Versão em PDF - Cocamar Jornal De Serviço
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Pá g . 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - No v e m b ro 2 0 1 2 logística ‘BOA NOTÍCIA’ investimentos Cocamar vai aplicar de R$ 50 milhões em estruturas na região norte Londrina I Rogério Recco - Durante jantar que reuniu produtores rurais e lideranças no último dia 6 na Casa do Criador em Londrina, o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, anunciou investimentos para o curto prazo da ordem de R$ 50 milhões no município e região. Entre os convidados estava o prefeito eleito de Londrina, Alexandre Kireeff, o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Moacir Sgarioni, e o presidente do Sindicato Rural de Londrina, Narciso Pissinati. De acordo com Lourenço, a Cocamar vai investir na construção de estruturas de recebimento de grãos, lojas de atendimento, reformas de unidades já existentes e na instalação de uma rede de postos de combustíveis. GRÃOS - Ele citou que em setembro último a cooperativa entregou aos produtores um novo espaço de atendimento em Londrina, na Avenida Tiradentes, após fazer o mesmo anteriormente em Cambé, Rolândia e Jaguapitã. Até o final do ano, fica pronta, também, uma unidade em Carlópolis. Lourenço informou que, entre os novos investimentos, vão ser erguidas estruturas de recebimento de grãos na BR 369, entre Ara- pongas e Apucarana, em Ibiporã e no Quilômetro 12 em Cambé. “Já construímos estruturas de transbordo de grãos no distrito de Warta e no município de Primeiro de Maio”, acrescentou o presidente, lembrando também que, recentemente, foram adquiridos armazéns da antiga Lorenz, em Apucarana, na BR-376. POSTOS - “Nós viemos para ficar”, afirmou Lourenço, informando ainda que entrou em funcionamento em Rolândia o primeiro de uma rede de postos de combustíveis operados pela cooperativa, com a bandeira Ipiranga, para atendimento aos produtores e ao público em geral. Em seguida, foi aberto o de Tamarana, no dia 28, mas outros já estão programados, para breve, em Londrina, Santa Cecília do Pavão, São Jerônimo da Serra e São Sebastião da Amoreira. O prefeito eleito Alexandre Kireeff afirmou que a disposição da Cocamar de investir em Londrina e região “é uma boa notícia” e que está aberto a fazer parcerias com a cooperativa “voltadas ao desenvolvimento do município”. Disse ainda que a Cocamar vai ter todo o apoio do poder público caso decida implantar indústrias na cidade. Na foto de cima, o evento na Casa do Criador em Londrina. Na de baixo, de pé, da direita para a esquerda: Luiz Lourenço, Fernando Prochet, Moacir Sgarioni e José Luiz Vicente da Silva; sentados: Luiz Meneghel, Alexandre Kireeff e Narciso Pissinati. Pá g . 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - No v e m b ro 2 0 1 2 registro CASSIANO SAI DE CENA Agrônomo, ele assumiu a presidência da Cocamar com a idade de 28 anos, em 1965, quando a cooperativa enfrentava grandes dificuldades. Seis anos mais tarde, ao deixar o cargo em busca de novos desafios, a organização estava fortalecida, recuperada e nos trilhos do crescimento Maringá I Rogério Recco - Aos 76 anos, depois de uma vida repleta de participações no sistema associativista e no agronegócio do país, morreu em São Paulo, na noite de 31 de outubro, o ex-presidente da Cocamar, agrônomo José Cassiano Gomes dos Reis Júnior. Ele havia sofrido uma parada cardíaca no início do mês e, desde então internado em estado grave, não conseguiu se recuperar. Paulista de Jaú, onde nasceu em 1936, Cassiano assumiu a presidência da cooperativa em 1965, aos 28 anos, indicado pelo Banco do Brasil. Ao lado do advogado Constâncio Pereira Dias, este último na função de diretor, sua missão era ingrata: liquidar a entidade, desacreditada em razão de problemas e dívidas. OUSADIA - A opção de Cassiano e Constâncio, no entanto, foi avançar em sentido contrário. Em vez de fechar as portas, eles se lançaram a um ousado projeto para salvar a Cocamar. Que só deu certo porque, com seu prestígio pessoal e uma reconhecida capacidade de articulação, o presidente buscou apoio junto a algumas lideranças nacionais importantes, entre elas o então presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), José Pires de Almeida. ALGODÃO - Foi Pires quem colocou os dois diri- gentes em contato com o todo poderoso ministro da Fazenda, Roberto Campos, para uma audiência em que obtiveram ajuda financeira emergencial. E foi Pires também quem colocou seu pescoço a prêmio ao liberar um empréstimo de alto risco para a cooperativa comprar uma velha máquina beneficiadora de algodão – uma nova sairia muito caro. O algodão, a única aposta possível na época para diversificar os negócios, revelou-se uma decisão correta, embora muito arriscada, que possibilitou a recuperação econômica da Cocamar. Na Cocamar está tudo penteado, tudo arrumado. É uma cooperativa exemplar” JOSÉ CASSIANO GOMES DOS REIS JÚNIOR, ao participar de uma das últimas Assembleias Gerais Ordinárias da cooperativa No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 5 Na era dos g rãos É atribuída à gestão de Cassiano, concluída em 1971, a entrada em definitivo da cooperativa no segmento de grãos – soja, trigo e milho – com a construção do primeiro armazém graneleiro de fundo em “V” do Paraná, que começou a funcionar em 1972. Prova de que o caminho era mesmo esse, a Cocamar precisou construir várias outras estruturas iguais, nos anos seguintes, em sua região, para dar conta dos volumes de recebimento. “Cassiano foi sempre um grande apoiador da Cocamar. Quando necessário, ele representava a cooperativa em São Paulo. Se o convidávamos para qualquer evento em Maringá, ele vinha com a alegria de sempre. Gostava demais da Cocamar e dos amigos que fez aqui” LUIZ LOURENÇO, presidente da Cocamar “O Cassiano não gostava de datilografar. Escrevia tudo à mão e me passava o papel para ser datilografado. Por algum tempo, a seu pedido, eu o ajudei na Cocamar. Fui seu aluno no curso de economia. Ficaram muitas saudades” Ao sair para assumir a presidência da Cibrazem em Brasília, convidado pessoalmente pelo ministro da Agricultura, Luiz Fernando Cirne Lima, Cassiano deixava a Cocamar “nos trilhos”, sem dívidas, capitalizada, com o prestígio em alta e grandes perspectivas de crescimento. Ele foi sucedido no cargo pelo seu colega, o diretor Constâncio Pereira Dias. ADEMAR SCHIAVONE, presidente da Academia de Letras de Maringá e amigo pessoal ATIVIDADES - Antes de assumir a Cocamar, Cas- A ENTREVISTA - No dia 17 de maio deste ano, Cassiano concedeu uma longa siano havia presidido a Associação Rural de Maringá (hoje Sindicato Rural) e auxiliara o pai a cuidar de uma fazenda de café em Presidente Castelo Branco. Durante a presidência na cooperativa, foi professor de economia na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Maringá (o embrião da UEM) e preposto do líder político Ney Braga na cidade. Ao deixar o cargo, já era reconhecido como uma respeitável liderança rural do Estado. Entre outras atribuições, de 1973 a 1975 foi secretário de Estado da Agricultura, no governo de Emílio Gomes, além de presidente da extinta Cocap – Cooperativa Central Agropecuária do Paraná. Ultimamente, depois de desempenhar vários cargos em São Paulo, respondia pela superintendência da Sociedade Rural Brasileira (SRB). “Quando Cassiano presidiu a Cocamar, fomos lá certa ocasião pedir patrocínio para a compra de troféus. Ele mandou comprar os melhores mas disse que quem ia pagar a conta era ele e não a Cocamar” ANTONIO AUGUSTO DE ASSIS, jornalista de Maringá, amigo pessoal entrevista ao Jornal Cocamar sobre a sua passagem pela direção da cooperativa, cujo conteúdo foi aproveitado no livro que está sendo produzido para contar a história dos 50 anos da organização. Na sequência, alguns fatos dos quais se recordou. APOIO – Quando assumiu a presidência da Cocamar, José Cassiano saiu em busca de alguns apoios que considerava indispensáveis. Foi bater na porta de Alfredo Nyeffler, diretor da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. A empresa, na época grande produtora de café, decidiu associar-se e entregar suas safras na cooperativa. A segunda parada de Cassiano foi na casa do então bispo diocesano, dom Jaime Luiz Coelho, com quem tinha muita afinidade – ambos eram correligionários do ex-governador Ney Braga. Embora não fosse dona de propriedade rural, a Diocese possuía estoques de café, doados por fiéis, para suas obras. Com isso, a Cocamar ficou mais forte. CAFÉ SOLÚVEL - “Uma grande ideia, que poderia representar a salvação da cooperativa, era café solúvel, que usa grãos quebrados, de escolha. Ouvimos que o IBC [Instituto Brasileiro do Café] ia autorizar. Mas faltou apoio político por parte do governador Paulo Pimentel e do secretário da Agricultura, Joaquim dos Santos Filho. Eles não se empenharam. Já havia a Cacique em Londrina, mas cabia outra empresa aqui. A industria usava equipamento alemão e o BNCC [Banco Nacional de Crédito Cooperativo] financiava. Mas perdemos para a cidade de Cornélio Procópio. Então, a partir daí, decidimos que era preciso fazer política.” A partir da esquerda, em registro dos anos 90: Constâncio Pereira Dias, José Cassiano, Osvaldo de Moraes Corrêa, Antonio Félix Domingues (secretário da agricultura de São Paulo e ex-funcionário da Cocamar), Luiz Lourenço e Osmar Dias (secretário da agricultura do Paraná e ex-funcionário Jornal de Serviço Cocamar Nov e mbro 2012 - Pág. 6 ambiente novo código atende 92% das propriedades do PR mas há pontos falhos Quem, por exemplo, tem de 5 a 8 módulos e a propriedade margeada por um rio grande, fica prejudicado Da Redação - O novo Código Florestal (Lei 12.727) acabou com as preocupações da grande maioria dos produtores paranaenses. Para 92% das propriedades rurais do Estado – até 4 módulos fiscais, média de 72 hectares – os 9 vetos que a presidente da República fez ao sancioná-lo não mudam nada. Como é lembrado, a presidente assinou adicionalmente o Decreto 7830/2012 que regulamenta o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Programa da Regularização Ambiental (PRA). Os pontos vetados e não contemplados no decreto poderão ser tratados por meio de outros instrumentos, como atos do Ministério do Meio Ambiente. Ficou claro também que a maioria das propriedades, com utilização já consolidada antes de 22 de julho de 2008, continua sendo beneficiada pelas dimensões de áreas de proteção permanente – matas ciliares, por exemplo – já em vigor, com 5 metros de matas ciliares em áreas com até 1 módulo fiscal, e 15 para