TL1_STEIGER_Lirico
Transcrição
TL1_STEIGER_Lirico
T^O^A ^*4í>. C. A. cSALc.ZZ . %Q ^ ^^ ESTILO LÍRICO: ARECORDAÇÃO te" -T^ÍSa^^l^^r N— d° Viandan-CO .. Já se escreveu qufLTSprSo^sot ^ * "Über allen Gipfeln Ist Ruh.. ." Xq^~ CrePÚSC"'° S,,CndM0' m""" *»*> «« "In allen Wipfeln Spürest du. .." rpaorr™ea;i^-;thrainnaãoe r%acaIento tão profu- que corresponde ao movimento fiLd da^Si^n ^J^' ° Finalmente que a pausa depois de árV°res- "Warte nur, balde. . ." Warte nur, baIde / Ru££- ^Jí*^ schweigen im Walde. / ^^SSo" C^^t;íuíeB» «dM «arvores mal per. um pouco, breve / desca^TtlZtm^ ** ^^ ' =*«» só . eu ^opia espera, até que. no verso final, nas duas últimas palavras' prolongadas, mero conhecem-se vários versos onomatopaicos como o famoso e combatido hexâmetro da tradução alemã de Voss, freqüen temente citado: "Ruhest du auch.. ." 8 "Hurtig mit Donnergepolter entrollte der tückische Marmor." tudo se acalma, inclusive o homem, o mais inquieto dos seres. r- ("Célere rolava com estrondo de trovão o traiçoeiro már A estrofe de Verlaine •: more.") "Et je m'en vais Au vent mauvais, Ou "Dumpfhin kracht er im Fali" (desencadeia-se em estré- Qui m'emporte grego- nito abafado), que traduz maravilhosamente em alemão o Deçà dela, Ou .ainda o verso que descreve a corte amorosa de Ca- Pareil à Ia Feuille morte." iipso a Ulisses: leva-nos a considerações semelhantes. Osegundo verso soa qua u se _como o primeiro, com uma única diferença, na minha opi nião: a nasal se desloca no jogo despreocupado. Quase não se pode considerar as palavras "vais - mauvais, dela - à Ia" . como nmav-pois a língua parece ficar a repetir a mesma vogal em simples balbucios sem significação. A rima em "Ia", si- Os meios sonoros da língua aqui são aplicados a um acontecimento. Se digo ".aplicados a" mostro com isso que a língua e o acontecimento descrito são diversos um do outro. Dizemos, com razão, que a língua "reproduz" o ocorrido. O conceito "imitatio" está ben1 escolhido. A imitação lingüís tica é uma tarefa até certo p<>nto fundamentável: a seqüência dos cíác.tilo.s, reproduz o estroi>do do mármore, a riqueza das •Vbgàis, as artimanhas sedutor^ de Calipso. Essas corn"^^. ' laba fugaz, tende a roubar por completo o pêüo da linguagem Assim, parece-se ouvir, mesmo, algo desesperadamehte lúdico' ;•: Já os sons parecem sugerir a disposição da alma criada pela apreciação de folhas outonais levadas ao vento. > ções não chegam a melindrar hinguém> Pois o leitor pr(,'Ssupõe sível, e ao poeta elas vêm apenaT. reforÇar a alegria de [eT ^on] quase sempre a intencionalidacie' ou Pel° menos julg^a p0J_ Se podemos confiar em nosso sentimento do verso antigo o fim da conhecida estrofe sáfica seguido coisa tão bela. Asteres mèn amphl kálan selánnan No estilo lírico, entretanto, não -%^L.Í. no adônico 9 L^Qflução lin- outro a língua com todos os seus sons, prorua a. ser aplicada. - Antes, é a própria noite que soa como língua. O poeta não i ç Realiza" coisa alguma. Ainda não há aqui um' defrontar-se ' ?>' 4 objetivo (Gegenübery. A língua dissolve-se no clima crepuscular e o crepúsculo na língua. Por isso, a indicação das re t lações sonoras isoladas está fadada a decepcionar. A interpre tação separa em partes distintas o que em sua origem é enigmàticamente uma só coisa. Além disso, ela não pode nunca X> í á poeta quando justamente a falta de intenção é o agradável e onde qualquer vestígio de .intencionalidade é uma dissonân cia. Oconhecedor tem razões para não desprezar o julgamen to do amador, pois seu conhecimento só é autêntico, enquanto êle continua também amador. Mas talvez seja possível solu desvendar todo o. mi_í_ÍÍ_J___Lbja_iírica. Pois esse estado de jun_a_cjade (Einssein) é mais íntimo que a mais sagaz pers picácia de espirito; capaz de notar como uma face "fala" mui to mais que qualquer descrição fisionômica e a alma é mais cionar a contenda. Seria necessário apenas que o conhecedor reconhecesse que não há aqui onomatopéias. Da-épica de Ho20 re Nachtlied" estivesse de um lado o clã?3 do crePúsculo e do parece fazer-nos ouvir a serenidade clara e prolongada, espa A análise estilística deleita-se com essas observações Não podemos opor-nos. Mas o leigo, o simples amigo da poesia, acha-as desagradaveis._Parece_q.ue.je. atribuLumaJntenção ao €> guística de um fato. Não se pode ace.ltar 1ue na — Vanderers war Laítm' épi kal gãn lhada sobre terra e mar pela lua cheia. Aiel dè niS-Jakoísi kal aimylíoisi lógoisi.. . profunda que qualquer tentativa de interpretação psicológica. 0 \ °.rvalor dos versos líricos é justamente essa unidade entre "Kleine Quelle j_significação das palavras e sua mús ca. É uml"música es^ . s. So tief und schneíle p^n^neú, enquanto a onomatopéia - frutati* mutandis e sem Ais der Liebe valoraçao - seria comparável à músicjt descritiva. Nada mais d. Em conseqüência dissecada palavra ou mesmTTililhtrah:, nao; importunar que substitua em "Wandeíêrs Nàchtlied" ao "u" fechado e escuro, corresponde o "e", ao "nd" o "1" dobrado. Pensamos novamente estar ouvindo a água, mas não mais agora a profundeza da fonte, e sim a enxurrada célere seriamente prejudicado. Claro que nem todas as poesias são primida, e sim paixão arrebatadora. E a isso corresponde a significação nova ou modificada das palavras. Nem "schneíle" .intocável. É já uma audácia sua simples leitura, pelo receio de uma alongação ou abreviação das sílabas, contrária'ao tom (célere), nem "reissende" (arrebatadora) estavam no texto la tino.'A harmonia de som e significação é, portanto, tão pura como no original. Por sua vez, o todo está completamente na poesia lírica é insubstituível e imprescindivlOrTnT^rT.Ti X r s H 5 spurest _pelo sinônimo "merkest" ou suprima o "e" de Vogelem e se pergunte se em cada mudança o verso não fica m-TS Ve",como esta. Mas quanto mais lírica. Tanto r--,;, do poeta. Os hexâmetros épicos são muito mais resistentes ^Pode-se até, dentro de certos limites, aprender a recitá-los Versos líricos, entretanto, quando têm que ser declamados, só •soam corretamente, enquanto ressurgem de profunda submersao, de uma quietuae isolada do mundo, mesmo quando se .trata de.versos alegres. Eles precisam do encantamemn~dT7^r .piraçao, e qualquer suspeita de intenrin^H^ _T^~ á*qui em desacordo. ~ £*•:• Isso é que dificulta ou mesmo impossibilita a tçadução t em línguas estrangeiras. No caso das onomatopéiasTum tra II "5- o Reissende Welle." * pengoso que uma tlTmaiiiÍMUcgo direta do clima espiritual dutor engenhoso poderá sair-se bem. Entretanto, é muito im provável que palavras com o mesmo sentido em línguas di versas tenham também a mesma unidade lírica de sons e si», niticaçao. Ernst Jünger traz um exemplo em "Elogio das Vo-. gais ,4£a estrofe latina: 6 estrangeira. Ouvem os sons._e_rijLmosJ e sentem-se tocados pela 'disposição (S*timmung) do poeta, sem necessitarem de compre. ensão lógica. Aqui se insinua a possibilidade de uma com preensão sem conceitos. Parece conservar-se no lírico um re manescente da existência paradísica. \i ^, ,r- ••"••í Q •<?$£. «,.v/v> •<ãr^-va-k,.h \ A música| é esse remanescente, linguagem que se comu- nica sem palavras, mas que se expande também entoando-as. Ô~própfíõ~"poeta copfessa-o, quando compõe a canção (Lied) importância para o ouvinte. Acontece, as vezes, que o próprio ••V'"V Furibunda." * A violência do amor é comparada à água e as rimas "unda, profunda, furibunda". evocam as profundezas do sentimento de onde. provém o inaudito, que nós mesmos não conhecemos. ' 4. Em Blãtttr und Steíne ("Tolhas e Pedras"), Hamburgo, 1934. éíúribuna?