Plano de Voluntariado - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Transcrição

Plano de Voluntariado - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
16, 17 e 18 de julho de 2013
Local: Escola Nacional de Botânica Tropical
Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal
Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
XXI Seminário PIBIC
16, 17 e 18 de julho de 2013
Programa e Resumos
Local: Escola Nacional de Botânica Tropical
Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Presidente – Samyra Crespo
Diretor de Pesquisa Científica – Rogério Gribel Soares Neto
Diretor da ENBT – Henrique Gomes de Paiva Lins de Barros
Diretor de Ambiente e Tecnologia – Guido Gelli
Diretor de Gestão Interino – João Elisiário L. de Resende
Museu do Meio Ambiente – Alda Heizer
Comitê Interno PIBIC
Claudia Franca Barros
Leandro Freitas
Leonardo Tavares
Vidal de Freitas Mansano
Secretária: Leila A. Fonseca
Comitê Externo PIBIC
André Marcio A. Amorim, Departamento de Ciências Biológicas, UESC
Paulo Cesar de Paiva, Departamento de Zoologia - UFRJ
Apoio
Fundação Flora de Apoio à Botânica
05/07/2013
PROGRAMAÇÃO
Dia 16/07/2013
13:30h - Abertura
14:00h - Palestra “BIODIVERSIDADE VS. BIOSSÍNTESE”, Profa. Dra. Maria Auxiliadora
Kaplan (UFRJ)
INTERVALO
APRESENTAÇÕES – BOLSISTAS
15:15h – Alessandra Ribeiro Pinto
COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM
MATA ATLÂNTICA MONTANA
15:30h – Allan Jorge Ribeiro dos Santos
EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE
AMPLIFICAÇÃO DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE SELAGINELLA P.
BEAUV. SUBGÊNERO STACHYGYNANDRUM (P. BEAUV. EX MIRB.) BAKER
15:45h – Ana Carolina Bergallo Guimarães
FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:
PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS
16:00h – Ana Carolina dos Santos Calheiros
APRIMORAMENTO DA TECNOLOGIA DE CULTIVO DE ULVA
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FLEXUOSA
NO
16:15h – Ana Carolina Mariz Costa de Medeiros
DELIMITAÇÃO DO COMPLEXO DE TÁXONS REÓFITOS DE DYCKIA
(PITCAIRNIOIDEAE – BROMELIACEAE) COM USO DE MORFOMETRIA
16:30h – Análise dos relatórios dos bolsistas pelo Comitê Externo - CNPq
Dia 17/07/2013
APRESENTAÇÕES – BOLSISTAS
9:15h – Bernard Carvalho Bandeira
MELASTOMATACEAE REVISITADA NA FLORA ORGANENSIS
9:30h – Bruno Damasceno Cordeiro
CRESCIMENTO E SOBREVIVÊNCIA DE PLÂNTULAS DE ANTHURIUM
MARICENSE (ARACEAE) SOB CONDIÇÃO SIMULADA DE FACILITAÇÃO
9:45h – Palestra “O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER”, Dra. Marina Wolowski
(AEDB Resende)
INTERVALO
10:45h – Cínthia Cristina Cabral da Cruz
RIQUEZA DE ESPÉCIES DE BRIÓFITAS DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ,
AMAZÔNIA, BRASIL
11:00h – Fernanda de Araujo Masullo
ONTOGENIA DOS FRUTOS
(MALVACEAE)
DE
ESPÉCIES
DA
TRIBO
MALVEAE
11:15h – Fernanda Marcelle de O. Azevedo
EVOLUÇÃO EM FERRUGENS (UREDINALES – FUNGI): UMA VISÃO A
PARTIR DA RECONSTRUÇÃO FILOGENÉTICA DOS HOSPEDEIROS
11:30h – George Azevedo de Queiroz
DIVERSIDADE DE PIPERACEAE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA
TIRIRICA, NITERÓI/MARICÁ, RJ BRASIL
ALMOÇO
13:30h – Geysa Marinho de Souza
LOCALIZAÇÃO INTRACELULAR DE METABÓLITOS
CORTICAIS DE PLOCAMIUM BRASILIENSE (RHODOPHYTA)
13:45h – Iris Lourenco de Menezes
VIABILIDADE DO CULTIVO
FÁRMACOS
DE
ALGAS
COM
EM
CÉLULAS
POTENCIAL
14:00h – Júlia Maria Correia Gaspar
HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO
PARA
14:15h – Lilian Jorge Hill
CARACTERIZAÇÃO
E
LOCALIZAÇÃO
INTERMEDIÁRIOS EM MACROALGAS MARINHAS
DE
FILAMENTOS
14:30h – Luis Henrique do C.A. da Silva
EPIFITISMO E SÍNDROMES DE DISPERSÃO EM BROMELIACEAE DA
MATA ATLÂNTICA
14:45h – Marco Octávio de O. Pellegrini
A FAMÍLIA COMMELINACEAE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
INTERVALO
15:15h – Paloma Costa Cancella
TRANSFERIBILIDADE DE MARCADORES DE DNA MICROSSATÉLITES EM
ESPÉCIES DE JEQUITIBÁS (CARINIANA SPP., LECYTHIDACEAE)
15:30h – Rafael Gomes Barbosa da Silva
RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ, AMAZÔNIA,
BRASIL
15: 45h – Análise dos relatórios pelo Comitê Externo - CNPq
Dia 18/07/2013
APRESENTAÇÕES – BOLSISTAS
9:15h – Tarlile Barbosa Lima
MODELAGEM DE PADRÕES DE
(LEGUMINOSAE, PAPILONOIDEAE),
NEOTRÓPICO
DISTRIBUIÇÃO
UM GÊNERO
EM SWARTZIA
DIVERSO NO
09:30h – Thiago Iwase Silva
ARISTOLOCHIACEAE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
09:45h – Palestra “ESTUDOS EM PIPERACEAE DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA AO
DOUTORADO”, MSc. Daniele Monteiro – ENBT/JBRJ
INTERVALO
10:45h – Thiago Rodas Mulles de Campos
DIVERSIDADE DE FORMIGAS EM MANGUEZAIS NATURAIS E
RECUPERADOS NA BAÍA DE GUANABARA E COMPLEXO LAGUNAR DA
BAIXADA DE JACAREPAGUÁ – RJ
11:00h - Vinicius Andrade de Melo
ALTERNATIVAS PARA A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA
MATA ATLÂNTICA NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE
IV – MONITORAMENTO DA SOBREVIVÊNCIA E
CONSIDERANDO AS CONDIÇÕES DE ALAGAMENTO
AVALIAÇÃO DA COBERTURA DO DOSSEL NO PLANTIO
DE TRECHO DE
JANEIRO – FASE
CRESCIMENTO,
DAS MUDAS E
11:15h – Encerramento
RESUMO EX-BOLSISTAS
Priscila Quintela Pinto Paiva
EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE
AMPLIFICAÇÃO DE REGIÕES DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE
JAMESONIELLA RUBRICAULIS (NEES) GROLLE
Juliana Marins de Assis
ATIVIDADE E LOCALIZAÇÃO DE PEROXIDASES EM LAURENCIA DENDROIDEA
(J.AGARDH)
COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM MATA
ATLÂNTICA MONTANA
Alessandra Ribeiro Pinto; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação:
08/2009; previsão de conclusão do curso: 08/2014; ingresso no PIBIC: abril/2012; orientador:
Leandro Freitas
INTRODUÇÃO
A variação de altitude é um importante gradiente ecológico, sendo que, com o aumento da altitude
ocorrem mudanças nos níveis de precipitação, diminuição da temperatura e maior presença de
neblina (Gentry 1988, Lieberman et al. 1996), além da diminuição da pressão atmosférica e do
aumento da radiação solar (Jones 1992). Os gradientes altitudinais são adequados para o estudo da
composição de abelhas, pois muitas características que potencialmente influenciam na distribuição
destes animais, como temperatura e disponibilidade de recursos, variam com a altitude (Michener
1979).
A subtribo Euglossini, pertencente à família Apidae, apresenta ca. 200 espécies distribuídas pelos
gêneros Eufriesea Cockerell, 1908, Euglossa Latreille, 1802 e Eulaema Lepeletier, 1841, além de
Aglae Lepeletier & Serville, 1825 e Exaerete Hoffmannsegg, 1817, que são cleptoparasitas de
outras euglossines (Roubik & Hanson 2004). O grupo é exclusivamente neotropical, ocorrendo
desde a Argentina central até o sul dos Estados Unidos (Silveira et al. 2002). Euglossines de ambos
os sexos são eficientes agentes polinizadores de muitas espécies, com destaque para a polinização
de flores de perfume por machos (Janzen 1971).
OBJETIVO
O objetivo deste estudo é inventariar a composição de espécies de Euglossini na floresta montana
do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, de forma a monitorar a ocorrência destas abelhas em três
altitudes distintas, registrando em quais épocas do ano elas são mais diversas e frequentes.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O estudo está sendo realizado no PARNASO, em trilhas localizadas na sede de Teresópolis, RJ. O
local apresenta uma área de floresta ombrófila densa montana, onde abriga diversas espécies da
fauna e da flora da Mata Atlântica. Suas altitudes atingem 2263 m no seu pico mais alto. Para a
realização deste estudo foram selecionadas três trilhas a aproximadamente 960, 1050 e 1200 m de
altitude.
Procedimentos
Para as coletas dos machos de Euglossini foram utilizadas armadilhas contendo iscas odoríferas
(modelo desenvolvido por G.C. Silveira, comum. pess) (Fig. 1), com os compostos acetato de
benzila, cinamato de metila, eucaliptol, eugenol, salicilato de metila e vanilina Cada armadilha foi
preparada com apenas um composto aromático, sendo necessárias seis armadilhas para cada ponto
de coleta. Essas armadilhas foram instaladas a uma altura de aproximadamente 1,5 m do solo e com
uma distância de 10 m entre si, sendo colocadas a partir das 8:00 h e retiradas na mesma tarde, por
volta das 16:00 h. O material coletado foi levado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
RESULTADOS
Foram coletadas 62 abelhas pertencentes a três gêneros de Euglossini, sendo Euglossa o gênero
mais representativo (Tab. 1). Os meses de setembro e outubro foram os mais abundantes. A maior
abundância ocorreu a 960 m de altitude, diminuindo drasticamente nos outros pontos de coleta (Fig.
1). Todas as iscas odoríferas tiveram algum grau de atratividade, entretanto, a vanilina e o eucaliptol
foram mais atrativas que as demais.
DISCUSSÃO
Apesar de ainda não termos uma série temporal completa, 62,9% dos machos foram coletados nos
meses de setembro e outubro, sugerindo que a maior abundância ocorre no início da estação
chuvosa. Já o final da estação chuvosa teve a menor abundância, com apenas um indivíduo coletado
nos meses de março e abril. Essa distribuição de abundância pode ser explicada pelo aumento da
temperatura na estação chuvosa e pela precipitação, que atinge níveis extremos no final deste
período, podendo interferir na disponibilidade de recursos para estas abelhas.
A diminuição da abundância nos pontos de coleta mais elevados, indica uma restrição para a
ocorrência destas abelhas a partir de ca. 1000 m, sendo que o limite pode ser próximo aos 1200 m
de altitude. Esse limite possivelmente está relacionado às mudanças abióticas relacionadas à altitude
e também pode refletir ausência de recursos florais (i.e., espécies que secretam perfume como
recurso).
A preferência por certas iscas odoríferas já foi registrada em outros estudos, sendo que existe uma
variação geográfica na preferência por fragrâncias entre os machos de Euglossini (Pearson &
Dressler, 1985, Ackerman 1989, Farias et al. 2007, Ramírez et al. 2010).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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male euglossine bees. Biotropica 21: 340-347.
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2007. Horário de atividade de machos de Euglossina (Hymenoptera: Apidae) e preferência por
fragrâncias artificiais em mata e dunas na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio
Mamanguape, Rio Tinto, PB. Neotropical entomology 36: 863-867.
GENTRY A.H. 1988. Changes in plant community diversity and Floristic composition on
environmental and geographical gradients. Annals of Missouri Botanical Garden 75: 1- 34.
JANZEN D.H. 1971. Euglossine bees as long-distance pollinators of tropical plants. Science 171:
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JONES H.G. 1992. Plants and microclimate: a quantitative approachy to environmental plant
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LIEBERMAN M., LIEBERMAN D., PERALTA R., HARTSHORN G.S. 1995.Canopy closure and
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RAMÍREZ S.R., ELTZ T., FRITZSCH F., PEMBERTON R., PRINGLE E.G., TSUTSUI N.D.
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ROUBIK D.W., HANSON P.E. 2004. Orchid bees from tropical America. Biology and field guide.
INBio Press, Santo Domingo de Heredia.
SILVEIRA F.A., MELO G.A.R., Almeida E.A.B. 2002. Abelhas brasileiras: Sistemática e
identificação. Belo Horizonte, Fundação Araucária.
Tabela 1. Distribuição de abundância e riqueza de espécies de abelhas Euglossini nos pontos de
coleta referentes a 960, 1050 e 1200 m de altitude na Mata Atlântica montana no Parque Nacional
da Serra dos Órgãos.
Espécie
Ponto de coleta (altitude)
P1 (960 m)
P2 (1050 m) P3 (1200 m)
Euglossa cf. stellfeld Moure, 1947
34
11
2
Euglossa sp.
7
0
0
Euglossa carolina Nemésio, 2009
0
2
0
Euglossa liopoda Dressler, 1982
1
0
0
Euglossa hemichlora Cockerell, 1917
1
0
0
Eulaema marcii Nemésio, 2009
2
0
0
Eulaema nigrita Lepeletier, 1841
1
0
0
Eufriesea violacea (Blanchard, 1840)
1
0
0
Total
47
13
2
Figura 1. Distribuição da abundância dos machos de Euglossini ao longo do ano nos pontos de
coleta referentes a 960, 1050 e 1200 m de altitude.
EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DO
GENOMA DO CLOROPLASTO DE SELAGINELLA P. BEAUV. SUBGÊNERO
STACHYGYNANDRUM (P. BEAUV. EX MIRB.) BAKER
Allan Jorge Ribeiro, Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação 01/2009; previsão de
conclusão do curso – 2013; ingresso no PIBIC: 02/2013; orientadora: Dra. Denise Pinheiro da
Costa.
INTRODUÇÃO
A divisão Lycophyta constitui a linhagem mais basal das plantas terrestres vasculares (Pryer et al.
2001), sendo representada pelas famílias Selaginellaceae, Lycopodiaceae e Isoetaceae. O gênero
Selaginella é monofilético segundo as análises mais recentes (Korall et al. 1999; Korall & Kenrich
2002; Korall & Kenrich 2004). Dentre as diversas sinapormofias que definem Selaginellaceae,
estão: caule dicotômico de onde emergem rizóforos; folhas uninervadas dimórficas e achatadas
(microfilos); esporângios adaxiais com deiscência transversal (Jermy 1990). Os primeiros estudos
moleculares foram realizados por Korall et al. (1999), que identificaram Selaginellaceae como um
grupo monofilético (clado “rizofórico”) e por Korall & Kenrick (2002), com a inclusão de 62
espécies e resultados semelhantes. Posteriormente, Korall & Kenrick (2004), realizaram um estudo
filogenético de Selaginellaceae encontrando diferenças entre os genomas e um padrão de
relacionamento semelhante aos estudos realizados. Korall & Taylor (2006) estudaram as variações
morfológicas do megásporo de 52 espécies num contexto filogenético indicando várias
sinapormofias para os clados da família. Nestes estudos representantes da série Articulatae foram
utilizados demonstrando uma relação mais próxima com as espécies isófilas (Korall et al. 1999).
Esta série está incluída no subgênero Stachygynadrum possui cerca de 40 táxons endêmicos da
América Latina, um asiático e um nativo do Sul da África (Somers 1982). Assim, em relação à
monofilia do gênero Selaginella existe um consenso, entretanto, o mesmo não ocorre com as
relações infragenéricas, principalmente nos subgêneros Heterostachys e Stachygynandrum (Korall
et al. 1999), e apesar dos estudos realizados para Selaginella nenhum tratou exclusivamente de
Articulatae. Dessa maneira é importante a elaboração de uma filogenia para a série Articulatae,
subgênero Stachygynandrum. Este plano de trabalho está inserido na tese de doutorado de Revisão
taxonômica de Selaginella (P. Beauv) subgen. Stachyginandrum (P. Beauv ex Mirb) Baker no
Brasil e filogenia da série Articulatae Spring.
OBJETIVOS
Objetivos gerais
Realizar a filogenia para a série Articulatae, subgênero Stachygynandrum, e com os resultados
obtidos colaborar com o estudo do subgênero Heterostachys que vem sendo desenvolvido na
UFMG.
Objetivos específicos
1) extração de DNA de indivíduos de diferentes espécies de Selaginella, 2) otimização das
condições de amplificação do genoma de cloroplasto.
METODOLOGIA
Coleta do material
Foram coletadas amostras nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado,que concentram a maior
parte das espécies no Brasil.
Extração do DNA
A extração do DNA genômico total foi realizada com o protocolo CTAB (Doyle & Doyle, 1987),
modificado por Ferreira & Grattapaglia (1998).
Quantificação do DNA
Foram utilizados dois métodos: 1) quantificação por análise comparativa utilizando padrões de
massa molecular conhecida em géis de agarose, submetidos a eletroforese e posteriormente
analisados sob luz ultra-violeta em transiluminador e fotodocumentados; 2) análise
espectrofotométrica utilizando-se o equipamento NanoDrop com determinação automática da
concentração de ácidos nucleicos (DNA e RNA) a partir da análise de 1 l de solução de amostra.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Coleta do material
Foram coletadas amostras de 10 espécies nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado,
correspondendo a 25% dos terminais.
Extração e quantificação do DNA
O protocolo CTAB mostrou-se eficiente para extração em material coletado em sílica, mas não para
material de herbário. Foi extraído o DNA genômico total de todos os indivíduos coletados,
totalizando 10 indivíduos. As imagens de géis indicam a boa qualidade e quantidade do DNA
extraído. Foi possível estimar pelo método comparativo as concentrações do DNA (50 e 200 ng/ l)
e por espectrofotometria (220-3400 nm com pico de 260 nm). As estimativas das concentrações do
DNA extraído de 10 indivíduos por análise no NanoDrop foram iguais ao método comparativo.
CONCLUSÕES
O protocolo CTAB utilizado mostrou-se eficiente para a extração de DNA de Selaginella, tanto
qualitativa quanto quantitativamente, para material recém coletado em sílica, mas não para amostras
de herbário.
Os testes realizados para otimizar as condições de amplificação do genoma do cloroplasto de
Selaginella tiveram êxito com material fresco, apresentando produtos amplificados com alta
especificidade e robustez. Entretanto para material de herbário estes não se mostraram eficientes e
as condições de extração ainda estão sendo otimizadas para este tio de amostra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOYLE, J.J.; DOYLE, J. L. 1987. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, 12: 13-15.
FERREIRA, M.E. & GRATTAPAGLIA, D. 1998. Introdução ao uso de marcadores moleculares
em análise genética, 3ª ed. EMBRAPA-CENARGEN, Brasília.
KORALL, P. & KENRICH, P & THERRIEN, J.P. 1999. Phylogeny of Selaginellaceae: evaluation
of generic/subgeneric relationships based on rbcL gene sequences. International Journal of Plant
Sciences 160: 585-594.
KORALL, P. & KENRICH, P. 2002. Phylogenetic relationships in Selaginellaceae based on rbcL
sequences. American Journal of Botany 89: 506-517.
KORALL, P. & KENRICH, P. 2004. The phylogenetic history of Selaginellaceae based on DNA
sequences from the plastid and nucleus: extreme substitution rates and rate heterogeneity.
Molecular phylogenetics and evolution 31(3): 852-864.
KORALL, P. & TAYLOR, W.A. 2006. Megaspore morphology in the Selaginellaceae in a
phylogenetic context: A study of the megaspore surface and wall structure using scanning electron
microscopy. Grana 45: 22–60.
PRYER, K.M., SCHNEIDER, H., SMITH, A.R., CRANFILL, R., WOLF, P.G., HUNT, J.S. &
SIPES, S.D. 2001. Horsetails and ferns are a monophyletic group and the closest living relatives to
seed plants. Nature 409: 618-622.
SOMERS, P. Jr. 1982. A Unique Type of Microsporangium in Selaginella Series Articulatae.
American Fern Journal 72(3): 88-92.
FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: PARQUE
ESTADUAL DOS TRÊS PICOS
Ana Carolina Bergallo; Graduação em Ciências Biológicas, PUC-Rio; ingresso na graduação –
03/2011; previsão de conclusão – 12/2014; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientador: Gustavo
Martinelli
INTRODUÇÃO
Os Campos de Altitude vêm sendo indicados como áreas de grande riqueza e alto grau de
endemismo (Martinelli, 1984, 1996, 2007; Porembski et al,. 1998; Safford, 1999; Safford &
Martinelli, 2000; Ribeiro, 2002; Ribeiro et al., 2007).
Devido à dificuldade de acesso, os campos de altitude mativeram-se em muitos casos bem
preservados das ações antrópicas e, portanto, abrigam amostras da flora bem conservadas. Contudo
por esse mesmo motivo existe escassez de informações a seu respeito, pouco se sabendo sobre suas
características básicas, e sendo raras até mesmo pesquisas descritivas (Mocochinski, 2006).
A escassez de coleta e a falta de conhecimento das características ecológicas dos ecossistemas em
relação aos levantamentos básicos sobre a fauna impedem a elaboração de estratégias adequadas
para a conservação de espécies e a definição de áreas prioritárias para a conservação.
OBJETIVO
O presente estudo objetiva gerar uma lista das espécies da flora ocorrentes nos campos de altitude
do Parque Estadual de Três Picos, no estado do Rio de Janeiro. Tendo em vista complementar os
trabalhos realizados por Martinelli (1996) para este tipo de vegetação, uma vez que este conjunto
de montanhas não foi incluído nos levantamentos realizados anteriormente.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
Para seleção dos campos de altitude a serem estudados foi feita uma análise prévia a partir de mapas
de relevo disponíveis pela EMBRAPA, da literatura e de uma visita técnica a sede do Parque
Estadual dos Três Picos. Os critérios utilizados para a escolha foram altitude e acesso.
