ANÁLISE DO CONTEÚDO DE FUNGOS NOS LIVROS DIDÁTICOS
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ANÁLISE DO CONTEÚDO DE FUNGOS NOS LIVROS DIDÁTICOS
0 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ALINE DA COSTA SILVA ANÁLISE DO CONTEÚDO DE FUNGOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO INDICADOS PELO PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO 2012 São Paulo – SP 2014 1 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ALINE DA COSTA SILVA ANÁLISE DO CONTEÚDO DE FUNGOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO INDICADOS PELO PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO 2012 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus São Paulo como um dos requisitos à obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas Orientador: Prof. Dr. Nelson Menolli Junior São Paulo – SP 2014 2 BANCA DE AVALIAÇÃO ____________________________________________ Orientador Prof. Dr. Nelson Menolli Junior Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo CCT/Biologia ____________________________________________ Membro Titular Externo Dra. Marina Capelari Instituto de Botânica Núcleo de Pesquisa em Micologia ____________________________________________ Membro Titular Interno Profa. Ma. Caroline Arantes Magalhães Castilhone Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo CCT/Biologia ____________________________________________ Suplente Externo Dr. Jadson José Souza de Oliveira Instituto de Botânica Núcleo de Pesquisa em Micologia ____________________________________________ Suplente Interno Profa. Dra. Maira Cortellini Abrahão Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo CCT/Biologia São Paulo, 21 de maio de 2014 3 Com todo amor e carinho aos meus queridos avós Otacílio e Maria do Socorro, a quem devo tudo nessa vida. Amo vocês, pra sempre! 4 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a Deus e à Maria Mãe Santíssima por me abençoar todos os dias e colocar em meu caminho pessoas tão maravilhosas, como as que citarei nesta seção de agradecimentos. Pai e Mãe, muito obrigada, minha vida é consagrada a vocês! Agradeço minha amada família (vó Socorro e vó Cilo), meus irmãos (Andréia e Caique), meu cunhado e amigo (Dimas), minha sobrinha (Maria de Fátima), o Tio Marcos e a Márcia, e meus queridos pais (Benvina e Marcos Antonio) que me ensinaram a ter objetivos na vida e levá-los a sério. Por confiarem em meus sonhos, mesmo nos mais loucos, e me ensinarem a acreditar que é possível realizá-los, além de me mostrarem que trabalho duro, perseverança, simplicidade, honestidade e, principalmente, humildade, são ferramentas fundamentais para atingirmos nossas metas. Obrigada, amo vocês! Agradeço também meus amigos do coração: Juh Gaudêncio, Fernanda Baiana e Hermano. Obrigada por tudo! Nesta etapa tão importante de minha vida, a amizade de vocês foi sinônimo de força. A cada dia que passa mais tenho certeza que “nossos destinos foram traçados na maternidade” (rs). Juliano, meu mais que amigo, também tenho muito a te agradecer. Obrigada por estar ao meu lado, por me fazer feliz, pela amizade verdadeira e por sempre acreditar na minha capacidade. Com você sinto que “o melhor da vida sempre vem de graça”. Obrigada por existir! De todo o meu coração agradeço meus companheiros de turma: Arnold (eterno professor do Estado), Dani Dani (inteligência pura!!), Bruna (Mafalda), Thata (Manola), Ana Carolina (a amiga rica), Jú (a melhor amiga do oceano), Flavinha, Ítalo Cássio (Together Forever), Taís, Thayná, Carina (Tá boazinha?!) e a Camila (Irmã Camila). Sou eternamente grata a cada um de vocês pelo companheirismo, amizade, risadas e também pelos bons e maus momentos juntos. Muito obrigada por abastecerem meu estoque de alegria nesta etapa tão importante da minha vida. Vocês são as pessoas mais “a cara do Brasil” que eu já conheci! Dani Dani, você é um caso à parte, até mesmo, porque meu “muito obrigada” não traduz toda 5 minha gratidão. Que Deus te abençoe cada dia mais, para que você seja muito feliz e ganhe muito dinheiro (rs). Te adoro! Também sou muitíssimo grata a todos os meus companheiros do grupo “Juntos Em Missão”, por me ensinarem, mesmo diante da falta de tempo e dificuldades, a praticar o bem e levar o amor aonde mais se necessita. Que São Francisco de Assis os proteja sempre! Agradeço a todos aos professores do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSP, neste momento de conquista não poderia deixar de transmitir a vocês todo meu carinho e gratidão. Agradeço, hoje e sempre, não só pelo conhecimento cedido, mas também pelas discussões enriquecedoras, pelas piadas, pelas boas risadas (que muitas vezes salvaram as aulas em meio as goteiras do IF), pela compreensão, e pelas dificuldades impostas a mim, que às vezes me aborrecia, mas também mostrara que eu era capaz. Em especial, agradeço aos professores Paulo Sergio de Carvalho, Flávio Krzyzanowski Júnior, José Otávio Baldinato, André Perticarrari e Renata Duarte de Souza Rodrigues, por todo aprendizado e pela convivência agradável e enriquecedora. Vocês me proporcionaram as melhores aulas que já tive, são os meus melhores exemplos. Obrigada por despertar em mim o amor pela educação. Agradeço também ao meu orientador, Professor Nelson Menolli Junior, por todo aprendizado, dedicação, confiança, paciência e apoio ao longo da construção deste trabalho. Professor, o senhor é um excelente orientador! Muito obrigada!!! Meus agradecimentos a todos que me ajudaram na construção deste trabalho: o Professor André Perticarrari e a Dra. Marina Capelari (por revisar este trabalho e pelas valiosas contribuições), à Dra. Rosely A. P. Grandi (pelas informações sobre os fungos conidiais), ao meu querido amigo Douglas Lima Santos (pela tradução dos resumos da monografia e artigo), às amigas Thayná Moura e Flávia Ribeiro (por me indicarem várias das referências citadas neste trabalho), à Professora Priscila da Silva (por gentilmente me emprestar seu Raven) e à Dra. Marina Capelari, a Ma. Caroline Arantes Magalhães Castilhone e ao Dr. Jadson José Souza de Oliveira (pela atenção dada ao meu trabalho). 6 Por fim, agradeço a todos aqueles que de algum modo, contribuíram para realização deste trabalho. Sei da importância da gratidão e também sei que nessa vida não conquistamos nada sozinhos, por isso, mesmo aqueles que por ventura eu esqueci, meu pedido de perdão e meus sinceros agradecimentos. 7 “A boa educação é moeda de ouro. Em toda parte tem valor”. António Vieira 8 RESUMO O livro didático faz parte do cenário educacional brasileiro desde 1929 e atualmente é considerado um dos recursos pedagógicos mais difundidos em nosso país. Pesquisas recentes têm revelado que, mesmo com o desenvolvimento de novas tecnologias, o livro didático continua sendo o companheiro mais fiel do professor e um recurso indispensável para os alunos, principalmente aqueles provenientes de escolas públicas e classes sociais mais baixas. Nos últimos anos, o Ministério da Educação (MEC), preocupado com a qualidade desse recurso, vem realizando uma criteriosa avaliação pedagógica de todos os livros didáticos destinados aos estudantes do país, através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Porém, mesmo com a avaliação do MEC, as obras ainda exibem problemas que podem comprometer o aprendizado dos alunos. Dessa forma, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas que complementem o trabalho realizado pelo PNLD. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo analisar como os fungos, organismos de extrema importância ecológica, médica e econômica em nosso planeta, são abordados nos livros didáticos de biologia destinados aos alunos do ensino médio. Oito obras da coleção PNLD 2012 foram analisadas, tendo como subsídio cinco critérios básicos: abordagem teórica, abordagem ecológica, abordagem social, abordagem visual e abordagem complementar. Os resultados desta pesquisa indicam a necessidade de melhoria dos livros didáticos em relação ao conteúdo de fungos, principalmente em questões relacionadas aos critérios de abordagem teórica, ecológica e visual, já que a maioria das obras analisadas apresentaram erros conceituais e/ou informações que precisam ser reformuladas. 9 ABSTRACT The textbook is part of the Brazilian educational scene since 1929 and it is currently considered one of the most widespread teaching resources in our country. Recent research has revealed that even with the development of new technologies, the textbook remains the most faithful companion teacher and an indispensable resource for students, mainly for those from public schools and lower social classes. In recent years, the Ministry of Education (MEC), concerned with the quality of this resource has been conducting a thorough review of all educational textbooks for students in the country, by the National Textbook Program (PNLD). However, even with the evaluation of the MEC, the textbooks still show problems that can compromise student learning. Thus, it is necessary to develop research that complement the work done by PNLD. In this sense, the present study aimed to examine how the fungi, organisms of extreme ecological, medical and economical on importance our planet, are addressed in biology textbooks intended for high school students. Eight titles from PNLD 2012 collections were analyzed, taking as input five basic criteria: theoretical, ecological, social, visual and complementary approaches. The results of this research indicate a need for improvement of textbooks in relation to the contents of fungi, mainly on issues related to the theoretical, ecological and visual approaches, because most of the books analyzed showed conceptual errors and/or information that need to be reformulated. 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 13 2.1 O LIVRO DIDÁTICO .......................................................................................................... 13 2.1.1 Histórico do Livro Didático na Educação Brasileira e o Programa Nacional do Livro Didático ....................................................................................................................... 14 2.1.2 O Livro Didático e o Ensino de Biologia .................................................................... 16 2.1.3 Análise de Livros Didáticos ........................................................................................ 17 2.1.3.1 Análise de livros didáticos de biologia .................................................................... 18 2.2 OS FUNGOS ....................................................................................................................... 20 2.2.1 Caracterização Morfológica e Reprodução ............................................................... 21 2.2.2 Classificação ................................................................................................................. 22 2.2.3 Modo de Vida, Importância Ecológica e Relações Simbióticas ............................... 23 2.2.4 Importância Social, Médica e Econômica ................................................................. 26 2.3 OS FUNGOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................................................. 32 2.3.1 O Ensino de Micologia e os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio ................................................................................................................................................. 33 3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 35 3.1 LIVROS ANALISADOS ........................................................................................................ 35 3.2 CRITÉRIOS DE ANÁLISE .................................................................................................... 36 4 RESULTADOS .................................................................................................................. 37 REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................38 ARTIGO: Análise do conteúdo de fungos nos livros didáticos de biologia do ensino médio indicados pelo Programa Nacional do Livro Didático 2012 ...................................................48 11 INTRODUÇÃO O livro didático é um dos recursos pedagógicos mais difundidos em nosso país (DINIZ; TOMAZELLO, 2006; SOUSA; OLIVEIRA; SANTOS, 2011) e, portanto, deve ser considerado “uma fonte viva de sabedoria” (NÚÑEZ et al., 2003, p. 1). Em alguns casos, especialmente nas disciplinas vinculadas às ciências da natureza, como no caso da biologia, esse recurso se torna ainda mais importante, pois muitas vezes é o único material de base disponível tanto aos professores quanto aos alunos (BATISTA; CUNHA; CÂNDIDO, 2010). Um livro didático claro, objetivo, sem contradições e erros conceituais e, principalmente, que contenha informações que instiguem a discussão sobre o conteúdo teórico para convertê-lo em conhecimento, pode contribuir para elevar a qualidade do aprendizado dos alunos, em especial daqueles que utilizam esse recurso fora da sala de aula (VASCONCELOS; SOUTO, 2003). Xavier, Freire e Moraes (2006) consideram que, diante da importância dos livros didáticos na educação brasileira, é de grande valor a realização de pesquisas que visem avaliar a qualidade dos conteúdos abordados nesses livros. Neste sentido, o presente trabalho pretende contribuir com pesquisas como essas, através da análise do conteúdo de fungos nos livros didáticos de biologia selecionados e aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático 2012 (PNLD) do Ministério da Educação (MEC). Vale ressaltar que o conhecimento sobre os fungos é de suma importância para os alunos e lhes permite entender sua diversidade de funções, desde aquelas que de algum modo beneficiam outros seres vivos, até aquelas que prejudicam, pois, apesar de alguns fungos serem patogênicos, causando doenças em plantas e animais, não podemos desviar o olhar dos inúmeros benefícios que obtemos desses seres (CAIN, 2010). A importância e influência dos fungos em nosso dia a dia é evidente na natureza, onde atuam como agentes decompositores, o que é fundamental para manutenção da vida na Terra (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Os fungos patogênicos também são muito importantes, pois exibem implicações diretas na saúde humana e no desenvolvimento da agricultura (CAIN, 2010). Além disso, muitos fungos têm papel de destaque em vários setores industriais, sendo empregados na produção de alimentos, bebidas, combustíveis e remédios (CAIN, 2010; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Assim, diante da importância social, ecológica, médica e econômica dos fungos, bem como do relevante papel dos livros didáticos na construção do conhecimento escolar e na vida cotidiana dos alunos, o presente trabalho teve como objetivo analisar as diferentes abordagens 12 sobre o conteúdo de fungos nos livros didáticos de biologia do ensino médio selecionados pelo PNLD 2012, a fim de contribuir com discussões para a melhoria dos livros didáticos de biologia, em especial, aquelas relacionadas ao conteúdo de fungos. 13 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O LIVRO DIDÁTICO De acordo com Fracalanza, Amaral e Gouveia (1986), o livro didático é um recurso que tem um lugar de destaque na educação brasileira, atrás somente da lousa/giz e caderno do aluno. Pesquisas recentes têm revelado que mesmo com o desenvolvimento de novas tecnologias, o livro didático continua sendo o companheiro mais fiel do professor e um recurso indispensável para os alunos, principalmente para aqueles provenientes de escolas públicas e classes sociais mais baixas, onde há uma carência da utilização de outros recursos pedagógicos (NÚÑEZ et al., 2003). Atualmente, o livro didático assume diferentes funções perante a educação brasileira, tornando-se o principal controlador do currículo, uma vez que os professores o utilizam para organizar e sequenciar os conteúdos de suas aulas, já que esse material oferece uma síntese lógica e ordenada dos conhecimentos (OLIVEIRA; SILVA; SANTOS, 2012). Além disso, o livro didático destaca-se como uma importante fonte de informações no dia a dia dos alunos e, em muitos casos, trata-se da únicafonte de saber científico que o aluno interage ao longo da vida (FRANÇA; MARGONARI; SCHALL, 2011). Para o professor, o livro didático também representa uma importante ferramenta de apoio já que, diante das reais condições de trabalho desse profissional, que inclui ausência de outros recursos pedagógicos e baixos salários, o professor se vê induzido a utilizar o livro didático como principal ferramenta de suporte para preparar e conduzir suas aulas (SATO, 2003). Diante da real situação do professor na educação brasileira, o livro didático torna-se um instrumento que facilita a prática docente de maneira significativa, pois oferece ao professor uma série de materiais, como textos, exercícios e sugestões de atividades práticas (CARVALHO; LIMA, 2010), o que torna esse recurso um material indispensável ao trabalho diário na escola (DINIZ; TOMAZELLO, 2006). Porém, vale ressaltar que apesar do livro didático ter um papel fundamental no ensino, ele não deve ser a única fonte de referência para professores e alunos no cotidiano escolar (ROSA; RIBAS; BARAZZUTTI, 2012). De acordo com Soares (2001), o livro didático é um recurso que anda de mãos dadas com a escola e indispensável à vida escolar dos alunos. Não é a toa que hoje o livro didático é um recurso distribuído gratuitamente a todos os estudantes de escolas públicas do país (BRASIL, 2011a) e, portanto, sendo considerado uma “fonte viva de sabedoria” (NÚÑEZ et al., 2003, p. 1). 