MEIO BIÓTICO - Votorantim Metais
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MEIO BIÓTICO - Votorantim Metais
1 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 MEIO BIÓTICO O empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., localizado no Município de Aripuanã/MT iniciou seu processo de licenciamento ambiental em 2008, seguindo o Termo de Referência (Ofício nº. 20084/CM/ SUIMIS/2008) e o protocolo do IBAMA 02013.004398/08-33 MMA/IBAMA - SUPES/MT, com execução das atividades de campo das áreas da flora (florística e fitossociologia, epífitas e macrófitas), fauna (entomofauna, ictiofauna, herpetofauna, avifauna e mastofauna) e limnologia e qualidade da água (parâmetros físicos e químicos e parâmetros biológicos). Por motivos de força maior, o processo de licenciamento ambiental do empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., localizado no Município de Aripuanã/MT foi suspenso, mas os trabalhos de campo resultaram em um volume de consolidação de dados semelhante ao esperado para o EIA do empreendimento. Após um período de cerca de três anos de suspensão, o processo de licenciamento ambiental foi retomado e um acordo foi feito, entre o empreendedor e o órgão ambiental estadual (SEMA/MT), para que uma campanha de verificação do estado da área fosse feita e os dados coletados em 2008 fossem assim atualizados. Como esta campanha de 2012 ocorre três anos após as duas campanhas anteriores, que foram feitas em diferentes estações do ano (períodos de seca e de chuva) para contemplar possíveis variações sazonais, é do entendimento de todos (empreendedor, consultores e técnicos do órgão ambiental estadual) que esta campanha será tratada como a primeira campanha de monitoramento, após a liberação da licença de instalação do empreendimento por parte do órgão ambiental estadual (SEMA/MT). O Termo de Referência de 2012 expedido pelo órgão ambiental do Estado de Mato Grosso, SEMA/MT, através do Ofício n° 85522/CM/SUIMIS/2012 para o licenciamento ambiental do empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos 2 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Ltda., localizado no Município de Aripuanã/MT, reedita as exigências do Termo de Referência de 2008 (Ofício nº. 20084/CM/ SUIMIS/2008). Assim, os diversos grupos de flora, fauna e limnologia retornaram ao local das áreas de influência direta e indireta do empreendimento para realizar esta campanha, em 2012, de verificação do estado da área e atualização dos dados coletados em 2008 (licença para captura, coleta e trnsporte de material zoológico IBAMA: n° da licença 032/2012/SUPES/MT). Os estudos baseiam-se em concepções metodológicas específicas de cada área do conhecimento científico e as adoções de procedimentos operacionais têm o caráter de compatibilizar o método de pesquisa, com a realidade da área, as características do empreendimento e as escalas de análise, cumprindo assim, com as exigências contidas nos Termos de Referência (Ofício nº. 20084/CM/ SUIMIS/2008 e Ofício n° 85522/CM/SUIMIS/2012). 3 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 1. FLORA O estudo da Flora, que está sendo abordado neste documento, refere-se à cobertura vegetal das áreas de influência do empreendimento e ao seu detalhamento através da caracterização florística e da análise fitossociológica das unidades vegetacionais mapeadas; bem como ao estudo das epífitas e das macrófitas. Cada um desses temas segue uma metodologia específica e envolve diferentes profissionais da área do conhecimento científico, sendo por isso, apresentado em tópicos separados, conforme a seguir descrito. 1.1. Coberturas Vegetais das Áreas de Influência do Empreendimento As coberturas vegetais das áreas de influência do empreendimento foram identificadas e delimitadas em mapas, e controladas através de levantamentos de campo, utilizando-se as concepções adotadas pelo IBGE (1992), principalmente no que tange a denominação fisionômico-ecológica das unidades de mapeamento (Figura 1.1-1 e Figura 1.1-2). Assim, para se caracterizar a vegetação terrestre, ao se adotar como estratégia o mapeamento dos remanescentes e das categorias de uso dos solos, procedeu-se inicialmente a fotointerpretação de imagens de satélites Cbers II e Ikonos, que resultou na elaboração de uma legenda preliminar para ser checada in loco. Uma breve revisão bibliográfica facilitou o entendimento das unidades mapeadas, as quais foram checadas em levantamentos de campo, o que permitiu elaborar a legenda conclusiva e finalmente descrever os sistemas naturais e antropizados que constituem a cobertura vegetal das áreas de influência direta e indireta do empreendimento. No caso da área de influência direta, o mapa apresenta além das tipologias das coberturas vegetais e as diferentes categorias de uso dos solos, também, a ocupação desses solos, ou seja, a forma de apropriação do espaço geográfico, tendo sido este minuciosamente abordado nos estudos do meio antrópico. Tomando-se como referência a terminologia fitofisionômica-ecológica do IBGE (1992) e pela constatação em campo, concluiu-se que a área de estudo se insere em 4 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 região de domínio da Floresta Ombrófila Aberta, a qual foi considerada durante anos, como uma faciação da Floresta Ombrófila Densa. Trata-se de um tipo de transição entre a floresta amazônica e as áreas extra-amazônicas, inclusive as áreas de Cerrado dos Planaltos Mato-grossenses. Assim, a Floresta Ombrófila Aberta é a matriz de vegetação típica da região da Depressão do Norte de Mato Grosso, onde se tem na estrutura dos maciços florestais, espaços relativamente abertos, mais claros, e um gradiente climático que apresenta mais de 60 dias secos por ano, assinalados em sua curva ombrotérmica1, conforme IBGE (1992). Esse padrão fitofisionômico-ecológico ocorre nas áreas deste estudo, onde há forte domínio de palmeiras2, se comparado aos cipós3, bambus4 e sororoca5, que também estão presentes na composição florística dessa formação. Sendo este o motivo que levou a classificá-la como Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras (Fotos 1.1-1 e 1.1-2). Assim, os diferentes tipos de cobertura vegetal que foram mapeadas, nas áreas de influência direta (AID) e Indireta (AII) do empreendimento, também foram quantificados e estão sinteticamente apresentados no Quadro 1.1-1 que segue. 1 Gaussen em 1952 propôs o climograma ombrotérmico, em que um mês seco é considerado quando o total mensal das precipitações for ≤ que o dobro da temperatura média, a representação matemática se expressa: P ≤ 2T (onde P é a precipitação, em mm, e T a temperatura do ar em ºC. Assim, a característica ombrotérmica da Floresta Ombrófila está presa a fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas (médias de 25º) e de alta precipitação (>2.000mm), bem distribuídas durante o ano (no caso da Fl. Ombófila Aberta com 0 a 60 dias secos), o que determina uma situação ecológica de quase sem período biologicamente seco. 2 Foram observadas várias espécies da Família Arecaceae na Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras, porém, as mais freqüentes foram: babaçu (Attalea cf. maximiliana), sete-pernas (Socratea hexorrhiza), açaí (Euterpe precatoria, E. edulis), Bacaba (Oenocarpus minor, O. bacaba), Tucumã (Astrocaryum cf. aculeatum), inajá (Attalea maripa), paxiubão (Iriartea deltoidea). 3 As lianas (cipós), de hábito escandente, formam verdadeiros “Climber towes” quando se manifestam em grandes proporções na Floresta Ombrófila Aberta com cipós, que não é o caso da área objeto deste estudo. 4 Da Família Poaceae, o gênero Guadua foi observado com maior expressão apenas em situação de borda, no limite de pastagem plantada com maciços da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras. 5 A Sororoca (Phenakospermum guianense) da família Strelitziaceae, distribui-se de forma agregada: em agrupamentos (touceiras) descontínuos, nos locais muito úmidos, e até mesmo encharcados já nas proximidades de cursos d’água. 5 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.1-1. Mapa da vegetação e uso dos solos da área de influência indireta do empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., na Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. 6 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.1-2. Mapa da vegetação e uso dos solos da área de influência direta do empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., na Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. 7 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.1-1. Floresta Ombrófila com Palmeiras, interior de remanescente na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Foto 1.1-2. Floresta Ombrófila com Palmeiras, borda de remanescente na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 8 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Quadro 1.1-1. Superfícies das unidades de mapeamento que representam a cobertura vegetal das áreas de influência direta (AID) e Indireta (AII) do empreendimento. Legenda: FOAp – Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras; VsFOAp – Vegetação secundária de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras; FOAj –Floresta Ombrófila Aberta com Justaconta; Pp – Pastagem plantada; Pd – Pastagem degradada; ADg – Área Degradada por antigo Garimpo, Município de Aripuanã/MT. Abrangência AID AII 833,4044 3.877,0582 Sistemas Primários FOAp 26,5307 81,3130 VsFOAp Área (em ha) das Sistemas Secundários 65,5755 205,9115 FOAj diferentes tipologias da 267,5008 2.003,6864 Pp cobertura vegetal Sistemas Antropizados 91,5277 507,0304 Pd 56,5733 80,9431 ADg TOTAL (ha) 1.341,1124 6.755,9426 O quadro acima mostra que dos 6.755,9426 hectares que constituem a superfície total da área de influência indireta (AII), aproximadamente, 57% ainda se encontram recobertos por sistemas naturais de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras. Os outros 43% já sofreram alterações no processo de ocupação regional, estando atualmente 38% dos solos recobertos por pastagem, nos quais, 8% apresentam baixa capacidade edáfica, encontrando-se degradados por falta de manejo. Também da superfície total da AII, que em tempos pretéritos foi alterada pela atividade garimpeira, 3% se auto-revegerou de maneira que boa parte já se encontra cicatrizada, mas com domínio de Justaconta (Sclerolobium rugosum e S. paniculatum, atualmente denominado Tachigali rugosa e T. paniculata). Nota-se que esta foi identificada como uma unidade de mapeamento por apresentar limites bem definidos nos produtos sensoriais (imagens de satélites). Apenas 1% da superfície total da AII, ainda apresenta solos totalmente degradados pela atividade garimpeira, apesar de já estarem em processo de pedogeneização. Quanto à ocupação dos solos da área de Influência direta do empreendimento, foram delimitadas as propriedades rurais que estão representadas no mapa de Vegetação, Uso e Ocupação dos Solos (Figura 1.1-2), sendo a maior parte de pequenas e médias propriedades. 9 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 As especificidades, as características e maiores informações a respeito do uso e ocupação desse espaço, foram minuciosamente levantados em campo pela equipe responsável pelos estudos do meio antrópico e está consolidado no Diagnóstico Ambiental deste EIA. Entretanto, a seguir, o Quadro 1.1-2 mostra quem são os superficiários que se encontram na AID, e a relação entre o tamanho de suas propriedades com a superfície que ocupam na AID. Quadro 1.1-2. Superficiários, tamanho de suas propriedades rurais e o quanto delas se encontram em da área de influência direta (AID) do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Nome dos Proprietários Renato Zararkin Leonardo Machado da Silva Ilmo Gauer Teofanez Sérgio Carlos Cassol Alberto da Veiga Kaipper Hélio Hironi Horikava (Anglo American) Votorantim Metais Fabíola Alessandra Bigaton Anglo American Votorantim Metais Hermez Hain Anglo American Gentil Gentil Resultante Gilberto Área da propriedade (hectares) 101,9027 51,5186 63,9406 96,4480 38,9015 185,2652 233,7787 31,7132 84,3848 99,9685 200,2474 1.025,4906 29,6378 688,7745 121,5651 95,6882 197,7801 Área da propriedade na AID (hectares) 41,0748 47,6374 10,3526 80,4539 1,4941 0,3472 164,2639 15,3158 0,3636 64,8912 196,9868 31,5719 29,6378 484,2309 16,6940 63,6236 93,0960 1.1.1. Sistema Primário de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras A Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras se distribui de maneira homogênea em toda a área deste estudo (Foto 1.1.1-1), recobrindo encostas da serra do Expedito, vertentes de colinas médias que formam o piso regional do relevo da Depressão, e ainda, as superfícies aplainadas dos fundos de vales dos cursos d’água em ambiente de sedimentação ativa. Porém, a fitofisionomia6 possui variações internas em sua estrutura7 6 A fitofisionomia é a aparência que a vegetação exibe, resultante das formas de vida presentes das plantas predominantes. 10 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 e composição8 florística, à feição de um mosaico florestado. Ora predominando esta, ou aquela espécie. Ora com maior densidade populacional, ora com menor número de indivíduos. Ora com domínio de espécies pioneiras, ora secundárias e clímaces. Ora com estrato herbáceo bem definido, ora sem expressão e apenas com presença de indivíduos jovens da comunidade arbóreo-arbustiva. Foto 1.1.1-1. Aspecto da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras recobrindo os solos das áreas de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. O fato da vegetação de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras recobrir diferentes unidades pedológicas na área de estudo9, em situações topográficas também diferentes, implica em se ter diversidade de habitats, tornando a heterogeneidade interna bem evidente sob o ponto de vista da relação solo/água/ planta. Dentre as características que implicam em ajuste ecofisiológico no processo de co-evolução das espécies, estão as respostas adaptativas às condições edafo-climáticas pontuais, como a presença da serra do Expedito em meio a Depressão. As espécies exibem mecanismos de adaptação e eficiência ecológica para se estabelecer, colonizar e desenvolver em situações 7 A estrutura é caracterizada por observações sobre a densidade, caducidade foliar, presença de formas de vida típicas (palmeiras, lianas, fetos arborescentes etc.), árvores emergentes, estratificação (disposição em camadas superpostas). 8 A composição indica a flora envolvida. 9 Neossolo Litólico distrófico e húmico; Cambissolo Háplico Tb distrófico; Latossolo Amarelo Coeso; Nitossolo Háplico Distrófico; Neossolo Regolítico distrófico; e Solo Antropogênico. 11 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 extremas, de solos rasos, pobres, na presença de afloramentos rochosos e em terrenos de encostas íngremes. O corpo da serra do Expedito tem crista alongada em direção geral NW-SE e flancos voltados para norte-nordeste e para sul-sudeste. Dessa configuração geográfica resulta que a serra recebe forte luminosidade diária, tendo implicações para a regulação metabólica dos diferentes taxa da biodiversidade local. As copas das árvores frondosas são de grande importância para o conforto térmico. A topografia dos flancos também apresenta forte dinâmica de erosão hídrica, face às variações internas no maciço florestado, pois ela é formada por um conjunto de morros coalescentes. Em uma grota, por exemplo, que esteja no flanco da serra voltado para sul e sua linha de talvegue escavada no sentido norte-sul, as espécies que se desenvolverem em suas margens só terão luminosidade mais direta, de no máximo quatro horas diárias, entre 11:00 e 15:00 horas, nas demais já estarão sombreadas. Nesse caso, a variação na arquitetura do dossel é influenciada também pela competição por luz. Outra característica é a latitude na casa de 10° Sul, que gera condições de forte luminosidade, elevação de temperatura, aumento de pluviosidade e redução do período seco no inverno, influenciando o sistema regulador de fotoperiodismo das plantas, em face de esse tipo de sazonalidade climática regional: alta luminosidade, forte exuberância foliar. Tais características geram condição propícias para herbivoria. Para controlar herbivoria, as plantas desenvolvem sistemas de defesa específicos, produtos metabólicos secundários10 que resultam em seleção de predadores, otimização de ciclos reprodutivos e padrões fenológicos11, intra e interespecíficos. Esses produtos 10 Entende-se por metabolismo primário o conjunto de processos metabólicos que desempenham função essencial no vegetal, como fotossíntese, respiração, transporte de solutos, e, os compostos envolvidos possuem uma distribuição universal nas plantas, caso de clorofila, aminoácidos, nucleotídeos, lipídios, carboidratos. O metabolismo secundário origina compostos que não possuem distribuição universal, pois não são necessários para todas as plantas; ex.: antocianinas, betalainas, não ocorrem conjuntamente em uma mesma espécie vegetal. Betalaina (na beterraba) é restrita a 10 famílias da ordem Caryophyllales, que não possuem antocianinas. Embora o metabolismo secundário nem sempre seja necessário para que uma planta complete seu ciclo de vida, ele desempenha um papel importante na interação planta/meio ambiente. Existem 3 grupos de metabólitos secundários: alcalóides, terpenos e compostos fenólicos. 11 A fenologia é o estudo da época de ocorrência de fenômenos naturais repetitivos, como a queda de folhas, brotamento, floração e frutificação. Ao final de 1999, após constatação das mudanças climáticas 12 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 secundários também possuem um papel contra ataque de patógenos, competição entre plantas e atração de organismos benéficos como polinizadores, dispersores de semente e microorganismos simbiontes. Possuem ainda, ação protetora em relação a estresses abióticos, como aqueles associados com mudanças de temperatura, conteúdo de água, níveis de luz, exposição à UV e deficiência de nutrientes minerais. 