foi avaliado em dois tempos (1 e 2), por amostragem
destrutiva e seu percentual de ocorrência [PO=(massa da espécie/massa total de algas)/100]. Após
testes de normalidade e homogeneidade de variâncias foram testadas as diferenças entre TCD nas
diferentes irradiâncias pelo teste não paramétrico de Mann Whitney e entre as biomassas de C.
cervicornis e de Sargassum spp. nos dois tempos pelo teste de Student (t).
RESULTADOS
Em 15 dias, a diferença entre as TCD do talo nas duas irradiância não variou (Z = 1,50, p = 0,1). Os
talos começaram a se fragmentar, entretanto plântulas nasceram. Em 30 dias (Tab. 1), tiveram a
mesma TCD (Z = -0,8, p = 0,4) e o mesmo número de plântulas (Z = 0,37, p = 0,7). Quando
comparado o crescimento das plântulas com os dos talos (Tab. 1), as plântulas cresceram mais (Z =
3,78, p < 0,001). Em sete dias (Tab. 1), o crescimento das plântulas foi maior do que em 15 dias de
cultivo (Z = 9,63, p < 0,001). Em relação ao estado fértil (Tab. 2), houve diferença significativa entre
23
os tempos amostrados (Z= -3,21, p < 0,001), com menos esporos no tempo 1 do que no tempo 2. De
modo inverso, a quantidade de plântulas sobre os talos foi maior no tempo 2 do que no tempo 1 (Z =
8,35, p < 0,001). Em relação ao percentual de ocorrência das assembleias de algas nestes dois
períodos (Fig. 3), dominaram as espécies de Sargassum e de C. cervicornis. Não houve diferença
significativa da biomassa de C. cervicornis nos dois tempos amostrados (99,93±156,86 e
82,99±116,37), assim como nas espécies de Sargassum (t = 044, p = 0,66) (Tab. 2).
DISCUSSÃO
Não houve efeito da irradiância no crescimento e na esporulação de C. cervicornis. Conforme a
classificação de Santelices (2011), o crescimento é do tipo unitário, uma vez que após 15 dias os talos
morreram. O crescimento das plântulas foi homogêneo, fato verificado pelo desvio padrão da média.
Este é um fator desejável para o estabelecimento de técnicas de cultivo (Góes & Reis 2011). In vitro, o
principal problema foi a contaminação por cianobactérias, que provavelmente pode ser solucionada
com o uso de água artificial. Entretanto, o uso deste tipo de água onera o preço da alga produzida e
dificulta a etapa do cultivo indoor, sendo necessário avaliar seu custo-benefício. Não foi observada a
interferência do estado fértil na esporulação in vitro, como previsto na hipótese e por Menezes (2013).
A explotação de C. cervicornis em bancos naturais poderia ser uma alternativa em vista a ampla
distribuição desta espécie no litoral brasileiro (Nunes e De Paula 2001) e por não apresentar alterações
significativas nos tempos amostrados, com cerca de 100 g.m-2. No entanto, deve ser considerada a
demanda pelo produto, que ainda não existe para esta espécie, e o impacto negativo da colheita no
ecossistema, que já foi observado na exploração de espécies de Gracilaria nos bancos nordestinos
(Miranda 2010).
CONCLUSÕES
A irradiância não afeta a esporulação e o crescimento de C. cervicornis. A fertilidade da alga não
interfere no processo de esporulação. A técnica de cultivo para esta espécie deve ser para algas do tipo
unitário e nas etapas indoor deve ser utilizado meio de cultura axênico, para evitar a contaminação por
cianobactérias, que por sua vez onera o custo do cultivo e é muito elaborada. Recomenda-se evitar a
colheita em bancos de C. cervicornis de maneira a evitar danos ambientais. Mais estudos devem ser
realizados para o estabelecimento de um protocolo de cultivo desta espécie.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FAO. 2014. The State of World Fisheries and Aquaculture. Food and Agriculture Organization of the
United Nations, Rome, 223 pp.
GÓES, H.G. & REIS, R.P. 2011. An initial comparison of tubular netting versus tie–tie methods of
cultivation for Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) on the south coast of Rio de Janeiro
State, Brazil. Journal of Applied Phycology 23:607-613.
MENEZES, I. 2013. Viabilidade do cultivo de algas com potencial para fármacos. Relatório
PIBIC/CNPq/JBRJ: agosto 2012 a julho 2013, 13 p.
MIRANDA, G.E.C., 2010. Monitoramento, manejo e restauração de populações de Gracilaria
caudata (Rhodophyta, Gracilariales): subsídios para o uso sustentável. Tese de doutorado.
Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
NUNES, J.M.C. & DE PAULA E.J. 2001. O gênero Dictyota Lamouroux (Dictyotaceae Phaeophyta) no litoral do estado da Bahia, Brasil. Acta Botanica Malacitana 26:5-18.
SANTELICES, B. 2001. Implications of clonal and chimeric-type thallus organization on seaweed
farming and harvesting. Journal of Applied Phycology 13:153–160.
VALLIM, M.A.; BARBOSA, J.E.; CAVALCANTI, D.N. DE PAULA, J.C.; SILVA, V.A.G.G.;
TEIXEIRA, V.L.; PAIXÃO, I.C.N.P. 2010. In vitro antiviral activity of diterpenes isolated from the
Brazilian brown alga Canistrocarpus cervicornis. Journal of Medicinal Plants Research 4:2379-2382.
Tabela 1. Taxas de crescimento diário – TCD (%.dia-1) dos talos e das plântulas cultivadas no
Tratamento Baixa Irradiância (TBI) e Tratamento Alta Irradiância (TAI) e número de plântulas que
cresceram nos talos das amostras cultivadas no TBI e TAI.
24
Medidas
Média ± desvio padrão
TCD de talos em TBI (n=5) em 15 dias
TCD de talos em TBA (n=5) em 15 dias
TCD de plântulas em TBI (n=10) em 30 dias
TCD de plântulas em TBA (n=10) em 30 dias
TCD de talos quando comparado com plântulas
TCD de plântulas quando comparadas com talos
Nº de plântulas em TBI
Nº de plântulas em TBA
TCD de plântulas (n=5) em 7 dias
TCD de plântulas (n=5) em 15 dias
3,3±2,9
2,6±3,2
2,9±0,7
3,1±0,9
3,2±2,9
3,0±0,9
64,6±87,9
53,7±57,7
10,7±4,3
4,6±1,9
Tabela 2. Numero de esporos, plântulas e biomassa g.m-2 das amostragens tempo 1 (outubro de 2013)
e tempo 2 (abril de 2014) coletados em bancos naturais de Canistrocarpus cervicornis na Ilha da
Cutia, Paraty Mirim, Município de Paraty, RJ.
Tempo
Nº de esporos
Nº de plântulas Biomassa g.m-2
Biomassa g.m-2
C. cervicornis
espécie de Sargassum
Tempo 1
Tempo 2
51,2±59,6
92,4±80,3
59,6±46,7
4,5±4,9
99,93±156,86
82,99±116,37
148,59±140,61
215,42±340,9
Percentual de Ocorrência
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
tempo 1
tempo 2
Canistrocarpus cervicornis
Sargassum spp
Padina spp
outras
Figura 3: Percentual de algas que ocorrem nos bancos de Canistrocarpus cervicornis na Ilha da Cutia,
Paraty Mirim, Município de Paraty, RJ, n = 20. Percentuais abaixo de 10% colocadas como outras.
25
ANÁLISE DO SISTEMA DE COLETA E PRODUÇÃO DE MUDAS EM VIVEIROS
FLORESTAIS DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO JOÃO, RJ
Isabel Ramalho Ortigão de Leoni; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação –
2010.1; previsão de conclusão do curso - 2016.2; ingresso no PIBIC - 2013.2; orientador: João
Marcelo Alvarenga Braga – Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ)
INTRODUÇÃO
Mesmo com uma alta demanda na execução de projetos de plantios objetivando a restauração
ecológica, ainda são grandes as dificuldades na sua realização. Seus principais obstáculos são os altos
custos de implementação e manutenção, a dificuldade em ter boa produção e qualidade de mudas e, a
baixa qualidade das sementes em função da ausência de critérios para garantir a diversidade genética.
Como a qualidade, diversidade e quantidade de sementes e mudas nativas é a parte essencial para a
implantação de projetos de restauração, ter a compreensão de todo o processo de produção de mudas,
desde a coleta de sementes até o transporte da muda para o local de plantio e as dificuldades
enfrentadas em cada etapa deste processo, nos ajuda a propor melhores modelos de produção e
abastecimento de mudas. Além disso, viveiros localizados próximos à área a ser restaurada, além de
produzirem mudas a partir de matrizes locais, também apresentam certa vantagem perante as outras
mudas vindas de localidades mais distantes, pois estas já possuem adaptações e uma plasticidade
fenotípica favorável para um melhor desempenho na sua sobrevivência e crescimento do indivíduo.
Porém, a importância dos viveiros não está apenas no seu caráter ambiental, com a produção de mudas
utilizadas em plantios, mas também tem seus reflexos econômicos e sociais, pois geram mão de obra,
renda e incentivam a economia local (Rodrigues et al. 2004). Dessa forma, visando incentivar a
economia, geração de renda e diversidade local, a ONG Associação Mico Leão Dourado (AMDL)
ofereceu auxílio logística e financeiro para que seis famílias de pequenos produtores rurais iniciassem
atividades de produção de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. Também foram proferidas
oficinas de capacitação e os primeiros lotes de mudas foram vendidos para a própria AMDL, como
forma de pagamento pelo investimento inicial da construção dos viveiros. Entretanto, apesar de cada
produtor ter recebido financiamento para a construção das benfeitorias (viveiro telado, estufa e
galpão) e terem participado da mesma capacitação, os resultados de produção de mudas não foram
uniformes.
OBJETIVOS
Analisar o sistema de produção de mudas florestais nativas, desde a escolha das espécies, coleta das
sementes, beneficiamento, germinação, crescimento e abastecimento; entender as dificuldades e os
impedimentos que ocorrem nestas etapas, que geram os diferentes resultados encontrados.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo: Os viveiros estudados encontram-se nos municípios de Silva Jardim e Casimiro de
Abreu, localizados no Estado do Rio de Janeiro. A região é parte da Bacia Hidrográfica do Rio São
João (22º20’-22º 50’S e 42º00’-42º40’W), compreendendo uma superfície de 2.160 km2 (CBHLSJ,
2014). O clima é quente e úmido e a fisionomia da vegetação local de Floresta Ombrófila Densa e
Florestas de Terras Baixas (IBGE, 1991). Metodologia: Até o momento foram realizadas visitas em
três viveiros participantes. Inicialmente foi construído e posteriormente aplicado um formulário
semiestruturado com o responsável do viveiro, com perguntas dicotômicas (sim e não) e perguntas
abertas, permitindo uma maior liberdade na resposta do entrevistado. O formulário é composto pelas
seguintes partes: 1) informações pessoais do viveirista; 2) informações sobre o viveiro; 3) informações
sobre a coleta de sementes e produção de mudas.
RESULTADOS
Os resultados ainda são muito preliminares. Não foram feitas todas as entrevistas e os dados
quantitativos ainda não foram analisados, i.e. faltam coligir 50% das informações.
26
DISCUSSÃO
Embora não tenham sido obtidos todos os resultados, já foi possível conhecer a realidade de pequenos
viveiros da região de estudo. Todos os entrevistados possuem um entendimento claro sobre o termo
restauração ecológica e reconhecem os benefícios gerados por uma floresta. Mesmo com uma enorme
demanda local por mudas nativas para plantios de restauração, na prática o que vemos é o inverso
disso. Os viveiristas que já iniciaram sua produção informaram que muitas mudas produzidas não são
vendidadas a tempo e acabam tendo suas raizes enroladas, tornando-as impróprias para o plantio.
Dessa forma, essa perda de tempo e investimento acaba desestimulando o empenho no funcionamento
dos viveiros. Seria mais interessante para eles trabalharem sob encomenda, assim já saberiam
exatamente quais espécie e a quantidade que deveriam produzir e ainda poderiam ganhar um
adiantamento do valor total da venda. Entretanto, a incerteza da implantação dos projetos de
restauração torna-se inviável pelo comprador a encomenda antecipado das mudas florestais. Além
disso, o que tem demostrado ser o principal responsável pela diferença de rendimento dos viveiros é a
falta de conhecimento sobre as espécies arbóreas (localização, identificação botânica, escolha e
escassez de matrizes, fenologia, produção de mudas, etc). Portanto, projetos que ajudem a construção
de pequenos viveiros com acompanhamento técnico demonstraram ter um papel-chave na produção e
na melhoria da qualidade de mudas, refletindo no sucesso dos projetos de restauração e na melhoria da
qualidade de vida da população local.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CBHLSJ. 2014. Comitê das Bacias Hidrográficas das Lagoas de Araruama, Saquarema e dos Rios
São João e Una. Disponível em: http://www.lagossaojoao.org.br. Acessado em: 29/04/2014.
IBGE, 1991. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, IBGE, Rio de Janeiro.
RODRIGUES, E.R.; MOSCOGLIATO, A.V. & NOGUEIRA, A.C. 2004. Viveiros “Agroflorestais”
em assentamentos de reforma agrária como instrumentos de recuperação ambiental: um estudo de
caso no Pontal do Paranapanema. Cadernos da Biodiversidade 4: 1-8.
27
IDENTIFICAÇÃO TAXONÔMICA DAS ALGAS CALCÁRIAS INCRUSTANTES DO
MONUMENTO NATURAL DAS ILHAS CAGARRAS.
Jonas de Azevedo; Graduação em Biologia Marinha; Faculdades Integradas Maria Thereza
(FAMATh); Ingresso: 01/2013; Previsão de Conclusão: 12/2016; Ingresso no PIBIC: 08/2013;
Orientador: Gilberto Menezes Amado-Filho.
INTRODUÇÃO
O Monumento Natural das Ilhas Cagarras é composto pelo arquipélago das Cagarras, Ilha Redonda e
Filhote da Redonda, sendo um local de estudo para diversas áreas biológicas e geológicas (Moraes &
Seoane 2013). Foram feitos estudos de taxonomia de macroalgas marinhas nas ilhas, porém, o grupo
de algas vermelhas coralíneas foi pouco explorado (Muniz et al. 2013).
As Algas Coralíneas Incrustantes (CCA) têm uma grande importância ecológica por serem
organismos bioconstrutores e produzirem uma quantidade muito alta de carbonato de cálcio, porém,
são pobremente conhecidas mundialmente, principalmente no Brasil (Horta 2002).
OBJETIVO
Identificar as espécies de algas coralíneas incrustantes no Monumento Natural das ilhas cagarras e
caracterizar sua distribuição.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas coletas de CCA a partir de mergulho autônomo em 2 sítios de coleta, um na Ilha das
Palmas (dentro do arquipélago), e o outro na Ilha Redonda (fora do arquipélago), entre 3-15 m de
profundidade. As CCA foram fixadas, depois descritas e identificadas com base em características
morfoanatômicas através de observações em microscopia óptica e eletrônica de varredura.
RESULTADOS
Ao todo, seis táxons foram identificados, dentre eles três em nível de gênero: Mesophyllum sp.;
Titanoderma sp.; Phymatolithon sp.; e 3 em nível de espécie: Lithophyllum stictaeforme;
Lithophyllum prototypum; Mesophyllum macroblastum. Apenas Mesophyllum macroblastum teve o
processo de identificação e descrição concretizado até o final, incluindo prancha com fotos de
estruturas reprodutivas e características vegetativas (figura 1-5).
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos até agora indicam que mesmo em uma área sob forte pressão antrópica a
diversidade de CCA é alta, já que seis táxons foram identificados. O registro de Mesophyllum
macroblastum representa uma nova ocorrência para o oceano Atlântico por ter sido descrita apenas no
Mar Adriático e sul e sudeste da Austrália por Woelkerling & Harvey (1993) e Harvey et al. (2003 ).
Nossas metas são: concluir a identificação a nível específico e realizar novas amostragens para
concluir o inventário.
CONCLUSÃO
Por Mesophyllum macroblastum ser uma nova ocorrência para o Atlântico, indica que o Monumento
Natural das Ilhas Cagarras é uma área de alto potencial de estudo de CCA. 2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
HARVEY, A.S., WOELKERLING, W.J. & MILLAR, A.J.K. 2003. An account of the Hapalidiaceae
(Corallinales, Rhodophyta) in south-eastern Australia. Australian Systematic Botany 16: 647–698.
HORTA P.A. 2002. Bases para a identificação das coralináceas não articuladas do litoral brasileiro –
uma síntese do conhecimento. Biotemas. 15: 7-44.
MORAES, F., SEOANE, J.C. Caracterização das ilhas e do encontro do Monumento Natural das
Ilhas Cagarras. In: Moraes, F., Bertoncini, A, Aguiar, A. (Ed.). História, Pesquisa e Biodiversidade do
28
Monumento Natural das Ilhas Cagarras. Rio de Janeiro: Museu Nacional Série Livros 48, 2013. p.11
– 37.
MUNIZ, R.; REIS, R.; MARROIG, R.; AMADO-FILHO, G.M. Algas marinhas do Monumento
Natural das Ilhas Cagarras. In: Moraes, F., Bertoncini, A, Aguiar, A. (Ed.). História, Pesquisa e
Biodiversidade do Monumento Natural das Ilhas Cagarras. Rio de Janeiro: Museu Nacional Série
Livros 48, 2013. p.49 – 61.
WOELKERLING, W. J., and HARVEY, A.S. 1993. An account of southern Australian species of
Mesophyllum (Corallinaceae, Rhodophyta). Australian Systematic Botany 6: 571–637
.
29
Figuras 1-5. Características vegetativas e reprodutivas de Mesophyllum macroblastum. 1 - Corte
transversal do talo vegetativo mostrando células epiteliais arredondadas e achatadas (E) e células
subepiteliais (i) do mesmo tamanho ou maior do que as subjacentes, com fusão celular unindo os
filamentos adjacentes (setas). 2 - Vista superficial dos conceptáculos tetrasporangiais multiporados
em forma de vulcão. 3 - MEV da superfície do conceptáculo tetrasporangial multiporado em forma
de vulcão com bordas periféricas elevadas e superfície de poros afundados ao centro. 4 - Corte
longitudinal do conceptáculo mostrando a borda periférica elevada quando a superfície dos poros. 5 O corte mostrando células que revestem o canal de poro (setas) semelhantes em tamanho e forma
para outras células do teto.
30
HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO
Júlia Maria C. Gaspar; Graduação em história, UFRJ; ingresso na graduação – julho/2010; previsão de
conclusão de curso – dezembro/2014; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientadora: Alda Heizer.
INTRODUÇÃO
As coleções históricas que estão depositadas em herbários podem ser identificadas como parte de uma
prática científica datada e que se atualiza dado que é possível apresentar perguntas sobre sua trajetória.
Sendo assim, estudar a coleção histórica Herbier Fée, uma das coleções do importante herbário do
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, se justifica (Forzza; Mynssen; Tamaio;
Barros; Franco; Pereira,2008).
A coleção Herbier Fée foi parte integrante do acervo pessoal do botânico e farmacêutico Antoine
Laurent Apollinaire Fée (1789-1874) que abrigava também outras sete coleções (Cosson,1858). Parte
do acervo acima citado foi coletado no período em que o botânico exerceu a função de médico
auxiliar nas tropas napoleônicas durante a guerra Franco-Espanhola (1809-1813) e em expedições
realizadas na Europa. Além disso, o acervo de Fée, assim como ficou conhecido, continha coletas de
outros botânicos como de Claude Richard (1705-1784), Carl von Martius (1794-1868), Auguste
Glaziou (1833-1906) e Hugh Cuming (1791-1865).
Antoine Laurent Apollinaire Fée iniciou suas atividades como botânico em 1832, na cidade de
Estrasburgo, localizada na região da Alsácia-Lorena. Além disso, o naturalista lecionou botânica na
Universidade de Estrasburgo e foi diretor do Jardim Botânico da mesma cidade.
Na segunda metade do século XIX, em 1871, o botânico recebeu a visita do Imperador do Brasil
Pedro II que realizava sua primeira viagem oficial à Europa (Bediaga,1999). O imperador e
Apollinaire Fée se conheceram através de uma carta intermediada pelo naturalista Auguste Glaziou
(1869). Na carta, o naturalista Fée doa ao imperador uma de suas obras, intitulada “Cryptogames
Vasculaires du Brésil”. Mas foi durante a visita ao botânico que o imperador adquiriu a coleção
Herbier Fée.
Em 1890, Pedro II fez uma doação ao diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, João Barbosa
Rodrigues (1942-1909). No ano seguinte, Barbosa Rodrigues criou o herbário com base na coleção
Herbier Fée juntamente com outras plantas cultivadas no próprio Jardim Botânico e coletadas no
Brasil, além de um museu e de uma biblioteca.
OBJETIVO
O projeto de pesquisa apresentou como objetivo identificar na documentação textual presente em
acervos institucionais, dados sobre o naturalista Antoine Laurent Apollinaire Fée (1789-1874), sua
formação acadêmica, sua inserção em sociedades científicas, sua relação com outros cientistas e atores
da sociedade europeia; informações essenciais para a compreensão de aspectos da trajetória histórica
da coleção Herbier Fée.
