avaliação de desempenho de películas refletivas
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avaliação de desempenho de películas refletivas
44ª RAPv – REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO E 18º ENACOR – ENCONTRO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO RODOVIÁRIA Foz do Iguaçu, PR - 18 a 21 de agosto de 2015 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE PELÍCULAS REFLETIVAS Fabiano Martins de Medeiros1; Rodrigo Cosentino Rodrigues2; Deividi da S. Pereira3; Luciano P. Specht4 RESUMO Sinalização viária é o conjunto de dispositivos implantados ao longo de uma via com o objetivo de regulamentar, advertir, indicar, orientar e educar motoristas, passageiros e pedestres. É classificada como sinalização vertical e horizontal, sendo que a sinalização vertical de uma via é composta por placas, painéis e dispositivos auxiliares. Conforme o Manual de Sinalização Rodoviária do DNIT (2010), para que a sinalização vertical seja efetiva, os dispositivos devem estar corretamente posicionados dentro do campo visual do usuário, ter forma e cores padronizadas, símbolos e mensagens simples e claras, além de letras com tamanho e espaçamento adequados à velocidade regulamentada da via. As placas devem apresentar a mesma tonalidade de cor durante o dia, noite e em condições climáticas adversas, como chuva ou neblina. Para se alcançar tal resultado, as placas devem ser retro iluminadas ou serem confeccionadas com películas refletivas. A NBR 14644:2013 especifica dez tipos diferentes de películas e estabelece valores de desempenho mínimo inicial e residual, medidos em candelas por lux metro quadrado (cd.lx.m2). Ainda conforme a NBR 14644:2013, o desempenho mínimo residual é o resultado esperado ao final de um período de sete ou dez anos, dependendo do tipo de película. Cabe salientar que a ação das intempéries e a poluição do ar, oriunda de veículos e do próprio meio, tem considerável efeito na redução da vida útil das películas refletivas. Este trabalho busca estabelecer um comparativo de desempenho entre três tipos de película diferentes através de um conjunto de 40 placas experimentais implantadas na BR-392, município de Rio Grande/RS e determinar: O desempenho de cada película em função do tempo através de medições de retrorrefletividade; a relação custo-benefício entre os três tipos de película refletiva, os efeitos associados à conservação (limpeza) das películas, definição de um plano de conservação de películas. PALAVRAS-CHAVE: Rodovia; Sinalização; Película Refletiva ABSTRACT Road marking is the set of devices implanted along a route in order to regulate, warn, indicate, guide and educate drivers, passengers and pedestrians. It classed as vertical and horizontal signal, and the vertical signal of a route is comprised of plates, panels and auxiliary devices. As DNIT´s Highway Signs Manual (2010), so that the road signs to be effective, the devices must be correctly positioned within the visual field of the user, have form and standard colors, symbols and simple, clear messages, and letters with size and spacing appropriate to the regulated speed of the route. The plates must be the same shade of color during the day, night and adverse weather conditions such as rain or fog. To achieve such a result, the plates must be retro illuminated or be made with reflective films. The NBR 14644:2013 specifies ten different types of films and establishes minimum performance values initial and residual, measured in candelas per square meter lux (cd.lx.m2). Still according to the NBR 14644:2013, the minimum residual performance is the result expected at the end of a period of seven to ten years, depending on the type of film. It should be noted that the action of the weather and air pollution, originating from vehicles and the medium itself has considerable effect in reducing the lifetime of the reflective films. This work seeks to establish a comparative performance between three different types of film through a set of 40 experimental plates implanted in BR-392, the city of Rio Grande / RS and determine: The performance of each film as a function of time through retroreflectivity measurements, the