Plano de Voluntariado - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
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Plano de Voluntariado - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro 16, 17 e 18 de julho de 2013 Local: Escola Nacional de Botânica Tropical Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro XXI Seminário PIBIC 16, 17 e 18 de julho de 2013 Programa e Resumos Local: Escola Nacional de Botânica Tropical Rua Pacheco Leão, 2040 – Horto Florestal Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Presidente – Samyra Crespo Diretor de Pesquisa Científica – Rogério Gribel Soares Neto Diretor da ENBT – Henrique Gomes de Paiva Lins de Barros Diretor de Ambiente e Tecnologia – Guido Gelli Diretor de Gestão Interino – João Elisiário L. de Resende Museu do Meio Ambiente – Alda Heizer Comitê Interno PIBIC Claudia Franca Barros Leandro Freitas Leonardo Tavares Vidal de Freitas Mansano Secretária: Leila A. Fonseca Comitê Externo PIBIC André Marcio A. Amorim, Departamento de Ciências Biológicas, UESC Paulo Cesar de Paiva, Departamento de Zoologia - UFRJ Apoio Fundação Flora de Apoio à Botânica 05/07/2013 PROGRAMAÇÃO Dia 16/07/2013 13:30h - Abertura 14:00h - Palestra “BIODIVERSIDADE VS. BIOSSÍNTESE”, Profa. Dra. Maria Auxiliadora Kaplan (UFRJ) INTERVALO APRESENTAÇÕES – BOLSISTAS 15:15h – Alessandra Ribeiro Pinto COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM MATA ATLÂNTICA MONTANA 15:30h – Allan Jorge Ribeiro dos Santos EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE SELAGINELLA P. BEAUV. SUBGÊNERO STACHYGYNANDRUM (P. BEAUV. EX MIRB.) BAKER 15:45h – Ana Carolina Bergallo Guimarães FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS 16:00h – Ana Carolina dos Santos Calheiros APRIMORAMENTO DA TECNOLOGIA DE CULTIVO DE ULVA ESTADO DO RIO DE JANEIRO FLEXUOSA NO 16:15h – Ana Carolina Mariz Costa de Medeiros DELIMITAÇÃO DO COMPLEXO DE TÁXONS REÓFITOS DE DYCKIA (PITCAIRNIOIDEAE – BROMELIACEAE) COM USO DE MORFOMETRIA 16:30h – Análise dos relatórios dos bolsistas pelo Comitê Externo - CNPq Dia 17/07/2013 APRESENTAÇÕES – BOLSISTAS 9:15h – Bernard Carvalho Bandeira MELASTOMATACEAE REVISITADA NA FLORA ORGANENSIS 9:30h – Bruno Damasceno Cordeiro CRESCIMENTO E SOBREVIVÊNCIA DE PLÂNTULAS DE ANTHURIUM MARICENSE (ARACEAE) SOB CONDIÇÃO SIMULADA DE FACILITAÇÃO 9:45h – Palestra “O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER”, Dra. Marina Wolowski (AEDB Resende) INTERVALO 10:45h – Cínthia Cristina Cabral da Cruz RIQUEZA DE ESPÉCIES DE BRIÓFITAS DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ, AMAZÔNIA, BRASIL 11:00h – Fernanda de Araujo Masullo ONTOGENIA DOS FRUTOS (MALVACEAE) DE ESPÉCIES DA TRIBO MALVEAE 11:15h – Fernanda Marcelle de O. Azevedo EVOLUÇÃO EM FERRUGENS (UREDINALES – FUNGI): UMA VISÃO A PARTIR DA RECONSTRUÇÃO FILOGENÉTICA DOS HOSPEDEIROS 11:30h – George Azevedo de Queiroz DIVERSIDADE DE PIPERACEAE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI/MARICÁ, RJ BRASIL ALMOÇO 13:30h – Geysa Marinho de Souza LOCALIZAÇÃO INTRACELULAR DE METABÓLITOS CORTICAIS DE PLOCAMIUM BRASILIENSE (RHODOPHYTA) 13:45h – Iris Lourenco de Menezes VIABILIDADE DO CULTIVO FÁRMACOS DE ALGAS COM EM CÉLULAS POTENCIAL 14:00h – Júlia Maria Correia Gaspar HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO PARA 14:15h – Lilian Jorge Hill CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO INTERMEDIÁRIOS EM MACROALGAS MARINHAS DE FILAMENTOS 14:30h – Luis Henrique do C.A. da Silva EPIFITISMO E SÍNDROMES DE DISPERSÃO EM BROMELIACEAE DA MATA ATLÂNTICA 14:45h – Marco Octávio de O. Pellegrini A FAMÍLIA COMMELINACEAE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL INTERVALO 15:15h – Paloma Costa Cancella TRANSFERIBILIDADE DE MARCADORES DE DNA MICROSSATÉLITES EM ESPÉCIES DE JEQUITIBÁS (CARINIANA SPP., LECYTHIDACEAE) 15:30h – Rafael Gomes Barbosa da Silva RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ, AMAZÔNIA, BRASIL 15: 45h – Análise dos relatórios pelo Comitê Externo - CNPq Dia 18/07/2013 APRESENTAÇÕES – BOLSISTAS 9:15h – Tarlile Barbosa Lima MODELAGEM DE PADRÕES DE (LEGUMINOSAE, PAPILONOIDEAE), NEOTRÓPICO DISTRIBUIÇÃO UM GÊNERO EM SWARTZIA DIVERSO NO 09:30h – Thiago Iwase Silva ARISTOLOCHIACEAE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 09:45h – Palestra “ESTUDOS EM PIPERACEAE DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA AO DOUTORADO”, MSc. Daniele Monteiro – ENBT/JBRJ INTERVALO 10:45h – Thiago Rodas Mulles de Campos DIVERSIDADE DE FORMIGAS EM MANGUEZAIS NATURAIS E RECUPERADOS NA BAÍA DE GUANABARA E COMPLEXO LAGUNAR DA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ – RJ 11:00h - Vinicius Andrade de Melo ALTERNATIVAS PARA A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA MATA ATLÂNTICA NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE IV – MONITORAMENTO DA SOBREVIVÊNCIA E CONSIDERANDO AS CONDIÇÕES DE ALAGAMENTO AVALIAÇÃO DA COBERTURA DO DOSSEL NO PLANTIO DE TRECHO DE JANEIRO – FASE CRESCIMENTO, DAS MUDAS E 11:15h – Encerramento RESUMO EX-BOLSISTAS Priscila Quintela Pinto Paiva EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DE REGIÕES DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE JAMESONIELLA RUBRICAULIS (NEES) GROLLE Juliana Marins de Assis ATIVIDADE E LOCALIZAÇÃO DE PEROXIDASES EM LAURENCIA DENDROIDEA (J.AGARDH) COMPOSIÇÃO E ABUNDÂNCIA DE ABELHAS EUGLOSSINI (APIDAE) EM MATA ATLÂNTICA MONTANA Alessandra Ribeiro Pinto; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação: 08/2009; previsão de conclusão do curso: 08/2014; ingresso no PIBIC: abril/2012; orientador: Leandro Freitas INTRODUÇÃO A variação de altitude é um importante gradiente ecológico, sendo que, com o aumento da altitude ocorrem mudanças nos níveis de precipitação, diminuição da temperatura e maior presença de neblina (Gentry 1988, Lieberman et al. 1996), além da diminuição da pressão atmosférica e do aumento da radiação solar (Jones 1992). Os gradientes altitudinais são adequados para o estudo da composição de abelhas, pois muitas características que potencialmente influenciam na distribuição destes animais, como temperatura e disponibilidade de recursos, variam com a altitude (Michener 1979). A subtribo Euglossini, pertencente à família Apidae, apresenta ca. 200 espécies distribuídas pelos gêneros Eufriesea Cockerell, 1908, Euglossa Latreille, 1802 e Eulaema Lepeletier, 1841, além de Aglae Lepeletier & Serville, 1825 e Exaerete Hoffmannsegg, 1817, que são cleptoparasitas de outras euglossines (Roubik & Hanson 2004). O grupo é exclusivamente neotropical, ocorrendo desde a Argentina central até o sul dos Estados Unidos (Silveira et al. 2002). Euglossines de ambos os sexos são eficientes agentes polinizadores de muitas espécies, com destaque para a polinização de flores de perfume por machos (Janzen 1971). OBJETIVO O objetivo deste estudo é inventariar a composição de espécies de Euglossini na floresta montana do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, de forma a monitorar a ocorrência destas abelhas em três altitudes distintas, registrando em quais épocas do ano elas são mais diversas e frequentes. MATERIAL E MÉTODOS Local de estudo O estudo está sendo realizado no PARNASO, em trilhas localizadas na sede de Teresópolis, RJ. O local apresenta uma área de floresta ombrófila densa montana, onde abriga diversas espécies da fauna e da flora da Mata Atlântica. Suas altitudes atingem 2263 m no seu pico mais alto. Para a realização deste estudo foram selecionadas três trilhas a aproximadamente 960, 1050 e 1200 m de altitude. Procedimentos Para as coletas dos machos de Euglossini foram utilizadas armadilhas contendo iscas odoríferas (modelo desenvolvido por G.C. Silveira, comum. pess) (Fig. 1), com os compostos acetato de benzila, cinamato de metila, eucaliptol, eugenol, salicilato de metila e vanilina Cada armadilha foi preparada com apenas um composto aromático, sendo necessárias seis armadilhas para cada ponto de coleta. Essas armadilhas foram instaladas a uma altura de aproximadamente 1,5 m do solo e com uma distância de 10 m entre si, sendo colocadas a partir das 8:00 h e retiradas na mesma tarde, por volta das 16:00 h. O material coletado foi levado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. RESULTADOS Foram coletadas 62 abelhas pertencentes a três gêneros de Euglossini, sendo Euglossa o gênero mais representativo (Tab. 1). Os meses de setembro e outubro foram os mais abundantes. A maior abundância ocorreu a 960 m de altitude, diminuindo drasticamente nos outros pontos de coleta (Fig. 1). Todas as iscas odoríferas tiveram algum grau de atratividade, entretanto, a vanilina e o eucaliptol foram mais atrativas que as demais. DISCUSSÃO Apesar de ainda não termos uma série temporal completa, 62,9% dos machos foram coletados nos meses de setembro e outubro, sugerindo que a maior abundância ocorre no início da estação chuvosa. Já o final da estação chuvosa teve a menor abundância, com apenas um indivíduo coletado nos meses de março e abril. Essa distribuição de abundância pode ser explicada pelo aumento da temperatura na estação chuvosa e pela precipitação, que atinge níveis extremos no final deste período, podendo interferir na disponibilidade de recursos para estas abelhas. A diminuição da abundância nos pontos de coleta mais elevados, indica uma restrição para a ocorrência destas abelhas a partir de ca. 1000 m, sendo que o limite pode ser próximo aos 1200 m de altitude. Esse limite possivelmente está relacionado às mudanças abióticas relacionadas à altitude e também pode refletir ausência de recursos florais (i.e., espécies que secretam perfume como recurso). A preferência por certas iscas odoríferas já foi registrada em outros estudos, sendo que existe uma variação geográfica na preferência por fragrâncias entre os machos de Euglossini (Pearson & Dressler, 1985, Ackerman 1989, Farias et al. 2007, Ramírez et al. 2010). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACKERMAN J.D. 1989. Geographic and seasonal variation in fragrance choice and preferences of male euglossine bees. Biotropica 21: 340-347. FARIAS R.C.A.P., MADEIRA-DA-SILVA M.C., PEREIRA-PEIXOTO M.H., MARTINS C.F. 2007. Horário de atividade de machos de Euglossina (Hymenoptera: Apidae) e preferência por fragrâncias artificiais em mata e dunas na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, PB. Neotropical entomology 36: 863-867. GENTRY A.H. 1988. Changes in plant community diversity and Floristic composition on environmental and geographical gradients. Annals of Missouri Botanical Garden 75: 1- 34. JANZEN D.H. 1971. Euglossine bees as long-distance pollinators of tropical plants. Science 171: 203-205. JONES H.G. 1992. Plants and microclimate: a quantitative approachy to environmental plant physiology 2. Cambrige University Press, Cambrige. KIMSEY L.S. 1987. Generic relationships within the Euglossini (Hymenoptera: Apidae). Systematic Entomology 12: 63-72. LIEBERMAN M., LIEBERMAN D., PERALTA R., HARTSHORN G.S. 1995.Canopy closure and distribution of tropical forest tree species at La Selva, Costa Rica. Journal of Tropical Ecology 11: 161-17 PEARSON D.L., Dressler R.L. 1985. Two-year study of male orchid bee (Hymenoptera: Apidae: Euglossini) attraction to chemical baits in lowland south-eastern Peru. Journal of Tropical Ecology 1: 37-54. RAMÍREZ S.R., ELTZ T., FRITZSCH F., PEMBERTON R., PRINGLE E.G., TSUTSUI N.D. 2010. Intraspecific geographic variation of fragrances acquired by orchid bees in native introduced populations. Journal of Chemical Ecology 36: 873-884. ROUBIK D.W., HANSON P.E. 2004. Orchid bees from tropical America. Biology and field guide. INBio Press, Santo Domingo de Heredia. SILVEIRA F.A., MELO G.A.R., Almeida E.A.B. 2002. Abelhas brasileiras: Sistemática e identificação. Belo Horizonte, Fundação Araucária. Tabela 1. Distribuição de abundância e riqueza de espécies de abelhas Euglossini nos pontos de coleta referentes a 960, 1050 e 1200 m de altitude na Mata Atlântica montana no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Espécie Ponto de coleta (altitude) P1 (960 m) P2 (1050 m) P3 (1200 m) Euglossa cf. stellfeld Moure, 1947 34 11 2 Euglossa sp. 7 0 0 Euglossa carolina Nemésio, 2009 0 2 0 Euglossa liopoda Dressler, 1982 1 0 0 Euglossa hemichlora Cockerell, 1917 1 0 0 Eulaema marcii Nemésio, 2009 2 0 0 Eulaema nigrita Lepeletier, 1841 1 0 0 Eufriesea violacea (Blanchard, 1840) 1 0 0 Total 47 13 2 Figura 1. Distribuição da abundância dos machos de Euglossini ao longo do ano nos pontos de coleta referentes a 960, 1050 e 1200 m de altitude. EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE SELAGINELLA P. BEAUV. SUBGÊNERO STACHYGYNANDRUM (P. BEAUV. EX MIRB.) BAKER Allan Jorge Ribeiro, Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação 01/2009; previsão de conclusão do curso – 2013; ingresso no PIBIC: 02/2013; orientadora: Dra. Denise Pinheiro da Costa. INTRODUÇÃO A divisão Lycophyta constitui a linhagem mais basal das plantas terrestres vasculares (Pryer et al. 2001), sendo representada pelas famílias Selaginellaceae, Lycopodiaceae e Isoetaceae. O gênero Selaginella é monofilético segundo as análises mais recentes (Korall et al. 1999; Korall & Kenrich 2002; Korall & Kenrich 2004). Dentre as diversas sinapormofias que definem Selaginellaceae, estão: caule dicotômico de onde emergem rizóforos; folhas uninervadas dimórficas e achatadas (microfilos); esporângios adaxiais com deiscência transversal (Jermy 1990). Os primeiros estudos moleculares foram realizados por Korall et al. (1999), que identificaram Selaginellaceae como um grupo monofilético (clado “rizofórico”) e por Korall & Kenrick (2002), com a inclusão de 62 espécies e resultados semelhantes. Posteriormente, Korall & Kenrick (2004), realizaram um estudo filogenético de Selaginellaceae encontrando diferenças entre os genomas e um padrão de relacionamento semelhante aos estudos realizados. Korall & Taylor (2006) estudaram as variações morfológicas do megásporo de 52 espécies num contexto filogenético indicando várias sinapormofias para os clados da família. Nestes estudos representantes da série Articulatae foram utilizados demonstrando uma relação mais próxima com as espécies isófilas (Korall et al. 1999). Esta série está incluída no subgênero Stachygynadrum possui cerca de 40 táxons endêmicos da América Latina, um asiático e um nativo do Sul da África (Somers 1982). Assim, em relação à monofilia do gênero Selaginella existe um consenso, entretanto, o mesmo não ocorre com as relações infragenéricas, principalmente nos subgêneros Heterostachys e Stachygynandrum (Korall et al. 1999), e apesar dos estudos realizados para Selaginella nenhum tratou exclusivamente de Articulatae. Dessa maneira é importante a elaboração de uma filogenia para a série Articulatae, subgênero Stachygynandrum. Este plano de trabalho está inserido na tese de doutorado de Revisão taxonômica de Selaginella (P. Beauv) subgen. Stachyginandrum (P. Beauv ex Mirb) Baker no Brasil e filogenia da série Articulatae Spring. OBJETIVOS Objetivos gerais Realizar a filogenia para a série Articulatae, subgênero Stachygynandrum, e com os resultados obtidos colaborar com o estudo do subgênero Heterostachys que vem sendo desenvolvido na UFMG. Objetivos específicos 1) extração de DNA de indivíduos de diferentes espécies de Selaginella, 2) otimização das condições de amplificação do genoma de cloroplasto. METODOLOGIA Coleta do material Foram coletadas amostras nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado,que concentram a maior parte das espécies no Brasil. Extração do DNA A extração do DNA genômico total foi realizada com o protocolo CTAB (Doyle & Doyle, 1987), modificado por Ferreira & Grattapaglia (1998). Quantificação do DNA Foram utilizados dois métodos: 1) quantificação por análise comparativa utilizando padrões de massa molecular conhecida em géis de agarose, submetidos a eletroforese e posteriormente analisados sob luz ultra-violeta em transiluminador e fotodocumentados; 2) análise espectrofotométrica utilizando-se o equipamento NanoDrop com determinação automática da concentração de ácidos nucleicos (DNA e RNA) a partir da análise de 1 l de solução de amostra. RESULTADOS E DISCUSSÃO Coleta do material Foram coletadas amostras de 10 espécies nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado, correspondendo a 25% dos terminais. Extração e quantificação do DNA O protocolo CTAB mostrou-se eficiente para extração em material coletado em sílica, mas não para material de herbário. Foi extraído o DNA genômico total de todos os indivíduos coletados, totalizando 10 indivíduos. As imagens de géis indicam a boa qualidade e quantidade do DNA extraído. Foi possível estimar pelo método comparativo as concentrações do DNA (50 e 200 ng/ l) e por espectrofotometria (220-3400 nm com pico de 260 nm). As estimativas das concentrações do DNA extraído de 10 indivíduos por análise no NanoDrop foram iguais ao método comparativo. CONCLUSÕES O protocolo CTAB utilizado mostrou-se eficiente para a extração de DNA de Selaginella, tanto qualitativa quanto quantitativamente, para material recém coletado em sílica, mas não para amostras de herbário. Os testes realizados para otimizar as condições de amplificação do genoma do cloroplasto de Selaginella tiveram êxito com material fresco, apresentando produtos amplificados com alta especificidade e robustez. Entretanto para material de herbário estes não se mostraram eficientes e as condições de extração ainda estão sendo otimizadas para este tio de amostra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DOYLE, J.J.; DOYLE, J. L. 1987. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, 12: 13-15. FERREIRA, M.E. & GRATTAPAGLIA, D. 1998. Introdução ao uso de marcadores moleculares em análise genética, 3ª ed. EMBRAPA-CENARGEN, Brasília. KORALL, P. & KENRICH, P & THERRIEN, J.P. 1999. Phylogeny of Selaginellaceae: evaluation of generic/subgeneric relationships based on rbcL gene sequences. International Journal of Plant Sciences 160: 585-594. KORALL, P. & KENRICH, P. 2002. Phylogenetic relationships in Selaginellaceae based on rbcL sequences. American Journal of Botany 89: 506-517. KORALL, P. & KENRICH, P. 2004. The phylogenetic history of Selaginellaceae based on DNA sequences from the plastid and nucleus: extreme substitution rates and rate heterogeneity. Molecular phylogenetics and evolution 31(3): 852-864. KORALL, P. & TAYLOR, W.A. 2006. Megaspore morphology in the Selaginellaceae in a phylogenetic context: A study of the megaspore surface and wall structure using scanning electron microscopy. Grana 45: 22–60. PRYER, K.M., SCHNEIDER, H., SMITH, A.R., CRANFILL, R., WOLF, P.G., HUNT, J.S. & SIPES, S.D. 2001. Horsetails and ferns are a monophyletic group and the closest living relatives to seed plants. Nature 409: 618-622. SOMERS, P. Jr. 1982. A Unique Type of Microsporangium in Selaginella Series Articulatae. American Fern Journal 72(3): 88-92. FLORA DOS CAMPOS DE ALTITUDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS Ana Carolina Bergallo; Graduação em Ciências Biológicas, PUC-Rio; ingresso na graduação – 03/2011; previsão de conclusão – 12/2014; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientador: Gustavo Martinelli INTRODUÇÃO Os Campos de Altitude vêm sendo indicados como áreas de grande riqueza e alto grau de endemismo (Martinelli, 1984, 1996, 2007; Porembski et al,. 1998; Safford, 1999; Safford & Martinelli, 2000; Ribeiro, 2002; Ribeiro et al., 2007). Devido à dificuldade de acesso, os campos de altitude mativeram-se em muitos casos bem preservados das ações antrópicas e, portanto, abrigam amostras da flora bem conservadas. Contudo por esse mesmo motivo existe escassez de informações a seu respeito, pouco se sabendo sobre suas características básicas, e sendo raras até mesmo pesquisas descritivas (Mocochinski, 2006). A escassez de coleta e a falta de conhecimento das características ecológicas dos ecossistemas em relação aos levantamentos básicos sobre a fauna impedem a elaboração de estratégias adequadas para a conservação de espécies e a definição de áreas prioritárias para a conservação. OBJETIVO O presente estudo objetiva gerar uma lista das espécies da flora ocorrentes nos campos de altitude do Parque Estadual de Três Picos, no estado do Rio de Janeiro. Tendo em vista complementar os trabalhos realizados por Martinelli (1996) para este tipo de vegetação, uma vez que este conjunto de montanhas não foi incluído nos levantamentos realizados anteriormente. MATERIAL E MÉTODOS Local de estudo Para seleção dos campos de altitude a serem estudados foi feita uma análise prévia a partir de mapas de relevo disponíveis pela EMBRAPA, da literatura e de uma visita técnica a sede do Parque Estadual dos Três Picos. Os critérios utilizados para a escolha foram altitude e acesso. Procedimentos A obtenção de dados de flora e características ecológicas da área estudada foram feitas utilizando literatura e bancos de dados das coleções dos herbários, a partir do site SpeciesLink. Os dados foram filtrados por palavras-chaves, organizados, limpos (selecionando apenas os de interesse para a pesquisa) e a nomenclatura foi atualizada. Para complementar a lista elaborada pela literatura e pelo banco de dado dos herbários, serão desenvolvidos trabalhos de campo, utilizando os métodos usuais de coleta e herborização do material botânico. A caracterização das principais condicionantes ambientais será através do uso de equipamentos em parte existentes nos laboratórios do JBRJ. As análises de riqueza serão utilizadas as fórmulas de Mueller-Dombois & Ellemberg (1974); e para a caracterização dos endemismos será utilizado o trabalho de Cain (1954). RESULTADOS Inicialmente ficaram determinadas expedições as seguintes montanhas: Vale dos Deuses – Pico Menor, Mirante do Capacete, Cabeça do Dragão e Caixa de Fósforos, Vale dos Frades – Morro dos Cabritos e Pedra D’Anta, Vale das Sebastianas – Dois Bicos, Pedra do Elefante, Morro da Mulher de Pedra e Torres de Bonsucesso, e Pico do Caledônia. Foi elaborada uma lista com 181 coletas no Parque Estadual dos Três Picos. Grande parte dos espécimes não foi identificada, sendo a maioria descrita apenas até a família. As famílias predominantes foram Bromeliaceae, com 32 indivíduos e Orchidaceae, com 32 indivíduos. Uma segunda lista somente com indivíduos coletados no Pico do Caledônia foi elaborada, resultando num total 324 indivíduos (Tabela 2). As famílias predominantes desta lista são Asteraceae, Bromeliaceae, Melastomataceae, Onagraceae e Poaceae. DISCUSSÃO Com a elaboração das listas e com a caracterização da vegetação e dos aspectos ecológicos dos campos de altitude do Parque Estadual dos Três Picos, fica evidente a necessidade da realização do presente estudo na localidade. Ainda são muito escassas as informações e os dados sobre as espécies ocorrentes e a atual status de conservação da área, dificultando os planos de manejo e estratégias para a conservação. CONCLUSÃO Ainda serão realizadas expedições ao longo deste e do próximo ano, a fim de se obter maiores informações sobre as espécies que ocorrem nos campos de altitude do PETP. Como resultados serão produzidos listas, análises e comparações a outras áreas já conhecidas, que futuramente poderão auxiliar nos planos de manejo e encaminhar estratégias para a conservação deste tipo vegetacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE – INEA. Plano de Manejo do Parque Estadual dos Três Picos – PETP, 1ª Revisão. Junho, 2006. MARTINELLI, G. 1984. Nota sobre Worsleya rayneri (J.D. Hooker) Traub & Moldenke, espécie ameaçada de extinção. Rodriguésia, 36 (58): 65-72. Rio de Janeiro. MARTINELLI, G. 1996. Campos de Altitude (2ª edição), Editora Index, Rio de Janeiro. POREMBSKI, S.. MARTINELLI, G., OHLEMÜLLER, R. & BARTHLOTT, W. 1998. Diversity and ecology of saxicolous vegetation mats on inselbergs in the Brazilian Atlantic rainforest. Divertsity and Distributions. 