O Despertar e o Alargamento da Consciência III
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O Despertar e o Alargamento da Consciência III
O Despertar e o Alargamento da Consciência III Tânia Gonçalves de Araujo Palestra proferida na FCA em 12/04/2015 Escolhi abordar o tema “O Despertar e o Alargamento da Consciência”, sob o enfoque da Agni Ioga. A Agni Ioga, a Ioga do Fogo, também chamada Ética Viva, foi dada ao mundo pelo Mestre Morya, através da discípula russa Helena Roerich, em 17 livros, entre os anos de 1924 e 1938. Hoje, abordarei o livro “Coração”, porque a abertura do chakra do coração é apontada pela Agni Ioga, como o meio que facilita a consciência a conquistar o Mundo Sutil e alcançar o Mundo Ardente, o Mundo do Fogo do Espírito. Isso facilita um despertar da consciência para a unidade da vida e conseqüente atitude de Fraternidade comas demais expressões dessa vida. A Agni Ioga propõe a aplicação do fogo do espírito para a redenção da natureza humana em todos os planos. É a Ioga da Nova Era que redimensionará a vida no planeta em padrões de Cooperação e Fraternidade, através de um direcionamento consciente das energias que circulam no indivíduo, no planeta e no Cosmos. Cada época tem sua ioga ou forma de união do homem com Deus. As iogas não se contradizem e, como ramos de uma grande árvore, alimentam o homem sedento desta união. Na época atual de transição da Era de Peixes para a Era de Aquário, temos a Raja Ioga, a ioga real da mente cujos ensinamentos foram compilados por Patanjali, há milênios. Na primeira metade do século XX, o Mestre Morya, do 1º Raio, trouxe ao mundo a Agni Ioga, indicando que esta será, na Era de Aquário, tão conhecida como o Evangelho o é no mundo cristão. Atualmente, um dos meus propósitos de vida é dedicar-me ao estudo e à difusão desta nova ioga. A Agni Ioga é também conhecida como ioga do Coração. Entretanto, não deve ser confundida com a Blakti Ioga. A Blakti Ioga também age pelo coração, mas esta ioga caminhou pelo sentimento do amor, não considerando outras manifestações cósmicas e os raios que guiam além do planeta. Ela cumpriu o seu papel para o desenvolvimento da consciência em sua época. Agora, o coração conduz a um trabalho duplo que leva ao mundo do amor, mediante os círculos dos Mundos Sutil e Ardente (porque nosso universo foi criado para desenvolver esta qualidade). Reafirmo que, para a Agni Ioga, o Coração é o meio para se chegar ao Mundo Ardente, o Mundo do princípio criador, o mundo das causas, o mundo do fogo. Na introdução do livro “Coração”, Mestre Morya aconselha aos estudantes a se reunirem para conversar acerca do coração, como estamos fazendo hoje. Ele nos conduzirá dos domínios da Terra para o Mundo Sutil, a fim de nos aproximar da esfera do Fogo. O primeiro parágrafo do livro diz: “Ver com os olhos do coração; escutar os ruídos do mundo com os ouvidos do coração; perscrutar o futuro com a compreensão do coração; recordar as acumulações do passado através do coração; assim, deve-se percorrer impetuosamente o caminho da ascensão”. Quando li estas palavras, achei-as bonitas e poéticas, sendo precisos anos de estudo e de meditação para saber o que o Mestre nos estava aconselhando a fazer do coração – a sede dos sentidos – e, assim, perceber o mundo de outra maneira. É claro que não se trata do coração físico, em que pese a importância desse órgão, mas do chakra do coração que estabelece ligação com o mundo das causas e nossa consciência se eleva . Ver, ouvir, recordar e perscrutar pelo coração é diferente da percepção acumulada no cérebro. E continua o Mestre: “A criatividade abrange potencial ardente e se satura com o sagrado fogo do coração. Portanto, no caminho para a Hierarquia, no caminho para o Grande Serviço, no caminho para a Comunhão, a síntese é o único caminho luminoso do coração. Como podem os raios irradiar, se a chama não está acesa no coração? (. . .) os arcos da consciência são fundidos pela chama do coração”. Aqui, lemos sobre a criatividade do Fogo do Coração, abrindo caminho em nossa consciência para a Hierarquia dos Mestres, para a realização do Grande Serviço do bem comum, para o estabelecimento da Comunhão. Comunhão é diferente de Comunicação. Comunicação se faz por telefone, rádio, televisão, e-mail etc. Comunhão é a sintonia de pensamento, de sentimentos e de ação – numa palavra, Fraternidade. Comunhão pode ser feita em todos os planos e reinos da Natureza. Estabelecida a comunhão, percebemos a dor do outro como nossa. No Evangelho, o episódio da cura da mulher com fluxo de sangue, é um bom exemplo. No meio à multidão, a mulher tocou as vestes (a aura do Mestre) e Ele perguntou aos discípulos:” Quem Me tocou, porque de Mim saiu uma virtude”, isto é, uma energia ou qualidade ardente emanada da aura do Mestre Jesus e a mulher foi curada. Morya diz que “os arcos da consciência são fundidos pela chama do coração”. Creio que esta fusão favoreça