Ler na íntegra em PDF
Transcrição
Ler na íntegra em PDF
JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. Eletrocardiograma na monitoração anestésico-cirúrgica de cães Eletrocardiograma en la monitoración anestesico-quirurgica de perros Eletrocardiogram in anesthesic-surgery monitoring of dogs Felipe da Silveira Ferreira1, Daniela Fantini Vale1, Renato Moran Ramos1 e Claudio Baptista de Carvalho2 Resumo Nas últimas décadas, o eletrocardiograma (ECG) vem sendo utilizado crescentemente como um exame complementar de diagnóstico e tem sido muito utilizado na cardiologia veterinária e humana, não apenas para diagnóstico de arritmias, mas também na avaliação pré, trans e pósoperatória de pacientes. É essencial na avaliação completa de um caso, ainda que as informações clínicas fornecidas se limitem à função elétrica do coração. Utilizado como guia para a conduta do anestesista, o ECG fornece informações rápidas e seguras sobre alterações como as arritmias, isquemias e distúrbios eletrolíticos que podem afetar a função cardíaca. Palavras-chave: eletrocardiografia, monitoramento anestésico-cirúrgico, cães. Abstract Over the last years, eletrocardiogram has been increasingly used such as examination in veterinary diagnosis. It has become the most examination in both human and veterinary cardiology, not only for the diagnosis of arrhythmia but also for the pre, trans and pos operative evaluation of patients. The eletrocardiography is essential in total evaluation of a case, even though the given clinical informations are limited by eletric function of the heart. This cardiac monitoring must be used as a guide for the anesthesiologist and offers rapid and safe information about the alterations that may appear during the surgical procedure, such as arrhythmias, ischemia and electrolytic disturbances that can affect cardiac function. Keywords: eletrocardiography, anesthesic-surgery monitoring, dogs. 1 Mestrando (a) do Curso de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) – Bolsista UENF. E-mail: [email protected] 2 Professor-titular de Clínica Médica de Pequenos Animais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). 121 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. eletrocardiografia obteve um grande Introdução desenvolvimento. No ano de 1962 Em 1856, Kolliker e Müller demonstraram que o músculo surgiu o primeiro livro de cardiologia, escrito por Ettinger e cardíaco apresentava a capacidade Sutter, de gerar corrente elétrica. Em 1887, inteiramente dedicado ao assunto. Augustus Waaler realizou Finalmente em 1975 foi lançado um primeiras medidas de as corrente associadas com a atividade elétrica cardíaca a partir da superfície com livro, um escrito capítulo por Bolton, especializado em 5 eletrocardiografia . 1,2 corpórea, em Londres, Inglaterra . Entretanto medidas precisas da cardíaca quantitativas atividade começaram elétrica das principais preocupações por ser parte daqueles que lidam com a realizadas apenas em 1902, com o cardiologia humana era a redução galvanômetro de Einthoven. A partir do interesse pela eletrocardiografia, de particularmente então, Waller e a No início do século XXI, uma Einthoven registraram os primeiros traçados entre os jovens 6 cientistas . eletrocardiográficos em cães3. Segundo diversos autores, a O primeiro de situação se inverteu em Medicina interesse em clínica de pequenos Veterinária: o ECG vem sendo animais só foi publicado em 1922 utilizado crescentemente como um por Norr, na Alemanha. Em 1949, exame Lannek diagnóstico. Nos últimos 20 anos efetivou trabalho um estudo tem complementar sido sistemático dos registros em cães este saudáveis e doentes, introduzindo utilizado, um sistema de derivações pré- diagnóstico cordiais3,4,5. também na avaliação pré-operatória não de o exame de mais apenas para arritmias, mas de pacientes5,7,8. Com o estabelecimento da cardiologia como uma verdadeira Embora a eletrocardiografia disciplina praticamente autônoma, não foi mecanismos nos anos 60 que a elucide completamente responsáveis os pela 122 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. correta despolarização elétrica do constituir-se