Amplificadores de Potência Classe A
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Amplificadores de Potência Classe A
Universidade do Estado de Santa Catarina CCT – Centro de Ciências Tecnológicas Amplificadores de Potência Classe A Professor: Celso José Faria de Araújo Disciplina: Eletrônica Analógica I Joinville – SC Introdução Uma função importante do estágio de saída é dar ao amplificador uma baixa resistência para que possa entregar o sinal à carga o maior ganho possível. Como o estágio de saída é a etapa final do amplificador e costuma ter sinais relativamente grandes, os modelos e aproximações para pequenos sinais devem ser usados com muito cuidado. A linearidade continua sendo uma exigência muito importante. Nesses casos, uma medida da qualidade do projeto do estágio de saída a distorção harmônica total. É o valor eficaz dos componentes harmônicos excluindo a fundamental. Uma exigência no projeto do estágio de saída é que entregue à carga a quantidade de potência de uma forma eficiente. Isto quer dizer que a potência dissipada nos transistores no estágio de saída deve ser a mais baixa possível, esta exigência se origina principalmente no fato de que a potência dissipada no transistor eleva a temperatura na união interna e há uma máxima (entre 150 ºC e 200 ºC), acima disso o transistor se destrói. Outra razão de para que seja necessária uma elevada eficiência é o prolongamento na duração das baterias empregadas em circuitos alimentados com bateria, para permitir uma fonte de alimentação menor ou para que não seja necessária a utilização de ventiladores de esfriamento. Um amplificador de potência é simplesmente um amplificador com um estágio de saída de alta potência. 1. Classificação de estágios de saída São classificados de acordo com a forma de onda da corrente do coletor. a. Estágio Classe A: É polarizado com uma corrente maior do que a amplitude de corrente do sinal. Então o transistor conduz durante o ciclo completo do sinal de entrada, ou seja, o ângulo de condução é 360⁰. Figura 1. Comportamento da corrente Ic para estágio classe A b. Estágio Classe B: É polarizado com corrente zero de DC, assim o transistor só conduz metade do ciclo da onda senoidal de entrada. O ângulo de condução é de 180⁰. Figura 2. Comportamento da corrente Ic para estágio classe B c. Estágio Classe AB: Implica a polarização do transistor a uma corrente DC distinta de zero, muito menor que a corrente de pico do sinal da onda senoidal. Como resultado o transistor conduz num intervalo um pouco maior de meio ciclo. O ângulo de condução maior que 180⁰, mas muito menor que 360⁰. Figura 3. Comportamento da corrente Ic para estágio classe AB Estes amplificadores são utilizados como estágios de saída de amp ops e amplificadores de potência de áudio. 2. ESTÁGIO DE SAÍDA CLASSE A Em virtude da baixa resistência de saída, o seguidor de emissor é o estágio de saída classe A mais popular. Consideraremos sua operação com grandes sinais. a) Característica de transferência: Figura 4. Circuito seguidor de emissor classe A Seguidor de emissor Q1 polarizado com uma corrente I constante, fornecida pelo transistor Q2: = + A corrente I deve ser maior que a corrente negativa mais alta da carga, para que Q1 não entre em corte. Transferência do seguidor de emissor: = − Mas depende de e Desprezaremos neste caso a pequena variação de para a variação da corrente do emissor: Figura 5. Característica de transferência O limite positivo da região linear é delimitado pela saturação de Q1: Já o limite negativo da região linear é delimitado pelo corte de Q1: Ou pela Saturação de Q2: A tensão de saída mais baixa é obtida quando a corrente I for maior que a amplitude de corrente da carga correspondente: Resumo: Exercício: Para o seguidor da figura 4, suponha Vcc=15V, Vce=0,2V, Vbe=0,7V e β muito alto. Calcule