aquelas com até quatro módulos. Mas e quem tem 5 módulos com a sua propriedade às margens de um grande rio? Para o deputado federal Reinhold Stephanes (PSD/PR), o novo Código deixa alguns pontos falhos que precisam ser equacionados. “Não há dúvida que nesse caso, o proprietário será pre- No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 7 judicado”, avalia. Para Stephanes, a nova legislação, embora de caráter flexível, “é a mais rigorosa do mundo”. VÁRZEA - O deputado cita também o artigo 4º, que não considerava Área de Preservação Permanente (APP) a várzea fora dos limites pré-estabelecidos. Com o veto da presidente, a questão fica sem regulamentação legal definida, deixando margem para vários tipos de interpretação. “Isso abre um vácuo jurídico grave, uma vez que o produtor não terá certeza se pode ou não plantar nas áreas de várzea”, justifica. LIMITADOR - Um outro ponto, segundo ele, está relacionado às médias propriedades. O texto aprovado pelo Congresso Nacional incluía emenda apresentada pelo próprio deputado, prevendo que em propriedades de quatro a dez módulos, o limitador para recomposição seria de até 25% do total da área. Com o veto, o deputado entende que propriedades com cinco a oito módulos, ou seja, médias propriedades, terão sua capacidade de produção extremamente comprometida. “Minha sugestão é que se crie uma comissão permanente para acompanhar os efeitos das medidas previstas na nova legislação e, principalmente, para analisar os custos de implantação dessas medidas para o produtor” 1. Área de várzeas Não é mais possível o uso das várzeas fora dos limites de proteção de matas ciliares de 30 metros para rios de até 10 metros de largura. Agora todas as áreas são consideradas APP. No entanto, as várzeas ocupadas até 22 de julho de 2008 poderão ser consideradas consolidadas desde que não estejam em áreas de risco e sejam observados critérios técnicos de conservação do solo e da água descritos no Programa de Regularização Ambiental (PRA). 2. APP de áreas consolidadas para propriedades maiores que 4 módulos fiscais O Congresso Nacional tinha diminuído para 15 metros a faixa mínima de vegetação exigida ao longo das margens de rios para propriedades com tamanho entre 4 e 15 módulos fiscais. A MP original previa que propriedades com tamanho entre 4 e 10 módulos fiscais deveriam recompor a vegetação numa faixa de 20 metros ao longo dos cursos d’água com menos de 10 metros de largura. O decreto restabeleceu os 20 metros. 3. Uso de frutíferas em APP A presidente vetou o artigo que permitia o uso de frutíferas para recompor as áreas consolidadas em APP. Segundo a presidente, ao autorizar indiscriminadamente o uso isolado de frutíferas para a recomposição de APPs, indepen- p REINHOLD STEPHANES IMPORTANTE S ABER Pá g . 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - No v e m b ro 2 0 1 2 ambiente dentemente do tamanho da propriedade, o dispositivo compromete a biodiversidade das APPs, reduzindo a capacidade dessas áreas desempenharem suas funções ambientais básicas. 4. APP de 5 metros para rios menores que 5 metros de largura. O artigo que determinava que rios intermitentes (cujo curso tem água apenas em determinado período do ano) de até 2 metros, deveriam ter recuperação de 5 metros para qualquer tamanho da propriedade, também foi vetado. Passa a valer a “escadinha” com as dimensões de acordo com o tamanho da propriedade. 5. Recomposição de APP e reserva legal no PRA Foi suspenso o parágrafo sobre a implantação do Programa de Regularização Ambiental. O veto refere-se a imposição de prazo de 20 dias após a adesão do proprietário rural ao PRA para que ele promova a regularização ambiental. Segundo a justificativa, os prazos deverão ter uma regulamentação específica. A organização e os procedimentos para adesão ao PRA deverão ser objeto de regulamentação específica. 6. Gatilho de 25% p O gatilho que limitava em 25% a área a ser recomposta para propriedades maiores que quatro módulos fiscais foi vetado. Ficam valendo as dimensões estabelecidas no decreto. No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 9 Pá g . 1 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - No v e m b ro 2 0 1 2 ambiente Para Ocepar, novo Código desestimula a produção rural Segundo o engenheiro agrônomo coordenador de meio ambiente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Silvio Krinski, o texto do Código Florestal atual desestimula a produção rural. Se permanecer sem ajustes, a segurança alimentar estará em risco, haverá desemprego e as pessoas deixarão as lavouras rumo aos centros urbanos. Ele afirma que o Brasil tem 56% de seu território ainda com cobertura florestal, mais elevado que a média mundial (30%) e que os Estados Unidos (33%) e a China (22%), por exemplo. Por outro lado, o país tem a menor porção de exploração de território para a produção de alimento (31%), e dos 270 milhões de hectares usados para esse fim, 58 milhões são para a agricultura e 211 milhões para a pecuária. COMO FICA? - Krinski diz que o texto do novo Código Florestal não asseguraria a igualdade de tratamento para todos os agricultores quanto à preservação das reservas ambientais, pois um pequeno produtor que possui uma propriedade de pouco mais de 73 hectares no Paraná, portanto acima de quatro módulos fiscais, como determina o texto em No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 11 discussão no Senado, terá que destinar 20% de seu território para a reserva legal, o que para ele reduz a área agriculturável e compromete a viabilidade e a sobrevivência da atividade. Quem está dentro dos limites dos quatro módulos (72 hectares) não precisaria reduzir tanto a área de plantio, na opinião de Krinski. SUGESTÃO - “Nossa proposta é que as propriedades com mais de quatro módulos fiscais, quando forem fazer a recomposição da sua reserva legal, possam fazer somente do que exceder a esses quatro módulos”, diz. Ele também considera que em relação ao veto do governo sobre a questão das várzeas (art.4º, §9º), haverá problemas de interpretação da legislação, necessitando melhor esclarecimento para que não haja conflitos legais e prejuízos ao setor produtivo, principalmente para a rizicultura, pois 85% do arroz é produzido em áreas de várzea e poderia trazer impactos na produção deste alimento básico à mesa da população brasileira. DEMANDAS - Para Krinski, o texto que regula as florestas no Brasil não é o ideal e, quando colocado em prática, exigirá adequações em aspectos que somente serão evidenciados no dia a dia da sua implantação. “Ao mesmo tempo, abre a oportunidade e a necessidade de novas discussões nos Estados, tanto para o alinhamento da legislação estadual com a federal, quanto para o desafio da educação e de orientação do produtor rural em relação à regularização das propriedades rurais”, finaliza. Krinski: quem está dentro dos quatro módulos fiscais (72 hectares) não será afetado Jornal de Serviço Cocamar Nov e mbro 2012 - Pág. 12 lavoura-pecuária integração Os Ehlers planejam novos rumos para a fazenda O objetivo, segundo Emerson (acima), é custear os investimentos da reforma dos pastos introduzindo o cultivo da soja e desenvolvendo uma atividade sustentável Douradina e Ivaté I Rogério Recco - Proprietário de mil alqueires no município de Douradina, região de Umuarama, adquiridos em 1999, Carlos Alberto Ehlers, morador em Cidade Gaúcha (PR), conta que 2012 foi um ano difícil para a atividade que mantém ali, a pecuária. Por causa do longo período seco no primeiro semestre, faltou comida para alimentar as mais de 4 mil cabeças de gado nelore, mantidas em sistema de cria, recria e engorda. Para complicar, a situação agravou-se devido ao acúmulo de rebanho na mesma época, o que levou a perda de animais e ao emagrecimento de todo o lote. Não bastasse, Carlos Alberto lembra ainda que a cotação da carne bovina caiu mais de 10% em um ano. No entanto, mesmo com tantas adversidades, o produtor está otimista e cheio de planos. E confia ao filho Emerson, com a orientação da Cocamar, a tarefa de promover “2012 foi um ano difícil pra gente, com seca e falta de pasto” CARLOS ALBERTO EHLERS No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 1 3 Engenheiro agrônomo, Emerson tem 40 anos e a confiança de que, com braquiária, será possível acomodar nesses espaços de integração a média de 6 unidades animal Numa primeira (UA) por hectare duetapa, cerca de 100 alqueires de pasto vão rante o período críalqueires de pasto tico de inverno. Com vão ser reformados ser reformados com a massa verde com o cultivo de soja o cultivo de soja abundante assegusemeada inicialsemeada inicialmente rada pela braquiámente sobre palhada sobre palhada de aveia ria, a família sabe de aveia, sendo 45 que não vai correr o agora e os restantes no começo de 2013 com o consórcio milho-braquiária. risco de ver o pasto acabar após uma estiagem ou A ideia é fazer isso por dois anos mas, em vez de geada. E, segundo o agrônomo Wellison Miguel aveia, introduzir a braquiária, aproveitando-a para pas- Mansano, da Cocamar, em vez de o rebanho ematejo do gado no inverno e para forrar o solo no verão grecer, poderá até mesmo ganhar peso naquela seguinte. Em 2013/14, outros 120 alqueires vão ser in- época do ano. corporados ao processo. uma grande mudança de rota na propriedade, que atende pelo nome de integração lavoura e pecuária. 100 Rendimento é garantido Calculadora à mão, Mansano e o supervisor administrativo da Cocamar em Douradina, Osvair Zanin Júnior, fazem as contas. 1 – Nos 45 alqueires, se o produtor conseguir 100 sacas de soja por alqueire, terá 4,5 mil sacas no total. Ao preço conservador de R$ 60 a saca, o faturamento bruto será de R$ 270 mil – média de R$ 6 mil por alqueire/ano – ou R$ 500 por alqueire/mês. 2 - Após colhida a soja e semeada a braquiária, nesses mesmos 45 alqueires a capacidade de lotação do pasto poderá ser de 6 UA por alqueire. Se ao final foi vendido cada boi com o peso de 21 arrobas, a R$ 90 por arroba, o faturamento bruto será de R$ 11,3 mil por alqueire/ano – média de R$ 941 mensais. 3 - Somando as duas atividades, cada alqueire vai faturar cerca de R$ 1.440 brutos por mês, em média. Se o ganho com a soja custear os investimentos, como se pretende, o faturamento com a pecuária vai inteiro para o bolso no pecuarista. 