Conferência Anpei de Inovação Tecnológica tem inscrições abertas
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Conferência Anpei de Inovação Tecnológica tem inscrições abertas
Ano XIV - No 1 - janeiro/fevereiro 2008 Conferência Anpei de Inovação Tecnológica tem inscrições abertas Evento será em Belo Horizonte, de 19 a 21 de maio, com o tema Estruturando e gerindo a inovação tecnológica nas empresas. Pág. 3 Estados criam suas leis de inovação Em janeiro último, três Estados se somaram ao Amazonas e passaram a ter suas próprias leis de inovação: Mato Grosso, Minas Gerais e Santa Catarina. O Distrito Federal e mais 12 unidades da federação também preparam legislação de estímulo às atividades inovativas. Págs. 4 e 5 Já têm lei de inovação sancionada Projeto de lei em elaboração ou em discussão Não há discussão formal ou projeto Minas Gerais quer estar na ponta Não se trata de mera coincidência o fato de Minas Gerais sediar a Conferência Anpei deste ano e já ter criado sua própria lei de inovação. O Estado quer se destacar no cenário nacional da ciência, tecnologia e inovação. Veja a entrevista com o Alberto Duque Portugal (foto), secretário de C&T do governo Aécio Neves. Págs. Artigo faz um retrato da inovação no Brasil. Págs. 9 e 10 6a8 Brasil-Coréia: cooperação em C,T&I é tema de simpósio. Pág. 12 Editorial A oportunidade da VIII Conferência Anpei Hugo Borelli Resende Presidente da Anpei Muito tem sido falado sobre inovação nos últimos anos, principalmente em relação ao papel essencial que este tipo de atividade exerce para o sucesso dos países. Sempre é bom lembrar que a inovação é uma realização centrada no setor empresarial, visando a inserção no mercado de novos produtos e serviços, ou a melhoria de produtos e serviços já existentes (tal como mudanças internas às empresas que permitam reduções de custo, levando a preços menores e acessibilidade a fatias maiores da sociedade). Assim, a inovação pode estar associada a diversas áreas além de Desenvolvimento e Pesquisa, tais como produção, marketing e até mesmo desenvolvimento organizacional. O foco da Anpei está na inovação tecnológica e como tornar essa atividade parte da estratégia de competitividade das empresas. Falando de outra forma, a Anpei busca reforçar o entendimento no setor empresarial do papel da inovação tecnológica para garantir a competitividade e crescimento sustentado das empresas no mundo globalizado, assim como a melhoria do ambiente regulatório para o desenvolvimento de produtos e serviços no País. Parte essencial desse trabalho passa pela criação e/ou fortalecimento de equipes de desenvolvimento dentro das empresas, uma vez que entendemos que a inovação tecnológica depende intrinsecamente de um maior envolvimento de pessoas nas empresas que conheçam o mercado e saibam transformar os anseios do mesmo (conscientes ou não) em produtos e serviços que gerem satisfação, pelo lado dos clientes e consumidores, e lucratividade, pelo lado dos empregados e acionistas. Esta é uma forma de atender a sociedade em geral: um exemplo de como isso se concretiza está no pagamento de salários justos e distribuição de resultados, que geram maior consumo e maior disponibilidade das pessoas para atuarem em ações voluntárias, de for- 2 Presidente Hugo Borelli Resende Vice-presidente Américo Martins Craveiro Diretores Carlos Camerini, Carlos Eduardo Calmanovici, Carlos Roberto Rocha Cavalcante, Celso Barbosa, Flavio Grynspan, Maria Angela Rego Barros, Martín Izarra, Paulo Roberto Santos Ivo, Raimar Van Den Bylaardt, Sebastião Lauro Nau, Sonia Tuccori. Diretor executivo Olívio Ávila ma complementar às atividades sociais dos governos. Outro ponto importante na inovação tecnológica é a questão do tamanho das empresas. É natural que médias e grandes empresas tenham suas próprias equipes de desenvolvimento, e que micro e pequenas empresas atuem de forma distribuída, com as equipes de desenvolvimento sendo constituídas principalmente por pesquisadores de institutos de pesquisa e universidades, por meio de convênios. Meu entendimento é que isto acontece essencialmente por causa do tamanho das empresas: por exemplo, uma micro empresa de quatro pessoas pode requerer uma equipe de desenvolvimento de mais de dez pessoas em tempo parcial e, do ponto de vista de sustentabilidade do negócio, não é viável contratar diretamente essas pessoas extras. Assim, é preciso ter flexibilidade em estabelecer modelos de desenvolvimento e trabalhar com os marcos regulatórios de modo a fortalecer o incentivo para que pequenas empresas se transformem em médias, e estas consigam ter suas próprias equipes. De forma semelhante, utilizar uma estratégia direcionada pelo mercado (“market driven”) ou pela ciência (“science driven”) para o desenvolvimento de produtos é uma questão da estratégia de competitividade da empresa, e não de que um dos modelos é intrinsecamente melhor do que o outro. Isto pode ser observado quando se lembra que o objetivo final é a satisfação do mercado e a lucratividade da empresa. Estes são os fatores que vão permitir que a empresa cresça, pois um mercado satisfeito estará ansioso por novos produtos (que vão trazer a marca de confiabilidade e segurança construída no passado) e existirão recursos e credibilidade financeira que permitam o investimento necessário para esses desenvolvimentos. A Conferência Anpei deste ano, que acontecerá em Belo Horizonte no período de 19 a 21 de maio, terá seu foco justamente nesse aspecto, uma vez que seu lema é “Estruturando e Gerindo a Inovação Tecnológica nas Empresas”. Conselho Editorial Ana Paula Andriello, Anderson Rossi, Olívio Ávila e Tales Andreassi. Editor José Roberto Ferreira Editora executiva Angela Trabbold Repórter Evanildo da Silveira Editoração AC Prado Engenhar é uma publicação bimestral da Anpei, com produção editorial e gráfica da Acadêmica Agência de Comunicação. É permitida a reprodução de notícias e artigos, desde que citada a fonte. Os pontos de vista expressos nos artigos não refletem necessariamente a opinião da Anpei. Anpei Rua Helena 170, conj. 134 04552-050 | São Paulo, SP Fone (11) 3842-3533 | Fax (11) 3044-5448 [email protected] | www.anpei.org.br Conferência Garanta sua vaga VIII Conferência Anpei de Inovação Tecnológica está com inscrições abertas. O site da VIII Conferência Anpei de Inovação Tecnológica já está recebendo inscrições para o evento que ocorrerá em Belo Horizonte (MG), de 19 a 21 de maio, nas dependências do Expominas. Quem se inscrever até o dia 10 de abril pagará a taxa com preço menor. A ficha de inscrição, a programação e demais informações estão em www.anpei.org.br/viiiconferencia. A Conferência anual da Anpei é o mais tradicional e representativo evento sobre inovação tecnológica no ambiente empresarial brasileiro. A cada ano é realizada em uma cidade. A edição de 2007, em Salvador, Bahia, teve o número recorde de 469 participantes – 220 de empresas, 140 