Você sabe o que significa Aférese? Qual a diferença entre Aférese
Transcrição
Você sabe o que significa Aférese? Qual a diferença entre Aférese
Passo Fundo - Rio Grande do Sul Ano II - Nº 07 - Dezembro - 2014 Boletim Informativo Especial Aférese O Boletim Informativo do Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo (SHHSVP), em sua sétima edição, tem o objetivo de divulgar informações sobre Aférese Não Terapêutica (coleta de plaquetas e hemácias) e Aférese Terapêutica (tratamento de pacientes). Além deste assunto principal, o boletim traz orientações sobre os critérios de inclusão de doadores na doação por aférese e controle de qualidade desses hemocomponentes. Também serão mencionadas as principais patologias tratadas por esta modalidade. Você sabe o que significa Aférese? A férese é o processo pelo qual o sangue é retirado de um indivíduo (doador ou paciente) com separação de seus componentes por um equipamento próprio, retendo a porção do sangue que se deseja retirar e devolvendo os demais componentes ao doador/paciente. Ou seja, permite coletar o que se deseja por meio da separação das partes do sangue e devolução dos componentes sanguíneos restantes. O princípio básico desse método é a diferença de densidade entre as células sanguíneas e o plasma e das células entre si, permitindo que os componentes sejam agrupados e coletados. As diferentes densidades e o ajuste automático da velocidade de centrifugação e da profundidade de aspiração no equipamento permitem coletar exatamente o que foi denido pelo operador. Qual a diferença entre Aférese Não Terapêutica da Terapêutica? N o Serviço de Hemoterapia, a aférese pode ser utilizada com dois objetivos. O primeiro deles é a produção de hemocomponentes especícos a partir de doadores selecionados, em um procedimento chamado de coleta por aférese ou coleta automatizada. O segundo é a Aférese Terapêutica que consiste na remoção de células ou plasma relacionados ao desenvolvimento de patologias e sua substituição por líquidos de reposição ou células sadias, em procedimentos terapêuticos. AFÉRESE NÃO TERAPÊUTICA A plaquetaférese é a doação de plaquetas por aférese que tem por nalidade o uso transfusional do hemocomponente coletado, mais comumente realizada no Brasil. A inexistência da perda de ferro, pela ausência de perda de hemácias durante a coleta, permite que as doações sejam feitas em intervalos menores que a doação de sangue total, resultando em um maior número de doações de um único doador ao longo do tempo. Isso acarreta melhora no estoque do Serviço de Hemoterapia e permite atender pacientes que necessitam de múltiplas transfusões de sangue. Esses doadores precisam ser avaliados com relação ao acesso venoso, volemia e contagem de plaquetas. A quantidade de plaquetas em cada unidade colhida por aférese é exponencialmente superior àquela obtida pela doação convencional. Dessa forma, a partir de uma única doação de plaquetas por aférese é possível proporcionar uma dose terapêutica para transfusão de um paciente adulto, enquanto seriam necessários 6 a 8 doadores por dose. Critérios de inclusão para doação de Plaquetaférese no SHHSVP: Ter realizado no mínimo uma doação de Sangue Total em nosso Serviço no último ano; A doação será realizada mediante a agendamento prévio; São utilizados os mesmos critérios da doação de sangue total; É impor tante ressaltar também que serão temporariamente excluídos aqueles com histórico de uso de ácido acetilsalicílico (três dias) ou antiinamatório não esteróide (24 horas) pela alteração de função plaquetária causada por essas medicações. Ser do sexo masculino conforme Portaria 2712 de 12 de Novembro de 2013; Na primeira doação de Plaquetaférese, será aceito contagem plaquetária mínima de 200.000mm³; Este informativo é uma publicação do Serviço de Hemoterapia e Assessoria de Comunicação Social do HSVP Boletim Serviço de Hemoterapia do HSVP Rua 15 de Novembro, 485 - 6º andar Cep: 99010.080 - Passo Fundo/RS Tel.: 54 3316.4087 www.hsvp.com.br [email protected] Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira: 7h30min às 17h30min DIREÇÃO DO SERVIÇO DE HEMOTERAPIA Médicos: Antônio Alexandre Clemente de Araújo, Cristiane da Silva Rodrigues de Araújo Simone Medeiros Beder Reis Gerente Administrativa: Tânia Rodrigues Presidente: Décio Ramos de Lima Administrador: Ilário Jandir De David Diretor Médico: Rudah Jorge Vice Diretor Médico: Júlio Stobbe Jornalista responsável: Endil Tamara de Mello Mtb/RS 9716 Autoras: Eliane Bianchini Janete Jaqueline C. Winckler Luciana B. Dagostini Doação de Hemácias por Aférese Você sabia que existe uma doação que pode duplicar o número de vidas salvas? Trata-se da doação de dois concentrados de hemácias por aférese simultaneamente. Por meio desse procedimento, é possível obter duas bolsas de hemácias em uma só doação. Se uma bolsa de hemácias pode salvar