14 2.1.1 Histórico do Livro Didático na Educação Brasileira e o Programa Nacional do Livro Didático Oficialmente o livro didático faz parte do cenário educacional brasileiro desde 1929, quando o Estado criou o Instituto Nacional do Livro (INL), um órgão específico para cuidar das políticas nacionais do livro didático (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012a). Mais tarde, em 1938, com a formação da Comissão Nacional do Livro Didático, instituiu-se a primeira política de legislação para o livro didático no país, estabelecendo condições para produção, importação e utilização desse recurso pedagógico (BRASIL, 1938). Dessa forma, o livro didático foi se tornando um instrumento cada vez mais presente nas salas de aula e, em 1985, através do Decreto nº 91.542, de 19 de agosto de 1985 (BRASIL, 1985), criou-se o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), programa que ainda hoje é o responsável por todos os assuntos relacionados ao livro didático no país (BRASIL, 2011a), inclusive pela avaliação pedagógica das obras, que teve início em 1996 (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012a). Segundo o Ministério da Educação (MEC), o principal objetivo do PNLD é “subsidiar o trabalho pedagógico dos professores por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educação básica” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2013). Atualmente, a execução desse programa está a cargo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia federal ligada ao MEC, responsável por executar, de maneira centralizada, o PNLD a partir de recursos oriundos principalmente do Salário-Educação (HÖFLING, 2000), que é uma contribuição social creditada por empresas de todo país e destinada ao financiamento de programas, projetos e ações educacionais (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012b). No início de sua execução, em 1985, o PNLD tinha como meta o atendimento a todos os alunos de primeira a oitava série do primeiro grau (ensino fundamental I) das escolas públicas do país (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012a). A distribuição de obras didáticas para o ensino médio teve início somente em 2005, após a implantação do Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio - PNELEM (BRASIL, 2011a; FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012a). A princípio, os livros contemplados pelo PNLEM eram apenas dos componentes curriculares de língua portuguesa e de matemática. Os livros didáticos de biologia começaram a ser distribuídos somente em 2007 e apenas em 2008 houve a universalização do programa 15 com a distribuição de livros para as disciplinas de química, física, história e geografia (BRASIL, 2011a). Mais recentemente, em 2010, os livros de inglês, espanhol, sociologia e filosofia foram acrescentados ao programa de distribuição de livros (BRASIL, 2011a). Nesse mesmo ano, a partir da publicação do Decreto 7.084, de 27 de janeiro de 2010 (BRASIL, 2010), que regulamentou a avaliação e distribuição de materiais didáticos para toda a educação básica, o antigo PNELEM foi incorporado ao PLND. Dessa forma, hoje, o PNLD é o único programa que regula a distribuição de livros didáticos aos estudantes do ensino fundamental e médio de todo país (BRASIL, 2011a). Outro ponto importante a respeito dos livros didáticos é que desde 1996 o MEC vem realizando a avaliação pedagógica dos livros didáticos destinados aos alunos do ensino básico (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012a), cujo objetivo é fornecer aos estudantes livros didáticos de maior qualidade (NÚÑEZ et al., 2003). Segundo Engelke (2009), em especial no caso da biologia, após o início das avaliações do MEC, é perceptível o número de alterações nos livros em relação à qualidade dos textos, arte, papel, ilustrações e esquemas. O processo de seleção de livros didáticos pela equipe do MEC é feito a partir da divulgação de um edital para que as editoras submetam suas obras ao processo de avaliação. Inicialmente as obras inscritas nesse edital são analisadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) quanto aos aspectos técnicos editoriais previstos no edital e, posteriormente, as obras são encaminhadas para uma avaliação pedagógica (BRASIL, 2011b). Na avaliação pedagógica os livros são avaliados quanto à abordagem dos conceitos e conhecimentos, ilustrações, linguagem, proposta pedagógica, orientação à pesquisa, adequação ao público-alvo, ética e cidadania (FRANÇA; MARGONARI; SCHALL, 2011). A equipe de avaliadores do MEC é composta por especialistas de diferentes áreas do conhecimento, como professores e pesquisadores que atuam no ensino superior, em nível de graduação e pós-graduação, e professores que atuam no ensino médio da rede pública de diferentes regiões do país (BRASIL, 2011b). A avaliação do MEC conclui-se com a elaboração do Guia do Livro Didático, um guia que contem uma resenha com informações e detalhes das obras selecionadas e aprovadas pelo PNLD (BRASIL, 2011b). Esse guia serve como subsídio para que, na escola, os professores selecionem o livro didático a ser adotado pela unidade escolar nos próximos três anos letivos (BRASIL, 2011b). A escolha do professor deve levar em conta o perfil de sua escola e o real contexto de vida de seus alunos (NÚÑEZ et al., 2003). Segundo Libâneo (1994), a seleção de livros didáticos a serem utilizados na escola é de grande importância, por isso a escolha do 16 professor deve estar pautada nos objetivos da proposta político-pedagógica da unidade escolar e no processo de elaboração do currículo da escola, sempre com foco nos alunos. 2.1.2 O Livro Didático e o Ensino de Biologia Segundo Krasilchik (2008, p. 11), a biologia pode ser considerada “uma das disciplinas mais relevantes e merecedoras da atenção dos alunos, ou uma das disciplinas mais insignificantes e pouco atraentes, dependendo do que for ensinado e de como isso for feito”. Assim, o livro didático, como um recurso a serviço da educação, deve ser um instrumento capaz de traduzir com maior intensidade as relações da biologia com o mundo em que vivemos, capaz, enfim, de contribuir para a construção de um conhecimento mais significativo para o estudante (FARIAS; BESSA; ARNT, 2012). Afinal, aprender biologia não é somente uma exigência para conclusão do ensino médio, pois muitos conhecimentos importantes dessa disciplina acompanham toda a vida do estudante, mesmo depois que ele finaliza o processo da educação básica (BRASIL, 2000). Porém, a biologia muitas vezes é tida pelos estudantes como uma disciplina complexa e com nomes difíceis, onde a prática da “decoreba” é muito comum (GONÇALVES, 2010). Nesse sentido, Marandino, Selles e Ferreira (2009, p. 87) ilustram o tema questionando “quem não se lembra, por exemplo, dos inúmeros termos biológicos que povoam os livros didáticos de biologia?”. Por isso, escrever um livro didático é um grande desafio para os autores, pois além de abordar conteúdos amplos, ele não pode cair no erro de trazer muitas informações desconexas a ponto de tornar o livro didático algo enciclopédico que desestimule o interesse do leitor (ROSA; MOHR, 2010). Quando esse objetivo não é alcançado, o livro didático passa a contribuir para a formação de indivíduos treinados para repetir conceitos, aplicar fórmulas e armazenar termos, sem, no entanto, reconhecer possibilidades de associá-los ao seu cotidiano (VASCONCELOS; SOUTO, 2003). Por isso, Krasilchik (2008, p. 66) ressalta que é muito importante que o professor de biologia saiba analisar e escolher o livro didático mais indicado para seus alunos, pois “uma escolha mal feita acarreta prejuízos no mínimo para todo o ano letivo”. Krasilchik (2008) ainda sugere pontos importantes a serem observados e que indicam o grau de qualidade de um bom livro didático de biologia, incluindo conteúdo (é relevante, atualizado e interessante?), perguntas (exigem mais do que a leitura do texto? Propõem problemas novos?) ilustrações (esclarecem o texto?) e linguagem (adequada ao nível dos alunos?). 17 Nesse sentido, os livros didáticos de biologia têm, junto à escola, uma missão que vai além da abordagem de conceitos e descrições funcionalistas (morfológicas e fisiológicas) dos diferentes grupos de seres vivos (GELAPE; MENDES, 2005), tendo a difícil tarefa de estimular os alunos a pensarem, formularem hipóteses e chegarem às próprias conclusões, transformando o conhecimento apresentado em aprendizado real (VASCONCELOS; SOUTO, 2003). 2.1.3 Análise de Livros Didáticos O livro didático é um dos recursos pedagógicos de mais fácil acesso nas escolas brasileiras, tanto é que o Brasil é o país que mais compra livros didáticos em todo o mundo (SILVA, 2007). O MEC, preocupado com a qualidade desse recurso pedagógico vem desde 1996, através do PNLD (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012a), realizando uma análise criteriosa desse recurso que é considerado o principal veículo de informação científica nas escolas brasileiras (ENGELKE, 2009). Segundo Vasconcelos e Souto (2003), ao longo dos últimos anos, as análises do MEC resultaram em consideráveis melhorias nos livros didáticos destinados ao ensino fundamental e médio, incluindo a correção de erros conceituais, a reestruturação a partir da atualização de conteúdos ou até mesmo a suspensão da comercialização de títulos reprovados. Porém, de acordo com Espínola (2007), mesmo com os visíveis avanços devido à avaliação do MEC, a produção científica acerca das obras didáticas vem demonstrando que até mesmo os livros aprovados pelo MEC contêm numerosas inadequações conceituais, informações incorretas, excesso de atividades com caráter de memorização e carência de recursos adicionais apropriados. Nesse contexto, diversos trabalhos têm analisado conteúdos específicos das mais diversas áreas do conhecimento em livros didáticos destinados ao ensino básico, dentre eles Olim (2010) que examinou as imagens em livros de história; Nascimento (2012) que analisou como o tópico categoria trabalho é abordado em livros de sociologia; Silva, Novaes e Parahyba (2009) que averiguaram como o tema desertificação é abordado em livros de geografia; e Moura (2004) que analisou a abordagem gramatical em livros de língua portuguesa. No campo das Ciências da Natureza e Matemática pode-se citar os trabalhos de Lopes e Alves (2013) que analisaram os aspectos relacionados à história da matemática em livros de matemática; Monteiro e Carvalho (2011) que pesquisaram como o conteúdo de acústica é 18 apresentado nos livros de física; Mendonça, Campos e Jófili (2004) que avaliaram como o conceito de óxido-redução é abordado nos livros de química orgânica; e Cândido et al. (2012) que analisaram a abordagem contextual do conteúdo de ligações químicas em livros de química. 2.1.3.1 Análise de livros didáticos de biologia No campo da biologia, várias pesquisas têm se dedicado a analisar como os conteúdos relacionados ao estudo da vida são abordados em livros didáticos destinados ao ensino médio. Por exemplo, Xavier, Freire e Moraes (2006), que investigaram a presença de textos relacionados a nova biologia nas obras didáticas, chegaram à conclusão que há uma grande carência de conteúdos da genética moderna (como transgênicos, células-tronco, Projeto Genoma e testes de paternidade por DNA) nos livros de biologia. A necessidade de reformulação desses materiais vai ao encontro das indicações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000) que ressaltam a contribuição que esses conteúdos têm para que os alunos compreendam os impactos do conhecimento científico na sociedade e também reflitam sobre os aspectos éticos, morais e econômicos envolvidos na produção científica e tecnológica. Engelke (2009), ao analisar a temática evolução, verificou que as obras didáticas estão organizadas de modo a não favorecer o entendimento das teorias evolutivas, além de omitirem aspectos históricos e culturais envolvidos ao longo da construção dessas teorias. O autor também percebeu que o tema evolução é tratado nos livros didáticos de maneira isolada, o que não atribui a devida importância da teoria evolutiva para a biologia como uma ciência. De acordo com Engelke (2009, p. 22): Se os livros e os professores trouxessem a teoria da evolução junto com as outras temáticas da Biologia e não de forma isolada como ela se apresentou nos livros analisados, possivelmente a forma de ver a teoria evolutiva seria muito diferente. Abordar a evolução isoladamente no livro como sendo mais uma outra “matéria” da biologia, tira o sentido unificador da teoria não atribuindo a devida importância a ela, tanto para a compreensão da Biologia como ciência unificada, quanto para a própria forma dos estudantes verem o mundo.. Batista, Cunha e Cândido (2010), ao analisarem a temática virologia, verificaram que as obras didáticas pouco dedicaram-se a associar o conteúdo de vírus com a realidade do aluno, o que não favorece a aprendizagem significativa. França, Margonari e Schall (2011), 19 que averiguaram como os conteúdos de leishmaniose são abordados nos livros de ciências e biologia encontraram erros conceituais em todas as dezesseis obras analisadas. O estudo de Teixeira, Sigulem e Correia (2011), que avaliou a relevância dos conteúdos de nutrição em nove livros de biologia, levando em conta a qualidade das informações com os conhecimentos atuais, e classificando-os como “suficiente” (conteúdo presente nas obras didáticas em concordância com os conhecimentos atuais), “insuficiente” (conteúdo parcialmente presente nas obras didáticas em concordância com os conteúdos atuais) ou “ausente” (conteúdo não abordado), perceberam que os conteúdos de nutrição precisam ser melhor trabalhados nas obras didáticas: Quanto ao grau de relevância do conteúdo, foram classificadas como “suficiente” as informações relacionadas à água em apenas 11% dos livros analisados. As variáveis “carboidratos”, “proteínas”, “gorduras” e “vitaminas” foram consideradas 100% insuficientes e, em 67% dos livros, informações sobre fibras estiveram ausentes. Já as variáveis “pirâmide dos alimentos” e “aleitamento materno” apresentaram, respectivamente,78 e 56% de ausência de informações (TEIXEIRA; SIGULEM; CORREIA, 2011, p. 562) De modo diferente, o trabalho de Medeiros (2012) registrou a presença de informações importantes e de relevância para a aprendizagem significativa dos alunos em relação ao conteúdo de ofidismo nos livros didáticos. Medeiros (2012) percebeu que a maioria dos autores se preocupou em fornecer informações de medidas preventivas para evitar acidentes ofídicos. O autor também relatou que não foram encontrados problemas conceituais graves em relação ao atendimento do acidentado ofídico, “como a preconização de condutas intempestivas do tipo uso de torniquetes, incisões nos locais da picada e tentativas de retirada do veneno por sucção do ferimento” (MEDEIROS, 2012, p.55), o que era muito frequente nos livros didáticos do passado e que colocava em risco tanto a vida do acidentado como do socorrista. Já sobre os fungos, apenas dois trabalhos (SILVA, 2009; ROSA E MOHR, 2010) dedicaram-se à análise do conteúdo de micologia em livros didáticos. Ambos, utilizaram como objeto de estudo os livros didáticos de ciências naturais, do ensino fundamental II (6º ao 9ºano). Silva (2009) analisou três obras didáticas da coleção PNLD 2008 (CRUZ, 2006; BARROS; PAULINO, 2006; GEWANDSZNAJDER, 2006) utilizadas na rede pública do município de Queimados, estado do Rio de Janeiro, enquanto que Rosa e Mohr (2010) analisaram cinco livros (BARROS; PAULINO, 2006; CANTO, 2004; CARO et al., 2006; CRUZ, 2006; GEWANDSZNAJDER, 2006) utilizados com maior frequência nas maiores escolas básicas municipais de Florianópolis, estado de Santa Catarina. 20 Silva (2009) verificou a presença de informações confusas e a ausência de exploração de temas importantes para os alunos, como, por exemplo, os fungos causadores de doenças. De acordo com Silva (2009), não abordar de maneira significativa o tema micose nos livros didáticos é uma situação preocupante, principalmente devido ao grande aumento da incidência de doenças causadas por fungos nos últimos anos. Já Rosa e Mohr (2010) encontraram pequenos erros em todas as obras analisadas, indicando a necessidade de aperfeiçoamento e reformulações das mesmas, já que tais erros podem levar os alunos a interpretações errôneas do conteúdo. Por exemplo, de acordo com os autores, uma das obras analisadas (CRUZ, 2006) abordou as estruturas básicas de um fungo (hifas e micélio) apenas quando cita um grupo específico do reino Fungi, o filo Basidiomycota, o que pode levar o aluno a entender que apenas os basiodiomicetos são formados por hifas. Outro problema foi em relação às imagens: duas obras analisadas (BARROS; PAULINO, 2006; GEWANDSZNAJDER, 2006) falharam ao exibir ilustrações de fungos sem representação de escala, inclusive algumas delas com sérias distorções da forma e do tamanho real das estruturas apresentadas, o que pode induzir a uma interpretação equivocada por parte dos alunos. 2.2 OS FUNGOS Os fungos compõem um grupo de organismos com mais de 97 mil espécies descritas (KIRK et al., 2008), porém, estima-se que a diversidade de espécies possa variar entre 1,5 ( A S ORT , 2001) e 5,1 milh es (BLACKWELL, 2011). Segundo Raven, Evert, Eichhorn (2014) cerca de 1.200 novas espécies de fungos são descobertas a cada ano. Hammond et al. (1995) acreditam que os fungos compõem o segundo maior grupo de seres vivos do planeta, suplantado apenas pelo grupo dos insetos, cuja estimativa chega a 8 milhões de espécies. Apesar da grande diversidade, os fungos compartilham uma série de características comuns que os distinguem dos demais grupos de seres vivos. Porém, vale salientar que, apesar de os fungos já terem sido tratados como plantas, hoje eles constituem um dos cinco reinos biológicos propostos por Whittaker (1969), sistema de classificação utilizado pela grande maioria dos livros didáticos destinados ao ensino médio, como Amabis e Martho (2010), Mendonça e Laurence (2010), Pezzi, Gowdak e Mattos (2010), Santos, Aguilar e Oliveira (2010) e Silva, Sasson e Caldini (2010). Estudos morfológicos, citológicos e bioquímicos são os grandes responsáveis pela distinção entre plantas e fungos, reunindo os 21 fungos em um único grupo conhecido como reino Fungi (WHITTAKER, 1969; BONONI, 1998). 