Boletim RHC 39 - Fundação Oncocentro de São Paulo
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Boletim RHC 39 - Fundação Oncocentro de São Paulo
Fundação Oncocentro de São Paulo Ano 8 ● Boletim 39 ● Dezembro de 2008 TRATO URINÁRIO: CÂNCER DA PELVE RENAL, URETER E URETRA Câncer da Pelve Renal e Ureter Os tumores uroteliais no trato superior são relativamente incomuns e 90% deles são carcinomas de células transicionais. Os tumores de pelve renal respondem por 5% de todos os tumores uroteliais e por 10% de todos os tumores renais. Aparecem com maior frequência nos homens, numa proporção (2-3:1). O carcinoma de ureter é ainda menos comum, representando 1% dos tumores no trato gênito-urinário superior. O fator de risco fortemente associado aos tumores do trato superior é o fumo. O uso abusivo dos analgésicos também já foi associado a tumores da pelve renal. As áreas endêmicas para a “nefropatia dos Balcãs” apresentam uma incidência drasticamente diferente de tumores do trato superior e sua etiologia ainda é desconhecida. Até 75% dos pacientes com tumor no trato urinário superior desenvolvem tumor de bexiga se acompanhados por determinado período de tempo. Os tumores uroterais ocorrem com maior frequência no ureter inferior. A hematúria é o sinal na maioria dos pacientes, mas a cólica renal decorrente da obstrução uretérica também pode estar presente. O diagnóstico costuma ser feito com base no pielograma intravenoso ou na urografia retrógrada, e a tomografia computadorizada é útil para avaliar a extensão da doença nas partes moles e para excluir metástases. As taxas de sobrevida após 5 anos são de 85-95% para a doença em estadio I, de 40-60% para doença em estadio II, de 20-30% para o estadio III e de menos de 10% para a doença em estadio IV. Câncer da Uretra Os tumores da uretra também são raros, com cerca de 2.400 citados na literatura até o presente. São mais comuns em mulheres na proporção de 4:1 e ocorrem em indivíduos com mais de 50 anos de idade. Câncer da Uretra Masculina O carcinoma da uretra masculina é raríssimo. Na literatura apenas 600 casos foram relatados. Muitos pacientes têm histórico de uretrite, estreitamento ou doença sexualmente transmissível. Dos casos de câncer de uretra masculina 70% ocorrem na uretra bulbomembranosa; 30% na uretra peniana e 10% na uretra prostática. Quanto à histologia, 80% são escamocelulares; 15% de células transicionais e 5% outras histologias. A forma principal de tratamento é a excisão cirúrgica, cuja extensão depende da localização e do estadio do tumor. Tumores superficiais podem ser controlados com a ressecção transuretral, com alto potencial de cura. Já nos casos em que os tumores se apresentam volumosos e infiltrativos exigem cistoprostatectomia radical e penectomia “en bloc”. A sobrevida após 5 anos pode ser esperada em apenas 15-20% dos pacientes. Câncer da Uretra Feminina O carcinoma da uretra é um tumor gênito-urinário raro, mas muito mais comum em mulheres do que em homens. A etiologia assim como nos homens está associada com a irritação crônica e infecção do trato urinário. A maior parte das pacientes apresenta-se com aumento da frequência urinária, obstrução ou lesão uretral palpável. O carcinoma espinocelular responde por 60% dos casos, 30% de células transicionais e o adenocarcinoma 10%. Outros tumores como melanoma e sarcoma são raros. Os resultados do tratamento da doença em estágio inicial são bons, com sobrevida de 65-80%, mas em estágios mais avançados é ruim (20-30%). A sobrevida após 5 anos é de 60% se as lesões tiverem menos de 2 centímetros de diâmetro, mas apenas de 10-20% se elas forem superiores a 4-5 centímetros de diâmetro. -2DADOS DO REGISTRO HOSPITALAR DE CÂNCER Com a chegada do banco de dados de dezembro de 2008, o Registro Hospitalar de Câncer da Fosp conta com 301.657 casos analíticos de tumores malignos. A análise da variável sexo mostra que 150.758 (49,9%) são homens e 150.899 (50,1%) são mulheres. Quanto à escolaridade, 10,4% são analfabetos, 46,4% possuem 1° grau completo, 8,9% o 2° grau completo, 5,1% nível superior e 29,2% a escolaridade é ignorada. Dos 301.657 casos 65,6% nasceram no estado de São Paulo. Dos 301.657 casos contamos com 113 de pelve renal, 60 de ureter e 57 de uretra. Dos 113 casos de câncer de pelve renal, 60,2% nasceram