1.1.2. Sistemas Secundários de Vegetação A cobertura vegetal secundária que se desenvolve nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento é representada por sistemas florestais e foram mapeados em duas sub-unidades na matriz de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras. Uma delas com fisionomia similar à esta matriz vegetacional, e a outra com forte domínio de espécies de justaconta (Sclerolobium rugosum e S. paniculatum, atualmente denominado Tachigali rugosa e T. paniculata), formando maciços nas encostas da serra do Expedito, perfeitamente contrastantes sob o ponto de vista da fotointerpretação de imagens de satélites, tendo sido por isso, delimitadas e mapeadas. Também nos ambientes fortemente antropizados, em processo de autorregeneração, observaram-se espécies do gênero Vismia, popularmente denominada Lacre. Esta espécie é uma arvoreta de caráter invasor, pioneira e de máximo desenvolvimento a pleno sol. É muito eficiente no uso dos nutrientes, em função de altos valores da taxa fotossintética, e ainda, baixos teores foliares de fósforo, se comparada à Bellucia grossularioides, sugerindo ser uma espécie bem adaptada a ambiente com baixa disponibilidade de nutrientes, como ocorre nas áreas degradadas da em nível planetário, os cientistas estão observando que o comportamento das plantas também está mudando, demonstrado pela análise de dados provenientes de observações fenológicas de longo prazo. É esperado que a época de ocorrência de processos fenológicos continue a mudar na dependência das mudanças do clima, e, há um consenso de que dados fenológicos proporcionam indicação integrada da sensitividade dos sistemas naturais às tais mudanças. Assim, como indicador de mudanças, os processos fenológicos têm amplas conseqüências para biodiversidade, interações bióticas, na agricultura e ciências florestais. Além disso, constatar alterações nos processos fenológicos, na queda de folhas, brotamento, floração e frutificação são mais fáceis de comunicar ao público a respeito de mudanças climáticas. No Brasil, os mais antigos estudos fenológicos de longa duração, em árvores de floresta tropical, ainda ativo, iniciaram em 1965 na Reserva Florestal Ducke, e 1974 na Estação Experimental de Silvicultura Tropical, ambos na região de Manaus/AM. Os estudos envolvendo cerca de 200 espécies florestais fornecerão subsídios aos planos de conservação, manejo e revegetação de áreas degradadas na Floresta Amazônica. 13 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Amazônia (Silva et al. 2006). A Bellucia grossularioides é uma melastomataceae, conhecida como goiaba-de-anta na região (Foto 1.1.2-1). Foto 1.1.2-1. Detalhe de frutos em ramos de goiaba-de-anta, muito apreciada por vários taxa da fauna silvestre regional. Notam-se folhas também predadas por lagartas. Área de influência indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Um olhar clínico para diagnosticar as relações da alta capacidade de colonização que várias espécies apresentam em relação aos ambientes de baixa condição edáfica é extremamente importante na recomendação de técnicas e práticas de recuperação de áreas degradadas onde a Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras se desenvolve, tanto em nível altimétrico da serra do Expedito, quanto no da Depressão. Porquanto, os efeitos de bordas nos remanescentes funcionaram como áreas didáticas, ou como indicadoras, para possibilitar o entendimento a respeito dos mecanismos de regeneração e cicatrização ambiental (Foto 1.1.2-2). Também, as clareiras, com diferentes tamanhos, formas, idades e resultantes de diferentes mecanismos: naturais ou antrópicos, servem de referência para esse entendimento. 14 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.1.2-2. Contato abrupto entre remanescente de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras com a pastagem, onde as espécies pioneiras, na base da serra, minimizam os efeitos de borda; área de influência indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Nas manchas individualizadas, como unidade de mapeamento de sistema secundário com predomínio de justaconta (Foto 1.1.2-3), as árvores apresentam porte elevado, contrariando, de certa forma, a literatura, pois chegam a atingir até 25m de altura e 80 cm, ou mais, de perímetro à altura do peito. A população de justaconta apresenta distribuição agregada, densa, dominante, e com maior expressão no corpo da serra, por apresentar maior extensão espacial. É sabido que essas espécies são pioneiras, heliófitas, seletiva, xerófita (Lorenzi, 1998), capazes de colonizar ambientes de baixa capacidade de suporte ecológico. No caso da Serra do Expedito, o tamanho da área do justacontal, a altura das plantas e a densidade, à semelhança de populações monoespecíficas, são reflexos do próprio processo de adaptação dessa Floresta, quando submetida a fortes estresses. Em outras palavras, é possível deduzir que exista algum fator determinante, ou vários fatores condicionantes, capazes de manter a condição de vegetação pioneira em lento processo ecológico-sucessional a curto e médio prazo, uma vez que, se observou baixa ocorrência 15 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 de indivíduos jovens de outras espécies arbóreas no estrato herbáceo 12, que é dominado por espécies de justacontas. Foto 1.1.2-3. Vista parcial do justacontal no âmbito da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras que recobre parte do flanco norte da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. Em destaque, a cor levemente palha nas copas de muitas árvores. Trata-se de frutos resultantes da forte sincronia de floração, frutificação em plantas de mesma idade (eventos fenológicos do tipo boom). Entretanto, após minucioso levantamento de campo e da pesquisa mais acurada da litologia, dos solos e das especificidades topográficas dos terrenos muito inclinados da serra, tiraram-se as seguintes importantes conclusões a respeito do “justacontal”: 1ª. Que a área realmente havia sofrido forte alteração pela atividade garimpeira pretérita; 2ª. Que a litologia predominante da Serra do Expedito é representada por rochas metavulcanossedimentares, sendo que no justacontal, as vulcânicas ácidas apresentam composição riolítica a riodacítica, fato que contribui com a alta disponibilidade de sílica no processo de intemperismo e pedogenético; 12 Em levantamento de campo realizado em setembro/2007 verificou-se apenas alguns indivíduos de Bellucia grossularioides, colonizando o estrato herbáceo em um ponto do justacontal em situação de cimeira da serra do Expedito. Já no levantamento fitossociológico realizado em maio/2008, foram observadas nas áreas amostradas de menor perturbação, outras espécies, apesar do domínio da justaconta, conforme mais adiante relatado. 16 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 3ª. Que o solo é raso, muito pobre, ácido e essencialmente silicoso, Neossolo Litólico Distrófico típico - essa condição parece muito favorável ao desenvolvimento da justaconta, comparada a outras pioneiras; 4ª. Que as espécies de Justaconta ocorrem naturalmente na composição florística da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras e têm em sua biomassa elevado teor de sílica, fato que as leva ser reconhecidas popularmente e em várias regiões brasileiras, como “Cega-machado”. A sílica, além de ser resistente ao intemperismo, tem baixa absorção de água e inibe a decomposição microbiológica dos solos. Trabalhos recentes têm demonstrado que muitas espécies do cerrado são acumuladoras de silício, o qual exerce importantes funções nos vegetais, como aumento de resistência a certos patógenos, melhor arquitetura de folha (beneficiando a fotossíntese) e resitência a estresses hídricos. A sílica é absorvida do solo, primeiro, polimerizando-se na forma de ácido silícico monomérico, em seguida, no vegetal, passa para gel e finalmente em fitólitos13. Estes corpos sólidos da planta incorporam-se ao solo, com várias configurações, mas são dominantemente do tamanho de areia fina e silte. 5ª. Que a serrapilheira do justacontal possui forte contribuição, porque essas plantas são semidecíduas, com pico máximo de queda de folhas entre agosto e setembro. Sendo a serrapilheira formada por material orgânico e rico em sílica, sua decomposição é relativamente lenta, permitindo certo acúmulo sobre o solo (Foto 1.1.24). Nota-se que os compostos de silício existente nos solos, principalmente sob a forma de sílica opalina (fitólito), estão principalmente no horizonte A (Lespch & Paula 2006). O silício, o ferro e o alumínio são elementos químicos mais abundantes nos solos tropicais. O silício, quando na forma amorfa, desempenha um importante papel para as plantas, sendo relacionado à plasticidade, sendo bem conhecido no caso do arroz, onde a sílica reforça a rigidez dos colmos, dando melhor crescimento e resistência às doenças. 13 Na estrutura da justaconta ocorrem os fitólitos, que são partículas de sílica amorfa acumuladas em torno ou dentro das células dos tecidos vegetais (Lespch & Paula 2006). 17 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 De acordo com Piperno (1988), uma floresta equatorial retorna ao solo por ano, em reciclagem natural de seus detritos vegetais cerca de 250 Kg/ha de SiO2, ultrapassando mesmo as quantidades do nitrogênio. Também ao queimar a floresta, a metade da cinza é compota de silício. No solo o íon Si, em solução, pode combinar-se com o alumínio que é tóxico. O Si no ciclo solo/planta passa por diversas etapas, dentre as quais se ressalta a de formação de silicofitólitos nos tecidos vegetais (Laboriau & Sendulsky, 1966). Foto 1.1.2-4. Detalhe da serrapilheira associada ao justacontal da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. 6ª. A inclinação dos terrenos propicia a lavagem constante da camada superficial do solo e, estando este desnudo, a intensidade do escoamento de água superficial é aumentada, como ocorreu até 1999 - mesmo tendo sido paralisada a atividade garimpeira anos antes, o solo da porção superior da serra ficou desnudo até 1999 (Figura 1.1.2-1), o que provocou o carreamento do banco de sementes encosta abaixo, resultando na pobreza e na substituição desse banco por propágulos mais recentes, como os das espécies de justaconta. 18 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.1.2-1. Comparação de duas imagens de satélites de diferentes datas, mostrando o justacontal que se desenvolveu no topo e flanco norte da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. 7ª. E, por fim, estima-se que o tempo médio de vida da justaconta na região esteja entre 20-30 anos, pois no levantamento fitossociológico, observou-se indivíduo de 100 cm de circunferência à altura do peito e 23m de altura. Como as árvores têm idades semelhantes, tendo em vista o marco histórico do início do processo de recolonização, é esperada a morte de vários indivíduos de mesma idade, nos próximos 15-20 anos. 19 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 1.1.3. Sistemas Antropizados As propriedades rurais das áreas de influência direta e indireta do empreendimento estão voltadas para a atividade pecuária com sistema produtivo moldado em modelo de criação extensiva de bovino de corte, sustentado pela implantação de pastagens (Foto 1.1.3-1), com uso dominante de espécies do gênero Brachiaria. Foto 1.1.3-1. Vista geral de pastagens implantadas na área de influência indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Enfatiza-se que a Brachiaria brizantha (variedade brizantão) é preferencialmente utilizada em solos relativamente secos (Foto 1.1.3-2), enquanto que a Brachiaria humidicula, ou mesmo a Brachiaria arrecta, também chamada de tanner grass ou braquiária-do-brejo, são plantadas em áreas úmidas (Foto 1.1.3-3). Esta última é uma espécie não recomendada pelo Ministério da Agricultura, por apresentar princípios tóxicos, criadores de foto sensibilização em bovinos jovens, e ainda, por ser uma espécie que propicia a proliferação da cigarrinha, inseto considerado praga de pastagens e plantações. 20 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 brizantão humidícula Foto 1.1.3-2. Pastagens implantadas que dão suporte à criação de gado. Em primeiro plano, Brachiaria humidicula e ao fundo, morrote com Brachiaria brizantha em solo seco; área de influência indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. brizantão brizantão aguapés tanner grass brizantão tanner grass Foto 1.1.3-3. Em detalhe, Brachiaria arrecta (“tanner grass”) e macrófitas (aguapé), colonizando o espelho d’água e Brachiaria brizantha (brizantão), em solo seco; área de influência indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 21 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Entretanto, observou-se que boa parte da Floresta transformada em pastagens, em função da baixa fertilidade natural dos solos e falta de manejo, perdem a produtividade, parecendo abandonadas (Fotos 1.1.3-4, 1.1.3-5 e 1.1.3-6), dando lugar à sucessão secundária arbórea adaptada à baixa disponibilidade de nutrientes. Foto 1.1.3-4. Aspecto de pastagem plantada em processo de sucessão secundária na região da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. Foto 1.1.3-5. Pastagem plantada e abandonada em processo de sucessão secundária na região da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. 22 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.1.3-6. Aspecto de pastagens plantadas sem manejo em processo de sucessão secundária na região da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. Em campo, também se observou sitiantes criando caprinos, peixes, suínos e equinos, além de vacas leiteiras, porém, com pouca expressão e mais para consumo familiar. Outra unidade de mapeamento que se destaca na matriz de Floresta Ombrófila com Palmeiras são os ambientes degradados pela atividade garimpeira pretérita, com substratos14 recobertos de forma descontínua por vegetação eminentemente herbácea, apesar de ocorrerem ainda alguns indivíduos relictuais de ambiente ciliar típicos de setores de nascentes, caso de buritis (Foto 1.1.3-7). Como se tratam de fundos de vales aplainados e relativamente próximos à Serra do Expedito, os materiais gerados pela atividade garimpeira ficaram neles depositados soterrando olhos d’água dos solos hidromórficos que formavam “veredas15” ou Matas de Brejo, no contexto da matriz de Floresta Ombrófila. Entende-se por Matas de Brejo, ou florestas hidrófilas, o conceito dado por Leitão Filho (1982), que é uma forma de 14 Neste estudo, como os substratos são de origem antrópica e já estão em processo de pedogeneização foi individualizado, caracterizado e denominado Solo Antrópico (Volume II do EIA). 15 Vereda é um termo utilizado para designar a vegetação típica de setores de cabeceiras de drenagens, que se desenvolve em ambientes de Planaltos. Em Mato Grosso se associa a presença de buritizais (Maurtia flexuosa). 23 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 vegetação estabelecida sobre solos hidromórficos, sujeita à presença de água superficial em caráter permanente. Ocorrem em várzeas ou planícies de inundação, nascentes ou margens de rios ou lagos (Ivanauskas et al. 1997), podendo ocorrer também em baixadas ou depressões, onde a saturação hídrica do solo é conseqüência do afloramento da água do lençol freático. Indivíduos de Butitis Foto 1.1.3-7. Ambiente agradacional, próximo à Serra do Expedito, assoreado por antigo garimpo, onde se destacam elementos relictuais de Floresta Ciliar, Município de Aripuanã/MT. Nota-se que os sistemas radiculares da vegetação de vereda e da comunidade arbóreo-arbustiva da Mata de Brejo, quando submetidos à anoxia, ou seja, à falta de oxigenação ou aeração, apesar de adaptado às condições de encharcamento e alagamento dos solos, não suporta longo tempo de residência com água estagnada, nem assoreamento por longo período (Paes de Barros, 1998). Assim, o turbilhonamento e a água sempre em movimento que ocorre nos setores de cabeceiras e fundos de vales é fundamental para a manutenção da integridade desses sistemas no âmbito das Formações Florestais. Diante dessas especificidades, em que a relação solo/água/planta é fator condicionante, por vezes, determinante para o estabelecimento, colonização e desenvolvimento de várias espécies vegetais, é de se esperar que o Solo Antropogênico, onde as alterações provocaram profundas modificações ao ponto de ultrapassar a faixa 24 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 de resiliência dos sistemas envolvidos, não mais seja capaz de auto-regenerar. Apesar de que as florestas tropicais úmidas, de acordo com Ewel (1983), apresentam maior resiliência16 que as florestas estacionais, e um efeito de borda muito evidente (Sampaio, 2001). Por resiliência entende-se a capacidade do sistema retornar ao estado de equilíbrio, ou manter o potencial produtivo, depois de sofrer graves perturbações. A resiliência opera dentro de certos limites, pois depende da capacidade de auto-regulação do sistema. Conforme Odum (1988), existem duas formas de estabilidade: “a estabilidade de resistência (a capacidade de se manter estável diante do estresse) e a estabilidade de elasticidade (a capacidade de se recuperar rapidamente)”. A manifestação de ambas dá significado ao termo resiliência. 1.2. Florística e fitossociologia 1.2.1. Metodologia O levantamento florístico dos indivíduos arbóreos e das palmeiras foi realizado em área de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras (FOA), onde foram selecionadas quatro subáreas vegetacionais visivelmente melhor conservadas de forma a garantir maior representatividade da comunidade arbórea a ser amostrada, além de contemplar trechos de coleta e observação de epífitas, bem como da fauna de vertebrados terrestres, dados que serão correlacionados ao conjunto de resultados que comporão o estudo. Em cada subárea (denominadas de FOAjustacontal, FOAEncosta, FOAPalmeiral e FOAPraia Grande) foram alocados três transectos de 10 x 100 m para o registro dos indivíduos arbóreos e palmeiras. Os primeiros e últimos 10m2 incluíram também o levantamento florístico do sub-bosque e da regeneração natural (Figura 1.2.1-1). As transecções foram dispostas sistematicamente, com o primeiro transecto estabelecido de forma preferencial, de acordo com a possibilidade de acesso e tomandose como base as estradas vicinais que margeiam ou cortam em maior ou menor proporção das áreas de estudo. 