MEIO BIÓTICO - Votorantim Metais

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MEIO BIÓTICO - Votorantim Metais
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MEIO BIÓTICO
O empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério
Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., localizado no Município
de Aripuanã/MT iniciou seu processo de licenciamento ambiental em 2008, seguindo o
Termo de Referência (Ofício nº. 20084/CM/ SUIMIS/2008) e o protocolo do IBAMA
02013.004398/08-33 MMA/IBAMA - SUPES/MT, com execução das atividades de
campo das áreas da flora (florística e fitossociologia, epífitas e macrófitas), fauna
(entomofauna, ictiofauna, herpetofauna, avifauna e mastofauna) e limnologia e
qualidade da água (parâmetros físicos e químicos e parâmetros biológicos).
Por motivos de força maior, o processo de licenciamento ambiental do
empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério
Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., localizado no Município
de Aripuanã/MT foi suspenso, mas os trabalhos de campo resultaram em um volume de
consolidação de dados semelhante ao esperado para o EIA do empreendimento.
Após um período de cerca de três anos de suspensão, o processo de
licenciamento ambiental foi retomado e um acordo foi feito, entre o empreendedor e o
órgão ambiental estadual (SEMA/MT), para que uma campanha de verificação do
estado da área fosse feita e os dados coletados em 2008 fossem assim atualizados.
Como esta campanha de 2012 ocorre três anos após as duas campanhas anteriores, que
foram feitas em diferentes estações do ano (períodos de seca e de chuva) para
contemplar possíveis variações sazonais, é do entendimento de todos (empreendedor,
consultores e técnicos do órgão ambiental estadual) que esta campanha será tratada
como a primeira campanha de monitoramento, após a liberação da licença de instalação
do empreendimento por parte do órgão ambiental estadual (SEMA/MT).
O Termo de Referência de 2012 expedido pelo órgão ambiental do Estado de
Mato Grosso, SEMA/MT, através do Ofício n° 85522/CM/SUIMIS/2012 para o
licenciamento ambiental do empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e
Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos
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Ltda., localizado no Município de Aripuanã/MT, reedita as exigências do Termo de
Referência de 2008 (Ofício nº. 20084/CM/ SUIMIS/2008).
Assim, os diversos grupos de flora, fauna e limnologia retornaram ao local das
áreas de influência direta e indireta do empreendimento para realizar esta campanha, em
2012, de verificação do estado da área e atualização dos dados coletados em 2008
(licença para captura, coleta e trnsporte de material zoológico IBAMA: n° da licença
032/2012/SUPES/MT).
Os estudos baseiam-se em concepções metodológicas específicas de cada área
do conhecimento científico e as adoções de procedimentos operacionais têm o caráter de
compatibilizar o método de pesquisa, com a realidade da área, as características do
empreendimento e as escalas de análise, cumprindo assim, com as exigências contidas
nos Termos de Referência (Ofício nº. 20084/CM/ SUIMIS/2008 e Ofício n°
85522/CM/SUIMIS/2012).
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1. FLORA
O estudo da Flora, que está sendo abordado neste documento, refere-se à
cobertura vegetal das áreas de influência do empreendimento e ao seu detalhamento
através da caracterização florística e da análise fitossociológica das unidades
vegetacionais mapeadas; bem como ao estudo das epífitas e das macrófitas.
Cada um desses temas segue uma metodologia específica e envolve diferentes
profissionais da área do conhecimento científico, sendo por isso, apresentado em
tópicos separados, conforme a seguir descrito.
1.1. Coberturas Vegetais das Áreas de Influência do Empreendimento
As coberturas vegetais das áreas de influência do empreendimento foram
identificadas e delimitadas em mapas, e controladas através de levantamentos de campo,
utilizando-se as concepções adotadas pelo IBGE (1992), principalmente no que tange a
denominação fisionômico-ecológica das unidades de mapeamento (Figura 1.1-1 e
Figura 1.1-2).
Assim, para se caracterizar a vegetação terrestre, ao se adotar como estratégia o
mapeamento dos remanescentes e das categorias de uso dos solos, procedeu-se
inicialmente a fotointerpretação de imagens de satélites Cbers II e Ikonos, que resultou
na elaboração de uma legenda preliminar para ser checada in loco. Uma breve revisão
bibliográfica facilitou o entendimento das unidades mapeadas, as quais foram checadas
em levantamentos de campo, o que permitiu elaborar a legenda conclusiva e finalmente
descrever os sistemas naturais e antropizados que constituem a cobertura vegetal das
áreas de influência direta e indireta do empreendimento.
No caso da área de influência direta, o mapa apresenta além das tipologias das
coberturas vegetais e as diferentes categorias de uso dos solos, também, a ocupação
desses solos, ou seja, a forma de apropriação do espaço geográfico, tendo sido este
minuciosamente abordado nos estudos do meio antrópico.
Tomando-se como referência a terminologia fitofisionômica-ecológica do IBGE
(1992) e pela constatação em campo, concluiu-se que a área de estudo se insere em
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região de domínio da Floresta Ombrófila Aberta, a qual foi considerada durante anos,
como uma faciação da Floresta Ombrófila Densa. Trata-se de um tipo de transição entre
a floresta amazônica e as áreas extra-amazônicas, inclusive as áreas de Cerrado dos
Planaltos Mato-grossenses. Assim, a Floresta Ombrófila Aberta é a matriz de vegetação
típica da região da Depressão do Norte de Mato Grosso, onde se tem na estrutura dos
maciços florestais, espaços relativamente abertos, mais claros, e um gradiente climático
que apresenta mais de 60 dias secos por ano, assinalados em sua curva ombrotérmica1,
conforme IBGE (1992). Esse padrão fitofisionômico-ecológico ocorre nas áreas deste
estudo, onde há forte domínio de palmeiras2, se comparado aos cipós3, bambus4 e
sororoca5, que também estão presentes na composição florística dessa formação. Sendo
este o motivo que levou a classificá-la como Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras
(Fotos 1.1-1 e 1.1-2).
Assim, os diferentes tipos de cobertura vegetal que foram mapeadas, nas áreas
de influência direta (AID) e Indireta (AII) do empreendimento, também foram
quantificados e estão sinteticamente apresentados no Quadro 1.1-1 que segue.
1
Gaussen em 1952 propôs o climograma ombrotérmico, em que um mês seco é considerado quando o
total mensal das precipitações for ≤ que o dobro da temperatura média, a representação matemática se
expressa: P ≤ 2T (onde P é a precipitação, em mm, e T a temperatura do ar em ºC. Assim, a característica
ombrotérmica da Floresta Ombrófila está presa a fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas
(médias de 25º) e de alta precipitação (>2.000mm), bem distribuídas durante o ano (no caso da Fl.
Ombófila Aberta com 0 a 60 dias secos), o que determina uma situação ecológica de quase sem período
biologicamente seco.
2
Foram observadas várias espécies da Família Arecaceae na Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras,
porém, as mais freqüentes foram: babaçu (Attalea cf. maximiliana), sete-pernas (Socratea hexorrhiza),
açaí (Euterpe precatoria, E. edulis), Bacaba (Oenocarpus minor, O. bacaba), Tucumã (Astrocaryum cf.
aculeatum), inajá (Attalea maripa), paxiubão (Iriartea deltoidea).
3
As lianas (cipós), de hábito escandente, formam verdadeiros “Climber towes” quando se manifestam em
grandes proporções na Floresta Ombrófila Aberta com cipós, que não é o caso da área objeto deste
estudo.
4
Da Família Poaceae, o gênero Guadua foi observado com maior expressão apenas em situação de borda,
no limite de pastagem plantada com maciços da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras.
5
A Sororoca (Phenakospermum guianense) da família Strelitziaceae, distribui-se de forma agregada: em
agrupamentos (touceiras) descontínuos, nos locais muito úmidos, e até mesmo encharcados já nas
proximidades de cursos d’água.
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Figura 1.1-1. Mapa da vegetação e uso dos solos da área de influência indireta do empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério
Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., na Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT.
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Figura 1.1-2. Mapa da vegetação e uso dos solos da área de influência direta do empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério
Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., na Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT.
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Foto 1.1-1. Floresta Ombrófila com Palmeiras, interior de remanescente na área de
influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Foto 1.1-2. Floresta Ombrófila com Palmeiras, borda de remanescente na área de
influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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Quadro 1.1-1. Superfícies das unidades de mapeamento que representam a
cobertura vegetal das áreas de influência direta (AID) e Indireta (AII) do
empreendimento. Legenda: FOAp – Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras;
VsFOAp – Vegetação secundária de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras;
FOAj –Floresta Ombrófila Aberta com Justaconta; Pp – Pastagem plantada; Pd –
Pastagem degradada; ADg – Área Degradada por antigo Garimpo, Município de
Aripuanã/MT.
Abrangência
AID
AII
833,4044 3.877,0582
Sistemas Primários
FOAp
26,5307
81,3130
VsFOAp
Área (em ha) das
Sistemas Secundários
65,5755
205,9115
FOAj
diferentes
tipologias da
267,5008 2.003,6864
Pp
cobertura vegetal Sistemas Antropizados
91,5277
507,0304
Pd
56,5733
80,9431
ADg
TOTAL (ha) 1.341,1124 6.755,9426
O quadro acima mostra que dos 6.755,9426 hectares que constituem a superfície
total da área de influência indireta (AII), aproximadamente, 57% ainda se encontram
recobertos por sistemas naturais de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras. Os outros
43% já sofreram alterações no processo de ocupação regional, estando atualmente 38%
dos solos recobertos por pastagem, nos quais, 8% apresentam baixa capacidade edáfica,
encontrando-se degradados por falta de manejo.
Também da superfície total da AII, que em tempos pretéritos foi alterada pela
atividade garimpeira, 3% se auto-revegerou de maneira que boa parte já se encontra
cicatrizada, mas com domínio de Justaconta (Sclerolobium rugosum e S. paniculatum,
atualmente denominado Tachigali rugosa e T. paniculata). Nota-se que esta foi
identificada como uma unidade de mapeamento por apresentar limites bem definidos
nos produtos sensoriais (imagens de satélites). Apenas 1% da superfície total da AII,
ainda apresenta solos totalmente degradados pela atividade garimpeira, apesar de já
estarem em processo de pedogeneização.
Quanto à ocupação dos solos da área de Influência direta do empreendimento,
foram delimitadas as propriedades rurais que estão representadas no mapa de
Vegetação, Uso e Ocupação dos Solos (Figura 1.1-2), sendo a maior parte de pequenas
e médias propriedades.
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As especificidades, as características e maiores informações a respeito do uso e
ocupação desse espaço, foram minuciosamente levantados em campo pela equipe
responsável pelos estudos do meio antrópico e está consolidado no Diagnóstico
Ambiental deste EIA. Entretanto, a seguir, o Quadro 1.1-2 mostra quem são os
superficiários que se encontram na AID, e a relação entre o tamanho de suas
propriedades com a superfície que ocupam na AID.
Quadro 1.1-2. Superficiários, tamanho de suas propriedades rurais e o quanto
delas se encontram em da área de influência direta (AID) do empreendimento,
Município de Aripuanã/MT.
Nome dos Proprietários
Renato Zararkin
Leonardo Machado da Silva
Ilmo Gauer
Teofanez
Sérgio Carlos Cassol
Alberto da Veiga Kaipper
Hélio Hironi Horikava (Anglo American)
Votorantim Metais
Fabíola Alessandra Bigaton
Anglo American
Votorantim Metais
Hermez Hain
Anglo American
Gentil
Gentil
Resultante
Gilberto
Área da propriedade
(hectares)
101,9027
51,5186
63,9406
96,4480
38,9015
185,2652
233,7787
31,7132
84,3848
99,9685
200,2474
1.025,4906
29,6378
688,7745
121,5651
95,6882
197,7801
Área da propriedade
na AID (hectares)
41,0748
47,6374
10,3526
80,4539
1,4941
0,3472
164,2639
15,3158
0,3636
64,8912
196,9868
31,5719
29,6378
484,2309
16,6940
63,6236
93,0960
1.1.1. Sistema Primário de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras
A Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras se distribui de maneira homogênea
em toda a área deste estudo (Foto 1.1.1-1), recobrindo encostas da serra do Expedito,
vertentes de colinas médias que formam o piso regional do relevo da Depressão, e
ainda, as superfícies aplainadas dos fundos de vales dos cursos d’água em ambiente de
sedimentação ativa. Porém, a fitofisionomia6 possui variações internas em sua estrutura7
6
A fitofisionomia é a aparência que a vegetação exibe, resultante das formas de vida presentes das
plantas predominantes.
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e composição8 florística, à feição de um mosaico florestado. Ora predominando esta, ou
aquela espécie. Ora com maior densidade populacional, ora com menor número de
indivíduos. Ora com domínio de espécies pioneiras, ora secundárias e clímaces. Ora
com estrato herbáceo bem definido, ora sem expressão e apenas com presença de
indivíduos jovens da comunidade arbóreo-arbustiva.
Foto 1.1.1-1. Aspecto da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras recobrindo os solos das
áreas de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
O fato da vegetação de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras recobrir
diferentes unidades pedológicas na área de estudo9, em situações topográficas também
diferentes, implica em se ter diversidade de habitats, tornando a heterogeneidade interna
bem evidente sob o ponto de vista da relação solo/água/ planta. Dentre as características
que implicam em ajuste ecofisiológico no processo de co-evolução das espécies, estão
as respostas adaptativas às condições edafo-climáticas pontuais, como a presença da
serra do Expedito em meio a Depressão. As espécies exibem mecanismos de adaptação
e eficiência ecológica para se estabelecer, colonizar e desenvolver em situações
7
A estrutura é caracterizada por observações sobre a densidade, caducidade foliar, presença de formas de
vida típicas (palmeiras, lianas, fetos arborescentes etc.), árvores emergentes, estratificação (disposição em
camadas superpostas).
8
A composição indica a flora envolvida.
9
Neossolo Litólico distrófico e húmico; Cambissolo Háplico Tb distrófico; Latossolo Amarelo Coeso;
Nitossolo Háplico Distrófico; Neossolo Regolítico distrófico; e Solo Antropogênico.
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extremas, de solos rasos, pobres, na presença de afloramentos rochosos e em terrenos de
encostas íngremes.
O corpo da serra do Expedito tem crista alongada em direção geral NW-SE e
flancos voltados para norte-nordeste e para sul-sudeste. Dessa configuração geográfica
resulta que a serra recebe forte luminosidade diária, tendo implicações para a regulação
metabólica dos diferentes taxa da biodiversidade local. As copas das árvores frondosas
são de grande importância para o conforto térmico. A topografia dos flancos também
apresenta forte dinâmica de erosão hídrica, face às variações internas no maciço
florestado, pois ela é formada por um conjunto de morros coalescentes.
Em uma grota, por exemplo, que esteja no flanco da serra voltado para sul e sua
linha de talvegue escavada no sentido norte-sul, as espécies que se desenvolverem em
suas margens só terão luminosidade mais direta, de no máximo quatro horas diárias,
entre 11:00 e 15:00 horas, nas demais já estarão sombreadas. Nesse caso, a variação na
arquitetura do dossel é influenciada também pela competição por luz.
Outra característica é a latitude na casa de 10° Sul, que gera condições de forte
luminosidade, elevação de temperatura, aumento de pluviosidade e redução do período
seco no inverno, influenciando o sistema regulador de fotoperiodismo das plantas, em
face de esse tipo de sazonalidade climática regional: alta luminosidade, forte
exuberância foliar. Tais características geram condição propícias para herbivoria. Para
controlar herbivoria, as plantas desenvolvem sistemas de defesa específicos, produtos
metabólicos secundários10 que resultam em seleção de predadores, otimização de ciclos
reprodutivos e padrões fenológicos11, intra e interespecíficos. Esses produtos
10
Entende-se por metabolismo primário o conjunto de processos metabólicos que desempenham função
essencial no vegetal, como fotossíntese, respiração, transporte de solutos, e, os compostos envolvidos
possuem uma distribuição universal nas plantas, caso de clorofila, aminoácidos, nucleotídeos, lipídios,
carboidratos. O metabolismo secundário origina compostos que não possuem distribuição universal, pois
não são necessários para todas as plantas; ex.: antocianinas, betalainas, não ocorrem conjuntamente em
uma mesma espécie vegetal. Betalaina (na beterraba) é restrita a 10 famílias da ordem Caryophyllales,
que não possuem antocianinas. Embora o metabolismo secundário nem sempre seja necessário para que
uma planta complete seu ciclo de vida, ele desempenha um papel importante na interação planta/meio
ambiente. Existem 3 grupos de metabólitos secundários: alcalóides, terpenos e compostos fenólicos.
11
A fenologia é o estudo da época de ocorrência de fenômenos naturais repetitivos, como a queda de
folhas, brotamento, floração e frutificação. Ao final de 1999, após constatação das mudanças climáticas
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secundários também possuem um papel contra ataque de patógenos, competição entre
plantas e atração de organismos benéficos como polinizadores, dispersores de semente e
microorganismos simbiontes. Possuem ainda, ação protetora em relação a estresses
abióticos, como aqueles associados com mudanças de temperatura, conteúdo de água,
níveis de luz, exposição à UV e deficiência de nutrientes minerais.
1.1.2. Sistemas Secundários de Vegetação
A cobertura vegetal secundária que se desenvolve nas áreas de influência direta
e indireta do empreendimento é representada por sistemas florestais e foram mapeados
em duas sub-unidades na matriz de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras. Uma
delas com fisionomia similar à esta matriz vegetacional, e a outra com forte domínio de
espécies de justaconta (Sclerolobium rugosum e S. paniculatum, atualmente
denominado Tachigali rugosa e T. paniculata), formando maciços nas encostas da serra
do Expedito, perfeitamente contrastantes sob o ponto de vista da fotointerpretação de
imagens de satélites, tendo sido por isso, delimitadas e mapeadas.
Também
nos
ambientes
fortemente
antropizados,
em
processo
de
autorregeneração, observaram-se espécies do gênero Vismia, popularmente denominada
Lacre. Esta espécie é uma arvoreta de caráter invasor, pioneira e de máximo
desenvolvimento a pleno sol. É muito eficiente no uso dos nutrientes, em função de
altos valores da taxa fotossintética, e ainda, baixos teores foliares de fósforo, se
comparada à Bellucia grossularioides, sugerindo ser uma espécie bem adaptada a
ambiente com baixa disponibilidade de nutrientes, como ocorre nas áreas degradadas da
em nível planetário, os cientistas estão observando que o comportamento das plantas também está
mudando, demonstrado pela análise de dados provenientes de observações fenológicas de longo prazo. É
esperado que a época de ocorrência de processos fenológicos continue a mudar na dependência das
mudanças do clima, e, há um consenso de que dados fenológicos proporcionam indicação integrada da
sensitividade dos sistemas naturais às tais mudanças. Assim, como indicador de mudanças, os processos
fenológicos têm amplas conseqüências para biodiversidade, interações bióticas, na agricultura e ciências
florestais. Além disso, constatar alterações nos processos fenológicos, na queda de folhas, brotamento,
floração e frutificação são mais fáceis de comunicar ao público a respeito de mudanças climáticas. No
Brasil, os mais antigos estudos fenológicos de longa duração, em árvores de floresta tropical, ainda ativo,
iniciaram em 1965 na Reserva Florestal Ducke, e 1974 na Estação Experimental de Silvicultura Tropical,
ambos na região de Manaus/AM. Os estudos envolvendo cerca de 200 espécies florestais fornecerão
subsídios aos planos de conservação, manejo e revegetação de áreas degradadas na Floresta Amazônica.
