LIVRO DE RESUMOS
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LIVRO DE RESUMOS
LIVRO DE RESUMOS 2013 Mensagem do Presidente Caros Colegas, Honrado com a presidência da XX Reunião do Núcleo de Medicina Interna dos Hospitais Distritais, tenho o maior prazer de em meu nome pessoal e da Comissão Organizadora, convidá-lo a estar presente no próximo mês de Outubro em Vila Nova de Famalicão. Os dois Serviços de Medicina do Centro Hospitalar do Médio Ave encarregues da organização desta Reunião tudo fizeram para elaborar um programa científico apelativo que em conjunto com variados e interessantes cursos pré-reunião estou certo propiciarão uma frutuosa troca de experiências, sempre valiosa ajuda da nossa prática clínica diária. Já lá vão 20 anos desde que se deu início a estas Reuniões; se é verdade que a realidade dos Serviços de Medicina dos então chamados Hospitais Distritais é hoje muito diferente, os objectivos que lhe estavam subjacentes são ainda válidos, eu diria mesmo mais prementes no actual contexto que vivemos. Por muito que discutamos a importância dos internistas no contexto hospitalar, nunca é demais fazê-lo face a uma realidade em constante e acentuada mudança. Esperamos por si Cordiais cumprimentos Mário Jorge Coelho 2 Índice POSTERS .............................................................................................................................................. 10 25 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO A ....................................................................................... 11 LIPOMATOSE FAMILIAR .......................................................................................................................... 12 HÉRNIA DE MORGAGNI .......................................................................................................................... 13 CARCINOMA DE CÉLULAS DE MERKEL – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. ..................................... 14 SARCOIDOSE: QUATRO FACES DE UMA MESMA DOENÇA. .................................................................... 15 SARCOIDOSE - UM CASO CARACTERÍSTICO ............................................................................................ 16 NÓDULOS SUBCUTÂNEOS DOLOROSOS, ARTRALGIAS E DOR TORÁCICA ............................................... 17 ADENOPATIAS CERVICAIS: A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. ...................................... 18 A PROPÓSITO DE UMA REACÇÃO ADVERSA A FÁRMACOS… ................................................................. 19 AMILOIDOSE SECUNDÁRIA ..................................................................................................................... 20 DERRAME PERICÁRDICO IATROGÉNICO À IMPLANTAÇÃO DE PACEMAKER .......................................... 21 TOXIDERMIA AO ALOPURINOL - SÍNDROME DE DRESS.......................................................................... 22 25 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO B ....................................................................................... 23 DIABETES MELLITUS: CASUÍSTICA DE UM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA ......................................... 24 LINFOMA DE BURKITT NO ADULTO ........................................................................................................ 25 MESOTELIOMA: CASO CLÍNICO .............................................................................................................. 26 DOENÇA DE HODGKIN, CAUSA DE SÍNDROME FEBRIL PROLONGADO ................................................... 27 O OSSO COMO PONTO DE PARTIDA ....................................................................................................... 28 OSTEÓLISE MÚLTIPLA ............................................................................................................................. 29 MIELOMA MÚLTIPLO - UMA FORMA RARA DE APRESENTAÇÃO ........................................................... 30 UM NÓDULO DIFÍCIL DE CARACTERIZAR ................................................................................................ 31 PENFIGOIDE BOLHOSO E NEOPLASIA BILIAR- ACASO OU CONSEQUÊNCIA ? ......................................... 32 COMPRESSÃO MEDULAR POR METÁSTASES VERTEBRAIS COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE CARCINOMA HEPATOCELULAR .............................................................................................................. 33 OSTEOARTROPATIA HIPERTRÓFICA COMO MANIFESTAÇÃO PRIMÁRIA DE ADENOCARCINOMA DO PULMÃO ................................................................................................................................................. 34 25 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO C ........................................................................................ 35 UM DESGOSTO, UM CORAÇÃO PARTIDO... A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ................................. 36 SINDROME PLATIPNEIA-ORTODEOXIA E FORAMEN OVAL PATENTE - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO .................................................................................................................................................. 37 3 HIPERTENSÃO RENOVASCULAR - CASO CLÍNICO .................................................................................... 38 ELECTROCARDIOGRAMA E CARDIOPATIA ISQUÉMICA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. ............ 39 DERRAME PERICÁRDICO IDIOPÁTICO CRÓNICO - CASO CLÍNICO ........................................................... 40 PERICARDITE RECORRENTE EM DOENTE COM BRONQUIECTASIAS ....................................................... 41 INFEÇÃO POR EPSTEIN BARR E IMUNOSSUPRESSÃO COM METROTREXATO - UM CASO DE APLASIA MEDULAR ADQUIRIDA ........................................................................................................................... 42 MENINGITE POR HERPES ZOSTER - UM DIAGNÓSTICO NEM SEMPRE PRESENTE .................................. 43 HIPERPLASIA SUPRARRENAL BILATERAL E HIPERTENSÃO ARTERIAL - CASO CLÍNICO ............................ 44 IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO .................................... 45 DISSECÇÃO DA AORTA - UM DIAGNÓSTICO A NÃO ESQUECER ............................................................. 46 25 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO D ....................................................................................... 47 ASPERGILOSE PULMONAR INVASIVA- A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ......................................... 48 ESPONDILODISCITE COMO CAUSA DE DOR DORSOLOMBAR- QUAL A ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA? ....................................................................................................................................... 49 IATROGENIA EM DOENTES VIH .............................................................................................................. 50 ASPERGILOMA NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA HEMOPTISE........................................................... 51 TRANSMISSÃO E APRESENTAÇÃO RARAS DE UMA DOENÇA AINDA COMUM ....................................... 52 NÃO ERA APENAS UMA CIATALGIA ........................................................................................................ 53 SÍNDROME NEFRÓTICA EM JOVEM DE 27 ANOS ................................................................................... 54 SÍNDROME FEBRIL- UM DESAFIO DIAGNÓSTICO ................................................................................... 55 FASCEÍTE NECROSANTE-UMA QUEDA ATRIBULADA .............................................................................. 56 LEPTOSPIROSE - UM CASO CLÍNICO ....................................................................................................... 57 SÍNDROME DE RAMSAY HUNT ............................................................................................................... 58 HEMATOMA RETROPERITONEAL ESPONTÂNEO – COMPLICAÇÃO IATROGÉNICA ................................. 59 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – GRUPO E ...................................................................................... 60 E TUDO O FOLATO LEVOU ...................................................................................................................... 61 DIARREIA AGUDA POR PANCREATITE CRÓNICA ..................................................................................... 62 EDEMA EXUBERANTE ............................................................................................................................. 63 AVC? A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. ....................................................................... 64 SÍNDROME MIELODISPLÁSICA EM DOENTE DE 48 ANOS ....................................................................... 65 RADICULOPATIA COMO MANIFESTAÇÃO INICIAL DE MIELOMA MÚLTIPLO A IMUNOGLOBULINA A ... 66 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO: SARCOMA DE TECIDOS MOLES - UMA ENTIDADE RARA E DEMOLIDORA ......................................................................................................................................... 67 4 TUMOR DE CÉLULAS GERMINATIVAS NÃO SEMINOMATOSO: A PROPÓSITO DE UM CASO .................. 68 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – GRUPO F ...................................................................................... 69 DISTÚRBIOS PRÓ-TROMBÓTICOS – DOIS CASOS CLÍNICOS EM DOENTES JOVENS ................................ 70 DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNA S: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ...................................................... 71 TROMBOSE DA VEIA CENTRAL DA RETINA, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ................................. 72 SINCOPE ................................................................................................................................................. 73 TUBERCULOSE PERITONEAL ................................................................................................................... 74 TUMOR DE KRUKENBERG: UM TUMOR RARO DO OVÁRIO ................................................................... 75 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO DE ANEMIA .................................................................................. 76 NO RASTO DA ANEMIA........................................................................................................................... 77 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – GRUPO G ..................................................................................... 78 POLIARTRITE NODOSA NA SUA FORMA CUTÂNEA: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO .................................. 79 UM CASO DE ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES EM DOENTE COM FEBRE SEM FOCO .......................... 80 DAS CEFALEIAS À POSSÍVEL SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDO ................................................................... 81 UM CASO DE MIASTENIA GRAVIS........................................................................................................... 82 VASCULITE LEUCOCITOCLÁSTICA CUTÂNEA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.............................. 83 UMA CAUSA DE AFTAS RECORRENTES ................................................................................................... 84 PORFIRIA CUTÂNEA TARDA – MANIFESTAÇÃO CUTÂNEA DE UMA DOENÇA SISTÉMICA ...................... 85 ARTRITE PSORIÁTICA - DESENHO DE UM CASO CLÍNICO ....................................................................... 86 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – GRUPO H ..................................................................................... 87 INSUFICIÊNCIA SUPRA-RENAL PRIMÁRIA - A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS ................................... 88 ESTADO CONFUSIONAL AGUDO E IONOGRAMA .................................................................................... 89 PARÉSIA FACIAL PERIFÉRICA, UMA MANIFESTAÇÃO RARA DE DIABETES INAUGURAL ......................... 90 SIADH EM DOENTE COM ANEURISMA GIGANTE DO SIFÃO CAROTÍDEO ............................................... 91 DIABETES INSÍPIDA EM DOENTE COM MIELOMA MÚLTIPLO ................................................................ 92 FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA: DESCRIÇÃO DE UM CASO CLÍNICO ............................................. 93 SINDROME PAPULOPURPURICO EM LUVA E PEÚGA ............................................................................. 94 DIABETES INSÍPIDA NEFROGÉNICA, UM CASO CLÍNICO DE INTOXICAÇÃO POR LÍTIO ............................ 95 26 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO I ......................................................................................... 96 CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA - REALIDADE DE UM HOSPITAL DISTRITAL .................................................. 97 REACÇÕES ADVERSAS A FÁRMACOS (HIPERSSENSIBILIDADE TARDIA) .................................................. 98 INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS – CASUÍSTICA DE UM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA .... 99 5 SÍNDROME DE SOBRECARGA DE FERRO............................................................................................... 100 A UTILIZAÇÃO DE CARBAPENEMES NUMA UNIDADE HOSPITALAR ..................................................... 101 CARACTERIZAÇÃO DA REFERENCIAÇÃO INTER-HOSPITALAR DO SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA DE UM HOSPITAL DISTRITAL ...................................................................................................................... 102 CARACTERIZAÇÃO DA REFERENCIAÇÃO INTER-HOSPITALAR DA URGÊNCIA DE MEDICINA INTERNA DE UM HOSPITAL DISTRITAL ...................................................................................................................... 103 HEPATITE B – CASUÍSTICA DE UMA CONSULTA DE MEDICINA INTERNA ............................................. 104 PROFILAXIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO - A REALIDADE DE UM SERVIÇO DE MEDICINA DE UM HOSPITAL DISTRITAL ............................................................................................................................ 105 ESTUDO DA MORTALIDADE HOSPITALAR DE UM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA ........................... 106 EXANTEMA FEBRIL APÓS ABCESSO FARÍNGEO .................................................................................... 107 26 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO J ...................................................................................... 108 SÍNCOPE - UM SINTOMA A VALORIZAR NO DOENTE IDOSO ................................................................ 109 DOR LOMBAR - UM SINTOMA COMUM PARA UMA PATOLOGIA GRAVE ............................................ 110 OSTEOMIELITE E ABCESSO DO PSOAS COMO RECIDIVA DE BRUCELOSE ............................................. 111 A IMPORTÂNCIA DE ESCUTAR OS DOENTES. PIOMIOSITE - CASO CLINICO .......................................... 112 ROTURA DE ANEURISMA MICÓTICO INTRACRANIANO EM DOENTE COM ENDOCARDITE BACTERIANA POR STREPTOCOCCUS SALIVARIS ......................................................................................................... 113 ABCESSOS HEPÁTICOS EM CUIDADOS INTENSIVOS: DOIS CASOS CLÍNICOS ........................................ 114 DOENÇA ATEROEMBÓLICA RENAL: UMA ENTIDADE ESQUECIDA! ...................................................... 115 OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA COMO COMPLICAÇÃO DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA. ..................... 116 AFINAL NÃO ERA APENAS UMA “GRIPE”…........................................................................................... 117 ANEMIA PERNICIOSA – CASO CLÍNICO ................................................................................................. 118 UM CASO DE PARAPLEGIA ASSOCIADA A CHOQUE SÉPTICO ............................................................... 119 26 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO K...................................................................................... 120 ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA ..................................................................................................... 121 ERITEMA NODOSO: UM SINAL CUTÂNEO DE TUBERCULOSE – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. 122 PNEUMONIA CRIPTOGÉNICA ORGANIZATIVA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ......................... 123 CEFALEIA…NÃO DESVALORIZAR… ........................................................................................................ 124 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL, ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO E ANEMIA – QUANDO REALIZAR ENDOSCOPIA? ...................................................................................................................................... 125 CORTICOTERAPIA E PSEUDOTUMOR CEREBRI ..................................................................................... 126 DISPNEIA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO .................................................................................. 127 QUANDO O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PARECEM AGRAVAR A DOENÇA ..................................... 128 6 CEFALEIA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA (SU) – A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. ........ 129 TUBERCULOSE PLEURO-PULMONAR – UM CASO CLÍNICO .................................................................. 130 NEUROSSÍFILIS: UM DESAFIO CLÍNICO ................................................................................................. 131 26 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO L ...................................................................................... 132 LEUCOENCEFALOPATIA MULTIFOCAL PROGRESSIVA EM DOENTE COM SIDA ..................................... 133 TROMBOSE DA VEIA PORTA: REVISÃO DA LITERATURA A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ............ 134 A ESPONDILODISCITE ........................................................................................................................... 135 DORSALGIA PSICOSSOMÁTICA QUE AFINAL ERA BRUCELOSE – CASO CLÍNICO ................................ 136 Conclusão: A Brucelose pode atingir várias articulações de forma assimétrica, sobretudo grandes articulações de carga, nomeadamente da coluna dorsal como neste caso. No caso da doente apresentada, salien-se a ausência de febre ou sintomas constitucionais e as queixas desproporcionais ao exame físico normal. Questiona-se a sensibilidade diagnóstica da TC na espondilite. ................... 136 HEPATITE AGUDA – A PROPOSITO DE UM CASO CLÍNICO ................................................................... 137 HUNGRY BONE SYNDROME – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO .................................................... 138 ANEMIA PERNICIOSA E INFECÇÃO POR HIV ......................................................................................... 139 COMUNICAÇÕES ORAIS ..................................................................................................................... 140 25 DE OUTUBRO ÀS 08:30 HORAS – SALA 1 ....................................................................................... 141 SÍNDROME DE HEYDE - A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS .............................................................. 142 PNEUMONIA OU NÃO... EIS A QUESTÃO .............................................................................................. 143 HEMORRAGIA DIGESTIVA + FEBRE + LOMBALGIA = BRUCELOSE ? ...................................................... 144 A HEMOCROMATOSE E A HIPERTENSÃO ARTERIAL ............................................................................. 145 SÍNCOPE COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE EMBOLIA PULMONAR: UM SINTOMA ESQUECIDO . 146 UMA CAUSA RARA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA ....................................................................... 147 CRÓNICAS DE GÉMEO .......................................................................................................................... 148 ESPONDILARTROPATIA INDIFERENCIADA NUMA DOENTE FIBROMIÁLGICA ....................................... 149 MENINGOENCEFALITE A S. PNEUMONIAE FATAL E RAPIDAMENTE PROGRESSIVA EM DOENTE JOVEM ............................................................................................................................................................. 150 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – SALA 1 ....................................................................................... 151 UMA CAUSA INCOMUM DE SÍNDROME FEBRIL INDETERMINADA ...................................................... 152 DOENÇA DE PAGET – UM DESAFIO DIAGNÓSTICO. ............................................................................. 153 PIODERMA GANGRENOSO ASSOCIADO A ARTRITE REUMATÓIDE – TRATAMENTO COM ADALIMUMAB ............................................................................................................................................................. 154 LESÃO RENAL AGUDA - DEAFIO DIAGNÓSTICO .................................................................................... 155 7 GOTA POLIARTICULAR OU ARTRITE REUMATÓIDE? ............................................................................ 156 SÍNDROME NEFRÓTICO EM DOENTE COM ARTRITE REUMATÓIDE: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO ....... 157 25 DE OUTUBRO ÀS 08:30 HORAS – SALA 2 ....................................................................................... 158 RELEVÂNCIA DA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA DE UM HOSPITAL DISTRITAL ............................................................................................................................ 159 IMPACTO DA VARIABILIDADE DA HBA1C NA FUNÇÃO RENAL DE DOENTES INSULINOTRATADOS...... 160 AUDITORIA À PROFILAXIA DA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM DOENTES INTERNADOS NUM SERVIÇO DE MEDICINA ......................................................................................................................... 161 IMUNODEPRESSÃO EM DOENTES COM PNEUMONIA ......................................................................... 162 VIA VERDE AVC NO SERVIÇO DE URGÊNCIA ......................................................................................... 163 PROFILAXIA DAS ÚLCERAS DE STRESS – AUDITORIA NUM SERVIÇO DE MEDICINA – DOIS ANOS DEPOIS… ............................................................................................................................................... 164 INFEÇÃO DO TRATO URINÁRIO ASSOCIADO A ALGALIAÇÃO NUM SERVIÇO DE MEDICINA ................. 165 SOBRECARGA DE FERRO E CIRROSE – QUAL O CONTRIBUTO DAS MUTAÇÕES DO GENE HFE? ........... 166 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – SALA 2 ....................................................................................... 167 MICROALBUMINÚRIA NO AVC AGUDO ................................................................................................ 168 IMPACTO DO INÍCIO DA INSULINOTERAPIA NA HbA1c ........................................................................ 169 PAC e PACS - Há de facto diferenças? .................................................................................................. 170 NÍVEIS DE GLICÉMIA CAPILAR E PROGNÓSTICO DO DOENTE COM AVC .............................................. 171 VIA VERDE CORONÁRIA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA ............................................................................ 172 26 DE OUTUBRO ÀS 08:30 HORAS – SALA 1 ....................................................................................... 173 CIRROSE HEPÁTICA OU DOENÇA AGUDA? – CASO CLÍNICO ................................................................. 174 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO DE HISTIOCITOSE DAS CÉLULAS DE LANGERHANS ..................... 175 CARCINOMA NEUROENDÓCRINO POUCO DIFERENCIADO .................................................................. 176 SÍNDROME STEVENS-JOHNSON: QUANDO O MAL VEM DA CURA ...................................................... 177 METÁSTASES CUTÂNEAS COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE NEOPLASIA MALIGNA OCULTA ...... 178 ERITEMA NODOSO COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE SARCOIDOSE ............................................ 179 PERDA DE PESO & PERDA DE TEMPO .................................................................................................. 180 HEPATITE AUTOIMUNE - CASO CLÍNICO .............................................................................................. 181 CONTROLO SINTOMÁTICO NA PORFIRIA CUTÁNEA TARDA FAMILIAR: RELATO DE 3 CASOS .............. 182 26 DE OUTUBRO ÀS 08:30 HORAS – SALA 2 ....................................................................................... 183 SÍNDROME ANTI-FOSFOLIPÍDICA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ............................................ 184 CASO CLINICO DE ENDOCARDITE INFECCIOSA EM DOENTE JOVEM .................................................... 185 8 DERRAME PLEURAL NUM JOVEM SAUDÁVEL ...................................................................................... 186 ESPONDILODISCITE CERVICAL: RELATO DE UM CASO .......................................................................... 187 ANASARCA E ALCOOLISMO CRÓNICO: NEM SEMPRE É CIRROSE HEPÁTICA ........................................ 188 PERICARDITE AGUDA POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS METICILINO RESISTENTE (MRSA) – CASO CLÍNICO ................................................................................................................................................ 189 ABCESSO PULMONAR........................................................................................................................... 190 LINFADENITE CERVICAL – UMA FORMA INVULGAR DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA ............................... 191 ÍNDICE ORDEM ALFABÉTICA .............................................................................................................. 192 9 POSTERS 10 25 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO A 11 LIPOMATOSE FAMILIAR Autor: Ana Filipa Matos Co-Autores: Vanisa do Rosário, Joana Devesa Parente, Cristina Esteves, Luís Siopa Apresentador: Ana Filipa Matos Hospital: Hospital de Santarém, EPE Serviço: Medicina IV Tipo de trabalho: poster Descreve-se um caso clínico de lipomatose múltipla familiar num homem de 56 anos de idade, com antecedentes de doença hepática crónica de etiologia etanólica, que apresentava lipomas generalizados localizados na região cervical posterior, escapular, membros superiores, tronco, região glútea e coxas, de aparecimento progressivo desde os 30 anos de idade. Na história familiar referia lesões semelhantes na mãe. Analiticamente salientava-se a presença de hiperuricemia e hipertrigliceridemia. A lipomatose múltipla familiar é uma doença rara caraterizada por lipomas na região cervical, membros superiores, tronco e coxas, causada por um defeito genético de transmissão autossómica dominante. Os lipomas são de crescimento lento, variam no tamanho, são habitualmente indolores e aumentam em número com a idade. É uma doença benigna com diagnóstico clínico. Está descrita a associação entre lipomatose múltipla familiar e alterações analíticas, nomeadamente hiperuricemia e hipertrigliceridemia. O tratamento (excisão cirúrgica, remoção endoscópica e/ou lipossucção) realiza-se apenas por complicações locais ou razões cosméticas. 12 HÉRNIA DE MORGAGNI Autor: Ana Filipa Matos Co-Autores: Vanisa do Rosário; Inês Pereira; Cristina Esteves; Luís Siopa Apresentador: Ana Filipa Matos Hospital: Hospital de Santarém, EPE Serviço: Medicina IV Tipo de trabalho: poster Mulher de 82 anos de idade com antecedentes de doença hepática crónica, internada por infeção respiratória. A radiografia de tórax mostrava imagem de condensação na base do campo pulmonar direito. Apesar da melhoria clínica observada durante o internamento e por persistência da imagem radiológica, realizou-se tomografia axial computorizada (TAC) do Tórax que revelou a presença de volumosa hérnia do hiato e descontinuidade do diafragma com insinuação torácica do epiplon e de líquido ascítico, traduzindo a presença de hérnia anterior – Hérnia de Morgagni. A Hérnia de Morgagni é uma hérnia diafragmática congénita, rara, predominantemente de localização direita, com passagem de estruturas e/ou vísceras abdominais através do forâmen de Morgagni. Habitualmente é assintomática, tratando-se de um achado radiológico. Quando sintomática pode provocar sintomas cardiorrespiratórios e/ou gastrointestinais. O diagnóstico faz-se por imagem, sendo a TAC-Tórax uma excelente ferramenta diagnóstica. O tratamento é cirúrgico e deve realizar-se independentemente da presença de sintomas, de modo a evitar-se complicações. 13 CARCINOMA DE CÉLULAS DE MERKEL – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. Autor: Andreia Coelho Co-Autores: Sónia Carvalho Trigo Faria Apresentador: Andreia Coelho Hospital: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: O carcinoma de células de Merkel (CCM) é um tumor neuroendócrino raro e maligno da pele. A sua etiologia permanece desconhecida. O CCM apresenta-se, normalmente, em pacientes idosos e mais localizado na região do pescoço-cabeça, extremidades e tronco. Pode estar associado a outras patologias malignas cutâneas, tais como a doença de Bowen, carcinoma das células escamosas e basocelular e, até mesmo, ao melanoma. A excisão do tumor primário é o tratamento de escolha, seguido de radioterapia (RT). Contudo, é ainda controversa a biópsia do gânglio sentinela e, existem discrepâncias sobre as margens de excisão. Caso clínico: Doente do sexo masculino de 89 anos, com diversas co-morbilidades, incluindo um carcinoma das células de Merkel a nível da região parotídea esquerda, previamente excisado em Março de 2012. Em Maio, é colocada a hipótese de recidiva do CCM devido à presença de um pequeno nódulo na região do pavilhão auricular esquerdo, doloroso, acompanhado por diversas lesões nodulares descamativas dispersas pela face e couro, a aguardar RT. Admitido no internamento de Medicina, em Julho de 2012, por DPOC agudizada por traqueobronquite aguda e quadro de dor abdominal com elevação das provas de biologia hepática. Ao exame objetivo apresentava uma volumosa lesão vegetante, dolorosa, na região parotídea esquerda e hepatomegalia palpável. No internamento, realizou TAC cervical e abdominal onde se constatou provável recidiva de CCM com metastização ganglionar e hepática difusa. O doente apresentou evoluiu desfavoravelmente ao longo do internamento, acabando por falecer. Conclusão: Pretendemos com este caso abordar um tipo de carcinoma que, atualmente, a detecção precoce parece ser o único método eficaz e determinante na sobrevida dos pacientes, dado o seu rápido crescimento. Contudo, ainda existe uma grande necessidade de estudo sobre esta doença e a sua abordagem terapêutica. 14 SARCOIDOSE: QUATRO FACES DE UMA MESMA DOENÇA. Autor: Andreia Coelho Co-Autores: Renata Silva, Sónia Carvalho, Trigo Faria Apresentador: Andreia Coelho Hospital: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A sarcoidose é uma doença inflamatória multissistémica de etiologia desconhecida que afeta, predominantemente, os pulmões e gânglios linfáticos intratorácicos. Manifesta-se pela presença de granulomas não caseosos nos tecidos dos órgãos afetados. A sua apresentação depende da extensão e severidade do órgão atingido, e cerca de 5% dos doentes são assintomáticos. Caso clínico: Descrevem-se, de seguida, quatro casos clínicos. O primeiro caso, trata-se de uma doente de 54 anos admitida ao internamento por um derrame pericárdico para estudo. Após investigação etiológica, são detetadas múltiplas adenomegalias mediastínicas, peri-aórticas abdominais e retroperitoneais em TAC toraco-abdominal. A doente foi enviada à Cirurgia para realização de mediastinoscopia e avaliação de adenomegalias. A histologia revelou alterações sugestivas de sarcoidose, tendo iniciado corticoterapia com boa resposta. O segundo caso, refere-se a uma doente de 41 anos enviada à consulta de Medicina por suspeita de sarcoidose, após histologia compatível de adenopatia supraclavicular excisada. Objetivamente, apresentava lesões de eritema nodoso nos membros inferiores. Iniciou corticoterapia, com boa resposta inicial. O terceiro caso trata-se de um doente de 49 anos, admitido ao serviço de Medicina por hipercalcémia grave sintomática. Após investigação exaustiva, assumiu-se o diagnóstico de sarcoidose. Iniciou corticóide com evolução favorável. Por fim, uma jovem de 30 anos é internada por lesões nos membros inferiores compatíveis com eritema nodoso e adenomegalia cervical. Iniciou investigação no internamento, ficando referenciada a consulta externa. Assumiu-se diagnóstico de sarcoidose após histologia de adenopatia compatível e lavado broncoalveolar. Mantém-se assintomática e sem tratamento. Conclusão: Este trabalho visa ilustrar a heterogeneidade clinica da sarcoidose. Pretendemos mostrar a sua abordagem diagnóstica, tratamento e follow-up. 15 SARCOIDOSE - UM CASO CARACTERÍSTICO Autor: Rita Rei Neto Co-Autores: Rosa Ferreira, Marta Bastos, Ana Clara Coelho, Marta Sousa, Vitor Paixão Dias Apresentador: Rita Rei Neto Hospital: Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A sarcoidose é uma patologia multissistémica cuja etiologia permanece desconhecida. Com uma incidência 6 a 10/100.000, afeta tipicamente jovens adultos, sendo caracterizada pela presença de granulomas não-caseosos. Caso clínico: Mulher de 27 anos, obesa, com dislipidemia mista, sem medicação crónica. Recorreu ao serviço de urgência por lesões compatíveis com eritema nodoso, com dois meses de evolução, de carácter progressivo, associadas a artralgias dos tornozelos e celulite do tornozelo esquerdo. Completou ciclo de antibioterapia empírica com ceftriaxone e clindamicina, com resolução do quadro infecioso. Do estudo realizado destaca-se, gonadotrofina coriónica humana negativa, velocidade de sedimentação aumentada (76 mm) e alargamento do mediastino, com reforço hilar bilateral à telerradiografia do tórax. A tomografia torácica de alta resolução documentou uma banda fibrótica nos lobos inferiores, com múltiplas formações adenopáticas mediastínicas e hilares, a maior com 36mm, compatível com um quadro de sarcoidose grau I (classificação de Siltzbach). Enzima conversora da angiotensina normal, broncofibroscopia sem alterações e lavado bronco-alveolar com relação CD4/CD8 elevada (18,4). Efetuada biópsia de quatro gânglios, revelando granulomas sem necrose, compatíveis com sarcoidose. Inicialmente, optou-se pela terapêutica com antiinflamatórios não esteroides, mas devido à persistência da sintomatologia exuberante, e apesar do risco cardiovascular, instituiu-se corticoterapia. Discussão e Conclusões: Os autores fazem uma revisão sobre a clínica, abordagem diagnóstica e terapêutica da Sarcoidose, no contexto de um caso típico descrito, com envolvimento pulmonar e cutâneo. A remissão espontânea da doença é o mais comum, mas a doença pulmonar progressiva está presente num 1/4 dos doentes, com falência de órgão em cerca de 10%, sendo importante um diagnóstico assertivo e antecipado da doença. 16 NÓDULOS SUBCUTÂNEOS DOLOROSOS, ARTRALGIAS E DOR TORÁCICA Autor: Ana Rita Cambão Co-Autores: Cátia Barreiros, Irene Miranda, Edgar Torre, Carmélia Rodrigues, Diana Guerra Apresentador: Ana Rita Cambão Hospital: Unidade Local de Saúde do Alto Minho – Hospital de Santa Luzia Serviço: Serviço de Medicina 1 Tipo de trabalho: poster Introdução: A sarcoidose é uma doença multissistémica, de etiologia desconhecida, caracterizada pela presença de granulomas não caseosos em vários órgãos. Afecta preferencialmente os pulmões e gânglios linfáticos. As lesões cutâneas estão presentes em 2530% dos doentes e têm uma expressão clinica variável: eritema nodoso, nódulos subcutâneos, placas, máculas e pápulas. Caso clinico: Mulher de 54 anos, internada por nódulos dolorosos na perna direita, artralgias nos tornozelos e astenia com 3 semanas de evolução. Referia toracalgia pleurítica e dispneia de esforço nos últimos 2 dias. Ao exame físico: edema do membro inferior direito até ao joelho e nódulos subcutâneos, ligeiramente eritematosos, duros e dolorosos, com cerca de 2-3cm, um na face externa do joelho e dois na face tibial anterior; sem febre. Do estudo efectuado destaca-se: velocidade de sedimentação e enzima conversora da angiotensina elevadas; estudo imunológico negativo; radiografia do tórax com alargamento hilar bilateral; tomografia computorizada torácica com adenomegalias mediastínicas e peri-hilares bilaterais; estudo imunológico do lavado broncoalveolar a mostrar alveolite linfocítica, com relação CD4/ CD8 elevada (5.7). Biópsia de nódulo cutâneo revela granulomas não caseosos. Estabelecido diagnóstico de sarcoidose estadio I, com envolvimento pulmonar, ganglionar e cutâneo. Iniciou terapêutica com anti-inflamatórios não esteróides, com melhoria clínica e analítica. Seguida na consulta de medicina interna. Mantém-se assintomática, sem necessidade de medicação. Conclusão: A associação de lesões da pele a sintomas respiratórios e radiografia torácica com alargamento hilar bilateral levou a considerar a sarcoidose como diagnóstico provável. A biópsia de nódulo subcutâneo confirmou a doença granulomatosa. Salienta-se neste caso a forma de apresentação cutânea. 17 ADENOPATIAS CERVICAIS: A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. Autor: Ricardo Lavajo Co-Autores: Marlene Delgado, Helena Vitória, Marina Bastos Apresentador: Ricardo Lavajo Hospital: Centro Hospitalar Tondela-Viseu Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: Linfoma Hodgkin é uma neoplasia linfoide que se origina a partir de células B do centro germinativo. Apresenta 2 picos de incidência na 3ª década de vida e a partir dos 45 anos, afectando de igual modo ambos sexos. Identificaram-se vários factores de risco: genéticos, imunológicos e infecciosos dos quais se destaca a infecção pelo virus de Epstein Barr. A maioria dos doentes refere adenopatias assintomáticas, cerca de ⅓ apresentam sintomas B e de forma infrequente surgem sintomas como a tosse, prurido, dor torácica, dor adenopática, síndromes paraneoplásicos ou a febre de Pel-Ebstein. No exame objectivo destaca-se a presença de adenopatias em 80% dos casos cervicais, esplenomegalia em cerca de 30% dos casos e hepatomegalia em apenas 5%. O diagnóstico realiza-se por exame histológico de biópsia ganglionar, estando apenas indicada a biópsia de medula óssea em caso de estadios avançados ou presença de sintomas B ou citopenias. Para o tratamento recorre-se a quimioterapia, monitorizando a resposta com PET. CASO CLINICO: Homem de 20 anos, sem antecedentes pessoais de relevo, fumador. Recorreu ao SU por tumefacção laterocervical esquerda indolor e com crescimento progressivo em 2 meses, sem outras queixas. A ecografia cervical mostrou complexo adenopático laterocervical esquerdo. A abordagem diagnóstica compreendeu estudo analítico que apenas revelou infecção antiga pelo EBV, TC toraco-abdomino-pélvica que não revelou a presença de outras adenopatias bem como de visceromegalias e procedeu-se à Biopsia de adenopatia cervical que permitiu o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin, fenótipo clássico. Orientado para a consulta de Hematologia, que prescreveu quimioterapia com remissão completa há 1 ano. CONCLUSÃO: Destaca-se o caso pela importância de realizar estudo etiológico de adenomegalias cervicais principalmente se assimétricas e indolores, uma vez que frequentemente são o primeiro sinal de alerta de doença hemato-oncológica, mesmo em doentes jovens. 18 A PROPÓSITO DE UMA REACÇÃO ADVERSA A FÁRMACOS… Autor: Tiago Meirinhos Co-Autores: Raquel Moreira Cruz; Tatiana Rodrigues; Gorete Jesus; Manuela Loureiro; Rosa Jorge, Alberto Pinto Apresentador: Tiago Meirinhos Hospital: Centro Hospitalar Baixo Vouga Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster As reacções adversas a fármacos (RAF) são um problema comum na prática clínica. A síndrome de Stevens Johnson (SSJ) e a Necrólise Epidermóide Tóxica (NET) são dermatoses mucocutâneas pouco frequentes (1-3casos/milhão), que resultam na maioria das vezes da administração de fármacos. A SSJ e NET são variantes do mesmo padrão de sensibilidade, caracterizadas por exantema maculopapular, com bolhas que podem evoluir para erosões cutâneas extensas, com envolvimento frequente das mucosas oral, conjuntival e outras. Doente do sexo feminino, 57 anos, auxiliar de acção escolar, antecedentes de hipertensão arterial, fibrilhação auricular, hipotiroidismo e hiperuricémia, com a medicação habitual (MH): Dabigatrano; Bisoprolol; Candesartan; Furosemida; Levotiroxina; Aminofilina e Alopurinol. Recorreu ao Serviço de Urgência com quadro de erupção cutânea maculopapular, com bolhas cutâneas extensas, algumas ulceradas com predomínio nos membros, 1/3 superior do tronco, face e erosões da mucosa oral e conjuntival, com febre e com evolução de 48 horas. Apresentava discreta leucocitose neutrofílica 13200/10800. Assumiu-se RAF do tipo SSJ e a doente foi internada. Da MH apenas o alopurinol havia sido iniciado recentemente (4 semanas) pelo que foi suspenso. Realizou biopsia cutânea e iniciou tratamento com Metilprednisolona 240mg/dia e cuidados tópicos, com evolução favorável. O resultado anatomo-patológico confirmou as suspeitas, com alterações sugestivas de SSJ ou NET. A doente foi avaliada 6 semanas após a alta, com resolução completa das lesões. Este caso ilustra uma situação clínica pouco frequente, mas que pela sua gravidade obriga a um reconhecimento clínico e tratamento atempados e deverá colocar o médico de alerta, valorizando sempre as alterações recentes na MH e potenciais RAF. O alopurinol é dos fármacos que mais frequentemente causa SSJ e NET. 19 AMILOIDOSE SECUNDÁRIA Autor: Bruno Ferreira Co-Autores: Catarina Louro, Tiago Camacho, Violeta Goric, Ana Silva, José Lino, Zara Soares, Gilda Nunes, Liliana Santos, Antónia Furtado, Manuel Veiga, José Barata. Apresentador: Bruno Ferreira Hospital: Vila Franca de Xira Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A amiloidose secundária é uma patologia rara com incidência de 0,5 a 0,86%. Resulta de um processo infeccioso ou inflamatório crónico que estimula a síntese hepática de amilóide A sérico. As principais patologias associadas são a artrite reumatóide, doença inflamatória intestinal e tuberculose. Clinicamente manifesta-se por quadro de insuficiência cardíaca, síndrome nefrótico e doença hepática crónica. O tratamento consiste no controlo do estímulo inflamatório. Os autores reportam dois casos de amiloidose secundária que motivaram internamentos por descompensação do ponto de vista cardíaco e hepático. O primeiro caso reporta-se a uma doente de 58 anos, com história pessoal de síndrome do anticorpo antifosfolipídio, trombose venosa cerebral e hipertensão arterial; internada por quadro de dificuldade respiratória e edemas dos membros inferiores. Analiticamente: pancitopenia, agravamento da função renal e hepática, pró-BNP 4992 e pico gama policlonal. Imagiologicamente: derrame pleural esquerdo, hepatoesplenomegália e ascite. O segundo caso reporta-se a uma doente de 82 anos, com história pessoal de artrite reumatóide, Hepatite B crónica e estenose aórtica ligeira; internada por quadro de prostração, dificuldade respiratória e icterícia. Analiticamente: aumento da bilirrubina directa, elevação das transaminases, INR 1,70, pró-BNP 1195 e pico gama policlonal. Imagiologicamente: ascite moderada, alterações sugestivas de hepatopatia crónica e derrame pleural esquerdo. Em ambos os casos, dada a evolução clinica desfavorável com insuficiência cardíaca intratável, discrasia hemorrágica, agravamento da função renal e hepática, colocou-se a hipótese diagnóstica de amiloidose. As biópsias da gordura abdominal confirmaram a presença de amilóide AA. As doentes acabaram por falecer. Trata-se de um diagnóstico de exclusão, mas que deve ser reconhecido precocemente para evitar investigações fúteis que afastam da verdadeira causa da sintomatologia e do tratamento adequado. 20 DERRAME PERICÁRDICO IATROGÉNICO À IMPLANTAÇÃO DE PACEMAKER Autor: Ricardo Lavajo Co-Autores: Ricardo Lavajo, Paula Sousa, Marlene Delgado, Luís Santos, Marina Bastos Apresentador: Ricardo Lavajo Hospital: Centro Hospitalar Tondela-Viseu Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: A perfuração cardíaca é uma complicação reconhecida da implantação de dispositivos intra-cardíacos inclusive pacemaker (PM). É rara, pois a incidência de derrame pericárdico sintomático após a implantação de PM varia entre 0,3-2%.A maioria das perfurações ocorre no período precoce (primeiras 24h) contudo tendo em conta, casos relatados em fase tardia, deduz-se que a verdadeira incidência de perfuração cardíaca assintomática possa ser mais elevada que o reportado. O síndrome de pós-lesão cardíaca caracterizado por um processo de pericardite resultante de uma reação de hipersensibilidade tardia com período de latência prolongado desde a lesão cardíaca até ao início dos sintomas pode estar implicado em alguns casos de derrame pericárdico pós implantação de PM. CASO CLÍNICO: Mulher de 78 anos, submetida a implantação de PM há 3 meses por doença de nó sinusal. Quadro com 1 mês de dispneia e cansaço para pequenos esforços e tosse seca. Objectivou-se hipofonese dos sons cardíacos. Por suspeita de derrame pericárdico no Rx tórax realizou ecocardiograma que confirmou a hipótese. O estudo analítico e imagiológico foi inconclusivo relativamente à etiologia do derrame pelo que procedeu-se a pericardiocentese com saída de líquido hemático, exsudado, negativo células neoplásicas e amicrobiano. Após este procedimento, houve redução franca com posterior resolução do derrame pericárdico. DISCUSSÃO: Tendo em conta que foram excluídas as múltiplas causas de derrame pericárdico hemático, considerou tratar-se de um derrame pleural iatrogénico à implantação de pacemaker, sendo mais plausível ser decorrente de processo imunológico, dado que nem no ecocardiograma nem na TC torácica foi evidente a existência de lesão cardíaca, a existência de sinais imagiológicos de pericardite, a presença de padrão analítico inflamatório e a ocorrência tardia do derrame após o procedimento. 21 TOXIDERMIA AO ALOPURINOL - SÍNDROME DE DRESS Autor: Diana Gaspar Abreu Co-Autores: Miguel Gouveia, Artur Gama Apresentador: Diana Gaspar Abreu Hospital: Centro Hospitalar Cova da Beira Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: poster A síndrome de DRESS (Drug related eosinophilia and systemic symptoms) é uma reacção de hipersensibilidade por fármacos, rara mas potencialmente fatal, associada a Antiepilépticos e Alopurinol. Consiste em erupções cutâneas, alterações hematológicas (eosinofilIa, linfocitose), adenopatias e atingimento orgânico (hepático, renal, pulmonar). Homem, caucasiano, 66 anos, recorre ao Serviço de Urgências do CHCB por exantema maculopapular com 2 semanas de evolução, de início nas regiões inguinais e lombar, progressivamente generalizado e confluente. Associadamente com prurido intenso e febre (38ºC) com 1 dia de evolução. Tinha iniciado Alopurinol 3 semanas antes. Antecedentes: Diabetes Mellitus tipo 2, Nefropatia Diabética, Hipertensão arterial, Doença Pulmonar obstructiva crónica e Doença Coronária. Apresentava exantema maculopapular generalizado, confluente no tronco e dorso, e lesões purpúricas nos membros inferiores. Lesões na face compatíveis com dermatite seborreica. Sem atingimento mucoso, ou adenopatias palpáveis. Estudo complementar: eosinofilia 13.9%, Ureia 153 mg/dL, Creatinina de 3.8 mg/dL, TGO 56 mg/dL, TGP 48 mg/dL, LDH 662 mg/dL, PCR 0.82 mg/dL. Transferido para o Serviço de Dermatologia, Hospitais Universidade de Coimbra. Após Corticoterapia evoluiu inicialmente de forma favorável, clínica e analiticamente, com resolução das lesões cutâneas. Ao 10º dia teve pico febril (39,2ºC), tonturas e vómitos. Sem foco infeccioso evidente, cumpriu inicialmente 4 dias de Meropenem. O estudo etiológico revelou hemoculturas positivas para Staphylococcus Aureus resistente a Meticilina, pelo que iniciou Linezolide conforme antibiograma. Ao 21º dia apresentou novo pico sub-febril (37.8ºC) associado a exantema maculopapular pruriginoso no tronco. Analiticamente com eosinofilia, restante estudo etiológico sem alterações, nomeadamente Citomegalovirus e Epstein-Barr virus negativos. Reiniciou corticoterapia com boa evolução até à data de alta. 22 25 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO B 23 DIABETES MELLITUS: CASUÍSTICA DE UM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA Autor: Isabel Costa Co-Autores: Rita Meireles, David Ferreira, Carla Peixoto, Márcia Meireles, Rui Castro, Paulo Bandeira, Paula Baptista Apresentador: Isabel Costa Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave, Unidade Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: A diabetes mellitus (DM) é uma patologia bastante prevalente nos doentes internados no Serviço de Medicina Interna. Os autores apresentam um estudo retrospectivo incidindo nos doentes internados no Serviço de Medicina Interna, entre 1 de Janeiro e 31 de Março de 2013, com o diagnóstico de DM. Foram internados 450 doentes, 157 com o diagnóstico de DM e destes a DM como motivo de internamento em 4 doentes. Caracterizouse mediante o género, grau de dependência, idade, motivo e tempo de internamento, terapêutica prévia e ajustes efectuados, complicações e orientação após alta. RESULTADOS: Dos 157 doentes, 46 % eram do sexo masculino e 54 % do sexo feminino. A idade média foi 75.3 anos, 74.3 anos no sexo masculino e 76.2 anos no sexo feminino. Maioritariamente independentes (63.7%), 15.9 % eram parcialmente dependentes e os restantes 20.4% dependentes, sem diferença significativa entre os sexos (49/51; 9/16; 15/17). A demora média calculada foi 10.21 dias, sendo os principais motivos de internamento, por ordem decrescente, patologias do foro respiratório, cardíaco, neurológico e urinário. A quase totalidade dos doentes (140) eram vigiados pelo médico de família. Dos restantes 17 doentes , 15 tinham seguimento hospitalar, 1 em médico privado e 1 sem seguimento médico. Medicados predominantemente (69.4 %) com antidiabéticos orais, 29.9 % com uma insulina e 8.2 % sem medicação para a DM. Como comorbilidades, em 51.6 % dos doentes registo de doença cardíaca, 33.8 % doença cerebrovascular, 22.3 % insuficiência renal, 12.7% atingimento ocular e 10.2 % vasculopatia periférica. Foi efectuado ajuste terapêutico para a DM em 10 doentes e avaliada a hemoglobina glicosilada em 22 doentes. CONCLUSÃO: A DM é uma das principais patologias dos doentes internados no Serviço de Medicina, responsável por inúmeras comorbilidades e aumento do tempo de internamento. É fulcral um controlo adequado e para tal uma avaliação contínua pelos profissionais de saúde. 