Baixar arquivo em pdf
Transcrição
Baixar arquivo em pdf
Revista SAP Edição Especial nº 5 - julho/2012 COOPERAÇÃO Pela primeira vez clube esportivo realiza parceria com a SAP Editorial Mais uma vez, com alegria incontida, faço desta Revista um instrumento para enaltecer e agradecer a família penitenciária. Aliás, esta Revista não é publicada para falar o que fazemos, mas quem somos. O sistema penitenciário paulista vem crescendo a cada dia: cresce o número de prisões de pessoas e, consequentemente, aumenta a população carcerária. Mas no mesmo diapasão, talvez mais ainda, cresce a qualidade do corpo funcional; crescem, também, a dedicação, a abnegação, o profissionalismo e o sentimento de dever cumprido; crescem, sobretudo, a coragem, o zelo e o amor pela causa pública. Sabemos que também crescem nossas responsabilidades e por isso, nos dedicamos mais tempo ao trabalho do que às nossas famílias; sabemos que muitas vezes somos criticados injustamente por alguns, apenas porque trabalhamos no sistema penitenciário; sabemos que muitos dos que não conhecem nossa profissão fazem avaliações nada positivas, mas isso, graças a Deus e a nós, vem diminuindo a cada dia que passa. Nossa função, como todos sabem, não é apenas a de manter as pessoas trancadas nas prisões. É, acima de tudo, a de oferecer os meios para que essas pessoas, quando estiverem livres, sejam úteis à sociedade e não mais ofereçam riscos aos demais cidadãos, portanto, é a mais nobre das profissões. Quando os cidadãos de bem tiverem conhecimento sobre a importância do nosso trabalho, tenho absoluta certeza, prestarão as mais efusivas e justas homenagens. Não a mim, secretário, mas a vocês, que fazem a diferença e dão o melhor de si para que a missão desta Pasta seja permanentemente cumprida. Muito obrigado aos mais de 34 mil integrantes da família SAP. LOURIVAL GOMES SECRETÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA Revista SAP Edição n° 5 - Julho de 2012 Revista SAP é uma publicação da Assessoria de Imprensa • Editora-Chefe Rosana Tenreiro Alberto Reportagem e Redação Jorge de Souza - Mariana Borges - Veruska Almeida - Mariana Morimura - Rafael Marinho da Paz • Fotografia Eric de Moura Alves • Arte e Diagramação Marcelo De Lucca Figueiredo Fernando Marini Prado • Apoio Administrativo Rosângela de Souza Matos Silva Sede da SAP: Av. Gal. Ataliba Leonel, 556 - Santana CEP: 02033-000 - São Paulo / SP Fone/PABX: (11) 3206-4700 e-mail: [email protected] Site: www.sap.sp.gov.br Tiragem: 5 mil exemplares Índice Sustentabilidade ............................................ . 03 . 05 O presídio sob uma óptica feminina ............ Infância sem grades .................................... . 08 . 12 Guardião da Economia .............................. Desculpem o transtorno estamos em obras .. Eleições SAP 2012 ....................................... . 13 . 15 . 16 E o Covas vai para ...................................... Saúde e prevenção no sistema ..................... . 18 . 20 Ação + Criatividade = Pró atividade ........... . 22 Uma segunda Chance .................................. . 24 Com a cooperação tudo fica mais fácil .. Na corrida da Expansão .............................. Made in Presídio .......................................... . 29 . 32 . 37 Oia aí o trem...embé .................................... . 38 Preservando a história ................................. EAP nova, bonita e high-tech ..................... . 40 Mariana Morimura A preocupação com o meio ambiente e, consequentemente, com o futuro do planeta tem assolado a humanidade nos últimos anos. Aos poucos, o homem vem aprendendo a readaptar seu estilo de vida de modo a prejudicar menos a natureza. As unidades prisionais da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) também se engajam na causa e colaboram com a preservação ambiental, combinando ações sustentáveis com medidas de ressocialização de presos. Plantando a Liberdade Em um amplo projeto coordenado pela prefeitura de Sorocaba, que visa consolidar uma rede de produção de mudas e sementes nativas para a recuperação de áreas degradadas, 16 reeducandos da Penitenciária “Dr. Danilo Pinheiro” (PI) e dez da “Dr. Antônio de Souza Neto” (PII) de Sorocaba recebem oportunidade de trabalho, na qual são remunerados com um salário mínimo. Intitulado “Recomeçar – Plantando a Liberdade”, o projeto teve início em 2009 e conta também com a colaboração do Serviço de Obras Sociais (SOS) e da Universidade de Sorocaba (Uniso), que fornecem as sementes em condições de germinar. A prefeitura se encarrega de distribuir essas sementes às penitenciárias e supervisionar o trabalho dos presos. A PI dispõe de uma área de aproximadamente 5 mil m², que possui 125 canteiros com capacidade de armazenar 140 mil mudas. A unidade possui ainda uma estufa de 84 m², onde são preparados substratos. No último mês de maio, os reeducandos produziram 63,5 mil mudas de 51 espécies diferentes. A meta do projeto é trabalhar com 300 variedades, sendo hoje cultivadas 100 espécies de árvores nativas, frutíferas e exóticas. Em 2010, o presídio produziu mais de 50 mil mudas, que foram utilizadas no Mega Plantio promovido pela prefeitura de Sorocaba. Em 2011, a produção foi de quase 98 mil, na qual 10 mil mudas foram retiradas para a realização do Mega Plantio Escolar. Já neste ano, 158 mil mudas foram produzidas, das quais 100 mil foram replantadas no Parque Tecnológico e no Parque da Biodiversidade da cidade, durante o 2º Mega Plantio. Já a PII possui uma área de aproximadamente 12 mil m² destinada à produção de mudas e uma estufa de 168 m², onde são armazenados insumos e preparados substratos, com capacidade de quase 70 mil mudas em 70 canteiros. Florestas Inteligentes Viveiro do CPP de Tremembé Revista SAP 3 Florestas Inteligentes Vasos confeccionados na PII de Tremembé Só neste ano, a unidade – que tem capacidade de armazenamento total de 150 mil mudas – já produziu mais de 100 mil e distribuiu quase 40 mil. No dia 24/04, o prefeito de Sorocaba, Vitor Lippi, recebeu em seu gabinete o secretário da Administração Penitenciária, Lourival Gomes, a secretária da Agricultura e Abastecimento, Mônica Bergamaschi, a secretária Municipal do Meio Ambiente, Jussara de Lima Carvalho, o coordenador das unidades prisionais de Região Central (CRC), Luiz Carlos Catirse e os diretores das duas penitenciárias de Sorocaba, Carlos André Guedes (substituto da PI) e Marcelo Serroni Persike (PII) para discutirem os caminhos e resultados do plano. O encontro foi feito a pedido do governador Geraldo Alckmin, que pretende expandir o projeto para outras unidades prisionais. Florestas Inteligentes Trabalhando no projeto da empresa Florestas Inteligentes, que une conservação ambiental e inclusão social, os reeducandos do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) “Dr. Edgar Magalhães Noronha” (Pemano) de Tremembé cultivam 1,5 milhão de mudas de 150 espécies em um viveiro localizado nas dependências do presídio. A produção é destinada a instituições ou pessoas que utilizem as mudas em compensações ambientais, projetos paisagísticos e neutralização de carbono. Atualmente, 65 detentos do CPP produzem mensalmente cerca de 150 mil mudas e recebem remuneração de um salário mínimo, remição de pena e qualificação profissional, através de cursos de restauro florestal, viveirismo, horticultura e paisagismo oferecidos pela empresa e ministrados pela Escola Superior de Agricultura da Universidade São Paulo (USP) de Piracicaba. Após cumprirem pena, esses profissionais têm chance de serem contratados pela Florestas Inteligentes e outras empresas da região, como já ocorreu em alguns casos. A iniciativa obteve tanto sucesso que recebeu o Prêmio Mário Covas de Excelência em Gestão Pública de 2010 e, neste ano, foi expandida para a Penitenciária “Dr. José Augusto César Salgado” (PII) de Tremembé. No local foi implantada uma fábrica de vasos biodegradáveis, empregando outros 20 reeducandos. O produto é feito à base de casca de arroz, matéria-prima abundante na região, que substitui o plástico. Juntamente com outros componentes orgânicos, formam-se vasos de diferentes tamanhos, que evitam traumas e contribuem para um melhor desenvolvimento das mudas. A água utilizada na fabricação desses produtos é empregada em circuito fechado, ou seja, é permanentemente reaproveitada, ação que impede o desperdício desse recurso natural. Reeducando Ambiental Fornecer formação profissional ao reeducando e remuneração por trabalhos laborais que promovam a sustentabilidade. Esses são os principais objetivos do projeto “Reeducando Ambiental”, da Penitenciária “José Parada Neto” (PI) de Guarulhos. O projeto teve início em março deste ano e é fruto da parceria entre SAP, Vara de Execuções Criminais (VEC) do município, Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente (IBIMM) e Prefeitura Municipal de Guarulhos. Dez sentenciados que cumprem pena em regime semiaberto recebem capacitação profissional na área de educação ambiental pelo IBIMM e efetuam diversas tarefas junto a Secretaria do Meio Ambiente de Guarulhos, como produção de mudas, plantio de árvores, limpeza e revitalização de praças e parques da cidade. Como benefício, eles são remunerados mensalmente com um salário mínimo e ainda ganham remição de pena – a cada três dias trabalhados, um Cultivo de mudas no CPP de Trememhbé Revista SAP 4 Florestas Inteligentes Mudas da PII Sorocaba dia é remido, que pode ser conseguido também a cada 12 horas de estudo. Com menos de dois meses em andamento, o projeto já havia tido a participação de 15 reeducandos, pois cinco deles foram agraciados com benefícios expedidos pela VEC, dando oportunidade de ingresso a outros detentos. “A aplicação de projetos como o “Reeducando Ambiental” vem ao encontro da missão da SAP – de reinserção do preso na sociedade – ocorrendo aqui, por meio da educação e da laborterapia como fatores primordiais de agregação de valores”, explica o diretor da unidade prisional, Emerson Rodrigues Sanches. Tempero Sustentável Na Penitenciária II de Lavínia, presos também adquirem conhecimento sustentável, remição de pena e remuneração, através do trabalho na própria horta da unidade. Em novembro de 2011 foi implantado o projeto “Tempero Sustentável”, que consiste principalmente no cultivo de diferentes tipos de pimentas através de práticas e técnicas sustentáveis, como a compostagem (procedimento que reaproveita sobras alimentares para a produção de adubo) e o cultivo totalmente livre de agrotóxicos. Além de beneficiar os cinco reeducandos que trabalham na horta, a medida promove melhoria na qualidade da alimentação de funcionários e detentos, já que a produção é integralmente servida nas refeições do presídio. Os sentenciados executam os trabalhos diariamente (aos finais de semana é feito revezamento), cumprindo uma carga semanal de 48 horas – período em que formam canteiros de terra doada pela Prefeitura Municipal de Lavínia. Eles plantam sementes, replantam mudas, adubam e regam a plantação. Desde a criação da horta, em 2009, a variedade de alimentos produzidos aumentou