Procedimentos
A obtenção de dados de flora e características ecológicas da área estudada foram feitas utilizando
literatura e bancos de dados das coleções dos herbários, a partir do site SpeciesLink. Os dados foram
filtrados por palavras-chaves, organizados, limpos (selecionando apenas os de interesse para a
pesquisa) e a nomenclatura foi atualizada.
Para complementar a lista elaborada pela literatura e pelo banco de dado dos herbários, serão
desenvolvidos trabalhos de campo, utilizando os métodos usuais de coleta e herborização do
material botânico. A caracterização das principais condicionantes ambientais será através do uso de
equipamentos em parte existentes nos laboratórios do JBRJ.
As análises de riqueza serão utilizadas as fórmulas de Mueller-Dombois & Ellemberg (1974); e para
a caracterização dos endemismos será utilizado o trabalho de Cain (1954).
RESULTADOS
Inicialmente ficaram determinadas expedições as seguintes montanhas: Vale dos Deuses – Pico
Menor, Mirante do Capacete, Cabeça do Dragão e Caixa de Fósforos, Vale dos Frades – Morro dos
Cabritos e Pedra D’Anta, Vale das Sebastianas – Dois Bicos, Pedra do Elefante, Morro da Mulher
de Pedra e Torres de Bonsucesso, e Pico do Caledônia.
Foi elaborada uma lista com 181 coletas no Parque Estadual dos Três Picos. Grande parte dos
espécimes não foi identificada, sendo a maioria descrita apenas até a família. As famílias
predominantes foram Bromeliaceae, com 32 indivíduos e Orchidaceae, com 32 indivíduos. Uma
segunda lista somente com indivíduos coletados no Pico do Caledônia foi elaborada, resultando
num total 324 indivíduos (Tabela 2). As famílias predominantes desta lista são Asteraceae,
Bromeliaceae, Melastomataceae, Onagraceae e Poaceae.
DISCUSSÃO
Com a elaboração das listas e com a caracterização da vegetação e dos aspectos ecológicos dos
campos de altitude do Parque Estadual dos Três Picos, fica evidente a necessidade da realização do
presente estudo na localidade. Ainda são muito escassas as informações e os dados sobre as
espécies ocorrentes e a atual status de conservação da área, dificultando os planos de manejo e
estratégias para a conservação.
CONCLUSÃO
Ainda serão realizadas expedições ao longo deste e do próximo ano, a fim de se obter maiores
informações sobre as espécies que ocorrem nos campos de altitude do PETP. Como resultados serão
produzidos listas, análises e comparações a outras áreas já conhecidas, que futuramente poderão
auxiliar nos planos de manejo e encaminhar estratégias para a conservação deste tipo vegetacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE – INEA. Plano de Manejo do Parque Estadual dos
Três Picos – PETP, 1ª Revisão. Junho, 2006.
MARTINELLI, G. 1984. Nota sobre Worsleya rayneri (J.D. Hooker) Traub & Moldenke, espécie
ameaçada de extinção. Rodriguésia, 36 (58): 65-72. Rio de Janeiro.
MARTINELLI, G. 1996. Campos de Altitude (2ª edição), Editora Index, Rio de Janeiro.
POREMBSKI, S.. MARTINELLI, G., OHLEMÜLLER, R. & BARTHLOTT, W. 1998. Diversity
and ecology of saxicolous vegetation mats on inselbergs in the Brazilian Atlantic rainforest.
Divertsity and Distributions. 4:107-119.
RIBEIRO, K.T. 2002. Estrutura, dinâmica e biogeografia de ilhas de vegetação rupícola do Planalto
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RIBEIRO, K.T. MEDINA, B.M.O. & SCARANO, F.R. 2007. Species composition and
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SAFFORD, H.D. 1999. Brazilian paramos: Introduction on the physical environmentand vegetation
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SAFFORD, H.D. & MARTINELLI, G. 2000. Southeast Brazil. In: Inselbergs – Biotic Diversity of
Isolated Rock Outcrops in Tropical and Temerate Regions (S. Porembski & W. Barthlott – eds.).
Springer-Verlag, Ecological Studies. 146:339-389.
APRIMORAMENTO DA TECNOLOGIA DE CULTIVO DE ULVA FLEXUOSA NO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO
Ana Carolina dos Santos Calheiros; Graduação em Ciências Biológicas, FAMATh; ingresso na
graduação-03/2012; previsão de conclusão do curso-06/2014; ingresso no PIBIC agosto/2012;
orientadora: Renata Perpetuo Reis.
INTRODUÇÃO
Embora muitas espécies nativas produzam substâncias de interesse comercial, ainda não existem
tecnologias de cultivo bem estabelecidas para tais espécies, sendo este um dos maiores desafios
para o desenvolvimento da algicultura (cultivo de algas) no país (Pellizzari & Reis 2011). Apesar
espécies de Ulva possuírem um diverso potencial de usos comerciais (Copertino et al. 2009), seus
cultivos comerciais estão restritos aos países orientais, como Japão, China e Coréia (Ohno 2006).
No Brasil, vem sendo investigada o cultivo de espécies deste gênero no litoral sul fluminense, com
indícios de viabilidade comercial (Castelar et al. 2011; Calheiros 2012). Desta forma, o presente
estudo visou complementar estes estudos.
OBJETIVO
Aprimorar a tecnologia de cultivo de Ulva flexuosa no litoral sul fluminense, através da
identificação do método ideal de inoculação de cordas de cultivo com esporos de Ulva flexuosa e da
avaliação do seu crescimento no mar.
MATERIAIS E MÉTODOS
Ulva flexuosa foi coletada na praia do Arpoador, município do Rio de Janeiro, RJ, para testar a
esporulação in vitro e o assentamento de plântulas em cordas de cultivo que foram cultivadas no
mar. In vitro, foi testado o método de esporulação por alta concentração de nutrientes em condições
ambientais controladas, usado por Calheiros (2012). Em cada um dos cinco aquários (n=5) com as
algas, foi colocada uma corda de cultivo com 6 m, que serviu de substrato para fixação dos esporos.
Após 20 dias, através de microscópio estereoscópico, foi quantificado o número de plântulas
assentadas por metro linear em dez amostras de cordas com 10 cm.
As cordas com as plântulas de U. flexuosa (n=6) foram instaladas em uma balsa flutuante no mar na
praia da Vila da Petrobrás, município de Angra dos Reis, RJ (23º00’62’’S - 44º14’33’’O). Foram
usados dois tratamentos: Tratamento Inoculado (TI), foram usadas seis cordas, com 3m de
comprimento, inoculadas com esporos de U. flexuosa (n=6). No Tratamento Controle (TC), seis
cordas semelhantes às usadas no TI, foram previamente lavadas com água do mar. Três períodos
amostrais foram usados: 1º = 27 de maio a 7 de junho de 2012 (40 dias), 2º = 4 a 18 de dezembro de
1012 (14 dias) e 3º = 18 de dezembro a 5 de janeiro de 2013 (32 dias). A viabilidade do cultivo foi
avaliada pela Taxa de Crescimento Diário (TCD (% dia-¹) =[( massa úmida final/massa úmida
inicial) 1/dias de cultivo −1]×100% (Yong et al. 2013). Testes estatísticos foram usados para verificar as
diferenças entre os tratamentos através do programa Statistica da StatSoft. O intervalo de confiança
para os testes de significância foi de 95% (p = 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram assentadas 8.122±3.387 plântulas.m-1, resultado semelhante ao obtido por Calheiros (2012),
com esta espécie e este método (t=-0,32, p=0,75). Foi comprovada a eficiência deste método de
esporulação e foram estabelecidas as condições ambientais de laboratório para a sua esporulação.
As algas cresceram no mar (Fig. 1, 2, Tab. 1) e não foram observadas diferenças significativas entre
as TCD das algas cultivadas no TI com as no TC (t = 1,11, p = 0,28), tampouco quando analisadas
separadamente em dias 14 dias de cultivo (U =1,92, p= 0,06) e em 32 dias (t = 0,04, p =0,96).
Este resultado foi positivo para a algicultura de U. flexuosa, uma vez que em menos de 15 dias as
cordas foram inoculadas naturalmente no mar e apresentaram crescimento semelhante as que foram
inoculadas em laboratório. Desta maneira, em locais propostos para implantação desta algicultura
deve ser testado o método de inoculação natural no mar, de modo a baixar custos com manejo. É
conhecido o alto custo com pagamento de pessoal (Góes & Reis 2011) e de manutenção de
laboratórios. Em locais onde este método não é possível, recomenda-se o método de indução de
esporulação por aumento de nutriente.
Quando comparados os três períodos de cultivo (14, 32 ou 40 dias), o maior crescimento de U.
flexuosa ocorreu em 14 dias (Tab. 1, Fig. 1; F=64,86, p < 0,001, LSD test). O estabelecimento de
ciclos de produção da espécie alvo é fundamental para a elaboração de procedimentos de produção
desta algicultura. Neste local, foi determinado que ciclos de produção próximos a 14 dias de cultivo
são ideais para o cultivo desta espécie. Este curto ciclo de produção é outra vantagem para esta
algicultura, com a possibilidade de 24 ciclos ao ano. Na algicultura de K. alvarezii apenas 7 ciclos
são possíveis (Góes & Reis 2011). De fato, esta é uma espécie considerada de rápido crescimento e
isto favorece o seu cultivo comercial, principalmente por evitar a exposição das mudas aos fatores
ambientais prejudiciais ao seu crescimento, como a herbivoria e a entrada de frentes
meteorológicas, esta última conhecida pela perda de biomassa e quebra das estruturas de cultivo
(Góes & Reis 2011) .
As médias das taxas de crescimento de U. flexuosa obtidas em 14 dias estão acima das obtidas com
espécies do mesmo gênero registradas por Amano & Noda (1994), Ale et al. (2010) e Calheiros
(2012) cultivadas in vitro e as de Copertino et al. (2009) cultivadas em tanques, que estiveram
próximos a 15%.dia-1. Quando comparadas com o crescimento de algas comercializadas, que
possuem tecnologias de cultivo bem estabelecidas, como Kappaphycus alvarezii (Góes & Reis
2011) e Gracilaria spp. (Bezerra & Marinho-Soriano 2010), nossos resultados foram promissores.
CONCLUSÃO
U. flexuosa é uma importante candidata para o estabelecimento da algicultura de Ulva no litoral sul
fluminense. Antes da implantação da algicultura em um novo sítio deve ser testado método de
inoculação natural no mar. Algas podem ser cultivadas em 14 dias, com a possibilidade de obter até
24 ciclos de produção por ano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PELLIZZARI J. & REIS R.P. 2011. Seaweed cultivation on the Southern and Southeastern
Brazilian Coast. Revista Brasileira de Farmacognosia, 221:305-312.
Tabela 1: Taxas de crescimento diário (%.dia-1) de Ulva flexuosa cultivadas nos diferentes nos
períodos amostrais na praia da Vila da Petrobrás, baía da Ilha Grande, RJ.
Período de cultivo
Tempo
cultivo
1o
(27mai -7jun 2012)
de
Tratamento
(mínimo) médio ± desvio
Mediana
padrão (máximo)
40 dias
Inoculado
(4,84)5,63±0,51 (6,13)
5,68
2o
(4dez -18dez 2012)
14 dias
14 dias
Inoculado
Controle
(17,7) 20,1±1,9 (22,5)
(8,4) 14,6±5,1 (19,3)
19,77
15,27
3o
(18dez -5jan 2013)
32 dias
32 dias
Inoculado
Controle
(4,7) 6,6±1,4 (8,3)
(5,9) 6,6±0,7 (7,3)
6,14
6,56
Figura 1: Cordas com plântulas de Ulva flexuosa cultivados no mar na praia da Vila da Petrobrás,
baía da Ilha Grande, RJ.
24
Taxa de Crescimento Diário (%.dia -1)
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
14 dias - TI
14 dias - TC
32 dias - TI
32 - TC
40 dias - TI
Tempo de cultivo - Tratamento
Figura 2: Média (quadrado), desvio padrão (retângulo) e erro padrão (traços) das Taxas de
Crescimento Diário de Ulva flexuosa cultivada no mar em diferentes períodos (14, 32 e 40 dias) e
diferentes tratamentos (TI = Tratamento Inoculado e TC = Tratamento Controle), na praia da Vila
da Petrobrás, baía da Ilha Grande, RJ.
DELIMITAÇÃO DO COMPLEXO DE TÁXONS REÓFITOS DE DYCKIA
(PITCAIRNIOIDEAE – BROMELIACEAE) COM USO DE MORFOMETRIA
Ana Carolina Mariz Costa de Medeiros; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na
graduação– fevereiro/2012; conclusão do curso prevista para dezembro/2016; ingresso no PIBIC:
março/2012; orientadoras: Rafaela Campostrini Forzza e Fernanda dos Santos Silva.
INTRODUÇÃO
Dyckia Schult. e Schult f. pertence a Pitcairnioideae e conta com cerca de 160 espécies e três
sinapomorfias morfológicas são indicadas para o gênero: a presença de inflorescência axilar, de
nectários extranupciais nas sépalas e de um anel pétalo-estamínico (Forzza 2001). No sul do Brasil,
na região de Mata Atlântica, alguns táxons de Dyckia ocorrem em leitos de rios e podem ser
definidos como reófitos segundo Van Steenis (1981). Segundo esse autor, reófitas são plantas que
ocupam leitos de rios com corredeiras e que resistem à submersão em períodos de enchente. Klein
(1979) reconhece três espécies de Dyckia reófitas presentes no estado de Santa Catarina: D.
brevifolia Baker, D. distachya Hassler e D. ibiramensis Reitz. Além desses três táxons, espécimes
de herbário apontam para a ocorrência de D. microcalyx var. ostenii como reófitas ao longo do rio
Iguaçú no Paraná. Esses táxons reófitos de Dyckia apresentam questões relacionadas às suas
delimitações. Segundo Hmelijewski (2007) e Wiesbauer (2008) existe uma grande semelhança entre
as partes vegetativas e uma grande variação de atributos florais nas populações destes táxons. Dessa
forma, somente um estudo mais acurado de todos os binômios envolvidos (15 ao todo) poderia
confirmar a identidade desses táxons.
OBJETIVO
Esse estudo teve como objetivo utilizar a análise morfométrica tradicional para a avaliação das
variações morfológicas presentes nos táxons reófitos de Dyckia.
METODOLOGIA
Foram amostrados espécimes pertencentes às populações naturais dos táxons reófitos, localizadas
na região sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai. Em laboratório foram dissecadas, montadas em
fichas florais e digitalizadas em scanner de mesa. As medidas das variáveis foliares foram
realizadas em campo. Foram tomadas medidas das peças florais, a partir das fichas digitalizadas
com auxílio do programa de acesso livre Image J (Image processing analysis in Java). Para que os
dados pudessem ser avaliados e computados, foram determinadas variáveis para cada tipo de peça
floral. Sempre que fosse medida uma peça floral a parte medida seria a de maior amplitude. As
medidas devem ir até o ponto em que a peça floral estiver inteira, caso o material estivesse rasgado
ou danificado em uma parte a mesma não deve ser contabilizada. No caso de partes que se perdem
com facilidade durante a coleta e preparação, como por exemplo, as anteras, apenas uma de cada
flor foi medida. Além das variáveis florais, foram realizadas medidas em campo dos seguintes
caracteres: diâmetro da roseta, altura da inflorescência e número de 2 ramificações. Foram feitas
análises multivariadas com o programa PAST v. 2.04 (Hammer 2010). Foram criadas duas matrizes
de dados: uma com os dados referentes às variáveis florais e uma com os dados referentes às
variáveis florais e variáveis coletadas em campo.
RESULTADOS
Na PCA realizada a partir da matriz de dados florais e de campo foram considerados informativos
os três primeiros componentes principais por explicarem mais de 98% da variância dos dados. O
primeiro componente, explica 80, 81% da variância, a variável que mais influencia esse eixo é a
altura da inflorescência. O segundo componente, que explica 12,62% da variância, o diâmetro da
roseta é o que mais influencia nesse eixo. O terceiro componente representa 4, 82% da variância, a
variável de mais influência é a bráctea do escapo. Com o resultado da PCA, é possível verificar a
sobreposição dos táxons reófitos. A partir da matriz de escores dessa PCA, foram realizadas duas
análises de variância canônica, uma utilizando táxons e outra usando populações como variáveis
categóricas. Nos dois primeiros eixos da CVA com táxons como variáveis categóricas (juntos
representam mais de 93% da variação) é possível distinguir significativamente D. microcalyx var.
microcalyx dos táxons reófitos (com resultado teste T2 de Hotelling com p< 0,05). Mas nem todos
os táxons se distinguem significativamente um dos outros. Nos dois primeiros eixos da CVA com
populações como variáveis categóricas, assim como na PCA, é possível verificar a sobreposição dos
táxons reófitos. Entretanto é possível verificar diferenças significativas entre populações de um
mesmo táxon.
DISCUSSÃO
A análise realizada separadamente de duas matrizes de dados: variáveis florais e variáveis florais
combinadas com variáveis de campo (vegetativas), mostrou a importância da combinação dos dados
para uma melhor distinção entre categorias. A avaliação das populações como variáveis categóricas
conseguiu demonstrar diferenças significativas entre diferentes populações de um mesmo táxon.
Isso pode estar correlacionado e servir como evidência morfológica de estruturação genética em
metapopulações. Os resultados aqui obtidos evidenciam que D. microcalyx var. microcalyx é
distinta dos táxons reofíticos. Esse táxon não ocorre nas margens de rios, e foi incluído na análise
por representar a variedade-tipo de um dos táxons do complexo de Dyckia reófitas. Optou-se por
trabalhar nesse primeiro momento com pelo menos uma população de cada táxon de Dyckia reófita
que temos coletadas para explorar a presença de variação morfológica. Entretanto, mesmo com os
resultados ainda parciais, fica evidente que as análises morfométricas têm potencial na delimitação
dos táxons reófitos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAMMER, O. 2010. PAST 2.04. Paleontological Statistics.
HMELJEVSKI, K.V. 2007. Caracterização reprodutiva de Dyckia ibiramensis Reitz, uma bromélia
endêmica do AltoVale do Itajaí, SC. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação em
Biologia Vegetal, Universidade Federal de Santa Catarina. 65p.
KLEIN, R.M. 1979. Reófitas no Estado de Santa Catarina. Separata dos Anais da
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VAN STEENIS, C.G.C. J. 1981. Rheophytes of the world: an account of the flood-resistant
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Maryland. 407p.
WIESBAUER, M. B. 2008. Biologia Reprodutiva e diversidade genética de Dyckia distachya
Hassler (Bromeliaceae) como subsídio para a conservação e reintrodução de populações extintas na
natureza. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 95p.
MELASTOMATACEAE REVISITADA NA FLORA ORGANENSIS
Bernard Carvalho Bandeira; Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida
(UVA); ingresso na graduação – 07/2008; previsão de conclusão do curso – 07/2013; ingresso no
PIBIC: outubro/2011; orientador: José Fernando A. Baumgratz.
INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do mundo, mas ainda possui expressiva
diversidade biológica, cuja riqueza de espécies representa 5% da flora mundial, sendo quase metade
endêmica desse bioma (Stehmann et al. 2009). O Parque Nacional da Serra dos Órgãos
(PARNASO) localiza-se nesse bioma, precisamente no estado do Rio de Janeiro, no sistema
orográfico da Serra do Mar (Fig. 1). Melastomataceae tem sido apontada como uma família de
expressiva diversidade na flora fluminense e na Mata Atlântica, onde é apontada como uma das
mais importantes entre as angiospermas, devido à riqueza de espécies e endemismos (Rizzini 1954;
Baumgratz 2004; Baumgratz et al. 2006, 2007; Barberena et al. 2008; Santos Filho & Baumgratz
2008; Stehmann et al. 2009). A família possui também ampla diversidade morfológica, vegetativa e
reprodutiva, e os espécimes podem ser encontrados em diferentes formações vegetacionais.
Entretanto, inventários florísticos e estudos taxonômicos sobre a família na flora fluminense ainda
são escassos e restritos a determinadas áreas ou grupos taxonômicos (Baumgratz et al. 2006, 2007;
Barberena et al. 2008). Apesar da riqueza de espécies no PARNASO, dados publicados sobre as
Melastomataceae (Rizzini 1954) são escassos e incompletos para os dias atuais, considerando novos
conhecimentos obtidos tanto em registros de novas coleções de herbários e dados de inventários
florísticos, como provenientes de pesquisas em novas áreas incorporadas à Unidade, em 2009.
OBJETIVOS
A fim de suprir lacunas de conhecimento e complementar os dados disponíveis sobre as
Melastomataceae no PARNASO, objetiva-se organizar, revisar e atualizar o banco de dados,
proceder a coleta de espécimes, realizar análise qualiquantitativa da diversidade da família,
incluindo endemismos e registros de coleções, organização do banco de imagens das coleções-tipo
e/ou históricas, elaboração de uma chave dicotômica para a identificação dos gêneros e descrição
diagnóstica dos gêneros.
METODOLOGIA
O PARNASO está situado nos municípios Guapimirim, Magé, Petrópolis e Teresópolis, entre 100 e
2263 m, com ca. 20.024 ha e cobertura de Floresta Ombrófila Densa. Procedeu-se o levantamento
em obras clássicas e específicas, além de sítios eletrônicos, sendo a bibliografia constantemente
atualizada. Prosseguiu-se com a atualização da base de dados em planilha Excel, incluindo
informações recém-divulgadas na literatura especializada, principalmente dissertações e teses, e
através das coletas realizadas durante expedições científicas. Continuou-se com a elaboração do
banco de imagens digitalizadas de espécies obtidas em sítios eletrônicos especializados.
RESULTADOS
Melastomataceae está representada no PARNASO por 148 espécies e 19 gêneros, sendo 116
espécies endêmicas da Floresta Atlântica, 27 da flora fluminense e sete (Behuria corymbosa Cogn.,
B. mouraei Cogn., B. organensis (Saldanha & Cogn.) Tavares & Baumgratz, Leandra acuminata
Cogn., L. mouraei Cogn., L. organensis Cogn. e Meriania excelsa (Gardner) Cogn.) da área de
estudo. Os gêneros com maior número de espécies são Leandra (54 spp.), Miconia (32 spp.) e
Tibouchina (24 spp.). Recentemente, recoletou-se espécimes de Ossaea sanguinea Cogn. e
Clidemia urceolata DC., após 81 e 61 anos, respectivamente, e descobriu-se uma nova população
de Bertolonia leuzeana (Bonpl.) DC. As espécies Clidemia capilliflora (Naudin) Cogn., Miconia
albicans (Sw.) Steud, Miconia stenostachya DC., Tibouchina clavata (Pers.) Wurdack e T.
herbacea (DC.) Cogn. são documentadas pela primeira vez para a Unidade e seu entorno.
