- Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de
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- Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de
JORNAL DOS JORNALISTAS NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 número 364 Patrões apresentam proposta indecente para Rádio e TV Pág 3 Rumos da profissão é tema de debates no Interior e Litoral Pág 5 A verdade Repórter desmonta farsa e reproduz foto verdade da execução de Marighella Pág 9 Jornalistas fazem protesto contra a violência policial Págs 6 e 7 Editorial Desafio e Atitude UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 O 2 Ano de 2013 está chegando ao fim. Época de balanço do passado recente para bem planejar as prioridades de 2014. Para nós, jornalistas, foi mais um ano de muita luta para enfrentar os ataques rotineiros dos patrões e intensificar a defesa de direitos, ampliando nossa organização nas redações da capital, interior e litoral. O exemplo mais recente de que mobilizar é preciso, foi a greve unificada de 13 dias dos companheiros da EBC em três estados. O ano termina, mas a Campanha Salarial de Rádio e TV se arrasta em mais um jogo duro e intransigente do patronato. Além de negar novamente a mudança da data-base, até o fechamento desta edição, o Sindicato encarava uma mesa de negociação das mais difíceis, começando pela proposta indecente de 4,5% de reajuste para salários e benefícios econômicos. Índice inaceitável, abaixo da inflação e que sequer repõe as perdas salariais do ano que passou. Para avançar é importante que os trabalhadores estejam atentos e, junto com o SJSP, pressionem para conquistar nossas justas reivindicações. Ao lado da luta rotineira, 2013 foi marcado também pela boa notícia da volta das grandes manifestações populares em todo Brasil. No estado de SP, a má notícia é que justamente os trabalhadores da comunicação foram as principais vítimas da truculência nas coberturas, agredidos violentamente pela Polícia Militar em pleno exercício profissional. Mais uma atitude autoritária do governo estadual, na tentativa de impedir que a realidade das ruas e das reivindicações populares - registradas em fotos, imagens e textos dos profissionais de imprensa - chegasse a leitores, telespectadores e ouvintes. Os flagrantes de violência contra os jornalistas ultrapassaram todos os limites e trouxeram de volta o clima da censura dos tempos da ditadura. É por isso que o SJSP, a Fenaj e a CUT continuam exigindo das autoridades responsáveis a apuração rigorosa dos fatos e a punição exemplar dos culpados. Ao lado da legitimidade das manifestações populares, fundamentais para o exercício da cidadania e para os avanços da democracia, o Brasil foi palco de episódios questionáveis. O Supremo Tribunal Federal (STF) transformou em espetáculo midiático o julgamento do chamado "mensalão", criando uma situação de desconforto entre juristas que viram retrocessos e atropelos no direito de ampla defesa dos réus. A forma truculenta com que o presidente do STF tratou o caso resultou na prisão de pessoas com história de luta pela conquista da nossa ainda jovem democracia e causou protestos e embaraços políticos que ainda estão longe de seu fim. Este foi o mesmo tribunal que, em 2009, decidiu pelo fim da obrigatoriedade de formação superior específica para o exercício do Jornalismo. A direção do SJSP entende que as decisões equivocadas do STF devem ser revistas. É o que já está acontecendo com a PEC do Diploma, que foi aprovada recentemente pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) do Congresso Nacional e, se não for votada ainda este ano, deverá ser apreciada pelos congressistas no primeiro semestre de 2014, antes das eleições gerais. Também precisa ser revista a decisão do STF de garantir a impunidade dos crimes da ditadura, ao decidir que a Lei de Anistia não pode ser revista. Decisão que vem causando verdadeiro escândalo internacional entre órgãos de defesa dos Direitos Humanos. Restabelecer a verdade histórica é o papel da Comissão da Verdade, inclusive a do SJSP, um marco para os jornalistas paulistas. Ao longo do ano, foram colhidos importantes depoimentos que esclarecem fatos ainda obscuros e escondidos nos subterrâneos e porões. Assim, o Sindicato continua a cumprir o papel histórico de defender os Direitos Humanos, inclusive para honrar a memória do jornalista Vladimir Herzog, cuja morte representou o começo do fim da ditadura militar e da mudança de rumos da história do Brasil. Que 2014 seja um ano de novas conquistas para os jornalistas, mais vitórias para a classe trabalhadora e grandes avanços para o Brasil. Sempre com novos desafios e novas atitudes. Feliz Ano Novo! A Direção Órgão Oficial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo Rua Rêgo Freitas, 530 - sobreloja CEP 01220-010 - São Paulo - SP * Tel: (11) 3217-6299 - Fax: (11) 3256-7191 E-mail: [email protected] site: www.jornalistasp.org.br Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou do Sindicato. Diretoria Executiva Presidente José Augusto de Oliveira Camargo Secretário Geral André Luiz Cardoso Freire Secretária de Finanças Cândida Maria Rodrigues Vieira Secretário do Interior e Litoral Edvaldo Antonio de Almeida Secretária de Cultura e Comunicação Lílian Mary Parise Secretária de Relações Sindicais e Sociais Evany Conceição Francheschi Sessa Secretária de Sindicalização Márcia Regina Quintanilha Secretário Jurídico e de Assistência Paulo Leite Moraes Zocchi Secretária de Ação e Formação Sindical Clélia Cardim Conselho de Diretores Kepler Fidalgo Polamarçuk (adjunto de Sindicalização), Alan Felisberto Rodrigues (secretário adjunto de Cultura e Comunicação), Luis Lucindo de Azevedo, Wladimir Francisco de Miranda Filho, Alessandro Giannini, Claudio Luis Oliveira Soares, Rosemary Nogueira, Fabiana Caramez (secretária adjunta de Interior e Litoral) e José Eduardo de Souza (secretário adjunto de Interior e Litoral) Diretores Regionais ABCD Peter Suzano Silva Bauru Ângelo Sottovia Campinas Agildo Nogueira Júnior Piracicaba Martim Vieira Ferreira Ribeirão Preto Aureni Faustino de Menezes (secretária adjunta do Interior e Litoral) Santos Carlos Alberto Ratton Ferreira São José do Rio Preto Andréia Fuzinelli Sorocaba José Antonio Silveira Rosa Vale do Paraíba, Litoral Norte e Mantiqueira Fernanda Soares Oeste Paulista Tânia Brandão Conselho Fiscal Titulares Sylvio Miceli Jr., James Membribes Rubio, Raul Varassin Suplentes, Manuel Alves dos Santos e Karina Fernandes Praça Comissão de Registro e Fiscalização-, Titulares Douglas Amparo Mansur, José Fernandes da Silva, Vitor Celso Ribeiro da Silva Suplentes José Aparecido dos Santos e Luigi Bongiovani Diretores de Base ABCD Carlos Eduardo Bazilevski Aragão, Vilma Amaro e Sandra Regina Pereira de Moraes. Bauru Luis Victorelli, Ieda Cristina Borges, Luiz Augusto Teixeira Ribeiro e Rita Cornélio Campinas Kátia Maria Fonseca Dias Pinto, Hugo Arnaldo Gallo Mantellato, Edna Madolozzo, Marcos Rodrigues Alves, Djalma dos Santos e Fernanda de Freitas Oeste Paulista Priscila Guidio Bachiega, Geraldo Fernandes Gomes e Altino Oliveira Correa Piracicaba Luciana Montenegro Carnevale, Fabrice Desmonts da Silva, Paulo Roberto Botão, Poliana Salla Ribeiro, Ubirajara de Toledo, Vanderlei Antonio Zampaulo e Carlos Castro Ribeirão Preto Antonio Claret Gouvea, David Batista Radesca, José Francisco Pimenta, Ronaldo Augusto Maguetas, Fabio Lopes, Marco Rogério Duarte e Maria Odila Theodoro Netto Santos Edson Domingos Costa Baraçal, Eraldo José dos Santos, Glauco Ramos Braga, Emerson Pereira Chaves, Dirceu Fernandes Lopez, Ademir Henrique e Reynaldo Salgado São José do Rio Preto Harley Pacola, José Luis Lançoni, Sérgio Ricardo do Amaral Sampaio, Cecília Dionísio e Marcelo Dias dos Santos Sorocaba Adriane Mendes, Fernando Carlos Silva Guimarães, Aldo Valério da Silva, Emídio Marques e Marcelo Antunes Cau, Vale do Paraíba Jorge Silva, Fernanda Soares Andrade e Vanessa Gomes de Paula. Comissão de Ética Denise Fon, Roland Marinho Sierra, Alcides Rocha, Flávio Tiné, Fernando Jorge, Dr. Lúcio França, Sandra Rehder, Antonio Funari Filho e Padre Antonio Aparecido Pereira EXPEDIENTE Diretora responsável: Lílian Parise (MTb 13.522/SP) Editor: Simão Zygband (MTb 12.474/SP) Diagramação: Rubens M. Ferrari (MTb 27.183/SP) Redação: Ana Paula Carrion (MTb 8842/ RS) e Bárbara Barbosa (MTb 60.296/SP) - Foto da capa: André Freire Impressão: Forma Certa Fone (11) 36722727 Tiragem: 8.000 exemplares Conselho Editorial: Jaqueline Lemos, Luiz