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O Museu do Desenho da Criança1: um estudo
da produção gráfica infantil
“Todas as pessoas grandes já foram crianças um dia, mas
poucas se lembram disso” (Saint Exupéry, s.d., n.p.).
Amanda Delfino MIRANDA
Betania Libanio Dantas de ARAUJO
Deborah da Costa de SÁ
Erika SIOTANI
Larissa Cella Hirai FUJISAKA
A coletora
G., 5 anos
Resumo: O Museu do Desenho da Criança é um projeto desenvolvido na Unifesp
em Práticas Pedagógicas Programadas, relacionando coleções de desenhos de
crianças, na perspectiva de novas relações entre os estudos teóricos sobre o
assunto e observações sobre a cultura da infância. É uma pesquisa qualitativa; a
comunicação é estabelecida por meio de desenhos e conversas informais, entre
crianças e universitários participantes do projeto. Os desenhos são tomados em
sua expressividade e cuidamos para que outras informações sejam trazidas por
seus criadores: os próprios criadores das imagens. Designar, projetar, planejar,
sonhar, desenhar, imaginar e contar é a trajetória que acompanhamos no encontro
com essas crianças e conhecemos esses mundos na 1ª e na 2ª infâncias.
Palavras-chave: Desenho. Criança. Museu. Artes Visuais. Coleta.
Todos os autores deste artigo participaram da PPP Museu do Desenho e são estudantes do curso
de Pedagogia/Unifesp: Amanda Delfino Miranda, Ana Carolina Cardoso da Silva, Carlos Eduardo de
Camargo, Cristina Selma Duarte Viana, Deborah da Costa de Sá, Erika Siotani, Juliana Nunes Hitzschky,
Larissa Cella Hirai Fujisaka, Lilia Oliveira Rodrigues dos Santos, Nathalia Giannini Queiroz, Paola
Donato Teixeira, Rosangela R. V. de Oliveira, Stefane Silva, Stela Cristina Costa, Vinicius Expedito
Mena de Oliveira. Trabalharam na finalização do artigo: Deborah da Costa de Sá e a Prof.ª Betania
Libanio Dantas de Araujo.
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O Museu do Desenho da Criança: a study on
the infant graphical production
Amanda Delfino MIRANDA
Betania Libanio Dantas de ARAUJO
Deborah da Costa de SÁ
Erika SIOTANI
Larissa Cella Hirai FUJISAKA
Abstract: O Museu do Desenho da Criança is a project developed by UNIFESP’s
Práticas Pedagógicas Programadas, relating compilations of children’s drawings
in the perspective of new relations between theoretical studies on the subject
and observations about the culture of childhood. This is a qualitative research;
communication is established through drawings and informal conversations
between children and college students participating in the project. The drawings
are appraised by their expressiveness, and we ensure that other information is
brought by their creators: the very creators of the images. Designating, designing,
planning, dreaming, drawing, imagining and counting are the path we follow
with these children, and we know those worlds in 1st and 2nd childhoods.
Keywords: Drawing. Child. Museum. Visual Arts. Collection.
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1.  INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo apresentar a Prática Pedagógica
Programada1 Museu do Desenho, do curso de Pedagogia na Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, realizado entre 2011 e
2012. O seu propósito é dar visibilidade às crianças e conhecer as
suas criações por meio de suas falas que narram histórias de fantasias, medo, tristeza, desejos, sonhos, realidades, conhecendo as
estéticas infantis na construção da imagem por meio da liberdade
de criação.
A PPP Museu do Desenho2 consistiu em recolher desenhos de
diversas Escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, bem
como coletas livres, para análise, visando compreender o que as
crianças atualmente desenham, quais são os traços e formatos recorrentes, as diferenças entre percepções de diferentes regiões e
nacionalidades, o impacto das mídias e dos papéis de gênero na
manifestação e no processo criativo das crianças. É formada por
estudantes do curso de Pedagogia da Unifesp, que ajudaram a construir este artigo.
Tais coletas visaram compreender quais traços e formatos
eram recorrentes, as diferenças entre percepções de diferentes regiões e nacionalidades e os papéis de gênero na manifestação do
processo criativo desses sujeitos, pois o desenho é um importante
registro de percepções, desejos, comportamentos e interpretações
de mundo.