^ °nda ' t5° pr'oíunda' ' quant0 a íôr5a d° amor / 22 Se, como vimos, a tradução de versos, líricos é quase im praticável, é também por outro lado mais dispensável que a de épicos ou dramáticos, pois todos julgam sentir ou pressen tir algo ao escutá-los, mesmo quando não conhecem a língua que destina ao canto. No canto, há uma elaboração da curva "Nulla unda Na tradução alemã transformado. metódica, do ritmo. O conteúdo da frase passa a ter menor Tam profunda Quam vis amoris da corrente. Também o amor é outro, não mais demonía re cantorn~ão sabe bem de que se fala no texto. Amor — morte — água, qualquer idéia mais ou menos propícia lhe basta. Nos intervalos, êle segue cantando despreocupadamente e continux perfeitamente integrado no todo. Êle se chocaria se. lhe dis sessem que não compreendera a canção. É evidente' quç com isso êle não dedica o tratamento devido ao todo da 'criação artística; pois também as palavras e o conteúdo das frases pertencem, como é lógico, à canção. Nem .somente a música das palavras, nem somente sua significação p,erfa2em o mila* "Pequena íonte / profunda e célere / como a onda / arrebata dora do amor." ."I -N ,.o^ ^ ( cc\ ,(í>0 • looavia criticar, se alguém se abandona mais ao efeito^imedia- to da música; pois mesmo o poeta sente-se quase inclinado a dedicar uma certa primazia à parte musical, e, desvia-se, por vezes, aas regras e usos da linguagem determinados pelo senUdo a bem do tom ou da rima. O-e final é sincopado, mo- difica.se a seqüência das palavras, e, algumas vêzesf despreza- se uma parte gramaticalmente imprescindível. ção, palavras e versos. Ninguém pensa, entretanto, que a ver_dadeira_fôrça e valor de uma poesia está na situação, ernlèÜs juativos. ,A_p^Ltjr_daíJazem:sé'milhares de_poesias em que o motivo é nulo e que simulam uma éspéae de~ixis7ência, sim plesmente através de sensações e versos sonoros". Em artes plásticas, .Goeihe demonstrou a mesma simpa tia pelos motivos, o que muito decepcionou os pintores ro mânticos. P.usj)u^jirmar que..sò.meme_a_£as_s_agem de uma poe- "Viel Wandrer lustig schwenken Die HÜt'im Morgenstrahl..." * '"Weg, du Traum! so gold du bist; "i3_Erosa_ mostrada _p...que.,a. poesia reahnente tem devida Se necessário, poder-se-ia compreender isso através de dramas Hier auch Lieb und Leben ist.. .'* ** e obras épicas. As viagens de Ulisses conseguem prender o "Was soll ali der Schmerz und Lust?" •** ra Jais ve"os chamariam a atenrãn n,,.,^ j ão é •. -?-i pois^Tcampos .s.numa obra lír„ica 5eriammusicais •^,r!L£gg^ Jlalo, de força dos q^T^p^r^ exigência da correção e uso gramaticãiT—~^ ^.. ^...^íi 1U, uma puL-sia c ucia, e pensam apenas na sensa U-£-i- Além.disso poesias de motivos e sentido substancialmen- ao Pp°ovroeS SSíf0^ KCUl0S essa CSéCUl0S na 3ma TrvFr™ f C combateu teoria. inalteradas Nas conversas com 'deti^ n os motivos Uma V"quedeGoethe Can?Õesabordou: sérvias-5 "AEckermann deleita-se ,'com mocinha nao deseja aquele a quem não ama", "os prazeres do amor se desvanecem , 'a bela garçonete; seu escolhido não está en tre os fregueses". Acrescenta que os motivos são por si tão vi- leitor mesmo nas "Lendas da Antigüidade Clássica" de Schwab. Pode-se pensar numa reprodução do "Wallenstein" de Schiller que conserve sua força. As canções (Lieder), porém, perdem com_ os vercos,_o..essencial ejgor_^mriUadomn motivo jnsig. nííí^ajTte pode adquirirem linguagem lírica o valor de uma obTã artística do mais alto nívèL" ' Seria difícil destacar-se em muitas das poesias de Eichendortf um motivo. E será que a canção de Goethe "An den Mond", uma das mais apreciadas, não desmente seu rude jul gamento? Há mais de um século, conhecedores de Goethe procuram chegar a um acordo quanto à situação-gênese dessa poesia. Dirige-se ela a uma mulher ou a um homem? Se é a um homem, será então uma poesia monologada (Rollengedicht) ? Ou será antes uma composição em diálogo? Se fór vos, que êle quase não sente mais necessidade de poesia Goe uma composição em diálogo, como se dividem as estrofes en the responde-lhe: tre os interlocutores? As mais diversas hipóteses foram aven "Tem razão; é isso mesmo. Mas com isso você nota a im unânime: que essa canção enigmática é uma das mais belas portância enorme que têm os motivos, e que. ninguém sabe avaliar. As mulheres aqui não têm a menor idéia de seu va- tadas e postas em seguida de lado; apenas uma opinião foi da literatura mundial. Essa exigência a um bom poema, Goethe a fêz em época manna ™t°S Vlandantes alegres agltam / « chapéus ao sol da remota, quando sua estética apoiava-se em noções elaboradas a partir da natureza e das artes plásticas. Esses mesmos con •* "Para longe, sonho! / dourado que sejas / há aqui também mã, principalmente o conceito um tanto perigoso da forma, vida e amor..." que pressupõe sempre, de alguma maneira, algo a formar-se e ••» "Para que tanta dor e prazer?' 5. 2.4 V>6 Í~C tf-Çfl uma força formativa, ou uma espécie de fôrma ôca com que se forma algo.,'Justamente essa oposição entre a forma e o } que se vai.JpMar .inexiste..na._criaçãjUí£gãrNo estilo épico, 18 de' Janeiro de 1825. CflmPos. > ceitos tornaram-se fundamento da História da Literatura Ale -OnvSÍCrH^ 25 - • -- i— -"- -»wüJiua. <ucuu<j ue uuia "Lass, o Welt, o lass mich seinl y^m^máJ^cJTmã"", o hexâmetfõTmalterável apesar de tScTãs as <m^ançaTTemâticas. os mais diversos r^rrrFrmjr-^^c^^pl^er, Locket nicht mit Liebesgaben, Lasst dies Herz alleine haben Seine Wonne, seine Pein!" * tiiintar.de armas e regresso do herói ao lar. Na criação lírica. t ao contrário, metro, rima e ritmo surgem em uníssono com_ as frases. Não se distinguem entre si, e.assim não existe forma -. aqui e conteúdo ali.) *" ~" " •V : -^Parece conseqüência lógica, que deve_haye£^m_criações ^c"cas tantas estruturas métricas quantos jjossíveis climãT «':•.' (Stimmungen). a expressar-se. fNa históruTda" Lírica, nótãmse vestígios de tal fato. A Lírica causava dificuldades à Poé tica antiga, que procurava classificar os gêneros de acordo com características métricas, justamente pela variedade de metros existentes, "varietate carminum". Finalmente a poética encontra a melhor saída, dizendo que esta "variedade" é uma ca Entretanto há uma completa harmonia de tom e. mensagem. Há um gesto suave de afastamento, percebe-se certa recusa na ênfase quase imperceptível da primeira sílaba, e na pausa que se segue, marcada pela vírgula. "Lass, o Welt, o lass mich sein!" E como se o poeta se quisesse antecipar à corte do mundo. Os três versos começando com "L" contribuem também para esse efeito - só podemos ainda aqui sugerir uma interpretação; o mundo deixará agora aquele coração livre. A terceira estrofe soa bem diversa: racterística do gênero. As denominações de estrofes, "ascle- piadéia", "alcaica", "sáfica", mostram que antigamente, pelo menos cada mestre do melo cantava ém seu próprio tom, um ideal que ressurgiu na idade médi.v Chegou-se ao auge, quan- "Oft bin ich mir kaum bewusst, Und die helle Freude zücket Durch die Schwere, so mich drücket, . do não apenas cada poeta, mas ainda cada composição tinha Wonniglich in meiner Brust." ** seu próprio tom, sua estrofe e métrica características. £ o que acontece nas composições curtas do Goethe dos primeiros anos de Weimar, como "Rastlose Liebe", ("Amor sem Descanso"), "Herbstgefuhl" ("Sentimento d Outono"), e com mais per feição a "Wanderers Nachtlied" - "Über aí1-- ipfeln ist Ruh'" —pois essa poesia excelente apresenta em , ia verso a mais sutil flexibilidade métrica e não se adapta absolutamen te a nenhum esquema métrico, protegendo-se assim de qual quer plágio. Algumas canções breves de Mõrike merecem tam bém menção aqui, como "Er ist's" ("É a Primavera"), "In der Frühe" ("No Alvorecer"), "Septembermorgen" ("Manhã de Setembro"), "Um Mitternacht", ("À Meia-noite"), "Auf den Tod eines Vogels" ("Sobre a morte de um Pássaro"). Os pés métricos continuam os mesmos, mas a melodia vai num crescendo. As sílabas iniciais "oft" e "durch" não conseguem a ênfase de "lass", "locket" e "lasst". Em compensação, o fi nal dos versos ganha força. "Bewusst", "zücket", "drücket", têm