Relatório da quinta campanha de monitoramento
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Relatório da quinta campanha de monitoramento
Programa de Monitoramento, Salvamento e Resgate de Fauna de Vertebrados Terrestres e Monitoramento e Levantamento da Entomofauna Relatório da quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre no período pré-enchimento na área de influência da UHE São José Biguá (Phalacrocorax brasilianus) Porto Alegre, 3 de agosto de 2009 Sumário 1.Equipe Técnica ...............................................................................................................................3 2.Introdução .........................................................................................................................................4 3. Materiais e métodos....................................................................................................................5 3.1. Anfíbios.......................................................................................................................................5 3.2. Répteis........................................................................................................................................7 3.3. Aves .............................................................................................................................................8 3.4. Mamíferos................................................................................................................................10 4. Resultados .....................................................................................................................................13 4.1. Anfíbios.....................................................................................................................................13 4.2. Répteis......................................................................................................................................17 4.3. Aves ...........................................................................................................................................21 4.4. Mamíferos................................................................................................................................33 5. Considerações Finais ..............................................................................................................39 6. Referências Bibliográficas ....................................................................................................41 2 1. Equipe Técnica Coordenação Geral Biól. M.Sc. Adriano Souza Cunha – CRBio 9021-03 Biól. Juliano Ferrer dos Santos – CRBio 53089-03 Herpetofauna Biól. Dr. Rafael Lucchesi Balestrin – CRBio 25423-03 Biól. Raquel Rocha Santos – CRBio 58587-03 Biól. M.Sc. Fabrício Bonfiglio - CRBio 53743-03 Avifauna Biól. Maurício da Silveira Pereira – CRBIO 63445-03 Mastofauna Biól. Felipe Bortolotto Peters – CRBio 53753-03 Acadêmico de Ciências Biológicas Ricardo Roth 3 2. Introdução O presente relatório atente aos objetivos propostos nos Programas de Monitoramento, Salvamento e Resgate da Fauna de Vertebrados Terrestres e Levantamento e Monitoramento da Entomofauna e Conservação de Espécies Ameaçadas e Endêmicas relacionados ao monitoramento da fauna de vertebrados terrestres e levantamento e monitoramento da entomofauna na área de influência da Usina Hidrelétrica (UHE) São José. O empreendimento está situado nos municípios de Cerro Largo, Rolador, Salvador das Missões e Mato Queimado, noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, na região denominada fisiograficamente de Missões. A UHE São José encontra-se em fase de implantação, no trecho inferior do rio Ijuí. A quinta campanha de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres e monitoramento e levantamento da entomofauna no período pré-enchimento na área de influência da UHE São José realizou-se entres os meses de maio e junho de 2009, durante o outono. Os trabalhos abrangeram os grupos de anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Primeiramente é relatada a metodologia aplicada nos grupos de fauna trabalhados e a seguir são discutidos os resultados obtidos. Por final, são feitas as considerações finais a respeito da campanha realizada. 4 3. Materiais e métodos 3.1. Anfíbios A quinta campanha de monitoramento da fauna de anfíbios na área de influência da UHE São José foi realizada no período de 8 a 12 de junho de 2009 com base em três modos de obtenção de registros: levantamento por encontros visuais, método das transecções auditivas e registros ocasionais. De acordo com o método de levantamento por encontros visuais, realiza-se uma busca ativa por desovas, larvas e adultos, durante um determinado período de tempo, em todos os microambientes potencialmente ocupados pelos anfíbios (CRUMP & SCOTT, 1994). A busca consistiu na realização de deslocamentos aleatórios pelas áreas, nos quais eram vasculhados corpos d’água e possíveis abrigos (embaixo de troncos, pedras, entulhos, em tocas, bromélias, gravatás). Para o registro visual, foram considerados apenas os animais que não se encontravam em atividade de vocalização. As amostragens foram realizadas por duas pessoas, com exceção de dois turnos, nos quais três herpetólogos estiveram presentes. Foram realizadas 11 buscas diurnas e seis buscas noturnas, perfazendo um esforço amostral total de 23 horas (15 horas durante o dia e 8 horas durante a noite) por pessoa. De acordo com o método das transecções auditivas, um trecho pré-definido da área estudada é percorrido e são registradas as espécies em atividade de vocalização (ZIMMERMAN, 1994). As transecções auditivas foram realizadas predominantemente nas primeiras horas depois do ocaso, período que a atividade de vocalização dos anuros é mais intensa. As amostragens foram direcionadas a diferentes ambientes existentes na região (banhados, açudes, áreas alagadiças, arroios, matas ciliares) perfazendo um esforço total de 8 horas. Em cada ponto, os ambientes foram percorridos contabilizandose todos os indivíduos em atividade de vocalização. Espécimes encontrados fora de atividade de vocalização foram registrados no método de levantamento por encontros visuais. Animais encontrados fora dos pontos de amostragem ou de outras formas, que não as duas metodologias já descritas, foram considerados como registros ocasionais. Durante a presente amostragem, procurou-se repetir os mesmos pontos avaliados na campanha anterior (tabela 1). 5 Tabela 1. Pontos de amostragem da fauna de anfíbios durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: VES = levantamento por encontros visuais; AST = métodos das transecções auditivas. Coordenadas geográficas UTM 21J Ponto Metodologia Início Fim P1 718433 / 6881219 AST, VES P2 723235 / 6881048 AST, VES P3 712530 / 6882141 712336 / 6881740 AST, VES P4 722954 / 6880315 722934 / 6880243 AST, VES P5 713848 / 6881763 713931 / 6881571 AST, VES P6 719868 / 6878765 719555 / 6878568 VES P7 715201 / 6877790 715757 / 6876984 VES P8 718277 / 6881268 718476 / 6881195 VES P9 712360 / 6882089 712584 / 6882085 VES P10 713257 / 6881928 713362 / 6881724 VES P11 712640 / 6885198 713248 / 6885221 VES P12 712495 / 6885074 712352 / 6885104 VES P13 719028 / 6884638 719267 / 6884725 VES P14 715848 / 6876875 716171 / 6876622 VES Os anfíbios são animais ectotérmicos e sua atividade é sensível a fatores ambientais, como a precipitação, temperatura, umidade relativa do ar e fotoperíodo (DUELLMAN & TRUEB, 1994). Sendo assim, a tabela 2 apresenta as condições climáticas (condições do tempo e índices pluviométricos) registrados na região do empreendimento durante o período das