A ERA VITORIANA SEGUNDO “O RETRATO DE DORIAN GRAY
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A ERA VITORIANA SEGUNDO “O RETRATO DE DORIAN GRAY
ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 A ERA VITORIANA SEGUNDO “O RETRATO DE DORIAN GRAY”, DE OSCAR WILDE Ernani Silverio Hermes1 Márcia Negrello Decarli2 Resumo: O presente estudo contempla a Era Vitoriana em um panorama de contextualização social e artística pela perspectiva da literatura levando em consideração o estudo de natureza analítica da obra “O Retrato de Dorian Gray”, obra essa escrita por Oscar Wilde, um dos maiores escritores da literatura vitoriana. Ainda será apresentado o contexto histórico desta época e seu reflexo na literatura. Será também apresentada a visão de crítica social feita por Wilde em sua obra, e também a comparação dessa com a nossa sociedade atual. Esse estudo ficará mais detido à prosa (contos, romances e novelas) do que ao verso (poesia). Palavras-chaves: Era Vitoriana. Literatura Vitoriana. Crítica Social. Sociedade. 1. Introdução A Era Vitoriana em seu aspecto geral é o período da história inglesa em que a Rainha Vitória I ocupou o trono da Inglaterra. Este período vai do momento de sua coroação, em 1837, até sua morte, em 1901, totalizando 64 anos de Era Vitoriana. Este momento histórico foi marcado por grande desenvolvimento econômico e industrial, além das conquistas coloniais na África, Ásia e Oceania. Dentre as principais características do governo da Rainha Vitória I, podemos citar a restauração do prestígio da coroa britânica, fortalecimento do setor industrial (Segunda Revolução Industrial), investimento em infraestrutura (ferrovias, portos e 1 Ernani Silverio Hermes. Instituição/Afiliação: Colégio Estadual Dr. Dorvalino Luciano de Souza – Cerro Grande-RS. Cursando Ensino Médio Politécnico - Técnico em informática. 2 Márcia Negrello Decarli. Instituição/Afiliação: Colégio Estadual Dr. Dorvalino Luciano de Souza – Cerro Grande-RS. Professora Graduada em Letras (habilitação português e inglês e respectivas literaturas), especialista em Leitura, Análise e Produção Textual e professora da rede estadual de ensino do RS. ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 60 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 telégrafos), supremacia política e econômica no cenário mundial, fortalecimento do capitalismo liberal, dentre outras coisas. (SANTANA, 2015). A política social foi baseada na implantação de rígidos valores morais, o que acarretou repressão aos críticos das ideias vitorianas. Também houve perseguição a homossexuais, políticos, escritores opositores e artistas com visão crítica. (SANTANA, 2015) Apesar da severa censura aos artistas com visão opositora ao regime, este período foi marcado por grande desenvolvimento artístico e cultural em várias esferas das artes (teatro, arquitetura, literatura, etc.). A literatura vitoriana compreende todo o conjunto de verso (poesia) e prosa (contos, romances e novelas) bem como cartas e ensaios produzidos durante o reinado da Rainha Vitória I. Uma das principais características da literatura vitoriana é a abordagem crítica da sociedade. (NEWWORLDENCYCLOPEDIA, 2015) Muitos estudiosos da literatura afirmam que a era vitoriana é o ponto alto da literatura ficcional inglesa. E é da ficção vitoriana que provem muitos personagens conhecidos mundialmente como Conde Drácula, Frankenstein, Alice (personagem de “Alice no País das Maravilhas”) e Sherlock Holmes. Um dos escritores mais importantes deste período da literatura é Oscar Wilde (1854 – 1900), cuja obra prima foi “O Retrato de Dorian Gray”. Nesta obra Wilde faz duras críticas à sociedade vitoriana, e por estas críticas foi preso por dois anos. Após esse período, passa a viver na França até sua morte, em 1900. Enquanto a Inglaterra estava vivendo a Era Vitoriana, o Brasil passou por dois períodos literários, o Romantismo (1836-1871), e o Realismo. Porém, até o surgimento oficial do Realismo em 1881, passam-se 10 anos que é conhecido como período de transição. O Realismo se estende até 1890 com o surgimento da escola parnasiana, e então entra em declínio. 