significativamente. No início eram plantadas salsinha, cebolinha e pimenta. Hoje são cultivados também alface (dos tipos americana, crespa e roxa), almeirão (tipo pão de açúcar), rúcula, rabanete, couve, coentro e cinco tipos de pimenta: malagueta, biquinho, doce, bode e unha do capeta, sendo as últimas duas trabalhadas em especial na fase de expansão do projeto, que iniciou em abril deste ano. “A Penitenciária II de Lavínia, que há tempos vem reciclando o óleo usado do setor de cozinha para fabricação de produtos de limpeza (sabão em pedra, detergente, etc.), tem expressivos resultados favoráveis no âmbito financeiro e de preservação ao meio ambiente”, destacou o diretor substituto da PII, Rogério Bezerra de Souza. “Nós enxergamos no cultivo sustentável de hortaliças e temperos mais uma forma de contribuir para uma adequada utilização dos eventuais descartes gerados pela unidade produzindo, através da compostagem, alimentos livres de agrotóxicos e com qualidade aprovada por todos os seus beneficiados”, completa o diretor. A intenção agora é atender unidades vizinhas que mostrem interesse nos alimentos remanescentes produzidos na PII. Revista SAP 5 Reeducandos da PI de Guarulhos produzindo mudas Horta suspensa A Penitenciária I de Potim criou uma horta diferente em suas dependências: a plantação fica suspensa em uma estrutura construída a partir de material reciclado. Cabos de vassouras, garrafas pet e sacos de leite sustentam as verduras cultivadas no local. A coleta seletiva já era realizada na unidade, inicialmente com a separação de óleo e material orgânico na cozinha. Posteriormente, os reeducandos foram orientados pelo agente de segurança penitenciária (ASP) Jéferson Faria Abrahão a exercerem essa atividade nas celas. Aquilo que pode ser utilizado na montagem da horta suspensa é separado e o restante é recolhido por uma empresa. Mudas da PI de Sorocaba Florestas Inteligentes Reeducandos trabalhando O trabalho na horta é realizado por quatro detentos – que recebem remição de pena - e acompanhado por Abrahão e pelo ASP Renato Rafael da Silva, que organizam e atuam no projeto implantado há mais de um ano no presídio. Até o momento foram realizadas quatro colheitas de alface lisa e crespa. O diretor da PI, Gustavo Testa Fernandes, reforça que tanto a reciclagem quanto a horta suspensa têm grande importância, pois além de contribuírem para o aprendizado e disciplina dos reeducandos em relação às atividades desenvolvidas, promovem também a reintegração social deles e a conscientização no respeito ao meio ambiente e à sociedade. Revista SAP 6 Elas são 7 mil num universo de mais de 30 mil funcionários e trazem uma óptica diferente ao sistema penitenciário paulista Mariana Borges Elas estão presentes no dia a dia do sistema penitenciário paulista há mais tempo do que se imagina: com a criação do “Presídio para Mulheres”, em 21/04/1942, freiras da Congregação do Bom Pastor d’Angers foram designadas para trabalhar na unidade prisional. Segundo Joanna Carolina Pinto Appolinário, que era freira na década de 1970 e hoje é funcionária da SAP, a função de agente de segurança penitenciária (ASP) ainda não existia naquele tempo, mas elas desempenham papéis semelhantes. “A diferença é que, de forma benéfica nas atitudes dos internos que habitam as dependências carcerárias (...), tornando assim, melhores e mais seguras as atividades prestadas pelos demais servidores no interior dos pavilhões. São 7 mil servidoras, sendo que mais de 3 mil delas são agentes de segurança penitenciária. Num universo de mais de 30 mil funcionários, elas constituem minoria, porém marcam presença em praticamente todos os setores. Na área de segurança, só não estão nas muralhas: o cargo além de manter a ordem e disciplina, éramos também responsáveis pela preparação das refeições, aulas da oficina de trabalho artesanal e do asseio do presídio”, relembra Carolina. Desde então, uma característica feminina tem se destacado: a sensibilidade para ouvir e aconselhar quem carece de uma palavra amiga. Até hoje, esse atributo auxilia o funcionamento das unidades prisionais. Exemplo disso é o depoimento do diretor substituto do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Diadema, Eduardo dos Santos Muniz: “Além de realizarem atividades voltadas à segurança e disciplina da unidade, elas ajudam ainda a resolver diversos problemas apresentados por familiares de detentos, que aos prantos, procuram auxílio por parte do Estado, diante do encarceramento de seus entes queridos”, explica Muniz. Segundo ele, a sensibilidade feminina no tratamento justo e digno prestado aos parentes dos reclusos tende a refletir de agente de escolta e vigilância penitenciária (AEVP) é exclusivo para o sexo masculino. Mas mesmo entre os membros do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), responsável por realizar revistas e conter distúrbios usando técnicas de contenção e armamento não-letal, encontram-se mulheres. Embora os cinco coordenadores regionais de unidades prisionais sejam homens, há 23 diretoras de presídios ou hospitais de custódia – 12 delas comandam unidades masculinas. Uma presença marcante que recebe homenagens em datas comemorativas, como o Dia da Mulher e o Dia das Mães. Segundo o coordenador de Unidades Prisionais da Região Central do Estado, Luiz Carlos Catirse, a realização anual desses eventos na Instituição é a forma mais simples de se dizer “obrigado” , não só pelos serviços prestados, mas por trazer para o ambiente de trabalho amor, vaidade, dedicação e garra, particularidades das mulheres. Revista SAP 7 Mariana Borges O aumento da população prisional feminina trouxe para a SAP uma nova realidade: a ampliação no número de crianças que convivem, desde muito pequenas, com o ambiente de uma unidade prisional. Minimizar o impacto para esses pequenos seres, fortalecendo o vínculo entre mãe e filho para que este sirva de estímulo à reintegração social da reeducanda, é o desafio da Secretaria. Durante uma saída temporária, uma reeducanda do CPP do Butantan manteve relações sexuais em troca de entorpecentes e acabou engravidando. Revoltada, ela de início rejeitou a criança. A equipe de psicologia da unidade passou a conscientizá-la sobre a importância de gerar uma vida. Ao nascer, o bebê encontrou uma mãe dedicada, que tratou o filho como a boneca que nunca teve na infância. Após muito esforço, os funcionários do CPP conseguiram localizar a genitora da reeducanda, de quem ela havia perdido o contato, no interior do Estado. Aos seis meses, o bebê foi entregue aos cuidados da avó. Inicialmente, a separação foi muito sofrida para a presa, que perdeu o filho e o brinquedo ao mesmo tempo. A necessidade de reencontrar o bebê a fez se reaproximar da cuidadora da criança, durante as saídas temporárias. Após a soltura, mãe, filho e avó foram viver juntos. Com a liberdade, a agora egressa ganhou uma família. A história acima é o retrato de uma realidade cada vez mais comum no sistema penitenciário paulista. O aumento da população prisional nos últimos anos foi especialmente expressivo em relação ao gênero feminino. No final do ano 2000, estavam sob custódia da SAP e da Secretaria de Segurança Pública (SSP) 4.999 mulheres. Em 21/05/2012, esse número já estava em 12.051. Isso significa em 12 anos um aumento de 141,07%. Das reeducandas sob custódia da SAP, 88,49% estão em idade reprodutiva, tendo entre 18 e 45 anos. Reeducanda e bebê na Penitenciária Feminina da Capital Revista SAP 8 Brinquedoteca móvel no CPP Feminino do Butantan O resultado desse panorama é que, só no final de 2011, as unidades prisionais femininas da Pasta estavam com 83 bebês de até seis meses de idade. Após o período obrigatório para amamentação, a maior parte deles continuará a visitar suas mães aos finais de semana, durante todo o período de cumprimento de pena. Para dar conta dessa realidade, a SAP trabalha de maneira multidisciplinar. Com relação à estrutura física, além da readequação das unidades femininas antigas – que são masculinas adaptadas – as novas unidades femininas do Plano de Expansão de Unidades Prisionais são as primeiras do Estado planejadas especialmente levando em consideração as necessidades femininas. Além disso, as equipes dos presídios estão buscando parcerias e desenvolvendo metodologias de trabalho específicas para lidar com essa situação. Com tudo isso, o vínculo mãe e filho torna-se mais um estímulo para a reintegração social das reeducandas. O trabalho começa ainda durante a gravidez. As equipes de psicologia das unidades acompanham de perto as reeducandas grávidas, pois muitas delas encaram a vinda de uma criança como mais um problema na vida. Na Penitenciária Feminina de Tupi Paulista, o projeto “Meu Bebê Minha Vida” conscientiza as gestantes a respeito de valores, comportamentos e ações, através de dinâmicas reflexivas; palestras educativas sobre direitos básicos da mãe durante a gestação e pós-parto; conscientização sobre a importância e os benefícios do aleitamento materno e os cuidados com o recém-nascido; exibição de filmes com foco na responsabilidade da maternidade; estreitamento das relações afetivas entre mãe e bebê, além do “Café Gestante”. No Centro de Progressão Penitenciária (CPP) Feminino do Butantan, parceria realizada População de bebês até seis meses nas com uma associação de Tai Chi Chuan de unidades prisionais da SAP Embu das Artes provê aulas de massagem para que as mães aprendam a fazê-las nos bebês, fortalecendo o vínculo, entre outras atividades de conscientização e esclarecimento. Direito garantido – Mesmo antes da lei federal nº 11.942/2009, que tornou obrigatório o provimento de condições para que a mãe presa possa cuidar do bebê (inclusive amamentá-lo) durante seis meses, a SAP já dispunha de espaços específicos para essa função. Um passo além nesse sentido foi a inauguração, em fevereiro de 2011, da “Casa Mãe” no CPP Feminino do Revista SAP 9 Butantan. Feita em parceria com a Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap), a “Casa Mãe” transformou a ala de puérperas em um local de acolhimento. Em cores suaves, com decoração infantil, o espaço tem área para banho do bebê, trocador, lactário (local para preparo de bebidas lácteas e complementares aos lactantes), área para recreação e cursos para as mães. A experiência foi tão bem sucedida, que serviu de modelo para as novas penitenciárias femininas. As alas de puérperas das penitenciárias Feminina II de Tremembé e de Tupi Paulista, denominadas “Espaço Mãe”, foram montadas nos mesmos moldes. Todas as oito novas penitenciárias femininas do Plano de Expansão de unidades prisionais têm projetadas um “Espaço Mãe”. Elas também possuem creches, destinadas aos bebês a partir dos quatro meses. Parceira das unidades prisionais femininas no provimento de condições materiais para as alas de puérperas, a Funap investe em média mais de R$ 61 mil por unidade para prover desde fogões e geladeiras para os lactários até a pintura e decoração dos espaços. Das oficinas de móveis e artesanato da fundação saem colchas, enfeites de decoração, pufes, bancos de madeira