Suas aplicações e importância no Ensino de Matemática
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Suas aplicações e importância no Ensino de Matemática
0 FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE MATEMÁTICA RAZÃO ÁUREA: Suas aplicações e importância no Ensino de Matemática Cristiano Barreto de Oliveira APARECIDADA DE GOIÂNIA 2010 1 CRISTIANO BARRETO DE OLIVEIRA RAZÃO ÁUREA: Suas aplicações e importância no Ensino de Matemática Monografia apresentado ao Instituto Superior de Educação da faculdade Alfredo Nasser, sob orientação do Profº. Ms. Ronan Santana dos Santos como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Matemática. APARECIDADA DE GOIÂNIA 2010 2 RAZÃO ÁUREA: Suas aplicações e importância no Ensino de Matemática Aparecida de Goiânia, 26 Novembro de 2010. EXAMINADORES Orientador – Prof.(a) Ms. Ronan Santana dos Santos - Nota: _____ / 70 Primeiro examinador – Prof.(a) __________________________________ - Nota: _____ / 70 Segundo examinador – Prof.(a) __________________________________ - Nota: _____ / 70 Média parcial – Avaliação da produção do Trabalho: _____ / 70 3 Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais José Rui (in memorian) e Maria de Lourdes Barreto de Oliveira, aos meus irmãos e principalmente a minha esposa Elayne Di Silva que soube compreender cotidianamente minha ausência, mas acima de tudo nunca deixou de me apoiar e incentivar. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiro a Deus que me proporcionou saúde e sabedoria durante esse período muito importante para a minha vida. Aos meus pais e familiares, pelo apoio e confiança que sempre depositaram na minha formação. A minha esposa e a sua família que estiveram ao meu lado incentivando nos momento de preocupação durante o meu curso. Ao meu irmão Marlon, pela confiança e incentivo nos meus estudos desde a ausência de meu pai. Aos meus colegas da faculdade Emerson, Lucas, Rosana, Marcio e Reginaldo, que no momento de minhas dificuldades, estiveram sempre ao meu lado. Aos professores da Faculdade Alfredo Nasser que nunca mediram esforços no sentido de auxiliar o crescimento da minha vida acadêmica. Ao meu orientador e responsável pelo meu projeto e pelo auxilio durante a realização desse trabalho. 5 A ousadia do fazer é que abre o campo do possível. Pedro Garcia 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................................8 I A RELEVÂNCIA DO TEMA RAZÃO ÁUREA...........................................................12 II A HISTÓRIA DE PITÁGORAS E SUAS DESCOBERTAS......................................14 III A RAZÃO ÁUREA E O NÚMERO DE OURO..........................................................22 3.1. Relações associadas ao número de ouro................................................................23 3.2. O número de ouro..................................................................................................26 IV A RAZÃO ÁUREA E O NÚMERO DE OURO RELACIONADOS AO MODULOR, OBRAS RENASCENTISTAS, FOCANDO LEONARDO DA VINCI, A NATUREZA, OS ANIMAIS E A MÚSICA................................................................................................30 4.1. O modulor............................................................................................................30 4.2. Leonardo da Vinci...............................................................................................32 4.3. O número de ouro na natureza.............................................................................34 4.4. Aspiral Logarítimica.............................................................................................36 4.5. Amúsica e a razão áurea.......................................................................................37 V CAMINHOS PERCORRIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO...........................................................................................................................39 5.1. Atividade desenvolvida........................................................................................39 5.2. Sugestões produzidas para o desenvolvimento da aprendizagem na sala de aula............................................................................................................................................40 