o valor de R que estabelecerá uma corrente de polarização suficientemente alta para permitir a excursão, a maior possível, do sinal de saída para RL= 1kΩ. Determine a excursão do sinal de saída resultante e as correntes máxima e mínima do emissor. - Cálculo de R: Primeiro determinaremos a tensão mínima para vo em que o transistor Q2 entra em saturação. = − + 2 = −15 + 0,2 = −14,8 Para obtermos a máxima excursão possível de sinal precisamos produzir uma corrente de polarização I constante que coloque a região de corte de Q1 na mesma da saturação de Q2 Logo: = − × −14,8 = − × 1! = 14,8" Sabemos também que β é muito grande, logo vamos considerar que ib≈0mA. Também vamos considerar que Q3 é um espelho de corrente e que por ele passa a corrente I. Tendo a corrente I só precisamos do valor da tensão na base de Q2 para determinarmos a resistência. Logo: # = − + # = −15 + 0.7 = −14,3 = - Excursão de sinal: O valor da tensão mínima já calculamos: # −14,3 = = 966,2Ω −14,8 vomín = −14,8V e 0 = − 1 = 15 − 0,2 = 14,8 - Corrente do emissor máxima e mínima: Para vomín: = + = 14,8 − 14,8 = 0,0" Para vomáx: = + = 14,8 + 14,8 = 29,6" 3. Formas de onda do sinal Analisando as formas de onda da tensão e da corrente para os transistores Q1 e Q2 na figura 4: Se olharmos a curva de entrada pela saída (0), veremos que o sinal de saída 3 poderá excursionar desde até – , como está mostrado na figura 7-a, desde que se escolha o ponto de polarização adequada. Se esta condição é satisfeita a tensão do transistor Q1 será 5 = − . Assumindo ainda que a corrente que passa pelo transistor Q2 é tal que temos uma corrente na carga no seu máximo negativo (o que também faz parte da melhor excursão de sinal), teremos então que a corrente terá a mesma forma de onda da saída 3 mas acrescido de um valor , como pode ser visto na figura 7-c abaixo: Figura 6 – Formas de onda no transístor de potência Q1 4. Dissipação de Potência Conseguimos aqui garantir então que o transístor 61 esteja sempre na região ativa de operação. Como temos o sinal de 5 , que é a tensão aplicada no transístor ao longo do tempo, e da corrente , que é a corrente que circula pelo transístor, podemos dizer que a potência dissipada no transístor será um produto das mesmas, ou seja: 78 = 5 . Então, basta multiplicarmos ponto a ponto os gráficos de tensão e corrente, e teremos o gráfico de potência, mostrado na figura 7-d. Através dele, é nítido que o maior valor de potência instantânea dissipado pelo transístor é 789:; = . Fazendo a mesma análise para 62, sabemos que sua corrente será constante e de valor. Como a tensão 5< = 3 + == , teremos então 78< = =< , com máximo instantâneo de tensão em 5<9:; = −2== . Então, em módulo, a potência máxima dissipada por 62 será >3² 78<9:; = 2. Temos ainda uma potência instantânea na carga igual a 7 = @ A (B9C) . Exemplo: Considerando o circuito seguidor de emissor mostrado na figura 4 com = 10, = 100", e = 100Ω, e que a excursão de sinal é maior possível, encontre a potência dissipada em 6162 sobre condições de polarização quiescentes (3 = 0). Para uma saída de tensão senoidal, encontre a potência média dissipada em 6162. Encontre também a potência na carga. D Solução: No ponto de polarização DC, teremos = + @E e = = == − 3 para o transistor Q1 e A =< = e =< = 3 + == para o transístor Q2. Mas como nossa tensão de entrada F = 0 temos 3 = 0. Vamos considerar daqui em diante que = = , e como temos a saída em 0 V, então = = = =< e = = =< = == . Como 78 = = = e 78< = =< =< , finalmente temos as tensões no ponto quiescente de polarização: GHI = GHJ = KLL M = IN. Em AC, Considerando uma entrada senoidal, teremos na saída 3 () = 3 (O). Novamente vamos considerar que a corrente de coletor é a mesma corrente que flui no emissor. Analisando o transistor Q1, temos que 5 () = == − 3 (O) e () = + DE C5P(QR) . @A