16 Resiliência em ecologia significa a capacidade de recuperação natural de um sistema, uma comunidade, uma população, ou de uma espécie, após a ocorrência de distúrbios. 25 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.2.1–1. Mapa e representação esquemática das transecções e parcelas demarcadas para o levantamento de dados florísticos e estruturais da vegetação arbórea e das palmeiras nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 26 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 A partir da instalação do primeiro transecto, a distância entre os demais foi de 50 m, com variações em alguns casos para mais, em função da imprevisibilidade topográfica e principalmente, em decorrência da fragmentação pretérita ou atual das áreas, motivada pela abertura de estradas que viabilizaram estações de sondagem para pesquisa mineral, além de extração de madeira. Contudo, perfez-se uma área amostral total de 12.000 m2 ou 1,2 ha, sendo 0,3 ha para cada área considerada no levantamento. Em cada transecto foram amostrados todos os indivíduos vivos das espécies arbóreas e palmeiras, com circunferência ≥ a 30 cm a 1,30 m do solo, o que corresponde a um diâmetro de ≥ 9,54 cm (Foto 1.2.1-1). No caso das palmeiras, consideraram-se aquelas que apresentavam tronco livre de folhas em até pelo menos a circunferência estabelecida. Indivíduos arbóreos ramificados abaixo dessa altura somente foram amostrados se pelo menos um dos ramos apresentasse o CAP mínimo estabelecido, sendo os demais medidos separadamente e somados ao de maior perímetro para cálculo da área basal. Foto 1.2.1-1. Levantamento de dados florísticos e estruturais da vegetação arbórea e das palmeiras nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 27 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Os procedimentos de mensuração foram feitos sempre pelo mesmo membro da equipe, com fita métrica para as medidas de diâmetro e por meio de estimativa visual para a medida de altura. Não foram incluídos na amostragem para os cálculos fitossociológicos indivíduos mortos e/ou lianas. As anotações de campo, para cada indivíduo incluíram a subárea de ocorrência e o número da transecção. As espécies registradas foram agrupadas em famílias de acordo com o sistema de Cronquist (1988). A validação do nome das espécies botânicas foi feito por meio do sistema de dados W3 Trópicos (Missouri Botanical Garden, 2008) e em revisões taxonômicas recentes. A composição florística foi analisada com base na distribuição dos indivíduos em espécies e famílias, identificadas “in locu”, por especialista e confirmadas, quando essas eram encontradas em estado fértil, por meio de literatura especializada. De posse da listagem de espécies, foram estimados os índices de diversidade de Shannon-Wiener, de equabilidade de Pielou (Magurran, 1988), o coeficiente de Mistura de Jentsch, (Brower e Zar, 1984) e de McGuinnes (McGuinnes, 1934). A qualificação das síndromes de dispersão de diásporos das espécies registradas nos referidos ambientes estudados foi realizada mediante consultas à literatura descritiva e ilustrativa do fruto ou classificações aceitas em outras publicações. Considerou-se, portanto, as principais estratégias de dispersão de frutos e sementes conforme Van der Pijl (1982) em: Zoocoria, ou dispersão por animais; Anemocoria, pelo vento e Autocoria, por mecanismos da própria planta. A avaliação dos parâmetros fitossociológicos da estrutura horizontal (densidade, frequência, dominância e valor de importância) foi feita de acordo com MüellerDombois e Ellenberg (1974). A estrutura diamétrica representada em classes diamétricas foi realizada com base nos valores das circunferências, convertidas para DAP de modo a minimizar o número de classes que foram classificadas em intervalos de 15 em 15 cm, sendo que a primeira classe correspondeu ao intervalo de 9,54 e 15 cm de DAP. 28 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Para a análise da estrutura vertical de cada área, a formação florestal foi dividida em três estratos. Dessa forma, o estrato inferior foi caracterizado por árvores com altura menor que 15 m; o médio por árvores com altura entre 15 e 30 m e o superior por árvores com altura maior que 30m. Os índices florísticos, os parâmetros estruturais e o volume de madeira por espécie (m3/ha) foram calculados e analisados por meio do software Mata Nativa versão 2 (Cientec, 2006). 1.2.2. Caracterização das Formações Vegetacionais 1.2.2.1. Florística e Fitossociologia das Espécies Arbóreas e das Palmeiras No levantamento florístico da área estudada de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras, foram amostradas espécies arbóreas e palmeiras cujas características gerais estão consolidadas na Tabela 1.2.2.1-1 O total amostrado foi de 574 indivíduos, de 145 espécies, pertencentes a 86 gêneros e 35 famílias botânicas. Do total, 33 foram identificadas até gênero e três permaneceram indeterminadas, devido à falta de material botânico fértil para proceder a identificação. Tabela 1.2.2.1-1. Características florísticas e fitossociológicas dos quatro levantamentos efetuados nas áreas de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras: FOAjustacontal, FOAEncosta, FOAPalmeiral e FOAPraia Grande, na área de influência direta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Parâmetro Área amostral (m2/ha) Nº de indivíduos amostrados Número de famílias Número de famílias exclusivas Número de gêneros Número de espécies Número de espécies exclusivas Área basal (m2/ha) Densidade absoluta (nº ind. ha-1) Índice de Shannon-Weaner (H’) Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM)1 Total de espécies raras em 1,2 ha 2 1 FOA FOA FOA FOA justacontal Encosta Palmeiral PraiaGrande 3.000 171 25 6 33 48 7 6,933 569,996 1,73 1:3,42 3.000 171 25 2 48 65 2 9,860 569,996 3,81 1:2,51 3.000 113 25 1 47 54 1 9,298 376,667 3,6 1:2,05 3.000 119 25 0 45 57 0 7,351 396,667 3,76 1:2,09 43 Quanto mais próximo de 1 (um) o valor de QM, mais diversa é a população. 2 Consideraram-se espécies raras aquelas registradas uma única vez em 1,2 ha de área amostrada. 29 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Na FOAjustacontal, registraram-se 171 indivíduos distribuídos em 48 espécies, 33 gêneros e 25 famílias, com seis famílias e sete espécies exclusivas dessa área e densidade de 570 árvores/ha, totalizando 6,933 m2/ha de área basal (Tabela 1.2.2.1-2). As famílias que apresentaram o maior número de espécies nesse ambiente foram: Fabaceae (19,6%), Lauraceae (9,8%), Myristicaceae (7,8%), Cecropiaceae e Euphorbiaceae (5,9% cada; Figura 1.2.2.1-1). Ainda nessa área, as famílias que tiveram maior número de indivíduos amostrados foram: Fabaceae (55), Melastomataceae (25), Euphorbiaceae (19), Lauraceae (17) e Annonaceae (7). Juntas essas famílias contribuíram com (49,0%) do total de indivíduos amostrados. Figura 1.2.2.1-1. Porcentagem de espécies por família botânica encontrada em área de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras – FOAjustacontal, área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 30 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Tabela 1.2.2.1-2. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas e palmeiras da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeira FOAjustacontal, da área de influência do empreendimento, dispostas em ordem decrescente de valor de importância, acompanhadas da síndrome de dispersão de diásporos e do padrão de distribuição espacial, Município de Aripuanã/MT. Legenda: SD = síndrome de dispersão de diásporos; DE = Distribuição espacial (U = uniforme, T = Tendência ao agrupamento, A = agrupado); N = Número de indivíduos; AB = Área Basal m²/ha; FA = Freqüência Absoluta; DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VC = Índice de Valor de Cobertura; VI = Índice de Valor de Importância; VOL = Volume de madeira por espécie (m3/ha). Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Tachigali rugosa (Mart. ex Benth.) Zarucchi & Pipoly Ane A 31 1.646 18,13 33,33 1,47 23,73 41,86 43,33 97,75 Mouriri duckeana Morley Zoo A 24 0,449 14,04 66,67 2,94 6,47 20,51 23,45 0,22 Inga laurina (Sw.) Willd. Zoo U 9 0,455 5,26 100 4,41 6,57 11,83 16,24 22,19 Croton piptocalyx Mull. Arg. Zoo A 12 0,236 7,02 66,67 2,94 3,4 10,42 13,36 1,14 Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez Zoo A 7 0,227 4,09 66,67 2,94 3,27 7,37 10,31 11,29 Unonopsis guatterioides (A. DC.) R.E. Fr. Zoo U 6 0,148 3,51 100 4,41 2,14 5,65 10,06 7,02 Esenbeckia leiocarpa Engl. Aut TA 4 0,253 2,34 66,67 2,94 3,65 5,99 8,93 13,10 Mabea fistulifera Mart. Zoo TA 5 0,169 2,92 66,67 2,94 2,44 5,36 8,3 6,89 Inga ingoides (Rich.) Willd. Zoo A 4 0,266 2,34 33,33 1,47 3,83 6,17 7,64 13,34 Virola oleifera (Schott) A.C. Sm. Zoo U 1 0,306 0,58 33,33 1,47 4,41 4,99 6,47 18,34 Sloanea sp. L. Zoo U 1 0,292 0,58 33,33 1,47 4,21 4,8 6,27 14,61 Chrysophyllum gonocarpum Mart. & Eichler ex Miq. Zoo A 3 0,18 1,75 33,33 1,47 2,59 4,35 5,82 8,09 Ocotea sp. Aubl. Zoo U 3 0,062 1,75 66,67 2,94 0,89 2,64 5,58 2,43 Tachigali venusta Dwyer Ane U 1 0,242 0,58 33,33 1,47 3,5 4,08 5,55 14,54 Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) Frodin & Fiaschi Zoo U 2 0,094 1,17 66,67 2,94 1,36 2,53 5,47 6,04 31 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Nectandra rigida (Kunth) Nees Zoo U 2 0,091 1,17 66,67 2,94 1,32 2,49 5,43 5,27 Virola calophylla (Spruce) Warb. Zoo U 3 0,051 1,75 66,67 2,94 0,73 2,49 5,43 1,73 Pterocarpus officinalis Jacq. Zoo U 2 0,076 1,17 66,67 2,94 1,09 2,26 5,2 3,89 Tapirira marchandii Engl. Zoo A 3 0,131 1,75 33,33 1,47 1,89 3,64 5,11 4,85 Theobroma sylvestre Aubl. ex Mart. in Buchner Zoo A 4 0,086 2,34 33,33 1,47 1,23 3,57 5,04 3,08 Goupia glabra Aubl. Zoo U 2 0,052 1,17 66,67 2,94 0,75 1,92 4,86 2,12 Inga sp. Scop. Zoo U 2 0,045 1,17 66,67 2,94 0,65 1,82 4,76 2,35 Sacoglottis mattogrossensis Malme Zoo A 3 0,095 1,75 33,33 1,47 1,37 3,12 4,6 4,75 Inga edulis Mart. Zoo U 2 0,033 1,17 66,67 2,94 0,47 1,64 4,58 1,40 Croton sp. L. Aut U 2 0,029 1,17 66,67 2,94 0,42 1,59 4,53 11,23 Pourouma villosa Trécul Zoo TA 2 0,118 1,17 33,33 1,47 1,7 2,87 4,34 5,92 Tachigali paniculata Aubl. Ane TA 2 0,115 1,17 33,33 1,47 1,65 2,82 4,29 6,73 Duroia duckei Huber Ane U 1 0,126 0,58 33,33 1,47 1,82 2,41 3,88 5,05 Ocotea sp2 Aubl. Zoo A 3 0,04 1,75 33,33 1,47 0,58 2,33 3,8 1,84 Ocotea sp1 Aubl. Zoo TA 2 0,08 1,17 33,33 1,47 1,15 2,32 3,79 3,89 Brosimum sp. Sw. Zoo U 1 0,113 0,58 33,33 1,47 1,63 2,21 3,68 5,63 Myrcia fallax DC. Zoo U 1 0,104 0,58 33,33 1,47 1,5 2,09 3,56 4,87 Pourouma guianensis Aubl. Zoo TA 2 0,056 1,17 33,33 1,47 0,81 1,98 3,45 2,32 Vochysia vismiifolia Spruce ex Warm. Ane TA 2 0,045 1,17 33,33 1,47 0,65 1,82 3,29 2,00 Pseudolmedia laevigata Trécul Zoo TA 2 0,034 1,17 33,33 1,47 0,5 1,67 3,14 1,18 32 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Tapirira guianensis Aubl. Zoo U 1 0,073 0,58 33,33 1,47 1,05 1,64 3,11 3,40 Attalea maripa (Aubl.) Mart. Zoo U 1 0,054 0,58 33,33 1,47 0,78 1,36 2,83 2,51 Bombacopsis glabra (Pasq.) Robyns Aut U 1 0,042 0,58 33,33 1,47 0,61 1,2 2,67 1,70 Guarea kunthiana A. Juss. Ane U 1 0,042 0,58 33,33 1,47 0,61 1,19 2,66 2,11 Schefflera morototoni Aubl. Zoo U 1 0,036 0,58 33,33 1,47 0,52 1,1 2,57 1,92 Hirtella ciliata Mart. & Zucc. Zoo U 1 0,032 0,58 33,33 1,47 0,46 1,05 2,52 1,39 Inga graciliflora Benth. Zoo U 1 0,017 0,58 33,33 1,47 0,25 0,83 2,3 0,91 Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr. Zoo U 1 0,016 0,58 33,33 1,47 0,23 0,82 2,29 0,75 Inga chrysantha Ducke Zoo U 1 0,016 0,58 33,33 1,47 0,23 0,82 2,29 0,81 Virola theiodra Warb. Zoo U 1 0,014 0,58 33,33 1,47 0,19 0,78 2,25 0,47 Vismia brasiliensis Choisy Zoo U 1 0,013 0,58 33,33 1,47 0,19 0,77 2,24 0,57 Trichilia pallida Sw. Zoo U 1 0,012 0,58 33,33 1,47 0,17 0,76 2,23 0,51 Casearia gossypiosperma Briq. Ane U 1 0,008 0,58 33,33 1,47 0,12 0,7 2,17 0,41 Miconia sp. Ruiz & Pav. Zoo U 1 0,008 0,58 33,33 1,47 0,12 0,7 2,17 23,39 Pourouma minor Benoist Zoo U 1 0,007 0,58 33,33 1,47 0,1 0,69 2,16 0,29 171 6,933 100 2266,67 100 100 200 300 358,22 Total 50 33 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 As espécies com os maiores valores de importância para esse ambiente são: ● Tachigali rugosa (14,44%), uma das espécies de justaconta de ocorrência regional – o gênero Tachigali tem importante contribuição na formação da floresta amazônica, além de ser recomendado em conjunto com espécies pioneiras de rápido crescimento, a exemplo de Tachigali paniculata, nas fases iniciais de recuperação de matas degradadas (Felfili et al. 1999; Souza-Filho et al. 2005). ● Mouriri duckeana (7,82%) – o gênero Mouriri é referenciado na literatura como característico de vegetação pioneira (Queiroz et al. 2005) e faz parte da lista de gêneros de espécies consideradas alimentos potenciais para canídeos silvestres, conforme registrado por Dalponte e Lima, 1999 em trabalho realizado na Chapada dos Guimarães, MT. Membros da família Anthophoridae são abelhas estritamente dependentes de óleos fixos coletado em flores de Mouriri para desenvolvimento larvar, enquanto que floristicamente, as espécies de Mouriri, com “flores de óleo”, são estritamente dependentes de abelhas dessa família e exercem pressão mútua quanto à emergência de adultos e fenofases de floração (Silva, 2006). ● Inga laurina (5,41%) – espécies do gênero Inga possuem frutos comestíveis, muito procurados por macacos e outros animais (Souza e Lorenzi, 2005); ● Croton piptocalyx (4,45%) – gênero particularmente comum em quase todos os ecossistemas brasileiros (Souza e Lorenzi, 2005); ● Ocotea diospyrifolia (3,44%) – espécies da família Lauraceae destacam-se pelo grande número de espécies clímax e entre espécies desse gênero, estão aquelas consideradas como produtoras de madeira de lei (Carvalho et al. 2008; Souza e Lorenzi, 2005). Com relação à distribuição espacial das espécies verificou-se que 64% dessas apresentam padrão uniforme, 20% tendência à agregação e 16% padrão agregado (Figura 1.2.2.1-2). Dessa relação de espécies, apenas a primeira, T. rugosa, apresenta síndrome de dispersão de diásporos por mecanismo abiótico, ou seja, pelo vento. As demais se constituem de espécies zoocóricas. 34 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.2.2.1-2. Distribuição espacial das espécies arbóreas e palmeiras na FOAjustacontal na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Quanto às guildas de dispersão de diásporos, tem-se que: 80% das espécies investigadas apresentam dispersão do tipo zoocórica; 14% constituem o grupo das anemocóricas e 6% pertencem das autocóricas (Figura 1.2.2.1-3). Figura 1.2.2.1-3. Porcentagem das guildas de dispersão por espécie na FOAjustacontal na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 35 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Dessas espécies, I. laurina e O. diospyrifolia, expressaram valores de densidade inferiores às demais espécies do grupo das mais importantes ecologicamente, sendo 5,26 e 4,09,%, com 9 e 7 indivíduos, respectivamente. O índice de diversidade de Shannon-Wiener e o coeficiente de mistura de Jentsch para FOAjustacontal foi de 1,73 e 1:3,42 respectivamente. A análise da estrutura vertical revelou não haver indivíduos no estrato superior, ou seja, árvores com alturas acima dos 30 metros. A maioria das espécies concentra seus indivíduos no estrato médio e inferior (Figura 1.2.2.1-4). A estratificação da comunidade confirma o padrão tendendo ao exponencial negativo ou “J” invertido, com a concentração dos indivíduos entre as classes de 9,54 a 30 cm de diâmetro (Figura 1.2.2.1-5). Figura 1.2.2.1-4. Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos e palmeiras na FOAJustacontal, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 36 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.2.2.1-5. Distribuição dos indivíduos arbóreos e palmeiras em classes de altura na FOAJustacontal, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. O sub-bosque do trecho amostrado é constituído de arbustos e arvoretas umbrófilas17, muitas das quais ocorrendo pontualmente na área estudada ou de indivíduos jovens de árvores dos estratos inferior, médio e superior em que várias espécies distribuem-se aleatoriamente ou com padrão que tende ao agrupamento, sobretudo, em função da ecologia dessas espécies e das influências edáficas e hídricas pontuais do meio. São elas: Heliconia sp. L., Scleria P.J. Bergius, Clidemia D. Don, Galactia P. Browne, Alchornea sp. Sw., Bactris Jacq. ex Scop., Bauhinia L., Cheiloclinium cognatum (Miers) A.C. Sm., Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl., Cuspidaria sp. DC., Dalbergia sp. L. f., Eugenia sp. L., Galaxia sp. Thunb., Gonocarpus sp. Thunb., Hyeronima alchorneoides Allemão, Licania sp. Aubl., Manihot sp. Mill., Matayba guianensis Aubl., Memora allamandiflora Bureau ex K. Schum., Myrsine sp.L., Oenocarpus bacaba Mart., Ormosia sp. Jacks., Platymiscium sp. Vogel, Psychotria sp. L., Tapirira guianensis Aubl., Trichilia pallida Sw., Xylopia emarginata Mart., Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg., Aspidosperma nitidum Benth. ex Müll. Arg., Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl., Croton piptocalyx Mull. Arg., Cupania castaneifolia Mart., Goupia glabra Aubl., Inga dysantha Benth., Inga edulis Mart., Mabea fistulifera Mart., Manilkara huberi (Ducke) 17 O termo “umbrófila” significa, plantas de sombra. 