4:107-119. RIBEIRO, K.T. 2002. Estrutura, dinâmica e biogeografia de ilhas de vegetação rupícola do Planalto de Itatiaia, RJ. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. RIBEIRO, K.T. MEDINA, B.M.O. & SCARANO, F.R. 2007. Species composition and biogeographic relations of the rock outcrop flora on the high plateau of Itatiaia, SE-Brazil. Revista Brasileira de Botânica, 30 (4) 687-694. SAFFORD, H.D. 1999. Brazilian paramos: Introduction on the physical environmentand vegetation of the campos de altitude. Journal of Biogeography. 26:693-712. SAFFORD, H.D. & MARTINELLI, G. 2000. Southeast Brazil. In: Inselbergs – Biotic Diversity of Isolated Rock Outcrops in Tropical and Temerate Regions (S. Porembski & W. Barthlott – eds.). Springer-Verlag, Ecological Studies. 146:339-389. APRIMORAMENTO DA TECNOLOGIA DE CULTIVO DE ULVA FLEXUOSA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Ana Carolina dos Santos Calheiros; Graduação em Ciências Biológicas, FAMATh; ingresso na graduação-03/2012; previsão de conclusão do curso-06/2014; ingresso no PIBIC agosto/2012; orientadora: Renata Perpetuo Reis. INTRODUÇÃO Embora muitas espécies nativas produzam substâncias de interesse comercial, ainda não existem tecnologias de cultivo bem estabelecidas para tais espécies, sendo este um dos maiores desafios para o desenvolvimento da algicultura (cultivo de algas) no país (Pellizzari & Reis 2011). Apesar espécies de Ulva possuírem um diverso potencial de usos comerciais (Copertino et al. 2009), seus cultivos comerciais estão restritos aos países orientais, como Japão, China e Coréia (Ohno 2006). No Brasil, vem sendo investigada o cultivo de espécies deste gênero no litoral sul fluminense, com indícios de viabilidade comercial (Castelar et al. 2011; Calheiros 2012). Desta forma, o presente estudo visou complementar estes estudos. OBJETIVO Aprimorar a tecnologia de cultivo de Ulva flexuosa no litoral sul fluminense, através da identificação do método ideal de inoculação de cordas de cultivo com esporos de Ulva flexuosa e da avaliação do seu crescimento no mar. MATERIAIS E MÉTODOS Ulva flexuosa foi coletada na praia do Arpoador, município do Rio de Janeiro, RJ, para testar a esporulação in vitro e o assentamento de plântulas em cordas de cultivo que foram cultivadas no mar. In vitro, foi testado o método de esporulação por alta concentração de nutrientes em condições ambientais controladas, usado por Calheiros (2012). Em cada um dos cinco aquários (n=5) com as algas, foi colocada uma corda de cultivo com 6 m, que serviu de substrato para fixação dos esporos. Após 20 dias, através de microscópio estereoscópico, foi quantificado o número de plântulas assentadas por metro linear em dez amostras de cordas com 10 cm. As cordas com as plântulas de U. flexuosa (n=6) foram instaladas em uma balsa flutuante no mar na praia da Vila da Petrobrás, município de Angra dos Reis, RJ (23º00’62’’S - 44º14’33’’O). Foram usados dois tratamentos: Tratamento Inoculado (TI), foram usadas seis cordas, com 3m de comprimento, inoculadas com esporos de U. flexuosa (n=6). No Tratamento Controle (TC), seis cordas semelhantes às usadas no TI, foram previamente lavadas com água do mar. Três períodos amostrais foram usados: 1º = 27 de maio a 7 de junho de 2012 (40 dias), 2º = 4 a 18 de dezembro de 1012 (14 dias) e 3º = 18 de dezembro a 5 de janeiro de 2013 (32 dias). A viabilidade do cultivo foi avaliada pela Taxa de Crescimento Diário (TCD (% dia-¹) =[( massa úmida final/massa úmida inicial) 1/dias de cultivo −1]×100% (Yong et al. 2013). Testes estatísticos foram usados para verificar as diferenças entre os tratamentos através do programa Statistica da StatSoft. O intervalo de confiança para os testes de significância foi de 95% (p = 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram assentadas 8.122±3.387 plântulas.m-1, resultado semelhante ao obtido por Calheiros (2012), com esta espécie e este método (t=-0,32, p=0,75). Foi comprovada a eficiência deste método de esporulação e foram estabelecidas as condições ambientais de laboratório para a sua esporulação. As algas cresceram no mar (Fig. 1, 2, Tab. 1) e não foram observadas diferenças significativas entre as TCD das algas cultivadas no TI com as no TC (t = 1,11, p = 0,28), tampouco quando analisadas separadamente em dias 14 dias de cultivo (U =1,92, p= 0,06) e em 32 dias (t = 0,04, p =0,96). Este resultado foi positivo para a algicultura de U. flexuosa, uma vez que em menos de 15 dias as cordas foram inoculadas naturalmente no mar e apresentaram crescimento semelhante as que foram inoculadas em laboratório. Desta maneira, em locais propostos para implantação desta algicultura deve ser testado o método de inoculação natural no mar, de modo a baixar custos com manejo. É conhecido o alto custo com pagamento de pessoal (Góes & Reis 2011) e de manutenção de laboratórios. Em locais onde este método não é possível, recomenda-se o método de indução de esporulação por aumento de nutriente. Quando comparados os três períodos de cultivo (14, 32 ou 40 dias), o maior crescimento de U. flexuosa ocorreu em 14 dias (Tab. 1, Fig. 1; F=64,86, p < 0,001, LSD test). O estabelecimento de ciclos de produção da espécie alvo é fundamental para a elaboração de procedimentos de produção desta algicultura. Neste local, foi determinado que ciclos de produção próximos a 14 dias de cultivo são ideais para o cultivo desta espécie. Este curto ciclo de produção é outra vantagem para esta algicultura, com a possibilidade de 24 ciclos ao ano. Na algicultura de K. alvarezii apenas 7 ciclos são possíveis (Góes & Reis 2011). De fato, esta é uma espécie considerada de rápido crescimento e isto favorece o seu cultivo comercial, principalmente por evitar a exposição das mudas aos fatores ambientais prejudiciais ao seu crescimento, como a herbivoria e a entrada de frentes meteorológicas, esta última conhecida pela perda de biomassa e quebra das estruturas de cultivo (Góes & Reis 2011) . As médias das taxas de crescimento de U. flexuosa obtidas em 14 dias estão acima das obtidas com espécies do mesmo gênero registradas por Amano & Noda (1994), Ale et al. (2010) e Calheiros (2012) cultivadas in vitro e as de Copertino et al. (2009) cultivadas em tanques, que estiveram próximos a 15%.dia-1. Quando comparadas com o crescimento de algas comercializadas, que possuem tecnologias de cultivo bem estabelecidas, como Kappaphycus alvarezii (Góes & Reis 2011) e Gracilaria spp. (Bezerra & Marinho-Soriano 2010), nossos resultados foram promissores. CONCLUSÃO U. flexuosa é uma importante candidata para o estabelecimento da algicultura de Ulva no litoral sul fluminense. Antes da implantação da algicultura em um novo sítio deve ser testado método de inoculação natural no mar. Algas podem ser cultivadas em 14 dias, com a possibilidade de obter até 24 ciclos de produção por ano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALE, M.T.; MIKKELSEN, J.D.; MEYER, A.S. 2010. Differential growth response of Ulva lactuca to ammonium and nitrate assimilation. Journal of Applied Phycology, 23: 345-351. AMANO H & NODA H. 1994. Effects of plant-growth regulators, organic-acids, and sugars on growth and chemical-constituents in the tissue-culture of sea lettuce Ulva pertusa. Fisheries Science, 60: 449-454. BEZERRA, A.F.; MARINHO-SORIANO. 2010. E. Cultivation of the red seaweed Gracilaria birdiae (Gracilariales, Rhodophyta) in tropical waters of northeast Brazil. Biomass and Bioenergy,34: 1813-181. CALHEIROS, A.C.S. 2012. Viabilidade da algicultura de Ulva spp. no litoral sul fluminense. Relatório PIBIC, Agosto 2011 a Julho 2012. 13p. CASTELAR B., CALHEIROS A.C.S. & REIS R.P. 2011. Viabilidade da algicultura de Ulva spp. no litoral fluminense. III Workshop REDEALGAS, Paty do Alferes, RJ. Livro de resumos p.47 COPERTINO, M.D., TORMENA,T., SEELIGER, U. 2009. Biofiltering efficiency, uptake and V assimilation rates of Ulva clathrata (Roth) J. Agardh (Clorophyceae) cultivated in shrimp aquaculture waste water. Journal of Applied Phycology, 21:31-45. GÓES, H.G. & REIS, R.P. 2011. An initial comparison of tubular netting versus tie–tie methods of cultivation for Kappaphycus alvarezii (Rhodophyta, Solieriaceae) on the south coast of Rio de Janeiro State, Brazil. Journal of Applied Phycology, 23:607-613. OHNO, M. 2006. Recent developments in the seaweed cultivation and industry in Japan, in: SiewMoi, P; Crichley, A. T. & Ang Jr, P.O. (eds). Advances in seaweed cultivation and utilization in Asia. Proceedings of a workshop held in conjunction with the 7th Asian Fisheries Forum, Penang, Malaysia. PELLIZZARI J. & REIS R.P. 2011. Seaweed cultivation on the Southern and Southeastern Brazilian Coast. Revista Brasileira de Farmacognosia, 221:305-312. Tabela 1: Taxas de crescimento diário (%.dia-1) de Ulva flexuosa cultivadas nos diferentes nos períodos amostrais na praia da Vila da Petrobrás, baía da Ilha Grande, RJ. Período de cultivo Tempo cultivo 1o (27mai -7jun 2012) de Tratamento (mínimo) médio ± desvio Mediana padrão (máximo) 40 dias Inoculado (4,84)5,63±0,51 (6,13) 5,68 2o (4dez -18dez 2012) 14 dias 14 dias Inoculado Controle (17,7) 20,1±1,9 (22,5) (8,4) 14,6±5,1 (19,3) 19,77 15,27 3o (18dez -5jan 2013) 32 dias 32 dias Inoculado Controle (4,7) 6,6±1,4 (8,3) (5,9) 6,6±0,7 (7,3) 6,14 6,56 Figura 1: Cordas com plântulas de Ulva flexuosa cultivados no mar na praia da Vila da Petrobrás, baía da Ilha Grande, RJ. 24 Taxa de Crescimento Diário (%.dia -1) 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 14 dias - TI 14 dias - TC 32 dias - TI 32 - TC 40 dias - TI Tempo de cultivo - Tratamento Figura 2: Média (quadrado), desvio padrão (retângulo) e erro padrão (traços) das Taxas de Crescimento Diário de Ulva flexuosa cultivada no mar em diferentes períodos (14, 32 e 40 dias) e diferentes tratamentos (TI = Tratamento Inoculado e TC = Tratamento Controle), na praia da Vila da Petrobrás, baía da Ilha Grande, RJ. DELIMITAÇÃO DO COMPLEXO DE TÁXONS REÓFITOS DE DYCKIA (PITCAIRNIOIDEAE – BROMELIACEAE) COM USO DE MORFOMETRIA Ana Carolina Mariz Costa de Medeiros; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação– fevereiro/2012; conclusão do curso prevista para dezembro/2016; ingresso no PIBIC: março/2012; orientadoras: Rafaela Campostrini Forzza e Fernanda dos Santos Silva. INTRODUÇÃO Dyckia Schult. e Schult f. pertence a Pitcairnioideae e conta com cerca de 160 espécies e três sinapomorfias morfológicas são indicadas para o gênero: a presença de inflorescência axilar, de nectários extranupciais nas sépalas e de um anel pétalo-estamínico (Forzza 2001). No sul do Brasil, na região de Mata Atlântica, alguns táxons de Dyckia ocorrem em leitos de rios e podem ser definidos como reófitos segundo Van Steenis (1981). Segundo esse autor, reófitas são plantas que ocupam leitos de rios com corredeiras e que resistem à submersão em períodos de enchente. Klein (1979) reconhece três espécies de Dyckia reófitas presentes no estado de Santa Catarina: D. brevifolia Baker, D. distachya Hassler e D. ibiramensis Reitz. Além desses três táxons, espécimes de herbário apontam para a ocorrência de D. microcalyx var. ostenii como reófitas ao longo do rio Iguaçú no Paraná. Esses táxons reófitos de Dyckia apresentam questões relacionadas às suas delimitações. Segundo Hmelijewski (2007) e Wiesbauer (2008) existe uma grande semelhança entre as partes vegetativas e uma grande variação de atributos florais nas populações destes táxons. Dessa forma, somente um estudo mais acurado de todos os binômios envolvidos (15 ao todo) poderia confirmar a identidade desses táxons. OBJETIVO Esse estudo teve como objetivo utilizar a análise morfométrica tradicional para a avaliação das variações morfológicas presentes nos táxons reófitos de Dyckia. METODOLOGIA Foram amostrados espécimes pertencentes às populações naturais dos táxons reófitos, localizadas na região sul do Brasil, na Argentina e no Paraguai. Em laboratório foram dissecadas, montadas em fichas florais e digitalizadas em scanner de mesa. As medidas das variáveis foliares foram realizadas em campo. Foram tomadas medidas das peças florais, a partir das fichas digitalizadas com auxílio do programa de acesso livre Image J (Image processing analysis in Java). Para que os dados pudessem ser avaliados e computados, foram determinadas variáveis para cada tipo de peça floral. Sempre que fosse medida uma peça floral a parte medida seria a de maior amplitude. As medidas devem ir até o ponto em que a peça floral estiver inteira, caso o material estivesse rasgado ou danificado em uma parte a mesma não deve ser contabilizada. No caso de partes que se perdem com facilidade durante a coleta e preparação, como por exemplo, as anteras, apenas uma de cada flor foi medida. Além das variáveis florais, foram realizadas medidas em campo dos seguintes caracteres: diâmetro da roseta, altura da inflorescência e número de 2 ramificações. Foram feitas análises multivariadas com o programa PAST v. 2.04 (Hammer 2010). Foram criadas duas matrizes de dados: uma com os dados referentes às variáveis florais e uma com os dados referentes às variáveis florais e variáveis coletadas em campo. RESULTADOS Na PCA realizada a partir da matriz de dados florais e de campo foram considerados informativos os três primeiros componentes principais por explicarem mais de 98% da variância dos dados. O primeiro componente, explica 80, 81% da variância, a variável que mais influencia esse eixo é a altura da inflorescência. O segundo componente, que explica 12,62% da variância, o diâmetro da roseta é o que mais influencia nesse eixo. O terceiro componente representa 4, 82% da variância, a variável de mais influência é a bráctea do escapo. Com o resultado da PCA, é possível verificar a sobreposição dos táxons reófitos. A partir da matriz de escores dessa PCA, foram realizadas duas análises de variância canônica, uma utilizando táxons e outra usando populações como variáveis categóricas. Nos dois primeiros eixos da CVA com táxons como variáveis categóricas (juntos representam mais de 93% da variação) é possível distinguir significativamente D. microcalyx var. microcalyx dos táxons reófitos (com resultado teste T2 de Hotelling com p< 0,05). Mas nem todos os táxons se distinguem significativamente um dos outros. Nos dois primeiros eixos da CVA com populações como variáveis categóricas, assim como na PCA, é possível verificar a sobreposição dos táxons reófitos. Entretanto é possível verificar diferenças significativas entre populações de um mesmo táxon. DISCUSSÃO A análise realizada separadamente de duas matrizes de dados: variáveis florais e variáveis florais combinadas com variáveis de campo (vegetativas), mostrou a importância da combinação dos dados para uma melhor distinção entre categorias. A avaliação das populações como variáveis categóricas conseguiu demonstrar diferenças significativas entre diferentes populações de um mesmo táxon. Isso pode estar correlacionado e servir como evidência morfológica de estruturação genética em metapopulações. Os resultados aqui obtidos evidenciam que D. microcalyx var. microcalyx é distinta dos táxons reofíticos. Esse táxon não ocorre nas margens de rios, e foi incluído na análise por representar a variedade-tipo de um dos táxons do complexo de Dyckia reófitas. Optou-se por trabalhar nesse primeiro momento com pelo menos uma população de cada táxon de Dyckia reófita que temos coletadas para explorar a presença de variação morfológica. Entretanto, mesmo com os resultados ainda parciais, fica evidente que as análises morfométricas têm potencial na delimitação dos táxons reófitos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HAMMER, O. 2010. PAST 2.04. Paleontological Statistics. HMELJEVSKI, K.V. 2007. Caracterização reprodutiva de Dyckia ibiramensis Reitz, uma bromélia endêmica do AltoVale do Itajaí, SC. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Santa Catarina. 65p. KLEIN, R.M. 1979. Reófitas no Estado de Santa Catarina. Separata dos Anais da Sociedade Botânica do Brasil. São Paulo, p. 159-169. LUTHER H.E. 2008. An alphabetical list of Bromeliad binomials. The Bromeliad Society International. Sarasota, Florida. REITZ, R, 1983. Bromeliáceas e a Malária - Bromélia endêmica. In Flora Ilustrada Catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí, pars. 1, fascículo Bromeliaceae, p. 1-559. SMITH, L.B. & DOWNS, R.J. 1974. Pticairnioideae. Flora Neotropica. (monograph 14 part 1). Hafner Press, New York. VAN STEENIS, C.G.C. J. 1981. Rheophytes of the world: an account of the flood-resistant flowering plants and ferns and the theory of autonomous evolution. Sijthoff & Noordhoff, Maryland. 407p. WIESBAUER, M. B. 2008. Biologia Reprodutiva e diversidade genética de Dyckia distachya Hassler (Bromeliaceae) como subsídio para a conservação e reintrodução de populações extintas na natureza. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 95p. MELASTOMATACEAE REVISITADA NA FLORA ORGANENSIS Bernard Carvalho Bandeira; Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida (UVA); ingresso na graduação – 07/2008; previsão de conclusão do curso – 07/2013; ingresso no PIBIC: outubro/2011; orientador: José Fernando A. Baumgratz. INTRODUÇÃO A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do mundo, mas ainda possui expressiva diversidade biológica, cuja riqueza de espécies representa 5% da flora mundial, sendo quase metade endêmica desse bioma (Stehmann et al. 2009). O Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) localiza-se nesse bioma, precisamente no estado do Rio de Janeiro, no sistema orográfico da Serra do Mar (Fig. 1). Melastomataceae tem sido apontada como uma família de expressiva diversidade na flora fluminense e na Mata Atlântica, onde é apontada como uma das mais importantes entre as angiospermas, devido à riqueza de espécies e endemismos (Rizzini 1954; Baumgratz 2004; Baumgratz et al. 2006, 2007; Barberena et al. 2008; Santos Filho & Baumgratz 2008; Stehmann et al. 2009). A família possui também ampla diversidade morfológica, vegetativa e reprodutiva, e os espécimes podem ser encontrados em diferentes formações vegetacionais. Entretanto, inventários florísticos e estudos taxonômicos sobre a família na flora fluminense ainda são escassos e restritos a determinadas áreas ou grupos taxonômicos (Baumgratz et al. 2006, 2007; Barberena et al. 2008). Apesar da riqueza de espécies no PARNASO, dados publicados sobre as Melastomataceae (Rizzini 1954) são escassos e incompletos para os dias atuais, considerando novos conhecimentos obtidos tanto em registros de novas coleções de herbários e dados de inventários florísticos, como provenientes de pesquisas em novas áreas incorporadas à Unidade, em 2009. OBJETIVOS A fim de suprir lacunas de conhecimento e complementar os dados disponíveis sobre as Melastomataceae no PARNASO, objetiva-se organizar, revisar e atualizar o banco de dados, proceder a coleta de espécimes, realizar análise qualiquantitativa da diversidade da família, incluindo endemismos e registros de coleções, organização do banco de imagens das coleções-tipo e/ou históricas, elaboração de uma chave dicotômica para a identificação dos gêneros e descrição diagnóstica dos gêneros. METODOLOGIA O PARNASO está situado nos municípios Guapimirim, Magé, Petrópolis e Teresópolis, entre 100 e 2263 m, com ca. 20.024 ha e cobertura de Floresta Ombrófila Densa. Procedeu-se o levantamento em obras clássicas e específicas, além de sítios eletrônicos, sendo a bibliografia constantemente atualizada. Prosseguiu-se com a atualização da base de dados em planilha Excel, incluindo informações recém-divulgadas na literatura especializada, principalmente dissertações e teses, e através das coletas realizadas durante expedições científicas. Continuou-se com a elaboração do banco de imagens digitalizadas de espécies obtidas em sítios eletrônicos especializados. RESULTADOS Melastomataceae está representada no PARNASO por 148 espécies e 19 gêneros, sendo 116 espécies endêmicas da Floresta Atlântica, 27 da flora fluminense e sete (Behuria corymbosa Cogn., B. mouraei Cogn., B. organensis (Saldanha & Cogn.) Tavares & Baumgratz, Leandra acuminata Cogn., L. mouraei Cogn., L. organensis Cogn. e Meriania excelsa (Gardner) Cogn.) da área de estudo. Os gêneros com maior número de espécies são Leandra (54 spp.), Miconia (32 spp.) e Tibouchina (24 spp.). Recentemente, recoletou-se espécimes de Ossaea sanguinea Cogn. e Clidemia urceolata DC., após 81 e 61 anos, respectivamente, e descobriu-se uma nova população de Bertolonia leuzeana (Bonpl.) DC. As espécies Clidemia capilliflora (Naudin) Cogn., Miconia albicans (Sw.) Steud, Miconia stenostachya DC., Tibouchina clavata (Pers.) Wurdack e T. herbacea (DC.) Cogn. são documentadas pela primeira vez para a Unidade e seu entorno. DISCUSSÕES E CONCLUSÃO O PARNASO é um local de grande importância para a conservação da biodiversidade do estado do Rio de Janeiro e apresenta uma significativa diversidade de Melastomataceae, com grande potencial para o desenvolvimento de estudos taxonômicos e de conservação. Estudos publicados sobre essa família na área ainda são incipientes e precisam ser complementados, com base não só em novas coleções quanto em novos dados taxonômicos divulgados. Apesar de novas áreas terem sido incorporadas a essa Unidade, muito pouco se conhece sobre a composição florística. Expedições realizadas a esses locais tem possibilitado o registro de novas ocorrências de espécies, não só para a Unidade como para a flora fluminense. Dessa forma, é necessária a continuação de pesquisas sobre as Melastomataceae nessa Unidade de Conservação, considerando-se também a Zona de Amortecimento em seu entorno, a fim de complementar as informações disponíveis e buscar novos dados que preencham lacunas de conhecimento. Nesse sentido, é fundamental priorizar também regiões não exploradas e/ou de difícil acesso, tanto localizadas em baixa altitude quanto de mata nebular e campos de altitude, cujo conhecimento sobre a composição florística ainda é escasso. Essas ações também possibilitarão a recoleta de espécies ainda não encontradas na área há mais de 50 anos (Fig. 2) ou mesmo novas para a Ciência e documentar novos registros de espécies apenas citadas em literatura ou representadas pelo exemplar-tipo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBERENA, F.F.V.A.; BAUMGRATZ, J.F.A. & CHIAVEGATTO, B. 2008. Melastomataceae no Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro, Brasil: Tribos Bertolonieae e Merianieae. Rodriguésia 59(2): 381-392. BARROSO, G.M. et al. 1984. Melastomataceae. In: Sistemática de Angiospermas do Brasil. Viçosa, Imp. Univ. U.F.V., v. 2, p. 135-154. BAUMGRATZ, J.F.A. 2004. Sinopse de Huberia DC. (Melastomataceae: Merianieaea). Revista Brasileira de Botânica 27 (3): 545-561. BAUMGRATZ, J.F A. et al. 2006. Melastomataceae na Reserva Biológica de Poço das Antas, Silva Jardim, Rio de Janeiro, Brasil: aspectos florísticos e taxonômicos. Rodriguésia 57(3): 591646. BAUMGRATZ, J.FA. et al. 2007. Melastomataceae na Reserva Ecológica de Macaé de Cima, Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil. I – Tribos Bertolonieae, Merianieae e Micolicieae. Rodriguésia 58(4): 797-822. COGNIAUX, A. 1883-1888. Melastomaceae. In: C.F.P. Martius, A.G. Eichler & I. Urban. Flora brasiliensis. 