ver/abrir
Transcrição
ver/abrir
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES KEILA MARIA B. DE LIMA FERREIRA AÇÃO HUMANITÁRIA, UMA EXPERIÊNCIA NA GESTÃO DE ABRIGAMENTOS DA CIDADE DO RECIFE RECIFE MARÇO/2013 FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES KEILA MARIA B. DE LIMA FERREIRA AÇÃO HUMANITÁRIA, UMA EXPERIÊNCIA NA GESTÃO DE ABRIGAMENTOS DA CIDADE DO RECIFE Monografia desenvolvida pela aluna Keila Maria B. de Lima Ferreira, orientada pela Profª. Esp. Patrícia Lopes da Veiga Pessoa, e apresentada ao Curso de Especialização em Gestão das Emergências Faculdade de e Desastres Ciências da Humanas ESUDA, como requisito final para obtenção do grau de Especialista. RECIFE MARÇO/2013 FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES AÇÃO HUMANITÁRIA, UMA EXPERIÊNCIA NA GESTÃO DE ABRIGAMENTOS DA CIDADE DO RECIFE KEILA MARIA B. DE LIMA FERREIRA Monografia submetida ao Corpo Docente do Curso de Especialização em Gestão das Emergências e Desastres da Faculdade de Ciências Humanas Esuda e ______________________________ com __________________________ em _____ de __________________ 2012. Banca Examinadora: Patrícia Lopes da Veiga Pessoa Orientador ______________________________________________________ Examinador: Dedico esta Monografia a Aos meus filhos, irmãos e pais que sempre acreditaram em mim, ao meu namorado que sempre me apoiou em situações de desânimo e que compartilha de momentos especiais. Aos meus professores e em especial a minha orientadora Patrícia Lopes que ajudou a conduzir o processo de construção de uma prática vivenciada na Defesa Civil do Recife. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus colegas da Coordenadoria de Defesa Civil do Recife que me incentivaram na confecção deste estudo. A minha amiga especial Ana Rita Suassuna que me apresentou o trabalho da Defesa Civil com isso justifica minha paixão por ação humanitária das emergências e desastres. A professora Margareth Alheiros que sempre proporcionou a discussão e reflexão entusiasmada dos enfrentamento do risco. estudos sobre mecanismos de gerenciamento e RESUMO A questão dos abrigos na Cidade do Recife é uma problemática que vem sendo discutida desde o ano de 2001, quando foram identificadas cerca de 351 famílias, aproximadamente 1700 pessoas, com situações de exclusão social diante das condições insalubres distribuídas em 19 abrigos públicos. Diversidades de doenças, conflitos familiares era a realidade em que se encontravam pessoas que perderam suas residências após desastres decorrentes de alagamentos e deslizamentos de barreiras. A vida dessa população e sua percepção num pós desastre é importante a partir do momento que faculta uma alternativa de convivência e de saída para uma habitação mais segura. A criação de um modelo de gestão através do Programa Guarda Chuva da Coordenadoria de Defesa Civil do Recife - CODECIR apresenta algumas reflexões sobre as ocupações inadequadas no município do Recife e as alternativas para se enfrentar os desastres de uma forma mais articulada com planejamento das ações e envolvimento não só do poder público como também da comunidade. Palavras-chave: Vulnerabilidade e risco, abrigamento e ação humanitária. ABSTRACT The question of the shelters in the city of Recife is an issue that has been discussed since 2001, when they were identified about 351 families, approximately 1,700 people, with social exclusion faced unsanitary conditions distributed in 19 public shelters. Diversity of diseases, family conflict was the reality in which they were people who lost their homes after disasters resulting from floods and landslides barriers. The life of this population and their perception is important in a post disaster from the moment that provides an alternative to coexistence and output to a safe shelter. The creation of a management model through the Umbrella Programme of Coordination of Civil Defense of Recife - CODECIR presents reflections on the occupations inadequate in Recife and alternatives to face disasters in a more articulated with action planning and involvement not only of government but also the community. Key words: Vulnerability and risk, shelter and humanitarian action “Tô enfiado na lama É um bairro sujo Onde os urubus tem casa E eu não tenho asas Mas estou aqui na minha casa Onde os urubus tem asas Vou pintando, segurando a parede No mangue do meu quintal Manguetown.” SUMÁRIO INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I – Histórico do Recife, ocupações inadequadas e criação do 13 modelo de gestão de risco do Recife através do Programa Guarda Chuva CAPÍTULO II - Abrigamento, risco e vulnerabilidade/proteção civil 23 CAPÍTULO III – Visão cidadã de abrigamento, perspectivas e entraves 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45 ANEXOS 47 10 INTRODUÇÃO A sociedade contemporânea enfrenta um grande desafio da relação entre o ser humano e o ambiente diante das mudanças climáticas, com formas de organização da sociedade voltadas às políticas públicas para esta preparação da população dialogando com o desenvolvimento social e sustentabilidade dentro da perspectiva da mudança de cultura a proteção civil da sociedade. A Cidade do Recife tem uma composição da área territorial de 67,34% de morros e 23,06% de planícies, com um milhão e meio de habitantes, destes, aproximadamente 450 mil moram nas áreas de morro. Considerando o histórico de ocupação dos morros da Zona Norte e Sul da cidade, a partir da década de 40 e 50, estabeleceu uma política de limpeza da área central do Recife, denominado o “movimento contra os mocambos”, retirando este moradores desta área, sem oportunizar outra solução de moradia. Fatores condicionantes das ocupações e seus conflitos sociais e risco, conduzido pelo êxodo rural, crescimento da população de forma desordenada nos morros, margens de rios e canais, na qual provoca as condições de vulnerabilidade sócio-econômica fragilizada. Este período foi marcado por um intenso crescimento demográfico e desenvolvimentismo elevado, que atraía para os centros das cidades, (...) um enorme contingente de migrantes em busca de emprego da realização do sonho de melhoria de vida (COSTA & LIMA, 2004) Histórico das enchentes nas áreas de planície e deslizamento de terra nos morros da cidade com previsões de pluviometria alta, os índices elevados de óbitos antes de 2001, passou-se a pensar em um modelo de gestão de risco articulado com uma política de abrigamento que atendesse a necessidade da população das áreas de risco. Identificou-se na Cidade do Recife, antes de 2001, abrigamentos insalubres, onde mantinham 351 famílias, aproximadamente 1.700 pessoas, há três anos distribuídas em 19 abrigos públicos, 696 famílias alojadas em casa de parentes ou amigos e 426 recebendo uma ajuda de custo. Existiam pessoas com doenças crônicas, patologias diversas, conflitos familiares, ambiente propício a atitudes promíscuas sem perspectivas de encaminhamentos e melhorias da qualidade de vida. Portanto, havia a necessidade de diagnosticar o problema cadastrando estas famílias que foram vítimas de desastres naturais e se encontravam em situação de grande vulnerabilidade e risco social, e isso exige dos seus técnicos mais capacitações para enfrentar esses novos 11 desafios. E, como afirma Guimarães (2001) “cabe às prefeituras municipais responsabilidade cada vez maior em gerir as questões afetas aos municípios, o que significa ter que dispor de tomar decisões adequadas e planejar os investimentos no município, frente à realidade por ele vivida”. Após a identificação das famílias situadas no risco social, a Prefeitura do Recife, criou o auxílio moradia, instrumento temporário de moradia, através do Decreto 18.810 de 2001, para incluir todas as famílias deste perfil no referido benefício, oportunizando a vivência numa moradia segura. Os abrigos foram desativados iniciando uma nova perspectiva de abrigamento, pensou-se nas acolhidas solidárias em casa de parentes ou amigos ou abrigos temporários para posterior encaminhamento do auxílio moradia até as soluções habitacionais permanentes. Viabilizou-se posteriormente a construção de conjuntos habitacionais para reassentar as famílias do auxílio moradia afetadas por desastres. Foi concluído o Conjunto Habitacional Josué Pinto (208 Unidades Habitacionais – UH), e construídas novos como Alto da Esperança (125 UH), Conjunto 08 de Março (145 UH) e o Conjunto da Várzea (104 UH), habilitando estas famílias serem inseridas no processo de inclusão social, preservando a integridade física das pessoas numa garantia de Direitos Humanos, com o Estado intervindo através de políticas sociais que atendam as necessidades dos cidadãos complementando e corrigindo as falhas do mercado. A metodologia utilizada através para execução deste trabalho foi a pesquisa secundária e terciária, analisando trabalhos escritos, documentos, criações de leis e decretos, como objeto de estudo para análise de sínteses e interpretações ou avaliações das fontes originais do banco de dados da Coordenadoria de Defesa Civil do Recife (CODECIR). Análise desde o marco legal da situação encontrada, sua evolução, construção do modelo de gestão dos abrigos. Os referidos dados constam no arquivo da Coordenadoria de Defesa Civil do Recife, através de relatórios a partir do ano de 2001, balanço e preparação dos planos de contingências, registros que retratem e discutam ações de resposta e organização dos abrigos temporários da cidade para situação de emergência e calamidades. 12 No primeiro capítulo deste trabalho intitulado Ação Humanitária: uma experiência na gestão de abrigamentos da Cidade do Recife situamos o histórico do Recife a partir das ocupações inadequadas e a criação do modelo de gestão de risco através do Programa Guarda Chuva implantado após o ano de 2001. No segundo capítulo abordaremos especificamente a visão sobre os abrigamento existentes na cidade, os riscos e vulnerabilidades encontradas e a proteção civil através da CODECIR. No terceiro capítulo nos detemos em conhecer a visão cidadã de abrigamento na Cidade do Recife suas perspectivas e entraves. Enfim, analisar a realidade concreta dos cidadãos que vivem nos abrigos ainda existentes, os que recebem o auxílio moradia ou residem nos conjuntos habitacionais construídos pela prefeitura do Recife. 