2.2.1 Caracterização Morfológica e Reprodução Os fungos são organismos eucariontes, heterotróficos, aclorofilados, unicelulares ou multicelulares, e geralmente filamentosos (PUTZKE; PUTZKE, 2004; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). A presença de parede celular constituída essencialmente de quitina, mas também contendo carboidratos complexos como os β-glucanos, é uma característica comum aos fungos (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; KIRK et al., 2008). Assim como os animais e bactérias, o glicogênio é a principal substância de reserva desses organismos, apesar de que algumas espécies também armazenam lipídeos como fonte de reserva (BOURETT; JAMES; HOWARD, 2007; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). A nutrição dos fungos se dá por absorção de substâncias, de forma que eles secretam enzimas digestivas (exoenzimas) que hidrolisam as macromoléculas da fonte de alimento, tornando-as assimiláveis (BONONI, 1998; TRABULSI; ALTERTHUM, 2005). Vale salientar que os fungos apresentam um poderoso aparato enzimático, capaz de hidrolisar uma gama de compostos químicos de alta complexidade, como quitina, osso, couro e até materiais plásticos (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005). A estrutura corpórea dos fungos filamentosos é formada basicamente por finos filamentos ramificados chamados de hifas que, em conjunto, formam o micélio, uma rede tubular que se espalha em diferentes direções no substrato que serve de nutrição para o fungo (PUTZKE; PUTZKE, 2004; ALMEIDA, 2008; ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996). As hifas de fungos filamentosos podem ser septadas, quando apresentam septos separando um ou mais núcleos, ou cenocíticas, quando não há compartimentalização de células, de forma que há um citoplasma comum contendo centenas ou milhares de núcleos espalhados (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; CAIN, 2010; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). É importante ressaltar que muitas espécies de fungos crescem de forma exclusivamente unicelular, sendo então comumente referidas como leveduras (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; CAIN, 2010; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Outras espécies desenvolvem-se tanto na forma unicelular como filamentosa, alternando uma forma ou outra de acordo com as condições ambientais, sendo chamados de fungos dimórficos (ALMEIDA, 2008; CAIN, 2010). Um exemplo de fungo dimórfico é o Saccharomyces cerevisiae que em culturas de laboratório ou em locais com 22 pronta disposição de nutrientes, os indivíduos se desenvolvem na forma leveduriforme, o que sugere que a fase filamentosa seja uma forma mais eficiente para procura de alimento (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). O desenvolvimento micelial, por sua vez, confere a esses organismos uma melhor forma para aquisição de alimento, visto que o micélio maximiza a relação área superficial/volume, tornando a absorção de nutrientes muito mais eficiente (ALMEIDA, 2008; CAIN, 2010). A reprodução dos fungos pode ocorrer de forma sexuada ou assexuada, sendo que cada grupo de fungos tem o desenvolvimento de diferentes células especializadas para o processo de reprodução (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; KIRK et al., 2008). O ciclo sexual envolve a união de hifas sexualmente compatíveis, geralmente de micélios diferentes, resultando na fusão de dois núcleos e seguido por uma divisão meiótica que restaura a condição haploide do fungo através da formação de esporos que permitem sua dispersão (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; CAIN, 2010). A reprodução assexuada, por sua vez, envolve o desenvolvimento de hifas especializadas na produção de esporos haploides por meio de mitose (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). O processo de fragmentação dos fungos filamentosos e o de fissão binária ou brotamento dos fungos leveduriformes também representam formas de reprodução assexuada comumente observadas (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Vale ressaltar que, na micologia, os fungos dois quais se conhece apenas o estágio de reprodução assexuada são denominados fungos anamórficos, enquanto aqueles que exibem somente o estágio de reprodução sexuada são denominados fungos teleomórficos (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; SILVA; COELHO, 2006; KIRK et al., 2008). Fungos que apresentam as duas formas de reprodução, sexuada e assexuada, são chamados fungos holomórficos (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; SILVA; COELHO, 2006; KIRK et al., 2008). 2.2.2 Classificação Tradicionalmente, até o inicio do século XXI, o reino Fungi era subdividido em quatro filos: Chytridiomycota, Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota (BARR, 1992; BRUNS et al., 1992; ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996; KIRK et al., 2001). Tal classificação ainda é adotada por alguns livros indicados para o ensino superior, como Nabors 23 (2012), e para o ensino médio, como Amabis e Martho (2010), Bizzo (2010), Linhares e Gewandsznajder (2010), Lopes e Rosso (2010) e Santos, Aguilar e Oliveira (2010). No entanto, é importante ressaltar que a sistemática e classificação dos fungos está em constante modificação, principalmente diante do aumento na utilização de técnicas de biologia molecular, de forma que, atualmente, Kirk et al. (2008) reconhecem oito filos para o reino Fungi: Chytridiomycota, Zygomycota, Ascomycota, Basidiomycota, Glomeromycota, Microsporidia, Blastocladiomycota e Neocallimastigomycota. Com exceção de Blastocladiomycota (JAMES et al., 2006b) e Neocallimastigomycota (HIBBETT et al., 2007) que foram descritos recentemente, e Microsporidia cuja posição junto ao reino Fungi ainda é contraditória por certos autores no meio científico (BLACKWELL et al., 2006; JAMES et al., 2006a), todos os demais filos (Chytridiomycota, Zygomycota, Glomeromycota, Ascomycota e Basidiomycota) podem ser facilmente incluídos nos sistemas de classificação abordados no ensino médio e superior. Exemplo disso pode ser verificado em livros didáticos mais recentes indicados para o ensino superior (CAMPBELL; REECE, 2010; BRESINSKY et al., 2012; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014) ou até para o ensino médio (STARR et al., 2012), que incluem Glomeromycota em sua classificação, filo proposto para incluir os fungos micorrízicos arbusculares segregados de Zygomycota (SCHUSSLER; SCHWARZOTT; WARKER, 2001). Raven, Evert e Eichhorn (2014) também incluem o filo Microsporidia em seu sistema de classificação. Além dos filos citados acima, que são usualmente tratados como ‘fungos verdadeiros’, o estudo dos fungos envolve ainda grupos artificiais como os chamados ‘fungos anamórficos’ (antigo Deuteromycota) ou aqueles referidos como ‘pseudofungos’ (Oomycota) e ‘fungos plasmodiais’ (Myxomycota) que apesar de serem tradicionalmente estudados por micólogos e possuírem algumas características semelhantes aos ‘fungos verdadeiros’, hoje esses dois últimos estão classificados respectivamente nos reinos Chromista e Protozoa (GRANDI, 1999; MILANEZ, 1999; KIRK et al., 2008). 2.2.3 Modo de Vida, Importância Ecológica e Relações Simbióticas Os cogumelos, mofos, bolores e leveduras estão entre os fungos mais conhecidos, porém a diversidade desses organismos é ainda maior, eles podem ser encontrados nos mais variados habitats: solo, água (doce e salgada), ar, gelo dos polos, plantas e animais (vivos ou mortos), restos de matéria orgânica ou até mesmo na geladeira da nossa casa (BONONI, 1998; PUTZKE; PUTZKE, 2004). 24 Na natureza, os fungos atuam como decompositores (sapróbios), parasitas ou então estabelecem relações simbióticas com outros organismos (PUTZKE; PUTZKE, 2004; CAIN, 2010). O papel decompositor dos fungos tem acentuado destaque na teia da vida, de forma que o impacto ecológico desses seres não pode ser subestimado, pois, junto com as bactérias, eles são os responsáveis pela ciclagem da matéria orgânica no planeta, o que possibilita a manutenção do estoque de nutrientes inorgânicos nos ecossistemas (CAIN 2010; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Sem a atuação dos fungos e outros organismos decompositores a dinâmica da vida estaria seriamente ameaçada, uma vez que eles disponibilizam os materiais necessários para que os organismos produtores incorporem e abasteçam o nível primário da cadeia alimentar (CAIN, 2010). Vale ressaltar que, por vezes, a atividade decompositora dos fungos entra em conflito com os interesses humanos, pois o variado aparato enzimático desses organismos é capaz de atacar tintas, combustíveis, fotos, móveis e outros materiais, causando inúmeros prejuízos (BONONI, 1998; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Na condição de parasitas, muitos fungos são famosos pela capacidade de causar doenças em plantas e animais (BRESINSKY et al., 2012). Cerca de 30% de todas as espécies de fungos vivem como patógenos ou parasitas (CAIN, 2010), sendo a grande maioria (aproximadamente 10.000 espécies) parasitas de plantas (BRESINSKY et al., 2012). Segundo Bresinsky et al. (2012), a ausência de um sistema imunológico especializado torna as plantas muito mais suscetíveis a infecções fúngicas, de modo que um único esporo fúngico é o bastante para causar uma infecção desastrosa, com potencial de levar o hospedeiro à morte. Ao contrário dos parasitas de plantas, o número de espécies fúngicas que causam prejuízos aos animais, incluindo o homem, é bem menor (PUTZKE; PUTZKE, 2004; ALMEIDA, 2008). De acordo com Almeida (2008), apenas cerca de 200 espécies de fungos foram descritas por estarem associadas a patologias relacionadas ao homem e outros animais. Os fungos também mantêm associações simbióticas mutualísticas com outros seres vivos, sendo as mais conhecidas as micorrizas, associação com raízes de plantas, e os liquens, associação com algas ou cianobactérias (PUTZKE; PUTZKE, 2004; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). A relação chamada de micorriza se dá entre as hifas fúngicas e as raízes de cerca de 90% de todas as plantas terrestres (CAIN, 2010; BRESINSKY et al., 2012). Nessa associação, as células do fungo, por ter uma maior eficiência na absorção de água e nutrientes do solo, envolvem as raízes das plantas e fornecem às células vegetais os materiais extraídos do solo; em contrapartida, a planta fornece ao fungo carboidratos obtidos a partir do processo de fotossíntese (BRESINSKY et al., 2012; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Essa 25 relação entre fungos e raízes de plantas representou uma adaptação fundamental para a colonização do ambiente terrestre pelas plantas, onde o solo dos ecossistemas primitivos não era rico em nutrientes e os fungos se tornariam mais eficientes na absorção de minerais do que as próprias raízes, de forma que muitas plantas só passaram a sobreviver se associadas aos fungos micorrízicos (CAIN, 2010; BRESINSKY et al., 2012). Muitos fungos micorrízicos também secretam fatores de crescimento que estimulam o desenvolvimento das plantas, desempenhando assim um importante papel no processo de nutrição vegetal (BONONI, 1998; CAIN, 2010). Já a formação dos liquens ocorre entre um componente fúngico (micobionte) e um componente fotossintetizante (fotobionte), de modo que as células fotossintetizantes ficam retidas no emaranhado de hifas do fungo (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). O fungo fornece ao fotobionte água e minerais extraídos do solo e da chuva, além de proporcionar um local úmido e protegido da luz solar intensa, sendo este um ambiente apropriado para o desenvolvimento das algas e cianobactérias (CAIN, 2010; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Nessa relação, o fotobionte fornece ao fungo compostos orgânicos derivados do processo de fotossíntese e, no caso das cianobactérias (fixadoras de nitrogênio), ocorre ainda o fornecimento de nitrogênio orgânico (CAIN, 2010; RAVEN; EVERT; EICHHORN; 2014). Cerca de 98% dos fungos que formam liquens são ascomicetos e os demais pertencem ao filo Basidiomycota (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Graças à grande capacidade de sobreviver em ambientes inóspitos, como áreas rochosas, solos nus, desertos e até mesmo em geleiras, os liquens são considerados organismos pioneiros na colonização de novos ambientes, contribuindo para o desgaste de rochas e a formação de solos e favorecendo, portanto, os processos de sucessão ecológica das plantas (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Além da formação de micorrizas e liquens os fungos também associam-se de forma mutualística com certas espécies de formigas cortadeiras. Nesse tipo de associação, as formigas, desprovidas de enzimas necessárias para a digestão de materiais vegetais, como a celulose, “cultivam” fungos em seus ninhos e os suprem com pedaços de folhas vegetais, ou seja, as formigas levam alimento ao fungo (BRESINSKY et al., 2012; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014;). O inseto, por sua vez, alimenta-se das hifas do fungo, cujas extremidades espessadas são ricas em carboidratos e proteínas assimiláveis pelas formigas (CAIN, 2010; BRESINSKY et al., 2012). De acordo com Cain (2010) essa relação entre fungos e formigas é tão específica que, em muitos casos, o fungo não consegue sobreviver sem as formigas e vice-versa. 26 Outra associação comum entre os fungos é a simbiose com plantas, onde os chamados fungos endófitos vivem entre as células das folhas ou outras partes das plantas sem causar nenhum dano (RAVEN; EVERT: EICHHORN, 2014). Segundo Raven, Evert e Eichhorn (2014), os endófitos, além de obterem da planta suas necessidades nutricionais, parecem também protegê-la, através da síntese de substâncias que evitam a herbivoria, como alguns tipos de alcaloides. Alguns endófitos também contribuem para aumentar a resistência da planta ao calor elevado, à falta de água e à presença de metais pesados (CAIN, 2010). Os fungos também podem associar-se com animais, sendo muito comum sua presença no trato digestivo de ruminantes e outros herbívoros (CAIN, 2010). Nesse tipo de associação, os fungos compartilham atividades digestivas com seus hospedeiros, auxiliando na degradação de compostos que o hospedeiro não é capaz de digerir, como a celulose (BRESINSKY et al., 2012). Um grupo de fungos conhecidos como fungos predadores representam organismos predadores-facultativos que se alimentam de pequenos animais (nematódeos e rotíferos) e algas móveis (Euglena spp.). Esses fungos, dependendo da espécie, utilizam de diferentes estratégias para capturar sua “presa” (BRESINS Y et al., 2012). O basidiomiceto Pleurotus ostreatus, por exemplo, libera anestésicos que paralisam pequenos vermes e depois suas hifas envolvem e penetram no corpo do animal (RAVEN; EVERT: EICHHORN, 2014). Outros fungos podem secretar substâncias pegajosas em suas hifas de forma que pequenos animais fiquem aderidos a elas (RAVEN; EVERT: EICHHORN, 2014). Fungos do gênero Arthrobotrys possuem hifas especializadas com um anel em formato circular que lhes auxiliam a aprisionar pequenos nematódeos (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). De acordo com Soares (2006), atualmente os fungos predadores vem sendo tema de diversas pesquisas voltadas para o controle biológico de vermes que causam danos à agricultura, principalmente diante das crescentes restrições ao uso de agrotóxicos. 2.2.4 Importância Social, Médica e Econômica Segundo Bononi (1998, p. 13), “os fungos são extremamente importantes e influenciam nossas vidas diariamente”. Podemos dizer, mesmo que de forma indireta, que não há um só dia em que o homem não seja beneficiado ou prejudicado por esses seres vivos (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996). Em nossa sociedade, assim como na natureza, os fungos desempenham diferentes funções, tanto que é praticamente impossível 27 imaginar como seria nossa indústria, agricultura, medicina e também nossa economia sem a atuação desses organismos. No campo da medicina os fungos têm grande destaque seja pelos benefícios obtidos a partir do seu uso na produção de fármacos ou pelas patologias que eles podem causar. A produção de antibióticos é um exemplo clássico da contribuição dos fungos para a medicina. O primeiro antibiótico descoberto foi a penicilina, isolada pela primeira vez em 1928 pelo cientista Alexander Fleming que extraiu o antibiótico a partir do fungo Penicillium notatum (FLEMING, 1929). Posteriormente, outros compostos antimicrobianos foram isolados a partir de metabólicos fúngicos, incluindo a cefalosporina e a griseofulvina (BONONI, 1998). Outra importante droga isolada a partir de um fungo, nesse caso, o habitante do solo Tolypocladium inflatum, é a ciclosporina, composto utilizado para suprimir as reações imunológicas decorrentes do transplante de órgãos (BONONI, 1998; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Vale salientar que a utilização de muitos princípios ativos de fungos também tem ganhado destaque nas pesquisas e tratamentos de saúde devido às suas propriedades antitumorais (SILVA et al., 2005), anticarcinogênicas (PHARAMAT et al., 2013; LAKSHMI; SELVI, 2013), antivirais (BORGES; PUPO, 200 ) e hipocolesterolêmicas (ALBERTS et al., 1980). Na indústria farmacêutica os fungos também exibem aplicações importantes. Vitaminas como riboflavina, biotina, cianocobalamina e tiamina são sintetizadas por fungos (PUTZKE; PUTZKE, 2004; BONONI, 1998). Vários medicamentos indicados para o tratamento de hipertensão arterial e redução de colesterol, como o Lovastatin, são produtos derivados de metabólitos secundários desses organismos (BONONI, 1998). Porém, mesmo com benefícios obtidos a partir dos fungos, várias espécies também se destacam pela atividade patogênica, causando doenças em animais e plantas. Em animais, micose é termo geral utilizado para se referir às infecções causadas por fungos (ALMEIDA, 2008; SILVA, 2009; CAIN, 2010). Segundo Bresinsky et al. (2012), as micoses podem ser classificadas em dois grandes grupos: as micoses de pele (micoses que acometem desde as camadas mais superficiais da pele, incluindo pelos e unhas, até tecidos subcutâneos) e as micoses profundas (micoses que atingem diferentes tecidos e órgãos internos). De acordo com Trabulsi e Alterthum (2005), a pitiríase versicolor, também conhecida como micose de praia ou pano branco, é umas das micoses de pele mais comuns, sendo caracterizada