Editorial - AFAGO - Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia
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Editorial - AFAGO - Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia
BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA ANO VI N° 04 - JULHO - AGOSTO 2013 Editorial O Prêmio Afago de Literatura e os apêndices. Raimundo Nonato de Miranda Chaves O Prêmio Afago de Literatura, criado em 2010, por proposta do professor José Moreira de Souza que, desde então, é coordenador do projeto, tem como objetivo despertar, no estudante das escolas do município de Gouveia, o gosto pela literatura. São convidadas a participar do evento as escolas estaduais, localizadas na sede do município: Joviano, Aurélio Pires e Mata Machado; mais a E.E. Ciro Ribas de Vila Alexandre Mascarenhas, além das escolas municipais: João Baiano e Profa. Zezé Ribas, respectivamente, das comunidades de Camilinho e de Pedro Pereira. A última edição do Prêmio Afago realizou-se em maio de 2012 e a próxima realizar-se-á no dia quatro de outubro próximo. Os alunos concorrem ao prêmio apresentando criações literárias, na forma de crônica, artigo de opinião ou poema. As redações, sem limitação de número, devem ser encaminhadas à sede da Afago até o próximo quinze de setembro, onde serão submetidas a uma banca formada por profissionais de educação que selecionará os quinze melhores trabalhos. Aqueles selecionados serão defendidos por seus autores, em solenidade promovida em Gouveia, perante uma banca de intelectuais gouveianos que indicará quatro trabalhos para receber prêmios em dinheiro de mesmo valor. No gancho da educação registro acontecimentos recentes na área: a população estudantil rural diminui a cada ano. As famílias se transferem para a cidade e o meio rural torna-se um nicho de aposentados. A E.M. Francisco Dória, de Cuiabá, está sendo desativada por falta de alunos; não é possível manter professores em salas de aulas com meia dúzia de estudantes. A E.M.João Baiano, de Camilinho, nascida Escola Rural Mista de Camilinho foi criada pelo decreto No. 4057 De seis de dezembro de 1913, assinado pelo governador Julio Bueno Brandão e pelo Secretário dos Negócios do Interior Delfim Moreira da Costa Ribeiro. Então, a referida escola completará, ainda em 2013, um século de existência. Conforme a legislação vigente, à época de criação, o prédio escolar era responsabilidade da comunidade. Até 1940 as aulas eram ministradas em salas de residências: Inicialmente, na de Niquinho Miranda, sob as professoras Maria Amélia e Zenilia, ambas filhas de Niquinho. Em seguida, na residência da professora Maria Luiza, nora de Niquinho, esposa de Antonio Augusto (Tonico). Posteriormente, em dependência anexa à casa de Guilherme Miranda, sob a professora Zezé Baracho, onde, antes funcionara uma tenda de ferreiro. Ali ainda estava fincado um suporte que sustentava a bigorna, ao canto, a fornalha para aquecimento do ferro. Eu comecei nesta escola, então, com cinco anos. Em 1940 João Baiano construiu, auxiliado por Chiquinho e Antônio Teles, o prédio escolar, a escolinha como a considero, e iniciouse nova faze na educação em Camilinho, sob a professora Margarida Maria da Silva – Mestra Guidinha, contratada pela prefeitura de Diamantina por influencia de Juscelino Pio Fernandes – Coronel Sica. Assim ficam convidados todos os ex-alunos para soprar as velinhas do bolo de cem anos, em data a ser programada. A escolinha estava abandonada: portas e janelas quebradas, paredes em mau estado, telhado quase caindo. Formamos, então, um grupo de defensores da escolinha: diretora Adriana, vereador Sebastião Almeida e eu, com apoio da Secretaria Municipal de Educação, professora Maisa e do vice-prefeito Alfeu Augusto já temos autorização do Senhor prefeito municipal para iniciarmos as obras de recuperação. Seguindo a programação: a E.M. Niquinho Miranda, comunidade de Água Parada, será desativada e os alunos serão atendidos na escolinha, depois de recuperada. Tudo volta ao que era antes. A escolinha branca de janelas azuis atendendo as crianças do primeiro ciclo fundamental. Notícias & comentários www.afagouveia.org.br Comissão Mineira de Folclore Confiram nas Imagens que deslizam http://www.afagouveia.org.br/ ComissaoMineiraFolclore.htm Comissão Mineira de Folclore - CMFL - Links externos www.portalgouveia.com.br Notícias atualizadas de Gouveia. Atenção para a Kobufest 2013 http://www.caminhosdaserra.org.br/ Projetos, fotos e vídeos http://www.gouveia.mg.gov.br Site oficial da Prefeitura Municipal de Gouveia. http://radiokobufm.listen2myradio.com/ • • • • • • • • • • • • • • • Links Permanentes Boletim Informativo Museu Artes Populares Centro de Artes 64 Anos da CMFC Carranca 2004 Carranca 2005 Carranca 2006 Carranca 2012 Carranca 2013 Revista 46a. Semana Folclore Video Folder/Cartaz Coloquio/Exposição Instituto Amilcar Martins Conversas: Folclore e Educação Links Temporários Acesso a todas as edições do Boletim Informativo da AFAGO Manuel Miranda Homenageado Gonzaga Escultor de Mérito Escola de Camilinho 100 anos E. M. João Baiano Forró 2013 - Opiniões 05/07/2013 - Guido Araujo O Livro de Mensagens é um viveiro de assuntos. Alguns vicejam, outros murcham, mas mesmo em tempo de corrubiana se mantêm vivos. Um interessante foi colocado pelo presidente da Afago. Dr Raimundo Nonato postou comentário sobre a Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000, a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), e seu cumprimento pelo Município de Gouveia. A lei impõe controle de gastos a estados e municípios. Outra Lei Complementar, a lei Capiberibe, de número 131, de 27 de maio de 2009, determina prazos para apresentação de “ informações pormenorizadas sobre execução orçamentária e financeira”, em tempo real (isto é, Transparência). Estas leis têm por objetivo evitar gastos escusos e procuram dar transparência à administração do estado e do município, facilitando a fiscalização pelo cidadão. No caso de Gouveia, que está entre as cidades de até 50.000 habitantes, o prazo para cumprimento da lei expirou em maio deste ano. O prazo foi cumprido com a criação do sitio do Município, WWW.gouveia.mg.gov.br, onde entre outros tópicos apresenta o link do Portal da Transparência. Dr. Raimundo Nonato comenta o aplicativo utilizado por Gouveia e os relatórios apresentados, estes principalmente no aspecto transparência. Questiona a apresentação confusa dos dados, o que dificulta a compreensão por parte do cidadão. Em conclusão, Gouveia cumpriu a lei, mas descumpriu a transparência. O Prof. José Moreira de Souza, entusiasta da Gouveia, comenta a mensagem do Dr. Raimundo, dizendo-a importante para que o eleitor escolha candidato não só alfabetizado mas “habilitado ao cálculo. Não basta ler letras, é necessário ler números”. O sonho do nosso conterrâneo, (por que não de Gouveia), é ver o cidadão analisando os feitos da administração pública, Boletim Informativo da AFAGO página 2 Notícias & comentários isto é, politizado, com senso crítico, interessado, atento. Este sonho exasperou meu outro conterrâneo e colega Adilson Nascimento, argumentando que em Gouveia “as pessoas somente se interessam pela gestão pública em particular”. Isto é, “se é boa para mim... é boa” A cidade de Gouveia não difere de outras da mesma condição, cidade histórica de passado garimpeiro de minas exauridas, solo fraco, geografia acidentada, agricultura de subsistência. Isto é, economia fraca. Tem uma riqueza que não explora: sítios históricos e paisagens deslumbrantes, água pura, abundante, despencando em cachoeiras. Folclore rico em “artes” e “fazeres”. E ainda o essencial: um povo trabalhador, curioso, observador e inteligente. Raimundo Nonato, José Moreira e Adilson Nascimento apresentaram seus comentários cada um vendo Gouveia sob determinado ângulo. O primeiro cobrando o cumprimento de uma lei, que dará ao gouveiano instrumento para ser alerta, fiscalizar os políticos. O segundo, já antecipa um resultado viável, otimista, que advirá da situação de o cidadão ser instruído, politizado, e o terceiro constata uma situação que não é só de Gouveia, o quadro de que o povo precisa sair, evoluir. Todos estão de acordo, no fundo, que precisa ser extirpada a ignorância. Se não há educação, não adianta cumprir a lei de responsabilidade fiscal e da transparência. Onde os políticos corruptos buscam apoio para continuar no poder? No povo sem instrução. Adilson, a educação acabaria com esta paisagem. Estamos entrando numa fase diferente da conjuntura em que precisa haver DADOS e INSTRUMENTOS para análise, (o que atenderia ao Dr. Raimundo), de INSTRUÇÃO para se ter a capacidade de analisar e votar consciente, (o que atenderia aos sonhos do Prof. Moreira), e ANÁLISE dos dados para sair do estágio da “gestão pública em particular”, (que é o seu desejo e de todos os gouveianos). Só a educação será o remédio. 08/07/2013 - Gil Martins de Oliveira NÃO, AO BRASIL BANDIDO! SIM, AO BRASIL BANIDO! Somos uma nação que vai se construindo a trancos e barrancos. Diz-se que tudo que começa bem, tende a terminar bem. O grande problema nosso está, exatamente, nesse tal início. A América foi descoberta por acaso. Colombo, a serviço da Espanha, pensava ter chegado às Índias e, por isso, os selvagens encontrados na ilha receberam o nome de índios. Portugal, para não ficar para trás, monta uma grande esquadra que é entregue aos cuidados de Pedro Álvares Cabral, que sai em busca de novas terras, esbarrando por aqui em 22 de abril de 1500. Para evitar brigas entre os dois reinos, pois a Espanha havia chegado à América antes, inventaram uma linha imaginária, a que chamaram de Tratado de Tordesilhas. Terras à esquerda, descobertas ou a serem descobertas, para espanhóis, à direita para Portugal. De um lado, arrasaram a civilização Inca, do outro, importaram escravos negros e mandaram nossas riquezas para Portugal. Pois bem, apesar de sacramentar sua presença entre nós com um missa, além de missionários, vieram também pessoas de todo tipo, dentre as quais, muitas interessadas nas abundantes riquezas naturais, como madeiras de lei, já dizimadas por lá. Durante muito tempo, o pau-brasil foi a primeira vítima da ganância portuguesa. Mais tarde, com a introdução da cultura da cana de açúcar, percebendo que nossos índios não se submetiam ao trabalho escravo, buscaram mão de obra na África. E aí, começou o martírio da gente negra que, em fétidos porões de navios, era trazida por traficantes, para ser vendida aos senhores feudais. Nos arredores da casa grande, estabeleceuse a senzala. Nossa cultura política tem suas raízes fincadas na Casa Grande. O poder ficava nas mãos dos opressores, donos das terras e senhores dos escravos. Gente que se formava em terras portuguesas, trazendo cá uma mentalidade coimbrista. Passaram-se os anos e continuamos a respirar, ainda, os ares dos mandos e desmandos daqueles que chegam ao poder. Prevalece o espírito de oligarquia, das manipulações da Casa Grande (Judiciário, Executivo e Legislativo), gente que se arranja no poder, graças aos votos de uma maioria que, politicamente ignorante, continua oprimida, sem voz nem vez, nas modernas senzalas. Cadeia e leis duras são para preto e pobre. Para os outros, foro privilegiado. Na verdade, os livros de História, em que estudamos, nunca foram muito honestos no que se refere à importância da África para a construção da nossa brasilidade, nem com relação ao real significado da presença colonialista portuguesa em nossa pátria. Aquela fuga da família real para nossa terra, por exemplo, recebeu dos historiadores um título interessante: “Transmigração da família real para o Brasil”. Na realidade, Napoleão entrava pelos fundos e a Corte fugia pela frente. De repente, as nossas ruas foram tomadas pela presença de dois Brasis. Um gritando por ética, justiça, lisura, transporte público, segurança, saúde e educação e o outro, quebrando tudo o que via pela frente, ou seja, repetindo o que, na prática e camufladamente, já fazem milhares de políticos eleitos Brasil afora. Os piores bandidos de nossa terra não estão nos morros e favelas, pois, lá, o caveirão e o Bope entram e prendem ou matam. A classe mais abjeta de criminosos de nossa esbulhada pátria mora nas chamadas zonas sul ou nos tais poderes de Brasília, estados e municípios. Além do mais, somos manipulados pelos meios de comunicação que pregam a manutenção do status quo, — tempos atrás, no jornal da manhã, a Globo deu um relato dos custos de senador, deputado e vereador. Só para resumir, segundo a reportagem, cada senador custa, aos nossos bolsos, 33 milhões de Reais/ ano, ou seja, pagamos a eles 11 mil Reais por minuto “trabalhado?” (quantia essa para pagar salário por um ou dois dias de trabalho/semana, assessores – dentre os quais, muitos parentes –, passagens de avião, correio, plano de saúde, carro, apartamento, duas férias por ano, viagens ao exterior... e por aí vai.) Só que, “não se sabe a razão”, a notícia sumiu da pauta da emissora no decorrer do dia. O banditismo se revela nas vergonhosas assessorias, no nepotismo, nas mordomias palacianas e nos milionários e tradicionais rombos nos cofres públicos. Os franceses do chamado Terceiro Estado foram menos pacientes do que nós, por muito menos, tomaram a Bastilha, dizimaram os poderes do Clero e da Nobreza e desfraldaram a bandeira da Liberté, Égalité Fraternité. Eis que, mais do que depressa, o governo, vaiado em campo de futebol, e os políticos malhados como Judas nas manifestações, resolveram tomar atitudes de mudanças atabalhoadas, Boletim Informativo da AFAGO página 3 Notícias & comentários esquecendo-se de que quando se corta a ponta do iceberg, outra vem à tona. Nemo dat quod non habet, ninguém pode dar o que não tem. Na verdade, não dispomos de uma maioria de políticos eleitos identificados com o bem comum. Teriam esses, que aí estão, ética e coragem para cortar na própria carne? Pelo que se sabe, raposa não entra em galinheiro para dar proteção. É um beco sem saída? Não. Onde estariam as causas? Na minha modesta opinião, o ensino fundamental da criminalidade, da corrupção e do banditismo está na desestruturação familiar, causada pelos mais diversos motivos; nos pais que não percebem que seu filho está trazendo, da escola, coisas que não lhe pertencem; que dão mais costas do que colo aos filhos; que passam belos conselhos, mas não os praticam; que optam pela prevalência do material sobre os valores morais e espirituais; que deixam Deus do lado de fora; que ensinam aos filhos como “passar a perna” nos outros. As causas estão, também, na escola que prefere ocupar os alunos com conhecimentos, às vezes, inúteis para a sua vida, do que ensinar Educação Moral e Cívica; no professor que é condescendente com a cola em sala de aula ou prefere ser um “colega legal” do que referência de valores para seus alunos; nas igrejas que miram mais o bolso do que o coração dos fieis; nos maus motoristas que, mesmo na companhia dos filhos, infringem as leis do trânsito. Então, não sobra ninguém que preste no meio político? Claro que sim, pouquíssimos, dentre os quais, destaco Cristovam Buarque. O barulho que produzem, contudo, é abafado pela maioria indesejada. É bom nos lembrarmos de que os corruptos não nasceram na Praça dos Três Poderes, fomos nós que os mandamos para lá. Eles passaram, certamente, pelas nossas câmaras e prefeituras locais. A esperança por dias melhores está, certamente, na educação familiar, no cultivo dos valores morais e espirituais que só o berço proporciona. A escola é importante sim, mas ela trabalha com “o que” mandamos para lá. Que nossa meta seja, pois, sumir com esse BRASIL BANDIDO que está por aí e CONQUISTAR espaço para um BRASIL que foi BANIDO da dignidade e do respeito. Que Deus nos ajude. 