DISCUSSÕES E CONCLUSÃO
O PARNASO é um local de grande importância para a conservação da biodiversidade do estado do
Rio de Janeiro e apresenta uma significativa diversidade de Melastomataceae, com grande potencial
para o desenvolvimento de estudos taxonômicos e de conservação. Estudos publicados sobre essa
família na área ainda são incipientes e precisam ser complementados, com base não só em novas
coleções quanto em novos dados taxonômicos divulgados. Apesar de novas áreas terem sido
incorporadas a essa Unidade, muito pouco se conhece sobre a composição florística. Expedições
realizadas a esses locais tem possibilitado o registro de novas ocorrências de espécies, não só para a
Unidade como para a flora fluminense. Dessa forma, é necessária a continuação de pesquisas sobre
as Melastomataceae nessa Unidade de Conservação, considerando-se também a Zona de
Amortecimento em seu entorno, a fim de complementar as informações disponíveis e buscar novos
dados que preencham lacunas de conhecimento. Nesse sentido, é fundamental priorizar também
regiões não exploradas e/ou de difícil acesso, tanto localizadas em baixa altitude quanto de mata
nebular e campos de altitude, cujo conhecimento sobre a composição florística ainda é escasso.
Essas ações também possibilitarão a recoleta de espécies ainda não encontradas na área há mais de
50 anos (Fig. 2) ou mesmo novas para a Ciência e documentar novos registros de espécies apenas
citadas em literatura ou representadas pelo exemplar-tipo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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STEHMANN, J.R. et al. 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Jardim Botânico Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro.
Figura 1: Mapa do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, destacando, em amarelo, a
expansão e o novo limite territorial da Unidade (Fonte: adaptado de PARNASO/ICMBio;
www.icmbio.gov.br/parnaso).
(a)
(b)
Figura 4: Imagens de espécimes-tipo coletados no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e
depositados no Herbário K. (a) Isosíntipo de Leandra acuminata Cogn. (Glaziou 6152); (d)
Lectótipo de Tibouchina virgata (Gardner) Cogn. (Gardner 403).
CRESCIMENTO E SOBREVIVÊNCIA DE PLÂNTULAS DE ANTHURIUM MARICENSE
(ARACEAE) SOB CONDIÇÃO SIMULADA DE FACILITAÇÃO
Bruno D. Cordeiro; Graduação Ciências Ambientais, UNIRIO; ingresso graduação - 03/2011;
previsão conclusão curso - 12/2014; ingresso PIBIC: 02/2013; Orientador: Antônio Carlos S.
Andrade.
INTRODUÇÃO
Interações positivas (facilitação) ocorrem quando a presença de uma espécie aumenta a
sobrevivência de outra em ambientes sujeitos a condições bióticas e abióticas adversas,
principalmente em ambientes áridos e semiáridos (Bonanomi et al., 2011). As restingas são um
exemplo de ambiente onde a facilitação ocorre com frequência, devido às características do seu
ambiente xérico, com solos oligotróficos sujeitos a temperaturas e radiação solar extremas (Zaluar e
Scarano, 2000).
Espécies herbáceas representam parte significativa da biodiversidade nas florestas tropicais e
podem desempenhar importantes papéis funcionais e estruturais (Gilliam & Roberts, 2003), mas há
poucos estudos voltados às espécies com esta forma de vida (Poulsen, 1996). As restingas
fluminenses têm cerca de 1.000 espécies e 25% delas são herbáceas e subarbustivas (Araujo 2000).
É importante estudar o processo de facilitação neste grupo de espécies, pois tendo pequeno porte e
sistema radicular superficial, são consideradas mais sensíveis às condições hostis do ambiente que
espécies de maior porte (Citadini-Zanette & Baptista 1989).
A espécie selecionada para este estudo foi Anthurium maricense Nadruz & Mayo (Araceae),
endêmica das restingas fluminenses (Coelho & Temponi, 2013) e encontrada no interior de moitas
de vegetação das restingas. Seria ela uma espécie beneficiária pelas facilitadoras?
OBJETIVO
Avaliar a influência da intensidade de luz e disponibilidade hídrica do solo na sobrevivência e
crescimento de plântulas de Anthurium maricense.
METODOLOGIA
Frutos de A. maricense foram coletados no Parque Estadual da Costa do Sol (Arraial do Cabo, RJ).
Para avaliação do crescimento e sobrevivência de plântulas utilizamos 270 recipientes de plástico,
modificados em sua estrutura original (substituição do fundo plástico por tela plástica com malha de
0,3 mm), para permitir drenagem similar às condições do solo arenoso da restinga. A areia de
restinga foi usada como substrato e cada recipiente recebeu 10 plântulas (30 dias de vida e 15 dias
de aclimatação).
Os recipientes foram levados à casa de vegetação e submetidos às intensidades relativas de luz
(IRL) de 5%, 15% e 60%, calculadas através de sensor e registrador Skye. Tais IRL foram obtidas
com estruturas de madeira forradas por filtros de pano. Em cada IRL foram estabelecidos dois
tratamentos de disponibilidade hídrica, que consistiram na adição de 40 ml de água três vezes por
semana (alta disponibilidade hídrica; ADH) e uma vez por semana (baixa disponibilidade hídrica;
BDH). Em todos os tratamentos foram coletadas amostras de solo para determinação do seu teor de
água (tas; método estufa, 105 C/24h). As avaliações de sobrevivência e crescimento de plântulas
foram feitas quinzenalmente. A massa seca de plântulas (g) foi obtida para plântulas vivas retiradas
dos recipientes e secas em estufa (80ºC; até peso constante). Os tratamentos foram comparados pelo
teste de Tukey e t de Student (P<0,05).
RESULTADOS
As medidas de IRL apresentaram pequenas variações durante o estudo. A determinação do teor de
água do solo durante sete dias, para cada IRL, revelou grande variação em seus valores para os
tratamentos ADH (tas=16 e 19%) e BHS (tas=3 e 0,9%)
As taxas de sobrevivência de plântulas apresentaram grande variação entre os tratamentos e tiveram
redução significativa quanto maior foi a IRL e menor a disponibilidade hídrica do solo. Plântulas de
A. maricense mostraram grande sensibilidade a restrição hídrica do substrato, pois suas taxas de
sobrevivência sofreram reduções significativas após 15 dias de avaliação, especialmente sob alta e
média IRL. Esse comportamento foi observado em baixa IRL apenas após 45 dias.
O acúmulo de massa seca total mostrou comportamento semelhante ao observado na variável
sobrevivência de plântulas, onde aquelas submetidas a BDH produziram valores significativamente
menores que em ADH, principalmente na maior intensidade de luz e apenas aos 45 dias de
avaliação, quando em baixa ou média intensidade de luz.
DISCUSSÃO
Assim como em outros ambientes áridos e semiáridos (Flores & Jurado, 2003), a facilitação é a
interação positiva mais relatada nas restingas, onde uma dada espécie (facilitadora) se estabelece e a
sua simples presença física pode favorecer a sobrevivência e o crescimento de outras espécies
(beneficiárias) (Zaluar e Scarano, 2000). Longe da proteção das plantas facilitadoras, a combinação
entre altas temperaturas, elevados níveis de radiação solar e ventos fortes torna a restinga um local
suscetível ao estresse hídrico e aos danos foto-oxidativos às plântulas de espécies que se
reproduzem via sementes (Scarano, 2002). Em condições mais amenas sob moitas, as taxas de
sobrevivência das espécies tendem a ser maiores (Hastwell & Facelli, 2003).
Os resultados obtidos sugerem que plântulas de A. maricense necessitam de condições
microclimáticas menos hostis, fornecidas pela sombra de espécies facilitadoras para aumentar suas
chances de sobrevivência e de estabelecimento. As maiores taxas de sobrevivência, obtidas em
baixa IRL e ADH, coincidem com o comportamento de muitas espécies beneficiárias, conforme
proposto por Flores e Jurado (2003). O uso de plântulas de A. maricense provavelmente intensificou
as respostas obtidas neste estudo, pois este estádio é considerado o mais crítico do ciclo de vida
vegetal (Schupp, 1995) e o mais sensível a ação de múltiplos fatores estressantes (Fenner, 1987).
CONCLUSÃO
Plântulas de A. maricense necessitam de condições de baixa intensidade de luz e maior
disponibilidade hídrica do solo, semelhantes às encontradas sob espécies facilitadoras, para
aumentar suas chances de sobrevivência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RIQUEZA DE ESPÉCIES DE BRIÓFITAS DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ,
AMAZÔNIA, BRASIL
Cínthia Cristina Cabral da Cruz, Orientadora: Dra. Denise Pinheiro da Costa, Ingresso: Janeiro de
2013, Curso de graduação: Ciências Biológicas, UGF, Ingresso no IES: fevereiro/2009, previsão de
conclusão da graduação: Dezembro/2013.
INTRODUÇÃO
Somente há pouco tempo foi reconhecida a importância global de montanhas sobre diferentes
aspectos das pesquisas relacionadas à biodiversidade. A importância das montanhas se expressa,
pela decisão dos 158 países que assinaram a Convenção da Diversidade Biológica, considerando
montanhas como um ponto focal e estratégico para a conservação da biodiversidade
(UNEP/CDB/AHTEG-MB 2003). Montanhas representam um ecossistema muito distinto e formam
um excelente modelo de sistemas relacionados às questões centrais da biodiversidade, tais como,
tamanho mínimo de população, consequências da fragmentação, endemismos restritos,
paleoendemismos, etc. (Porembski & Barthlott 2000). No Brasil a maioria dos estudos realizados
em montanhas trata dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Harley & Simmons1986,
Giulietti et al. 1987, Alves 1992, Pirani et al. 1994 e 2003, Stannard 1995, Zappi et al. 2003), ou
dos Campos de Altitude da Floresta Atlântica (Martinelli 1996, Porembski et al. 1998, Safford
1999, Safford & Martinelli 2000, Iganci et al. 2011). No Domínio Amazônico pouco ainda se
conhece sobre a flora das montanhas, sendo os estudos restritos a coletas esporádicas ou floras
realizadas em países vizinhos ao Brasil (Huber 1995). Das 75 unidades de conservação do
Amazonas, apenas quatro contemplam a conservação de áreas montanhosas: P.E. Serra do Aracá,
P.E. Morro dos Seis Lagos, PARNA Pico da Neblina e a Floresta Nacional do Amazonas. O P.E. da
Serra do Aracá foi criado em 1990 com uma área de 1.818.700 hectares e altitude variando de 44 a
2.121 m. Está situado no estado do Amazonas, entre as coordenadas 0°51-57’N e 63°14-24’O, no
município de Barcelos. O clima na região é Equatorial Úmido, com menos de dois meses de seca
anual, e a temperatura é superior a 18°C no mês mais frio. O Parque está inserido no Planalto das
Guianas, que se estende do Norte do Brasil até a Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa
(FVA & CEUC 2010). A Serra do Aracá é uma das poucas áreas montanhosas dentro do Domínio
Amazônico que possui uma lista de espécies publicada por Prance & Johnson (1991), porém, esta
lista não inclui briófitas. Dentro deste contexto, onde não existem dados disponíveis para as
montanhas do bioma Amazônico, pretende-se neste trabalho preencher parte desta lacuna estudando
a brioflora da Serra do Aracá.
OBJETIVOS
1) Elaborar uma lista com as espécies de briófitas que ocorrem na Serra do Aracá;
2) Identificar as briófitas coletas pelo projeto na Serra do Aracá;
3) Incrementar o banco de dados com informações da brioflora da Serra do Aracá;
4)Analisar a distribuição geográfica dos táxons.
5) Auxiliar na elaboração de relatórios e publicações.
METODOLOGIA
Nos quatro meses de trabalho as seguintes etapas foram realizadas: 1) elaboração da lista de
espécies; 2) identificação do material coletado; 3) incremento do banco de dados; 4) análise da
distribuição geográfica; 5) elaboração da planilha de espécies do projeto para o relatório do
SISBIO.
RESULTADOS & DISCUSSÃO
No total foram identificadas 89 amostras de briófitas, correspondendo a 15 famílias, 35 gêneros e
70 espécies, sendo 65 de hepáticas e 5 de musgos. Destas uma espécie está sendo citada pela
primeira para o Brasil e 15 pela primeira vez para a Amazônia brasileira, isso reflete o pouco
conhecimento da brioflora das montanhas dessa região do Brasil. As famílias que se destacam com
maior número de espécies são todas de hepáticas, a saber: Lejeuneaceae (26 espécies),
Lepidoziaceae (14 espécies) e Herbertaceae (5 espécies), totalizando 45 espécies ou 64% do total
de táxons identificados até o momento. A família Lejeuneaceae destaca-se também pelo grande
número de gêneros, com um total de 15 (10% do total). Isso já era esperado porque essa família de
hepáticas apresenta concentração de gêneros e espécies na América tropical (Gradstein et al. 2001).
O banco de dados conta atualmente com um total de 318 registros de briófitas e serviu tanto para a
análise da distribuição geográfica no país e no mundo, quanto de base para a elaboração do relatório
do SISBIO. Das 70 espécies identificadas nesse estudo, 43 apresentam ampla distribuição no Brasil
(ocorrendo em mais de três regiões), 15 são novas ocorrências para a Amazônia brasileira e oito
eram conhecidas somente para as regiões sudeste e sul, tendo assim sua distribuição ampliada no
país. Como para as briófitas não existem dados publicados para a Serra do Aracá, a identificação do
material coletado vem trazendo novidades tanto qualitativas quanto quantitativas. Até o momento,
os resultados evidenciaram: 1) espécies ainda não citadas para o Brasil, como Micropterygium
bolivarense Fulford, cujo gênero é exclusivo da região neotropical com centro de diversidade na
região Amazônica e Lejeunea angusta (Lehm. & Lindenb.) Mont., uma espécie pouco conhecida e
citada somente na
chave preliminar
para o
gênero
Lejeunea
no Brasil
(www.drehwald.info/Lejeunea/key_Lejeunea_Brazil, versão 2007); 2) espécies que eram
conhecidas somente pela coleção-tipo como Sphagnum amazonicum H.A. Crum & W.R. Buck e S.
dimorphophyllum H.A. Crum & W.R. Buck; 3) espécie não conhecida para a região norte do país,
como Jamesoniella rubricaulis (Nees) Grolle citada para o nordeste e sudeste.
CONCLUSÃO
Esperamos que ao final da identificação do material de briófitas da Serra do Aracá que a lista de
espécies expresse a real diversidade da brioflora deste importante ecossistema do pais, ampliando
tanto a distribuição das espécies no país como sanando lacunas no conhecimento de gêneros cujo
centro de diversidade encontram-se na região Amazônica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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EVOLUÇÃO EM FERRUGENS (UREDINALES – FUNGI): UMA VISÃO A PARTIR DA
RECONSTRUÇÃO FILOGENÉTICA DOS HOSPEDEIROS
Fernanda Marcelle de Azevedo; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação 08/2009;- previsão de conclusão de curso - 07/2014; Ingresso no PIBIC - 08/2012;
orientador: Dr. Aníbal Alves de Carvalho Jr. E Dra. Cássia Mônica Sakuragui
INTRODUÇÃO
Os fungos causadores de ferrugens em plantas estão classificados na ordem Pucciniales, classe
Pucciniomycetes do filo Basidiomycota (Aime et al., 2006). Constituem um grupo numeroso com
mais de 7.000 espécies conhecidas e muitas com grande importância econômica. Parte das espécies
necessita de hospedeiros de dois grupos não relacionados de plantas para completar seu ciclo de
vida (ciclo heteroécio) enquanto a outra parte pode completar seu ciclo sobre uma única hospedeira
(ciclo autoécio). Além de evidências de diferenças taxonômicas das respectivas plantas hospedeiras,
Urban (1971) notou estreita relação de coevolução entre espécies autoécias de Puccinia sobre
Vernoniae (Asteraceae). Relações similares foram encontradas entre espécies de Piptocarpha e
Puccinia (Smith & Coile 2007). Em Trabalhos mais recentes como de Aime (2006), a autora
concluiu que apenas a morfologia pode não ser suficiente para análise das relações entre as
ferrugens em muitos níveis taxonômicos e que a seleção pelo hospedeiro, por outro lado,
desempenha um papel significativo na evolução da ferrugem. Apesar de uma longa história de
coexistência, que pode ter se iniciado no Carbonífero (Millar & Kinloch 1991), poucos são os
estudos sobre o entendimento da evolução de ferrugens e angiospermas em conjunto.
OBJETIVO
O objetivo geral é investigar se existe relação evolutiva entre espécies de Piptocarpha e as espécies
de ferrugens sobre elas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Amostragem - Para este trabalho, estão sendo amostradas as espécies de Piptocarpha, hospedeiras
de ferrugens citadas por Carvalho Jr. et al (2012), além de outras espécies nativas do gênero que
não apresentam ferrugens (o número total de espécies brasileiras de Piptocarpha é 29 conforme
Loeuille (2012). Extração do DNA - O DNA total das espécies está sendo extraído a partir de folhas
frescas desidratadas em sílica gel, utilizando o DNeasy Plant Mini Kit (QIAGEN, Valencia, Calif.).
Amplificação e seqüenciamento - Serão amplificadas as regiões de cloroplasto ndhF e matK. Os
produtos da amplificação serão purificados utilizando o kit QIAquick (QIAGEN) e posteriormente
enviados para seqüenciamento na Macrogen (Macrogen Inc., Seoul, Corea). Análises filogenéticas –
Todas as seqüências obtidas para o presente estudo serão alinhadas progressivamente e a matriz de
seqüências alinhadas será analisada segundo os critérios do princípio da parcimônia e da máxima
verossimilhança.
RESULTADOS
As Piptocarpha estudadas até o momento (as que ocorrem no Rio de Janeiro, P. axillaris, P. notata,
P. oblonga e P. quadrangularis) são parasitadas por nove espécies de Puccinia. Das espécies
citadas por Carvalho Jr. et al (2012) que ocorrem no RJ (Puccinia macumbae, Puccinia
manuelensis, Puccinia seorsa, Puccinia valentula e Puccinia piptocarphae) podemos ver que todas
parasitam o hospedeiro P. axilares. Foram elaborados estabelecidos protocolos de extração e
amplificação e seis espécies foram estudadas até o momento. Foram também levantados caracteres
potencialmente utilizáveis no estudo evolutivo dos grupos: Presença de Uredo, presença de Télio,
presença de Aécio; Télio: pulvinado (sim ou não); Cor, Forma, Localização nos tecidos foliares,
formato das células, formato dos teliósporos iniciais, formato dos teliósporos desenvolvidos,
número de células dos teliósporos; desenvolvimento de septo (sim ou não), presença de pedicelo
(sim ou não), tamanho do teliósporo; Uredo: pulvinado (sim ou não); Cor, Forma, Localização nos
tecidos foliares, formato das células, formato dos urediniósporos iniciais, formato dos
urediniósporos desenvolvidos, número de células dos urediniósporos; desenvolvimento de septo
(sim ou não), presença de pedicelo (sim ou não), tamanho do urediniósporos.
DISCUSSÃO
Pode-se observar que existe claramente uma dominância do subgênero Hypericoides proposto por
Smith e Coile (2007) nas espécies do RJ, das que foram citadas acima, apenas uma espécie,
Piptocarpha brasiliana, encontra-se no subgênero Piptocarpha. Esta divisão reflete também nos
parasitas, que por serem específicos ficam restritos a um grupo de espécies.
CONCLUSÃO
Ainda não há dados suficientes para conclusões.
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ONTOGENIA DOS FRUTOS DE ESPÉCIES DA TRIBO MALVEAE (MALVACEAE)
Fernanda de Araujo Masullo; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação
– 03/2009; previsão de conclusão de curso – 12/2012; ingresso no PIBIC: agosto/2010; orientadora:
Karen L. G. De Toni.
INTRODUÇÃO
A tribo Malveae abrange a maior diversidade morfológica e taxonômica de Malvoideae
(Malvaceae) (Tate et al. 2005). Inúmeras classificações para Malveae e para os gêneros que a
compõe já foram propostas. A utilização da morfologia externa dos frutos, nesse caso, se faz
importante para a sistemática do grupo, visto que possuem um peso relevante na discussão das
linhagens filogenéticas propostas, embora a avaliação de sua sinapomorfia não seja ainda muito
clara (Garcia et al. 2009). Quanto a morfologia interna dos frutos, Houchreutiner (1920) comenta
que “no interior da cavidade dos mericarpos é encontrado um apêndice”, o qual denomina de
endoglossa, mas não menciona sua origem. Atualmente a endoglossa é considerada uma estrutura
que pode dividir o fruto em duas cavidades, expandindo-se como uma membrana hialina ou como
uma pequena expansão, filiforme a lanceolada, no interior do mericarpo (Bovini 2008). Além da
variação observada em relação a endoglossa nos frutos de Malvaceae, também são percebidas
outras variações, como o número de sementes nos frutos e a ornamentação na superfície do
exocarpo.
OBJETIVO
Este estudo teve por objetivo contribuir com o conhecimento da morfologia dos frutos da tribo
Malveae. Foram analisados o desenvolvimento do pericarpo, e, principalmente, a origem e estrutura
da endoglossa, sugerindo relações e afinidades entre as espécies de Gaya gaudichaudiana A.St.-Hil,
Briquetia spicata (Kunth.) Fryxell e Wissadula contracta (Link.) R.E.Fries.
MATERIAL & MÉTODOS
A fim de atingir os objetivos mencionados, foram coletados botões florais, flores e frutos de G.
gaudichaudiana, B. spicata e W. contracta. Imediatamente após a coleta, o material botânico foi
processado de acordo com os protocolos usuais para confecção de lâminas permanentes em
Anatomia Vegetal. As observações foram realizadas em microscópio óptico Olympus BX-50 e em
microscópio estereoscópico Olympus SZ61 ambos com câmera digital Olympus SC-30 acoplada.