amostragens (fonte: DEFESA CIVIL/RS). As temperaturas noturnas foram bastante baixas, exceto pela primeira noite de amostragem, que estava 14°C, nos outros dias as temperaturas ficaram entre 6,5 e 9,5°C. A nomenclatura e a classificação das espécies foram baseadas em FROST (2009) e Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH) (2009). Tabela 2. Condições do tempo e índices pluviométricos registrados na região de inserção da UHE São José entre os dias 8 e 12 de junho de 2009. Data Condições do tempo * Índices pluviométricos (mm) * 08/jun/09 tempo bom 0.0 09/jun/09 tempo bom 0.0 10/jun/09 tempo bom 0.0 11/jun/09 tempo bom 0.0 12/jun/09 tempo bom 0.0 6 3.2. Répteis As atividades de campo da quinta campanha de monitoramento da fauna de répteis foram realizadas entre os dias 8 a 12 de junho de 2009 nas áreas de influência da UHE São José. Os pontos de amostragem foram os mesmos estipulados na campanha anterior (tabela 3) e foi aplicado um esforço de captura correspondente a 33 horas de procura ativa durante o dia e 36 horas de procura ativa durante a noite, totalizando 69 horas/homem de procura ativa. Os métodos aplicados são descritos abaixo: Procura Ativa (PA): esse método consistiu em lentas caminhadas durante o dia e a noite através de trilhas, estradas secundárias, afloramentos rochosos, matas ciliares, poças temporárias, açudes, campos alagados e próximos a construções abandonadas (BALESTRIN, 2008). Nessa metodologia procurou-se abranger o maior número possível de micro-hábitats em busca de animais em atividade ou em potenciais abrigos (tocas, sob pedras, troncos caídos, termiteiros, madeiras e restos de construção e/ou demolição). Em cada sessão de procura por espécimes foi anotado o número de observadores e o tempo despendido. Os exemplares capturados foram identificados, fotografados e soltos no mesmo local. O esforço de captura empregado foi calculado somando o total de horas de cada coletor nas atividades de procura (MARTINS & OLIVEIRA, 1998). Três coletores participaram da PA, sendo a taxa de captura expressa dividindo-se o número total de indivíduos capturados pelo somatório do número de horas que cada coletor realizou durante as atividades de campo. Tabela 3. Pontos de amostragem da fauna de répteis durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre (outono/2009) realizado na área de influência da UHE São José. Legenda: T = transecação. Pontos de amostragem Coordenadas geográficas UTM 21J T1 T2 T3 719868 / 6878765 719555 / 6878568 715201 / 6877790 715757 / 6876984 718277 / 6881268 718476 / 6881195 712360 / 6882089 T4 712436 / 6881876 712584 / 6882085 T5 713257 / 6881928 713362 / 6881724 7 Pontos de amostragem T6* Coordenadas geográficas UTM 21J 712640 / 6885198 713248 / 6885221 712495 / 6885074 T7* 712370 / 6885032 712352 / 6885104 719028 / 6884638 T8* 719301 / 6884521 719267 / 6884725 722972 / 6880575 T9 722695 / 6880381 722877 / 6880206 722987 715848 / 6880315 6876875 T10 715965 / 6876957 716171 / 6876622 Encontro ocasional e/ou por terceiros (EO): esse método consistiu em todos os animais encontrados por terceiros ou quando a equipe estava em deslocamento em áreas próximas a área de interesse. Optou-se por não utilizar as armadilhas do tipo covo. Estas armadilhas, assim como as demais armadilhas de coleta passiva, podem ter seu aproveitamento reduzido ou até mesmo serem ineficazes nos meses mais frios do ano. A nomenclatura e a classificação das espécies seguiram ZAHER et al. (2009) e SBH (2009) e a bibliografia consultada para auxiliar na identificação dos animais foram dos seguintes autores: AMARAL (1955), DIXON & KOFRON (1983), LEMA (2002), CARRERA et al. (2005), ACHAVAL & OLMOS (2007). 3.4. Aves A quinta campanha de monitoramento da avifauna na área de influência da UHE São José foi realizada entre os dias 18 e 22 de maio de 2009, sendo realizadas amostragens qualitativas e quantitativas. Avaliações quantitativas foram realizadas através de pontos de escuta (BIBBY et al., 2000), no qual o observador identifica e contabiliza todos os indivíduos visualizados e/ou escutados dentro de um raio imaginário pré-determinado. Na presente amostragem foram repetidos os 41 pontos amostrados na campanha anterior (tabela 4). As contagens foram iniciadas 30 minutos após o nascer do sol com duração de 8 10 minutos em cada ponto. Em virtude das amostragens contemplarem diferentes fitofisionomias (e.g. matas, campos, plantações e áreas úmidas), alguns ajustes na metodologia foram realizados na primeira campanha sendo mantidos nas demais, a saber: Em pontos localizados em fitofisionomia florestal, onde a visibilidade do observador diminui consideravelmente com o aumento da distância, foi estabelecido raio fixo de 50 metros e distância mínima entre pontos de 180-200 metros. Em fitofisionomias campestres foi definido um raio fixo de 100 metros e a distância mínima entre pontos de 300 metros. A distância mínima entre pontos foi estabelecida de modo a garantir a independência entre as unidades amostrais (RALPH et al., 1993). Com o objetivo de monitorar as alterações ocorridas na avifauna antes e após a formação do reservatório da UHE São José, os pontos foram dispostos em área de alague e área de não alague. Em cada área foram selecionados pontos de contagem em fitofisionomia florestal e campestre (tabela 4). Tabela 4. Localização dos pontos de contagem realizados durante a quinta campanha de monitoramento da avifauna (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: MA = mata em área de alague; MN = mata fora da área de alague; CA = campo em área de alague; CN = campo fora da área de alague. Ponto de amostragem Coordenadas geográficas UTM 21J Altitude (m) Local P01 718447 / 6883748 141 MA P02 718515 / 6883540 141 MA P03 718432 / 6883351 135 MA P04 718157 / 6883867 144 MA P05 717967 / 6883821 155 MA P06 717802 / 6883708 145 MA P07 717824 / 6883947 MA P08 718013 / 6884059 145 MA P09 718464 / 6883156 142 CA P10 718649 / 6883327 139 MA P11 718770 / 6883173 137 MA P12 718728 / 6882912 144 CA P13 718046 / 6883476 151 MA P14 717899 / 6883555 149 MA P15 718042 / 6880921 174 MN P16 718171 / 6880771 170 MN P17 717986 / 6881108 166 MN P18 717903 / 6881276 171 MN P19 717801 / 6880803 171 MN P20 718710 / 6881314 MA P21 718575 / 6882649 149 CA P22 718693 / 6882248 149 CA P23 718800 / 6882074 131 MA P24 718754 / 6881855 132 MA P25 718655 / 6881705 132 MN 9 Ponto de amostragem P26 P27 P28 P29 P30 P31 P32 P33 P34 P35 P36 P37 P38 P39 P40 P41 Coordenadas geográficas UTM 21J 718596 / 6881517 718308 / 6881708 718310 / 6882088 718265 / 6882414 718599 / 6882007 718499 / 6882172 717538 / 6881043 717304 / 6881077 717333 / 6880584 718207 / 6882838 717908 / 6882936 717940 / 6882594 718482 / 6881041 718467 / 6880719 718129 / 6880322 718444 / 6879948 Altitude (m) 151 173 168 166 169 169 166 167 149 147 141 139 172 171 147 176 Local MN CN CN CN MN MN MN CN CA CA CA CA CN CN CA CN A abundância para cada espécie foi calculada através do Índice Pontual de Abundância (IPA), que é igual ao número total de contatos obtidos dividido pelo número de pontos de contagem (ALEIXO & VIELLIARD, 1995). Espécies registradas durante as contagens além do raio pré-estabelecido, assim como os registros ocasionais (ad libitum) realizados durante todo o período de amostragem, foram classificadas quanto a fitofisionomia utilizada (florestal ou campestre) e a área (alague ou não alague) e utilizadas nas analises de riqueza. A taxonomia segue o COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS (2007) e os nomes populares BENCKE (2001). Espécies ameaçadas de extinção foram consideradas nos níveis regional (MARQUES et al., 2002), nacional (SILVEIRA & STRAUBE, 2008) e global (IUCN, 2008). 