11/07/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves Dr. Walmy Lessa Couto, advogado, esperto, dava nó em pingo d’água com uma mão nas costas, professor de História no Colégio Diamantinense; tinha um jeito muito especial de ministrar suas aulas. Durante cinquenta minutos, caminhando no corredor entre as fileiras de carteiras dos alunos, concentrado no relato do fato histórico, como se fizera uma viagem no tempo e, então, presenciando a ocorrência, ele a descrevia. Mão esquerda no bolso da calça e a direita segurando o cigarro. O cigarro era nosso marcador de tempo – relógio, naquela época, era suíço, mecânico e caro; hoje, chinês, eletrônico e barato, então, poucos o possuíam – quando o professor acendia o terceiro cigarro sabíamos que a aula estava no fim. Particularidade interessante é que o professor Dr. Walmy sempre encontrava um fato similar, conhecido pelos estudantes, de tal forma que a comparação entre o histórico e o atual despertava nossa atenção. Tentarei simular uma aula, ou parte dela, com a respectiva associação dos fatos: histórico e presente. Ano de 1914, o Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império austro-húngaro é assassinado. O poderoso império responsabiliza a Sérvia pelo crime – o assassino era sérvio ou, a Sérvia era a assassina? –, é a velha e conhecida história do lobo acusando o cordeiro de estar sujando sua água, quando ele mesmo estava bebendo a montante do cordeiro. Da suspeita, a acusação e a declaração de guerra: Império AustroHúngaro, apoiado pela Alemanha, contra a pequena e insignificante Sérvia. A poderosa Rússia tomou as dores da Sérvia. Será? Ou, decidiu proteger os estreitos entre o Mar Negro e o Mar Egeu que possibilitavam sua comunicação com o Mar Mediterrâneo, e, não era conveniente ter alemães por ali. A França tinha tratado de defesa mútua com a Rússia que a obrigaram a entrar em guerra e, pior, apoiada pelos ingleses que se julgavam os donos do mundo e não queriam a Alemanha muito próximo deles. Assim, uma questão menor levou à Primeira Guerra Mundial, com envolvimento do Japão e, mais tarde, dos Estados Unidos. Saltando algum trecho da história chegamos a 1916, dois anos depois de iniciado o conflito. Milhares e milhares de mortos de ambos os lados. Na Rússia: fome, as mulheres – os homens estavam nas trincheiras ou haviam morrido –, esposas ou viúvas de militares recebiam pequena pensão e, passavam a noite nas filas das padarias, se quisessem algum pão preto; as outras se prostituíam em troca de um pedaço de pão. A nobreza não! Continuava com suas reuniões festivas regadas com os melhores vinhos, as melhores carnes, pratos sofisticados e saborosos. O Czar, dito de todas as Russias, era o monarca absoluto que tudo podia; a Czarina, segundo as más línguas, se deitava com Rasputin, o mago. Príncipe Andrei protegido por militares, os mais fortes e mais bem treinados recebia seus convidados em carros luxuosos; que, saltavam deles e corriam para o interior do palácio fugindo da multidão de mulheres famintas e enfurecidas. No exercito, faltavam barracas, uniformes e comida, oficiais corruptos os vendiam. Era um caldo propicio para o germe da revolução. Ela veio e se instalou, com força total, em 1917; alterou o regime de governo que durou mais de setenta anos. Aqui, no Brasil – neste pais, como dizem alguns –, a nobreza de sangue é substituída pela nobreza funcional, os condes, duques, marqueses e similares são os congressistas, os governantes, os funcionários do alto escalão, os apadrinhados de toda sorte. O poderoso Czar, no momento gozando merecidas férias prêmio, mas contando tempo para voltar. A Czarina (des)governa. Troca os pés pelas mãos e sente a popularidade despencar. Rasputin? Bem, Rasputin, outrora muito forte, possivelmente candidato ao posto maior, caiu em desgraça e, deprimido, se mantém em off, aguardando o pior. São cem anos decorridos entre os fatos, portanto, não se deve esperar igualdade entre eles. Existem algumas discrepâncias: Boletim Informativo da AFAGO página 4 Notícias & comentários Na Rússia, falava-se, a boca miúda, que a czarina se deitava com Rasputin e, sempre, acompanhada de uma cortesã. A coisa era feita a três. Justifica-se: uma czarina não pode (an)dar sozinha. Aqui, trocam-se os gêneros: o pecador! Não a pecadora! A grande imprensa publica suspeita sobre o relacionamento do czar com Rose – sincope de Rosemary – . O czar Nicolau era primo do kaiser Guilherme, a czarina, de origem alemã, então, dizia-se que o casal real tinha lá seus pendores mais para o lado alemão do que para o lado russo. Aqui, o czar não tem laços de sangue, mas, laços ideológicos que o fazem pender para o boliviano Morales; o venezuelano Chavez que se vestia de vermelho, substituído pelo Maduro; e os respeitáveis irmãos Castros, lá da ilha de Cuba. Na Rússia, o medo demonstrado pela nobreza que saltava dos carros e corria para a proteção dos palácios, é similar ao medo dos poderosos que se protegem e a seus bens. Vejam, por exemplo, agencias bancarias – Agência Savassi do Banco do Brasil – toda tamponada com tapumes de madeira pintada de preto. Entrei na agencia e perguntei: por que vocês estão de luto? Não vai repetir o que aconteceu na Rússia do inicio do século passado, mas, tenho fé, que a coisa vai mudar. 15/07/2013 - Gil Martins de Oliveira NOS TEMPOS DO TRAQUE E DA TACA Impressionante como éramos livres em nossa infância, apesar da vigilância dos pais, principalmente da mamãe. Brincávamos por toda a Gouveia, além de perambular pelos campos das redondezas, à caça e apreensão de pássaros. Mas o que me impressiona, ainda hoje, acontecia ali, na Rua das Dores, quase em frente à Hulha Branca, onde ficava a casa de Tiano Fogueteiro e João Rola. Aquilo era um verdadeiro paiol de munições e fábrica de tudo quanto é tipo de bombas e fogos de artifício. Os de vara tinham muita aceitação, mas os que metiam medo eram as ronqueiras – pequenos, mas pesados tubos de ferro cheios de pólvora — que Tiano colocava junto ao famoso toco do mastro, em frente à casa de Antônio Miranda. Quando aquilo explodia, tremia todo o chão gouveiano e, durante bons segundos, a gente ouvia o ribombar dos ecos pelo Espinhaço afora. A fábrica se resumia à cozinha da casa, que devia ter uns 4 x 3 metros. O fogão a lenha, num canto, sempre ativo e, a não mais que 2 metros de distância, sobre uma mesa escurecida pelo tempo, as gamelas cheias de pólvora. Sem darmos conta do perigo, eu e meus irmãos íamos sempre ali. Fazer o quê? Tiano usava muita bucha de papel para socar, comprimindo a pólvora em seus artefatos, e aceitava trocar cadernos velhos por pólvora, o que para nós era um achado. Aprendemos a fazer traque. Cortávamos uma tira de papel de uns 15 cm de comprimento por 5 cm de largura, formávamos o início de um triângulo que era logo enchido com um pouco de pólvora e um pedaço de barbante, como pavio. Aí, era só ir dobrando, bem apertado, o tal triângulo, e passar um pouco de grude na parte final. Estava pronto o traque. Enchíamos os bolsos e saíamos pelas ruas assustando as pessoas com o pipocar das bombinhas que nem sempre correspondiam. Às vezes, produzia só um chiado e fazia fumaça... E daí? Tempos depois, tive notícia de que o telhado da casa foi pelos ares. Isso era mais do que previsível. CIPA nenhuma se aventuraria a entrar naquela cozinha. Ainda bem que não houve vítimas. De vez em quando, me vejo relembrando os graves riscos que corremos eu e meus irmãos, em nossa amada e livre Gouveia de então. Não era à toa que mamãe sempre conservava uma vara de marmelo dependurada junto ao fogão a lenha. Meus irmãos, Jayme, Romeu e eu, principalmente, experimentamos, não raramente, os dissabores da pedagogia da surra. E olha que ela não batia na gente por coisa à-toa! Era para desentortar o pepino mesmo. Se relutássemos em aceitar os valores e limites ensinados... não havia outra saída senão entrar na taca. Papai só ralhava, mamãe batia que chegasse para ele. Tudo isso, certamente, foi o verdadeiro ensino fundamental necessário para nos transformar nos seres humanos que, graças a Deus e aos nossos pais, somos hoje. 16/07/2013 - Nilson Pereira Machado Gil, é uma sensação tão confortante, ouvir (ler) suas estórias de nossa amada Gouveia, ao falar de traque e taca, me vi no pastinho do Sr. João Ribas, pegando Curió Papa Capim, eram horas e horas a esperar que o bichinho caísse no alçapão,me vi colhendo leite de gameleira para fazer visgo e tentar pegar Pássaro Preto, ou Melro na lavada rua do Carrapicho,que ali pousavam aos bandos, sempre acompanhados de rolinhas pedrês, o engraçado é que nunca matei uma rolinha pedrês,sentia uma certa compaixão, seu canto triste me entristecia também, só tico-tico, assanhaço, sabiá do peito roxo ou amarelo, bem-ti-vi e outros, me vi “roubando” jabuticabas no quintal de Dona Flora e a vara de marmelo, comendo solto nas minhas pernas secas e “empuerada” chegava a ficar “foveira” por falta de um creme hidratante que naquela época nem sei se existia. Não há melancolia mas uma saudade cortante. 24/07/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Placa colocada pelo DER-Departamento de Estradas de Rodagens. Ao fundo a Serra que, dizem, parece camelo,premiada no concurso: Paisagens Mineiras do jornal Estado de Minas. Mas a comunidade se chama Camilinho. Homenagem ao homem Camilo: simples, caipira e pobre, mesmo assim mais importante e digno de homenagem do que a montanha por mais imponente que seja. Do outro lado, do lado de Camilinho, a serra resplandecente, nem parece camelo. Boletim Informativo da AFAGO página 5 Notícias & comentários Recordações 14/08/2013 - Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro Guido, plenamente conscientizada de que Gouveia era uma só família, busquei no âmago do meu coração, tão somente OS NOSSOS VIZINHOS e os encontrei. Reconstituindo a minha história de vida, “revi” na família José Paulino, velhinho de abundantes cãs, como abundante era a sua integridade, a figura ímpar de D. Etelvina, dedicação de esposa e mãe. Em Maria Alice, filha do casal, senti em meu ser o mesmo carinho que ela devotava aos pais e à irmã, Maria Augusta. Em Zezé Paulino e Geraldo personifiquei a musicalidade que tornaram sonoros e doces os meus dias. Em Agnaldo e também Zezé tornou-se quase que visível a meus olhos anciãos a reunião festiva da família, quando os dois voltaram da Convocação feita para a revolução e por lá ficaram de prontidão, até que a mesma terminou. Era, ainda, muito criança e só, quando adulta, entendi o motivo da festa. Em Elias ecoou aos meus ouvidos o comentadíssimo casamento com a intelectual, vinda de fora, D. Élida, hoje, viúva, viva e muito lúcida, fazendo fluir a sua intelectualidade de sempre. Na família Sr Theódulo /D. Áurea, inesquecível o valor e elegância do chefe-pai, sempre de terno, ao lado da dedicação de D. Áurea aos filhos e a todos nós, que fazia seus filhos , também. Aí me encontrei, nesse momento com o Carinho. Em Doninha, mãe de Augusto, padrinho de batismo de meu irmão, João e outros filhos: José Maria, o maestro e instrumentista, José Antônio, instrumentista também, Nilda, Eutália, encontro a matrona, a quem todos respeitavam, inclusive a minha mãe. Doninha era a voz que se fazia ouvir e, quando nos via pelo gramado, brincando de pegador, à noite, mandava que fôssemos pra casa imediatamente. Nela, encontro, hoje, a Autoridade com Doçura. Em Aurélio Ribas/D. Margarida, casal encarregado de nossos registros de nascimento e de nos acarinhar ou repreender com brandura, quando na porta de sua casa ficávamos a jogar maré, pião e finco durante muito tempo, meu encontro é com a Saudade.Na abnegação e dignidade do Sr. Niquinho Abaeté/D. Carmelita, de cuja família enorme e linda saiu o meu cunhado, Fernando Elói , hoje , viúvo da minha irmã Vera, encontro a dignidade. Em João Ribas/D. Vitalina, cuja filha Yvone foi afilhada de batismo de minha mãe, me vejo, ainda hoje, cercada de carinho, além do fato de que D. Vitalina foi a professora de meu irmão Noel do 1º ao 4º anos primários, Neles, meu encontro agora e sempre será com a Proteção. Como me lembro de todos os ancestrais das famílias do casal! Em Titino Carvalho, o bom velhinho, inda sinto da neta, Nilda, minha colega, saudades mil. Nele, nesse instante encontro com o Respeito. Em Antenor Fonseca que trabalhava na Fábrica de São Roberto e D. Maria da Glória, me encontro, nesse minuto com o Trabalho. De D. Rita Trindade me vem à lembrança a carismática filha, Argentina, cujo apelido era Loura. Nesse momento, me encontro com a Bondade. Quanto às mães de Gouveia, elas não olhavam apenas seus filhos, mas os filhos de todas as mães. Nelas é sublime o meu atual encontro já que com o Amor Materno. Briguinhas politiqueiras sempre as houve e olhe que Gouveia não era, ainda, emancipada. A contragosto meu, em se tratando delas. me encontro com a Rivalidade. Por ser sempre companheira de minha mãe muitíssimo conhecida,estava ao lado dela em quaisquer situações e momentos, razão porque conheço muito a Gouveia de outrora, que, hoje, não pode me conhecer. Guido, já estou ficando muito prolixa. Pensou bem o que seria fazer a árvore genealógica das famílias da Gouveia de meu tempo? Não interessaria à Jovem Gouveia , porque para a juventude ficaria enfadonho ler sobre pessoas que, por não terem conhecido, não lhes foram queridas como o são, vivas ou mortas, para mim. Não farei a árvore genealógica. Porém. guarda-la –ei para sempre no baú das minhas mais ternas lembranças,hermeticamente trncado cujo nome é CORAÇÃO! 