RESULTADOS
Quanto a morfologia externa, as espécies analisadas apresentam frutos esquizocarpos, compostos
por mericarpos deiscentes, de deiscência longitudinal, iniciando-se no ápice do mericarpo e
terminando na base do mesmo.
Em G. gaudichaudiana observam-se cerca de 12 mericarpos, cada um com uma semente (Fig. 1).
Em B. spicata observam-se cerca de seis mericarpos, com três sementes cada (Fig. 2). Em W.
contracta observam-se cerca de cinco mericarpos, cada um com três sementes (Fig. 3). Em G.
gaudichudiana, B. spicata e W. contracta a epiderme externa do carpelo apresenta-se unisseriada
(Figs. 4-6), e o exocarpo mantém-se semelhante à mesma, ou seja, unisseriado (Figs. 7-9). Quanto
ao mesofilo da parede carpelar, em G. gaudichaudiana, este apresenta até quatro camadas celulares
(Fig. 4) e com a maturação do fruto, o mesocarpo apresenta até três camadas (Fig. 7). Já em B.
spicata o mesofilo carpelar possui cerca de cinco camadas parenquimáticas (Fig. 5), o mesmo
observado no mesocarpo (Figs. 8 e 10). Em W. contracta, o mesofilo carpelar possui cerca de três
camadas parenquimáticas (Fig. 6), as quais proliferam-se até cinco no mesocarpo fora da região da
constrição (Fig. 9), e em até 8 camadas na região da constrição (Fig. 11). A epiderme da parede
carpelar voltada para o lóculo inicia-se unisseriada para todas as espécies analisadas. Em G.
gaudichaudiana, a mesma mostra-se bisseriada desde a maturação do botão floral (Figs. 4 e 12) e já
no fruto, em regiões não relacionadas a endoglossa, suas células mostram-se distendidas (Fig. 7).
Para B. spicata observa-se que a epiderme voltada para o lóculo carpelar mantém-se unisseriada
(Fig. 5) até o início do desenvolvimento do fruto. Com a maturação do endocarpo, observa-se a
proliferação dessa camada em duas a três camadas celulares (Fig. 8). Em W. contracta observa-se
também a epiderme carpelar voltada para o lóculo como bisseriada (Fig. 6), e após o início do
desenvolvimento do fruto, observa-se no endocarpo, duas a três camadas celulares (Fig. 11).
Destaca-se para W. contracta a lignificação das paredes do endocarpo (Fig. 9), o que não foi
observado em G. gaudichaudiana (Fig. 7) e B. spicata (Fig. 10).
A endoglossa, presente no interior do lóculo dos carpelos/mericarpos, nas três espécies estudadas,
origina-se tanto do mesofilo carpelar/mesocarpo quanto da epiderme locular/endocarpo (Figs. 1215). Em G. gaudichaudiana a endoglossa é proeminente, ocupando uma grande parte do lóculo e
envolvendo a semente (Fig. 13). Em B. spicata, torna-se evidente como um apêndice conspícuo
projetando para o interior do lóculo do mericarpo (Fig. 14). Para W. contracta, a endoglossa mostrase como uma discreta saliência, não se projetando para o lóculo (Fig. 15).
DISCUSSÃO
Segundo Barroso et al. (1999), em alguns gêneros, como Wissadula, Pseudabutilon, Hochreutinera,
Modiola, Modiolastrum e Gaya, os mericarpos podem apresentar uma endoglossa. As divergências
entre os gêneros com relação a existência da endoglossa, ora caracterizada como uma estrutura
vestigial que divide a cavidade do mericarpo em duas lojas, ora como uma estrutura proeminente
que envolve as sementes, causou interpretações conflitantes, principalmente na circunscrição dos
gêneros (Bovini 2008). Ao comparar a endoglossa dos gêneros aqui estudados, percebe-se
claramente a variação em tamanho e disposição. Em Gaya, confirma-se que a endoglossa mostra-se
proeminente, formando uma estrutura semicircular, que abraça a semente (Campelo 1978). Em
Briquetia, tal estrutura apresenta-se reduzida (Bovini 2008). Em Wissadula, segundo Bovini (2008),
a endoglossa mostra-se como uma linha continua espessada, circundando o mericarpo. Neste estudo
considera-se que a endoglossa das três espécies são homólogas, e fica evidente a tendência
reducional da estrutura, sendo esta muito conspícua em G. gaudichaudiana, reduzida em B. spicata
e vestigial em W. contracta.
CONCLUSÃO
Observa-se que existe uma variação quanto ao número de mericarpos e de sementes nos frutos entre
as espécies observadas, além das variações observadas na endoglossa, que difere em tamanho e
disposição, o que indica uma relação evolutiva entre os táxons. Acredita-se que a endoglossa seja
um caráter importante para relacionar grupos, sendo clara a sua relação através de uma escala
evolutiva. Para confirmar sua sinapomorfia, mais gêneros dessa tribo deverão ser estudados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DIVERSIDADE DE PIPERACEAE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA,
NITERÓI/MARICÁ, RJ, BRASIL
George Azevedo de Queiroz; Graduação em Ciências Biológicas, UERJ; ingresso na graduação –
03/2009; previsão de conclusão do curso – 08/2013; ingresso no PIBIC: outubro/2011; orientador:
Dra. Elsie Franklin Guimarães.
INTRODUÇÃO
Piperaceae possui distribuição pantropical, ocorrendo em ambos os hemisférios. Inclui cerca de
3.700 espécies distribuídas em cinco gêneros (Jaramillo et al. 2004; Wanke et al. 2006). O Brasil
possui grande diversidade com mais de 500 espécies concentradas principalmente nas florestas
Amazônica e Atlântica, distribuídas nos gêneros Piper, Peperomia e Manekia (Yuncker 1972,
1974). Segundo a classificação do APG III - Angiosperm Phylogeny Group a família está inserida
no clado Magnolídeas, ordem Piperales, onde estão compreendidas as famílias Aristolochiaceae,
Hydnoraceae, Lactoridaceae e Saururaceae (Judd et al. 2009). Apresentam-se como ervas,
subarbustos, arbustos ou trepadeiras, geralmente aromáticas e dotadas de glândulas translúcidas,
com tipo de indumento variado. As folhas são alternas, opostas ou verticiladas, simples e inteiras,
com forma, consistência, tamanho e padrão de nervação diversos, geralmente com profilos. As
flores são aclamídeas, mínimas, andróginas, protegidas por bráctea floral de forma variada,
dispostas esparsas ou densamente em racemos, espigas ou umbelas de espigas, eretas ou curvas,
com estames geralmente 2–6, anteras bitecas de deiscência rimosa, gineceu mono, tri ou
tetracarpelar, síncárpico, unilocular, uniovular, com 1–4 estigmas, sendo o fruto uma baga de forma
variada (Guimarães & Monteiro, 2006).
OBJTEIVO
O objetivo do estudo foi inventariar as espécies de Piperaceae que ocorrem no Parque Estadual da
Serra da Tiririca, enfatizando o tratamento taxonômico, distribuição geográfica, além de comparar
as espécies da área com outras do estado do Rio de Janeiro através de índices de similaridade.
MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
O estudo foi realizado no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PEST), localizado entre os
municípios de Niterói e Maricá, no estado do Rio de Janeiro (22º48’-23º00’S; 42º57’-43º02’W). Foi
criado pela Lei Estadual nº 1901/91 de 29 de novembro de 1991, tendo seus “limites em estudo”
estabelecidos pelo Decreto nº 18.598 de 19 de maio de 1993 para uma área de 2.400ha (Pontes,
1987). A Serra da Tiririca está inserida no bioma Mata Atlântica e sua vegetação é classificada
como Floresta Ombrófila Densa (sensu Veloso, Rangel-Filho & Lima, 1991), com extensas áreas
cobertas pela formação Submontana em vários estádios sucessionais.
Procedimentos
Foram realizadas coletas aleatórias de plantas férteis (com flores e/ou frutos) em diversos pontos do
parque. As amostras foram herborizadas e levadas à estufa de acordo com a metodologia de
(Guedes-Bruni et al., 2002). Posteriormente o material foi identificado com o auxilio de bibliografia
especializada e incorporado aos herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e da
Faculdade de Formação de Professores (RFFP). Foram consultados os herbários do JBRJ (RB),
Alberto Castellanos (GUA), Faculdade de Formação de Professores (RFFP), Herbárium
Bradeanum (HB), Museu Nacional do Rio de Janeiro (R), Universidade Federal do Rio de Janeiro
(RFA), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RBR), Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro (FCAB) e do banco de dados virtual CRIA 2009 para o conhecimento das espécies
da família presentes no Estado do Rio de Janeiro.
RESULTADOS
Até o momento foram encontradas dezesseis espécies: Peperomia Ruiz & Pavon representado por
seis táxons: P. arifolia Miq., P. corcovadensis Gardner, P. incana (Haw.) A. Dietr., P. psilostachya
C. DC., P. rubricaulis (Nees) A. Dietr. e P. urocarpa Fisch. & Mey., e Piper L. assinalado por dez
táxons: P. aduncum L., P. amalago L., P. amplum Kunth, P. anisum (Sprengel) Angely, P.
arboreum Aublet. var. arboreum, P. arboreum var. hirtellum Yunck., P. hoffmannseggianum
Roem. & Schult., P. klotzschianum (Kunth) C. DC., P. mollicomum Kunth e P. rivinoides (Kunth)
C. DC. Com o levantamento dos herbários foram registradas cerca de 6.000 coletas para o estado do
RJ, estando em processo de realização o tratamento estatístico da similaridade entre as localidades.
DISCUSSÃO
Em análise florística realizada por Barros (2008) para o Parque Estadual da Serra da Tiririca foram
registradas 14 espécies da família e serviram de base para o desenvolvimento deste trabalho.
Concorda-se com a autora quando assinala seis espécies para o gênero Peperomia e oito para Piper.
Entretanto, acrescenta-se e destaca-se pela primeira vez para a área a presença de Piper
klotzschianum (Kunth) C. DC. e P. arboreum var. hirtellum Yunck. coletadas no desenvolvimento
dessa pesquisa.
CONCLUSÃO
Os táxons registrados neste estudo estão bem representados no estado do Rio de Janeiro, entretanto,
tendo em vista que a área tem sido pouco explorada esta pesquisa foi considerada de valor devido
ao fato que outras espécies poderão ainda ser encontradas. Sabe-se que o município de Niterói
possui exemplares assinalados na literatura, como alguns tipos, apenas representados pelo holótipo
e que não foram recoletados durante este período. Assim é importante a realização de novas
expedições ao campo na tentativa do reencontro desses materiais para a avaliação da diversidade e
conservação no Rio de Janeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, A.A.M. Análise florística e estrutural do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói E
Maricá, RJ, Brasil. Tese (Doutorado em Botânica). Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto
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4, p. 71-413, 1974.
LOCALIZAÇÃO INTRACELULAR DE METABÓLITOS EM CÉLULAS CORTICAIS DE
PLOCAMIUM BRASILIENSE (RHODOPHYTA)
Geysa Marinho de Souza; Graduação em Biologia Marinha; FAMATH; período letivo em curso –
5º previsão de conclusão de curso – 2013.2; ingresso no PIBIC – Maio/2012; Orientador: Dr.
Gilberto M. Amado-Filho; Co-orientador: Dr. Wladimir C. Paradas.
INTRODUÇÃO
As macroalgas marinhas vivem sobre forte pressão de incrustação, predação e competição, e
desenvolveram ao longo da evolução mecanismos de defesa para sobreviver a estas “adversidades”
e obter sucesso reprodutivo (Cronin 2001). Dentre os mecanismos de defesa estão incluídos a
produção de terpenos (isoprenóides) e lipídios que atuam contra organismos incrustantes e
herbívoros (Bhadury & Wright 2004). Até o momento, poucos estudos abordaram os mecanismos
intracelulares de biossíntese destas moléculas (isoprenóides e lipídios) em macroalgas, devido à alta
complexidade das vias de biossíntese e de seu processo ubíquo de produção intracelular.
Atualmente para os terpenos (isoprenóides) existem duas rotas descritas de biossíntese: a
dependente do mevalonato (hidroximetilglutaril-CoA) que ocorre no citoplasma e em mitocôndrias,
e a independente do mevalonato (1-desoxi-D-xilulose-5-fosfato) que está presente nos cloroplastos
(Maschek & Baker 2008). Já a biossíntese de lipídios ocorre nos cloroplastos, onde Acetil CoA
sintase transforma Acetil CoA em Malonil CoA, e a ácido graxo sintase realiza o alongamento
inicial da cadeia (Ohlrogge & Jaworski 1997). A estereficação e o final da biossíntese dos primeiros
blocos ocorrem no retículo endoplasmático (Ohlrogge & Jaworski 1997). Recentemente, foi
demonstrada a presença de organelas esféricas (OE) no interior das células corticais da macroalga
vermelha Plocamium brasiliense (Paradas et al. 2012). Imagens realizadas por microscopia
eletrônica de transmissão (MET) revelaram que vesículas osmiofílicas são transportadas das OE
para o citoplasma, onde o material é acumulado em aglomerados entre organelas e perto da parede
da célula (Paradas et al. 2012). Plocamium brasiliense produz monoterpenos halogenados e ácidos
graxos insaturados com atividade anti-incrustante. Estas duas classes de metabólitos podem reagir
com o tetróxido de ósmio (pós-fixador – MET) produzindo o material osmiofílico, gerando um
questionamento a respeito da verdadeira função das OE nas células corticais desta macroalga.
Sendo assim, nesta etapa do trabalho, foi realizado um estudo das vias de síntese dos monoterpenos
e ácidos graxos nas células corticais de P. brasiliense. Indivíduos de P. brasiliense foram
submetidos a processamento químico para localização da via do ácido mevalônico (terpenos) e da
acetilcarnitina (ácidos graxos) no interior das células corticais do talo desta alga.
OBJETIVOS
Localizar precursores de terpenos e ácidos graxos no interior das células corticais de P. brasiliense
através de método citoquímico para a marcação das enzimas hidroximetilglutaril CoA sintase
(terpenos) e carnitina acetil transferase (ácidos graxos).
METODOLOGIA
Os indivíduos de Plocamium brasiliense foram coletados na Praia do Forno (Município de Armação
dos Búzios, Rio de Janeiro, Brasil). Após a coleta, os indivíduos foram mantidos vivos e
transportados para o laboratório de cultivo do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro (IPJBRJ). No laboratório, porções do talo de P. brasiliense foram fixadas durante 30
minutos em 4% de paraformaldeído, 0,1% de glutaraldeído em tampão cacodilato de sódio (0,1M,
pH 7,0, em água do mar). Em seguida, os indivíduos de P. brasiliense foram processados para a
marcação enzimática de acordo com Curry (1987): hidroximetilglutaril CoA sintase (terpenos) e
carnitina acetil transferase (ácidos graxos). As amostras foram pós-fixadas em tetróxido de ósmio,
desidratadas em séries crescentes de acetona e emblocadas em resina SPURR. Após a
polimerização, os blocos foram cortados em um ultramicrótomo LEICA (EM UC7) para a obtenção
de cortes semifinos (200 nm). Os cortes foram recolhidos em grades de cobre com fenda e filme
formvar, contrastados durante 30 minutos em acetato de uranila e 5 minutos em citrato de chumbo,
para posteriormente serem observados no microscópio FEI TECNAI G20 operando a 200 KV no
Laboratório de Ultraestrutura Celular Herta Meyer no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
(UFRJ).
RESULTADOS
Na citoquímica de localização de precursores de ácidos graxos, através de imagens obtidas por
MET foi observada a marcação decorrente da reação enzimática da enzima Hidroximetilglutaril
CoA na forma de grânulos elétron-densos no interior da OE e no entorno desta estrutura na forma
de aglomerado elétron-denso (Fig. 1A), esta marcação não foi observada na amostra controle (Fig.
1B). Na citoquímica de localização de precursores de ácidos graxos, através de imagens obtidas por
MET foi possível observar no interior das células corticais de P. brasiliense um material elétrondenso no entorno das OE, especificamente no interior de vesículas associadas a OE, comprovando a
reação enzimática positiva da enzima carnitina acetil transferase (Fig. 1C). Na amostra controle não
foram observados precipitados elétron-densos (Fig. 1D).
DISCUSSÃO
Estudos recentes indicam que P. brasiliense produz majoritariamente monoterpenos halogenados
(Paradas et al. 2012), já que a via do ácido mevalônico (hidroximetilglutaril-CoA) é em algum
momento uma etapa obrigatória para síntese de monoterpenos, a marcação enzimática positiva
obtida para o interior das OE no presente trabalho, indica que esta organela está envolvida na
biossíntese de monoterpenos halogenados nesta macroalga. Por outro lado, foi possível observar a
localização da enzima carnitina acetil transferase no interior de vesículas associadas as OE, fato não
observado nas amostras controle. A Acetilcarnitina é um metabólito que facilita a entrada de Acetil
CoA no interior de mitocôndrias e está envolvido na -oxidação de lipídios em plantas e algas
(Lanwand et al. 2002). Desta forma, os resultados do presente estudo sugerem que as OE presentes
em células corticais de P. brasiliense podem também estar envolvidas no metabolismo de ácidos
graxos.
CONCLUSÕES
As OE estão envolvidas no metabolismo de monoterpenos halogenados e ácidos graxos nas células
corticais de P. brasiliense.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Figura 1. Imagens das células corticais de P. brasiliense submetidas à citoquímica para
localização enzimática. A) Através de imagens obtidas por MET, foram observadas estruturas
celulares típicas como: núcleo (Nu), grãos de amido (GA), parede celular (PC), cloroplastos (C)
e organela esférica (OE); cabeças de seta- notar material granular elétrondenso decorrente da
atividade enzimática (Hidroximetilglutaril CoA sintase) no interior da organela esférica;
Asterisco- indica a presença de material elétrondenso no entorno da organela esférica. Barra: 2
m. B) Na amostra controle não foi observada marcação enzimática em regiões próximas à OE;
(V) vacúolo. Barra: 2 m. C) Visualização de vesículas com material elétrondenso associadas às
organelas esféricas (OE) decorrente da atividade enzimática (Carnitina acetil transferase);
cabeças de seta- notar a presença de vesículas elétrondensas no entorno da organela esférica.
Barra: 2 m. D) Na amostra controle, onde se pode observar a organização celular característica,
VIABILIDADE DO CULTIVO DE ALGAS COM POTENCIAL PARA FÁRMACOS
Íris Lourenço de Menezes; Graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura), UNESA; ingresso na
graduação – 08/2012; previsão de conclusão do curso – 11/2013; ingresso no PIBIC: agosto/2012;
orientadora: Renata Perpetuo Reis.
INTRODUÇÃO
Apesar da importância econômica de algumas macroalgas e de diversos locais adequados para a
algicultura na costa brasileira (Oliveira 2006), esta atividade continua incipiente no Brasil. No que
diz respeito à indústria farmacêutica, vários medicamentos possuem como princípio ativo moléculas
naturais ou sintéticas de um protótipo natural (Newman e Cragg 2007). Dictyotaceae são ricas em
diterpenos (De Paula et al. 2011). A atuação dos diterpenos da espécie em estudo, Canistrocarpus
cervicornis (Kützing) De Paula & De Clerck, apresentou resultados promissores para a
farmacognosia, pela sua atividade antitumoral, antiviral e anticoagulante (Vallim et al. 2010).
Porém, são necessárias investigações sobre a obtenção de tecnologias de cultivo para esta espécie
de modo a suprir a demanda por matéria prima pela indústria de fármacos. Neste estudo são
levantadas as seguintes questões: Será possível cultivar esta espécie usando o método de
fragmentação do talo? Será possível a obtenção de esporos de C. cervicornis? Serão viáveis as
plântulas obtidas destes esporos?
OBJETIVO
O objetivo geral foi identificar o método ideal para o cultivo de C. cervicornis. Para atingir este
objetivo foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos que foram testados in vitro: verificar
o crescimento por reprodução vegetativa desta espécie; estabelecer os procedimentos ideais para a
obtenção de esporos e para a produção de plântulas geradas destes esporos.
MATERIAL E METODOS
Foram realizadas quatro coletas: 1º - agosto de 2012; 2º - outubro de 2012; 3º - janeiro de 2013 e a
4º - abril de 2013. Cinco amostras de porções apicais, com um grama de massa úmida e cerca de
3cm, foram cultivadas por 21 dias em 250 mL de água do mar filtrada, em aeração constante (n=5),
e cinco amostras foram secas em estufa a 60°C por 48h, para obtenção de massa inicial. O cultivo
da 4º coleta foi realizado na Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), em
condições ambientais semelhantes à exceção da irradiância. Após o período de aclimatação, foi
induzida a esporulação a partir do método de alta concentração de nutrientes. Foram colocadas
cinco subamostras de talos férteis com 2cm em uma cristaleira (n=5), em 100mL de água do mar
filtrada e dois tratamentos: 1.TC - ES¼ (Starr e Zeikus 1993) e 2.TAC - [ES¼]×4. Após 15 dias de
cultivo, foram aleatoriamente medidos os comprimentos de dez plântulas em microscópio
estereoscópico. De maneira semelhante, foram medidos os comprimentos de 20 plântulas dos
aquários de aclimatação (n=3). O crescimento foi estimado pela Taxa de Crescimento Diário, TCD
(% dia−1) = [(Xf/Xi)1/t-1]×100%,), Xi= massa seca inicial ou o comprimento inicial, Xf = massa
seca final ou comprimento final, t = dias de cultivo. Foram comparadas as medianas das TCD das
plântulas crescidas nos aquários e dos tratamentos TC e TAC pelo teste Kruskal-Whalis, uma vez
que os dados não apresentaram as premissas de normalidade (teste de Shapiro Wilks). Através do
teste de comparações múltiplas foram separadas as medianas que diferiram. A diferença entre o nº
de plântulas que cresceram no TC e no TAC foi avaliada pelo teste de Mann-Whitney uma vez que
os dados não atenderam as premissas para testes paramétricos (Zar 1996).
RESULTADOS
As amostras oriundas das três primeiras coletas não esporularam e apresentaram tacas de
crescimento negativas (-0,60±0,51 %.dia-1). Na quarta amostragem, as algas esporularam. Após 15
dias de cultivo, tanto as plântulas cultivadas nos dois tratamentos (TC e TAC), quanto às cultivadas
nos aquários apresentaram crescimento positivo (Tab.1), entretanto seus crescimentos foram
diferentes (H = 13,0; p = 0,001). As TCD das plântulas cultivadas no TC foram maiores do que as
que cresceram nos aquários (p = 0,002) e foram semelhantes às que cresceram no TCA (p = 0.22).