e móveis infantis no valor aproximado de R$ 7, 2 mil reais por unidade prisional. Manutenção do vínculo Em todas as alas de puérperas das unidades femininas da SAP, os quatro meses da criança marcam o início de um processo de estímulo à socialização e adaptação dos bebês a uma nova realidade. A partir dos seis meses, eles passarão ao convívio de um cuidador, normalmente um parente próximo, como o pai da criança ou os avós maternos ou paternos. O encaminhamento a um abrigo só acontece em último caso, como conta o psicólogo José Gereis da Costa, diretor do Centro de Reintegração e Atendimento à Saúde do CPPF do Butantan. “Nos três anos em que estou aqui, nunca foi necessário, porque a gente se empenha ao máximo para localizar a família”, explica. Para a retirada da criança, tanto a mãe quanto o cuidador assinam uma documentação. Este é orientado a procurar a Vara da Infância e da Juventude imediatamente para regularizar a guarda provisória da criança. Para preparar os bebês, a Penitenciária Feminina de Tupi Paulista criou o projeto “Nascendo para a Liberdade”. Ele foi tão bem sucedido que foi finalista da oitava edição do Prêmio Mário Covas. Organizado como uma metodologia de trabalho para os bebês a partir dos quatro meses, trata-se de um programa de ações lúdicas, estimulando a psicomotricidade, além do desenvolvimento sensorial, visual, tátil, verbal e motor. Os bebês da Penitenciária de Tupi Paulista são estimulados pela equipe da unidade a manusear objetos coloridos e a engatinhar para pegá-los. Os profissionais conversam constantemente com os bebês, cantam cantigas de roda, para estimular a fala e a audição. O objetivo é incentivar o Revista SAP 10 cuidadores e continuar orientando a educação de seus filhos por carta e, no caso das presas do regime semiaberto, por telefone. O dia de visitas é uma oportunidade importante para resgatar o lúdico na relação. No CPP Feminino do Butantan, acontecem aos domingos oficinas de contação de histórias interativas, nas quais as crianças e suas mães participam ativamente. As novas unidades femininas contam com pleno desenvolvimento físico, emocional e social da criança gerando o início do desenvolvimento da autonomia. O psicólogo José Gereis explica a necessidade de retirada da criança da unidade prisional aos seis meses, por conta das necessidades de socialização e saúde que acontecem a partir daí. “O ambiente prisional não é adequado. A criança fica privada de ir a um parque, de passear na rua, de ter novos conhecimentos. Por isso que aos seis meses ela deve sair, passar por novas experiências. Isso é importante para o desenvolvimento, pois o que ela vive nesse período fica gravado na mente dela”, explica. A cessão da guarda, porém, não significa corte do vínculo. As mães são orientadas a manter contato com os playground justamente para ajudar na socialização dos pequenos com suas mães. Para as penitenciárias antigas, a Funap desenvolveu a brinquedoteca móvel. Foram produzidos nas oficinas da Fundação móveis especiais, com rodinhas que permitem em poucos minutos que a brinquedoteca seja desmontada e levada até um local de depósito. Esse conjunto de estratégias procura dar subsídios para que a mulher que esteja em situação de encarceramento continue exercendo o papel de mãe. Indo mais além, a manutenção do vínculo com a prole é uma oportunidade vital de reintegração social dessas mulheres, como demonstra a história do início dessa reportagem. Mães assistem a show, em homenagem a elas, na Penitenciária Feminina da Capital Revista SAP 11 Gestão Inteligente com Economia Mariana Borges A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) unidades da SAP já estão sendo planejadas prevendo adesão entrou na luta pelo uso racional dos recursos públicos. Só ao “Pura”, o que a médio prazo irá manter a economia de com a modernização do uso da água nas unidades prisionais, custos. será possível economizar R$ 29 milhões ao ano. Já no consumo de energia, a Secretaria de Energia O Programa de Melhoria do Gasto Público, anunciado disponibilizou para a SAP um software que faz os relatórios pelo governador Geraldo Alckmin no final do ano passado, de análises e recomenda qual é a tarifa e demanda corretas foi encampado pela Pasta através do Grupo Setorial de Pla- a contratar. A partir daí, está atualmente em andamento nejamento, Orçamento e Finanças Públicas (GSPOFP), uma revisão nos contratos, além de troca de capacitores e que coordena 166 guardiões da lâmpadas nas unidades. A economia Somando os cortes nos gastos estimada é de quase dois milhões de economia, escolhidos entre os com água e energia elétrica, reais ao ano. E essa economia pode funcionários da Secretaria para monitorar gastos, propor redu- economia anual pode chegar a ser maior, pois ainda há contratos sendo revisados. ções de custos e sensibilizar os 31 milhões de reais. Porém, como salienta Paula colegas a economizar. O trabalho começou a partir de levantamento de despe- Maria Goretti Pudles de Oliveira, coordenadora dos guardiões sas da SAP. Foram elencados três pontos para racionalização e responsável pelo gerenciamento do Programa de Melhoria de custos: energia elétrica, saneamento e telefonia. Para ata- do Gasto Público dentro da Secretaria, um ponto fundamental car os dois primeiros pontos, foram estabelecidas parcerias para que essa economia seja permanente é o engajamento dos com a Secretaria de Energia e com a Sabesp, respectivamente. servidores no processo. “Nossa primeira providência foi fazer uma palestra por Com relação à telefonia, a SAP já disponibilizou as informa- ções específicas da Pasta para o levantamento que está sendo videoconferência, para falar com os 166 guardiões nomeados. Para isso, tivemos a ajuda da Escola de Administração feito pelo Conselho Estadual da Tecnologia e Informação. Penitenciária”, lembra Pudles. “A palestra foi uma atividade de sensibilização sobre o programa. Tivemos uma presença Tecnologia a serviço da economia Com a adesão ao Programa de Uso Racional da Água maciça desses servidores. Os comentários e retorno foram (Pura) da Sabesp, até dezembro de 2013 a SAP irá baixar o excelentes”, salienta a executiva pública. custo mensal de toda a Secretaria, atualmente em cerca de R$ 7,4 milhões, para R$ 4,9 milhões ao mês. Isso é possível graças a uma série de medidas, como substituição de equipamentos hidráulicos convencionais por equipamentos economizadores de água, reaproveitamento de água de processo, utilização de água de reuso, além de implantação de programa específico para redução de consumo de água em cozinhas industriais. As novas Na videoconferência, foi acordado que os guardiões irão encaminhar a cada dia 25 um relatório de todas as atividades desenvolvidas em prol do Programa de Melhoria do Gasto Público. Os efeitos já estão aparecendo e foram demonstrados diretamente ao governador Geraldo Alckmin no último dia 15/05, em apresentação realizada no Morumbi pelo secretário Lourival Gomes e pela servidora Paula Pudles. O resultado? Muitos elogios à Secretaria. Revista SAP 12 A família cresceu! Novo prédio da SAP, ao lado do Metrô, contempla facilidade de acesso e funcionalidade nos serviços Jorge de Souza A Secretaria da Administração (SAP) ganhou um fator que contribui para essa expansão é o próprio cresci- novo espaço totalmente reformado e adaptado para a mento da população carcerária. Esses fatores conjugados instalação dos departamentos que ocupavam, até então, refletem na necessidade de mais espaço, não só para prender prédios descentralizados da sede da secretaria ou salas criminosos – com a construção de mais unidades prisionais pouco funcionais e necessitavam de áreas mais amplas –, como também para se administrar o contingente. para o desenvolvimento satisfatório de suas atividades. O novo prédio do órgão ocupa os dezenove andares de um edifício, localizado no centro da capital paulista e ao lado de uma A localização privilegiada facilita o acesso de quem busca os serviços da SAP Em 2006, a SAP mudou-se do prédio que ocupava na Avenida São João, no centro da capital, para o atual imóvel no bairro de Santana, pois o antigo local não mais compor- estação do metrô. Apesar das instalações não estarem completamen- tava os setores e departamentos da Pasta. A criação da Coordenadoria de Reintegração Social te prontas, os setores, departamentos e coordenadorias (CRSC) e a ampliação no número de funcionários em toda funcionam normalmente e atendem o público, no horário a Secretaria fizeram com que não houvesse outra saída administrativo. senão buscar alocação para acomodar a CRSC e outros departamentos de forma funcional e com mais espaço. Desde que foi criada, em 1993, a Secretaria vem se expandindo devido ao aumento de suas funções e das ati- vidades relacionadas ao universo prisional paulista. Outro desses setores, em área tecnicamente acessível. A sede Surgia então a ideia de voltar a centralizar alguns Hall de entrada e recepção do novo prédio SAP. Revista SAP 13 II está instalada ao lado da estação São Bento do Metrô. No prédio funcionam, além da CRSC, a Coordenadoria de Saúde, Ouvidoria, Corregedoria, Conselho Penitenciário, Comitê de Ética em Pesquisa, infraestrutura e informática. Algumas novidades merecem destaque: o auditório tem capacidade para 122 pessoas e possui um moderno sistema de áudio, vídeo (tela retrátil de 300 polegadas) e informática, seguindo os padrões tecnológicos implantados na Escola de Administração Penitenciária (EAP). Há também um espaço especialmente reservado para exposições ou outros eventos que necessitem de amplitude para serem instalados. Encontros temáticos e convenções também podem ser realizados no local. Ficha técnica: Sede II da Secretaria da Administração Penitenciária Rua Líbero Badaró, 600 - Centro - São Paulo - SP - Cep: 01008-000 Informações www.sap.sp.gov.br Revista SAP 14 Mariana Borges Há anos ocorre nas divisões da SAP o exercício democrático das eleições das comissões internas de prevenção de acidentes (Cipas). Em 2012, no dia 25/05, 149 unidades prisionais, mais as Cipas das sedes administrativas, Escola de Administração Penitenciária (EAP) e prédio da SAP, na Rua Líbero Badaró, receberam em cerimônia no auditório da Sede da Secretaria o certificado que comprova a realização do processo eleitoral para o biênio 2012/2013. Segundo pesquisa realizada pelo Núcelo de Saúde do Servidor (NSS) da SAP, no Estado de São Paulo somente a Secretaria e a Assembleia Legislativa têm CIPAs constituídas. As Secretarias de Estado da Saúde e Gestão Pública (Iamspe) possuem o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmt). Em outros estados, só recentemente as Cipas e assemelhados estão sendo instalados, como em Goiás (2003) e Santa Catarina (2009). Nacionalmente está em vigor desde 2004 a Política Nacional de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, que visa a redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mediante execução de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área de saúde. A criação das Cipas, porém, é anterior e remonta ao artigo 82 do Decreto-Lei 7.036, de 