MATERIAL E MÉTODOS
Para atingir os objetivos foi realizada identificação e posterior análise de documentos textuais e
iconográficos em instituições de pesquisa em história como a Biblioteca João Barbosa Rodrigues
(seção das Obras Raras), a Biblioteca Nacional (seção de Obras Raras), todos localizados na cidade do
Rio de Janeiro e também documentos da Universidade de Estrasburgo (disponibilizados através do
site www.unistra.fr) e documentos da Biblioteca Nacional da França (através do site
www.gallica.bnf.fr).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da identificação de fontes nas instituições de pesquisa histórica citadas, juntamente com a
participação em grupo de pesquisa sobre colecionismo, foi possível afirmar que: 1-os boletins de
sociedades científicas da época como, por exemplo, o Bulletin de Société Botanique de France, de
1858, contém informações importantes sobre herbários de naturalistas. Em tais boletins identificam-se
as interlocuções entre cientistas, trocas de correspondências entre naturalistas e instituições, permutas
31
de periódicos, etc; 2- a importância de Estrasburgo como polo de produção de conhecimento
científico. O botânico Apollinaire Fée se estabeleceu em Estrasburgo durante longo período. A cidade
foi o lugar em que o botânico iniciou a produção de seu herbário, tornou-se professor de botânica da
Universidade e diretor do Jardim Botânico.
CONCLUSÃO
Após a análise da documentação mencionada anteriormente, podemos concluir que Antoine Laurent
Apollinaire Fée foi um importante botânico e farmacêutico de seu tempo, tendo em vista as redes de
sociabilidade nas quais ele estava imerso bem como o legado que o botânico deixou para a botânica
contemporânea. A relação existente entre ele e outros botânicos nos aponta para a importância de sua
atuação no meio científico e acadêmico da época.
O estudo sobre a trajetória da coleção Herbier Fée adquirida pelo imperador Pedro II, em 1871 e
doada ao botânico João Barbosa Rodrigues, em 1890 nos permite refletir sobre o significado da
coleção para a história do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para a história da botânica bem como
inferir sobre as relações entre o botânico João Barbosa Rodrigues e os governos imperial e
republicano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BEDIAGA, B.; 1999. Diário do imperador d. Pedro II. Petrópolis: Museu Imperial. P. 164.
BENJAMIN, C.; 2007. Dicionário de Biografias Científicas. Rio de Janeiro: Contraponto.V. 2
BUREAU. E. ; HIRTZ. M. ; 1874. Obsèques de M. Fée. Bulletin de la Société Botanique de France.
Paris : Au Bureau de la Société. p. 168-178.
CHARTIER, R. ; 2000. A História Cultural. Entre práticas e representações. Lisboa: Difel.
COSSON, E. ; 1858. Herbier de M. Fée. Bulletin de la Société Botanique de France. Paris: Au Bureau
de la Société. p. 553-555.
DANTAS, R. M. M. C.; 2007. A Casa do Imperador: do Paço de São Cristóvão ao Museu Nacional.
Rio de Janeiro: UNIRIO.
FÉE, A.L.A. ; 1869. Cryptogames Vasculaires du Brésil. Paris : Veuve Berger-Levrault & Fils,
Libraires. Rio de Janeiro : S. Obras Raras, Biblioteca João Barbosa Rodrigues.
FORZZA, R. C., MYNSSEN, C. M., TAMAIO, N., BARROS, C., FRANCO, L., PEREIRA, M. C.
A.; 2008. As coleções do herbário. In 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
Biblioteca João Barbosa Rodrigues. p. 45-55.
HEIZER. A. L.; 2012. João Barbosa Rodrigues. Um naturalista entre o Império e a República. In:
Revista Brasileira de História da Ciência. Rio de Janeiro: V.5, p. 89-100.
MARQUETE, N. F. S.; CARVALHO, L. d’Á. F.; BAUMGRATZ, J. F.; 2001. O herbário do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro: um expoente na história da flora brasileira. JBRJ. Rio de Janeiro.
MYNSSEN, C.; 2011. Herbier Fée: restauração e diagnóstico da coleção fundadora do herbário do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Biblioteca João Barbosa Rodrigues.
SCHWARCZ, L. M.; DANTAS, R. M. M. C.; 2008. O Museu do Imperador: quando colecionar é
representar a nação. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros - USP, São Paulo: IEB, n° 46. p.
123-164.
WINDISCH, P. G.; 1996. Espécimens de Cuming na coleção de pteridófitas provenientes do herbário
de Fée no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: HerbariumBradeanum. S. Bradea. V. 8,
n° 1.
32
EVOLUÇÃO EM FERRUGENS (UREDINALES – FUNGI): VISÃO A PARTIR DA
RECONSTRUÇÃO FILOGENÉTICA DOS HOSPEDEIROS
Laura Videira Filardi; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação – 04/2013;
previsão de conclusão do curso – 04/2016; ingresso no PIBIC:outubro/2013; orientadores: Dr. Anibal
Alves de Carvalho Jr e Dra. Cássia Mônica Sakuragui.
INTRODUÇÃO
Os fungos da ordem Uredinales (Urediniomycetes) são organismos parasitas obrigatórios, que
apresentam uma alta especificidade em relação aos seus hospedeiros e que ocasionam uma doença
vegetal comumente denominada como ferrugem (França, Sotão & Costa-Neto 2010). Estão
classificados na ordem Pucciniales, classe Pucciniomycetes do filo Basidiomycota (Aime et al., 2006).
Constituem um grupo numeroso com mais de 7.000 espécies conhecidas e muitas com grande
importância econômica. Apresentam um dos ciclos vitais mais complexos de todos os organismos
podendo ocorrer, em uma única espécie, cinco a seis estágios esporíferos diferentes. Parte das espécies
necessita de hospedeiros de dois grupos não relacionados de plantas para completar seu ciclo de vida,
o que caracteriza um ciclo heteroécio, enquanto há outros que podem completar seu ciclo sobre uma
única hospedeira, ciclo autoécio. As espécies normalmente têm um conjunto restrito e específico de
hospedeiros; condição ecológica de parasitas obrigatórios (Cummins & Hiratsuka, 2003). Por
exemplo, há gêneros de ferrugem como Ravenelia que ocorre somente em espécies de Fabaceae
(Leguminosae), enquanto outros como Prospodium tem como hospedeiras apenas espécies de
Bignoniaceae ou Verbenaceae (Hennen et al 2005).
O estudo da história filogenética do hospedeiro, juntamente com o mapeamento das características
morfológicas do parasita obrigatório podem alavancar a compreensão da evolução de ambos os
grupos, e ainda resultar no descobrimento de uma história de coevolução. Porém, apesar de uma longa
história de coexistência, que pode ter se iniciado no Carbonífero (Millar & Kinloch 1991), poucos são
os estudos sobre o entendimento da evolução de ferrugens e angiospermas em conjunto.
OBJETIVO
Produzir hipóteses sobre a história evolutiva das relações entre espécies de ferrugens e espécies de
plantas hospedeiras das famílias Asteraceae e Bignoniaceae.
MATERIAL E MÉTODOS
Amostragem: Para a família Asteraceae foram amostradas nove espécies de Piptocarpha, dentre as 29
do gênero; para as Bignoniaceae, foram amostradas 29 espécies de diversos gêneros. Todas as
espécies de ambas famílias são parasitadas por ferrugens.
Reconstrução filogenética: das Bignoniaceae foi realizada a partir de sequências do GenBanck. As
espécies foram selecionadas por dados da bibliografia (Carvalho e Hennen, 2010). Para as
Piptocarpha, foi desenvolvido um protocolo de extração e amplificação, além de testes de primers
específicos para o grupo.
Análises filogenéticas: Todas as sequencias obtidas para o presente estudo foram alinhadas
progressivamente utilizando o programa Clustal W (Thompson et al. 1994), com subsequente
inspeção visual e eventuais ajustes manuais. A matriz de seqüências alinhadas será analisada segundo
os critérios do princípio da parcimônia e da máxima verossimilhança, pelo programa PAUP* 4.0b10,
e o critério Bayesiano utilizando o programa MrBayes 3.0 (Ronquist & Huelsenbeck 2003). As
análises de máxima verossimilhança e Bayesiana serão conduzidas após a seleção do modelo de
substituição de bases mais apropriado, através do programa ModelTest 3.7 (Posada & Crandall 1998).
O grau de sustentação dos ramos será estimado pela análise de bootstrap (Felsenstein 1985), nas
análises de parcimônia e de máxima verossimilhança. Na análise Bayesiana, a sustentação dos ramos
será estimada utilizando as probabilidades posteriores (Ronquist & Huelsenbeck 2003). Os caracteres
morfológicos (do gineceu) serão mapeados utilizando-se a opção TRACE ALL CHARACTERS do
Mesquite 2.5 (Madison & Madison 2008).
33
RESULTADOS
Relações filogenéticas das espécies de Bignoniaceae
As relações filogenéticas entre as 29 espécies estudadas estão na Fig. 1. Para as análises das
Pucciniales foi utilizada a tabela 1.
Relações filogenéticas das espécies de Asteraceae
Até o momento, apenas o protocolo de extração e amplificação foram otimizados, não tendo sido
geradas até o momento sequencias para este grupo de hospedeiros.
DISCUSSÃO
Nossos resultados detectaram a presença de ferrugens do gênero Prospodium em todas as todas as
principais linhagens das Bignoniaceae sugeridas no trabalho de Olmstead et al. (2009). Representantes
do clado Bignoniae com ferrugens, entretanto, foram raros. Prospodium compreende 70 espécies,
dentre as quais somente oito ocorrem sobre espécies da família Verbenaceae, o restante ocorre sobre
espécies de Bignoniaceae (Carvalho & Hennen 2010). Todos os Prospodium são autoécios, com
urediniósporos, teliósporos e aeciósporos pedicelados. As relações filogenéticas geradas a partir dos
dados do gene NADH apresentaram diferenças em relação às encontradas no trabalho de Olmstead et
al. (2009). Por exemplo, nossos resultados encontraram dois gêneros sabidamente monofiléticos,
Tabebuia e Pyrostegia como parafiléticos. Estas diferenças são esperadas uma vez que os autores do
primeiro trabalho utilizaram outros marcadores, além outro set de análises.
O foco do nosso trabalho refere-se às relações evolutivas entre as espécies hospedeiras e as ferrugens.
Os resultados encontrados concordaram com a bibliografia (Hennen et al 2005) no sentido de que
vários clados apresentaram ferrugens específicas, como é o caso dos gêneros Clytostoma (Prospodium
singeri), Memorae (P. memorae) e Sparattosperma (P. minasense). Por outro lado, apenas duas
ferrugens ocorrem em gêneros de diferentes linhagens P. laevissimum ocorre sobre gêneros de
diferentes linhagens (Pyrostegia e Anemopaegma), bem como P. cordobense ocorre sobre
Amphilophium e Pithecoctenium.
CONCLUSÃO
A amplitude de ocorrência destas duas espécies de Prospodium são o ponto de partida para uma nova
análise que incluirá o estudo de caracteres morfológicos destas ferrugens e a evolução dos mesmos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, A.A. Jr., HENNEN, J.F. 2010. New species and nomenclature in Prospodium
(Uropyxidaceae, Pucciniales) and the new anamorphic genus Canasta in the Neotropics.
FRANÇA, I. F., SOTÃO, M. H. & COSTA-NETO, S. V. 2010. Fungos causadores de ferrugens
(Uredinales) da Reserva Biológica do Lago Piratuba, Amapá, Brasil.
FELSENSTEIN, J. 1985. Confidence limits on phylogenies: an approach using the
bootstrap.Evolution 39: 783-791.
MADDISON, W. P. and D.R. MADDISON. 2010. Mesquite: a modular system for evolutionary
analysis. Version 2.73 < http://mesquiteproject.org >
OLMSTEAD, R.G., ZJHRA, M.; LOHMMAN, L.G.; GROSE, S.O.; ECKERT, A.J. 2009. Am.
Journal of Botany 96 (9): 1731-1743.
RONQUIST, F. and J. P. HUELSENBECK. 2003. MRBAYES 3: Bayesian phylogenetic inference
under mixed models. Bioinformatics 19:1572-1574.
THOMPSON, J.D., HIGGINS, D.G. & GIBSON, T.J.1994. CLUSTAL W: Improving the sensitivity
of progressive multiple sequences alignment though sequence weighting, position specific gap
penalties and weight matrix choice. Nucleic Acids Research 22: 4673-4680.
34
Figura 1. Relações filogenéticas das Bignoniaceae utilizando-se o marcador NADH.
Tabela 1. Ocorrência de espécies de Prospodium sobre Bignoniaceae de acordo com Carvalho e
Hennen (2010)
BIGNONIACEAE
Pleonotoma
Cydista
Memorae
Clytostoma
Pithecoctenium
Tecoma
Pyrostegia
Tabebuia
Tynanthus
Anemopaegma
Pleonotonum
Amphilophium
Lundia
Couralia
Stizophyllum
Cremastus
Sparattosperma
Mansoa
PROSPODIUM
P. fimbriatum, P. irregulare
P. aequinoctialis, P. cydistae
P. memorae
P. singeri
P. pithecoctenii, P. amphilophii,
P. cordobense, P. medusae, P. holwayi,
P. puttemansii
P. appendiculatum, P. abortivum,
P. aculeatum, P. mexicanum, P. elegans,
P. transformans
P. kisimovae, P. laevissimum, P. impolitum
P. araguatum, P. bahamense, P. funalis,
P. bicolor, P. perornatum, P. palmatum,
P. tecomicola, P. plagiopus, P. tabebuiicola,
P. venezuelanum, P. bicristatum
P. tynanthi
P. anemopaegmatis, P. constrictum,
P. laevissimum, P. evernium
P. anomalum
P. cordobense, P. vertiseptum,
P. cumminsii, P. perelegans, P. haplophylli
P. cyathiforme, P. lundiae
P. couraliae
P. stizophylli
P. cremastum
P. minasense
P. bicristatum, P. laevigatum,
P. trinidadense, P. mansoae
35
IDENTIFICAÇÃO ANATÔMICA DE MADEIRAS COMERCIAIS NO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
Leonardo Bona do Nascimento, Graduação em Ciências Biológicas, UFF; ingresso na graduação
01/2011; previsão de conclusão do curso – 12/2014; ingresso no PIBIC: março/2013; orientador:
Neusa Tamaio; co-orientador: Arno F.N. Brandes.
INTRODUÇÃO
A madeira é um dos principais produtos comerciais brasileiros, representando grande parte do PIB do
Brasil (Ferreira et al., 2004; Sociedade Brasileira de Silvicultura, 2006). No entanto, erros de
identificação, usos de nomes populares, comércio de espécies ameaçadas e fraudes são problemas
comuns na comercialização de madeiras (Coradin e Camargos, 2002; Zenid e Ceccantini, 2007;
Botosso, 2009; Fortes 2009). O uso do nome popular em detrimento ao científico é preocupante, pois
provoca muita confusão. Além da problemática da nomenclatura, de modo geral, as identificações são
realizadas por práticas populares que consideram apenas características organolépticas, como cor e
odor o que frequentemente resultam a uma identificação incorreta (Botosso, 2009). A identificação
científica da madeira é necessária, pois contribui para a diminuição do uso inadequado para os nomes
populares e processa-se através da análise macroscópica e microscópica da estrutura anatômica. Após
o levantamento das características anatômicas, as identificações são realizadas utilizando ferramentas
que facilitem esse processo, como chaves de identificação dicotômicas e interativas, e através de
comparações com coleções de madeira de referência (xilotecas) e referências bibliográficas.
OBJETIVO
O presente trabalho tem a proposta de identificar as amostras de madeiras comercializadas no estado
do Rio de Janeiro através da análise anatômica macroscópica e analisar se o nome popular atribuído a
elas está sendo realizado de maneira adequada.
METODOLOGIA
As amostras foram fornecidas pelo INEA (Instituto Estadual do Meio Ambiente) do Rio de Janeiro.
Ao todo 52 empresas forneceram 277 amostras. As identificações foram realizadas através do método
macroscópico com a utilização de chaves interativas e dicotômicas (Coradin et al., 2010; Mainieri,
1983) e a literatura utilizada para comparar os nomes populares foi o Catálago de Árvores do Brasil
(Camargos et al., 2001).
RESULTADOS
Foram identificadas 201 amostras em nível genérico, 53 em nível específico e 23 ainda não foram
identificadas. As madeiras coletadas pertencem a 20 famílias, 35 gêneros e 41 espécies. Destaca-se a
família Leguminosae com 81 amostras pertencentes a 10 gêneros e Sapotaceae com 57 amostras de
três gêneros. O gênero com maior ocorrência foi Hymenolobium com 35 identificações. 39 nomes
populares informados não eram adequados (Tabela 1), representando 15% do total das identificações.
Foram encontradas cinco espécies que são consideradas vulneráveis à extinção: Araucaria
angustifolia, Peltogyne spp., Amburana acreana, Cedrela spp. e Bertholletia excelsa (Figuras 1-5).
DISCUSSÃO
Não há trabalhos recentes de levantamento e identificação de madeiras comerciais no Brasil e não há
registros para o Rio de Janeiro. No presente trabalho foi utilizado apenas a macroscopia, método este
que foi eficiente para identificar 254 amostras do total de 277 (201 em nível genérico e 53 nível
específico). Apesar da maioria das amostras serem identificadas apenas ao nível genérico, em muitos
casos é possível avaliar se o nome popular foi corretamente empregado. Com relação ao uso de
nomes populares, verificamos que 15% do total das identificações estavam com o nome inadequado,
que é um dado preocupante.
Das 41 espécies comercializadas, cinco delas estão com o status de vulneráveis ou risco de extinção:
Araucaria angustifolia, Peltogyne spp. Amburana acreana, Cedrela spp. e Bertholletia excelsa. Como
36
se observa três táxons foram identificados ao nível de espécie, demonstrando que a identificação
macroscópica é uma ferramenta que pode contribuir para a fiscalização de madeiras com restrições de
comercialização. Existem métodos mais modernos de identificação da madeira, como barcoding,
espectroscopia de infravermelho-próximo (NIR), mas a identificação anatômica ainda é um método
muito utilizado, por ser um método rápido, econômico e eficiente para identificar as madeiras
comerciais.
CONCLUSÕES
Neste estudo, pode-se constatar que existem erros na identificação de madeiras no comércio do estado
do Rio de Janeiro e que há espécies em risco de extinção sendo comercializadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTOSSO, P.C. 2009. Identificação macroscópica de madeiras: guia prático e noções básicas para o
seu reconhecimento. Embrapa Floresta, Documentos 194.
CAMARGOS, J.A.A.; CORADIN, V.T.R.; CZARNESKI, C.M.; OLIVEIRA, D.
MEGUERDITEJIAN, I. 2001. Catalogo de árvores do Brasil. IBAMA.
CORADIN, V.T.R; CAMARGOS, J.A. 2002. A Estrutura Anatômica da Madeira e Princípios para a
sua Identificação. 28p. Brasília: edições IBAMA.
CORADIN, V.T.R.; CAMARGOS, J.A.A.; PASTORE T.C.M.; CHRISTO, A.G. 2010. Madeiras
comerciais do Brasil: chave interativa de identificação baseada em caracteres gerais e macroscópicos.
Serviço Florestal Brasileiro, Laboratório de Produtos Florestais: Brasília. CD-ROM.
FERREIRA, G.C.; SILVA, R.C.V.; HOPKINS, M.J.G. 2004. Uso de nomes comuns na
comercialização de madeiras no Estado do Pará - o exemplo do angelim. Brasil Florestal, Brasília, DF,
v. 23, n. 80, p. 71-76, ago.
FORTES, H.C. 2009. Madeiras comercializadas como cedrinho (Erisma uncinatum Warm.,
Vochysiaceae) Monografia, Rio de Janeiro.
MAINIERI, C. 1983. Manual de Identificação das Principais Madeiras Comerciais Brasileiras. IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas/Campanha de Promoção de Pesquisa Cientifica e Tecnológica do
Estado de São Paulo.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 2006. Fatos e Números do Brasil Florestal.
ZENID, G.J., CECCANTINI, G.C.T. 2007. Identificação macroscópica de madeiras. São Paulo: IPT,
24p.
37
Figuras 1-5. Aspecto
macroscópico. Plano
transversal. Espécies
ameaçadas de extinção. 1.
Amburana acreana 2.
Peltogyne spp. 3. Cedrela
spp. 4. Bertolletia excelsa 5.
Araucaria angustifolia.
Escala 2 mm.
Tabela 1: Número de erros de identificação associado aos nomes populares cedidos pelas empresas
madeireiras.
Amostras
Erros
Amostras
Erros
Dipteryx spp.
3
Caryocar spp.
1
Cedrelinga cateniformis
3
Erisma uncinatum
1
Couratari spp.
3
Hymenolobium spp.
1
Qualea spp.
3
Lecythis spp.
1
Aspidosperma macrocarpon
2
Pinus spp
1
Cordia spp.
2
Roupala montana
1
Goupia glabra
2
Vaitaereopsis spp.
1
Manilkara spp./Pouteria spp.
2
Vochysia spp.
1
Bowdichia spp.
2
Micropholis melinoniana
1
Bertholletia excelsa
1
38
EFEITOS A CURTO PRAZO DA ACIDIFICAÇÃO DA ÁGUA DO MAR NO BIOFILME
FORMADO SOBRE ALGAS CALCÁRIAS IN VITRO
Maria Julia P. da Fonseca Fernandes Willemes; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na
graduação- 2012.1; previsão de conclusão do curso – 2015.2; ingresso no PIBIC: Setembro
/2013;Orientador: Leonardo Tavares Salgado; Co-orientador: Rodrigo Tomazetto de Carvalho.