Entretanto, o número de plântulas que cresceram no tratamento TC foi maior do que no TCA (Tab.
1, Z= 2,40, p =0,02).
DISCUSSÃO
Em estudos florísticos o período fértil deste táxon foi em fevereiro, maio, junho e setembro a
dezembro (Széchy e Cordeiro-Marino 1991). Apenas a 4º coleta, foi realizada no período fértil
desta espécie, quando apresentou maior quantidade de esporângios, que deve ter sido responsável
pela eficiente esporulação neste período de cultivo. A baixa irradiância nas prateleiras de cultivo
pode ter contribuído para a esporulação que ocorreu no Laboratório da FIPERJ. De maneira
semelhante, Araujo e Yoneshigue-Valentin (2008) obtiveram crescimento desta espécie em baixa
irradiância, 30±5 mol.fótons.m-2.s-1. A alta irradiância pode ter interferido negativamente no
crescimento das algas das primeiras amostragens, quando a irradiância foi quase quatro vezes
maior. Em relação à diferença de TCD entre os tratamentos TC e TAC e as amostras dos aquários
podem estar relacionadas a dois fatores: alta biomassa e movimentação da água nos aquários. Os
tratamentos (TC e TAC) ficaram sem aeração, segundo Araujo e Yoneshigue-Valentin (2008), a
movimentação de água nos cultivos desta espécie prejudicaram o desenvolvimento do talo, o que
pode ter influenciado o crescimento das plântulas nos aquários. Em relação ao maior número de
plântulas no TC do que no TCA, verificou-se que o excesso de nutrientes pode ser um fator
negativo, que afetou tanto o desenvolvimento dos esporângios, quanto o estabelecimento das
plântulas, uma vez que foi observado o crescimento de epífitas no talo as algas cultivadas no TCA.
CONCLUSÃO
Foi estabelecido que in vitro a baixa irradiância e a falta de aeração propiciaram a esporulação desta
espécie quando coletada em épocas férteis. Experimentos com diferentes irradiâncias e aearçao
devem ser realizados para verificar o efeito desses fatores na eficiência de esporulação desta espécie
e obtenção de crescimento mais produtivo de plântulas.
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ZAR, J.H. Biostatistical Analysis. Prentice Hall. 1996.
Tabela 1. Taxas de crescimento diário – TCD (%.dia-1) das plântulas cultivadas no Tratamento Alta
Concentração de Nutrientes (TAC), no Tratamento Controle (TC) e nos Aquários e número de
plântulas que cresceram nos talos das amostras cultivadas no TC TAC.
Crescimento (TCD) e número
plântulas em cada recipiente
TCD no TC (n=5)
TCD no TAC (n=5)
TCD no Aquário (n=3)
Número de plântulas no TC
Número de plântulas no TAC
de Média
±
desvio padrão
8,2±2,6
7,2±2,2
5,7±1,4
140,4±16,8
66,6±42,2
mínimo máximo mediana
4,7
4,7
2,6
112,0
8,0
13,9
12,7
8,5
115,0
125,0
7,6
7,6
5,3
145
63
HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO
Júlia Maria C. Gaspar; Graduação em história, UFRJ; ingresso na graduação – julho/2010; previsão
de conclusão de curso – julho/2015; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientadora: Alda Heizer.
INTRODUÇÃO
Este projeto tem como interesse central analisar a trajetória histórica de uma coleção, Herbié Fée,
por meio da metodologia historiográfica da “nova história” (Chartier, 2000; Burke, 1992). Tal
coleção foi organizada por Antoine Laurent Apollinaire Fée (1789-1874), importante farmacêutico
e botânico francês de seu tempo, e que esteve em constante ligação com outros naturalistas de
renome e que viviam aqui no Brasil como, por exemplo, Auguste Glaziou (1705-1784).
Apollinaire Fée, como ficou conhecido, passou grande parte do seu período produtivo de vida em
Estrasburgo, cidade localizada na região da Alsácia-Lorena em fronteira com a Alemanha.
Lecionou na Universidade de Estrasburgo, publicou muitas das suas obras e iniciou seu trabalho
naquela que seria posteriormente sua Herbie Fée.
Na coleção reunida pelo botânico, grande parte dos espécimes classificados faz parte da flora
brasileira e é considerada uma das coleções fundadoras do herbário do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. A mesma foi formada tomando por base outras coleções já existentes e anteriores ao
botânico Fée, juntamente com os materiais que lhe foram enviados.
A “Herbié Fée” foi adquirida pelo então Imperador D. Pedro II (1825-1891) durante uma visita ao
naturalista em 1871 e posteriormente doada ao botânico João Barbosa Rodrigues (1842-1909),
primeiro diretor republicano do Jardim Botânico, responsável pela criação do herbário que
conhecemos hoje.
Inicialmente podemos evidenciar que a relação entre os botânicos Fée e Glaziou foi fundamental
para a compreendermos a criação e o percurso da coleção, do campo ao herbário.
Sendo assim, para analisarmos a Herbie Fée é preciso definir o quadro teórico de seu organizador,
sua trajetória biográfica e científica, vinculando-o às redes de sociabilidade nas quais ele estava
imerso (Foucault, 2007; Kury, 2008; Heizer, 2011; Lopes, 1997, 2011).
OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivos identificar na documentação textual informações sobre o botânico
Antoine Laurent Apollinaire Fée, sua relação com outros cientistas da época e sua formação
acadêmica; analisar a trajetória da coleção histórica até sua chegada ao Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, sublinhando a ligação existente entre o botânico francês e o Imperador D. Pedro II.
MATERIAL E MÉTODOS
Para circunstanciar o naturalista, realizamos leituras e discussão de textos sobre práticas
colecionistas, disponibilizados na biblioteca João Barbosa Rodrigues (JBRJ) e no Real Gabinete
Português de Leitura, além disso, utilizamos obras publicadas por Apollinaire Fée, uma localizada
na sessão de obras raras da Biblioteca Nacional (RJ) e outras disponibilizadas no site da
Enciclopédia Virtual Gallica (BN-Paris). Para investigar a viagem feita por D. Pedro II ao botânico,
foram analisados os registros dos portos localizados no Arquivo Nacional e livros no Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).
RESULTADO E DISCUSSÃO
Pode-se concluir que Auguste Glaziou foi de extrema importância na criação da coleção Fée, pois o
mesmo lhe enviou espécimes da flora brasileira para que o naturalista francês as classificasse, este
ainda foi quem introduziu por meio de uma carta o botânico Fée ao D. Pedro II e deu início a
relação entre dois.
Em contraponto ao que vemos num segmento historiográfico, Paris não era o único polo de
produção de conhecimento, sendo Estrasburgo uma cidade de suma importância para o
entendimento da trajetória de Apollinaire Fée, devido a ter sido o local em que o botânico
permaneceu a maior parte de seu tempo produtivo, realizou a maioria de suas publicações e iniciou
o trabalho sobre a sua coleção Herbie Fée.
CONCLUSÃO
Após análise de documentação disponível em instituições de pesquisas do Rio de Janeiro, como por
exemplo, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Biblioteca Barbosa Rodrigues e Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, foi possível identificar a importância de Glaziou para a criação
da coleção Herbie Fée e a centralidade de Estrasburgo como um polo de produção de conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BEDIAGA, B. 1999. Diário do imperador d. Pedro II. Petrópolis: Museu Imperial. 164 p.
BURKE, P. 1992. A Escrita da História. São Paulo: UNESP.
CHARTIER, R. 2000. A História Cultural. Entre práticas e representações. Lisboa: Difel.
FÉE, A.L.A. 1863. Catalogue Methodique et Chronologique des [ses] publications. E. Simon, S.
obras raras, Biblioteca Nacional (RJ).
FÉE, A.L.A. 1873-1874. Matériaux pour une flore lichenologique du Brésil. [s.n.], V.1.
Bibliothèque Nationale de France. (www.gallica.bnf.fr)
FÉE, A.L.A. 1844-1866. Mémoires sur la famille des Fougères. Historie des fougère et des
lycopodiacées des Antilles. Veuve Berger-Levrault (Strasbourg), Bibliothèque Nationale de France.
(www.gallica.bnf.fr)
FIGUEIROA, S. F. 1998. Mundialização da ciência e respostas locais: sobre a institucionalização
das ciências naturais no Brasil. Asclépio, V. 50, n. 2. p. 107-23.
FOUCAULT, M. 2007. Classificar. In: As Palavras e as Coisas. São Paulo: Martins Fontes. p. 171226.
FORZZA, R. C., MYNSSEN, C. M., TAMAIO, N., BARROS, C., FRANCO, L., PEREIRA, M. C.
A. 2008. As coleções do herbário. In 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro. p. 45-55.
HEIZER, A. 2006. Pedro II e a construção de um mito. Revista & Ensino (UEL). Londrina:
Universidade Estadual de Londrina. V.11. p.32-40.
KURY, L. B. 2008. As artes da imitação nas viagens científicas do século XIX. In: ALMEIDA, M.
de, VERGARA, M. de R. (Org.). Ciência, história e historiografia. São Paulo/Rio de Janeiro: Via
Lettera/Mast. p. 321-333.
LOPES, M. M., HEIZER, A. 2008. Colecionismos, práticas de campo e representações. Campina
Grande: EDUEPB.
MYNSSEN, C. 2011. Herbier Fée: restauração e diagnóstico da coleção fundadora do herbário do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
SCHWARCZ, L. K. M. 1999. As barbas do Imperador. 6ª. ed. São Paulo: Companhia das Letras.
SCHWARCZ, L. M.; DANTAS, R. 2008. O Museu do Imperador: quando colecionar é representar
a nação. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros/USP, São Paulo: IEB, n° 46. p. 123-164.
CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS EM
MACROALGAS MARINHAS
Lilian Jorge Hill; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação –2008.2;
previsão de conclusão do curso – 2013.2; ingresso no PIBIC: setembro/2010;
Orientador: Leonardo Tavares Salgado.
INTRODUÇÃO
Macroalgas marinhas podem ser divididas em três diferentes divisões de acordo com o pigmento
sintetizado por elas: verdes (Chlorophyta), vermelhas (Rhodophyta) ou pardas (Phaeophyta).
Apesar da existência de outras características que permitem a separação destes grupos, há diversas
características que são comuns, como por exemplo, a ocorrência de vias metabólicas e de proteínas
expressas altamente conservadas. Neste sentido, elementos gerais do citoesqueleto são encontrados
nestes três grupos de algas, os microtúbulos e filamentos de actina (mais proteínas acessórias) (Reis
et al., 2013).
Em L. dendroidea, Reis et al. (2013) revelaram que o processo de exocitose dos compostos
halogenados produzidos pela alga vermelha L. dendroidea é dependente da atividade de filamentos
do citoesqueleto, especialmente microfilamentos e microtúbulos. Atualmente, os principais genes
do citoesqueleto expressos (mRNA) em relação a atividades dinâmicas de transporte intracelular já
são conhecidos (Reis et al., 2013). Contudo, informações sobre aspectos estruturais do citoesqueleto
ainda são escassas, não só em relação a L. dendroidea, mas para macroalgas marinhas, de forma
geral.
Mesmo em plantas vasculares, ainda há poucos indícios sobre a existência de filamentos
intermediários (McNulty & Saunders, 1992), os quais, em metazoários, são de importância capital
para a resistência celular a danos físicos (Albers & Fuchs, 1992). Os filamentos intermediários,
dentre outras funções, compõem a lâmina nuclear, estrutura fundamental na preservação da
integridade do envelope nuclear e na dinâmica do ciclo celular (Albers & Fuchs, 1992). A presença
de filamentos intermediários em macroalgas marinhas do domínio Plantae, em Rhodophyta e em
Chlorophyta, ainda é pouco investigada. Assim, a investigação deste elemento do citoesqueleto e
desta estrutura nuclear poderão resultar em grande avanço no conhecimento da biologia celular e,
também, em informação relevante para a compreensão de processos evolutivos em organismos
eucariotos e em algas.
O objetivo desse trabalho é investigar a existência de filamentos intermediários e lâmina nuclear em
L. dendroidea e Ulva rigida e verificar sua função, contribuindo para o estudo do citoesqueleto.
Também, compreender a estruturação do envelope nuclear de L. dendroidea e U. rigida., mesmo se
não for demonstrada a existência da lâmina nuclear.
METODOLOGIA
Indivíduos de L. dendroidea e U. rigida, foram coletados na Praia Rasa (Armação dos Búzios, Rio
de Janeiro, Brasil). Esporos da alga U. rigida foram obtidos por meio de indução de esporulação e
foram fixados por 2 horas, congeladas por congelamento rápido por impacto e levados ao
equipamento de criofratura para que fosse feita a fratura seguida do deep-etching e o sombreamento
com carbono e platina (45º). A réplica feita foi colocada em ácido sulfúrico por 10 dias para que
fosse digerida toda a matéria orgânica e, em seguida, levada ao microscópio eletrônico de
transmissão para a observação das amostras.
Por microscopia eletrônica de varredura foi analisada a rede de filamentos do citoesqueleto.
Amostras de L. dendroidea foram fixadas, pós-fixadas, desidratadas em séries de etanol e secas pelo
método do ponto crítico. Os tecidos das algas foram fraturados e, logo após, metalizados com ouro.
Após, as amostras foram observadas no microscópio eletrônico de varredura. Estruturas celulares e
filamentos do citoesqueleto de ambas as espécies foram medidos com o programa Image J para
posterior comparação e identificação das estruturas analisadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram observadas nas amostras de deep-etching dos esporos de Ulva sp. células fraturadas
apresentando núcleo, citoplasma e parede celular (Fig. 1). Em maior magnificação, pudemos
observar estruturas em forma de barril (EFB) no espaço intranuclear, medindo aproximadamente 10
nm. Além disso, foram observados também microfilamentos de actina no citoplasma. Nas amostras
de L. dendroidea que foram fraturadas e analisadas no microscópio eletrônico de varredura (Fig. 2),
foi possível observar células do tecido da alga decapadas, células com conteúdo vesicular abundante
e células com estruturas filamentosas (possivelmente filamentos de citoesqueleto). Com base nas
imagens obtidas, os filamentos do citoesqueleto e algumas estruturas celulares observados em
ambas as espécies foram medidos (n>10). Em L. dendroidea foram encontrados dois tipos de
filamentos, um delgado e outro mais espesso (com aproximadamente 23,89 e 74,01 nanômetros de
diâmetro). Em U. rigida, foram encontrados um tipo de filamento delgado do citoesqueleto (de
aproximadamente 6,07 nm de diâmetro) e EFB com dimensões médias de 11,27 nm (Tab. 1).
Trabalhos recentes, como o de Reis, et al (2013), mostraram a presença de microtúbulos e
microfilamentos (filamentos de actina) na espécie L. dendroidea. Sugere-se que os filamentos
delgados e espessos observados (de 24 nm e 74 nm) correspondem, respectivamente, a
microfilamentos (5-7 nm) e a micrototúbulos (24 nm). Esta proposição se justifica, apesar da
diferença nas medidas de diâmetro, pois é sabido que a metalização com ouro (procedimento de
rotina para MEV) resulta no espessamento significativo de estruturas manométricas. Neste caso,
calcula-se que o tempo de metalização e distância das amostras para a fonte metalizadora possa ter
resultado em um espessamento de ~20 nm nas bordas de estruturas analisadas. As estruturas em
forma de barril observadas no espaço intranuclear de U. rigida possuem dimensões (~11,27 nm)
compatíveis com estruturas denominadas nucleossomas (~10 nm). De fato, nenhuma estrutura
semelhante ainda havia sido identifica em macroalgas marinhas e, devido a sua abundância
associada ao genoma, é sugerida como a primeira observação em uma macroalga marinha.
CONCLUSÕES
Dois tipos de filamentos do citoesqueleto foram encontrados, filamentos de actina (em ambas as
espécies) e microtúbulos (em L. dendroidea). Estruturas semelhantes à nucleossomas foram
identificadas no espaço intranuclear de U. rigida, corroborando a localização do núcleo nas
amostras de esporos. Apesar da observação do envelope nuclear em U. rigida., não foi possível a
observação em detalhe desta estrutura e se há alguma rede de filamentos na sua composição, tal
qual a lâmina nuclear. Como próximas etapa, a partir da elaboração dos protocolos apresentados,
novos ensaios poderão ser executados, incluindo aqueles com a digestão de material genético
objetivando a melhor visualização do envelope nuclear.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERS, K & FUCHS, E.. 1992. The molecular biology of intermediate filament proteins. Int Rev
Cytol, 134:243-279.
MCNULTY, A.K. & SAUNDERS, M.J. 1992. Purification and immunological detection of pea
nuclear intermediate filaments: evidence for plant nuclear lamins. Journal of Cell Science. 103:
407-414.
PARADAS, W.C., SALGADO, L.T., CRAPEZ M.A.C., SUDATTI, D.B., COUTINHO, R.,
PEREIRA, R.C. AND AMADO FILHO, G.M.. 2010. Environmental factors control the
halogenated compounds storage and exocytosis in red seaweed Laurencia obtusa. Biofouling.
REIS V.M., OLIVEIRA L.S., PASSOS R.M.F., VIANA N.B., MERMELSTEIN C., et al. 2013.
Traffic of Secondary Metabolites to Cell Surface in the Red Alga Laurencia dendroidea Depends
on a Two-Step Transport by the Cytoskeleton. PLoS ONE. 8(5): e63929
SALGADO L.T.; LEAL, R.N.; VIANA, N.B.; PARADAS, W.C.; DA GAMA, B.A.P.; ATTIAS,
M.; PEREIRA, R.C. & AMADO FILHO, G.M.. 2008. Cellular storage, transport and exudation of
halogenated compounds in red alga Laurencia obtusa. J. Struc. Biol., 162: 345-355.
EPIFITISMO E SÍNDROMES DE DISPERSÃO EM BROMELIACEAE DA MATA
ATLÂNTICA
Luiz Henrique do Carmo Alvares da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na
graduação - 07/2011; previsão de conclusão do curso – 07/2015; ingresso no PIBIC dezembro/2012; orientador: Leandro Freitas.
INTRODUÇÃO
Bromeliaceae, apesar de não figurar entre as mais diversas famílias de angiospermas, é a quarta
mais rica em número de espécies na Mata Atlântica. Das quase 3.100 espécies aceitas, 816 foram
registradas na Mata Atlântica, sendo 80% destas endêmicas (Stehmann et al. 2009). Essa
diversidade na família se reflete nos estratos florestais em que as espécies podem ser encontradas:
no solo como terrestres, crescendo sobre substrato rochoso como rupícolas e sobre forófitos
arborescentes como epífitas, nos troncos e copas. A evolução de diversos caracteres permitiu às
bromélias ocupar formações de clima seco bem como desenvolver o hábito epifítico no interior da
floresta úmida. Para lidar com a escassez de água, tricomas foliares absortivos e formação de um
tanque, a partir da disposição das folhas em roseta, facilitam a absorção e a retenção de água. Outra
estratégia importante é a fotossíntese CAM, que permite à planta abrir seus estômatos somente à
noite, quando as temperaturas são menores, diminuindo a perda de água (Benzing 2000). As
bromélias são classificadas como epífitas autótrofas dada a sua independência em relação ao
forófito para obter nutrientes. Ainda, as bromélias podem ser epífitas facultativas ou verdadeiras. As
bromélias que são epífitas verdadeiras são aquelas mais especializadas à vida nas copas; e as
epífitas facultativas são aquelas que podem ocupar desde o solo até a copa, dependendo das
condições de umidade locais (Benzing 1990).
Essa variação no hábito epifítico pode estar associada também à dispersão dos diásporos. Os frutos
tem a morfologia bem conservada em cada subfamília: e.g., Bromelioideae tem frutos carnosos
indeiscentes como a baga; e Tillandsioideae, possui os frutos secos e deiscentes como a cápsula. O
conjunto de características dos diásporos e dos dispersores é usado para definir o que denominamos
como síndrome de dispersão. Assim, os frutos secos e deiscentes e as sementes plumosas em
espécies de Tillandsioideae estariam associados à dispersão pelo vento enquanto em Bromelioideae,
frutos carnosos indeiscentes com cores atrativas ou com presença de odor podem estar associados à
dispersão por animais, na maioria aves. Benzing (2000), porém, cita casos de dispersão na família
por outros grupos, como primatas.
OBJETIVOS
Esse estudo teve como primeiro objetivo, avaliar se, entre as bromélias epífitas da Mata Atlântica,
as espécies de Bromelioideae apresentam maior facultatismo quanto ao epifítismo do que as
espécies em Tillandsioideae. O segundo objetivo foi associar o epifítismo das espécies de
Bromeliaceae às síndromes de dispersão de diásporos.
MATERIAL E MÉTODOS
Um total de 581 espécies de Bromeliaceae foram listadas como epífitas na Mata Atlântica a partir
de levantamentos de espécies em Stehmann et al. (2009) e Lista de Espécies da Flora do Brasil 2013
(Forzza et al. 2013), além da descrição taxonômica e de dados ecológicos dos gêneros e espécies na
literatura. O grau de epifitismo (GE) de cada espécie foi obtido através de informações sobre o
hábito nos registros (exsicatas) da base de dados Specieslink (http://splink.cria.org.br). O GE
consiste na razão do número de registros com hábito epifítico pelo número total de registros
informativos (aqui consideramos o mínimo de dez registros informativos por espécie). Com base na
suculência do fruto, as espécies foram classificadas quanto à síndrome de dispersão em
anemocóricas (frutos secos) ou zoocóricas (frutos carnosos). Para as espécies zoocóricas, foram
avaliados a cor, o comprimento (mm) e exposição dos frutos para a descrição da síndrome como:
ornitocoria, mamalocoria, quiropterocoria ou mistas (quando dois ou mais grupos animais são os
prováveis dispersores). O GE entre as subfamílias foi comparado através do teste KolgomorovSmirnov (função ks.test do pacote stats) em ambiente R.