24 LINFOMA DE BURKITT NO ADULTO Autor: Marta de Sousa Co-Autores: Carolina Sepúlveda, Edgar Pereira, Ana Rita Cardoso, Cristina Gonçalves Apresentador: Marta de Sousa Hospital: Centro Hospitalar Médio Tejo - Hospital de Abrantes Serviço: Medicina 3 Tipo de trabalho: poster Introdução: Dentro dos Linfomas não-Hodgkin (LNH) existe um subtipo que, embora represente 30% dos LNH infantis, é responsável por apenas 1% dos LNH nos adultos. É mais frequente no sexo masculino e apresenta 3 formas clínicas distintas, sendo a forma esporádica a mais frequente nos países ocidentais. A maioria dos doentes apresenta clinicamente massa intra-abdominal ou linfadenopatia periférica. Trata-se do tumor humano mais rapidamente progressivo. Objetivo: Relatar um caso de Linfoma de Burkitt no adulto Metodologia: Estudo descritivo. Relato de caso clínico. Resumo: Mulher de 59 anos, raça caucasiana, com antecedentes pessoais de hipertensão arterial primária, hipotiroidismo, fibromialgia e obstipação crónica. Iniciou em Janeiro de 2013 dor abdominal difusa, intensa, tipo cólica, sem fatores de alívio ou de agravamento, acompanhada de astenia, anorexia e emagrecimento progressivo, que motivaram várias idas ao serviço de urgência, tendo sido internada em Maio para estudo. O exame objectivo revela massa abdominal ocupando o epigastro e quadrantes esquerdos e gânglios inguinais aumentados bilateralmente e indolores. Do estudo complementar, a realçar ausência de parâmetros inflamatórios elevados, anemia ou elevação de marcadores tumorais. A T.A.C. abdominal mostra extenso conglomerado adenopático exuberante nas cadeias do tronco celíaco, mesentéricas, latero-aórticas e inter-aorto-cavas. Após biópsia de gânglio inguinal direito sem resultado conclusivo, foi submetida a biópsia ganglionar abdominal guiada por T.A.C. cuja histologia fez o diagnóstico de Linfoma de Burkit. A doente foi enviada ao Serviço de Hematologia do IPO de Lisboa para seguimento. Conclusão: O presente caso serve para relembrar o papel do Linfoma de Burkitt no diagnóstico diferencial de massa intra-abdominal e alertar para o impacto que a rapidez do diagnóstico pode vir a ter no prognóstico desta patologia. 25 MESOTELIOMA: CASO CLÍNICO Autor: Joana Isabel da Silva Lima Co-Autores: Ana Vaz Cristino, José Ribeiro Eira, Trigo Faria. Apresentador: Joana Isabel da Silva Lima Hospital: Centro Hospitalar de Tras-os-Montes e Alto Douro - Vila Real Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster O mesotelioma maligno, geralmente associado a um mau prognóstico, é um tumor primário que surge a partir de células mesoteliais nas cavidades pleurais. Trata-se de uma neoplasia rara relacionada em 80% dos casos com a exposição prolongada a asbestos e com um período de latência entre 20-50 anos. Os autores apresentam um caso clínico de uma mulher de 79 anos, sem exposição ambiental ou outros antecedentes pessoais de relevo. Com história de dispneia progressiva, toracalgia pleurítica posterior direita e tosse seca com 2 meses de evolução, que recorreu ao serviço de urgência do nosso Hospital. Do estudo efetuado constatou-se derrame pleural direito de grande volume compatível com exsudado, com microbiologia negativa e caracterização anatomopatológica compatível com adenocarcinoma (imunocitoquímica excluia pulmão ou mama como localização de neoplasia primária). A tomografia computorizada (TC) do tórax mostrava derrame pleural direito de moderado volume, com atelectasia/consolidação do parênquima adjacente e granuloma com 4mm. Marcadores tumorais CA125 e HE4 elevados e estudo endoscópico sem alterações. A TC abdominopélvica contrastada revelava pequena quantidade de líquido livre na escavação pélvica e ligeira densificação do grande epiplón, sem imagens nodulares e suspeita de incipiente carcinomatose. A observação ginecológica foi inconclusiva por impossibilidade de observação imagiológica dos ovários. Realizada biopsia pleural com pleurite inespecífica, foi submetida a pleuroscopia que mostrou lesões mamilonadas de aspeto infiltrativo e cuja anatomia patológica mostrava quadro morfológico e imunofenotípico de mesotelioma maligno de tipo epitelial - estadio IA (T1aN0M0). Orientou-se a doente para Pneumo-Oncologia. Este caso clínico enfatiza a importância do conhecimento de entidades clínicas menos comuns, pois apesar do estudo inicialmente não apontar nesta direção, o nível de suspeição foi fulcral para alcançar o diagnóstico. 26 DOENÇA DE HODGKIN, CAUSA DE SÍNDROME FEBRIL PROLONGADO Autor: Cátia Barreiros Co-Autores: Irene Miranda, Rogério Corga da Silva, Carmélia Rodrigues, Diana Guerra Apresentador: Cátia Barreiros Hospital: Unidade Local de Saúde do Alto Minho – Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo Serviço: Serviço de Medicina 1 Tipo de trabalho: poster Introdução: Considera-se síndrome febril prolongado quando o doente apresenta febre há mais de 3 semanas, com temperatura superior a 38,3ºC. A etiologia pode ser infecciosa (35%), oncológica (20%), reumatológica (15%) ou indeterminada (30%). Quando se trata de neoplasias, as hematológicas são as mais frequentes. Caso Clínico: Homem, 58 anos, carpinteiro. Fumador. Pouco tempo após cirurgia de correção de hérnia inguinal (10/2011) notou tumefacção dolorosa na região inguinal direita, persistente, não esclarecida. A 20 de Fevereiro de 2013 iniciou febre (até 39ºC), de predomínio vespertino associada a hipersudorese nocturna e emagrecimento de 2 kg nos últimos 2 meses. Em 20/03 recorreu ao SU. Apresentava febre (39,8ºC). Adenopatias inguinais bilaterais e cervicais esquerdas, móveis e indolores. PCR e VS elevadas. TC toraco-abdomino-pélvico revelou: “Gânglios para-traqueais e sub-carinais. Moderada esplenomegália. Múltiplas adenomegálias retroperitoneais envolvendo a aorta e a cava e as cadeias ilíacas e inguinais, as maiores com 3,5 cm”. No internamento fez exérese de gânglio inguinal que mostrou “Linfoma T periférico NOS, Nodal”. Foi orientado para consulta de hemato-oncologia no IPO. A revisão das lâminas mostrou tratar-se de Linfoma de Hodgkin, esclerose nodular, estadio IV (envolvimento medular). Iniciou quimioterapia com ABVD (adriamicina, bleomicina, vinblastina, dacarbacina), que ainda mantém. Conclusão: Para chegar ao diagnóstico num doente com síndrome febril prolongado é crucial a realização de uma história clínica completa, com uma adequada revisão de todos os órgãos e sistemas e com um exame físico completo. Depois desta abordagem, os exames complementares servem apenas para confirmar o diagnóstico. Neste doente os sintomas B, as adenopatias e a esplenomegália fizeram suspeitar de doença linfoproliferativa que se confirmou. 27 O OSSO COMO PONTO DE PARTIDA Autor: Ana Raquel Fernandes Co-Autores: Ana Raquel Fernandes, Bianca Ascenção, Jamila Bathy, Vitor Augusto, Francisco Torres Apresentador: Ana Raquel Fernandes Hospital: Hospital de São Bernardo Serviço: Nefrologia Tipo de trabalho: poster Este trabalho pretende relatar dois casos de neoplasias diagnosticadas por a identificação inaugural de metástases ósseas, líticas e blásticas. O primeiro caso refere-se a um doente do sexo masculino de 73 anos, autónomo até 2 meses anteriores ao internamento com antecedentes pessoais de hipertensão arterial essencial, dislipidémia, pacemaker definitivo e hábitos tabágicos de 100 UMA (unidades maço ano). O doente recorreu ao serviço de urgência (SU) por quadro de lombalgias e emagrecimento com 2 meses de evolução. Realizou TAC (tomografia axial computorizada) da coluna que identificou “Alterações líticas no corpo vertebral de L3 com colapso vertebral e imagem gasosa intra-corporal”, na investigação da etiologia destas lesões liticas diagnosticou-se um adenocarcinoma de pequenas células do pulmão, o doente iniciou quimioterapia com Carboplatina e Pemetrexede radioterapia paliativa, tendo falecido por pneumonia nosocomial. O segundo caso relata o diagnóstico de uma neoplasia da próstata com uma anemia mielotísica. Tratava-se de um homem de 73 anos, independente para as actividades de vida diária até às 2 semanas previas ao internamento, com antecedentes pessoais de: status pós-AVC (acidente vascular cerebral) e insuficiência cardíaca sistólica. O doente foi trazido ao SU por quadro de prostração, palidez, diminuição da força dos membros inferiores de agravamento progressivo e perda da autonomia. Laboratorialmente destacava-se bicitopenia com aumento da LDH e da fosfatase alcalina. Medulograna de difícil execução sem aspiração de conteúdo medular, biopsia ossea com infiltração por adenocarcinoma de aspectos morfológicos e imunocitoquimicos compatíveis com origem prostática. O doseamento do PSA foi superior a 100 e a ecografia prostática revelou órgão de dimensões aumentadas, estimando-se um peso de 50g e alguma heterogeneidade à direita. Os autores consideraram pertinentes estes 2 casos por confrontarem a natureza blástica Vs lítica de neoplasias secundarias do osso en 28 OSTEÓLISE MÚLTIPLA Autor: Ana Raquel Fernandes Co-Autores: Ana Raquel Fernandes, Bianca Ascenção, Jamila Bathy, Vitor Augusto, Francisco Torres Apresentador: Ana Raquel Fernandes Hospital: Hospital de São Bernardo Serviço: Nefrologia Tipo de trabalho: poster Homem de 77 anos com antecedentes pessoais de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica) sob OLD (Oxigénio longa duração), insuficiência cardíaca, HTA (hipertensão arterial) e obesidade. O doente recorreu ao SU (serviço de Urgência) por omalgias e parestesias no território cubital. Realizou RMN (ressonância magnética nuclear) cervical que evidenciou “Lesões osteolíticas do corpo, pedículo, apófises transversas e arcos posteriores de C6 e C7, com destruição das articulações interapofisárias correspondentes; conglomerado de tecidos de partes moles a substituir o osso destruido e com expressão intracanalar C5 a C7, intraforaminal C5-D1 à esquerda a determinar compressão da medula e raízes homolaterais de C6, C7 e C8. Por apresentar gamapatia monoclonal associada a estas lesões líticas, colocou-se a hipótese diagnóstica de Mieloma Múltiplo. A Imunofixação do Soro confirmou Gamapatia Monoclonal IgG Lambda e o mielograma identificou 28% plasmócitos. Devido ao facto do doente não manifestar outras lesões de órgão alvo optou-se por fazer apenas radioterapia paliativa. Devido à imunossupressão e imobilização prolongada subjacentes à doença respiratória crónica, obesidade acentuada, desenvolveu episódios de pneumonia hipoxemiante recorrentes tendo vindo a falecer no domicílio. Os autores consideraram este caso pertinente por tratar-se de um caso de Mieloma Multiplo diagnosticado numa fase avançada da doença através de critérios minor com manifestações clinicas fustres, mas que ilustra muito bem as caracteristicas liticas de todas as metastases ósseas do Mieloma Multiplo. 29 MIELOMA MÚLTIPLO - UMA FORMA RARA DE APRESENTAÇÃO Autor: Francisca Aguiar Co-Autores: Cristina Correia, António Pinto, Fátima Coelho Apresentador: Francisca Aguiar Hospital: Centro Hospitalar de S. João Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: O mieloma múltiplo é uma doença maligna clonal de plasmócitos, de causa desconhecida, com idade média ao diagnóstico na 7ª década de vida, mais frequente em indivíduos de raça negra. A dor óssea constitui o seu principal sintoma. CASO CLÍNICO: Doente de 48 anos, sexo masculino, de raça negra, natural de São Tomé e Príncipe, com antecedentes pessoais de dislipidemia, gastrite, fumador, sem medicação habitual, com história de dorsolombalgias com 2 anos de evolução, até então tratadas com cursos intermitentes de analgésicos. Admitido no Serviço de Urgência por dorsolombalgia intensa associada a paraplegia flácida e disfunção de esfíncteres de novo. Do estudo imagiológico realizado salienta-se a presença de alterações morfológicas de múltiplos corpos vertebrais da coluna torácica, principalmente de T11 e T12, com fratura patológica de T11 e sinais de compromisso medular. O doente foi submetido a cirurgia de urgência com estabilização posterior de T8-L2 e colheita de material para exame anatomopatológico. Analiticamente com anemia normocrómica normocítica, cálcio sérico normal, discreta hiperfosfatemia, função renal normal, proteinúria de 3 g/L, hiperproteinemia sérica com albumina sérica normal. Através do doseamento das imunoglobulinas séricas, electroforese e imunofixação das proteínas séricas e urinárias, do mielograma e biopsia óssea foi feito o diagnóstico de mieloma múltiplo IgG-kappa. Durante o internamento o doente tem apresentado algum grau de recuperação neurológica do membro inferior direito. Iniciou quimioterapia e mantém acompanhamento por Medicina Física e de Reabilitação. CONCLUSÃO: As dorsolombalgias constituem uma das queixas médicas mais frequentes, podendo ter várias etiologias. O mieloma múltiplo é uma das causas possíveis, para o qual deve haver um elevado nível de suspeição para um diagnóstico atempado. 30 UM NÓDULO DIFÍCIL DE CARACTERIZAR Autor: Helena Vilaça Co-Autores: Anabela Brito; António Moura Alves; Paula Brandão. Apresentador: Helena Vilaça Hospital: ULSAM- Hospital do Conde de Bertiandos, Ponte de Lima Serviço: Serviço de Medicina 2 Tipo de trabalho: poster O adenocarcinoma pulmonar é o subtipo histológico com maior representatividade entre os carcinomas pulmonares de não pequenas células. O curso insidioso torna a metastização à distância infrequente mesmo sabendo que acarreta mau prognóstico. Apesar de associado ao tabagismo, é entre os não fumadores que é particularmente comum. Os autores expõem o caso clínico dum homem de 87 anos, com múltiplos factores de risco cardiovascular, admitido em Setembro de 2012 por febrícula vespertina, hipersudorese nocturna, astenia e anorexia. Na avaliação inicial apresentava-se febril (38ºC), auscultação pulmonar com roncos dispersos e crepitações bibasais; analiticamente com subida dos parâmetros inflamatórios e estudo imagiológico do tórax mostrando “consolidação irregular com área de cavitação interna no lobo superior esquerdo, em contacto com a superfície pleural.” Foi internado com os diagnósticos presuntivos de pneumonia/ tuberculose pulmonar/ neoplasia pulmonar cavitada. Instituída antibioterapia empírica com resolução clínica e laboratorial mas persistência de lesão nodular cavitada. Excluídas tuberculose e neoplasia pulmonar após realização de broncofibroscopia com lavado brônquico e biópsia pulmonar guiada por tomografia (BATT). Alta orientado para consulta de medicina interna. Assintomático do ponto de vista pulmonar, é reinternado em Março de 2013 por insuficiência renal e hipercalémia. Na véspera de internamento realizou tomografia torácica de controlo evidenciando “aumento da dimensão da lesão nodular cavitada e presença de adenomegálias mediastínicas”. Repete BATT sendo a histopatologia compatível com adenocarcinoma pulmonar. Orientado para consulta de pneumologia que face ao estadiamento clínico (estadio IIIB e fraco performance status) adopta medidas de suporte. Doente falecido em Maio de 2013. O caso ilustra que face a um processo patológico indolente e mesmo com negatividade tumoral documentada, a neoplasia é um diagnóstico a reconsiderar. 31 PENFIGOIDE BOLHOSO E NEOPLASIA BILIAR- ACASO OU CONSEQUÊNCIA ? Autor: Helena Vilaça Co-Autores: Anabela Brito; António Moura Alves; Paula Brandão. Apresentador: Helena Vilaça Hospital: ULSAM- Hospital do Conde de Bertiandos, Ponte de Lima Serviço: Serviço de Medicina 2 Tipo de trabalho: poster As dermatoses bolhosas autoimunes englobam distintas entidades clínicas, entre as quais, o penfigóide bolhoso. Afeta tipicamente idosos e caracteriza-se pela presença de lesões bolhosas pruriginosas generalizadas. A maioria dos casos é esporádica. No entanto, o número crescente de relatos descrevendo a associação do penfigóide bolhoso com tumores sólidos internos sugere que este represente uma manifestação cutânea paraneoplásica. Descreve-se o caso clínico duma mulher de 91 anos, com antecedentes de cegueira e diabetes mellitus não insulino tratada, trazida ao serviço de urgência por erupção cutânea generalizada com 15 dias de evolução. Objectivamente exibia pele e mucosas pálidas; erupções bolhosas coalescentes sob um fundo eritematoso, com sinais de coceira, distribuídas pelo abdómen e membros superiores e erupções vesiculares na região perineal. Admitida no serviço de medicina com o diagnóstico presuntivo de penfigóide bolhoso, que foi posteriormente confirmado por dermatologia. No internamento, constatado, tumefacção abdominal palpável no hipocôndrio direito e anemia microcítica hipocrómica em estudo analítico inaugural. Executada endoscopia digestiva alta que se revelou normal e tomografia abdominal demonstrado vesícula biliar distendida com espessamento parietal irregular ao nível do corpo e infundíbulo e com perda dos planos de clivagem com o parênquima hepático subjacente sugestivo de neoformação primária. Aquando da alta com regressão das lesões bolhosas sob corticoterapia e orientada para consulta urgente de cirurgia geral. Após avaliação por cirurgia, postulado ausência de condições clínicas para eventual intervenção. A doente faleceu 3 meses após o diagnóstico. O penfigóide bolhoso como manifestação paraneoplásica de neoplasia da vesícula biliar é raro existindo até à data somente dois casos clínicos publicados. 32 COMPRESSÃO MEDULAR POR METÁSTASES VERTEBRAIS COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE CARCINOMA HEPATOCELULAR Autor: Isabel Costa Co-Autores: David Ferreira, Rita Meireles, Carla Peixoto, Rui Castro, Márcia Meireles, Jorge Liberato, Jorge Carrondo, Paulo Bandeira, Paula Baptista Apresentador: Isabel Costa Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave, Unidade Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: A incidência anual mundial de carcinoma hepatocelular (CHC) estima-se em um milhão de casos e está a aumentar, sendo em cerca de 80% dos casos associada a cirrose. Nos países desenvolvidos verificou-se aumento da incidência em provável relação com a prevalência de cirrose, associada a infecção pelo vírus da hepatite C e esteatohepatite nãoalcoólica. A metastização ocorre mais frequentemente no pulmão, sistema linfático, cérebro e osso, sendo o último envolvido em 2- 16% dos casos. É incomum a metastização óssea ser a forma de apresentação. A coluna vertebral é o local do esqueleto mais acometido. CASO CLÍNICO: Homem de 59 anos recorreu ao serviço de urgência (SU) por plegia dos membros inferiores, retenção urinária e dor abdominal difusa com 3 dias de instalação. Antecedentes pessoais de alcoolismo crónico e quatro idas nos últimos dois meses ao SU por lombalgia. Do exame físico destaca-se palpação dolorosa da ráquis dorsal média e paraplegia. A tomografia computorizada (TC) da coluna e ressonância magnética (RMN) dorsal mostraram volumosa massa de partes moles, paravertebral esquerda lateral e posterior e osteólise, ao nível de D6-D8, com ponto de partida extracanalar e ao nível de D7 com extensão intracanalar a condicionar compressão medular. A restante investigação passou pela realização de TC toraco-abdomino-pélvico que revelou imagem nodular de 4,5 cm de maior eixo no segmento VI do fígado, com área hipodensa periférica. A histologia da lesão óssea demonstrou tratar-se de uma metástase de CHC. Analiticamente alfa-fetoproteína e transaminases elevadas. Sem outras alterações. Programada radioterapia e iniciou corticoterapia. CONCLUSÃO: As metástases ósseas do CHC são osteolíticas e hipervasculares. Assim, este deve ser considerado em doentes com sintomas ósseos e lesões osteolíticas, uma vez que o diagnóstico precoce e tratamento radioterápico podem aumentar a sobrevida destes doentes. 33 OSTEOARTROPATIA HIPERTRÓFICA COMO MANIFESTAÇÃO PRIMÁRIA DE ADENOCARCINOMA DO PULMÃO Autor: Ana Carolina Silveira Co-Autores: Ana Rita Elvas, Rita Oliveira Silva, Eduardo Haghighi, Carla Gonçalves, Telma Mendes, Josune Aramendi, Teresa Santos Apresentador: Ana Carolina Silveira Hospital: Centro Hospitalar Cova da Beira Serviço: Serviço Medicina Fundão; Serviço de Medicina 2 Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: A osteoartropatia hipertrófica (OAH), também conhecida como Síndrome de Pierre Marie-Bamberger, é definida pela presença de hipocratismo digital e proliferação do periósteo dos ossos longos, associada a neoplasias pulmonares ou outras patologias pulmonares. Clinicamente é caracterizada por um quadro de artropatia dolorosa e simétrica. Entre os pacientes com neoplasia do pulmão, a OAH é associada mais frequentemente com o adenocarcinoma. Caso Clínico: Doente de 47 anos, género masculino, sem antecedentes pessoais relevantes, fumador. De forma súbita iniciou quadro de poliartralgias e tumefacção de ritmo misto e simétrico nos punhos, terceira e quarta metacarpofalângicas, segunda e terceira interfalângicas proximais, cotovelos, ombro esquerdo, joelhos e tornozelos. Numa primeira abordagem médica, foi medicado com anti-inflamatório e requisitadas análises. Acabou por ser referenciado à Consulta de Medicina, com a informação de apresentar plaquetas, VS e PCR elevadas. Foi internado para estudo de poliartrite. Do exame físico destacava-se a tumefação exuberante das articulações acima referidas, e presença de hipocratismo digital. Após realização de radiografias, verificou-se a nível articular tumefação dos tecidos moles, com neoformação óssea periosteal adjacente ao primeiro e quinto metacarpos bilateralmente e terceira falange proximal da mão esquerda. Na cintigrafia óssea, as alterações morfofuncionais presentes nos membros apresentavam um aspeto sugestivo de osteoartropatia pulmonar hipertrófica. A radiografia de tórax revelou volumosa massa para-hilar esquerda, que posteriormente se confirmou ser um adenocarcinoma do pulmão. Conclusão: O diagnóstico de OAH é raro, tal como evidenciado em diversos estudos, e é feito com base na integração dos achados radiológicos, anamnese, manifestações clínicas e do fator causal. Num estudo recente (2010), com 2625 pacientes com cancro do pulmão, a OAH foi detetada por cintigrafia óssea em apenas 19 pacientes (0.7%). 34 25 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO C 35 UM DESGOSTO, UM CORAÇÃO PARTIDO... A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Anastasiia Ilchenko Co-Autores: Eduardo Haghighi, Pedro Santos, Ricardo Tjeng, Luis Oliveira, Margarida Ascensão, Carlos Lino Apresentador: Anastasiia Ilchenko Hospital: Centro Hospitalar Cova da Beira Serviço: Medicina Tipo de trabalho: poster Objectivo: apresentação de caso clínico para alertar para possibilidade de disfunção aguda ventricular na ausência de doença coronária, causada por stress emocional. Caso clínico. Mulher de 85 anos, que no velório da filha teve sensação de desmaio, náuseas e vómitos. Trazida à Urgência, negou outros sintomas, nomeadamente, dor torácica. Tinha antecedentes de arritmia, histerectomia e colecistectomia. Sem medicação habitual. Sem factores de risco para doença cardiovascular, para além de idade. O exame objectivo não revelou alterações. O electrocardiograma (ECG) mostrou mínimo supra-desnivelamento ST (1 mm) em V5, V6; enzimologia cardíaca foi positiva (troponina I 4,58 ng/ml). Perante suspeita de enfarte agudo do miocardio, fez terapêutica com acido acetilsalicílico 100 mg, clopidogrel 300 mg, enoxaparina 40 mg. Por apresentar alterações mínimas no ECG, foi decidido não realizar trombólise. Procedeu-se ao cateterismo cardíaco cerca de 12 horas após, não revelou alteração das coronárias, mas com imagens ventriculares sugestivas de síndrome Takotsubo. A doente ficou internada no serviço de Cardiologia e teve evolução favorável. Conclusão. O stress emocional pode induzir manifestações semelhantes a um síndrome coronário agudo. Esta entidade, designada miocardiopatia de stress, síndrome de Takotsubo ou síndrome de coração partido, afecta principalmente as mulheres pós-menopausicas. Pode ocorrer ligeira elevação de ST, ondas T negativas, prolongamento de QT e\ou ondas Q patológicas. Os enzimas cardíacos podem estar ligeiramente elevadas. Caracteriza-se por disfunção ventricular esquerda reversível e sem ausência de doença coronária. O prognóstico é favorável. 36 SINDROME PLATIPNEIA-ORTODEOXIA E FORAMEN OVAL PATENTE - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Inês Silveira Co-Autores: Fernando Mota, João Pedro Ferreira, Pedro Leuschner Apresentador: Inês Silveira Hospital: Centro Hospitalar do Porto Serviço: Medicina Interna Unidade 2B Tipo de trabalho: poster A síndrome platipneia – ortodeoxia, é definida clinicamente como a associação de dispneia e hipoxémia quando o doente adopta a posição sentada ou ortostática, com melhoria do quadro em decúbito. Representa uma entidade rara, e pouco reconhecida na prática clinica, sendo necessário um alto grau de suspeição para o seu diagnóstico. Mulher de 73 anos, com boa capacidade funcional prévia. Admitida por pneumonia adquirida na comunidade a H1N1 e Hemophilus influenza, a condicionar insuficiência respiratória grave com necessidade de ventilação mecânica invasiva às 48h. Permanência prolongada na unidade de cuidados intensivos, com desmame ventilatório difícil. Após estabilização do quadro, já na enfermaria denotado períodos de dispneia e dessaturação aquando da posição sentada (SaO2 (FIO2 30%) 79%) e em ortostatismo ( 83%), que revertiam espontaneamente em decúbito dorsal ( 94%). AngioTAC torácico a evidenciar dilatação da aorta ascendente de cerca de 43 mm, excluindo alterações parenquimatosas de relevo ou embolia pulmonar. Na suspeita de um shunt intracardiaco, realizou ecocardiograma de difusão a demonstrar a presença de foramen oval patente (FOP) com shunt direito-esquerdo,e pressões normais nas cavidades direitas. A paciente foi submetida a encerramento do FOP com resolução da sintomatologia. Os autores apresentam um caso raro de síndrome platipneia ortodeoxia, como forma de apresentação de um FOP com shunt direito esquerdo sem aumento de gradiente de pressões. Vários são os mecanismos anatomo-funcionais descritos que contribuem para o redireccionamento do shunt com as alterações posturais, entre eles a presença de dilatação da aorta ascendente ou mobilidade do septo auricular. Destaca-se ainda, a necessidade de ter em consideração esta entidade perante um quadro de hipoxemia severa inexplicada e sobretudo em doentes sob ventilação mecânica invasiva que não respondem de forma adequada. 37 HIPERTENSÃO RENOVASCULAR - CASO CLÍNICO Autor: Rui Castro Co-Autores: David Ferreira, Isabel Costa, Joana Guerra, Jorge Leão, Paula Batista Apresentador: Rui Castro Hospital: CHMA - Santo Tirso Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A hipertensão renovascular (HTRV) é uma causa potencialmente curável de hipertensão arterial (HTA). Existem dois picos de incidência: até aos 20 anos e acima dos 50, tendo como etiologia principal displasia fibromuscular e doença aterosclerótica, respetivamente. Devemos pensar em HTRV perante HTA grave e refratária a tratamento, HTA antes dos 20 anos, evidência de doença vascular aterosclerótica, perda do controlo da HTA e deterioração da função renal associada ao tratamento com um inibidor da enzima conversora da angiotensina (IECA) ou antagonista dos recetores angiotensina (ARA). Os autores relatam o caso de uma mulher de 54 anos referenciada em 2003 à consulta de Medicina Interna por HTA refrataria. Estava medicada com IECA, B-bloqueador, diurético, antiagregante plaquetario e antidislipidemico. Ao exame físico sem sopros cardíacos ou abdominais. Pulsos periféricos rítmicos regulares, amplos e simétricos.ECG, ecocardiograma, ecografia renal, estudo de função tiroidea e sedimento urinário normais. Creatinina (pCr) de 1.31 mg/dl, Ureia (pUr) de 82 mg/dL e dislipidemia. Com ajuste terapêutico e do estilo de vida conseguiu-se controlo de valores tensionais e manutenção dos valores de creatinina ( pCr: 1.1 mg/dL pUr: 64 mg/dL). Em 2009, novo descontrolo do perfil tensional apesar de cumprimento terapêutico e manutenção do estilo de vida, sem agravamento na função renal (pCr: 1.1 mg/dl pUr: 75 mg/dl). Repetiu ecografia renal que mostrou assimetria renal marcada com rim esquerdo cerca de 5cm mais pequeno. Doppler renal sugestivo de estenose hemodinamicamente significativa do óstio da artéria renal esquerda. Angio-ressonancia renal mostrou redução da espessura do calibre da artéria renal esquerda maior de 50%. Foi referenciada para consulta de Nefrologia e realizou angioplastia renal com sucesso, resultando numa progressiva diminuição tensional e necessidade de redução de terapêutica anti hipertensora com normalização de função renal (pCr: 0.98 mg/dl pUr: 54 mg/dL). 38 ELECTROCARDIOGRAMA E CARDIOPATIA ISQUÉMICA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. Autor: Mário Bruno Ribeiro de Oliveira Santos Co-Autores: Raquel Mesquita, José Pestana, Paulo Bettencourt. Apresentador: Mário Bruno Ribeiro de Oliveira Santos Hospital: Centro Hospitalar de S. João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: O electrocardiograma (ECG) é o exame auxiliar mais usado no diagnóstico de doenças cardíacas dado ser não invasivo e estar facilmente acessível. Contudo, apesar de estar provado que um electrocardiograma normal exclui, com elevada sensibilidade, o diagnóstico de insuficiência cardíaca sistólica, o mesmo não é possível afirmar para a cardiopatia isquémica. Caso clínico: Os autores apresentam o caso de uma doente de 58 anos, com hipertensão e diabetes mellitus tipo II, já com atingimento de órgãos-alvo conhecido. Com história de internamento em Abril/2013 por coma hiperosmolar não cetósico que foi complicado por enfarte agudo do miocárdio tipo 2. A estratificação de risco coronário revelou, no ecocardiograma transtorácico, acinésia médio-apical lateral, médio posterior e hipocinésia inferior, com fracção de ejecção estimada em cerca de 60%, e na cintigrafia de perfusão miocárdica, um extenso defeito de perfusão (36%) ântero-lateral, lateral e infero-lateral (stress), sem reversibilidade no repouso e com alterações da motilidade e do espessamento no local do defeito. O electrocardiograma era normal não cumprindo nenhum dos critérios para as ondas Q/QS (critérios do código de Minnesota) usados na avaliação electrocardiográfica de enfarte do miocárdio antigo. Cerca de um mês depois, a doente foi reinternada por quadro de hipervolemia com insuficiência respiratória hipoxémica. No electrocardiograma realizado confirmou-se a ausência dos referidos critérios. Conclusão: Este caso demonstra a falta de sensibilidade e consequente baixo valor preditivo negativo da electrocardiografia na exclusão de enfarte do miocárdio antigo, mesmo quando a cicatriz é extensa (>30%) e atinge as 3 paredes do miocárdio (anterior, inferior e lateral). Apesar de, perante o resultado da cintigrafia, ser de esperar uma diminuição acentuada da fracção de ejecção, o electrocardiograma normal foi, como é habitual, preditivo da ausência de insuficiência cardíaca sistólica. 39 DERRAME PERICÁRDICO IDIOPÁTICO CRÓNICO - CASO CLÍNICO Autor: Marco Silva Co-Autores: - Paulo Torres Ramalho, Pedro von Hafe Apresentador: Marco Silva Hospital: Hospital de São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster O Derrame Pericárdico Idiopático Primário é responsável por 30-50% dos derrames pericárdicos crónicos de moderado/grande volume. Relatamos o caso de uma mulher de 61 anos, que se apresentou no SU com queixas de dispneia e astenia com 3 semanas de evolução. Negava toracalgia, febre ou perda de peso. Um ecocardiograma de rotina 5 meses antes, revelava derrame pericárdio de moderado volume. A doente aguardava consulta de Cardiologia. O exame físico revelava sons cardíacos distantes e sons respiratórios diminuídos nos 2/3 inferiores do hemitórax direito. De destacar um índice cardiotorácico aumentado e derrame pleural bilateral na radiografia tórax. A doente foi internada, realizou-se ecocardiograma que evidenciou “swinging heart movements”, procedendo-se a pericardiocentese com drenagem de 1400ml de líquido seroso e iniciou-se tratamento com furosemida 120mg/dia e prednisolona 60mg/dia. Realizou-se toracocentese evacuadora para alívio sintomático com drenagem de 700ml de líquido seroso. Os estudos virológico e imunológico séricos e os virológico e bacteriológico dos líquidos pericárdico e pleural foram negativos. A doente mantinha queixas de dispneia, pelo que ao 17º dia de internamento procedeu-se à realização de novo ecocardiograma com novos “swinging heart movements”, tendo-se drenado 1500ml de líquido seroso. Excluiu-se etiologia neoplásica após realização de TAC toraco-abdomino-pélvico, mamografia, endoscopia e colonoscopia. A doente continuava a negar toracalgia, mas optou-se por iniciar colquicina 1mg/dia dado o derrame pericárdico terse refeito num tão curto espaço de tempo. Após 3 dias, o ecocardiograma de controlo revelou novo derrame pericárdico de moderado volume. Ao 33º dia de internamento, a doente foi submetida a janela pericárdica com realização de biópsia pericárdica, que revelou pericardite crónica inespecífica. Após 7 meses da pericardiectomia, e após longo período de reabilitação física intensa, a doente encontra-se totalmente assintomática. 40 PERICARDITE RECORRENTE EM DOENTE COM BRONQUIECTASIAS Autor: José Costa Co-Autores: Mário Fontes e Sousa , Teresa Antunes Apresentador: José Costa Hospital: Centro Hospitalar de São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Estima-se que 15-30% dos doentes com pericardite sofram uma recorrência, existindo múltiplas etiologias, desde reinfecção a “fenómenos autorreativos”. Conhecem-se entidades, como a infecção por micobactérias (MB), que causam simultaneamente bronquiectasias e pericardite, daí que, em doentes com ambos os achados, deve ser feita uma investigação cuidada desta possível relação. Mulher de 53 anos recorre ao serviço de urgência (SU) por dor pré-cordial em facada com irradiação interescapular com cerca de 6h de evolução, com alívio após toma de anti-inflamatório não esteroide (AINE). Sem sintomas associados. Antecedentes: pericardite idiopática há 1,5 meses; enfisema pulmonar com bronquiectasias no lobo médio; ex-fumadora. Estudo no SU: proteína C reactiva: 10,8 mg/dL, elevação do segmento ST nas derivações DII, DIII e aVF com inversão da onda T em aVL. Sem subida dos marcadores de necrose miocárdica ou alterações na radiografia de tórax. Assumida pericardite recorrente, tendo a doente sido internada. Do estudo realizado no internamento prévio: ecocardiograma normal, cateterismo sem doença coronária, serologias negativas, estudo imunológico negativo. No presente internamento: estudo imunológico negativo, prova de mantoux reativa, TC tórax: bronquiectasias em ambos lobos médios pulmonares, susceptíveis de poder traduzir infecção por Mycobacterium avium complex (MAC). Exame directo e cultural para MB persistentemente negativo; broncofibroscopia com colheita de amostra: exame directo e cultural negativo, pesquisa de DNA de MAC negativo. Isolamento de estirpe de Serratia marcescens e Aspergillus fumigatus. Após tratamento com AINEs e colchicina a doente manteve-se assintomática e sem novos episódios de pericardite. Em conclusão: pericardite e bronquiectasias são frequentes na prática clínica com poucas etiologias comuns, devendo sempre ser excluída a sua existência nestes doentes. Este trabalho pretende mostrar o raciocínio clínico e abordagem diagnóstica efectuados. 41 INFEÇÃO POR EPSTEIN BARR E IMUNOSSUPRESSÃO COM METROTREXATO UM CASO DE APLASIA MEDULAR ADQUIRIDA Autor: Rita Meireles Co-Autores: Márcia Meireles, Carla Peixoto, Violeta Iglesias, Paula Baptista Apresentador: Rita Meireles Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave-Unidade de Santo Tirso Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A anemia aplásica é um transtorno a nível das células pluripotenciais hematopoiéticas que leva a uma medula hipocelular e consequentemente pancitopenia. A exposição ambiental a drogas, tóxicos ou vírus desencadeiam uma resposta imune alterada que provoca destruição das células progenitoras. Caso Clínico: Sexo feminino, 68 anos, antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, insuficiência cardíaca, fibrilhação auricular permanente, artrite reumatóide e dislipidemia. Medicada com metotrexato (MTX), bisoprolol, prednisona, furosemida, naproxeno, perindopril, ranitidina. Recorreu ao serviço de urgência por febre e hematemeses. O estudo analítico à admissão mostrou anemia, (Hb 7,4g/dL), macrocítica (VGM 103fL), trombocitopenia (43000/uL), leucócitos normais, neutrofilia relativa, creatinina 2,04mg/dL, ureia 172mg/dL, ionograma dentro da normalidade e PCR elevada. Urina com critérios de infeção. Radiografia de tórax sem alterações. Endoscopia digestiva alta que mostrou erosões ao longo do esófago médio e distal com mucosa desnudada, exsudação a favor de esofagite vírica. Foi admitida no internamento, onde desenvolveu quadro de aplasia medular grave com pancitopenia severa. O mielograma revelou alterações em contexto de toxicidade medular medicamentosa/infeciosa não compatível com doença hematológica primária aguda. Foram iniciadas medidas para doentes neutropénicos com antibioterapia de largo espectro, factor de crescimento, dieta protegida, suporte transfusional até recuperação medular verificada ao 8º dia de internamento. Serologias víricas (HBV, HCV, citomegalovirus, herpes simplex, HIV) negativas, perfil serológico compatível com infeção aguda pelo virus Epstein Barr (IgG e IgM positivas). Pretende-se apresentar um caso clínico de aplasia medular adquirida em contexto de infecção aguda por EBV, provável toxicidade medular por metotrexato e realizar uma revisão de alguns conceitos actuais respeito a esta doença. 42 MENINGITE POR HERPES ZOSTER - UM DIAGNÓSTICO NEM SEMPRE PRESENTE Autor: Rita Meireles Co-Autores: David Ferreira, Rui Castro, Paulo Bandeira, Violeta Iglesias, Paula Baptista Apresentador: Rita Meireles Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Santo Tirso Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Os herpes vírus humanos são muitas vezes responsáveis por infeções do sistema nervoso central (SNC). As manifestações clínicas são variáveis e inespecíficas, pelo que um diagnóstico preciso é essencial. O Herpes zoster é um dos responsáveis por infeções do SNC, sendo a meningite a sua apresentação mais comum. Os autores apresentam o caso clínico de um indivíduo do sexo feminino, 45 anos, com antecedentes de enxaqueca sem aura, seguido na consulta de Neurologia. Recorreu ao serviço de urgência (SU) por cefaleias, tendo tido alta com analgesia. Voltou ao mesmo SU, desta vez com cefaleias acompanhadas por náuseas e arrepios de frio. Foi novamente medicada para ambulatório com analgésico. Uma vez que a sintomatologia se mantinha, agora associada a vómitos, foi referenciada para a Medicina Interna. O exame objetivo não mostrou alterações. Apresentou exame neurológico normal e sem sinais meníngeos. Analiticamente apresentou marcadores de inflamação negativos. TC cerebral dentro da normalidade. No SU foi realizada punção lombar que revelou hiperproteinorráquia, hipoglicorráquia e 260 células com predomínio de mononucleares. Iniciou aciclovir associado a ceftriaxone em dose meníngea, enquanto aguardou pelo resultado de microbiologia (amicrobiana) e protein chain-reaction do genoma de herpes vírus no liquor, que foi positiva para Herpes zoster. Manteve terapêutica com aciclovir durante 21 dias, com melhoria clínica progressiva. Durante o internamento verificou-se lesão renal aguda, secundária à terapêutica com aciclovir e que melhorou sob fluidoterapia. À data da alta a doente encontrava-se assintomática e com função renal restabelecida. Este caso clínico pretende mostrar a importância da valorização da sintomatologia no SU. Em quadros clínicos nem sempre típicos devem ser exploradas outras hipóteses de diagnóstico que justifiquem a sintomatologia do doente, uma vez que o diagnóstico precoce e a instituição de terapêutica adequada melhoram o prognóstico. 43 HIPERPLASIA SUPRARRENAL BILATERAL E HIPERTENSÃO ARTERIAL - CASO CLÍNICO Autor: David Ferreira Co-Autores: Carla Peixoto, Márcia Meireles, Isabel Costa, Rita Meireles, Rui Castro, Patrícia Bacellar, Jorge Leão, Paula Baptista Apresentador: David Ferreira Hospital: CHMA - Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A Hipertensão Arterial (HTA) é uma das entidades que mais contribui para a carga global da doença a nível mundial, sendo a sua etiologia multifactorial. Entre as causas conhecidas de HTA secundária, o hiperaldosteronismo primário (HAP) é responsável por cerca de 2-15% dos casos e encontra-se frequentemente subdiagnosticado. Caso Clínico: Mulher de 61 anos, antecedentes de HTA com mais de 10 anos de evolução, sem atingimento de órgãoalvo conhecido e sem outros factores de risco cardiovascular. Vigiada pelo médico assistente, medicada com indapamida 1,5mg/dia e valsartan 160mg/dia, não controlada, com valores de HTA médios de 160/100mmHg, assintomática. Para esclarecimento de uma formação nodular hepática sugerida por ecografia realizou tomografia computadorizada (TC) abdominal que revelou hiperplasia suprarrenal bilateral (HSB), não se confirmando lesão nodular hepática. Foi referenciada para consulta de Medicina Interna. Ao exame objectivo não apresentava alterações de relevo. Analiticamente apresentava ionograma e função renal normais, níveis séricos basais de aldosterona (AD), renina (RE) e dehidroepiandrosterona normais. Normetanefrinas, metanefrinas e cortisol urinários normais. Suspendeu medicação habitual e iniciou amlodipina 10mg/dia, sem repercussão no controlo tensional. Repetiu posteriormente doseamento de AD e RE séricas que foi normal. Seguidamente, iniciou tratamento com espironolactona 25mg/dia, aumentado paulatinamente até 75mg/dia, com controlo tensional eficaz nas consultas subsequentes. Conclusão: A HSB é responsável por cerca de 60-75% dos casos de HAP cursando habitualmente com níveis séricos de AD elevados e uma relação AD/RE séricas >20. Os autores apresentam um caso de HTA não controlada que apesar de analiticamente não evidenciar as alterações típicas de HAP, apresentava HSB na TC e apresentou uma resposta favorável à introdução de um antagonista do receptor mineralocorticóide, sugerindo a hipótese de uma HTA secundária a HSB. 44 IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Márcia de Sousa Meireles Co-Autores: Rita Meireles, Carla Peixoto, Rui Castro, Isabel Costa, David Ferreira, Violeta Iglesias, Paula Baptista Apresentador: Márcia de Sousa Meireles Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave- Unidade de Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A Imunodeficiência comum variável é uma imunodeficiência primária que abrange um grupo heterogéneo de doenças imunológicas de etiologia desconhecida caracterizada pela diminuição dos níveis séricos dos principais tipos de Imunoglobulinas (IgG, IgM, IgA). As suas manifestações clínicas incluem infecções recorrentes, doenças autoimunes, hiperplasia linfoide, doenças granulomatosas e neoplasias. Afecta igualmente ambos os sexos e existe um intervalo significativo de quatro a nove anos de diferença entre o aparecimento da sintomatologia e o diagnóstico, o qual contribui para um aumento das complicações, agravamento do prognóstico e consequente aumento da morbilidade. Descreve-se o caso clínico de uma doente do sexo feminino, 31 de anos de idade sem antecedentes patológicos de relevo até há dois anos em que inicia quadro de infecções repetidas das vias aéreas superiores (rinosinusites e otites) e dois internamentos por pneumonia. Perante esta situação foi investigada a imunidade da doente, foram excluídas causas de imunodeficiência secundária e realizado um estudo imunológico completo em que se verificou normalidade do complemento e das populações linfocitárias. Este estudo incluiu o doseamento de Imunoglobulinas plasmáticas que mostrou um défice de todas elas, IgA < 6mg/dL(66-436), IgM < 25 mg/dL(43279), IgG <200mg/dL (791-1643) e IgE <2UI/mL(25-120). A doente iniciou terapêutica substitutiva com imunoglobulina G, foi orientada para consulta de Imunoalergologia e atualmente está assintomática, sem novas intercorrências infeciosas após o inicio desta terapêutica. Pretende-se com este trabalho apresentar um caso clínico de Imunodeficiência comum variável e realizar uma revisão dos conceitos actuais respeito a esta doença. 45 DISSECÇÃO DA AORTA - UM DIAGNÓSTICO A NÃO ESQUECER Autor: Márcia Meireles Co-Autores: Carla Peixoto, Rita Meireles, Rui Castro, Isabel Costa, David Ferreira, Violeta Iglesias, Paula Baptista Apresentador: Márcia Meireles Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A dissecção aguda da aorta, secundária a hipertensão arterial, constitui uma emergência hipertensiva, sendo 2 a 3 vezes mais comum que a ruptura de aneurisma da aorta abdominal. Caracteriza-se por uma súbita separação da camada média do vaso, levando à infiltração de uma coluna de sangue num espaço virtual formado entre a íntima e a adventícia, determinando um falso lúmen e formação de hematoma. Manifesta-se frequentemente por dor torácica, súbita, lancinante com irradiação dorsal e o diagnóstico exige alto índice de suspeita clínica. O tratamento depende do tipo anatómico e da presença de complicações. Caso Clínico: Apresenta-se o caso clínico de uma doente do sexo feminino, 52 anos de idade, obesa e hipertensa, auto suspendeu a medicação anti-hipertensora 3 meses antes da vinda ao Servico de Urgencias (SU) e inicia quadro súbito de dor torácica retroesternal com irradiação dorsal associada a náuseas, tonturas e hipersudorese. Na admissão apresentava hipotensão arterial, palidez cutâneo-mucosa e extremidades frias. O ECG mostrava ritmo sinusal com inversão de T em DII, DIII, aVF e V3-V6. O segundo ECG aos 30 minutos apresentava supradesnivelamento do segmento ST nas derivações da parede inferior. Analiticamente verificava-se subida ligeira de marcadores de necrose do miocárdio, tendo iniciado terapêutica médica anti-isquémica. Ainda no SU, realizou um Ecocardiograma 2D, que evidenciou a presença de flap na aorta ascendente e arco aórtico com insuficiência aórtica significativa sem derrame pericárdico. A doente foi orientada para cirurgia torácica tendo sido submetida a tratamento cirurgico. Conclusão: O prognóstico destes doentes depende da rapidez do diagnóstico e do tratamento precoce. Se não tratada, a taxa de mortalidade aos 3 meses pode chegar aos 90%. 46 25 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO D 47 ASPERGILOSE PULMONAR INVASIVA- A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Liliana Patrícia Ferreira de Oliveira Silva Co-Autores: Marta Oliveira Ferreira, Helga Martins, Carla Melo, Augusto Duarte Apresentador: Liliana Patrícia Ferreira de Oliveira Silva Hospital: Centro Hospitalar de Médio Ave- Unidade de Famalicão Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: Aspergilose Pulmonar Invasiva é uma forma de manifestação da Aspergilose, rapidamente progressiva, habitualmente fatal, que afeta indivíduos imunocomprometidos. O Aspergillus fumigatus é o agente mais frequentemente envolvido. CASO CLÍNICO: Homem de 52 anos, com antecedentes de Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus tipo 2, Doença Hepática Crónica, Etilismo e Tabagismo. Foi internado no Serviço de Medicina por Sépsis com ponto de partida em Pielonefrite, com disfunção multiorgânica. Após resposta inicial à antibioterapia com Ceftriaxona apresentou agravamento clinico (prostração, dispneia, sub-febril e tosse com expetoração mucopurulenta), com roncos dispersos no campo pulmonar direito e no 1/3 inferior do campo pulmonar esquerdo. Analiticamente tinha elevação dos parâmetros inflamatórios, insuficiência respiratória hipoxémica na gasometria e infiltrados nodulares multifocais bilaterais radiologicamente. A tomografia computorizada torácica revelou múltiplas opacidades nodulares mal definidas dispersas em ambos os campos pulmonares, bem como padrão em vidro despolido com carácter confluente e broncograma aéreo no lobo superior esquerdo e segmentos posteriores dos lobos inferiores. O exame direto, cultural da expetoração e hemoculturas foram negativos. Assim, pensando numa infeção bacteriana por um organismo multirresistente, alterou-se empiricamente a antibioterapia. Dado a evolução desfavorável, realizou uma broncofibroscopia que revelou um processo inflamatório generalizado e lesões necróticas vegetantes à entrada de B1+2 do lobo superior esquerdo. Foi isolado Aspergillus fumigatus no lavado brônquico e bronco-alveolar. O doente iniciou tratamento com Voriconazol, tendo boa evolução. Teve alta referenciado à consulta externa. CONCLUSÃO: Os autores pretendem chamar atenção ao papel emergente das infeções fúngicas, muitas vezes esquecidas, cujo diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais no sentido de melhorar o prognóstico do doente. 