5.2.1 O triângulo áureo.................................................................................................40 5.2.2 O retângulo áureo e sua construção ...................................................................43 5.3. Análise dos dados................................................................................................45 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................46 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................48 7 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Sólidos Convexos regulares ................................................................................ 16 Figura 02 – Pentágono .............................................................................................................16 Figura 03 – Pentágono Regular ............................................................................................... 17 Figura 04 – Pirâmide de Quéops, em Gizé ............................................................................. 27 Figura 05 – Papiro de Rhind (Egipcio) ou Ahmas (museu Britânico) ................................... 28 Figura 06 – Parthenon ............................................................................................................. 28 Figura 07 – Taj Mahal ............................................................................................................. 29 Figura 08 – Modulor 1 ............................................................................................................ 31 Figura 09 – Modulor 2 ............................................................................................................ 31 Figura 10 – Homem Vitruviano .............................................................................................. 32 Figura 11 – Mona Lisa ............................................................................................................ 33 Figura 12 – Ultima ceia de salvador Dali ............................................................................... 33 Figura 13 – Galho de Folha.................................................................................................... 34 Figura 14 – Girassol ................................................................................................................ 34 Figura 15 – Caule .................................................................................................................... 34 Figura 16 – Concha do Natilus ............................................................................................... 35 Figura 17 – Rabo de um camaleão .......................................................................................... 35 Figura 18 – Razão Áurea ........................................................................................................ 35 Figura 19 – Espiral Logarítmica ............................................................................................. 36 Figura 20 – Violino ................................................................................................................ .38 Figura 21 – Teclado ................................................................................................................ 38 Figura 22 – Triângulo Áureo .................................................................................................. 40 Figura 23 – Retângulo Áureo e Triângulo Áureo, respectivamente ....................................... 41 Figura 24 – Figura 24 .............................................................................................................. 43 Figura 25 – O retângulo AHCG é .áureo ................................................................................ 