2. Desenvolvimento Quando a Era Vitoriana chegou ao seu auge, a industrialização provocou o alargamento do abismo existente entre ricos e pobres, isso causou revolta por parte da classe operária. Esse fator levou os escritores vitorianos a falar contra as injustiças sociais do ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 61 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 mundo. Com a economia migrando da agricultura para a indústria, os agricultores foram para as grandes cidades em busca de emprego, mais especificamente para a capital Londres, e isso forçou a infraestrutura urbana, agravando ainda mais os problemas sociais. (NGO, 2015) Nesta época, Charles Darwin divulgou sua teoria da evolução, onde é exposta a ideia de que o homem não veio de origem divina, de Deus, mas sim de uma evolução. Então muitos começaram a questionar a relevância das instituições tradicionais como a igreja. Durante este tempo, os autores buscaram capturar tumultos sociais da época através do desenvolvimento de novos elementos em sua literatura. (NGO, 2015). 2.1 O que foi a Era vitoriana para a literatura inglesa A Era Vitoriana compreende todo o período do reinado da Rainha Vitória I da Inglaterra. Este período da história foi marcado por grande progresso provindo da Revolução Industrial. Porém, este desenvolvimento teve seus prós e contras, pois como já mencionado, este fator desencadeou uma série de problemas sociais. E essa foi uma das principais temáticas da Literatura Vitoriana, explorada principalmente na obra de Charles Dickens, cuja principal obra de cunho social é “Oliver Twist”. Ainda podemos citar “Retratos Londrinos” onde com tom crítico retrata a sociedade de Londres. A sociedade vitoriana era bastante moralista e muito pródiga em seus conceitos e preconceitos, incitando uma série de valores bastante severos sobre a formação cultural, moral, e sobretudo, ideológica da época. Os homens dominavam o espaço público de uma maneira muito explícita, restante às mulheres o lugar de submissão restrito à esfera privada, íntima. Um exemplo da imposição masculina perante a sociedade é o exemplo de Mary Ann Evans, que para publicar suas obras assinou sob o pseudônimo de George Eliot. (AHLQUIST, 2013) A Literatura Vitoriana engloba todo o conjunto de prosa e verso tal como ensaios e cartas produzidos durante o reinado da Rainha Vitória I da Inglaterra. Entretanto não é uma questão apenas cronológica que define estas obras como vitorianas, elas possuem características em comum. Os principais escritores deste período são Charles Dickens, Oscar Wilde, as três irmãs Brontë (Charlotte, Emily e Anne), Robert Louis Stevenson, Sir Arthur Conan Doyle, Lewis Carroll e George Eliot (Mary Ann Evans). (SANTANA, 2015) ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 62 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 Os escritores vitorianos comentavam em suas obras sobre a sociedade, a economia, a religião e ideias filosóficas da época. Grande parte da Literatura Vitoriana criticou o aumento da industrialização e, por outro lado, a deterioração da vida rural. Muito da Literatura Vitoriana se envolveu com a sátira criticando a sociedade. Enquanto o poder político e econômico da classe média aumentava, os pobres por sua vez estavam em situação precária. Este desiquilíbrio de poder foi alvo de críticas pelos escritores vitorianos. Ainda, a ficção vitoriana foi escrita muitas vezes com intenção de passar uma espécie de “lição de moral” aos leitores. (GABECENGAGELEARNING, 2013) As narrativas vitorianas apresentam elementos fantásticos, sobrenaturais, que também podem ser chamadas de narrativas extraordinárias. Podemos encontrar esta