Red del Sur e CICOPA Mercosul: alianças e
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Red del Sur e CICOPA Mercosul: alianças e
“Promoção do cooperativismo de trabalho associado e fortalecimento das redes de empreendimentos da economia social do MERCOSUL como estratégia de combate à pobreza e construção de uma sociedade mais democrática e sustentável” • EDITORIAIS NESTA EDIÇAO: Publicação periódica Red del Sur | Segunda Edição | Maio 2012 | www.reddelsur.coop • COOPERATIVISMO & SUSTENTABILIDADE • ESTRATÉGIA CICOPA MERCOSUL • POTENCIALIDADES DA INTERCOOPERAÇÃO • A COMUNICAÇÃO COMO OPORTUNIDADE CICOPA Mercosul EDITORIAL Red del Sur e CICOPA Mercosul: alianças e construções E ste é um ano muito importante para as organizações que participam do projeto Red del Sur. O seu terceiro ano de ação coincide com o Ano Internacional das Cooperativas promovido pelas Nações Unidas. O ano de 2012 nos encontra com novidades e progressos em um projeto de escala regional que engloba organizações da Economia Social e Solidária (ESS) dos três países que compõem o Mercosul: a Confederação Nacional de Cooperativas de Trabalho da Argentina (CNCT), a Central de Empreendimentos Cooperativos e Solidários do Brasil (UNISOL), a Confederação Paraguaia de Cooperativas (CONPACOOP) e a Federação de Cooperativas de Produção do Uruguai (FCPU). O projeto é cofinanciado pela União Europeia e coordenado pela ONG italiana COSPE, que trabalha com a ESS da região há mais de vinte anos. A Red del Sur é o resultado de um interessante processo de intercooperação em todos os níveis, tendo os seguintes objetivos: que os empreendimentos cooperativos da região fortaleçam a própria inserção no mercado e desenvolvam iniciativas de encadeamentos produtivos; que incorporem ferramentas para promover políticas públicas e projetos de desenvolvimento local; e que a Red del Sur se transforme em um agente estratégico nos espaços regionais e internacionais vinculados à ESS. Ainda que em relação a cada um destes pontos tenham acontecido importantes avanços, nesta segunda edição enfatizaremos este último aspecto: a institucionalização da Red del Sur através da CICOPA Mercosul, entidade que se apropria dos objetivos da rede e os desenvolve de maneira cada vez mais expressiva. A CICOPA Mercosul, criada em outubro de 2011, é parte do processo de fortalecimento das regionais da CICOPA Mundial (Organização Internacional das Cooperativas de Produção Industrial, Artesanal e de Serviços) e que pôde cristalizar-se através da articulação do projeto Red del Sur e dos esforços que as organizações desta zona da América Latina vinham realizando já há décadas pelo fortalecimento do movimento na região. A este bloco formado pelas organizações da Red del Sur, somou-se ainda a Organização de Cooperativas do Brasil (OCB), no âmbito do trabalho. Resta ainda pouco mais de um ano para o projeto Red del Sur. Neste espaço de tempo, a partir da Unidade de Gestão (UdG), concentraremos nossos esforços para acompanhar este processo político que dará continuidade e profundidade aos objetivos iniciais da rede. Por esta razão, já nesta edição consta o logotipo da CICOPA Mercosul e seu tema para este ano, cuja criação é o resultado do trabalho conjunto do grupo de comunicação da CICOPA Mercosul coordenado pela UdG. É importante destacar que a maioria do conteúdo deste boletim também foi realizado por este grupo, constituído pelos responsáveis de comunicação das organizações membro. Nesta página há ainda dois outros editoriais: um do presidente da CICOPA Mercosul e outro do presidente da também recém-constituída CICOPA Américas. Para saber de outras ações da CICOPA Mercosul, convidamos você a ler a página 3. Na página 2 você encontrará as organizações compartilhando suas visões de desenvolvimento sustentável – eixo temático da II Cooperativa das Américas no Panamá – citando experiências concretas que têm sido realizadas através do projeto Red del Sur. Na contracapa você poderá ler sobre a experiência intercooperativa que estamos vivendo através das ações da COSPE. Enfim, esta edição é feita para que não restem dúvidas de que o cooperativismo, tal como no lema da CICOPA Mercosul, é um movimento que transforma o mundo. Neste ano tão especial, desejamos o melhor para todas e todos os cooperativistas da região e do mundo. A equipe da Unidade de Gestão – Projeto Red del Sur: Ada Trifirò – Diretora Geral Gabriel Isola – Diretor Regional “Um dos nossos maiores desafios como cooperativistas nestes tempos é nos comprometermos em