os diferentes planos (físico, sutil e Ardente) e reinos da Natureza (mineral, vegetal, animal e humano). Nós, seres humanos comuns, percebemos os arcos da consciência como separados; daí, não termos conhecimentos, por exemplo, do que ocorre, enquanto dormimos. Já o homem iluminado tem os arcos da consciência fundidos, o que lhe fornece a percepção da unidade da Vida. Mestre Morya afirma que “ os Mestres se regozijam quando o Mundo Invisível torna-se real e acessível ao discípulo”, podendo notar-se o crescimento da consciência. A consciência se amplia, mas não é psiquismo. Continua o Mestre Morya, ainda no § 1º: “Recordemos a maravilhosa atração do ímã do coração que une todas as manifestações. Em verdade, o fio prateado que une o Mestre ao discípulo é o grande ímã do coração” Os ensinamentos nos falam sobre o Mestre e gravamos este conhecimento no cérebro, mas a união Mestre e Discípulo é realizada pelo coração. É o grau de aproximação do discípulo ao Coração do Mestre que determina seu trabalho no Ashram. O simbolismo do fio é essencialmente o do agente que liga todos os estados de consciência entre si e ao seu Princípio. Este simbolismo exprime-se, sobretudo, nos textos dos Upanixades, onde se diz que o fio (sutra – sutura), liga este mundo ao outro mundo e a todos os seres. (Dicionário de Símbolos) O fio evoca, ainda, o simbolismo do fio de Ariadne – a filha do rei Minos que deu a Teseus o fio pelo qual ele encontrou seu caminho para fora do labirinto. Agni Ioga diz que este fio é o ímã do coração, que nos liberta do labirinto das encarnações e nos une ao Pai. O ímã do coração também nos liga a todas as manifestações de Deus e nos livra da separatividade que, segundo o Mestre Tibetano, é o único pecado. Em outro parágrafo, lemos que o Coração, por sua significação interior, é um templo ligado a todas as sensações do Cosmos. A alegria e a angústia do Coração ressoam com as esferas distantes e nos comunicamos coma as estrelas. Não é sem motivo que o Coração foi marcado com o sinal da cruz. Ele capta o que vem dos Mundos Superiores pela haste vertical superior da cruz, o que vem dos reinos inferiores pela parte inferior desta haste vertical. e o braço horizontal representa os nossos companheiros, irmãos humanos. O símbolo Rosacruz é uma cruz com uma rosa no centro, simbolizando o chakra do coração. À medida que as pétalas da flor vão se abrindo, expressam as três energias – a Inteligência Ativa, o Amor Sabedoria e a Vontade, nesta ordem. Quando as três camadas estão totalmente abertas, aparece a Jóia do lótus – o Inefável. O coração é um escrínio que guarda a jóia mais preciosa, a própria vida divina, o presente do Deus de Amor a todos os seus filhos. Vi uma escultura onde o artista representou o Cristo, com uma das mãos, apontando para o coração e a outra aberta, como que indicando Eu dou, mas venha buscar aqui. Isso significa: Quando se fala do Coração, tem-se em vista o AUM, isto é, a energia psíquica dos três mundos: do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Até nas épocas mais remotas e entre os selvagens, as pessoas compreendiam o coração como a morada dos deuses e juravam, colocando a mão no coração. Mas, agora, em nossos dias “iluminados”, o coração está reduzido a um órgão fisiológico. É necessário lembrar que o coração é o unificador dos mundos. O fogo do coração é o próprio fogo do espaço e os antigos compreendiam a comunicação com os mundos distantes, através do coração que sente as mais sutis vibrações. Os antigos procuravam coordenar as atividades do coração com os mundos distantes, usando métodos mecânicos, como torcer as mãos sobre a cabeça com os dedos cruzados, formando um círculo magnético; também colocavam as mãos com os dedos cruzados no local do Cálice e o final da palma esquerda tocava o coração. Confesso que, muitas vezes, na rua, coloco a mão no coração para lembrar-me disso. No tempo atual, o Mestre ensina a atuar, mediante a consciência interna que toca a essência do coração, evocando o movimento para cima que atrai o Infinito. Até as labaredas do fogo físico se dirigem para cima. Mestre Morya diz: “O laboratório humano é muito mais poderoso do que se supõe, por isso, saiba como conservar o fio com a Hierarquia; caso contrário, erraremos muito”. O laboratório humano é usado para o mal, quando emitimos pensamentos e sentimentos discordantes e realizamos ações egoístas. Somos condensadores e transformadores de energia. É grande o significado de um coração flamejante; ele é, verdadeiramente, um Ímã Cósmico que cria “milagres” quando atua de acordo com as leis do Universo, realizando o que Mestre Morya chama de “ajustamento ao objetivo”. Aplicar a energia do coração a grandes distâncias ajuda a Grande Obra, especialmente quando verificamos as datas favoráveis e conseguimos absoluta exatidão, como, por exemplo, na ocasião da Lua Cheia. Pertenço, desde 1997, a um grupo de meditadores de