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Amazônia (Silva et al. 2006). A Bellucia grossularioides é uma melastomataceae,
conhecida como goiaba-de-anta na região (Foto 1.1.2-1).
Foto 1.1.2-1. Detalhe de frutos em ramos de goiaba-de-anta, muito apreciada por vários
taxa da fauna silvestre regional. Notam-se folhas também predadas por lagartas. Área de
influência indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Um olhar clínico para diagnosticar as relações da alta capacidade de colonização
que várias espécies apresentam em relação aos ambientes de baixa condição edáfica é
extremamente importante na recomendação de técnicas e práticas de recuperação de
áreas degradadas onde a Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras se desenvolve, tanto
em nível altimétrico da serra do Expedito, quanto no da Depressão.
Porquanto, os efeitos de bordas nos remanescentes funcionaram como áreas
didáticas, ou como indicadoras, para possibilitar o entendimento a respeito dos
mecanismos de regeneração e cicatrização ambiental (Foto 1.1.2-2). Também, as
clareiras, com diferentes tamanhos, formas, idades e resultantes de diferentes
mecanismos: naturais ou antrópicos, servem de referência para esse entendimento.
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Foto 1.1.2-2. Contato abrupto entre remanescente de Floresta Ombrófila Aberta com
Palmeiras com a pastagem, onde as espécies pioneiras, na base da serra, minimizam os
efeitos de borda; área de influência indireta do empreendimento, Município de
Aripuanã/MT.
Nas manchas individualizadas, como unidade de mapeamento de sistema
secundário com predomínio de justaconta (Foto 1.1.2-3), as árvores apresentam porte
elevado, contrariando, de certa forma, a literatura, pois chegam a atingir até 25m de
altura e 80 cm, ou mais, de perímetro à altura do peito. A população de justaconta
apresenta distribuição agregada, densa, dominante, e com maior expressão no corpo da
serra, por apresentar maior extensão espacial.
É sabido que essas espécies são pioneiras, heliófitas, seletiva, xerófita (Lorenzi,
1998), capazes de colonizar ambientes de baixa capacidade de suporte ecológico. No
caso da Serra do Expedito, o tamanho da área do justacontal, a altura das plantas e a
densidade, à semelhança de populações monoespecíficas, são reflexos do próprio
processo de adaptação dessa Floresta, quando submetida a fortes estresses. Em outras
palavras, é possível deduzir que exista algum fator determinante, ou vários fatores
condicionantes, capazes de manter a condição de vegetação pioneira em lento processo
ecológico-sucessional a curto e médio prazo, uma vez que, se observou baixa ocorrência
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de indivíduos jovens de outras espécies arbóreas no estrato herbáceo 12, que é dominado
por espécies de justacontas.
Foto 1.1.2-3. Vista parcial do justacontal no âmbito da Floresta Ombrófila Aberta com
Palmeiras que recobre parte do flanco norte da Serra do Expedito, Município de
Aripuanã/MT. Em destaque, a cor levemente palha nas copas de muitas árvores. Trata-se
de frutos resultantes da forte sincronia de floração, frutificação em plantas de mesma
idade (eventos fenológicos do tipo boom).
Entretanto, após minucioso levantamento de campo e da pesquisa mais acurada
da litologia, dos solos e das especificidades topográficas dos terrenos muito inclinados
da serra, tiraram-se as seguintes importantes conclusões a respeito do “justacontal”:
1ª. Que a área realmente havia sofrido forte alteração pela atividade garimpeira
pretérita;
2ª. Que a litologia predominante da Serra do Expedito é representada por rochas
metavulcanossedimentares, sendo que no justacontal, as vulcânicas ácidas apresentam
composição riolítica a riodacítica, fato que contribui com a alta disponibilidade de sílica
no processo de intemperismo e pedogenético;
12
Em levantamento de campo realizado em setembro/2007 verificou-se apenas alguns indivíduos de
Bellucia grossularioides, colonizando o estrato herbáceo em um ponto do justacontal em situação de
cimeira da serra do Expedito. Já no levantamento fitossociológico realizado em maio/2008, foram
observadas nas áreas amostradas de menor perturbação, outras espécies, apesar do domínio da justaconta,
conforme mais adiante relatado.
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3ª. Que o solo é raso, muito pobre, ácido e essencialmente silicoso, Neossolo
Litólico Distrófico típico - essa condição parece muito favorável ao desenvolvimento da
justaconta, comparada a outras pioneiras;
4ª. Que as espécies de Justaconta ocorrem naturalmente na composição florística
da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras e têm em sua biomassa elevado teor de
sílica, fato que as leva ser reconhecidas popularmente e em várias regiões brasileiras,
como “Cega-machado”.
A sílica, além de ser resistente ao intemperismo, tem baixa absorção de água e
inibe a decomposição microbiológica dos solos.
Trabalhos recentes têm demonstrado que muitas espécies do cerrado são
acumuladoras de silício, o qual exerce importantes funções nos vegetais, como aumento
de resistência a certos patógenos, melhor arquitetura de folha (beneficiando a
fotossíntese) e resitência a estresses hídricos. A sílica é absorvida do solo, primeiro,
polimerizando-se na forma de ácido silícico monomérico, em seguida, no vegetal, passa
para gel e finalmente em fitólitos13. Estes corpos sólidos da planta incorporam-se ao
solo, com várias configurações, mas são dominantemente do tamanho de areia fina e
silte.
5ª. Que a serrapilheira do justacontal possui forte contribuição, porque essas
plantas são semidecíduas, com pico máximo de queda de folhas entre agosto e
setembro. Sendo a serrapilheira formada por material orgânico e rico em sílica, sua
decomposição é relativamente lenta, permitindo certo acúmulo sobre o solo (Foto 1.1.24). Nota-se que os compostos de silício existente nos solos, principalmente sob a forma
de sílica opalina (fitólito), estão principalmente no horizonte A (Lespch & Paula 2006).
O silício, o ferro e o alumínio são elementos químicos mais abundantes nos solos
tropicais. O silício, quando na forma amorfa, desempenha um importante papel para as
plantas, sendo relacionado à plasticidade, sendo bem conhecido no caso do arroz, onde a
sílica reforça a rigidez dos colmos, dando melhor crescimento e resistência às doenças.
13
Na estrutura da justaconta ocorrem os fitólitos, que são partículas de sílica amorfa acumuladas em torno
ou dentro das células dos tecidos vegetais (Lespch & Paula 2006).
17
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De acordo com Piperno (1988), uma floresta equatorial retorna ao solo por ano,
em reciclagem natural de seus detritos vegetais cerca de 250 Kg/ha de SiO2,
ultrapassando mesmo as quantidades do nitrogênio. Também ao queimar a floresta, a
metade da cinza é compota de silício. No solo o íon Si, em solução, pode combinar-se
com o alumínio que é tóxico. O Si no ciclo solo/planta passa por diversas etapas, dentre
as quais se ressalta a de formação de silicofitólitos nos tecidos vegetais (Laboriau &
Sendulsky, 1966).
Foto 1.1.2-4. Detalhe da serrapilheira associada ao justacontal da Serra do Expedito,
Município de Aripuanã/MT.
6ª. A inclinação dos terrenos propicia a lavagem constante da camada superficial
do solo e, estando este desnudo, a intensidade do escoamento de água superficial é
aumentada, como ocorreu até 1999 - mesmo tendo sido paralisada a atividade
garimpeira anos antes, o solo da porção superior da serra ficou desnudo até 1999
(Figura 1.1.2-1), o que provocou o carreamento do banco de sementes encosta abaixo,
resultando na pobreza e na substituição desse banco por propágulos mais recentes, como
os das espécies de justaconta.
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Figura 1.1.2-1. Comparação de duas imagens de satélites de diferentes datas, mostrando o
justacontal que se desenvolveu no topo e flanco norte da Serra do Expedito, Município de
Aripuanã/MT.
7ª. E, por fim, estima-se que o tempo médio de vida da justaconta na região
esteja entre 20-30 anos, pois no levantamento fitossociológico, observou-se indivíduo
de 100 cm de circunferência à altura do peito e 23m de altura. Como as árvores têm
idades semelhantes, tendo em vista o marco histórico do início do processo de
recolonização, é esperada a morte de vários indivíduos de mesma idade, nos próximos
15-20 anos.
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1.1.3. Sistemas Antropizados
As propriedades rurais das áreas de influência direta e indireta do
empreendimento estão voltadas para a atividade pecuária com sistema produtivo
moldado em modelo de criação extensiva de bovino de corte, sustentado pela
implantação de pastagens (Foto 1.1.3-1), com uso dominante de espécies do gênero
Brachiaria.
Foto 1.1.3-1. Vista geral de pastagens implantadas na área de influência indireta do
empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Enfatiza-se
que
a
Brachiaria
brizantha
(variedade
brizantão)
é
preferencialmente utilizada em solos relativamente secos (Foto 1.1.3-2), enquanto que a
Brachiaria humidicula, ou mesmo a Brachiaria arrecta, também chamada de tanner
grass ou braquiária-do-brejo, são plantadas em áreas úmidas (Foto 1.1.3-3).
Esta última é uma espécie não recomendada pelo Ministério da Agricultura, por
apresentar princípios tóxicos, criadores de foto sensibilização em bovinos jovens, e
ainda, por ser uma espécie que propicia a proliferação da cigarrinha, inseto considerado
praga de pastagens e plantações.
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brizantão
humidícula
Foto 1.1.3-2. Pastagens implantadas que dão suporte à criação de gado. Em primeiro
plano, Brachiaria humidicula e ao fundo, morrote com Brachiaria brizantha em solo seco;
área de influência indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
brizantão
brizantão
aguapés
tanner grass
brizantão
tanner grass
Foto 1.1.3-3. Em detalhe, Brachiaria arrecta (“tanner grass”) e macrófitas (aguapé),
colonizando o espelho d’água e Brachiaria brizantha (brizantão), em solo seco; área de
influência indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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Entretanto, observou-se que boa parte da Floresta transformada em pastagens,
em função da baixa fertilidade natural dos solos e falta de manejo, perdem a
produtividade, parecendo abandonadas (Fotos 1.1.3-4, 1.1.3-5 e 1.1.3-6), dando lugar à
sucessão secundária arbórea adaptada à baixa disponibilidade de nutrientes.
Foto 1.1.3-4. Aspecto de pastagem plantada em processo de sucessão secundária na região
da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT.
Foto 1.1.3-5. Pastagem plantada e abandonada em processo de sucessão secundária na
região da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT.
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Foto 1.1.3-6. Aspecto de pastagens plantadas sem manejo em processo de sucessão
secundária na região da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT.
Em campo, também se observou sitiantes criando caprinos, peixes, suínos e
equinos, além de vacas leiteiras, porém, com pouca expressão e mais para consumo
familiar.
Outra unidade de mapeamento que se destaca na matriz de Floresta Ombrófila
com Palmeiras são os ambientes degradados pela atividade garimpeira pretérita, com
substratos14 recobertos de forma descontínua por vegetação eminentemente herbácea,
apesar de ocorrerem ainda alguns indivíduos relictuais de ambiente ciliar típicos de
setores de nascentes, caso de buritis (Foto 1.1.3-7).
Como se tratam de fundos de vales aplainados e relativamente próximos à Serra
do Expedito, os materiais gerados pela atividade garimpeira ficaram neles depositados
soterrando olhos d’água dos solos hidromórficos que formavam “veredas15” ou Matas
de Brejo, no contexto da matriz de Floresta Ombrófila. Entende-se por Matas de Brejo,
ou florestas hidrófilas, o conceito dado por Leitão Filho (1982), que é uma forma de
14
Neste estudo, como os substratos são de origem antrópica e já estão em processo de pedogeneização foi
individualizado, caracterizado e denominado Solo Antrópico (Volume II do EIA).
15
Vereda é um termo utilizado para designar a vegetação típica de setores de cabeceiras de drenagens,
que se desenvolve em ambientes de Planaltos. Em Mato Grosso se associa a presença de buritizais
(Maurtia flexuosa).
23
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vegetação estabelecida sobre solos hidromórficos, sujeita à presença de água superficial
em caráter permanente. Ocorrem em várzeas ou planícies de inundação, nascentes ou
margens de rios ou lagos (Ivanauskas et al. 1997), podendo ocorrer também em
baixadas ou depressões, onde a saturação hídrica do solo é conseqüência do afloramento
da água do lençol freático.
Indivíduos de Butitis
Foto 1.1.3-7. Ambiente agradacional, próximo à Serra do Expedito, assoreado por antigo
garimpo, onde se destacam elementos relictuais de Floresta Ciliar, Município de
Aripuanã/MT.
Nota-se que os sistemas radiculares da vegetação de vereda e da comunidade
arbóreo-arbustiva da Mata de Brejo, quando submetidos à anoxia, ou seja, à falta de
oxigenação ou aeração, apesar de adaptado às condições de encharcamento e
alagamento dos solos, não suporta longo tempo de residência com água estagnada, nem
assoreamento por longo período (Paes de Barros, 1998). Assim, o turbilhonamento e a
água sempre em movimento que ocorre nos setores de cabeceiras e fundos de vales é
fundamental para a manutenção da integridade desses sistemas no âmbito das
Formações Florestais.
Diante dessas especificidades, em que a relação solo/água/planta é fator
condicionante, por vezes, determinante para o estabelecimento, colonização e
desenvolvimento de várias espécies vegetais, é de se esperar que o Solo Antropogênico,
onde as alterações provocaram profundas modificações ao ponto de ultrapassar a faixa
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de resiliência dos sistemas envolvidos, não mais seja capaz de auto-regenerar. Apesar de
que as florestas tropicais úmidas, de acordo com Ewel (1983), apresentam maior
resiliência16 que as florestas estacionais, e um efeito de borda muito evidente (Sampaio,
2001). Por resiliência entende-se a capacidade do sistema retornar ao estado de
equilíbrio, ou manter o potencial produtivo, depois de sofrer graves perturbações. A
resiliência opera dentro de certos limites, pois depende da capacidade de auto-regulação
do sistema. Conforme Odum (1988), existem duas formas de estabilidade: “a
estabilidade de resistência (a capacidade de se manter estável diante do estresse) e a
estabilidade de elasticidade (a capacidade de se recuperar rapidamente)”. A
manifestação de ambas dá significado ao termo resiliência.
1.2. Florística e fitossociologia
1.2.1. Metodologia
O levantamento florístico dos indivíduos arbóreos e das palmeiras foi realizado
em área de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras (FOA), onde foram selecionadas
quatro subáreas vegetacionais visivelmente melhor conservadas de forma a garantir
maior representatividade da comunidade arbórea a ser amostrada, além de contemplar
trechos de coleta e observação de epífitas, bem como da fauna de vertebrados terrestres,
dados que serão correlacionados ao conjunto de resultados que comporão o estudo.
Em cada subárea (denominadas de FOAjustacontal, FOAEncosta, FOAPalmeiral e
FOAPraia
Grande)
foram alocados três transectos de 10 x 100 m para o registro dos
indivíduos arbóreos e palmeiras. Os primeiros e últimos 10m2 incluíram também o
levantamento florístico do sub-bosque e da regeneração natural (Figura 1.2.1-1).
As transecções foram dispostas sistematicamente, com o primeiro transecto
estabelecido de forma preferencial, de acordo com a possibilidade de acesso e tomandose como base as estradas vicinais que margeiam ou cortam em maior ou menor
proporção das áreas de estudo.
16
Resiliência em ecologia significa a capacidade de recuperação natural de um sistema, uma comunidade,
uma população, ou de uma espécie, após a ocorrência de distúrbios.
25
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Figura 1.2.1–1. Mapa e representação esquemática das transecções e parcelas demarcadas para o levantamento de dados florísticos e estruturais da vegetação
arbórea e das palmeiras nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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A partir da instalação do primeiro transecto, a distância entre os demais foi de 50
m, com variações em alguns casos para mais, em função da imprevisibilidade
topográfica e principalmente, em decorrência da fragmentação pretérita ou atual das
áreas, motivada pela abertura de estradas que viabilizaram estações de sondagem para
pesquisa mineral, além de extração de madeira. Contudo, perfez-se uma área amostral
total de 12.000 m2 ou 1,2 ha, sendo 0,3 ha para cada área considerada no levantamento.
Em cada transecto foram amostrados todos os indivíduos vivos das espécies
arbóreas e palmeiras, com circunferência ≥ a 30 cm a 1,30 m do solo, o que corresponde
a um diâmetro de ≥ 9,54 cm (Foto 1.2.1-1). No caso das palmeiras, consideraram-se
aquelas que apresentavam tronco livre de folhas em até pelo menos a circunferência
estabelecida. Indivíduos arbóreos ramificados abaixo dessa altura somente foram
amostrados se pelo menos um dos ramos apresentasse o CAP mínimo estabelecido,
sendo os demais medidos separadamente e somados ao de maior perímetro para cálculo
da área basal.
Foto 1.2.1-1. Levantamento de dados florísticos e estruturais da vegetação arbórea e das
palmeiras nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento, Município de
Aripuanã/MT.
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Os procedimentos de mensuração foram feitos sempre pelo mesmo membro da
equipe, com fita métrica para as medidas de diâmetro e por meio de estimativa visual
para a medida de altura. Não foram incluídos na amostragem para os cálculos
fitossociológicos indivíduos mortos e/ou lianas. As anotações de campo, para cada
indivíduo incluíram a subárea de ocorrência e o número da transecção.
As espécies registradas foram agrupadas em famílias de acordo com o sistema
de Cronquist (1988). A validação do nome das espécies botânicas foi feito por meio do
sistema de dados W3 Trópicos (Missouri Botanical Garden, 2008) e em revisões
taxonômicas recentes.
A composição florística foi analisada com base na distribuição dos indivíduos
em espécies e famílias, identificadas “in locu”, por especialista e confirmadas, quando
essas eram encontradas em estado fértil, por meio de literatura especializada. De posse
da listagem de espécies, foram estimados os índices de diversidade de Shannon-Wiener,
de equabilidade de Pielou (Magurran, 1988), o coeficiente de Mistura de Jentsch,
(Brower e Zar, 1984) e de McGuinnes (McGuinnes, 1934).
A qualificação das síndromes de dispersão de diásporos das espécies registradas
nos referidos ambientes estudados foi realizada mediante consultas à literatura
descritiva e ilustrativa do fruto ou classificações aceitas em outras publicações.
Considerou-se, portanto, as principais estratégias de dispersão de frutos e sementes
conforme Van der Pijl (1982) em: Zoocoria, ou dispersão por animais; Anemocoria,
pelo vento e Autocoria, por mecanismos da própria planta.
A avaliação dos parâmetros fitossociológicos da estrutura horizontal (densidade,
frequência, dominância e valor de importância) foi feita de acordo com MüellerDombois e Ellenberg (1974).