13 CAPÍTULO I Histórico do Recife, ocupações inadequadas e criação do modelo de gestão de risco do Recife através do Programa Guarda Chuva 14 A cidade do Recife possui aspectos gerais de uma população de 1.536.934 (IBGE/2010), considerando que um terço desta população reside em morro, área de 218,50 m, localizado na posição central do litoral do nordeste brasileiro a 800 quilômetros das metrópoles regionais de Salvador e Fortaleza, composição da área territorial 67,43% de morros; 23,26 de planícies; 9,31 % de aquáticas e 5,58 % de Zonas Especiais de Preservação Ambiental- ZEPA, 6 Regiões Político- Administrativas (RPAs), 94 bairros e 66 Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). O município do Recife tem como características do meio físico da urbanização desordenada no contexto das duas cidades a formal e a informal provocada pelo processo de exclusão na grita dos movimentos sociais organizados de luta pela terra urbanizada e moradias para a população marginalizada e suas ocupações em locais não edificantes sem urbanização e equipamentos públicos de serviços, isentos de habitabilidade e garantia do direito a moradia adequada proporcionam a vulnerabilidade social e disponibilidade de torna-se o aumento das ocupações em morros e áreas planas com os aglomerados urbanos deste temos 34 comunidades com risco alto e muito alto de suscetibilidade de inundações por serem situadas as margens do Rio Capibaribe e Beberibe. O núcleo principal da Região Metropolitana do Recife faz parte de um espaço intensamente conturbado junto aos municípios de Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe com seus limites e conflitos de territórios. (ANEXO 1) A cidade do Recife carrega na sua história a sede da capitania Duarte Coelho devido a localização privilegiada dentro do eixo Recife e Olinda, após um incêndio na Vila Olinda, Recife passa a ser a cidade portuária com funções centrais, o comércio trás um rápido desenvolvimento nos séculos XVII e XVIII implicando sucessivos aterros das águas para ganhar mais terras novas. As áreas alagáveis desprezadas pela população mais rica provocavam a ocupação da população menos favorecida, quando os terrenos eram atrativos esta população era desalojada para expandir a área comercial ou expandir novas vias de escoamento da produção.O surgimento do bairro de Dois Irmão e da Torre foi dado através da desativação de dois engenhos e criação de sítios onde posteriormente se transformaram em bairros. Durante o século XIX surgiu a ocupação em um volume maior nas áreas alagáveis mediante aos atrativos da cidade do Recife ter se tornado um grande centro comercial do Nordeste, provocando o êxodo rural, levando também a ocupação das áreas devolutas dos morros da Zona Norte da Cidade. Quando se intensificaram as construções, a formação dos mocambos na planície aumentaram e os problemas de saúde pública também, a partir disto desenvolveu-se a necessidade de 15 erradicação das moradias insalubres no estado novo, uma cruzada de higienização dessas moradias, chamada da “Liga contra os Mocambos”, com a demolição dessas moradias a construção de vilas por categorias profissionais deixaram um déficit habitacional de 5 mil moradias. Considerando o histórico da ocupação dos morros da Zona Norte e depois da Zona Sul da cidade, a partir da década de 40 e 50 já estabelecida pós uma política perversa de limpeza da área central da cidade diante de interesses econômicos, o movimento contra os mocambos, impulsionava vulnerabilidade social da população pobre a um processo de exclusão sócio- econômico desta população envolvida. De acordo com dados fornecidos pela Coordenadoria de Defesa Civil do Recife (CODECIR) das áreas pobres da cidade soma-se 201 localidades em morro e 127 nas áreas planas, algumas destas são formalizadas como ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) somam 66 áreas sendo que destas 33 áreas tem COMUL (Comissão de Urbanização e Legalização) instaladas, onde os espaços servem para discutir investimentos de urbanização como construção de moradias para reassentamentos de casa insalubres, urbanização das áreas e regulamentação fundiária a garantir o direito à moradia, tendo um fundo do Programa de Regularização das Zonas Especiais de Interesse Social (PREZEIS), para viabilizar através de hierarquização de prioridades a intervir nas ZEIS. O Atlas de desenvolvimento Humano adotou uma forma de agregação humanitária de Unidade de desenvolvimento Humano (UDH), considerando os limites de setores das ZEIS dos bairros, Regiões e Microregiões, UDH e áreas pobres cadastradas pela Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco/CONDEPE/FIDEM, responsável pelo Programa Viva o Morro. RPA RPA RPA RPA RPA RPA RPA 01 02 03 04 05 06 – – – – – – Centro Norte Noroeste Oeste Sudoeste Sul 06 Microrregiões MR1.1; MR2.1; MR3.1; MR4.1; MR5.1; MR6.1; MR1.2; MR2.2; MR3.2; MR4.2; MR5.2; MR6.2; 18 MR1.3 MR2.3 MR3.3 MR4.3 MR5.3 MR6.3 Bairros Localidades ZEIS UDHs 11 18 29 12 16 08 25 76 136 32 20 39 04 05 11 09 17 20 05 08 11 11 11 16 94 328 66 62 Conforme mostra o quadro acima, o Recife está dividido em seis Regiões Politicamente Administrativa (RPA). Configurando-se a composição e distribuição dos 16 94 bairros que possuem 328 localidades (termo usado pela Prefeitura do Recife que traduz assentamento precário, local informal ou área pobre vulnerável, comunidade) destas 66 são Zeis e Unidades de Desenvolvimento Humano somam 62. Dentro desta perspectiva, o diagnostico da cidade foi um facilitador do planejamento da cidade. De acordo com o Plano Municipal de Redução de Risco a cidade do Recife tem uma população afetada de 469.332 pessoas que ocupam os morros, 276.016 pessoas aproximadamente encontram-se nos 96 assentamentos precários mapeados nos morros. Dentro da perspectiva do potencial de vulnerabilidade surge a necessidade de pensar a cidade informal, as áreas de risco de forma diferenciada para criar um modelo de gerenciamento de risco para morros e alagados na proposta de mitigação. O ordenamento urbano e uso e ocupação do solo tem uma forte influência geopolítica e de política ambiental que transforma a cidade. Existem problemas históricos e conflitos urbanos de disputa pelo solo. A política urbana tem o papel de ordenar o desenvolvimento das funções sociais da cidade que constam na Constituição Federal nos artigos 182 e 183, o planejamento da gestão das áreas de risco e o desenvolvimento do plano de ação ou modelo de gestão de risco da cidade do Recife. Em 2001 a CODECIR foi ampliada para realizar o mapeamento e levantamento dos pontos de risco da cidade. Após o mapeamento surgiu o primeiro diagnóstico com 10.500 pontos de grande suscetibilidade e vulnerabilidade numa abrangência estimada de 52.500 pessoas morando nestas localidades. Diante deste retrato ainda não havia classificação de risco. O Ministério das Cidades, do Governo Federal utiliza instrumentos de hierarquização das intervenções como grau de risco mais elevados, custo por população beneficiada, representa uma avaliação simplificada da relação custo benefício, população e custo por área dando prioridade aos setores que apresentarem a maior densidade habitacional (moradores do setor). O diagnóstico de risco realizado em 2006/ 2007 Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR) (ANEXO 2)contribuiu para otimizar os recursos na busca da consolidação de investimento nestas áreas potencializando a Defesa Civil da cidade para dar o suporte nas ações de prevenção e mitigadoras de risco, como também o Programa Guarda Chuva com o modelo de gestão de risco com o objetivo de salvar vidas, monitoramento permanente adotado pela política de proximidade do risco e visão sistêmica do espaço cumprindo todas as etapas de preparação para o período chuvoso, investimentos de obras, manutenção e limpeza de canais e galerias da cidade, preparação dos abrigos temporários, recuperação de acessos, obras de contenção de encostas, micro e macro drenagem e ações não 17 estruturais, mas de extrema importância; Ações Educativas de percepção de risco; Trabalho de formação a Núcleos Comunitários de Defesa Civil; Ações de porta a porta para divulgar casos individuais de orientação aos moradores (como deve proceder no período chuvoso). O clima da cidade do Recife é composto por área litorânea, tropical quente úmido, com chuvas de outono a inverno, apresenta precipitação média de chuva de 2.000 mm, temperatura média do ar de 18º C e a umidade relativa do ar alta nos períodos mais chuvosos. Essa condição climática favorece o temperismo químico de rochas cristalinas e dos sedimentos areno-argiloso contribuindo com a ocorrência de deslizamentos. De acordo com dados da Coordenadoria de Defesa Civil do Recife a média histórica de chuvas concentra-se entre os meses de abril a julho, denominada quadra chuvosa. Compreende-se comportamento das chuvas nos últimos anos, o gráfico abaixo apresenta chuvas do mês de junho que são superiores a média histórica, mostra ainda três anos anômalos (2000, 2002 e 2004), causando grandes problemas e dificuldades para o gerenciamento de risco, neste período ainda estavam sendo feito obras estruturadoras para prevenção de desastres naturais. O modelo de gestão de risco a partir de sua inclusão a coordenadoria de Defesa Civil do Recife passou a utilizar os procedimentos preventivos e de preparação para a quadra chuvosa, a cada ano se apresenta diferenciada de acordo com as mudanças climáticas e suas influências dos fenômenos meteorológicos, com medidas não estruturais de proteção das encostas, a exemplo, e medidas estruturais de intervenções. 