16/08/2013 - Adilson do Nascimento No melhor estilo Auxiliadora, também tenho as minhas lembranças e saudades dos amigos vizinhos que tive na vila operária da Fábrica São Roberto, desde os meus tempos de criança, até a minha vida adulta, quando de lá saí aos 30 anos de idade. Lembro muito claramente da família de José Nunes; de Sebastião de Aguiar; de Chico Vieira; de Pedro Baiano; de Antônio de Paula; de Antônio de Jota; de Tarcízio Saraiva; de Toninho Amorim; de José Santana; de Nazário dos Santos; de Toninho Eletricista; de Vavá Ponciano; de Eli Guimarães; de João Paneleiro; de José Gouveia; de José do Bateeiro; de José Maria de Assis; de José Elpídio; de Xanda; de Edgar Campista; de Osório Martins; de João Veloso; de José Viana; de José Casaca; de Tito Rodrigues; de José Cunha; de D. Inhá; de Antônio de Deus; de João Pintinho; de Raimunda Simões; de Oliveira Simões; de D’nana Rocha; de Antônio Germano; de Vivaldo Lélis; de Luiz de Paula; de Expedito de Paula; de Seu Guilherme da Reserva; de José Rocha; de Antônio Proto; de Antônio Ernesto; de Vicente Moura; de Geraldo Diniz; de Seu Washington; de Dr. Raimundo; de Elias Gomes; de Zé Lebreia; de Totonho Pedreiro; de Joselino; de Osvaldo Raimundão; de José Baiano; de Adelino; de Leôncio, Ampere e Oséias Nunes; de José Lima; de João de Pacífico. Embora lembre, não devo citar os nomes das esposas, nem dos filhos, alguns meus amigos de infância, para não tornar este texto uma novela. Uma coisa muito interessante que chamava a atenção em São Roberto, era a facilidade com que se destinava um apelido a uma pessoa, com base em alguma característica, e esse apelido se firmava para o resto da vida. Por exemplo: alguém com as pernas tortas tomava o apelido de alicate; os lábios inferiores salientes virava cinzeirinho; neguinho bom de bola virava pelé; originário do Serro virava paneleiro; moça com o rosto achatado virava bolacha; com as ancas largas virava carroção; mocinha “p’rá frente” virava espoleta; o cozinheiro, ainda que fosse um chef, virava lebreia. Hoje, muitas dessas alcunhas seriam consideradas ofensas e reprimidas até com um processo judicial. Boletim Informativo da AFAGO página 6 Notícias & comentários 17/08/2013 - Adilson do Nascimento Bastou postar a mensagem onde menciono os vizinhos da vila operária (que eram todos os moradores) para surgirem as polêmicas. Uma delas, e que eu pretendo dar curso, veio de um amigo que me disse que eu não mencionei as esposas, não por falta de espaço, mas por falta de memória. Então vamos lá: esposa de Zé Nunes, D. Jove; de Sebastião Aguiar, D. Alice; de Chico Vieira, D. Mundinha (minha sogra); de Pedro Baiano, D. Dorinha; de Antônio de Paula, D. Izabel; de Antônio de Jota, D. Rita; de Tarcízio Saraiva, D. Luiza; de Toninho Amorim, D. Lourdes; de José Santana, D. Eva; de Nazário, D. Geralda; de Toninho Eletricista, D. Augusta; de Vavá Ponciano, D. Amélia; de Eli Guimarães, D. Helena; de João Paneleiro, D. Maria de Vanju; de José Gouveia; D. Luiza; de José Maria de Assis, Zá; de José Elpídio, D. Maria Cunha; de Edgar Campista, Nininha; de Osório Martins, Vanju; de João Veloso, D. Zelinda; de José Casaca, D. Efigênia de Vanju; de Tito Rodrigues, Mariinha; de José Cunha, D. Sebastiana; de João Pintinho, Tiana Vieira; de Oliveira Simões, Adinha; de Vivaldo Lélis, D. Amélia; de Luiz de Paula, D. Istelita; de Expedito de Paula, Dina; de José Rocha, D. Maria Rocha; de Vicente Moura, Flor de Maio; de Geraldo Diniz, D. Terezinha; de Dr. Raimundo, D. Diva (apenas ele morou na vila); de Elias Gomes, D. Hélida; de Zé Lebreia, Maria; de Joselino, Marta; de Osvaldo Raimundão, Nazinha; de José Baiano, Chica; de Leôncio Nunes, Marta; de Ampere Nunes, Anita; de Oseias Nunes, D. Stael; de José Lima, Conceição Vieira; de João de Pacífico, Jocunda; de Joaquim de Paula, Gilda; de José do Bateeiro, Chica; de Antônio Ernesto, Maria Veloso; de Antônio Proto, Tuca. Ficou faltando o nome difícil da esposa de Totonho Pedreiro que eu realmente não lembro. Tá aí, Francisco, de boa memória, se me “apoquentar” eu dou os nomes dos filhos. Sociais 07/07/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves Casaram-se, ontem, seis de julho, às vinte e trinta horas: Ana Carolina e Ivan. Ana Carolina é bisneta de João Baiano, neta de João Zico, filha de João Lucas e irmã de João Hermano – haja João; sua mãe: Lucy é Cardoso Fagundes, de Gouveia, mas a origem é Ribeirão de Areia. Ivan, o felizardo, filho de Arlindo Ferreira dos Santos (in memorian) e Maria de Fátima dos Santos; residentes em Belo Horizonte, mas sertanejos de Montes Claros. 17/07/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves Manoel Luiz Ferreira de Miranda – Dr. Manoel Miranda –, diretor jurídico da Afago, receberá, no dia 26/ 07/2013, honrosa homenagem da Cooperativa Agropecuária de Jequitibá (MG): O prédio sede da Cooperativa, revitalizado, receberá seu nome. Manoel que foi grande produtor de leite neste município, proprietário da Fazenda Camilinho, exerceu a presidência da Cooperativa durante nove anos, três mandatos – 1993 a 2002; antes de assumir a presidência Manoel foi Diretor, no período: 1989 a 1993. Manoel em homenagem ao avô paterno: Manoel Pinto de Miranda – Niquinho Miranda –; Luiz em homenagem ao avô materno: Luiz Ferreira de Abreu. Filho de Antônio Augusto de Miranda – Tonico – e Maria LuIza Ferreira de Miranda. Ele, homem de excelente tino comercial organizou a maior venda de secos e molhados da comunidade; exerceu, também, atividade agropecuária em Camilinho. Ela, professora da Escola Rural de Camilinho e líder comunitária. Mulher forte e sensível, preocupada com a deficiência, melhor a inexistência, de serviço público de saúde no meio rural, assumiu a responsabilidade de ajudar a população necessitada da comunidade. Nesta missão ela atendia a todos, sem medir dificuldades. Portanto, Manoel, o neto, tem genes bons; colocou a letra “t” e tornou-se gente boa. Acrescenta-se à carga genética o fato de Manoel ter sido moldado em ambiente espartano. Ele e seis irmãos – Jair, o primeiro filho do casal faleceu na infância –, foram criados protegidos e com carinho, em ambiente de regras rígidas onde se exigia responsabilidade e dedicação, e, eles, todos eles, foram além das exigências, se superaram e se tornaram posteriormente exemplos, da geração seguinte. Não se pode falar de Manoel Luiz sem falar de Zélia, com quem ele se casou. Mulher determinada daquelas que se dedicam de corpo e alma quando são solicitadas. Difícil de descrever, melhor é ler: Ouça a Vida, de Zélia Miranda, publicado pela Imprensa Oficial de Minas Gerais, em 1984, excelente publicação, na qual ela descreve seu empenho em desenvolver a linguagem de uma pessoa com deficiência auditiva. Zélia é digna da sogra Maria Luiza e Manoel conviveu com as duas. O casal, Manoel e Zélia, geraram três filhos: Zuleica, Pedagoga, ensinou Linguagem Brasileira de Sinais LIBRAS, na UFMG. Hoje trabalha na Escola Estadual Francisco Salles; casada com Cleibe, são os pais de Cauã; Cristiano, casado com Luciana, cardiologista respeitado que, também, escreve bons artigos de orientação médica para o Boletim Informativo da Afago e Karina, noiva de Boletim Informativo da AFAGO página 7 Notícias & comentários Leonardo, braço direito do pai na empresa Contabilidade Miranda. Manoel Luiz nasceu em Camilinho, município de Gouveia, bebeu água de nascentes, no alto da Serra do Espinhaço, e nunca mais se esquece de lá. Adquiriu uma fazenda, em 1989, no município de Jequitibá, deu-lhe um nome novo: Fazenda Camilinho, homenagem a sua origem. De Camilinho, onde passou sua infância, transferiu-se com a mãe e os irmãos para Diamantina, todos eles tinham que continuar os estudos; o pai Tonico continuou em Camilinho à frente de seus negócios; sacrifício dos pais em beneficio dos filhos, mantendo duas residências nos períodos letivos. Férias, sempre em Camilinho: batendo bola de meia no gramado em frente da escola; explorando o pomar da avó Amélia, banho no córrego da Raiz, montando cavalo em pelo e tomando leite ao pé da vaca. Consequência: incremento do prazer pelas coisas do campo; crescimento do ruralista. A mãe, Maria Luiza, queria mais para seus filhos, eles deviam ir alem do curso secundário. Decidiu, com Tonico, enfrentar a grande cidade. Obstáculos quase intransponíveis. Sete filhos. Despesas crescendo. Receitas diminuindo: movimento do comercio varejista em Camilinho diminuía: Muitas famílias saindo do meio rural. Estrada Curvelo a Diamantina já oferecia facilidades para o deslocamento de gente e mercadorias, alternativas de negócios na cidade. A família não se intimidou, em 1954, instalou-se em Belo Horizonte. Os mais velhos estudando e trabalhando. Todos engajados na luta, freqüentaram faculdades e realizaram o sonho dos pais e os próprios. Manoel Luiz, continuando a saga dos Ferreira de Miranda, Contador e Advogado, fundou a empresa Contabilidade Miranda, atualmente em atividade; adquiriu propriedade rural em Jequitibá que denominou Fazenda Camilinho tornou-se grande produtor de leite. Competente, dinâmico, espírito de liderança, de fácil relacionamento sobressaiu entre os associados da Cooperativa Agropecuária de Jequitibá e se elegeu Diretor, um ano depois de se associar. Trabalhou como Diretor durante três anos e foi eleito Presidente, cargo que exerceu de 1993 até 2002. Durante sua gestão construiu o prédio principal da cooperativa que, agora remodelado, receberá seu nome, em solenidade a realizar-se no próximo dia 26 de julho, em Jequitibá. Manoel atuou como Conselheiro da CCPR/Itambé, Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais Ltda, de 1996 a 2002. Sócio fundador, membro do Conselho Fiscal e, agora, Diretor Jurídico da Afago – Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia. Detentor de diploma que lhe foi entregue pela Comissão Mineira de Folclore – CMFL por relevantes e desprendidos serviços prestados à entidade. Este é o Dr. Manoel Miranda, um vencedor e um exemplo a ser seguido. Boletim Informativo da AFAGO página 8 Notícias & comentários Palavras de Doutor Manoel Miranda pronunciadas na solenidade do dia 26/07/2013 Referência às as autoridades presentes, cooperados, administradores, colaboradores, senhoras e senhores. Quero fazer uma retrospectiva de nossa história com a cooperativa, culminando com a construção deste edifício sede e nossa convivência com a mesma, com os cooperados e com a comunidade. No período de fevereiro de 1990 a março de 2002, quando deixamos a presidência. Ao adquirir u m a propriedade rural neste município no ano de 1989 e ter iniciado meu contato com a cooperativa, constatando as necessidades desta, e, verificando que poderia ser útil ao seu desenvolvimento, aceitei o convite de nosso saudoso presidente Cinézio Dias Barbosa para participar com ele na administração, como diretor no período de fevereiro/1990 a março/1993. pós o termino do primeiro mandato como diretor, já em 1993, sendo Cinézio candidato a prefeito, indicou a minha pessoa para o cargo de presidente, iniciando ai minha jornada e minha responsabilidade maior com os destinos da cooperativa. Levantei suas prioridades e verifiquei que o maior desafio seria aglutinar todos os produtores do município em torno dela, com objetivo maior: “ o seu desenvolvimento”. Depois de várias visitas a produtores e mostrando que nossa administração seria apolítica e sim administrativa, conseguimos o retorno destes e de vários outros de municípios vizinhos que entregavam suas produções para outras cooperativas ou laticínios. Com isso conseguimos dobrar o volume de leite recebido e das vendas do armazém. Outra tarefa, e ai nos orientávamos pelo que determina o estatuto, foi implantar uma convivência social e harmoniosa dos produtores em torno da cooperativa para isto implantamos os torneios leiteiros, que se tornaram grandes eventos do município com uma festa no final para entrega dos prêmios aos vencedores e criamos, também, campeonatos de truco para os colaboradores das fazendas. Com tudo isto o movimento da cooperativa aumentou tanto que nosso espaço físico ficou pequeno para atender aos cooperados do município e de outros que a nós se juntaram. Foi quando nos vimos na obrigação de construir uma nova sede a altura da cooperativa, dos cooperados, e do município, que estavam ávidos por um supermercado; como já se mostrava solução comercial de outros centros. Iniciamos assim em 1996, com a cara e coragem, a construção de nossa sede e do supermercado, o primeiro da cidade de jequitibá. Não me esqueço do espanto dos transeuntes, quando deparavam com carretas de concreto usinado, que vinham de Sete Lagoas para encherem os tubulões da construção. Não posso esquecer do apoio e colaboração efetiva dos dois diretores que comigo estiveram durante todo este período o Senhor Edson Antonio da Silva e o Doutor Eduardo Rossi Zanforlin. Nossos agradecimentos a duas pessoas que muito nos ajudaram, quando nos víamos apertados financeiramente, e na iminência de paralisar a obra que foi o Doutor Souto Maior Filizola, pela ajuda fundamental na construção da laje da obra, que nos deu grande alivio. A outra pessoa e com nosso muito especial agradecimento em nome da cooperativa e de todos os cooperados é com nosso saudoso amigo e ex presidente da Itambé Doutor José Pereira Campos Filho, que faleceu recentemente, pelo apoio a nós dispensado e a quem recorríamos nas horas de necessidades. E que, aqui, nos honrou com sua presença no dia da inauguração desta casa em 11.09.1998. Finalizando, por tudo isto: nossos agradecimentos a Itambé pela honrosa presença do presidente do Conselho de Administração Doutor Jaques Gontijo, aqui representado pelo vice presidente Doutor Carlos Amorim. Aos diretores que comigo somaram esforços para construção desta casa. Aos colaboradores na pessoa do senhor Gerente e amigo Sergio Sader Dias – salientando que tudo foi possível pelo trabalho em equipe e pela harmonia e convivência de todos. E apoio dos cooperados. Finalmente agradecimento muito especial em meu nome e de meus familiares ao Senhor Presidente atual da cooperativa Doutor Auromar Jare Amador dos Santos pela honrosa homenagem a minha pessoa, em reinaugurar o prédio desta casa com meu nome, porque me fez sentir realizado e gratificado em ter sido útil aos cooperados e a comunidade. O meu muito obrigado. Boletim Informativo da AFAGO página 9 Notícias & comentários 03/08/2013 - Adilson do Nascimento Parabéns ao ALEX MENDES que ocupa toda a página 11 do jornal “Estado de Minas” de hoje, com referência à sua participação na ONG Caminhos da Serra que vem lutando para preservar os recursos naturais do nosso município. Você, Alex, apesar de “estrangeiro” é um exemplo para a comunidade gouveana. Há pessoas que nascem póstumas, o mundo gira devagar e elas já se encontram cem anos à frente. Gouveia tem em dona Zezé essa imagem. 