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Figura 1: Mapa do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, destacando, em amarelo, a expansão e o novo limite territorial da Unidade (Fonte: adaptado de PARNASO/ICMBio; www.icmbio.gov.br/parnaso). (a) (b) Figura 4: Imagens de espécimes-tipo coletados no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e depositados no Herbário K. (a) Isosíntipo de Leandra acuminata Cogn. (Glaziou 6152); (d) Lectótipo de Tibouchina virgata (Gardner) Cogn. (Gardner 403). CRESCIMENTO E SOBREVIVÊNCIA DE PLÂNTULAS DE ANTHURIUM MARICENSE (ARACEAE) SOB CONDIÇÃO SIMULADA DE FACILITAÇÃO Bruno D. Cordeiro; Graduação Ciências Ambientais, UNIRIO; ingresso graduação - 03/2011; previsão conclusão curso - 12/2014; ingresso PIBIC: 02/2013; Orientador: Antônio Carlos S. Andrade. INTRODUÇÃO Interações positivas (facilitação) ocorrem quando a presença de uma espécie aumenta a sobrevivência de outra em ambientes sujeitos a condições bióticas e abióticas adversas, principalmente em ambientes áridos e semiáridos (Bonanomi et al., 2011). As restingas são um exemplo de ambiente onde a facilitação ocorre com frequência, devido às características do seu ambiente xérico, com solos oligotróficos sujeitos a temperaturas e radiação solar extremas (Zaluar e Scarano, 2000). Espécies herbáceas representam parte significativa da biodiversidade nas florestas tropicais e podem desempenhar importantes papéis funcionais e estruturais (Gilliam & Roberts, 2003), mas há poucos estudos voltados às espécies com esta forma de vida (Poulsen, 1996). As restingas fluminenses têm cerca de 1.000 espécies e 25% delas são herbáceas e subarbustivas (Araujo 2000). É importante estudar o processo de facilitação neste grupo de espécies, pois tendo pequeno porte e sistema radicular superficial, são consideradas mais sensíveis às condições hostis do ambiente que espécies de maior porte (Citadini-Zanette & Baptista 1989). A espécie selecionada para este estudo foi Anthurium maricense Nadruz & Mayo (Araceae), endêmica das restingas fluminenses (Coelho & Temponi, 2013) e encontrada no interior de moitas de vegetação das restingas. Seria ela uma espécie beneficiária pelas facilitadoras? OBJETIVO Avaliar a influência da intensidade de luz e disponibilidade hídrica do solo na sobrevivência e crescimento de plântulas de Anthurium maricense. METODOLOGIA Frutos de A. maricense foram coletados no Parque Estadual da Costa do Sol (Arraial do Cabo, RJ). Para avaliação do crescimento e sobrevivência de plântulas utilizamos 270 recipientes de plástico, modificados em sua estrutura original (substituição do fundo plástico por tela plástica com malha de 0,3 mm), para permitir drenagem similar às condições do solo arenoso da restinga. A areia de restinga foi usada como substrato e cada recipiente recebeu 10 plântulas (30 dias de vida e 15 dias de aclimatação). Os recipientes foram levados à casa de vegetação e submetidos às intensidades relativas de luz (IRL) de 5%, 15% e 60%, calculadas através de sensor e registrador Skye. Tais IRL foram obtidas com estruturas de madeira forradas por filtros de pano. Em cada IRL foram estabelecidos dois tratamentos de disponibilidade hídrica, que consistiram na adição de 40 ml de água três vezes por semana (alta disponibilidade hídrica; ADH) e uma vez por semana (baixa disponibilidade hídrica; BDH). Em todos os tratamentos foram coletadas amostras de solo para determinação do seu teor de água (tas; método estufa, 105 C/24h). As avaliações de sobrevivência e crescimento de plântulas foram feitas quinzenalmente. A massa seca de plântulas (g) foi obtida para plântulas vivas retiradas dos recipientes e secas em estufa (80ºC; até peso constante). Os tratamentos foram comparados pelo teste de Tukey e t de Student (P<0,05). RESULTADOS As medidas de IRL apresentaram pequenas variações durante o estudo. A determinação do teor de água do solo durante sete dias, para cada IRL, revelou grande variação em seus valores para os tratamentos ADH (tas=16 e 19%) e BHS (tas=3 e 0,9%) As taxas de sobrevivência de plântulas apresentaram grande variação entre os tratamentos e tiveram redução significativa quanto maior foi a IRL e menor a disponibilidade hídrica do solo. Plântulas de A. maricense mostraram grande sensibilidade a restrição hídrica do substrato, pois suas taxas de sobrevivência sofreram reduções significativas após 15 dias de avaliação, especialmente sob alta e média IRL. Esse comportamento foi observado em baixa IRL apenas após 45 dias. O acúmulo de massa seca total mostrou comportamento semelhante ao observado na variável sobrevivência de plântulas, onde aquelas submetidas a BDH produziram valores significativamente menores que em ADH, principalmente na maior intensidade de luz e apenas aos 45 dias de avaliação, quando em baixa ou média intensidade de luz. DISCUSSÃO Assim como em outros ambientes áridos e semiáridos (Flores & Jurado, 2003), a facilitação é a interação positiva mais relatada nas restingas, onde uma dada espécie (facilitadora) se estabelece e a sua simples presença física pode favorecer a sobrevivência e o crescimento de outras espécies (beneficiárias) (Zaluar e Scarano, 2000). Longe da proteção das plantas facilitadoras, a combinação entre altas temperaturas, elevados níveis de radiação solar e ventos fortes torna a restinga um local suscetível ao estresse hídrico e aos danos foto-oxidativos às plântulas de espécies que se reproduzem via sementes (Scarano, 2002). Em condições mais amenas sob moitas, as taxas de sobrevivência das espécies tendem a ser maiores (Hastwell & Facelli, 2003). Os resultados obtidos sugerem que plântulas de A. maricense necessitam de condições microclimáticas menos hostis, fornecidas pela sombra de espécies facilitadoras para aumentar suas chances de sobrevivência e de estabelecimento. As maiores taxas de sobrevivência, obtidas em baixa IRL e ADH, coincidem com o comportamento de muitas espécies beneficiárias, conforme proposto por Flores e Jurado (2003). O uso de plântulas de A. maricense provavelmente intensificou as respostas obtidas neste estudo, pois este estádio é considerado o mais crítico do ciclo de vida vegetal (Schupp, 1995) e o mais sensível a ação de múltiplos fatores estressantes (Fenner, 1987). CONCLUSÃO Plântulas de A. maricense necessitam de condições de baixa intensidade de luz e maior disponibilidade hídrica do solo, semelhantes às encontradas sob espécies facilitadoras, para aumentar suas chances de sobrevivência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, DSD (2000) Análise florística e fitogeográfica das restingas do Estado RJ. Tese de Doutorado. UFRJ. 290p. BONANOMIi, G.; INCERTI, G.; MAZZOLENI, S (2011) Assessing occurrence, specificity, and mechanisms of plant facilitation in terrestrial ecosystems. 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A importância das montanhas se expressa, pela decisão dos 158 países que assinaram a Convenção da Diversidade Biológica, considerando montanhas como um ponto focal e estratégico para a conservação da biodiversidade (UNEP/CDB/AHTEG-MB 2003). Montanhas representam um ecossistema muito distinto e formam um excelente modelo de sistemas relacionados às questões centrais da biodiversidade, tais como, tamanho mínimo de população, consequências da fragmentação, endemismos restritos, paleoendemismos, etc. (Porembski & Barthlott 2000). No Brasil a maioria dos estudos realizados em montanhas trata dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Harley & Simmons1986, Giulietti et al. 1987, Alves 1992, Pirani et al. 1994 e 2003, Stannard 1995, Zappi et al. 2003), ou dos Campos de Altitude da Floresta Atlântica (Martinelli 1996, Porembski et al. 1998, Safford 1999, Safford & Martinelli 2000, Iganci et al. 2011). No Domínio Amazônico pouco ainda se conhece sobre a flora das montanhas, sendo os estudos restritos a coletas esporádicas ou floras realizadas em países vizinhos ao Brasil (Huber 1995). Das 75 unidades de conservação do Amazonas, apenas quatro contemplam a conservação de áreas montanhosas: P.E. Serra do Aracá, P.E. Morro dos Seis Lagos, PARNA Pico da Neblina e a Floresta Nacional do Amazonas. O P.E. da Serra do Aracá foi criado em 1990 com uma área de 1.818.700 hectares e altitude variando de 44 a 2.121 m. Está situado no estado do Amazonas, entre as coordenadas 0°51-57’N e 63°14-24’O, no município de Barcelos. O clima na região é Equatorial Úmido, com menos de dois meses de seca anual, e a temperatura é superior a 18°C no mês mais frio. O Parque está inserido no Planalto das Guianas, que se estende do Norte do Brasil até a Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (FVA & CEUC 2010). A Serra do Aracá é uma das poucas áreas montanhosas dentro do Domínio Amazônico que possui uma lista de espécies publicada por Prance & Johnson (1991), porém, esta lista não inclui briófitas. Dentro deste contexto, onde não existem dados disponíveis para as montanhas do bioma Amazônico, pretende-se neste trabalho preencher parte desta lacuna estudando a brioflora da Serra do Aracá. OBJETIVOS 1) Elaborar uma lista com as espécies de briófitas que ocorrem na Serra do Aracá; 2) Identificar as briófitas coletas pelo projeto na Serra do Aracá; 3) Incrementar o banco de dados com informações da brioflora da Serra do Aracá; 4)Analisar a distribuição geográfica dos táxons. 5) Auxiliar na elaboração de relatórios e publicações. METODOLOGIA Nos quatro meses de trabalho as seguintes etapas foram realizadas: 1) elaboração da lista de espécies; 2) identificação do material coletado; 3) incremento do banco de dados; 4) análise da distribuição geográfica; 5) elaboração da planilha de espécies do projeto para o relatório do SISBIO. RESULTADOS & DISCUSSÃO No total foram identificadas 89 amostras de briófitas, correspondendo a 15 famílias, 35 gêneros e 70 espécies, sendo 65 de hepáticas e 5 de musgos. Destas uma espécie está sendo citada pela primeira para o Brasil e 15 pela primeira vez para a Amazônia brasileira, isso reflete o pouco conhecimento da brioflora das montanhas dessa região do Brasil. As famílias que se destacam com maior número de espécies são todas de hepáticas, a saber: Lejeuneaceae (26 espécies), Lepidoziaceae (14 espécies) e Herbertaceae (5 espécies), totalizando 45 espécies ou 64% do total de táxons identificados até o momento. A família Lejeuneaceae destaca-se também pelo grande número de gêneros, com um total de 15 (10% do total). Isso já era esperado porque essa família de hepáticas apresenta concentração de gêneros e espécies na América tropical (Gradstein et al. 2001). O banco de dados conta atualmente com um total de 318 registros de briófitas e serviu tanto para a análise da distribuição geográfica no país e no mundo, quanto de base para a elaboração do relatório do SISBIO. Das 70 espécies identificadas nesse estudo, 43 apresentam ampla distribuição no Brasil (ocorrendo em mais de três regiões), 15 são novas ocorrências para a Amazônia brasileira e oito eram conhecidas somente para as regiões sudeste e sul, tendo assim sua distribuição ampliada no país. Como para as briófitas não existem dados publicados para a Serra do Aracá, a identificação do material coletado vem trazendo novidades tanto qualitativas quanto quantitativas. Até o momento, os resultados evidenciaram: 1) espécies ainda não citadas para o Brasil, como Micropterygium bolivarense Fulford, cujo gênero é exclusivo da região neotropical com centro de diversidade na região Amazônica e Lejeunea angusta (Lehm. & Lindenb.) Mont., uma espécie pouco conhecida e citada somente na chave preliminar para o gênero Lejeunea no Brasil (www.drehwald.info/Lejeunea/key_Lejeunea_Brazil, versão 2007); 2) espécies que eram conhecidas somente pela coleção-tipo como Sphagnum amazonicum H.A. Crum & W.R. Buck e S. dimorphophyllum H.A. Crum & W.R. Buck; 3) espécie não conhecida para a região norte do país, como Jamesoniella rubricaulis (Nees) Grolle citada para o nordeste e sudeste. CONCLUSÃO Esperamos que ao final da identificação do material de briófitas da Serra do Aracá que a lista de espécies expresse a real diversidade da brioflora deste importante ecossistema do pais, ampliando tanto a distribuição das espécies no país como sanando lacunas no conhecimento de gêneros cujo centro de diversidade encontram-se na região Amazônica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R.J.V. 1992. The flora and vegetation of the Serra de São José in Minas Gerais, Brasil. Bot. Inst. Czechoslovak Acad. Sci. (Thesis). FVA & CEUC, 2010. Plano de Gestão do Parque Estadual da Serra do Aracá, Volume 1. Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas-CEUC. GIULIETTI, A.M., MENEZES, N.L., PIRANI, J.R., MEGURO, M. & WANDERLEY, M.G.L. 1987. Flora da Serra do Cipó: caracterização e lista de espécies. Bol. Bot. Univ. São Paulo 9: 1-151. HARLEY, R. M. & SIMMONS, N. A. 1986. Flórula de Mucugê: Chapada Diamantina-Bahia, Brazil. Royal Botanic Gardens. Kew. HUBER, O. 1995. Vegetation. 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Constituem um grupo numeroso com mais de 7.000 espécies conhecidas e muitas com grande importância econômica. Parte das espécies necessita de hospedeiros de dois grupos não relacionados de plantas para completar seu ciclo de vida (ciclo heteroécio) enquanto a outra parte pode completar seu ciclo sobre uma única hospedeira (ciclo autoécio). Além de evidências de diferenças taxonômicas das respectivas plantas hospedeiras, Urban (1971) notou estreita relação de coevolução entre espécies autoécias de Puccinia sobre Vernoniae (Asteraceae). Relações similares foram encontradas entre espécies de Piptocarpha e Puccinia (Smith & Coile 2007). Em Trabalhos mais recentes como de Aime (2006), a autora concluiu que apenas a morfologia pode não ser suficiente para análise das relações entre as ferrugens em muitos níveis taxonômicos e que a seleção pelo hospedeiro, por outro lado, desempenha um papel significativo na evolução da ferrugem. Apesar de uma longa história de coexistência, que pode ter se iniciado no Carbonífero (Millar & Kinloch 1991), poucos são os estudos sobre o entendimento da evolução de ferrugens e angiospermas em conjunto. OBJETIVO O objetivo geral é investigar se existe relação evolutiva entre espécies de Piptocarpha e as espécies de ferrugens sobre elas. MATERIAIS E MÉTODOS Amostragem - Para este trabalho, estão sendo amostradas as espécies de Piptocarpha, hospedeiras de ferrugens citadas por Carvalho Jr. et al (2012), além de outras espécies nativas do gênero que não apresentam ferrugens (o número total de espécies brasileiras de Piptocarpha é 29 conforme Loeuille (2012). Extração do DNA - O DNA total das espécies está sendo extraído a partir de folhas frescas desidratadas em sílica gel, utilizando o DNeasy Plant Mini Kit (QIAGEN, Valencia, Calif.). Amplificação e seqüenciamento - Serão amplificadas as regiões de cloroplasto ndhF e matK. Os produtos da amplificação serão purificados utilizando o kit QIAquick (QIAGEN) e posteriormente enviados para seqüenciamento na Macrogen (Macrogen Inc., Seoul, Corea). Análises filogenéticas – Todas as seqüências obtidas para o presente estudo serão alinhadas progressivamente e a matriz de seqüências alinhadas será analisada segundo os critérios do princípio da parcimônia e da máxima verossimilhança. RESULTADOS As Piptocarpha estudadas até o momento (as que ocorrem no Rio de Janeiro, P. axillaris, P. notata, P. oblonga e P. quadrangularis) são parasitadas por nove espécies de Puccinia. Das espécies citadas por Carvalho Jr. et al (2012) que ocorrem no RJ (Puccinia macumbae, Puccinia manuelensis, Puccinia seorsa, Puccinia valentula e Puccinia piptocarphae) podemos ver que todas parasitam o hospedeiro P. axilares. Foram elaborados estabelecidos protocolos de extração e amplificação e seis espécies foram estudadas até o momento. Foram também levantados caracteres potencialmente utilizáveis no estudo evolutivo dos grupos: Presença de Uredo, presença de Télio, presença de Aécio; Télio: pulvinado (sim ou não); Cor, Forma, Localização nos tecidos foliares, formato das células, formato dos teliósporos iniciais, formato dos teliósporos desenvolvidos, número de células dos teliósporos; desenvolvimento de septo (sim ou não), presença de pedicelo (sim ou não), tamanho do teliósporo; Uredo: pulvinado (sim ou não); Cor, Forma, Localização nos tecidos foliares, formato das células, formato dos urediniósporos iniciais, formato dos urediniósporos desenvolvidos, número de células dos urediniósporos; desenvolvimento de septo (sim ou não), presença de pedicelo (sim ou não), tamanho do urediniósporos. DISCUSSÃO Pode-se observar que existe claramente uma dominância do subgênero Hypericoides proposto por Smith e Coile (2007) nas espécies do RJ, das que foram citadas acima, apenas uma espécie, Piptocarpha brasiliana, encontra-se no subgênero Piptocarpha. Esta divisão reflete também nos parasitas, que por serem específicos ficam restritos a um grupo de espécies. CONCLUSÃO Ainda não há dados suficientes para conclusões. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIME, M. C. 2006. Toward resolving family-level relationships in rust fungi (Uredinales). Mycoscience, v. 47, p. 112-122 AIME, M.C.; MATHENY, P.B; HENK, D.A.; FRIEDERS, E.M.; NILSSON, R.H.; PIEPENBRING, M.; MACLAUGHLIN, D.J.; SZABO, L.J.; BEGEROW, D.; SAMPAIO, J.P.; BAUER, R.; WEIB, M.; OBERWINKLER, F.; HIBBETT, D. 2006. An overview of the higher level classification of Pucciniomycotina based on combined analyses of nuclear large and small subunit rDNA sequences. Mycologia, v. 98, n.6, p. 896-905 CARVALHO JÚNIOR, A.A.; HENNEN, J.F. 2012. 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The autoecious especies of Puccinia on Vernonieae in North America. Acta Universitatis Carolinae – Biologica 1971: 1-84. ONTOGENIA DOS FRUTOS DE ESPÉCIES DA TRIBO MALVEAE (MALVACEAE) Fernanda de Araujo Masullo; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação – 03/2009; previsão de conclusão de curso – 12/2012; ingresso no PIBIC: agosto/2010; orientadora: Karen L. G. De Toni. INTRODUÇÃO A tribo Malveae abrange a maior diversidade morfológica e taxonômica de Malvoideae (Malvaceae) (Tate et al. 2005). Inúmeras classificações para Malveae e para os gêneros que a compõe já foram propostas. A utilização da morfologia externa dos frutos, nesse caso, se faz importante para a sistemática do grupo, visto que possuem um peso relevante na discussão das linhagens filogenéticas propostas, embora a avaliação de sua sinapomorfia não seja ainda muito clara (Garcia et al. 2009). Quanto a morfologia interna dos frutos, Houchreutiner (1920) comenta que “no interior da cavidade dos mericarpos é encontrado um apêndice”, o qual denomina de endoglossa, mas não menciona sua origem. Atualmente a endoglossa é considerada uma estrutura que pode dividir o fruto em duas cavidades, expandindo-se como uma membrana hialina ou como uma pequena expansão, filiforme a lanceolada, no interior do mericarpo (Bovini 2008). Além da variação observada em relação a endoglossa nos frutos de Malvaceae, também são percebidas outras variações, como o número de sementes nos frutos e a ornamentação na superfície do exocarpo. OBJETIVO Este estudo teve por objetivo contribuir com o conhecimento da morfologia dos frutos da tribo Malveae. Foram analisados o desenvolvimento do pericarpo, e, principalmente, a origem e estrutura da endoglossa, sugerindo relações e afinidades entre as espécies de Gaya gaudichaudiana A.St.-Hil, Briquetia spicata (Kunth.) Fryxell e Wissadula contracta (Link.) R.E.Fries. MATERIAL & MÉTODOS A fim de atingir os objetivos mencionados, foram coletados botões florais, flores e frutos de G. gaudichaudiana, B. spicata e W. contracta. Imediatamente após a coleta, o material botânico foi processado de acordo com os protocolos usuais para confecção de lâminas permanentes em Anatomia Vegetal. As observações foram realizadas em microscópio óptico Olympus BX-50 e em microscópio estereoscópico Olympus SZ61 ambos com câmera digital Olympus SC-30 acoplada. RESULTADOS Quanto a morfologia externa, as espécies analisadas apresentam frutos esquizocarpos, compostos por mericarpos deiscentes, de deiscência longitudinal, iniciando-se no ápice do mericarpo e terminando na base do mesmo. Em G. gaudichaudiana observam-se cerca de 12 mericarpos, cada um com uma semente (Fig. 1). Em B. spicata observam-se cerca de seis mericarpos, com três sementes cada (Fig. 2). Em W. contracta observam-se cerca de cinco mericarpos, cada um com três sementes (Fig. 3). Em G. gaudichudiana, B. spicata e W. contracta a epiderme externa do carpelo apresenta-se unisseriada (Figs. 4-6), e o exocarpo mantém-se semelhante à mesma, ou seja, unisseriado (Figs. 7-9). Quanto ao mesofilo da parede carpelar, em G. gaudichaudiana, este apresenta até quatro camadas celulares (Fig. 4) e com a maturação do fruto, o mesocarpo apresenta até três camadas (Fig. 7). Já em B. spicata o mesofilo carpelar possui cerca de cinco camadas parenquimáticas (Fig. 5), o mesmo observado no mesocarpo (Figs. 8 e 10). Em W. contracta, o mesofilo carpelar possui cerca de três camadas parenquimáticas (Fig. 6), as quais proliferam-se até cinco no mesocarpo fora da região da constrição (Fig. 9), e em até 8 camadas na região da constrição (Fig. 11). A epiderme da parede carpelar voltada para o lóculo inicia-se unisseriada para todas as espécies analisadas. Em G. gaudichaudiana, a mesma mostra-se bisseriada desde a maturação do botão floral (Figs. 4 e 12) e já no fruto, em regiões não relacionadas a endoglossa, suas células mostram-se distendidas (Fig. 7). Para B. spicata observa-se que a epiderme voltada para o lóculo carpelar mantém-se unisseriada (Fig. 5) até o início do desenvolvimento do fruto. Com a maturação do endocarpo, observa-se a proliferação dessa camada em duas a três camadas celulares (Fig. 8). Em W. contracta observa-se também a epiderme carpelar voltada para o lóculo como bisseriada (Fig. 6), e após o início do desenvolvimento do fruto, observa-se no endocarpo, duas a três camadas celulares (Fig. 11). Destaca-se para W. contracta a lignificação das paredes do endocarpo (Fig. 9), o que não foi observado em G. gaudichaudiana (Fig. 7) e B. spicata (Fig. 10). A endoglossa, presente no interior do lóculo dos carpelos/mericarpos, nas três espécies estudadas, origina-se tanto do mesofilo carpelar/mesocarpo quanto da epiderme locular/endocarpo (Figs. 1215). Em G. gaudichaudiana a endoglossa é proeminente, ocupando uma grande parte do lóculo e envolvendo a semente (Fig. 13). Em B. spicata, torna-se evidente como um apêndice conspícuo projetando para o interior do lóculo do mericarpo (Fig. 14). Para W. contracta, a endoglossa mostrase como uma discreta saliência, não se projetando para o lóculo (Fig. 15). DISCUSSÃO Segundo Barroso et al. (1999), em alguns gêneros, como Wissadula, Pseudabutilon, Hochreutinera, Modiola, Modiolastrum e Gaya, os mericarpos podem apresentar uma endoglossa. As divergências entre os gêneros com relação a existência da endoglossa, ora caracterizada como uma estrutura vestigial que divide a cavidade do mericarpo em duas lojas, ora como uma estrutura proeminente que envolve as sementes, causou interpretações conflitantes, principalmente na circunscrição dos gêneros (Bovini 2008). Ao comparar a endoglossa dos gêneros aqui estudados, percebe-se claramente a variação em tamanho e disposição. Em Gaya, confirma-se que a endoglossa mostra-se proeminente, formando uma estrutura semicircular, que abraça a semente (Campelo 1978). Em Briquetia, tal estrutura apresenta-se reduzida (Bovini 2008). Em Wissadula, segundo Bovini (2008), a endoglossa mostra-se como uma linha continua espessada, circundando o mericarpo. Neste estudo considera-se que a endoglossa das três espécies são homólogas, e fica evidente a tendência reducional da estrutura, sendo esta muito conspícua em G. gaudichaudiana, reduzida em B. spicata e vestigial em W. contracta. CONCLUSÃO Observa-se que existe uma variação quanto ao número de mericarpos e de sementes nos frutos entre as espécies observadas, além das variações observadas na endoglossa, que difere em tamanho e disposição, o que indica uma relação evolutiva entre os táxons. Acredita-se que a endoglossa seja um caráter importante para relacionar grupos, sendo clara a sua relação através de uma escala evolutiva. Para confirmar sua sinapomorfia, mais gêneros dessa tribo deverão ser estudados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROSO, G.M., MORIM, M.P., PEIXOTO, A.L. & ICHASO, C.L. 1999. Frutos e Sementes, Morfologia aplicada á sistemática de dicotiledôneas. UFV, Viçosa. 