característica na obra do próprio Oscar Wilde, como por exemplo em “O Fantasma de Canterville”, que nos apresenta a história de um fantasma e castelos mal-assombrados. Ainda na obra de Wilde, no próprio ”O Retrato de Dorian Gray” podemos identificar esta característica no fato de um retrato envelhecer ao invés de Dorian Gray. Também podemos citar a obra de Charles Dickens, o conto intitulado ”Contando Histórias de Inverno”, onde são contadas várias histórias sobrenaturais, como o título pode sugerir. Podemos mencionar ainda a obra de Bram Stolker, criador do personagem Conde Drácula, um vampiro, uma criatura folclórica de origem fantástica. O trabalho de Sir Arthur Conan Doyle também possui alguns elementos extraordinários, como no conto intitulado “O Anel de Toth” onde com elementos fantásticos explora a mitologia egípcia. Entretanto, sua obra mais famosa, a saga do detetive Sherlock Holmes não apresenta estes elementos de maneira explícita. Não podemos deixar de falar de “Alice no país das Maravilhas” de Lewis Carroll, que apresenta uma narrativa emergida em um mundo fantástico. Podemos perceber que em certas obras vitorianas é exposto um empenho em apresentar os dois lados do ser humano, o bem e o mal, como na obra “O Médico e o Monstro” de Robert Loius Stevenson. Nesta obra, o autor nos apresenta o que seria o bem na imagem do personagem Dr. Jeckyll, e a imagem do mal na pessoa de Edward Hyde. Porém, no final da história o escritor surpreende o leitor ao mostrar que ambos eram a mesma pessoa. Desta forma, passa a ideia de que o bem e o mal fazem parte do ser humano. Na obra de Wilde esta característica também pode ser identificada, a exemplo na novela “O Fantasma de Canterville” onde é construída a imagem de um personagem horrendo, que assombra um ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 63 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 castelo, aterrorizante, mas que no desfrecho da narrativa demonstra ser um personagem frágil, preso as amarras do passado. A literatura vitoriana está totalmente contextualizada com a sociedade vitoriana, pois ela a retrata e também a critica. Ler uma obra deste período, acima de tudo, é uma viajem pelo reinado da Rainha Vitória, seja por dentro de Londres como nas obras “O médico e o monstro” e “O Retrato de Dorian Gray”, ou pela Inglaterra rural em “O morro dos ventos urbanos”. 2.2 Análise da obra “O Retrato de Dorian Gray” Oscar Wilde (1854-1900) foi um escritor, dramaturgo e poeta britânico, nascido na Irlanda. Desde cedo teve contato com a literatura, pois sua mãe era uma tradutora e escritora. Quando jovem, foi estudar em Oxford. Em Londres teve uma vida regada de prazeres, bebidas e luxo. Nesta época escreveu poemas e textos para o teatro. Oscar Wilde criou o movimento estético denominado "Dandismo", baseado na ideia de que a vida deveria ser norteada pelas preocupações artísticas como forma de enfrentamento dos problemas do mundo moderno. Visava transformar o tradicionalismo da Era Vitoriana, levando um tom de vanguarda às artes. Escrevendo para o teatro, chegou a ter, ao mesmo tempo, três peças em cartaz nos teatros ingleses. (EBIOGRAFIAS, 2015) Wilde publicou seu único romance, “O Retrato de Dorian Gray”, forma original em inglês “The Pictiure of Drian Gray”, antes de chegar ao auge de sua carreira. A primeira edição surgiu no verão de 1890 em revista mensal de Lippincott. Ela foi criticado como escandalosa e imoral. Decepcionado com a sua recepção, Wilde revisa seu romance em 1891, acrescentando um prefácio e seis novos capítulos. O Prefácio (como o próprio escritor chama) antecipa algumas das críticas que poderiam ser feitas contra o romance e respostas aos críticos que acusam a obra de imoralidade. Wilde acreditava que a arte possui um valor intrínseco, e seguia a tendência esteticista “art for art’s sake”, ou em tradução livre “a arte pela arte”. (SPARKNOTES, 2015) Segundo Fabio Durão, Oscar Wilde foi um escritor que atingiu a fama de maneira astronômica, da mesma maneira que sua derrocada. Quando sua carreira chegou ao seu auge, foi processado por John Douglas por se envolver sexualmente com seu filho, Alfred Douglas. ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 64 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 Wilde foi julgado e condenado a trabalhos forçados por dois anos. Depois de sair da prisão foi morar em Paris, onde morreu em 1900 de meningite. A obra estudada narra a história do jovem Dorian Gray, um moço que no primeiro momento passa ideia de que é simples e ingênuo, descrito como portador de admirável beleza. Por ser muito belo, seu amigo Basil Hallward decide pintar um retrato do jovem. No dia em que termina a imagem, Lord Henry Wotton, um homem hedonista, vai até o ateliê do pintor e fica fascinado com a beleza do jovem. Aos poucos Lord Henry vai corrompendo Dorian, convencendo-o de que o que realmente vale a pena é a beleza e o prazer. Baseado em tudo o que Lord Henry lhe falou, Dorian ao ver seu retrato fica abismado, pois o quadro ficaria eternamente jovem e bonito, enquanto ele ficaria velho e feio. E acaba tendo um ataque histérico e diz o seguinte: [...] – Que tristeza! – murmurou Dorian Gray, de olhos fixos na própria imagem. – Que Tristeza! Ficarei velho, horrível, medonho. Mas este retrato continuará sempre jovem. Nunca será mais do que neste determinado dia de junho... Ah, se pudesse dar-se o contrário! Se eu permanecesse moço e o retrato envelhecesse! Para isto... para isto eu daria tudo. É verdade; não há no mundo o que eu não desse. Daria minha própria alma! [...] (Pg. 33) Depois desta “prece” acontece realmente isto, o retrato envelhece no lugar do próprio Dorian. O primeiro vestígio disso é quando ele se apaixona por uma atriz pobre, Sibyl Vane, e em uma certa noite ela interpreta pessimamente e isso faz com que ele se desencante da moça e a abandone. Essa situação desencadeia o suicídio de Sibyl Vane e aparece a primeira marca no retrato, a imagem adquire uma fisionomia perversa, cruel. A partir de então tudo de ruim que Dorian faz reflete em seu retrato. Um ponto muito discutido é se Dorian se tornou um ser humano mau pela influência de Lord Henry, ou se ele já trazia a maldade consigo e o que Lord Henry fez foi apenas aflorar este lado maligno. Nos primeiros diálogos entre estes dois personagens, percebemos que Lord Henry guiou Dorian por um caminho de hedonismo e culto a beleza. No decorrer da trama Dorian ganha de Henry um livro que faz com que ele se torne definitivamente uma pessoa hedonista e narcisista. Podemos chegar a essa conclusão com a seguinte passagem do livro: “Dorian Gray fora envenenado por um livro. Havia momentos em que encarava o mal simplesmente como um meio que lhe permitiria realizar sua concepção do belo.” (pg. 156). ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 65 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 De início Dorian fica muito assustado e esconde a obra de arte em um quarto escuro, porém com o tempo ele se habitua com isso e passa a tirar proveito da situação ao mesmo tempo em que fica fascinado com a degradação do retrato, ou de sua alma. Neste fragmento podemos ter uma noção de como era o retrato. Como podemos observar no seguinte trecho: [..]Ficava cada vez mais enamorado da própria beleza, mais interessado pela corrupção de sua alma. Examinava com extrema atenção, às vezes com prazer monstruoso e terrível, as linhas hediondas que vincavam a testa, os sulcos à volta da boca sensual, ficando a conjecturar o que seria mais horrível, se as marcas do pecado ou as marcas do tempo. Punha as mãos brancas perto das mãos grosseiras e inchadas do retrato e sorria. Zombava do corpo disforme e dos membros enfraquecidos. [...] (Pg. 137) Depois do ocorrido com a jovem Sibyl, passam-se alguns anos e em uma determinada