Visualizar
Transcrição
Visualizar
A Perspectiva do Pós-Método e o ensino de Língua Inglesa Lais Karina Buchener – G (UNICENTRO/I) Resumo. O objetivo deste artigo é realizar um entendimento da condição do pósmétodo, proposta por Kumaravadivelu (2006), aliado à minha prática no estágio supervisionado no curso de Letras/ Inglês. Para tanto, buscarei relacionar os PCNs e as DCEB-PR para identificar as suas considerações para o ensino de língua inglesa conciliando com isso a perspectiva de Kumaravadivelu sobre língua, aprendizagem e ensino. Ao final, analisarei dentro da perspectiva do pós-método, a realidade do ensino a partir da prática do estágio supervisionado. Palavras chave: Pós-método, Ensino, Língua Inglesa; Abstract. The purpose of this article understands of the Post Method Condition, proposed by Kumaravadivelu (2006), and combined with my practice in supervised training in the Letters English. Therefore, I seek relate the PCNs and DCEB-PR to identify their considerations about the English language teaching conciliating with the Kumaravadivelu perspective on language, learning and teaching. At the end, I’ll analyze in the Post Method Perspective, the reality of the education from the supervised training. Keywords: Post Method, Teaching, English Language 1. Introdução Este artigo propõe uma reflexão acerca da perspectiva pós- método de Kumaravadivelu aliado à prática da vivência do estágio supervisionado no curso de licenciatura em Letras Inglês. Considerando-se essa nova perspectiva como embasamento para a construção dessa proposta, desenvolverei uma reflexão sobre o ensino de língua inglesa no ensino médio partindo das determinações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS) e das orientações das Diretrizes para o ensino de Línguas Estrangeiras Modernas do Estado do Paraná (DCEB-PR) a fim de traçar um percurso sobre as resoluções que estes documentos alocam para o ensino de inglês com relação à organização dos conteúdos e direcionamentos metodológicos que devem ser adotados pelos professores. Assim, se relaciona o que esses documentos debatem com a visão de Kumaravadivelu sobre a língua, aprendizado e ensino. Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 162 Inicialmente, o trabalho terá como base a vivencia do estágio, desde o momento dos primeiros estudos sobre as recomendações dos PCNs e DCEB-PR associado à Kumaravadivelu. Em um segundo momento, adotarei as considerações de Kumaravadivelu a respeito da condição do pós-método e o que esta recomenda para o ensino de língua em um cenário que passou por diversas modificações e que carece de uma atenção especial de contextos e necessidades para o ensino e aprendizagem de língua estrangeira. Por último, adicionarei a minha conclusão após a vivência do estágio supervisionado e como a condição do pós-método influencia o ensino de língua a partir dessa nova perspectiva. Dessa forma, o presente artigo se estruturará da seguinte forma: II. PCNs, DCEBPR e Pós- Método: instruções para o ensino de Língua Inglesa; III. Pós- Método: definição por Kumaravadivel; IV. Conclusão 2. PCNs, DCEB-PR e KUMARAVADIVELU: instruções para o ensino de Língua Inglesa Neste primeiro momento, relato as instruções que foram utilizadas como base para entender o que é pedido por parte dos documentos educacionais que norteiam os princípios a serem adotados pelos professores na construção de suas aulas e nas atitudes necessárias para se nortear o ensino de língua estrangeira. Durante a fase do estágio supervisionado foi estudada, além desses documentos (PCNs e DCEB-PR), a perspectiva de Kumaravadivelu (2006) sobre língua, aprendizagem e ensino. Nesse momento o artigo apresenta os fundamentos que estruturaram a construção dos planos de aulas e das ações necessárias para o ensino de línguas dentro da disciplina de grande importância na graduação: o estágio. Para desenvolver um ensino eficiente o professor necessita conciliar conceitos e teorias para que seja possível o desenvolvimento de atividades e, o primordial, que essas atividades sejam adequadas às demandas de cada turma, que muitas vezes, se alteram dependendo das verdadeiras necessidades de cada aluno. Para que o professor desenvolva seu trabalho ele tem como fundamentação os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que é um documento que norteia a educação no Brasil. Nesse documento o professor tem acesso à organização curricular brasileira e o acesso aos Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 163 direcionamentos relativos à vivência escolar. Outro