arquivo revista-final.PMD
Transcrição
arquivo revista-final.PMD
1 EDITORIAL EDITORIAL O editorial deste número da Revista Saúde e Ambiente tem dois olhares, um voltado para o passado e outro vislumbrando o futuro. Como ambas as miradas são feitas a partir da visão do editor e de uma dada condição do presente, certamente são passíveis de outras interpretações, pelos distintos modos de ver dos múltiplos leitores e também à medida que o contexto atual se modifica, em sua permanente dinâmica. O olhar para o passado busca ressaltar o papel que o Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente do Instituto de Saúde Coletiva da UFMT teve para a universidade, para o estado e para a sociedade. Neste sentido, é apresentado neste número da Revista, o produto do último evento regional realizado pelo Programa: o III Simpósio sobre Saúde e Ambiente na Região Amazônica”, bem como o resumo das dissertações de mestrado defendidas, no programa, ao longo do ano de 2002. Realizado no período de 27 a 29 de junho de 2002, numa cooperação conjunta do Instituto de Saúde Coletiva/ UFMT; do Núcleo de Doenças Infecciosas e Tropicais de Mato Grosso/TROPICA; da Universidade de Cuiabá/ UNIC; da Universidade do Estado de Mato Grosso/UNEMAT e da Secretaria de Estado da Saúde de Mato Grosso, o evento contou com o apoio financeiro do CNPq e teve como tema central as Doenças Emergentes e Reemergentes. As alterações ambientais e sua repercussão na saúde humana; os impactos dos projetos de desenvolvimento na Amazônia Legal; a vulnerabilidade da população indígena; a expansão de doenças “tradicionais”, emergentes e re-emergentes no estado e na região; a poluição do ar, água e solo; e o enfrentamento desses problemas foram alguns dos vários temas de conferências, mesasredondas e pôsteres, que conformaram esse evento e compõem este número da Revista Saúde Ambiente. Organizados como “Artigos Originais”, “Artigos de Revisão”, “Artigos de Atualização” e “Palestras”, os nove trabalhos apresentados neste exemplar, fornecem uma amostra do teor e da importância do evento. O III Simpósio e a rica discussão e produção dele emanadas, somados às dissertações defendidas em 2002 e ainda em 2003, são o rico testemunho de que o Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente cumpriu, com efetividade, o seu papel. Se foram as suas concretas limitações ou os rígidos critérios da CAPES, ou a conjunção de ambos, os fatores conducentes ao seu descredenciamento, isso agora faz parte do passado, e como tal deve se constituir em base de conhecimento e aprendizagem para novos passos. Aliás, isso já se verificou, pois das cinzas dessa fênix duas outras já nasceram e estão em pleno processo de absorção de experiência passada e de visão de futuro para, de forma cuidadosa e planejada, preparar seus primeiros vôos. This editorial of the Journal of Health and the Environment looks in two directions, to the past and to the future. Both views are from the editor’s perspective as well as from a given present condition and are subject not only to other interpretations by other readers’ ways of seeing things but also by the ways in which the context changes due to the constant dynamics we live in. The look to the past endeavors to highlight the role the Graduate Program in Health and the Environment at the Public Health Institute at the Federal University of Mato Grosso has played in the university, the State and in society. In this sense, this number brings the result of the last regional event promoted by the Program: the III Symposium on Health and the Environment in the Amazon Region, as well as the abstracts of master degree dissertations presented during the year of 2002. The Symposium took place in June 27 to 29, 2002 and was the result of a cooperative effort on the part of the Public Health Institute/ UFMT; the Nucleus of Infectious and Tropical Diseases of Mato Grosso/ TROPICA, the University of Cuiabá/UNIC, the Mato Grosso State University/ UNEMAT, and the Mato Grosso State Secretary of Health. It received the financial support of CNPq and had as central topic Emergent and Re-emergent Illnesses. The themes of conferences, round tables, and poster sessions that shaped the event were environmental changes and their consequences in human health, impact of development programs in the State and regions, air, water and soil pollution, and how to face these problems. They also are present in part of this number of the Journal of Health and the Environment. The nine papers presented here are organized as “Original Articles”, Revision Articles”, “Updating Articles”, and “Speeches” and they give an idea of the meaning and importance of the event. The III Symposium and the rich discussion and production that resulted from it added to the dissertations presented in 2002 and 2003 testify to the fact that the Graduate Program in Health and the Environment effectively did its job. The factors that caused it to be discredited, be they the Program’s limitations or the rigid criteria imposed by CAPES, or both, are now a part of the past and as such should become a base of knowledge and learning for new steps. In fact, this is already evident for, from the ashes of this phoenix, two others are born and are in the process of absorbing the past experiences and moving towards the future in a careful and planned way, preparing for their first flights. João Henrique G. Scatena Editor Científico Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 2 Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Revista Saúde e Ambiente, 6(1/2): 3-11, 2003 ISSN 1516-5787 ARTIGO ORIGINAL 3 Condições sócioeconômicas e exposição ao mercúrio (Hg) através do consumo de peixe: um estudo de caso em Santarém, Pará, Brasil* ORIGINAL ARTICLE Socioeconomic conditions and mercury (Hg) exposure through fish consumption: a case study in Santarém, Pará, Brazil * Este trabalho foi realizado no Laboratório de Biologia Ambiental da Universidade Federal do Pará, em seu campus avançado de Santarém. Carlos J. PASSOS1 Marc LUCOTTE2 Aldo QUEIROZ3 Donna MERGLER1 Reinaldo PELEJA3 Ynglea GOCH3 Silmara MORAIS1 CORRESPONDÊNCIA/ CORRESPONDENCE: Carlos J Passos Tel: (514) 987-3000 ext 4126 Fax: (514) 987-6183 e-mail: [email protected] 1 Centre d’études des interactions biologiques entre la santé et l’environnement, Université du Québec à Montréal, Canadá. 2 Institut des sciences de l’environnement, Université du Québec à Montréal, Canadá. 3 Laboratório de Biologia Ambiental, Universidade Federal do Pará, Brasil. RESUMO O presente estudo objetiva investigar o perfil de exposição ao Hg através do consumo de peixe na cidade de Santarém, Pará, tendo em vista o papel das condições socioeconômicas. Administraram-se questionários socioeconômicos a dois grupos: moradores do bairro do Mapiri (1) e universitários (2). Foram determinados o consumo de peixe e as concentrações de Hg total no cabelo dos participantes por Espectrometria de Fluorescência Atômica (CVAFS). Também coletaram-se amostras de peixe de dois lagos (Juá e Mapiri), principal fonte do pescado para o grupo 1 e amostras de peixe do Mercado de Santarém, principal fonte de pescado para o grupo 2. Concentrações de Hg total nos peixes consumidos pelo grupo 1: 0.01-0.3 mg/g (0.1 ± 0.08); pelo grupo 2: 0.01-0.76 mg/ g (0.1 ± 0.1). Concentrações de Hg total no cabelo dos participantes do grupo 1: 0.6-15.2 mg/g (3.1 ± 3.1); grupo 2: 0.08-1.9 mg/g (0.8 ± 0.4). Para o grupo 1, o número médio de refeições de peixe foi de treze vezes por mês; no grupo 2, duas vezes por mês. Observouse uma diferença significativa de nível de Hg entre os moradores do Mapiri e os universitários (Mann-Whitney U, p<0.0001), onde aqueles apresentam concentração média superior a estes. Entretanto, a concentração de Hg nos peixes consumidos por ambos os grupos é similar, sugerindo que a diferença média do nível de Hg é devida ao maior consumo de peixe no Mapiri, o que por sua vez é fortemente influenciado pelas condições socioeconômicas de sua população. ABSTRACT This paper aims at examining the role of socioeconomic conditions on human exposure to Hg through fish consumption in the city of Santarém, Pará State, Brazil. Two groups were established on the basis of their socioeconomic status. The first group (n=22) included inhabitants of a poor neighborhood, the Mapiri district (Mapiri group) and the second group (n=22) included students from 2 Universities (students group). Socioeconomic questionnaires were distributed to both groups. Hair samples were collected from each participant for determination of total mercury concentration. Total mercury was determined by Cold Vapor Atomic Fluorescence Spectrometry (CVAFS). In addition, fish were collected from two lakes (Juá and Mapiri, n=31; 6 species), which are the main source of fish consumed by group 1. Fish samples were also obtained (n=30; 5 species) from the Santarém General Market, which is the main source of the fish consumed by group 2. Hair Hg concentrations were significantly different (Mann-Whitney, p<0.0001) between the Mapiri inhabitants (mean: 3.1 mg/g ± 3.1, ranging from 0.6-15.2 mg/g), and students (mean: 0.8mg/g ± 0.4, ranging from 0.08-1.9mg/g). No differences were observed in Hg concentrations in fish. At Juá and Mapiri lakes concentrations were in the range 0.01-0.3 mg/g (0.1 ± 0.08); in fish from the Santarém General Market the concentrations were 0.01-0.76 mg/g (0.1 ± 0.1). Thus, the mean Hg concentration in fish consumed by both groups is similar. However, on average, the Mapiri group consumed fish thirteen times a month, whereas the undergraduate students consumed fish only twice a month. Fish is a commodity readily available to poor populations, suggesting that the average difference in hair Hg could be explained by higher fish consumption at Mapiri, which is strongly influenced by its socioeconomic condition. These findings bear evidence that socioeconomic conditions can play an important role on the health and well being of local populations. Palavras-chave: Condições socioeconômicas, Consumo de peixe, Mercúrio em cabelos. Key words: Socioeconomic conditions, Fish consumption, Mercury in hair. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Passos et al. 4 INTRODUÇÃO Na Amazônia Brasileira o mercúrio (Hg) tem sido utilizado em diversas áreas de exploração de ouro, conhecidas popularmente como garimpos. Ao longo dos últimos trinta anos, aproximadamente um milhão de pessoas foram envolvidas em atividades rudimentares de extração de ouro utilizando a técnica de amalgamação com Hg, através da qual é possível retirar as finas partículas de ouro presentes nos sedimentos dos rios e na areia (Cleary, 1990). Estima-se que em torno de 130 toneladas de Hg foram lançadas anualmente na Amazônia Brasileira, depositandose em diversos compartimentos do ecossistema (Martinelli et al., 1988; Malm et al., 1990; Pfeiffer et al., 1991; Pfeiffer et al., 1993). Além disso, estudos mais recentes têm mostrado que o desmatamento resultante do processo de ocupação recente e de práticas agrícolas de corte e queima tem propiciado a erosão de solos podzólicos e contribuído, significativamente, para a contaminação mercurial dos corpos d’água na bacia amazônica (Roulet et al., 1998, 1999; Farella et al., 2001). Dessa forma, o Hg proveniente tanto dos garimpos quanto dos processos de desmatamento é convertido em uma forma orgânica chamada metilmercúrio (MeHg), a qual contamina os peixes que constituem a principal fonte de proteínas para muitas comunidades ribeirinhas que vivem às margens desses rios (Malm et al., 1990; Pfeiffer et al., 1991; Boischio et al., 1995; Lebel et al., 1997; Dolbec et al., 2001). A poluição mercurial dos ecossistemas amazônicos constitui uma importante preocupação em saúde ambiental na região, visto que alguns estudos têm sugerido evidências de associações entre níveis elevados de MeHg no cabelo e disfunções neurológicas e citogenéticas em populações ribeirinhas (Lebel et al., 1996, 1998; Dolbec et al., 2000; Amorim et al., 2000). Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Mishra et al (2002) destacam a importância das relações existentes entre o nível socioeconômico e as taxas de morbidade ligadas ao padrão alimentar de uma população, onde pessoas de baixo nível socioeconômico são geralmente mais expostas à agentes prejudicais à saúde através da alimentação. Sendo a cidade de Santarém localizada na confluência de dois grandes rios (Amazonas e Tapajós), o consumo de peixe é parte integrante da alimentação tradicional, entre outras razões, por ser um recurso de fácil acesso. Tendo em vista os níveis de contaminação mercurial dos peixes da região e considerando a importância das condições socioeconômicas na determinação do consumo de alimentos, o presente estudo objetivou investigar o papel das condições socioeconômicas na determinação do perfil de exposição ao Hg através do consumo de peixe em uma amostra da população de Santarém. O estudo de tais relações pode gerar importantes dados para se identificar a camada da população mais exposta ao Hg e, através disso, desenvolver ações preventivas no ambiente bem como melhores estratégias de saúde pública. MATERIAL E MÉTODO O experimento consistiu, em um primeiro momento, na administração de questionários socioeconômicos em dois grupos, assim como a coleta de amostras de cabelo para análise das concentrações de Hg. Em um segundo momento, coletaram-se amostras de peixe de dois lagos que constituem a principal fonte do pescado para o consumo do grupo 1 da primeira fase, assim como amostras provenientes do mercado geral de Santarém, que constituem a principal fonte de peixe para consumo do grupo 2 da primeira fase. A amostragem relativa ao primeiro grupo da fase I foi realizada em um bairro periférico de Santarém chamado Mapiri, Passos et al. situado às margens do lago Mapiri. Um total de 22 pessoas respondeu a um questionário socioeconômico no mês de fevereiro de 1997, contendo questões relativas à idade, sexo, escolaridade, profissão, tamanho da família, condições de moradia, renda familiar, assistência de saúde e freqüência de consumo de peixe. No momento da administração do questionário, mechas de cabelo de cada participante foram coletadas da raiz na região occipital da caixa craniana, acondicionadas em sacos plásticos com a extremidade grampeada e então levadas ao laboratório para posterior análise do conteúdo de Hg total. Quanto ao segundo grupo, a amostragem foi realizada em duas faculdades de Santarém, a saber: Faculdades Integradas do Tapajós (FIT) e Instituto Luterano de Ensino Superior (ILES). No mês de maio de 1997, 22 pessoas responderam ao questionário socioeconômico acima citado, concedendo igualmente amostras de cabelo, as quais foram coletadas e acondicionadas conforme procedimento acima descrito, sendo posteriormente levadas ao laboratório para execução das análises. Para a análise do conteúdo de Hg, amostras de cabelo com 13 mg de peso seco foram digeridas, visando degradar e liberar todo o Hg presente na amostra, com ácido clorídrico (HCl, 6N), ácido nítrico (HNO3) e sulfúrico (H2SO4) concentrados. A digestão deu-se em placa quente a 100o C durante duas horas. Em relação aos peixes, a amostragem das espécies consumidas pelo grupo Mapiri foi realizada através de pesca experimental nos lagos Juá e Mapiri, onde foram coletados 31 exemplares incluindo as espécies Tucunaré (Cichla temensis), Caratinga (Geophagus surinamensis), Charuto (Anodus elongatus), Branquinha (Curimata amazonica), Pacu (Mylesinus schomburgki), e Aracu (Shizodon vittatum). No campo, os indivíduos foram medidos e pesados assim como procedeu-se a identifi- 5 cação sexual dos mesmos. Finalmente amostras de músculo foram retiradas da região dorsal de cada peixe, acondicionadas em sacos plásticos e congeladas até o momento das análises. Quanto aos peixes consumidos pelo grupo de universitários, 30 amostras foram compradas no mercado geral de Santarém, compreendendo as espécies Tucunaré (Cichla temensis), Caratinga (Geophagus surinamensis), Pacu (Mylesinus schomburgki), Curimata (Prochilodus nigricans) e Jaraqui (Semaprochilodus spp.). Os procedimentos de medida e pesagem assim como a identificação sexual foram realizados em laboratório, após o que retiraram-se amostras de músculo da região dorsal e, em seguida, procedeuse como descrito acima. O critério utilizado para a escolha das espécies de peixe, desse estudo, foi orientado pelas informações concedidas nos questionários socioeconômicos aplicados na primeira fase. Assim, consideraram-se as espécies mais consumidas pelos dois grupos humanos, o que justifica a presença de espécies diferentes quando comparam-se os dois grupos. No laboratório, alíquotas com 130 mg de peso úmido foram digeridas com HNO3 e HCl (6N) a uma temperatura de 120o C durante 6 horas, em duplicata. Após os procedimentos de digestão química, as amostras eram então deixadas esfriar em temperatura ambiente, diluídas em água ultrapura e depois analisadas por Espectrometria de Fluorescência Atômica com a técnica do vapor frio. Exercícios de intercalibração utilizando-se amostras de cabelo foram realizados com o Laboratório da Cátedra de Pesquisa em Meio Ambiente da Universidade de Quebec em Montreal (UQAM), assim como a análise de padrões de referência a fim de garantir a qualidade analítica dos resultados. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Passos et al. 6 RESULTADOS Informações sócio-demográficas dos grupos estudados são apresentadas na Tabela 1. De acordo com os dados socioeconômicos relativos ao grupo Ma- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 piri, 75% dos participantes encontram-se em idade irregular na escola (atrasados); 63.6% são estudantes, entretanto desenvolvem seus estudos em condições precárias e com atividades diurnas sempre que possível; 72.7% vivem em humildes casas de madei- Passos et al. ra; 86.4% pertencem a famílias cujo número de membros é igual ou superior a cinco e cuja renda mensal é em média 2.4 salários mínimos; quanto ao tipo de assistência de saúde, 100% dos participantes depende do sistema público de atendimento médico. No que se refere ao grupo de universitários, 91% dos participantes encontram-se em idade açdequada nos estudos e desenvolvem suas atividades acadêmicas em condições favoráveis a um bom desempenho; em termos de moradia 77.3% vivem em boas casas de alvenaria, 13.6% moram em confortáveis apartamentos e apenas 9.1% habitam em casas de madeira; 77% dos participantes pertencem a famílias cujo número de membros é igual ou inferior a 6; 27% das famílias possuem renda mensal entre 10 e 15 salários mínimos e 41% renda superior a 15 salários mínimos; no que tange a assistência de saúde, 59% das famílias possuem plano particular de assistência médica, odontológica e hospitalar. As concentrações de Hg total detectadas nos cabelos dos participantes dos grupos Mapiri e Universitários são apresentadas na Figura 1. No grupo Mapiri, as concentrações variaram entre o valor mínimo de 0.6 µg/g e o máximo de 15.2 µg/g (3.1 ± 3.1); nesta amostra, o número médio de refeições de peixe foi de treze vezes por 7 mês. Também se observou uma diferença de concentração de Hg entre homens e mulheres, em que os homens apresentam concentração maior em relação às mulheres (3.8 ± 3.9 vs 2.3 ± 1.5); entretanto esta diferença não é significativa (MannWhitney U, p > 0.05). Quanto ao grupo de universitários, detectaram-se concentrações de Hg total no cabelo, variando entre 0.08 µg/g e 1.9 µg/g (0.8 ± 0.4). O número médio de refeições de peixe neste grupo foi bem inferior ao grupo Mapiri, ou seja, duas vezes por mês. Neste grupo não foram observadas diferenças de concentração entre homens e mulheres. Além disso, análises de correlação mostram que, somente no grupo Mapiri, as concentrações de Hg total nos cabelos são associadas à freqüência de consumo de peixes, indicando assim a importância de tal freqüência para a exposição deste grupo (Mapiri: Spearman, r = 0.89; p < 0.0001 Vs. Universitários: Spearman, r = 0.008; p = 0.97). As Tabelas 2 e 3 apresentam estatísticas descritivas das análises referentes aos peixes consumidos pelos moradores do Mapiri e Universitários, respectivamente. Observou-se uma correlação positiva e estatisticamente significante entre o comprimento dos peixes e seus níveis de Hg, Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Passos et al. 8 tanto no grupo Mapiri (Spearman, r = 0.7; p < 0.01) quanto no grupo Universitário (Spearman, r = 0.5; p = 0.01). DISCUSSÃO No presente estudo observam-se concentrações de Hg nos cabelos menores que em outros estudos realizados na região. Em Ponta de Pedras, uma pequena vila localizada aproximadamente 30 km rio acima de Santarém, encontrou-se concentração média de 11.6 µg Hg/g de cabelo (Lebel et al., 1996); em Brasília Legal, 550 km rio acima de Santarém, encontrou-se concentração média de 16.4 µg/g (Lebel et al., 1996). Nossos resultados são semelhantes a Malm et al. (1995) que encontraram em torno de 2.7 µg/g na região de Santarém, provavelmente devido ao menor consumo de peixe em relação às outras comunidades acima citadas. Na amostra da presente pesquisa, observa-se uma diferença de concentração média estatisticamente significante entre os dois grupos humanos estudados (Mann- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Whitney U, p < 0,0001), sendo que o grupo Mapiri apresenta concentração média de Hg no cabelo superior à média do grupo Universitário. Na abordagem do compartimento aquático observa-se que os peixes consumidos pelo grupo Universitário são significativamente maiores que os peixes consumidos pelo grupo Mapiri (Mann-Whitney U, p < 0.01), provavelmente devido ao fato de os primeiros serem adquiridos no mercado, apresentando portanto tamanhos necessários à comercialização. Dentre as espécies estudadas, o Tucunaré destaca-se em termos de concentração de Hg (média = 0.2 ± 0.08, Mapiri; 0.3 ± 0.2, Universitários), o que pode ser explicado por se tratar de uma espécie predadora (Figura 2). A maior concentração de Hg em peixes predadores reflete a biomagnificação desse metal pesado nas cadeias alimentares. Assim, os predadores no final da cadeia tendem a ter concentrações maiores que os não-predadores, os quais situam-se mais próximos do início das cadeias alimentares. Parte da biomagnificação parece ocorrer porque, em Passos et al. geral, os predadores têm um tempo de vida mais longo, acumulando mais Hg em seus corpos que suas presas (Williams & Weiss, 1973). O valor médio de concentração de Hg das espécies de peixes aqui estudadas (0.1 µg/g em ambos os grupos), mostrouse abaixo do nível crítico permitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para consumo humano, isto é, 0.5 µg/g (Brasil, 1975). Apesar dos resultados mostrarem que, em média, os participantes do presente estudo estão menos expostos ao Hg do que ribeirinhos que vivem em Ponta de Pedras ou Brasília Legal (Lebel et al., 1996), as pessoas jovens que apresentam mais que 6 µg Hg/g de cabelo podem vir a desenvolver, em uma exposição de longo prazo, disfunções neurológicas e citogenéticas (Lebel et al., 1998; Dolbec et al., 2000; Amorim et al., 2000). Quanto ao status, no grupo Mapiri trata-se de pessoas pertencentes a uma comunidade cujo nível social e econômico apresenta-se baixo; essas pessoas usam peixe como fonte de proteínas, lipídeos e outros nutrientes muito freqüentemente por ser barato e muitas vezes gratuito, visto que elas mesmas podem adquiri-lo através da pesca. Por outro lado, no grupo Universitário encontram-se pessoas perten- 9 centes a famílias cuja situação socioeconômica mostra-se suficientemente boa, capaz de proporcionar educação, moradia e saúde de qualidade, além de um regime alimentar bastante diversificado, tendo como reflexo um consumo de peixe mais baixo em relação ao grupo Mapiri. Desse modo, as pessoas de baixo nível socioeconômico correspondem ao grupo de exposição mais forte ao Hg através do consumo de peixe e, conseqüentemente, tais pessoas são, a princípio, mais susceptíveis a adquirir problemas neurológicos e deterioração genética em longo prazo. Os resultados aqui apresentados para os lagos Juá/Mapiri assim como para o mercado geral mostram que, embora em média os peixes não estejam contaminados a níveis preocupantes de Hg, um consumo elevado de tais peixes pode vir a representar uma exposição preocupante, como observado em alguns participantes do grupo Mapiri. Finalmente, comparando-se o valor médio da concentração de Hg nos peixes dos lagos com a média dos peixes do mercado, observa-se que são rigorosamente iguais (0.1 µg/g). Isso nos leva a acreditar que a diferença de concentração média de Hg encontrada entre os dois grupos humanos não é devida a Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Passos et al. 10 diferenças de Hg nos peixes consumidos por esses grupos, mas sim devido ao maior consumo de peixe no grupo Mapiri, o que, por sua vez, é fortemente influenciado pelas condições socioeconômicas desse grupo. Os achados do presente estudo indicam que condições socioeconômicas desempenham um importante papel na determinação dos níveis de exposição ao Hg na população de Santarém, sugerindo portanto que tais condições podem influenciar o estado geral de saúde e bem-estar de populações locais. AGRADECIMENTOS Agradecemos a população do bairro do Mapiri por sua valiosa participação e contribuição nesta pesquisa. Da mesma forma, queremos agradecer os estudantes do Instituto Luterano de Ensino Superior de Santarém (ILES) assim como aqueles das Faculdades Integradas do Tapajós (FIT), por sua participação. Somos gratos ao Programa de Iniciação à Pesquisa (PIPES) da Universidade Federal do Pará, bem como ao Centro de Pesquisas para o Desenvolvimento Internacional (CRDI) do Canadá, pelo apoio financeiro concedido para o desenvolvimento deste trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, M.I.M.; MERGLER, D.; BAHIA, M.O.; DUBEAU, H.; MIRANDA, D.; LEBEL, J.; BURBANO, R.R.; LUCOTTE, M. Cytogenetic damage related to low levels of methyl mercury contamination in the Brazilian Amazon. An. Acad. Bras. Ci., 72(4): 497-507, 2000. BOISCHIO, A.A.P.; HENSHEL, D.; BARBOSA, A.C. Mercury exposure through fish consumption by the Upper Madeira River population, Brazil – 1991. Ecosystem Health, 1: 177-192, 1995. BRASIL. 1975. Ministério da Saúde. Resolução no 18.175 da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos. Diário Oficial da União, 9 de dezembro de 1975. CLEARY, D. Anatomy of the Amazon Gold Rush. University of Iowa Press, Iowa City. 1990. DOLBEC, J.; MERGLER, D.; SOUSA PASSOS, C.J.; MORAIS, S.S.; LEBEL, J. Methylmercury affects motor performance in an Amazonian riveraine population. Int Arch Occup Environ Health, 73: 195-203, 2000. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 DOLBEC, J.; MERGLER, D.; LARRIBE, F.; ROULET, M.; LEBEL, J.; LUCOTTE, M. Sequential Analysis of Hair Mercury Levels in Relation to Fish Diet of an Amazonian Population, Brazil. Sci Total Environ, 271: 87-97, 2001. FARELLA, N.; LUCOTTE, M.; LOUCHOUARN, P.; ROULET, M. Deforestation modifying terrestrial organic transport in the Rio Tapajós, Brazilian Amazon. Organic Geochemistry, 32: 1443-1458, 2001. LEBEL, J.; MERGLER, D.; LUCOTTE, M.; AMORIM, M.; DOLBEC, J.; MIRANDA, D.; ARANTES, G.; RHEAULTH, I.; PICHET, P. Evidence of early nervous system dysfunctions in Amazonian populations exposed to low-level of methylmercury. Neurotoxicology, 17(1): 157-168, 1996. LEBEL, J.; ROULET, M.; MERGLER, D.; LUCOTTE, M.; LARRIBE, F. Fish Diet and Mercury Exposure in a Riparian Amazonian Population. Water Air Soil Pollut, 97: 31-44, 1997. LEBEL, J.; MERGLER, D.; BRANCHES, F.; LUCOTTE, M.; AMORIM, M.; LARRIBE, F.; DOLBEC, J. Neurotoxic effects of low-level methylmercury contamination in the Amazonian Basin. Environ Res, 79: 20-32, 1998. MALM, O.; PFEIFFER, W.C.; SOUZA, C.M.M.; REUTHER, R. Mercury pollution due to gold mining in the Madeira River basin, Brazil. Ambio, 19: 11-15, 1990. MALM, O.; BRANCHES, F.J.P.; AKAGI, H.; CASTRO, M.B.; PFEIFFER, W.C.; HARADA, M.; BASTOS, W.R.; KATO, H. Mercury and methylmercury in fish and human hair from the Tapajós river basin, Brazil. Sci. Total. Environ, 175: 141-150, 1995. MARTINELLI, L.A.; FERREIRA, J.R.; FORSBERG, B.R.; VICTOR, R.L. Mercury contamination in the Amazon: a gold rush consequence. Ambio, 17:252-254, 1988. MISHRA, G.; BALL, K.; ARBUCKLE, J.; CRAWFORD, D. Dietary patterns of Australian adults and their association with socioeconomic status: results from the 1995 National Nutrition Survey. European Journal of Clinical Nutrition, 56: 687-693, 2002. Passos et al. PFEIFFER, W.C.; LACERDA, L.D.; SALOMONS, W.; MALM, O. Environmental fate of mercury from gold mining in the Brazilian Amazon. Environ Review, 1: 26-37, 1993. PFEIFFER, W.C.; MALM, O; SOUZA, C.M.M.; LACERDA, L.D.; SILVEIRA, E.J.; BASTOS, W.R. Mercury in the Madeira River ecosystem, Rondônia, Brazil. For Ecol Manage, 38: 239-245, 1991. ROULET, M.; LUCOTTE, M.; CANUEL, R.; RHEAULTH, I.; TRAN, 11 S.; FREITAS GOCH, Y.; FARELLA, N.; SOUZA DO VALE, R.; SOUSA PASSOS, C.J.; JESUS DA SILVA, E.; MERGLER, D.; AMORIM, M. Dissolved and particulate mercury in the Tapajós River Basin, Brazilian Amazon. Sci Total Environ, 213: 203211, 1998. ROULET, M.; LUCOTTE, M.; FARELLA, N.; SERIQUE, G.; COELHO, H.; SOUSA PASSOS, C.J.; JESUS DA SILVA, E.; SCAVONE DE ANDRADE, P.; MEGLER, D.; GUIMARÃES, J.R.D.; AMORIM, M. Effects of recent human colonization on the presence of mercury in Amazonian ecosystems. Water Air Soil Pollut, 112: 297-313, 1999. WILLIAMS, P.M. & WEISS, H.V. Mercury in the marine environment: concentration in sea water and in pelagic food chain. J. Fish. Res. Bd. Can. 30: 293-295. In: Watras, C.J. 1992. Mercury and Methylmercury in individual zooplankton: Implications for bioaccumulation. Limnol Oceanogr, 37 (6): 1313-1318, 1973. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Revista Saúde e Ambiente, 6(1/2): 12-26, 2003 ISSN 1516-5787 12 ARTIGO ORIGINAL Will the power plant at Rio Manso, Brazil, cause elevated mercury levels of fish and reduced fish populations? ORIGINAL ARTICLE Pode a usina hidrelétrica do Rio Manso, no Brasil, causar elevação do nível de mercúrio em peixes e reduzir sua população? Henriette WOLPHER 1 Magdalena TROPP1 Edinaldo C. SILVA1 Lars D. HYLANDER2 Lázaro J. OLIVEIRA1 Elisabeth C. NEIS1 CORRESPONDÊNCIA/ CORRESPONDENCE: Henriette Wolpher Stockholm University, Department of Organic Chemistry, S-10691 Stockholm, Sweden Tel.: +46 8 162210; fax: +46 8 154908 E-mail: [email protected] 1 Departamento de Química – Instituto de Ciências Exatas e da Terra; Pós Graduação em Saúde Coletiva - Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil. 2 Department of Limnology - Evolutionary Biology Centre, Uppsala University, Sweden. RESUMO Em recentes construções de reservatórios de hidrelétricas tem-se observado o aumento da concentração de mercúrio. Este fenômeno é conhecido principalmente em estudos realizados no hemisfério Norte. No presente estudo, os níveis de referência de mercúrio em peixes, solo e sedimento em uma área da região centro-oeste do Brasil, foram determinados antes da área ser inundada devido a construção de uma usina hidrelétrica. Peixes predadores do rio Manso e rio Casca foram analisados em relação ao conteúdo de mercúrio (Hg). As concentrações de Hg total em 13 amostras variaram de 72 a 755 ng /g de peso úmido. Para melhor compreensão sobre os parâmetros que influenciam a geoquímica do Hg foram determinados em solo e sedimento: Carbono orgânico, nitrogênio e enxofre, Hg total; e alumínio, ferro e manganês por extração feita com citrato– ditionito-bicarbonato (cdb). A média das concentrações de Hg em solo e sedimento foram respectivamente de 24,5 e.24,7 ng /g de peso seco, que estão dentro dos níveis de referência encontrados na região. Tanto o sedimento como o solo mostraram-se ricos em alumínio e óxidos e hidróxidos de ferro, amorfos. O mercúrio apresentou correlação positiva com esses elementos no sedimento e negativa no solo. Uma forte correlação positiva entre mercúrio e enxofre foi observada para o sedimento. Finalmente, a discussão de como a usina hidrelétrica influenciou o ambiente e em especial a população de peixes, indicando uma necessidade urgente de adotar medidas que minimizem deteriorações presentes e futuras. ABSTRACT In newly constructed hydroelectric reservoirs, it has been shown that the mercury concentration in fish rises. This phenomenon is known mainly from studies in the Nothern Hemisphere. In the present study, the background levels of mercury in fish, soil, and sediment in an area of western Brazil were determined before the area was inundated due to the construction of a hydroelectric power plant. Predatory fish from Rio Manso and Rio Casca were analysed for mercury (Hg). The total Hg concentration in the 13 samples ranged between 72 and 755 ng/g w.w. Organic carbon, nitrogen, and sulphur, total Hg, and citrate-dithionite-bicarbonate (cdb) extractable aluminium, iron, and manganese of soil and sediment were also determined to get a better understanding of parameters influencing Hg geochemistry. The average Hg concentrations in soil and sediment were 24.5 and 24.7 ng/g dry weight, respectively, which is within the background levels found in the region. Both sediment and soil were rich in amorphous aluminium and iron oxy-hydroxides. Mercury correlated positively to these in sediments and negatively in soil. A strong positive correlation between mercury and sulphur was found in sediment. Finally, it is discussed how the hydro power plant has influenced the environment and especially the fish population, indicating an acute need of measures to minimize present and future deterioration. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Palavras-chave: Usina hidrelétrica, mercúrio em peixes, mercúrio em solo. Key words: hidroelectric power plant, mercury in fish, mercury in soil. Wolpher et al. INTRODUCTION Several studies have shown that mercury (Hg) concentrations in fish rise after flooding of upland areas to form hydroelectric reservoirs (Jackson, 1988; Bodaly et al., 1984; Lodenius et al., 1983). The elevated Hg levels in fish are thought to result from an enhancement of the mobility and bioavailability of Hg following flooding (Jackson, 1988). Methyl mercury (MeHg) is produced in water and surface sediments of lakes and reservoirs (Rudd et al., 1983, Lindquist et al., 1991). Several studies have shown methylation to appear primarily due to the activity of sulphate reducing bacteria or at least under similar environmental conditions (Compeau and Bartha, 1985, Kerry et al. 1991, Matilainen, 1995). Inundation of vegetated areas increases the amount of dissolved organic matter in the water, which stimulates the methylation process (Furutani and Rudd, 1980). MeHg is highly toxic and is known to accumulate in organisms (Lindquist et al., 1991) and biomagnify in the food chain (Verdon et al., 1991). The main concern about health effects for humans is the poisoning of the foetus through the pregnant woman and breastfeeding of new born children. Even low MeHg exposure before birth can cause physical and mental retardation (Kjellström, 1989; Grandjean, 2000). Severe poisoning can cause brain damage and eventually death. The permitted limit in many countries, including non piscivorous fishes in Brazil, is 500 ng Hg/g fresh weight (fw) fish, while the limit for piscivorous fishes has recently been increased to 1000 ng Hg/g fresh weight (fw) in Brazil (Lindquist et al., 1991, BRASIL,1998). Even in reservoirs with low Hg levels in water (about 5 ng/L) fish Hg levels have shown to be significantly elevated (Bodaly et al., 1984). As a result of biomagnification, Hg levels are generally higher in predatory fish. A large dam and hydroelectric power 13 station named APM-Manso (Aproveitamento Multiplo de Manso) was completed during 1999 in the municipal region of Chapada in centralwestern Brazil. The reservoir above the station has an extension of 425 km2 after inundation of land around the rivers Manso and Casca (Furnas, 1999). Fish is an important source of food for the local populations in the surrounding areas of the rivers Manso and Casca. Elevated Hg concentrations in fish may therefore seriously affect the local people. The knowledge from studies in the Manso river can be used in assessments of environmental and health impacts when planning future hydroelectric projects in tropical areas. Most studies indicating a rise in mercury content in fish have taken place in temperate areas. Results from tropical and subtropical areas are scarce but a Venezuelan study by Rondón and Pérez (1999) indicates bioaccumulation in fish also in tropical dams. Rondón and Pérez (1999) also conclude that the complexity of internal relationships in tropical aquatic ecosystems is higher than in those observed in cold and temperate regions. High mercury levels have also been found in fish in the Tucuruí reservoir in Pará, Brazil. This area is polluted by mercury due to gold mining activities( Porvari, 1995). Studies in the temperate zone have shown that both predatory and non predatory fish species respond with elevated Hg levels within two years after impoundment (Bodaly et al., 1984, Verdon et al., 1991). The levels in predatory fish continued to rise for 5 to 10 years after impoundment, while in non-predatory species Hg levels started to decline after 2 to 5 years. Water parameters associated with the decomposition of organic matter, such as dissolved organic carbon DOC and total phosphorous (P), peaked after 3 and 4 years of impoundment (Verdon et al., 1991). Data from dams constructed 6 to 67 yeRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Wolpher et al. 14 ars ago indicate that it could take 20-30 years before the Hg concentrations in fish return to preimpoundment levels (Verdon et al., 1991). The duration and extent of Hg elevation in fish from new reservoirs can not be reliably predicted, since there are differences between regions and several characteristics of the reservoirs (Rodgers et al., 1995). It has been observed that the postimpoundment Hg levels in predatory fish appear to be related to the ratio between the flooded terrestrial area and the preimpoundment lake area, where a higher increase in surface area correlates with higher Hg levels in fish (Bodaly et al., 1984, Jackson, 1988). Another observation is significantly higher Hg levels in non-predatory fish just downstream from a reservoir, than in fish within the reservoir (Bodaly et al., 1984). The preimpoundment terrestrial soil around the river could be expected to be of great importance, as the soil is a possible source of Hg in new impoundments. However, Jackson (1988) concluded that methylation rates and MeHg concentrations are limited not so much by the total abundance of inorganic mercury as by environmental variables affecting the activities of methylation microbes and the availability of Hg. The relationship between organic matter and Hg methylation and uptake seems be very complicated. The general idea of increased fish Hg levels after impoundment, as mentioned above, is that organic matter from soils and vegetation stimulates the bacteria that methylate Hg (Rodgers et al., 1995, Gilmour and Henry, 1991, Morrison and Thérien, 1995, Jackson, 1988). Obviously, the relationship between organic matter and MeHg levels cannot be explained easily. Relying on previous studies on newly inundated reservoirs, a rise in organic matter as well as increased concentrations of mercury in fish can, however, be expected. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Sulphur may affect methylation either in the form of sulphate, serving as a stimulator of sulphate reducing bacteria (Gilmour et al., 1992), or in the form of sulphide, binding Hg strongly and thereby lowering its availability (Gilmour et al., 1992, Kerry et al., 1991, Jackson, 1988). The relationship seems to be complex, since sulphate reducing bacteria produce sulphide in the process of methylation, almost as a negative feed-back mechanism. In acidic lakes, the Hg concentrations in fish are generally higher than in neutral lakes (Björklund et al., 1984, Gilmour and Henry, 1991). There are many explanations for this positive relationship (Winfrey and Rudd, 1990; Gilmour and Henry, 1991; Miskimmin et al., 1992). It is possible that many of these parameters together contribute to enhance the methylation process and uptake in organisms or, as Meili (1990) suggests, these migth be co-variation between pH and other variables that affect Hg levels in fish. Leaching of flooded soils, external inflow and decomposition of submerged organic matter following inundation can affect pH (Hydro-Quebec, 1993) and hence also affect fish Hg levels. Mercury is methylated mainly in anoxic conditions (Driscoll et al., 1995, Watras et al., 1995, Porvari and Verta, 1995). Dissolved oxygen concentrations are forecast to decline significantly after the impounding, because of increased concentrations of organic matter consuming oxygen. This contributes to increased methylation and thus increased Hg levels in fish. Increased temperature has also been shown to stimulate methylation of mercury in Lake Keha in Finland (Matilainen, 1995). Callister and Winfrey (1986) found that methylation activity was greatest at a temperature of 35°C in the sediments and decreased with lower and higher temperatures. This leads to the conclusion that methylation in tropic reservoirs with temperatures closer to 35 °C, might be even more efficient than in temperate areas. Wolpher et al. Hg concentration in fish has been reported to increase with body size of the fish. (Monteiro, 1991, Lindquist et al., 1991). Driscoll et al. (1995) also observed that fish Hg concentrations generally increased with increasing fish weight and length. However, this relationship seems to exhibit great variation between fish species and sites (Jackson, 1991). Jackson (1991) suggested the relationship to depend on trophic position, habitat preference, diet, metabolic rate, growth rate, etc. There are also other important environmental aspects when constructing a hydroelectric dam. Changed hydrological conditions will influence flora and fauna not only in the reservoir area but also downstream of the dam. The vulnerable ecosystem of Pantanal, the giant floodplain downstream of the studied dam in Rio Manso, is dependent on large areas being flooded annually during the wet season (Hamilton et al., 1996). On the other hand, the large rivers must not dry up during the dry season. This might happen if primary vegetation is cleared and substituted by farmland, which results in a faster runoff of rain water, less infiltration into the soil to replenish the subterranean aqueous reserves, and increased erosion with subsequent sedimentation and filling up of depressions otherwise serving as water reservoirs and retreats for aquous organisms during the dry season. A series of small, specific dams along river courses have succesfully been used to retard the water flow (Conceição, 2000). On the contrary, hydroelectrical dams are often contributing to disastrous floods and other abnormal hydrological regimes, since they are operated to get an optimal output of electric energy rather than preventing floods. The maximum water level of the reservoir must not be exceeded during exceptional rain falls, since this might result in the rupture of the dam. A dam might also break due to inadequate geological survey, poor material quality or faults in construction or 15 technology, or due to seismological activities (Grimalt, et al., 1999). The objective of this work is to increase the knowledge about environmental effects when constructing hydroelectric reservoirs, especially the influence on fish mercury levels by mercury becoming bioavailable after inundation at a hydroelectric power station in a tropical area. It is of great importance to create awareness of such effects, as the information given to the local population, in many cases, is poor and unsatisfactory. In this study, we provide baseline data of fish and other environmental parameters before inundation. The development of mercury levels in fish after inundation can then be followed up in future studies. We have also studied information given to the public regarding effects of the power station and have included an evaluation about some possible effects derived from the dam on the ecosystem in and downstream from the dam. METHODS Study area The studied area is situated in the state of Mato Grosso, centralwestern Brazil. The samples were taken before the construction of the dam. The hydroelectric complex APM-Manso includes two rivers, Manso and Casca, and the land around these rivers in the reservoir. The Casca meets the Manso just before the constructed dam. The Manso is the main tributary of the Cuiabá river. The reservoir has an extension of 427 km2, a maximal depth of about 80 m and is flooding parts of the land between the coordinates S 14°40’- 15°20’ and W 55°20’- 60°00’ (Figure 1). The total water volume is 73*108, of which 29*108 is usable for production of electricity with a maximal water column height of 289.8 m. The average Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Wolpher et al. 16 flux in the Manso before construction of the dam was 170 m3s-1 and the flux from the reservoir is 135 m3s-1 (Furnas, 2002). The climate of the area is tropical with two distinct seasons; dry (April-August) and rainy (September-March). The study was carried out during winter (July), when the weather is dry. Water and sediment samples were collected on the 19th and 22nd of July, 1999. This period was unusually cool, according to the locals, with day temperatures under 30 °C. The landscape is dry and covered by drought resistant bush vegetation with sparse higher trees. Cattle farming exists in the area. Close to the rivers the vegetation is greener, high and very thick. The soil is generally red in colour due to iron oxides. There are no known sources of mercury pollution in the area. One site was found where gold miners might have been active. Whether mercury had been used at this site, it is not known. The nearest city is Cuiabá, the capital of Figure 1. Map of Study area. Sites for water and sediment samples are marked and numbered 1-5. Fish samples were taken in Rio Manso, Rio Casca and downstream the construction area. (site: www.furnas.com.br) Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Mato Grosso (around 500 000 inhabitants). Cuiabá is situated downstream, 70 km to the south of the area. Fish from the rivers Casca and Manso is an important source of food for the locals, who also sell the surplus, thereby generating cash revenues to the area (Eletronorte, 1998). Sample collection, preparation and analysis Thirteen fishes of various predatory species were caught in the Manso and Casca rivers between the 4th and 6th of August, 1999. The samples were prepared according to the method of Malm et al. (1989). The dorsal muscle from each fish was removed and grinded in a food mixer. Three subsamples from each fish were digested with hydrogen peroxide (H2O2), sulphuric acid (H2SO4), potassium permanganate (KMnO4), and potassium persulphate (K2S2O8) in the mentioned order. Excess Wolpher et al. oxidizing agent was neutralised with hydroxyl ammonium chloride (HONH3Cl). The extracts were analysed for total mercury by cold vapour generator accessory to a AAS with sodium borohydride as a reducing agent (Spectro AA – 200, Varian). Certified reference material (DORM2 with 4640 ± 260 ng Hg total/g d.w.) and an internal reference sample from another laboratory (spotted catfish with 13320 ± 2140 ng Hg total/g w.w.) were run parallell with analyses of the unknown fish samples. Both reference samples gave consequently a positive deviation of 27% from expected values. Consequently, all Hg values obtained for the samples with unknown Hg concentrations have been reduced by 27%. Physical and chemical water parameters were measured with a multipurpose instrument (Horiba U-10) at five points in the rivers Manso and Casca (see Figure 1), where water and sediment samples also were collected. Water was analysed with a carbon analyser for total carbon (TC) and organic carbon (TOC) by dry combustion and an infra red light detector (TOC-5000, Shimadzu Corporation, 1994). An AquaTester (Orbeco Hellige) was used to measure water colour. Suspended particulate material in the water was quantified by filtering the water through 0.45 mm filters and weighing the filters before and after the filtration. Suspended material was flocculated by aluminium sulphate (Al2(SO4)3) and sodium hydroxide (NaOH) according to a method by Hylander (1998) and then dried. Sediment samples were dried (< 50 °C, for 4-5 days) and sieved (< 74 mm) through a nylon mesh sieve. Three subsamples (2.0 - 0.2 g) from each sieved sediment sample and from each sample of suspended material were prepared with 10 ml concentrated nitric acid (HNO3) at a temperature of 110 °C for two hours. Distilled water (10 ml) was added after cooling and the samples were then analysed for mercury by cold 17 vapour AAS (Spectro AA – 200, Varian). Sieved sediment subsamples were also analysed for carbon and sulphur content by dry combustion and detection with an IR-detector (CHNS-932 LECOR Corporation, St. Joseph, 1995). Statistical evaluation was performed with Excell software using Pearson correlation and a 5% significance level (Excel, 1992). Information to the public was obtained from web sites, daily newspapers, and an exhibition at a seminar in Cuiabá about the Cuiabá basin, of which the Manso river is a part. RESULTS AND DISCUSSION Mercury in fish The average total Hg concentration in the five studied fish species was 236 ng Hg/g w.w. with concentrations varying from 72 to 755 ng Hg/g w.w. (Table 1). Amazon catfish had the highest Hg concentration, in one case exceeding the maximum permitted Hg content in fish for consumption in Brazil (500 ng Hg/g w.w.), which is also the limit recomended by WHO (Hylander et. al., 1994). All fishes caught are piscivorous. This can explain the high Hg levels of mercury in some of the fishes, since fish from higher trophic levels contain higher Hg concentrations than fish from lower levels as a result of biomagnification (Morrison and Thérien, 1995, Kidd et al., 1995). An older fish will also accumulate Hg with time. A significant, positive correlation between Hg levels and weight was found (r = 0.711, p = 0.05). The number of samples was not enough to study such a relationship for each of the species as suggested by Monteiro et al.(1991). No general relationship between Hg levels and sex was found. Although there are no known anRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Wolpher et al. 18 thropogenic sources of Hg in the area, the results are not very different from those obtained in a study by Hylander et al. (1994) in the Cuiabá river, into which the Manso dewaters. There the fish Hg levels varied between 50 and 950 ng/g w.w. with the high values influenced by gold mining activities (Hylander et al., 1994). Mercury, Aluminum, Iron, and Manganese in soil and sediment The concentrations of Hg, Al, Fe, and Mn in soil and sediment are presented in Table 2. The average Hg levels in soil and sediment are almost the same, 24.5 and 24.7 ng/g d.w., respectively. The values fall in the range of the background levels found in the Pantanal region south of our sampling site (Nogueira et. al., 1997). These are lower concentrations than in the Amazon basin to the north, where the mercury background levels are between 30 and 100 ng/g d.w. (Roulet et. al., 1998). The low Hg concentrations and the small Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 deviation in Hg-levels between the different sampling sites indicate that there has not been any local contaminating source in the construction area. The average concentration of Alcdb in the fine soil (< 74 mm) is 1.9 mg/g d.w. both in the upper (0-10 cm) and lower (10-20 cm) horizon. Also the average Fecdb concentration does not vary between the two horizons. It is 16 mg/g which is about ten times higher than the Al concentration. The average Mncdb concentration in the fine soil fraction is 0.16 mg/g in the upper horizon and 0.13 mg/g in the lower horizon, subsequently without great difference between the upper and lower soil horizon. In the fine sediment (< 74 mm), cdb extractable Al and Fe show almost the same average concentrations as in the soil, 1.7 mg/ g d.w. and 16 mg/g d.w. respectively. The average concentration of Mncdb on the other hand is higher than in the soil, 0.35 mg/g d.w. The results show that the soil and sediments are rich in Fe and Al oxy-hydroxi- Wolpher et al. des. Studies in the Amazon region suggest that these oxides control the Hg concentrations in soil, especially by Al substituted Fe oxide (Roulet et. al., 1998). A positive correlation of Hg with Al, Fe, and Mn oxyhydroxides has been found in sediments also in the Pantanal region (Hylander et. al., 1999). In the present study, Hg has a positive correlation with both Al, Fe and Mn oxyhydroxides in sediment. The correlation is relatively strong with Al (r = 0.94) but weak for Fe and Mn (r = 0.63). In contrast a relatively strong negative correlation between Hg and Al (r = 0.95) and between Hg and Fe (r = -0.95) was found in the soil. The correlation between Hg and Mn was also negative but insignificant (r = -0.39). When the two soil horizons were treated separately, Hg showed a strong negative correlation with Mn, Fe and Al with r-values ranging from –0.84 to –1.00. One thing that should be noticed is that the diagram only consists of three points when the soil horizons are treated separately and subsequently does not allow for solid conclusions. The correlation between Hg/Fe and Al/(Al+Fe) was tested to see if Al substituted oxy-hydroxides influence the Hg concentration. A strong positive correlation was found in sediments (r = 0.99), but a weak negative correlation was found in soil. The mass ratio found between Hgtot and Fecdb (1.6*10-6 in soil and sediments) 19 was low compared to earlier studies in the Amazon region (Roulet et. al., 1998).This holds also for the mass ratio between Hgtot and Alcdb ( 1.5*10-5 in both soil and sediments). The average Hg-tot/Mncdb ratio in soil and sediment are 1.6*10-4 and 7*10-5 respectively. All ratios are also three times lower than in the Pantanal region. It should be noted that the ratios from Pantanal were calculated with oxalate (pH 3) extracted ions, which results in higher ratios than cdb since oxalate is a weaker extractant than cdb (Hylander et. al., 1999). Carbon, nitrogen and sulphur in soil and sediment Soil and sediment samples were also analysed for carbon, nitrogen and sulphur. The results presented in Table 3 show that the carbon concentrations are low. The mean concentration in the upper soil horizon is 1.4% and in the lower horizon 1.0%. In sediments the mean concentration is 2%. The low C/N-ratio in soil indicates that the organic material mainly consists of humic substances. In sediment the C/N-ratio is also low with values between 14 and 16. As Hg has high affinity for organic matter and sulphur in its reduced form or in organic substances, correlation tests with the different parameters were performed. The correlation between Hg and C is positive both in soil and sediment, but Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Wolpher et al. 20 the correlation is only significant in the sediment (r = 0.98). A very strong correlation between Hg and S was found in sediment (r = 0.99). In the soil this is not observed. The sulphur also correlates positively to the carbon concentration (r = 0.99), and this could indicate that the sulphur is mainly in organic form. The correlation with C/N was not very strong neither in soil or sediment (soil: positive r = 0.87, sediment: negative and insignificant). Water parameters Water parameters shown in Table 4, show that the river Casca has acid water while the Manso has neutral water. The average amount of suspended material in the Manso is 3.2 mg/L. In the Casca the average amount is 8.0 mg/L. Compared to studies downstream in the Pantanal region ( 18-469 mg/ L) our values are very low. This indicates that erosion from land areas around and upstream the rivers Manso and Casca is quite limited, due to mainly undisturbed vegetation and hardly any agricultural activities with cultivated fields. Studies in the Amazon show concentrations ranging between 4 and 84 mg/L (Roulet et. al., 1998). The Manso river has a higher total Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 carbon concentration (14.9 mg/L ) than the Casca (2.2-2.3 mg/L ). Also the sampling site in the construction area has a high total carbon concentration (15.9 mg/L ). It can also be seen that these values originate mostly from inorganic carbon that is not present after acid treatment. The amount of organic carbon is low in all samples, 1.2 mg/L to 3.0 mg/L. From these values it can be concluded that there is a low concentration of dissolved organic carbon (DOC) in the rivers. The concentration of dissolved organic material will probably rise after impoundment and effect the Hg levels in fish. Hg methylation has been shown to increase in flooded reservoirs as a result of increased decomposition of organic material from the flooded land. The specific conductivity is very different in the two rivers with a ten times higher conductivity in the Manso than in the Casca river. The high conductivity in the construction area and in the Manso river is probably due to a high concentration of inorganic carbon. This could also explain the difference in pH in the two rivers. Both rivers have low turbidity and a large secci depth, around 1 m, that is consistent with the low burden of suspended material in the rivers. As expected there are oxidizing conditions with dissolved oxygen above 6 mg/L and no sign of oxygen depletion. The floculating method we used to Wolpher et al. determine the Hg content in the suspended material was not sensitive enough to handle such small amounts of suspended matter. According to Roulet et al. (1998), 40-80% of the mercury in the river water is associated with fine particulate matter. This indicates that, due to the low amount of suspended matter, both the Casca and Manso rivers should have relatively low total Hg levels in the water. Environmental aspects when planning and constructing the hydropower station Eletronorte, a federal company with the task of supplying the inhabitants of the northern states of Brazil with electricity, iniciated prospecting for a hydroelectrical station in the Manso river in 1982, commissioned by the Ministry of Mines and Energy, Ministry of Interior, and The State of Mato Grosso (Valerio, 1988, p. 21). The idea of constructing a dam in the Manso river was proposed for the first time after the gruesome floods in 1974, when parts of the city of Cuiabá were washed away by the river water, eroding the river banks, cutting new river courses, and flooding areas generally not flooded during the wet season The river reached 10.9 m depth in March, 1974, while its depth during the dry season was around 1 m (Eletronorte, 1987; Valerio, 1988). However, the idea of protecting Cuiabá from flooding with a dam in the Manso river was rejected due to the high costs (DNOS, 1976). Valerio (1988) stated that the major part of the water originated from surface 21 runoff of the Cuiabá main basin itself and not from the subbasin at the Manso, more than 260 km away. In the area closer to Cuiabá the forest and bush land was mainly cleared and substituted by farm lands with poor retardment on surface water flow (Conceição, 2000). The limited contribution (20%) from the subbasin of the Manso river to excessive floods in Cuiabá was also confirmed in a later survey (Eletronorte, 1987; Valerio, 1988) In spite of this, Eletronorte used the protection against excessive floods as the main argument to win the public acceptance for the construction of the hydroelectrical plant in the Manso river (Eletronorte, 2000). When preparing the project plans for Manso, Eletronorte did not include a passage for fish to pass the dam (Valerio, 1988, p. 20; ), generally demanded by Brazilian legislation (Brazil, 1927). Eletronorte refered to an amendment enforced by the Brazilian hydroelectrical industry, stating that a passage for fish to pass the dam may be substituted by other measures to maintain the fish population, such as fish breeding stations (Brazil, 1938; Eletrobrás, 1995). The state law in Mato Grosso does not demand a fish passage in dams with an altitude above 25 m, to which APM Manso belongs (Official at FEMA/MT, 2002, referring to Código das águas, article 29 in MATO GROSSO, 2001). The conditions for the fish downstream from the dam was further deteriorated by Eletronorte’s proposal and subsequent practice to fill the reservoir rapidly by severally restricting the water flow Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Wolpher et al. 22 in the Manso river once the dam was constructed, leaving a minimal water flux via a tunnel (Túnel Verde; Sondotécnica, 1980). Initially, Eletronorte did not elaborate any study on environmental consequences of the planned hydroelectrical plant in the Manso river, but possible negative effects on fish population and environment was pointed out by researhers at the university in Cuiabá and other specialists (Valerio, 1988). The project was paralised until Eletronorte presented a study on expected environmental consequences (Projeto Básico Ambiental do APM-Manso), followed by a detailed document addressing environmental concerns raised by FEMA/ MT, the Mato Grosso State Environmental Agency (Barros, 2000). These documents resulted, in 1998, in the permission to continue with the original hydroelectrical project (Licença de instalação nº 020/ 96 and Licença de Instalação nº 109/98 as related in Barros, 2000). Furnas Centrais Elétricas S. A. took over the hydro electrical complex from Eletronorte in 1999. Effects after completed construction In 2000, fish reproduction was dras- Figure 2. Maximal precipitation during a 24-hours period (mm) in Cuiabá during the months of 1999 and 2000 compared with corresponding averages of the 1961 – 1990-period. Source: Annuário Estatístico , MT-2000 e 2001; MAA,1992. Elaborated by E. C. Neis. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 tically reduced not only in the Manso because of the dam forming an approximately 280m high physical barrier, but also in the upper Cuiabá river, downstream the dam, since the fishes, due to lack of water, could not migrate to their spawning areas at the onset of the rains in September – October 1999 (Jornal o Estado de Mato Grosso, 1999). This was especially hindering for the migration of large, carnivorous species, such as striped and spotted catfishes (Pseudoplatystoma spp.; cachara and pintado)), who swim upstream during the wet season to spawn in the source-streams of the large rivers (Brasil-Estado de Mato Grosso, 1999). Amazon catfish (Paulicea lutkeni; jaú) has a less regular moving pattern for the mating season, but still needs water and flooded river beds for successful breeding (Brasil-Estado de Mato Grosso, 1999). In l999 and 2000, precipitation was l.720 mm and l.360mm, respectively, while the potential evaporation was l.873 mm and l833 (Anuário Estatístico/Mt, 2000; Anuário Estatístico/ MT, 2001). Large precipitation during a 24-hour period results in large surface runoff and low infiltration of water into the soil. Figure 2 indicates that maximal precipitation during a 24-hour period was lower than normal in all months during the fi- Wolpher et al. lling of the dam, except for November 1999 and March 2000. Consequently, climatic conditions further aggravated the negative impacts on fish reproduction, caused by drastically reduced the river flux when filling the dam. The reduced flow from the Manso river, in the future, will influence the inundation of Pantanal a few hundred km downstream. This may have large negative impacts on the fish populations, especially in combination with completed and ongoing dredging in different places of the large waterways of Pantanal, resulting in a faster drainage, less inundated area and inundated for shorter period of time (Gottgens et al., 2001). An objective evaluation is needed of the effects caused by the dam at the Manso river on environment, human health, and food sources such as fish abundance in the whole basin of the Cuiabá river. In 1998, it was estimated that 2155 persons had to be removed from the area to become inundated (Eletronorte, 1998). About 464 families got new homes, including 15 - 16ha land (Barros, 2000). The produced electricity does in general not reach the local population, who had their living conditions deteriorated after the disappearing income from fishing (Folha do Estado, 2000b; A Gazeta, 2001), removing the subsistence from more than 2400 full-time fishermen (Folha do Estado, 2000). 23 eding should avoid eating carnivorous fish species from the Manso river. Large negative impacts on fish population have been observed during the first year after completion of the dam. An investigation about possible environmental impacts and with proposed, corrective steps should be executed before any future constructions of hydroelectrical dams in Brazil. The hydroelectrical power companies are obliged to take measures to minimize negative effects on fish populations from hydroelectrical complexes in countries such as Canada, Sweden, and the US. The additional costs are small, but reduce the damage on one of the local population’s most important food source. Furnas is running Furnas Hydrobiology and Fish-Farming Station in order to re-stock the reservoirs of its power plants along the Grande river in southern Brazil with fish (Furnas, 2001). It is expected that Furnas also counteracts the negative effects caused at APM Rio Manso. More research is needed to increase the knowledge of the influence of inundation, changed water fluxes and other parameters on fish populations, ecosystems, and mechanisms of methylation and uptake. It is important to continue studies after the inundation in order to verify whether Hg fish levels will rise as expected. Influencing parameters should also be studied in order to explain encountered changes. CONCLUSIONS ACKNOWLEDGEMENTS Background mercury levels in carnivorous fish species from the Manso river are close to the limit for human consumption. Dissolved organic carbon and waters comparably poor in nutrients could be the main reasons. The construction of the dam will most probably cause mercury levels to rise above the limit in many species. Consequently, pregnant and women who are breastfe- This study was partly financed by SIDA (Styrelsen för Internationellt Utvecklingsarbete). Thanks to Danielle Araujo, Raquel Neves and Rosalvo Stachiw for help with laboratory work at UFMT, and to Norma Pinto, Villela Acyr Gonçalves and Kevi Soliman at Furnas. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Wolpher et al. 24 REFERENCES A GAZETA. Qualidade de vida piorou após construção da usina de Manso Luz não chegou para a maioria, mas peixe sumiu e a água sofreu impactos com a barragem. 15 de julho de 2001. ANUÁRIO ESTATÍSTICO MT 2000/ Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral; COOTRADE (org). Cuiabá; SEPLAN-MT, 2000. 630p. ANUÁRIO ESTATÍSTICO MT 2001./ Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral; COOTRADE (org). Cuiabá; SEPLAN-MT, 2001. BARROS, J. G. C. (Coord.) As implicações sócio-ambientais do APM-Manso no Pantanal Matogrossense. Projeto PantanalServiço Social do Comércio. Instituto de estudos e gestão das águas. Brasília. 2000.152p. BJÖRKLUND I., BORG H. and JOHANSSON K. Mercury in Swedish Lakes – Its Regional Distribution and Causes. Ambio, 13: 118-121, 1984. BODALAY R.A., HECKY R. E., FUDGE R. J. P. Increases in Fish Mercury Levels in the Lakes flooded by the Churchill River Diversion, Northern Manitoba, Canadian. Journal of Fishery and Aquatic Science, 141: 682-691,1984. BRASIL, Portaria 685/95. Ministério da Saúde. Diário Oficial da República do Brasil, Brasília-DF. Seção I, p 14151437, 24 de setembro de 1998. BRASIL-ESTADO DE MATO GROSSO- Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso. Paraíso Prazer e Pesca. Cuiabá . Gráfica Atalaia. 1999. CALLISTER S. M. and WINFREY M. R. Microbial Methylation of Mercury in Upper Wisconsin River Sediments. Water, Air and Soil Pollution, 29: pp 453-465, 1986. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 COMPEAU G. C. and BARTHA R. Sulphate-Reducing Bacteria: Principal Methylators of Mercury in Anoxic Estuarine Sediment. Applied and Environmental Microbiology, 50: 498502, 1985. CONCEIÇÃO, P. N. Projeto de perenização da bacia do Rio Pari. In: FEMA - Fundação Estadual do Meio Ambiente. I Seminário sobre recursos Hidricos: O que você está fazendo pelo Rio Cuiabá? FEMA, Cuiabá – MT. Brazil. p. 37 (50 pp). 2000. (In Portugues). DNOS - Departamento Nacional de obras de Sanamiento. Estudos Hidrológicos da Bacia do Alto Paraguai - 1º Projeto da Barragem do rio Manso. Brasil, 1976. DRISCOLL C. T., BLETTE V., Yan C., SCHOFIELD C. L., MUNSON R. and HOLSAPPLE J. The Roll of Dissolved Organic Carbon in the Chemistry and Bioavailability of Mercury in Remote Adirondack Lakes. Water, Air and Soil Pollution, 80, 1995. ELETROBRÁS. Seminário sobre a fauna aquática e o setor elétrico brasileiro, reuniões temáticas preparatórias: caderno 4 estudos e levantamentos, Alpinópolis, 01 e 02 de março, 1994/Comitê Coordenador das atividades de Meio Ambiente do Setor Elétrico- COMASE. Rio de Janeiro. p 11-12, 104p. 1995. ELETRONORTE- Centrais Elétricas do Norte do Brasil, Sondotécnica. Relatório de Impacto Ambiental da Usina de Manso. Cuiabá, 1987. ELETRONORTE- Centrais Elétricas do Norte do Brasil. APM Manso – Projeto Básico Ambiental.Detalhamento dos Programas Ambientais. Diretoria de Planejamento e Engenharia- de Superintendência de Meio Ambiente – EAM. Jul. 1998. ELETRONORTE. Photo exhibition at: I Seminário sobre recursos Hidricos: O que você está fazendo pelo Rio Cuiabá? Organised in Cuiabá, Brazil, March 22, 2000, by Governo do Estado de Mato Grosso (the state government), Fundaçâo do Meio Ambiente (FEMA), Cuiaba, 2000. Excel. 1992. Ver. 4.0 Functioner. Microsoft Corporation, Seattle, WA, USA. FEMA/MT,2002. Informações verbais com o geólogo Verber Marasi sobre escada para peixes do rio Manso. 21/ 03/2002. FOLHA DO ESTADO. 2000a. Cobrança de soluções – Peixes sumiram devido a fermentação. Cuiabá-MT, 25 de junho de 2000. FOLHA DO ESTADO. 2000b. Meio Ambiente: Manso preocupa ambientalistas. Cuiabá-MT, 30 de julho de 2000. FURNAS. 2001. The Environment.URL http://www.furnas.com.br/ingles/ index.htm; accessed September 24, 2001. FURNAS - Centrais Elétricas S.A furnas site na internet www.furnas.com.br em 5/12/2001 Português. FURUTANI A. and RUDD J. W. M. Measurement of Mercury Methylation in Lake Water and Sediment Samples, Applied and Environmental Microbiology, 40: 770-776, 1980. GILMOUR C. C. and HENRY E. A. Mercury Methylation in Aquatic Systems Affected by Acid Deposition, Environmental Pollution, 71: 131-169, 1991. GILMOUR C. C., HENRY E. A. and MITCHELL R. Sulphate Stimulation of Mercury methylation in Freshwater Sediments, Environmental Science and Technology, 26: 2281-2287, 1992. Wolpher et al. 25 GOTTGENS, J.F., PERRY, J.E., FORTNEY, R.H., MEYER, J.E., BENEDICT, M. & ROOD, B.E. The Paraguay-Parana Hidrovia: Protecting the Pantanal with lessons from the past. – Bioscience, 51:301-308, 2001. Northern Manitoba (Canada): Effects of Impoundment and Other Factors on the Production of Methyl Mercury by Microorganisms in Sediments, Canadian Journal of Fishery and Aquatic Science, 45: 97-121, 1988. GRANDJEAN, P. Health effects of seafood contamination with methylmercury and PCBs in the Faroes. Atlantic Coast Contaminants Workshop 2000. June 22-25. Bar Harbor, Maine. In: National Research Council. 2000. Toxicological Effects of Methylmercury. Washington, D.C.: National Academy Press.2000. JACKSON T. A. Biological and Environmental Control of Mercury Accumulation by Fish in Lakes and Reservoirs of Northern Manitoba, Canada, Canadian Journal of Fishery and Aquatic Science, 48: 2449-2470, 1991. GRIMALT, J.O., Ferrer, M., and Macpherson, E. The mine tailing accident in Aznalcóllar. Sci Total Environ, 242: 3-11, 1999. HAMILTON SK, SIPPEL S.J, and MELACK J.M. Inundation patterns in the Pantanal wetland of South America determined from passive microwave remote sensing. Arch Hydrobiol, 137: 1-23, 1996. HYDRO-QUEBEC. Grande – Baleine Complex, Booklet for external information about the own project.1993. HYLANDER L. D., SILVA E. C., OLIVEIRA L. J., SILVA S. A., KUNTZE E. K. and SILVA D. X. Mercury Levels in Alto Pantanal: A Screening Study, Ambio, 23: 478-484, 1994. HYLANDER L. D. Metodologias no Campo e Labo, Instructions at the laboratory of UFMT, Química, Cuiabá, Brazil.1998. HYLANDER L D, MEILI M, OLIVEIRAL J, CASTRO e SILVA E, GUIMARES J D, ARAUJO D M, NEVES R P, STASHIW R, BARROS A P, SILVA G D. Relationship of mercury with aluminum, iron and manganese oxy-hydroxides in sediments from the Alto Pantanal, Brazil. To be published.1999. JACKSON T. A. The Mercury Problem in Recently Formed Reservoirs of KERRY A., WELBOURN P. M., PRUCHA B, & MIERLE G. Mercury Methylation by Sulphate-Reducing Bacteria from Sediments of an Acid Stressed Lake, Water, Air and Soil Pollution, 56: 565-575, 1991. KIDD K. A., HESSLEIN R. H., FUDGE R. J. P. & HALLARD K. A. The Influence of Trophic Level as Measured by δ 15N on Mercury Concentrations in Freshwater Organisms, Water, Air and Soil Pollution, 80: 1011-1015, 1995. Normais Climatológicas 1961-1990. Brasília-Brasil. 1992. MALM O., PFEIFFER W. C., BASTOS W. R. & SOUZA C. M. M. Utilização do Acessório de Geração de Vapor Frio para Análise de Mercúrio em Investigações Ambientais por Espectrofotometria de Absorção Atômica, Ciência e Cultura, 41: 8892, 1989. MATILAINEN T. Involvement of Bacteria in Methylmercury Formation in Anaerobic Lake Waters, Water, Air and Soil Pollution, 80: 757-764, 1995. MATO GROSSO. Leis, Política Estadual de Recursos Hídricos. Lei nº 6.945, de 05 de Novembro de 1997. Cuiabá- MT. Fundação Estadual do Meio Ambiente. 2001. 24p. MEILI M. The Coupling of Hg and Organic Matter in the Biogeochemical Cycle – a Mechanistic Model for the Borreal Forrest Zone, Water, Air and Soil Pollution, 56: 333-347, 1991. KJELLSTRÖM, T. Physical and mental development of children with prenatal exposure to mercury from fish. National Swedish Environmental Protection Board Report 3642. (112 p.) ISSN 0282-7298. ISBN 91-620-36424, 1989. MISKIMMIN B. M., RUDD J. W. M. AND KELLY C. A. Influence of Dissolved Organic Carbon, pH and Microbial Respiration Rates on Mercury Methylation and Demethylation in Lake Water, Canadian Journal of Fishery and Aquatic Science, 49: 17-22, 1992. LINDQUIST O., JOHANSSON K., AASTRUP M., ANDERSSON A., BRINGMARK L., HOVSENIUS G., HÅKANSSON L., IVERFELDT Å., MEILI M. & TIMM B. Mercury in the Swedish environment-recent research on causes, consequences and corrective methods. Water, Air and Soil Pollutio, 55: (1-6) all pages (1-6), 1991. MONTEIRO L. R., ISIDRO E. J. & LOPES H. D. Mercury Content in Relation to Sex, Size, Age and Growth in Two Scorpionfish (Helicolenus dactylopterus and Pontinus kuhlii) from Azorean Waters, Water, Air and Soil Pollution, 56: 359-367, 1991. LODENIUS M., SEPPÄNEN A. & HERRANEN M. Accumulation of Mercury in Fish and Man from Reservoirs in Northern Finland, Water, Air and Soil Pollution, 19: 237-246, 1983. MORRISON K. A. & THÉREN N., Changes in Mercury Levels in Lake Whitefish (Coregonus clupeaformis) and Northern Pike (Esox lucius) in the LG-2 Reservoir since Flooding, Water, Air and Soil Pollution, 80: 819-828, 1995. MAAMINISTÉRIO DA AGRICULTURA E REFORMA AGRÁRIA. NOGUEIRA F, CASTRO e SILVA E, & JUNK W. Mercury from gold mining in the Pantanal of Poconé, Mato Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Wolpher et al. 26 grosso-Brazil. International Journal of environmental Health Research, 7: 181-191, 1997. PORVARI, P. Mercury levels of fish in Tucuruí hydroelectric reservoir and in River Mojú in Amazonia, in the state of Pará, Brazil. Sci. Total Env., 175:109117, 1995. PORVARI P. & VERTA M. Methylmercury Production in Flooded Soils: A Laboratory Study, Water, Air and Soil Pollution, 80: 765-771, 1995. RICHMAN L. A., WREN C. D., STOKES P. M. Facts and Fallacies Concerning Mercury Uptake by Fish In Acid Stressed Lakes, Water, Air and Soil Pollution, 37: 465-473, 1988. RODGERS D. W., DICKMAN M. & HAN X. Stories from Old Reservoirs: Sediment Hg and Hg Methylation in Ontario Hydroelectric Developments, Water, Air and Soil Pollution, 80: 829839, 1995. RONDÓN, A. & PÉREZ, L.E. Mercury bioacumulation in fifteen dams of Bolivar state (Venezuela), estimated with the indicator fish Hoplias malabaricus. In: Barbosa J, Melamed R, Villas Bôas R (eds.) Mercury as a Global Pollutant - 5th International Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Conference, May 23-27, 1999, Rio de Janeiro, Brazil. CETEM-Center for Mineral Technology. Rio de Janeiro, Brazil, 1999; 277 (592 pp.) ROULET M, RHEAULT R I, TRAN S, DE FREITOS GOG Y G, FARELLA N, SOUZA DO VALE R, SOUZA PASSOS C J, JESUS DA SILVA E, MERGLER D, & AMORIM M. Distribuition and partition of the mercury in waters of the Tapajós River basin, Brasilian Amazon.The Science of the Total Environment, 213: 203-211, 1998. ROULET M, LUCOTTE M, SAINTAUBIN A, TRAN S, RHEAULT I, FARELLA N, JESUS DA SILVA E, DEZENCOURT J, SOUZA PASSOS C J, SANTOS SOARES G, GUIMARES J, MERGLER D, & AMORIM M. The geochemistry of Hg in central Amazonian soils developed on the Alter-do-Chão of the lower Tapajós river valley, Pará state. Brazil The Science of the Total Environment, 223: 1-24, 1998. RUDD J. W. M., TURNER M. A., FURUTANI A., SWICK A. L. & TOWNSEND B. E. The EnglishWabigon River System: 1. A synthesis of Recent Research with a View towards Mercury Amelioration. Canadian Journal of Fishery and Aquatic Science, 40:2206-2217, 1983. SONDOTÉCNICA S.A.-Plano Diretor de Aproveitamento Integrado dos Recursos Hídricos da Região do Rio Cuiabá e seus formadoresDiagnóstico da Situação atual.CAEEB. nov. 1980. VALEIRO, D. I. Considerações sobre a barragem do Rio Manso e seus reflexos no Rio Cuiabá. Governo do Estado de Mato Grosso. Casa Civil. Coordenadoria Estadual Defesa Civil, Cuiabá, Brasil. 36 pp. + app. 1988. VERDON R., BROUARD D., DEMERS C., LALUMIERE R., LAPERLE M. & SCHETAGNE R. Mercury Evolution (1978-1988) in fishes of the La Grande Hydroelectric Complex. Quebec, Canada. Water, Air and Soil Pollution, 56: 405-417, 1991. WATRAS C. J., BLOOM N. S., MORRISON K. A., GILMOUR C. C. & CRAIG S. R. Methylmercury Production in the Anoxic Hypolimnion of a Dimictic Seepage Lake, Water, Air and Soil Pollution, 80: 735-745, 1995. WINFREY M. R. & RUDD J. W. M. Environmental Factors Affecting the Formation of Methylmercury in Low pH Lakes, Environmental Toxicology and Chemistry, 9: 853-869, 1990. Revista Saúde e Ambiente, 6(1/2): 27-36, 2003 ISSN 1516-5787 27 ARTIGO ORIGINAL O controle da hipertensão arterial como atividade de atenção primária à saúde, no município de Santa Terezinha, MT* ORIGINAL ARTICLE The arterial hypertension control such activity of primary attention health. Santa Terezinha, Mato Grosso state *Este artigo é parte do trabalho de monografia desenvolvido como exigência da conclusão do curso de especialização em saúde da família oferecido pela Universidade Federal de Mato Grosso e Escola de Saúde Pública “Agrícola Paes de Barros”, financiado pelo Ministério da Saúde por meio do Programa de Interiorização dos Trabalhadores de Saúde. Leonardo GRAEVER 1 Henry M. PEIXOTO2 Alex M. RODRIGUES3 Eliane IGNOTTI4 CORRESPONDÊNCIA/ CORRESPONDENCE: Eliane Ignotti Rua Dr. Jonas Correa da Costa, 210 CEP: 78.030 – 510 - Cuiabá / MT Fone: 65.637 1471 – Fax: 65. 637 7539 e-mail: [email protected] 1 Médico do PSF de Santa Terezinha/MT. Enfermeiro do PSF de Santa Terezinha/MT. 3 Médico da rede básica em Chapada dos Guimarães/MT; professor do Curso de Especialização em Saúde da Família e Universidade de Cuiabá. 4 Professora do Curso de Especialização em Saúde da Família e da Universidade Estadual de Mato Grosso; doutoranda na ENSP/ FIOCRUZ. 