de instituições de ciência, tecnologia e inovação e 109 de agências governamentais. Confirmando o caráter e a abrangência nacional do evento, os participantes eram domiciliados em 18 Estados e no Distrito Federal. Com o tema central Estruturando e Gerindo a Inovação Tecnológica nas empresas, a VIII Conferência Anpei terá novidades em relação às edições anteriores. A primeira delas logo na manhã do dia 19 de maio: o minicurso Introdução à Inovação. Outra, na tarde do dia 20, será o workshop Open Inovation. No último dia, será apresentada uma pesquisa inédita que aponta 101 inovações feitas no Brasil. Palestras magnas Outra novidade a ser introduzida na VIII Conferência será a apresentação de duas palestras magnas – uma internacional, já tradicional, e outra nacional – logo após a sessão solene de abertura, na tarde de 19 de maio. A palestra magna internacional será proferida pelo presidente da Paap Associates (EUA), Jay Paap. Ele falará sobre As Possibilidades e os Desafios da Inovação na Economia Global. Após as palestras, será apresentado um amplo painel sobre o sistema nacional de inovação, com o perfil da nova política industrial brasileira, os resultados da aplicação dos incentivos do governo federal (incluindo o Programa de Subvenção Econômica) e uma avaliação dos instrumentos de apoio à inovação. O sistema de inovação de Minas Gerais será apresentado na seqüência. O segundo dia (20/05) começará com um painel com a apresentação dos resultados dos trabalhos dos Comitês Temáticos da Anpei. Os temas estudados por esses comitês são “Atratividade de centros de P&D mundiais para o Brasil”, “Recursos humanos em P,D&I”, “Inovação nas PMEs”, “Indicadores de P&D” e “Operacionalização das relações universidade-empresa”. Na seqüencia, em outro painel, empresas compartilharão suas experiências no uso dos instrumentos de fomento à inovação, entre elas Embraer, Dupont, Natura e Braskem. Ainda no segundo dia, o coordenador do Grupo de Estudos em Empresas e Inovação da Unicamp, professor Ruy Quadros, ministrará a palestra conceitual “Estruturando e Gerindo Atividades de P&D nas Empresas”. Na sessão seguinte serão apresentados casos de sucesso de inovação de pequenas, médias e grandes empresas. Inovação aberta As atividades do dia 20 terminam com dois workshops paralelos. Em um deles, o Comitê de Inovação em PMEs coordenará a apresentação de depoimentos e troca de experiências sobre inovação entre empresas de pequeno porte. No outro workshop, Jay Paap falará sobre inovação aberta, com tradução simultânea e entrada paga. Na manhã do último dia (21), estão previstas sessões simultâneas com casos de sucesso de inovação nas áreas de produtos e de processos. Elas serão divididas em três segmentos: Agronegócio (com casos da Embrapa, Sadia, Dedini e Alellyx), TIC (Ericsson, Motorola e C.E.S.A.R), e Energia (Eletronorte, Siemens, Cepel e Petrobras). Haverá ainda o painel Introdução ao Programa Pró-Inova e ao Guia On-line de Inovação, com a participação de membros da Anpei e do Ministério da Ciência e Tecnologia. Antes do encerramento da Conferência, a Monitor Group apresentará a pesquisa “As 101 inovações brasileiras”. As atividades do dia terminam com visitas técnicas. A VII Conferência, em Salvador, no ano passado, reuniu 469 participantes, de 18 Estados e do Distrito Federal. 3 Legislação De Norte a Sul Depois do Amazonas, agora foram Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso que sancionaram suas leis de inovação. Três anos depois de o governo federal ter aprovado sua Lei de Inovação (nº. 10.973, de dezembro de 2004), agora são os Estados que começam a mostrar interesse em contar com uma legislação própria na matéria. Depois do Amazonas, que aprovou sua lei de inovação em novembro de 2006, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso acabam de dar o mesmo passo. Além disso, em alguns Estados – como São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará – há projetos em tramitação na Assembléia Legislativa, cuja aprovação é esperada no curto prazo (ver tabela na página ao lado). Em comum, os textos aprovados em Minas (Lei nº. 17.348, de 17/01/08), Santa Catarina (nº. 14.328, 15/01/08) e Mato Grosso (nº. 297, 07/01/08) apresentam muitas semelhanças com a lei nacional, prevendo mecanismos para o incremento de ações de P,D&I nas empresas e estimulando as instituições de pesquisa para a realização de atividades que favoreçam a inovação tecnológica no ambiente produtivo. No que se refere mais diretamente às empresas, Minas, Santa Catarina e Mato Grosso tomaram decisões semelhantes: O governo do Estado poderá contratar empresas para a realização de atividade de P&D que envolva risco tecnológico, seja para a solução de problema técnico específico, seja para a obtenção de produto ou processo inovador. As instituições científicas e tecnológicas (ICTs) públicas poderão compartilhar seus laboratórios e demais instalações com micro e pequenas empresas, em atividades voltadas para a inovação tecnológica. Os pesquisadores de ICTs públicas poderão solicitar afastamento de seus cargos para abrir empresas de base tecnológica (EBTs) ou participar de projetos em empresas privadas. O Estado poderá auxiliar empresas com recursos financeiros, na forma de subvenção econômica. Além da subvenção, Santa Catarina e Mato Grosso prevêem incentivos fiscais para quem investir em projetos inovadores. A lei matogrossense possibilita, ainda, a participação acionária minoritária do Estado no capital de empresas voltadas para P,D&I. Competitividade 4 A opinião unânime entre os representantes de entidades ligadas à área de inovação de Minas, Santa Catarina e Mato Grosso é de que a aprovação das leis regionais estimulará a competitividade nos Estados, sendo fundamental para alavancar o desenvolvimento tecnológico das empresas locais. “Um dos pontos muito positivos é a criação de incentivos para as parcerias público-privadas”, ressalta Marco Antonio Azambuja, procurador jurídico da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Ele cita como exemplo a possibilidade de funcionários públicos participarem de projetos de inovação em empresas privadas. “Este é um estímulo muito forte tanto para o pesquisador, que vai ganhar para colaborar com um projeto privado, quanto para as empresas, que poderão contar com cientistas gabaritados no desenvolvimento de suas pesquisas tecnológicas”, diz Azambuja. No tocante aos investimentos públicos, a lei catarinense assegura a destinação de, pelo menos, dois por cento da receita do Estado, excluído o montante destinado aos municípios, ao fomento de atividades de ciência, tecnologia e inovação (C,T& I). Desse porcentual, metade será destinada à Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina e a outra metade à Fapesc. O Estado de Santa Catarina também fica autorizado a participar, na qualidade de cotista, em fundos mútuos de investimento destinados à aplicação em