48 ESPONDILODISCITE COMO CAUSA DE DOR DORSOLOMBAR- QUAL A ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA? Autor: Cristiana Marques Co-Autores: Mariana Brandão, Filipa Silva, José Costa, Viera Lopes Apresentador: Cristiana Marques Hospital: Centro Hospitalar S. Jõao Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Homem de 55 anos, com nefropatia diabética e hipertensiva em hemodiálise por cateter venoso central recorreu ao serviço de urgência por dor dorsolombar com dois meses de evolução, associada a hipersudorese e arrepios de frio, sem febre. Quando o doente recorreu ao serviço de urgência era portador de uma RMN da coluna dorsolombar, pedida pelo médico assistente que documentava espondilodiscite de D9 e D10. No serviço de urgência foi avaliado por Ortopedia que não considerou necessária atitude cirúrgica urgente e foi decidido tratamento com antibioterapia pelo que ficou internado no serviço de Medicina Interna. Apesar da espondilodiscite ser uma entidade rara, a sua incidência tem aumentado sobretudo nos doentes hemodialisados. Esta patologia associa-se a uma mortalidade baixa, mas a morbilidade significativa, sobretudo pela dificuldade e consequente atraso no diagnóstico. A evolução insidiosa e a inespecificidade do quadro clínico condicionam a prontidão terapêutica. Existem dois grandes grupos de espondilodiscite: a piogénica, cujo agente etiológico mais fre¬quente é o Staphylococcus aureus e a granulomatosa, causada sobretudo pelo Mycobacterium tuberculosis e Brucella mellitensis, ambos endémicos em Portugal. A literatura existente é escassa, existindo orientações clínicas mas não baseadas em ensaios clínicos duplamente randomizados. Descreve-se um caso clínico de espondilodiscite, onde a investigação etiológica e o tratamento se revelaram um desafio. O doente apresentado teve uma evolução clínica favorável com tratamento médico e cirúrgico, tendo tido alta ao 45º dia de internamento. Qual o melhor momento para a introdução de antibiótico? O mais precocemente possível? Apenas após o isolamento de agente? Qual a duração do tratamento e quando intervir cirurgicamente? Como monitorizar a resposta à terapêutica? Existem particularidades nos doentes em hemodiálise? Estas serão algumas das questões abordadas. 49 IATROGENIA EM DOENTES VIH Autor: Joana Barros Co-Autores: Sara Pereira, Eugénia Quelhas, Celeste Guedes, Augusto Duarte Apresentador: Joana Patrícia Alves da Costa Barros Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina Interna I Tipo de trabalho: poster A incapacidade motora nos doentes Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) positivos advem principalmente de infeções repetidas, malignidade, má absorção e deficiência nutricional. No entanto, não se deve descartar a patologia muscular esquelética direta ou indiretamente relacionada com o VIH. Este caso clínico refere-se a uma doente de 54 anos, seguida em Consulta Externa de Medicina por Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) desde 2001, altura em que iniciou terapêutica anti-retrovírica com Lamivudina/Zidovudina e Nevirapina, encontrando-se recuperada e suprimida. Em Novembro de 2012, em consulta de rotina, refere uma massa na face posterior da coxa direita associada a queixas álgicas com o movimento. À observação, apresentava atrofia muscular generalizada e, à palpação detetava-se uma lesão circular, de bordos regulares, consistência dura, com cerca de 5 cm de maior diâmetro. Realiza biópsia muscular eco-guiada por suspeita de sarcoma, esta demonstrou tecido muscular estriado esquelético e tecido adiposo sem infiltrado inflamatório nem sinais de atipia e malignidade. Em Janeiro de 2013 é submetida a core-biópsia para esclarecimento diagnóstico, que evidenciou tecido fibromuscular com atrofia e hialinização das fibras musculares sem atipia ou sinais de malignidade. O estudo analítico mostrou marcadores de miólise dentro da normalidade (CK 164 U/L (N 21-164); Mioglobina 42ng/mL (N 14,3-65,8)), o estudo imunológico foi negativo, incluindo ds-DNA, PM/Scl100, A.N.A. e E.N.A.s. Em Março de 2013 decide-se suspensão da terapêutica com zidovudina, por suspeita de polimiosite iatrogénica. Três meses depois a doente refere melhoria das queixas álgicas e diminuição do diâmetro da massa, mantendo marcadores de miólise dentro da normalidade. Este caso demonstra um efeito adverso major da zidovudina, a miopatia por toxicidade mitocondrial, que deverá ser sempre equacionada nos doentes sob terapêutica com este fármaco. 50 ASPERGILOMA NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA HEMOPTISE Autor: Cátia Pereira Co-Autores: Sofia Moura, Elisabete Pinelo, Prudência Vaz Apresentador: Cátia Pereira Hospital: Unidade Local de Saúde do Nordeste - Unidade Hospitalar de Bragança Serviço: Medicina Intera Tipo de trabalho: poster Introdução: O diagnóstico diferencial das hemoptises abrange doenças vasculares pulmonares, das vias aéreas e do parênquima pulmonar, que inclui infecções por bactérias, micobactérias ou fungos. Caso: Homem de 69 anos, ex-fumador, com antecedentes de asma, HTA, dislipidemia, enfarte agudo do miocárdio, hemorragia digestiva alta por úlcera duodenal, nódulo supra-renal direito e 2 nódulos pulmonares de 9 e 13 mm no lobo superior direito (LSD) conhecidos desde 2008, seguido em consulta Pneumologia em hospital privado. Internado no serviço de Medicina em 2012 por hemoptises sem outras queixas, realizando TC torácica que revelou “massa ovóide com 48 mm associada a padrão em vidro despolido do LSD do pulmão”, prova de Mantoux negativa e biópsia guiada por TC com “infiltrado inflamatório linfo-histiocítico com histiócitos de citoplasma pigmentado”. Alta sem etiologia esclarecida. Regressa após 1 semana por persistência de hemoptises, que se mantiveram refractárias a tratamento médico, objectivando-se queda de 2 g/dL de hemoglobina. Marcadores tumorais, virologias e estudo imunológico negativos. Realizou PET que mostrou “nódulo pulmonar com avidez discreta para FDG compatível com patologia inflamatória ou infecciosa, não podendo ser excluída patologia maligna de baixo grau”. Transferido para pneumologia onde prosseguiu estudo. Broncofibroscopia com estenose discreta do LSD, sem lesões endobrônquicas sangrantes. Lavado brônquico negativo para células neoplásicas. Submetido a toracotomia direita com ressecção segmentar anterior do LSD para exérese da massa em estudo. Diagnóstico definitivo da peça: aspergiloma. Conclusão: O aspergiloma, um aglomerado de fungos numa cavitação pulmonar, é uma entidade com uma história natural variável, constituindo a hemoptise uma manifestação grave. A terapêutica médica não é eficaz pela ausência de vascularização sanguínea, sendo a cirurgia o tratamento de eleição nesses casos. 51 TRANSMISSÃO E APRESENTAÇÃO RARAS DE UMA DOENÇA AINDA COMUM Autor: Cátia Canelas Co-Autores: Marta Sousa, Joana Lemos, Fernando Girão Apresentador: Cátia Canelas Hospital: Centro Hospitalar Tondela Viseu - Hospital São Teotónio Serviço: Medicina 1 Tipo de trabalho: poster A brucelose é uma zoonose causada por bactérias do género Brucella, que representa um problema de saúde pública mundial. A transmissão acontece por ingestão de produtos infetados, contacto direto com animais infetados ou inalação de aerossóis. Mulher, 75 anos. Recorreu ao serviço de urgência por cervicalgia com irradiação para os membros superiores, parestesias das mãos, astenia e anorexia. Dor de características inflamatórias com 3 meses de evolução e agravamento progressivo. Negava hipersudorese ou emagrecimento. Habitante em zona com criação de gado caprino. Negava consumo de leite ou derivados não pasteurizados. Havia co-habitantes com história de brucelose no ano anterior, altura em que fez estudo para brucelose que foi negativo e o rebanho que possuía foi abatido. Adquiriu novas cabras após o início deste quadro que são saudáveis. No exame físico à admissão, diminuição da mobilidade passiva e ativa da cintura escapular com predomínio à direita. Do estudo no médico assistente tinha RMN que revelava espondilodiscite C3-C4 com abcesso paravertebral. Foi admitida no internamento para esclarecimento etiológico e tratamento. Realizou teste Wright (título de 1/640), Rosa Bengala positivo e 3 hemoculturas positivas para Brucella melitensis. A terapêutica dirigida foi: gentamicina 240mg id 21dias, rifampicina 600mg id e doxiciclina 100mg 2id durante 3 meses. Houve boa resposta clínica ao tratamento com apirexia (subfebril até inicio da antibioterapia) e melhoria das queixas álgicas, da limitação funcional e do estado geral. Tendo em conta o estudo realizado e a resposta à terapêutica, apesar de se tratar de uma forma de apresentação menos comum, assumiu tratar-se de uma espondilodiscite secundária a infecção por Brucella melitensis. Não é possivel assegurar qual a forma de transmissão, mas da análise da história, a inalação de aerossóis existentes no meio ambiente local parece a mais plausível mesmo sendo esta uma forma menos comum que as restantes 52 NÃO ERA APENAS UMA CIATALGIA Autor: Cristina Alexandra Pires Correia Co-Autores: Francisca Aguiar, João Lobo, Rita Belo, Fátima Coelho Apresentador: Cristina Alexandra Pires Correia Hospital: Hospital de São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução : A espondilodiscite é uma patologia rara, por vezes de difícil diagnóstico e com factores de risco associados não totalmente esclarecidos. Caracteriza-se mais frequentemente por origem hematogénea com um foco de infecção distante. Objetivo: Expor um caso de espondilodiscite diagnosticada num doente internado na enfermaria de Medicina com febre e dor lombar. Trata-se de um doente de 47 anos, sexo masculino, com antecedentes de vasculite leucocitoclástica aos 29 anos, que recorreu ao serviço de urgência por dor lombar com características compatíveis com ciatalgia com uma semana de evolução, sem alívio com analgesia, e atingimento progressivo de estado geral. Tinha feito uma viagem a moçambique há 10 meses e contactava frequentemente com cavalos. Ao exame objectivo, destaca-se Temperatura axilar 39º, estabilidade hemodinâmica, exame neurológico sem alterações e positividade teste Lasegue bilateralmente. Dos exames auxiliares de diagnóstico (EAD): Leucocitose com elevação de PCR; sedimento urinário e raio x toráx sem alterações; TAC coluna lombar revelando apenas protusão discal L5-S1. Foi internado com dor lombar de difícil controlo, efectuando Ressonância Magnética que revelou espondilodiscite L5-S1 com empiema. Iniciou antibioterapia e foi posteriormente submetido a drenagem cirúrgica. Dos EAD destaca-se ainda: isolamento de Staphylococcus aureus localmente, com hemoculturas negativas; ecocardiograma sem alterações e estudo auto imune, bem como serologias negativas. Conclusão: Realça-se a importância do reconhecimento clínico desta patologia bem como da abordagem relativamente a exames auxiliares de diagnóstico, estando o bom prognóstico assente no diagnóstico e tratamento precoces. 53 SÍNDROME NEFRÓTICA EM JOVEM DE 27 ANOS Autor: J Abreu Co-Autores: A Barroso, C Costa, R Pereira, C Oliveira. Apresentador: Joana Castro Abreu Hospital: Hospital Santa Maria Maior, EPE - Barcelos Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A síndrome nefrótica (SN) é definida pela presença de proteinúria superior a 3,5 gr em 24 horas, hipoalbuminémia e edemas periféricos. Hiperlipidemia e doença trombótica podem estar presentes. Outras manifestações incluem desnutrição proteica, hipovolémia, insuficiência renal e maior suscetibilidade a infeções. Jovem, 27 anos de idade, antecedentes de diabetes mellitus tipo 1 com 15 anos de evolução, com má adesão terapêutica, e fumador de 8 UMA. Admitido no SU por edema palpebral bilateral, dos membros inferiores até à raiz da coxa e região sagrada com agravamento progressivo desde há 2 meses. Analiticamente anemia, insuficiência renal estadio 2, hipoalbuminémia, hiperlipidemia, hiperglicemia, rabdomiólise, PTH aumentada e eritropoetina normal. Proteinúria 24 horas 8 gr. Marcadores víricos negativos. Estudo de autoimunidade negativo. Ecografia renal com rins de dimensões normais com ecogenidade aumentada do parênquima. Biópsia da parede abdominal negativa para substância amiloide. Observado por Oftalmologia com retinopatia diabética proliferativa bilateral e por Nefrologia com realização de biópsia renal que confirmou nefropatia diabética com nódulos glomerulares e extensa fibrose intersticial. O doente encontra-se atualmente em diálise peritoneal. Aproximadamente 30% dos adultos com SN apresentam uma doença sistémica, de salientar a diabetes mellitus. Contudo, uma vez que a maioria dos casos, nomeadamente em doentes jovens, está associada a distúrbios renais primários, estes devem ser descartados. Neste caso, apesar de a etiologia do SN poder ser sugerida pela história clinica, o facto de apresentar proteinúria significativa desproporcional ao estadio de insuficiência renal, implicou a investigação de outras possíveis causas. 54 SÍNDROME FEBRIL- UM DESAFIO DIAGNÓSTICO Autor: Juliana Pinho Co-Autores: Cátia Canelas, Andreia Correia, Maria do Céu Coelho, Fernando Girão Apresentador: Juliana Pinho Hospital: Centro Hospitalar Tondela/Viseu Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A síndrome febril constitui um desafio clínico, sendo por vezes difícil estabelecer um diagnóstico definitivo. Descreve-se o caso de uma mulher de 66 anos, antecedentes de diabetes mellitus tipo 2,hipertensão arterial, com quadro de náuseas, vómitos e polaquiúria com 12 horas de evolução. Objectivamente, febril (39,7ºC), abdómen indolor a palpação, murphy renal negativo,auscultação cardiopulmonar e exame neurológico sem alterações. Analiticamente, leucocitose com neutrofilia, PCR 4.55,hiponatremia,mioglobina 386,CK 217.Fez combur, ecografia abdominal/renal sem alterações.Internada por provável gastroenterite aguda, iniciando antibioterapia com ciprofloxacina, com apirexia sustentada, embora o estudo analítico de controlo revele elevação dos parâmetros inflamatórios.No 2º dia internamento, iniciou quadro de agitação psicomotora com queda e traumatismo crânioencefâlico. Realizou TAC cerebral que mostrou “assimetria dos ventrículos laterais, definindose menos a vertente posterior do ventrículo lateral direito, não se podendo excluir lesão ocupando espaço”.Colocada hipótese de linfoma do sistema nervoso central/metástases secundárias.No 4º dia, iniciou quadro febril e flutuação do estado de consciência,sem alterações no exame neurológico.No 6ºdia,com rigidez da nuca.Realizou RM cerebral que revelou meningite com ventriculite e plexite coroideia extensa,com taxa de sobrevida de cerca de 15%.Fez punção lombar com saída de líquido citrino turvo,glicose 64,proteínas 324,leucócitos<1celulas/mm3 predomínio mononucleares,positiva para Neisseria Meningitidis grupo A.Completou ciclo de antibioterapia de 14 dias de ceftriaxone e vancomicina,com boa evolução clinica.A RM cerebral no ambulatório relevou lesões em resolução, apresentando apenas incontinência urinária ocasional.As manifestações da meningite meningocócica estão bem descritas, mas as apresentações atípicas podem levar a um diagnóstico tardio, exigindo um elevado grau de suspeição, para instituir terapêutica numa fase precoce. 55 FASCEÍTE NECROSANTE-UMA QUEDA ATRIBULADA Autor: Juliana Pinho Co-Autores: Cátia Canelas, Andreia Correia, Maria do Céu Coelho, Fernando Girão Apresentador: Juliana Pinho Hospital: Centro Hospitalar Tondela/Viseu Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A fasceíte necrosante é uma infeção grave, com necrose extensa e rapidamente progressiva dos tecidos moles. De difícil diagnóstico precoce, implica um tratamento agressivo, estando associada a uma elevada morbilidade e mortalidade. Descreve-se o caso de um homem de 74 anos, com antecedentes de hipertensão arterial, alcoolismo crónico e diabetes mellitus tipo 2,sem terapêutica farmacológica. Recorreu ao serviço de urgência por toracalgia esquerda com 3 semanas de evolução, após queda. Objetivamente encontrava-se subfebril, taquicárdico, normotenso, com equimose e flictenas no hemitórax esquerdo. Imagiologicamente sem evidência de fraturas ou alterações pulmonares. Posteriormente iniciou quadro de agitação, sudorese e tremor fino das extremidades, com resposta ao diazepam. Após 3 horas iniciou dificuldade respiratória com estridor e aumento dos sinais inflamatórios da parede torácica e região cervical esquerda. Gasimetricamente pH 7,11;pO2 42mmHg;pCO2 53mmHg;HCO3 16,8mmHg. Analiticamente com trombocitopenia, macrocitose, protrombinemia 41%, ureia141mg/dL, creatinina3.0mg/dL, glicose273mg/dL, mioglobina>1000ng/mL e CK 2676U/L. Procedeu-se a entubação orotraqueal, objetivando-se edema difuso da laringe e desvio das estruturas laríngeas. A TAC torácica mostrou densificação da gordura subcutânea da parede torácica anterior e lateral esquerda, derrame pleural bilateral e sinais de contusão pulmonar esquerda. Admitida a hipótese de fasceíte necrosante, iniciou antibioterapia com meropenem e foi submetido a desbridamento cirúrgico emergente. Foi isolado Streptococcus pyogenes. Atualmente encontra-se no Serviço de Cirurgia Plástica a fazer reconstrução local. A fasceíte necrosante pode ocorrer após traumatismo, queimaduras, disrupções anatómicas, doenças sistémicas ou ser idiopática. A diabetes mellitus é um fator de risco conhecido. O desbridamento cirúrgico amplo em associação com antibioterapia de largo espetro constituem a abordagem de 1ª linha para reduzir o risco de complicações. 56 LEPTOSPIROSE - UM CASO CLÍNICO Autor: Ana Luísa Silva Co-Autores: Co-Apresentador: Ana Luísa Silva Hospital: Centro Hospitalar São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Caso clínico: Homem de 65 anos, sem antecedentes de relevo, recorreu ao Serviço de Urgência por mal-estar geral, anorexia, náuseas, astenia generalizada, cefaleia intensa, arrepios, mialgias e artralgias, com 7 dias de evolução. Contexto epidemiológico: actividade agrícola em meio rural, com presença frequente de ratos. Ao exame objectivo, de salientar icterícia das escleróticas, hiperemia conjunctival e dor à palpação dos quadrantes abdominais direitos. Analiticamente, acidose metabólica compensada, trombocitopenia, citólise hepática e colestase, rabdomiólise, insuficiência renal aguda. Ecografia com hepatoesplenomegalia. Iniciou terapêutica com ceftriaxone e ficou internado por suspeita de leptospirose. Boa evolução durante o internamento, com resolução de todas as disfunções. O diagnóstico foi confirmado por pesquisa por PCR do DNA de Leptospira no sangue e na urina, cujo resultado foi conhecido apenas após a alta. Discussão: A leptospirose é uma zoonose causada pela espiroqueta Leptospira interogans, causando um quadro clínico variado e pouco específico. O homem é infectado por exposição a ambiente contaminado por urina de animais infectados (habitualmente pequenos roedores), mais frequentemente através de soluções de continuidade cutâneas ou das mucosas, raramente através de ingestão de alimentos contaminados. A apresentação inclui febre, arrepios, cefaleias, mialgias. O exame físico pode ser inocente, com destaque para sufusões conjunctivais, adenopatias e hepatosplenomegalia. Analiticamente, pode haver alterações urinárias, rabdomiólise, citólise hepática e colestase, desequilíbrios hidroelectrolíticos. Pode complicar com insuficiência renal, insuficiência hepática e manifestações hemorrágicas, mesmo na ausência de trombocitopenia ou alterações analíticas da coagulação. O diagnóstico depende de uma suspeição clínica elevada na presença de contexto epidemiológico compatível, e é frequentemente confirmado por serologia. 57 SÍNDROME DE RAMSAY HUNT Autor: Ana Luísa Silva Co-Autores: Apresentador: Ana Luísa Silva Hospital: Centro Hospitalar São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Caso clínico: Mulher de 82 anos, com antecedentes de hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2. Recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por desvio da comissura labial de instalação súbita, acompanhado de dor na região mastoidéia. História recente de infecção vírica das vias aéreas superiores. Ao exame objectivo, parésia facial periférica à esquerda, sem outras alterações. Teve alta com o diagnóstico de Paralisia de Bell, sob prednisolona (40 mg qd durante 5 dias). Regressou ao SU 4 dias depois, com queixas de vertigem, tinitus, náuseas e vómitos. Apresentava nesta altura um exantema vesicular do pavilhão auricular esquerdo. Diagnosticado Síndrome de Ramsay Hunt (SRH). A doente teve alta sob valaciclovir 800 mg po tid. Discussão: A Paralisia de Bell é uma paralisia periférica do nervo facial de instalação aguda. O prognóstico é geralmente bom, com recuperação total dos défices na maioria dos casos. O Vírus Herpes Simplex (HSV) tipo 1 é provavelmente a causa mais comum. Outras causas infecciosas incluem o Vírus Varicella-Zoster (VZV), o Citomegalovírus, o Vírus Epstein Bar, os adenovirus, os vírus da rubéola e da papeira e o Vírus Influenza B. O tratamento é controverso: a maioria dos dados sugere que os corticóides reduzem a incidência de parésia facial permanente, mas há necessidade de mais estudos para estabelecer se há benefício adicional com os anti-víricos. O SRH (herpes zoster oticus) consiste na reactivação do VZV latente no gânglio geniculado, com envolvimento do oitavo nervo craniano (e possivelmente também do quinto, sétimo, nono e décimo). O quadro típico consiste em parésia facial, otalgia, exantema vesicular do canal auditivo e pavilhão auricular e vertigem. Pode afectar ainda a audição, o paladar e a lacrimação. A parésia facial associada ao SRH tem geralmente pior prognóstico do que a causada pelo HSV, embora se saiba pouco acerca desta complicação da infecção pelo VZV. O tratamento passa habitualmente pela prescrição de anti-víricos. 58 HEMATOMA RETROPERITONEAL ESPONTÂNEO – COMPLICAÇÃO IATROGÉNICA Autor: Joana Castro Abreu Co-Autores: A Barroso, C Costa, R Pereira, C Oliveira. Apresentador: Joana Castro Abreu Hospital: Hospital Santa Maria Maior, EPE - Barcelos Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster O hematoma retroperitoneal espontâneo (HRE) é raro e carateriza-se pela formação de coleção hemática no retroperitoneu de etiologia não traumática. A sua incidência em doentes sob anticoagulantes orais é mínima. O quadro clínico carateriza-se pela tríade clássica: dor abdominal, massa palpável no flanco e hipovolémia ou anemia. A sintomatologia varia consoante a velocidade de instalação do quadro. O diagnóstico assenta nos achados clínicos e exames imagiológicos, sendo a tomografia computorizada (TC) o método de eleição. Mulher, 76 anos, com antecedentes de HTA, cardiopatia valvular, DPOC e fibrilhação auricular sob hipocoagulação oral. Internada por pneumonia adquirida na comunidade por pneumococos com insuficiência respiratória. No internamento manteve hipocoagulação oral. Ao 5º dia de internamento por queda súbita da hemoglobina, INR 8,10 e insuficiência renal aguda associada a instabilidade hemodinâmica e dor no flanco esquerdo solicitou-se TC abdomino-pélvica que revela volumosa massa heterogénea compatível com hematoma retroperitoneal que se estende desde o hemidiafragma esquerdo até à escavação pélvica, sem extravasamento agudo do contraste injetado. Por choque hipovolémico secundário a HRE é transferida para a Unidade de Cuidados Intermédios com estabilização hemodinâmica com tratamento conservador. O HRE, apesar de pouco frequente, exige elevada suspeição clínica, uma vez que o diagnóstico e intervenção precoces podem alterar o prognóstico reservado a ele associado. Os autores pretendem alertar para a necessidade de ponderar a suspensão da hipocoagulação oral na fase aguda de internamento, pelo risco hemorrágico inerente, agravado pelas múltiplas comorbilidades associadas às interações medicamentosas. 59 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – GRUPO E 60 E TUDO O FOLATO LEVOU Autor: Cátia Pereira Co-Autores: Sofia Moura, Elisabete Pinelo, Prudência Vaz Apresentador: Cátia Pereira Hospital: Unidade Local de Saúde do Nordeste - Unidade Hospitalar de Bragança Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: Considera-se pancitopenia uma diminuição de todas as linhagens celulares do sangue. Das suas diversas causas, destaca-se a anemia megaloblástica, que constitui um grupo de distúrbios caraterizados pela presença de aspetos morfológicos distintos das células em maturação na medula óssea associados a uma eritropoiese ineficaz. Caso: Apresenta-se o caso de um homem, 39 anos, ex-toxicodependente (consumo de cocaína e heroína) e com hábitos etílicos marcados, trazido à urgência por cansaço em repouso e palpitações com três meses de evolução. Referia ainda quadro arrastado de anorexia e epistaxis frequentes na última semana. Ao exame físico, subfebril, normotenso, taquicárdico, polipneico em repouso mas sem sinais de dificuldade respiratória. Apresentava-se extremamente pálido, com edemas generalizados. Sem rash. Ausência de petéquias/púrpura ou manifestações hemorrágicas. Sem adenomegalias palpáveis. Auscultação cardiopulmonar sem alterações de relevo. Abdómen mole e depressível, indolor à palpação, hepatoesplenomegalia, sem massas palpáveis. Dos exames complementares realizados destaca-se uma pancitopenia grave: anemia macrocítica de Hb 2.8 g/dL, trombocitopenia de 16000/uL e leucopenia de 2650/uL com diminuição de todas as linhagens de leucócitos. Aliada a esta alteração, encontrada citólise hepática e LDH muito elevada (5341). Em TC abdominal cirrose hepática com esplenomegalia em relação com hipertensão portal. No estudo da anemia, constatada deficiência grave de ácido fólico. Efetuou esfregaço e mielograma, compatíveis com anemia megaloblástica. Na sua origem uma doença hepática crónica alcoólica associada a uma carência nutricional grave. Iniciou suplementação oral de folato e vitamina B12 obtendo-se boa resposta, com normalização de todas as linhagens celulares com três meses de tratamento. Conclusão: Relembra-se a importância da exclusão dos défices nutricionais no diagnóstico diferencial das anemias e pancitopenias, mesmo em países desenvolvidos. 61 DIARREIA AGUDA POR PANCREATITE CRÓNICA Autor: Rui Miguel Abreu Co-Autores: Paulo Subtil, Trigo Faria Apresentador: Rui Miguel Abreu Hospital: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Os síndromes de má absorção interferem na assimilação dos nutrientes e podem resultar de defeitos congénitos do epitélio intestinal, defeitos adquiridos tais como as doenças inflamatórias intestinais e ainda defeitos na digestão dos nutrientes a nível do lúmen intestinal como na insuficiência pancreática exócrina. Descrevemos o caso clínico de um doente, do sexo masculino, 43 anos, autónomo, com antecedentes de diabetes de longa data, não medicado e alcoolismo crónico. Recorreu ao Serviço de Urgência por quadro de diarreia (6 dejecções diárias) sem sangue mas com muco, com cerca de uma semana de evolução. Sem febre associada. Ao exame objetivo, apresentava-se emagrecido, desidratado, normotenso e apirético. Abdómen sem alterações à palpação. Analiticamente com hemoglobina de 11,7 g/dL, sem leucocitose e PCR negativa, função renal normal, TGO/TGP de 2:1, GGT elevada e ionograma normal. Marcadores víricos negativos. Coproculturas e parasitológico de fezes sem isolamentos. Assumida gastroenterite aguda, tendo iniciado antibioterapia com ciprofloxacina sem melhoria do quadro. Após 10 dias de internamento, evolução para insuficiência renal aguda oligúrica com acidose metabólica revertidas após sessão de diálise e fluidoterapia. Pela persistência dos sintomas, realizada colonoscopia que excluiu doença inflamatória intestinal e tomografia axial computorizada abdominal que demonstrou pâncreas atrófico, calcificado, compatível com pancreatite crónica. Iniciou suplementação com enzimas pancreáticas, com resolução do quadro de diarreia. Os distúrbios da absorção constituem um amplo espectro de condições com múltiplas etiologias e que devem ser incluídos no diagnóstico diferencial de diarreia. 62 EDEMA EXUBERANTE Autor: Marta de Sousa Co-Autores: Carolina Sepúlveda, Edgar Pereira, Ana Rita Cardoso, Cristina Gonçalves Apresentador: Marta de Sousa Hospital: Centro Hospitalar Médio Tejo - Hospital de Abrantes Serviço: Medicina 3 Tipo de trabalho: poster Introdução: O Linfoma não-Hodgkin (LNH) B difuso de grandes células é o tipo mais comum de LNH. Tem como idade média os 64 anos e prevalência no sexo masculino. Manifesta-se primariamente nos gânglios linfáticos ou em locais extraganglionares. Por ocasião do diagnóstico, em mais de 50% dos casos verifica-se algum local de comprometimento extraganglionar e praticamente qualquer órgão pode ser acometido, tornando-se obrigatória a realização de biópsia diagnóstica. Objetivo: Relatar um caso de LNH B difuso de grandes células. Metodologia: Estudo descritivo. Relato de caso clínico. Resumo: Mulher de 76 anos, caucasiana, com antecedentes pessoais de Diabetes mellitus tipo 2 e anemia ferropénic. Foi referenciada à consulta de Medicina em Julho de 2013 por “distensão abdominal de etiologia a esclarecer”, tendo referido aumento progressivo de volume abdominal e edema marcado dos membros inferiores, com 3 meses de evolução. Com perda de peso não quantificada mas sem febre, suores noturnos, fadiga ou astenia. O exame objetivo revelou adenopatia axilar direita móvel e dura, e edema duro dos membros inferiores e tronco até à região mamária. Do estudo complementar a destacar velocidade de sedimentação 120 mm/h e compromisso da função renal. A T.A.C tóraco-abdómino-pélvico revelou edema difuso da parede abdómino-pélvica com sinais de uretero-hidronefrose bilateral por encarceramento parcial quase total dos ureteros pélvico por múltiplas e volumosas adenomegálias retro-peritoneais desde as regiões inguino-femorais até ao espaço retro-crural. Realizou biópsia ganglionar abdominal guiada por ecografia, cujo resultado histológico foi LNH B difuso de grandes células. A doente ficou referenciada à consulta de Hematologia do IPO de Lisboa para seguimento. Conclusão: Serve o presente caso para mostrar uma manifestação exuberante e pouco expectável de um dos linfomas mais comuns no adulto. 63 AVC? A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. Autor: Carla Dias Co-Autores: Sérgio Azevedo, Daniela Magalhães, Jorge Oliveira Apresentador: Carla Dias Hospital: Centro Hospitalar S. João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Homem de 81 anos com diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia e insuficiência cardíaca, medicado com ticlopidina, perindopril, amlodipina, atorvastatina, metformina e gliclazida, admitido por quadro de desequilíbrio associado a diminuição súbita da força muscular do membro inferior direito. Analiticamente apresentava anemia ligeira. O electrocardiograma mostrava ritmo sinusal. A tomografia computorizada (TC) crânioencefálica revelava hipodensidade corticosubcortical parietal esquerda sugerindo lesão isquémica. Internado no serviço de medicina com o diagnóstico de enfarte cerebral. Do estudo efectuado no internamento era de realçar estenose de 65-70% da carótida interna esquerda com repercussão hemodinâmica. Por apresentar flutuações do grau de défice motor e episódios de tremor incontrolável do pé direito sugestivos de crises parciais simples iniciou ácido valpróico e foi programada endarterectomia carotídea. A presença de duas imagens nodulares suspeitas na radiografia do tórax levou à realização de TC torácico e biópsia dirigida cujo resultado anatomopatológico mostrou tratar-se de adenocarcinoma metastático. A repetição de TC cerebral com contraste evidenciou imagem captante sugestiva de metástase. Entretanto o doente desenvolveu quadro de suboclusão intestinal e realizou TC abdominopélvico que revelou lesão hepática provavelmente metastática e área estenótica retosigmoideia de 4.4cm de extensão suspeita de malignidade com dilatação a montante. Foi colocada prótese retosigmoideia verificando-se resolução do quadro oclusivo. Na reunião de grupo oncológico foi solicitada radioterapia cerebral e o doente foi orientado para consulta de cuidados paliativos. Pretende-se com este trabalho chamar a atenção para a importância do diagnóstico diferencial nos quadros sugestivos de acidente vascular cerebral. Tratando-se de um doente sem sintomas constitucionais e apenas com défice motor na admissão, o diagnóstico final foi totalmente inesperado. 64 SÍNDROME MIELODISPLÁSICA EM DOENTE DE 48 ANOS Autor: Nídia Calado Co-Autores: Larisa Veverita, Ricardo Bagina, Paula Paiva, Alexandre Louro, Joana Leite, Ana Mateus, Augusto Mendonça, António Araújo, Violeta Suruceanu, Carlos Cruz, Ana Costa. Apresentador: Nídia Calado Hospital: Hospital Doutor José Maria Grande – ULSNA, EPE Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster As síndromes mielodisplásicas (SMD) englobam uma série de condições hematológicas caracterizadas por citopénias crónicas e maturação celular anormal. A anemia refratária com excesso de blastos (AREB) é um dos subtipos de SMD, caraterizada pela presença de 5 a 19% blastos na médula óssea, por um mau prognóstico e um elevado risco de progressão para leucemia mieloide aguda (40 a 50%). Os autores apresentam o caso de uma doente de 48 anos com antecedentes pessoais de discinésia vesicular, rinite alérgica e hemorróidas e antecedentes familiares de neoplasia e artrite reumatoide. Recorreu ao Serviço de Urgência por quadro de febre, astenia, anorexia, perda ponderal (4kg), mialgias e dor abdominal difusa tipo cólica com dois meses de evolução e de agravamento progressivo. Contexto epidemiológico irrelevante. Já tinha sido medicada em ambulatório com antibiótico, antihistamínico e anti-inflamatório sem benefício. Da observação realizada à entrada salienta-se: febre, máculas eritematosas não pruriginosas nos membros e auscultação cardiopulmonar sem alterações relevantes. Analiticamente, apresentava bicitopénia (anemia e trombocitopenia), leucocitose e proteína C reativa elevada. As serologias infeciosas e autoimunes e os exames bacteriológicos foram negativos. Ecocardiograma, radiografia de tórax e ecografia abdominal sem alterações relevantes. Cumpriu antibioterapia com doxiciclina com melhoria das queixas e diminuição dos parâmetros inflamatórios, mantendo bicitopénia. Neste contexto, realizou endoscopia digestiva alta, colonoscopia e tomografia abdominopélvica que não foram esclarecedoras da origem da bicitopénia. O esfregaço de sangue periférico revelou trombocitopenia, anemia e 7% de blastos, pelo que realizou mielograma que foi compatível com mielodisplasia, mais especificamente com anemia refratária com excesso de blastos (AREB-2). A doente foi encaminhada para consulta de hematologia, tendo iniciado quimioterapia e aguardando transplante medular. 65 RADICULOPATIA COMO MANIFESTAÇÃO INICIAL DE MIELOMA MÚLTIPLO A IMUNOGLOBULINA A Autor: Nídia Calado Co-Autores: Larisa Veverita, Ricardo Bagina, Paula Paiva, Alexandre Louro, Joana Leite, Ana Mateus, Augusto Mendonça, António Araújo, Violeta Suruceanu, Carlos Cruz, Ana Costa. Apresentador: Nídia Calado Hospital: Hospital Doutor José Maria Grande – ULSNA, EPE Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster O Mieloma Múltiplo (MM) é caracterizado pela proliferação neoplásica de plasmócitos produtores de imunoglobulina (Ig) monoclonal. O MM é responsável por aproximadamente 1% do total de neoplasias e por cerca de 10% das neoplasias hematológicas. As apresentações mais comuns incluem dor óssea, alteração da função renal, hipercalcémia, anemia, astenia e perda ponderal. Mais raramente, os doentes podem apresentar-se com radiculopatia ou compressão medular. Os autores apresentam o caso de uma doente de 82 anos com antecedentes pessoais de doença valvular aórtica, hipertensão arterial, dislipidémia, diabetes mellitus tipo 2 e bronquite crónica. Recorreu ao médico assistente por quadro de astenia, anorexia, lombalgia com irradiação para o membro inferior esquerdo e protusão na região esternal. Realizou tomografia computorizada (TC) da coluna dorso-lombar que mostrou lesões osteolíticas na coluna lombar e massa paravertebral lombar esquerda (com invasão do canal medular). Foi internada para estudo do referido quadro clínico. Da avaliação laboratorial salienta-se: IgA aumentada (938.8mg/dL), IgG baixo (512mg/dL), B2-microglobulina aumentada (4.7mg/L), electroforese proteica sem picos monoclonais, doseamento das cadeias leves sem alterações relevantes e imunoelectroforese urinária com presença de banda monoclonal no soro anti-cadeias kappa. O mielograma mostrou 14% de plasmócitos e a biópsia óssea foi sugestiva de neoplasia de células plasmocitárias (10% plasmócitos). Fez TC toraco-abdominal que, além das lesões já descritas, revelou massa de densidade tissular na região esternal. A doente foi avaliada em consulta de Hematologia, confirmando-se a suspeita de Mieloma múltiplo a IgA e plasmocitomas a nível esternal e paravertebral lombar esquerdo. Considerando a idade da doente e a radiculopatia, optou-se por iniciar corticoterapia e radioterapia sobre os plasmocitomas. A doente encontra-se em tratamento, verificando-se redução da lesões e melhor controlo das queixas álgicas. 66 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO: SARCOMA DE TECIDOS MOLES - UMA ENTIDADE RARA E DEMOLIDORA Autor: Marta Costa Co-Autores: Laura Riem, Marta Gomes, Catarina Moreira, Carlos Oliveira Apresentador: Marta Costa Hospital: Hospital de Santa Maria Maior, EPE Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: Os sarcomas são um grupo heterogéneo de tumores raros que representam apenas 1% das neoplasias no adulto. Caso clínico: Homem, 77 anos, ex-agricultor. Antecedentes: hipertensão arterial, acidente vascular cerebral isquémico sem sequelas, fibrilação auricular crónica, hiperplasia benigna da próstata, quisto renal esquerdo, acidente de viação com perfuração da pleura e cirurgia ortopédica. Medicação habitual: varfarina, sinvastatina 20 id, losartan 50 id, bisoprolol 2.5id. O doente iniciou 6 meses antes do internamento dor progressiva localizada no braço direito, associando-se tumefacção e edema. Posteriormente, apresentou tumefacção dolorosa da face postero-medial da coxa esquerda, com edema. No internamento destaque para volumosas tumefacções do braço direito e coxa esquerda, acompanhados de edema dos membros atingidos e adenopatias ao nível das cadeias jugulares bilateralmente, axila esquerda e região inguinal esquerda. Analiticamente, hemograma, VS, fosfatase alcalina, cálcio e marcadores tumorais normais, elevação 2x GGT, aumento ligeiro da B2-microglobulina; IgA baixa. Nos exames de imagem, volumosa massa de partes moles do compartimento muscular do braço direito, com lesão tumoral osteolítica no úmero direito, volumosas adenomegalias heterogéneas axilares e no cavado infra-clavicular, trombose da veia axilar; volumosa massa de partes moles de características tumorais ao nível da coxa esquerda sem sinais de invasão; massa no hilo pulmonar direito; nódulos pulmonares. Fez broncofibroscopia, sem alterações. Na biópsia axilar, atipia nuclear marcada, mitoses numerosas e áreas de necrose tumoral, com imunocitoquímica positiva para vimentina - sarcoma de alto grau. Foi proposta terapêutica paliativa com doxorrubicina. O doente cumpriu um ciclo, tendo falecido poucos dias após a última sessão com uma pneumonia. Conclusão: Os autores pretendem realçar a baixa frequência deste tipo de neoplasia e a sua evolução extremamente rápida, exuberante e dramática. 67 TUMOR DE CÉLULAS GERMINATIVAS NÃO SEMINOMATOSO: A PROPÓSITO DE UM CASO Autor: Catarina Moreira Co-Autores: Marta Duarte, Ana Ogando, Raquel Ervalho, Jaime Louro, Carlos Oliveira Apresentador: Catarina Moreira Hospital: Hospital Santa Maria Maior, EPE - Barcelos Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Doente do sexo masculino, 28 anos, que recorre ao SU por quadro com 1 mês de evolução caracterizado por toracalgia pleurítica esquerda, tosse seca e dispneia para pequenos/ médios esforços. Hipersudorese nocturna e sintomatologia constitucional, nomeadamente astenia, anorexia, enfartamento fácil e perda ponderal de 9Kgs. Sem febre. Na semana anterior ao inicio do quadro teria tido síndrome gripal com duração de 1 semana. No Ecocardiograma realizado em ambulatório: derrame pericárdico de grande volume ao nível das cavidades esquerdas (38mm). Má visualização do tronco pulmonar por compressão extrínseca. Dilatação moderada cavidades cardíacas direitas e dilatação ligeira da aorta descendente, com movimento paradoxal do septo interventricular e rectilinização diastólica. Objectivamente, doente estável. Sem adenopatias cervicais, supraclaviculares, torácicas ou axilares palpáveis. AC: sons cardíacos rítmicos, sopro sistolico grau III/IV sem irradiação; AP: murmúrio vesicular diminuído globalmente. Constatada na admissão Anemia normocrómica/normocitica (Hb 11,7 g/dL). Ligeira elevação PCR (5,75 mg/dL.) Rx tórax: cardiomegalia; hipotransparência cardíaca esquerda e elevação hemicupula esquerda. Restante estudo realizado: sem reticulocitose; VS 86. LDH 666 U/L. α-fetoproteina 1000 UI/mL. β-HCG 0,49. β2-microglobulina 961 mcg/L. CA 125 40,8 U/L, restantes marcadores tumorais negativos. TC Toraco- abdominal: massa heterogénea (123 mm) no mediastino anterior com aparentes áreas necróticas exercendo efeito compressivo sobre o tronco da artéria pulmonar, aorta ascendente e estruturas adjacentes. PET: avidez intensa e heterogénea da massa descrita - infiltração maligna significativa. Ecografia escrotal normal. Biópsia: Carcinoma de células germinativas não seminomatoso do mediastino anterior. Através do caso anteriormente descrito pretende-se uma abordagem dos diagnósticos diferenciais de massas mediastinicas, destacando os Tumores de células germinativas. 68 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – GRUPO F 69 DISTÚRBIOS PRÓ-TROMBÓTICOS – DOIS CASOS CLÍNICOS EM DOENTES JOVENS Autor: Mateus H. Co-Autores: Sousa N., Rocha R., Carvalho L., Pires M., Chan S., Ferreira S., Saraiva R. Apresentador: Hélia Mateus Hospital: Centro Hospitalar Pombal - Leiria, Hospital de Santo André - Leiria Serviço: Serviço de Medicina I Tipo de trabalho: poster O tromboembolismo venoso (TEV), é uma doença com alta prevalência e incidência em diversas populações estudadas, constituindo uma causa importante de morbilidade e mortalidade estando associada a elevados custos e consumos de saúde, em diferentes sociedades ocidentais, incluído Portugal. As manifestações clinicas mais frequentes são a trombose venosa profunda dos membros inferiores e o tromboembolismo pulmonar (TEP). Existem diversos fatores de risco associados a estas patologias tromboembólicas, que se classificam em adquiridos ou genéticos/hereditários. Estes fatores de risco, podem associar-se entre si, predispondo o individuo a um maior risco de fenómenos trombóticos. Os problemas de relevância clínica associados à trombose incluem a morbilidade ligada ao evento agudo, a recorrência de eventos tromboembólicos e a mortalidade decorrente de embolia pulmonar. Os autores propõem-se a apresentar dois casos clínicos de TEP, em dois doentes jovens, com manifestações clinicas diferentes na apresentação no serviço de urgência, que foram posteriormente estudados. Dos resultados obtidos foi possível identificar duas causas etiológicas diferentes, com tratamentos e prognósticos/implicações diferentes. O objetivo dos autores é relembrar a importância desta patologia e do estudo de doentes jovens, doentes com tromboses em locais raros ou tromboses de repetição ou com história familiar, de forma a identificar a causa que predispõem o individuo a um estado de hipercoagulabilidade e consequentemente maior probabilidade de desenvolver fenómenos embólicos. 70 DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNA S: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Helena Vilaça Co-Autores: Helena Vilaça; Anabela Brito; António Moura Alves; Paula Brandão. Apresentador: Helena Vilaça Hospital: ULSAM- Hospital do Conde de Bertiandos, Ponte de Lima Serviço: Serviço de Medicina 2 Tipo de trabalho: poster A embolia pulmonar é uma das apresentações clínicas mais frequentes de tromboembolismo venoso. Entre os fatores de risco predisponentes, encontram-se os estados de hipercoagulabilidade adquiridos e congênitos, estando estes últimos geralmente associados à ocorrência de eventos trombóticos em idade jovem. Os autores têm por objectivo expor o caso clínico dum doente com episódio trombótico inaugural por défice de proteína S em idade tardia. Mulher de 65 anos, com antecedentes médicos de hipertensão arterial, dislipidemia, epilepsia e sem intervenções cirúrgicas prévias. Admitida no serviço de urgência por dispneia súbita em repouso e sensação subjectiva de batimentos cardíacos acelerados, com um dia de evolução. No exame objectivo ressalva-se hipotensão (93/ 67 mmHg), dessaturação periférica em ar ambiente (89%) mas sem sinais de dificuldade respiratória, auscultação cardíaca com sons rítmicos e taquicárdicos, e edema bilateral discreto dos membros inferiores. Do estudo complementar obtido destaca-se: gasimetria em ar ambiente com insuficiência respiratória tipo I e alcalose respiratória compensada; electrocardiograma em ritmo sinusal, 90/minuto, inversão de onda T de V1 a V3, elevação dos D-dímeros (2749,9 ng/mL); angio-TAC das artérias pulmonares mostrando múltiplos trombos bilaterais traduzindo tromboembolismo pulmonar extenso; marcadores de lesão miocárdica e de disfunção do ventrículo direito positivos; e ecodoppler venoso dos membros inferiores sem sinais de trombose venosa superficial e profunda. Face à ausência de factores de risco óbvios na presença de embolia pulmonar extensa, executado estudo trombofílico com evidência de diminuição da fracção livre da proteína S. O presente caso pretende enfatizar que na ausência de causas predisponentes claras, a realização de estudo trombofílico pode ser uma ferramenta relevante, dado que no défice de proteína S o primeiro evento trombótico pode ocorrer em idade tardia. 71 TROMBOSE DA VEIA CENTRAL DA RETINA, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Ayres Wagner Neto Co-Autores: Margarida Mota, Vitor Paixão Dias Apresentador: Ayres Wagner Neto Hospital: Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia / Espinho, EPE Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A oclusão da veia central da retina (OVCR) atinge maioritariamente homens acima dos 50 anos. Os factores de risco incluem idade, hipertensão arterial, diabetes mellitus, tabagismo, obesidade, estado de hipercoagulabilidade, glaucoma e alterações estruturais das arteríolas da retina. Os autores apresentam o caso de um homem de 35 anos, sem factores de risco conhecidos que recorreu ao SU por quadro, com 2 dias de evolução, de "nevoa central" no campo visual do olho direito. À avaliação oftalmológica apresentava hemorragia superior nasal na papila; áreas de hemorragias e microaneurismas dispersos pelos 4 quadrantes com atingimento macular; vasos com calibre normal; sem sinais de vasculite ou retinite, tendo o restante exame objectivo normal. Excluídos hipertensão arterial, diabetes mellitus, patologia autoimune, infecciosa, tabagismo e obesidade. O estudo pró-trombótico mostrou homozigotia para a mutação c.677C>T do gene da metil-tetra-hidrofolato redutase (MTHFR) com hiperhomocisteménia ligeira: 17.3 µmol/L (N < 15 µmol/L) e heterozigotia para a variante 4G do gene PAI-1 (inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1). A homozigotia para a variante c.677C>T pode associar-se a níveis plasmáticos ligeiros ou moderadamente aumentados de homocisteína, particularmente se se verificar défice de vitamina B6, B12 e ácido fólico. Na ausência de outros factores trombófilicos, a homozigotia para a presente variante do gene MTHFR não parece representar um risco trombótico elevado. Contudo, a presença de alterações em mais do que um factor trombofílico poderá teoricamente condicionar um risco acrescido, embora não se tenha conhecimento de dados científicos que apontem para um risco trombótico acrescido da combinação observada (MTHFR – homozigotia c.677C>T e PAI-1 5G/4G). Discutido o caso com o Serviço de Imunohemoterapia e optou-se por iniciar hipocoagulação oral e àcido fólico. Tem cerca de 6 anos de seguimento assintomático. 