RESULTADOS
Um total de 198 espécies teve informação quanto ao hábito nos registros do Specieslink. O GE
diferiu entre as subfamílias (D = 0,55; P < 0,001), sendo maior em Tillandsioideae (mediana = 0,93;
81 espécies) do que em espécies de Bromelioideae (mediana = 0,56; 117 espécies) (Fig. 1). Quanto
à síndrome de dispersão, as 193 espécies de Tillandsioideae foram classificadas como
anemocóricas, enquanto as 364 espécies de Bromelioideae como zoocóricas. Cerca de metade das
espécies de Bromelioideae foram classificadas como ornitocóricas (51,9%), já as outras síndromes
foram menos representadas (Tab.1).
DISCUSSÃO
As espécies de Tillandsioideae se mostraram epífitas por excelência (i.e., holoepífitas). Essa
preferência pelo epifitismo pode ser explicada por alguns caracteres como pequenas raízes
esclerificadas para suporte mecânico nos galhos e copas das árvores, presença de um tanque para
acúmulo de água e de tricomas absortivos na base das folhas nas espécies de grande porte e, pelo
menor número de estômatos, fotossíntese CAM e tricomas absortivos por toda a folha, presentes nas
espécies de pequeno porte. É válido ressaltar que os tricomas absortivos de Tillandsioideae são os
mais especializados na família (Benzing 2000). Entretanto alguns caracteres estão presentes nas
duas subfamílias. O epifitismo em espécies em Bromelioideae foi predominantemente facultativo,
ou seja, os espécimes podem ocupar tanto o solo quanto o dossel. Uma explicação para isso seria a
associação entre caracteres típicos de plantas terrestres (e.g., raízes absortivas), com estruturas
ligadas ao epifitismo (e.g., tanque e tricomas absortivos) nesta subfamília (Benzing 2000). Além
disso, o fato do epifitismo em Bromelioideae ser um caráter derivado, enquanto em Tillandsioideae
o epifitismo é basal, também pode estar relacionado ao facultatismo no hábito em Bromelioideae. O
epifitismo teve quatro origens independentes na família, sendo a primeira em Brocchinioideae, a
subfamília mais basal (Givnish et al. 2007). Em Brocchinioideae, o advento do epifitismo está
associado à forma de tanque nos espécimes. Já nas demais subfamílias o fator primordial para o
hábito epifítico foi o surgimento independente da fotossíntese CAM entre elas (Givnish et al. 2007).
A preferência pelo estrato arbóreo (holoepifitismo) pode estar associada à anemocoria em
Tillandsioideae. No entanto, apesar da presença de diferentes síndromes de dispersão zoocóricas em
Bromelioideae, isto não se relacionou diretamente com a diferença no hábito epifítico (i.e., o GE foi
semelhante entre os grupos de diferentes tipos de zoocoria).
CONCLUSÃO
Sugere-se que a síndrome de dispersão pode estar associada ao tipo de epifitismo: zoocoria com
epifitismo facultativo (em Bromelioideae) e anemocoria com holoepifitismo (em Tillandsioideae).
Apesar disso, a origem do epifitismo em cada subfamília (derivado ou ancestral, respectivamente)
também pode explicar a variação do hábito. Além disso, a presença de anemocoria e holoepifitismo
em Bromeliaceae coincide com o padrão geral para epífitas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENZING, D.H. 1990 .Vascular epiphytes, General biology and related biota. 1ed. Cambridge
University Press. Cambridge. 354p.
BENZING, D.H. 2000. Bromeliaceae: Profile of an adaptative radiaton. 1ed. Cambridge University
Press. Cambridge. 655p.
FORZZA, R. et al. 2013. Lista de Espécies da Flora do Brasil 2013. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/
GIVNISH, T.J., MILLAM K.C., BERRY P.E. & SYTSMA, K.J. 2007. Phylogeny, adaptive radiation,
and historical biogeography of Bromeliaceae inferred from ndhF sequence data. Aliso 23: 3–26.
STEHMANN, J.R. et al. (Org.). 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro.
50
40
Frequência
30
20
10
0
-<
=1
0
90
-<
=9
0
80
-<
=8
0
70
-<
=7
0
60
-<
=6
0
50
-<
=5
0
40
-<
=4
0
30
-<
=3
0
20
-<
=2
0
10
0-
<=
10
0
Grau de epifitismo (%)
Bromelioideae
Tillandsioideae
Figura 1. Frequência (número de espécies) em classes representando o grau de epifitismo dentre as
subfamílias Bromelioideae e Tillandsioideae na Mata Atlântica.
Tabela 1. Distribuição das síndromes de dispersão de espécies epífitas entre as subfamílias de
Bromeliaceae na Mata Atlântica.
Número de espécies (%)
Bromelioideae
Tillandsioideae
Anemocoria
0
193 (100%)
Ornitocoria
189 (51,9%)
0
Quiropterocoria
21 (5,8%)
0
Mamalocoria
95 (26,1%)
0
Mista
59 (16,2%)
0
Total
364
193
A FAMÍLIA COMMELINACEAE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
Marco Octávio de Oliveira Pellegrini; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na
graduação– julho/2008; conclusão do curso– 08/04/2013; ingresso no PIBIC: janeiro/2012;
orientadoras: Rafaela Campostrini Forzza & Lidyanne Yuriko Saleme Aona-Pinheiro
INTRODUÇÃO
Commelinaceae apresenta 42 gêneros e aproximadamente 670 espécies, distribuídas principalmente
nas regiões tropicais e subtropicais (Faden & Hunt 1991). São reconhecidos quatro centros de
diversidade para a família: costa leste do Brasil (Dichorisandra), Índia (Murdannia), África
(Aneilema) e Ásia (Commelina) (Aona 2008; Ramana et al. 2013; Faden 1991; Gajurel & Shrestha
2009, respectivamente). A família é monofilética e pode ser diferenciada de outros grupos de
monocotiledôneas pelo seu caule suculento, canais de ráfides, folhas com bainhas sempre fechadas,
inflorescências em cincinos e flores deliquescentes (Faden 1991). No Brasil ocorrem 79 espécies e
os gêneros Aneilema (2 spp.), Buforrestia (1 spp.), Callisia (4 spp.), Commelina (9 spp.),
Dichorisandra (34 spp.), Floscopa (4 spp.), Geogenanthus (1 sp.), Gibasis (1 sp.), Murdannia (5
spp.), Plowmanianthus (1 sp.), Siderasis (1 sp.), Tinantia (2 spp.), Tradescantia (8 spp.) e
Tripogandra (7 spp.) (Aona & Pellegrini 2013). São plantas que ocorrem nos mais diversos
ecossistemas, podendo ser encontradas desde locais com forte influência antrópica, restingas,
cerrados, mangues, florestas tropicais e subtropicais até regiões temperadas (Aona & Pellegrini
2013). O Rio de Janeiro atualmente é o estado brasileiro com a maior área total de Floresta
Atlântica (Ribeiro et al. 2009). Apesar disso, diversos gêneros e famílias botânicas carecem de
levantamentos e dados atualizados relacionados tanto a taxonomia quanto a ecologia das espécies.
Commelinaceae é uma das famílias mais difíceis de estudar com base em material herborizado,
devido ao fato de suas flores serem deliquescentes, raramente ficando bem preservadas em material
desidratado (Faden 1991). Desta forma, muitos dos gêneros de Commelinaceae ainda hoje se
encontra com problemas taxonômicos e nomenclaturais, além de sub-amostrados nas coleções,
sendo necessário incremento nas coletas, além de novos estudos.
OBJETIVO
Esse estudo teve como objetivo produzir uma listagem das espécies de Commelinaceae ocorrentes
no estado do Rio de Janeiro, juntamente com um tratamento taxonômico para as espécies e gêneros.
METODOLOGIA
Foram realizadas consultas as coleções dos herbários C, CEPEC, CESJ, GUA, HB, HUEFS, K,
MBM, MBML, NY, P, R, RB, RFA e US (acrônimos de acordo com Thiers 2013), visando levantar
dados sobre as espécies ocorrentes no estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas coletas nos
principais pontos de diversidade da família Commelinaceae no estado do Rio de Janeiro (região
Serrana e Metropolitana), respeitando quando possível os períodos de floração das espécies. O
material coletado foi herborizado segundo técnicas usuais de taxonomia, com algumas
modificações, e depositado no herbário RB. Flores, frutos e sementes foram fixados em etanol 70%,
para posterior análise em laboratório. Além disso, foram confeccionados cartões florais, visando
uma melhor preservação dos verticilos florais e para facilitar a medição dos mesmos. Esses cartões
foram feitos em campo ou laboratório, utilizando preferencialmente material floral fresco, que foi
montado em plástico adesivo sobre cartolina branca. Devido à fragilidade e a curta duração de suas
flores, estão sendo mantidas plantas em cultivo no Orquidário do Jardim Botânico, principalmente
de espécies anuais ou mais difíceis de serem encontrados em flor (e.g. Aneilema, Callisia,
Dichorisandra, Siderasis, Tinantia). Isso também auxiliará na análise e entendimento de sistemas
subterrâneos, quando presentes (e.g. Dichorisandra, Siderasis) e formas de vida.
RESULTADOS
Foram registrados 10 gêneros (Aneilema, Callisia, Commelina, Dichorisandra, Floscopa, Gibasis,
Siderasis, Tinantia, Tradescantia e Tripogandra) e 35 espécies de Commelinaceae, das quais oito
são novos registros. Dichorisandra é o gênero com maior riqueza específica com 15 táxons, dos
quais cinco são endêmicos e dois são novos para a ciência. Commelina e Tradescantia apresentam
ambas cinco espécies. Siderasis apresenta apenas uma espécie endêmica das formações rochosas
litorâneas dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói.
DISCUSSÃO
Dichorisandra, apesar de ser o gênero com a maior diversidade de espécies, não se mostra muito
frequente e apresenta alto grau de endemismo, sendo encontrada somente em locais onde a
vegetação nativa é mais bem preservada. Commelina e Tradescantia são os segundos gêneros mais
diversos, ambos com cinco espécies. De maneira geral, as espécies pertencentes a estes gêneros,
apresentam menos exigências ambientais (em especial Commelina) e por isso são algumas das mais
frequentes Commelinaceae no estado. Como resultado desse trabalho Tripogandra warmingiana
(Seub.) Handlos, uma espécie pouco conhecida, foi registrada pela primeira vez para fora do estado
de Minas Gerais e recebeu tratamento taxonômico apropriado (Pellegrini et al. 2013). A família de
maneira geral se mostra bem variável em relação as formas de vida. podendo ser encontradas
vegetando como terrestres ou rupícolas, aquáticas emergentes ou ainda, ocasionalmente, como
epífitas em matas úmidas.
CONCLUSÃO
Apesar de várias macrorregiões do estado ainda não terem sido devidamente coletadas, o número de
novos registros feitos a partir de materiais de herbário e das novas coletas se mostra bastante
significativo. As regiões que detiveram a maioria dos novos registros foram a Região do Lagos e o
norte do estado (e.g. as Regiões de Campos dos Goytacazes, Itaperuna e Santo Antônio de Pádua).
Ainda são necessárias mais coletas e uma análise mais detalhada de alguns espécimes para que se
possam resolver problemas taxonômicos, encontrar novos registros e identificar possíveis novos
táxons.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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New York Botanical Gardens’ Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgun.nybg.org/ih/>.
Acesso em 20 abril 2013.
TRANSFERIBILIDADE DE MARCADORES DE DNA MICROSSATÉLITES EM
ESPÉCIES DE JEQUITIBÁS (CARINIANA SPP., LECYTHIDACEAE)
Paloma Costa Cancella; graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida;
ingresso na graduação – 02/2011; previsão de conclusão do curso – 12/2014; ingresso no PIBIC:
agosto/2012; orientador: Maristerra Rodrigues Lemes.
INTRODUÇÃO
A diversidade genética é importante para a sobrevivência de espécies de árvores, uma vez que
possibilita que as populações se adaptem às mudanças ambientais. Essa capacidade pode ser
comprometida quando, em decorrência de ações antrópicas como o desmatamento e fragmentação
do habitat, as densidades das populações de árvores são drasticamente diminuídas. Tal diminuição
pode comprometer o tamanho efetivo destas populações, podendo levá-las à extinção local (Bawa,
1993). A família Lecythidaceae constitui uma das famílias mais importantes em termos de
diversidade nas florestas neotropicais. As Lecythidaceae neotropicais compreendem 197 espécies
descritas em 11 gêneros, dentre eles o gênero Cariniana (Prance & Mori 1979). Das 472 espécies
da lista da flora brasileira ameaçada, constam do Anexo I, duas espécies de jequitibás, o jequitibáaçu (Cariniana ianeirensis R. Knuth), e o jequitibá-cravinho (C. parvifolia S. A. Mori, Prance &
Menandro). Marcadores microsatélites também conhecidos como SSRs (Sequências Simples
Repetitivas) são pequenas sequências de DNA compostas de repetições de 1 a 4 nucleotídeos
encontradas no genoma de eucariotos. São marcadores altamente polimórficos e, portanto, bastante
informativos para aplicação em estudos sobre variação genética em populações. Além disso, essa
classe de marcadores possibilita sua transferibilidade entre espécies relacionadas, incrementando
significativamente a relação custo/benefício no uso desta tecnologia. A hipótese de trabalho
considerada é a de que espécies filogeneticamente próximas apresentam homologia das sequências
flanqueadoras aos locos microssatélites, permitindo sua transferibilidade entre espécies
filogeneticamente próximas (Lemes et al. 2007, Lemes et al. 2011). No presente estudo, propoe-se
verificar a transferibilidade de marcadores microssatélites desenvolvidos para o jequitibá branco
(Cariniana estrellensis), para outras três espécies congenéricas de jequitibás: C. legalis, C.
ianeirensis e C. parvifolia, visando disponibilizar marcadores informativos para o desenvolvimento
de estudos futuros sobre a genética de populações e conservação destas espécies, sendo duas delas
criticamente ameaçadas.
OBJETIVO
Investigar a transferibilidade de marcadores microsatélites do genoma nuclear desenvolvidos para o
jequitibá branco (Cariniana estrellensis), para outras três espécies do gênero Carinana: o jequitibá
rosa (C. legalis), o jequitibá-açú (C. ianeirensis) e o jequitibá cravinho (C. parvifolia).
MATERIAIS E MÉTODOS
Coteta do material
Foram coletadas folhas de 10 a 20 indivíduos de cada uma das quatro espécies de jequitibás (C.
estrellensis, C. legalis, C. ianeirensis e C. parvifolia), provenientes de diferentes populações. As
folhas foram acondicionadas em sílica gel e armazenadas a -20 oC até a extração do DNA.
Procedimentos
A extração do DNA foi feita utilizando-se o método CTAB 2% modificado por Ferreira e
Grattapaglia (1998), com auxílio de um macerador Mixer Mill. A quantificação do DNA genômico
total foi feita por análise comparativa com padrões de massa molecular conhecida do DNA do fago
Lambda, sob eletroforese em gel de agarose 1%. Foram utilizados nove de 15 pares de primers
microssatélites desenvolvidos para C. estrellensis (Guidugli 2009) e testadas as condições de
amplificação e transferibilidade destes locos para C. legalis, C. ianeirensis e C. parvifolia. A
amplificação dos microssatélites foi feita via PCR utilizando-se o protocolo descrito em Lemes et
al. 2007. Na otimização das condições da PCR e análise da transferibilidade dos locos SSR foram
testadas diferentes temperaturas de anelamento dos primers. Os produtos amplificados foram
analisados sob eletroforese em gel de agarose 2% corados com GelRed (Biotium, Inc.) e
visualizados em transiluminador sob luz ultravioleta. Em seguida os géis foram fotodocumentados e
analisados quanto a especificidade e qualidade dos produtos amplificados.
RESULTADOS & DISCUSSÃO
A figura 1 mostra a quantificação do DNA genômico total extraido de oito indivíduos de C.
estrellensis, C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis, utilizando-se o método CTAB 2%. A análise
dos géis de quantificação atesta a boa quantidade e integridade do DNA extraído de folhas das
quatro espécies de jequitibás. A concentração do DNA extraído das amostras variou de 50 a 600
ng/ l. Dos nove pares de primers testados para a amplificação dos locos SSR, nove tiveram a
confirmação de amplificação para C. estrellensis e seis para C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis
(Tabela 1). Também foi possível estimar o tamanho dos produtos amplificados para os locos SSR
nas quatro espécies (Tabela 1). Na figura 2 são observados os perfis das PCRs indicando o tamanho
dos fragmentos amplificados para o loco Ces16, nas quatro espécies de jequitibás. A alta taxa de
sucesso (67%) na habilidade dos marcadores para amplificar os seis locos SSR, nas três espécies
congenéricas (C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis), assemelhou-se ou foi maior que taxas
observadas para outras espécies de árvores neotropicais (Lemes et al. 2007, Braga et al. 2007).
CONCLUSÕES
O método de extração de DNA utilizado foi eficiente na obtenção de DNA genômico de boa
qualidade e quantidade para as quatro espécies estudadas. A transferibilidade de marcadores
microssatélites desenvolvidos para C. estrellensis foi bem sucedida possibilitando a amplificação de
seis locos SSR do genoma nuclear de C. legalis. C. parvifolia e C. ianeirensis. A alta taxa de
transferabilidade (67%) dos marcadores microssatélites indicam sua possível utilidade em estudos
futuros sobre a genética de populações e conservação destas espécies.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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tropical tree populations. In: Drysdale, R.M.; John, S.E.T.; Yapa, A.C. 1994. Proceedings:
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LEMES, M. R., ESASHIKA, T., GAOUE, O. G. 2011. Microsatellites for mahoganies: Twelve
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PRANCE, G. T. & MORI, S. A. 1979. Lecythidaceae – Part I. The actinomorphic-flowered New
World Lecythidacae (Asteranthos, Gustavia, Grias, Allantoma & Cariniana). Flora Neotropica
monograph 21: 1 – 270.
Tabela 1 – Temperatura ótima de anelamento (Ta) de primers e estimativa dos tamanhos dos alelos
(pb) para seis locos microssatélites amplificados em quatro espécies de Cariniana.
Loco SSR
C. estrellensis
Alelos
Ta
C. ianeirensis
Alelos
Ta
C. legalis
Alelos
Ta
C. parvifolia
Alelos
Ta
(pb)
(°C)
(pb)
(°C)
(pb)
(°C)
(pb)
(°C)
Ces01
150
50
150
48
180
50
180
48
Ces03
220
52
200
58
220
50
200
50
Ces05
170
57
170
60
170
57
170
57
Ces11
200
54
200
57
200
54
200
54
Ces16
200
56
180
56
200
56
190
56
Ces18
150
47
170
66
150
54
170
66
50 100 200
200 100
50
1
2
1
3
2
4
3
4
5
6
7
8
5
C. estrellensis
6 7
8
50
100 200
1
2
3
4
5
6
50 100 200
1
2
3
4
5
6
C. parvifolia
7
8
C. legalis
7 8
C. ianeirensis
Figura 1 – Quantificação do DNA genômico total extraído de oito indivíduos de quatro espécies de
Cariniana (Lecythidaceae). Em cada gel as tres primeiras colunas correspondem aos marcadores
lambda 50, 100 e 200 ng. As colunas de 1 a 8 correspondem às amostras de DNA.
L
1
2
3
4
5
6
7
L
1
2
3
4
5
6
7
8
200pb
100pb
L
1
2
3
4
5
6
C. estrellensis
7
8
9
C. legalis
L
1
2
3
4
5
6
7
8
200pb
100pb
C. parvifolia
C. ianeirensis
Figura 2 – Produtos amplificados via PCR utilizando o marcador microssatélite Ces 16 em quatro
espécies congenéricas de jequitibás (Cariniana estrellensis, C. legalis, C. parvifolia e C.
ianeirensis). L = ladder 100 pb. As colunas de 1 a 9 correspondem aos produtos da PCR.
RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ, AMAZÔNIA, BRASIL
Rafael Gomes Barbosa da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação
02/2011; previsão de conclusão do curso-2015; ingresso no PIBIC: 02/2012; Orientadora: Rafaela
Campostrini Forzza.
INTRODUÇÃO
Montanhas representam um ecossistema muito distinto e formam um excelente modelo de sistemas
relacionados às questões centrais da biodiversidade tais como, tamanho mínimo de população,
consequências de fragmentação, endemismos restritos, paleoendemismos, entre outros (Porembski
& Barthlott, 2000). No Brasil a maioria dos estudos realizados nestas áreas trata dos campos
rupestres da Cadeia do Espinhaço (Harley & Simmons1986, Giulietti et al. 1987, Alves 1992,
Pirani et al. 1994 e 2003, Stannard 1995, Zappi et al. 2003), ou dos Campos de Altitude da Floresta
Atlântica (Martinelli 1996, Porembski et al. 1998, Safford 1999, Iganci et al. 2011). No Domínio
Amazônico pouco ainda se conhece sobre a flora das montanhas, sendo os estudos restritos a coletas
esporádicas ou floras realizadas em países vizinhos ao Brasil (Huber 1995). Das 75 unidades de
conservação do Amazonas, apenas quatro contemplam a conservação de áreas montanhosas: P.E.
Serra do Aracá, P.E. Morro dos Seis Lagos, PARNA Pico da Neblina e a Floresta Nacional do
Amazonas. O P.E. da Serra do Aracá foi criado em 1990 com uma área de 1.818.700 hectares e
altitudes que variam de 44 a 2.121m. Esta situado no estado do Amazonas, entre as coordenadas
0°51-57’N e 63°14-24’O, no município de Barcelos. O clima na região é Equatorial Úmido, com
menos de dois meses de seca anual, e a temperatura é superior a 18C no mês mais frio. O Parque
está inserido no Planalto das Guianas, que se estende do Norte do Brasil até a Venezuela, Guiana,
Suriname e Guiana Francesa (FVA & CEUC 2010). A Serra do Aracá é uma das poucas áreas
montanhosas dentro do Domínio Amazônico que possui uma lista preliminar de espécies publicada
por Prance & Johnson (1991).
OBJETIVOS
1) Atualizar os nomes da lista publicada por Prance & Johnson (1991) para a Serra do Aracá; 2)
Ampliar a lista trabalhando na identificação do material oriundo de coletas recentes realizadas da
Serra do Aracá (acima de 900 m);
3) Elaborar um banco de dados com informações da flora da Serra do Aracá;
4) Analisar a distribuição geográfica dos táxons.
