Farmácia Galênica O pai da Homeopatia
Transcrição
Farmácia Galênica O pai da Homeopatia
Especial DIANTE DA ENFERMIDADE, O HOMEM INGERE AS MAIS VARIADAS PÍLULAS, ESQUECENDO-SE DE QUE ANTES DE REMEDIAR O CORPO, É PRECISO CURAR A ALMA Por Alfredo de Castro AME–Brasil A (Publicada originalmente na RCE04) medicina vem apresentando, no passar dos séculos, uma transformação notável nos seus conceitos de saúde e doença. O homem sempre procurou meios para prolongar a vida. Lutando contra as adversidades da natureza e a invasão das epidemias, criou terapêuticas e descobriu remédios para curar e proporcionar condições de prevenir maiores males. Grandes pensadores e filósofos deixaram marcas pela sua conduta e ensinamentos de como interpretar as doenças, organizar a medicina e criar o verdadeiro médico. Com Hipócrates (460 a.C.), considerado pai da Medicina, iniciava-se uma era mais correta e positiva para a eficácia dos trabalhos médicos. Para tratar de homens, dizia ele, é necessário conhecer o seu corpo e a sua alma. Não há doenças isoladas. O desequilíbrio e a desarmonia da saúde afetam todo o organismo. Para alguns, pouco, para outros, muito. O homem deve ser visto na sua totalidade, compreendendo suas reações, sua constituição, seu temperamento, sua forma de ser e estar, sua genética, suas noxas psíquicas, emocionais e físicas. Ao mesmo tempo, é preciso proteger os órgãos sensíveis, que são seus órgãos de choque, portanto, os primeiros que reagem e adoecem. Para tratar das doenças, Hipócrates destacou dois princípios fundamentais: o dos contrários e o dos semelhantes. Deixou, nos seus ensinamentos, orientação sobre quando e em que condições deviam ser empregados 24 um ou outro método, dando-nos a entender que existem doenças e doentes. Ensinou também como proceder para evitar as doenças. Farmácia Galênica Galeno, (131 a 200 d. C.) destacou-se na formação do pensamento médico em sua época. Sua orientação na terapêutica foi estruturada no princípio dos contrários. Estabeleceu regras, consolidou suas idéias e deu início à formação da farmácia chamada galênica, cujos princípios vêm até hoje regendo, como orientação principal, a terapêutica em Medicina. Houve um período longo de estagnação de idéias na Medicina e na forma de curar as doenças. O processo galênico dominava e continuava sua trajetória, baseado no princípio dos contrários na terapêutica. Mais tarde, Paracelso (século XVI) deu continuidade às idéias e aos postulados hipocráticos, dando maior destaque à aplicação do princípio da semelhança para resolver com mais eficácia os problemas das doenças. O pai da Homeopatia No século XVIII (1755), nasce na Alemanha, em uma modesta família, o menino Christian Frederich Samuel Hahnemann, que desde jovem mostrava grande capacidade de aprendizado, com uma inteligência muito viva para assimilar os conhecimentos da época. Interessado nos estudos, formou-se em Medicina em 1777, na Universidade de Leipzig, e dois anos depois defendeu tese de doutor na Universidade de Erlange, em 10 A HOMEOPATIA UTILIZA SUBSTÂNCIAS DOS REINOS VEGETAL, ANIMAL E MINERAL PARA A PRODUÇÃO DE SEUS MEDICAMENTOS de agosto de 1779 (com 24 anos de idade). Na sua ânsia de cuidar dos doentes e tratar as doenças, e descontente com os métodos empregados na sua época pela medicina, tornou-se um pesquisador obstinado. Achava que deveria haver um meio natural de curar as doenças. Dizia ele: “Deus, o supremo criador de todas as coisas, deve ter ao alcance do homem os recursos necessários para manter a sua saúde e livrá-lo do mal. E que o homem, pela sua fraqueza e ignorância dos valores divinos da natureza, não consegue identificá-los”. Hahnemann foi um sábio genial e criativo. Conhecia e dominava fluentemente 14 idiomas, atuais e antigos. Sua capacidade de trabalho era extraordinária. Traduziu inúmeras obras, principalmente sobre assuntos médicos. Estudava sempre, procurando meios para saciar sua sede de saber, seguindo seu objetivo de descobrir um método mais digno e eficiente para tratar os doentes. Depois de muitos anos de estudo e dedicação, deduziu e