construir um mundo mais justo, onde impere uma economia que ponha ao centro a defesa das pessoas e o respeito ao meio ambiente. Este mundo repleto de injustiças deve acabar e isto só será possível se lutarmos para construir outro mundo possível, com mais empresas de todo o mundo nas mãos dos trabalhadores. Neste esforço devemos nos unir todos e todas cooperativistas de cada país e de todos os países. Estamos vivendo um momento em nossa América no qual os governos realizam enormes esforços de integração e nós, os povos, devemos acompanhar estas políticas que nos fazem mais fortes para lutar pela justiça e pela igualdade. Neste marco político, em 2011 nós cooperativistas de trabalho da América concluímos um processo – que estava em curso já há muitos anos – de nos organizarmos. Assim, conseguimos reativar uma Organização Regional do Mercosul, CICOPA Américas, além de criar uma outra: CICOPA Mercosul. Ambas integradas por Federações e Centrais de trabalhadores que de forma autogestionária levam adiante as nossas empresas. O processo de nossa região no sul concretiza-se portanto graças à participação conjunta de várias Federações no Projeto Red del Sur, no qual, junto às ONGs europeias Cospe, Nexus e Iscos, conseguimos desenvolver uma prática de integração, de conhecimento e de confiança mútua que nos permitiu o salto qualitativo da realização da Organização Sub-regional. Em 2012 importantes desafios serão apresentados à estas novas organizações, pois é este o Ano Internacional das Cooperativas, e devemos dar visibilidade à nossa existência, mostrar o que somos em quantidade e qualidade, e que somos um movimento. Para nós este é o Ano do Cooperativismo, e teremos a oportunidade de demonstrar que a existência de nossas empresas, nas mãos dos trabalhadores, é uma revolução em curso, e que não somente transformamos as relações de produção, mas que transformamos as relações entre os seres humanos e contribuímos para a mudança civilizatória que deverá ocorrer para que haja um futuro para a humanidade. Desde já nos comprometemos em 2012 a levar adiante os princípios cooperativos de integração entre cooperativas e o compromisso com a sociedade e com o meio ambiente. Neste caminho o futuro é nosso.” José Orbaiceta – Presidente da CICOPA Mercosul CICOPA Americas Em novembro de 2011 fui eleito presidente da Cicopa Américas. Trata-se de uma organização setorial da Aliança Cooperativa Internacional que abrange cooperativas de produção em todo o mundo e de diferentes setores, como construção civil, produção industrial, serviços gerais, transporte, artesanato, alimentação, entre outras modalidades. Assumir a presidência da Cicopa Américas foi um grande desafio, particularmente, para mim e para a UNISOL Brasil, entidade na qual também sou presidente e que está representada nos 27 estados do País, contemplando atualmente um total de 10 setoriais. Pretendo, junto com todos os parceiros, trabalhar em prol dos empreendimentos econômicos solidários, para que unidos possamos atingir os objetivos de geração de trabalho e renda, troca de experiências, criação de redes e cadeias regionais, além de avançarmos em questões como a legislação cooperativista para promover melhorias necessárias no continente, assegurando os direitos dos trabalhadores por meio da Cicopa Américas. Arildo Mota/Presidente de CICOPA Américas y UNISOL-Brasil Projeto DCI-NSAPVD/127763/2009/201-649, cofinanciado pela União Europeia (UE). As informações contidas neste documento são de responsabilidade exclusiva dos sócios do projeto e em caso algum deve-se considerar que reflita os pontos de vista da UE. Em meio à maior crise sócio-econômica e ambiental, as Nações Unidas veem no cooperativismo um modelo alternativo para o desenvolvimento sustentável. Este desafio é enfrentado por organizações cooperativas de todo o mundo. Abaixo, a perspectiva política e prática de nossas organizações. ARGENTINA PARAGUAI Desenvolvimento Sustentável como igualdade social O modelo cooperativo revela-se sustentável Nós da CNCT (Confederação Nacional de Cooperativas de Trabalho) apoiamos um desenvolvimento sustentável com ações que melhorem a qualidade de vida das pessoas, das famílias, das comunidades e da sociedade. Através dele, concebemos o desenvolvimento das comunidades como um processo de mudança que permita aos indivíduos de crescer, individual e coletivamente, por meio da potencialização das capacidades tanto produtivas quanto humanas, alcançando assim a igualdade social. Portanto, é importante utilizar um conceito