empresas inovadoras. Outro ponto importante da Lei de Inovação catarinense é a instituição do Sistema Estadual de C,T&I, cujo objetivo é viabilizar a articulação estratégica das entidades ligadas à área, a estruturação das instituições de ciência e tecnologia do Estado e a construção de canais de apoio à inovação tecnológica. Farão parte do sistema, além de instituições públicas como a Fapesc, empresas com atividades relevantes em inovação. “O sistema dará o dimensionamento político necessário para o desenvolvimento das ações de inovação no Estado”, explica Marco Antonio Azambuja. Subvenção Da perspectiva das empresas, o ponto de destaque da lei mineira é a autorização ao Estado para subvencionar projetos de inovação em empresas privadas, recurso que será viabilizado com a criação do Fundo Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica (FIIT). “O fundo possibilitará o financiamento de projetos de pesquisa e inovação direto para as empresas, sem a necessidade de aprovação de crédito ou de intervenientes”, diz Ediney Neto Chagas, gerente de Propriedade Intelectual da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). “São recursos não reembolsáveis, que irão beneficiar principalmente empresas de base tecnológica”. O valor do financiamento com recursos do FIIT está limitado a 90% do investimento total previsto no projeto, cabendo ao beneficiário a contrapartida mínima de 10%. O FIIT deverá estimular a constituição de alianças estratégicas e o desenvolvimento de Marco Azambuja: Santa Catarina acredita na parceria público-privada Legislação projetos de cooperação envolvendo empresas e instituições públicas e privadas voltadas para as atividades de P&D que tenham por objetivo a geração de produtos e processos inovadores. O Grupo Coordenador do FIIT será composto por representantes de secretarias do governo, da Fapemig e da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. “A lei traz um impacto profundo no sentido de promover a alteração da cultura da inovação nas empresas de maneira geral, aproximando a pesquisa científica do mercado e gerando desenvolvimento econômico”, diz Alfredo Gontijo, presidente da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. Estado como parceiro Já no Mato Grosso, um dos grandes incentivos às empresas promovidos pela lei de inovação será a possibilidade de o Estado participar como sócio minoritário no desenvolvimento de projetos científicos ou tecnológicos para obtenção de produto ou processo inovador. “Nesse sentido, quisemos seguir à risca o que está previsto na lei nacional, pois trata-se de um instrumento importante para alavancar as empresas matogrossenses”, explica Janine Ulrich, superintendente de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado. Outra forma de incentivo prevista na lei é o disposto no artigo 3º. O poder público poderá estimular e apoiar a constituição de alianças estratégicas e o desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo o governo estadual, empresas nacionais, ICTs e organizações de direito privado sem fins lucrativos, voltados para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos e processos inovadores. O apoio previsto no artigo poderá contemplar as redes e os projetos de pesquisa tecnológica, bem como ações de empreendedorismo tecnológico e de criação de ambientes de inovação, inclusive incubadoras, parques tecnológicos e outras entidades de pesquisa cientifica e tecnológica. Janine Ulrich salienta que, com a aprovação da lei estadual, um dos principais programas de incentivo à inovação da região, o Programa de Desenvolvimento Científico Tecnológico do Estado do Mato Grosso (Prodecit), Janine Ulrich: criado há cerca de um ano, irá desMato Grosso lanchar. O programa prevê, entre poderá reduzir outros, a redução de 50% a 100% ICMS da empresa no ICMS para empresas que inque inovar. vestirem no desenvolvimento de novos produtos e processos. “Com o amparo da nova lei, será mais fácil fazer valer os termos do Prodecit”, acredita a superintendente. Quadro nacional Veja a situação de cada Estado em relação à criação de leis de inovação Estado Situação em fevereiro 2008 Acre Alagoas Não há projeto Projeto em preparação Amapá Não há projeto Amazonas Bahia Lei sancionada Projeto em discussão pelo governo do Estado Ceará Projeto em discussão na Assembléia Legislativa Distrito Federal Projeto em análise pela Procuradoria Geral Espírito Santo Projeto em preparação Goiás Projeto em discussão no governo estadual Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Paraíba Paraná Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Rondônia Roraima Santa Catarina São Paulo Sergipe Tocantins Projeto em discussão entre órgãos e entidades ligados ao segmento de P,D&I Lei sancionada Projeto em discussão pelo governo do Estado Lei sancionada Não há projeto Não há projeto Anteprojeto em discussão entre órgãos e entidades ligados ao segmento de P,D&I Não há projeto Não há projeto Anteprojeto em preparação Projeto em discussão entre órgãos e entidades ligados ao segmento de P,D&I Em tramitação na Assembléia Legislativa Não há projeto Não há projeto Lei sancionada Em tramitação na Assembléia Legislativa Não há projeto Não há projeto 5 Entrevista Minas Gerais se mexe para inovar Estado que abrigará a VIII Conferência Anpei quer se destacar em ciência, tecnologia e inovação. No final de março de 2007 chegou à sede da Anpei, em São Paulo, uma carta que causou na diretoria da entidade uma surpresa agradável. Em enxutas dez linhas a carta enfatizava os esforços que vêm ocorrendo em Minas Gerais para promover a inovação tecnológica e propunha a realização da VIII Conferência Anpei em Belo Horizonte. Seus signatários: o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Robson de Andrade, o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa local, José Geraldo Drumond, e o secretário estadual de C&T, Alberto Portugal. Nas sete edições anteriores da Conferência, nunca houve um convite assim à Anpei. Nesta entrevista de Alberto Duque Portugal, o leitor entenderá as razões da disposição articulada dos mineiros em realizar a Conferência anual da Anpei em seu Estado. Numa palavra, Minas está se mexendo para tornar-se um Estado líder em termos de inovação tecnológica – o que inclui desde a criação de um arcabouço legal adequado até a idéia de fazer da região Sudeste do Brasil “uma espécie de Coréia da América Latina”. Aliás, a própria escolha de Alberto Portugal para a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) é reveladora. Engenheiro agrônomo, ele acumula a experiência de ter presidido a Embrapa por oito anos, de 1995 a 2002, e trata-se de um dirigente atento a questões macro da ciência e da tecnologia, como a sua inclusão no Código Civil Brasileiro. Veja, abaixo, os principais trechos da entrevista concedida ao editor do Engenhar, José Roberto Ferreira. Minas Gerais acabou de sancionar a sua Lei de Inovação. O que o senhor destaca como aspectos mais importantes dessa lei, segundo a perspectiva do incentivo à inovação nas empresas? Creio que o aspecto mais importante das leis de inovação, seja a federal, sejam as estaduais como a de Minas, é o fato de se criar um arcabouço legal para estimular a inovação. Nós sabemos, obviamente, que a inovação depende das empresas, do estímulo às instituições de pesquisa e do estoque de tecnologia que se tem, mas se não houver um arcabouço adequado, que crie um ambiente favorável, a inovação não avança. Acho que esse é o principal ponto. 