Carlos Ramos, Laurindo Leal Filho (Lalo), Assis Ângelo, Renato Yakabe e Adunias Bispo da Luz. f a i b f t ( z q e n T l d c e p s d c b b . a a - , Campanha Salarial Proposta indecente para Rádio e TV Jornalistas reivindicam piso salarial de R$ 2.342,40, reposição da inflação, mais 5% de aumento real ria luta não somente pela reposição da inflação, como por aumentos reais de salários”, diz a secretária adjunta de Interior e Litoral, Fabiana Caramez, que argumenta que estes aumentos acima da inflação também devem ser estendidos aos outros índices econômicos, como vale-alimentação e Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Os jornalistas reivindicam piso salarial para 5 horas de R$ 2.342,40, reposição da inflação (5,58%), mais 5% de aumento real, ou 10.86%. Além disso, a pauta prioritária prevê adequação das cláusulas sociais como licença maternidade de seis meses, auxílio creche de R$ 300,00/ mês, concessão de vale refeição de R$ 20,00 por 26 dias, PLR de um salário nominal, entre outros. Já está assegurada a data base em 1º de dezembro, o que faz com que os reajustes conquistados na Campanha Salarial sejam retroativos. Na verdade, não há motivos para os empresários de Rádio e TV apresentarem índice tão indecente para o reajuste salarial e de outros itens econômicos. Em 2013, as empresas de TV, segundo divulgado pelo projeto Inter-meios, faturaram até o mês de julho mais de R$ 11 bilhões, abocanhando 66,78% das verbas publicitárias. Já as Rádios, com números menos vigorosos, é verdade, faturaram no mesmo período deste ano mais de R$ 700 milhões (o equivalente a 4,21%). Recursos mais que suficientes para melhorar os salários dos trabalhadores, estes sim os responsáveis por números tão expressivos. Além do Guto e da Fabiana, têm participado das negociações as secretárias de Ação Sindical e Formação, Telé Cardim e de Relações Sindicais e Sociais, Evany Sessa, além do coordenador do Departamento Jurídico do SJSP, advogado Raphael Maia. O que os jornalistas reivindicam Piso salarial para 5 horas de R$ 2.342,40 Reposição da inflação (5,58%) Aumento real de 5% Licença maternidade de seis meses Auxílio creche de R$ 300,00/ mês Vale refeição de R$ 20,00 por 26 dias, PLR de um salário nominal Garantia da data base em 1º de dezembro, com reatroatividade Sindicatos organizam greve vitoriosa na EBC aumento real de 0,75% para novembro de 2014, além da manutenção de cláusulas do Acordo Coletivo. Ficou assegurado, também, o reajuste de outros benefícios - como auxílio-creche e vale-alimentação - pelo IPCA, além de vale cultura de Assembleia dos trabalhadores da EBC em São Paulo R$ 50 mensais e presa e com representantes do governo, quatro vales alimentação extras de R$ os grevistas não tiveram descontados os 827, com pagamento em novembro de dias parados, mas compensaram as ho- 2013, junho e dezembro de 2014 e juras não trabalhadas. nho de 2015. Os trabalhadores aceitaram compenNa assembleia que decidiu pelo térmisar os dias parados e também aprova- no da greve votaram 637 trabalhadores ram a proposta econômica: reajuste sa- em três estados – São Paulo, Rio de Jalarial de 5,86% - aumento real de 0,5% neiro e Distrito Federal, dos quais 61,5% - para este ano e reajuste pelo IPCA mais decidiram aceitar a proposta de conciliaTiago Silveira A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) participou, juntamente com os Radialistas, da organização da greve dos profissionais da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A greve começou em 7 de novembro e durou treze dias. A paralisação foi encerrada após audiência de conciliação no TST, em Brasília, entre a empresa e os representantes dos trabalhadores. Dirigentes do SJSP chegaram a entrar em contato com o exvice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), José Lopez Feijóo, que hoje é assessor do secretáriogeral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, com o intuito de abrir diálogo entre os grevistas e o governo. A EBC é uma emissora pública. A greve acabou após realização de assembleias em que os trabalhadores da EBC aceitaram a última contraproposta da empresa, negociada em duas audiências no TST, pondo fim à paralisação. Após longas negociações com a em- ção apresentada pelo vice-presidente do TST, ministro Barros Levenhagen. Em São Paulo, votaram 58 trabalhadores, dos quais 23 pelo fim da greve e 32 foram contrários. Segundo o presidente do SJSP, José Augusto Camargo (Guto), o movimento dos trabalhadores da EBC foi vitorioso: “Além de conquistar aumentos reais nos reajustes de salários, também abriu um canal permanente de diálogo com a empresa”, avalia. Para Paulo Zocchi, secretário do Departamento Jurídico do SJSP e dirigente daFenaj, que acompanhou o movimento dos trabalhadores da EBC em São Paulo desde as assembleias iniciais, houve uma vitória dos trabalhadores que realizaram a maior manifestação em uma empresa pública de comunicação dos últimos tempos. “Apesar da pressão e das ameaças de retaliação, os jornalistas deram demonstração de maturidade”, diz o dirigente. UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 A Campanha Salarial de Rádio e TV, para Capital, Interior e Litoral começou muito mal. Logo de saída, os patrões fizeram uma proposta indecorosa de reajuste de 4,5% para os salários e outros itens econômicos, índice inaceitável, bem abaixo da inflação do período que fechou em 5,58%. A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) acredita que os empresários utilizam a tática de “botar o bode na sala”, já que sequer repor a inflação é inaceitável. “Apesar de terem apresentado proposta econômica logo na primeira rodada, o que não é comum, os patrões forçaram a mão. Trata-se de um índice que sequer vamos levar em consideração”, disse o presidente do SJSP, José Augusto Camargo (Guto). Claro que uma proposta indecente como esta criará grande insatisfação entre os jornalistas de Rádio e TV que, por incrível que pareça, possuem pisos salariais menores do que os jornalistas de Jornais e Revistas, tanto na Capital, como no Interior e Litoral. “A catego- 3 Urgência na PEC do Diploma Jornalistas querem que a proposta seja votada na Câmara ainda em 2013 4 comissão especial julgue o mérito da PEC ainda em 2013 para garantir a votação em Plenário no início do ano que vem. Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, a aprovação de acessibilidade da PEC na Câmara foi um avanço. Os jornalistas já esperaram quatro anos para reaverem um direito legítimo. “Após a vitória no Senado e a votação na Comissão de Justiça está claro que o Congresso está em sintonia com a sociedade e os jornalistas, que não aprovaram a decisão equivocada do STF em 2009”, argumentou. Schoröder adiantou a Fenaj e os Sindicatos buscarão contatos com a Mesa Diretora da Câmara e com a Frente Parlamentar em Defesa do Diploma para agilizar a votação. “É tempo demais. Vamos ampliar o movimento pela urgente aprovação da PEC em plenário”, enfatizou. Apoio à PEC O deputado federal do PT/SP, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, em reunião com o SJSP, não só manifestou apoio total à PEC como afirmou que trabalhará pela aprovação dela na Câmara. Ele também repudiou as agressões aos pro- F Direção recebe deputado Vicentinho fissionais de imprensa pela PM em pleno exercício profissional e defendeu a realização de audiência pública para debater o problema.. O parlamentar foi recepcionado pelos presidentes do SJSP e da Arfoc/SP, José Augusto Camargo (Guto) e Inácio Teixeira (Zaca) e pelos dirigentes André Freire (secretário geral), Lílian Parise (Cultura e Comunicação), Márcia Quintanilha (Sindicalização) e Vitor Ribeiro (Corfep). Jornalistas aderem à Campanha de Sindicalização na Capital e Interior SJSP destaca importância da imprensa negra em evento na Alesp O SJSP continua com a Campanha Permanente de Sindicalização "Em legítima defesa, sindicalize-se!”, iniciada em novembro. Já foram visitadas as redações das TVs Record, SBT e Globo, os jornais Valor Econômico, Folha de S. Paulo e a editora Globo. Os jornalistas reconheceram a importância da Visita à redação em Campinas sindicalização e a entenderam como parte do fortalecimento mesmo a internacional da FIJ. Montada mais importante entidade de classe mos uma estrutura de sindicalização, da categoria no Brasil. de acertos de contas para quem está em Muitos também aproveitaram para atraso, oferecendo as opções de desconse ressindicalizar e solicitar ou reno- to em folha, pagamento com cartão de var a carteira