INTRODUÇÃO
As algas calcárias das famílias Corallinales e Sporolithales (Rhodophyta) possuem uma ampla
distribuição latitudinal e longitudinal no planeta, ocorrendo desde águas rasas até profundidades de
300 metros (Steneck, 1986). Estas possuem papel fundamental em diversos ecossistemas,
principalmente em recifes coralíneos. Contribuem de forma direta para a formação e estruturação
dessas comunidades, atuando na agregação do substrato inconsolidado e no assentamento de diversos
invertebrados marinhos (esponjas, corais, equinodermos, moluscos, poliquetas, etc.) (Wieczorek &
Todd 1998). Previsões futuras de mudanças da química da água do mar devido ao aumento da [CO 2]
atmosférico, como a diminuição do pH, indicam alterações deletérias em processos biológicos
relacionados as algas calcárias (Gatuso, et al. 1998). Uma das modificações propostas relacionadas à
acidificação da água do mar seria a mudança da comunidade bacteriana que ocorre na superfície das
algas calcárias (Meron, et al. 2011), podendo esta ser crucial tanto no processo de assentamento de
outros organismos, mas também para a vitalidade e sobrevivência dessas algas em seus ambientes. O
objetivo principal deste trabalho foi analisar os efeitos da diminuição do pH da água do mar sobre o biofilme
bacteriano formado na superfície de algas calcárias em laboratório, em curto prazo.
METODOLOGIA
Algas calcárias da espécie Mesophyllum erubecens (Foslie) foram coletadas na Enseada do Portinho
Norte, localizado na Ilha Santa Bárbara - Arquipélago dos Abrolhos. Estas foram encaminhadas ao
Laboratório de Cultivo de Algas do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e
aclimatadas. Béqueres com 5g de algas foram colocados em caixas acrílicas aonde foram reproduzidas
artificialmente diferentes atmosferas de CO2 previstas para daqui a até 100 anos pelo IPCC. Após 96
horas, as algas foram visualizadas no Microscópio Eletrônico de Varredura do IPJBRJ. Foram
analisadas 20 imagens de cada um dos tratamentos e do controle (algas não incubadas nas caixas
acrílicas). Com as imagens obtidas foram realizadas a identificação dos principais grupos de
microrganismos bem como a contagem e o percentual de cobertura destes sobre a superfície da alga
calcária. Esses dados foram utilizados para análises estatísticas posteriores para detectar diferenças
significativas do percentual de cobertura do biofilme bacteriano entre os tratamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram observadas as condições da água utilizada nos tratamentos. O pH apresentou os níveis
desejados em cada caixa acrílica para o experimento até 96 horas. A temperatura sofreu uma pequena
elevação de 0,5º após 96 horas de experimento. Já o Oxigênio Dissolvido apresentou uma pequena
queda mesmo com a aeração constante. Foram identificados 14 tipos bacterianos. O percentual de
cobertura bacteriano no tempo inicial foi 1,694 ± 1,479 % (FIGURA 1ª), na atmosfera de 484ppm,
2,942 ± 2,810%, em 822ppm 2,605 ± 2,272%, 1187ppm, 2,242 ± 2,888% e para 1637ppm 5,543 ±
4,788% (FIGURA1B). As análises estatísticas mostraram diferenças significativas entre o percentual
de cobertura bacteriano inicial e o tratamento com 1637ppm, além de mudanças nos grupos
bacterianos majoritários integrantes dos biofilmes (FIGURA 2).
39
CONCLUSÕES
A partir dos dados obtidos é possível concluir que houve diferença significativa entre o tempo inicial
de experimento e o tratamento de 96 horas, mostrando que há uma real ameaça de modificação da
comunidade bacteriana sobre a superfície de algas calcárias, podendo ter uma influencia negativa e
prejudicando, assim, a captação de luz e nutrientes pelas algas calcárias, sendo crucial para a
vitalidade e o processo de assentamento de corais sobre estas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Steneck, R.S. 1986. The ecology of coralline algal crusts: convergent patterns and adaptive strategies.
Annual Review of Ecology and Systematics, 17: 273–303.
Wieczorek, S.K.; TOLD, C.D. 1998. Inhibition and faci- litation of settlement of epifaunal marine
invertebrate larvae by microbial biofilm cues. Biofouling 12: 81–118.
GATTUSO, J. P.; ALLEMAND, D. & FRANKIGNOULLE, M. 1998. Effect of calcium carbonate
saturation of seawater on coral calcification. Global and Planetary Change, 18: 37–46.
MERON, D.; ATIAS, E.; IASUR-KRUH, L.; ELIFANTZ, H.; MINZ, D.; FINE, M.; and BANIN, E.
2011. The impact of reduced pH on the microbial community of the coral Acropora eurystoma. ISME
J 5: 51–60.
40
Figura 1 - Microscopia Eletrônica de Varredura da superfície dos rodolitos no tempo inicial (controle) (1A) e [CO 2] 1637
ppm (1B) – É possível notar a diferença de cobertura bacteriana, com a ocorrência de representantes do grupo Bacillus no
controle (1A, cabeça de seta). Já no tratamento de 1637 ppm, vemos uma maior cobertura, com representantes de
Prosthecobacter (setas brancas) e filamentos curtos (cabeça de seta).
*
Gráfico 1 - Análise do percentual de cobertura dos organismos bacterianos formadores do biofilme em
Mesophyllum erubecens no tempo inicial (T0) e depois de 96 horas, em diferentes pHs e [CO2],
mostrando diferenças significativas (*) entre o T0 e o tratamento com [CO2] 1637 ppm (pH 7,5).
41
DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA DE POPULAÇÕES DO JEQUITIBÁ-AÇU
(CARINIANA IANEIRENSIS R. KNUTH, LECYTHIDACEAE), UMA ESPÉCIE ARBÓREA
AMEAÇADA DE EXTINÇÃO
Luan Carlos Dias de Freitas; graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida;
ingresso na graduação – 02/2011; previsão de conclusão do curso – 06/2015; ingresso no PIBIC:
agosto/2013; orientadora: Maristerra Rodrigues Lemes.
INTRODUÇÃO
O jequitibá-açú (Cariniana ianeirensis, Lecythidaceae) é uma árvore com distribuição em florestas
secas da costa atlântica brasileira da Bahia ao Rio de Janeiro e no sudoeste da Amazônia e Bolívia
(Mori et al. 2001). Suas populações nativas encontram-se severamente ameaçadas devido a ações
antrópicas ao longo de sua distribuição geográfica, principalmente em função do desmatamento e
conseqüente fragmentação e perda de habitat. Neste sentido, compreender os padrões de distribuição
da variabilidade genética nas populações de C. ianeirensis, é de fundamental importância para se
conhecer a estrutura e história evolutiva dessas populações, bem como para sua conservação.
Marcadores moleculares do DNA de cloroplasto (cpDNA) constituem ferramentas importantes em
estudos que visam a compreensão das relações filogenéticas entre populações, fluxo gênico histórico e
reconstrução das rotas de dispersão e colonização de espécies de plantas. Entre os marcadores
moleculares mais informativos em estudos de genética de populaçõe destacam-se os marcadores
microssatélite ou Sequências Simples Repetidas (SSR). A descoberta de DNA microssatélites
polimórficos no genoma de cloroplasto de plantas possibilitou novas oportunidades para o estudo de
variação citoplasmática com um alto grau de resolução (Provan et al. 2001), sendo bastante úteis em
análises populacionais, auxiliando na compreensão dos padrões de dispersão e fluxo gênico, bem
como em estudos com abordagem filogeográfica (Lemes et al. 2010).
OBJETIVO
Investigar os padrões de distribuição da variabilidade genética em populações de Cariniana ianeirensis
(Lecythidaceaeceae) pela análise de polimorfismos de locos microssatélites do genoma do cloroplasto
(cpDNA), buscando determinar a diversidade genética e relações filogeográficas das populações
estudadas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Coleta do material: Coletou-se folhas de aproximadamente 30 indivíduos por população de C.
ianeirensis, em cinco populações situadas no Brasil e Bolívia, acondicionadas em sílica gel e
posteriormente armazenadas em freezer -20oC até a extração do DNA.
Métodos: A extração do DNA genômico total foi feita utilizando o método CTAB (Doyle & Doyle,
1987) e a quantificação foi feita por método comparativo, utilizando padrões de massa molecular
conhecida de DNA (Lambda). Foram testados 10 pares de iniciadores (primers) que amplificam locos
microssatélites do genoma do cloroplasto (cpSSR) (Weising & Gardner, 1998) e avaliada a
transferibilidade destes marcadores para C.ianeirensis. A amplificação dos locos cpSSR ocorreu por
meio de PCR. Os produtos amplificados foram analisados sob eletroforese capilar em um
sequenciador de DNA 3500XL (Life Tech, Inc.) utilizando o marcador GeneScan LIZ 600. Para as
estimativas dos parâmetros genéticos de diversidade e diferenciação genética entre as populações
utilizou-se o programa Arlequin 3.5 (Excoffier et al, 2005). Foram estimadas as relações entre os
haplótipos por meio de uma análise de rede utilizando-se critério de máxima parcimônia pelo método
“Median-Joining” (Bandelt et al., 1999), implementado pelo programa NETWORK.
RESULTADOS & DISCUSSÃO
A extração do DNA genômico total de C. ianeirensis mostrou-se bastante eficiente possibilitando a
obtenção de DNA de boa qualidade e quantidade. Dos dez pares de iniciadores utilizados para
amplificação dos locos cpSSR, apenas um (ccmp09) não teve as condições ótimas da PCR otimizadas.
A amplificação dos demais locos ocorreu de maneira eficiente gerando produtos com alta intensidade
42
e sem presença de produtos inespecíficos (Figura 1). Dos nove locos cpSSR otimizados, sete (ccmp
01, 02, 03, 04, 06, 07 e 10) foram avaliados na análise de polimorfismos, sendo que apenas um
(ccmp02) apresentou variação com três alelos distintos nas cinco populações. A análise da diversidade
genética (índice de Nei He) mostrou que a população de Baixo Guandu (ES) é a população mais
diversa e a do Rio de Janeiro (RJ) apresentou a diversidade genética mais baixa (Tabela 1). Na análise
conjunta dos sete locos foram detectados três haplótipos nas populações. A rede de haplótipos
evidenciou, em sua parte mais central, a ocorrência de um haplótipo (1) mais frequente compartilhado
por todas as populações. A partir do haplótipo 1 os outros dois haplótipos (2 e 3) menos frequentes se
derivaram, indicando ser este haplótipo mais frequente o mais ancestral. (Figura 2). O haplótipo 3
ocorreu exclusivamente nas populações Baixo Guandu (ES) e Jussari (BA) as quais situam-se
geograficamente na porção mais ao norte da distribuição da espécie. Já o haplótipo 2 ocorreu quase
exclusivamente na população da Bolívia, sendo também representado por alguns indivíduos da
população de Itaocara (RJ). A distribuição da variabilidade genética dentro e entre as populações pela
análise de variância molecular (AMOVA) mostrou que 55,6% da variabilidade genética está contida
dentro das populações e 44,4% entre elas, indicando uma alta diferenciação (FST= 0.444) entre as
populações de C. ineirensis estudadas.
CONCLUSÕES
As estimativas de diversidade genética nas populações de C. ianeirensis foram relativamente baixas,
comparado a outras espécies de árvores neotropicais. No entanto, a diferenciação genética entre as
populações foi alta. A existência de um haplótipo mais frequente presente em todas as populações na
análise filogeografica indica a ocorrência de fluxo gênico histórico entre as mesmas. Aliado a isto, a
existência de dois outros haplótipos derivados deste haplótipo mais ancestral sugere a ocorrência de
gargalos populacionais e eventos posteriores de colonização mais recentes, os quais levaram à
diferenciação de linhagens em regiões geográficas distintas. As informações aqui apresentadas
poderão nortear estratégias para a conservação efetiva das populações de C. ianeirensis, no entanto,
em função do baixo número de marcadores informativos sugere-se que as análises genéticas sejam
aprimoradas com o incrementar do número de marcadores do genoma do cloroplasto, bem como
nuclear, visando também investigar o fluxo gênico contemporâneo nas populações desta espécie
ameaçada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANDELT, H. J.; FORSTER, P. & ROHL, A. (1999) Median-joining networks for inferring
intraspecific phylogenies. Molecular Biology and Evolution, 16: 37 – 48.
DOYLE, J.J. & DOYLE, J. L. 1987. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, 12: 13-15.
EXCOFFIER, L.; SMOUSE, P.E.; QUATTRO, J.M. 1992. Analysis of molecular variance inferred
from metric distances among DNA haplotypes: application to human mitochondrial DNA restriction
sites. Genetics, v.131, p.479-491.
LEMES, M.R.; DICK, C. W.; NAVARRO, C.; LOWE, A. J.; CAVERS, S., GRIBEL, R. 2010.
Chloroplast DNA microsatellites reveal contrasting phylogeographic structure in mahogany
(Swietenia macrophylla King, Meliaceae) from Amazonia and Mesoamerica. Tropical Plant Biology,
3: 40- 49.
MORI, S. A.; BECKER, P.; KINCAID, D. 2001. Lecythidaceae of a central Amazonian lowland
forest. Implications for conservation. In: R. O. Bierregaard Jr., C. Gascon, T. E. Lovejoy, R.C. G
Mesquita [eds], Lessons from Amazonia: The ecology and conservation of a fragmented forest, 54 67. Yale University Press, New Haven, Connecticut, USA.
PROVAN, J.; POWELL, W.; HOLLINGSWORTH, P.M. 2001. Chloroplast microsatellites: new tools
for studies in plant ecology and evolution. Trends in Ecology and Evolution, 16: 142-147.
WEISING, K & GARDNER, R. C. (1999) A set of conserved PCR primers for the analysis of simple
sequence repeat polymorphisms in chloroplast genomes od dicotyledonous angiosperms. Genome, 42:
9 – 19.
43
L
1
2
3
4
5
6
7
L
1
2
3
4
5
6
7
Figura 1. Produtos amplificados de oito locos cpSSR (ccmp 01, 02, 03, 04, 06, 07, 08 e 10) para C. ianeirensis
em gel de agarose 2%. A primeira coluna de cada gel representa o marcador ladder 100 pb. Nas demais, cada
uma das colunas representa o produto amplificado para um indivíduo de C. ianeirensis. No canto superior
direito encontra-se o loco cpSSR correspondente.
Tabela 1. Diversidade genética observada em cinco populações de C. ianeirensis com base na análise de sete
locos cpSSR. (N) = número de indivíduos, (A) = número de alelos, (Nh) = número de haplótipos e (HE) = índice
de diversidade genética de Nei (1989).
População
N
A
Nh
HE
Itaocara (RJ)
29
8
2
0,053
Jussari (BA)
25
8
2
0,036
Rio de Janeiro (RJ)
23
7
1
0,000
Baixo Guandú (ES)
21
8
2
0,074
PN Madidi (BOL)
22
8
2
0,017
Média
24.0
7.8
1.8
0,0362
Figura 2. Análise de rede (NETWORK) mostrando as relações entre os haplótipos observados em cinco
populações de C. ianeirensis, utilizando o método Median Joining. As linhas representam as ligações entre os
haplótipos, e as barras transversais representam os passos mutacionais. Os números correspondem aos
haplótipos e as cores indicam as populações, como indicado na legenda à direita.
44
POTENCIAL ALELOPÁTICO DAS ESPÉCIES NATIVAS DA RESTINGA NA PLANTA
EXÓTICA INVASORA C. EQUISETIFOLIA L.
Luísa Lima Leal; Graduação em Ciências Ambientais, UNIRIO; ingresso na graduação – 08/2012;
previsão de conclusão do curso – 08/2016; ingresso no PIBIC: abril/2014; orientador: Antônio Carlos
Silva de Andrade.
INTRODUÇÃO
Casuarina equisetifolia (Casuarinaceae) é uma espécie nativa da Ásia e foi plantada em várias regiões
costeiras do mundo visando estabilizar dunas e servir como barreira contra o vento (Parrota 1993;
Wheeler et al. 2011). Como é uma espécie tolerante à salinidade, às condições áridas e à baixa
fertilidade do solo (Parrota 1993), apresenta capacidade de invadir áreas abertas nas regiões costeiras
e de ameaçar a diversidade biológica local, sendo considerada uma das espécies arbóreas com maior
potencial invasor do mundo (Richardson & Rejmánek 2011).
No Parque Estadual da Costa do Sol (PECS – Região dos Lagos, RJ) são encontradas áreas de restinga
preservada e sem a presença de C. equisetifolia, assim como locais contaminados por esta invasora
(Araujo et al. 2009). Apesar de ter sido registrada a chegada de sementes (dispersão anemocórica) nas
áreas preservadas, não foram observadas plântulas ou indivíduos jovens neste local (T. G.
Zimmermann observação pessoal). Assim, acredita-se que compostos alelopáticos liberados pelas
plantas nativas, dentre outros fatores, possam afetar o estabelecimento dos indivíduos de C.
equisetifolia, limitando o processo de invasão em áreas preservadas.
OBJETIVO
Avaliar se extratos aquosos foliares das espécies nativas da restinga prejudicam a germinação e o
crescimento inicial de plântulas de C. equisetifolia.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
Sementes e folhas de C. equisetifolia e de seis espécies nativas da restinga [(Byrsonima sericea DC
(Malpighiaceae), Clusia hilariana Schltdl. (Clusiaceae), Erythroxylum ovalifolium Peyr
(Erythroxylaceae), Garcinia brasiliensis Mart. (Clusiaceae), Maytenus obtusifolia Mart.
(Celastraceae) e Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae)] foram coletados em Arraial do cabo
(PECS - RJ).
Procedimentos
O potencial de inibição alelopática foi avaliado com a aplicação dos extratos aquosos (10% p/v) das
folhas das seis espécies nativas nas sementes de C. equisetifolia e L. sativa (alface). Os extratos
aquosos de cada espécie doadora também foram avaliados quanto ao pH. Os testes de germinação e de
crescimento de plântulas foram conduzidos com cinco repetições de 40 sementes por tratamento e por
espécie. As sementes foram semeadas em placas de Petri, com duas folhas de papel filtro e
umedecidas com 5 mL dos extratos ou água destilada (controle). O comportamento germinativo foi
avaliado através da porcentagem e da velocidade de germinação (d-1). O crescimento das plântulas foi
avaliado com sementes pré germinadas (1 mm de raiz) de cada espécie, de forma semelhante a
metodologia dos testes de germinação, com dez plântulas por placa de Petri e três repetições (n=30).
Após sete (alface) e dez (C. equisetifolia) dias foram medidos os comprimentos da raiz e do hipocótilo
das plântulas das espécies teste. As comparações estatísticas foram feitas por análise de variância e
comparação entre médias pelo teste de Dunnett (p<0,05).
RESULTADOS
Os extratos aquosos das espécies nativas não afetaram a percentagem de germinação de L. sativa e C.
equisetifolia. Os extratos aquosos de C. hilariana, E. ovalifolium, G. brasiliensis e S. terebinthifolius
reduziram significativamente os valores de velocidade de germinação das duas espécies teste, quando
comparados ao tratamento controle (Figura 1A-B). Todos os extratos aquosos, exceto o de S.
45
terebinthifolius, diminuíram significativamente o comprimento da raiz de L. sativa e C. equisetifolia.
O comprimento do hipocótilo teve aumento significativo em relação ao controle em todos os extratos,
exceto em C. hilariana sobre L. sativa, e B. sericea e G. brasiliensis sobre C. equisetifolia. O extrato
aquoso de C. hilariana causou inibição no comprimento do hipocótilo em L. sativa e aumento em C.
equisetifolia, quando comparado ao tratamento controle (Figura 2A-B). O comprimento total das
plântulas de L. sativa foi significativamente menor em todos os extratos em relação ao controle,
exceto em S. terebinthifolius. Nas plântulas de C. equisetifolia, o seu comprimento total foi
significativamente menor que o controle nos extratos aquosos de B. sericea, E. ovalifolium e G.
brasiliensis. Os valores de pH dos extratos aquosos variaram entre 3,61 e 5,91 (Tabela 1).
DISCUSSÃO
Apesar dos extratos aquosos das espécies da restinga não terem afetado a porcentagem, quatro das seis
espécies testadas causaram inibição na velocidade de germinação, tanto em sementes de C.
equisetifolia como em sementes de L. sativa. Isso indica a presença de compostos alelopáticos que
retardam o tempo de germinação. O comprimento da raiz medidos em plântulas de L. sativa e de C.
equisetifolia foi afetado pelos extratos de todas as espécies, com exceção de S. terebinthifolius. Os
extratos não apresentaram efeito negativo sobre o crescimento do hipocótilo, com exceção do extrato
de C. hilariana que apresentou efeito negativo para as plântulas de L. sativa. Já em C. equisetifolia o
efeito do extrato de C. hilariana no crescimento do hipocótilo foi positivo. Isso mostra que,
dependendo da espécie alvo, o efeito pode ser de estímulo ou de inibição. A maioria dos extratos
causou redução no comprimento total, o que pode prejudicar o estabelecimento das plântulas no
ambiente natural. Acredita-se que o pH dos extratos não interferiu na germinação da espécie teste L.
sativa, pois os extratos estavam dentro da faixa de pH aceito pela espécie, que é de 3,0 a 7,0
(Maraschin-Silva & Áquila 2005). Contudo, não se tem conhecimento da faixa de pH aceito por C.
equisetifolia.
CONCLUSÃO
As espécies da restinga apresentam efeito alelopático sobre a espécie invasora C. equisetifolia, o que
pode afetar o recrutamento de novos indivíduos dessa planta exótica nas áreas com vegetação
preservada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, D.S.D.; SÁ, C.F.C; FONTELLA-PEREIRA, J.; GARCIA, D.S.; FERREIRA, M.V.;
PAIXÃO, R.J; SCHNEIDER, S.M. & FONSECA-KRUEL, V.S. 2009. Área de proteção ambiental de
Massambaba, Rio de Janeiro: caracterização fitofisionômica e florística. Rodriguésia 60 (1): 67-96.