72 SINCOPE Autor: Bruno Santos Co-Autores: Rato J, Pereira B, Formigo A, Mesquita D, Fernandes C, Mello Vieira MJ Apresentador: Bruno Alexandre Aparicio dos Santos Hospital: Nossa Senhora do Rosario - Barreiro Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Dados recentes apontam para que cerca de 1.7 a 2.2% de todos os síndromes coronários agudos (SCA) sejam de facto falências cardíacas agudas reversíveis, de natureza não isquémica, mais conhecidas como Sindroma de Takotsubo ou cardiomiopatia hipertrófica induzida por stress. A cardiomiopatia de Takotsubo é ainda assim uma entidade rara apesar de crescentemente mais diagnosticada como neste caso clínico. Mulher de 85 anos, transferida para o Hospital de residência por lipotimia, após confronto emocional, que resultando em queda com hematoma subdural e fractura de clavícula esquerda. Antecedentes de Sindroma Depressivo e Hipertensão Arterial. Exames de rotina à entrada revelaram elevação do segmento ST nas derivações precordiais v2-v6 e troponina I 1.2. Sem clínica de enfarte. Realiza ecocardiograma transtorácico de urgência que revela hipocinésia do ápex do ventrículo esquerdo. Colocou-se como hipótese diagnóstica o Sindroma de Takotsubo mas dadas as contra-indicações não foi possível realizar angio-coronáriografia para exclusão de trombose coronária. É internada no Serviço de Medicina Interna do Hospital do Barreiro onde foi ainda diagnosticada com Sindroma de Grave. Realizou exames complementares de diagnóstico para estudo etiológico de síncope que se revelaram inconclusivos. Manteve seguimento em consulta de Medicina, tendo realizado angio-ressonância magnética cardíaca cerca de 3 semanas após o internamento, que comprovou inexistência de lesões coronárias e regularização da cinética cardíaca, a favor da cardiomiopatia reversível. Embora muitas manifestações cardíacas estejam relacionadas com hipertiroidismo, admitiu-se um caso raro em que precipitou cardiomiopatia de Takatsubo. Existem já algumas evidencias publicadas que correlacionam a acção das hormonas tiroideas no miocárdio condicionando um efeito semelhante ao excesso de catecolaminas, cerne da génese do Sindroma de Takotsubo. 73 TUBERCULOSE PERITONEAL Autor: Luísa Eça Guimarães Co-Autores: Mafalda Costa Pereira, Patrícia Armanda Novo, Gert-Jan Van Der Heijden, Joana sequeira, Rosa Lemos, Joaquim Monteiro Apresentador: Luísa Eça Guimarães Hospital: Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A tuberculose pulmonar é uma doença com alta incidência no nosso país, a apresentação inicial com tuberculose peritoneal é rara e é um diagnóstico que depende de um elevado grau de suspeição. Apresentamos o caso de um homem de 56 anos, agricultor, sem medicação crónica. Queixas de vómitos alimentares, astenia intensa e dor abdominal com 8 meses de evolução. Inicialmente fez ecografia abdominal, renal e endoscopia alta que não mostraram alterações e foi medicado com omeprazol 20, domperidona e maltofer. Por manutenção das queixas repetiu ecografia que mostrou ascite e nódulos hepáticos e fez uma Tomografia (TAC) abdominal que mostrou grande quantidade de líquido ascítico, hepatomegalia e hepatopatia crónica com algumas nodularidades pericentimétricas sem significado patológico. O doente manteve as queixas e quando vem à urgência apresenta emagrecimento marcado de mais de 10% do peso corporal total (13Kg) em 1 ano, anorexia, astenia, vómitos e dor no hipocôndrio direito. No exame objectivo de destacar dor no hipocôndrio direito à palpação e mucosas descoradas. Analiticamente apresentava anemia microcítica e hipocrómica de 10,7 g/dL e PCR 13,49 mg/dL. Fez ressonância magnética abdominal que mostrou múltiplas nodularidades hepáticas pericentimétricas de aspecto suspeito de lesões secundárias e ascite de médio volume multiseptada. Após estes resultados foi efectuada biopsia hepática e colheita de líquido ascítico (exsudado) cujos resultados foram negativos para células malignas. No internamento foi detectada hérnia inguinal bilateral exteriorizada à direita que foi reduzida pela cirurgia. Três meses após a alta foi efectuada herniorrafia com envio de saco e líquido peritoneal para anatomopatologia que revelou tuberculose. O doente teve evolução positiva com resolução da sintomatologia e é um caso que mostra que devemos ser perseverantes perante exames negativos na presença de clínica sugestiva e refractária à terapêutica inicialmente instituída. 74 TUMOR DE KRUKENBERG: UM TUMOR RARO DO OVÁRIO Autor: Paula Sousa Co-Autores: Simone Catarino, Marlene Delgado, Marina Bastos Apresentador: Ricardo Lavajo Hospital: Centro Hospitalar Tondela-Viseu Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: O tumor de Krukenberg é um adenocarcinoma de células em anel de sinete metastático do ovário, sendo o estômago o local do tumor primário em 70% dos casos. A via de metastização tem sido um mistério mas actualmente crê-se que se deve a uma disseminação linfática. Os sintomas de apresentação estão normalmente relacionados com o envolvimento ovárico (massas ováricas bilaterais em 80% casos), sendo a ascite a forma de apresentação em 50% dos casos. O tumor de Krukenberg tem mau prognóstico. CASO CLÍNICO: Mulher de 44 anos com quadro com 3 semanas de evolução de dor abdominal, enfartamento pós-prandial e aumento do volume abdominal, nos últimos 5 dias. A ecografia abdominal confirmou a presença de abundante ascite e o estudo do líquido revelou predomínio de mononucleares. Por EDA diagnosticou-se neoplasia gástrica na transição corpoantro histologicamente compatível com adenocarcinoma de células em anel de sinete. A TC abdominopélvica mostrou ainda provável metastização peritoneal e a existência de uma massa volumosa pélvica que a ecografia transvaginal esclareceu tratar-se de um tumor misto no ovário esquerdo. Como intercorrência, tem uma tromboembolia pulmonar em contexto da sua doença neoplásica. Foi orientada para a Oncologia, iniciando quimioterapia mas vem a falecer cerca de 1 mês após o diagnóstico. CONCLUSÃO: Salienta-se este caso clinico pela raridade do tumor de Krukenberg, que corresponde a apenas 1-2% de todos os tumores do ovário. 75 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO DE ANEMIA Autor: Joana Sequeira Co-Autores: Luisa Eça Guimarães, Gert-Jan van der Heijden, Mafalda Pereira, Patrícia Novo, Teresa Pinto, Joaquim Monteiro Apresentador: Joana Sequeira Hospital: Centro Hospitalar Póvoa Varzim/Vila do Conde Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A intolerância à lactose é uma patologia frequente, causada pela deficiência da enzima lactase, pode estar relacionada com lesão da mucosa intestinal ou mais frequentemente com a redução da expressão genética da enzima. Ocorre em cerca de um terço da população portuguesa, manifestando-se por flatulência, distensão abdominal, diarreia ou cólicas abdominais após a ingestão de produtos lácteos. Caso clínico: Sexo masculino, 29 anos, caucasiano, autónomo, história de algumas viagens ao Brasil, antecedentes pessoais: hemorragia digestiva baixa (retorragias) resolvida com hemorroidectomia há 1 ano. Foi orientado por Cirurgia geral para a consulta externa de Medicina Interna por anemia microcitica hipocrómica e ferropénica . O doente apresentava dejeções diarreicas aquosas com cerca de 2 anos de evolução, negava presença de sangue ou muco e referia agravamento da diarreia com cólicas abdominais após ingestão de produtos lácteos e não tinha perda ponderal relevante. Já tinha sido efetuado estudo endoscópico digestivo por cápsula, que se revelou sem alterações e biópsia intestinal que era normal. Apresentava ao exame físico as mucosas ligeiramente descoradas, sem outras alterações. O estudo analítico não apresentava outras alterações de relevo. Foi dado indicação para realizar dieta restrita em leite e seus derivados. Foram realizadas coproculturas- exame bacteriológico, parasitológico e vírico, que se revelaram negativas, estudo auto-imune (incluindo anticorpos anti-gliadina e anti-transglutaminase) normal, marcadores víricos negativos. Foi também pedido teste respiratório de tolerância à lactose, que foi conclusivo para intolerância à lactose. Após cerca de 3 meses de dieta o doente apresentava alívio sintomático do quadro abdominal e diarreia com normalização da hemoglobina. Conclusão: Foi assumido que a anemia foi causada pelo síndrome de má absorção e a diarreia subjacente, apesar de habitualmente a anemia não estar associada à intolerância à lactose. 76 NO RASTO DA ANEMIA... Autor: Ricardo Lavajo Co-Autores: Paula Sousa, Marlene Delgado, Marina Bastos Apresentador: Ricardo Lavajo Hospital: Centro Hospitalar Tondela-Viseu Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster Introdução: A anemia é uma entidade clínica frequente e apesar de ser facilmente identificável, o problema reside no diagnóstico da causa que oculta. No caso da anemia ferropenica num adulto existem diversas causas, sendo no entanto a hemorragia gastrointestinal a causa major. O colangiocarcinoma é uma neoplasia rara originada a partir de células epiteliais biliares, pode ser intra ou extrahepático e relacionar-se com alguns factores de risco como a colangite esclerosante primária porém a maioria dos doentes não apresenta qualquer factor de risco. No diagnóstico a TC é uma ferramenta importante e a biópsia confirmatória. Apesar das opções terapêuticas que incluem ressecção cirúrgica e quimioterapia, o prognóstico é sombrio a curto prazo. Caso clinico: Mulher de 84 anos, sem antecedentes de relevo e negava hábitos etanólicos. Referenciada ao SU por anemia com valor de hemoglobina de 5.6g/dl e referindo quadro clínico com cerca de 5 meses de evolução de astenia, anorexia, perda ponderal significativa, pirose, enfartamento posprandial e epigastralgias. Ao exame físico a destacar palidez cutâneomucosa e sopro cardíaco. Análises: anemia microcítica e ferropenica, leucopenia, trombocitopenia, citólise e colestase hepáticas, gamapatia policlonal e aumento do CA 19.9. Ecografia abdominal: fígado com características de hepatopatia crónica e esplenomegalia. Endoscopias digestivas: gastrite atrófica difusa e alguns divertículos da sigmóide. TC toracoabdominopélvica: lesão hepática hipodensa mal definida que capta contraste com grupo de ductos biliares segmentares dilatados adjacentes. Realizou biópsia guiada por TC que concluiu tratar-se de um colangiocarcinoma. Sem indicação para tratamento cirúrgico ou citostático pela presença de cirrose hepática, cujo estudo etiológico desta foi conclusivo. Conclusão: Destaca-se o caso pela importância de identificar a etiologia de uma anemia que neste exemplo ocultava uma causa infrequente. 77 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – GRUPO G 78 POLIARTRITE NODOSA NA SUA FORMA CUTÂNEA: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO Autor: Tiago André veiga Co-Autores: Margarida Peixoto, Susana Barbosa, Énio Pereira, João Andrade, Rita Cambão, Diana Guerra Apresentador: Tiago André Veiga Hospital: Unidade Local de Saude do Alto Minho - Hospital Sta Luzia Serviço: Medicina Interna I Tipo de trabalho: poster A Poliartrite Nodosa (PAN) é um exemplo clássico de vasculite de pequenos e médios vasos, sem envolvimento de arteriolas, vénulas ou capilares, não se associando a fenomenos de glomerulonefrite. A PAN Cutânea é uma doença rara em que o atingimento parece ser limitado à pele e em que a ausência de lesões sistémicas conduz frequentemente a quadros clinicos arrastados no tempo e sem o mesmo prognóstico ominoso da forma sistémica da vasculite. Apresenta-se o caso clinico de um paciente do sexo masculino, de 45 anos de idade, admitido em internamento por sindrome febril prolongado associado a lesões cutâneas dos membros inferiores com cerca de 10 anos de evolução. Analiticamente confirmou-se sindrome biológico inflamatório e após estudo exaustivo foi excluida infecção ou neoplasia, apresentado de igual modo marcadores de autoimunidade negativos. Biópsia das lesões cutâneas descritas revelou “achados histológicos inespecificos, correspondentes a lesão fibrino-inflamatória crónica de aspecto cicatricial”. Perante deterioração progressiva do estado geral e febre persistente, acompanhados de valores de sedimentação muito elevados, iniciou terapêutica empirica com antibacilares, sem sucesso. Referenciado posteriormente a consulta de Reumatologia por suspeita de vasculite aonde realizou biópsia de musculo revelando miopatia inflamatória e por último exere de adenopatia axilar esquerda que confirmou fenomenos de vasculite de pequenos e médios vasos. Doente iniciou corticoterapia resultando em apirexia e melhoria progressiva do estado geral. O diagnóstico clinico de PAN deverá, sempre que possivel, ser confirmado histologicamente, no entanto a biópsia de lesões em fase cicatricial podem revelar-se de baixa rentabilidade. O caso presente demonstra como a ausência de atingimento especifico de orgão, a evolução arrastada no tempo e a predominância de sintomas gerais pode dificultar o diagnostico definitivo desta condição e consequentemente atrasar o inicio de terapêutica 79 UM CASO DE ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES EM DOENTE COM FEBRE SEM FOCO Autor: Ana Vitor Silva Co-Autores: Carolina Ourique, Paula Vaz Marques Apresentador: Ana Vitor Silva Hospital: Centro Hospitalar de São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A Arterite das Células Gigantes é uma vasculite crónica que atinge os vasos de médio e grande calibre, sendo a idade o factor de risco que mais contribui para o seu aparecimento. O diagnóstico desta patologia deve ser considerado em pacientes de mais de 50 anos com inicio súbito de cefaleias, alterações visuais, polimialgia reumática, febre ou anemia sem outra causa aparente e elevação da proteína-C-reactiva e/ou da velocidade de sedimentação. A biópsia das artérias temporais é o exame gold standard para o seu diagnóstico, estando, no entanto, associada a uma elevada percentagem de falsos negativos. Perante uma elevada suspeita de arterite de células gigantes, a realização de biópsia não deve interferir com o inicio do tratamento. Os autores apresentam o caso de uma mulher de 83 anos, autónoma, com antecedentes de cardiopatia isquémica e hipertensiva, fibrilhação auricular hipocoagulada e doença cerebrovascular, que é internada no Serviço de Medicina Interna para estudo de febre sem foco identificado. As análises documentaram anemia normocítica, normocrómica de inicio recente e elevação de proteína-C-reactiva. Em revisão da história clinica passada, verificou-se que a doente apresentava um quadro de cefaleias intensas na região temporo-parietal associadas a fraqueza da cintura pélvica e escapular e febre com cerca de um mês de evolução. Constatou-se VS 123 mm/hora. Os estudos microbiológicos e serológicos foram negativos, assim como o estudo imunológico. Perante a elevada suspeita de arterite de células gigantes iniciou corticoterapia (prednisolona 40 mg/dia) e realizou Eco-doppler das artérias temporais que não mostrou alterações. Verificou-se resolução rápida e completa da sintomatologia e descida da proteína-C-reactiva (154,4 para 37,6 mg/L). Perante a clínica altamente sugestiva, a faixa etária característica, a ausência de outras causas e a resposta rápida e favorável à corticoterapia, assumiu-se o diagnóstico de arterite de células gigantes. 80 DAS CEFALEIAS À POSSÍVEL SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDO Autor: Maria Manuel Costa Co-Autores: Mara Ventura, Inês Silva Apresentador: Maria Manuel Costa Hospital: Centro Hospitalar São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: Síndrome Antifosfolípido (SAF) é uma doença auto-imune caracterizada por eventos trombóticos venosos e arteriais e/ou complicações obstétricas na presença de anticorpos antifosfolípidos (aAF). As manifestações neurológicas da SAF, nomeadamente cefaleias, têm-se tornado reconhecidas como um dos aspectos mais comuns da síndrome, podendo inicialmente simular outras doenças. CASO CLÍNICO: Doente do sexo masculino, 26 anos, com antecedentes de tabagismo e hipertrigliceridemia, seguido na consulta de Neurologia por cefaleias. Recorreu ao serviço de urgência (SU), alguns meses após ter iniciado estudo de cefaleias, por dor e edema no membro inferior esquerdo, tendo sido diagnosticado trombose venosa profunda da veia poplítea. No dia seguinte voltou ao SU por dispneia e dor pleurítica no hemitórax direito, realizou TC torácico que revelou presença tromboembolismo pulmonar, ficando internado. Ao iniciar estudo do quadro, e consequentemente ao consultar estudo das cefaleias realizado, este revelava presença de anticorpos anti-cardiolipina IgG no valor de 67.8 GPL (valor referência <15), bandas oligoclonais de IgG no líquido céfalo-raquidiano e na RM cerebral foram identificadas duas lesões no tronco de provável natureza desmielinizante/inflamatória. No estudo analítico efectuado no doente em fase aguda do evento trombótico e hipocoagulado, o doente apresentava trombocitopenia de 119/mm3, mas os aAF foram negativos, com excepção do inibidor lúpico que não pode ser valorizado neste contexto. CONCLUSÃO: Assim, não foi possível fazer o diagnóstico definitivo de SAF, nem de outra doença auto-imune, sendo necessário repetir estudo. Doente teve alta hipocoagulado e a duração do tempo do tratamento terá de ser ponderada consoante a evolução do caso. 81 UM CASO DE MIASTENIA GRAVIS Autor: Etel Carvalho Co-Autores: Joaquim Peixoto, Ana Sofia Serafim, Maria do Rosário Ginga, Fátima Campante Apresentador: Etel Carvalho Hospital: Hospital Nossa Senhora do Rosário - CHBM Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução/ Objetivos: Apresentação de um caso clínico. Método: Acompanhamento do doente durante o internamento no serviço de urgência e consulta do seu processo clínico. Resultados: Doente de 78 anos, sexo masculino, raça caucasiana, com antecedentes pessoais de hipertensão arterial, dislipidémia e síndrome depressivo, recorreu ao serviço de urgência por um quadro clínico caracterizado por disartria e disfagia para líquidos e sólidos, referindo queixas de diminuição simétrica da força muscular dos membros inferiores com um ano de evolução. Do exame neurológico, destacava-se a presença de disartria, disfagia, diminuição da força muscular dos membros inferiores, sem alteração dos reflexos osteo-tendinosos. Foi realizada uma tomografia computadorizada (TC) crânio-encefálica que não revelou alterações agudas, e posteriormente uma ressonância magnética crânio-encefálica e cervical, não tendo sido objetivadas alterações relevantes. Foi admitida a hipótese diagnóstica de miastenia gravis vs síndrome de Eaton-Lambert, tendo os anticorpos anti-receptor da acetilcolina sido francamente positivos e o electromiograma sido sugestivo de miastenia gravis. A TC toraco-abdomino-pélvica e os marcadores tumorais excluíram a presença de neoplasia oculta. Durante o internamento, destacou-se a ocorrência de várias intercorrências infeciosas, uma das quais condicionou uma insuficiência respiratória global, com necessidade de ventilação mecânica invasiva e posterior realização de traqueotomia. Verificou-se uma melhoria clínica progressiva após o início da terapêutica preconizada. Conclusão: A miastenia gravis é uma doença auto-imune da junção neuromuscular, de evolução crónica, com surtos de agudização (crises miasténicas). O diagnóstico baseia-se na suspeição clínica e no pedido de exames complementares de diagnóstico adequados, sendo o tratamento apropriado essencial no prognóstico da doença. 82 VASCULITE LEUCOCITOCLÁSTICA CUTÂNEA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Ana Sofia Barroso Co-Autores: Abreu J, Ribeiro M, Moreira A, Costa M, Oliveira C Apresentador: Ana Sofia Barroso Hospital: Santa Maria Maior - Barcelos Serviço: Medicina Tipo de trabalho: poster As Vasculites constituem um grupo heterogéneo de doenças que se caracterizam por um processo inflamatório cujo órgão alvo é o endotélio vascular. Podem ser primárias ou associadas a infecções, doenças sistémicas ou malignas. Os sintomas são variáveis e dependem do tipo de vaso afectado. A presença de púrpura palpável ocorre num grupo de vasculites que apresentam um substrato histológico comum: a presença de infiltrado inflamatório principalmente à custa de leucócitos, com necrose fibrinóide, afectando pequenos vasos da pele, designada de vasculite leucocitoclástica. Os autores apresentam o caso de uma doente, 19 anos, sem antecedentes de relevo e medicada com anticoncepcional. Referenciada ao SU pelo seu médico assistente por aparecimento de lesões maculopapulares localizadas no dorso dos membros inferiores, com 2 semanas de evolução, associada a prurido, dor e ardência no local. Ao exame objectivo apresentava lesões cutâneas tipo púrpura palpável, de diferentes tamanhos (2-5mm), que não cediam à digitopressão localizadas principalmente no dorso das pernas e coxas. Analiticamente: sem alterações no hemo e leucograma, VS 44mm, função renal e hepática normais, leucocitúria, serologias para VHC, VHB, VIH, EBV, CMV, Rickettsia e Borrelia negativas, reacção de widal e wright negativas e estudo de auto-imunidade normal. Realizou biópsia cutânea que revelou lesões de vasculite leucocitoclástica com necrose fibrinoide da parede vascular. Após início de corticóide oral em baixa dose e anti-histamínico apresentou regressão completa das lesões. Com este caso os autores pretendem alertar para: A presença de petéquias e purpura palpável pode ser observada em muitas patologias sendo importante a sua exclusão; - A biopsia precoce é fundamental; - A presença de vasculite noutros vasos e envolvimento de outros órgãos pode condicionar risco de vida; - Após o diagnóstico, a pesquisa de patologia subjacente, como doença auto-imune ou neoplásica é essencial. 83 UMA CAUSA DE AFTAS RECORRENTES Autor: Luisa Loureiro Co-Autores: Loureiro L, Silva M, Rodrigues E, Brás M , Alfaiate T, Pereira A Apresentador: Luisa Loureiro Hospital: Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Objectivos: Os autores apresentam dois casos clínicos de doentes com queixas de aftas orais recidivantes, no entanto com diferentes apresentações clínicas, cuja evolução conduziu ao diagnóstico de doença de Behçet. Métodos: Análise retrospectiva de 2 casos clínicos. Resultados: Caso clínico 1: Doente do sexo feminino, 26 anos, que recorreu ao Serviço de Urgência com queixas de febre e cefaleias intensas. Ao exame objectivo apresentava pequenas lesões papulares eritematosas de pequenas dimensões dispersas por todo o corpo. Por referir episódios recorrentes de aftas orais e diarreia, foi orientada para Consulta de Medicina para exclusão de eventual doença inflamatória intestinal. Efectuou colonoscopia que apenas revelou uma lesão aftosa na última ansa do delgado. O diagnóstico foi estabelecido após o inicio de episódios de aftas genitais, apresentando mais tarde de inflamação dos pavilhões auriculares. Caso clínico 2: Doente do sexo masculino, 35 anos, referenciado para a Consulta de Medicina por edema e rubor joelho esquerdo, com limitação dos movimentos e sem melhoria com tratamento antiinflamatório. Referia também odinofagia e aftas orais de 3 meses de evolução. No exame objectivo constatou-se a presença de ulceras genitais e vesículas cutâneas que determinaram o seu diagnóstico. Conclusões: A doença de Behçet é uma patologia multissistémica que consiste numa vasculite generalizada com envolvimento arterial e venoso. A presença de aftas orais dolorosas recorrentes é condição indispensável para o seu diagnóstico. Apesar de ser uma doença rara de etiologia desconhecida, tem grande impacto na morbi-mortalidade. Devido à grande variabilidade clínica que pode apresentar, o seu diagnóstico muitas vezes torna-se complexo. Com estes dois casos clínicos, tecem-se algumas considerações com o intuito de salientar a importância do seu diagnóstico precoce. 84 PORFIRIA CUTÂNEA TARDA – MANIFESTAÇÃO CUTÂNEA DE UMA DOENÇA SISTÉMICA Autor: Lara de Andrade Maia Co-Autores: Ângela Coelho, Pedro Neves, Augusto Duarte Apresentador: Lara de Andrade Maia Hospital: Centro Hospitalar do Médio do Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: poster Os autores apresentam o caso de uma doente de 37 anos referenciada à consulta por lesões vesiculares mais expressivas no dorso das mãos e antebraços, associadas a queixas álgicas e fragilidade cutânea, com 1 ano de evolução. Pelo impacto em termos psicológicos e interferência na sua actividade pessoal e até laboral, impunha-se uma investigação diagnóstica e intervenção breve. O estudo veio documentar porfiria cutânea tarda (PCT) que, depois de integrar um programa regular de flebotomia, evoluiu com melhoria gradual das lesões. Mais do que um registo iconográfico a comprovar a resolução progressiva das lesões, a noção de melhoria relatada pela doente em termos de qualidade de vida e regresso pleno a uma vida social/laboral activa, demonstram o quão importante pode ser a nossa célere actuação nestes casos. A PCT é a forma de porfiria mais comum; advém da deficiente actividade da uroporfirinogénio-descarboxilase (UROD), a 5ª enzima na via de biossíntese do heme. Apresenta-se geralmente depois dos 40 anos. No passado predominava no género masculino; actualmente, a incidência no género feminino tem aumentado, o que se atribui ao aumento da ingestão de estrogéneos e do consumo de álcool. Também se associa à siderose hepática, hepatite C, infecção VIH e tabagismo. Tanto a forma esporádica como a familiar manifestam-se clinicamente com atingimento cutâneo e hepático, quando a actividade da UROD reduz para 20% do normal. São características lesões vesiculares, aumento da fragilidade cutânea, lesões cicatriciais e hiper/hipopigmentação, afectando áreas corporais expostas ao sol. A nível hepático, associa-se à elevação moderada das transaminases. A doença hepática avançada é incomum na apresentação inicial da doença mas pode ocorrer em indivíduos com doença recorrente, havendo risco aumentado de cirrose e carcinoma hepatocelular. 85 ARTRITE PSORIÁTICA - DESENHO DE UM CASO CLÍNICO Autor: David Ferreira Co-Autores: Isabel Costa, Rita Meireles, Márcia Meireles, Rui Castro, Carla Peixoto, Partícia Bacellar, Manuel Rodrigues, Paula Baptista Apresentador: David Ferreira Hospital: CHMA - Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A Artrite Psoriática (AP) é uma doença inflamatória crónica com atingimento predominantemente articular, com uma prevalência global na ordem dos 1-2:1000. Desenvolvendo-se em cerca de 5-10% dos doentes com Psoríase, afecta igualmente homens e mulheres, com um pico de incidência entre os 35-55 anos. Na maioria dos casos, a psoríase tende a manifestar-se cerca de 10 anos antes da AP, pondendo contudo surgir depois ou em simultâneo. Embora a sua etiologia seja desconhecida, factores genéticos, ambientais e imunológicos parecem estar envolvidos na sua patogénese e perpetuação. Caso Clínico: Mulher de 69 anos, antecedentes de osteoporose e hiperuricemia, sem história familiar relevante, medicada com alopurinol e cálcio+Vitamina D. Referenciada para consulta de Medicina Interna por osteólise das falanges digitais terminais e velocidade de sedimentação (VS) aumentada. Referia queixas de fenómeno de Raynaud desde há vários anos e deformidades articulares nos dedos das mãos, sem sinais inflamatórios, rigidez matutina ou artralgias. Referia história de descamação cutânea na região supraciliar e periauricular, há cerca de 15 anos, sem acometimento de outras partes do corpo. Ao exame objectivo destacava-se dactilite, com dedos das mãos em forma de “salsicha” e linhas de Beau nos leitos ungueais. O estudo analítico demonstrou VS de 79mm/h, anticorpos anti-nucleares positivos, com anti-SSA e anti-SSB positivos. O Raio-X das mãos evidenciou artrite mutilante com deformidades em “lápis na xícara” e periostite. Os achados clínicos, analíticos e imagiológicos permitiram a interpretação do quadro clínico no contexto de AP. Conclusão: Os autores apresentam um casp compatível com Psoríase com manifestações "minor" no passado que condicionou anos mais tarde alterações articulares importantes, com osteólise digital e deformidade articular, corroborando o carácter insidioso que caracteriza a AP, alertando para uma elevada suspeição clínica no seu diagnóstico. 86 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – GRUPO H 87 INSUFICIÊNCIA SUPRA-RENAL PRIMÁRIA - A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS Autor: Helena Vieira Dias Co-Autores: Bruno Pedro; Maria Filomena Roque Apresentador: Helena Vieira Dias Hospital: Distrital de Santarém Serviço: Medicina III Tipo de trabalho: poster Introdução: A hiponatremia é a alteração eletrolítica mais frequente na prática clínica e reflete uma alteração do balanço de água, com consequente diminuição da osmolaridade plasmática. Pode ter várias causas entre as quais a insuficiência supra-renal; esta última é um distúrbio pouco frequente, associado na maioria dos casos a doença primária das supra-renais, nomeadamente a adrenalite autoimune, infeção e metástases das supra-renais bilateralmente. Métodos: Os autores apresentam dois casos clínicos de insuficiência supra-renal primária que foram diagnosticados durante o internamento por hiponatremia. 1º Caso: Homem, 60 anos, fumador, hábitos etanólicos, recorreu ao SU por quadro de 6 meses de evolução de astenia, anorexia com emagrecimento, tosse escassamente produtiva e queixas de dor abdominal difusa e inespecifica. Na observação destaque para hipocratismo digital e hiperpigmentação cutânea. Analiticamente com hiponatremia, hipercaliemia e acidemia metabólica. Foi efetuado doseamentos hormonais, prova de Synacthen® e estudo imagiológico diagnosticando-se insuficiência supra-renal primária por metástases bilaterais de neoplasia do pulmão. 2º Caso: Homem, 89 anos, com insuficiência cardíaca, doença renal crónica, fibrilhação auricular, estenose aórtica, hiperuricemia e hipotiroidismo subclinico, admitido por lipotimia a esclarecer. Ao exame objetivo destaque para valores tensionais de 95/60mmHg. Dos exames complementares a salientar hiponatremia e hipercaliemia. Durante o internamento, por hipotensão refrataria a fluidoterapia foi efetuado estudo hormonal, imunológico e imagiológico identificando-se insuficiência supra-renal primária por adrenalite autoimune. Conclusão: A insuficiência supra-renal primária crónica é uma patologia que se apresenta na maioria dos casos de forma insidiosa, com sintomas inespecíficos e com uma semiologia diversa, o que pode atrasar o seu diagnóstico, pelo que o médico deve sempre atento para esta hipótese diagnóstica. 88 ESTADO CONFUSIONAL AGUDO E IONOGRAMA Autor: Cristina Alexandra Pires Correia Co-Autores: Francisca Aguiar, Paulo Torres Ramalho, Paulo Chaves, João Lobo Apresentador: Cristina Alexandra Pires Correia Hospital: Centro hospitalar São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A hipocalcemia constitui uma alteração analítica potencialmente grave, que apesar de se caracterizar por sintomas e sinais específicos, pode ser de difícil diagnóstico clínico. Objectivo: Expor um caso de hipocalcemia grave acompanhada de manifestações neuromusculares e alteração do estado de consciência relevantes. Trata-se de uma doente de 64 anos, género feminino, com antecedentes de Neoplasia folicular da tiróide, submetida a tireoidectomia há 7 anos e desde aí medicada com cálcio e vitamina D. Recorreu ao serviço urgência por queixas com cerca de uma semana de evolução de cefaleia holocraniana associada a náuseas e vómitos alimentares, com mal estar geral. Referência ainda a contractura muscular generalizada. À entrada apresentava-se ansiosa, agitada, com alterações comportamentais e da percepção compatíveis com estado psicótico. Ao exame objectivo de salientar tetania, apesar de estabilidade hemodinâmica. Sem alterações ao exame do fundo ocular. Dos exames auxiliares de diagnóstico efectuados, salienta-se lesão renal aguda, hipocalcemia grave, hipomagnesemia ligeira, lise muscular ligeiras, marcadores de necrólise miocárdica negativos. Electrocardiograma sem alterações. Após terapêutica analgésica e ansiolítica, foi iniciada correcção da calcemia e magnesemia por via endovenosa (EV). A doente foi internada para continuidade assistencial. Na recolha da história clínica foi possível então concluir que teria auto-suspendido a toma de cálcio e vitamina D em ambulatório. Durante o internamento verificou-se correcção da calcemia sob suplementação EV nas primeiras 48horas e posteriormente com reposiçao da terapêutica habitual. Salienta-se ainda Estabilidade eléctrica (QTc normal) e hemodinâmica. Conclusão: A hipocalcemia é uma alteração hidroelectrolítica que exige diagnóstico atempado, investigação etiológica e terapêutica precoce.O estado confusional agudo é uma das suas formas de manifestação 89 PARÉSIA FACIAL PERIFÉRICA, UMA MANIFESTAÇÃO RARA DE DIABETES INAUGURAL Autor: Francisco das Neves Coelho Co-Autores: Alexandra Albuquerque, Fátima Campante Apresentador: Francisco das Neves Coelho Hospital: Centro Hospitalar Barreiro-Montijo Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A parésia facial periférica (PFP) é um dos tipos de neuropatia mais frequentes. Classifica-se em idiopática (de Bell) e secundária. A PFP idiopática é a mais comum, com evolução auto-limitada e excelente prognóstico. A PFP secundária é menos prevalente e as suas prováveis etiologias incluem trauma, cirurgia, infecção/reactivação viral, diabetes, neoplasias ou fármacos, com prognóstico variável. Os autores expõem o caso de uma doente do sexo feminino, 70 anos, caucasiana, com antecedentes de dislipidémia e hipertensão arterial, que recorreu ao SU por quadro súbito de parésia facial periférica, sem factor desencadeante, alterações neurológicas concomitantes ou outras queixas. Na sua observação, salientou-se hiperglicemia em jejum (415mg/dL) e PFP com lagoftalmo 2-3mm (grau V/VI na classificação de House-Brackmann), sem outras alterações neurológicas e restante exame físico. Tomografia computorizada crânioencefálica de urgência sem alterações sugestivas de lesões isquémicas recentes, densidades hemáticas ou lesões expansivas intracranianas. A doente foi admitida em internamento com o diagnóstico de diabetes mellitus (DM) inaugural, onde iniciou dose elevada de pentoxifilina EV, controlo dos factores de risco, fisioterapia, protecção e hidratação ocular, com alguma melhoria da mimica facial e lagoftalmo. Embora a corticoterapia esteja indicada na PFP, optouse por não iniciar pelo risco de agravamento de hiperglicémia. Serologias virais negativas. A doente obteve alta clínica após apresentar controlo glicémico satisfatório com antidiabéticos orais. O presente caso ilustra uma PFP secundária como manifestação inaugural de DM. Embora a lesão neurológica seja uma complicação da DM já estabelecida, as monoparésias são raras enquanto manifestação inaugural de DM. A lesão neurológica na PFP diabetica deve-se à esclerose dos vasa nevorum, com prognóstico desfavorável. O controlo dos factores de risco cardiovascular são os principais determinantes do prognóstico. 90 SIADH EM DOENTE COM ANEURISMA GIGANTE DO SIFÃO CAROTÍDEO Autor: Ana Vaz Cristino Co-Autores: Joana Lima, Renata Silva, Nuno Silva, José Ribeiro Eira, Trigo Faria Apresentador: Ana Vaz Cristino Hospital: CHTMAD - Vila Real Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A síndrome de secreção inapropriada de hormona antidiurética (SIADH) é caraterizada por níveis inadequadamente elevados de hormona antidiurética em situações nas quais deveria estar suprimida por osmolaridade plasmática baixa. Assim, verificam-se hiponatremia (Na<135mEq/L) e hiposmolaridade plasmática em doentes com volume extracelular normal e funções adrenal e tiroideia normais, bem como uma concentração urinária de sódio >40mMol/L. Como etiologias principais destacam-se as neoplasias, fármacos, doenças do SNC, doenças pulmonares, entre outras. Relata-se o caso de uma doente - com antecedentes de aneurisma gigante parcialmente calcificado do sifão carotídeo esquerdo (diagnosticado em 2011, com compromisso da sela turca e que condiciona síndrome do seio cavernoso) e HTA com múltiplas idas ao serviço de urgência (SU), tendo como diagnóstico uma hiponatremia por iatrogenia. Após suspensão de fármacos tiazídicos e IECAs, voltou novamente ao SU por agravamento no último mês de astenia, cefaleia, náuseas e mialgias generalizadas com instalação insidiosa e progressiva. Euvolémica e analiticamente com hiponatremia hiposmolar (Na+ 122mmol/L, OsmP 259,5mOsm/Kg), foi internada no serviço de Medicina Interna. Do estudo realizado, salientamos funções renal e tiroideia, ionograma e cortisol sérico matinal normais, sódio urinário de 96mMol/L e osmolaridade urinária aumentada (351mOsm/Kg). Tendo sido excluídas outras causas comuns, este caso cumpre os critérios de diagnóstico de SIADH em contexto de doença do SNC. A doente teve alta com indicação para cumprir restrição hídrica, orientada para consulta de Medicina Interna. 91 DIABETES INSÍPIDA EM DOENTE COM MIELOMA MÚLTIPLO Autor: J Abreu Co-Autores: C Casais, L Mendonça, J Coutinho. Apresentador: Joana Castro Abreu Hospital: Centro Hospital do Porto - Hospital de Santo António Serviço: Hematologia Clínica Tipo de trabalho: poster O mieloma múltiplo (MM) é caracterizado pela proliferação neoplásica de células do plasma produtoras de imunoglobulina. A maioria dos pacientes com MM apresenta sinais ou sintomas relacionados com a infiltração por células plasmáticas de diferentes órgãos. As apresentações mais comuns incluem anemia, dor óssea, elevação da creatinina ou proteínas séricas, astenia e hipercalcemia. Homem, 83 anos, admitido no Serviço de Hematologia por lesões líticas nos ossos ilíacos e crânio para estudo e alteração do estado de consciência. Objetivamente não colaborante, desorientado no tempo e espaço e discurso incoerente. Analiticamente discreta anemia e hipernatrémia, sem insuficiência renal ou hipercalcemia. TC craniana com lesões líticas. Mielograma com 12,3% de plasmócitos, 95% com características fenotípicas anormais. Imunoeletroforese sérica com gamapatia monoclonal do tipo IgG/K e urinária com cadeias leves K na urina. Biópsia de lesão osteolítica com infiltrado medular por células plasmocíticas. Durante o internamento agravamento progressivo do estado de consciência, desidratação e poliúria com balanço hídrico negativo. Analiticamente hipernatrémia agravada. Osmolaridade urinária diminuída. RMN cerebral com lesões ósseas focais, sem atingimento do eixo. Por suspeita de diabetes insípida (DI) realizou prova com desmopressina com resposta parcial. Conclui-se por DI em doente com MM. Após iniciar desmopressina o doente apresentou melhoria do estado de consciência, redução da diurese e natrémias controladas. A resposta favorável em termos de osmolaridade urinária à administração de desmopressina sugere DI central em contexto de MM com possível infiltração do eixo hipotálamo-infundíbulohipofisário. 92 FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA: DESCRIÇÃO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Vera Ferraz Moreira Co-Autores: Isabel Almeida, Mari Mesquita Apresentador: Vera Ferraz Moreira Hospital: Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, EPE Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A febre de origem indeterminada classicamente, é definida pela presença de febre (>38.3ºC), em várias ocasiões, pelo tempo mínimo de três semanas e após uma semana de investigação hospitalar infrutífera. Os autores apresentam um caso de uma doente de 63 anos de idade, com cardiopatia congénita (comunicação interventricular (CIV)) e história de tuberculose pulmonar aos 25 anos, sem outros antecedentes relevantes. Recorreu ao serviço de urgência por apresentar mialgias generalizadas, febre (38.5 °C), hipersudorese nocturna e perda de 3 kg de peso, com cerca de 10 dias de evolução. Na auscultação pulmonar estava presente sopro holossistólico grau III/VI, sem irradiação; o restante exame objectivo foi normal. Analiticamente apresentava pancitopenia, aumento das transaminases hepáticas, proteína C reactiva, velocidade de sedimentação e desidrogenase láctica elevadas. Do estudo realizado em internamento salienta-se anemia compatível com doenças crónicas/inflamatórias, reticulócitos normais, sangue periférico com rolhões eritrocitários, marcadores víricos para hepatite B, hepatite C e HIV1/HIV 2 negativos, proteinograma sem picos monoclonais, exames culturais (quatro hemoculturas, urocultura, mielocultura e micobacteriológico sangue) estéreis, VDRL: negativo, reacção de Widal, Wright, Weil- felix: negativos, FR, ANAS: negativos, imunidade para CMV e Epstein barr, Toxoplasma gondii IgG/IgM, Brucella e Coxiella burnetii: negativas. A tomografia axial computorizada demontrava ligeira esplenomegalia e no ecocardiograma transtorácico não se observaram imagens compatíveis com vegetações. Foi realizado mielograma com imunofenotipagem e biópsia medular que foram compatíveis com linfoma não Hodgkin (LNH) tipo B. Os LNH consistem num grupo diversificado de tumores sólidos malignos dos tecidos linfóides, cujo prognóstico é essencialmente dependente da histopatologia, sendo apenas secundariamente influenciado por parâmetros clínicos. 93 SINDROME PAPULOPURPURICO EM LUVA E PEÚGA Autor: Amanda Lista Rey Co-Autores: Miguel Morgado, Liliana Costa, Anabela Brito, Helena Vilaça, Selmira Faraldo, Lurdes Vilarinho, Joana Carneiro, Paula Brandão Apresentador: Amanda Lista Rey Hospital: CONDE DE BERTIANDOS, ULSAM Serviço: MEDICINA 2 Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: O Síndrome Papulopurpurico em luva e peúga (SPPLP) é uma dermatose rara, caracterizada pela instalação de eritema pruriginoso em mãos e pés que posteriormente progride para uma erupção eritematopurpúrica, com uma distribuição típica em “luva e peúga”. Posteriormente pode atingir outras regiões. Afeta a crianças e adultos jovens com predomínio do sexo feminino. Considerava-se que a entidade era de etiologia exclusiva do Parvovirus B19. Feldmann em 1994 sugeriu que a etiologia podia estar relacionada com outros agentes virais, nomeadamente o Citomegalovirus, Vírus Herpes Simplex 6-7 (VHS 6-7), Vírus Hepatite B, Sarampo e Coxsackie B, Vírus Varicela Zóster, Herpes Vírus I e outros agentes como Mycoplasma pneumoniae. CASO CLÍNICO: Doente do sexo masculino de 38 anos de idade, sem antecedentes relevantes. Recorre ao Serviço de Urgência por mialgias, febre e exantema purpúrico em extremidades superiores e inferiores. Ao exame objetivo o doente estava febril e apresentava exantema purpúrico pruriginoso simétrico em pés e mãos. O resto do exame físico normal. Foi solicitado hemograma, bioquímica, função hepática, estudo da coagulação, estudo imunológico e serologias víricas. Nos exames destacava ligeira leucocitose com neutrofilia, Proteína C reativa elevada e alteração da função hepática. O estudo imunológico foi negativo e as serologias víricas positivas para Parvovirus B19 (IgG e IgM positivas) e IgM positiva para VHS tipo 6. Foi diagnosticado SPPLP. Efetuou terapêutica sintomática com boa evolução clínica e laboratorial. DISCUSSÃO: O diagnóstico SPPLP é fundamentalmente clínico. Embora o principal agente etiológico seja o Parvovirus B19, é importante o despiste de outros vírus que também podem estar associados á síndrome. Trata-se de uma doença benigna de curso autolimitado, mas pela clínica exuberante resulta muito alarmante para o doente. Apesar de ser uma síndrome rara, é importante considera-la no diagnóstico diferencial das doenças dermatológicas. 94 DIABETES INSÍPIDA NEFROGÉNICA, UM CASO CLÍNICO DE INTOXICAÇÃO POR LÍTIO Autor: Carolina Ourique Co-Autores: Ana Vítor Silva, Paula Vaz Marques Apresentador: Carolina Ourique Hospital: Centro Hospitalar de São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A diabetes insípida nefrogénica é uma complicação bem estabelecida do tratamento crónico com lítio, que se caracteriza pela incapacidade de concentração urinária. Por este motivo, é frequente os doentes desenvolverem poliúria e polidipsia compensatória. O lítio tem uma estreita margem terapêutica, pelo que bastará uma intercorrência que cause depleção de volume intravascular, alteração da função renal ou incapacidade de hidratação oral para causar níveis tóxicos nestes doentes. Os autores apresentam o caso de uma mulher de 61 anos, com antecedentes de doença bipolar estável, medicada com lítio há 30 anos e com história de polidipsia desde há 1 ano. Foi observada pelo Psiquiatra assistente por alteração do comportamento de novo, com lentificação psico-motora, insónia inicial e períodos de agressividade, com seis dias de evolução. Tinha níveis séricos normais, pelo que foi aumentada a dose de lítio (para 1200 mg/dia). Uma semana depois foi admitida na nossa instituição por agravamento das queixas associada a maior polidipsia. Sem outro fator precipitante identificado. Objetivamente, apresentava discurso desajustado e com tremor dos membros superiores. Verificou-se leucocitose, hipernatrémia com função renal normal e níveis tóxicos de lítio sérico (2.52 mmol/L). A osmolaridade sérica era superior à urinária. Foi excluída causa infeciosa, alterações imagiológicas e da condução eléctrica cerebrais e alterações electrocardiográficas. Assumida hipernatrémia secundária a diabetes insípida nefrogénica por intoxicação crónica agudizada pelo lítio, justificando as alterações clínicas e analíticas de novo. Durante o internamento foi suspensa medicação com lítio e realizada fluidoterapia intensiva e diuréticos (amiloride e hidroclorotiazida), verificando-se a reversão do quadro agudo. 95 26 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO I 96 CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA - REALIDADE DE UM HOSPITAL DISTRITAL Autor: Marta Oliveira Ferreira Co-Autores: Liliana Oliveira, Ângela Coelho, Maria Manuel Aguiar, Nuno Cardoso, Augusto Duarte Apresentador: Marta Oliveira Ferreira Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Serviço de Medicina I Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: A Cirrose Biliar Primária (CBP) é um distúrbio hepático colestático de etiologia desconhecida, caracterizado por uma resposta auto-imune. OBJECTIVO: Caracterizar os doentes com diagnóstico de CBP seguidos em consulta de doenças hepáticas num hospital distrital. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo retrospectivo dos doentes com diagnóstico de CBP até Julho de 2013. RESULTADOS: Foram selecionados 14 doentes (13 mulheres; um homem), com idade média no diagnóstico de 56,6 anos.O sintoma de apresentação mais frequente foi prurido (n=5) e o sinal icterícia (n=3). Três doentes não tinham nenhum sinal ou sintoma. Um doente não realizou biópsia hepática e três fizeram elastografia. Todos dosearam anticorpos antimitocondriais (AMA), negativos num caso. No estudo analítico na referenciação os resultados mínimos e máximo foram, respectivamente: hemoglobina 10,8-14,58g/dL, plaquetas 64000-339000/uL, leucócitos 2700-9660uL, TGO 20-1311U/L, TGP 1-1503U/L, bilirrubina total 0,35-19,53mg/dL, bilirrubina direta 0,09-14,24mg/dL, fosfatase alcalina 78-1085mg/dL. Nenhum doente estava imunizado para o vírus da hepatite B, três tinham infecção por vírus da hepatite C e 12 estavam imunizados para o vírus da hepatite A. Dois doentes mantêm consumo de álcool. Todos os doentes estão medicados com ácido ursodesoxicólico (AUDC). Houve um óbito (13 anos após o diagnóstico). DISCUSSÃO E CONCLUSÃO: Como descrito na literatura, a maioria dos doentes desta amostra são mulheres de média idade e estudo analítico com padrão de colestase hepática. Os AMA são positivos na quase totalidade dos doentes e a biópsia hepática documentou achados histológicos típicos de CBP. A terapêutica com AUDC, que parece atrasar a progressão da doença e melhor as provas de função hepática, estava prescrita a todos os doentes. 97 REACÇÕES ADVERSAS A FÁRMACOS (HIPERSSENSIBILIDADE TARDIA) Autor: Cristina Alexandra Pires Correia Co-Autores: Francisca Aguiar; João Lobo; Paulo Ramalho; Paulo Chaves Apresentador: Cristina Alexandra Pires Correia Hospital: Centro Hospitalar São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster As reacções cutâneas associadas a fármacos são frequentes nos doentes hospitalizados, com evolução geralmente favorável. Contudo, a síndrome de reacção adversa a fármacos com eosinofilia e sintomas sistémicos ( DRESS) e a sindrome Stevens Johson / Necrólise epidérmica tóxica ( SSJ/NET) constituem reações de hipersensibilidade tardia , raras e com evolução potencialmente grave. Objetivo: analisar uma amostra de pacientes com estes diagnósticos, no que respeita a apresentação clinica, abordagem terapêutica e evolução. Método: Estudo retrospetivo de 19 casos com diagnóstico de DRESS e SSJ/NET selecionados a partir de registos clínicos de doentes internados no hospital entre 2008 a 2012. Resultados: Foram identificados 8 casos de DRESS, 5 de SSJ e 6 de NET( média de idade à data de diagnóstico de 56 anos). As classes de fármacos mais frequentemente implicadas foram os antiepilépticos ( n=5) e antibióticos ( n=3) .Todos os doentes com DRESS(n =8) apresentavam exantema maculopapular no momento de diagnóstico, 88% (n=7) evidenciavam alterações analíticas com anemia e eosinofilia , 75% ( n =6) alterações de transaminases hepáticas, 63% ( n=5)tinham T > 38,5ºC e 63% (n=5) alteração de função renal. Todos iniciaram corticoterapia tópica e sistémica, e permaneceram com esquema de redução lenta da mesma em ambulatório (entre 1 a 3 meses de duração). A evolução foi favorável durante o tempo de seguimento avaliado (em média 3 anos), porém constatou-se uma lenta normalização de parametros analíticos na maioria dos pacientes. Relativamente ao SSJ/NET, salienta-se o menor tempo de latência exposição-reacção e a gravidade associada ao atingimento das mucosas, com reflexo na evoluçao desfavorável do quadro, registando-se 3 casos de morte por NET. Conclusão: Salienta-se a importância do reconhecimento deste tipo de reacções de hiperssensibilidade, já que o seu prognóstico assenta no diagnóstico e tratamento precoces. 