de identidade da Federa- crédito, débito automático, entre oução Nacional dos Jornalistas (Fenaj). tras”, conta ela. A Campanha também aconteceu em Campinas (leia mais na página 5). Carteiras da Fenaj e da FIJ Segundo a secretária de SindicaliCom a Carteira de Sindicalizado, os zação do SJSP, Márcia Quintanilha, a jornalistas poderão participar instituCampanha é uma maneira de intensifi- cionalmente da entidade de classe, com car o diálogo com a categoria, tirando direito a atendimento jurídico, descondúvidas e colhendo sugestões sobre as tos em convênios, cursos, entre outros Campanhas Salariais de Jornais e Re- benefícios. vistas já encerradas e a de Rádio e TV. A mensalidade sindical para jor“Temos obtido êxito e muitos jorna- nalistas que trabalham no Interior e listas estão se sindicalizando pela pri- Litoral é de R$ 25,00 e R$ 44,00 para meira vez ou voltando a se sindicalizar. quem é da Capital. Na carteira da FeCom este trabalho, procuramos facilitar naj, o desconto para sindicalizados é a vida dos colegas que não tem tempo de R$ 85,00 e para não sindicalizados, de ir ao Sindicato para fazer, por exem- R$ 340,00. Estes valores são válidos plo, a Carteira de Jornalista da Fenaj ou até dezembro de 2013. O presidente do SJSP, José Augusto Camargo (Guto) representou, no dia 26 de novembro, a direção do SJSP no evento em homenagem aos oito anos da Agência de Notícias Afropress – que tem enfoque na questão racial, realizada pela Comissão de Direitos Humanos e da Comissão da Verdade “Rubens Paiva” da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e pelo SOS Racismo. Guto destacou a importância da iniciativa da Afropress em celebrar seus oito anos promovendo o I Encontro de Leitores. “Eu gostei da ideia de Encontro de Leitores, gostei de ter participado. Foi uma oportunidade forte, importante, para que o Sindicato institucionalmente se apresentasse. Afinal de contas, a gente tem historicamente a parceria com a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo (Cojira/SP). É uma preocupação de anos do Sindicato em aprofundar estes laços. Precisamos manter o funcionamento cada vez mais dinâmico da Cojira”, destacou. O presidente do SJSP lembrou ainda que o Sindicato teve entre seus fundadores e que compôs a primeira diretoria da entidade um jornalista negro, Lino Guedes, que foi redator-chefe do jornal Getulino, diretor do jornal Maligno e editor do jornal Progresso, nos anos 20. Ele, juntamente com Oswald de Andrade, encabeçou a luta da categoria para formar a entidade de Agildo Nogueira UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 J ornalistas de todos estados estão pressionando deputados estaduais e federais para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 206/2012) que restabelece a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão seja analisada ainda este ano. A PEC já venceu todos os ritos de tramitação no Senado Federal, em 2012. Agora está em análise pela Câmara dos Deputados e será encaminhada à Mesa Diretora. Em novembro, foi considerada legal pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC). O esforço é para a que Roberto Faustino Ação Sindical classe. “O SJSP tem história de lutas pela democracia e contra a discriminação racial”, diz Guto. Ele aproveitou a oportunidade para convidar jornalistas negros, que tenham sido vítimas da ditadura à dar seu depoimento para a Comissão da Verdade do Sindicato dos Jornalistas, contando como era a perseguição que os militares realizaram a este tipo de profissional que militou pelas causas negras. Na mesa que abriu o evento, o jornalista e escritor Oswaldo Faustino (exEstadão) fez um retrospecto da história da imprensa negra desde os tempos do império, passando pelo início do século XX, quando veículos como O Menelick, Voz da Raça e Clarim da Alvorada se tornaram pioneiros. Segundo Faustino, a Afropress lembra muito o pioneirismo destes veículos e se insere na história da Imprensa Negra brasileira, que foi fundamental na luta e na resistência ao racismo. Já Flávio Carrança, da Cojira/SP, lembrou os primeiros veículos do período pós-ditadura militar e que foram fundamentais para ressurgimento do movimento negro a partir de 1978, com a criação do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial. Já Juliana Gonçalves dos Santos, do Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades (CEERT) e também da Cojira/SP, mostrou como era a abordagem da mulher pela imprensa negra. a d r f q c t R q m a c C d a t C i d d r l b f d d r t a o o , - a e a a o a a a s s s r Ciclo de palestras intensifica Campanha de Sindicalização como instrumento de fortalecimento O SJSP, através da Regional Campinas, realizou diversas atividades em novembro. Campinas foi a primeira cidade do Interior e Litoral a deflagrar a Campanha de Sindicalização, realizar o debate sobre o futuro da profissão e a 2ª Cervejada dos Jornalistas, que reuniu mais de 200 pessoas numa concorrida festa de confraternização. A Campanha de Sindicalização aconteceu com visitas às redações da CBN, RAC e TVB. Ela como objetivo ampliar o quadro de sindicalizado e, consequentemente, fortalecer ainda mais a luta pela ampliação de direitos e melhorias das condições de trabalho dos jornalistas. Durante as visitas, as secretárias de Cultura e Comunicação, Lílian Parise e de Sindicalização, Márcia Quintanilha, e a diretora Fernanda de Freitas aproveitaram para informar a categoria sobre a Campanha Salarial de Rádio e TV que foi iniciada em outubro e cuja data base é 1º de dezembro (leia mais na página 4). Já o “Encontro do Interior – Futuro do Jornalismo: Realidade da Profissão”, reuniu cerca de 70 pessoas, entre jornalistas e estudantes de Jornalismo. O debate contou com a participação da professora Roseli Aparecida Fígaro Paulino, docente da pós-graduação em Ciência da Comunicação da USP e organizadora do livro “As mudanças no mundo do trabalho do jornalista”; Paulo Zocchi, A direção SJSP se reuniu por duas vezes em novembro com representantes da empresa Cereja Comunicação Digital para tentar resolver a inaceitável contratação dos profissionais do jornal Bom Dia na forma de "home office” (quando os jornalistas trabalham em casa). Os diretores do SJSP foram unânimes na rejeição da modalidade adotada pela empresa e afirmaram que exigem o retorno imediato do trabalho profissional em redações. Para o Sindicato, isto é uma forma "vergonhosa" de precarização. A proposta faz com que o profissional trabalhe em sua própria casa arcando com os custos de telefone, internet e deslocamentos para a produção jornalística e com salários reduzidos. Além disso, não se consegue aferir a jornada Paulo Zocchi (ao microfone) no debate em Campinas diretor do Sindicato dos Jornalistas e da FENAJ e editor na Editora Abril, o professor Dr. Carlos Zanotti, doutor em Ciência da Comunicação pela USP e professor da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas. O diretor da Regional, Agildo Nogueira Junior, também participou da mesa como representante do Sindicato. Diploma O professor Carlos Zanotti expressou seu descontentamento diante do fato de que quase 50% dos jornalistas formados, que responderam a pesquisa, não defenderem a exigência da formação para o exercício da profissão. “Eu me sinto desconfortável em defender o diploma como professor enquanto que aqueles que passaram pela faculdade acham desnecessária a formação”, concluiu. Sobre o Sindicato, o docente diz que “a entidade é importante porque moralizou e ajudou a regulamentar a profissão de jornalista”. Já o diretor do SJSP e da FENAJ, Paulo Zocchi, lembrou que a sociedade tem direito à informação social, de qualidade e transparente. E que o jornalista precisa ser qualificado para dar conta desse processo. “Informação e formação são essenciais para entregar matéria de qualidade”, diz. O sindicalista explica que o profissional tem dificuldade em entender as relações de trabalho, principalmente, Bom Dia precariza o trabalho dos jornalistas com "home office” de trabalho. Pela legislação, os jornalistas são contratados em jornada de 5 horas de trabalho, eventualmente com duas horas extras contratuais, e devem registrar presença através de ponto. "Para arcar com estes custos, a empresa ofereceu um abono de R$ 100,00 ao mês, o que, somado ao piso de 5 horas - proposto pela empresa - não garante dignidade aos jornalistas. É óbvio que teremos que recorrer à Justiça, caso a empresa não se disponha a cumprir a lei", disse o presidente do Sindicato, José