MARASCHIN-SILVA, F. & AQUILA, M.E.A. 2006. Contribuição ao estudo do potencial alelopático
de espécies nativas. Revista Árvore 30: 547-555
PARROTTA, J.A. 1993. Casuarina equisetifolia L. ex J.R. & G. Forst. SO-ITF-SM-46. International
Institute of Tropical Forestry, U.S. Department of Agriculture, Forest Service, Río Piedras, Puerto
Rico. 11p.
RICHARDSON, D.M. & REJMANEK, M. 2011. Trees and shrubs as invasive alien species a global
review. Diversity and Distributions, 17: 788–809.
WHEELER, G.S.; TAYLOR, G.S.; GASKIN, J.F. & PURCELL, M.F. 2011. Ecology and
management of sheoak (Casuarina spp.), an invader of coastal Florida, U.S.A. Journal of Coastal
Research 27 (3): 485-492.
46
Figura 01. Potencial alelopático de extratos aquosos de folhas de espécies nativas da restinga na
percentagem (% G - coluna) e velocidade (VG - linha) de germinação de Lactuca sativa L. (A) e
Casuarina equisetifolia L. (B). Valor inferior (-), superior (+) ou sem diferença significativa (ns),
quando comparados ao controle pelo teste de Dunnett (p < 0.05). Legenda: Bs: Byrsonima sericea;
Ch: Clusia hilariana; Eo: Erythroxylum ovalifolium; Gb: Garcinia brasiliensis; Mo: Maytenus
obtusifolia; St: Schinus terebinthifolius.
+
Figura 02: Potencial alelopático de extratos aquosos de folhas de espécies nativas da restinga no
crescimento de raiz e hipocótilo de plântulas de Lactuca sativa L. (A) e Casuarina equisetifolia L.
(B). Valor inferior (-), superior (+) ou sem diferença significativa (ns), quando comparados ao
controle pelo teste de Dunnett (p < 0.05). Legenda: Bs: Byrsonima sericea; Ch: Clusia hilariana; Eo:
Erythroxylum ovalifolium; Gb: Garcinia brasiliensis; Mo: Maytenus obtusifolia; St: Schinus
terebinthifolius.
Tabela 01: Valor de pH dos extratos aquosos das folhas das espécies nativas da restinga.
Extrato aquoso das folhas
Byrsonima sericea
Clusia hilariana
Erythroxylum ovalifolium
Garcinia brasiliensis
Maytenus obtusifolia
Schinus terebinthifolius
pH
4,85
3,61
5,91
5,16
5,12
4,48
47
DIVERSIDADE DE BORAGINACEAE NA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI/ MARICÁ, RJ,
BRASIL
Luiz Paulo Martins de Moraes; Graduação em Ciências Biológicas, Faculdade de Formação de
Professores/ UERJ; ingresso na graduação – 03/2013; previsão de conclusão do curso – 07/2017;
ingresso no PIBIC-EM: setembro/2013; orientador: Drª. Elsie Franklin Guimarães.
INTRODUÇÃO
No projeto da Flora de Angiospermas do Brasil, desenvolvem-se conhecimentos sobre as
Boraginaceae do Estado do Rio de Janeiro, onde foram assinaladas 462 espécies com hábito herbáceo,
subarbustivo, arbustivo, arbóreo raro, trepadeira. As folhas são simples alternas raro, opostas ou
verticiladas; estípulas ausentes. As inflorescências são cimosas; flores hermafroditas, unissexuadas,
pentâmeras, diclamídeas, actinomorfas ou zigomorfas; cálice gamossépalo, tubuloso a campanulado,
lobos, em geral persistentes na frutificação; corola gamopétala, tubulosa, campanulada,
hipocrateriforme, infundibuliforme; estames 5 epipétalos, livres, anteras rimosas; ovário supero,
bicarpelar, bilocular, de 1-4 óvulos, estilete terminal ou ginobásico, simples ou ramificado, estigma 14. Frutos drupáceos, núculas ou esquizocarpos, raramente secos. Boraginaceae foi estabelecida por
Jussieu (1789) com base no gênero típico Borago; Lineu
descreveu Cordia, Heliotropium e
Tornefortia nas suas obras clássicas. Os estudos para a taxonomia desta família, foram elaborados por:
De Candolle (1845), Bentham & Höoker (1873-1876) e Gürke (1893). Na América do Sul, são
destacados os trabalhos de Miller et al. (1998). Possui distribuição pantropical, incluindo 140
gêneros, dos quais 11 são nativos do Brasil, com 2.700 espécies (Souza & Lorenzi, 2013). Outras
pesquisas foram elaboradas por Johnston (1927; 1928; 1930). Este estudo está sendo realizado com o
intuito de responder as seguintes questões: Qual a diversidade de Boraginaceae na Serra da Tiririca? E
quão similar é esta área em relação aos outros municípios do Estado do Rio de Janeiro?
OBJETIVO
Analisar as Boraginaceae com base na morfologia das espécies que ocorrem na Serra da Tiririca para
ampliar o conhecimento sobre a diversidade florística da Mata Atlântica.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O local de estudo é a Serra da Tiririca localizada entre os municípios de Niterói e Maricá, no estado
do Rio de Janeiro e faz parte do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) (Barros, 2008, Pontes,
1987). Foram visitados diversos locais para realizar coletas de materiais férteis. O material foi
herborizado, seco em estufa a 60°C (GUEDES-BRUNI, 2002) e incorporado aos Herbários RB, e
RFFP; a identificação foi realizada através de bibliografias especializadas e comparações nos
Herbários. E para a segunda etapa do trabalho foram realizadas visitas técnicas aos herbários RB,
RFFP, RBR, HB, FCAB e consulta a lista do GUA e CRIA (2014) com o intuito de conhecer a
similaridade da Serra da Tiririca com outras áreas do Estado.
RESULTADOS
Até o presente momento na Serra da Tiririca foram realizadas 12 visitas ao campo, tendo sido
observado que as espécies habitam Floresta Ombrofila Densa Submonta. Foram encontrados três
gêneros: Cordia L. (8), Tournefortia L.(4) e Varronia P. Browne (1), distintos pelo porte herbáceo
(Tournefortia e Varronia) e arbóreo (Cordia). As espécies de Tournefortia além de herbáceas
apresentam-se como arbustivas e escandentes, possuindo estilete ginobásico enquanto Varronia é
definida especialmente pela inflorescência ora espiga ora capituliforme, com a presença de estilete
bífido. Já o gênero Cordia é definido pelo porte arbóreo, flores vistosas e estilete terminal e bi-bifido.
48
DISCUSSÃO
Este trabalho trata do estudo da família Boraginaceae Juss., um auxílio para o conhecimento da flora
do Estado do Rio de Janeiro, assinalando-se os táxons dos gêneros Cordia L., Varronia P. Browne
Tournefortia L. que se desenvolvem na Serra da Tiririca. As espécies encontram-se ainda em estudo e
são frequentes na Floresta Ombrófila Densa Submontana, apresentando hábito terrestre, herbáceo,
arbustivo, trepadeira ou arbóreo. Observou-se que o gênero Cordia é o mais representado na área,
seguido de Tournefortia. Vale ressaltar que alguns locais da região estão preservados e aqui são
assinalados os gêneros Cordia e Tournefortia, enquanto outros estão em fase de regeneração, e aí se
desenvolve o gênero Varronia.
CONCLUSÃO
Os resultados que serão obtidos na Serra da Tiririca contribuirão para o conhecimento da diversidade
da família Boraginaceae do Estado do Rio de Janeiro. Para as próximas etapas do trabalho está
previsto a descrição dos táxons e elaboração de chaves analíticas, além da consulta às coleções de dois
herbários: Museu Nacional (R) e o Herbário Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA). Em
futuro próximo será realizada o item relacionado ao tratamento estatístico (Sørensen) com base nos
levantamentos realizados nos acervos que contém as espécies fluminenses, o que permitirá uma
comparação entre a diversidade presente na Serra da Tiririca com os demais municípios do Estado do
Rio de Janeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, A.A.M. Análise florística e estrutural do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói e
Maricá, RJ, Brasil. 2008, 237 f. Tese (Doutorado em Botânica) - Fundação Instituto de Pesquisa
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Escola Nacional de Botânica Tropical, 2008.
BENTHAM, G. & HÖOKER, J.H. 1873-1876. Boragineae. Pp. 832-865. In: Genera Plantarum. v.
2. London.
CRIA (Centro de Referência em Informação Ambiental). 2014. <http://www.cria.org.br>. Acessado
em abril de 2014.
DE CANDOLLE, A.P. 1845. Borragineae. In: Prodromus systematis naturalis regni vegetabilis 9:
466-559.
GUEDES-BRUNI, R.R.; MORIM, M.P.; LIMA, H.C. & SYLVESTRE, L.S. 2002. Inventário
florístico. In: SYLVESTRE, L.S. & ROSA, M.M.T. (eds.). Manual metodológico para estudos
botânicos na Mata Atlântica. Seropédica: Ed. Universidade Rural, p. 24-50.
GÜRKE, M. 1893. Borraginaceae. In: A. ENGLER AND K. PRANTL (Eds.). Die natürlichen
Pflanzenfamilien, Vol. 4 (3a). 71-131. Wilhelm Engelmann, Leipzig.
JOHNSTON, I.M. 1927. Studies in Boraginaceae 6: A Revisionof the South American Boraginoideae.
Contributions from the Gray Herbarium of Harvard University 78: 3-118.
JOHNSTON, I.M. 1928. Studies in Boraginaceae 7: The South American species of Heliotropium.
Contributions from the Gray Herbarium of Harvard University 81: 3-73.
JOHNSTON, I.M. 1930. Studies in Boraginaceae 8: Observations on the species of Cordia and
Tournefortia known from Brazil, Paraguay, Uruguay and Argentina. Contributions from the Gray
Herbarium of Harvard University 82: 3-89.
JUSSIEU,A.L Genera Plantarum, secundum ordines naturales disposita juxta methodum in Horto
Regio Parisiensi exaratam, anno 1774. MS. notes. Paris, 1789
MILLER, J.S.; GAVIRIA, J.; GÓMEZ, R. & RODRÍGUEZ, G. 1998. Boraginaceae. Pp. 527-547. In:
P.E. BERRY, B.K. HOLST & K. YATSKIEVYCH (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. v. 3.
Saint Louis, Missouri Botanical Garden.
PONTES, J.A.L. Serra da Tiririca, RJ. Necessidade de conservação (1ª Contribuição). Boletim da
Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza n. 22, p. 89-94, 1987.
SOUZA, V.C., LORENZI, H. Botânica Sistemática : Guia ilustrado para identificação das famílias de
angiospermas da flora brasileira, baseado em APGII. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum (2013).
49
REVISÃO TAXONÔMICA DO GÊNERO DIALIUM (LEGUMINOSAE: DIALIINAE) NO
NEOTRÓPICO
Marcus José de Azevedo Falcão Junior; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na
graduação – 02/2012; previsão de conclusão do curso – 07/2016; ingresso no PIBIC: 02/2014;
Orientador: Vidal de Freitas Mansano
INTRODUÇÃO
Leguminosae, ou Fabaceae, apresenta distribuição pantropical e constitui a terceira maior família de
Angiospermas. Compreende atualmente três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e
Papilionoideae (Faboideae), representadas em 36 tribos, 727 gêneros e cerca de 19.500 espécies
(Lewis et al., 2005). A circunscrição da subfamília Caesalpinioideae, onde o gênero Dialium L,
descrito em 1767, está inserido, continua sendo um desafio para pesquisadores do mundo todo que
buscam aperfeiçoar o conhecimento acerca das relações evolutivas entre as Caesalpinioideae e as
outras subfamílias. A subfamília Caesalpinioideae atualmente encontra-se dividida em quatro tribos:
Cercideae, Detarieae, Cassieae e Caesalpinieae. Dialium atualmente compõe a subtribo Dialiinae, que
junto com Cassinae e Duparquetiinae, formam a tribo Cassieae (Lewis et al., 2005). A observação e
descrição das características morfológicas, anatômicas e fisiológicas apresentadas pelos membros da
tribo Cassieae são de extrema importância para compreensão da evolução das Leguminosae, uma vez
que a tribo Cassieae, especialmente os gêneros da subtribo Dialiinae, junto com Cercideae e
Detarieae, estão na base da árvore filogenética da família (Doyle et al., 1997). Dentre os 17 gêneros
que compõe a subtribo Dialiinae, o maior é o gênero típico Dialium. Entretanto, o número de espécies
é controverso. Steyaert (1951) reconheceu 35 espécies de Dialium, porém, Lewis et al. (2005) sugere
que este número possa estar subestimado, podendo variar entre 40 a 70 espécies. O primeiro
tratamento taxonômico pra Dialium foi feito por Bentham & Hooker (1867) que dividiram o gênero
em duas sessões com base no número de pétalas. Harms (1915) considerou o número de pétalas um
caráter artificial e utilizou o número de estames para definir três sessões. A última revisão taxonômica
para o gênero foi a tese realizada por Rojo (1982), mas não foi publicada. A distribuição geográfica do
gênero é pantropical. O centro de diversidade de espécies está no continente africano e asiático. A
região neotropical abriga apenas uma espécie: Dialium guianense (Aubl.) Sandwith, que possui
grande distribuição no continente, ocorrendo do México (cidade de Veracruz) até o Brasil (cidade de
Mariléia-MG), de modo que a diversidade de espécies relatadas no Neotrópico pode estar subestimada
e necessita de revisão. Pelo exposto, fica evidente a importância de estudos taxonômicos em Dialium,
particularmente na região neotropical, onde a riqueza do gênero aparenta ser maior que a atualmente
reconhecida.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi revisar taxonomicamente o gênero Dialium para o Neotrópico, visto que
o mesmo conta atualmente com apenas uma espécie, D. guianense (Aubl.) Sandwith, para descobrirse se havia ou não mais de uma espécie para esta área.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo taxonômico constou de levantamento e consulta dos materiais de Dialium presentes em
diversos herbários nacionais e estrangeiros, através de herbários virtuais e da observação e medição
dos extensos materiais do gênero presentes no herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e
no Missouri Botanical Garden Herbarium (MO). Os herbários virtuais analisados foram: The New
York Botanical Garden - Brazilian records – NY, Instituto Nacional de Pesquisa Amazônica – INPA e
Smithsonian Department of Botany - Brazilian records – NMNH. As medidas de todas as estruturas
das plantas foram tomadas com auxílio de paquímetro digital. Para padronização das medidas florais,
foram sempre selecionados botões em pré-antese, e posteriormente fervidos em água para facilitação
das análises.
50
RESULTADOS
Foram analisadas ao todo 168 exsicatas de Dialium guianense. Após análises e medições de todos os
caracteres taxonômicos de todos os indivíduos referidos, ficou evidenciada a presença de 3 grupos de
plantas que se distinguiam claramente dos demais, sendo a caracterização dos mesmos como novas
espécies apoiadas biogeograficamente, já que as características díspares de cada uma das 3 ocorrem
unicamente em indivíduos de áreas relativamente próximas, jamais aparecendo em indivíduos de
outras regiões. É importante ressaltar que a espécie original D. guianense continua a ocorrer nas áreas
onde as outras se apresentam. Entretanto, mesmo nestes locais, continua evidente a diferença entre
ambas. Uma das espécies, a ser nomeada como Dialium hexaestaminatum ocorre no norte da
Colômbia e oeste da Venezuela. É caracterizada pela presença de mais de 2 estames nas flores,
possuindo entre 4 a 7. Estas variação do número de estames jamais ocorre em outros indivíduos de D.
guianense. A segunda espécie, a ser nomeada como Dialium congestum, ocorre no Equador e
Colômbia, caracteriza-se principalmente pela presença de inflorescências extremamente congestas de
difícil definição, ao contrário das panículas bem definidas encontradas em todos os outros indivíduos
de D. guianense. Possui também estípulas muito desenvolvidas e folíolos grandes e longos. E por
último a terceira espécie, a ser nomeada como Dialium rondoniense, ocorre unicamente no estado de
Rondônia, Brasil. É caracterizada por intensa pilosidade na face abaxial dos folíolos, nos peciólulos,
nos pecíolos, na raque das inflorescências e nos caules.
DISCUSSÃO
Entre as principais considerações biogeográficas a serem tomadas estão a grande disjunção que ocorre
na região central do Brasil, separando as plantas da região norte daquelas das regiões nordeste e
sudeste e que não levou a qualquer processo de diferenciação em D. guianense. Entretanto, há uma
tendência a diminuição de folíolos e a presença de 7 folíolos nos indivíduos nordestinos. Já nas
plantas amazônicas há uma maior freqüência de 5 folíolos e de folíolos maiores. Aparentemente um
fator muito mais importante na diferenciação das espécies foi a altitude, pois Dialium
hexaestaminatum (espécie a ser descrita) tem a maior parte de seus indivíduos associados a altitudes
elevadas na borda do extremo norte da cordilheira dos Andes, chegando em dois casos a altitudes de
até 770 metros, característica rara na espécie que em geral ocorre na beira de rios, quase nunca acima
dos 300 metros de altitude.
CONCLUSÃO
Com as análises efetuadas, tornou-se clara a grande diversidade antes ignorada para o gênero Dialium
no Neotrópico, totalizando quatro espécies ocorrendo no continente, evidenciando a importância dos
estudos taxonômicos para o avanço dos conhecimentos sobre a riqueza biológica da região
neotropical.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENTHAM, G & HOOKER, J. D. 1867. Genera Plantarum. vol. 1 (part. 3). Lovell Reeve and
Williams and Norgate, London.
DOYLE J.J., DOYLE J.L., BALLENGER J.A., DICKSON E.E., KAJITA T., OHASHI H. 1997. A
phylogeny of the chloroplast gene rbcL in the Leguminosae: taxonomic correlations and insights into
the evolution of nodulation. American Journal of Botany 84: 541–554.
HARMS, H. 1915. Leguminosae Africanae. Britrage Zur Flora Von Africa. Engl. Bot. Jahrb Berlim.
LEWIS, G., SCHRIRE, B., MACKINDER, B. & LOCK, M. 2005. Legumes of the world Royal
Botanic Gardens, Kew.
STEYAERT, R.L. 1951. Contribution à l'étude du genre Dialium. Bulletin de la Société Botanique de
Belgique 84: 38. 1951
51
Figura 1: Dialium rondoniense, detalhe do
indumento na face adaxial do folíolo
Figura 2: Dialium congestum, inflorescência
Figura 3: Dialium hexaestaminatum, Flor aberta com 6 estames
52
CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS EM
MACROALGAS MARINHAS
Lilian Jorge Hill; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação –2008.2; previsão
de conclusão do curso – 2013.2; ingresso no PIBIC: setembro/2010;
Orientador: Leonardo Tavares Salgado.
INTRODUÇÃO
Macroalgas marinhas podem ser divididas em três diferentes divisões de acordo com o pigmento
sintetizado por elas: verdes (Chlorophyta), vermelhas (Rhodophyta) ou pardas (Phaeophyta). Apesar
da existência de outras características que permitem a separação destes grupos, há diversas
características que comuns, como por exemplo, a ocorrência de vias metabólicas e de proteínas
expressas altamente conservadas. Neste sentido, elementos gerais do citoesqueleto são encontrados
nestes três grupos de algas, os microtúbulos e filamentos de actina (mais proteínas acessórias) (Reis et
al., 2013).Em Laurencia dendroidea, Reis et al. (2013) revelaram que o processo de exocitose dos
compostos halogenados produzidos pela alga vermelha L. dendroidea é dependente da atividade de
filamentos do citoesqueleto, especialmente microfilamentos e microtúbulos. Nessas algas, a
transferência de metabólitos secundários de organelas de armazenamento (CC) para a superfície
celular ocorre através de transporte vesicular e subseqüente exocitose (Salgado et al., 2008; Paradas et
al., 2010).Mesmo em plantas vasculares, ainda há poucos indícios sobre a existência de filamentos
intermediários (McNulty & Saunders, 1992), os quais, em metazoários, são de importância capital
para a resistência celular a danos físicos (Albers & Fuchs, 1992). Os filamentos intermediários, dentre
outras funções, compõem a lâmina nuclear, estrutura fundamental na preservação da integridade do
envelope nuclear e na dinâmica do ciclo celular (Albers & Fuchs, 1992). A presença de filamentos
intermediários em macroalgas marinhas do domínio Plantae, em Rhodophyta e em Chlorophyta,
ainda é pouco investigada. Assim, a investigação deste elemento do citoesqueleto e desta estrutura
nuclear poderão resultar em grande avanço no conhecimento da biologia celular e, também, em
informação relevante para a compreensão de processos evolutivos em organismos eucariotos e em
algas. O objetivo desse trabalho é investigar a existência de filamentos intermediários e lâmina
nuclear em L. dendroidea e Ulva rigida e verificar sua função, contribuindo para o estudo do
citoesqueleto. Também, compreender a estruturação do envelope nuclear de L. dendroidea e U. rigida,
mesmo sem a existência de lâmina nuclear.