443p. BOVINI, M.G. 2008. Revisão taxonômica do gênero Wissadula Medik. (Malvoideae; Malvaceae) no Brasil. Tese de doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro/Museu Nacional. 171p. CAMPÊLO, C.R. 1978. Carpídios das espécies da tribo Abutilieae (Malvaceae): sua morfologia e aplicação na sistemática.Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro.89p. GARCÍA, P.E., SCHÖNSWETTER, P., AGUILAR, J.F., FELINER, G.N. & SCHNEEWEISS, G.M. 2009. Five molecular markers reveal extensive morphological homoplasy and reticulate evolution in the Malva alliance (Malvaceae). Molecular Phylogenetics and Evolution 50: 226–239. HOUCHREUTINER, B.P.G., 1920. Organes Carpiques Nouveaux ou Méconnus Chez les Malvacées. Annuaire du Conservatoire et du Jardin botaniques de Geneve 21: 347-387. TATE, J.A., AGUILAR, J.F., WAGSTAFF, S.J., LA DUKE, J. C., BODO SLOTTA, T.A. & SIMPSON, B.B. 2005. Phylogenetic relationships within the tribe Malveae (Malveae, subfamily Malvoideae) as inferred from ITS sequence data. American Journal of Botany 92: 584-602. DIVERSIDADE DE PIPERACEAE NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI/MARICÁ, RJ, BRASIL George Azevedo de Queiroz; Graduação em Ciências Biológicas, UERJ; ingresso na graduação – 03/2009; previsão de conclusão do curso – 08/2013; ingresso no PIBIC: outubro/2011; orientador: Dra. Elsie Franklin Guimarães. INTRODUÇÃO Piperaceae possui distribuição pantropical, ocorrendo em ambos os hemisférios. Inclui cerca de 3.700 espécies distribuídas em cinco gêneros (Jaramillo et al. 2004; Wanke et al. 2006). O Brasil possui grande diversidade com mais de 500 espécies concentradas principalmente nas florestas Amazônica e Atlântica, distribuídas nos gêneros Piper, Peperomia e Manekia (Yuncker 1972, 1974). Segundo a classificação do APG III - Angiosperm Phylogeny Group a família está inserida no clado Magnolídeas, ordem Piperales, onde estão compreendidas as famílias Aristolochiaceae, Hydnoraceae, Lactoridaceae e Saururaceae (Judd et al. 2009). Apresentam-se como ervas, subarbustos, arbustos ou trepadeiras, geralmente aromáticas e dotadas de glândulas translúcidas, com tipo de indumento variado. As folhas são alternas, opostas ou verticiladas, simples e inteiras, com forma, consistência, tamanho e padrão de nervação diversos, geralmente com profilos. As flores são aclamídeas, mínimas, andróginas, protegidas por bráctea floral de forma variada, dispostas esparsas ou densamente em racemos, espigas ou umbelas de espigas, eretas ou curvas, com estames geralmente 2–6, anteras bitecas de deiscência rimosa, gineceu mono, tri ou tetracarpelar, síncárpico, unilocular, uniovular, com 1–4 estigmas, sendo o fruto uma baga de forma variada (Guimarães & Monteiro, 2006). OBJTEIVO O objetivo do estudo foi inventariar as espécies de Piperaceae que ocorrem no Parque Estadual da Serra da Tiririca, enfatizando o tratamento taxonômico, distribuição geográfica, além de comparar as espécies da área com outras do estado do Rio de Janeiro através de índices de similaridade. MATERIAL E MÉTODOS Local de estudo O estudo foi realizado no Parque Estadual da Serra da Tiririca (PEST), localizado entre os municípios de Niterói e Maricá, no estado do Rio de Janeiro (22º48’-23º00’S; 42º57’-43º02’W). Foi criado pela Lei Estadual nº 1901/91 de 29 de novembro de 1991, tendo seus “limites em estudo” estabelecidos pelo Decreto nº 18.598 de 19 de maio de 1993 para uma área de 2.400ha (Pontes, 1987). A Serra da Tiririca está inserida no bioma Mata Atlântica e sua vegetação é classificada como Floresta Ombrófila Densa (sensu Veloso, Rangel-Filho & Lima, 1991), com extensas áreas cobertas pela formação Submontana em vários estádios sucessionais. Procedimentos Foram realizadas coletas aleatórias de plantas férteis (com flores e/ou frutos) em diversos pontos do parque. As amostras foram herborizadas e levadas à estufa de acordo com a metodologia de (Guedes-Bruni et al., 2002). Posteriormente o material foi identificado com o auxilio de bibliografia especializada e incorporado aos herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e da Faculdade de Formação de Professores (RFFP). Foram consultados os herbários do JBRJ (RB), Alberto Castellanos (GUA), Faculdade de Formação de Professores (RFFP), Herbárium Bradeanum (HB), Museu Nacional do Rio de Janeiro (R), Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RBR), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (FCAB) e do banco de dados virtual CRIA 2009 para o conhecimento das espécies da família presentes no Estado do Rio de Janeiro. RESULTADOS Até o momento foram encontradas dezesseis espécies: Peperomia Ruiz & Pavon representado por seis táxons: P. arifolia Miq., P. corcovadensis Gardner, P. incana (Haw.) A. Dietr., P. psilostachya C. DC., P. rubricaulis (Nees) A. Dietr. e P. urocarpa Fisch. & Mey., e Piper L. assinalado por dez táxons: P. aduncum L., P. amalago L., P. amplum Kunth, P. anisum (Sprengel) Angely, P. arboreum Aublet. var. arboreum, P. arboreum var. hirtellum Yunck., P. hoffmannseggianum Roem. & Schult., P. klotzschianum (Kunth) C. DC., P. mollicomum Kunth e P. rivinoides (Kunth) C. DC. Com o levantamento dos herbários foram registradas cerca de 6.000 coletas para o estado do RJ, estando em processo de realização o tratamento estatístico da similaridade entre as localidades. DISCUSSÃO Em análise florística realizada por Barros (2008) para o Parque Estadual da Serra da Tiririca foram registradas 14 espécies da família e serviram de base para o desenvolvimento deste trabalho. Concorda-se com a autora quando assinala seis espécies para o gênero Peperomia e oito para Piper. Entretanto, acrescenta-se e destaca-se pela primeira vez para a área a presença de Piper klotzschianum (Kunth) C. DC. e P. arboreum var. hirtellum Yunck. coletadas no desenvolvimento dessa pesquisa. CONCLUSÃO Os táxons registrados neste estudo estão bem representados no estado do Rio de Janeiro, entretanto, tendo em vista que a área tem sido pouco explorada esta pesquisa foi considerada de valor devido ao fato que outras espécies poderão ainda ser encontradas. Sabe-se que o município de Niterói possui exemplares assinalados na literatura, como alguns tipos, apenas representados pelo holótipo e que não foram recoletados durante este período. Assim é importante a realização de novas expedições ao campo na tentativa do reencontro desses materiais para a avaliação da diversidade e conservação no Rio de Janeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, A.A.M. Análise florística e estrutural do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Niterói E Maricá, RJ, Brasil. Tese (Doutorado em Botânica). Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, p. 237, 2008. GUEDES-BRUNI, R.R.; Morim, M.P.; Lima, H.C. & Sylvestre, L.S. Inventário florístico. In: SYLVESTRE, L.S. & ROSA, M.M.T. (eds.). Manual metodológico para estudos botânicos na Mata Atlântica. Seropédica: Ed. Universidade Rural, p. 24-50. 2002. GUIMARÃES, E.F. & MONTEIRO D. 2006. Piperaceae na Reserva Biológica de Poço das Antas, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia v. 57, n. 3, p. 567-587. JARAMILLO, M.A.; MANOS, P.S. & ZIMMER, E.A. 2004. Phylogenetic relationships of the perianthless Piperales: reconstructing the evolution of floral development. International Journal of Plant Sciences v. 165, p. 403-416. JUDD, S.W.; CAMPBELL, C.S.; KELLOGG, E.A.; STEVENS, P.F.; DONOGHUE, M.J. Sistemática Vegetal: Um enfoque Filogenético. Porto Alegre: Artmed, 2009. PONTES, J.A.L. Serra da Tiririca, RJ. Necessidade de conservação (1ª Contribuição). Boletim da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza n. 22, p. 89-94, 1987. VELOSO, H.P.; Rangel-Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de Janeiro, p. 124, 1991. WANKE, S.; SAMAIN, M.S.; VANDERSCHAEVA, L.; MATHIEU, G.; GOETGHEBEUR, P. & NEINHUIS, C. 2006. Phylogeny of the genus Peperomia (Piperaceae) inferred from the trnk/matk region (cpDNA). Plant Biology, v. 8, p. 93-102. YUNCKER, T.G. The Piperaceae of Brazil I – Piper: Group I, II, III, IV. Hoehnea, n. 2, p. 19- 366, 1972. YUNCKER, T.G. The Piperaceae of Brazil III – Peperomia; Taxa of uncertain status. Hoehnea, n. 4, p. 71-413, 1974. LOCALIZAÇÃO INTRACELULAR DE METABÓLITOS EM CÉLULAS CORTICAIS DE PLOCAMIUM BRASILIENSE (RHODOPHYTA) Geysa Marinho de Souza; Graduação em Biologia Marinha; FAMATH; período letivo em curso – 5º previsão de conclusão de curso – 2013.2; ingresso no PIBIC – Maio/2012; Orientador: Dr. Gilberto M. Amado-Filho; Co-orientador: Dr. Wladimir C. Paradas. INTRODUÇÃO As macroalgas marinhas vivem sobre forte pressão de incrustação, predação e competição, e desenvolveram ao longo da evolução mecanismos de defesa para sobreviver a estas “adversidades” e obter sucesso reprodutivo (Cronin 2001). Dentre os mecanismos de defesa estão incluídos a produção de terpenos (isoprenóides) e lipídios que atuam contra organismos incrustantes e herbívoros (Bhadury & Wright 2004). Até o momento, poucos estudos abordaram os mecanismos intracelulares de biossíntese destas moléculas (isoprenóides e lipídios) em macroalgas, devido à alta complexidade das vias de biossíntese e de seu processo ubíquo de produção intracelular. Atualmente para os terpenos (isoprenóides) existem duas rotas descritas de biossíntese: a dependente do mevalonato (hidroximetilglutaril-CoA) que ocorre no citoplasma e em mitocôndrias, e a independente do mevalonato (1-desoxi-D-xilulose-5-fosfato) que está presente nos cloroplastos (Maschek & Baker 2008). Já a biossíntese de lipídios ocorre nos cloroplastos, onde Acetil CoA sintase transforma Acetil CoA em Malonil CoA, e a ácido graxo sintase realiza o alongamento inicial da cadeia (Ohlrogge & Jaworski 1997). A estereficação e o final da biossíntese dos primeiros blocos ocorrem no retículo endoplasmático (Ohlrogge & Jaworski 1997). Recentemente, foi demonstrada a presença de organelas esféricas (OE) no interior das células corticais da macroalga vermelha Plocamium brasiliense (Paradas et al. 2012). Imagens realizadas por microscopia eletrônica de transmissão (MET) revelaram que vesículas osmiofílicas são transportadas das OE para o citoplasma, onde o material é acumulado em aglomerados entre organelas e perto da parede da célula (Paradas et al. 2012). Plocamium brasiliense produz monoterpenos halogenados e ácidos graxos insaturados com atividade anti-incrustante. Estas duas classes de metabólitos podem reagir com o tetróxido de ósmio (pós-fixador – MET) produzindo o material osmiofílico, gerando um questionamento a respeito da verdadeira função das OE nas células corticais desta macroalga. Sendo assim, nesta etapa do trabalho, foi realizado um estudo das vias de síntese dos monoterpenos e ácidos graxos nas células corticais de P. brasiliense. Indivíduos de P. brasiliense foram submetidos a processamento químico para localização da via do ácido mevalônico (terpenos) e da acetilcarnitina (ácidos graxos) no interior das células corticais do talo desta alga. OBJETIVOS Localizar precursores de terpenos e ácidos graxos no interior das células corticais de P. brasiliense através de método citoquímico para a marcação das enzimas hidroximetilglutaril CoA sintase (terpenos) e carnitina acetil transferase (ácidos graxos). METODOLOGIA Os indivíduos de Plocamium brasiliense foram coletados na Praia do Forno (Município de Armação dos Búzios, Rio de Janeiro, Brasil). Após a coleta, os indivíduos foram mantidos vivos e transportados para o laboratório de cultivo do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (IPJBRJ). No laboratório, porções do talo de P. brasiliense foram fixadas durante 30 minutos em 4% de paraformaldeído, 0,1% de glutaraldeído em tampão cacodilato de sódio (0,1M, pH 7,0, em água do mar). Em seguida, os indivíduos de P. brasiliense foram processados para a marcação enzimática de acordo com Curry (1987): hidroximetilglutaril CoA sintase (terpenos) e carnitina acetil transferase (ácidos graxos). As amostras foram pós-fixadas em tetróxido de ósmio, desidratadas em séries crescentes de acetona e emblocadas em resina SPURR. Após a polimerização, os blocos foram cortados em um ultramicrótomo LEICA (EM UC7) para a obtenção de cortes semifinos (200 nm). Os cortes foram recolhidos em grades de cobre com fenda e filme formvar, contrastados durante 30 minutos em acetato de uranila e 5 minutos em citrato de chumbo, para posteriormente serem observados no microscópio FEI TECNAI G20 operando a 200 KV no Laboratório de Ultraestrutura Celular Herta Meyer no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (UFRJ). RESULTADOS Na citoquímica de localização de precursores de ácidos graxos, através de imagens obtidas por MET foi observada a marcação decorrente da reação enzimática da enzima Hidroximetilglutaril CoA na forma de grânulos elétron-densos no interior da OE e no entorno desta estrutura na forma de aglomerado elétron-denso (Fig. 1A), esta marcação não foi observada na amostra controle (Fig. 1B). Na citoquímica de localização de precursores de ácidos graxos, através de imagens obtidas por MET foi possível observar no interior das células corticais de P. brasiliense um material elétrondenso no entorno das OE, especificamente no interior de vesículas associadas a OE, comprovando a reação enzimática positiva da enzima carnitina acetil transferase (Fig. 1C). Na amostra controle não foram observados precipitados elétron-densos (Fig. 1D). DISCUSSÃO Estudos recentes indicam que P. brasiliense produz majoritariamente monoterpenos halogenados (Paradas et al. 2012), já que a via do ácido mevalônico (hidroximetilglutaril-CoA) é em algum momento uma etapa obrigatória para síntese de monoterpenos, a marcação enzimática positiva obtida para o interior das OE no presente trabalho, indica que esta organela está envolvida na biossíntese de monoterpenos halogenados nesta macroalga. Por outro lado, foi possível observar a localização da enzima carnitina acetil transferase no interior de vesículas associadas as OE, fato não observado nas amostras controle. A Acetilcarnitina é um metabólito que facilita a entrada de Acetil CoA no interior de mitocôndrias e está envolvido na -oxidação de lipídios em plantas e algas (Lanwand et al. 2002). Desta forma, os resultados do presente estudo sugerem que as OE presentes em células corticais de P. brasiliense podem também estar envolvidas no metabolismo de ácidos graxos. CONCLUSÕES As OE estão envolvidas no metabolismo de monoterpenos halogenados e ácidos graxos nas células corticais de P. brasiliense. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRONIN G. 2001. Resource allocation in seaweeds and marine invertebrates: Chemical defense patterns in relation to defense theories. In: McClintock JB, Baker B.J (eds) Marine Chemical Ecology. CRC Press. Boca Raton, Estados Unidos. p. 325–353. CURRY K.J. 1987. Initiation of terpenoid synthesis in osmophores of Stenhopea anfracta (Orchidaceae): A cytochemical study. American Journal of Botany (9): 1332-1338. OHLROGGE J.B., JAWORSKI J.G. 1997. Regulation of fatty acid synthesis. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, 48: 109–136. MASCHEK J.A., BAKER B.J. 2008. The chemistry of algal secondary metabolism In: Amsler, C. D. (ed.) Algal Chemical Ecology, Springer-Verlag Berlin Heidelberg, pp.25-49. PARADAS W.C., CRESPO T.M., SALGADO L.T., SOARES A.R., HELLIO C., ROGERS R., HILL L.J., DE SOUZA G.M., KELECOM A.G.A.C., DA GAMA B.A.P., PEREIRA R.C., AMADO-FILHO G.M. 2012. Antifouling activity of Plocamium brasiliense monoterpenes and its possible presentation mechanism at the thallus surface. 2nd Meeting of the Latin American Association of Chemical Ecology. Huerta Grande. 2-5 de Dezembro, p.171. LANWAND S., DORNE A., LONG D., COUPLAND G., MACHE R., CAROL P. 2002. Arabidopsis A BOUT DE SOUFFLE , Which Is Homologous with Mammalian Carnitine Acyl Carrier, Is Required for Postembryonic Growth in the Light. The Plant Cell 14: 2161–2173. Figura 1. Imagens das células corticais de P. brasiliense submetidas à citoquímica para localização enzimática. A) Através de imagens obtidas por MET, foram observadas estruturas celulares típicas como: núcleo (Nu), grãos de amido (GA), parede celular (PC), cloroplastos (C) e organela esférica (OE); cabeças de seta- notar material granular elétrondenso decorrente da atividade enzimática (Hidroximetilglutaril CoA sintase) no interior da organela esférica; Asterisco- indica a presença de material elétrondenso no entorno da organela esférica. Barra: 2 m. B) Na amostra controle não foi observada marcação enzimática em regiões próximas à OE; (V) vacúolo. Barra: 2 m. C) Visualização de vesículas com material elétrondenso associadas às organelas esféricas (OE) decorrente da atividade enzimática (Carnitina acetil transferase); cabeças de seta- notar a presença de vesículas elétrondensas no entorno da organela esférica. Barra: 2 m. D) Na amostra controle, onde se pode observar a organização celular característica, VIABILIDADE DO CULTIVO DE ALGAS COM POTENCIAL PARA FÁRMACOS Íris Lourenço de Menezes; Graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura), UNESA; ingresso na graduação – 08/2012; previsão de conclusão do curso – 11/2013; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientadora: Renata Perpetuo Reis. INTRODUÇÃO Apesar da importância econômica de algumas macroalgas e de diversos locais adequados para a algicultura na costa brasileira (Oliveira 2006), esta atividade continua incipiente no Brasil. No que diz respeito à indústria farmacêutica, vários medicamentos possuem como princípio ativo moléculas naturais ou sintéticas de um protótipo natural (Newman e Cragg 2007). Dictyotaceae são ricas em diterpenos (De Paula et al. 2011). A atuação dos diterpenos da espécie em estudo, Canistrocarpus cervicornis (Kützing) De Paula & De Clerck, apresentou resultados promissores para a farmacognosia, pela sua atividade antitumoral, antiviral e anticoagulante (Vallim et al. 2010). Porém, são necessárias investigações sobre a obtenção de tecnologias de cultivo para esta espécie de modo a suprir a demanda por matéria prima pela indústria de fármacos. Neste estudo são levantadas as seguintes questões: Será possível cultivar esta espécie usando o método de fragmentação do talo? Será possível a obtenção de esporos de C. cervicornis? Serão viáveis as plântulas obtidas destes esporos? OBJETIVO O objetivo geral foi identificar o método ideal para o cultivo de C. cervicornis. Para atingir este objetivo foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos que foram testados in vitro: verificar o crescimento por reprodução vegetativa desta espécie; estabelecer os procedimentos ideais para a obtenção de esporos e para a produção de plântulas geradas destes esporos. MATERIAL E METODOS Foram realizadas quatro coletas: 1º - agosto de 2012; 2º - outubro de 2012; 3º - janeiro de 2013 e a 4º - abril de 2013. Cinco amostras de porções apicais, com um grama de massa úmida e cerca de 3cm, foram cultivadas por 21 dias em 250 mL de água do mar filtrada, em aeração constante (n=5), e cinco amostras foram secas em estufa a 60°C por 48h, para obtenção de massa inicial. O cultivo da 4º coleta foi realizado na Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), em condições ambientais semelhantes à exceção da irradiância. Após o período de aclimatação, foi induzida a esporulação a partir do método de alta concentração de nutrientes. Foram colocadas cinco subamostras de talos férteis com 2cm em uma cristaleira (n=5), em 100mL de água do mar filtrada e dois tratamentos: 1.TC - ES¼ (Starr e Zeikus 1993) e 2.TAC - [ES¼]×4. Após 15 dias de cultivo, foram aleatoriamente medidos os comprimentos de dez plântulas em microscópio estereoscópico. De maneira semelhante, foram medidos os comprimentos de 20 plântulas dos aquários de aclimatação (n=3). O crescimento foi estimado pela Taxa de Crescimento Diário, TCD (% dia−1) = [(Xf/Xi)1/t-1]×100%,), Xi= massa seca inicial ou o comprimento inicial, Xf = massa seca final ou comprimento final, t = dias de cultivo. Foram comparadas as medianas das TCD das plântulas crescidas nos aquários e dos tratamentos TC e TAC pelo teste Kruskal-Whalis, uma vez que os dados não apresentaram as premissas de normalidade (teste de Shapiro Wilks). Através do teste de comparações múltiplas foram separadas as medianas que diferiram. A diferença entre o nº de plântulas que cresceram no TC e no TAC foi avaliada pelo teste de Mann-Whitney uma vez que os dados não atenderam as premissas para testes paramétricos (Zar 1996). RESULTADOS As amostras oriundas das três primeiras coletas não esporularam e apresentaram tacas de crescimento negativas (-0,60±0,51 %.dia-1). Na quarta amostragem, as algas esporularam. Após 15 dias de cultivo, tanto as plântulas cultivadas nos dois tratamentos (TC e TAC), quanto às cultivadas nos aquários apresentaram crescimento positivo (Tab.1), entretanto seus crescimentos foram diferentes (H = 13,0; p = 0,001). As TCD das plântulas cultivadas no TC foram maiores do que as que cresceram nos aquários (p = 0,002) e foram semelhantes às que cresceram no TCA (p = 0.22). Entretanto, o número de plântulas que cresceram no tratamento TC foi maior do que no TCA (Tab. 1, Z= 2,40, p =0,02). DISCUSSÃO Em estudos florísticos o período fértil deste táxon foi em fevereiro, maio, junho e setembro a dezembro (Széchy e Cordeiro-Marino 1991). Apenas a 4º coleta, foi realizada no período fértil desta espécie, quando apresentou maior quantidade de esporângios, que deve ter sido responsável pela eficiente esporulação neste período de cultivo. A baixa irradiância nas prateleiras de cultivo pode ter contribuído para a esporulação que ocorreu no Laboratório da FIPERJ. De maneira semelhante, Araujo e Yoneshigue-Valentin (2008) obtiveram crescimento desta espécie em baixa irradiância, 30±5 mol.fótons.m-2.s-1. A alta irradiância pode ter interferido negativamente no crescimento das algas das primeiras amostragens, quando a irradiância foi quase quatro vezes maior. Em relação à diferença de TCD entre os tratamentos TC e TAC e as amostras dos aquários podem estar relacionadas a dois fatores: alta biomassa e movimentação da água nos aquários. Os tratamentos (TC e TAC) ficaram sem aeração, segundo Araujo e Yoneshigue-Valentin (2008), a movimentação de água nos cultivos desta espécie prejudicaram o desenvolvimento do talo, o que pode ter influenciado o crescimento das plântulas nos aquários. Em relação ao maior número de plântulas no TC do que no TCA, verificou-se que o excesso de nutrientes pode ser um fator negativo, que afetou tanto o desenvolvimento dos esporângios, quanto o estabelecimento das plântulas, uma vez que foi observado o crescimento de epífitas no talo as algas cultivadas no TCA. CONCLUSÃO Foi estabelecido que in vitro a baixa irradiância e a falta de aeração propiciaram a esporulação desta espécie