37 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Standl., Miconia cuspidata Mart. ex Naudin, Myrcia fallax DC., Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp., Physocalymma scaberrimum Pohl, Pourouma cecropiifolia Mart., Protium aracouchini (Aubl.) Marchand, Pseudolmedia laevigata, Si Trécul, Simarouba amara Aubl., Unonopsis guatterioides (A. DC.) R.E.Fr., Virola oleifera (Schott) A.C. Sm., Vochysia vismiifolia Spruce ex Warm., Attalea sp.1 Kunth, Brosimum sp. Sw., Guarea sp. F. Allam. ex L., Inga sp. Scop., Luetzelburgia sp. Harms, Ocotea sp. Aubl. e Pourouma sp. Aubl.. Outro aspecto relevante relacionado a essa área foi a imperceptibilidade de indivíduos pertencentes ao grupo das Pteridophytas, especialmente aquelas que instituem a família Selaginellaceae, dado por certo, ao estádio sucessional, ora apresentado por essa comunidade, em que a ocorrência de muitas espécies associa-se à maior luminosidade do ambiente proporcionada pela abertura do dossel. No ambiente denominado FOAEncosta, registraram-se 171 indivíduos distribuídos em 25 famílias, 48 gêneros e 65 espécies, com duas famílias e duas espécies exclusivas dessa área. A densidade foi de 569,99 árvores/ha e a área basal de 9,86 m2/ha (Tabela 1.2.2.1-3). As famílias Arecaceae, Fabaceae e Lauraceae (10,81%); Meliaceae e Myristicaceae (9,46%); Annonaceae e Sapotaceae (6,76%) agregam o maior número de espécies para a comunidade estudada, como ilustrado na Figura 1.2.2.1-6. Em conjunto, essas famílias representam 64,86% do total de indivíduos amostrados. Figura 1.2.2.1-6. Porcentagem de espécies por família botânica encontrada em área de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras – FOAEncosta, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 38 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Tabela 1.2.2.1-3. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas e palmeiras da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeira FOAEncosta, na área de influência do empreendimento, dispostas em ordem decrescente de valor de importância, acompanhadas da síndrome de dispersão de diásporos e do padrão de distribuição espacial, Município de Aripuanã/MT. Legenda: SD = síndrome de dispersão de diásporos; DE = Distribuição espacial (U = uniforme, T = Tendência ao agrupamento, A = agrupado); N = Número de indivíduos; AB = Área Basal m²/ha; FA = Freqüência Absoluta; DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VC = Índice de Valor de Cobertura; VI = Índice de Valor de Importância; VOL = Volume de madeira por espécie (m3/ha). Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Bertholletia excelsa Bonpl. Zoo U 2 2,02 1,17 66,67 2,02 20,44 21,61 23,63 210,72 Cabralea cangerana Saldanha Zoo U 12 0,85 7,02 100 3,03 8,62 15,64 18,67 67,69 Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. Zoo U 20 0,35 11,7 100 3,03 3,58 15,28 18,31 19,15 Guarea scabra A. Juss. Zoo A 9 0,29 5,26 66,67 2,02 2,9 8,16 10,19 14,66 Metrodorea nigra A. St.-Hil. Zoo U 8 0,19 4,68 100 3,03 1,88 6,56 9,59 8,61 Luetzelburgia sp. Harms Zoo U 2 0,60 1,17 66,67 2,02 6,05 7,22 9,24 66,27 Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez Zoo U 4 0,34 2,34 100 3,03 3,48 5,82 8,85 34,04 Pseudolmedia laevigata Trécul Zoo U 7 0,11 4,09 100 3,03 1,08 5,18 8,21 4,91 Iriartea deltoidea Ruiz & Pav. Zoo TA 6 0,18 3,51 66,67 2,02 1,84 5,35 7,37 6,92 Goupia glabra Aubl. Zoo U 2 0,39 1,17 66,67 2,02 3,98 5,15 7,17 40,44 Ecclinusa guianensis Eyma Zoo U 4 0,16 2,34 100 3,03 1,61 3,95 6,98 8,42 Virola calophylla (Spruce) Warb. Zoo TA 6 0,11 3,51 66,67 2,02 1,07 4,58 6,6 4,55 Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. Zoo A 3 0,33 1,75 33,33 1,01 3,34 5,1 6,11 28,34 Virola oleifera (Schott) A.C. Sm. Zoo U 1 0,43 0,58 33,33 1,01 4,34 4,93 5,94 49,97 Manilkara huberi (Ducke) Standl. Zoo A 3 0,25 1,75 33,33 1,01 2,5 4,25 5,26 23,06 39 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Hevea brasiliensis (Kunth) Müll. Arg. Zoo U 2 0,19 1,17 66,67 2,02 1,94 3,11 5,13 14,11 Inga sp. Scop. Zoo U 2 0,16 1,17 66,67 2,02 1,59 2,76 4,78 13,69 Virola sp. Aubl. Zoo U 3 0,10 1,75 66,67 2,02 1 2,75 4,77 4,81 Aniba terminalis Ducke Zoo U 3 0,07 1,75 66,67 2,02 0,74 2,5 4,52 4,10 Brosimum sp. Sw. Zoo U 1 0,29 0,58 33,33 1,01 2,91 3,5 4,51 33,52 Tapirira guianensis Aubl. Zoo A 4 0,10 2,34 33,33 1,01 0,98 3,32 4,33 5,05 Trichilia pallida Sw. Zoo U 3 0,04 1,75 66,67 2,02 0,42 2,18 4,2 1,66 Euterpe sp. Mart. Zoo U 3 0,04 1,75 66,67 2,02 0,37 2,12 4,14 2,56 Attalea maripa (Aubl.) Mart. Zoo U 2 0,08 1,17 66,67 2,02 0,83 2 4,02 2,79 Ficus sp. Merr. Zoo U 1 0,23 0,58 33,33 1,01 2,33 2,92 3,93 19,93 Pourouma guianensis Aubl. Zoo U 2 0,04 1,17 66,67 2,02 0,45 1,62 3,64 2,74 Hirtella sp. L. Zoo U 2 0,04 1,17 66,67 2,02 0,39 1,56 3,58 1,76 Manilkara sp. Adans. Zoo U 1 0,19 0,58 33,33 1,01 1,96 2,55 3,56 22,60 I U 2 0,03 1,17 66,67 2,02 0,27 1,44 3,46 1,22 Protium aracouchini (Aubl.) Marchand Zoo U 2 0,02 1,17 66,67 2,02 0,24 1,41 3,43 0,77 Miconia sp. Ruiz & Pav. Zoo U 2 0,02 1,17 66,67 2,02 0,21 1,38 3,4 0,28 Unonopsis guatterioides (A. DC.) R.E. Fr. Zoo U 2 0,02 1,17 66,67 2,02 0,16 1,33 3,35 0,60 Iriartea sp. Ruiz & Pav. Zoo A 3 0,05 1,75 33,33 1,01 0,46 2,21 3,22 1,29 Cecropia sciadophylla Mart. Zoo TA 2 0,07 1,17 33,33 1,01 0,72 1,89 2,9 5,45 Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr. Zoo TA 2 0,05 1,17 33,33 1,01 0,54 1,71 2,72 2,31 NI1 40 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Nome Científico Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL I TA 2 0,05 1,17 33,33 1,01 0,51 1,68 2,69 3,46 Inga laurina (Sw.) Willd. Zoo TA 2 0,05 1,17 33,33 1,01 0,49 1,66 2,67 1,75 Apeiba echinata Gaertn. Zoo TA 2 0,05 1,17 33,33 1,01 0,46 1,63 2,64 1,50 Aniba rosaeodora Ducke Zoo TA 2 0,02 1,17 33,33 1,01 0,24 1,41 2,42 1,18 Tapirira marchandii Engl. Zoo TA 2 0,02 1,17 33,33 1,01 0,23 1,4 2,42 0,77 Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. Zoo U 1 0,06 0,58 33,33 1,01 0,6 1,19 2,2 4,96 Duguetia lanceolata A. St.-Hil. Zoo U 1 0,04 0,58 33,33 1,01 0,44 1,03 2,04 1,90 Guarea guidonia (L.) Sleumer Zoo U 1 0,04 0,58 33,33 1,01 0,38 0,97 1,98 2,02 Tovomita acutiflora M. S. Barros & G. Mariz Zoo U 1 0,04 0,58 33,33 1,01 0,38 0,96 1,97 2,74 Nectandra sp. Rol. ex Rottb. Zoo U 1 0,03 0,58 33,33 1,01 0,34 0,93 1,94 1,24 Protium pilosum (Cuatrec.) D.C. Daly Zoo U 1 0,03 0,58 33,33 1,01 0,34 0,93 1,94 2,03 Theobroma sylvestre Aubl. ex Mart. in Buchner Zoo U 1 0,03 0,58 33,33 1,01 0,29 0,88 1,89 1,05 Ocotea sp.2 Aubl. Zoo U 1 0,03 0,58 33,33 1,01 0,26 0,84 1,85 1,35 Iryanthera ulei Warb. Zoo U 1 0,02 0,58 33,33 1,01 0,22 0,81 1,82 1,46 I U 1 0,02 0,58 33,33 1,01 0,23 0,81 1,82 1,19 Aspidosperma sp Mart. & Zucc. Ane U 1 0,02 0,58 33,33 1,01 0,19 0,78 1,79 1,12 Talisia sp. Aubl. Zoo U 1 0,02 0,58 33,33 1,01 0,17 0,76 1,77 0,95 Bombacopsis glabra (Pasq.) Robyns Aut U 1 0,02 0,58 33,33 1,01 0,16 0,75 1,76 0,64 Oenocarpus bacaba Mart. Zoo U 1 0,02 0,58 33,33 1,01 0,17 0,75 1,76 1,39 Andira inermis (W. Wright) Kunth ex DC. Zoo U 1 0,02 0,58 33,33 1,01 0,16 0,74 1,75 0,68 NI3 NI2 41 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Tovomita sp. Aubl. Zoo U 1 0,02 0,58 33,33 1,01 0,15 0,74 1,75 0,30 Bocageopsis mattogrossensis (R.E. Fr.) R.E. Fr. Zoo U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,14 0,73 1,74 0,80 Inga edulis Mart. Zoo U 1 0,02 0,58 33,33 1,01 0,15 0,73 1,74 0,74 Guarea trunciflora C. DC. Zoo U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,1 0,69 1,7 0,50 Guatteria nigrescens Mart. Zoo U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,1 0,69 1,7 0,52 Esenbeckia leiocarpa Engl. Aut U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,08 0,67 1,68 0,26 Micropholis (Griseb.) Pierre Zoo U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,09 0,67 1,68 0,26 Ocotea longifolia Kunth Zoo U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,08 0,67 1,68 0,17 Iryanthera juruensis Warb. Zoo U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,07 0,66 1,67 0,15 Mouriri duckeana Morley Zoo U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,08 0,66 1,67 0,92 Quiina pteridophylla (Radlk.) Pires Zoo U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,08 0,66 1,67 0,19 Tetragastris unifoliolata (Engl.) Cuatrec. Zoo U 1 0,01 0,58 33,33 1,01 0,08 0,66 1,67 0,18 Virola sp.1 Aubl. Zoo U 1 0,72 0,58 33,33 1,01 7,26 7,85 8,86 76,39 171 9,86 100 3300 100 100 200 300 843,72 Total 68 42 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nessa área, o grupo de espécies arbóreas que predominaram estruturalmente e em índice de valor de importância (VI) constituem-se de: ● Bertholletia excelsa Bonpl. (7,88%), castanha-do-pará – essa espécie apresenta o tronco de maior diâmetro entre todas as espécies da floresta amazônica (Salomão et al. 2008). Esses autores afirmam que a espécie apresenta caráter social ocorrendo em agrupamentos mais ou menos densos, os chamados castanhais, associadas a outras espécies florestais de grande porte, onde se pode encontrar de 1 a 15 castanheiras por hectare. Uma média geral para a Amazônia como um todo é de 1,5 árvores/ha. Ao lado de outras essências florestais, é excelente alternativa para reflorestamento de áreas degradadas de pastagens ou de cultivos anuais, tanto para a produção de frutos como para a extração de madeira. Plantada em áreas degradadas da Amazônia Setentrional, por meio de reflorestamentos heterogêneos, apresentou comprovada adaptabilidade e excelente crescimento. ● Cabralea canjerana Saldanha (6,22%) – espécie clímax tolerante à sombra, fazendo-se presente em vegetação secundária. É árvore longeva, podendo ultrapassar 300 anos de idade. Apresenta dispersão zoocórica, feita principalmente por aves que são atraídas pela coloração alaranjada do arilo. Entretanto, no solo, as sementes dessa espécie são intensamente atacadas por roedores e insetos predadores das sementes ariladas que caem das copas (Carvalho, 2003). ● Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. (6,10%) – encontra-se dispersa por toda Amazônia, habitando terrenos alagados, mal drenados e, algumas vezes, em terra firme. Ocorre inclusive nas encostas da serra do Expedito, preferencialmente associada ao Neossolo Litólico húmico. ● Guarea scabra A. Juss. (3,39%) – os exsudatos resinosos e brotos foliares de espécies do gênero Guarea fazem parte da dieta alimentar de um grupo de primatas (Cebuella pygmaeae - Callitrichidade), tornando-se importantes em planos de manejo florestal (Ribeiro, 1999). 43 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 A zoocoria, ou seja, dispersão de diásporos por animais é predominante entre essas espécies. Dessas espécies, S. exorrhiza e C. canjerana mostraram densidade superiores às demais espécies de maior VI, sendo 11,70 e 7,02%, com 20 e 12 indivíduos, respectivamente. Por outro lado, B. excelsa, com apenas dois indivíduos, apresentou menor densidade entre as espécies do grupo, mas se manteve em primeiro lugar em VI em função dos valores de área basal (2,01 m2/ha) e 20,44% de dominância relativa, comum em indivíduos fisiologicamente maduros dessa espécie. Nessa floresta, 80% das espécies mostraram distribuição espacial do tipo uniforme, 13% tendendo à agregação e 7% ao padrão agregado (Figura 1.2.2.1-7). A análise das guildas de dispersão de diásporos para essa comunidade mostrou prevalência da zoocoria (92%), seguidas pela anemocoria, autocoria e indeterminadas com 1, 3 e 4%, respectivamente (Figura 1.2.2.1-8). Figura 1.2.2.1-7. Distribuição espacial das espécies arbóreas e palmeiras na FOAEncosta, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 44 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.2.2.1-8. Porcentagem das guildas de dispersão por espécie na FOAEncosta, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. O índice de diversidade de Shannon-Wiener e o coeficiente de mistura de Jentsch calculado para a FOAEncosta foi de 3,81 e 1:2,51, respectivamente. A análise da estrutura vertical das espécies arbóreas dessa comunidade mostra que aproximadamente 64,91% dos indivíduos pertencem ao estrato inferior, 29,83% ao estrato médio e 5,26% ao superior (Figura 1.2.2.1-9). Esse dado torna evidente o predomínio de indivíduos portentosos sobre os estratos adjacentes. Quanto à distribuição diamétrica, a comunidade expressa o padrão tendendo ao exponencial negativo ou “J” invertido, que é esperado para florestas tropicais, com a maioria dos indivíduos entre as classes de 9,54 a 30 cm de diâmetro (Fig. 1.2.2.1-10). Sob o dossel do trecho amostrado é possível encontrar arbustos, arvoretas umbrófilas e indivíduos jovens de árvores dos estratos, inferior, médio e superior, como dos gêneros: Abuta sp. Aubl. Adiantum sp. L., Alchornea sp. Sw., Aspidosperma sp Mart. & Zucc., Bactris Jacq. ex Scop., Brosimum sp. Sw., Cabralea sp., Calycophyllum sp. DC., Croton sp. L., Cupania sp., Cuspidaria sp. DC., Dipteryx sp. Schreb., Doliocarpus sp., Standl., Ecclinusa sp. Mart., Euterpe sp. Mart., Guapira sp. Aubl. , Guatteria sp., Guarea sp. F. Allam. ex L., Hirtella sp., Inga sp. Scop., Iriartea sp. Ruiz & Pav., Licania sp. Aubl., Luetzelburgia sp. Harms, Mabea sp. Aubl., Machaerium sp. Pers., Matayba sp. Aubl., Mimosa sp. L., Mouriri sp. Aubl., Miconia sp. Ruiz & Pav. 45 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Ocotea sp. Aubl., Oenocarpus sp., Ouratea sp. Aubl. , Paullinia sp. L., Physocalymma sp. Pohl , Pourouma sp Aubl., Psychotria sp. L., Pterocarpus sp. L., Qualea sp. Aubl., Rheedia sp. L., Siparuna sp. Aubl, Tabernaemontana sp. L., Tapirira sp., Theobroma sp. L., Tovomita sp. Aubl., Trichilia sp. P. Browne, Unonopsis sp. R.E. Fr., Virola sp. Aubl., Xilopia sp. Juss. Também estão presentes nessa área, no conjunto sub-bosque e regeneração natural as espécies: Attalea maripa (Aubl.), Doliocarpus dentatus (Aubl.), Cordia nodosa Lam., Abarema jupunba (Willd.) Britton & Killip, Apeiba echinata Gaertn., Bauhinia glabra Jacq., Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr., Bombacopsis glabra (Pasq.) Robyns, Cecropia sciadophylla Mart. , Cheiloclinium cognatum (Miers) A.C. Sm., Cupania castaneifolia Mart., Hirtella ciliata Mart. & Zucc., Metrodorea nigra A. St.-Hil., Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp., Pourouma cecropiifolia Mart., Pseudolmedia laevigata Trécul, Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl., Tapirira guianensis Aubl., Tapirira marchandii Engl., Virola oleifera (Schott) A.C. Sm. Xylopia benthamii R.E. Fr. e Xylopia emarginata Mart.. Figura 1.2.2.1-9. Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos e palmeiras na FOAEncosta, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 46 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.2.2.1-10. Distribuição dos indivíduos arbóreos e palmeiras em classes de altura na FOAEncosta, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Também estão presentes nessa área, no conjunto sub-bosque e regeneração natural as espécies: Attalea maripa (Aubl.), Doliocarpus dentatus (Aubl.), Cordia nodosa Lam., Abarema jupunba (Willd.) Britton & Killip, Apeiba echinata Gaertn., Bauhinia glabra Jacq., Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr., Bombacopsis glabra (Pasq.) Robyns, Cecropia sciadophylla Mart., Cheiloclinium cognatum (Miers) A.C. Sm., Cupania castaneifolia Mart., Hirtella ciliata Mart. & Zucc., Metrodorea nigra A. St.-Hil., Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp., Pourouma cecropiifolia Mart., Pseudolmedia laevigata Trécul, Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl., Tapirira guianensis Aubl., Tapirira marchandii Engl., Virola oleifera (Schott) A.C. Sm., Xylopia benthamii R.E. Fr. e Xylopia emarginata Mart.. A ocorrência de lianas com circunferências de troncos consideráveis têm importância na dinâmica florestal por constituírem fonte de alimento para a fauna e, fisicamente, ligarem árvores em conjunto, proporcionando assim, resistência física a ventos, acessos para animais (Schnitzer e Bongers, 2002), bem como, a dominância de Pteridophytas, epífitas, hemi-epífitas e espécies da família Heliconiaceae. A presença deste grupo dá indícios bastantes fortes de uma comunidade climácica em bom estado de conservação. 47 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 No terceiro ambiente levantado, a FOAPalmeiral, foram amostrados 113 indivíduos distribuídos em 54 espécies, 47 gêneros e 25 famílias, com uma família e uma espécie exclusiva. A estimativa de densidade foi de 376,667 árvores/ha e a área basal de 6,933 m2/ha (Tabela 1.2.2.1-4). As famílias Fabaceae (16,36%), Meliaceae (10,91%) e Arecaceae, Cecropiaceae e Sapotaceae (7,27%, cada), asseguraram o maior número de espécies e detiveram 49,09% do total de indivíduos amostrados (Figura 1.2.2.1-11). Com referência a distribuição espacial das espécies, verificou-se que 78% expressam padrão uniforme, 20% tendência à agregação e 2% padrão agregado (Figura 1.2.2.1-12). 48 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Tabela 1.2.2.1-4. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas e palmeiras da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeira, FOAPalmeiral, dispostas em ordem decrescente de valor de importância, acompanhadas da síndrome de dispersão de diásporos e do padrão de distribuição espacial, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Legenda: SD = síndrome de dispersão de diásporos; DE = Distribuição espacial (U = uniforme, T = Tendência ao agrupamento, A = agrupado); N = Número de indivíduos; AB = Área Basal m²/ha; FA = Freqüência Absoluta; DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VC = Índice de Valor de Cobertura; VI = Índice de Valor de Importância; VOL = Volume de madeira por espécie (m3/ha). Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Manilkara huberi (Ducke) Standl. Zoo TA 5 2.123 4,42 66,67 2,9 22,83 27,25 30,15 285,11 Euterpe sp. Mart. Zoo U 14 0,171 12,39 100 4,35 1,84 14,23 18,58 12,88 Attalea maripa (Aubl.) Mart. Zoo U 10 0,495 8,85 100 4,35 5,33 14,18 18,53 25,55 Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. Zoo TA 6 0,462 5,31 66,67 2,9 4,97 10,28 13,18 53,48 Iryanthera juruensis Warb. Zoo U 4 0,293 3,54 100 4,35 3,15 6,69 11,04 32,87 Cecropia sciadophylla Mart. Zoo A 7 0,133 6,19 66,67 2,9 1,43 7,63 10,53 7,21 I U 1 0,624 0,88 33,33 1,45 6,71 7,6 9,04 83,19 Iriartea sp. Ruiz & Pav. Zoo TA 5 0,149 4,42 66,67 2,9 1,6 6,02 8,92 12,46 Cabralea cangerana Saldanha Zoo U 3 0,311 2,65 66,67 2,9 3,34 5,99 8,89 38,89 Brosimum sp. Sw. Zoo TA 2 0,482 1,77 33,33 1,45 5,18 6,95 8,4 67,47 Aspidosperma nitidum Benth. ex Müll. Arg. Ane TA 2 0,471 1,77 33,33 1,45 5,06 6,83 8,28 54,14 Luetzelburgia sp. Harms Zoo U 1 0,538 0,88 33,33 1,45 5,79 6,67 8,12 71,72 Trichilia pallida Sw. Zoo TA 4 0,086 3,54 66,67 2,9 0,92 4,46 7,36 5,53 Guatteriopsis sp. R.E. Fr. Zoo U 2 0,166 1,77 66,67 2,9 1,78 3,55 6,45 18,21 Sterculia speciosa K. Schum. Zoo U 2 0,138 1,77 66,67 2,9 1,48 3,25 6,15 16,37 Simarouba amara Aubl. Zoo U 1 0,296 0,88 33,33 1,45 3,19 4,07 5,52 36,55 NI3 49 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Caraipa sp. Aubl. Zoo TA 2 0,21 1,77 33,33 1,45 2,25 4,03 5,47 25,96 Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Zoo U 1 0,275 0,88 33,33 1,45 2,96 3,85 5,3 32,12 Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp. Zoo U 1 0,258 0,88 33,33 1,45 2,77 3,66 5,11 31,80 Pourouma minor Benoist Zoo TA 2 0,151 1,77 33,33 1,45 1,63 3,4 4,85 14,39 Guarea scabra A. Juss. Ane TA 2 0,093 1,77 33,33 1,45 1 2,77 4,22 7,10 Matayba elaeagnoides Radlk. Zoo TA 2 0,065 1,77 33,33 1,45 0,7 2,47 3,92 4,62 Eschweilera grandiflora (Aubl.) Sandwith Zoo U 1 0,146 0,88 33,33 1,45 1,57 2,46 3,91 17,04 Guarea sp. F. Allam. ex L. Zoo TA 2 0,041 1,77 33,33 1,45 0,44 2,21 3,66 1,12 Goupia glabra Aubl. Zoo U 1 0,102 0,88 33,33 1,45 1,1 1,99 3,44 4,44 Pseudolmedia laevigata Trécul Zoo U 1 0,1 0,88 33,33 1,45 1,07 1,96 3,41 13,64 Tachigali venusta Dwyer Ane U 1 0,1 0,88 33,33 1,45 1,07 1,96 3,41 10,98 Quiina pteridophylla (Radlk.) Pires Zoo U 1 0,1 0,88 33,33 1,45 1,07 1,96 3,4 13,93 Hevea brasiliensis (Kunth) Müll. Arg. Zoo U 1 0,091 0,88 33,33 1,45 0,98 1,86 3,31 13,32 Calycophyllum spruceanum Benth. Zoo U 1 0,065 0,88 33,33 1,45 0,69 1,58 3,03 8,17 Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth. Ane U 1 0,059 0,88 33,33 1,45 0,63 1,52 2,97 6,28 Andira inermis (W. Wright) Kunth ex DC. Zoo U 1 0,055 0,88 33,33 1,45 0,59 1,48 2,92 6,40 Aniba rosaeodora Ducke Zoo U 1 0,051 0,88 33,33 1,45 0,54 1,43 2,88 4,56 Protium sp. Burm. f. Zoo U 1 0,05 0,88 33,33 1,45 0,54 1,43 2,88 4,70 Virola sp. Aubl. Zoo U 1 0,035 0,88 33,33 1,45 0,37 1,26 2,71 2,08 Pourouma myrmecophila Ducke Zoo U 1 0,03 0,88 33,33 1,45 0,32 1,2 2,65 1,78 Pouteria venosa (Mart.) Baehni Zoo U 1 0,03 0,88 33,33 1,45 0,32 1,2 2,65 2,27 50 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez Zoo U 1 0,026 0,88 33,33 1,45 0,27 1,16 2,61 1,19 Zanthoxylum huberi P.G. Waterman Zoo U 1 0,026 0,88 33,33 1,45 0,28 1,17 2,61 1,91 Dimorphandra macrostachya Ducke Zoo U 1 0,022 0,88 33,33 1,45 0,24 1,13 2,58 0,82 Theobroma sylvestre Aubl. ex Mart. in Buchner Zoo U 1 0,021 0,88 33,33 1,45 0,23 1,11 2,56 0,39 Tachigali aurea Tul. Ane U 1 0,019 0,88 33,33 1,45 0,21 1,09 2,54 1,16 Croton sp. L. Aut U 1 0,016 0,88 33,33 1,45 0,17 1,06 2,51 0,75 Guarea silvatica C. DC. Ane U 1 0,015 0,88 33,33 1,45 0,16 1,04 2,49 0,87 Trichilia claussenii C. DC. Zoo U 1 0,014 0,88 33,33 1,45 0,15 1,03 2,48 0,69 Ouratea sp. Aubl. Zoo U 1 0,012 0,88 33,33 1,45 0,13 1,02 2,47 0,57 Heisteria densifrons Engl. Zoo U 1 0,011 0,88 33,33 1,45 0,12 1,01 2,46 0,60 Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. Zoo U 1 0,012 0,88 33,33 1,45 0,13 1,01 2,46 0,43 Inga sessilis (Vell.) Mart. Zoo U 1 0,011 0,88 33,33 1,45 0,12 1 2,45 0,47 Talisia sp. Aubl. Zoo U 1 0,01 0,88 33,33 1,45 0,11 1 2,45 0,76 Zanthoxylum rhoifolium Lam. Aut U 1 0,01 0,88 33,33 1,45 0,11 1 2,45 0,45 Ecclinusa guianensis Eyma Zoo U 1 0,009 0,88 33,33 1,45 0,09 0,98 2,43 0,39 Bombacopsis glabra (Pasq.) Robyns Aut U 1 0,008 0,88 33,33 1,45 0,08 0,97 2,42 0,38 Pourouma villosa Trécul Zoo U 1 0,008 0,88 33,33 1,45 0,08 0,97 2,42 0,47 Licania sp. Aubl. Zoo U 1 0,007 0,88 33,33 1,45 0,08 0,97 2,41 0,35 113 9,298 100 2300 100 100 200 300 1060,98 Total 55 51 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.2.2.1-11. Porcentagem de espécies por família botânica encontrada em área de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras – FOAPalmeiral, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Figura 1.2.2.1-12. Distribuição espacial dos indivíduos arbóreos e palmeiras na FOAPalmeiral, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Em análise às guildas de dispersão de diásporos das espécies diagnosticadas nessa área, observou-se que: 82% manifestam síndrome de dispersão do tipo zoocórica; 11% anemocórica, 5% perfazem o grupo das autocóricas e 2% ficaram como indeterminadas (Figura 1.2.2.1-13). O índice de diversidade de Shannon-Wiener e o coeficiente de mistura de Jentsch para FOAPalmeiral foi de 3,6 e 1:2,05, respectivamente. 52 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.2.2.1-13. Porcentagem das guildas de dispersão por espécie na FOAPalmeiral, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Quanto às espécies de maior VI na área estudada, distinguem-se: Manilkara huberi (Ducke) Standl. (10,05%), Euterpe sp. Mart. (6,19%), Attalea maripa (Aubl.) Mart. (6,17%), Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. (4,39%) e Iryanthera juruensis Warb. (3,68%), como as espécies que denotam os maiores valores para essa variável (Tabela 1.2.2.1-4). Todas as espécies desse grupo são dispersas por zoocoria, ou seja, contam com ajuda de animais para disseminar seus diásporos. Manilkara huberi, além de sustentar diversidade de nichos em florestas tropicais, mesmo após sua queda, se encontra entre o grupo das espécies madeireiras consideradas altamente duráveis, como descrito por Jesus et al. (1998). As palmeiras, muito frequentes nessa área, destacam-se do ponto de vista natural, econômico e ecológico. Estão rotineiramente na alimentação de humanos na forma de frutos e palmito e até de produtos elaborados, como doces, bebidas e óleos, além, de servirem na confecção de artesanatos. Várias espécies da fauna silvestre alimentam-se de suas folhas, polpa dos frutos (canídeos) e sementes, caso dos roedores de pequeno e médio porte, psitacídeos, entre outros (Lima et al. 2003). Desse grupo de espécies, Euterpe sp. e A. maripa exprimem os maiores valores de densidade, 12,39% e 8,85%, respectivamente. Porém, M. huberi detém a maior dominância, (22,83%) e área basal (2,123 m2/ha) que as demais, destacando-se, portanto, como a primeira espécie mais importante ecologicamente para esse ambiente. 53 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 A estimativa da estrutura vertical mostrou que 27,44% dos indivíduos fazem parte do estrato inferior floresta, 41,59%, do estrato médio, 30,97%, do superior, e parecem indicar pouca variação entre as alturas dos estratos (Figura 1.2.2.1-14). Figura 1.2.2.1-14. Distribuição dos indivíduos arbóreos e palmeiras em classes de altura na FOAPalmeiral, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. De acordo com as classes de diâmetro verificadas para essa floresta, o padrão segue o exponencial negativo ou “J” invertido, com maior concentração de indivíduos entre os 15 e 30 cm de diâmetro (Figura 1.2.2.1-15). Figura 1.2.2.1-15. Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos e palmeiras na FOAPalmeiral, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 54 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 A relação de espécies que se segue informa sobre a composição do sub-bosque e da regeneração natural da área em questão e indica que: Attalea maripa (Aubl.) Mart., Apeiba echinata Gaertn., Xylopia benthamii R.E. Fr., Xylopia emarginata Mart., Tapirira guianensis Aubl., Simarouba amara Aubl., Cecropia sciadophylla Mart., Hymenaea courbaril L., Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp., são representantes de muitas das espécies do sub-dossel e dossel emergente. No entanto, se desenvolvem ainda sobre aquela área, além de exemplares da família Selaginellaceae, os gêneros: Adiantum L., Bactris Jacq. ex Scop., Bauhinia L. , Bocageopsis R.E. Fr., Cabralea Saldanha, Clidemia D. Don, Cordia L., Cuspidaria DC., Doliocarpus, Euterpe Mart., Geonoma Willd., Guarea F. Allam. ex L., Hyeronima Allemão, Inga Scop., Iriartea Ruiz & Pav., Justicia L., Licania Aubl., Machaerium Pers., Manilkara Adans., Memora Miers, Ocotea Aubl., Ormosia Jacks., Ouratea Aubl., Piper L., Pourouma Aubl., Protium Burm., Sterculia L., Siparuna Aubl., Tapirira Aubl. e Virola. Aubl. No remanescente florestal denominado FOAPraia grande foram inventariados 119 indivíduos, dos quais, encontram-se distribuídos 57 espécies, 45 gêneros e 25 famílias. Não foi encontrado exclusividade de família ou espécie para essa comunidade. A densidade estimada correspondeu a 396,667 árvores/ha, com área basal total de 7,351 m2/ha (Tabela 1.2.2.1-5). O maior número de espécies ficou restrito às famílias: Fabaceae (15,79%), Arecaceae e Moraceae (8,77%), Annonaceae e Rubiaceae (7,02%), que conjuntamente detiveram (47,37%) do total de indivíduos amostrados (Figura 1.2.2.1-16). 55 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Tabela 1.2.2.1-5. Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas e palmeiras da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras FOAPraia Grande, dispostas em ordem decrescente de valor de importância, acompanhadas da síndrome de dispersão de diásporos e do padrão de distribuição espacial, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Legenda: SD = síndrome de dispersão de diásporos; DE = Distribuição espacial (U = uniforme, T = Tendência ao agrupamento, A = agrupado); N = Número de indivíduos; AB = Área Basal m²/ha; FA = Freqüência Absoluta; DR = Densidade Relativa (%); DoR = Dominância Relativa (%); VC = Índice de Valor de Cobertura; VI = Índice de Valor de Importância; VOL = Volume de madeira por espécie (m3/ha). Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Goupia glabra Aubl. Zoo U 8 1,23 6,72 100 4 16,72 23,44 27,44 173,86 Aspidosperma nitidum Benth. ex Müll. Arg. Ane U 2 0,82 1,68 66,67 2,67 11,15 12,83 15,5 111,60 Tachigali venusta Dwyer Ane TA 4 0,70 3,36 66,67 2,67 9,46 12,82 15,49 97,92 Attalea sp1 Kunth Zoo A 9 0,31 7,56 66,67 2,67 4,24 11,81 14,47 17,42 Bertholletia excelsa Bonpl. Zoo U 1 0,73 0,84 33,33 1,33 9,87 10,71 12,05 108,87 Chrysophyllum perrieri Lecomte Zoo A 7 0,18 5,88 66,67 2,67 2,38 8,26 10,93 12,59 Bombacopsis macrocalyx (Ducke) A. Robyns Aut U 4 0,21 3,36 100 4 2,85 6,21 10,21 24,51 Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez Zoo U 3 0,30 2,52 66,67 2,67 4,03 6,56 9,22 36,73 Virola theiodra Warb. Zoo A 4 0,30 3,36 33,33 1,33 4,14 7,5 8,84 42,17 Guarea kunthiana A. Juss. Ane TA 5 0,11 4,2 66,67 2,67 1,54 5,74 8,41 7,18 Guarea silvatica C. DC. Ane TA 5 0,11 4,2 66,67 2,67 1,53 5,73 8,4 7,96 Pseudolmedia laevigata Trécul Zoo TA 4 0,12 3,36 66,67 2,67 1,57 4,93 7,6 8,40 Brosimum rubescens Taub. Zoo A 4 0,20 3,36 33,33 1,33 2,65 6,01 7,34 16,77 Licania sp. Aubl. Zoo U 3 0,06 2,52 100 4 0,77 3,29 7,29 3,42 Brosimum guianense (Aubl.) Huber Zoo U 2 0,19 1,68 66,67 2,67 2,61 4,29 6,96 20,15 Attalea dahlgreniana (Bondar) Wess. Boer Zoo A 3 0,17 2,52 33,33 1,33 2,31 4,83 6,16 17,41 56 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Euterpe sp. Mart. Zoo U 3 0,03 2,52 66,67 2,67 0,38 2,9 5,57 0,77 Stryphnodendron pulcherrimum (Willd.) Hochr. Zoo U 2 0,03 1,68 66,67 2,67 0,36 2,05 4,71 1,11 Quiina pteridophylla (Radlk.) Pires Zoo U 2 0,02 1,68 66,67 2,67 0,27 1,95 4,61 0,51 Maquira guianensis Aubl. Zoo U 1 0,16 0,84 33,33 1,33 2,14 2,98 4,31 20,94 Calycophyllum sp. DC. Zoo TA 2 0,09 1,68 33,33 1,33 1,28 2,96 4,29 11,07 Attalea maripa (Aubl.) Mart. Zoo TA 2 0,06 1,68 33,33 1,33 0,81 2,49 3,82 4,50 Inga vera Kunth Zoo TA 2 0,05 1,68 33,33 1,33 0,71 2,39 3,72 3,59 Bocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr. Zoo TA 2 0,04 1,68 33,33 1,33 0,58 2,26 3,6 3,71 Minquartia guianensis Aubl. Zoo U 1 0,10 0,84 33,33 1,33 1,38 2,22 3,55 10,80 Oenocarpus bacaba Mart. Zoo U 1 0,10 0,84 33,33 1,33 1,35 2,19 3,53 10,59 Inga graciliflora Benth. Zoo U 1 0,09 0,84 33,33 1,33 1,27 2,11 3,45 11,53 Guatteriopsis sp1 R.E. Fr. Zoo U 1 0,09 0,84 33,33 1,33 1,25 2,09 3,43 11,65 Virola calophylla (Spruce) Warb. Zoo TA 2 0,03 1,68 33,33 1,33 0,42 2,1 3,43 1,57 Protium sp. Burm. f. Zoo U 1 0,08 0,84 33,33 1,33 1,09 1,93 3,26 4,27 Vismia cayennensis (Jacq.) Pers. Zoo TA 2 0,02 1,68 33,33 1,33 0,23 1,91 3,24 0,73 Calycophyllum spruceanum Benth. Zoo U 1 0,07 0,84 33,33 1,33 0,92 1,76 3,09 5,16 Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk. Zoo U 1 0,06 0,84 33,33 1,33 0,75 1,6 2,93 3,33 Aniba canelilla (Kunth) Mez Zoo U 1 0,05 0,84 33,33 1,33 0,64 1,48 2,81 6,24 Pourouma minor Benoist Zoo U 1 0,05 0,84 33,33 1,33 0,63 1,47 2,81 6,21 Matayba elaeagnoides Radlk. Zoo U 1 0,04 0,84 33,33 1,33 0,52 1,36 2,69 3,30 Metrodorea sp. A. St.-Hil. Zoo U 1 0,04 0,84 33,33 1,33 0,5 1,34 2,67 2,09 57 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nome Científico SD DE N AB DR FA FR DoR VC VI VOL Copaifera multijuga Hayne Zoo U 1 0,03 0,84 33,33 1,33 0,46 1,3 2,63 4,48 Chrysobalanacea (cf. Hirtella sp. L.) Zoo U 1 0,03 0,84 33,33 1,33 0,42 1,26 2,59 2,46 Guatteriopsis sp. R.E. Fr. Zoo U 1 0,03 0,84 33,33 1,33 0,39 1,23 2,56 1,70 Genipa sp. L. Zoo U 1 0,03 0,84 33,33 1,33 0,33 1,18 2,51 1,89 Guatteria nigrescens Mart. Zoo U 1 0,02 0,84 33,33 1,33 0,3 1,14 2,47 1,46 Cecropia sciadophylla Mart. Zoo U 1 0,02 0,84 33,33 1,33 0,28 1,12 2,45 0,81 Anacardium giganteum W. Hancock ex Engl. Zoo U 1 0,02 0,84 33,33 1,33 0,24 1,09 2,42 1,38 Tachigali aurea Tul. Ane U 1 0,02 0,84 33,33 1,33 0,23 1,07 2,41 0,75 Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Zoo U 1 0,02 0,84 33,33 1,33 0,22 1,06 2,4 2,25 Trichilia pallida Sw. Zoo U 1 0,02 0,84 33,33 1,33 0,23 1,07 2,4 0,59 Aniba sp. Aubl. Zoo U 1 0,02 0,84 33,33 1,33 0,21 1,06 2,39 0,68 Duroia duckei Huber Ane U 1 0,02 0,84 33,33 1,33 0,2 1,05 2,38 0,83 Andira inermis (W. Wright) Kunth ex DC. Zoo U 1 0,01 0,84 33,33 1,33 0,18 1,02 2,35 0,48 Hirtella sp. L. Zoo U 1 0,01 0,84 33,33 1,33 0,18 1,02 2,35 0,53 Mouriri nervosa Pilg. Zoo U 1 0,01 0,84 33,33 1,33 0,18 1,02 2,35 0,70 Croton sp. L. Aut U 1 0,01 0,84 33,33 1,33 0,16 1,01 2,34 1,29 Cupania castaneifolia Mart. Zoo U 1 0,01 0,84 33,33 1,33 0,14 0,99 2,32 0,53 Inga sp. Scop. Zoo U 1 0,01 0,84 33,33 1,33 0,12 0,96 2,3 0,30 Ouratea sp. Aubl. Zoo U 1 0,01 0,84 33,33 1,33 0,13 0,97 2,3 0,35 Ecclinusa guianensis Eyma Zoo U 1 0,01 0,84 33,33 1,33 0,1 0,94 2,27 0,22 119 7,355 100 2499,9 100 100 200 300 854,32 Total 57 58 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.2.2.1-16. Porcentagem de espécies por família botânica encontrada em área de Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras – FOAPraia grande, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Em análise à distribuição espacial das espécies, constatou-se que 73% dessas apresentam padrão uniforme, 10% tendência à agregação e 8% padrão agregado (Figura 1.2.2.1-17). A checagem das guildas de dispersão de diásporos possibilitou o seguinte resultado: 85% das espécies relatadas apresentam dispersão zoocórica, 11% pertencem ao grupo das anemocóricas e 4% pertencem das autocóricas (Figura 1.2.2.1-18). Figura 1.2.2.1-17 - Distribuição espacial dos indivíduos arbóreos e palmeiras na FOAPraia grande, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 59 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.2.2.1-18. Porcentagem das guildas de dispersão por espécie na FOAPraia grande, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. O índice de diversidade de Shannon-Wiener e o coeficiente de mistura de Jentsch para FOAPraia grande foi de 3,76 e 1:2,09, respectivamente. Cerca de cinco espécies garantiram os maiores valores de importância para esse ambiente de acordo com a tabela 5 e correspondem a: ● Goupia glabra Aubl. (9,15%) – espécie indicada para arborização, reflorestamentos homogêneos e heterogêneos, por apresentar rápido crescimento e tolerância à luz direta. Apresenta moderada resistência a fungos, aos cupins e ao apodrecimento, sendo utilizada para diversas finalidades. Demonstra excelente regeneração natural em clareiras e em áreas desmatadas ou levemente queimadas. Os frutos e as sementes são dispersos por diversos pássaros e por algumas espécies de macacos (Schwengber e Smiderle, 2008). ● Aspidosperma nitidum Benth. ex Müll. Arg. (5,17%) – São árvores de dossel, pertencentes à família Apocynaceae, dotada de importância econômica e medicinal. Inúmeras espécies desse gênero são usadas na Amazônia por suas diferentes propriedades medicinais e pela qualidade de suas madeiras. (Ribeiro et al. 1999). ● Tachigali venusta Dwyer (5,16%), Attalea sp.1 Kunth (4,82%) e Bertholletia excelsa Bonpl. (4,02%) já foram citadas nos levantamentos supracitados. Dessa relação 60 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 de espécies, três delas são dispersas por animais, ou seja, são zoocóricas e duas dispersas com o auxílio do vento, pois são anemocóricas. As espécies G. glabra e Attalea sp.1 reuniram o maior número de indivíduos e, por consequência, apresentaram maior densidade que as demais espécies desse grupo, com 6,72% e 7,56%, respectivamente. A primeira espécie junto com A. nitidum mostrou dominância superior às demais espécies, na ordem de 16,72 e 11,15%. Para a estrutura vertical no ambiente em questão, a posição sociológica dos indivíduos ficou assim caracterizada: 31,09% pertencem ao estrato inferior, 46,02%, ao estrato médio e 22,69 ao superior, conforme mostra a Figura 1.2.2.1-19. A leitura desses resultados favorece a constatação de que na FOAPraia grande, o padrão de distribuição dos indivíduos em alturas é semelhante ao encontrado na FOAPalmeiral, em que a maior parte das espécies concentra seus indivíduos no estrato médio e inferior da floresta. Figura 1.2.2.1-19. Distribuição dos indivíduos arbóreos e palmeiras em classes de altura na FOAPraia grande., na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. A estrutura diamétrica indica tendência ao exponencial negativo ou “J” invertido. A Figura 1.2.2.1-20 torna evidente essa percepção, em que se observa um 61 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 aglutinamento maior dos indivíduos dessa comunidade, entre as classes de 9,54 a 30 cm de diâmetro. O estrato do sub-bosque e da regeneração natural desse ambiente é composto floristicamente por Selaginellaceae e Heliconiaceae, que vicejam ora em maior, ora em menor proporção pela área amostrada. Juntamente com espécies umbrófilas, caracterizam ambientes menos alterados e de maior diversidade biológica. Figura 1.2.2.1-20. Distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos e palmeiras na FOAPraia grandel, na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. O sub-bosque exibe ainda as espécies: Aspidosperma nitidum Benth. ex Müll. Arg., Attalea maripa (Aubl.) Mart., Bauhinia glabra Jacq., Cecropia sciadophylla Mart., Cordia nodosa Lam., Hirtella ciliata Mart. & Zucc., Miconia grandiflora Cogn., Ocotea guianensis Aubl., Passiflora coccinea Aubl. Xylopia benthamii R.E. Fr. e Xylopia emarginata Mart., das quais, algumas são indivíduos juvenis do estrato superior. Os seguintes gêneros também fazem parte dessa composição: Abuta Aubl., Adiantum L., Alibertia. A. Rich. ex DC., Attalea Kunth, Bactris Jacq. ex Scop., Brosimum Sw., Cordia L., Cuspidaria DC., Doliocarpus, Ecclinusa Mart., Euterpe Mart., Guarea F. Allam. ex L., Guatteria, Hirtella, Inga Scop., Iriartea Ruiz & Pav., Isertia Schreb., Licania Aubl., Manilkara Adans., Mimosa L., Mouriri Aubl., Nectandra Rol. ex Rottb., Ocotea Aubl., Oenocarpus, Piper L., Pourouma Aubl., 62 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Protium Burm. f., Pseudolmedia, Quiina Aubl., Scleria P.J. Bergius, Siparuna Aubl., Tachigali Aubl., Tococa Aubl., Trichilia, Unonopsis R.E. Fr., Virola Aubl. e Xylopia, dessas, alguns são indivíduos juvenis do estrato médio e superior. 