mais acentuação que "sein", "haben" e as duas sílabas finais de "Liebesgaben". O tom crescente à aproximação no final parece dar a essa estrofe leves asas, enquanto que a pri meira, cuja acentuação vai morrendo, transmite uma impres são de recuo. Hugo Wolf soube captar tudo isso e criou para a terceira estrofe uma melodia especial. Sua composição deixa o sentido dos versos bem claro, e nem mesmo o apreciador mais sensível poderá sentir-se melindrado ao ouvi-la. </ Não vamos por, isso cometer o erro de atribuir_jmp_ortâriçkexagerada à onginaIidajLe_clo_esquema métrico._e_considejarjnenj3sJiricas_aiUBÚmer^ que se desenvolvem 'den tro da mesma estrutura de versos iâmbicos e trocaicos. Ainda "dentro de um mesmo esquema, há lugar para alternâncias rítmicas que se adaptam perfeitamente a qualquer "disposição anímica" (Stimmung) individual A "Verborgenheit" ("Reco lhimento") de Mõrike, por exemplo, movimenta-se dentro do quarteto trocaíco comum alemão: .X^/1 "Y\ */"*«*!./ - 2 Poesias como "Canção Noturna do Viandante", "É a Pri mavera", "No Alvorecer" adaptam-se maravilhosamente ao que • "Deixa-me, mundo, deixa-me ser, / Não me atraias com dons de amor / Deixa só a este coração ter / Suas delícias, sua dor." ** "Multas vezes mal percebo / E a alegria límpida agita-se / Penetrando através a dor / Deliciosamente em meu peito." í ? Auf der Welle blinken que o_eji_nãj2j_ip^nas_^^ Tausend schwebende Sterne, Rings die türmende Ferne; concentra e se volta para si mesmo. Die beschattete Bucht, "A satisfação do eu por seu reencontro através do com passo é tanto mais completa quanto a unidade e a uniformi Morgenwind umflügelt Und im See bespiegelt "" dade nao dependam do tempo, nem dos próprios sons, e sim Sich die reifende Frucht." * pertençam ao próprio eu e sejam por êle mesmo, para satislaçao própria, transportados ao tempo. T d, 2ítS Sã° aS PaneS dêSSe t0d°: a Primeira ten> um toque .« iSSf, V°ragem' gtaÇa? às árSÍS; aseSunda' com «eu» ver••••!?v»T ' Uma contemPIaÇã° evocativa; na terceira, segue- Isso tem validade para o verso branco, para o hexâmetro ou para os pés métricos de uma canção qualquer, enquanto passíveis de serem fixados. Quando Hegel, de acordo com os M_viagem com encantamento levemente abafado. "O discreto inflamar.se do mundo" repete-se três vezes no poeta ede mo! pressupostos de sua Metafísica, diz que a uniformidade não pertence ao tempo nem aos sons, mas ao eu, quer dizer que dos.tao^diversos que não se pode, portanto, falar de três es trofes. Colocamos as diferentes inspirações em seqüência, ape nas porque elas se relacionam objetiva e temporalmente. Não em realidade" nunca nascem compassos idênticos (a não ser numa declamação metronômica), mas que a igualdade é per , ciclo é pouca demais a distância entre as partes, para uma res ou menores oscilações. É a oposição entre compasso e ritmo, cebida como uma idéia regulativa que se álirrna sobre maio se sabe ao. certo se se trata de poesia ou de um ciclo. Para um como líeüsler mesmo descreve. • É essencial para discernir-se -- poesia, por demais longa, São momentos líricos de uma via- o estilo do poeta observar se o compasso e o ritmo em declamação normal estão próximos, ou muito distintos entre si ..gem. O que unifica esses momentos não é linguagem nem o •» clima (Stimmung), apenas um relacionamento biográfico que .devidamente prolongado, enquadra todas as poesias de Goethe SL&nTíí- subsistência indefinLda, mas conquista-se como individualidade quando s* Weiche Nebel .trinken Nas baladas de Schiller, o ritmo aproxima-se, freqüentemente !?nt0*Tdo„í,0mpasso' ^Ue os versos soam como que entrecortados. No Recolhimento" de Mõrike, a igualdade do compasso nas estrofes desaparece frente à mudança do ritmo e parece kcomo fragmentos de uma confissão". A dúvida permanece portanto: como surgir canções mais longas que niojieixem perder-se o sêlíHdT^linTTn^rT^^. ser apenas um olho a vigiar imperceptlvelmente os versos, e fte-Pe^TÍCr-SO ;_iòmentejij^«tf^ lírica de desfazer-se ( Mas arèpTfiçãcTpresta-se igualmente a qüItouer~cna7ão^~Soé- na do Viandante" não se percebe claramente. Há diferentes demarcações possíveis, dependendo de como se considere a duração das sílabas e das pausas. Em cadência semelhante protegê-los da desintegração. O compasso em "Canção Notur ^Á^^^J-0, comPasso' a^fieiiçic^eUdiaticas, , , •> unidadesc^n^mpo. HgeUgmEara_oJçoinpas8o com as fileiras \\CfoL ,oe colunas ou vidraças da arquitetura, e chama a atenção de w.*/ 'Z^l^0 JTeSC0' B&ngne nôvo- / sorvo de um mundo 11X»£i e terna aabarcaça natureza-/ à/ cadência <ue e* dos «eu remos selo me/ aongaj ^TJ. / A ondab°nd^f embalança-nos e montes, nublados contra o céu, / vêm encontrar nossa «taT' - Olhos meus porque se fecham? / os sonhos de ouro hão de vol- t%Jj*% ^ SOah0' d0Urado que seJas ' ^ tembém há viver CtatUam na onda / milhares de estrelas flutuantes / neblinas' fSffifSS.Í ^tanc^ acumuladas?/ brisa matutina acaS" a baía em sombras / e no lago vem mirar-se / o amadurecido fruto. 30 toV^ QPt 5So „ \ bfr\V> ^ S ü-Kn V(VT>1fí Tyrj ' ' 4 ' poesias mais longas se desfariam. _ -Suanto mais lírica a poesia, mais evita esta uma repeti rão neutra de compassos, não para aproximar-seja prosa', mü emfavor de um ritmo que de acordo que varia varia ae acorao "com com 'a'''dispoSctõ a "dispos\y«u anímica" (Stimmung). ~nt isto é: apenas ~~ a expressão métrica de que em obra lírica dificilmente defrontam-se um eu de um lado e um objeto do outro. Ao contrário, em Schiller è&te distanciamento é grande, o que corresponde em sua Estética l' ?^r°ftcomPlet^, Jubiláums-Ausgabe, Stuttgart, 1928, vol XTV nA»> Í7 História ** Ver*if*caçao Alemã, Berlim e Lelpzlg, vol. I, 1925, T\ i V, a o~ 7 .- ,.., „.^^^u mtuuw visaier cnama o "discreto inflamar-se do %• -"inundo no sujeito lírico". |~São poesias de poucas linhas. Toda tem recursos, é claro, pode lançar mão da linguagem que já i; composição lírica _auténticfaeve ser de pequeno tamanho,~L^o usou em canções de seu vasto repertório anterior; e Brentano :• 'jpouz-se do que jáTcTctíto, é será ainda explicitado adiante. mw ;.....O •pc-eia-lirico não produz coisa alguma. Êle abandona-se - / assim o fêz inúmeras vezes; mas um epígono, mesmo um epígono de si mesmo, não engana a ouvidos apurados. a um nem a outra, gèu poetar é involumâriol~o7~íábios dei- -* Revela-se aqui uma. certa debilidade do gênero lírico, pos como uma idéia que não tem a força 'de ser em estado puro e Mas seu trabalho difere muito do modo como o autor drama- ti, gência de sua própria essência e não por incapacidade do O autor. literalmente (Stimmung) -J. inspiração. ÊTe~lmpTrT~ão~"mesmo.: tempo clima e linguagemTNão tem condições de dirjgir^se___ xam escapar o "que está na ponta da língua". Mõrike, justa- ^ mente, foi um poeta que de algum modo burilou suas poesias, ê tico reflete sobre seu plano, ou o épico insere novos episódios e tenta dar forma mais clara a sua obra. O poeta lírico escuta sempre de novo em seu íntimo os acordes já uma vez entoa dos, recna-ós, como os cria também no leitor. Finalmente re conquista o já perdido encantamento da inspiração, ou dá li busca completar-se com o épico e o dramático por uma exi .•^l^R9«Ç^_anímica'' (Stimmung) por exemplo, é aper jias um momento, um curto prelúdio, a que se segue o desen canto, ou de novo um outro som. jV[as_quando esses momen- pelo menos um cunho de involuntariedade a sua obra, como o fazem também muitos poetas de épocas decadentes, herdei •:?;a_£orreilíe---anímica e seus versos acompanham, linógràfica- vezes caminho idêntico entre a primeira e última redação. Mas êle dificilmente seria considerado um protótipo do poeta lí iB_.0.