800 media 2001 2003 2005 700 600 2000 2002 2004 2006 500 400 300 200 100 0 jan fev mar Fonte: (LAMEPE/ITEP) abr mai jun jul ago set out nov dez 18 A área plana da cidade do Recife, compreende toda a RPA 1 e parte das RPA`s 2, 3, 4, 5 e 6. O gerenciamento de risco das áreas planas é diferente do gerenciamento dos morros. Na localidade de Brasília Teimosa, quando havia palafitas na beira mar a CODECIR fazia o monitoramento nos momentos de maré alta, principalmente no mês de agosto quando os ventos estão mais fortes e a probabilidade da subida da maré é considerável chegando a 2.50m a 2.70m de altura colocando as famílias que moravam nesta região em risco. A partir desta problemática foi realizada a intervenção urbanística desta área ZEIS, reassentamento de famílias, dando habitabilidade e tratamento da orla, com engorda de praia, muro de proteção para contenção do mar e enrrocamento, colocação de pedras para evitar rompimento do muro. Os problemas associados às chuvas nessas áreas resultam das enchentes, inundações ou alagamentos1. Os assentamentos precários ocupam principalmente as margens de rios, córregos e canais, sendo portanto em grande parte afetados pelas enchentes, já que em muitos casos, as moradias são construídas dentro da própria calha fluvial. A rede fluvial do município faz parte das bacias hidrográficas dos rios Capibaribe, Beberibe, Tejipió que cortam a cidade, e as ocupações às margens dos rios, pulsionados por fortes chuvas, assoriamento dos rios e canais, a impermeabilização da cidade, lançamento de lixos, metralhas na rede hídrica, reduzem a capacidade de vazão do rio promovendo seu transbordamento. Levando em consideração a geografia do Recife, composta na maioria por morros, nas últimas décadas até o ano de 2001, a cidade teve 122 óbitos e mais de 10.000 desabrigados vítimas de desastres naturais. A partir desta situação, surge a necessidade latente de uma gestão de risco a mitigar estes sinistros ocorridos na cidade. Assim, foi criado o Programa Guarda-Chuva, no ano de 2001, ampliando a equipe técnica com Assistentes sociais, Engenheiros Civis, Técnicos em Edificações e Geólogos para contribuir nas vistorias e desenhar o cenário de risco da cidade. 1 Conforme a metodologia, adotamos as seguintes definições: Enchente – situação de nível alto das calhas fluviais por ocasião das chuvas; Inundação – extravasamento das calhas para a planície aluvial emersa; Alagamento – acumulação de águas nos espaços urbanos durante eventos pluviais intensos, por dificuldades de vazão (podendo atingir vias públicas e edificações). Plano Municipal de Redução de Risco 19 MORTES POR DESLIZAMENTOS NÚMERO DE DESLIZAMENTOS 45 43 40 35 30 25 20 15 12 10 3 5 11 9 8 1 9 0 1 1 0 1 1 2 2 5 0 2 2 0 1984 1990 1994 1996 2000 2002 2004 2006 2008 2010 0 2012 ANO A figura acima apresenta o número de óbitos por deslizamento tomando como base os anos de 1984 até o ano de 2012. Observa-se que a partir de 2001, com a implantação do Programa Guarda Chuva houve uma diminuição considerável no número de mortos, saindo de 43 no ano de 1996 para 2 em 2006, dez anos depois. A proposta do modelo de gestão de risco possui alguns eixos na gestão de morros e alagados: • Defesa Cicil permanente; Controle e fiscalização das áreas de risco; • Urbanização das áreas de risco e manutenção de escadarias, muros e pontos críticos de drenagem. O programa tem um caráter articulado de mobilização, papéis definidos para cumprimento de suas atribuições proposta e acordadas dentro do programa de gestão para monitorar 199 localidades onde residem quase 450 mil habitantes em 33 km de território. As áreas de planície são monitoradas nos preríodos de maior intensidade de chuva, na quadra chuvosa. O plano preventivo de Defesa Civil do município do Recife traz ações norteadoras do trabalho, com a Defesa Civil permanente, funcionando 24 horas com central telefônica, equipe de plantão nos finais de semana, feriados e horários noturnos. Ação descentralizada e política de proximidade, através das regionais da CODECIR para adotar uma política de proximidade do risco. Através do chamado os técnicos, hoje analista de Defesa Civil em diversas áreas, que já tem o conhecimento das localidades, faz o atendimento em tempo hábil no período de emergência com visão sistêmica do espaço; integração dos órgão do sistema; intervenção de pequeno porte, estes são pequenos serviços mitigadores de risco e participação direta da população atendida. 20 Atualmente este processo está mais fortalecido, a população está mais preparada para contribuir com a Defesa Civil devido aos trabalho construído neste últimos 12 anos. O empoderamento da população possibilita, através de medidas não estruturais, a construção da cidadania com suas responsabilidades. Numa perspectiva emancipatória, empoderar é o processo pelo qual indivíduos, organizações e comunidades angariam recursos que lhes permitam ter voz, visibilidade, influência e capacidade de ação e decisão. Nesse sentido, equivale aos sujeitos terem poder de agenda nos temas que afetam suas vidas. Como o acesso a esses recursos normalmente não é automático, ações estratégicas mais ou menos coordenadas são necessárias para sua obtenção. (Horochovski e Meirelles, 2007) A ilustração abaixo apresenta o modelo de gestão de risco integrada entre os órgãos municipais, as representações do poder público externo e sociedade civil (Moradores/ moradoras e voluntariado). EQUIPES VOLUNTÁRIAS APOIOS APOIOS EQUIPE EQUIPE AMPLIADA AMPLIADA SAÚDE SAÚDE EMLURB EMLURB SECOM EQUIPE BASE URB SESAM CODECIR SDE SESAM DIRHAB UFPE DIRHAB OPOPGUARDA DIRCON GUARDA UFPE SPASSPAS DNOCS CTTU MUNICIPAL DNOCS IASC COMPESA IASC CELPE CELPE METROREC METRORECCODECIPE FIDEM CODECIPE VOLUNTÁRIOS E LIDERANÇAS VOLUNTÁRIOS E LIDERANÇAS NUDEC’s NUDEC’s Os trabalhos de preparação para o inverno inicia em janeiro período sem chuva definindo as funções de cada parceiro, com novas obras no morros construção de muros, viabilização de drenagem e escadarias tratando o local como um todo, manutenção das obras antigas, evitar ser danificada pelo tempo, e preparação de todos os agentes para o período dao emergencial, de chuvas intensas, como organização dos abrigos, distribuição de pessoal e logística das ações, atividades educativas de porta a porta, 21 oficinas nas escolas, preparação do voluntariado, portanto no período do inverno saímos de 160 pessoas da Defesa Civil para aproximadamente 1.000 pessoas deste quadro relatado a disponibilizar ao contingenciamento da Operação Inverno, hoje denominada, mas na concepção do Programa Guarda Chuva. Os monitoramentos são realizados através de vistorias conjuntas formado por Assistentes Sociais, Engenheiros Civis e Geólogos, a princípio caso haja necessidade é acionado o psicólogo e arquiteto, para conhecimento dos problemas de determinadas áreas e setores ou pontos de risco, realiza-se um diagnóstico e encaminha serviços necessários para esta áreas, para diminuição do risco, como soluções definitivas de obras coletivas, muro de arrimo, assim como também corte de árvores, roçagem, colocação de lona e gel impermeabilizante de proteção as encostas, levand em consideração a possibilidade de retirada de famílias temporárias ou definitivas para auxílio moradia instruto humanizado de abrigamento. Diante das tantas informações levantadas pela equipe multidisciplinar, em 2005 através do Ministério das Cidades/ Secretaria de Programas Urbanos, Recife e Região metropolitana junto a CONDEPE/FIDEM solicitou recursos para realizar o Plano Municipal de Redução de Risco com o objetivo de atualizar o mapeamento dos setores de risco de áreas de morros, bem como a indicação das soluções técnicas para a redução do risco nos Setores de Risco Alto e Muito Alto. Nas áreas propícias a inundações foi feito um zoneamento de risco com base nas cheias e indicativo de moradias com possibilidade para remoção. Neste plano também obtemos documentos com intervenções de obras para os setores de riscos alto e muito alto são condicionantes para mitigação e também número da população envolvida a ser beneficiado e custo do tratamento, portanto o Plano Municipal de Redução de Risco contribuiu para facilitar o diagnóstico da CODECIR e soluções propostas no sentido de otimizar os recursos destinados a investimentos em saneamento básico, habitação, drenagem e estabilização de encostas, entre outros, focando a redução do risco geológico. O modelo de gestão de risco do município do Recife para a proteção e Defesa Civil contempla nos eixos norteadores Defesa Civil Permanente: • ação descentralizada, • gestão sistêmica do espaço, • administração de proximidade, • integração dos órgão do sistema, 22 • intervenção, estrutura continuada e participação direta da população. O programa organizado com funções definidas contribui com o fortalecimento institucional na concepção do trabalho técnico mas associado a uma ação humanitária, tendo a clareza de promover um planejamento tático e integrado para enfrentar fenômenos causados por desastres naturais, conjunto de procedimentos e ações preparatórias, preventivas, assistenciais implantadas no intuito de minimizar situação de risco, com o objetivo de mobilizar órgão interno da Prefeitura que executam o Programa Guarda Chuva para ações de socorro e emergência, assistência e reabilitação, definir atribuições, dar conhecimento e embasamento técnico aos parceiros a facilitar no momento da emergência, possibilitar a adentrar no ciclo de ativividades preventivas como a identificação de risco e plano de redução de risco, gerenciamento de recurso e plano de contingência/ alerta e plano de comunicação de risco, preparação da população para o período chuvoso e emporderamento com a perceção de risco. O desafio de enfrentar a vulnerabilidade e de pensar as necessárias adptações à mudança climática nas cidades, nos oferece oportunidades para superação dos desafios e exige um novo momento de enfrentamento para os gestores públicos e também para a população em geral. A preparação e prevenção, etapas importantes na Defesa Civil para a organização do momento emergencial, dentro do sistema de proteção civil é um instrumento essencial de garantia a integridade física dos afetados removidos das áreas de risco. É neste sentido, que no próximo capítulo descorreremos sobre a problemática dos abrigamentos na Cidade do Recife, os seus riscos e vulnerabilidades. 