pelo aparecimento de manchas na pele do indivíduo infectado. Fungos do gênero Malassezia são os responsáveis por esse tipo de infecção, sendo que o principal deles é 28 o M. furfur, fungo que normalmente faz parte da microbiota da pele de humanos, mas que consegue interferir na produção de melanina e desenvolver a doença, principalmente em indivíduos submetidos a determinadas condições, como transpiração excessiva ou uso prolongado de terapia imunossupressora (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005; ALMEIDA, 2008). Outros tipos de micoses de pele muito incidentes, inclusive em nosso país, são as piedras e as tinhas (ALMEIDA, 2008). As piedras são infecções que acometem a região extrafolicular de pelos, causadas por fungos do gênero Trichosporon, causadores da piedra branca, e Piedraia, causador da piedra negra (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005; ALMEIDA, 2008). Já as tinhas são micoses encontradas preferencialmente na palma das mãos e sola dos pés. Vários são os tipos de fungos responsáveis por essas infecções, e alguns cuidados como não usar meias ou calçados de pessoas infectadas, são fundamentais para evitar a disseminação do fungo (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005). No Brasil, as micoses de unha (onicomicoses) também possuem alta incidência (ALMEIDA, 2008). Em cerca de 90% dos casos os organismos causadores pertencem ao gênero Trichophyton (RODRIGUES, 2007). O compartilhamento de alicates e outros materiais de manicure é uma forma muito comum de contaminação (ALMEIDA, 2008). Já em relação às micoses profundas, uma das doenças mais conhecidas é a histoplasmose, infecção causada pelo fungo Histoplasma capsulatum que cresce, preferencialmente, em substratos ricos em nitrogênio, como solos ricos em fezes de aves e morcegos (ALMEIDA, 2008). De maneira geral, a doença é contraída quando o homem ou animal inala esporos do fungo que, se não forem detectados pelas células do sistema imune, se alojam nos alvéolos pulmonares onde a doença se desenvolve e, se não tratada, pode levar o hospedeiro a morte (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005; ALMEIDA, 2008). Outras doenças causadas por fungos são denominadas oportunistas e geralmente, só afetam indivíduos com sistema imunológico comprometido, como portadores do vírus HIV (ALMEIDA, 2008; CAIN, 2010). Exemplos de doenças oportunistas são a criptococose, paracoccidioidomicose e a candidíase, causadas pelos fungos Cryptococcus neoformans, Paracoccidioides brasiliensis e por espécies do gênero Candida, respectivamente (ALMEIDA, 2008). É importante enfatizar que as micoses não acometem apenas seres humanos. No Brasil, por exemplo, a esporotricose, uma micose que afeta tecidos cutâneos e subcutâneos da pele de humanos e outro animais, vem se tornando uma enfermidade de grande importância para saúde pública, pois os animais domésticos, especialmente gatos, vêm sendo apontados como 29 uma das principais fontes de infecção para humanos (TELES et al., 2013). O Sporotrix schenckii, principal agente etiológico da esporotricose, é um fungo encontrado no solo ou em plantas, mas que por ocasião de um traumatismo na pele, pode infectar um animal (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005; ALMEIDA, 2008). De acordo com Almeida (2008), quando a esporotricose não é tratada, tanto em humanos como em outros animais, ela pode comprometer órgãos do sistema linfático, tornando-se uma doença de alta gravidade. Outro exemplo de fungo causador de doenças em animais é o quitridiomiceto Batrachochytrium dendrobatidis, que tem sido apontado como um dos responsáveis pelo declínio da população de anfíbios em várias regiões do mundo (LIPS et al., 2006). Os fungos também podem causar enfermidades em animais de maneira indireta. O Aspergillus flavus, por exemplo, é um ascomiceto que cresce sobre diversos tipos de grãos como amendoim e milho. Esse fungo produz uma toxina (aflatoxina) potencialmente danosa ao fígado de humanos e outros animais que, se consumirem grãos contaminados, podem desenvolver câncer de fígado ou até morrerem (PUTZKE; PUTZKE, 2004). O Claviceps purpurea, fungo que se desenvolve sobre o centeio e outras gramíneas, quando ingerido, causa uma doença denominada ergotismo (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014), onde suas toxinas são capazes de agir no sistema nervoso causando espasmos, alucinações, insanidade e, muitas vezes, levando o animal à morte (PUTZKE; PUTZKE, 2004; CAIN, 2010). Paralelamente, descobriu-se que o Claviceps purpurea também é fonte de um alcaloide vasoconstritor chamado ergotamina, muito utilizado na medicina para acelerar as contrações de mulheres em trabalho de parto e diminuir hemorragias uterinas pós-parto (PUTZKE; PUTZKE, 2004; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Algumas espécies de fungos também são potentes agentes causadores de doenças em plantas, de modo que os prejuízos causados na agricultura mundial em decorrência de infecções causadas por fungos somam bilhões de dólares anualmente (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Segundo Bresinsky et al. (2012) os fungos compõem o maior grupo de organismos fitopatogênicos. No mundo, entre as espécies economicamente mais importantes pode-se citar Phakospsora pachyrhizi que causa a ferrugem asiática na soja, Fusarium oxysporium que causa a murcha-de-fusário em tomateiros, e as várias espécies de Puccinia que provocam ferrugens em diversos tipos de cereais, como cevada, aveia e trigo (TINOCO, 2010). No Brasil, destaca-se a espécie Hemileia vastatrix, causadora da ferrugem do cafeeiro (MEIRA; RODRIGUES; MORAES, 2008). Entretanto, se por um lado os fungos apresentam impactos negativos sobre a agricultura, por outro, eles cooperam muito no desenvolvimento das plantas. Como descrito 30 anteriormente, os fungos desempenham naturalmente um papel crucial no processo de nutrição vegetal por intermédio das associações micorrízicas (BRESINSKY et al., 2012; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). No entanto, o homem pode interferir nesse processo com propósito de favorecer associações mais eficientes entre fungos e plantas de interesse econômico (BONONI, 1998; CAIN, 2010). Nesse sentido, hoje é possível a comercialização de sementes junto com esporos do parceiro micorrízico, o que auxilia no desenvolvimento da plântula, e consequentemente aumenta a atividade agrícola (CAIN, 2010). Da mesma forma, os fungos apresentam utilidades extraordinárias na indústria. Saccharomyces cerevisiae, por exemplo, é a espécie de levedura com maior importância econômica em todo mundo pois, além de participar do processo de produção do etanol, ela também possui aplicações na fabricação de pães, vinhos, cervejas, bebidas destiladas, cidras, saquês e licores (BONONI et al., 1995; CAIN, 2010; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). A utilização de S. cerevisiae também tem ganhado notável espaço nas pesquisas de biologia molecular e biotecnologia (CAIN, 2010), sendo que essa foi a primeira espécie de eucarioto a ter seu genoma totalmente sequenciado (GOFFEAU et al., 1996). Além disso, S. cerevisiae tem servido de base para compreender a ação de genes relacionados a doenças humanas, como Mal de Parkison e Huntington (CAIN, 2010). Na indústria de alimentos os fungos possuem outras aplicações importantes como, por exemplo, no processo de fabricação de refrigerantes. Fungos do gênero Aspergillus são os responsáveis por produzir o ácido cítrico das bebidas à base de cola (CAIN, 2010). O ácido cítrico de Aspergillus também tem grande importância no processo de fabricação de cosméticos, enlatados e congelados (BONONI, 1998). As aplicações biotecnológicas dos fungos não se limitam apenas à indústria de alimentos e medicamentos. Graças a esses extraordinários organismos nossos produtos na indústria de tintas, roupas, detergentes, cosméticos e até mesmo metais, são muito mais desenvolvidos (BONONI, 1998). Outra importante aplicação biotecnológica dos fungos está relacionada com sua capacidade de atuar no tratamento e recuperação de ambientes acumulados com diversos resíduos. De acordo com Bononi (1998), durante vários anos, muitas substâncias como hidrocarbonetos e organoclorados, foram lançadas em solos e rios sem avaliação de seus impactos sobre a natureza e seres vivos. Para reverter essa situação, várias espécies de fungos vêm sendo empregadas em processo de biorremediação de ambientes contaminados (BONONI et al., 1995; BONONI, 1998; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). A capacidade dos fungos de produzirem uma série de enzimas específicas para degradar 31 determinados compostos fez com que esses organismos se destacassem em programas de recuperação de ambientes em todo planeta (BONONI, 1998). Atualmente, no Brasil e no mundo, várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas com objetivo de explorar o potencial biotecnológico das mais diversas espécies de fungos. Um exemplo é o Gliocladium roseum, fungo que, de forma curiosa, é capaz de produzir hidrocarbonetos semelhantes aos encontrados na gasolina e no óleo diesel, combustíveis de alto valor econômico (STOBEL et al., 2008). Os fungos ainda apresentam grande importância na alimentação humana. Algumas espécies, especialmente do gênero Penicillium, participam do processo de maturação de vários queijos finos, conferindo aroma e sabor acentuado a esses alimentos (BONONI, 1998). Exemplos de queijos maturados por fungos são o brie, o camembert, o danablue, o gorgonzola e o roquefort (BONONI, 1998; CAIN, 2010). Algumas espécies de fungos também podem ser consumidas diretamente como alimento, sendo a grande maioria delas pertencente ao filo Basidiomycota (PUTZKE; PUTZKE, 2004). Atualmente, cerca de 30 espécies de cogumelos são cultivadas em todo o mundo para fins comerciais (PUTZKE; PUTZKE, 2004). No Brasil, ocorre o cultivo principalmente de Agaricus bisporus (champignon de Paris), Pleurotus ostreatus (shimeji) e Lentinus edodes (shiitake) (BONONI et al., 1995). Além dos cogumelos serem considerados alimentos muito saborosos, eles são também altamente nutritivos (BONONI et al., 1995). A composição nutricional dos cogumelos comestíveis varia de acordo com a espécie, mas, em geral, são ricos em vitaminas e proteínas (são fonte de todos os aminoácidos essenciais) e apresentam baixas quantidades de gordura (BONONI et al., 1995; PUTZKE; PUTZKE, 2004). É importante ressaltar que além dos cogumelos comestíveis, há também os cogumelos tóxicos e venenosos, sendo alguns deles com toxicidade que pode levar a morte, como Amanita phalloides (BONONI et al., 1995). Outros fungos, além das espécies de basidiomicetos, também são comestíveis. Os ascomicetos Tuber melanosporum (trufa) e Morchella esculenta estão entre as iguarias mais apreciadas na culinária (CAIN, 2010; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Por fim, sobre o relevante papel que os fungos desempenham em nossa sociedade, vale enfatizar as palavras de Bononi (1998, p. 15): “o grande grupo dos fungos tem importância cada vez maior no nosso bem estar e na nossa economia, e embora causem danos, são mais nossos amigos que inimigos”. 32 2.3 Os FUNGOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA Apesar da presença constante dos fungos em nosso cotidiano e da grande importância que desempenham na natureza, muito pouco se discute sobre eles na educação básica (SILVA; BASTOS, 2010). Estudos sobre a abordagem dos fungos na educação básica também são limitados, a saber pelos trabalhos que analisaram o conteúdo de micologia nos livros didáticos (SILVA, 2009; ROSA; MOHR, 2010) e aqueles que utilizaram diferentes estratégias didáticas para trabalhar o tema micologia na sala de aula (REGOLIN; MINE; SILVA, 2006; CARVALHO et al., 2013; MENDES et al., 2013; SILVEIRA et al., 2013 SIMAS; FORTES, 2013). Simas e Fortes (2013) consideraram que o conteúdo de micologia é um dos mais complexos e de difícil compreensão por parte dos alunos, consistindo, portanto, em um desafio para os professores da educação básica. Além disso, na grande maioria das vezes, a concepção que os alunos possuem à respeito dos fungos é a de que eles são organismos causadores de doenças, de forma que tópicos como sua importância econômica e ecológica ainda são pouco difundidos (SILVA et al., 2009). Autores como Silveira et al. (2013), Carvalho et al. (2013) e Regolin, Mine e Silva (2006) acreditam que para que as aulas de micologia da educação básica se tornem mais dinâmicas e significativas, e assim desperte o interesse dos alunos pelo universo dos fungos, é necessário que o professor leve para sala de aula outras modalidades pedagógicas, além da “tradicional” aula expositiva. Dentre essas modalidades estão a utilização de jogos e vídeos, e também o desenvolvimento de trabalhos de campo e aulas práticas, como, por exemplo, experimentos de observação dos fungos ao microscópio óptico ou atividades que explorem a ação fermentadora das leveduras, como a receita do pão caseiro (SILVA et al., 2009; SILVEIRA et al., 2013; SIMAS; FORTES, 2013). Nesse sentido, livros didáticos que apresentem sugestões de atividades desse tipo podem ser de grande valia ao professor de biologia (VASCONCELOS; SOUTO, 2003), principalmente se tratando daquele docente que atua em regiões mais desfavorecidas e com pouca infraestrutura. Experiências bem sucedidas, como os trabalhos de Simas e Fortes (2013) e Silva et al. (2009), que empregaram a utilização de jogos e atividades experimentais nas aulas de micologia, respectivamente, mostraram que o uso de outras estratégias didáticas, além da aula teórico-expositiva, é uma alternativa para tornar as aulas de micologia mais dinâmicas, de forma a contribuir de maneira mais efetiva para a aprendizagem dos alunos sobre o universo dos fungos. 33 2.3.1 Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio e os Conteúdos de Micologia De acordo com as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCN+), é muito importante que os estudantes tenham acesso a conhecimentos de caráter científico, como informações sobre os principais representantes de cada um dos cinco reinos, incluindo suas especificidades, classificação, evolução e relação com o meio em que vivem (BRASIL, 2002). Além disso, o conhecimento escolar “deve fornecer ao aluno ferramentas para uma atuação consciente em sua vida” (BRASIL, 2002, p. 51). Assim, os conhecimentos sobre os principais representantes dos fungos aliados a uma aula contextualizada de micologia, e que leve em conta a aprendizagem significativa, podem contribuir para que o aluno se aproxime dos conhecimentos de caráter científico e entenda, por exemplo, porque os cuidados com a higiene pessoal e o trato de animais domésticos são de suma importância para evitar a incidência de micoses. Outras abordagens que objetivam aproximar o cotidiano dos alunos ao mundo dos fungos podem auxiliá-los a compreender porque não se pode ingerir alimentos contaminados com fungos, ou mesmo, porque os cogumelos utilizados na alimentação humana só podem ser adquiridos de fontes confiáveis. Dessa maneira o aluno passa a perceber que os fungos têm grande importância não só na natureza, mas também em seu cotidiano e com aplicações em diversos setores da sociedade. Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (PCNEM), diretrizes que orientam a educação nacional (BRASIL, 2000), deixam claro que abordar o conhecimento de forma significativa e útil à vida dos alunos é um dos objetivos que o professor de biologia deve se propor cumprir na sala de aula. Esse conhecimento deve levar o aluno a ter respostas claras quando ele se perguntar, por exemplo, “por que eu estou aprendendo isto?”. Dessa forma o aluno consegue enxergar alguma utilidade daquele conhecimento em seu dia a dia e isso vai ao encontro de uma das principais questões que os PCN+ (BRASIL, 2002) propõe aos professores de biologia: Como lidar com a Biologia contemporânea na escola de maneira que esse conhecimento faça diferença na vida de todos os estudantes, independentemente do caminho profissional que vão seguir, de suas aptidões ou preferências intelectuais? (BRASIL, 2002, p. 41) 34 Em suma, o ensino médio das escolas brasileiras deve se comprometer a ter uma responsabilidade que vai além de capacitar o aluno para o ensino superior ou o mercado de trabalho, essa etapa de ensino também tem como importante responsabilidade preparar o aluno para a vida (BRASIL, 2000). A abordagem dos fungos na escola e a elaboração desse conteúdo nos livros didáticos passam, portanto, a ter uma preocupação também voltada para o propósito de produzir conhecimento significativo e útil na vida dos alunos. 