METODOLOGIA
No período de 14 meses o trabalho realizado englobou as seguintes etapas: elaboração da lista de
espécies em Excel com os 532 registros correspondentes aos 242 táxons publicados por Prance &
Johnson (1991); atualização nomenclatural dos nomes dessa lista; levantamento da distribuição
geográfica dos táxons; montagem das exsicatas coletadas em 2011; identificação dos espécimes de
angiospermas, samambaias e licófitas; inserção dos dados das novas coletas e dos dados importados
do Species Link.
RESULTADOS & DISCUSSÃO
Foram atualizados 90 registros, correspondendo a 37 espécies da lista de Prance & Johnson (1991).
Até o momento, foram identificados 190 espécimes, que correspondem a 99 espécies (83 de
angiospermas e 16 de samambaias e licófitas). Dessas 49 são endêmicas do Domínio Amazônico;
12 endêmicas do Brasil das quais Diacidia aracaensis W.R.Anderson, Gleasonia prancei Boom.,
Ternstroemia prancei Boom., T. aracae Boom., Verrucularia piresii W.R.Anderson, são endêmicas
da Serra do Aracá. Foram encontradas quatro espécies de Bromeliaceae não citadas anteriormente
para o Brasil: Brocchinia delicatula L.B.Sm., Guzmania squarrosa Mez, Navia abysmophila
L.B.Sm e Racinea ropalocarpa (André) M.A. Spencer & L.B.Sm.; uma de Malpighiaceae
(Blepharandra hypoleuca (Benth.) Griseb.); uma espécie e uma variedade de Lindsaeaceae
(Lindsaea stricta var. jamesoniiformis K.U. Kramer, Lindsaea klotzschiana Moritz ex Ettingsh.). Os
dados importados da Serra do Aracá do Species Link conta com 4.901 registros, esse número reflete
uma flora maior do que Prance & Johnson (1991) descreveram, resultado este de coletas não
publicadas nesse trabalho, de materiais indeterminados anteriormente e de coletas de outros
pesquisadores na região. O banco de dados conta com 980 registros, destes 532 são da lista de
Prance & Jonhson (1991) e 448 de angiospermas e samambaias e licófitas.
CONCLUSÃO
Espera-se assim que ao final da identificação, a lista de espécies expresse a real diversidade da flora
da Serra do Aracá, ampliando o conhecimento e a distribuição dos táxons bem como, preenchendo
lacunas quanto aos centros de diversidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO EM SWARTZIA (LEGUMINOSAE,
PAPILONOIDEAE), UM GÊNERO DIVERSO NO NEOTRÓPICO
Tarlile Barbosa Lima; Graduação em Ciências Biológicas; UFF; ingresso na graduação – 07/2009;
previsão de conclusão do curso – 07/2014; ingresso no PIBIC: 07/2011; orientador: Vidal de Freitas
Mansano.
INTRODUÇÃO
Com distribuição pantropical, a Leguminosae Juss. é a terceira maior família de Angiospermae,
possuindo três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae. Swartzia Schreb. é
um dos membros basais de Papilionoideae sendo plantas lenhosas de distribuição neotropical, com
uma estrutura floral peculiar: o cálice é inteiro no botão floral e se rompe irregularmente na antese,
a corola tem uma pétala ou a pétala é ausente e o androceu é multiestaminado e heteromórfico, com
até três tipos diferentes de estames (Mansano & Souza, 2005). Estima-se que há cerca de 180
espécies de Swartzia distribuídas principalmente desde Nayarit, no México, até o sul do Rio Grande
do Sul (Cowan,1968; Torke & Mansano,2009). Swartzia apetala encontra-se associada ao bioma
Mata Atântica, ocorrendo no Rio de Janeiro e Bahia (Oliveira-Filho,2009). A modelagem de
distribuição potencial de espécies mostra-se uma ferramenta ideal para a realização do estudo do
gênero Swartzia. porque, de acordo com Kamino (2009), possibilita a expansão de áreas de
ocorrência das espécies; a discussão de endemismo das espécies modeladas; e permite uma
reavaliação do “status” de conservação destas. Há também as possibilidades de identificação e
delimitação de áreas para reservas de reintrodução de espécies e desenvolvimento de medidas
eficazes para a conservação das mesmas (Adhikari et. al., 2012). Em Swartzia sect. Swartzia Torke
& Mansano merece destaque Swartzia apetala Raddi. Em estudo sobre o gênero no Brasil foi
efetuada a sinonimização de S. apetala var. blanchetii e S. apetala var. subcordata com S. apetala
var. apetala, considerando apenas duas variedades para esta espécie (S. apetala var. apetala e S.
apetala var. glabra). Mansano (com. pess.) acredita que a sinonimização de S. apetala var.
blanchetii deva ser revista e que este táxon não é sinônimo, pois S. apetala var. blanchetii
caracteriza-se pelo ovário piloso (característica exclusiva dentro da espécie), acinzentado e pedicelo
de comprimento entre 2 a 3 mm.
OBJETIVO
Estudar a distribuição das variedades de Swartzia apetala com o auxílio da ferramenta de
modelagem de distribuição potencial (software Maxent), relacionando-os com fatores ambientais.
MATERIAL E MÉTODOS
A realização do delineamento experimental da modelagem preditiva foi o enfoque nessa fase do
projeto. Compreendeu a delimitação da área de ocorrência das espécies (bioma Mata Atlântica),
tratamento de dados bióticos (descartes de algumas coordenadas imprecisas), definição dos dados
abióticos e, finalmente a escolha do algoritmo adequado para a produção de um modelo preditivo
passível de validação. Para elaboração desse modelo experimental utilizou-se uma abordagem
exploratória para cada variedade de S. apetala, o que justifica a escolha de variáveis ambientais
mais genéricas (dados abióticos).Foram selecionadas quatro variáveis bioclimáticas e uma
topográfica da base de dados Worldclim: bio_13 (precipitação no mês mais quente); bio_14
(precipitação no mês mais seco); bio_5 (temperatura máxima no mês mais quente); bio_6
(temperatura mínima no mês mais frio) e h_dem (altitude) na resolução de pixel de 10 km. O
algoritmo selecionado foi o MaxEnt, que trabalha estimando a probabilidade de distribuição em
máxima entropia, prevendo a distribuição potencial de uma espécie com base em variáveis
ambientais e coordenadas geográficas. No processo de modelagem foi realizado o download
gratuito do MaxEnt e as coordenadas foram inseridas no campo Samples e as variáveis ambientais
no campo Enviromental layers. Alguns ajustes na configuração foram admitidos antes de operar o
programa, dentre elas as opções de criação do teste de “jacknife” (que divide aleatoriamente o
conjunto de pontos em treino e teste) e as curvas características de operação (ROC).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como previsto, a distribuição das variedades de S. apetala é influenciada por fatores climáticos,
principalmente pela precipitação. Em S. apetala var. apetala, o valor médio encontrado para a
curva ROC foi de AUC = 0,957, valores aceitáveis de máximo variam na literatura, mas geralmente
0.6 e acima são considerados “bons” (Graham & Hijmans 2006). Já o teste de “Jacknife” (fig.2)
acusou como variável de maior contribuição para o modelo a bio_5 (temperatura máxima no mês
mais quente) e a bio_13 (precipitação no mês mais quente), respectivamente. É possível afirmar que
sua distribuição está relacionada com toda a extensão da mata Atlântica. Já S. apetala var. glabra
apresentou AUC = 0,845 e as variáveis bio_14 (precipitação no mês mais seco) e h_dem (altitude)
demonstraram insignificância para o modelo gerado, assim o padrão de maior colaboração segue
com as variáveis bio_5 e bio_13. Este modelo apresentou artefatos em sua conformação final,
aparentemente erro de sobreprevisão. Neste caso, áreas que não possuem ocorrência das espécies
são evidenciadas, isto ocorre devido à barreiras geográficas, capacidade de dispersão, competição,
predação ou mesmo por ser essa área inabitável (não oferendo recursos e condições necessários para
a manutenção de uma população viável mínima). Swartzia apetala var. blanchettii respondeu com o
melhor modelo gerado, sua curva ROC foi classificada com AUC = 0,996 com desvio de 0,003 e
ambas variáveis ambientais exibiram contribuição semelhante para obtenção do modelo. Estes
dados relacionados com o mapa preditivo (fig.1) substanciam a hipótese de endemismo associado à
referida variedade. Também é importante atentar para suas características morfológicas exclusivas,
as quais implicam na revisão deste táxon.
CONCLUSÃO
Através do modelo gerado é possível extrapolar análises a respeito da ecologia geral das espécies
estudadas, bem como determinar suas peculiaridades, haja visto o caso de S. apetala var. blanchettii
que demonstrou maior adequabilidade à uma região específica, conferindo endemismo. Também
podemos notar a potencial ampliação da área de ocorrência em S. apetala var. apetala, ambas
reflexos diretos das condições ambientais em que se encontram.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADHIKARIA D., BARIKA S. K., UPADHAYAB K. 2012. Habitat distribution modelling for
reintroduction of Ilex khasiana Purk., a critically endangered tree species of northeastern India.
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GRAHAN, C.H.; FERRIER, S.; HUETMAM, F.; MORITZ, C. & PETERSON, A.T. 2006. New
developments in museumbased informatics and applications in biodiversity analysis. Trends in
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KAMINO, L.H.Y. 2009. Modelos de distribuição geográfica potencial: aplicação com plantas
ameaçadas de extinção da Floresta Atlântica. 133f. : Il.
MANSANO, V. F. & SOUZA, A. L. 2005. A new Swartzia (Leguminosae: Papilionoideae:
Swartzieae) species with trimorphic stamens from Amazonian Brazil. Botanical Journal of the
Linnean Society 147: 235-238.
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TORKE, B. M. and MANSANO, V. F. 2009. A phylogenetically based sectional classification of
Swartzia (Leguminosae-Papilionoideae). Taxon 58: 913–924.
Figura 1: Mapas preditivos dos modelos gerados: S. apetala var. apetala, S. apetala var. glabra, S.
apetala var. blanchettii, respectivamente.
Figura 2: Gráficos relativos aos testes de “jacknife” das variedades de S. apetala demonstrando a
colaboração das variáveis ambientais para a geração do modelo.
ARISTOLOCHIACEAE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Thiago Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação – 03/2010; previsão
de conclusão do curso – 03/2014; ingresso no PIBIC: 11/2011; Orientador: Elsie Franklin
Guimarães
INTRODUÇÃO
Aristolochiaceae pertence à ordem Piperales e são consideradas filogeneticamente próximas à
divergência entre monocotiledônias e dicotiledônias. Possuem cerca de 550 espécies distribuídas em
quatro gêneros divididos entre as subfamílias Aristolochioideae e Asaroideae, ocorrentes nas
regiões tropicais e temperadas, respectivamente (Wanke, 2006). Apesar de Aristolochiaceae ser
distribuída por todo mundo, a maior diversidade de Aristolochia L. se encontra em regiões
neotropicais responsáveis por cerca de 60% das espécies (González 1998). O Brasil, juntamente
com o México e a Ilha de São Domingos é o local de maior riqueza desse gênero (González 1998)
enquanto a flora do Brasil está representada por cerca de 90 espécies em Aristolochia (Siqueira
1988), visto que os gêneros Holostylis Duchtr e Euglypha Chodat & Hassl foram sinonimizados
em Aristolochia (Wanke 2006). As espécies da família são em sua maioria trepadeiras sem
gavinhas, com folhas alternas, simples, inteiras ou lobadas podendo ter pseudoestípulas ou não. As
flores são isoladas axilares, em racemos ou cimeiras, apresentam cores escuras com manchas
castanho-avermelhadas, possivelmente surgida das folhas, que sofreram mudança de cor e
surgimento de tricomas com glândulas odoríferas, como se pode observar em Aristolochia
maurorum L., que possui no mesmo indivíduo essas características que acontecem gradualmente
(Lorch 1959). As flores são hermafroditas e zigomorfas. O perianto é homoclamídeo, gamopétalo,
unilabiado ou bilabiado com diferentes formas; está dividido em 3 partes: utrículo, que possui
forma oval, tubo floral e lábio que apresenta diversas formas e cores. Possuem 6 anteras fundidas
com o gineceu (estilete e estigma), formando uma coluna denominada ginostêmio. O gineceu possui
de 4 a 6 carpelos, com ovário ínfero ou semi-ínfero, dividido em 6 lóculos multiovulados. O fruto é
uma cápsula com deiscência septicida e apresenta sementes, em sua maioria, achatadas e aladas
(Chukr & Capellari 2002). A família, em geral, possui uma maneira peculiar de realizar sua
polinização, que ocorre através de polinizadores saprófagos. Por isso, o sistema de polinização em
Aristolochiaceae, é considerado enganoso, visto que, os polinizadores não necessitam do néctar
nem do pólen das flores (Sakai 2002). Várias espécies de Aristolochiaceae são usadas como
medicinais e também ornamentais. Os índios Yanomami, da América do Sul, utilizam infusões da
planta para trato digestivo (Milliken & Albert 1996). No uso popular estas plantas são citadas em
combate a febre, asma, enxaqueca, no relaxamento uterino, estimulando a menstruação, e
externamente são usadas no tratamento de sarnas, úlceras crônicas e picadas de cobras. Também é
dito que seu uso pode causar náuseas, aceleramento de pulso, sono agitado e perturbações cerebrais,
a chamada embriaguez aristolóquica. Suas propriedades medicinais estão principalmente associadas
à substância cymbiferina, retirada da Aristolochia cymbifera Mart. & Zucc., e à substância chamada
ácido aristolóquico retirada, principalmente, da A. gigantea Mart. & Zucc. (Capellari 1991), não
raro encontrada em todas as espécies de Aristolochia (Siqueira 1988). É muito utilizada na
ornamentação, graças a suas flores de beleza exótica, como ocorre com a Aristolochia grandiflora
Sw.,com uma flor de até 150 cm, sendo considerada a mais larga do mundo (Bello 2006).
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi reconhecer as espécies de Aristolochiaceae presentes no estado do Rio
de Janeiro.
METODOLOGIA
Para coleta de informações foi consultado o Herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro (R) e da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA), além de levantamentos bibliográficos e obras de
diversos autores. Excursões foram organizadas para coleta em campo, com o objetivo de observar as
plantas e treinar o conhecimento prático do coletor. Os materiais que foram coletados serviram para
analisar as espécies in loco, colhendo informações que somente podem ser percebidas desta forma e que
não estão presentes nas exsicatas. Os materiais coletados nos trabalhos de campo foram herborizados de
acordo com as técnicas usuais (Guedes-Bruni et al. , 2002), sendo a coleção botânica posteriormente
incorporada ao Herbário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB), com
duplicatas distribuídas para os outros herbários públicos do Estado do Rio de Janeiro. Fotografias
digitais das espécies foram tiradas in loco e com o material ainda vivo após a coleta. Os comentários
sobre as espécies foram confeccionados com informações originais e obtidos de literatura especializada.
Os dados obtidos com as coletas realizadas complementaram as diagnoses. A chave de identificação já
elaborada para as espécies de Aristolochiaceae ocorrentes no Estado do Rio de Janeiro recebeu o
acréscimo das novas espécies encontradas nos herbários pesquisados. Os dados referentes à distribuição
geográfica e ao ambiente foram obtidos por meio de informações contidas na literatura, nas etiquetas
das coleções examinadas e nas observações pessoais em campo.
RESULTADOS
Através das pesquisas nos Herbários foram feitas diagnoses constando os dados gerais das espécies,
material selecionado e alguns dados oriundos das etiquetas, relacionados às características das
espécies. Estas diagnoses serviram para enriquecer a chave analítica de identificação. As espécies
coletadas nas excursões forneceram informações somente observadas in loco, bem como
contribuíram para o aumento do acervo do Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos pelas pesquisas efetuadas vão ao encontro de alguns trabalhos já realizados
sobre o tema em outras áreas do país, os quais podem ser utilizados para complementar as
informações sobre Aristolochiaceae.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos até o momento para o conhecimento das Aristolochiaceae ainda é parcial, tendo
em vista a dificuldade de observação de plantas férteis, as quais possibilitariam a análise do ginostêmio.
Acrescenta-se que foram analisadas quase que a totalidade das espécies cariocas, restando apenas o
trabalho de adicionar mais informações às mesmas. Além disso, é importante destacar que faltam
poucos herbários a serem consultados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPELLARI, Jr., L. 1991. Espécies de Aristolochia L. (Aristolochiaceae) ocorrentes no Estado de São
Paulo. Dissertação de mestrado. UNICAMP, Campinas.
CHUKR, N. S. & CAPELLARI, Jr., L. 2002. Aristolochiaceae Juss.. In: Wanderley, M.G.L.; Shepherd,
G.J.; Giulietti, A.M.; Kirizawa, M. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. v. 2., p. 39-49.
FAPESP/RIMA, São Paulo.
GONZÁLEZ, F. 1998. Two New Species of Aristolochia (Aristolochiaceae) from Brazil and Peru.
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(Aristolochiaceae). Dissertação de mestrado. UNICAMP, Campinas.
LORCH, J. W. 1959. The Perianth of the Aristolochia – A New Interpretation. Evolution. 13(3): 415416
MILLIKEN, W. & ALBERT, B. 1996. The use of Medicinal Plants by the Yanomami Indians of Brazil.
Economic Botany 50(1): 10-25.
SAKAI, S. 2002. Aristolochia spp. (Aristolochiaceae) Pollinated by Flies Breeding on Decomposing
Flowers in Panama. American Journal of Botany. 89(3): 527-534
SIQUEIRA, M. R. 1988. Biologia floral de três espécies de Aristolochia (Aristolochiaceae). Dissertação
de mestrado. UNICAMP, Campinas.
WANKE, S. J. U. 2006. Evolution of the genus Aristolochia – Systematics, Molecular Evolution and
Ecology. Tese de Doutorado. Technical University of Dresden, Dresden.
BELLO, M. A.; Valois-Cuesta, H. & González, F. 2006. Aristolochia grandiflora Sw.
(Aristolochiaceae): Desarrollo y Morfologia de La Flor Mas Larga Del Mundo. Rev. Acad. Colomb.
Cienc. 30(115): 181-194.
DIVERSIDADE DE FORMIGAS EM MANGUEZAIS NATURAIS E RECUPERADOS
NA BAÍA DE GUANABARA E COMPLEXO LAGUNAR DA BAIXADA DE
JACAREPAGUÁ – RJ
Thiago Rodas; Graduação em Ciências biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação – 08/2008;
conclusão do curso – 12/2012; ingresso no PIBIC: 08/2010; orientador: Maria Lucia França
Teixeira Moscatelli.
INTRODUÇÃO
Plantios de manguezal têm índices de crescimento rápido e grande variação na composição de
espécies e estrutura do dossel durante os primeiros anos após o plantio. Após décadas, podem
atingir performances na estrutura e arranjo espacial do dossel e nas associações de espécies,
similares aos naturais, sendo ainda a acumulação de carbono nos manguezais plantados comparável
a dos manguezais naturais (Luo et al. 2010). Entre os insetos que habitam as áreas de manguezal
estão numerosas espécies de formigas exclusivamente arbóreas. As formigas têm sido utilizadas
como ferramentas no monitoramento ambiental de áreas perturbadas, pois a riqueza e a diversidade
de espécies de formigas podem ser maiores em ambientes de maior complexidade devido a uma
maior disponibilidade de nichos presentes (Pereira et al. 2007). Delabie et al. (2006) verificaram
que as riquezas das comunidades de formiga da periferia e do próprio manguezal estão relacionadas
negativamente com o grau de antropização, indicando que comunidades de formigas têm potencial
para serem utilizadas como indicadores biológicos de impacto ambiental no ecossistema manguezal.
O estudo da mirmecofauna de áreas naturais e plantadas de manguezal em regiões urbanas, pela
eficiência deste grupo como indicador ecológico, pode dar informações acerca da capacidade desses
sistemas impactados em abrigar a diversidade biológica.
OBJETIVO
O estudo tem como objetivo avaliar e comparar a diversidade de comunidades de formigas em áreas
de manguezais naturais e plantados situados em sistema lagunar e de baía.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em manguezais situados em áreas urbanizadas no estado do Rio de
Janeiro, na Baía de Guanabara, Jardim Gramacho, Duque de Caxias e na Lagoa da Tijuca, Baixada
de Jacarepaguá, RJ, em porções naturais e plantadas há dez anos. As coletas foram realizadas no
inverno (08/2010) e verão (02/2011), contando com três métodos: iscas de sardinha (n=30), lençol
entomológico (n=30) e coleta de 10 galhos secos (n=30). As formigas foram triadas, contabilizadas
e identificadas. Para avaliar a similaridade entre a fauna de formigas que habita os manguezais
estudados, os dados de presença ou ausência em cada sítio de todas as species, foram submetidos a
uma análise de ordenação. Foi utilizado como método de ordenação o escalonamento
multidimensional não métrico (NMDS: nonmetric multidimensional scaling) (Legendre e Legendre,
1998).
RESULTADOS
Foram coletadas 16.872 formigas, distribuídas em 34 espécies, 18 gêneros e 5 subfamílas sendo
6.198 formigas coletadas no inverno e 10.674 no verão. A subfamília Myrmicinae apresentou o
maior número de táxons, representando 44,1% do total, seguida por Formicinae com 17,6%,
Dolichoderinae e Pseudomyrmecinae com 14,7% e Ponerinae com 8,8%. Nos manguezais da
Laguna da Tijuca e de Gramacho foram registradas 30 e 17 espécies respectivamente. Os gêneros
Crematogaster e Pseudomyrmex apresentaram maior riqueza específica, sendo a espécie
Crematogaster torosa a mais abundante e também uma das mais frequentes juntamente com as
espécies C. curvispinosa e Monomorium floricola, em todos os manguezais e métodos de coleta. No
NMDS, nas duas estações do ano, os mangues plantados da Laguna da Tijuca, assim como os
mangues naturais, ficaram próximos, sendo que o oposto ocorreu nos manguezais de Gramacho.