Os desenhos infantis são de diversos espaços, foram feitos
sem intervenção dos adultos e a sua coleta gerou os encontros de
leitura, debate e construção de um blog. Iniciamos com o estudo
do concurso elaborado por Mário de Andrade, que, em 1935, como
diretor do Departamento de Cultura do Município de São Paulo,
organizou um concurso de desenhos. O procedimento, nesse conAs Práticas Pedagógicas Programadas (PPP) participam da estrutura curricular do curso de Pedagogia
e são experiências na educação formal ou não formal por meio de vivências, estudos com a elaboração
de um produto final socializado com os colegas e coordenado por um professor.
1
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Coordenada pela Prof.ª Dra. Betania Libanio Dantas de Araujo, professora da Unidade Curricular
Fundamentos Teórico-práticos das Artes Visuais.
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curso, consistiu em não interferir no processo criativo da criança,
e as formas escolhidas foram traçadas espontaneamente, sem interferência de figuras prontas ou influência de um adulto. Depois de
finalizado o desenho, quem recolhia as criações indagaria à criança
o que havia sido retratado e, no verso de cada folha, anotava-se a
descrição dita, juntamente com a data da criação, o gênero, a idade
e a nacionalidade do infante.
As crianças, em especial as de pouca idade, são silenciadas e
não percebidas como seres históricos, criadores de cultura, frequentemente interpretadas como meros reprodutores. Merecem respeito
e estímulo para autonomia criativa, reconhecendo tais produções
enquanto registro da inventividade e historicidade, manifestação
artística, poética, cultural.
Quando uma criança desenha, passa para o papel a sua impressão de mundo. E, como seres singulares que somos, carregamos em cada um de nós uma percepção de mundo diferente, influenciada pelos contextos sociais em que vivemos pelo histórico
de vida, entre tantas alusões à cultura, observa Amanda Delfino3.
Para cada pessoa, um mundo; e, para cada mundo, uma série
de referências advindas apontadas no papel. Percebemos o desenho da criança como resultado de um registro visual, com formas
e cores gerindo em seus traços a relação existente entre o mundo
em que vivemos e todo o universo simbólico que constituímos, derivando desenhos com elementos retirados da realidade e aumentados a traços de imaginação.
É possível acompanhar, através do desenho da criança, processos de transições relacionadas a sua vida, sejam questões biológicas (referentes ao crescimento em diferentes fases da vida), culturais, por mudanças espaciais (como mudança de casa, cidade) ou
mudanças na estrutura familiar.
Amanda Delfino percebe que os elementos que aparecem no
desenho infantil podem identificar a força dessas transições:
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Grande parte dos autores citados são estudantes do curso de Pedagogia da Unifesp e participaram da
PPP Museu do Desenho em 2012.
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Ao observar o desenho de uma criança, podemos considerar as seguintes questões: quais elementos estão presentes
no desenho? Quais elementos se repetem? Quais desaparecem ou se transformam? Entrar em contato com tais
produções nos leva a refletir sobre o conceito de infância,
a origem e o desenvolvimento do processo criativo e as
múltiplas possibilidades de vivenciar identidades, ou seja,
ser, estar e descrever o que nos cerca é narrar e construir
o mundo ao mesmo passo que construímos a nós mesmos,
seja através de uma dissertação, uma canção, seja por um
desenho. Ter acesso a essa experiência dialética traz consigo a possibilidade de penetrar em universos particulares,
verdadeiros “jardins secretos” repletos de uma poesia que
ganha vida quando ouvimos de seus criadores a história
que entrevemos por entre folhas feitas de grafite e cor.
2.  DESENVOLVIMENTO
Traços interrompidos: o desenho como passagem pela primeira
infância
A infância não é apenas uma nomenclatura sobre determinado período biológico humano; é o entendimento sobre valores e
comportamentos que esperamos dos sujeitos dentro desse recorte
específico. Em diferentes tempos históricos, o conceito de infância foi impactado pelas normas das instituições escolares. Na Idade
Média, por exemplo, não havia o conceito de infância, e as classes
escolares não eram separadas conforme a idade, sendo considerado
adulto todo aquele que estava apto a exercer sua função social, seu
ofício. Esse sistema de classes no século XVI buscava meios de
sistematizar a aprendizagem dos alunos, categorizando, conforme
Baduel, “sua idade e desenvolvimento” – sendo esse último o fator de maior importância. Nos séculos XVI e XVII, os estudantes
não eram vistos com bons olhos diante da sociedade cortês, que os
interpretava como figuras marginalizadas, arruaceiras e propagadoras da desordem social; assim, houve uma pressão aos educadores
para reforçar a necessidade de atender a expectativas civilizatórias.