35 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 LIVROS ANALISADOS O presente estudo dedicou-se a analisar todos os livros de biologia da coleção PNLD 2012 (BRASIL, 2011b) que apresentaram um capítulo específico sobre o conteúdo de micologia. Vale salientar que cada coleção é divida em três volumes, sendo que cada um se refere a uma das séries do Ensino Médio (1º, 2º e 3º ano). Dentre as oito coleções que compõem a coleção PNLD 2012 Biologia, sete apresentaram o capítulo específico sobre micologia no segundo volume (que corresponde ao 2º ano do Ensino Médio) e apenas uma apresentou o conteúdo de micologia no terceiro volume (que corresponde ao 3º ano do Ensino Médio). Como todos os livros analisados possuem títulos muito parecidos e, em geral, contendo a palavra “biologia”, neste trabalho cada livro será tratado como número, de acordo com a Tabela 1. Tabela 1- Livros didáticos de biologia do ensino médio selecionados pelo PNLD 2012 e analisados neste trabalho. Número Autores Título 1 AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia: biologia dos organismos 2 BIZZO, N. 3 Editora Ano Volume Moderna 2010 2 Novas Bases da Biologia: seres vivos e comunidades Ática 2010 2 LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Hoje: os seres vivos Ática 2010 2 4 LOPES, S.; ROSSO, S Bio Saraiva 2010 3 5 MENDONÇA, V.; LAURENCE, J. Biologia: os seres vivos Nova Geração 2010 2 6 PEZZI, A.; GOWDAK, D. O.; MATTOS, N. S Biologia: seres vivos anatomia e fisiologia humanas FTD 2010 2 7 SANTOS, F. S.; AGUILAR, J. B. V.; OLIVEIRA, M. M. A. (orgs.) Biologia Edições SM 2010 2 8 SILVA JR, C.; SASSON, S.; CALDINI JR, N Biologia Saraiva 2010 2 36 3.2 CRITÉRIOS DE ANÁLISE Os critérios para a análise foram elaborados com base em pesquisas semelhantes, como os trabalhos de Vasconcelos e Souto (2003), Espínola (2007), Rosa e Mohr (2010) e Batista, Cunha e Cândido (2010). Também é importante ressaltar que os PCNEM (BRASIL, 2000) ajudaram a elencar esses critérios, já que esse documento é um norteador dos conteúdos que devem ser abordados em cada disciplina. Foram então selecionados cinco critérios principais, a partir dos quais os livros foram analisados quanto à clareza dos textos, à coerência das ideias colocadas, à presença de vocabulário atualizado, à contextualização ou exemplos que poderiam facilitar a compreensão do aluno sobre o conteúdo abordado e também à presença de erros conceituais ou informações incorretas (Quadro 1). Quadro 1 - Critérios analisados acerca do conteúdo de micologia nos livros didáticos de biologia do ensino médio selecionados pelo PNLD 2012 Características gerais Estrutura e morfologia 1 – ABORDAGEM TEÓRICA Classificação e evolução Reprodução Papel decompositor 2 – ABORDAGEM ECOLÓGICA Relações ecológicas (micorrizas, líquens, fungos predadores, etc.) Fungos patogênicos Fungos na indústria 3 – ABORDAGEM SOCIAL Fungos na alimentação Fungos e a medicina Fungos no contexto da ciência e tecnologia Qualidade (nitidez e cor) Presença de escala 4 – ABORDAGEM VISUAL Relação da imagem com o conteúdo abordado no texto Atividades práticas e experimentais 5 – ABORDAGEM COMPLEMENTAR Textos complementares Sugestão de informações em outras fontes . 37 4 RESULTADOS Os resultados deste trabalho estão apresentados na forma de artigo e formatados de acordo com as normas de publicação da revista “CIÊNCIA & EDUCAÇÃO”, revista a qual será submetido ao processo de avaliação para publicação. 38 REFERÊNCIAS ALBERTS, A. W.; CHEN, J.; KURON, G.; HUNT, V.; HUTF, J.; HOFFMAN, C.; ROTHROCK, J.; LOPEZ, M.; JOSHUA, H.; HARRIS, E.; PATCHETT, A.; MONAGHAN, R.; CURRIE, S.; STAPLEY, E.; ALBERSSCHONBERG, G.; HENSENS, O.; HIRSHFIELD, J.; HOOGSTEEN, K.; LIESCH, J.; SPRINGER, J. Mevinolin: a highly potent competitive inhibitor of hydroxymethylglutaryl-coenzyme A reductase and a cholesterol-lowering agent. Proceedings of the National Academy of Sciences, Washington, v. 77, n. 4, p. 3957-3961, 1980. ALEXOPOULOS, C. J.; MIMS, C. W.; BLACKWELL, M. Introductory mycology. 4. ed. Nova Iorque: John Wiley & Sons, 1996. ALMEIDA, S. R. Micologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. Biologia: biologia dos organismos. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2010. BARR, D. J. S. Evolution and kingdoms of organisms from the perspective of a mycologist. Mycologia, Lawrence, v. 84, n. 1, p. 1-11, 1992. BARROS, C.; PAULINO, W. R. Ciências: os seres vivos. São Paulo: Ática, 2006. BATISTA, M. V. A.; CUNHA, M. M. 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Pesquisas tem demonstrado que apesar dos livros didáticos serem periodicamente avaliados por equipes vinculadas ao Ministério da Educação, por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), muitos deles apresentam problemas que podem comprometer o aprendizado dos alunos. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo analisar como os conteúdos de fungos são abordados nos livros didáticos de biologia destinados ao ensino médio. A análise desses conteúdos teve como base cinco critérios básicos: abordagem teórica, abordagem ecológica, abordagem social, abordagem visual e abordagem complementar. Os resultados obtidos indicam a necessidade de melhoria das obras didáticas, principalmente com relação aos critérios de abordagem teórica, ecológica e visual, já que a maioria das obras apresentaram erros conceituais e/ou informações que necessitam ser reformuladas. Palavras-chave: Análise de livros. Ensino de biologia. Micologia. PNLD. Abstract: The textbook is one of the most widespread pedagogical tools in Brazil. Researches have shown that even though this tool is periodically evaluated by teams associated to the Ministry of Education, by the National Textbook Program (PNLD), many of them have problems that compromise student learning. In this sense, the present study aimed to examine how the contents of fungi are addressed in biology textbooks for the high school. The analysis of content was based on five basic criteria: theoretical, ecological, social, visual and complementary approaches. The results indicate the need for improvement of textbooks, mainly about the theoretical, ecological and visual approaches, because most of the books have errors of concept and/or information that needs to be reformulated. Key words: Analysis of textbooks. Biology education. Micology. PNLD. 1 Graduanda em Licenciatura em Ciências Biológicas. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), Campus São Paulo. 2 Doutor em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente pelo Instituto de Botânica. Professor do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Campus São Paulo. Rua Pedro Vicente, 625 – Canindé – 01109-010 – São Paulo/SP <[email protected]>. 50 Introdução O livro didático é uma das ferramentas pedagógicas mais difundidas no Brasil e considerado o maior dicionário de informações para os alunos no dia a dia (MOHR, 1995; DINIZ; TOMAZELLO, 2006), principalmente daqueles provenientes de escolas públicas e classes sociais mais baixas. Em alguns casos, o livro didático se torna um recurso ainda mais importante, pois muitas vezes é o único material de base disponível tanto aos professores quanto aos alunos (BATISTA; CUNHA; CÂNDIDO, 2010) e, portanto, deve ser considerado “uma fonte viva de sabedoria” (NÚÑEZ et al., 2003, p. 1). É importante ressaltar que, mesmo o livro didático tendo um papel de destaque na educação de nosso país, ele não substitui a responsabilidade do professor, que na escola é o principal personagem a contribuir para construção do conhecimento e formação do aluno como um bom cidadão (VASCONCELOS; SOUTO, 2003), mas, que o livro tem um papel fundamental, muitas vezes sendo o guia de trabalho do professor (DINIZ; TOMAZELLO, 2006). Para Sato (2003), a real situação do professor na educação brasileira, que inclui problemas como salários baixos, alta jornada de trabalho, excesso de alunos em sala de aula e ausência de outros materiais didáticos nas escolas, fez com que esse profissional encontrasse no livro didático um suporte para preparar e conduzir as atividades de suas aulas. Já no caso dos alunos, um livro didático claro, objetivo, sem contradições e erros conceituais e, principalmente, que contenha informações que instiguem a discussão sobre o conteúdo teórico para convertê-lo em conhecimento, pode contribuir significativamente para elevar a qualidade do aprendizado, em especial, daqueles alunos que utilizam esse recurso fora da sala de aula (VASCONCELOS; SOUTO, 2003). No Brasil, o livro didático faz parte do cenário educacional desde 1929, quando o Estado criou o Instituto Nacional do Livro (INL), um órgão específico para cuidar das políticas nacionais do livro didático (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012). Porém, apenas cerca de uma década mais tarde, por meio do DecretoLei nº 1.006, de 30 de dezembro de 1938, é que foi criada a primeira política de legislação para produção, importação e utilização do livro didático no país (BRASIL, 1938). Com o passar dos anos o livro didático foi se tornando um recurso cada vez mais presente nas salas de aula, sendo que sua regulamentação legal se consolidou com o Decreto nº 91.542, de 19 de agosto de 1985 (BRASIL, 1985), o qual implementou o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), programa que até hoje é o responsável por todos os assuntos relacionados ao livro didático no país. A partir de 1997, a responsabilidade pela política de execução do PNLD foi transferida integralmente para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012) e então, a partir de 2005, com a Resolução FNDE nº 038, de 15 de outubro de 2003, deu-se início a distribuição de livros didáticos para os alunos do ensino médio de escolas públicas (BRASIL, 2003; FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012). A princípio a distribuição ocorreu apenas para os componentes curriculares de matemática e português, e posteriormente, a partir de 2007, os livros de biologia, por exemplo, chegaram de forma gratuita aos alunos do ensino médio de todo país (BRASIL, 2011a). Hoje, a partir da publicação do Decreto nº 7.084, de 21 de janeiro de 2010, a avaliação e distribuição de materiais didáticos é garantida para praticamente todos os componentes curriculares obrigatórios da educação básica da rede pública de ensino (BRASIL, 2010). Na escola, tendo como subsídio um guia com uma resenha e detalhes de cada obra (BRASIL, 2011b), cabe aos professores de cada disciplina escolherem dentre as obras selecionadas pelo PNLD aquela que mais se encaixe nas metodologias de trabalho de cada escola, uma vez que “as coleç es e livros que se encontram no guia diferem entre si, quer no grau de adesão aos 51 critérios de qualidade, quer na forma com que organizam suas propostas didáticas, propiciando dinâmicas de trabalho às vezes bastante diferenciadas” (BRASIL, 2011a, p.12). Desse modo, diante da importância dos livros didáticos na educação brasileira, é de grande valor a realização de pesquisas que visem avaliar a qualidade dos conteúdos abordados nesses livros (XAVIER; FREIRE; MORAES, 2006). Nesse sentido, vários estudos têm analisado conteúdos específicos das mais diversas áreas do conhecimento em livros didáticos destinados ao ensino básico, dentre eles Olim (2010) que examinou as imagens em livros de história; Mendonça, Campos e Jófili (2004) que investigaram como o conceito de óxidoredução é abordado nos livros de química orgânica; e Moura (2004) que analisou a abordagem gramatical em livros de língua portuguesa. Na área da biologia muitos autores também têm se proposto a fazer tais avaliações em diferentes temas, como, por exemplo: evolução (SOUSA; OLIVEIRA; SANTOS, 2012), filogenia e sistemática (RODRIGUES; JUSTINA; MEGLHIORATTI, 2011), leishmaniose (FRANÇA; MORGANARI; SCHALL, 2011), doenças sexualmente transmissíveis (MONTEIRO; GOUW; BIZZO, 2010), virologia (BATISTA; CUNHA; CÂNDIDO, 2010), ofidismo (MEDEIROS, 2012), nutrição (LEMOS, 2009), genética (XAVIER; FREIRE; MORAES, 2006; SILVA; PASSOS; BOAS, 2013), zoologia (VASCONCELOS; SOUTO, 2003), saúde (MOHR, 1995), dentre outros. Porém, ainda percebe-se a carência de estudos em determinadas áreas da biologia, gerando assim uma demanda de novos conteúdos a serem revistos por especialistas a fim de diminuir a propagação de inadequações conceituais e informações incorretas na educação básica. Resultados de estudos como esses têm mostrado que, apesar dos livros didáticos disponibilizados pelo PNLD serem antes avaliados por equipes vinculadas ao Ministério da Educação (MEC), ainda há deficiências nas obras selecionadas (ESPÍNOLA, 2007). Dentre os diversos ramos da biologia, a micologia (estudo dos fungos) representa uma área pouco estudada nesse âmbito, pois mesmo os fungos estando intimamente relacionados ao cotidiano do aluno, ainda pouco se discute sobre eles na educação básica (SILVA; BASTOS, 2010). Rosa e Mohr (2010), ao examinarem o conteúdo de micologia em livros didáticos do ensino fundamental, encontraram “pequenos erros” em todas as cinco obras analisadas, indicando a necessidade de aperfeiçoamento e reformulações das mesmas, já que tais erros podem levar os alunos a interpretações errôneas do conteúdo. Silva (2009) também analisou o conteúdo de micologia em livros didáticos do ensino fundamental e nas três obras analisadas verificou a presença de informações confusas e a ausência da exploração de temas importantes para os alunos, como por exemplo, os fungos causadores de doenças. Nenhum estudo semelhante foi encontrado em livros didáticos destinados ao ensino médio. Os fungos, seres vivos que desempenham funções essenciais na natureza e na manutenção da vida, representam um grupo de organismos com cerca de 97 mil espécies descritas (KIRK et al., 2008), mas com uma diversidade estimada que pode variar de 1,5 (HAWKSWORTH, 2001) a 5,1 milhões de espécies (BLACKWELL, 2011). O valor estimado de espécies de fungos faz com que esse grupo de organismos seja considerado o segundo grupo de seres vivos mais diverso do planeta, atrás apenas dos insetos, cuja estimativa chega a oito milhões de espécies (HAMMOND et al., 1995). Considerando as características gerais dos fungos, podemos dizer que eles são organismos heterótrofos que nutrem-se por absorção (osmotróficos) e agem como sapróbios, mutualistas ou parasitas; são eucarióticos, unicelulares ou constituídos por um micélio (conjunto de hifas); apresentam células cuja parede celular é composta por quitina e glucano, e tem como principal substância de reserva o glicogênio (ALEXOPOULOS et al., 1996; KIRK et al., 2008). A reprodução dos fungos é sexuada e/ou assexuada e, em geral, certas características reprodutivas podem ser usadas para classificação dos principais grupos de fungos (ALEXOPOULOS et al., 1996; KIRK et al., 2008). 52 Tradiocionalmente o reino Fungi estava subdividido em quatro filos: Chytridiomycota, Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota (BARR, 1992; BRUNS et al., 1992; ALEXOPOULOS et al., 1996; KIRK et al., 2001). Porém, alguns livros indicados para o ensino superior, como Nabors (2012) e também para o ensino médio, como Amabis e Martho (2010) e Lopes e Rosso (2010), ainda utilizam esse sistema de classificação de quatro filos. No entanto, é importante ressaltar que a sistemática e classificação dos fungos está em constante modificação, principalmente diante do aumento da utilização de técnicas de biologia molecular. Atualmente, Kirk et al. (2008) reconhecem seis filos dentro do verbete Fungi: Microsporidia, Chytridiomycota, Glomeromycota, Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota. Porém, os autores também consideram Blastocladiomycota e Neocallimastigomycota como integrantes de Fungi, totalizando, portanto, oito filos para o reino. Alguns livros mais recentes indicados para o ensino superior (CAMPBELL; REECE, 2010; BRESINSKY et al. 2012; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014) ou até para o ensino médio (STARR et al., 2012) já incluem o filo Glomeromycota em sua classificação. Raven, Evert e Eichhorn (2014) também incluem o filo Microsporidia em seu sistema de classificação. Além dos filos citados acima que são usualmente tratados como ‘fungos verdadeiros’, o estudo dos fungos envolve ainda grupos artificiais como os chamados ‘fungos anamórficos’ (antigo Deuteromycota) ou aqueles referidos como ‘pseudofungos’ (Oomycota) ou ‘fungos plasmodiais’ (Myxomycota), que apesar de serem tradicionalmente estudados por micólogos e possuírem algumas características semelhantes aos ‘fungos verdadeiros’, hoje esses dois últimos estão classificados respectivamente nos reinos Chromista e Protozoa (GRANDI, 1999; MILANEZ, 1999; KIRK et al. 2008). Apesar da classificação dos fungos parecer uma abordagem estritamente memorística, o uso de uma classificação baseada em princípios da sistemática filogenética pode permitir uma abordagem comparativa da vida (GUIMARÃES, 2005), permitindo a compreensão de grupos de seres vivos que compartilham as mesmas características. Nesse sentido, o aluno passa a distinguir os fungos e reconhecê-los como organismos presentes em seu dia a dia, entendendo sua diversidade de funções, tanto aquelas que de algum modo beneficiam outros seres vivos, como aquelas que prejudicam. Dentre as funções essenciais dos fungos na natureza e na manutenção da vida podemos destacar sua importância como agentes decompositores de matéria orgânica e na ciclagem de nutrientes. Além disso, sua importância e influência em nosso dia a dia vai ainda além, tendo especial destaque em diferentes processos biotecnológicos, como em processos fermentativos na indústria alimentícia; na agricultura sendo utilizados no biocontrole de pragas; na alimentação humana através dos cogumelos comestíveis e maturação de queijos; em processos de biorremediação e descontaminação de ambientes terrestres e aquáticos; na produção de compostos utilizados nas indústrias farmacêutica, química, cosmética, têxtil, entre outras (ALEXOPOULOS et al., 1996; BONONI, 1998). Apesar de tantos benefícios, algumas espécies se destacam também por prejuízos causados na agricultura quando parasitam plantas de interesse econômico; através de micoses causadas nos seres humanos e outros animais; pela degradação de produtos manufaturados e industrializados; ou ainda pela produção de micotoxinas e como agentes alergênicos (ALEXOPOULOS et al., 1996; BONONI, 1998). Assim, diante da extrema importância ecológica, médica e econômica dos fungos, bem como do relevante papel dos livros didáticos na construção do conhecimento escolar e na vida cotidiana dos alunos, este trabalho teve como objetivo analisar como o conteúdo de fungos é abordado nos livros didáticos de biologia do ensino médio, a fim de contribuir com o trabalho feito pelo PNLD e fomentar discussões para a melhoria dos livros didáticos de biologia e para o progresso do ensino como um todo. 53 Livros Analisados O presente estudo dedicou-se a analisar todos os livros de biologia da coleção PNLD 2012 (BRASIL, 2011b). Cada coleção é divida em três volumes, sendo que cada um deles correspondente a uma das séries do Ensino Médio (1º, 2º e 3º ano). Sendo assim, foram selecionados para análise os volumes que continham um capítulo específico sobre o conteúdo de micologia. Dentre os oito títulos que compõem a coleção PNLD 2012, sete apresentaram o capítulo específico sobre micologia no segundo volume (que corresponde ao 2º ano do Ensino Médio) e apenas um apresentou o conteúdo de micologia no terceiro volume (que corresponde ao 3º ano do Ensino Médio). Como todos os livros analisados possuem títulos muito parecidos e, em geral, contendo a palavra “biologia”, neste trabalho cada livro será tratado como número, de acordo com a Tabela 1. Tabela 1. Livros didáticos de biologia do ensino médio selecionados pelo PNLD 2012 e analisados neste trabalho Número Autores Título 1 AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia: biologia dos organismos 2 BIZZO, N. 3 Editora Ano Volume Moderna 2010 2 Novas Bases da Biologia: seres vivos e comunidades Ática 2010 2 LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Hoje: os seres vivos Ática 2010 2 4 LOPES, S.; ROSSO, S Bio Saraiva 2010 3 5 MENDONÇA, V.; LAURENCE, J. Biologia: os seres vivos Nova Geração 2010 2 6 PEZZI, A.; GOWDAK, D. O.; MATTOS, N. S Biologia: seres vivos anatomia e fisiologia humanas FTD 2010 2 7 SANTOS, F. S.; AGUILAR, J. B. V.; OLIVEIRA, M. M. A. (orgs.) Biologia Edições SM 2010 2 8 SILVA JR, C.; SASSON, S.; CALDINI JR, N Biologia Saraiva 2010 2 Critérios de Análise Os critérios para a análise foram elaborados com base em pesquisas semelhantes, como os trabalhos de Vasconcelos e Souto (2003), Espínola (2007), Rosa e Mohr (2010) e Batista, Cunha e Cândido (2010). Também é importante ressaltar que os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio – PCNEM (BRASIL, 2000) ajudaram a elencar esses critérios, já que esse documento é um norteador dos conteúdos que devem ser abordados em cada disciplina. A partir de tais trabalhos foram então selecionados cinco critérios principais utilizados para análise dos livros quanto à clareza dos textos, à coerência das ideias colocadas, à 54 presença de vocabulário atualizado, à contextualização ou exemplos que poderiam facilitar a compreensão do aluno e também quanto à presença de erros conceituais ou informações incorretas (Quadro 1). Quadro 1. Critérios analisados acerca do conteúdo de micologia nos livros didáticos de biologia do ensino médio selecionados pelo PNLD 2012 1 – ABORDAGEM TEÓRICA 2 – ABORDAGEM ECOLÓGICA 3 – ABORDAGEM SOCIAL 4 – ABORDAGEM VISUAL 5 – ABORDAGEM COMPLEMENTAR Características gerais Estrutura e morfologia Classificação e evolução Reprodução Papel decompositor Relações ecológicas (micorrizas, líquens, fungos predadores etc.) Fungos patogênicos Fungos na indústria Fungos na alimentação Fungos na medicina Fungos no contexto da ciência e tecnologia Qualidade (nitidez e cor) Presença de escala Relação da imagem com o conteúdo abordado no texto Atividades práticas e experimentais Textos complementares Sugestão de informações em outras fontes Após a leitura e análise das obras didáticas, os principais resultados deste estudo foram organizados em um quadro, no qual os conteúdos abordados em cada livro foram classificados como: “conteúdo abordado sem falhas”, “conteúdo não abordado” ou “conteúdo abordado com falhas”, de acordo com os critérios de análise. Resultados e Discussão De maneira geral, todos os livros didáticos analisados neste trabalho apresentaram algum tipo de falha ao abordar o conteúdo de micologia. O Quadro 2 resume os principais resultados deste estudo. 55 Quadro 2. Principais resultados da análise de acordo com os critérios analisados LIVROS ANALISADOS ABORDAGEM TEÓRICA CRITÉRIOS DE ANÁLISE 1 2 3 CARACTERÍSTICAS GERAIS A AE ESTRUTURA E MORFOLOGIA A CLASSIFICAÇÃO E EVOLUÇÃO REPRODUÇÃO 4 5 6 7 8 B B AE C ABCE AB A A A A A DEF ABF ADE CE BEF ABE CD ABF E E E E ABE BCE E BE ABORDAGEM ECOLÓGICA PAPEL DECOMPOSITOR A MICORRIZAS BG G LIQUENS A A FUNGOS PATOGÊNICOS AH AH FUNGOS NOS DIVERSOS SETORES INDÚSTRIAS H H FUNGOS NA ALIMENTAÇÃO HUMANA AH AH AB B AG G A C AB AB AC A A A A A A FUNGOS PREDADORES ABORDAGEM SOCIAL FUNGOS E FORMIGAS CORTADEIRAS A FUNGOS NO CONTEXTO CIÊNCIA E TECNOLOGIA ABORDAGEM COMPLEMENTAR ABORDAGEM VISUAL QUALIDADE (NITIDEZ E COR) G PRESENÇA DE ESCALA K CONTEÚDO DA IMAGEM G RELAÇÃO TEXTO-IMAGEM J ATIVIDADES EXPERIMENTAIS A B I GI J A A I I J A TEXTOS COMPLEMENTARES A B SUGESTÃO DE INFORMAÇÔES EM OUTRAS FONTES LEGENDA CONTEÚDO ABORDADO SEM FALHAS CONTEÚDO NÃO ABORDADO CONTEÚDO ABORDADO COM FALHAS TIPOS DE FALHAS APRESENTADAS PELOS LIVROS DIDÁTICOS: A = AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES IMPORTANTES B = INFORMAÇÕES INCORRETAS E/OU ERROS CONCEITUAIS C = INFORMAÇÕES QUE INDUZEM A INTERPRETAÇÕES ERRÔNEAS D = UTILIZAÇÃO DE TERMOS CIÊNTÍFICOS SEM EXPLICAÇÃO DE SEU SIGNIFICADO E = VOCABULÁRIO DESATUALIZADO F = ERROS DE GRAFIA EM TERMOS TÉCNICOS OU DE NOMEMCLATURA CIENTÍFICA G = FALTA DE RECURSOS QUE AUXILIE O LEITOR A COMPREENDER O CONTEÚDO COM CLAREZA OU PRESENÇA DE RECURSOS PROBLEMÁTICOS H = FALTA DE CONTEXTUALIZAÇÃO I = IMAGENS COM ESTRUTURAS NÃO IDENTIFICADAS EM TEXTOS OU LEGENDA J = FALTA DE COERÊNCIA ENTRE TEXTO E IMAGEM K = IMAGEM SEM INFORMAÇÃO DE ESCALA A 56 Abordagem Teórica Esse foi o critério em que se verificou maior necessidade de reformulação ou aprimoramento do assunto abordado. Por exemplo, seis dos oito livros analisados (livros 1, 3, 5, 6, 7 e 8) omitiram informações a respeito da estrutura morfológica básica de um fungo, incluindo a relação forma/função entre as hifas e micélio. A compreensão de tal relação pode fornecer ao aluno um esclarecimento importante para que ele possa ter respostas de perguntas como: “por que o ‘corpo’ de um fungo é assim?” “Que benefícios essa adaptação pode lhe oferecer?” “Por que algumas espécies de fungos não desenvolvem hifas (fungos unicelulares)?” Quando o aluno encontra respostas à essas perguntas, ele pode perceber que a biologia não é uma ciência “decorativa” e com nomes difíceis, mas sim uma ciência que compreende cada forma de vida e, ainda, que existe uma explicação para os diferentes tipos de adaptação morfológica dos fungos ao longo de sua evolução. O que justifica essa estrutura corpórea dos fungos filamentosos é que as hifas potencializam a absorção de nutrientes, pois a relação área superficial/volume de um micélio torna sua nutrição mais eficiente (CAIN, 2010). Em alguns casos, certas espécies podem ser encontradas tanto na forma leveduriforme (unicelulares), que usualmente vivem em lugares úmidos e com pronta disposição de nutrientes, quanto na forma filamentosa, o que facilita o seu desenvolvimento e procura por alimento (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Nesse sentido, os livros 2 e 4 explicaram de maneira bastante clara tal benefício: “A estrutura de hifa traz grandes vantagens, pois permite um contato íntimo com o substrato e facilita a assimilação de materiais digeridos” (BIZZO, 2010, p. 138); ou “As hifas propiciam uma grande área em relação ao volume, condição que se mostrou bastante vantajosa na evolução desses organismos, que dependem da absorção de nutrientes do meio” (LOPES; ROSSO, 2010, p. 24 ). Ainda sobre a morfologia dos fungos, os livros 2, 3 e 5 não diferenciaram hifa septada de hifa cenocítica, sendo que os livros 2 e 5 não ofereceram boas ilustrações que mostrassem as hifas em nível celular, imagens fundamentais para entender o processo de reprodução dos fungos. O livro 2 também cometeu um erro ao definir que “a parte que não fica visível de um basidiomiceto é o micélio” (BIZZO, 2010, p. 140), desconsiderando que todo o basidioma é formado por micélio. Quanto às características de uma célula fúngica, o livro 8 descreveu que em “[...] cada célula pode haver um só núcleo, ou dois, pareados, além de ribossomos e mitocôndrias” (SILVA; SASSON; CALDINI, 2010, p. 52). Situação semelhante também foi apresentada pelo livro 7, que exibiu a ilustração de uma célula fúngica identificando como organelas citoplasmáticas apenas vacúolo, retículo endoplasmático e mitocôndrias. Abordagens como essas omitem informações e induzem o aluno a pensar que essas são as únicas organelas presentes nas células desses organismos. Porém, os fungos possuem outras organelas comuns às demais células eucarióticas, tais como complexo de Golgi e retículo endoplasmático liso e rugoso (ALEXOPOULOS et al., 1996; BOURETT; JAMES; HOWARD, 2007). Outro ponto que merece atenção por parte dos autores é sobre a composição da parede celular dos fungos. Os livros 3 e 8 mencionaram que essa estrutura pode ser formada por celulose e quitina, e o livro 8 ainda citou que no caso de alguns fungos a parede celular pode apresentar hemicelulose em sua composição, o que está incorreto, pois uma das características exclusivas dos fungos é que sua parede celular é formada preponderantemente por quitina, e não celulose e/ou hemicelulose. O livro 5 também indicou a presença de celulose na composição da parede celular dos quitridiomicetos, não fazendo distinção entre os grupos de organismos zoospóricos pertencentes ao reino Fungi ou ao reino Chromista. Em classificações mais antigas os oomicetos, organismos zoospóricos que possuem parede celular formada por celulose, já foram classificados como fungos, mas hoje eles estão sabidamente classificados no reino Chromista, de forma que no reino Fungi estejam contidos apenas organismos cuja 57 parede celular é formada basicamente por quitina (ALEXOPOULOS et al., 1996; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014; CAIN, 2010). Sobre a classificação dos fungos, foram encontrados problemas referentes à classificações desatualizadas, além de informações incorretas. Com exceção aos filos Glomeromycota (SCHUSSLER; SCHWARZOTT; WARKER, 2001), Blastocladiomycota (JAMES et al. 2006b) e Neocallimastigomycota (HIBBETT et al., 2007) que foram descritos recentemente, e Microsporidia cuja posição junto ao reino Fungi ainda é contraditória por certos autores no meio científico (BLACKWELL et al., 2006, JAMES et al., 2006a), todos os demais filos (Chytridiomycota, Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota) podem ser facilmente incluídos nos sistemas de classificação abordados no ensino médio. Entretanto, o filo Chytridiomycota não foi abordado no livro 8 e, apesar dos demais livros o terem incluído na classificação do reino Fungi, apenas o livro 7 apresentou uma ilustração (fotografia) de um quitridiomiceto. O livro 5 mencionou a existência dos quitridiomicetos apenas em um quadro complementar ao final do capítulo, porém, como dito anteriormente, tratando-os como possíveis representantes do reino Protista devido à presença de parede celular composta de celulose, o que, na verdade, é o componente da parede dos Oomycota, atualmente classificados no reino Chromista. Erros conceituais também foram verificados com relação ao habitat dos quitridiomicetos, sendo que os livros 2, 5 e 6 descreveram que tais organismos estão restritos a ambientes aquáticos. Porém, essa afirmação poderia ser melhor explorada levando em consideração que certas espécies são também encontradas em solos úmidos (ALEXOPOULOS et al., 1996; CAIN, 2010; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Quanto aos basidiomicetos (filo Basidiomycota), o livro 5 mencionou que todos os indivíduos desse grupo desenvolvem corpos de frutificação, mas na verdade há representantes dos subfilos Pucciniomycotina e Ustilaginomycotina, por exemplo, que não formam basidiomas (KIRK et al., 2008). Os livros 4 e 7 também podem induzir o leitor a uma interpretação errônea, já que utilizaram a presença ou ausência de corpos de frutificação como uma característica importante para classificação dos fungos, descrevendo os ascomicetos e basiodiomicetos como fungos com corpos de frutificação, sem deixar claro que há representantes desses filos que não desenvolvem tais estruturas. Os fatores que levaram à classificação de cada grupo de organismos em determinado filo foi outro tema pobremente discutido na maioria das obras. Esse é o caso do livro 6 que, ao caracterizar o filo Chytridiomycota, não mencionou que o principal diferencial desse grupo é a presença de células de reprodução flageladas em uma fase do seu ciclo de vida, uma explicação que contribui para que o leitor compreenda porque a maioria das quitrídeas são encontradas em solos úmidos ou ambientes aquáticos. O livro 2, além de não apresentar as características distintivas de Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota, utilizou termos populares para definição de cada filo, generalizando, em certos casos, de forma errada seus representantes. Isso é verificado, por exemplo, ao definir o filo Basidiomycota como cogumelos e micorrizas, o filo Ascomycota como bolores e o filo Zigomycota como mofos. O livro 7 deixou de apresentar informações sobre as principais características do filo Zygomycota, como a formação de esporos resistentes durante a reprodução sexuada, do filo Basidiomycota, como a formação de basídios para produção dos esporos sexuais, e do filo Ascomycota, como a formação de ascos, local da produção e maturação dos esporos. A mesma deficiência foi verificada no livro 3 com relação aos filos Zygomycota e Basidiomycota. Questões mais pontuais de classificação foram observadas nos livros 5 e 6 que consideraram como um deuteromiceto a espécie Candida albicans, um fungo leveduriforme causador de infecções orais e vaginais em seres humanos e sabidamente considerado um ascomiceto. Problema semelhante foi observado no livro 8 que descreveu o fungo Crinipellis perniciosa como agente causal da vassoura de bruxa (doença que acomete o cacaueiro), no 58 entanto, o nome atual desse fungo é Moniliophthora perniciosa (AIME; PHILLIPS-MORA, 2006). No que diz respeito à origem evolutiva e ao histórico de classificação dos fungos, os livros 1, 6 e 8 não se preocuparam em abordar esse assunto e mostrar ao aluno que a relação e a ancestralidade entre os organismos é a base para os sistemas de classificação dos seres vivos. As demais obras apresentaram evidências evolutivas que mostram que os fungos são mais relacionados aos animais do que às plantas, uma vez que ambos evoluíram de um ancestral comum, um protista que vivia de modo colonial, muito semelhante a um coanoflagelado (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2007). Isso explicaria, por exemplo, porque os fungos foram segregados do reino das plantas, passando então a constituir um reino a parte ( ITTA ER, 19 9). Como “nada na biologia faz sentido exceto sob a luz da evolução” (DOBZHANSKY, 1973, p. 125), abordagens como essas são de grande valia, pois contribuem para que o aluno compreenda que os seres vivos não se apresentam na natureza de forma linear, como abordado na maioria dos livros didáticos (GUIMARÃES, 2005). Com relação a termos em desuso, os livros 3 e 7 descreveram que, no passado, os zigomicetos (filo Zigomycota) faziam parte de um grupo de fungos conhecido como ficomicetos, porém, os autores não definem ficomicetos. Em um livro didático é muito importante explicar o significado de termos específicos para ajudar o aluno a compreender o conteúdo com clareza. O mesmo ocorre no livro 8 que abordou ficomicetos como sinônimo para zigomicetos. Ao contrário, os livros 4 e 5 referiram ficomicetos como um termo em desuso e como parte de uma classificação antiga, de forma que o aluno possa compreender que a classificação dos fungos está em constante modificação. No passado, ficomicetos era o nome dado a um grupo de fungos que abrigava espécies sem nenhuma relação filogenética (WEBSTER; WEBER, 2007). Alguns ficomicetos eram unicelulares enquanto outros desenvolviam estrutura filamentosa, porém com organização simples (hifas cenocíticas) e sem formação de estruturas macroscópicas para propagação de esporos (JOLY, 2002; WEBSTER; WEBER, 2007). Atualmente, membros do antigo grupo dos ficomicetos estão classificados nos filos Chytridiomycota, Zygomycota e também no reino Chromista, sendo que as espécies desse último grupo não são consideradas fungos (KIRK et al. 2008), pois possuem representantes com particularidades não comuns aos fungos verdadeiros, como parede celular formada por celulose ou polímeros semelhantes (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2007). Já os livros 1 e 7 relacionaram algumas espécies de zigomicetos com a formação de associações mutualísticas com raízes de plantas (micorrizas), porém, com a recente segregação dos fungos micorrízicos arbusculares de Zygomycota e a proposição de Glomeromycota (SCHUSSLER; SCHWARZOTT; WARKER, 2001) essa informação se torna desatualizada, muito embora os autores não tenham adotado a classificação dos fungos incluindo o filo Glomeromycota. Apesar de serem termos em desuso, os livros 1, 3, 4, 5 e 6 usaram deuteromicetos (ou Deuteromycota) e fungos imperfeitos para se referirem aos fungos conidiais, aqueles que não têm a fase sexuada de seu ciclo de vida conhecida. De modo diferencial, os livros 3 e 7 adotaram o termo fungos conidiais que, assim como fungos anamórficos, é atualmente mais recomendado pelos micólogos para se referir aos antigos deuteromicetos (KIRK et al., 2008; MAZZA, 2012; Informação verbal1). Quanto à definição dos fungos anamórficos como um grupo artificial e sem valor taxonômico, os livros 1, 3, 4, 6 e 7 deixaram isso bem esclarecido. Ao contrário, o livro 5 abordou, ao longo do texto, os fungos conidiais juntamente como os demais grupos de fungos (ascomicetos, basidiomicetos e zigomicetos) e apenas em um quadro 1 Informação fornecida por Rosely Ana Piccolo Grandi no Instituto de Botânica de São Paulo, em março de 2014. 