cost-benefit ratio of the three types of reflective film, the effects associated with maintenance (cleaning) of films and definition of a film of a conservation plan. KEYWORDS: HIGHWAY; SIGNAGE; FILM; REFLECTIVE Gerente de Atendimento ao Usuário – Empresa Concessionária de Rodovias do Sul S.A. - Ecosul Fone: (53) 81353773 e-mail: [email protected] 1 Gerente de Engenharia – Empresa Concessionária de Rodovias do Sul S.A. - Ecosul Fone: (53) 81291638 e-mail: [email protected] 2 Professor adjunto – Universidade Federal de Santa Maria Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – Av. Roraima 1000, Santa Maria – RS- Brasil Fone: (55) 32208432 e-mail: [email protected]. 3 Professor adjunto – Universidade Federal de Santa Maria Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – Av. Roraima 1000, Santa Maria – RS- Brasil Fone: (55) 32208432 e-mail: [email protected]. 4 INTRODUÇÃO O objetivo da sinalização viária é regulamentar, advertir, indicar, orientar e educar motoristas, passageiros e pedestres mediante a símbolos e/ou legendas pré-estabelecidas e legalmente instituídas. É classificada como sinalização vertical e horizontal, sendo que a sinalização vertical de uma via é composta por placas, painéis e dispositivos auxiliares. De acordo com o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito do CONTRAN (2007), a sinalização vertical é um subsistema da sinalização viária, que se utiliza de sinais apostos sobre placas fixadas na posição vertical, ao lado ou suspensas sobre a pista, transmitindo mensagens de caráter permanente ou, eventualmente, variável. Segundo o Manual de Sinalização Rodoviária do DNIT (2010), para que a sinalização vertical seja efetiva, os dispositivos devem estar corretamente posicionados dentro do campo visual do usuário, ter forma e cores padronizadas, símbolos e mensagens simples e claras, além de letras com tamanho e espaçamento adequados à velocidade regulamentada da via. Segundo Castilho (2009), os sinais possuem cores e formas padronizadas, associadas ao tipo de mensagem que pretendem transmitir, sejam de regulamentação, advertência ou indicação. Placas de regulamentação De acordo com o Manual Brasileiro de Sinalização Rodoviária do CONTRAN (2007), a forma padrão do sinal de regulamentação é a circular, e as cores são vermelha, preta e branca. Constituem exceção, quanto à forma, os sinais R-1 – “Parada Obrigatória” e R-2 – “Dê a Preferência”. Figura 1 – Características dos sinais de regulamentação. Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro Placas de advertência De acordo com o Manual Brasileiro de Sinalização Rodoviária do CONTRAN (2007), a forma padrão dos sinais de advertência e a quadrada, devendo uma das diagonais ficar na posição vertical, e as cores são: amarela e preta. Constituem exceção quanto a forma os sinais A-26 a – “Sentido único”, A-26b – “Sentido duplo” e A-41 – “Cruz de Santo Andre”. Constituem exceção quanto a cor os sinais A-14 – “Semáforo a frente” e A-24 – “Obras”. Na sinalização de obras, o fundo e a orla externa devem ser na cor laranja. Figura 2 – Características dos sinais de advertência. Fonte: Anexo II do Código de Trânsito Brasileiro Placas de indicação De acordo com o Manual Brasileiro de Sinalização Rodoviária do CONTRAN (2007), a forma padrão dos sinais de indicação é retangular. Constituem exceção quanto à forma os sinais de identificação correspondentes às rodovias pan-americanas, federais e estaduais. As cores definidas para as placas indicativas são descritas na tabela 1. Tabela 1 – Definição das cores das placas indicativas. Fonte: Manual de Sinalização Rodoviária do DNIT Figura 3 - Características dos sinais de indicação de rodovias. Fonte: Manual de Sinalização Rodoviária do DNIT Desempenho em condições adversas Para que seu objetivo seja de fato alcançado, a sinalização viária vertical deve apresentar a mesma tonalidade de cor durante o dia, noite e em condições climáticas adversas, como chuva ou neblina. Para se alcançar tal resultado, as placas dever ser retro iluminadas ou confeccionadas com películas refletivas. Figura 4 – Exemplo de placa retro iluminada. No Brasil não é usual a implantação de placas retro iluminadas, sendo