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No início do século XIX, separavam-se os “homens feitos”
dos menores, mas, só ao fim de tal século, surgiu o conceito de segunda infância. A cartilha “Nova escola para aprender a ler, escrever e contar”, de Manoel de Andrade de Figueiredo, foi impressa
em 1722, em Lisboa. Segundo Casimiro (s/d), esse material contava com exercícios de caligrafia e aritmética, preceitos religiosos,
mensagens morais, exortações acerca da higiene e demais métodos
de ensino. Desse modo, podemos observar que a distinção entre a
fase adulta e a fase infantil incumbiu educadores de transmitirem
uma variedade de conteúdos e valores aos seus alunos.
Se nos atermos às expectativas recentes da Educação Infantil
por parte da sociedade, notaremos que o modo como encaramos os
conteúdos curriculares, as propostas pedagógicas e até mesmo o
próprio conceito de infância é fruto de transformações históricas e
sociais; logo, a pressão para que as crianças se familiarizem o mais
precocemente possível com a cultura letrada, a escrita e o cálculo
não se configura em uma demanda específica de nosso tempo. O
domínio sobre tais técnicas é benéfico, pois oferece ferramentas
para o desenvolvimento e registro de manifestações da inventividade, como escrever e arquivar suas próprias histórias, universos particulares. Entretanto, a manifestação do lúdico e da criatividade não
se dá apenas por essas vias disponíveis no sistema escolar, sendo
o desenho e a corporeidade (como em jogos de dança ou interpretação) exercícios valiosos de interação e composição, geralmente
relegados ao segundo plano como entretenimento frívolo de menor
importância dentro do currículo escolar (ARIÉS, 1986).
Materiais como lápis de cor, giz de cera, massa de modelar,
aquarela e tinta guache são associados quase que imediatamente
à primeira infância, período em que há uma maior abertura para
essas experimentações; isso explica o valor desses itens como práticas com um prazo de uso determinado pela idade. Dessa forma,
um adolescente é visto como imaturo por desejar usufruir desses
objetos. Quanto mais se aproximam os primeiros anos do Ensino
Fundamental, maior é o reforço para que os desenhos sejam trocados pela caligrafia; a diferença é que, muito embora uma criança
seja recompensada e elogiada por uma caligrafia bem executada,
ela não será desestimulada a escrever se a sua letra B não sai exataEducação, Batatais, v. 4, n. 1, p. 55-78, 2014
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mente como a letra da professora ou do livro didático. Um processo
oposto ocorre com o traço do desenho infantil: quanto mais ele se
afasta das formas ideais de representações gráficas, mais desestimulada será a criança por não saber “desenhar corretamente”.
Adiante, o estímulo já escasso para desenvolver o próprio traço é substituído pelo preencher de figuras impressas para colorir, o
que, por sua vez, deve ser realizado com padrões predefinidos de
disposição de cores. Uma árvore pintada de azul ou um desenho
preenchido com apenas duas cores pode intrigar tutores e professores. Um sujeito que se debruçou sobre a importância do ato de
desenhar como manifestação do indivíduo na fase infantil foi Mário
de Andrade, que, entre 1935 e 1938, atuou no Departamento de
Cultura do município de São Paulo, trabalhando na elaboração de
parques infantis destinados a filhos de operários com idades entre
2 e 12 anos, proporcionando às crianças que ali passavam atividades como ginástica, dança e desenho. Nesse período, organizou
um concurso para angariar desenhos para análise. As instrutoras
responsáveis por inspecionar e recolher essas produções foram instruídas a não sugerir temas, corrigir ou intervir sobre qualquer um
dos desenhos. A pesquisadora Gobbi (2005, p. 02) escreve acerca
desse episódio:
Mário de Andrade, para observar os desenhos criados na
infância, desde a mais tenra idade, constrói uma forma de
estudo que poderia ser chamada de etnografia dos desenhos, que não foi sistematizada, encontrando-se espalhada
em seus escritos, documentos, anotações e cartas. Procura
conhecer e revelar os assuntos, os traçados, as formas e outros elementos ao descrever, dialogar e levantar dados diversos sobre os desenhos em si, associando a isso a data de
criação, o sexo, a idade, a nacionalidade dos pais de quem
os criou. Além disso, também concebia os desenhos como
resultados e soluções pessoais das crianças, aproximando-os dos campos das artes.