08/08/2013 - José Moreira de Souza Hoje é dia de celebrarmos o CENTENÁRIO DE DONA ZEZÉ RIBAS, a moça dos colibris, diretora do Aurélio Pires, esposa do Efigênio, mãe de Luci, Luciano, Lucigênio e Lucíola, filha de Augusto Taioba e Dona Inhazinha Ribas. Que quiser dar algum depoimento sobre essa pessoa “elétrica”, como eu disse a ela, pode mandar para publicação no Boletim da Afago, até o dia 12 de agosto, segunda feira. Dona Zezé Ribas José Moreira de Souza Não sei por onde começar. Começo pelo fim. No dia 8 de agosto deste ano, atendo ao telefone. Era Lucíola para me lembrar que nesse dia sua mãe, Maria José Alves Gomes Pereira completaria 100 anos. Só isto. Em seguida, encaminhou-me o cartão reproduzido acima. Eu pedi que escrevessem depoimentos sobre a celebração do centenário. Não fui atendido. Escrevo este artigo para puxar a orelha dos filhos que não me atenderam e escrevo este artigo para lembrar aos gouveianos as principais mensagens que guardei dessa mulher valente, educadora, pioneira, nascida para a posteridade. Para começar pelo fim recuo à festa de Santo Antônio do ano de 1995 (?). Um senhor residente em Belo Horizonte, tomou a peito reunir os gouveianos ausentes no dia 13 de junho. Eu me comprometi. No final da tarde, após guardar as coisas no hotel Murungu, Adélia e eu subimos a avenida em direção à matriz. No percurso, paramos na farmácia para cumprimentar Efigênio. - Oi, Figênio! -Zé, eu estou muito preocupado. Zezé viajou para Belo Horizonte e até agora não deu notícia nenhuma. - Preocupação boba essa sua. As boas notícias andam a pé, as más andam a cavalo! Eu disse sempre pronto para negar maus presságios. Não valeu. Efigênio continuou preocupado. - Não, alguma coisa aconteceu. Zezé não faz isso. Após esse encontro, terminamos o percurso na igreja. Havia poucas pessoas. Em dado momento, uma pessoa cochichou para outra, e os fiéis se tornaram uns para os outros telefones sem fio. Boletim Informativo da AFAGO página 10 Notícias & comentários Finda a celebração, soube o pior. Zezé fora vítima de um acidente fatal quase na chegada a Belo Horizonte, na BR 040, no bairro Água Branca. Dirigimo-nos à casa de Efigênio. A sala estava cheia de gente. Geraldo Bitencourt, então prefeito, ofereceu todos os préstimos para viagem urgente. Não houve mais festa. No dia seguinte, a Gouveia se esvaziou para a despedida de Zezé, juntamente com sua neta, Fabrícia - e o futuro genro de sua filha Luci. Até hoje calculo orientado pelos “se”. Primeiro “se”. Se Zezé tivesse ouvido Efigênio? - Ei, Zezé, agora que todo mundo está vindo para Gouveia para a festa, você está indo embora? Outro “se”. Por que Zezé não seguiu a rotina de sempre? Tomar o ônibus em Gouveia diretamente até Belo Horizonte. Zezé correu atrás de seu destino. Papai do Céu a chamou e Efigênio percebeu e foi impotente. Primeiro, ir depois da festa de Santo Antônio; segundo, ir diretamente. Não. Zezé viajou antes da festa e desceu em Curvelo para aproveitar carona (xepa como se dizia em Gouveia) da neta e do namorado da neta – Fabrícia. Um caminhão desgovernado saltou a mureta e não deu nem tempo aos passageiros do automóvel saberem de que morreriam. Acordaram instantaneamente junto a São Pedro. Há mais um “se”. E se Zezé, ao invés de ir até Curvelo, dissesse à neta: - Já que vocês estão em Curvelo, por que não dão um pulinho até Gouveia? Efigênio tentou evitar tudo isso. O danado do homem foi um bruxo nesse dia. Primeiro, tentou convencer Zezé a não viajar. Perdeu na argumentação. Não se contentou com a despedida à porta do ônibus. Entrou também e acompanhou-a até a saída de Gouveia, onde desembarcou e retornou desconsolado e pressuroso. Entendam como quiserem. Há mistério em tudo isso. Muito mistério. Eu vi, eu acompanhei, eu assisti, testemunhei. Dona Zezé gostava muito de estar com os filhos em Belo Horizonte. A última vez que a visitei, ela comentou que sentia choques elétricos. - Então, eu tinha razão quando escrevi que você era a “professora elétrica do Aurélio Pires”. Imediatamente, ela corrigiu: - Não é essa eletricidade a que você referiu. Corrijo também, eram duas eletricidades. Uma mandava mensagens, profetizava, previa. Outra a fazia se movimentar irrequieta. Eu captei a segunda e Efigênio, a primeira. Não fui aluno de Dona Zezé. Quando ingressei no Grupo dos meus amores Escolar Aurélio Pires, Dona Zezé já era vice-diretora de Dona Adalgisa. Mas ela gostava de ir ter às salas, tão logo descobrisse alguma novidade para revelar aos alunos. Certo dia, entrou em nossa sala com um livro de histórias infantis. Totalmente novidade, as ilustrações eram móveis. Chamava-se Anselmo e Pretelmo. Ela se encantou e quis mostrar para todos nós a grande novidade. Hoje eu imagino Dona Zezé atualizada. Entrando numa sala de aula, com um desses PCs ultra-pós-modernos e mostrando às crianças como brincar com zootycoon, Pokémon, e toda essa parafernália que as encanta. No grupo, Zezé montou um museu para lembrar os cinquenta anos da Abolição; dispôs, no mesmo ambiente, recursos da mineração e das atividades econômicas em Gouveia – casulos do bicho-da-seda, turmalinas, topázios, cristais, instrumentos de tortura. No quintal, criou uma imitação de zoológico, com pequenos animais. Em casa criava tartarugas, cágados, peixes. Logo na entrada uma colmeia de abelhas mosquitinhas. Teatro? Foi a última grande animadora dessas atividades em Gouveia, apostando no brilho de Geraldo Bitencourt, Vicente e Maria Rita de Ávila, Edmar Miranda, e toda uma geração de antigos e novos. A encenação de “Lágrimas de Homem” será para sempre lembrada. Fixem bem “Lágrimas de Homem”. Efigênio guardou esta mensagem. Zezé não era desse mundo. Boletim Informativo da AFAGO página 11 Notícias & comentários 13/08/2013 - Adilson do Nascimento No dia 13 de agosto de 1924, portanto, há 89 anos, nascia em Minas Novas uma criança do sexo masculino que recebeu o nome de SERAFIM FERNANDES DE ARAÚJO. Aquele menino passou sua infância em Itamarandiba, cursando o ensino fundamental no Grupo Escolar Coronel Jonas Câmara. Estudou no Seminário de Diamantina formando-se em Humanidades em 1942 e em Filosofia em 1944. Foi estudar em Roma, na Itália, onde fez mestrado em Teologia e Direito Canônico na Pontifícia Universidade Gregoriana. Foi ordenado sacerdote em 12 de março de 1949, na Catedral de São João Latrão em Roma. Como continuou os seus estudos em Roma, até 1951, celebrou sua primeira missa em 17 de setembro de 1951, em Itamarandiba. Foi pároco de Gouveia de 1951 até 1957, quando foi transferido para Curvelo e elevado a Cônego. Foi ordenado Bispo por Dom José Newton de Almeida Baptista, Arcebispo de Diamantina, com 34 anos de idade (o mais novo bispo do Brasil), em 7 de maio de 1959 e transferido para Belo Horizonte, para ser auxiliar de Dom João de Resende Costa, a quem sucedeu como Arcebispo em 5 de fevereiro de 1986. Em 21 de fevereiro de 1998 recebeu o barrete cardinalício e o título de São Luís Maria Grignion de Montfort. Desde 28 de janeiro de 2004, quando contava 79 anos de idade, aposentou-se, sendo sucedido por Dom Walmor Oliveira de Azevedo. Desde então passou a ser Arcebispo Emérito de Belo Horizonte. Dom Serafim, nesta data tão especial para Vossa Eminência Reverendíssima, para seus familiares e para a comunidade católica gouveana, receba os fervorosos votos de saúde plena e de muita felicidade deste seu humilde coroinha da Capela da Fábrica São Roberto, cuja admiração pelo seu existir beira às raias da idolatria. Boletim Informativo da AFAGO página 12 Notícias & comentários Gonzaga: candidato ao Prêmio Nacional de Culturas Populares Raimundo Nonato de Miranda Chaves 11/08/2013 - Adélia Anis Raies de Souza A ilustre gouveiana Audrey Regina Carvalho de Oliveira, coordenadora da Magistra – Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores de Minas Gerais -,promoveu um grande encontro de aproximadamente 600 diretores das escolas públicas de Minas Gerais. Esta foi oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido por nossa conterrânea. Como diretora da Escola Estadual “Aarão Reis”,retornei bastante impressionada após participar intensamente do programa desenvolvido durante uma semana. Parabéns à Audrey, ao Albany, ao Ponteiro e Da Luz, e à Gouveia! Minas são muitas, quem afirma é Guimarães Rosa; Gerais, significa,também: amplitude, largueza, lonjura a se perder de vistas. Então minas gerais são muitas larguezas continuas e continuadas, formando este mundão de Deus, repleto de cidades espalhadas pelos montes e vales. São centenas de cidades, mais de oito centenas formando o Estado das Minas Gerais. São cidades grandes, pelo menos uma, muito grande: cheia de gente e de contradições; outras, são pequenas e até miúdas – Serra da Saudade tem apenas 807 moradores –; Algumas, parece, têm o nome maior do que a cidade: São Sebastião da Vargem Alegre ou Santa Bárbara do Monte Verde. De modo geral, têm nomes bonitos originários de línguas ou dialetos nativos: Aiuruoca, Aracitaba, Camanducaia, Cuparaque, Durandé, Ipuiuna, Jampruca, Taparuba e Tupaciguara. Há cidades dormitórios, cidades históricas e até cidades fantasmas. De muitas destas cidades, pequenas e, aparentemente, insignificantes têm surgido pessoas que se sobressaem em uma ou outra atividade e ocupam posição de destaque a nível do estado e do pais. Salientam-se nas artes, no esporte, na política ou na administração. Na opinião de Andréa Chaves são pontos fora da curva de freqüência da atividade. Estou me referindo a pessoas como: Ataulfo Alves, de Mirai; Vando, de Cajurí; Paula Fernandes, de Congonhas do Norte – ela se diz de Sete Lagoas –; Pelé, de Três Corações; José Maria Boletim Informativo da AFAGO página 13 Notícias & comentários Alkimin, de Bocaiúva; Cardeal Serafim Fernandes, de Minas Novas e Gonzaga de Ávila Silva, de Gouveia. — Opa! Quem é Gonzaga?? Agora, você vai saber: Gonzaga é escultor, entalhador e restaurador da melhor qualidade. Escultor de Mérito, julgamento do professor Moreira; candidato ao Prêmio Culturas Populares do Ministério da Cultura – MINC. Gonzaga foi apresentado ao MINC pela Afago, por obra e graça do ilustre professor José Moreira de Souza que, com empenho e competência, realizou diversas viagens a Gouveia onde entrevistou o artífice, recolheu material e elaborou o pacote para ser encaminhado ao MINC. O pacote com cópias de documentos pessoais, formulários preenchidos e mais dois DVDs; um deles, com cerca de 4,2 gigabytes de entrevistas e outro com fotos, apresentação em power point e mais entrevistas. Citado pacote foi endereçado ao MINC por correio tradicional e a Afago fez a apresentação do candidato ao Prêmio por correio eletrônico. Apresentação em power point, preparada pelo professor Moreira, encaminhada ao MINC, e, agora, disponibilizada para o internauta, contem textos que me permito transcrever porque são esclarecedores: 1. A propósito de Gonzaga ser escolhido pela Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia para representar este município no Prêmio Culturas Populares 2012/2013 tem a ver com a profunda vinculação de nossa associação – AFAGO – com a Comissão Mineira de Folclore. Com efeito a Comissão Mineira vivia um momento de quase extinção quando a Diretoria da AFAGO se dispôs a oferecer sua sede em Belo Horizonte para acolher a Comissão, dar-lhe assessoria jurídica e contábil, tudo isto sem qualquer custo. Uma das dificuldades resultava da extinção pelo Governo do Estado de Minas do Centro de Tradições Mineiras, tendo em vista a criação da Cidade Administrativa. A convivência estreita entre estas duas instituições motivou a escolha. 