METODOLOGIA
Indivíduos de L. dendroidea (J.Agardh) e U. rigida, foram coletados na Praia Rasa (Armação dos
Búzios, Rio de Janeiro, Brasil). Esporos da alga U. rigida foram obtidos por meio de indução de
esporulação e foram fixados por 2 horas, congeladas por congelamento rápido por impacto e levados
ao equipamento de criofratura para que fosse feita a fratura seguida do deep-etching e o
sombreamento com carbono e platina (45º). A réplica feita foi colocada em ácido sulfúrico por 10 dias
para que fosse digerida toda a matéria orgânica e, em seguida, levada ao microscópio eletrônico de
transmissão para a observação das amostras.
Por microscopia eletrônica de varredura foi analisada a rede de filamentos do citoesqueleto. Amostras
de L. dendroidea foram fixadas, pós-fixadas, desidratadas em séries de etanol e secas pelo método do
ponto crítico. Os tecidos das algas foram fraturados e, logo após, metalizados com ouro. Após, as
amostras foram observadas no microscópio eletrônico de varredura. Estruturas celulares e filamentos
do citoesqueleto de ambas as espécies foram medidos com o programa Image J para posterior
comparação e identificação das estruturas analisadas.
Foi feita uma tomografia eletrônica de amostras do talo de U. rigida tratadas com ácido
tricloroacético, conforme o protocolo de Wen (2000), para digerir o material genético do núcleo e com
a pós-fixação OTO de Willingham et al. (1984) para evidenciar citoesqueleto. Essas amostras foram
visualizadas no microscópio eletrônico de transmissão.
53
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram observadas nas amostras de deep-etching dos esporos de U. rigida células fraturadas
apresentando núcleo, citoplasma e parede celular (Fig. 1). Em maior magnificação, pudemos observar
estruturas em forma de barril no espaço (EFB) intranuclear de aproximadamente 10 nm. Além disso,
foram observados também microfilamentos de actina no citoplasma. Nas amostras de L. dendroidea
que foram fraturadas e analisadas no microscópio eletrônico de varredura (Fig. 2), foi possível
observar células do tecido da alga decapadas, células com conteúdo vesícular abundante e células com
estruturas filamentosas (possivelmente filamentos de citoesqueleto). Com base nas imagens obtidas,
os filamentos do citoesqueleto e algumas estruturas celulares observados em ambas as espécies foram
medidos (n>10). Em L. dendroidea foram encontrados dois tipos de filamentos, um delgado e outro
mais espesso (com aproximadamente 23,89 e 74,01 nanômetros de diâmetro). Em U. rigida foram
encontrados um tipo de filamento delgado do citoesqueleto (de aproximadamente 6,07 nm de
diâmetro) e EFB com dimensões médias de 11,27 nm (Tab. 1). Trabalhos recentes, como o de Reis, et
al (2013), mostraram a presença de microtúbulos e microfilamentos (filamentos de actina) na espécie
L. dendroidea. Sugere-se que os filamentos delgados e espessos observados (de 24 nm e 74 nm)
correspondem, respectivamente, a microfilamentos (5-7 nm) e a micrototúbulos (24 nm). Esta
proposição se justifica, apesar da diferença nas medidas de diâmetro, pois é sabido que a metalização
com ouro (procedimento de rotina para MEV) resulta no espessamento significativo de estruturas
manométricas. Neste caso, calcula-se que o tempo de metalização e distância das amostras para a
fonte metalizadora possa ter resultado em um espessamento de ~20 nm nas bordas de estruturas
analisadas. As estruturas em forma de barril observadas no espaço intranuclear de U. rigida possuem
dimensões (~11,27 nm) compatíveis com estruturas denominadas nucleossomas (~10 nm). De fato,
nenhuma estrutura semelhante ainda havia sido identifica em macroalgas marinhas e, devido a sua
abundância associada ao genoma, pode ser sugerida como a primeira observação no espaço
intranuclear de uma macroalga marinha. Em relação à tomografia eletrônica, foi possível visualizar o
núcleo com o material genético digerido de U. rigida, porém não foi possível evidenciar filamentos
intermediários ou lâmina nuclear nas amostras, indicando a inexistência dessas estruturas.
CONCLUSÕES
Apesar de não termos encontrado filamentos intermediários nas duas espécies analisadas, outros
filamentos do citoesqueleto foram encontrados (filamento de actinas e microtúbulos). Além disso,
estruturas semelhantes à nucleossomas foram identificadas no espaço intranuclear de uma macroalga
marinha, confirmando a localização do núcleo nas amostras de esporos de U. rigida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERS, K & FUCHS, E.. 1992. The molecular biology of intermediate filament proteins. Int Rev
Cytol, 134:243-279.
McNULTY, A.K. & SAUNDERS, M.J. 1992. Purification and immunological detection of pea nuclear
intermediate filaments: evidence for plant nuclear lamins. Journal of Cell Science. 103: 407-414.
PARADAS, W.C., SALGADO, L.T., CRAPEZ, M.A.C., SUDATTI, D.B., COUTINHO, R.,
PEREIRA, R.C. and AMADO FILHO, G.M.. 2010. Environmental factors control the halogenated
compounds storage and exocytosis in red seaweed Laurencia obtusa. Biofouling.
REIS, V.M.; OLIVEIRA, L.S.; PASSOS, R.M.F.; VIANA, N.B., MERMELSTEIN, C., et al. 2013.
Traffic of Secondary Metabolites to Cell Surface in the Red Alga Laurencia dendroidea Depends on a
Two-Step Transport by the Cytoskeleton. PLoS ONE. 8(5): e63929
SALGADO, L.T.; LEAL, R.N.; VIANA, N.B.; PARADAS, W.C.; DA GAMA, B.A.P.; Attias, M.;
Pereira, R.C. & Amado Filho, G.M.. 2008. Cellular storage, transport and exudation of halogenated
compounds in red alga Laurencia obtusa. J. Struc. Biol., 162: 345-355.
WEN, J. 2000. The nuclear matrix of Euglena gracilis (Euglenophyta): A stage of nuclear matrix
evolution? Biology of the cell, 92: 125-131
WILLINGHAM, M.C.; RUTHERFORD, A.V. 1984. The Use of Osmium-ThiocarbohydrazideOsmium (OTO) and Ferrocyanide-reduced Osmium Methods to enhance Membrane contrast and
preservation in cultured cells. The Journal of Histochemistry and Cytochemistry. 32 (4): 455-460.
54
Figura 1 – Deep-etching de esporos de U. rigida A - apresentando núcleo (N)
envelope nuclear (cabeças de seta pretas) e estruturas em forma de barril (setas
pretas); B – filamentos de actina (cabeças de seta vermelhas) no citoplasma.
Figura 2 – micrografias eletrônicas de varredura de células do tecido fraturado de
L. dendroidea. A-B – célula apresentando vesículas (v) envoltas por filamentos
de citoesqueleto delgados e espessos (cabeças de seta).
Tabela 1 – medidas dos diâmetros de estruturas encontradas em ambas as
amostras (em nanômetros). FD – filamentos delgados; FE – filamentos espessos;
e EFB – estruturas em forma de barril.
55
FAUNA ASSOCIADA A RODOLITOS DO BANCO DAVIS NA CADEIA DE MONTANHAS
SUBMARINAS VITÓRIA-TRINDADE
Natália Ribeiro Costa; graduanda em Oceanografia na Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES); ano de Ingresso: 2010; previsão de conclusão: 2016_I; Início da bolsa PIBIC: Abril/2014;
Orientação: Dr Gilberto Menezes Amado Filho e Dra Leila de Lourdes Longo (UFES)
INTRODUÇÃO
Os rodolitos são nódulos calcários de vida livre, formados principalmente (>50%) por algas
coralináceas incrustantes não-geniculadas, os quais servem de substrato e habitat para uma elevada
biodiversidade, sendo algumas espécies de elevada importância econômica, raras e/ou endêmicas
(Steneck 1986; Foster, 2001; Steller et al., 2003; Ávila & Riosmena-Rodríguez, 2010). Dados da
literatura sugerem que a maior extensão contínua de bancos de rodolitos (agregados de diversos tipos
de rodolitos) ocorra sobre a plataforma continental brasileira, entre 2°N a 25°S (Kempf, 1970; Foster,
2001). Estudos nos montes submarinos da Cadeia Vitória Trindade (CVT) têm relatado a presença de
espécies endêmicas destas comunidades, bem como espécies pouco conhecidas ou novas para a
Ciência (Pereira Filho et al., 2011; 2012). O Banco Davis faz parte de uma série de nove montes
submarinos da CVT, localizados a leste da cidade de Vitória, Espírito Santo, a 1.150 km da costa, e
destaca-se dos demais por conter uma área de 850 km² de cobertura de rodolitos bem como uma
diversidade peculiar (Pereira-Filho et al., 2011; 2012).
OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo caracterizar a composição faunística associada aos rodolitos, no que
se refere à epifauna e criptofauna, do Banco Davis da cadeia de montanhas submarinas VitóriaTrindade.
MATERIAIS E MÉTODOS
Áreas profundas foram previamente exploradas com SS e ROV auxiliando na orientação para as
coletas e observações e otimizando o tempo de fundo em operações de mergulho técnico com misturas
gasosas (ar, NITROX e TRIMIX). No Banco Davis foram estabelecidos 3 pontos de coleta, em
profundidades variando de 40 a 60 metros (CVT 16 - 40 m; CVT 17 - 50 m e CVT 18 - 60 m). Em
laboratório, foi medido o volume total da amostra de cada ponto. Inicialmente foi triada a epifauna e
flora associadas, em seguida foram quebrados cuidadosamente com ponteira e marreta para estudo da
criptofauna. O material foi analisado com auxílio de microscópio estereoscópico, separado em
categorias taxonômicas superiores (Filo) e mantidos em formalina 4%. A partir das informações
obtidas foram determinados: a riqueza S da comunidade, a diversidade de Shannon H e a Dominância
D. Análises de variância One-Way ANOVA com Teste de Tukey a posteriori foram realizadas
utilizando o pacote estatístico PAST, para comparação entre os pontos amostrais e os componentes
faunísticos. Uma análise de regressão linear foi feita para se avaliar possíveis influências da
profundidade sobre a frequência de ocorrência dos grupos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A maioria dos grupos taxonômicos e atributos ocorreram em ambas, epifauna e criptofauna, embora a
frequência e densidade (indivíduos/volume da amostra) variaram consideravelmente entre elas e entre
os pontos amostrais. Não houve variação importante quanto ao número de táxons entre as amostras,
tanto para a epifauna quanto para a criptofauna. Os valores de Diversidade apresentaram um
decréscimo da CVT 16 para a CVT 18, assim como a Equitatividade, enquanto a Dominância
apresentou um decréscimo nesta ordem de amostras. O maior valor de índice de Diversidade H foi
registrado para a CVT 17. Na CVT 18 foram registrados os maiores valores de Dominância e o menor
número de indivíduos entre os táxons. Os valores de Equitatividade, refletindo a abundância relativa
das espécies nas unidades amostrais, foram mais altos na CVT 17 e mais baixos na CVT 18. Entre as
unidades amostrais, os resultados da análise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey a posteriori
mostraram que não existe semelhança significativa entre os pontos estudados quanto à composição e
56
abundância relativa da epifauna. A análise de regressão linear não indicou influência da profundidade
em relação à frequência de ocorrência e densidade dos grupos.
Howell et al., 2010 mostraram que para ambientes com substrato, profundidade e geomorfologia
semelhantes, as comunidades bióticas não apresentaram diferenças entre ambientes de plataforma e de
montanhas submersas. Villaça et al (2012), em um estudo sobre a dinâmica sedimentar da plataforma
do Espírito Santo, onde abordaram a ocorrência de bancos de rodolitos, encontraram como os
principais grupos da fauna bentônica associada a estes ambientes, poliquetas, ofiuroides, moluscos,
hidrozoários epifíticos e crustáceos anfípodas. Leal (2013), caracteriza briozoários, foraminíferos,
fragmentos de corais, conchas de moluscos, tubos calcários de poliquetas e fragmentos de esponjas
como importantes componentes da estrutura interna dos rodolitos desta região.
CONCLUSÃO
Embora não tenhamos encontrado diferenças significativas na composição faunística entre o que tem
relatado na bibliografia para ambientes de bancos de rodolitos adjacentes à área de estudo ou em zona
mesofótica, foi possível neste trabalho caracterizar a composição e abundância da comunidade de
epifauna e criptofauna do Banco Davis da Cadeia Vitória Trindade, que apresentam grupos
taxonômicos peculiares, além do que, dada a abordagem detalhada da metodologia adotada, são
apresentados os primeiros resultados de microfauna, representada especialmente pelos Foraminiferea,
para bancos de rodolitos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÁVILA, E. & RIOSMENA-RODRIGUEZ, R. 2010. Rhodolith beds as critical habitat for monitoring
in marine protected areas in the Gulf of California. National Parks: Vegetation, Wildlife and Threats.
Cap.9 p 207-214.
FOSTER, M.S. 2001. Rhodoliths: between rocks and soft places- Minireview. J. Phycol 37:659-667 p.
HOWELL, K.L., MOWLES, S.L. & FOGGO, A., 2010. Mounting evidence: near-slope seamounts
are faunally indistinct from an adjacent bank. Marine Ecology 31: 52–62.
KEMPF, M. 1970.Notes on the benthic bionomy of the N-NE Brazilian Shelf.Mar. Biol. v5,( 3), 213224 p.
LEAL, R.N., 2013. Processos de biomineralização de carbonato de cálcio em rodolitos da costa leste
brasileira. Tese de Doutorado. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola
Nacional de Botânica Tropical. Rio de Janeiro, RJ. 113 pp.
PEREIRA-FILHO, G.H., AMADO-FILHO, G.M., GUIMARÃES, S.M.P.B., MOURA, R.L.,
SUMIDA, P.Y.G., ABRANTES, D.P., BAHIA, R.G., GUTH , A.Z.., JORGE, R.R. & FRANCINIFILHO, R.B., 2011. Reef fish and benthic assemblages of the Trindade and Martin Vaz Island group,
southwestern atlantic. Brazilian Journal of Oceanography 59(3): 201-212.
PEREIRA-FILHO, G.P.; AMADO-FILHO, G.M.; MOURA, R.L.; BASTOS, A.C.; GUIMARÃES,
S.M.P.B.; SALGADO, L.T.; FRANCINI-FILHO, R.B.; BAHIA, R.G.; ABRANTES, D.P.; GUTH,
A.Z.; BRASILEIRO, P.S. 2012. Extensive Rhodolith Beds Cover the Summits of Southwestern
Atlantic Ocean Seamounts. Journal of Costal Research.V 28, Issue 1. pp. 261-269.
STENECK, R. S.,1986. The ecology of coralline algal crusts: convergent patterns and adaptive
strategies. Annu. Rev. Ecol. Syst., v. 17, 273-303 p.
STELLER, D.L., RIOSMENA-RODRIGUEZ, R., FOSTER, M.S. & ROBERTS, C. 2003. Rhodolith
bed diversity in the Gulf of California: the importance of rhodolith structure and consequences of
anthropogenic disturbances. Aquat. Conserv. Mar. Freshwater Ecosyst. 13: S5–S20.
VILLAÇA, R.; PEDRINI, A.G.; PEREIRA, S.M.B.; FIGUEIREDO, M.A.O. Flora marinha bentônica
das ilhas oceânicas brasileiras. In: Alves, R.J.V.
57
RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA VASCULAR DA SERRA DO ARACÁ, AMAZONAS,
BRASIL
Rafael Gomes Barbosa da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação
02/2011; previsão de conclusão do curso-2015; ingresso no PIBIC: 02/2012; Orientador: Rafaela
Campostrini Forzza
INTRODUÇÃO
Montanhas representam um ecossistema muito distinto e formam um excelente modelo de sistemas
relacionados às questões centrais da biodiversidade tais como, tamanho mínimo de população,
consequências de fragmentação, endemismos, etc. (Porembski & Barthlott, 2000). No Brasil a maioria
dos estudos realizados nestas áreas trata dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Harley &
Simmons1986, Giulietti et al. 1987, Alves 1992, Pirani et al. 1994 e 2003, Stannard 1995, Zappi et al.
2003), ou dos campos de altitude da Floresta Atlântica (Martinelli 1996, Porembski et al. 1998,
Safford 1999, Safford & Martinelli 2000, Iganci et al. 2011). No domínio Amazônico pouco ainda se
conhece sobre a flora das montanhas, sendo os estudos restritos a coletas esporádicas ou floras
realizadas em países vizinhos (Huber 1995). Das 75 unidades de conservação do estado do Amazonas,
apenas quatro contemplam áreas montanhosas: P.E. Serra do Aracá, P.E. Morro dos Seis Lagos,
PARNA Pico da Neblina e a Floresta Nacional do Amazonas. O P.E. da Serra do Aracá foi criado em
1990 com uma área de 1.818.700 hectares e altitudes que variam de 44 a 2.121 m. Está situado entre
as coordenadas 0°51-57’N e 63°14-24’O, no município de Barcelos. O clima na região é Equatorial
Úmido, com menos de dois meses de seca anual, e a temperatura é superior a 18C° no mês mais frio.
O Parque está inserido no Planalto das Guianas, que se estende do norte do Brasil até a Venezuela,
Guiana, Suriname e Guiana Francesa (FVA & CEUC 2010). A Serra do Aracá (Figura 1) é uma das
poucas áreas montanhosas dentro do domínio Amazônico que possui uma lista preliminar de espécies,
publicada por Prance & Johnson (1991).
OBJETIVOS
1) Ampliar a lista publicada por Prance & Johnson (1991) trabalhando na identificação do material
oriundo de coletas realizadas da Serra do Aracá (acima de 900 m);
2) Elaborar um banco de dados com informações da flora da Serra do Aracá;
3)Analisar a distribuição geográfica dos táxons.
METODOLOGIA
No período de 28 meses o trabalho realizado englobou as seguintes etapas: inclusão da lista de
espécies publicadas por Prance & Johnson (1991) para a Serra do Aracá em base de dados Excel;
atualização nomenclatural dos nomes dessa lista; identificação do material coletado em 2011; inserção
das coletas realizadas em 2011 e dos dados importados do speciesLink na base de dados; visita ao
herbário do INPA e realização de expedição em abril de 2014.
RESULTADOS & DISCUSSÃO
Até o momento foram identificados 422 espécimes dos 460 coletados pelo projeto em 2011,
correspondendo a 68 famílias, 81 gêneros e 155 espécies, sendo 139 de angiospermas e 16 de
samambaias e licófitas. Dentre os materiais identificados vale destacar o registro de 21 espécies não
coletadas anteriormente na Serra do Aracá. A identificação dos espécimes do INPA, ainda está em
processo de execução. As coletas realizadas no primeiro semestre de 2014 (Figura 2), ainda estão em
processamento, assim ainda não foram incluídos no atual banco de dados. O banco elaborado conta
com 1.955 registros de angiospermas, samambaias e licófitas, destes 1.495 são provenientes do
speciesLink e 460 são das coletas realizadas em 2011. Até o momento, foi possível reconhecer a
ocorrência de 572 espécies de plantas vasculares, sendo 16 endêmicas (Tabela 1) da Serra do Aracá.
Os resultados alcançados até o momento mostram que a flora da Serra do Aracá é maior do que
Prance & Johnson (1991) descreveram. Isso é resultado de coletas não publicadas em seu trabalho,
materiais indeterminados e de novas coletas realizadas na área.
58
CONCLUSÃO
Espera-se que ao final do presente estudo seja possível apresentar uma lista ampliada de espécies da
Serra do Aracá. Também esperamos ampliar o conhecimento sobre a distribuição geográfica dos
táxons, fornecendo dados importantes para o conhecimento da flora brasileira e amazônica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, R.J.V. 1992. The flora and vegetation of the Serra de São José in Minas Gerais, Brasil.
Botan. Inst. Czechoslovak Academy of Sciences (Thesis).
FVA & CEUC, 2010. Plano de Gestão do Parque Estadual da Serra do Aracá, Volume 1. Centro
Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas-CEUC.
GIULIETTI, A.M., MENEZES, N.L., PIRANI, J.R., MEGURO, M. & WANDERLEY, M.G.L. 1987.
Flora da Serra do Cipó: caracterização e lista de espécies. Boletim de Botânica da Universidade de
São Paulo 9: 1-151.
HARLEY, R.M. & SIMMONS, N.A. 1986. Flórula de Mucugê: Chapada Diamantina-Bahia, Brazil.
Royal Botanic Gardens. Kew.
HUBER, O. 1995. Vegetation. In: Flora of the Venezuelan Guayana (J.A. Steyermark, P.E. Berry &
B.K. Host, eds.). Missouri Botanical Garden, St. Louis, pp. 97-160.
IGANCI, J.R.V., HEIDEN G., MIOTTO S.T.S. & PENNINGTON R.T. 2011. Campos de Cima da
Serra: the Brazilian Subtropical Highland Grasslands show an unexpected level of plant endemism.
Botanical Journal of the Linnean Society.
MARTINELLI, G. 1996. Campos de Altitude. Editora. Index, Rio de Janeiro.
PIRANI, J. R.; GIULIETTI, A. M.; MELLO-SILVA, R. & MEGURO, M. 1994. Checklist and
patterns of geographic distribution of the vegetation of Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brasil.
Revta. Brasil. Bot. 17: 133-147.
PIRANI, J. R.; MELLO-SILVA, R. & GIULIETTI, A. M. 2003 Flora de Grão Mogol, Minas Gerais,
Brasil. Bol. Bot. Uni. São Paulo 21(1): 1-24.
POREMBSKI, S. & BARTHLOTT, W. 2000. Preface. In Inselbergs – Biotic Diversity of Isolated
Rock Outcrops in Tropical and Temperate Regions (S. Porembski & W. Barthlott, eds.). Springer,
Heidelberg, pp.5-9.