documento que norteia a educação no Brasil são os PCNs. Eles abordam todos os aspectos relevantes no ensino da Língua Estrangeira citando as contribuições de uma educação voltada aos interesses dos alunos, como, por exemplo, a expansão das habilidades comunicativas e ampliação cultural, compreensão das diferentes formas de comunicação e da variabilidade dialetal, adequação linguística de acordo com o ambiente em que está inserido. Segundo os PCNs (1999), para que haja uma aprendizagem significativa é necessário o desenvolvimento da competência comunicativa cujos componentes estão interligados. Esses quatro elementos são: o componente gramatical, discursivo, sociolinguístico e o componente estratégico. Essa orientação dos PCNs estabelece uma conexão com a descrição de Kumaravadivelu a respeito dos três pontos para o ensino e aprendizagem de uma língua: a língua como sistema, a língua como discurso e a como ideologia. O componente gramatical está ligado ao que Kumaravadivelu descreve como a língua como sistema, o domínio do código linguístico. O componente sociolinguístico tem a ver com a maneira como os enunciados são produzidos e compreendidos em diferentes situações sociais, contextualizadas em fatores como o nível social dos falantes, os propósitos da interação, a relação que o sujeito possui com o seu interlocutor. Além de que, trabalhar com o componente sociolinguístico em sala de aula acaba aproximando os estudantes, não apenas da língua que está sendo ensinada, mas também da cultura do povo que a utiliza. Por esse motivo esses componentes descritos nos PCNs podem fazer ligação direta tanto com o que Kumaravadivelu chama de língua como discurso e língua como ideologia. O componente discursivo faz ligação direta com a língua como discurso. Já o componente estratégico é a união de todos os outros componentes descritos no documento oficial dos Parâmetros Curriculares para que o aluno consiga atingir a competência linguística na língua estrangeira quando um dos outros componentes ainda não estiver bem trabalhado. Além dos PCNs, os professores do estado do Paraná contam com as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Paraná (DCEB-PR) que mantém a mesma estrutura do documento citado anteriormente, mas que é de destinado aos professores desse estado. Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 164 As DCEB-PR foram estabelecidas no ano de 2009, por professores da rede estadual. Durante o seu planejamento buscou-se a perspectiva “do professor como sujeito epistêmico e da escola como principal lugar do processo de discussão”. (DCEB-PR, 2008, p. 07). Além disso, elas tem como objetivo guiar o trabalho do professor na sala de aula. Conforme consta no próprio documento: Estas Diretrizes propõem redirecionar o ensino de Língua Estrangeira Moderna nas escolas da Rede Pública Estadual do Paraná. O trabalho com a Língua Estrangeira em sala de aula parte do entendimento do papel das línguas na sociedade como mais do que meros instrumentos de acesso à informação: as línguas estrangeiras são possibilidades de conhecer, expressar e transformar modos de entender o mundo e de construir significados (DCEB-PR, p. 63). Analisando as DCEB-PR, percebe-se a recomendação de que o aluno deve entrar em contato com a língua estrangeira de diferentes formas, e não apenas com modelos gramaticais tradicionalmente conhecidos, mas que, por meio da leitura, oralidade e escrita, o aluno tenha possibilidade de interação com situações reais de fala e escrita, compreendendo e produzindo significados com os mais variados gêneros. Em teoria, essa prática deveria ser assim, mas no exercício diário, muitas vezes, isso não é frequente. Analisando as aulas de Língua Inglesa é nítido que as elas são voltadas mais para o comportamento dos estudantes: há salas em que é possível se trabalhar com modelos diferenciados e, em outras, é preciso que se adote uma estratégia para se manter a ordem nas classes. O objetivo do ensino de uma língua estrangeira, como referencia o documento, é oferecer ao estudante uma visão plural, fazendo com que a língua estrangeira não seja apenas uma disciplina que reproduz uma cultura dominante (PARANÁ, 2008, p.24). Sendo assim, os professores devem deixar claro ao aluno que existem também variações da língua alvo e que estas variações, embora minoritárias, não são incorretas. A partir dessas recomendações, podemos vinculá-las ao que Kumaravalivelu (2006, p. 4- 16) discorre sobre o ensino /aprendizagem de uma língua que, para ele, parte de três pontos fundamentais, que são: a