de sustentabilidade que nos seja útil para a ação, ou seja, que o que devemos sustentar não seja uma coisa ou recurso em particular, mas uma capacidade geral para a criação de bem-estar A partir desta perspectiva desenvolveu-se, por exemplo, um projeto binacional intercooperativo que consolida fontes de trabalho em cooperativas vinculadas à fabricação e uso de maquinário agrícola na Argentina e no Uruguai. Em novembro de 2010, promovido pelo projeto Red del Sur, foi realizado em Buenos Aires um intercâmbio entre cooperativas de trabalho da região, que permitiu, entre outras coisas, que sócios da Cooperativa Operária de Serviços Especializados em Maquinário e Afins (COSSEMA) do Uruguai e da Cooperativa de Trabalho ICECOOP Ltda. da Argentina, descobrissem que tinham em Quando falamos de desenvolvimento sustentável nos referimos a um modelo de desenvolvimento no qual a participação do ser humano, das organizações sociais e das associações é fundamental. Um modelo que implica a capacidade de gerar recursos para a vida sem prejudicar o meio ambiente, fatores fundamentais da produção, como o ar, as matas, a água, zelando pelo futuro das gerações que virão. E é exatamente isto que nossas cooperativas buscam, aqui e no mundo. O modelo cooperativista, em seus mais de 160 anos de existência, demonstra possuir tudo isto, sendo portanto um modelo sustentável. Sustentável porque apoia-se, em primeiro lugar, em valores como a solidariedade, a cooperação, o esforço e o compromisso dos sócios, em favor dos objetivos fixados para cada cooperativa. No Paraguai as cooperativas movem-se em um âmbito no qual busca-se a igualdade, a participação econômica e política e aquilo que chamamos participação democrática dos sócios. O fator essencial de igualdade social apoia-se no fato de que cada sócio tem as mesmas obrigações e direitos dentro da cooperativa. Assim, para que o Cooperativismo como modelo sustentável seja preservado através do tempo, é necessário que haja também políticas públicas e leis que lhe deem garantias. A Confederação Paraguaia de Cooperativas (Conpacoop) tem trabalhado nesta Máquina do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina comum a tecnologia de arado horizontal Multicorte. O trabalho na lavoura canavieira através de tal maquinário, associado à colheitadeira Cañera do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), significa uma importante contribuição tecnológica para os pequenos produtores de cana-de-açúcar dos dois países. Assim surgiu o projeto . Com esta experiência buscamos melhorar os processos de produção agropecuária em sistemas familiares incorporando tecnologias que permitam diminuir o esforço físico do produtor e de sua família. Ainda, pode incrementar a produtividade da terra e da força de trabalho aplicada ao processo produtivo, conservando e melhorando o solo, incrementando a renda para a melhoria da qualidade de vida, sem descurar dos bens naturais para as gerações futuras. BRASIL URUGUAI Cadeia Solidária Binacional do PET: uma alternativa sustentável Chaves para a sustentabilidade O conceito de sustentabilidade é presente nos princípios da Economia Solidária e é uma prática comum entre as organizações filiadas à UNISOLBrasil desde a sua fundação, em 2004. Ao mesmo tempo há uma demanda latente de apoio e fomento à investigação e inovação tecnológica para a otimização dos processos produtivos e desenvolvimento de novos produtos que estejam preparados e certificados para poderem ser comercializados. A Economia Solidária, diferentemente da economia tradicional orientada exclusivamente ao mercado, preocupa-se em direcionar o processo produtivo em equilíbrio com a comunidade local e com o meio ambiente.Tal princípio garante o desenvolvimento e a criação de trabalho e renda, ligados por uma lógica sustentável. Atualmente, a UNISOL-Brasil representa centenas de empreendimentos por todo o país. Vários deles possuem um grande potencial de melhoramento da produção baseado em tecnologias sociais e inovação. A forma em que temos trabalhados tais aspectos e as oportunidades que representam podem ser demonstradas em vários projetos. Um exemplo é a Cadeia Solidária Binacional do PET. O programa foi desenvolvido entre organizações cooperativas do Brasil e do Uruguai e é realizado em diversas etapas, desde a coleta das garrafas descartáveis, reciclagem, processamento, até chegar à transformação do PET em tecido. Para a FCPU (Federação de Cooperativas de Produção do Uruguai) o desenvolvimento sustentável implica pensar