í)-rA_d.e-arteJ' Há poesias dessa espécie, em ritmos livres, em que cada verso dá a impressão de total espontaneidade, em ros deste legado útfQConrad Ferdinand Meyer trilhou muitas rico: Clemens Brentano criava de outro modo, inclinado sobre -os sons, improvisando para surpresa e admiração de seus ami Wâ teriormente abordada mais de perto, quando de sua análise gos.: Suas canções demonstram um desabrochar espontâneo: "Von der Mauern Widerklang — AchI — im Herzen frãgt es bang: Ist es ihre Stimme?" "Wie klinget die Welle! Wie wehet ein Windl O selige Schwelle, Wo wir geboren sindl" * As estrofes seguintes dessa longa poesia só raramente conser vam o mesmo encantamento da primeira. O poeta vê-se obri gado a elaborar sua inspiração, a coordená-la, burilá-la e se necessário mesmo explicá-la. Com isso, situa-se frente (Gegenüber) ao lírico e, portanto, fora do âmbito da graça. Êle tos_se sucedem,_quandoj3_r^uj^rxastado nos altos e baixos mente, essas mudanças, onde fica a unidade de que necessáta que o todo se precipita como corrente, sem margens^ sem prin cípio nem fim. Pretende-se um ideal de ininterrupta existên cia lírica, ideal não mais possível artisticamente, e que leva à total desintegração do eu. Então quer isso dizer que a poesia lírica ficaria adstrita a uma faixa muito pequena? Vejamos como exemplo a poesia de Goethe, "Auf dem See" ("No Lago") : ,. • , / i "Und friscne Nahjung, neues Blut c"1'' Saug ich aus freiér~Welf tA^wo Wie ist Natur so. liofd und gut,feWT'^ W .,„., n Die Well<r wiegeTu^èrn^ahn ^ ^ ' Die mjçh am Busen hàlt! ^ Im Rudertakt hinauf, Und Berge, wolkig himmelan, Begegnen unserm Lauf. 6. Estética. 2." ed., Munique 1923, vol. VI, pág. 208. * "Ecoam as muralhas / e temeroso o coração pergunta / será sua voz?" / "Como soa a onda! / como sopra o vento / oh! abençoado umbral / em que nascemos." Aug, mein Aug, was sinkst du nieder Goldne Tráume, kommt ihr wieder? Weg, du Traum! so gold du bist; Hier auch Lieb und Leben ist. 28 _?r à antítese entre uma pessoa,, sempre idêntica a si mesma, e um estado anímico, sempre sujeito a modificações. Quando o compasso não é essencial, são possíveis outras repetições? "Nachts" ("À Noite") de Eichendorff consta de duas estrofes métricas idênticas: "Ich wandre durch die stille Nacht, Da schleicht der Mond so heimlich sacht Não se pode negar que há outras diferenças mais difíceis de classificar. Elas, entretanto, não afetam a unidade rítmica do todo. Isto é: a música da primeira estrofe repete-se na segun da. A mesma corda soa mais uma vez, dá um segundo tom, muito semelhante,, cuja vibração parece velar as diferenças da mensagem, como'um acorde sustentado por um pedal conse gue prolongar toda uma melodia. O "À Meia-noite" de Mõrike leva-nos ainda mais adiante: Oft aus der dunklen Wolkenhülle, "Gelassen stieg die Nacht ans Land, Und hin und her im Tal Lehnt tráumend an der Berge Wand, >-•- Envacht die Nachtigall, Dann wieder alies grau und stille. , . Ihr Auge sieht die goldne Waage nun .'"' ••-.''• ,j ^\ -y' Der Zeit in gleichen Schalen stille ruhn; Und kecker rauschen die Quellen hervor, Sie singen der Mutter, der Nacht, ins Ohr O wunderbarer Nachtgesang: Von fern im Land der Stróme Gang, Vom Tage, Vom heute gewesenen Tage. . Leis Schauern in den dunklen Báumen — Wirrst die Gedanken mir, Mein irres Singen hier Das uralt alte Schlummerlied, Ist wie ein Rufen nur aus Trãumen." * Sie achtets nicht, sie ist es müd; • Diferenças métricas há aqui tão poucas como no "Recolhimen Ihr klingt des Himmels Bláue süsser. noch, Der flüchtgen Stunden gleicheschwungnes Joch. to" de Mõrike. Rltmicamente também essas duas estrofes quase l^nao se diferenciam. A ársis um tanto pesada na primeira es- Doch immer behalten die Quellen das Wort, •; trdfe, repete-se à mesma; altura da segunda: Es singen die Wasser im Schlafe noch fort Vom Tage, Vom heute gewesenen Tage." * "Oft aus der dunklen Wolkenhülle..." "Leis Schauern in den dunklen Bàumen..." também no último verso, nota-se a ársis um pouco mais leve, mas ainda assim quase imperceptlvelmente acentuada: "Dann wieder alies grau und stille..." "Ist wie ein Rufen nur aus Trãumen..." A divisão do peso é notadamente harmônica. Apenas no quar to verso, há uma sensível mudança de ritmo: "Und hin und her im Tal..." "Wirrst die Gedanken mir..." * "Perambulo pela noite quieta, / e sorrateira esgueira-se a lua, / no mesmo par de versos fala-se do jugo do tempo igualmente distribuído, no mesmo par de versos fala-se das fontes. Enfim, ambas as estrofes terminam com as mesmas palavras. A re petição rítmica, a dissimular as divergências da mensagem, opõe-se à resistência da linguagem, que se esforça por sempre prosseguir. • "Serena desceu a noite sobre a terra, / encostou-se sonhadora na montanha; / seu olhar vê agora a balança de ouro / do tempo descansar calma em pratos iguais / e as fontes cantam seus receios / aos ouvidos da mãe, da noite, / sobre o dia, / o dia passado de hoje. // multas vezes de escuras nuvens / e no vale de lá pra cá, / vai acor dar o rouxinol. / E tudo volta a cinza e quletude. // O tão antigo acalento / a noite não percebe, está cansada; / o azul do céu repete mais doce, / o Jugo igualmente distribuído das Maravilhoso acalento noturno: / correntes vindas de longe / tre mores leves nas árvores escuras / a confundir-me as idéias. / Meu horas fugidias. / Entretanto a palavra, as fontes a conservam / e as águas cantam-na em sono / sobre o dia, / o dia passado de hoje." canto, aqui, é sem rumo / como um chamado de sonhos." 33 •m li ti-';- ••wi? Tal' repetição só é possível em uma obra lírica. Não é '. licito argumentar que também em criações épicas de Homero há'repetições idênticas de versos. Encontraremos lá várias ve No contexto das estrofes: "Ich trãumte hinaus in das dunkle Tal zes, por exemplo: Auf engen Felsenstufen, ;"Quando a aurora crepuscular acordou com dedos de rosas" Bald hier, bald da gerufen. "E levantaram as mãos para a refeição deliciosa já preparada;" Treulieb, Treulieb ist verlorenl Und hab mein Liebchen ohne Zahl Mein lieber Hirt, nun sage mir, Hast du Treulieb gesehen? Más nesse caso, o poeta apenas escolhe as mesmas palavras que ffe' êle, usara antes n* mesmas situações para uma outra refeição e uma outra manhã. A repetição lírica não traz .nada,de--nôvo Sie wollte zu den Lãmmern hier Und dann zum Brunnen gehen. — com as mesmas palavras. E a singularidade d~ã~mesma dispoUVU. Treulieb, Treulieb ist verloren..." * I A repetição velada como em "À Noite" de Eichendorff acontece raramente e só pode conservar o clima lírico no má ximo por duas'ou três estrofes. O que se segue já é cansativo. Assim é que a primeira repetição na "Spinnerin" ("A Tecelã") de Brentano consegue agradar, mas a segunda já é mo-' , ri nótona. A_repetição literal, ao contrário, p chamado refrão, _é t#* comum em poesias antigas e modernas, de vários povos. Natu- Os versos alternantes dessa poesia são declamados a maioria das vezes de modo recitativo, se possível por um só declamador, para que a "história" seja compreendida. No refrão, colaboram também os ouvintes. O canto avoluma-se. A musicalidade abafa a significação das palavras. ' , O refrão pode também vir no início e no meio da estrofe: "Nach Sevilla, nach Sevilla. . . "** ^« ralmente, nem sempre como em "À Meia-Noit?' de Mõrike. Tri^lW jvfesta poesia, o tom.é lírico do início ao fim. O refrão quase "Einsam will ich untergehen. . ." *** "Nun soll ich in die Fremde ziehen. . ." **** ç^^cW^lque não se distingue como acréscimo, os primeiros versos da estrofe. Mas o comum em canções populares (Volkslieder), ou outros poemas nos mesmos moldes, é que o refrão se dife rencie pelo seu caráter musical. Parece concentrar em si o elemento lírico, enquanto o resto do poema tende mais ao Novamente Brentano imita as poesias populares do "Des Knaben Wunderhorn" ("O Chifre Encantado do Menino"). êsses_.exemplos são os melhores para mostrar o valgjr_cLo-refrão. __poeta__tqca.. de novo conscientemente a corda que _estava épico ou ao dramático. Brentano traz inúmeros exemplos. Suas poesias mais longas costumam apresentar um aconteci "sõando_ espontânea em seu cora"çao~ê~escuta o tom pela segunda,. mento, em tom de balada, ou em versos mais ou menos des guagem reproduz o mesmo clima_ anímico, possibiITtãndo'uma cuidados, e ao mesmo tempo coroá-los sempre à maneira de capítulos, com um refrão feiticeiro: "O wie blinkte ihr Krõnlein schõn, Eh die Sonne wollt untergehn."