em um método pouco coração, oneroso, não-invasivo e de fácil ou os eventos que precedem ou sucedem tal atividade, realização. fato da eletrocardiográfico é o principal e eletrofisiologia cardíaca, o ECG único exame no diagnóstico de atualmente de arritmias cardíacas, não havendo, mensuração básico e rotineiro da até o momento, nenhum outro atividade recurso elucidado por é o meio método elétrica realizado cardíaca, freqüentemente períodos pré, trans nos e sentido O que o exame supere nesse 3,10,13,14,15 . pós- 9 anestésicos . Pode, ainda, sugerir informações a respeito de dilatação e hipertrofia das câmaras cardíacas, A Eletrocardiografia sendo importante para o diagnóstico A eletrocardiografia registro de campos é o das disfunções cardíacas elétricos secundárias a distúrbios sistêmicos, gerados pelo coração a partir da devendo ser sempre interpretado superfície corpórea. Esta atividade em conjunto com acurado exame elétrica é registrada sob forma de clínico ondas específicas que representam cardiovascular3,10,13,14,15. Entretanto, estágios de repolarização do despolarização e em miocárdio9. O câmaras, o eletrocardiograma pode do eletrocardiógrafo é o aparelho não relação ao sistema apresentar aumento alterações de ou (voltímetro) que capta o potencial apresentá-las de forma leve, caso elétrico células as hipertrofias sejam de grau leve musculares cardíacas durante a ou moderado. Dessa forma, um despolarização atrial e ventricular e traçado eletrocardiográfico normal a repolarização projetada ao longo não exclui a presença de hipertrofia. do tempo2,3,4,11,12. De maneira inversa, a presença de gerado pelas sinais O ECG é um teste diagnóstico valioso em Medicina Veterinária relativamente e de fácil, obtenção além de eletrocardiográficos de hipertrofia tem uma possibilidade de comprovação anatomopatológica 11 inferior a 90% . A avaliação dos complexos para a determinação do 123 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. tamanho do coração é limitada, insatisfatórios quando se dispensa o visto que a gênese do ECG é uso do gel ou álcool3. Os eletrodos diferente no não devem estar em contato com homem . Por isso, informações pessoas ou materiais condutivos e relativas e nem mesmo entre si. Além disso, o melhor animal deve ser colocado em uma vetocardiografia superfície isolante, permanecer o (estudo do eixo cardíaco)17. Sendo mais quieto possível e seu o pêlo assim, é importante salientar que apresentar-se seco. da que ocorre 16 ao ventricular obtidas aumento podem pela atrial ser outros métodos de diagnóstico por imagem, como exames Para pequenos animais, as radiográficos e/ou ecocardiográficos posições de registro-padrão são são mais eficientes para avaliar o feitas em decúbito lateral direito aumento do tamanho cardíaco3,11. utilizando-se as derivações bipolares e unipolares. Deve-se Dessa forma, percebe-se que observar a calibração-padrão de 10 a eletrocardiografia é essencial na mm/mV, com velocidades de papel avaliação completa de um caso, de 25 e 50 mm/s2,18,19. Outras ainda que as informações clínicas formas fornecidas pelo ECG se limitem à universalmente aceitas, contudo é função elétrica do coração18. fundamental conhecê-las para que não se de calibração cometa equívocos são no A qualidade do ECG deve ser momento de avaliar a freqüência a melhor possível, procurando-se cardíaca e a duração das ondas e obter a cooperação do animal. Os dos intervalos20. eletrodos devem cuidadosamente, obrigatoriamente ser colocados utilizando-se álcool ou gel Em verdade, não existe um consenso sobre a velocidade em condutor para haver contato com a que pele, traçados caso contrário as devem ser realizados eletrocardioráficos os em interferências presentes no traçado cães e gatos. A escola americana tornarão extremamente difícil sua emprega apenas a velocidade de interpretação. Em animais, em face 50mm/s, como pode ser observado do pelame, os traçados são sempre em sua produção bibliográfica. Já 124 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. na Europa, é normal o emprego da cardíaca e no sistema de condução velocidade elétrica de 25mm/s, provavelmente pela influência da 20 