confirmou, pelo seu criterioso trabalho experimental, que o princípio da semelhança era o método mais efetivo e positivo para o tratamento das doenças e dos doentes. Foi persistente. Insistia na busca de resultados práticos, não teóricos. A criação da Homeopatia foi obra de suas insistentes observações e experimentações. Foi incansável. Discutia com amigos e colegas para tirar dúvidas e poder concretizar suas idéias. Em 1790, considerada a data da criação da Homeopatia, publicou em revista médica o resultado de suas experiências: “Ensaios de um novo princípio sobre as virtudes curativas das substâncias medicinais” Foi criticado, sofreu muita oposição da sociedade médica da época e foi muito perseguido pelos seus opositores. Não nos surpreendemos com isso, pois, ainda hoje, após 200 anos, pelo desconhecimento de sua realidade médica, a Homeopatia ainda é recebida com reservas no meio médico oficial, apesar de ser reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina e Ministério da Educação, e ter a sua farmacopéia organizada, aceita e aprovada pelos órgãos competentes. Os remédios homeopáticos são extraídos dos três reinos da natureza (animal, vegetal e mineral). 25 Especial ANTES DE SER HOMEOPATA, O MÉDICO TEM QUE SER UM PERFEITO CLÍNICO GERAL, QUE SE UTILIZA DE SUA EXPERIÊNCIA EM DETECTAR SINTOMAS PELA AUSCULTA, PELO TATO, PELA VISÃO ETC. Hahnemann estava com a razão: Deus deu ao homem, bem ao alcance de suas mãos, a riqueza da natureza, tão pródiga. A presença da Homeopatia se faz necessária pelo seu método e conteúdo filosófico que inclui nos seus ensinamentos a importância da sua aceitação, dos estudos profundos da energia vital e da compreensão do homem como um todo na sua constituição – corpo e alma. Sabemos que o ser humano é uma rede de magnetismo sustentando as massas de células sobrecarregadas de energia. Diz Hahnemann, no parágrafo 9º do seu livro Organon da Arte de Curar:“No estado de saúde, a força vital (autocrática) que anima dinamicamente o corpo material (organismo) governa com poder ilimitado e conserva todas as partes do organismo em admirável e harmoniosa operação vital, tanto com respeito às sensações como às funções, de modo que o espírito dotado de razão que reside em nós possa empregar livremente esse instrumento vivo e sadio para alcançar e atender aos mais altos fins da nossa existência”. Para Hahnemann, o medicamento homeopático atua no organismo como catalisador que desperta energia porque é mais dinâmica e menos letargia; mais força e menos medicamento e, por ser dinamizado, é mais operante e menos estático. Revitalizando o paciente Ao despertar energia, acelera as reações no organismo afetado, intensificando e elevando seu quantum de vitalidade adormecida, ajustando o potencial psicofísico desarmonizado. A força vital do enfermo se equilibra e a harmonia física volta ao normal. Entretanto, observou Hahnemann nas suas experiências, que esse mesmo medicamento, se tomado em doses ponderáveis, cria uma enfermidade artificial, igual àquela que se deseja curar. Isso explica, em poucas palavras, o princípio da semelhança em sua aplicação terapêutica, que opera através de sua energia infinitesimal potencializada. Aceitando-se que o remédio homeopático possui valores similares à doença que se deseja curar, o que se tem comprovado por seus efeitos na clí- 26 nica, é necessário tentar demonstrar que ambos são da mesma natureza, ou seja, de caráter dinâmicovibratório semelhante. É aceita unanimemente, pela Medicina Homeopática, a interpretação de que toda atividade biológica é um conjunto de fenômenos de origem vibratória. Assim, podemos considerar a saúde e a doença fenômenos biológicos de caráter dinâmico-vibratório. Definimos a saúde como um estado em que todas as funções psíquicas e somáticas estão em equilíbrio pela vibração harmônica dos seus componentes, produzindo a sensação de bem-estar. Definimos a doença aguda como um desequilíbrio dessas funções por desarmonia vibratória originada por agressões externas, químicas, físicas ou psíquicas. O organismo, assim afetado por um desequilíbrio