A estrutura diamétrica representada em classes diamétricas foi realizada com
base nos valores das circunferências, convertidas para DAP de modo a minimizar o
número de classes que foram classificadas em intervalos de 15 em 15 cm, sendo que a
primeira classe correspondeu ao intervalo de 9,54 e 15 cm de DAP.
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Para a análise da estrutura vertical de cada área, a formação florestal foi dividida
em três estratos. Dessa forma, o estrato inferior foi caracterizado por árvores com altura
menor que 15 m; o médio por árvores com altura entre 15 e 30 m e o superior por
árvores com altura maior que 30m.
Os índices florísticos, os parâmetros estruturais e o volume de madeira por
espécie (m3/ha) foram calculados e analisados por meio do software Mata Nativa versão
2 (Cientec, 2006).
1.2.2. Caracterização das Formações Vegetacionais
1.2.2.1. Florística e Fitossociologia das Espécies Arbóreas e das Palmeiras
No levantamento florístico da área estudada de Floresta Ombrófila Aberta com
Palmeiras, foram amostradas espécies arbóreas e palmeiras cujas características gerais
estão consolidadas na Tabela 1.2.2.1-1 O total amostrado foi de 574 indivíduos, de 145
espécies, pertencentes a 86 gêneros e 35 famílias botânicas. Do total, 33 foram
identificadas até gênero e três permaneceram indeterminadas, devido à falta de material
botânico fértil para proceder a identificação.
Tabela 1.2.2.1-1. Características florísticas e fitossociológicas dos quatro levantamentos
efetuados nas áreas de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras: FOAjustacontal, FOAEncosta,
FOAPalmeiral e FOAPraia Grande, na área de influência direta do empreendimento, Município
de Aripuanã/MT.
Parâmetro
Área amostral (m2/ha)
Nº de indivíduos amostrados
Número de famílias
Número de famílias exclusivas
Número de gêneros
Número de espécies
Número de espécies exclusivas
Área basal (m2/ha)
Densidade absoluta (nº ind. ha-1)
Índice de Shannon-Weaner (H’)
Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM)1
Total de espécies raras em 1,2 ha 2
1
FOA
FOA
FOA
FOA
justacontal
Encosta
Palmeiral
PraiaGrande
3.000
171
25
6
33
48
7
6,933
569,996
1,73
1:3,42
3.000
171
25
2
48
65
2
9,860
569,996
3,81
1:2,51
3.000
113
25
1
47
54
1
9,298
376,667
3,6
1:2,05
3.000
119
25
0
45
57
0
7,351
396,667
3,76
1:2,09
43
Quanto mais próximo de 1 (um) o valor de QM, mais diversa é a população.
2 Consideraram-se espécies raras aquelas registradas uma única vez em 1,2 ha de área amostrada.
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Na FOAjustacontal, registraram-se 171 indivíduos distribuídos em 48 espécies, 33
gêneros e 25 famílias, com seis famílias e sete espécies exclusivas dessa área e
densidade de 570 árvores/ha, totalizando 6,933 m2/ha de área basal (Tabela 1.2.2.1-2).
As famílias que apresentaram o maior número de espécies nesse ambiente
foram: Fabaceae (19,6%), Lauraceae (9,8%), Myristicaceae (7,8%), Cecropiaceae e
Euphorbiaceae (5,9% cada; Figura 1.2.2.1-1). Ainda nessa área, as famílias que tiveram
maior número de indivíduos amostrados foram: Fabaceae (55), Melastomataceae (25),
Euphorbiaceae (19), Lauraceae (17) e Annonaceae (7). Juntas essas famílias
contribuíram com (49,0%) do total de indivíduos amostrados.
Figura 1.2.2.1-1. Porcentagem de espécies por família botânica encontrada em área de
Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras – FOAjustacontal, área de influência do
empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
30
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Tabela 1.2.2.1-2. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas e palmeiras da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeira FOAjustacontal,
da área de influência do empreendimento, dispostas em ordem decrescente de valor de importância, acompanhadas da síndrome de
dispersão de diásporos e do padrão de distribuição espacial, Município de Aripuanã/MT. Legenda: SD = síndrome de dispersão de
diásporos; DE = Distribuição espacial (U = uniforme, T = Tendência ao agrupamento, A = agrupado); N = Número de indivíduos; AB =
Área Basal m²/ha; FA = Freqüência Absoluta; DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VC = Índice de Valor de
Cobertura; VI = Índice de Valor de Importância; VOL = Volume de madeira por espécie (m3/ha).
Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Tachigali rugosa (Mart. ex Benth.) Zarucchi & Pipoly
Ane
A
31
1.646
18,13
33,33
1,47
23,73
41,86
43,33
97,75
Mouriri duckeana Morley
Zoo
A
24
0,449
14,04
66,67
2,94
6,47
20,51
23,45
0,22
Inga laurina (Sw.) Willd.
Zoo
U
9
0,455
5,26
100
4,41
6,57
11,83
16,24
22,19
Croton piptocalyx Mull. Arg.
Zoo
A
12
0,236
7,02
66,67
2,94
3,4
10,42
13,36
1,14
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez
Zoo
A
7
0,227
4,09
66,67
2,94
3,27
7,37
10,31
11,29
Unonopsis guatterioides (A. DC.) R.E. Fr.
Zoo
U
6
0,148
3,51
100
4,41
2,14
5,65
10,06
7,02
Esenbeckia leiocarpa Engl.
Aut
TA
4
0,253
2,34
66,67
2,94
3,65
5,99
8,93
13,10
Mabea fistulifera Mart.
Zoo
TA
5
0,169
2,92
66,67
2,94
2,44
5,36
8,3
6,89
Inga ingoides (Rich.) Willd.
Zoo
A
4
0,266
2,34
33,33
1,47
3,83
6,17
7,64
13,34
Virola oleifera (Schott) A.C. Sm.
Zoo
U
1
0,306
0,58
33,33
1,47
4,41
4,99
6,47
18,34
Sloanea sp. L.
Zoo
U
1
0,292
0,58
33,33
1,47
4,21
4,8
6,27
14,61
Chrysophyllum gonocarpum Mart. & Eichler ex Miq.
Zoo
A
3
0,18
1,75
33,33
1,47
2,59
4,35
5,82
8,09
Ocotea sp. Aubl.
Zoo
U
3
0,062
1,75
66,67
2,94
0,89
2,64
5,58
2,43
Tachigali venusta Dwyer
Ane
U
1
0,242
0,58
33,33
1,47
3,5
4,08
5,55
14,54
Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) Frodin & Fiaschi
Zoo
U
2
0,094
1,17
66,67
2,94
1,36
2,53
5,47
6,04
31
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Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Nectandra rigida (Kunth) Nees
Zoo
U
2
0,091
1,17
66,67
2,94
1,32
2,49
5,43
5,27
Virola calophylla (Spruce) Warb.
Zoo
U
3
0,051
1,75
66,67
2,94
0,73
2,49
5,43
1,73
Pterocarpus officinalis Jacq.
Zoo
U
2
0,076
1,17
66,67
2,94
1,09
2,26
5,2
3,89
Tapirira marchandii Engl.
Zoo
A
3
0,131
1,75
33,33
1,47
1,89
3,64
5,11
4,85
Theobroma sylvestre Aubl. ex Mart. in Buchner
Zoo
A
4
0,086
2,34
33,33
1,47
1,23
3,57
5,04
3,08
Goupia glabra Aubl.
Zoo
U
2
0,052
1,17
66,67
2,94
0,75
1,92
4,86
2,12
Inga sp. Scop.
Zoo
U
2
0,045
1,17
66,67
2,94
0,65
1,82
4,76
2,35
Sacoglottis mattogrossensis Malme
Zoo
A
3
0,095
1,75
33,33
1,47
1,37
3,12
4,6
4,75
Inga edulis Mart.
Zoo
U
2
0,033
1,17
66,67
2,94
0,47
1,64
4,58
1,40
Croton sp. L.
Aut
U
2
0,029
1,17
66,67
2,94
0,42
1,59
4,53
11,23
Pourouma villosa Trécul
Zoo
TA
2
0,118
1,17
33,33
1,47
1,7
2,87
4,34
5,92
Tachigali paniculata Aubl.
Ane
TA
2
0,115
1,17
33,33
1,47
1,65
2,82
4,29
6,73
Duroia duckei Huber
Ane
U
1
0,126
0,58
33,33
1,47
1,82
2,41
3,88
5,05
Ocotea sp2 Aubl.
Zoo
A
3
0,04
1,75
33,33
1,47
0,58
2,33
3,8
1,84
Ocotea sp1 Aubl.
Zoo
TA
2
0,08
1,17
33,33
1,47
1,15
2,32
3,79
3,89
Brosimum sp. Sw.
Zoo
U
1
0,113
0,58
33,33
1,47
1,63
2,21
3,68
5,63
Myrcia fallax DC.
Zoo
U
1
0,104
0,58
33,33
1,47
1,5
2,09
3,56
4,87
Pourouma guianensis Aubl.
Zoo
TA
2
0,056
1,17
33,33
1,47
0,81
1,98
3,45
2,32
Vochysia vismiifolia Spruce ex Warm.
Ane
TA
2
0,045
1,17
33,33
1,47
0,65
1,82
3,29
2,00
Pseudolmedia laevigata Trécul
Zoo
TA
2
0,034
1,17
33,33
1,47
0,5
1,67
3,14
1,18
32
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Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Tapirira guianensis Aubl.
Zoo
U
1
0,073
0,58
33,33
1,47
1,05
1,64
3,11
3,40
Attalea maripa (Aubl.) Mart.
Zoo
U
1
0,054
0,58
33,33
1,47
0,78
1,36
2,83
2,51
Bombacopsis glabra (Pasq.) Robyns
Aut
U
1
0,042
0,58
33,33
1,47
0,61
1,2
2,67
1,70
Guarea kunthiana A. Juss.
Ane
U
1
0,042
0,58
33,33
1,47
0,61
1,19
2,66
2,11
Schefflera morototoni Aubl.
Zoo
U
1
0,036
0,58
33,33
1,47
0,52
1,1
2,57
1,92
Hirtella ciliata Mart. & Zucc.
Zoo
U
1
0,032
0,58
33,33
1,47
0,46
1,05
2,52
1,39
Inga graciliflora Benth.
Zoo
U
1
0,017
0,58
33,33
1,47
0,25
0,83
2,3
0,91
Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr.
Zoo
U
1
0,016
0,58
33,33
1,47
0,23
0,82
2,29
0,75
Inga chrysantha Ducke
Zoo
U
1
0,016
0,58
33,33
1,47
0,23
0,82
2,29
0,81
Virola theiodra Warb.
Zoo
U
1
0,014
0,58
33,33
1,47
0,19
0,78
2,25
0,47
Vismia brasiliensis Choisy
Zoo
U
1
0,013
0,58
33,33
1,47
0,19
0,77
2,24
0,57
Trichilia pallida Sw.
Zoo
U
1
0,012
0,58
33,33
1,47
0,17
0,76
2,23
0,51
Casearia gossypiosperma Briq.
Ane
U
1
0,008
0,58
33,33
1,47
0,12
0,7
2,17
0,41
Miconia sp. Ruiz & Pav.
Zoo
U
1
0,008
0,58
33,33
1,47
0,12
0,7
2,17
23,39
Pourouma minor Benoist
Zoo
U
1
0,007
0,58
33,33
1,47
0,1
0,69
2,16
0,29
171
6,933
100
2266,67
100
100
200
300
358,22
Total
50
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As espécies com os maiores valores de importância para esse ambiente são:
● Tachigali rugosa (14,44%), uma das espécies de justaconta de ocorrência
regional – o gênero Tachigali tem importante contribuição na formação da floresta
amazônica, além de ser recomendado em conjunto com espécies pioneiras de rápido
crescimento, a exemplo de Tachigali paniculata, nas fases iniciais de recuperação de
matas degradadas (Felfili et al. 1999; Souza-Filho et al. 2005).
● Mouriri duckeana (7,82%) – o gênero Mouriri é referenciado na literatura
como característico de vegetação pioneira (Queiroz et al. 2005) e faz parte da lista de
gêneros de espécies consideradas alimentos potenciais para canídeos silvestres,
conforme registrado por Dalponte e Lima, 1999 em trabalho realizado na Chapada dos
Guimarães, MT. Membros da família Anthophoridae são abelhas estritamente
dependentes de óleos fixos coletado em flores de Mouriri para desenvolvimento larvar,
enquanto que floristicamente, as espécies de Mouriri, com “flores de óleo”, são
estritamente dependentes de abelhas dessa família e exercem pressão mútua quanto à
emergência de adultos e fenofases de floração (Silva, 2006).
● Inga laurina (5,41%) – espécies do gênero Inga possuem frutos comestíveis,
muito procurados por macacos e outros animais (Souza e Lorenzi, 2005);
● Croton piptocalyx (4,45%) – gênero particularmente comum em quase todos
os ecossistemas brasileiros (Souza e Lorenzi, 2005);
● Ocotea diospyrifolia (3,44%) – espécies da família Lauraceae destacam-se
pelo grande número de espécies clímax e entre espécies desse gênero, estão aquelas
consideradas como produtoras de madeira de lei (Carvalho et al. 2008; Souza e Lorenzi,
2005).
Com relação à distribuição espacial das espécies verificou-se que 64% dessas
apresentam padrão uniforme, 20% tendência à agregação e 16% padrão agregado
(Figura 1.2.2.1-2). Dessa relação de espécies, apenas a primeira, T. rugosa, apresenta
síndrome de dispersão de diásporos por mecanismo abiótico, ou seja, pelo vento. As
demais se constituem de espécies zoocóricas.
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Figura 1.2.2.1-2. Distribuição espacial das espécies arbóreas e palmeiras na FOAjustacontal na
área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Quanto às guildas de dispersão de diásporos, tem-se que: 80% das espécies
investigadas apresentam dispersão do tipo zoocórica; 14% constituem o grupo das
anemocóricas e 6% pertencem das autocóricas (Figura 1.2.2.1-3).
Figura 1.2.2.1-3. Porcentagem das guildas de dispersão por espécie na FOAjustacontal na área
de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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Dessas espécies, I. laurina e O. diospyrifolia, expressaram valores de densidade
inferiores às demais espécies do grupo das mais importantes ecologicamente, sendo
5,26 e 4,09,%, com 9 e 7 indivíduos, respectivamente.
O índice de diversidade de Shannon-Wiener e o coeficiente de mistura de
Jentsch para FOAjustacontal foi de 1,73 e 1:3,42 respectivamente.
A análise da estrutura vertical revelou não haver indivíduos no estrato superior,
ou seja, árvores com alturas acima dos 30 metros. A maioria das espécies concentra seus
indivíduos no estrato médio e inferior (Figura 1.2.2.1-4). A estratificação da
comunidade confirma o padrão tendendo ao exponencial negativo ou “J” invertido, com
a concentração dos indivíduos entre as classes de 9,54 a 30 cm de diâmetro (Figura
1.2.2.1-5).
Figura 1.2.2.1-4. Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos e palmeiras na
FOAJustacontal, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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Figura 1.2.2.1-5. Distribuição dos indivíduos arbóreos e palmeiras em classes de altura na
FOAJustacontal, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
O sub-bosque do trecho amostrado é constituído de arbustos e arvoretas
umbrófilas17, muitas das quais ocorrendo pontualmente na área estudada ou de
indivíduos jovens de árvores dos estratos inferior, médio e superior em que várias
espécies distribuem-se aleatoriamente ou com padrão que tende ao agrupamento,
sobretudo, em função da ecologia dessas espécies e das influências edáficas e hídricas
pontuais do meio. São elas: Heliconia sp. L., Scleria P.J. Bergius, Clidemia D. Don,
Galactia P. Browne, Alchornea sp. Sw., Bactris Jacq. ex Scop., Bauhinia L.,
Cheiloclinium cognatum (Miers) A.C. Sm., Chrysophyllum gonocarpum (Mart. &
Eichler ex Miq.) Engl., Cuspidaria sp. DC., Dalbergia sp. L. f., Eugenia sp. L., Galaxia
sp. Thunb., Gonocarpus sp. Thunb., Hyeronima alchorneoides Allemão, Licania sp.
Aubl., Manihot sp. Mill., Matayba guianensis Aubl., Memora allamandiflora Bureau ex
K. Schum., Myrsine sp.L., Oenocarpus bacaba Mart., Ormosia sp. Jacks., Platymiscium
sp. Vogel, Psychotria sp. L., Tapirira guianensis Aubl., Trichilia pallida Sw., Xylopia
emarginata Mart., Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg., Aspidosperma nitidum
Benth. ex Müll. Arg., Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl.,
Croton piptocalyx Mull. Arg., Cupania castaneifolia Mart., Goupia glabra Aubl., Inga
dysantha Benth., Inga edulis Mart., Mabea fistulifera Mart., Manilkara huberi (Ducke)
17
O termo “umbrófila” significa, plantas de sombra.
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Standl., Miconia cuspidata Mart. ex Naudin, Myrcia fallax DC., Parkia pendula
(Willd.) Benth. ex Walp., Physocalymma scaberrimum Pohl, Pourouma cecropiifolia
Mart., Protium aracouchini (Aubl.) Marchand, Pseudolmedia laevigata, Si Trécul,
Simarouba amara Aubl., Unonopsis guatterioides (A. DC.) R.E.Fr., Virola oleifera
(Schott) A.C. Sm., Vochysia vismiifolia Spruce ex Warm., Attalea sp.1 Kunth,
Brosimum sp. Sw., Guarea sp. F. Allam. ex L., Inga sp. Scop., Luetzelburgia sp. Harms,
Ocotea sp. Aubl. e Pourouma sp. Aubl..
Outro aspecto relevante relacionado a essa área foi a imperceptibilidade de
indivíduos pertencentes ao grupo das Pteridophytas, especialmente aquelas que
instituem a família Selaginellaceae, dado por certo, ao estádio sucessional, ora
apresentado por essa comunidade, em que a ocorrência de muitas espécies associa-se à
maior luminosidade do ambiente proporcionada pela abertura do dossel.
No ambiente denominado FOAEncosta, registraram-se 171 indivíduos distribuídos
em 25 famílias, 48 gêneros e 65 espécies, com duas famílias e duas espécies exclusivas
dessa área. A densidade foi de 569,99 árvores/ha e a área basal de 9,86 m2/ha (Tabela
1.2.2.1-3).
As famílias Arecaceae, Fabaceae e Lauraceae (10,81%); Meliaceae e
Myristicaceae (9,46%); Annonaceae e Sapotaceae (6,76%) agregam o maior número de
espécies para a comunidade estudada, como ilustrado na Figura 1.2.2.1-6. Em conjunto,
essas famílias representam 64,86% do total de indivíduos amostrados.
Figura 1.2.2.1-6. Porcentagem de espécies por família botânica encontrada em área de
Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras – FOAEncosta, na área de influência do
empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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Tabela 1.2.2.1-3. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas e palmeiras da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeira FOAEncosta,
na área de influência do empreendimento, dispostas em ordem decrescente de valor de importância, acompanhadas da síndrome de
dispersão de diásporos e do padrão de distribuição espacial, Município de Aripuanã/MT. Legenda: SD = síndrome de dispersão de
diásporos; DE = Distribuição espacial (U = uniforme, T = Tendência ao agrupamento, A = agrupado); N = Número de indivíduos; AB =
Área Basal m²/ha; FA = Freqüência Absoluta; DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VC = Índice de Valor de
Cobertura; VI = Índice de Valor de Importância; VOL = Volume de madeira por espécie (m3/ha).
Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Bertholletia excelsa Bonpl.
Zoo
U
2
2,02
1,17
66,67
2,02
20,44
21,61
23,63
210,72
Cabralea cangerana Saldanha
Zoo
U
12
0,85
7,02
100
3,03
8,62
15,64
18,67
67,69
Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl.
Zoo
U
20
0,35
11,7
100
3,03
3,58
15,28
18,31
19,15
Guarea scabra A. Juss.
Zoo
A
9
0,29
5,26
66,67
2,02
2,9
8,16
10,19
14,66
Metrodorea nigra A. St.-Hil.
Zoo
U
8
0,19
4,68
100
3,03
1,88
6,56
9,59
8,61
Luetzelburgia sp. Harms
Zoo
U
2
0,60
1,17
66,67
2,02
6,05
7,22
9,24
66,27
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez
Zoo
U
4
0,34
2,34
100
3,03
3,48
5,82
8,85
34,04
Pseudolmedia laevigata Trécul
Zoo
U
7
0,11
4,09
100
3,03
1,08
5,18
8,21
4,91
Iriartea deltoidea Ruiz & Pav.
Zoo
TA
6
0,18
3,51
66,67
2,02
1,84
5,35
7,37
6,92
Goupia glabra Aubl.
Zoo
U
2
0,39
1,17
66,67
2,02
3,98
5,15
7,17
40,44
Ecclinusa guianensis Eyma
Zoo
U
4
0,16
2,34
100
3,03
1,61
3,95
6,98
8,42
Virola calophylla (Spruce) Warb.
Zoo
TA
6
0,11
3,51
66,67
2,02
1,07
4,58
6,6
4,55
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk.
Zoo
A
3
0,33
1,75
33,33
1,01
3,34
5,1
6,11
28,34
Virola oleifera (Schott) A.C. Sm.
Zoo
U
1
0,43
0,58
33,33
1,01
4,34
4,93
5,94
49,97
Manilkara huberi (Ducke) Standl.
Zoo
A
3
0,25
1,75
33,33
1,01
2,5
4,25
5,26
23,06
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Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Hevea brasiliensis (Kunth) Müll. Arg.
Zoo
U
2
0,19
1,17
66,67
2,02
1,94
3,11
5,13
14,11
Inga sp. Scop.
Zoo
U
2
0,16
1,17
66,67
2,02
1,59
2,76
4,78
13,69
Virola sp. Aubl.
Zoo
U
3
0,10
1,75
66,67
2,02
1
2,75
4,77
4,81
Aniba terminalis Ducke
Zoo
U
3
0,07
1,75
66,67
2,02
0,74
2,5
4,52
4,10
Brosimum sp. Sw.
Zoo
U
1
0,29
0,58
33,33
1,01
2,91
3,5
4,51
33,52
Tapirira guianensis Aubl.
Zoo
A
4
0,10
2,34
33,33
1,01
0,98
3,32
4,33
5,05
Trichilia pallida Sw.
Zoo
U
3
0,04
1,75
66,67
2,02
0,42
2,18
4,2
1,66
Euterpe sp. Mart.
Zoo
U
3
0,04
1,75
66,67
2,02
0,37
2,12
4,14
2,56
Attalea maripa (Aubl.) Mart.
Zoo
U
2
0,08
1,17
66,67
2,02
0,83
2
4,02
2,79
Ficus sp. Merr.
Zoo
U
1
0,23
0,58
33,33
1,01
2,33
2,92
3,93
19,93
Pourouma guianensis Aubl.
Zoo
U
2
0,04
1,17
66,67
2,02
0,45
1,62
3,64
2,74
Hirtella sp. L.
Zoo
U
2
0,04
1,17
66,67
2,02
0,39
1,56
3,58
1,76
Manilkara sp. Adans.
Zoo
U
1
0,19
0,58
33,33
1,01
1,96
2,55
3,56
22,60
I
U
2
0,03
1,17
66,67
2,02
0,27
1,44
3,46
1,22
Protium aracouchini (Aubl.) Marchand
Zoo
U
2
0,02
1,17
66,67
2,02
0,24
1,41
3,43
0,77
Miconia sp. Ruiz & Pav.
Zoo
U
2
0,02
1,17
66,67
2,02
0,21
1,38
3,4
0,28
Unonopsis guatterioides (A. DC.) R.E. Fr.
Zoo
U
2
0,02
1,17
66,67
2,02
0,16
1,33
3,35
0,60
Iriartea sp. Ruiz & Pav.
Zoo
A
3
0,05
1,75
33,33
1,01
0,46
2,21
3,22
1,29
Cecropia sciadophylla Mart.
Zoo
TA
2
0,07
1,17
33,33
1,01
0,72
1,89
2,9
5,45
Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr.
Zoo
TA
2
0,05
1,17
33,33
1,01
0,54
1,71
2,72
2,31
NI1
40
Geologia Mineração e Assessoria Ltda.
E-mail : [email protected]
Nome Científico
Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
I
TA
2
0,05
1,17
33,33
1,01
0,51
1,68
2,69
3,46
Inga laurina (Sw.) Willd.
Zoo
TA
2
0,05
1,17
33,33
1,01
0,49
1,66
2,67
1,75
Apeiba echinata Gaertn.
Zoo
TA
2
0,05
1,17
33,33
1,01
0,46
1,63
2,64
1,50
Aniba rosaeodora Ducke
Zoo
TA
2
0,02
1,17
33,33
1,01
0,24
1,41
2,42
1,18
Tapirira marchandii Engl.
Zoo
TA
2
0,02
1,17
33,33
1,01
0,23
1,4
2,42
0,77
Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr.
Zoo
U
1
0,06
0,58
33,33
1,01
0,6
1,19
2,2
4,96
Duguetia lanceolata A. St.-Hil.
Zoo
U
1
0,04
0,58
33,33
1,01
0,44
1,03
2,04
1,90
Guarea guidonia (L.) Sleumer
Zoo
U
1
0,04
0,58
33,33
1,01
0,38
0,97
1,98
2,02
Tovomita acutiflora M. S. Barros & G. Mariz
Zoo
U
1
0,04
0,58
33,33
1,01
0,38
0,96
1,97
2,74
Nectandra sp. Rol. ex Rottb.
Zoo
U
1
0,03
0,58
33,33
1,01
0,34
0,93
1,94
1,24
Protium pilosum (Cuatrec.) D.C. Daly
Zoo
U
1
0,03
0,58
33,33
1,01
0,34
0,93
1,94
2,03
Theobroma sylvestre Aubl. ex Mart. in Buchner
Zoo
U
1
0,03
0,58
33,33
1,01
0,29
0,88
1,89
1,05
Ocotea sp.2 Aubl.
Zoo
U
1
0,03
0,58
33,33
1,01
0,26
0,84
1,85
1,35
Iryanthera ulei Warb.
Zoo
U
1
0,02
0,58
33,33
1,01
0,22
0,81
1,82
1,46
I
U
1
0,02
0,58
33,33
1,01
0,23
0,81
1,82
1,19
Aspidosperma sp Mart. & Zucc.
Ane
U
1
0,02
0,58
33,33
1,01
0,19
0,78
1,79
1,12
Talisia sp. Aubl.
Zoo
U
1
0,02
0,58
33,33
1,01
0,17
0,76
1,77
0,95
Bombacopsis glabra (Pasq.) Robyns
Aut
U
1
0,02
0,58
33,33
1,01
0,16
0,75
1,76
0,64
Oenocarpus bacaba Mart.
Zoo
U
1
0,02
0,58
33,33
1,01
0,17
0,75
1,76
1,39
Andira inermis (W. Wright) Kunth ex DC.
Zoo
U
1
0,02
0,58
33,33
1,01
0,16
0,74
1,75
0,68
NI3
NI2
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Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Tovomita sp. Aubl.
Zoo
U
1
0,02
0,58
33,33
1,01
0,15
0,74
1,75
0,30
Bocageopsis mattogrossensis (R.E. Fr.) R.E. Fr.
Zoo
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,14
0,73
1,74
0,80
Inga edulis Mart.
Zoo
U
1
0,02
0,58
33,33
1,01
0,15
0,73
1,74
0,74
Guarea trunciflora C. DC.
Zoo
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,1
0,69
1,7
0,50
Guatteria nigrescens Mart.
Zoo
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,1
0,69
1,7
0,52
Esenbeckia leiocarpa Engl.
Aut
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,08
0,67
1,68
0,26
Micropholis (Griseb.) Pierre
Zoo
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,09
0,67
1,68
0,26
Ocotea longifolia Kunth
Zoo
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,08
0,67
1,68
0,17
Iryanthera juruensis Warb.
Zoo
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,07
0,66
1,67
0,15
Mouriri duckeana Morley
Zoo
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,08
0,66
1,67
0,92
Quiina pteridophylla (Radlk.) Pires
Zoo
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,08
0,66
1,67
0,19
Tetragastris unifoliolata (Engl.) Cuatrec.
Zoo
U
1
0,01
0,58
33,33
1,01
0,08
0,66
1,67
0,18
Virola sp.1 Aubl.
Zoo
U
1
0,72
0,58
33,33
1,01
7,26
7,85
8,86
76,39
171
9,86
100
3300
100
100
200
300
843,72
Total
68
42
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Nessa área, o grupo de espécies arbóreas que predominaram estruturalmente e
em índice de valor de importância (VI) constituem-se de:
● Bertholletia excelsa Bonpl. (7,88%), castanha-do-pará – essa espécie
apresenta o tronco de maior diâmetro entre todas as espécies da floresta amazônica
(Salomão et al. 2008). Esses autores afirmam que a espécie apresenta caráter social
ocorrendo em agrupamentos mais ou menos densos, os chamados castanhais, associadas
a outras espécies florestais de grande porte, onde se pode encontrar de 1 a 15
castanheiras por hectare. Uma média geral para a Amazônia como um todo é de 1,5
árvores/ha. Ao lado de outras essências florestais, é excelente alternativa para
reflorestamento de áreas degradadas de pastagens ou de cultivos anuais, tanto para a
produção de frutos como para a extração de madeira. Plantada em áreas degradadas da
Amazônia Setentrional, por meio de reflorestamentos heterogêneos, apresentou
comprovada adaptabilidade e excelente crescimento.
● Cabralea canjerana Saldanha (6,22%) – espécie clímax tolerante à sombra,
fazendo-se presente em vegetação secundária. É árvore longeva, podendo ultrapassar
300 anos de idade. Apresenta dispersão zoocórica, feita principalmente por aves que são
atraídas pela coloração alaranjada do arilo. Entretanto, no solo, as sementes dessa
espécie são intensamente atacadas por roedores e insetos predadores das sementes
ariladas que caem das copas (Carvalho, 2003).
● Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. (6,10%) – encontra-se dispersa por toda
Amazônia, habitando terrenos alagados, mal drenados e, algumas vezes, em terra firme.
Ocorre inclusive nas encostas da serra do Expedito, preferencialmente associada ao
Neossolo Litólico húmico.
● Guarea scabra A. Juss. (3,39%) – os exsudatos resinosos e brotos foliares de
espécies do gênero Guarea fazem parte da dieta alimentar de um grupo de primatas
(Cebuella pygmaeae - Callitrichidade), tornando-se importantes em planos de manejo
florestal (Ribeiro, 1999).
43
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A zoocoria, ou seja, dispersão de diásporos por animais é predominante entre
essas espécies.
Dessas espécies, S. exorrhiza e C. canjerana mostraram densidade superiores às
demais espécies de maior VI, sendo 11,70 e 7,02%, com 20 e 12 indivíduos,
respectivamente. Por outro lado, B. excelsa, com apenas dois indivíduos, apresentou
menor densidade entre as espécies do grupo, mas se manteve em primeiro lugar em VI
em função dos valores de área basal (2,01 m2/ha) e 20,44% de dominância relativa,
comum em indivíduos fisiologicamente maduros dessa espécie. Nessa floresta, 80% das
espécies mostraram distribuição espacial do tipo uniforme, 13% tendendo à agregação e
7% ao padrão agregado (Figura 1.2.2.1-7).
A análise das guildas de dispersão de diásporos para essa comunidade mostrou
prevalência da zoocoria (92%), seguidas pela anemocoria, autocoria e indeterminadas
com 1, 3 e 4%, respectivamente (Figura 1.2.2.1-8).
Figura 1.2.2.1-7. Distribuição espacial das espécies arbóreas e palmeiras na FOAEncosta, na
área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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Figura 1.2.2.1-8. Porcentagem das guildas de dispersão por espécie na FOAEncosta, na área
de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
O índice de diversidade de Shannon-Wiener e o coeficiente de mistura de
Jentsch calculado para a FOAEncosta foi de 3,81 e 1:2,51, respectivamente.
A análise da estrutura vertical das espécies arbóreas dessa comunidade mostra
que aproximadamente 64,91% dos indivíduos pertencem ao estrato inferior, 29,83% ao
estrato médio e 5,26% ao superior (Figura 1.2.2.1-9). Esse dado torna evidente o
predomínio de indivíduos portentosos sobre os estratos adjacentes.
Quanto à distribuição diamétrica, a comunidade expressa o padrão tendendo ao
exponencial negativo ou “J” invertido, que é esperado para florestas tropicais, com a
maioria dos indivíduos entre as classes de 9,54 a 30 cm de diâmetro (Fig. 1.2.2.1-10).
Sob o dossel do trecho amostrado é possível encontrar arbustos, arvoretas
umbrófilas e indivíduos jovens de árvores dos estratos, inferior, médio e superior, como
dos gêneros: Abuta sp. Aubl. Adiantum sp. L., Alchornea sp. Sw., Aspidosperma sp
Mart. & Zucc., Bactris Jacq. ex Scop., Brosimum sp. Sw., Cabralea sp., Calycophyllum
sp. DC., Croton sp. L., Cupania sp., Cuspidaria sp. DC., Dipteryx sp. Schreb.,
Doliocarpus sp., Standl., Ecclinusa sp. Mart., Euterpe sp. Mart., Guapira sp. Aubl. ,
Guatteria sp., Guarea sp. F. Allam. ex L., Hirtella sp., Inga sp. Scop., Iriartea sp. Ruiz
& Pav., Licania sp. Aubl., Luetzelburgia sp. Harms, Mabea sp. Aubl., Machaerium sp.
Pers., Matayba sp. Aubl., Mimosa sp. L., Mouriri sp. Aubl., Miconia sp. Ruiz & Pav.
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Ocotea sp. Aubl., Oenocarpus sp., Ouratea sp. Aubl. , Paullinia sp. L., Physocalymma
sp. Pohl , Pourouma sp Aubl., Psychotria sp. L., Pterocarpus sp. L., Qualea sp. Aubl.,
Rheedia sp. L., Siparuna sp. Aubl, Tabernaemontana sp. L., Tapirira sp., Theobroma
sp. L., Tovomita sp. Aubl., Trichilia sp. P. Browne, Unonopsis sp. R.E. Fr., Virola sp.
Aubl., Xilopia sp. Juss.
Também estão presentes nessa área, no conjunto sub-bosque e regeneração
natural as espécies: Attalea maripa (Aubl.), Doliocarpus dentatus (Aubl.), Cordia
nodosa Lam., Abarema jupunba (Willd.) Britton & Killip, Apeiba echinata Gaertn.,
Bauhinia glabra Jacq., Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr., Bombacopsis glabra
(Pasq.) Robyns, Cecropia sciadophylla Mart. , Cheiloclinium cognatum (Miers) A.C.
Sm., Cupania castaneifolia Mart., Hirtella ciliata Mart. & Zucc., Metrodorea nigra A.
St.-Hil., Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp., Pourouma cecropiifolia Mart.,
Pseudolmedia laevigata Trécul, Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl., Tapirira
guianensis Aubl., Tapirira marchandii Engl., Virola oleifera (Schott) A.C. Sm. Xylopia
benthamii R.E. Fr. e Xylopia emarginata Mart..
Figura 1.2.2.1-9. Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos e palmeiras na
FOAEncosta, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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Figura 1.2.2.1-10. Distribuição dos indivíduos arbóreos e palmeiras em classes de altura na
FOAEncosta, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Também estão presentes nessa área, no conjunto sub-bosque e regeneração
natural as espécies: Attalea maripa (Aubl.), Doliocarpus dentatus (Aubl.), Cordia
nodosa Lam., Abarema jupunba (Willd.) Britton & Killip, Apeiba echinata Gaertn.,
Bauhinia glabra Jacq., Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr., Bombacopsis glabra
(Pasq.) Robyns, Cecropia sciadophylla Mart., Cheiloclinium cognatum (Miers) A.C.
Sm., Cupania castaneifolia Mart., Hirtella ciliata Mart. & Zucc., Metrodorea nigra A.
St.-Hil., Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp., Pourouma cecropiifolia Mart.,
Pseudolmedia laevigata Trécul, Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl., Tapirira
guianensis Aubl., Tapirira marchandii Engl., Virola oleifera (Schott) A.C. Sm.,
Xylopia benthamii R.E. Fr. e Xylopia emarginata Mart..
A ocorrência de lianas com circunferências de troncos consideráveis têm
importância na dinâmica florestal por constituírem fonte de alimento para a fauna e,
fisicamente, ligarem árvores em conjunto, proporcionando assim, resistência física a
ventos, acessos para animais (Schnitzer e Bongers, 2002), bem como, a dominância de
Pteridophytas, epífitas, hemi-epífitas e espécies da família Heliconiaceae. A presença
deste grupo dá indícios bastantes fortes de uma comunidade climácica em bom estado
de conservação.
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No terceiro ambiente levantado, a FOAPalmeiral, foram amostrados 113
indivíduos distribuídos em 54 espécies, 47 gêneros e 25 famílias, com uma família e
uma espécie exclusiva. A estimativa de densidade foi de 376,667 árvores/ha e a área
basal de 6,933 m2/ha (Tabela 1.2.2.1-4).
As famílias Fabaceae (16,36%), Meliaceae (10,91%) e Arecaceae, Cecropiaceae
e Sapotaceae (7,27%, cada), asseguraram o maior número de espécies e detiveram
49,09% do total de indivíduos amostrados (Figura 1.2.2.1-11).
Com referência a distribuição espacial das espécies, verificou-se que 78%
expressam padrão uniforme, 20% tendência à agregação e 2% padrão agregado (Figura
1.2.2.1-12).
48
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Tabela 1.2.2.1-4. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas e palmeiras da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeira, FOAPalmeiral, dispostas
em ordem decrescente de valor de importância, acompanhadas da síndrome de dispersão de diásporos e do padrão de distribuição espacial, na área de
influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Legenda: SD = síndrome de dispersão de diásporos; DE = Distribuição espacial (U =
uniforme, T = Tendência ao agrupamento, A = agrupado); N = Número de indivíduos; AB = Área Basal m²/ha; FA = Freqüência Absoluta; DR =
Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VC = Índice de Valor de Cobertura; VI = Índice de Valor de Importância; VOL = Volume
de madeira por espécie (m3/ha).
Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Manilkara huberi (Ducke) Standl.