98 INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS – CASUÍSTICA DE UM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA Autor: Raquel Moreira da Cruz Co-Autores: Tatiana Rodrigues, Cláudia Rosado, Tiago Meirinhos, Gorete Jesus, Alberto Pinto Apresentador: Raquel Moreira da Cruz Hospital: Centro Hospitalar Baixo Vouga Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Os organofosforados são potentes inibidores da acetilcolinesterase capazes de causar toxicidade colinérgica severa através de exposição cutânea, inalação ou ingestão. Ligam-se à acetilcolinesterase, e tornam-na de forma irreversível numa enzima não funcional. As características clinicas expressam-se através de sintomas muscarínicos e nicotínicos. O diagnóstico é feito com base em elementos de ordem clinica e na medição da atividade da acetilcolinesterase. Os autores realizaram um estudo retrospetivo através da análise dos processos clínicos de doentes internados no Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, no período compreendido entre Janeiro de 2000 e Dezembro de 2012, inclusive, com o diagnóstico de intoxicação por organofosforados, num total de 70 doentes. Foi possível verificar que o número de intoxicações por organofosforados tem diminuído ao longo dos anos. A idade média dos doentes é 50 anos, e a prevalência é semelhante em ambos os sexos. A via de intoxicação foi na maioria a ingestão voluntária do produto (97.2%). As manifestações clinicas à admissão foram variadas (as mais frequentes: miose, taquicardia, insuficiência respiratória e broncorreia), sendo necessário o internamento no Serviço de Medicina Intensiva em 52.7% dos doentes. A evolução dos doentes foi favorável em 88.6%, tendo 11.4% falecido em consequência da intoxicação. 88.6% dos doentes foram observados por Psiquiatria. A crescente substituição dos inseticidas organofosforados pelos carbamatos é, em parte, responsável pela diminuição da incidência das intoxicações pelos organofosforados, uma vez que limita o acesso a estes produtos. Da realização deste estudo os autores realçam a importância do reconhecimento precoce das manifestações clínicas desta intoxicação, que juntamente com uma atuação rápida, eficaz e segura, aliada à monitorização e tratamento em cuidados intensivos, tem melhorado a evolução e prognóstico destes doentes. 99 SÍNDROME DE SOBRECARGA DE FERRO Autor: Liliana Patrícia Ferreira de Oliveira Silva Co-Autores: Ângela Coelho, Marta Oliveira Ferreira, Carla Melo, Maria Manuel Aguiar, Augusto Duarte Apresentador: Liliana Patrícia Ferreira de Oliveira Silva Hospital: Centro Hospitalar de Médio Ave- Unidade de Famalicão Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: poster Introdução: O ferro (fe) é um elemento essencial ao metabolismo dos seres vivos, exercendo diferentes funções, entre as quais, a participação no transporte de oxigénio. No entanto, quando em excesso é tóxico para o organismo. Vários fatores contribuem para a sua acumulação, de destacar o etilismo crónico e a síndrome metabólica, bem como alterações genéticas das proteínas envolvidas na regulação do fe. A Hemocromatose hereditária tipo I é a doença genética frequentemente responsável pela sobrecarga de ferro (SF), estando a mutação em homozigotia C282Y do gene HFE presente na maioria dos doentes. Objetivo: Caracterizar os doentes com SF seguidos numa Consulta de Medicina- Doenças Hepáticas de um Hospital Distrital. Material e métodos: Estudo retrospetivo dos doentes com SF seguidos na Consulta de Medicina- Doenças Hepáticas. Resultados: A amostra é constituída por 64 doentes, sendo 75% (n 48) do sexo masculino, com idade média de 57 anos (mínimo de idade 28 anos e máximo de 81 anos). A maioria dos doentes foi referenciada à consulta por elevação do valor de ferritina (81,3%; n 52). O valor de ferritina superior a 1000 µg/L foi observado em 50% da amostra (n 32). O consumo crónico de álcool, a síndrome metabólica e a Doença Hepática Crónica estavam presentes em 56,3% (n 36), 26,5% (n 17) e 21,9% (n 14) da amostra, respetivamente. Mutações no gene HFE foram observadas em 35 doentes (54,7%), sendo 51,4% (n 18) heterozigóticos para o polimorfismo H63D.A ressonância magnética nuclear hepática foi realizada em 55 doentes (85,9%), sendo a concentração de ferro hepático superior a 100 µmol/g em 43,6% (n 24). Flebotomias foram realizadas em 47 doentes (73,4%). Conclusão: A SF é uma situação clínica que pode contribuir para a disfunção multiorgânica, cujo tratamento apesar de invasivo é simples, a flebotomia. Assim, o diagnóstico precoce e rápida orientação terapêutica contribuem para o melhor prognóstico do doente. 100 A UTILIZAÇÃO DE CARBAPENEMES NUMA UNIDADE HOSPITALAR Autor: Carla Peixoto Co-Autores: Márcia Meireles, David Ferreira, Paula Rosa, Paula Baptista Apresentador: Carla Peixoto Hospital: Centro Hospitalar Médio Ave - Unidade Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO O aumento do número de bactérias multirresistentes em consequência da pressão seletiva do uso de antibióticos de largo espectro, tem vindo a promover políticas que visam o uso racional destes fármacos. OBJECTIVOS: Descrever o uso de carbapenemes com base no diagnóstico/justificação, clínica, posologia, microbiologia e avaliar a existência de sazonalidade. MATERIAL E MÉTODOS Estudo descritivo observacional retrospetivo, que incluiu doentes internados na unidade hospitalar (UH) nos períodos de 15/01 a 15/02/13 e 15/07 a 15/08/13 a quem foi prescrito carbapenem. Os dados foram recolhidos por consulta dos processos clínicos e do arquivo da farmácia hospitalar. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram incluídos no estudo 25 episódios (24 doentes, mediana de idades 79 anos [42-89]). Treze dos episódios integram o primeiro período e doze o segundo. Da análise das justificações apresentadas no ato de prescrição, foram consideradas como adequadas 80% (20), a mais frequente pneumonia nosocomial (7). Em 20% (5) dos casos não foram consideradas adequadas, embora em alguns a consulta do processo clínico evidencie possível justificação. O antibiótico foi iniciado até às 48h em 8 casos: 5 infecções nosocomiais, 1 imunodeprimido, 1 sépsis e 1 abdómen agudo. Em 76% (19) dos casos foi realizado previamente estudo microbiológico: foi isolado agente em 52,6% (10) casos, os mais frequentes gram negativos. O resultado microbiológico motivou introdução de imipenem em 4 casos e levou à associação/alteração para outro antibiótico em 2. Seis pacientes cumpriram menos de 6 dias de antibioterapia motivado por: 2 transferências, 2 óbitos e 2 altas. Em 72% dos casos a dose diária prescrita correspondeu à dose diária definida (Organização Mundial de Saúde) para imipenem (carbapenem em uso na UH). Não se verificou variação sazonal. CONCLUSÃO: Este trabalho põe em evidência a necessidade da adequação da prescrição de carbapenem ao diagnóstico e da melhoria dos registos do motivo para a prescrição. 101 CARACTERIZAÇÃO DA REFERENCIAÇÃO INTER-HOSPITALAR DO SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA DE UM HOSPITAL DISTRITAL Autor: Carla Peixoto Co-Autores: Rita Meireles, Rui Castro, Márcia Meireles, Isabel Costa, David Ferreira, Manuel Rodrigues, Paula Baptista Apresentador: Carla Peixoto Hospital: Centro Hospitalar Médio Ave - Unidade Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO A unidade hospitalar em análise serve uma população de cerca de 110.000 habitantes e tem uma capacidade de 99 camas, distribuídas pelos serviços de Medicina (51 camas), Cirurgia Geral (26 camas) e Ortopedia (22 camas). OBJETIVOS Caracterização da referenciação inter-hospitalar do serviço de Medicina Interna de um hospital distrital com base no motivo de transferência, variação sazonal, especialidade de destino, rever o registo acerca da existência de contacto prévio e tipo de transporte realizado. MÉTODOS Estudo descritivo observacional, retrospectivo que incluiu doentes internados no serviço de Medicina Interna da unidade hospitalar no período de 1/01/2012 a 31/12/2012 e que foram transferidos para outro hospital. Os dados foram recolhidos por consulta dos processos clínicos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram incluídos no estudo 48 pacientes de um total de 819 internamentos, relação masculino: feminino de 1,3:1 com uma mediana de idades de 68 anos [25-90]. Verificou-se que a percentagem de pacientes transferidos relativamente ao número de internamentos foi maior no 2ºtrimestre e menor no 4º, com uma mediana de dias de internamento de 5 dias. As doenças do aparelho circulatório motivaram 45,8% das transferências, sendo a Cardiologia, a Cirurgia Cardiotorácica e a Neurocirurgia as principais especialidades de destino. Em 10% dos casos não se encontra registado se houve um contacto prévio e apenas 8% dos casos têm especificado o tipo de acompanhamento realizado aquando do transporte. CONCLUSÃO Verifica-se que as transferências foram principalmente motivadas pela necessidade de observação por especialidades com capacidade de realização de meios complementares de diagnóstico e/ou técnicas invasivas, não disponíveis nesta unidade. O estudo permitiu ainda verificar que se poderá melhorar os registos clínicos, nomeadamente na especificação do tipo de transporte realizado. 102 CARACTERIZAÇÃO DA REFERENCIAÇÃO INTER-HOSPITALAR DA URGÊNCIA DE MEDICINA INTERNA DE UM HOSPITAL DISTRITAL Autor: Carla Peixoto Co-Autores: Rita Meireles, Rui Castro, Márcia Meireles, Isabel Costa, David Ferreira, Manuel Rodrigues, Paula Baptista Apresentador: Carla Peixoto Hospital: Centro Hospitalar Médio Ave - Unidade Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO A urgência da unidade hospitalar serve uma população de cerca de 110.000 habitantes e funciona em carácter de urgência básica. A equipa é constituída por 2 médicos em regime de tarefa, 1 internista 24 hrs, 1 cirurgião geral, 4 enfermeiros nos turnos da manhã e tarde e 3 no turno da noite (22h-8h). Dispõe de apoio laboratorial para doseamentos analíticos básicos e Radiologia até às 24h. OBJETIVOS Caracterização da referenciação inter-hospitalar realizada pela especialidade de Medicina Interna (MI) com base no motivo e hora de transferência, variação sazonal, especialidade de destino, revisão do registo de contacto prévio e tipo de transporte realizado. MÉTODOS Estudo descritivo observacional retrospetivo que incluiu doentes transferidos da urgência pela especialidade de MI no período de 1/01 a 31/12/2012. Os dados foram recolhidos por consulta dos processos clínicos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram incluídos 98 pacientes de um total de 2990 episódios de urgência com alta dada por MI. A percentagem de pacientes transferidos relativamente ao número de episódios de urgência foi maior no 2ºtrimestre e menor no 1º, tendo 24% das transferências sido realizadas no turno da noite. As doenças do aparelho circulatório motivaram 24,5% das transferências, seguidas das motivadas por intoxicação medicamentosa voluntária (21,4%), sendo a Cardiologia e a Psiquiatria as principais especialidades de destino, não tendo esta sido especificada em 21,4% dos casos. Vinte casos não têm documentado a realização de contacto e apenas 4 episódios têm documentado o tipo de transporte realizado. CONCLUSÃO As transferências foram principalmente motivadas pela necessidade de observação por especialidades com capacidade de realização de meios complementares de diagnóstico e/ou técnicas invasivas, não disponíveis nesta unidade. Este estudo permitiu ainda alertar para a necessidade de melhoria dos registos clínicos, nomeadamente na especificação do tipo de transporte realizado. 103 HEPATITE B – CASUÍSTICA DE UMA CONSULTA DE MEDICINA INTERNA Autor: Lara de Andrade Maia Co-Autores: Helga Martins, Pedro Neves, Maria Manuel Aguiar, Augusto Duarte Apresentador: Lara de Andrade Maia Hospital: Centro Hospitalar do Médio do Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: poster A infeção pelo vírus da Hepatite B (VHB) é um problema de saúde pública com impacto global. Estima-se que existam a nível mundial mais de 350 milhões de infetados, dos quais cerca de 1 milhão morrem anualmente por doença hepática relacionada com o VHB. Apesar da redução importante na incidência da infeção com a implementação de programas de vacinação, esta continua uma importante causa de morbi-mortalidade. A sua potencial cronicidade e as particularidades do tratamento e prognóstico obrigam a um seguimento individualizado e regular. Os autores apresentam uma análise retrospetiva dos doentes com infeção a VHB seguidos numa consulta de Medicina Interna diferenciada em Doenças Hepáticas com o objetivo de conhecer esta população e otimizar os cuidados prestados. Assim, foram seguidos em consulta 140 doentes com infeção a VHB, sendo 65% do género masculino. A idade média é de 47 anos (+/- 13), com um mínimo de 21 e um máximo de 85 anos. Quanto ao estadio, os doentes seguem a seguinte distribuição: 20.7% de portadores inactivos, 9.3% com evidência serológica de hepatite B resolvida e 70.0% com critérios de hepatite B crónica (a maioria dos quais com AgHBe negativo). Apenas 2 dos 140 doentes tinham co-infecção pelo VIH, tratandose de doentes com hepatite B crónica com AgHBe positivo. A co-infecção a VHC foi detetada em 9 doentes. Dos 98 doentes com hepatite B crónica, 52% tinham critérios para tratamento, segundo as recomendações da Associação Europeia para Estudo do Fígado, e destes 88% receberam tratamento. A importância de pequenas casuísticas como esta reside na necessidade de conhecer com rigor a população de doentes da consulta para que se possam ajustar recursos e adequar procedimentos de forma a garantir a segurança e o sucesso no seguimento e tratamento dos doentes. No caso particular do VHB, a promissora emergência de novos fármacos com taxas de cura mais elevadas e sustentadas obriga-nos a rever sistematicamente quem deles poderá vir a beneficiar. 104 PROFILAXIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO - A REALIDADE DE UM SERVIÇO DE MEDICINA DE UM HOSPITAL DISTRITAL Autor: Rita Meireles Co-Autores: Isabel Costa, Márcia Meireles, Violeta Iglesias, Paula Baptista Apresentador: Rita Meireles Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave, Unidade de Santo Tirso Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: O tromboembolismo venoso (TEV) é uma importante causa de doença e morte em todo o Mundo. Todos os doentes hospitalizados, estão sujeitos a maior risco de TEV e a profilaxia adequada pode diminuir esse risco em 50%. Objetivo: Avaliar, numa enfermaria de Medicina Interna, se os doentes estão sob profilaxia de TEV e se essa profilaxia é adequada. Material e Métodos: Análise retrospetiva de todos os doentes internados no dia 10 de Setembro de 2013 na enfermaria de Medicina Interna. Os dados foram colhidos dos registos clínicos. A análise foi efetuada em SPSS_20.0. Resultados: O estudo englobou 28 doentes, dos quais 4 foram excluídos por estarem sob terapêutica anticoagulante. Dos 24 doentes 15 (62,5%) eram do sexo feminino, 18 (75,0%) eram autónomos. A idade era de 72,3 ± 15,8 anos. O diagnóstico mais frequente era acidente vascular cerebral (AVC) isquémico (5), seguido de pneumonia adquirida na comunidade (4) e tuberculose pulmonar (3). Todos os doentes internados tinham pelo menos um fator de risco para tromboembolismo venoso. Vinte e três (95,8%) doentes apresentavam 2 ou mais fatores de risco. Idade superior a 40 anos (95,8%), elevação da proteína C reativa (66,7%), doença renal crónica (66,7%), mobilidade reduzida (58,3%) e a presença de AVC (50,0%) eram os fatores de risco mais vezes identificados. Em relação aos fatores de risco hemorrágico, 79,2% dos doentes não apresentaram nenhum. Coagulopatia (16,7%), doença hepática crónica (8,3%) e trombocitopenia (4,2%) eram os mais frequentes. Cerca de 74% dos doentes encontravam-se sob profilaxia adequada, ou seja apresentavam pelo menos 2 fatores de risco de tromboembolismo, sem qualquer fator de risco hemorrágico. Dos doentes sem indicação para profilaxia 40% estavam medicados com enoxaparina. Conclusão: Apesar da maioria das indicações para profilaxia serem cumpridas, houve doentes com indicação que não estavam adequadamente protegidos, pelo que se impõe a implementação de um protocolo no Serviço. 105 ESTUDO DA MORTALIDADE HOSPITALAR DE UM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA Autor: Márcia Meireles CO-Autores: Rita Meireles, Carla Peixoto, Rui Castro, Isabel Costa, David Ferreira, Violeta Iglesias, Paula Baptista. Apresentador: Márcia Meireles Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A mortalidade hospitalar é um indicador de qualidade dos serviços prestados e o seu estudo pode ajudar a melhorar a assistência de doentes hospitalizados. Objetivos: Caracterizar os óbitos ao longo de quatro anos numa enfermaria de Medicina Interna de um hospital distrital, conhecer as causas de morte mais frequentes e identificar variáveis associadas a cada causa. Material e métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos dos doentes falecidos no Serviço de Medicina Interna de um hospital distrital entre Janeiro de 2008 e Dezembro de 2011. As variáveis registadas foram: sexo, idade, local de proveniência, grau de dependência, internamentos prévios, duração do internamento, diagnóstico principal e secundários à admissão, diagnóstico de óbito, dia da semana do óbito e visita médica nas 24 horas anteriores ao óbito. Os dados foram obtidos dos registos clínicos e a análise efectuada em SPSS® 20.0. Resultados: O estudo englobou 561 doentes, dos quais 292 (52%) eram do sexo feminino. A idade média foi de 78,1±11,3 anos; 452 (80,6%) provinham do domicílio e 353 (62,9%) eram totalmente dependentes. O tempo de internamento foi de 8,7±9,9 dias. Tiveram internamento prévio 43,5% dos doentes. As doenças respiratórias foram os diagnósticos mais frequentes à admissão, com 280 casos (49,9%), e no óbito, com 287 (51,2%). Salientam-se as pneumonias, com 143 casos (51,1%) na admissão e 163 (56,8%) como diagnóstico de óbito. Do total dos doentes, 497 (88,6%) tiveram visita médica nas 24 horas prévias ao óbito. Registou-se uma distribuição semelhante da mortalidade durante as 24 horas do dia e durante todos os dias da semana. Conclusão: A mortalidade foi superior nos doentes mais dependentes e com mais comorbilidades. As doenças respiratórias foram os principais diagnósticos de óbito. O dia de semana e a hora do óbito não se relacionaram com a mortalidade. 106 EXANTEMA FEBRIL APÓS ABCESSO FARÍNGEO Autor: Cristina Alexandra Pires Correia Co-Autores: Francisca Aguiar, Paulo Ramalho, Ivone Meirinho, Paulo Chaves Apresentador: Cristina Alexandra Pires Correia Hospital: Centro Hospitalar São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster As reações cutâneas a fármacos são frequentes nos doentes hospitalizados, existindo casos de hipersensibilidade tardia, mais raros e graves. Objetivo: Expor um caso de reacção a fármacos com eosinofilia e sintomas sistémicos ( DRESS). Trata-se de uma doente do sexo feminino, 62 anos, sem antecedentes de relevo, com internamento recente em otorrinolaringologia (ORL) no contexto de amigdalite aguda complicada por abcesso parafaríngeo direito, com necessidade de drenagem cirúrgica e antibioterapia de largo espectro. A dia 13 de antibioterapia vancomicina e imipenem, teve como intercorrência exantema difuso pruriginoso, que regrediu após suspensão de fármacos e corticoterapia. A doente teve alta após controle imagiológico do abcesso. Quatro dias após alta recorreu ao serviço de urgência por reaparecimento de exantema pruriginoso disperso desde há 3 dias, acompanhado de febre (Temperatura de 39ºC) e odinofagia. Analiticamente apresentava anemia normocítica normocrómica, leucocitose com eosinofilia, Proteína C Reactiva elevada, agravamento da função renal, elevação de transaminases e hiponatrémia. TAC cervical sobreponível. Foi internada, colocando-se como hipótese mais provável DRESS, instituindo-se corticoterapia tópica e oral, sem antibioterapia, contatando-se boa resposta, com melhoria clinica e analítica. Do restante estudo destaca-se: sedimento urinário com presença de eosinófilos, hemoculturas e uroculturas negativas, serologia víricas (citomegalovirus, vírus epstein barr , vírus da imunodeficiência humana adquirida 1 e 2, vírus da hepatite C e B) negativas , pesquisa DNA Vírus Herpes 6 negativa .Teve alta com corticoterapia em esquema de redução, salientando-se a lenta recuperação de parâmetros hematológicos. Conclusão: Realça-se a importância do reconhecimento e registo de todas as reações a fármacos, estando o bom prognóstico assente no diagnóstico e tratamento precoces. 107 26 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO J 108 SÍNCOPE - UM SINTOMA A VALORIZAR NO DOENTE IDOSO Autor: Francisco das Neves Coelho Co-Autores: Alexandra Albuquerque, Fátima Campante Apresentador: Francisco das Neves Coelho Hospital: Centro Hospitalar Barreiro-Montijo Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A síncope é um sintoma relativamente frequente na prática clínica, com etiologia diversa e importante impacto na qualidade de vida do doente. Embora a sua causa mais frequente seja neurocardiogénica, o estudo deste sintoma em doentes idosos é desafiante uma vez que as causas arritmogénicas e neurológicas estruturais são mais frequentes nesse escalão etário e podem traduzir risco de vida. Os autores apresentam o caso de um homem de 76 anos, com antecedentes de hipertensão arterial, cardiopatia isquémica com miocardiopatia dilatada, síndrome parkinsónico e etilismo crónico, com múltiplas recorrências ao serviço de urgência num espaço de três meses por episódios de síncope, sem pródromo, relação com ortostatismo ou outro fator desencadeante, sinais focais, incontinência de esfíncteres ou mordedura de língua, tendo sido internado na sequência de novo episódio sincopal com características idênticas. Em internamento realizou estudo cardíaco com ecocardiograma transtorácico com ventrículo esquerdo dilatado e com hipocinésia global, com imagem de trombo apical não organizado, holter 24h com ritmo de base sinusal com períodos de bigeminismo, trigeminismo e períodos de fibrilhação auricular com resposta ventricular rápida. O estudo por TC-CE viria a revelar múltiplas lacunas vasculares. Após anticoagulação prolongada com enoxaparina e introdução de amiodarona e carvedilol em baixa dosagem o doente apresentou dissolução completa do trombo apical e normalização do seu ritmo cardíaco, encontrando-se no sexto mês de follow-up sem intercorrências. Este caso reforça a importância da estratificação de risco do doente com síncope, bem como o papel da abordagem sistemática no seu diagnóstico etiológico. Apesar da síncope apresentar relativa benignidade e baixa mortalidade no jovem adulto, a determinação da sua etiologia e a introdução de terapêutica adequada à sua etiologia de síncope condicionam fortemente o prognóstico no doente idoso. 109 DOR LOMBAR - UM SINTOMA COMUM PARA UMA PATOLOGIA GRAVE Autor: Francisco das Neves Coelho Co-Autores: Alexandra Albuquerque, Fátima Campante Apresentador: Francisco das Neves Coelho Hospital: Centro Hospitalar Barreiro-Montijo Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A espondilodiscite é uma patologia relativamente rara, definida por um processo misto de osteomielite bacteriana, espondilite e discite com origem em bacteriémias transitórias ou por iatrogenia local. Os agentes etiológicos mais comuns no doente imunocompetente são o Staphylococcus aureus, Streptococcus viridans, Escherichia coli, Staphylococcus coagulase negativo e Brucella spp. Os autores apresentam o caso de uma mulher de 86 anos, caucasiana e com antecedentes de doença renal crónica sob hemodiálise, doença arterial obliterante e infeções do trato urinário de repetição que é trazida ao SU do nosso hospital por quadro insidioso de lombalgia com várias semanas de evolução com agravamento progressivo e limitação funcional, prostração e hipotensão. Manteve desde a entrada hipotensão e febrícula, bem como dorso-lombalgia marcada, com pouca resposta a analgesia convencional. Hemoculturas seriadas com isolamento de Pseudomonas aeruginosa multisensivel, previamente isolado em urocultura de ambulatório cerca de oito semanas antes do internamento. De acordo com sépsis sem foco identificado e anamnese de doente, realizou estudo por TC da coluna dorso-lombar, com identificação de colapso parcial de D8, com lesões erosivo-destrutivas de D8-D10 sugestivas de espondilodiscite, sem indicação cirúrgica por não reunir condições operatórias. Apesar de ter iniciado antibioterapia dirigida ao agente bacteriano isolado, a doente manteve agravamento do seu estado geral, com progressão para choque e morte. O presente caso pretende elucidar a importância do diagnóstico precoce da espondilodiscite, uma vez que esta patologia apresenta uma evolução insidiosa e a sua sintomatologia é inespecífica e facilmente desvalorizada em doentes idosos com patologia osteoarticular degenerativa. Uma vez que o diagnóstico requer um elevado índice de suspeição clínica, o prognóstico desta patologia é por vezes agravado por não se iniciar uma abordagem terapêutica adequada atempada. 110 OSTEOMIELITE E ABCESSO DO PSOAS COMO RECIDIVA DE BRUCELOSE Autor: Miguel Morgado Co-Autores: Amanda Lista Rey, Lourdes Vilarinho, Ana Paula Brandão Apresentador: Miguel Morgado Hospital: ULSAM - Unidade Local Saude Alto Minho Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster Introdução: A brucelose é uma zoonose causada por cocobacilos gram-negativos do gênero Brucella. Distribuída por todo o mundo, a brucelose está associada com alta morbidade em humanos. Complicações osteoarticulares são as complicações focais mais comuns de brucelose. Osteomielite vertebral é a manifestação mais frequente em adultos maiores de 30 anos. A taxa de recidiva após o tratamento é de 5 a 15% e ocorre nos primeiros 6 meses. Caso clinico: Homem de 48 anos, pastor, com história de Brucelose após ter sido detectada nos animais. R. Wright positiva com o título de 1/320 para B. Abortus tendo realizado terapêutica com Rifampicina e Doxiciclina, 6 semanas. Enviado 4 meses depois pelo Médico assistente por queixas gerais inespecificas, astenia e dor lombar acompanhadas de febrículas vespertinas com cerca de 1 mês de evolução. Analiticamente VS: 47, PCR: 5.28, sem outras alterações. Tomografia computorizada (TC) coluna dorsal e lombar com lesões líticas mal definidas em L4 e L5, no contexto, suspeitas de processo infeccioso (osteíte). Ecogardiograma sem alterações significativas. Ecografia abdominal, esteatose hepática e baço de dimensões proeminentes. Ressonância Magnética (RM) coluna lombar: processo de osteíte extensa de L4 e L5, coexistindo discite, abcessos do psoas ilíaco e da musculatura retrovertebral, empiema epidural , com provável compressão endocanalar das raízes L5 s S1 esquerdas. Aspectos típicos de osteomielite granulomatosa. Terapeutica com Doxiciclina, Gentamicina e Rifampicina com melhoria da clinica, estando assintomático na data de alta. Reavaliação por RM em hospital de dia com orientação para Ortopedia para drenagem e limpeza cirúrgica. Conclusão: Osteomielite vertebral é uma complicação séria da brucelose. Existe uma grande taxa de falha terapêutica e sequelas funcionais. O tratamento de osteomielite vertebral por brucelose deve ser de pelo menos 3 meses. 111 A IMPORTÂNCIA DE ESCUTAR OS DOENTES. PIOMIOSITE - CASO CLINICO Autor: Miguel Morgado Co-Autores: Amanda Lista Rey, Liliana Costa, Anabela Brito, Helena Vilaça, Lourdes Vilarinho, Ana Paula Brandão Apresentador: Miguel Morgado Hospital: ULSAM - Unidade Local Saude Alto Minho Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster Introdução: A piomiosite é uma infecção purulenta do músculo esquelético que surge de propagação hematogénica, geralmente com a formação de abcessos. Factores predisponentes para piomiosite incluem imunodeficiência, trauma, uso de drogas injectáveis, infecção concomitante e desnutrição. Apresenta-se com febre e dor com cãibras localizada a um único grupo muscular. A doença ocorre mais frequentemente nos membros inferiores, mas qualquer outro grupo muscular pode ser envolvido. Caso clínico: Os autores apresentam o caso clínico de um doente do sexo masculino, de 71 anos, admitido no Serviço de Medicina por sintomas gerais, febre, hipersudorese e dor lombar com irradiação para o membro inferior direito, com cerca de 3 semanas de evolução; com 2 episódios prévios no Serviço de Urgencia (SU) com realização de vários exames complementares. Antecedentes de hipertensão; sem história de Diabetes Mellitus, doença hepática, cirurgia ou traumatismo recente. A investigação realizada levou à detecção em ressonância magnética da anca direita de «várias colecções delimitadas no interior do músculo obturador e pectíneo». Sob terapêutica antibiótica sistémica o doente teve melhoria clínica e imagiológica, sem necessidade de intervenção invasiva. Os autores pretendem realçar: - A importância de valorizar e contextualizar as queixas de cada doente como principal instrumento na orientação diagnostica, e, consequente escolha de exames complementares; mesmo na ausência de factores predisponentes identificáveis. - A particularidade da evolução clínica favorável sob terapêutica antibiótica empírica, sem necessidade de recurso a procedimentos invasivos. 112 ROTURA DE ANEURISMA MICÓTICO INTRACRANIANO EM DOENTE COM ENDOCARDITE BACTERIANA POR STREPTOCOCCUS SALIVARIS Autor: Francisco das Neves Coelho Co-Autores: Carla Nobre, Alexandra Albuquerque, Fátima Campante Apresentador: Francisco das Neves Coelho Hospital: Centro Hospitalar Barreiro-Montijo Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Os autores apresentam o caso de um doente de 77 anos com antecedentes de prolapso de válvula mitral e adenocarcinoma do reto em remissão, que iniciou quadro arrastado de astenia e febrícula posteriormente complicado por síndrome confusional agudo. Tomografia computorizada crânio-encefálica (TC-CE) documentou lesão isquémica frontal esquerda, pelo que o doente foi admitido em unidade de AVC. Por persistência de febrícula realizou hemoculturas com isolamento de Streptococcus salivaris. Ecocardiograma transtorácico com suspeita de nódulo mitral pelo que se admitiu o diagnóstico de endocardite bacteriana, iniciando antibioterapia de acordo com sensibilidade do agente. 72 horas após iniciar anticoagulação profilática e antiagregação plaquetária, o doente iniciou agravamento do seu estado de consciência e hemiparesia esquerda. TC-CE de controlo demonstrou hemorragia fronto-parietal direita com rotura para o sistema ventricular, assumindo-se rotura de aneurisma micótico. Sem indicação cirúrgica de momento, manteve-se terapêutica conservadora. Evolução neurológica com recuperação do estado de consciência, mas persistência de hemiparesia e neglect. Controlo imagiológico aos 60 dias com reabsorção parcial de hematoma. Evolução cardíaca desfavorável apesar de antibioterapia otimizada, com evolução de lesão valvular para válvula mitral displásica, destruição do folheto posterior e consequente regurgitação mitral grave e insuficiência cardíaca sintomática, condicionando o seu potencial de recuperação. Cerca de 20 a 40% dos doentes com endocardite bacteriana desenvolvem eventos neurológicos agudos no decurso da sua doença, a sua maioria devido a fenómenos de embolização. Embora estes eventos neurológicos possam assumir diversas formas, todos eles se associam a maior mortalidade. O seu surgimento pode implicar cirurgia cardíaca urgente, exceto nos casos de hemorragia intracraniana onde a terapêutica conservadora é a opção de escolha até resolução completa do quadro hemorrágico. 113 ABCESSOS HEPÁTICOS EM CUIDADOS INTENSIVOS: DOIS CASOS CLÍNICOS Autor: Regina Tatiana Rodrigues2 Co-Autores: Marco Melo1, Anabela Oliveira1,Cecília Leonardo1, Bárbara Xavier1 Apresentador: Regina Tatiana Rodrigues2 Hospital: Centro Hospitalar do Baixo Vouga - Aveiro Serviço: Medicina intensiva1 e Medicina Interna2 Tipo de trabalho: poster Os abcessos hepáticos podem surgir por infeção hepatobiliar, por disseminação via porta de infeção intrabdominal ou por via hematogénica. A drenagem percutânea associada a antibioterapia é o tratamento de eleição, podendo ser necessária a drenagem cirúrgica. Os autores apresentam dois casos de choque séptico com ponto de partida em abcessos hepáticos. O 1º caso relata uma doente de 45 anos internada no serviço de Cirurgia por colecistite aguda litiásica, evoluindo em choque com disfunção multiorgânica e submetida a laparotomia exploradora com constatação de colecistite aguda e de uma colecção abcedada hepática. Foi realizada colecistectomia e drenagem de abcesso e é admitida no Serviço de Medicina Intensiva (SMI) no pós-operatório. A bacteriologia do pus foi positiva para Klebsiella pneumoniae, realizando esquema de antibioterapia dirigida. Por apresentar parâmetros inflamatórios elevados e febre mantida repete estudo imagiológico, mantendo volumosa colecção intrahepática, submetida a nova drenagem cirúrgica e laparostomizada. É ainda reoperada para nova lavagem intrabdominal e encerramento da parede com boa evolução do quadro. O 2º caso relata uma doente de 78 anos internada no SMI por choque séptico inicialmente com suspeita de pancreatite aguda, por quadro de dor abdominal e vómitos associado a elevação dos valores de amilase e lipase. Realiza TC abdominal onde se objectiva uma colecção abcedada localizada no lobo hepático direito submetida a drenagem ecoguiada, com estudo microbiológico do pus a revelar Enterococos faecium isolado também em hemoculturas. A doente cumpriu esquema de antibioterapia dirigida com boa evolução do quadro. Os autores salientam estes dois casos de abcessos hepáticos com origens diferentes (o 1º por infecção hepatobiliar e o 2º por via hematogénica), com microbiologias diferentes, que evoluíram em choque com disfunção multiorgânica a necessitar de cuidados intensivos e planos terapêuticos distintos. 114 DOENÇA ATEROEMBÓLICA RENAL: UMA ENTIDADE ESQUECIDA! Autor: Ricardo Lavajo Co-Autores: Simone Catarino, Cátia Pêgo, Bernardo Faria, Marlene Delgado, Marina Bastos Apresentador: Ricardo Lavajo Hospital: Centro Hospitalar Tondela-Viseu Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: A Doença Ateroembólica Renal ou Embolismo de Cristais de Colesterol (ECC) tem o rim como principal alvo, devido à origem das artérias renais a partir da aorta abdominal e ao seu elevado fluxo sanguíneo, mas também pode afectar outros órgãos e os membros. A libertação dos êmbolos para a circulação pode ocorrer espontaneamente ou após trauma intravascular ou uso de anticoagulantes ou trombolíticos, sendo a aterosclerose um prérequisito. O diagnóstico passa pela confirmação de cristais de colesterol nas biópsias. Não existe tratamento cientificamente aceite. CASO CLÍNICO: Mulher, 77 anos com HTA, Insuficiência cardíaca e Aneurisma da aorta abdominal. Medicada com IECA, ARA II e diurético. Quadro com 4 meses, de dor lombar esquerda, oligúria, náuseas, obstipação, anorexia, emagrecimento, astenia e sinais de isquémia nos dedos dos pés. No SU analiticamente hemoglobina 10g/dl e creatinina 4,1 mg/dl (mas 1,5 mg/dl há 1 mês) e ECG normal. Em internamento: perfil lipídico e sedimento urinário normais; rim esquerdo atrófico na ecografia; cavidades cardíacas esquerdas dilatadas com disfunção sistólica no ecocardiograma; retinografia normal; colonoscopia com biópsia revelou colite isquémica e biópsia cutânea (dedos dos pés) confirmou presença de êmbolos de colesterol.A angioTC prévia mostrava extenso aneurisma da aorta abdominal com ateromatose. O diagnóstico é de Doença Ateroembólica com envolvimento renal, tubo digestivo e cutâneo com origem em aneurisma da aorta abdominal.Efectuou-se diurético, vasodilatador, estatina, antiagregante plaquetário e corticoterapia a par de suporte nutricional com evolução favorável. DISCUSSÃO: Apresenta-se o caso para chamar a atenção para uma patologia que tem sido subdiagnosticada e com elevada morbi-mortalidade. Acrescenta-se o sucesso terapêutico do uso do protocolo de Belanfan et al que inclui o recurso à corticoterapia com base no seu potencial anti-inflamatório a nível vascular. 115 OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA COMO COMPLICAÇÃO DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA. Autor: Ricardo Lavajo Co-Autores: Nádia Martins, Marlene Delgado, Vera, Ana Pereira, Marina Bastos Apresentador: Ricardo Lavajo Hospital: Centro Hospitalar Tondela-Viseu Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster Introdução: Mononucleose infecciosa é uma infecção pelo vírus Epstein-Barr. Frequentemente diagnosticada em jovens (15 e 24 anos). Classicamente o quadro define-se por uma tríade caracterizada por febre, linfadenopatias e faringite subaguda. O diagnóstico é dado pela clinica, esfregaço sanguíneo com linfócitos atípicos e teste de anticorpos heterofilos positivo. Tratamento com medidas sintomáticas e de suporte sendo necessário recorrer a corticoterapia no caso de desenvolvimento de complicações tais como obstrução da via aérea, anemia hemolítica, miocardite, envolvimento do SNC. No caso de rotura esplénica pode ser necessária intervenção cirúrgica. Trata-se de um quadro autolimitado, de prognóstico favorável. Caso clinico: Homem de 22 anos, saudável. Recorre ao serviço de urgência com quadro clinico de 1 semana de evolução de febre, mialgias, obstrução nasal, rinorreia, tosse e odinofagia, tendo já iniciado antibioterapia com beta-lactâmicos sem melhoria. Objectivamente febre e orofaringe hiperemiada com hipertrofia das amígdalas, aftose na úvula e amigdalas com exudado purulento. Analiticamente leucocitose com linfocitose, presença de linfócitos de morfologia atípica, citólise e colestase hepática e IgM para EBV positiva. Ecograficamente esplenomegalia. Internado com diagnóstico de Mononucleose Infecciosa, instituiu-se terapêutica sintomática. Verificou-se agravamento clinico com estridor por hipertrofia amigdalina exuberante, pelo que foi solicitada a observação de ORL que efetuou punção amigdalina para descartar abscesso por sobreinfecção bacteriana, e instituiu-se corticoterapia e claritromicina profilática. Progressivamente melhoria clinica e analítica. Conclusão: Salienta-se o caso clinico pela gravidade das complicações da mononucleose infecciosa, nomeadamente a obstrução da via aérea, potencialmente letais se o tratamento médico não for o adequado. 116 AFINAL NÃO ERA APENAS UMA “GRIPE”… Autor: Ricardo Lavajo Co-Autores: Nádia Martins, Marlene Delgado, Marina Bastos Apresentador: Ricardo Lavajo Hospital: Centro Hospitalar Tondela-Viseu Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: O timoma é um tumor raro com origem nas células epiteliais do timo e representa 47% dos tumores do mediastino anterior. Todos os timomas são malignos todavia por norma têm um crescimento indolente que é confundido com crescimento benigno. Geralmente assintomático sendo descoberto de forma incidental e em 40 % dos casos manifestam-se por sintomas locais. A TAC é um exame standard de diagnóstico e estadiamento. A biópsia fornece o diagnóstico histopatológico permitindo a sua classificaçao. A maioria dos timomas mostram características histológicas sugestivas de benignidade porém devem considerar-se como malignos pois possuem elevado potencial invasivo e metastático. O tratamento é a resseção cirúrgica com excelente taxa de sobrevida quando efectuada em estadios precoces. CASO CLÍNICO: Homem de 72 anos com antecedentes de carcinoma papilar da tiroide. Recorre ao serviço de urgência por quadro com 5 dias de evolução, de dispneia para esforços moderados, tosse com expectoraçao mucopurulenta e toracalgia pleurítica à direita. Ao exame físico destacam-se fervores crepitantes na base do hemitorax direito à auscultação pulmonar. Analiticamente discreta leucocitose, PCR 8.8mg/dl. Hipotransparência bem definida com sinal da silhueta na região paracardíaca direita no Rx de tórax . A TC tórax revelou uma formação tumoral sólida com densidade de partes moles, bem definida, adjacente ao bordo direito cardíaco e sem origem no parênquima pulmonar e o Ecocardiograma mostrou imagem ovalar junto a aurícula direita e com compressão da mesma. Realizou biópsia dirigida por TC que concluiu tratar-se de um timoma tipo A. O doente foi referenciado para consulta de decisão terapêutica oncológica. CONCLUSÃO: Pelo facto de o timoma apresentar um crescimento indolente pelo que é geralmente assintomático, um olhar atento para uma radiografia de tórax, tal como sucedeu neste caso, pode permitir o seu diagnóstico precoce. 117 ANEMIA PERNICIOSA – CASO CLÍNICO Autor: David Ferreira Co-Autores: Rita Meireles, Márcia Meireles, Isabel Costa, Rui Castro, Carla Peixoto, Patrícia Bacellar, Paula Baptista Apresentador: David Ferreira Hospital: CHMA - Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A anemia perniciosa (AP) pertence ao grupo das anemias megaloblásticas e tem uma incidência global de cerca de 1/1000, com predileção pelo sexo feminino. Caracteriza-se pelo défice na absorção de vitamina B12 secundário à carência de factor intrínseco (FI), uma proteína produzida pelas células parietais gástricas, imprescindível para a sua absorção ao nível do íleo distal. Caso clínico: Mulher de 45 anos, caucasiana, internada para estudo de anemia macrocítica. Antecedentes de gastrite crónica, sem história de hábitos etílicos e sem medicação habitual. Apresentava-se com um quadro de astenia, perda ponderal de 4kg, palpitações, dispneia para pequenos esforços, com 2 meses de evolução. Sem outra sintomatologia. Ao exame objectivo destacava-se palidez muco-cutânea, xerostomia com sinais de glossite, auscultação cardíaca taquicárdica, sem sopros, restante exame normal. Analiticamente com anemia macrocítica, índice de produção de reticulócitos <2,5%, trombocitopenia e leucopenia ligeiras. O esfregaço sanguíneo mostrava anisocitose, anisocromia e macrocitose moderadas e esquizócitos com hipersegmentação polimorfonuclear. Níveis séricos de vit. B12 reduzidos e desidrogenase láctica aumentada com bilirrubinas, ferro e folato séricos normais. Realizou mielograma que descartou distúrbio medular primário. A endoscopia realizada em ambulatório revelava gastrite crónica com atrofia ligeira a moderada. O estudo imunológico demonstrou a presença de anticorpos anti-célula parietal (ACP), pelo que perante o actual quadro clinico e achados analíticos foi diagnosticada AP. Iniciou tratamento com Vit.B12 parenteral e foi referenciada para consulta externa de Medicina, onde se constatou uma resposta clínica e analítica favoráveis. Conclusão: Os autores apresentam um caso de AP com instauração insidiosa, onde a suspeição clínica, diagnóstico e abordagem terapêutica precoces permitiram evitar a progressão da doença e as complicações que dela podiam advir. 118 UM CASO DE PARAPLEGIA ASSOCIADA A CHOQUE SÉPTICO Autor: Nídia Calado Co-Autores: Larisa Veverita, Ricardo Bagina, Paula Paiva, Alexandre Louro, Joana Leite, Ana Mateus, Augusto Mendonça, António Araújo, Violeta Suruceanu, Carlos Cruz, Ana Costa. Apresentador: Nídia Calado Hospital: Hospital Doutor José Maria Grande – ULSNA, EPE Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster São diversas as patologias que podem afetar a medula espinhal, sendo que o trauma constitui a causa mais comum de lesão medular. Outras causas comuns de lesão medular incluem doenças autoimunes, infecções, neoplasias, doenças vasculares e doenças hereditárias/degenerativas. A história clínica, o tipo de lesão medular, a evolução do quadro e os achados dos exames complementares de diagnósticos vão permitir identificar a causa específica. Os autores apresentam o caso de uma doente de 75 anos com antecedentes pessoais de patologia valvular cardíaca, hipertensão arterial, dislipidémia e fibrilação auricular. A doente foi encontrada caída no domicílio e à entrada no serviço de urgência apresentava-se hipotérmia, bradicárdica, hipotensa e em coma. Ficou internada com os diagnósticos de choque séptico com ponto de partida respiratório, hematoma epicraniano, lesão renal aguda e rabdomiólise. Após estabilização do quadro clínico inicial, constatou-se que a doente apresentava paraplegia, abolição da sensibilidade abaixo da linha do umbigo e múltiplos hematomas e equimoses dispersos. A tomografia computorizada da coluna dorso-lombar e a ressonância magnética nuclear (RMN) medular e da coluna dorso-lombar não evidenciaram lesões traumáticas. No entanto, a RMN foi sugestiva de mielite transversa a nível da coluna dorsal. A análise do líquido cefalo-raquidiano não mostrou alterações relevantes e a cultura foi negativa. As serologias infecciosas foram negativas, tal como as autoimunes. Colocou-se a hipótese de choque medular dorsal transverso secundário à hipoperfusão condicionada pelo choque séptico inicial, conclusão partilhada pelo Neurologista que avaliou a doente. Esta iniciou programa de fisioterapia e mantem seguimento em consulta externa, apresentando discreta melhoria da sensibilidade mas mantendo paraplegia. Concluindo, quando a hipótese de trauma é excluída, devemos investigar outras possíveis causa de lesão medular. 119 26 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO K 120 ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA Autor: Cristiana Marques Co-Autores: Mariana Brandão, Filipa Silva, José Costa, Viera Lopes Apresentador: Cristiana Marques Hospital: Centro Hospitalar S. Jõao Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Homem de 77 anos com antecedentes de doença de Parkinson, doença de Alzheimer, doença vascular cerebral, doença coronária, portador de pacemaker por bloqueio auriculoventricular completo, diabético, hipertenso e dislipidémico; medicado habitualmente com perindopril 10mg id, ácido acetilsalicílico 100 mg id, metformina 1000mg bid, levodopa/carbidopa 100/25mg bid e memantina 10 mg desde há um mês. Recorreu ao serviço de urgência por tosse com expetoração purulenta, associada a dispneia e a dor torácica de caraterísticas pleuríticas. Ficou internado no serviço de Medicina Interna com o diagnóstico de pneumonia da comunidade com insuficiência respiratória hipoxémica. Na admissão ao serviço de Medicina Interna, os familiares referiam alterações da memória e fraqueza muscular com quatro meses de evolução; desde há 1 mês totalmente dependente para atividades da vida diária, com disfagia para sólidos e líquidos e empobrecimento do discurso desde há 2 semanas. Ao exame objetivo consciente, parcialmente orientado no tempo e orientado no espaço. Força muscular global grau 4 nos membros, hipofonese, reflexo cutâneo plantar extensor bilateralmente, hiperreflexia, fasciculações e atrofia do primeiro interósseo à esquerda. No serviço de Medicina Interna foi estudado o quadro de primeiro e segundo neurónio associado a quadro demencial em doente sem evidência de doença Parkinson, nem de doença de Alzheimer. Expõe-se o raciocínio e o estudo efetuado até chegar ao diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica e a posterior orientação. Apresenta-se também uma breve revisão teórica desta entidade nosológica. 121 ERITEMA NODOSO: UM SINAL CUTÂNEO DE TUBERCULOSE – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. Autor: Andreia Coelho Co-Autores: Fernando Salvador, Sónia Carvalho, Trigo Faria Apresentador: Andreia Coelho Hospital: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A Tuberculose (TB) é uma doença comum nos países em desenvolvimento e pode apresentar-se de forma atípica. É necessário um nível elevado de suspeita para o diagnóstico, e para prevenir a sua morbilidade e mortalidade. O eritema nodoso (EN) surge nas formas primárias de TB nesses países, e deve-se a reação de hipersensibilidade a uma proteína específica que ocorre num paciente com ou sem evidência de doença ativa. Caso clínico: Doente do sexo masculino de 31 anos, previamente saudável, internado por quadro de febre e dor nos membros inferiores com 4 dias de evolução, precedido de quadro de tosse produtiva, mialgias e artralgias. Objetivamente, com lesões compatíveis com EN nos membros inferiores. De revisão epidemiológica, destaca-se contacto com doente com TB há cerca de 1 ano. Realizou raio-x torácico que revelou lesões suspeitas de TB. Após efetuar TAC torácica é observada a presença de “tree in a bud” nos segmentos superiores do lobo inferior direito, reforçando a suspeita de TB. A expetoração evidenciou Ziehl Nielsen e PCR da micobactéria positivos. Foi assumido TB e o doente iniciou terapêutica antibacilar. Apresentou boa resposta clínica e laboratorial com remissão completa da febre e parcial do EN. O doente teve alta, referenciado para consulta de Medicina Interna. Quinze dias depois, apresentou reação cutânea alérgica, iniciou corticóide e suspendeu etambutol, com melhoria. Dois meses depois, o TAC torácico apresenta ainda infiltrado no lobo inferior direito e esboça lesão cavitada. Remissão completa do EN e clinicamente sem sinais ou sintomas. O doente mantém o seguimento no CDP e na consulta. Conclusão: O caso descrito alerta para uma doença altamente infecciosa, num paciente previamente saudável, com apresentação clínica atípica e desperta para a necessidade de conhecer as condições e meio envolvente do doente com EN. A anamnese detalhada, exame físico minucioso e um raio-x torácico são essenciais para o despiste de TB como causa su 122 PNEUMONIA CRIPTOGÉNICA ORGANIZATIVA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Sara Pereira Co-Autores: Joana Barros, Jorge Salomão, Augusto Duarte Apresentador: Sara Pereira Hospital: Centro Hospitalar Medio Ave Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A Pneumonia Criptogénica Organizativa é uma doença intersticial pulmonar difusa rara, que afeta bronquíolos distais, brônquios, ductos e paredes alveolares. A incidência e a prevalência exatas são desconhecidas assim como a sua etiologia. O diagnóstico depende da demonstração das alterações histológicas típicas num doente com clínica compatível. A terapêutica inclui glucocorticoides e o prognóstico é favorável em cerca de dois terços dos doentes. Caso clínico: Homem de 59 anos, Caucasiano, fumador de 30UMA e com antecedentes de Síndrome Obstrutivo Apneia do Sono, Diabetes Mellitus tipo 2 e gastrite crónica que iniciou quadro de dispneia para pequenos esforços, astenia e tosse não produtiva persistente com cerca de 1 mês de evolução. Inicialmente, após prévia realização de Rx tórax, foi assumido o diagnóstico de Pneumonia Adquirida na Comunidade e o doente teve alta para o domicílio medicado com Levofloxacina 500mg (1 vez/dia). Posteriormente, por manutenção do quadro clínico, foi realizado TAC-torácico, cujas alterações sugeriram o diagnóstico de Pneumonia Criptogénica Organizativa. Procedeu-se então, à realização de biopsia pulmonar e de broncofibroscopia com lavado broncoalveolar para melhor caraterização das lesões. Iniciou tratamento com corticoterapia na dose de 1mg/Kg/dia, com melhoria clinica evidente. Atualmente mantém o desmame progressivo da corticoterapia e realizou TAC-torácico de controlo que evidencia melhoria radiológica. Conclusão: A Pneumonia Criptogénica Organizativa é uma doença rara que deve ser considerada na presença de clínica compatível progressiva juntamente com alterações radiológicas. O diagnóstico definitivo implica a presença de alterações histológicas assim como, a exclusão de outras possíveis patologias. 