44 Figura 26 – Quadrados Perfeitos ............................................................................................45 8 INTRODUÇÃO A realidade do ensino da Matemática no contexto escolar mostra uma dificuldade significativa para que os conteúdos de ensino sejam executados, com isso muitos aspectos importantes da Matemática, muitas vezes, não chegam ao conhecimento dos alunos. Essa ação passa a ser evidenciada quando nas séries consecutivas de sua formação, o mesmo precisa de conhecimentos não adquiridos, prejudicando o seu processo de ensino e aprendizagem da Matemática. A Matemática é uma área do conhecimento que se relaciona com as demais sejam elas exatas ou humanas. Está presente no cotidiano, na natureza, nas artes, o que lhe atribui características de um conhecimento social. Seu ensino, quando associado à possibilidade de leitura da realidade, à história da humanidade, à tecnologia, a uma linguagem universal, toma uma dimensão interdisciplinar. É preciso que os professores de Matemática estejam convencidos da função social da escola e atribuam à sua ação pedagógica, objetivos amplos que possibilitem a alunos a aplicação de suas aprendizagens em contextos diferentes daqueles que foram aprendidos, na expectativa de que o trabalho escolar extrapole a sala de aula. Diante deste cenário sobre o ensino da matemática, propomos o estudo da Razão Áurea no Ensino Médio para auxiliar a aprendizagem em alguns aspectos da matemática. A intencionalidade deste trabalho parte de aspectos históricos da Razão Áurea e envolve conseqüentemente o número Phi ou Número de Ouro, procurando motivar os alunos a se interessarem pelo estudo de matemática por meio da curiosidade que estes números apresentam. Durante nosso estudo desenvolveremos um algoritmo para mostrar como chegar ao número de ouro, assim como fez Euclides de Alexandria, todo processo para chegarmos a uma equação onde encontraremos duas raízes, uma será o número ࣘ (número de ouro) e a outra, será um número denominado ࣐ (razão áurea), passaremos por curiosidades calculando matematicamente com essas duas raízes. O Número de Ouro, presente na natureza, que desde os tempos mais remotos é aplicado na arte, traduz a proporção geométrica conhecida como razão áurea, usada na pintura, escultura, na arquitetura. O retângulo de ouro, uma forma visualmente glamorosa, que expressa movimento e beleza, foi utilizada por vários artistas entre eles Leonardo da Vinci e 9 mais recentemente por Lê Corbusier. Tendo como tema a Razão Áurea, o presente trabalho, aborda aspectos da Matemática, da arte, da natureza e do cotidiano, numa perspectiva sóciohistórica e interdisciplinar, visando a proporcionar uma reflexão sobre o ensino de geometria na escola e sua relação com outras áreas de conhecimento. Com base nos autores estudados têm-se os seguintes objetivos: Como objetivo geral do estudo do tema em questão: Problematizar a proposta de ensino aprendizagem da educação escolar e como esta concepção está sendo aplicada na sala de aula; E os objetivos específicos: Neste trabalho monográfico feito a partir de pesquisas bibliográficas chegamos ao número irracional 1,6180339..., que é o número de ouro, hoje conhecido como número Phi ࣘ, tendo como um dos objetivos de levantar os conhecimentos existentes sobre Razão Áurea para auxiliar o ensino de alguns conteúdos matemáticos. Pesquisar alguns dos aspectos que envolvem a Razão Áurea; Compreender a análise que os matemáticos realizaram para chegar à Razão Áurea envolvendo algumas situações geométricas e fenômenos da natureza; Realizar as conexões existentes entre conteúdos matemáticos que utilizam a Razão Áurea; Sugerir situações que utilize a Razão Áurea no ensino da Matemática. Assim temos a pretensão de estimular o prazer de estudar conteúdos estudados por muitos estudiosos matemáticos, desde antes de Cristo. Trabalharemos o número de ouro em cada elemento em que ele existe para mostrar que esse número irracional, além de misterioso, pode nos ajudar. Mostraremos que o número de ouro pode ser encontrado matematicamente e que está contido em muitas outras coisas que nem podíamos imaginar, como na arquitetura, plantas, pessoas, etc. Exibiremos o processo histórico, sobre o surgimento da razão áurea, sua importância em nosso meio, o seu desenvolvimento, alguns exemplos em que encontramos e onde pode ser usada, a sua influência na ciência, como foi estudado e como foi conhecida pelos grandes estudiosos, sua presença em nosso contexto a partir de um segmento, o estudo sobre a estrela pitagórica, os grandes estudiosos da época e suas contribuições para o 10 desenvolvimento da humanidade e do