ARTIGO DE REVISÃO Acondroplasia: revisão sobre as
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ARTIGO DE REVISÃO Acondroplasia: revisão sobre as
Arq Sanny Pesq Saúde 1(1):83-89, 2008 ARTIGO DE REVISÃO Acondroplasia: revisão sobre as características da doença. Rodrigo Lopes de Oliveira Lima, Márcia Cristina Pires da Silva, Mariana Pereira Cervan, Roberto Fernandes da Costa Centro de Esudos e Pesquisas Sanny – CEPS Grupo de Pesquisa em Disfunção do Movimento Humano da Faculdade de Fisioterapia da UNISANTA Resumo Objetivo: Este estudo teve como objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre os aspectos relacionados à acondroplasia. Métodos: Trabalho de revisão bibliográfica com consulta às publicações nos bancos de dados LILACS, SCIELO, MEDLINE e PubMed, utilizando descritores na língua portuguesa (acondroplasia; qualidade de vida; atividade física; desvios posturais; algias; função pulmonar), na língua inglesa (achondroplasia, life quality, postural disorders, pain, lung function) e por busca manual das referências citadas nos artigos encontrados. Conclusão: As dificuldades encontradas pelos acondroplásicos são inexoráveis, portanto, a condução das mesmas por meio de um acompanhamento por fisioterapeuta, como profissional da saúde, pode contribuir preventivamente, esclarecendo ao acondroplásico e sua família, sobre possíveis informações a respeito da doença e/ou minimizando algias, desvios posturais, problemas articulares bem como neurológicos. Palavras chave: acondroplasia; qualidade de vida; atividade física; desvios posturais; algias; função pulmonar Abstract Objectives: this work had as its main purpose to do a review to verify the state of art of the anorexia nervosa. Methods: Bibliographic revision consulting publications on LILACS, SCIELO, MEDLINE and PubMed databases with keywords such as achondroplasia, life quality, postural disorders, pain, lung function, having used more relevant studies. Conclusions: The difficulties finded by achondroplasics are inexorable, therefore, the conduct of them through monitoring by physiotherapist, as health professional, can contribute in advance, explaining to him and his family, on possible information about the disease and / or minimizing pains , postural disorders, joint and neurological problems. Key words: achondroplasia, life quality, physical activity, postural disorders, pain, lung function Lopes et al., Acondroplasia: revisão sobre a doença. 83 Arq Sanny Pesq Saúde 1(1): 83-89, 2008 Introdução A acondroplasia é uma das causas de nanismo que altera o crescimento afetando, dessa maneira, a ossificação endocondral. É caracterizada como um distúrbio autossômico dominante, porém cerca de 80 a 90% dos casos são representados por novas mutações. Dessa forma, na maioria dos casos os pais de filhos acondroplásicos não apresentam a mutação gênica. A mutação do gene foi localizada no receptor do fator de crescimento do fibroblasto tipo 3 (FGFR3). A maioria dos pacientes com sintomatologia clínica de acondroplasia típica apresentou a mesma mutação1. Ocorre substituição de uma arginina por uma glicina no domínio transmembrana do receptor, que está situado nos condrócitos na placa de crescimento dos ossos2. Assim, na placa de crescimento normal a ativação de FGFR3 inibe a proliferação da cartilagem e na acondroplasia a mutação faz com que o receptor esteja em um estado de ativação constante, alterando, portanto, o crescimento dos ossos longos. A morfologia dessa mutação descreve a ocorrência de um total desalinhamento das células da zona proliferativa, cuja função é promover o crescimento longitudinal dos ossos tubulares3. Além disso, este pesquisador encontrou um formato anômalo nas células da zona hipertrófica que também têm como função o crescimento em comprimento dos ossos, porém de maneira diferente. Vários autores descrevem os aspectos da acondroplasia, entre eles, Langer4 relata baixa estatura, membros curtos com predomínio do segmento proximal e limitação da extensão dos cotovelos, dedos das mãos dispostos em tridente, ou seja, com separação entre o terceiro e o quarto dedos. Além disso, no segmento cefálico nota-se macrocefalia, macrocrania com bossa frontal, hipoplasia facial, depressão da ponte nasal (nariz em sela), macrognalia e