Medicina Humana . do miocárdio, desencadeando arritmias. Ademais, a hipóxia resultante procedimento Eletrocardiograma na decorrente de cirúrgico cães acometidos são com animais freqüência enfermidades anestésico, hemorragia e/ou perda de fluido durante o ato monitoração cirúrgica Os do no por também desencadeadora relevantes de no pode ser alterações ECG. As sistema anormalidades detectadas devem cardiovascular, assim como podem ser definidas mais detidamente para não apresentar nenhum tipo de que cardiopatia de significado por meio de outros serem submetidos às intervenções exames complementares, quando operatórias. necessário21. até o momento Desta avaliação forma, pré-operatória compreender determinado seu deve o sistema afecção primária eletrocardiográfico prévio beneficia quanto a saúde do paciente de a todos os pacientes submetidos a maneira geral, mesmo que não haja uma anestesia geral, já que pode história detectar de modo sensível, rápido e afetado tanto a seja pela clínica evidente de É fato que um exame cardiopatia21. Um eletrocardiograma econômico deve ser realizado previamente a poderiam colocar sua vida em risco todo anestesia, sua vida uma vez anestesiado. É incluindo a sedação, assim como importante destacar, porém, que um durante traçado protocolo todo de o procedimento algumas lesões eletrocardiográfico que sem anestésico e sua recuperação20 alterações uma tais necessariamente, em uma função fármacos cardíaca normal ou em equilíbrio como a hemodinâmico adequado. De forma pode idêntica, não se deve supor que um desencadear alterações no sistema animal com o eletrocardiograma de normal vez que, procedimentos, anestésicos interação – entre durante os assim eles – despolarização/repolarização prévio não ao implica, procedimento 125 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. anestésico permaneça necessariamente desta forma este tipo de exploração podem ser descobertas algumas anomalias durante a cirurgia. O traçado normal que permitirão decidir pelo protocolo do a anestésico mais indicado, assim anestesia também não garante que retardar ou descartar anestesias em a a alguns casos. Na verdade, trata-se oxigenação estejam adequadas ou de se prevenir complicações ao que assim permaneçam durante o invés eletrocardiograma função durante cardiovascular ou restante do procedimento. Mediante As arritmias incluem cardíacas anormalidades de enfrentá-las quando 20 aparecerem . bloqueios atrioventriculares de na primeiro e segundo grau (BAV) freqüência, no ritmo e no local de (Figura 3) e marcapasso migratório origem do impulso cardíaco, assim sinusal. São consideradas de menor como na despolarização atrial ou incidência em cães as arritmias ventricular, e podem ser atribuídas classificadas como “sinus arrest” e às desordens na geração e/ou fibrilação ventricular2. condução do impulso elétrico22. A depressão na condução de resposta A maioria dos trabalhos em rápida e reentrada de impulsos humanos excitatórios são fenômenos elétricos anormalidades anormais que resultam em estado eletrocardiograma patológico. Estas alterações são distúrbios do sistema autônomo, comumente originadas de hipóxia, secundários isquemia, desequilíbrio eletrolítico e neurológicas, de excesso local de catecolaminas, administração de certos fármacos anestésicos23. associada sugere que do resultem às à estas de alterações promovendo produção um adrenal aumentada, e uma ativação dos Em cães, as arritmias canais de cálcio, levando a aumento descritas como de maior incidência do são ventriculares intramitocondrial, além de liberação (Figura de radicais livres, culminando em os complexos prematuros (CVP) complexos atriais 1), prematuros (Figura 2), fibrilação Atrial (FA), cálcio alterações no citosólico e eletrocardiograma. Apesar da etiologia das alterações 126 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. cardíacas ser motivo especulação de científica, evidências de que miocárdica seja há a com uma condição 25 clínica existente . lesão mediada catecolaminas compatíveis ocorrendo, por A em recomendada alguns casos, disfunção importante pacientes do ventrículo esquerdo e liberação geriátricos, de