23 CAPÍTULO II Abrigamento, risco e vulnerabilidade - Proteção Civil 24 O Estado de Bem-Estar Social2 na década 30 passou a desenvolver políticas públicas voltadas à assistência social, atuando nas organizações filantrópicas. No governo do presidente Vargas, em 1935 foi instituída a lei da declaração de utilidade pública, que regulava a colaboração do governo junto às organizações filantrópica. Houve um aumento do papel do Estado no que diz respeito à área trabalhista e previdenciária, foi criado o então Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC). As iniciativas do Governo de Vargas deram inicio à separação entre o que era entendido como direito social (Previdência social e consolidação das leis trabalhistas). Em 1942 foi criado a Legião Brasileira da Assistência (LBA), presidida sempre pelas primeiras damas. Esta época impulsiona as organizações sociais com o surgimento do movimento social engajado e reivindicatório por melhorias urbanas e sociais. No final da década de 50 inicia-se uma fase denominada de voluntariado combativo. Apesar da ditadura militar em 1970, surge um grande número de organizações não governamental no Brasil, algumas fomentadas por instituições Européias, com a função de desenvolver projetos para executar intervenções no terceiro mundo. Em 1979 o governo lança o Programa Nacional de voluntariado (PRONAV), apoiando programas de ações humanitárias para atuar junto a grupos de voluntários espalhados pelo país. Durante o processo de redemocratização na década de 80, o movimento passa a ser intensamente reavaliado e questionado politicamente, muitas vezes associando-se às atividades político-partidárias voltadas democratização a aos direitos humanos. A Constituição de 1988 consagrou o ideário da universalização das políticas sociais no Brasil, numa fase onde as condições econômicas para chegar a um universalismo de fato se tornavam cada vez mais precárias. Sendo assim, crise econômica, crise nas finanças públicas e direitos constitucionais adquiridos passam a ser, desde meados dos anos 90, um dos conflitos a serem enfrentados numa eventual reforma do Estado. (MEDICI) O déficit habitacional do Recife tem na sua história marcas das desigualdades socais e econômicas. A população vem tendo acesso a terra urbanizada a partir das ocupações informais e construções inadequadas de moradias em locais sem estrutura e 2 O Estado de Bem-Estar Social pressupõe o reconhecimento do papel do Estado na busca do bem-estar dos indivíduos, baseando-se nos direitos sociais dos mesmos. (BENEVIDES, 2011) 25 ambientalmente fragilizado, de risco, sem organização e habitabilidade. A questão habitacional do Recife compreende várias situações como as condições e dimensões de saneamento ambiental, acessibilidade e regularização fundiária. Entende-se que o crescimento demográfico, aumento da demanda, o crescimento do número de famílias dependendo do apoio público para satisfazer necessidades básicas relacionadas à habitação; aumento do número de domicílios considerados inadequados por deficiência de infra-estrutura básica de instalações sanitárias; a população habitacional de interesse social e as melhorias habitacionais urbanas não conseguiram acompanhar a demanda da inadequação habitacional existente. Estes fatos proporcionaram o aumento dos aglomerados urbanos situados em áreas não edificantes às margens dos rios, canais entre outros, retomando a ocupação do morro de forma irregular se disponibilizando ao risco, aumentando a suscetibilidade e vulnerabilidade destes moradores com a instabilidade das encostas e criando um potencial perigoso de futuros desabrigados ou desalojados no munícipe. Neste sentido, é necessário o entendimento de que a defesa civil é o órgão responsável pelo planejamento, coordenação e defesa permanente pela construção de uma ação humanizada na ocorrência de eventos adversos extremos. Sua principal atribuição é redução de risco de desastres. A participação do cidadão é uma responsabilidade garantida por lei. O artigo 144 da Constituição Federal, que trata sobre a segurança pública dos cidadãos brasileiros, destaca que apesar de ser um dever do estado, a segurança pública é também direito e responsabilidade de todos. Ou seja, a população tem responsabilidade pela segurança comum e não pode ficar aguardando a atuação das entidades públicas responsáveis. A periferização da habitação popular e as ocupações irregulares segundo o Programa Viva o Morro da CONDEPE/FIDEM - 1965-1985, contribuem ao crescimento desordenado da cidade informal. Faz-se uma leitura do conhecimento das ocupações irregulares no núcleo metropolitano, expansão dos assentamentos precários e adensamentos pobres existentes. A falta de habitação adequada impulsiona ocupações inadequadas em localidades não edificantes com características ambientais que ocorram deslizamentos, processos erosivos, relevo e tipo de solo suscetível a vulnerabilidade somando a condicionantes naturais antrópicos que causam no ambiente processos de instabilidade de encostas. Mostra a necessidade de analisar e identificar o risco. A primeira estratégia de abordagem é o diagnóstico do risco atuante nos assentamentos precários, estas são as primeiras atividades de gerenciamento nos produtos deste 26 documento, mapeado de risco para planejar e intervir conhecendo as áreas e famílias residentes destas localidades indicadas que passam por processos ambientais. A perspectiva de ver repetidos os acidentes dos últimos invernos, que tiraram vidas e deixaram inúmeras famílias desabrigadas em toda a Região Metropolitana, levou o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife - CONDERM, por iniciativa das Prefeituras dos Municípios, a fazer um alerta e propor a inclusão dos Morros e Encostas na pauta de discussão dos problemas comuns, como uma questão de direito à vida e eleger a implantação de um Programa de Estruturação dos Morros da RMR, como uma das prioridades de intervenção pública, a ser empreendida pelos Governos Federal, Estadual e Municipal, com a participação da comunidade. (CONDEPE/FIDEM) Para que a sociedade possa realmente contribuir no processo de defesa civil, seja a prevenção, preparação, resposta, ou reconstrução de desastres, precisa estar organizada, informada e preparada para agir de forma articulada com o poder público, garantindo assim o bem-estar de todos. A falta de informações, má avaliação das necessidades e formas inadequadas de ajuda pode afetar diretamente na qualidade de assistência externa e a redução de falhas. Para entendermos melhor a definição de risco e vulnerabilidade apresentamos o que diz o Ministério do Meio Ambiente através da Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos: Risco - medida de danos ou prejuízos potenciais, expressa em termos de probabilidade estatística de ocorrência e de intensidade ou grandeza das conseqüências previsíveis e a relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou acidente determinado se concretize, com o grau de vulnerabilidade do sistema receptor e seus efeitos. Vulnerabilidade - condição intrínseca (inerente) ao corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do evento ou acidente, caracteriza os efeitos adversos, medidos em termos de intensidade dos danos prováveis; relação existente entre a magnitude da ameaça, caso ela se concretize, e a intensidade do dano conseqüente e a probabilidade de que uma determinada comunidade ou área geográfica seja afetada por uma ameaça ou risco potencial de desastre, estabelecida a partir de estudos técnicos. As comunidades que vivem em áreas de risco são mais vulneráveis aos efeitos de desastres naturais, as pessoas que habitam essas regiões, quando lá se instalam, 27 provavelmente não foram preparadas para lidar com a possibilidade de eventos típicos do local onde vivem. Aprender a conviver com a situação torna-se essencial quando os indivíduos recebem informação e conhecimento sobre o desastre. Os países desenvolvidos possuem melhores condições de preparação para um evento com a infraestrutura adequada. As nações de baixa renda estão menos preparadas e propícias a ter maiores danos e prejuízos com a ocorrência de alteração no clima. Nestes países não há cultura de prevenção e conhecimento sobre desastres até que algum evento de grande prejuízo humano e material ocorra. A informação e acompanhamento sobre desastres não vem acompanhando o aumento das mudanças climáticas e, por isso, os desastres vitimizam mais pessoas hoje devido aos desafios causados pelo homem do que as mudanças climáticas. O aumento ou a redução de vulnerabilidade de uma comunidade é diretamente proporcional ao conhecimento e preparação que esta possui. Para ter mais informações e preparação, deve-se começar desde cedo, nas escolas, para que as crianças aprendam o que é um desastre, o papel da Defesa Civil, a sociedade civil, moradores de comunidades vulneráveis e saibam adaptar-se a mudança climática e seus eventos naturais. A coordenadoria de Defesa Civil do Recife aprendendo com os desastres já ocorridos desenvolveu um modelo de gestão que contempla estas ações de educação e despertar das comunidades vulneráveis de risco e sua percepção dos problemas e conflitos relacionados a desastres naturais. Ações comunitárias também são interessantes para mostrar as pessoas como se preparar quando é dado um alerta e como proceder durante a ocorrência