3.4. Mamíferos A quinta campanha de monitoramento da mastofauna na área de influência da UHE São José realizou-se entre os dias 18 e 22 de maio de 2009. O monitoramento da fauna de mamíferos foi conduzido através de metodologias variadas, para contemplar a variação de tamanho corpóreo, os diferentes hábitos de vida e as preferências de hábitats dos mamíferos não-voadores com ocorrência confirmada e potencial para a região de amostragem. A escolha dos pontos considerou os impactos previsíveis pela construção do barramento através de amostragens em locais que serão inundados e as futuras áreas de 10 preservação permanentes (APP), permitindo comparações entre a fase pré e pósenchimento do reservatório. A tabela 5 apresenta os pontos de amostragem escolhidos. Os locais representam a fitofisionomia típica da área de interesse, na qual formações campestres estão entremeadas por capões de mata fortemente alterados por décadas de atividades agrosilvopastoris intensivas. Tabela 5. Pontos de amostragem da quinta campanha de monitoramento de mamíferos não-voadores (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: * = pontos que estão situados na bacia de acumulação do reservatório da UHE São José Ponto de amostragem Coordenadas geográficas UTM 21J P1* P2* 722341 / 6880435 720404 / 6878968 P3 P4 P5* P6 718896 / 6878890 718221 / 6880874 718685 / 6882055 711580 / 6877925 P7 718031 / 6874317 Cinco metodologias foram aplicadas, descritas abaixo, totalizando cerca de 70 horas de esforço amostral entre os pontos. Busca por vestígios: foram realizadas buscas por pegadas, material fecal, tocas, marcas de predação, carcaças e demais vestígios indiretos de mamíferos nos pontos amostrais (exceto P7), com esforço amostral igualmente dividido entre os pontos. A identificação dos vestígios baseou-se na obra de BECKER & DALPONTE (1991) e TRAVI & GAETANI (1985). Contato visual: foram realizados percursos com automóvel totalizando 100 km percorridos durante dia e noite. Para as rotas noturnas utilizou-se farol de milha (2.500.000 velas) buscando a visualização de espécies próximo aos pontos de amostragem (exceto P7). Adicionalmente foram realizados percursos diurnos entre os trevos de acesso ao Município de Cerro Largo e ao canteiro de obras da UHE São José (BR-392), visando o registro de espécimes atropelados entre os pontos de coordenadas UTM 21J 714657/6886689 e 723342/6886779. Armadilhas fotográficas: duas armadilhas fotográficas foram instaladas, totalizando oito armadilhas/noite em P1 e P4. A freqüência de ocorrência das espécies encontradas com as metodologias listadas acima foi determinada pela razão entre o número de pontos em que a espécie foi 11 registrada e o total de pontos amostrados. Foram consideradas raras as espécies com freqüência entre 0-20%; incomuns, entre 21-40%; comuns, entre 41-60%; freqüentes, entre 61-80% e abundantes, entre 81-100%. Vale ressaltar que estes métodos excluem grande parte dos pequenos mamíferos, aos quais foram aplicadas metodologias direcionadas e em pontos restritos, listadas abaixo. Armadilhas live traps: para a amostragem de mamíferos de pequeno porte foram utilizadas 100 armadilhas modelo Tomahawk (22x9x9 centímetros) distribuídas entre P1 e P4. A fim de contemplar todo o espectro trófico do grupo sob questão, as iscas oferecidas variaram entre uma combinação de frutas, pasta de amendoim e óleo de peixe. As armadilhas tiveram espaçamento de 10 metros entre as unidades amostrais e foram instaladas no final da tarde e revisadas pela manhã, de acordo com metodologia descrita em CADERMARTORI (2005). Os pequenos mamíferos capturados foram sexados e examinados quanto à presença ou ausência de vestígios reprodutivos segundo McCRAVY & ROSE (1992). Exame de egagrópilos de coruja-de-igreja (Tyto alba): pelotas de regurgitação coletados em um galpão no P7 foram diluídas em água e tiveram seu conteúdo examinado e comparado com material ósseo da Coleção Científica do Museu de Ciências Naturais da Universidade Luterana do Brasil/Canoas, de maneira a enriquecer a listagem de espécies de pequenos mamíferos. Os níveis de ameaça regional e nacional das espécies seguiram FONTANA et al. (2003) e MACHADO et al. (2005), respectivamente. Os nomes comuns são listados conforme SILVA (1994), enquanto que a seqüência filogenética e a ordenação taxonômica seguem WILSON & REEDER (2005). 12 4. Resultados 4.1. Anfíbios Ao longo das amostragens foram registradas oito espécies de anfíbios anuros (tabela 6), pertencentes a quatro famílias: sapinho-da-enchente (Odontophrynus americanus), da família Cycloramphidae; perereca (Dendropsophus sanborni), perereca-do-banhado (Hypsiboas pulchellus), perereca (Scinax berthae), perereca-de-banheiro (Scinax fuscovarius) e perereca-nariguda (Scinax squalirostris), da família Hylidae; rã-chorona (Physalaemus biligonigerus), da família Leiuperidae; e o sapinho-guarda (Elachistocleis bicolor), família Microhylidae. Tabela 6. Espécies de anfíbios registradas durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: VES = levantamento por encontros visuais; AST = transecções auditivas; RO = registros ocasionais. ORDEM / FAMÍLIA / Nome popular Método de registro (nº de indivíduos) Espécie ANURA CYCLORAMPHIDAE Odontophrynus americanus sapinho-daenchente P1 AST (13), P1 VES (4), P2 AST (1), P3 AST (2), P14 (1) HYLIDAE Dendropsophus sanborni Hypsiboas pulchellus Scinax berthae Scinax fuscovarius Scinax squalirostris perereca P1 VES (8) perereca-dobanhado P1 AST (14), P1 VES (1), P2 AST (7), P2 VES (1), P3 AST (27), P3 VES (3), P4 AST (13), P5 AST (5), P6 AST (11) perereca perereca-debanheiro P2 VES (1), P4 VES (1), P5 VES (5), P7 (3), P8 (2), P10 (1), P11 (1), P13 (5), P14 (4), P15 (1) perereca-nariguda P1 AST (28), P1 VES (2), P3 AST (11) rã-chorona P7 (1), P14 (3) sapinho-guarda P5 VES (2), P7 (1), P8 (3), P14 (4) P1 AST (13), P2 AST (9), P3 AST (1) LEIUPERIDAE Physalaemus biligonigerus MICROHYLIDAE Elachistocleis bicolor Através do levantamento por encontros visuais foram registradas sete espécies de anfíbios, sendo quatro exclusivamente através deste método. No total, foram 58 encontros, e as espécies com maior número de registros foram a perereca-de-banheiro (Scinax fuscovarius, figura 1) e o sapinho-guarda (Elachistocleis bicolor, figura 2), com 24 e 10 encontros, respectivamente. Durante as amostragens foram encontrados sobretudo indivíduos em repouso durante o dia, escondidos embaixo de troncos, pedras e entulhos. A perereca-de-banheiro (Scinax fuscovarius), além de ser a espécie mais abundante, foi 13 também a mais frequente, presente em 10 dos 17 levantamentos realizados. Esta é uma espécie bastante comum, facilmente encontrada na região de inserção da UHE São José e registrada em todas as campanhas realizadas até o momento. Figura 1. Perereca-de-banheiro (Scinax fuscovarius) registrada durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre realizada na área de influência da UHE São José. Figura 2. Sapinho-guarda (Elachistocleis bicolor) registrado durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre realizada na área de influência da UHE São José. Ainda pelo método de levantamento por encontros visuais destaca-se a presença de uma espécie ainda não registrada nas campanhas anteriores, a rã-chorona (Physalaemus biligonigerus, figura 3). É uma espécie comum, capaz de se adaptar a áreas antropizadas, 14 e de grande distribuição geográfica, abrangendo os países Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai (KWET et al., 2009). Figura 3. Rã-chorona (Physalaemus biligonigerus) registrada durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre realizada na área de influência da UHE São José. Nas transecções auditivas foram registrados 155 encontros e quatro espécies de anfíbios, sendo apenas uma, a perereca (Scinax berthae), registro exclusivo deste método. A figura 4 apresenta o número de indivíduos das espécies registradas nas transecções auditivas nos seis pontos de amostragem. A perereca-do-banhado (Hypsiboas pulchellus, figura 5) foi registrada em todos os pontos de amostragem, sendo a espécie mais abundante com 77 indivíduos contabilizados. Esta é uma espécie típica de inverno, podendo ser encontrada em atividade reprodutiva mesmo em temperaturas bastante baixas. 