POREMBSKI, S., MARTINELLI, G., OHLEMÜLLER, R. & BARTHLOTT, W. 1998. Diversity and
ecology of saxicolous vegetation mats on inselbergs in the Brazilian Atlantic rainforest. Diversity and
Distributions 4:107-119.
PRANCE, G.T. & JOHNSON, D.M. 1991. Plant collections from the plateau of Serra do Aracá
(Amazonas, Brazil) and their phytogeographic affinities. Kew Bulletin 47:1-24.
SAFFORD, H.D. & MARTINELLI, G. 2000. Southeast Brazil. In: Inselbergs: biotic diversity of
isolated rock outcrops in the tropics. (W.Barthlott & S.Porembski, eds.). Springer-Verlag, Berlin,
Ecological Studies 146:339-389.
SAFFORD, H.D. 1999. Brazilian páramos: Introduction to the physical environment and vegetation of
the campos de altitude. Journal of Biogeography 26:693-712.
ZAPPI, D.C.; LUCAS, E.; STANNARD, B.L.; LUGHADHA, E.N.; PIRANI, J.R.; QUEIROZ, L.P.;
ATKINS, S.; HIND, D.J.N.; GIULIETTI, A.M.; HARLEY, R.M. & CARVALHO, A.M. 2003. Lista
das plantas vasculares de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo
21(2):345-398.
59
Figura 1. Imagem da Serra do Aracá. Foto: Ricardo Azoury.
Figura 2. Imagem satélite da Serra do Aracá mostrando os pontos de coleta. Os pontos vermelhos são
referentes a coleta realizada em agosto de 2011 e abril de 2014; os amarelos são coletas realizadas em
setembro de 2011; os azuis são coletas realizadas em abril de 2014.
Tabela 1. Lista de espécies endêmicas da Serra do Aracá.
Família
Espécie
Gongylolepis oblanceolata Pruski
Asteraceae
Stenopadus aracaënsis Pruski
Lindmania piresii L.B.Sm. et al.
Bromeliaceae
Navia piresii L.B.Sm. et al.
Chrysobalanaceae Licania aracaensis Prance
Clusiaceae
Caraipa aracaensis Kubitzki
Diacidia aracaensis W.R.Anderson
Malpighiaceae
Tetrapterys cordifolia W.R.Anderson
Melastomataceae
Meriania aracaensis Wurdack
aracae Boom.
Pentaphyllacaceae Ternstroemia
Ternstroemia prancei Boom.
Rapataceae
Stegolepsis piresii Maguire
Rubiaceae
Gleasonia prancei Boom.
Rutaceae
Raveniopsis aracaensis Kallunki & Steyerm.
Thymelaeaceae
Tepuianthus aracensis Steyerm. & Maguire
Xyridaceae
Xyris brachyfolia Kral & Wand.
Voucher
R.C. Forzza et al. 6568
G.T. Prance et al. 29184
J.M. Pires et al. 15010
J.M. Pires et al. 15014
A.S. Tavares et al. 114
G.T. Prance et al. 28951
R.C. Forzza et al. 6561
I.L. Amaral et al. 1550
G. Martinelli et al. 17212
H.C. Lima et al. 7262
H.C. Lima et al. 7268
H.C. Lima et al. 7284
A.S. Tavares et al. 16
R.C. Forzza et al. 6544
M.G. Silva et al. 28954
H.C. Lima et al. 7304
60
CARACTERIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO BÊNTICA EM ÁREAS SOB DIFERENTES
CONDICIONANTES ECOLÓGICAS NO BANCO DOS ABROLHOS, BA.
Renato Tenan de Barros Almeida, graduação no Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Ingresso Agosto de 2011, previsão de formação Agosto de 2015; ingresso no PIBIC em
Julho de 2013; orientação: Dr. Gilberto Menezes Amado Filho e Dr. Rodrigo L. de Moura
INTRODUÇÃO
Os recifes coralíneos estão ameaçados mundialmente por múltiplos distúrbios, particularmente pela
interação entre a sobrepesca, mudanças globais, sedimentação e poluição. Estes impactos têm levado a
um rápido declínio na cobertura de corais e à menor capacidade de recuperação dos recifes após
distúrbios intensos (Belwood et al. 2004). Apesar do consenso generalizado sobre o declínio dos
recifes, existem lacunas importantes no conhecimento dos fatores que causam e sobre aqueles que
contribuem para sua atenuação, havendo poucas informações sobre a dinâmica das comunidades
recifais do Brasil (e.g. Francini-Filho & Moura 2008; Francini-Filho et al. 2013).
A Plataforma Continental de Abrolhos, área focal do presente estudo, está localizada entre o Extremo
Sul da Bahia e o norte do Espírito Santo. A região abriga a maior biodiversidade do Atlântico Sul
(Dutra et al. 2006; Moura et al. 2013) e se destaca pela magnitude de serviços ecossistêmicos tais
como a biomineralização de CaCO3 (Amado-Filho et al. 2012) e a produção pesqueira artesanal. No
entanto, aspectos centrais acerca da estrutura e da dinâmica dos sistemas recifais de Abrolhos
permanecem mal conhecidos, dificultando seu manejo de forma a minimizar os efeitos de estressores
naturais e antropogênicos (Moura et al. 2013, Francini-Filho et al 2013).
OBJETIVOS
Avaliar a dinâmica da comunidade bêntica do recife de Abrolhos sob diferentes condicionantes
ambientais e antrópicos.
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados quantitativos referem-se à amostragem ocorrida no ano de 2013. As amostragens
abrangeram recifes coralíneos próximos à costa, sujeitos a maiores impactos antropogênicos, e recifes
mais afastados da costa. Em cada área foram amostrados dois habitats distintos, o topo e a parede do
recife. Em cada um desses hábitats foram colocados 10 quadrados de PVC (75 x 66 cm) (réplicas),
aleatoriamente distribuídos ao longo de trechos com entre 20 e 50 m de extensão. As posições dos
quadrados foram mantidas nas amostras subsequentes a partir de marcações com vergalhões de ferro
fixados ao recife, visando avaliar tendências temporais. Os dados acerca da diversidade bêntica recifal
foram extraídos das fotos digitais com o uso de programas de computador, tais como CPCE e Image J
(Francini-Filho et al., 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A categoria “turf” (= tufos de algas) apresentou, em todos os sítios e habitats, a maior porcentagem
relativa de recobrimento do substrato recifal (média de 49,8%). Outros grupos, tais como alga calcária
incrustante (CCA), o gênero de zoantídeos Palythoa, os corais escleractíneos Mussismilia braziliensis,
M. hartii e Montastrea cavernosa, juntamente com o gênero de macroalgas Dictyota, também
apresentaram porcentagens de recobrimento elevadas, compreendendo a maior parte visualmente
acessível das comunidades bênticas.
No geral, o padrão de cobertura da assembleia bentônica mudou pouco em relação ao apresentado por
Francini-Filho et al. (2013), cobrindo o período entre 2006 e 2008. Análises mais detalhadas deverão
revelar as principais tendências de médio/longo prazo na cobertura dos recifes de Abrolhos.
Quanto à diferença espacial, algumas considerações podem ser feitas. Para os indivíduos das espécies
Mussismilia braziliensis, Mussismilia hartii e espécies do gênero Siderastrea preferências claras pelos
sítios Arquipélago, Timbebas e PAB, respectivamente. Já para organismos como alga calcaria
incrustante, Montastrea cavernosa e o gênero Palythoa, podemos observar uma preferência por sítios
do tipo parede, parede e topo, respectivamente, sugerindo que esses organismos podem ser
61
influenciados por fatores de fortes diferenças entre esses sítios, como a luminosidade. Já para
indivíduos do grupo “Turf” não foi possível estabelecer preferências em sítios ou habitats devido a sua
alta ocorrência em todos os meios.
CONCLUSÕES
Os dados processados estão sendo revisados pelos coordenadores do projeto e serão incorporados à
base de dados do PELD Abrolhos, visando subsidiar a elaboração de novas publicações cobrindo
séries mais longas de dados. Foi possível a observação de padrões de distribuição de acordo com
diferentes condicionantes antrópicos e ambientais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMADO-FILHO, G.M.; MOURA, R L.; BASTOS, A.C.; SALGADO, L.T.; SUMIDA, P.Y.; GUTH,
A.Z.; FRANCINI-FILHO, R.B.; PEREIRA-FILHO, G.H.; ABRANTES, D.P.; BRASILEIRO, P.S.;
BAHIA, R.G.; LEAL, R.N.; KAUFMAN, L.; KLEYPAS, J.A.; FARINA, M. & THOMPSON, F.L.
2012. Rhodolith beds are major CaCO3 bio-factories in the tropical South West Atlantic. Plos One, 7.
BELLWOOD, D.R.; HUGHES, T.P.; FOLKE, C. & NYSTROM, M. 2004. Confronting the coral reef
crisis. Nature 429: 827-833.
DUTRA, G.F.; ALLEN, G.R.; WERNER, T. & McKENNA, S.A. 2006. A rapid marine biodiversity
assessment of the Abrolhos Bank, Bahia, Brazil. Biological Assessment 38: 160.
FRANCINI-FILHO, R.B & MOURA, R.L. 2008. Dynamics of fish assemblages on coral reefs
subjected to different management regimes in the Abrolhos Bank, eastern Brazil. Aquatic
Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems 18: 1166–1179.
FRANCINI-FILHO, R.B; CONI, E.O; MEIRELLES, P.M; AMADO-FILHO, G.M; THOMPSON,
F.L; PEREIRA-FILHO, G.H; BASTOS, A.C; ABRANTES, D.P; FERREIRA, C.M; GIBRAN, F.Z;
GUTH, A.Z; SUMIDA, P.Y.G; OLIVEIRA, N.L & MOURA, R.L. 2013. Dynamics of Coral Reef
Benthic Assemblages of the Abrolhos Bank, Eastern Brazil: Inferences on Natural and Anthropogenic
Drivers. PLOS ONE 8.
FRANCINI-FILHO, R.B.; MOURA, R.L.; THOMPSON, F.L.; REIS, R.D.; KAUFMANN, L.;
KIKUCHI, R.K.P. & LEÃO, Z.M.A.N. 2008. Diseases leading to accelerated decline of reef corals in
the largest South Atlantic reef complex (Abrolhos Bank, eastern Brazil). Marine Pollution Bulletin 56:
1008–1014.
MOURA, R.L.; SECCHIN, N.A.; AMADO-FILHO, G.M.; FRANCINI-FILHO, R.B; FREITAS,
M.O.; MINTE-VERA, C.V.; TEIXEIRA, J.B.; THOMPSON, F.L.; DUTRA, G.F.; SUMIDA, P.Y.G.;
GUTH, A.Z.; LOPES, R.M. & BASTOS, A.C. 2013. Spatial patterns of benthic megahabitats and
conservation planning in the Abrolhos Bank. Continental Shelf Research 70: 109-117.
62
ESTUDOS ONTOGENÉTICOS DE INFLORESCÊNCIAS EM CLIDEMIA (MICONIEAE,
MELASTOMATACEAE) APLICADOS À SISTEMÁTICA
Talvanis Lorenzetti Freire; Graduação em Ciências Biológicas; Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro; Ingresso na graduação – 2012.2; Previsão de conclusão do curso – 2016.1; Ingresso no
PIBIC – 14/04/2013; Orientador(es): José Fernando Baumgratz e Karen De Toni.
INTRODUÇÃO
A família Melastomataceae é uma das mais diversificadas na flora brasileira, representada por 68
gêneros e 1.332 espécies (Baumgratz et al. 2014), tal diversidade taxonômica está estreitamente
associada a uma grande variabilidade morfológica de estruturas vegetativas, florais e frutíferas. A
posição da inflorescência tem sido utilizada como um caráter para distinguir gêneros afins (Judd 1986,
1989; Souza 1998). De acordo com esses autores, em alguns gêneros há espécies em que a
inflorescência terminal é rapidamente deslocada para uma posição pseudo-lateral, devido ao
desenvolvimento de uma gema axilar imediatamente abaixo da inflorescência. Em outros, porém,
além da inflorescência terminal, formam-se inflorescências axilares, designadas como acessórias
(Goldenberg 2000). Em Miconieae diversos estudos taxonômicos indicam a presença de
inflorescências terminais e/ou laterais. De acordo com Judd (1986) e Michelangeli (2000), várias
espécies que aparentemente tem inflorescências laterais possuem na realidade inflorescências
terminais, que são ultrapassadas pelo rápido crescimento de um meristema lateral, as quais são
denominadas de pseudo-laterais.
OBJETIVOS
Este trabalho objetiva caracterizar e descrever a origem das inflorescências em Clidemia hirta D.Don,
visando esclarecer as relações entre “meristema vegetativo X reprodutivo”, e inflorescências
“terminais X axilares” com as possíveis classificações atuais na sistemática.
MATERIAL E METODOS
Foram coletados e fixados ápices vegetativos e reprodutivos, em diversos estágios de
desenvolvimento, de espécimes de C. hirta, e, posteriormente, utilizados os protocolos usuais para
confecção de lâminas permanentes em anatomia vegetal.
RESULTADOS
As espécies de Clidemia caracterizam-se principalmente pelas inflorescências do tipo tirsóide ou
metabotrióide, terminais e/ou pseudo-axilares, botões florais com ápice obtuso a arredondado, lacínias
externas do cálice maiores que as internas e frutos carnosos, do tipo bacídio (sucoso e polispérmico) e
urceolados. Nos ápices reprodutivos dos ramos de C. hirta, em estágios iniciais de desenvolvimento,
observam-se um meristema de inflorescência (reprodutivo) e dois meristemas vegetativos (Fig. 1a).
Estes meristemas vegetativos posicionam-se lateralmente ao meristema de inflorescência, ou seja, em
uma posição axilar, estando no mesmo estágio de desenvolvimento (Fig. 1a). Neste estágio, o
meristema da inflorescência tem posicionamento terminal e, por sua vez, apresenta dois meristemas
florais posicionados lateralmente, que correspondem aos três primeiros ramos da estrutura de floração:
um central e dois laterais (Fig. 1a-b). A partir desta etapa, os dois meristemas vegetativos podem
apresentar, ou não, um contínuo e semelhante desenvolvimento durante toda a maturação da
inflorescência. Quando ambos os meristemas vegetativos mantém um mesmo grau de
desenvolvimento (Fig. 1a-b), formando gemas com dimensões e formas semelhantes, o primórdio da
inflorescência mantém a posição terminal nos ramos. Mas quando esse desenvolvimento do meristema
vegetativo se mostra diferenciado (Fig. 1c-d), originando gemas vegetativas desiguais em tamanho e
forma, percebe-se uma alteração na posição terminal da inflorescência, que começa a ser deslocada
para uma posição pseudo-axilar (Fig. 1c), devido ao progressivo desenvolvimento do ramo vegetativo.
63
DISCUSSÃO
Judd (1989) e Judd & Skean (1991) assinalam que as inflorescências terminais de Clidemia são
consideradas como uma característica plesiomórfica em Miconieae e que as inflorescências axilares
(laterais) parecem ter evoluído pelo menos quatro vezes dentro na tribo e revertido pelo menos uma
vez ao posicionamento terminal. Essa condição plesiomórfica, com base nestes mesmos autores, é
fundamentada pela ocorrência de inflorescências terminais no grupo irmão, a tribo Merianieae, e as
inflorescências laterais, consideradas um caráter derivado. Michelangeli et al. (2004), ao realizaram
uma análise filogenética molecular para a tribo Miconieae e suas implicações na posição das
inflorescências, observaram a formação de dois clados: um composto por gêneros caulifloros
(Henriettea, Henriettella (= Henriettea), Loreya e Bellucia), e outro com todos os demais táxons de
Miconieae estudados e como grupo irmão de uma politomia que inclui representantes das tribos
Merianieae e Blakeeae. Nessa análise, grupos com inflorescências terminais são apontados como
basais e os com inflorescências axilares surgindo em pelo menos quatro diferentes linhagens. Os
trabalhos existentes descrevem tradicionalmente apenas o tipo de inflorescência, sem entrar na
discussão sobre a origem e o desenvolvimento das estruturas de floração. Apesar da diferença de
terminologia (axilar X lateral X pseudo-axilar), vários autores tem se baseado apenas na análise da
morfologia externa e não em estudos ontogenéticos, que elucidam a origem e os tecidos responsáveis
pela formação dessas estruturas.
CONCLUSÃO
Em Clidemia hirta possui inflorescências terminais e pseudo-axilares, as inflorescências nos estágios
iniciais de desenvolvimento ocupam sempre uma posição terminal, podendo manter-se assim até o
final da maturação. Entretanto, isso dependerá se os dois meristemas vegetativos laterais à
inflorescência apresentarem um desenvolvimento similar. Se um desses meristemas vegetativos se
desenvolve mais do que o outro, formando um novo ramo, ou cessa o seu desenvolvimento, o eixo de
floração será “empurrado” para o lado, ocupando uma posição pseudo-axilar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMGRATZ, J.F.A., BERNARDO, K.F.R., CHIAVEGATTO, B., GOLDENBERG, R.,
GUIMARÃES, P.J.F., KRIEBEL, R., MARTINS, A.B., MICHELANGELI, F.A., REGINATO, M.,
ROMERO, R.; SOUZA, M.L.D.R. & WOODGYER, E. 2014 Melastomataceae. In: Lista de Espécies
da
Flora
do
Brasil.
Jardim
Botânico
do
Rio
de
Janeiro.
Disponível
em:http://floradobrasil.jbrj.gov.br/.Acesso: Maio 2014.
GOLDENBERG, R. 2000. O gênero Miconia Ruiz et Pav. (Melastomataceae): I. Listagens Analíticas;
II. Revisão taxonômica da seção Hypoxanthus (Rich. ex DC.) Hook.f. Tese de Doutorado.
Universidade Estadual de Campinas, SP, 249p.
JUDD, W.S. 1986. Taxonomic studies in the Miconieae (Melastomataceae) I. Variation in
inflorescence position. Brittonia 38: 150-161.
JUDD, W.S. 1989. Taxonomic studies in the Miconieae (Melastomataceae) III. Cladistic analysis of
axillary-flowered taxa. Annals of the Missouri Botanical Garden 76: 476-495.
JUDD, W.S. & SKEAN Jr., J.D. 1991. Taxonomic studies in the Miconieae (Melastomataceae) IV.
Generic realignments among terminal-flowered taxa. Bulletin of the Florida Museum of Natural
History. 36: 25-84.
MICHELANGELI, F.A. 2000. A cladistics analysis of the genus Tococa (Melastomataceae) based on
morphological data. Sistematic Botany. 25: 211-234.
MICHELANGELI, F. A., PENNEYS, D. S., GIZA, J., SOLTIS, D., HILS, M. H. & DAN SKEAN Jr,
J. 2004. A preliminary phylogeny of the tribe Miconieae (Melastomataceae) based on nrITS sequence
data and its implications on inflorescence position. Taxon 53(2): 279-290.
SOUZA, M.L.D.R. 1998. Revisão Taxonômica do gênero Ossaea DC. (Melastomataceae) no Brasil.
Tese Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 317p
64
Figura 1. Ápices reprodutivos de Clidemia hirta D.Don. A,B –Detalhe do ápice reprodutivo,
destacando meristemas vegetativos (mv) em estágios semelhantes do desenvolvimento, e meristema
de inflorescência (seta branca) com dois meristemas florais posicionados lateralmente (setas pretas).
C, D – Novos meristemas florais são indicados (setas cinzas), meristemas vegetativos com
desenvolvimento desiguais, indicando início de alteração de posicionamento da inflorescência. Barra
de escala = 500 μm. Secções longitudinais.
65
MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO EM SWARTZIA (LEGUMINOSAE,
PAPILONOIDEAE), UM GÊNERO DIVERSO NO NEOTRÓPICO
Tarlile Barbosa Lima; Graduação em Ciências Biológicas; UFF; ingresso na graduação – 07/2009;
previsão de conclusão do curso – 07/2015; ingresso no PIBIC: 07/2011; orientador: Vidal de Freitas
Mansano.
INTRODUÇÃO
Swartzia Schreb. caracteriza-se por serem plantas lenhosas com distribuição neotropical. Possui flor
com cálice inteiro no botão floral e se rompe irregularmente na antese, a corola apresenta uma pétala
ou a pétala é ausente e o androceu é, geralmente, multiestaminado e heteromórfico, com até três tipos
diferentes de estames (Mansano & Souza, 2005). São estimadas cerca de 180 espécies de Swartzia
distribuídas principalmente desde de Nayarit, na costa do Pacífico, no México, até o sul do Rio
Grande do Sul, no Brasil (Cowan, 1968; Torke & Mansano, 2009). Swartzia apetala encontra-se
associada ao bioma Mata Atântica, ocorrendo com abundância nos estados de Rio de Janeiro e Bahia.
A modelagem de distribuição potencial de espécies se mostra uma ferramenta ideal para a realização
do estudo do gênero Swartzia. Isso porque, de acordo com Kamino (2009), os trabalhos de
modelagem possibilitam a expansão de áreas de ocorrência das espécies, através do estudo de padrões
de distribuição geográfica. Também no âmbito da conservação, considera-se a identificação e
delimitação de áreas para reservas de reintrodução de espécies e desenvolvimento de medidas eficazes
para a conservação das mesmas (Adhikari et. al., 2012). Em Swartzia sect. Swartzia Torke &
Mansano merece destaque Swartzia apetala Raddi, que foi divida por Cowan (1967) em quatro
variedades: S. apetala Raddi var. apetala, S. apetala var. blanchetii (Benth.) R.S. Cowan, S. apetala
var. glabra (Vogel) R.S. Cowan e Swartzia apetala var. subcordata R.S. Cowan. Mansano & Tozzi
(1999) em um estudo sobre o gênero no Brasil sinonimizaram S. apetala var. blanchetii e S. apetala
var. subcordata com S. apetala var. apetala, considerando desta forma apenas duas variedades para
esta espécie (S. apetala var. apetala e S. apetala var. glabra). Mansano (com. pess.) acredita que a
sinonimização de S. apetala var. blanchetii deva ser revista e que este táxon não é sinônimo de
Swartzia apetala var. apetala. S. apetala var. blanchetii caracteriza-se pelo ovário piloso
(característica exclusiva dentro da espécie), acinzentado e pedicelo medindo entre 2 a 3 mm de
comprimento.