123 CEFALEIA…NÃO DESVALORIZAR… Autor: Ana Rita Elvas Co-Autores: Ana Carolina Silveira, Rita Oliveira Silva, Telma Mendes, Carla Gonçalves, Josune Aramendi, Fátima Paiva, Artur Gama Apresentador: Ana Rita Elvas Hospital: Centro Hospitalar Cova da Beira Serviço: Medicina Tipo de trabalho: poster Introdução: A trombose venosa cerebral (TVC) é menos comum que a maioria das outras causas de enfarte cerebral e o seu diagnóstico pode ser mais difícil não só pelas diferentes formas de apresentação mas também por a tomografia cranioencefalica (TC-CE) não ser conclusiva em mais de 30% dos casos. Com o uso disseminado da Ressonância Magnética a TVC é uma entidade cada vez mais reconhecida. Caso Clínico: Homem de 59 anos recorreu ao Serviço de Urgência pela terceira vez por cefaleia frontal com cerca de 1 semana de evolução e com irradiação para o olho esquerdo e região temporal esquerda, acompanhada de sensação de visão turva. Ao exame objetivo encontravase agitado e com comportamento agressivo, com eritema do globo ocular esquerdo, restante exame neurológico sem alterações. De antecedentes pessoais a referir Diabetes Mellitus tipo 2, Hipertensão, Hiperplasia Benigna da Próstata com prostatectomia em 2011 que revelou foco de adenocarcinoma bem diferenciado da próstata, duas hernioplastias inguinais no mês anterior. Medicado com gliclazida 30, metformina 1000, captopril. Fez TC-CE de urgência que revelou “trombose venosa com envolvimento dos seios reto, longitudinal superior, seios tranversos e sigmóide esquerdo”. Foi transferido para a Unidade de Acidentes Vasculares Agudos, iniciou anticoagulação com varfarina com boa evolução clínica, com melhoria gradual das cefaleias. Realizou angiotomografia que confirmou o diagnóstico de TVC. O estudo vascular, de trombofilias, infeções ou neoplasias ocultas foi negativo. O estudo de autoimunidade apresentou positividade do HLAB27, mas sem clínica associada. O doente teve alta e é atualmente acompanhado em consulta de Coagulação e de Medicina. Conclusão: A cefaleia é uma queixa comum no serviço de urgência. A sua etiologia é variada e como tal é essencial que o médico esteja atento a todos os sintomas e dados clínicos que permitam o reconhecimento da causa correta e permitam uma boa orientação do doente. 124 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL, ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO E ANEMIA – QUANDO REALIZAR ENDOSCOPIA? Autor: Raquel Mesquita Co-Autores: Mário Santos, Pestana Ferreira Apresentador: Raquel Mesquita - [email protected] Hospital: Centro Hospitalar de São João - Porto Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster A anemia em contexto de hemorragia pode desencadear eventos isquémicos, por vezes fatais. O tubo digestivo é fonte hemorrágica frequente e o estudo endoscópico tem um papel chave no diagnóstico e tratamento da anemia. Doentes após enfarte agudo do miocárdio (EAM) ficam particularmente vulneráveis às complicações cardiopulmonares dos procedimentos endoscópicos, sendo o momento da sua realização, uma decisão prática importante. Os autores descrevem o caso de uma mulher de 83 anos, com antecedentes de insuficiência cardíaca em classe III NYHA, com colocação de prótese aórtica biológica e cirurgia de revascularização miocárdica há 5 anos; hemicolectomia com realização de colostomia, por adenocarcinoma do cólon sigmóide, há 6 anos. Foi admitida no Serviço de Urgência por acidente vascular cerebral isquémico, de tempo de evolução indeterminado e EAM. À admissão, apresentava disartria, hemineglet e hemiparesia esquerdas, anemia microcítica/hipocrómica (Hb 5,3 g/dL), sem evidência de perdas hemáticas nem hemólise. Efetuada transfusão de 3 unidades de glóbulos rubros (UGR), complicada por edema agudo do pulmão, foi transferida para o Serviço de Medicina ao terceiro dia. Por instabilidade do hematócrito, manteve necessidade de transfusão (4 UGR), sem novos eventos isquémicos. Sem recuperação dos défices neurológicos durante internamento. Dada suspeita de hemorragia digestiva oculta ativa e em face de EAM recente, apesar da progressiva deterioração do estado geral, efetuou estudo endoscópico à terceira semana, que revelou lesão vegetante do antro pré-pilórico e ulceração com hemorragia em toalha. Os autores destacam este caso pela dificuldade da decisão de abordagem endoscópica dos doentes em que, na ausência de sinais e sintomas que localizem foco hemorrágico e com eventos isquémicos recentes e múltiplas co-morbilidades a condicionar mau prognóstico, apesar de estáveis, necessitam de suporte transfusional sustentado, impossibilitando o seu estudo eletivo em ambulatório. 125 CORTICOTERAPIA E PSEUDOTUMOR CEREBRI Autor: Amanda Lista Rey Co-Autores: Miguel Morgado, Liliana Costa, Anabela Brito, Helena Vilaça, Joana Carneiro, Selmira Faraldo, Lurdes Vilarinho, Paula Brandão Apresentador: Amanda Lista Rey Hospital: Conde de Bertiandos, ULSAM Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: O uso de corticoides generalizou-se no tratamento de inúmeras doenças inflamatórias, alérgicas, imunológicas e malignas. Como consequência, os seus efeitos adversos também se tornaram mais frequentes. O espetro de gravidade destas reações é muito variável, surgindo em tratamentos de curta e de longa duração, podendo atingir qualquer órgão ou sistema. CASO CLÍNICO: Apresenta-se o caso de uma doente de 35 anos, sem antecedentes patológicos relevantes. Avaliada inicialmente por herpes labial exuberante, associado a paralisia facial periférica. Medicou-se empiricamente com Prednisolona 60 mg e Valaciclovir. Quatro dias mais tarde surge quadro de mal estar geral, tonturas, sonolência fácil, lentificação, cefaleia intensa e petéquias nos membros inferiores. Reavaliada no Serviço de Urgência realizou estúdio analítico que mostrou ligeira leucocitose; Tomografia Axial Computorizada Craneoencefálica normal e Punção Lombar (PL) com liquor sem alterações. Agravamento dos sintomas no dia seguinte, mostrando discurso ligeiramente lentificado, cefaleia intensa, náuseas, fotofobia e sonofobia. Apresentava rigidez de nuca com Brudzinski e Kernig positivos. Realizou nova PL e Angio-Ressonancia Magnética Nuclear Cerebral, ambas sem alterações. Decidiu-se suspender corticoterapia, cumprindo terapêutica sintomática e hidratação durante o internamento. Mostrou melhoria progressiva dos sintomas e do quadro neurológico. Dada a evolução benigna e á ausência de achados positivos, foi considerada a hipótese diagnóstica de efeitos adversos da corticoterapia. DISCUSSÃO: O Pseudotumor Cerebri (PC) é uma entidade caracterizada pelo aumento da pressão intracraniana, sem evidências clínicas, laboratoriais ou radiológicas que sugiram um processo expansivo intracraniano ou hidrocefalia. Está documentado o uso de corticoides como causa precipitante do PC primário. Embora os medicamentos são formulados sob critérios de proteção e segurança, convivimos com o risco do seu uso. 126 DISPNEIA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Rita Rei Neto Co-Autores: Marta Bastos, Joana Vaz, Marta Sousa, Janine Resende, João Valente, Vitor Paixão Dias Apresentador: Rita Rei Neto Hospital: Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A dispneia é um sintoma caracterizado por uma sensação de dificuldade respiratória, sendo muito frequente na prática clínica. A propósito de um caso clínico, os autores fazem uma revisão sobre a clínica e abordagem diagnóstica da dispneia. Caso clínico: Mulher, 30 anos, admitida por dispneia para médios esforços com uma semana de evolução, associada a odinofagia; referencia a tosse seca e irritativa com um mês de evolução. Sem antecedentes patológicos relevantes, sem história de contacto com tóxicos. Ao exame objetivo: obesa, polipneica, com estridor laríngeo; sem adenopatias palpáveis; auscultação pulmonar sem ruídos adventícios; auscultação cardíaca sem sopros audíveis; tensão arterial 109/68 mmHg, frequência cardíaca 108 bpm, frequência respiratória 26 cpm, temperatura 36.8ºC, saturação periférica 94%. Observada por ORL - laringite aguda. Dos exames complementares salienta-se: VSG - 53 mm 1ªh, DHL elevada (430 U/L), gasometria sem insuficiência respiratória, radiografia de tórax com alargamento do mediastino. Efetuado TAC torácico, visualizando-se uma massa no mediastino anterior com 126 x 87 mm, com envolvimento da aorta ascendente, efeito de massa nas estruturas mediastínicas e com compromisso da via aérea. Biópsia excisional da massa compatível com Linfoma B difuso de grandes células, estadiamento IPI 3. Iniciou terapêutica emergente com metilprednisolona seguido de quimioterapia (protocolo R-CHOP). Discussão e Conclusões: A dispneia é um sintoma de difícil avaliação face à sua subjectividade e à forma como é percebida pelo doente. As causas subjacentes à dispneia aguda são diversas, a grande maioria relacionadas com o sistema respiratório e/ou cardíaco, podendo pôr em risco a vida do doente, pelo que é necessária uma abordagem rápida e dirigida. 127 QUANDO O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PARECEM AGRAVAR A DOENÇA Autor: Rita Oliveira Silva Co-Autores: Ana Rita Elvas, Ana Carolina Silveira, Edmundo Dias, Carla Gonçalves, Telma Mendes, Josune Aramendi, Artur Gama Apresentador: Rita Oliveira Silva Hospital: Centro Hospitalar Cova da Beira Serviço: Serviço de Medicina Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: A doença cerebrovascular causa cerca de 1/3-1/2 dos casos de epilepsia em doentes idosos. O acidente vascular cerebral (AVC) é o principal fator desencadeante do estado de mal epiléptico convulsivo. A mortalidade está associada à duração do período ictal e co-morbilidades. CASO CLÍNICO: Mulher, 71 anos. Antecedentes relevantes: AVC na artéria cerebral média direita, acamada, infeções do tracto urinário de repetição, sequelas de pielonefrites, algaliação crónica. Recorreu ao Serviço de Urgência por vómitos alimentares pós-prandiais precoces, 1 mês de evolução, progressivamente mais frequentes. Aumento dos parâmetros inflamatórios, sem outras alterações. Endoscopia digestiva alta: gastrite atrófica. Urocultura: Candida albicans. 5º Dia: mioclonias peri-oculares à esquerda, com progressão para a hemiface; consciente e responsiva, auto-limitado, duração 20-35 segundos; sem período pós-ictal. Vários episódios prévios semelhantes após AVC. Electroencefalograma (EEG): atividade epileptiforme abundante em área fronto-temporal direita. Iniciou Carbamazepina. 7º Dia: movimentos clónicos no hemicorpo esquerdo; Diazepam não eficaz; sem mioclonias após Fenitoina. Aumento dos parâmetros inflamatórios; sem alterações metabólicas nem em tomografia computorizada crânio-encefálica. EEG: estado de mal epiléptico parcial contínuo. 12º Dia: iniciou Levetiracetam; pico febril e iniciou empiricamente Ceftriaxone. EEG: sobreponível. Ajustadas doses de Levetiracetam e Fenitoína para níveis máximos terapêuticos. Ao15º dia em coma. Faleceu ao 18º dia. DISCUSSÃO: A doente apresentava epilepsia vascular, sequela de AVC. Só após diagnóstico e medicação teve 1º episódio de generalização e entrou em estado de mal epiléptico. Pelo mau prognóstico, optou-se por não escalar tratamento anti-epiléptico. CONCLUSÃO: A epilepsia é uma sequela importante de AVC. Tem difícil controlo terapêutico e é potencialmente fatal. As co-morbilidades são importantes na decisão terapêutica e prognóstico. 128 CEFALEIA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA (SU) – A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. Autor: Marta Pereira Martins Co-Autores: Santos, Miguel; Serra, Sónia; Rosa, Clara; Lacerda, Amadeu. Apresentador: Marta Pereira Martins Hospital: São Bernardo Setúbal Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A cefaleia é um sintoma frequente no SU, sendo frequentemente de causa benigna. Contudo é essencial diferenciar os casos em que subjaz a patologia potencialmente fatal, nomeadamente hemorragia subaracnoideia, disseção carotídea, infecção do sistema nervoso central ou lesão intracraniana. Caso clínico: Doente do sexo masculino, 65 anos, ex-fumador (80 maços/ano), inicia cefaleia holocraniana de predomínio occipital, tipo opressivo, acompanhada de náuseas e tonturas, sem factores de alívio ou agravamento; motivo pelo qual recorre em 2 dias consecutivos ao médico assistente tendo alta com terapêutica sintomática. Ao 4º dia de evolução do quadro, por agravamento da intensidade da cefaleia, recorre ao SU do HSB, salientando-se ao exame objectivo pressão arterial de 180/103mmHg, saturação periférica de oxigénio em ar ambiente de 92%, auscultação pulmonar com murmúrio vesicular globalmente diminuído e exame neurológico sem alterações. Apresenta hipoxemia na gasimetria e a telerradiografia do tórax revela lesão radiopaca apical direita. Realiza Tomografia Computorizada (TC) torácica que descreve atipia apical pulmonar direita e TC Crânio-Encefálica que revela lesões cerebelosa e parietal. É internado em enfermaria para continuação de investigação diagnóstica e orientação terapêutica. Analiticamente destaca-se cálcio 8.6 mg/dL, ferritina 1754 ng/mL, antigénio carcino-embrionário (CEA) 32.6 ng/mL, fragmento de citoqueratina 21-1 (CYFRA) 8.33 ng/mL. O estudo da amostra obtida por punção aspirativa transtorácica confirma adenocarcinoma do pulmão. Efectua ainda Ressonância Magnética Encefálica que descreve metastização encefálica. Após radioterapia holocraniana o doente encontra-se a realizar quimioterapia. Conclusão: O recurso ao SU por cefaleia de novo e intensidade crescente deve alertar para a necessidade de uma investigação diagnóstica cuidada. Neste caso a cefaleia revelou-se como a manifestação inicial de metastização cerebral de adenocarcinoma pulmonar. 129 TUBERCULOSE PLEURO-PULMONAR – UM CASO CLÍNICO Autor: Rita Oliveira Silva Co-Autores: Ana Carolina Silveira, Ana Rita Elvas, Edmundo Dias, Carla Gonçalves, Josune Aramendi, Telma Mendes, Artur Gama Apresentador: Rita Oliveira Silva Hospital: Centro Hospitalar Cova da Beira Serviço: Serviço de Medicina Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: Em 2012 foram diagnosticados 2480 casos de tuberculose, 17 no distrito de Castelo Branco, dos quais 16 foram casos novos. A forma de apresentação mais frequente foi a pulmonar (1798); 162 destes doentes apresentava também envolvimento de outros órgãos. CASO CLÍNICO: Homem de 56 anos de idade, com queixas de tosse produtiva, expectoração escassa, dispneia, toracalgia agravada pela inspiração profunda e sudorese alternada com calafrios com uma semana de evolução e agravamento progressivo. Apresentava febre, diminuição do murmúrio vesicular na metade inferior do hemitórax direito e hepatomegalia, com derrame pleural nos dois terços inferiores à direita. Realizada toracocentese diagnóstica e terapêutica (exsudado; cultura e pesquisa de bacilos ácido-álcool resistentes (BAAR) negativas) e medicado com Amoxicilina+Ácido Clavulânico (6dias); com agravamento clínico e radiológico. Realizada drenagem torácica e inciada terapêutica com Piperacilina+Tazobactam (3dias), alterada para Meropenem (8dias) por identificação de colecção multiseptada em ecografia. Manteve agravamento clínico sendo transferido para o Serviço de Cirurgia Torácica do CHUC onde foi submetido a toracotomia postero-lateral direita com descorticação visceral e parietal. Após a alta reiniciou quadro febril, mantendo tosse produtiva. Ficou internado e medicado com Levofloxacina+Sulfametoxazol+Trimetoprim; identificado BAAR em cultura de expectoração e confirmado em exame histológico de biópsia pleural. Pesquisa de BAAR e ADN de M.tuberculosis na urina negativa. Transferido para o Serviço de Infeciologia tendo iniciado antibacilares com boa resposta evolutiva. DISCUSSÃO: A identificação de Mycobacterium tuberculosis multi-sensível na expectoração e na biopsia pleural confirmam o diagnóstico de tuberculose pleuro-pulmonar. Foi feita notificação. CONCLUSÃO: O diagnóstico de tuberculose implica suspeição clínica devido às suas múltiplas formas de apresentação. 130 NEUROSSÍFILIS: UM DESAFIO CLÍNICO Autor: Isabel Costa Co-Autores: Rui Castro, David Ferreira, Carla Peixoto, Márcia Meireles, Rita Meireles, Paulo Bandeira, Paula Baptista Apresentador: Isabel Costa Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave, Unidade Santo Tirso Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A sífilis é uma doença infecciosa provocada pelo Treponema pallidum e transmitida habitualmente por contacto sexual. Classificada em precoce nos primeiros dois anos da infecção e tardia após este período. O Treponema pallidum apresenta neurotropismo e a invasão do sistema nervoso central pode ocorrer em qualquer fase. Presente em 40% dos casos e pode cursar de modo assintomático. O diagnóstico de neurossífilis contempla a combinação da clínica, testes serológicos e estudo do líquido cefalorraquidiano (LCR). Caso clínico: Homem de 48 anos, previamente autónomo, recorreu ao serviço de urgência (SU) por alucinações visuais e degradação do estado geral até dependência total, no intervalo de um mês. Várias idas ao SU por alteração do estado de consciência. Antecedentes de alcoolismo crónico e tratamento com dissulfiram e oxazepam nos dois meses precedentes às queixas. Sem ingestão alcoólica após início do programa de desintoxicação alcoólica. Suspendeu oxazepam cinco dias antes da última vinda ao SU mantendo os sintomas. Ao exame físico, discurso incompreensível, alucinações visuais e não cumpria ordens. Tomografia computorizada crânio - encefálica mostrou atrofia cortico-subcortical difusa. No internamento, analiticamente excluídas alterações metabólicas ou hidroelectrolíticas, serologia de Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) e T. pallidum Haemagglutination Assay (TPHA) positiva. O estudo do LCR mostrou citologia, proteínas e glicose normais, VDRL negativo e TPHA positivo. Cumpriu quinze dias de Penicilina G recuperando as alterações visuais e autonomia. Alta encaminhado para consulta. Estudo do LCR três meses após com VDRL negativo e TPHA indetectável. Conclusão: A neurossífilis constitui um desafio clínico, cujos critérios de diagnóstico são alvo de discussão. A penicilina G é o antibiótico de eleição para o tratamento. O seguimento dos doentes baseia-se no estudo periódico do LCR, não existindo testes definidores de cura. 131 26 DE OUTUBRO ÀS 8:30 HORAS – GRUPO L 132 LEUCOENCEFALOPATIA MULTIFOCAL PROGRESSIVA EM DOENTE COM SIDA Autor: Violeta Suruceanu CO-Autores: António Mendes de Araújo, Hélder Almeida, Armando Cruz Nodarse, Ana Maria Costa Apresentador: Violeta Suruceanu Hospital: Dr.José Maria Grande-Portalegre Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva (LMP) ou Encefalite por Polyomavírus JC apresenta-se como uma infecção viral oportunista do sistema nervoso central associado a maioria das vezes à imunossupressão. O caso que apresentamos trata de um doente do sexo masculino, de 53 anos de idade, com antecedentes pessoais de HIV1 desde 1993, sob antiretrovirais de forma esporádica e etilismo crónico. Recorreu ao serviço de urgência por alucinações visuais ocasionais, hipoacusia, perda progressiva da sua autonomia e capacidade de trabalho. À observação salientava-se discurso confuso, desorganizado, confabulação, alucinações visuais…., sem défices motores, sem sinais neurológicos focais. Realizou Tomografia Computorizada Crânio Encefálica que evidenciou hipodensidade temporoparieto-occipital esquerda e cerebelosa direita, compatível com lesões sequelares enquadráveis num processo inflamatório resolvido. A Ressonância Magnética Nuclear crânio encefálica mostrou múltiplas lesões restritas à substância branca, bihemisféricas e da fossa posterior, assimétricas, mais marcadas a nível temporo-occipital esquerdo. Sem lesões de estruturas cinzentas, sugestiva de Leucoencefalopatia multifocal progressiva. A avaliação do líquido cefalorraquidiano foi positiva para o Poliomavírus (JCV-BKV) confirmada por DNA JCV. Reiniciou terapêutica antirretrovirais com melhoria clínica. Os autores pretendem chamar a atenção para uma patologia pouco frequente, mas actual, não descurando a clínica, marcha diagnóstica e estratégia terapêutica da doença associada à imunodepressão por HIV/SIDA. 133 TROMBOSE DA VEIA PORTA: REVISÃO DA LITERATURA A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Bruno Pedro CO-Autores: Helena Vieira Dias, Maria Filomena Roque Apresentador: Helena Vieira Dias Hospital: Distrital de Santarém Serviço: Medicina III Tipo de trabalho: poster INTRODUÇÃO: A trombose da veia porta (TVPo) foi descrita pela primeira vez por Balfour e Stweart em 1869, caracteriza-se pela obstrução venosa portal por um coágulo e é considerada a principal causa de hipertensão portal extra-hepática em doentes com fígado normal no Ocidente. As etiologias podem ser agrupadas em 4 grupos: lesão direta, malformação vascular, fatores indiretos que influenciem formação trombo e idiopáticas. OBJETIVO: A propósito de um caso clínico efetuar uma breve revisão sobre o tema. MATERIAL E MÉTODOS: Doente de 57 anos com história prévia tabagismo, etanolismo e de enfarte agudo miocárdio com colocação de stent revestido 3 meses antes da admissão, medicado desde então com sinvastatina, clopidogrel e ácido acetilsalicílico, internado para esclarecimento de aumento volume abdominal e alterações função hepática com padrão colestático, portador de ecografia abdominal sem alterações relevantes. No decorrer do internamento, efetuou investigação etiologica que foi negativa, sendo colocada hipótese de toxicidade farmacológica. Iniciou enoxaparina em dose terapêutica dados os antecedentes recentes. Por agravamento clínico e analítico, realizou Angiotomografia abdominal que mostrou presença de TVPo. Transferido para Unidade de Medicina Intensiva veio a falecer por insuficiência hepática. CONCLUSÃO: Com o presente caso clínico pretendemos realçar a dificuldade do diagnóstico da TVPo aguda devido à grande variabilidade de apresentações clinicas. Admitimos que na etiologia deste caso não esteve um único fator causal específico, mas sim uma associação de fatores que em conjunto contribuíram para a trombose. 134 A ESPONDILODISCITE Autor: Sara Ferreira CO-Autores: Maria Inês Sequeira, Margarida Freitas Silva Apresentador: Sara Ferreira Hospital: Centro Hospitalar de São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Homem de 63 anos, admitido por dorsalgia intensa há vários meses. Tomografia Computorizada (TC) torácica revelou massa paravertebral centrada por T4-T5 compatível com espondilodiscite. Efectuada biópsia da massa paravertebral guiada por TC, cujo resultado citológico e microbiológico foi inconclusivo. De todo o estudo microbiológico realizado verificou-se isolamento único de uma estirpe de Mycobacterium intracellulare em exame cultural de secreções brônquicas (com várias amostras posteriores negativas). Efectuado tratamento de forma empírica com vancomicina e ceftriaxona durante cerca de 50 dias, com boa evolução clínica e analítica. A espondilodiscite representa cerca de 2 a 4% dos casos de osteomielite. Trata-se de uma patologia rara nos adultos, que afecta mais frequentemente o género masculino (2:1), predominando na faixa etária entre os 50 e 60 anos. Tem vindo a apresentar uma incidência crescente devido a intervenções cirúrgicas raquidianas, maior prevalência de casos de imunodepressão, abuso de drogas endovenosas, recrudescimento de Tuberculose, etc. A coluna lombar é envolvida com maior frequência, seguida pelo segmento torácico e cervical. Do ponto de vista etiológico, pode ser classificada como piogénica (bacteriana) ou granulomatosa. O agente bacteriológico mais frequente é o Stapylococcus aureus, enquanto o Mycobacterium tuberculosis causa a maioria das infecções não-piogénicas. A infecção pode desenvolver-se por disseminação hematogénea a partir de um foco infeccioso distante, por inoculação directa ou por contiguidade. A morbilidade devida a esta patologia é comum, sobretudo porque o seu diagnóstico é habitualmente tardio, dada a evolução insidiosa e clínica inespecífica. O atraso no diagnóstico acarreta complicações graves, como compromisso neurológico ou deformidades vertebrais. O tratamento e reabilitação são habitualmente prolongados. Este diagnóstico deverá pois ser considerado em qualquer doente com raquialgias. 135 DORSALGIA PSICOSSOMÁTICA QUE AFINAL ERA BRUCELOSE – CASO CLÍNICO Autor: Renata Silva Co-Autores: Carlos Oliveira, Fernado Guimarães, Trigo Faria Apresentador: Renata Silva Hospital: CHTMAD - Vila Real Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Introdução: A Brucelose é uma zoonose de ampla distribuição geográfica dependente da endemia animal, sendo, sobretudo, ocupacional, com sintomatologia inespecífica. É uma doença sistémica e a apresentação e duração do quadro clínico permite caracterizá-la em formas aguda, crónica e localizada, podendo qualquer órgão ou tecido do organismo ser envolvido. Caso Clínico: Senhora de 45 anos, trabalhadora rural, sem antecedentes patológicos de relevo, recorre pela terceira vez ao serviço de urgência por dorsolombalgias intensas, com irradiação em cintura para o epigastro, sem alívio com analgesia. O exame objectivo era normal e a radiografia da coluna e as análises de sangue e urina não apresentavam alterações, pelo que as queixas foram interpretadas como psicossomatização. Observada inicialmente por Ortopedia e Psiquiatria, ficou ao cuidado da Medicina Interna por persitência das queixas álgicas, decidindo-se prosseguir investigação com tomografia computorizada (TC) que não mostrou alterações de relevo. Devido à alta prevalência de Brucelose na região, pediu-se serologia que foi positiva com título de 1:640 na reação de Wright. Inicou tratamento com Doxicilina e Rifampicina, e foi orientada para a consulta externa de Medicina, onde realizou ressonância magnética da coluna dorsolombar que mostrou alterações do corpo de D7 e D8 sugestivas de processo inflamatório/ infecioso. Manteve tratamento para Brucelose com franca melhoria clínica e descida do título serológico. Conclusão: A Brucelose pode atingir várias articulações de forma assimétrica, sobretudo grandes articulações de carga, nomeadamente da coluna dorsal como neste caso. No caso da doente apresentada, salien-se a ausência de febre ou sintomas constitucionais e as queixas desproporcionais ao exame físico normal. Questiona-se a sensibilidade diagnóstica da TC na espondilite. 136 HEPATITE AGUDA – A PROPOSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Violeta Goric Co-Autores: Violeta Goric, Tiago Camacho, Bruno Pereira, Caterina Louro, Zara Soares, Ana Silva, José Lino Apresentador: Violeta Goric Hospital: Hospital Vila Franca d eXira Serviço: medicina Interna Tipo de trabalho: poster Mulher de 54 anos, recorreu ao SU por dor abdominal, náuseas e vómitos com 5 dias de evolução, posteriormente com associação de colúria. Como comorbilidades aprtesentava hérnia discal,medicada com AINE e , e fitoterapia « Yao Tong, Ling» prescrito pele medica de acupuntura desde maio 2013.Analises hiperbilirubinemia mixta e citólise, sem cuagulopatia. Ecografia abdominal sem alterações. Do estudo analítico realizado excluídas hepatites víricas ou causa imunológica ( resultado negativo).Durante o internamento tem havido icterícia, com agravamento progressivo, sem sinais de encefalopatia e sem sinais de discrasia hemorrágica., apirética, hemodinamicamente estável.Analises com aumento das transaminasas, bilirrubinas, FA, aumento da taxa de protrombina,. Agravamento clinico e analítico contactou-se a Unidade de transplante hepático do H C Cabral. Conclusões: Na prática clínica, a distinção entre hepatite tóxica e hepatite auto-imune pode ser desafiante. Os autores pretendem apresentar o caso de uma hepatite aguda tóxica grave e discutir as opções diagnósticas e terapêuticas nestas situações. 137 HUNGRY BONE SYNDROME – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Ana Sofia Barroso Co-Autores: Abreu J, Freitas C, Costa M, Oliveira C Apresentador: Ana Sofia Barroso Hospital: Santa Maria Maior - Barcelos; Centro Hospitalar do Porto Serviço: Medicina, Nefrologia, Endocrinologia Tipo de trabalho: poster A homeostase do cálcio é regulada pela acção da hormona paratiroideia (PTH) e da vitamina D a nível renal, ósseo e intestinal. A hipocalcemia (hipoCa) é uma situação comum após paratireoidectomia ou tireoidectomia, mas caracteristicamente transitória atendendo à rápida regeneração deste tecido endócrino. Em alguns casos, o hipoparatiroismo subsequente leva a um aumento sustentado da reabsorção óssea que pode cursar com hipoCa acentuada e prolongada, designando-se esta entidade de hungry bone syndrome. Os autores apresentam o caso de uma doente, 92 anos, com antecedentes de: doença renal crónica (DRC), diabetes mellitus tipo 2, insuficiência cardíaca (IC), síndrome demencial e hiperparatiroidismo primário com hipercalcemia, submetida a paratiroidectomia. Medicada habitualmente com: carbonato de cálcio, lactogluconato de cálcio, alfacalcidol, magnésio, ferro, complexo B, memantina, risperidona e clopidogrel. Recorreu ao SU por dispneia. Ao exame objectivo: hemodinamicamente estável e polipneica. Analiticamente destaca-se: leucocitose com neutrofilia, PCR (1.45mg/dL), anemia, creatinina 2.22mg/dl, ureia 87mg/dl, hipoCa (0.86mmol/L), hipercalemia (5.8mmol/L), PTH elevada (187.5pg/mL) e leucocituria. GSA: acidemia metabólica e insuficiência respiratória tipo 1 (IR1). RX Tórax: derrame pleural bilateral. Internada por IC descompensada por cistite, IR1, lesão renal aguda em DRC e hipoCa grave em contexto pós-cirúrgico - hungry bone syndrome. A cirurgia para/tiroideia constitui a principal etiologia da hipoCa, a medição do cálcio sérico e ionizado 2 a 4 vezes por dia nos primeiros dias pós-operatório, a avaliação de outros desequilíbrios hidro-electrolíticos e o reconhecimento de sinais de alarme de hipoCa como: tetania (sinal de Trousseau e Chvostek), prolongamento de QT e arritmias são fundamentais. É igualmente importante ter em conta os factores de risco para desenvolvimento desta síndrome e salientar que pode ser observada mesmo com valores de PTH normais ou elevados. 138 ANEMIA PERNICIOSA E INFECÇÃO POR HIV Autor: Maria Inês Sequeira Co-Autores: Tiago Borges, Isabel Camões Apresentador: Maria Inês Sequeira Hospital: Centro Hospitalar São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: poster Apresentamos o caso de uma mulher de 46 anos internada por pielonefrite por Pseudomonas aeruginosa em rim único. Antecedentes de nefrectomia direita após pielonefrite xantogranulomatosa, infeções urinárias de repetição e gastrite crónica atrófica. Medicada com anticoncepcional oral. Sem restrições alimentares, hábitos alcoólicos ou tabágicos. Ao exame físico, idade aparente superior à real, mau estado geral e diminuição da sensibilidade propioceptiva vibratória, parestesias dos membros inferiores e marcha atáxica. Documentada anemia (hemoglobina 7.8 g/dL) macrocítica com valor de vitamina B12 inferior a 83 pg/mL; folato e cinética do ferro normais, pesquisa de Helicobacter pylori na mucosa gástrica negativa e anticorpos anti-factor intrínseco positivos, assumindo-se o diagnóstico de anemia perniciosa com atingimento neurológico: provável degenerescência combinada dorsolateral. Dada a predisposição infecciosa, foram pedidos os marcadores da infeção VIH cujo resultado foi positivo. A doente iniciou suplementação com cianocobalamina e tratamento antirretroviral. Anemia macrocítica, neuropatia periférica e demência encontram-se entre as principais manifestações clínicas do défice de cianocobalamina. Esta é essencial no processo de síntese e manutenção da mielina, bem como na produção de citocinas neurotróficas. Cerca de 10 a 39% dos doentes com infeção por VIH têm défice de vitamina B12, ainda que os mecanismos subjacentes não sejam totalmente conhecidos. A falência da secreção do suco gástrico, a diminuição do fator intrínseco por ação direta do vírus na mucosa gástrica e a diminuição da absorção de cobalamina causada por infeções oportunistas no intestino delgado surgem como potenciais mecanismos. O valor de vitamina B12 < 125pg/ml é um fator independente de progressão da doença. Este caso alerta-nos para a importância de despistar a infeção do HIV não só nos casos de infeções graves de repetição, mas também nas anemias megaloblásticas por défice de vitamina B12. 139 COMUNICAÇÕES ORAIS 140 25 DE OUTUBRO ÀS 08:30 HORAS – SALA 1 141 SÍNDROME DE HEYDE - A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS Autor: Helena Vieira Dias Co-Autores: Bruno Pedro; Maria Filomena Roque Apresentador: Helena Vieira Dias Hospital: Distrital de Santarém Serviço: Medicina III Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: A síndrome de Heyde foi descrita pela primeira fez em 1958 e caracteriza-se pelo sangramento gastrointestinal a partir de angiodisplasias em doentes com estenose aórtica. Métodos: Os autores apresentam dois casos clínicos de síndrome de Heyde. 1º Caso: Mulher, 79 anos, com história de HTA, Diabetes Mellitus tipo2, valvulopatia calcificante aórtica e mitral, internada por hematemeses. Realizou endoscopia digestiva alta que mostrou mucosa do corpo do estômago com várias lesões sugestivas de angiodisplasias as quais foram cauterizadas. A doente encontra-se a aguardar cirurgia de substituição da válvula aórtica. 2º Caso: Mulher, 70 anos, com história de estenose aórtica, Diabetes Mellitus tipo2, fibrilhação auricular, insuficiência cardíaca classe III NYHA, internada por anemia a esclarecer. Efectuou endoscopia digestiva alta que mostrou apenas pequena hérnia do hiato. A colonoscopia total mostrou angiodisplasias a nível do recto. A doente foi encaminhada para a especialidade de cardiologia tendo sido proposta para cirurgia valvular. Conclusão: Embora os mecanismos fisiopatológicos ainda sejam pouco compreendidos, a síndrome de Heyde pode ser potencialmente fatal aquando da sua apresentação. Estudos revelam que um dos prováveis mecanismos fisiopatológicos subjacentes seja o défice adquirido de factor de von Willebrand. Em alguns casos, com substituição da válvula aórtica verifica-se resolução das perdas hemáticas e consequente resolução do síndrome. 142 PNEUMONIA OU NÃO... EIS A QUESTÃO Autor: Isabel Maria Antunes da Silva Co-Autores: Alexandre Câmara Carvalho Apresentador: Isabel Maria Antunes da Silva Hospital: Hospital de Braga Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral INTRODUÇÃO: O cancro do pulmão tem aumentado e constitui a malignidade que mais mata no mundo. O adenocarcinoma é o subtipo mais frequente e o mais encontrado em mulheres e não fumadores. OBJECTIVO: Apresentar uma doente de 74 anos, autónoma, bom estado geral, não fumadora, internada no Serviço de Medicina Interna com o diagnóstico de pneumonia adquirida na comunidade, cuja evolução lenta e não responsiva motivou investigação adicional e o diagnóstico de adenocarcinoma pulmonar. MÉTODO: A doente foi admitida no Serviço de Urgência (SU) por febre, tosse irritativa com três meses de evolução, astenia e dispneia recentes. Já teria sido avaliada no SU duas vezes nesse mês, tendo tido alta medicada para ambulatório. A angio-TC tórax à admissão excluiu tromboembolismo e relatou pequeno derrame pleural esquerdo associado a condensação da base ipsilateral sugestiva de pneumonia, diagnóstico com o qual foi internada. Teve alta oito dias depois, melhorada, mas, por recorrência dos sintomas, foi novamente internada e realizou estudo alargado. A TC tórax e a broncofibroscopia apontaram para neoplasia pulmonar, tendo sido orientada para Pneumologia oncológica. RESULTADO: No estudo de líquido pleural, aspirado brônquico, biópsia brônquica e controlo imagiológico concluiu tratar-se de adenocarcinoma do pulmão estadio IV, com derrame pleural recidivante, metastização pleural e hepática. A doente veio a falecer cerca de dois meses após o quadro inicial. CONCLUSÃO: O diagnóstico de cancro pulmonar é frequentemente tardio, quer pelos sintomas iniciais inespecíficos e atribuíveis a causas benignas, quer pelo padrão radiológico mimetizar patologias infecciosas. É importante uma investigação apurada em doentes com maior risco e numa intercorrência aguda com evolução inexplicavelmente lenta. Apesar da maioria se associar ao tabagismo, 15% dos casos ocorrem em não fumadores; assim, a suspeição clínica e valorização de sinais e sintomas podem antecipar abordagens terapêuticas. 143 HEMORRAGIA DIGESTIVA + FEBRE + LOMBALGIA = BRUCELOSE ? Autor: Ana Alves Oliveira Co-Autores: José Ramalho, Ana Rita Paulos, Cristina Santos Apresentador: Ana Alves Oliveira Hospital: Hospital Distrital de Santarém, EPE Serviço: Medicina III Tipo de trabalho: Comunicação Oral A Brucelose¸ apesar das medidas erradicação adoptadas ao longo dos anos, continua a ser uma das zoonoses mais comuns e com maior impacto social e económico. É transmitida pela ingestão de alimentos lácteos infectados e não pasteurizados e pelo contacto directo com animais infectados, modo de transmissão de especial relevância num país que tem na actividade agropecuária uma importante fonte de rendimento. Apresenta-se um caso de um doente de 51 anos que dá entrada no serviço de urgência por hemorragia digestiva alta após ingestão prolongada de anti-inflamatórios, sem proteção gástrica, por dor osteoarticular. Fica internado para realização de endoscopia que revela três úlceras gástricas sangrantes. Inicia antibioterapia empírica por infeção do trato urinário intercorrente. São pedidas urocultura e hemoculturas com isolamento de Staphylococcus epidermidis. Por dor lombar de difícil controlo pede-se TAC da coluna lombar que revela apenas alterações degenerativas, sem alterações morfo-estruturais das partes moles paravertebrais. Por manutenção da febre e aumento dos parâmetros inflamatórios apesar da antibioterapia dirigida, são pedidas novas hemoculturas que desta vez revelam crescimento de Brucella mellitensis pelo que é medicado com rifampicina e doxiclina. São realizadas serologias que comprovam o diagnóstico de brucelose (pesquisa de IgG e IgM positivas). Repete-se também TAC da coluna lombar por agravamento da dor: “discite em L2/L3 e L3/L4 com densificação adjacente e colecção líquida com 3 cm com hipercaptação periférica no músculo psoas direito." É submetido a drenagem do abcesso do psoas com colheita de fragmentos para estudo histopatológico com agulha de biópsia. Para exclusão de envolvimento hepático, visto a presença de alterações na enzimologia hepática ao longo do internamento, foi submetido ainda a biopsia hepática dirigida por ecografia. Tem alta ao 21º dia de doxiciclina e rifampicina mantendo terapêutica no domicílio. 144 A HEMOCROMATOSE E A HIPERTENSÃO ARTERIAL Autor: Sara Ferreira CO-Autores: Maria Inês Sequeira, Margarida Freitas Silva Apresentador: Sara Ferreira Hospital: Centro Hospitalar de São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Mulher de 41 anos de idade, caucasiana. Antecedentes de Hipertensão Arterial (HTA) e Litíase Renal. Medicada com Losartan 50 mg/dia e contraceptivo oral. Ao exame objectivo, com turgescência venosa jugular (8 cm) e refluxo hepatojugular, tensão arterial ~165/100 mmHg. Analiticamente, alanina aminotransferase (ALT) e gama glutamil transpeptidase (GGT) discretamente aumentadas (55 U/L e 36 U/L). Ecodoppler abdominal/ renal realizado no âmbito do estudo etiológico da HTA não conclusivo, tendo por isso realizado Angioressonância abdominal que revelou fígado com franca diminuição do seu normal padrão de sinal em T1 e T2, sugestiva de doença de armazenamento. Ferro sérico e Ferritina aumentados (Ferro 155 ug/dL, Ferritina 615.5 ng/mL, Transferrina 264 mg/dL, Saturação da Transferrina 46%). Realizada biópsia hepática que revelou fígado de arquitectura trabecular com acentuada sobrecarga de ferro grau 3-4/4. O estudo genético da Hemocromatose revelou heterozigotia para os genes C282Y e H63D. A Hemocromatose Hereditária (HH) é uma patologia autossómica recessiva que se caracteriza por sobrecarga corporal de ferro. A vasta maioria dos casos é causada por mutações no gene HFE. Encontram-se na literatura alguns estudos que sugerem uma possível relação entre HH e HTA. A oxidação do ferro gera radicais hidroxilo livres que provocam stress oxidativo a nível celular, que por sua vez é capaz de alterar a modulação do tónus vascular. Foram verificados níveis aumentados de ferritina em homens com HTA Essencial. Nos doentes com HH, ocorre um aumento na espessura da parede arterial, previamente ao início das complicações cardiovasculares, alteração que é revertida após depleção de ferro. Por último, sabe-se que o genótipo C282Y/C282Y e/ou saturações de transferrina extremamente elevadas, associam-se ao aumento do risco de uso de fármacos anti-hipertensores. Assim, o estudo da cinética do ferro e do gene HFE poderá ser considerado em doentes jovens com HTA Essencial. 145 SÍNCOPE COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE EMBOLIA PULMONAR: UM SINTOMA ESQUECIDO Autor: Alexandre Carvalho Co-Autores: Dinis Mesquita, Carla Nobre, Boban Thomas, Ana Paula Pona, António Cândido, Luís Santos, João Tavares, Fátima Campante Apresentador: Alexandre Carvalho Hospital: Hospital de Nossa Senhora do Rosário Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral O sintoma predominante nos doentes que recorrem ao Serviço de Urgência (SU) por embolia pulmonar (EP) é dispneia. No entanto, a dilatação do ventrículo direito (VD) associada à obstrução das artérias pulmonares pode provocar períodos de baixo débito que resultam em síncope. Apresentamos um estudo retrospectivo (36 meses) de um hospital distrital em que os doentes com EP manifestado por síncope são caracterizados de acordo com os achados em angio-TC, electrocardiograma (ECG) e morbimortalidade aos 30 dias. Os doentes com EP (n=37), com idade média de 59 anos, 14 homens (37,84%), apresentavam em SU: paragem cardiorrespiratória (PCR; 8,11%), dispneia (46,65%), síncope (24,32%), angor (5,4%), fadiga (8,11%), tonturas (5,4%); todos normotensos excepto 3 em PCR. Dos 9 doentes com síncope, 7 (18,92%) tinham EP central e todos tinham VD dilatado. Oito destes 9 doentes tinham ECG com padrão clássico (S1Q3T3) ou uma variante (S1Q3, Q3T3), ou outros sinais de sobrecarga direita; todos em ritmo sinusal (4 taquicárdia) e sem alterações da condução AV. A mortalidade global e por EP aos 30 dias foi zero e não houve complicações hemorrágicas. O grupo com síncope era mais jovem (idade média 50 vs 59 do grupo geral). A apresentação de EP com síncope não deve ser desvalorizada, pois pode ocorrer em até 24% dos casos e parece relacionar-se com achados imagiológicos sugestivos de pior prognóstico. 146 UMA CAUSA RARA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA Autor: Joaquim Peixoto Co-Autores: Etel Carvalho, Maria do Rosário Ginga, Francisco Gouveia, Sílvia Rodrigues, Fátima Campante Apresentador: Joaquim Peixoto Hospital: Hospital Nossa Senhora do Rosário Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Objetivo: Apresentação de um caso clínico. Método: Acompanhamento do doente durante o internamento e consulta do seu processo clínico. Resultado: Homem de 73 anos de idade com antecedentes de hipertensão arterial, dislipidémia e enfarte agudo do miocárdio, anticoagulado e duplamente antiagregado. Foi trazido ao Serviço de Urgência por quadro de lipotimia, epigastralgia e dejeções compatíveis com hematoquezias. À entrada encontrava-se pálido e hipotenso, analiticamente com hemoglobina de 11 g/dl, 140000 plaquetas e INR de 4. Objectivou-se uma dejeção compatível com melenas, tendo realizado uma endoscopia digestiva alta (EDA) que revelou múltiplas úlceras lineares regulares no corpo e antro gástrico (anatomia patológica: gastrite crónica atrófica). Devido ao risco isquémico reiniciou anticoagulação oral e posteriormente antiagregação, tendo-se verificado posteriormente o início de quadro súbito de epigastralgia e sudorese associado a hipotensão arterial. Excluiu-se novo episódio de isquémia cardíaca e repetiu EDA, que excluiu evidência de hemorragia aguda. Nesse contexto pediu-se uma tomografia computadorizada (TC) abdominal que revelou uma formação nodular irregular de 83mm no lobo hepático esquerdo com captação intensa de contrate, sugerindo hemorragia intralesional e múltiplas formações nodulares hipervasculares dispersas pelo restante parênquima hepático. O doente realizou posteriormente uma TC abdominal trifásica, que revelou lesões hipercaptantes na fase arterial com washout precoce, compatível com o diagnóstico de carcinoma hepatocelular (CHC) multicêntrico. Dos exames complementares diagnósticos realizados, de destacar apenas um aumento da alfa fetoproteina (50,4mg/dl). Conclusão: A hemorragia digestiva alta (HDA) é uma complicação frequente nos doentes com CHC, principalmente naqueles com cirrose hepática, no entanto a hemobilia constitui uma causa rara de HDA nestes doentes. 147 CRÓNICAS DE GÉMEO Autor: Élio Rodrigues Co-Autores: Nadine Silva, Marta Brás, Marta Amaral, Luísa Loureiro, Pedro Monsanto, Gabriela Duque, Fernando Ferraz e Sousa, Amélia Pereira Apresentador: Élio Rodrigues Hospital: Distrital da Figueira da Foz Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Objectivos: Com base em dois casos clínicos de gémeos homozigóticos, discutir a apresentação clínica, o diagnóstico e opções de tratamento da Doença de Crohn (DC). Métodos: Consulta de processo clínico individual. Revisão sistemática da literatura. Resultado: Doente do sexo masculino, 18 anos, recorreu a consulta de Medicina por perda ponderal de 17% em 8 meses, associada a febrícula vespertina, sudorese nocturna, epigastralgias, vómitos, anorexia, astenia e sem alterações do trânsito intestinal. Analiticamente apresentava anemia microcítica e hipocrómica (AMH), velocidade de sedimentação (VS) de 40mm/1ªh. Apresentava anticorpos anti-Saccharomyces cerevisiae (ASCA) positivos e anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA) negativos. Realizou TC abdominal que revelou hepatoesplenomegália apesar de clinicamente não objetivável. Dado a co-existência de sintomas B, fez-se biopsia hepática cujo resultado foi normal. Por presença de sangue oculto nas fezes, realizou também colonoscopia que objectivou erosões sugestivas de doença inflamatória intestinal (DII), mais provavelmente DC. Histologicamente apresentava ileíte crónica focal ulcerada. Encontra-se actualmente sob azatioprina, budesonido, 5ASA e sulfato ferroso. O gémeo homozigoto do doente, inicia, 3 meses depois, quadro de epigastralgias, astenia, cefaleias, emagrecimento e diarreia. Analiticamente apresentava AMH e VS de 28mm/1ªh. Serologicamente ASCA positivo e ANCA negativos. A colonoscopia revelou válvula ileocecal extensamente ulcerada, histologicamente com colite activa com ulceração mucosa, com estigmas de cronicidade, enquadrado em DII crónica, sem displasia epitelial. Foi medicado com 5ASA e sulfato ferroso, com boa evolução clínica e analítica. Conclusões: Pretende-se com este relato de casos clínicos com coincidência temporal expor os sintomas sistémicos do tipo B como apresentação inicial de DC e a importância de valorização da clínica apresentada face aos exames complementares de diagnóstico. 148 ESPONDILARTROPATIA INDIFERENCIADA NUMA DOENTE FIBROMIÁLGICA Autor: Regina Tatiana Rodrigues1 Co-Autores: Raquel Cruz1, Catarina Soares Silva1, Gonçalo Marto1, Catarina Ambrósio2, Gorete Jesus1 Apresentador: Regina Tatiana Rodrigues1 Hospital: Centro Hospitalar do Baixo Vouga – Aveiro Serviço: 1Medicina Interna e 2Reumatologia Tipo de trabalho: Comunicação Oral A fibromialgia caracteriza-se por queixas de dor generalizada, frequentemente incapacitante, acompanhada por uma multiplicidade de queixas e um perfil psicológico típico com tendência depressiva. As espondilartropatias são um conjunto de doenças que partilham características clínicas (lombalgia inflamatória, poliartrite assimétrica, entesopatias) e imunogenéticas (fatores reumatóides negativos, HLA B27 +). Na espondilartropatia indiferenciada há sinais e sintomas incompletos ou de sobreposição. Apresentam os autores o caso de uma doente de 62 anos, enviada à consulta de Medicina Interna para estudo de uma anemia ferropénica, apresentando queixas de adinamia, humor deprimido e referindo desde há 5 anos episódios de poliartralgias que cediam a terapêutica com AINE's, mas sem nunca ter sido objetivado artrite. Nessa consulta apresentava 16 dos 18 pontos dolorosos na fibromialgia positivos, sem sinais de artrite. Analiticamente função tiroideia, VS e PCR normais, fator reumatóide, anticorpos anticitrulina e autoanticorpos negativos. Cinco meses depois, desenvolve quadro de poliartrite simétrica com envolvimento dos punhos, metacarpofalângicas, ombros, sacroilíacas, joelhos e tarso, com VS na altura de 32 e PCR de 25mg/dl. Realizou estudo radiológico das sacroilíacas com sinais de sacroileíte bilateral, confirmada por Ressonância Magnética. Iniciou tratamento com salazopirina, metotrexato e corticóide com boa resposta, sem novos episódios de artrite. Os autores salientam este caso de uma doente que cumpre critérios para fibromialgia, mas desenvolve um quadro de poliartrite simétrica, com franca elevação de parâmetros inflamatórios e HLAB27 +, chegando-se a um diagnóstico de espondilartropatia indiferenciada axial e periférica. A fibromialgia pode realmente sobrepôr-se a outras doenças reumatológicas colocando um desafio tanto no diagnóstico diferencial como também na avaliação da atividade destas doenças. 