Augusto Camargo (Guto). “O Sindicato não aceita em hipótese alguma a precarização que ocorre com o trabalho em casa, que traz vantagem só para a empresa”, afirma o secretário do Interior e Litoral, Edvaldo Almeida (Ed). Diário de S. Paulo Os problemas se iniciaram após a venda do periódico Bom Dia e do Diário de S. Paulo para Cereja Comunicação Digital. Se há problemas nos jornais do Bom Dia, o mesmo acontece no Diario de São Paulo. Os profissionais, apesar de estarem trabalhando na redação em Osasco quando envolve a pejotização que vem disfarçada de empreendedorismo, mas que na verdade é permeada pela exploração trabalhista e desrespeito aos direitos do jornalista. Para ele, é importante intensificar a fiscalização das empresas e garantir melhores condições nas relações de trabalho, papel essencial exercido cotidianamente pelo Sindicato dos Jornalistas. Sorocaba e Santos O Encontro “Realidade da Profissão - O futuro do Jornalismo” também foi realizado em Sorocaba e Santos, organizado pelas respectivas Regionais. Em Sorocaba, ela teve parceria com a Esamc e contou com as participações do professor Rafael Grohmann, integrante da equipe coordenada pela professora Roseli Fígaro, o diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Paulo Zocchi, o editor-chefe do jornal Cruzeiro do Sul, Eduardo Santinon, e o diretor acadêmico da escola, Maurício Marra. Compôs a mesa também o diretor da Regional Sorocaba do Sindicato, José Antonio Rosa. Em Santos, o evento foi realizado na Câmara Municipal, também com a participação da professora Roseli Fígaro. Foram debatidas questões sindicais como a precarização das relações de trabalho; ações judiciais contra as empresas, democratização da comunicação e o planejamento da ação sindical para 2014. (ainda não mudaram de lá), foram recontratados como PJs, cumprindo jornadas de trabalho extenuantes de até 12 horas. Há denúncias de que a empresa cortou o ônibus fretado que transportava jornalistas, gráficos e administrativos para o local de trabalho, que fica às margens da Rodovia Anhanguera. A condução é precária e há muitos assaltos no ponto de ônibus, sobretudo no período noturno. Desde que o jornal saiu de São Paulo e se fixou em Osasco, o transporte sempre foi disponibilizado para os profissionais. O SJSP entrou em contato com a empresa para resolver a situação. O jornal prometia mudar de Osasco e retornar para a Capital até o final de dezembro. UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 s a a a s m u Futuro da profissão é tema de debate Fernanda Freitas o r a ) n a - Encontros do Interior 5 Violência Não! 6 A violência da Polícia Militar contra jornalistas causou grande indignação na categoria e desencadeou a realização do ato de protesto, no dia 28 de outubro, na praça Roosevelt, região central de São Paulo. Este ato foi precedido de uma entrevista coletiva realizada no auditório Vladimir Herzog do SJSP. Reproduzimos aqui um resumo das declarações dadas na coletiva. Fizeram parte da mesa o presidente do SJSP, José Augusto Camargo (Guto) também representando a Fenaj, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Guilherme Alpendre, o diretor da Associação dos Repórteres Fotográficos de São Paulo (Arfoc/SP), Esdras Martins, o presidente da Associação Paulista dos Profissionais Veteranos (AJVSP), Amadeu Mêmolo, e a secretária de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores de SP (CUT/SP), Adriana Magalhães, junto com Sérgio Silva, profissional que perdeu a vista esquerda após ser atingido por um disparo de bala de borracha nas manifestações de 13 de junho. A Abraji apontou em levantamento que, dentre todas as agressões registradas contra jornalistas, 85% foram cometidas pela PM. A situação chegou a tal ponto que, no dia 14 de novembro, o coronel PM Glauco Silva de Carvalho, convidou o presidente do SJSP para participar do I Seminário de Direitos Humanos da Polícia Militar de São Paulo, falando sobre liberdade de imprensa e violência. "É chegada a hora da reação e da discussão necessária para dar um basta aos aparelhos de repressão do Estado que assumem o papel de violadores da liberdade de imprensa e dos direitos humanos. Verdadeiro atentado à democracia!", avalia a direção do SJSP em editorial publicado na última edição do jornal Unidade. Fotos: Carlos Eduardo Bazilevski Aragão UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 Coletiva e protesto denunciam Manifestação dos jornalistas na praça Roosevelt, na região central de São Paulo JOSÉ AUGUSTO CAMARGO (GUTO) “A violência é uma preocupação antiga da categoria. Junho foi o mês mais violento contra jornalistas desde o tempo da ditadura militar. Só tem paralelo com o período da prisão de Vladimir Herzog. Os jornalistas têm sido vítimas da violência policial. Este é um caso político, por que o Estado brasileiro é o responsável pela agressão. A PM, que tem o dever de resguardar o direito ao trabalho e a segurança do jornalista profissional, acaba sendo o executor da violência contra o jornalista. É uma situação que tem repercussão internacional, que cria um constrangimento político para o Estado brasileiro. É uma questão de Estado que tem que ser tratado de forma política com as autoridades, mas também junto às empresas, .que têm que ser envolvidas nessa discussão. É um problema trabalhista. O jornalista agredido durante uma cobertura sofreu, do ponto de vista legal, um acidente de trabalho. Por causa das agressões, o Sindicato criou um selo e queremos transformar esta indignação em um grande movimento, cujo objetivo é impedir novas agressões e criar um am- biente de debate nacional para que seja superada esta insegurança que o jornalista enfrenta para exercer a profissão. O que os "maus" policiais estão fazendo é uma forma de censurar, de impedir a informação. A questão é política porque precisamos saber o motivo, pois isso não é uma orientação do estado brasileiro de achar que o jornalista é um elemento perigoso que tem que apanhar. Existe uma relação tensa entre setores da Polícia Militar que identificam a imprensa como inimiga porque, eventualmente, a cobertura da imprensa não o satisfaz. Tem também agressões de manifestantes que acontecem porque alguns entendem que o trabalho da imprensa não divulga os seus pontos de vista. Este trabalho da imprensa precisa ter garantias porque ela não está lá para falar mal ou bem da polícia ou divulgar a pauta dos manifestantes. O jornalista está lá para relatar fatos. A princípio, a função dele seria muito simples: vai falar com manifestante, vai falar com a polícia. Agora, se você não entende o papel da imprensa, você cria um problema dos dois lados e, assim como não existe orientação do Estado brasileiro para agredir policial, não existe orientação de manifestante para dizer que a imprensa é inimiga. O que nós temos é uma degeneração deste papel político. Nós estamos enfrentando uma situação política. Existe hoje em discussão em Brasília: a federalização dos crimes contra a imprensa. Dentro do prazo normal do inquérito policial, se a autoridade local não apontar os responsáveis, o caso passa para esfera federal. Normalmente, crimes contra imprensa existem em grande quantidade onde o poder local está envolvido, atrapalhando assim a investigação. É uma medida de garantir o desvendamento do caso”. GUILHERME ALPENDRE “Nós temos observado o aumento da violência contra os jornalistas, inclusive com assassinatos. As eleições no Brasil no passado foram bastante violentas para os jornalistas. Em 2013, a Abraji começou a fazer uma contagem a partir do dia 11 de junho, mas com mais casos no dia 13 de junho, quando alguns repórteres foram presos na concentração do Teatro Municipal. É um trabalho sistemático que a cada protesto, se entrou em contato com a empresa, com o sindicato local e se pediu informações. Falamos com os repórteres e perguntamos se eles queriam que o nome fosse divulgado mas, em alguns casos, isso não foi autorizado. Respeitamos a decisão, embora os protocolos da Abraji defendam que os casos sejam divulgados como estratégia, como ferramenta para combater a violência e a impunidade. Desde 11 de junho até hoje, chegamos a 102 jornalistas agredidos em protestos. Isso incluiu agressão, prisões, hostilidade, furto de equipamento, entre outros. São Paulo foi o estado com maior número de casos. Dos 102 registrados, 39 ocorreram no estado - desses 36 ocasionados pela polícia e 3 por manifestantes. Deste total, 77 foram ocasionadas por policiais, o que representa 75,5% dos