a cavidade oral mostra mau posicionamento dentário e desalinhamento entre as arcadas superior e inferior. No tronco, Warkany5 relatou dimensões longitudinais normais embora em algumas ocasiões ocorra diminuição do diâmetro ânteroposterior podendo provocar dificuldades Lopes et al., Acondroplasia: revisão sobre a doença. respiratórias e circulatórias. Apresentam, também, cifose lombar no 1º ano de vida ou hiperlordose depois do primeiro ano podendo ocasionar assim um abdome protuso. Algumas manifestações neurológicas podem ser causadas por compressões de raízes nervosas devido às deformidades mais graves na coluna. Já os aspectos radiológicos encontrados por Langer4 foram: osso frontal proeminente com calvária aumentada e base do crânio pequena. Na coluna, diminuição progressiva no sentido descendente da distância interpedicular da região dorsal até a lombar, ao contrário do que acontece fisiologicamente. Na pelve, os ossos ilíacos apresentam-se arredondados, com espinha sacrociática pequena e rebaixada. Diante disso, Hall6 sugere que mudanças nos hábitos posturais durante a primeira etapa de vida da criança acondroplásica poderiam modificar a evolução da mesma, portanto o conhecimento por parte do pediatra, a detecção precoce da doença e uma atenção multidisciplinar dessas alterações poderiam contribuir para a promoção da saúde geral e melhor qualidade de vida desses pacientes. Assim, é evidente a necessidade de estudos que descrevam os aspectos relacionados com esta doença, sobretudo aqueles relativos à atuação de profissionais da área de fisioterapia, escassos na literatura científica. Métodos Para identificação das características da acondroplasia, utilizou-se de revisão bibliográfica incluindo artigos científicos publicados entre os anos de 1970 e 2008 encontrados nas bases de dados MEDLINE, PUBMED, SCIELO e LILACS. Para a pesquisa foram utilizados descritores na língua portuguesa (acondroplasia; qualidade de vida; atividade física; desvios posturais; algias; função pulmonar), na inglesa (achondroplasia, life quality, postural disorders, pain, lung function) e por busca manual das referências citadas nos artigos encontrados. Foram excluídos estudos que não tinham relação com a acondroplasia, bem como aqueles que se relacionavam com outras formas de nanismo. 84 Arq Sanny Pesq Saúde 1(1): 83-89, 2008 Após a seleção dos artigos que preenchiam os critérios de inclusão, foram extraídas todas as informações referentes às características da doença para a redação deste trabalho. Revisão da Literatura Primeiros achados A descoberta de um esqueleto acondroplásico na Inglaterra com idade aproximada de 7000 a 3000 anos antes do período neolítico mostra que a acondroplasia é uma doença tão antiga quanto à própria história do homem7. Os acometidos pela acondroplasia eram admirados e até venerados como divindades no Egito Antigo, diferentemente do que ocorria no Império Romano, no qual os acondroplásicos eram treinados para lutar como gladiadores ou para divertirem as cortes5. Em 1878 o termo acondroplasia foi induzido por Parrot, que até então acreditava que os afetados por esta doença não possuíam cartilagem de crescimento. Posteriormente, em 1892 Kaufmann denominou o termo acondroplasia fetal a partir de achados anatomopatológicos de um feto, porém, por englobar outros tipos de displasias cartilaginosas congênitas, hoje, existe um consenso no emprego do termo acondroplasia para designar a doença5. Características etiológicas e epidemiológicas A acondroplasia é a mais frequente displasia esquelética de membros curtos, que é resultado de uma mutação gênica do receptor do fator de crescimento do fibroblasto tipo três (FGFR3), que está localizado no braço curto do cromossomo quatro. Isto causa uma mudança individual no aminoácido na transmembrana desse receptor5, 8-9. Apesar dos progressos do Projeto do Genoma Humano no início da década de 1990 terem propiciado maiores conhecimentos a respeito da caracterização genética na acondroplasia, foi somente em 1994 que foi localizada a posição exata da mutação gênica no braço curto do cromossomo quatro8. Esta mutação gênica é produzida por um gene autossômico dominante de penetrância completa, na qual todos os portadores do gene Lopes et al., Acondroplasia: revisão