enzimas cardíacas, como a incidência 24 troponina-I . eletrocardiografia para é todos os traumatizados devido à e elevada de disritmias e insuficiências assintomáticas valvulares observadas neste grupo. O principal objetivo da Pode-se de um complicações trans-operatórias em redução da pacientes avaliação pré-operatória paciente é a esperar aumento com nas insuficiência morbimortalidade associada ao ato cardíaca anestésico-cirúrgico, devendo ser miocardiopatia, bloqueio obtidos atrioventricular completo, todos os dados congestiva, relacionados ao histórico clínico do contrações prematuras (atriais ou paciente e, a partir daí, determinar ventriculares) quais exames complementares são alterações hemodinâmicas, edema necessários25. pulmonar, intolerância ao exercício, Nesse ínterim, o dispnéia respeito do estado funcional do secundária à cardiopatia. Para que miocárdio, da o risco seja minimizado, estas do condições oxigenação perfusão e coronariana paciente, sendo indicado em um síncope devem ser ou a ECG pré-operatório pode informar a da e associadas tosse tratadas clinicamente antes da cirurgia7,21. grande número de casos. A análise correta do ECG é vital para que sejam evitadas Além disso, o ECG é importante suspensões para a definição da medicação pré- desnecessárias de procedimentos anestésica apropriada e/ou do anestésico anestésico-cirúrgicos e, a ser utilizado nesses casos. A o eletrocardiografia principalmente, para que está entre os anestesista possa solicitar outros métodos mais comuns e de maior exames complementares, a fim de valia na monitoração da condição elucidar do alterações do ECG coração do paciente no 127 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. transcurso da anestesia. O seu uso ideal determina o acompanhamento mais observada, o que a torna sempre próximo da condução elétrica do um risco eminente. coração e permite ainda não foi totalmente visualizar possíveis alterações que aumentem A monitorização eletrocardiográfica o fator de risco da anestesia. Assim, durante com o uso do ECG, se estabelece informações uma base para comparação antes, sobre as alterações passíveis de durante e depois da cirurgia, de ocorrer modo que mudanças possam ser cirúrgico, como arritmias, isquemias 7,12,21,26 prontamente Todos detectadas cirurgias rápidas durante o fornece e seguras procedimento . e distúrbios eletrolíticos que podem pacientes cirúrgicos afetar a função cardíaca7. Durante de grau as os necessitam as certo de emergências anestésicas o monitoração durante seu tratamento eletrocardiograma para que sejam detectadas as identificar de forma específica as complicações arritmias, devendo ser considerado anestesia, à associadas à emergência da anestesia e ao cirúrgico, mesmo submetidos como parte permite imprescindível do procedimento equipamento de monitorização em em urgências e cuidados intensivos20. aos animais agentes anestésicos inalatórios21. Muitos estímulos nocivos decorrentes da cirurgia podem não Desde os anestesiologia, primórdios tem-se da tentado ser evitados Tentativas pela de anestesia. bloquear essas associar diversos fármacos para se respostas por meio do aumento da obter concentração anestesia procedimento adequada cirúrgico ao proposto, dos agentes inalatórios induzirão a uma severa aliada à segurança e à praticidade depressão no seu emprego. Com o advento de respiratória, mesmo em pacientes novas técnicas e com a introdução jovens e sadios. Na presença de de drogas dotadas de diferentes doenças sistêmicas severas, até características, o profissional dispõe baixos 27 cardiovascular níveis desses e agentes de uma ampla gama de opções , inalatórios são depressivos e a porém a condição de anestesia anestesia é associada com 128 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. aumento da morbidade 28 mortalidade . normais e da Mesmo pacientes apresentados realização para de durante os períodos não 28 estimulatórios . a pequenos A monitoração procedimentos eletivos, devem ter importantes suas funções vitais monitoradas permite a percepção do estado durante a anestesia e recuperação. homeostático do paciente, Isto porque complicações como