casos”. ADRIANA MAGALHÃES “Venho trazer toda solidariedade e apoio da Central Única dos Trabalhadores e de todos os sindicatos filiados à CUT. Viemos acompanhando a partir das denúncias feita pelo Sindicato dos Jornalistas e estamos preocupados. É uma situação de grande insegurança sem ter o aparato do Estado para dar garantia ao exercício da profissão. Porque os repórteres e os cinegrafistas precisam estar no momento em que os fatos acontecem e o Estado tem que os proteger. Acho que é importante encontrar soluções. Não basta o repórter e o cinegrafista se identificarem. A polícia tem que mudar. SERGIO SILVA “Infelizmente, fui atingido no olho esquerdo por uma das tropas que estavam na rua da Consolação no dia 13 de junho. E a bala que me atingiu foi certeira. Hoje eu tenho 100% de perda de visão do olho esquerdo. Desde então sou uma pessoa monocular. E tem sido bem difícil. Foi uma mudança muito brusca na minha vida. Ainda mais tendo a visão como meu instrumento de trabalho. Estou passando por uma etapa de readaptação na minha vida pessoal, desde colocar um café numa xícara até poder andar no metrô lotado sem esbarrar numa pessoa. Coisas banais que impactam o cotidiano. Houve um abuso de autoridade por parte do Estado. Desde aquele dia não tive nenhuma resposta da Secretária de Segurança Pública. A gente vive em um país democrático onde todos devem se preocupar com esta questão e, infelizmente, ela fica restrita a um pequeno círculo como nesta coletiva organizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, que vejo como uma força, uma união de classe. Vejo com muita seriedade esta questão do profissional da imprensa se colocar contra este aumento de violência, porque a violência sempre existiu. Na noite de 13 de junho foi explícita a violência contra a imprensa. Muitos profissionais agredidos tentavam falar com os policiais dizendo que estavam ali à trabalho e mesmo assim a agressão foi cometida. Eu queria chamar a atenção para o caso da Juliana Baloni, da Folha de São Paulo. Acho que agressão que ela sofreu teve um peso de violência muito mais brutal do que o meu porque o policial que me atingiu não mirou o Sérgio, mirou contra as pessoas e, infelizmente, a bala me atingiu. No caso da Juliana foi evidente a agressão contra a imprensa. Ela estava ajoelhada segurando seu equipamento, se identificou com profissional da Folha e o policial usou a truculência que ele carrega de formação para agredi-la. Ele viu que era uma mulher, uma profissional trabalhando e, mesmo assim, apontou a arma para ela e atirou, ou seja, escolheu a vítima. Esse caso para mim é muito mais emblemático na questão da força policial, da raiva contra a imprensa, do abuso de autoridade que alguns policiais cometem nas ruas”. Do ponto de vista dos trabalhadores, as empresas têm que ter responsabilidade. Quero deixar aqui a solidariedade da CUT, a nossa contribuição para o que for necessário na articulação política no estado e nos espaços onde tivermos diálogo. E dizer que, diante de dados tão alarmantes, não podemos encarar isso apenas como um risco da profissão. Não estamos discutindo adicional de insalubridade ou de peculariedade. Queremos que, de fato, a democracia respeite o exercício da profissão e que os repórteres, cinegrafistas, fotógrafos e jornalistas possam exercer sua atividade com segurança”. ESDRAS MARTINS “Desde que as coisas começaram a acontecer violentamente contra os fotógrafos, começamos a interpelar a Secretaria de Segurança Pública sobre os fatos ocorridos. Infelizmente, fica claro o despreparo da polícia para atuar em relação a manifestações. Ultimamente tem se percebido isto claramente. Todo profissional que vai pra rua sabe disso. Não tem graça nenhuma apanhar da polícia e todo dia estar acontecendo a mesma coisa. O que se percebe é um despreparo muito grande dos policiais. A gente está o tempo inteiro interpelando a Secretaria de Segurança Pública. Já tivemos uma reunião na Polícia Militar para parar com esta violência. Eles alegaram que não conseguem identificar quem é jornalista e quem é manifestante. Nós estamos cobrando da Polícia Militar do Comando do Estado ações concretas. Eles reclamam muito alegando que o problema é a identificação. Estamos tendo implantar uma identificação, porque o fotógrafo sempre vai estar ao lado da tropa”. UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 Fotos: Carlos Eduardo Bazilevski Aragão iam truculência policial em SP AMADEU MÊMOLO “Estamos colaborando com o SJSP nesta questão do abuso de autoridade contra os jornalistas. Em uma reunião recente, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, disse que era preciso exigir mais rigor da própria lei com os crimes contra os soldados da PM em manifestações populares. Eu entendo que deveríamos agir junto à Assembleia Legislativa de São Paulo para encontrar vias legais de proteção ao jornalista no exercício da sua profissão. Esta violência contra o jornalista é grave. É muito grave não porque seja resquício da ditadura, mas porque ela acontece em período democrático. Alguma coisa está acontecendo e precisamos descobrir o que é. Eu acho importante encontrar as origens dessa violência que é dolosa. Há um propósito quando há dolo. E isso é muito grave”. 7 André Freire Comissão da Verdade UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 8 O jornalista Luiz Carlos Costa, de 71 anos, é um dos depoentes da Comissão Verdade do SJSP. Sindicalista e membro do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e, posteriormente, do MDB em São José dos Campos, foi preso quando trabalhava no Instituto Técnico Aeronáutico (ITA). Durante anos, sem ter qualquer processo contra ele, foi perseguido e torturado no DOI-Codi, no mesmo local e na mesma época do assassinato de Vladimir Herzog. “ Em 1970, eu era secretário do MDB e por ter participado de uma reunião com estudantes que tentavam reorganizar o Partido Comunista em São José dos Campos, o pessoal do DOI-Codi foi até a minha casa me prender com a justificativa de que eu era o assistente político da célula comunista. Entraram três homens vestidos a paisana, armados e me levaram para prestar depoimento. Entrei no carro e logo fui algemado. Quando chegamos a São Paulo me colocaram um capuz, me conduziram até uma sala e pediram para eu segurar dois fios, deram choques. Como não falei nada argumentaram entre eles: essa pimentinha não está resolvendo nada. E desceram comigo para outro cômodo. E fui para a chamada cadeira do dragão. Eles me fizeram tirar a roupa, me amarraram, colocaram fios nas partes mais sensíveis do meu corpo e começaram a disparar choques muito violentos. A tortura começou à noite e entrou madrugada adentro. Quando me tiraram da cadeira eu não consegui vestir a minha própria roupa por impossibilidade física. Mesmo assim vesti uma calça e uma japona cinza. Eu já não me levantava mais, não conseguia ficar em pé. Colocaram-me em um colchão e me arrastaram até um salão onde havia mais gente. Tudo isso sempre encapuzado. Como estava muito mau, o Sérgio Gomes (jornalista) se revoltou com a minha situação e pediu um médico. Então, me tiraram e levaram para uma cela, onde havia outros dois jornalistas, o Frederico Pessoa e o Polá Galé e um ferroviário que também estava em situação precária porque era epilético. Haviam três turmas de torturadores. Uma que entrava no domingo e saia na quarta. Os mesmos que haviam me torturado no domingo retornaram na quarta. Um deles pisou nas minhas costas e disse: nós ainda vamos conversar. Fui atendido por um médico - que também estava preso - que disse que eu não tinha condições de ficar ali e que precisava ser removido para um hospital. Mas continuei lá. Essa mesma turma de torturadores pegou o Vladimir Herzog no sábado. A gente sempre ouvia os gritos e eles aumentavam o volume do rádio para disfarçar. Na segunda-feira, me levaram pra outra sala onde havia um tal de "Dr. Paulo". Os su- bordinados dele pediram pra eu assinar um documento, que era uma confissão. Eu disse que não. Ai me deram uma folha para eu escrever o que eu achava. Escrevi uma lauda e meia, eles levaram para o "Dr. Paulo" e voltam com resposta de que ainda não estava bom , que tinha que escrever mais. Eu disse que só podia escrever aquilo. Eles disseram: então você vai viajar! Fui colocado deitado na parte de trás da Veraneio (carro) porque eu não conseguia Lu Fernandes afirma que parte da Folha era dirigida pela polícia “Em 77, quando entrei na Folha de S. Paulo, a empresa tinha