A coleta realizada pela estudante Cristina Viana em uma
Escola de Educação Especial em Deficiência Intelectual da Rede
Estadual de Guarulhos contou com desenhos de jovens de treze
a dezesseis anos. A temática recorrente aborda cenas do cotidiano
familiar e da vivência escolar, além de anseios, como no desenho
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de uma aluna de treze anos que desenhou um carro e justificou:
“Esse é o carro da minha mãe, mas só quando ela conseguir comprar”. Enquanto isso, durante a coleta realizada em uma escola de
Educação Infantil de São José dos Campos, a aluna Stela Costa notou uma diferença temática entre os papéis de gênero nos desenhos
das crianças de cinco e seis anos: “entre os meninos, o tema mais
recorrente são carros e, entre as meninas, paisagem”. Essa diferença também foi acentuada em uma Escola de Educação Infantil no
Centro de São Paulo, sobretudo com meninas de cinco e seis anos
com ascendência oriental, conforme retrata Deborah Sá: “Nota-se a
evidenciação dos signos da feminilidade”.
Além da pressão para a interação social, as crianças de outras nacionalidades recém-chegadas ao Brasil são estimuladas ao
ingresso na cultura letrada, como o garoto de ascendência peruana,
conforme relata Debora Sá:
C. tem cinco anos e nasceu no Peru, desenhou as letras U,
F, E e D e explica como as desenhou. Disse que seu pai
comprou um caderno onde colore as letras. Nota-se uma
postura quieta, fala baixo, tem forte sotaque e não entregou o desenho.
O descaso e a indiferença com que muitos educadores dispensam ao desenho infantil possuem vínculo com a forma que enxergamos o currículo escolar, a educação nos anos iniciais, o papel
da escola e, sobretudo, como interpretamos o que é dito, percebido
e formulado por crianças. Incentivar a prática do desenho, ao contrário do que se supõe, não impede o letramento, o pensamento abstrato e a escrita; em verdade, oferece segurança para que a criança
se familiarize com seus processos cognitivos e, ao fim, fomente sua
perspicácia.
Designar, projetar, planejar, sonhar
​Os desenhos das crianças apresentam perspectivas de um
mundo interno e externo que envolve, por exemplo, o ambiente ou
espaço em que vivem ou enxergam a sua maneira. Vinicius de Oliveira observa que as crianças também podem representar em seus
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desenhos aquilo que desejam participar em suas vidas cotidianas
para além do que está no papel.
Através de seus desenhos, Mirela anseia que o seu mundo
externo, em especial a escola, seja o seu ambiente familiar, talvez
porque em casa não existam crianças com as quais possa brincar.
O único espaço que tem para realizar e estimular brincadeiras e
interações é a escola. Ela anseia encontrar outras crianças tendo
todo o tempo para brincar. Essa é uma temática recorrente em seus
desenhos, incluindo, sempre, as mesmas amiguinhas em cenários
que se modificam.
São tempos de agora esses das crianças sozinhas em suas
casas, e, enquanto brinca, Mirela desenha os desejos de encontrar
crianças e brincar.
Nas coletas realizadas, notamos que a maioria das crianças
entre 6 a 12 anos apresenta uma mesma temática: desenhos de casas
com telhados, janelas e portas; ao redor das casas, aparecem árvores ou flores; há, ainda, um céu com nuvens e um sol. Essas crianças já estão na escola aprendendo a escrita e começam a abandonar
o ato de desenhar – talvez essa temática prevaleça com desenhos
assimétricos.
Foi percebido, também, que os adultos tendem a desenhar
essa mesma temática quando solicitados, uma vez que, assim como
o Pequeno Príncipe, certa vez foram encorajados ao insucesso. Esse
tipo de desenho pode ser aquele que marca a fase da escola e permanece nas suas lembranças até os dias de hoje.
Desenhar, imaginar e contar​
​ ejamos a coleta de desenhos realizada por Erika Siotani. É
V
de uma criança de seis anos, chamada Julia, cujos desenhos foram produzidos em sua residência. Essa criança tem uma grande
vivência com a natureza, pois reside em um sítio, o qual sempre é
retratado em seus desenhos. Para cada desenho, existe uma história
contendo sempre um “Fim” ao término.
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Segue, como exemplo, uma história feita pela Julia em um
dos seus desenhos:
A dona borboleta foi visitar seus amiguinhos vaga-lume,
abre a porta vaga-lume quero entrar, a dona borboleta entrou e falou com seus amigos. O que vocês estão brincando? Estamos brincando de pega-pega, pode brincar, você
é minha convidada, mas ela tinha que ir embora estava
muito cansada de brincar. Tchau amigos. Fim.
Figura 1. Julia, 6 anos.
Essa maneira de a criança interpretar seu desenho manifesta
o seu comportamento; essa criança gosta de brincar e incorpora no
desenho a sua perspectiva de brincadeira. Em seus desenhos, Julia
destaca muitos insetos, flores, pássaros, a natureza e apresenta o
seu ambiente: uma área rural de São Paulo.