quando coletada em épocas férteis. Experimentos com diferentes irradiâncias e aearçao devem ser realizados para verificar o efeito desses fatores na eficiência de esporulação desta espécie e obtenção de crescimento mais produtivo de plântulas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, B.B.A & YONESHIGUE-VALENTIN, Y. 2008. Crescimento de Dictyota cervicornis Kützing (Dictyotales, Heterokontophyta) em cultivo in vitro. Resumo XII Congresso Brasileiro de Ficologia, Pg 274 DE PAULA, J.C.; VALLIM, M.A.; TEIXEIRA, V.L. 2011. What are and where are the bioactive terpenoids metabolites from Dictyotaceae (Phaeophyceae) Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 21(2): 216-228. NEWMAN, D.J. & CRAGG, G.M. 2007. Natural products as sources of new drugs over the last 25 years. Journal of Natural Products, 70:461–477. OLIVEIRA EC 2006. Seaweed resources of Brazil. In Critchley AT, Ohno M, Largo DB (Eds). World Seaweed Resources-An authoritative reference system. ETI BioInformatics, Amsterdam. DVD-ROM. STARR, R.C.; ZEIKUS, J. A.The culture collection of algae at the University of Texas at Austin. Journal of Phycology, v. 29, 2, p. 92-93, 1993. SZÉCHY, M.T.M. & CORDEIRO-MARINO, M. 1991. Feofíceas do litoral Norte do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Hoehnea 18(1):205-241, 102 fig. Pg. 219. VALLIM, M.A.; BARBOSA, J.E.; CAVALCANTI, D.N. DE-PAULA, J.C.; SILVA, V.A.G.G.; TEIXEIRA, V.L.; PAIXÃO, I.C.N.P. 2010. In vitro antiviral activity of diterpenes isolated from the Brazilian brown alga Canistrocarpus cervicornis. Journal of Medicinal Plants Research Vol. 4(22), pp. 2379-2382 ZAR, J.H. Biostatistical Analysis. Prentice Hall. 1996. Tabela 1. Taxas de crescimento diário – TCD (%.dia-1) das plântulas cultivadas no Tratamento Alta Concentração de Nutrientes (TAC), no Tratamento Controle (TC) e nos Aquários e número de plântulas que cresceram nos talos das amostras cultivadas no TC TAC. Crescimento (TCD) e número plântulas em cada recipiente TCD no TC (n=5) TCD no TAC (n=5) TCD no Aquário (n=3) Número de plântulas no TC Número de plântulas no TAC de Média ± desvio padrão 8,2±2,6 7,2±2,2 5,7±1,4 140,4±16,8 66,6±42,2 mínimo máximo mediana 4,7 4,7 2,6 112,0 8,0 13,9 12,7 8,5 115,0 125,0 7,6 7,6 5,3 145 63 HERBIE FÉE: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE UMA COLEÇÃO Júlia Maria C. Gaspar; Graduação em história, UFRJ; ingresso na graduação – julho/2010; previsão de conclusão de curso – julho/2015; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientadora: Alda Heizer. INTRODUÇÃO Este projeto tem como interesse central analisar a trajetória histórica de uma coleção, Herbié Fée, por meio da metodologia historiográfica da “nova história” (Chartier, 2000; Burke, 1992). Tal coleção foi organizada por Antoine Laurent Apollinaire Fée (1789-1874), importante farmacêutico e botânico francês de seu tempo, e que esteve em constante ligação com outros naturalistas de renome e que viviam aqui no Brasil como, por exemplo, Auguste Glaziou (1705-1784). Apollinaire Fée, como ficou conhecido, passou grande parte do seu período produtivo de vida em Estrasburgo, cidade localizada na região da Alsácia-Lorena em fronteira com a Alemanha. Lecionou na Universidade de Estrasburgo, publicou muitas das suas obras e iniciou seu trabalho naquela que seria posteriormente sua Herbie Fée. Na coleção reunida pelo botânico, grande parte dos espécimes classificados faz parte da flora brasileira e é considerada uma das coleções fundadoras do herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A mesma foi formada tomando por base outras coleções já existentes e anteriores ao botânico Fée, juntamente com os materiais que lhe foram enviados. A “Herbié Fée” foi adquirida pelo então Imperador D. Pedro II (1825-1891) durante uma visita ao naturalista em 1871 e posteriormente doada ao botânico João Barbosa Rodrigues (1842-1909), primeiro diretor republicano do Jardim Botânico, responsável pela criação do herbário que conhecemos hoje. Inicialmente podemos evidenciar que a relação entre os botânicos Fée e Glaziou foi fundamental para a compreendermos a criação e o percurso da coleção, do campo ao herbário. Sendo assim, para analisarmos a Herbie Fée é preciso definir o quadro teórico de seu organizador, sua trajetória biográfica e científica, vinculando-o às redes de sociabilidade nas quais ele estava imerso (Foucault, 2007; Kury, 2008; Heizer, 2011; Lopes, 1997, 2011). OBJETIVO Este trabalho tem como objetivos identificar na documentação textual informações sobre o botânico Antoine Laurent Apollinaire Fée, sua relação com outros cientistas da época e sua formação acadêmica; analisar a trajetória da coleção histórica até sua chegada ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sublinhando a ligação existente entre o botânico francês e o Imperador D. Pedro II. MATERIAL E MÉTODOS Para circunstanciar o naturalista, realizamos leituras e discussão de textos sobre práticas colecionistas, disponibilizados na biblioteca João Barbosa Rodrigues (JBRJ) e no Real Gabinete Português de Leitura, além disso, utilizamos obras publicadas por Apollinaire Fée, uma localizada na sessão de obras raras da Biblioteca Nacional (RJ) e outras disponibilizadas no site da Enciclopédia Virtual Gallica (BN-Paris). Para investigar a viagem feita por D. Pedro II ao botânico, foram analisados os registros dos portos localizados no Arquivo Nacional e livros no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). RESULTADO E DISCUSSÃO Pode-se concluir que Auguste Glaziou foi de extrema importância na criação da coleção Fée, pois o mesmo lhe enviou espécimes da flora brasileira para que o naturalista francês as classificasse, este ainda foi quem introduziu por meio de uma carta o botânico Fée ao D. Pedro II e deu início a relação entre dois. Em contraponto ao que vemos num segmento historiográfico, Paris não era o único polo de produção de conhecimento, sendo Estrasburgo uma cidade de suma importância para o entendimento da trajetória de Apollinaire Fée, devido a ter sido o local em que o botânico permaneceu a maior parte de seu tempo produtivo, realizou a maioria de suas publicações e iniciou o trabalho sobre a sua coleção Herbie Fée. CONCLUSÃO Após análise de documentação disponível em instituições de pesquisas do Rio de Janeiro, como por exemplo, Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Biblioteca Barbosa Rodrigues e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, foi possível identificar a importância de Glaziou para a criação da coleção Herbie Fée e a centralidade de Estrasburgo como um polo de produção de conhecimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BEDIAGA, B. 1999. Diário do imperador d. Pedro II. Petrópolis: Museu Imperial. 164 p. BURKE, P. 1992. A Escrita da História. São Paulo: UNESP. CHARTIER, R. 2000. A História Cultural. Entre práticas e representações. Lisboa: Difel. FÉE, A.L.A. 1863. Catalogue Methodique et Chronologique des [ses] publications. E. Simon, S. obras raras, Biblioteca Nacional (RJ). FÉE, A.L.A. 1873-1874. Matériaux pour une flore lichenologique du Brésil. [s.n.], V.1. Bibliothèque Nationale de France. (www.gallica.bnf.fr) FÉE, A.L.A. 1844-1866. Mémoires sur la famille des Fougères. Historie des fougère et des lycopodiacées des Antilles. Veuve Berger-Levrault (Strasbourg), Bibliothèque Nationale de France. (www.gallica.bnf.fr) FIGUEIROA, S. F. 1998. Mundialização da ciência e respostas locais: sobre a institucionalização das ciências naturais no Brasil. Asclépio, V. 50, n. 2. p. 107-23. FOUCAULT, M. 2007. Classificar. In: As Palavras e as Coisas. São Paulo: Martins Fontes. p. 171226. FORZZA, R. C., MYNSSEN, C. M., TAMAIO, N., BARROS, C., FRANCO, L., PEREIRA, M. C. A. 2008. As coleções do herbário. In 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro. p. 45-55. HEIZER, A. 2006. Pedro II e a construção de um mito. Revista & Ensino (UEL). Londrina: Universidade Estadual de Londrina. V.11. p.32-40. KURY, L. B. 2008. As artes da imitação nas viagens científicas do século XIX. In: ALMEIDA, M. de, VERGARA, M. de R. (Org.). Ciência, história e historiografia. São Paulo/Rio de Janeiro: Via Lettera/Mast. p. 321-333. LOPES, M. M., HEIZER, A. 2008. Colecionismos, práticas de campo e representações. Campina Grande: EDUEPB. MYNSSEN, C. 2011. Herbier Fée: restauração e diagnóstico da coleção fundadora do herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. SCHWARCZ, L. K. M. 1999. As barbas do Imperador. 6ª. ed. São Paulo: Companhia das Letras. SCHWARCZ, L. M.; DANTAS, R. 2008. O Museu do Imperador: quando colecionar é representar a nação. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros/USP, São Paulo: IEB, n° 46. p. 123-164. CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS EM MACROALGAS MARINHAS Lilian Jorge Hill; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação –2008.2; previsão de conclusão do curso – 2013.2; ingresso no PIBIC: setembro/2010; Orientador: Leonardo Tavares Salgado. INTRODUÇÃO Macroalgas marinhas podem ser divididas em três diferentes divisões de acordo com o pigmento sintetizado por elas: verdes (Chlorophyta), vermelhas (Rhodophyta) ou pardas (Phaeophyta). Apesar da existência de outras características que permitem a separação destes grupos, há diversas características que são comuns, como por exemplo, a ocorrência de vias metabólicas e de proteínas expressas altamente conservadas. Neste sentido, elementos gerais do citoesqueleto são encontrados nestes três grupos de algas, os microtúbulos e filamentos de actina (mais proteínas acessórias) (Reis et al., 2013). Em L. dendroidea, Reis et al. (2013) revelaram que o processo de exocitose dos compostos halogenados produzidos pela alga vermelha L. dendroidea é dependente da atividade de filamentos do citoesqueleto, especialmente microfilamentos e microtúbulos. Atualmente, os principais genes do citoesqueleto expressos (mRNA) em relação a atividades dinâmicas de transporte intracelular já são conhecidos (Reis et al., 2013). Contudo, informações sobre aspectos estruturais do citoesqueleto ainda são escassas, não só em relação a L. dendroidea, mas para macroalgas marinhas, de forma geral. Mesmo em plantas vasculares, ainda há poucos indícios sobre a existência de filamentos intermediários (McNulty & Saunders, 1992), os quais, em metazoários, são de importância capital para a resistência celular a danos físicos (Albers & Fuchs, 1992). Os filamentos intermediários, dentre outras funções, compõem a lâmina nuclear, estrutura fundamental na preservação da integridade do envelope nuclear e na dinâmica do ciclo celular (Albers & Fuchs, 1992). A presença de filamentos intermediários em macroalgas marinhas do domínio Plantae, em Rhodophyta e em Chlorophyta, ainda é pouco investigada. Assim, a investigação deste elemento do citoesqueleto e desta estrutura nuclear poderão resultar em grande avanço no conhecimento da biologia celular e, também, em informação relevante para a compreensão de processos evolutivos em organismos eucariotos e em algas. O objetivo desse trabalho é investigar a existência de filamentos intermediários e lâmina nuclear em L. dendroidea e Ulva rigida e verificar sua função, contribuindo para o estudo do citoesqueleto. Também, compreender a estruturação do envelope nuclear de L. dendroidea e U. rigida., mesmo se não for demonstrada a existência da lâmina nuclear. METODOLOGIA Indivíduos de L. dendroidea e U. rigida, foram coletados na Praia Rasa (Armação dos Búzios, Rio de Janeiro, Brasil). Esporos da alga U. rigida foram obtidos por meio de indução de esporulação e foram fixados por 2 horas, congeladas por congelamento rápido por impacto e levados ao equipamento de criofratura para que fosse feita a fratura seguida do deep-etching e o sombreamento com carbono e platina (45º). A réplica feita foi colocada em ácido sulfúrico por 10 dias para que fosse digerida toda a matéria orgânica e, em seguida, levada ao microscópio eletrônico de transmissão para a observação das amostras. Por microscopia eletrônica de varredura foi analisada a rede de filamentos do citoesqueleto. Amostras de L. dendroidea foram fixadas, pós-fixadas, desidratadas em séries de etanol e secas pelo método do ponto crítico. Os tecidos das algas foram fraturados e, logo após, metalizados com ouro. Após, as amostras foram observadas no microscópio eletrônico de varredura. Estruturas celulares e filamentos do citoesqueleto de ambas as espécies foram medidos com o programa Image J para posterior comparação e identificação das estruturas analisadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observadas nas amostras de deep-etching dos esporos de Ulva sp. células fraturadas apresentando núcleo, citoplasma e parede celular (Fig. 1). Em maior magnificação, pudemos observar estruturas em forma de barril (EFB) no espaço intranuclear, medindo aproximadamente 10 nm. Além disso, foram observados também microfilamentos de actina no citoplasma. Nas amostras de L. dendroidea que foram fraturadas e analisadas no microscópio eletrônico de varredura (Fig. 2), foi possível observar células do tecido da alga decapadas, células com conteúdo vesicular abundante e células com estruturas filamentosas (possivelmente filamentos de citoesqueleto). Com base nas imagens obtidas, os filamentos do citoesqueleto e algumas estruturas celulares observados em ambas as espécies foram medidos (n>10). Em L. dendroidea foram encontrados dois tipos de filamentos, um delgado e outro mais espesso (com aproximadamente 23,89 e 74,01 nanômetros de diâmetro). Em U. rigida, foram encontrados um tipo de filamento delgado do citoesqueleto (de aproximadamente 6,07 nm de diâmetro) e EFB com dimensões médias de 11,27 nm (Tab. 1). Trabalhos recentes, como o de Reis, et al (2013), mostraram a presença de microtúbulos e microfilamentos (filamentos de actina) na espécie L. dendroidea. Sugere-se que os filamentos delgados e espessos observados (de 24 nm e 74 nm) correspondem, respectivamente, a microfilamentos (5-7 nm) e a micrototúbulos (24 nm). Esta proposição se justifica, apesar da diferença nas medidas de diâmetro, pois é sabido que a metalização com ouro (procedimento de rotina para MEV) resulta no espessamento significativo de estruturas manométricas. Neste caso, calcula-se que o tempo de metalização e distância das amostras para a fonte metalizadora possa ter resultado em um espessamento de ~20 nm nas bordas de estruturas analisadas. As estruturas em forma de barril observadas no espaço intranuclear de U. rigida possuem dimensões (~11,27 nm) compatíveis com estruturas denominadas nucleossomas (~10 nm). De fato, nenhuma estrutura semelhante ainda havia sido identifica em macroalgas marinhas e, devido a sua abundância associada ao genoma, é sugerida como a primeira observação em uma macroalga marinha. CONCLUSÕES Dois tipos de filamentos do citoesqueleto foram encontrados, filamentos de actina (em ambas as espécies) e microtúbulos (em L. dendroidea). Estruturas semelhantes à nucleossomas foram identificadas no espaço intranuclear de U. rigida, corroborando a localização do núcleo nas amostras de esporos. Apesar da observação do envelope nuclear em U. rigida., não foi possível a observação em detalhe desta estrutura e se há alguma rede de filamentos na sua composição, tal qual a lâmina nuclear. Como próximas etapa, a partir da elaboração dos protocolos apresentados, novos ensaios poderão ser executados, incluindo aqueles com a digestão de material genético objetivando a melhor visualização do envelope nuclear. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERS, K & FUCHS, E.. 1992. The molecular biology of intermediate filament proteins. Int Rev Cytol, 134:243-279. MCNULTY, A.K. & SAUNDERS, M.J. 1992. Purification and immunological detection of pea nuclear intermediate filaments: evidence for plant nuclear lamins. Journal of Cell Science. 103: 407-414. PARADAS, W.C., SALGADO, L.T., CRAPEZ M.A.C., SUDATTI, D.B., COUTINHO, R., PEREIRA, R.C. AND AMADO FILHO, G.M.. 2010. Environmental factors control the halogenated compounds storage and exocytosis in red seaweed Laurencia obtusa. Biofouling. REIS V.M., OLIVEIRA L.S., PASSOS R.M.F., VIANA N.B., MERMELSTEIN C., et al. 2013. Traffic of Secondary Metabolites to Cell Surface in the Red Alga Laurencia dendroidea Depends on a Two-Step Transport by the Cytoskeleton. PLoS ONE. 8(5): e63929 SALGADO L.T.; LEAL, R.N.; VIANA, N.B.; PARADAS, W.C.; DA GAMA, B.A.P.; ATTIAS, M.; PEREIRA, R.C. & AMADO FILHO, G.M.. 2008. Cellular storage, transport and exudation of halogenated compounds in red alga Laurencia obtusa. J. Struc. Biol., 162: 345-355. EPIFITISMO E SÍNDROMES DE DISPERSÃO EM BROMELIACEAE DA MATA ATLÂNTICA Luiz Henrique do Carmo Alvares da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação - 07/2011; previsão de conclusão do curso – 07/2015; ingresso no PIBIC dezembro/2012; orientador: Leandro Freitas. INTRODUÇÃO Bromeliaceae, apesar de não figurar entre as mais diversas famílias de angiospermas, é a quarta mais rica em número de espécies na Mata Atlântica. Das quase 3.100 espécies aceitas, 816 foram registradas na Mata Atlântica, sendo 80% destas endêmicas (Stehmann et al. 2009). Essa diversidade na família se reflete nos estratos florestais em que as espécies podem ser encontradas: no solo como terrestres, crescendo sobre substrato rochoso como rupícolas e sobre forófitos arborescentes como epífitas, nos troncos e copas. A evolução de diversos caracteres permitiu às bromélias ocupar formações de clima seco bem como desenvolver o hábito epifítico no interior da floresta úmida. Para lidar com a escassez de água, tricomas foliares absortivos e formação de um tanque, a partir da disposição das folhas em roseta, facilitam a absorção e a retenção de água. Outra estratégia importante é a fotossíntese CAM, que permite à planta abrir seus estômatos somente à noite, quando as temperaturas são menores, diminuindo a perda de água (Benzing 2000). As bromélias são classificadas como epífitas autótrofas dada a sua independência em relação ao forófito para obter nutrientes. Ainda, as bromélias podem ser epífitas facultativas ou verdadeiras. As bromélias que são epífitas verdadeiras são aquelas mais especializadas à vida nas copas; e as epífitas facultativas são aquelas que podem ocupar desde o solo até a copa, dependendo das condições de umidade locais (Benzing 1990). Essa variação no hábito epifítico pode estar associada também à dispersão dos diásporos. Os frutos tem a morfologia bem conservada em cada subfamília: e.g., Bromelioideae tem frutos carnosos indeiscentes como a baga; e Tillandsioideae, possui os frutos secos e deiscentes como a cápsula. O conjunto de características dos diásporos e dos dispersores é usado para definir o que denominamos como síndrome de dispersão. Assim, os frutos secos e deiscentes e as sementes plumosas em espécies de Tillandsioideae estariam associados à dispersão pelo vento enquanto em Bromelioideae, frutos carnosos indeiscentes com cores atrativas ou com presença de odor podem estar associados à dispersão por animais, na maioria aves. Benzing (2000), porém, cita casos de dispersão na família por outros grupos, como primatas. OBJETIVOS Esse estudo teve como primeiro objetivo, avaliar se, entre as bromélias epífitas da Mata Atlântica, as espécies de Bromelioideae apresentam maior facultatismo quanto ao epifítismo do que as espécies em Tillandsioideae. O segundo objetivo foi associar o epifítismo das espécies de Bromeliaceae às síndromes de dispersão de diásporos. MATERIAL E MÉTODOS Um total de 581 espécies de Bromeliaceae foram listadas como epífitas na Mata Atlântica a partir de levantamentos de espécies em Stehmann et al. (2009) e Lista de Espécies da Flora do Brasil 2013 (Forzza et al. 2013), além da descrição taxonômica e de dados ecológicos dos gêneros e espécies na literatura. O grau de epifitismo (GE) de cada espécie foi obtido através de informações sobre o hábito nos registros (exsicatas) da base de dados Specieslink (http://splink.cria.org.br). O GE consiste na razão do número de registros com hábito epifítico pelo número total de registros informativos (aqui consideramos o mínimo de dez registros informativos por espécie). Com base na suculência do fruto, as espécies foram classificadas quanto à síndrome de dispersão em anemocóricas (frutos secos) ou zoocóricas (frutos carnosos). Para as espécies zoocóricas, foram avaliados a cor, o comprimento (mm) e exposição dos frutos para a descrição da síndrome como: ornitocoria, mamalocoria, quiropterocoria ou mistas (quando dois ou mais grupos animais são os prováveis dispersores). O GE entre as subfamílias foi comparado através do teste KolgomorovSmirnov (função ks.test do pacote stats) em ambiente R. RESULTADOS Um total de 198 espécies teve informação quanto ao hábito nos registros do Specieslink. O GE diferiu entre as subfamílias (D = 0,55; P < 0,001), sendo maior em Tillandsioideae (mediana = 0,93; 81 espécies) do que em espécies de Bromelioideae (mediana = 0,56; 117 espécies) (Fig. 1). Quanto à síndrome de dispersão, as 193 espécies de Tillandsioideae foram classificadas como anemocóricas, enquanto as 364 espécies de Bromelioideae como zoocóricas. Cerca de metade das espécies de Bromelioideae foram classificadas como ornitocóricas (51,9%), já as outras síndromes foram menos representadas (Tab.1). DISCUSSÃO As espécies de Tillandsioideae se mostraram epífitas por excelência (i.e., holoepífitas). Essa preferência pelo epifitismo pode ser explicada por alguns caracteres como pequenas raízes esclerificadas para suporte mecânico nos galhos e copas das árvores, presença de um tanque para acúmulo de água e de tricomas absortivos na base das folhas nas espécies de grande porte e, pelo menor número de estômatos, fotossíntese CAM e tricomas absortivos por toda a folha, presentes nas espécies de pequeno porte. É válido ressaltar que os tricomas absortivos de Tillandsioideae são os mais especializados na família (Benzing 2000). Entretanto alguns caracteres estão presentes nas duas subfamílias. O epifitismo em espécies em Bromelioideae foi predominantemente facultativo, ou seja, os espécimes podem ocupar tanto o solo quanto o dossel. Uma explicação para isso seria a associação entre caracteres típicos de plantas terrestres (e.g., raízes absortivas), com estruturas ligadas ao epifitismo (e.g., tanque e tricomas absortivos) nesta subfamília (Benzing 2000). Além disso, o fato do epifitismo em Bromelioideae ser um caráter derivado, enquanto em Tillandsioideae o epifitismo é basal, também pode estar relacionado ao facultatismo no hábito em Bromelioideae. O epifitismo teve quatro origens independentes na família, sendo a primeira em Brocchinioideae, a subfamília mais basal (Givnish et al. 2007). Em Brocchinioideae, o advento do epifitismo está associado à forma de tanque nos espécimes. Já nas demais subfamílias o fator primordial para o hábito epifítico foi o surgimento independente da fotossíntese CAM entre elas (Givnish et al. 2007). A preferência pelo estrato arbóreo (holoepifitismo) pode estar associada à anemocoria em Tillandsioideae. No entanto, apesar da presença de diferentes síndromes de dispersão zoocóricas em Bromelioideae, isto não se relacionou diretamente com a diferença no hábito epifítico (i.e., o GE foi semelhante entre os grupos de diferentes tipos de zoocoria). CONCLUSÃO Sugere-se que a síndrome de dispersão pode estar associada ao tipo de epifitismo: zoocoria com epifitismo facultativo (em Bromelioideae) e anemocoria com holoepifitismo (em Tillandsioideae). Apesar disso, a origem do epifitismo em cada subfamília (derivado ou ancestral, respectivamente) também pode explicar a variação do hábito. Além disso, a presença de anemocoria e holoepifitismo em Bromeliaceae coincide com o padrão geral para epífitas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENZING, D.H. 1990 .Vascular epiphytes, General biology and related biota. 