diferentes países que se reúne anualmente, por ocasião de um dos três grandes festivais da Lua Cheia, para meditar, procurando trazer energias do Espaço para ajudar a humanidade e o planeta. Após a meditação, usa-se algum tempo para anotações de insights e compartilhamento. Nestas meditações, busca-se a solenidade, muito enfatizada por Mestre Morya, para prevenir as deformações e o rompimento das correntes de energia. Morya diz que “o solene amor conduzirá aos mundos superiores e encontrará o caminho para o Mundo Ardente, unindo o fio prateado à fortaleza do Coração Supremo”( A verdadeira solenidade se constrói, mediante tensão superior, (como as cordas de um violino), decisão e marcha no caminho da Luz. As dificuldades são inevitáveis, mas cuidado com a lamentação humana de autopiedade; isso acontece, porque pensamos no ganho de cada jornada e não na eternidade, esquecendo que o Ensinamento aprofunda a consciência. Educação do Coração O coração é o intermediário dos Mundos Superiores e a humanidade se embrutece ao negligenciar seu órgão principal. O coração da humanidade está doente, diz Mestre Morya e ele nos pede para observar a higiene e a educação do coração. A higiene do coração pressupõe boas ações no sentido amplo, isto é, as que têm como objetivo o bem da humanidade. O Ensinamento da Ética Viva é como o trabalho de um escultor que vê, dentro do mármore ou da madeira bruta, a imagem desejada e vai retirando os excessos, até que a peça se torne o modelo que o escultor tem em sua consciência. Um exemplo é a estátua de Davi, na Itália. Nos livros do Mundo Ardente, lemos, muitas vezes, a expressão “No caminho para o Mundo Ardente” e, a seguir, um conselho de purificação. Meu instrutor dizia que esse caminho para o mundo ardente poderia ser lido como “No caminho da cristificação” ou no caminho para se tornar um homem perfeito. No § 559, Mestre Morya volta ao 1º § do livro Coração: “Aquele que disse ver com os olhos do coração tinha em vista não um símbolo, mas uma lei física. Uma consciência liberta transforma a sensibilidade; a cor mais viva torna-se invisível; a sinfonia mais forte, inaudível; o mais forte toque, imperceptível. Não se deve considerar esta qualidade como abstrata; ela representa mais um meio de aproximação ao Mundo Sutil. Essa transformação da sensibilidade é um dos melhores meios de refinamento do coração. Mediante um simples comando do coração, é possível forçar a si mesmo a nem ver nem ouvir, passando, assim, pelos maiores horrores das esferas inferiores sem notá-los, preservando a substância preciosa do iogue”. No § 560, lemos: “Entretanto, é necessário refinar cada toque e demonstrar a mais terna solicitude com a carga do próximo”. Daí, compreendi o quanto é necessária a qualidade da discriminação para saber como utilizar a sensibilidade do coração no Serviço. No § 561, lemos: “O grande mandamento é transferir o Coração da abstração para uma força motriz científica. (O Mestre já havia assinalado a necessidade da criação do Instituto do Coração, onde sua energia seria estudada no mais fino laboratório). Isso deveria começar nos dias do Armagedom, como a única salvação da humanidade. É preciso observar o Coração. Nós (Mestres) não insistimos no significado moral do coração; isso é indiscutível.Agora, o Coração é necessário como uma ponte de salvação para o Mundo Sutil. A compreensão das qualidades do coração é o passo mais essencial para o tempo atual. A condição catastrófica das esferas inferiores do planeta liga-se à má profilaxia do Coração. Deve-se aceitar a base do coração e compreender o significado do foco e, das palpitações. Lembrar a cada dia do coração é coisa inadiável” “O desconhecimento do coração limita a pessoa, o coração do homem não é jovem, porque sua essência é permanente. Nesta compreensão, jaz a vida eterna” § 578 “É possível alcançar instantaneamente o estado superior de consciência, quando as acumulações no Cálice são suficientes”. §581 “Muito precisam ser estudadas as secreções do homem. O suor do homem que corre para ajudar é diferente do suor do assassino; a saliva da cólera é diferente da saliva da ajuda. Cada estado humano produz uma reação química especial. Estudando a multiformidade do microcosmo, chega-se à compreensão dos mundos físico e espiritual pelos produtos da energia psíquica, que é outro nome da Energia Ardente”. §584 “A ligação do coração uno com a pulsação cósmica é evidente e poderá ser encontrada por métodos de laboratório” §586 “Costumemo-nos a compreender o homem não só como expressão do espírito, mas também como uma combinação química, eternamente ativa. Assim nos acostumaremos ao significado especial das relações humanas, evitando atritos desnecessários. O coração flamejante pode sentir a mútua suplementação”. § 595 Uma das condições da existência é a cordialidade que é desenvolvida, voltando-se para o coração.
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