fisioterapia em evidência
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fisioterapia em evidência
issn 2178-1672 volume 4, Número 1, janeiro/junho 2013 Revist a FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA Número 2, dezembro 2010 f a c u l d a d e muito além do ensino ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 1 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, p. 2, janeiro/junho 2013 Revista Informações básicas A Revista Fisioterapia em Evidência, ISSN 2178-1672, é uma publicação semestral do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Publicada desde 2010, adota o processo de revisão por especialistas (peer review), sendo cada artigo publicado após a aceitação dos revisores, mantidos no anonimato. Os conceitos e opiniões emitidos nos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores. A submissão de artigos pressupõe que, com exceção dos resumos ampliados, não tenham sido publicados anteriormente nem submetidos a outra publicação. O título abreviado da revista é Fisioter. Evid., forma que deve ser usada em bibliografias, notas de rodapé, referências e legendas bibliográficas. A revista encontra-se gratuitamente disponível no site da Faculdade Dom Bosco. Missão Publicar artigos originais de pesquisa cujo objetivo básico se refere ao campo de atuação profissional da fisioterapia e da reabilitação. Ficha catalográfica Revista Fisioterapia em Evidência/Faculdade Dom Bosco. vol. 4, n. 1 (2013). Curitiba: FDB, 2010 Semestral Sumários em inglês e português ISSN 2178-1672 1. Fisioterapia – Periódicos. I. Faculdade Dom Bosco. CDD 615.82 CDU 615.8 2 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, p. 3, janeiro/junho 2013 Revista Editores responsáveis Silvia Regina Valderramas (doutora) [email protected] Salete do Rocio Cavassin Brandalize (mestre) [email protected] Conselho editorial Anna Raquel Silveira Gomes Universidade Federal do Paraná – Curitiba-PR – Brasil Ariani Cavazzani Szkudlarek (doutora) Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil Cassio Preis (mestre) Faculdade Dom Bosco e PUCPR – Curitiba-PR – Brasil Claudia Chaguri de Oliveira Pellenz (mestre) Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil Cristiane Gonçalves Ribas (mestre) Faculdade Dom Bosco e PUCPR – Curitiba-PR – Brasil Cristiane Regina Gruber (mestre) Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil Francisco Ernesto H. Zanardini (mestre) Faculdade Dom Bosco, Uniandrade e Faculdade Espírita – Curitiba-PR – Brasil Gilda Maria Grasse Luck (doutora) Faculdade Dom Bosco e Facel – Curitiba-PR – Brasil Isabel Cristina Bini (mestre) Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil Marcelo Kryczyk (doutor) Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil Marcia Maria Kulczycki (mestre) Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil Sandra Mara Meireles Adolph (doutora) Universidade Federal de São Paulo – São Paulo-SP – Brasil Editoração eletrônica Comunicação Dom Bosco - [email protected] INFORMAÇÕES PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS Todo o material a ser publicado deve ser submetido online por meio do site: www.fisioterapia.com.br/revista ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 3 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, p. 4, janeiro/junho 2013 Revista Sumário Editorial............................................................................................. 5 Artigo 1 ............................................................................................. 6 Utilização da terapia assistida por animais como meio de estimulação para crianças com atraso motor The use of animal assisted therapy as a means of stimulation for children with motor delay Artigo 2 ........................................................................................... 18 Associação entre índice bode, força muscular respiratória e saturação periférica de oxigênio em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica Association between the bode index, respiratory muscle strength and oxygen saturation in patients with chronic obstructive pulmonary disease Artigo 3 ........................................................................................... 26 Aplicação da estimulação elétrica transcutânea (TENS) para alívio da dor em parturientes na fase I do trabalho de parto vaginal Application of transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS) for pain relief in laboring women in phase I of vaginal labor Artigo 4 ........................................................................................... 37 Exercício de baixa intensidade como agente promotor de melhoria de aprendizagem e funcionalidade em idosos institucionalizados Low intensity exercise as a promoter of learning and improving functionality in institutionalized elderly Artigo 5 ........................................................................................... 47 Estudo dos efeitos terapêuticos do ultrassom e da terapia combinada com corrente interferencial em bailarinas clássicas com fascite plantar Study of the therapeutic effects of ultrasound and therapy combined with interferential current, the pain caused by plantar fasciitis in classical ballet dancers Normas para apresentação de artigos ........................................ 56 4 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, p. 5, janeiro/junho 2013 Revista Editorial U ma revista científica reflete o crescimento científico e o amadurecimento de sua classe. De acordo com essa premissa, o curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco criou a revista Fisioterapia em Evidência, que inicia seu quarto ano de existência com a publicação deste volume. É com grande alegria que assumo junto à professora Salete a coordenação editorial desta revista, e a responsabilidade de fazer dela um instrumento ainda melhor de comunicação com a comunidade científica. Sabemos da importância de pareceristas, do corpo editorial, dos autores e da equipe de editoração eletrônica durante a elaboração e contínua melhora da nossa revista. A qualificação de uma revista depende de sua inclusão em sistemas de indexação de periódicos conceituados no meio científico, por isso nos lançamos a mais um desafio: indexa a revista Fisioterapia em Evidência no LATINDEX. LATINDEX é um sistema de informações sobre revistas de pesquisa científica, técnico profissionais e de divulgação científica e cultural publicadas nos países da América Latina, no Caribe, na Espanha e em Portugal. Para alcançar esse objetivo, estamos fazendo algumas mudanças na editoração da revista, como vocês poderão observar ao longo deste ano. Aproveitamos para instigá-los a ler os artigos deste número, onde procuramos contemplar diversas áreas de especialidade em Fisioterapia. Agradecemos a todos os que por meio da submissão de artigos ou editoração da revista contribuíram para que chegássemos aqui. Boa leitura! Profa. Dra. Silvia Valderramas ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 5 Artigo 1 Utilização da terapia assistida por animais como meio de estimulação para crianças com atraso motor The use of animal assisted therapy as a means of stimulation for children with motor delay Cristiane Gonçalves Ribas¹ Camila Comochena Rodolfo² Thalita Alexsandra Fiore Ferreira³ da função motora grossa): a 1ª avaliação (inicial) foi feita antes da intervenção com o GE, e a 2ª avaliação (final), após intervenção do GE. O tratamento foi baseado na psicomotricidade. 1. Mestre em Tecnologia da Saúde pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Docente da Faculdade Dom Bosco. Contato: [email protected]. 2. Graduanda do 8º período do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Contato: [email protected]. 3. Graduanda do 8º período do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Contato: [email protected]. Resultados: Comparando-se o GC com o GE, estatisticamente não se constatou diferença significativa entre a terapia convencional e a TAA. Em todas as dimensões do GMFM houve p-valor > 0,05. Faculdade Dom Bosco – Sede Mercês. Avenida Manoel Ribas, 2181, CEP. 80810-000, Mercês, Curitiba-PR. Rua Paulo Martins, 298, CEP. 80710-010, Mercês, Curitiba-PR. (41) 3218-5550 www.dombosco.com.br Conclusão: Comparando-se as avaliações iniciais e finais por meio do GMFM, notouse que, mesmo não ocorrendo diferença significante entre os grupos, no grupo experimental a interação entre criança e cão foi extremamente válida, pois trouxe algum nível de ganho motor à criança. Resumo Introdução: Terapia assistida por animais (TAA) ou, mais especificamente, cinoterapia (terapia com cães) consiste num recurso terapêutico baseado na relação entre o paciente e o cão. Dentre tantas terapias para estimulação do desenvolvimento motor da criança, esse recurso vem ganhando espaço. Por meio do contato com o cão, sempre guiado pelo fisioterapeuta, estimula-se o desenvolvimento psíquico, social e motor da criança. Objetivo: Verificar a eficácia da TAA em crianças com atraso no desenvolvimento motor normal. Métodos: Participaram do estudo oito crianças com atraso no desenvolvimento motor, de ambos os sexos, na faixa etária de três anos. O estudo foi realizado na Associação Mantenedora do Centro Integrado de Prevenção (AMCIP) em 2012. As crianças foram divididas em grupo controle (GC) e grupo experimental (GE). Ambos os grupos passaram por duas avaliações pelo GMFM (mensuração 6 Palavras-chave: terapia assistida por animais, fisioterapia, estimulação, pediatria, lesão cerebral. Abstract Introduction: Animal Assisted Therapy (AAT) or more specifically Cinotherapy (dogs therapy) consists in a therapeutic approach toward the relationship between the patient and the dog. Among many therapies for stimulation of the motor development of the child, this is a resource that has been gaining ground as through contact with the dog, always guided by the physiotherapist, there is children stimulation of psychic development, social and motor. Objective: To determine the effectiveness of cinotherapy in children with delayed in normal motor development. Methods: The study included 8 children with delayed in normal motor development, in both sexes, aged 3 years in the year 2012, ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 1 accomplished in association Maintainer of the Center for Integrated Prevention (AMCIP). The children were divided into a control group (CG) and experimental group (EG). Both groups had two assessments, by GMFM (Gross Motor Function Measurement): the 1st evaluation (initial) was made before the intervention with GE and 2nd assessment (final) after intervention by GE. Treatment was based on psychomotor. Results: Compared with the GC and GE, statistically there was no significant difference between conventional therapy and TAA, where in all dimensions of the GMFM was a p-value > 0.05. Conclusion: Comparing the initial and final evaluations by GMFM, could be noted that did not occur statistical significance between groups, which in the experimental group where the experience established between child and dogs, was extremely valid, the interaction between them brought gain some level of motor. Key-words: animal assisted therapy, physiotherapy, stimulation, pediatrics, brain injury. Introdução Doenças respiratórias são comuns em crianças. No tratamento fisioterapêutico prestado nas unidades de tratamento intensivo pediátricas, a remoção de secreções pulmonares é um dos objetivos, em vista da limitação estrutural e funcional respiratória da criança. A eliminação das secreções melhora as trocas gasosas e reduz o trabalho respiratório da criança, cuja mecânica é pouco eficiente (HADDAD et al., 2006). A fisioterapia respiratória em crianças deve ocorrer sob certas condições clínicas, como síndrome aspirativa, síndrome do desconforto respiratório, pneumonia e atelectasia, assim como na prevenção de complicações da ventilação mecânica, na presença de secreção na via aérea e nos casos com evoluções desfavoráveis à gasometria (NICOLAU e LAHÓZ, 2007). Na criança, as taxas metabólicas são mais altas que em um adulto, enquanto a capacidade residual funcional (CRF) e a reserva de oxigênio são mais baixas. Assim, em razão de disfunção respiratória, as crianças tornam-se rapidamente hipoxêmicas. A retenção de secreções está entre as principais causas da hipoxemia, sendo as patologias hipersecretivas responsáveis pelas alterações das características do muco, prejudicando o movimento mucociliar (STEIDL et al., 2010). A solução salina hipertônica tem ação sobre o muco, formando uma barreira mecânica e biológica com a finalidade de proteger a mucosa epitelial da desidratação, das lesões químicas e físicas e dos microrganismos e agentes nocivos. O muco é um fluido heterogêneo que consiste basicamente de água (95%), eletrólitos, aminoácidos e macromoléculas, também chamadas de mucinas ou mucoproteínas (DUMAS, 2004). É um mecanismo efetivo de defesa do trato respiratório, necessário para limpar as vias aéreas dos materiais estranhos e manter os pulmões estéreis. Dessa forma, é um dos mais importantes mecanismos de defesa do pulmão. Segundo Mandelberg et al. (2006), a solução salina hipertônica age no muco absorvendo a água da submucosa, o que pode reverter o edema, diminuir a espessura e o ressecamento da mucosa que está no interior da luz bronquiolar. Tem sido observado aumento no tempo do transporte mucociliar em algumas situações, como in vitro, em pacientes normais e em pacientes com doenças obstrutivas pulmonares. A manobra de ELPr é uma técnica totalmente passiva devido à incapacidade do paciente pediátrico de cooperar. É realizada com a criança em decúbito dorsal sobre uma superfície semirrígida, e o fisioterapeuta exerce uma pressão manual conjunta nas regiões abdominal e torácica, aproximando essas estruturas ao final do tempo expiratório espontâneo e prossegue até o volume residual. A pressão exercida é lenta e chega a se opor a duas ou três tentativas inspiratórias. A manobra tem como local de ação as seis primeiras gerações brônquicas do lactente, porém pode-se observar a ação ocasional na periferia ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 7 Artigo 1 do aparelho respiratório. A ação depurativa está ligada, provavelmente, à desinsuflação pulmonar global que provém da expiração completa que a ELPr ocasiona, sendo favorecida pela elevada complacência toracopulmonar (POSTIAUX, 2004). Métodos A pesquisa foi realizada na Associação Mantenedora do Centro Integrado de Prevenção (AMCIP) em 2012 e avaliou crianças com atraso no desenvolvimento motor de ambos os sexos na faixa etária de três anos. Na instituição havia oito crianças, sendo quatro alunas do período da manhã e quatro do período da tarde. Todas se encaixavam no critério de inclusão (diagnóstico de atraso no desenvolvimento motor como consequência de algum tipo de lesão cerebral e faixa etária de 3 anos), sem restrições pelo critério de exclusão (possuir algum tipo de alergia ao contato com o cão). Foram realizados oito atendimentos no período de quatro semanas, sendo dois atendimentos na semana, nas segundas e quartas-feiras. Cada atendimento teve duração de 30 minutos. Inicialmente, o projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisas. Após a aprovação, sob o número do CAAE 0099.0.301.000-11, os responsáveis legais pelos sujeitos da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde as autoras reconhecem e referem o cumprimento das diretrizes citadas na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Para a realização deste estudo, foi escolhido o cão como recurso de terapia (cinoterapia). A participação dos cães foi possível devido à parceria com a ONG Cão Amigo, e de quatro voluntários que se disponibilizaram a participar do estudo com seus cães. As raças inclusas na terapia foram bulldog, lhasa apso, poodle e sem raça definida. Os pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo controle (GC), que realizou somente a fisioterapia convencional disponibilizada pela instituição, e grupo experimental (GE), que realizou a fisioterapia disponibilizada pela instituição com a intervenção da terapia 8 proposta pelo estudo. A decisão pela formação e divisão entre grupo experimental e controle foi feita a partir da disponibilidade de horário dos cães. Ambos os grupos tiveram duas avaliações, a primeira (inicial) antes da intervenção com o grupo experimental, e a segunda (final), após intervenção. As avaliações e a terapia proposta pelo estudo foram realizadas em espaço cedido pela AMCIP. Para avaliar o nível de desenvolvimento motor de cada criança foi utilizado o GMFM (mensuração da função motora grossa). Cury et al. (2006) explicam que o GMFM é um teste padronizado desenvolvido para quantificar a função motora grossa de crianças portadoras de distúrbios neuromotores, em especial, a paralisia cerebral. O teste inclui 88 itens que avaliam atividades da função motora grossa dispostas em cinco dimensões: A – deitar e rolar; B – sentar; C – engatinhar e ajoelhar; D – de pé; E – andar, correr e pular). O manual do GMFM inclui especificações dos escores para cada item. Após a avaliação inicial das crianças do GE, foram traçados os seguintes objetivos: estimular o controle de cabeça; promover a dissociação de cintura; estimular a transferência de peso; estimular a posição de gatas; estimular o puppy; estimular a simetria; estimular o controle de tronco; inibir padrões patológicos. Para a elaboração do plano de tratamento foram focadas habilidades básicas necessárias ao desenvolvimento motor da criança, que na população desta pesquisa eram deficitárias. Visando à progressão do desenvolvimento motor, utilizaram-se como base de tratamento os pilares da psicomotricidade. Análise estatística Os resultados percentuais foram obtidos pelas médias de cada dimensão do GMFM (A, B, C, D e E), e as diferenças entre os resultados foram avaliadas pelo teste t de Student, o qual usou o p-valor < 0.05 como base de significância. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 1 Resultados Na tabela 1 é possível visualizar separadamente a média, o desvio-padrão e o p-valor de cada uma das dimensões (A, B e C) e o escore global. Comparando-se as médias da segunda avaliação de cada um dos grupos para dimensão A (deitar e rolar) (Gráfico 1), obteve-se o p-valor 0.14, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais do GE e GC. Na comparação parcial entre a média da primeira e da segunda avaliação do GE para a dimensão A (Gráfico 1) obteve-se o p-valor 0.13, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais da primeira e da segunda avaliação. Na comparação parcial entre a média da primeira e da segunda avaliação do GC para a dimensão A (Gráfico 1), obteve-se o p-valor 0.19, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais da primeira avaliação e da segunda avaliação. Comparando-se as médias da segunda avaliação de cada um dos grupos para a dimensão B (sentar) (Gráfico 2), obteve-se o p-valor 0,20, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais do GE e GC. Na comparação parcial entre a média da primeira e segunda avaliação do GE para a dimensão B (Gráfico 2), obteve-se o p-valor 0,10, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais da primeira e da segunda avaliação. Tabela 1 – Itens do questionário GMFM GMFM Grupo experimental P-valor GE x GC 5 ± 3,74 5,5 (1-11) Pré Pós Dimensão A 37.25 ± 23.12 49.75 ± 32.41 Dimensão B 38.5 ± 29.44 Dimensão C Escore global Grupo controle P-valor P-valor Pré Pós 0.13 69.25 ± 17.46 70.25 ± 15.62 0.19 0.14 42.25 ± 29.63 0.10 52 ± 22.96 57.5 ± 18.44 0.09 0.20 18.75 ± 20.54 24.25 ± 29.93 0.11 14.25 ± 24.06 17.75 ± 26.98 0.09 0.37 18.65 ± 13.56 23.15 ± 16.16 0.07 27.75 ± 12.73 29.25 ± 12.44 0.05 0.28 Gráfico 1 – Comparação entre as médias referentes à dimensão A (deitar e rolar) Dimensão A: deitar e rolar 80% 69% 70% 60% 50% 40% 70% 1ª avaliação 2ª avaliação 50% 37% 30% 20% 10% 0% Grupo experimental Grupo controle GExGC: P = 0.149 GE: P = 0.1338 GC: P = 0.1955 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 9 Artigo 1 Na comparação parcial entre a média da primeira e da segunda avaliação do GC para a dimensão B (Gráfico 2), obteve-se o p-valor 0,09, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais da primeira e da segunda avaliação. Na comparação parcial entre a média da primeira e da segunda avaliação do GC para a dimensão C (Gráfico 3), obteve-se o p-valor 0,0908, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais da primeira e da segunda avaliação. Comparando-se as médias da segunda avaliação de cada um dos grupos para a dimensão C (engatinhar e ajoelhar) (Gráfico 3), obteve-se o p-valor 0,3724, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais do GE e GC. Os gráficos das dimensões D (em pé) e E (andar, correr e pular) não serão demonstrados neste trabalho, pois não houve pontuação de nenhum dos indivíduos do estudo nesses quesitos. Na comparação parcial entre a média da primeira e da segunda avaliação do GE para a dimensão C (Gráfico 3), obteve-se o p-valor 0,1105, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais da primeira e da segunda avaliação. Comparando-se as médias da segunda avaliação de cada um dos grupos para escore global (Gráfico 4), obteve-se o p-valor 0.28, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais do GE e GC. Gráfico 2 – Comparação entre as médias referentes à dimensão (sentar) Dimensão B: sentar 70% 60% 50% 40% 52% 39% 58% 1ª avaliação 2ª avaliação 42% 30% 20% 10% 0% Grupo experimental Grupo controle GExGC: P = 0,2079 GE: P = 0,1076 GC: P = 0,0934 Gráfico 3 – Comparação entre as médias referentes à dimensão C (engatinhar e ajoelhar) 1ª avaliação 2ª avaliação 10 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 1 Na comparação parcial entre a média da primeira e da segunda avaliação do GE para o escore global (Gráfico 4), obteve-se o p-valor 0,07, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais da primeira e da segunda avaliação. Na comparação entre as médias iniciais e finais de cada criança, observa-se que as crianças 1, 2 e 3 obtiveram evolução após as intervenções fisioterapêuticas com o cão, e apenas a criança 4 não obteve evolução. Na comparação parcial entre a média da primeira e da segunda avaliação do GC para o escore global (Gráfico 4), obteve-se o p-valor 0,05, ou seja, não houve diferença significativa entre as médias finais da primeira e da segunda avaliação. Discussão No gráfico 5 é possível visualizar individualmente a evolução de cada criança do GE no escore global do GMFM. Inicia-se a discussão com uma descrição crítica face aos resultados obtidos relativamente à função motora grossa e ao desempenho funcional pela prática da terapia assistida por animais em quatro crianças com atraso no desenvolvimento motor causados por alguma lesão cerebral. Para Ribeiro, Moraes e Beltrame (2008), em Gráfico 4 – Comparação entre as médias referentes ao escore global das avaliações Escore global 1ª avaliação 2ª avaliação Gráfico 5 – Comparação entre o escore global de cada criança em relação a 1ª e 2ª avaliação 1,60% 1,60% ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 11 Artigo 1 todo processo de reabilitação está implícita a dinâmica da interação entre terapeuta e paciente, sendo que o terapeuta deve ponderar a realização de situações favoráveis ou desfavoráveis ao tratamento. O paciente, por sua vez, reagirá mais motivado e sua participação será mais positiva. Nessa situação, o vínculo entre terapeuta e paciente é formado, sendo imprescindível para a evolução do tratamento. Bronfenbrenner (1979) concorda, acrescentando que o relacionamento emocional positivo da criança com o terapeuta é primordial para o desenvolvimento da terapia. Neste estudo tal relação foi alcançada de maneira mais lenta com a criança 1 e de forma mais rápida com as demais crianças. A dificuldade com a criança 1 foi um ponto importante na pesquisa, pois ela se mostrou bastante resistente à terapia e até mesmo ao contato com as fisioterapeutas. Ribeiro, Moraes e Beltrame (2008) trazem que um dos fatores indispensáveis para a fisioterapia ajudar no desenvolvimento da criança com PC é o bom relacionamento do fisioterapeuta com ela e vice/versa. Ainda colocam que a tendência, no decorrer do tratamento, é que se desenvolvam relações interpessoais, e sentimentos como afetividade e reciprocidade se tornem expressos, tornando a terapia mais eficiente. No decorrer do tratamento observou-se isso. Das oito sessões realizadas, a criança 1 praticamente só chorou, e somente na última ela confiou na terapeuta e permitiu o toque no cão (Foto A). FOTO A: Criança 1 interagindo com o cão. FONTE: Acervo pessoal das autoras. Os mesmos autores colocam ainda que a situação de poder é ótima para a criança aprender e se desenvolver, pois modifica gradativamente uma pessoa em desenvolvimento, mostrando a ela a 12 importância de atuar no controle das coisas e situações. Dessa forma, no último dia deste estudo foi dado o controle da guia do cão para a criança 1 (Foto B), que apresentou uma ótima resposta, cessando o choro e se propondo a realizar o exercício. FOTO B: Criança 1 com o “controle” da guia do cão. FONTE: Acervo pessoal das autoras. Dimitrijević (2009) traz que a terapia assistida por animais (TAA) é um recurso de tratamento e reabilitação atuante em diversas doenças. Nessa forma de reabilitação, o animal atua como “facilitador comportamental” importante, causando modificações positivas no comportamento e na saúde do paciente. Numerosos autores apontam para sua importância, em particular, para o positivo feedback entre o paciente e o animal. A interação paciente-animal traz ao paciente motivação, melhora de sinais e sintomas patológicos, além de força individual. Do ponto de vista físico, a terapia melhora as habilidades motoras finas, o uso de cadeira de rodas e a manutenção do equilíbrio quando de pé. Entretanto, neste estudo a facilitação comportamental com a criança 1 não ocorreu dessa forma, pois mesmo tendo cães em casa (relato da professora da criança), quando em contato com qualquer cão do estudo a criança chorava, ficava nervosa e espástica, impossibiliatndo a realização da terapia. Ribeiro, Moraes e Beltrame (2006) elencam em seu estudo que os atributos pessoais da criança com PC, em específico do tipo espástica, podem prejudicar a fisioterapia, e entre eles está o choro. Outra dificuldade encontrada com a criança 1 foi a espasticidade ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 1 que apresenta. Segundo Ludy-Ekman (2004), a espasticidade na quadriplegia é caracterizada por aumento dos movimentos abruptos do tendão, fenômeno de canivete, e aumento no tônus muscular. Segundo Brianeze et al. (2009), estudos evidenciam que a espasticidade leva a alterações em propriedades como redução da força muscular e da velocidade do movimento, gerando modificações adaptativas no comprimento muscular e na amplitude do movimento ativo. Esses distúrbios comprometem o processo de aquisição de marcos motores (rolar, sentar, engatinhar, andar) e também o desempenho nas AVD (banhar-se, alimentar-se, vestir-se). Cândido (2004) explica que os pacientes com as formas mais graves – atetoide ou tetraplegia espástica – têm o pior prognóstico motor, e geralmente requerem cadeira de rodas e auxílio em quase todas as atividades diárias, o que se confirma no caso da criança 1. Essas características da espasticidade dificultam o manusear do terapeuta em relação à criança. As dificuldades encontradas para a realização do tratamento com a criança 1 e o pouco tempo de terapia justificam a dificuldade no ganho motor dessa criança. No que diz a respeito à função motora grossa, a criança 2 teve evolução no item 10, levantando a cabeça verticalmente em pronação, descrito na dimensão A (deitar e rolar). Isso foi possível devido ao estímulo dado pelo cachorro quando a criança estava em PR, pois ela levantava a cabeça verticalmente para olhar o cão (Foto C). descrevem em seu estudo que a criança com encefalopatia crônica não progressiva tem maior dificuldade em adquirir o controle cervical ao longo do desenvolvimento motor. Acrescentam Shepherd (2002) e Costa (2010) que a criança com hidrocefalia, além da dificuldade em adquirir o controle cervical, sente dificuldade em levantar a cabeça verticalmente de maneira plena devido ao peso. Jorge (2004) afirma que além de não sustentar a cabeça, a criança com hidrocefalia tem atraso em outras fases do desenvolvimento, como sentar, engatinhar e andar. Neste estudo isso foi constatado com a criança 2, pois apesar de ter 3 anos de idade, ela não engatinha, não fica na posição ortostática sozinha nem anda independente. Segundo Araujo, Scartezini e Krebs (2007) o processo de maturação do desenvolvimento motor normal ocorre de forma contínua, durante certo período de tempo, seguindo uma sequência lógica e ordenada. Essa sequência ocorre da seguinte forma, segundo Campos e Santos (2005): à medida que adquire a postura sentada, a criança começa a engatinhar, passa para a postura ortostática e começa a andar de forma independente. Pelo que se percebeu neste estudo, a criança 2 não passará pela fase de engatinhar, pois quando colocada de pé durante a terapia ela conseguiu segurar a coleira do cachorro e passear com ele apoiada pelo terapeuta (Foto D). Com base nessa evolução da criança, o presente estudo discorda da maneira de desenvolvimento citada pelo autor. FOTO C: Criança 2 em prono com controle cervical na vertical. FONTE: Acervo pessoal das autoras. Afirmando a existência da dificuldade no controle cervical, Martinello et al. (2010) FOTO D: Criança 2 deambulando com o “controle” da guia do cão. FONTE: Acervo pessoal das autoras. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 13 Artigo 1 O resultado do escore total da criança 2 pode ser justificado pela resistência dela em realizar a terapia de maneira correta, já que em vários momentos ela se mostrou desinteressada ou irritada com o exercício imposto, negando-se a realizar o movimento indicado pela fisioterapeuta. A falta de interesse e a irritabilidade são justificadas no estudo de Chiafery (2006), no qual relata que, entre outras alterações, a criança com hidrocefalia pode apresentar déficit de concentração e alterações de humor. Na área da saúde mental, o cão melhora a atenção, concentração e autoestima, reduz a ansiedade e solidão, além de melhorar a interação verbal. No caso das crianças 2, 3 e 4, notou-se a aquisição de novas palavras e a progessão para execução perfeita dos nomes dos cães voluntários. De Rose, Cannas e Cantiello (2011) afirmam que para resultados no âmbito motor, o laço humano-animal pode ser usado de diferentes formas, sempre priorizando as necessidades de aquisições do paciente. A criança 3 apresentou evolução principalmente na dimensão A (deitar e rolar). Após os oito atendimentos, a criança conseguiu rolar de supino para prono e de prono para supino com maior facilidade, tanto sobre o lado direito quanto sobre o lado esquerdo. Nessa situação a criança interagiu com o cão, sempre obedecendo a alguns comandos estipulados pelas fisioterapeutas, o que estimulou a dissociação de cinturas. Também foi permitido à criança realizar os mesmos objetivos com simples tentativas independentes, de maneira “livre”, explorando o meio (Foto G). Nas crianças 3 e 4 foi percebido maior interesse pela terapia, maior interação com o cão e e também maior facilidade em realizar os exercícios com o cão (Fotos E e F). Como citado por Dimitrijević (2009), o desenvolvimento de significativo nível de intimidade com os animais é de extrema importância para a eficácia do ratamento. FOTO E: Criança 3 sorrindo ao interagir com o cão. FONTE: Acervo pessoal das autoras. FOTO G: Criança 3 rolando de supino para prono com a intenção de alcançar o cão. FONTE: Acervo pessoal das autoras. Como citado por Gallahue e Ozmun (2005), atividades como rolar para frente e para trás podem ser consideradas tanto movimentos locomotores quanto estabilizadores. Locomotores porque o corpo está se movendo de um ponto a outro; estabilizadores porque têm como objetivo a manutenção do equilíbrio em situação de equilíbrio incomum. FOTO F: Criança 4 sorrindo ao interagir com o cão. FONTE: Acervo pessoal das autoras. 14 Foi possível observar também que a criança 3 teve evolução maior nas habilidades com o lado esquerdo do corpo, por exemplo, no item 20 do GMFM (de supino rola para o ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 1 lado esquerdo e consegue se sentar) essa criança teve uma evolução de 0 para 3. Já no quesito 19 do GMFM (de supino rola para o lado direito e consegue se sentar) a criança não teve evolução. Isso deve ter ocorrido pela lateralização, ou seja, o lado de dominância do indivíduo. Provavelmente, o lado de dominância dessa criança é o esquerdo. Previc (1991) elucida em seu estudo que muitas teorias tentam explicar o uso preferencial de um dos lados do corpo em relação a outro, e que neurofisiologistas tendem a acreditar que a dominância hemisférica cerebral é definida geneticamente, como determinante da lateralidade. Já para Negrine (1986) essa dominância é adquirida naturalmente no decorrer do desenvolvimento motor da criança, podendo ser influencianda pelo ambiente em que a criança se desenvolve, já que há vários relatos de crianças que inicialmente escreviam com a mão esquerda e, quando “forçadas” a escrever com a mão direita, adquiriram essa habilidade, tornando-se ambidestras. Existem várias teorias de como a dominância da criança é definida. Neste estudo não se conseguiu definir qual é a mais correta, porém pode-se afirmar que a dominância existe e é confirmada neste estudo pela criança 3. Durante a terapia, tanto seu lado esquerdo quanto o direito foram estimulados, e não houve motivo específico para essa criança se desenvolver mais do lado esquerdo que do direito. É importante ressaltar que a criança 3 teve a maior evolução no escore total do GMFM, sendo em porcentagem a criança que mais evoluiu da primeira para a segunda avaliação. A criança 4 apresentou na primeira avaliação quanto à lateralidade dominância do lado direito, realizando vários itens do GMFM para esse lado. Isso ilustra mais vez a dominância de lateralidade, porém do lado oposto da criança 3. A criança 4 apresentou maior evolução na dimensão C (engatinhar e ajoelhar). Quando estimulada a ir atrás do cão, engatinhou até ele, o que não havia realizado na primeira avaliação (Foto H). Segundo Campos e Santos (2005), o engatinhar é grande marco do desenvolvimento infantil, auxiliando a evolução do controle postural, pois os lactentes aumentam as possibilidades de exploração e interação com o ambiente à medida que adquirem esse controle motor e após passam para a postura ortostática e obtêm a marcha independente. FOTO H: Criança 4 em posição de gatas para engatinhar. FONTE: Acervo pessoal das autoras. Para a aquisição do engatinhar é necessária a evolução tônica do lactente, permitindo a manutenção da postura quadrúpede e inibição dos reflexos cervicais, possibilitando dissociação dos movimentos de membros, cabeça e pescoço (MORAES et al., 1998). Isso foi observado durante as oito sessões de intervenção. Apesar de a fase da evolução motora ter sido retardada no processo de desenvolvimento dessa criança, nota-se que tal habilidade começou a surgir, sendo muito importante para uma possível marcha independente. Conclusão Verificou-se que a TAA em crianças com atraso no desenvolvimento motor não foi efetivo. Comparando as avaliações iniciais e finais por meio do GMFM, notou-se que não houve significância estatística entre os grupos, apesar disso, a vivência estabelecida entre criança e cão foi extremamente válida dentro do grupo controle, pois a interação entre ambos trouxe algum nível de ganho motor, mesmo que em baixas porcentagens. Isso representa para os profissionais de fisioterapia em neurologia pediátrica imensa satisfação, pois o mínimo grau de evolução para essas crianças é gigante. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 15 Artigo 1 Notou-se que oito atendimentos foi um número muito baixo para produzir evoluções satisfatórias no desenvolvimento motor. Mesmo utilizando métodos eficientes, focados na necessidade de cada paciente, o tempo de intervenção foi deficitário. Novas pesquisas nessa área são necessárias, com maior tempo de aplicação da terapia e maior número de crianças envolvidas para tornar a pesquisa mais confiável estatisticamente, pois se trata de nova abordagem terapêutica que vem ganhando espaço na fisioterapia e merece atenção. REFERÊNCIAS ARAUJO, A. G. S.; SCARTEZINI, C. M.; KREBS, R. J. Análise da marcha em crianças portadoras de síndrome de Down e crianças normais com idade de 2 a 5 anos. 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Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 17 Artigo 2 Associação entre índice bode, força muscular respiratória e saturação periférica de oxigênio em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica Association between the bode index, respiratory muscle strength and oxygen saturation in patients with chronic obstructive pulmonary disease Débora Mattei1 Silvia Valderramas2 1 Fisioterapeuta pela Faculdade Evangélica do Paraná, Curitiba-PR, Brasil. 