sobre a doença. apresentam a doença10. Parece paradoxal que o distúrbio raro seja dominante, porém, no caso da acondroplasia, as pessoas com estatura normal possuem um genótipo recessivo e as acometidas um genótipo autossômico. Geralmente, o genótipo dos acometidos pela doença é heterozigótico, pois, acredita-se que o efeito produzido por um genótipo homozigótico seria bastante grave e até letal11. Em concordância, Otto et al.10 afirmam que são conhecidos alguns poucos casos homozigóticos gravemente afetados que são resultantes da união de heterozigotos e que foram a óbito precocemente. O processo básico é uma inabilidade da placa epifisária no sentido de produzir cartilagem colunar, o que resulta um crescimento insuficiente dos ossos de formação endocondral, tornando a linha de ossificação irregular. Em alguns casos, há uma linha transversal de tecido conjuntivo, interpondo-se entre a epífise e a diáfise, o que compromete mais ainda o crescimento longitudinal do osso. O crescimento transversal está conservado, de modo que o aspecto final dos ossos longos é curto e largo12. A incidência foi estimada, nos Estados Unidos, em 15 casos/um milhão de nascidos vivos; contudo, alguns autores admitem que outras condições semelhantes à acondroplasia possam ter influenciado no cálculo referido. Estima-se que a incidência deva estar entre um caso/8.000 a 10.000 nascidos vivos. Considerando que a acondroplasia é uma condição autossômica dominante, o gene anormal pode ser transmitido pelo pai ou pela mãe a filhos e filhas já que a doença não tem predileção pelo gênero. Se um casal normal tem uma criança afetada, a chance de nascer outra criança afetada é a mesma de qualquer outro casal normal. Entretanto, se um casal normal tem dois filhos afetados, isso sugere fortemente que o diagnóstico não é acondroplasia, mas sim alguma outra condição autossômica recessiva. Se ambos os pais são acondroplásicos, 25% dos filhos serão afetados homozigotos, 50% serão afetados heterozigotos e 25% serão normais, sem nenhum risco aumentado de eles mesmos terem filhos afetados. Ainda, se um acondroplásico e uma pessoa normal têm filhos espera-se que 50% de seus descendentes sejam afetados. Por fim, a 85 Arq Sanny Pesq Saúde 1(1): 83-89, 2008 mutação genética da acondroplasia opõe-se à seleção natural, podendo ser responsável por 85% de novos casos13. Aspectos Psicossociais A partir dos anos de 1970, a atenção sobre esta patologia centrou-se em estudar as complicações que aparecem ao longo do tempo. A acondroplasia é bastante uniforme quanto à expressão clínica, mas pode haver variações em relação à severidade de cada deformidade14. Quando transmitida por herança, as mesmas características clínicas do progenitor tendem a se fazer presentes no filho12. Embora seja geralmente considerada uma doença associada à longevidade normal, e, portanto, compatível com uma vida íntegra e produtiva, muitos autores têm documentado que as várias complicações clínicas e sociais podem comprometer esse panorama15. Diante disso, eventualmente, muitos acondroplásicos poderão apresentar distúrbios psicológicos decorrentes do seu complexo de inferioridade e insatisfação com a aparência física12. Em um estudo realizado por Apajasalo et al.16, foi relatado que adultos acondroplásicos, em uma faixa etária dos 16-54 anos de idade, apresentam mais problemas relacionados a desemprego, casamento e atividade sexual do que aqueles pertencentes ao grupo controle. Dichetchekenian et al.12 confirmam o dado referente aos problemas no casamento ao relatar que adultos com acondroplasia têm menor fertilidade devido a fatores sociais, ou seja, em virtude de uma dificuldade conjugal. Tal fato sugere que 85% a 88% das crianças acondroplásicas não se reproduzirão, sugerindo, portanto, um declínio da prevalência da doença. Entretanto, o autor descreve que assim como o desenvolvimento genital, a atividade sexual é inteiramente normal. Em contrapartida, tais pacientes apresentaram um excelente estado mental e, melhor, se comparado ao grupo controle, pois pessoas que já nascem com um distúrbio evidente são menos críticas em relação às suas limitações em comparação com aqueles que adquirem uma doença durante a adolescência ou na fase adulta17. Além disso, essa melhor aceitação também