Lembrando que 3 = == (pico). Então, multiplicando as duas expressões (ou seus respectivos gráficos), achamos uma expressão para a potência, onde 7: () = == (1 − < (O)). Fazendo uma integração num período e dividindo pelo mesmo, podemos achar a componente média I V \ da potência: GSTUI = V W[ GXY (Z)UZ = == \ W 1 − < (O)] = == ^1 − <_. I Então, no transistor Q1, a potência média dissipada é GSTUI = J KLL M = [. `N. Para o transístor Q2, sabendo que 5< () = 3 (O) + == e < () = , podemos simplesmente multiplicar o gráfico de 5< () por , e facilmente veremos que em 7:< = (3 (O) + == ), teremos uma média de potência GSTUJ = KLL M = IN (o resultado pode ser obtido analiticamente, utilizando-se os mesmos passos acima). Por último, nos resta analisar a potência entre a carga. Mas Ga (Z) = bc (Z)J da = (DE C5P(QR))e . @A Tirando a D e potência média, teremos 795f = < @E . Mas 3 = então GaSTU = [. `N A 5. Rendimento da conversão de potência Considerando a eficiência (rendimento) de um estágio de saída classe A, podemos fazê-lo como: g= 7 (7ê]ij) 7k (7ê]l) Logo, a eficiência de um estágio de saída de um amplificador Classe A será a razão entre a potência dissipada na carga e a potência fornecida pela fonte. Se fizermos a potência do circuito Classe A estudado até agora, seguidor de emissor, demonstrado na figura 4: Sendo a tensão de alimentação da saída, , uma senóide com amplitude ^ , a potência média do estágio de saída em será: < 1 ^ 7 = . 2 Da mesma forma, olhando para o circuito, percebemos que possuímos dois estágios de entrada, um em 6 e outro em 6< . Para tal, como estamos considerando um valor médio, conforme colocado no item anterior, podemos considerar uma corrente I, que polarizará os transistores corretamente, e que fará com que a tensão de saída possua o comportamento da Figura 67 - a. Se fizermos a equação da malha no transistor 1: −== + = + = 0 E teremos a máxima potência quando = −== , sendo assim: = = 2== Podemos então considerar a potência média do transistor 1, fazendo: 7no = == . E ocorrerá o mesmo para o transistor 2, no entanto a potência máxima ocorrerá quando = == , mas consideramos que a tensão de saída varia de −== até +== , e já colocamos aqui a resposta da potência média: 7ne = == . A potência média total do estágio de entrada será então: 7k = 7no + 7ne = 2. == . Combinando as duas equações: < 1 ^ 7 1 ^ ^ 2 . g= = = .p q.p q 7k 2. == . 4 . == Sendo esse o rendimento. Conseguimos, logo, que o máximo rendimento será quando: ^ = == = . E nessa situação teremos que g = 25%, um rendimento baixo. Por causa disso, dificilmente o estágio de saída Classe A é utilizado em situações com altas potências (acima de 1W). Outro ponto a ser considerado que é deve-se cuidar com a tensão de saída e demais detalhes da polarização para que os transistores não saiam da região de amplificação. Exemplo: Seja o seguidor de emissor da figura 4, e sendo VCC=10V, I=100mA, RL=100 Ω. Se a tensão de saída é senoidal e possui pico de 8V, encontre: a) A potência fornecida à carga, b) a potência média da fonte, c) a eficiência de conversão de potência. Ignore as perdas em R e Q3. Solução: a) Para determinar a potência fornecida à carga, devemos fazer uso da equação abaixo, considerando que o pico de tensão da saída é 8V e que a resistência de carga é de 100 Ω. < 1 ^ 1 8< 7 = . = . = [, sJN 2 2 100 b) Para determinar a potência média da fonte, utilizamos: 7k = 2.10.100. 10tu = JN c) Ignorando as perdas em R e Q3, pois normalmente em circuitos Classe A consideramos o v ≈ 1, e as correntes de base dos dois transistores são muito pequenas, teremos: g= 7 (7ê]ij) 0,32 = = Ix% 7k (7ê]l) 2 E pelas razões de polarização, como comentado no item acima, teremos que normalmente o rendimento (eficiência) de estágios de saída Classe A serão entre 10% e 20%, o que significa um rendimento baixo.