* "O Stcrn und Blume, Geist und Kleid, Lieb, Leid und Zeit und Ewigkeit."** "Como cintllava sua coroazinha / antes do sol querer se pôr." "Estrela e flor, espirito e roupa, / amor, dor, tempo e eternidade." 34 terceira,__quarta e _quint.a vézésT XPque jhe escapacomo linvolta ao momento da inspiração lírica. Nèlse meio tempo, êle pode narrar algo ou refretTr~s"5Uré" ã~cüsposição anímica (Stim mung). O todo conserva-se líricamente coeso. O refrão no final da estrofe não traz diferenças fundamentais. Apenas o ♦ "Sonhei ao ar livre, no bosque escuro, / de rochas em estrei tos degraus, / e chamei meu amor pelo nome / váxlas vezes aqui e ali. // Amorzinho, Amorzinho perdeu-se! / diz-me, bondoso pastor, / vis tes Amorzinho? / Ela queria alcançar os carneiros / e depois chegar ali à fonte. — / Amorzinho, Amorzinho perdeu-se..." ** "Para Sevüha, para Sevilha..." **• **♦* "Solitário quero partir..." "Agora preciso arribar para o desconhecido." •'. :• elemento lírico é colocado artificialmente no fim, e é signifi cativo que apareça o.refrão no título como em "Amorzinho, t&fc'. Amorzinho perdeu-se"; pois, com isso, a atmosfera lírica co;V''./. ' meça também realmente desde aí; o refrão é a fonte musical Sfc- fe~ do- todo. . }C"OYi ""•. Há repetições de outra espécie, como por exemplo no íí _ron<Jg/._que descreve um movimento circular ou que retorna ligado de algum modo a' versos anteriores: "Verflossen ist das Gold der Tage, As repetições "nach dir", "auf dich" servem claramente de ponte entre os versos mais recitativos e o refrão. Uma com posição insinua-se e surge bem definida. Os três primeiros versos são pouco melódicos. O quarto alcança no final um canto íntimo-doloroso, uma música que mais tarde, no refrão, já completamente livre de regras, poderá transbordar à von tade. O elemento lírico vai condensando-se nesta estrofe ;\ proporção que o fim se aproxima, ou então sempre que se repetem palavras isoladas ou grupos de palavras: Des Abends braun und Blaue Farben: "Nach seinem Lenze sucht das Herz Des Hirten sanfte Flóten starben/ Des Abends blau und braune Farben; In einem fort, in einem fort..."* (CF. Meyer) Verflossen ist das Gold der Tage." * "Tiefe Flut, tief tief trunkne Flut..."*# A peça teatral de Strindberg "Nach Damaskus" ("Para Damasco") tem a grosso modo estrutura semelhante. Quando o autor, a partir do meio da peça repete os cenários em ordem inversa e retorna finalmente ao primeiro, o todo ganha real•.. mente côr lírica. O espectador não é arrebatado (pág. 124), e sim acalentado como no "Traumspiel" ("Fantasmagoria"). vJív--: ,•/; A repetição lírica vai desenvolvendo-se até chegar a casos bem singulares. Brentano oferece-nos de novo, exemplo bas (A. V. Dr.oste) "O Lieb, o Liebel so golden schõn. . ."**• (Goethe) "Muss i denn, muss i denn zum Stádtele naus. . ,"**»» "Aveva gli occhi neri, neri, neri..." tante elucidativo: "Die Welt war mir zuwider, Die Berge lagen auf mir, Der Himmel war mir zu nieder, j,'' , Ich. sehnte mich nach dir, nach dir! O lieb Mâdel, wie schlecht bist du! Ich trieb vrohl durch die Gassen Zwei larige Jahre mich; .«: . An den Ecken- musst ich passen Und harren nur auf dich, auf dichl O lieb Mâdel, wie schlecht bist du!" ** * "ó"réTraó." O "discreto inflamar-se do mundo" repete-se, O poeta escutã~~cTé~" novo, com atenção, ressonâncias do acorde executado. Isso nos conduz finalmente à rima. Não vamos procurar estudá-la em todas as suas manifestações, pois muito tem ca riado sua importância para a história de 'criação literária. Ape nas precisamos ter em mente que sua diversidade exige do estudioso uma grande cautela. "Passou-se como dos dias / da noite as cores cinza e azul / do pastor delicadas flautas calaram / da noite as cores azul e cinza / passou-se o ouro dos dias." ** "O mundo parecia contra mim:. / montes havia sobre mim / o céu me era baixo demais / eu sentia falta de ti, ah! de ti / meni na querida, como és ruim! // Levei-me pelas ruelas / dois longos anos / em esquinas tive que esperar / atento só em ti, ah! em ti / menina querida, como és ruim! 36 Tais repetições encontramos apenas em linguagem lírica, ou, em outra formulação, çju^njo_encontramos tais repetições, consideramos a pass^gem....còmo_.líri.c.a.fl Acontece o mesmo com * "Em nostalgia da primavera, meu coração / busca evadlr-se, busca escapar..." ** "Fluxo profundo, profundo e inebriado fluxo..." *** *«' * "Amor! ó Amor) tão dourado e belo..." "Será que eu tenho, que eu tenho mesmo que ir à minha cidadezinha..." 9. Comparem-se aqui as repetições completamente diversas do estilo patético, págs. 140 e 141. i ,• Arima só surge como realidade na literatura_çristã, c i parece destinada a substituir a variedade métrica daTíricã" an- tiga, que vai aos poucos desaparecendo. É como se a música A unidade e coesão do clima lírico é de suma importân- agora procedesse de nova fonte. É por isso que poesias que cia-num poema, pois o contexto lógico, que sempre esperamos JgJ^gliLrcirçifestgÇãP I'nguística,~~quase nunca é elaborado em procuram coordenar os dois métodos, como estrofes sáficas ri madas, não conseguem um efeito animador, parecendo exage- tais casos, ou o é apenas imprecisamente. A linguagem lírica y P?JAÇ.^-à?^r.e.z.ílJ.Jls..cPI1.qii^stas de um progresso lento em dire radamente trabalhadas. Apesar disso, a rima, cadenciando o fim dos versos, pode apresentar qualidades métricas excepcio ção à clareza, — da construção paratática à hipotática, de nais. Foi isso que Humboldt elogiou nos versos de Schiller.10 Aqui porém interessam apenas as rimas de efeito sonoro mágico. Dos melhores exemplos são as rimas e assonâncias como os "Romanzen vom Rosenkranz" ("Romances de Ro- adyérbios_ a çonjunções, de conjunções temporais a causais. O "Bescheidenes Wünschlein" ("Desejozinho Modesto") cie Spitteler começa assim: senkranz") de Brentano: "Damals, ganz zuerst am Anfang, wenn ich hàtte sagen sollen, "Aliem Tagewerk sei Friedenl Was, im Fali ich wünschen dürfte, Keine Axt erschall im Wald! ich mir würde wünschen wollen. .."* Alie Farbe ist geschieden, Und es raget die Gestalt. É gracioso, mas apenas porque zomba- da real natureza do lírico, numa ironia simpática. Spittelerjfazendo da neces sidade virtude, mostra por meio de construções exageradamente lógicas sua pouca aptidão líricaT? Mas se um autor _de can ções _expressa-se seriamente, com uma lógica tão visível, logo Tauberauschte Blumen schliessen Ihrer Kelche süssen Kranz, Und die schlummertrunknen Wiesen Wiegen sich in Traumes Glanz. lamentamos a faltá^de^usicjlijdade^è^^sua colnposiçj^^Pois. pensar e cantar são duas atividades que hão coexistem harmônicamente: Assim começa ã "poesia "Liéd" "de" Héhlbd: Wo die wilden Quellen zielen Nieder von dem Felsenrand, Ziehn die Hirsche frei und spielen Freudig in dem blanken Sand..."* _E assim por diante, sessenta e três estrofes, na mesma variação hipnótica de "i" para "a". Os mesmos sons evocam a mesma disposição 'afetiva. E somente um leitor sem sensi "Komm, wir wollen Erdbeern pflücken, <,<V> Ist es doch nicht weit zum Wald, ?B" ^ Wollen junge Rosen brechen, Sie verwelken ja so bald! C^ bilidade musical seria capaz de discriminar à primeira leitura as minúcias do texto. A noite, a paz, o sono ficam-lhe grava Droben jene Wetterwolke, Die dich ãngstigt, fürcht ich nicht; dos no 'espírito como imagem, enquanto as muitas outras lhe escapam numa torrente irreprimível. Denn die Mittagssonne sticht."