A criança, através de seus desenhos, mostra-nos suas fantasias e imaginação, bem como demonstra a disposição. Cabe a nós
termos a capacidade de ouvi-la e vê-la desenhar para que possamos compreender o processo imaginativo na elaboração de seus
desenhos.
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Primeira infância
As crianças da primeira infância desenvolvem desenhos dos
momentos vividos, de seus desejos, do que mais gostam e de seus
locais de preferência. Algumas desenham com traços ainda indefinidos; as mais velhas acumulam imagens do seu dia a dia, construindo modelos de representação, ressalta Lilia dos Santos.
Já na segunda infância, as crianças repetem os seus traços
vendo colegas desenhar, surgindo a brincadeira de competição
“quem desenha o que”; enfim, um gosto por desenhar que pode
cada vez mais ganhar vida e histórias. Esses traços, infelizmente,
podem se perder com o passar dos anos, com as responsabilidades
que a vida lhes encarrega. Mas, no fundo, elas nunca deixam de
sonhar. Paola Donato e Ana Cardoso prosseguem suas percepções
acerca das crianças da segunda infância:
​ or estarem no período de transição da infância para a
P
adolescência – que pode ser conflitante entre o que eles
querem e o que lhes é cobrado –, passam a ter mais vergonha de desenhar e se apegam muito aos supostos erros.
Isso pode ser relacionado ao fato de a sociedade cobrar
inconscientemente e até conscientemente o que julga ser
perfeito; assim, as crianças reproduzem o que escutam no
seu entorno. Mas o que é perfeição? Como se chega a ela?
Será que ela existe? Isso pode ser um ponto negativo, pois
as crianças, desde pequenas, reproduzem e querem a perfeição seguindo um padrão estabelecido. Ao saírem desse
padrão, os desenhistas sentem-se inseguros e com vergonha – já que, nessa idade, eles param de desenhar o que
sabem e passam a desenhar o que veem.
Ao reproduzir a realidade em seu desenho e pelo fato de este
não ficar tão parecido com o objeto desenhado, começam as cobranças interna e externa. Esse conjunto de fatores pode levar à falta de
vontade de desenhar. Por isso, existem muitos adultos e até mesmo
crianças que não desenham (e que deixaram de desenhar cedo). Podemos concluir que a sociedade é a maior fonte de inspiração para o
desenho e, também, a maior vilã ao reprimir as produções das crianças. Fica claro que a repressão acontece em qualquer forma de expressão, inclusive no desenho. A livre expressão deveria ser vivida.
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O comportamento através da arte
Larissa Fujisaka descreve as percepções pulsantes de sua ida
a duas escolas de Educação Infantil:
É incrível a história e experiência que cada criança traz
consigo. A maneira que cada uma expressa suas ideias, sua
criatividade, seus medos e suas vontades é encantadora.
Quando se dá à criança um lápis e um papel, ela se sente
livre para explorar e, acima de tudo, representar sua vida e
realidade, sendo que a ingenuidade e a imaginação fazem
com que, de uma maneira muito particular, se sintam capazes de desenhar tudo, deixando que um traço se transforme
em um castelo e círculos, em sol, rostos, corpos e animais.
O que podemos observar é que o traço da criança é tão admirável que passa a ser libertador: a disposição das imagens, as cores,
as linhas e as formas (todas feitas sem nenhuma intervenção) formam um equilíbrio que combina todos os sentimentos.
Sobre sua coleta, Juliana Hitzschky afirma:
Os meninos (Caio 2 anos, Rafael 4 anos, Guilherme 5
anos, Rodrigo e Victor ambos com 8 anos) foram muito
espontâneos. Embora tenham desenhado rapidamente, ficaram satisfeitos com suas produções. Porém, Nicole, 12
anos, única menina dessa coleção, demorou a concluir e,
por algumas vezes, utilizou a borracha para corrigir os
traços que julgava imperfeitos. Após explorarem o traço
com o lápis 6B, disponibilizei outros materiais, como lápis
colorido e canetinha hidrocor,
Larissa Fujisaka descreve pertinentes observações sobre o
que presenciou durante a coleta:
Os pequenos (entre 3-4 anos) ainda têm forte influência da
garatuja. Conforme vão crescendo, vão dando mais firmeza e racionalidade ao traço. Notamos claramente essa passagem ao acompanhar as idades: nos desenhos das crianças de até quatro anos, vemos que são mais presentes as
formas abstratas4. Já nos maiores, as formas tomam mais
precisão, mostrando que o desenho deixa de ser “infantili4
O termo “abstrato” utilizado aqui busca ilustrar a visualidade da imagem construída pela criança, mas
não trata de um procedimento consciente desta.