2. A escolha de Gonzaga leva em consideração alguns pontos fundamentais. Mostra-se a interface do saber popular com a questão da restauração de obras históricas e da permanência da cultura mineira em seu momento de esplendor, o século XVIII, o dos “Resíduos Seiscentistas” como o designou Affonso Ávila em obra consagrada . Gonzaga diz inspirar-se no Alejadinho. Porém, há que insistir que ele respira os ares do antigo Distrito Diamantino. Nasceu em “São Francisco do Parauna” – atual Costa Sena, distrito de Conceição do Mato Dentro. Costa Sena tem uma igreja tombada, com importantes obras do período “Barroco”. A decadência de Costa Sena fez com que os principais artífices migrassem para Gouveia – arraial contemporâneo de Paraúna – e dessem força à musica e às artes nessa localidade. Vale lembrar que os restos mortais de Bernardo Fonseca Lobo, o descobridor oficial dos diamantes , repousam na matriz de Santo Antonio de Gouveia; e também que a Capelinha das Dores construída na década de 1860 em Gouveia abriga o altar que pertenceu à Capela de Chica da Silva conforme registra Júnia Furtado em sua obra “Chica da Silva”. É nesse contexto que Gonzaga assume a figura de quase “sobrevivência” de um distante – atualizado Século XVIII. Restaurador popular e Criador. Sua presença é quase uma denuncia às políticas culturais de conservação do Patrimônio Histórico e Artístico. Vale frisar como esse artista é descoberto e apoiado pelo clero da Arquidiocese de Diamantina, para criar e restaurar obras na periferia dos monumentos não tombados. Boletim Informativo da AFAGO página 14 Notícias & comentários 3. Não vivo das obras que crio. Não tem jeito. Trabalho como empregado da Prefeitura de Gouveia no setor de obras, comecei varrendo rua, depois fui encarregado dos serviços de água, hoje estou no setor de obras. Aqui não tem jeito de viver só de arte.Tenho pouco tempo para desenvolver as obras. É só depois que chego do trabalho na Prefeitura. Preciso trabalhar para garantir o sustento familiar, mas ainda assim tenho dentro da minha comunidade e região apoio, reconhecimento e divulgação. Enfrento os problemas com muita persistência, foco, objetivo e vontade de vencer, pois amo a arte, que tem me acompanhado desde 1983. Tem trinta anos. 08/08/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves 24/07/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Dias: 19 a 22/08/2013 Realização: Semana Mineira de Folclore Local: UFMG – Fafich Programa: Roda de Conversa/ Apresentação de Tese de Doutorado/ Apresentação e autógrafo de livros/ Lançamento da Revista Comissão Mineira de Folclore No. 25/ Abrindo linha de pesquisa. Aquisição de Livros: Muitos livros, doados pelos associados e autores à CMFL, poderão ser adquiridos em ótimas condições. Veja tudo isto no site: www.Afagouveia.org.br/ ComissaoMineiraFolclore.htm. acalP Placa colocada pelo DER-Departamento de Estradas de Rodagens. Ao fundo a Serra que, dizem, parece camelo, premiada no concurso: Paisagens Mineiras do jornal Estado de Minas. Mas a comunidade se chama Camilinho. Homenagem ao homem Camilo: simples, caipira e pobre, mesmo assim mais importante e digno de homenagem do que a montanha por mais imponente que seja. Do outro lado, do lado de Camilinho, a serra resplandecente, nem parece camelo. Boletim Informativo da AFAGO página 15 Notícias & comentários Prêmio AFAGO 2013 Homenageia Escola Estadual “Joviano de Aguiar” A E.E. “Joviano de Aguiar”, código 024147, tipologia R035C3, situada à Rua dos Alves, nº 430, centro, Gouveia – MG, oferece a educação Básica: Ensino Fundamental do 6º ao 9º Ano, Educação de Jovens e Adultos (EJAs Fundamental e Médio), e Ensino Médio Regular, atendendo à demanda da localidade e povoados vizinhos. A seguir um breve histórico sobre a escola. Pelo decreto 11.341 de 15 de fevereiro de 1.968, publicado em 25 de setembro de 1.968 no governo do Dr. Israel Pinheiro da Silva, sendo Secretário da Educação Dr. José Maria Alkimin, foram criadas em Gouveia as Escolas Reunidas “Joviano de Aguiar” e instaladas em 25 de maio de 1.968, sendo transformadas em Grupo Escolar com o mesmo nome pelo Decreto 11.922 de 17 de junho de 1.968. Foi dado ao Grupo o nome de “Joviano de Aguiar” em homenagem ao avô do Dr. José Roberto de Aguiar, que, junto à CESE, trabalhou para sua construção. De acordo com a resolução 810/74 da Secretaria de Educação, publicado no Minas Gerais de 06 de julho de 1.974, a Escola passou a denominar-se Escola Estadual “Joviano de Aguiar” - 1º e 2º Graus. Obteve a autorização de funcionamento de 5ª e 6ª série, pela Resolução 1.270/75 de 11 de março de 1.975 e em 10 de fevereiro de 1.976, 7ª e 8ª série pela resolução 1.802/76. Foi criado nesta Escola, o ensino de 2º Grau, pelo decreto 25.677 de 13 de fevereiro de 1.986, com habilitação de Magistério de 1º Grau de forma gradativa. Com a Portaria 998/87, publicada no Minas de 11 de março de 1.987 foi autorizado o funcionamento de mais um curso profissionalizante e a escola passou a oferecer também o Curso Técnico em Contabilidade. Em 1.998 foi implantado na escola o Projeto “Acertando o Passo” – 5ª à 8ª séries, com a duração prevista para 04 anos. Com a conclusão da primeira turma do 4º Período do Projeto (8ª série), iniciou-se em 2.000 o Projeto “A Caminho da Cidadania”, abrangendo o Ensino Médio. Cada período do “Acertando o Passo” e “A Caminho da Cidadania” Tinha a duração de um semestre. Também, em 2.000, foi implantado o Pós Médio, contando com duas turmas, com funcionamento em um prédio separado da escola, por falta de salas disponíveis no mesmo. Em julho de 2.002, houve a conclusão da última turma do Projeto “A Caminho da Cidadania”. De 2.003 a 2.005, a escola passou a atender somente ao Ensino Fundamental (5ª à 8ª séries) e o Ensino Médio. Em 2.006 a escola começou a ofertar a Educação de Jovens e Adultos (EJA – Fundamental), em 2.008 EJA – Ensino Médio e em 2.009 o PEP EJA com habilitação de Técnico em Administração Empresarial concluindo o curso em julho de 2.011. Também, em 2.008, teve início na escola o Projeto PEAS (Programa de Educação Afetivo Sexual) e que funciona até o momento atual. No ano seguinte, 2.009, o GDP (Grupo de desenvolvimento Profissional) que também mantém o seu funcionamento. Nos anos de 2008, 2009, 2010 a Escola ofertou aos alunos dos 3º anos do Ensino Médio, o Aprofundamento de Estudos e em 2011 a oferta se estendeu aos alunos do 2º Ano. Neste ano de 2012 não foi possível oferecer o Aprofundamento de Estudos por falta de professores que atendessem as exigências legais, tais como: extensão de carga horária e professor excedente na Escola. Atualmente, a escola funciona com o Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano, Ensino Médio Regular, Educação de Jovens e Adultos – EJA Fundamental e Médio e os Projetos PEAS e GDP. A escola conta com um total de 70 funcionários: · · · · · · · · Diretor: 01 Vice-diretor: 03 Especialista em Educação Básica - EEB: 03 Secretária: 01 ATB:06 Professor para uso da biblioteca: 03 Professores da Educação Básica - PEB: 42 Auxiliares de Serviços Básicos - ASB:14 Totalizam-se na Escola 73 cargos: 01 de Diretor; 03 de Vices; 01 de Secretaria; 03 de Especialistas; 06 de ATB; 14 de ASB e 42 de PEB. Alguns professores ocupam 02 cargos. Do total de professores, 25 são efetivos / efetivados e 23 designados. 3º PRÊMIO AFAGO DE LITERATURA, CERIMÔNIA DE APRESENTAÇÃO E PREMIAÇÃO – DIA 4 DE OUTUBRO Data final para encaminhamento para banca de avaliação – 15 de setembro. Boletim Informativo da AFAGO página 16 A culpa foi da cerveja ARTIGOS Pércio Monteiro Prado Corria o mês de setembro, anunciando o princípio da estação das chuvas. No jardim em frente ao Hospital, já se notava o verde da grama e da primavera. Eu e a Dra. Valdene conversávamos ali, animadamente. Era uma conversa agradável, entre dois amigos, num final de tarde, que não prometia nenhuma surpresa. Valdene é o paradigma da ética médica. Da competência. Do bom relacionamento. Em animado bate-papo, falávamos sobre o ilustre cirurgião mineiro Dr. Antônio de Pádua Gandra Santiago. Pelas mãos deste mestre da cirurgia mineira, aprendi a segurar um bisturi. Foi também pelas suas mãos que fixei minha residência em Gouveia. Fui o primeiro médico que veio a Gouveia para trabalhar e aqui acabou plantando suas raízes e fazendo sua história. Aqui nasceram meus filhos. Aqui plantei árvores e amigos. Os filhos cresceram e o amor pela cidade foi crescendo junto com eles. Os filhos casaram... Vieram os netos... O barulho da criançada pela casa... Veio o outono de minha vida... Veio essa sensação de que Gouveia faz parte de mim e eu faço parte de Gouveia! Desculpe-me o leitor, por ter devaneado um pouco, mas eu estava mesmo falando de quê? Ah, sim, da conversa com minha amiga naquela tarde de setembro. Pois é... Eu e Valdene estávamos conversando quando chega até nós o Vininho da Fazenda. Ele chegou apressado, dirigindo uma camionete vermelha. Caminhou em nossa direção e foi logo falando: -Olha, Dr. Pércio, o caso é até simples. O homem está ali, deitado na carroceria da camionete. Está muito mal. Acho até que já está morto. Briga de facas. Se for o caso, isto é, se estiver morto, o senhor autoriza o enterro e nós o levamos para o cemitério do peixe. Naquela época, eu tinha uns trinta anos e tomava uma cervejinha aos sábado. Sem excessos. Mas o pior de tudo é que esse dia era sábado... Saí rápido para chegar até o local em que estava a camionete. Valdene vinha atrás e dizia: -Calma, Pércio, calma. Mas não dei ouvidos. Dei a volta e subi na traseira da camionete, pelo estribo. Olhei para o homem deitado, as roupas manchadas de sangue. Assim de relance, ele me pareceu pálido e sem vida. Sem me dar ao trabalho de examinar o homem, fui logo sentenciando: - Ah, o homem está morto. Podem levar para enterrar no cemitério do peixe. Mas diante da possibilidade de ser enterrado vivo, o paciente tirou forças não sei de onde, levantou a cabeça e sem hesitar foi logo dizendo: -Não, doutor, estou vivo. Fiquei meio sem graça. Pedi a Valdene para examinar o homem e cuidar do caso. Ferimentos leves. Pequenas suturas. Hoje o “morto-vivo”, que é conhecido por Zé Pescocinho, quando me vê na rua vai logo dizendo: -E aí, doutor! O senhor quase me mata, hein? Revisão: Maria Ivonete de Lima Ávila Jubileu de Cemitério do Peixe Raimundo Nonato de Miranda Chaves O Jubileu do Cemitério do Peixe realizou-se, neste ano de 2013, nos dias 15 a 18 de agosto; maior presença de público no sábado e no domingo, respectivamente, dias 17 e 18. Na tarde de sábado a tradicional chegada das cavalgadas: dezenas de cavaleiros e amazonas, em garbosas montarias, vindos de diversas origens. Os primeiros, de Gouveia: depois, os de Vila Alexendre em vistosas camisas de cor vermelha com textos alusivos ao acontecimento; Registro a presença, neste grupo, dos irmãos Ribas: Heraldo e doutor Haroldo, este, vice-presidente da Afago; o último grupo, vindo de Fechados, trouxe um berranteiro que demonstrou sua habilidade com o instrumento e recebeu aplausos calorosos da multidão. Adolescentes compuseram cada grupo, alguns, até muito jovens, demonstravam habilidades na condução das montarias – garantia de continuidade da tradição. Cada grupo, ao chegar, formava um bloco compacto, recebiam as boas vindas do padre Carvalhais e os aplausos do público; em seguida, saindo em fila indiana eram abençoados pelo padre, enquanto aspergia água benta sobre cada cavaleiro e sua montaria. Neste mesmo dia, à noitinha, celebração da eucaristia e hasteamento da bandeira de São Miguel, ao cantar dos foliões de Mestre Geraldo Gonçalves e ao repicar de sinos; muitos fogos de artifício e, ao lado, grande fogueira que iluminava e aquecia a noite fria. Domingo: Missa solene, celebrada pelo cônego Paulo Henrique e concelebrada por quatro outros sacerdotes; padre Carvalhais, padre Carlos Pinto e padre Itamar são os pilares que vêem sustentando o jubileu. A eles se juntou o padre Alessandro Pinto. Participação ativa, também, de grande número de ministros a distribuir a eucaristia para toda a multidão. Os cânticos sob a responsabilidade do Boletim Informativo da AFAGO página 17 ART IGOS coral do Terço dos Homens, paróquia Sagrada Família, de Curvelo, com letras sobre temas religiosos adaptadas a ícones da música sertaneja. O pregador, padre Carvalhais, fez importante reflexão sobre as dificuldades do homem do campo e o êxodo para a cidade em busca de melhores condições de vida. inicio do ano, o reverendíssimo cônego Paulo Nicolau de Almeida Neto do Prado Franco, lídimo representante da nobreza sergipana. Entrou o reverendíssimo cônego Paulo Henrique Soares, sertanejo de Curvelo. O pároco anterior não demonstrava interesse pelo jubileu do Cemitério do Peixe, enquanto, o atual compareceu e presidiu a solenidade de abertura do jubileu; compareceu, novamente, no dia do encerramento, celebrou a missa solene, às 11:00 horas de domingo. Cônego Paulo Henrique, administrador experiente, certamente trará contribuição positiva para a realização dos próximos jubileus. Valoriza e respeita a história e as tradições, no momento, ele já mostrou interesse na construção de um mausoléu em homenagem ao fundador do jubileu: Antonio Francisco Pinto, o Canequinha. Também, quer celebrar o centenário do jubileu, no ano de 2015. A segunda novidade: Exposição de belas fotos artísticas, tamanho A3, combinação de cores e luz captadas com maestria pelo fotografo Tom Alves. As fotos penduradas em cordas, na praça Canequinha, chamavam a atenção do público. Entre as fotos alguns textos sobre o Cemitério Interação povo x celebrantes: o casal João Guedes e Tereza foram convidados para a plataforma à frente da capela para receberem aplausos; eles haviam se casado, ali, há 58 anos; foram ovacionados ao som do tradicional cântico de parabéns. À tarde, do mesmo dia, a grande procissão com as imagens de Nossa Senhora e de São Miguel, quando a multidão cantando e rezando percorreu o contorno do lugarejo e, no final, se reuniu à frente da Capela ocupando toda a Praça Canequinha, onde os padres abençoaram os animais, as plantações, os objetos e finalmente o padre Carvalhais transmitiu a benção papal; agradeceu a presença e a participação de todos, anunciou, para o próximo ano, os mordomos do mastro: Neide Maria e Luiza de Oliveira e os festeiros: Luiz Rodrigues e Anita. Novidades? Sim! A primeira delas, conseqüência da mudança no comando da paróquia de Santo Antônio de Gouveia: Saiu, no do Peixe produzidos pela jornalista Carolina. Os dois jovens contaram com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Conceição do Mato Dentro, para a realização da exposição. Tom, muito gentil, trabalha na Petrobras, enclausurado durante duas semanas e durante as três seguintes Boletim Informativo da AFAGO página 18 ARTIGOS fotografa e expõe. Sua obsessão é o sertão! Sai por ai, fotografando as Gerais e as Minas também - fotógrafo da natureza. Os dois jovens: Tom e Carolina têm um projeto ambicioso: produzir um livro explorando doze temas selecionados. Cada tema com um representante símbolo, e, sobre este símbolo produzir a história: texto e fotos. Um tema já escolhido: Fé, com representante símbolo: Cotinha - a única moradora permanente no Cemitério do Peixe - as fotos e o texto conforme demonstrado naquela exposição. Outro tema: Escravatura. Eles estão procurando descendente de escravos para representante símbolo; terceiro tema: Garimpo. Sugiro, fortemente, o acesso ao site, para belas fotografias: www.tomalves.com.br A terceira novidade é Thiago. Antropólogo, ligado a Gouveia através de parentesco com a família proprietária da Confecção Txai: Antonio de