de um evento. A preparação comunitária e das situações das organizações públicas para as situações desastres tem recebido o mínimo de atenção, pois não se acredita na ocorrência de grandes desastres naturais. Mas a história prova o contrário, esta concepção ocorreu antes dos desastres ocorridos no Rio de Janeiro da área Serrana. É comum a sociedade civil organizada e o poder público local se organizar de modo improvisado para dar resposta aos desastres. Por isso, se faz necessário que o voluntariado seja preparado como parte de um sistema de responsabilidade do poder público. Na captação de doações algumas organizações quiseram colaborar arrecadando donativos, sem saber quais eram as principais necessidades locais; sem consultar as equipes de coordenação e sem planejamento de triagem e distribuição. O resultado foi 28 uma quantidade excessiva de doações desnecessárias no momento da emergência, a exemplo de vestimentas, muitas em péssimo estado de conservação e falta de efetivo para triagem e distribuição, estas dificuldades também servem para os abrigamentos, sua logística de funcionamento e minimização de conflitos. Para evitar conflitos em situações de emergência, a união das forças, o conhecimento e a organização são indispensáveis para uma resposta eficaz. O ponto de partida para a integração desses três itens é a Defesa Civil municipal, a qual deve contar com profissionais capacitados e estrutura adequada para a coordenação dos trabalhos, conforme previsto por lei. Durante o evento a Prefeitura do município em questão deverá intuir um comitê de gerenciamento, no qual serão concentradas e organizadas todas as informações sobre evento adverso e ações de resposta. A contribuição da sociedade na área de atuação de Defesa Civil prevenção, preparação, resposta ou reconstrução de desastres precisa ser organizada, informada e preparada para agir de forma articulada. A atuação frente aos desastres não pode ser limitado ao pós-evento às vítimas diretas. O campo de atendimento para ser efetivo precisa ser mais amplo envolvendo ações de prevenção, preparação, resposta e reconstrução de maneira integrada. Para fazer frente aos desastres o planejamento das ações que minimizem as vulnerabilidades e fortaleçam as capacidades próprias da população afetada, é primordial. De acordo com os Princípios de Estratégia Internacional para redução dos riscos e desastres da ONU, danos materiais e humanos provocados por desastres podem ser reduzidos por intermédio de iniciativas que visem à prevenção. Para minimização de desastres, evitando que eles aconteçam, diminuindo sua intensidade ou aumentando a capacidades comunidades para resistir a eles, a Defesa Civil atua em quatro diferentes fases, segundo o manual de capacitação em Defesa Civil, Sistema de Comando em Operações que podem ser agrupadas em antes, durante e depois. Antes do Desastre: Etapa mais importante no processo de planejamento da comunidade, pois propicia a preparação para enfrentar os desastres. Prevenção: As políticas preventivas podem minimizar impactos de fenômenos naturais como inundações e secas, que não podem ser evitados. As comunidades e famílias podem atuar como atores chaves para a redução dos riscos. Além das atividades de participação comunitária, educação ambiental ou em âmbito escolar, é fundamental 29 assegurar o acesso à informação adequada sobre ameaças e vulnerabilidades as quais as comunidades estão expostas, permitindo que elas participem de maneira consciente. Os fenômenos naturais têm características e impactos diferentes e, por isso, geram situações de alerta e emergência distintas. Um terremoto, por exemplo, ocorre sem aviso prévio, de forma que os governos precisam colocar em prática ações previstas para esse fenômeno de forma imediata, já as estiagens originárias pela falta de chuva, podem ser vista com antecedência. Preparação: A resposta frente a desastres será mais efetiva quando existirem mais e melhores medidas de preparação que possam ser adotadas numa emergência. Para isso, é necessário análise das vulnerabilidades e avaliação do risco; e que as ações planejadas para a resposta sejam de conhecimento de todos os órgãos, instituições e indivíduos que participarão do processo. Significa realizar e participar de atividades periódicas de capacitação, simulação de emergências, logística entre outras que envolvam a população. A fase da preparação influencia as demais fases de administração de desastres, pois contribui para otimizar a prevenção, no que diz respeito à avaliação e à redução dos riscos; às ações de resposta aos desastres, compreendendo as ações de socorro às populações ameaçadas, assistência às populações afetadas e reabilitação dos cenários de desastres, e atividades de reconstrução. Os planos de respostas que devem ser elaborados nesta fase de preparação para as emergências têm que ter a participação efetiva de todos os que participam do gerenciamento dos desastres através do plano Diretor de Defesa Civil e o Plano de Contingência. Os planos diretores de Defesa Civil são baseados na Política Nacional de Defesa Civil e no Programa de Governo do Estado ou Município, deve estar voltado para aspectos estratégicos, abordando programas, ações, objetivo, metas de longo prazo que envolva as quatro fases de administração de desastres. E Plano de contingência consta as responsabilidades de cada organização que participará de resposta de desastre; as prioridades e medidas essenciais a ser tomada, a forma como os recursos são empregados. Assim, faz- se necessário ser elaborado com antecedência com foco nas ameaças dos diversos aspectos organização de abrigos, estrutura de socorro as vítimas, procedimento de evacuação, coleta de donativos, distribuição de auxílios entre outros. Para as possibilidades de desastres aconselha-se que os envolvidos conheçam suas responsabilidades quando o evento ocorrer, dizendo que cada um deve fazer nas 30 diversas fases de administração dos eventos naturais. Devem ser atualizados de acordo com a necessidade apresentada e como também divulgados inclusive para a comunidade de acordo com a compreensão e linguagem entendida pela mesma. No momento de elaboração dos planos, os envolvidos devem prever todos os cenários possíveis durante uma emergência, definir a atuação de cada um e as alternativas de resposta. Durante o desastre são realizadas as ações de resposta que compreendem as atividades de socorro, assistência às populações vitimadas e reabilitação. Após uma emergência o local mais carente de cuidados são os abrigos. Ações de abrigamentos temporários é uma forma adequada de gerenciar pessoas retiradas de casas de risco, local de segurança inserido no atendimento de prestação de socorro, onde o planejamento e a capacitação de recursos humanos são ferramentas importantes para o desempenho do gerenciamento de abrigos. A responsabilidade de organização dos abrigos é do município junto à coordenação do órgão municipal da Defesa Civil e outros afins, como a Secretaria da Assistência Social. O abrigo precisa ser pensado em um local estratégico, instalações adequadas para abrigar com segurança, proporcionar uma hospedagem organizada, instalação adaptada para esta finalidade por um período determinado ou específico. Existem tipos de abrigos temporários, os fixos com edificações públicas ou privadas adaptadas para habilitação temporária como, por exemplo: escolas, ginásios, clubes, hotéis, igrejas, quartéis entre outros. Os móveis que são constituídos por barracas de campanha para habilitação temporária, em área pré determinada, como exemplo: campos de futebol, quadras poliesportivas sem cobertura fixa. A organização dos abrigos temporários deve ter início no período de normalidade e os envolvidos na montagem e administração precisam ser definidos no plano de contingência. O planejamento possibilita ao administrador do abrigo obter eficiência na articulação e mobilização dos recursos humanos, materiais e institucionais, já disponibilizados e acordados com os órgãos setoriais de apoio do sistema municipal de Defesa Civil. O estabelecimento do abrigo acontece na fase de anormalidade, após o impacto inicial do desastre. De acordo com o manual de administração de abrigos temporários, um abrigo deverá ser planejado a cada 7 (sete) dias, podendo ser reorganizado na mesma proporção caso seja necessário. Para o gerenciamento de abrigo, é importante 31 que as tarefas e obrigações sejam bem divididas, visando sempre o maior conforto possível para os desabrigados. Atividades a serem vista para com o abrigo: • Recepção dos desabrigados: Constitui a primeira atividade a ser desenvolvida no abrigo e deve ser priorizada. Compreende o cadastro, o acautelamento dos bens e a disposição das famílias e animais na estrutura do abrigo. • Cadastro dos desabrigados: O cadastro deverá ser realizado num único momento, de maneira organizada, ter um modelo de cadastro, com todas as informações necessárias deve ser previsto na etapa de planejamento do abrigo. O cadastro, com todas as informações necessárias deve ser previsto na etapa do planejamento, prático e simples de compreensão. Não deve ser permitido que os desabrigados entrem portando substâncias alcoólicas, armas de fogo e outros objetos capazes de gerar lesões corporais propositais ou acidentais. • Acautelamento de bens: Os bens que ocupam espaços faz-se necessário um local para guardar em segurança sob responsabilidade de uma pessoa designada pela administração. Os animais serem colocados locais não muito afastados de forma que as famílias possam continuar assistindo-os. • Triagem de Saúde: Consiste numa entrevista especifica realizada pelos profissionais de saúde envolvidos, com o objetivo de identificar agravos de saúde na população desabrigada e, caso seja necessário referenciá-los de saúde mais apropriada ou encaminhamento para atendimentos mais específicos. • Disposição das famílias: É fundamental