6 E os aspectos, digamos, objetivos, de estímulo à inovação? A lei de inovação de Minas Gerais, à semelhança da lei Alberto Portugal: “A lógica burocrática da Esplanada dos Ministérios não é a lógica da ciência, tecnologia e inovação”. federal, fortalece a parceria da empresa com a universidade e com os institutos de pesquisa, permite que o pesquisador participe diretamente dos resultados dessa parceria e também o estimula a criar sua própria empresa. Quer dizer, isso dá uma dinâmica nova de o pesquisador pensar o seu projeto de pesquisa com a perspectiva de ter um produto que atenda a uma necessidade de mercado. Outro aspecto dos mais importantes na nossa lei é a criação do Fundo Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica (FIIT), que permite ao governo subvencionar diretamente as empresas. Esse fundo será constituído com recursos de que fontes? Serão recursos do Tesouro estadual, sem uma vinculação previamente estabelecida. Os valores desse fundo serão definidos ano a ano, conforme a decisão política de alocação de recursos no orçamento do governo do Estado. O FIIT poderá também contar com recursos de outras fontes e, ainda, receber doações ou legados de pessoas físicas, públicas ou privadas, nacionais e estrangeiras, como consta na legislação. É muito importante ressaltar que foi criado o instrumento fundamental para o governo agir no momento em que entender que seja importante estimular determinada área ou atrair determinados tipos de investimentos. Por exemplo? Para a atração de centros de P&D em um segmento de ponta, que tenha impacto significativo como o de microeletrônica ou de nanotecnologia, chamadas áreas portadoras de futuro, o governo já tem um instrumento legal capaz de permitir a subvenção às empresas, independentemente dos recursos que a Fapemig [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais] já aloca. Entrevista E já está previsto algum aporte inicial para esse fundo? Não, de imediato não há nenhuma alocação prevista. A lei agora será regulamentada. Provavelmente haverá recursos para esse fundo no orçamento de 2009; o orçamento de 2008 já estava sendo executado quando a nossa lei de inovação foi sancionada. A lei mineira de inovação não prevê incentivos fiscais. Essa possibilidade não foi discutida? Foi discutida sim, mas o governo entende que, nesse momento, essa não é uma política fiscal a ser adotada. A modalidade de subvenção econômica pode ser considerada um incentivo maior do que o fiscal, porque é um dinheiro que vai direto para a empresa, sem reembolso. A secretaria que o senhor dirige teve uma relação estreita com o setor privado no processo que resultou na lei de inovação de Minas Gerais? A máxima do governador Aécio Neves é que em Minas Gerais, quando governo e setor privado sentam para conversar, não há dois lados. Aqui, todos sentamos no mesmo lado da mesa, olhando numa mesma direção; governo e setor privado trabalhando juntos. Realmente tem sido muito efetiva essa aliança no plano do governo como um todo; no caso da nossa Secretaria, trabalhamos muito com a Fiemg, com o IEL [Instituto Euvaldo Lodi], com a Faemg, cooperativas, associações de produtores etc. O setor privado continua a pleitear benefícios, o que é natural. Além da lei de inovação, quais foram ou são outras práticas conjuntas da Sectes com o setor produtivo? Vou citar três. Uma, se refere aos quatro arranjos produtivos locais, todos de alta densidade tecnológica, que são de responsabilidade da Secretaria: todo o planejamento envolvendo esses APLs foi feito em parceria com o setor privado. Outra, diz respeito ao Plano Diretor da Secretaria, que foi amplamente discutido com setores empresariais. Terceira, estamos desenvolvendo vários projetos novos; talvez o mais simbólico e o mais importante seja exatamente do Pappe-Subvenção, em que a Finep colocou R$ 14 milhões, a Fapemig, R$ 5 milhões, e a Fiemg, R$ 4 milhões. No plano federal, a Lei de Inovação e a Lei do Bem podem conter elementos que inibem a utilização de seus benefícios. Ao fazer a lei mineira de inovação, vocês levaram em consideração aspectos relacionados à segurança jurídica dos entes envolvidos na concessão ou na recepção dos benefícios? Não houve aqui uma preocupação localizada de se criar algum instrumento que oferecesse proteção específica a uma possível insegurança jurídica. No caso da subvenção, desde que o projeto seja bem feito, bem elaborado, passe por um comitê de análise e que sejam comprovados todos os gastos, eu creio que isso reduz bastante a insegurança jurídica. De qualquer maneira, penso que a solução para esses e outros problemas de natureza jurídica seria a inclusão, no Código Civil Brasileiro, da figura do Instituto de Pesquisa, ao lado das Associações e das Fundações. Como seria isso? A lógica burocrática da Esplanada dos Ministérios ou da Praça da Liberdade [onde fica a sede do governo de Minas, em Belo Horizonte] não é a lógica da ciência, tecnologia e inovação. A lógica burocrática da Esplanada dos Ministérios é uma lógica processual de gestão de rotina, de gerir escola, de gerir polícia, de gerir estradas e assim por diante. A lógica da ciência, tecnologia e inovação é uma lógica completamente diferente, que exige uma agilidade e uma flexibilidade condizentes com seus desafios e suas competências. A Lei de Inovação avança, a Lei do Bem avança, mas eu acho que é preciso ainda buscar, dentro do arcabouço legal do País, um nicho específico para a área de C,T&I. Quando fui presidente da Embrapa, trabalhei muito em Brasília, no Congresso Nacional, na época em que se fez a reformulação do Código Civil Brasileiro, para se incluir nele a figura jurídica do Instituto de Pesquisa. A idéia era exatamente dar um tratamento diferenciado ao tema e que realmente fosse criado, dentro do arcabouço legal do Estado brasileiro, um nicho para a C,T&I. Acho que essa é uma bandeira que não deve morrer. Mas para essa bandeira não morrer não seria necessário que ela fosse, ao menos, compreendida pela sociedade brasileira? Eu tenho certeza que sim. Tanto que uma das quatro metas do Plano Diretor da nossa Secretaria é colocar a ciência, tecnologia e inovação na pauta da sociedade. O assunto avançou muito, mas o brasileiro médio não consegue perceber o que significa ciência, tecnologia e inovação como instrumento fundamental, da mesma forma