Ladico e Sandra. Mestrando na Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF. Tema da dissertação: Religião – Rito Funerário; coleta de dados no Vale do Jequitinhonha. Projeto futuro: Doutorado, tema da tese: Cemitério do Peixe. Na oportunidade, revi muita gente e conheci tantas outras. Dentre elas dona Alair, melhor, dona Neném casada com Zé de Gasparino lá da outra banda do Parauna. Muito bem! Dona Neném, muito simpática, me pediu um jornal onde eu escrevera a história de Manoel Custódio – avô dela. Fiquei com cara de idiota, não me lembrava de Manoel Custódio, procurava descobrir com quem dona Neném estava me confundindo. Ela insistia. A ficha caiu: Manoel, lá, é Neco. Na cara de idiota, agora, o largo sorriso do escritor que, finalmente, encontrou alguém que lera seu artigo. Logo depois, conversava com os Rodrigues: Luiz e seu sobrinho Wilson. Luiz expôs sua mágoa, pois eu o havia caracterizado como caçador de onças, quando contei os causos do Genaro e, por causa disto, os órgãos de meio ambiente, os ecologistas, todos, o estão atormentando, querendo as onças de volta. Eu me corrijo: Luiz não matou a onça; ele entrou na loca de pedra, onde a gatinha havia se escondido quando acuada pelos cachorros. A onça acuada, Luiz se aproximando, ela partiu para o tudo ou nada e saltou sobre ele. Luiz tirou o corpo fora e com a coronha da espingarda pegou a bicha por baixo e, aproveitando, o impulso do salto, jogou a gatinha fora da toca. A onça estatelou nas lajes de pedra a cachorrada caiu em cima, ela deu uma tapa no focinho da cadela amarela, mais afoita, os outros recuaram, só um instante, mas o suficiente para a bicha se levantar e fugir. Portanto, a onça não morreu. Ecologistas cuidem-se ela anda pela Serra Talhada e não diferencia os humanos: ecologistas ou caçadores! Havia mais reclamações: o fim da história de Genaro que eu não contara. Pois é, eu não sabia! Genaro, depois de muitas peripécias, decidiu começar vida nova, caiu na braquiaria, foi dar com os costados no Estado de Mato Grosso, lá, mudou de lado, assentou praça, tornou-se policial. Como era conhecedor de todas as manhas, progrediu na carreira militar e acabou se tornando delegado de policia. Assim, termina o causo de Genaro, o redimido. Havia mais reclamações: o fim da história de Genaro que eu não contara. Pois é, eu não sabia! Genaro, depois de muitas peripécias, decidiu começar vida nova, caiu na braquiaria, foi dar com os costados no Estado de Mato Grosso, lá, mudou de lado, assentou praça, tornou-se policial. Como era conhecedor de todas as manhas, progrediu na carreira militar e acabou se tornando delegado de policia. Assim, termina o causo de Genaro, o redimido. Boletim Informativo da AFAGO página 19 ARTIGOS Tropas, tropeiros e outros babados Raimundo Nonato de Miranda Chaves Uma das atividades de João Baiano, no segundo terço do século passado, era o comercio de muares. Muar é resultado do cruzamento artificial de jumento com égua; hibrido de dois gêneros distintos – Asinus x Equus –, e, consequentemente, um animal estéril. O cruzamento de bovinos, animais de origem europeia, com animais de origem indiana (zebu) é outro caso: espécies diferentes, mas do mesmo gênero – Bos taurus x Bos indicus –, resultando animais férteis. Considero que o muar não é um produto natural, isto é, não é um produto da natureza. A natureza tem o objetivo primordial: manutenção e evolução da espécie. Ora, se o muar não tem a capacidade reprodutiva, então, é incapaz de, por si só, manter-se e evoluir. O muar é um animal destinado ao trabalho, transporte de cargas ou montaria e, no que diz respeito à força, resistência e rusticidade não há diferença entre machos e fêmeas, por isso, aqui, são denominados indistintamente: muar, burro, mula, besta. São animais rústicos e resistentes no sentido de suportar trabalho pesado durante muitos dias, o vigor hibrido os torna superiores aos pais. O muar transporta carga de oito a dez arrobas, diariamente, no percurso de quatro léguas, durante muitos dias. A viagem de Sabinópolis a Curvelo, apenas um exemplo, trazendo café e levando produtos industrializados, durava cerca de um mês. Viagem interessante, no percurso, três biomas distintos, começando na Mata Atlântica, atravessando Campos Rupestres do Espinhaço e chegando ao Cerrado; topografia, clima, flora e fauna, inclusive a humana, diferentes. Cada dia, diferente do anterior: novas paisagens, novas travessias de serras, de matas e de rios, também, novos perigos, mas a rotina diária era sempre a mesma. Ao romper do dia os animais já estavam amarrados às estacas fincadas à frente do rancho. Dois, em cada estaca. Sempre a mesma dupla, a mesma parelha, era costume referir-se à compra ou venda de uma estaca de mulas. Também, depois de carregadas, eram soltas seguindo sempre a mesma ordem. A tropa, sempre em fila indiana, cada animal tinha o seu lugar. Frescura? Não! As trilhas eram estreitas, ultrapassagem difícil, passagem de córregos, lajeados escorregadios; sempre possível, uma carga embaraçar a outra causando problema. À frente viajava a mula guia, geralmente, a mais forte, a mais bonita, com o peitoral de cincerros, badalando ao andar do animal; cabeçada, com passadores de níquel, brilhava ao sol, era polida, dia sim outro também; a carga coberta com couro de boi, dobrado ao meio, e colocado com a parte da frente bem alta, apoiado em sacos de paina, formando uma piranga; uma baeta vermelha era amarrada ao cambito – peça de madeira roliça que arrochava a carga e a amarrava no animal. Abílio Barreto, em A Noiva do Tropeiro, descreve o cantar dolente do tropeiro, saindo de Diamantina, que trocara a baeta vermelha por tecido preto: – a tropa vai pro norte/ o pei- toral não bateu/ a madrinha está de luto/ o dono dela morreu. O último, o burro de coice, o mais manso, o mais lerdo, leva, de um lado o balaio ou a bruaca de couro com o bem comerciável, do outro, a caixa de madeira com a tralha de cozinha: panelas, pratos e canecas esmaltados, talheres, trempe e poucos gêneros alimentícios. Elemento imprescindível na tropa era o cavalo madrinha. Um cavalo ou égua, muito manso, trazendo, um cincerro pendurado ao pescoço. Os burros sempre o seguiam, é uma questão instintiva, o muar sempre acompanha, diz-se que amadrinha com um equino, afinal ele nasceu de uma égua e a acompanhou enquanto jovem. A importância do cavalo madrinha se mostrava, principalmente, quando a tropa pernoitava em pastos sujos, com capoeira, e o tropeiro, dia ainda turvo, deveria juntar sua tropa. Então, ele se guiava mais pelo ouvido do que pela vista. Ouvindo o badalar do cincerro do cavalo madrinha ele o encontrava, montava-o, no pelo, e voltava para o rancho. A tropa o seguia. Cada parelha de bestas amarradas a uma estaca era cuidadosamente raspada, raspadeira de latão e escova de pelos, importante, para retirar qualquer corpo estranho do lombo do animal que poderia feri-lo quando pressionado pelo peso da carga. Em seguida, os animais eram arriados com a cangalha. Cada um tinha a cangalha que fora ajustada a seu tamanho. As cangalhas estavam dispostas em fila, uma encaixada na outra, seguindo a estrutura de pilha, isto é, a primeira a entrar era a ultima a sair. A tropa era arriada, começando com a madrinha. Observava-se, também, a distribuição do trabalho, enquanto um tropeiro cuidava dos animais o outro preparava o desjejum. Trempe de três peças articuladas: duas fincadas no chão de terra batida e a terceira formando a ponte entre elas. Nesta ponte, pequenas peças de arame grosso em forma de S e, neles, eram pendurados: o caldeirão, a cigana e a chaleira. Fogo aceso, chaleira com água quente, coava-se o café, em coador de pano colocado sobre improvisada forquilha de graveto; o caldeirão com feijão, cozido no dia anterior; na cigana fritava-se o toucinho, retirava-se o torresmo e fritava a carne seca ou linguiça; na mesma cigana, refogava o feijão retirado do caldeirão; depois, adicionava-se o torresmo e mais farinha de mandioca. Estava pronto o desjejum: feijão tropeiro. A importância do trabalho em dupla era visível na hora de carregar ou descarregar a tropa. Balaios ou bruacas de couro têm duas alças e, por elas, devem ser pendurados, ao mesmo tempo, nos cabeçotes do arção da cangalha, senão, a carga tomba para o lado mais pesado. Os tropeiros, homens fortes e bem dispostos, tocavam dois lotes de burros. E, se ajudavam, no pouso ou na estrada. Eram solidários. Viagens longas, era costume trabalharem até três pessoas: o tocador, o arrieiro e um cozinheiro, quase sempre um menor. É de pequenino que se torce o pepino. O final da jornada diária, também, tinha sua rotina. As cangalhas eram deixadas ao sol para secar o suadouro que, Boletim Informativo da AFAGO página 20 ARTIGOS depois de seco, era raspado com um sabugo de milho sapecado ao fogo. O suor do animal, se não fosse raspado, ia acumulando e formava uma crosta que feria o lombo do animal causando-lhe pisadura. Pisadura era um desastre, a viagem tinha que continuar e, o animal estava ferido; aquela pisadura, sob o peso da carga, cada vez aumentava mais. Cangalhas ao sol, cuidava-se de arraçoar a tropa. Usavam embornais de couro, com furos que permitiam a respiração, e colocavam neles coisa de um a dois litros de milho. Em seguida, os penduravam nas cabeças dos animais. O milho, fonte de carboidrato, fornecia a energia despendida. Era interessante aquele ruído de tantos animais comendo milho; quando a ração parecia terminar, o burro levantava o focinho acima da cabeça e fazia o último grão de milho escorregar para a boca. A capacidade de adaptação do burro é algo admirável. João Baiano tinha interesse especial em muares, era profundo conhecedor deste animal. O primeiro que ele adquiriu, em 1915, foi uma besta; não uma bezerra, como faziam quase todos. A bezerra era investimento de longo prazo A besta lhe dava retorno imediato, transportando e vendendo lenha em São Roberto. Na década de vinte foi tropeiro, no trecho: Sabinópolis Curvelo, com dois lotes, um deles só de bestas douradas, trabalhavam com ele o sobrinho José Hipólito e o irmão Hermano Chaves, este era o cozinheiro. Em vinte e oito, adquiriu a fazenda Camilinho e se dedicou à produção e ao comércio de bovinos, mas nunca se esqueceu dos muares, volta e meia andava ali pela região de Córregos, Tapera e Sapo, onde sempre adquiria tropa de muares chucros. Eram trinta a quarenta animais jovens, ainda com pelo na barriga, idade próxima dos dois anos. Comprava no atacado e vendia no varejo, mas agregava valores à sua tropa. Os animais chucros, recém chegados, eram colocados em pasto reservado para encorpar e, algum tempo depois, cuidava-se de domá-los. A besta mansa era mais valorizada e não faltavam compradores. O processo de amansar iniciava quando o animal fazia a primeira muda de dentes, aos dois e meio anos de idade. Na primeira muda são substituídos quatro dentes, da frente – incisivos? É pode ser –; na segunda, que ocorre aos três anos e meio são substituídos outros quatro e, finalmente, a terceira e ultima muda, aos quatro e meio anos. Os animais machos têm mais um dente isolado – canino? talvez –, denominado columinho que nasce aos cinco anos, correspondente à idade adulta. A partir dos cinco anos torna-se difícil saber a idade do animal pela observação dos dentes. A arcada dentaria diminui o abaulamento com a idade e os dentes ficam desgastados, mas afirmar a idade, com precisão, depende muito da experiência do observador, mesmo porque o desgaste dos dentes depende da região de pastagens. Pastagens em terrenos arenosos produzem maior desgaste. À época da doma, João Baiano fazia reunir a tropa e, ele mesmo, selecionava os que seriam destinados para montaria. Os demais seriam amansados para o transporte de cargas. Experiente e observador, tinha desenhado na ca- beça, o padrão da besta de sela: bonita, elegante, bom aprumo, canela fina, lombo reto, anca bem feita, orelhas grandes e entisoradas, isto é, com as pontas ligeiramente voltadas para dentro, olhar vivo indicando animal atento e ágil. Selecionado, o lote passava à responsabilidade do domador. O domador, algumas vezes, era trazido da região dos criatórios de muares, no município de Conceição do Mato Dentro; outras vezes, usava-se o domador local. O único que se prestava a exercer esta perigosa atividade era João de Neco Custódio. João, José, Pedro e Levindo eram os filhos de Neco Custódio e residiram, durante toda a vida, na localidade denominada Crioulos, nas cabeceiras do Rio da Capivara. João e Levindo eram muito parecidos, fisicamente e no comportamento. João pouco menor, mas o tamanho era compensado pela ousadia, era mais atrevido e mais brigão. José e Pedro eram diferentes dos outros irmãos. Explicar a semelhança é fácil. Viveram na mesma localidade, portanto, submetidos à ação do mesmo meio ambiente. Filhos do mesmo casal, portanto, tinham a carga genética da mesma origem. Mais difícil é explicar as diferenças, mas com alguma reflexão é possível chegar a uma justificativa razoável. Cargas genéticas vindas do mesmo casal não significa que são cargas genéticas iguais, aliás, é muito mais provável que sejam diferentes. A probabilidade de duas cargas genéticas absolutamente iguais é quase um infinitésimo. A carga genética, representada pelos pares de genes, são milhares deles em cada célula – cerca de 30 mil –; cada par de genes tem um componente originário da mãe e outro, do pai. Estes pares de genes estão agrupados em vinte e três pares de cromossomos. No processo de formação de células reprodutivas – meiose –, os cromossomos homólogos se separam e cada um deles é atraído para um pólo da célula que completa sua divisão em duas células haplóides – metade dos cromossomos – . Cada cromossomo vai para um pólo ou o outro de forma aleatória, assim se torna pouco provável que duas células reprodutivas tenham a mesma constituição genética. Eram dez horas de uma manhã de sol ameno de outono, a turma batia uma bola no gramado em frente à escola, quando, a professora Guidinha bateu palmas e anunciou: terminou o recreio, todos para dentro! O grupo se juntava formando a fila para entrada, alguém notou a ausência de Valmy. — Cadê Valmy? –, Jadir perguntou. — Está na casa de tia Zenilia, num viu! – respondeu Cosme, “Num viu”, era