15 Figura 4. Número de indivíduos das espécies registradas nas transecções auditivas nos seis pontos de amostragem realizados durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre realizada na área de influência da UHE São José. Figura 5. Perereca-do-banhado (Hypsiboas pulchellus) registrada durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre realizada na área de influência da UHE São José. Durante a presente campanha não houve registros de espécimes através do método de registros ocasionais. A estabilização da curva de suficiência amostral ocorreu já no segundo dia de amostragem (figura 6). Considerando-se apenas as transecções auditivas, a curva estabilizou-se ainda no primeiro dia de amostragem. 16 Figura 6. Curvas de acúmulo de espécies de anfíbios (geral e por método) calculadas a partir dos dados obtidos durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: AST = método das transecções auditivas; VES = levantamento por encontros visuais. Conforme comentado nos relatórios anteriores, são esperados novos registros de espécies para a área de influência do empreendimento, fato que ocorreu na presente campanha, onde foi encontrada a rã-chorona (Physalaemus biligonigerus). 4.2. Répteis Na presente campanha foram amostrados quatro espécies de répteis e oito exemplares, todos pelo método de PA, quais sejam: cinco indivíduos de cobra-cega (Amphisbaena sp.), um indivíduo de jararaca-pintada (Bothrops diporus), uma serpente da família Anomalepididae (Liotyphlops beui) e uma ecdise de largarto-do-papo-amarelo (Tupinambis merianae) (tabela 7). Tabela 7. Espécies de répteis registradas durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: PA = procura ativa; EO = encontro ocasional; T = transecção. Tipo de registro (nº de Pontos de amostragem ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular indivíduos) por PA REPTILIA AMPHISBAENIDAE Amphisbaena sp. cobra-cega PA (5) T1, T3, T5, T6 PA (1) T1 TEIIDAE Tupinambis merianae lagarto-do-papoamarelo 17 ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Tipo de registro (nº de Pontos de amostragem indivíduos) por PA cobra-cega-preta PA (1) T1 jararaca-pintada PV (1) T1 Nome popular ANOMALEPIDIDAE Liotyphlops beui VIPERIDAE Bothrops diporus Com base no esforço de captura despendido e no número total de exemplares encontrados pelo método de PA obteve-se uma taxa de captura de 0,11 escamado/horahomem ou, aproximadamente, um escamado a cada oito horas. Nesta campanha, os escamados fossórios cobra-cega (Amphisbaena sp.) e cobra-cega-preta (Liotyphlops beui) tiveram maior taxa de captura (0,08 escamados fossórios/hora-homem). Esse fato também foi observado na primeira campanha de monitoramento (outono/2008), onde a cobra-cega (Amphisbaena darwinii) e a cobra-da-terra (Atractus sp.) tiveram maior abundância relativa. Nos dois casos, a baixa temperatura ambiente e a provável redução da atividade diária dos répteis podem ter favorecido a captura de escamados fossórios. Anfisbenídeos e algumas serpentes fossórias podem migrar verticalmente no solo para áreas mais frescas e profundas no verão e áreas mornas, próximas à superfície, no inverno, a procura da temperatura ótima do corpo (MARTÍN et al., 1990; LÓPEZ et al., 1998; VEGA, 2001; BALESTRIN et al., 2007 e BALESTRIN, 2008). Desta forma, no inverno estes animais estariam próximos à superfície do solo, muitas vezes em contato direto com abrigos, que aquecem facilmente com a incidência solar (pedras, telhas, troncos, lonas), facilitando sua captura. Já no verão, muitos destes escamados podem migrar para camadas mais profundas do solo, tornando-se inacessíveis ao método de PA. Outro fator que pode ter favorecido a captura de escamados fossórios foi a forte chuva que ocorreu entre os dias 8 e 9 encharcando a terra, forçando estes animais a deslocarem-se para a superfície, longe das galerias inundadas. Dos escamados fossórios registrados, destaca-se a cobra-cega-preta (Liotyphlops beui, figura 7), amostrada pela primeira vez na área. O EIA-RIMA (GEOLINKS, 2005) para o empreendimento previa a ocorrência desta espécie assim como outra cobra-cega (Liotyphlops ternetzii). A cobra-cega-preta (Liotyphlops beui) ocorre do sudeste do Brasil (até o Paraná) e Paraguai meridional e no nordeste da Argentina (LEMA, 1994). Espécie de taxonomia confusa, AMARAL (1955) a sinonimizou com Liotyphlops ternetzii e, posteriormente, DIXON & KOFRON (1983) revalidaram a espécie, descartando a folidose 18 cefálica como diagnose relevante, passando a identificar a espécie pelo número médio de escamas vertebrais ao longo do corpo e coloração (LEMA, 1984). Segundo CARRERA et al. (2005), Liotyphlops beui apresenta entre 384 e 464 escamas dorsais ao longo do corpo e 18 filas de escamas dorsais na porção posterior do corpo, enquanto Liotyphlops ternetzii possui entre 463-510 e 20, respectivamente. Figura 7. Cobra-cega-preta (Liotyphlops beui) registrada durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre realizada na área de influência da UHE São José. Nenhum animal foi amostrado pelo método de EO, o que pode ser atribuído, em parte, a baixa mobilidade dos répteis nessa época do ano em conseqüência das baixas temperaturas. Répteis de regiões temperadas apresentam atividade nitidamente sazonal associada a períodos quentes do ano (DI-BERNARDO et al., 2007) podendo, em estações de temperatura mais baixa ocorrer modificações (MACIEL et al., 2003, BALESTRIN, 2008), redução ou ausência de atividade (CAPPELLARI, 2005). Somando os dados das cinco campanhas de monitoramento e os obtidos nos resgates de fauna obtém-se uma lista de 26 espécies de Squamata, sendo duas de anfisbenas, quatro de lagartos e 20 de serpentes (tabela 8). Tabela 8. Espécies de répteis registradas na área de influência da UHE São José, somando os dados das campanhas de monitoramento e os resgates de fauna realizados. Legenda: C1 = primeira campanha de monitoramento de fauna terrestre; C2 = segunda campanha de monitoramento de fauna terrestre; C3 = terceria campanha de monitoramento de fauna terrestre; C4 = quarta campanha de monitoramento de fauna terrestre; C5 = quinta campanha de monitoramento de fauna terrestre; R = resgates de fauna. ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular Tipo de registro (nº de indivíduos) 19 ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular Tipo de registro (nº de indivíduos) REPTILIA AMPHISBAENIDAE Amphisbaena darwini cobra-cega C1 (3), C2 (2) Amphisbaena sp. cobra-cega C3 (5), C4 (3) C5 (5) papa-vento R (1) lagartixa-verde C2 (1), C3 (4), C4 (3) lagarto-do-papo-amarelo C1 (2), C3 (5), C4 (2) C5 (1) scinco-cinzento C3 (2) cobra-cega-preta C5 (1) cobra-cipó C3 (1) LEIOSAURIDAE Anisolepis grilli TEIIDAE Teius oculatus Tupinambis merianae SCINCIDAE Mabuya frenata ANOMALEPIDAE Liotyphlops beui COLUBRIDAE Chironius bicarinatus Chironius sp. ¹ Mastigodryas bifossatus cobra-cipó R (1) jararaca-do-banhado R (1) cobra-da-terra C1 (4), R (5), C3 (1), C4 (1) DIPSADIDAE Atractus sp. Helicops infrataeniatus cobra-da-água C4 (1) Helicops sp. ² cobra-da-água C2 (1) Liophis cf. poecilogyrus cobra-verde-do-capim C2 (5), C3 (1), C4 (2) Liophis semiaureus cobra-d’água-marrom C3 (1), C4 (1) falsa-coral C2 (1), R (2) Philodryas olfersii cobra-cipó C1 (2), C2 (1), R (2), C4 (1) Philodryas patagoniensis papa-pinto C2 (1) C3 (1) Sibynomorphus ventrimaculatus dormideira C1 (1) Thamnodynastes cf. strigatus corredeira R (2) cobra-espada R (2) cobra-coral R (1) Bothrops alternatus cruzeira R (3) Bothrops diporus jararaca R (2), C3 (2), C5 (1) Bothrops sp. jararaca R (5) jararaca-pintada C3(1) Oxyrhopus rhombifer Tomodom dorsatus ELAPIDAE Micrurus altirostris VIPERIDAE Bothrops pubescens 1;2: Espécimes visualizados rapidamente, o que não permitiu realizar uma análise pormenorizada para determinar a espécie. Podem se tratar de Chironius bicarinatus e Helicops infrataeniatus. 