uma vida, esta modalidade de doação pode salvar duas! Doação Dupla de Hemácias é seguro? Sim. Não existe nenhum risco de adquirir qualquer doença infecciosa através da doação de sangue ou de duplo concentrado de hemácias. Todo o material utilizado nas doações é usado apenas para a sua doação, de acordo com as normas de segurança para a doação de duplo concentrado de hemácias. O intervalo para uma nova doação é 4 meses para homens e 6 meses para mulheres. Quem Pode Doar Duplo Concentrado de Hemácias? Preferencialmente doadores do sexo masculino, que tenha peso acima de 70 quilos e no mínimo 42% de hematócrito. Por que doar Duplo Concentrado de Hemácias por Aférese? É uma boa maneira de manter os estoques de hemácias para os hospitais e pacientes que necessitam de transfusão. É possível obter uma quantidade maior de hemácias a partir de uma única doação, otimizando o seu tempo. É indicado preferencialmente para manter estoque de concentrados de hemácias O Rh D Negativo. Controle de qualidade dos hemocomponentes por aférese: P ara garantir a ecácia esperada em uma transfusão, é essencial a preservação da função hemostática plaquetária. Neste sentido o Laboratório de Controle de Qualidade de Hemocomponentes contribui, avaliando a totalidade de plaquetaféreses coletadas no Serviço de Hemoterapia. O controle de qualidade contempla, individualmente, cada requisito da legislação hemoterápica (contagem plaquetária, contagem de leucócitos residuais, pH, volume e análise microbiológica), sendo explorado e discutido com a equipe envolvida, cada etapa do processo, desde a coleta, todo o período de estocagem até a transfusão deste hemocomponente. AFÉRESE TERAPÊUTICA Classificação das indicações de Aféreses Terapêuticas: A indicação de aférese terapêutica deve seguir os preceitos da medicina baseada em evidências; tais evidências foram reunidas pela Associação Americana de Bancos de Sangue e Sociedade Americana de Aférese (evidência A) e determinam a indicação de aférese para determinada patologia, classicadas em I, II, III e IV de acordo com sua ecácia: Nível I: Aférese é a terapêutica de escolha ou adjuvante de primeira linha; Nível II: Evidências sugere que a aférese é ecaz como terapêutica adjuvante; Nível III: Evidências inconclusivas sobre a ecácia da aférese ou risco/benefício indenido; Nível IV: Estudos controlados ou relatos de casos demonstram que aférese não é ecaz. Modalidades D entro da Aférese terapêutica existem diversas modalidades de procedimento entre eles: Leucaférese: remoção de leucócitos Plaquetaférese: remoção de plaquetas em pacientes com um número elevado de plaquetas (Trombocitose) Eritrocitaférese: consiste na retenção, estorno e substituição de glóbulos vermelhos de um paciente Plasmaférese: remoção do plasma Pacientes submetidos ao tratamento de Aférese Terapêutica 35 30 25 20 15 30 10 No Serviço de Hemoterapia do HSVP, desde 2011 até hoje já foram atendidos 34 pacientes, dos quais 30 submetidos ao tratamento de Plasmaférese, 2 Leucocitaférese e 2 plaquetaférese, conforme gráco 1. 5 0 Plasmaférese 2 Leucaférese 2 Plaquetaférese Total de 34 pacientes Gráco 1 Conforme gráco 2 as patologias mais tratadas foram Guillain Barré, Miastenia Gravis e PTT Procedimentos de Aférese Terapêutica 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Esclerose Múltipla Glomeruloesclerose Guillain Barré Leucocitose Miastenia Gravis Mieloma Múltiplo Total de 34 procedimentos Gráco 2 MENSAGENS DE DOADORES DE AFÉRESE PÍLULA DO BEM: “Meu querido, seja um doador! Não custa nada, não dói e o melhor: salva vidas. Pense nisso!” PÍLULA DA VIDA: Olá! Espero que possa ajudar-te com esta doação, para que você volte com muita saúde para sua família e suas atividades, conte sempre comigo! Força e fé! Um abraço do tamanho do Rio Grande! Neurite Óptica Plaquetas Aumentadas PTT DEPOIMENTO DE UMA MÃE DE CRIANÇA COM LEUCEMIA QUE SE TORNOU DOADORA FIDELIZADA NO SH S e m p re f u i d o a d o r a d e sangue, porém não tinha noção exata da importância desse ato. Fui perceber mais proximamente o esforço de todo corpo clínico, enfermagem e Serviço de Hemoterapia do HSVP, naqueles longos finais de semana e feriados, quando meu filho precisava de sangue ou plaquetas e não havia no estoque. Na época, foram mais de 400 compreensíveis e dedicados doadores que tentaram suprir essa falta interminável, a quem agradecemos de coração. Vocês ajudaram a salvar nosso filho e muitas outras pessoas! Atualmente mantenho minha doação regular, participando mensalmente da doação de plaquetas por meio da aférese, podendo assim doar mais frequentemente e ajudar um número maior de pessoas e enquanto estiver com saúde e apta, continuarei doando. Doar sangue é um ato de amor ao próximo. É muito gratificante saber que posso salvar a vida de alguém, mesmo sem saber quem. As pessoas que doaram sangue ao meu filho fazem