língua como sistema, a língua como discurso e a língua como ideologia. Segundo ele, a língua como sistema envolverá questões como o sistema fonológico que está ligado com os padrões de som, o sistema sintático que é Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 165 composto por regras gramaticais. O terceiro princípio é o semântico que envolve o significado das palavras e a noção de competência linguística como um elemento próprio da linguagem. A língua como discurso, para Kumaravalivelu (2006, p. 7 a 11), está ligada à comunicação, sobretudo nas características coesivas, atentando-se ao fato das regras de uso apropriadas ao contexto comunicativo em que se está. O foco aqui é uma unidade ligada e contextualizada do uso da língua. Ao trazer alguns conceitos de Chomsky e Halliday, relacionados ao idioma em contextos sociais, a aprendizagem da língua-alvo, Kumaravadivelu atenta que Halliday, trabalha com a língua “funcionada” dentro da sociedade e de suas interações, ao contrário de Chomsky que averiguava a língua como algo interno, intrínseca ao ser humano, ao aluno. Halliday (HALLIDAY, 1973, apud KUMARAVADIVELU, 2006, p. 08), a partir de uma perspectiva funcional descreve três meta/ macrofunções para um idioma, que seriam: o ideacional, o interpessoal e o textual. A função ideacional representa o significando potencial do indivíduo e relaciona-se com a expressão e experiência dos conceitos, processos e objetos que regem os fenômenos físicos e naturais do mundo ao redor. A interpessoal lida com as relações pessoais do indivíduo com as pessoas. E a última função, a textual, refere-se as realizações linguísticas das funções ideacional e interpessoal que permitem ao indivíduo construir textos coerentes, de forma oral ou escrita. O terceiro ponto que Kumaravadivelu destaca no ensino aprendizagem de um idioma é a linguagem como ideologia, ligada à questão de poder de uma língua dominante, que ultrapassa as questões sistêmicas e discursivas e que aproximam-se de questões como o social e o político (KUMARAVADIVELU, 2006, 3-16). As noções de linguagem e discurso ligadas às ideologias linguísticas são baseadas em experiências sociais e muitas vezes são vinculadas à promoção e proteção dos interesses políticos, econômicos, de multiplicidade de divisões sociais dentro dos grupos socioculturais (KUMARAVADIVELU, 2006, 11- 16). Já a proposta adotada pelas DCEB-PR se fundamenta nas teorias de Bakhtin, que concebem a língua como discurso estabelecendo os objetivos de ensino de uma língua estrangeira básica nas escolas do Paraná. Propõe-se, dessa forma, nas DCEB-PR que as Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 166 aulas de língua estrangeira moderna organizem um espaço onde o aluno consiga reconhecer e compreender: diversidade linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que vive. Espera-se que o aluno compreenda que os significados são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social (PARANÁ, 2008, p.53). Durante o estágio supervisionado, esses foram os princípios que estruturaram a construção dos planos de aula a fim de atender as necessidades educacionais dos alunos para terem um o máximo possível de aproveitamento dos conteúdos trabalhados durante esse período. Após essa etapa, esse trabalho segue com as explicações a respeito da perspectiva do pós-método, apresentando a definição e os conceitos com que Kumaravadivelu expõe relacionado ao ensino de línguas. 3. Pós Método: definição de Kumaravadivelu No capítulo 8 do livro “Understanding Language Teaching From Method to Postmethod”, Kumaravadivelu (2006) destaca um espaço especial para falar sobre a condição do pós-método. Nesse capítulo, encontramos uma crítica à busca por um método ideal e às limitações constatadas de uma pedagogia baseada em técnicas de ensino. Para o autor, havia uma divisão implícita entre as pessoas que participavam do processo de ensino e aprendizagem de línguas, o pesquisador que tratava da abordagem, e o editor que produzia os materiais destinados para o ensino. Assim, chega-se à questão do espaço destinado ao professor, o de dar aulas e reproduzir as estratégias criadas para cada método. O autor cita Allwright (1991); Pennycook (1989), Prahbu (1990); Stern (1983; 1985; 1992) como pesquisadores que já expressavam preocupação em relação aos métodos e utilizavam-se disso para orientar os professores a terem uma visão mais crítica em relação aos modelos de métodos que eles utilizam em suas aulas. Nessa linha de pensamento, é exposto para o leitor uma lista de cinco mitos