20 4.3. Aves Durante as amostragens da quinta campanha de monitoramento da avifauna na área de influência da UHE São José foram registradas 102 espécies de aves (tabela 9). Três registros foram inéditos na presente campanha: juriti-gemedeira (Leptotila rufaxilla), calhandra-de-três-rabos (Mimus triurus) e vira-bosta-picumã (Molothrus rufoaxillaris), sendo que as duas últimas também não foram registradas durante as amostragens para a elaboração do EIA-RIMA (GEOLINKS, 2005) – considerando apenas as espécies registradas nos pontos mais próximos da área da UHE São José (1 a 4). Tabela 9. Espécies de aves registradas na quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: MA = mata em área de alague; MN = mata fora da área de alague; CA = campo em área de alague; CN = campo fora da área de alague; SV = sobrevoante; # = espécies ainda não registradas na área de influência da UHE São José; * = espécies ainda não registradas durante as campanhas de monitoramento da avifauna na área de influência da UHE São José. Categorias de ameaça de extinção no Rio Grande do Sul: EN = em perigo. ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular MA CA MN CN SV TINAMIFORMES TINAMIDAE Crypturellus tataupa Nothura maculosa inambuxintã X perdiz ou codorna X X ANSERIFORMES ANATIDAE Amazonetta brasiliensis marreca-pé-vermelho X X GALLIFORMES CRACIDAE Penelope obscura jacuaçu X PELECANIFORMES PHALACROCORACIDAE Phalacrocorax brasilianus biguá X garça-vaqueira X CICONIIFORMES ARDEIDAE Bubulcus ibis Ardea alba Syrigma sibilatrix Egretta thula garça-branca-grande X maria-faceira X garça-branca-pequena X X CATHARTIFORMES CATHARTIDAE Cathartes aura Coragyps atratus urubu-de-cabeça-vermelha X urubu-de-cabeça-preta X FALCONIFORMES ACCIPITRIDAE Heterospizias meridionalis Rupornis magnirostris gavião-caboclo gavião-carijó X X X 21 ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular MA CA MN CN SV FALCONIDAE Caracara plancus Milvago chimachima caracará X carrapateiro X saracura-do-brejo X X GRUIFORMES RALLIDAE Aramides saracura X CHARADRIIFORMES CHARADRIIDAE Vanellus chilensis quero-quero X jaçanã X Columbina talpacoti rolinha-roxa X Columbina squammata fogo-apagou Columbina picui rolinha-picuí X JACANIDAE Jacana jacana COLUMBIFORMES COLUMBIDAE Patagioenas picazuro X X X X asa-branca ou pombão X X Zenaida auriculata pomba-de-bando X X Leptotila verreauxi juriti-pupu X X Leptotila rufaxilla* juriti-gemedeira X X X X X X PSITTACIFORMES PSITTACIDAE Myiopsitta monachus Pionus maximiliani caturrita X maitaca-bronzeada X CUCULIFORMES CUCULIDAE Piaya cayana Crotophaga ani Guira guira alma-de-gato X anu-preto anu-branco X X X X X STRIGIFORMES TYTONIDAE Tyto alba coruja-de-igreja X X STRIGIDAE Athene cunicularia coruja-do-campo X X CAPRIMULGIFORMES CAPRIMULGIDAE Hydropsalis torquata bacurau-tesoura X APODIFORMES TROCHILIDAE Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho X Hylocharis chrysura beija-flor-dourado X TROGONIFORMES 22 ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular MA CA MN CN SV surucuá-variado X TROGONIDAE Trogon surrucura CORACIIFORMES ALCEDINIDAE Megaceryle torquata martim-pescador-grande X martim-pescador-verde X Melanerpes candidus pica-pau-branco X Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó X pica-pau-verde-barrado X Chloroceryle amazona PICIFORMES PICIDAE Colaptes melanochloros Colaptes campestris Campephilus robustus# EN pica-pau-do-campo X X X X pica-pau-rei X Thamnophilus caerulescens choca-da-mata X X Dysithamnus mentalis choquinha-lisa X X chupa-dente X tovaca-campainha X joão-de-barro X PASSERIFORMES THAMNOPHILIDAE CONOPOPHAGIDAE Conopophaga lineata FORMICARIIDAE Chamaeza campanisona X FURNARIIDAE Furnarius rufus Schoeniophylax phryganophilus Synallaxis ruficapilla bichoita X X X X pichororé X X Synallaxis cinerascens pi-puí X X Certhiaxis cinnamomeus curutié X trepador-quiete X tororó X Syndactyla rufosuperciliata TYRANNIDAE Poecilotriccus plumbeiceps Elaenia flavogaster X guaracava-de-barriga-amarela X Camptostoma obsoletum risadinha X Serpophaga subcristata alegrinho Tolmomyias sulphurescens Machetornis rixosa Pitangus sulphuratus X bico-chato-de-orelha-preta X suiriri-cavaleiro X X bem-te-vi X X dançador X X gente-de-fora-vem ou pitiguari X X X X X X X PIPRIDAE Chiroxiphia caudata VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis CORVIDAE Cyanocorax chrysops gralha-picaça X 23 ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular MA CA MN CN SV TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus corruíra X X X X POLIOPTILIDAE Polioptila dumicola balança-rabo-de-máscara X X X X TURDIDAE Turdus rufiventris sabiá-laranjeira X Turdus leucomelas sabiá-barranco X sabiá-poca X Turdus amaurochalinus Turdus albicollis X X sabiá-coleira X X MIMIDAE Mimus saturninus Mimus triurus# sabiá-do-campo calhandra-de-três-rabos X X MOTACILLIDAE Anthus lutescens caminheiro-zumbidor X X THRAUPIDAE Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto X Trichothraupis melanops tiê-de-topete X Tachyphonus coronatus tiê-preto X Thraupis sayaca Thraupis bonariensis Hemithraupis guira Conirostrum speciosum sanhaçu-cinzento X sanhaçu-papa-laranja papo-preto X X X figuinha-de-rabo-castanho X EMBERIZIDAE Zonotrichia capensis Ammodramus humeralis tico-tico X X X tico-tico-do-campo X X X Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro X X X Sicalis luteola tipio X X X X X Embernagra platensis sabiá-do-banhado Sporophila caerulescens coleirinho X Coryphospingus cucullatus tico-tico-rei X Paroaria coronata cardeal X X X X X CARDINALIDAE Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro X X azulão-verdadeiro X X Parula pitiayumi mariquita X X Geothlypis aequinoctialis pia-cobra X Basileuterus culicivorus pula-pula X X pula-pula-assobiador X X guaxe X Cyanocompsa brissonii PARULIDAE Basileuterus leucoblepharus X ICTERIDAE Cacicus haemorrhous Icterus cayanensis encontro X X 24 ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular Pseudoleistes guirahuro chopim-do-brejo Agelaioides badius asa-de-telha MA CA MN CN SV X X X X Molothrus rufoaxillaris# vira-bosta-picumã X Molothrus bonariensis vira-bosta X Sturnella superciliaris polícia-inglesa X X FRINGILLIDAE Carduelis magellanica Euphonia chlorotica Total de espécies: 102 pintassilgo X fim-fim X 51 38 36 44 10 Entre os registros inéditos na campanha, apenas a pomba Leptotila rufaxilla é ocupante de ambiente florestal, sendo considerada comum e amplamente distribuída no Rio Grande do Sul (BELTON, 1994). Sua detecção apenas na atual campanha pode estar relacionada à dificuldade de diferenciar visualmente esta espécie de Leptotila verreauxi, o que foi possível através de suas vocalizações. A calhandra-de-três-rabos (Mimus triurus) e o vira-bosta-picumã (Molothrus rufoaxillaris) utilizam áreas abertas. A espécie Mimus triurus tem