149 MENINGOENCEFALITE A S. PNEUMONIAE FATAL E RAPIDAMENTE PROGRESSIVA EM DOENTE JOVEM Autor: Ana Rita Elvas Co-Autores: Rita Oliveira Silva, Ana Carolina Silveira, Telma Mendes, Carla Gonçalves, Josune Aramendi, Artur Gama Apresentador: Ana Rita Elvas Hospital: Centro Hospitalar Cova da Beira Serviço: Medicina Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: O agente principal da meningite bacteriana é o Streptococcus pneumoniae que atinge sobretudo crianças, idosos, imunocomprometidos e doentes crónicos. Apesar de a incidência ter diminuído com a introdução da vacina, a mortalidade e morbilidade mantêm-se elevadas, sobretudo nos doentes não tratados. Caso Clínico: Mulher 45 anos, género feminino, sem antecedentes patológicos conhecidos. Recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por febre, mialgias, tosse e odinofagia. Teve alta medicada com paracetamol e ibuprofeno. Regressa 5dias depois por cefaleia e fotofobia. No SU apresentava desorientação, bradiarritmia e vómitos. Analiticamente com leucocitose e Proteína C Reativa 35.11; gasimetria com alcalose metabólica e hipoxemia. Radiografia tórax sugestiva de pneumonia bilateral. Primeira TC-CE (tomografia computorizada crânioencefálica) sugestiva de encefalite. Punção lombar adiada por agitação da doente. Iniciou terapêutica antimicrobiana alargada (oseltamivir, azitromicina, ceftriaxone, aciclovir) e antiedematosa. Foi internada na Unidade de Cuidados Intensivos 3h depois da entrada; 5h depois apresentava reação em descerebração e paragem respiratória pelo que foi entubada e ventilada. Repetiu TC-CE que revelou edema cerebral difuso (…). 3º dia de internamento: Escala de Glasgow 3. Resultados microbiológicos positivos: Influenza B; Pneumococo sensível a penicilina em hemoculturas, líquor e aspirado traqueal. Efetuada Angio-tomografia crânioencefálica com agravamento do efeito de massa, ectopia das amígdalas cerebelosas com possível encravamento do tronco. Apesar da melhoria de parâmetros de infeção, foi definida irreversibilidade da lesão do sistema nervoso central tendo sido declarado o óbito 72h depois da entrada da doente no SU. Conclusão: Apesar da terapêutica antimicrobiana eficaz a doente acabou por morrer num curto espaço de tempo após o início dos sintomas neurológicos, realçando a necessidade da precocidade de diagnóstico e implementação da terapêutica. 150 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – SALA 1 151 UMA CAUSA INCOMUM DE SÍNDROME FEBRIL INDETERMINADA Autor: Raquel Moreira da Cruz Co-Autores: Tatiana Rodrigues, Catarina Silva, Gorete Jesus, Carmen Carmo, Alberto Pinto Apresentador: Raquel Moreira da Cruz Hospital: Centro Hospitalar Baixo Vouga Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral A síndrome febril de origem indeterminada é uma causa comum de internamento hospitalar e constitui um desafio diagnóstico. Define-se pela temperatura superior a 38.3ºC, em várias ocasiões, durante 3 semanas e após 1 semana de investigação hospitalar. As infecções permanecem a principal causa, seguidas das doenças neoplásicas, inflamatórias/reumatológicas e causa desconhecida. Os autores apresentam um homem de 69 anos, admitido por febre de predomínio vespertino, com 2 semanas de evolução, sudorese noturna, emagrecimento de 7Kg, astenia e anorexia. Apresentava-se consciente e orientado, normotenso, emagrecido, auscultação cardio-pulmonar: crepitações na base direita e sopro sistólico grau II/VI; edemas ligeiros dos membros inferiores. Realizou estudo exaustivo: Hemoglobina 9.2g/dL, creatinina 1.6mg/dL, VS 120mm, PCR 19.3mg/dL, p-ANCA positivo e restante estudo imunológico negativo; Hemoculturas e marcadores víricos: negativos; Sedimento: eritrocitúria com eritrócitos dismórficos, proteinúria de 1433mg/24h, Clearence de creatinina de 18mL/min; Ecocardiograma trans-esofágico sem sinais de endocardite; Tomografia computadorizada: imagem nodulariforme no vértice pulmonar direito com limites espiculados; Broncofibroscopia sem alterações, citologia e pesquisa de BK negativas. Biopsia renal: glomerolonefrite crescêntica com mais de 60% de crescentes. Iniciou pulsos de metilprednisolona e posteriormente prednisolona 1mg/Kg/dia oral e Ciclofosfamida 100mg/dia, com apirexia e melhoria dos parâmetros inflamatórios. Foi orientado para consulta, apresentando-se assintomático, VS 23mm, proteinuria de 173mg/24h e clearence de creatinina de 53mL/min. A síndrome febril de etiologia indeterminada obriga a uma pesquisa exaustiva da etiologia, ressaltando-se este doente com um diagnóstico incomum: glomerulonefrite p-ANCA positiva. Salienta-se a importância de um diagnóstico e tratamento atempados desta patologia com vista a evitar a progressão para doença renal terminal. 152 DOENÇA DE PAGET – UM DESAFIO DIAGNÓSTICO. Autor: Marta Brás Co-Autores: Élio Rodrigues, Rosário Santos Silva, Teresa Alfaiate, Maria Isabel Bessa, Rosário Marinheiro, Odete Miranda, Teresa Costa, Amélia Pereira. Apresentador: Marta Brás Hospital: Hospital Distrital Figueira Foz, EPE Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Objetivo: Análise de caso clínico de doença de Paget. Método: Apresentação de caso clínico. Resultados: Homem de 71 anos, com artralgia do cotovelo, punho e articulações da mão direita, de características inflamatórias, perda ponderal de 10 kg e obstipação com início em Janeiro de 2013. Posteriormente surgiu dor lombar para-vertebral direita com irradiação para a região inguinal. Em estudo ecográfico identifica-se entesopatia inflamatória da inserção púbica dos adutores da coxa. Iniciou analgesia sem melhoria. É orientado para consulta de Doenças Auto-Imunes. Antecedentes de Diabetes Mellitus tipo 2 e hiperuricémia. Pai falecido por neoplasia do cólon. Exame objetivo: IMC de 23.8 kg/m2, exame abdomino-perineal sem alterações; calor e rubor no cotovelo direito e dor à compressão da articulação sacro-ilíaca. Estudo analítico: anemia normocrómica normocítica; ANA’s, anti-DNA ds, factor reumatóide e teste de Waaler Rose negativos; fosfatase alcalina, velocidade de sedimentação, IgG e β-2 microglobulina aumentadas. Tomografia computorizada toraco-abdómino-pélvica: “osteopenia generalizada, padrão misto lítico e esclerótico no osso ilíaco direito e áreas líticas na sínfise púbica”. Colonoscopia: divertículos. Cintigrama ósseo: “osso ilíaco direito - sugestivo de doença de Paget”. Biópsia óssea osteo-medular da crista ilíaca direita: “doença de Paget”. Iniciou tratamento com bifosfonatos orais, calcitonina e analgesia com melhoria. Conclusão: O enquadramento clínico inicial abre um leque de hipóteses diagnósticas incluindo artrite reumatóide, espondilartropatia e patologia neoplásica, nomeadamente mieloma múltiplo. O interesse deste caso clínico prende-se com a exclusão sucessiva destas entidades culminando com o diagnóstico por biópsia óssea. Assim, uma patologia relativamente frequente após os 40 anos, tornou-se um verdadeiro desafio diagnóstico. 153 PIODERMA GANGRENOSO ASSOCIADO A ARTRITE REUMATÓIDE – TRATAMENTO COM ADALIMUMAB Autor: Helena Toda Brito Co-Autores: Ermelindo Tavares, Joana Parente, César Martins Apresentador: Helena Toda Brito Hospital: Hospital Distrital de Santarém Serviço: Serviço de Dermatologia Tipo de trabalho: Comunicação Oral INTRODUÇÃO: O pioderma gangrenoso (PG) é uma dermatose neutrofílica frequentemente associada a doença sistémica. A corticoterapia sistémica constitui habitualmente a terapêutica de primeira linha. Outros fármacos imunossupressores e imunomoduladores têm sido utilizados, com respostas variáveis. Nos últimos anos foram publicados um número crescente de casos com boa resposta à terapêutica com inibidores do TNF-α, como o etanercept, infliximab e adalimumab. OBJECTIVOS: Descrever o caso clínico de uma doente com PG associado a artrite reumatóide, evidenciando a resposta à terapêutica médica instituída. CASO CLÍNICO: Doente do sexo feminino, de 69 anos de idade, com antecedentes pessoais de artrite reumatóide e hipertensão arterial. Referiu aparecimento súbito de bolha de pequenas dimensões no dorso do pé direito, sem aparente factor desencadeante, que rompeu com formação de úlcera dolorosa que evoluiu rapidamente, com aumento das dimensões, do volume de exsudado e da dor associada. Foram realizadas biópsias cutâneas cuja histologia mostrou aspectos compatíveis com PG. Apesar das terapêuticas imunossupressoras instituídas, verificou-se agravamento clínico progressivo com aparecimento de úlcera na perna contralateral e aumento das dimensões da inicial, pelo que se decidiu implementar terapêutica com adalimumab. Sob esta terapêutica verificou-se melhoria rápida e significativa de ambas as úlceras. Apesar da evolução favorável da dermatose, após 3 meses de tratamento a doente desenvolveu quadro de pneumonia, com desfecho fatal. CONCLUSÕES: O adalimumab pode constituir uma alternativa eficaz no PG refractário aos imunossupressores convencionais. 154 LESÃO RENAL AGUDA - DEAFIO DIAGNÓSTICO Autor: José Costa Co-Autores: Filipa Gomes, Anabela Gonçalves Apresentador: José Costa Hospital: Centro Hospitalar de São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral A lesão renal aguda (LRA) é um problema frequente, sendo necessária uma história clínica detalhada e devendo ser revisto e repensado o diagnóstico mesmo que pareça definitivo. As vasculites representam uma causa rara de LRA podendo ter uma evolução rapidamente progressiva, culminando, num número elevado de casos, em dependência de terapêutica de substituição renal (TSR). Homem, 61 anos com dor abdominal difusa, astenia e anorexia com 3 semanas de evolução. Medicado com extrato de ervanária contendo cardo mariano, cavalinha e alecrim que cumpriu durante 1 semana, tendo recorrido à Urgência por manutenção do quadro. Antecedentes: diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia e obesidade. No estudo efetuado verificou-se: anemia normocítica e normocrómica, LRA e aumento da proteína C reativa; exame sumário de urina com leucoeritrocitúria e proteinúria não nefrótica; imagem de edema das fáscias perirenais. Foi assumida nefrite intersticial aguda e pielonefrite, iniciando fluidoterapia e ceftriaxona. Manteve agravamento da função renal com oligúria, tendo iniciado TSR. Durante o internamento, apresentou expetoração com vestígios hemáticos e febre – considerou-se então a hipótese de um síndrome pulmão-rim. Optou-se por terapêutica com plasmaferese, corticoterapia e pulsos de ciclofosfamida. Biópsia renal: lesões sugestivas de vasculite, com anticorpos anti-mieloperoxidase plasmáticos. Fez-se assim o diagnóstico de Poliangeíte microscópica. Apesar da melhoria clínica o doente manteve-se dependente de TSR. Os síndromes vasculíticos são raros e exigem uma forte suspeição clínica, podendo evoluir de forma rapidamente progressiva, provocando lesões renais irreversíveis se não for instituída terapêutica imunossupressora de forma precoce. Têm uma clínica inespecífica e sistémica, devendo ser descartada a sua existência em todos os doentes com LRA, evolução rapidamente progressiva e fraca resposta à terapêutica de suporte. 155 GOTA POLIARTICULAR OU ARTRITE REUMATÓIDE? Autor: Nuno Ferreira da Siva Co-Autores: Natália Lopes, Isabel Militão, Paulo Carrola, Elisa Serradeiro, Trigo Faria Apresentador: Nuno Ferreira da Silva Hospital: CHTMAD – Vila Real Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral A poliartrite é uma apresentação comum e inespecífica dum vasto número de patologias. Do diagnóstico diferencial fazem parte doenças auto-imunes, vasculites, doença osteoarticular degenerativa, artrite por deposição de cristais ou reativa. Doente do sexo masculino, 59 anos, recorre ao Serviço de Urgência (SU) por poliartralgias de intensidade severa, com 2 semanas de evolução, localizadas nos joelhos, tornozelos, punhos, metacarpofalângicas (MCF), interfalângicas proximais (IFP), cotovelos e coxo-femural direita, associadas a incapacidade funcional importante. As artralgias surgiram com um padrão simétrico e aditivo, inicialmente com atingimento de ambos os joelhos e posteriormente punhos, MCF e IFP e cotovelos. Negava rigidez matinal, posição de alívio, emagrecimento, febre ou odinofagia. Por este motivo tinha já recorrido ao SU por 3 vezes, tendo sido medicado com analgésicos que se mostraram ineficazes. De referir antecedentes de hipertensão arterial, gota e dissecção da aorta tipo A. Objetivamente apresentava artrite do joelho direito associada a outras 26 articulações dolorosas. Do estudo realizado salienta-se velocidade de sedimentação 119 mm/1ª hora, fator reumatoide 28U/L (normal < 14U/L), ácido úrico 11,2mg/dL, ANA’s e ANCA’s, Anticorpos anti-citrulina e serologias negativas. Realizou artrocentese do joelho direito que confirmou a presença de cristais de urato. O doente foi medicado com prednisolona 25 mg id, com excelente resposta, apresentando ao 5º dia de tratamento apenas edema articular do joelho direito e recuperação da sua actividade funcional. Atualmente apenas medicado com alopurinol. Este caso reveste-se de particular interesse dado que apesar da forma de apresentação e envolvimento articular levar a pensar em artrite reumatoide a ausência de erosões nas radiografias convencionais, a gota crónica e a presença de cristais no líquido articular permitiu concluir tratar-se de uma forma de gota pouco comum com envolvimento poliarticular. 156 SÍNDROME NEFRÓTICO EM DOENTE COM ARTRITE REUMATÓIDE: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO Autor: Joana Francisca Rocha Co-Autores: Nuno Silva, Rui Castro, Elisa Serradeiro, Trigo Faria Apresentador: Joana Francisca Rocha Hospital: Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Hospital de Vila Real Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Reportamos o caso de uma mulher de 66 anos com Artrite Reumatóide (AR) há 9 anos, controlada com prednisolona (PDN) 5mg/dia, metotrexato (MTX) e anti-inflamatórios nãoesteróides (AINEs) sem alteração da função renal, hematúria ou proteinúria prévias. Por osteoporose pós-menopausica, foi medicada 2 meses antes com Ácido Zoledrónico (AZ) endovenoso. Recorre ao hospital por quadro de anasarca e agravamento acentuado da Hipertensão Arterial (HTA) com 2 dias de evolução. Analiticamente, não tinha agravamento da função renal (Creatinina Sérica 0,7mg/dL, depuração de creatinina 89 ml/min), mas apresentava hematúria microscópica (8GR/CGA), proteinúria nefrótica (3,6g/dia), hipoalbuminemia (2,5g/dL) e hipercolesterolemia (226mg/dl). Aumento empírico de PDN, introdução de lisinopril e suspensão de AINEs e MTX. Realizada biópsia renal no 3º dia de internamento hospitalar, que foi compatível com nefropatia IgM (NIgM) [microscopia ótica: proliferação mesangial ligeira, imunoflorescência positiva para IgM(1+)]. Posteriormente, resultado da microscopia eletrónica compatível com glomerulosclerose segmentar focal (GESF) com fusão difusa dos pedicelos. Evolução favorável com resposta renal completa (proteinuria 0,119g/dia, desaparecimento da hematúria), resolução da anasarca e da HTA. Discussão: Na AR ocorre deposição de IgM nos glomérulos, correspondentes à classe IgM do Fator Reumatóide. A NIgM tem um espectro de apresentações histológicas desde a Doença de Alterações Mínimas até à GESF. Esta entidade é uma causa rara de SN na AR, ao contrário da amiloidose, que é frequente. Contudo, algumas das alterações presentes na biópsia renal podem ser encontradas na nefrotoxicidade a AINEs ou bifosfonatos. Conclusão: Nesta doente, a biópsia renal foi importante na definição da nefropatia. Ainda assim, vários factores podem ter contribuído para a lesão renal: a AR de longa data, a terapêutica com AZ e o consumo de AINEs, tornando o diagnóstico diferencial um verdadeiro desafio. 157 25 DE OUTUBRO ÀS 08:30 HORAS – SALA 2 158 RELEVÂNCIA DA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA DE UM HOSPITAL DISTRITAL Autor: Zara Soares Co-Autores: Ana Braz da Silva, José Lino, Tiago Camacho, Bruno Ferreira, Catarina Louro, Violeta Goric, Mónica Reis Soares, Maria José Alves, José Barata Apresentador: Zara Soares Hospital: Hospital Vila Franca de Xira Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral O Tromboembolismo Venoso (TEV), sobre a forma de Trombose Venosa Profunda (TVP) e de Tromboembolismo Pulmonar (TEP), é uma patologia frequente que aumenta exponencialmente com a idade. A Medicina Interna como especialidade abrangente e com dedicação preponderante à patologia geriátrica depara-se cada vez mais com situações de internamento por TEV, nomeadamente por TVP, tornando-se pertinente a caracterização destes doentes. Os autores procuraram caracterizar a população internada durante um ano no serviço de Medicina Interna de um Hospital Distrital com o diagnóstico de TVP, identificando os principais factores de risco para o evento, e caracterizando a actuação clinica perante o diagnóstico. Efectuou-se a análise retrospectiva de 52 processos de internamento (num total de 2747). A maioria dos doentes encontrava-se na faixa etária dos 70-79 anos, destacava-se o sexo feminino e o motivo de internamento foi a TVP. O principal sintoma identificado foi edema do membro e o diagnóstico realizado por doppler venoso em 100% dos casos, 35% dos quais apoiados pelo doseamento de D-dímeros. A maioria dos eventos associou-se a factor de risco desconhecido, seguindo-se neoplasia já conhecida e imobilização prolongada. Complementou-se o estudo dos doentes com avaliação analítica e radiografia de tórax, e nos indivíduos com mais de 40 anos 51% fez estudo com TC de Corpo. Em 8% dos casos o estudo complementar permitiu o diagnostico inaugural de Neoplasia. Quanto ao tratamento, 69% dos doentes fez enoxaparina sub cutânea em sobreposição com varfarina, e desses, 46% iniciou anticoagulação oral ao 1º dia após o diagnóstico. A maioria dos doentes teve alta medicado com varfarina. Apesar do numero reduzido de casos incluídos neste trabalho, e do viés introduzido pelo elevada faixa etária dos doentes em estudo, determinando uma maior incidência de TVP, esta análise estatística contribuiu para uma melhoraria na identificação dos indivíduos de risco e a da nossa intervenção clinica 159 IMPACTO DA VARIABILIDADE DA HBA1C NA FUNÇÃO RENAL DE DOENTES INSULINOTRATADOS Autor: Sara Pereira Co-Autores: Joana Barros, David Silva, Jorge Salomão, Augusto Duarte Apresentador: Sara Pereira Hospital: Centro Hospitalar Medio Ave Serviço: Medicina Interna I Tipo de trabalho: Comunicação Oral Objetivo: Este estudo pretendeu avaliar a variabilidade da HbA1c nos doentes insulinotratados, seguidos na consulta de diabetologia do CHMA-UF no período de 01/01/2010 a 31/12/2012 e averiguar a sua influência na função renal. Métodos: Procedeu-se à realização de um estudo retrospetivo, não controlado, com 538 pacientes diabéticos insulinotratados, 19% Diabéticos tipo 1 e 80% Diabéticos tipo 2, dos quais 39.22% apresentavam outros fatores de risco vasculares como hipertensão arterial e dislipidemia, 10.78% apresentavam diabetes e hipertensão arterial e 8.92% diabetes e dislipidemia. O estudo incidiu sobre 40.08% da população inicial que apresenta apenas como fatores de risco vasculares a Diabetes Mellitus. Realizaram-se em média 4.185 ± 0.96 determinações de HbA1c num follow up de 3 anos. O método de análise de HbA1c usado foi a Cromatografia líquida de alta performance (HPLC) e dos valores de creatinina foi Jaffe calibrado por espectrometria de massa por diluição isotópica. A população inicial foi classificada em grupo de progressores da lesão renal e grupo de não progressores. Posteriormente procedeu-se à análise estatística com SPSS Statistics® versão 20.0 (Chiquadrado, Mann-Whitney Teste e T-test) para comparar a influência da variabilidade da HbA1c no grupo dos progressores e no grupo dos não progressores da lesão renal. Desta forma, foi calculado o coeficiente de variação da HbA1c que se define como a razão entre o desvio padrão da HbA1c intrapessoal e a média da HbA1c. Resultados: Durante o follow-up, foram analisados 221 doentes insulinotratados, dos quais 76% não progrediram na lesão renal e 24% apresentaram progressão. O coeficiente de variabilidade do grupo dos progressores da lesão renal versus não progressores foi de 0,0973 versus 0,0812, o que evidencia resultados estatisticamente significativos com p 0.019. Conclusão: A variabilidade da HbA1c tem influência na progressão da lesão renal em doentes insulinotratados. 160 AUDITORIA À PROFILAXIA DA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM DOENTES INTERNADOS NUM SERVIÇO DE MEDICINA Autor: Lara de Andrade Maia Co-Autores: Ângela Coelho, Pedro Neves, Nuno Cardoso, Jorge Salomão, Augusto Duarte Apresentador: Lara de Andrade Maia Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Serviço de Medicina I Tipo de trabalho: Comunicação Oral A trombose venosa profunda (TVP) constitui causa de importante de morbimortalidade potencialmente evitável. Estão já publicados inúmeros estudos randomizados, comprovando o custo-benefício da profilaxia adequada, bem como várias guidelines favorecendo a sua utilização mais alargada. No entanto, assiste-se a uma subutilização, especialmente nos doentes hospitalizados por patologia médica. Os autores propuseram-se a avaliar, nos doentes internados num Serviço de Medicina, aqueles em risco de desenvolver TVP, auditar a prescrição de profilaxia e avaliar o impacto de medidas promotoras da sua correta implementação. Registaram-se dados demográficos, critérios de exclusão (hipocoagulação prévia/terapêutica no internamento), motivo de internamento, factores de risco embólicos, contra-indicações e profilaxia instituída. Os dados foram avaliados em 3 momentos: no início do estudo (T0); 4 meses após a apresentação dos resultados e sessão formativa (T1) e 1 ano depois da segunda apresentação de resultados e entrega de normas de orientação profilática, distribuídas entre os prescritores sob a forma de material didático de bolso (T2). Em T0, apenas 36,4% dos doentes em risco de TVP estava sob correta profilaxia e 27,8% dos doentes sem critérios tinham medidas profiláticas prescritas, resultando num total de 53% de doentes corretamente orientados. Os resultados, em T1, documentam um aumento da prescrição de medidas profiláticas no grupo com indicação para as mesmas mas também naquele sem indicação. Apesar disso, o número de doentes corretamente orientados aumenta para 65%. Em T2, a correta orientação beneficia 75% dos doentes, com 80% dos doentes com critérios sob medidas profiláticas e 72.7% dos doentes sem critérios sem profilaxia instituída. Assim, conclui-se que é positivo, e estatisticamente significativo, o impacto das auditorias regulares, sessões de formação periódicas e distribuição do material didáctico de bolso na optimização da segurança dos doentes internados. 161 IMUNODEPRESSÃO EM DOENTES COM PNEUMONIA Autor: Sara Pereira Co-Autores: Joana Barros, David Silva, Celeste Guedes, Jorge Salomão, Augusto Duarte Apresentador: Sara Pereira Hospital: Centro Hospitalar Medio Ave Serviço: Medicina Interna I Tipo de trabalho: Comunicação Oral Objetivo: Descrever uma população de doentes internados por Pneumonia no Serviço de Medicina Interna durante o período de 01-01-2010 a 31-12-2012, tendo em conta a classificação em doentes imunodeprimidos versus doentes não imunodeprimidos e avaliar a resposta clinica nos 2 grupos. Métodos: Procedeu-se à realização de um estudo descritivo, com base num registo retrospetivo, não controlado, de uma população de 384 pacientes internados por Pneumonia que foram classificados no grupo de imunodeprimidos (idade superior a 65 anos, diabéticos ou com neoplasia ativa) e no grupo de não imunodeprimidos. A análise estatística foi realizada com SPSS Statistics® versão 20.0 (Qui-quadrado e Frequencies). Resultados: Obteve-se uma população com 84.2% de doentes imunodeprimidos e 15.6% de doentes não imunodeprimidos. Verificou-se que os sintomas mais frequentes dos doentes a quem foi diagnosticada pneumonia tanto no grupo de imunodeprimidos como no grupo dos não imunodeprimidos foram febre e tosse produtiva com expetoração mucopurulenta (42.9%, 60.8% e 45.1% versus 63.3%, 53.3%, 40% respetivamente). O sintoma febre foi identificado como estatisticamente significativo (p 0.004). Relativamente ao ratio PaO2/FiO2 e no que concerne ao Rankin de admissão, de alta e à evolução no internamento observaram-se diferenças estatisticamente significativas entre os 2 grupos (p 0.016; p 0.000, respetivamente). Conclusão: Os doentes imunodeprimidos internados por pneumonia apresentam, no grupo estudado, frequentemente, maior gravidade à entrada no Serviço de Urgência, com menor associação do sintoma febre quando comparados com os não imunodeprimidos, maior dependência no que concerne às atividades de vida diária e apresentam melhoria menos marcada durante o internamento. 162 VIA VERDE AVC NO SERVIÇO DE URGÊNCIA Autor: Marta Oliveira Ferreira Co-Autores: Liliana Oliveira, David Silva, Nuno Cardoso, Augusto Duarte Apresentador: Marta Oliveira Ferreira Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: No Acidente Vascular Cerebral (AVC) agudo, onde “tempo é cérebro”, é fundamental o diagnóstico precoce e rápida orientação terapêutica. O sistema informático Alert® dispõe de um fluxograma de triagem no serviço de urgência (SU), designado “Via Verde”, incorporados na triagem de Manchester. Objetivo: Avaliar a sensibilidade e especificidade da “Via Verde AVC”. Material e métodos: Estudo retrospetivo dos doentes com mais de 18 anos admitidos entre Janeiro e Dezembro de 2012 no SU. Selecionados os doentes triados como “Via Verde AVC” e aqueles com diagnóstico de alta “AVC” ou sinónimos. Resultados: No total de 60769 doentes admitidos no SU em 2012, a prevalência de AVC foi 0,47%. Foram triados como “Via Verde AVC” 535 doentes (0,88%), dos quais 67 (12,5% do subgrupo) tiveram como diagnóstico de alta AVC. Do total de diagnósticos de AVC, 218 doentes (76,5% do subgrupo) não foram triados como Via Verde. Nesta amostra, o algoritmo apresentou sensibilidade de 23,5%, valor preditivo positivo (VPP) de 12,5%, especificidade de 99,2%, valor preditivo negativo (VPN) de 99,6%. No grupo triado como Via Verde mas sem diagnóstico de AVC (n 468), os três diagnósticos de alta mais frequentes foram: “sintomas gerais” (n=50), “outras afeções da uretra e trato urinário” (n=39) e “distúrbios neuróticos” (n=25). Discussão e conclusão: Nesta amostra, a baixa sensibilidade da “Via Verde AVC” reflete que a maioria dos AVC não são triados como Via Verde. O baixo VPP revela que o mais frequente é a ativação da Via Verde não corresponder a verdadeiros AVC. Verifica-se que houve doentes que deveriam ter prioridade de observação mas não foram triados como tal, enquanto outros foram inadequedamente triados como prioritários. Conclui-se que o fluxograma em vigor no nosso hospital não está a servir o propósito para o qual foi concebido, sendo necessário repensá-lo e melhorá-lo. 163 PROFILAXIA DAS ÚLCERAS DE STRESS – AUDITORIA NUM SERVIÇO DE MEDICINA – DOIS ANOS DEPOIS… Autor: Ângela Coelho Co-Autores: Lara Maia, Jorge Salomão, Nuno Cardoso, Augusto Duarte Apresentador: Ângela Coelho Hospital: Centro Hospitalar Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: Comunicação Oral A prevenção de úlceras de stress (US), através da utilização de protetor gástrico, está bem estabelecida em doentes de Cuidados Intensivos (CI), no entanto, nos últimos anos, esta prática tem sido alargada a doentes em enfermarias médicas, apesar da pouca evidência que a suporte. A sua implementação baseia-se na associação de vários fatores de risco, contudo, estudos recentes demonstram que 58 a 71% dos doentes de enfermarias médicas fazem profilaxia de US sem critérios para tal. Face a esta realidade definiram-se intervenções que visam minimizar o uso inapropriado desta profilaxia e que passam pela adaptação de guidelines internacionais à realidade de cada instituição e pela formação do pessoal médico. OBJETIVO: Avaliar a instituição de profilaxia de US em doentes internados num Serviço de Medicina ao longo de 2 anos. MÉTODOS: Em 2011 efetuou-se revisão dos critérios para profilaxia de US em doentes médicos, não em CI, seguida de auditoria sem aviso prévio e formação do corpo clínico. Em 2012 procedeu-se a reavaliação com nova auditoria. Nesta fase verificou-se melhoria na orientação dos doentes (57 para 72% de orientação correta). Em 2013 efetuou-se nova auditoria sem aviso prévio. RESULTADOS: Dos 40 doentes internados em 2013 (50% homens, 50% mulheres) 57.5% apresentavam critérios para profilaxia, sendo que destes mais de 73% estavam medicados. Dos 42.5% de doentes sem critérios apenas 23.5% não estavam medicados. Podemos então concluir que mais de 76% dos doentes sem critérios para profilaxia de US faziam protetor gástrico e que apenas 52.5% da totalidade dos doentes estavam orientados corretamente. CONCLUSÃO: Com este trabalho os autores pretendem relembrar dois aspetos. Primeiro que nem todos os doentes internados têm critérios para efetuar profilaxia de US e que a sua instituição não é isenta de riscos, devendo ser cuidadosamente ponderada. Segundo a necessidade de formação contínua do pessoal com o objetivo de uniformizar procedimentos e evitar erros. 164 INFEÇÃO DO TRATO URINÁRIO ASSOCIADO A ALGALIAÇÃO NUM SERVIÇO DE MEDICINA Autor: Alice Pinheiro Co-Autores: Marisa Ribeiro, Hugo Borges, David Silva, Jorge Pedrosa, Augusto Duarte Apresentador: Alice Pinheiro Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral A infeção do trato urinário (ITU) é a mais prevalente das infeções associadas aos cuidados de saúde. A algaliação é reconhecida como o principal fator de risco associado. Sendo a sua utilização muitas vezes fundamental na prestação de cuidados de saúde e tendo em conta o risco aumentado de infeção, torna-se essencial cumprir os critérios de utilização. Objetivo: Avaliar a frequência de algaliação e infeção do trato urinário associado a algaliação (ITUAA) num Serviço de Medicina. Método: Foi feito um estudo observacional e descritivo com base nos processos clínicos dos doentes internados no Serviço de Medicina durante os meses de junho e julho de 2013. Foram excluídos os doentes admitidos com o diagnóstico de ITU e com algaliação de longa duração. A ITUAA foi definida segundo critérios internacionais. Foi avaliado o critério para algaliação, local de algaliação, duração de algaliação, tipo e calibre de algália. Resultados: Dos 295 doentes internados no período de estudo, 45% foram algaliados (70% dos quais eram mulheres), com uma idade média de 79,1 -se que 53% dos doentes não apresentavam critério apropriado para a algaliação. A média de dias de algaliação foi de 7,35 lgaliada no Serviço de Urgência (76%), com cateter urinário tipo Foley (96%) de calibre 16 Fr. (50,4%). Verificou-se que 11,3% desenvolveram ITUAA. Conclusão: A frequência de doentes algaliados sem critério apropriado e a incidência de ITUAA determina uma maior necessidade de selecionar criteriosamente os doentes que necessitem de algaliação. Em consonância, é também imprescindível uma avaliação contínua da necessidade de permanência dos cateteres urinários, como critério de qualidade num Serviço de Medicina. 165 SOBRECARGA DE FERRO E CIRROSE – QUAL O CONTRIBUTO DAS MUTAÇÕES DO GENE HFE? Autor: Ângela Coelho Co-Autores: Ângela Coelho, Liliana Oliveira, David Silva, Jorge Salomão, Maria Manuel Aguiar, Augusto Duarte Apresentador: Ângela Coelho Hospital: Centro Hospitalar Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: Comunicação Oral O ferro (Fe) é essencial em múltiplos processos bioquímicos, contudo, quando em excesso, acumula-se em vários órgãos, entre os quais o fígado, com efeitos deletérios. O mecanismo fisiopatológico subjacente à acumulação de Fe na doença hepática crónica (DHC) não é totalmente conhecido, tornando-se alvo de vários estudos, alguns centrados na influência das mutações do gene HFE, com resultados divergentes, apesar de na maioria dos casos sem associação evidente. OBJETIVO: Avaliar a influência das mutações do gene HFE no desenvolvimento de sobrecarga de Fe em doentes com cirrose. MÉTODOS: Estudo prospetivo desenvolvido entre Agosto de 2012 e 2013 com inclusão dos doentes seguidos em consulta por cirrose - diagnóstico por biópsia ou pela associação de clínica, alterações analíticas e imagiológicas. A estes foi pedido estudo do Fe. Àqueles com ferritina > 300μg/L ou saturação de transferrina > 45% foi pedida ressonância magnética nuclear hepática com doseamento de ferro e estudo genético para hemocromatose primária. RESULTADOS: Identificaram-se 114 doentes dos quais 49 foram excluídos, dos restantes 65 doentes, 65% eram homens, com idade média de 62 anos, sendo o álcool a principal causa da cirrose (83%). Destes 65 doentes 13 apresentavam sobrecarga de Fe, apesar de num não se ter confirmado aumento da deposição hepática do mesmo. Dos 12 doentes com aumento da deposição hepática, 7 não apresentavam mutações do gene HFE, enquanto 5 apresentavam mutações em heterozigotia (1 para C282Y, 4 para H63D). CONCLUSÃO: A análise de resultados é limitada pelo tamanho da amostra e não existência de grupo controlo, no entanto nota-se um aumento dos índices de Fe em 20% dos doentes com cirrose e a presença de mutações H63D em heterozigotia em 33,3% dos doentes com sobrecarga de Fe. Estes resultados reforçam a necessidade de esclarecer melhor o papel das mutações do gene HFE, mas também de procurar outras moléculas que ajudem a compreender os mecanismos que levam à acumulação de Fe na DHC. 166 25 DE OUTUBRO ÀS 13:30 HORAS – SALA 2 167 MICROALBUMINÚRIA NO AVC AGUDO Autor: Marta Oliveira Ferreira Co-Autores: Liliana Oliveira, Ana Luísa Cruz, Nuno Cardoso, Augusto Duarte Apresentador: Marta Oliveira Ferreira Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: Microalbuminúria designa elevação da excreção de albumina inferior aos limites de sensibilidade dos testes diagnósticos de rotina. Na última década, tornou-se aparente em doenças agudas, incluindo o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Objetivo: Avaliar a microalbuminúria no AVC isquémico agudo. Material e métodos: Estudo retrospetivo dos doentes com AVC isquémico adminitidos em unidade de AVC em 2012. Doseamento de microalbuminúria até 72 horas após admissão, por método semiquantitativo. Exclusão dos casos com complicações infeciosas. Resultados: Cumpriram os critérios de seleção 100 doentes, 66 dos quais com microalbuminúria positiva em tira teste. Comparando os dois grupos, naquele com microalbuminúria positiva constatou-se idade média superior (71,0±12,5 anos vs 68,7±10,9 anos), tempo de internamento médio mais prolongado (6,7±4,0 dias vs 5,7±2,6 dias), maior prevalência de Hipertensão arterial (n=53/66; 80,3% vs n=18/34; 52,9%) e diabetes (n=23/66; 34,8% vs n=9/34; 26,5%), valores médios de creatinina mais elevados (1,18±1,18mg/dL vs 0,85±0,21mg/dL), maior HbA1c média (6,6±1,4% vs 6,1±1,1%), valores médios de mrRS prévio e pós-alta mais elevados (respetivamente 0,77±1,30% vs 0,44±0,93% e 2,12±1,62% vs 1,62±1,46%), bem como scores mais elevados na NIHSS na admissão (4,76±5,18% vs 3,38±3,64%) e na alta (4,76±5,20% vs 2,03±2,93%). Discussão e conclusão: Nesta amostra, a presença de microalbuminúria pareceu associar-se a défices neurológicos mais graves (traduzido pelo score NIHSS na admissão e alta) e resultados funcionais mais graves (segundo valores prévios e na alta da mrRS). Estas observações sugerem o potencial valor da microalbuminúria como marcador de prognóstico no AVC agudo, em linha com outros estudos semelhantes já publicados. A interpretação dos resultados deve ter em consideração as limitações do estudo: amostra pequena, prevalência de diabetes, hipertensão e fatores de risco vascular. 168 IMPACTO DO INÍCIO DA INSULINOTERAPIA NA HbA1c Autor: Joana Barros Co-Autores: Sara Pereira, Nuno Cardoso, Celeste Guedes, Augusto Duarte Apresentador: Joana Patrícia Alves da Costa Barros Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina Interna I Tipo de trabalho: Comunicação Oral OBJETIVO: Este estudo avaliou o impacto nos valores de HbA1c após a introdução de insulina em doentes com diabetes mellitus tipo 2, seguidos na consulta de diabetologia do CHMA-UF e que iniciaram insulinoterapia no período de 01/01/2010 a 31/07/2012. MÉTODO: Efetuou-se o estudo retrospectivo, não-controlado, numa população de 86 doentes (32 sexo masculino e 54 sexo feminino), que apresentavam média de idade de 61,9 ± 10,19 anos. Foram avaliados os níveis de HbA1c e peso, antes e após o inicio de insulinoterapia ou terapêutica combinada, num período entre três e nove meses. Os valores de HbA1c foram determinados pelo método Cromatografia líquido de alta performance (HPLC). RESULTADOS: Observou-se uma diminuição estatisticamente significativa da HbA1c no período considerado após o início de insulinoterapia (9,73 ± 1,68% vs 8,71 ± 1,45; p=0,000029). A diminuição média da HbA1c foi de 1,03 ± 2,13%. Não se observou relação com a idade, dos valores de HbA1c inicial ou da sua variação, com a introdução da insulinoterapia. Foram submetidos a terapêutica combinada 43 (50%) dos doentes incluídos no estudo. Durante o período do estudo, verificou-se diferença estatisticamente significativa na variação da HbA1c, sendo esta mais acentuada no grupo de terapêutica combinada (9,023 ± 1,50 vs 8,39 ± 1,34; p=0,04), sem que existisse diferença estatisticamente significativa na HbA1c inicial. Em relação ao peso, a variação encontrada após a introdução de insulinoterapia não foi estatisticamente significativa, sendo que, em média se verificou uma diminuição de 0,576 ± 7,51 kg. CONCLUSÃO: No período do estudo, verificou-se um impacto positivo na variação da HbA1c após o início da insulinoterapia, com uma diminuição mais acentuada nos doentes com terapêutica combinada. No entanto, em relação ao peso, o impacto não foi significativo. 169 PAC e PACS - Há de facto diferenças? Autor: Joana Barros Co-Autores: Sara Pereira, David Silva, Celeste Guedes, Augusto Duarte Apresentador: Joana Patrícia Alves da Costa Barros Hospital: Centro Hospitalar do Médio Ave - Unidade de Famalicão Serviço: Medicina Interna I Tipo de trabalho: Comunicação Oral Objetivo: Este estudo pretendeu avaliar a resposta clínica dos doentes internados com diagnóstico de Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) e Pneumonia Associada aos Cuidados de Saúde(PACS) no Serviço Medicina I do CHMA-UF no período de 01/01/2010 a 31/12/2012. Métodos: Efetuou-se um estudo descritivo com base num registo prospectivo, de uma população de 379 doentes (253 com PAC e 126 com PACS), sendo o sexo masculino predominante (PAC 58,1% vs PACS 54,8%) e a idade média menor na subpopulação PAC em relação à PACS(73,1 +/- 15,2 anos vs 78,4 vs 11,9 anos, respetivamente). Resultados: Relativamente à clínica apresentada na admissão, verificou-se que os três sintomas mais frequentes nas subpopulações PAC e PACS foram: dispneia (65,6% vs 87,3%, respetivamente), tosse produtiva (62,5% vs 55,6%, respetivamente) e febre (46,2% vs 46,8%, respetivamente). No entanto na subpopulação PACS a alteração do estado de consciência é significativamente mais frequente (23,8% vs 13,4%, respetivamente). Verificou-se, também baixa frequência de doentes que não apresentam alterações à auscultação pulmonar (3,2% PAC vs 4,8% PACS). O infiltrado unilobar é a alteração mais frequente na radiografia do tórax (75,5% PAC vs 63,5% PACS). Na subpopulação PACS é mais frequente o ratio PaO2/FiO2<200 (31,2% vs 18,6% na PAC). Relativamente às complicações associadas à pneumonia e à frequência de morte, verificou-se que a subpopulação PACS apresenta uma maior frequência nas duas variáveis (24,4% vs 17%; 20,2% vs 6,8%, respetivamente). No entanto, a frequência dos graus 4 ou 5 na escala de rankin modificada na admissão para a subpopulação PACS é 89,4% em relação a 44% para a subpopulação PAC. Conclusão: Os doentes internados com o diagnóstico de PACS, apesar de terem sintomatologia semelhante aos doentes com PAC, apresentam maior grau de dependência, maior frequência de insuficiência respiratória grave e de complicações associadas à pneumonia e, consequentemente, uma mortalidade cerca de três vezes superior. 170 NÍVEIS DE GLICÉMIA CAPILAR E PROGNÓSTICO DO DOENTE COM AVC Autor: Marco Silva Co-Autores: Francisco Álvarez Pérez Apresentador: Marco Silva Hospital: Hospital de São João Serviço: Gastrenterologia Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: Os Acidentes Vasculares Cerebrais são um grave problema de saúde pública em Portugal e em todo o mundo. Níveis elevados de glicose no sangue são comuns na fase inicial do AVC. A prevalência de hiperglicémia, definida como o nível de glicose no sangue > 6,0mmol/L (108mg/dl), foi observada em mais de 50% dos pacientes, independentemente do subtipo de acidente vascular cerebral. Este trabalho pretende estudar a relação entre os níveis de glicemia na admissão e o prognóstico à alta dos doentes com o diagnóstico de AVC. Secundariamente, pretende estudar a relação entre o prognóstico destes doentes com outras variáveis. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo dos pacientes internados na U-AVC do CHCB com o diagnóstico de AVC. Os dados colhidos são referentes aos pacientes internados no período compreendido entre 1 de Junho de 2009 e 30 de Maio de 2010. Para a recolha de dados (níveis de glicémia capilar, HbA1c, PCR, fibrinogénio e D-dímeros medidos na admissão, pontuação da escala de NIHSS admissão, bem como pontuação na ER e IB à alta), procedeu-se à consulta dos processos clínicos. Resultados: Estudaram-se 297 pacientes sendo que 31,3% eram diabéticos e 73,7% apresentavam valores de glicémia superiores aos considerados normais. Em relação aos pacientes com Hiperglicémia na admissão, 19 faleceram e 114 foram classificados como dependentes enquanto que dos pacientes sem Hiperglicémia na admissão, 2 faleceram e 34 foram classificados como dependentes. As relações entre Hiperglicémia na admissão com a mortalidade e com o prognóstico não foram estatisticamente significativas (p=0,71 e p=0,199, respectivamente). Conclusão: Os resultados deste trabalho sugerem que tanto a hiperglicémia na admissão como a própria Diabetes sejam achados frequentes na população vítima de AVC. Os pacientes com Hiperglicémia na admissão apresentaram uma maior mortalidade e um pior prognóstico (maior número de pacientes classificados como dependentes). 171 VIA VERDE CORONÁRIA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA Autor: Liliana Patrícia Ferreira Oliveira Silva Co-Autores: Marta Oliveira Ferreira, David Silva, Nuno Cardoso, Carla Melo, Augusto Duarte Apresentador: Liliana Patrícia Ferreira de Oliveira Silva Hospital: Centro Hospitalar de Médio Ave- Unidade de Famalicão Serviço: Medicina I Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: O Síndrome Coronário Agudo (SCA) é uma emergência médica, sendo fundamental o diagnóstico precoce e orientação terapêutica. O sistema informático Alert® dispõe de fluxogramas de triagem no serviço de urgência (SU), designados “Vias Verdes”, incorporados no sistema de Manchester. Objetivo: Avaliar a sensibilidade e especificidade da “Via Verde Coronária (VVC)”. Material e métodos: Estudo retrospetivo dos doentes com mais de 18 anos admitidos entre Janeiro e Dezembro de 2012 no SU de um Hospital Distrital. Selecionados os doentes triados como “VVC” e aqueles com diagnóstico de alta “SCA” ou sinónimos. Resultados: No total de 60769 doentes admitidos no SU em 2012 a prevalência de SCA foi 0,32%. Foram triados como “VVC” 587 doentes (0,97%), dos quais 56 (9,54% do subgrupo) tiveram como diagnóstico de alta SCA. Do total de diagnósticos de SCA, 141 doentes (71,57% do subgrupo) não foram triados como Via Verde. Nesta amostra, o algoritmo de triagem apresenta especificidade de 99,12%, valor preditivo negativo (VPN) de 99,77%, sensibilidade de 28,43% e valor preditivo positivo (VPP) de 9,54%. No grupo triado como Via Verde mas sem diagnóstico de SCA (n=531), os três diagnósticos de alta mais frequentes foram: “sintomas relativos ao aparelho respiratório e outros sintomas torácicos” (n=150), “dor torácica” (n=118) e “distúrbios neuróticos” (n=68). Discussão e conclusão: Nesta amostra, a baixa sensibilidade da “VVC” reflete que a maioria dos SCA não são triados como Via Verde. O baixo VPP revela que o mais frequente é a ativação da Via Verde não corresponder a verdadeiros SCA. Verifica-se que houve doentes que deveriam ter prioridade de observação mas não foram triados como tal, enquanto outros foram inadequedamente triados como prioritários. Conclui-se que o fluxograma em vigor no nosso hospital não está a servir o propósito para o qual foi concebido, sendo necessário melhorá-lo. 172 26 DE OUTUBRO ÀS 08:30 HORAS – SALA 1 173 CIRROSE HEPÁTICA OU DOENÇA AGUDA? – CASO CLÍNICO Autor: Nadine Silva Co-Autores: Claúdio Quintaneiro, Luísa Loureiro, Susana Magalhães, Abílio Gonçalves, Amélia Pereira Apresentador: Nadine Silva Hospital: Distrital da Figueira da Foz Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Mulher, 79 anos, recorreu ao serviço de urgência por dor abdominal paroxística, localizada ao hipocôndrio direito com irradiação epigástrica, acompanhada de distensão abdominal, edema dos membros inferiores, colúria e anorexia com 15 dias de evolução. Referia antecedentes de dislipidémia e osteoporose, medicada com atorvastatina e fosavance®. Negava consumo de álcool mas referia consumo diário de chás de ervas caseiras: cidreira, limonete, folha de marmelo, hipericão, flor de carqueja e funcho. Ao exame objetivo apresentava icterícia, dor à palpação profunda do epigastro e edemas dos membros inferiores. Nos exames complementares efetuados destacava-se a elevação das enzimas hepáticas (aminotransferases 50 vezes acima do limite superior da normalidade) com sinais de insuficiência hepática (albumina de 2,8g/dl, bilirrubina total de 5,9mg/dl, à custa da direta, e Tempo de Protrombina de 56%). As serologias de hepatites virais, citomegalovírus e de Epstein Barr foram negativas, assim como o estudo autoimune. A ecografia abdominal mostrava fígado dismórfico com textura heterogénea e contornos lobulados, sugerindo hepatopatia crónica com evolução cirrótica. Analisado o contexto epidemiológico e os achados ecográficos, aparentemente contraditórios, efetuamos biópsia hepática, cujo resultado anatomopatológico foi compatível com hepatite aguda de causa tóxica. Teve remissão clínica e analítica progressivas, tendo alta clínica com indicação de suspender a atorvastatina e evicção de consumo de chás. Foi reavalida às três semanas, apresentando-se assintomática e com diminuição progressiva dos marcadores de citólise hepática. Aos 6 meses de evolução, não apresentava sinais de insuficiência hepática e tinha aminotransferases cerca de 2 vezes acima do limite superior da normalidade. Este caso clínico, para além das dificuldades diagnósticas face aos achados ecográficos sugestivos de doença crónica, comprova que os produtos chamados ‘‘naturais’’ nem sempre são inócuos. 174 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO DE HISTIOCITOSE DAS CÉLULAS DE LANGERHANS Autor: Liliya Malanka Co-Autores: Cristiano Pinto, Cristiana Batouxas, Tiago Loza, Romeu Pires, Sofia Mora, Adelaide Esteves, Prudência Vaz Apresentador: Liliya Malanka Hospital: ULS - Nordeste, Hospital de Bragança Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: A histiocitose das células de Langerhans (LCH) é uma doença uni- ou multisistémica associada à proliferação das células de Langerhans e acúmulo de granulomas em vários tecidos. A sua prevalência está estimada em 1-2/100.000. Na maioria dos casos, a apresentação ocorre durante a infância e adolescência com ligeira predominância sobre o sexo masculino. Apesar de não haver predisposição genética, a etiologia desta doença ainda não é conhecida. O osso é o órgão mais frequentemente afectado (80% dos casos), seguido a pele (35% dos casos) e depois a glândula pituitária (25% dos casos). O envolvimento do sistema hematopoético (citopenia), pulmões e fígado é menos comum (15-20% dos casos) mas está presente na forma mais grave da doença. Caso clínico: Masculino de 79 anos, ex-fumador com antecedentes pessoais conhecidos de Hipertensão arterial, Cardiopatia multifactorial, Hiperuricémia, seguido na consulta externa (CE) de Otorrinolaringologia por quadro clínico com agravamento progressivo de surdez, otalgia bilateral com supuração e obstrução dos canais auditivos por lesões infiltrativas. A biopsia da pele do canal auditivo externo revelou um quadro morfológico e imunofenotipico compatível com HCL. Orientado para CE de Medicina Interna (MI). Na cintigrafia óssea do corpo inteiro as anomalias descritas em ambas as tíbias são sugestivas de expansão medular e podem estar em relação com envolvimento ósseo por HCL. Internado no Serviço de MI por agravamento do estado clínico com extensão das lesões dérmicas infiltrativas pelo couro cabeludo, tronco, virilha; exsudação e formação das fissuras nas pregas cutâneas. A posterior, evoluiu desfavoravelmente para descompensação respiratória. Conclusões: HCL uma doença rara que ocorre predominantemente em crianças e adultos jovens, mas qualquer idade pode ser afectada envolvendo qualquer órgão, mas o osso e a pele são os sítios predilectos. Tem pior prognóstico com envolvimento sistémico ou multifocal. 