parte da nossa vida, afinal foram importantíssimas para termos, hoje, ele entre nós. Do plantio ao cultivo nasceram flores e a doação pela vida C om a missão de desenvolver atividades com competência, eciência, ecácia de modo a satisfazer as necessidades do cliente, de forma humanizada, de acordo com as normas da qualidade na legislação vigente e literatura cientíca, o Serviço de Hemoterapia do HSVP recebe uma média de 60 doadores por dia e 1.300 por mês, procedentes de Passo Fundo e diversos municípios da região norte do estado. Para atender a alta demanda de um hospital de grande porte, que é referência no sul do país em alta complexidade, o Serviço de Hemoterapia conta com a colaboração solidária e voluntária dos doadores de sangue. Em razão desta necessidade, a equipe de captação em parceria com a Assessoria de Comunicação Social do HSVP, entre outros setores, realizam diversas ações, em caráter permanente. Em 2013 iniciamos a campanha Doe sangue: plante esta ideia. A iniciativa era despertar a doação como uma atitude a ser pensada e disseminada, aliando os aspectos social e ambiental reforçados no slogan. Com a “semente da doação” já plantada, lançamos em 2014 a campanha Cultive esta idea – Doe Sangue. Do cultivo nasceu um jardim repleto de ores coloridas, e cada or representou um grupo sanguíneo diferente. Para divulgar a campanha, durante todos os meses, foi evidenciada em banners e cartazes, uma or com seu respectivo grupo sanguíneo. No nal deste ano, mais precisamente no Dia Nacional do Doador de Sangue (25 de novembro), homenageamos todos os doadores, agradecendo a presença de todos que zeram parte deste belo jardim. Cultive esta ideia DOE SANGUE Campanhas permanentes O plantio e o cultivo da doação de sangue brotaram ramicações que intensicam o trabalho de captação de doadores. Com esse objetivo criou-se a campanha Parceiro Amigo, que busca delizar doadores de empresas e grupos de voluntários para o gesto da doação. Ao longo deste ano várias empresas e grupos participaram da campanha, fortalecendo a importância da doação. O incentivo do gesto entre os variados públicos ganhou reforço com a campanha Jovem Doador. O início desta ação foi marcado pela presença do jogador internacional Marco Antônio de Mattos Filho, conhecido como Marquinho, que visitou a Hemoterapia e autografou camisetas que foram posteriormente sorteadas entre os doadores. A partir deste momento, a equipe de captação estreitou o vínculo com diversas instituições de ensino superior e de cursos técnicos, que após serem sensibilizadas para a causa da doação, disseminaram o gesto entre os alunos, que vem fazer parte do jardim e fortalecer a campanha do Jovem Doador. Pílulas da Vida e do Bem O mais novo projeto do Serviço de Hemoterapia são a Pílula da Vida e a Pílula do Bem, que estimulam pacientes e doadores de sangue a escreverem mensagens, valorizando a doação como um ato que salva vidas. Criado em 2011 pela enfermeira Eliane Bianchini, o Pílula da Vida leva mensagens de doadores para pacientes que necessitam de transfusão e vice-versa. No início era aplicado apenas no ambulatório, mas diante dos resultados positivos, hoje o projeto atende todos os postos de internação do HSVP. Junto à Pílula da Vida, nasceu o projeto Pílula do Bem, que ca no Serviço de Hemoterapia e leva mensagem de um doador para outros doadores. O objetivo principal dessas iniciativas é formar uma ponte entre doador e paciente, visando a humanização do processo de transfusão e transmitindo a importância da doação. A Pílula da Vida e a do Bem são apresentadas para os doadores enquanto eles fazem o lanche depois da doação. O doador escolhe para quem irá deixar sua mensagem. Antes de sair, ele retira uma mensagem de doador e outra de paciente, recebendo através de palavras um incetivo para voltar a doar e um agradecimento de quem está recebendo o sangue. Aos pacientes são encaminhadas as mensagens durante a captação interna e visita. A reação deles é de emoção, felicidade e esperança. A campanha além de incentivar a doação, alerta para a preservação do meio ambiente. Para a confecção das Pílulas da Vida, a Hemoterapia mobilizou todos os funcionários do HSVP, que doaram garrafas PET. Que as realizações alcançadas este ano, sejam apenas sementes plantadas, que serão colhidas com maior sucesso no ano de 2015. Feliz Natal e Próspero Ano Novo!
Documentos relacionados
Portaria nº 2.712
II - ação preventiva: ação tomada para reduzir o potencial de não conformidades ou outras situações indesejáveis; III - calibração: comparação das medidas realizadas por um instrumento com aquelas ...
Leia maisTécnico em hemoterapia: Livro texto
ABO, pelo pesquisador austríaco Karl Landsteiner, em 1900, que passou a explicar a razão do surgimento de certas reações graves e até da morte de pacientes após receber uma transfusão. Quarenta ano...
Leia mais