comportamento migratório e é encontrada no Estado apenas nos meses de outono e inverno (BELTON, 1994). Já Molothrus rufoaxillaris é residente e seu registro na área pode estar relacionado à regeneração dos campos, outrora utilizados para plantio e criação de gado bovino. O registro do pica-pau, pertencente ao gênero Campephilus, obtido durante a quarta campanha de monitoramento não pode ser identificado a nível específico. Na atual campanha foi observado junto a área florestal destinada a formação do reservatório da UHE São José o pica-pau-rei (Campephilus robustus), o que leva a crer que o registro da quarta campanha, provavelmente, representa tal espécie. O pica-pau-rei (Campephilus robustus) é endêmico da Mata Atlântica (BENCKE et al., 2006) e, no Rio Grande do Sul, encontra-se ameaçado de extinção (categoria “em perigo”). O registro ainda representou aumento da área de distribuição da espécie no Estado, já que o empreendimento está situado a cerca de 80 km das áreas conhecidas utilizadas pela espécie (BENCKE et al., 2003). Novamente foi registrada a pomba fogo-apagou (Columbina squammata) e, com isso, é possível inferir quanto ao status da espécie no Rio Grande do Sul, desconhecido por BENCKE (2001). Devido aos registros obtidos (agosto e outubro de 2008; fevereiro e maio de 2009) a espécie pode ser considerada residente no Estado. 25 A curva de acúmulo das espécies registradas (n=175) demonstra uma tendência à estabilização a partir da quarta amostragem, porém ainda foram acrescidas novas espécies na autal campanha (figura 8). Figura 8. Curva do acúmulo de espécie ao longo das campanhas de monitoramento da avifauna na área de influência da UHE São José. Através do método de pontos de escuta 69 espécies foram registradas e 477 indivíduos contabilizados nos 41 pontos estabelecidos (tabela 9). Tabela 9. Avifauna registrada nos pontos de contagem durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: MA = mata em área de alague; MN = mata fora da área de alague; CA = campo em área de alague; CN = campo fora da área de alague; IPA = índice pontual de abundância. IPA FAMÍLIA / Espécie Nome popular MA CA MN CN TINAMIDAE Nothura maculosa perdiz ou codorna 0,286 maria-faceira 0,286 gavião-carijó 0,143 saracura-do-brejo 0,286 ARDEIDAE Syrigma sibilatrix ACCIPITRIDAE Rupornis magnirostris RALLIDAE Aramides saracura CHARADRIIDAE 26 FAMÍLIA / Espécie Vanellus chilensis Nome popular IPA MA quero-quero CA MN 1,667 CN 1,714 COLUMBIDAE Columbina talpacoti Columbina picui Patagioenas picazuro rolinha-roxa rolinha-picuí asa-branca ou pombão 0,286 0,467 0,143 0,267 0,222 0,500 Zenaida auriculata pomba-de-bando Leptotila verreauxi juriti-pupu 1,267 0,111 1,200 caturrita 1,333 0,067 1,000 2,000 PSITTACIDAE Myiopsitta monachus CUCULIDAE Piaya cayana Crotophaga ani Guira guira alma-de-gato 0,200 0,200 anu-preto 0,111 anu-branco 2,000 TROCHILIDAE Hylocharis chrysura beija-flor-dourado 0,267 TROGONIDAE Trogon surrucura surucuá-variado 0,100 PICIDAE Colaptes campestris pica-pau-do-campo 0,889 0,429 THAMNOPHILIDAE Thamnophilus caerulescens choca-da-mata 0,533 0,700 Dysithamnus mentalis choquinha-lisa 0,333 0,200 chupa-dente 0,067 tovaca-campainha 0,133 CONOPOPHAGIDAE Conopophaga lineata FORMICARIIDAE Chamaeza campanisona 0,200 FURNARIIDAE Furnarius rufus Schoeniophylax phryganophilus Synallaxis ruficapilla joão-de-barro 0,333 0,667 0,100 1,714 bichoita 0,556 pichororé 0,067 0,100 Synallaxis cinerascens pi-puí 0,067 0,100 Certhiaxis cinnamomeus curutié 0,133 tororó 0,067 TYRANNIDAE Poecilotriccus plumbeiceps 0,200 Camptostoma obsoletum risadinha 0,143 Serpophaga subcristata alegrinho 0,100 0,143 Tolmomyias sulphurescens Machetornis rixosa Pitangus sulphuratus bico-chato-de-orelha-preta suiriri-cavaleiro 0,133 0,200 0,133 0,111 0,143 bem-te-vi 0,533 1,000 0,100 0,571 dançador 0,067 PIPRIDAE Chiroxiphia caudata 0,200 27 FAMÍLIA / Espécie Nome popular IPA MA CA MN CN VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis gente-de-fora-vem ou pitiguari 0,200 0,200 CORVIDAE Cyanocorax chrysops gralha-picaça 0,200 TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus corruíra 0,267 0,556 0,200 0,429 POLIOPTILIDAE Polioptila dumicola balança-rabo-de-máscara 0,111 TURDIDAE Turdus rufiventris sabiá-laranjeira 0,067 0,333 Turdus leucomelas sabiá-barranco 0,267 Turdus amaurochalinus Turdus albicollis sabiá-poca 0,143 0,100 0,133 0,111 0,100 sabiá-coleira 0,100 MIMIDAE Mimus triurus calhandra-de-três-rabos 0,067 THRAUPIDAE Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto 0,100 Trichothraupis melanops tiê-de-topete 0,100 Tachyphonus coronatus tiê-preto 0,100 Thraupis sayaca Thraupis bonariensis Hemithraupis guira Conirostrum speciosum sanhaçu-cinzento 0,222 0,500 sanhaçu-papa-laranja papo-preto 0,222 0,133 figuinha-de-rabo-castanho 0,100 EMBERIZIDAE Zonotrichia capensis Ammodramus humeralis tico-tico 0,200 0,444 tico-tico-do-campo 0,067 0,333 Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro Sicalis luteola tipio Embernagra platensis 0,571 1,111 2,286 0,200 0,333 sabiá-do-banhado 0,444 Sporophila caerulescens coleirinho 0,200 Coryphospingus cucullatus tico-tico-rei 0,867 0,333 0,200 cardeal 0,333 Paroaria coronata CARDINALIDAE Saltator similis Cyanocompsa brissonii trinca-ferro-verdadeiro 0,133 azulão-verdadeiro 0,200 0,100 PARULIDAE Parula pitiayumi mariquita Geothlypis aequinoctialis pia-cobra 0,067 Basileuterus culicivorus pula-pula 0,200 0,300 pula-pula-assobiador 0,267 0,500 Basileuterus leucoblepharus 0,333 0,500 ICTERIDAE 28 FAMÍLIA / Espécie Cacicus haemorrhous Nome popular guaxe Icterus cayanensis encontro Agelaioides badius asa-de-telha IPA MA CA MN CN 0,133 0,571 0,067 Molothrus bonariensis vira-bosta 0,222 Sturnella superciliaris polícia-inglesa 2,667 2,857 FRINGILLIDAE Euphonia chlorotica fim-fim Total de espécies: 69 0,100 38 27 33 20 Considerando todos os pontos amostrados, as espécies mais abundantes foram o políciainglesa (Sturnella superciliaris) – IPA = 1,073 ind./ponto e a juriti-pupu (Leptotila verreauxi) – IPA = 0,780 ind./ponto. A maior riqueza registrada durante as contagens foi verificada nos pontos alocados em áreas florestais destinadas a formação do reservatório (MA = 38 espécies). É importante salientar que metade desses pontos já estão desmatados, ou seja, os pontos abordam tanto áreas florestais quanto desmatadas. Também o fato das áreas estarem em estágio inicial de regeneração (rebrote e germinação de espécies pioneiras, figura 9) ocasiona a colonização de aves de ambientes abertos e/ou arbustivo (e.g. Vanellus chilensis, Columbina spp., Furnarius rufus). Figura 9. Área que foi desmatada em estágio de regeneração na área de influência da UHE São José. Analisando o índice de abundância gerado para cada área amostrada nota-se um aumento pouco significativo na presente campanha em relação à anterior, realizada em 29 fevereiro de 2009. Comparando a atual campanha (maio de 2009) com a primeira (maio de 2008) percebe-se que a avifauna que utiliza ambientes florestais se manteve mais estável que a de áreas abertas (figura 10). Esse fato pode ter influência da colonização de espécies de ambientes abertos e/ou arbustivos para as áreas que anteriormente eram florestadas. Figura 10. Índices de abundância registrados para as diferentes áreas amostradas nas campanhas de monitoramento da avifauna na área de influência da UHE São José. Legenda: IPA = índice pontual de abundância; MA = mata em área de alague; MN = mata fora da área de alague; CA = campo em área de alague; CN = campo fora da área de alague. Ao longo das cinco campanhas realizadas na área de influência da UHE São José algumas alterações na fitofisionomia merecem destaque. Com a retirada dos moradores nas áreas de alague, as atividades de pecuária e agricultura foram interrompidas, o que propiciou certa regeneração do extrato herbáceo (figura 11). Estas mudanças afetaram a abundância de certas espécies de aves, como por exemplo, a diminuição no ínidice de abundância do quero-quero (Vanellus chilensis, figura 12) e do caminheiro-zumbidor (Anthus lutescens, figura 13), que ocupam áreas campestres com o extrato herbáceo de pouca altura. 