10/11/1944, que já determinava naquela época a formação de comissões internas para prevenção de acidentes, quando o número de empregados fosse superior a 100. No âmbito da SAP, as comissões foram instituídas pela Resolução no 17, de 23/03/2000. A expansão do número de Cipas nas unidades, porém, se deu a partir de 2006. Antes, segundo Iracema Costa Jansson, diretora do NSS da Evolução das Cipas na Secretaria Secretaria, elas ficavam concentradas na Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Oeste. A partir de 2007, o NSS passou a fazer uma campanha de sensibilização, com oficinas em todas as regionais da Secretaria. Os resultados foram muito positivos: de 58 Cipas instaladas em 143 unidades prisionais entre 2006 e 2007, o quadro evoluiu para quase o dobro delas no biênio seguinte (2008/2009) e na eleição para o mandato 2010/2011, foi atingido o índice de 100% de presença de Cipas nas unidades prisionais. A prevenção a acidentes, segundo Jansson, é entendida de maneira global, indo além de seguir a legislação e compreender a busca pela qualidade de vida dos servidores. Após as eleições os “cipeiros” – como são chamados os membros da comissão – passam por um curso de formação de 24 horas/aula, realizado em parceria com a EAP. Além de aprender sobre as Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho que devem seguir, os servidores são formados como agentes multiplicadores, propagando a busca pela qualidade de vida, através do incentivo às atividades físicas e promoção de cuidados com a saúde, englobando prevenção ao stress negativo e ao uso de drogas. São abordados temas como elaboração de mapa de risco, primeiros socorros, combate a incêndio, notificação de acidentes de trabalho, alimentação saudável, incentivo à prática de atividades físicas e laborais, entre outros. “A importância da Cipa dentro do sistema prisional é ímpar”, salienta a diretora do NSS. Pensando fora da caixa Levantamento do NSS aponta que a maior parte dos acidentes de trabalho acontece no percurso de ida ou de volta ao trabalho. “Temos pouquíssimos acidentes internos”, explica Jansson. Algumas Cipas chegaram a oferecer curso de direção defensiva, especialmente para motoqueiros. A ação pontual será expandida através de uma campanha a ser realizada ainda este ano pelo NSS, que para isso está em tratativas com a EAP. Revista SAP 15 Duas premiações e uma menção honrosa marcam participação da SAP na 8º edição Veruska Almeida A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) mais uma vez esteve presente no evento do Palácio dos Bandeirantes. Cerca de mil pessoas prestigiaram a solenidade de divulgação dos projetos vencedores do Prêmio Mario Covas, que esse ano contou com sete finalistas da Pasta. A ansiedade contagiava os servidores, foram 67 projetos dos 299 inscritos para a fase final. O prêmio, que já está na sua 8ª edição, tem o intuito de reconhecer iniciativas de sucesso e métodos inovadores que visem atender ao interesse público. Uma das novidades em 2012 foi a participação popular através de votação via internet. De 26 de abril a 10 de maio foram computados 3.914.519 votos, que deram ao projeto “Concurso de Remoção” (categoria Inovação em Gestão Estadual) um prêmio especial pela escolha dos internautas. A iniciativa recebeu 709.848 votos. Em discurso durante o evento o governador Geraldo Alckmin falou sobre o crescimento da premiação, que este ano teve um aumento de 25% nas participações, além de três novas categorias: Cidadania em Rede, Governo Aberto e Gestão Municipal. Alckmin destacou também o marcante interesse do público em participar das votações. A SAP levou dois troféus na categoria Inovação em Gestão Estadual. Os vencedores foram: “Plano de Contenção de Custos do Centro de Detenção Provisória de Sorocaba” e “Desconstruindo a Violência”, da Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania (CRSC). Para completar a noite, a Secretaria recebeu também uma menção honrosa destinada à Coordenadoria da Região do Vale do Paraíba e Litoral (Corevali) com o título: “Laboratório de Baciloscopia”. Conheça um pouco mais sobre os vencedores da SAP O projeto “Desconstruindo a Violência” é desenvolvido pela Central de Penas e Medidas Alternativas (CPMA) de São Vicente e foi criado com o intuito de desmistificar a cultura da correção através da violência física, além de instrumentalizar as famílias envolvidas nos casos de prestadores de serviços à comunidade, apenados por maus tratos relacionados a crianças e adolescentes do próprio convívio familiar. Revista SAP 16 O trabalho visa também fortalecer a autoestima do agressor e os vínculos familiares, possibilitando uma reflexão do seu verdadeiro papel na estrutura familiar, além de definir ações para diminuir os fatores geradores da como em um condomínio, gerando economia significativa. Com relação ao transporte de presos, a grande mudança ficou por conta de análise geográfica e de demanda, elaborando uma logística de apresentações judiciais, levan- violência. do-se em conta o itinerário e a Durante os oito anos de premiação a SAP O “Plano de Contenquantidade de apresentações. A teve seis vencedores, são eles: ção de Custos do Centro previsão de redução de custo ao de Detenção Provisória 1ª Edição - 2004 final de um ano deverá chegar Categoria: Eficiência no Uso dos Recursos Públicos de Sorocaba”– cujo lema ao valor de R$ 1 milhão. Projeto: “Cidadania no Cárcere” - Secretaria da Administração é “Gestão Inteligente ge O “Laboratório de BaciPenitenciária - José Valter da Silva Junior rando Economia”– como 6ª Edição – 2009 loscopia” da Corevali levou o próprio nome diz, é ecoCategoria: Excelência em Gestão Pública em consideração o impacto Projeto: Programa de Prestação de Serviços à Comunidade nomizar em três elementos Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania da tuberculose nos presídios. mais dispendiosos na uniMenção Honrosa da Categoria Inovação em Gestão Pública A doença não se limita aos dade prisional: alimentaProjeto: Grupo de Intervenção Rápida - Centro de Detenção Provisória de Sorocaba – Márcio Coutinho detentos; afeta também a coção, água e transporte. 7ª Edição - 2010 munidade com que se relacio A medida com relação Categoria: Excelência em Gestão Pública nam familiares e funcionários. à alimentação é simples Projeto: Viveiro de Plantas – Restaurando o Homem e o Meio Ambiente – Centro de Progressão Penitenciária “Dr. Edgard e vem rendendo grande A infecção por tuberculose Magalhães Noronha” de Tremembé, Funap – Fundação “Prof. impacto no custo. Nos contraída na comunidade pode Dr. Manoel Pedro Pimentel” e Empresa Águas Claras Viveiro fins de semana, quando os Florestal. iniciar uma epidemia dentro da Categoria: Inovação Em Gestão Pública presos recebem visitas e prisão, enquanto a rota inversa Projeto: Programa Carpe Diem - Custódia Detentiva Alternativa alimentação de seus famide transmissão é igualmente Centro de Detenção Provisória de Sorocaba – Márcio Coutinho liares, no jantar estão sendo Categoria: Excelência em Gestão Pública possível. A baciloscopia é esProjeto: Projeto Semear “Plantando o Futuro” – Coordenadoria servidos lanches, uma vez sencial para impedir a cadeia de de Unidades Prisionais da Região Oeste – Secretaria da Admique a refeição quente era nistração Penitenciária transmissão da doença, sendo normalmente descartada. Já no case água, o projeto é inovador. As contas de exame rápido, econômico e fornecendo diagnóstico de água foram individualizadas ao nível de consumo por celas, certeza, além de propiciar o controle de tratamento. Revista SAP 17 Preocupadas com a saúde do reeducando, as unidades prisionais da SAP adotam medidas de prevenção e combate a doenças Mariana Morimura Campanhas de Vacinação no sistema prisional paulista Diversas unidades vêm promovendo campanhas de vacinação nos últimos meses. De janeiro a março deste ano, 2.241 imunizações contra seis tipos de doenças foram realizadas na população carcerária da SAP. O Centro de Detenção Provisória (CDP) de Campinas vacinou, no início do ano, 84% dos sentenciados e 72% dos funcionários do presídio contra sarampo, rubéola, caxumba e hepatite B. As doses foram fornecidas pela Secretaria de Saúde da cidade, que criou a possibilidade dos presos colocarem suas carteiras de vacinação em dia, ou mesmo, serem vacinados pela primeira vez. Em abril o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) I de Franco da Rocha imunizou cerca de 550 pacientes e 500 servidores da região contra hepatite B, difteria e tétano. A campanha faz parte do projeto “Previna”, realizado em parceria com a Vigilância Epidemiológica do município de Franco da Rocha, no qual são efetuadas ações A proliferação da influenza H1N1 é combatida pelo CDP de Diadema desde 2008, tendo sido imunizados no ano passado pelo menos 300 reeducandos. O CDP de Taiúva vacinou, em maio deste ano, 740 detentos, que corresponde a 79,56% da população carcerária. No Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Mongaguá, esse índice foi de 87%. Em 2012, todas as unidades do sistema carcerário paulista participam da campanha de vacinação - influenza H1N1, que está sendo articulada pela Secretaria Estadual de Saúde. Espera-se que todos os presos do sistema sejam imunizados durante a campanha. Teste anti-HIV em dez unidades prisionais Mais de 1,1 mil reeducandos foram submetidos ao de identificação, encaminhamento e tratamento de diversas doenças, bem como treinamento dos profissionais de saúde e formação de agentes multiplicadores nas unidades da região. teste rápido que detecta a presença do vírus da Aids no sangue, durante a Campanha de Mobilização Estadual de Testagem Anti-HIV – Fique Sabendo 2011, promovida em dez unidades prisionais no final do ano passado. “A medida visa incentivar a realização de testes de HIV e, paralelamente, combater o preconceito e o medo do exame que pode identificar precocemente a infecção pelo vírus da Aids, ajudando a salvar vidas”, comenta a dire- Revista SAP 18 da aos reeducandos no dia 28/03, abordando prevenção, controle e diagnóstico precoce da doença. Dois detentos de cada raio participaram da palestra e receberam materiais educativos e certificados. Cartazes e informativos foram colocados em áreas comuns da unidade prisional para que as informações sobre a tuberculose se espalhassem e alcançassem todos os presos e funcionários. Além disso, técnicos especializados ficaram à disposição para esclarecimento de dúvidas. Entre março e abril, o CDP tora Técnica da Divisão de Saúde da SAP, Maria Cristina Lattari. Os 11 portadores da doença identificados nos testes foram encaminhados a acompanhamento médico, para iniciar tratamento. Os testes são realizados por profissionais capacitados pelo Centro de Referência e Treinamento (CRT) em DST/ Aids da Secretaria Estadual de Saúde. Até o início do ano, 86 técnicos de saúde de 57 presídios estavam aptos a efetuar o teste. Um novo ciclo de capacitação se iniciou em abril, habilitando profissionais de seis cidades de São Paulo. Tuberculose em pauta nos presídios As unidades da SAP têm dado atenção especial ao