em um aspecto estratégico para o futuro de nossas cooperativas, onde a intercooperação em âmbito local e regional é componente central. O crescimento econômico pelo qual nosso país atravessa deve ser um estímulo que encoraje, do ponto de vista governamental, o desenvolvimento de políticas públicas de apoio ao setor, mas também uma oportunidade para nos impormos como cooperativistas. Estamos em um contexto no qual devemos estimular o pensamento estratégico para desenhar, a médio e longo prazo, estruturas organizadas e interligadas. Estratégias que sirvam como suporte estrutural de um desenvolvimento sustentável e também como alternativas contra as vicissitudes dos mercados. O Uruguai do ponto de vista territorial encontra-se estrategicamente localizado, convertendo-se em ponte de muitos processos sociais, econômicos e culturais. Esta é a razão pela qual a FCPU está participando de dois encadeamentos intercooperativos regionais assentados nessa perspectiva de desenvolvimento, com o objetivo de que esta integração produtiva regional seja uma alternativa a mais que provoque mudanças na redistribuição da riqueza na Cooperativismo e desenvolvimento sustentável De 28 de maio até 1° de junho de 2012 no Panamá, será realizada a II Cúpula Cooperativa das Américas, com o título “As cooperativas: desenvolvimento sustentável com equidade social”. O Comitiva de Cooperativas Brasileiras visita Coopima no Uruguai Ainda, a novidade deste projeto é a cooperação governamental binacional, já que engloba um acordo entre ambos os países, com a participação e compromisso de vários governos locais brasileiros, como o do Rio Grande do Sul, onde estão localizadas as cooperativas de classificação, e agora também de Minas Gerais, onde encontra-se a empresa recuperada Coopertêxtil (Cooperativa de Produção Têxtil), que recebe a fibra processada pela cooperativa uruguaia Coopima (Cooperativa Industrial Maragata), para a fiação e tecelagem. A experiência da Cadeia Binacional do PET é pioneira e irá possibilitar que sejam retiradas de circulação cerca de um milhão de garrafas PET. A iniciativa é possível graças ao apoio e o compromisso de diversas instituições que apostam na Economia Solidária como forma de conter o impacto ambiental através da geração de empregos para centenas de famílias. encontro é organizado pela Aliança Cooperativa Internacional para as Américas. De acordo com a convocatória, disponível em www.aciamericas. coop, o evento busca transformar-se em uma oportunidade de encontro para cooperativistas mas também em “uma oportunidade para fazer uma análise multidimensional das crises mundiais”, recordando que “as organizações coopera- tivas são atores significativos nesta redefinição dos paradigmas de desenvolvimento e da nova ordem econômica mundial”. O objetivo principal é “aprofundar a análise da temática, oferecendo, através de um processo prévio, a possibilidade de uma participação mais direta de todos os atores para que se pronuncie e estabeleça a posição das cooperativas em relação Presidenta da Conacoop durante a Assembléia Geral Ordinária de Sociais. Abril 2012 direção, desenvolvendo com o apoio da Red del Sur e das organizações sócias da região bases legais para ampliar e melhorar o marco normativo do cooperativismo de trabalho associado, a cobertura de saúde e previdência social de seus sócios, assim como as possíveis iniciativas de intercooperação. O cooperativismo como modelo alternativo deve contemplar também a participação de setores que em geral são discriminados e contam com maiores obstáculo para a participação plena, tal como ocorre com as mulheres. Nossa associação, presidida este ano por uma mulher, está desenvolvendo e projetando a crescente participação das mulheres através de diversas instâncias para que de nenhuma maneira lhes seja limitada a participação nas situações de decisão das cooperativas, sendo este aspecto uma outra dimensão relevante para garantir modelos de desenvolvimento efetivamente sustentáveis. Encontro em Bella União, Artigas Uruguai, entre cooperativistas uruguaios e argentinos nossa América que cresce sem no entanto mudar os padrões de distribuição. O projeto que levamos a cabo junto a cooperativas argentinas busca reafirmar uma trajetória tecnológica capaz de tornar sustentável a produção canavieira familiar, especialmente associativa, ao norte do Uruguai, em um dos departamentos com maior incidência de pobreza. Procuramos assim deixar a fabricação e desenvolvimento de equipamentos especializados nas mãos da