que ele enxerga saúde, educação, transporte e segurança. Mesmo em nível de prefeitos, vereadores ou de secretarias e lideranças, muitas vezes não se tem uma percepção clara do que representa a ciência, tecnologia e inovação numa lógica de desenvolvimento e o que acontece com mudanças tecnológicas e mudanças político-institucionais. Eu entendo desenvolvimento como um processo de desequilíbrio positivo. A sociedade está em equilíbrio e de repente alguém cria uma inovação tecnológica e isso gera um desequilíbrio, gera uma nova oportunidade. Isso incomoda porque alguns começam a andar na frente e a sociedade, então, faz uma mudança político-institucional na legislação para que possa usufruir daquela oportunidade. E, às vezes, acontece o inverso: você tem uma mudança político-institucional e um incentivo, como foi o caso do cerrado brasileiro, e é necessário se gerar todo um acervo de tecnologia para poder responder. A sociedade não consegue perceber isso muito claramente. Então, no nosso Plano Diretor, por exemplo, nós estamos perseguindo quatro grandes objetivos. Um deles é trabalhar muito fortemente para criar na sociedade a percepção da ciência, tecnologia e inovação como uma área estratégica do desenvolvimento. Esse é um dos objetivos; quais são os outros três? Um é preparar Minas como Estado líder da economia do conhecimento. O outro é transformar, efetivamente, o conhecimento em riqueza, através da inovação na empresa. E, por último, fazer o permanente alinhamento das ações da Secretaria ao Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, que é a proposta maior do governo Aécio Neves. Qual é a proposta do Sistema Mineiro de Inovação? 7 Entrevista Ao planejar seu segundo mandato [2007-2010], o governador Aécio Neves tomou a decisão de que ciência, tecnologia e inovação e ensino superior estariam entre as áreas estratégicas prioritárias do Estado. Ele resumiu a preocupação dele com a área em dois conceitos ou duas palavras-chaves. “Para o ensino superior a palavra-chave é qualidade; e na área de ciência, tecnologia e inovação, quero que você priorize a inovação, na lógica de transformar conhecimento em riqueza e emprego”, disse o governador quando me convidou para assumir a Secretaria. Assim, ele criou o Sistema Mineiro de Inovação, SIMI, com o objetivo de estreitar a parceria das instituições de pesquisa com as empresas, e criou também um fórum, que ele preside pessoalmente, com participação de empresários, lideranças e secretários, para definir a política de inovação no Estado. 8 O que dá a garantia de recursos para esses programas? O Tesouro e a Fapemig. O governo, a partir de 2007, passou a colocar 1% do ICM arrecadado na Fapemig. Foram R$ 160 milhões; neste ano vai para R$ 180 milhões. Se você somar o que ela captou da Finep e de outras fontes, o orçamento executado em 2007 foi da ordem de R$ 210 milhões. Os investimentos do Estado no sistema de ciência, tecnologia e inovação, em 2007, chegaram a R$ 500 milhões. Para 2008, a expectativa é que cheguem a R$ 575 milhões. Como se dá a distribuição dos recursos da Fapemig? Como C,T&I é uma cadeia, 60% dos recursos são alocados para apoiar projetos na área de ciência e tecnologia, por meio de editais universais, com liberdade para o pesquisador apresentar propostas, bolsas de pósgraduação etc. Os outros 40% estão sendo direcionados para a inovação e, aí sim, são projetos induzidos, principalmente dentro desses projetos estruturadores que eu mencionei. Na prática, como se dá a prioridade, dentro do Governo, à área de inovação? O governo tem 57 projetos estruturadores, que fazem parte do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado. Qual a expectativa que o senhor tem com a realização Desses 57 projetos, três são de responsabilidade direta da Conferência da Anpei em Belo Hoda Sectes e em um quarto projeto, sobre rizonte? certificação, somos colaboradores com a Secretaria da Agricultura. Os três projetos O fato de a Anpei fazer sua oitava Existem até que estão sob a nossa coordenação são a reunião aqui é um dado extremamente algumas idéias Rede de Inovação Tecnológica (RIT), quapromissor, porque cria uma oportunidade tro APLs com alta densidade tecnológica não só de Minas mostrar o que está fazenprovocativas, que e de inovação [biotecnologia, eletrônica do, mas de chamar os empresários para de repente podem e microeletrônica, softwares e bioenergia] participar, fortalecer a cultura da inovação, e a Rede de Formação Profissional Orientrazer idéias novas, trazer o debate, trazer ser colocadas na tada pelo Mercado. Os três projetos têm propostas de outros Estados. E, principalConferência a inovação como foco principal. Eles remente, Minas quer mostrar claramente o da Anpei... ceberam em 2007 R$106 milhões, e reesforço que está fazendo, o interesse que ceberão do governo, de 2008 a 2011, intem de fazer parcerias. Existem até alguvestimentos de aproximadamente R$360 mas idéias provocativas, que de repente milhões. Cada um desses projetos tem um gerente, um podem ser colocadas na Conferência da Anpei... plano detalhado das ações e, como fazem parte do Plano Quando o assunto é inovação, provocações costumam Mineiro de Desenvolvimento Integrado, tem assegurado ser bem-vindas. O senhor pode nos adiantar quais seos recursos para a execução de suas atividades. Além riam essas idéias provocativas? disso, a inovação será um instrumento para ajudar a corrigir os problemas de desigualdades regionais em Minas. Vamos lá: nós começamos a discutir uma idéia muito As regiões mais pobres do Estado vão ser contempladas interessante com os secretários que tratam dos assuntos com pólos de inovação a partir deste ano. O programa de ciência, tecnologia e inovação no Rio de Janeiro, Aleque será implantado pela Secretaria visa mudar a realixandre Cardoso, e em São Paulo, Alberto Goldman. E dade do Norte de Minas e dos vales do Jequitinhonha e essa idéia é integrar esforços para fazer da região Sudesdo Mucuri. Os pólos de inovação vão concentrar maste do Brasil uma espécie de Coréia da América Latina, sa crítica e laboratórios para gerar novas tecnologias e uma grande potência de ciência, tecnologia e inovação. adaptá-las a essas regiões, gerando o que chamamos de O Sudeste tem dentre suas universidades algumas que desequilíbrio positivo e, conseqüentemente, oportunidasão as melhores do mundo, mas a região como um todo des de emprego e renda. ainda é pouco significativa na comparação com os principais pontos mundiais de referência em C,T&I, como Vários Estados apostam em parques tecnológicos. Como Japão, Coréia, Estados Unidos e Europa. Mas se pudésseMinas Gerais vê essa alternativa? mos fazer no Sudeste uma grande integração na área de Estamos trabalhando na organização de três parques inovação, acredito que teríamos capacidade de gerar um prioritários: em Belo Horizonte, em parceria com a UFMG, impacto muito forte no Brasil e na América Latina. em