de sua força vital, buscará um novo estado de equilíbrio biológico que pode ser a saúde ou a seqüência de uma enfermidade crônica. Psicossomática A Medicina, hoje, verifica cada vez mais a influência e a presença marcante da participação emocional no aparecimento dos sintomas. Ela tem agido como sempre agiu a Homeopatia, que dá um enorme crédito à somatização. Somatizar significa imprimir no organismo o que se sente psiquicamente. E isso acontece o tempo todo. Qualquer emoção ou agressão psíquica tem o seu correspondente somático. Há um sincronismo entre as reações emocionais e o organismo que a própria razão não consegue interpretar. Sempre que a mente estiver sofrendo, o corpo sofrerá também. É impossível desconectar a saúde física do sofrimento mental. O contrário também é verdadeiro. Quando o corpo sofre, a mente também se sente abalada. Com essas considerações, podemos entender a dinâmica vibratória do medicamento homeopático sobre a dinâmica vibratória da doença. Daí, pois, os grandes benefícios que a Homeopatia pode prestar ao homem, pois, embora ela não provoque reações químicas violentas, sua função principal é despertar e potencializar as energias adormecidas, para, então, elevar o padrão dinâmico dos órgãos combalidos, reeducando-os em vez de violentá-los. Sobre a energia vital, as clássicas referências dos antigos homeopatas ao fato de que os sintomas não constituem a enfermidade em si mesma e à aparição de novos sintomas ao suprimir-se os anteriores, eram explicações necessárias em sua época ante uma característica da Homeopatia que a Medicina clássica não aceitava: sua qualidade de Medicina racional. Além disso, essa terapêutica admite que aqueles que a exercem tenham atitudes e posições filosófico-religiosas diferentes. Assim, pode-se sustentar o vitalismo e o racionalismo, ser espiritualista ou agnóstico, ser terapeuta do similar e, portanto, ser homeopata. O remédio homeopático é uma forma farmacêutica medicamentosa definida, porém sem propriedades farmacológicas no sentido comumente aceito. Por ser um medicamento, nada mais que um medicamento, o objeto da prescrição homeopática não pode pretender um crescimento pessoal total nem espiritual. Não pode modificar uma pessoa mais do que as possibilidades materiais o permitem. Individualizar para ser real A individualização e a especificidade são características que convêm ser analisadas juntas, pois se superpõem apenas parcialmente. Em linhas gerais, pode-se dizer que quanto maior o grau de individualização do doente, maior será a especificidade do remédio a prescrever. O tratamento homeopático individualiza o doente e a doença. Trata-se de uma terapêutica dirigida a um ser humano que padece de uma situação de desequilíbrio. A individualização deve levar em conta um ser humano enfermo. Os dois elementos são fundamentais. Se a individualização só considerar a doença como generalização, o resultado será uma Homeopatia escassa, insuficiente, localizada. Se a individualização só considerar o ser humano, sem se referir à doença, a Homeopatia será um simples jogo de interpretação em que, de forma quase surrealista, a modalidade chegará a ser mais importante que o modalizado, e, na prática, o doente se sente bem, mas não se cura. O médico só recebe pacientes, isto é, seres humanos doentes. Não há dúvidas de que o desejo do doente é que o médico o cure e não que lhe mostre um caminho. Feitas essas considerações, vamos buscar um remédio baseado nas semelhanças da totalidade, em que os sintomas gerais passam a ser um fator preponderante. Porém, é necessário haver em sua patogenesia a presença da doença, que é o motivo indiscutível da consulta. 