59 ao final do capítulo os autores deixaram claro que esses fungos não representam um grupo taxonômico. A adoção de outros termos em desuso foi observada nos livros 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 8 ao definirem as estruturas macroscópicas de reprodução sexuada dos ascomicetos e basidiomicetos como ascocarpo e basidiocarpo, respectivamente. No entanto, atualmente, os termos mais apropriados são ascoma e basiodioma (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014; KIRK et al., 2008; MAZZA, 2012), nomenclatura que não faz nenhuma referência à botânica, já que a palavra “carpo” significa fruto (do grego: karpos). O livro 7 definiu as estruturas macroscópicas de reprodução sexuada dos fungos somente como corpos de frutificação, termo igualmente apresentado nos livros 1, 3, 4, 5, 6 e 8, mas que também está em desuso pelos mesmos motivos supracitados. Os termos atuais, ascoma e basidioma, foram encontrados nos livros 1 e 2, como sinônimos dos termos antigos, sendo que apenas o livro 1 esclarece ao leitor a tendência de substituição desses vocábulos. Os livros 2, 6 e 8 utilizaram saprófito (do grego: sapros = putrefato + phyton = planta) para se reportar aos fungos que se nutrem de matéria orgânica em decomposição. Porém, saprófago (do grego: sapros = putrefato + phagos = comedor) ou sapróbio (do grego: sapros = putrefato + bios = vida) são termos atualmente mais apropriados por não fazerem referência estrita às plantas. Os livros 3, 5 e 7 empregaram em seu vocabulário os termos atuais e ainda explicaram ao leitor a sua definição. O livro 6 utilizou o “termo aparelho” reprodutor para definir o basidioma dos basidiomicetos e aparelho vegetativo para o micélio em contato com a matéria orgânica. No entanto, esses termos não são utilizados na micologia e sua aplicação nesse sentido vai de encontro ao conceito de aparelho comumente abordado em biologia, que se refere a um grupo de órgãos que trabalham em conjunto para realizar determinada função (BAKER; ALLEN, 1975). Os demais livros que fazem referência a essas estruturas (livros 4, 5 e 7) utilizaram os termos micélio reprodutor e micélio vegetativo, que são os termos mais recomendados. Diante de tantos problemas relacionados à classificação dos fungos, dois livros exibiram diferenciais bem interessantes em relação às demais obras. O livro 1 resumiu as informações referentes às principais características dos grupos de fungos em uma tabela (Figura 1), um recurso que certamente ajudará o leitor a comparar e compreender o que diferencia um filo de outro. E o livro 4 que, por meio de um cladograma (Figura 2), apresentou ao aluno uma abordagem que mostra o caráter dinâmico da vida evidenciando as principais características que cada grupo de fungos adquiriu ou perdeu ao longo de sua evolução. Figura 1. Tabela apresentada pelo livro 1 que resume as principais características dos grupos de fungos Fonte: Amabis e Martho (2010, p. 101). 60 Figura 2. Cladograma apresentado pelo livro 4 que ilustra as relações filogenéticas entre os principais grupos de fungos Fonte: Lopes e Rosso (2010, p. 248). Em relação à reprodução dos fungos, alguns livros trataram o assunto de forma breve e resumida, omitindo etapas importantes para compreensão dos processos reprodutivos dos fungos. A reprodução de Chytridiomycota, por exemplo, foi omitida em todos os livros. O livro 2 é uma obra que não discutiu sobre as particularidades da reprodução de cada filo e referenciou de forma errada um basidioma liberando basidiósporos como sendo um esporângio (Figura 3). Figura 3. Imagem apresentada pelo livro 3 que exibe um basidioma (que foi erroneamente referido como um esporângio) liberando esporos Fonte: Adaptado de Bizzo (2010, p. 139). 61 O livro 7 utilizou apenas um esquema generalizado para ilustrar a reprodução sexuada dos quatro diferentes filos de fungos (Figura 4), enquanto que o livro 3 descreveu o processo de reprodução dos fungos de maneira simplificada e utilizou o esquema da reprodução de um zigomiceto como única ilustração do processo de reprodução sexuada dos fungos. Abordagens como essas não possibilitam que o aluno conheça e diferencie os mecanismos que cada grupo de fungos utiliza para se reproduzir. Figura 4. Esquema generalizado apresentado pelo livro 7 para ilustrar o processo de reprodução sexuada dos fungos Fonte: Santos, Aguilar e Oliveira (2010, p. 81). O livro 1, ao descrever a reprodução dos ascomicetos, cita a produção de conidiósporos, porém em nenhum momento foi definido ou descrito o que são essas estruturas e como elas estão envolvidas na reprodução de um ascomiceto. Se essa informação fosse melhor explorada, ou até mesmo se a estrutura em questão fosse ilustrada, o aluno poderia entender que os conidiósporos são esporos assexuados responsáveis pela reprodução de muitas espécies de Ascomycota (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). O livro 3 também indicou o termo conidióforos na legenda de uma figura, porém sem nenhuma definição prévia do termo. Ainda sobre a reprodução dos ascomicetos, o livro 5 apresentou problemas ao descrever: 62 Revendo o que já foi estudado, na meiose ocorrem duas divisões sucessivas, das quais a primeira é reducional e a segunda é semelhante à mitose comum. Assim, uma célula diploide dá origem a quatro células haploides. No grupo mais diversificado dos fungos, os ascomicetos, cada uma dessas quatro células haploides sofre mitose, originando oito células, todas haploides. Cada uma dessas oito células é um esporo sexuado, conhecido por ascósporo, uma vez que a estrutura onde se desenvolve é denominada asco (MENDONÇA; LAURENCE, 2010, p. 95). O trecho supracitado refere-se a toda a descrição do processo de reprodução dos ascomicetos apresentada no livro 5. Observa-se que as etapas iniciais do processo reprodutivo (germinação do esporo, desenvolvimento da hifa, plasmogamia e cariogamia) foram omitidas. Em nenhum momento o livro citou que as células diploides que sofrem meiose foram originadas a partir da fusão de dois núcleos de micélios compatíveis. Sendo assim, o livro descreveu o processo de reprodução sexuada dos ascomicetos de forma incompleta. O mesmo ocorreu quando foi descrito o processo de reprodução sexuada de basidiomicetos, porém, nesse caso, de forma ainda mais grave, uma vez que, ao exemplificar a estrutura básica de um fungo, o corpo de frutificação e o tipo de reprodução dos basidiomicetos é usado como referência seguido do seguinte texto: O micélio distribui-se dentro do substrato de onde emerge e forma o corpo de frutificação, produtor dos elementos de reprodução chamados esporos. São esses esporos que darão origem diretamente a novo micélio e, assim, a novo fungo, sem a formação de gametas. A reprodução espórica constitui, portanto, a reprodução assexuada do fungo (MENDONÇA; LAURENCE, 2010, p. 90). Ao narrar que a “reprodução espórica constitui, portanto, a reprodução assexuada do fungo” (MENDONÇA; LAURENCE, 2010, p. 90) o livro 5 cometeu um equívoco, pois desconsiderou que o micélio que dá origem aos basidiomas foi formado a partir da fusão de dois núcleos de micélios compatíveis (reprodução sexuada). Ou seja, os esporos formados são de origem sexuada. Desse modo, nesse contexto, é incorreto referir-se a “reprodução espórica” como sendo assexuada. Outros erros foram verificados no livro 6 que descreveu a reprodução dos ascomicetos da seguinte forma: A formação do asco inicia-se com a fusão das extremidades diferenciadas de hifas procedentes de dois micélios diferentes. Da fusão das hifas, resulta uma célula com dois núcleos (1). Com a fusão dos dois núcleos, resulta um zigoto diploide (2), que sofre meiose e, logo em seguida, mitose (3). Com essas divisões, resultam oito núcleos haploides (4), que se diferenciam em esporos, os ascósporos. Ao germinar, cada ascósporo dá origem a um novo micélio haploide (5) (PEZZI; GOWDAK; MATTOS, 2010, p. 88, grifo nosso). O problema verificado na colocação do livro 6, ao tratar da reprodução dos ascomicetos, é que na verdade o que se inicia com a fusão das hifas de micélios distintos é a formação do ascoma, e não do asco. Os ascos irão se formar apenas na extremidade das hifas do micélio reprodutor. Na descrição da reprodução dos basidiomicetos, um erro semelhante é cometido quando os autores descrevem que: A reprodução sexuada [...] tem início quando duas hifas de diferentes micélios se encontram (1). Ocorre, então, fusão de suas células, ficando cada uma com dois núcleos (2). O micélio resultante dá início à formação de um basidiocarpo (3). Nas células binucleadas, os núcleos vão se fundir, originando células diploides, que são os basídios (4) (PEZZI; GOWDAK; MATTOS, 2010, p. 89, grifo nosso). 63 Nesse caso, ao explicar que nas células binucleadas os núcleos se unem originando basídios, o livro 6 leva o leitor a entender que todas as células binucleadas darão origem a basídios. Porém, a obra deixa de especificar que apenas os núcleos das células terminais da superfície himenial do basidioma é que irão se fundir para formação dos basídios, e não os de toda e qualquer célula binucleada. O livro 8 também apresentou uma informação incorreta sobre o processo reprodutivos dos basiodiomicetos ao descrever que nesse grupo “a fase diploide é representada pelo basidiocarpo; e a fase haploide, pelas hifas mais simples, de células mononucleadas” (SILVA; SASSON, CALDINI, 2010, p. 55). No entanto, a diploidia de um basidiomiceto está restrita apenas ao momento da cariogamia para a formação dos basídios e posterior divisão para formação dos basidiósporos. A colocação correta, nesse sentido, seria explicar que as hifas do basidioma são dicarióticas, e não diploides. Por fim, erros de grafia de termos técnicos ou nomes científicos foram observados nos livros 1 e 2, como, por exemplo, a escrita de Saccharomyces cerevisae (livro 1) ou Saccharomices cerevisae (livro 2) ao invés de Saccharomyces cerevisiae, e hifa cenocética ao invés de hifa cenocítica (livro 1). O livro 5 também cometeu um equívoco ao citar um gênero de Ascomycota com a primeira letra minúscula, pois ao invés de Morchella, descreveu morchella. Erro semelhante foi encontrado no livro 8, que abordou o nome de uma espécie de ascomiceto de forma incorreta, apresentando o epíteto específico da espécie com letra maiúscula: Penicillium Chrysogenum. O correto, de acordo com as normas de grafia científica seria Penicillium chrysogenum. Abordagem Ecológica Neste critério, o papel decompositor dos fungos foi o tópico mais bem abordado, uma vez que quase todos os livros ressaltaram de forma correta a importância dos fungos na ciclagem dos nutrientes nos ecossistemas e a relevância dessa função para a manutenção de todas as formas de vida. O livro 8 foi a única obra que não enfatizou o quão importante os fungos são para a manutenção dos ecossistemas. Por outro lado, o livro 5 contextualizou muito bem esse assunto utilizando como exemplo a ciclagem dos nutrientes nas floretas tropicais brasileiras, a Amazônia e a Mata Atlântica. No que diz respeito às relações ecológicas, todos os oito livros trouxeram a formação de liquens e micorrizas como exemplos básicos da relação entre fungos e outros organismos. Como diferencial, os livros 3, 4 e 7 trouxeram ainda o exemplo de fungos predadores, enquanto os livros 4 e 8 apresentaram na forma de atividade e texto complementar, respectivamente, a relação mutualística entre fungos e formigas cortadeiras. Todos os livros didáticos analisados conceituaram muito bem as relações ecológicas envolvendo os fungos, mas é importante ressaltar que muitas das informações apresentadas nas obras poderiam ser reformuladas ou melhor discutidas. Por exemplo, o livro 1 definiu as micorrizas como uma associação entre fungos e raízes de árvores. Porém, apesar de saber que a maioria dessas associações ocorrem em plantas vasculares, essa não é uma relação restrita apenas às plantas que desenvolvem estruturas arbóreas. Acerca da reprodução dos liquens, os livros 1, 2, 3, 5, 6 e 8 restringiram esse processo apenas a uma forma de reprodução, a formação de sorédios, não fornecendo informações de que o micobionte pode produzir esporos sexuais passíveis de formar um novo líquen quando em contato com a alga ou a cianobactéria apropriada. Nesse sentido, os livro 4 e 7 deixaram claro que a alga e o fungo também podem se reproduzir independentemente da formação de sorédios. De maneira geral, o livro 1 forneceu informações bem sucintas sobre liquens e micorrizas e não trouxe nenhuma imagem ou esquema que pudesse facilitar a compreensão 64 das associações micorrízicas. Por outro lado, os livros 2 e 7, apesar de apresentarem uma série de informações relevantes sobre liquens e micorrizas, carecem de imagens que auxiliem nesse entendimento. O livro 2 apresentou um recurso visual questionável acerca do tema micorrizas (ver discussão em Abordagem Visual – Figura 10), enquanto o livro 5 exibiu uma imagem de baixa qualidade para ilustrar tal associação (ver discussão em Abordagem Visual – Figura 11). O livro 7 não ofereceu nenhuma imagem ou esquema que ajudasse o leitor a entender os mecanismos dessas associações mutualísticas. A definição estrutural de um líquen também é um ponto a ser revisto na explicação apresentada no livro 1. Os autores definiram que “o líquen contém três camadas: as duas externas são constituídas pelas hifas do fungo unidas e compactadas; a mais interna é formada pelas células das algas e por hifas do fungo frouxamente entrelaçadas” (AMABIS; MART O, 2010, p. 100), o que basicamente caracteriza um líquen folhoso homômero, onde não há a distinção da camada interna ocupada pelas células do fotobionte e pelas hifas do fungo. Porém, a figura da seção transversal de um líquen apresentada pelos autores (Figura 5) representa o esquema de um líquen folhoso heterômero, onde a camada interna pode ser subdividida em duas camadas, uma vez que a concentração das células do fotobionte ocorre apenas na porção superior e não em toda a camada interna. Sendo assim, de acordo com a figura apresentada, pode-se distinguir quatro e não apenas três camadas: 1) córtex superior, constituído por hifas do fungo fortemente gelatinizadas; 2) a camada do fotobionte, constituída por células do fotobionte e hifas do fungo frouxamente entrelaçadas; 3) a medula, que constitui cerca de 2/3 do espessura do talo e é formada por hifas frouxamente entrelaçadas; e 4) córtex inferior, constituído por hifas do fungo fortemente entrelaçadas e coberto por finas projeções – rizinas – que prendem o líquen ao substrato (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). Figura 5. Esquema de líquen aparentemente do tipo folhoso heterômero, porém, cuja descrição se refere a um líquen do tipo folho homômero (livro 1) Fonte: Amabis e Martho (2010, p.100). 65 Já o livro 8 trouxe a descrição da organização de um líquen seguida de uma ilustração (Figura 6) correspondente, não deixando dúvidas sobre a constituição estrutural normalmente observada nos liquens: O corpo de um líquen, ou seja, o seu talo, apresenta diversas formas: foliáceos, incrustantes e filamentares ramificados. Nele há, normalmente, quatro camadas bem definidas: córtex superior, com uma trama compacta de hifas; camada gonidial, com predominância de algas verdes ou cianobactérias; medula, com uma rede mais frouxa de hifas; e córtex superior, semelhante ao superior, mas com algumas hifas rizoides para fixação no substrato (SILVA; SASSON; CALDINI, 2010, p. 57, grifo do autor). Figura 6. Constituição estrutural normalmente observada nos liquens apresentada pelo livro 8 Fonte: Silva, Sasson e Caldini (2010, p. 57). Ainda sobre os liquens, o livro 3 afirmou que o desaparecimento de um líquen de determinado local indica que o ar está poluído, mas na verdade sabe-se que nem todas as espécies de liquens são bioindicadoras e que outros motivos podem diminuir o número de liquens de determinado lugar. Os livros 4 e 8 também cometeram tal generalização ao dizer que os liquens, e não apenas algumas espécies, são indicadores da qualidade do ar. Sobre esse assunto, os livro 5 e 7 apresentaram uma abordagem mais adequada, pois deixaram claro ao leitor que somente algumas variedades de liquens tem caráter bioindicador. Outro tópico interessante relacionado aos liquens, e também importante de ser abordado nas obras didáticas, é sobre a importância desses organismos como pioneiros nos processos de colonização ecológica, sendo que os livros 1, 2, 3, 6 e 7 abordaram de forma muito clara esse assunto. O livro 4, ao comentar sobre as micorrizas do tipo arbuscular (endomicorrizas), descreveu que as hifas do fungo penetram as células da raiz da planta de modo a atingir sua região citoplasmática. Porém, de acordo Cain (2010) e Raven, Evert e Eichhorn (2014), nas associações endomicorrízicas, as hifas do fungo penetram nas células da raiz mas não chegam a ultrapassar o limite da membrana plasmática, atuando e se desenvolvendo apenas no espaço entre a parede celular e membrana plasmática dessas células. 