2 Fisioterapeuta, doutora, Faculdade Dom Bosco e Faculdade Evangélica do Paraná, Curitiba-PR, Brasil. Resumo Introdução: As mudanças fisiológicas em pacientes com DPOC tendem a piorar com a progressão da doença, levando a comprometimento funcional e à mortalidade. Objetivo: Verificar se existe associação entre o Índice BODE, a força muscular respiratória e a saturação periférica de oxigênio em pacientes com DPOC. Métodos: Por meio de estudo observacional transversal, foram avaliados dez pacientes (66,6 ± 7,1 anos; FEV1 45,9 ± 17,8% do valor predito) em relação à função pulmonar (VEF1 e CVF), capacidade funcional ao exercício (teste da caminhada em 6 minutos), força muscular inspiratória e expiratória (pressão inspiratória – Pimáx e expiratória máxima – Pemáx), dispneia (Medical Research Council). Resultados: Observou-se importante correlação ente o índice BODE e a saturação periférica de oxigênio (r = –0,89, p = > 0,001). Com relação à força muscular, o presente estudo demonstrou sutil e não significante associação entre o índice BODE e a força muscular respiratória (Pimáx r = 0,13, p = 0,73; Pemáx r = 0,40, p = 0,25). Conclusão: Os resultados deste estudo demonstram que pacientes com DPOC apresentam associação entre o índice preditor de mortalidade e baixos níveis de saturação periférica de oxigênio. Palavras-chave: DPOC, força muscular, índice BODE. 18 Abstract Introduction: Physiological changes found in patients with COPD tend to worsen with disease progression, leading to functional impairment and increased mortality. Objective: To determine whether there is an association between the BODE index, respiratory muscle strength and peripheral oxygen saturation in patients with COPD. Methods: In a cross-sectional observational study, 10 patients (66.6 ± 7.1 years, FEV1 45.9 ± 17.8% of predicted value) were assessed for lung function (FEV1 and FVC), functional exercise capacity (walk test in 6 minutes), inspiratory and expiratory muscle strength (inspiratory pressure – MIP and maximal expiratory – Pemáx), dyspnea (Medical Research Council). Results: There was a strong correlation loved the BODE index and oxygen saturation (r = –0.89, p = < 0.001). Regarding muscle strength this study showed a weak and non significant association between the BODE index and respiratory muscle strength (MIP r = 0.13, p = 0.73, r = Pemáx 0.40, p = 0.25). Conclusion: The results of this study showed that patients with COPD showed an association between an index predicting mortality and low levels of oxygen saturation. Keywords: COPD; muscle strength; BODE index. Introdução A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracteriza-se pela presença de obstrução crônica e progressiva do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível, ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 2 associada à resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, particularmente a fumaça de cigarro.1, 2, 3, 4 Atualmente, a DPOC é uma das principais causas de morbidade e mortalidade, com grande impacto econômico e social.1, 3 É a décima segunda enfermidade mais prevalente no mundo, e a Organização Mundial de Saúde calcula que em 2020 será a quinta.1,5 No Brasil, ocupa o quinto lugar dentre as principais causas de morte e o número de óbitos dela consequentes vem aumentando nos últimos 20 anos em ambos os sexos.6 Em 2003, foi a quinta principal causa de internação de indivíduos maiores de 40 anos no setor público de saúde.6 O impacto econômico da DPOC é relevante devido ao elevado custo de tratamentos hospitalares prolongados.7 Embora a DPOC seja definida como doença que acarreta prejuízos diretos aos pulmões1, 2, 3, 4, ela está associada a manifestações extrapulmonares, portanto é considerada uma doença sistêmica com grave comprometimento da capacidade funcional ao exercício, piora da qualidade de vida e aumento da mortalidade.8, 13 O risco de morte em pacientes com DPOC geralmente é classificado por meio de uma variável fisiológica: o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1). No entanto, outros fatores de risco, tais como a presença de hipoxemia e hipercapnia, curta distância percorrida em determinado tempo, elevado grau de dificuldade funcional respiratória e baixo índice de massa corporal também estão associados ao risco aumentado de morte.14 Por ser uma doença sistêmica, o mais adequado é que o índice preditor da mortalidade da DPOC seja baseado nos vários parâmetros que tenham importância na mortalidade.10 Em vista dessas premissas, o grupo Bartolomé Celli, em Boston (EUA), em associação com os grupos de Maria Montes de Oca, em Caracas (Venezuela), de Claudia Cotes, em Miami (EUA), e José Maria Mirian, em Zaragoza (Espanha), publicaram um importante estudo descrevendo um índice prognóstico multidimensional em pacientes com DPOC.15 Esse índice se baseia no índice de massa corporal (IMC), no grau de obstrução do fluxo aéreo, na percepção de dispneia e no desempenho no teste de caminhada em seis minutos (TC6), denominado índice BODE (abreviatura da língua inglesa, sem tradução para o português, de Body-Mass Index, Airflow Obstruction, Dyspnea and Exercise Capacity Index). Esse índice, cuja pontuação varia de 0, ótimo, a 10, pior, tem melhor correlação com a sobrevida que os parâmetros funcionais atualmente utilizados no estadiamento da DPOC.14, 15, 16 A facilidade de cálculo do índice BODE é outro mérito, já que as variáveis são simples de medir, não necessitando equipamentos sofisticados. Em acréscimo, todas as variáveis já foram testadas isoladamente em pesquisas, comprovando seus valores.14 Assim, o BODE inclui dois descritores de envolvimento sistêmico da DPOC (índice de massa corpórea e distância caminhada em seis minutos), um que envolve o sintoma mais importante do paciente (dispneia) e outro que quantifica o grau de deteriorização pulmonar (VEF1).14,15 Existem evidências de que a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) acarreta prejuízos na mecânica pulmonar, na musculatura periférica e na musculatura respiratória.17 A alteração da mecânica pulmonar é originada da hiperinsuflação pulmonar, acarretando remodelação dos músculos inspiratórios, especialmente do diafragma, causando encurtamento da maior parte das fibras dos sarcômeros e precipitando um decréscimo na eficiência mecânica do músculo como um todo, com redução da capacidade de gerar força.18 A avaliação da oxigenação pode ser feita, inicialmente, de maneira não invasiva pela oximetria de pulso. Se identificada saturação periférica de oxigênio igual ou inferior a 90%, indicada-se a realização de gasometria arterial para avaliação da pressão parcial arterial de oxigênio e da pressão parcial arterial de dióxido de carbono.19 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 19 Artigo 2 A função dos músculos respiratórios em pacientes com DPOC é afetada profundamente em decorrência do aumento do trabalho respiratório e da reeducação da capacidade desses músculos para suportar a carga ventilatória aumentada.20 A medida das pressões respiratórias geradas a partir de esforços inspiratórios e expiratórios máximos representa um procedimento de grande utilidade para a avaliação funcional dos músculos respiratórios, pois possibilitam quantificar a força desses músculos. Atualmente, a mensuração da pressão respiratória é o método mais rápido, simples, seguro e não invasivo para quantificar a força desses músculos, que pode estar diminuída por condições fisiológicas.21 O objetivo deste estudo foi verificar se existe associação entre índice BODE, força muscular respiratória e saturação periférica de oxigênio em pacientes com DPOC. Método Trata-se de estudo observacional descritivo, desenvolvido na Faculdade Evangélica do Paraná, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (protocolo nº 6513/09). Foram selecionados para o estudo indivíduos de ambos os gêneros com idade acima de 40 anos e diagnóstico clínico-funcional de DPOC de grau moderado e grave segundo GOLD1, extabagistas (período > 6 meses), fora do período de exarcebação da doença há pelo menos um mês e com encaminhamento médico. Foram excluídos pacientes portadores de outras doenças pulmonares (asma, fibrose pulmonar), doenças cardíacas (insuficiência cardíaca), com nível de compreensão que impossibilitasse a realização das atividades de maneira correta e problemas osteoarticulares (artrose, artrite) que os impedissem de realizar as atividades físicas do programa. Houve esclarecimento aos pacientes quanto aos objetivos e procedimentos propostos, após o qual assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Inicialmente, os pacientes foram submetidos à avaliação fisioterapêutica, que constou de anamnese e exame físico. Após, foram submetidos às seguintes aferições: 20 Função pulmonar Foi avaliada por meio da espirometria, segundo as normas da American Thoracic Society.22 Foram mensurados os valores absolutos da capacidade vital forçada (CVF), do volume expirado forçado no primeiro segundo (VEF1) e da relação percentual entre VEF1 e CVF e calculados os percentuais relativos aos preditos para sexo, idade e altura, seguindo os valores descritos por Knudson et al.23, 24 Foram realizadas três manobras de expiração forçada, sendo escolhida automaticamente pelo aparelho a curva de melhor desempenho. Teste de caminhada de seis minutos (TC6) Constitui na avaliação da distância máxima percorrida pelo paciente durante seis minutos, expressa em metros. Esse teste foi realizado em uma pista coberta com 30 metros de comprimento. No início e ao término do teste foram mensuradas a saturação periférica de oxigênio por meio do oxímetro de pulso, a sensação de dispneia (escala de Borg)25, a pressão arterial, a frequência respiratória e a cardíaca, aferidas diretamente no paciente. Força muscular respiratória Aferição da pressão inspiratória máxima (PIM) e da pressão expiratória máxima (PEM) por meio do manovacuômetro analógico da marca Medical, calibrado entre – 150 e +150 cm H2O, segundo protocolo de Black e Hyatt.26 O teste foi realizado com o paciente sentado, com oclusão do nariz por uma pinça nasal. A aferição da PIM se iniciou a partir da capacidade residual funcional (CRF), com esforço inspiratório máximo durante dois segundos. A PEM iniciou-se a partir da capacidade pulmonar total (CPT), com esforço expiratório máximo durante dois segundos. Deixou-se um orifício de fuga de 2 mm, repetiu-se 3-5x e foi escolhido o maior escore – excluiu-se o último. Dispneia Avaliada por meio da escala modificada Medical Research Council, que consiste de cinco perguntas sobre dispneia percebida: categoria 0, sem dispneia; categoria 1, ligeiro grau de dispneia (paciente sente falta de ar ao andar rapidamente no plano ou ao andar normalmente numa subida leve); categoria 2, ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 2 grau moderado de dispneia (caminha mais devagar do que outras pessoas de mesma idade no plano devido à dispneia); categoria 3, grau severo de dispneia (para para respirar após caminhar cerca de 100 metros ou após poucos minutos no plano); categoria 4, grau de dispneia muito severa (incapacidade de sair de casa e se vestir pela dispneia.27,28 Índice de massa corporal (IMC) Foi avaliado por meio de uma balança antropométrica (Welmy®), com o indivíduo descalço e semidesnudo. Mensurou-se o peso corporal total em kg, a altura em metros e calculado o índice de massa corpórea (IMC), dividindo-se o peso pela altura ao quadrado (kg/cm2)29. Análise estatística Os dados foram digitados e analisados por meio do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) software, versão 16.0 para Windows. Foi utilizado o teste de Kolmorov-Smirnov para verificar a distribuição dos dados para as variáveis contínuas. A análise descritiva dos dados avaliados foi realizada por meio da média e do desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo) a depender do tipo de variável e da distribuição dos dados. Analisaram-se as diferenças entre grupos por meio do teste de Mann Whitney e teste t, a depender do tipo de variável e da distribuição dos dados. Para as correlações foram utilizados os testes de Pearson e Spearman, a depender do tipo de variável e da distribuição dos dados. O nível de significância estatística adotado foi de p < 0,05. Resultados Participaram do estudo dez pacientes. A Tabela 1 demonstra as características demográficas, antropométricas e clínicas dos pacientes. Tabela 1 – Características demográficas, antropométricas e clínicas da amostra Variáveis Pacientes (n = 10) Idade em anos (média, DP) 66,6 ± 7,1 Sexo (F/M) 3/7 IMC, kg/m2 (média, DP) 25,3 ± 4,2 VEF1, % do valor previsto 45,9 ± 17,8 CVF, % do valor previsto 60,5 ± 14,8 VEF1/CVF 81,0 ± 27,3 PAS, mmHg (média, DP) 125,0 ± 9,7 PAD, mmHg (média, DP) 79,0 ± 7,4 Frequência cardíaca, bpm (média, DP) 85,7 ± 15,2 SpO2 (média, DP) 89,3 ± 3,7 Pimáx, cmH2O (média, DP) 79,6 ± 19,3 Pimáx, % do valor previsto (média, DP) 83,3 ± 9,8 Pemáx, cmH2O (média, DP) 88,8 ± 25,2 Pemáx, % do valor previsto (média, DP) 89,7 ± 23,3 TC6, metros (média, DP) 372,7 ± 129,0 MRC (mediana, mín-máx) 2 (1-4) Índice BODE (mediana, mín-máx) 4 (4-8) IMC: índice de massa corporal; VEF1: volume expiratório forçado no primeiro segundo; CVF: capacidade vital forçada; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; SpO2: saturação periférica de oxigênio; Pimáx: pressão inspiratória máxima; Pemáx: pressão expiratória máxima; TC6: teste da caminhada em 6 minutos; MRC: Medical Research Council Correlação entre o índice BODE e a força muscular respiratória Os resultados demonstraram fraca associação entre o índice BODE e a força muscular respiratória (Pimáx e Pemáx) (Tabela 2). Tabela 2 – Valores da correlação (r) entre índice BODE, força muscular respiratória e saturação periférica de oxigênio Variáveis Índice BODE rp Saturação periférica de oxigênio –0,89 < 0,01 Pimáx 0,13 0,73 Pemáx 0,40 0,25 Pimáx: pressão inspiratória máxima; Pemáx: pressão expiratória máxima. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 21 Artigo 2 Correlação entre o índice BODE e a saturação periférica de oxigênio Os resultados demonstraram forte associação entre o índice BODE e a saturação periférica de oxigênio (Tabela 1 e Figura 1). Saturação periférica de oxigênio Figura 1 – Correlação entre o índice BODE e a saturação periférica de oxigênio Discussão A DPOC é uma doença sistêmica, e vários fatores são determinantes para seu prognóstico, como a intolerância ao exercício físico associada às limitações do sistema ventilatório e das trocas gasosas.32 Por ser uma doença multissistêmica, o mais adequado é que o índice preditor da mortalidade da DPOC seja baseado nos vários parâmetros que tenham importância na mortalidade1. O índice BODE, que avalia as manifestações respiratórias e sistêmicas da DPOC, pode melhor caracterizar e predizer o desfecho da doença nesses pacientes. O índice BODE contém um componente que quantifica o distúrbio ventilatório pelo VEF1, outro que capta a percepção de dispneia, além de outros componentes independentes, que são a distância caminhada em 6 min e o IMC, os quais refletem as consequências sistêmicas da DPOC. O escore de pontos baseado nessas variáveis prediz melhor o prognóstico da doença, em comparação ao VEF1 isolado.14 O presente estudo demonstrou que existe forte correlação entre o índice BODE e a saturação periférica de oxigênio – quando uma aumenta, a outra diminui. 22 A oximetria de pulso é uma técnica utilizada para monitorar a saturação periférica de oxigênio no sangue arterial (SpO2), independente das causas ou dos momentos em que possa ocorrer hipoxemia. A oxigenoterapia é a modalidade de tratamento utilizada em pacientes portadores de DPOC visando à manutenção da saturação arterial da oxi-hemoblogina acima de 90%. Essa queda pode ser causada pela hipoventilação alveolar, por limitação na difusão, shunt pulmonar, relação ventilação-perfusão não homogênea e baixa pressão de oxigênio venosa.32 A hipoxemia induzida pelo exercício pode ocasionar aumento da pressão arterial durante o esforço, contribuindo para a diminuição da tolerância ao exercício nos portadores de DPOC. Em pacientes com hipoxemia de repouso, a suplementação com oxigênio durante o exercício resulta em aumento da tolerância ao exercício e redução da dispneia. A oxigenioterapia tem demonstrado ser boa intervenção para melhorar a sobrevida de pacientes hipoxêmicos portadores de DPOC, tendo como objetivo a manutenção da saturação arterial da hemoglobina acima de 90% 33. Apesar de a avaliação oximétrica ser guia eficaz para a triagem de candidatos à oxigenoterapia, é necessária a realização da gasometria arterial, pois ela permite avaliação mais precisa das trocas gasosas, com documentação da PaO2 e da condição ventilatória do paciente pela avaliação da PaO2. Em relação à força muscular respiratória, o presente estudo demonstrou fraca e não significante correlação com o índice BODE. Na DPOC, a força dos músculos inspiratórios habitualmente está diminuída devido à alteração mecânica causada pela hiperinsuflação direta derivada do aprisionamento aéreo, e não por alterações nas propriedades contráteis musculares. As medidas convencionais de força são geradas a partir da contração máxima isométrica do volume residual (VR) para os músculos inspiratórios e a partir da capacidade pulmonar total (CPT), para os expiratórios. O resultado é um valor de pressão inspiratória máxima (Pimáx) e/ou pressão expiratória máxima (Pemáx).34 A fraqueza dos músculos ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 2 respiratórios parece contribuir para a limitação ao exercício nos pacientes com DPOC, e isso sugere que o treinamento de força ou de endurance pode fortalecer os músculos da respiração, diminuindo a dispneia e melhorando a tolerância ao exercício.35 Estudos sobre músculos respiratórios feitos por Roussos et al. enfocam que os músculos respiratórios podem sofrer fadiga. Segundo Gonçalves, há maior ocorrência de fadiga em portadores de de DPOC. 5. BARNES, P. J. Chronic obstructive pulmonary diseases. N. Engl. J. Med., 2000; 343:269-80. 6. GODOY, I.; TANNI, E. S.; COELHO, L. S.; SANTOS, R.; MARTIN, S.; PARENTI, L. S.; ANDRADE, L. M. Programa de cessação de tabagismo como ferramenta para o diagnóstico precoce de doença pulmonar obstrutiva crônica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, 2007 (33). Claton et al. relatam um fator importante de interferência quanto à realização das medidas de Pimáx e Pemáx. Seria necessário o intervalo mínimo de um minuto entre as provas. Wijkstra et al. utilizaram o tempo mínimo de vinte a trinta segundos entre cada medida/teste e concluíram que trinta segundos de repouso ou mais são suficientes entre as provas de PiMáx36. 7. JARDIM, J. R. Aplicabilidade do consenso GOLD no Brasil. Discussão sobre diagnóstico e estadiamento, 2003; 6. Conclusão 9. SERRES, V.; GAUTIER, A.; VARRAY, A.; PRÉFAUT, C. Impaired skeletal muscle endurance related to physical inactivity and altered lung function in COPD patients. Chest 113 (1998), p. 900-905. O presente estudo demonstrou que pacientes com DPOC apresentam associação entre o índice preditor de mortalidade e baixos níveis de saturação periférica de oxigênio. REFERÊNCIAS 1. Global Strategy for Diagnosis, Management and Prevention of COPD – Updated 2010. Available from http://www.goldcopd.org 2010. 2. 