correspondente ao “entendeu?” usado por quase todos da família de Cosme. Antes de formarem a fila, Valmy chegou, excitado, entregou um embrulho à mestra Guidinha e se dirigiu para a fila, esfregando as mãos de contente, falou: — Tio João Baiano foi para o Paiol – retiro a coisa de meia légua de distancia –, com Antonio de Benedita e João Boletim Informativo da AFAGO página 21 ARTIGOS Custódio. Eles foram buscar a tropa para João Custódio amansar. peito, indicador apontando para João Baiano e fazendo círculos no ar, exclamou: — Hoje, quero vê-lo montar aquela mula preta de focinho vermelho – falou Edson, que conhecia a tropa. — Você é doido João! não tem homem que tira aquela Braúna de lá. Ele sabia o que falava. Tratava-se de uma árvore gigantesca e centenária. João Baiano não se assustou e respondeu até um pouco ríspido: — Não é focinho vermelho é embornal vermelho que se fala seu palhaço, – interferiu Haroldo. — Palhaço é a mãe – respondeu Edson, partindo para cima de Haroldo. A briga estava para começar e todos se afastaram porque os contendores eram os maiores da turma, mas a mestra percebendo a confusão, com autoridade, gritou — Silêncio, todos em fila! A briga foi evitada, mas a excitação era cava vez maior, a aula tinha que terminar antes da chegada da tropa. Todos queriam ver o desafio: homem x animal. Vencendo a resistência da Braúna No Paiol, João Baiano tomou café ralo, meio salobro, de garapa de cana ainda verde, cortada ali do quintal. Acendeu um cigarro de palha e se sentou na cabeceira do cocho, enquanto os piões juntavam a tropa no pasto da Marcela. Aquele cocho lhe trazia muitas recordações: Vinte anos antes, manhã igual aquela, ainda sob nevoeiro intenso que resistia ao calor do sol, só era dissipado depois de algumas horas. João Baiano, indiferente ao nevoeiro, recebia os trabalhadores e distribuía as tarefas do dia. Mandou os carreiros atrelarem dois ternos de bois aos dois carretões para trazerem madeira dos Tiros. — Carretão é um carro de bois, simples e primitivo, usado para transporte de troncos arrastados. Tiros é uma localidade na margem direita do Rio Parauna, pouco abaixo da Prata, ainda próximo das corredeiras do rio. João Baiano gostava de uma boa prosa, mas suas ordens eram, no estilo militar, diretas, curtas e sem explicação. –Tocam para os Tiros, eu vou também –, ordenou aos carreiros. Montou uma besta vermelha, muito grande e forte de nome Tangerina e seguiu atrás do último carro, a besta de passo, rédea solta no pescoço e ele, tranquilamente, enrolava um cigarro. Os carros eram puxados, cada um, por oito bois, pesados, fortes e muito bem treinados. Os carreiros, dois para cada carro eram: os irmãos José e Augusto Teodoro, que tocavam o da frente; João Pinto e Geraldo Rita, o outro. Niquinho Miranda, o sogro, notou a movimentação e o ruído produzido pelos carros em movimento, curioso, veio ao terreiro observar. João Baiano avistou o velho e se dirigiu para cumprimentá-lo. – Bom dia Seu Niquinho, vou buscar aquela Braúna lá dos Tiros. Niquinho, idoso, cabelos brancos raspados muito curto, olhos vermelhos, levou a mão trêmula à altura do — Eu tiro! Até logo Seu Niquinho. Esporeou a Tangerina, passou pelos carros e seguiu na marcha estradeira, orgulhoso de suas coisas: a besta, os carros, os bois e os homens que o serviam; ele havia conquistado o respeito de todos eles. Parou, pouco tempo, na Contagem, cumprimentou Guilherme Rosa e continuou a subida, no alto do Barro Preto, desviou de seu caminho para tomar café com Zé Dina, enquanto dava tempo aos carreiros de se aproximarem. João Baiano chegou aos Tiros; é o fim do mundo: ao sul as corredeiras intransponíveis, do Rio Paraúna, a leste e ao norte paredões de pedras. A única entrada e também saída é pelo oeste, então ali é o fim, não há como prosseguir, tem-se que retornar. Foi recebido por Manoel Saraiva que falou, com a voz cantada dos Saraivas: — O pau tá aí deitado! Quero ver se seus bois o arrastam. João Baiano ouviu o segundo desafio do dia e decidiu brincar com o velho Saraiva – Esta estaquinha aí, referindo-se ao enorme tronco de Braúna, não é peso para meus bois. Chegaram os carreiros, admiraram aquele tronco imenso de Braúna e logo iniciaram o trabalho de colocá-lo em posição. Com a parelha de bois de coice, usando alavancas de ferro e levas de madeira, rabearam o tronco por cima de roletes e o posicionaram com uma das pontas pouco elevada; fizeram pequeno rebaixo para permitir empurrar o carretão e arriar a tora sobre ele. Arrocharam com grossas correntes de ferro. Conseguiram vencer a primeira etapa; se refrescaram no regato próximo, lavando os braços e o rosto e se acomodaram em pedaços de troncos, perto do rancho, para o almoço, preparado por Manoel de Souza. João Baiano se sentou mais distante, entre alegre e preocupado com a empreitada, quando Manoel de Souza se aproximou trazendo um prato esmaltado com arroz e uma posta de carne. Todos pararam de comer e de conversar e o observavam. Era um pedaço de costela, pequena, sequinha, parecia saborosa. Ele, então perguntou: – Que diabo de carne é essa, Manoel? Todos riram e Manoel respondeu: — Sei não, Seu João! Manoel Saraiva saiu de manhãzinha com a espingarda e o cachorro e voltou com este bicho; falando que era uma leitoa que ele comprou numa venda ai na beira do rio. Todos riram e terminaram de apreciar a paca, aliás, muito bem preparada pelo habilidoso cozinheiro Manoel de Souza. Terminado aquele momento de descontração, era hora de voltar ao trabalho. Engataram dezesseis bois, já disse, grandes, fortes e muito bem treinados; carreiros posicionados à frente e atrás, de um lado Boletim Informativo da AFAGO página 22 ARTIGOS e de outro da fileira de bois. Tudo pronto, ouviu-se a voz de comando de José Teodoro: — Carrega Combate – era o boi de guia, amarelo, com dois chifres muito grandes e uma argola de ferro parafusada em um deles –, Combate iniciou a caminhada e os outros o seguiram. Primeiros metros, muito fácil, os bois estavam embolados, as correntes que ligavam uma junta de bois à outra quase no chão. De repente a coisa muda, as correntes retesaram, os bois sentiram o peso que deveriam puxar; era um momento difícil, vencer a inércia de inicio do movimento. Os bois responderam: cada um deles jogava o corpo para a frente, fincavam as unhas no terreno, às vezes chegavam a ajoelhar, a canga empurrando a giba para trás, o pescoço alongado, os canzis pressionavam as laterais do pescoço, as broxas dobravam as barbelas dos animais. Os carreiros sabiam que se não rompessem a inércia na primeira tentativa, a tarefa ficaria muito mais difícil; parecia que empurravam os bois, estimulando-os com o comando de voz, não com ferrão. Cada um gritava o nome do boi na sua área: —Carrega Sete Ouro! Vamos Rochedo! Sabiá! Sabiá! – Sabiá era treteiro –, carrega Canário! João Baiano, numa posição mais elevada do terreno, observava, sem participar diretamente, mas se sentia responsável por tudo aquilo e com pensamento positivo tão forte que parecia empurrar carro e bois, morro acima. De repente um ligeiro estalido, um pequeno baque da tora, as rodas do carretão, vagarosamente, se movimentando. Estava ganha a batalha. Ele sorriu. O conjunto se moveu devagar, passo de bois, as vezes parava para um fôlego; depois de algum tempo alcançaram o alto do Barro Preto, onde José Dina, curioso, aguardava. João Baiano chamou seus carreiros e ordenou: — João Pinto, você e Geraldo Rita separam seis dos seus bois e voltam para buscar o outro carretão, com madeira leve. José e Augusto Teodoro continuam com dez bois; para frente são decidas e baixadas. Eu vou à frente e espero vocês em casa. José Teodoro, não se esqueça, ao passar em frente a casa de Seu Niquinho, pára o carro e vá chamálo para ver a Braúna. Despediu-se de José Dina , esporeou a Tangerina e partiu. Estava calculando quantos homens foram necessários para colocar aquela tora sobre um estaleiro para ser serrada, quando, voltou daquela viagem no tempo, ao ouvir o tropel dos animais entrando no curral, acompanhados dos peões. João Baiano se levantou e, com orgulho, observava aquela tropa; Antônio de Benedita se aproximou e prestou contas: — estão todos aí, Seu João! São vinte e um com a égua madrinha –, e ele respondeu: — muito bem! Amarre sua mula, chame João e vão tomar café. Logo depois nós vamos embora. O domador Em Camilinho, terminada as aulas, a turma almoçou correndo, trocou o uniforme azul e branco, impaciente aguardava. A gritaria foi geral quando viram a tropa descendo o morro do outro lado do córrego e já à frente da casa de Pedro Dias; gritavam e corriam para o curral do tio João Baiano. Os maiores sentados na régua mais alta da cerca, assistiam de camarote; os menores espiavam entre a terceira e a quarta réguas, eram a galera. Os gritos serviram para alertar todos os desocupados e os ocupados também, que se encontravam nas vendas. Quando a tropa entrou no curral a plateia já estava posicionada para o espetáculo. João Custódio acompanhou João Baiano até a cozinha, tomaram água, depois, café com biscoitos e João Baiano repisou suas ordens: – você vai amansar as quatro bestas que lhe mostrei: a baia encerada, a preta com embornal vermelho, uma pelo de rato calçada e a andorinha; monta nelas aqui, as crianças e eu também quero ver; mais tarde, Antonio de Benedita vai ajudá-lo a levá-las para sua casa. Faça o trabalho com muito cuidado, não quero saber de animal com pisadura, com boca machucada, nem aguada por excesso de viagens; pago metade agora e metade quando receber as mulas mansas. Agora vamos ao trabalho que a turma está ansiosa. João Custódio entrou no curral, rodilha do laço na mão esquerda, laçada preparada, na direita. O espetáculo estava começando: copiavam a natureza, era o predador e a presa; João boleava o laço e se aproximava como uma leoa buscando a zebra mais vulnerável, ele procurava uma das bestas indicadas pelo patrão. As bestas são herbívoras e, portanto, são sempre caça, cuja defesa é a fuga, é o instinto selvagem; elas tentavam, mas como? de um lado o muro alto, de outro a cerca de réguas, na frente o predador com os olhos fixos e se aproximando; os animais inquietos se moviam, procuravam se esconder um atrás do outro e naquele vai e volta sempre alguns ficavam visíveis. João se aproximava buscando o animal certo; de repente, a besta baia levantou a cabeça, a distância era apropriada e João atirou uma laçada certeira. Puxou a corda fazendo com que a besta ficasse de frente para ele, ainda, como a leoa desprezou os demais que saíram para os lados e ele foi se aproximando, alternando a mão que segurava o laço, sempre atento, dava arrancos secos no laço quando a besta tentava lhe virar o traseiro; se ela conseguisse, certamente, lhe tomaria o laço ou, o que poderia ser pior, ao puxar o laço o animal se sentindo sufocado levantaria as patas dianteiras e poderia cair de costas com o risco de bater com a cabeça. João, habilidoso e ágil, tinha que se aproximar com rapidez; a besta estava sufocada pelo laço no pescoço que lhe dificultava a respiração: narinas dilatadas, boca aberta ela tentava respirar e a qualquer hora podia cair de exaustão ou saltar para frente sobre o predador. João conseguiu se aproximar o bastante para segurar Boletim Informativo da AFAGO página 23 a orelha da besta com a mão esquerda, soltar o laço e, com a direita na outra orelha ele, literalmente, se pendurou nas orelhas do animal que urrava e puxava para trás, com o focinho quase no chão; agora, já respirava e se recompondo, mais calmo, logo se entregava, era uma cena selvagem e todos apreciavam. João estava com o cabresto pendurado na cinta, retirava-o e colocava no animal; a primeira batalha estava ganha; com o cabresto era mais fácil manejar além de afastar o perigo de sufocar o animal. Depois de amarrado no esteio fincado no centro do curral. João que havia mostrado quem manda procurava, agora, ganhar a confiança e passava a mão sobre o pescoço, lombo, anca, sem se aproximar muito, sempre há o perigo de coice. O processo de arriar o animal começa pela rédea. O freio, peça fundamental do arreio da montaria, não é posto em animal chucro. Simula-se o freio com uma correia de couro cru, colocada na boca e amarrada no queixo do animal, prende as duas pontas da rédea. A rédea é, então, enrolada na orelha – parte sensível do animal –, e, ao mesmo tempo, funciona como um tapa-olho dificultando a visão lateral. Em seguida, uma manta e o lombilho. O lombilho é uma sela especial, construída de forma que a cabeça tem certa flexibilidade. Isto evita que se quebre no caso de o animal cair ou se deitar quando arriado. Tudo pronto. É hora do vamos ver. É a hora esperada por todos. João de Neco Custódio puxa o látego do cabresto que se solta do esteio e os dois contendores: homem e mula estão prontos para o desafio. A mula baia tenta fugir, João segura o cabresto, com firmeza e vai se aproximando, a mula afasta, João se aproxima, os dois rodeiam, um em volta do outro, até que ele consegue colocar o pé no estribo e, quase de um salto, monta a besta baia. A besta, assustada, tenta se desvencilhar de toda aquela carga e salta, e urra, e vai pra frente, esconde a cabeça entre as patas dianteiras e urra e refuga e salta de lado e salta no mesmo lugar e faz o possível para se livrar daquele incômodo. João grita tentando tirar coragem dos gritos e da tala que trás na mão direita e, com ela, bate no pescoço da baia. A plateia, excitada, aplaude, grita e estimula o domador. A besta tenta se proteger junto da tropa, a tropa foge daquela figura estranha ao seu meio, em baixo, reconhecem uma mula, mas, em cima, aquela coisa estranha. A tropa foge: encontra a cerca, volta e se mistura com a baia montada por João Custódio, ninguém mais sabe para onde fugir. Como dizem por lá: é um pan-de-pá naquela nuvem de poeira. É um espetáculo selvagem com exibição de força, agilidade e coragem. O homem, quase sempre vence. Ele é o agressor. Herbívoro nasceu caça, sua defesa é a fuga. Baixada a poeira, a besta toma um fôlego, está a ponto de ceder, tremula, quase exausta, João grita: —Pode abrir a porteira. A porteira aberta, a besta, em frente daquele amplo gramado, vislumbra condição de fuga e se reanima e se supera e arranca em desenfreada carreira, saltando e