1.2.3. Discussão e Considerações Comparando as quatro áreas quanto às observações em campo, bem como, com os dados relativos ao número de espécies, área basal, diversidade de Shannon, coeficiente de mistura de Jentsch, padrão de distribuição das espécies (tendendo ao agregado) e da estratificação (estrutura vertical e distribuição diamétrica), podemos asseverar com maior precisão que a FOAjustacontal encontra-se ainda sob efeito de perturbação antrópica. Esses dados, aliados a outros fatores, tais como solo e topografia, estariam favorecendo condições para dominância de algumas espécies, sugerindo inclusive, características que permitem a monodominância de Tachigali rugosa (Fabaceae/Leguminosae), que foi ultrapassada em freqüência apenas por M. duckeana, conforme Tabela 1.2.2.1-2. Por outro lado, a elevada dominância de Tachigali rugosa na FOAjustacontal devese muito provavelmente ao seu largo estabelecimento em florestas tropicais, inclusive as secundárias, como já verificado por Barberi et al. (1998) e Nascimento et al. (1999). A presença excessivamente dominante desse gênero contribui para o enriquecimento do solo nessa área de floresta secundária, visto sua preponderância na restauração da fertilidade do solo a partir da ciclagem da serapilheira, apesar dos efeitos do elevado teor em sílica na cobertura pedogeneizada. Certamente, a presença de nodulação advinda da associação entre leguminosas e bactérias diazotróicas, ao nível da rizosfera, facilita a mineralização da matéria orgânica nesse ambiente. Conforme demonstrado nas descrições a cerca do registro florístico, para todos os casos analisados, um número pequeno de famílias reúne a maior parte das espécies amostradas. Esse dado ratifica o fato de que poucas famílias botânicas representam um grande número de espécies em Floresta Ombrófila Aberta, como já fora verificado em 63 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 outros trabalhos na região amazônica. O número de famílias também foi idêntico para as quatro áreas do levantamento. Esse dado reitera observações de Gentry (1986), o qual menciona que, embora cada local possua um conjunto de espécies diferentes, a composição dessas florestas em nível de família é similar. Portanto, o ocorrido nesse estudo deve ser entendido como normal. Quanto à raridade de espécies, constatou-se que das 145 espécies registradas nas quatro áreas de Floresta Ombrófila com Palmeira, 43 delas foram amostradas com apenas um indivíduo e, nesse estudo, foram consideradas como raras. Porém, há que se ter cautela na consideração desses resultados, a fim de se evitar interpretações errôneas sobre o assunto, conforme alertam pesquisadores. A baixa densidade populacional de determinada espécie em inventários não deve ser entendida necessariamente como raridade (Durigan et al. 2000). Há que se considerar fatores metodológicos e ambientais, além do padrão de distribuição e estágios sucessionais das espécies. Os autores mencionam que esse conceito tem implicações diretas na definição das estratégias de conservação, manejo e recuperação da variabilidade genética dessas populações. Nas associações de Bianchini et al. (2003), as espécies com apenas um indivíduo, provavelmente, encontraram baixo número de microsítios favoráveis à sua regeneração. As espécies únicas, isto é, espécies espacialmente raras ou espécies numericamente raras nesse estudo, foram as que mais contribuíram para o percentual do padrão uniforme. Entre as principais causas que possivelmente favoreceram o padrão de distribuição uniforme estão a homogeneidade ambiental dentro de cada área, predação de sementes, plântulas e mudas, mortalidade da regeneração natural (devido às condições edafoclimáticas pontuais), aos mecanismos de dispersão e as interferências antrópicas na vegetação em tempos pretéritos. A porcentagem de espécies com dispersão do tipo zoocórica confirma a participação e a importância dos animais nos ambientes estudados e nos processos de recolonização de áreas alteradas, a exemplo da FOAJustacontal, que possivelmente conta com esse mecanismo em seu restabelecimento após distúrbios. 64 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 As comunidades estudadas apresentaram indivíduos com distribuição diamétrica no padrão exponencial negativo (“J” invertido), o que sinaliza mortalidade, mas também a capacidade de recrutamento de indivíduos com diâmetro à altura do peito ≥ 9,54cm para as florestas consideradas. Esse padrão indica certa tendência à estabilidade para as FOAEncosta, FOAPraia grande e FOAPalmeiral e progressão à estabilidade para a FOAJustacontal. Permite também concluir que esses ambientes se regeneram dentro do modelo observado para florestas tropicais. Na prática significa que as intervenções antrópicas e os distúrbios por elas resultantes ainda operam dentro da faixa que delimita a capacidade de resiliência dos sistemas da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras. As informações arroladas nessa escritura indicam a existência de certa homogeneidade florística nas sinúsias18 que compõem o bosque, o sub-bosque e a regeneração natural da Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras das áreas de influência direta e indireta do empreendimento. Entretanto, com um diferencial para a FOAjustacontal, para a qual não foi observado semelhante padrão no que tange a maioria das variáveis analisadas nesse estudo. Nas áreas levantadas, os resultados evidenciam razoável representação de indivíduos adultos na regeneração natural e, sobretudo, a confirmação de que a FOAEncosta, FOAPraia-grande e FOAPalmeiral, apesar de sofrerem interferências antrópicas, denotam comunidades bem conservadas/estruturadas sob o aspecto florístico e fitossociológico, com destaque para FOAEncosta. 1.3. Epífitas Existem mais de 15.000 plantas epífitas no Neotrópico, das mais de 30.000 registradas para o mundo todo. Milhares de espécies ainda permanecem sem identificação (Aubreville, 1959). A maior diversidade de espécies é encontrada nas florestas tropicais, que ocupam apenas 7% da extensão da Terra, possuindo mais da metade de todas as espécies registradas (Primack & Rodrigues, 2001), sendo a 18 O termo sinúsia significa genericamente um conjunto de plantas de estrutura semelhante, integradas por uma mesma forma de vida ecologicamente homogênea. Mais especificamente, tem o significado de conjunto de espécies pertencentes ao mesmo tipo de forma de vida e com exigências ecológicas uniformes. 65 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Amazônia, a região de maior biodiversidade do mundo (Aubreville, 1959; Ribeiro, 1999). Epífitas vasculares são elementos conspícuos e característicos das florestas tropicais (Hietz et. al., 2002). O epifitismo é característica de plantas que crescem tendo como apoio árvores vivas, no entanto, sem utilizar nutrientes de seu hospedeiro (forófito), obtendo-os do ar, da chuva, dos detritos em decomposição depositados nos galhos das árvores (Amaral, 1998; Pimenta, 1998; Petini-Benelli, 2006b). O epifitismo oferece grandes vantagens às plantas que desenvolvem essa forma de vida: elas têm acesso direto à luz solar (Aubreville, 1959), grande número de animais polinizadores presentes no dossel, e melhores condições de dispersão por anemocoria ou zoocoria. As plantas epífitas podem pertencer a 84 famílias, sendo que 80% das epífitas vasculares pertencem à Araceae (Juss.), Bromeliaceae (Juss.), Cactaceae (Juss.) e Orchidaceae (Juss.) (Siqueira Filho, 2002), além de Pterydophyta (J.Y. Bergen & B.M. Davis) e Bryophyta (Schimp.), líquens e musgos. As epífitas acrescentam uma nova dimensão às florestas, pois propiciam recursos alternativos a serem explorados por um grande número de espécies animais. Um dos melhores exemplos de um pequeno ecossistema baseado numa epífita é o reservatório de bromélias da América do Sul, cujas folhas podem armazenar litros de água. A água potável desses reservatórios é para muitos animais do dossel única fonte para dessedentação, mas se configura também, num habitat que muitas espécies utilizam para abrigo e reprodução (Zotz & Thomas, 1999). Muitas larvas de insetos ficam alojadas nesses reservatórios de água e servem de alimento para outros animais. Diante da importância das epífitas para a região onde se insere a área de influência do empreendimento, o presente levantamento, além de cumprir com as exigências do termo de referência da Secretaria de Estado do Meio AmbienteSEMA/MT, também propicia uma análise do estado de conservação ambiental, bem como, para se propor medidas prioritárias a serem implementadas para a conservação das espécies de ocorrência nas áreas de influência do empreendimento. Somente através de levantamento em campo é possível identificar as espécies de epífitas com prioridade 66 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 para conservação. Como também determinar a necessidade e quais planos de resgate deverão ser adotados para sua conservação. 1.3.1. Sistema de Estudo 1.3.1.1. Área de Estudo Este levantamento foi realizado no âmbito das áreas de influência do empreendimento, cujos transectos estão representados na Figura 1.3.1.1-1. Entretanto, foi dada maior ênfase na área de influência direta (AID), onde a cobertura vegetal deverá sofrer distúrbios pela exploração mineral no corpo da Serra do Expedito e pela implantação das infraestruturas para o beneficiamento do minério. Figura 1.3.1.1-1. Demarcação dos transectos (em amarelo), onde foram realizados os levantamentos das epífitas, sendo P1 na área de influência indireta e P2, P3, P4 e P5 na área de influência direta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. 67 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nota-se que a serra do Expedito tem crista alongada em direção geral NW-SE e flancos voltados para norte-nordeste e para sul-sudeste. Os solos suportam uma estrutura vegetacional classificada como Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras. Esse tipo de floresta pode ser observada em toda a área de estudo, com variações na composição florística, formando um verdadeiro mosaico, onde estão presentes linhas de drenagens efêmeras, intermitentes e perenes (Foto 1.3.1.1-1), que resultam em comportamento hídrico diferenciado ao nível das vertentes e da cobertura vegetal. Foto 1.3.1.1-1. Vista parcial de um leito de linha de drenagem perene, próximo ao P5, na base da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). Em certas áreas, o solo encontra-se degradado e a cobertura vegetal em processo de sucessão natural. Essa alteração foi gerada pela antiga atividade garimpeira (Foto 1.3.1.1-2). 68 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.3.1.1-2 - Em primeiro plano, área degradada por antigo garimpo, próximo ao P2, na depressão da Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). 1.3.1.2. Epífitas Família Araceae Juss. Genera Plantarum 23. 1789 A família Araceae tem 104 gêneros e cerca de 3.500 espécies, mais de 2/3 delas ocorrendo nos neotrópicos. Os maiores gêneros são Anthurium e Philodendron, com aproximadamente 700 e 400 espécies, respectivamente (Gonçalves, 2004). Os dois principais centros de distribuição da família são: América e Ásia Tropicais. O número de gêneros endêmicos é dividido quase igualmente entre os dois: 33 na América e 32 na Ásia. Em relação às espécies, a América Tropical é insuperável, com mais de 2.300 descritas, num total de 3.500 espécies. Provavelmente, regiões de floresta pluvial, as quais estão restritas ao nordeste da América do Sul, venham a ser confirmadas como as mais ricas em espécies dessa família (Croat, 2008). Trinta e quatro gêneros de Araceae são referidos para o território brasileiro e desse total, 15 gêneros estão em Mato Grosso: Bognera Mayo & Nicolson, Caladium Vent., Dieffenbachia Schott, Dracontium L., Gearum N.R.Br., Heteropsis Kunth., Lemna L., Monstera Adans., Philodendron Schott, 69 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Pinellia Tem., Pistia L., Rhodospatha Poepp., Schismatoglottis Zoll. & Moritzi., Syngonium Schott, Urospatha Schott e Xanthosoma Schott. Família Bromeliaceae Juss. Genera Plantarum 49-50. 1789. As plantas dessa família apresentam folhas simples, notadamente em rosetas, às vezes formando grandes reservatórios de água e detritos orgânicos. As inflorescências podem ser simples ou paniculadas, geralmente longas, e as flores podem se apresentar estaminadas, actinomorfas, quase zigomorfas ou, ainda, perfeitas (Wanderley & Mollo, 1992). A família Bromeliaceae está composta por cerca de 3.000 espécies com representantes terrestres, rupícolas e epífitas (Pallazzo Jr. & Both, 1993; Siqueira Filho & Félix, 2006). Os gêneros Aechmea Ruiz & Pavón e Tillandsia L. apresentam grande diversidade de espécies, perfeitamente adaptadas à vida epifítica (Pallazzo Jr. & Both, 1993). As bromélias apresentam interações com outras plantas e animais, muitas vezes de forma específica, como algumas relações de mirmecofilia, sendo outras não específicas (Blüthgen et al. 2000). Apresentam expressiva riqueza nos neotrópicos com complexas relações com seus polinizadores (Siqueira Filho & Félix, 2006). É uma família tipicamente americana (Paula & Silva, 2006). Família Cactaceae Juss. Genera Plantarum 310. 1789. A principal característica dessa família é a capacidade de suas plantas em reservar água em seu parênquima aqüífero (Paula & Ribeiro, 2004). Muito conhecida por apresentar espécies ornamentais de pequeno porte, a família Cactaceae também possui representantes arbustivos, arbóreos e epífitos de grande beleza (Pallazzo Jr. & Both, 1993). A maioria dos cactos de regiões tropicais cresce no dossel como epífitas sem espinhos afiados, têm folhas alongadas para absorção de luz, e não retém água. O principal representante dessa família no Cerrado e em áreas de ecótono com o Pantanal e com a Amazônia é o Epiphyllum phyllanthus (L.) Haw, que se desenvolve em grandes árvores, geralmente em mata seca (Proença et. al., 2000). 70 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Família Orchidaceae Juss. Genera Plantarum 64. 1789. As orquídeas são espécies carismáticas, excelentes bio-indicadoras das condições de conservação da vegetação e representam um dos fatores mais atrativos nas Unidades de Conservação de outros estados (Pabst, 1968; Batista et al. 2005; Azevedo & van den Berg, 2007; Cunha & Forzza, 2007), tanto por sua beleza, quanto pelos fatores ecológicos, como as interações inseto-planta envolvidas nos processos de polinização. É uma das famílias botânicas mais diversificadas do mundo, representada por aproximadamente 30 mil espécies (Miranda, 1996; Ribeiro, 1999; Souza & Lorenzi, 2005; Petini-Benelli, 2006a; Petini-Benelli et al. 2007b) e cerca de 1.000 gêneros de ampla distribuição. Souza & Lorenzi (2005) afirmam que a Amazônia possui um expressivo número de espécies de Orchidaceae, deixando subentendido que o que falta, na verdade, são estudos para levantar essas espécies e determinar sua exata distribuição. Segundo Petini-Benelli & Shiraiwa (2006), a flora orquidácea nativa do estado de Mato Grosso relaciona 319 espécies, distribuídas em cerca de 80 gêneros. Apenas 27,9% das espécies estão tombadas no Herbário UFMT, o que demonstra a insipiência do conhecimento das espécies e de sua distribuição, considerando-se que algumas espécies são endêmicas, e.g. Houlletia juruenensis Hoehne (Petini-Benelli & Shiraiwa, 2006). São muito bem adaptadas à vida no dossel e possuem raízes com uma grande superfície para uma rápida absorção de água e nutrientes. Família Piperaceae Giseke. Prae. ord. Nat. Plantarum 123. 1792. Essa família é composta por ervas eretas ou escandentes, subarbustos, arbustos ou pequenas árvores, terrestres ou epífitas. As plantas apresentam folhas estipuladas, alternas, opostas ou verticiladas, sésseis ou pecioladas, inteiras, de consistência e as mais diversas formas, tricomas muito variados, geralmente dotadas de glândulas translúcidas. As flores são aclamídeas, diminutas, monoclinas ou diclinas, protegidas por bractéolas pediceladas ou sésseis. 71 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Bryophyta Schimp. Handb. Palaeont. Paleophyt. 