noite Basil vai visitar Dorian com o propósito de ver sua obra. Então, após ver o horror em que sua obra se transformou, o pintor é assassinado a punhaladas pelo próprio Dorian. Neste ato temos o primeiro sinal da alusão à derrocada da moral vitoriana, pois enquanto o governo prometia severas punições para tais delitos, vemos a impunidade de Dorian perante o ocorrido. Após anos o irmão de Sibyl Vane, James Vane, passa a perseguir Dorian em busca de vingança, porém caçadores matam-no por acidente. Então, Dorian decide que a partir daquele momento irá ser uma pessoa boa. Em seguida, vai verificar o retrato para ver se sua bondade está surtindo efeito no retrato. Entretanto ele apenas vê uma imagem mais horrenda de si mesmo. Assim sendo, Dorian compreende que seus verdadeiros motivos para o auto sacrifício de reforma moral foram provocados pela vaidade e a curiosidade pela busca de novas experiências. A história é narrada por um narrador observador que conta a história por mais de um ângulo. Ele tem seu pinto central, Dorian Gray, mas também narra/observa outros pontos da trama, como por exemplo a vida de Sibyl Vane, uma personagem com uma curta participação na história, mas que é observada exclusivamente num capítulo. A narrativa apresenta um personagem central, Dorian Gray. O retrato também pode ser entendido como um personagem da história, pois é ele quem de certa forma conduz a corrupção de Dorian. Outro motivo para chegarmos a esta conclusão está no próprio título do livro, “O Retrato de Dorian Gray”. Esta obra embora seja da literatura vitoriana pertence ao realismo, pois o termo “Literatura Vitoriana” é um termo que se aplica apenas por questão ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 66 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 histórica (o reinado da Rainha Vitória I) e que também se aplica apenas à Inglaterra, lembrando que uma das características do realismo é os títulos das obras serem o nome do personagem principal, como por exemplo “Quincas Borba” de Machado de Assis e “Madame Bovary” de Gustave Flaubert. Podemos citar Basil Hallward e Lord Henry Wotton como personagens principais. Sibyl Vane não chega a ser uma personagem principal, pois não tem importância o suficiente para tal, mas também não chega a ser uma personagem secundária, pois ela representa a primeira paixão e também a primeira vida arruinada por Dorian. Como personagens secundários podemos citar os empregados da casa do personagem central, a esposa de Lord Henry, Lady Victória. Podemos incluir Alan Campbell que é quem oculta o corpo de Basil, Lord Fermor, um tio de Lord Wotton e James Vane. A maior parte da narrativa se passa na cidade de Londres, tanto em sua parte nobre, os ambientes sociais frequentados pelo personagem central, como sua parte mais obscura, onde Dorian ia em busca de prazer. Há uma pequena passagem no interior da Inglaterra na casa de campo de Dorian. O tempo em que se passa a história é linear, pois os personagens, o ambiente e o tempo são apresentados de forma lógica, apresentando um começo, um meio e um fim. No início da narrativa, Dorian é apresentado como um menino jovem que ainda não atingiu sua maioridade e em um certo momento há uma avanço de alguns anos como podemos observar no seguinte trecho: “Aconteceu em 9 de novembro, véspera de seu (de Dorian) trigésimo oitavo aniversário, como disto ele frequentemente se lembrou, mais tarde” (pg. 157). Vale lembrar que devido a sua “prece” Dorian não envelhece fisicamente, pois ele já é um homem de 38 anos com aparência de um menino, as marcas do tempo vão para o retrato. O clímax da história se dá quando Dorian chega ao auge de sua maldade, quando mata a punhaladas seu antigo amigo Basil Hallward e não apresenta nenhum sentimento de culpa. A trama termina quando Dorian está atormentado pelo retrato e pelo que a sua vida se transformou. Então ele decide destruir o que