Itajubá e em Viçosa. Há outros que começam a ser deE como está a discussão dessa idéia? lineados, como em Juiz de Fora, e há uma pressão para termos um parque, também, na região do sul de Minas, O processo está um pouco lento, talvez porque há em Lavras. Mas estamos concentrando esforços em Belo outras atividades que têm demandado mais tempo. Mas Horizonte, Viçosa e Itajubá. acho que é uma idéia que precisa ser trabalhada. Resenha Um painel da inovação no Brasil No artigo “A inovação tecnológica, políticas públicas e o futuro da indústria no Brasil”, o economista Jackson de Toni apresenta um apurado resumo da evolução da inovação no País, reunindo os fatos mais marcantes e as principais fontes de informação sobre o assunto. Em função também de suas reflexões e de seu aspecto didático, trata-se de um texto aconselhável tanto para iniciados como para iniciantes no assunto. Jackson de Toni é economista e mestre em Planejamento Urbano e Regional, professor da Faculdade de Economia da Ulbra (RS) e coordenador técnico da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A íntegra do artigo pode ser lida em www.anpei.org. br/download/abdiininovacao.pdf. O consultor da Anpei e seu primeiro presidente, Mario Barra, preparou para os leitores do Engenhar um resumo do trabalho. Veja abaixo. “A inovação tecnológica, políticas públicas e o futuro da indústria no Brasil”. O comportamento inovador é cada vez mais o diferencial que separa economias menos dinâmicas das mais dinâmicas no mundo globalizado. O artigo procura apresentar os principais avanços, obstáculos e desafios do Brasil. 1) Inovação e tecnologia; conceitos básicos. O autor resume conceitos, classificando a evolução da inovação tecnológica em três períodos: 1) Operacional: surgiu nos anos 1950, quando a inovação tecnológica é entendida como processo linear. 2) Turbulência: foco concentra interesse no estoque de capacidades que uma empresa deve ter para ser bem sucedida na sua estratégia tecnológica. 3) Inovação: combinação de recursos tecnológicos, visando maximizar a sistemática de inovação, e a sua transformação em novos processos e produtos, com valor para o mercado. Identifica as condições necessárias para sustentar um processo de inovação e aponta o mérito da interpretação do crescimento econômico baseado na adoção de inovações proposto por Schumpeter. Lembra que o processo de inovação não segue uma linearidade que inicia no laboratório do cientista e termina na linha de montagem da fábrica (science push), ou se limita aos meros incentivos operados pelo mercado (market-pull). Conclui que o conceito de inovação deve ser alargado para abranger toda e qualquer forma de melhoria produtiva e que a inovação é sempre um processo coletivo que envolve múltiplos atores em ambiente de incerteza. 2) A inovação no tecido industrial brasileiro contemporâneo A indústria brasileira prosperou durante quase trinta anos à sombra da política de substituição de importações. A abertura comercial encontrou uma indústria despreparada para novos paradigmas tecnológicos. A reação inicial da indústria combinou medidas de racionalização radical (downsizing, reengenharia), com o fechamento de setores ineficientes, a fusão e a concentração empresarial. As estratégias utilizadas pelas empresas para sobreviver e se modernizar nos últimos quinze anos foram: (a) Inovação e diferenciação de produtos, para praticar um preço-prêmio; (b) Especialização em produtos padronizados, centradas na redução de custos através da boa gestão da produção, da qualidade de conformação e logística; (c) Empresas que não diferenciam produto e têm produtividade menor. Considerando os dados do IBGE para o ano 2000, 1,7% das empresas se enquadrariam no primeiro grupo, 21,3% no segundo e 77,1% no terceiro grupo. Este último grupo responde apenas por 11,5% do faturamento do setor e 38,2% da mão-de-obra empregada, enquanto que as do primeiro grupo faturam uma fatia de 25,9% e empregam 13,2% da força de trabalho. A inovação e a diferenciação de produto garantem melhores salários e condições de trabalho; a escolaridade é maior nas empresas que inovam e o tempo de permanência no emprego também. A remuneração média é 23% maior que nas empresas que não inovam. As empresas que inovam e diferenciam produtos são mais produtivas e têm maiores parcelas de mercado, seu faturamento médio anual é de R$ 135,5 milhões, contra apenas R$ 1,3 milhão do terceiro grupo e R$ 25 milhões do segundo, registrando que a intensidade tecnológica das exportações brasileiras é muito menor que a média mundial. Nossa concentração em commodities primárias (40% da pauta exportadora) é muito superior à média internacional (13%). O estudo constatou que a busca da inovação é uma estratégia generalizada em todos os setores industriais, um fenômeno de natureza fundamentalmente horizontal. 3) Políticas públicas para inovação No enfoque neoclássico o Estado é tratado como agente exógeno ao mercado, com autonomia e racionalidade para corrigir as “falhas de mercado”. A idéia-chave é a da racionalidade limitada dos agentes econômicos cuja rotina é a base comportamental. Ou seja, Estado, mercado e empresa são instituições dependentes de sua trajetória histórica, configurando contextos mais ou menos favoráveis à dinâmica da inovação econômica. Entretanto, o Estado brasileiro não age conforme as “falhas de mercado” em busca de uma 9 Resenha 10 “política econômica ótima”, mas está condicionado à base organizacional e à trajetória da burocracia pública, submetido à incerteza dos atores sociais. Conclui que a política pública deve criar um sistema nacional de inovação capaz de preservar o estímulo à empresa e à difusão da tecnologia inovadora. Registra que as políticas de apoio à inovação adotadas na OCDE e UE foram: ênfase das políticas a blocos agregados de desenvolvimento; ênfase no investimento em capacitação dos recursos humanos; estímulo ao sistema de redes de inovação e apoio efetivo ao processo de internacionalização das empresas. As bases da política industrial do Governo Lula foram divulgadas em 2003, no texto “Roteiro para Agenda de Desenvolvimento”. Em novembro de 2004 produziu o documento “Diretrizes de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior”. A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) foi anunciada em março de 2005. O foco da política industrial é a criação de condições para aumento da competitividade sistêmica, definida como aumento da eficiência econômica e melhoria da competição no comércio internacional. Os principais instrumentos da política foram o direcionamento dos fundos públicos para projetos com conteúdo de inovação tecnológica; a criação de marcos reguladores adequados e a reorganização das linhas de crédito de bancos oficiais. Setores denominados “portadores de futuro” foram escolhidos, como a nanotecnologia e a biotecnologia. A característica geral da PITCE é a orientação para aumentar a capacidade de inovação das empresas, particularmente naquelas cadeias produtivas e nos setores voltados para exportação. Seguindo estas diretrizes gerais, as linhas de ação definidas pela PITCE são: 3.1 - Inovação e Desenvolvimento Tecnológico: A proposta é consolidar um “Sistema Nacional de Inovação” capaz de articular organicamente empresas, universidades e centros de pesquisa. Ações em curso: (1) “Lei da Inovação”: aprovada pelo Congresso Nacional em 11/11/04. Em debate a regulamentação dos incentivos previstos nessa lei; (2) Restruturação do Instituto Nacional de Propriedade Industrial; (3) Modernização e implantação de laboratórios; (4) apoio às Empresas de Base Tecnológica (EBTs) e ao setor de venture capital. 