175 CARCINOMA NEUROENDÓCRINO POUCO DIFERENCIADO Autor: Ana Braz da Silva Co-Autores: Zara Soares, José Bastos Lino, Tiago Camacho, Violeta Goric, Bruno Ferreira, Catarina Louro, Ana Álvarez Pidal, José Barata Apresentador: Ana Braz da Silva Hospital: Hospital de Vila Franca de Xira Serviço: Serviço de Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Os carcinomas neuroendócrinos de origem primária indeterminada constituem um grupo heterogéneo de neoplasias; a sua incidência não é conhecida, mas estima-se que constituam cerca de 3% dos todos os tumores malignos de origem indeterminada. Destes, os carcinomas neuroendócrinos pouco diferenciados, caracterizam-se pela sua agressividade, com avançado estadio da doença à data do diagnóstico, apresentando frequentemente metastização hepática, óssea, pulmonar e cerebral, com uma sobrevivência média de apenas 10 meses. Os autores apresentam o caso de um doente do sexo masculino, de 75 anos, com diagnóstico de Artrite Reumatóide com 4 anos de evolução, com quadro clínico, com 3 meses de evolução, caracterizado por náuseas, vómitos aquosos, anorexia e cansaço de agravamento progressivo, com perda ponderal de 10 kg em 3 meses. Analiticamente apresentava elevação das transaminases e nos exames de imagem observava-se uma lesão hepática sólida, uma lesão sólida adjacente ao contorno cólico e sem plano de clivagem com o mesmo, e envolvimento nodulariforme inferior e externo adjacente ao rim esquerdo. Por agravamento do quadro clínico com síndrome febril associado, o doente foi internado no Serviço de Medicina, com o diagnóstico provável de neoplasia hepática com metastização renal. A TC toraco-abdominopélvica revelou trombose tumoral do eixo portal, e prováveis implantes peritoneais, com envolvimento particular do cólon ascendente, a favor de neoplasia hepática primária. O doente foi submetido a biópsia de lesão hepática cujo estudo anatomopatológico foi compatível com carcinoma neuroendócrino pouco diferenciado. Foi realizada Tomografia por Emissão de Positrões que identificou lesões hipermetabólicas a nível hepático, abdominal, osteomedular e um foco mediastínico posterior, sugestivas de implantes metastáticos. O doente apresentou agravamento rápido do estado clínico, sem condições clínicas para o início de quimioterapia, tendo sido instituída terapêutica paliativa. 176 SÍNDROME STEVENS-JOHNSON: QUANDO O MAL VEM DA CURA Autor: Cátia Pereira Co-Autores: Liliya Malanka, Elisabete Pinelo, Prudência Vaz Apresentador: Cátia Pereira Hospital: Unidade Local de Saúde do Nordeste - Unidade Hospitalar de Bragança Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: As reações cutâneas adversas a fármacos são complicações importantes da terapêutica medicamentosa, exigindo vigilância, tanto pelo espetro clínico alargado como pelas suas diversas consequências – desde alterações de rápida resolução e sem impacto na morbilidade a formas graves e nefastas. A síndrome Stevens-Johnson (SSJ) e a necrose epidérmica tóxica constituem as suas apresentações mais severas. Caso: Apresenta-se o caso de um homem de 84 anos, dependente, com antecedentes de hipertrofia benigna da próstata, demência e fratura trocantérica do fémur direito submetido a encavilhamento endomedular proximal do fémur em 2011. Internado no serviço de Ortopedia por febre e dor na região coxo-femural direita associada a sinais inflamatórios com 4 dias de evolução. Decidida exérese da cavilha trocantérica direita e limpeza cirúrgica, iniciando cotrimoxazol. Ao 6º dia, associada vancomicina por má resposta. Pedida colaboração de Medicina por aparecimento de lesões cutâneas maculopapulares generalizadas 6 dias depois, que evoluíram para eritema violáceo mais marcado no tronco e raiz dos membros, com descolamento epidérmico e áreas erosivas afetando < 10% da superfície corporal, com envolvimento das mucosas, nomeadamente lesões erosivas e hemorrágicas orais, sem atingimento conjuntival. Perante o quadro, suspendeu-se a antibioterapia, iniciando prednisolona 1mg/kg/dia e ácido fusídico tópico, instituiu-se reforço da hidratação intravenosa e oral e outras medidas de suporte. Avaliado por Dermatologia que confirmou tratar-se de quadro clínico compatível com SSJ. Melhoria lenta mas sustentada do estado clínico com as medidas instituídas: desaparecimento das lesões à data de alta. Com indicação formal para evicção de re-exposição à vancomicina. Conclusão: O reconhecimento célere desta entidade é primordial para um desfecho favorável. A abordagem consiste na rápida suspensão do agente deletério, tratamento de suporte e terapêuticas adjuvantes como a corticoterapia. 177 METÁSTASES CUTÂNEAS COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE NEOPLASIA MALIGNA OCULTA Autor: Helena Toda Brito Autores: César Martins, Maria João Silva Apresentador: Helena Toda Brito Hospital: Hospital Distrital de Santarém Serviço: Serviço de Dermatologia Tipo de trabalho: Comunicação Oral INTRODUÇÃO: A metastização cutânea de uma neoplasia maligna é rara (1-10%), indicando geralmente estadio avançado com comprometimento multiorgânico. Apenas em 0,8% dos casos constitui o primeiro sinal de uma neoplasia interna e permite chegar ao seu diagnóstico. As neoplasias da mama, pulmão e colo-rectal são as que mais frequentemente metastizam para a pele. OBJECTIVOS: Descrever o caso clínico de um doente com neoplasia maligna cuja manifestação inaugural foi a metastização cutânea e mucosa. CASO CLÍNICO: Doente do sexo masculino, de 67 anos de idade, com hábitos tabágicos marcados (162 unidades maço ano) e etanólicos moderados e história familiar de adenocarcinoma gástrico. Referia o aparecimento desde há dois meses de nódulos eritematosos duros, assintomáticos, localizados no couro cabeludo, face, língua, tronco e membros superiores, acompanhados de astenia, anorexia, cefaleias e tonturas e, no último mês, diplopia e confusão mental. A avaliação diagnóstica complementar conduziu ao diagnóstico de dois adenocarcinomas primários: pulmonar com metastização cutânea e gástrico aparentemente localizado. O doente faleceu três semanas após o diagnóstico. CONCLUSÕES: A presença de metastização cutânea é um indicador de mau prognóstico, apresentando a maioria dos doentes um desfecho fatal. Alerta-se para a importância do seu reconhecimento no estabelecimento do prognóstico de uma neoplasia conhecida ou, mais raramente, do diagnóstico de uma neoplasia desconhecida. 178 ERITEMA NODOSO COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE SARCOIDOSE Autor: Vera Ferraz Moreira Co-Autores: Isabel Almeida, Mari Mesquita Apresentador: Vera Ferraz Moreira Hospital: Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, EPE Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral A sarcoidose é uma doença multissistémica, de etiologia desconhecida, que afecta predominantemente indivíduos jovens, caracterizada pela presença de granulomas não caseosos. Os autores apresentam um caso clínico de um doente de 33 anos, sexo masculino, fumador, sem outros antecedentes de relevo. Recorreu ao SU por febre, artralgias simétricas e nódulos eritematosos dolorosos, ao nível da face anterior e lateral do terço inferior dos membros inferiores, com dez dias de evolução, associados a astenia e mialgias. Analiticamente apresentava elevação dos parâmetros inflamatórios. A radiografia torácica demonstrava engurgitamento hilar bilateral. Na tomografia axial computorizada (TAC) torácica visualizavamse adenomegalias pré-traqueais, pré-vasculares, subcarinais e hilares e, em ambos os lobos inferiores e no lobo superior esquerdo, nódulos não calcificados. Do estudo analítico efectuado em internamento, destaca-se enzima conversora da angiotensina, cálcio sérico e urinário normais. Foi realizada broncofibroscopia com biópsia brônquica que revelou granuloma sem necrose. O estudo imunológico do lavado bronco-alveolar revelou alveolite linfocítica e relação CD4/CD8 muito elevada (11.2). A pesquisa de vírus, bacilos álcool ácido resistentes, Polymerase Chain Reaction para bacilo de Koch foram negativos e o exame citológico sem células malignas. A espirometria mostrou alteração ventilatória obstrutiva moderada. Observou-se boa evolução clínica e analítica durante o internamento. O doente teve alta com o diagnóstico de sarcoidose e medicado com prednisolona 40 mg/dia. Nas consultas de seguimento observou-se normalização dos parâmetros inflamatórios, resolução das lesões de eritema nodoso e dos nódulos pulmonares, além da redução (do número/dimensões) das múltiplas adenomegalias observadas na TC torácica inicial. Este caso mostra a importância de considerar a sarcoidose no diagnóstico diferencial de um doente com eritema nodoso. 179 PERDA DE PESO & PERDA DE TEMPO Autor: Bianca Branco Ascenção Co-Autores: Ana Raquel Fernandes, Jamila Bathy, Francisco Torres, Vítor Augusto, Anabela Neves. Apresentador: Bianca Branco Ascenção Hospital: Centro Hospitalar de Setubal Serviço: Medicina interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Os autores trazem o caso de um doente do sexo masculino, 31 anos, sem patologia conhecida relevante. Recorreu ao Serviço de Urgência por agravamento de lombalgia esquerda com irradiação para a coxa, com um ano de evolução e que cedia aos analgésicos.No último ano referia perda ponderal de cerca de 30Kg que associava a quadro depressivo após divórcio,acompanhada de febre,sudorese noturna e tumefações cervicais e axilares, que nunca valorizou. À observação salientavam-se: febre de 39 °C,adenopatias cervicais e supraclaviculares e hepatomegália indolores. A avaliação analítica revelou leucocitose, neutrofilia e proteína C reactiva elevada. Os Testes de Huddleson, VIH, hemoculturas e uroculturas foram negativos. A TAC Toracoabdominopélvica revelou adenopatias supra e infradiafragmáticas associadas a hepatoesplenomegália e alterações ósseas nos ilíacos suspeitas de envolvimento secundário. Na Biópsia do gânglio supraclavicular direito houve saída de material compatível com caseum. A pesquisa de BAAR na amostra e o teste IGRA foram negativos.O exame anatomopatológico revelou fragmentos de tecido linfoide sem cápsula, com aspecto compatível com Linfoma de Hodgkin de celularidade mista. A biopsia óssea em 2 colheitas foi compatível com aplasia medular sem células de Reed- Stenberg. O PET revelou hipercaptação ganglionar supra e infradiafragmática, com conglomerado adenopático lombo-aórtico e captação ao nível das asas ilíacas, mais acentuada à esquerda. Iniciou quimioterapia com Adriamicina, Bleomicina, Vinblastina e Dacarbazina,com regressão da febre e adenopatias periféricas após o 1ºciclo,sem toxicidade hematológica,persistindo com moderada lombalgia.O Linfoma de Hodgkin,integra-se num conjunto de doenças graves e que devem ser sinalizadas a tempo.Este caso chamou a atenção dos autores pelo desafio do diagnóstico diferencial em doente jovem,com sintomas B,renitente a cuidados médicos e subvalorizando queixas,contudo portador de doença grave,de eventual carater infeccioso. 180 HEPATITE AUTOIMUNE - CASO CLÍNICO Autor: Luisa Eça Guimarães Co-Autores: Mafalda Costa Pereira, Patrícia Armanda Novo, Gert-Jan Van Der Heijden, Joana sequeira, Rosa Lemos, Joaquim Monteiro Apresentador: Luísa Eça Guimarães Hospital: Centro Hospitalar Póvoa de Varzim Vila do Conde Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral A hepatite autoimune é uma forma de hepatite crónica por vezes classificada como ativa, relacionada com a presença em circulação de auto anticorpos específicos. Este é o caso clínico de uma doente de 51 anos desempregada que trabalhou no comércio. Dirige-se à urgência (SU) por icterícia com 1 semana de evolução. Marido refere agravamento sintomático desde há 6 meses. História de dores osteoarticulares sem causa estabelecida. Estaria medicada com Gabapentina 200, Metanor, Nausefe, Cipralexa, Olcadil e Paracetamol que suspendeu na semana prévia por lhe terem chamado à atenção de que estava ictérica. Analiticamente tinha aumento das transaminases (TGO - 2177; TGP - 1935), G-GT - 259, fosfatase alcalina - 251, LDH - 701, Hiperbilirrubinémia (bilirrubina total - 20,77 e bilirrubina directa - 18,78). A doente manteve-se ictérica e foi medicada com Messalazina. Do ponto de vista objectivo para além da coloração ictérica da pele e conjuntivas não mostrava hepatoesplenomegalia, adenopatias ou outras organomegalias. Do estudo imunológico é de realçar ANA´S, AMA, ANCA´S, marcadores de hepatite C, carga viral e serologias negativas. De todo o estudo apenas o anticorpo LMK1 se mostrou positivo compatível com hepatite auto imune. Após realização de biopsia hepática transjugular inicia terapêutica com prednisolona 60 mg/dia em duas tomas diárias, após a qual se evidenciou recuperação dos parâmetros desviados (transaminases, bilirrubinas, plaquetas e leucócitos). A biopsia mostrou cirrose hepática com quadro histológico de tipo hepatite crónica. Teve alta medicada com: domperidona 10 mg 2xd, pantoprazol 40mg e lepicortinolo 30mg. Esta doente chegou com a indicação de hepatite tóxica por estar polimedicada e de dores osteoarticulares psicossomáticas por serem resistentes à terapêutica e na realidade apresentava uma doença autoimune que se revelou grave. 181 CONTROLO SINTOMÁTICO NA PORFIRIA CUTÁNEA TARDA FAMILIAR: RELATO DE 3 CASOS Autor: Liliana Costa Co-Autores: Anabela Brito, Amanda Rey, Miguel Morgado, Helena Vilaça, Ana Paula Brandão Apresentador: Liliana Costa Hospital: Hospital Conde de Bertiandos, Unidade Local de Saúde do Alto Minho Serviço: Medicina 2 Tipo de trabalho: Comunicação Oral A Porfiria Cutanea Tarda (PCT) é uma fotodermatose que resulta da deficiência da uroporfirinogenio decarboxilase, uma enzima pertencente à via de síntese do heme. Pode ser esporádica (tipo 1) ou familiar (tipo 2) e manifesta-se através do aparecimento de lesões bolhosas nas áreas expostas à luz solar. O objectivo deste trabalho é relatar 3 casos clínicos de PTC familiar de difícil controlo nos quais a revisão sistemática dos hábitos pessoais foi fundamental na identificação do factor precipitante da exacerbação da doença. Caso 1: Senhora de 57 anos, com PCT familiar que mantinha lesões bolhosas após vários meses de tratamento com Hidroxicloroquina (HCQ) e flebotomias. Foi revista a anamnese e discutido o caso com a família, verificando-se que a doente se encontrava medicada com Risperidona desde há vários anos por esquizofrenia, informação que teria sido ocultada inicialmente. Após substituição desta medicação por Olanzapina, a doente apresentou resolução completa das lesões. Caso 2: Homem de 62 anos, com diagnóstico de PCT familiar há 10 anos. Medicado com HCQ e habitualmente bem controlado, referia reaparecimento de novas lesões cutâneas desde há vários meses. Feita a revisão dos hábitos pessoais, verificou-se que o doente cumpria inadequadamente as medidas de protecção solar e apresentava exposição pesticidas agrícolas. Após o reforço dos ensinos apresentou resolução completa dos sintomas. Caso 3: Homem de 60 anos, com diagnóstico de PTC desde há 14 anos e medicado com HCQ que refere reaparecimento de lesões bolhosas nas mãos e antebraços. A revisão dos hábitos pessoais revelou história de abuso de álcool agravada recentemente. Os autores pretendem salientar o carácter multifactorial desta doença, nomeadamente na sua variante familiar. De realçar ainda a importância da execução de uma anamnese completa, com história medicamentosa detalhada e quantificação do consumo alcoólico, bem como o papel fundamental da educação para a doença no controlo da PCT. 182 26 DE OUTUBRO ÀS 08:30 HORAS – SALA 2 183 SÍNDROME ANTI-FOSFOLIPÍDICA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Autor: Helena Lobo Martins Co-Autores: Florbela Gonçalves, Mariana de Sousa Apresentador: Helena Lobo Martins Hospital: Centro Hospitalar do Baixo Vouga - HIP - Aveiro / Instituto Português de Oncologia de Coimbra Serviço: Medicina Interna - Aveiro / IPO - Coimbra Tipo de trabalho: Comunicação Oral A Síndrome dos Anticorpos Anti-fosfolipídicos (SAF) é uma doença auto-imune, multisistémica, caracterizada pela ocorrência de tromboses recorrentes nos sistemas arterial, venoso, ou ambos. A SAF é classificada em dois grupos: primária e secundária. Quando ocorre isoladamente, denomina-se de SAF primária, sendo esta a forma de apresentação mais comum. A SAF secundária está frequentemente associada ao lúpus eritematoso sistémico. Os marcadores serológicos são os anticorpos anti-fosfolipídicos, anticoagulante lúpico, anticardiolipina (aCL) e anticorpo anti-beta 2 microglobolina 1. O mecanismo de produção de anticorpos que interferem no sistema da coagulação é desconhecido. Existem, contudo, factores precipitantes de SAF em indivíduos geneticamente predispostos. A anemia hemolítica tem sido bem descrita em doentes com SAF e está associada à presença de anticorpos aCL. Os autores apresentam o caso de uma mulher, de 74 anos, enviada à Consulta Externa de Medicina Interna do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, por anemia severa com necessidade de suporte transfusional, em possível contexto de doença neoplásica. Tratava-se de uma doente com défice cognitivo, antecedentes de acidente vascular cerebral isquémico e hipertensão, cujo estudo endoscópico foi negativo para doença neoplásica. Face aos antecedentes trombóticos foi realizado estudo da auto-imunidade, entre o qual a pesquisa dos 3 tipos de anticorpos anti-fosfolipídicos, os quais vieram todos positivos e se mantiveram no tempo. A doente iniciou anti-coagulação oral. Os autores salientam a importância de um elevado índice de suspeição para o diagnóstico de SAF com base na anamnese e nos exames laboratoriais auxiliares. Acresce ainda a necessidade de diagnóstico diferencial com coagulação intra-vascular disseminada, endocardite infecciosa e púrpura trombocitopénica trombótica. O controlo da doença consiste principalmente no tratamento e profilaxia de eventos trombóticos com anticoagulantes e antiagregantes. 184 CASO CLINICO DE ENDOCARDITE INFECCIOSA EM DOENTE JOVEM Autor: Quintino Biague Co-Autores: Antonio Gonçalves, Maksym Dykyy, Ana Oliveira, Isabel Barahona, Telo Faria e Bernardo Loff Apresentador: Quintino Biague Hospital: Hospital José Joaquim Fernandes Serviço: Serviço de Medicina II Tipo de trabalho: Comunicação Oral Os autores apresentam um caso clínico de um doente do sexo masculino, caucasiano, 36 anos de idade, internado por um quadro, com início, uma semana antes, de febre alta (40ºC), mialgias e cefaleia frontal, acompanhado de episódios de vómitos. Medicado com doxiciclina sem melhoria. Recorre uma semana depois pela mesma sintomatologia com agravamento progressivo. Destaca-se no exame objectivo, bom estado geral, febril (39ºC), algum grau de rigidez da nuca, com intolerância aos movimentos da cabeça. AC- Presença de um sopro sistólico. Dos estudos iniciais efectuados, realçamos: Leucocitose (21000), com 76,6% de neutrófilos, PCR- 6,4. Função renal bem; função hepática bem. Radiografia (RX) de tórax sem alterações. ECG- RS, sem alterações/transtornos de repolarização Punção Lombar: com líquido claro cristalino tipo água de rocha. Exame Citoquimico com presença de 5 células de predomínio polimorfonucleares; glicose – 57 (40-70); proteínas – 47 (15-45) Foi proposto internamento com diagnóstico de síndrome febril por esclarecer e foram consideradas várias hipóteses diagnósticas, sendo a meningite bacteriana e endocardite infecciosa as mais prováveis. Institui-se antibioterapia com Ceftriaxone, empiricamente. Ecocardiograma transtorácico (ETT):“…Duvidosa imagem de estrutura móvel aderente ao aparelho sub-valvular mitral na zona onde é atingido pelo jacto de regurgitação aórtica que poderá corresponder a vegetação…” Ecocardiograma transesofagico (ETE): “…Evidencia-se duas imagens compatíveis com vegetações, uma aderente a face ventricular da válvula aórtica e outra aderente por pedículo mas muito móvel a nível do endocardio na zona que é atingida pelo jacto da regurgitação aórtica…” Hemoculturas: 3 hemoculturas com isolamento de Staphylococcus Aureus Diagnóstico Definitivo: Endocardite Infecciosa. Iniciou Vancomicina e Gentamicina, este último por apenas 5 dias Boa evolução clínica e analítica, tendo tido alta ao final da 5ª semana do internamento. 185 DERRAME PLEURAL NUM JOVEM SAUDÁVEL Autor: Ana Alves Oliveira Co-Autores: Yahia Abuowda, Petra Pego, Bruno Pedro Apresentador: Ana Alves Oliveira Hospital: Hospital Distrital de Santarém, EPE Serviço: Medicina III Tipo de trabalho: Comunicação Oral Apesar da importante diminuição de incidência assistida nas últimas décadas, a tuberculose, em todas as suas formas, permanece um diagnóstico a ponderar tanto no doente previamente saudável como no imunocomprometido. Em Portugal, segundo os dados publicados pelo Programa Nacional de Luta Contra a Tuberculose, referentes a 2011, a pleura é a localização extrapulmonar mais frequentemente. Portanto, na presença de um exsudado pleural com predomínio linfocitário, o diagnóstico de tuberculose pleural (Tpleural), mesmo que pouco provável, deve ser sempre considerado. Apresenta-se um caso de um homem de 25 anos, internado num serviço de medicina por um quadro, com cerca de um mês de evolução, de dor com características pleuríticas, febre e tosse não produtiva. A radiografia de tórax à entrada mostrava apenas apagamento do seio costo-frénico à direita, compatível com pequeno derrame pleural. Durante os 9 dias de internamento o doente apresentou sempre febre, a rondar 38ºC, sem mais qualquer sintomatolgia. A TAC de tórax realizada ao 3º dia de internamento, revelou “volumoso derrame pleural direito com atelectasia do parênquima pulmonar adjacente”. No dia seguinte foi submetido a toracocentese com drenagem de 2100cc de liquido pleural amarelo turvo, cuja análise revelou um exsudado com predomínio de células mononucleadas, e baixa concentração (18.3U/L) de adenosina desaminase. Todas as culturas e serologias realizadas foram negativas. Analiticamente manteve aumento progressivo da Proteína C Reactiva (de 0.70 a 8.49 mg/dL em 8 dias), Velocidade de Sedimentação baixa (10 mm). Realizou teste de interferão gama cujo resultado foi inconclusivo. A suportar o diagnóstico de TPleural apresentava apenas um teste de Mantoux positivo e um infiltrado linfocítico crónico com esboço de granuloma na biopsia pleural. Por fim, e tendo se excluído a maioria dos diagnósticos diferenciais, optou-se por iniciar tuberculostáticos com boa resposta clínica e analítica. 186 ESPONDILODISCITE CERVICAL: RELATO DE UM CASO Autor: Marta Amaral Silva Co-Autores: Luísa Loureiro, Élio Alves Rodrigues, Marta Brás, Teresa Alfaiate, Isabel Bessa, Amélia Pereira Apresentador: Marta Amaral Silva Hospital: Hospital Distrital da Figueira da Foz Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Objectivo: Abordar o diagnóstico e tratamento das espondilodiscites Método: Apresentação de caso clínico Doente do sexo masculino, 63 anos, em Julho de 2012 recorreu ao Serviço de Urgência do Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) por cervicalgias com 1 mês de evolução. Antecedentes de cirurgia a descolamento da retina em Junho de 2012. Encontrava-se medicado com maleato de flupirtina, ibuprofeno, diazepam e metamizol, sem melhoria. Apirético, hemodinamicamente estável, sem défices sensitivos ou motores, com reflexos osteotendinosos normais. Analiticamente, VS de 67mm na 1ª hora e PCR de 91,40mg/L. Realizou TAC da coluna cervical (CC) que foi sugestiva de espondilodiscite em C6C7. Transferido para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, onde realizou RMN da CC que confirmou o diagnóstico. Colocou colar cervical e iniciou antibioticoterapia (AB) ev (meropenem), tendo sido transferido para o HDFF após 1 semana, onde fez gentamicina+ampicilina. Durante o internamento manteve-se apirético, com melhoria das queixas álgicas. Teve alta às 6 semanas de AB ev, medicado com antibiótico oral e orientado para consultas de Medicina, Fisiatria, Doenças Infecciosas e Neurocirurgia. Relativamente à investigação diagnóstica, duas hemoculturas negativas e uma positiva para estafilococos epidermidis, urocultura negativa, intradermorreacção negativa, serologias para brucela, micobactéria tuberculosis e coxiela burnetti negativas. RMN em Outubro de 2012, com melhoria imagiológica. Em Dezembro de 2012 suspendeu AB. Mantém seguimento em Consulta de Medicina, clinicamente estável, sem défices neurológicos. Conclusão: A espondilodiscite é uma entidade rara, que surge frequentemente após infecção ou cirurgia. A localização cervical é a menos frequente e com maior risco de complicações. Devido aos sintomas inespecíficos, um elevado índice de suspeição é essencial para o diagnóstico. O tratamento envolve a imobilização da coluna e AB endovenosa durante 6 a 8 semanas. 187 ANASARCA E ALCOOLISMO CRÓNICO: NEM SEMPRE É CIRROSE HEPÁTICA Autor: Cátia Barreiros Co-Autores: Irene Miranda, António Ferreira, Emília Guerreiro, Carmélia Rodrigues, Diana Guerra Apresentador: Cátia Barreiros Hospital: : Unidade Local de Saúde do Alto Minho – Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo Serviço: Medicina 1 Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: O cancro do estômago é um dos mais frequentes em todo o mundo, sendo Portugal o país com as mais altas taxas de incidência e mortalidade na Europa Ocidental. Estudos que associam a ingestão de álcool com o desenvolvimento de neoplasia gástrica têm sido contraditórios, não havendo evidência suficiente para estabelecer uma relação causal. Caso Clínico: Homem, 41 anos. Alcoolismo crónico (50 gr/dia). Recorreu ao SU por edemas generalizados, anorexia e astenia. No exame físico mau estado geral, emagrecido, edemas periféricos, ascite volumosa e circulação colateral visível. Anictérico. Apresentava volumoso derrame pleural esquerdo, objectivando-se anasarca. Derrame pleural: exsudado com predomínio de linfócitos, também presente no líquido ascítico, que apresenta gradiente soroascítico (GASA) <1,1 g/dl. Analiticamente colestase, sem citólise, nem insuficiência hepáticas. TC toraco-abdomino-pélvico: “derrame pleural bilateral e ascite volumosa. Figado com áreas de hipodensidade, sem nódulos. Dilatação da veia porta e mesentérica superior. Áreas de enfarte renal e esplénico”. A endoscopia digestiva mostrou cavidade gástrica com padrão marmoreado e mucosa congestiva e friável. Dado colestase persistente, inexplicada, realizou biópsia hepática que revelou “metástase hepática por adenocarcinoma (linfangite carcinomatosa), compatível com origem gástrica”. Por fim resultado de biópsias gástricas com “adenocarcinoma infiltrante e ulcerado, de tipo intestinal.” O doente teve agravamento do estado geral, falecendo ao 29º dia de internamento. Conclusão: Perante um doente com hábitos etílicos nocivos e anasarca é considerada possibilidade de cirrose hepática alcoólica. Por outro lado a colestase hepática e a linfocitose dos líquidos pleural e ascítico fizeram suspeitar de tuberculose. A biópsia hepática teve um papel preponderante ao permitir o diagnóstico inesperado, de metastização hepática de adenocarcinoma gástrico, na forma de linfangite hepática. 188 PERICARDITE AGUDA POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS METICILINO RESISTENTE (MRSA) – CASO CLÍNICO Autor: Renata Silva Co-Autores: Andreia Coelho, Ana Cristino, Sónia Carvalho, Fernando Guimarães, Trigo Faria Apresentador: Renata Silva Hospital: CHTMAD - Vila Real Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Introdução: As pericardites purulentas têm baixa incidência e apesar dos progressos médicos um prognóstico desfavorável sobretudo quando causadas por MRSA, sendo o tamponamento cardíaco um complicação potencialmente letal. Constituem fatores predisponentes para esta infeção a imunossupressão, colonização nasal e cutânea por este agente e técnicas invasivas. Caso Clínico: Homem de 68 anos, diabético, com antecedentes de insuficiência cardíaca (IC), renal e respiratória crónica sob oxigenoterapia e VNI e sequelas motoras de AVC isquémico, com internamento hospital recente por coma hipercápnico. Foi admitido no Serviço de Medicina por síndrome febril há 2 semanas associado a agravamento do padrão habitual de dispneia e edemas. À admissão na urgência, apresentava temperatura 37.7ºC, TA 139/76mmHg e FC 119bpm e sinais de IC descompensada com TVJ, estase pulmonar e edemas periféricos. Negava toracalgia e a auscultação cardíaca apenas evidenciava diminuição dos sons. A radiografia mostrou cardiomegalia, sem infiltrados pulmonares assumindo-se cistite. Contudo o doente mantinha febre apesar de antibiótico de largo espectro, tendo-se isolado MRSA nas hemoculturas. Ao 10º dia de internamento, o ecocardiograma revelou um derrame pericárdico de grande volume com fibrina e depressão severa da FSVE. Realizou pericardiocentese com drenagem de 500mL de líquido sero-hemático, também com identificação de MRSA, tendo-se verificado uma franca melhoria das funções cardíaca e renal. Cumpriu 16 dias de Linezolida, substituído por Daptomicina devido pancitopenia. Teve alta 2 meses após a admissão já sem derrame pericárdico e com hemoculturas estéreis, com hipocoagulação oral por Fibrilhação auricular de novo. Conclusão: Apresenta-se um caso de uma pericardite por MRSA que apresenta apenas como fator predisponente a possível colonização. De salientar, a ausência de toracalgia típica e a importância da pericardicentese para a melhoria da função cardíaca e resolução da infeção. 189 ABCESSO PULMONAR Autor: Rita Moça Co-Autores: Armando Peixoto, Ana Reis e Melo, Isabel Camões Apresentador: Rita Moça Hospital: Hospital de São João Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Objetivos: O objetivo deste caso clínico prende-se na discussão de qual a terapêutica mais adequada para tratamento de um abcesso pulmonar (AP), assim como a duração da antibioterapia. Método: Revisão de caso clínico. Resultados: Sendo os principais agentes causadores de AP as bactérias anaeróbias da flora oral, a antibioterapia recomendada em várias publicações é clindamicina e/ou um betalactâmico inibidor de beta-lactamases ou um carbapenem. Quanto à duração do tratamento, mantém-se um assunto muito controverso. Alguns autores optam por tratar todos os casos durante 3 semanas, enquanto outros baseiam-se na resposta clínica e imagiológica. Vimos apresentar um caso clínico de uma mulher de 52 anos, com antecedentes pessoais de relevo para o caso de doença pulmonar obstrutiva crónica, etilismo crónico (em abstinência há 5 meses) e tabagismo ativo, que recorre ao SU por quadro de dor, de características pleuríticas, febre, tosse e expetoração mucopurulenta, com cerca de 4 dias de evolução. Não apresentava insuficiência respiratória. Na radiografia do tórax realizada detetou-se um abcesso pulmonar, com nível hidroaéreo, com cerca de 7cm de maior eixo. Foi então iniciada terapêutica empírica com piperacilina-tazobactam no SU, tendo sido adicionado clindamicina à terapêutica já no internamento. Conclusões: Propomos então a discussão do caso clínico, perante a nossa doente e tendo em conta os seus antecedentes pessoais e as características da imagem imagiológica apresentada, qual seria então o antibiótico mais indicado e duração de tratamento? 190 LINFADENITE CERVICAL – UMA FORMA INVULGAR DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA Autor: Cidália Pinto Co-Autores: Ana Sofia Serafim, Joaquim Peixoto, Etel Florova, António Cardoso, Fátima Campante Apresentador: Cidália Pinto Hospital: Centro Hospitalar Barreiro-Montijo Serviço: Medicina Interna Tipo de trabalho: Comunicação Oral Verifica-se atualmente um aumento dramático da incidência e da prevalência de tuberculose nos países desenvolvidos, associada a infeção por VIH, uso de drogas endovenosas e imigração. A forma mais comum de tuberculose da cabeça e pescoço é a linfadenite cervical. Com este caso clínico os autores pretendem ilustrar uma forma invulgar de apresentação inaugural de tuberculose. Trata-se de uma doente de 77 anos, com serologia VIH negativa, sem hábitos toxifílicos e sem história prévia de tuberculose, referenciada por adenopatias cervicais múltiplas para consulta de hemato-oncologia, onde manteve seguimento até exclusão de doença linfoproliferativa. É encaminhada para consulta de Medicina Interna após exérese de adenopatia cervical com histologia sugestiva de doença granulomatosa e coloração ZiehlNeelsen negativa para Mycobacterium. O internamento foi motivado por agravamento do estado geral com síndrome febril após início de corticoterapia por suspeita de sarcoidose. Dada a persistência de sinais inflamatórios com exsudado purulento na loca cirúrgica, foi realizado exame microbiológico com pesquisa positiva de bacilos álcool-ácido-resistentes em exame directo, tendo iniciado terapêutica antibacilar. 191 ÍNDICE ORDEM ALFABÉTICA 192 A ESPONDILODISCITE ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..……134 A HEMOCROMATOSE E A HIPERTENSÃO ARTERIAL ………………………………………………………………………………………………………………………145 A IMPORTÂNCIA DE ESCUTAR OS DOENTES. PIOMIOSITE - CASO CLINICO ……………………………………………………………………………………111 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO DE ANEMIA …………………………………………………………………………………………………………………………..75 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO DE HISTIOCITOSE DAS CÉLULAS DE LANGERHANS ………………………………………………………..…….175 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO: SARCOMA DE TECIDOS MOLES - UMA ENTIDADE RARA E DEMOLIDORA …………………………....66 A PROPÓSITO DE UMA REACÇÃO ADVERSA A FÁRMACOS… ..………………………………………………………………………………………………….…..19 A UTILIZAÇÃO DE CARBAPENEMES NUMA UNIDADE HOSPITALAR ……………………………………………………………………………………..……….100 ABCESSO PULMONAR ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….190 ABCESSOS HEPÁTICOS EM CUIDADOS INTENSIVOS: DOIS CASOS CLÍNICOS …………………………………………………………………………….…..113 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL, ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO E ANEMIA – QUANDO REALIZAR ENDOSCOPIA? ………….……124 ADENOPATIAS CERVICAIS: A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. ………………………………………….……………………………………18 AFINAL NÃO ERA APENAS UMA “GRIPE”… …………………………………………………………………………………………….………………………………….116 AMILOIDOSE SECUNDÁRIA …………………………………………………………………………………………………………………….…………………………..………...20 ANASARCA E ALCOOLISMO CRÓNICO: NEM SEMPRE É CIRROSE HEPÁTICA …………………………………………………………………………………189 ANEMIA PERNICIOSA – CASO CLÍNICO ………………………………………………………………………………………………………………………………………...117 ANEMIA PERNICIOSA E INFECÇÃO POR HIV ……………………………………………………………………………………………………………………………….…138 ARTRITE PSORIÁTICA - DESENHO DE UM CASO CLÍNICO ………………………………………………………………………………………………………….…….85 ASPERGILOMA NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA HEMOPTISE …………………………………………………………………………………………….……..51 ASPERGILOSE PULMONAR INVASIVA- A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO …………………………………………………………………………….…….48 AUDITORIA À PROFILAXIA DA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM DOENTES INTERNADOS NUM SERVIÇO DE MEDICINA ……..….161 AVC? A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. ………………………………………………………………………………………………………………..62 CARACTERIZAÇÃO DA REFERENCIAÇÃO INTER-HOSPITALAR DA URGÊNCIA DE MEDICINA INTERNA DE UM HOSPITAL DISTRITAL .102 CARACTERIZAÇÃO DA REFERENCIAÇÃO INTER-HOSPITALAR DO SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA DE UM HOSPITAL DISTRITAL ….101 CARCINOMA DE CÉLULAS DE MERKEL – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. ………………………………………………………………………………14 CARCINOMA NEUROENDÓCRINO POUCO DIFERENCIADO ……………………………………………………………………………………………………………176 CASO CLINICO DE ENDOCARDITE INFECCIOSA EM DOENTE JOVEM ……………………………………………………………………………………………..185 CEFALEIA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA (SU) – A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. ……………………………………………….…128 CEFALEIA…NÃO DESVALORIZAR… ……………………………………………………………………………………………………………………………………………..122 CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA - REALIDADE DE UM HOSPITAL DISTRITAL…………………………………………………………………………………………….96 CIRROSE HEPÁTICA OU DOENÇA AGUDA? – CASO CLÍNICO ………………………………………………………………………………………………………….174 COMPRESSÃO MEDULAR POR METÁSTASES VERTEBRAIS COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE CARCINOMA HEPATOCELULAR …33 COMUNICAÇÕES LIVRES ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………140 CONTROLO SINTOMÁTICO NA PORFIRIA CUTÁNEA TARDA FAMILIAR: RELATO DE 3 CASOS ………………………………………………………..182 CORTICOTERAPIA E PSEUDOTUMOR CEREBRI ……………………………………………………………………………………………………………………………..125 CRÓNICAS DE GÉMEO ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….148 DAS CEFALEIAS À POSSÍVEL SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDO ……………………………………………………………………………………………………………81 DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNA S: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………………………………….71 DERRAME PERICÁRDICO IATROGÉNICO À IMPLANTAÇÃO DE PACEMAKER ……………………………………………………………………………………21 DERRAME PERICÁRDICO IDIOPÁTICO CRÓNICO - CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………………………………………40 DERRAME PLEURAL NUM JOVEM SAUDÁVEL ……………………………………………………………………………………………………………………………….186 DIABETES INSÍPIDA EM DOENTE COM MIELOMA MÚLTIPLO ………………………………………………………………………………………………………….92 DIABETES INSÍPIDA NEFROGÉNICA, UM CASO CLÍNICO DE INTOXICAÇÃO POR LÍTIO…………………………………………………………………….. 95 DIABETES MELLITUS: CASUÍSTICA DE UM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA …………………………………………………………………………………..24 193 DIARREIA AGUDA POR PANCREATITE CRÓNICA ……………………………………………………………………………………………………………………………..62 DISPNEIA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ………………………………………………………………………………………………………………………….127 DISSECÇÃO DA AORTA - UM DIAGNÓSTICO A NÃO ESQUECER ………………………………………………………………………………………………………46 DISTÚRBIOS PRÓ-TROMBÓTICOS – DOIS CASOS CLÍNICOS EM DOENTES JOVENS ………………………………………………………………………….70 DOENÇA ATEROEMBÓLICA RENAL: UMA ENTIDADE ESQUECIDA! ………………………………………………………………………………………………..115 DOENÇA DE HODGKIN, CAUSA DE SÍNDROME FEBRIL PROLONGADO …………………………………………………………………………………………….27 DOENÇA DE PAGET – UM DESAFIO DIAGNÓSTICO. ………………………………………………………………………………………………………………………153 DOR LOMBAR - UM SINTOMA COMUM PARA UMA PATOLOGIA GRAVE ……………………………………………………………………………………..110 DORSALGIA PSICOSSOMÁTICA QUE AFINAL ERA BRUCELOSE – CASO CLÍNICO …………………………………………………………….………………136 E TUDO O FOLATO LEVOU ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..61 EDEMA EXUBERANTE…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… 63 ELECTROCARDIOGRAMA E CARDIOPATIA ISQUÉMICA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. ……………………………………………………..39 ERITEMA NODOSO COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE SARCOIDOSE …………………………………………………………………………………….179 ERITEMA NODOSO: UM SINAL CUTÂNEO DE TUBERCULOSE – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. ………………………………………….122 ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA …………………………………………………………………………………………………………………………………………….121 ESPONDILARTROPATIA INDIFERENCIADA NUMA DOENTE FIBROMIÁLGICA …………………………………………………………………………………149 ESPONDILODISCITE CERVICAL: RELATO DE UM CASO …………………………………………………………………………………………………………………..187 ESPONDILODISCITE COMO CAUSA DE DOR DORSOLOMBAR- QUAL A ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA? …………………..49 ESTADO CONFUSIONAL AGUDO E IONOGRAMA …………………………………………………………………………………………………………………………….89 ESTUDO DA MORTALIDADE HOSPITALAR DE UM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA ……………………………………………………………………..106 EXANTEMA FEBRIL APÓS ABCESSO FARÍNGEO …………………………………………………………………………………………………………………………….107 FASCEÍTE NECROSANTE-UMA QUEDA ATRIBULADA ………………………………………………………………………………………………………………………56 FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA: DESCRIÇÃO DE UM CASO CLÍNICO ………………………………………………………………………………………93 GOTA POLIARTICULAR OU ARTRITE REUMATÓIDE? ……………………………………………………………………………………………………………………..156 HEMATOMA RETROPERITONEAL ESPONTÂNEO – COMPLICAÇÃO IATROGÉNICA ………………………………………………………………………..…59 HEMORRAGIA DIGESTIVA + FEBRE + LOMBALGIA = BRUCELOSE? ……………………………………….……………………………………………………….144 HEPATITE AGUDA – A PROPOSITO DE UM CASO CLÍNICO …………………………………………………………………………………………………………….137 HEPATITE AUTOIMUNE - CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………………………………………………………………………….181 HEPATITE B – CASUÍSTICA DE UMA CONSULTA DE MEDICINA INTERNA ……………………………………………………………………………………….104 HÉRNIA DE MORGAGNI ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….13 HIPERPLASIA SUPRARRENAL BILATERAL E HIPERTENSÃO ARTERIAL - CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………..44 HIPERTENSÃO RENOVASCULAR - CASO CLÍNICO …………………………………………………………………………………………………………………………….38 HUNGRY BONE SYNDROME – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………………………………..138 IATROGENIA EM DOENTES VIH ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………50 IMPACTO DA VARIABILIDADE DA HBA1C NA FUNÇÃO RENAL DE DOENTES INSULINOTRATADOS ………………………………………………..160 IMPACTO DO INÍCIO DA INSULINOTERAPIA NA HbA1c …………………………………………………………………………………………………………………169 IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………………..45 IMUNODEPRESSÃO EM DOENTES COM PNEUMONIA ………………………………………………………………………………………………………………….162 ÍNDICE ORDEM ALFABÉTICA …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………192 INFEÇÃO DO TRATO URINÁRIO ASSOCIADO A ALGALIAÇÃO NUM SERVIÇO DE MEDICINA …………………………………………………………..165 INFEÇÃO POR EPSTEIN BARR E IMUNOSSUPRESSÃO COM METROTREXATO - UM CASO DE APLASIA MEDULAR ADQUIRIDA ………..42 INSUFICIÊNCIA SUPRA-RENAL PRIMÁRIA - A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS …………………………………………………………………………….88 INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS – CASUÍSTICA DE UM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA ……………………………………………..99 LEPTOSPIROSE - UM CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………………………………………………………………………………….57 LESÃO RENAL AGUDA - DEAFIO DIAGNÓSTICO …………………………………………………………………………………………………………………………….155 194 LEUCOENCEFALOPATIA MULTIFOCAL PROGRESSIVA EM DOENTE COM SIDA ………………………………………………………………………………133 LINFADENITE CERVICAL – UMA FORMA INVULGAR DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA …………………………………………………………………………191 LINFOMA DE BURKITT NO ADULTO ……………………………………………………………………………………………………………………………………………….25 LIPOMATOSE FAMILIAR …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………12 MENINGITE POR HERPES ZOSTER - UM DIAGNÓSTICO NEM SEMPRE PRESENTE ……………………………………………………………………………43 MENINGOENCEFALITE A S. PNEUMONIAE FATAL E RAPIDAMENTE PROGRESSIVA EM DOENTE JOVEM ………………………………………150 MESOTELIOMA: CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………..26 METÁSTASES CUTÂNEAS COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE NEOPLASIA MALIGNA OCULTA ………………………………………………..178 MICROALBUMINÚRIA NO AVC AGUDO ………………………………………………………………………………………………………………………………………..168 MIELOMA MÚLTIPLO - UMA FORMA RARA DE APRESENTAÇÃO …………………………………………………………………………………………………….30 NÃO ERA APENAS UMA CIATALGIA ………………………………………………………………………………………………………………………………………………..53 NEUROSSÍFILIS: UM DESAFIO CLÍNICO …………………………………………………………………………………………………………………………………………131 NÍVEIS DE GLICÉMIA CAPILAR E PROGNÓSTICO DO DOENTE COM AVC ……………………………………………………………………………………….171 NO RASTO DA ANEMIA... …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….77 NÓDULOS SUBCUTÂNEOS DOLOROSOS, ARTRALGIAS E DOR TORÁCICA ………………………………………………………………………………………..17 O OSSO COMO PONTO DE PARTIDA ………………………………………………………………………………………………………………………………………………28 OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA COMO COMPLICAÇÃO DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA. ……………………………………………………………….116 OSTEOARTROPATIA HIPERTRÓFICA COMO MANIFESTAÇÃO PRIMÁRIA DE ADENOCARCINOMA DO PULMÃO ………………………………34 OSTEÓLISE MÚLTIPLA …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….29 OSTEOMIELITE E ABCESSO DO PSOAS COMO RECIDIVA DE BRUCELOSE ………………………………………………………………………………………111 PAC e PACS - Há de facto diferenças? ………………………………………………………………………………………………………………………………………….170 PARÉSIA FACIAL PERIFÉRICA, UMA MANIFESTAÇÃO RARA DE DIABETES INAUGURAL ……………………………………………………………………90 PENFIGOIDE BOLHOSO E NEOPLASIA BILIAR- ACASO OU CONSEQUÊNCIA? ……………………………………………………………………………………32 PERDA DE PESO & PERDA DE TEMPO …………………………………………………………………………………………………………………………………………..180 PERICARDITE AGUDA POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS METICILINO RESISTENTE (MRSA) – CASO CLÍNICO ………………………………….189 PERICARDITE RECORRENTE EM DOENTE COM BRONQUIECTASIAS ………………………………………………………………………………………………..41 PIODERMA GANGRENOSO ASSOCIADO A ARTRITE REUMATÓIDE – TRATAMENTO COM ADALIMUMAB ……………………………………..154 PNEUMONIA CRIPTOGÉNICA ORGANIZATIVA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO …………………………………………………………………..123 PNEUMONIA OU NÃO... EIS A QUESTÃO……………………………………………………………………………………………………………………………………….143 POLIARTRITE NODOSA NA SUA FORMA CUTÂNEA: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO ……………………………………………………………………………79 PORFIRIA CUTÂNEA TARDA – MANIFESTAÇÃO CUTÂNEA DE UMA DOENÇA SISTÉMICA ………………………………………………………………..85 POSTERS …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….………………….10 PROFILAXIA DAS ÚLCERAS DE STRESS – AUDITORIA NUM SERVIÇO DE MEDICINA – DOIS ANOS DEPOIS… ………………………………..164 PROFILAXIA DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO - A REALIDADE DE UM SERVIÇO DE MEDICINA DE UM HOSPITAL DISTRITAL ……..105 QUANDO O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO PARECEM AGRAVAR A DOENÇA ………………………………………………………………………………128 RADICULOPATIA COMO MANIFESTAÇÃO INICIAL DE MIELOMA MÚLTIPLO A IMUNOGLOBULINA A ………………………………………………66 REACÇÕES ADVERSAS A FÁRMACOS ( HIPERSSENSIBILIDADE TARDIA) …………………………………………………………………………………………..98 RELEVÂNCIA DA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA DE UM HOSPITAL DISTRITAL ……………..159 ROTURA DE ANEURISMA MICÓTICO INTRACRANIANO EM DOENTE COM ENDOCARDITE BACTERIANA POR STREPTOCOCCUS SALIVARIS …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….113 SARCOIDOSE - UM CASO CARACTERÍSTICO …………………………………………………………………………………………………………………………………….16 SARCOIDOSE: QUATRO FACES DE UMA MESMA DOENÇA. …………………………………………………………………………………………………………….15 SIADH EM DOENTE COM ANEURISMA GIGANTE DO SIFÃO CAROTÍDEO ………………………………………………………………………………………..91 SÍNCOPE - UM SINTOMA A VALORIZAR NO DOENTE IDOSO …………………………………………………………………………………………………………109 SINCOPE …………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………73 195 SÍNCOPE COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE EMBOLIA PULMONAR: UM SINTOMA ESQUECIDO ……………………………………….....146 SÍNDROME ANTI-FOSFOLIPÍDICA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………………………..184 SÍNDROME DE HEYDE - A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS ……………………………………………………………………………………………………….142 SÍNDROME DE RAMSAY HUNT ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………….58 SÍNDROME DE SOBRECARGA DE FERRO ………………………………………………………………………………………………………………………………………100 SÍNDROME FEBRIL- UM DESAFIO DIAGNÓSTICO ……………………………………………………………………………………………………………………………55 SÍNDROME MIELODISPLÁSICA EM DOENTE DE 48 ANOS ……………………………………………………………………………………………………………….65 SÍNDROME NEFRÓTICA EM JOVEM DE 27 ANOS …………………………………………………………………………………..……………………………………….54 SÍNDROME NEFRÓTICO EM DOENTE COM ARTRITE REUMATÓIDE: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO …………………………………………………157 SINDROME PAPULOPURPURICO EM LUVA E PEÚGA ………………………………………………………………………………………………………………………94 SINDROME PLATIPNEIA-ORTODEOXIA E FORAMEN OVAL PATENTE - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ………………………………….37 SÍNDROME STEVENS-JOHNSON: QUANDO O MAL VEM DA CURA ……………………………………………………………………………………………….177 SOBRECARGA DE FERRO E CIRROSE – QUAL O CONTRIBUTO DAS MUTAÇÕES DO GENE HFE? …………………………………………………….166 TOXIDERMIA AO ALOPURINOL - SÍNDROME DE DRESS …………………………………………………………………………………………………………………..22 TRANSMISSÃO E APRESENTAÇÃO RARAS DE UMA DOENÇA AINDA COMUM …………………………………………………………………………………52 TROMBOSE DA VEIA CENTRAL DA RETINA, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO …………………………………………………………………………..72 TROMBOSE DA VEIA PORTA: REVISÃO DA LITERATURA A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ……………………………………………………..134 TUBERCULOSE PERITONEAL ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………….74 TUBERCULOSE PLEURO-PULMONAR – UM CASO CLÍNICO …………………………………………………………………………………………………………..130 TUMOR DE CÉLULAS GERMINATIVAS NÃO SEMINOMATOSO: A PROPÓSITO DE UM CASO ……………………………………………………………68 TUMOR DE KRUKENBERG: UM TUMOR RARO DO OVÁRIO …………………………………………………………………………………………………………….75 UM CASO DE ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES EM DOENTE COM FEBRE SEM FOCO …………………………………………………………………….80 UM CASO DE MIASTENIA GRAVIS …………………………………………………………………………………………………………………………………………………..82 UM CASO DE PARAPLEGIA ASSOCIADA A CHOQUE SÉPTICO ………………………………………………………………………………………………………..119 UM DESGOSTO, UM CORAÇÃO PARTIDO... A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO …………………………………………………………………………..37 UM NÓDULO DIFÍCIL DE CARACTERIZAR ………………………………………………………………………………………………………………………………………..31 UMA CAUSA DE AFTAS RECORRENTES …………………………………………………………………………………………………………………………………………..84 UMA CAUSA INCOMUM DE SÍNDROME FEBRIL INDETERMINADA ………………………………………………………………………………………………..152 UMA CAUSA RARA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA ………………………………………………………………………………………………………………..147 VASCULITE LEUCOCITOCLÁSTICA CUTÂNEA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO ……………………………………………………………………….83 VIA VERDE AVC NO SERVIÇO DE URGÊNCIA …………………………………………………………………………………………………………………………………163 VIA VERDE CORONÁRIA NO SERVIÇO DE URGÊNCIA …………………………………………………………………………………………………………………….172 196