se deve ao fato de que muitos desses pacientes estão envolvidos, desde Lopes et al., Acondroplasia: revisão sobre a doença. cedo, em dinâmicas de grupo que possivelmente contribuem com a auto-estima e com a adaptação de suas habilidades. Assim, parece que há desde cedo uma auto-aceitação positiva, por parte da criança, que tende a progredir caso ocorra uma não-satisfação com sua aparência física; entretanto, em muitos casos a negação ainda está envolvida18. Estudo caso-controle realizado em São Paulo mostrou que as mulheres acondroplásicas possuem maiores problemas com auto-estima, imagem corporal, dificuldade de aceitação, ou reportam tais problemas com maior facilidade que os homens19. A auto-estima, entre outros fatores, é uma das principais fontes para aceitação das incapacidades. A boa aceitação é indicativa de auto-estima maior, o que provavelmente refletirá nas habilidades individuais, facilitando a integração na sociedade20. Já adolescentes em uma faixa etária dos 12-15 anos, apresentaram mais problemas associados à formação escolar, hobbies e amizades do que o grupo controle e se disseram insatisfeitos com a aparência física21. Segundo este mesmo autor, no início da puberdade há uma tendência de as atividades sociais reduzirem e os amigos se afastarem; porém, esses adolescentes acondroplásicos apresentaram melhor resultado nos parâmetros de depressão, eestressee e vitalidade em relação aos adolescentes do grupo controle. Hoje em dia quem não se enquadra em um padrão convencional de beleza, peso ou estatura, faz parte de um grupo estigmatizado da sociedade; e os anões por alcançarem uma estatura entre 70 e 140 cm no máximo, na fase adulta, fazem parte desse grupo. Este fator associado à falta de acessibilidade em serviços, ambientes e transportes públicos, contribui para a exclusão social e a manutenção do preconceito22. Dentre as principais desvantagens citadas pelos acondroplásicos não estão suas respectivas limitações físicas, mas sim a percepção da sociedade frente às suas condições. Muitos relataram as provocações, grosserias, discriminações, entre outras formas de preconceito, como sendo as piores dificuldades encontradas para o envolvimento com a 86 Arq Sanny Pesq Saúde 1(1): 83-89, 2008 sociedade, prejudicando o convívio social e consequentemente a qualidade de vida23. Não há prejuízo do desenvolvimento mental, mesmo nos casos que apresentam a referida hidrocefalia, que pode estar presente na infância. Esta se caracteriza por não ser obstrutiva por reabsorção do líquido cefalorraquidiano24 ou em virtude de possíveis alterações na base do crânio14. A inteligência não é negativamente afetada, e muitos acondroplásicos são na verdade dotados de inteligência acima da média25-26. Estudos envolvendo o aspecto religioso têm mostrado importante significado na qualidade de vida de sujeitos acondroplásicos. A prática religiosa tende a tornar os indivíduos mais saudáveis e, consequentemente, tende a estender a expectativa de vida, de forma positiva, em indivíduos com doenças físicas crônicas27-28. Uma possível explicação é que o envolvimento religioso promove maior envolvimento com a comunidade, o que facilita a aceitação perante as diferenças23. Aspectos Ortopédicos O fenótipo dos acondroplásicos se caracteriza por baixa estatura, membros curtos com predomínio do segmento proximal e do comprometimento dos ossos longos, por meio do qual o nanismo resultante é dito rizomélico26, 29-32. A doença pode, eventualmente, passar despercebida no período neonatal uma vez que o recém nascido já apresenta os membros curtos, o que mascara a desproporção tronco/membros. Por outro lado, o tronco compensa a diminuição do tamanho das pernas, e o comprimento total do recém nascido pode apresentar um valor que não chama a atenção dos pediatras e familiares12. A acondroplasia se caracteriza por macrocefalia devido, em parte, à megaencefalia e também devido à hidrocefalia; hipoplasia facial e comumente a fronte é proeminente24. Em virtude de uma desproporção entre o crescimento dos ossos da calota craniana (normal) e dos ossos da base (moderadamente insuficiente), o paciente apresenta uma fisionomia característica com o nariz chato e depressão da ponte nasal. A mandíbula é ressaltada e grande em relação aos ossos