duas posições: uma interna e outra externa. Naquele ano ocorreu o episódio do Lourenço Diaféria. Ele divulgou uma crônica sobre um soldado que tinha salvo uma criança e falou sobre Duque de Caxias, que tinha virado uma estátua jogada numa praça. Os “caras” enlouqueceram porque, na cabeça deles, patrão não tinha aquela liberdade. Passaram telex para todas redações colocando todo mundo em estado de alerta. A ABI conta que, na época, achavam que era porque a entidade estava fazendo dossiê sobre os jornalistas desaparecidos. Mas era por conta da crônica. Diaféria foi preso com base na Lei de Segurança Nacional e ficou 24 dias na prisão Essa discussão eu acompanhei no Sindicato. Foi quando a Folha foi chamada a Brasília. E eles exigiram uma posição da Folha. Foi quando o Cláudio Abramo saiu e chamaram o Boris Casoy. A prisão do Lourenço foi a última com grande estardalhaço. Um católico, que não era de esquerda. Ele era uma grande pessoa. Isso eu presenciei como uma jovem jornalista, estagiária da Folha. Uma parte do Grupo Folha estava na mão da polícia: a Folha da Tarde e a Agência Folha. Eram delegados que compunham as redações. Era tudo ainda ligado à ditadura. Já a Folha de S.Paulo era outra coisa: era dirigida pelo Cláudio Abramo. O que se dizia, na época, era que a Folha era do Frias e a Folha da Tarde era do Caldeira, amigo do Erasmo Dias, em Santos. A grande birra dos militares era com o Cláudio Abramo e com aquele núcleo que, naquela época, já não tinha mais nada a ver com a ditadura. Eu me lembro que o Tavinho (Otávio Frias Filho) teve um papel muito forte nesta coisa de conquistar espaço e isolar a força que a ditadura tinha nos outros veículos. Nós sabíamos disso. Só não sabíamos da história da utilização dos carros da redação. A Folha foi a última confrontar a ditadura, depois da Veja e do Estadão”. Lu Fernandes é ex-presidente do SJSP me levantar e me levaram de volta para São José dos Campos. Isso era um domingo depois da morte do Vlado no sábado. Fui deixado na casa da minha sogra. Entrei e logo fui levado para o Hospital Beneficência Portuguesa, onde fui internado. Então apareceu um cirurgião que se apresentou como médico da Aeronáutica. Ai pensei: estou ferrado. Ele perguntou o que havia acontecido. Eu disse que tinha caído de uma escada e que tinha problema na coluna. E nisso estacionaram uma veraneio em frente à janela do quarto onde eu estava internado, que permaneceu lá todo tempo. Naquele momento, estava ocorrendo o culto ecumênico na Praça da Sé. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, através do Audálio Dantas e o próprio Paulo Jair Soares, informaram o Estadão e o doutor Rui Mesquita ligou para o Ministro da Justiça. Ele disse que se eu morresse no DOI-Codi, a responsabilidade seria deles porque eu estava muito mal. Isso depois da morte do Herzog, que teve grande repercussão. Eu passei duas semanas no Hospital Beneficência Portuguesa e depois fui para o Hospital das Clínicas para ser tratado no setor de ortopedia. Fui chamado para depor na Justiça Militar, na Auditoria Militar, porque tinha um processo aberto contra os alunos. Eu não fui indiciado no processo. Eu retomei minha atividade no Estadão, em 1976. Fui lançado candidato a vereador, porque pensei que seria importante me tornar uma pessoa pública. E me elegi. A Arena pediu a minha cassação, mas como eu não tinha perdido os direitos políticos, eles não conseguiram. Mesmo assim, eles pediram para o Governo Federal que eu fosse cassado com base no Ato Institucional (AI5). “ Assessoria Adriano Diogo Costa também foi torturado no Doi-Codi Gabriel Romeiro é ex-presidente do SJSP de Marighella Sérgio Vital Tafner Jorge, fotografo sindicalizado ao SJSP desde 1956 e hoje com 76 anos, testemunhou um fato histórico do Brasil. Ele presenciou a farsa que os militares montaram por ocasião da morte de Carlos Marighella, líder da Aliança Libertadora Nacional (ALN). E garante que seus assassinos retiraram o corpo do veículo e depois o recolocaram em outra posição para simular que havia ocorrido um tiroteio. Na capa desta edição do Unidade, ele mostra a reprodução montada por ele tendo um amigo como modelo, com a cena como ele viu na noite de 4 de novembro de 1969. A reprodução revela como ele encontrou o corpo de Marighella quando chegou ao local para fotografar e foi impedido. Após 40 minutos de espera, sob supervisão do delegado Fleury (Dops), foi obrigado a registrar a cena montada pela polícia (foto acima). Sérgio trabalhou no jornal O Dia, A Gazeta, Manchete e na editora Abril. Marighella foi assassinado em uma emboscada em São Paulo, depois de torturarem padres dominicanos, com quem ele tinha contato. É esta farsa que ele revelou à Comissão da Verdade do SJSP. “ André Freire André Freire Nós saímos da redação da Manchete em seis pessoas para cobrir o jogo Santos X Corinthians. No caminho, a rádio Panamerica noticiou um tiroteio e a morte do Marighella na Alameda Casa Branca. Vimos a importância da notícia, nos dividimos e corremos para lá. Em dez minutos estávamos no local. Não tinha sinal de tiroteio. Quando estávamos chegando perto do carro onde estava o corpo - um fusquinha parado em baixo de uma árvore - os policias mandaram que eu e mais quatro fotógrafos encostássemos em um muro e colocássemos as máquinas no chão. Antes disso, o então temido delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Sérgio Paranhos Fleury, aos berros, disse para que nós não fotografarmos: “quem fotografar, eu levo preso”. Então ficamos parados, olhando o corpo do Marighella no carro, sentado ao volante, com meio corpo e uma perna para fora. Tinha tiros no vidro da frente e no vidro de trás. Percebi que não tinha resquícios de sangue. Só havia uma pequena mancha no queixo e no dedo. E ele estava caído numa posição com o pé saindo para fora do carro. Depois apareceram três policiais que retiraram o corpo do Marighella, o deitaram no chão, mexeram nele, retiraram coisas do bolso, tiraram a camisa dele, que estava dentro da calça, para fora. Quando mexeram no corpo, saiu muito sangue pelo buraco do tiro no peito. E na hora de colocar (o corpo) de volta dentro do carro, não conseguiram porque ele era muito grande, pesado. Então um deles UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 “Fui dominicano e comecei na profissão como frila na revista Realidade, da editora Abril. Havia uma posição ambígua na editora em relação à Igreja. Dom Paulo Evaristo Arns, que era bispo auxiliar de São Paulo, apoiou o golpe de 64 no início e depois foi mudando progressivamente de posição A Abril tinha muita preocupação com tendência religiosa. Para entrar na empresa, fiz uma matéria contando toda a situação da Igreja no período. A abordagem era muito progressista e a direção da Abril morreu de medo e vetou a publicação. Depois ela foi aproveitada no semanário O São Paulo, da Igreja Católica. Em 70, fui apresentado ao Fernando Pacheco Jordão, que estava chegando de Londres para montar o jornalismo da TV Cultura. Ele me chamou para a área Internacional. Pacheco Jordão foi demitido e eu, logo em seguida. Valter Sampaio assumiu a redação, voltei para a editoria Internacional e o Vlado ficou no fechamento. Valter saiu e entrou Orlando Duarte, que depois foi cobrir a Copa de 74. Nessa época, ocorre uma crise com contornos horríveis, com prisões inclusive. Neste contexto, Sampaio retorna. Ele voltou com discurso apelativo de que "todos somos jornalistas". O Narciso Kalili, que não aguentava mais a pressão, deu uma resposta pesada que foi " nós todos somos jornalistas . Mas existem jornalistas e jornalistas". Sampaio perguntou o que ele queria dizer com aquilo. Ele respondeu "eu quero dizer que têm jornalistas que trabalham para dar informações e jornalistas que trabalham para assessoria de relações públicas da Presidência da República. Valter fazia frilas para a Presidência da República e demitiu ele na hora. Jorge Bordokan também tomou partido e foi demitido no dia seguinte. Eles foram presos no DOI-Codi. Cada semana era demitida uma pessoa. O Vlado também resolveu ir embora, mas voltou com uma nova equipe composta por Rose Nogueira, Paulo Markun e Luiz Weis. Depois da morte de Vlado, a cada semana prendiam alguém e clima ficou tenso com a censura”. A farsa da morte deu a volta pelo carro, entrou no veículo e puxou pela porta do passageiro, exatamente na posição que todo mundo fotografou. Então o Fleury autorizou as fotos. Quando eu fiquei sabendo que o fotógrafo do Vlado havia contado