Zoo
TA
5
2.123
4,42
66,67
2,9
22,83
27,25
30,15
285,11
Euterpe sp. Mart.
Zoo
U
14
0,171
12,39
100
4,35
1,84
14,23
18,58
12,88
Attalea maripa (Aubl.) Mart.
Zoo
U
10
0,495
8,85
100
4,35
5,33
14,18
18,53
25,55
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk.
Zoo
TA
6
0,462
5,31
66,67
2,9
4,97
10,28
13,18
53,48
Iryanthera juruensis Warb.
Zoo
U
4
0,293
3,54
100
4,35
3,15
6,69
11,04
32,87
Cecropia sciadophylla Mart.
Zoo
A
7
0,133
6,19
66,67
2,9
1,43
7,63
10,53
7,21
I
U
1
0,624
0,88
33,33
1,45
6,71
7,6
9,04
83,19
Iriartea sp. Ruiz & Pav.
Zoo
TA
5
0,149
4,42
66,67
2,9
1,6
6,02
8,92
12,46
Cabralea cangerana Saldanha
Zoo
U
3
0,311
2,65
66,67
2,9
3,34
5,99
8,89
38,89
Brosimum sp. Sw.
Zoo
TA
2
0,482
1,77
33,33
1,45
5,18
6,95
8,4
67,47
Aspidosperma nitidum Benth. ex Müll. Arg.
Ane
TA
2
0,471
1,77
33,33
1,45
5,06
6,83
8,28
54,14
Luetzelburgia sp. Harms
Zoo
U
1
0,538
0,88
33,33
1,45
5,79
6,67
8,12
71,72
Trichilia pallida Sw.
Zoo
TA
4
0,086
3,54
66,67
2,9
0,92
4,46
7,36
5,53
Guatteriopsis sp. R.E. Fr.
Zoo
U
2
0,166
1,77
66,67
2,9
1,78
3,55
6,45
18,21
Sterculia speciosa K. Schum.
Zoo
U
2
0,138
1,77
66,67
2,9
1,48
3,25
6,15
16,37
Simarouba amara Aubl.
Zoo
U
1
0,296
0,88
33,33
1,45
3,19
4,07
5,52
36,55
NI3
49
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Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Caraipa sp. Aubl.
Zoo
TA
2
0,21
1,77
33,33
1,45
2,25
4,03
5,47
25,96
Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.
Zoo
U
1
0,275
0,88
33,33
1,45
2,96
3,85
5,3
32,12
Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp.
Zoo
U
1
0,258
0,88
33,33
1,45
2,77
3,66
5,11
31,80
Pourouma minor Benoist
Zoo
TA
2
0,151
1,77
33,33
1,45
1,63
3,4
4,85
14,39
Guarea scabra A. Juss.
Ane
TA
2
0,093
1,77
33,33
1,45
1
2,77
4,22
7,10
Matayba elaeagnoides Radlk.
Zoo
TA
2
0,065
1,77
33,33
1,45
0,7
2,47
3,92
4,62
Eschweilera grandiflora (Aubl.) Sandwith
Zoo
U
1
0,146
0,88
33,33
1,45
1,57
2,46
3,91
17,04
Guarea sp. F. Allam. ex L.
Zoo
TA
2
0,041
1,77
33,33
1,45
0,44
2,21
3,66
1,12
Goupia glabra Aubl.
Zoo
U
1
0,102
0,88
33,33
1,45
1,1
1,99
3,44
4,44
Pseudolmedia laevigata Trécul
Zoo
U
1
0,1
0,88
33,33
1,45
1,07
1,96
3,41
13,64
Tachigali venusta Dwyer
Ane
U
1
0,1
0,88
33,33
1,45
1,07
1,96
3,41
10,98
Quiina pteridophylla (Radlk.) Pires
Zoo
U
1
0,1
0,88
33,33
1,45
1,07
1,96
3,4
13,93
Hevea brasiliensis (Kunth) Müll. Arg.
Zoo
U
1
0,091
0,88
33,33
1,45
0,98
1,86
3,31
13,32
Calycophyllum spruceanum Benth.
Zoo
U
1
0,065
0,88
33,33
1,45
0,69
1,58
3,03
8,17
Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth.
Ane
U
1
0,059
0,88
33,33
1,45
0,63
1,52
2,97
6,28
Andira inermis (W. Wright) Kunth ex DC.
Zoo
U
1
0,055
0,88
33,33
1,45
0,59
1,48
2,92
6,40
Aniba rosaeodora Ducke
Zoo
U
1
0,051
0,88
33,33
1,45
0,54
1,43
2,88
4,56
Protium sp. Burm. f.
Zoo
U
1
0,05
0,88
33,33
1,45
0,54
1,43
2,88
4,70
Virola sp. Aubl.
Zoo
U
1
0,035
0,88
33,33
1,45
0,37
1,26
2,71
2,08
Pourouma myrmecophila Ducke
Zoo
U
1
0,03
0,88
33,33
1,45
0,32
1,2
2,65
1,78
Pouteria venosa (Mart.) Baehni
Zoo
U
1
0,03
0,88
33,33
1,45
0,32
1,2
2,65
2,27
50
Geologia Mineração e Assessoria Ltda.
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Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273
Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez
Zoo
U
1
0,026
0,88
33,33
1,45
0,27
1,16
2,61
1,19
Zanthoxylum huberi P.G. Waterman
Zoo
U
1
0,026
0,88
33,33
1,45
0,28
1,17
2,61
1,91
Dimorphandra macrostachya Ducke
Zoo
U
1
0,022
0,88
33,33
1,45
0,24
1,13
2,58
0,82
Theobroma sylvestre Aubl. ex Mart. in Buchner
Zoo
U
1
0,021
0,88
33,33
1,45
0,23
1,11
2,56
0,39
Tachigali aurea Tul.
Ane
U
1
0,019
0,88
33,33
1,45
0,21
1,09
2,54
1,16
Croton sp. L.
Aut
U
1
0,016
0,88
33,33
1,45
0,17
1,06
2,51
0,75
Guarea silvatica C. DC.
Ane
U
1
0,015
0,88
33,33
1,45
0,16
1,04
2,49
0,87
Trichilia claussenii C. DC.
Zoo
U
1
0,014
0,88
33,33
1,45
0,15
1,03
2,48
0,69
Ouratea sp. Aubl.
Zoo
U
1
0,012
0,88
33,33
1,45
0,13
1,02
2,47
0,57
Heisteria densifrons Engl.
Zoo
U
1
0,011
0,88
33,33
1,45
0,12
1,01
2,46
0,60
Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl.
Zoo
U
1
0,012
0,88
33,33
1,45
0,13
1,01
2,46
0,43
Inga sessilis (Vell.) Mart.
Zoo
U
1
0,011
0,88
33,33
1,45
0,12
1
2,45
0,47
Talisia sp. Aubl.
Zoo
U
1
0,01
0,88
33,33
1,45
0,11
1
2,45
0,76
Zanthoxylum rhoifolium Lam.
Aut
U
1
0,01
0,88
33,33
1,45
0,11
1
2,45
0,45
Ecclinusa guianensis Eyma
Zoo
U
1
0,009
0,88
33,33
1,45
0,09
0,98
2,43
0,39
Bombacopsis glabra (Pasq.) Robyns
Aut
U
1
0,008
0,88
33,33
1,45
0,08
0,97
2,42
0,38
Pourouma villosa Trécul
Zoo
U
1
0,008
0,88
33,33
1,45
0,08
0,97
2,42
0,47
Licania sp. Aubl.
Zoo
U
1
0,007
0,88
33,33
1,45
0,08
0,97
2,41
0,35
113
9,298
100
2300
100
100
200
300
1060,98
Total
55
51
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Figura 1.2.2.1-11. Porcentagem de espécies por família botânica encontrada em área de
Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras – FOAPalmeiral, na área de influência do
empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Figura 1.2.2.1-12. Distribuição espacial dos indivíduos arbóreos e palmeiras na
FOAPalmeiral, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Em análise às guildas de dispersão de diásporos das espécies diagnosticadas
nessa área, observou-se que: 82% manifestam síndrome de dispersão do tipo zoocórica;
11% anemocórica, 5% perfazem o grupo das autocóricas e 2% ficaram como
indeterminadas (Figura 1.2.2.1-13).
O índice de diversidade de Shannon-Wiener e o coeficiente de mistura de
Jentsch para FOAPalmeiral foi de 3,6 e 1:2,05, respectivamente.
52
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Figura 1.2.2.1-13. Porcentagem das guildas de dispersão por espécie na FOAPalmeiral, na
área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Quanto às espécies de maior VI na área estudada, distinguem-se: Manilkara
huberi (Ducke) Standl. (10,05%), Euterpe sp. Mart. (6,19%), Attalea maripa (Aubl.)
Mart. (6,17%), Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. (4,39%) e
Iryanthera juruensis Warb. (3,68%), como as espécies que denotam os maiores valores
para essa variável (Tabela 1.2.2.1-4). Todas as espécies desse grupo são dispersas por
zoocoria, ou seja, contam com ajuda de animais para disseminar seus diásporos.
Manilkara huberi, além de sustentar diversidade de nichos em florestas
tropicais, mesmo após sua queda, se encontra entre o grupo das espécies madeireiras
consideradas altamente duráveis, como descrito por Jesus et al. (1998).
As palmeiras, muito frequentes nessa área, destacam-se do ponto de vista
natural, econômico e ecológico. Estão rotineiramente na alimentação de humanos na
forma de frutos e palmito e até de produtos elaborados, como doces, bebidas e óleos,
além, de servirem na confecção de artesanatos. Várias espécies da fauna silvestre
alimentam-se de suas folhas, polpa dos frutos (canídeos) e sementes, caso dos roedores
de pequeno e médio porte, psitacídeos, entre outros (Lima et al. 2003).
Desse grupo de espécies, Euterpe sp. e A. maripa exprimem os maiores valores
de densidade, 12,39% e 8,85%, respectivamente. Porém, M. huberi detém a maior
dominância, (22,83%) e área basal (2,123 m2/ha) que as demais, destacando-se,
portanto, como a primeira espécie mais importante ecologicamente para esse ambiente.
53
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A estimativa da estrutura vertical mostrou que 27,44% dos indivíduos fazem
parte do estrato inferior floresta, 41,59%, do estrato médio, 30,97%, do superior, e
parecem indicar pouca variação entre as alturas dos estratos (Figura 1.2.2.1-14).
Figura 1.2.2.1-14. Distribuição dos indivíduos arbóreos e palmeiras em classes de altura na
FOAPalmeiral, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
De acordo com as classes de diâmetro verificadas para essa floresta, o padrão
segue o exponencial negativo ou “J” invertido, com maior concentração de indivíduos
entre os 15 e 30 cm de diâmetro (Figura 1.2.2.1-15).
Figura 1.2.2.1-15. Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos e palmeiras na
FOAPalmeiral, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
54
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A relação de espécies que se segue informa sobre a composição do sub-bosque e
da regeneração natural da área em questão e indica que: Attalea maripa (Aubl.) Mart.,
Apeiba echinata Gaertn., Xylopia benthamii R.E. Fr., Xylopia emarginata Mart.,
Tapirira guianensis Aubl., Simarouba amara Aubl., Cecropia sciadophylla Mart.,
Hymenaea courbaril L., Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp., são representantes de
muitas das espécies do sub-dossel e dossel emergente. No entanto, se desenvolvem
ainda sobre aquela área, além de exemplares da família Selaginellaceae, os gêneros:
Adiantum L., Bactris Jacq. ex Scop., Bauhinia L. , Bocageopsis R.E. Fr., Cabralea
Saldanha, Clidemia D. Don, Cordia L., Cuspidaria DC., Doliocarpus, Euterpe Mart.,
Geonoma Willd., Guarea F. Allam. ex L., Hyeronima Allemão, Inga Scop., Iriartea
Ruiz & Pav., Justicia L., Licania Aubl., Machaerium Pers., Manilkara Adans., Memora
Miers, Ocotea Aubl., Ormosia Jacks., Ouratea Aubl., Piper L., Pourouma Aubl.,
Protium Burm., Sterculia L., Siparuna Aubl., Tapirira Aubl. e Virola. Aubl.
No remanescente florestal denominado FOAPraia grande foram inventariados 119
indivíduos, dos quais, encontram-se distribuídos 57 espécies, 45 gêneros e 25 famílias.
Não foi encontrado exclusividade de família ou espécie para essa comunidade. A
densidade estimada correspondeu a 396,667 árvores/ha, com área basal total de 7,351
m2/ha (Tabela 1.2.2.1-5).
O maior número de espécies ficou restrito às famílias: Fabaceae (15,79%),
Arecaceae e Moraceae (8,77%), Annonaceae e Rubiaceae (7,02%), que conjuntamente
detiveram (47,37%) do total de indivíduos amostrados (Figura 1.2.2.1-16).
55
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Tabela 1.2.2.1-5. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas e palmeiras da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras FOAPraia Grande, dispostas
em ordem decrescente de valor de importância, acompanhadas da síndrome de dispersão de diásporos e do padrão de distribuição espacial, na área de
influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Legenda: SD = síndrome de dispersão de diásporos; DE = Distribuição espacial (U =
uniforme, T = Tendência ao agrupamento, A = agrupado); N = Número de indivíduos; AB = Área Basal m²/ha; FA = Freqüência Absoluta; DR =
Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VC = Índice de Valor de Cobertura; VI = Índice de Valor de Importância; VOL = Volume
de madeira por espécie (m3/ha).
Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Goupia glabra Aubl.
Zoo
U
8
1,23
6,72
100
4
16,72
23,44
27,44
173,86
Aspidosperma nitidum Benth. ex Müll. Arg.
Ane
U
2
0,82
1,68
66,67
2,67
11,15
12,83
15,5
111,60
Tachigali venusta Dwyer
Ane
TA
4
0,70
3,36
66,67
2,67
9,46
12,82
15,49
97,92
Attalea sp1 Kunth
Zoo
A
9
0,31
7,56
66,67
2,67
4,24
11,81
14,47
17,42
Bertholletia excelsa Bonpl.
Zoo
U
1
0,73
0,84
33,33
1,33
9,87
10,71
12,05
108,87
Chrysophyllum perrieri Lecomte
Zoo
A
7
0,18
5,88
66,67
2,67
2,38
8,26
10,93
12,59
Bombacopsis macrocalyx (Ducke) A. Robyns
Aut
U
4
0,21
3,36
100
4
2,85
6,21
10,21
24,51
Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez
Zoo
U
3
0,30
2,52
66,67
2,67
4,03
6,56
9,22
36,73
Virola theiodra Warb.
Zoo
A
4
0,30
3,36
33,33
1,33
4,14
7,5
8,84
42,17
Guarea kunthiana A. Juss.
Ane
TA
5
0,11
4,2
66,67
2,67
1,54
5,74
8,41
7,18
Guarea silvatica C. DC.
Ane
TA
5
0,11
4,2
66,67
2,67
1,53
5,73
8,4
7,96
Pseudolmedia laevigata Trécul
Zoo
TA
4
0,12
3,36
66,67
2,67
1,57
4,93
7,6
8,40
Brosimum rubescens Taub.
Zoo
A
4
0,20
3,36
33,33
1,33
2,65
6,01
7,34
16,77
Licania sp. Aubl.
Zoo
U
3
0,06
2,52
100
4
0,77
3,29
7,29
3,42
Brosimum guianense (Aubl.) Huber
Zoo
U
2
0,19
1,68
66,67
2,67
2,61
4,29
6,96
20,15
Attalea dahlgreniana (Bondar) Wess. Boer
Zoo
A
3
0,17
2,52
33,33
1,33
2,31
4,83
6,16
17,41
56
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Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Euterpe sp. Mart.
Zoo
U
3
0,03
2,52
66,67
2,67
0,38
2,9
5,57
0,77
Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr.
Zoo
U
2
0,03
1,68
66,67
2,67
0,36
2,05
4,71
1,11
Quiina pteridophylla (Radlk.) Pires
Zoo
U
2
0,02
1,68
66,67
2,67
0,27
1,95
4,61
0,51
Maquira guianensis Aubl.
Zoo
U
1
0,16
0,84
33,33
1,33
2,14
2,98
4,31
20,94
Calycophyllum sp. DC.
Zoo
TA
2
0,09
1,68
33,33
1,33
1,28
2,96
4,29
11,07
Attalea maripa (Aubl.) Mart.
Zoo
TA
2
0,06
1,68
33,33
1,33
0,81
2,49
3,82
4,50
Inga vera Kunth
Zoo
TA
2
0,05
1,68
33,33
1,33
0,71
2,39
3,72
3,59
Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr.
Zoo
TA
2
0,04
1,68
33,33
1,33
0,58
2,26
3,6
3,71
Minquartia guianensis Aubl.
Zoo
U
1
0,10
0,84
33,33
1,33
1,38
2,22
3,55
10,80
Oenocarpus bacaba Mart.
Zoo
U
1
0,10
0,84
33,33
1,33
1,35
2,19
3,53
10,59
Inga graciliflora Benth.
Zoo
U
1
0,09
0,84
33,33
1,33
1,27
2,11
3,45
11,53
Guatteriopsis sp1 R.E. Fr.
Zoo
U
1
0,09
0,84
33,33
1,33
1,25
2,09
3,43
11,65
Virola calophylla (Spruce) Warb.
Zoo
TA
2
0,03
1,68
33,33
1,33
0,42
2,1
3,43
1,57
Protium sp. Burm. f.
Zoo
U
1
0,08
0,84
33,33
1,33
1,09
1,93
3,26
4,27
Vismia cayennensis (Jacq.) Pers.
Zoo
TA
2
0,02
1,68
33,33
1,33
0,23
1,91
3,24
0,73
Calycophyllum spruceanum Benth.
Zoo
U
1
0,07
0,84
33,33
1,33
0,92
1,76
3,09
5,16
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk.
Zoo
U
1
0,06
0,84
33,33
1,33
0,75
1,6
2,93
3,33
Aniba canelilla (Kunth) Mez
Zoo
U
1
0,05
0,84
33,33
1,33
0,64
1,48
2,81
6,24
Pourouma minor Benoist
Zoo
U
1
0,05
0,84
33,33
1,33
0,63
1,47
2,81
6,21
Matayba elaeagnoides Radlk.
Zoo
U
1
0,04
0,84
33,33
1,33
0,52
1,36
2,69
3,30
Metrodorea sp. A. St.-Hil.
Zoo
U
1
0,04
0,84
33,33
1,33
0,5
1,34
2,67
2,09
57
Geologia Mineração e Assessoria Ltda.
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Nome Científico
SD
DE
N
AB
DR
FA
FR
DoR
VC
VI
VOL
Copaifera multijuga Hayne
Zoo
U
1
0,03
0,84
33,33
1,33
0,46
1,3
2,63
4,48
Chrysobalanacea (cf. Hirtella sp. L.)
Zoo
U
1
0,03
0,84
33,33
1,33
0,42
1,26
2,59
2,46
Guatteriopsis sp. R.E. Fr.
Zoo
U
1
0,03
0,84
33,33
1,33
0,39
1,23
2,56
1,70
Genipa sp. L.
Zoo
U
1
0,03
0,84
33,33
1,33
0,33
1,18
2,51
1,89
Guatteria nigrescens Mart.