OBJETIVO
Estudar a distribuição das variedades de Swartzia apetala com o auxílio da ferramenta de modelagem
de distribuição potencial (software Maxent), relacionando-os com fatores ambientais através de testes
estatísticos de PCA (Análise de Componentes Principais).
MATERIAL E MÉTODOS
O bioma Mata Atlântica e regiões de ecótones com cerrado e caatinga foram delineados como áreas de
principal ocorrência devido à predominância das localizações das coordenadas geográficas. Em
relação ao tratamento de dados, foi realizado um trabalho de apuração e posterior descarte de algumas
coordenadas com baixa precisão visando maior acurácia do resultado final do projeto. Para elaboração
desse primeiro modelo experimental utilizou-se uma abordagem exploratória para cada variedade de
S. apetala, o que justifica a ampla escolha de variáveis ambientais (dados abióticos). Sendo assim
foram selecionadas 19 variáveis bioclimáticas e uma topográfica da base de dados bioclimáticos da
Worldclim: bio_1 (temperatura média anual), bio_2 (média mensal de (temperatura max - min temp)),
bio_3 ( Isoterma (bio_2/bio_7) (* 100), bio_4 (sazonalidade da temperatura (desvio padrão * 100),
bio_5 (temperatura máxima do mês mais quente), bio_6 (min temperatura do mês mais frio), bio_7
(faixa de temperatura anual (bio_5-bio_6), bio_8 (temperatura média do trimestre mais chuvoso),
bio_9 (temperatura média do trimestre mais seco), bio_10 (temperatura média do trimestre mais
quente), bio_11 (temperatura média do trimestre mais frio), bio_12 (precipitação anual), bio_13 (
precipitação do mês mais chuvoso), bio_14 (precipitação do mês mais seco), bio_15 (precipitatação
sazonal (coeficiente de variação), bio_16 (precipitação no quadrimestre mais úmido),bio_17
66
(precipitação no quadrimestre mais seco), bio_18 (precipitação no quadrimestre mais quente), bio_19
(precipitação no quadrimestre mais frio) e h_dem (altitude), na resolução de pixel de 10 km. O
algoritmo selecionado foi o MaxEnt, que trabalha estimando a probabilidade de distribuição em
máxima entropia, prevendo a distribuição potencial de uma espécie com base em variáveis ambientais
e coordenadas geográficas. No processo de modelagem foi realizado o download do software gratuito
MaxEnt em cs.princeton.edu/~schapire/maxent, as coordenadas foram inseridas no campo Samples e
as variáveis ambientais no campo Enviromental layers. Alguns ajustes na configuração do mesmo
foram admitidas antes de operar o programa, dentre elas as opções de criação do teste de “jacknife”
(que divide aleatoriamente o conjunto de pontos em treino e teste) e as curvas características de
operação (ROC). Também foi realizado um teste de PCA (Análise das Componentes Principais). Em
seguida, foram elencadas 7 variáveis ambientais com menor grau de correlação para cada variedade de
S. apetala e remodelado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As camadas ambientais mais relevantes para as seguintes variedades foram: S. apetala var. apetala:
bio_7, bio_2, bio_17, bio_14, bio_4, bio-15 e alt; S. apetala var. blanchettii: bio_2, bio_14, bio_7,
bio-15, bio_19, bio_13 (precipitação do mês mais úmido) e alt; S. apetala var glabra: bio_2, bio-15,
bio_7, bio_18, bio_19, bio_3 e alt. Nos modelos gerados a distribuição das variedades de S. apetala é
influenciada por fatores climáticos, principalmente pela precipitação. Em S. apetala var. apetala, o
valor médio encontrado para a curva ROC, foi de AUC = 0,995, valores aceitáveis de máximo variam
na literatura, mas geralmente maiores ou iguais a 0.6 são considerados “bons” (Graham & Hijmans
2006). Já o teste de “Jacknife” acusou como variável de maior contribuição para o modelo a bio_7 e a
bio_2, respectivamente. É possível afirmar que sua distribuição está relacionada com toda a extensão
da mata Atlântica. Já S. apetala var. glabra apresentou AUC = 0,965 e as variáveis bio_2 (média
mensal) e bio_15 (precipitação sazonal – coeficiente de variação) demonstraram o padrão de maior
colaboração. Swartzia apetala var. blanchettii respondeu com o melhor modelo gerado, sua curva
ROC foi classificada com AUC = 0,999 e ambas variáveis ambientais exibiram contribuição
semelhante para obtenção do modelo, com destaque de bio_2 e bio_14. Estes dados relacionados com
o mapa preditivo (fig.1) substanciam a hipótese de endemismo associado à referida variedade. Os
testes de “jacknife” das variedades de S. apetala demonstrando a colaboração das variáveis ambientais
para a geração do modelo. É possível notar um padrão de influência das variáveis bio_2 (média
mensal de (temperatura max - min temp), bio_7 (faixa de temperatura anual (bio_5-bio_6) e bio_15
(precipitatação sazonal (coeficiente de variação).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADHIKARIA D., BARIKA S. K., UPADHAYAB K. 2012. Habitat distribution modelling for
reintroduction of Ilex khasiana Purk., a critically endangered tree species of northeastern India.
Ecological Engineering 40 (2012) 37– 43.
COWAN, R. S. 1968. Swartzia (Leguminosae- Caesalpinioideae, Swartzieae). Flora Neotropica
Monograph 1. Hafner, New York, 228p.
KAMINO, L.H.Y. 2009. Modelos de distribuição geográfica potencial: aplicação com plantas
ameaçadas de extinção da Floresta Atlântica. 133f. : Il.
MANSANO, V. F. & SOUZA, A. L. 2005. A new Swartzia (Leguminosae: Papilionoideae:
Swartzieae) species with trimorphic stamens from Amazonian Brazil. Botanical Journal of the
Linnean Society 147: 235-238.
TORKE, B. M. and MANSANO, V. F. 2009. A phylogenetically based sectional classification of
Swartzia (Leguminosae-Papilionoideae). Taxon 58: 913–924.
67
Figura 1: Mapas preditivos dos modelos gerados: S. apetala var. apetala, S. apetala
var. blanchettii, S. apetala var. glabra, respectivamente.
68
MORFOLOGIA
E
DESENVOLVIMENTO
DOS
ESTIGMAS
DE
GÊNEROS
TILLANDSÓIDES
Wellington Souza de França; Graduação Ciências Biológicas, UNIGRANRIO; ingresso graduação –
01/2011; concluído – 12/2013; ingresso no PIBIC: março/2013; orientadora: Karen L.G. De Toni.
INTRODUÇÃO
Bromeliaceae Juss. inclui 3.248 espécies subordinadas a 58 gêneros (Luther 2010). A partir de Smith
& Downs (1974, 1977, 1979), diversas mudanças taxonômicas foram realizadas na família em todos
os níveis taxonômicos.
De acordo com Smith & Downs (1974, 1977, 1979), a família foi subdividida em três subfamílias:
Tillandsioideae, Pitcairnioideae e Bromelioideae, baseando-se em características morfológicas de
flores, frutos e sementes. Estudos recentes realizados por Givnish et al. (2011), sugerem oito
subfamílias para Bromeliaceae. Estes basearam-se em características do gineceu e androceu, que
possuem relevância para entender a filogenia da família. Além disso, os estigmas vêm recebendo
destaque nas análises morfológicas. Em Tillandsioideae, onde se observa a maior variação estigmática
(Brown & Gilmartin 1988), tal estrutura mostra-se ainda mais relevante para o conhecimento da
evolução dos táxons.
Vários tipos de estigmas são descritos para Bromeliaceae. Brown & Gilmartin (1984) caracterizam
três tipos: espiral-conduplicado, lâmina-convoluta e simples-ereto. Utley (1983) acrescentou mais um:
o cupulado. Um quinto, o coraliforme, foi descrito por Brown & Gilmartin (1989). Outro tipo é
sugerido para algumas de espécies de Vriesea, tubo-laciniado (Leme 2012); e o tipo conduplicadopatente para as espécies de Alcantarea (Barfuss et al. 2013).
OBJETIVO
O presente estudo tem por objetivo o estudo da morfologia e desenvolvimento dos estigmas para a
compreensão da evolução morfológica de tal subfamília, em especial o gênero Vriesea Lindl.
MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento do projeto foram coletados botões florais e flores em diversos estágios do
desenvolvimento de 21 espécies de Bromelioideae (3 spp.), Pitcairnioideae (2 spp.) e Tillandsioideae
(16 spp.). A preparação do material seguiu os protocolos usuais para microscopia eletrônico de
varredura. A observação foi realizada em microscópio EVO40, sob voltagem de15kV.
RESULTADOS
Durante o processo de maturação dos carpelos observa-se nas espécies do gênero Tillandsia, os lobos
estigmáticos livres e eretos desde o início do desenvolvimento, caracterizando estigmas do tipo
simples-ereto (Fig. 1a-e); torções nos lobos estigmáticos em estágios tardios (Fig. 1c-e) foram
observados em algumas espécies. No tipo espiral-conduplicado os lobos estigmáticos apresentam-se
livres, espiralados e conduplicados desde estágios precoces do desenvolvimento (Fig. 1f-j). O tipo
estigmático lâmina-convoluta foi identificado nas espécies do gênero Vriesea. O desenvolvimento
desse tipo de estigma é semelhante entre todas as espécies analisadas, em estádios iniciais (Fig. 1k-l),
ao desenvolvimento do tipo simples-ereto. Com a maturação da estrutura, as lâminas destacam-se pelo
proeminente crescimento convoluto (Fig. 1m-o). Em Alcantarea, especificamente em A. glaziouana
(Fig. 1p-s) não foi possível classificar o tipo de estigma a partir das descrições anteriores, pois esta
espécie apresenta um tipo peculiar. Sugere-se então, um novo tipo estigmático, mencionado neste
estudo como tipo Alcantarea (Fig. 1p-s).
DISCUSSÃO
De acordo com o observado neste estudo, o tipo espiral-conduplicado é característico das
Bromelioideae (exceto Cryptanthus), e também é referido para as espécies de Pitcairnia (Brown &
Gilmartin 1984, 1989). Quanto a este tipo, existem registros que mencionam a torção dos lobos logo
nos estágios iniciais do desenvolvimento (Brown & Gilmartin 1988), porém ainda não havia menção
de que, em estágios inicias do desenvolvimento, os lobos também conduplicam-se.
69
O gênero Tillandsia destaca-se pelo tipo simples-ereto, que apresenta os estigmas livres e eretos
durante todo o desenvolvimento, corroborando com dados obtidos por Brown & Gilmartin (1988).
Variações foram encontradas quanto a torções de cada lobo estigmático, como já mencionado por
(Brown & Gilmartin 1988). O único contraponto encontrado foi quanto à classificação de T.
streptocarpa, que na literatura é descrita como do tipo espiral-conduplicado (Brown & Gilmartin
1989), e neste estudo melhor adequou-se ao simples-ereto, desde o início do desenvolvimento.
O tipo lâmina-convoluta é encontrado nas espécies de Vriesea. Este tipo de estigma apresenta
crescimento irregular dos seus lobos e também papilas densas nas extremidades da lâmina estigmática
(Brown & Gilmartin 1988). Dentre todas as espécies analisadas no estudo, é semelhante o
desenvolvimento do tipo lâmina-convoluta, entretanto, foi possível observar que durante o processo
de maturação dos estigmas, algumas espécies apresentaram grau de fusionamento e densidade das
papilas dos lobos estigmáticos diferenciados, sendo possível realizar uma divisão em subtipos I, II e
III, de acordo com as características morfológicas da lâmina estigmática.
Em Alcantarea, estudos anteriores a classificam com estigma do tipo conduplicado-patente (Barfuss et
al. 2013). Porém os resultados aqui obtidos são divergentes, não estando de acordo com nenhum tipo
já descrito, por isso foi proposto um novo tipo, tipo Alcantarea.
CONCLUSÃO
Tillandsioideae apresenta ampla variação morfológica quanto aos tipos estigmáticos. A partir dessa
variação encontrada em Tillandsioideae, os três tipos encontrados tem início de desenvolvimento
semelhantes, o que indica a relação entre eles. Para Pitcairnioideae e Bromelioideae apenas um tipo
estigmático foi descrito, o qual tem padrão de desenvolvimento idêntico entre as espécies analisadas.
Estudos ontogenéticos dos estigmas em Bromeliaceae, mostram-se relevantes para entender melhor a
filogenia e a relação dos táxons, no entanto, há necessidade de mais estudos, a fim de que seja
analisadas a relação entre os tipos estigmáticos em Tillandsioideae.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARFUSS, M.H.J., SAMUEL, R. & TILL, W. 2013. Systematics and Evolution of Tillandsioideae
(Bromeliaceae). Monocots V. Abstracts.
BROWN, G.K. & GILMARTIN, A.J. 1984. Stigma structure and variation in Bromeliaceae –
neglected taxonomic characters. Brittonia 36(4): 364-374
BROWN, G.K. & GILMARTIN, A.J. 1988. Comparative ontogeny of bromeliaceous stigmas. p: 191204. In: Leins, P., Tucker, S.C. & Endress, P.K. Aspects of Floral Development. Berlin, Stuttgart.
BROWN, G.K. & GILMARTIN, A.J. 1989. Stigma types in Bromeliaceae - a systematic survey.
Systematic Botany 14: 110-132.
GIVNISH, T.J., BARFUSS, M.H.J., Ee, B.V., RIINA, R., SCHULTE, K., HORRES, R., GONSISKA,
P.A., JABAILY, R.S., WINTER, K., BROWN, G.K., EVANS, T.M., HOLST, B.K., LUTHER, H.,
TILL, W., ZIZKA, G. BERRY, P.E. & SYTSMA, K.J. 2011. Phylogeny, adaptive radiation, and
historical biogeography in Bromeliaceae: insights from an eight-locus plastid phylogeny. Am. J. Bot.
98: 872–895.
LEME, E.M.C. 2012. Revision of the Lithophytic Vriesea Species from Minas Gerais (and vicinities),
Brazil - Part V: Two tubolaciniate stigma-type new species. JBS 62(1): 10-19.
LUTHER, H.E., 2010. An Alphabetical List of Bromeliad Binomials, 12th Ed. Sarasota Bromeliad
Society and Marie Selby Botanical Gardens, Sarasota.
SMITH, L.B. & DOWNS, R.J.1974. Bromeliaceae, sub-family Pitcairnioideae. Flora Neotropica,
New York, mon. 14, part 1, 658 p., 212 fig.
SMITH, L.B. & DOWNS, R.J. 1977. Bromeliaceae, sub-family Tillandsioideae. Flora Neotropica,
New York, mon. 14, part 2, p. 663-1492, fig. 213-467.
SMITH, L.B. & DOWNS, R.J.. 1979. Bromeliaceae, sub-family Bromelioideae. Flora Neotropica,
New York, mon. 14, part 3, p. 1493-2142, fig. 468-730.
UTLEY, J. 1983.A revision of the Middle American Vrieseas (Bromeliaceae). Tul. Zoo. Bot. 24:181.
70
Figura 1. Desenvolvimento dos estigmas. Tillandsia streptocarpa (a-b), T. geminiflora (c,e), T. stricta
(d), Achmea floribunda (f-h), A. blumenavii (i), A. triangularis (j), Vriesea neoglutinosa (k), V.
platinema (l), V. incurvata (m), V. philipocouburgui (n) e V ensiformis (o), Alcantarea glaziouana (ps). Barra de escala = 20µm (k), 30µm (e), 100µm (a, c, d, m-n, p-q), 200µm (b, i-j, o, r-s), 300µm (fh), 500µm (l).
71
FENODINÂMICA DE UMA COMUNIDADE ARBÓREA DE MATA ATLÂNTICA
MONTANA
Ana Carolina Brant Corrêa; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação –
março/2011; previsão de conclusão do curso – dezembro/2016; ingresso no PIBIC: agosto/2013;
orientador: Leandro Freitas
INTRODUÇÃO
A fenologia é o estudo da ocorrência de eventos biológicos recorrentes, suas relações com fatores
bióticos e abióticos e a interrelação destes eventos entre mesmas ou diferentes espécies (Lieth, 1974).
Os estudos fenológicos auxiliam na compreensão da dinâmica e funcionamento dos ecossistemas
(Lieth 1974) e podem ser usados também como ferramenta para entender a disponibilidade de
recursos para populações de animais herbívoros, antófilos e frugívoros e da dinâmica e ciclagem de
nutrientes nas comunidades (Bullock et al. 1990). Os fatores que podem influenciar a determinação
dos padrões fenológicos são: bióticos, que podem influenciar evolutivamente a ocorrência de
assincronia ou sincronia de fenofases (Frankie et al. 1974) e abióticos, que agem como estímulos para
a ocorrência de determinada fenofase ou para que esta não ocorra (van Schaik et al. 1993). Florestas
tropicais apresentam ampla variação nos padrões de fenologia reprodutiva e vegetativa (Morellato et
al. 2000), de modo que abrangência do período de estudo e a periodicidade das coletas são
importantes para identificação de padrões.
OBJETIVO DO ESTUDO
Iniciar a coleta de dados para caracterizar a fenodinâmica da comunidade arbórea em uma área de
Mata Atlântica montana. E, com base nos dados climáticos da região, entender e prever épocas de
maior recurso para polinizadores e dispersores de sementes na área.
MÉTODOS
A área de estudo foi uma floresta ombrófila montana no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no
município de Teresópolis, RJ, região de clima tropical, com duas estações, uma seca e uma chuvosa.
A análise de dados incluiu coletas mensais de agosto de 2013 a março de 2014. O mês de dezembro2013 foi eliminado devido às fortes chuvas do mês que impediram a observações da maior parte dos
indivíduos. As fenofases brotamento, queda foliar, botão floral, floração, fruto verde e fruto maduro
foram registradas pelo método proposto por Fournier (1974). Foram analisados 86 indivíduos de 62
espécies, escolhidos do levantamento fitossociológico feito por Finotti et al. (2012). Os dados foram
organizados por atividade da fenofase e por índice de intensidade de Fournier para a fenofase,
comparando espécies e indivíduos (Morellato et al. 2002) intensidade para indivíduos ponderada pela
abundância de indivíduos amostrados no levantamento fitossociológico. A partir dos dados climáticos
no período de estudo, foram calculadas as temperaturas médias e precipitação acumulada de cada mês
e também do mês anterior. A correlação entre os dados climáticos e os fenológicos foi feita utilizando
o programa estatístico PAST, usando a função de correlação de Spearman e p < 0,05 como nível de
significância.
RESULTADOS
Dentre os valores significativos obtidos nas correlações, a temperatura média do mês anterior foi a
variável mais fortemente relacionada (i.e., r² > 0,8) às atividades de queda foliar e de botão, e à
intensidade de botão por espécie, sendo esta última correlacionada negativamente (Tabela 1A). A
atividade de queda foliar para espécies e indivíduos, de floração para espécies e intensidade de queda
foliar para espécies foram mais relacionadas à temperatura média do mês (Tabela 1B). A precipitação
no mês anterior esteve mais fortemente relacionada, negativamente, à intensidade de Fournier de
frutos maduros para indivíduos (Tabela 1C). A correlação da precipitação acumulada no mês de
observação não foi significativa para nenhuma das variáveis fenológicas. Brotamento teve menor
atividade em fevereiro e março, quando queda exibiu seu pico de atividade (Figura 2A e B). A maior
atividade de botão ocorreu em setembro, quando floração teve sua menor atividade (Figura 2A e B) e
72
as atividades mais baixas de botão foram entre janeiro e março, quando floração exibiu sua atividade
mais alta (Figura 2C e D). Fruto verde teve maior atividade em setembro, enquanto fruto maduro
mostrou seu maior pico em março e baixa atividade em janeiro (Figura 2E e F). As maiores
intensidades de Fournier de cada fenofase ocorreram para espécies nos mesmos meses que as maiores
atividades (Figura 3).
DISCUSSÃO
As linhas de porcentagem de atividade por espécie e por indivíduos se sobrepuseram ou então se
cruzaram eventualmente, por haver atividade em espécies muito abundantes na comunidade. A
intensidade foi frequentemente mais alta para indivíduos do que para espécies, pois o valor da
intensidade por indivíduos esta ponderado pela abundância das espécies registrada no levantamento
fitossociológico (Finotti 2012). Logo, espécies com muitos indivíduos no levantamento e máxima
intensidade da fenofase, tiveram forte influência na fenodinâmica da comunidade. Um evento atípico,
como a escassez de chuva em um mês da estação mais chuvosa, gerou um pico de queda foliar
também atípico para a fenodinâmica esperada neste tipo de floresta. Uma variação atípica climática,
ao influenciar a fenodinâmica da comunidade arbórea, causa, ainda, consequências sobre a
disponibilidade de recursos para a fauna da floresta. A temperatura foi a variável climática que mais
influenciou os eventos fenológicos vegetativos na comunidade, assim como mostram outros estudos
em florestas tropicais (Frankie et al. 1974).