originou todo o mal de sua vida, o retrato. Portanto, decide destruir sua figura. Dorian vai até o quarto em que o quadro está escondido e com a mesma faca que mata Basil ataca a imagem. Só que o inesperado acontece, no momento em que Dorian desfere o golpe no seu próprio retrato, aquele quadro horrendo, feio e apavorante, se transforma no belo retrato que fora pintado por Basil Hallward e o autor do ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 67 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 golpe, Dorian Gray, que fora sempre jovem se transforma em uma criatura horrenda, feia e apavorante. Uma das coisas que mais provoca reflexão nos leitores de “O Retrato de Dorian Gray” é o esmero com que a representação da ambiguidade do ser humano é representada, esta anfibologia remete a duas partes distintas do ser humano, o bem e o mal. No caso desta obra específica, o bem é representado pela figura do jovem e ingênuo Dorian Gray e o mal seria representado pelo retrato. Além da representação em si, a forma com que é feito o contraste entre as duas partes, o retrato (mal), Dorian (bem), a influência que o retrato exerce sobre Dorian provoca reflexões sobre até que ponto vale a pena nos entregarmos ao prazer. Um dos temas destacados na obra é o narcisismo, que nos faz refletir sobre o culto à própria beleza. Isto nos remete uma reflexão sobre os padrões de beleza impostos pela sociedade. 2.3 Qual a crítica social apresentada na obra Quando falamos da Sociedade Vitoriana, temos que deixar bem claro que ela era regida por rígidos, severos e austeros valores morais. Segundo Laura Cenicola (2015), Moral vitoriana pode ser descrita como um conjunto de valores que apoiaram a repressão sexual (nesse podemos destacar o homossexualismo), baixa tolerância de crime, e uma forte estética social. Devido ao enorme impacto e à importância do Império Britânico, muitos destes valores foram espalhados por todo o mundo. Ainda podemos observar que a sociedade vitoriana era mantida por aparências, onde a beleza o culto ao belo era o que importava. De acordo com estas informações já podemos perceber que Wilde critica os três tópicos citados e ainda acrescenta uma crítica ao machismo e a divisão social existente na sociedade. A crítica feita pelo autor é apresentada pela forma da exposição, por exemplo, Wilde critica o machismo expondo um discurso machista. A crítica ao machismo ocorre em um diálogo entre Dorian e Lord Henry, que fala o seguinte: [...] – Meu caro menino, mulher alguma é gênio. As mulheres pertencem a um sexo decorativo. Nunca têm o que dizer, mas dizem-no de maneira encantadora. As mulheres representam o triunfo da matéria sobre o espírito, assim como os homens representam o triunfo do espírito sobre a moral. [...] (Pg. 55) ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 68 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 Como podemos observar Lord Henry faz um comentário extremamente machista, e assim Oscar Wilde critica esta situação da sociedade, colocando uma fala como esta em um personagem que de certa forma representa a nobreza britânica da época vitoriana. Em relação à baixa tolerância ao crime podemos observar o assassinato de Basil Hallward, Segundo Lins (2014), enquanto o governo promete punição dura e severa para quem cometesse tal delito, o que percebemos é a impunidade de um assassino. Como observamos no momento em que Dorian tira a vida de Basil. Ainda segundo Lins, o assassino não se preocupa com as consequências do seu ato, pois sabe que não será punido. No que se refere à estética social, Wilde não se contradiz criticando a estética mesmo ele fazendo parte do movimento esteticista. O movimento em questão defende a beleza da arte como algo de valor intrínseco, não como algo expositório para cobrir a sujeira da sociedade. O autor critica isto mostrando, em certo ponto da história, o quanto a sociedade idolatra Dorian