** 10. A Schiller, 18 de agosto de 1795. • "Paz ao trabalho do dia] / Não soe machado algum na flo restal / todo colorido Já se foi / apenas a forma avoluma-se // Flores de orvalho enebriadas fecham / dos cálices a doce coroa / e os prados sonolentos / acalentam-se em brilho de sonho. // Onde as fontes selvagens escoam-se / do alto de rochas de pe dra / os cervos dão saltos livres / e divertem-se na areia branca." 38 Nein, sie ist mir sehr willkommen, * "De inicio, bem no início / se eu tivesse devido dizer / o que, no caso de eu ter podido pedir, / eu gostaria de desejar para mim..." ** "Venha, queremos colher cerejas, / e, além disso, a floresta não é longe. / Queremos apanhar tenras flores / que com certeza logo murcharão. // Acima a te amedrontar / a nuvem carregada, não temo / perce bo-a com boas vindas / pois o sol das doze queima." «n '.Vi Esta impressão de frieza deve-se antes de tudo às palavras A objeção de que essa_paiat&xe_ é típica do estilo român- aparentemente inofensivas: "doch", "ja", "nein", "denn". Se ticcTem particular, e não do gênero lírico, só pode ter razão eles assemelham-se antes a uma canção: no sentido de que é no Romantismo alemão que a "canção" atinge seu apogeu dentro da literatura mundial, e com isso as afastamos, o caráter doutrinário dos versos desaparece, e "Wir wollen Erdbeern 'pflücken, Es ist nicht weit zum Wald, Und junge Rosen brechen. Rosen verwelken so bald..."* ; i^As canções não são igualmente sensíveis a todas as con junções. As causais e finais provocam os efeitos mais desagra dáveis. Um "se" ou "mas" de quando em vez quase não pêrT turbam o clima lírico, mas o que melhor se adapta no caso é a parataxe simples como em também a forma lírica mais pura'. |Mas encontramos a mesma estrutura frasal na canção "À Lua*1 de Goethe, no "Über allen Gipfeln ist Ruh", em Verlaine, ou já mesmo em obras primas líricas do barroco, do século tão apaixonadamente interessado em estruturas lógicas; como o prova por exemplo o "Wo sind die Stunden der süssen Zeit" ("Onde os Tempos Doces de Outrora") de Hofmannswaldau. É claro que não é uma arte" casual, e sim o mais apurado senso artístico que cria a lin guagem lírica aqui, principalmente na última estrofe; "Ich schwamm in Freude, Retorno" de Eichendorff: Der Liebe Hand "Mit meinem Saitenspiele, Spann mir ein Kleid von Seide, Das schôn geklungen hat, Das Blatt hat sich gewandt, Ich geh'im Leidc, Komm ich durch Lãnder viele Zurück in diese Stadt. Ich ziehe durch die Gassen, So finster ist die Nacht, Und alies so verlassen, Hatt's anders mir gedacht. Am Brunnen steh ich lange, Der rauscht fort, wie vorher, Kommt mancher wohl gegangen, Es kennt mich keiner mehr. Da hõrt' ich geigen, pfeifen, Die Fenster glãnzten weit Dazwischen drehn und schleifen Viel fremde, frõhliche Leut' Und Herz und Sinne mir brannten, Mich trieb's in die weite Welt, Es spièlten die Musikanten, Da fiel ich hin im Feld." *# * "Queremos colher cerejas, / não está longe a floresta / e rosas tenras apanhar, / que logo se vão murchar." *.* "Com minha harpa de cordas / que soube tão bem tocar / passo*por multas terras / até à minha cidade chegar. // 40 Ich wein'itzund, dass Lieb' und Sonnenschein Stets voller Angsc und Woiken sein."* T'"" L^ Uma única oração subordinada ao final. Justamente aí o efeito lírico diminui sensivelmente, o canto cede lugar à falâjp "dass" (que) é, indubitavelmente, uma das conjunções nãóTiricas. As poesias populares (Volkslieder) agrupam-se também aqui, e da antigüidade lembramos Safo com seu tom lírico primitivo que nos soa como segredo confiado à distân cia de dois milênios e meio. Déduke mèn a selánna kal pleíades; mésai dè núktes, para d' érchet' óra; égo dè mona kateúdo. Ando pelas ruas sem rumo / e a noite está assim escura / e tudo assim abandonado / como não pensara eu. // A fonte, muito tempo parado, / ouço o marulhar como antes / alguns vêm de lá e de cá / e ninguém me conhece mais. // Então ouvi violinos, assovios, / as Janelas luziram abertas / e se voltam, e vão e vêm, / passos estranhos e alegres. // Arderam-me coração e Idéias / o vasto mundo chamava; / mul tas músicos tocavam / e lancei-me sem mais ao campo." * "Nadei em gozo, / a mão do amor / teceu-me um vestido de seda, / A folha virou, / ando vestido de sofrimento / lamento agora que o amor e o sol / estejam sempre cheios de medo e nuvens." ^Entretanto o conceito paratático" não define satisfatò- épico. (Conforme pág. 97) -Jío^gàS^o^s^Oj^õ^nT^^^l "Süsse Ruh', süsser Taumel im Gras, Von des Krautes Arome umhaucht, Tiefe Flut, tief tief trunkne Flut, Wenn die Wolk' am Azure verraucht, se. isso até ortogràficamente em períodos inteiros separados Wenn aufs mude, schwimmende Haupt Süsses Lachen gaukelt herab, ' riamente a linguagem lírica, pois a. épica élãmblm paratTtlcã: larrtoque se costuma dizer que quanto mais paratático, mais são autônomas, no lírico não o são. Na poesia moderna, revela- apenas, por vírgulas. Não seria apenas pedantismo bobo, mas Liebe Stimme sáuselt und traüft Wie die Lindenblüt' auf ein Grab."* um procedimento ànti-estilístico a obediência cega às regras gramaticais no "Retorno" de Eichendorff, ou em "À Lua" de \_Goethe. O fluxo lírico seria entrecortado. Mais clara se torna ;a:•diferença, quando comparamos a prosa de um Eichendorff ou em Goethe: , corri a de um Kleist ou de um Lessing. Aqui uma pontuação "Dámmrung senkte sich con oben, riquíssima, lá um retraimento em colocar-se sinais de pausa Schon ist alie Nãhe fern; ',' mais longa, que lembra o estilo costumeiro de uma carta femi Doch zuerst emporgehoben nina que se poderia atribuir às mesmas damas que merecem . a critica de Goethe pela vocação para poesias exclusivamente : musicais. Com isso, já se apresenta talvez um traço feminino da poesia lírica, ou um traço lírico da mulher. Outra prova da coordenação das partes é que mesmo um período já completo pode ceder lugar a mais uma seqüência Holden Lichts der Abendstern!"** Às vezes existe uma relação gramatical entre as partes, mas o leitor despreocupado não a procura; é o caso do "Wanderlied" ("Canção do Viandante") de Eichendorff: "Durch Feld und Buchenhallen • • de membros desgarrados: Bald singend, bald fróhlich still, Recht lustig sei vor allen, "Und hin und her im Tal Erwacht die Nachtigall, Dann wieder alies grau und stille. . ."* :Kv O úliimo verso não chega a ser uma frase, como também não o è o início da segunda estrofe: "O wunderbarer Nachtgesang: Von fern im Land der Strõme Gang Leis Schauern in den dunklen Bãumen. . ."** Surgem fragmentos de frases que não podem existir isola damente, que são apenas ondas da corrente lírica: antes de delinear-se o cume, já se destrói de novo a onda. O fluir cons tante impede a conclusão de cada uma das partes. Assim "Im Grase" ("Na Relva") de Annette von Droste: Wer's Reisen wãhlen will!"*** Gramaticalmente, seria assim compreensível: "Wer's Rei sen wáhlen will, der sei durch Feld und Buchenhallen. bald singend, bald fróhlich still, vor allen recht lustig." **•* Não se precisa perder tempo a explicar a inutilidade de tal escla recimento do sentido gramatical. * "Doce quietude, doce delírio na grama, / do aroma da erva perfumado / fluxo profundo, profundo e enebriado fluxo; / quando a nuvem no azul dissipa-se / quando sobre a cabeça já cansada / vem brincar sorriso doce, / uma voz delicada sussurra e cai ./' como um botão de 'tília sobre um túmulo." ** "O crepúsculo desceu do alto / e o próximo já é distante / macia elevara-se antes / a luz da estrela vespertina." **• "Por entre campos e florestas de faia / ora cantando, ora satisfeito e calado / esteja antes de tudo alegTe / quem quer a via .