30 Figura 11. Área campestre na área de influência da UHE São José. Figura 12. IPA do quero-quero (Vanellus chilensis) ao longo das campanhas de monitoramento de avifauna na área de influência da UHE São José. Figura 13. IPA do caminheiro-zumbidor (Anthus lutescens) ao longo das campanhas de monitoramento de avifauna na área de influência da UHE São José. 31 Em contrapartida, outras espécies aumentaram sua abundância ao longo das campanhas de monitoramento, como a corruíra (Troglodytes musculus, figura 14) e o polícia-inglesa (Sturnella superciliaris, figura 15). Essas espécies podem ter sido beneficiadas pelas alterações ocasionadas pelos desmatamentos, já que ocupam áreas abertas com a presença de arbustos, ou ainda borda de floresta e áreas com árvores esparsas, como a corruíra (Troglodytes musculus). No entanto, o polícia-inglesa (Sturnella superciliaris) pode apresentar variações esporádicas em sua abundância em uma determinada área (BELTON, 1994), sendo necessária a continuidade das amostragens para sustentar esta tendência evidenciada. Figura 14. IPA da corruíra (Troglodytes musculus) ao longo das campanhas de monitoramento de avifauna na área de influência da UHE São José. Figura 15. IPA do polícia-inglesa (Sturnella superciliaris) ao longo das campanhas de monitoramento de avifauna na área de influência da UHE São José. Outra alteração na fitofisionomia decorrente da implantação do empreendimento é o desmatamento e outras perturbações relacionadas a esta atividade, como o aumento do tráfego de veículos e do ruído na área. Entre as espécies florestais que diminuíram sua abundância na área estão o trepador-quiete (Syndactyla rufosuperciliata, figura 16) e o dançador (Chiroxiphia caudata, figura 17). 32 Figura 16. IPA do trepador-quiete (Syndactyla rufosuperciliata) ao longo das campanhas de monitoramento de avifauna na área de influência da UHE São José. Figura 17. IPA do dançador (Chiroxiphia caudata) ao longo das campanhas de monitoramento de avifauna na área de influência da UHE São José. 4.4. Mamíferos As amostragens realizadas indicaram a ocorrência de 20 espécies de mamíferos nãovoadores na área de influência da UHE São José (tabela 10). Uma espécie é considerada com “dados insuficientes” e duas ameaçadas de extinção no Estado (FONTANA et al., 2003). Três espécies são exóticas à fauna brasileira. Tabela 10. Espécies de mamíferos registradas na quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: RS = espécies ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul (FONTANA et al., 2003); BR = espécies ameaçadas de extinção no Brasil (MACHADO et al., 2005); DD = dados insuficientes; NA = não ameaçada; VU = vulnerável; * = espécie introduzida. Conservação ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular Tipo de registro RS BR DIDELPHIMORPHIA DIDELPHIDAE Didelphis albiventris gambá-orelha-branca visual-rastro NA NA CINGULATA 33 ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular Tipo de registro tatu-galinha Conservação RS BR rastro NA NA serelepe marcas de predação NA NA rato-do-chão camundongo camundongo-do-mato captura-egagrópilo egagrópilo captura-egagrópilo NA NA NA NA NA NA camundongo rato-das-casas egagrópilo visual-egagrópilo NA NA NA NA ECHIMYIDAE Kannabateomys amblyonyx rato-da-taquara visual-vocal-ninho NA NA ERETHIZONTIDAE Sphiggurus villosus ouriço-cacheiro visual NA NA preá visual-rastro NA NA capivara visual-rastro NA NA ratão-do-banhado fezes-rastro-toca NA NA lebre tapiti visual-rastro rastro NA DD NA NA gato-mourisco visual VU NA DASYPODIDAE Dasypus novemcinctus RODENTIA SCIURIDAE Sciurus aestuans CRICETIDAE Akodon montensis Calomys laucha Oligoryzomys nigripes MURIDAE Mus musculus* Rattus rattus* CAVIIDAE Cavia aperea Hydrochoerus hydrochaeris MYOCASTORIDAE Myocastor coypus LAGOMORPHA LEPORIDAE Lepus capensis* Sylvilagos brasiliensis CARNIVORA FELIDAE Puma yagouarondi CANIDAE Cerdocyon thous Lycalopex gimnocercus MUSTELIDAE Lontra longicaudis MEPHITIDAE Conepatus chinga graxaim-do-mato visual-rastro NA NA graxaim-do-campo rastro NA NA lontra visual VU NA zorrilho visual-rastro NA NA Entre as espécies ameaçadas, o gato-mourisco (Puma yagouarondi) é considerado “vulnerável” à extinção no Estado. Mesmo sem fundamentação científica é considerado nocivo às criações de aves domésticas, fato que resulta em práticas de caça ilegal, confirmada através de conversas informais com os moradores locais. Este felino de pequeno porte apresenta ocorrência registrada em inúmeras localidades próximas a área de interesse e pode ocupar habitats variados, como florestas e campos 34 (INDRUSIAK & EIZIRIK, 2003). De hábitos diurnos, o felino foi visualizado aproximadamente às 8 horas e 30 minutos forrageando nas áreas já desmatadas do P2, onde também foram encontrados restos recentemente predados de preá (Cavia aperea), provavelmente utilizada como recurso alimentar pelo gato-mourisco (Puma yagouarondi). A lontra (Lontra longicaudis, figura 18) também é considerada “vulnerável” à extinção no Estado, tendo sua ocorrência confirmada através da visualização de três espécimes forrageando próximo às estruturas montadas por pescadores no canal do rio Ijuí (P5). Estas estruturas consistem em pilhas de rochas distribuídas ao longo do rio criando substrato favorável a concentração de peixes sedentários como os cascudos, um dos principais recursos alimentares utilizados pela lontra (KASPER et al., 2004). A espécie se beneficia com a concentração de peixes, fato que tem gerado atrito com os pescadores locais, que relacionam este oportunismo da espécie a estragos em redes de pesca e ao afugentamento dos peixes. Figura 18. Lontra (Lontra longicaudis) registrada durante a quinta campanha de monitoramento da fauna terrestre na área de influência da UHE São José. Provavelmente a espécie é abundante ao longo do curso do rio Ijuí, no entanto, o monitoramento da espécie justifica-se na medida em que há possibilidade de um decréscimo populacional na área do reservatório, resultante da caça ilegal e da alteração do regime de vazão das águas, que tende a provocar alterações drásticas na composição da ictiofauna, fator determinante para sua presença (INDRUSIAK & EIZIRIK, 2003). 