A validade da Chazanut
Transcrição
Chazanut NO MOVIMENTO MASSORTI A validade da Chazanut O chazan é um instrumento essencial nas tefilot? O papel do chazan é realmente necessário ou serve apenas para “embelezar” os serviços religiosos? Nossa kehilá é suficientemente madura para aceitar que uma mulher conduza as orações? Várias vezes eu me fiz estas perguntas, e outras mais, antes de começar a estudar no Instituto Beth Asaf do Seminário Rabínico Latino-americano. É claro que antes de iniciar meus estudos eu já trabalhava como chazanit e, embora não fosse tão comum ver uma mulher no púlpito, deixavam-me conduzir a tefilá de vez em quando. Assim mesmo, agradeço aqueles primeiros dias, pois se pode aprender muito a partir do lugar de membro do coral ou de segunda chazanit, se soubermos observar. A combinação do canto com a liturgia sempre me fascinou, mas minhas dúvidas permaneciam, havia resistência e, na maioria dos casos, era devido à rejeição a mudanças; muito raramente essas queixas se sustentavam. Decidi seguir a minha vocação precisamente por este motivo. O tempo coloca as coisas no seu devido lugar e as novas tendências, se forem fundamentadas em bases sólidas, acabam por se impor. Nós judeus não precisamos de um guia para as nossas rezas, nem mesmo é necessário um rabino para isso, nós simplesmente devemos ter a iniciativa de nos conectarmos com o Criador e empreender a tefilá. Esse momento simples e único do judeu com seu Sidur na mão caminhando para o Beit Knesset para se reunir no minian foi ficando cada vez mais esporádico no século passado e, com a passagem das gerações, encontramo-nos com uma keilá repleta de sentimentos e vontade de manter as nossas tradições, mas em muitos casos com pouco conhecimento a respeito delas. Aí, vendo essa necessidade de rezar em comunidade, de continuar nossas milenares tradições, foi que entendi que hoje mais do que nunca, o papel do chazan é importante como moré, como sheliach tzibur, e do canto como uma forma de conexão espiritual. Foi assim que, após três anos de estudo no Instituto Bet Asaf do Seminário Rabínico Latinoamericano “Marshall T. Meyer,” tornei-me a primeira mulher a se formar como chazanit. Felizmente, após 10 anos de qualificação, já não sou a única e espero que no futuro próximo muitas mais se incorporem a esta profissão que, como me disse certa vez um professor, mais do que uma profissão é um ofício espiritual. É um belo desafio cotidiano manter humildemente o legado que nos deixaram os grandes expoentes da chazanut, como Gershon Sirota, Moshe Kousevitzky, Pinchik, Iosele Rosenblat e a lista interminável de chazanim argentinos que têm povoado os templos de todo o mundo nos últimos 50 anos. A questão sobre a maturidade da nossa keilá em aceitar uma mulher no púlpito ainda está em aberto, avançamos muito e atualmente é bem comum ouvir em nossas sinagogas conservativas mulheres conduzindo a Tefilá. Entretanto, sonho e luto para que aqueles que ainda não aceitam isso dentro do Movimento Masorti (excluo desta análise as outras correntes religiosas) entendam que a nossa fé está longe de ser um dogma e que essa constante evolução e adaptação às mudanças e às novas tendências, evidentemente sem comprometer os nossos valores fundamentais, é o que nos levou a permanecer e sobreviver desde então e para sempre. Chazanit Natalia Arazi Comunidade Bet-Am Medinath Israel Buenos Aires, Argentina With support of the WZO.
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