combate à tuberculose. Em março, 20 estabelecimentos prisionais foram premiados com certificado de “Desempenho na Intensificação de Busca de Casos de Tuberculose no Estado de São Paulo”, emitido pela Divisão de Tuberculose da Secretaria de Estado da Saúde. O CDP de Mogi das Cruzes, por exemplo, realizou uma palestra direciona- de Taiúva efetuou uma busca ativa à tuberculose em sua população carcerária. Os 391 reeducandos da unidade responderam questionário específico para detectar aqueles que possuem sintomas da doença, sendo realizados posteriormente testes diagnósticos em 21 detentos. Um deles apresentou quadro de tuberculose e foi encaminhado ao infectologista da cidade de Bebedouro e segue em tratamento. CDP de Diadema contra o diabetes O CDP de Diadema promoveu uma campanha de orientação e prevenção ao diabetes em dezembro de 2011. Cerca de 70% dos reeducandos da unidade foram informados sobre a doença e seus sintomas; como é realizado o diagnóstico, fatores de risco e atitudes que podem minimizar o aparecimento do diabetes. Após as palestras, 47 sentenciados que apresentavam fatores de risco foram submetidos ao teste de glicemia capilar, que mede a quantidade de glicose no sangue. Dois presos estavam com o índice acima da normalidade e passaram a ser monitorados regularmente pela equipe de saúde da unidade, para confirmação ou não da doença. Revista SAP 19 Invenções inovadoras ajudam a segurança em unidade prisional Rafael Marinho da Paz Simples e genial! É surpreendente a criatividade que o ser humano tem de criar. Você pode achar que já viu de tudo: objetos criados que muitas vezes são complicados de serem feitos e até mesmo saber para que servem, ou seja, invenções que jamais poderíamos imaginar que alguém faria. Assim aconteceu na Penitenciária Dr. Sebastião Martins Silveira” do município de Araraquara. O servidor José Nicolas Perez usou a criatividade para ajudar no sistema de segurança. Utilizando materiais, como um espelho convexo, uma base de pés de cadeira giratória e uma espécie de bastão, ele criou um novo equipamento, que é utilizado para revistar os veículos que entram na unidade prisional. Segundo o coordenador da região, à época da invenção, Luiz Carlos Cartise, essas ações destacam os resultados e mostram que são exemplos que devem ser seguidos, além de transparecerem o comprometimento entre os profissionais da unidade. “Esses projetos mere- O instrumento foi inspirado em um brinquedo antigo... cem ser divulgados no quesito “Boas Práticas” na área da segurança, pois servem de estímulo para outros”, afirma Cartise. A ideia foi bem aceita, agradou o próprio secretário Lourival Gomes, que sugeriu que o uso do espelho adaptado seja adotado em todas as unidades da SAP, pois a nova ferramenta facilita a fiscalização de automóveis, de forma rápida e eficaz. ... logo se tornou ferramenta de trabalho Revista SAP 20 Mais invenções... Outra invenção criada em 2008, foi o periscópio, que está ajudando na segurança do Centro de Detenção Provisória de São Bernardo. Com dificuldades em revistar os locais escuros, o agente de segurança penitenciária (ASP) Marciany Aparecido Nantes da Silva teve a ideia de fazer o uso de uma lanterna e um espelho acoplado. Depois de dois anos, ao perceber bons resultados nas apreensões de celulares e drogas, Marciany, junto com o também servidor A nova ferramenta foi incrementada com uma lanterna... ... Permitindo sua utilização em ambientes inacessíveis e escuros. Wilson Aurélio Mendonça, decidiram aprimorar o que eram somente dois pequenos objetos e criou uma nova ferramenta de trabalho, que foi inspirada em um polióptcon, brinquedo antigo que combinava as funções de binóculo, microscópio e periscópio. E assim foi feito o periscópio que, além do custo baixo, foi construído usando apenas cano e juntas de PVC, uma lanterna e espelhos, de maneira simples, porém, genial. A sequencia de fotos exibe o instrumento de revista de carros e sua utilização Revista SAP 21 O programa atendeu mais de 88 mil pessoas substituindo prisões por serviços à comunidade Rafael Marinho da Paz Em apenas três meses, entre março e maio deste ano, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) inaugurou três Unidades de Atendimento de Reintegração Social. Os municípios contemplados com os serviços oferecidos pela Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania (CRSC) foram Pedregulho, em 29/3, Fernandópolis, 24/5 e Osvaldo Cruz, 25/5/12. As novas unidades atendem egressos do sistema prisional paulista e apenados a prestação de serviços à comunidade, além de cadastrar os usuários e seus familiares no Programa Pró-Egresso. O projeto que abrange os municípios do Estado, com a instalação de unidades de reintegração social vem alcançando o objetivo proposto, graças ao grande envolvimento e empenho das prefeituras municipais, do Poder Judiciário e da sociedade. São 47 Centrais de Penas e Medidas Alternativas (CPMAs) distribuídas no Estado de São Paulo e acompanhando cerca de 17 mil pessoas que prestam serviços à comunidade: uma medida punitiva de caráter educativo Coordenador da CRSC Mauro Rogério Bitencourt imposta ao autor da infração penal, que não afasta o indivíduo da sociedade e também não o exclui do convívio familiar. Coletiva no município de Osvaldo Cruz Revista SAP 22 Assessores e secretário da SAP visitam gabinete do prefeito de Fernandópolis A Lei de Execução Penal (LEP), diz que a pres- em liberdade pagando a pena em uma das instituições ca- tação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao dastradas no programa e próximo da família; a sociedade condenado de tarefas gratuitas a entidades assistenciais, que recebe o serviço, além de desqualificarmos a pena hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos paga em pecúnia (cesta básica)”, declara o secretário da congêneres, em programas comunitários ou estatais. É Administração Penitenciária, Lourival Gomes. nesse sentido que as unidades de atendimento, subordina- das à Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania é de 5,7% e o custo por apenado é de R$ 22,90. (CRSC) atuam. “Quando encaminhamos o infrator que cometeu um delito de baixo potencial ofensivo, para prestar serviços à comunidade, de certa forma, todos são beneficiados: o próprio condenado, que deixa de ir para prisão e permanece Discurso no município de Pedregulho O índice de reincidência observado no programa Essas cidades já possuem CPMA Américo Brasiliense Araçatuba Araraquara Assis Atibaia Avaré Barretos Bauru Birigui Botucatu Bragança Paulista Campinas Capivari Carapicuíba Chavantes Diadema Fernandópolis Guarujá Ipaussu Itapetininga Leme Limeira Luiz Antônio Marília Osvaldo Cruz Ourinhos Pedregulho Piracicaba Presidente Prudente Ribeirão Pires Ribeirão Preto Rio Claro Santos São Bernardo do Campo São Carlos São José do Rio Preto São Paulo São Paulo - Mulher São José dos Campos São Simão São Vicente Sorocaba Sumaré Tatuí Taubaté Tupã Votorantim. Revista SAP 23 Corinthians e SAP firmam acordo para alocação de mão de obra Veruska Almeida É com a esperança renovada que os dez reeducandos como reflete o poder da sociedade civil e de um dos maiores do Centro de Detenção Provisória (CDP) Chácara Belém clubes esportivos do Brasil no processo de reintegração I completam seu primeiro mês de trabalho no Sport Club social dos presos. Corinthians Paulista. O contrato, com duração de um ano, prevê a contratação de 30 detentos, mas os primeiros sele- dade social do Corinthians, também destaca o pioneirismo cionados começaram os trabalhos no clube dia 15/05 e já do contrato que pode ser visto como um marco histórico veem na oportunidade uma nova opção de vida. para o Estado de São Paulo. “Se tudo correr como espera- A parceria para alocação de mão de obra de presos do mos, certamente conversaremos para renovar e aumentar o regime semiaberto do Estado, assinada dia 03/04, garante número de contratados no futuro próximo. O nosso objetivo a cada participante mensalmente 3/4 do salário mínimo, é sempre inovar e melhorar. E neste quadro, este projeto se seguro de vida, como previsto na Lei de Execução Penal encaixa perfeitamente”, relata Votta. (LEP), além do vale-transporte e alimentação, por parte do clube. Deve-se ressaltar que cada três dias de trabalho gera mediou o acordo, ofereceu ao clube palestra preparatória um dia de pena remido. aos funcionários que lidam diretamente com os reeducan- dos, explicando e quebrando barreiras que poderiam existir Para o secretário da Administração Penitenciária, Donato Votta, assessor para assuntos de responsabili- A Fundação Dr. Manuel Pedro Pimentel (Funap), que Lourival Gomes, o ineditismo do convênio não apenas sobre o preconceito. proporciona uma nova forma de vida através do emprego, Para Joaquim Gomes da Silva, diretor do CDP I Be- Revista SAP 24 lém, os trabalhos realizados pelos presos nas dependências detentos e funcionários do clube feita por nós da diretoria do clube permitem a eles refletirem sobre a importância de da unidade prisional em conjunto com a Funap, foi de ex- sua reintegração social. “A conscientização dos próprios trema relevância no processo de ressocialização do grupo e no sucesso dos trabalhos”, ressalta Gomes da Silva. No momento os presos exercem função de serviços gerais, como jardinagem, pintura, serviços de pedreiro, entre outros, presentes no projeto de revitalização de uma das áreas do Parque São Jorge. Em 15 dias de trabalho, segundo o clube, já podiam ser vistas as diferenças no local. “Até aqui, só temos elogios a fazer pelo envolvimento e dedicação de todos eles. Os recebemos de braços abertos e eles têm retribuído de forma muito positiva”, declara Votta. A parceria, que ensinará aos envolvidos novas profissões, a partir de um programa de qualificação profissional, deverá facilitar a reinserção do indivíduo no mercado de trabalho. No primeiro semestre de 2012 foram cerca de 18 mil reeducandos, entre homens e Revista SAP 25 Edson O.L.– “É muito bom; é uma experiência diferente, acredito que possamos ter uma oportunidade de ingressar até no próprio clube, mostrando nosso serviço, podemos ter uma chance”. mulheres, trabalhando em projetos como este no Estado futuro melhor, mais justo e igual. Para o clube todos têm de São Paulo. direito à dignidade humana. “Os detentos já estão pagando “Eles trabalham, perguntam, procuram aprender pelos erros que cometeram e nós nos sentimos honrados em e saber como é. São interessados, querem sair daqui já fazer parte do processo de reabilitação de cada um deles”, trabalhando. O programa parece estar dando certo”, conta reflete Votta. José Aparecido da Silva, funcionário do clube. O Corinthians vê a parceria como um importante ins- projeto e conta que a experiência está sendo muito boa para trumento para contribuir diretamente na construção de um ele, porque precisa, e para outros também que podem vir a Moises L. é um dos reeducandos participantes do fazer parte da parceria. “É muito bom trabalhar e ganhar, assim quando recebermos o benefício de saída teremos dinheiro para dar andamento a vida”, relata Moises. Para todos os envolvidos essas ações são de extrema importância, não apenas para a reintegração dos reeducandos, mas para estreitar o Cleber – “É uma ótima oportunidade, os outros clubes deveriam seguir o exemplo”. contato entre os presos e a sociedade tornando a volta à vida em liberdade mais fácil, derrubando os obstáculos. “Quando falamos em sociedade, queremos afirmar que trata-se de um clube que possui expressão nacional e seus associados, funcionários, visitantes e, principalmente, torcedores são Revista SAP 26 da mesma agonia e a cidade que tem braços abertos num cartão postal, com os punhos fechados na vida real, lhe nega oportunidades, mostra a face dura do mal. (...) A esperança não vem do mar, nem das antenas de TV, a arte de viver da fé, só Cláudio – “Eu estou gostando, está sendo uma oportunidade muito bonita que a Funap está nos dando”. não se sabe fé em quê (...)”