Economia Social, assim como a promoção e comércio de produtos com uma perspectiva de desenvolvimento local. Outro exemplo de processo de intercooperação regional do qual participamos é a Cadeia Binacional do PET, integrada por cooperativas uruguaias e brasileiras (ver nota Brasil). ao desenvolvimento sustentável com equidade social”. A análise e a discussão girarão em torno dos seguintes eixos temáticos: Identidade Cooperativa e Gestão Empresarial; Paradigmas de Desenvolvimento e Equidade Social; Responsabilidade Social e Ambiental; Políticas Públicas e Incidência. CICOPA Mercosul estará presente através da participação de todos os seus membros. AGENDA INTEGRADA DO COOPERATIVISMO DE TRABALHO DO MERCOSUL Abaixo estão enumeradas as principais atividades de importância regional em que estiveram envolvidas as várias organizações sócias da Red del Sur e da CICOPA Mercosul, a partir de uma missão e uma visão. Missão da CICOPA Mercosul: “Contribuir para o desenvolvimento das sociedades dos países do Mercosul, ampliando a democracia econômica, social e política da região através da promoção do cooperativismo de trabalho associado e dos empreendimentos da Economia Social e Solidária.” Visão da CICOPA Mercosul: “Consolidar-se como entidade de referência regional para difusão, promoção e defesa do cooperativismo de trabalho associado, e como ator estratégico no fortalecimento da Economia Social e Solidária da América.” ASSOCIAÇÃO INFLUÊNCIA É o primeiro objetivo estratégico, no qual se dispõe que a CICOPA Mercosul fomente a criação e o fortalecimento de entidades de representação neste âmbito na América Latina. Foi já dado o primeiro passo no Equador, onde foi realizada uma primeira reunião com cooperativas e autoridades do governo. As atividades planejadas para 2012 incluem o vínculo da experiência do Mercosul ao processo de trabalho autogestionado em Cuba, uma análise durante o segundo semestre das realidades do cooperativismo de trabalho chileno assim como o fomento à articulação na Bolívia e no Peru. Será mantido um diálogo fluido com as experiências da Colômbia além de procurar manter o apoio ao processo na Venezuela. No Paraguai, onde a Red del Sur tem dado apoio sistemático à difusão e promoção realizada pela CONPACOOP, pretende-se aprofundar o marco legal específico e em particular potencializar a constituição de uma entidade setorial de referência. Em relação ao segundo objetivo estratégico, pretende-se alcançar um significativo avanço em um conjunto de normas extremamente necessárias nos vários países da região. Mantém-se assim o apoio à ampliação de possibilidades da Lei de Falências da Argentina, assim como para a aprovação de uma lei específica para o Cooperativismo de trabalho. Esta medida tem sido apoiada também no Brasil, onde já conta com uma parcial sanção. Tenta-se ainda levar adiante uma medida similar no Paraguai. Em todos os países continuaremos acompanhando as melhorias dos marcos normativos de garantia da previdência social e de assistência sanitária de todos os sócios trabalhadores. Para alcançar estas metas foi já constituído um grupo de trabalho de referentes legais de alcance regional. Por outro lado, pretende-se expandir as experiências de articulação com os governos de diferentes graus (nacionais, locais) para o desenvolvimento de políticas públicas de promoção do cooperativismo de trabalho. COMUNICAÇÃO DESENVOLVIMENTO Quanto a este objetivo, as atividades são orientadas para a melhoria da gestão das cooperativas, para a potencialização do desenvolvimento de negócios na região, para o apoio a todas as formas de integração, para a formação de grupos econômicos cooperativos, para todas as iniciativas de pesquisa e desenvolvimento, além do fortalecimento das redes existentes. Neste sentido o papel da Red del Sur é chave, já que durante 2012 irá permitir o incremento das capacitações, nos quatro países englobados, em temáticas de mercado, formulação de projetos e identificação e gestão de recursos financeiros, além do financiamento direto a mais de uma dezena de iniciativas que tenham por característica identitária a intercooperação. Até o momento, dois projetos destacam-se, entre todos os que vêm sendo desenvolvidos, pelo caráter supranacional: a Cadeia Solidária Binacional do PET e a cadeia regional de Desenvolvimento de Tecnologia e Maquinário para a Agricultura Familiar. A primeira englobará várias dezenas de cooperativas brasileiras, seja do setor de classificação de resíduos sólidos seja do setor têxtil e de confecção, integrando