preservar o núcleo familiar evitando a separação de integrantes de uma mesma família, a disposição de grupos de convívio habitual (pessoas do mesmo bairro, por exemplo) contribui com a minimização do impacto social provocado pelos desastres. As famílias que têm idosos e portadores de necessidades especiais devem ficar em locais de fácil acesso aos banheiros e ao setor de alimentação, entre os outros. • Almoxarifado: É importante e imprescindível a disposição de materiais que possam garantir as condições para a permanência dos desabrigados no 32 abrigo, como utensílios de limpeza e higiene pessoal. O almoxarifado é um local de referência para que as pessoas possam adquirir esses materiais. Recomenda-se kits básicos a serem distribuídos na triagem inicial. O número de pessoas desabrigadas, necessidades da família, bem como especificidades de cada um, como crianças, mulheres, homens, idosos entre outros. Sugestão de regras de convivência e atividades para funcionamento dos abrigos para contribuir com a permanência em situação de abrigamento. As regras devem ser pré formuladas pela coordenação do abrigo, e submetido a uma negociação com os desabrigados; adequadas sócio cultural da comunidade afetada. Ter o cuidado no momento de abrigamento para não abrigar comunidades rivais, de disputa; ter regras claras e acordadas pelo grupo afixadas em locais de fácil visibilidade; baseadas nos direitos fundamentais de universalidade, acessibilidade e igualdade. A permanência das pessoas no abrigo não deve exceder a 60 dias, os direitos dos desabrigados devem ser respeitados e o acolhimento deve ser adequado, visando a diminuição do sofrimento desencadeado pelo desastre, garantindo assim a integridade de sua saúde física, mental e social. A circulação das informações deverá ser realizada por uma pessoa única ou grupo capacitados a falar, como um porta voz e obter as informações corretas, fazendo a necessidade de controle de pessoas que estão abrigadas e o momento de sair do abrigo. A atualização do cadastro deverá ficar com um responsável, onde a lista gerada conservar atualizada constantemente devido à dinâmica do abrigo. A cada atualização da lista deve ser distribuída aos diversos setores do abrigo, a fim que possa haver controle dos benefícios, tais como refeições e aquisição de materiais de higiene. Os setores que devem receber a lista são de administração recepção, refeitório e almoxarifado. No que se refere ao trânsito de pessoas no abrigo, sugere-se uma via de entrada e saída com uma pessoa responsável no local. Esta pessoa pode ser do próprio abrigo a partir de escala de rodízio pré estabelecido entre os agentes (trabalhadores do abrigo). Não será permitida a entrada de pessoas que não estejam desabrigados e que se não se encontra naquele espaço. A liberdade das pessoas de ir e vir se dará de acordo com o contrato de convivência e todas as pessoas que trabalham no abrigo deverão ser identificadas com crachás ou uniformes. É importante que cada abrigo tenha um espaço recreativo para desenvolver atividades com as crianças minimizando os impactos e conflitos da situação de 33 abrigamento. No caso da Prefeitura do Recife, esta tarefa é coordenada pelos professores de educação física/dos círculos populares3 que trabalham com esporte e lazer. A garantia de recursos humanos para estes espaços recreativos é de fundamental importância para a continuidade dos trabalhos. Incentiva-se a participação dos desabrigados na manutenção diária do abrigo e organização dos espaços físicos. As atividades devem ser selecionadas e apresentadas para que haja uma distribuição do trabalho. Os voluntários capacitados poderão ajudar na organização das tarefas como um exercício de cidadania Porém, não podemos deixar de ressaltar que a obrigação da administração e manutenção do abrigo é de responsabilidade do poder público. Conviver nos abrigos não é uma situação ideal e fácil. Para minimizar traumas dos desastres é essencial que o espaço no qual a família será inserida tenha a infraestrutura necessária para o cotidiano. A administração pública deverá garantir espaço adequado e suficiente para atender a família após a tragédia. Para entendimento geral de situações de emergência e desastres e ajudar a população atingida por enchentes e deslizamentos e outras adversidades é importante que a gestão de abrigamento tenha coordenação e planejamento de abrigos temporários, com o objetivo de alojar, apoiar, suprir, necessidades de alimentação, higiene, saúde, segurança, a evitar conflitos e agravamento de problemas sociais. Este trabalho irá contribuir para a integração das esferas do poder público, considerando o processo participativo da comunidade. É de extrema importância não romper o vínculo familiar e comunitário, e evitar o sentimento de desamparo, principalmente no que se refere ao cuidado com crianças e adolescentes que podem ter seu projeto de vida e desenvolvimento físico e emocional prejudicados por esses sentimentos. O fato das famílias estarem em abrigos protegidos não garante a sensação de conforto, podendo provocar estado de depressão diante das perdas de identidade passando por momentos sem perspectivas. Assim, diante deste contexto, é importante trazer a normalidade da vida das pessoas como retorno ao trabalho e crianças e adolescentes de volta à escola, a volta a vida cotidiana deixando claro o caráter provisório, mas dando suporte de condições dignas de abrigamento. 3 Círculos Populares é um programa de educação não-formal, com o objetivo de promover aprendizagens relacionadas à cultura corporal e esportiva, além de incentivar a auto-organização comunitária a partir do lazer e do esporte. O programa é dividido em três linhas de ação: Círculos de Esporte Amador; Círculos de Lazer e Cidadania; Círculos de Esporte e Juventude. (Prefeitura do Recife) 34 As ações de emergência e socorro acontecem a partir da intensificação das chuvas, os institutos meteorológicos emitem diagnósticos mensais, boletins e alertas diários. Com isso, têm início as ações de emergência ou socorro. Todavia, as atividades desenvolvidas no período da normalidade têm sua rotina modificada, em decorrência da intensificação de solicitações por parte da coordenação e da população, tais como, o tele-atendimento e acompanhamento meteorológico. Dependendo da demanda são aplicadas as estratégias de socorro conforme descrição abaixo. • As áreas de risco passam a ser acompanhadas em uma sistemática priorizando o atendimento emergencial. • As atividades são realizadas no período mais crítico de acordo com as diretrizes definidas no plano de contingência para cada modalidade, em função do tipo de evento e sua intensidade, do número de vítimas, da estrutura da equipe de assistência e do nível de comoção. A partir desse momento as equipes de Defesa Civil do Recife realizam ações junto às famílias em situação mais vulnerável e são dados os seguintes encaminhamentos: • Remoção temporária para casa de parentes ou amigos, nesse caso há a cessão de cestas básicas para a família que recebe a desalojada, garantindo acolhimento adequado e seguro; • Remoção para abrigamento temporário; • Remoção e cessão do benefício do Auxílio Moradia, pressupondo que a família se deslocará para local seguro, fora do risco, a partir de Decreto. As atividades preventivas de abrigamento, diante da política definida para o Programa Guarda-Chuva garantem às famílias sujeitas a um acidente iminente a remoção de sua residência para local seguro pela equipe técnica da Defesa Civil do Recife. Para os grupos que não têm alternativa imediata de moradia é providenciado um local de abrigamento temporário. Para tal, a CODECIR tem como propósito: • Identificar espaços em cada território, conjuntamente com os integrantes do Programa Guarda-Chuva, que servirão para alojar famílias em situação de risco ou vulnerabilidade, até a inclusão no auxílio moradia ou retorno à moradia original; 35 • Estruturar e instalar abrigos coletivos para alojar as famílias ribeirinhas e algumas famílias das áreas de morro, em decorrência da enchente ou de chuvas intensas; • Participar da coordenação colegiada dos abrigos; • Definir, conjuntamente com os integrantes do Programa Guarda-Chuva, encaminhamentos e procedimentos da avaliação técnica visando reduzir o tempo de abrigamento; • Identificar a existência de parentes para acolhimento temporário à família em risco, viabilizando junto ao IASC (Instituto de assistência Social e Cidadania) a concessão de cestas básicas colchões, cobertores , kit de higiene básica, entre outros, periodicamente, no momento da quadra chuvosa.; • Viabilizar junto ao IASC/SAS (Secretaria da Assistência Social) o abrigamento temporário das famílias vitimadas por deslizamentos, enchentes ou inundações bruscas. A assistência na atuação da Defesa Civil se faz através de um conjunto de ações destinadas ao atendimento de pessoas afetadas por desastres ou em estado de vulnerabilidade física e social vitimadas, objetivando a redução dos impactos causados pela situação de emergência ou acidente (deslizamento, enxurrada e alagamento), buscando garantir o atendimento das necessidades básicas, o respeito aos direitos de convivência familiar e comunitária saudável, a qualidade de vida, o acesso à informação e aos demais serviços públicos. Essas ações são realizadas simultaneamente ou logo após o acidente, compreendendo as atividades de logística, de assistência e de promoção à saúde: Atividades de logísticas: • Coordenar os abrigos temporários; • Garantir o suprimento de água potável e provisão de alimentos; • Garantir para os desabrigados (roupas, alimentos, utensílios, etc.); • Encaminhamento das famílias em situação de vulnerabilidade aos órgãos de assistência competentes; • Equipe de negociação de sua saída para local seguro. A partir da interface interna e externa com os órgãos parceiros ao Programa Guarda-Chuva, são realizadas ações que garantam o atendimento às necessidades básicas de saúde e assistência dessas famílias. 