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Capacidade inspiratória, limitação ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 2 ao exercício e preditores de gravidade e prognóstico em doença pulmonar obstrutiva crônica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, Brasília, 2006. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?pid=S180637132007000400007&script=sci_arttext>. 33. SANTOS, R. S.; DONADIO, M. V. F. Revista Ciência & Saúde, Porto Alegre, 2008; (v1):44. 34. VILARÓ, J.; RESQUETI, V. R.; FREGONEZI, G. A. F. Avaliação clínica da capacidade do exercício em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v12n4/ a02v12n4.pdf>. 35. PINETTI, A. C. H. Análise da função pulmonar e da dependência nicotínica em indivíduos tabagistas e sua relação com a doença pulmonar obstrutuiva crônica [monografia]. Unioeste, 2005. 36. ROCHA, J. M. S. 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Graduando do 8º período do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Contato: [email protected] 4. Graduanda do 8º período do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Contato: [email protected] 5. Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Docente da Faculdade Dom Bosco. Contato: [email protected] Resumo Objetivo: Analisar os efeitos da estimulação nervosa transcutânea (TENS) sobre a dor durante o parto. Métodos: Tratou-se de um ensaio clínico controlado, realizado no Centro Médico Comunitário Bairro Novo em Curitiba-PR. Foram incluídas 39 parturientes, com indicação de parto vaginal (fase I), entre 18 e 40 anos de idade, divididas em dois grupos (GC e TENS), sendo um grupo controle (GC) composto por 19 gestantes e outro experimental composto por 20 gestantes. Foram utilizados a escala visual analógica (EVA) para quantificar a intensidade da dor relatada, e um questionário apenas no intuito de colher informações sobre as características antropométricas, clínicas e ociodemográficas das parturientes. Resultados: Na avaliação da dor intragrupo, somente o GI apresentou melhora significativa nos 30 minutos após aplicação do recurso, p = 0,00. A comparação intergrupo GC x TENS não exibiu diferença estatística em nenhum dos períodos de tempo avaliados. 26 Conclusão: A aplicação da corrente TENS na fase I do trabalho de parto vaginal não resultou em melhora sobre a dor na amostra citada. Palavras-chave: trabalho de parto; fisioterapia; eletronalgesia; TENS; dor. Abstract This is a controlled study, blind, randomized, an experimental interventional held at the Community Medical Center Bairro Novo in Curitiba-PR. The objective of this study is to compare outcomes for mothers, with the application or not of transcutaneous nerve stimulation (TENS) for pain relief during childbirth. Participated in this study, 39 pregnant women with indication for vaginal delivery (phase I), between 18 and 40 years old. The sample was divided into two groups (CG and TENS), control group (CG), composed of 19 pregnant women and other experimental (TENS), consisting of 20 pregnant women. We used the Visual Analogue Scale (VAS) to quantify pain intensity, and only a questionnaire in order to gather information on the anthropometric characteristics, clinical and sociodemographic parturients. The current implementation of TENS during labor I delivered vaginally showed no significant difference in pain relief compared to the sample cited. Keywords: labor; physiotherapy; eletronalgesia; TENS; pain. Introdução Apesar de todos os recursos para analgesia hoje existentes, a dor no trabalho de parto ainda é extremamente temida pelas parturientes. Uma justificativa para essas ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 3 sensações é a tríade medo-tensão-dor, com presença nesse estágio de muita aflição por parte das mulheres (MAZZALI e GONÇALVES, 2008). são úteis, encorajadas e muito bem vistas pela Organização Mundial de Saúde no atendimento ao parto normal (ORANGE, AMORIM e LIMA, 2003). Diversificados trabalhos mostraram a necessidade do banimento da dor durante o parto devido à interferência deletéria na continuidade do mesmo. Esses efeitos nocivos podem intervir na contratilidade e no fluxo sanguíneo uterino, levando a acometimentos negativos para o concepto. Há uma variedade de métodos, farmacológicos ou não, para manejo da dor e analgesia durante o parto (ORANGE, AMORIM e LIMA, 2003). Mesmo com resultados conflitantes, o uso da TENS como modalidade terapêutica é justificado por suas vantagens: manejo fácil, sem necessidade de aplicação conjunta com medicamentos, sem efeitos colaterais, sem modificar a situação de consciência da mulher, maior vivência do parto por ela, deixando-a ter contato com o recém-nascido e amamentá-lo precocemente (ABREU, SANTOS e VENTURA, 2010; KNOBEL, RADÜNZ e CARRARO, 2005). Referente aos métodos farmacológicos pode-se confirmar sua grande utilização no intuito de tornar mais fácil a progressão do parto. Esses métodos possuem vantagens, mas muitas vezes acometem tanto o bebê quanto a mãe (ABREU, SANTOS e VENTURA, 2010). De forma geral, a eletroestimulação transcutânea é um método coadjuvante, sem a pretensão de tomar o lugar de outros tratamentos, muito menos servir como único recurso. A intenção é utilizá-la na redução da sensação de dor nas primeiras fases do trabalho de parto, atrasando a intervenção por meio de fármacos e, por seguinte, expondo menos mãe e feto a fármacos. Dessa forma, se reduzem a prevalência de ocorrências não desejadas no parto, como interrupção de sua progressão e depressão fetal (ORANGE, AMORIM e LIMA, 2003). Dentre as técnicas que utilizam fármacos para analgesia, a anestesia peridural é a mais disseminada e usada. Entretanto, oferecem determinados riscos bastante discutidos, como a possibilidade de alteração do transcorrer normal do parto, elevando as chances de cesariana e por consequência a morbimortalidade materna. Tal técnica associada com a anestesia raquidiana tem demonstrado menores riscos, promovendo analgesia de qualidade, sem bloqueio motor e com resultados perinatais satisfatórios (ORANGE, AMORIM e LIMA, 2003). Inseridas nesse contexto, muitas formas não farmacológicas, por exemplo, terapias alternativas e complementares, têm sido buscadas com o objetivo de minimizar as chances de comprometimento à gestante e ao bebê. Algumas foram comprovadas cientificamente e seguramente utilizadas de forma complementar a outras técnicas de alívio da dor, outras não estão totalmente comprovadas (KNOBEL, RADÜNZ e CARRARO, 2005). Dentre os meios complementares de controle da dor, a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é uma opção interessante, e estudos relatam sua efetividade, apesar de certos trabalhos com resultados controversos. Vale destacar que condutas alternativas O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da estimulação nervosa transcutânea (TENS) sobre a dor no trabalho de parto. Métodos Participaram deste estudo gestantes na fase I do trabalho de parto com indicação de parto vaginal. Como critérios de inclusão foram considerados parturientes entre 18 e 40 anos de idade, apresentação de no mínimo 3 cm de dilatação e indicação de parto vaginal. Foram excluídas da pesquisa parturientes com indicação de parto cesárea, apresentação de gestação gemelar ou presença de patologia materna de qualquer origem. Depois de aprovado o projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Dom Bosco, as mulheres participaram da seleção na sala de pré-parto, sendo informadas da pesquisa. As voluntárias receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 27 Artigo 3 contendo explicações detalhadas e de fácil entendimento sobre os procedimentos a serem realizados. As parturientes que aceitaram participar da pesquisa passaram por avaliação da dor pela EVA (Escala Visual Analógica – Figura I) e responderam a um questionário. Depois foi realizado sorteio para dividir as parturientes entre grupo controle ou experimental. O grupo controle recebeu atendimento padrão do hospital, que consistiu em uso de medicamentos analgésicos e no parto humanizado. Nesse grupo a aplicação da TENS se fez de forma subsensorial. Aos três centímetros de dilatação, em decúbito lateral, as parturientes do grupo experimental receberam, além do tratamento padrão, aplicação da TENS na região lombossacra (4 eletrodos), dois nos níveis de T10 – L1 e dois nos níveis de S2 – S4, com gel intermediário. Foi usada a TENS convencional, com aplicação de 30 minutos e intensidade aumentada de acordo com a sensibilidade sensorial da paciente. O aparelho utilizado nos procedimentos foi o TENS VIF 993 Dual, marca QUARK, com os parâmetros de 100 Hz para frequência e 75 µs para a duração de pulso (KITCHEN, 2003). No período de reaplicação (0 minuto) e aplicação da TENS (15 e 30 minutos) foi utilizada a EVA. Terminada a intervenção, aguardaram 15 minutos para realizar nova EVA, totalizando 45 minutos. Esse procedimento foi realizado em ambos os grupos. Figura I – Escala visual analógica (EVA) 0 12 345678910 Ausência de DOR DOR moderada DOR máxima Escala analógica para avaliação da dor. Resultados A amostra foi composta por 39 parturientes elegíveis para o estudo, sendo 19 indivíduos do grupo controle (GC) e 20 do grupo experimental (TENS). Não houve perdas durante o processo de coleta, sendo assim, as 39 pacientes passaram pelo processo de análise estatística (Fluxograma I). 28 Todas as participantes, 100% da amostra, relataram nunca terem ouvido falar em eletroanalgesia, realizaram pré-natal e a apresentação de seus bebês era cefálica. Houve superioridade de membrana íntegra para o GC e TENS, 68% (n = 13) e 60% (n = 12) respectivamente. Em menor percentual, 32% (n = 6) GC e 40% (n = 8) TENS, ocorreu membrana rota. Fluxograma I – Distribuição da amostra nos diferentes grupos, experimental (TENS) e controle. Elegíveis para o estudo (n = 39) Alocação no grupo TENS (n = 20) Alocação no grupo controle (n = 19) Sem perdas (n = 0) Incluidos na análise (n = 39) Fonte: Elaboração própria. O grupo controle apresentou média de idade 24,6 ± 4,8, IMC 27,1 ± 4,5, maioria de cor branca, 58% (n = 11), casadas, 74% (n = 14), e com ensino fundamental incompleto, 53% (n = 10). O menor e maior número de gestações consistiu em 1 e 5, respectivamente, com média igual a 3. As medianas foram 0 para número de abortos, 2 para número de partos vaginais, 0 para números de partos cesariana, 9 para número de consultas no pré-natal, 39 para idade gestacional em semanas e 4 para grau de dilatação. Menos da metade era primípara, 21% (n = 4), e tinha participado da visita à maternidade, 47% (n = 9). A maioria relatou histórico de cólicas menstruais, 53% (n = 10), e exibiu início do trabalho de parto de forma espontânea, 95% (n = 18). No grupo TENS, a média de idade foi 24,5 ± 5,9, IMC 28,5± 5,2, com maioria de cor branca, 75% (n = 15), e casadas, 50% (n = 10). Quanto à escolaridade houve igualdade de valores entre ensino fundamental incompleto e ensino médio completo, 30 % (n = 6) para ambos. O menor e maior número de gestações incidiu entre 1 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 3 e 4, respectivamente, com média igual a 2. As medianas foram 0 para número de abortos, 1 para número de partos vaginais, 0 para partos cesariana, 10 para número de consultas no pré-natal, 39,6 para idade gestacional em semanas e 4 para grau de dilatação. Similarmente ao grupo controle, menos da metade era primípara, 25% (n = 5), ou seja, em ambos os grupos predominaram multíparas, tendo a maioria histórico de cólicas menstruais, 65% (n = 13), e início do trabalho de parto de forma espontânea, 85% (n = 17). Diferentemente, mais da metade desse grupo participou da visita à maternidade, 70% (n = 14). Em relação à média de tempo (em minutos) transcorrido do início do trabalho de parto até a aplicação da corrente eletroanalgésica, o GC obteve 290, 4 ± 237,6 e o TENS 296,3 ± 168,8. Na região de maior dor, os grupos evidenciaram predominância em locais diferentes, dor abdominal para GC, 95% (n = 18) e dor lombar para TENS, 80% (n = 16). Diversamente, a dor inicial apresentou afinidade de valores, mediana EVA 8, nos dois grupos. De forma semelhante, nos dados vitais houve proximidade de médias: pressão arterial sistólica 117,3 ± 12,3 para GC e 119 ± 10,2 para TENS; pressão arterial diastólica 76,3 ± 9 para GC e 76,5 ± 8,1 para TENS; frequência cardíaca materna de 75,7 ± 9 para GC e 82,1 ± 13,8 para TENS; frequência respiratória materna de 16,3 ± 3,5 para GC e 18 ± 5,9 para TENS; batimentos cardiofetais de 140,3 ± 3,4 para GC e 140± 4,3 para TENS. As características citadas podem ser visualizadas na Tabela I, em que, de acordo com o valor de p, os grupos controle e TENS são homogêneos nas variáveis analisadas. Na avaliação da dor por meio da escala visual analógica (EVA), comparou-se o tempo inicial (pré), ou seja, 0 minuto, com o tempo 15, 30 e 45 minutos (pós), tanto intragrupo quanto intergrupo. A comparação intragrupo GC pré x GC pós mostrou melhora significativa nos 30 e 45 minutos após aplicação do recurso, com p-valor igual a 0,03 e 0,04 respectivamente. Sendo assim, houve diminuição da dor nos tempos citados quando confrontados com o tempo inicial. O mesmo não aconteceu na comparação intragrupo TENS pré x TENS pós, em que ocorreu diferença significativa apenas no período de 30 minutos pós, p-valor 0,00. A comparação intergrupo GC x TENS não revelou diferença estatística em nenhum dos períodos de tempo avaliados, como mostra o p-valor de cada um (Tabela II), inicial (pré) e 15 minutos (pós) com 0,48, inicial (pré) e 30 minutos (pós) com 0,44 e inicial (pré) e 45 minutos (pós) 0,93. Observando tais dados, pode-se dizer que o recurso TENS não foi eficaz na diminuição da dor. Para avaliação do quesito tempo no desfecho materno, analisaram-se dois intervalos distintos: tempo transcorrido da aplicação do recurso à expulsão do bebê, o GC ficou com média de 261,8 minutos (± 172,6) e o TENS de 320,9 minutos (± 214,1); e tempo transcorrido do início do trabalho de parto até a expulsão do bebê, em que a média do GC foi de 290,4 minutos (± 237,6) e a do TENS foi de 296,3 minutos (± 168,8). Comparando-se os grupos, em ambos os intervalos de tempo, o grupo TENS aparentou ter retardado tal período, sugerindo ter contribuído para o aumento do trabalho de parto. Entretanto, esse incremento de minutos não é significante, conforme mostra o p-valor (Tabela III). Concluise então que a aplicação do recurso não pôde interferir no tempo transcorrido do trabalho de parto. A variável intensidade foi avaliada confrontando-se a dose subsensorial do GC com a dose sensorial em miliamperes do grupo TENS. Verificou-se heterogeneidade entre os grupos em todos os momentos analisados, p-valor igual a 0,00 (Tabela IV), denotando que a dosagem usada pelo grupo intervenção esteve estatisticamente diferente e consequentemente significante. O incômodo materno com a aplicação do TENS permaneceu expressivamente menor para o grupo intervenção quando conferido com o GC (Tabela IV) nos períodos 15 minutos (p-valor 0,02) e 30 minutos (p-valor 0,03). Isso confirma a comodidade de aplicação da estimulação elétrica transcutânea, não acarretando grande empecilho a quem usufrui desse instrumento analgésico. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 29 Artigo 3 Tabela I – Características antropométricas, clínicas e sociodemográficas Características Idade (anos, média ± DP) IMC (m/kg2, média ± DP) Cor (n, %) Branca Parda Preta Estado civil (n, %) Solteira Casada União consensual Divorciada Escolaridade (n, %) Analfabeta Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo Ensino superior incompleto Ensino superior completo Número de gestações (mediana, mín-máx) Número de abortos (mediana) Número de partos vaginais (mediana) Número de partos cesariana (mediana) Percentual de primíparas (n, %) Idade gestacional em semanas (mediana) Histórico de cólicas menstruais (n, %) Número de consultas no pré-natal (mediana) Participação na visita à maternidade (n, %) Início do trabalho de parto espontâneo (n, %) Grau de dilatação (mediana) Tempo transcorrido do início do trabalho de parto até aplicação do TENS (minutos, média ± DP) Região de maior dor (n, %) Abdominal Lombar Dor inicial (mediana) Pressão arterial (média ± DP) Controle 24,6 (±4,8) 27,1(±4,5) adequado** TENS 24,5 (±5,9) 28,5 (±5,2) adequado** 11 (58%) 8 (42%) 0 (0%) 15 (75%) 4 (20%) 1 (5%) 1 (5%) 14 (74%) 4 (21%) 0 (0%) 4 (20%) 10 (50%) 5 (25%) 1 (5%) 0 (0%) 10 (53%) 0 (0%) 3 (16%) 5 (26%) 1 (5%) 0 (0%) 3 (1-5) 0 2 0 4 (21%) 39 10 (53%) 9 9 (47%) 18 (95%) 4 290,4 (±237,6) 0 (0%) 6 (30%) 3 (15%) 3 (15%) 6 (30%) 1 (5%) 1 (5%) 2 (1-4) 0 1 0 5 (25%) 39,6 13 (65%) 10 14 (70%) 17 (85%) 4 296,3 (±168,8) 18 (95%) 1 (5%) 8 PAS 117,3 (±12,3) PAD 76,3 (±9,0) 75,7 (±9,0) 16,3 (±3,5) 140,3 (±3,4) 4 (20%) 16 (80%) 8 PAS 119 (±10,2) PAD 76,5 (±8,1) 82,1 (±13,8) 18 (±5,9) 140 (±4,3) p-valor* 0,69 0,34 0,30 0,42 0,96 0,38 0,16 0,30 0,33 0,44 0,72 0,07 0,32 0,36 0,47 0,74 0,77 0,84 0,10 0,43 0,90 Frequência cardíaca materna (média ± DP) Frequência respiratória materna (média ± DP) Batimentos cardiofetais (média ± DP) Fonte: Elaboração própria. * p significativo < 0,05. ** ATALAH et al, 1997. IMC – índice de massa corpórea; PAS – pressão arterial sistólica; PAD – pressão arterial diastólica; DP – desvio-padrão Tabela II – Desfechos maternos: dor Dor Grupo controle (n = 19) Pós Mediana Mínima Mediana Mínima 8 2-10 8 2-10 8 2-10 7 1-9 8 2-10 7 1-9 Grupo TENS (n = 20) Pré Pós Mediana Mín-Máx Mediana Mín-Máx 8 2-10 7 2-0 8 2-10 6 1-10 8 2-10 7 1-10 Pré Inicial (pré) e 15 minutos (pós) Inicial (pré) e 30 minutos (pós) Inicial (pré) e 45 minutos (pós) Dor Inicial (pré) e 15 minutos (pós) Inicial (pré) e 30 minutos (pós) Inicial (pré) e 45 minutos (pós) p-valor† 0,84 0,03* 0,04* p-valorǂ 0,07 0,00* 0,05 p-valor§ 0,48 0,44 0,93 Fonte: Elaboração própria * p significativo < 0,05 † Controle pré x controle pós ǂ TENS pré x TENS pós § Controle X TENS 30 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 3 Tabela III – Desfechos maternos: tempo Tempo transcorrido da aplicação do recurso à expulsão do bebê (minutos) Tempo transcorrido do início do trabalho de parto até a expulsão do bebê (minutos) Tempo transcorrido da aplicação do recurso à expulsão do bebê (minutos) Tempo transcorrido do início do trabalho de parto até a expulsão do bebê (minutos) Grupo controle (n = 19) Média Desvio-padrão 261,8 ±172,6 290,4 ±237,6 Grupo TENS (n = 20) Média Desvio-padrão p-valor§ 320,9 ±214,1 0,35 296,3 ±168,8 0,93 Fonte: Elaboração própria * p significativo < 0,05 § Controle x TENS Tabela IV – Dados em relação ao recurso: alteração da intensidade (mA) e presença de incômodo materno com a aplicação do TENS Intensidade de corrente (mA, média ±DP) Inicial 15 minutos 30 minutos Incômodo com aplicação do recurso (mediana, mínima) 15 minutos 30 minutos 45 minutos Controle TENS p-valor§ Subsensorial