as respostas às alterações adversas e arritmias são freqüentes durante o a ato compensatórias. Dentre as variáveis anestésico-cirúrgico. pacientes com preexistentes cuidados anormalidades necessitam diligentes superposição adicionais Os devido das de à tensões representadas pela 21,29,30 anestesia e cirurgia . prevenção estímulos de fisiológicas fisiológicas suas insuficiências mensuradas registradas pelo ECG e durante procedimentos cirúrgicos está a freqüência cardíaca, uma das mais considerada relevantes21. A bradicardia é causada pela estimulação vagal Os funções de durante a cirurgia, planos nocivos profundos de anestesia e hipotermia. Já induzidos pela cirurgia variam em a freqüência cardíaca persistentemente quantidade e caráter e continuam elevada durante o período operatório e por associada à morte do paciente. Outros tempo variável após a cirurgia. Em parâmetros geral, podem ser sugeridos através do os agentes anestésicos acima do que está eventualmente suprimem a percepção sensorial ao ECG estímulo nocivo, mas podem não principalmente o potássio sérico. suprimir outros reflexos somáticos e Sabe-se autônomos induzidos pela cirurgia. clinicamente importantes podem ser A detectadas crescente simpatoadrenal atividade no são normal os que e eletrólitos, as alterações monitoradas10, sistema entretanto, se o potássio estiver cardiovascular é capaz de promover extremamente elevado, acima de 7 instabilidade Os mEq/L, as alterações podem não efeitos mais óbvios são taquicardia aparecer no ECG3. A hipercalemia e hipertensão durante estímulo, e prejudica a condução no trajeto hipotensão desde o nodo sinoatrial até o nodo hemodinâmica. e talvez bradicardia 129 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. átrio ventricular10, podendo causar 3 normais, funcionais ou patológicas, arritmias . Porém, deve-se ressaltar de forma que possa identificar que o ECG não é conclusivo, mas prontamente indicativo, para tais alterações. alterações no pré, trans e pós- o surgimento de operatório. Considerações finais Por fim, deve-se destacar A eletrocardiografia é o que o eletrocardiógrafo é um método de mensuração básica da equipamento de manejo fácil, de condição mecanismos custo acessível. Quando utilizado correta para acompanhamento anestésico despolarização elétrica do coração, deve-se sempre procurar obter o realizada nos maior número de informações sobre pós- o paciente pois, na maioria das dos responsáveis períodos pela rotineiramente pré, trans e anestésicos. As alterações no ECG vezes, o pré-operatório podem acarretar o realizado isoladamente cancelamento ferramenta do procedimento eletrocardiograma pouco é precoce uma na cirúrgico. Este exame deve ser detecção de problemas anestésico utilizado como guia para a conduta em pequenos animais. do anestesista quanto à monitorização pré, trans e póscirúrgica e quanto às medidas a serem tomadas em casos de emergências anestésico-cirúrgicas. É importante anestesista esteja reconhecer as que o apto a principais características do traçado do ECG 130 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. Figura 1: Complexos ventriculares prematuros em salva em cão SRD, 10 anos. Fonte: Arquivo pessoal, 2008. Figura 2: Complexo atrial prematuro em cadela Pitbull, 5 anos, sob anestesia inalatória com isoflurano. Fonte: Arquivo pessoal, 2008. Figura 3: Bloqueio atrioventricular de segundo grau Mobtiz tipo II em cadela Pitbull, 5 anos, sob anestesia inalatória com isoflurano. Fonte: Arquivo pessoal, 2008. 131 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. Referências Bibliográficas 1. WALLER, A.D. A Demonstration on man of electromotive changes accompanying the heart's beat. The Journal of Physiology, v.8, n.5, p.229234, 1887. 2. TILLEY, L.P. Essentials of canine and feline electrocardiography: Interpretation and treatment. Philadelphia: Lea & Febiger; 1992. 470p. 3. FOX, P.R, SISSON, D, MOISE, N.S. Textbook of Canine and Feline Cardiology: Pinciples and Cinical Pactice. 2nd ed.: Philadelphia: Saunders, 1999. 955p. 4. WOLF, R.; CAMACHO, A.A.; SOUZA, R.C.A. Computerized electrocardiography in dogs. Arq Bras Med Vet Zootec, v.52, n.6, p.610-615, 2000. 