mais comumente utilizado placas com películas refletivas. A NBR 14644:2013 especifica dez tipos diferentes de películas e estabelece valores de desempenho mínimo inicial e residual, medidos em candelas por lux metro quadrado (cd.lx.m2). Ainda conforme a NBR 14644:2013, o desempenho mínimo residual é o resultado esperado ao final de um período de sete ou dez anos, dependendo do tipo de película. Cabe salientar que a ação das intempéries e a poluição do ar, oriunda de veículos e do próprio meio, tem considerável efeito na redução da vida útil das películas refletivas. Os três tipos de películas utilizados pela concessionária Ecosul, bem como o desempenho mínimo inicial e residual são apresentados na tabela 2. Tabela 2 – Desempenho mínimo inicial e residual dos três tipos de películas utilizados pela concessionária Ecosul OBJETIVO DO TRABALHO Este trabalho busca estabelecer um comparativo entre o desempenho, ao longo de um período, dos três diferentes tipos de película utilizados pela concessionária Ecosul, e determinar: 1. 2. O desempenho de cada película em função do tempo através de medições de retrorrefletividade; A relação custo-benefício entre os três tipos de película refletiva; 3. 4. Os efeitos associados à conservação (limpeza) das películas; Definição de um plano de conservação de películas; METODOLOGIA Foram implantadas entre os dias 30 e 31 de janeiro de 2015, quarenta placas retangulares com dimensões de 0,5 m x 0,6 m, no quilômetro 52,000 da rodovia BR-392, município de Rio Grande/RS, com diferentes tipos e cores de película, conforme ilustrado na tabela 3. Tabela 3 – Especificação do tipo, cor e quantidade de películas implantadas Optou-se por este local porque apresenta elevado volume de tráfego, expondo, portanto, as películas a um meio agressivo (poluição). Além disso, há neste local uma praça de pedágio onde a concessionária Ecosul mantêm funcionários vinte e quatro horas por dia, diminuindo assim a probabilidade de vandalismo. A disposição das placas é ilustrada na figura 5. Figura 5 – Disposição das placas implantadas do km 52,000 da BR-392. Município de Rio Grande, RS Foi realizada a medição da retrorreflexão inicial três dias após a implantação das placas (03 de fevereiro de 2015). Cabe salientar que este período não gera perda considerável de retrorrefletividade. É apresentado na tabela 4 os dados de leitura inicial. Salienta-se que os valores medidos estão dentro dos parâmetros estabelecidos pela ABNT NBR 14644:2013. Tabela 4 – Valores da retrorrefletividade inicial. A partir de 03 de março de 2015, serão coletados mensalmente os valores de retrorreflexão das quarenta placas implantadas. Entretanto, o técnico responsável pelas leituras, executará a limpeza de uma placa de cada tipo e cor, antes de realizar a leitura. Dessa forma, serão obtidos dados de retrorreflexão de cada tipo e cor para uma placa limpa e uma placa correspondente suja. Figura 6 – Exemplo da planilha para inserção das medidas de retrorreflexão. Materiais utilizados O experimento será realizado com os materiais mais comumente utilizado pela concessionária Ecosul na confecção de placas de sinalização viária vertical, conforme segue: Substrato: Chapa de aço Frente da placa: Películas dos tipos IA, III e X Verso da placa: cor preta Suporte: Madeira Fixação: Parafusos As placas implantadas são exemplificadas através das figuras a seguir: Figura 7 – Foto de placa com película tipo IA, na cor branca Figura 8 – Foto de placa com película tipo III, na cor azul. Figura 9 – Foto de placa com película tipo X, na cor amarela. Equipamento de medição de retrorrefletividade Para medição da retrorrefletividade será utilizado um equipamento portátil, da marca Easy Lux. Este equipamento realiza a medição da retrorrefletividade nos ângulos descritos abaixo: Incidência: -4° Observação: 0,2° e 0,5° (Atende a norma ASTM E 1709) Incidência: 5° Observação: 0,33 e 0,5° (Atende a norma EM 12899) Neste estudo, adotou-se o ângulo preconizado na Norma ABNT–NBR 15426 (Incidência: 4° Observação: 0,2°) Figura 10 – Foto do equipamento de medição da retrorrefletividade. Limpeza das placas As placas que devem ser limpas, serão limpas com a utilização de