. Mas foi em sua citação final que se pode ver as barreiras de todas as classes sociais. Através desse contato o detento que o Sport Club Corinthians Paulista, a SAP, a Funap e poderá efetivamente se reintegrar à sociedade, agregando todos os envolvidos na parceria procuram derrubar: “A valores, tanto pecuniários, quanto morais”, esclarece Go- Constituição Federal veta a prisão perpétua, mas nós a mes da Silva. aplicamos diariamente. Errar é humano, alguns erros pre- O presidente do Corinthians Mário Gobbi encerrou cisam ser repreendidos, a pessoa precisa se reeducar para o evento de assinatura de contrato narrando a música do repensar a vida, pois todos têm direito a uma vida nova”, grupo Os Paralamas do Sucesso – Alagados. “(...) Filhos ressaltou Gobbi. Pedro – “É uma experiência inigualável trabalhar no Corinthians, que é meu time do coração desde criança; é muito bom. Pena que nem todos colaborem. Eu quero agradecer a todos que estão nos dando oportunidade e apoio. O clube está abrindo as portas para a gente trabalhar e para mim está sendo maravilhoso”. Revista SAP 27 Mais um convênio Em março a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), através da Coordenadoria de Reintegração Social (CRSC), assinou parceria com a empresa Odebrecht, do ramo da construção civil, para a contratação de mão de obra de presos do semiaberto e egressos do sistema prisional paulista. O Termo de Convênio foi oficializado no Palácio dos Bandeirantes e contou com a presença do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; do secretário da Administração Penitenciária Lourival Gomes; Carlos Andreu Ortiz, da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert) e Eloisa de Sousa Arruda, da Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania; do vice-presidente do Tribunal de Justiça (TJ) Desembargador Gonzaga Franceschini, além de membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Conselho Penitenciário, Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap) e Pastoral Carcerária. Para o secretário Lourival Gomes, o gesto da Odebrecht traz ao Brasil e ao mundo, a certeza de que toda empresa de grande porte pode participar da ressocialização de presos, dando-lhes a oportunidade de vir a trabalhar e reconquistar a sua identidade, seu valor e sentir- se cidadão verdadeiramente empregado e integrado à sociedade. O convênio terá prazo de 12 meses, podendo ser prorrogado por iguais e sucessivos períodos até o limite de 60 meses. Serão no mínimo 50 presos do regime semiaberto e 300 egressos, além de cumpridores de penas e medidas alternativas, para preenchimento das vagas de emprego oferecidas pela Odebrecht. Segundo Mauro Rogério Bitencourt, coordenador da CRSC, o convênio representa um grande avanço no processo de reintegração social às pessoas que estão aguardando uma oportunidade. “Cada uma delas que possui uma nova chance certamente não retorna ao crime”, afirma Bitencourt. Uma das obras da empresa Odebrecht, que contará com a mão de obra de presos e egressos do sistema prisional paulista é a do estádio que sediará jogos da copa do mundo em 2014, no bairro de Itaquera em São Paulo. Mais uma iniciativa importante do Governo do Estado trabalhando com a reintegração do preso. A parceria também ensinará aos envolvidos no programa uma qualificação profissional, o que facilitará a reinserção do indivíduo no mercado de trabalho. Outro fator importante é a remição de pena: para três dias de trabalho, um dia é descontado. O governador encerrou o evento agradecendo a todos os que trabalham em prol da ressocialização do preso, ao seu retorno à sociedade com maiores oportunidades através do trabalho e lhes proporcionando novas expectativas de vida fora das grades. Mesa de autoridades durante assinatura da parceria com a Odebrecht Revista SAP 28 A ampliação de vagas prisionais continua de vento em popa na SAP Rosana Tenreiro Alberto Administrando as dificuldades, superando os desafios, a Pasta pretende entregar mais oito unidades até o início de 2013. Apesar das barreiras encontradas para a instalação das novas unidades penitenciárias, a Secretaria continua trabalhando diuturnamente no Plano de Expansão de Vagas Prisionais. Foram inauguradas oito: os Centros de Detenção Provisória de Franca (23/4/2010), Jundiaí (10/9/2010), Taiúva (18/01/2012), Pontal (30/4/2012), o Centro de Progressão Penitenciária de São José do Rio Preto (28/12/2010) e as penitenciárias femininas de Tremembé (11/4/2011), Tupi Paulista (16/8/2011) e Pirajuí (13/7/2012). Demonstração do equipamento de raio-X de porte menor de reintegração social, também trabalha com a demarcação técnica das áreas e com a necessidade de implantação, devido ao número de presos distribuídos na região. Para a inserção desse tipo de empreendimento nas localidades identificadas é realizado estudo da região administrativa a qual pertence o município, observando-se Cela habitacional e kit de inclusão Outras 16 estão em construção no Estado de São Paulo. Ao final do Programa serão 49 unidades e 39,5 mil vagas. Cabe à Companhia Paulista de Obras e Serviços (CPOS), empresa vinculada à Secretaria da Economia e Planejamento, em parceria com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), da Secretaria do Meio Ambiente, e ainda à Secretaria da Administração Penitenciária, a definição dos locais para a construção das prisões que, além da conveniência da regionalização no processo Revista SAP 29 Além das dificuldades burocráticas, ainda há situações mais conflitantes e que geram atrasos no início e término das obras, como por exemplo: impugnações nos procedimentos licitatórios que suspendem a licitação; medidas judiciais em face das legislações municipais editadas visando o impedimento desse tipo de edificação; solicitações de prefeituras para alteração de área já decretada de utilidade pública; manifestações de repúdio quanto à construção de unidades prisionais; alterações de projetos; omissão ou negativa da prefeitura na emissão de documentos necessários para instruções de feitos, entre outros. Vencidas todas as etapas e dificuldades, as unidades são inauguradas. A expectativa é de que entre o fim do ano e início do ano que vem sejam entregues mais oito unidades. No primeiro semestre de 2012 foram entregues os Centros de Detenção Provisória de Taiúva (18/01) e Pontal (30/4), acrescendo mais 1.536 vagas prisionais. Durante os eventos de inauguração, o secretário Lourival Gomes destacou a necessidade de aumentar a oferta de vagas no sistema prisional paulista, fruto do trabalho realizado pelas polícias Civil e Militar. “A inauguração de um CDP possibilita que a Polícia Civil desenvolva com mais tempo, as atividades de investigação porque, quando os presos passam para a custódia da SAP, liberam os policiais para suas atividades originais”, disse Gomes. Biblioteca da unidade os aspectos geográficos, demográficos e econômicos, bem como as áreas de influência direta, indireta e afetada, com a avaliação dos impactos ambientais. Na verdade é uma série de procedimentos até que se inicie a construção da unidade prisional. O principal desafio consiste na busca do convencimento dos representantes das comunidades para acolhimento de uma prisão em seus municípios, tendo em vista a crença de que havendo uma unidade prisional nessa ou naquela cidade para tal, migrarão criminosos e seus familiares. Não existem dados estatísticos nem estudos sociológicos ou científicos, que deem suporte à ideia de que a criminalidade aumenta nos locais aonde são construídas as novas penitenciárias. Revista SAP 30 A real necessidade de criação de vagas Atualmente, o Estado de São Paulo tem 40% dos presos do País. Para se ter uma ideia, em dezembro de 2001, a população prisional da SAP era de 67.624 indivíduos; em 2011 já totalizava 180.333 (entre SAP e SSP) e em 11/6/12 chegou à marca de 190.466 presos. Esse dado é alarmante e significa que há um crescimento mensal de 1.788 presos, ou seja, é preciso inaugurar pelo menos duas unidades por mês para suprir o número de presos que entram na rede SAP. Pensando nisso, a Secretaria vem intensificando a aplicação das penas alternativas, através da Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania (CRSC) e efetivando as parcerias com o Poder Judiciário na realização dos mutirões. Apesar do quadro preocupante da superlotação, as unidades prisionais da SAP funcionam dentro das normas de segurança. Também são estruturadas e equipadas para receber os presos com mais dignidade. Outro fator importante que contribui para a manutenção da ordem e disciplina nos presídios é o valoroso trabalho realizado pelos funcionários. Revista SAP 31 Muitos produtos que estão disponíveis no mercado foram fabricados dentro de presídios paulistas. Mas ninguém faz ideia disso Jorge de Souza Todas as noites, você tem o merecido descanso em uma cama box; levanta pela manhã, abre a janela de alumínio com grade protetora e olha para a pequena muda de árvore recém-plantada no quintal; em seguida entra no chuveiro – que ao ser acionado, faz o hidrômetro registrar o consumo de água –, toma um revigorante banho, se veste, pega uma sacola ecológica retornável, chama o elevador e vai às compras. Atualmente existe uma verdadeira linha de produção nas unidades prisionais paulistas, explorada por empresas que instalam seus equipamentos em áreas específicas e utili- Trabalho que garante o estudo Qualquer um que passou pela carteira escolar, certamente já utilizou uma das que foram produzidas na Penitenciária de Pirajuí (385 km de São Paulo). Desde 1989, os presos fabricam móveis escolares, mesas e cadeiras, em uma oficina instalada pela Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap). Atualmente 103 reeducandos montam os kits de mesa e carteira, que são vendidos para escolas de todo o país. Nada disso despertaria curiosidade ou seria digno de nota, se o relato acima não estivesse diretamente ligado aos presídios paulistas. Como assim? Você pergunta perplexo. O que minha cama box, meu chuveiro, minha sacola ecológica e o elevador têm a ver com uma penitenciária? A resposta é: tudo. Presos fabricam janelas de alumínio em Franco da Rocha zam a mão de obra carcerária para produzir os mais