1879. De todas as plantas não traqueófitas (sem vasos condutores), os musgos são as mais familiares, embora existam outros grupos importantes, como os antóceros e as hepáticas. Atualmente, considera-se que o termo briófita é mais corretamente aplicado aos musgos, não incluindo os restantes grupos. Existem mais de 9.500 espécies de musgos, cuja distribuição vai desde as zonas tropicais úmidas a desertos quentes ou frios. A grande maioria dos musgos, hepáticas e antóceros forma densos tapetes de pequenas plantas, raramente maiores que alguns centímetros de altura. Conseguem sobreviver, num estado de animação suspensa durante longos períodos de tempo, "renascendo" em presença de água. Pteridophyta J.Y.Bergen & B.M.Davis. Princ. of Botany 306. 1906. Esta divisão engloba todas as criptógamas vasculares. Estão representadas nos Neotrópicos por cerca de 3.000 espécies. Conhecidas como fetos, samambaias ou avencas, são plantas altamente dependentes da presença de água, vivendo em ambientes com alta umidade e sombreamento. São encontradas desde ambientes desérticos até ambientes aquáticos, podendo ser, também, epífitas. Seu tamanho pode variar bastante, podendo ser pequenas como a aquática Salvinia, até espécies arborescentes, como a samambaiaçu (Dicksonia L.Hér. ou Cyathea J.E. Smith), com mais de 5m de altura (Pereira, 1999). 1.3.2. Metodologia A partir de interpretação visual de imagens de satélites Cbers II, Órbita/Ponto 171_111, passagem em 26/07/2007, foram estabelecidos pontos passíveis de concentrações de epífitas nas áreas de influência direta (seis pontos amostrais) e indireta (seis pontos amostrais) do empreendimento. No dia 04/07/2008, realizou-se uma avaliação in locu para confirmação dos propósitos estabelecidos e possíveis ajustes. Durante essa avaliação, concluiu-se que alguns dos locais pontuados não ofereciam condições para o estabelecimento de epífitas, não sendo observado nenhum exemplar na avaliação rápida do ambiente. Com isso, 72 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 estabeleceu-se a metodologia de transectos, visando amostrar cinco áreas de características mais apropriadas ao objetivo do levantamento. Onde a vegetação se mostrou mais aberta, com sub-bosque limpo, a amostragem foi realizada em transecto mais largo, no qual o levantamento ocorreu com a equipe andando em ziguezague, alternando os lados direito e esquerdo ao longo da linha central do transecto. O levantamento todo foi realizado do dia 05/07 até o dia 08/07/2008, com a realização de cinco grandes transectos de tamanhos irregulares, cobrindo os pontos principais (Quadro 1.3.2-1). As porções mais de noroeste, apesar de inseridas na Área de Influência Direta do empreendimento, não foram amostradas porque, em avaliação visual antecipada, identificou-se que sua composição é de herbáceas e palmeiras e com certa abundância de árvores jovens, ambiente este, que não propicia o desenvolvimento de epífitas. Quadro 1.3.2-1 - Transectos de observação realizados para levantamento de dados bobre epífitas na área de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Transecto Nome P1 – Extremo Norte Floresta Ombrófila Aberta c/ Manejo P2 – Extremo Sul Floresta Ombrófila Aberta/ Babaçual Transição P3 – Crista da Serra Floresta Ombrófila Aberta Serrana c/ perturbação P4 – Sul da RepresaFloresta Ombrófila Aberta P5 – Norte da Represa Floresta Ombrófila Aberta c/ Manejo Coordenadas UTM Inicial/final 226630,00L 226200,00 L 8889050,00N 8889050,00N 226630,00L 226200,00L 8889000,00N 8889000,00N 227440,00L 227575,00L 8885400,00N 8885515,00N 227460,00L 227480,00L 8885370,00N 8885360,00N 225253,32L 8888374,21N 226748,52L 8887220,00N 227328,50L 8885962,00N 227681,05L 8885601,93N 227555,05L 8885649,95N 226583,09L 8887331,00N 225886,22L 8887309,29N 227591,00L 8885683,31N 227287,40L 8885943,03N 227648,53L 8885553,00N 226552,54L 8887328,01N 226533,39L 8887280,43N Material testemunha coletado Petini-Benelli 536 a 556 Petini-Benelli 557 a 566 Petini-Benelli 567 Petini-Benelli 568 a 595 Petini-Benelli 596 a 609 73 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Cada transecto foi percorrido observando-se as árvores e coletando amostras de todas as epífitas encontradas no percurso (Foto 1.3.2-1). As espécies foram registradas por ponto, recebendo um número de coleta. Todas as amostras coletadas foram encaminhadas para a coleção de plantas vivas do Herbário UFMT, sendo alojadas no Orquidário do Jardim de Biodiversidade, onde serão cultivadas para futuras pesquisas. Os procedimentos de identificação foram realizados pela bióloga Adarilda P. Benelli, a partir de análise taxonômica e comparação com o material do acervo herborizado do Herbário UFMT, além de extensa pesquisa à literatura especializada. Destaca-se que a metodologia para o estudo das epífitas é realizada por busca ativa, um tanto irregular, considerando a dificuldade de acesso às espécies em floresta ombrófila, onde as árvores atingem altura média bem acima de 10m. A coleta de amostras permite identificar o material dando mais consistência aos dados, pois só a visualização não dá segurança na determinação, podendo-se, no máximo, situar os gêneros. Além disso, é necessário considerar que muitos gêneros apresentam similaridade vegetativa, o que dificulta ainda mais essa determinação. Foto 1.3.2-1. Busca e registro de epífitas nos transectos realizados. Área de influência direta do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). 74 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 1.3.3. Resultados e Discussão Foram amostradas cinco áreas de observação em transectos para florística, conforme Quadro 1.3.2-1. Foram registrados representantes de cinco famílias de fanerógamas (uma de monocotiledônea e quatro de dicotiledôneas), e de duas divisões de criptógamos, sendo quatro famílias de Pteridophyta e uma de Bryophyta, todas vegetando como epífitas (Fotos 1.3.3-1 a 1.3.3-9). Ao todo, 63 espécies de epífitas foram amostradas, distribuídas em 21 gêneros, com 10 espécies da família Araceae ainda totalmente indeterminadas (Quadro 1.3.3-1). Foram as mais representativas em espécies, as famílias Araceae com 34 espécies (54%) e Orchidaceae com seis espécies (9,5%), além de cinco espécies de Pteridophyta (8%) e uma de Bryophyta (1,5%). Do total de 70 amostras coletadas nos 5 transectos, o de maior riqueza foi P4 – Sul da represa, com 27 amostras coletadas (38,6% do total), seguido de P1- Extremo norte com 20 amostras (28,6%), P5 – Norte da represa com 13 amostras (18,6%), P2 – Extremo sul com 9 amostras (12,8%) e P3 – Crista da serra com apenas uma encontrada (1,4%). Foto 1.3.3-1. Exemplar de Araceae amostrado na área de estudo, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). 75 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.3.3-2. Exemplar de Bromeliaceae amostrado na área de estudo, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). Foto 1.3.3-3. Exemplar de Cactaceae amostrado na área de estudo, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). 76 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.3.3-4. Exemplar de Orchidaceae amostrado na área de estudo, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). Foto 1.3.3-5. Exemplar de Piperaceae amostrado na área de estudo, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). 77 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.3.3-6. Exemplar de Pteridophyta amostrado na área de estudo, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). Nos transectos da área de influência direta (P3 e P5) ocorreram 14 espécies observadas e amostradas, que representam apenas 20% do total de espécies levantadas em toda a área de estudo. Dessas espécies amostradas 13 (92,86%) estão representadas nas outras áreas amostradas e uma está em fase de identificação. Das espécies identificadas até o momento (53), 33 (62,3%) são referidas para outras localidades do Estado, inclusive Cerrado e Pantanal. Essas espécies representam as famílias: 1) Araceae, com 19 espécies (55,9%) em comum com os trabalhos de Macedo et al. (2002), Petini-Benelli (2006b), Pott & Pott (1996), PCBAP (1997), Pott & Pott (1997); 2) Bromeliaceae, com duas espécies (40%) em comum com Petini-Benelli (2007b); 3) Cactaceae, com apenas um representante na área e com 100% de ocorrência em comum com os trabalhos de Pimenta (1998), Macedo et al. (1999), Macedo et al. (2002) e Petini-Benelli (2006b); 4) Orchidaceae, com todas as espécies amostradas na Serra do Expedito (6, 100%) referidas por Miranda (1996), Macedo et al. (2002), PetiniBenelli (2006a, 2006b, 2007b) e Petini-Benelli et al. (2007). 78 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Quadro 1.3.3-1. Espécies de epífitas observadas e amostradas no levantamento das áreas de influência do empreendimento, Município de Aripuanã/MT. Família Espécie Forma de vida Situação Material testemunho Araceae Anthurium bonplandii G.S. Bunting Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 537 Araceae Anthurium bonplandii G.S. Bunting Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 574 Araceae Anthurium cf. powmanii Croatz Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 543 Araceae Anthurium eminens Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 540 Araceae Anthurium eminens Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 606 Araceae Anthurium sp. 1 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 546 Araceae Anthurium sp. 1 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 579 Araceae Heteropsis sp. 1 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 539 Araceae Monstera af. spruceana Engl. Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 557 Araceae Monstera cf. adansonii Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 565 Araceae Monstera cf. adansonii Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 602 Araceae Monstera cf. deliciosa Liebm. Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 583 Araceae Monstera cf. obliqua Mig. Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 600 Araceae Monstera sp. 1 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 558 Araceae Monstera sp. 2 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 563 Araceae Monstera sp. 2 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 582 Araceae Philodendron af. billietiae Croat Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 562 Philodendron af. camposportoanum G. Barroso Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 571 Araceae Araceae Philodendron af. quinquelobum K. Krause Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 573 Araceae Philodendron af. sonderianum Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 578 Araceae Philodendron cf. ochrostemon Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 580 Araceae Philodendron camposportoanum G. Barroso Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 596 Araceae Philodendron cf. squamiferum Poepp. Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 591 Araceae Philodendron cf. tweedianum Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 585 Araceae Philodendron eximium Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 607 Araceae Philodendron imbe Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 604 Araceae Philodendron linnaei Kunth Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 592 Araceae Philodendron melinonii Brongn. ex Regel Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 550 Araceae Philodendron melinonii Brongn. ex Regel Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 566 Araceae Philodendron pedatum Kunth Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 545 Araceae Philodendron pulchellum Engl. Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 536 Araceae Philodendron quinquelobum K. Krause Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 560 Araceae Philodendron riedelianum Schott Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 559 Araceae Philodendron sp. 1 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 598 Araceae Philodendron sp. 1 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 553 79 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Família Espécie Forma de vida Situação Material testemunho Araceae Philodendron sp. 2 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 599 Araceae Philodendron sp. 2 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 547 Araceae Philodendron sp. 3 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 581 Araceae Philodendron sp. 4 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 569 Araceae Philodendron sp. 5 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 594 Araceae Syngonium sp. 1 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 554 Araceae Syngonium sp. 2 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 575 Araceae Syngonium sp. 2 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 588 Aspleniaceae Asplenium af. serratum L. (Pterydophyta) Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 538 Bromeliaceae Aechmea cf. bromeliifolia (Rudge) Baker Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 595 Bromeliaceae Aechmea sp. 1 Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 555 Bromeliaceae Aechmea sp. 2 Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 593 Bromeliaceae Araeococcus cf. micranthus Brongn. Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 577 Bromeliaceae Vriesea sp. Epífita Sem dados A. Petini-Benelli 556 Cactaceae Epiphyllum phyllanthus (L.) Kunth Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 552 Cactaceae Epiphyllum phyllanthus (L.) Kunth Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 608 Epífita Sem risco Sem coleta Sem risco Sem coleta Grammitidaceae Micropolypodium nanum (Pterydophyta) Hymenophyllaceae Trichomanes af. punctatum (Pterydophyta) Epífita Lomariopsidaceae Lomariopsis cf. prieuriana (Pterydophyta) Epífita Sem risco Sem coleta Lomariopsidaceae Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 590 Nephrolepsis sp. (Pterydophyta) Orchidaceae Catasetum sp. Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 589 Orchidaceae Notylia sp. Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 541 Orchidaceae Oncidium nanum Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 570 Orchidaceae Psygmorchis cf. pusila (L.) Dodson & Dressler Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 544 Orchidaceae Scaphyglottis cf amethystina Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 567 Orchidaceae Scaphyglottis cf. amethystina Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 548 Parmeliaceae Usnea sp. (Bryophyta) Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 568 Piperaceae Peperomia af. jamesoniana (Miq.) C.DC. Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 587 Piperaceae Peperomia cf. glabella (Sw.) A. Dietr. Epífita Sem risco A. Petini-Benelli 542 Araceae Indeterminada 1 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 549 Araceae Indeterminada 1 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 586 Araceae Indeterminada 2 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 551 Araceae Indeterminada 2 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 584 Araceae Indeterminada 3 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 609 Araceae Indeterminada 4 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 561 Araceae Indeterminada 5 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 564 Araceae Indeterminada 6 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 572 80 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Família Espécie Forma de vida Situação Material testemunho Araceae Indeterminada 7 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 576 Araceae Indeterminada 8 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 597 Araceae Indeterminada 9 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 601 Araceae Indeterminada 10 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 603 Araceae Indeterminada 11 Hemiepífita Sem risco A. Petini-Benelli 605 Também foram encontradas em comum com estudos em outras áreas as cinco espécies (100%) de Pteridophyta (Petini-Benelli, 2007b). A única espécie de Bryophyta encontrada aguarda confirmação de identificação. Quanto aos gêneros mais representados, destacam-se: Philodendron Schott (21 spp.) e Monstera Adans. (6 spp.). Por outro lado, a presença de espécies pioneiras, a exemplo de Vismia Vand., Cecropia Loefl. e Enterolobium Mart., muito comuns nas áreas de borda, nos entremeios florestais e em clareiras, quando dominantes e dsitribuídas de forma agregada, apontam claramente os espaços com distúrbios e, em destaque, aqueles alterados por atividades antrópicas, fato que implica em se ter regeneração florestal em grande parte da área de estudo. Quanto mais alterada a área, menos florestada e, principalmente, quando se tem situações extremas como no caso das pastagens plantadas, ou mesmo degradadas, mas com domínio de gramíneas forrageiras, estes, configuram ambientes desfavoráveis à ocorrência de epífitas. Nota-se que as espécies de epífitas foram observadas ocupando galhos das árvores, no dossel (Foto 1.3.3-7), também no sub-bosque (Foto 1.3.3-8) e, diversas vezes, no solo sobre árvores tombadas (Foto 1.3.3-9). 81 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.3.3-7. Epífita observada ocupando galhos do dossel no transecto de florística P1, Município de Aripuanã. (Foto: Adarilda P. Benelli). Foto 1.3.3-8. Epífita observada ocupando o sub-bosque no transecto de florística P2, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). 82 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.3.3-9. Epífita observada ocupando o sub-bosque e em tronco caído, no transecto de florística P2, Município de Aripuanã/MT. (Foto: Adarilda P. Benelli). Além disso, e com base nas listas vermelhas de conservação das espécies (Ibama, 1992; Cites, 2008), nenhuma das espécies amostradas nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento encontram-se em risco de extinção, portanto, não demanda conservação das espécies na área de estudo. 