Zoo
U
1
0,02
0,84
33,33
1,33
0,3
1,14
2,47
1,46
Cecropia sciadophylla Mart.
Zoo
U
1
0,02
0,84
33,33
1,33
0,28
1,12
2,45
0,81
Anacardium giganteum W. Hancock ex Engl.
Zoo
U
1
0,02
0,84
33,33
1,33
0,24
1,09
2,42
1,38
Tachigali aurea Tul.
Ane
U
1
0,02
0,84
33,33
1,33
0,23
1,07
2,41
0,75
Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.
Zoo
U
1
0,02
0,84
33,33
1,33
0,22
1,06
2,4
2,25
Trichilia pallida Sw.
Zoo
U
1
0,02
0,84
33,33
1,33
0,23
1,07
2,4
0,59
Aniba sp. Aubl.
Zoo
U
1
0,02
0,84
33,33
1,33
0,21
1,06
2,39
0,68
Duroia duckei Huber
Ane
U
1
0,02
0,84
33,33
1,33
0,2
1,05
2,38
0,83
Andira inermis (W. Wright) Kunth ex DC.
Zoo
U
1
0,01
0,84
33,33
1,33
0,18
1,02
2,35
0,48
Hirtella sp. L.
Zoo
U
1
0,01
0,84
33,33
1,33
0,18
1,02
2,35
0,53
Mouriri nervosa Pilg.
Zoo
U
1
0,01
0,84
33,33
1,33
0,18
1,02
2,35
0,70
Croton sp. L.
Aut
U
1
0,01
0,84
33,33
1,33
0,16
1,01
2,34
1,29
Cupania castaneifolia Mart.
Zoo
U
1
0,01
0,84
33,33
1,33
0,14
0,99
2,32
0,53
Inga sp. Scop.
Zoo
U
1
0,01
0,84
33,33
1,33
0,12
0,96
2,3
0,30
Ouratea sp. Aubl.
Zoo
U
1
0,01
0,84
33,33
1,33
0,13
0,97
2,3
0,35
Ecclinusa guianensis Eyma
Zoo
U
1
0,01
0,84
33,33
1,33
0,1
0,94
2,27
0,22
119
7,355
100
2499,9
100
100
200
300
854,32
Total
57
58
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Figura 1.2.2.1-16. Porcentagem de espécies por família botânica encontrada em área de
Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras – FOAPraia grande, na área de influência do
empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Em análise à distribuição espacial das espécies, constatou-se que 73% dessas
apresentam padrão uniforme, 10% tendência à agregação e 8% padrão agregado
(Figura 1.2.2.1-17).
A checagem das guildas de dispersão de diásporos possibilitou o seguinte
resultado: 85% das espécies relatadas apresentam dispersão zoocórica, 11% pertencem
ao grupo das anemocóricas e 4% pertencem das autocóricas (Figura 1.2.2.1-18).
Figura 1.2.2.1-17 - Distribuição espacial dos indivíduos arbóreos e palmeiras na FOAPraia
grande, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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Figura 1.2.2.1-18. Porcentagem das guildas de dispersão por espécie na FOAPraia grande, na
área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
O índice de diversidade de Shannon-Wiener e o coeficiente de mistura de
Jentsch para FOAPraia grande foi de 3,76 e 1:2,09, respectivamente.
Cerca de cinco espécies garantiram os maiores valores de importância para esse
ambiente de acordo com a tabela 5 e correspondem a:
● Goupia glabra Aubl. (9,15%) – espécie indicada para arborização,
reflorestamentos homogêneos e heterogêneos, por apresentar rápido crescimento e
tolerância à luz direta. Apresenta moderada resistência a fungos, aos cupins e ao
apodrecimento, sendo utilizada para diversas finalidades. Demonstra excelente
regeneração natural em clareiras e em áreas desmatadas ou levemente queimadas. Os
frutos e as sementes são dispersos por diversos pássaros e por algumas espécies de
macacos (Schwengber e Smiderle, 2008).
● Aspidosperma nitidum Benth. ex Müll. Arg. (5,17%) – São árvores de dossel,
pertencentes à família Apocynaceae, dotada de importância econômica e medicinal.
Inúmeras espécies desse gênero são usadas na Amazônia por suas diferentes
propriedades medicinais e pela qualidade de suas madeiras. (Ribeiro et al. 1999).
● Tachigali venusta Dwyer (5,16%), Attalea sp.1 Kunth (4,82%) e Bertholletia
excelsa Bonpl. (4,02%) já foram citadas nos levantamentos supracitados. Dessa relação
60
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de espécies, três delas são dispersas por animais, ou seja, são zoocóricas e duas
dispersas com o auxílio do vento, pois são anemocóricas.
As espécies G. glabra e Attalea sp.1 reuniram o maior número de indivíduos e,
por consequência, apresentaram maior densidade que as demais espécies desse grupo,
com 6,72% e 7,56%, respectivamente. A primeira espécie junto com A. nitidum mostrou
dominância superior às demais espécies, na ordem de 16,72 e 11,15%.
Para a estrutura vertical no ambiente em questão, a posição sociológica dos
indivíduos ficou assim caracterizada: 31,09% pertencem ao estrato inferior, 46,02%, ao
estrato médio e 22,69 ao superior, conforme mostra a Figura 1.2.2.1-19.
A leitura desses resultados favorece a constatação de que na FOAPraia grande, o
padrão de distribuição dos indivíduos em alturas é semelhante ao encontrado na
FOAPalmeiral, em que a maior parte das espécies concentra seus indivíduos no estrato
médio e inferior da floresta.
Figura 1.2.2.1-19. Distribuição dos indivíduos arbóreos e palmeiras em classes de altura na
FOAPraia grande., na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
A estrutura diamétrica indica tendência ao exponencial negativo ou “J”
invertido. A Figura 1.2.2.1-20 torna evidente essa percepção, em que se observa um
61
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aglutinamento maior dos indivíduos dessa comunidade, entre as classes de 9,54 a 30 cm
de diâmetro.
O estrato do sub-bosque e da regeneração natural desse ambiente é composto
floristicamente por Selaginellaceae e Heliconiaceae, que vicejam ora em maior, ora em
menor proporção pela área amostrada. Juntamente com espécies umbrófilas,
caracterizam ambientes menos alterados e de maior diversidade biológica.
Figura 1.2.2.1-20. Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos e palmeiras na FOAPraia
grandel, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
O sub-bosque exibe ainda as espécies: Aspidosperma nitidum Benth. ex Müll.
Arg., Attalea maripa (Aubl.) Mart., Bauhinia glabra Jacq., Cecropia sciadophylla
Mart., Cordia nodosa Lam., Hirtella ciliata Mart. & Zucc., Miconia grandiflora Cogn.,
Ocotea guianensis Aubl., Passiflora coccinea Aubl. Xylopia benthamii R.E. Fr. e
Xylopia emarginata Mart., das quais, algumas são indivíduos juvenis do estrato
superior.
Os seguintes gêneros também fazem parte dessa composição: Abuta Aubl.,
Adiantum L., Alibertia. A. Rich. ex DC., Attalea Kunth, Bactris Jacq. ex Scop.,
Brosimum Sw., Cordia L., Cuspidaria DC., Doliocarpus, Ecclinusa Mart., Euterpe
Mart., Guarea F. Allam. ex L., Guatteria, Hirtella, Inga Scop., Iriartea Ruiz & Pav.,
Isertia Schreb., Licania Aubl., Manilkara Adans., Mimosa L., Mouriri Aubl.,
Nectandra Rol. ex Rottb., Ocotea Aubl., Oenocarpus, Piper L., Pourouma Aubl.,
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Protium Burm. f., Pseudolmedia, Quiina Aubl., Scleria P.J. Bergius, Siparuna Aubl.,
Tachigali Aubl., Tococa Aubl., Trichilia, Unonopsis R.E. Fr., Virola Aubl. e Xylopia,
dessas, alguns são indivíduos juvenis do estrato médio e superior.
1.2.3. Discussão e Considerações
Comparando as quatro áreas quanto às observações em campo, bem como, com
os dados relativos ao número de espécies, área basal, diversidade de Shannon,
coeficiente de mistura de Jentsch, padrão de distribuição das espécies (tendendo ao
agregado) e da estratificação (estrutura vertical e distribuição diamétrica), podemos
asseverar com maior precisão que a FOAjustacontal encontra-se ainda sob efeito de
perturbação antrópica.
Esses dados, aliados a outros fatores, tais como solo e topografia, estariam
favorecendo condições para dominância de algumas espécies, sugerindo inclusive,
características
que
permitem
a
monodominância
de
Tachigali
rugosa
(Fabaceae/Leguminosae), que foi ultrapassada em freqüência apenas por M. duckeana,
conforme Tabela 1.2.2.1-2.
Por outro lado, a elevada dominância de Tachigali rugosa na FOAjustacontal devese muito provavelmente ao seu largo estabelecimento em florestas tropicais, inclusive as
secundárias, como já verificado por Barberi et al. (1998) e Nascimento et al. (1999). A
presença excessivamente dominante desse gênero contribui para o enriquecimento do
solo nessa área de floresta secundária, visto sua preponderância na restauração da
fertilidade do solo a partir da ciclagem da serapilheira, apesar dos efeitos do elevado
teor em sílica na cobertura pedogeneizada. Certamente, a presença de nodulação
advinda da associação entre leguminosas e bactérias diazotróicas, ao nível da rizosfera,
facilita a mineralização da matéria orgânica nesse ambiente.
Conforme demonstrado nas descrições a cerca do registro florístico, para todos
os casos analisados, um número pequeno de famílias reúne a maior parte das espécies
amostradas. Esse dado ratifica o fato de que poucas famílias botânicas representam um
grande número de espécies em Floresta Ombrófila Aberta, como já fora verificado em
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outros trabalhos na região amazônica. O número de famílias também foi idêntico para as
quatro áreas do levantamento. Esse dado reitera observações de Gentry (1986), o qual
menciona que, embora cada local possua um conjunto de espécies diferentes, a
composição dessas florestas em nível de família é similar. Portanto, o ocorrido nesse
estudo deve ser entendido como normal.
Quanto à raridade de espécies, constatou-se que das 145 espécies registradas nas
quatro áreas de Floresta Ombrófila com Palmeira, 43 delas foram amostradas com
apenas um indivíduo e, nesse estudo, foram consideradas como raras. Porém, há que se
ter cautela na consideração desses resultados, a fim de se evitar interpretações errôneas
sobre o assunto, conforme alertam pesquisadores. A baixa densidade populacional de
determinada espécie em inventários não deve ser entendida necessariamente como
raridade (Durigan et al. 2000). Há que se considerar fatores metodológicos e
ambientais, além do padrão de distribuição e estágios sucessionais das espécies. Os
autores mencionam que esse conceito tem implicações diretas na definição das
estratégias de conservação, manejo e recuperação da variabilidade genética dessas
populações. Nas associações de Bianchini et al. (2003), as espécies com apenas um
indivíduo, provavelmente, encontraram baixo número de microsítios favoráveis à sua
regeneração. As espécies únicas, isto é, espécies espacialmente raras ou espécies
numericamente raras nesse estudo, foram as que mais contribuíram para o percentual do
padrão uniforme. Entre as principais causas que possivelmente favoreceram o padrão de
distribuição uniforme estão a homogeneidade ambiental dentro de cada área, predação
de sementes, plântulas e mudas, mortalidade da regeneração natural (devido às
condições edafoclimáticas pontuais), aos mecanismos de dispersão e as interferências
antrópicas na vegetação em tempos pretéritos.
A porcentagem de espécies com dispersão do tipo zoocórica confirma a
participação e a importância dos animais nos ambientes estudados e nos processos de
recolonização de áreas alteradas, a exemplo da FOAJustacontal, que possivelmente conta
com esse mecanismo em seu restabelecimento após distúrbios.
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As comunidades estudadas apresentaram indivíduos com distribuição diamétrica
no padrão exponencial negativo (“J” invertido), o que sinaliza mortalidade, mas
também a capacidade de recrutamento de indivíduos com diâmetro à altura do peito ≥
9,54cm para as florestas consideradas. Esse padrão indica certa tendência à estabilidade
para as FOAEncosta, FOAPraia
grande
e FOAPalmeiral e progressão à estabilidade para a
FOAJustacontal. Permite também concluir que esses ambientes se regeneram dentro do
modelo observado para florestas tropicais. Na prática significa que as intervenções
antrópicas e os distúrbios por elas resultantes ainda operam dentro da faixa que delimita
a capacidade de resiliência dos sistemas da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras.
As informações arroladas nessa escritura indicam a existência de certa homogeneidade
florística nas sinúsias18 que compõem o bosque, o sub-bosque e a regeneração natural da
Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras das áreas de influência direta e indireta do
empreendimento. Entretanto, com um diferencial para a FOAjustacontal, para a qual não
foi observado semelhante padrão no que tange a maioria das variáveis analisadas nesse
estudo.
Nas áreas levantadas, os resultados evidenciam razoável representação de
indivíduos adultos na regeneração natural e, sobretudo, a confirmação de que a
FOAEncosta, FOAPraia-grande e FOAPalmeiral, apesar de sofrerem interferências antrópicas,
denotam comunidades bem conservadas/estruturadas sob o aspecto florístico e
fitossociológico, com destaque para FOAEncosta.
1.3. Epífitas
Existem mais de 15.000 plantas epífitas no Neotrópico, das mais de 30.000
registradas para o mundo todo. Milhares de espécies ainda permanecem sem
identificação (Aubreville, 1959). A maior diversidade de espécies é encontrada nas
florestas tropicais, que ocupam apenas 7% da extensão da Terra, possuindo mais da
metade de todas as espécies registradas (Primack & Rodrigues, 2001), sendo a
18
O termo sinúsia significa genericamente um conjunto de plantas de estrutura semelhante, integradas por
uma mesma forma de vida ecologicamente homogênea. Mais especificamente, tem o significado de
conjunto de espécies pertencentes ao mesmo tipo de forma de vida e com exigências ecológicas
uniformes.
65
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Amazônia, a região de maior biodiversidade do mundo (Aubreville, 1959; Ribeiro,
1999).
Epífitas vasculares são elementos conspícuos e característicos das florestas
tropicais (Hietz et. al., 2002). O epifitismo é característica de plantas que crescem tendo
como apoio árvores vivas, no entanto, sem utilizar nutrientes de seu hospedeiro
(forófito), obtendo-os do ar, da chuva, dos detritos em decomposição depositados nos
galhos das árvores (Amaral, 1998; Pimenta, 1998; Petini-Benelli, 2006b). O epifitismo
oferece grandes vantagens às plantas que desenvolvem essa forma de vida: elas têm
acesso direto à luz solar (Aubreville, 1959), grande número de animais polinizadores
presentes no dossel, e melhores condições de dispersão por anemocoria ou zoocoria.
As plantas epífitas podem pertencer a 84 famílias, sendo que 80% das epífitas
vasculares pertencem à Araceae (Juss.), Bromeliaceae (Juss.), Cactaceae (Juss.) e
Orchidaceae (Juss.) (Siqueira Filho, 2002), além de Pterydophyta (J.Y. Bergen & B.M.
Davis) e Bryophyta (Schimp.), líquens e musgos.
As epífitas acrescentam uma nova dimensão às florestas, pois propiciam
recursos alternativos a serem explorados por um grande número de espécies animais.
Um dos melhores exemplos de um pequeno ecossistema baseado numa epífita é o
reservatório de bromélias da América do Sul, cujas folhas podem armazenar litros de
água. A água potável desses reservatórios é para muitos animais do dossel única fonte
para dessedentação, mas se configura também, num habitat que muitas espécies utilizam
para abrigo e reprodução (Zotz & Thomas, 1999). Muitas larvas de insetos ficam
alojadas nesses reservatórios de água e servem de alimento para outros animais.
Diante da importância das epífitas para a região onde se insere a área de
influência do empreendimento, o presente levantamento, além de cumprir com as
exigências do termo de referência da Secretaria de Estado do Meio AmbienteSEMA/MT, também propicia uma análise do estado de conservação ambiental, bem
como, para se propor medidas prioritárias a serem implementadas para a conservação
das espécies de ocorrência nas áreas de influência do empreendimento. Somente através
de levantamento em campo é possível identificar as espécies de epífitas com prioridade
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para conservação. Como também determinar a necessidade e quais planos de resgate
deverão ser adotados para sua conservação.
1.3.1. Sistema de Estudo
1.3.1.1. Área de Estudo
Este levantamento foi realizado no âmbito das áreas de influência do
empreendimento, cujos transectos estão representados na Figura 1.3.1.1-1. Entretanto,
foi dada maior ênfase na área de influência direta (AID), onde a cobertura vegetal
deverá sofrer distúrbios pela exploração mineral no corpo da Serra do Expedito e pela
implantação das infraestruturas para o beneficiamento do minério.
Figura 1.3.1.1-1. Demarcação dos transectos (em amarelo), onde foram realizados os
levantamentos das epífitas, sendo P1 na área de influência indireta e P2, P3, P4 e P5 na
área de influência direta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
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Nota-se que a serra do Expedito tem crista alongada em direção geral NW-SE e
flancos voltados para norte-nordeste e para sul-sudeste. Os solos suportam uma
estrutura vegetacional classificada como Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras.
Esse tipo de floresta pode ser observada em toda a área de estudo, com variações
na composição florística, formando um verdadeiro mosaico, onde estão presentes linhas
de drenagens efêmeras, intermitentes e perenes (Foto 1.3.1.1-1), que resultam em
comportamento hídrico diferenciado ao nível das vertentes e da cobertura vegetal.
Foto 1.3.1.1-1. Vista parcial de um leito de linha de drenagem perene, próximo ao P5, na
base da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
Em certas áreas, o solo encontra-se degradado e a cobertura vegetal em processo
de sucessão natural. Essa alteração foi gerada pela antiga atividade garimpeira (Foto
1.3.1.1-2).
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Foto 1.3.1.1-2 - Em primeiro plano, área degradada por antigo garimpo, próximo ao P2, na
depressão da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
1.3.1.2. Epífitas
Família Araceae Juss. Genera Plantarum 23. 1789
A família Araceae tem 104 gêneros e cerca de 3.500 espécies, mais de 2/3 delas
ocorrendo nos neotrópicos. Os maiores gêneros são Anthurium e Philodendron, com
aproximadamente 700 e 400 espécies, respectivamente (Gonçalves, 2004). Os dois
principais centros de distribuição da família são: América e Ásia Tropicais. O número
de gêneros endêmicos é dividido quase igualmente entre os dois: 33 na América e 32 na
Ásia. Em relação às espécies, a América Tropical é insuperável, com mais de 2.300
descritas, num total de 3.500 espécies. Provavelmente, regiões de floresta pluvial, as
quais estão restritas ao nordeste da América do Sul, venham a ser confirmadas como as
mais ricas em espécies dessa família (Croat, 2008). Trinta e quatro gêneros de Araceae
são referidos para o território brasileiro e desse total, 15 gêneros estão em Mato Grosso:
Bognera Mayo & Nicolson, Caladium Vent., Dieffenbachia Schott, Dracontium L.,
Gearum N.R.Br., Heteropsis Kunth., Lemna L., Monstera Adans., Philodendron Schott,
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Pinellia Tem., Pistia L., Rhodospatha Poepp., Schismatoglottis Zoll. & Moritzi.,
Syngonium Schott, Urospatha Schott e Xanthosoma Schott.