1ed. Cambridge University Press. Cambridge. 354p. BENZING, D.H. 2000. Bromeliaceae: Profile of an adaptative radiaton. 1ed. Cambridge University Press. Cambridge. 655p. FORZZA, R. et al. 2013. Lista de Espécies da Flora do Brasil 2013. http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ GIVNISH, T.J., MILLAM K.C., BERRY P.E. & SYTSMA, K.J. 2007. Phylogeny, adaptive radiation, and historical biogeography of Bromeliaceae inferred from ndhF sequence data. Aliso 23: 3–26. STEHMANN, J.R. et al. (Org.). 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 50 40 Frequência 30 20 10 0 -< =1 0 90 -< =9 0 80 -< =8 0 70 -< =7 0 60 -< =6 0 50 -< =5 0 40 -< =4 0 30 -< =3 0 20 -< =2 0 10 0- <= 10 0 Grau de epifitismo (%) Bromelioideae Tillandsioideae Figura 1. Frequência (número de espécies) em classes representando o grau de epifitismo dentre as subfamílias Bromelioideae e Tillandsioideae na Mata Atlântica. Tabela 1. Distribuição das síndromes de dispersão de espécies epífitas entre as subfamílias de Bromeliaceae na Mata Atlântica. Número de espécies (%) Bromelioideae Tillandsioideae Anemocoria 0 193 (100%) Ornitocoria 189 (51,9%) 0 Quiropterocoria 21 (5,8%) 0 Mamalocoria 95 (26,1%) 0 Mista 59 (16,2%) 0 Total 364 193 A FAMÍLIA COMMELINACEAE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL Marco Octávio de Oliveira Pellegrini; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação– julho/2008; conclusão do curso– 08/04/2013; ingresso no PIBIC: janeiro/2012; orientadoras: Rafaela Campostrini Forzza & Lidyanne Yuriko Saleme Aona-Pinheiro INTRODUÇÃO Commelinaceae apresenta 42 gêneros e aproximadamente 670 espécies, distribuídas principalmente nas regiões tropicais e subtropicais (Faden & Hunt 1991). São reconhecidos quatro centros de diversidade para a família: costa leste do Brasil (Dichorisandra), Índia (Murdannia), África (Aneilema) e Ásia (Commelina) (Aona 2008; Ramana et al. 2013; Faden 1991; Gajurel & Shrestha 2009, respectivamente). A família é monofilética e pode ser diferenciada de outros grupos de monocotiledôneas pelo seu caule suculento, canais de ráfides, folhas com bainhas sempre fechadas, inflorescências em cincinos e flores deliquescentes (Faden 1991). No Brasil ocorrem 79 espécies e os gêneros Aneilema (2 spp.), Buforrestia (1 spp.), Callisia (4 spp.), Commelina (9 spp.), Dichorisandra (34 spp.), Floscopa (4 spp.), Geogenanthus (1 sp.), Gibasis (1 sp.), Murdannia (5 spp.), Plowmanianthus (1 sp.), Siderasis (1 sp.), Tinantia (2 spp.), Tradescantia (8 spp.) e Tripogandra (7 spp.) (Aona & Pellegrini 2013). São plantas que ocorrem nos mais diversos ecossistemas, podendo ser encontradas desde locais com forte influência antrópica, restingas, cerrados, mangues, florestas tropicais e subtropicais até regiões temperadas (Aona & Pellegrini 2013). O Rio de Janeiro atualmente é o estado brasileiro com a maior área total de Floresta Atlântica (Ribeiro et al. 2009). Apesar disso, diversos gêneros e famílias botânicas carecem de levantamentos e dados atualizados relacionados tanto a taxonomia quanto a ecologia das espécies. Commelinaceae é uma das famílias mais difíceis de estudar com base em material herborizado, devido ao fato de suas flores serem deliquescentes, raramente ficando bem preservadas em material desidratado (Faden 1991). Desta forma, muitos dos gêneros de Commelinaceae ainda hoje se encontra com problemas taxonômicos e nomenclaturais, além de sub-amostrados nas coleções, sendo necessário incremento nas coletas, além de novos estudos. OBJETIVO Esse estudo teve como objetivo produzir uma listagem das espécies de Commelinaceae ocorrentes no estado do Rio de Janeiro, juntamente com um tratamento taxonômico para as espécies e gêneros. METODOLOGIA Foram realizadas consultas as coleções dos herbários C, CEPEC, CESJ, GUA, HB, HUEFS, K, MBM, MBML, NY, P, R, RB, RFA e US (acrônimos de acordo com Thiers 2013), visando levantar dados sobre as espécies ocorrentes no estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas coletas nos principais pontos de diversidade da família Commelinaceae no estado do Rio de Janeiro (região Serrana e Metropolitana), respeitando quando possível os períodos de floração das espécies. O material coletado foi herborizado segundo técnicas usuais de taxonomia, com algumas modificações, e depositado no herbário RB. Flores, frutos e sementes foram fixados em etanol 70%, para posterior análise em laboratório. Além disso, foram confeccionados cartões florais, visando uma melhor preservação dos verticilos florais e para facilitar a medição dos mesmos. Esses cartões foram feitos em campo ou laboratório, utilizando preferencialmente material floral fresco, que foi montado em plástico adesivo sobre cartolina branca. Devido à fragilidade e a curta duração de suas flores, estão sendo mantidas plantas em cultivo no Orquidário do Jardim Botânico, principalmente de espécies anuais ou mais difíceis de serem encontrados em flor (e.g. Aneilema, Callisia, Dichorisandra, Siderasis, Tinantia). Isso também auxiliará na análise e entendimento de sistemas subterrâneos, quando presentes (e.g. Dichorisandra, Siderasis) e formas de vida. RESULTADOS Foram registrados 10 gêneros (Aneilema, Callisia, Commelina, Dichorisandra, Floscopa, Gibasis, Siderasis, Tinantia, Tradescantia e Tripogandra) e 35 espécies de Commelinaceae, das quais oito são novos registros. Dichorisandra é o gênero com maior riqueza específica com 15 táxons, dos quais cinco são endêmicos e dois são novos para a ciência. Commelina e Tradescantia apresentam ambas cinco espécies. Siderasis apresenta apenas uma espécie endêmica das formações rochosas litorâneas dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói. DISCUSSÃO Dichorisandra, apesar de ser o gênero com a maior diversidade de espécies, não se mostra muito frequente e apresenta alto grau de endemismo, sendo encontrada somente em locais onde a vegetação nativa é mais bem preservada. Commelina e Tradescantia são os segundos gêneros mais diversos, ambos com cinco espécies. De maneira geral, as espécies pertencentes a estes gêneros, apresentam menos exigências ambientais (em especial Commelina) e por isso são algumas das mais frequentes Commelinaceae no estado. Como resultado desse trabalho Tripogandra warmingiana (Seub.) Handlos, uma espécie pouco conhecida, foi registrada pela primeira vez para fora do estado de Minas Gerais e recebeu tratamento taxonômico apropriado (Pellegrini et al. 2013). A família de maneira geral se mostra bem variável em relação as formas de vida. podendo ser encontradas vegetando como terrestres ou rupícolas, aquáticas emergentes ou ainda, ocasionalmente, como epífitas em matas úmidas. CONCLUSÃO Apesar de várias macrorregiões do estado ainda não terem sido devidamente coletadas, o número de novos registros feitos a partir de materiais de herbário e das novas coletas se mostra bastante significativo. As regiões que detiveram a maioria dos novos registros foram a Região do Lagos e o norte do estado (e.g. as Regiões de Campos dos Goytacazes, Itaperuna e Santo Antônio de Pádua). Ainda são necessárias mais coletas e uma análise mais detalhada de alguns espécimes para que se possam resolver problemas taxonômicos, encontrar novos registros e identificar possíveis novos táxons. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AONA, L.Y.S. 2008. Revisão taxonômica e análise cladística do gênero Dichorisandra J.C. Mikan (Commelinaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 310p. AONA, L.Y.S & PELLEGRINI, M.O.O. 2013. Commelinaceae In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em < http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB6924>. FADEN, R.B. 1991. The morphology and taxonomy of Aneilema R. Brown (Commelinaceae). Smithisonian Contributions to Botany 76. Washington, D.C. 181p. FADEN, R.B. & HUNT, D.R. 1991. The Classification of the Commelinaceae. Taxon 40(1): 19– 31. GAJUREL, J.P. & SHRESTHA, K.K. 2009. Taxonomy of the genus Commelina Plum. ex L. (Commelinaceae) in Nepal. Botanica Orientalis- Journal of Plant Science. 6(1): 25–31p. PELLEGRINI, M.O.O., AONA-PINHEIRO, L.Y.S., FORZZA, R.C. 2013. Taxonomy and conservation status of Tripogandra warmingiana (Seub.) Handlos (Commelinaceae), a previously obscure taxon from Brazil. Phytotaxa 91(2): 39–49p. RIBEIRO, M.C.; METZGER, J.P.; MARTENSEN, A.C.; PONZONI, F.J.; HIROTA, M.M. 2009. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation. 142(1): 1141–1153p. RAMANA, M.V.; NANDIKAR, M.; GURAV, R.V.; TAGORE, J.K. & SANJAPPA, M. 2013. Murdania saddlepeakensis (Commelinaceae) - a new species from Andaman and Nicobar Islands, India. PhytoKeys 20: 9–15p. THIERS, B. 2013. Index Herbariorum: A global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Gardens’ Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgun.nybg.org/ih/>. Acesso em 20 abril 2013. TRANSFERIBILIDADE DE MARCADORES DE DNA MICROSSATÉLITES EM ESPÉCIES DE JEQUITIBÁS (CARINIANA SPP., LECYTHIDACEAE) Paloma Costa Cancella; graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida; ingresso na graduação – 02/2011; previsão de conclusão do curso – 12/2014; ingresso no PIBIC: agosto/2012; orientador: Maristerra Rodrigues Lemes. INTRODUÇÃO A diversidade genética é importante para a sobrevivência de espécies de árvores, uma vez que possibilita que as populações se adaptem às mudanças ambientais. Essa capacidade pode ser comprometida quando, em decorrência de ações antrópicas como o desmatamento e fragmentação do habitat, as densidades das populações de árvores são drasticamente diminuídas. Tal diminuição pode comprometer o tamanho efetivo destas populações, podendo levá-las à extinção local (Bawa, 1993). A família Lecythidaceae constitui uma das famílias mais importantes em termos de diversidade nas florestas neotropicais. As Lecythidaceae neotropicais compreendem 197 espécies descritas em 11 gêneros, dentre eles o gênero Cariniana (Prance & Mori 1979). Das 472 espécies da lista da flora brasileira ameaçada, constam do Anexo I, duas espécies de jequitibás, o jequitibáaçu (Cariniana ianeirensis R. Knuth), e o jequitibá-cravinho (C. parvifolia S. A. Mori, Prance & Menandro). Marcadores microsatélites também conhecidos como SSRs (Sequências Simples Repetitivas) são pequenas sequências de DNA compostas de repetições de 1 a 4 nucleotídeos encontradas no genoma de eucariotos. São marcadores altamente polimórficos e, portanto, bastante informativos para aplicação em estudos sobre variação genética em populações. Além disso, essa classe de marcadores possibilita sua transferibilidade entre espécies relacionadas, incrementando significativamente a relação custo/benefício no uso desta tecnologia. A hipótese de trabalho considerada é a de que espécies filogeneticamente próximas apresentam homologia das sequências flanqueadoras aos locos microssatélites, permitindo sua transferibilidade entre espécies filogeneticamente próximas (Lemes et al. 2007, Lemes et al. 2011). No presente estudo, propoe-se verificar a transferibilidade de marcadores microssatélites desenvolvidos para o jequitibá branco (Cariniana estrellensis), para outras três espécies congenéricas de jequitibás: C. legalis, C. ianeirensis e C. parvifolia, visando disponibilizar marcadores informativos para o desenvolvimento de estudos futuros sobre a genética de populações e conservação destas espécies, sendo duas delas criticamente ameaçadas. OBJETIVO Investigar a transferibilidade de marcadores microsatélites do genoma nuclear desenvolvidos para o jequitibá branco (Cariniana estrellensis), para outras três espécies do gênero Carinana: o jequitibá rosa (C. legalis), o jequitibá-açú (C. ianeirensis) e o jequitibá cravinho (C. parvifolia). MATERIAIS E MÉTODOS Coteta do material Foram coletadas folhas de 10 a 20 indivíduos de cada uma das quatro espécies de jequitibás (C. estrellensis, C. legalis, C. ianeirensis e C. parvifolia), provenientes de diferentes populações. As folhas foram acondicionadas em sílica gel e armazenadas a -20 oC até a extração do DNA. Procedimentos A extração do DNA foi feita utilizando-se o método CTAB 2% modificado por Ferreira e Grattapaglia (1998), com auxílio de um macerador Mixer Mill. A quantificação do DNA genômico total foi feita por análise comparativa com padrões de massa molecular conhecida do DNA do fago Lambda, sob eletroforese em gel de agarose 1%. Foram utilizados nove de 15 pares de primers microssatélites desenvolvidos para C. estrellensis (Guidugli 2009) e testadas as condições de amplificação e transferibilidade destes locos para C. legalis, C. ianeirensis e C. parvifolia. A amplificação dos microssatélites foi feita via PCR utilizando-se o protocolo descrito em Lemes et al. 2007. Na otimização das condições da PCR e análise da transferibilidade dos locos SSR foram testadas diferentes temperaturas de anelamento dos primers. Os produtos amplificados foram analisados sob eletroforese em gel de agarose 2% corados com GelRed (Biotium, Inc.) e visualizados em transiluminador sob luz ultravioleta. Em seguida os géis foram fotodocumentados e analisados quanto a especificidade e qualidade dos produtos amplificados. RESULTADOS & DISCUSSÃO A figura 1 mostra a quantificação do DNA genômico total extraido de oito indivíduos de C. estrellensis, C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis, utilizando-se o método CTAB 2%. A análise dos géis de quantificação atesta a boa quantidade e integridade do DNA extraído de folhas das quatro espécies de jequitibás. A concentração do DNA extraído das amostras variou de 50 a 600 ng/ l. Dos nove pares de primers testados para a amplificação dos locos SSR, nove tiveram a confirmação de amplificação para C. estrellensis e seis para C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis (Tabela 1). Também foi possível estimar o tamanho dos produtos amplificados para os locos SSR nas quatro espécies (Tabela 1). Na figura 2 são observados os perfis das PCRs indicando o tamanho dos fragmentos amplificados para o loco Ces16, nas quatro espécies de jequitibás. A alta taxa de sucesso (67%) na habilidade dos marcadores para amplificar os seis locos SSR, nas três espécies congenéricas (C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis), assemelhou-se ou foi maior que taxas observadas para outras espécies de árvores neotropicais (Lemes et al. 2007, Braga et al. 2007). CONCLUSÕES O método de extração de DNA utilizado foi eficiente na obtenção de DNA genômico de boa qualidade e quantidade para as quatro espécies estudadas. A transferibilidade de marcadores microssatélites desenvolvidos para C. estrellensis foi bem sucedida possibilitando a amplificação de seis locos SSR do genoma nuclear de C. legalis. C. parvifolia e C. ianeirensis. A alta taxa de transferabilidade (67%) dos marcadores microssatélites indicam sua possível utilidade em estudos futuros sobre a genética de populações e conservação destas espécies. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAWA, K. S. 1993. Effects of deforestation and forest fragmentation on genetic diversity in tropical tree populations. In: Drysdale, R.M.; John, S.E.T.; Yapa, A.C. 1994. Proceedings: International Symposium on Genetic Conservation and Production of Tropical Forest Tree Seed. ASEAN-Canada Forest Tree Seed Centre Project, Muak-Lek, Saraburi, Thailand. P. 10-16. BRAGA A. C., REIS A. M. M, LEOI L. T., PEREIRA R. W., COLLEVATTI, R. G. 2007. Development and characterization of microsatellite markers for the tropical tree species Tabebuia aurea (Bignoniaceae). Molecular Ecology Notes 7:53–56 FERREIRA, M. E. & GRATTAPAGLIA, D. 1998. Introducao ao uso de marcadores moleculares em análise genética. 3a. ed. Brasília (EMBRAPA-CENARGEN). GUIDUGLI, M. C., CAMPOS, T., SOUSA, A. C. B., FERES, J. M., SEBBENN, A. M., MESTRINER, M. A., CONTEL, E. P. B. & ALZATE-MARIN, A. 2009. Development and characterization of 15 microsatellite loci for Cariniana estrellensis. Conservation Genetics 10: 1001 – 1004. LEMES, M. R., MARTINIANO, T. M., REIS, V. M., FARIA, C. P. & GRIBEL, R. 2007. Cross-amplification and characterization of microssatelite loci for three species of Theobroma (Sterculiaceae) from Brazilian Amazon. Genetic Resources and Crop Evolution 54: 1653-1657. LEMES, M. R., ESASHIKA, T., GAOUE, O. G. 2011. Microsatellites for mahoganies: Twelve new loci for Swietenia macrophylla and its high transferability to Khaya senegalensis. American Journal of Botany 98: e-207 – e-209. PRANCE, G. T. & MORI, S. A. 1979. Lecythidaceae – Part I. The actinomorphic-flowered New World Lecythidacae (Asteranthos, Gustavia, Grias, Allantoma & Cariniana). Flora Neotropica monograph 21: 1 – 270. Tabela 1 – Temperatura ótima de anelamento (Ta) de primers e estimativa dos tamanhos dos alelos (pb) para seis locos microssatélites amplificados em quatro espécies de Cariniana. Loco SSR C. estrellensis Alelos Ta C. ianeirensis Alelos Ta C. legalis Alelos Ta C. parvifolia Alelos Ta (pb) (°C) (pb) (°C) (pb) (°C) (pb) (°C) Ces01 150 50 150 48 180 50 180 48 Ces03 220 52 200 58 220 50 200 50 Ces05 170 57 170 60 170 57 170 57 Ces11 200 54 200 57 200 54 200 54 Ces16 200 56 180 56 200 56 190 56 Ces18 150 47 170 66 150 54 170 66 50 100 200 200 100 50 1 2 1 3 2 4 3 4 5 6 7 8 5 C. estrellensis 6 7 8 50 100 200 1 2 3 4 5 6 50 100 200 1 2 3 4 5 6 C. parvifolia 7 8 C. legalis 7 8 C. ianeirensis Figura 1 – Quantificação do DNA genômico total extraído de oito indivíduos de quatro espécies de Cariniana (Lecythidaceae). Em cada gel as tres primeiras colunas correspondem aos marcadores lambda 50, 100 e 200 ng. As colunas de 1 a 8 correspondem às amostras de DNA. L 1 2 3 4 5 6 7 L 1 2 3 4 5 6 7 8 200pb 100pb L 1 2 3 4 5 6 C. estrellensis 7 8 9 C. legalis L 1 2 3 4 5 6 7 8 200pb 100pb C. parvifolia C. ianeirensis Figura 2 – Produtos amplificados via PCR utilizando o marcador microssatélite Ces 16 em quatro espécies congenéricas de jequitibás (Cariniana estrellensis, C. legalis, C. parvifolia e C. ianeirensis). L = ladder 100 pb. As colunas de 1 a 9 correspondem aos produtos da PCR. RIQUEZA DE ESPÉCIES DA FLORA DA SERRA DO ARACÁ, AMAZÔNIA, BRASIL Rafael Gomes Barbosa da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação 02/2011; previsão de conclusão do curso-2015; ingresso no PIBIC: 02/2012; Orientadora: Rafaela Campostrini Forzza. INTRODUÇÃO Montanhas representam um ecossistema muito distinto e formam um excelente modelo de sistemas relacionados às questões centrais da biodiversidade tais como, tamanho mínimo de população, consequências de fragmentação, endemismos restritos, paleoendemismos, entre outros (Porembski & Barthlott, 2000). No Brasil a maioria dos estudos realizados nestas áreas trata dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Harley & Simmons1986, Giulietti et al. 1987, Alves 1992, Pirani et al. 1994 e 2003, Stannard 1995, Zappi et al. 2003), ou dos Campos de Altitude da Floresta Atlântica (Martinelli 1996, Porembski et al. 1998, Safford 1999, Iganci et al. 2011). No Domínio Amazônico pouco ainda se conhece sobre a flora das montanhas, sendo os estudos restritos a coletas esporádicas ou floras realizadas em países vizinhos ao Brasil (Huber 1995). Das 75 unidades de conservação do Amazonas, apenas quatro contemplam a conservação de áreas montanhosas: P.E. Serra do Aracá, P.E. Morro dos Seis Lagos, PARNA Pico da Neblina e a Floresta Nacional do Amazonas. O P.E. da Serra do Aracá foi criado em 1990 com uma área de 1.818.700 hectares e altitudes que variam de 44 a 2.121m. Esta situado no estado do Amazonas, entre as coordenadas 0°51-57’N e 63°14-24’O, no município de Barcelos. O clima na região é Equatorial Úmido, com menos de dois meses de seca anual, e a temperatura é superior a 18C no mês mais frio. O Parque está inserido no Planalto das Guianas, que se estende do Norte do Brasil até a Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (FVA & CEUC 2010). A Serra do Aracá é uma das poucas áreas montanhosas dentro do Domínio Amazônico que possui uma lista preliminar de espécies publicada por Prance & Johnson (1991). OBJETIVOS 1) Atualizar os nomes da lista publicada por Prance & Johnson (1991) para a Serra do Aracá; 2) Ampliar a lista trabalhando na identificação do material oriundo de coletas recentes realizadas da Serra do Aracá (acima de 900 m); 3) Elaborar um banco de dados com informações da flora da Serra do Aracá; 4) Analisar a distribuição geográfica dos táxons. METODOLOGIA No período de 14 meses o trabalho realizado englobou as seguintes etapas: elaboração da lista de espécies em Excel com os 532 registros correspondentes aos 242 táxons publicados por Prance & Johnson (1991); atualização nomenclatural dos nomes dessa lista; levantamento da distribuição geográfica dos táxons; montagem das exsicatas coletadas em 2011; identificação dos espécimes de angiospermas, samambaias e licófitas; inserção dos dados das novas coletas e dos dados importados do Species Link. RESULTADOS & DISCUSSÃO Foram atualizados 90 registros, correspondendo a 37 espécies da lista de Prance & Johnson (1991). Até o momento, foram identificados 190 espécimes, que correspondem a 99 espécies (83 de angiospermas e 16 de samambaias e licófitas). Dessas 49 são endêmicas do Domínio Amazônico; 12 endêmicas do Brasil das quais Diacidia aracaensis W.R.Anderson, Gleasonia prancei Boom., Ternstroemia prancei Boom., T. aracae Boom., Verrucularia piresii W.R.Anderson, são endêmicas da Serra do Aracá. Foram encontradas quatro espécies de Bromeliaceae não citadas anteriormente para o Brasil: Brocchinia delicatula L.B.Sm., Guzmania squarrosa Mez, Navia abysmophila L.B.Sm e Racinea ropalocarpa (André) M.A. Spencer & L.B.Sm.; uma de Malpighiaceae (Blepharandra hypoleuca (Benth.) Griseb.); uma espécie e uma variedade de Lindsaeaceae (Lindsaea stricta var. jamesoniiformis K.U. Kramer, Lindsaea klotzschiana Moritz ex Ettingsh.). Os dados importados da Serra do Aracá do Species Link conta com 4.901 registros, esse número reflete uma flora maior do que Prance & Johnson (1991) descreveram, resultado este de coletas não publicadas nesse trabalho, de materiais indeterminados anteriormente e de coletas de outros pesquisadores na região. O banco de dados conta com 980 registros, destes 532 são da lista de Prance & Jonhson (1991) e 448 de angiospermas e samambaias e licófitas. CONCLUSÃO Espera-se assim que ao final da identificação, a lista de espécies expresse a real diversidade da flora da Serra do Aracá, ampliando o conhecimento e a distribuição dos táxons bem como, preenchendo lacunas quanto aos centros de diversidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R.J.V. 1992. The flora and vegetation of the Serra de São José in Minas Gerais, Brasil. Botan. Inst. Czechoslovak Academy of Sciences (Thesis). FVA & CEUC, 2010. Plano de Gestão do Parque Estadual da Serra do Aracá, Volume 1. Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas-CEUC. GIULIETTI, A.M., MENEZES, N.L., PIRANI, J.R., MEGURO, M. & WANDERLEY, M.G.L. 1987. Flora da Serra do Cipó: caracterização e lista de espécies. Bol. Bot. Uni. São Paulo 9: 1-151. HARLEY, R. M. & SIMMONS, N. A. 1986. Flórula de Mucugê: Chapada Diamantina-Bahia, Brazil. Royal Botanic Gardens. Kew. HUBER, O. 1995. Vegetation. In: Flora of the Venezuelan Guayana. J.A. Steyermark, P.E. Berry & B.K. Host (eds.). Missouri Botanical Garden, St. Louis, pp. 97-160. IGANCI, JOÃO R. V., HEIDEN GUSTAVO, MIOTTO SILVIA TERESINHA S. & PENNINGTON R. TOBY. 2011. Campos de Cima da Serra: the Brazilian Subtropical Highland Grasslands show an unexpected level of plant endemism. Bot. J. Linn. Soc. MARTINELLI, G. 1996. Campos de Altitude. Editora. Index, Rio de Janeiro. PIRANI, J. R.; GIULIETTI, A. M.; MELLO-SILVA, R. & MEGURO, M. 1994. Checklist and patterns of geographic distribution of the vegetation of Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brasil. Revta. Brasil. Bot. 17: 133-147. PIRANI, J. R.; MELLO-SILVA, R. & GIULIETTI, A. M. 2003. Flora de Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil. Bol. Bot. Uni. São Paulo 21(1): 1-24. POREMBSKI, S. & BARTHLOTT, W. 2000. Preface: In Inselbergs – Biotic Diversity of Isolated Rock Outcrops in Tropical and Temperate Regions. S. Porembski & W. Barthlott (eds.). Springer, Heidelberg, pp.5-9. POREMBSKI, S., MARTINELLI, G., OHLEMÜLLER, R. & BARTHLOTT, W. 1998. Diversity and ecology of saxicolous vegetation mats on inselbergs in the Brazilian Atlantic rainforest. Diversity and Distributions 4:107-119. PRANCE, G.T. & JOHNSON, D.M. 1991. Plant collections from the plateau of Serra do Aracá (Amazonas, Brazil) and their phytogeographic affinities. Kew Bull. 47:1-24. SAFFORD, H.D. 1999. Brazilian páramos: Introduction to the physical environment and vegetation of the campos de altitude. Journal of Biogeography 26:693-712. ZAPPI, D. C.; LUCAS, E.; STANNARD, B. L.; LUGHADHA, E. N.; PIRANI, J. R.; QUEIROZ, L.P.; ATKINS, S.; HIND, D. J. N.; GIULIETTI, A. M.; HARLEY, R. M. & CARVALHO, A. M. 2003. Lista das plantas vasculares de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Bol. Bot. Univ. São Paulo 21(2):345-398. MODELAGEM DE PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO EM SWARTZIA (LEGUMINOSAE, PAPILONOIDEAE), UM GÊNERO DIVERSO NO NEOTRÓPICO Tarlile Barbosa Lima; Graduação em Ciências Biológicas; UFF; ingresso na graduação – 07/2009; previsão de conclusão do curso – 07/2014; ingresso no PIBIC: 07/2011; orientador: Vidal de Freitas Mansano. INTRODUÇÃO Com distribuição pantropical, a Leguminosae Juss. é a terceira maior família de Angiospermae, possuindo três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae. Swartzia Schreb. é um dos membros basais de Papilionoideae sendo plantas lenhosas de distribuição neotropical, com uma estrutura floral peculiar: o cálice é inteiro no botão floral e se rompe irregularmente na antese, a corola tem uma pétala ou a pétala é ausente e o androceu é multiestaminado e heteromórfico, com até três tipos diferentes de estames (Mansano & Souza, 2005). Estima-se que há cerca de 180 espécies de Swartzia distribuídas principalmente desde Nayarit, no México, até o sul do Rio Grande do Sul (Cowan,1968; Torke & Mansano,2009). Swartzia apetala encontra-se associada ao bioma Mata Atântica, ocorrendo no Rio de Janeiro e Bahia (Oliveira-Filho,2009). A modelagem de distribuição potencial de espécies mostra-se uma ferramenta ideal para a realização do estudo do gênero Swartzia. porque, de acordo com Kamino (2009), possibilita a expansão de áreas de ocorrência das espécies; a discussão de endemismo das espécies modeladas; e permite uma reavaliação do “status” de conservação destas. Há também as possibilidades de identificação e delimitação de áreas para reservas de reintrodução de espécies e desenvolvimento de medidas eficazes para a conservação das mesmas (Adhikari et. al., 2012). Em Swartzia sect. Swartzia Torke & Mansano merece destaque Swartzia apetala Raddi. Em estudo sobre o gênero no Brasil foi efetuada a sinonimização de S. apetala var. blanchetii e S. apetala var. subcordata com S. apetala var. apetala, considerando apenas duas variedades para esta espécie (S. apetala var. apetala e S. apetala var. glabra). Mansano (com. pess.) acredita que a sinonimização de S. apetala var. blanchetii deva ser revista e que este táxon não é sinônimo, pois S. apetala var. blanchetii caracteriza-se pelo ovário piloso (característica exclusiva dentro da espécie), acinzentado e pedicelo de comprimento entre 2 a 3 mm. OBJETIVO Estudar a distribuição das variedades de Swartzia apetala com o auxílio da ferramenta de modelagem de distribuição potencial (software Maxent), relacionando-os com fatores ambientais. MATERIAL E MÉTODOS A realização do delineamento experimental da modelagem preditiva foi o enfoque nessa fase do projeto. Compreendeu a delimitação da área de ocorrência das espécies (bioma Mata Atlântica), tratamento de dados bióticos (descartes de algumas coordenadas imprecisas), definição dos dados abióticos e, finalmente a escolha do algoritmo adequado para a produção de um modelo preditivo passível de validação. Para elaboração desse modelo experimental utilizou-se uma abordagem exploratória para cada variedade de S. apetala, o que justifica a escolha de variáveis ambientais mais genéricas (dados abióticos).Foram selecionadas quatro variáveis bioclimáticas e uma topográfica da base de dados Worldclim: bio_13 (precipitação no mês mais quente); bio_14 (precipitação no mês mais seco); bio_5 (temperatura máxima no mês mais quente); bio_6 (temperatura mínima no mês mais frio) e h_dem (altitude) na resolução de pixel de 10 km. O algoritmo selecionado foi o MaxEnt, que trabalha estimando a probabilidade de distribuição em máxima entropia, prevendo a distribuição potencial de uma espécie com base em variáveis ambientais e coordenadas geográficas. No processo de modelagem foi realizado o download gratuito do MaxEnt e as coordenadas foram inseridas no campo Samples e as variáveis ambientais no campo Enviromental layers. Alguns ajustes na configuração foram admitidos antes de operar o programa, dentre elas as opções de criação do teste de “jacknife” (que divide aleatoriamente o conjunto de pontos em treino e teste) e as curvas características de operação (ROC). RESULTADOS E DISCUSSÃO Como previsto, a distribuição das variedades de S. apetala é influenciada por fatores climáticos, principalmente pela precipitação. Em S. apetala var. apetala, o valor médio encontrado para a curva ROC foi de AUC = 0,957, valores aceitáveis de máximo variam na literatura, mas geralmente 0.6 e acima são considerados “bons” (Graham & Hijmans 2006). Já o teste de “Jacknife” (fig.2) acusou como variável de maior contribuição para o modelo a bio_5 (temperatura máxima no mês mais quente) e a bio_13 (precipitação no mês mais quente), respectivamente. É possível afirmar que sua distribuição está relacionada com toda a extensão da mata Atlântica. Já S. apetala var. glabra apresentou AUC = 0,845 e as variáveis bio_14 (precipitação no mês mais seco) e h_dem (altitude) demonstraram insignificância para o modelo gerado, assim o padrão de maior colaboração segue com as variáveis bio_5 e bio_13. Este modelo apresentou artefatos em sua conformação final, aparentemente erro de sobreprevisão. Neste caso, áreas que não possuem ocorrência das espécies são evidenciadas, isto ocorre devido à barreiras geográficas, capacidade de dispersão, competição, predação ou mesmo por ser essa área inabitável (não oferendo recursos e condições necessários para a manutenção de uma população viável mínima). Swartzia apetala var. blanchettii respondeu com o melhor modelo gerado, sua curva ROC foi classificada com AUC = 0,996 com desvio de 0,003 e ambas variáveis ambientais exibiram contribuição semelhante para obtenção do modelo. Estes dados relacionados com o mapa preditivo (fig.1) substanciam a hipótese de endemismo associado à referida variedade. Também é importante atentar para suas características morfológicas exclusivas, as quais implicam na revisão deste táxon. CONCLUSÃO Através do modelo gerado é possível extrapolar análises a respeito da ecologia geral das espécies estudadas, bem como determinar suas peculiaridades, haja visto o caso de S. apetala var. blanchettii que demonstrou maior adequabilidade à uma região específica, conferindo endemismo. Também podemos notar a potencial ampliação da área de ocorrência em S. apetala var. apetala, ambas reflexos diretos das condições ambientais em que se encontram. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADHIKARIA D., BARIKA S. K., UPADHAYAB K. 2012. Habitat distribution modelling for reintroduction of Ilex khasiana Purk., a critically endangered tree species of northeastern India. Ecological Engineering 40 (2012) 37– 43. COWAN, R. S. 1968. Swartzia (Leguminosae- Caesalpinioideae, Swartzieae). Flora Neotropica Monograph 1. Hafner, New York, 228p. GRAHAN, C.H.; FERRIER, S.; HUETMAM, F.; MORITZ, C. & PETERSON, A.T. 2006. New developments in museumbased informatics and applications in biodiversity analysis. Trends in Ecology and Evolution 19:497-503. KAMINO, L.H.Y. 2009. Modelos de distribuição geográfica potencial: aplicação com plantas ameaçadas de extinção da Floresta Atlântica. 133f. : Il. MANSANO, V. F. & SOUZA, A. L. 2005. A new Swartzia (Leguminosae: Papilionoideae: Swartzieae) species with trimorphic stamens from Amazonian Brazil. Botanical Journal of the Linnean Society 147: 235-238. OLIVEIRA-FILHO, A.T.2009. TreeAtlan: flora arbórea da Mata Atlântica e domínios adjacentes. TORKE, B. M. and MANSANO, V. F. 2009. A phylogenetically based sectional classification of Swartzia (Leguminosae-Papilionoideae). Taxon 58: 913–924. Figura 1: Mapas preditivos dos modelos gerados: S. apetala var. apetala, S. apetala var. glabra, S. apetala var. blanchettii, respectivamente. Figura 2: Gráficos relativos aos testes de “jacknife” das variedades de S. apetala demonstrando a colaboração das variáveis ambientais para a geração do modelo. ARISTOLOCHIACEAE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Thiago Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação – 03/2010; previsão de conclusão do curso – 03/2014; ingresso no PIBIC: 11/2011; Orientador: Elsie Franklin Guimarães INTRODUÇÃO Aristolochiaceae pertence à ordem Piperales e são consideradas filogeneticamente próximas à divergência entre monocotiledônias e dicotiledônias. Possuem cerca de 550 espécies distribuídas em quatro gêneros divididos entre as subfamílias Aristolochioideae e Asaroideae, ocorrentes nas regiões tropicais e temperadas, respectivamente (Wanke, 2006). Apesar de Aristolochiaceae ser distribuída por todo mundo, a maior diversidade de Aristolochia L. se encontra em regiões neotropicais responsáveis por cerca de 60% das espécies (González 1998). O Brasil, juntamente com o México e a Ilha de São Domingos é o local de maior riqueza desse gênero (González 1998) enquanto a flora do Brasil está representada por cerca de 90 espécies em Aristolochia (Siqueira 1988), visto que os gêneros Holostylis Duchtr e Euglypha Chodat & Hassl foram sinonimizados em Aristolochia (Wanke 2006). As espécies da família são em sua maioria trepadeiras sem gavinhas, com folhas alternas, simples, inteiras ou lobadas podendo ter pseudoestípulas ou não. As flores são isoladas axilares, em racemos ou cimeiras, apresentam cores escuras com manchas castanho-avermelhadas, possivelmente surgida das folhas, que sofreram mudança de cor e surgimento de tricomas com glândulas odoríferas, como se pode observar em Aristolochia maurorum L., que possui no mesmo indivíduo essas características que acontecem gradualmente (Lorch 1959). As flores são hermafroditas e zigomorfas. O perianto é homoclamídeo, gamopétalo, unilabiado ou bilabiado com diferentes formas; está dividido em 3 partes: utrículo, que possui forma oval, tubo floral e lábio que apresenta diversas formas e cores. Possuem 6 anteras fundidas com o gineceu (estilete e estigma), formando uma coluna denominada ginostêmio. O gineceu possui de 4 a 6 carpelos, com ovário ínfero ou semi-ínfero, dividido em 6 lóculos multiovulados. O fruto é uma cápsula com deiscência septicida e apresenta sementes, em sua maioria, achatadas e aladas (Chukr & Capellari 2002). A família, em geral, possui uma maneira peculiar de realizar sua polinização, que ocorre através de polinizadores saprófagos. Por isso, o sistema de polinização em Aristolochiaceae, é considerado enganoso, visto que, os polinizadores não necessitam do néctar nem do pólen das flores (Sakai 2002). Várias espécies de Aristolochiaceae são usadas como medicinais e também ornamentais. Os índios Yanomami, da América do Sul, utilizam infusões da planta para trato digestivo (Milliken & Albert 1996). No uso popular estas plantas são citadas em combate a febre, asma, enxaqueca, no relaxamento uterino, estimulando a menstruação, e externamente são usadas no tratamento de sarnas, úlceras crônicas e picadas de cobras. Também é dito que seu uso pode causar náuseas, aceleramento de pulso, sono agitado e perturbações cerebrais, a chamada embriaguez aristolóquica. Suas propriedades medicinais estão principalmente associadas à substância cymbiferina, retirada da Aristolochia cymbifera Mart. & Zucc., e à substância chamada ácido aristolóquico retirada, principalmente, da A. gigantea Mart. & Zucc. (Capellari 1991), não raro encontrada em todas as espécies de Aristolochia (Siqueira 1988). É muito utilizada na ornamentação, graças a suas flores de beleza exótica, como ocorre com a Aristolochia grandiflora Sw.,com uma flor de até 150 cm, sendo considerada a mais larga do mundo (Bello 2006). OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi reconhecer as espécies de Aristolochiaceae presentes no estado do Rio de Janeiro. METODOLOGIA Para coleta de informações foi consultado o Herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro (R) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA), além de levantamentos bibliográficos e obras de diversos autores. Excursões foram organizadas para coleta em campo, com o objetivo de observar as plantas e treinar o conhecimento prático do coletor. Os materiais que foram coletados serviram para analisar as espécies in loco, colhendo informações que somente podem ser percebidas desta forma e que não estão presentes nas exsicatas. Os materiais coletados nos trabalhos de campo foram herborizados de acordo com as técnicas usuais (Guedes-Bruni et al. , 2002), sendo a coleção botânica posteriormente incorporada ao Herbário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB), com duplicatas distribuídas para os outros herbários públicos do Estado do Rio de Janeiro. Fotografias digitais das espécies foram tiradas in loco e com o material ainda vivo após a coleta. Os comentários sobre as espécies foram confeccionados com informações originais e obtidos de literatura especializada. Os dados obtidos com as coletas realizadas complementaram as diagnoses. A chave de identificação já elaborada para as espécies de Aristolochiaceae ocorrentes no Estado do Rio de Janeiro recebeu o acréscimo das novas espécies encontradas nos herbários pesquisados. Os dados referentes à distribuição geográfica e ao ambiente foram obtidos por meio de informações contidas na literatura, nas etiquetas das coleções examinadas e nas observações pessoais em campo. RESULTADOS Através das pesquisas nos Herbários foram feitas diagnoses constando os dados gerais das espécies, material selecionado e alguns dados oriundos das etiquetas, relacionados às características das espécies. Estas diagnoses serviram para enriquecer a chave analítica de identificação. As espécies coletadas nas excursões forneceram informações somente observadas in loco, bem como contribuíram para o aumento do acervo do Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. DISCUSSÃO Os resultados obtidos pelas pesquisas efetuadas vão ao encontro de alguns trabalhos já realizados sobre o tema em outras áreas do país, os quais podem ser utilizados para complementar as informações sobre Aristolochiaceae. CONCLUSÃO Os resultados obtidos até o momento para o conhecimento das Aristolochiaceae ainda é parcial, tendo em vista a dificuldade de observação de plantas férteis, as quais possibilitariam a análise do ginostêmio. Acrescenta-se que foram analisadas quase que a totalidade das espécies cariocas, restando apenas o trabalho de adicionar mais informações às mesmas. Além disso, é importante destacar que faltam poucos herbários a serem consultados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPELLARI, Jr., L. 1991. Espécies de Aristolochia L. (Aristolochiaceae) ocorrentes no Estado de São Paulo. Dissertação de mestrado. UNICAMP, Campinas. CHUKR, N. S. & CAPELLARI, Jr., L. 2002. Aristolochiaceae Juss.. In: Wanderley, M.G.L.; Shepherd, G.J.; Giulietti, A.M.; Kirizawa, M. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. v. 2., p. 39-49. FAPESP/RIMA, São Paulo. GONZÁLEZ, F. 1998. Two New Species of Aristolochia (Aristolochiaceae) from Brazil and Peru. Brittonia. 50(1): 5-10Siqueira, M. R. 1988. Biologia floral de três espécies de Aristolochia (Aristolochiaceae). Dissertação de mestrado. UNICAMP, Campinas. LORCH, J. W. 1959. The Perianth of the Aristolochia – A New Interpretation. Evolution. 13(3): 415416 MILLIKEN, W. & ALBERT, B. 1996. The use of Medicinal Plants by the Yanomami Indians of Brazil. Economic Botany 50(1): 10-25. SAKAI, S. 2002. Aristolochia spp. (Aristolochiaceae) Pollinated by Flies Breeding on Decomposing Flowers in Panama. American Journal of Botany. 89(3): 527-534 SIQUEIRA, M. R. 1988. Biologia floral de três espécies de Aristolochia (Aristolochiaceae). Dissertação de mestrado. UNICAMP, Campinas. WANKE, S. J. U. 2006. Evolution of the genus Aristolochia – Systematics, Molecular Evolution and Ecology. Tese de Doutorado. Technical University of Dresden, Dresden. BELLO, M. A.; Valois-Cuesta, H. & González, F. 2006. Aristolochia grandiflora Sw. (Aristolochiaceae): Desarrollo y Morfologia de La Flor Mas Larga Del Mundo. Rev. Acad. Colomb. Cienc. 30(115): 181-194. DIVERSIDADE DE FORMIGAS EM MANGUEZAIS NATURAIS E RECUPERADOS NA BAÍA DE GUANABARA E COMPLEXO LAGUNAR DA BAIXADA DE JACAREPAGUÁ – RJ Thiago Rodas; Graduação em Ciências biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação – 08/2008; conclusão do curso – 12/2012; ingresso no PIBIC: 08/2010; orientador: Maria Lucia França Teixeira Moscatelli. INTRODUÇÃO Plantios de manguezal têm índices de crescimento rápido e grande variação na composição de espécies e estrutura do dossel durante os primeiros anos após o plantio. Após décadas, podem atingir performances na estrutura e arranjo espacial do dossel e nas associações de espécies, similares aos naturais, sendo ainda a acumulação de carbono nos manguezais plantados comparável a dos manguezais naturais (Luo et al. 2010). Entre os insetos que habitam as áreas de manguezal estão numerosas espécies de formigas exclusivamente arbóreas. As formigas têm sido utilizadas como ferramentas no monitoramento ambiental de áreas perturbadas, pois a riqueza e a diversidade de espécies de formigas podem ser maiores em ambientes de maior complexidade devido a uma maior disponibilidade de nichos presentes (Pereira et al. 2007). Delabie et al. (2006) verificaram que as riquezas das comunidades de formiga da periferia e do próprio manguezal estão relacionadas negativamente com o grau de antropização, indicando que comunidades de formigas têm potencial para serem utilizadas como indicadores biológicos de impacto ambiental no ecossistema manguezal. O estudo da mirmecofauna de áreas naturais e plantadas de manguezal em regiões urbanas, pela eficiência deste grupo como indicador ecológico, pode dar informações acerca da capacidade desses sistemas impactados em abrigar a diversidade biológica. OBJETIVO O estudo tem como objetivo avaliar e comparar a diversidade de comunidades de formigas em áreas de manguezais naturais e plantados situados em sistema lagunar e de baía. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em manguezais situados em áreas urbanizadas no estado do Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, Jardim Gramacho, Duque de Caxias e na Lagoa da Tijuca, Baixada de Jacarepaguá, RJ, em porções naturais e plantadas há dez anos. As coletas foram realizadas no inverno (08/2010) e verão (02/2011), contando com três métodos: iscas de sardinha (n=30), lençol entomológico (n=30) e coleta de 10 galhos secos (n=30). As formigas foram triadas, contabilizadas e identificadas. Para avaliar a similaridade entre a fauna de formigas que habita os manguezais estudados, os dados de presença ou ausência em cada sítio de todas as species, foram submetidos a uma análise de ordenação. Foi utilizado como método de ordenação o escalonamento multidimensional não métrico (NMDS: nonmetric multidimensional scaling) (Legendre e Legendre, 1998). RESULTADOS Foram coletadas 16.872 formigas, distribuídas em 34 espécies, 18 gêneros e 5 subfamílas sendo 6.198 formigas coletadas no inverno e 10.674 no verão. A subfamília Myrmicinae apresentou o maior número de táxons, representando 44,1% do total, seguida por Formicinae com 17,6%, Dolichoderinae e Pseudomyrmecinae com 14,7% e Ponerinae com 8,8%. Nos manguezais da Laguna da Tijuca e de Gramacho foram registradas 30 e 17 espécies respectivamente. Os gêneros Crematogaster e Pseudomyrmex apresentaram maior riqueza específica, sendo a espécie Crematogaster torosa a mais abundante e também uma das mais frequentes juntamente com as espécies C. curvispinosa e Monomorium floricola, em todos os manguezais e métodos de coleta. No NMDS, nas duas estações do ano, os mangues plantados da Laguna da Tijuca, assim como os mangues naturais, ficaram próximos, sendo que o oposto ocorreu nos manguezais de Gramacho. DISCUSSÃO O gênero mais frequente, Crematogaster, representado por C. curvispinosa e C. torosa é formado por formigas arborícolas dominantes. As colônias podem ser grandes já que a maioria das espécies nidifica em madeira morta (Longino 2003). Monomorium floricola é uma espécie cosmopolita, predadora de ovos de Lepdoptera. Formigas do gênero Nesomyrmex nidificam em cavidades de plantas e são forrageiras solitárias. A predominância da subfamília Myrmecinae é um padrão comum em ambientes tropicais, por ser um dos grupos mais diversificados em relação aos hábitos alimentares e de nidificação. Três espécies foram coletadas apenas em Gramacho: Camponotus cingulatus, onívora, em frequente associação com homópteros pelo honeydew, Dolichoderus lustosus, também registrada em R. mangle, no México (Dejean et al. 2003) e Pseudomyrmex oculatus, geralmente encontrada na Mata Atlântica. Nos mangues da Laguna da Tijuca, dezessete espécies foram coletadas exclusivamente, dentre elas Odontomachus bauri, cuja capacidade de nadar bem está associada à habitats específicos como o manguezal (Frederick 2013). Doze espécies de formigas e todos os gêneros encontrados no presente experimento também foram identificados em levantamento de formigas nos manguezais da Bahia (Delabie et al. 2006). Apesar de no verão haver um incremento na atividade das formigas pela elevação de fatores climáticos como temperatura e umidade, a composição de formigas dos manguezais plantados e também dos manguezais naturais da Laguna da Tijuca, pouco se alterou em relação às épocas de coleta, permanecendo agrupados os manguezais plantados, assim como os naturais. Gramacho, local intensamente pressionado por tensores como o despejo de lixo e esgoto doméstico e industrial e com menor número de espécies em relação à Laguna da Tijuca, sofreu sensível mudança na composição das espécies de formigas coletadas em áreas naturais e em áreas plantadas, em relação às estações verão e inverno. CONCLUSÃO Os manguezais da Lagoa da Tijuca e de Gramacho, localizados em áreas urbanas, abrigam uma fauna diversificada de formigas. Os manguezais da Lagoa da Tijuca apresentam melhores condições para a riqueza de formigas do que os manguezais de Gramacho, mais impactados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEJEAN, A., DUROU, S., OLMSTED, I., ROY R. SNELLING, R. R.; ORIVEL, J. 2003. Nest site selection by ants in a flooded Mexican mangrove, with special reference to the epiphytic orchid Myrmecophila christinae. Journal of Tropical Ecology, 19: 325-331. DELABIE, J.H.C.; PAIM, V.R.L. DE M.; NASCIMENTO, I.C. DO; CAMPIOLO, S.; MARIANO, C. DOS S. F. 2006. As Formigas como indicadores biológicos do impacto humano em manguezais da costa sudeste da Bahia. Neotropical Entomology, 35 (5): 602-615. FREDERICK, N. D.; YANOVIAK, S. 2013. Swimming behavior in tropical ants. Association for Tropical Biology and Conservation & Organization for Tropical Studies, San Jose, Costa Rica. Acesso em 13/06/2013. Disponível em: https://atbc.confex.com/atbc/2013/webprogram/Paper1869.html LEGENDRE, P.; LEGENDRE, L. 1998. Numerical Ecology. 