1.3.4. Conclusão Considerando que as epífitas são extremamente adaptadas às severas condições do dossel: falta de água, escassez de minerais e nutrientes, e, considerando também, a reduzida abundância de indivíduos e riqueza de espécies de epífitas observadas nos levantamentos de campo, concluímos que a vegetação presente nas áreas de influência do empreendimento apresentam fortes características de distúrbios antrópicos, como desmatamento e retirada seletiva de madeira. A ocorrência de grande número de espécies de Araceae confirma a nossa teoria de que se trata de uma família pioneira no restabelecimento da vegetação epifítica em áreas perturbadas. As outras famílias demoram a se instalar no ambiente. Todos os exemplares de Orchidaceae, Cactaceae e Bromeliaceae encontrados e amostrados são 83 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 plantas adultas. Não foram observadas plântulas e, portanto, essas famílias não estão em fase de restabelecimento. Nosso parecer é de que não há necessidade de realizar resgates das espécies observadas, pois em sua maioria estão representadas fora da Área de Influência Direta do Projeto Aripuanã, o que possibilitará o seu restabelecimento nas áreas adjacentes. 1.4. Macrófitas As plantas aquáticas vasculares ou macrófitas aquáticas, segundo Cook (1996), abrangem todos os vegetais, cujas partes fotossintetizantes ativas estejam permanentemente ou por alguns meses submersos, ou flutuantes em água, e que sejam visíveis a olho nu. Essas plantas apresentam grande capacidade de adaptação e grande amplitude ecológica. Este aspecto possibilita que uma mesma espécie colonize os mais diferentes tipos de ambientes, cobrindo um gradiente que vai desde brejos até as áreas verdadeiramente aquáticas como os rios, demonstrando uma ampla plasticidade em relação aos regimes hídricos lótico (rio) e lênticos (lago). O tipo de ecossistema reflete na classificação dessas plantas, conforme o seu biótopo e grau de adaptação ao ambiente aquático, dividindo-as em grupos ecológicos, quais sejam: emergente, submersa fixa, folha flutuante, flutuante livre, submersa flutuante, anfíbia, epífita, trepadeira (Esteves, 1988; Pott, 1993; Cook, 1996). Macrófitas aquáticas são um dos principais componentes dos ecossistemas aquáticos, sendo que sua presença no ambiente regula uma ampla gama de processos ecológicos, tais como a ciclagem de nutrientes, produção primária, cadeia de detritos e processos de sedimentação, formando um conjunto florístico que reúne formas com diferentes distribuições no corpo fluvial. Além disso, diversas espécies do ambiente aquático, como peixes e insetos, utilizam as macrófitas como abrigo e habitat. As macrófitas aquáticas podem ser encontradas principalmente nas margens e nas áreas mais rasas de rios, lagos e reservatórios, além de cachoeiras, fitotelmos, entre outros corpos de água. Onde a luz atinge o fundo do corpo d’água, macrófitas aquáticas 84 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 podem se desenvolver, às vezes, em grandes bancos, a mais de 10m de profundidade (Esteves, 1988; Junk, 1973; Wetzel, 1975). As macrófitas aquáticas tornaram-se foco de estudos ecológicos no Brasil, devido a grande abundância e importância ecológica dessas plantas para a biodiversidade aquática. Seja por serem consideradas plantas daninhas em alguns reservatórios utilizados para geração de energia elétrica, seja pelo potencial de armazenamento e acúmulo de elementos traço e metais pesados em sua biomassa, fato este, que contribui para a manutenção da qualidade da água. A possibilidade de se empregar as macrófitas aquáticas como meio de reduzir a concentração de compostos orgânicos, metais pesados, fosfatos, compostos nitrogenados, efluentes domésticos e industriais tem sido discutido por vários autores há várias décadas (Jorga et. al., 1979; Seidel, 1973; Godfrey, 1985 apud Nogueira et al., 2000). 1.4.1. Metodologia Para a comunidade de macrófitas aquáticas foram feitas observações em campo dos locais de ocorrência dessas plantas, bem como realizadas coletas de exemplares para posterior identificação em laboratório. As macrófitas aquáticas foram coletadas em campo em todos os locais de ocorrência de pontos amostrados para limnologia e qualidade da água, conforme o mapa de localização das estações de coleta (Figura 1.4.1-1). Elas foram armazenadas em sacolas plásticas devidamente etiquetadas com o local de coleta, coordenadas geográficas, data, hora e coletor e foram levadas refrigeradas para o laboratório. As macrófitas aquáticas identificadas neste trabalho foram analisadas através dos parâmetros biológicos e ecológicos correntemente utilizados em trabalhos técnicocientíficos, tais como: espécie botânica, família botânica, hábito, utilização, ecologia, dispersão ou cultivo, ocorrência e distribuição. 85 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Figura 1.4.1-1. Pontos amostrados para macrófitas aquáticas, limnologia e qualidade da água nas bacias hidrográficas da região, onde se inserem as áreas de influência do empreendimento da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. 86 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 1.4.2. Macrófitas da Área de Estudo As macrófitas aquáticas coletadas nos ecossistemas aquáticos na área de influência da Mineração Dardanelos, Município de Aripuanã/MT, foram identificadas em cinco táxons pertencentes a cinco famílias botânicas, conforme segue: Área de influência direta (AID): Egeria cf. densa Planch. ou Egeria cf. naja Planch da família Hydrocharitaceae; Área de influência indireta (AII): Nymphoides cf. grayana (griseb) Kuntze da família Menyanthaceae, Echinodorus cf. longipetalus Micheli, da família Alismataceae, Pistia stratiotes L., família Araceae e Eleocharis cf. acutangula Roxb., família Cyperaceae (Quadro 1.4.2-1). Ressalta-se que as espécies encontradas ocorreram tanto na área de influência direta, como na indireta. Porém, as coletas foram realizadas nas áreas onde os adensamentos foram mais expressivos. Quadro 1.4.2-1. Espécies de macrófitas encontradas na área de influência direta e indireta da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. Espécie Egeria cf. densa ou Egeria cf. naja Nymphoides cf. grayana Echinodorus cf. longipetalus Pistia stratiotes L. Família Descrição do local onde foi encontrada Localização Hydrocharitaceae Lagoa artificial (P01) (AID) 0227436/ 8886910 Menyanthaceae 0219245/ 8883823 Alismataceae Araceae Eleocharis cf. acutangula Cyperaceae Próximo a Fazenda Lucirã (AII) Prox. a entrada da Comunidade Sta Helena (AII) Prox. a entrada da Comunidade Sta Helena (AII) Prox. a entrada da Comunidade Sta Helena e na Lagoa prox. Piscicultura (AII) 0221132/ 8881131 0221132/ 8881131 0221132/ 8881131 Na área de influência direta (AID), especificamente na lagoa artificial (P01), foi registrada a ocorrência da espécie de macrófita aquática Egeria cf. densa Planch. ou Egeria cf. naja Planch, (Foto 1.4.2-1). O estágio vegetativo impossibilitou a identificação exata ao nível de espécie. 87 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.4.2-1. Amostra coletada de macrófita aquática da espécie Egeria cf. densa Planch. ou Egeria cf. naja Planch da área de influência direta da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. Dentre as plantas aquáticas submersas, o gênero Egeria é considerado um dos mais importantes de ocorrência nos reservatórios da região centro-sul do Brasil, pois acarreta prejuízos à geração de energia elétrica, à pesca, à navegação e à recreação. As espécies Egeria densa Planch. e Egeria naja Planch. são plantas originárias da América do Sul, nativas a leste dos rios Paraná e Paraguai e que ocorrem também, na América Central, América do Norte, Europa e Oceania, porém, não sendo ainda descrita a ocorrência para a bacia Amazônica. Por ser uma planta muito apreciada em aquários, sua comercialização é o principal meio de disseminação e introdução em novas áreas, bem como a introdução de propágulos e sementes por endozoocoria realizada por peixes exóticos. Neste caso, para a bacia Amazônica, estas plantas foram provavelmente introduzidas através da atividade de piscicultura neste ecossistema artificial. Deve-se destacar que o aumento da eutrofização da água propicia grande desenvolvimento dessa planta, formando grandes ilhas no interior de corpos d’água (Lorenzi, 1991), pois ela se propaga por sementes, propágulos e resiste à variação acentuada do nível da água. 88 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Nota-se a escassez de estudos sobre a espécie no Brasil, pois quase a totalidade de trabalhos de controle de Egeria foi efetuada em outros países ou foram externos à bacia Amazônica, considerando-a uma espécie exótica e nociva, não descrita para a bacia do Rio Aripuanã. Na área de influência indireta (AII) foi registrada a ocorrência de Nymphoides cf. grayana (griseb) Kuntze (Fotos 1.4.2-2 e 1.4.2-3), da família Menyanthaceae (Ornduff,1969 apud Pott & Pott, 2000), não possui nome popular em português. É uma erva de hábito flutuante fixa, rizomatosa e estolonífera, perene; folhas arroxeadas no lado inferior; produz flor de cor amarela (2,0 a 2,5 cm de diâmetro) quase o ano todo, menos nos meses de inundação. Foto 1.4.2-2. Adensamento populacional da macrófita aquática Nymphoides cf grayana na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. 89 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.4.2-3. Macrófitas aquáticas Nymphoides cf grayana (espécime coletada) na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. O potencial de utilização da Nymphoides cf. grayana (griseb) Kuntze é descrito como apícola e ornamental. A folha serve de alimento para insetos, que por sua vez servem de alimento de aves (cafezinho) e peixes. A Nymphoides cf. grayana (griseb) Kuntze é uma planta resistente, propaga-se facilmente por pedaço ou rizoma, também por semente. As plantas deste gênero freqüentemente se comportam como anuais em lagoas temporárias, embora persistam por muitos anos em corpos de água permanentes (Cook, 1996). O pecíolo cresce acompanhando a subida da água e vai diminuindo de tamanho com a seca, até desaparecer, sobrevivendo como rizoma até a próxima estação chuvosa. Aumenta a freqüência com certa perturbação e vive associada a outras plantas aquáticas, como Sagittaria guayanensis. A ocorrência da espécie é freqüente e abundante nas lagoas permanentes e temporárias, em solos arenosos e siltosos; com ampla distribuição para a América do Sul, no Brasil a espécie tem a ocorrência descrita para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. 90 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 A espécie, Echinodorus cf. longipetalus Micheli, (Foto 1.4.2-4) da Família Alismataceae, popularmente denominada de chapéu-de-couro, é uma erva aquática de hábito emergente, perene, folhas lanceoladas, de até 1,4 m de comprimento, coriáceas; a inflorescência mede de 1,5 a 2,5 m de altura; a flor de 3,5 a 5,0 cm de diâmetro; a folha possui linhas translúcidas em forma hexagonal, independentes das nervuras ( Haynes & Holm-Nielsen, 1994). A amostragem desta planta aquática coletada no mês de abril possuía somente vestígios de inflorescência, pois correntemente a espécie floresce de outubro a fevereiro. Foto 1.4.2-4. Macrófitas aquáticas Echinodorus cf. longipetalus na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. Referente ao tamanho do espécime estudado, o mesmo possuía 80cm de comprimento, demonstrando ser um indivíduo jovem tendendo a maturidade. A espécie possui potencial apícola e medicinal. A propagação desta espécie em ambiente natural pode ser por rizoma ou por semente, têm preferência por solos arenosos, com ocorrência em lagoas de meandro, veredas, brejos, com distribuição em todo o Brasil. 91 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 A espécie Pistia stratiotes L. da Família Araceae (Fotos 1.4.2-5 e 1.4.2-6), denominada correntemente de alface d’água, possui vários nomes populares como, ervade-santa-luzia, camalotinho, orelha-de-onça, açude; em espanhol: repollo de água, repolito de água. Foto 1.4.2-5. Várias macrófitas aquáticas, entretanto, com adensamento de Pistia stratiotes L. na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. Foto 1.4.2-6. Macrófita aquática Pistia stratiotes L. (espécie coletada) na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. 92 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 A Pistia stratiotes L. é uma erva aquática de hábito flutuante livre, rosulada, ou seja, em forma de rosa, estolonífera, anual ou perene; folha esponjosa; tamanho muito variado, de 3 a 30 cm de diâmetro, conforme o ambiente. A flor ou inflorescência com espata fica meio escondida e floresce durante o ano todo. A planta jovem pode ser confundida com Spirodela (Lemnnaceae). Entretanto, é a única espécie do gênero. Existem diversos estudos com enfoques diferenciados sobre a utilização da Pistia stratiotes L, Como ornamental em jardins aquáticos; na piscicultura é usada para sombra e desova de peixes ornamentais nas raízes. Forrageira para peixe, capivara, boi, porco, pois possui 11% de proteína e muito cálcio (4,2%) na matéria seca, mas contém 90% de água. Produz 70-90t/ha/ano de biomassa, útil para adubo verde. A planta irrita a pele, pelo alto teor de oxalato, mas esses cristais são eliminados no cozimento. É usada como alimento para comunidades africanas e indianas. A utilização desta espécie e variada: tem grande capacidade despoluidora de esgoto; remove manchas de roupas; medicinal desde os egípcios; uso externo: contra hemorróidas, emoliente, desinflamatória para erisipela, sumo para escoriações, a cinza para micose de pele; uso interno (suco): escarro de sangue, sangue na urina, corpo inchado (diurética), diarréia, asma, hérnia, herpes, sífilis, diabetes, icterícia, tosse, vômito e purgativa, as flores cicatrizam úlcera crônica. A propagação da Pistia stratiotes L. é fácil e rápida por estolhos ou sementes, de 2mm de comprimento. Não tolera geada ou frio, mas a semente sobrevive congelada. Necessita de muita luz, embora favorecida por sombra leve, mas é sensível a dias curtos, requerendo 12h/dia, senão fica achatada, com poucas folhas. Prefere água da chuva, pouco ácida a neutra (pH 6,5 – 7,0), e fundo orgânico. Tem preferência por ambientes de água parada ou pouco corrente, onde são utilizadas como abrigo e comida de caramujos, insetos, peixes e aves, sobrevive normalmente semi-enraizada em lama úmida. 93 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 São polinizadas por insetos e a semente é dispersa por água, germinando ao afundar, daí a plântula vem a tona. Não tolera muita sombra e são consideradas como pioneiras. Aumentam em ambientes de água nova com material orgânico decomposto. Portanto, pode ser utilizada como indicadora de eutrofização e sua densidade populacional, como indicador de alteração no ambiente aquático. A Pistia stratiotes L é considerada agressiva, avançando e se adensando rapidamente, principalmente, em água poluída, rica em nutrientes, do qual depende o seu tamanho. Podem tornar-se viveiro para insetos de malária, encefalomielite, filariose e moluscos de esquistossomose. É considerada invasora em muitos países, podendo bloquear a navegação, pois sua biomassa pode atingir 25 t/ha. Em represas, aumenta a evaporação e em alguns casos raros, libera sustância acre nociva à saúde denominada oxalato. Entretanto, normalmente em ambientes naturais sua densidade populacional e biomassa podem ser controladas por grandes populações de insetos, que por sua vez, são consumidos por aves, jacarés jovens, morcegos e peixes. Com ocorrência ampla em ambientes aquáticos e distribuição de origem pantropical ou desconhecida (Kissman et al,1995), é cosmopolita tropical e subtropical, principalmente do sul dos EUA até a Argentina, e todo Brasil. A Eleocharis cf. acutangula Roxb. (Fotos 1.4.2-7, 1.4.2-8 e 1.4.2-9), da família Cyperaceae (Pott &Pott, 2000), é denominada localmente de Cebolinha. Erva aquática de hábito emergente, perene, rizomatosa, de 10 a 80 cm de altura (conforme a profundidade do ambiente aquático); produz flor e fruto de março a junho, sendo utilizada como forrageira, consumida por bovinos, eqüinos e capivaras. 94 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.4.2-7. Macrófitas aquáticas Eleocharis cf. acutangula (espécie de folhas afiladas) e Pistia stratiodides na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. Foto 1.4.2-8. Macrófita aquática Eleocharis cf. acutangula coletada na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. 95 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 Foto 1.4.2-9. Adensamento da macrófita aquática Eleocharis cf. acutangula coletada na área de influência da Mineração Dardanelos Ltda., Município de Aripuanã/MT. A Eleocharis cf. acutangula é uma forrageira com 12% de proteína (PB), 0,19% de cálcio, 0,22% de fósforo, 0,15% de manganês, 8ppm de cobre e 49 ppm de zinco. É uma das espécies que confirmam a importância das Ciperáceas como fonte de forragem, sendo alimento também de aves aquáticas. A propagação é por rizoma e também por sementes, produzidas em grande quantidade. Durante a seca sobrevive com o rizoma dormente, rebrotando no início das chuvas, acompanhando a subida da água no campo; floresce quando a água começa a baixar; a parte aérea fica amarelada e morre ao secar o terreno, deixando muitas sementes, que podem ser levadas pela água. De ocorrência freqüente à dominante, principalmente em solos arenosos, também em argilosos, com distribuição ampla, ocorrendo na África, Ásia, Austrália, América tropical e subtropical; na América do Sul, ocorre da Venezuela ao Rio Grande do Sul (Irgang & Baptista, 1970). 96 Geologia Mineração e Assessoria Ltda. E-mail : [email protected] Fone – 55 65 3682-7603 Fone Fax: 3682-3273 1.4.3. Considerações Finais As macrófitas aquáticas registradas nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento foram Nymphoides cf. grayana, Echinodorus cf. longipetalus, Pistia stratiotes e Eleocharis cf. acutangula. A maioria destas espécies apresenta grande capacidade de adaptação e propagação (rizoma e sementes) e são comumente encontradas em solos arenosos.