correndo, tenta desvencilhar daquela carga. O esforço é muito grande e ela, finalmente, pára, lá no alto da capela. A primeira lição do domador era montar e permanecer montado. Era demonstrar quem manda. Fazer com que o ani- mal se movimente para uma ou outra direção é parte importante do adestramento, mas é uma lição posterior. João, naquela circunstância, era incapaz de dirigir a baia, nem mesmo fazê-la voltar ao curral. Antônio de Benedita sai em socorro, montando um equino para amadrinhar a baia e trazê-la ao curral. O espetáculo continuou dia afora para alegria da meninada, tinha ainda três bestas para serem montadas. No final da tarde João levando, à frente, o cavalo madrinha e Antonio de Benedita tocando as quatro bestas, dirigiram-se para os Crioulos, a coisa se seis quilômetros dali. Nos próximos dias, João Custódio, diariamente, selava as quatro bestas de João Baiano, ora uma ora outra, e dava pequenas voltas pelos campos próximos. Cada dia aumentava a distância percorrida. Já fora à Contagem, ao Limoeiro e até ao Barro Preto, mas ansiava pelo dia de ir até Riacho dos Ventos, duas léguas distantes. A mula pelo de rato, calçada, rendia melhor no adestramento e era a mais mansa, já podia enfrentar a viagem. O que é melhor? Naquele dia João estava desinquieto, a saudade de Filó aumentava cada dia, sentou-se no banco de madeira ao lado do fogão de lenha, enquanto aguardava o saboroso café que sua mão estava coando. Pensava em Filó e reconstituía o primeiro encontro com ela. Algum tempo passado, ele ouvira, num boteco, comunidade do Crime, que Duquinha se casara com uma sertaneja morena, muito bonita, ali das bandas do Rio Cipó. Duquinha já passando de meia idade, era bruaqueiro, uma espécie de meio tropeiro que possuía poucos burros de carga e fazia transporte em pequenas distâncias. A cipoeira Filó, nome de batismo: Filomena, podia muito bem ser Gabriela porque tinha qualidades. A informação sobre o casal despertou a atenção de João Custódio que decidiu conferir, afinal, em voltando para os Crioulos teria que passar por Riacho dos Ventos, onde residiam Duquinha e Filó. Já no Riacho, João dirigiu a montaria e se aproximou da casinha, muito limpa, terreiro varrido, paredes caiadas, pequeno banquinho na frente da casa, foi recebido por seu Duquinha que o cumprimentou e convidou para apear e descansar-se. Não se fez de rogado, adentrou na pequena sala de terra batida, sentou-se no tamborete próximo da porta e pediu água. Duquinha lhe serviu, conversaram amenidades enquanto preparava, cada um, o seu cigarro de palha. João observava. Nada da cipoeira aparecer, mas seu santo era forte e Duqunha pede licença: —Tenho que arrumar umas cargas de rapadura que levarei, amanhã, para Gouveia. Você me desculpa; pode descansar à vontade. A casa é sua. É o costume da região, o povo é hospitaleiro. João Custódio, da posição em que se encontrava, vê Filó na bica d’água. Duquinha era jeitoso: construiu pequena barragem de pedras interceptando o riacho que corria da Serra do Piquizeiro e, dali, estreito canal fazia a água chegar à sua porta. Ao lado da casa cons- Boletim Informativo da AFAGO página 24 truiu pequena bica com apenas duas tabuas pregadas formando um V que despejava água à altura de um metro sobre a laje de pedra no fundo da fonte. Filó lavava algumas peças de roupa, a água batia na pedra e respingava em Filó que, para se proteger juntou a saia do vestido e prendeu entre as coxas, deixando à mostra bonito par de pernas: roliças e morenas. João gostou do que via, mas queria ver mais: acendeu o cigarro apagado na mão e se dirigiu, com aquele jeito despreocupado de quem não quer nada, e se posicionou a poucos metros, bem em frente da fonte. Filó, curvada para frente, decote generoso, peitos fartos, deixava à mostra aquele cofrinho formado entre os dois peitos. João fixou as vista ali com tamanha intensidade que Filó aprumou o corpo e instintivamente levou a mão para puxar o vestido e se proteger. Percebeu, então, que o vestido de tecido leve de algodão se molhara e colado a seu corpo deixava tudo à mostra. Não tendo como se proteger, ela sorriu. João gostou de ambos: a visão e o sorriso; diante daquela visão enlouquecedora, agora com o sorriso comprometedor de Filó, teve que se segurar para manter as aparências. Filó, já terminara o serviço, dirigiu-se para casa, descalça, nas pontas dos pés pisando sobre as lajes do caminho, andar sensual, aliás, tudo naquela mulher transpirava sensualidade. Entrou em casa, pelas portas do fundo, não sem antes se voltar e sorrir novamente. João, preso onde estava, decidido a não ir-se embora sem ver Filó novamente. Despertou-se com o chamado de Filó que falava da porta da sala: bem em frente a João Custódio. Conversaram, falaram da seca, falaram da vida. E Filó, com o discurso preparado deu a dica: — seu João venha tomar o café. —Duquinha! As pessoas andam falando da dona Filó e João Custódio. Você sabe disto? Filó, agora, cuidadosamente vestida, trazendo, numa mão um bule de café, na outra, um prato com três canecas grandes, aguardou que Duquinha e João se sentassem e lhes serviu o café. Colocou o prato e o bule sobre a pequena mesa no canto da sala, pegou a última caneca e sentou-se — Seu João, o Duquinha me falou que o senhor mora com seus pais e irmãos, numa casa cheia de gente. Eu moro, aqui, sozinha com Duquinha. Ele viaja, dorme fora de casa. Eu sempre peço para ele voltar no mesmo dia, e dengosa fala: mas ele não volta. Amanhã mesmo ele vai para Gouveia levar rapaduras. João entende a jogada, sabe que deve manter as aparências, mas amanhã ele voltará ao Riacho dos Ventos até a pé. — Pois é, dona Filó! Eu sei que é difícil para seu Duquinha, mas a distância é muito grande e com animais de carga não se pode correr. Tenho certeza que ele fica tão triste como a senhora. Como as pessoas são falsas, quando lhes convém. João conhece a máxima: fogo morro acima, água morro abaixo, mulher quando quer ninguém segura. Como as coisas deram certo naquele e no dia seguinte: João Custódio sabia, com antecedência, das viagens de Duquinha e, coração bondoso, estava sempre disponível para consolar a dona Filó. As idas e vindas dele foram observadas dando margens às fofocas. Duquinha, filósofo, não dava muita importância ao que ouvia. Certo dia num buteco lá no Crime, Barbosa, o dono, provocou: — Olha aqui seu Barbosa! O senhor está é com inveja de mim porque sua mulher é danada de feia e, também, o senhor fique sabendo que é melhor comer alcatra com os amigos do que comer carne de pescoço sozinho. Vivamus! Geraldo Augusto Silva Uma noite,um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas. Ele disse:- Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.Um é Mau,representado pela raiva,inveja,ciúme,tristeza,desgosto,cobiça,arrogância,pena de si mesmo,culpa,ressentimento,inferioridade,orgulho falso,superioridade e ego. O outro é Bom, representado pela alegria,fraternidade,paz,segurança,serenidade,humildade,bondade,benevolência,empatia, generosidade,verdade,compaixão e fé. O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô :- Qual lobo vence? O velho índio respondeu: “AQUELE QUE VOCÊ ALIMENTA!” —-Somos responsáveis por tudo que criamos,não culpe nada nem ninguém.As escolhas são de nossa inteira responsabilidade.É mais fácil passar para os outros a responsabilidade,mas as dificuldades vou enfrentá-las depois.Escolha os valores para seu total bem. O exercício da paz,alegria,bondade, Boletim Informativo da AFAGO página 25 Na mão de Deus 16/08/2013 - Hermes Nascimento da Silva Ontem faleceu em Gouveia a SANITA como era conhecida. À Sombra de um Cipreste. Senhor! Tu me tiraste a companheira. Deixando-me a sós pelo caminho, E nesta minha caminhada derradeira Terei de desviar das pedras sozinho. Não sei se cumprirei o meu destino Ou se terei forças para continuar, Pois ela guiou-me desde menino É ela quem me apoia no caminhar. Aos seus 106 anos era avó de minha esposa e da Leila Karla Cunha, que sempre deixa suas mensagens aqui neste livro. Ela era da cidade do Serro, mas já residia em Gouveia a muitos anos. 16/08/2013 - Adilson do Nascimento Meus sentidos pêsames para Cleuza, esposa de meu irmão Hermes, para Leila Karla e demais parentes, que perderam mais que a avó, uma árvore centenária que durante muitos anos foi o esteio firme de uma família sólida, construída à base do sacrifício, mas da religiosidade, do amor e da perseverança. 12/08/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves A Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia – AFAGO – apresenta condolências à família enlutada de Maria Geralda Brazil, a Didica de Hermano, sepultada, hoje, às 17:00 horas no Cemitério Parque da Colina. Didica, primogênita de Hermano e Rita Fernandes Chaves, casou-se com José Brazil. O casal gerou seis filhos: Efigênio (falecido), Evandro, Ely (falecido), Egleia, Elizabete e Eliane. Evandro participou do primeiro Conselho de Administração da Afago na posição de Diretor Educacional para Fins Ecológicos. Quatro irmãos de Didica são sócios fundadores da Afago: Ana Angélica, Antoinete, Efigênia e Geraldo Fabiano. Fabiano participou, por duas vezes, do Conselho de Administração da Afago. Sem Se preocupar com minha dor Tu arrancaste de mim a companheira 02/09/2013 Raimundo Nonato de Miranda Chaves Talvez queira ,que veja a vida verdadeira. Valmir Monteiro de Miranda faleceu, em dois de setembro, no Hospital Biocor em Belo Horizonte e seu corpo foi transladado para Presidente Juscelino onde foi sepultado. Talvez queira, que eu valorize o amor. Valmir era filho de Manoel Pinto de Miranda Filho, o tio Neneco e Que nesta vida um dia Tu me deste Rita Monteiro de Miranda residia na Fazenda Água Boa, município E hoje a venero á sombra de um cipreste. de Presidente Juscelino. Quando jovem compunha a turma de netos Nilson Pereira Machado, 19/09/13. de Niquinho Miranda, em Camilinho, onde freqüentava as aulas de Mestra Guidinha. Ali, juntos, corremos pelos campos, saboreamos as frutas do pomar do avô Niquinho e o pão de queijo quentinho, na boca do forno, da avó Amélia e da tia Doralice. Ali, juntos, jogamos truco, brincamos de pique, batemos bola de meia no gramado e nos banhamos no córrego da Raiz. Às vezes, até estudávamos. Com esses versos ouso agradecer, as mensagens de pêsames, pelo Valmir e Cosme, seu irmão, hospedavam-se na residência dos avós: passamento de minha esposa no ultimo Niquinho e Amélia e auxiliavam na lida da propriedade: bem cedinho, ordenhavam as poucas vacas, mais tarde, faziam queijos e, se faltavam dia 16/07/13 rapaduras, lá estava Valmir cavalgando a égua russa a movimentar o pequeno engenho de cana que era abastecido por Cosme. Agora, Valmir nos deixa e acompanha outros membros da equipe que já fizeram a grande viajem, ficamos sentidos e saudosos, mas aceitamos a morte como um processo natural. Apresentamos condolências à família enlutada. Á esposa, aos filhos e aos irmãos nossa mensagem de conforto, nesta hora difícil: Valmir foi um homem bom e terá, com certeza, a recompensa divina. Boletim Informativo da AFAGO página 26 Aniversariantes Parabéns! Outubro Setembro João Batista de Miranda - 02 – Cleuber Alves Monteiro Júnior – 05 Magda Maria Gomes Monteiro – 01 Douglas Estevão de Miranda - 06 Luiz Flávio Cardoso de Oliveira - 05 Silvia Aparecida de Ávila Lacerda - 08 Dáfnis Raies Moreira de Souza – 08 Maria Terezinha Santos – 07 Gisele de Miranda Abreu – 09 Manoel Luiz Ferreira de Miranda – 09 Neuber Rodrigo Pereira – 10 Jadir José Ferreira de Miranda – 11 Guilherme Oliveira de Miranda - 11 - Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro - 13 Clemilson Alves Monteiro – 15 Maria José de Miranda – 16 Roseno Sergio Cordeiro Matos – 13 Antônio de Fátima Miranda - 14 - Gilmar Miranda - 19 Luiz Machado Neto - 16 Denise Alda Machado - 19 - Jacqueline Stefanie Miranda - 20 Aguinaldo Antônio Rodrigues - 26 Rosemaire Aparecida das Dores Oliveira - 20 Maria Luiza Carvalho – 21 Zé Gato - 23 José Roberto Pedrosa - 29 Audrey Regina P. Carvalho Oliveira - 17 Ailton Nascimento Silva - irmão - 21 Raul Martins de Oliveira - 22 Laenne Oliveira Santos - 28 Terezinha Rosa Ferreira – 29 Geraldo Fabiano Chaves – 31 Aniversário do Milton Miranda e reunião de trabalho dos diretores da AFAGO. 1 de setembro. GOUVEIA 60 ANOS DE MUNICÍPIO Gouveia se prepara para celebrar sessenta anos de emancipação. Seria muito oportuno publicar uma obra para fixar essa data. Os membros da Afago já têm preparados originais que merecem publicação. Adilson do Nascimento discorre sobre a vila da Fábrica de São Roberto, Raimundo Nonato de Miranda Chaves, sobre a Zona Rural com destaque para Camilinho, Guido de Oliveira Araújo, sobre a atividade mineradora, Auxiliadora de Paula sobre memórias da infância e José Moreira de Souza, sobre um pouco do percurso histórico. Outros autores podem se somar a tempo. Quem se habilita a patrocinar essa publicação? Haverá interesse da Prefeitura Municipal? O convite está feito. Boletim Informativo da AFAGO página 27 Guardem bem: 3º PRÊMIO AFAGO DE LITERATURA, CERIMÔNIA DE APRESENTAÇÃO E PREMIAÇÃO – DIA 4 DE OUTUBRO Data final para encaminhamento para banca de avaliação – 15 de setembro. Instituição homenageada – Escola Estadual Joviano Aguiar. Criada pelo decreto 11.341 de 15 de fevereiro de 1.968, publicado em 25 de setembro de 1.968 no governo do Dr. Israel Pinheiro da Silva. Boletim da AFAGO Órgão Informativo da Associação do Filhos e Amigos de Gouveia Ano VI – N ° 4-13 - Julho - Agosto 2013. www.afagouveia.org.br Diretor Responsável – Raimundo Nonato de Miranda Chaves Editoração Gráfica: José Moreira de Souza Crédito das Fotos: Geraldo da Consolação Miranda, Raimundo Nonato de Miranda Chaves José Moreira de Souza. Diretoria da AFAGO Presidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas in Memoriam Presidente: Raimundo Nonato de Miranda Chaves Secretário: Guido de Oliveira Araújo Diretor de Finanças: Adilson Nascimento Patrocinadores: Diretores da AFAGO Comissão Editorial Guido de Oliveira Araújo. José Moreira de Souza Raimundo Nonato de Miranda Chaves IMPRESSO REMETENTE AFAGO - Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia Avenida Amazonas 115 - sala 1709 CEP: 30180 - 000 - BELO HORIZONTE - MG
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