no estado de São Paulo, 44% possuem até o 1º grau completo e 30% a escolaridade é ignorada. Os homens foram responsáveis por 70,8% dos casos e as mulheres por 29,2%. Dos 60 casos de câncer de ureter, 71% nasceram no estado de São Paulo, 68,7% são homens e 31,7% são mulheres, sendo que 50% dos casos possuem até o 1º grau completo e em 16% dos casos a escolaridade é desconhecida. Dos 57 casos de câncer da uretra, 52,7% são homens e 47,3% são mulheres; 70,2% nasceram no estado de São Paulo; 57,4% possuem até o 2ºgrau completo e em 31,9% dos casos a escolaridade é desconhecida. A figura abaixo mostra a distribuição dos casos de câncer de pelve renal, ureter e uretra segundo faixa etária e sexo onde se observa que o maior número de casos, para as três topografias, ocorreu em pessoas acima de 50 anos e o número de casos é maior nos homens. Figura 1: Distribuição dos casos de câncer de pelve renal, ureter e uretra, segundo faixa etária e sexo. Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo / FOSP, janeiro/2000 a dezembro/2008. PELVE RENAL URETER URETRA 16 34 30 10 14 11 12 8 25 7 6 20 17 15 10 0 12 16 13 N º de C asos 35 5 15 14 40 43 9 6 10 20-29 30-39 40-49 masc. 9 8 7 50-59 4 15 60-69 fem. 4 2 0 0 30-39 1 50-49 8 6 2 0 50-59 70+ Faixa Et ária 10 5 4 4 3 2 14 60-69 70+ Faixa Et ária 2 1 30-39 40-49 4 3 50-59 60-69 70+ Faixa Etária masc. masc. 9 8 6 fem. f em. Dos casos de pelve renal, 13 (11,5%) não puderam ou deixaram de ser estadiados pelo TNM, ureter 6 (10%) e uretra 13 (22,8%); o restante foi distribuído conforme mostra a figura 2. -3Figura 2: Distribuição dos casos de câncer de pelve renal, ureter e uretra segundo estadiamento clínico. Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo / FOSP, janeiro/2000 a dezembro/2008. PELVE RENAL PELVE RENAL 0 1% 0 1% I 21% IV 41% URETRA IV 41% II 19% I 20% II 19% III 18% 0 16% IV 23% I 21% III 30% III 18% II 11% Em relação às morfologias, as mais freqüentes estão representadas em cada topografia, na figura 3. A morfologia mais freqüente para a pelve renal, ureter e uretra é o carcinoma de células transicionais. Figura 3: Distribuição dos casos de câncer de pelve renal, ureter e uretra, segundo morfologia. Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo / FOSP, janeiro/2000 a dezembro/2008. 19% 35% URETRA URETER PELVE RENAL 5% 10% 49% 33% 32% 8% 7% 5% 18% 21% ca de céls.transicionais ca papilar de céls.trans. carcinoma , SOE carcinoma papilar outras 28% ca de céls transicionais ca papilar de céls trans. carcinoma,SOE carcinoma papilar outras 12% 18% ca de céls.transicionais ca escamocelular carcinoma,SOE melanoma maligno outras O tratamento do câncer de pelve renal baseia-se em nefro-ureterectomia radical com a remoção do setor da bexiga. O câncer ureteral de grau I e estadio baixo (Ta,T1) pode ser feito com a ureterectomia parcial. No tratamento de câncer de uretra masculina a forma primária é excisão cirúrgica. Na uretra feminina o tratamento pode envolver cirurgia ou radioterapia. Seguem abaixo os tratamentos realizados em cada topografia. Figura 4: Distribuição dos casos de câncer de pelve renal, ureter e uretra, segundo tratamento. -4- Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo / FOSP, janeiro/2000 a dezembro/2008. 6% 17% PELVE RENAL URETER 14% 8% 10% 10% 59% 65% 11% A - C i r ur g i a ( 3 9 ) A - C i r ur gi a ( 6 7 ) C - Qui mi ot e r a pi a ( 12 ) E- C i r ur gi a + Qui mi ot e r a pi a ( 11) I - Out r a s c omb. de t r a t a m. ( 16 ) J - N e nhum t r a t . R e a l i z a do ( 7 ) C - Qu i m i o t e r a pi a ( 6 ) J - N e n hu m t r a t . R e a l i z a do ( 5 ) I - Out r a s c o m b . de t r a t a m . ( 10 ) URETRA 27% 37% 13% 23% A - C i r ur g i a ( 19 ) J - N e n hu m t r a t . R e a l i z a do ( 12 ) C - Qu i m i o t e r a p i a ( 7 ) I - Out r a s c om b. de t r a t a m . ( 14 ) INFORMES GERAIS ► As atualizações do SISRHC estão disponíveis no site da FOSP (www.fosp.saude.sp.gov.br). Salientamos a importância de se verificar qual a última versão que está sendo usada pela sua instituição. Qualquer dúvida entre em contato conosco. ► A data de envio do banco de dados à Fosp está marcada para 10/03/2009. Fundação Oncocentro de São Paulo ● Registro Hospitalar de Câncer E-mail: [email protected] ● www.fosp.saude.sp.gov.br Fones: (11) 3797-1836 ● 3797-1837