número Phi. Nesse estudo, veremos algumas demonstrações e ilustrações e como chegar ao número de ouro. Na história do número de ouro, passaremos desde o Egito antigo, as pirâmides como a de Quéops e as relações nas construções da época. Alguns artefatos do Egito antigo relatam se as pirâmides haviam sido construídas ou não a partir do número de ouro. Uma das construções que possuem muitas relações com o número de ouro está em Atenas na Grécia, o Parthenon construído pelo engenheiro Fidas. Outra construída no século XVI está na Índia em Agra, o Taj Mahal que nos mostrará muitas relações com o número Phi. Um sistema de medição padronizada do homem foi desenvolvido por Lê Corbusier (suíço que desenvolveu todo seu trabalho na França) e ficou conhecido como Modulor. O sistema traz relações de medidas ideais do homem. Fibonacci publicou o livro “Líber Abaci” que era voltado principalmente para o comércio e continha o sistema numérico Indo-arábico o método de operações aritméticas e principalmente a famosa sequência de Fibonacci. Mostraremos o retângulo áureo que foi muito discutido entre os estudiosos matemáticos da era renascentista. A base de todo o trabalho artístico foi inspirado através do retângulo áureo e até hoje muitos o usam para relacionar os trabalhos artísticos. Alguns desses trabalhos renascentistas são a Monalisa de Leonardo Da Vicci e a Santa Ceia de Salvador Dali, sendo o que mais nos fascinou nesse trabalho foi à construção desse retângulo, que pode ser construído de várias formas. Em nosso estudo destacamos esboços e curiosidades sobre o retângulo. Mostraremos em cálculos numéricos a construção desses retângulos, mostraremos que quando se constroem um retângulo sobrepondo o outro esse irá para o infinito, acharemos também a espiral logarítmica e “O olho de Deus” como disse Pickover que seria o encontro das diagonais nos retângulos áureos. O pentagrama é uma figura fascinante, a partir dele, os pitagóricos encontraram a estrela pitagórica, símbolo que foi do céu ao inferno na era renascentista, mas hoje, temos outros olhares quando se trata da estrela pitagórica. Leonardo Da Vicci, um dos pitagóricos, pintou o homem vitruviano, o símbolo da perfeição e mostrou às relações que divide o homem, alguma dessas divisões tem relações muito importantes e é usada pelo homem para a estética corporal do humano. 11 O estudo das plantas e a razão áurea nos mostrarão fatos curiosos da própria natureza. Com interdisciplinaridade entre botânica e matemática geométrica, o homem conseguiu provar que o nascimento de uma folha após a outra ou um galho após o outro, segue a seqüência de Fibonacci, as pétalas de rosa, para que uma possa nascer existe sempre uma distância da outra que virá posteriormente. A espiral logarítmica é outro estudo que vai nos mostrar a razão áurea. Mostraremos aqui alguns exemplos da espiral logarítmica. Mostraremos como a música e a razão áurea está ligada diretamente. Desde a invenção das notas musicais, que foram criadas pelos pitágoricos até a construção de instrumentos musicais. Levantarei os conhecimentos existentes em relação à Razão Áurea para auxiliar o ensino da matemática. No desenvolver da pesquisa foi realizada a revisão de literatura dos seguintes aspectos: segmento em média e extrema razão; as expressões que definem a Razão Áurea; a construção do Retângulo Áureo e suas propriedades; sobre a Espiral Logarítmica; sobre Lê Corbusier e o “Homem vitruviano”; A Pirâmide Áurea; Triângulo Áureo; Pentagrama; e a Razão Áurea na proporção do corpo humano. A metodologia utilizada foi de levantamento bibliográfico. O trabalho mostra que é possível partindo da Razão Áurea trabalhar no dia a dia de sala de aula com diversos aspectos da Matemática e com isso estimular um maior interesse do discente e auxiliá-lo no processo ensino e aprendizagem da mesma. As divisões dos capítulos seguirão a seguinte ordem: No primeiro capítulo falarei dos caminhos percorridos para o desenvolvimento do trabalho, no segundo capítulo falarei da minha justificativa para fazer este trabalho. No capítulo III falarei sobre a história de Pitágoras e os pitágoricos e suas descobertas. No capítulo IV falarei sobre o número de ouro e suas relações. No caítulo V falarei a respeito da razão áurea e o número de ouro relacionados ao modulor, obras renascentistas, focando Leonardo da Vinci, na natureza, nos animais e na música. No capítulo VI encerrarei o trabalho com as minhas considerações finais. 