2 RESUMO Este estudo tem por objetivo descrever o perfil epidemiológico da população de hipertensos, referidos no Programa do Controle da Hipertensão Arterial Sistêmica, assim como o impacto do acompanhamento destes indivíduos durante os 7 primeiros meses de trabalho da Equipe de Saúde da Família urbana do município de Santa Terezinha, estado de Mato Grosso. Foram utilizados os dados cadastrais do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), além dos registros de acompanhamento dos casos com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica confirmados. Dos 139 casos de hipertensão, 114 indivíduos foram acompanhados em relação a todas as variáveis em estudo. Verificou-se uma prevalência de 5,84% de hipertensão arterial na população acima de 19 anos; o grupo com idade acima de 59 anos e do sexo feminino apresentou maior prevalência; verificou-se a presença de obesidade em mais de 70% e cardiopatia em 21% dos indivíduos; 47% têm antecedente familiar importante e 15% são diabéticos; 44% apresentam algum indício de lesão de órgão-alvo; 43% são de alto risco e 39% têm risco muito alto para complicações cardiovasculares. Os hipertensos atendidos pela Equipe de Saúde da Família constituem um grupo com alta morbidade e risco cardiovascular considerável a ser priorizado nas atividades de controle da Hipertensão Arterial. A estratégia de Atenção Básica, como o Programa de Saúde da Família, mostrou resultado positivo, que possivelmente resultará na redução da morbidade e do risco cardiovascular. ABSTRACT The purpose of this paper is to describe the epidemiological profile of hypertensive subjects enrolled in the Program of Control of Arterial Hypertension and the impact of the treatment after seven months of contact with the Family Health Team in the city of Santa Terezinha, Mato Grosso State. Data from the System of Basic Care Information, and data from the records of the patients with confirmed diagnosis of Arterial hypertension were used. We collected data of all variables from 114 of 139 hypertensive patients. The prevalence of hypertension was 5,84% in patients older than 19 years; the highest prevalence of hypertension was in women older than 59 years; more than 70% of the group are obese, and 21% have heart disease; 47% have a family history of diabetes and 15% are diabetics; 44% present signs of target organ lesion; 43% have high risk and 39% have very high risk of cardiovascular complications. The group of hypertensive patients seen in this Family Health Team is a group of high morbidity and important cardiovascular risk that need priority in activities for hypertension control. The strategy of Basic Care, like the Family Health Program, showed good results, and probably will contribute in reduction of morbidity and cardiovascular risk. Palavras-chave: Hipertensão arterial, Atenção primária, Saúde da família. Key words: Arterial Hypertension, Primary attention, Family Health. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Graever et al. 28 INTRODUÇÃO As doenças do aparelho circulatório constituem a primeira causa de morte na maioria dos países do mundo. O Brasil está incluído no grupo de países onde as doenças circulatórias levam ao maior número de mortes, além de causar grande incapacidade, por apresentar morbidade igualmente elevada (MS, 2001). A hipertensão arterial é a doença do aparelho circulatório mais prevalente, e também um fator de risco importante para as demais doenças cardiovasculares, como a Doença Arterial Coronariana e o Acidente Vascular Cerebral. Condições igualmente graves como Insuficiência Renal Crônica, Insuficiência Cardíaca e Cegueira estão também relacionadas à hipertensão. Assim, cada vez mais se tem dado ênfase à importância do controle rigoroso da pressão arterial e dos fatores de risco associados às suas complicações, incluindo a estratificação de risco cardiovascular, como medida efetiva e necessária à redução da morbidade e mortalidade associadas a esta doença (JNC VI, 1997). A dificuldade deste controle é fato conhecido e enfrentado comumente nas unidades de atenção básica (Pena, 2002). Suas causas são as mais variadas, desde desconhecimento da condição por parte dos pacientes, até a baixa adesão ao tratamento, mesmo quando estes conhecem o diagnóstico (Trindade, 1998). No ano de 1999 no Município de Santa Terezinha, as doenças do aparelho circulatório constituíram a principal causa de mortalidade e a terceira maior causa de internação hospitalar (SES-MT, 2001), refletindo o padrão nacional de morbimortalidade. Por se tratar de um dos principais problemas de saúde da comunidade, a Hipertensão Arterial constitui prioridade para as ações do Programa de Saúde da Família ou PSF. Desta forma, este estudo tem por objetivo descrever o perRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 fil epidemiológico da população de hipertensos referidos1, assim como o impacto do acompanhamento destes indivíduos pelo Programa do Controle da Hipertensão Arterial Sistêmica durante os 7 primeiros meses de trabalho da Equipe de Saúde da Família no Município de Santa Terezinha. A implantação do PSF em Santa Terezinha – MT Em julho de 2001 teve início a implantação do PSF no Município de Santa Terezinha, localizado no extremo Nordeste do Estado de Mato Grosso, a 1.440 Km da capital Cuiabá. Naquela época, a atenção à saúde estava concentrada em um Centro Municipal de Saúde e no Hospital Municipal de Santa Terezinha. Somente em janeiro de 2002 a Secretaria Municipal de Saúde disponibilizou uma unidade básica específica para o trabalho da equipe de saúde da família. O médico e o enfermeiro do PSF foram contratados pelo Ministério da Saúde, por meio do Programa de Interiorização dos Profissionais de Saúde (PITS) (MS, 2001). O município e Secretaria de Estado de Saúde viabilizaram a contratação dos agentes comunitários de saúde e auxiliar de enfermagem, além da disponibilização da unidade básica de saúde. A Escola de Saúde Pública “Agrícola Paes de Barros” em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso e Ministério da Saúde ofereceram o programa de capacitação dos profissionais do PSF com um curso de especialização em saúde da família e tutoria aos profissionais. Por ocasião do início das atividades assistenciais da equipe, a princípio no Centro de Saúde existente há vários anos no município, verificava-se baixa resolubilidade do sistema de atenção básica existente, observando-se falta de continuidade do acompanhamento ambulatorial, principalmente no que diz respeito aos portadores de doenças crônico-degenerativas como, Graever et al. por exemplo, a hipertensão. Muitos pacientes apresentavam inadequado controle pressórico, desconhecimento da necessidade de terapia continuada e dos fatores de risco associados à doença. Considerando-se uma população total de 6.270 habitantes, dos quais 54% residentes em área urbana (IBGE, 2001), uma equipe de saúde da família é suficiente para garantir 100% de cobertura do programa em área urbana. Assim, o PSF como estratégia para a atenção à saúde teve como objetivo reorganizar a prática da atenção primária à saúde de Santa Terezinha. Seus princípios e características, incluindo a territorialização e o cadastramento da clientela, o trabalho em equipe incluindo os agentes comunitários de saúde como elo entre a comunidade e o serviço de saúde e, ainda, o estabelecimento de uma relação profissional-paciente sólida, permitiria à equipe de saúde executar ações de promoção, prevenção e assistência à saúde da população de maneira efetiva e longitudinal, garantindo um vínculo profundo entre o usuário do serviço e a equipe profissional (MS (b), 2001). MATERIAL E MÉTODO Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, a partir de informações referidas pela clientela da área adstrita da Equipe de Saúde da Família da área urbana de Santa Terezinha, que durante o processo de cadastramento familiar informou ser hipertensa, além da clientela regular de atendimento pela equipe de saúde. Assim, foram encontrados e examinados em consulta médica 139 indivíduos com hipertensão arterial sistêmica. Considerando-se a dificuldade de acesso aos exames laboratoriais mais extensos para todos os indivíduos, neste estudo foram levados em consideração apenas os exames laboratoriais básicos, seguindo a recomendação de Reis (1999). Assim, para os casos com confirmação diag- 29 nóstica clínica de hipertensão arterial sistêmica, foi solicitado o exame sumário de urina e glicemia capilar de jejum. Do conjunto de 139 hipertensos referidos, 114 foram avaliados e classificados em relação ao seu grau de hipertensão (leve, moderada ou grave) e seu risco cardiovascular determinado de acordo com a avaliação realizada na primeira consulta e com os resultados de exames laboratoriais, obtidos em um retorno próximo. Era iniciado então o tratamento adequado ao risco estabelecido. Além do tratamento farmacológico e acompanhamento pela equipe de PSF, os pacientes participaram de atividades educativas em grupo e aconselhamento individual. Os dados foram retirados da ficha de avaliação inicial de cada paciente, preenchida pelo médico da equipe de saúde, contendo anamnese dirigida à doença em questão, exame clínico, investigação laboratorial, estratificação de risco para complicações e tratamento proposto. Posteriormente esses dados foram organizados e analisados, a fim de se traçar um perfil da população em estudo no que diz respeito às suas características clínico-epidemiológicas, como freqüência de sintomas, presença de fatores de risco para complicações da hipertensão arterial e estimativa de risco cardiovascular baseada em avaliação clínica e laboratorial. Considerou-se como variáveis em estudo: a microárea2 de residência; faixa etária; sexo; fatores de risco; sintomas; presença e tipo de lesão em órgão alvo e ainda, grau de hipertensão. Para tabagismo e etilismo foram considerados presentes quando havia relato do hábito ou história do mesmo. O sedentarismo foi considerado presente quando relatada ausência de atividade física regular, sendo a mesma proveniente de prática de atividades esportivas ou cotidianas. No caso de diabetes considerou-se o diagnóstico confirmado por glicemia plasmática, suspeiRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Graever et al. 30 tado por glicemia capilar ou paciente em tratamento regular. A alimentação foi classificada de acordo com a predominância de componentes da dieta, identificados por inquérito alimentar qualitativo durante a avaliação segundo as categorias: Balanceada - quando há ingestão de carboidratos, lipídios e proteínas de origem animal e vegetal; Protéica – quando há predominância de alimentos ricos em proteínas (carne, peixe) e carência dos demais elementos da dieta; Calórica – quando há predominância de carboidratos e lipídios em detrimento dos outros componentes da dieta. Para obesidade foi utilizado o indicador Índice de Massa Corpórea (IMC) maior que 25. Em caso de classificação como lesão de órgão-alvo presente, foram identificadas as seguintes formas clínicas: cardiopatia, nefropatia, doença arterial periférica, doença cerebrovascular. O Grau de Hipertensão foi determinado pelo valor da PA na avaliação inicial, conforme classificação do III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (CBHA) como: leve, moderado ou grave apresentados no Quadro 1. O risco cardiovascular também determinado pela classificação do Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, leva em conta o grau de hipertensão atribuído na avaliação inicial e os demais parâmetros apresentados no Quadro 2 (Vieira Neto, 2000). Observou-se finalmente, a distribuição percentual de hipertensos com PA controlada segundo o número de consultas realizadas, assim como a equação de regressão linear para a tendência tempo- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 ral das médias de aferição de pressão sistólica e diastólica realizadas a cada mês. Utilizamos com base populacional para cálculos de prevalência os registros do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) para habitantes com 20 anos ou mais, apenas da área urbana do município de Santa Terezinha. Tais registros foram coletados entre agosto e outubro de 2001. RESULTADOS Foram consolidados os dados referentes a 139 pacientes, caracterizando uma prevalência de hipertensão arterial na população adulta da área urbana de Santa Terezinha de 58,4 casos por 1.000 habitantes com mais de 19 anos. Os pacientes apresentaram idade média de 60 anos. Na Tabela 1 observa-se a proporção de hipertensos segundo prevalência por microárea de residência, faixa etária e sexo, utilizando-se por base populacional os registros SIAB. Pode-se verificar uma variação da prevalência de hipertensão nas microáreas adscritas ao PSF, de 31,2 a 66,5 por 1.000 habitante para indivíduos com 20 ou mais anos. Esta variação possivelmente é decorrente da facilidade de acesso à unidade de saúde, pela proximidade da mesma com as micro-áreas 1 e 2, somado a diferenças na atuação dos agentes comunitários de saúde no cadastramento familiar, considerando-se que não foram observadas diferenças na distribuição por idade segundo microárea. Quanto à faixa etária, observa-se que a proporção de hipertensos mostra-se em concordância com a distribuição habitual da Graever et al. doença pelo avanço da idade, com 43,2% dos casos entre os indivíduos com 60 anos ou mais, alcançando uma prevalência de 252 casos de hipertensão arterial sistêmica por 1.000 habitantes. Em relação à distribuição por sexo, havia no grupo 46 (33,1%) pessoas do sexo masculino e 93 (66,9%) do sexo feminino. Entretanto, a prevalência resultou em 81,4 e 37,2 por 1.000 habitantes acima de 19 anos, do sexo feminino e masculino respectivamente. Dos 139 hipertensos, 114 foram submetidos à avaliação inicial do Programa de Controle da Hipertensão Arterial. Quanto à apresentação clínica da doença, 96 pacientes (84,2%) referiram algum tipo de sinto- 31 ma durante a avaliação, enquanto 18 (15,8%) estavam assintomáticos. Na Tabela 2 pode-se observar a distribuição percentual dos sintomas, dos quais a cefalélia mostrou-se presente em 33,4% dos casos avaliados. Para fatores de risco associados à hipertensão arterial e suas complicações, dos 114 pacientes avaliados, 40 (35,1%) apresentaram história de tabagismo ou afirmaram ser fumantes ativos, 24 (21,1%) apresentaram história de etilismo ou afirmaram ingerir bebidas alcoólicas com freqüência, 72 (63,2%) não realizavam atividade física regular e 48 (45,7%) afirmaram possuir alimentação baseada em carboidratos e lipídios. Para os fatoRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Graever et al. 32 res de risco que dependem de avaliação clínica, a obesidade foi observada na maioria dos indivíduos, com 71 casos registrados (72,4%), apresentando Índice de massa corpórea (IMC) acima de 25. Foi registrada prevalência de diabetes Mellitus tipo II em 18 pacientes (15,8%). DenRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 tre os pacientes avaliados, 54 (47,5%) relataram histórico de antecedente familiar de hipertensão, diabetes, doença cardiovascular ou acidente vascular cerebral (AVC). Para lesão em órgão-alvo dos 114 pacientes, 51 (44,7%) apresentam algum indício. Desse grupo, 24 (21,1%) mostraram sinais Graever et al. clínicos de cardiopatia relacionada à hipertensão, 20 (17,5%) apresentaram alteração clínica em artérias periféricas ou carótida, 4 (0,06%) apresentaram história ou seqüela de doença cerebrovascular e ainda 3 (0,03%) apresentam nefropatia (proteinúria). Quanto à classificação do grau de hipertensão, 24 pacientes (21,1%) apresentaram hipertensão arterial leve, 42 (36,8%) moderada e 48 (42,1%) hipertensão grave. A estratificação de risco preconizada pelo Ministério da Saúde e pelo CBHA, quando aplicada nos pacientes por ocasião da primeira avaliação, revelou apenas 1 paciente (0,9%) de baixo risco, 20 (17,5%) pacientes de risco médio, 49 (43%) de alto risco e 44 (38,6%) pacientes de risco muito alto para complicações. Na Tabela 3, observamos os resultados de aferição da PA sistólica e diastólica e na Figura 1, pode-se verificar, por meio da equação de regressão linear, um 33 r2=0,8665 com tendência descendente ao longo dos meses de acompanhamento. Os resultados positivos descritos nestes estudos podem ainda ser observado na Figura 2, que mostra a elevação do percentual de hipertensos com PA controlada quanto maior o número de consultas médicas de acompanhamento, variando de 18,7% para 1 consulta a 52% para 4 consultas. DISCUSSÃO A existência de um Sistema de Informação com dados acerca dos hipertensos da área de abrangência do PSF ofereceram à equipe um ponto de partida para o trabalho. O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) possui dados epidemiológicos dinâmicos e acessíveis quando adequadamente atualizados. Lidar com dados epidemiológicos na prá- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Graever et al. 34 tica da atenção primária à saúde é prérequisito para o sucesso desse modelo de atenção, onde a identificação de problemas de saúde da comunidade resulta na formulação de programas de saúde coletiva pela equipe de atenção à saúde local (STARFIELD, 2001). Estudos nacionais com base em levantamento populacional têm revelado prevalências de Hipertensão Arterial em torno de 20% ou mais (TRINDADE, 1998). A baixa prevalência observada (5,84%) possivelmente é explicada pela não realização de busca ativa de casos novos, porque se concentrou em identificar casos diagnosticados previamente para avaliação e adequação das estratégias de controle, o que justifica a alta morbidade e o perfil de risco observado. Os resultados revelam um panorama desfavorável à saúde da população estudada. A presença de diversos fatores de risco para complicações, como obesidade, tabagismo, etilismo, sedentarismo, alimentação inadequada, e ainda a distribuição da população conforme estratificação de risco, revelando uma grande proporção (82%) classificada em grupos de risco alto e muito alto para complicações cardiovasculares somados a identificação de lesões em órgãos-alvo, reflete um mau controle dessa doença, atual e pregresso. Provavelmente a maioria dos indivíduos identificados neste estudo não teve Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 acesso a informações a respeito de fatores de risco para a hipertensão e suas complicações, da necessidade de tratamento contínuo e visitas periódicas ao médico, enfim, da doença como entidade crônica pertencente à rotina diária do indivíduo, necessitando de vigilância contínua. A atenção à saúde desses pacientes no Centro de Saúde era realizada por meio de demanda espontânea, condicionando as consultas médicas ou de enfermagem à presença de sintomas, o que sabidamente, não é a forma mais adequada de acompanhamento da população hipertensa (IV JNC, 1997; MS, 2001; Marvin M., 2002). Embora o controle da hipertensão seja uma tarefa difícil, seguramente as dificuldades descritas têm influência na gênese do mau controle da doença em questão. Destas, a má informação do paciente acerca da sua condição e as características do modelo de atenção à saúde têm papel de destaque, já que se observa uma associação entre a continuidade de cuidados e controle de pacientes hipertensos (Piccini R. X. & Victora C.G., 1997). Neste estudo, apesar do curto período de seguimento realizado durante rotina dos serviços de saúde, verificaram-se resultados positivos. Embora grande parte dos pacientes não tenham sido incluídos na análise no mês inicial das atividades da equipe (novembro), com início do tratamento em meses como março e abril, sendo, portan- Graever et al. 35 to, esperado que estes apresentassem valores pressórios elevados, aumentando os valores médios analisados, foi possível acompanhar os resultados da estratégia, traçar o perfil epidemiológico do grupo e ainda, verificar a tendência positiva da proporção de pacientes com PA controlada. O atendimento ao paciente por equipe de PSF deve ter como característica a humanização da relação profissional-paciente, o que permite maior vínculo entre estes, gerando uma relação de confiança e responsabilidade que melhora a adesão ao tratamento e às medidas com objetivo de controlar fatores de risco, que podem ser melhor abordadas quando há mais profundo vínculo entre as partes, (Starfield B., 1998). O surgimento de uma nova estratégia, o Programa de Saúde da Família, que possui características que vão ao encontro dos princípios básicos da atenção primária, sendo estes a acessibilidade, o primeiro contato, a longitudinalidade, a abrangência e coordenação da atenção à saúde (Starfield, 2001), consiste numa alternativa aqui apresentada como viável e eficiente. CONCLUSÃO No Município de Santa Terezinha a hipertensão arterial caracteriza-se como importante problema de saúde pública, sendo que a população de hipertensos atendidos pela Equipe de Saúde da Família constitui um grupo com alta morbidade e risco cardiovascular considerável a ser priorizado nas atividades de controle da Hipertensão Arterial daquele município. A estratégia de Atenção Básica, como o Programa de Saúde da Família, mostrou resultado positivo, que possivelmente resultará na redução da morbidade e do risco cardiovascular. NOTAS 1 - Os indivíduos que referem ser hipertensos no processo de cadastramento familiar do PSF. 2 - Divisão territorial da área de abrangência do PSF. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde (a). Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus. Revista de Saúde Pública, 35-5, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde (b). Programa Saúde da Família. Disponível em http://www.saude.gov.br/psf/programa/index.asp. [capturado em 20/06/ 2001]. IBGE. Cidades. Disponível em www.ibge.gov.br . Joint National Committee on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure. The sixth report of the Joint National Committee on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure (JNC VI). Arch International of Medicin,153:154-183,1997. MARVIN, M. Hypertension Treatment and the Prevention of Coronary Heart Disease in the Elderly. American Academy of Family Physicians. Disponível em: www.aafp.org . [Capturado em 24/04/2002]. PENA, B.A . S. G. et al Tratamiento farmacológico y no farmacológico de la hipertensión arterial. Estudio de 200 casos. Revista Cubana de Medicina, 41-3: 3152-6, 2002. PICCINI, R.X.; VICTORA, C.G. O manejo da hipertensão arterial sistêmica na comunidade: Estudo de base populacional em uma cidade brasileira. Cadernos de Saúde Pública, 13-4, 595-600, 1997. REIS. R.S, BONSENOR I.J. & LOTUFO. P.A. Avaliação laboratorial do in- divíduo hipertenso. Arq Brasileira de Cardiologia, 73-2, 1999. SANTA TEREZINHA – MATO GROSSO. Secretaria Municipal de Saúde e Desenvolvimento Social. Plano Municipal de Saúde Santa Terezinha Referente a 2001/2002. Santa Terezinha, Mato Grosso, 2001. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, CARDIOLOGIA E NEFROLOGIA. III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial. Campos do Jordão, SP, 12 a 15 de fevereiro de 1998. STARFIELD, B. Atención Primaria: Equilíbrio entre necessidades de salud, servicios y tecnologia. Barcelona. Ed Masson, 2001. Parte III, Capítulos 7-11. p 127-267. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Graever et al. 36 STARFIELD, B. O Desafio de Atender às Necessidades de Saúde Através da Atenção Primária. Apresentado em La Plata, Argentina, Março 1998. TRINDADE, I.S., HEINECK, G., MACHADO, J. R. Prevalência da Hipertensão Arterial Sistêmica na População Urbana de Passo Fundo (RS). Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 71 – 2: 127-130, 1998. VIEIRA NETO, O. M. Níveis pressóricos normais. Revista Brasileira de Hipertensão,7-3: 2000. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Revista Saúde e Ambiente, 6(1/2): 37-46, 2003 ISSN 1516-5787 37 ARTIGO ORIGINAL Avaliação das técnicas de coloração para Pneumocystis carinii no lavado gástrico, em crianças com infecção respiratória internadas no Hospital Universitário Júlio Müller/UFMT/ Cuiabá/ MT* ORIGINAL ARTICLE Evaluation of staining techniques for Pneumocystis carinii in gastric lavage, in children with respiratory infection hospitalized at Julio Müller Universitary Hospital/ UFMT/ Cuiabá, MT * Artigo baseado em dissertação de Mestrado “Avaliação das técnicas de coloração para Pneumocystis carinii no lavado gástrico, em crianças com infecção respiratória internadas no Hospital Universitário Júlio Müller/UFMT/Cuiabá/MT”. Dissertação defendida em abril de 2001 na Universidade Federal do Mato Grosso/Instituto de Saúde Coletiva/ Cuiabá/Mato Grosso. Edna M. C. SANCHES1 Olinda S. SILVA1 Clóvis BOTELHO 2 CORRESPONDÊNCIA/ CORRESPONDENCE: Edna Maria Cavallini Sanches Rua Jaraguá 320/ 401 Bairro Bela Vista CEP: 90450-140 Porto Alegre/ RS e-mail: [email protected] 1 Hospital Universitário Júlio Müller - Universidade Federal de Mato Grosso. 2 Departamento de Clínica Médica – Faculdade de Ciências Médicas; Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso; Universidade de Cuiabá. RESUMO O presente trabalho tem como objetivo avaliar três diferentes técnicas de coloração para o diagnóstico da infecção pelo Penumocystis carinii: Gram, Azul de Toluidina e Gomori. Foram incluídas neste estudo,117 crianças internadas no Hospital Universitário Júlio Müller, Cuiabá/MT, com suspeita clínica e ou radiológica de doença específica pulmonar, durante o período de janeiro de 1996 a maio de 1997. Constatou-se uma prevalência de 34,2% de P. carinii, obtida através do resultado positivo detectado em qualquer uma das técnicas de coloração (padrão ouro). Dentre o total (39,3%) dos pacientes com histórico clínico sugestivo de pneumocistose, 34,8% foram confirmados laboratorialmente. As prevalências do P. carinii detectadas isoladamente, a partir das técnicas utilizadas foram as seguintes: Gram = 23,9%, Azul de Toluidina = 16,2%, e Gomori = 12,8%. Também foram detectadas: desnutrição protéico-calórica em 50,4%, sendo 25,6% de Grau II; 70,1 % de anemia; 52,1% de infiltrado intersticial difuso no exame radiológico, complicações essas associadas à confirmação laboratorial de pneumocistose em 40,7%, 50,0%, 34,1% e 39,3% respectivamente. Obteve-se uma positividade total de 44,4% de P. carinii na faixa etária de 0 a 1 ano, de 30,6% na de 1 a 4 anos e de 7,1% na faixa de 4 a 13 anos. Concluiu-se que a positividade para P. carinii aumenta com a combinação das técnicas de coloração: Gram e Azul de Toluidina, para trofozoitas e cistos respectivamente. ABSTRACT This study has the aim of evaluating the diagnosis of Pneumocystis carinii by means of Gram, Toluidine blue and Gomori staining techniques. In this study, 117 children hospitalized at the Julio Müller University Hospital in Cuiabá/MT presenting clinical and radiologic characteristics of pulmonary specific disease, between January 1996 and May 1997, were included. A 34.2% Palavras-chave: Pneumocystis carinii, Lavado gástrico, Pneumonia, Diagnóstico. Key words: Pneumocystis carinii, Gastric lavage, Pneumonia, Diagnosis. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Sanches et al. 38 prevalence of P. carinii was found, obtained by positive test results detected by any of the staining techniques (golden standard) used. Among the patients with clinical history of pneumocystosis (39.3%), 34,8% were confirmed by laboratory tests. The prevalence of P. carinii detected isolatedly were the following: Gram 23.9%, Toluidine blue 16.2%, and Gomori 12.8%. 50.4% of the patients presented caloric-proteic malnutrition, 25.6% presented level II malnutrition, 70.1% presented anemia and 52.1% presented diffuse intersticial infiltration in the radiological exam. 40.7%, 50.0%, 34.1%, and 39.3% presented laboratory confirmation for pneumocystosis, respectively. A positivity of 44.4% for P. carinii was obtained in the age group from 0 to 1 year, 30.6% for the group 1 to 4 years old, and 7.1% for the 4 to 13 year old group. We have concluded that the positivity for P. carinii increases with the association of the Gram, and Toluidine blue staining techniques for trophozoits and cists, respectively. INTRODUÇÃO O Pneumocystis carinii é um microorganismo que se encontra como saprófita no trato respiratório humano e de outras espécies animais. Somente em baixas condições imunitárias do indivíduo hospedeiro causa os quadros infecciosos, as pneumonias ou a pneumocistose disseminada. O aparecimento de doença se relaciona estritamente com a alteração das defesas imunológicas, tanto congênitas como adquiridas, sendo associada, predominantemente, com a alteração da imunidade celular (Benavides,1991; Marin et al., 1996). Somente nos últimos anos o P. carinii tem adquirido importância clínica humana, devido, principalmente, aos quadros de imunodepressão inespecífica e ao aparecimento da síndrome de imunodeficiência adquirida (aids). Nestas condições é comum o desenvolvimento de infecções oportunistas e, dentre elas, a pneumocistose (Feldman, 1992). O quadro clínico do P. carinii é similar ao de outras formas de pneumonias intersticiais. Por isso, torna-se importante fazer avaliação cuidadosa, diante de uma criança com quadro clínico de infecção respiratória aguda ou subaguda do tipo intersticial. Deverão ser observados os Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 antecedentes pessoais, a presença ou não de condições predisponentes e a gravidade dos sinais e sintomas clínicos, para uma boa orientação diagnóstica (Duarte & Oliveira, 1998). Estabelecido o diagnóstico presuntivo de pneumonia intersticial pelo P. carinii, será necessário estabelecer o estudo diferencial com outras possíveis infecções, tais como: micóticas, bacterianas, virais, parasitárias, ou ações de substâncias tóxicas ou de drogas (Feldman, 1992; Ho-Yen & Joss, 1995). Frente às dificuldades de definição clínica ou sorológica e à impossibilidade de cultivo do parasita, o diagnóstico de certeza da infecção pelo P. carinii é morfológico, ou seja, pelo encontro de trofozoítos e cistos em material das vias aéreas (Feldman, 1992; Ponce et al.,1989). Para isso, utilizam-se, normalmente, amostras obtidas por métodos como o escarro induzido, lavado brônquico, lavado broncoalveolar, escovado brônquico, material aspirado com agulha fina ou aspirado endotraqueal, secreções da nasofaringe e o lavado gástrico. Esta última forma é muito utilizada nas crianças, pela dificuldade de se obter material pelo escarro, sendo quase nunca usada em adultos (Chan et al., 1977; O’ Brien et al., Sanches et al. 1989). Sabendo das dificuldades quanto à escolha da melhor técnica para detectar a presença do P. carinii em materiais orgânicos das vias aéreas, propôs-se, neste estudo, avaliar três diferentes técnicas de coloração do lavado gástrico para o diagnóstico dessa infecção oportunista: Gram, Azul de Toluidina e Gomori. Assim, com o objetivo de determinar o percentual e a concordância de positividade para P. carinii a partir de diferentes técnicas de coloração, foram estudadas crianças com quadro clínico e/ou radiológico sugestivos de infecção respiratória, através da análise microscópica do lavado gástrico. CASUÍSTICA E MÉTODOS Casuística Participaram do estudo crianças de ambos os sexos, internadas para diagnóstico e tratamento de infecção respiratória, no Serviço de Pediatria do Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM) da Universidade Federal de Mato Grosso. Foram estudadas 117 crianças, que foram submetidas ao lavado gástrico, durante o período de janeiro de 1996 a maio de 1997. Avaliação clínica Para a avaliação clínica foram obtidas, através da revisão dos prontuários, as seguintes informações de cada paciente: a) gênero; b) idade: categorizadas nas seguintes faixas etárias: 0 a 1, 1 a 4 e 4 a 13 anos; c) diagnóstico provisório de internação: pneumocistose (taquipnéia, dispnéia, tosse seca e febre baixa) ou não; d) presença de anemia ou não: conforme valores de normalidade do hematócrito por idade (Wintrobe, 1998); e) desnutrição protéico-calórica: para crianças menores de 5 anos, considerando-se os critérios de Gomez (Carraza, 1999); para crianças maiores de 39 5 anos, consideram-se os critérios de Waterlow (Carraza, 1999); f) presença ou não de infiltrado radiológico ao exame do Rx de tórax. Lavado gástrico O lavado gástrico foi obtido utilizando-se sonda gástrica de plástico, descartável (sonda de Levine-Ilbrasgamma IBRAS-CBO, Industria Brasileira), a qual foi introduzida no paciente no período noturno, à meia noite, inicialmente fechada, e sendo aberta 5:00 horas após, aspirando-se o conteúdo com seringa de 20 ml. Após, foi injetado, em pequenas alíquotas, um total de 50 ml de água destilada estéril, para a realização do lavado gástrico. Esse material foi misturado ao aspirado inicial, constituindo-se de uma só amostra, e posteriormente foi encaminhado ao laboratório para análise. Preparação da amostra do lavado gástrico Inicialmente as amostras foram fluidificadas com solução de N-acetilcisteína e água destilada, na proporção 1:1(Feldman, 1992; Ho-Yen & Joss, 1995). Após fluidificação, as amostras foram colocadas em estufa bacteriológica (37ºC), por 30 minutos sob agitação manual, as quais foram centrifugadas por 15 minutos a 3.000 rpm. Desprezou-se o sobrenadante e foram confeccionadas três lâminas (esfregaços) do sedimento de cada amostra e estas fixadas em estufa bacteriológica a 37 º C por 24 horas. Cada amostra foi submetida as colorações de Gram, Azul de Toluidina e Gomori ( Feldman, 1992; Ho-Yen & Joss, 1995). Diagnóstico microscópico O diagnóstico microscópico foi realizado através da utilização do microsRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Sanches et al. 40 cópico Olympus e as leituras das lâminas foram realizadas separadamente. Após as leituras, aleatoriamente foram selecionadas lâminas (10% do total) das três colorações, utilizadas e enviadas para controle de qualidade a dois especialistas (LACEN - RS e LACEN - DF), para avaliar a concordância entre positividade, negatividade e qualidade da coloração. Análise Estatística Foi utilizado o teste de Kappa para detectar a concordância entre as técnicas (Sackett et al., 1991). Foram utilizados testes múltiplos (todas as técnicas ao mesmo tempo), considerando positivo em qualquer um deles como evidência de doença. Utilizou-se o teste do qui-quadrado para avaliação da associação entre a positividade do P. carinii em relação as variáveis: faixa-etária, desnutrição protêico-calórica, infiltrado intersticial difuso no radiograma do tórax, anemia e gênero, sendo considerado significante p < 0,05. RESULTADOS A distribuição dos resultados da microscopia do lavado gástrico por todas as técnicas, segundo o sexo das crianças, mostrou total de positividade para Pneumocystis carinii de 34,2%, sem haver diferença significativa da positividade entre os sexos ( p = 0,94) (Tabela 1). Dos pacientes estudados, 39,3% apresentaram diagnóstico clínico presuntivo de pneumocistose, mas desses, somente 34,8% foram confirmados laboratorialmente (Tabela 2). Não ocorreu associação estatisticamente significante entre clínica e diagnóstico laboratorial (p =0,93). Nas crianças estudadas, foram detectadas 70,1% com anemia e dessas 34,1% tiveram diagnóstico laboratorial de Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 pneumocistose (Tabela 3), não havendo associação da positividade para o P. carinii com a anemia (p = 0,84). A distribuição dos resultados da microscopia, por todas as técnicas, do lavado gástrico, segundo a presença ou não de desnutrição protêico-calórica grau II (DPCII), é apresentada na Tabela 4. Nota-se que 50% das crianças com microscopia positiva para todas as técnicas tiveram DPCII associada (p = 0,034). Dos casos com infiltrado intersticial difuso (52,1%), 39,3% apresentaram positividade para P. carinii, o que se mostra na Tabela 5 (p = 0,30). A distribuição dos resultados da microscopia para o diagnóstico de infecção respiratória por P. carinii, por todas as técnicas utilizadas, segundo a faixa etária, encontra-se na tabela 6. Vê-se que a positividade foi maior na faixa etária até 1 ano de idade (44,4%). Entre as crianças de 1 a 4 anos a positividade foi de 30,6%, enquanto que entre crianças acima de 4 anos de idade a positividade foi de 7,1%. Essa diferença foi estatisticamente significante (p=0,025). Analisou-se a estratificação das faixas etárias e observou-se que comparando as faixas até 1 ano e de 1 a 4 anos, 1 a 4 anos e de 4 a 13 anos, não houve diferenças estatisticamente significantes com p=0,15 e p =0,075, respectivamente. Ocorreu diferença significante nas faixas etárias de até 1 ano com a de 4 a 13 anos (p =0,009). Na Tabela 7 encontram-se os resultados obtidos com as diferentes colorações microscópicas para o diagnóstico de pneumocistose respiratória. Observa-se que a coloração pelo Gram obteve uma positividade (23,9%) maior que as das outras colorações estudadas, seguido pela coloração de Azul de Toluidina (16,2%), e pela coloração de Gomori (12,8%). Aplicou-se o teste de concordância Kappa entre as colorações empregadas e observou-se que com as colorações de Gram e Gomori o Sanches et al. 41 índice foi de 0,246, com as colorações de azul de toluidina e Gomori o índice foi de 0,519. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 42 Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Sanches et al. Sanches et al. DISCUSSÃO As características clínicas da pneumocistose são inespecíficas, não sendo suficientes para diferenciá-la de outras infecções oportunistas que ocorrem em pacientes atendidos em pediatria. O seu diagnóstico é conclusivo quando, aliado ao quadro clínico e radiológico, detecta-se morfologicamente os trofozoítas e cistos do Pneumocystis carinii em amostras das vias aéreas (Gottlieb & Reyes, 1982; Ponce et al., 1989; Feldman 1992; Henn & Barreto, 1998; Raab et al., 1994; Kamiya et al., 1997). As amostras obtidas através de biópsia transbrônquica, a céu aberto e lavado broncoalveolar, atingem índice de positividade perto de 100% (Kamiya et al., 1997; Henn & Barreto, 1998). Outras amostras, obtidas por métodos simples como o escarro, com ou sem indução, secreções orotraqueais e secreções gástricas atingem índices que vão de 55% a 92% (Smith, 1994; Kamiya et al., 1997; Henn & Barreto, 1998). Assim, levando em consideração as dificuldades de se obter amostras por técnicas mais invasivas, ou mesmo amostras não invasivas como escarro nas crianças, optou-se pela realização do lavado gástrico, já que este tem sido padroni- 43 zado como material de rotina para detecção de outras patologias respiratórias infecciosas (Chan et al., 1977; Feldman, 1992; Castillo, 1983; O’Brien et al., 1989). Nos últimos anos, têm-se conseguido resultados satisfatórios com técnicas menos invasivas, utilizando-se mais de métodos de coloração para a detecção do P. carinii, com isto ocorrendo maior rapidez no diagnóstico e conseqüentemente introdução precoce da terapia, evitando assim, a morbidade e mortalidade (Lorca et al., 1992; Wazir et al., 1994; Kroe et al., 1997). O diagnóstico pode ser obtido através de distintas técnicas como a microscopia (Gomori, azul de toluidina, Giemsa), a imunofluorescência indireta com anticorpos monoclonais e a PCR ( Weitz & Atias, 1990). Sabe-se que a coloração pelo Gram cora os trofozoítos, os organismos intracísticos e os cistos de P. carinii, enquanto que os corantes azul de toluidina e o Gomori mostram unicamente a parede do cisto. Portanto, orienta-se a realização dessas duas colorações para aumentar a positividade do diagnóstico (Feldman, 1992; Ponce et al., 1989; Torres et al., 1989). Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Sanches et al. 44 A análise dos nossos resultados evidenciou uma positividade maior na coloração de Gram (23,9%), devido à facilidade do encontro dos dois estágios (trofozoítos e cistos) do P. carinii. Dentre as outras colorações utilizadas, o azul de toluidina mostra uma positividade de 16,2%, seguida da coloração de Gomori de 12,8%, as quais evidenciaram somente os cistos do P. carinii, que geralmente são mais numerosos em tecidos pulmonares (biópsias) ou secreções brônquicas. Explica-se assim a baixa positividade encontrada nessas colorações. Considerando-se as sugestões da literatura para se utilizar a reunião de colorações para trofozoítas e cistos, as quais proporcionam um aumento na detecção do P. carinii, observa-se neste trabalho o aumento da positividade para P. carinii de 34,2%, confirmando outros achados da literatura (Ponce et al., 1989; Feldman, 1992; Tiley et al., 1994). O teste estatístico Kappa mostrou uma maior concordância de positividade com a coloração de Gram, enfatizando assim seu emprego para a detecção do P. carinii e que, as colorações de azul de toluidina e Gomori, assemelham-se entre si, sugerindo-se deste modo o emprego da coloração de azul de toluidina como auxílio ao diagnóstico de P. carinii juntamente com a coloração de Gram. O índice de positividade na casuística aqui estudada foi relativamente baixo, possivelmente por influência de antibióticoterapia empírica, empregada para tratamento do quadro de infecção respiratória, que acometia todas as crianças. Como se sabe, isto pode influenciar no resultado, por diminuir a quantidade de fungos na amostra. O encontro de maior positividade na faixa etária de 0 a 1 ano está concordante com a literatura, a qual refere que no primeiro ano de vida da criança estão as maiores taxas de positividade para o P. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 carinii, sendo cinco vezes mais observada nessa idade que nos demais grupos etários. Alguns estudos mencionam também a não associação da positividade com o gênero, semelhante aos nossos resultados (Walzer et al., 1973; Hughes et al., 1974; Marin et al., 1996). Os fatores de risco mais associados com a pneumocistose nas crianças são a anemia e a desnutrição , além, é claro, da imunodeficiência. Quando a criança encontra-se com suas defesas naturais diminuídas, propicia a instalação de infecções, principalmente das vias aéreas (Paes et al., 1982). As crianças deste estudo apresentavam características e condições favoráveis para o desenvolvimento da pneumonia pelo P. carinii pois 50,4% possuíam algum grau de desnutrição e destas, 26,0% com desnutrição protéico-calórica grau II, condição esta associada à positividade para P. carinii. A desnutrição protéico-calórica geralmente compromete o sistema imunológico, favorecendo, assim, o desenvolvimento de infecções oportunísticas, como a pneumonia por P. carinii. Como a freqüência desta infecção tem sido alta, é importante a sua suspeição, em crianças desnutridas e com sintomas pulmonares, possibilitando, desta forma, o diagnóstico e a instituição precoce da terapia (Vessal, 1974). A ocorrência de desnutrição grave, alterando a resposta imunitária normal do paciente, possivelmente colabora para a existência de surtos da doença em orfanatos e em outros estabelecimentos onde existam recém-nascidos prematuros, ou mesmo a termo, mas subnutridos (Hopkin, 1991). Apesar da maioria (70,1%) das crianças estudadas apresentarem um grau de anemia, não ocorreu associação com a positividade para o P. carinii, possivelmente devido ao comprometimento hematopoético grave, que ocorre nas anemias hemolíticas e aplásticas (Hughes et al., 1974). As características clínicas e radioló- Sanches et al. 45 gicas apresentadas pela criança, ao ser atendida pela primeira vez, podem induzir ao diagnóstico de suspeição de pneumocistose. A dispnéia, a tosse seca e a queda do estado geral em criança debilitada constituem as principais pistas clínicas. A radiologia mostra padrão de infiltrado intersticial difuso, que quando presente, mesmo na ausência do diagnóstico definitivo, recomenda iniciar a terapêutica para a doença (Vessal et al, 1974). Considerando-se os resultados da avaliação clínica , mais de um terço das crianças receberam diagnóstico presuntivo de pneumocistose (39,3%), mesmo sem haver associação com a positividade da microscopia do lavado examinado através de todas as colorações. Estes resultados mostram que somente a observação clínica não implica certeza do diagnóstico da doença, possivelmente devido à inespecificidade dos sintomas respiratórios encontrados. Análise radiológica demostrou que 52,1% das crianças possuíam infiltrado intersticial difuso, sugestivo de pneumocistose, porém, em somente uma parcela, o diagnóstico da doença foi confirmado através da positividade do lavado. Ressaltase que algumas vezes a radiografia pode ser praticamente normal e inespecífica nas crianças,devido ao encontro de pneumonias por outras causas (Castillo, 1977; Kamiya et al., 1997) . Assim, quando uma criança apresentar quadro infeccioso pulmonar, a pneumocistose deve ser investigada como diagnóstico diferencial. Sugere-se, como parte da rotina propedêutica nestes casos, a procura do P. carinii em amostras de lavado gástrico, utilizando-se técnicas de coloração pelo Gram e azul de toluidina, para aumentar a positividade do diagnóstico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENAVIDES, D.O. Infección pulmonar por Pneumocystis carinii microorganismo, anatomía patológica y diagnóstico. Bol. Esc. Med., 20: 56-59, 1991. CARRAZZA, F.R. Distúrbios nutricionais crônicos. Desnutrição. In: Marcondes, E. Pediatria básica. São Paulo: Sarvier; 1999.p. 635-643. CARVALHO, C.E., PISTELLI, I.P., SOUZA, N., NAKAYAMA, S., COATES, V. Diagnóstico de pneumonia por Pneumocystis carinii através de broncoaspiração- relato de 3 casos. Rev. Paul. Ped., 6: 21, 1988. CASTILLO, M. Pneumocystis carinii. Bol. Asoc. Med. PR., 75: 300-301, 1983. CHAN, H., PIFER, L., HUGHES, W.T., FELDMAN. S., PEARSON, T.A., WUOODS, D. Comparasion of gastric contents to pulmonary aspirates for the diagnosis of Pneumocystis carinii pneumonia. J. Pediatr., 90: 2, 1977. DUARTE, M.I.S., OLIVEIRA, M.S. Pneumocistose. In:Zaitz, C. Compêndio de Micologia Médica. Rio de Janeiro: Medsi Edit. Médica e Científica Ltda;1998. p.309-323. FELDMAN, R.E. Pneumocystis carinii, hoy. Acta Bioquim. Clin. Latinoam., 26: 79-84, 1992. FLETCHER, R.H., FLETCHER, S.W., WAGNER, E.H. Epidemiologia clínica: elementos essenciais. Porto Alegre: Artes Médicas; 1996. p. 52-69. GILL ,V.J., NELSON, N.A., STOCK, F., EVANS, G. Optimal use of the cytocentrifuge for recovery and diagnosis of Pneumocystis carinii in bronchoalveolar lavage and sputum specimens. J. Clin. Microbiol., 26: 1641-1644, 1988. GOTTLIEB, B., REYES, H. Neumonia por Pneumocystis carinii. Rev. Med. Chil., 110: 53-59, 1982. HENN, L.A., BARRETO, S.M. Infecções pulmonares na síndrome de imunodeficiência adquirida. Rev. HCPA, 18: 95-102, 1998. HOPKIN, J.M. Pneumocystis carinii. New York: Oxford University Press; 1991. p. 131 HO-YEN, D., JOSS, R.A. Routine diagnosis of Pneumocystis carinii pneumonia. J. Clin. Pathol., 48: 91-92, 1995. HUGHES, W.T., PRICE, R., SISKO, F., HAVRON, S., KAFATOS, A.G., SCHONLAND, M., SMYTHE, P.M. Protein-Calorie malnutrition: A host determinant for Pneumocystis carinii infection. Am. J. Dis. Child., 128: 4451, 1974. KROE, D.M., KIRSCH, C.M., JENSEN, W.A. Diagnosis strategies for Pneumocystis carinii pneumonia. Semin. Respir. Infect., 12: 70-78, 1997. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Sanches et al. 46 LORCA, M., TASSARA, R., DENEGRI, M., SIERRA, P., GARCÍA, A., MUÑOZ. P., BARRÍA, M.S., HENRÍQUEZ, A., CAVIEDES, I., WU, E., ATÍAS, A. Infeccion por Pneumocystis carinii. Algunos alcances sobre su diagnostico clinico y de laboratorio. Rev. Med. Chil., 120: 634-637, 1992. MARÍN, M.I.M., MOTA, Y., BANCOS, J.L., GARCÍA, J.R., MANSO, G.M., RUIZ, E.P., MACÍAS, C.C., VALVERDE, A.M. Fracasso respiratorio agudo secundario a neumonia por Pneumocystis carinii en la infancia. An. Esp. Pediatr., 45: 570-574, 1996. O’BRIEN, R.F., QUINN, J.L., MIYAHARA, B.T., LEPOFF, R.B., COHN, D.L. Diagnosis of Pneumocystis carinii pneumonia by induced sputum in a city with moderate incidence of AIDS. Chest, 95: 136-138, 1989. PAES, R.A.P., CHIEFFI, P.P., D’ANDRETTA NETO, C., NASCIMENTO, M.F.A. Pneumonia intersticial por Pneumocystis carinii em crianças desnutridas. Apresentação de quatro casos. Rev. Inst. Med. Trop. S. P ., 24: 188-192, 1982. PONCE RR, BARCO JC, CÁCERES Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 C.L, SALAZAR AL. Diagnostico morfologico de neumonia por Pneumocystis carinii : reporte de 3 casos. Rev. Medic. Fund. Inst. Hipolito Unanue., 23: 62-65, 1989. RAAB, S.S., CHEVI..E, J.C., BOTTLES, K., COHEN, M.B. Utility of Gomori methenamine silver stain in broncoalveolar lavage specimens. Modern Pathology, 7: 599-604, 1994. SACKETT, D.L.; HAYNES, R.B.; GUYATT, G.H.; TUGWELL, P. Clinical Epidemiology. A basic science for clinical medicine. Boston: Little, Brown and Company;1991. p.31-67. SMITH, D.E. Efficient diagnosis of Pneumocystis carinii pneumonia. Int. J. STD. AIDS., 5: 1-7, 1994. TILEY, S.M., MARRIOT, D.J.E., HARKNESS, J.L. Na evaluation of tour methods for the detection of Pneumocystis carinii in clinical specimens. Pathology, 26: 325-328, 1994. TORRES, D.M.A.G.V., DIAS, R.M.D.S., VELLOSA, S.A.G., QUADROS, C.M.S., MANGINI ACS, SCAPINI R. Diagnóstico laboratorial de Pneumocystis carinii em vários tipos de amostras de materiais de secreção pulmonar proveniente de indivíduos portadores do vírus HIV. Rev. Bras. Anal. Clin., 26: 41-43, 1994. VESSAL, K., POST, C., DUTZ, W., BANDARIZADEH, B. Roentgenologic changes in infantile Pneumocystis carinii pneumonia. Radiology, 120 : 2, 1974. WALZER, P.D., SCHULTZ, M.G., WESTERN, K.A., ROBBINS, J.B. Pneumocystis carinii pneumonia and primary immune deficiency diseases of infancy and chilbood. J. Pediatr., 82: 416-422, 1973. WAZIR, J.F., MACRORIE, S.G., COLEMAN, D.V. Evaluation of the sensitivity, especificity, and predictive value of monoclonal antibody 3F6 for the detection of Pneumocystis carinii pneumonia in bronchoalveolar lavage specimens and induced sputum. Cytopathology, 5: 82-89, 1994. WEITZ, J.C.., ATIAS, A. Parasitosis en inmunosupresion. Bol. H.S.J. Dios, 37: 246-254, 1990. WINTROBE MM. Hematologia Clínica. São Paulo Ed. Manole Ltda, 1998. p. 2537-2538. Revista Saúde e Ambiente, 6(1/2): 47-54, 2003 ISSN 1516-5787 47 ARTIGO ORIGINAL O sistema municipal de saúde de Cuiabá: que mudanças a descentralização tem produzido?* ORIGINAL ARTICLE The Municipal Health System in Cuiabá: what changes has decentralization brought? * Pesquisa parcialmente financiada pelo CNPq - PNOPG. João H. G. SCATENA1 Andrea J. MIRANDA2 CORRESPONDÊNCIA/ CORRESPONDENCE: João Henrique Gutler Scatena Rua Guilherme Victorino 42/703 Miguel Sutil - CEP: 78048233 Cuiabá-MT e-mail: [email protected] 1 Departamento de Saúde Coletiva – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso. 2 Bolsista PIBIC - Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso. RESUMO Instituído pela Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) se normaliza com as Leis Orgânicas da Saúde e se implementa através das Normas Operacionais Básicas (NOB). O Município de Cuiabá habilitou-se à Gestão Semi Plena (NOB-93), no final de 1994 e à Gestão Plena do Sistema (NOB-96) no final de 1998. Assim, desde o início de 1999, Cuiabá é o único município mato-grossense que tem autonomia sobre o seu Sistema de Saúde, ou sobre o qual se aplica bem o conceito de descentralização como “transferência de poder” e que o torna interessante objeto de estudo. Objetivando analisar a descentralização da saúde em Cuiabá, do ponto de vista do financiamento, foram analisados dados do orçamento do município e das transferências federais com assistência ambulatorial e hospitalar, entre 1995 e 2001. No período analisado elevou-se consideravelmente o orçamento geral do município, e especificamente com saúde elevaram-se: as despesas per capita (137,1%), as transferências federais (146,7%) e a contrapartida municipal (106,4%). Concentrando menos de 20,0% da população do estado, Cuiabá absorveu, em 2001, 37,0% de todos os recursos do SUS transferidos pela União, mas praticamente 70,0% dos recursos transferidos para assistência ambulatorial. A análise da assistência ambulatorial revelou que a Atenção Básica foi o componente em que menos se investiu, uma vez que o nº de atendimentos/hab. reduziu-se em 23,0% e os gastos cresceram apenas 19,5%, comparados ao incremento dos Atendimentos Especializados (173,9% e 536,2%) e da Alta Complexidade (900,0% e 421,8%). No caso específico de Cuiabá, as formas mais autônomas de gestão parecem estar conformando um modelo de atenção distinto do que o SUS preconizava. Isto era previsto? E vai se sustentar? ABSTRACT The Single National Health System (SUS), instituted in the 1988 Constitution is ruled by the Organic Health Laws, which are, in turn, implemented through the Basic Operational Norms. The municipality of Cuiabá is qualified in the Semi Complete Management since the end of 1994, and in the Full Management of the System since the end of 1998. Thus, since the beginning of 1999, Cuiabá has been the only municipality in Mato Grosso to have autonomy in its Health System and where is well applied the concept of decentralization as “transfer of power”. This fact turns this into an interesting study object. In order to investigate the decentralization of the Health System in Cuiabá, concerning funding, data from the municipality budget and from federal transfers for ambulatory and hospital assistance between 1995 and 2001 were analyzed. In the period under consideration, the general budget of the municipality grew considerably. Specifically in the health area, expenses were much higher per capita (137,1%), federal transfers (146,7%), and the municipal counterpart (106,4%). Less than 20,0% of the population is concentrated in Cuiabá, and the city absorbed, in 2001, 37,0% of all resources from SUS, transferred by the Federal Government, but practically 70,0% of resources transferred were for ambulatory assistance. Analysis of the ambulatory assistance showed that Basic Attention was the component that received less investment, considering that the number of persons attended/inhabitants was reduced in 23,0%, and expenses grew only 19,5%, compared to the increase in Specialized (173,9 and 536,2%) and High Complexity Attendance (900,0% and 421,8%). In the specific case of Cuiabá, more autonomous means of management seem to be conforming to a different attendance model from that which the SUS recommended. Was this foreseen? Will it sustain itself? Palavras-chave: Descentralização, Financiamento do SUS, Cuiabá. Key words: Decentralization, SUS funding, Cuiabá. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Scatena & Miranda 48 INTRODUÇÃO A descentralização da saúde no Brasil teve como seus principais antecedentes o movimento da Reforma Sanitária, o qual culminou com a VIII Conferência Nacional de Saúde (Brasil, 1986) e a criação da Comissão Nacional de Reforma Sanitária; a instituição do Sistema Único de Saúde, pela Constituição de 1988 (Brasil, 1988), que incorporou reivindicações antigas daquele movimento; e finalmente as Leis Orgânicas de Saúde (Brasil, 1990a; 1990b). Regulamenta-se o SUS no final de 1990, porém o processo de descentralização da saúde se inicia, de forma mais concreta, a partir de 1991, com a edição da NOB 1/91 (Brasil, 1991) à qual se seguiram a NOB 1/92 (Brasil, 1992), a NOB 1/93 (Brasil, 1993) e a NOB 1/96 (Brasil, 1996), estas duas últimas emitidas pelo próprio Ministro da Saúde. Considerando-se que a “transferência de poder” das instâncias centrais para as locais é o elemento fundamental da concepção de descentralização defendida por Tobar (1991), Bobbio (1993) e Junqueira (1997), pode-se dizer que as NOB gradualmente vêm buscando atingi-lo. O Sistema Municipal de Saúde de Cuiabá, desde a constituição do SUS, em 1988, vem sendo implementado gradualmente, com períodos de avanços e retrocessos, na dependência das normalizações centrais, das distintas administrações municipais, da conjunção de forças que atuam sobre estas e principalmente sobre o setor saúde e também do papel que tem a capital no Sistema Estadual de Saúde. Embora a descentralização da saúde venha sendo regulamentada desde 1991, com a NOB-91, as mudanças mais evidentes no SUS, em Cuiabá, deram-se com a NOB-93, a partir da habilitação deste município à Gestão Semi-Plena, no final de 1994. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Único município de Mato Grosso habilitado em Gestão Semi-Plena, ele assim permaneceu até final de 1998, quando se habilitou à NOB-96 na Gestão Plena do Sistema (Mato Grosso, 2000), também situação única no estado, até o final de 2002. Dessa forma, Cuiabá é o município matogrossense que tem maior autonomia sobre o seu Sistema de Saúde, ou sobre o qual melhor se aplica o conceito de descentralização como “transferência de poder”, tornando-o interessante objeto de estudo. Neste sentido, o presente trabalho objetiva analisar a evolução dos gastos e da produção ambulatorial e hospitalar do SUS-Cuiabá, buscando evidenciar as mudanças que a descentralização da saúde, implementada pelas duas últimas NOB, promoveu nesse município. MATERIAL E MÉTODO Foi definido como período de estudo aquele compreendido entre os anos de 1995 e 2001, pelo fato de abarcar a habilitação do município à Gestão Semi-Plena (NOB-93) e à Gestão Plena do Sistema Municipal (NOB-96). Para este período foram coletados dados do orçamento municipal (receitas e despesas correntes), das transferências federais para a saúde, dos gastos efetuados com assistência ambulatorial e hospitaslar e da produção desse tipo de assistência. Como fonte de dados utilizou-se o Banco de Dados do SUS (DATASUS), a Secretaria Estadual e a Secretaria Municipal de Saúde (SIH-SUS e SIASUS), a Secretaria Municipal de Finanças e o Tribunal de Contas do Estado. Os dados foram manipulados através do programa TABWIN, que processa grande parte dos Sistemas Nacionais de Informação em Saúde (Carvalho, 1997). Os dados dos gastos ambulatoriais providos pelo SIA-SUS, referentes a todo o período de estudo, foram convertidos e agrupados nas categorias “Atenção Bási- Scatena & Miranda ca”, “Assistência Especializada” e “Alta Complexidade”, adotadas por aquele Sistema a partir de outubro de 1999. Os dados populacionais foram coletados dos recenseamentos do IBGE (FIBGE, 1992, 2001), sendo re-estimados, para o período de 1995 a 1999, pelo método da Progressão Geométrica (Laurenti et al., 1987). Tal procedimento procurou corrigir as distorções dos dados populacionais disponibilizados pelo IBGE, para aquele período inter-censitário, mas estimados a partir dos censos de 1980 e 1991. A análise dos dados buscou correlacioná-los às distintas etapas da descentralização e à conformação do modelo de atenção à saúde no município. RESULTADOS E DISCUSSÃO No Município de Cuiabá, os dados dos balanços financeiros de 1995 a 2001 mostram que as receitas correntes gerais per capita cresceram 507,4% no período (Tabela 1). Este crescimento reflete o aumento da arrecadação própria, que cresceu 150,0% no período, mas decorre principalmente das transferências inter-governamentais, que em 2001 representaram 75,0% do orçamento do município. Acompanhando a evolução do orça- 49 mento geral do município, elevaram-se também as despesas específicas com saúde: as despesas gerais per capita (137,1%), as transferências federais – ambulatoriais (226,4%), hospitalares (62,5%) – e a contrapartida municipal (106,4%). Embora a contrapartida municipal de 2001 tenha dobrado, em relação a 1995, seu aumento foi aquém daquele observado na arrecadação municipal, revelando, em 2000 e 2001, valores per capita inferiores aos anos de 1996 a 1999. Isto indica um menor investimento da secretaria municipal, com recursos próprios, na saúde. Comprova essa hipótese o fato de a contrapartida municipal per capita ter representado, nos dois últimos anos da série, percentuais próximos a 20,0%, percentuais estes que estiveram acima de 30,0% entre 1996 e 1999. Em relação à assistência hospitalar, os gastos per capita elevaram-se 62,5%, ainda que no período estudado as normalizações federais já definissem limite para o número de internações a serem pagas pelo SUS. O que se observa em Cuiabá, e também em grande parte dos municípios mato-grossenses (Scatena, Miranda & Tanaka al., 2002), é que ocorreu um aumento no valor médio de cada internação Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Scatena & Miranda 50 (112,9%, no caso de Cuiabá). Isso pode ser explicado: a) pela indicação mais criteriosa das internações, b) pela absorção, na rede hospitalar do SUS, de procedimentos mais complexos, não atendidos em Cuiabá, anteriormente (cirugias cardíacas, transplantes); c) pela “seleção” de AIH, rejeitando aquelas de menor valor. Os gastos com assistência ambulatorial foram os que mais cresceram no período (226,4%), representando, nos dois últimos anos, mais de 50,0% das despesas efetuadas com saúde, no município. Por ser o principal componente de dispêndio e por permitir a formulação de hipóteses acerca do modelo de atenção, a assistência ambulatorial será melhor abordada nesse trabalho. Concentrando menos de 20,0% da população do estado, Cuiabá responde por percentuais pouco maiores de internações e atendimentos ambulatoriais, mas vem aumentando significativamente sua participação percentual nos gastos, principalmente ambulatoriais. Em 2001, essa participação atingiu quase 70,0% (Tabela 2), ainda que uma política estadual de regionalização tenha criado e melhorado as condições de referência em vários outros municípios-sede do estado. A Capital já chegou a absorver 50,0% (em 1999) de todos os recursos do SUS transferidos pela União, percentual que em 2001 re- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 presentou 37,0%, redução influenciada principalmente pela ampliação da oferta de serviços hospitalares em vários municípios, e da atenção básica (PSF e PACS), na maioria dos municípios. O papel de Cuiabá, como referência para a saúde é inquestionável, mas a demanda dessa referência muitas vezes não se caracteriza como tal. A análise dos gastos com assistência ambulatorial revelou que, de 1995 a 2001, a Atenção Básica é o componente menos contemplado, tendo se reduzido, proporcionalmente, 67,6% no período, enquanto os outros dois componentes – Assistência Especializada e Alta Complexidade – se elevaram consideravelmente (Tabela 3). Ao se encerrar o ano de 2001, a Atenção Básica representou apenas 14,6% dos gastos ambulatoriais, enquanto a Atenção Especializada e a de Alta Complexidade consumiram a maior parte dos recursos. A evolução do volume de atendimentos e dos gastos efetuados com os atendimentos ambulatoriais revela nitidamente a conformação de um modelo de atenção que prioriza a Assistência Especializada e o uso extensivo de procedimentos de Alta Complexidade. A análise da Assistência Ambulatorial - que responde por 53,8% do total de gastos com saúde - é melhor conduzida quando se compara o volume e financiamento dos três componentes analisados, tendo o ano de 1995 como referência (número de Scatena & Miranda atendimentos e valor pago = 100) (Tabela 4 e Figura 1). O volume e os gastos com a assistência ambulatorial especializada e alta complexidade elevaram-se muito no perío- 51 do, principalmente após a habilitação do município à NOB-96, ocorrida no final de 1998. Por outro lado, mantiveram-se praticamente inalterados, ou até reduziram- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Scatena & Miranda 52 se, o volume e os gastos com a atenção básica, apesar da ampliação do número de equipes de PACS e PSF nos dois últimos anos. A preocupação que se levanta é sobre o futuro do modelo de atenção que os dados apresentados revelam: 25,4% dos recursos financeiros da saúde, geridos pelo município, já estão comprometidos com a Internação Hospitalar, sendo diretamente transferidos aos provedores desse serviço (a maioria do setor privado, credenciado pelo SUS); outros 20,8% (contrapartida municipal) estão majoritariamente comprometidos com a folha de pagamento dos Recursos Humanos do setor saúde, parte expressiva lotada no Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá e também em centros especializados, de referência. Finalmente, os restantes 53,8% dos recursos gastos com saúde, cuja maior parcela deveria destinarse à Atenção Básica, estão sendo deslocados para um volume relativamente pequeno de Atendimentos Especializados e de Alta Complexidade, com consumo de mais de 85,4% (em 2001) desse recurso. Tal quadro pode ainda se agravar, dado que parte deste componente da assistência ambulatorial está em constante processo de incorporação tecnológica, que via de regra é onerosa, ampliando sobremaneira seus gastos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se dizer, com base na evolução da produção e dos gastos assistenciais, que as formas de gestão municipal mais avançadas, especificamente a Semi Plena (NOB-93) e Plena do Sistema (NOB96), foram estratégias fundamentais na implementação da descentralização em Cuiabá, principalmente ao propiciar maior autonomia na gestão, inclusive financeira, do Sistema Municipal de Saúde. Por outro lado, os mesmos dados não indiRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 cam que a descentralização tenha viabilizado a consolidação de um Modelo de Atenção à Saúde condizente com os princípios do SUS, haja vista a evolução dos dispêndios efetuados com saúde. Foi indiscutível o aumento significativo dos recursos financeiros para a saúde, em Cuiabá, de 1995 a 2001, principalmente em decorrência das transferências federais para a Assistência Ambulatorial. Mas como as necessidades sentidas são (e sempre serão) maiores que os recursos disponíveis para atendê-las (uma vez que atendidas, outras surgirão), há que se buscar o melhor, mais efetivo e mais justo ponto de equilíbrio entre demanda e disponibilidade, inclusive financeira. Em Cuiabá, não é incomum os gestores e provedores da saúde afirmarem que grande parte da responsabilidade pela “crise financeira” da saúde nessa localidade é a invasão de usuários de outros municípios. Tal afirmação, no entanto, tem que ser analisada à luz do papel de referência para a saúde exercido pelo município, no âmbito estadual e mesmo regional, e principalmente pelo tratamento diferenciado que o municípo recebe das instâncias supramunicipais normalizadoras do SUS. Concentrando pouco mais de 19,0% da população do estado, Cuiabá vem respondendo por percentuais de atendimentos ambulatoriais e internações hospitalares um pouco acima desse número, o que revela a influência da invasão de atendimentos ambulatoriais e hospitalares no município. Observa-se, no entanto, uma discreta tendência de queda desses percentuais, provavelmente como reflexo da organização da assistência ambulatorial e hospitalar nos demais municípios do estado O mesmo não se deu com os gastos dessa assistência, que se elevaram percentualmente, sendo que em 2001 quase 70,0% dos gastos com assistência ambulatorial do estado e quase 40,0% dos gastos com assistência hospitalar ocorriam em Cuiabá, o Scatena & Miranda que revela tanto a preocupação das instâncias centrais estaduais (Governo do Estado, Secretaria de Estado da Saúde, Comissão Intergestores Bipartite, Conselho Estadual de Saúde) com o papel que a capital tem para o Sistema, como também o poder de pressão que esse município (e suas estruturas de poder) exercem sobre aquelas instâncias. A desproporção entre o volume de recursos financeiros consumidos no município e a produção de atendimentos ambulatoriais e hospitalares deve ser objeto de monitoramento e discussão, especialmente em um quadro em que, até 2002, a gestão estadual buscou fortalecer a regionalização no restante do estado, diminuindo a demanda para a capital. É necessário, portanto, discutir a utilização dos recursos atualmente à disposição da saúde, em Cuiabá, com vistas às perspectivas do futuro do SUS no município, lembrando que este Sistema, em seus princípios doutrinários, privilegia as ações de promoção e prevenção de saúde. Desde a constituição dos Conselhos Municipais de Saúde e criação dos Fundos Municipais de Saúde, tal utilização deve estar baseada em critérios definidos e discutidos com a sociedade e controlada por esta mesma sociedade, em concordância com os próprios princípios da descentralização (Lobo, 1997). O que norteia a utilização dos recursos são os Planos Plurianuais e Anuais de Saúde que, por sua vez, são orientados pelos Modelos de Atenção adotados. Modelos estes que surgem, ou são propostos também a partir da sociedade, diretamente, através das Conferências Municipais de Saúde, ou indiretamente, através de sua representação no Conselho Municipal de Saúde. A evolução dos gastos com saúde indica que não se está conseguindo modificar o modelo de atenção à saúde em Cuiabá e isto tem comprometido o desenvolvimento e a gerência dos recursos (materiais, 53 humanos e financeiros) do setor. Têm sido implantados, nesse município, programas propostos pelo MS e normalizados pela NOB-96, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde – PACS e o Programa de Saúde da Família – PSF, orientados na lógica de priorização da atenção primária à saúde. A tendência observada na produção e financiamento da assistência ambulatorial, no entanto, é incompatível com a sustentabilidade desses programas, uma vez que a base financeira que os sustenta, não parece consistente. Mesmo que se elevem as transferências da União, por conta da maior cobertura do PSF e PACS, ainda é expressivo o volume de recursos que o próprio município tem que investir, como sua contrapartida. Para fazê-lo, a SMS tem algumas opções, entre outras: a) conseguir aumento da parcela do orçamento municipal destinada à saúde; b) remanejar recursos de um setor de atenção para outro; ou c) reestruturar seus serviços numa lógica que priorize a atenção voltada para a promoção e prevenção. Caberá basicamente às estruturas gestoras e às instâncias de controle social do SUS-Cuiabá, definir qual o caminho a ser trilhado nos anos futuros, dada a autonomia viabilizada pela descentralização. No entanto, como não há perspectivas de incrementos importantes nos recursos da saúde, finaliza-se esse trabalho com uma das perguntas que os dados apresentados deveriam suscitar nos gestores e conselheiros do Sistema Municipal de Saúde de Cuiabá: “Se o modelo atual está gerando redução (absoluta e relativa) do volume de atividades de Atenção Primária à Saúde e esta redução, em um ciclo vicioso, fatalmente redundará em maior demanda à Atenção Especializada e à de Alta Complexidade, até quando este modelo se sustentará?” Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Scatena & Miranda 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL - Ministério da Saúde, 1986. 8ª Conferência Nacional de Saúde: relatório final. Brasília: Ministério da Saúde, 1987. BRASIL, 1988 - Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 1997. BRASIL - Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990. Brasília, DOU de 20 de setembro de 1990. BRASIL - Lei nº 8142, de 28 de dezembro de 1990. Brasília, DOU de 31 de dezembro de 1990. BRASIL - Ministério da Saúde/ INAMPS. Resolução nº 273, de 17 de julho de 1991. Brasília, DOU de 18 de julho de 1991. BRASIL - Ministério da Saúde/Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Portaria nº 234, de 10 de fevereiro de 1992. Brasília, DOU de 10 de fevereiro de 1992. BRASIL - Ministério da Saúde. Portaria nº 545, de 20 de maio de 1993. Brasília, DOU de 29 de maio de 1993. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 BRASIL - Ministério da Saúde/Secretaria de Assistência à Saúde. Portaria SAS/MS 015, de 03 de março de 1995. BRASIL - Ministério da Saúde. Portaria nº 2203, de 5 de novembro de 1996. Brasília, DOU de 06 de novembro de 1996. BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário de Política. Brasília: Edunb, 1993. pp. 129-35. CARVALHO DM. Grandes sistemas de informação em saúde: revisão e discussão da situação atual. Informe Epidemiológico do SUS. 5(4): 7-46, 1997. DATASUS/Ministério da Saúde. Inforhttp:// mações de Saúde. www.datasus.gov.br FUNDAÇÃO IBGE. Censo demográfico 1991: Mato Grosso. Vol. 26, Rio de Janeiro; 1993a. Ciências Sociais e Saúde. S. Paulo, Ed. Hucitec, 1997. pp.173-204. LAURENTI R; LEBRÃO ML; MELLO JORGE MH; GOTLIEB SL. Estatísticas de Saúde. São Paulo: EPU; 1987. LOBO, T. Descentralização: conceitos, princípios, prática governamental. Cadernos de pesquisa, São Paulo, 74: 5-10, 1990. MATO GROSSO - Secretaria de Estado de Saúde. Relatório de Avaliação da Política de Saúde do Estado de Mato Grosso. 2000. MATO GROSSO – Secretaria de Estado da Saúde. A regionalização da saúde em Mato Grosso: em busca da integralidade da atenção. Cuiabá: SES, 2002. FUNDAÇÃO IBGE. Censo demográfico 2000. Rio de Janeiro; 2000. SCATENA, J. H. G.; MIRANDA, A. J.; TANAKA, O. Y. A descentralização da saúde no Estado de Mato Grosso, na década de 90. Saúde em Debate; 26 (61): 155-166, 2002. JUNQUEIRA, L. A. P. A descentralização e a reforma do aparato estatal em saúde. In: CANESQUI, A.M. (org.) TOBAR, F. O conceito de descentralização: usos e abusos. Planejamento e Políticas Públicas. 5: 31-51, 1991. Revista Saúde e Ambiente, 6(1/2): 55-65, 2003 ISSN 1516-5787 55 INFORMAÇÃO TÉCNICA Roteiro básico da redação científica na área da saúde TECHNICAL INFORMATION Basic script of scientific redaction in health area Clovis BOTELHO1 CORRESPONDÊNCIA/ CORRESPONDENCE: Clovis Botelho Rua Dr. Jonas Correa da Costa, 210 CEP - 78.030-510 – Cuiabá / MT Fone: 65. 637 1471; Fax: 65. 637 7539 e-mail: [email protected] 1 Departamento de Clínica Médica – Faculdade de Ciências Médicas; Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso. RESUMO Diferentemente da redação literária, a científica tem características próprias e bem peculiares, principalmente na área da saúde. Neste artigo o autor descreve o roteiro básico a ser seguido para redigir um texto científico, com o objetivo de ajudar os alunos da pós-graduação a apresentarem os resultados das suas pesquisas. Traz detalhes da seqüência do formato de artigo que a maioria das revistas da área adota: introdução, métodos, resultados e discussão. ABSTRACT Differently from literary writing, the scientific written production has its own characteristics that are very peculiar, mainly in the health area. In this article, the author describes the basic script to be followed in the scientific text, with the objective of facilitating the task of the pos-graduate students when reporting the results of their research. It brings details of the sequence in the format of the article which follow what the majority of the periodicals in the health area adopt: introduction, methods, results and discussion. INTRODUÇÃO A redação científica é o reflexo do modo de pensar e de trabalhar do pesquisador. É a expressão do pensamento, na forma de linguagem que tem características próprias, refletindo todo o conhecimento do autor acerca daquele assunto que está sendo tratado. Por isso deve-se ter um cuidado especial na hora da redação final do trabalho científico, pois, depois de tantas horas gastas no planejamento e na execução da pesquisa, qualquer deslize neste momento poderá colocar Palavras-chave: Redação científica, Área da saúde, Metodologia. Key words: Scientific writing, Health area, Methodology. tudo a perder. Lembre-se: escrever bem faz parte da boa formação profissional, principalmente para o pesquisador, que é julgado pelos colegas através dos seus textos, pelo seu modo de escrever. Não se deve esquecer que o texto científico destina-se não apenas à leitura pura e simplesmente, é também estudado por alunos e profissionais da área, podendo ser utilizado como referência do tema em tela. Assim, os princípios da didática devem prevalecer sobre os literários, fazendo com que o texto científico tenha a clareza necessária para ser entendido por Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Botelho 56 todo o público alvo e, ao mesmo tempo, seja de leitura agradável. Para que isso aconteça, que o texto seja didaticamente correto e de fácil leitura, é preciso muito mais que um simples e despretensioso capítulo de manual de metodologia. No momento da redação o autor, usa toda a sua formação escolar, religiosa e ideológica. A maneira de escrever é muito pessoal; vai além das normas gramaticais ou do estilo de redação. O que se pretende neste artigo informar sobre as principais características da redação científica, destacando que a linguagem deve ser, obrigatoriamente, informativa. Inicialmente é importante que se esclareça ao leitor sobre o plano da composição do texto, citando os principais tópicos e suas subdivisões. Sempre ter em mente a quem o texto se destina, qual é o público alvo. O propósito do autor, ao escrever sobre ciência, é explicar e, por isso, deverá ser o mais claro e didático possível, sem abrir mão da qualidade de sua pesquisa. O caráter informativo e técnico deve prevalecer sobre o literário. A fidelidade aos dados analisados e a literatura referida é de fundamental importância, tornase imprescindível. Esta é a grande diferença entre o estilo literário e científico: enquanto o primeiro é subjetivo, inebriase pela elegância dos valores estéticos; o segundo é objetivo, utiliza-se da força interna dos argumentos dos dados analisados. sável para a redação final do trabalho. Se todas as fases da pesquisa, do delineamento à execução, foram bem elaboradas, não haverá dificuldade em ser claro, pois não é possível expressar-se claramente quando o pensamento ainda é confuso. Caso ainda esteja em dúvida com algum ponto da sua pesquisa, volte atrás; faça revisão da literatura, analise melhor os seus dados, discuta com especialistas da área. Tente elaborar mentalmente toda a estrutura do texto e, quando o pensamento estiver fluindo facilmente, poderá iniciar a escrever. Lingüisticamente falando, para se escrever com clareza, algumas qualidades são necessárias: unidade e coerência, entendendo aqui clareza como a capacidade de transmitir com exatidão uma idéia em cada frase; a unidade é alcançada quando cada frase no parágrafo é relevante para o tópico em discussão; coerência é a conexão lógica das frases no parágrafo. Em um parágrafo, uma frase inicial bem escrita deve ter, no seu final, o seu ponto mais forte: a informação mais importante e original. Cada frase deve conter apenas uma idéia e deve ser construída, preferencialmente, com verbos e substantivos concretos. Evitar adjetivos, advérbios e substantivos abstratos. A estrutura do parágrafo é semelhante à da frase, sendo formado de duas partes. Primeiro, apresenta a questão que delimita o espaço conceitual daquele parágrafo; depois a discussão, que é a explicitação, o desenvolvimento das idéias, a argumentação comprobatória da questão levantada. Como regra geral, deve-se guardar as informações mais novas e originais para o final do parágrafo. Assim, cria-se um crescendo de interesse e ênfase em cada parágrafo escrito, valorizando-o e facilitando a sua conexão com o parágrafo seguinte, dando maior coesão ao texto como um todo. Clareza Precisão ou concisão A clareza do raciocínio científico, no sentido mais amplo da palavra, é indispen- Precisão ou concisão é a capacidade de exprimir muitas coisas com poucas pa- 1. Características da redação científica Informativa Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Botelho lavras, é ser breve e, ao mesmo tempo, denso e preciso. Para ser conciso o autor deve tratar cada tópico ou questão levantada de modo coerente e lógico. Deve ser simples, escrever de modo direto, sóbrio, sem uso de jargão, isento de prolixidade. As divagações literárias, imagens poéticas e o uso excessivo de termos raros e difíceis de serem entendidos devem ser evitados na redação científica. Naturalmente, para evitar um texto muito árido e de difícil leitura, liberdades figurativas ou metáforas podem e devem ser usadas no momento certo. Em uma dissertação ou tese, o autor sempre é rigoroso ao escrever a introdução, os objetivos, os métodos e os resultados, porém, tem maior liberdade de expressão, até poética, no capítulo da discussão. Objetividade A objetividade, no sentido metodológico, é a qualidade de ser mais o objetivo possível, voltando-se para o objeto examinado, sem interferência pessoal. Na verdade é a qualidade mais difícil de ser atingida, pois o que se faz sempre é uma tentativa de ser objetivo, o que por si só é inatingível; porém, sempre desejado. O autor deve indicar como, quando e onde obteve os dados de que se valeu e mostrar conhecer todas as facetas da questão em discussão. Procurar não se deixar influenciar por vieses de idéias preconcebidas, além de evitar superestimar a importância do seu trabalho. Não pode omitir fatos que contradigam a hipótese sustentada nem tampouco subestimar resultados obtidos por outros investigadores, se tais resultados parecem contrariar os que o próprio autor encontrou. O leitor compreenderá mais facilmente uma dada mensagem se a informação e as idéias forem apresentadas em uma ordem lógica. É no momento de dar instruções que se percebe, de modo mais evidente, a necessidade de explicação suficiente, clareza, inteireza, e apresentação or- 57 denada de informações. Quando não existe informação adicional sobre algum ponto, deve-se mencionar a necessidade de novos trabalhos. Não se deve confiar na autoridade que argumenta, mas em provas de que o argumento tem autoridade para ser sustentado. Jamais expor opiniões de outros como se fossem fatos ou descrever opinião da maioria como se fosse também um fato. Em ciência tenta-se provar... Em escritos científicos, nada deverá ficar subentendido ou por conta da imaginação do leitor. Os romancistas, jornalistas e publicitários, para gravar algo na mente do leitor, podem recorrer à repetição, ao exagero ou à moderação. Nenhuma destas técnicas pode ser utilizada pelo cientista, que deve seguir um caminho mais árduo e convencer os leitores com base em provas, apoiando-se em verdades claramente formuladas e em argumentações lógicas. Em linguagem, o autor deve preferir termos isentos de qualquer ambigüidade, evitando expressões como “eu penso”, “parece-me”, “parece ser”. 