Família Bromeliaceae Juss. Genera Plantarum 49-50. 1789.
As plantas dessa família apresentam folhas simples, notadamente em rosetas, às
vezes formando grandes reservatórios de água e detritos orgânicos. As inflorescências
podem ser simples ou paniculadas, geralmente longas, e as flores podem se apresentar
estaminadas, actinomorfas, quase zigomorfas ou, ainda, perfeitas (Wanderley & Mollo,
1992). A família Bromeliaceae está composta por cerca de 3.000 espécies com
representantes terrestres, rupícolas e epífitas (Pallazzo Jr. & Both, 1993; Siqueira Filho
& Félix, 2006). Os gêneros Aechmea Ruiz & Pavón e Tillandsia L. apresentam grande
diversidade de espécies, perfeitamente adaptadas à vida epifítica (Pallazzo Jr. & Both,
1993). As bromélias apresentam interações com outras plantas e animais, muitas vezes
de forma específica, como algumas relações de mirmecofilia, sendo outras não
específicas (Blüthgen et al. 2000). Apresentam expressiva riqueza nos neotrópicos com
complexas relações com seus polinizadores (Siqueira Filho & Félix, 2006). É uma
família tipicamente americana (Paula & Silva, 2006).
Família Cactaceae Juss. Genera Plantarum 310. 1789.
A principal característica dessa família é a capacidade de suas plantas em
reservar água em seu parênquima aqüífero (Paula & Ribeiro, 2004). Muito conhecida
por apresentar espécies ornamentais de pequeno porte, a família Cactaceae também
possui representantes arbustivos, arbóreos e epífitos de grande beleza (Pallazzo Jr. &
Both, 1993). A maioria dos cactos de regiões tropicais cresce no dossel como epífitas
sem espinhos afiados, têm folhas alongadas para absorção de luz, e não retém água. O
principal representante dessa família no Cerrado e em áreas de ecótono com o Pantanal
e com a Amazônia é o Epiphyllum phyllanthus (L.) Haw, que se desenvolve em grandes
árvores, geralmente em mata seca (Proença et. al., 2000).
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Família Orchidaceae Juss. Genera Plantarum 64. 1789.
As orquídeas são espécies carismáticas, excelentes bio-indicadoras das
condições de conservação da vegetação e representam um dos fatores mais atrativos nas
Unidades de Conservação de outros estados (Pabst, 1968; Batista et al. 2005; Azevedo
& van den Berg, 2007; Cunha & Forzza, 2007), tanto por sua beleza, quanto pelos
fatores ecológicos, como as interações inseto-planta envolvidas nos processos de
polinização. É uma das famílias botânicas mais diversificadas do mundo, representada
por aproximadamente 30 mil espécies (Miranda, 1996; Ribeiro, 1999; Souza & Lorenzi,
2005; Petini-Benelli, 2006a; Petini-Benelli et al. 2007b) e cerca de 1.000 gêneros de
ampla distribuição. Souza & Lorenzi (2005) afirmam que a Amazônia possui um
expressivo número de espécies de Orchidaceae, deixando subentendido que o que falta,
na verdade, são estudos para levantar essas espécies e determinar sua exata distribuição.
Segundo Petini-Benelli & Shiraiwa (2006), a flora orquidácea nativa do estado de Mato
Grosso relaciona 319 espécies, distribuídas em cerca de 80 gêneros. Apenas 27,9% das
espécies estão tombadas no Herbário UFMT, o que demonstra a insipiência do
conhecimento das espécies e de sua distribuição, considerando-se que algumas espécies
são endêmicas, e.g. Houlletia juruenensis Hoehne (Petini-Benelli & Shiraiwa, 2006).
São muito bem adaptadas à vida no dossel e possuem raízes com uma grande superfície
para uma rápida absorção de água e nutrientes.
Família Piperaceae Giseke. Prae. ord. Nat. Plantarum 123. 1792.
Essa família é composta por ervas eretas ou escandentes, subarbustos, arbustos
ou pequenas árvores, terrestres ou epífitas. As plantas apresentam folhas estipuladas,
alternas, opostas ou verticiladas, sésseis ou pecioladas, inteiras, de consistência e as
mais diversas formas, tricomas muito variados, geralmente dotadas de glândulas
translúcidas. As flores são aclamídeas, diminutas, monoclinas ou diclinas, protegidas
por bractéolas pediceladas ou sésseis.
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Bryophyta Schimp. Handb. Palaeont. Paleophyt. 1879.
De todas as plantas não traqueófitas (sem vasos condutores), os musgos são as
mais familiares, embora existam outros grupos importantes, como os antóceros e as
hepáticas. Atualmente, considera-se que o termo briófita é mais corretamente aplicado
aos musgos, não incluindo os restantes grupos. Existem mais de 9.500 espécies de
musgos, cuja distribuição vai desde as zonas tropicais úmidas a desertos quentes ou
frios. A grande maioria dos musgos, hepáticas e antóceros forma densos tapetes de
pequenas plantas, raramente maiores que alguns centímetros de altura. Conseguem
sobreviver, num estado de animação suspensa durante longos períodos de tempo,
"renascendo" em presença de água.
Pteridophyta J.Y.Bergen & B.M.Davis. Princ. of Botany 306. 1906.
Esta divisão engloba todas as criptógamas vasculares. Estão representadas nos
Neotrópicos por cerca de 3.000 espécies. Conhecidas como fetos, samambaias ou
avencas, são plantas altamente dependentes da presença de água, vivendo em ambientes
com alta umidade e sombreamento. São encontradas desde ambientes desérticos até
ambientes aquáticos, podendo ser, também, epífitas. Seu tamanho pode variar bastante,
podendo ser pequenas como a aquática Salvinia, até espécies arborescentes, como a
samambaiaçu (Dicksonia L.Hér. ou Cyathea J.E. Smith), com mais de 5m de altura
(Pereira, 1999).
1.3.2. Metodologia
A partir de interpretação visual de imagens de satélites Cbers II, Órbita/Ponto
171_111, passagem em 26/07/2007, foram estabelecidos pontos passíveis de
concentrações de epífitas nas áreas de influência direta (seis pontos amostrais) e indireta
(seis pontos amostrais) do empreendimento.
No dia 04/07/2008, realizou-se uma avaliação in locu para confirmação dos
propósitos estabelecidos e possíveis ajustes. Durante essa avaliação, concluiu-se que
alguns dos locais pontuados não ofereciam condições para o estabelecimento de epífitas,
não sendo observado nenhum exemplar na avaliação rápida do ambiente. Com isso,
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estabeleceu-se a metodologia de transectos, visando amostrar cinco áreas de
características mais apropriadas ao objetivo do levantamento. Onde a vegetação se
mostrou mais aberta, com sub-bosque limpo, a amostragem foi realizada em transecto
mais largo, no qual o levantamento ocorreu com a equipe andando em ziguezague,
alternando os lados direito e esquerdo ao longo da linha central do transecto.
O levantamento todo foi realizado do dia 05/07 até o dia 08/07/2008, com a
realização de cinco grandes transectos de tamanhos irregulares, cobrindo os pontos
principais (Quadro 1.3.2-1). As porções mais de noroeste, apesar de inseridas na Área
de Influência Direta do empreendimento, não foram amostradas porque, em avaliação
visual antecipada, identificou-se que sua composição é de herbáceas e palmeiras e com
certa abundância de árvores jovens, ambiente este, que não propicia o desenvolvimento
de epífitas.
Quadro 1.3.2-1 - Transectos de observação realizados para levantamento de dados
bobre epífitas na área de influência do empreendimento, Município de
Aripuanã/MT.
Transecto Nome
P1 – Extremo Norte Floresta
Ombrófila Aberta c/ Manejo
P2 – Extremo Sul Floresta
Ombrófila Aberta/ Babaçual Transição
P3 – Crista da Serra Floresta
Ombrófila Aberta Serrana c/
perturbação
P4 – Sul da RepresaFloresta
Ombrófila Aberta
P5 – Norte da Represa
Floresta Ombrófila Aberta c/
Manejo
Coordenadas UTM
Inicial/final
226630,00L
226200,00 L
8889050,00N
8889050,00N
226630,00L
226200,00L
8889000,00N
8889000,00N
227440,00L
227575,00L
8885400,00N
8885515,00N
227460,00L
227480,00L
8885370,00N
8885360,00N
225253,32L
8888374,21N
226748,52L
8887220,00N
227328,50L
8885962,00N
227681,05L
8885601,93N
227555,05L
8885649,95N
226583,09L
8887331,00N
225886,22L
8887309,29N
227591,00L
8885683,31N
227287,40L
8885943,03N
227648,53L
8885553,00N
226552,54L
8887328,01N
226533,39L
8887280,43N
Material testemunha
coletado
Petini-Benelli 536 a 556
Petini-Benelli 557 a 566
Petini-Benelli 567
Petini-Benelli 568 a 595
Petini-Benelli 596 a 609
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Cada transecto foi percorrido observando-se as árvores e coletando amostras de
todas as epífitas encontradas no percurso (Foto 1.3.2-1). As espécies foram registradas
por ponto, recebendo um número de coleta. Todas as amostras coletadas foram
encaminhadas para a coleção de plantas vivas do Herbário UFMT, sendo alojadas no
Orquidário do Jardim de Biodiversidade, onde serão cultivadas para futuras pesquisas.
Os procedimentos de identificação foram realizados pela bióloga Adarilda P.
Benelli, a partir de análise taxonômica e comparação com o material do acervo
herborizado do Herbário UFMT, além de extensa pesquisa à literatura especializada.
Destaca-se que a metodologia para o estudo das epífitas é realizada por busca ativa, um
tanto irregular, considerando a dificuldade de acesso às espécies em floresta ombrófila,
onde as árvores atingem altura média bem acima de 10m. A coleta de amostras permite
identificar o material dando mais consistência aos dados, pois só a visualização não dá
segurança na determinação, podendo-se, no máximo, situar os gêneros. Além disso, é
necessário considerar que muitos gêneros apresentam similaridade vegetativa, o que
dificulta ainda mais essa determinação.
Foto 1.3.2-1. Busca e registro de epífitas nos transectos realizados. Área de influência direta
do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
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1.3.3. Resultados e Discussão
Foram amostradas cinco áreas de observação em transectos para florística,
conforme Quadro 1.3.2-1. Foram registrados representantes de cinco famílias de
fanerógamas (uma de monocotiledônea e quatro de dicotiledôneas), e de duas divisões de
criptógamos, sendo quatro famílias de Pteridophyta e uma de Bryophyta, todas vegetando
como epífitas (Fotos 1.3.3-1 a 1.3.3-9).
Ao todo, 63 espécies de epífitas foram amostradas, distribuídas em 21 gêneros,
com 10 espécies da família Araceae ainda totalmente indeterminadas (Quadro 1.3.3-1).
Foram as mais representativas em espécies, as famílias Araceae com 34 espécies (54%) e
Orchidaceae com seis espécies (9,5%), além de cinco espécies de Pteridophyta (8%) e
uma de Bryophyta (1,5%).
Do total de 70 amostras coletadas nos 5 transectos, o de maior riqueza foi P4 – Sul
da represa, com 27 amostras coletadas (38,6% do total), seguido de P1- Extremo norte
com 20 amostras (28,6%), P5 – Norte da represa com 13 amostras (18,6%), P2 – Extremo
sul com 9 amostras (12,8%) e P3 – Crista da serra com apenas uma encontrada (1,4%).
Foto 1.3.3-1. Exemplar de Araceae amostrado na área de estudo, Município de
Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
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Foto 1.3.3-2. Exemplar de Bromeliaceae amostrado na área de estudo, Município de
Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
Foto 1.3.3-3. Exemplar de Cactaceae amostrado na área de estudo, Município de
Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
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Foto 1.3.3-4. Exemplar de Orchidaceae amostrado na área de estudo, Município de
Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
Foto 1.3.3-5. Exemplar de Piperaceae amostrado na área de estudo, Município de
Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
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Foto 1.3.3-6. Exemplar de Pteridophyta amostrado na área de estudo, Município de
Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
Nos transectos da área de influência direta (P3 e P5) ocorreram 14 espécies
observadas e amostradas, que representam apenas 20% do total de espécies levantadas em
toda a área de estudo. Dessas espécies amostradas 13 (92,86%) estão representadas nas
outras áreas amostradas e uma está em fase de identificação.
Das espécies identificadas até o momento (53), 33 (62,3%) são referidas para
outras localidades do Estado, inclusive Cerrado e Pantanal. Essas espécies representam as
famílias: 1) Araceae, com 19 espécies (55,9%) em comum com os trabalhos de Macedo et
al. (2002), Petini-Benelli (2006b), Pott & Pott (1996), PCBAP (1997), Pott & Pott
(1997); 2) Bromeliaceae, com duas espécies (40%) em comum com Petini-Benelli
(2007b); 3) Cactaceae, com apenas um representante na área e com 100% de ocorrência
em comum com os trabalhos de Pimenta (1998), Macedo et al. (1999), Macedo et al.
(2002) e Petini-Benelli (2006b); 4) Orchidaceae, com todas as espécies amostradas na
Serra do Expedito (6, 100%) referidas por Miranda (1996), Macedo et al. (2002), PetiniBenelli (2006a, 2006b, 2007b) e Petini-Benelli et al. (2007).
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Quadro 1.3.3-1. Espécies de epífitas observadas e amostradas no levantamento das
áreas de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT.
Família
Espécie
Forma de vida
Situação
Material
testemunho
Araceae
Anthurium bonplandii G.S. Bunting
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 537
Araceae
Anthurium bonplandii G.S. Bunting
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 574
Araceae
Anthurium cf. powmanii Croatz
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 543
Araceae
Anthurium eminens Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 540
Araceae
Anthurium eminens Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 606
Araceae
Anthurium sp. 1
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 546
Araceae
Anthurium sp. 1
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 579
Araceae
Heteropsis sp. 1
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 539
Araceae
Monstera af. spruceana Engl.
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 557
Araceae
Monstera cf. adansonii Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 565
Araceae
Monstera cf. adansonii Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 602
Araceae
Monstera cf. deliciosa Liebm.
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 583
Araceae
Monstera cf. obliqua Mig.
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 600
Araceae
Monstera sp. 1
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 558
Araceae
Monstera sp. 2
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 563
Araceae
Monstera sp. 2
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 582
Araceae
Philodendron af. billietiae Croat
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 562
Philodendron af. camposportoanum G. Barroso Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 571
Araceae
Araceae
Philodendron af. quinquelobum K. Krause
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 573
Araceae
Philodendron af. sonderianum Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 578
Araceae
Philodendron cf. ochrostemon Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 580
Araceae
Philodendron camposportoanum G. Barroso
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 596
Araceae
Philodendron cf. squamiferum Poepp.
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 591
Araceae
Philodendron cf. tweedianum Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 585
Araceae
Philodendron eximium Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 607
Araceae
Philodendron imbe Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 604
Araceae
Philodendron linnaei Kunth
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 592
Araceae
Philodendron melinonii Brongn. ex Regel
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 550
Araceae
Philodendron melinonii Brongn. ex Regel
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 566
Araceae
Philodendron pedatum Kunth
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 545
Araceae
Philodendron pulchellum Engl.
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 536
Araceae
Philodendron quinquelobum K. Krause
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 560
Araceae
Philodendron riedelianum Schott
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 559
Araceae
Philodendron sp. 1
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 598
Araceae
Philodendron sp. 1
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 553
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Família
Espécie
Forma de vida
Situação
Material
testemunho
Araceae
Philodendron sp. 2
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 599
Araceae
Philodendron sp. 2
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 547
Araceae
Philodendron sp. 3
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 581
Araceae
Philodendron sp. 4
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 569
Araceae
Philodendron sp. 5
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 594
Araceae
Syngonium sp. 1
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 554
Araceae
Syngonium sp. 2
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 575
Araceae
Syngonium sp. 2
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 588
Aspleniaceae
Asplenium af. serratum L. (Pterydophyta)
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 538
Bromeliaceae
Aechmea cf. bromeliifolia (Rudge) Baker
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 595
Bromeliaceae
Aechmea sp. 1
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 555
Bromeliaceae
Aechmea sp. 2
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 593
Bromeliaceae
Araeococcus cf. micranthus Brongn.
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 577
Bromeliaceae
Vriesea sp.
Epífita
Sem dados A. Petini-Benelli 556
Cactaceae
Epiphyllum phyllanthus (L.) Kunth
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 552
Cactaceae
Epiphyllum phyllanthus (L.) Kunth
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 608
Epífita
Sem risco
Sem coleta
Sem risco
Sem coleta
Grammitidaceae
Micropolypodium nanum (Pterydophyta)
Hymenophyllaceae
Trichomanes af. punctatum (Pterydophyta)
Epífita
Lomariopsidaceae Lomariopsis cf. prieuriana (Pterydophyta)
Epífita
Sem risco
Sem coleta
Lomariopsidaceae
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 590
Nephrolepsis sp. (Pterydophyta)
Orchidaceae
Catasetum sp.
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 589
Orchidaceae
Notylia sp.
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 541
Orchidaceae
Oncidium nanum
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 570
Orchidaceae
Psygmorchis cf. pusila (L.) Dodson & Dressler
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 544
Orchidaceae
Scaphyglottis cf amethystina
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 567
Orchidaceae
Scaphyglottis cf. amethystina
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 548
Parmeliaceae
Usnea sp. (Bryophyta)
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 568
Piperaceae
Peperomia af. jamesoniana (Miq.) C.DC.
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 587
Piperaceae
Peperomia cf. glabella (Sw.) A. Dietr.
Epífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 542
Araceae
Indeterminada 1
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 549
Araceae
Indeterminada 1
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 586
Araceae
Indeterminada 2
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 551
Araceae
Indeterminada 2
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 584
Araceae
Indeterminada 3
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 609
Araceae
Indeterminada 4
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 561
Araceae
Indeterminada 5
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 564
Araceae
Indeterminada 6
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 572
80
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Família
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Forma de vida
Situação
Material
testemunho
Araceae
Indeterminada 7
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 576
Araceae
Indeterminada 8
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 597
Araceae
Indeterminada 9
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 601
Araceae
Indeterminada 10
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 603
Araceae
Indeterminada 11
Hemiepífita
Sem risco
A. Petini-Benelli 605
Também foram encontradas em comum com estudos em outras áreas as cinco
espécies (100%) de Pteridophyta (Petini-Benelli, 2007b). A única espécie de Bryophyta
encontrada aguarda confirmação de identificação.
Quanto aos
gêneros mais
representados, destacam-se: Philodendron Schott (21 spp.) e Monstera Adans. (6 spp.).
Por outro lado, a presença de espécies pioneiras, a exemplo de Vismia Vand.,
Cecropia Loefl. e Enterolobium Mart., muito comuns nas áreas de borda, nos entremeios
florestais e em clareiras, quando dominantes e dsitribuídas de forma agregada, apontam
claramente os espaços com distúrbios e, em destaque, aqueles alterados por atividades
antrópicas, fato que implica em se ter regeneração florestal em grande parte da área de
estudo.
Quanto mais alterada a área, menos florestada e, principalmente, quando se tem
situações extremas como no caso das pastagens plantadas, ou mesmo degradadas, mas
com domínio de gramíneas forrageiras, estes, configuram ambientes desfavoráveis à
ocorrência de epífitas.