12 CAPÍTULO I A RELEVÂNCIA DO TEMA RAZÃO ÁUREA A Razão Áurea nos permite fazer mudanças de cunho pedagógico para uma nova postura educacional, que vise adotar novos métodos de trabalho envolvendo toda a escola, redimensionando o sentido da sua existência e importância na vida do professor, do aluno e da sociedade. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998) afirma que “a Matemática é componente importante na construção da cidadania, na medida em que a sociedade se utiliza, cada vez mais, de conhecimentos e recursos tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se apropriar” (PCNs, 1998, pág. 19). Mas sabemos que a sociedade está em contínua transformação cultural, social e econômica. Todos os dias surgem novas tendências e com a mesma rapidez que surgem elas também desaparecem. Estas constantes transformações fazem com que as pessoas se capacitem para conviver e dominar as muitas novas informações que aparecem quase que diariamente. Tendo acesso à informação e educação, as pessoas saberão utilizar de todos os seus conhecimentos de forma adequada, possibilitando a sua adaptação na sociedade. Cada vez fica mais necessário direcionar a educação para mudanças de consciências, demonstrando que ela está presente na vida de todas as pessoas. É de fundamental importância toda e qualquer forma de mudança da Educação Matemática, pois muitos alunos não gostam de matemática por não entendê-la ou não foram motivados a isso. A Razão Áurea é um tema que chamou a minha atenção não apenas por sua perfeição, beleza e uma grande harmonia, mas, sobretudo, por favorecer uma interligação de várias áreas da matemática com outras disciplinas e o aperfeiçoamento de noções consideradas fundamentais no ensino da matemática possibilitando contribuir para um novo currículo escolar. A respeito do papel da história da matemática no currículo escolar, os PCN (1998) defendem que se o professor conhecer as resistências e as dificuldades enfrentadas pelo 13 homem no passado quando foi produzido e sistematizado um conhecimento, terá condições de compreender melhor e aceitar as dificuldades apresentadas por seus alunos na construção desse conhecimento. Assim, na operacionalização dessa proposta, professores e alunos se deparam com uma nova maneira de ensinar e aprender, e de se relacionarem entre si. Fatos estes que exigem compromisso da escola e dos educadores em busca de melhores condições para desenvolver práticas que possibilitem uma ampla formação do educando. Mostrarei que desde o antigo Egito até os dias atuais, a Razão Áurea vem mostrando alguns aspectos que influenciam no desenvolvimento do mundo, desde um simples girassol na natureza, até a estética corporal humana, passando por uma infinidade de elementos que o homem vem estudando e que muitos de nós não conhecemos e não compreendemos. Acredito que o trabalho com a Razão Áurea pode ser bastante rico, pois permite ao professor rever, ampliar e aprofundar diversos conceitos e procedimentos ligados a números irracionais, razão, proporção, semelhança de figuras planas, construções geométricas e demonstrações. Em síntese, o propósito é contribuir para uma melhor formação dos alunos, apresentando uma seqüência de atividades, cujo desenvolvimento pode favorecer na sua aprendizagem. 14 CAPÍTULO II A HISTÓRIA DE PITÁGORAS E SUAS DESCOBERTAS O filosofo e matemático grego Pitágoras nascido por volta de 570 a.C. na Ásia Menor, na ilha de Samos, no mar Egeu, viajou ao Egito, Babilônia e outros países onde acumulou conhecimentos em Astronomia, Matemática e Filosofia. Pitágoras aparentemente saiu de Samos para escapar da tirania sufocante de Polícrates (morto por volta de 522 a.C.), que estabeleceu uma supremacia naval sâmia no mar Egeu. Seguindo ao conselho de seu professor, o matemático Tales de Mileto, Pitágoras tenha vivido durante vinte e dois anos (segundo alguns relatos) no Egito, onde ele teria aprendido Matemática, Filosofia e temas religiosos com os sacerdotes egípcios. Após o Egito ser