* ** 42 Confira pág. 32 Confira a pág. 32. gem escolher." **»* "Quem quer a viagem escolher, esteja por entre os campos e florestas de faia cantando ou satisfeito e calado, antes de tudo alegre"; S|í'' é dispensável para a compreensão do todo. Quando se inter-' cala o que faltava, passam a coincidir a significação e a cons CÍ'f ,,; Na0 raro ficam Para atrás algumas palavras soltas, como • "Tote Lieb', tote Lust, tote Zeit." * trução gramatical. Em nossos exemplos, entretanto, seria im possível intercalar-se algo, sem falsear'o sentido lírico: na segunda estrofe de "Na Relva" de Annette von Droste, sem •qualquer relação com o que foi dito ou o que vem a seguir. "Von fern im Land der Stróme Gang." * Enfim o famoso refrão de Brentano: Se colocamos o "rauscht" (murmura), a frase ganha uma nitidez muito diferente da idéia do autor. Se, na primeira estrofe de "Na Relva", construímos com o verbo ser a oração subordinada de "wenn", dizendo "é doce quietude, é fluxo profundo, quando a nuvem no azul dissipa-se", vemos que o tom lírico resiste a este "é", e mesmo onde o poeta diz "é", "O Stern und Blume, Geist und Kleid, Lieb', Leid und Zeit und Ewigkeit.. ."** parece água da vida que o poeta deixa escorrer pelas mãos; . nada permanece intacto, nada conserva contornos definidos como fruto de uma existência lírica voltam, incessantemente, estaria dificilmente expressando um ser no sentido de exis • as mesmas palavras fugazes e cheias de mistérios. tência presente. Sem o tom pessimista, as palavras de Werther [_ Mesmo numa narração, se os laços entre as frases se per adaptam-se aqui: dem, sentimos o trecho como lírico. O "Julian" de Eichendorff, uma narrativa em versos, serve de exemplo: "Podes dizer" isto é, "quando tudo passa. . .?" "Drauf von neuem tiefes Schweigen, m Und der Ritter schritt voll Hast. .."*** coisas passageiras. Para êle, uma mulher não tem "corpo". Também no "Spiritus familiaris des Rosstãuschers" ("Spiritus Familiaris do Negociante de Cavalos") de Annette von Droste: "Tiefe tiefe Nacht, am Schreine nur der Maus geheimes Nagen rüttelt!" **** ir cante. Uma paisagem tem cores, luzes, aromãsTmas nem chTõt :. íSòmente no estilo patético, são também possíveis frases eS5a Xa2a?.'....e£LJ^^b. flao."P(^emos lembrar absolutamente / de^pmtufa^ rnas_no máximo de visões que surgem e se desfazem novamente, despreocupadas com as relações de espaço inteiramente diverso. O incompleto no estilo patético reflete uma exigência (conforme pág. 126). Q.poeta lírico não exige coisa alguma; ao contrário, êle cede. deixa-se_Ievar para onde P ,queira conduzir. Kl Seria incompreender essas riquezas lingüísticas interpre tá-las como (elipses. Um elipse indica que falta algo à estru tura gramaticãlTãlgo que pertence realmente à frase mas que . * "Amor morto, alegrias mortas, tempo morto." ** Confira pág. 34. Eada_Igsistente, nada de contornos. Tem talvez um •brilho" nos olhos e seios que o confundem, mas não tem um busto n^s^nüdo, de_uma..formajjástica e nenhuma fisionomia maf^ nem terra como_base1_Quando falamos nã~poesia lírica, por incompletas e até mesmo palavras soltas. Mas com sentido qJIüXa. arrebatador da "dispo.siçãj2-mímj_çal' (Stimmung) o outras palavras: para o poeta lírico não existe uma substância, mas apenas acidentes, nada que perdure, apenas e tempo.:1 Quando essas visões parecem mais fixas, como em muitas poesias de Gottfried Keller, sentimo-nos já muito afas tados do círculo fechado do lírico. Na canção de Goethe "À Lua", misturam-se espacial e temporalmente fatos próximos e longínquos, como também em "Im Frühling" ("Na Primave ra") de Mõrike e "Durchwachte Nacht" ("Noite de Vigília") de Droste. Chamamos a isso saltos da imaginação, como ten demos a falar em relação à linguagem de saltos gramaticais. Mas tais movimentos são saltos apenas para a intenção e para V;W£s »** "De novo silêncio profundo / e o cavaleiro cavalgava apres sado..." •«•♦"Noite profunda, na mercearia o único ruído é / o ro.v secreto do camundongo." 44 ^^ (f C-UP^ • '&uG ^^ísv^ £ Confira pâg. 32. Se longe no campo o movimento da corrente. D£ S. Ã^ "2,© Yh fc(f Tfi M^üo. c~;sflS fvivs m;<?iai\ 45 o espírito pensante. A_ahna não dá saltos, resvala. Fatos dislanciadosnela estão juntos Como se maniieluramHfln-rTsn n^S-SrmamSTSt ligação, já quTtôdjrás partes estão imersas no chma ouna "disposição anímlc^Mírita" que muitas situações possíveis adaptam-se aqui como base. Nos versos de Marianne von Willemer: ~ "Was bedeutet die Bewegung? Bringt der Ost mir frohe Kunde?" * (U^aft 'PC CO^ ® ^'c S ^OC?iOPr5 a biografia informa-nos que Goethe partiu de Frankfurt e que 4 o vento sopra agora como se fosse um mensageiro seu. Tal in S.AZF'1? f1C!l CareCC tã° P°UC0 ^ C0"eXÕeS logras nn,n. ^g^^ueesjarjnais. ou-^SoTêaasclfr, antes da f"tÓ"a Ini"ar-sT/Com muito mais razões, o autor dramático em que pressupor a existência de um teatro, e o que falta JesTZ:T°J° "acrescenta^ posteriormente; Um poe a pode também t0d° começar com uma espécie de exposição. formação pode aumentar o deleite que uma poesia proporcio na. Entretanto ela é dispensável, e a maioria dos leitores não a exige. Menos ainda lembrar-se-á alguém de perguntar a que localização do firmamento refere-se Goethe nos versos de Mignon: "Allein und abgetrennt slt"men?o°:r ^^ g°St3 de comunicar ° ensejo de um Von aller Freude, Seh ich ans Firmament Nach jener Seite ** "Hier lieg ich auf dem Frühlingshügel. .."* Mas tal não é necessário. "Gãrtner" ("O Tardineiro'") de Eichendorff começa logo com uma completa confissão de amor! "Wohin ich geh und schaue. ouálm,.1T P As canções de Mignon independem totalmente dos "Anos de Aprendizagem de Wilhelm Meister". Quantas pessoas admi ram-nas e cantam-nas sem ao menos conhecer o romance! Uma poesia pode • *# — começar até com "e' paginar a seu bel-prazer uma situação semelhantes: aÍop n-qUC C°mP°rte tais Palavras- caso sinta.se inclinado a uso e nao conheça a passagem da "Vida de um Vagabundo" C F MeSeerVerS°S *' SCgUem' ÁSSÍm C°mCÇa Um P0ema de contrariamente a todo uso racional "pois", "mas" ou outras conjunções "Und frische Nahrung neuses Blut...."*** "Denn was der Mensch in seinen Erdeschranken.. ."**** "Ais ob er horchte. Stille. Eine Ferne. . ." ***** "Geh nicht, die Gott für mich erschufl . Lass scharren deiner Rosse Huf Den Reiseruf!" *** Compreende-se qual a razão dessa falta de fundamentação. Em qualquer parte, no fluir de um dia descaracterizado, a existência transforma-se em música.^ o "ensejo" que levou Quem quer realizar a viagem? Quem está tentando reter a que parte? Só o percebemos muito indecisamente, de modo para * "Aqui estou, estendido sobre o monte.. 46 * "Só e afastada / de toda felicidade, ,/ olha o firmamento / aquele lado." •• *• "Para onde quer que eu vá e olhe...' tP„ corcel Zl ,"Nâ? Vá!,' tU' /feitinha dei* para teu a ferradura o toqueP°r de partir." "Que significa o movimento? / O oriente traz-me boas novas?" mim, / deixa soar de **• •*** Confira pág. 29. "Pois o que o homem em seus limites..." "Como se escutasse. Silêncio. Uma distância..." 47 :^p^ne;a duimar lodo trecho autenticamente lírico de uma ^: j,poesia:de moineatojTal elTs^Jo^sTã^ãabnao-coS^tSh -d? vida. Deixai fundamentar biográfica, psicológka Sló glc, histónc, e biològi.camente. Goethe em "pSS e Vt dade explicita a partir do contexto biográfico o enseio de munas de suas poesias. Aêle aliam-se nfmesma tarefa seus estudiosos, zelosos em contribuir com ométodo. Essas cançcS ' JÍ^U4^ o£2ÊͧLiiâocon^i^^ ^^eensi^^tra.