Subsensorial Subsensorial 24 (±15,4) 27,4 (±15,5) 28,4 (±13,8) 0,00* 0,00* 0,00* 2 (0-2) 2 (0-2) 1 (0-2) 0,5 (0-2) 1 (0-2) 1 (0-2) 0,02* 0,03* 0,27 Fonte: Elaboração própria * p significativo < 0,05 § Controle x TENS Mesmo com a ocorrência de certo incômodo no uso da corrente TENS, apenas uma parturiente do grupo experimental não usaria novamente o recurso e 100% do grupo controle usaria outra vez. Além da eletroanalgesia, outros meios de alívio da dor ofertados pelo centro médico foram aproveitados pelas gestantes, como ducha e bola. Discussão Embora seja um momento de grande importância na vida de uma mulher, o trabalho de parto é cercado por intensa dor, fator que contribui de forma direta para uma experiência desagradável (ORANGE, AMORIM E LIMA, 2003). A posição da mulher durante o trabalho de parto, bem como a mobilidade, o medo, a ansiedade e a confiança podem influenciar em sua experiência com relação à dor (CONELL-PRICE et al., 2008; JONES et al., 2012). Ao longo dos anos, equipes de saúde de uma maneira multidisciplinar têm procurado recursos e tecnologias para amenizar essa sensação e proporcionar à mulher uma experiência de parto mais agradável, promovendo e possibilitando sua participação de forma ativa no processo, que segue um curso fisiológico e natural. Aliviar a dor no parto é de grande importância para a equipe de saúde, e com tal objetivo existem métodos variados, porém invasivos, como as anestesias, que exercem papel eficaz ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 31 Artigo 3 na analgesia, entretanto podem resultar em efeitos colaterais indesejados para a mãe e seu bebê. Contrapondo-se a esse métodos, a TENS é um recurso analgésico não invasivo, apropriado para a diminuição da dor crônica e aguda, especialmente a dor no trabalho de parto (VAN DER SPANK et al., 2000). Corroborando com isso, Tsen et al. (2000), Teixeira (2001) e Jones et al. (2012) afirmam que esse recurso é utilizado devido à eficácia com relação à analgesia. O recurso descrito age de acordo com a Teoria das Comportas da dor proposta por Melzack e Wall (1965) e Mello, Nóbrega e Lemos (2011), segundo quem a estimulação de fibras nervosas aferentes que apresentam diâmetro largo e alta velocidade de condução (Aβ), prévia a estimulação de fibras de diâmetro menor e baixa velocidade de condução (fibras Aδ e C), que são responsáveis pela condução de estímulos dolorosos, pode ser uma medida preventiva que dificulta e até mesmo impede a resposta das fibras Aδ e C. O primeiro relato registrado da utilização da TENS com fins analgésicos no meio obstétrico data da década de 1970, na Escandinávia. Desde então, esse recurso vem sendo utilizado para proporcionar principalmente analgesia à parturiente, promover conforto para o momento tão esperado por ela, que é o nascimento de um filho, bem como evitar efeitos colaterais à mãe e ao concepto decorrentes do uso de métodos analgésicos farmacológicos (MELLO, NÓBREGA E LEMOS, 2011). Para Knobel, Radünz e Carraro (2005) tal utilização se deve ao fato de que o estado de consciência da parturiente não é alterado durante a aplicação do recurso, o que lhe permite participar de forma ativa do processo de parir, além de possibilitar seu contato imediato com o bebê, que pode assim ser amamentado logo após o nascimento, desde que não ocorra nenhuma intercorrência com mãe ou bebê. Entretanto, segundo o autor, a TENS pode variar de uma paciente para outra, sendo que em algumas parturientes o efeito desejado pode não ocorrer, sendo assim o recurso ineficaz. 32 Van Der Spank et al. (2000) citam a utilização da TENS como opção de recurso analgésico em hospitais. Em seu estudo, os referidos autores fazem relatos de partos em hospitais da Grã-Bretanha e dos EUA com a finalidade proposta por esta pesquisa. O intuito deste estudo foi comparar os desfechos maternos com a aplicação ou não da estimulação nervosa transcutânea (TENS) para alívio da dor no trabalho de parto. Porém, não se encontrou diferença estatisticamente significativa entre a dor em parturientes que utilizaram a TENS e em parturientes do tratamento controle. A escala eleita para mensuração da dor das pacientes foi a escala visual analógica (EVA). Estudos de Erkkola, Pikkola e Kanto (1980), Chapman e Syrjala (1990), Pimenta, Cruz e Santos (1998), Orange, Amorim e Lima (2003), Knobel, Radünz e Carraro (2005) mostram que a escala objetiva um valor numérico, constando zero como ausência de dor e dez como a pior dor imaginável, referente àquela sentida pela parturiente em determinada região, seja lombar, sacral, abdominal ou outras. Em relação à forma como o questionário EVA foi aplicado, o presente estudo denotou sua realização antes da aplicação da corrente, durante os 30 minutos propostos de terapia e 15 minutos após a interrupção da corrente em questão. Em muitos estudos, a EVA foi aplicada dessa forma, diferenciando apenas seu tempo de aplicação. Van Der Spank et al. (2000) aplicaram o questionário antes da aplicação da TENS, durante a aplicação e após a interrupção da corrente, sendo o tempo de aplicação da TENS de 15 minutos. Já no estudo de Chao et al.(2007) a EVA foi aplicada antes da aplicação da corrente, no fim da aplicação, que durou 30 minutos, e reavaliado 30 minutos após o equipamento ser desligado. Em concordância com o presente estudo, Chao et al. (2007) aplicou a TENS durante 30 minutos. Contrapondo-se a esses dados, Van Der Spank et al. (2000) realizou a aplicação de TENS durante 15 minutos. Na pesquisa em questão, a região de maior dor indicada pelas parturientes do grupo controle foi a abdominal, com percentual de ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 3 95% (18 parturientes); no grupo intervenção, foi a dor lombar, com 80% (16 parturientes). O valor da mediana de EVA inicial (primeiros 15 minutos de aplicação) em ambos os grupos foi de 8, indicando dor muito forte. Entre 15 e 30 minutos, a dor no grupo controle diminuiu para EVA 7 (dor forte), mantendo-se nos 15 minutos pós-aplicação da TENS. No grupo intervenção, a EVA foi para 6 (dor moderadamente forte), entre 15 a 30 minutos e aumentando para EVA 7 nos 15 minutos pós-TENS. De acordo com Moura (2007) e Canesin e Amaral (2010), o trabalho de parto é acompanhado de um quadro intenso de dor considerada subjetiva e complexa, um fenômeno presente na vida humana. Em corroboração com Orange, Amorim e Lima (2003); Mello, Nóbrega e Lemos (2011); Dowswell, Bedwell, Lavender e Neilson (2009); Bavaresco et al. (2011); Tsen et al. (2000) e Gallo et al. (2011), a presente pesquisa não apresentou diferença significativa quanto à intensidade de dor das parturientes. Confrontando-se os dados obtidos nas pesquisas de Mazzali e Gonçalves (2008); Knobel, Radünz e Carraro (2005); Abreu Santos e Ventura (2010) demonstra-se a eficácia da utilização da TENS como método analgésico não farmacológico para alívio da dor durante o trabalho de parto. As parturientes selecionadas para o estudo tinham de ter dilatação entre 3 a 5 cm. Em concordância, Erkkola, Pikkola e Kanto (1980), aplicaram o recurso em parturientes com dilatação de 4 cm. A técnica de colocação dos eletrodos e os parâmetros adotados para aplicação da TENS corroboraram com o que há na literatura. Foram colocados quatro eletrodos, sendo um par alocado nos níveis paravertebrais de T10-L1 e outro nos níveis paravertebrais de S2-S4, local, segundo a literatura, de entrada dos aferentes nociceptivos. Essa disposição dos eletrodos é justificada pelo tipo de dor durante o trabalho de parto, que no primeiro estágio é visceral e mediada pelo sistema nervoso simpático, responsável pela inervação do útero através da condução dos estímulos do sistema nervoso central, sendo sua localização sob o nível do primeiro par de eletrodos. Já a dor no segundo estágio é de origem somática e resultante da distensão da musculatura do períneo, que é inervado pelo nervo pudendo, cuja entrada está localizada sob o nível do segundo par de eletrodos (VAN DER SPANK et al., 2000; ORANGE, AMORIM E LIMA, 2003; MAZZALI E GONÇALVES, 2008; MELLO, NÓBREGA E LEMOS, 2011; BAVARESCO et al., 2011; GALLO et al., 2011; ABREU, SANTOS E VENTURA, 2010). Todavia, o trabalho de Mendonza (2002) cita a colocação de seis eletrodos em região lombar, sacra e suprapúbica com alta frequência e baixa intensidade. Em relação aos parâmetros utilizados durante a aplicação, verificou-se a frequência de discordância e variação desse requisito. Para Bavaresco et al. (2011), os parâmetros adotados dependem do estágio de trabalho de parto em que a mulher se encontra e de sua sensibilidade. Em contrapartida, Mazzali e Gonçalves (2008) e Abreu, Santos e Ventura (2010) concordam no que se refere à frequência (F), de 90 Hz. Os últimos autores complementam os primeiros citando a duração de pulso (T) utilizada em seu estudo, que foi de 100 µs. Nesta pesquisa, aplicou-se o recurso por meio do aparelho TENS VIF 993 Dual da marca Quark. Para decisão dos parâmetros foi adotada como base a bibliografia de Kitchen (2003), onde foi encontrado o valor de 100 Hz para a frequência e de 75 µs para a duração de pulso, partindo do pressuposto que quanto mais alta a frequência, melhor é o alcance do objetivo, bem como a duração de pulso, que foi fixada no valor máximo que o aparelho permitia (40-75 µs). Ainda em concordância com a autora citada, para ativar as fibras de largo diâmetro (Aβ) sem ativar as fibras nociceptivas de pequeno diâmetro (Aδ e C) deve-se fazer uso de correntes de baixa intensidade e alta frequência (10-250 Hz), com duração de pulso entre 10-1000 µs. Mantovani (2004) cita em seu estudo a aplicação de TENS convencional com frequência de repetição de pulso alta com valores entre 50 Hz e 100 Hz, e duração de pulso baixa, com valores entre 50 µs e 80 µs, dados que entram em anuência com este estudo. A intensidade, no presente estudo, foi ajustada ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 33 Artigo 3 conforme a sensação das parturientes do grupo experimental, que foram orientadas a avisar quando estivessem sentindo forte parestesia (formigamento). Já no grupo controle, quando avisado da sensação de parestesia, o aplicador da técnica acionou o botão da intensidade até as pacientes não referirem nenhuma sensação. Analisando-se a duração do início do trabalho de parto até a expulsão do bebê, a mediana foi de 290,4 minutos no grupo controle e 296,3 minutos no grupo TENS, demonstrando que a utilização da TENS refletiu em aumento do trabalho de parto, porém não evidenciando diferença estatisticamente significativa. Corroborando com esse resultado, Orange, Amorim e Lima (2003) relatam que a duração do trabalho de parto foi de 256 minutos no grupo da TENS e de 220 minutos no grupo controle, também não se evidenciando diferença estatisticamente significante. Ainda de acordo com essas assertivas, os autores Mazzali e Gonçalves (2008) relatam não encontrar diferença significativa entre grupo intervenção e grupo controle no que diz respeito à duração do trabalho de parto. Abreu, Santos e Ventura (2010) verificaram a mediana de duração do trabalho de parto de 12,8 horas para o grupo controle e 11,1 horas para o grupo intervenção, sendo também considerada pelos autores sem diferença significativa. Porém, vários estudos consultados não relatam essa análise, o que dificulta a comparação desse fator (TELLES e AMARAL, 2007; BAVARESCO et al., 2011; KNOBEL, RANDÜNZ e CARRARO, 2005; GALLO et al., 2011; ABREU, SANTOS e VENTURA, 2010). De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, o incômodo sentido pelas parturientes foi menor para o grupo que recebeu aplicação da TENS em comparação ao grupo controle nos períodos avaliados de 15 minutos (p-valor de 0,02) e 30 minutos (p - valor 0,03), sendo o p-valor para diferença significativa < que 0,05. Durante a coleta de dados e aplicação do recurso, várias gestantes referiram incômodo não pela sensação da estimulação elétrica, mas pela limitação de movimentos, uma vez que os eletrodos se encontravam em região lombossacra, obrigando-as a permanecer em 34 decúbito lateral. Durante os trinta minutos de aplicação do recurso pôde-se verificar que o relato do incômodo experimentado pelas pacientes foi referente ao descrito acima. Apenas uma participante do grupo experimental não usaria o recurso novamente. Com essa afirmação, é possível considerar que 100% do grupo controle usaria o recurso em outro trabalho de parto, e que a TENS não acarreta em impedimento a quem decide usá-la. Apenas uma referência utilizada neste estudo cita de forma breve o incômodo materno por causa da aplicação da estimulação elétrica transcutânea. De acordo com Knobel, Randünz e Carraro (2005), são raras as ocasiões em que se registra incômodo motivado pela técnica em questão. Em relação a esse fator, nenhuma mulher relatou incômodo em nenhum dos grupos estudados. Analisando-se a intensidade utilizada nas parturientes do grupo intervenção, realizada de forma sensorial, em comparação à dose subsensorial aplicada nas pacientes do grupo controle, pôde-se verificar heterogeneidade, p-valor de 0,00, entre ambos em todos os momentos avaliados, assegurando haver diferença significativa entre a dosagem usada. Abreu, Santos e Ventura (2010) usaram em seu estudo baixa intensidade no grupo controle, sendo considerada por eles sublimiar, o que resultou em parestesia muito leve, praticamente imperceptível. De acordo com eles, tal sensação difere da presente no grupo intervenção com a TENS convencional, em que a parestesia deve ser forte e perceptível, porém sem dor ou atividade muscular. Os autores supracitados verificaram que não houve relato de alívio da dor por nenhuma paciente do grupo controle, o que sugere que a intensidade de estimulação interfere de forma direta sobre a efetividade da técnica, uma vez que por meio de níveis inadequados de dosagem da intensidade pode não ocorrer sobreposição da estimulação de fibras de largo diâmetro (Aβ) em relação às fibras de pequeno diâmetro (Aδ e C), resultando na ineficiência do método. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 3 Conclusão Segundo os resultados da presente pesquisa, a eletroestimulação nervosa transcutânea (TENS) não apresentou diferença significativa no que se refere ao alívio da dor durante o trabalho de parto. Deve-se considerar a importância do consenso em relação aos parâmetros utilizados visando tal objetivo, pois por meio desta pesquisa analisou-se a grande divergência na determinação deste fator. Outro dado a ser considerado é a aplicação da escala visual analógica (EVA), que, apesar de considerada simples, gera má interpretação por parte das parturientes, o que pode afetar de forma direta os resultados de pesquisas que empreguem esse instrumento. No que diz respeito à duração do parto não houve diferença significativa entre os grupos controle e intervenção, podendo-se afirmar que o recurso em questão não afetou o tempo total do trabalho de parto. Já o desconforto sentido em relação à TENS foi evidenciado no que se refere à limitação de movimentos pelas parturientes, que durante o tempo de tratamento precisaram permanecer em decúbito lateral. Não foram relatados incômodos referentes à passagem da corrente elétrica. Por meio do presente estudo, verificou-se a necessidade de novos trabalhos que averigúem a interpretação da EVA, bem como o impacto do estado emocional da gestante sobre o tratamento com a TENS. REFERÊNCIAS 1.ABREU, E. A.; SANTOS, J. D. M.; VENTURA, P. L. 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Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Medicina) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. 18. ORANGE, F. A.; AMORIM, M. M. R.; LIMA, L. Uso da eletroestimulação transcutânea para alívio da dor durante o trabalho de parto em uma maternidade-escola: ensaio clínico controlado. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 45-52, 2003. 19. PIMENTA, C. A. M.; CRUZ, D. A. L.; SANTOS, J. L. F. Instrumentos para avaliação da dor: o que há de novo em nosso meio. Arquivo Brasileiro de Neurocirurgia, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 15-24, 1998. 36 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 4 Exercício de baixa intensidade como agente promotor de melhoria de aprendizagem e funcionalidade em idosos institucionalizados Low intensity exercise as a promoter of learning and improving functionality in institutionalized elderly Adriana Aparecida Oliveira1 Amanda dos Santos Nagata2 André Luiz Farias3 Francisco Ernesto Halila Zanardini4 1. Graduanda de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. 2. Graduanda de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. 3. Graduando de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. 