Nota-se que as espécies de epífitas foram observadas ocupando galhos das
árvores, no dossel (Foto 1.3.3-7), também no sub-bosque (Foto 1.3.3-8) e, diversas vezes,
no solo sobre árvores tombadas (Foto 1.3.3-9).
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Foto 1.3.3-7. Epífita observada ocupando galhos do dossel no transecto de florística P1,
Município de Aripuanã. (Foto: Adarilda P. Benelli).
Foto 1.3.3-8. Epífita observada ocupando o sub-bosque no transecto de florística P2,
Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
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Foto 1.3.3-9. Epífita observada ocupando o sub-bosque e em tronco caído, no transecto de
florística P2, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli).
Além disso, e com base nas listas vermelhas de conservação das espécies
(Ibama, 1992; Cites, 2008), nenhuma das espécies amostradas nas áreas de influência
direta e indireta do empreendimento encontram-se em risco de extinção, portanto, não
demanda conservação das espécies na área de estudo.
1.3.4. Conclusão
Considerando que as epífitas são extremamente adaptadas às severas condições
do dossel: falta de água, escassez de minerais e nutrientes, e, considerando também, a
reduzida abundância de indivíduos e riqueza de espécies de epífitas observadas nos
levantamentos de campo, concluímos que a vegetação presente nas áreas de influência
do empreendimento apresentam fortes características de distúrbios antrópicos, como
desmatamento e retirada seletiva de madeira.
A ocorrência de grande número de espécies de Araceae confirma a nossa teoria
de que se trata de uma família pioneira no restabelecimento da vegetação epifítica em
áreas perturbadas. As outras famílias demoram a se instalar no ambiente. Todos os
exemplares de Orchidaceae, Cactaceae e Bromeliaceae encontrados e amostrados são
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plantas adultas. Não foram observadas plântulas e, portanto, essas famílias não estão em
fase de restabelecimento.
Nosso parecer é de que não há necessidade de realizar resgates das espécies
observadas, pois em sua maioria estão representadas fora da Área de Influência Direta
do Projeto Aripuanã, o que possibilitará o seu restabelecimento nas áreas adjacentes.
1.4. Macrófitas
As plantas aquáticas vasculares ou macrófitas aquáticas, segundo Cook (1996),
abrangem
todos
os
vegetais,
cujas
partes
fotossintetizantes
ativas
estejam
permanentemente ou por alguns meses submersos, ou flutuantes em água, e que sejam
visíveis a olho nu.
Essas plantas apresentam grande capacidade de adaptação e grande amplitude
ecológica. Este aspecto possibilita que uma mesma espécie colonize os mais diferentes
tipos de ambientes, cobrindo um gradiente que vai desde brejos até as áreas
verdadeiramente aquáticas como os rios, demonstrando uma ampla plasticidade em
relação aos regimes hídricos lótico (rio) e lênticos (lago).
O tipo de ecossistema reflete na classificação dessas plantas, conforme o seu
biótopo e grau de adaptação ao ambiente aquático, dividindo-as em grupos ecológicos,
quais sejam: emergente, submersa fixa, folha flutuante, flutuante livre, submersa
flutuante, anfíbia, epífita, trepadeira (Esteves, 1988; Pott, 1993; Cook, 1996).
Macrófitas aquáticas são um dos principais componentes dos ecossistemas
aquáticos, sendo que sua presença no ambiente regula uma ampla gama de processos
ecológicos, tais como a ciclagem de nutrientes, produção primária, cadeia de detritos e
processos de sedimentação, formando um conjunto florístico que reúne formas com
diferentes distribuições no corpo fluvial. Além disso, diversas espécies do ambiente
aquático, como peixes e insetos, utilizam as macrófitas como abrigo e habitat.
As macrófitas aquáticas podem ser encontradas principalmente nas margens e
nas áreas mais rasas de rios, lagos e reservatórios, além de cachoeiras, fitotelmos, entre
outros corpos de água. Onde a luz atinge o fundo do corpo d’água, macrófitas aquáticas
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podem se desenvolver, às vezes, em grandes bancos, a mais de 10m de profundidade
(Esteves, 1988; Junk, 1973; Wetzel, 1975).
As macrófitas aquáticas tornaram-se foco de estudos ecológicos no Brasil,
devido a grande abundância e importância ecológica dessas plantas para a
biodiversidade aquática. Seja por serem consideradas plantas daninhas em alguns
reservatórios utilizados para geração de energia elétrica, seja pelo potencial de
armazenamento e acúmulo de elementos traço e metais pesados em sua biomassa, fato
este, que contribui para a manutenção da qualidade da água.
A possibilidade de se empregar as macrófitas aquáticas como meio de reduzir a
concentração
de
compostos
orgânicos,
metais
pesados,
fosfatos,
compostos
nitrogenados, efluentes domésticos e industriais tem sido discutido por vários autores há
várias décadas (Jorga et. al., 1979; Seidel, 1973; Godfrey, 1985 apud Nogueira et al.,
2000).
1.4.1. Metodologia
Para a comunidade de macrófitas aquáticas foram feitas observações em campo
dos locais de ocorrência dessas plantas, bem como realizadas coletas de exemplares
para posterior identificação em laboratório.
As macrófitas aquáticas foram coletadas em campo em todos os locais de
ocorrência de pontos amostrados para limnologia e qualidade da água, conforme o mapa
de localização das estações de coleta (Figura 1.4.1-1). Elas foram armazenadas em
sacolas plásticas devidamente etiquetadas com o local de coleta, coordenadas
geográficas, data, hora e coletor e foram levadas refrigeradas para o laboratório.
As macrófitas aquáticas identificadas neste trabalho foram analisadas através dos
parâmetros biológicos e ecológicos correntemente utilizados em trabalhos técnicocientíficos, tais como: espécie botânica, família botânica, hábito, utilização, ecologia,
dispersão ou cultivo, ocorrência e distribuição.
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Figura 1.4.1-1. Pontos amostrados para macrófitas aquáticas, limnologia e qualidade da
água nas bacias hidrográficas da região, onde se inserem as áreas de influência do
empreendimento da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT.
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1.4.2. Macrófitas da Área de Estudo
As macrófitas aquáticas coletadas nos ecossistemas aquáticos na área de
influência da Mineração Dardanelos, Município de Aripuanã/MT, foram identificadas
em cinco táxons pertencentes a cinco famílias botânicas, conforme segue: Área de
influência direta (AID): Egeria cf. densa Planch. ou Egeria cf. naja Planch da família
Hydrocharitaceae; Área de influência indireta (AII): Nymphoides cf. grayana (griseb)
Kuntze da família Menyanthaceae, Echinodorus cf. longipetalus Micheli, da família
Alismataceae, Pistia stratiotes L., família Araceae e Eleocharis cf. acutangula Roxb.,
família Cyperaceae (Quadro 1.4.2-1).
Ressalta-se que as espécies encontradas ocorreram tanto na área de influência
direta, como na indireta. Porém, as coletas foram realizadas nas áreas onde os
adensamentos foram mais expressivos.
Quadro 1.4.2-1. Espécies de macrófitas encontradas na área de influência direta e
indireta da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT.
Espécie
Egeria cf. densa ou
Egeria cf. naja
Nymphoides cf. grayana
Echinodorus cf.
longipetalus
Pistia stratiotes L.
Família
Descrição do local onde foi
encontrada
Localização
Hydrocharitaceae Lagoa artificial (P01) (AID)
0227436/ 8886910
Menyanthaceae
0219245/ 8883823
Alismataceae
Araceae
Eleocharis cf. acutangula Cyperaceae
Próximo a Fazenda Lucirã (AII)
Prox. a entrada da Comunidade Sta
Helena (AII)
Prox. a entrada da Comunidade Sta
Helena (AII)
Prox. a entrada da Comunidade Sta
Helena e na Lagoa prox. Piscicultura
(AII)
0221132/ 8881131
0221132/ 8881131
0221132/ 8881131
Na área de influência direta (AID), especificamente na lagoa artificial (P01), foi
registrada a ocorrência da espécie de macrófita aquática Egeria cf. densa Planch. ou
Egeria cf. naja Planch, (Foto 1.4.2-1). O estágio vegetativo impossibilitou a
identificação exata ao nível de espécie.
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Foto 1.4.2-1. Amostra coletada de macrófita aquática da espécie Egeria cf. densa Planch.
ou Egeria cf. naja Planch da área de influência direta da Mineração Dardanelos Ltda.,
Município de Aripuanã/MT.
Dentre as plantas aquáticas submersas, o gênero Egeria é considerado um dos
mais importantes de ocorrência nos reservatórios da região centro-sul do Brasil, pois
acarreta prejuízos à geração de energia elétrica, à pesca, à navegação e à recreação. As
espécies Egeria densa Planch. e Egeria naja Planch. são plantas originárias da América
do Sul, nativas a leste dos rios Paraná e Paraguai e que ocorrem também, na América
Central, América do Norte, Europa e Oceania, porém, não sendo ainda descrita a
ocorrência para a bacia Amazônica.
Por ser uma planta muito apreciada em aquários, sua comercialização é o
principal meio de disseminação e introdução em novas áreas, bem como a introdução de
propágulos e sementes por endozoocoria realizada por peixes exóticos. Neste caso, para
a bacia Amazônica, estas plantas foram provavelmente introduzidas através da atividade
de piscicultura neste ecossistema artificial. Deve-se destacar que o aumento da
eutrofização da água propicia grande desenvolvimento dessa planta, formando grandes
ilhas no interior de corpos d’água (Lorenzi, 1991), pois ela se propaga por sementes,
propágulos e resiste à variação acentuada do nível da água.
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Nota-se a escassez de estudos sobre a espécie no Brasil, pois quase a totalidade
de trabalhos de controle de Egeria foi efetuada em outros países ou foram externos à
bacia Amazônica, considerando-a uma espécie exótica e nociva, não descrita para a
bacia do Rio Aripuanã.
Na área de influência indireta (AII) foi registrada a ocorrência de Nymphoides
cf. grayana (griseb) Kuntze (Fotos 1.4.2-2 e 1.4.2-3), da família Menyanthaceae
(Ornduff,1969 apud Pott & Pott, 2000), não possui nome popular em português. É uma
erva de hábito flutuante fixa, rizomatosa e estolonífera, perene; folhas arroxeadas no
lado inferior; produz flor de cor amarela (2,0 a 2,5 cm de diâmetro) quase o ano todo,
menos nos meses de inundação.
Foto 1.4.2-2. Adensamento populacional da macrófita aquática Nymphoides cf grayana na
área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT.
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Foto 1.4.2-3. Macrófitas aquáticas Nymphoides cf grayana (espécime coletada) na área de
influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT.
O potencial de utilização da Nymphoides cf. grayana (griseb) Kuntze é descrito
como apícola e ornamental. A folha serve de alimento para insetos, que por sua vez
servem de alimento de aves (cafezinho) e peixes. A Nymphoides cf. grayana (griseb)
Kuntze é uma planta resistente, propaga-se facilmente por pedaço ou rizoma, também
por semente. As plantas deste gênero freqüentemente se comportam como anuais em
lagoas temporárias, embora persistam por muitos anos em corpos de água permanentes
(Cook, 1996).
O pecíolo cresce acompanhando a subida da água e vai diminuindo de tamanho
com a seca, até desaparecer, sobrevivendo como rizoma até a próxima estação chuvosa.
Aumenta a freqüência com certa perturbação e vive associada a outras plantas
aquáticas, como Sagittaria guayanensis. A ocorrência da espécie é freqüente e
abundante nas lagoas permanentes e temporárias, em solos arenosos e siltosos; com
ampla distribuição para a América do Sul, no Brasil a espécie tem a ocorrência descrita
para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
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A espécie, Echinodorus cf. longipetalus Micheli, (Foto 1.4.2-4) da Família
Alismataceae, popularmente denominada de chapéu-de-couro, é uma erva aquática de
hábito emergente, perene, folhas lanceoladas, de até 1,4 m de comprimento, coriáceas; a
inflorescência mede de 1,5 a 2,5 m de altura; a flor de 3,5 a 5,0 cm de diâmetro; a folha
possui linhas translúcidas em forma hexagonal, independentes das nervuras ( Haynes &
Holm-Nielsen, 1994). A amostragem desta planta aquática coletada no mês de abril
possuía somente vestígios de inflorescência, pois correntemente a espécie floresce de
outubro a fevereiro.
Foto 1.4.2-4. Macrófitas aquáticas Echinodorus cf. longipetalus na área de influência da
Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT.
Referente ao tamanho do espécime estudado, o mesmo possuía 80cm de
comprimento, demonstrando ser um indivíduo jovem tendendo a maturidade. A espécie
possui potencial apícola e medicinal.
A propagação desta espécie em ambiente natural pode ser por rizoma ou por
semente, têm preferência por solos arenosos, com ocorrência em lagoas de meandro,
veredas, brejos, com distribuição em todo o Brasil.
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A espécie Pistia stratiotes L. da Família Araceae (Fotos 1.4.2-5 e 1.4.2-6),
denominada correntemente de alface d’água, possui vários nomes populares como, ervade-santa-luzia, camalotinho, orelha-de-onça, açude; em espanhol: repollo de água,
repolito de água.
Foto 1.4.2-5. Várias macrófitas aquáticas, entretanto, com adensamento de Pistia stratiotes
L. na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT.
Foto 1.4.2-6. Macrófita aquática Pistia stratiotes L. (espécie coletada) na área de influência
da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT.
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A Pistia stratiotes L. é uma erva aquática de hábito flutuante livre, rosulada, ou
seja, em forma de rosa, estolonífera, anual ou perene; folha esponjosa; tamanho muito
variado, de 3 a 30 cm de diâmetro, conforme o ambiente.
A flor ou inflorescência com espata fica meio escondida e floresce durante o ano
todo. A planta jovem pode ser confundida com Spirodela (Lemnnaceae). Entretanto, é a
única espécie do gênero. Existem diversos estudos com enfoques diferenciados sobre a
utilização da Pistia stratiotes L,
Como ornamental em jardins aquáticos; na piscicultura é usada para sombra e
desova de peixes ornamentais nas raízes. Forrageira para peixe, capivara, boi, porco,
pois possui 11% de proteína e muito cálcio (4,2%) na matéria seca, mas contém 90% de
água. Produz 70-90t/ha/ano de biomassa, útil para adubo verde. A planta irrita a pele,
pelo alto teor de oxalato, mas esses cristais são eliminados no cozimento. É usada como
alimento para comunidades africanas e indianas.
A utilização desta espécie e variada: tem grande capacidade despoluidora de
esgoto; remove manchas de roupas; medicinal desde os egípcios; uso externo: contra
hemorróidas, emoliente, desinflamatória para erisipela, sumo para escoriações, a cinza
para micose de pele; uso interno (suco): escarro de sangue, sangue na urina, corpo
inchado (diurética), diarréia, asma, hérnia, herpes, sífilis, diabetes, icterícia, tosse,
vômito e purgativa, as flores cicatrizam úlcera crônica.
A propagação da Pistia stratiotes L. é fácil e rápida por estolhos ou sementes, de
2mm de comprimento. Não tolera geada ou frio, mas a semente sobrevive congelada.
Necessita de muita luz, embora favorecida por sombra leve, mas é sensível a
dias curtos, requerendo 12h/dia, senão fica achatada, com poucas folhas. Prefere água
da chuva, pouco ácida a neutra (pH 6,5 – 7,0), e fundo orgânico. Tem preferência por
ambientes de água parada ou pouco corrente, onde são utilizadas como abrigo e comida
de caramujos, insetos, peixes e aves, sobrevive normalmente semi-enraizada em lama
úmida.
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São polinizadas por insetos e a semente é dispersa por água, germinando ao
afundar, daí a plântula vem a tona. Não tolera muita sombra e são consideradas como
pioneiras. Aumentam em ambientes de água nova com material orgânico decomposto.
Portanto, pode ser utilizada como indicadora de eutrofização e sua densidade
populacional, como indicador de alteração no ambiente aquático.
A Pistia stratiotes L é considerada agressiva, avançando e se adensando
rapidamente, principalmente, em água poluída, rica em nutrientes, do qual depende o
seu tamanho.
Podem tornar-se viveiro para insetos de malária, encefalomielite, filariose e
moluscos de esquistossomose. É considerada invasora em muitos países, podendo
bloquear a navegação, pois sua biomassa pode atingir 25 t/ha. Em represas, aumenta a
evaporação e em alguns casos raros, libera sustância acre nociva à saúde denominada
oxalato.
Entretanto, normalmente em ambientes naturais sua densidade populacional e
biomassa podem ser controladas por grandes populações de insetos, que por sua vez,
são consumidos por aves, jacarés jovens, morcegos e peixes.
Com ocorrência ampla em ambientes aquáticos e distribuição de origem
pantropical ou desconhecida (Kissman et al,1995), é cosmopolita tropical e subtropical,
principalmente do sul dos EUA até a Argentina, e todo Brasil.
A Eleocharis cf. acutangula Roxb. (Fotos 1.4.2-7, 1.4.2-8 e 1.4.2-9), da família
Cyperaceae (Pott &Pott, 2000), é denominada localmente de Cebolinha. Erva aquática
de hábito emergente, perene, rizomatosa, de 10 a 80 cm de altura (conforme a
profundidade do ambiente aquático); produz flor e fruto de março a junho, sendo
utilizada como forrageira, consumida por bovinos, eqüinos e capivaras.
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Foto 1.4.2-7. Macrófitas aquáticas Eleocharis cf. acutangula (espécie de folhas afiladas) e
Pistia stratiodides na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de
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Foto 1.4.2-8. Macrófita aquática Eleocharis cf. acutangula coletada na área de influência
da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT.
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Foto 1.4.2-9. Adensamento da macrófita aquática Eleocharis cf. acutangula coletada na área
de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT.
A Eleocharis cf. acutangula é uma forrageira com 12% de proteína (PB), 0,19%
de cálcio, 0,22% de fósforo, 0,15% de manganês, 8ppm de cobre e 49 ppm de zinco. É
uma das espécies que confirmam a importância das Ciperáceas como fonte de forragem,
sendo alimento também de aves aquáticas.
A propagação é por rizoma e também por sementes, produzidas em grande
quantidade. Durante a seca sobrevive com o rizoma dormente, rebrotando no início das
chuvas, acompanhando a subida da água no campo; floresce quando a água começa a
baixar; a parte aérea fica amarelada e morre ao secar o terreno, deixando muitas
sementes, que podem ser levadas pela água. De ocorrência freqüente à dominante,
principalmente em solos arenosos, também em argilosos, com distribuição ampla,
ocorrendo na África, Ásia, Austrália, América tropical e subtropical; na América do Sul,
ocorre da Venezuela ao Rio Grande do Sul (Irgang & Baptista, 1970).
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1.4.3. Considerações Finais
As macrófitas aquáticas registradas nas áreas de influência direta e indireta do
empreendimento foram Nymphoides cf. grayana, Echinodorus cf. longipetalus, Pistia
stratiotes e Eleocharis cf. acutangula. A maioria destas espécies apresenta grande
capacidade de adaptação e propagação (rizoma e sementes) e são comumente
encontradas em solos arenosos.