35 Novamente foi registrado o tapiti (Sylvilagus brasiliensis) e, como discutido em relatórios anteriores, aparentemente, trata-se de uma população residente da espécie, sendo os registros constantes ao longo das campanhas de monitoramento nos remanescentes florestais do clube “Caça e Pesca” (P1). Com relação às espécies não ameaçadas, destacam-se as exóticas como a lebre (Lepus capensis), o camundongo (Mus musculus) e o rato-das-casas (Rattus rattus), novamente registrados durante o monitoramento. Entre as ausências mais relevantes durante as campanhas de monitoramento préenchimento e com registro confirmado durante o EIA-RIMA (GEOLINKS 2005) estão os cervídeos do gênero Mazama e os primatas do gênero Alouatta. Estes animais parecem ser os mais sensíveis as atuais mudanças ambientais locais, visto que até o início das obras de desmatamento eram considerados comuns pelos moradores da região. Também vale ressaltar que os recentes casos de febre-amarela silvestre registrado para o Estado no fim de 2008 tiveram origem no Município de Santo Ângelo, distante apenas 60 km da área de interesse. Além da doença ter dizimado populações de primatas (espécies Alouatta guariba, Alouatta caraya e Cebus nigritus), estes animais vem sendo erroneamente associados à transmissão da doença, fato que pode contribuir consideravelmente para o abate de espécimes por parte da população mal informada. Atualmente os bugios são classificados como espécies “vulneráveis a extinção” no Rio Grande do Sul. O P1, situado na área do clube “Caça e Pesca”, apresentou a maior diversidade em relação aos outros pontos amostrados (tabela 11). A ocupação do local visando o lazer deixou a área livre da ação do gado e dos desmatamentos relacionados ao plantio intensivo, como ocorre nas demais áreas de entorno. Isto pode ter favorecido a ocorrência de um maior número de espécies no local. Tabela 11. Freqüência de ocorrência de mamíferos registrada na quinta campanha de monitoramento de fauna (outono/2009) na área de influência da UHE São José, através de indícios indiretos e visualizações. Legenda: FO = freqüência de ocorrência; * = ponto situado na bacia de acumulação do reservatório da UHE São José. Pontos ORDEM / FAMÍLIA / Espécie FO Status P1* P2* P3 P4 P5* P6 DIDELPHIMORPHIA DIDELPHIDAE Didelphis albiventris CINGULATA DASYPODIDAE Dasypus novemcinctus X - X - - - 33,33% incomum X - - - - - 16,66% raro 36 ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Pontos FO Status - 16,66% raro - - 16,66% raro X - - 16,66% raro - - X X - 33,33% incomum 50% comum - - X - - 16,66% raro X X - - - - - 16,66% 16,66% raro raro - X - - - - 16,66% raro X X - - - - 33,33% incomum Lycalopex gimnocercus MUSTELIDAE - - X - - - 16,66% raro Lontra longicaudis MEPHITIDAE Conepatus chinga - - - - X - 16,66% raro - - X X - - 16,66% raro Riqueza de espécies (n) Riqueza de espécies (%) 7 5 3 3 2 1 - - 47% 33% 20% 20% 13% 7 - - P1* P2* P3 P4 P5* P6 X - - - - X - - - - - - X X X MYOCASTORIDAE Myocastor coypus - LAGOMORPHA LEPORIDAE Lepus capensis Sylvilagos brasiliensis RODENTIA SCIURIDAE Sciurus aestuans ECHIMYIDAE Kannabateomys amblyonyx ERETHIZONTIDAE Sphiggurus villosus CAVIIDAE Cavia aperea Hydrochoerus hydrochaeris CARNIVORA FELIDAE Puma yagouarandi CANIDAE Cerdocyon thous O grande número de espécies restritas a um ou dois pontos amostrados e considerados raras ou incomuns, respectivamente, demonstra suas distribuições em habitats restritos. Entre elas, destaque-se o rato-da-taquara (Kannabateomys amblyonyx), já mencionado em relatórios anteriores. Também é importante citar a diversidade verificada no P2, situado na localidade conhecida por “Fundão do Ijuí”, sendo diretamente afetada pela formação do reservatório. O local antigamente ocupado por diversos moradores e suas criações foi desapropriado e modificado devido aos trabalhos de desmatamento. Devido à pausa dos trabalhos entre os meses da primavera e verão, as formações pioneiras disponibilizaram uma variedade de recursos à fauna, oferecendo alimento e abrigo, o que pode ter favorecido a ocupação destes nichos vagos. 37 Durante esta campanha foram registrados apenas um gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) e um graxaim-do-mato (Cerdocyon thous) atropelados entre os trevos de acesso ao Município de Cerro Largo (BR-392, entre as coordendas UTM 21J 714657/6886689 e 723342/6886779). No entanto, dados de relatórios anteriores demonstram a importância deste trecho em relação aos atropelamentos de fauna. Segundo FONTANA et al. (2003), os atropelamentos são a causa direta do declínio populacional de 2,5% das espécies ameaçadas no Rio Grande do Sul, ressaltando a importância do impacto das rodovias sobre a mastofauna das áreas de influência direta e indireta da UHE São José. Inventários de pequenos mamíferos utilizando armadilhas live traps complementados com a análise de egagrópilos de aves de rapina é amplamente discutido em SCHEIBLER & CHRISTOFF (2007). As capturas nas armadilhas foram irrisórias, representando um sucesso de 1%, com dois ratos-do-chão (Akodon montensis) e um camundongo-do-mato (Oligoryzomys nigripes). A análise das pelotas de coruja confirmou a presença do camundongo (Calomys laucha) e dos roedores murídeos (Mus musculus e Rattus rattus) (tabela 12). Tabela 12. Espécies de pequenos mamíferos capturados na quinta campanha de monitoramento de fauna (outono/2009) na área de influência da UHE São José. Legenda: AR = Abundância relativa; M = Macho; F = Fêmea; VR = Vestígios reprodutivos; * = ponto situado na bacia de acumulação do reservatório da UHE São José. Ocorrências Egagrópilos Capturas Espécie AR(%) V.R. (n) P1* P4 n AR(%) Akodon montensis Calomys laucha Oligoryzomys nigripes Mus musculus* 2 0 1 0 67 33 - Rattus rattus* 0 3 100 Total Sucesso de captura: 01% - 2 1 - 1 1 4 58 14 14 - 1 7 14 100 0 3 0% 01% 38 5. Considerações Finais Durante a quinta campanha de monitoramento foram registradas uma espécie de anfíbio e uma de réptil inétidas nas campanhas até então, quais sejam: rã-chorona (Physalaemus biligonigerus) e cobra-cega-preta (Liotyphlops beui), respectivamente. Nenhuma delas está ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul. Ainda foram amostradas três espécies de aves que são registros novos nas campanhas de monitoramento e confirmada a presença do pica-pau-rei (Campephilus robustus) na área de influência do empreendimento, espécie ameaçada de extinção no Estado. Entre as espécies de mamíferos, o gato-mourisco (Puma yagouarondi) registrado está ameaçado de extinção no Estado, incluído na categoria “vulnerável”. Até o momento, são registradas seis espécies de aves (tabela 13) e oito de mamíferos (tabela 14) listadas no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul (FONTANA et al., 2003) nas campanhas de monitoramento de fauna na área de influência da UHE São José. Tabela 13. Espécies de aves listadas no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul (FONTANA et al., 2003) registradas nas campanhas de monitoramento. Legenda: EN = em perigo; VU = vulnerável; CR = criticamente em perigo; DD = dados insuficientes. FAMÍLIA / Espécie THRESKIORNITHIDAE Mesembrinibis cayennensis CUCULIDAE Crotophaga major RAMPHASTIDAE Pteroglossus castanotis PICIDAE Campephilus robustus Dryocopus lineatus THRAUPIDAE Nemosia pileata Nome popular Nível de ameaça coró-coró EN anu-coroca VU araçari-castanho CR pica-pau-rei pica-pau-de-banda-branca EN VU saíra-de-chapéu-preto DD Tabela 14. Espécies de mamíferos listadas no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul (FONTANA et al., 2003) registradas nas campanhas de monitoramento. Legenda: EN = em perigo; VU = vulnerável; DD = dados insuficientes. FAMÍLIA / Espécie DIDELPHIDAE Micoureus paraguayanus MYRMECOPHAGIDAE Tamandua tetradactyla CUNICULIDAE Cuniculus paca Nome popular Nível de ameaça guaiquica-cinza DD tamanduá-mirim VU paca EN 39 FAMÍLIA / Espécie LAGOMORPHA Sylvilagos brasiliensis PROCYONIDAE Nasua nasua FELIDAE Leopardus tigrinus Puma yagouarondi MUSTELIDAE Lontra longicaudis Nome popular Nível de ameaça tapiti DD quati VU gato-do-mato-pequeno gato-mourisco VU VU lontra VU 40 6. Referências Bibliográficas ACHAVAL, F.; OLMOS, A. Anfibios Y Reptiles del Uruguay. 2ed. Montevideo. 136 pp. 2007. AMARAL, A. Contribuição ao conhecimento dos ofídios do Brasil. 12 Nota a respeito de Helminthophis ternetzii (Boulanger, 1986). Memórias do Instituto Butantan, v. 26. p. 6-191. 1955. ALEIXO, A. & VIELLIARD, J. M. E. Composição e dinâmica da mata de Santa Genebra, Campinas, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v.12, p. 493-511, 1995. BALESTRIN, R.L. 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