1,7 unidade animal (UA) por alqueire/ano é a média no noroeste do Paraná. Se o pecuarista conseguir terminar um boi com 21 arrobas e vender a R$ 90 a arroba, seu faturamento bruto será de R$ 3,2 mil por alqueire/ano – média de R$ 266 mensais Família preparou-se A família Ehlers tem facilidade para implementar a integração porque já possuía parte de máquinas, com tratores, plantadeira e colheitadeiras. Por sua vez, Emerson lembra que participou de vários cursos sobre o assunto e visitou propriedades onde o sistema já está em andamento. “É uma boa tecnologia para recuperar a fertilidade do solo. Se a soja pagar todas as contas, já será uma grande coisa”, afirma. Carlos Alberto, o pai de Emerson, não torce o nariz para a soja, como fazem muitos pecuaristas. Ele conta que foi pioneiro no cultivo dessa oleaginosa, em Cidade Gaúcha, ainda na década de 70. E, para provar, mostra a velha colheitadeira MF, ano 1975, guardada como uma relíquia na garagem ao lado da Valtra nova em folha. A máquina ainda funciona normalmente. Animado com os novos rumos da fazenda, ele diz que com a integração vai ser possível tirar os bois do confinamento para engordá-los a pasto: “Com esse sistema, vamos ter aqui pastagem de qualidade”. Pá g . 1 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - No v e m b ro 2 0 1 2 lavoura-pecuária Integração dos Lavagnoli tem “chuva” garantida Marcelo, em solo preparado para a semeadura de soja: “Com irrigação, vamos ter produtividade”. Na página ao lado, um equipamento igual ao que a família está implantando de integração lavoura e pecuária que vai se estender inicialmente por 55 alqueires. Sobre a irrigação, Marcelo Lavagnoli brinca que a ideia é “aposentar São Pedro”. Depois de estudar bem o assunto, a família concluiu que em vez de contrair financiamento para construir barracões de frango, como planejava, seria mais negócio neste momento estruturar a propriedade para garantir que as variações do clima não sejam uma dificuldade à integração. Localizada em Ivaté, município próximo a Umuarama, a Fazenda Três Irmãos, de 272 alqueires, nunca mais será a mesma. O proprietário Arcino de Oliveira Lavag“Um aviário custaria R$ 300 mil e o pivô central, R$ noli e seus dois filhos, Marcelo e Márcio, conduzem um projeto que tem tudo para revolucionar a propriedade e 540 mil. Decidimos pelo pivô que, se tudo der certo, deve ser pago em apenas três anos”, comenta Marcelo. fazer dela um modelo na região. O primeiro passo é a implantação de um sistema de irri- NÚMEROS - Com a ajuda do agrônomo Wellison Miguel gação por pivô central que vai cobrir 40,5 alqueires já Mansano e do supervisor administrativo Osvair Zanin Júnesta safra de verão 2012/13. O segundo é o cultivo de nior, ambos da Cocamar, Marcelo projeta que, com irrigasoja, pela primeira vez, para dar início a um programa ção, será possível obter uma produtividade média de 140 Dar uma “levantada” A família Lavagnoli empolgou-se com a integração lavoura e pecuária por entender que a produção de soja, milho e boi “vai dar uma levantada na propriedade”, conforme comenta Marcelo, enfatizando que “o gado vai ter comida direto”. Ele sabe que a reforma só pela pecuária não compensa financeiramente e, interessada em conhecer mais sobre integração, sua família tem participado de dias de campo e eventos técnicos promovidos pela Cocamar. No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 1 5 sacas de soja por alqueire. Vendendo a R$ 60 a saca, o faturamento bruto total é estimado em R$ 336 mil. Descontando 50% desse montante com custos, o lucro líquido será de R$ 168 mil. Após a colheita, os 40,5 alqueires vão ser cobertos com o consórcio milho e braquiária e a expectativa é produzir uma média de 250 sacas do cereal por alqueire. Se o milho for vendido a R$ 20 a saca e os custos totais ficarem em 45%, a fazenda vai lucrar mais R$ 112 mil. “Com a garantia de água, em três anos, tranquilamente, a gente já começa a ter retorno do investimento”, completa Marcelo. Quanto a pecuária, atualmente 850 cabeças de rebanho bovino são acomodadas em 220 alqueires. Com a irrigação, a família calcula que vai conseguir aumentar a capacidade de suporte dos pastos em pelo menos 20%, podendo abrigar mais 170 cabeças. Irrigação tem incentivo A irrigação é incentivada pelo governo do Estado, que concede desconto especial de 70% da tarifa quando a operação ocorre no A implantação do sistema de irrigação está período noturno. De acordo com Marcelo, o sendo feita por uma empresa especializada sistema - cujo funcionamento é inteiramente de Maringá e, segundo o produtor Marcelo automático -, vai consumir 148 kW/h e cusLavagnoli, é preciso primeiramente obter au- tar R$ 211 por aplicação (já com desconto), torização do Suderhsa (Instituto das Águas fazendo um giro de 360º das 9 da noite às 6 do Paraná), para o direito de uso de água, e horas da manhã seguinte. Isto equivale a também do Instituto Ambiental do Paraná uma chuva de 7,5 mm. A previsão é que, de(IAP). pendendo do clima, o equipamento não seja usado mais do que dez noites durante uma safra. Para quem acha caro o custo de R$ 211 por aplicação, Marcelo lembra que isto equivale, hoje, a apenas 3 sacas de soja. “É um custo pequeno diante do aumento da produtividade que a irrigação pode trazer”, justifica, lembrando que a lavoura ficará protegida em caso de uma estiagem mais severa, sem o risco de sofrer um forte quebra de produção. Pá g . 1 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - No v e m b ro 2 0 1 2 oportunidade Transcocamar oferece veículos seminovos para cooperados e colaboradores São 28 unidades de várias marcas e modelos que estão em exposição no pátio da Associação Cocamar em Maringá Maringá I Da Redação - A Transcocamar anuncia a venda de 28 veículos de sua frota por valores abaixo da tabela Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe). A preferência é para cooperados e colaboradores da Cocamar e da própria Transcocamar. Em caso de disponibilidade, negócios poderão ser feitos também com terceiros. Os veículos estão em exposição na Associação Cocamar em Maringá. No local, procurar por Edson ou Ester, tel. (44) 3221-3259 ou (44) 3221-3338. A negociação será feita com Celso Uemoto tel. (44) 3218-3629 e com Tavares, na área de Suprimentos da Cooperativa, tel. (44) 3221-3100 REGRAS - A aquisição do veículo deve ser feita mediante quitação à vista e a entrega do mesmo após transferência do veículo com despachante, sendo os custos desse serviço por conta do comprador. Um despachante vai ficar à disposição para concluir os processos. Aos colaboradores que não dispõem do valor integral para pagamento, a Associação Cocamar poderá disponibilizar financiamento com desconto em folha. A maioria dos seminovos é de modelos Gol e Pálio básicos No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 7 Pá g . 1 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - No v e m b ro 2 0 1 2 registro Cocamar entre as vencedoras do Prêmio Cooperativa do Ano Em novo formato, a 8ª edição do Prêmio Cooperativa do Ano, promovido pelo Sistema OCB e a revista Globo Rural, teve a Cocamar entre as cooperativas vencedoras em nível estadual. A divulgação do resultado foi feita no último dia 9 durante a realização do Fórum dos Presidentes das Cooperativas Agropecuárias e de Crédito, na sede da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná) em Curitiba. Inscrito na categoria atendimento, o projeto “Integração lavoura, pecuária e floresta” foi classificado para concorrer em seguida, no âmbito nacional, com vencedores dos demais Estados. Além desse projeto, a cooperativa teve outros três contemplados com o selo “Referência Estadual”: Inclusão social de internos da Penitenciária Estadual de Maringá (na categoria cooperativa cidadã), Núcleos femininos Cocamar Região Norte (fidelização) e Virtualização dos serviços (inovação e tecnologia). Cooperativa foi r epr esentada pelo vice-presidente José Fernandes Jardim Júnior (centro) MAIS UM PRÊMIO – A Cocamar foi homenageada em São Paulo, no dia 13, com a “Comenda de Honra ao mérito de Segurança e Saúde no Trabalho (SST)”, por ter sido considerada a melhor empresa na área no setor de agroindústria. Os itens avaliados foram: política própria de SST, compromissada pela alta administração da empresa; não ter havido acidentes graves no ano anterior no prêmio; apresentar indicadores de gestão e desempenho eficaz em SST; ações voltadas para sua participação para a melhoria do ambiente do trabalho em sua empresa e na sociedade (Marcela Miranda) 1,4 milhão de embalagens cartonadas, para reciclagem, foram recolhidas este ano Detalhes do evento no Cesumar; projeto envolveu 7 mil crianças, de 22 escolas O encerramento do “Fazendo Arte com Sabor” O projeto “Fazendo Arte com Sabor 2012”, desenvolvido pela Cocamar – por meio dos produtos Purity - e parceiros, foi finalizado no último dia 20 durante solenidade no Cesumar em Maringá, após totalizar o recolhimento de 1,4 milhão de embalagens cartonadas, para reciclagem. Participaram 22 escolas de Maringá, com o envolvimento de mais de 7 mil crianças. A proposta da iniciativa é auxiliar na educação infantil, conscientizar as crianças dos problemas do lixo na natureza, incentivar novos hábitos de reciclagem e contribuir para tornar a cidade cada vez mais sustentável. No evento, que contou com a presença de dirigentes da cooperativa, autoridades, representantes do Cesumar, diretores e professores de escolas, além de turmas estudantes e familiares, foram premiados alunos que se destacaram no decorrer da gincana de arrecadação. No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 1 9 Jornal de Serviço Cocamar No v e m b ro 2012 - Pág. 20 especial carlópolis terra do café, frutas e recanto das águas Carlópolis I Rogério Recco - Com 6,2 mil hectares cultivados, Carlópolis, no extremo leste do Paraná, poderia ser chamada de a capital paranaense do café. É o principal município produtor do Estado, onde os cafezais expandiram-se em pelo menos 400 hectares nos últimos anos. São cerca de 800 produtores com área média de 14 hectares e uma safra estimada em 160 mil sacas beneficiadas em 2012. Milhares de turistas acorrem a Carlópolis atraídos pela quantidade e a diversidade de peixes da represa. Chama atenção na cidade, ainda, a sua rica história, que começou em 1880 quando as primeiras famílias cruzaram a região com destino a Santo Antonio da Platina e algumas se fixaram ali. Até 1943, o povoado, que se desenvolveu impulsionado pela economia cafeeira, tinha a denominação de O município de 14 mil habitan- Jaboticabal. tes, que fica às margens da Represa de Xavantes, é conhecido Aliás, além de importante pela também como aprazível destino quantidade de café que produz, de veraneio e pela qualidade de Carlópolis se posiciona pela quaalgumas espécies de frutas, entre lidade de seu