uma cadeia de valor que vai da classificação de embalagens plásticas até a confecção de diversos produtos têxteis, passando por uma usina cooperativa de fabricação de fibra de poliéster a partir do PET, no Uruguai. A segunda experiência reúne uma dezena de atores da Argentina e do Uruguai. O projeto, neste caso, busca a transferência metodológica e a cooperação em termos de desenvolvimento de equipamentos apropriados para a agricultura familiar no setor canavieiro. A iniciativa conta com o apoio de entidades de pesquisa agropecuária de ambos países, assim como com o interesse efetivo da ALUR, o principal engenho de açúcar do Uruguai. Estão emergindo também possíveis projetos intercooperativos em vários setores de atividade. Por exemplo, a criação da Rede de Cooperativas Metalúrgicas da República Argentina (ligada à CNCT) já conta com várias ideias de projetos intercooperativos com a Associação de Cooperativas Metalúrgicas da FCPU no Uruguai. Há também um grande interesse em relação às possibilidades de colaboração regional entre as cooperativas de trabalho do setor das comunicações e da construção. Neste sentido, a participação de vários companheiros no Encontro da Setorial Construção Civil da UNISOL em São Paulo é um claro exemplo. CICOPA Mercosul pretende abordar este objetivo a partir de duas dimensões: a) a comunicação entre as entidades que formam esta organização subregional e; b) a consolidação de projetos intercooperativos e de economia social e solidária no campo das comunicações. Desta forma, encontra-se já ativo um Grupo de trabalho regional que reúne os responsáveis de comunicação das entidades da Red del Sur. Ao mesmo tempo estão sendo elaboradas propostas para integrar diversas experiências e projetos intercooperativos existentes na região, visando darlhes um caráter regional. Neste sentido, são realmente relevantes as experiências da Rede Gráfica Cooperativa da Argentina, a da Federação Associativa de Diários e Comunicadores Cooperativos da República Argentina, a proposta da Usina de Mídia argentina e a de várias experiências comunitárias e associativas em rádio, revistas e outros meios de comunicação. GOVERNANÇA O quarto objetivo estratégico visa a necessidade de cuidar e fortalecer os recentes processos organizativos, seja no âmbito regional do Mercosul, seja naquele da América como um todo. Inicialmente, a CICOPA Mercosul pretende sustentar o processo continental, colocando à disposição vários referentes políticos e apoio de distintos instrumentos, incluindo o projeto Red del Sur, que será um apoio logístico durante esta fase de consolidação da CICOPA Américas. A Unidade de Gestão da Red del Sur, por outro lado, irá manter a sua tarefa de apoio técnico à CICOPA Mercosul, dando aos sócios as contribuições que sejam necessárias para ampliar e manter a longo prazo os instrumentos organizacionais desenvolvidos. O poder criado até o momento a partir dos esforços das organizações da região juntamente aos companheiros da Colômbia, México, Estados Unidos e Canadá, deu às cooperativas das Américas um papel tremendamente significativo na condução mundial do Comitê Internacional das Cooperativas de Produção, Serviços e Artesanato (CICOPA). Estes múltiplos desafios deverão desaguar no Plano Estratégico quinquenal que será aprovado pelos sócios das Américas durante a Assembleia Ordinária em 30 de maio, no Panamá. Ali serão estabelecidos os fundamentos do trabalho a ser realizado em conjunto pelo cooperativismo de trabalho associado do continente. CRÔNICA DE UM PERCURSO A intercooperação em tempos de crise mundial Marcha do Movimento 15-M ou Indignados na Puerta del Sol, Madrid, Espanha, em protesto contra o sistema capitalista e reivindicam uma democracia mais participativa - Maio 2011. Autor: Arribalasqueluchan.org. E stamos em 2012, ano Internacional das Cooperativas e também da Cúpula dos Povos na Rio +20 por Justiça Social e Ambiental. E estamos em meio a uma profunda crise. Para a Europa é a mais dura desde a Segunda Guerra Mundial. Ainda assim, ao mesmo tempo estamos em uma época de transformações que devemos aproveitar para as mudanças que queremos gerar. Qual então o melhor momento para reafirmar e aprofundar os propósitos da intercooperação, seja entre organizações da Economia Social e Solidária (ESS), seja entre esta outra economia e a sociedade civil? Recentemente a CICOPA Mundial fez da aliança com a sociedade civil um gesto chave para o fortalecimento da ESS no mundo. Ainda assim, os atores da Red del Sur e da COSPE