da face. Os dentes são mal alinhados gerando uma má oclusão devido a uma Lopes et al., Acondroplasia: revisão sobre a doença. quantidade excessiva de dentes podendo gerar com isso uma estrutura dentária problemática33. As mãos são pequenas, largas e os dedos curtos com separação entre a terceira e quarta falanges (mão em tridente)24. A postura do paciente se caracteriza por uma acentuação da cifose torácica e da lordose lombar, com abdômen protuso, no qual o surgimento de hérnia umbilical não é raro. Alguns autores ainda citam o surgimento de uma cifose tóraco-lombar e ainda uma exacerbação das massas musculares glúteas14, 34. São relatados, também, certa limitação na movimentação dos cotovelos35 e subluxação congênita da cabeça do radio29, talvez pelo fato de haver um alargamento da cabeça do radio que dificulta sua articulação com o úmero4. A frouxidão ligamentar também está presente e por isso muitas crianças acondroplásicas podem flexionar a articulação dos dedos, punhos, cotovelos, cintura e joelhos a um ângulo extremo13. Pode ocorrer a nítida curvatura da tíbia em virtude dos joelhos e pés varos14. Porém há alguns casos clínicos caracterizados por valgismo36. relatou dimensões Warkany5 longitudinais normais embora em algumas ocasiões ocorra diminuição do diâmetro ânteroposterior podendo provocar dificuldades respiratórias e circulatórias. A diminuição da caixa torácica; estenose do forame magno; hipertrofia das adenoides (a qual resulta em obstrução das vias aéreas superiores) entre outros fatores, contribuem para a ocorrência de inúmeras complicações respiratórias tais como apnéia do sono, insuficiência respiratória, asma brônquica, pneumonias recorrentes37. As otites também são reportadas como complicações significantes da acondroplasia38. Estudo realizado por Mahomed et al.39, foi relatada uma grande associação entre tais disfunções com o aspecto mental dos acondroplásicos Diagnóstico O diagnóstico definitivo depende do estudo radiológico do esqueleto12. Até o momento, não há nenhuma alteração bioquímica descrita capaz de ser detectada por exames 87 Arq Sanny Pesq Saúde 1(1): 83-89, 2008 laboratoriais comumente utilizados. Nos casos típicos o exame clínico é suficiente para estabelecer o diagnóstico correto. Prognóstico Em relação ao prognóstico, convém salientar que alguns pacientes morrem “in utero” ou no primeiro ano de vida, possivelmente, em decorrência de algum fator muito debilitante, ainda não esclarecido. Na maior parte dos casos evolui normalmente, dentro dos padrões mais restritos de saúde, exceto é claro, no que disser respeito ao crescimento estatural, o qual no sexo masculino a altura final é de 131 centímetros com margem de erro de 5,6 centímetros para mais ou para menos; e, no sexo feminino é de 124 centímetros com margem de erro de 5,9 centímetros para mais ou para menos. Considerações finais São necessárias ações interdisciplinares que valorizem a independência e autonomia dessas populações, buscando a redução das perdas funcionais, possibilitando o acesso a informações, objetivando a promoção da saúde40. Sendo assim, o apoio psicológico à família e ao acondroplásico é primordial desde o período intra-uterino visando a uma melhor adaptação às suas futuras limitações. As dificuldades encontradas pelos acondroplásicos são inexoráveis, portanto, a condução das mesmas por meio de um acompanhamento por fisioterapeuta, como profissional da saúde, pode contribuir preventivamente, esclarecendo ao acondroplásico e sua família, sobre possíveis informações a respeito da doença e/ou minimizando algias, desvios posturais, problemas articulares bem como neurológicos. Referências Bibliográficas 1. Mundlos S, Olsen BR. Molecular insights into skeletal development - transcription factors and signaling pathways. Faseb J 1997; 11:125. 2. Rousseau F, Bonaventure J, Legeai ML. Mutations in the gene encoding fibroblast growth factor receptor-3 in achondroplasia. Nature, 371:252-4, 1994. Lopes et al., Acondroplasia: revisão sobre a doença. 3. Ponsetti IV. Skeletal growth in achondroplasia. J. Bone Joint Surg 1970; 52:701. 4. Langer LO, Rimoim DL. Achondroplasia in birth defects compedium. The National Foundation 1979; (2):34. 5. Warkany J. 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