66 Os benefícios trocados entre os organismos envolvidos nas associações de liquens e micorrizas foi um tema também deficiente nos livros 5, 6 e 8. A ausência de conteúdo abordando esse assunto em tais associações foi observada no livro 5, que omitiu informações tanto para liquens quanto para micorrizas, e no livro 8 com relação à associação micorrízica. Se os livros tivessem descrito que a vasta rede de hifas dos fungos amplia a capacidade de absorção de água e minerais do solo, e que as plantas oferecem aos fungos carboidratos e vitaminas essenciais para o seu desenvolvimento (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014), o conteúdo se tornaria mais claro e lógico, diminuindo a possibilidade de gerar alguma dúvida ao aluno. O mesmo com relação aos liquens, onde o fotobionte (algas ou cianobactérias) fornece carboidratos e compostos nitrogenados (no caso das cianobactérias fixadoras de nitrogênio) ao micobionte (fungo), e esse, por sua vez, fornece minerais ao fotobionte e proporciona um ambiente físico adequado para sua sobrevivência (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014). No caso do livro 6, a obra descreveu que nos liquens, o fungo fornece H2O e CO2 ao fotobionte, enquanto esse fornece O2 para o fungo. Porém, não há registros na literatura acerca do fornecimento de CO2 ou O2 como substâncias envolvidas na troca entre esses dois organismos enquanto associados. Por fim, alguns erros conceituais também merecem destaques nesse critério, como nos livros 5 e 6, que definiram os liquens como uma associação entre fungos e algas, sem diferenciar ou especificar também o envolvimento de cianobactérias. Abordagem Social A abordagem social é um dos critérios mais relevantes para o processo de aprendizagem significativa, já que é o responsável por traçar uma conexão entre o conteúdo e o cotidiano do aluno. Nesse contexto, a maioria das obras abordaram muito bem esse critério, exceto os livros 1 e 2 que se limitaram à apenas citar exemplos de fungos patogênicos, fungos com utilidades na indústria alimentícia e fungos que produzem antibióticos. As obras que não contextualizaram as informações apresentadas necessitam que o conteúdo relacionado a esse critério seja enriquecido, já que, de acordo os PCNEM, um dos objetivos da biologia é oferecer ao aluno competências que lhe permitam compreender o papel dessa ciência no mundo em que vive (BRASIL, 2000). Sendo assim, é também papel dos livros didáticos de biologia, uma ferramenta a serviço da educação, proporcionar conhecimento para que o aluno entenda como os fungos estão presentes em seu dia a dia. Ao contrário das obras 1 e 2, o livro 3 é repleto de informações que discutem as relações dos fungos com o homem. Nesse livro são abordados tópicos como: fungos patogênicos, fungos que produzem substâncias alucinógenas, fungos utilizados no controle biológico, fungos produtores de antibióticos e outros medicamentos, fungos com utilidades na culinária e na indústria e fungos que causam o apodrecimento de alimentos. O livro 4 é outra obra que demonstrou ter uma grande preocupação em traçar uma conexão entre o conteúdo e o cotidiano do aluno. Um diferencial dessa obra é que logo no inicio do capítulo referente ao conteúdo de micologia os autores indagam o leitor com perguntas sobre os fungos, uma abordagem que leva o aluno a perceber que todo o conteúdo que será estudado não está longe de sua realidade, mas sim bem presente em seu cotidiano. O livro aborda desde questões simples como o papel dos fungos na produção de pães e bebidas, até questões mais recentes e intrigantes de biotecnologia, como a da capacidade que o fungo Gliocladium roseum tem de produzir hidrocarbonetos semelhantes aos encontrados na gasolina e no óleo diesel, combustíveis de alto valor econômico (STROBEL et al., 2008) . A obra 5 destinou uma seção do capítulo exclusivamente para descrever as relações dos fungos com os seres humanos, na qual relata sobre a importância dos fungos na produção 67 de alimentos, na indústria e na medicina. O livro também comentou sobre os fungos causadores de doenças humanas. A obra 6 abordou assuntos como os fungos utilizados na alimentação, fungos na indústria e fungos produtores de substâncias tóxicas, mas foram os fungos patogênicos que a obra se dedicou a oferecer maiores detalhes ao leitor. Vale ressaltar que, apesar de ser um tema importante, a quantidade elevada de informações sobre fungos patogênicos pode induzir o aluno a ter ideia de que a principal importância dos fungos está relacionada ao fato de tais organismos serem causadores de doenças humanas, ao passo que apenas algumas espécies dentre todas até então conhecidas são sabidamente patogênicas. Os livros 7 e 8 também contextualizaram muito bem os assuntos relacionados a esse critério, abordando fungos patogênicos, fungos na medicina, fungos e a alimentação, fungos na indústria e fungos no contexto da ciência e tecnologia. Inclusive, o livro 8 inicia o capítulo de micologia com um texto abordando a relação dos fungos com os seres humanos. O texto desse livro é repleto de informações e curiosidades sobre como os fungos têm um papel importante na natureza e suas utilidades na sociedade, incluindo sua aplicabilidade na indústria e no desenvolvimento da agricultura. Os livros 3, 4, 7 e 8 foram os únicos livros que citaram o envolvimento dos fungos na produção do etanol, combustível renovável e que é tema de muitas reportagens de revistas e jornais da atualidade. O livro 7 também se destacou por apresentar exemplos bastante atuais de pesquisas envolvendo a utilidade de fungos na indústria (fungos utilizados no desenvolvimento de medicamentos, desinfetantes e inseticidas) e na agricultura (fungos capazes de aumentar a fertilidade do solo). É importante acentuar que abordagens como essas são de grande valor, já que uma das competências propostas pelos PCNEM é que aluno entenda o impacto das novas tecnologias nos processos de produção industrial e na vida social (BRASIL, 2000). Segundo Vasconcelos e Souto (2003) um dos componentes de um bom livro didático é a presença de informações úteis para o dia a dia do aluno. Nesse sentido, a maior falha observada em relação a esse critério está relacionada ao fato de que a maioria das obras não forneceram ao aluno tais informações. Por exemplo, apenas os livros 3 e 7 descreveram como prevenir doenças causadas por fungos, como as micoses de pele. E somente os livros 4, 5 e 7 salientaram que não é uma tarefa fácil diferenciar cogumelos venenosos, por isso só se deve ingerir cogumelos de fontes confiáveis. Abordagem Visual É praticamente impossível imaginar um livro didático sem figuras e não há dúvidas que esse recurso tem muito a contribuir com o processo de ensino e aprendizagem. Porém, quando esse recurso não é usado de forma clara e coerente com o texto, ao invés de ajudar, ele pode comprometer o aprendizado do aluno, levando-o à interpretações errôneas. Para Vasconcelos e Souto (2003) é preciso que o livro didático tenha muita cautela para não deixar que uma figura confunda o pensamento do aluno. Em geral, as obras analisadas não apresentaram problemas graves no que se refere à qualidade das figuras, como nitidez e condições de cores. A questão que merece atenção nesse critério é que alguns livros trouxeram imagens com estruturas não identificadas e que não possuem descrição no corpo do texto ou em legendas, como é o caso dos livros 4, 5 e 6. Essas obras, ao exibirem uma figura que ilustra a organização das hifas formando um basidioma, apresentam estruturas não identificadas na porção terminal de algumas hifas (Figura 7). Tais estruturas provavelmente são os basidiósporos a partir dos quais germinaram as hifas para o desenvolvimento do micélio e posterior organização do basidioma. Porém, a partir da interpretação da figura da maneira que está apresentada é difícil para o aluno fazer tal inferência. 68 Figura 7. Ilustração com estrutura não identificada exibida pelo livro 4. Imagem semelhante foi apresentada pelos livros 5 e 6 estrutura não identificada estrutura não identificada Fonte: modificado de Lopes e Rosso (2010, p. 247). O livro 3 cometeu um erro grave ao ilustrar a ação de fungos predadores, pois identificou de forma incorreta o fungo e o nematódeo (Figura 8). A indicação trocada leva a entender que é o verme que captura o fungo, enquanto que, na verdade, o fungo é o “predador”. No texto, o livro descreveu a ação de fungos predadores de forma correta, mas essa contradição pode gerar dúvidas para o aluno compreender o conteúdo. Figura 8. Indicação errada apresentada pelo livro 3 - nematódeo capturando fungo Fonte: Linhares e Gewandsznajder (2010, p. 85). 69 Quanto à presença de escala nas figuras, todos os livros apresentaram pelo menos uma figura sem esse dado. Na maioria das vezes tais figuras são imagens cotidianas, como frutas e pães, alimentos que provavelmente o aluno já observou a olho nu e tem uma boa noção de seu tamanho real. Porém, o livro 4 apresentou uma micrografia de células da levedura Saccharomyces cerevisiae sem dado de escala (Figura 9), impedindo que o aluno tenha a noção do tamanho real desse organismo. Figura 9. Micrografia da levedura Saccharomyces cerevisiae apresentada pelo livro 4 e que não exibe informação de escala Fonte: Lopes e Rosso (2010, p. 251). A falta de coerência entre texto e imagem também foi um aspecto observado em algumas obras. Por exemplo, ao apresentar a imagem de duas trufas (ascomicetos comestíveis), o livro 6 descreveu na legenda da figura que esses fungos são encontrados sob o solo por porcos treinados, mas não explica o porquê da utilização dos porcos para a localização dos fungos. Outro exemplo, também no livro 6, é que ao escrever sobre liquens, onde os autores relataram que “eles podem se apresentar sob várias formas: talos ramificados, como a Usnea barbata (barba de velho), foliáceos, como o Parmelia sp. e encrustantes ou crostosos, como o Lecanora sp” (PEZZI; GOWDAK; MATTOS, 2010, p. 84). Porém, a obra não ofereceu nenhuma imagem para que o leitor verificasse como tais formas são caracterizadas ou o que diferencia um tipo do outro. Ao contrário, o livro 7, ao abordar o assunto, apresentou ao leitor uma imagem exemplificando cada tipo de líquen e, consequentemente, facilitando a compreensão do conteúdo pelo aluno. Outro problema de coerência foi apresentado pelo livro 3 que exibiu a micrografia de um fungo do gênero Penicillium com a seguinte legenda: “Penicillium ao microscópio eletrônico. Em laranja podem ser vistos conidióforos (cores fantasia; aumento de cerca de 400 vezes)” (LINHARES; GEWANDSZNAJDER, 2010, p. 86). O problema é que em nenhum momento o livro descreveu o que são os conidióforos e a função dessas estruturas. De modo semelhante, o livro 1, ao exibir uma ilustração sobre ciclo de vida dos ascomicetos, omitiu algumas estruturas citadas em texto, como, por exemplo, ascogônios, anterídios e tricógino. A legenda apresentada na ilustração desse ciclo de vida inclusive enfatizou que o aluno “analise o esquema acompanhando as explicaç es do texto” (AMABIS; MARTHO, 2010, p. 105). Porém, a ausência de tais estruturas na ilustração, dificulta que o aluno acompanhe a descrição do ciclo de vida e a relacione com a ilustração disponível. Outro ponto observado foi a falta de um bom texto ou legenda que auxilie o leitor a interpretar figuras micrográficas, já que imagens provenientes de microscópio não fazem 70 parte da realidade do aluno. O livro 2, por exemplo, ao abordar o conceito de micorrizas, exibiu uma micrografia (Figura 10) para ilustrar tal associação, mas a figura não é tão clara, uma vez que os esporângios dos fungos têm mais destaque na figura do que a relação fungoraiz. Figura 10. Micorriza – na imagem os esporângios tem mais destaque do que a relação fungo-raiz (livro 2) Fonte: Bizzo (2010, p. 137). O livro 5 também exibiu uma imagem de baixa qualidade para ilustrar a associação dos fungos com raízes de planta (Figura 11). Apesar do livro ter apresentado uma legenda explicativa, “as hifas do fungo são os filamentos brancos associados às raízes de uma planta” (MENDONÇA; LAURENCE, 2010, p. 91), a nitidez e clareza da imagem pouco favoreceram a interpretação desse tipo de mutualismo. Figura 11. Micorrizas – imagem de baixa qualidade e que pouco favorece a compreensão do conteúdo (livro 5) Fonte: Mendonça e Laurence (2010, p. 91). Dada à importância de uma boa abordagem visual no processo de ensino aprendizagem, esse critério merece um pouco mais de atenção por parte dos autores, pois imagens de boa qualidade são recursos fundamentais para o aluno entender o conteúdo com clareza, além do que, esse recurso também tem como função estimular a curiosidade do aluno, o que torna o conteúdo trabalhado ainda mais interessante (COUTINHO et al., 2010). 71 Abordagem Complementar Neste critério, em relação a atividades experimentais, quase todos os livros (exceto o livro 4) sugeriram algum tipo de atividade prática a fim de enriquecer o conhecimento do aluno a respeito dos fungos. Porém, apenas três livros (3, 6 e 8) ofereceram esse tipo de atividade no exemplar destinado aos alunos, nos demais essas atividades foram tratadas apenas no exemplar destinado ao professor. De maneira geral, as atividades práticas abordadas nas obras se referem à observação de fungos ao microscópio óptico e também a experimentos envolvendo o uso de fermento biológico (fermento de padaria), como a receita do pão caseiro. De acordo com Panarari-Antunes, Defani e Gozzi (2009, p. 1686), as aulas experimentais são de suma importância no processo de ensino-aprendizagem, pois proporcionam ao aluno “o desenvolvimento de habilidades relacionadas à realização de procedimentos, manipulação de equipamentos, elaboração e teste de hipóteses, aprofundamento e consolidação de conhecimentos”. Além disso, a maioria dos alunos adora vivenciar a ciência na prática, o que faz com que, muitas vezes, um experimento torne a aula bem mais interessante. Porém, Panarari-Antunes, Defani e Gozzi (2009) também enfatizaram que as atividades práticas devem ser descritas de forma clara, de modo que o aluno e o professor não tenham dificuldades de interpretar o que o livro didático propõe. Por exemplo, é essencial que em toda sugestão de atividade prática esteja descrito um objetivo, pois o aluno tem que ter claro em seu pensamento o motivo por que está realizando determinado experimento, ou seja, o aluno tem que saber o porquê está realizando tal tarefa (PANARARIANTUNES; DEFANI; GOZZI, 2009). Nesse ponto, apenas o livro 7 se destacou, pois as demais obras não descreveram o objetivo das atividades experimentais que são sugeridas aos alunos. A presença de textos complementares ou de apoio também foi observada nesse critério, uma vez que são textos que têm como propósito instigar a curiosidade do aluno (BATISTA; CUNHA; CÂNDIDO, 2010). Das obras analisadas, somente o livro 1 deixou de exibir alguma sugestão de leitura complementar no exemplar destinado ao aluno. A Tabela 2 descreve o título de cada texto complementar apresentado nos livros didáticos (exemplar do aluno), sendo que a maioria dos textos complementares foram exibidos junto à unidade de exercícios. Tabela 2. Textos complementares abordados nos livros didáticos de biologia do ensino médio selecionados pelo PNLD 2012 Livro Títulos de textos complementares ou de apoio 2 “Alexander Fleming e o bolor” 3 “O maior ser vivo da Terra” 4 “Fungos – heróis e vilões da biosfera” “Biodegradação de resíduos” “Controle biológico da broca-do-café” “Fungos e biodiesel” “Fungos micorrízicos” “Fungos no cotidiano” “Fungos e formigas-cortadeiras” 72 “Liquens e poluição” 5 “Cuidado com o amendoim” 6 “O universo luminoso dos fungos bioluminescentes” 7 “Pesquisador americano desenvolve diesel de fungos” 8 “Líquen em árvore é sinal de ar limpo” “As formigas cultivadoras de fungos” Após a leitura do texto complementar apresentado pelo livro 6 (O universo luminoso dos fungos bioluminescentes) foram verificadas algumas incongruências no que diz respeito ao motivo pelo qual certas espécies de fungos são capazes de emitir luz. O livro 6 descreveu de forma generalizada que: “A bioluminescência dos fungos pode servir para alertar predadores de suas defesas, ou atrair predadores de animais fungívoros, preservando suas linhagens. A luminosidade atrai também insetos noturnos, o que ajuda na dispersão de esporos” (PEZZI; GOWDAK; MATTOS, 2010, p. 90). Porém, consultando a bibliografia original (BRAGA-NETO; STEVANI, 2013) indicada pelo livro 6, foi possível verificar que, na verdade, ainda pouco se sabe sobre o mecanismo de emissão de luz exibidos por tais fungos. Os motivos apresentados no livro didático ainda são hipóteses e, como os próprios autores do estudo explicaram, “essas ideias ainda não foram adequadamente testadas e, mesmo que complementares, não têm muitas chances de explicar exclusivamente o porquê da bioluminescência” (BRAGA-NETTO; STEVANI, 2013). Outro ponto questionável sobre o texto complementar exibido pelo livro 6 é que, ao abordar sobre o número de espécies bioluminescentes do gênero Mycena (gênero que abriga o maior número de espécies de fungos bioluminescentes), a obra cita que: “Dentre as 500 espécies conhecidas do gênero Mycena, 35 são bioluminescentes. A maioria dos fungos bioluminescentes Mycena forma um grupo de 47 espécies, que vivem principalmente em regi es tropicais” (PEZZI; GO DA ; MATTOS, 2010, p. 90). O texto supracitado é confuso, uma vez que, primeiramente, cita 35 espécies de Mycena como sendo bioluminescentes e, em seguida, descreve que a maioria dos fungos bioluminescentes Mycena formam um grupo de 47 espécies. Ao consultar a referência indicada pelo livro 6, verificou-se que a informação sobre o número de espécies também está apresentada de forma confusa por Braga-Neto e Stevani (2013). De acordo com Desjardin, Oliveira e Stevani (2008), o gênero Mycena possui mais de 500 espécies organizadas em 60 grupos diferentes (seções). Mesmo com a grande diversidade de Mycena, apenas 35 espécies têm capacidade de emitir luz, sendo elas pertencentes a 17 seções do gênero (DESJARDIN; OLIVEIRA; STEVANI, 2008). As obras didáticas também apresentaram outros recursos de caráter complementar, como o livro 7 que apresentou um diferencial bem interessante em relação as demais, pois no material destinado ao professor há sugestões de livros e artigos disponíveis na internet, além de propor dicas de dinâmicas e filmes a serem utilizados em sala de aula. Por fim, também de forma diferencial, no exemplar do aluno, os livros 7 e 8 ofereceram ao leitor sugestões de sítios eletrônicos com informações complementares a respeito do universo dos fungos. 73 Conclusões Este estudo demonstrou que apesar dos livros didáticos destinados ao ensino básico serem antes avaliados por equipes vinculadas ao MEC, percebe-se que ainda há deficiências nas obras, como erros conceituais, carência de informações que auxiliem a compreensão do conteúdo, ausência de conexões do assunto abordado com o cotidiano do aluno e falta de coerência entre textos e figuras. Essas deficiências já foram previamente apontadas em outros trabalhos que analisaram diferentes conteúdos de temas ligados à ciência e a biologia em livros didáticos (ESPÍNOLA, 2007; BATISTA; CUNHA; CÂNDIDO, 2010; ROSA; MOHR, 2010; FRANÇA; MARGONARI; SCHALL, 2011). Desta forma, é possível perceber que o conteúdo de fungos nos livros didáticos de biologia ainda podem ser melhor elaborados, principalmente com relação aos critérios de abordagem teórica, ecológica e visual, uma vez que o progresso da educação em todo país também depende de ferramentas de boa qualidade, como um bom livro didático. Referências Bibliográficas AIME; PHILLIPS-MOURA. The causal agents of witches' broom and frosty pod rot of cacao (chocolate, Theobroma cacao) form a new lineage of Marasmiaceae. Mycologia, Lawrence, v. 97, n. 5, p. 1012-1022, 2006. (2005). ALEXOPOULOS, C. J.; MIMS, C. W.; BLACKWELL, M. Introductory mycology. 4. ed. New York: John Wiley & Sons, 1996. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. Biologia: biologia dos organismos. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2010. BAKER, J. J. W.; ALLEN, G. E. Estudo da Biologia. São Paulo: Edgard Blücher, 1975. BARR, D. J. S. Evolution and kingdoms of organisms from the perspective of a mycologist. 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