produto, com a as quais a goiaba. maior parte das lavouras plantada em sistema adensado, para Sem esquecer, claro, a pesca. ser trabalhada com máquinas. Município é o maior produtor estadual de café, com 6,2 mil hectares cultivadas Luis, pequeno produtor No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 2 1 No Sítio Nossa Senhora Aparecida, de 9,5 alqueires, situado no Bairro Cachoeira, o cooperado Luis Vicente Santos possui 17 mil pés irrigados por gotejamento que, este ano, produziram um total de 200 sacas beneficiadas. Na atividade há 40 anos, Luis conta que cultiva as variedades mundo novo e acaiá – das quais tira “um grão melhorado” – colhido com derriçadeira manual. “É um café que pode ser plantado mais fechado e tem grãos graúdos”, explica o produtor. CAFÉ 100 - Em recente dia de campo, o agrônomo da Emater em Carlópolis, Otávio Oliveira Luz, disse que 40% dos cafezais da região passam por um processo de “esqueletamento” dos pés, sistema também conhecido por “Café 100”. Após essa poda drástica, a produção volta com força total no segundo ano e, se bem cuidado, o café tem potencial para chegar a uma média de 100 sacas/hectare ou até mais, compensando o ano em que nada produziu. MAIS RESISTENTE - Para isso, segundo ele, o manejo de solo e de água “é importante”. No caso da propriedade de Luis Vicente Santos, é feita análise de solo e correção todo ano. “Se a raiz encontrar condições de se aprofundar, a planta vai ficar mais resistente à seca e ter melhor produtividade”. Após “esqueletar” a planta, o produtor faz a aplicação de nitrogênio, para crescimento. O agrônomo recomenda que não se faça esse tipo de poda com cafezais de idade inferior a 7 anos, por estarem ainda em desenvolvimento. DICA - Quanto à altura do corte, ele dá uma dica de fácil memorização: “pega-se a largura da rua e divide por 2. Exemplo: se tem 2 metros de largura da rua, deve ser de 1 metro a altura do corte. “Estamos trabalhando para que os produtores tenham a média de 50 sacas por hectare sem irrigação”, afirma Otávio, acrescentando ser indispensável aplicar no solo as dosagens adequadas de calcário, gesso e corrigir o pH de alumínio. No entanto, ele alerta que não adianta investir no solo e perder a produtividade em razão de descuidos com pragas e doenças. Pá g . 2 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - No v e m b ro 2 0 1 2 Especial Cafeicultores vão a Carlópolis para ver novidades Carlópolis sediou no dia 26 de outubro um Encontro de Produtores de Café reuniu cerca de 250 participantes para uma programação de palestras na parte da manhã e visitas a produtores à tarde. Entre eles estava Dirceu Servelo, antigo cooperado e cafeicultor em Terra Boa, onde possui 100 mil pés. “A gente precisa acompanhar as novidades e ir aonde for possível”, comentou Servelo, que disse fazer o “esqueletamento” das plantas. Em quatro hectares, sua produção em 2012 foi de cerca de 500 sacas benefi- ciadas, média de 50 por hectare. outras culturas têm liquidez garantida”, ressalta. Da região de Maringá, compareceu o produtor Yassumassa Assami, de Marialva, onde possui 19 hectares de cafezais, atendidos pelo agrônomo Renato Franco, da Cocamar. Para ele, o café é uma interessante alternativa de diversificação dos negócios, que incluem também a produção de atemóia, leite e grãos. “O café é um bom negócio para complementar a receita. A propriedade se sustenta no dia a dia com o leite e a atemóia e as A Cocamar mantém atuação em Carlópolis desde meados de 2010, utilizando instalações provisórias. Conforme o gerente Marcel Guilherme Ribeiro da Luz, uma nova sede para o entreposto fica pronta até o final de 2012 para oferecer melhor atendimento aos mais de 100 cafeicultores cooperados e os cerca de 300 produtores ligados à cooperativa, aos quais fornece insumos, presta assistência técnica e faz a aquisição de café. 14 hectares, média O técnico da Cocamar especializado em café, Antônio Aparecido de Lima, responde pela assistência aos produtores. De acordo com ele, o município, maior produtor estadual de café, os aproximadamente 800 cafeicultores que se dedicam à atividade têm área média de 14 hectares. Neste ano, a produção é estimada em 160 mil sacas beneficiadas. As lavouras são mantidas em sistema adensado, para operações com máquinas, na média de 5 mil plantas por hectare. No alto, o produtor Dirceu Ser velo, de Ter ra Boa, para quem é impor tante “estar sempre por dentro das novidades”. Acima, profissionais da Cocamar e, ao lado, o imóvel em refor ma que vai abr igar, até o final do ano, a nova unidade de atendimento da cooperativa no município Paraná produz 2 milhões de sacas e consome 3 Embora o Paraná – 5º maior produtor nacional - tenha uma produção pequena, ao redor de 2 milhões de sacas por ano, a exportação é calculada em cerca de 1 milhão de sacas de café anualmente, para uma demanda estimada em torno de 3 milhões. Os dados são do especialista Paulo Franzini, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que integra a Câmara Setorial de Café. De acordo com Franzini, o Estado, que já foi o maior produtor mundial de café, hoje depende de importações para suprir suas indústrias. Ele revela que entre 2000 e 2012 a cafeicultura paranaense apresentou uma redução de 47% na área ocupada com cafezais, caindo de 168 mil para 88 mil hectares, mas a queda foi compensada pelo aumento da produtividade, que subiu de 10 a 11 sacas por hectare na década de 90, para as atuais 24 sacas. No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 3 TOMORU - Um dos “pais” da cafeicultura paranaense, o especialista Tomoru Sera, que há alguns anos aposentou-se no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), dedica agora parte de seu tempo a produzir café em uma propriedade de 12 hectares que possui no município de Congoinhas, região norte do Estado. Sera foi um dos convidados ao Encontro em Carlópolis. Ele participou da concepção de variedades que hoje respondem por grande parte da cafeicultura paranaense, entre elas a Iapar-59, IPR-98, IPR-99 e outras. Em seu sítio, Sera conta que produz, sem irrigação, média de 40 sacas por hectare. “Mas meu objetivo é chegar a 50 em breve”, finaliza. 47% foi a redução da área ocupada com cafezais, no Paraná, entre 2000 e 2012, de 168 mil para 88 mil hectares, segundo dados do Iapar Pá g . 2 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - No v e m b ro 2 0 1 2 Especial Uma fazenda de café onde tudo é mecanizado A Fazenda Harmonia, em Carlópolis, está entre as grandes produtoras de café do município, com área total cultivada de 265 hectares. Seu proprietário, o filho de holandeses Renee Van Der Goot, morador em Arapoti, nos Campos Gerais, conta que adquiriu as terras em 2000, quando tudo ainda era pastagens. Ao lado do engenheiro agrônomo Denílson Luis Pelloso, que responde pela assessoria técnica, Renee conta que tudo foi planejado para que as operações na fazenda fossem executadas com máquinas. O fato de ser banhada pela Represa de Xavantes facilitou a irrigação de todo o cafezal. “A média de produtividade varia de 40 a 50 sacas por hectare”, comenta o produtor, que deu preferência para as variedades Mundo Novo, Catuaí, Iapar-59 e Acaiá. “O café é pelo menos 5 vezes mais lucrativo do que a soja”, completa. “A média de produtividade varia de 40 a 50 sacas por hectare” Renee Van Der Goot, proprietário Acima, colhedor a nova em folha e, na foto do meio, o equipamento de pulverização. Praticamente não existe trabalho manual na fazenda de 265 hectares que, banhada pela Represa de Xavantes, é inteiramente irr igada região No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 2 5 Arcebispo celebra missa no “Cantinho do Céu” Meio século de Movimento Cursilhista na região foi comemorado no dia 15 de novembro em Doutor Camargo, região de Maringá, na propriedade “Cantinho do Céu” do cooperado Jorge Pedro Frare. Com o título “Peregrinando rumo ao Jubileu”, a programação constou de uma caminhada de 10km que reuniu Agrônomo da Spraytec fala a cooperados Para falar sobre tecnologias de aplicação e a linha nutricional da Spraytec Fertilizantes, o engenheiro agrônomo da empresa, Luiz Gustavo Lapi, foi convidado pela Cocamar para participar de reuniões com seus produtores cooperados, nas cidades de Jussara e Maringá. Segundo Gustavo, essas palestras são importantes porque orientam os produtores sobre aspectos cruciais que contribuem para a boa produtividade da lavoura. centenas de participantes e terminou no local, a celebração de uma missa pelo arcebispo metropolitano de Maringá, dom Anuar Battisti, e um almoço. Vários cooperados da região compareceram ao evento, que contou com o apoio da Cocamar. Com o advento da soja transgênica, o glifosato passou a ser a principal opção para o manejo seletivo de plantas daninhas. Embora o glifosato seja eficiente no manejo das mesmas, há relatos de diferentes efeitos fisiológicos induzidos por esse herbicida absorvido pela planta não alvo, com prejuízo no crescimento e na produtividade. Ainda dentre os efeitos provocados pelo glifosato em plantas não alvo, pode haver diminuição na absorção e transporte de manganês, zinco e ferro. O agrônomo Gustavo Lapi falou aos cooperados da Cocamar sobre a importância de utilizarem Ultra Plus, produto que contém propriedade nutricional (Mn), sanidade (fosfito), bioestimulantes (aminoácidos) e componentes que melhoram a aplicação, sendo o único compatível para solucionar os problemas fisiológicos ocasionados por defensivos. Jornal de Serviço Cocamar Nov e mbro 2012 - Pág. 26 esportes Os jogos de final de ano entre cooperados, com futebol, truco e bocha, começaram a ser disputados em 1985 Apresentar-se todo final de ano em eventos espor tivos da Cocamar já faz par te do calendário do time nacional de masters – e também do conhecido árbitro Mar garida . Na foto, com colaboradores da cooperativa EM CLIMA DE SOLIDARIEDADE FUTEBOL CLUBE Nos dias 6, 7 e 8 de dezembro, multidões devem fazer a festa em Rolândia e Maringá para jogos que encerram a programação de 2012 – e iniciam as comemorações dos 50 anos da cooperativa Região I Da Redação – O início do mês de dezembro vai deixando muita gente em expectativa na região da Cocamar. Nos dias 6 e 7, à noite, a terceira edição do Solidariedade Futebol Clube deverá levar milhares de admiradores, respectivamente, aos estádios de Rolândia e Maringá. É a oportunidade de ver a seleção brasileira de masters, com craques que fizeram história no futebol brasileiro e mundial. A expectativa é que uma grande quantidade de gêneros alimentícios não perecíveis seja doada