2002-08 RETALHOS DA ITINERANCIA RIBEIRINHA. 5 P Sergio e
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2002-08 RETALHOS DA ITINERANCIA RIBEIRINHA. 5 P Sergio e
RETALHOS DA ITINERÂNCIA RIBEIRINHA. Odila fscj e Paulo Sergio sj PRIMEIRO - V. Encontro da Mulheres Ribeirinhas do Amazonas: Entre os dias 23 a 25 de julho, em Manaus, realizou-se o V Encontro das Trabalhadoras Rurais do Amazonas com a presença de mais de 100 mulheres. O encontro girou em torno da partilha de experiências de Desenvolvimento Sustentável que estão sendo realizadas em diversas comunidades ribeirinhas (artesanato, horta comunitária, fábrica de sabonete de côco de babaçu, biscoitos e polpa de frutas); campanha de documentação para garantir os direitos de cidadãs (aposentadoria, pensão, salário-maternidade e reconhecimento de sua identidade de trabalhadoras rurais) e reforço a grupos organizados e estratégia de ampliação da organização em outras comunidades. Com um toque, bem feminino, o encontro teve momentos bonitos de mística ecumênica, confraternização e debate com candidatos ao governo do Amazonas, entregando a eles, propostas de governo. SEGUNDO - Trabalho escravo em Barcelos- AM – Após algumas viagens pela região de Barcelos-Am (rio negro), constatamos, entre outros problemas graves, sinais explícitos de trabalho escravo,(umas 200 famílias ou mais, inclusive de menores), na área do extrativismo da piaçaba e da pesca do peixe ornamental, que ficou confirmado durante um Encontro com nossa Equipe, CPT, Paróquia e diversas Entidades locais. Aí foi feito uma nota, pela CPT, que foi entregue ao Ministério Público, divulgada no Congresso Nacional, pela deputada Federal Vanessa Grazziottin e na rede internet da CPT. Atualmente, o Ministério público e a Polícia Federal estão na área investigando as denúncias. Outro escândalo na região é o desperdício de mais de 300 mil pés de palmito de pupunha, decorrente do fechamento da indústria pertencente a SHARP que decretou falência em 2001. Os pequenos agricultores, que plantaram o palmito com o empréstimo do Banco do Estado, agora estão endividados com o Banco Bradesco que privatizou o BEA e, como sempre, diz “não ter comprado dívidas” e quer receber de qualquer jeito. Esta fábrica foi construída, na última década, com recursos e altíssimos incentivos do governo do Estado. TERCEIRO - Maconha no Amazonas – Maconha no Estado do Amazonas nâo é novidade de agora, porém, está se tornando, cada dia mais, uma fonte de lucro para traficantes e de sobrevivência alternativa ao extrativismo ou a agricultura tradicional, para muitos pequenos agricultores. Vez por outra, aparece nos meios de comunicação denúncias e investigação por parte da polícia, mas é algo passageiro e pouco conseqüente. Isso nos preocupa bastante, por estar atingindo de cheio as comunidade ribeirinhas, principalmente a juventude, tanto rural, quanto urbana, que negocia e consome a maior parte. QUARTO - Encontro Ribeirinho – Entre os dias 5 a 8 de setembro, realizou-se o XVIII Encontro anual das Comunidades Ribeirinhas em Manaus. Os assim denominados, genérica e historicamente, “Ribeirinhos” aqui no Norte do Brasil, tem uma experiência de luta de mais de 30 anos. A organização começou, à partir da necessidade de garantir “o peixe nosso de cada dia”, que a cada dia fica mais escasso e mais caro. Isso tem uma implicação social e política muito ligada ao que hoje se chama de “Ecologia ou Preservação da Natureza” com altas repercussões nacionais e internacionais. Aqui no Amazonas, a luta pela preservação de Lagos, já dura quase 20 anos. No Estado do Acre, o mais conhecido, é o dos extrativistas da borracha, que culminou com o assassinato do ecologista, Chico Mendes, a mais de uma década. O povo “ribeirinho”, se pergunta hoje, sobre sua própria Identidade, devido ao crescimento de sua consciência cultural, política e social. O ribeirinho se vê desprovido de uma Entidade que tenha representatividade Jurídica frente ao governo, no que se refere aos seus direitos culturais, políticos e sociais. O Encontro que teve a participação de mais de 50 lideranças, tratou deste tema, ouvindo os relatos das experiências locais, mas também a experiência de organização do Movimento Sem Terra e da Confederação dos Pescadores do Pará e sua organização regional e nacional. Concluiu-se com a proposta de um Seminário em 2003, sobre a “Identidade Ribeirinha”, como base para criação de uma possível Entidade Representativa. A noite cultural ficou por conta da animação dos participantes e do Grupo Musical “Raízes Caboclas” que deu um toque artístico à vida e à luta. Odila e Paulo Sérgio.