3.2 - Inserção Externa: Propõe a ampliação sustentada das exportações. Ações nessa área: (1) Desoneração tributária; (2) Desenvolvimento do Programa “Brasil Exportador”; (3) Criação de Centros de Distribuição e Logística no Exterior, com a inauguração do primeiro em Miami; (4) Reforço da imagem do Brasil no exterior e prospecção de novos mercados. 3.3 - Modernização Industrial: O tema é tratado a partir de três abordagens combinadas: Ações de capacitação produtiva; Prioridade aos arranjos produtivos locais; Orientação para evitar a atomização empresarial. Ações em curso: (a) programas de incentivo à modernização de equipamentos; (b) incentivos tributários para importação de bens de capital sem similar nacional; (c) apoio aos APLs e (d) fundos constitucionais para o desenvolvimento regional. 3.4 - Capacidade e escala produtiva: Superar a limitação da capacidade instalada dos setores mais intensivos em capital: mudança do perfil das garantias, promoção de consórcios e novos arranjos competitivos e o estímulo à fusão de empresas. Ações em curso: (1) desoneração tributária: prazo de arrecadação, modernização portuária, desoneração para empresas exportadoras e incentivos fiscais à inovação; (2) incentivo ao investimento e crédito; (3) melhoria do marco legal: nova lei de Falências, reforma do Código de Processo Civil, reforma do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, parcerias público-privadas; aprimoramento das agências reguladoras; Lei de Inovações e reforma do mercado de resseguros; (4) melhoria do ambiente de negócios: simplificação de registro e fechamento de empresas; (5) projetos nas áreas de infraestrutura; (6) criação de uma “Sala do Investidor”. 3.5 - Opções estratégicas: Escolhidas pelo seu potencial de dinamismo, capacidade de atração de investimentos, novas oportunidades de negócios e intensivas em inovação. Nesses requisitos estão os setores de semicondutores, software, fármacos, medicamentos e bens de capital. 4) Problemas atuais da política para inovação A cultura da inovação ainda é recente no País. Somente em outubro de 2005, por exemplo, a CNI organizou seu primeiro Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, em São Paulo, com cerca de 400 participantes. O evento refletiu o desconhecimento por parte dos empresários sobre os mecanismos atuais de estímulo à inovação e a fragilidade dos marcos reguladores, destacando: (a) Principais fragilidades do sistema de inovação brasileiro; (b) Regimes macroeconômicos desfavoráveis: câmbio, tributação, custo de capital, juros e contenção de gastos públicos em C,T&I; (c) Modelo de financiamento não funcional; (d) Formação de recursos humanos escassos e de baixa qualificação: poucos cursos na área das engenharias e ciências exatas e o baixo domínio do idioma inglês; (e) Fragilidade do sistema de proteção à propriedade intelectual; (f) Precariedade na área de Tecnologia Industrial Básica (TIB) como: metrologia, normalização, avaliação de conformidade, certificações, inspeção, ensaios, etc.; (g) Sistema de incentivos fiscais insuficientes, descontínuos e pulverizados. A origem de boa parte dos problemas está relacionada, de fato, à inexistência de um “sistema nacional de inovação” articulado, planejado estrategicamente e coordenado nacionalmente. Na mesma linha registra o estudo da Anpei: “O governo brasileiro precisa fazer um esforço no sentido e reconstruir a sua capacidade em planejamento (detalhamento de ações estratégicas e diretrizes em programas prioritários) e na definição de prioridades”. Notícias Anpei integra Comitê Gestor do Sibratec O diretor da Anpei Sebastião Lauro Nau está entre os 18 nomes anunciados para integrar o Comitê Gestor do Sistema Brasileiro de Tecnologia. O Sibratec conta com orçamento, até 2010, de R$ 677 milhões para aplicação em iniciativas que visem à implantação de redes de centros de inovação, extensão tecnológica e serviços tecnológicos no País. Além do diretor da Anpei, o Comitê conta com representantes de sete ministérios, de várias agências do governo federal, da CNI e do Sebrae. A criação do Sibratec está prevista no Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional, o PAC da C,T&I. O Sibratec funcionará como um conjunto de institutos de pesquisa tecnológica e centros universitários, organizados na forma de redes temáticas, em todo o território nacional. O objetivo do Sistema é apoiar o desenvolvimento de empresas industriais e de serviços, mediante a realização de atividades de P,D&I, prestação de serviços tecnológicos, extensionismo tecnológico, assistência e transferência de tecnologia. As redes do Sibratec serão organizadas de acordo com as principais atividades e áreas de atuação das entidades de pesquisa. O governo vai identificar as instituições existentes, detectar as competências de cada uma e as vocações produtivas das regiões em que estão inseridas. Dentre as metas para o Sibratec em 2008 estão a implementação das redes “centro de inovação” de, pelo menos, cinco cadeias industriais; da rede de serviços tecnológicos em, no mínimo, 15 Estados; e da rede de extensão tecnológica também em, pelo menos, 15 estados. Sebastião Nau é gerente do Departamento de P&D do produto na Weg Indústrias S.A. Governo vai acompanhar Lei de Inovação O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) criou em fevereiro, por meio de portaria, o Comitê Permanente para Acompanhamento Articulado e Sistêmico das Ações Decorrentes da Lei de Inovação (sancionada pelo presidente da República em dezembro de 2004). O comitê é presidido pelo secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCT, Guilherme Henrique Pereira, e conta com a participação de Reinaldo Dias Ferraz, também do MCT, Jorge Almeida Guimarães e Emídio Cantídio de Oliveira Filho, do Ministério da Educação, e Francelino Lamy de Miranda Grando e Marcos Vinicius de Souza, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. De acordo com Guilherme Pereira, o primeiro trabalho do comitê, iniciado antes mesmo da reunião de posse do grupo, está sendo a realização de um amplo levantamento que reunirá as opiniões sobre a Lei de Inovação emanadas dos vários fóruns em que ela foi discutida. “A