uma flanela de algodão, úmida e limpa. A limpeza deverá ser iniciada pela parte superior da placa, com movimentos no sentido da esquerda para a direita, de forma a “lançar” a sujeira para fora da placa. Não deverá ser realizado movimentos circulares ou qualquer outro movimento irregular, de forma e a evitar que detritos danifiquem a película refletiva. Procedimentos para a coleta de dados Antes de iniciar a leitura, deverá ser anotada a temperatura e umidade relativa do ar. Deverá ser anotada ainda, a condição climática dos três dias anteriores à leitura. Tais dados serão obtidos pela empresa Atmosfera Meteorologia, que presta serviços de monitoramento meteorológico à concessionária Ecosul. As medições não deverão ser realizadas em dias chuvosos ou em caso de chuva no dia anterior. Quando ocorrer esta situação, deverá ser registrado e a leitura postergada. Os dados deverão ser coletados em cinco pontos distintos de cada placa, respeitando a seguinte ordem de leitura: 1ª Leitura: Canto superior direito 2ª Leitura: Canto superior esquerdo 3ª Leitura: Canto inferior direito 4ª Leitura: Canto inferior esquerdo 5ª Leitura: Centro Os dados serão compilados e o desempenho em função do tempo, de cada tipo e cor de película, será analisado mensalmente. CONCLUSÃO Considerando que a norma ABNT NBR 14644:2013 estabelece valores de desempenho mínimo residual para períodos de sete ou dez anos, dependendo do tipo de película, é prematuro para este estudo, que foi iniciado em 31 de janeiro de 2015, estabelecer neste momento uma conclusão a cerca daquilo descrito como objetivo. Entretanto, diante da experiência da concessionária Ecosul na gestão da sinalização viária vertical, pode-se afirmar que ao final de um período de três anos (2017), já será possível determinar os efeitos associados à conservação das películas (item 3) e, como consequência, definir um plano de conservação da sinalização vertical (item 4). É possível afirmar ainda, que ao final do período de sete e dez anos, dependendo do tipo de película, poderá se determinar o desempenho da película em função do tempo (item 1) e a relação custo-benefício entre os três tipo de películas analisadas (item 2), fornecendo, portanto, ao gestor da sinalização vertical uma ferramenta para a tomada de decisão quanto ao tipo de película a ser utilizada, seja na manutenção da sinalização (substituição) ou na implantação de uma placa nova. Salienta-se, no entanto, que a conclusão dos itens 1 e 2 poderá ser realizada a partir do momento em que as películas analisadas deixarem de atender os parâmetro mínimos estabelecidos na norma ABNT NBR 14644:2013, ou qualquer outro documento que estabeleça os parâmetros mínimos, como por exemplo, o Programa de Exploração de Rodovias (PER), como no caso da concessionária Ecosul. Deve-se considerar ainda, que os diferentes tipos de películas poderão apresentar resultados diferentes, ao longo do tempo, em função do nível de agressividade do meio ao qual estiverem expostas. Entretanto, salienta-se que o quilômetro 52,000 da BR-392, local do experimento, apresenta agressividade relativamente alta, pois apresenta elevado volume de tráfego. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 14644 – Sinalização Vertical Viária – Películas – Requisitos. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 15426 – Sinalização Vertical Viária – Métodos de ensaio padrão para medição de películas retrorrefletivas utilizando um retrorrefletômetro portátil. CASTILHO, Felipe (2009). Sobre a Conspicuidade, Legibilidade e Retrorrefletividade das Placas de Sinalização Viária. Dissertação (mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO – Lei nº 9503, de setembro de 1997 atualizado com a Lei nº 9602 de 21 de janeiro de 1998. Ed. 2 EDIPRO. São Paulo – SP. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. DNIT. (2010) – Manual de Sinalização Rodoviária. RESOLUÇÃO 160/04 do CONTRAN – Anexo II do CTB RESOLUÇÃO 180/05 do CONTRAN – Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito. Sinalização Vertical de Regulamentação, vol. 1. RESOLUÇÃO 243/07 do CONTRAN – Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito. Sinalização Vertical de Advertência, vol. 2.