caminham juntos há mais de uma década em um processo que – como mencionado ao longo deste boletim – acompanhou a fundação da CICOPA Mercosul e a reativação da CICOPA Américas. Vinte anos após a Cúpula da Terra, as cifras mundiais deixam claro que estamos ainda muito mais longe daquela noção de “desenvolvimento sustentável” que deveria permitir satisfazer as necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. A probreza não foi erradicada, a inclusão social não foi alcançada, as questões de gênero se aprofundaram. Os ecossistemas continuam em processo de degeneração. Os conflitos se extendem e são armas hegemônicas para a penetração em territórios estratégicos, sobretudo por reservas de recursos energéticos. Em relação à cooperação internacional para o desenvolvimento, os países mais ricos não cumpriram nem mesmo o histórico compromisso de destinar 0,7% de seu PIB. Além disso, os fundos de ajuda continuam sendo cortados, ano após ano. É neste contexto mundial que o projeto Red del Sur surge como um espaço de práticas e reflexão política que devemos, a partir da Europa, observar. Atualmente, a cooperação internacional para o desenvolvimento representa uma ferramenta e uma oportunidade imprescindível para estabelecer alianças entre iguais e assim alcançar uma profunda transformação cultural, social e econômica. Uma transformação para o país que recebe uma ajuda financeira mas também para o país que a oferece. É com esta visão que a COSPE continua levando adiante suas iniciativas nos países do Mer- cosul, apesar de que os doadores tendem a abandonar os países de renda média e que os cortes fazem que a cooperação termine orientada em direção à assistência às áreas mais pobres do mundo e à ajuda humanitária. A ruptura que temos diante de nós pode hoje ser a oportunidade para promover formas de convivência e produção capazes de conduzir ao desenvolvimento sustentável e à justiça social. É por esta razão que na Europa a experiência da Red del Sur deve ser levada aos espaços de debates sobre a crise. Por outro lado, na região do Mercosul e em todo o continente latino-americano, deve-se aproveitar o momento positivo – a presença de governos progressistas e o crescimento da ESS – para ampliar e aprofundar a difusão da ética cooperativa e desta outra economia como novo modelo de desenvolvimento, sem desperdiçar, como na Europa durante a segunda metade do século passado, a oportunidade que a conjuntura oferece para questionar o sistema – capitalista e hegemônico – a partir de suas raízes. A ESS pode chegar a ser uma alternativa concreta, mas antes deverá consolidar-se. Para isto é preciso estimular a participação plena das mulheres em todos no níveis, assim como motivar e mobilizar a criatividade dos jovens, normalmente afastados dos espaços de participação. Deve-se difundir uma imagem positiva da ESS, superando a ordinária percepção de que esta seja uma “economia de pobres para pobres”. Deve-se limitar as externalidades negativas ambientais e de saúde da produção, valendo-se de inovações e tecnologias apropriadas. É necessário disputar espaços de expressão e difusão, sobretudo em relação à promoção e valorização dos meios de comunicação autogestionários. Finalmente, a integração entre organizações da ESS é crucial: produzir de forma regional, disputar conjutamente espaços no mercado, zelar pelos direitos dos trabalhadores, fortalecer pontes e espaços de reflexão política entre a Europa e a região do Mercosul. Todos estes objetivos formam parte do grande desafio que as organizações da ESS que integram a Red del Sur estão levando a cabo e que a COSPE compartilha, apoia e acompanha. Ada Trifirò – Diretora Geral do projeto Red del Sur / Coordenadora da sede COSPE no Uruguai. A comunicação como oportunidade Concebemos a comunicação como uma ferramenta que oferece oportunidades: oportunidades para nos conhecermos, nos reconhecermos, nos encontrarmos e nos fortalecermos. A comunicação é portanto um aspecto chave em um processo de integração como o que está sendo levado adiante pelas nossas organizações. Por esta razão celebramos o fato que tenha sido estabelecido como um dos objetivos estratégicos dentro do plano da CICOPA Mercosul. Como primeiro desafio, nós comunicadores das diferentes entidades que formam esta organização subregional da CICOPA nos unimos para trabalhar em um lema e um logotipo, conscientes que trabalhar a imagem é refletir sobre a identidade e a história. Ainda que a criação da entidade seja recente, seu processo social existe já