por sua beleza, mesmo sabendo que ele é um homem devasso e hedonista. (GARCIA, 2013). Com o grande desenvolvimento industrial, o abismo social entre ricos e pobres aumentou. Em relação a isso podemos citar o envolvimento de Dorian com Sibyl. Quando ele anuncia seu noivado, Lady Victoria Wotton faz o seguinte comentário: “– Mas pense na origem, na posição e fortuna de Dorian. Seria absurdo fazer casamento tão desigual”. Segundo essa explanação de Lady Victoria, uma mulher da nobreza, fica claro que na Era Vitoriana casamento de pessoas de classes sociais distintas eram inexistentes em vista do abismo social existente na época. Quando falamos de homossexualismo na obra “O Retrato de Dorian Gray”, não podemos deixar de contextualizar com a biografia de quem a escreveu. Oscar Wilde embora casado e com dois filhos, teve casos homossexuais durante sua vida, tanto que se deve a isso a sua derrocada. Pois quando comprovado seu envolvimento amoroso com Alfred Douglas, Wilde foi preso por dois anos e quando teve sua liberdade de volta saiu da Inglaterra e foi para a França onde morreu na pobreza. (RODRIGUES, 2015) Nas primeiras páginas do livro já podemos identificar discursos de natureza homossexual, que parte de Basil Hallward que fala de Dorian para Lord Henry: [...] Quando nossos olhares se encontraram, senti-me empalidecer. Uma estranha sensação de terror se apoderou de mim. Eu sabia que estava diante de alguém de ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 69 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 personalidade tão fascinante que, se eu permitisse, absorveria toda a minha natureza, toda a minha alma, até mesmo a minha arte. Não queria influência externa em minha vida. Você bem sabe, Harry, como sou independente por natureza. Sempre fui dono de mim mesmo; pelo menos, sempre havia sido, até encontrar Dorian Gray. [...] (Pg. 12-13) Nesse discurso de Basil podemos perceber o sentimento que ele tem para com o rapaz. Ao longo da história percebemos que Basil tem sim sentimentos de natureza homossexual para com Dorian Gray. Outra fala do personagem com Lord Henry que indica isto é a seguinte: [...] – Conte mais a respeito do Sr. Dorian Gray. Você o vê com frequência? – Todos os dias. Não poderia ser feliz se não o visse diariamente. Ele me é absolutamente necessário. – Extraordinário! Sempre pensei que você jamais pudesse interessar-se por outra coisa, além de sua arte. – Ele é, agora, para mim, toda a minha arte. [...] (Pg. 16) E desta forma, mostrando um romance homossexual, mesmo que seja nas entrelinhas, Wilde critica a condenação do envolvimento de pessoas do mesmo sexo. 2.4 A crítica feita por Oscar Wilde se aplica a nossa sociedade atual? Antes de tudo temos que deixar claro que “O Retrato de Dorian Gray” é um clássico da literatura inglesa, e obras que são consideradas clássicas levam este título por serem obras que. segundo Ítalo Calvino, perduram sobre o tempo. Ou seja, é claro que alguns temas abordados na obra continuam tão atuais hoje em dia como naquela época. Segundo Rodrigues (2015), a sociedade descrita por Oscar Wilde da Londres do século XIX é tão atual, que mesmo agora é possível ver as mesmas críticas do autor saltar diante de nossos olhos. Essa sociedade que Wilde condena é hipócrita, fútil, materialista e superficial, em que a beleza - representada por Dorian Gray - é o único elemento passível de qualquer tipo de condenação. Ainda hoje vivemos em uma sociedade em que as aparências são mais relevantes do que o conteúdo interior, que é muito semelhante à descrita por Wilde. Podemos observar isso na nossa cultura popular onde a valorização do corpo é muito mais importante que a essência. ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 70 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 No Brasil hoje a união civil de pessoas do mesmo sexo é assegurada por lei, entretanto a questão da homossexualidade ainda é cercada por grande preconceito. Constantemente são noticiadas agressões a jovens homossexuais. Por mais que o assunto seja debatido e existam diversas campanhas pelo fim da homofobia, ainda é grande o preconceito contra pessoas que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. (SANCHES, 2015) As mulheres também hoje possuem direitos participativos garantidos por lei, contudo, ainda são consideradas “inferiores” por alguns. E também, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, o rendimento médio mensal das mulheres é 27,1% menor do que o dos homens. Através disso podemos afirmar que a nossa sociedade é machista. Não como a sociedade descrita por Wilde, onde a mulher era “o sexo decorativo”, mas ainda assim, machista. Hoje em dia pessoas de classes sociais diferentes conviverem harmonicamente, casaremse, terem filhos, é normal. Diferente da sociedade narrada por Wilde onde o envolvimento de pessoas de classes sociais diferentes era considerado “anormal”. Embora ainda haja preconceito em relação à diferença de classes. Se compararmos isso a obra de Wilde, iremos perceber que ao longo do tempo a sociedade não mudou tanto assim. O preconceito e as diferenças continuam, embora em menos proporção, mas estão presentes em nosso cotidiano. Entretanto muitas vezes a sociedade se fecha para essa situação, prefere ignorar a suprimir. 3. Conclusão Ao longo desta pesquisa, pude perceber e comprovar que a literatura não é algo isolado, mas sim algo totalmente contextualizado com o tempo e o espaço em que é produzida. Mais precisamente sobre a Era Vitoriana, pode-se concluir que foi um período de grande prosperidade econômica para a história inglesa e como qualquer outro período histórico teve seus prós e seus contras. Como contras teve a repreensão a pensamentos e manifestações contrários ao sistema sócio-político, aumento da desigualdade social, desaprovação e censura de atitudes consideradas “imorais”. Entretanto também teve seus prós como, por exemplo, um rico legado artístico dividido em várias esferas como a literatura, a ÁGORA Revista Eletrônica - ISSN: 18094589 [email protected] Fone: (055)3756 1133 71 ÁGORA Revista Eletrônica Ano XI Nº 22 Junho de 2016 Páginas 60-73 ISSN 18094589 moda, a arquitetura e o teatro, a Era Vitoriana também trouxe para a Inglaterra um grande crescimento econômico provindo da desenvolvida indústria. Durante este período a literatura é totalmente contextualizada com o tempo (Era Vitoriana) e com o espaço (Inglaterra). Embora suas entrelinhas estejam repletam de crítica, as obras literárias vitorianas são um retrato em forma de palavras desse período histórico. As linhas são uma espécie de “estrada” que nos levam a uma época e um lugar distante, que apesar de seus contras é um lugar que de certa forma é bonito, pois a Era Vitoriana transpira tradição e cultura. Talvez “O Retrato de Dorian Gray” seja uma das obras que mais representem esse “retrato”, já que a descrição de Wilde é uma das mais ricas da literatura, a descrição dele é aquela que faz o leitor “viajar” no tempo e no espaço. O personagem Dorian Gray é apresentado ao leitor de uma forma excepcional, pois é construído pelo autor de uma maneira extraordinária, expondo várias fases dentro da mesma história, com uma primeira fase com um Dorian ingênuo, uma segunda fase com um Dorian sendo corrompido pelo meio que o cerca (amigo, Lord Henry, sociedade e ele mesmo), um terceiro momento com o personagem já corrupto, mau e uma última fase com um Dorian arrependido. E assim Oscar Wilde trabalha diversas faces do ser humano em um único personagem. Comparando com nossa sociedade, concluo que não “evoluímos” tanto como pensamos, antropologicamente falando, pois continuamos com vários preconceitos que vêm desde aquela época. Contudo em diferente contexto e proporção. Referências AHLQUIST, Dale. 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