variados produtos, sem que ao menos se imagine onde foram fabricados. Curiosamente, algumas dessas empresas não divulgam a origem de suas linhas de montagem ou fabricação e, menos ainda, quem são os operários que colocam as máqui- nas em funcionamento. No entanto, o abastecimento de seus estoques depende diretamente do que os presos produzem nas penitenciárias. “Muitas vezes, não é interessante divulgar onde, de fato, nossas oficinas estão instaladas”, admite um empresário que não quer se identificar. “A qualidade final dos produtos em nada se diferencia dos que são feitos fora da prisão, uma vez que a matéria-prima e os equipamentos são os mesmos. Até o treinamento dos funcionários que estão em liberdade é igual ao que damos aos presos, mas o preconceito existe e isso pode até prejudicar as vendas”, destaca. Revista SAP 32 Os reeducandos fazem cursos de formação técnica para desempenharem as funções Uma infinidade de utilidades domésticas, de decoração recebem um salário mínimo mensal, além de terem um e até do ramo da construção civil vêm das penitenciárias dia reduzido do total da pena, a cada três trabalhados, rumo ao comércio. São coisas que qualquer um pode ad- conforme determina a lei. “Trabalhar com presos é como quirir ou já ter adquirido, sem saber que foram feitas detrás trabalhar com pessoas em liberdade. Aqui existe uma re- das grades. lação de respeito entre mim e eles”, explica o encarregado de produção Reginaldo de Aragão. “Nós trabalhamos com Parque industrial ritmo de empresa, pois o consumidor precisa de qualidade e segurança no produto”, garante. O Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Fran- co da Rocha, na grande São Paulo é um exemplo de polo Instalada há 25 anos no mesmo presídio, a UP Es- industrial carcerário. De lá saem semanalmente, cerca de puma emprega 40 reeducandos, que fazem diariamente 60 janelas de alumínio e vitrôs basculantes, que abastecem 20 camas box e inacreditáveis 5 mil ombreiras e reforços as lojas de materiais de construção em todo o país. Os de paletó. As camas são fabricadas a pedido de grandes 28 presos ali empregados trabalham oito horas diárias e marcas do mercado, que se encarregam apenas de aplicar suas respectivas etiquetas, já as ombreiras são adquiridas – na maioria dos casos – por indústrias de confecções instaladas nos bairros do Brás e Bom Retiro, na capital paulista. “Para trabalhar com presos há um segredo: tem de saber respeitar a condição em que ele se encontra, pois é uma relação de confiança para que os dias passem sem problemas”, ensina Jorge Guillermo Muñoz Tapia, responsável pela empresa. Outro que compartilha dessa opinião é Alberto Nascimbene, proprietário da in- Técnicos orientam os reeducandos durante trabalhos na linha de produção dústria de embalagens plásticas para lixo, Revista SAP 33 Fabricação de equipamentos eletrônicos Benê Plastic. “Aqui não há tempo para arrumar confusão, unidades prisionais de São Paulo – além da ressocialização porque todos se mantêm ocupados, além de que os presos de presos – têm a preservação do meio ambiente como que nos procuram estão realmente com vontade de traba- foco principal. Os reeducandos das penitenciárias “Danilo lhar”, garante Nascimbene. Todo mês, aproximadamente 40 Pinheiro” (PI) e “Antônio Souza Netto” (PII) de Sorocaba toneladas de plástico reciclável deixam de ser descartadas e o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), “Dr. Edgard no meio ambiente, graças ao trabalho desenvolvido pelos Magalhães Noronha” de Tremembé, por exemplo, apren- presos no CPP. Eles separam o material que chega com dem a cultivar mudas e sementes nativas de árvores para impurezas, lavam, transformam em grãos, fazem a extrusão replantio em áreas de reflorestamento (leia texto na página (produção de bobinas), cortam e embalam. A matéria-prima 03). é comprada de empresas que produzem artefatos plásticos Tem na 25 de março e vendem as aparas e também de cooperativas de catadores. “Duas fábricas de blocos e pedras para calçamento estão em processo de instalação no CPP de Franco da Rocha, com previsão de funcionamento no segundo semestre deste ano. A expectativa é que 20 presos sejam contratados”, salienta o diretor do CPP, Luiz Carlos Correa. Outros importantes proje- tos desenvolvidos em algumas Insumos hospitalares são produzidos em penitenciárias Revista SAP 34 Conhecida em todo o país como centro de compras prevê a diretora do Núcleo de Trabalho, Ivanete Ribeiro populares, algumas lojas da rua 25 de março, na capital Santana. Enquanto isso, alguns espaços são adaptados para paulista, também vendem produtos feitos na prisão. É na que as atividades não sejam interrompidas no local. “O Penitenciária Feminina da Capital (PFC), onde são pesa- importante é que as presas não parem de trabalhar, pois das e separadas as peças que comporão looks de alguns algumas delas usam os ganhos até para subsidiar a família objetos de decoração. Atualmente quatro presas têm a tarefa diária de separar e embalar contas plásticas coloridas, que servirão de adereço em guirlandas de Natal, porta-toalhas, porta-guardanapos, luminárias e uma infinidade de coisas que a imaginação possa criar. Um dos sócios da empresa destaca que o produto tem personalidade própria e boa aceitação no mercado, apesar da forte concorrência que sofre com similares importados. Ele também dá voz ao coro de empresários que preferem não relacionar o produto à mão de obra. “Há pessoa que não escondem o preconceito ao saberem que eu dou emprego a reeducandas dentro da penitenciária”, admite. “Por outro lado, que está em liberdade”, Passo a passo para contratar reeducandos: • A empresa interessada entra em contato com a Funap • É feito um levantamento das necessidades da empresa e definido: perfil do preso (se é de regime fechado ou semiaberto), espaço físico disponível no presídio, etc. • Com essas informações é feito contato com a unidade penal verificando se há como atender as demandas da empresa. • Se as tratativas avançam o empresário visita o local ou recebe visita da diretoria da Unidade Penal. • A empresa apresenta os documentos para formalizar o contrato. • Após formalizado o contrato, as atividades produtivas podem iniciar na unidade ou o trabalhador preso de regime semiaberto pode sair para trabalhar na empresa (mediante autorização judicial). • Em ambos os casos, o mais importante é que a empresa qualifique o trabalhador preso, fornecendo-lhe treinamento e equipamentos de proteção individual, adequados à atividade explica Santana. Em outra unidade feminina, também na capital Paulista, as presas vão mais além: elas fazem sacolas retornáveis – aproveitando a onda do desuso de sacolinhas plásticas em boa parte dos supermercados. Nesta linha de montagem o útil, o agradável e o ecologicamente correto caminham lado a lado. No mesmo presídio outras reeducandas põem a mão na massa e produzem equipamentos de precisão, como hidrômetros e componentes eletrônicos residenciais e peças para chuveiros. Tudo em escala in- dustrial. Uma verdadeira fábrica de utilidades dentro da penitenciária. “O interesse em contratar mão de obra carcerária foi, primeiramente, eu faço questão de manter esse trabalho, porque sei que estou contribuindo com pelo baixo custo, mas a grande rotatividade de presas nos provou o contrário, e minha parte na ressocialização de pessoas; tanto é que ex- nos obrigou a manter um grande número delas trabalhan- pandi a fábrica para os dois centros de detenção provisória do, para garantirmos a demanda do mercado; isso acaba de Chácara Belém, na capital paulista”, explica. aumentando os encargos”, revela o diretor da Brasmed “O número de presas trabalhando na PFC deve aumen- Veterinária, Juarez Freire. A empresa fabrica produtos para tar após a reforma que acontece nos pavilhões da unidade”, pet e está instalada no Centro de Ressocialização (CR) de Revista SAP 35 Presos em penitenciária de Pirajuí fabricam carteiras escolares e móveis para escritórios Sumaré. “Depois que começamos a trabalhar percebemos que a oportunidade de ressocialização é grande, que cada um tem uma história de vida, e que podemos sim, contribuir com seu retorno à sociedade de forma digna”, acredita Freire. “No CR são fabricados produtos usados em boa parte das clínicas são produzidas cerca de 5 mil unidades por mês, o que representa 60% de tudo que fabricamos”, completa Freire. Sobe? aquecedores de soro, trava-pata, muletas, colares, focinheiras, Aperte o botão que chama o elevador e agradeça às presas da PFC, por ele estar em perfeito funcionamento. Os cabos de conexão de algumas marcas passaram pelas mãos delas. A fiação dos painéis (aquele que indica os números dos andares) e dos quadros de força é manuseada pelas reeducandas. Para desenvolverem a atividade de forma segura e profissional, a própria empresa que as contrata, ministra treinamento e durante o processo de produção, um entre outros produtos para cirurgia ortopédica. “Só neste CR técnico as acompanha e faz o controle de qualidade. veterinárias, além de pet shop, hopitais e universidades veterinárias do Brasil. Também exportamos para o Uruguai, Chile e Portugal”, revela. Os presos fabricam aparelhos de anestesia, mesas cirúrgi- cas, incubadoras, secadores, sopradores, colchonetes térmicos, Desenvolvimento sustentável Há uma preocupação com o meio ambiente na empresa que produz janelas de alumínio no CPP de Franco da Rocha. No galpão, as lâmpadas comuns foram substituídas por econômicas e, utilizando o próprio know-How, o local também ganhou janelas que auxiliam na iluminação do ambiente. O uso da água é racionalizado e constantemente são feitas revisões nas torneiras e no encanamento da linha de montagem. Revista SAP 36 Mariana Morimura Presos trabalham na manutenção e conservação de ferrovia Secretaria dos Transportes prevê contratação de 30 detentos do CPP de Tremembé A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) celebra mais uma parceria de sucesso no âmbito profissional, afinal serão mais 30 presos com emprego garantido. Na verdade a Secretaria, através da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” (Funap) tem por missão contribuir para a inclusão social de presos e internados através da educação, formação profissional, trabalho e apoio às famílias dos presos, por isso, toda vez que um contrato de trabalho é assinado, existe a comemoração por mais uma meta alcançada. Dessa vez são reeducandos do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Tremembé que iniciaram, em 18/06, trabalhos de manutenção e conservação da ferrovia que liga os municípios de Reeducandos são orientados para manutenção da ferrovia de Campos de Jordão Pindamonhangaba, Santo Antônio do Pinhal e Campos do Jordão. O projeto é fruto da parceria entre a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, através da Estrada de Ferro Campos do Jordão (EFCJ) e a SAP, através da Funap e pretende dar oportunidade de trabalho a detentos inseridos no regime semiaberto. A princípio, 15 sentenciados foram contratados pela Secretaria dos Transportes para atuar na limpeza e capina dos