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zado” e entra no mundo dos adultos, ou seja, acabam tornando-se estereótipos. É extremamente curioso como a
personalidade é exposta através da arte. Quando demos os
materiais para eles, todos entraram em seus próprios mundos: a maioria dos meninos do primeiro ano (6-7 anos) desenhou dinossauros, lutas, sangue e todos os amigos (meninos) juntos, representando a força e uma possível
autoafirmação com relação ao sexo masculino [...]. Muitas
crianças desenharam também a família unida e, em suas
descrições, diziam o quanto gostavam dos pais e irmãos e
quanto brincavam com eles. Notamos, também, que, em
certos desenhos, há imagens soltas, sem a diferenciação de
“chão” ou “céu”, “dia” ou “noite”, “chuva” ou “sol” [...].
Encontramos, em outros, figuras postas nas margens que
não acompanham a linha do desenho, como o sol de ponta
cabeça e a distribuição dos corpos pela folha, que não possuem uma ordem certa; isso se dá porque, nessa idade,
como a criatividade está no seu ápice, a criança se vê livre
para desenhar sem um ponto fixo; por isso, vai “girando” a
folha ao redor de seu trabalho.
Fujisaka acrescenta que o melhor momento aconteceu quando foram analisados os trabalhos e conversou-se com cada criança.
“Pedimos a elas que falassem um pouco sobre os desenhos e contassem que história havia ali”. É emocionante entrar, através do
desenho, na realidade de cada uma, descobrindo os medos e anseios
de uma forma incrivelmente particular. Alguns traziam histórias e
explicações engraçadas; outros inventavam tudo na hora. No entanto, cada um se expressava de um jeito único. Na primeira escola
visitada, havia um garoto que preencheu quase toda a folha com
lápis de cor, tendo um cuidado extremamente delicado em deixar
algumas partes em branco, para dar mais sentido, para ele, ao seu
desenho. Foi-lhe perguntado: “Por que você desenhou tudo isso?”.
Ele respondeu: “Porque eu consigo”.
Assim, dentro de tantos “porquês”, ele simplesmente conseguiu transmitir sua capacidade de uma maneira incrivelmente humilde.
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Figura 2. João Luiz, 5 anos: “Sol, porque é legal. O sol parece um
ovo, eu acho bonita a gema dele”.
A arte e a Educação Especial
Compreender as necessidades de uma criança especial é tão
fascinante quanto aprender com ela. É nesse contexto, livre e democrático, que as crianças da Educação Especial são capazes de
ensinar o quanto podemos estar equivocados. Produzir arte foge
a muitos postulados teóricos. Não se trata de execrar os conceitos
necessários aos estudos; trata-se de aceitar a criação como forma
de aprender, ampliar o que se aprende e entender a criança em sua
essência. Estes trabalhos foram coletados em classe de Educação
Especial em Deficiência Intelectual da Rede Pública Estadual, na
cidade de Guarulhos, por Cristina Viana:
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Figura 3. Fernando – 16 anos. Retrata animais (onça, leão, cachorro) e a mais nova aluna da classe, Maria Júlia.
Figura 4. Fernando. Trata-se de um personagem de videogame, o
qual ele não soube nomear.
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“Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.”
Stefane Silva coletou desenhos de estudantes não videntes:
“É uma nova perspectiva sobre nossos olhares para a vida, muitas
vezes apagada diante da imensidão de possibilidades que o mundo
tem a nos oferecer”. Ao observamos sem sentirmos suas cores, seus
tons e nuances, calamo-nos para deixar que o outro fale e nos dê
pistas de outras percepções e aprendizagens. Lucas desenha o Gato
de Botas frequentemente, e a hipótese é de que tenha memorizado,
pelo tato, um livro com figuras em relevo. Como sabemos, quanto maior é o detalhamento de linhas, maior é a complexidade em
compreender a imagem. Se tentarmos fechar os olhos e imaginar o
toque de uma imagem em relevo, vamos perceber a dificuldade de
percebê-la. Sem vê-la, percebemos nela inúmeras linhas, apontando para diversos lados. É possível que cheguemos à exaustão sem
compreendê-la.
Figura 5. Lucas – 13 anos. Gato de botas.
Fernando Costa tem baixa visão e traz referências televisivas
do personagem Goku do desenho animado Dragon Ball. Observemos como soluciona o personagem ao seu modo; o desenho é cultivado pela cultura televisiva.