que têm sido aceitos, criando uma imagem positiva sobre o conceito de método. Essa imagem criada se estabelece, principalmente, porque o método é estruturado a partir de um Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 167 conjunto específico de princípios teóricos para a prática, dessa forma, acredita-se no conceito de que cada método fornece diferentes caminhos para o ensino e aprendizagem de línguas. Kumaravadivelu salienta que, muitas vezes, o que parece ser um modelo inovador não é mais do que uma variante de um método já existente, dessa forma se estabelece o mito em torno do conceito do método. (KUMARAVADIVELU, 2006, p. 163). De modo geral, o primeiro dos mitos é direcionado à busca motivada pelos melhores métodos, que não existem, pois, para isso, o método precisa considerar muitas variáveis, tais como a política de línguas, planejamento, necessidades dos aprendizes, perfil dos professores entre outros. O segundo mito gira ao redor da existência de um princípio organizador para o ensino/ aprendizadem de línguas. Essa proposta desenvolvida a partir de um modelo de método é muito limitada, pois se ignora outros fatores que governam o processo e a prática em sala de aula como, por exemplo, a cognição do professor, percepção do aprendiz, contexto cultural etc. O terceiro mito é sobre a visão de métodos como valores universais e sem história. Os métodos são fundados a partir de conceitos e contextos idealizados criando a perspectiva de que podem ser empregados em qualquer lugar, a consequência desse mito do método é de que: o conhecimento local, as individualidades e situações são ignoradas. No quarto mito existe a convicção de que os pesquisadores geram teoria e os professores as consomem, fica claro que isso acaba derivando da divisão de trabalho entre pesquisadores e professores e também na divisão entre teoria e prática. O último mito descrito por Kumaravadivelu é sobre a crença de que os métodos são neutros e de que não têm motivação ideológica. (KUMARAVADIVELU, 2006, p. 163-168). Após descrever os mitos que são criados a partir dos conceitos de métodos, Kumaravadivelu propõe uma discussão intitulada: A morte do método. Segundo o autor, esse termo foi apresentado por Allwright (1991) e utilizado algumas vezes por Brown (2002). Para Kumaravadivelu (2006, p. 168), os dois estudiosos de renome não estão querendo ser polêmicos, mas sim chamar a atenção para o fato de que o conceito do método perdeu o seu significado. Ele não deve mais ser considerado valioso ou uma alternativa viável para a aprendizagem e ensino de línguas, resultando no surgimento da condição do pós-método (KUMARAVADIVELU, 2006, p. 168- 170). Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 168 Kumaravadivelu propõe os seus conceitos sobre a condição do pós-método, por meio de perspectivas pedagógicas e ideológicas que possibilitem a relação entre teoria e prática, reestruturação das visões de ensino de línguas e do professor como formador. O autor relata que, para que isso seja concretizado, é necessário o desenvolvimento dessa pedagogia do pós-método por meio do que ele denomina de “sistema tridimensional” (KUMARAVADIVELU, 2006, p. 171). Esses parâmetros pedagógicos são assim designados: parâmetro da particularidade, parâmetro da praticabilidade e o parâmetro da possibilidade. O parâmetro da particularidade ressalta as exigências locais e experiências vividas, segundo o autor, para uma pedagogia do pós-método é essencial uma interpretação holística de situações particulares, atendendo as necessidades locais proporcionando condições de ensino eficaz, onde o professor de línguas observa, avalia, identifica problemas, encontra soluções e tenta ver o que é oportuno e o que não funciona para a sua realidade de ensino. O parâmetro da praticabilidade trata da relação entre teoria e prática, assim se fala da reflexão e da ação do professor. Dentro dessa visão, os professores deveriam ser capazes de teorizar a prática e de praticar o que teorizam, ou seja, a teoria da prática acorre quando há união entre ação e pensamento fazendo com que exista ação no pensamento e pensamento na ação, o que Kumaravadivelu salienta estar chamado de "reflexão pedagógica” (KUMARAVADIVELU, 2006, p. 173). Já no parâmetro da possibilidade, que está relacionada com a filosofia educacional proposta por Paulo Freire, traz a importância do conhecimento da realidade e o questionamento dessa realidade. Kumaravadivelu frisa a necessidade de desenvolver proposições, formas de conhecimento e práticas sociais que trabalhem com as