esmagado pelas forças persas, Pitágoras pode ter sido levado para a Babilônia junto com alguns membros do clero. Lá ele teria entrado em contato com o conhecimento matemático mesopotâmico. A matemática egípcia e babilônica se mostrou fraca para a inteligência de Pitágoras. Para esses dois povos, a matemática fornecia ferramentas práticas destinada a cálculos específicos, (como se fosse receitas de bolo). Já Pitágoras, compreendia os números como entidades abstratas que existem por si mesmo. Ao retornar à Grécia, na ilha de Crotona, costa sudeste, hoje Itália, Pitágoras começou a dar aulas de Filosofia e Matemática, atraindo uma multidão de seguidores, que podemos incluir a esta multidão de seguidores a jovem e bela Theano, (filha de seu anfitrião Milo), com quem mais tarde ele se casou. Pitágoras de Samos pertence mais ao mundo da lenda que à realidade. Conta uma lenda que Pitágoras tinha uma marca de nascença dourada na coxa, que seus seguidores consideravam uma indicação de que ele era um filho do deus Apolo. Nenhuma das biografias de Pitágoras escritas na antiguidade foi preservada, dizem que Pitágoras, aparentemente, não escreveu nada. Mesmo assim, sua influência era tão grande que seus seguidores formaram uma sociedade secreta, ou irmandade, e eram conhecidos como Pitagóricos. Pitágoras fundou a Escola Pitagórica, uma espécie de associação de caráter mais religioso que filosófico, cujas doutrinas eram mantidas em segredo. Os pitagóricos faziam 15 uma tatuagem, o pentagrama na mão. Segundo alguns historiadores, a razão disto é que, além de aparecer a “razão áurea”, dentro de um pentagrama tem um pentágono e neste é possível inscrever outro pentagrama, dentro deste pentagrama outro pentágono, depois outro..., ou seja, aparece a noção de infinito. Os ensinamentos não eram escritos, mas transmitidos oralmente e guardados em segredo entre seus seguidores. O descumprimento desta norma ocorria à excomunhão do seguidor de Pitágoras. Os fatos a respeito da morte de Pitágoras são tão imprecisos quanto os fatos sobre sua vida. De acordo com uma história, a casa na qual ele ficava em Crotona foi incendiada por uma multidão invejosa da elite pitagórica, e Pitágoras foi assassinado durante a fuga, ao chegar a um lugar cheio de grãos no qual ele não iria pisar. Uma versão diferente é dada pelo cientista e filósofo grego Dicaearco de Messana (cerca de 355-280 a.C.), que afirma que Pitágoras conseguiu fugir até o Templo das Musas em Metaponto, onde ele morreu depois de quarenta dias de fome. Uma história completamente diferente é contada por Hermipo. Segundo ele, Pitágoras foi morto pelos siracusanos em sua guerra contra o exercito de Agrigento, ao qual Pitágoras fez parte. Embora seja quase impossível atribuir com certeza qualquer feito matemático ao próprio Pitágoras ou aos seus seguidores, não há dúvida de que eles foram responsáveis por uma mistura de matemática, filosofia de vida e religião sem paralelo na história. A esse respeito, é interessante observar a coincidência de Pitágoras ter sido contemporâneo de Buda e de Confúcio. Atribui-se a Pitágoras a invenção das palavras “filosofia” (“amor pela verdade”) e “matemática” (“aquilo que é aprendido”). Para Pitágoras, um filósofo era alguém que se dedicava a descobrir o significado e o objetivo da vida, a revelar os segredos da natureza. Segundo seus ensinamentos, o sagrado mistério da ciência tem o seu centro na matemática, no estudo do número, cuja lei domina todas as coisas: nos astros, cujas distâncias, grandezas e movimentos são regulados por meio de relações matemáticas, geométricas e numéricas; nos sons, cujas relações de harmonia obedecem a leis numéricas fixas; na vida e na saúde, que são proporções numéricas e harmônicas de elementos; Eles entediam que o “número dirige o universo”, essência de todas as coisas que existe na natureza pode ser explicada através dos números. 