a verdade sobre sua morte , tomei coragem de contar a minha sobre o Marighella. Procurei os fotógrafos que estavam lá na época e descobri que todos haviam morrido. Eu sou o único vivo que presenciei aquela cena. Para ter certeza sobre o que eu havia visto naquele dia procurei o meu médico do coração para saber a opinião profissional dele sobre o caso. Acho difícil o Marighella ter esboçado qualquer reação. Perto do Volkswagen havia uma caminhonete com os policiais deitados dentro, no outro lado da rua. Na Alameda Lorena, a 50 metros dali, os policiais estavam parando todo mundo. Só havia movimento dos próprios policiais. Se houve uma reação do Maringuella foi, no máximo, ter saído do carro. Quando saiu e viu o que estava acontecendo - possivelmente o tiroteio, que segundo relatos teve muitos tiros - ele voltou para o carro para se abrigar. Possivelmente, na pasta que falam que estava atrás do carro, tinha um revólver. Eu vi apenas a pasta aberta com o jornal saindo. Outra coisa que o Mario Magalhães, autor do livro Marighella - o Guerrilheiro que Incendiou o Mundo, onde fui entrevistado, me perguntou se eu lembrava quantos tiros eu achava que foram dados. Eu respondi que foram sete - três por trás, dois pela frente e um exatamente no peito, a curta distância. Os tiros foram dados por duas pessoas a 45 graus do fusquinha. O fatal passou pelo vão do vidro ou pela porta aberta e pegou o tórax dele. Todo mundo tinha medo do delegado Fleury. Basta dizer que em nenhum momento ele tirou os olhos da gente. Eu bati apenas 3 fotos com flash em uma câmara rolleiflex. A Fatos e Fotos publicou imediatamente. A Manchete divulgou em duas etapas. Porque teve o enterro do delegado ferido, da policial que morreu, enfim, toda redação estava mobilizada para estes desdobramentos também. Dois ou três dias depois, o Ivan Alves, que era o chefe da redação, conseguiu uma entrevista com o Fleury para falar sobre o caso e ele, novamente, não se deixou fotografar. Quando vi a reportagem, questionei o Ivan, que era o meu amigo. “Pô! Ivan, isso aqui é tudo inverdade”. Ele respondeu: “você fica quieto por eu gravei a entrevista e foi isso mesmo que ele falou “ Gabriel Romero sofreu censura na Editora Abril e na TV Cultura 9 A Moagem Eduardo Ribeiro UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 lém do intenso vaivém sobretudo nos segmentos de Mídia Digital e Assessoria de Imprensa, o Moagem deste final de ano também apresenta 15 lançamentos de livros. A tristeza fica por conta do falecimento de Antonio Maschio, Carmen Santos, Cida Taiar, Ivo Zanini e Paulo Freitas. Boa leitura! Jornal GUILHERME GOMES PINTO foi promovido a editorexecutivo do Lance, no lugar de Mateus Benato, que foi para a Folha de S.Paulo como editoradjunto de Esportes. Ali entrou no lugar de Mariana Lajolo, que passa a colaboradora do jornal. Deixaram o Lance Claudinei Queiroz e o fotógrafo Tom Dib. A FOLHA DE S.PAULO extinguiu o Núcleo de Cultura, que incorporava os cadernos Ilustrada e Ilustríssima. Heloísa Helvécia, editora do núcleo, ficou à frente da Ilustrada; e Cassiano Elek Machado, da Ilustríssima. LEANDRO ÁLVARES deixou o Jornal do Carro, do Estadão, e foi como editor-assistente para a Autoesporte, no lugar de Ricardo Sant’Anna, que está agora no Webmotors. CONRADO CORSALETTE, até então sub, é o novo editor de Política do Estadão, no lugar de Malu Delgado, que saiu. Ainda por lá, Monica Scaramuzzo passou a integrar a equipe de Economia e Negócios. RICARDO RIBEIRO é agora editor do caderno Máquina do Agora São Paulo. Ele estava no UOL Carros e ali foi substituído por Leonardo Félix. Revista 10 JAIRO MENDES LEAL deixou o Grupo Abril, após 40 anos de casa. Ele estava atualmente no Conselho da Abrilpar, holding que controla as operações de logística e educação do grupo. KAIKE NANNE começou como publisher do Grupo Ediouro, depois de 20 anos editando revistas na Abril e na Editora Globo. LUÍS ARTUR NOGUEIRA passou a editor de Economia de IstoÉ Dinheiro, em substituição a Carla Jimenez, que foi para a edição digital em português do El País, como editora-chefe. Ainda por lá, Márcio Juliboni, vindo da Exame.com, começou como editor Multimídia; Ana Paula Ribeiro foi promovida a sub de Economia; e Fernando Teixeira saiu. RINALDO GAMA está de volta à Veja, em que havia trabalhado entre 1988 e 1996. Neste seu regresso ocupa o cargo de editor sênior. Televisão EDSON PORTO deixou a Rede TV e a grande imprensa e começou na Ideal. NA RECORD NEWS, Maria Clara Leite assumiu a apresentação do Hora News, no lugar da Roberta Marques, que foi para a Record de Porto Alegre. NA TV GAZETA, Michelle Giannella regressou de licençamaternidade ao programa Gazeta Esportiva. Anita Paschkes, que a substituiu no período, passou a atuar no Mesa Redonda e em reportagens especiais sobre esportes urbanos. Assessoria RODOLFO GUTTILLA e Leandro Machado fundaram a Cause (11-3230-7875 e causeaqui@ cause.net.br), criada para atuar em causas ligadas ao desenvolvimento sustentável, aos direitos humanos e às novas formas de participação democrática. MARCELO AGUIAR, Pedro Lane e Vera Imakuma, originários da FSB, fundaram a Néctar Comunicação (www.nectarc. com.br e 11-5053-5110). Rádio NA REDE BANDEIRANTES, André Luiz Costa e José Carlos Carboni foram respectivamente promovidos a diretor executivo de Jornalismo e diretor Nacional de Conteúdo das rádios. JÚLIO MORENO deixou a Fundação Padre Anchieta, em que estava desde o final de 2007, no núcleo de Projetos Educacionais. ROBERTO SARAIVA começou na Unidade de Inteligência de Mercado do Sebrae-SP, onde também chegaram os designers Carlos Takahashi, Ana Luisa Souto e Daniel Neves. MARCELO ALONSO foi para a A4 Comunicação e ali dirige o recém-criado Núcleo de Comunicação Estratégica. ADRIANO GRIECCO é o novo diretor de Relações Governamentais da GM, substituindo a Milton Fratta, que se aposentou depois de 48 anos de casa. PRISCILA DAL POGGETTO deixou o G1 e começou na Assessoria de Imprensa da Citroën. JOICE LIMA montou a Agência Escrita, para atuar com produção de conteúdo. A FTI CONSULTING ganhou o reforço de Ana Herren e Bruno Athayde Soares, que passam a integrar a equipe formada pela diretora geral Sheila Magri e pela vice-presidente Deborah Jacob. FABIANA CORÔA assumiu a Gerência de Comunicação Corporativa do Banco de TokyoMitsubishi UFJ Brasil. IEDA PASSOS foi para Brasília, ali assumindo a Gerência Executiva de Comunicação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Interior FÁBIO PESCARINI é o novo editor-chefe da Tribuna Impressa, de Araraquara. RITA MAGALHÃES assumiu a Chefia de Reportagem de A Cidade, de Ribeirão Preto. Midias Digitais NO PORTAL TERRA, registro para a chegada de Rafael Spuldar como editor-executivo e para a saída de Maly Messi do Terra TV. VEJAMOS.COM.BR é o nome do site idealizado por Fábio Guedes, que reúne banco de mais de dois mil dados com informações estatísticas pela mídia. MÁRCIA PINNA RASPANTI e Mary del Priore lançaram o blog História Hoje (historiahoje.com), sobre história do Brasil. RICARDO ANDERÁOS assumiu a Direção de Redação do Brasil Post, sociedade entre o Grupo Abril e o The Huffington Post. Integram a equipe Otávio Dias, Thiago Araújo, Amanda Previdelli, Gabriela Loureiro, Cleber Facchi e Daniel Lazzaroni Apolinário. RIVALDO CHINEM estreou o blog Memória de tempos vividos (http://bit.ly/1hAkpBO), em que registra histórias pessoais e outras que acompanhou. * Odair del Pozzo levou a sua Coluna do Dadá para o site RD1, hospedado no iG. . BIA SANT’ANNA e Gabriela Dobner passaram a editoras de Home do iG. Bia, até então editora do iG Gente, trocou de posto com Carolina Gregnanin, que passou também a assinar a coluna Na TV. Gabriela, ex-editoraexecutiva do Último Segundo, foi substituída por Ricardo Pieralini. Ainda por lá, registro para a chegada de Alec Duarte, como chefe de Reportagem. EDSON FRANCO começou no Terra, responsável pelo recém-criado grupo Notícias, que engloba as editorias de Economia, Tecnologia, Mundo, Brasil, Ciência e Educação. RITA TAVARES lançou o blog Hora da Comida (www.horadacomida.com.br). Telegráficas CLÁUDIA DARÉ está de volta ao Brasil, após cinco anos nos EUA e no México. Seus novos contatos são [email protected] e 11-998-043-021. VAI ATÉ 6 de janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil, a exposição Resistir é preciso, do Instituto Vladimir Herzog, que reúne obras de arte e documentos históricos denunciando abusos e crimes da ditadura. Livros CARLOS RATTON diretor da Regional de