36 Na busca do restabelecimento da integridade dos vínculos vicinais, posteriormente ao desastre é iniciado o acompanhamento periódico, visando fortalecer os mecanismos de adaptação da comunidade à nova realidade; bem como o equilíbrio das famílias vitimadas. Para tanto, são trabalhados os diversos sentimentos acerca da auto-estima, confiança, culpa e pensamentos confusos relacionados com a causa e conseqüência do desastre. Além de, quando necessário, apoiar a família no sentimento de luto e perda e nas ações relacionadas à realização do funeral. Dentre as atividades específicas em caso de acidente, a equipe da Defesa Civil deve providenciar: • Isolar e evacuar as áreas de risco; • Definir as vias de evacuação e de controle de trânsito nas mesmas; • Apoiar a ação de socorro do Corpo de Bombeiros e do SAMU, com equipe treinada em primeiros socorros; • Remover famílias afetadas pelo desastre para abrigos e/ou casa de parentes e amigos; • Decretar situação de emergência e/ou estado de calamidade pública, se necessário; Indicar os locais com antecedência onde irão funcionar os abrigos temporários preventivamente caso ocorra antecipação da chuva. Dentro do programa Guarda Chuva a Secretaria de Educação Esporte e Lazer tem as seguintes atribuições no processo da operação Inverno: • Garantia de acesso às Unidades Educacionais da localidade às crianças e jovens desabrigados; • Garantia de atividades pedagógicas no contra turno às crianças e jovens desabrigados; • Apoiar na infra-estrutura (02 veículos) durante o período emergencial; • Participar dos encontros, no período emergencial, promovidos pela CODECIR; • Receber e encaminhar à Diretoria Geral de Avaliação e Acompanhamentos Educacionais as justificativas/declarações das crianças desabrigadas contempladas com o programa Bolsa Família; • Viabilizar os encontros de formação/sensibilização com gestores escolares e coordenadores pedagógicos; 37 • Colaborar com a mobilização das Unidades Educacionais onde os projetos de sensibilização serão executados. A gestão das emergências e desastres tem como necessidade primordial mitigar a vulnerabilidade, no ciclo da organização e logística para a preparação de relocação das pessoas ao abrigo e diante do aumento das vítimas de tragédias decorrentes de enchentes na malha urbana e deslizamentos das encostas causados por fenômenos naturais. A participação da população é fundamental nesta construção dialogando com a lei 12.608 no capítulo II da Política Nacional de Proteção e Defesa CivilPNPDEC/ Seção I/ Diretrizes e Objetivos/ Art.4 são diretrizes da PNPDEC, VIParticipação da sociedade civil e no Art 5 Prestar socorro e assistência às populações atingidas por desastres. Assim, ressaltamos a importância da participação do público envolvido na construção coletiva de estar a salvo, protegido e sensibilizado para o problema da vulnerabilidade das áreas ocupadas por esta população afetada para uma visão cidadã dos abrigos o dever do poder público e o direito à vida das pessoas vitimizadas pelos desastres com perdas e danos. 38 CAPÍTULO III Visão cidadã de abrigamento, perspectivas e entraves 39 A vulnerabilidade social da população na dimensão ambiental das ocupações em áreas não edificantes de risco contribui com aumento dos desastres antrópicos. Entendese que havia um processo de exclusão, ausência de políticas públicas para garantir direitos humanos fundamentais como a moradia adequada e de qualidade. Redimensiona situações de extrema pobreza causadoras de desastres que expunham a população ao perigo ocasionando em alguns acidentes perdas humanas, materiais, sociais e econômicas. O crescimento urbano aumenta a vulnerabilidade na dimensão física do risco e a fragilidade social da estrutura. Os desastres são causados pelo homem numa relação de vulnerabilidade e risco com as mudanças climáticas, assim como o diálogo do ecossistema e as comunidades, por isto é importante a participação social na discussão da construção das cidades como forma de ordenamento e desenvolvimento urbano para minimizar, seus conflitos e desafios diante dos impactos sociais e fatores de vulnerabilidade e risco. O sistema de gerenciamento e capacidade de lidar com desastres incluem os componentes de identificação e redução de risco, retenção e transferência de risco e gerenciamento dos desastres, nisto inclui a questão dos abrigos e seu gerenciamento. Potencial de resposta na análise de prospecção de acidentes possibilita a necessidade de adaptabilidade a mudança climática por parte da população na adoção da percepção do risco e práticas seguras adequadas para esta moradia vulnerável. Partindo deste princípio de conscientização da população diante da mudança de cultura para com a percepção do risco, poderá contribuir com a auto-proteção e exercendo também sua cidadania, podendo ser uma desocupação de imóvel em risco ou mesmo a evacuação de uma comunidade inteira e de sua co-responsabilização, pois o papel do cidadão no sistema da Defesa Civil é fundamental nesta mudança de legislação para com proteção civil. A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) foi instituída pela Lei Nº 12.608, de 10 de Abril de 2012, no capítulo II do Art. 8º “compete aos municípios: VIII- Organizar e administrar abrigos provisórios para assistência à população em situação de desastre, em condições adequadas de higiene e segurança”. Portanto a lei assegura o atendimento de famílias desabrigadas e desalojadas em situação de emergência e desastres, que precisaram sair de suas moradias devido à localização de risco. A organização adequada e prévia já determinada no plano de contingenciamento auxilia a gestão e sistema de resposta da Proteção e Defesa Civil, considerando as 40 particularidades de cada realidade para preparação da montagem, coordenação e planejamento de abrigos temporários em um modelo da cidade do Recife. Estes abrigos são estações de passagem num período curto para propor outros instrumentos de acolhida solidária a exemplo de casa de parentes e amigos, equipamentos sociais que servem para abrigos temporários e como também citar o instrumento temporário de abrigos humanitários de preservação da privacidade da família afetada pelo desastre poderão ser beneficiada com o pagamento do “auxílio moradia”, ajuda de custo para alugar um imóvel onde possa salvaguarda seus parentes. O auxílio moradia foi instituído pela Prefeitura do Recife através de Decreto Municipal no ano de 2001 em um momento delicado que havia abrigos com pessoas morando há aproximadamente três anos em situação insalubre, agredidas pela ocasião de abandono dos desabrigados afetados pelo desastre, exprimindo o reverso da cidadania. Neste período o poder público recentemente assumindo a gestão do município do Recife desativou-os transferindo as famílias para resgatar seus direitos de cidadãos. As famílias foram contempladas com a solução habitacional em conjuntos construídos pelo poder público local garantindo a sustentabilidade e identidade social. As experiências vêm mostrando que é fundamental não tentar romper o núcleo familiar, para evitar a perda de referências do lar, de pertencentes importantes, de sua própria identidade, deixando a pessoa em profundo sentimento de desamparo. O fato das famílias se acomodarem à situação de abrigo, nem sempre vem da sensação de conforto, essa acomodação pode vir de um estado de grandes dificuldades geradas por uma depressão ou pela falta de perspectiva, daí a necessidade de acompanhamento psicossocial para minimizar os impactos sociais causados pelo desastre. Isto se dá através da avaliação e mobilização dos recursos de saúde mental disponíveis no município afetado, assim como identificar sujeitos e grupos vulneráveis e dedicar-lhes atenção especial, atuar no manejo das reações esperadas, alarmantes e dos transtornos decorrentes diretos ou indiretos dos desastres. Os agentes psicossociais podem auxiliar nos cuidados com os espaços de convivência, manutenção e disciplina, através de ações educativas, como também organizar e coordenar a mudança e relocação da família para casas de aluguel até que haja a solução definitiva de moradia através da recuperação, ação estruturadora de contenção de encosta ou mesmo reconstrução da casa de acordo com a realidade do morador afetado pelo sinistro. É importante estimular a participação dos desabrigados nas atividades dos abrigos respeitando as condições físicas e psíquicas de cada um, conhecendo as 41 profissões que poderá representar a possibilidade de dar sentido social e comunitário ao processo de reconstrução, fortalecendo os laços da comunicação, a confiabilidade na sua relação com os profissionais da Defesa Civil. Administrar abrigos é um tema complexo que envolve ações articuladas de diversos órgãos do sistema de Defesa Civil e sob a perspectiva de acolhida solidária no momento de fragilidade da população afetada. Um trabalho voltado principalmente para ações de resposta, visto que a gestão de abrigos se dá no momento que o desastre ocorre. Toda a preparação e tempo de normalidade é fundamental para que as ações ocorram de forma eficaz atingindo o resultado de normalidade e segurança desta população vulnerável. Podemos refletir que a pobreza multidimensional é um desastre social historicamente naturalizado, o qual suscita afetação multidimensional nos desastres subseqüentes que ainda são representados, no imaginário social, como tal significa dizer, que há no horizonte civilização nacional, uma possibilidade também de naturalizarmos a profusão do desastre que ocorrem atualmente tornando comum a morte das pessoas, o desaparecimento de corpos, a vida sobre escombros e ruínas que é o cotidiano de muitos brasileiros atualmente (VALENCIO, 2011). O conceito de desastres naturais é uma maneira de deslegitimar a politização do controle social na definição do problema em