4. Membro do corpo docente da Faculdade Dom Bosco. RESUMO Introdução: A doença de Alzheimer é uma desordem degenerativa crônica acompanhada por disfunção cerebral complexa, podendo se manifestar clinicamente por comprometimento cognitivo, transtorno de comportamento e sinais motores. Objetivos: Analisar as alterações de equilíbrio, memória, nível de dependência e funcionalidade na capacidade de idosos institucionalizados, antes e após intervenção. Métodos: Participaram deste estudo cinco idosos de ambos os sexos, com idade média de 78,4 ± 77,6 anos e um convívio de 4,4 ± 5,07 anos no lar de idosos. A amostragem foi do tipo não probabilística por conveniência. A intervenção foi realizada três vezes por semana, durante aproximadamente três meses, com duração de 30 minutos cada, sendo o primeiro e o último dias destinados somente à avaliação. Foram aplicados os seguintes instrumentos de pesquisa para avaliação: anamnese, escala de equilíbrio funcional de Berg, escala de demência de Blessed e teste timed get up and go (TUG). Resultados: Em relação aos resultados da escala de equilíbrio de Berg, observou-se a média de 41 ± 6,16 pontos na avaliação realizada antes do tratamento e 46 ± 6,78 pontos após o tratamento. Quando realizado o teste de postos de sinais para verificar a significância entre pré e pós-tratamento, identificou-se diferença significativa (p = 0,0295). Em relação à percepção visual, foi identificada a média de acertos antes do tratamento de 8,0 ± 0,71, e após o tratamento, aumento da média para 8,8 ± 1,10. As médias entre pré e pós-tratamento da percepção visual apresentaram diferença significativa (p = 0,0448). Quando avaliada a memória incidental, a média de erros pré-tratamento foi de 1,4 ± 0,89, e pós-tratamento houve queda da média para 0,6 ± 0,55. O teste de postos de sinais mostrou diferença significativa da memória incidental em pré e pós-tratamento (p = 0,0448). Por meio do teste neuropsicológico de aplicação fácil para diagnóstico de demência, foi avaliada a memória após 5 minutos, e observou-se que a média de acertos pré-tratamento foi de 3,2 ± 2,49, e pós-tratamento a média subiu para 3,4 ± 3,36. A análise inferencial apontou que não houve diferença significativa da memória entre pré e pós-tratamento após 5 minutos (p = 1,000). Quando avaliada a fluência verbal, observou-se que a média de animais lembrados antes do tratamento foi de 6,6 ± 2,19 e pós-tratamento a média subiu para 8,6 ± 3,21. A fluência verbal não apresentou diferença significativa entre o pré e pós-tratamento (p = 0,0520). No teste de TUG não houve diferença significativa entre pré e pós-tratamento (p = 0,0528), ou seja, não houve redução no tempo de execução do teste nesse grupo de pacientes. Conclusão: Neste estudo verificou-se melhora significativa na pontuação da escala de equilíbrio de Berg, na percepção visual e na memória incidental do avaliada por meio do teste ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 37 Artigo 4 neuropsicológico de aplicação simples para diagnóstico de demência. Este pressuposto é referendado pelo fato de que a atividade física parece representar importante abordagem não farmacológica, beneficiando as funções cognitivas e o equilíbrio, com diminuição do risco de quedas. Além disso, a agilidade e o equilíbrio estão associados com funções cognitivas em idosos com DA. ABSTRACT Objectives: Alzheimers disease is a chronic degenerative disorder accompanied by complex brain dysfunction and may manifest clinically by cognitive impairment, behavioral disorders, and motor signs. This forces the objective of this research analyze the changes of balance, memory, functionality and level of dependence on the ability of elderly subjects before and after an intervention. Methods: The study included five seniors of both sexes, with a mean age of 78.4 ± 7.76 years and a conviviality of 4.4 ± 5.07 years in the nursing home. The sample was nonprobabilistic convenience, the procedure was performed three times a week for about 3 months, a duration of 30 minutes each operation, the first, the last day only for evaluation. We applied the following research tools for evaluation: medical history, Balance Scale Berg, The Blessed Dementia Scale Test and Timed Get Up and Go (TUG). Result: Regarding the results of the Balance Scale Berg shown in table 1, there was an average of 41 ± 6.16 points in evaluating conducted before treatment and 46 ± 6.78 points post treatment. The greatest difference was found in patient A which was 40 to 47 points. There was a mean difference between pre and post treatment of 5 ± 1.58 points. When done testing stations signals to verify the significance between before and after treatment, we found a significant difference (Z = 1.8878, p = 0.0295), ie, the treatment was effective for these patients, as there was improvement between the two assessments. To assess visual perception, memory, incidental, memories after 5 minutes and verbal fluency were used neuropsychological test questions 38 simple application for diagnosing dementia from the Blessed Dementia Scale. For each item the results are presented below. With respect to visual perception was identified that the mean score before treatment was 8.0 ± 0.71, after treatment the average increased to 8.8 ± 1.10. All results increased on a hit, except for patient B, who had the same amount of hits in pre and post treatment. The means between before and after treatment of visual perception significant difference (Z = 1.6971, p = 0.0448), ie there was an improvement after treatment. When considering the average incidental memory errors before treatment was 1.4 ± 0.89 and after treatment the average dropped to 0.6 ± 0.55. All patients had a least one error, with the exception of patient D, who had no errors before or after. The test signals stations showed a significant difference in the memory incidental before and after treatment (Z = 1.69, p = 0.0448), so there was a reduction in the number of errors in the test. Through neuropsychological testing easily applicable to diagnosis of dementia, memory was also evaluated after 5 minutes, it is observed that the pretreatment mean score was 3.2 ± 2.49 and the average post-treatment increased to three, 4 ± 3.36. The greatest increase was Patient D, from 4 to 7. The largest reduction was Patient B of 3 to 1. The inferential analysis showed that no significant difference between pre and post treatment of memory after 5 minutes (Z = 0.000, p = 1.000), ie, there was no improvement between the two assessments. When evaluated verbal fluency, it was observed that the average animals remembered before treatment was 6.6 ± 2.19 and the average post- treatment increased to 8.6 ± 3.21 (Table 5). The greatest progress was Patient C, who remembered the most six animals after treatment. Patient B had the same result in pre and post treatment. The verbal fluency showed no significant difference between pre and post treatment (Z = 1.6255, p = 0.0520), ie, there was no improvement after treatment in this group of patients. Patients were also assessed with the Timed Get Up and Go (TUG), which evaluates the sitting balance, transfer to a standing position, ambulation and stability in changing the course of the march without using compensatory strategies. The results ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 4 showed a mean pretreatment time was 19.2 ± 5.50 and the average post-treatment dropped to 15.0 ± 2.92. The greatest progress was patient D, who performed the test in 10 seconds faster after treatment. The patient A had an increase in time after treatment of a second. In the TUG test no significant difference between pre and post treatment (Z = 1.6181, p = 0.0528), ie, there was no reduction in execution time of the test in this group of patients. Conclusion: In this study it was found that there was a significant improvement in scores of Berg Balance Scale, visual perception and memory of incidental Neuropsychological Test Application for Simple Diagnosis of Dementia. Endorsed this assumption by the fact that physical activity may be an important nonpharmacological approach benefit cognitive functions and balance and reduce the risk of falls. Moreover, agility and balance are associated with cognitive function in older adults with AD. Introdução Segundo Izzo (2006), a Fisioterapia na área de Gerontologia tradicionalmente desenvolveu suas atividades voltadas para a reabilitação, tendo seu principal enfoque nas doenças crônicas não transmissíveis e suas sequelas, muitas vezes incapacitantes, comumente encontradas entre os idosos. Morelli e Rebelatto (2004) complementam que os fisioterapeutas podem ser membros integrantes da equipe de trabalho com o idoso, orientando e incentivando as atividades, bem como os profissionais de primeiro contato, permitindo a inclusão do cliente no sistema de saúde do idoso. doença, loucura ou demência. (NETTO, 1996, p. 146) Com o passar dos anos, o sistema imunológico também sofre alterações, o que aumenta a incidência de processos malignos, surgidos devido à deficiência do sistema de defender o organismo contra agentes invasores. (RICARDO, 2004, p. 9) Segundo Freitas (2002), os vários aspectos que caracterizam o processo de envelhecimento clamam para a necessidade de propiciar à pessoa idosa atenção abrangente a sua saúde, colocando em prática o preconizado pela Organização Mundial de Saúde. De acordo com Cordeiro (2007), a capacidade funcional, especialmente na dimensão motora, é um dos importantes marcadores do envelhecimento bem-sucedido e da qualidade de vida dos idosos. A perda dessa capacidade está associada à predição de fragilidade, dependência, institucionalização, a risco aumentado de quedas e de morte e a problemas de mobilidade, trazendo complicações ao longo do tempo e gerando cuidados de longa permanência e alto custo. A doença de Alzheimer é uma desordem degenerativa crônica acompanhada por disfunção cerebral complexa, podendo manifestar-se clinicamente por comprometimento cognitivo, transtorno de comportamento e sinais motores. (ENGELHARDT; LAKS, 2005) Kauffman (2001, p. 112) complementa que a doença de Alzheimer é degenerativa do cérebro e de etiologia desconhecida. De acordo com Guccione (2002, p. 10), a proporção de idosos em qualquer idade sem nenhuma doença crônica é pequena, porém mais que a metade dos homens com mais de 80 anos de idade e 70% das mulheres com idade semelhante tem duas ou mais condições crônicas. Ramos e Montanõ (2001) descrevem que com o envelhecimento populacional cresce a importância das doenças crônicas neurodegenerativas, que tem na idade o principal fator de risco. Dentre elas, estão a síndrome demencial, altamente incapacitante. A doença de Alzheimer, por sua vez, é uma das causas mais frequentes de demência, pertencendo ao grupo das chamadas demências irreversíveis. Durante o envelhecimento, há perda de grupos celulares e diminuição da capacidade funcional de muitos sistemas bioquímicos, o que leva a prejuízo cognitivo que nem sempre significa Uma importante abordagem não farmacológica para estes quadros de degeneração primária do sistema nervoso central são os exercícios multissensoriais, que estimulam os três ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 39 Artigo 4 sistemas sensoriais: vestibular, visual e somatossensorial, bem como fornecem estímulos músculo-esqueléticos a seus participantes. Esse tipo de exercício é efetivo para melhorar o equilíbrio dos idosos. (ROGERS, 2003) Após aprovação do Comitê de Ética da Faculdade Dom Bosco, os sujeitos previamente selecionados foram avaliados por meio de anamnese a fim de se investigarem fatores relacionados a queixas, bem como informações baseadas nos critérios de inclusão e exclusão. Para a realização de tais exercícios usam-se bolas, deslocamentos em superfícies instáveis com posições diferenciadas de cabeça, combinados com supressão da visão e por meio de posições que estimulam o equilíbrio e aumentam a sensibilidade dos receptores, possibilitando melhores condições de controle postural. (ROGERS, 2003) Os sujeitos enquadrados nos critérios de inclusão assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e foram submetidos aos demais procedimentos da pesquisa. Nesse contexto, este estudo procurou verificar os reais efeitos dos exercícios de baixa intensidade como agentes promotores de melhoria de condição de memória, equilíbrio, dependência e funcionalidade em idosos institucionalizados dementados. A Escala de Berg é um instrumento validado de avaliação funcional do equilíbrio composta de quatorze tarefas, com cinco itens cada, e pontuação de 0-4 para cada tarefa: 0 – incapaz de realizar a tarefa; 4 – realiza a tarefa de forma independente. O escore total varia de 0-56 pontos. Quanto menor a pontuação, maior é o risco de queda; quanto maior, melhor o desempenho (GAZZOLA et al., 2006; CHRISTOFOLETT et al., 2006). Objetivo O objetivo deste estudo foi analisar as alterações de equilíbrio, memória, o nível de dependência e a funcionalidade em idosos institucionalizados, antes e após intervenção. Métodos Trata-se de um ensaio clínico não controlado. A amostra constou de cinco idosos de ambos os sexos, com idade média de 78,4 ± 77,6 anos que convivem a 4,4 ± 5,07 anos no lar de idosos. A amostragem foi do tipo não probabilística por conveniência, e os pacientes foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão eram idade superior a 60 anos, estabilidade clínica, quadro de demência inicial, assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios que excluíam os pacientes do estudo eram insuficiência cardiorrespiratória grave, infecções graves, tumor maligno, quadro de infarto agudo do miocárdio (IAM) recente, quadro de demência avançado. Para seleção dos voluntários foi realizada visita à sede da instituição Nosso Lar Comunidade do Idoso, localizada na rua Alberto Piequas, s/n., CEP: 83505-050, Almirante Tamandaré-PR. 40 Foram utilizados três instrumentos distintos: escala de equilíbrio funcional de Berg, escala de demência de Blessed e teste timed get up and go (TUG). A escala foi adaptada para aplicação no Brasil por Miyamoto et al. (2004), apresentando em cada item escores de 0-4 e tempo determinado para cada tarefa e pontuação para risco de queda escore abaixo de 45 pontos. A escala foi desenvolvida para atender a várias propostas na prática clínica e em pesquisas: monitorizar o estado do equilíbrio do paciente, o curso de uma doença, predizer quedas, selecionar pacientes aptos ao processo de reabilitação e a resposta do paciente ao tratamento (BERG et al.,1989; HALSSA et al., 2007). A escala de demência de Blessed (BLESSED et al., 1988), traduzida para o português por Garcia (2003), é um dos mais antigos e conhecidos instrumentos empregados para avaliação e quantificação de alterações funcionais e emocionais em pacientes demenciados. Os instrumentos compreendem: escala de demência (BLS-D), escala de informação (BLSI), escala de memória (BLS- M) e escala de concentração (BLS-C). O escore das três últimas escalas é normalmente combinado no teste de informação, memória e concentração de Blessed, atingindo no máximo 37 pontos. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 4 A escala de demência (BLSD) procura avaliar mudanças no desempenho das atividades diárias, nos hábitos, na personalidade, nos interesses e nas motivações do paciente examinado. O escore máximo é igual a 0, indicando que não há comprometimento emocional ou funcional. O escore mínimo é de 28 pontos, indicando comprometimento grave. Neste estudo foram utilizados os seguintes itens da Escala de Demência de Blessed: 1) Percepção visual: solicitou-se ao paciente que observasse uma folha contendo 10 figuras e lhe foi perguntado que figuras eram aquelas. O escore foi dado pelo número de figuras corretamente identificadas, mesmo que não tenham sido adequadamente denominadas. 2) Memória incidental: caso o paciente não identificasse alguma figura, explicava-se a ele o que representava. Em seguida, escondeu-se a folha e perguntou-se ao paciente que figuras haviam sido mostradas. O escore foi dado pelo número de respostas certas. 3) Memória após 5 minutos: a folha foi mostrada novamente durante 30 segundos, e solicitou-se ao paciente que olhasse atentamente para elas e procurasse guardá-las na memória. Após 5 minutos, foi perguntado a ele quais figuras haviam sido mostradas há 5 minutos. O escore foi dado pelo número de respostas certas. 4) Fluência verbal: solicitou-se ao paciente citar o maior número de animais de que se lembrava. O escore foi dado pelo número de animais nomeados em um minuto (NITRINI et al., 2004). O teste timed get up and go (TUG), proposto por Podsiadlo e Richardson (1991), avalia o equilíbrio do paciente sentado, transferências da posição sentado para de pé, estabilidade na deambulação e mudanças do curso da marcha sem utilizar estratégias compensatórias. É um teste simples, no qual o paciente é solicitado a levantar-se de uma cadeira (a partir da posição encostada), deambular por uma distância de 3 m, virar-se, retornar no mesmo percurso e assentar-se na cadeira novamente (com as costas apoiadas no encosto). O idoso é instruído a executar a tarefa de forma segura e o mais rapidamente possível, e seu desempenho é analisado em cada uma dessas tarefas por meio da contagem do tempo necessário para realizá-las. Indivíduos adultos independentes e sem alterações no equilíbrio realizam o teste em 10 segundos ou menos; os dependentes em transferências básicas realizam o teste em 20 segundos ou menos, e os que necessitam de mais de 20 segundos para completar o teste são dependentes para muitas atividades da vida diária e na mobilidade; esse último valor indica a necessidade de intervenção adequada. Os sujeitos foram submetidos a um circuito de exercícios multissensoriais compostos por 13 estações de treinamento, que são os movimentos de cabeça, pescoço e olhos; exercícios de controle postural em várias posições: sentado, em apoio bipodal e unipodal, andando de frente, de costas, lateralmente, em flexão plantar e calcanhar; exercícios com olhos vendados e uso de superfície instável. O grau de dificuldade vai aumentando de acordo com o treinamento (ALMEIDA COSTA, 2009). O grupo foi submetido a intervenções de 30 minutos, três vezes por semana, durante aproximadamente três meses, sendo o primeiro e o último dia destinados somente à avaliação. Os sujeitos foram reavaliados após o término do tratamento com base nos procedimentos realizados na avaliação. Resultados e discussão Devido ao número reduzido da amostra, foi aplicada estatística não paramétrica. A análise descritiva foi realizada por meio do cálculo das médias e do desvio-padrão. Para a estatística inferencial foi utilizado o teste de postos de sinais, para verificar a significância das diferenças entre as avaliações realizadas pré e pós-tratamento, com auxílio do pacote estatístico SPSS 18.0, a um nível preditivo de p < 0,05. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 41 Artigo 4 Tabela 1: Resultados da escala de equilíbrio de Berg em pré e pós-tratamento Paciente PRÉ PÓS Diferença A 40 47 7 B 31354 C 46 D 42453 E 46515 Média 41,0 Desvio-padrão 6.16 52 6 46,0 6.78 5,0 1.5811 Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2012. Em relação aos resultados da escala de equilíbrio de Berg apresentados na tabela 1, observa-se a média de 41 ± 6,16 pontos na avaliação realizada antes do tratamento e de 46 ± 6,78 pontos no pós-tratamento. A maior diferença foi encontrada no paciente A, de 40 para 47 pontos. Houve diferença média entre pré e pós-tratamento de 5 ± 1,58 pontos, em que se identificou diferença significativa (p = 0,0295). O tratamento, portanto, foi eficaz para esses pacientes, pois houve melhora entre as duas avaliações. Faria et al. (2003) realizaram uma revisão bibliográfica sobre o treinamento de força na reabilitação da função muscular, no equilíbrio e na mobilidade de idosos, mesmo em idades avançadas. Segundo eles, a implementação de um programa de exercício terapêutico minimiza ou evita o declínio funcional acentuado, prevenindo ou amenizando-os. Tais resultados corroboram com o estudo de revisão de Gazzola (2005) sobre envelhecimento e com o estudo de Steadman, Donaldson e Karla (2003), os quais concluíram que o treinamento pode, além de melhorar a confiança desses pacientes, melhorar sua qualidade de vida. Tabela 2: Resultados da percepção Paciente PRÉ PÓS Diferença A 8 9 1 B 7 7 0 C 8 9 1 D 8 9 1 E 9 10 1 Média 8,0 8,8 0,8 Desvio-padrão 0,71 1,10 0,45 Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2012. 