pelo público na entrada dos estádios, a exemplo do que se viu nos anos anteriores – para distribuição a entidades assistenciais cadastradas. No dia 8, em Maringá, na Associação Cocamar, acontece mais uma edição da Copa Cocamar de Futebol Suíço, com disputas de futebol – e também de truco e bocha - que começam, como já é tradicional, com a presença dos jogadores do selecionado de masters. Eles enfrentam uma equipe formada por cooperados. No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 2 7 Os jogos finalizam a programação de eventos da Cocamar em 2012 e, ao mesmo tempo, iniciam as comemorações dos 50 anos da cooperativa. O Solidariedade Futebol Clube é o término da Campanha Purity Cocamar, iniciativa apoiada pela Sicredi União que movimenta cerca de 250 entidades assistenciais da região. No intervalo dos jogos em Rolândia e Maringá, será realizado o sorteio dos prêmios entre os milhares de doadores da campanha – que concorrem a cinco aparelhos netbooks, uma moto Honda 125 fan e um carro Renault modelo Clio Campo. O objetivo da iniciativa é totalizar R$ 2 milhões em doações, recursos capitalizados pelas entidades. Além dos alimentos recolhidos nos estádios – foram mais de 5 mil quilos em 2011 - e dos recursos da Campanha Purity Cocamar, as entidades vão ficar ainda com milhares de quilos de alimentos conseguidos no campeonato da solidariedade, uma disputa paralela à Copa Cocamar na qual competem todos os entrepostos da cooperativa. A exemplo dos anos anter ior es, a previsão é que os estádios de Rolândia e Maringá recebam um grande público No campo, astros em ação Os garotos-propaganda do Solidariedade Futebol Clube são nada menos que craques consagrados da história do futebol, a maioria com passagem marcante pela seleção, inclusive conquistando títulos mundiais. O ex-lateral direito corintiano Zé Maria, o Super Zé, tricampeão mundial com o Brasil em 1970, no México, está confirmado, ao lado do também tricampeão Edu, ex-ponta esquerda do Santos, onde atuou por uma década em companhia de Pelé. Eles vêm acompanhados de outros nomes que encantaram torcidas pelo País e o mundo afora, caso de Careca, impetuoso centroavante da seleção que atuou também no Nápoli, ao lado de Maradona. A esse time estrelado se junta, ainda, o inesquecível Biro-Biro, o talentoso Zenon e o lépido Dinei, sem falar dos palmeirenses Rosemiro, Amaral e João Paulo, dentre outros. Os jogos, claro, vão ser apitados pelo árbitro Margarida – certeza de diversão. 2 mil cooperados competidores no futebol, truco e bocha devem participar das disputas no dia 8 Pá g . 2 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - No v e m b ro 2 0 1 2 mercados Oferta maior de soja não atende consumo O relatório divulgado no dia 9 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe números de produção de soja além do esperado pelo mercado, que enfraqueceram momentaneamente as cotações do produto na Bolsa de Chicago. A expectativa agora é quanto ao comportamento do clima na América do Sul, que pode afetar a previsão de produtividade das lavouras. Com um incremento de quase duas sacas • A ampliação da oferta americana deve impulsionar também a safra mundial de soja, que agora está prevista em 267,60 milhões de toneladas, ante as 264,28 milhões indicadas em outubro. Em relação à América do Sul, foram mantidas as 81 milhões de toneladas para o Brasil e as 55 milhões de toneladas para a Argentina no ciclo 2012/13. • Ao contrário do que o mercado esperava, o USDA também elevou a projeção para a colheita americana de milho, de 271,94 milhões para 272,43 milhões de toneladas, e os preços acabaram contaminados. • Mesmo com os problemas climáticos nos Estados Unidos, a safra mundial 2012/13 deverá ser a segunda melhor da história, compensada pela boa produção de outros países. O USDA espera que o volume suba de 839,02 milhões para 839,70 milhões de toneladas. • O plantio da safra 2012/13 de soja, em Mato Grosso, chegou a 6,99 milhões de hectares, um aumento de 6% sobre os 6,63 milhões da temporada anterior. • Um dos principais itens da pauta de exportações brasileiras, a soja atingiu novo recorde histórico no acumulado do Valor Bruto de Produção (VBP) até outubro, alcançando R$ 67,1 bilhões em 2012. O maior resultado anterior foi no ano passado, de R$ 57,4 bilhões. • O valor mais que dobrou. Era de R$ 32,7 bilhões em 2006, uma diferença de 105%. Estados Unidos Consumo total: 82,22 milhões de toneladas (+3,46%) Produção: 80,86 milhões de toneladas (+3,88%) por hectare na projeção de produtividade das lavouras norte-americanas, o órgão aumentou a estimativa de colheita da oleaginosa do país para 80,86 milhões de toneladas, contra 77,84 milhões apontadas em outubro. A expectativa dos analistas era de que o número seria de no máximo 78,6 milhões de toneladas. Os rendimentos da soja apontados pelo USDA para os Estados Unidos subiram de 42,37 sacas por hectare em outubro para 44,05. No entanto, os dados referentes ao consumo de soja também sofreram alteração e, com isso, a demanda total do país continua abaixo da oferta esperada. Mesmo assim, os estoques finais foram elevados. O principal ajuste foi observado nas exportações norte-americanas de soja, que agora estão calculadas em 36,6 milhões de toneladas, ante 34,4 milhões mostradas no relatório de outubro. (Veja mais abaixo). China, nosso principal destino agrícola Os chineses compraram 24,3% dos produtos agrícolas vendidos pelo País no primeiro semestre, ante 24,6% dos europeus, 8,2% do Oriente Médio, 7,3% da América Latina e 5,9% dos Estados Unidos, revela o estudo Especial Agronegócio, do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). "Com a alta dos preços da soja, é provável que a China ultrapasse a União Europeia este ano ou, no máximo, em 2013. E temos de considerar que a China é um país, enquanto a UE é um bloco", diz André Soares, coordenador de pesquisa e análise do CEBC. O estudo foi divulgado na 4.ª Conferência Internacional do CEBC "Brasil-China, em um mundo em transição", em São Paulo. DUPLICOU - Os chineses avançaram velozmente na compra de alimentos e de outros produtos agrícolas produzidos no Brasil. Em 2008, representavam 11,5% das vendas do agronegócio brasileiro, enquanto os europeus detinham 32,9%. O comércio agrícola entre Brasil e China duplicou em três anos, de US$ 8 bilhões em 2008 para US$ 18 bilhões em 2011. De acordo com especialistas, o grande problema do intercâmbio bilateral é a alta concentração. A soja representa hoje 66,7% do que o País vende para a China na área agrícola, seguida de longe por pasta de madeira e celulose (7,5%) e por açúcar (7,3%). Os agricultores brasileiros também estão cada vez mais dependentes da China, destino para o qual embarcam 67,1% da soja que produzem. AINDA MAIS - E a tendência é que a soja brasileira ocupe ainda mais espaço na China. O Brasil é o segundo principal fornecedor de soja para os chineses, atendendo a 36,9% da demanda local, atrás dos Estados Unidos, com 42%. Os americanos, no entanto, praticamente estagnaram a produção de soja, preferindo plantar milho. Já no Brasil ainda há bastante área agricultável disponível. "Quando a China tiver uma gripe, teremos uma pneumonia." FÁBIO TRIGUEIRINHO, secretário-geral da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), para quem a alta concentração é preocupante Brasil tem que importar ainda mais trigo Um dos maiores importadores de trigo do mundo, o Brasil tende a ter que importar volumes ainda maiores do cereal nesta safra devido à quebra da produção doméstica. Conforme estimativas da consultoria Safras & Mercado, até o fim desta safra, em julho do ano que vem, o país deve comprar do exterior 6,6 milhões de toneladas do cereal para atender sua demanda doméstica, na ordem de 10,5 milhões de toneladas anuais. No ciclo anterior, o país importou 5,8 milhões de toneladas. PROJEÇÃO - Em seu último levantamento, publicado neste mês, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previu que o Brasil vai produzir 4,462 milhões de toneladas de trigo, 22,9% abaixo do volume colhido no ciclo anterior. A retração é resultado da redução da área plantada no Paraná, cujos produtores optaram pelo cultivo de milho, e do mau tempo que afetou as lavouras do Estado e do Rio Grande do Sul. MAIS ELEVADAS - O fato é que as importações do cereal na atual temporada já estão mais elevadas. Segundo levantamento da consultoria, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), entre agosto e outubro deste ano, o país importou 1,976 milhão de toneladas de trigo, 58,8% acima dos 1,244 milhão de toneladas importadas no mesmo período do ciclo anterior. No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 2 9 Chuvas na região da Cocamar continuam mal distribuídas A semeadura da safra 2012/13 vai chegando ao final da região da Cocamar e até o dia 23 de outubro cerca de 95% da área total estavam concluídos, faltando apenas alguns poucos lugares na região de Londrina. De acordo com a área técnica da cooperativa, 80% das lavouras se encontram em fase de desenvolvimento vegetativo e, no plano geral, as chuvas ainda têm ficado abaixo das expectativas, havendo má-distribuição, com mais volume em determinadas localidades e menos em outras. A situação é agravada pelas altas temperaturas, lembra o engenheiro agrô- Lavoura em desenvolvimento no município de Doutor Camargo, a 30km de Maringá, onde os produtores reclamam dos baixos volumes de umidade nomo Emerson Nunes, coordenador técnico de culturas anuais. Segundo ele, ainda é muito cedo para falar em possíveis danos. A preocupação é com a perspectiva de veranicos em dezembro e janeiro, conforme preveem os meteorologistas. Jornal de Serviço Cocamar Nov e m bro 2012 - Pág. 30 500 casais cooperativismo No 5º Prêmio Professor Cooperjovem, a Cocamar teve o projeto Cooperarte, da Escola Municipal João Canedo da Silva, de Congonhinhas, selecionado para representar o Paraná em âmbito nacional cooperativistas finalizam programação 2012 Região I Da Redação - Uma palestra com o especialista e mágico Marcos Zanchetta, sobre “A magia da fidelização”, foi um dos destaques do Encontro de Casais Cooperativistas promovido pela Cocamar na noite de 9 de novembro no Excellence Centro de Eventos, em Maringá. O Encontro, tradicional em finais de ano, serviu para o congraçamento de cerca de 500 casais representantes de municípios do norte e noroeste do Estado onde a cooperativa mantém núcleos femininos. Ao fazer a abertura, o presidente Luiz Lourenço ressaltou a importância do trabalho realizado pelos núcleos, cujas participantes cumprem uma