mais de 40 km de trilhos e na conservação das estações da ferrovia. A previsão é de que outros 15 façam parte do projeto. Entre os selecionados estão pedreiros, pintores, serralheiros e soldadores. “Por se tratar de um projeto inédito, formalizado com uma Secretaria de Estado, estamos ainda mais empenhados em conquistar o sucesso nessa empreitada, que certamente ampliará as oportunidades de trabalho para a mão de obra carcerária do regime semiaberto, futuros egressos do sistema prisional paulista”, comenta o diretor do CPP, Silvio Ferreira de Camargo Leite. Revista SAP 37 Mostra e Palestra marcam a presença do Museu Penitenciário Paulista em eventos da Semana Nacional de Museus Veruska Almeida A 10ª edição, promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), neste ano, ocorreu entre os dias 14 e 20 de maio e teve como tema: Museus em um Mundo em Transformação – novos desafios, novas inspirações. A oportunidade proporcionou ao Museu Penitenciário Paulista (MPP) firmar novas parcerias. A exposição intitulada “O Poder Judiciário e o Sistema Penitenciário: Um Panorama da Memória Institucional”, fruto da associação entre o Museu do Tribunal de Justiça (TJSP) e o MPP foi inaugurada em 11/05 no Salão dos Passos Perdidos, Palácio da Justiça, em São Paulo. O desembargador Alexandre Moreira Germano, coordenador do Museu do Tribunal de Justiça abriu a mostra que contou também com a presença do secretário da Administração Penitenciária, Lourival Gomes. Ele comentou os laços comuns entre o Judiciário paulista e o sistema penitenciário. “Ramos de Azevedo planejou, por exemplo, o Palácio da Justiça e a Penitenciária do Estado, hoje Penitenciária Feminina”, destacou Gomes. O acervo da exposição é composto por processos de importância histórica, como o inventário de Washington Luís, responsável pela contratação do escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, para a realização do projeto do Palácio da Justiça. Fotos e objetos feitos por detentos, como uma corda utilizada para fugas denominada “tereza”, máquinas de tatuar e um forno confeccionado com papelão, papel alumínio e plástico também fazem parte da exposição, que conta ainda com seis banners com textos e imagens dos museus e do Palácio da Justiça. A Parceria entre o Museu do TJSP e o Penitenciário surgiu em decorrência do “I Encontro Paulista de Centros e Museus Institucionais”, ocorrido em outubro de 2011, quando foi deliberada a realização de acordos entre esse tipo de instituição na concretização de exposições. Abertura da Mostra “ O Poder Judiciário e o Sistema Penitenciário” Revista SAP 38 Em conjunto com a exposição ocorreu, no dia 17/05, a palestra intitulada “Museu Penitenciário: a gênese de um museu institucional e as transformações do sistema penitenciário – Novos desafios e novas inspirações”. A mesa de autoridades foi composta pelo diretor do MPP, Sidney Soares de Oliveira; pelo diretor do Centro de Estudos e Pesquisas do Museu Penitenciário do Rio de Janeiro, José Paulo Morais Souza; pela diretora da Escola de Administração Penitenciária de São Paulo (EAP), Leda Maria Gonzaga; pela diretora da Escola de Gestão Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro (EGP), Tatiana Tavares de Melo; pelo palestrante do MPP, João Carlos Gomes da Silva e pelo secretário da Administração Penitenciária, Lourival Gomes. Foi com o intuito de proporcionar a reflexão, produzir ideias sobre o funcionamento histórico do sistema prisional, preservar a história das instituições, aliada aos questionamentos que o aprisionamento causa à sociedade, que alguns países passaram a constituir museus penitenciários. Para o diretor do MPP Sidney Soares, primeiramente devemos refletir sobre qual é o papel de um museu para a sociedade, procurando, por meio de sua própria história, aprender quais foram suas intenções e quais são suas perspectivas para o futuro. “O fato inicial que nos chama a atenção é o grande número de museus penitenciários ligados aos sistemas de execução penal em todo o mundo”, relata Soares. Ainda segundo Soares, por seu olhar histórico e por propiciar a análise da Parte do acervo da exposição “cultura prisional”, o Museu Penitenciário demonstra ter condições de ser uma instituição capaz de proporcionar a reflexão privilegiada, sobre aspectos decorrentes do aprisionamento, dentro e fora dos muros da prisão, possibilitando uma visão crítica sobre a relação entre a evolução do direito e a evolução da sociedade. O diretor do Centro de Estudos e Pesquisas do Museu Penitenciário do Rio de Janeiro, José Paulo Morais Souza, apresentou o museu penitenciário do Rio de Janeiro ressaltando a importância do resgate e a preservação da memória da instituição para a sociedade, que também contou com a diretora da EGP falando sobre a estrutura da Escola de Gestão Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro. A diretora da EAP, Leda Gonzaga, falou do tempo em que o MPP estava sob administração da Escola Penitenciária. Complementando a palestra, João Carlos Gomes da Silva, descreveu a evolução do sistema carcerário no Mundo. Revista SAP 39 Reformada e ampliada, a Escola volta funcionar em um espaço especialmente elaborado para atividades de formação e aperfeiçoamento de servidores prisionais Jorge de Souza Após um hiato em suas atividades, por conta de pro- respirarem aliviados foi o longo período que passaram em blemas com a empresa responsável pela reforma do prédio, um local, digamos, pouco adequado ao funcionamento de a Escola de Administração Penitenciária Dr. Luiz Camargo uma escola. Durante pouco mais de três anos, tempo em Wolfma (EAP) voltou a receber Economia sábia O uso de métodos, como aulas por videoconferência, facilitam a troca de gicas e de formação e aperfeiinformações e de conhecimentos, além de çoamento dos funcionários da diminuir custos, distância e tempo para Secretaria da Administração atingir suas finalidades. as atividades técnico-pedagó- que durou a reforma do prédio, a EAP ficou provisoriamente instalada em salas adaptadas da Penitenciária Feminina de Sant'Ana (PFS). “Só tenho a Penitenciária (SAP). O novo imóvel ocupa agora uma área de 2 mil metros quadrados, agradecer pela paciência e respeito com que fomos recebidos pela diretoria e funcionários ao lado da sede da Secretaria, no bairro de Santana, em da PFS”, destaca a diretora da EAP, Leda Maria Gonzaga. São Paulo. Ganhou também espaços customizados para Para ela, foi de fundamental importância que a escola cada atividade específica, além de equipamentos de última ficasse próxima da obra de reforma, uma vez que facilitou geração. o acompanhamento das etapas e a compra dos novos equi- pamentos. O motivo dos profissionais – técnico e professores – As novidades começam logo na recepção: funcionários capacitados orientam alunos e visitantes Revista SAP 40 as poltronas do auditório permitem diferentes configurações para cada tipo de atividade Também nesse período, a diretoria da escola teve de se desdobrar para que o calendário anual e as atividades pedagógicas não fossem paralisadas. Salas de aula da Academia da Polícia Civil (Acadepol), Universidade Paulista (Unip), Universidade Guarulhos (UnG), sede do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sifuspesp), Etec (Parque da Juventude), base operacional do Grupo de Intervenção Rápida da Capital (GIR) e Fundação Casa, foram emprestadas para a EAP desenvolver os cursos da grade curricular. “Essas parcerias foram fundamentais, para não haver atrasos nos compromissos do calendário”, reconhece Gonzaga. Salas interativas A nova EAP está dividida em dois pavimentos: no piso térreo estão sete salas de aula, auditório, almoxarifado e refeitório. As salas de aula têm capacidade para até 40 alunos – todas equipadas com projetor multimidia, notebook, telão e quadro branco. Uma delas – denominada “multimeios” – é estruturada em forma de palco composta com duas poltronas giratórias, que permitem melhor participação argumentativa de professores e alunos. “Essa estrutura facilita os debates e discussões tornando as aulas mais colaborativas, argumentativas e criativas”, explica Economia inteligente: claraboia do predio permite luminosidade natural durante o dia Gonzaga. A escola possui também um sistema de vo- Revista SAP 41 tação interativa em tempo real (Powervote), que pode ser internet. Videoconferências também podem ser geradas do usado em propostas pedagógicas que necessitem de um local. Essa tecnologia é essencial para os cursos on-line, na parecer coletivo imediato ou em uma avaliação final, por metodologia de “Ensino à Dis- Salas ambientalizadas tância” – “EAD”, implantados na escola desde abril de 2011. exemplo, além de três unidades de lousas interativas. Anexo ao novo prédio há um espaço multiuso, onde são dispostos tatames para a realização das aulas práticas de defesa pessoal. “Aqui tenho condições para treinar os novos agentes, pois o espaço permite desenvolver vários movimentos e técnicas de defesa”, explica o docente Sérgio Com mesas retangulares: proporcionam a organização da sala de aula para que os alunos possam interagir e ao mesmo tempo permanecerem em grupos ou duplas. Com mesas sextavadas: sala permanentemente preparada para a metodologia de grupos. Permitem a realização de seminários, com discussões e construção de ideias. Com carteiras em formato trapézio: mobiliário desenhado para facilitar a disposição imediata em grupos, como também em fileiras. No pavimento superior estão os centros de Formação e Aperfeiçoamento de Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) e Escolta e Vigilância Penitenciária (AEVP) – Cfaasp – e de Capacitação e Desenvolvimento em Recursos Humanos – Cecad-RH –, além do Centro Administrativo. Juntos eles são responsáveis por oferecer as Roberto Ribeiro. O auditório acomoda até 170 pessoas e possui uma sala ferramentas teóricas e práticas ao servidor penitenciário, que permitam desenvolver suas operacional, de onde são controlados os equipamentos de funções administrativas, técnicas e de gestão; os funda- áudio, vídeo e informática. Outra novidade é que os even- mentos e bases jurídicas de sua função e os conhecimentos tos podem ser gravados e transmitidos por streaming, pela básicos de direitos e deveres como servidor público. Os móveis da sala de aula podem ser configurados conforme a didática Revista SAP 42 Geraldo Alckmin Governador do Estado de São Paulo Guilherme Afif Domingos Vice-Governador Lourival Gomes Secretário de Estado da Administração Penitenciária Walter Erwin Hoffgen Secretário Adjunto Amador Donizeti Valero Chefe de Gabinete Rosana Tenreiro Alberto Assessora de Imprensa
Documentos relacionados
Baixar arquivo em pdf - SAP - Governo do Estado de São Paulo
a de melhorar ainda mais os nossos resultados. Tenho certeza de que conseguiremos, graças ao comprometimento de toda a família penitenciária.
Leia maisBaixar arquivo em pdf
O projeto conta hoje conta com pouco mais de das presenças do secretário da Administração Penitenciária, 20 oficinas com mais de 300 inclusos. Em Tremembé o Lourival Gomes; Ana Maria Tassinari e Lu...
Leia mais