há décadas, tendo podido realizar-se em 2009 através do projeto Red del Sur, que forneceu recursos e um plano sobre o qual começar a trabalhar em âmbito regional e articulado. Por esta razão, no nosso símbolo retomamos as cores do logotipo deste projeto e das redes, que agora se unem ao mundo, como referência à escala global do movimento do qual nossas organizações hoje fazem parte. E exatamente porque integramos este processo maior é que buscamos manter o aspecto do logotipo da CICOPA Mundial. Há também os pássaros, que por sua vez são parte do logotipo da ACI. São pássaros que falam de um percurso, de processos que caminham de mãos dadas, em diferentes partes do mundo, uns como causa dos outros. Porém, são também pássaros que surgem de um mundo em transformação. Este último aspecto nos leva ao lema que o nosso logotipo, concebido por desenhistas cooperativistas*, busca acompanhar. Através de um trabalho coletivo e motivado para a criação de um lema das organizações de trabalho associado do sul durante o Ano das Cooperativas, as entidades de representação decidiram, em conjunto, por Cooperativismo: movimento que transforma o mundo. Através da palavra movimento buscamos o conceito de ação. O cooperativismo é uma ação concreta que procura resultados concisos, que impulsiona uma ação que influi sobre os processos. Traz também a ideia do cooperativismo como algo vivo, como fenômeno mundial, como movimento organizado. Mas esta ação possui um propósito. A ação cooperativa busca incidir para transformar as diversas realidades para que sejam sustentáveis, equitativas e justas, considerando que tais termos são diretamente relacionados, já que não sendo sustentável não poderá ser solidário, e não sendo solidário não poderá ser equitativo. Sem estas condições significa que não houve transformação e portanto nem mesmo um processo cooperativo. Surge assim a noção e a convicção de nossas organizações de que o cooperativismo é, em si, uma ação transformadora. Os pássaros, que nos recordam o processo histórico e mundial de nosso movimento, assim como a luta de muitos companheiros e companheiras, são quatro, alinhados como a constelação do Cruzeiro do Sul, presente no céu de nosso hemisfério. E este céu é atravessado pelas nossas aves, mas também pelos sonhos de conseguir, não somente em uma região, mas em todo o mundo, uma realidade mais justa e solidária. Grupo de Comunicação CICOPA Mercosul (Maria Laura Coria/Fecootra; Cinthia Isabel Alves/UNISOL; Helena Garate/FCPU; Horacio Enciso/Conpacoop; Luciana Siri/COSPE) * O logotipo foi criado por jovens desenhistas participantes da Cooperativa de Trabalho Projeto Coopar, da Argentina. Boletim Red del Sur / CICOPA Mercosul Coordenação: Luciana Siri (COSPE) Redação e colaborações: Maria Laura Coria (Fecootra); Cinthia Isabel Alves (UNISOL); Horacio Enciso (Conpacoop); Helena Garate (FCPU); José Pablo Sabatino (coordenador RdS Argentina); José Orbaiceta (Presidente CICOPA Mercosul); Arildo Mota (Presidente CICOPA América); Ada Trifirò (COSPERdS); Gabriel Isola (COSPE projeto RdS); Luciana Siri (COSPE). Desenho: Diego García Tradução: Diogo Rodrigues Impressão: Artés Gráficas AGENDA GLOBAL 2012 DA CICOPA MERCOSUR MARÇO ABRIL MAIO - Encontro Setorial Coop. Construção da UNISOL-Brasil - Encontro de Coop. Metalúrgicas Argentina - II Cúpula Coop. das Américas e Assembleia da CICOPA Américas, Panamá - Conferência Nacional da CTA dos EUA (Boston) + Encontro da CICOPA-Am JUNHO - C.A. ACI Am. + Reunião com CTA Equador - Plenária RECM + Reunião Comissão Pol. Red del Sur Argentina - Plenária RECM Argentina - Plenária RECM + Reunião Com. Pol. RdS - AGROBRÁS-Brasil - Processo Formativo CTA Argentina (RECM AECID RdS) - Seminário: Norte chama o Sul: alternativas econômicas frente à crise - Itália - Terra Futura - Cúpula da Terra (Rio +20) + Oficina sobre coop. Semana da Economia Solidária da RMADS Argentina JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO - Congresso Cooperativo e da ES Argentino + Encontro de Coops. do Mercosul - Congresso Nacional da UNISOL-Brasil - C.A. ACI Am (Chile) + Reunião com CTA do Chile (Bolívia e Peru) - C.A. ACI Am + Cúpula Internacional de Coop. (Canadá) - Evento CTA Mercosul – UE/Itália (Red del Sur) - Plenária RECM/Brasil - Seminário Coop. Sociais RECM /Paraguai, Brasil - (Manchester) EXPOCOOP Aci Mundial - Evento da CUDECOOP e INACOOP (Uruguai) - Mesa de diálogo com a sociedade civil e governos locais da Europa/Bruxelas - Congresso da RULESCOOP / Espanha DEZEMBRO - Plenária RECM/ Brasil