DISCUSSÃO
O gênero mais frequente, Crematogaster, representado por C. curvispinosa e C. torosa é formado
por formigas arborícolas dominantes. As colônias podem ser grandes já que a maioria das espécies
nidifica em madeira morta (Longino 2003). Monomorium floricola é uma espécie cosmopolita,
predadora de ovos de Lepdoptera. Formigas do gênero Nesomyrmex nidificam em cavidades de
plantas e são forrageiras solitárias. A predominância da subfamília Myrmecinae é um padrão
comum em ambientes tropicais, por ser um dos grupos mais diversificados em relação aos hábitos
alimentares e de nidificação. Três espécies foram coletadas apenas em Gramacho: Camponotus
cingulatus, onívora, em frequente associação com homópteros pelo honeydew, Dolichoderus
lustosus, também registrada em R. mangle, no México (Dejean et al. 2003) e Pseudomyrmex
oculatus, geralmente encontrada na Mata Atlântica. Nos mangues da Laguna da Tijuca, dezessete
espécies foram coletadas exclusivamente, dentre elas Odontomachus bauri, cuja capacidade de
nadar bem está associada à habitats específicos como o manguezal (Frederick 2013). Doze espécies
de formigas e todos os gêneros encontrados no presente experimento também foram identificados
em levantamento de formigas nos manguezais da Bahia (Delabie et al. 2006). Apesar de no verão
haver um incremento na atividade das formigas pela elevação de fatores climáticos como
temperatura e umidade, a composição de formigas dos manguezais plantados e também dos
manguezais naturais da Laguna da Tijuca, pouco se alterou em relação às épocas de coleta,
permanecendo agrupados os manguezais plantados, assim como os naturais. Gramacho, local
intensamente pressionado por tensores como o despejo de lixo e esgoto doméstico e industrial e
com menor número de espécies em relação à Laguna da Tijuca, sofreu sensível mudança na
composição das espécies de formigas coletadas em áreas naturais e em áreas plantadas, em relação
às estações verão e inverno.
CONCLUSÃO
Os manguezais da Lagoa da Tijuca e de Gramacho, localizados em áreas urbanas, abrigam uma
fauna diversificada de formigas. Os manguezais da Lagoa da Tijuca apresentam melhores condições
para a riqueza de formigas do que os manguezais de Gramacho, mais impactados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEJEAN, A., DUROU, S., OLMSTED, I., ROY R. SNELLING, R. R.; ORIVEL, J. 2003. Nest site
selection by ants in a flooded Mexican mangrove, with special reference to the epiphytic orchid
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DELABIE, J.H.C.; PAIM, V.R.L. DE M.; NASCIMENTO, I.C. DO; CAMPIOLO, S.; MARIANO,
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FREDERICK, N. D.; YANOVIAK, S. 2013. Swimming behavior in tropical ants. Association for
Tropical Biology and Conservation & Organization for Tropical Studies, San Jose, Costa Rica.
Acesso em 13/06/2013.
Disponível em: https://atbc.confex.com/atbc/2013/webprogram/Paper1869.html
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PEREIRA, M. P. D. S., QUEIROZ, J. M., VALCARCEL, R.; MAYHÉ-NUNES, A. J. J., 2007.
Fauna de formigas como ferramentas para monitoramento de área de mineração reabilitada na Ilha
da Madeira, Itaguaí, RJ. Ciência Florestal, 17(3): 197-204.
GV_plantado
0.32
0.24
0.16
BI_plantado
Coordinate 2
0.08
BV_plantado
0
BI_natural
BV_natural
GV_natural
-0.08
GI_plantado
-0.16
-0.24
-0.32
-0.4
-0.5
GI_natural
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
Coordinate 1
Figura 1- Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMDS) baseado na composição de
espécies de formigas coletadas em quatro manguezais, Gramacho (G) natural ou plantado e Laguna
da Tijuca (Barra da Tijuca - B) natural ou plantado, avaliados no verão (V) e no inverno (I). Stress:
0,11.
ALTERNATIVAS PARA A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DE TRECHO DE MATA
ATLÂNTICA NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO – FASE IV –
MONITORAMENTO DA SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO, CONSIDERANDO AS
CONDIÇÕES DE ALAGAMENTO DAS MUDAS E AVALIAÇÃO DA COBERTURA DO
DOSSEL NO PLANTIO
Vinícius A. de Melo; graduação em Ciências Biológicas, UNIGRANRIO; ingresso na graduação
03/10; curso concluído em 12/2013 (Licenciatura); ingresso no PIBIC: Março de 2011;
orientador(a): Tânia Sampaio Pereira.
INTRODUÇÃO
Buscar alternativas para a conservação das florestas ripárias, sabendo-se que as matas ciliares
desempenham papéis ecológicos vitais, e que restaurá-las é restaurar diretamente a integridade
ecológica da Mata Atlântica, as ações de restauração devem procurar promover a capacidade natural
de mudança ao longo do tempo (Attanasio 2008). Desta maneira, dando continuidade aos estudos
para restauração das margens do Rio dos Macacos com espécies nativas, buscou-se a recuperação e
o enriquecimento da área do experimento, procurando garantir o seu reestabelecimento estrutural e
funcional, de modo a permitir à perpetuação dos processos necessários a estabilidade do sistema em
questão, através de ações de plantio e semeadura direta realizadas de Julho de 2010 até Dezembro
de 2012.
OBJETIVO
Restauração de um trecho de mata ciliar na margem direita do Rio dos Macacos no Jardim Botânico
do Rio de Janeiro
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A área do experimento se encontra as margens do Rio dos Macacos no Jardim Botânico do Rio de
Janeiro.
Procedimentos
Foram realizadas quatro ações: plantio, replantio, plantio de enriquecimento e semeadura direta de
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. e realizados censos trimestrais, com o objetivo de
mensurar o crescimento em altura e diâmetro a altura do solo das mudas. Foi calculado ainda o
índice de sobrevivência das mudas (Oliveira, 2006). Nesta fase foi utilizado ainda um densiômetro
esférico côncavo (Lemmon, 1957), para determinar o nível de cobertura do dossel. Foram
sorteadas 16 parcelas ao acaso, onde foram tomadas quatro medidas em quatro orientações
geográficas distintas a 50 cm do solo, com o densiômetro adaptado sobre tripé fotográfico com
nível, realizadas pela mesma pessoa. As análises foram realizadas no software Statistica V 10.0.
RESULTADOS
Plantio
O índice de sobrevivência é de 65% para o total de mudas. As mudas apresentam bom
desenvolvimento com uma variação da média de altura de 0,80 até 11,36m e de 7,22 a 446 mm de
D.A.S., além de uma cobertura de copa de cerca de 70%.
Semeadura direta
Ao final desta fase restam no plantio ao menos 10 indivíduos bem estabelecidos de P. gonoacantha
da primeira semeadura. A segunda semeadura apresenta 2,3% de sobrevivência correspondendo a
136 indivíduos.
DISCUSSÃO
O êxito da restauração depende de manutenção dos tratamentos experimentais e do monitoramento
cuidadoso (Chazdon 2012), esta última, etapa de suma importância, que permitirá repensar a
restauração a todo instante, e mesmo redefinir a trajetória ambiental caso se faça necessário
(Brancalion et al. 2012). O índice de sobrevivência de mudas ao final do plantio, 65%, reflete
diretamente as dificuldades encontradas durante o período deste relatório. Mesmo se tratando de
uma área protegida dentro dos limites do JBRJ a atividade humana rotineira foi definitiva para o
resultado alcançado direta ou indiretamente.
Apesar das dificuldades, a cobertura do dossel, em torno de 70%, se mostrou eficiente no controle
das gramíneas sobre as copas, e na facilitação do estabelecimento das espécies utilizadas no
enriquecimento, além de permitir o estabelecimento de regenerantes na área. Os indivíduos
recrutados e remanescentes de P. gonoacantha foram submetidos às mesmas condições
supracitadas, da mesma forma que as mudas plantadas. Da primeira semeadura restam na área
apenas 10 indivíduos saudáveis. Em contraste com a primeira semeadura o resultado de 2,3% é
relativamente maior do que o alcançado na primeira semeadura, porém, a grande maioria dos
indivíduos da segunda semeadura, apresenta menor crescimento, possivelmente devido ao
sombreamento que a área apresenta hoje, diferentemente de quando da realização desta ação.
CONCLUSÕES
Atenção especial deve ser dada a restauração em áreas urbanas de livre acesso tendo em vista as
dificuldades encontradas na condução dos experimentos no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O
plantio é saudável e funcional. Das espécies utilizadas, 8 foram indicadas para outros projetos de
restauração, com base na experiência e dados obtidos neste trabalho. A descrição de uma nova
espécie de fungo associado a uma das espécies de Malvaceae utilizada no plantio será um dado
novo para a ciência. A semeadura direta deve ser mais bem investigada em conjunto com o plantio
de mudas. O plantio de mudas deve cada vez mais ser utilizado como gerador de serviços
ambientais seja como recompositor da paisagem ou como modelo didático em extensão da sala de
aula.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATTANASIO, C.M.. 2008. Manual Técnico: Restauração e Monitoramento da Mata Ciliar e da
reserva Legal para a Certificação Agrícola - Conservação da Biodiversidade na Cafeicultura / Piracicaba, SP: Imaflora, 60p.
BRANCALION, P. H. S., VIANI, R. A. G., RODRIGUES, R. R. & GANDOLFI, S. 2012.
Avaliação e monitoramento de áreas em processo de restauração. In: S. V. Martins (Ed).
Restauração Ecológica de Ecossistemas Degradados. Viçosa: UFV. 293 p.
CHAZDON, R. L., 2012. Regeneração de florestas tropicais. Boletim do Museu Paraense Emílio
Goeldi. Ciências Naturais 7(3): 195-218.
LEMMON, P.E. 1957. A new instrument for measuring forest overstory density. Journal of
Forestry, White Bear Lake, 55 (3): 667–668.
OLIVEIRA, F. F. 2006. Plantio de espécies nativas e uso de poleiros artificiais na restauração de
uma área perturbada de cerrado sentido restrito em ambiente urbano no Distrito Federal, Brasil.
Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, 119p.
EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DE
REGIÕES DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE JAMESONIELLA RUBRICAULIS
(NEES) GROLLE
Priscila Quintela Pinto Paiva, Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação 01/2007; previsão
de conclusão do curso – 2013; ingresso no PIBIC: 10/2011; orientadoras: Dra. Denise Pinheiro da
Costa e Dra Maristerra R. Lemes.
INTRODUÇÃO
Uma questão que tem intrigado taxonomistas e biogeógrafos neste século é se a uniformidade
morfológica exibida por espécies de briófitas com distribuição geográfica disjunta reflete uma
estase evolutiva ou apenas mascara uma complexidade genética ainda não aflorada
morfologicamente (Heinrichs et al. 2009; Shaw 2001; Shaw et al. 2003). Padrões geográficos
disjuntos em briófitas têm sido frequentemente explicados como resultado de eventos vicariantes
e/ou dispersalistas, ocasionados por dois fatores principais: plantas antigas do ponto de vista
evolutivo, permitindo ampla distribuição, anterior à separação dos continentes; e esporos pequenos,
produzidos em grande quantidade e resistentes à dessecação, possibilitando dispersão a longa
distância pelo vento (van Zanten & Pócs 1981; Schofield 2001; Frahm 2008; Heinrichs et al. 2009).
Com o uso de marcadores de DNA, pode-se testar conceitos biogeográficos e taxonômicos com
base em morfologia, e determinar a estrutura genética de populações (Bickford et al. 2007;
Heinrichs et al. 2009). Estudos biogeográficos utilizando esses marcadores elucidaram processos
evolutivos e detectaram especiação críptica em táxons disjuntos (Fernandez et al. 2006; MacDaniel
& Shaw 2003; Fuselier et al. 2009). Jamesoniella rubricaulis (Nees) Grolle é uma espécie de
hepática dióica com distribuição disjunta entre as altas montanhas do Neotrópico e Açores.
OBJETIVOS
Compreender os processos que originaram a distribuição disjunta de J. rubricaulis utilizando
técnicas moleculares para acessar a variabilidade genética em regiões do genoma do cloroplasto.
Objetivos principais: 1) extração de DNA de indivíduos de diferentes populações, 2) otimização da
amplificação visando marcadores moleculares informativos para as análises filogeográficas.
METODOLOGIA
Coleta – Foram coletadas populações em três montanhas no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, distantes ao menos 10 m entre si e os indivíduos amostrados
aleatoriamente em plots de 2 x 2 cm.
Extração do DNA - A extração do DNA genômico total foi realizada com o protocolo CTAB
(Doyle & Doyle, 1987), modificado por Ferreira & Grattapaglia (1998).
Quantificação do DNA - Foram utilizados dois métodos: quantificação por análise comparativa
utilizando padrões de massa molecular conhecida em géis de agarose, submetidos a eletroforese e
posteriormente analisados sob luz ultra-violeta em transiluminador e fotodocumentados; e análise
espectrofotométrica utilizando-se o equipamento NanoDrop com determinação automática da
Amplificação dos locos microssatélites do genoma do cloroplasto (cpDNA) - Foram testados 10
pares de iniciadores universais desenvolvidos para Nicotiana tabacum (Weising & Gardner, 1999).
Após a amplificação, os produtos da PCR foram analisados sob eletroforese em gel de agarose, sob
luz ultravioleta e fotodocumentados.
Amplificação de regiões não-codificadoras do cpDNA – Foram testadas condições de amplificação
de uma região com primer que amplifica a região intergênica atpB-rbcL (Feldberg et al., 2010),
utilizando 12 indivíduos de diferentes populações visando conseguir ao menos uma região com
polimorfismos para as análises filogeográficas. Os produtos amplificados foram analisados sob
eletroforese em gel de agarose 1% corado com GelRed e comparados ao padrão Ladder 1 Kb Plus
para a estimativa dos tamanhos dos fragmentos amplificados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Coleta do material – Foram coletadas seis montanhas situadas no Brasil (AM, BA, MG, RJ, RS,
SC) e três na América do Norte e do Sul (México, Equador e Bolívia), totalizando 29 populações e
278 indivíduos amostrados
Extração e quantificação do DNA – O protocolo CTAB mostrou-se eficiente. Foi extraído o DNA
genômico total de todos os indivíduos coletados, totalizando 278 indivíduos. As imagens de géis
indicam a boa qualidade e quantidade do DNA extraído. Foi possível estimar pelo método
comparativo as concentr
-3400 nm
com pico de 260 nm). As estimativas das concentrações do DNA extraído de 46 indivíduos por
análise no NanoDrop foram maiores em relação ao método comparativo. Este resultado pode estar
relacionado a uma maior sensibilidade para estimar as concentrações de DNA ou substâncias outras
na solução com valores de absorbância similares aos dos ácidos nucleicos, com as concentrações
superestimadas.
Amplificação dos locos microssatélites do genoma do cloroplasto (cpDNA) – Foram realizados
testes visando a amplificação dos locos microssatélites do cpDNA utilizando 10 pares de
indicadores universais que amplificam locos microssatélites do cpDNA para a maioria das
angiospermas. Foram testadas duas temperaturas de anelamento (56 e 48ºC) para os pares de
primers na amplificação dos 10 locos não havendo amplificação de nenhum dos locos para os
indivíduos analisados. É possível que a não amplificação dos marcadores testados se deva à
distância filogenética entre briófitas e angiospermas.
Amplificação de regiões não-codificadoras do cpDNA – Foram otimizadas as condições de
amplificação do espaçador intergênico atpB-rbcL. O protocolo tem a temperatura ótima de
anelamento dos primers de 50ºC. Para a maioria dos indivíduos tivemos sucesso na amplificação
desta região e os produtos apresentaram alta especificidade. Não foram detectadas amplificações de
produtos inespecíficos indicando a alta especificidade e robustez da reação de PCR.
CONCLUSÃO
O protocolo CTAB utilizado mostrou-se eficiente para a extração de DNA de Jamesoniella
rubricaulis, tanto qualitativa quanto quantitativamente. Os testes realizados para amplificação de
locos microssatélites do genoma do cloroplasto de J. rubricaulis, a partir de marcadores (primers)
desenvolvidos para o tabaco não resultaram em êxito na amplificação dos mesmos, provavelmente
em função da distância filogenética entre os taxa. Os testes realizados para otimizar as condições de
amplificação das três regiões não codificadoras do genoma do cloroplasto de J. rubricaulis
(correspondente ao espaçador intergênico atpB-rbcL, espaçador trnT com o intron trnL e o intron
trnL com o espaçador trnF) tiveram êxito, apresentando produtos amplificados com alta
especificidade e robustez. Falta ainda realizar a etapa do sequenciamento dessas regiões otimizadas
objetivando encontrar polimorfismos para análises filogeográficas das populações de J. rubricaulis.
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Sobovljevic, M., Szövényi, P., Schette, S., Hofbauer, W. & Shaw, J. 2009. Phylogeographic
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ATIVIDADE E LOCALIZAÇÃO DE PEROXIDASES EM LAURENCIA DENDROIDEA
(J.AGARDH)
Juliana Marins de Assis; Graduação em Biologia Marinha, FAMATH; ingresso na graduação –
01/2009; conclusão do curso – fevereiro/2013; ingresso no PIBIC: outubro/2011; orientador:
Leonardo Tavares Salgado.
INTRODUÇÃO
As algas marinhas sintetizam substâncias denominadas metabólitos secundários, importantes em
diversas relações ecológicas com outras espécies de organismos marinhos (Paul et al., 2006;
Teixeira, 2002). Dentre os diversos tipos de metabólitos secundários sintetizados, estão os
compostos halogenados, os quais incorporam elementos halogenados às moléculas orgânicas (cloro,
flúor e, principalmente, bromo). Estes elementos estão presentes em grande quantidade nas algas do
gênero Laurencia (Rhodomelaceae, Ceramiales). Em geral, esses compostos se encontram
compartimentalizados em estruturas celulares específicas para evitar a autotoxicidade celular e o
catabolismo dos metabólitos (Sudatti et al., 2008; Yasaki, 2005). Estas estruturas podem ser
organelas ou tipos celulares específicos, como fisóides, corpos em cereja e células glandulares
(Salgado et al., 2008). Em algumas espécies de Laurencia que produzem compostos halogenados,
como o elatol, esses metabólitos encontram-se principalmente armazenados em organelas
especializadas denominadas corpos em cereja (CC), localizadas nas células corticais e em células
dos tricoblastos (Salgado et al., 2008; Sudatti et al., 2008; Young et al. 1980). Sugere-se que estes
compostos podem ainda estar em vesículas distribuídas no citoplasma e em cloroplastos (Salgado et
al.¸ 2008). Contudo, não se sabe ainda a localização dos sítios de síntese destes compostos e,
inclusive, se os corpos em cereja participam desse processo ou se apenas estocam estas substâncias.
Neste sentido, sabe-se que enzimas do tipo peroxidases, especificamente haloperoxidases
dependentes de vanádio, estão envolvidas na halogenação, ciclilização e oxidação dos precursores
dos metabólitos secundários halogenados de algas vermelhas (Salgado et al.¸ 2008). Logo,
informações sobre a localização intracelular destas enzimas são fundamentais para compreender a
dinâmica da síntese dos compostos halogenados e para determinar os sítios de síntese destes
compostos.
OBJETIVO
Relacionar a localização e atividade de enzimas peroxidase com o processo de síntese de
metabólitos secundários na macroalga vermelha Laurencia dendroidea.
METODOLOGIA
Para a localização de peroxidases por imunofluorescência, fragmentos de algas foram fixados com
formaldeído 2% e glutaraldeído 0,1%. Em seguida, as amostras foram lavadas e tratadas com
enzima celulase (para permeabilizar a parede celular) e inibidor de protease em tampão MES 0,1 M.
Após a lavagem da solução de permeabilização, o material foi tratado em Triton X-100 a 0,5%, para
permeabilização da membrana plasmática. A amostra foi incubada por 12 horas com anticorpo antiperoxidase policlonal produzido em coelhos. Em seguida, a amostra foi incubada com anticorpo
secundário Anti-Rabbit IgG FITC e o controle foi feito com anticorpo primário para confirmação da
especificidade do protocolo. Os cortes longitudinais da amostra foram analisados no microscópio
Confocal de varredura a laser modelo LEICA TCS SPE acoplado a um microscópio invertido
DMI4000 do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A análise da emissão de
fluorescência da clorofila para localização dos cloroplastos foi realizada na banda espectral de 650 a
750 nm, com excitação com laser de 405 nm. Para a localização das peroxidases, utilizou-se um
laser de 488 nm para a excitação e para a observação da fluorescência do anticorpo secundário foi
feita a análise na banda espectral de 513 a 553 nm (pico de emissão do FITC = 533nm).
RESULTADOS
A marcação da peroxidase foi preferencial em vesículas adjacentes a membrana plasmática e a
cloroplastos, nos cloroplastos e nos CC (Figura 1). A amostra controle confirmou a especificidade
da reação do anticorpo secundário, confirmando a localização de enzimas peroxidases. A
localização dos cloroplastos foi realizada com sucesso através da análise da auto-fluorescência da
clorofila a.
DISCUSSÃO
Em condições de estresse, as plantas apresentam alta atividade de enzimas peroxidases e,
frequentemente, estas são as primeiras enzimas cuja atividade é alterada após eventos de estresse
(Oliveira et al. in press). Em algas vermelhas, os grupos de peroxidases específicos para o
metabolismo secundário e para defesa química contra patógenos são, principalmente, as
bromoperoxidases e as cloroperoxidases (Salgado et al., 2008). Em 1980, Young et al. identificaram
o elemento químico bromo em CC da alga Laurencia snyderae, sugerindo que essas organelas
armazenam compostos halogenados. Mais tarde, Salgado et al. (2008) confirmaram que o bromo e o
cloro são elementos químicos abundantes nos CC de L. dendroidea, indicando estas organelas como
sítios intracelulares de armazenamento de metabólitos secundários. Recentemente, Em Laurencia
dendroidea, Oliveira et al. (in press) encontraram, por análise transcriptômica, 10 sequências de
mRNA expressas relativas a síntese de enzimas bromoperoxidases, confirmando a presença desta
enzimas em L. dendroidea. Com isso, sugere-se que a elevada concentração de bromo e cloro
associada a presença de peroxidases nos CC é uma forte evidência da atividade de halogenação de
metabólitos secundários nestas organelas, ou seja, de síntese de metabólitos nesta organela.
CONCLUSÃO
A localização de peroxidases em estruturas celulares da alga vermelha Laurencia dendroidea
representa forte evidência de que os CC participam da via de síntese dos metabólitos secundários
halogenados. Vesículas localizadas na periferia celular também possuem enzimas peroxidases e
devem atuar, possivelmente, no transporte intracelular dessa enzima.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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