Máfia dos Fiscais
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Máfia dos Fiscais
Anos 1990 Máfia dos Fiscais O primeiro escândalo da Máfia dos Fiscais estourou em 1998, durante o governo de Celso Pitta, na Prefeitura de São Paulo. Depois de quase 10 anos, o 'Jornal da Tarde' divulgou a denúncia do Ministério Público de um esquema de propina parecido também na Prefeitura paulistana que ficou conhecido como Máfia dos Fiscais 2. O primeiro escândalo veio à tona em 1998, quando uma empresária preparava a reforma de um imóvel no bairro de Vila Madalena, onde pretendia instalar uma academia de ginástica. Os fiscais a ameaçaram com o embargo do imóvel se ela não pagasse R$ 30.000,00 para que não fizessem vista grossa às supostas irregularidades. A empresária fez contato com o Ministério Público, que fez o flagrante da propina e prendeu o chefe dos fiscais da Administração Regional de Pinheiros, o engenheiro Marco Antônio Zeppini, que cumpriu pena de 5 anos de prisão. Pelo envolvimento na Máfia dos Fiscais, em abril de 2008, a juíza Márcia Tessitore, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, condenou o ex-vereador José Izar a 8 anos de prisão por concussão (extorsão praticada por funcionário público), mesmo período das penas decretadas a Willian José Izar, irmão do vereador, e Gilberto Trama, ex-administrador regional da Lapa. Outras 13 pessoas receberam penas que variavam de 4 a 8 anos. Roberto Porto, promotor de Justiça do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), deixou registrado que a investigação foi “um marco na luta contra a corrupção”, pois através dela aconteceu a primeira prisão de um vereador na história da cidade, Vicente Viscome, que foi denunciado em maio de 1999, e condenado no ano seguinte a 16 anos de prisão. 1 Cerca de 1,5 mil testemunhas foram ouvidas, e outros 30 processos seguiram em andamento, envolvendo quase todas as administrações regionais da época. A primeira versão da Máfia dos Fiscais, segundo o Ministério Público, teria arrecadado R$ 436 milhões, de comerciantes e ambulantes paulistanos. Em janeiro de 2007, Hanna Garib, ex-vereador e deputado estadual cassado, também denunciado no esquema dessa máfia, foi condenado a 20 anos de reclusão por crimes de concussão e formação de quadrilha. Garib entrou com recurso. De acordo com a denúncia, Hanna Garib era o líder desse tentáculo mafioso que agiu de 1993 a janeiro de 1999, nas regiões da Sé e do Brás. O “rapa dos fiscais” exigia propinas dos ambulantes, mesmo os regularmente licenciados, sob a ameaça de apreender suas mercadorias. Além disso, havia exigência de dinheiro para a liberação mais rápida dos bens que permaneciam no depósito de mercadorias apreendidas da Administração Regional da Sé. No início de 2008, camelôs procuraram o MPE para denunciar que estavam pagando semanalmente a fiscais municipais quantias que variavam de R$ 20 a R$ 30, e apresentaram uma lista com data de 17/04/2007, onde estava escrito ao lado de cada um dos 29 nomes de camelôs “dinheiro arrecadado na rua Ministro Firmino ao chefe dos fiscais. R$ 30,00. Total R$ 870,00”. Essa rua fica no Brás, região que concentrava cerca de 7 mil ambulantes, o que permitiu aos promotores calcularem que a arrecadação ilegal chegava a R$ 800 mil mensais. Este novo escândalo ficou conhecido como a Máfia dos Fiscais 2. Para desbaratar o esquema, promotores e policiais da Unidade de Inteligência Policial (UIP), do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DECAP) montaram a Operação Rapa, que resultou no pedido de prisão de 11 pessoas: 4 fiscais municipais, 5 ambulantes, um advogado e Marcelo Eiovazian, assessor político da Subprefeitura da Mooca, que fiscalizava a região. O prefeito Gilberto Kassab determinou a exoneração de todos funcionários públicos envolvidos, mas um relatório produzido pela Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, comandada por Andrea Matarazzo, não confirmou a existência do esquema. O documento de 210 páginas inocentou 11 pessoas - entre elas, três ex-funcionários públicos de carreira e três ex-funcionários de confiança. Em julho de 2008, o jornal SPTV, da TV Globo, pôs no ar o trabalho de três meses de produção, período em que profissionais da emissora se passaram por ajudantes de camelôs no Brás, e colheram flagrantes da ação dos fiscais corruptos, que faziam o recolhimento de propina a céu aberto, e do esquema entre ambulantes sem licença. 2 Um dos registros da emissora mostrou um vendedor ambulante, apontado como arrecadador de propina, dizendo que “um vendedor de água pode dar de R$ 5 a R$ 10. Uma pessoa que vende tênis, camiseta de marca, esses negócios, ele dá numa faixa de R$ 30 a R$ 50 por semana”. Em outro registro, uma das ambulantes que trabalhava há 15 anos nas ruas do Brás contou que já havia perdido R$ 10 mil em mercadorias apreendidas pelos fiscais por não ter aceitado pagar a propina. Fontes: http://www.muco.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=871:escandalo-da-mafi a-dos-fiscais&catid=34:sala-dos-escandalos&Itemid=53 http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,justica-condena-seis-envolvidos-na-mafia-dos-fiscais-e m-sp,480137,0.htm 3