5. ALMEIDA GLG. In: I Simpósio de Cardiologia Veterinária da UFF. Niterói, Rio de Janeiro, 2003. 6p. 6. BACHAROVA L. Evidence-Based Medicine. A Lesson for Electrocardiography? Arq Bras Cardiol, v.81, n.1, p.102-110, 2003. 7. TÁRRAGA, K.M.; SPINOSA, H.S.; CAMACHO, A.A. Electrocardiographic evaluation of two anesthetic combinations in dogs. Arq Bras Med Vet Zootec, v.52, n.2, p.138-143, 2002. 8. ALMEIDA GLG, FREITAS LX, ALMEIDA MB, OLIVEIRA MT, BRAGA F, ALMEIDA JR GLG. Perfil Clínico-Epidemiológico da Fibrilação Atrial Espontânea em Cães. Revista da SOCERJ, v.19, n.1, p.20-28, 2006. 9. SANTOS PSP, NUNES N, VICENTI FAM, MARTINS SEC, REZENDE ML Electrocardiography of dogs undergoing different desflurane concentrations, premedicated or not with fentanyl/droperidol association. Cienc Rural, v.31, n.5, p.805-811, 2001. 10. BELERENIAN, G.C.; MUCHA, C.J.; CAMACHO, A.A. Afecções Cardiovasculares em Pequenos Animais. São Caetano do Sul: Interbook; 2002. 631p. 11. DUNN, J.K. Tratado de Medicina de Pequenos Animais. São Paulo: Editora Roca; 2001. 1035p. 12. TILLEY, L.P.; GOODWIN, J.K. Manual de Cardiologia para Cães e Gatos. São Paulo: Editora Roca; 2002. 489p. 13. GUIMARÃES, J.I.; MOFFA, P.J.; UCHIDA, A.H.; BARBOSA, P.B. Normatização dos Equipamentos e Técnicas para a Realização de Exames de 132 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. Eletrocardiografia e Eletrocardiografia de Alta Resolução. Arq Bras Cardiol, v.80, p.572-578, 2003. 14. FERNANDES, W.R.; LARSSON, M.H.M.A.; ALVES, A.L.G.; FANTONI, D.T.; BELLI, C.B. Arq Bras Med Vet Zootec, v.56, n.2, p.143-149, 2004. 15. PASŁAWSKA, U.; NOSZCZYK-NOWAK, A. The ECG curve in dogs suffering from selected respiratory system disorders. Available from: URL: http://www.ejpau.media.pl/volume7/issue1/veterinary/art-02.html, acesso em: 15/06/06. 16. MILLER, M.S. The equine eletrocardiogram: usage in equine practice. Proc. Am. Assoc. Equine Practit, v.34., p.577-586, 1989. 17. PHYSICK-SHEARD, P.W. Cardiovascular response to exercise and training in the horse. Vet. Clin. North Am.: Equine Pract. v.1, p.383-419, 1985. 18. DARKE, P.; BONAGURA, J.D.; KELLY, D.F. Atlas Ilustrado de Cardiologia Veterinária. São Paulo: Editora Manole; 2000. 191p. 19. CAMACHO, A.A.; MUCHA, C.J. Semiologia do Sistema Cardiovarcular. In: FEITOSA, F.L.F. Semiologia Veterinária. São Paulo: Editora Roca; 2004. p.282-311. 20. RAMIREZ, E.Y. Manual Clínico de cardiologia básica en el perro y el gato. Zaragoza: Servet; 2005. 288p. 21. SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Editora Manole; 1998. 2830p. 22. HOFFMAN, B.F.; CRANEFIELD, P.F. The physiological basis of cardiac arrhytmias. American Journal of Medicine, Newton, v.37, p.670-684, 1964. 23. NUNES, N.; REZENDE, M.L.; SANTOS, P.S.P.; WANG, L. Sevoflurano e desflurano sobre o ritmo cardíaco de cães tratados com infusão contínua de doses crescentes de adrenalina. Ciência Rural, v.34, n.1, p.125-130, 2004. 24. PÓVOA, R.; CAVICHIO, L.; ALMEIDA, A.L; VIOTTI, D.; FERREIRA, C.; GALVÃO, L.; PIMENTA, J. Alterações Eletrocardiográficas nas Doenças Neurológicas. Arq Bras Cardiol, v.80, n.4, p.351-354, 2003. 25. OLIVEIRA, M.; MACHADO, S.B.; MENDES, F.F. Electrocardiogram analysis by the anesthesiologist. Rev Bras Anestesiol, v.52, n.5, p.601-605, 2002. 26. NUNES, N. Monitoração da anestesia. In: FANTONI, DT, CARTOPASSI SRG. Anestesia em cães e gatos. São Paulo: Editora Roca; 2002. p.64-81. 27. NUNES, N.; MASSONE, F.; POMPERMAYER, L.G.; PIROLO, J.; CAMACHO, A.A. Atividade antiarritmogênica da levomepromazina em cães submetidos à anestesia pela quetamina. Ciência Rural, v.29, n.2, p.291-295, 1999. 133 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 2 , p. 121-134. 28. ILKIW, J.E. Balanced anesthetic techniques in dogs and cats. Clinical Techniques in Small Animal Practice, v.14, n.1, p.27-37, 1999. 29. BISTNER, E.F. Manual de procedimentos veterinários e tratamento em emergências. São Paulo: Editora Roca; 1996. 369p. 30. FANTONNI, D.T.; CARTOPASSI, S.R.G. Anestesia em cães e gatos. São Paulo: Editora Roca; 2002. 389p. Recebido em: Junho / 2008 Aceito em: Julho / 2008 Publicado em: Julho-Dezembro / 2008 134