2. ed. Elsevier, Amsterdam. LONGINO, J. T. 2003. The Crematogaster (Myrmicinae) of Costa Rica. Zootaxa, 151: 1-150. LUO, Z.; SUN, O.J.; XU, H. 2010. A comparison of species composition and stand structure between planted and natural mangrove forests in Shenzhen Bay, South China. Journal of Plant Ecology, 3(3): 165-174. PEREIRA, M. P. D. S., QUEIROZ, J. M., VALCARCEL, R.; MAYHÉ-NUNES, A. J. J., 2007. Fauna de formigas como ferramentas para monitoramento de área de mineração reabilitada na Ilha da Madeira, Itaguaí, RJ. Ciência Florestal, 17(3): 197-204. GV_plantado 0.32 0.24 0.16 BI_plantado Coordinate 2 0.08 BV_plantado 0 BI_natural BV_natural GV_natural -0.08 GI_plantado -0.16 -0.24 -0.32 -0.4 -0.5 GI_natural -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 Coordinate 1 Figura 1- Escalonamento Multidimensional Não Métrico (NMDS) baseado na composição de espécies de formigas coletadas em quatro manguezais, Gramacho (G) natural ou plantado e Laguna da Tijuca (Barra da Tijuca - B) natural ou plantado, avaliados no verão (V) e no inverno (I). Stress: 0,11. ALTERNATIVAS PARA A RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DE TRECHO DE MATA ATLÂNTICA NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO – FASE IV – MONITORAMENTO DA SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO, CONSIDERANDO AS CONDIÇÕES DE ALAGAMENTO DAS MUDAS E AVALIAÇÃO DA COBERTURA DO DOSSEL NO PLANTIO Vinícius A. de Melo; graduação em Ciências Biológicas, UNIGRANRIO; ingresso na graduação 03/10; curso concluído em 12/2013 (Licenciatura); ingresso no PIBIC: Março de 2011; orientador(a): Tânia Sampaio Pereira. INTRODUÇÃO Buscar alternativas para a conservação das florestas ripárias, sabendo-se que as matas ciliares desempenham papéis ecológicos vitais, e que restaurá-las é restaurar diretamente a integridade ecológica da Mata Atlântica, as ações de restauração devem procurar promover a capacidade natural de mudança ao longo do tempo (Attanasio 2008). Desta maneira, dando continuidade aos estudos para restauração das margens do Rio dos Macacos com espécies nativas, buscou-se a recuperação e o enriquecimento da área do experimento, procurando garantir o seu reestabelecimento estrutural e funcional, de modo a permitir à perpetuação dos processos necessários a estabilidade do sistema em questão, através de ações de plantio e semeadura direta realizadas de Julho de 2010 até Dezembro de 2012. OBJETIVO Restauração de um trecho de mata ciliar na margem direita do Rio dos Macacos no Jardim Botânico do Rio de Janeiro MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo A área do experimento se encontra as margens do Rio dos Macacos no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Procedimentos Foram realizadas quatro ações: plantio, replantio, plantio de enriquecimento e semeadura direta de Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. e realizados censos trimestrais, com o objetivo de mensurar o crescimento em altura e diâmetro a altura do solo das mudas. Foi calculado ainda o índice de sobrevivência das mudas (Oliveira, 2006). Nesta fase foi utilizado ainda um densiômetro esférico côncavo (Lemmon, 1957), para determinar o nível de cobertura do dossel. Foram sorteadas 16 parcelas ao acaso, onde foram tomadas quatro medidas em quatro orientações geográficas distintas a 50 cm do solo, com o densiômetro adaptado sobre tripé fotográfico com nível, realizadas pela mesma pessoa. As análises foram realizadas no software Statistica V 10.0. RESULTADOS Plantio O índice de sobrevivência é de 65% para o total de mudas. As mudas apresentam bom desenvolvimento com uma variação da média de altura de 0,80 até 11,36m e de 7,22 a 446 mm de D.A.S., além de uma cobertura de copa de cerca de 70%. Semeadura direta Ao final desta fase restam no plantio ao menos 10 indivíduos bem estabelecidos de P. gonoacantha da primeira semeadura. A segunda semeadura apresenta 2,3% de sobrevivência correspondendo a 136 indivíduos. DISCUSSÃO O êxito da restauração depende de manutenção dos tratamentos experimentais e do monitoramento cuidadoso (Chazdon 2012), esta última, etapa de suma importância, que permitirá repensar a restauração a todo instante, e mesmo redefinir a trajetória ambiental caso se faça necessário (Brancalion et al. 2012). O índice de sobrevivência de mudas ao final do plantio, 65%, reflete diretamente as dificuldades encontradas durante o período deste relatório. Mesmo se tratando de uma área protegida dentro dos limites do JBRJ a atividade humana rotineira foi definitiva para o resultado alcançado direta ou indiretamente. Apesar das dificuldades, a cobertura do dossel, em torno de 70%, se mostrou eficiente no controle das gramíneas sobre as copas, e na facilitação do estabelecimento das espécies utilizadas no enriquecimento, além de permitir o estabelecimento de regenerantes na área. Os indivíduos recrutados e remanescentes de P. gonoacantha foram submetidos às mesmas condições supracitadas, da mesma forma que as mudas plantadas. Da primeira semeadura restam na área apenas 10 indivíduos saudáveis. Em contraste com a primeira semeadura o resultado de 2,3% é relativamente maior do que o alcançado na primeira semeadura, porém, a grande maioria dos indivíduos da segunda semeadura, apresenta menor crescimento, possivelmente devido ao sombreamento que a área apresenta hoje, diferentemente de quando da realização desta ação. CONCLUSÕES Atenção especial deve ser dada a restauração em áreas urbanas de livre acesso tendo em vista as dificuldades encontradas na condução dos experimentos no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O plantio é saudável e funcional. Das espécies utilizadas, 8 foram indicadas para outros projetos de restauração, com base na experiência e dados obtidos neste trabalho. A descrição de uma nova espécie de fungo associado a uma das espécies de Malvaceae utilizada no plantio será um dado novo para a ciência. A semeadura direta deve ser mais bem investigada em conjunto com o plantio de mudas. O plantio de mudas deve cada vez mais ser utilizado como gerador de serviços ambientais seja como recompositor da paisagem ou como modelo didático em extensão da sala de aula. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATTANASIO, C.M.. 2008. Manual Técnico: Restauração e Monitoramento da Mata Ciliar e da reserva Legal para a Certificação Agrícola - Conservação da Biodiversidade na Cafeicultura / Piracicaba, SP: Imaflora, 60p. BRANCALION, P. H. S., VIANI, R. A. G., RODRIGUES, R. R. & GANDOLFI, S. 2012. Avaliação e monitoramento de áreas em processo de restauração. In: S. V. Martins (Ed). Restauração Ecológica de Ecossistemas Degradados. Viçosa: UFV. 293 p. CHAZDON, R. L., 2012. Regeneração de florestas tropicais. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais 7(3): 195-218. LEMMON, P.E. 1957. A new instrument for measuring forest overstory density. Journal of Forestry, White Bear Lake, 55 (3): 667–668. OLIVEIRA, F. F. 2006. Plantio de espécies nativas e uso de poleiros artificiais na restauração de uma área perturbada de cerrado sentido restrito em ambiente urbano no Distrito Federal, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, 119p. EXTRAÇÃO DE DNA E OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DE REGIÕES DO GENOMA DO CLOROPLASTO DE JAMESONIELLA RUBRICAULIS (NEES) GROLLE Priscila Quintela Pinto Paiva, Ciências Biológicas, UVA; ingresso na graduação 01/2007; previsão de conclusão do curso – 2013; ingresso no PIBIC: 10/2011; orientadoras: Dra. Denise Pinheiro da Costa e Dra Maristerra R. Lemes. INTRODUÇÃO Uma questão que tem intrigado taxonomistas e biogeógrafos neste século é se a uniformidade morfológica exibida por espécies de briófitas com distribuição geográfica disjunta reflete uma estase evolutiva ou apenas mascara uma complexidade genética ainda não aflorada morfologicamente (Heinrichs et al. 2009; Shaw 2001; Shaw et al. 2003). Padrões geográficos disjuntos em briófitas têm sido frequentemente explicados como resultado de eventos vicariantes e/ou dispersalistas, ocasionados por dois fatores principais: plantas antigas do ponto de vista evolutivo, permitindo ampla distribuição, anterior à separação dos continentes; e esporos pequenos, produzidos em grande quantidade e resistentes à dessecação, possibilitando dispersão a longa distância pelo vento (van Zanten & Pócs 1981; Schofield 2001; Frahm 2008; Heinrichs et al. 2009). Com o uso de marcadores de DNA, pode-se testar conceitos biogeográficos e taxonômicos com base em morfologia, e determinar a estrutura genética de populações (Bickford et al. 2007; Heinrichs et al. 2009). Estudos biogeográficos utilizando esses marcadores elucidaram processos evolutivos e detectaram especiação críptica em táxons disjuntos (Fernandez et al. 2006; MacDaniel & Shaw 2003; Fuselier et al. 2009). Jamesoniella rubricaulis (Nees) Grolle é uma espécie de hepática dióica com distribuição disjunta entre as altas montanhas do Neotrópico e Açores. OBJETIVOS Compreender os processos que originaram a distribuição disjunta de J. rubricaulis utilizando técnicas moleculares para acessar a variabilidade genética em regiões do genoma do cloroplasto. Objetivos principais: 1) extração de DNA de indivíduos de diferentes populações, 2) otimização da amplificação visando marcadores moleculares informativos para as análises filogeográficas. METODOLOGIA Coleta – Foram coletadas populações em três montanhas no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, distantes ao menos 10 m entre si e os indivíduos amostrados aleatoriamente em plots de 2 x 2 cm. Extração do DNA - A extração do DNA genômico total foi realizada com o protocolo CTAB (Doyle & Doyle, 1987), modificado por Ferreira & Grattapaglia (1998). Quantificação do DNA - Foram utilizados dois métodos: quantificação por análise comparativa utilizando padrões de massa molecular conhecida em géis de agarose, submetidos a eletroforese e posteriormente analisados sob luz ultra-violeta em transiluminador e fotodocumentados; e análise espectrofotométrica utilizando-se o equipamento NanoDrop com determinação automática da Amplificação dos locos microssatélites do genoma do cloroplasto (cpDNA) - Foram testados 10 pares de iniciadores universais desenvolvidos para Nicotiana tabacum (Weising & Gardner, 1999). Após a amplificação, os produtos da PCR foram analisados sob eletroforese em gel de agarose, sob luz ultravioleta e fotodocumentados. Amplificação de regiões não-codificadoras do cpDNA – Foram testadas condições de amplificação de uma região com primer que amplifica a região intergênica atpB-rbcL (Feldberg et al., 2010), utilizando 12 indivíduos de diferentes populações visando conseguir ao menos uma região com polimorfismos para as análises filogeográficas. Os produtos amplificados foram analisados sob eletroforese em gel de agarose 1% corado com GelRed e comparados ao padrão Ladder 1 Kb Plus para a estimativa dos tamanhos dos fragmentos amplificados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Coleta do material – Foram coletadas seis montanhas situadas no Brasil (AM, BA, MG, RJ, RS, SC) e três na América do Norte e do Sul (México, Equador e Bolívia), totalizando 29 populações e 278 indivíduos amostrados Extração e quantificação do DNA – O protocolo CTAB mostrou-se eficiente. Foi extraído o DNA genômico total de todos os indivíduos coletados, totalizando 278 indivíduos. As imagens de géis indicam a boa qualidade e quantidade do DNA extraído. Foi possível estimar pelo método comparativo as concentr -3400 nm com pico de 260 nm). As estimativas das concentrações do DNA extraído de 46 indivíduos por análise no NanoDrop foram maiores em relação ao método comparativo. Este resultado pode estar relacionado a uma maior sensibilidade para estimar as concentrações de DNA ou substâncias outras na solução com valores de absorbância similares aos dos ácidos nucleicos, com as concentrações superestimadas. Amplificação dos locos microssatélites do genoma do cloroplasto (cpDNA) – Foram realizados testes visando a amplificação dos locos microssatélites do cpDNA utilizando 10 pares de indicadores universais que amplificam locos microssatélites do cpDNA para a maioria das angiospermas. Foram testadas duas temperaturas de anelamento (56 e 48ºC) para os pares de primers na amplificação dos 10 locos não havendo amplificação de nenhum dos locos para os indivíduos analisados. É possível que a não amplificação dos marcadores testados se deva à distância filogenética entre briófitas e angiospermas. Amplificação de regiões não-codificadoras do cpDNA – Foram otimizadas as condições de amplificação do espaçador intergênico atpB-rbcL. O protocolo tem a temperatura ótima de anelamento dos primers de 50ºC. Para a maioria dos indivíduos tivemos sucesso na amplificação desta região e os produtos apresentaram alta especificidade. Não foram detectadas amplificações de produtos inespecíficos indicando a alta especificidade e robustez da reação de PCR. CONCLUSÃO O protocolo CTAB utilizado mostrou-se eficiente para a extração de DNA de Jamesoniella rubricaulis, tanto qualitativa quanto quantitativamente. Os testes realizados para amplificação de locos microssatélites do genoma do cloroplasto de J. rubricaulis, a partir de marcadores (primers) desenvolvidos para o tabaco não resultaram em êxito na amplificação dos mesmos, provavelmente em função da distância filogenética entre os taxa. Os testes realizados para otimizar as condições de amplificação das três regiões não codificadoras do genoma do cloroplasto de J. rubricaulis (correspondente ao espaçador intergênico atpB-rbcL, espaçador trnT com o intron trnL e o intron trnL com o espaçador trnF) tiveram êxito, apresentando produtos amplificados com alta especificidade e robustez. Falta ainda realizar a etapa do sequenciamento dessas regiões otimizadas objetivando encontrar polimorfismos para análises filogeográficas das populações de J. rubricaulis. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bickford, D., Lohman, D.J., Sodhi, N.S., Ng, P.K.l., Meier, R., Winker, K., Ingram, K.K. & Das, I. 2007. 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Fuselier, L., Davison, P.G., Clements, M., Shaw, B., Devos, N., Heinrichs, J., Hentschel, Sobovljevic, M., Szövényi, P., Schette, S., Hofbauer, W. & Shaw, J. 2009. Phylogeographic analyses reveal distinct lineages of the liverworts Metzgeria furcata (L.) Dumort. And Metzgeria conjugate Lindb. (Metzgeriaceae) in Europe and North America. Biological Journal of the Linnean Society 98: 745-756. Heinrichs, J., Hentschel, J., Feldberg, K., Bombosch, A., Schneider, H., 2009. Phylogenetic biogeography and taxonomy of disjunctly distributed bryophytes. Journal of Systematic and Evolution 47: 497–508. McDaniel, S.F. & Shaw, A.J. 2003. Phylogeographic structure and cryptic speciation in the transantarctic moss Pyrrhobryum mnioides. Evolution 57: 205-215. Schofield, W.B. 2001. Introdution to Bryology, 2a ed. New Jersey: The Blackburn Press. 21 Shaw, A.J. 2001. Biogeographic patterns and cryptic speciation in bryophytes. Journal of Biogeography 28: 253–261. Shaw, A.J., Werner, O. & Ros, R.M. 2003. Intercontinental mediterranean disjunct mosses: morphological and molecular patterns. American Journal of Botany 90: 540-550. Van Zanten, B.O. & Póc’s, T. 1981. Distribution and dispersal of Bryophytes. In: Advances in Bryology 1 (ed. por Schultze-Motel, W.), pp. 479-562. Weisinger, K.; Gardner, R.C. 1999. A set of conserved PCR primers for the analysis of simple sequence repeat polymorphisms in chloroplast genomes of dicotyledonous angiosperms. Genome, 42: 9-19. ATIVIDADE E LOCALIZAÇÃO DE PEROXIDASES EM LAURENCIA DENDROIDEA (J.AGARDH) Juliana Marins de Assis; Graduação em Biologia Marinha, FAMATH; ingresso na graduação – 01/2009; conclusão do curso – fevereiro/2013; ingresso no PIBIC: outubro/2011; orientador: Leonardo Tavares Salgado. INTRODUÇÃO As algas marinhas sintetizam substâncias denominadas metabólitos secundários, importantes em diversas relações ecológicas com outras espécies de organismos marinhos (Paul et al., 2006; Teixeira, 2002). Dentre os diversos tipos de metabólitos secundários sintetizados, estão os compostos halogenados, os quais incorporam elementos halogenados às moléculas orgânicas (cloro, flúor e, principalmente, bromo). Estes elementos estão presentes em grande quantidade nas algas do gênero Laurencia (Rhodomelaceae, Ceramiales). Em geral, esses compostos se encontram compartimentalizados em estruturas celulares específicas para evitar a autotoxicidade celular e o catabolismo dos metabólitos (Sudatti et al., 2008; Yasaki, 2005). Estas estruturas podem ser organelas ou tipos celulares específicos, como fisóides, corpos em cereja e células glandulares (Salgado et al., 2008). Em algumas espécies de Laurencia que produzem compostos halogenados, como o elatol, esses metabólitos encontram-se principalmente armazenados em organelas especializadas denominadas corpos em cereja (CC), localizadas nas células corticais e em células dos tricoblastos (Salgado et al., 2008; Sudatti et al., 2008; Young et al. 1980). Sugere-se que estes compostos podem ainda estar em vesículas distribuídas no citoplasma e em cloroplastos (Salgado et al.¸ 2008). Contudo, não se sabe ainda a localização dos sítios de síntese destes compostos e, inclusive, se os corpos em cereja participam desse processo ou se apenas estocam estas substâncias. Neste sentido, sabe-se que enzimas do tipo peroxidases, especificamente haloperoxidases dependentes de vanádio, estão envolvidas na halogenação, ciclilização e oxidação dos precursores dos metabólitos secundários halogenados de algas vermelhas (Salgado et al.¸ 2008). Logo, informações sobre a localização intracelular destas enzimas são fundamentais para compreender a dinâmica da síntese dos compostos halogenados e para determinar os sítios de síntese destes compostos. OBJETIVO Relacionar a localização e atividade de enzimas peroxidase com o processo de síntese de metabólitos secundários na macroalga vermelha Laurencia dendroidea. METODOLOGIA Para a localização de peroxidases por imunofluorescência, fragmentos de algas foram fixados com formaldeído 2% e glutaraldeído 0,1%. Em seguida, as amostras foram lavadas e tratadas com enzima celulase (para permeabilizar a parede celular) e inibidor de protease em tampão MES 0,1 M. Após a lavagem da solução de permeabilização, o material foi tratado em Triton X-100 a 0,5%, para permeabilização da membrana plasmática. A amostra foi incubada por 12 horas com anticorpo antiperoxidase policlonal produzido em coelhos. Em seguida, a amostra foi incubada com anticorpo secundário Anti-Rabbit IgG FITC e o controle foi feito com anticorpo primário para confirmação da especificidade do protocolo. Os cortes longitudinais da amostra foram analisados no microscópio Confocal de varredura a laser modelo LEICA TCS SPE acoplado a um microscópio invertido DMI4000 do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A análise da emissão de fluorescência da clorofila para localização dos cloroplastos foi realizada na banda espectral de 650 a 750 nm, com excitação com laser de 405 nm. Para a localização das peroxidases, utilizou-se um laser de 488 nm para a excitação e para a observação da fluorescência do anticorpo secundário foi feita a análise na banda espectral de 513 a 553 nm (pico de emissão do FITC = 533nm). RESULTADOS A marcação da peroxidase foi preferencial em vesículas adjacentes a membrana plasmática e a cloroplastos, nos cloroplastos e nos CC (Figura 1). A amostra controle confirmou a especificidade da reação do anticorpo secundário, confirmando a localização de enzimas peroxidases. A localização dos cloroplastos foi realizada com sucesso através da análise da auto-fluorescência da clorofila a. DISCUSSÃO Em condições de estresse, as plantas apresentam alta atividade de enzimas peroxidases e, frequentemente, estas são as primeiras enzimas cuja atividade é alterada após eventos de estresse (Oliveira et al. in press). Em algas vermelhas, os grupos de peroxidases específicos para o metabolismo secundário e para defesa química contra patógenos são, principalmente, as bromoperoxidases e as cloroperoxidases (Salgado et al., 2008). Em 1980, Young et al. identificaram o elemento químico bromo em CC da alga Laurencia snyderae, sugerindo que essas organelas armazenam compostos halogenados. Mais tarde, Salgado et al. (2008) confirmaram que o bromo e o cloro são elementos químicos abundantes nos CC de L. dendroidea, indicando estas organelas como sítios intracelulares de armazenamento de metabólitos secundários. Recentemente, Em Laurencia dendroidea, Oliveira et al. (in press) encontraram, por análise transcriptômica, 10 sequências de mRNA expressas relativas a síntese de enzimas bromoperoxidases, confirmando a presença desta enzimas em L. dendroidea. Com isso, sugere-se que a elevada concentração de bromo e cloro associada a presença de peroxidases nos CC é uma forte evidência da atividade de halogenação de metabólitos secundários nestas organelas, ou seja, de síntese de metabólitos nesta organela. CONCLUSÃO A localização de peroxidases em estruturas celulares da alga vermelha Laurencia dendroidea representa forte evidência de que os CC participam da via de síntese dos metabólitos secundários halogenados. Vesículas localizadas na periferia celular também possuem enzimas peroxidases e devem atuar, possivelmente, no transporte intracelular dessa enzima. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OLIVEIRA, L.S.; GREGORACCI, G.B.; SILVA, G.G.Z.; SALGADO, L. T.; AMADO FILHO, G.M.; FERREIRA, M.A.; PEREIRA, R.C.; THOMPSON, F. L. (in press) Transcriptomic analysis of the red seaweed Laurencia dendroidea (Florideophyceae, Rhodophyta) and its microbiome. BMC Genomics. PAUL, N.A, DE NYS, R. STEINBERG, P.D. 2006. Chemical defence against bacteria in the red alga Asparagopsis armata: linking structure with function. Mar Ecol Prog Ser 306: 87–101 SALGADO, L.T.; VIANA, N.B.; ANDRADE, L.R.; LEAL, R.N; DA GAMA, B.A.P.; ATTIAS M., PEREIRA R. C. AND AMADO FILHO, G. M. 2008. Intra-cellular storage, transport and exocytosis of halogenated compounds in marine red alga. Laurencia obtusa. Journal of Structural Biology, 162:345-355. SUDATTI, D.B.; RODRIGUES, S.V.; COUTINHO, R.; DA GAMA, B.A.P.; SALGADO, L.T.; AMADO FILHO, G.M.; & PEREIRA, R.C. 2008. Transport and defensive role of elatol at the surface of the red seaweed Laurencia obtusa (Ceramiales, Rhodophyta) Journal of Phycology, 44: 584-591 TEIXEIRA, V.L. 2002. Produtos naturais marinhos. In: Pereira, R.C. & Soares- Gomes, A. (Orgs) Biologia Marinha. Editora Interciência, Rio de Janeiro. p. 249-279. YASAKI, K., 2005. Transporters of secondary metabolites. Current Opinion in Plant Biology. 8(3): 301-307. YOUNG D.N, HOWARD B.M, FENILCAL W. 1980. Subcellular localization of brominated secondary rnetabolites in the red alga Laurencia snyderae. J Phycol 16:182-185.
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