idéia, como ponto de partida do nosso trabalho, é identificar junto às entidades e órgãos representativos na área de inovação os pontos positivos e negativos da Lei, para, em seguida, propor mudanças onde for necessário”, informou Pereira. Para o levantamento, estão sendo ouvidas entidades como a Anpei, a CNI e o Sebrae, além de responsáveis por órgãos públicos. O presidente do comitê adianta que, de maneira geral, a Lei de Inovação foi muito bem recebida e, no levantamento que está sendo feito, não deverá haver pontos de conflito. Pereira: comitê poderá propor mudanças na Lei de Inovação Campeãs em inovação A Petrobras e a Vale estão entre as empresas que mais investem em pesquisa e desenvolvimento no planeta, segundo estudo divulgado pela consultoria Booz Allen Hamilton. A pesquisa, com dados de 2006, aponta Ford, Pfizer e Toyota como as campeãs em gastos com P&D. O montante aportado por elas foi de, respectivamente, US$ 8 bilhões, US$ 7,4 bilhões e US$ 7,1 bilhões. Já as duas brasileiras investiram em projetos na área de inovação US$ 384 milhões (Petrobras) e US$ 276 milhões (Vale). O levantamento foi realizado com mil grandes empresas. Os gastos globais com P&D entre essas empresas foi de US$ 407 bilhões em 2006. O setor de Computação e Eletrônica foi o responsável pela maior fatia dos gastos, US$ 105 bilhões (ou 26% do total), seguido pelo de Saúde, que investiu US$ 87,4 bi (22% do total), e o de Automóveis, responsável por 17% dos gastos globais (US$ 70 bilhões). Outros setores que aparecem entre os que mais investiram com inovação são: Química e Energia, Tecnologia, Indústria, Software e Internet, Aeroespacial e Defesa, Consumo e Telecom. A China e a Índia lideram entre os países onde houve maior crescimento nos gastos com P&D: entre 2.000 e 2.005, chineses e indianos elevaram seus investimentos na área em 17%. No Japão, o crescimento foi de 3,8%, na América do Norte, 5,2% e na Europa, 2,3%. Os dados da América do Sul não são citados. 11 Notícias Anpei Cooperação Brasil-Coréia em C,T&I é tema de simpósio em São Paulo O 2º Simpósio Brasil-Coréia de inovação tecnológica: estratégias e alianças será realizado no dia 25 de março, em São Paulo, na sede da Fiesp (Avenida Paulista 1313). O evento, organizado pela Anpei, ocorre no âmbito de um convênio entre os dois países no campo da ciência, tecnologia e inovação. O primeiro encontro foi realizado em julho de 2005, em Brasília. O 2º. Simpósio tem como objetivo estimular a cooperação nas áreas de tecnologia industrial e de ciência e tecnologia entre o Brasil e a Coréia. Atuarão como palestrantes dirigentes de instituições empresariais, governamentais e de C&T, dos dois países. O público-alvo do encontro são empresários, dirigentes de instituições de pesquisa e funcionários de órgãos públicos e profissionais vinculados às empresas associadas à Anpei. As inscrições, gratuitas, devem ser feitas pelo telefone (11) 38423533 ou [email protected] As vagas são limitadas. Veja a programação do Simpósio 09h00 Credenciamento 09h15 Abertura 09h30 Painel I: Promovendo a cooperação tecnológica e industrial entre Coréia e Brasil. • A inovação como ferramenta estratégica para o crescimento e a competitividade industrial. • Incentivos governamentais à inovação: as experiências brasileira e coreana do ponto de vista industrial. • Oportunidades de cooperação tecnológica industrial. • Ambiente de negócios para as pequenas e médias empresas. 12h30 Brunch 14h00 Painel II – Fortalecendo a cooperação em áreas estratégicas da ciência e tecnologia: Biotecnologia, Aeroespacial, Energia Nuclear, Pesquisa Básica. 17h40 Debates e conclusões 18h00 Encerramento Bem-vindos à Anpei Mais cinco empresas e uma universidade se associam à Anpei Angelus 12 Serasa As atividades de P&D da Angelus Indústria de Produtos Odontológicos S.A., localizada em Londrina (PR), iniciaram-se em 1994. No primeiro ano de existência, a empresa depositou sua primeira patente, demonstrando seu caráter inovador. Em 1996, com o primeiro produto lançado no mercado, a Angelus recebeu o “Prêmio Inovação Tecnológica” da Federação das Indústrias do Estado do Paraná. A empresa desenvolve atividades nas áreas de polímeros, cerâmicas, metais e compósitos. Conta com equipe de 53 pessoas, sendo nove pesquisadores. A Serasa S.A. é uma das maiores empresas do mundo em análises e informações para decisões de crédito e apoio a negócios. A empresa desenvolve as mais avançadas soluções de classificação de risco, tanto sobre pessoas jurídicas quanto físicas, agregando, continuamente, as atuais conquistas da tecnologia mundial de crédito aos seus modelos matemáticos, criados com foco nas particularidades do mercado brasileiro. A Serasa responde a 3,5 milhões de consultas por dia, demandadas por mais de 300 mil clientes diretos e indiretos. Aselco Studyoke A Asel-Tech Tecnologia e Automação é um dos maiores fornecedores mundiais de tecnologias acústicas para detecção de vazamentos em dutos de óleo, gás e multifásicos. Fundada em 1983, começou produzindo equipamentos de medição de nível e discos de ruptura. A partir de 2000, a Aselco passou a desenvolver tecnologias próprias, como os de detecção de vazamentos para dutos, sistemas para condicionamento de amostras para termoelétricas, de medição fiscal e de monitoramento de guindastes para plataformas de petróleo. Fundada em 2000, em Franca, no interior paulista, a Studyoke Comércio de Equipamentos Eletrônicos se dedica ao desenvolvimento de projetos de soluções tecnológicas para som e imagem. A empresa presta serviços tanto aos profissionais da construção civil como para clientes diretos, em espaços residenciais, comerciais e corporativos. Oferece soluções completas, desde a criação de projetos técnicos e visuais até a administração da obra para implementação dos sistemas tecnológicos, instalação dos equipamentos e treinamentos. PUCRS Vlados A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) é uma instituição de ensino reconhecida por também investir em pesquisa. Por meio da rede INOVAPUC, que congrega o conjunto de ações e mecanismos relativos ao processo de inovação e empreendedorismo da universidade, foram gerados, no ano passado, 59 projetos de pesquisa. Integra a INOVAPUC o Parque Cientifico e Tecnológico (TECNOPUC), espaço dentro do campus preparado para receber empresas interessadas em interagir com os grupos de pesquisas da PUCRS. Fundada em 1953, a Equipamentos Industriais Vlados Ltda. se destaca como uma das maiores empresas latino-americanas no mercado de válvulas para transporte e uma das líderes mundiais em tecnologia para fabricação de válvulas para o transporte de biocombustíveis. A empresa foi a primeira a fornecer válvulas flexfuel para o mercado de transporte de líquidos, aumentando a eficácia e reduzindo os custos operacionais de seus clientes. A Vlados baseia seu trabalho nos princípios da melhoria contínua e no investimento em inovação.