2. Como escrever Parte-se do princípio de que não existem regras fixas de como escrever um trabalho científico, pois cada autor tem o seu modo de redigir. Desse modo, far-seá roteiro esquemático que poderá auxiliar os iniciantes no processo de redação. Inicialmente, é interessante fazer esboço preliminar, como se fosse planta baixa de uma casa. Primeiro, esquematize toda a estrutura do texto, depois o construa, passo a passo, podendo voltar em cada segmento quantas vezes forem necessárias, corrigindo erros, dando melhor acabamento, tratando dos pequenos detalhes. Pode-se seguir as seguintes etapas: a) fazer um esboço rápido dos principais tópicos a serem tratados, dispondo-os loRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Botelho 58 gicamente: sempre com início, meio e fim; sempre do geral para o específico; b) fazer um esboço maior, subdividindo-o em títulos e subtítulos, com os mesmos princípios do item anterior; c) fazer um terceiro esboço, com cada um dos tópicos ampliados, sob a forma de frases concisas; d) iniciar a primeira redação, ampliando cada tópico em parágrafos, concentrando-se no assunto; e) ultima dica: escrever bastante, depois ficará mais fácil para fazer as correções e adaptações. Nesse processo de redação, a citação das fontes é muito importante. Devese evitar o plágio, reproduzindo o pensamento de um autor. Utiliza-se a construção de frases e de períodos com outras palavras, dando o mesmo sentido, naturalmente citando o autor nas referências bibliográficas. O autor deverá descrever fatos e valores de outros autores com a garantia da compreensão do pensamento dos autores originais, redigida com as sua palavras, sem ter o original diante dos olhos. ídas logo após o título. O mesmo acontecendo para a versão em língua estrangeira, que geralmente nas ciências da saúde é a inglesa (key words). Vejam os exemplos: FATORES AMBIENTAIS E HOSPITALIZAÇÕES EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS COM INFECÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA (IRA)* Palavras chave: IRA, fatores ambientais, hospitalização. ENVIRONMENTAL FACTORS AND HOSPITALIZATIONS IN CHILDREN UNDER FIVE YEARS OLD WITH ACUTE RESPIRATORY INFECTION (ARI). Key words: ARI, environmental factors, hospitalization CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE E DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA EM UNIVERSITÁRIOS FUMANTES DA UFMT. Palavras chave: tabagismo, características da personalidade, dependência nicotínica. Psychological profile and nicotine dependence in smoking students of UFMT. Keys Words: smoking behavior, psychological profile, nicotine dependence. Resumo 3. Esquema geral de trabalho científico Título Deverá sintetizar toda a idéia central do trabalho e, em poucas palavras, indicar o conteúdo que mais se deseja salientar. As palavras devem ser escolhidas com cuidado, para que sejam breves, claras e permitam fácil catalogação. É preciso evitar palavras supérfluas e também não incluir fórmulas ou abreviaturas arbitrárias. Caso seja necessário, usar título e subtítulo. Em algumas ocasiões é necessário indicar localização geográfica e o período estudado. As palavras-chave devem ser incluRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 O resumo deverá conter todos os capítulos do texto: Introdução (tema e objetivos), Métodos, Resultados (incluindo comentários) e Conclusões. Como deve ser breve, destacam-se os dados mais relevantes, principalmente aqueles resultados que serão considerados nas conclusões do trabalho. Para as Dissertações e Teses, geralmente não há limitações quanto ao tamanho do resumo; porém, para publicação em algum periódico, deverá ter entre 2OO a 250 palavras, dependendo da revista escolhida. Os resumos podem ser escritos de duas formas: estruturada e não estruturada. A primeira forma é a mais utilizada na área da saúde, por exigência de grande número de periódicos e de congressos; a segunda é Botelho mais usada nas Dissertações e Teses. Vejam os exemplos: o primeiro é a forma padronizada pelo “Cadernos de Saúde Pública” (FIOCRUZ/RJ) o segundo pelo “Jornal de Pneumologia” (SBPT): FATORES AMBIENTAIS E HOSPITALIZAÇÃO EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS COM INFECÇÃO RESPIRATÓRIA AGUDA (IRA)* Considerando a hospitalização como um indicador de gravidade da Infecção Respiratória Aguda (IRA), objetiva-se estudar a associação de alguns fatores ambientais com a necessidade de tratamento hospitalar em crianças com diagnóstico de IRA. Foram analisados todos os prontuários de atendimento do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, das crianças menores de cinco anos, de ambos os sexos, agrupados por mês do atendimento. Obedecendo as características climáticas da região, dois períodos climáticos foram considerados: seco (maio a outubro) e chuvoso (novembro a abril). As variáveis: temperatura, umidade relativa do ar, o número de focos de calor (queimadas) foram cotejadas. A prevalência da IRA foi 49,8% e a necessidade de internação de 7,6%, com percentual de internações maior no período seco. Concluise que o período seco e a umidade relativa do ar estão associados com as hospitalizações das crianças estudadas. CARACTERÍSTICAS DE PERSONALIDADE E DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA EM UNIVERSITÁRIOS FUMANTES DA UFMT. Introdução: Dados sobre a relação entre perfil de personalidade e dependência nicotínica podem subsidiar o trabalho de 59 profissionais na área de saúde na elaboração e aperfeiçoamento dos programas de tratamento e prevenção da dependência. Objetivo: Investigar a relação entre perfil de personalidade e dependência nicotínica em grupo de universitários fumantes. Casuística e Métodos: Foram selecionados aleatoriamente 1.245 universitários, dentre os 10.500 matriculados na UFMT - campus Cuiabá, em 2001. Foi aplicado questionário padronizado, para caracterização social e padrão de consumo de tabaco, sendo considerados como fumantes 80 universitários. A seguir, foi aplicada a escala Fargestrom (1978), de dependência nicotínica e a versão reduzida da Escala Comrey de Personalidade (CPS), que investiga dimensões de personalidade. Resultados: A análise das médias dos escores (T de Student) revelou associação marginal ou “borderline” inversamente proporcional entre dependência e a escala de Ordem x Falta de Compulsão (O) (p=0,06) e associação negativa ou inversamente proporcional entre as escalas de Extroversão x Introversão (E) do CPS (p=0,002) e Controle de Validade (V) (p=0.04). A regressão linear para pontuação na escala Fargestrom (1978) confirmou a associação “borderline” inversamente proporcional entre dependência e as escalas de Ordem x Falta de Compulsão (O) (p=0,06) e Extroversão x Introversão (E) do CPS (p=0,02). Porém, controlando a interferência do consumo diário de cigarros, apenas a escala de Extroversão x Introversão (E) permanece associada à dependência (p=0,001). Conclusões: Conclui-se que universitários fumantes e dependentes são menos extrovertidos que os fumantes não dependentes. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Botelho 60 Introdução Sendo a função da introdução esclarecer o assunto e o tema central do trabalho, deve-se descrevê-la de forma clara e direcionada para os objetivos do trabalho. Parte-se do geral para o específico, sempre. Deixar claro os motivos da investigação realizada, as justificativas da aplicação do método escolhido, a finalidade dos resultados e as suas aplicações. Uma longa revisão bibliográfica histórica era considerada parte essencial da introdução. Hoje não é bem aceita uma introdução muito longa, com grande e profunda revisão bibliográfica, pois se torna cansativa, além de tomar muito tempo do leitor. O poder de síntese é uma qualidade que todo o pesquisador deve buscar: ser compreendido, mostrar conhecimento e capacidade de discutir o assunto tratado em poucas laudas, cerca de 10 ou 15 para as monografias, dissertações ou teses. Para a grande maioria das revistas especializadas, este capítulo deverá ter no máximo 4 laudas. Ressalta-se que, em alguns casos, por exigência da natureza do trabalho, fazse necessária uma revisão mais extensa. Nesses casos é bom fazer um subtítulo, indicando que será elaborada revisão bibliográfica ou construído um marco teórico conceitual sobre o assunto/tema que será abordado na pesquisa. Objetivos Nos artigos escritos para periódicos, os objetivos devem vir no final da introdução, de maneira explicitada, não subentendida nem soltos dentro do parágrafo. Definir bem os seus objetivos, o que estará implícito na sua hipótese de trabalho, é uma das chaves do sucesso do autor. Nas monografias, dissertações ou teses deverão vir em capítulo à parte. PoRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 dem ser separados em Objetivo Geral e Objetivos Específicos ou Operacionais, sendo que o primeiro traduz a hipótese central; o segundo operacionalizará o primeiro, passo a passo, do mais simples ao mais complexo. Os principais verbos utilizados para formular os objetivos: 1. Verbos Genéricos: analisar + descrever + demonstrar + verificar ++ avaliar + compreender + interpretar ++ 2. Verbos Específicos: caracterizar++ identificar ++ comparar + categorizar + classificar + discriminar + diferenciar + relacionar ++ determinar ++ Por outro lado, vejam os verbos que deverão ser evitados, pois já estão implícitos na ação que está sendo executada. São os chamados Verbos Redundantes: estudar, conhecer, saber, observar, pesquisar, apreciar, investigar. Vejam os dois exemplos, o primeiro trata de artigo de revista e o segundo de Dissertação de Mestrado. “Assim, a hipótese colocada que as mudanças climáticas são determinantes para a dinâmica da asma, justifica-se. Diante disso, o presente estudo tem o objetivo de avaliar a influência dos períodos climáticos, seco e chuvoso, na prevalência e na gravidade da asma em crianças”. OBJETIVOS 1 Objetivo Geral Avaliar a influência dos fatores ambientais na prevalência da asma em crianças. 2 Objetivos específicos 2.1. Determinar a prevalência da asma em crianças; 2.2. Categorizar a prevalência da asma, segundo o tipo atendimento ambulatorial ou hospitalar; 2.3. Verificar a influência do clima seco ou chuvoso na asma; Botelho 2.4. Correlacionar as variáveis: Temperatura Máxima, Temperatura Média, Temperatura Baixa, Umidade Relativa do Ar e Focos de Calor com a prevalência de asma e necessidade de tratamento hospitalar em crianças. Materiais e métodos ou casuística e métodos Neste capítulo, deve-se descrever minuciosamente cada detalhe utilizado para a realização da pesquisa, evitando-se comentários a respeito do método ou daquela técnica. Não se deve defender ou justificar, aqui neste capítulo, a escolha de determinada técnica ou tal instrumento de coleta de dados. Atenha-se à descrição, não discuta; coloque o tempo verbal no passado: foi realizado... as amostras foram coletadas... os animais foram tratados...etc. Em regra geral, inicia-se descrevendo o local do estudo: cidade, bairro, universidade, instituto, laboratório, etc. Após isso descreva a população, como chegou na amostra ou casuística. Detalhe como foi selecionada a amostra: aleatoriamente ou não; quais os critérios de inclusão e de exclusão; como foi o fluxo de pacientes ou de animais; qual o período estudado. A seguir, descreva todos os instrumentos de coleta de dados e os materiais que foram utilizados: equipamentos, formulários/questionários, reagentes, etc. Quando há participação de pesquisadores auxiliares (bolsistas), descreva como foi feito o treinamento e em que parte da coleta dos dados eles colaboraram. Em trabalhos que necessitem mostrar mais detalhes dos instrumentos (fotografias, mapas, esquemas, manuais de treinamento, formulários ou questionários) o pesquisador poderá incluílos nos anexos, se forem de autoria de outros pesquisadores; ou nos apêndices, se forem da sua autoria. Terminando está parte introdutória, descreva os métodos: como fez? Cada mé- 61 todo deverá ser descrito com minúcias para que possa ser reprodutível em qualquer lugar do mundo. A descrição deverá ser feita na seqüência lógica da coleta dos dados, do método aplicado no início da coleta até o último. Como exemplo, citase uma pesquisa que envolve entrevista e aplicação de alguns exames complementares. A descrição do método da entrevista deverá ser a primeira, pois foi com ela que se iniciou toda a coleta dos dados: “Inicialmente, foi aplicado questionário, especificamente elaborado para este estudo e validado através de estudo piloto, para levantamento do perfil sócio-demográfico e padrão de consumo de tabaco dos estudantes. Cada aluno preencheu o questionário, não identificado, em sala de aula, após a explicação dos objetivos do estudo.” Na seqüência, descreva o método que foi aplicado após a entrevista, e assim, sucessivamente: peso, altura, espirometria, eletrocardiografia, impedância, coleta de sangue. Nesta parte deste capítulo não há necessidade de repetir as características dos equipamentos, devendo o autor ater-se somente à descrição de como foi feita a coleta daqueles dados. Destaca-se a importância da descrição dos métodos estatísticos utilizados, principalmente se for pesquisa quantitativa e com dados que permitam testar uma ou mais hipóteses, os estudos analíticos. Descrevem-se sempre as análises mais simples inicialmente, tipo a análise univariada; a seguir as bivariadas e/ou multivariadas. Deve-se citar o pacote estatístico aplicado e a fonte bibliográfica pertinente. Nos casos de pesquisa em seres humanos, deve-se citar a aprovação do projeto junto à Comissão de Ética, colocando o número do processo e a data da aprovação do mesmo. Declarar que os pacientes assinaram o Termo de Consentimento e que foram explicitados os objeRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Botelho 62 tivos da pesquisa, mantendo o anonimato dos participantes. ço, abril e maio (período chuvoso) e menor percentual nos meses de julho, agosto, setembro e outubro (período seco)”. Resultados Os resultados devem ser colocados separados da discussão e apresentados sem dar interpretações. Incluir os quadros, gráficos, tabelas, a análise estatística efetuada e a descrição dos resultados, mas apenas o que for necessário à compreensão das idéias principais, e sem omitir o que for essencial. Neste capítulo não poderá ter comentários e/ou discussão. Seguir a seqüência lógica dos eventos, que foi desenhada no capítulo de Material e Métodos. Tanto as tabelas e gráficos como as descrições das mesmas devem ser suficientemente claras para necessitarem um do outro. Exemplos: “Na Figura 1 encontra-se o percentual mensal das crianças com diagnóstico de asma, que variou de 4 a 14%, onde se verifica que é maior nos meses de mar- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 “Na Tabela 1 vê-se a distribuição das crianças estudadas, segundo o diagnóstico do agravo e o tipo de atendimento (hospitalar ou ambulatorial), onde mostra que a taxa de hospitalização por asma foi de 1,3% (336/25.802). Dentre as crianças com diagnóstico de asma, 10,7% (336/3140) necessitaram de tratamento hospitalar, enquanto que, para outros diagnósticos, o percentual foi de 7,8% (1.763/22.662), diferença estatisticamente significante (p =0,001)”. Discussão O objetivo principal da discussão dos resultados é demonstrar a relação entre os fatos observados e compará-los com a literatura existente sobre o assunto na forma de progressão ou oposição. Mantenha o texto livre da simples repetição de dados Botelho pormenorizados, que foram apresentados nas tabelas e gráficos do capítulo de resultados. Tal repetição, exceto quando necessária para demonstrar comparações não encontradas nos quadros e gráficos, torna o texto confuso e a leitura enfadonha. Este capítulo deve ser reservado para comparações, relações e generalizações. Deve-se dar particular atenção aos pontos sobre os quais há diferença de opinião entre os autores, naqueles em que a ciência ainda não tem clareza sobre o fenômeno em estudo. Evitar expressões de afirmações dúbias, capazes de aumentar a polêmica, não contribuindo para o crescimento do conhecimento. Indique as aplicações práticas do seu estudo e procure estimular o leitor a examinar e pesquisar o assunto focalizado por sua investigação. Fomente a continuidade daquele assunto tratado, abrindo novas perspectivas de estudo, lançando novas hipóteses a serem testadas. Em algumas revistas são aceitos trabalhos em que o capítulo de Resultados vem junto com a Discussão. Neste caso o autor deverá descrever, passo a passo, os resultados e já apresentar a discussão daquela tabela ou gráfico, contextualizando todo o corpo do trabalho até o final da apresentação dos resultados. Conclusões 63 Neste capítulo, que poderá vir no final da Discussão para publicação em revistas, devem-se salientar as contribuições que o estudo faz, destacando aquelas conclusões que modifiquem de maneira significativa qualquer hipótese, teoria ou princípio geralmente aceito. Devem-se utilizar frases sintéticas, sempre de acordo e na seqüência lógica dos objetivos traçados. As conclusões deverão ser enumeradas, baseadas nos resultados analisados, e os verbos deverão estar no tempo presente. Vejam os exemplos: “Conclui-se que, pelos resultados encontrados, existe influência dos fatores climáticos na dinâmica da asma em crianças, principalmente na determinação dos casos mais graves. Ficou claro que, no período considerado como seco, as crianças menores de cinco anos são mais predispostas às complicações da asma, com maior percentual de necessidade de atendimento hospitalar”. CONCLUSÕES 1. É alta a prevalência da IRA em crianças atendidas no Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, correspondendo a cerca da metade dos atendimentos na faixa etária estudada. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Botelho 64 Referências Bibliográficas – Revista estilo Vancouver, por ordem de entrada da citação. ne levels, and mortality during summer 1994, in Belgium. Environ. Res. 1995; 70:,105-13. 2Pimentel A S, Arbella G. Simulação da química da atmosfera poluída por automóveis movidos a álcool. Química Nova 1997; 20: 252-60. 3Pastorino AC, Accioly AP, Lanzellotti R, Camargo MCD, Jacob CMA, Grumach AS. Asma – aspectos clínicoepidemiológico de 237 pacientes de um ambulatório pediátrico especializado. J Pediatr 1998; 74:49-58. 4Castro HA. O pulmão e o ambiente: os poluentes do ar e seus efeitos no aparelho respiratório. J Pneumol 2001; 27(suplemento):3-9. 5Sologuren MJJ, Cunha ACR, Gonçalves FG, Borges JP, O’connel JL, Gomide LC, Paladini LM. Estudo da ocorrência de correlação entre crises de asma e fatores metereológicos. J. Pneumol 1996; 22 (suplemento):4. 6Mori CJ, Mello LM, Jardim RF, Mello JF. Asma Brônquica: Controle Ambiental é Eficaz? J Pneumol 1993; 19:169-174. 7Carvalho L, Rios JBM. A Asma. In: Conheça sua alergia. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. p. 37-84. 8Maitelli GT. Uma abordagem tridimensional de clima urbano em àrea tropical continental: o exemplo de CuiabáMT. Tese de Doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, p. 99/120, 1994. 9Botelho C. Os males da poluição. Boletim informativo SBPT 1999; 4:11. 10- Camelo-Nunes I, Solé D, Naspitz CK. Fatores de Risco e Evolução Clinica da Asma em Crianças. J Pediatr 1997;7:151-60. 1Sartor F, Snacker R, Demuth C, Walckiers D. Temperature, Ambient ozo- Referências Bibliográficas – Dissertação – Normas clássicas da ABNT. 2. O percentual de IVAI foi alto (45,2%), diferente da demanda existente em outros tipos de serviços (não urgência). 3. A taxa de internação hospitalar foi considerada alta, principalmente para as crianças com diagnóstico de IVAI. 4. O período do ano considerado como seco foi determinante na gravidade da IRA, ao estar associado ao maior percentual de internações. 5. As variáveis ambientais: temperatura máxima, umidade relativa do ar e número de focos de calor, estão associadas à maior gravidade da IRA, determinando maior percentual de internações hospitalares. Referências bibliográficas Toda a literatura mencionada no texto deve ser relacionada ao final do trabalho. No caso de Monografias, Dissertações e Teses, a lista de obras deve ser ordenada alfabeticamente, obedecendo ao sistema de chamada alfabética, com as citações indicando os documentos pelo sobrenome do autor e ano de publicação. As revistas têm normas próprias para listar a bibliografia utilizada, que deverá ser rigorosamente observada. Lembrar que este capítulo mostra a preocupação do autor com as suas fontes de informação, se estão ou não atualizadas, focadas para o problema estudado ou se estão com alguma tendência definida. Vejam os exemplos: Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Botelho 65 AGARWAL, D.K.; BHATIA, B. D.; AGARWAL, K. N. Simple approch to acute respiratory infection in rural underfive children. lndian Pediatrics. v. 30, n.5, p.629635, 1993. BATISTA FILHO, M.; FERNANDES, M. Situação nutricional da criança no Brasil. Boletim Nacional SISVAN, MS/ INAM, v.l, n.2, p.12-3,1991. BERMAN, S. Epidemiology of acute respiratory infections in children of developing countries. Review Infectology Disease, v. 13, n.6, p.S454-462, 1991. BÖHM, G.M.; SALDIVA, P.H.N.; PASQUALUCCI, C.A.; MASSAD, E. et alli. Biological effects of air pollution in São Paulo and Cubatão. Environment Research. v. 49, p. 208-216, 1996. BOTELHO, C.; BARROS, M. D.; BARBOSA, L. S. G.; SILVA, M. D. Sintomas respiratórios e tabagismo passivo em crianças. Jornal de Pneumologia, v. 13, n.3, p. 136-143, 1987. BOTELHO, C.; BARROS, M.D.; BARBOSA, L.S.B. Sintomas respiratórios e tabagismo passivo em crianças. 2ª parte. Jornal de Pneumologia, v. 15, n. 1, p. 1518, 1989. BOTELHO, C. A pneumologia ambien- tal. Jornal de Pneumologia (suplemento), 27: 2, 2001. Anexos e Apêndices Os anexos são documentos não produzidos pelo autor, como transcrições de figuras ou materiais não relacionados diretamente com o desenvolvimento da pesquisa, como questionários, tabelas, gráficos ou quadros utilizados. Se houver mais de um anexo, deve-se identificá-los em ordem seqüencial, com algarismos arábicos. Os apêndices são dados ou documentos produzidos pelo próprio autor e que não necessitaram entrar no corpo do trabalho, tais como: questionário, formulário, tabelas descritivas, lista dos dados brutos, relação com os dados de todos os participantes do estudo, cálculos estatísticos primários, etc. AGRADECIMENTOS Agradeço à Prof a Dr a Marina Atanaka dos Santos pela excelente e oportuna revisão crítica do manuscrito. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA A M E R I C A N P S Y C H O L O G I C A L ASSOCIATION. Manual de Publicação. 4a ed. Porto Alegre: ARTMED Editora; 2001. ANDRADE M.M. Como preparar trabalhos para curso de pós-graduação. Noções práticas. 3a ed. São Paulo: Atlas; 1999. CORREIA A.L., MACEDO A.G., SILVA A.M.C., SILVA C.O.S., BOTELHO C. Infecção respiratória aguda (IRA) em crianças menores de cinco anos e períodos climáticos. Pulmão RJ, 11:191-6, 2002. FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA /USP. Guia de apresentação de Teses. São Paulo: EDUSP; 1998. I N T E R N AT I O N A L COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS/ Requisitos uniformes para manuscritos apresentados a periódicos biomédicos. Rev Saúde Pública, 33: 6-15, 1999. RONDINA R.C., BOTELHO C, SILVA A.M.C., GORAYEB R. Características de personalidade e dependência nocotínica em universitários fumantes da UFMT. J Pneumol, 29: 21-7, 2003. VITIELLO N. Redação e apresentação de comunicações científicas. São Paulo: BYK; 1998. VOLPATO G.L. Ciência: da filosofia à publicação. Jaboticabal/SP: FUNEP; 1998. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 66 TESES THESIS ABECH, D. M. D. Avaliação da Influência do Uso da Terapia de Reposição Hormonal no Tamanho Hipofisário em Mulheres na Menopausa. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Hélio Borba Moratelli Co-Orientadora: Miriam da Costa Oliveira A hipófise é uma glândula que sofre alterações de seu tamanho decorrentes de várias situações fisiológicas e patológicas. A variação de tamanho nas diferentes idades deve ser bem conhecida para evitar dificuldades no diagnóstico diferencial com os microadenomas hipofisários. Os estrogênios são drogas amplamente utilizadas na prática clínica e exercem potente estimulação sobre os lactotrofos hipofisários. Vários autores já relataram em estudos experimentais a ocorrência de hiperplasia dos lactotrofos e de neoplasias hipofisárias durante o estímulo prolongado destas células. Recentemente, um gene identificado como PTTG (Pituitary Tumor Transforming Gene), indutor da angiogênese e altamente expresso nos tumores hipofisários, também pode ser estimulado pelos estrogênios em experimentos in vitro. Em humanos, os estudos que avaliaram a influência do uso prolongado de estrogênios sobre o tamanho hipofisário não são conclusivos. Os objetivos deste estudo foram a coleta de dados sobre o tamanho hipofisário na menopausa, a avaliação dos níveis de prolactina e TSH, em mulheres na menopausa, com e sem reposição hormonal, e a avaliação da influência do uso da terapia de reposição hormonal no tamanho hipofisário em mulheres na menopausa. Participaram desta série 69 mulheres em menopausa, 47 usuárias de TRH e 22 não expostas a este tratamento, que realizaram a medida da altura hipofisária, através de cortes sagitais obtidos em ressonância nuclear magnética, além da coleta de sangue para a dosagem de prolactina e TSH. Na análise estatística foram utilizados os testes t de Student, para amostras independentes, a Correlação de Pearson, para descrever a Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 associação entre duas variáveis quantitativas, e a regressão linear múltipla, para identificar potenciais fatores de confusão. Nas situações de assimetria, como para as dosagens de prolactina e TSH, foi utilizado o teste U de Mann-Whithney. A avaliação hormonal não evidenciou diferença estatisticamente significativa entre os níveis médios de prolactina entre os dois grupos (p=0.15), porém, uma diferença significativa foi encontrada entre os níveis de TSH, a maior no grupo exposto (p=0.03). Quando a altura hipofisária média foi comparada entre os dois grupos, encontrou-se uma diferença estimada em 0.78mm a favor do grupo exposto à TRH (p=0.04). No entanto, quando foram considerados os potenciais fatores de confusão como a idade, níveis de prolactina e TSH, tratamento e tempo de tratamento, a magnitude da diferença não atingiu significância clássica. Concluiu-se que é possível existir um efeito da TRH sobre o tamanho da hipófise, com média estimada através dos resultados deste estudo em 0.78mm, apesar deste estudo não ter apresentado poder estatístico suficiente para detectá-lo. AMARAL, I. B. S. Prevalência de Diabetes Mellitus Tipo 2 em Ribeirão da Ponte, Cuiabá, MT. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Joaquim Gonçalves Valente O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de Diabetes Mellitus na população dos bairros de abrangência do Centro de Saúde Ribeirão da Ponte, em Cuiabá-MT, e detectar os fatores de risco mais importantes na área de estudo e, secundariamente, a prevalência de obesidade entre as pessoas submetidas a este estudo, assim como a presença de outras patologias auto-referidas associadas, durante uma entrevista. Trata-se de um estudo de corte transversal, em 704 indivíduos, de ambos os sexos, com idade entre 30 e 69 anos, sorteados em uma população de 3.615 habitantes, que foram submetidos a um inquérito epidemiológico, através de resposta de instrumento adrede elaborado. Foram também medidas a circunferência da cintura, quadril, peso, altura e glicemia capilar, cujo ponto de corte para hiperglicemia foi de 126mg%. A perda amostral foi de 9,2%. 67 Vinte e oito (4%) pessoas referiram serem portadoras de diabetes mellitus no momento da entrevista e 16 indivíduos apresentaramse com hiperglicemia durante a realização da glicemia capilar, considerados como sendo portadores de diabetes mellitus tipo 2, perfazendo um total de 44 casos (6,25%). A prevalência de DM foi maior nas mulheres do que nos homens (4,4% versus 6,1%: p=0,14), maior nos indivíduos obesos (12,5%) do que não obesos (7,5%), com aumento progressivo dos 30 aos 59 anos com, respectivamente, 1,9%, 4,3%, 16,7% e 11,5% de prevalência para cada década de vida. Dezoito (40.9%) das 44 pessoas portadoras de diabetes referiram ter parentes com diabetes. A prevalência de glicemia de jejum alterada foi de 3,1% para os homens e 4,5% para as mulheres. Na análise univariada e na análise multivariada ter idade maior que 50 anos, ter um irmão diabético, ganho de peso após os 25 anos de idade, circunferência da cintura e razão cintura-quadril mostraram-se como preditores independentes de hiperglicemia. Na análise multivariada, as mulheres apresentaram um risco 3,5 vezes maior do que os homens de apresentar hiperglicemia. Em relação aos hábitos alimentares, indivíduos hiperglicêmicos referiam um hábito 6,7 vezes menos freqüente de ingerir refrigerante comum, 4,4 vezes mais de não fazer uso de bebidas alcoólicas, e 3,6 vezes mais de fazer dieta para controle de peso. ARAÚJO, J. J. B. Hipertensão Arterial: Prevalência e Perfil Epidemiológico de População Adulta e Programa de Saúde da Família em Cuiabá, Mato Grosso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Luiz César Nazário Scala O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência, e descrever o perfil epidemiológico da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) de População Adulta de Programa de Saúde da Família de Bairros de Cuiabá-MT. O tipo de estudo é de prevalência, observacional, analítico, de delineamento transversal e de base populacional, com processo de amostragem aleatória proporcional e significativa de população urbana de Cuiabá. Os dados foram obtidos no domicílio, através de questionário e determinação de parâmetros físicos em condições padronizadas. A média de duas aferições da pressão arterial foi utilizada nas análises. Foram estudados 550 indivíduos de ambos os gêneros, com idade entre 18 e 74 anos, de uma amostra de 3.615 habitantes residentes em 1.142 domicílios, da área de abrangência do Centro de Saúde Ribeirão da Ponte, Distrito Centro-Oeste de Cuiabá. A população, na sua maioria, foi formada por mulheres negróides, casadas, com escolaridade de primeiro grau completo, em faixa etária inferior a 40 anos, metade com renda média de 1 a 6 salários mínimos. Observou-se prevalência de HAS de 25% segundo o critério de corte de PAS igual ou superior a 140mmHg e PAD igual ou superior a 90mHg para o diagnóstico de HAS estabelecido pelas IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2002). Quanto à classificação dos níveis pressóricos, observou-se predomínio da HAS estágio I (leve = 42,9%) e a HA sistólica (30,8%) em relação a estágio II (moderado = 18%) e a estágio III (grave = 8,3%). Em relação ao perfil sócio-demográfico a idade dos hipertensos foi, em média, 18 anos superior a dos normotensos. Os de idade superior a 40 anos apresentam 3,14 vezes mais HA do que os de idade inferior a 40 anos. Houve maior prevalência de HAS, com níveis significantes, entre: analfabetos, fumantes e ex-fumantes, mulheres em uso de anticoncepcional oral e nos portadores de diabete melito e dislipidemia. A HA nos indivíduos com antecedentes familiares de acidente vascular encefálico foi 1,7 vezes maior quando comparada aos que não tinham estes antecedentes, achado original deste estudo. As mulheres em uso de anticoncepcional apresentam 2,17 vezes mais HA do que as não usuárias. Em relação as variáveis antropométricas a HAS foi mais prevalente em mulheres obesas e homens com sobrepeso, sendo a circunferência abdominal a variável mais significativa nesta avaliação. Não foram observadas associações entre HA e gênero, etnia, mobilidade residencial, atividade física e hábitos alcoólicos. A associação entre HA, restrição de sal na alimentação e absenteísmo apresentaram significâncias estatísticas limítrofes. Os dados deste estudo possibilitam definir um grupo alvo para políticas de saúde, com risco cardiovascular aumentado: indivíduos com idade superior a 40 anos, baixa escolaridade, renda inferior a dois Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 68 salários mínimos, antecedentes familiares de AVES, fumantes ou ex-fumantes, homens com sobrepeso, mulheres obesas e/ ou em uso de anticoncepcional (em especial por tempo superior a quatro anos) e indivíduos portadores de diabete melito e/ ou dislipedimia. O presente estudo descreveu, de forma inédita, a prevalência e o perfil epidemiológico da HAS em CuiabáMT, com definição de uma população alvo para campanhas diagnósticas e planos de reorganização ao combate e controle da HAS e de alguns fatores de risco cardiovascular. ARRUDA, I. S. C. F. Efeito do Tratamento Nutricional Enteral com Glutamina e Probioticos em Pacientes com Traumatismo Crânio-Encefálico. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. José Eduardo de Aguilar Nascimento Pacientes com traumatismo crânio encefálico (TCE) apresentam gasto energético e protéico elevado e são mais propensos a infecções. O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados da administração de uma dieta enteral precoce enriquecida com glutamina e probióticos em pacientes com TCE. Vinte e três pacientes com TCE (Glasgow entre 5-12) foram randomizados para receber uma dieta enteral padrão (grupo controle; N = 12) ou acrescida de glutamina (30g/dia) e probióticos (grupo estudo; N=11) por um mínimo de cinco dias (5-14 dias). As duas dietas eram isocalóricas e isonitrogenadas (35 kcal/kg/dia e 1,5g proteína/kg/dia). Registrou-se morbidade infecciosa, permanência na Unidade de Tratamento Intensivo e tempo de ventilação mecânica. Não houve mortalidade. Três pacientes foram excluídos do trabalho, restando dez pacientes em cada grupo. Os dois grupos foram semelhantes quanto ao sexo, idade, estado nutricional e escala de Glasgow. A incidência de infecção foi maior no grupo controle (10/10 casos; 100%) quando comparado ao grupo estudo (6/10 casos; 60%; p=0,04). O número de infecções por paciente no grupo controle foi maior que no grupo estudo (3[1-5] vs. 1[03];p<0,01). Tanto o tempo de hospitalização na UTI (22,5[7-57] vs. 10,5[5-20] dias; Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 p<0,001) quanto o de dias de ventilação mecânica (14,5[3-53] vs.7[1-15] dias; p=0,049) foram maiores no grupo controle que no grupo estudo. A fórmula enteral com glutamina e probióticos diminui a morbidade, reduz o uso de ventilação mecânica e diminui o tempo de hospitalização na UTI, em pacientes vítimas de TCE. BORBA, A. M. Plantas Medicinais e suas Relações com a Saúde Bucal em Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Miramy Macedo Em Mato Grosso, populações tradicionais recorrem ao uso de espécies vegetais como alternativa terapêutica. Na cidade de Chapada dos Guimarães, o bairro Santa Cruz se destaca por abrigar famílias nascidas em áreas urbanas ou rurais que conservam conhecimentos transmitidos por gerações. Esta pesquisa teve como objetivo o levantamento das plantas medicinais utilizadas pela comunidade deste bairro, suas indicações terapêuticas, bem como preparos e modos de uso visando a manutenção e recuperação da saúde bucal. Foram entrevistados 40 informantes residentes no bairro, através de abordagem qualitativa, usando entrevista semi-estruturada. As espécies catalogadas foram depositadas para identificação no UFMT/ Herbário Central. Foram catalogadas, 87 espécies, pertencentes a 48 famílias, utilizadas na saúde bucal, encontradas no bioma Cerrado ou cultivadas em quintais e jardins. Conforme os usos, as espécies mais citadas foram, para erupção dentária: camomila (Matricaria chamomilla L.), capim-sapé (Imperata brasiliensis Trin.) e rosquinha (Helicteres sacarolha St. Hil.); candidíases, estomatites, gengivites e afta: açafrão (Crocus sativus L.) e mangava-brava (Lafoensia pacari St. Hil.); dor de dente: arnica-daserra (Brickelia brasiliensis (Spreng.) Robinson), batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.) e conta-de-lágrima-de-nossa-senhora (Coix lacrima-jobi L). A indicação terapêutica para afecções da mucosa foi a mais citada, sendo a folha a parte da planta mais usada e o chá, por decocção, modo de preparo mais comum. Pessoas idosas, líderes comunitários, parteiras e benzedeiras entre- 69 vistados apresentaram um maior conhecimento sobre o assunto. Constatou-se que a comunidade utiliza espécies vegetais, nativas do cerrado ou exóticas, com finalidade terapêutica para manutenção e recuperação da saúde bucal, sendo uma alternativa tradicional, econômica e atuante. BRANCO, P. Z. Restrições Proteicas Modulam o Mecanismo de Secreção de Insulina em Ratas Grávidas. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Márcia Queiroz Latorraca A desnutrição e a gravidez são condições associadas a alterações na morfologia e na função das ilhotas pancreáticas. O presente estudo teve o objetivo de conhecer o efeito da restrição protéica sobre as adaptações estruturais e funcionais do pâncreas endócrino durante a gravidez. Foram avaliados quatro grupos de ratas adultas da linhagem Wistar: 1) Grupo normal não grávida: ratas alimentadas com dieta normoprotéica durante todo o período experimental; 2) Grupo normal grávida: ratas alimentadas com dieta normoprotéica durante a gravidez; 3) Grupo hipoprotéico não grávida: ratas alimentadas com dieta hipoprotéica durante todo o período experimental; 4) Grupo hipoprotéico grávida: ratas alimentadas com dieta hipoprotéica durante a gravidez. Os procedimentos experimentais foram conduzidos aos 15 e 19 dias de gravidez. A restrição protéica durante a gravidez não alterou o peso corporal e do pâncreas, as concentrações séricas de proteínas totais e de albumina, o tamanho das ilhotas pancreáticas e o conteúdo de insulina nas mesmas. A secreção de insulina in vivo foi significativanente reduzida no grupo hipoprotéico grávida em relação ao grupo normal grávida, indicando a incapacidade do pâncreas de responder a uma carga de glicose. A secreção de insulina por ilhotas pancreáticas em resposta à glicose basal aumentou em ratas grávidas dos grupos hipoprotéicos e normal. Em concentração fisiológica de glicose ilhotas dos grupos hipoprotéico e normal, grávidas exibiram resposta secretória similar. Verificou-se em ratas grávidas, redução da secreção de insulina no grupo hipoprotéco e um aumento da liberação de insulina no grupo normal em resposta a con- centração suprafisiológica de glicose, confirmando os resultados da secreção in vivo. As respostas secretórias ao gliceraldeído e ao α-cetoisocaproato (KIC) na presença de concentração fisiológica de glicose foram maiores em ratas do grupo hipoprotéico em relação às do grupo normal grávidas. Não foram observadas alterações nas respostas à leucina nem ao cloreto de potássio (KCl), indicando a preservação do metabolismo do aminoácido e do funcionamento dos canais de Ca2+ -voltagem dependentes. Na presença de forbol 12-miristato 13-acetato (PMA), a secreção de insulina foi maior no grupo de ratas do grupo hipoprotéico em relação às do grupo normal grávidas. A secreção de insulina na presença de isobutilmetilxantina (IBMX) foi similar entre ratas do grupo normal e hipoprotéico grávidas, apenas em concentração fisiológica de glicose. Portanto, a restrição durante a gravidez modulou o metabolismo da glicose e a via da PLC/PKC, garantindo a secreção de insulina normal na presença de concentração de glicose. A via do AMPc/PKA pareceu preservada na presença e concentração fisiológica, mas não de concentração basal de glicose. CARBO, L. Avaliação do Comportamento de Pesticidas em Solos de Lavouras de Algodão na Região de Primavera do Leste, Mato Grosso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ermelinda Maria De-Lamônica-Freire Co-orientadora: Eliana Freire Gaspar Carvalho Dores Diante de constatações sobre o intenso uso de pesticidas na agricultura e informações sobre o potencial de contaminação do lençol freático, houve o interesse de realizar um estudo sobre a sorção de pesticidas em dois solos da região de Primavera do Leste, Mato Grosso, e o potencial da contaminação de águas. Este trabalho foi realizado numa fazenda da região, onde uma das principais lavouras é a cultura de algodão. Primeiramente foi realizado um levantamento através de informações obtidas com os agrônomos da região sobre os pesticidas que eram utilizados com maior freqüência nesse tipo de cultura. A partir destes Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 70 dados sobre a quantidade e freqüência de uso e sobre as propriedades físico-químicas dos pesticidas, selecionou-se para o estudo as seguintes substâncias: acetamiprid, carbendazim, diuron, thiametoxan, carbofuran, metomil, imidacloprid e azoxistrobin. Para entender o comportamento desses compostos na região de estudo, coletaram-se amostras representativas de solo com as quais foram realizados ensaios de sorção com os pesticidas selecionados. Os coeficientes de sorção (Koc) encontrados no solo para o diuron (3969), thiametoxan (3103), azoxistrobin (3189) e metomil (1185) foram bem superiores aos relatados na literatura. Isso pode ser devido às propriedades físicas e químicas de cada tipo de solo, principalmente aos teores de argila e carbono orgânico e as estruturas de cada composto. Em seguida, foram realizados ensaios de sorção com o acetamiprid, carbendazim, diuron e thiametoxan com amostras dos horizontes de dois perfis de solo diferentes: Latossolo e Gleissolo. Para os coeficientes de sorção (Kd e Kf) dos pesticidas nos horizontes do Latossolo e Gleissolo, o carbendazim apresentou correlação significativa somente com o teor de carbono orgânico e para o diuron, thiametoxan e acetamiprid não foi verificada correlação com as propriedades dos dois tipos de solos. No entanto, verificouse que estes três últimos pesticidas ficaram mais sorvidos nos horizontes mais profundos dos solos, principalmente no Gleissolo, pois à medida que o teor de carbono orgânico do solo diminui, a argila torna-se mais importante na sorção de compostos orgânicos. Entretanto, como os teores de argila apresentaram-se praticamente constantes nos horizontes dos dois solos, não foi verificada correlação significativa com os coeficientes de sorção. Foram coletadas amostras de água do lençol freático e água de escoamento superficial na área de estudo, no período de novembro de 2002 a março de 2003. Nenhum dos pesticidas estudados foi detectado em amostra de água de piezômetro, isso pode ser devido ao fato dessas substâncias apresentarem Koc relativamente elevados, ficando retidos nos horizontes dos solos, diminuindo o potencial de contaminação do lençol freático. Já nas amostras de água de escoamento superficial, foram detectados o acetamiprid no mês de fevereiro (2,14 µg/L), Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 diuron nos meses de janeiro e fevereiro (4,62 – 42,60 µg/L), azoxistrobin nos meses de fevereiro e março (1,71 – 86,06 µg/L), carbofuran e metomil no mês de fevereiro (12,15 – 17,70 µg/L e 20,75 – 45,94 µg/L, respectivamente). O aparecimento desses pesticidas na água de escoamento pode representar um potencial de contaminação de águas superficiais, pois os córregos e represas próximas a essas plantações acaba sendo o destino final desses contaminantes. CHARBEL, S. C. Avaliação do Programa de Saúde da Família pelos Usuários do Bairro Novo Paraíso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Maria Canesqui Este estudo faz uma avaliação da qualidade da atenção à saúde prestada pelo Programa de Saúde da Família (PSF), sob o ponto de vista dos usuários. O PSF pretende introduzir modificações na concepção, gestão e formas de prestação dos serviços de saúde nesse nível de atenção e substituir, gradativamente, o tradicional modelo de atenção que vigora no sistema de saúde brasileiro. O estudo ora proposto se embasou na obtenção das opiniões de parcela dos usuários atendidos pelo PSF em relação às dimensões: acesso e acessibilidade; atenção domiciliar; acessibilidade e dificuldades de atendimento; acesso a medicamentos, exames e procedimentos especializados; intersetorialidade e acesso aos serviços sociais; intervenções da equipe de saúde da família; orientações educativas, preventivas e tratamentos alternativos; relacionamento com os profissionais da equipe de saúde da família; mecanismos de participação social; o Programa de Saúde da Família e as expectativas dos usuários. O trabalho de campo foi realizado com usuários adscritos à equipe de saúde da família I, do Bairro Novo Paraíso, no município de Cuiabá, sendo utilizada a entrevista como principal técnica de coleta de dados, que foram analisados sob a perspectiva da análise temática. Os dados apontaram que a qualidade da atenção à saúde prestada pelo Programa de Saúde da Família nos aspectos acima citados, de modo geral, foi avaliada de forma positiva pelos usuários. Entretanto, foi apontada a necessidade de algumas mu- 71 danças visando melhorar o funcionamento do Programa e elevar a qualidade da assistência ofertada pelo mesmo. CUNHA, M. L. F. Determinação de Resíduos de Pesticidas em Sedimentos dos Principais Rios do Pantanal Mato-Grossense por CG/EM. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ermelinda Maria De-Lamônica-Freire Co-Orientadora: Eliana Freire Gaspar Carvalho Dores O Pantanal, localizado no Centro-Oeste brasileiro, é um dos maiores áreas alagadas do mundo com extensão de aproximadamente 140.000 km2. Ele tem grande significância ecológica, devido a sua rica biodiversidade, bem como, importância econômica em relação ao turismo e pesca. No entanto, a agricultura intensiva, pastagem cultivadas, agroindústria, mineração e centros urbanos são os principais fatores potenciais que podem estar causando alterações ambientais no Pantanal. O uso de agroquímicos nos planaltos no entorno do Pantanal, especialmente pesticidas em intensivas culturas como soja e algodão é uma grande preocupação. O objetivo deste trabalho foi avaliar o nível de contaminação por pesticidas no sedimento de rio, coletados nos principais rios às bordas do Pantanal. A amostragem foi feita em duas épocas, novembro de 2001 e fevereiro de 2002, que corresponde ao início das chuvas e final das chuvas respectivamente. O número de amostras coletadas nos dois períodos foi igual a 46. Foi usado um método de multi-resíduos validado para 9 herbicidas e 23 inseticidas. No laboratório, cada amostra de sedimento foi seca à temperatura ambiente, peneirada e homogeneizada. A análise consistiu na extração com solventes e agitação mecânica, seguida pela concentração em evaporador rotatório, mais adiante extração líquido-líquido, concentração e re-dissolução do extrato com tolueno, com adição de padrão interno. Os extratos foram analisados em cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro de massa (CG/EM). A eficiência do método empregado neste trabalho foi avaliada pelo teste de recuperação, a mesma se mostrou eficiente para os seguintes pesticidas, endrin, endosulfan sulfato, sima- zina, clorpirifós, ditalinfós, p,p DDT e ?cialotrina (recuperação entre 60 e 120%). Foram detectados nas amostras analisadas, alaclor, ametrina, clordano, clorpirifós, p,p’ DDE, p,p’ DDT, diazinon, dimetoato, ditalinfós, endosulfan sulfato, â-endosulfan, metolaclor, metóxicloro, permetrina, simazina, terbutilazina, trifluralina. Em 83% das amostras pelo menos um pesticida foi detectado. As moléculas mais freqüentemente detectados foram p,p’ DDT (56%) e seu metabólito p,p’ DDE (36%), alaclor (27%) e â-endosulfan (16%). Estes resultados serão utilizados para orientar planos futuros de monitoramentos. CUNHA, T. G. Plantas Utilizadas na Medicina da Comunidade Garimpeira de Cachoeira Rica (Peba); Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Miramy Macedo A presente pesquisa foi realizada na comunidade garimpeira de Cachoeira Rica, localizada a 29km da Cidade de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. Este trabalho visou caracterizar e relacionar a utilização das plantas na medicina popular comunitária e a interação dos moradores com o seu ambiente. Os dados foram obtidos por meio de 28 entrevistas semi-estruturadas elaboradas após o primeiro contato com a comunidade, onde foram abordadas as variáveis como o perfil sócio econômico dos entrevistados e os aspectos relacionados às plantas medicinais empregadas no tratamento dos problemas de saúde local. Como instrumentos para obtenção destas informações utilizou-se também a observação participativa, anotações em caderno de campo, registro fotográfico e a coleta do material botânico. Foram catalogadas 129 plantas com propriedades terapêuticas, sendo 126 identificadas a nível de famílias e espécies, distribuídas em 53 famílias botânicas. Dentre as famílias mais citadas registrou-se a Asteraceae, Euphorbiaceae, Rutaceae, Caesalpiniaceae, Bignoniaceae e Rubiaceae. As principais formas de usos são: o chá com (46,70%), banho (19,79%), a garrafada (7,61%), ingestão do fruto in natura (3,55%), queimada, sumo e melado Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 72 (2,54%), polvilho na água (2,03%), emplastro, seiva na água e mucilagem (1,52%). As partes da planta mais utilizadas no preparo dos remédios caseiros são: folhas (34,29%), cascas (14,29%), a raiz (10,86%), o fruto (9,71%), toda a planta (5,71%), parte aérea, seiva, flores, sementes e broto (3,43%), tubérculo (2,86), rizoma (1,71%), entrecasca (1,14%) e as demais referências das partes utilizadas como óleo e bulbilho com 0,57%. Registraram-se entre os moradores 52 tipos de agravos da saúde, sendo mais freqüentes as inflamações (5,05%), os problemas estomacais (7,25%), problemas do rim (6,15%), verminoses (5,05%), machucaduras (4,40%), as feridas (4,18%), gripe (3,96%), entre outras.Concluí-se que os entrevistados priorizam o tratamento de seus problemas de saúde com as plantas encontradas na região, combinando também outras alternativas de cura como a benzeção e que os recursos da biodiversidade local têm sido importante para atenuar seus problemas de saúde e contribuindo na permanência do gripo na região. DORNAS, P. B. Perfil Clínico e Laboratorial de Crianças Atendidas no Ambulatório de Infecções de Repetição do Hospital Universitário Júlio Müller. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marta Duarte de Barros O termo infecções de repetição é freqüentemente associado à recorrência de episódios agudos de comprometimento infeccioso. Aspectos nutricionais, sociais, hábitos de higiene e alterações anatômicas influenciam no aumento da freqüência das infecções. A maioria dos indivíduos consegue lidar bem com a ocorrência da infecção. Entretanto, alguns pacientes apresentam infecções mais severas, ou que persistem por um período de tempo mais longo ou que não respondem à terapêutica habitual. A freqüência aumentada de infecções ou a gravidade destas chama a atenção para a ocorrência de falhas do sistema imune. Uma vez detectadas as imunodeficiências precocemente, aumentam as chances de tratamento e torna-se melhor o prognóstico. Em vistas desta possibilida- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 de é de grande importância a investigação de crianças com infecções de repetição a fim de impedir a progressão dos quadros infecciosos, que muitas vezes é fatal. No presente trabalho realizou-se um estudo de série de casos, retrospectivo, utilizando os dados clínicos e laboratoriais existentes nos prontuários dos pacientes atendidos no ambulatório de infecções de repetição do Departamento de Pediatria do Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), com o objetivo de traçar o perfil clínico e laboratorial de crianças com infecções de repetição, e relacionar as que foram identificadas como portadoras de imunodeficiência primária. Para tanto, no período de maio/2000 a agosto/2001 foram estudadas 43 crianças de até 15 anos de idade que apresentavam um ou mais dos “Dez sinais de alerta para imunodeficiência primária” da Jeffrey Modell Foundation, através de um questionário aplicado ao prontuário, avaliando a história das doenças infecciosas, antecedentes familiares e fisiológicos e dados laboratoriais e radiológicos. Os resultados mostraram que não há predominância de sexo entre os pacientes com infecções de repetição; a idade de início das infecções variou de um a 60 meses; as infecções mais freqüentes são as de vias aéreas, em especial as pneumonias. Oitenta e seis por cento dos pacientes que apresentaram infecções de repetição necessitaram de internação hospitalar. Dentre os sinais de alerta para imunodeficiência, o mais freqüente foi a necessidade de uso de antibioticoterapia endovenosa para curar infecções. Dentre os pacientes com infecções de repetição, 18,6% apresentaram diagnóstico de imunodeficiência primária e dentre estes, a imunodeficiência de fagócitos foi a mais freqüente. Os dados ressaltam a importância da investigação das infecções de repetição, e do estabelecimento da etiologia, para que haja tratamento específico das patologias e no caso do diagnóstico de imunodeficiências primárias haja melhoria do prognóstico e da qualidade de vida. DOTTA, A. H. Plástica da Valva Mitral: Resultados Imediatos. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Ducheschi Fontes 73 Foi estudada a evolução imediata de 79 pacientes submetidos a plástica da valva mitral no período de Fevereiro de 1995 a Maio de 1998. Todos os pacientes foram operados pela mesma equipe cirúrgica. A idade variou entre 08 e 65 anos, com média de 28, 7 anos e desvio padrão de 13, 6 anos. Dos 79 pacientes, 53 (67.1%) eram do sexo feminino e 26 (32.8%) do sexo masculino. Em relação a etiologia da lesão na valva mitral, 74 (93.6%) pacientes tinham passado de doença reumática, 4 (5%) com lesão valvar por degeneração mixomatosa e 1 (1.3%) paciente com etiologia isquêmica. Quanto ao diagnóstico funcional 27 (34.2%) pacientes apresentaram dupla lesão mitral, 24 (30.3%) pacientes apresentavam insuficiência mitroaórtica, 24 (30.3%) pacientes apresentaram insuficiência mitral pura, e 4 (5.2%) pacientes, apresentaram insuficiência mitro-tricuspídea. As técnicas cirúrgicas utilizadas foram anuloplastia de Kay em 12 (15.2%) pacientes, técnica de Merendino em 13 (16.4%) pacientes. Em 54 (68.3%) pacientes houve necessidade de associação de mais de uma técnica, sendo a mais freqüente a anuloplastia de Kay em 51 (64.5%) pacientes. Outros procedimentos cirúrgicos associados foram realizados em 17 (21.5%) pacientes, em (10.1%) pacientes foi realizado substituição da valva aórtica, 4 ( 5.0%) plástica na valva aórtica, em 4 ( 5.0%) plástica na valva tricúspide e em 1 (1.3%) revascularização do miocárdio. A mortalidade hospitalar foi de 4 ( 5.0%) pacientes. Um necessitou ser operado no pós-operatório imediato. Houve um caso de endocardite e um caso de tromboembolia. Na avaliação do sopro cardíaco, comparando-se o pré e o pós-operatório imediato, encontramos diminuição significativa no sopro (p<0.005). Houve melhora importante na classe funcional no pós-operatório e 44 (55.77%) paciente encontravam-se no pós-operatório imediato em classe funcional I. A análise dos resultados obtidos permitiu concluir que os pacientes submetidos a plástica da valva mitral apresentaram resultados imediatos satisfatórios. ESPÍRITO SANTO, E. R. Rações Adversas ao Tratamento com 5-Fluoracil em Pacientes Portadores de Câncer Colorretal .Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Luzinete Alves Vanzeler Foi realizado um estuo prospectivo de corte transversal descritivo, em pacientes portadores de câncer colorretal, tratados no Instituto de Tumores de Cuiabá- MT, encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no período de julho a dezembro de 2001, com o objetivo de identificar e quantificar as reações adversas à quimioterapia por 5-Fluoracil (5-FU) 425mg/m2 e leocovorin (LV) 20 mg/m2 (RA-5FU) com o esquema Mayo (5 dias de tratamento com intervalos de 3 a 4 semanas num total de 6 ciclos). A proporção de pacientes com RA5FU evoluíram do seguinte modo, no sentido do 1º par o 4º dia de quimioterapia: ciclo 1 - 25,0%, 37,5%, 62,5% e 50,0%; ciclo 2 63,6% em todos os dias; ciclo 3 - 23,1%, 46,2%, 76,9% e 61,5%; ciclo 4 - 45,5%, 63,6%, 81,8% e 72,7%; ciclo 5 - 36,4%, 54,6%, 72,7% e 54,5%; ciclo 6 - 72,7% em todos os dias. Esses dados mostraram que a proporção de pacientes RA-5FU aumenta à medida que aumenta a quantidade do quimioterápico administrado na maioria dos ciclos, sugerindo agravamento das RA5FU por acúmulo da droga no organismo. Em relação aos sintomas das RA-5FU observou-se que as do trato gastrointestinal (TGI) estiveram em proporção superior (70%) em todos os ciclos de quimioterapia, sendo os mais freqüentes: náusea (28,3%), hiporexia (26,9%) e diarréia (19,2%). Fora do TGI destacaram-se a hiperpigmentação (12,8%) e a sonolência (4,6%). Outras reações estiveram presentes em menos de 3,0% dos pacientes. Observou-se que a náusea foi a mais freqüente RAF, apesar de 100,0% dos pacientes terem sido tratados com antieméticos durante a infusão do 5FU/LV, e posteriormente à quimioterapia em alguns casos. A freqüência de pacientes que apresentaram RA-5FU no intervalo dos ciclos variou de 62,5% no ciclo 1 a 90,0% no ciclo 6, sendo as RA-5FU mais freqüentes: diarréia (31,0%) hiporexia (22,0%), náusea (19,0%) e mucosite (17,0%), além de leucopenia (5,0%), dor abdominal (3,0%) e outras, com menos de 3,0%. Esses dados mostram que as RA-5FU se intensificam durante o período de intervalo entre os ciclos. Em relação ao estudo retrospectivo, o ciclo 5 foi o de maior proporção de pacientes com RA- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 74 5FU (38,9%) e os ciclos 4 e 6 foram os de menor freqüência (11,1% em cada), sendo que as reações mais freqüentes foram: diarréia (50,0%), náusea (18,4%), mucosite (15,8%), vômito (7,9%), hiporexia (5,3%) e dor abdominal (2,6%). Comparando o estudo prospectivo ao retrospectivo, verificou-se que o prospectivo apresentou maior número de RA-5FU em todos os ciclos estudados. Com esses dados conclui-se que: as reações adversas apresentadas pelos pacientes tratados com 5-FU e LV por meio do esquema Mayo relacionaramse principalmente ao TGI, sendo a náusea a mais freqüente no estudo prospectivo e a diarréia no retrospectivo; o estudo prospectivo pode detectar maior proporção de RAF, bem como reações mais graves e raras, sugerindo que esse tipo de estudo é melhor para verificar RA-5FU; os registro das reações adversas nos prontuários podem ser revistos ou modificados a fim de que sejam mais eficientes. FERNANDES, C. C. Estudo Químico e Farmacológico das Raízes de Zanthoxylum riedelianum Engl. (Rutaceae). Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Paulo Teixeira de Sousa Junior Em Mato Grosso, as espécies de Zanthoxylum são conhecidas na medicina popular como “mamica-de-porca” por apresentarem semelhanças morfológicas. São utilizadas contra doenças inflamatórias, reumatismo e mancha na pele. A análise química por via úmida das raízes de Zanthoxylum riedelianum (Engl.), evidenciou a presença de ácidos fixos fortes, agliconas, alcalóides, antranóis, bases quaternárias, cumarinas, esteróides, flavonóis, saponinas, triterpenóides. O fracionamento dos extratos brutos hexânico e metanólico (EBHex e EMeOH) foi efetuado por técnicas cromatográficas convencionais. As substâncias isoladas foram identificadas através de técnicas espectroscópicas (IV, EM, RMN, 13 C e 1H, incluindo técnicas bidimensionais, 1 H, 1H-COSY, 1H - 13CgHSQC). Do fracionamento do EBHex obteve-se o triterpeno Lupeol (72) e um alcalóide benzofenantridínico, 6-acetonildiidroqueleritrina (38). Do fracionamento do EMeOH, iso- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 lou-se dois alcalóides do grupo benzofenantridínicos, a saber: 7-metoxi-8-hidroxi-6-acetonil-2,3-metilenodioxi-N-metil-benzofenantridina (87) e 8-acetonildiidroavicina (39) sendo o primeiro inédito. Foram observadas as seguintes atividades farmacológicas: Toxicidade sobre Artemia salina LEACH: EBHex uma DL50 {µg/mL} > 1; Atividade Antimicrobiana contra Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis (dose = 5000 µg/mL): frações SE-BuOH-M, (halo de inibição = 12 e 13 mm respectivamente); e DCM-M (halo de inibição 12 e 13 respectivamente); Atividade supresora de radicais livres (radical 2,2-difenil-1 =picril-hidrazil – DPPH): EMeOH (10 µg/mL) = 50% descoloração; Inibição da enzima adenina-fosforribosil-transferase (APRT) de Leishmania tarentolae – EBHex, e as frações SEAcoet-H e SE-DCM-H (50 µG/mL) = 88.9 %, 88,2 %, 73.7 %, de inibição, respectivamente; substância (72) (50, 25 e 10 µg/mL) = 86,3%, 76,3% e 34,6% de inibição, respectivamente. FERREIRA, D. Modificações das Gonadotrofinas na Pausa de um Anticoncepcional Hormonal Oral com Baixa Dose de Estrogênio. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Sebastião Freitas de Medeiros A proposta deste estudo foi avaliar as variações do FSH e LH com usuárias de um anticoncepcional hormonal oral contendo 20 µg de etinilestradiol (EE) + 75 µg desogestrel (DSG). Incluíram-se no estudo 31 mulheres com idade entre 17 e 36 anos. FSH, LH, PRL e estradiol foram medidos por imunoquimioluminescência. Os níveis de FSH e LH foram verificados no último dia de ingestão do comprimido de uma cartela de 21 comprimidos e no 7o dia do intervalo entre as cartelas. Observou-se um grau de atenuação nos níveis séricos de FSH, LH e estradiol durante o uso do contraceptivo e uma recuperação dos níveis destas gonafotrofinas de 300% e do estradiol de 39% na pausa entre as cartelas. Os níveis de prolactina apresentaram um decréscimo de 23,5% durante a pausa entre as cartelas. Como a medida das gonadotrofinas no último dia da pausa entre as cartelas corresponde ao mesmo nível observado 75 na fase folicular precoce das pacientes não usuárias, poder-se-ia utilizá-la como referência para a suspensão do anticoncepcional hormonal nas pacientes climatéricas e dar início à TRH, sem o risco de uma gravidez nesta fase da vida. FERREIRA, S. M. B. Fatores Preditivos de Abandono do Tratamento da Tuberculose Pulmonar Bacilílera, Cuiabá/MTBrasil. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Clóvis Botelho Co-Orientador: Ageo Mário Cândido da Silva O abandono do tratamento da tuberculose relaciona-se diretamente com a persistência da fonte de infecção na população e ao aparecimento de cepas multirresistentes a fármacos antibuberculose, contribuindo sobremaneira para a manutenção da endemia. Com o intuito de melhorar o perfil epidemiológico, a OMS declarou, em 1993, emergência mundial para a tuberculose, destacando o tratamento supervisionado (DOT) como estratégia para reverter o impacto do problema vigente, diminuindo principalmente os riscos ascendentes de abandono. Esse trabalho tem o objetivo de analisar os fatores preditivos de abandono do tratamento da tuberculose pulmonar em pacientes bacilíferos. Ë um estudo de coorte histórica, realizado a partir da análise de 481 pacientes com tuberculose pulmonar bacilíferos, inscritos no Programa de Controle da Tuberculose (PCT) no Município de Cuiabá, no período de 1998 a 2000. As informações foram obtidas através de prontuários médicos e de registros existentes na unidade de tratamento com o preenchimento de formulário padronizado de cada caso. Considerou-se abandono do tratamento o doente que deixou de tomar os medicamentos antituberculosoe por mais de 30 dias consecutivos. Foram estudadas variáveis demográficas, clínicas, tratamento prévio, modalidade de tratamento, distrito sanitário de residência e ano de ocorrência do abandono. A análise bivariada dos tempos de abandono foi feita pelo método de Kleinbaum e col. e a análise multivariada pela técnica de regressão de Cox. Dos 481 pacientes estudados, 64,0% eram do sexo masculino e 36,0% do sexo feminino. Nesta distribuição, o abandono do tratamento de tuberculose foi de 27,4%, com maior prevalência entre homens (30,5%) que entre mulheres (22,0%). A média de duração do seguimento foi de 2,7 meses, com mediana e moda de 3,0 meses. A densidade de incidência global por pessoas-mês de follow-up foi de 5,1 casos de abandono. Na análise bivariada, os fatores associados ao abandono com significância estatística foram sexo (p=0,047), escolaridade (p=0,043), tratamento anterior (p=0,07), abandono prévio (p<0,001), modalidade de tratamento (TS vs NS) (p<0,001), distrito sanitário de residência (Leste/Oeste vs Norte/Sul) (p<0,001), ano de tratamento (1999/2000 vs 1998) (p<0,01). Ao final do estudo, os fatores preditivos que melhor indicaram o risco de abandonar o tratamento de tuberculose, na análise multivariada, foram: tratamento não supervisionado (p<0,001), ano de tratamento (1998) (p=0,012), sexo masculino (p=0,023) e abandono prévio (p=0,047). Os resultados indicam uma elevada incidência de abandono de tratamento no município, com diminuição a partir do ano de implantação do tratamento supervisionado. Por outro lado, o fator preditivo ligado ao abandono passado reflete a importância da vigilância contínua deste pacientes, para evitar a formação de pacientes crônicos e a possibilidade do surgimento de multidrogarresistência, levando ao insucesso do programa. FRANCO,V. A. Prevalência de Hipotireodismo e Características Clínicas Associadas à Hipofunsão Tireoideana entre Mulheres Climatéricas: Um Estudo de Base Hospitalar, Cuiabá – MT. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Sebastião Freitas de Medeiros O hipotireodismo é uma síndrome complexa, podendo ter manifestação insidiosa e quadro clínico composto por sinais e sintomas inespecíficos e confundir-se com outras enfermidades, às vezes dificultando ou retardando o diagnóstico por meses ou anos. Os métodos atuais para quantificar o hormônio estimulador da tireóide (TSH), a tiroxina (T4) e a tiroxina livre (T4l) permitiram o reconhecimento das formas subclí- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 76 nicas e clínica de hipotireodismo. O objetivo deste estudo, de corte transversal, foi avaliar a prevalência de hipotireodismo em 168 mulheres de 40 a 65 anos atendidas nos ambulatórios do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário Júlio Müller de Cuiabá-MT. A idade média das mulheres foi 48,9 anos, a maioria era de casadas (70,0%), não brancas (53,6%), não tabagistas (57,7%), abstêmicas de álcool (64,5%), com baixa escolaridade (94,0%) e migrantes de outros estados (51,8%). Em relação à classe social, encontrou-se que 78,6% pertenciam às classes “D” e “E”. O peso corporal médio foi de 68 Kg e a estatura média de 1,55 metros. A análise do índice de massa corpórea mostrou que 31,5% eram obesas e 36,3% apresentavam sobrepeso. A idade média da menarca foi de 13,3 anos e a média de gestações foi de 4,8. A ligadura de trompas (72,1%) e a histerectomia (23,0%) foram as cirurgias ginecológicas mais freqüentemente relatadas. Das doenças associadas, destacaram-se a hipertensão arterial (46,5%) e diabetes mellitus (20,2%). Dos sintomas referidos, diminuição da memória (65,5), nervosismo (64,9%), fogachos (57,1%) e redução da libido (62,3%) foram os mais freqüentes. A prevalência de hipotireodidismo foi de 17,9% (IC: 30 - 168). O hipotireoidismo foi associado à maior prevalência de depressão (p=0,005), diminuição da memória (p<0,001), sonolência (p=0,016) e sensação de frio (p<0,001) e à menor prevalência de fogachos (p=0,012) e nervosismo (p=0,002). Não mostrou correlação com sudorese (p=0,622), insônia (p=0,655), tontura (p=0,67), taquicardia (0,435) e artralgia (p=0,817). Por sua elevada prevalência e íntima relação com idade e sexo feminino, conclui-se ser importante o rastreamento do hipotireoidismo no climatério. GUIMARÃES, F; R. Inquérito SoroEpidemiológico sobre a Hepatite do Tipo E (VHE - Símile) em Suínos Abatidos nos Abatedouros-Frigoríficos do Município de Várzea Grande – MT. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Francisco José Dutra Souto Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Diferentes linhagens do vírus da hepatite E (VHE) têm sido isoladas de suínos em diferentes países do mundo. A organização genômica do VHE-suína tem se mostrado muito similar àquelas encontradas em seres humanos, o que tem trazido suspeitas quanto ao fato dessa espécie animal poder representar um reservatório desta doença. Esta pesquisa objetivou estimar a soroprevalência de anticorpos contra o VHE-suína em suínos de diversos municípios mato-grossenses, utilizando rebanhos abatidos nos abatedouros-frigoríficos do município de Várzea Grande, Mato Grosso, Brasil; buscou também, correlacionar a soroprevalência estimada, com o município de origem dos animais, o sexo e as características raciais fenotípicas dos mesmos. Neste sentido, foram coletadas amostras de sangue de 260 suínos, com idade mínima de 4,5 meses, de diversos municípios matogrossenses, as quais foram submetidas a pesquisa de anticorpos IgG antiVHE-suína, através do teste imunoenzimático ELISA. As amostras foram obtidas de 17 propridades rurais situadas em 13 municípios. A taxa geral de soropositividade foi de 74,2 %, sendo encontrados animais soropositivos (15 a 100%) em todas as propriedades e municípios. Taxas de soroprevalência igual ou superior a 90 % foram detectadas em 52,9 % (9/17) das propriedades rurais e 53,8 % (7/13) dos municípios amostrados. As variáveis sexo e raça (considerando a raça Large White e mestiços Large White - Duroc) não influenciaram as taxas de soroprevalência encontradas. Os resultados encontrados indicam que o VHE-suína está difundido nos rebanhos amostrados e possivelmente em todo o Estado de Mato Grosso. KEITZKE, R. C. Z. Plantas Usadas na Medicina Tradicional na Cidade de Sorriso, Mato Grosso, Brasil. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Germano Guarin Neto Mato Grosso é um Estado que apresenta uma reconhecida diversidade em plantas medicinais, que são usadas tradicionalmente por inúmeras pessoas nas comunidades e nas cidades. A presente pesquisa teve como objetivo o estudo voltado ao saber medicinal da 77 população na cidade de Sorriso-MT, como fonte e subsídio para estudos posteriores, voltados para a relação sociedade-natureza num contexto da saúde-doença-cura. Para a coleta dos dados etnobotânicos usou-se técnicas do método qualitativo através da amostra intencional que foi representada por 25 informantes, dos quais 68%, vio da região Sul do País. Foram realizadas entrevistas com questionário semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas. As coletas dos espécimes foram realizadas nos quintais e áreas de cerrado juntamente com os informantes. A identificação foi realizada por especialistas do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da UFMT. Das 284 plantas medicinais encontradas na cidade de Sorriso, 197 foram identificadas e estão distribuídas em 74 famílias botânicas. As famílias mais representativas foram ASTERACEAE (17 espécies), LAMIACEAE (16 espécies), CAESALPINIACEAE (10 espécies) e EUPHORBIACEAE (8 espécies). As partes mais utilizadas com finalidades medicinais foram as folhas com 40%, seguida da raiz com 13% e da planta inteira com 9%. As formas de uso mais indicadas foram a infusão com 44%, seguida do banho com 12% e do xarope com 8%. Quanto ao hábito das espécies identificadas, 45% herbáceos, 23% arbóreos, 17% arbustivos. O habitat mais freqüente foi o quintal 54%, seguido do cerrado 36%. Foram registrados 174 tipos de afecções segundo a concepção de doença dos informantes. As plantas medicinais mais citadas pelos informantes foram poejo (Mentha pulegium L.), erva de santa Maria (Chenopodium ambrosioides L.), hortelã (Mentha piperita L.), barbatimão (Stryphnodendron adstringens - Mart. Coville). Há uma relação muito próxima que se estabelece entre os informantes e as plantas medicinais. O conhecimento popular coexiste paralelamente com os da medicina oficial, porém está baseado nos seus próprios valores e na herança cultural e está legitimada pela população. LIMA, M. P. C. Avaliação dos Hábitos Alimentares e do Estilo de Vida em Pacientes com Diagnóstico de Câncer ColoRetal. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Helena Gaíva Gomes da Silva O presente estudo teve como objetivo avaliar os hábitos alimentares e outras variáveis relacionadas ao estilo de vida, em pacientes com diagnóstico de câncer coloretal, atendidos no ambulatório de oncologia do HUJM/UFMT/Cuiabá-MT. Consistiu de um estudo descritivo de série de casos, realizado através de entrevista, utilizando-se um questionário roteiro, com elementos de identificação e de hábitos de vida, e um levantamento da freqüência do consumo alimentar, seguido de um recordatório de 24 horas. Esse instrumento foi aplicado em pacientes com câncer colo-retal (n=39) e com outros diagnósticos (n=97), para efeito de comparabilidade, entre setembro de 2001 e fevereiro de 2003. Os pacientes foram avaliados por antropometria (peso, altura e IMC (Kg/m2), para diagnóstico nutricional habitual e atual. Os resultados obtidos no estudo foram processados pelo programa estatístico SPSS e para avaliação dos resultados, aplicou-se os testes t de Student e o Qui-quadrado. Observou-se uma proporção significativa da ocorrência de câncer nos pacientes residentes em zona rural (25,6% vs 11,3%; p=0,03). Verificou-se que mais de 50,0% dos pacientes com câncer colo-retal apresentaram sobrepeso e, 79,5% consumiam dieta de elevado risco-DER (pobre em fibras, rica em gorduras saturadas e grande consumo de carnes fritas). O consumo diário de frutas foi menor no grupo de pacientes com câncer, tanto no sexo masculino como no sexo feminino, comparado aos pacientes sem câncer (5% vs 21,5% e 20% vs 31%, respectivamente). Quanto ao estilo de vida, o tabagismo foi a única variável com associação positiva para o câncer colo-retal (69,7% vs 48,5%; p=0,02). Uma dieta tipicamente ocidental e o tabagismo foram as variáveis com possibilidade de serem associadas ao processo da carcinogênese no grupo de pacientes com câncer colo-retal. MARASCHIN, L. Avaliação do Grau de Contaminação por Pesticidas na Água dos Principais Rios Formadores do Pantanal Mato-Grossense. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ermelinda Maria De-Lamonica-Freire Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 78 O uso indiscriminado de pesticidas nas lavouras de soja, arroz, milho e algodão, situadas na Bacia do Alto Paraguai (BAP) é motivo de constante preocupação com o meio ambiente e em particular com o Pantanal. O presente estudo teve como objetivo avaliar o nível de contaminação por pesticidas na água dos principais rios que fluem para o Pantanal Mato-grossense, decorrente das atividades agrícolas provenientes do planalto que circunda a região da planície pantaneira. A área de planalto localizada na bacia do alto rio Paraguai apresenta uma intensa atividade agropecuária de grande importância econômica para os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, cuja agricultura mecanizada demanda grandes quantidades de insumos, entre eles os pesticidas. A primeira etapa do estudo consistiu na avaliação do método analítico empregado para análise de multi-resíduos, usando a técnica de extração em fase sólida, empregando como adsorvente sílica porosa ligada a radicais octadecil (C18), onde amostras fortificadas com os analitos foram extraídas em cartuchos précondicionados e posteriormente eluídos com acetato de etila e hexano, concentrados em evaporador rotatório e analisados pela técnica de cromatografiafasosa acoplada a um detector de massa. Numa segunda etapa, foram ralizadas duas campanhas de amostragem, uma em Novembro de 2001 e outra em Fevereiro de 2002, nos rios Jauru, Paraguai, Sepotuba, Cabaçal, Cuiabá, São Lourenço, Vermelho, Correntes, Itiquira, Coxim, Taquari, Negro, Apa, Aquidauana, Salobra e Miranda, em pontos localizados entre o planalto e a planície pantaneira dentro da área conhecida como borda do Pantanal. As amostras foram enviadas ao Laboratório de Análise de Resíduo de Pesticidas da Universidade Federal de Mato Grosso, e analisadas pelo método acima descrito. Das 36 substâncias submetidas ao teste de avaliação do método, 12 tiveram níveis de recuperação considerados bons. Das amostras analisadas nas duas campanhas (n=45), 12 apresentaram o p,p’DDT com concentração variando de (0,10 a 0,24 µg L-1), uma amostra apresentou ditalinfósna concentração de 0,06 µg L-1 e o metabólito sulfato de endosulfan foi encontrado em uma amostra na concentração de 0,08 µg L-1, traço s de dieldrin foram encontrados em 6 amostras. Os níveis de contaminação por pesticidas se aprsentaram abaiRev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 xo do limite máximo estabelecido pela legislação brasileira para os princípios ativos analisados. A presença dos organoclorados p,p’DDT e dieldrin em algumas amostras evidencia a persistência destes no ambiente, embora seu uso tenha sido proibido na agricultura em 1985. O número reduzido de pesticidas detectados na água indica que esta matriz não é a mais recomendável para estudos de contaminação ambiental, pois salvo alguns princípios ativos, muitos apresentam baixa solubilidade na água e a maioria é adsorvida nos sedimentos e não sendo detectados pelo método empregado devido à filtração das amostras no início do procedimento analítico. MARCON, S. R. I Levantamento sobre Uso de Drogas por Estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá-MT, 2002. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Domingos Tabajara de Oliveira Martins Co-Orientadora: Delma Perpétua Oliveira de Souza O presente estudo consiste em uma pesquisa de corte transversal, na qual são analisadas as proporções de variáveis relacionadas ao uso de drogas entre estudantes da UFMT – Campus Cuiabá, no ano de 2002, e a associação destas com variáveis demográficas e sociais. O levantamento foi feito mediante a aplicação de um questionário fechado de autopreenchimento elaborado pela Organização Mundial de saúde e adaptado no Brasil por Carlini-Cotrin et al. (1989) e Carlini-Cotrin & Barbosa (1993). Esse instrumento foi utilizado nos levantamentos nacionais realizados pelo CEBRID (1987;89;93;97) e no Município de Cuiabá por Souza (1996) e Almeida (1997). Foi aplicado a uma amostra de 829 universitários matriculados no ano de 2002, obtendo-se as características de uso de drogas na vida tanto no sexo masculino (40,0%) como no feminino (30,0%), com falta às aulas (61,7%), sendo a maioria do nível sócio-econômico “C” (37,5%) e cursando o período matutino (67,7%). Dessa amostra, 65,5% disseram nunca ter usado drogas para fins não médicos, verificando-se um intenso afunilamento quando a análise segue o uso na vida (34,4%) em direção ao uso pesado (2,7%), constatando-se que a maioria dos 79 estudantes fez uso experimental de drogas. Houve uso de drogas em todas as faixas etárias, e a idade média de uso inicial de drogas foi mais precoce para as substâncias aceitas socialmente, como álcool (15,7 ± 3,8 anos) e tabaco (15,9 ± 3,6), depois para as drogas ilícitas como maconha (18,4 ± 3,2 anos) e cocaína (19,1 ± 3,0 anos) e mais tardiamente para os medicamentos como anfetaminas ( 20,1 ± 4,1 anos) e ansiolíticos (21,2 ± 5,6 anos). Excetuando-se o álcool e o tabaco, os solventes foram as substâncias de maior uso na vida (18,8%), no ano (10,0%), e no mês (2,7%). Quanto ao uso freqüente, as anfetaminas foram as mais consumidas (0,6%) e no uso pesado as anfetaminas, solventes e ansiolíticos mantiveram-se proporcionalmente iguais. O álcool e o tabaco foram, de longe, as drogas mais usadas pelos estudantes, em qualquer categoria de ususários . Ambos os sexos fizeram uso de drogas com predominância de uso na vida para o sexo masculino das drogas ilícitas como maconha (22,0%), alucinógenos (6,8%) e cocaína (5,9%) e as drogas medicamentosas como as anfetaminas (12,3%) e os ansiolíticos (9,4%) para o sexo feminino. Em relação aos estratos, observou-se que o consumo de drogas existe em todos eles, porém com maior prevalência de uso na área de Ciências Exatas (46,0%). As drogas mais consumidas pelos estudantes nos quatro estratos foram os solventes (lança-perfume, loló, cola e benzidal), as anfetaminas (Dualid®, Desobesix®) e os ansiolíticos (Diazepan®, Lexotan® e Diempax®), excetuando-se o álcool e o tabaco. Os resultados desse levantamento apresentam, de um modo geral, pontos que se assemelham a outros estudos realizados com universitários brasileiros, porém, discretamente superiores à população de escolares e à população domiciliar. MELLO,F. R. Manifestações Clínicas da Migrânia Crônica em Pacientes Acompanhados em um Serviço Privado da Dor. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Hélio Borba Moratelli Foram estudados retrospectivamente 107 pacientes, sendo 98 do sexo feminino e 9 do sexo masculino, com idades entre 15 e 72 anos por ocasião da primeira consulta, aten- didos em um centro privado especializado em tratamento de dor, que preencheram os critérios diagnósticos para migrânea crônica e que apresentavam cefaléia pelo menos 6 dias por semana (24 dias por mês) há pelo menos seis meses. A média das idades de início da migrânea episódica entre as mulheres foi 16,6 anos e entre os homens foi de 24,7 anos com diferença estatisticamente significativa (p=0,009). As manifestações da dor diária mais observadas foram dor em peso ou pressão, holocraniana, de intensidade leve a moderada. Os sintomas mais freqüentes, acompanhando a dor diária, foram: náuseas (67%), fotofobia (63,2%) e fonofobia (60,4%). Crises intermitentes foram observadas em 99% dos pacientes da amostra, sendo desencadeadas mais freqüentemente pelo estresse ou fatores estressantes em 87,7% dos pacientes. As crises se manifestaram como iguais à dor diária, porém mais intensas e com sintomas associados mais exacerbados em 70,2% dos pacientes que referiram um componente pulsátil em sua dor diária (exclusivamente ou associado a peso ou pressão), diferentes daqueles que referiram dor diária exclusivamente em peso ou pressão (28,7%), com diferença estatisticamente significante entre estes grupos (p=0,005). Este tipo de manifestação das crises intermitentes, também foi mais observada entre os pacientes que relataram dor diária localizada (70,2%) em relação àqueles que relataram dor diária difusa ou holocraniana (28,7%) com diferença estatisticamente significante (p=0,002). O consumo excessivo de medicações sintomáticas foi observado em 70,1% dos pacientes da amostra e, entre estes, 85,3% referiram consumo mais de uma medicação. Concluímos que as manifestações clínicas da migrânea crônica são semelhantes àquelas da cefaléia do tipo tensional no tocante a dor diária e que as crises intermitentes, exacerbando a dor diária e com sintomas associados foi mais freqüente entre os pacientes que apresentavam dor diária com um componente pulsátil também naqueles com dor diária referida como mais localizada em relação aos que referem dor em peso ou pressão e difusa ou holocraniana. MOCCELINI, S. K. Estudo Químico e Farmacológico das Cascas da Raíz de Zanthoxylum rigidum Kunth ex Willd. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 80 Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Paulo Teixeira de Sousa Junior Co-orientador: Eliane Augusto Ndiaye A espécie Zanthoxylum rigidum Kunth ex Willd é muito comum na Amazônia e Pantanal Mato-Grossense. Na Amazônia é conhecida popularmente como hualaja e sua madeira é usada na construção de casas. Apesar de não se ter encontrado indicação na medicina popular, sabe-se que muitas espécies deste gênero e família são usadas medicinalmente como antiinflamatório, por exemplo. Com base nesse contexto, e na escassez de estudo químico e farmacológico de Z. rigidum, optou-se por seu estudo. As raízes de Z. rigidum foram coletadas nas margens da estrada Poconé-Porto Cercado (Km 8), Pantanal MatoGrossense. Inicialmente, as raízes foram submetidas à análise química por via úmida, pela qual evidenciou-se a presença de alcalóides, flavonóides, ácidos fixos, compostos fenólicos, catequinas, bases quaternárias, triterpenóides, esteróides, chalconas e auronas. Com o objetivo de isolar e identificar substâncias presentes e possivelmente ativas, das cascas das raízes de Z. rigidum, obteve-se os extratos hexânico (EBHexR) e metanólico (EBMeOHR) e procedeu-se o seu fracionamento por técnicas cromatográficas convencionais. Após o fracionamento do EBHexR, obteve-se o triterpeno lupeol (1), a mistura dos esteróides campesterol (2), estigmasterol (3), sitosterol (4), e o alcalóide N-metilatanina (5). Do EBMeOHR isolou-se novamente o lupeol (1) e a N-metilatanina (5) e também o alcalóide 6-acetonildiidroqueleritrina (8) e um alcalóide do tipo protoberberina, a flavanona hesperidina (7) e a sacarose (6), sendo que essas substâncias são descritas pela primeira vez em Zanthoxylum rigidum Kunth ex Willd. Foram preparados também os extratos hexânico (EBHexC) e metanólico (EBMeOHC) do cerne das raízes que, juntamente aos outros dois, foram submetidos à avaliações de suas atividades citotóxica (toxicidade sobre Artemia salina Leach), antioxidante (por descoloração do radical DPPH), antimicrobiana (por difusão em meio sólido) e antiinflamatória (através de edema de pata Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 induzido por carragenina). No ensaio antiinflamatório não houve redução do edema de pata pelos extratos testados. O ensaio antioxidante não apresentou resultados satisfatórios, no qual somente o EBMeOHR apresentou poder inibitório a 100,00 µg/mL que desapareceu em concentrações inferiores. No ensaio de citotoxicidade o EBHexC apresentou DE50 46,21 µg/mL e no EBHexR a DE50 foi inferior a 1,00 µg/mL. Os extratos metanólicos apresentaram-se inativos. No ensaio antimicrobiano, os extratos EBMeOHR e EBHexC apresentaram-se ativos contra Staphylococcus aureus (CIM=2500 µg/ mL e 1250 µg/mL, respectivamente) e contra Staphylococcus epidermidis (CIM=2500 µg/mL) para ambos extratos. MORAES, C. A. Avaliação da Gestão e Qualidade em Saúde com Base no Sistema de Acreditação — O Caso do Hospital Universitário Júlio Müller. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Hélio Borba Moratelli Co-orientador: Samuel Goihman A premissa deste trabalho foi avaliar e consubstanciar a gestão e qualidade em saúde no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), em Cuiabá, Mato Grosso, em conformidade com o Padrão nível 1 - Segurança, requerido pelo Manual das Organizações Prestadoras de Serviços Hospitalares (versão 2001). O desenho do estudo foi quaseexperimental do tipo antes e depois, fundamentado na epistemologia da dialética materialista e na teoria sistêmica. Propõe duas avaliações inicial e final, mediadas por uma intervenção, que consistiu em ministrar dois cursos Gestão do Crescimento Humano e Gestão pela Qualidade, e na implantação de Planos de Ação para corrigir possíveis nãoconformidades. Justifica-se o estudo considerando evidências que nos hospitais há uma variação da qualidade assistencial, carecendo de um padrão de qualidade entre os vários serviços oferecidos nas unidades hospitalares. Os resultados demonstraram uma complexa rede de relações sociais dinâmicas marcada por conflitos e contradições em uma arena de negação e de preservação, em um processo dialético em transformação. Das 32 seções avaliadas somente duas seções 81 tinham possibilidades de se enquadrarem ao nível 01, apontando assim 8% de possibilidade do HUJM ser acreditado. A pesquisa adverte para uma profunda reflexão rumo a mudanças nas dimensões: estrutura, processo e resultados sob a égide de uma gestão participativa e comprometida com o isomorfismo institucional. MORAIS, R. G. Plantas Medicinais e Representações sobre Saúde e Doença na Comunidade de Angical, Rosário Oeste/ MT. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Germano Guarim Neto A utilização de plantas medicinais pelo ser humano é uma necessidade decorrente das afecções que lhe afligem. Estas se estabelecem como uma conseqüência de suas atividades cotidianas e de suas relações com o meio (natural e social) que lhe cerca. Assim, o presente trabalho tem como objetivo relacionar as plantas medicinais utilizadas na comunidade de Angical (Município de Rosário Oeste, Mato Grosso) e perceber como são codificados pelos informantes os elementos que permeiam a relação saúde – doenca - plantas medicinais. Para isso, foram utilizados os métodos de entrevistas estruturadas, semi-estruturadas e abertas, além de conversas informais. Além das entrevistas, foi realizada a observação participante e, quando possível, caminhadas com o informante na vegetação circundante à comunidade para complementar as entrevistas sobre espécies e as coletas botânicas. Os informantes eram principalmente mulheres ( 75%) sendo que a faixa etária variou de 19 a 85 anos. Foram citadas 225 etnoespécies, contidas em 176 g6eneros e 72 famílias botânicas. A família com maior número de espécies foi Laminaceae (16 espécies). Os gêneros com maior número de espécies foram Jatropha, Piper e Solanum com quatro espécies cada um. A maioria das plantas citadas foi arbórea (30,4%) e as partes vegetais que tiveram maior número de espécies indicadas foram folha (37,0%); raiz, rizoma ou bulbo (24,0%) casca ou cerne (14,0%); fruto ou semente (12,0%); seiva, resina, sumo ou látex (5,0%); sendo que as demais partes somam 8,0%. A camomila (Chrysanthemum cinerariefolium (Trev.) Vis) teve o maior número de correlação sendo indicada por nove informantes para febre. A febre foi a afecção que obteve um maior número de citações (20 informantes), as afecções que tiveram o maior número de plantas medicinais indicadas foram dor de cabeça (31 plantas), seguida por problemas no estômago (30 plantas), gripe (29 plantas) e tosse (29 plantas). A maioria das espécies indicadas como planta medicinal é nativa (75,0%), sendo encontrada principalmente como espontânea (62,5%). Os informantes têm uma maneira muito particular de compreender como as plantas medicinais atuam no organismo humano e isto explica uma série de fatos relacionados à aplicação das plantas medicinais. A concepção de saúde e de doença na comunidade parte da integração entre o que é material e o que é espiritual. Assim, a saúde se manifesta como “o normal da vida”, ou seja o normal do corpo (para as atitudes diárias) ou do espírito (“saúde é quem tem muita fé em Deus”) e a doença como um indisposição para o trabalho (ou outras atividades cotidianas) ou como um “desagravo a Deus”. A comunidade procura compreender, com sua visão particular do mundo, o social e o individual em suas inter-relações e influências sobre o processo de saúde e doença. A procura de sentidos sobre as relações entre saúde/doença/plantas medicinais é uma busca de explicações sobre a vida e as manifestações cotidianas da existência, atribuindo valor a representações que auxiliam na atuação sobre o ambiente e na gestão dos recursos naturais. NADAF, M. I. V. Perfil Epidemiológico de Adolescentes Vítimas de Acidentes de Trânsito Atendidas no Pronto Socorro Municipal de Cuiabá-MT. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Olga Akiko Takano No presente estudo procurou-se avaliar a tendência da mortalidade por acidentes de transporte em adolescentes residentes no município de Cuiabá-MT, para o período de 1980 a 2000 e ao perfil de adolescentes acidentados no trânsito atendidos no Pronto Socorro Municipal de Cuiabá-MT, no período de fevereiro a maio de 2001. Na Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 82 casuística e método foram utilizados os dados disponíveis no DATASUS/IBGE, para o cálculo dos coeficientes de mortalidade sendo a tendência avaliada por regressão polinomial. Para o estudo de perfil, foram levantados um total de 152 acidentados dos quais 139 foram submetidos a entrevista domiciliar no período de 7 a 15 dias após ocorrido o acidente, havendo uma perda de 8,6% sendo os resultados descritos segundo frequência e percentagens. A seguir, dicotomizou-se a população do estudo segundo a qualidade do acidentado em protagonistas (=condutores de veículos) e não-protagonistas, e submeteu-se os dados à análise bivariada, multivariada e regressão logística. O coeficiente de mortalidade por acidentes de trânsito em adolescentes residentes no município de Cuiabá-MT apresentou tendência decrescente para o total e sexo masculino na década de 80 e crescente para sexo feminino e total na década de 90, com tendência estável para o sexo masculino neste período. O perfil de adolescentes acidentados no trânsito, evidenciou na análise descritiva a prevalência do sexo masculino, idade entre 15 a 19 anos, acidentes ocorrendo no período diurno, finais de semana, a não realização do boletim de ocorrência e estar na qualidade de ciclistas dentre outros. As variáveis de significância estatística na análise bivariada associadas a categorização de protagonistas e não-protagonistas nos acidentes foram: ser do sexo masculino, acidentes no período vespertino, a não realização do boletim de ocorrência, estado de alerta normal, estar no trânsito por lazer. Na análise multivariada e o odds ratio bruto e ajustado às variáveis sexo e não estar acompanhado, mostraram-se associadas com a ocorrência de acidentes de trânsito em adolescentes categorizados como protagonistas. Os resultados deste estudo indicam a necessidade de medidas preventivas para acidentes de trânsito na população de adolescentes priorizando a qualidade de ciclistas, motociclistas e pedestres, implementando-se o uso de equipamentos de segurança passiva e mudanças ambientais nos bairros. NEIS, E. C. Mercúrio em Peixes à Jusante de Represas de Usinas Hidrelétricas: Caso Manso – Cuiabá – MT. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Institu- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 to de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Edinaldo de Castro e Silva O represamento de águas de rios para construção de hidrelétricas provoca alterações do meio aquático, podendo aumentar a concentração de Mercúrio na ictiofauna tanto a jusante como a montante da barragem. Nas águas alteradas por represamento, devido à mudança das características físico-químicas do meio e ao aumento de matéria orgânica o mercúrio pode ser transformado em sua forma química mais tóxica, o Metilmercúrio e através da cadeia alimentar bioacumular e biomagnificar, notadamente nos peixes carnívoros. O presente trabalho teve como objetivo principal avaliar os impactos decorrentes da construção da barragem do APM Manso (Aproveitamento múltiplo de Manso), MT, através da determinação da concentração de mercúrio em peixes e alterações nas características fisco -químicas do meio ambiente. Amostras de peixes, sedimentos e água foram coletadas no trecho compreendido entre as coordenadas l4º51’07" a 14º42’53" S e 55º53’31" a 56º12’40" W, da barragem até a confluência com o Rio Cuiabazinho. As coletas de amostras iniciaramse em dezembro de 2000 e terminaram em setembro de 2001. Os peixes amostrados são de espécies carnívoras predominantemente piscívoros (Pseudoplatystoma corruscans, Pseudoplatystoma fasciatum, Salminus maxillosus e Hemissorubim platyrhynchus) e onívoros (Prochilodus lineatus). A determinação do mercúrio total foi feita por espectrofotometria de absorção atômica e o acessório de vapor frio. Os resultados das médias das concentrações de mercúrio nos peixes piscívoros foram 527,6 ng. g-1 (n=45) e de 99,1 ng.g-1 (n= 26) para os onívoros. Em 3,0% dos espécimes, o nível de mercúrio ultrapassou o limite máximo permitido para consumo humano que corresponde a 1000 ng.g-1. As espécies analisadas apresentaram médias em ng.g-1 iguais a; 440,3 (pintado), 817,17 (dourado), 498,6 (cachara), 518,0 (jurupoca) e de 99,1 (curimbatá). Para as espécies piscívoras analisadas constatou-se a existência de diferenças estatísticas significantes (α=0,05) entre as concentrações de Hg ante e depois do represamento. Enquanto que para mercúrio e matéria orgânica no sedimento não foram constatadas diferenças 83 significativas, antes e depois da formação do lago. Isto sugere a exportação do mercúrio do reservatório para jusante. Os resultados obtidos nesse trabalho sugerem que houve modificações de alguns parâmetros e que houve aumento nas concentrações de mercúrio em peixes piscívoros, assim é conveniente que se realize um monitoramento à jusante e no próprio reservatório do APM Manso até que estes níveis de mercúrio em peixes retornem a normalidade. NEVES, M. A. B. Integração Ensino Serviços de Saúde: O Caso do Internato Rural Médico da Universidade Federal de Mato Grosso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Angélica dos S. Spinelli Este estudo é uma pesquisa avaliativa que reconstitui e analisa os objetivos do programa de integração ensino – serviços de saúde instituído entre a Universidade Federal de Mato Grosso, Secretária de Estado de Saúde e o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Teles Pires/ MT no ano de 2000. É um estudo de caso que utilizou abordagem qualitativa e quantitativa. A coleta de dados se deu em fontes secundárias e por meio de entrevistas semi-estruturadas com os gestores e agentes implementadores das instituições. Os resultados demonstram, entre outros aspectos, que: a) não foram definidos objetivos prévios e comuns entre as instituições para o programa; b) foram elevados os percentuais de objetivos não alcançados; c) as atividades desenvolvidas comprometeram o alcance dos objetivos; d) foi elevado o percentual de não coincidência dos objetivos entre atores de uma mesma instituição; e) 75,0% dos objetivos reconstituídos eram objetivos de organização de serviços e acadêmicos; f) o programa ora apresentou características de IDA, ora de UNI. O estudo conclui que o programa não possibilitou a integração das instituições, pois as mesmas buscaram alcançar objetivos particulares. Propõe-se a definição formal, coletiva e consensual de objetivos, metas, atividades e indicadores para avaliação sistemática do programa e de responsabilidades e atribuições para as instituições. Considera-se que a adoção dessas recomendações possibilitará o alcance dos objetivos do programa, ao tempo que contribuirá na formação dos profissionais médicos e para os serviços de saúde. OLIVEIRA, J. P. FILHO. Efeitos da Irrigação com Fibras sobre a Mucosa do Cólon e do Reto Desfuncionalizados. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. José Eduardo de Aguilar Nascimento Investigou-se, neste estudo, os efeitos da irrigação, com uma solução de fibras, sobre a mucosa colorretal de pacientes colostomizados. Foram estudados, prospectivamente, onze pacientes adultos jovens (idade mediana = 29,4 [16-49] anos), sendo 10 do sexo masculino e um do sexo feminino. Todos eram portadores de colostomia em alça (cólon direito, n=5 e cólon esquerdo, n=6) decorrentes de trauma, e tiveram avaliado macroscopicamente a mucosa da boca proximal e distal do estoma e do reto. Utilizou - se um índice endoscópico (0-10) para quantificar a intensidade da inflamação da mucosa. Biópsias foram realizadas a ±5 centímetros da borda proximal e distal do estoma e do reto. O valor médio de 5 criptas (µ), melhor orientadas, foi registrado. Irrigou-se o coto distal da colostomia, com uma solução de fibras a 5% (10g/dia) por 7 dias. Após nova avaliação endoscópica e biópsias, as colostomias foram fechadas. O escore inicial da mucosa do estoma proximal (0 [0-1]) era significantemente menor (p< 0,01) que a do estoma distal (2 [0-5]) e do reto (4 [2-10]). Após a infusão de fibras, o escore do estoma distal caiu significativamente (p=0,01) para 1 (0-2). O escore da mucosa retal também diminuiu após o tratamento (2 [0-4]); p<0,01). A melhora macroscópica do reto, após o tratamento, foi mais evidente nas colostomias situadas à esquerda (p=0,05). Verificou-se uma profundidade média das criptas do coto proximal de 292±38µ. A profundidade média das criptas do coto distal foi de 209±68µ (p<0,01 vs proximal) e, após uma semana de infusão de fibras, passou a ser de 276±76µ (p=0,02 vs. distal antes do tratamento). A profundidade média das criptas do reto, antes e após o tratamento, não foi, estatisticamente, diferen- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 84 te entre si e nem do coto proximal. A irrigação com fibras melhora a inflamação no cólon desfuncionalizado. Essa melhora é mais evidente no cólon do que no reto. A melhora macroscópica do reto é mais evidente nas colostomias situadas à esquerda. OLIVEIRA, S. S. Estudos Dos Efeitos do Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Barbatimão) na Reprodução e Desenvolvimento Intra-Uterino e PósNatal de Ratos da Linhagem Wistar. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Luzinete Alves Vanzeler A casca do caule do Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Barbatimão) tem sido muito usado na medicina alternativa, por seus efeitos anti-inflamatório, antiúlcera, cicatrizante e adstringente. Estudos farmacológicos tem confirmado alguns destes efeitos, porém seus efeitos sobre a reprodução e conseqüências sobre as proles são ainda insipientes. Com este trabalho objetivou-se estudar os efeitos do extrato metanólico da casca do caule do S. adstringens (Mart.) Coville (EMSa), no desempenho reprodutivo de ratos adultos machos e fêmeas e as conseqüências sobre o desenvolvimento de suas proles. Para isto, os animais foram tratados com EMSa 200, 400 e 800 mg/kg ou água destilada, sendo as fêmeas tratadas durante o ciclo estral e prenhez e os machos, por 60 dias prévios ao acasalamento, sendo avaliados efeitos sobre as gerações F0 e F1. O tratamento de machos adultos resultou em redução do peso corporal, da ingestão de alimentos, aumentou o peso do baço e fígado e reduziu o peso do testículo. Estes dados podem estar relacionados com o grau de intoxicação. O estudo das fêmeas durante o ciclo estral, mostrou que 100% das ratas ciclaram, porém o número de dias do ciclo estral foi reduzido pela dose de 800 mg/kg. Também observou-se redução no consumo de ração, porém o consumo hídrico, o peso corporal, concentração sanguínea de proteínas, glicose e uréia, bem como o peso úmido do coração, pulmão, rins, baço, útero e ovário e fígado não foram alterados. Estes dados mostram que o EMSa não é Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 tóxico a curto prazo para as ratas, porém, influenciou o número de dias do ciclo estral. Quanto à avaliação do tratamento durante a prenhez, o EMSa 800 mg/kg do 1º ao 6º dia, reduziu o peso do útero e ovário. No tratamento do 8º ao 16º , houve redução do número de fetos vivos com a dose de 800 mg/kg e peso do útero e ovário com as doses de 800 e 400 mg/kg. O tratamento do 16º ao 19º levou a redução no número de fetos vivos com a dose de 800 mg/kg, o peso corporal das fêmeas prenhes foi reduzido por todas as doses administradas de EMSa. A análise do desenvolvimento físico e neurocomportamental da prole mostrou redução na largura e comprimento e no comportamento de lamber para ambos os sexos, no peso corporal somente para fêmeas. Constatou-se retardo no aparecimento de pêlo de fêmeas e machos, atraso para erupção dos dentes incisivos e abertura de ouvidos para os machos. Estes dados mostram que o EMSa provoca alterações no desenvolvimento físico e neurocomportamental, sendo necessário cautela para emprego em gestantes. ORIONE, M. A. M. Prevalência de Anticorpos Contra o Vírus da Imunodeficiência Humana e Perfil Epidemiológico de Puérperas Atendidas no Sistema Único de Saúde de Cuiabá-MT. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Francisco José Dutra Souto Realizou-se um inquérito soro-epidemiológico com o objetivo de conhecer a prevalência do marcador do vírus da imunodeficiência humana (HIV), os fatores de risco associados à sua transmissão, e as características que compõe o perfil epidemiológico das puérperas internadas em três grandes Hospitais de Cuiabá conveniados com o Sistema Único de Saúde, no período de dezembro de 2001 a maio de 2002. Foram incluídas no estudo 1607 mulheres que concordaram em participar do trabalho. As mulheres foram entrevistadas e responderam a um questionário para obtenção de informações sóciodemográficas e informações sobre realização de procedimentos e comportamentos ou atitudes que poderiam associar-se à transmissão do HIV. Amostras de sangue foram obtidas para a pesquisa do anticorpo anti- 85 HIV, com realização do teste ELISA (Enzyme-linked immunosorbent assay); nas amostras com resultado positivo foi realizado um teste confirmatório pelo método de Imunofluorescência Indireta. A prevalência de infecção pelo HIV encontrada nesta população foi de 0,5% (IC95%= 0,2 a 1,0). A amostra estudada apresentou um grande número de mulheres jovens (73,4% abaixo de 25 anos e 90% abaixo de 30 anos). A maioria destas mulheres tinha apenas nível de ensino fundamental (58,4%), não trabalhava fora do domicílio (68,1%), e mantinha atualmente relacionamento estável com parceiro fixo (73%). Este estudo não evidenciou associação estatisticamente significante entre a presença de anticorpos anti-HIV e o nível sócio-econômico, nível de escolaridade, tipo de atividade profissional, uso de drogas ilícitas, presença de doenças sexualmente transmissíveis, história de realização de transfusões de sangue ou outro procedimento que envolve possibilidade de transmissão parenteral do vírus. Também não foi demonstrada associação com a presença de comportamento sexual de risco (relacionamentos com múltiplas parceiras ou bissexualidade) pelos parceiros das mulheres estudadas. Presume-se que atualmente a via de transmissão heterossexual seja a causa predominante da infecção nas mulheres em idade fértil. A ausência de associação entre variáveis classicamente relacionadas à infecção pelo HIV e o grupo de mulheres soropositivas demonstra que o reconhecimento atual da população infectada tornou-se mais difícil, uma vez que esta não apresenta mais um padrão previsível de comportamento de risco como no passado. PADILHA, A. P. A. Aspectos Clínicos, Radiológicos e Prevalência de Câncer de Mama nas Mulheres Submetidas à Mamografia em Serviço Público do Sistema Único de Saúde. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Sebastião Freitas de Medeiros O câncer de mama é uma doença neoplásica, resultante de alteração da divisão celular, que aparece como primeira causa de óbito entre as mulheres da região Centro Oeste do Brasil, com taxa de mortalidade de 7,2/ 100.000 (INCA/MS, 2002). A prevalência está em torno de 10% no mundo. A mamografia é o único exame que diagnostica tumores na fase pré-clínica, reduzindo a mortalidade. Logo, o rastreamento preventivo com a mamografia é importante para controle do câncer. O objetivo deste estudo é estimar a prevalência de câncer de mama, os fatores de risco presentes e os critérios de solicitações das mamografias. Trata-se de um estudo transversal, incluindo 665 mulheres com idade entre 20 e 83 anos, submetidas à mamografia na Unidade de Diagnóstico por Imagem do Instituto de Especialidades de Mato Grosso do Sistema Único de Saúde em Cuiabá – MT – Brasil, durante o período de maio a outubro de 2002. O serviço faz parte do Programa Nacional de Prevenção de Câncer de Mama, com qualidade segundo critérios da vigilância sanitária. A coleta de dados foi feita através de preenchimento de formulários, contendo informações de fichas e questionários previamente validados pelo INCA/MS. O perfil epidemiológico das mulheres é descrito. A idade média das mulheres foi de 47,4 anos. A faixa etária que predominou foi de 40 a 49 anos (56%). Predominou pacientes de Cuiabá, porém, houve 23,3% de mulheres de outras cidades. Cerca de 57% (N = 379) das mulheres com mais de 40 anos não possuíam mamografia prévia. A prevenção foi a principal indicação clínica encontrada, seguida de investigação de nódulo já identificado. Das mulheres com história familiar de câncer na mama, 55,2% realizavam o primeiro exame com idade acima de 40 anos. Na amostra, 76,5% das mulheres faziam sua primeira mamografia, 59,4% das mulheres eram assintomáticas, 13,1% tinham se submetido a procedimento cirúrgico prévio na mama e 16,5% eram fumantes. A prevalência de câncer encontrada na amostra foi de 7,1% (N=47), sendo 20 (3,0%) casos novos diagnosticados no período do estudo e 27 (4,1%) de pacientes portadoras de câncer em controle após tratamento. Esta prevalência é concordante com estudos internacionais. Analisando-se os fatores de risco para câncer, encontrou-se associação entre idade e câncer de mama (p=0,01), biópsia prévia e câncer de mama (p=0,05) e mulheres com mais de 4 gestações e câncer de mama (p=0,005). Não se identificou associação significante entre câncer de Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 86 mama e idade do primeiro filho e história familiar. PARIZOTTO, C. A. Contribuição ao Estudo Químico e Farmacológico do Cerne das Raízes de Acosmium dasycarpum (Vog.) Yakovlev. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Paulo Teixeira de Sousa Júnior. Co-Orientadora: Eliane Augusto Ndiaye. A família fabaceae (leguminoseae-papilonoideae) possui 400 gêneros, dentre eles o gênero Acosmium que possui 17 espécies e apresenta ampla distribuição nas regiões tropicais e subtropicais. A espécie Acosmium dasycarpum (Vog.) Yakovlev é restritamente encontrada nas regiões central e nordeste do Brasil. É popularmente conhecida como perobinha do campo, genciana, perobinha, chapada, pau-paratudo ou unha-d‘anta, sendo que o chá das cascas de suas raízes, na medicina popular, é usado contra epilepsia, sífilis, reumatismo e afecções cutâneas. Na literatura estão relatadas as atividades depressora do sistema nervoso central e de contração da musculatura lisa cardíaca e esquelética, a partir do extrato etanólico e frações alcaloídicas provenientes das cascas do caule de A. dasycarpum, além de atividade antimicrobiana, antiinflamatória e antioxidante, a partir do extrato bruto metanólico das cascas das raízes. Foram relatados também o isolamento das substâncias lupeol, 4-metoxi-6-(p-hidroxiesteril)-á-pirona, dasicarpumina, lupanina, panacosmina, acosmina, homo-6-epipodopetalina, acosminina e lupanacosmina, a partir do extrato bruto metanólico das cascas das raízes. Com o intuito de isolar e identificar substâncias com potencial atividade farmacológica do cerne das raízes de A. dasycarpum, foram preparados o extrato bruto hexânico (EBHexCR Ad) e posteriormente o metanólico (EMeOHCR Ad), e este fracionado por técnicas cromatográficas convencionais. Por meio da análise química por via úmida, constatou-se a presença de ácidos fixos fortes, alcalóides, esteróides, flavonóides, saponinas, taninos e xantonas. Durante o processo de desengorduramento do material botânico foi isolado o lupeol (20) e Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 do fracionamento do EMeOHCR Ad foram isoladas a 4-metoxi-6-(p-hidroxiesteril)-á-pirona (22), a 4’,7 dihidroxi-3’-metoxi-isoflavona) (33), além das substâncias S1, S3, S4, S5b, S6 e S7c, ainda em processo de determinação estrutural. Através de ensaios farmacológicos “in vitro”, foi determinado a atividade antioxidante do EMeOHCR Ad, através da inibição da formação de radicais livres pelo método do DPPH, obtendo resultado superior a 80% (para as doses de 100 e 50µg/mL) e para inibição da formação do ânion superóxido foi superior a 88% (para a dose de 20µg/mL). O EBHexCR Ad não demonstrou tais atividades. Por meio de ensaios farmacológicos “in vivo”, foram constatadas as atividades antiúlcera e analgésica para o EMeOHCR Ad (para as doses de 20 e 200mg/Kg). Os resultados observados, em principio confirmam a utilização popular para A. dasycarpum. PUERTAS, A. P. Etnofarmacologia e Triagem Antinociceptiva e Antiinflamatória e Tópica de Plantas Conhecidas Popularmente em Cuiabá e Várzea Grande (MT), como “Arnica”. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Domingos Tabajara de Oliveira Martins Em Mato Grosso, diversas espécies de plantas são conhecidas popularmente como “arnica”, sendo utilizadas principalmente em machucaduras, hematomas, luxações, entorces, pós-traumático e antiinflamatório tópico. O presente trabalho foi desenvolvido visando elencar as espécies usadas em Cuiabá e Várzea Grande com nome de “arnica” e realizar uma triagem antinociceptiva e antiinflamatória tópica das espécies conhecidas e usadas pela população com o nome popular “arnica”. Foram citadas 11 nomes de plantas no levantamento etnofarmacológico: Arnica da Serra, Arnica ou Picão Branco, Arniquinha ou Arnica Branca, Arnica-deBatata ou Arnica Roxa, Arnica Falsa ou Avuadeira, Arnica-do-Brejo, Arnica-de-Goiás, Arnica ou Atrativo Amarelo, Arnica-deFolha, Arnica-de-Folha Grossa, Arnicão. Destas, 8 foram coletadas e identificadas: Arnica ou Picão Branco: Porophyllum ruderale Cass. (Pr); Arniquinha ou Arnica Branca: Hemipogon acerosus Decne (Ha); Arnica Falsa: Conyza bonariensis (L.) 87 Cronq. (Cb); Arnica de Goiás: Lychnophora ericoides M. (Le); Arnica ou Atrativo Amarelo: Solidago chilensis Meyen. (Sc); Arnica da Serra: Brickelia pinifolia A. Gray (Bp); Arnica-de-Batata ou Arnica Roxa: Camarea ericoides St. Hil. (Ca) e Arnicado-Brejo: Macairea sp (Ma). A ação antinociceptiva dos extratos aquosos e metanólicos das espécies coletadas foi testada através do modelo de contorções abdominais induzidas por ácido acético 0,6% nas doses de 10 a 500mg/Kg, sendo que nenhum dos extratos apresentou atividade antinociceptiva. Fundamentada na informação popular do uso das “arnicas” em processos inflamatórios tópicos, foi realizado o teste para verificação da ação antiinflamatória tópica dos extratos no modelo de dermatite tópica induzida por óleo de croton. Os extratos aquosos (EA) e metanólicos (EM) das plantas foram administrados topicamente nas doses de 0,1 a 5 mg/orelha, 60 min antes da injeção do agente inflamatório (50 ìl de óleo de croton a 2,5%). As aplicações tópicas prévias (0,1 a 5 mg/orelha) de EACa (raízes); EMCa (raízes), EACb (partes aéreas), EABp (partes aéreas), EMHa (toda a planta), EMLe (partes aéreas), inibiram significantemente a produção da dermatite tópica induzida pelo óleo de croton, quando comparados com o grupo controle, porém menos intensamente que a dexametasona (0,5ìg/orelha). Estes resultados ratificam a utilização popular de Camarea ericoides St. Hil., C. bonariensis, B. pinifolia, H. acerosus e L. ericoides em processos inflamatórios tópicos. RELVAS,G. R. B. Efeito de Probióticos sobre a Incidência de Complicações PósOperatórias e na Resposta Imunológica em Operações do Trato Gastrintestinal. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Helena Gaíva Gomes da Silva Co-Orientadora: Prof.ª Dr.ªMárcia Queiroz Latorraca Apesar dos constantes avanços no manejo de pacientes cirúrgicos, as complicações pós-operatórias continuam sendo eventos comuns, e estão geralmente associadas à imunossupressão e a alterações que ocorrem no trato gastrintestinal (TGI). O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do uso de probióticos sobre a incidência de complicações pós-operatórias e na resposta imune em pacientes submetidos a operações no TGI. Foram avaliados 58 pacientes adultos, distribuídos em dois grupos: grupo probiótico (GP), n=19, que recebeu aproximadamente 2000 ml de leite fermentado contendo Lactobacillus acidophilus La1 durante o pré e pós-operatório, associado à dieta convencional e, grupo controle (GC), n=39, que recebeu somente dieta convencional. As variáveis de estudo foram: número de pacientes com complicações infecciosas, número de eventos infecciosos por paciente, número de pacientes com complicações graves, contagens de leucócitos totais, neutrófilos, monócitos e linfócitos totais e fator de estresse neutrófilo/ linfócito (NLSF). Os dois grupos foram comparáveis em relação a idade, sexo, diagnóstico clínico, estado nutricional e variáveis cirúrgicas. A incidência de infecção não diferiu entre os grupos (GP=37%; GC=44%; p=0,62), porém, o número de eventos infecciosos por paciente infectado foi maior no GC (1,0 [1-1] vs. 1,8 [1-4]; p=0,03). Não houve casos de sepse no GP, enquanto no GC ocorreram 4 casos, p=0,29. Quanto à ocorrência de fístulas, o percentual observado foi de 5% no GP e 25,5% no GC, p=0,08. A alteração nas contagens de leucócitos totais, neutrófilos e monócitos, entre os períodos pré e pós-operatório, foi semelhante nos dois grupos. Contudo, o número de linfócitos totais no GP reduziu apenas 3% após a cirurgia (1614 ± 584 cels/ mm3 vs. 1567 ± 839 cels/mm3; p=0,99), sendo que no GC essa redução foi de 34% (1595 ± 611 cels/mm3 vs. 1051 ± 441 cels/ mm3; p=0,0002). Os pacientes do GP não apresentaram alteração significativa no fator de estresse neutrófilo/linfócito (3,8 ± 2,7 vs. 6,0 ± 2,9; p=0,27) enquanto no GC o NLSF aumentou significativamente (3,6 ± 1,9 vs. 8,9 ± 5,6; p=0,0002). Esses resultados sugerem que o uso de probióticos em pacientes cirúrgicos pode reduzir a gravidade das infecções e favorecer uma melhor adaptabilidade da resposta imunológica ao estresse. ROSA, E. N. Variáveis Climáticas e a Mortalidade Cardiovascular em Idosos do Sistema Único de Saúde na Grande Cuiabá/Mato Grosso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saú- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 88 de Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Clovis Botelho Co-Orientador: Ageu Mario Candido Silva As variáveis meteorológicas encontram-se associadas com mortalidade, Doenças Cardiovasculares (DCV), principalmente com extremos de temperatura, umidade relativa do ar, precipitação das chuvas. O objetivo do trabalho foi avaliar a influência das variáveis climáticas na mortalidade por DCV na grande Cuiabá, determinar a taxa de mortalidade por DCV, a tendência da sua relação com a mortalidade por DCV. Foi realizado um estudo de série temporal no período de 1984 a 1998, analisando a variável óbito por DCV, com dados obtidos do DATASUS e classificados através do CID 09 e 10, para uma população maior ou igual a 65 anos, e as variáveis climáticas Temperatura Mensal e suas variáveis, Insolação, Média de umidade relativa do ar diária, Evaporação total, Precipitação pluvial total, Número de dias de chuva no mês, dados obtidos no INMET (Instituto Nacional de Metereologia). Foram analisados: tendência, sazonalidade, ajustamento da variável, com defasagem de um mês da variável resposta, submetidas a um alisamento. A análise da série histórica demonstrou tendência crescente a mortalidade por DCV. A correlação de Pearson mostrou que todas as variáveis climáticas estão correlacionadas entre si, com os maiores índices com temperaturas médias, Dias de Chuva do Mês, Precipitação Total. Análise de correlação destas variáveis originais e suas variáveis transformadas com óbito por DCV evidenciou no modelo final de correlação da mortalidade cardiovascular com Precipitação e Dias de Chuva no mês por serem representativas e estarem intimamente correlacionadas positivamente atuando como fatores de proteção. Evaporação total e Insolação estão associadas negativamente com óbito por DCV como fatores de risco, finalmente, a única variável que se manteve no modelo final quando consideraram todas as variáveis significativas da análise univariada foi Número de dias de chuva no mês que se evidenciou representativa de todas as demais. A análise da série Histórica mostrou Tendência crescente de mortalidade por Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 DCV, ausência de sazonalidade. A temperatura média através de sua variável logaritmo natural do mês corrente, Umidade Relativa do Ar representada por sua variável média de 03 meses, Dias de Chuva com sua variável média móvel de 03 meses, apresentamse como fator protetor e suas reduções evidenciam aumento de mortalidade por DCV. A isolação total através da variável quartis do mês corrente e média móvel de três meses de evaporação demonstram estar diretamente associados ao aumento de óbitos por DCV ROSSIGNOLI, P. A. Chumbo Inorgânico como Contaminante Ocupacional e Ambiental em Recuperadoras de Automotivos, Grande Cuiabá-MT, 2000. Tese (Doutorado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Edinaldo de Castro e Silva O xenobiótico chumbo teve sua ocorrência no ambiente incrementada muitas vezes a partir da revolução industrial, sendo caracterizada por sua não participação em processos metabólicos conhecidos. Objetivouse neste trabalho verificar a ocorrência deste metal em trabalhadores expostos do setor de recuperação de acumuladores elétricos e soldadores de radiadores automotivos em estabelecimentos dos municípios de Cuiabá e Várzea Grande, Mato Grosso, Brasil. Foram mapeados e visitados todos os estabelecimentos do setor, procedendo-se à determinação do chumbo inorgânico no solo (dois níveis) e poeira. Os trabalhadores foram separados em três grupos: expostos ao metal (EX; n=55), ocasionalmente expostos (OE; n=63) e grupo controle (GC; n=55), de acordo com o contato dos mesmos com o metal, sendo determinado o chumbo sanguíneo (PbS), chumbo do cabelo (Pb-C) e verificadas as condições de funcionamento dos estabelecimentos. As determinações do chumbo foram realizadas pelo método de espectrometria de absorção atômica. A legislação brasileira do trabalho estabelece que a plumbemia máxima de tolerância biológica seja de 40 µg/dL, mas esse nível tem sido contestado por muitas pesquisas na área de metais pesados. De acordo com dados recentes, o nível de 25 µg/dL pode causar importantes modificações metabólicas que de- 89 vem ser apropriadamente investigadas. Dos 55 trabalhadores expostos, apenas 19 (34,5%) apresentaram plumbemia abaixo de 25 µg/dL. Todos os estabelecimentos visitados apresentaram-se em desacordo com a legislação em vigor quanto às condições de segurança do trabalho com solo e poeira, extensivamente contaminados por chumbo inorgânico. Estes dados sugerem que uma parcela importante dos trabalhadores está contaminado com chumbo, demonstrando que estudos posteriores serão necessários para o estabelecimento de interações entre o clima e a intoxicação pelo metal. SANTOS, C. E. P. S. Estudo das Reações Adversas ao Amitraz em Cães sem Raça Definida e Avaliação das Bulas dos Produtos Contendo este Princípio Ativo. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Luzinete Alves Vanzeler O amitraz, acaricida amplamente utilizado na linha veterinária, foi utilizado topicamente na dose de 4ml/l, uma vez por semana, durante 4 semanas consecutivas em dez animais aparentemente saudáveis do ponto de vista clínico e laboratorial, e investigouse os efeitos durante este período. As reações adversas iniciaram por volta de 3h após aspersão, e por volta de 24h estavam ausentes, sendo portanto transitórias e compatíveis com agonistas alfa 2-adrenérgicos. Ocorreram principalmente nas duas primeiras semanas de tratamento, diminuíram em freqüência e intensidade nos tratamentos subseqüentes, e envolveram em alguns animais hipotermia, diminuição na freqüência do pulso e freqüência respiratória, com marcante depressão no sistema nervoso central e anorexia. Outros sinais menos freqüentes foram: vômito, diarréia, movimento de pêndulo, ptose palpebral, ataxia locomotora, paresia e agressividade. Um óbito ocorreu 30h após o primeiro tratamento. Registrou-se queda nos valores do hematócrito e hemoglobina após o último tratamento, sendo que o perfil hematológico e bioquímico demonstrou discretas alterações, exceto significativa hiperglicemia nas primeiras horas após a aspersão. Em uma amostragem referente às bulas disponíveis do produto, verificou-se abordagem insuficiente acerca do compos- to relativo à ação farmacológica, primeiros socorros e tratamento de emergência. Ações de farmacovigilância veterinária no sentido de racionalizar o uso são necessárias, visando evitar acidentes relativos aos animais ou pessoas que tenham contato com a droga. SANTOS, E. V. Plaquetopenia em Gestantes Normais e com Pré-Eclânpsia. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. José Meirelles Filho Co-Orientador: Prof. Dr. Sebastião Freitas de Medeiros Com o propósito de avaliar o plaquetograma em gestantes normais e com préeclâmpsia (PE), realizou-se um estudo retrospectivo transversal controlado. Foram revisados os prontuários das mulheres que pariram, no Hospital Universitário Júlio Müller – Cuiabá/MT, no período de 1º de janeiro de 2001 a 31 de julho de 2002. Foram elegíveis 94 mulheres divididas em dois grupos: 36 gestantes com PE e 58 gestantes normais como controle. Todas sem qualquer doença associada. Os índices plaquetários – contagem de plaquetas, volume médio de plaquetas, (MPV), largura de distribuição de plaquetas (PDW) e razão de células grandes de plaquetas (P-LCR) – foram determinados pelo mesmo analisador Sysmex-SF3000 (Rocheâ). Os plaquetogramas foram realizados a partir da vigésima oitava semana de gestação. A contagem de plaquetas não mostrou diferença entre os grupos, porém todos os demais índices plaquetários (MPV, PDW e P-LCR) estavam signifivativamente mais elevados nas pré-eclâmpticas. Detectaram-se correlações negativas entre a contagem das plaquetas e os demais índices plaquetários (MPV, PDW e P-LCR) e correlações positivas entre MPV e PDW; MPV e P-LCR; PDW e P-LCR. Observou-se ainda correlação positiva entre MPV, PDW e P-LCR e as pressões sistólicas e diastólicas máximas. Conclui-se que PE está associada com estes novos índices plaquetários, sugerindo alterações funcionais das plaquetas, além da possibilidade desses índices – originalmente opções diagnósticas para a trombocitopenia – poderem ser utilizados na Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 90 prática clínica como marcadores mais precoces de gravidade da PE. SANTOS, S. A. R. Doenças de Chagas: Aspectos Epidemiológicos de Indíviduos com Reação Sorológica Positiva e Candidatos à Doação de Sangue em Hemocentro Regional de Cuiabá – Mato Grosso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Luiz César Nazário Scala A Doença de Chagas constitui um problema de saúde pública. Pode ser transmitida por sangue e seus derivados. Este estudo tem como objetivo traçar os Aspectos Epidemiológicos e Eletrocardiográficos de indivíduos com sorologia positiva para a Doença de Chagas e candidatos a doação de sangue no HEMOCENTRO Regional de Cuiabá Mato Grosso-Brasil, no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2000. Através dos dados obtidos, se desenha o perfil dessa população, a maioria do sexo masculino (62,1%), de raça caucasóide (59,1%), com idade média de 43,13 ± 5,9 anos, todos migrantes de áreas endêmicas, da Região Sudeste (34,8%) e Sul (25,8%). Referiam já ter doado sangue anteriormente ao resultado cerca de 10,60%, e 18,20% tinham história de conhecer o Barbeiro (inseto transmissor) e/ou história de familiar (10,80%) com Doença de Chagas (no estudo, a progenitora), com baixo grau de escolaridade (1º grau completo: 51,5%) e renda familiar inferior a 5 salários mínimos (75,8%), oligossintomáticos, com baixa incidência de alterações eletrocardio-gráficas (9,09%). SCAFF, I. C. Adesão de Pacientes HIVPositivos aos Anti-Retrovirais: Inquérito Epidemiológico em Cuiabá-MT, 2001. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Joaquim Gonçalves Valente Co-Orientador: Ageu Mario Cândido da Silva Foi realizado um inquérito epidemiológico para avaliar a adesão a medicamentos anti- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 retroviaris por pacientes HIV-positivos atendidos no Ambulatório de DST/ADS do Instituto de Especialidades (SES-MT). A partir de um questionário semi-estruturado, aplicado em 246 usuários escolhidos aleatoriamente foram obtidos dados demográficos, sócio-econômicos, de suporte familiar e social, depressão, estadiamento da doença, esquemas antiretrovirais utilizados assim como a condição de aderente e não aderente. Desenvolveuse uma metodologia, através de análise bivariada, estratificada e multivariada para detecção dos fatores preditivos de não adesão. Encontrou-se uma não adesão aos antiretrovirais de 31,3%, 2,21 vezes maior entre os mais jovens, e uma diferença média de 111 quilômetros a mais entre o local de residência e a farmácia para não aderentes em relação a aderentes. Indivíduos não aderentes obtiveram menores valores no escore de suporte social e maiores valores no de depressão situacional. Também encontrou-se significância estatística ao se analisar as variáveis esperança de cura (RP=1,66), contagem de linfócito TDC4 (RP=1,84) e Carga Viral (RP=1,79) nos seis meses anteriores à entrevista, uso de bebida alcoólica (RP=1,50) e convivência com fumantes (RP=1,92). Esquecimento foi o motivo principal alegado pelos participantes para a não adesão (16,7%). Demostrou-se que em indivíduos com alto nível de suporte social a presença de depressão situacional propicia um efeito adicional na prevalência de não adesão, interação que não foi detectada para indivíduos com baixo suporte social. No modelo final, produzido pela Análise Multivariada dos dados e uso de Regressão Logística, as variáveis com os Odds Ratio ajustados, IC 95% e p-valor para o Odds Ratio estimados foram: 1. Depressão situacional (dicotomizada), variável mais importante com OR de 20,08; 2. Dificuldade de condução (OR=14,68); 3. Suporte Social (dicotomizada) com OR de 4,05; 3. Distância média entre o município de residência e o local onde apanha os medicamentos (OR=3,67); 5. Esquema terapêutico (OR=3,63); 6. Faixa etária (dicotomizada) com OR de 2,88; 7. Trabalho nos últimos 12 meses (OR=2,38). Encontrou-se um excesso de risco de 16,0% para não adesão ao tratamento para cada pessoa a mais vivendo no domicílio com a mesma renda, apesar de não ter sido uma situação estatística limítrofe. Os resultados obtidos sugerem a necessidade de implemen- 91 tação de uma política de descentralização tanto em termos do Município de Cuiabá como do Estado de Mato Grosso. SILVA, M. D. Fatores Associados à Demora para o Início do Tratamento da Tuberculose Pulmonar em Cuiabá-MT. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Clovis Botelho Co-orientador: Elisabeth Carmen Duarte A atual situação epidemiológica da tuberculose aponta para uma necessidade de avaliação e reestruturação dos programas de controle em todo o mundo. (Dentre os mais importantes entraves ao seu controle, destacamse: i.) o surgimento da AIDS; ii.) problemas relacionados ao tratamento e ao desenvolvimento de cepas multirresistentes do bacilo; iii.) grande contingente de infectados e iv.) perpetuação de fontes de infecção não identificadas. Problemas relacionados à demora para o início do tratamento específico, causando demora na eliminação destas fontes, têm sido identificados. Apesar de vários estudos, realizados em sua maioria em países africanos e asiáticos, já terem descrito os longos períodos que antecipam o início do tratamento a partir da instalação dos sintomas clínicos da tuberculose pulmonar, pouco se sabe da magnitude deste problema no Brasil, e nenhum estudo existe em Mato Grosso sobre esta questão. Desta forma, este estudo teve como objetivo caracterizar clínica e epidemiologicamente os pacientes adultos com tuberculose pulmonar de Cuiabá – MT, e descrever a demora média para o início do tratamento a partir da instalação do quadro clínico (DT), bem como identificar fatores associados à ela. Estudo de corte transversal foi realizado, incluindo todos os pacientes recém diagnosticados com tuberculose pulmonar, registrados nas unidades de saúde com Programa de Controle da Tuberculose (PCT) de Cuiabá no período de Junho de 1999 a Maio de 2000. Entrevista aos pacientes e revisão de um formulário do PCT permitiu a coleta das variáveis de interesse para o estudo, incluindo a demora entre o início dos sintomas (tosse) e a primeira consulta médica – demora atribuída principalmente ao paciente (DAP), e a demora entre a primeira consulta médica e o início do tra- tamento – demora atribuída principalmente ao médico (DAM). As variáveis DAP (>30 dias e d”30 dias) e DAM (>7 dias e d”7 dias) foram categorizadas e modelos hierarquizados de regressão logística multivariada foram usados para identificar fatores associados de maneira independente a elas. Foram identificados como elegíveis para o estudo 304 pacientes, sendo estudados 250 (82,2%). A incidência de tuberculose pulmonar estimada para Cuiabá no período estudado foi de 73,9 por 100 mil habitantes, e para 10 dos 116 bairros existentes esta incidência superou 150/100.000 habitantes. Pacientes do sexo masculino, de cor parda e negra, de idade entre 15 e 50 anos, com baixa escolaridade e baixa renda familiar per capita, foram os mais prevalentes dentre os estudados. Isoladamente, a condição clínica associada mais prevalente no grupo estudado foi ser portador de HIV/AIDS. Observou-se baixo nível de conhecimento sobre a transmissão da tuberculose, mesmo entre aqueles que possuíam antecedentes familiares e/ou pessoais da doença. O tempo médio da DT foi de 13,4 semanas, sendo que a DAP e a DAM médias observadas foram de 9,4 e 4,2 semanas, respectivamente. No modelo multivariado, maiores DAPs estiveram associadas aos pacientes com maiores idades (OR=1,02; p=0,010), cor não–branca (OR=1,98; p=0,052), que moravam em casas que não eram de alvenaria (OR=3,86; p=0,012), que referiram antecedente pessoal de tuberculose (OR=1,0; p=0,004) e que referiram uso de drogas ilícitas (OR=0,32; p=0,014), ainda que controlando outras variáveis relevantes. Maiores DAMs estiveram associados aos pacientes que referiram tempo de tosse de 4 semanas ou menos (OR=8,88; p<0,001), e pacientes atendidos por unidades de saúde que não dispunham do PCT, especialmente aqueles atendidos em unidades ambulatoriais públicas sem PCT quando comparados aos atendidos em unidades ambulatoriais públicas com PCT (OR=29,58; p=0,002) em modelos multivariados. Concluiu-se que longos períodos de demora para o início do tratamento da tuberculose pulmonar podem ser observados em Cuiabá, e recomenda-se que estes sejam abreviados especialmente com intervenções dirigidas aos grupos com as características identificadas associadas a estas demoras. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 92 SILVA, S. A. Estudo Preliminar da Concentração de Mercúrio Total em Sedimento de Tanques de Pscicultura do Município de Alta Floresta, Mato Grosso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. Edinaldo de Castro e Silva A região norte mato-grossense foi um centro de intensa atividade garimpeira do início da década de 80 a meados de 90, do século passado. O Município de Alta Floresta sofreu conseqüências desta atividade como o uso indiscriminado do mercúrio, com conseqüentes prejuízos ambientais, como cavas de garimpos e descarga de Mercúrio nestes ambientes, representando risco à saúde da população. O consumo de peixes cultivados em cavas oriundas da atividade garimpeira propicia uma possível contaminação de Mercúrio, haja vista que os peixes são a principal via de contaminação deste metal. Com este trabalho avaliou-se as concentrações de Mercúrio em sedimento e material particulado de tanques de pisciculturas que nunca tiveram indícios de atividade garimpeira, e em tanques de pisciculturas com descrição de atividade garimpeira, partindo-se do princípio que o sedimento disponibiliza o metal para a água, e que o solo também contribui para o incremento da concentração. Alta Floresta é um município da região Norte do Estado de Mato Grosso com uma produção de peixes elevada. Foram selecionados dois tanques de piscicultura sem histórico de garimpo e dois com registro de atividade garimpeira. As mais altas concentrações de Mercúrio foram encontradas em sedimentos dos tanques oriundos de garimpo, como esperado. Os tanques sem registro de garimpo apresentaram concentrações baixas. Contudo, as análises mostraram que as concentrações de Mercúrio em áreas com e sem histórico de garimpo não apresentaram diferenças significativas. O material particulado em suspensão dos tanques apresentou valores elevados para os níveis de Mercúrio total. Embora as diferenças não tenham sido significativas, os níveis de mercúrio nos tanques mostraram-se biodisponível no ambiente, requerendo monito- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 ramento nesses tanques que oferecem uma atividade economicamente rentável aos pequenos produtores de peixes da região. SOUSA, G. C. O Uso de Plantas Medicinais no Yle Axé Omo Odara Ode em Passagem da Conceição, Várzea Grande Mato Grosso: Um Estudo de Caso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Miramy Macedo Mesmo distantes de sua terra natal, os africanos que chegaram ao Brasil permaneceram fiéis a seus valores e crenças religiosas. A contribuição dada por esses diferentes grupos étnicos para o enriquecimento da cultura brasileira pode ser observada em vários aspectos como alimentação, danças e também através das plantas trazidas para o Brasil. Entre estas, estavam as que faziam parte do universo médico simbólico africano e que são utilizadas dentro dos rituais religiosos de várias maneiras. Com o objetivo de realizar um estudo etnobotânico que mostrasse este uso, escolheu-se o candomblé Yle Axé Omo Odara Ode, pertencente à nação Keto e localizado no distrito de Passagem da Conceição, município de Várzea Grande, Estado de Mato Grosso. Os dados obtidos foram levantados através de questionário semi-estruturado com perguntas abertas. Os resultados mostraram a utilização de 84 espécies vegetais distribuídas em 46 famílias botânicas. Dessas famílias, a que apresentou um maior número de espécies foi Asteraceae – 7 espécies. Estas espécies foram divididas em dois grupos. No grupo de utilização das receitas de medicamentos caseiros, a parte da planta mais indicada foi a folha com 53,25% e a forma de preparo mais usada foi o chá com 51,54%. Nos diversos usos no candomblé a folha teve 78,86% das indicações e o banho foi a forma de utilização que obteve mais expressividade com 76,62%. A importância das plantas medicinais nos rituais afrobrasileiros é grande e pode ser demonstrada através de um ditado em iorubá, língua usada nesses rituais, que diz: kosi ewe, kosi orisa significando: sem folha não há orixá, não há o axé. 93 SOUZA, S. F. Plantas Medicinais e a Escola como Elemento Mediador para o seu Conhecimento: Estudo de Caso na Comunidade de Tarumà, Município de Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Miramy Macedo sócio-ambiental da comunidade. Para a escola convergem orientações que são transmitidas nas fases de formação do ser humano. Esta pesquisa visa investigar as experiências dos alunos da Escola Profª Dila de Campos Maciel, localizada na comunidade de Tarumã, Município de Nossa Senhora do Livramento, na utilização de plantas medicinais como alternativa terapêutica para agravos da saúde. Para tanto, utilizou-se as técnicas de entrevista aberta e semi-estruturada buscando, a partir do cotidiano escolar identificar códigos e frases-chave que traduzissem as experiências dos alunos a partir da escola. Foram identificadas 33 famílias botânicas e 53 espécies indicadas para diversos agravos da saúde. As famílias com maior número de espécies indicadas foram: Lamiaceae com 07(13,20%); Asteraceae com 05 (9,43%), Liliaceae com 03 (5,60%) das espécies indicadas. As demais indicações não ultrapassaram o índice de 02 (duas) espécies por família. Entre as espécies indicadas destacam-se o Jenipapo - Genipa americana L, o Boldo – Coleus barbatus Benth, e o Jatobá - Hymenaea stignocarpa Mart.. Foram observadas indicações para agravos como catapora, caxumba, sarampo, dor-de-dente e verminose. Todavia há predominância de indicações para as afecções relacionadas ao aparelho respiratório. A utilização das plantas medicinais entre os alunos é uma atividade estimulada na escola como forma de valorizar as experiências dos alunos no cotidiano da comunidade. O uso das plantas medicinais vem estimulando a valorização da cultura local através das experiências de coleta, preparo e uso das plantas como alternativa terapêutica para agravos da saúde. Desta forma, a construção do conhecimento, entre os alunos nesta pratica, a partir da escola, estimula o desenvolvimento da percepção tátil, olfativa e visual em relação às espécies utilizadas e todo o contexto A descentralização da saúde, um dos pilares e princípios do SUS, efetivou-se com as Normas Operacionais, principalmente a NOB-93, a NOB-96 e mais recentemente a NOAS. Cuiabá, em Gestão Plena do Sistema desde 1998 e com mais autonomia para gerir seu sistema de saúde, ampliou consideravelmente, qualitativamente e quantitativamente, a oferta de serviços de saúde, o que se expressa tanto no número de atendimentos quanto nos gastos despendidos. Destaca-se neste período a tentativa de estruturação pelo município de um novo modelo de atenção à saúde bucal. Nesse sentido, objetivou-se analisar tal modelo bem como contextualizar os aspectos políticos que acompanharam o seu processo de implantação face à descentralização da saúde. Foi realizado levantamento documental junto à Coordenadoria de Odontologia do município, além de relatórios das Conferências Municipais de Saúde e atas do Conselho Municipal de Saúde, cuja análise foi confrontada com dados secundários de produção e gastos dos atendimentos de saúde bucal informados no SIA-SUS. Observou-se que a implantação do Modelo de Atenção à Saúde Bucal do Município de Cuiabá vem se dando em um processo não linear, com avanços e retrocessos, destacando-se dois períodos distintos: o inicial, de 1995 a 2000, no qual se observou aumento na produção de serviços odontológicos e de investimentos na área da saúde bucal; e o segundo momento que abarca o último biênio 2001-2002 em que, apesar da implantação de duas novas Clínicas Odontológicas Municipais, totalizando seis dessas unidades, houve concentração e redução da produção odontológica, bem como dos gastos a ela relacionados. O atual modelo pode não estar atendendo aos princípios de universalidade e integralidade do VOLPATO, L. E. R. A Descentralização e a Saúde Bucal no Município no SUS: O Caso do Município de CuiabáMT. Dissertação (Mestrado). Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, 2003. Orientador: Prof. Dr. João Henrique Gurtler Scatena Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 94 SUS. Além disso, o quadro observado nos últimos dois anos pode, em última instância, estar indicando uma perda de espaço político dos representantes desse setor, na arena de negociação e no jogo de forças e interesses que a conforma, a qual pode comprometer a implementação do modelo de atenção à saúde bucal no município. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 95 INFORMAÇÕES AOS COLABORADORES A Revista Saúde e Ambiente (RSA) tem por finalidade publicar artigos inéditos que contribuam para o conhecimento e subseqüente desenvolvimento da interdisciplinariedade Saúde e Ambiente, principalmente nas áreas de Farmacologia de Produtos Naturais, Farmacovigilância, Etnobotânica, Química de Produtos Naturais, Química Ambiental, Toxicologia Ambiental, Avaliação de Impactos em Saúde e Ambiente, Epidemiologia, Processo Saúde-Doença, Saúde e Sociedade, Políticas e Planejamento em Saúde, Diversidade Etnocultural e afins. Serão aceitos trabalhos para as seguintes seções: 1) Artigos Originais - resultados de pesquisa de natureza empírica, experimental ou conceitual (máximo de 25 páginas); 2) Revisão - destinada a englobar os conhecimentos disponíveis sobre determinado tema, mediante a análise e interpretação da bibliografia pertinente (máximo de 25 páginas); 3) Atualização - destinada a relatar informações publicadas sobre tema de interesse para determinada especialidade (máximo de 15 páginas); 4) Notas e Informações - destinada a relatar aspectos novos da Saúde e Ambiente, bem como nota prévia, relatando resultados parciais ou preliminares de trabalho de investigação (máximo de 10 páginas); 5) Resumo de Tese, Dissertação e Livro - resumo de tese, dissertação ou de livro de interesse da área de Saúde e Ambiente, defendido ou publicado no último ano (máximo de 3 páginas); 6) Cartas ao Editor - inclui comentários de leitores sobre trabalhos ou notas prévias, publicado na RSA, podendo expressar concordância, ou discordância, explicando as razões (máximo de 3 páginas); 7) Notícias - informes sobre eventos científicos (máximo de 3 páginas). Apresentação do manuscrito Serão aceitas contribuições em português, espanhol ou inglês. Os manuscritos devem ser datilografados em uma só face, com letras corpo 12, com espaço duplo, em forma de papel tamanho carta, paginada, mantendo margens laterais de 3cm e submetidos em três vias. Quando produzidos em equipamentos processador de texto, a impressão deve ser de “qualidade carta”, com acentos e símbolos legíveis. Todos os artigos deverão ser encaminhados juntamente com um disquete 31/2 e indicação quanto ao programa e versão utilizados (somente programas compatíveis com DOS ou Windows). Não serão aceitas notas de rodapé. Página de Rosto Deve conter: a) Título do Artigo, que deve ser conciso e completo, descrevendo o assunto com termos que possam ser adequadamente indexados pelos serviços de recuperação da informação. Palavras supérfluas devem ser omitidas. Deve ser apresentada a versão do título para o idioma inglês; b) Primeiro nome e último sobrenome de cada autor (nomes intermediários devem ser indicados pelas respectivas iniciais, respeitando-se aqueles já conhecidos na literatura em formato diverso ao exigido). O último sobrenome deve ser indicado em letras maiúsculas; c) Indicação da instituição em que cada autor está vinculado; d) Nome do departamento e da instituição no qual o trabalho foi realizado; e) Indicação do autor/endereço para troca de correspondência. Ilustrações Número de Tabelas e ou Figuras (gráficos, mapas, fotos, esquemas, etc.) deverá ser mantido ao mínimo (máximo de 5 tabelas e figuras). Os autores deverão arcar com os custos referentes ao material ilustrativo em excesso a este limite. As figuras poderão ser apresentadas em nanquim ou produzidas em impressão de alta qualidade. As mesmas deverão ser enviadas em folhas separadas. As fotografias (somente em preto e branco) deverão ser ampliadas em papel brilhante, no formato 18 x 24 cm. As legendas deverão vir em separado, obedecendo a mesma numeração das respectivas ilustrações. Os gráficos deverão estar acompanhados dos parâmetros quantitativos, em forma de tabela, utilizados em sua elaboração. As tabelas deverão ser confeccionadas no mesmo programa utilizado na elaboração do artigo. Resumo Os manuscritos para as seções Artigos Originais, Revisão, Atualização, Notas e Informações, devem ser apresentados contendo dois resumos no formato estruturado, um em português, no máximo 150 palavras e outro em inglês, recomendando-se nesse caso, que o resumo seja ampliado até 300 palavras. Quando escrito em idioma espanhol, deve ser acrescentado resumo nesta língua. Para sua redação devem ser observadas as recomendações da UNESCO. Devem conter informações referentes a: objetivo, material e método, resultados e conclusões mais importantes, enfatizando os aspectos novos e os que merecem destaque. Palavras-chave Devem acompanhar os resumos, no mínimo de 3 e máximo de 5 palavras-chave descritoras do conteúdo do trabalho, apresentadas na língua original e em inglês. Nomenclatura Devem ser observadas as regras de nomenclatura zoológica e botânica, assim como abreviaturas e convenções adotadas em disciplinas especializadas. Referências Deverão ser organizadas de acordo com os exemplos a seguir: no texto, citar o sobrenome do autor e ano de publicação, como em Fries (1980) ou Elward & Larson (1992). No caso de citações com mais de dois autores, somente o sobrenome do primeiro autor deverá aparecer, como em Ramos et al. (1993). As referências bibliográficas citadas de Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 96 verão ser listadas ao final do artigo, em ordem alfabética, de acordo com o último sobrenome do autor ou do primeiro autor. Os títulos dos periódicos devem ser referidos na forma abreviada, de acordo com o Index Medicus (“List of Journals Indexed in the Index Medicus” publicada no número de janeiro do Index Medicus). Comunicações pessoais, trabalhos inéditos ou em andamento poderão ser citados quando absolutamente necessários, mas não devem ser incluídos na lista de referências bibliográficas, apenas citados no texto. Devem constar o nome de todos os autores. Exemplos: Artigo FRIES, J. F. Aging, natural death and the compression of morbidity. N. Engl. J. Med., 303:130-5, 1980. ELWARD, K. & LARSON, E. B. Benefits of exercise for older adults: a review of existing evidence and current recommendations for the general population. Clin. Geriatr. Med., 8:35-50, 1992. RAMOS, L. R.; ROSA, T.E.C.; OLIVEIRA, Z.M.; MEDINA, M.C.G.; SANTOS, F.R. Perfil do idoso em área metropolitana na região sudeste do Brasil: resultados de inquérito domiciliar. Rev. Saúde Pública, 27:87-94, 1993. Livro e Tese CARPMAN, J. R. & GRANT, M. A. Design that cares: planning health facilities for patients and visitors. 2nd ed. Chicago, American Hospital Association, 1993. MACHADO, C.C. Projeções multirregionais da população: o caso brasileiro (1980-2020). Belo Horizonte, UFMG/CEDEPLAR, 1993. [Tese de Doutorado] - Universidade Federal de Minas Gerais. Capítulo de Livro BLOCKLEHURST, J. C. The geriatric service and the day hospital in the United Kingdom. In: BROCKLEHURST, J. C.; TALLIS, R. C.; FILLIT, H.M. Textbook of geriatric medicine and gerontology. 4th ed. Edinburgh, Churchill Livingstone, 1993. p. 1005-15. vestigação científica deve conter as seguintes informações: Introdução - apresenta e discute o problema à luz da bibliografia, sem pretender incluir extensa revisão do assunto; deve conter o objeto e justificativa da pesquisa; Material e Método - descreve os procedimentos adotados abrangendo: variável (eis) incluída (s) na pesquisa, com a (s) respectiva (s) definição (ões) quando necessária (s) e sua categorização, a (s) hipótese (s) científica (s) e estatística (s). Deve delinear a população e a amostra, descrever o (s) instrumento (s) de medida, com a apresentação, das provas de validade e confiança e os da coleta e processamento dos dados, com a devida referência bibliográfica. Caso haja alguma modificação de métodos e técnicas introduzidas pelo (s) autor (es), ou mesmo a indicação sobre método e técnicas publicadas e pouco conhecidas, os procedimentos devem ser descritos. Resultados - devem seguir seqüência lógica do texto, tabelas e ilustrações, não repetir no texto todos os dados das tabelas e ilustrações, destacando-se somente as observações mais relevantes, com um mínimo de interpretação pessoal. Quando necessário, os dados numéricos devem ser submetidos à análise estatística. Discussão - deve restringir-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados, ressaltando os novos aspectos observados, discutindo as concordâncias e divergências com outros achados já publicados; evitar os argumentos em comunicação de caráter pessoal ou divulgadas em documentos de caráter restrito e, hipótese e generalizações não inerentes nos dados do trabalho. As limitações, bem como, suas implicações para futuras pesquisas devem ser esclarecidas. Pode-se incluir nesta parte as conclusões, alicerçadas na discussão e interpretação. Conclusão - deve ser apresentado o conjunto das conclusões mais importantes, em conformidade com os objetivos do trabalho. Podem ser apresentadas propostas que contribuam para as soluções dos problemas detectados, assim como sugerir outras necessárias. É de opção do autor incluir no item “ Discussão” as conclusões, não havendo necessidade de repetí-las em item à parte. Agradecimentos - devem ser breves, objetivos, diretos e dirigidos apenas a pessoas ou instituições que contribuíram substancialmente para a elaboração do trabalho. INFORMATION FOR AUTHORS Trabalho de congresso ou similar (publicado) SALGADO, P.E.T. Valores de referência. In: Congresso Latino-Americano de Toxicologia, 8º, Porto Alegre. 1992. Anais, Porto Alegre, 1992. Estrutura do Texto Os artigos de investigação científica poderão ser organizados segundo a estrutura formal: Introdução, Material e Método, Resultados, Discussão e Conclusões. Outros tipos de artigo como: Revisão, Atualizações e Notas devem seguir outros formatos para a organização da matéria. Cada uma das partes da estrutura formal do artigo de in- Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 The objective of the Journal Health and the Environment is to publish articles that will contribute to the development of knowledge and the consequently to the interdisciplinarity between Health and the Environment, mainly in the areas of Pharmacology of Natural Products, Pharmaco-vigilance, Ethnobotany, Chemistry of Natural Products, Environmental Chemistry, Environmental Toxicology, Evaluation of Impact on Health and the Environment, Epidemiology, The Health Sickness Process, Health and Society, Health Polices and Planning, Ethno-Cultural Diversity and other related areas. Contributions 97 are welcome, for the following sections: 1) Original Article – results obtained through experimental or conceptual empirical research (maximum 25 pages); 2) Review – with the objective of comprising availabe knowledge on certain subjects through the analysis and interpretation of bibliographical material (maximum 25 pages); 3) Current Comments - reports on published information on topics of interest for certain areas (maximum 15 pages); 4) Notes and Information – with the objective of reporting on new aspects in Health and the Environment, as well as previous notes about parcial or preliminary results, of investigations (maximum 10 pages); 5) Summary of Thesis, Dissertations and Books – summary of thesis, dissertations or books of interest in the Health and the Environment area, presented or publislied during the previous; 6) Letters to the Editor – readers´ comments on articles or notes published in the Journal of Health and the Environment, expressing agreement or disagreement and explaining it (maximum 3 pages);7) News - reports on scientific events (maximum 3 pages). Presentation of Manuscripts Contributions in Portuguese, Spanish or English will be accepted. The manuscripts should be typed on one side of the page, with letters size 12, double space, on letter paper, with numbered pages, margins should be of 3cm and 3 copies of the text should he submitted. When produced in processor equipment, the print should have “letter quality”, with legible accents, and symbols. All articles should be sent together with 3-½ diskette, with the identification of the program and version used (only programs compatible with DOS or Windows). Nofootnotes will be accepted. The First Page The First Page should include: a) Title of the Article which should be concise and complete, describing the subject in words that can be adequately indexed by recovery information services. Unnecessary words should be ommited. The title should also be presented in the English version; b) First name and last surname of each author (middle names should be indicated by their initials, taking into account those already known in the literature in any format, different from what is established here). The last surname should be in capital letters; c) Name of the Institution to which each author is commited; d) Name of Department and Institution where the research was done; e) Indication of author/address for correspondence. Ilustrations The number of Tables and or Figures/Pictures (graphs, maps, photos, etc) should be kept at a minimum (maximum of 5). The author(s) will be held responsible for the expenses of the ilustrations, that exceed this amount. The pictures can be in nanquin or in high precision print. They should be sent on separate sheets. The photographs (always in black and white) should be enlarged in shiny paper, in size 18 x 24cm. The subtitles should be sent separately, numbered according to the pictures. The graphs should show the respective quantitative parameters, in table form. The tables should be in the same program used for the article. Abstract The manuscripts for the sections Original Articles, Review, Current Comments, Notes and Information, should be presented with two abstracts in the structured format, one in Portuguese, with 150 words and another in English with 300 words. When the manuscript is in Spanish, an abstract in this language should be added. UNESCO recommendations should be observed. Information describing objective, material and method, results and most relevant conclusions, emphasizing new and outstanding aspects should be present. Key words Following the Abstract, between 3 and 5 key words should describe the content both in Portuguese and English. Nomenclature The rules of zoological and botanical denominations should be observed as well as those for abbreviations and conventions adapted for specialized areas. References These should be organized according to the following examples: in the body the text, the mention of the author´s last name and year of publication as in Fries (1980) or Elward & Larson (1992). In case of citation with more than ext authors, only the first authors last name should appears, as in Ramos et al. (1993). The bibliographical references cited should be listed at the end of the article, in alphabetical order, according to the authors last name or that of the first author when there are more than one. The titles of the periodicals should be mentioned in abbreviated form, according to the Index Medicus (“List of Journals Indexed in the Index Medicus” published in the January edition of the Index Medicus). Personal communication, umpublished paper or those in press can be mentioned when absolutely necessary, but should not be included in the list of bibliographical references. The names of all the authors should be included. Examples: Article FRIES, J. F. Aging, natural death and the compression of morbidity. N. Engl. J. Med., 303:130-5, 1980. Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 98 ELWARD, K. & LARSON, E. 13. Benefits of exercise for older adults: a review of existing evidence and current recommendations for the general population. Clin. Geriatr. Med., 8:35-50, 1992. RAMOS, L. R.; ROSA, T.E.C.; OLIVEIRA, Z.M.; MEDINA, M.C.G.; SANTOS, F.R. Perfil do idoso em área metropolitana na região sudeste do Brasil: resultados de inquérito domiciliar. Rev. Saúde Pública, 27:87-94, 1993. Books, Thesis or Dissertation CARPMAN, J. W & GRANT, M. A. Design that cares: plarming health facilities for patients and visitors. 2nd ed. Chicago, American Hospital Association, 1993. MACHADO, C.C. Projeções multirregionais da população: o caso brasileiro (1980-2020). Belo Horizonte. UFMG/CEDEPLAR, 1993. Tese (Doutorado) -Universidade Federal de Minas Gerais. Book Chapter BLOCKLEHURST, J. C. The geriatric service and the day hospital in the United Kingdom. In: BLOCKLEHURST, J. C.; TALLIS, R. C.; FILLIT, H. M. Textbook of geriatric medicine and gerontology. 4th Edinburgh, Churchill Livingstone, 1993. p. 1005-15. Paper presented at Seminar or similar event published SALGADO P. E. T. Valores de referência. In: Congresso Latino-Americano de Toxicologia, 8o, Porto Alegre. 1992. Anais, Porto Alegre, 1992. Stracture of Text The articles describing scientific investigation can be organized according to the formal structure: Introduction, Material and Method, Results, Discussion and Conclusions. Other types of articles such as: Review, Current Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003 Comments and Notes should follow, other formats for the organization of the information. Each one of the parts of the formal structure of an article or scientific investigation should have the following information: Introduction – presentig and discussing the problem according to bibliography, without extensive revision of the subject; this part should express the objective and justification of the research: Material and Method – decribing the procedures used: variables included in the research with their respective definitions and categorizations when necessary, scientific hypothesis and statistics. There should be a description of the population, sample, instruments of measurement, presentation of proof of validity and those of collection and processing of data, along with the corresponding bibliography. If any changes w´re made in methods or techiniques were introduced by the author(s), or if any method or technique published but not generally know was us the procedures should be described. Results – tables and ilustrations should follow the logical sequence of the text and the information on them should not all be repeated in the text. Only the more relevant information should be observed, with a minimum of personal interpretation. When necessary, numerical data should be submitted to statistical analys. Discussion – should be restricted to the data and the results obtained focussing on new aspects that were observed, discussing consonance and divergence with other published findings. Arguments in personal communication or published in restricted documents, hypothesis and generalizations not inherent in the data presented, should be avoided. The limitations, as well as their implications for future research should be mentioned. In this part, any conclusions based on discussion and interpretation should be included. Conclusion – the most important conclusions, according to the objectives of the research, should be presented, as well as proposed solutions that may contribute to the solving of problems disclosed. The author(s) may include the conclusions in the item Discussion, eliminating this last part. Expressions of gratitude – these should be brief, objective, direct and only to persons or institutions that contributed substantialy to the success of the research. 99 COLABORAÇÕES/CONTRIBUITIONS Os manuscritos (três cópias e um disquete) devem ser encaminhados ao Editor Científico da Revista e seguir as “Instruções aos Colaboradores”, publicadas no final de cada fascículo. All manuscripts (copies and one diskette) should be sent to the Editor and should comply with the “Guide for the Preparation of Manuscripts” in the end of each issue. ASSINATURAS/SUBSCRIPTIONS Brasil: Anual, em qualquer época do ano. Preço: R$ 30,00 para pessoa jurídica, R$ 20,00 para pessoa física. Foreign: Annual subscription. Price (Supllements included): Institutional rate U$S 30,00; Individual rate U$S 28,00. ACEITA-SE PERMUTA/EXCHANGE IS ACCEPTED SEPARATAS E CÓPIAS/REPRINTS AND COPIES Separatas podem ser obtidas mediante solicitação aos autores. Reprints may be obtained by request to the authors. Copyright© - Instituto de Saúde Coletiva da UFMT. Proibida a reprodução mesmo que parcial sem a devida autorização do Editor Científico. Proibida a utilização da matéria publicada para fins comerciais. All rights reserved. Toda correspondência deve ser enviada à Secretaria no endereço abaixo: All mail should be sent to the address bellow: Revista de Saúde e Ambiente Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde Coletiva Av. Fernando Corrêa da Costa, s/n Cuiabá, MT-Brasil - 78060-900 Telefax: (0xx 65) 615-8880/8884 E-mail: [email protected] Rev. Saúde e Ambiente, 6(1/2), 2003