experiências que as pessoas trazem para os ambientes educacionais. Dessa forma, o parâmetro da particularidade centra-se na reflexão e ação dos professores de línguas estrangeiras que não podem ignorar a realidade sociocultural que influencia diretamente a identidade que está em formação durante as aulas e as necessidades linguísticas e sociais dos alunos. Após a leitura dessa parte do trabalho de Kumaravadivelu, fica clara a relação entre cada um dos parâmetros acima descritos, onde um acaba sendo moldado pelos outros. Para o autor, os três parâmetros pedagógicos da particularidade, praticidade e possibilidade constituem a base conceitual para uma pedagogia do pós-método. A união Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 169 entre eles têm a função de guiar os aspectos do ensino e aprendizagem de uma segunda língua (L2). Estes princípios manifestam-se no que pode ser chamado de indicadores pedagógicos. Esses indicadores pedagógicos se referem aos papéis dos participantes no processo de ensino e aprendizagem, indicando o momento da tomada de decisão sobre o planejamento que as atividades carecem. Essas tomadas de decisões são realizadas frente o processo de educação e envolvem os alunos da condição do pós-método, professores e formadores de professores. Esses indicadores pedagógicos estão divididos em: o aprendiz no pós-método, o professor no pós-método e o terceiro, o formador de professores no pós-método. (KUMARAVADIVELU, 2006, p. 176-183). O primeiro indicador é o aprendiz no pósmétodo, que é um participante ativo e autônomo, que aprende a aprender e aprende a tomar decisões como um pensador crítico em uma educação que o liberta de certos padrões. A pedagogia do pós-método leva em consideração dois pontos em relação à autonomia do aluno, a visão estreita, que está relacionada à capacidade do aluno em de aprender a aprender, e a visão ampla é relacionada ao aprendiz tomar conta de seu processo de aprendizagem. O segundo indicador é caracterizado como o professor no pós-método. Nesse indicador o professor é um sujeito autônomo e sabe criar a sua autonomia dentro das restrições acadêmicas e administrativas impostas pelas instituições, currículos e livros didáticos, nesse indicador, o professor tem ação reflexiva sobre o seu ensino. Kumaravadivelu diz que a autonomia do professor é tão central que pode ser considerado como o coração da pedagogia do pós-método. O terceiro indicador é o formador de professores nessa perspectiva. Dentro do pósmétodo, o professor educador tem como tarefa a de criar condições para que os futuros professores desenvolvam sua autoridade e autonomia, para possibilitar aos professores a capacidade de refletir sobre suas experiências pedagógicas e transformá-las, facilitando a construção de experiências dialógicas. Os formadores de professores oferecem aos professores/ estudantes sugestões sobre a melhor maneira de ensinar, modelando comportamentos de ensino apropriados para eles, por meio de uma avaliação seu domínio pedagógico dentro do que é chamado de estágio ou prática de ensino. Dessa forma, Kumaravadivelu encerra a descrição do pós-método, dentro do capítulo 8 de seu livro, descrevendo que os seus objetivos consistiram em desconstruir o conceito Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 170 existente de método, descrever os sentimentos do ante método e delinear a condição emergente do pós-método. 4. Reflexões finais Após iniciar o estágio supervisionado, passar pela fase de conhecer os alunos, a escola na qual se dará a prática de ensino inicia-se a fase da construção dos planos de aula. É a hora de associar a teoria vista durante os anos de graduação e encaminhá-la para a prática na sala de aula. A parte correspondente à teorização é importante, pois acrescentasse a esse professor/estudante o conhecimento de diferentes formas de ensinar uma língua estrangeira. Saber as diferentes metodologias utilizadas para esse ensino, as formas de se proceder, os pontos positivos são fundamentais, pois, os caminhos para o ensino fazem com que seja possível adaptar um modelo de educação para a realidade e as necessidades de cada contexto educacional. Como colocado anteriormente nesse trabalho, Kumaravadivelu realiza uma crítica em relação às pedagogias baseadas em técnicas de ensino, pois isso faz com que se crie uma divisão entre quem escreve teoria e quem a aplica, reproduz essas estratégias. Se ponderarmos com um pouco mais de atenção, fica claro que isso acontece com muita naturalidade. O professor aprende as estratégias de ensino e