42 Para avaliar a percepção visual, a memória incidental, as memórias após 5 minutos e a fluência verbal foram usadas as questões do teste neuropsicológico de aplicação simples para diagnóstico de demência a partir das escalas de demência de Blessed. Em relação à percepção visual, verificou-se que a média de acertos antes do tratamento foi de 8,0 ± 0,71, e após o tratamento a média subiu para 8,8 ± 1,10. Figura 1 – Gráfico de colunas dos resultados da percepção visual 12 10 8 9 8 8 7 9 9 8 9 10 7 6 4 2 0 A B C D ANTES E DEPOIS As médias entre pré e pós-tratamento da percepção visual apresentam diferença significativa (Z = 1,6971; p = 0,0448), ou seja, houve melhora após o tratamento. Tabela 3: Resultados da memória incidental em pré e pós-tratamento Paciente PRÉ PÓS Diferença A 2 1–1 B 2 1 –1 C 2 1 –1 D 0 0 0 E 1 0 –1 Média Desvio-padrão 1,4 0,89 0,6 0,55 –0,8 0,45 Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2012. Quando avaliada a memória incidental, a média de erros pré-tratamento foi de 1,4 ± 0,89 e pós-tratamento a média caiu para 0,6 ± 0,55. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 4 Por meio do teste de postos sinais constatou-se diferença significativa da memória incidental em pré e pós-tratamento (Z = 1,69, p = 0,0448), sendo assim, houve redução na quantidade de erros no teste. Tabela 4: Resultados da memória após 5 minutos pré e pós-tratamento Paciente PRÉ PÓS Diferença A 40 47 7 C 46 52 6 D 42 45 3 E 46 515 Média 41,0 46,0 5,0 Desvio-padrão Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2012. Por meio do teste neuropsicológico de aplicação fácil para diagnóstico de demência, também foi avaliada a memória após 5 minutos (FIG 04). Observa-se que a média de acertos pré-tratamento foi de 3,2 ± 2,49, e pós- tratamento a média subiu para 3,4 ± 3,36. O maior aumento foi do paciente D, de 4 para 7. A maior redução foi do paciente B, de 3 para 1. De acordo com a análise inferencial, não houve diferença significativa entre pré e pós-tratamento da memória após 5 minutos (Z = 0,000, p = 1,000), ou seja, não houve melhora entre as duas avaliações. Figura 2 - Gráfico de colunas dos resultados da memória após 5 minutos 8 7 7 7 7 6 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 1 1 0 A B ANTES C D E DEPOIS De acordo com a análise inferencial, não houve diferença significativa entre pré e pós-tratamento da memória após 5 minutos (Z = 0,000, p = 1,000), ou seja, não houve melhora entre as duas avaliações. O paciente C, que se lembrou de seis animais a mais após a interferência, teve o mesmo resultado em pré e pós-tratamento. A fluência verbal não apresentou diferença significativa entre o pré e pós-tratamento (Z = 1,6255, p = 0,0520), ou seja, não houve melhora após o tratamento nesse grupo de pacientes. Paciente PRÉ PÓS Diferença A 4 51 B 7 7 0 C 6 12 6 D 6 71 E 10 12 2 Média 6,6 8,6 2,0 Desvio-padrão 2,19 3,21 2,35 Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2012. A partir da escala de demência de Blessed foram avaliados os itens percepção visual, memória incidental, memória após 5 minutos e fluência verbal de acordo com os resultados mostrados anteriormente. Os resultados médios mostram melhora em todos os itens, porém com diferença significativa apenas nos itens percepção visual (p = 0,0448) e memória incidental (p = 0,0448), de acordo com resultados apresentados anteriormente. Segundo Naveh (2003), um fator que pode explicar a baixa melhora nos itens avaliados é a dificuldade dos mais velhos de associar itens ou atributos de um episódio, e mais explicitamente, a dificuldade de associar os itens constantes nas diferentes porções das listas de palavras com o contexto, explicação chamada de hipótese do déficit associativo dos idosos. Em relação aos resultados do teste de TUG não houve diferença significativa em pré e pós-tratamento (p = 0,0528), mas observou-se redução no tempo de execução da tarefa em quatro pacientes, ou seja, os exercícios físicos parecem ser importantes para a mobilidade, a agilidade e o equilíbrio dos indivíduos. Estudo realizado por HERMANDEZ (2010) com um grupo de 16 idosos com idade média de 78,5 anos verificou que após seis meses de atividade física os idosos com diagnóstico de demência tipo Alzheimer obtiveram melhora significativa da execução de passos no TUGp, ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 43 Artigo 4 ou seja, diminuíram consideravelmente o número de passos realizados para a mesma tarefa. No TUGs, os mesmos mantiveram o tempo de execução. Tal resultado possivelmente esteja ligado à melhora do comprimento da passada, velocidade da marcha e também do equilíbrio. Conclusão Neste estudo verificou-se melhora significativa na pontuação da escala de equilíbrio de Berg, na percepção visual e na memória incidental do teste neuropsicológico de aplicação simples para diagnóstico de demência, conforme resultados obtidos com significância estatística para as escalas analisadas. A atividade física parece representar importante abordagem não farmacológica, beneficiando as funções cognitivas e o equilíbrio, com diminuição do risco de quedas. Além disso, a agilidade e o equilíbrio estão associados com funções cognitivas em idosos com DA. Sugere-se que mais estudos sejam realizados a fim de se verificar se a reabilitação fisioterápica ou os exercícios físicos que visam ao equilíbrio melhoram o escore de pontuação total da Berg em nível suficiente para sair do limite de risco de quedas e, assim, melhorar a qualidade de vida dos idosos, além de verificar a relação dessas práticas com a avaliação cognitiva. Sugerem-se trabalhos com um maior número de idosos, controlado e randomizado. REFERÊNCIAS 1. ABREU, D. I.; FORLENZA, V. O.; BARROS, L. H. Demência de Alzheimer: correlação entre memória e autonomia. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 32, n. 3, mai.-jun. 2005. 2. ABREU, S. S. E.; CALDAS, C. P. Velocidade de marcha, equilíbrio e idade: um estudo correlacional entre idosas praticantes e idosas não praticantes de um programa de exercícios terapêuticos. Rev. Bras. Fisioter., São Carlos, v. 12, n. 4, p. 324-30, jul./ago. 2008. 3. ALFIERI, F. M. 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Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 5 Estudo dos efeitos terapêuticos do ultrassom e da terapia combinada com corrente interferencial em bailarinas clássicas com fascite plantar Study of thet herapeutic effects of ultrasound and therapy combined with interferential current, thepain caused by plantar fasciitis in classical ballet dancers Andressa Simões Medeiros1 Barbara Lopes2 Driele Cristina Duarte3 Fausto Alberto Zamboni4 RacieleIvandra Guarda Korelo5 Cristiane Regina Gruber6 1, 2, 3, 4 Acadêmicos do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco 5 Fisioterapeuta, professora do curso de Fisioterapia da UFPR 6 Fisioterapeuta, professora do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Contato: [email protected], racieleguarda@ dombosco.sebsa.com.br RESUMO Introdução: A fascite plantar é uma inflamação da fáscia plantar. As forças de tração durante o apoio levam ao processo inflamatório, que resulta em fibrose e degeneração. Objetivos: Verificar os efeitos terapêuticos do ultrassom e/ou da terapia combinada com corrente interferencial sobre a dor em bailarinas com fascite plantar. Métodos: Participaram deste estudo 29 praticantes de balé clássico do sexo feminino, com idade entre 18 a 30 anos, de escolas de balé de Curitiba-PR. As voluntárias foram divididas em dois grupos: grupo ultrassom e grupo terapia combinada com corrente interferencial. A intervenção foi realizada duas vezes por semana, com duração média de 10 minutos, totalizando 23 dias. A dor foi avaliada por meio das escalas AOFAS e EVA. Resultados: Por meio da variável descrição da frequência de características observouse que 100% da amostra apresentava dor na fáscia plantar há mais de seis meses e nódulos, 51,7% apresentava calos, 34,5% edema,31% proeminências ósseas e 17% alguma cicatriz no pé. Os movimentos ativos álgicos foram, com 10,25% (N = 4), a dorsiflexão; com 5,12% (N = 2), a eversão; com 12,81%(N = 3), a flexão dos dedos; com 25,62% (N = 6), a inversão. Ao término da intervenção, a presença de nódulos ficou restrita a 17,2%. Na escala AOFAS o grupo do ultrassom apresentou inicialmente a média de 71,07 (dp = 7,60) e aumentou para 94,69 (dp = 4,98), e o grupo da terapia combinada aumentou de 69,8 (dp = 12,56) para 91,81 (dp = 6,43). Os valores da EVA diminuíram ao longo do tratamento. Conclusão: O presente estudo mostrou melhora significativa dos pacientes após o uso do ultrassom. Uma das limitações do estudo foi a ausência de controle do uso de medicamentos, que podem interferir diretamente nos resultados. Sugerem-se novos estudos com a intervenção de outras técnicas de tratamento para melhora do quadro álgico e prevenção de novas lesões. ABSTRACT Objectives: The plantar fasciitis is an inflammation of the fascia, the traction forces during support lead to an inflammatory process that results in fibrosis and degeneration.This forces the objective of this research is to examine the therapeutic effects of ultrasound and or therapy combined with interferential current dancer with the pain of plantar fasciitis. Methods: The study included 29 subjects, practicing ballet, female, aged 18 to 30 years, volunteers from ballet schools of Curitiba-PR, were divided into two groups: group therapy and ultrasound combined with interferential current, the intervention was performed two times week, with an average of 10 minutes, totaling 23 days, the first, eleventh and last days only for evaluation. We applied the following research tools for evaluation: history, AOFAS and VAS. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 47 Artigo 5 Result: The variable description of the frequency caracteristics of the sample was observed that 100% of the sample had pain in the plantar fascia for more than six months and nodules 51.7% callus, 34.5% had edema, bony prominences 31% and 17% have a scar on foot. Based on evaluation of data obtained during the interview, reported more active movements that favored the on set of painwere: with 10.25% (N = 4) dorsiflexion, 5.12% (N = 2) eversion, 12.81%(N = 3) flexion of the fingers, 25.62% (N = 6) inversion, 53.8%(N = 13) had no pain in the realization of active motion, 38.43% (N = 9) the plantarflexion, 2.56% (N = 1) pronation and 2.56% (N = 1) supination. After intervention sand 17.2% had nodules. Relative to the scale AOFAS the ultrasound grouphad initially an average of71.07 (SD = 7.60)and increasedto94.69 (SD = 4.98) and the combined therapy group increased from 69.81 (SD = 12.56) to 91.81 (SD = 6.43). The values of EVA decreased during treatment. Conclusion: The present study showed significant improvement with ultrasound, but one of the limitations of the study was not controlling the use of drugs that can interfere directly in the results. Suggest new intervention studies with other treatment techniques for improved pain and prevent further injury. Introdução Segundo Anthony e Margherita (1994 apud GRAVA), as lesões de pé e tornozelo mais comuns nos bailarinos são as ligamentares decorrentes de entorse, as tendinites de calcâneo e flexor longo do hálux, fascite plantar, ruptura do tendão de calcâneo, subluxação do cuboide e fraturas do 5° metatarso, da fíbula, do maléolo lateral ou medial decorrentes do posicionamento do quadril em rotação externa (endehors) e do posicionamento do pé em ponta, meia-ponta e pronação, além das quedas. De acordo com Prentice (2002), fáscia é um tipo de tecido conjuntivo que cerca os músculos, tendões, nervos, ossos e órgãos. É essencialmente contínua, da cabeça ao dedo do pé, sendo interconectada em vários revestimentos ou planos. Ela é composta 48 essencialmente por colágeno, junto a algumas fibras elásticas. Durante o movimento deve alongar-se e mover-se livremente. A repetição dos posicionamentos específicos do balé geram, segundo Hebert (2003), forças de tração que durante o apoio levam à sobrecarga e ao possível aparecimento de processo inflamatório, que resulta em fibrose e degeneração, caracterizando quadro de fascite plantar. De acordo com Garrick (2001), isso ocasiona dor, que pode ocorrer ao longo de toda a borda medial da fáscia ou estar localizada na origem da mesma. Inicialmente, a dor é relacionada à prática da modalidade, mas depois pode se apresentar em tentativas de locomoção, principalmente ao levantar-se sobre os dedos dos pés. Segundo Andrews (2000), o sintoma mais constante é dor intensa ao dar os primeiros passos pela manhã. Ela tem início gradual e pode se irradiar ao longo da fáscia e da parte plantar do pé. O tratamento da fascite plantar envolve a utilização de vários recursos, dentre eles o ultrasom, a corrente interferencial e a terapia combinada. O ultrassom, segundo Kitchen (2003), promove efeitos físicos subdivididos em térmicos e não térmicos. Os primeiros são responsáveis por alívio da dor, redução da rigidez articular e aumento do fluxo sanguíneo. Os segundos, por reparação dos tecidos moles por estimulação da atividade fibroblástica, regeneração tecidual, aumento do fluxo de sangue em tecidos cronicamente isquêmicos, cura óssea e reparação de fraturas não consolidadas. A corrente interferencial, de acordo com Prentice (2004), pode ser utilizada na modulação da dor, no relaxamento muscular, na redução do edema, visto que segundo Rodrigues (2007) estimula os músculos voluntários, reduzindo a resistência da pele, permitindo o tratamento de tecidos profundos e promovendo dessa forma o aumento do fluxo sanguíneo periférico. Por fim, a terapia combinada envolve, segundo Low e Reed (2001), a aplicação de ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 5 duas modalidades terapêuticas ao mesmo tempo e no mesmo local. As combinações mais amplamente usadas são ultrassom com alguma forma de corrente estimuladora de nervo e músculo (por exemplo, ultrassom e corrente interferencial). De acordo com Salgado 1999, apud ARAGÃO, 2008), a combinação desse estímulo produz efeitos terapêuticos distintos do que quando utilizados separadamente. A corrente elétrica potencializa o efeito do ultrassom. O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos terapêuticos do ultrassom e/ou terapia combinada com corrente interferencial sobre a dor em bailarinas com fascite plantar. Métodos A amostra inicial contou 40 voluntárias, porém, levando em consideração critérios de exclusão e perda amostral, a pesquisa foi realizada com 29 voluntárias. Foram delimitados critérios de inclusão e exclusão para as pacientes serem aceitas no estudo. Os critérios de inclusão foram dor na fáscia plantar identificada por meio do teste de palpação; diagnóstico clínico de fascite plantar em fase crônica (sem presença de rubor ou calor local); idade entre 18 a 30anos; intensidade da dor plantar à palpação com EVA maior que 4; presença de dor crônica na fáscia plantar há mais de 6 meses; assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os critérios que excluíram as pacientes do estudo foram desordens neurológicas e/ou distúrbios psiquiátricos; infecção local; tumor ou déficit de sensibilidade local; distúrbio de coagulação; doenças do tecido conjuntivo; diabetes descontrolada; gravidez; marca-passo; infiltração nas últimas seis semanas; presença de parafusos, placas ou próteses no local de intervenção. Para seleção das voluntárias foi realizada visita às escolas de balé com o intuito de explicar aos responsáveis os procedimentos da pesquisa e convidar as bailarinas que apresentavam queixa de dor plantar a participar do estudo. Após aprovação do Comitê de Ética da Faculdade Dom Bosco, as pacientes previamente selecionadas foram avaliadas por meio de anamnese a fim de se investigar fatores relacionados às queixas, bem como informações baseadas nos critérios de inclusão e exclusão. As voluntárias enquadradas nos critérios de inclusão assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e foram submetidas aos demais procedimentos da pesquisa. No primeiro e no último dia de intervenção foi realizada uma avaliação funcional por meio do questionário empregado pela American Orthopaedic Footand Ankle Society (AOFAS), que avalia as condições do complexo tornozelo-pé (dor, função, alinhamento) numa escala de 0 a 100, em que a pontuação maior corresponde à melhor condição. Para o acompanhamento do quadro álgico foi utilizada diariamente, antes e após aplicação dos recursos, a escala visual analógica (EVA) em três situações: a) Dor à palpação b) Dor para o primeiro apoio matinal, com os pés descalços c) Dor para a primeira marcha do dia, com os pés descalços Após avaliação, dois grupos foram formados por meio de randomização por sorteio. As voluntárias sortearam um número para definição do grupo de intervenção, podendo permanecer no grupo 1 ou 2. Dessa forma, foram distribuídas em: • Grupo 1 (US = ultrassom) • Grupo 2 (TC = terapia combinada) As bailarinas pertencentes ao grupo 1 foram submetidas à aplicação do ultrassom por meio do equipamento Sonopulse, da empresa Imbramed, com os seguintes parâmetros • • • • Frequência do cabeçote: 3 MHz Modo de transmissão da onda: contínua Intensidade de saída: 1,8W/cm2 Duração: 10 minutos De acordo com Low e Reed (2001), a aplicação foi feita por meio de contato direto com gel ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 49 Artigo 5 hidrossolúvel, movimentando o cabeçote em feixes transversos sobrepondo-se. As voluntárias foram posicionadas sobre a maca, mantendo a fáscia plantar em alongamento durante todo o tempo de aplicação do recurso para facilitar a ação na extensibilidade do colágeno. O grupo 2 foi submetido à aplicação da terapia combinada com uso do equipamento Sonopahsys, da empresa KLD, com os seguintes parâmetros: • Ultrassom: os parâmetros utilizados foram os mesmos quando usados individualmente. Para o tratamento estatístico empregou-se análise descritiva (média, desvio-padrão e frequência) e inferencial não paramétrica, com auxílio do pacote estatístico SPSS18.0, a um nível preditivo de p<0,05. Inicialmente foi verificada a normalidade por meio do teste de Shapiro-Wilk e a homogeneidade de dados por meio do Teste de Levene. Para análise inferencial empregou-se o teste Wilcoxon para verificar a diferença significativa entre as variáveis, e para a análise de medidas repetidas utilizou-se o teste de Kruskal Wallis. Corrente interferencial: • Frequência portadora de 4000 Hz • AMF: 20 Hz • Delta F: 5 Hz • Slope: 1/1s • Intensidade máxima tolerável pela voluntária sem dor • Duração: 10 minutos No presente estudo observou-se que 100% das pacientes apresentavam dor crônica na fáscia plantar há mais de seis meses – sendo esse um critério de inclusão –, 51,7% apresentavam calos, 34,5% edema, 31% proeminências ósseas e faziam uso de medicamentos, 37,4% já haviam realizado outros tratamentos e 17% apresentavam alguma cicatriz no pé (GRÁFICO 1). As voluntárias foram posicionadas sobre as macas, mantendo a fáscia plantar em alongamento durante todo o tempo de aplicação do recurso. Gráfico 1 – Descrição da frequência de características da amostra Os dois grupos foram submetidos à intervenção duas vezes por semana, totalizando 23 dias. O primeiro, o décimo primeiro e o último dia foram destinados somente à avaliação, e a EVA, que foi aplicada diariamente. Reavaliação As pacientes foram reavaliadas após o término do tratamento com base nos procedimentos realizados na avaliação. Além disso, foram submetidas a uma avaliação um mês após o término das intervenções a fim de verificar os reais efeitos do programa sobre a dor na fáscia plantar. 