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Figura 6. Fernando Costa – 21 anos. “Goku e uma mulher segurando um leão”. Ao lado direito, o personagem do desenho animado.
Um ambiente envolvido nos desenhos
A coleta desses desenhos foi feita na cidade de São José dos
Campos, numa escola municipal de Educação Infantil; apresentamos um desenho da coleta. Nela, foram coletados desenhos do Infantil I (entre 3 a 4 anos) e do Infantil III (entre 5 a 6 anos) por Stela
Costa.
Foi observado que os alunos do Infantil III apresentaram
maior prazer em desenhar, considerando que estes já exercem mais
atividades de linguagem e matemática e desenham livremente, sendo o momento de criação mais espontâneo que obtido por eles.
Uma descoberta interessante foi perceber que, em duas turmas, os desenhos e temas foram muitos parecidos, envolvendo
acontecimentos da escola; entre os meninos, o tema mais recorrente
são carros; entre as meninas, paisagens.
Apenas um desenho ficou fora desse quadro. Uma menina de
6 anos apresentou um acontecimento diferente do rotineiro pessoal.
Enquanto desenhava, contava o que havia ocorrido: todos os dias,
ela vai de carro para a escola com o seu irmão e sua mãe; porém,
nesse dia, o carro estava no conserto e, pela primeira vez, fora para
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a escola de ônibus. Ela, então, desenhou o ônibus e, enquanto desenhava, contava os detalhes que este trazia e ia colocando no papel.
Desenhou as rodas, o cobrador, o motorista, o fio que se puxa para
solicitar a parada o ônibus, o lugar reservado para pessoas com deficiência. Ela estava maravilhada por ter andado de ônibus.
Figura 8. Mirella.
Do realismo fortuito ao realismo visual
Nessa coleção, Juliana Hitzschky explorou as diversas fases
dos desenhos de acordo com cada idade. Segundo o estudioso
Luquet (1969), a criança tem traços diferentes em cada faixa etária;
isso diferencia sua maneira de simbolizar o que desenha. Essas
fases, segundo Luquet, são: realismo fortuito, realismo fracassado,
realismo intelectual e realismo visual.
Com essa coleção, pude perceber as fases propostas por
Luquet nos desenhos de cada faixa etária, do realismo fortuito (desenha sem intenção, é a fase das garatujas) ao reEducação, Batatais, v. 4, n. 1, p. 55-78, 2014
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alismo visual (desenha o mundo de acordo com a sua vontade, mas também pode ocorrer submissão mais ou menos
infeliz à perspectiva). Stela Costa.
Inicialmente, para a criança, “[...] o desenho não é um traçado
executado para fazer uma imagem, mas um traçado executado simplesmente para fazer linhas” (LUQUET, 1969, p. 145).
Figura 9. Guilherme, 5 anos, desenhou um homem indo ao cinema
com uma sacola de pipoca.
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Figura 10. Victor, 8 anos, desenhou uma caminhonete.
3.  CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para Cristina Viana, a proximidade com crianças portadoras
de necessidades especiais na última década possibilitou a oportunidade de aprender sobre elas e com elas. Incluir nessa aprendizagem
de educador o caráter do desenho livre, objeto das Práticas Pedagógicas Programadas – Museu do Desenho, dimensionou o que é
aprender.
Deborah Sá atentou para a abordagem com a produção, criação e inventividade estética das crianças. De modo geral, tudo o
que uma criança sente, deseja ou teme é considerado pelos adultos
como supérfluo ou dissimulado. “Com as coletas que realizou, foi
possível observar o quanto adultos tolhem o livre traçado, a escolha
de cores e impõem o modo ‘certo’ de se desenhar”, acrescenta.
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Pouco a pouco, a criança é desestimulada, acreditando que
não sabe desenhar “direito” por tantas respostas negativas diante da
indiferença quando compartilha suas produções. Não raro, adultos
tem receio e vergonha de mostrar para alguém seus “rabiscos” por
fugirem do realismo e gráficos digitalizados; continuar a prática de
desenhar é se permitir a expressar o movimento do corpo (porque
desenho também é corporeidade). Desenhar é como dançar – há
aqueles que têm tanta vergonha de seus movimentos que preferem
fazê-los em um lugar reservado longe dos olhares curiosos. Vale
arriscar trazer a público alguns passos e traços dessa caligrafia do
improviso, coreografada em ritmos e sons que compõem um pouco
de nós: o desenho.