programação ao longo do ano em que debatem principalmente assuntos relacionados ao cooperativismo e o maior envolvimento das famílias no dia a dia da cooperativa. Mas ele mencionou também a crescente participação feminina no agronegócio brasileiro e disse que esse público já responde por mais de 10% do quadro de associados da Cocamar. O casal Geni e Luiz Carlos Faria, morador em Altônia, região de Umuarama, viajou 244 quilômetros para participar do evento. Ambos estão à frente de uma propriedade onde são produzidos café, limão tahiti e gado de corte. De acordo com Geni, que é técnica agrícola, participar do núcleo feminino local permite saber mais sobre a cooperativa, da qual o marido é associado há pelo menos 25 anos. De Paiçandu, município vizinho a Maringá, o casal Matilde e João Bologuese aproveitou para trazer o neto Miguel, de 3 anos. A família é produtora de grãos e, segundo Matilde, as atividades do núcleo possibilitam aprendizado que preparam a mulher para participar com mais conhecimento, ao lado do marido, da gestão dos negócios. (Rogério Recco) Os núcleos femininos são muito importantes para a Cocamar. Suas participantes nos ajudam a debater e a esclarecer assuntos de grande valia para a cooperativa e também para a gestão e os negócios que suas famílias mantêm. Com suas ponderações, elas ajudam seus maridos na tomada de decisões” LUIZ LOURENÇO, presidente da Cocamar 650 mulheres estão inscritas nos núcleos, distribuídos em várias regiões da área de atuação da cooperativa Noite de confraternização foi saudada pelo presidente Luiz Lourenço e atraiu gente de longe, como o pessoal de Altônia (acima) e também de perto, caso dos Bologuese, de Paiçandu (ao lado) 26 é o número de núcleos femininos, que reúnem entre cooperadas, esposas e filhas de produtores associados No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 3 1 Cooperjovem e Escola no Campo rendem prêmios Os programas Cooperjovem e Escola no Campo, desenvolvidos seguem colhendo frutos. O primeiro, uma iniciativa do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), acontece na região da Cocamar desde 2006. O segundo, em parceria com a Syngenta, iniciou um ano antes, em 2005. Concorrendo com mais de três mil redações sobre o tema “Cooperativas constroem um mundo melhor” - uma referência ao Ano Internacional das Cooperativas -, a aluna Vitória Luiza Gomes de Oliveira, do 6º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Emílio de Menezes, de Japurá, foi uma das seis finalistas nas duas categorias do 6º Prêmio Nacional de Redação do Programa Cooperjovem, na etapa estadual, representando a Cocamar e o Paraná no âmbito nacional. Vitória é orientada pela professora Alzira Derroco. A premiação ocorreu no dia 26 de outubro, em Curitiba, durante a terceira edição do Encontro Interestadual PR/SP do Cooperjovem e A União Faz a Vida, que reuniu mais de 500 profissionais ligados aos dois programas realizados, respectivamente, pelo Sistema Ocepar, por meio do Sescoop (PR), e Sicredi Central (PR/SP). Os premiados, de várias regiões Além de Vitória, outros seis alunos tiveram suas redações selecionadas pela Cocamar nas duas categorias: do 1º ao 5º ano - Caroline Bavati de Campos, da Escola Luiz Deliberador, de Sertanópolis; Júlia Scarpim da Silva, da Escola Maria Gomes Teixeira, também de Sertanópolis; e Marcos Gabriel Rodrigues, da Escola Anazareth Nunes Ferraz, de Congonhinhas, todos estudantes do 4º ano. E do 6º ao 9º ano: Andressa Barbosa Francisco do 7º ano da Escola Dr. Aloysio de Barros Tostes, de Congonhinhas; Brendha Oliveira dos Santos, do 6º ano da Escola Senador Moraes de Barros, de Jussara; e Vitória. Eles foram premiados com uma bicicleta 18 marchas e todos os selecionados receberam, nas escolas, um Kit do Aluno. Mais de 11 mil alunos de escolas municipais e estaduais da região da cooperativa já participaram desde 2006. Só em 2012 foram mais de 3 mil alunos e 189 professores de 32 escolas e 14 municípios A REDAÇÃO PREMIADA Cooperar para um mundo melhor Estamos em época eleitoral. Cooperar para um mundo melhor, seria minha proposta a ser apresentada se pudesse concorrer a algum cargo, fosse para vereadora ou prefeita. Já aprendi que a cooperação está ligada com a relação entre as pessoas. São atitudes que quando postas em prática, resultam no bem estar da comunidade. na escola, na comunidade ou no mundo, em qualquer lugar a cooperação resulta em organização e sucesso. Melhora nossa saúde física, quando cooperamos com a limpeza, o respeito à natureza, não desperdiçando os recursos naturais, combatendo a poluição e o desmatamento. Aprendi que o individualismo tão presente no mundo Melhora nossa saúde mental e espiritual, quando de hoje, não tem demonstrado que é uma maneira in- valorizam a nossa vida e de nosso próximo, coopeteligente e sustentável de viver, é necessário mudar, rando com gestos de amor e solidariedade que resulta as pessoas se ligarem que ideias e decisões devem ser em alegria e certamente num mundo melhor. ouvidas, acolhidas e compartilhadas. Compartilhadas no sentido da união, participação ativa, seja em casa, Vitória Luiza Gomes de Oliveira Pá g . 3 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - No v e m b ro 2 0 1 2 Prêmio Professor Cooperjovem. Destaque para Congoinhas No 5º Prêmio Professor Cooperjovem, realizado pelo Sescoop Nacional, a Cocamar teve o projeto Cooperarte, das turmas de 4º ano da Escola Municipal João Canedo da Silva, de Congonhinhas, selecionado para representar o Paraná em âmbito nacional. A premiação também ocorreu no Encontro Interestadual. Participaram do Cooperarte 40 alunos sob a coordenação da professora Flávia Custódio dos Santos. Segundo a diretora da escola, Irene Rosimeire do Prado, o objetivo do trabalho é levar os estudantes a compreender a importância do cooperar para melhorar a convivência em sociedade. Dentre as atividades realizadas no projeto constava a elaboração de desenhos representando o cooperativismo no dia a dia, e a votação, em assembleia, para os melhores desenhos, que foram pintados no muro da escola. Premiação ocorreu durante encontro em Curitiba Escola no Campo envolveu 2.257 alunos De 2005 a 2011 mais de 18 mil alunos já passaram pelo projeto Escola no Campo, iniciativa da Syngenta que conta com a parceria da Cocamar. O objetivo é levar a estudantes do ensino fundamental conhecimentos básicos e informações sobre preservação do meio ambiente e utilização correta de agrotóxicos. Em 2012 o projeto foi realizado em 19 unidades e 25 escolas envolvendo 120 professores e 2.257 alunos. Estudantes fizeram desenhos e foram premiados Como acontece todos os anos, em outubro os alunos fizeram desenhos ilus- trando o que aprenderam durante as aulas, participando de um concurso. Os três desenhos selecionados em cada escola receberam um kit do aluno e os três selecionados pela Cocamar entre todas as escolas ganharam uma bicicleta 18 marchas. Os premiados foram: Joice Nunes Fonseca, da Escola Estadual Felisberto Nunes Gonçalves, de Indianópolis; Eduarda Carretero Garcia, da Escola Estadual Parigot de Souza, de Mandaguaçu; e José Eduardo Melo da Silva, do Colégio Estadual Duque de Caxias, de Tuneiras do Oeste. produtores MILHO – O Encontro de Produtores de Milho, da Cocamar, foi promovido nos dias 20 em Maringá (na Associação Cocamar) e 21 em Londrina (no Parque de Exposições Governador Ney Braga) com programação idêntica, reunindo cerca de mil cooperados. Na abertura, o presidente Luiz Lourenço destacou a necessidade de os produtores investirem mais no aumento da produtividade das lavouras. Em seguida, houve duas palestras: a primeira com o pesquisador Gessi Ceccon, da Embrapa, sobre o consórcio milho e braquiáia; a segunda, com o engenheiro agrônomo Sérgio Hitoshi Watanabe, da cooperativa, a respeito de aplicação de fungicida para altas produtividades. O evento foi concluído com um debate que abordou o novo texto do Código Florestal, com o coordenador de meio ambiente da Ocepar, Silvio Krinski. Na foto, o Encontro em Maringá. No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 3 3 um museu Pá g . 3 4 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - No v e m b ro 2 0 1 2 almanaque Trava-Língua) (p pido ara falar bem rá Bote a bota no bote e tire o pote do bote. Você sabe o que significa a palavra maçaroca, na roça? (é o milho antes de ser desfolhado) E como se dizia da mulher que se recusa a dançar? (“Ela deu tábua”) Você sabia? A cidade de Mandaguaçu, antes de ter este nome, era conhecida por “Cala boca”? Trova Em Belém, sinos tocaram, Pela data especial. Os anjos anunciaram Do Deus Menino, o Natal. (Silvia Araújo Motta) na propriedade Ao preservar equipamentos e maquinários desde a década de 70, Nazareno Maróstica, de Doutor Camargo, ajuda a entender a evolução da agricultura regional Doutor Camargo I Cleber França - Quem chega a propriedade de Nazareno Maróstica, em Doutor Camargo, região de Maringá, faz uma viagem no tempo. Logo na entrada se depara com um enfileirado de implementos agrícolas encostados debaixo de pés de ameixa e pitanga. São grades niveladoras, gradões, cultivadores e diversos outros equipamentos bem conhecidos por quem é do meio. Pouco utilizados na agricultura moderna, eles estão inseridos no processo de evolução agrícola na região. CARPIDEIRAS - O próprio agricultor, de 57 anos, sabe contar bem essa história. O pai dele, Luiz Maróstica, chegou a Doutor Camargo em 1970 e, pouco anos depois, já eram semeadas as primeiras lavouras de soja do município. No terreiro, por muito tempo utilizado para secar a produção de café, hoje estão as primeiras carpideiras (fabricadas na década de 50), compostas por uma ou três chapas, utilizadas para capinar ervas daninhas no meio das ruas de soja. Elas eram puxadas por animais e até por pessoas. Depois delas apareceram as carpideiras puxadas por tratores: bem maiores, limpavam até 13 linhas de soja. “Eu lembro que a gente morria de sono pra operar isso”, conta Nazareno. “E outra: uma bobeada e você dava cortava um monte de linhas de soja. Por isso, naquela época (década de 80), se O produtor guarda tudo com carinho. Ele conta que como as primeiras semeadeiras tinham poucas linhas, demorava mais de um mês para semear 100 alqueires. Hoje, não gasta mais de 13 dias para vencer o trabalho em 315 viam grandes falhas no meio das plantações. Mais um detalhe: limpava só no meio da rua. Depois a gente tinha que voltar e carpir com enxada o mato que sobrava na beirada da linha de soja”. DESPREPARO - De acordo com o produtor, esses equipamentos foram abandonados assim que