busca das soluções compartilhadas. Hoje no cenário local e também no nacional, a desfiliação social sofre cada vez mais com os fatores naturais e tecnológicos ameaçantes, tem diante de si inúmeros desafios a serem enfrentados nos desastres, os subgrupos de afetados que tem na esfera social da vida totalmente comprometida, a forma de percepção do risco para conduzir aos mecanismos de participação como medida protetiva de garantir a integridade física e mental do afetados. Diante da condição de desabrigado, sobrevivente do desastre e caracterizado como uma situação extremamente degradante, não é com a prática de dar o abrigo e assistência pós desastre que o problema social será resolvido. Na realidade, transmuta-o para a intensificação da degradação de alternativas de alojamento que repercutem na dificuldade nas relações das redes privadas das famílias. Há de fato uma rede institucionalizada subjacente à difusão de várias práticas institucionalizadas, a ineficácia das ações recuperativas, ou seja, o distanciamento entre a emergência reassentamento da 42 família do desastre para o abrigo, deste para o auxilio moradia e a morosidade do direito à moradia digna e segura. O hábito implica na atuação de trabalho contínuo de percepções e práticas dos agentes de Defesa Civil, como também da Assistência Social e outros atores do processo. Estão sujeitos a padrões, no geral, confrontam com os das famílias desabrigadas, são desenhadas relações de poder neste território. Os abrigados tendem desenvolver estratégias adaptadas que visam restabelecer sua rotina de laços da unidade familiar e pessoais da mesma comunidade onde viviam. Através desta idéia, eles tentam produzir no espaço público com regras coletivas, o cotidiano de suas casas nas diversas funções associadas a concepção do lar. No entanto a administração dos abrigos ao instituírem a rotina coletiva, um conjunto de práticas regimentadas para as ações e práticas, que tentam a coletivizar padrões, instrumentos e procedimentos de controle sobre os usos dos espaços para as relações privadas de espacialidade inviabilizam que o abrigo torne um lar para cada uma das famílias ali instaladas. 43 CONSIDERAÇÕES FINAIS A situação de abrigamento das pessoas em vulnerabilidade sócio- econômica, vitimizadas por um processo de exclusão social, fazendo um recorte da cidade do Recife, quando o abandono foi desde expulsão dos mocambos e a ocupação dos morros da Zona Norte de forma fragilizada, irregular, sem orientação e infra estrutura adequada, a única certeza das pessoas era de sobrevivência e a necessidade de ter uma moradia. Muitas destas famílias, sem esperança de solução, vinda de seus traumas e cuja dignidade impede de degradar ainda mais suas relações de identidade faz-se uma relação com o tempo social decorrido com o tempo de abrigamento e desalojamento até o momento presente. As dimensões objetivas e simbólicas constituem da precariedade que as estratégias de territorialidade alternativa à perda a moradia, resultando em comprometimento ao indivíduo, ao grupo familiar, por fim a dificuldade no restabelecimento do cotidiano, das condições regulares de moradia e demais serviços de garantias sociais para a proteção e cidadania. Os desastres são acontecimentos persistentes ocorridos a cada ano em proporções menores ou maiores de acordo com os prognósticos climáticos destacados a cada ano. Mantém-se o sofrimento oriundo da falta de condição de adaptabilidade das pessoas e preparação para a emergência. No contexto brasileiro o processo de evolução referente ao olhar para as Defesas Civis, deu-se após o acidente da área Serrana do Rio de Janeiro, ampliou e reconheceu a falta de preparação e estrutura dos municípios para garantir a prevenção, preparação, emergência, reconstrução e recuperação. Após esta sofrida experiência o poder público federal passou a disponibilizar os recursos tecnológicos dos mapeamentos de risco, na perspectiva futura de conhecer para intervir e disponibilizar de recursos não só de caráter emergencial, mas também no formato preventivo, como Programa de Aceleração do Crescimento - PAC 1 e 2, e PAC Prevenção a disposição das cidades que possuem áreas de risco e pessoas residindo nestes locais. Existem outros instrumentos de fomento fortalecedor destas equipes e agentes de Defesa Civil, podemos citar o plano de contingência, Núcleos de Defesa Civil, plano de implantação de obras para redução do risco, criar mecanismos de controle e fiscalização para evitar a edificação em áreas propícias a ocorrências de desastres e elaborar carta geotécnica de aptidão à urbanização, estabelecendo diretrizes urbanísticas de acordo 44 com a lei de uso e ocupação do solo e plano diretor dialogando com o ordenamento da cidade. O sistema integrado da defesa civil institucionaliza os abrigos sobre a provisão de proteção social, salvaguardar vidas e o compromisso de solução e encaminhamentos são na maioria das vezes prolongados da situação restritiva do auxílio moradia, fragilizando as famílias no entendimento de mundo, obstruindo-lhes o direito de situarse, reconhecer-se e ocupar seu próprio espaço. A luta dos desabrigados pela sobrevivência do dia a dia, somava-se a um conjunto de limitações diante dos seus direitos à moradia, a reconstrução de suas casas em locais adequados e seguros dando ao abrigado alento diante do sofrimento vivido nos abrigos. No modelo de gestão instituído pela Prefeitura do Recife para trabalhar nestas etapas de forma articulada e planejada com visão sistêmica dos espaços, garantindo o sistema de proteção civil, reconhecendo o território onde 67% da cidade é composta por morros e 1/3 da população residindo nestas áreas. Houve, desde 2001, uma explosão considerável de obras estruturadoras que se estende até os dias atuais, também se investiu valores consideráveis para a prevenção e preparação do período mais crítico da cidade, a quadra chuvosa e a intensificação das obras não estruturadoras. Neste momento foram incluídas ações sociais de preparação como são citados nos simulados, ações educativas nas Escolas, reuniões comunitárias, identificação e preparação para os voluntários/agentes comunitários de Defesa Civil, atingindo os grupos das comunidades mais suscetíveis e vulneráveis aos sinistros de deslizamentos e alagamentos contribuindo através do trabalho social de recuperação da identidade através das soluções individuais de moradia proporcionando o empoderamento e o saber da proteção relacionados aos desastres, mudando sua história e realidade. 45 Referências Bibliográficas: BENEVIDES, Cláudia do V. Um Estado de Bem-Estar Social no Brasil? Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro – 2011. BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Política Nacional de Defesa Civil. Brasília, DF. 2004. CONDEPE/FIDEM – Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco, concepção do Programa Viva o Morro. Disponível em Error! Hyperlink reference not valid.. Acesso em 28 de novembro de 2012. CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988, disponível em http://www.dji.com.br/constituicao federal/cf182a183.htm. Acesso em 28 de Novembro de 2012. COSTA, Teresa H. B. S. LIMA, Rochelly, E. de. Questão Urbana e Serviço Social. In Serviço Social e Sociedade, Ano XXV, n° 79. São Paulo. Cortez Editora, 2004. GUIMARÃES, Berenice Martins. Gestão Urbana: um novo formato da política e a situação habitacional na região metropolitana de Belo Horizonte. In: FERNANDES, Edésio (org). Direito urbanístico e política urbana no Brasil. Belo Horizonte, Del Rey, 2001. HOGAN, Daniel Joseph e MARANDOLA, Eduardo. População e mudança Climática: Dimensões humanas das mudanças ambientais globais. Campinas: Núcleo de Estudo de População – NEPO. Brasília: UNFPA. 2009. HOROCHOVSKI, Rodrigo Rossi. MEIRELLES, Giselle. Anais do II Seminário Nacional Movimentos Sociais, Participação e Democracia. 25 a 27 de abril de 2007, UFSC, Florianópolis, Brasil. MANUAL DA FORÇA VOLUNTÁRIA. Fundo Comunitário de Reconstrução e Voluntários em Ação Abandonados dos desastres, uma análise sociológica de dimensões objetivas e simbólicas de afetação de grupos sociais desabrigados e desalojados, 1º Edição, Conselho Federal de Psicologia, 2011- Distrito Federal. 46 MANUAL DE INSTALAÇÃO E GERENCIAMENTO DE ABRIGOS PROVISÓRIOS. Voluntários Organizados e Solidários - VOS. MEDICI, André C. Welfare State no Brasil. Disponível em http://www.tecsi.fea.usp.br PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE. Coordenadoria de Defesa Civil. Programa Guarda Chuva: Balanço 2001-2004. Recife, PE. 2004. PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE. Coordenadoria de Defesa Civil. Programa Plano de Contingência Alerta 2012. Recife, PE. 2012. VALENCIO, N. Marcherzini, V.; SIENA, M. Desastre e indiferença social: O estado frente aos desabrigados. Antropolítica: revista contemporânea de antropologia e ciência política, Niterói, RJ V. 23, p.223-254, 2007. 47 ANEXOS ANEXO 1: MAPA DE LOCALIZAÇÃO DO RECIFE Itap iss uma Itam ara c· AraÁo ia ba Ig ara ssu Abre u e Li ma Norte Paul ista # Cam ara gib e Ol in da S„ o L ou renÁo da M ata Recife Nordeste N Centro Oeste More no N 300 0 Sudeste 300 Km Jab oat„ o do s Gu ara rap es Cab o de San to Ago sti nh o Sul Ip oj uca 8 RPA 03 RPA 02 RPA 04 RPA 01 RPA 05 N RPA 06 1 0 1 Km 0 8 Km 48 ANEXO 2: MAPA DOS LIMITES DE ÁREAS POBRES 280000 285000 290000 295000 9120000 9120000 RPA 03 N 9115000 9115000 RPA 02 RPA 04 9110000 9110000 RPA 01 RPA 05 9105000 9105000 RPA 06 PLANO MUNICIPAL 9100000 DE REDU« AO DE RISCO 9100000 MAPA DO LIMITE DE ¡ REAS POBRES Legenda RMR It a pi ssuma AraÁoi aba Limite de RPA Limite de Bairros Limite de ¡ reas Pobres It a m ar ac· Igar assu Abreu eLim a Paulist a Camar agibe S„ oLour enÁodaM ata Mor eno Oli nda Re cife Jaboat „ odos Guar arapes Cabode Santo Agosti nho 280000 285000 Ipojuca Escala: 1/100.000 Apoio: Fonte: Fonte:Fidem 2004/ PMRR 2006 290000 295000