27 Especial QUANDO TRATAMOS PRECOCEMENTE, PODEMOS EVITAR AGRESSÃO DOS MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS, QUE ALIVIAM SINTOMAS, MAS CAUSAM POSSÍVEIS EFEITOS COLATERAIS Descobrir a causa A principal preocupação do médico homeopata é descobrir a origem da doença. O médico homeopata experimentado não se aflige para suprimir de imediato os sintomas enfermiços e atestáveis à sua capacidade objetiva, enquanto a verdadeira causa permanece latente, gerando o quadro doentio. Ele sabe que ali interferem fatores psíquicos, mentais e emotivos que provocam choques emocionais, geram desequilíbrio orgânico e então conduzem ao estado enfêrmico cuja remoção só é possível após o tratamento da causa mórbida. Como se fora um engenheiro hábil, o médico homeopata, antes de se preocupar com a brecha assinalada em uma parede fendida, cuida de perquirir a verdadeira natureza do terreno, responsável pela causa do efeito. Trabalhando em conjunto informações do box: Dr. Marcos Dias de Morais O papel do médico homeopata não é violentar a perfeita linha de montagem orgânica, mas auxiliá-la com uma terapêutica suave e energética. Essa é a função do medicamento homeopático, que age como um poderoso catalisador, despertando energia, acelerando reações no organismo psicofísico o potencial desarmonizado e operando através de sua energia infinitesimal potencializada. O fato de os cientistas de hoje não poderem atestar 28 a objetividade desse energismo assombroso não é porque ele não existe, mas porque a ciência humana ainda é demasiadamente precária para obter tal prova. A incapacidade científica para verificar a realidade do fenômeno homeopático de modo algum implica negar o poder eficiente das suas diluições. Evidentemente, os cientistas da Idade Média teriam negado a possibilidade do controle e o sucesso da energia nuclear, mas, de modo algum, a sua descrença impediu ou invalidou o êxito da descoberta atômica no século XX. No caso da Homeopatia, a crítica é ainda menos compreensível, pois trata-se de medicina que escapa à aferição dos cinco sentidos físicos. Mediante as recentes aplicações terapêuticas do som e da radioatividade e a conquista da energia atômica, pode-se comprovar, atualmente, o poder extraordinário do infinitesimal, assim como a realidade poderosa do mundo da energia oculta aos sentidos físicos. Independente de qualquer época, a Homeopatia sempre contou com os mais avançados recursos terapêuticos de êxito seguro, pois só aplica os princípios e as regras estabelecidas por Hahnemann, os quais são definitivos, sólidos e imutáveis tanto quanto as próprias leis que regem os fenômenos da vida humana. Malgrado a opinião de muitos médicos não homeopatas, que ainda guardam prevenções contra a Homeopatia, jamais poderá ela ser destronada da magnitude de ser uma terapia bastante sensata para o homem. HOMEOPATIA NO TRATAMENTO DAS DOENÇAS Na Homeopatia não existe remédio para alergias, asma, infecções, etc. O que existe é um tratamento para o paciente alérgico, para o paciente asmático, ou seja, procura identificar o desequilíbrio de cada ser que está enfermo, e como cada um demonstra sua doença, através de sua maneira particular e única no seu sofrer. No caso de uma amigdalite, por exemplo, os sintomas de dor, mau hálito, febre, são comuns neste quadro infeccioso. Só com estes sintomas, o Homeopata não poderá tratá-la. Mas quando um paciente começa a referir que a dor de garganta piora quando engole líquidos, mais do que com sólidos, e também com alimentos quentes, esta amigdalite começa a ser diferente daquela em que o outro relata doer mais quando engole sólidos, e alimentos frios. Para a Alopatia, um único antibiótico bastaria. Para a Homeopatia não, a seleção de medicamentos para o exemplo acima será de produtos diferentes para cada um deles, pois cada um está demonstrando no mesmo processo infeccioso, sintomas particulares de cada um. Com a Homeopatia, retorna a figura do Médico de Família, aquele que no passado cuidava de todos os membros da família, pois como na Homeopatia não existe subespecialidades médicas, sua abrangência vai desde a infância até a velhice, podendo ser tratados tanto os casos agudos (pneumonias, infecções de garganta...) quanto os crônicos (asma, hipertensão...).
Documentos relacionados
Apresentando_Homeopatia
a origem, contrapondo ao secundário ou derivado, procurando sempre perceber o elo, a lei
ou o princípio que rege e une todos os fenômenos.
Para Hipócrates, este sopro vivificador e organizador da v...