surgiu o Scepter e Trifluralina (fim da década de 80), herbicidas incorporados no solo com grades niveladoras pouco antes do plantio. “Depois de colher a safra de inverno se passava o gradão, se fazia a primeira nivelada e a incorporação. O próximo passo era o plantio”, explica Maróstica. “Por falta de informação, a gente assassinava a terra”. Pouco tempo depois surgiram os subsoladores, que faziam a vez dos gradões – e funcionavam melhor nas lavouras onde tinha sido colhido trigo. Eram equipamentos compostos por ganchos que escarificavam a terra – os mais comuns de 5, 7, 9 e 11 pés. Tanto o gradão, como a grade niveladora e subsolador foram aposentados no início da década de 90, com o advento do plantio direto. Atualmente são utilizados apenas para transformar pastagens e outras áreas “sujas” em terrenos mecanizados. Também fazem parte do “acervo” de Nazareno Maróstica, ainda, uma carpideira de curva de nível e um terraceador, fabricado por ele mesmo, com a estrutura de duas grades niveladoras. Quem vê o equipamento percebe a similaridade com os atuais e – segundo o produtor, funcionava muito bem. VENENO - Andando pela sede da propriedade, se encontra ainda um dos primeiros pulverizadores adquiridos por ele. Tratase de um Jacto fabricado na década de 70 para aplicar ve- neno em pó. “Também trabalhei muito com pulverizadores costais motorizados de capacidade para 20 litros. Nessa época a gente aplicava veneno puro, que caia pelas costas. Era um perigo e a gente nem se dava conta”, recorda-se. A soja crescida e o vento traiçoeiro causavam problemas. “Quando o vento virava, o veneno vinha todo na gente. Quando a soja estava muito grande, a gente se enroscava e caia. Se passava de 10 a 15 alqueires por dia, sempre em duas pessoas, pois cansava demais”, cita. RELÍQUIA - Por fim, encostado em uma pequena garagem descansa o segundo trator da família. Um Valmet 62 ID ano 1972, conhecido por “queixo-duro” (volante muito pesado). Durante a operação na roça o volante dava solavancos nos braços, que ficavam doloridos. No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 5 PEIXÃO Receita Cuca alemã, uma delícia! Cristine, de Arapongas, ensina a fazer um espécie de bolo tradicional entre os alemães, que pode ser uma sugestão para o Natal Para Cristine Gysi Gellert, integrante do núcleo feminino mantido pela Cocamar em Arapongas, este tradicional e saboroso bolo alemão traz muitas lembranças alegres. A receita foi trazida pela avó quando ela veio para o Brasil e, durante décadas, o prato fez parte dos cafés e reuniões entre seus familiares, quando eles se sentavam à mesa para conversar sobre o dia a dia e relembrar fatos. Cristine lembra que aprendeu a fazêlo com a mãe. “Enquanto ela preparava, eu ficava ao lado, querendo experimentar. É algo que faz parte da nossa história e pode ser uma sugestão para o Natal”, cita. • 1 colher (chá) de canela em pó • Margarina para misturar formando pequenas bolinhas PREPARO INGREDIENTES • 500 gramas farinha trigo • 1 colher (sopa) de fermento de padaria • ½ xícara de açúcar • 3 ovos • 1 pitada de sal • 1 copo de leite • Casca ralada de limão FAROFA • 1 xícara de açúcar • 1 xícara de farinha de trigo Misture os ingredientes da cuca, amassando bem. Fica meio mole, grudando nos dedos. Deixe crescer por meia hora. Abra a massa com a mão em uma forma untada com margarina e farinha. Coloque a farofa por cima e leve para assar por 30 minutos. Se quiser rechear, pode colocar banana ou pedaços de marmelada por baixo da farofa, pressionando com um garfo contra a massa. O jaú é um peixe de grande porte, podendo alcançar mais de 2m de comprimento total e 180 kg. O corpo é grosso e curto; a cabeça grande e achatada. A coloração varia do pardo esverdeado claro a escuro no dorso, mas o ventre é branco; indivíduos jovens apresentam pintas claras espalhadas pelo dorso. CAVALINHO “Einstein” é o menor cavalo do mundo. Do tamanho de um cachorro, ele pode ser confundido com um pônei, mas não é. Tem apenas 50cm de altura e nasceu no ano passado em uma fazenda nos Estados Unidos. Pá g . 3 6 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - No v e m b ro 2 0 1 2 família do Campo Os Dolfini, em Floresta, sempre na vanguarda Floresta (PR I Rogério Recco - O nortão do Paraná estava só começando, em 1935, quando os primeiros Dolfini desembarcaram em Cambé com a disposição de fazer a vida na cafeicultura. Animado com as notícias de oportunidades em terras paranaenses, o jovem casal Cuirico e Rosa Tereza, descendente de italianos, deixava para trás Pirassununga (SP) para enfrentar as estradas barrentas, o mato e as incertezas na região de Londrina. Mas não tinham dúvidas: valeria a pena! O desejo de cultivar as próprias terras começou a realizar-se com a compra de 15 alqueires. Cuirico e Rosa Tereza formaram roça, estruturaram-se como puderam e tocaram a vida adiante, colocando uma dezena de filhos no mundo. Em ordem alfabética: Antonio Luciano, Prevendo o declínio do café, eles apostaram na soja, até então desconhecida por aqui, levaram para a propriedade uma das primeiras colheitadeiras da região e, não bastasse, partiu da família a decisão de construir curvas de nível para segurar as enxurradas e a erosão, ainda uma novidade das grandes Em 1965, a soja Ajudando ao pai, os cinco filhos homens trabalharam juntos, progredindo sempre. Em 1981, a família decidiu investir em terras também no Mato Grosso. Hoje, são produtores de grãos, algodão e dedicamse à pecuária, mas cada com seu negócio. Aparecida, Clementina, Ettore, Laura, Maria de Lourdes, Neide, Nestor, Ormindo (já falecido) e Ricardo, ringá - sempre pensando no café. em Floresta foi adquirido em 1963, ano de geada brava. Apesar disso, FloFoi então que o filho Nes- resta se mostrou tão promistor, em 1958, mudou-se de sora para os Dolfini que, nos Com tanta gente, era pre- mala e cuia para Ivatuba, anos seguintes, a família inciso mais terras e foi o que já casado com Ivone. Ele se teira se estabeleceria ali. “A aconteceu em 1951, quando recorda: “Viemos numa gente foi comprando lotes a família enxergou além carroça puxada por uma pequenos e emendando”, dos limites de Cambé e mula”. conta Nestor, um dos únicos comprou lotes em Ivatuba e cujo sobrenome é escrito diÁgua Boa, na região de Ma- O primeiro pedaço de terra ferente, Dolphine. Em 1973, a “esquisitice” das curvas de nível Preocupados com a erosão, os Dolfini tiveram a ideia de fazer uma coisa esquisita para a época, chamada de “curva de nível”, para segurar a enxurrada. Eles dizem que só tinham visto algo assim em Cambé, na Fazenda São Manoel. Até então, o costume era plantar “de comprido”. A família havia acabado de comprar o sítio e, para sistematizar as curvas, foi preciso enterrar a estrada que passava por ali, quase arrumando enguiço com os vizinhos. Porém, a “esquisitice” deu certo: foi possível controlar de forma eficiente a erosão, abriu-se uma outra es- trada sem o risco de correr água e o local virou motivo de visitação de produtores e autoridades, encantados com a solução simples para um problema muito sério até então. Daí que a prefeitura começou a incentivar e o pessoal do governo do Estado veio co- nhecer. Hoje, quando se recordam disso, os Dolfini ficam orgulhosos, pois o Paraná, ao criar um programa específico para fazer as microbacias hidrográficas, tornou-se uma referência internacional em conservação de solos. O plantio direto, em seguida, aperfeiçoou esse trabalho. Como geava muito em Floresta, judiando do café, os Dolfini decidiram buscar alternativas. Em 1965, eles iniciam o cultivo, nas ruas do café, de um tipo de feijão chamado de “soja”. Diziam ser um negócio do futuro - e era mesmo. Aos poucos, com o concurso de um pequeno trator Ford, os cafeeiros foram arrancados. Nestor, Ettore e Ricardo contam que quando o cafezal acabou, a terra ficou solta e, vindo a chuva, abriu-se erosão, controlada na base do desespero, apenas com enxadas. “Quando o cafezal acabou, a terra ficou solta e, vindo a chuva, abriu-se erosão, controlada na base do desespero, apenas com enxadas” ETTORE Na foto do alto, a partir da esquerda, o gerente da Cocamar em Floresta, Frederico João Altrão, com Nestor, Ricardo, Ettore e João (este último, filho de Nestor). Ao lado, instalações antigas No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a ma r - Pá g . 3 7 O casal Nestor e Ivone tem um espaço onde preserva fotos que contam a história da família Grãos eram ensacados Pioneiros na formação de uma microbacia hidrográfica, os Dolfini figuram também entre os primeiros a cultivar soja na região e, já em 1971, surpreenderam mais uma vez ao comprar uma pequena colheitadeira de grãos, coisa que pouca gente tinha botado os olhos. Nestor conta que era uma SLC, a qual fazia também o ensacamento, pois ninguém recebia a tal soja a granel. Nesse ano, eles entregaram a safra no armazém de Wilson Pulzatto, em Maringá. No ano seguinte, o destino passou a ser a Cocamar, que levantou um armazém graneleiro para 30 mil toneladas, coisa de cinema. Era até engraçado: no começo, os produtores levavam soja e trigo em sacos para a cooperativa e os irmãos dão risada quando se recordam da enorme fila de caminhões que se formou - e todos aguardavam pacientemente a vez de descarregar. E as lavouras, colhidas com facão Eles também não contêm os risos com as lembranças dos primeiros tempos da soja, quando iam para a roça cortar a lavoura com facão, levando tudo para o terreiro de café. O passo seguinte era o cambão, que separava os grãos das vagens, um trabalho sofrido e de pouco rendimento. Segundo Ricardo, o serviço da roça era feito manualmente, puxando enxada e carregando-se a produção nas costas, mas ninguém achava ruim. “Trabalhava-se feliz, não se conhecia outra realidade.” Depois, com os pequenos tratores, muitos dos quais nem tinham cabines, dizia-se que o agricultor “tratorizado” vivia no luxo e não podia reclamar de cansaço. Hoje, eles são donos de máquinas tão bem equipadas e confortáveis quanto a de seus colegas norte-americanos - é só ver a reluzente colheitadeira novinha em folha que descansa na garagem da casa de Nestor. De geração em geração Falando sobre o sucesso da família na agricultura, os irmãos Nestor, Ricardo e Ettore dizem que os filhos apenas deram continuidade ao trabalho iniciado pelos avós e que foi transmitido a seus pais, sempre com entendimento, honestidade e muito trabalho. “Nunca fizemos loucura, o que a gente Nestor e Ivone já vieram casados para a região de Floresta, em 1958 fez e faz é com os pés no chão”, comenta Ettore. Cada um dos irmãos tem a sua independência nos negócios, mas eles permanecem unidos e, quando um acaba de fazer a colheita ou plantio, corre para ajudar os outros a terminar o serviço. É muita gente A partir do casal Cuirico e Rosa Tereza, os Dolfini formaram uma família tão grande que, somando apenas os dez filhos, os cônjuges e seus frutos, são 44 integrantes. Casado com Ivone, Nestor tem 7 filhos, enquanto Ettore e Maria geraram 2; Ricardo e Ivone, por sua vez, trouxeram três filhos ao mundo, ao passo que Ormindo e Elza, 4, mesmo número de Antonio Luciano e Maria, Neide e Osvaldo e Aparecida e Amadeu. Maria de Lourdes e Justino (falecido), tiveram 5, e Laura e Geraldo, 3. Clementina, casada com Leonildo, é a campeã, com 8. Pá g . 