CONCLUSÃO
Espécies muito abundantes na comunidade podem dispor de mais recursos, mesmo quando a fenofase
se expresse em menor intensidade em relação a espécies raras com alta intensidade de um evento
fenológico. É possível que mais eventos fenológicos não tenham sido relacionados aos dados
climáticos na análise de correlação devido ao período de observação, que foi curto comparado ao que
normalmente se observa em estudos fenológicos (e.g., Frankie 1974, Morellato et al. 2000, Pires
2010).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENCKE, C. S. C., MORELLATO, L. P. C., 2002. Comparação de dois métodos de avaliação da
fenologia de plantas, sua interpretação e representação. Revista Brasileira de Botânica 25: 269-275.
BULLOCK, S.H. & SOLIS-MAGALLANES, J.A..1990. Phenology of canopy trees of a tropical
deciduousforest in Mexico. Biotropica 22: 22-35.
FINOTTI, HOTTZ, SÁNCHEZ-TAPIA, RAMOS, J. F. P. RODRIGUES 2012.Resultados
preliminares sobre a estrutura e composição da comunidade arbórea do Rancho Frio – PARNASO RJ. Anais do 10o Encontro de Pesquisadores do Parque Nacional da Serra dos Órgãos 28 a 30 de
novembro de 2012.
FOURNIER, L.A. 1974. Un método cuantitativo para la medición de características fenolólogicas en
árboles. Turrialba 24: 422-423.
FRANKIE, G.N., BAKER, H.G., OPLER, P.A. 1974. Comparative phenological studies of trees
intropical wet and dry forest in the lowlands of Costa Rica. Jornal of Ecology. 62: 881-913.
LIETH, H. 1974. Purpose of a phenology book. In H. Lieth (Eds.).Phenology and seasonality
modeling, pp. 3-19.Springer, Berlin.
MORELLATO, L. P. C., TALORA, D. C., TAKAHASI, A., BENCKE, C. C., ROMERA,
ZIPPARRO, V. B. 2000. Phenology of Atlantic Rain Forest Trees: A comparative Study. Biotropica
32 (4b): 811 – 823.
PIRES, J. 2010. Fenologia do componente arbóreo em bordas lineares e interior em um remanescente
de Floresta Atlântica. Tese de Doutorado - Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
VAN SCHAIK, C.P., TERBORGH, J.W. & WRIGHT, S.J. 1993. The phenology of tropical forest:
adaptative significance and consequences of consumers. Annual Review of Ecology, Evolution and
Systematics 24:353-377
73
Tabela 1. Valores significativos (p < 0,05) obtidos como resultado das análises de correlação de
Spearman entre as fenofases para atividade e intensidade por porcentagem de espécies e de indivíduos e
os fatores climáticos que tiveram relação mais forte entre as variáveis (r² > 0,8).
A - Temperatura média no mês
anterior
Atividade
%
%
espécies
indivíduos
Queda p
r²
0,007
0,86
p
0,006
0,0004
0,92
B -Temperatura média no mês de
observação
Intensidade
%
espécies
0,01
0,80
Atividade
Intensidade
%
%
%
espécies indivíduos
espécies
Queda
0,007
Botão
C - Precipitação total
no mês anterior
p
r²
0,02
0,82
p
0,005
r²
0,89
0,0004
0,93
0,001
0,92
Intensidade
%
indivíduos
Fruto
maduro p
r²
0,06
-0,86
Floração
r²
-0,81
-0,85
Figura
2
(à
esquerda).
Fenogramas de porcentagem de
atividade de espécies (linha
contínua) e de indivíduos (linha
tracejada) para as fenofases
brotamento; queda foliar; botão
floral; floração; fruto verde; fruto
maduro para 62 espécies e 86
indivíduos de árvores do Parque
Nacional da Serra dos Órgãos,
Teresópolis, Rio de Janeiro, nos
meses de agosto de 2013 a março
de 2014.
Figura 3 (à direita). Fenogramas
de porcentagem de intensidade de
espécies (linha contínua) e de
indivíduos (linha tracejada) para as
fenofases brotamento; queda foliar;
botão floral; floração; fruto verde;
fruto maduro para 62 espécies e 86
indivíduos de árvores do Parque
Nacional da Serra dos Órgãos,
Teresópolis, Rio de Janeiro, nos
meses de agosto de 2013 a março de
2014.
74
ANATOMIA E HISTOQUÍMICA DO ARILO EM SWARTZIA (LEGUMINOSAE,
PAPILIONOIDEAE)
Gabriela Lins Nogueira Bezerra; Graduação em Ciências Biológicas, UNRIO; ingresso em agosto de
2010; previsão de conclusão do curso – julho de 2016; ingresso no PIBIC: março 2013; Orientador:
Vidal de Freitas Mansano
INTRODUÇÃO
O arilo é um apêndice da semente, sob a forma de estruturas especializadas, que são iniciadas no
óvulo e continuam a desenvolver-se na semente (Batygina, 2002). Esta estrutura pode ser originada
em diferentes regiões do rudimento seminal (óvulo), assumindo diferentes nomes como: funicular –
com origem no funículo; hilar ou umbilical – com origem no hilo; micropilar – com origem ao redor
da micrópila; calazal – com origem na calaza; rafeal – com origem na rafe; e pré-rafeal – com origem
entre o funículo e a micrópila (Souza, 2009). Em sementes maduras, os arilos são frequentemente
carnosos e coloridos. Devido a esses aspectos, os arilos são estruturas extremamente importantes para
as espécies que os possuem pois os mesmos tem função atrativa de diferentes dispersores que são
agentes importantes para a distribuição geográfica, fluxo gênico e sobrevivência das espécies. As
plantas do gênero Swartzia Schreb. são lenhosas, variando de pequenos arbustos a árvores de grande
porte, podendo ter até mais de 30 m de altura. O gênero apresenta uma estrutura floral peculiar, onde o
cálice é inteiro no botão floral e se rompe irregularmente na antese, a corola apresenta uma pétala ou a
pétala é ausente e o androceu é, geralmente, multiestaminado e heteromórfico, com até três tipos
diferentes de estames (Mansano & Souza, 2004). Os frutos são lenhosos com superfície externa lisa,
ou fortemente rugosa, variando de deiscentes a tardiamente deiscentes (Cowan, 1967; Barroso et al.,
1999). As sementes da maioria das espécies são ariladas, sendo a forma e a coloração do arilo muito
importante na taxonomia das espécies deste gênero (Pinto et al., 2012). Swartzia conta com cerca de
200 espécies, ocorrentes em sua maioria na América do Sul (Torke & Mansano, 2009). Embora
fortemente centrado na Amazônia, Swartzia também apresenta considerável diversidade na floresta
tropical atlântica, principalmente entre o sul da Bahia e o Rio de Janeiro (Pinto et al., 2012). O arilo
se manifesta em diferentes cores e formas nas diversas espécies de Swartzia e desta forma buscamos
observar diferenças anatômicas e de conteúdo do arilo neste gênero.
OBJETIVO
Analisar anatômica e histologicamente o arilo de diferentes espécies de Swartzia, com o intuito de
fornecer subsídios ao entendimento taxonômico desse gênero.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram Swartzia alagoensis, S. langsdorffii, S.jorori e S. simplex var. grandiflora. Os ensaios
anatômicos e histoquímicos aconteceram no Laboratório de Anatomia Vegetal da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO e no Laboratório de Botânica. Cortes anatômicos
foram feitos em cada uma das espécies seguidos do preparo de lâminas semi-permanentes. Para tal,
foram usadas amostras de arilos das espécies de Swartzia, fixadas em uma solução de Karnosvsky,
contendo 2,5% de glutaraldeído e 4% de formaldeído, com tampão de fosfato de sódio 0,05M e pH
7,2. As amostras foram submetidas a reagentes histoquímicos com a finalidade de análise estrutural e
identificação do conteúdo de reserva intracelular. Após as diferentes reações as amostras foram postas
em lâminas imersas à glicerina 50%, com lamínula por cima e esmalte transparente para selagem. As
observações e a documentação fotográfica foram realizadas em microscópio óptico Olympus BX41
com sistema digital de captação de imagens da câmera refrigerada Olympus DP70.
RESULTADOS
Foram observadas variações na textura, cor e posição dos arilos entre as espécies estudadas (Figura 1).
Em cortes anatômicos corados com azul de toluidina, puderam-se observar as semelhanças e
diferenças na estrutura dos tecidos do arilo entre três diferentes espécies de Swartzia estudadas (Figura
75
2). A presença de amido foi confirmada no arilo de Swartzia alagoesis (Figura 3A), através da
coloração marrom escura a preta detectada pelo reagente lugol. A partir dos testes histoquímicos, foi
verificada a presença de lipídeos nos arilos dos espécimes de Swartzia langsdorffii (Figura 3B), S.
simplex (Figura 3C) e S. jorori (Figura 3D) através da coloração vermelha do reagente Sudan IV. Os
reagentes Vermelho de Rutênio, Azul do Nilo, Dragendorff e Azul de Comassie foram testados,
porém estes corantes não reagiram com as porções das células condizentes com o material de reserva.
CONCLUSÃO
O presente estudo fornece subsídios importantes para futuros estudos anatômicos e de dispersão no
gênero Swartzia e em outras leguminosas. Diferenças na composição das espécies quanto a presença
predominante de lipídeos (S. langsdorffii, S. jorori e S. simplex) ou amido (S. alagoensis) indicam um
potencial de diferenciação nas estratégias de dispersão adotadas pelas espécies. Além disso, diferenças
na morfologia externa e consequentemente na estrutura anatômica dos arilos podem ser de grande
importância para a taxonomia e sistemática do grupo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, G. M., MORIM, M.P., PEIXOTO, A.L. & ICHASO, C.L.F., 1999. Frutos e sementes:
Morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Viçosa: Ed. UFV.
BATYGINA, T.B., 2002. Embryology of flowering plants – terminology and concepts vol.1
generative organs of flower; V.L. Komarov Botanical Institute.
COWAN, R.S., 1967. Flora Neotropica; Monograph No. 1, Swartzia (Leguminosae, Caesalpinioideae
Swartzieae) Hafner Publishing Company, New York and London.
MANSANO, V.F. & SOUZA, A.L. 2004. A new Swartzia (Leguminosae: Papilionoideae:
Swartzieae) species with trimorphic stamens from Amazonian Brazil. Botanical Journal of the
Linnean Society 147: 235–238.
PINTO R. B., TORKE, B M. & MANSANO, V. F., 2012. Updates to the taxonomy of Swartzia
(Leguminosae) in extra-Amazonian Brazil, with descriptions of five new species and a regional key to
the genus. Brittonia 64(2): 119- 138.
SOUZA, L.A., 2009. Sementes e plântulas – Germinação, estrutura e adaptação; Ponta Grossa, PR:
Ed. UEPG.
TORKE B. M. & MANSANO, V.F., 2009. A phylogenetically based sectional classification of
Swartzia (Leguminosae-Papilionoideae). Taxon 58(3): 913- 924.
76
Figura 1: Imagens dos arilos de Swartzia alagoensis (A), S. langsdorffii (B), S. jorori (C) e S. simplex
var. grandiflora (D). Barras = 1cm.
Figura 2. Secções semifinas de arilo de Swartzia simplex (A), S. jorori (B) e S. langsdorffii (C).
Microscopia óptica, cortes coradas com azul de toluidina. Barras: (A) 50 µm, (B)200 µm e (C) 100
µm.
Figura 3. Histoquímica dos arilos de Swartzia. Microscopia óptica - campo claro. (A) S. alagoensis,
coloração com Lugol; (B) até (E) coloração com Sudan IV: (B) S. langsdorffii; (C) S. simplex; (D) S.
jorori ; (E) S. alagoensis; (F) e (G) coloração com Lugol: (F) S. jorori; (G) S.simplex; (H) S. jorori
coloração com Azul do Nilo; e (I) S. simplex Coloração com Vermelho de Rutênio. Legenda: Seta (A)
– Grãos de amido; Triângulo (B), (C) e (D) – Lipídeos. Barra: (I) 20 μm.
77
78
RESUMOS
PIBIC-EM
79
80
MORFOLOGIA DE FRUTOS E SEMENTES DO CLADO HYMENAEA
Pedro Quinderé; Ensino Médio – Colégio Pedro II; ingresso no PIBIC-EM: agosto/2013; orientador:
Vidal de Freitas Mansano
O clado conhecido como Detarieae s.str. é formado por gêneros produtores de resina e foi indicado
como monofilético pelos estudos de Bruneau et al. (2001) e Fougère-Danezan et al. (2007). Detarieae
s.str. destaca-se também por possuir muitos representantes com estípulas caducas, folhas com poucos
folíolos, presença de glândulas e uma forte tendência à apetalia. Dos 16 gêneros apontados como
integrantes deste clado, nove são endêmicos do continente africano e Guibourtia Benn. possui apenas
uma espécie neotropical (Lewis et al. 2005). Estudos filogenéticos apontam que dentro de Detarieae
há o clado Hymenaea formado pelo gênero Hymenaea e ainda Guibourtia e Peltogyne Vogel
(Bruneau et al. 2000; Bruneau et al. 2001; Herendeen et al. 2003). Os três gêneros apresentam
morfologia floral bastante semelhante, mas o fruto varia consideravelmente dentre os gêneros. Desta
forma, o presente estudo teve como objetivos examinar os frutos e sementes dos três gêneros,
buscando caracteres que os diferenciem. Para tanto frutos e sementes foram coletados e também
observados da coleção de frutos do JBRJ. Guibourtia apresenta fruto do tipo folículo, ou seja,
deiscente por uma das margens com semente não arilada; Hymenaea apresenta fruto do tipo legume
bacáceo, sendo indeiscente ou tardiamente deiscente com endocarpo farináceo e por fim Peltogyne
que apresenta fruto do tipo legume, ou seja, deiscente nas duas margens com sementes não ariladas.
Os frutos também variaram em relação ao número de sementes (2-8 em Hymenaea, 1 em Guibortia e
Peltogyne) e as sementes se mostraram mais espessas em Hymenaea, sugerindo que em Guibortia e
Peltogyne pode haver anemocoria, enquanto que em Hymenaea, foi verificado dispersão por
mamíferos com cutia e ai
81
ATUALIZAÇÃO DAS COLETAS DE MADEIRAS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA:
RESGATE DE INFORMAÇÕES, OBTENÇÃO DE IMAGENS E ATUALIZAÇÃO DA BASE
DE DADOS DA XILOTECA DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO
Ronnie Freire Marques de Sousa; Ensino Médio – Colégio Pedro II; ingresso no PIBIC-EM: fevereiro
de 2013; orientadora: Claudia Franca Barros.
O trabalho do anatomista da madeira consiste na coleta, descrição e documentação das características
das amostras, além da organização delas na xiloteca. A xiloteca do Jardim Botânico é uma das
maiores do Brasil, com uma coleção de 9.500 amostras de madeira e 30.000 lâminas histológicas. No
momento, a coleção da Mata Atlântica, contida na xiloteca, apresenta 101 espécies distribuídas em
500 amostras de madeiras coletadas no Rio de Janeiro. Este trabalho tem por objetivo contribuir para a
informatização da coleção de amostras de madeira da Mata Atlântica, depositadas na Xiloteca do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Para tanto, as informações de amostras de madeira contidas no
banco de dados do Jardim Botânico - JABOT foram conferidas e atualizadas utilizando uma tabela
gerada a partir do JABOT. Até o momento foram revisadas as informações de 246 amostras
pertencentes a 85 espécies e 31 famílias. Destas amostras, 30 madeiras não foram encontradas e 10
registros não possuem lâminas. A partir desse levantamento foi iniciada a obtenção de imagens
microscópicas nos planos transversal, longitudinal tangencial e longitudinal radial utilizando o
microscópio Olympus BX50 acoplado a câmera digital Olympus BP73 e o programa CellSens
Standard. Até o momento, foram capturadas 322 imagens microscópicas referentes a 103 amostras de
madeiras, 56 espécies e 27 famílias. As referidas imagens serão incorporadas ao JABOT em sua
segunda versão.
82
QUANTO MAIOR O NÚMERO DE POLINIZADORES MAIOR O NÚMERO DE LADRÕES
DE NÉCTAR?
Seiji Rocha Watanabe; Ensino Médio – Colégio Pedro II; ingresso no PIBIC-EM: fevereiro/2013;
orientador: Leandro Freitas
Flores oferecem recursos a animais antófilos e em contrapartida são polinizadas. A maioria das
angiospermas é polinizada por animais, por exemplo, abelhas, beija-flores e borboletas, e os recursos
principais são néctar e pólen. Contudo, esses mesmos recursos atraem não apenas polinizadores, mas
também visitantes antagonistas. Estes antagonistas são conhecidos como pilhadores – aqueles que
roubam o néctar sem necessariamente danificar a flor – e como ladrões – aqueles que para roubar o
néctar, sempre danificam a flor, por exemplo, perfurando ou se alimentando de partes florais.
Portanto, é esperado que espécies de plantas com recurso floral mais acessível terão maior número de
grupos funcionais de polinizadores. Um efeito colateral da maior acessibilidade a polinizadores pode
ser a atração de mais antagonistas. O objetivo deste estudo foi responder se o aumento de
polinizadores está relacionado com o aumento de pilhadores/ladrões em flores que secretam néctar.
Assim, o número de grupos funcionais de polinizadores foi correlacionado com o de pilhadores.
Como metodologia foi realizada uma revisão de literatura em busca de trabalhos que continham
características sobre a flor e o mecanismo de polinização, com separação explícita dos visitantes como
polinizadores (mutualistas) ou pilhadores/ladrões de néctar (antagonistas). Foram revisados 17 artigos
obtidos nas Bases de publicações científicas Scielo e Google Acadêmico. Os animais presentes em
cada artigo foram classificados de acordo com seu comportamento na flor, ou seja, polinizadores
(sendo mais representados na revisão abelhas, beija-flores e borboletas), pilhadores (principalmente
abelha, beija-flor, borboleta, mosca e vespa) e ladrões (principalmente abelha, beija-flor, percevejo e
formiga). Os dados foram analisados por correlação de Pearson. A correlação entre o número de
grupos de polinizadores e antagonistas foi positiva e significativa (r2 = 0,439; p = 0,004). Apesar do
resultado significativo, o valor do coeficiente de correlação (r2) indica que boa parte da variação no
número de antagonistas não pode ser explicada pela variação no número de polinizadores, de modo
que outros fatores também devem ser importantes. A relação positiva entre os grupos funcionais
mutualistas e antagonistas sugere que flores com recursos atrativos e com morfologia mais favorável
ao acesso por diversos polinizadores gera o aumento de pilhadores e ladrões, que em princípio causam
prejuízos à planta devido à predação de flores e usurpação do néctar. Aumento nas interações
antagonísticas também pode levar a alterações no comportamento dos polinizadores, com benefício
para plantas através de aumento do fluxo de pólen (quando a diminuição de néctar nas flores leva o
polinizador a forragear em áreas maiores) ou a prejuízos devido à redução drástica na frequência de
visitas (quando os polinizadores passam a utilizar outras plantas como fontes de alimento). Os
resultados encontrados além de concordarem com a hipótese proposta no estudo, são instigadores,
pois o balanço entre efeitos positivos e negativos da ação de polinizadores e antagonistas pode dirigir
a evolução das flores para sistemas de polinização mais especializados ou mais generalizados.
83
IMAGENS DE UMA EXPEDIÇÃO. JEAN MASSART E SUA VIAGEM À AMAZÔNIA, EM
1922
Ygor Martins; Ensino Médio - Colégio Pedro II; ingresso no PIBIC – EM: Fevereiro / 2013;
orientadora: Alda Heizer
O Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), por meio de seus pesquisadores,
tem como uma de suas funções desenvolver trabalhos de campo, organizar viagens científicas e
promover intercâmbio com instituições brasileiras e estrangeiras. Durante as primeiras décadas do
século XX, o JBRJ organizou viagens a diferentes pontos do país. Uma dessas viagens interessou-nos
particularmente: a missão biológica belga ao Brasil, realizada entre 1922 e 1923. Considerada uma
contribuição ao estudo da biogeografia do Brasil, a 'missão' belga apontou especialmente a relevância
dos estudos sobre a Amazônia. Sendo assim, procurou-se identificar no acervo de imagens do JBRJ,
fotografias sobre a “Missão” Biológica Belga ao Brasil de 1922 e elaborar um modelo-protótipo de
um site que poderá ser utilizado pelo Jardim Virtual (novo site do Instituto de Pesquisa do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro). Para alcançar os objetivos propostos foram realizadas consultas ao
acervo da Biblioteca João Barbosa Rodrigues e da Biblioteca Nacional, ambas na cidade do Rio de
Janeiro. Para contextualizar a expedição e o período no qual ela está inserida, foram consultados e
lidos diversos textos de especialistas sobre o tema; identificadas as fotografias da “Missão” realizada
pelos biólogos belgas e que estão depositadas no acervo fotográfico do Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro. Sobre a situação das cidades por onde a Missão passou, além da análise
comparativa do mapa do então Distrito Federal, o Rio de Janeiro, executado pelo barão Branco de
Mello e do atual, foram realizadas pesquisas no site do IBGE. Foi possível confirmar, através da
análise documental – textual e iconográfica -,a relevância de Jean Massart para o estudo da história da
botânica; das fotografias produzidas pelos biólogos belgas durante a viagem ao Brasil, em 1922, e a
importância da divulgação das fotografias para o público em geral, através do site do JBRJ (Jardim
Virtual).
84