és-dcMexto. CompreensãQ-jngiaTaTto ^aeíostência. Nesses casos, justamente, não há apreensão pura Oque permite qualquer relacionamento é superestima- me;to\dTe2Hd0' GeraImente nã° éP°SSÍvel êsse Raciona mento e quando 1ele existe, o leitor só posteriormente dá-se í-mbVÍ T °S V£rKS caü5aram-lhe al^a ou consolo porque aütfnrE» V1V,C T0S condicionamentos. A uma leitura autentica, o próprio leitor vibra conjuntamente sem saber Sombra11 "* ^^^ razão ^gica. Sòme^en naovtbra em"^ umssono_comaotoa_exige razões. SòSemToque que seja dada todos os dias ao leitor. Folheamos uma coletâ o nea de canções. Nada nos comove. Os versos nos soam vazios e surpreendemo-nos com o poeta vaidoso que se deu ao trabalho VA de escrever tais coisas, catalogá-las e entregá-las a seus con .D temporâneos e à posteridadeQjòibitamente, porém, numa hora especial, uma estrofe ou toda uma poesia comove-nos. A esta juntam-se outras, e chegamos quase a reconhecer que é um grande poeta que nos fala. É oefeito de uma arte que nem nos retém.como a.épica, nenTejccita:..e._çausa__tuenj|oe^om5 a dramática.. O llriconos é incutido. Para a insinuação ser eficaz tõTgiíor.píÇ.LÇisa,iita£jndefeso, receptivo. ,I»o_açontece —quan- F'do sua alma está afinada com a do autõrTTortanto^i^oesia 'lírica manifesta-se como arte da soTfcTãpTjque em estado puro é recèptàda" apenas por pessoas que interiorizam essa solidão. AÍcanção de amoi\ em que um poeta dirige-se à amada um "você", que o eu sabe não terá eco. O ouvinte pode naturalmente s_e,r_p_rep_arado para_ajjdis- posição anímica"T"l"5te"ér3o ponto de vista do poeta,'o sentido ',,S° P°?ta lírÍC°! PròPriame"te, "ao importa se um leitor compassos uma fórmula mágica que afasta o que não diz res peito ao texto e alivia o peso do coração. Eles abriram, com £^&-E colecionarTôTEaTBItaTnlo-^^ ura.contrasenso. Quando ovolume está pronto^, oque éqt opovo faz com êle? Podem-se declamarV^s líricas mas apenas como também se pode ler um drama teatral. Recita' iP0Cma ° nã° P°de ser-apreciado como mêTécT'. , ÍJJui!• Tacaamagorareatar,.diante de uma salaTn^-p^^ ^exclusivamente lírjjnr^sjmt^ma^e sempre umTlm^SSr sensibilidade |«iiinnri]^feg: Mas4umP£SSOas, trechoa,<**!» irl^slHSslíbT^ _deuma vida solitg^E mesmo este éZSEnZEã^Tú^ 48 l •3> I tf lírico só é possível quandcT~amã3"á"'é""poeta formam "um cora ção e uma alma". O lamento do amor não correspondido diz cía composição." de uma canção. Schubert, Schumann, Brahms, CaomDo5i?-SmH MZ-^y^^^2JEàlÍ^^^ .e anos é reün aa e entrêgliF^jTTrT^if^^ agu^um volume ^jg^^ôj^^JpSSlõ^^ ã> com um íntimo"võcT/jgrá^que ser incluída aqui. Um você ^^^^ ' ° Poeta lírico é solitário, não se T^^^J^J^^^ • CTr Hugo Wolf e Schoeck são mestres da arte de dar em poucos suas músicas, tesouros imensuráveis da poesia lírica ao povo de língua alemã. Ressalte-se Hugo Wolf, sempre atento à in terpretação mais fiel e que quase nunca negligenciou o texto do poeta. Mas.jmesmo numa_sala de conçêrt_Q._P._ouvinte fica a sós _çojn"ã_canção. Ela não aproxima as pessoas comojrma sinfonia de Haydn,_em que cada um se sente obrigado a. mclinar-sé para o vizinho, nem como uma .final de Beethoven _de^ que esperamos que possa levar todos a levantarem-se.jvum~lmpeto "decidido". Os" aplausos, aqui "situados, moíestam-nos após can ções líricas, pois sentíamo-nos solitários e somos forçados sü-' bitamente a estar de novo com outros. Goethe e Schiller, esforçando-se por encontrar as leis bá sicas que regem os gêneros dramáticos, partiram da relação entre o público de um lado, e as rapsódias e farsas do outro."11. Correspondência, 23 e 26 de dezembro de 1797. 49 £ ' rf C^LírÍCa,,K°m qUC n5° se Pre^param, rpoderíamos arir s acrmodo semelhante. Quem não se dirige a ninguém e se preocupa apenas com pessoas, esparsas-que'se encontram em idêntica disposição °™ 1 "^Jíio necessita da arte de convencer. AidéSdcllúco I^dmlgõ^gito retórico. Quem"d^eTá ièT^cêbW^ão gre, milagre!". Muito justo, pois qualquer verso lírico autên tico que se sustenta por milênios é um milagre inexplicável se?, «Sn ° C°ereme- ^^* ^ntirà como setiyfes. nentes consideram quase tudo que lhes mostram ruim. Quan do surpreendem uma boa poesia têm vontade de gritar: "mila- Qualquer sentido de comunidade, de verdade fundamentada de torça persuasiva ou de evidência, escapa-lhe. É o que há de mais privado, e de mais peculiar sobre o tema. E, contudo, W ^ ^ ebaIbUCÍa - -« cLo se consegue unir os ouvintes mais intimamente que qualquer outra palavra. Enquanto, porém, toda ppesia_autêntica mer gulha.até _a?_ profundezas do.lírico e reflete em" si a~unTdã"dd r^St^n\P°TqUe toca'nos ocasiona tã0 imediata. SídadV, n,COnh5.cim?nt°aP°eSÍa ^direto,Iírica discursivo, difi ^.n_lam.en^se_np imperscrutável de um "sünBêTl^aTun^Be'' culdades. Quer dizer: é fácil .compreender-se uma poesia ou melhor, não é fácil nem difícil, mas é algo que se dá pór S i iricnos°iul,dáálde ^°/IgUm- ^«anto^laU sobre versos o vj com a idéia de que sua alma é mais rica do que êle mesmo omoT à~ amada' eíP°nd° raZÕ6S lóSicas Paraíso. Asim sibrcaêrIesena°prpeC1a dC palavras U? arraZ°ad0' esforçar-se por exphcar veladas.também Aquelena°queneceaita se en contra em idêntica disposição afetiva, traz consigo Ta chave i desencadeia disposições inteiramente novas, jamais até então existentes. Precisa, todavia, ser apreensível e confortar o leitor supusera_ até então. A poesia lírica tem., portanto, que satisrci7Pr «VKTPnrinr o « *-n ™ A _ ; _ .T_ r» ' : " í ; :—: 3 • .31er_ex;glilc..Las_antagô^icas^,.Por outro lado, leitores expe que lhe fornece uma melhor visão do que a do mundo orde- sgej_; O julgamento muito dificilmente aíclm^Y^dV do lírico; vai, às vezes, apoiar-se em alguma outra coisa que tam bém faz parte da poesia, na significação do motivo básico ou JiumajnexátQra ousada. É aqui que se torna nítida a diferença dessa fonte originária (cf. pág. 163), tôda^e qualquer poesia peculiar, em que não é mais possível qual_quer explicação cia beleza e do correto, mas também não_ mais..éGnêçess"aFÍir ;-v";';. . . - 'i'< 5 ';V±\5\ ^=: H&\ °° Se a jdéia de lírico, semprejdêmica a si mesma, fun damenta tócTõs~õT'-fênomenos estilístiços~~l^é~lnr??r^rri>™ essa mesma idéia una e idêntica precisa ser revelada e ter cada uma de suas partes, mas no momento em que é com ,nome.TUnidade_jn;rejL_música_das palavras e de sua significai _çao; Huaç|çiJmediata_.do_lírico semTiêcêlslcT5cIeH3ê3cõmpíe_ensao (1); p^ngp_de_Jerr_am^r^è7TeTrdo_pelo reMoerepeti- dificuldade. O próprio objeto está situado no mesmo plano da linguagem, que esclarece e deduz. Épor isso que a Estética _tudo isto"7naTía" que tm^ohsíKJmcKJMIW~àl^má^mtx\tò. entre a poesia lírica e a dramática. Não é fácil a compreensão de um drama de Ibsen, Hebbel ou Kleist, nem é fácil penetrar preendido, a fundamentação deste .conhecimento não traz mais ocupa-se preferlvelmente do drama, enquanto a Lírica' tem não raro _uma existência .apócrifa, e é tratada com certo em- baraçõJDai também as grandes divergências quanto à valoraçao de poesias. Os mestres clássicos e românticos já não susci tam mais dúvidas. Contudo, com referência aos poetas novos ainda não consagrados, eclodem, vez por outra, disputas dê feição, extravagante, na medida em que ninguém "tenciona aceitar argumentos. O inexperiente sempre superestima poe-J>s dàCl <i i -uTiC- . r ••••'> .' ;' •- '.- , L os versos sao bons.LEmr_etan^aj>oesia autenticamente lírica .Singular. e_.irrepxoduzíveljComo um mdmJuum incffaHIê- l^^^aT^logamente dispostas, SsTSí SS fundamentação numa poesia lírica sóa tão ndehcada quanto a atitude de um apaixonado que declara i sias. Acha que também sente mais ou menos assim, e portanto JfOÊ.lÍe_pujrp_tipp_.(2) ; renúncVà^rênçiTgrãmatical, lógica e_Lqrmal_ (3) ; poesia_ da solidão compartilhada ap^HãspeTos E°HS£i..9.ue se enco^tralrTnrmèlmir^nsp^sTçao animica" (4)'; Examinemos tal afirmação mais minuciosamente e pro curemos reafirmá-la com novas provas: £ mais fácil começarmos notando que ojeitor de poesia ]íriça_não se coloca à distância. Não é possível "tomar-se polT^ ção contrária" ao elemento lírico de uma poesia. Êle nos co move ou nos deixa indiferentes. Emocionamo-nos com êle, quando estamos cm idêntica disposição interior. Em seguida s