120 100 Percentual (%) Com base em Kitchen (1998), o eletrodo de silicone carbono foi posicionado no ponto motor, localizado no músculo tríceps sural, e o transdutor realizou deslizamento por meio de contato direto com gel hidrossolúvel na fáscia plantar. 50 Resultados e discussão 80 SIM NÃO 60 40 20 0 los Ca s ize atr Cic r Do a nic crô Me s nto me a dic s tro tos ma ias Ou men nc as Ede nê a t mi ósse e tra Pro Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2011. Zanon, Brasile Imamura (2006) realizaram estudo com 22 pacientes adultos que sentiam dor crônica há mais de seis meses e não praticavam atividade física regular e observaram que exercícios de alongamento para a fáscia e para a musculatura posterior da perna são eficazes para a redução de dor plantar e melhora funcional na fascite. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 5 Com base na avaliação dos dados encontrados durante a anamnese, os movimentos ativos mais relatados que favoreciam o aparecimento da dor foram, com 10,25%, a dorsiflexão, 5,12% a eversão, 12,81% a flexão dos dedos, 25,62% a inversão, 38,43% a plantiflexão, 2,56% a pronação e a supinação. Além disso, 53,80% não apresentavam dor. tornozelo), inicialmente o grupo ultrassom apresentou média de 71,07, com desvio-padrão de 7,60, aumentando para 94,69 com desviopadrão de 4,98 após a intervenção. Já o grupo terapia combinada inicialmente apresentou média de 69,81, com desvio-padrão de 12,56, aumentando para 91,81, com desvio-padrão de 6,43 após a intervenção. O presente estudo verificou que a maioria das bailarinas não apresenta dor ao realizar movimentos ativos. Esses resultados divergem do estudo de Silvestre e Melo (2003), que concluíram ter a dor caráter cíclico, pois é gerada pelas lesões na fáscia consequentes aos seus constantes estiramentos (meia-ponta, saltos e pronação) De acordo com Valente, Borges e Pimenta (2009), considera-se satisfatório o mínimo de 70 pontos, o que se traduz em dor leve ou ocasional, boa mobilidade e estabilidade articular e bom alinhamento. Em relação aos nódulos localizados na fáscia plantar e identificados pela palpação, verificou-se que inicialmente 100% dos sujeitos apresentavam nódulos, após 10 sessões de intervenção essa porcentagem caiu para 86,2% e após 20 sessões apenas 17,2% apresentaram nódulos. Esse valor se manteve após um mês sem tratamento, isso significa que ambos os tratamentos foram eficazes para diminuição dos nódulos (GRÁFICO 2). Gráfico 2 – Presença de nódulos 120 Percentual (%) 100 80 SIM NÃO 60 40 20 0 Pré-teste Pós-10 Pós-teste Pós-1 mês Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2011. Vasconcellos e Sodré (1993) afirmam que com tratamentos sequenciais ou associados, deve-se esperar que 90% dos pacientes obtenham melhora de 90% de seus sintomas após seis meses. Os resultados descritivos mostram que em relação à escala AOFAS (Tabela 1) (cujo intuito é verificar a funcionalidade da articulação do Em relação à avaliação funcional, observou-se melhora significativa nas pacientes dos dois grupos. Tais resultados corroboram, em parte, com o estudo de Zanon, Brasil e Imamura (2006), que avaliaram um grupo realizando alongamento com o ultrassom desligado e o outro grupo realizando alongamento com ultrassom 2W/cm2. Houve melhora funcional dos pacientes dos dois grupos, sem diferença entre eles, ou seja, existe melhora funcional com a utilização do alongamento e do alongamento combinado com ultrassom. Em relação à EVA, os resultados descritivos apontam que as médias do grupo terapia combinada são maiores que as do grupo ultrassom nos quatro momentos avaliados (Tabela 2) Estudo de Pintor, Costas e Valente (2008) mostra que o ultrassom só foi capaz de induzir declínio da resposta inflamatória após sete dias, ao contrário do laser, cujo efeito foi observado durante todo o período. Foram comparados dados da escala EVA nos quatro momentos do grupo ultrassom e observou-se diferença significativa entre todas as avaliações, com exceção daquela feita entre a reavaliação, ou seja, houve manutenção da melhora após 1 mês sem intervenção (Tabela 3). O estudo de pacientes com diagnóstico de fascite plantar mostrou que ambos os grupos, experimental, que recebeu ultrassom 3MHz, com 0,5w/cm2, pulsado 1:4, e placebo, cujo equipamento permaneceu apenas com o temporizador ativado, obtiveram melhora no tratamento da dor de calcâneo em 25 e 30%, respectivamente. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 51 Artigo 5 Tabela 1 – Valores descritivos escala AOFAS Variável Intervenção AOFAS pré-teste Ultrassom (N = 13) 59 Terapia combinada (N = 16) 48 AOFAS pós-1 mês Ultrassom (N = 13) 85 Mínima 85 87 100 Máxima 71,07 69,81 94,69 MédiaDesvio-padrão 7,60 12,56 4,98 Terapia combinada (N = 16) 100 91,81 6,43 82 Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2011 Tabela 2 – Valores descritivos da EVA nas quatro avaliações Variável Intervenção Mínima Máxima Média Desvio-padrão Pré-teste Ultrassom (N = 13) 4 8 5,92 1,32 Terapia combinada (N = 16) 5 8 6,56 1,03 11º dia Ultrassom (N = 13) 1 6 3,30 1,43 Terapia combinada (N = 16) 1 6 3,75 1,48 Reavaliação Ultrassom (N = 13) 0 2 0,30 0,63 Terapia combinada (N=16) 0 3 0,87 0,88 Pós-1 mês Ultrassom (N = 13) 0 2 0,46 0,81 Terapia combinada (N = 16) 0 3 0,77 0,91 EVA EVA EVA EVA Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2011 Tabela 3 – Comparações da EVA entre os diferentes momentos com a utilização do ultrassom (I) fator (J) fator Diferença das médias (I-J) Erro-padrão Sig (p) 95% Intervalo de confiança InferiorSuperior Pré 11º dia 2,615* ,350 ,000 1,513 3,718 Reavaliação 5,462* ,386 ,000 4,245 6,678 Pós 1 mês 5,615* ,385 ,000 4,403 6,828 11º dia Pré -2,615* ,350 ,000 -3,718 -1,513 Reavaliação 2,846* ,317 ,000 1,846 3,846 Pós 1 mês 3,000* ,340 ,000 1,929 4,071 Reavaliação Pré -5,462* ,386 ,000 -6,678 -4,245 11º dia -2,846* ,317 ,000 -3,846 -1,846 Pós 1 mês ,154 ,104 ,992 -,175 ,482 Pós 1 mês Pré -5,615* ,385 ,000 -6,828 -4,403 11º dia -3,000* ,340 ,000 -4,071 -1,929 Reavaliação -,154 ,104 ,992 -,482 ,175 Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2011 * p<0,05 52 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 5 Tabela 4 – Comparações da EVA entre os diferentes momentos com a utilização da terapia combinada (I) fator (J) fator Diferença das médias (I-J) Erro-padrão Sig (p) 95% Intervalo de confiança InferiorSuperior Pré 11º dia 2,813* ,245 ,000 2,068 3,557 Reavaliação 5,750* ,233 ,000 5,043 6,457 Pós 1 mês 5,688* ,237 ,000 4,969 6,406 11º dia Pré -2,813* ,245 ,000 -3,557 -2,068 Reavaliação 2,938* ,266 ,000 2,131 3,744 Pós 1 mês 2,875* ,301 ,000 1,961 3,789 Reavaliação Pré -5,750* ,233 ,000 -6,457 -5,043 11º dia -2,938* ,266 ,000 -3,744 -2,131 Pós 1 mês -,063 ,143 1,000 -,498 ,373 Pós 1 mês Pré -5,688* ,237 ,000 -6,406 -4,969 11º dia -2,875* ,301 ,000 -3,789 -1,961 Reavaliação ,063 ,143 1,000 -,373 ,498 Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2011 * p<0,05 Esses resultados não corroboram com o presente estudo, em que foi observada melhora na dor com o tratamento de ultrassom, mas com intensidade de ondas na dose de 1,8 W/cm2. As comparações da escala EVA nos quatro momentos do grupo terapia combinada revela diferença significativa entre todas as avaliações, com exceção da feita entre a reavaliação e pós 1 mês (p = 1,000), ou seja, houve manutenção da melhora após 1 mês sem intervenção (Tabela 4) Esses resultados corroboram com o estudo de Imamura, Carvalho, Fernandes et al. (1996), que dividiram 29 pacientes com fascite plantar em dois grupos, sendo um deles tratado com terapia combinada durante o período de 21 semanas, no qual se observou diminuição da dor por meio da EVA. O teste de Kruskal Wallis mostra que houve diferença significativa entre os dois grupos (p<0,045) apenas na reavaliação após 1 mês sem intervenção, sendo o grupo do ultrassom mais eficiente, apresentando menores valores da escala EVA que o grupo terapia combinada (Tabela 5). Tabela 5 – Comparação entre o grupo ultrassom e o grupo terapia combinada nos diferentes momentos Momentos χ 2 P Pré 1,893 0,169 11° dia 0,723 0,395 Reavaliação 1,426 0,232 Pós 1 mês 4,031 0,045 * Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2011 * p<0,05 No estudo de Rodrigues e Facci (2007), o uso da terapia combinada foi mais eficaz na diminuição do quadro doloroso. Esses resultados divergem do presente estudo, que mostrou melhora nos dois grupos (ultrassom e terapia combinada) quando avaliados separadamente. Quando se observa a comparação dos dois grupos, no entanto, nota-se maior eficácia no grupo ultrassom, que apresentou resultados de EVA menores após um mês de tratamento. Observa-se diminuição dos valores da escala EVA após a intervenção nos dois grupos. A dor matinal é um importante critério de avaliação. Neste estudo, tanto no primeiro apoio como ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 53 Artigo 5 Tabela 6 – Valores descritivos da EVA dos grupos no diferentes momentos de avaliação Variável Intervenção Média Desvio-padrão Palpação antes da intervenção Ultrassom (N = 13) 3 0,23 Terapia combinada (N = 16) 3,25 0,27 Palpação após da intervenção Ultrassom (N = 13) 0 0,31 Terapia combinada (N = 16) 1 0,25 Primeiro apoio matinal Ultrassom (N = 13) 2 0,25 Terapia combinada (N = 16) 2,25 0,32 Primeira marcha matinal Ultrassom (N = 13) 1,5 0,24 Terapia Combinada (N = 16) 1 0,44 EVA EVA EVA EVA Fonte: Própria – Elaborada pelos pesquisadores, 2011 na primeira marcha, quando quantificada pela escala EVA, o critério dor matinal mostrou valores médios baixos, de 1 a 2,25 na escala (Tabela 6). Tais resultados não corroboram com o estudo de Grecco (2011), que avaliou 40 pacientes com fascite plantar divididos em dois grupos. O primeiro recebeu ultrassom 1,2 W/cm e transmissão da onda contínua, e o segundo recebeu ondas de choque. Ambos foram associados à fisioterapia convencional. Ao contrário da pesquisa de Grecco (2011), o presente estudo apresenta valores médios mais baixos da escala EVA na palpação depois da intervenção quando comparados com os valores antes da intervenção. Pode-se justificar esse fato pelo efeito térmico do ultrassom. CONCLUSÃO Este estudo possibilitou analisar os efeitos da eletroanalgesia por meio do ultrassom contínuo e da terapia combinada (ultrassom e corrente interferencial) na dor de bailarinas clássicas que apresentavam fascite plantar. Trata-se de lesão bem comum pelo impacto sofrido, agravada pela falta de treinamentos adequados de força, potência e flexibilidade, o que aumenta ainda mais os índices de lesões. Ao se comparar os dois tratamentos, observou-se 54 maior eficiência no grupo de intervenção com ultrassom, pois apenas na reavaliação após 1 mês sem tratamento houve diferença significativa, ou seja, não houve diferença significativa entre a escala EVA nos diferentes momentos da avaliação (pré, 11ª sessão e pós-tratamento). Houve melhora no quadro álgico mesmo em curto período de aplicação, sem que os sujeitos tenham suspendido a atividade causal da lesão, de forma que esse fator pode ter influenciado nos resultados. O presente estudo mostrou melhora significativa com o ultrassom, e uma das limitações do estudo foi a ausência de controle do uso de medicamentos, que podem interferir diretamente nos resultados. Sugerem-se novos estudos com a intervenção de outras técnicas de tratamento para melhora do quadro álgico e prevenção de novas lesões. Conclui-se que diante de uma gama de patologias que afetam a população idosa, a hidrocinesioterapia é um meio fisioterapêutico eficaz para tratamento, cujos objetivos podem ser alcançados por meio dos métodos Bad Ragaz, que visa ao fortalecimento, Halliwick, que tem como objetivo a ambientação em meio aquático e a indepedência do indivíduo na piscina, e watsu, cuja meta é levar o paciente ao relaxamento, bem como seu alongamento. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência Artigo 5 Verifica-se, por meio deste estudo, que assim como o processo de envelhecimento encontra-se em fase ascendente no Brasil e no mundo, os estudos relacionados à hidrocinesioterapia também estão em fase de crescimento, pois além de apresentar benefícios evidentes aos pacientes em geral essa terapia age de forma direta sobre a saúde dos idosos. Concluímos que são necessários mais estudos focados na população idosa, para análise dos efeitos ocorridos durante o tratamento em água. REFERÊNCIAS 1. ANDREWS, J. Reabilitação física das lesões desportivas. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 2. GARRICK, J. Lesões esportivas: diagnóstico e administração. 2. ed. São Paulo: Roca, 2001. 3. GRAVA, J. Ballet clássico. Disponível em: <http://www.joaquimgrava.com.br/img/ballet. pdf>. Acesso em 6 nov.2010 4. GRECCO, M. V. Comparação das ondas de choque radiais e fisioterapia convencional no tratamento de fasciíte plantar. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. 5. HEBERT, S.; XAVIER, R. Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 3. ed. São Paulo: Artmed,2003. 6. IMAMURA, M.; CARVALHO, A. E.; FERNANDES, T. D.; LEIVAS, T. P; KAZIYAMA, H. H. S.; FERRAZ, T. B.; IMAMURA, S. T.; SALOMÃO, O. Fasciteplantar: estudo comparativo. Rev.Bras. Ortop., São Paulo, v. 31, n. 7, jul. 1996. 9. PINTOR, M.V. 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Os que se enquadrarem serão submetidos à apreciação de dois editores, garantindo-se o anonimato de autores e editores. Dependendo dos pareceres recebidos, os autores poderão ser solicitados a fazer ajustes, ainda sujeitos à aprovação. Uma vez aceito, o texto será submetido à edição, podendo haver novamente solicitação de ajustes formais. Responsabilidade e ética O conteúdo e as opiniões expressas são de inteira responsabilidade dos autores. Artigos de pesquisa envolvendo sujeitos humanos devem indicar expressa aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da instituição responsável. Pesquisas referentes a animais precisam da aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Animais. Formato e conteúdo Os textos deverão ser digitados em Word 972003, em tamanho A4, com espaçamento de linhas duplo e fonte 12 tipo Times New Roman. Exige-se o formato ABNT em todo o texto. Página de rosto – deve conter: a) título do trabalho e sua versão para o inglês; 56 b) nome completo dos autores com indicação da titulação acadêmica e inserção institucional, nome do departamento, curso ou laboratório dessa instituição, acompanhada de endereço completo, incluindo cidade, estado e país; c) título condensado (máximo de 50 caracteres) – running title; d) endereços eletrônico e postal do autor principal; e) indicação de órgão financiador de parte ou todo do projeto de estudo, se for o caso. Resumo – deve permitir visão panorâmica do trabalho, conter no máximo 250 palavras e versão em inglês. Para os artigos originais, o resumo deve ser estruturado em objetivos, métodos, resultados e conclusões. Unitermos ou palavras-chave – máximo de seis, relacionados após o resumo e o sumário. Como guia, consulte descritores em ciências da saúde (http://decs.bvs.br). Estrutura do texto • Editoriais – a convite do editor, sob tema específico, devem conter no máximo duas mil palavras. • Artigos originais – devem conter estruturalmente as partes introdução, objetivos, métodos, resultados, discussão e conclusão. São contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita, passíveis de ser replicadas e/ ou generalizadas. Devem atender aos princípios de objetividade e clareza da questão norteadora, conter o máximo de cinco mil palavras; tabelas e figuras não podem exceder a sete. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência • Relato de caso – com a mesma estrutura dos artigos originais – no máximo mil e quinhentas palavras e três tabelas. Recomenda-se não citar iniciais do paciente. • Artigos de revisão – compreende avaliações críticas e ordenadas da literatura sobre determinado assunto, devendo conter objetivo (por que a revisão da literatura foi realizada, indicando se ela enfatiza algum fator em especial), fonte de dados (critérios de seleção de artigos e métodos de extração e avaliação da qualidade das informações), síntese dos dados (principais resultados quantitativos e/ou qualitativos da pesquisa) e conclusões (com as respectivas aplicações). Incluem-se os procedimentos adotados e a delimitação do tema. A extensão limita-se a três mil palavras. • Cartas ao editor – comentários, discussões e críticas a artigos publicados recentemente nesta revista, relatos de pesquisas originais ou achados científicos significativos. Extensão limítrofe de mil palavras. Referências As referências devem seguir o modelo da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT). Veja exemplos: DAHER, S.; MATTAR, R.; SASS, N. Doença hipertensiva específica da gravidez: aspectos imunológicos. In: Sass N, Camano L, Moron AF, editores. Hipertensão arterial e nefropatias na gravidez. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 45-56. BLIDDAL, H.; HELLESEN, C.; DITLEVSEN, P.; ASSELBERGHS, J.; LYAGER, L. Soft-laser therapy of rheumatoid arthritis. Scand. J. Rheumatol. 1987. 16(4):225-8. HERZOG NETO, G.; CURI, R.L.N. Características anatômicas das vias lacrimais excretoras nos bloqueios funcionais ou síndrome de Milder. Rev Bras Oftalmol [periódico eletrônico]. 2003 [citado 2006 jul. 22];62(1):[cerca de 5 p.]. Disponível em: <www.sboportal.org.br>. FREIRE, M. Exercícios aeróbicos e lombalgia [dissertação]. São Paulo: Disciplina de Reumatologia, Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, 2000. SACCO, I.C.N.; COSTA, P.H.L.; DENADAI, R.C.; AMADIO, A.C. Avaliação biomecânica de parâmetros antropométricos e dinâmicos durante a marcha em crianças obesas. In: VII Congresso Brasileiro de Biomecânica, Campinas, 28-30 maio 1997. Anais. Campinas: Editora Unicamp, 1997. p. 447-52. Agradecimentos Quando pertinentes, dirigidos a pessoas ou instituições que contribuíram para a elaboração do trabalho, são apresentados ao final das referências. Apresentação eletrônica da versão final Após comunicação do aceite ao artigo, o autor deverá proceder a eventuais ajustes sugeridos pelos editores, no prazo de cinco semanas. Com a versão final editada, o editor poderá solicitar novos ajustes e esclarecimentos. Neste caso, o prazo será de duas semanas. Enviar artigos para [email protected]. ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência 57 58 ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 4, n. 1, janeiro/junho 2013 | Revista Fisioterapia em Evidência
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