Stela Costa começou a trabalhar na educação infantil e perguntava porque todos os dias havia desenhos.
Eu, na minha primária concepção, pensava em não colocar
tantos desenhos para os meus alunos quando fosse professora; decerto, a escola privilegia as atividades de matemática e linguagem. Depois do projeto, pude enxergar o
quanto os desenhos ajudam a criança a se expressar, a se
comunicar, a desenvolver a coordenação motora e a criatividade e, principalmente, a brincar.
Agora, ela observa as crianças com as quais trabalha e vê com
quanto prazer desenham e o quanto elas desenvolvem desenhando. Quando for professora, incentivará inúmeros momentos para o
desenho.
Para Juliana Hitzschky:
Ter a oportunidade de observar os desenhos das crianças
de uma maneira que nunca havia visto antes e perceber que
os desenhos possuem uma progressão de traços de acordo
com a faixa etária das crianças é a instância desta pesquisa, uma vez que eles podem simbolizar sua realidade
e explorar sua criatividade através do desenho. O desenho
infantil compõe-se de elementos cognitivos das crianças
que os criam e o quão necessário se faz essas criações durante suas vidas. O contato com as crianças, a partir do Museu do Desenho,
mudou a maneira de olhar os desenhos infantis para Larissa
Fujisaka.
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A expressividade gráfica de uma criança não é valorizada,
porém é impressionante observar como a criatividade e os
sentimentos são demonstrados de forma tão única e humilde. Dei-me conta do quão importante é trazer para a sala
de aula atividades relacionadas a desenhos e expressão,
para que, assim, cada criança seja capaz de desenvolver-se
de forma livre. Estamos no terceiro ano do Museu do Desenho5 e essa é uma
frente de pesquisa necessária para a construção de novas reflexões
sobre a expressividade da criança, novas práticas na construção de
experiências artísticas que valorizem o desenvolvimento de estilos
individuais e a construção de documentação e acervo para as escolas, universidades, professores e crianças do nosso país.
REFERÊNCIAS
ALBANO, Ana Angélica. Espaço do desenho: a educação do educador. São
Paulo: Loyola, 1999.
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1986.
CASIMIRO, Ana Palmira Bittencourt Santos. Nova escola para aprender a ler,
escrever e contar. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/
fontes_escritas/1_Jesuitico/nova_escola_aprender.htm>. Acesso em: 5 fev. 2012.
COX, Maureen. O desenho da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
GOBBI, Marcia A. Foi respeitada a expressão da criança quando disse o que fez:
Mário de Andrade e os desenhos das crianças pequenas. I Seminário Educação,
Imaginação e as Linguagens Artístico-Culturais, 5 a 7 de setembro de 2005.
Disponível em: <http://www.gedest.unesc.net/seilacs/crianca_marciagobbi.pdf>.
Acesso em: 12 jun. 2013.
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São produções dos grupos de PPP em 2011, 2012, 2013 os seguintes blogs e o vídeo:
Museu do Desenho. Disponível em: <http://museudodesenho.wordpress.com/>. Acesso em: 27 out.
2014.
Museu do Desenho da Criança. Disponível em: <http://museudacrianca.wix.com/museudacrianca>.
Acesso em: 27 out. 2014.
Museu do Desenho. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=a0Cb3LQCUOE>. Acesso
em: 27 out. 2014.
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LOWENFELD, Viktor. Desenvolvimento da capacidade criadora. São Paulo:
Mestre Jou, 1977.
LUQUET, G. H. O desenho infantil. Porto: Livraria Civilização, 1969.
MEREDIEU, Florence de. O desenho infantil. São Paulo: Cultrix, 1974.
ÍNDICE DE FIGURAS
Introdução – A coletora - G, 5 anos
Figura 1 – Julia, 6 anos.
Figura 2 – João Luiz, 5 anos: “Sol, porque é legal. O sol parece um ovo, eu acho
bonita a gema dele”.
Figura 3 – Fernando – 16 anos. Retrata animais (onça, leão, cachorro) e a mais
nova aluna da classe, Maria Júlia.
Figura 4 – Fernando. Trata-se de um personagem de videogame, o qual ele não
soube nomear.
Figura 5 – Lucas – 13 anos. Gato de botas.
Figura 7 – Fernando Costa – 21 anos. “Goku e uma mulher segurando um leão.”
Ao lado direito, o personagem do desenho animado.
Figura 8 – Mirella.
Figura 9 – Guilherme, 5 anos, desenhou um homem indo ao cinema com uma
sacola de pipoca.
Figura 10 – Victor, 8 anos, desenhou uma caminhonete.
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