as reproduz nas salas de aula. Dentro da condição do pós-método o professor assume a postura de autonomia, sendo capaz de desenvolver uma abordagem reflexiva para o seu próprio ensino, analisando e avaliando sua ação e ponderando para os efeitos que essas mudanças podem proporcionar dentro do ensino de língua estrangeira. Nessa nova perspectiva, o professor, através dos seus conhecimentos e ações reflexivas observa o comportamento dos alunos e as suas atitudes dentro da sala de aula para construir a sua maneira de conduzir o aprendizado em situações particulares de ensino, criando e analisado os melhores caminhos e metodologias a serem empregadas para que o resultado seja benéfico. Dessa forma, Kumaravadivelu diz que, agindo dessa forma, os professores crescerão para um quadro pedagógico coerente, que inclui princípios fundamentais que são aplicadas através de situações de ensino e que, a pedagogia do pós-metodo, tem a capacidade de ajudar o professor a assumir para si este Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 171 tipo de conhecimento pessoal e o tempo acabará por levá-los a construir a sua própria teoria de prática. Kumaravadivelu (2006, p.182) salienta um ponto muito importante para que esse professor de línguas consiga exercer essa postura de autonomia no cenário de ensino/ aprendizagem: a função do professor formador de professores. Na perspectiva do pósmétodo, a tarefa do educador/ professor é criar condições para que os futuros professores possam trabalhar e adquirir autoridade e autonomia necessárias para a sua atuação. Isso irá capacitá-los a refletir e moldar suas próprias experiências pedagógicas, em certos casos, transformar tais experiências. Dentro do estágio supervisiondo, o professor/ estudante está em um processo de conhecimento, aprendendo e modificando o que ele achava que seria a melhor saída para o ensino de língua estrangeira. É nesse momento que o aluno torna-se professor e precisa ser responsável com o ensino, saber conduzir as suas aulas da melhor maneira possível. É nesse instante que o professor formador utiliza de sua prática pedagógica e ajuda o professor aluno a ser crítico frente a sua visão de ensino, corrigindo quando é necessário e despertanto a autonomia do processo para que, depois da sua graduação, esse novo professor saiba como agir e como proceder dianto das salas e de seus alunos. Acredito que, a vivência do estágio supervisonado, possibilita a integração entre a teoria e a prática pedagógica. A desmitificação que Kumaravadivelu realizou a partir do cenceito de método que é criado para ser utilizado de forma idealizada, em contextos, com alunos, professores e condições idealizadas. Isso é uma condição que já se notava há algum tempo, pois o professor, na prática, já realizava essas modificações nos modelos de métodos para serem utilizados a fim de atender as necessidades educacionais de seus alunos. Kumaravadivelu descreve o parâmentro da particularidade que se encaixa a essa atitude encontrada na experiência diária, pois a educação é sensível ao contexto e pode emergir apenas a partir da prática da particularidade. Isso porque a educação de língua precisa ser formulada a partir de uma consciência crítica sobre as condições locais de ensino e aprendizagem. Kumaravadivelu destaca que apaticularidade dentro do ensino envolve a prática de professores, individual ou coletivamente, observando seus atos de ensino, avaliando seus resultados, identificando problemas, encontrando soluções, e percebendo quais são as estratégias que fucnionam e as que não funcionam. Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 172 Referências bibliográficas BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Estrangeira / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. . Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais - ensino médio: língua estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1999. KUMARAVADIVELU, B. Understanding language teaching: from method to posmethod. Mahwah, New Jersey: Lawerence Erbaum Associates, Inc. Publisher, 2006. PARANÁ, Secretaria do Estado da Educação. Diretrizes curriculares de língua estrangeira moderna para a Educação Básica, Curitiba, PR, 2008. Revista INTERLINGUAGENS 2016 Volume7 2ªed ISSN2178-955X Página 173
Documentos relacionados
1 A PERSPECTIVA PÓS-MÉTODO E A TECNOLOGIA NO ENSINO
a busca obstinada pelos melhores métodos, que não existem, pois, para ser implementado, o método
precisa considerar muitas variáveis (política de línguas, planejamento, necessidades dos
aprendizes....