3 8 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - No v e m b ro 2 0 1 2 prestação de serviços Dirigentes, fundadores e parceiros da Unicampo, homenageados com uma placa no último dia 14, durante jantar em Maringá Única cooperativa do gênero no Paraná e uma das maiores do mundo em seu setor, entidade tem atuação inclusive fora do País Maringá I Rogério Recco Terra fértil para o cooperativismo, que prospera em vários ramos, Maringá sedia uma das maiores cooperativas de prestadores de serviços agronômicos do mundo - um surpreendente caso de sucesso im- AOS 20 ANOS, UNICAMPO CRESCE E APARECE pulsionado pela força do agronegócio. mil associados – dos quais 1,5 mil ativos - e uma carteira de clientes com mais Com atuação em 22 Es- de 40 das principais comtados, incluindo países do panhias multinacionais Mercosul, a Unicampo, que oferecem produtos e única do gênero no Pa- serviços ao produtor. raná e a maior em seu setor no Brasil, possui 4,5 Formatada em 1992 a Em todo o Brasil partir de um programa de terceirização de serviços realizado pela Cocamar, a entidade avança em ritmo chinês e planeja fechar 2012 com um faturamento acima de R$ 50 milhões – 10% a mais que no ano passado. NIVALDO BARBOSA DE MATTOS, presidente Em um país que se tornou uma das grandes potências mundiais em produção de alimentos, a Unicampo possui profissionais prestando assistência técnica a agricultores e empresários rurais em todas as regiões produtoras, compreendendo as mais diversas culturas. Para Mattos, a maior conquista da entidade foi ter conseguido assegurar benefícios e estabilidade aos associados para exercer a profissão “com uma remuneração digna”, além de proporcionar uma série de outros benefícios. O presidente da cooperativa, Nivaldo Barbosa de Mattos, agrônomo que está entre os seus fundadores, conta que um dos méritos da entidade foi ter sobrevivido a uma série de grandes crises que assolaram a agricultura a partir da década de 90, justamente quando surgiu. “O início do Plano Real, que castigou o setor, quase decretou o nosso fim”, lembra. MUDOU A VIDA - Fábio Gonçalves Pirajá, formado em 2001 pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), iniciou dois anos depois um curso de pós-graduação na UEM, época em que conheceu a Unicampo. Ele conta que ficou sabendo da cooperativa por meio de um cartaz em um mural. “Os colegas avisaram que ia ter seleção para trabalhar em uma empresa e eu fui atrás”, diz. A esse desafio se somou outro não menos difícil, acrescenta Mattos: o governo passou a combater de forma sistemática as cooperativas de prestadores por julgar que elas estavam a serviço de empresas interessadas apenas em burlar o fisco. “No começo nem era muito fácil ter clientes, havia muitas desconfianças por parte deles”, observa. “O início do Plano Real, que castigou o setor, quase decretou o nosso fim” Passando a trabalhar na região, Pirajá nunca mais deixou de ser associado e lembra que de lá para cá a Unicampo dobrou de tamanho. “A entidade cresce e possibilita aos profissionais a oportunidade de se desenvolverem em suas carreiras.” 4,5 mil é o número de associados da cooperativa, dos quais 1,5 mil ativos 22 são os Estados onde a entidade está presente No v e m b ro 2 0 1 2 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - Pá g . 3 9 Ideia “concebida a fórceps” O sucesso da cooperativa não condiz com seu início tumultuado e cheio de incertezas. “A Unicampo foi uma ideia concebida a fórceps”, exagera o engenheiro agrônomo Edilberto José Alves, diretor da Cocamar no início dos anos 90. Ele se recorda que a cooperativa terceirizou o departamento de assistência técnica, na época com cerca de 120 profissionais, entre agrônomos e técnicos agrícolas. “Foi um processo muito desgastante. A cooperativa de prestação de serviço só nasceu, ainda dores, confirma: “Não foi fácil a mobilização em torno da fundação da cooperativa”. Segundo ele, poucos de interessaram, porque não viam segurança. Martins garante que mais de mil foram convidados para a fundação, mas só 19 apareceram para tomar as decisões e assinar uma ata. Edilber to José Alv es assim na marra, porque o pessoal foi todo demitido e tinha que se virar”, conta. Ramon Ponce Martins, um dos agrônomos funda- Campo de atuação ampliado Para o agrônomo José Roberto Gomes, que exerce a profissão em Maringá desde 1971 e foi o primeiro agrônomo da Cocamar, o processo de desenvolvimento humano e tecnológico trouxe muitas inovações para o trabalho desse profissional, ampliando o seu campo de atuação. “Além da assistência prestada a agricultores no planejamento, orientação técnica e acompanhamento dos negócios em todas as suas fases, ele marca presença em vários outros segmentos. A gestão de atividades relacionadas ao meio ambiente, por exemplo, criou forte demanda por esse profissional”, afirma Gomes. Ele acrescenta que o advento dos cultivos geneticamente modificados propiciou, da mesma forma, novos conceitos na agricultura e desdobramentos “que colocaram o engenheiro agrônomo à frente de uma revolução de modernidade”. Na época, o mercado de trabalho era restrito e, de acordo com dados da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, 72% dos profissionais formados nos cinco anos anteriores não atuavam na área. Assistido pelo engenheiro agrônomo Joelson Luiz Marques, da Unicampo, e o gerente da agência do Banco do Brasil de Sertanópolis (PR), Geraldo de Jesus Varandas, o produtor Rico Longhi, daquele município, teve acesso a recursos oferecidos pelo Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) para construir e modernizar o barracão de máquinas em sua propriedade. O financiamento foi possível em razão de projeto elaborado pela Unicampo e o BB. De acordo com Joelson, o Programa agrega valor à propriedade rural, gera sustentabilidade e melhora a eficiência na produção, com responsabilidade para com o meio ambiente, otimizando os recursos naturais. O produtor tem prazo de pagamento em até 12 anos, a juros efetivos de 5,0% ao ano. Atrás das multis Como a Cocamar ajudou financeiramente no início, a entidade seguiu adiante, mas “aos trancos e barrancos”, recorda-se Marino Hideo Akabane, que assumiu a presidência, em 1993. Conforme Akabane, quando a Cocamar cortou o cordão umbilical, em 1996, a única saída foi cor-rer atrás das companhias multinacionais, o que acabou dando certo. Um livro resgata a história Com 190 páginas, o livro “Unicampo 20 anos unindo forças no campo” resgata os 20 anos de história da cooperativa. A publicação, entregue aos convidados do evento que marcou os 20 anos da entidade, está sendo distribuído para empresas parceiras e relacionadas ao setor, universidades, bibliotecas e outros. Produtor constrói Barracão pelo Programa ABC de assistência técnica e traz depoimentos com fundadores, antigos colaboradores e pessoas que, de alguma forma, estão ligados à trajetória da Unicampo ao longo de seus 20 anos. A obra contextualiza a presença da cooperativa de prestadores de serviço em um cenário de São 190 páginas de desenvolvimento do agrodepoimentos e histórias negócio e faz menção, também, à evolução do tra+ De autoria do jornalista plica porque a Cocamar de- balho dos engenheiros Rogério Recco, o livro ex- cidiu terceirizar a sua área agrônomos. A partir da esquerda: o produtor Rico Longhi, o ger ente do BB Geraldo de Jesus Varandas e o engenheiro ag rônomo Joelson Luiz Mar ques Uma oportunidade Justino Correia Filho* O agronegócio brasileiro vive um bom momento, amparado principalmente pela forte demanda externa por alimentos. Condição que favorece a valorização dos produtos oriundos do campo, depois de muito trabalho e esperança. O agricultor é competitivo dentro da porteira. As dificuldades e os gargalos são muitos e estão fora da propriedade, ligados, principalmente a infraestrutura e logística deficitária, que limitam nosso potencial de crescimento no mercado externo. O governo, têm timidamente sinalizado certo reconhecimento a importância do setor agrícola e sua capacidade ímpar de alavancar demais setores da econo- mia. Como exemplo, citamos a redução nas taxas de juros para custeio e com destaque para investimento, taxa de 2,50%aa., com até 10 anos de prazo na linha Finame Rural PSI, condição que permite aos agricultores investirem em tecnologias e principalmente adquirir maquinários que possibilitem melhor rendimento operacional, favorecendo assim, ganhos de produtividade nas lavouras. A Cooperativa Unicampo, por meio dos profissionais de assistência ao crédito rural, está à disposição para encaminhar aos agentes financeiros as demandas dos agricultores, sejam elas, de custeio ou investimento. (*) Técnico agropecuário da Unicampo em Bela Vista do Paraíso (PR) Pá g . 4 0 - J orna l de Se rv i ç o Coc a m a r - No v e m b ro 2 0 1 2 serviços agora, os postos Detalhe do posto em Rolândia, que está em funcionamento desde o dia 7/11 Em novembro, eles foram abertos em Rolândia e Tamarana, mas há outros quatro previstos para os próximos meses Região I Da Redação - Depois de, há alguns anos, começar a fornecer óleo diesel para seus cooperados pelo sistema TRR (transportador, revendedor, retalhista), a Cocamar entra para valer, também, no segmento de postos de abastecimento. No dia 7 de novembro, foi inaugurado em Rolândia o primeiro de uma rede de postos linha de produtos e serviços, oferecendo preque a cooperativa pretende implantar na re- ços competitivos para cooperados e o público gião norte do Estado, todos com a bandeira em geral. Ipiranga. No dia 28, foi a vez de Tamarana. Depois de Rolândia e Tamarana, será a vez O coordenador comercial de Insumos, Wil- de Londrina, Santa Cecília do Pavão, São Jeson Miranda, explica que eles vão funcionar rônimo da Serra e São Sebastião da Amonormalmente, como qualquer outro, com sua reira.
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