Santos do SJSP lançou o livro Pescador de Notícias pela Scortecci Editora. Apresentado pelo presidente do SJSP, Guto Camargo, e prefaciado pelo professor-doutor da Universidade de São Paulo (USP), Dirceu Fernandes Lopes, Pescador de Notícias remonta os 20 anos de reportagens de Carlos Ratton. São 216 páginas repletas de material investigativo, fatos inusitados protagonizados pelos últimos prefeitos da região, o dia-a-dia de um repórter; perseguições políticas sofridas pelo jornalista e até alto – Tudo o que você precisa saber sobre beleza, saúde e bem-estar (Leya). JORGE FERNANDO DOS SANTOS com Cordel da bola que rola: a história e as lendas do futebol (Paulus), obra que também conta com ilustrações de Cláudio Martins. MARCELO REZENDE com Corta pra mim (Planeta), obra que traz bastidores de reportagens e memórias dos quase 23 anos em que trabalhou para a tevê Globo, além de suas passagens por Rede TV e Rede Record. MAURI KÖNIG com O Brasil oculto – Crimes das fronteiras obscuras aos paraísos à beiramar (ComPactos), resultado de quase dez anos de pesquisa que culminaram com cinco grandes viagens, em que o autor percorreu os limites do território brasileiro ao lado do fotógrafo Albari Rosa. ODAIR ALONSO com Sessenta crônicas de uma vida (Editora Pontes), que reúne em ordem cronológica fatos de suas vida e carreira. RICARDO CARVALHO com O cardeal da resistência – As muitas vidas de dom Paulo Evaristo Arns (Instituto Vladimir Herzog), obra com 65 capítulos. RODRIGO VIANA com A bola e o verbo – o futebol na crônica brasileira (Summus), uma adaptação do trabalho de mestrado de Viana, que há oito anos estuda o tema. SILVIA ANGERAMI com Flora: minhas memórias, obra manuscrita a lápis pela avó de Silvia, dona Flora Pinheiro Angerami. Registros IVO ZANINI, em 14/10, aos 84 anos, por complicações decorrentes de diverculite. Membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte, fundou e dirigiu os espaços culturais DHL, Metropolitana e Cásper Líbero. Escreveu por cerca de 20 anos coluna sobre artes plásticas no caderno Ilustrada, da Folha de S.Paulo, onde trabalhou por mais de três décadas. Também passou por O Tempo, Correio Paulistano e Diários Associados, além de colaborar com o caderno de Cultura do Estadão. ANTÔNIO MASCHIO, em 21/10, aos 66 anos, de complicações decorrentes de um câncer no pâncreas. Ao lado de Wladimir Soares, ex-crítico de música do extinto Jornal da Tarde, fundou o Pirandello, localizado rua Augusta. Ator, gostava de ser chamado de agitador cultural. Era também jornalista tendo participado como repórter do programa São Paulo Zero Hora, na Rádio Globo de São Paulo. CARMEN SANTOS, em 25/10, aos 44 anos, no Hospital Samaritano, onde estava internada. Ela atuou por cerca de 20 anos na Record (praticamente seu único emprego). Desempregada desde que deixou a emissora, meses atrás, Carmem convivia com sequelas de um acidente ocorrido dois anos antes, num passeio de balão, em Boituva, interior de São Paulo, na comemoração de 23 anos de casamento. Foi sepultada no Mausoléu do Sindicato dos Jornalistas, no Cemitério São Paulo, em Pinheiros. CIDA TAIAR, em 31/10, aos 67 anos, em decorrência de um câncer. Por onde passou deixou amigos, tendo atuado como repórter em veículos como IstoÉ, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo e Claudia. Nos últimos anos, dedicou-se a trabalhos free-lancers. Guto entrega prêmio à Marilu Cabañas (direita) SJSP participa da entrega do prêmio Vladimir Herzog A entrega da 35ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, ocorrida no final de outubro, no Memorial da América Latina, foi marcada por denúncias de violações aos direitos humanos, principalmente contra jornalistas. Três grandes nomes da imprensa brasileira receberam o Prêmio Especial: Perseu Abramo (in memo- riam), Marco Antônio Tavares Coelho e Raimundo Rodrigues Pereira, que recebeu o prêmio das mãos de André Freire, secretário geral do SJSP. Já o presidente da entidade, José Augusto Camargo (Guto) entregou, junto com a líder indígena do povo Guarani-Kaiowá, o prêmio à Marilu Cabañas, repórter especial da Rádio Brasil Atual. Audálio premiado por Diretor de Campinas livro sobre Vlado recebe homenagem O livro-reportagem “As Duas Guerras de Vlado Herzog”, de Audálio Dantas foi um dos vencedores da 55ª edição do Prêmio Jabuti. A obra foi eleita o Livro do Ano de Não-ficção. O livro foi lançado no auditório Vladimir Herzog do SJSP em novembro do ano passado. Audálio, que é ex-presidente do Sindicato em duas gestões (19751979 e 1982 -1983), passou um ano e meio escrevendo a obra sobre o assassinato do jornalista Vladimir Herzog “e outros 30 anos vivendo essa história”. 2014 UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 ameaças de morte em função de suas publicações que, em 2012, o levaram a ser finalista da versão nacional do Prêmio Esso – um dos mais renomados do País - pela série de reportagens intitulada Endinheirados, que versou sobre a proibição de acesso às praias de Guarujá. ANA CLAUDIA KONICHI e Patricia Travassos com Minha mãe é um negócio (Saraiva), livro que conta a história de mulheres que, após a maternidade, abriram seu próprio negócio para ficarem mais perto dos filhos. ARMANDO ANTENORE e a ilustradora Rita Taraborelli com Júlia e Coió e Rita distraída (SM) dois primeiros livros da coleção infantil Que figura!. AYDANO RORIZ com Rigoletto: uma sátira do Brasil de 2012 (Editora Europa), seu primeiro thriller, que traz a história de um assassino a bordo de um navio de cruzeiro. CLAUDIO HENRIQUE DOS SANTOS com Macho do século XXI, obra que aborda a história do próprio Cláudio, que largou uma bem-sucedida carreira no Brasil para ser “dono de casa”. EDMILSON COSTA com A crise econômica mundial, a globalização e o Brasil, que reúne ensaios publicados em veículos do Brasil e do exterior, além de textos inéditos. EDUARDO MARETTI com O filho da promessa (Paulinas), romance sobre um homem sem fé que vive um aparente acaso que abala suas convicções. EDUARDO PINCIGHER com 43 – Duas mulheres, dois homens, amor, namoro, sexo e traição (edição do autor), obra ficcional inspirada em casos reais de profissionais que atuam na imprensa automotiva. FABIANA SCARANZI com Mulheres muito além do salto Instituto Vladimir Herzog Moagem O diretor da Regional Campinas do SJSP, Marcos Aparecido Rodrigues Alves, recebeu em 20 de novembro - Dia da Consciência Negra - o Diploma de Mérito Zumbi dos Palmares. A solenidade foi realizada no plenário da Câmara Municipal de Campinas. A iniciativa de homenagear o diretor do SJSP foi do vereador Angelo Barreto (PT). Marcos foi agraciado como editor do jornal do Coletivo de Combate ao Racismo, da Subsede da CUT, que luta contra a discriminação e o racismo nos locais de trabalho. Ano de lutas e de vitórias! 11 Imagem UNIDADE NOVEMBRO/DEZEMBRO 2013 A ausência da mulher na imprensa negra do início do Século XX 12 Acervo da pesquisadora Mirim Nicolau Ferrara, disponibilizado pela Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira), órgão consultivo do SJSP, revela a invisibilidade feminina na imprensa negra no início do século XX. Nos primeiros jornais da década de 1900 percebe-se a ausência das mulheres assinando periódicos, o silêncio sobre as questões de gênero nas pautas e a inexistência de mulheres negras como fontes. A situação da mulher negra passa a ser olhada com mais cuidado a partir de 1930. Uma prova disso é a capa do Clarim da Alvorada fundado em 1924 por José Correia Leite. Em 1946, na capa de O Novo Horizonte, percebe-se a retratação do que viria a ser um dos grandes estereótipos que até hoje influenciam a vida da mulher negra: a imagem atrelada à servidão e a exaltação da mulher negra como a cuidadora, a mãe preta que aparece sempre segu- rando uma criança branca. A partir de 1950, a mulher negra começa a aparecer timidamente como protagonista da sua história. A capa do Jornal Quilombo do Rio de Janeiro, periódico do Teatro Experimental do Negro, reflete essa época Em 1961, o Nosso Jornal de Piracicaba traz texto principal assinado por uma mulher, Luíza Maria de Andrade Reis e matéria com a escritora negra Maria Carolina de Jesus que aparece na imagem. Em 1977, Neusa Maria Pereira, jornalista e fundadora do Movimento Negro Unificado assinou texto sobre a mulher negra no jornal Versus que entre outros nomes contava com Hamilton Cardoso. Obs: A cópia da Versus foi feita a partir de original de Flavio Jorge Rodrigues da Silva e Gevanilda Santos. Texto de Juliana Gonçalves.