16 Apesar do misticismo que os envolvia, fizeram descobertas importantes sobre os números. Embora haja contradições, devido à falta de documentos da época. “Não é possível precisar aquilo que é próprio de Pitágoras e o que é contribuição de seus discípulos, mas provavelmente os pitagóricos descobriram três dos cinco sólidos convexos regulares.” (BOYER, 1996, p. 59). O que se conhece do pensamento pitagórico é baseado em fontes posteriores e não se tem uma precisão do que é verdade e do que é falso em relação a Pitágoras. Figura 01: Sólidos convexos regulares Estes cinco sólidos convexos regulares podem cada um, ser circunscrito por uma esfera: o tetraedro, o cubo, o octaedro, o icosaedro e o dodecaedro. Um gosto pelos “mistérios” levou os gregos antigos a atribuir um significado especial ao dodecaedro: suas doze facetas regulares correspondiam aos doze signos do zodíaco. “Cada face pentagonal, associada à divisão áurea, era de um interesse especial para os pitagóricos. O ponto de intersecção P divide cada uma delas na proporção áurea. P divide AQ e AB internamente e QB externamente nessa proporção.” (HUNTLEY, 1985, p. 36). O pentágono era considerado como símbolo do universo pelos pitagóricos. Figura 02: Pentágono 17 Os pitagóricos tentavam explicar a estrutura da matéria usando os cinco sólidos regulares. O ultimo sólido convexo regular descoberto pelos pitagóricos, o dodecaedro, tem suas faces pentagonais que se relacionam fortemente com a Razão Áurea. Talvez por isto, os pitagóricos o consideravam muito especial. Platão que viveu (428/427 a.C - 348/347 a.C.) uma das mentes mais influentes da Grécia antiga e da civilização ocidental em geral considerou o dodecaedro como “um símbolo do universo” (BOYER, 1996, p. 58). Dizem que Platão estudou matemática com o pitagórico Teodoro de Cirene, que foi o primeiro a provar que, além da raiz quadrada de dois, números como raiz quadrada de três, raiz quadrada de cinco, até a raiz quadrada de dezessete também eram irracionais. Considerando o papel de Platão na matemática em geral, e em relação à Razão Áurea, em particular, temos que analisar não só suas contribuições puramente matemática, mas o efeito de sua influência e de seu estímulo para a matemática de outras pessoas da sua e das gerações seguintes. Até certo ponto Platão pode ser considerado um dos primeiros teóricos autênticos. Platão tinha um grande interesse pelas propriedades dos números e das figuras geométricas. Um pentagrama regular é obtido traçando-se as diagonais do pentágono regular ABCDE, como na figura 8 abaixo. O pentágono menor (hachurado), formado pelas intersecções das diagonais, está em proporção com ABCDE. A razão entre as medidas dos lados dos dois pentágonos é igual ao quadrado do número de ouro. A razão entre a área do pentágono maior e a do pentágono menor é igual à quarta potência do número de ouro. No triângulo isóscele ABD seus lados maiores estão em média e extrema razão com sua base. Isto é: Figura 03: Pentágono Regular 18 No pentagrama, as medidas das diagonais estão em razão áurea com as medidas dos lados do pentágono. Pode-se observar na figura acima que a razão entre a medida da diagonal DA e a medida do lado AB do pentágono é fi, a razão entre a medida da diagonal DB e a medida do lado BC também é fi e a razão entre a medida da diagonal CA e a medida do lado AE também é fi. Ou seja: Quando Pitágoras descobriu que as proporções no pentagrama eram a proporção áurea, tornou este símbolo estrelado como a representação da Irmandade Pitagórica. Este era um dos motivos que levava Pitágoras a dizer que tudo é número, ou seja, que a natureza segue padrões matemáticos. Outro importante membro da escola pitagórica foi Filolau de Crotona (meados do séc. V a.C.), que dizia que todas as coisas têm um número e que sem os números nada se pode conceber ou compreender, ou seja, Filolau de Crotona e os pitagóricos diziam e acreditavam que os números eram a essência de todas as coisas. E realmente tudo que é conhecido tem número; pois nada é possível pensar ou conhecer sem ele. Com natureza e harmonia, dá-se o seguinte: a essência das coisas, que é eterna, e a própria natureza seguem conhecimento divino e não humano, e seria absolutamente impossível que alguma das coisas existentes se tornasse conhecida por nós, se não existisse a essência das coisas das quais se constitui o cosmos. O conhecimento desenvolvido pelos pitagóricos no estudo da acústica mantém-se válido até hoje. Eles descobriram que a altura de um som tem relação com o comprimento da corda que, ao vibrar, o produz. Por exemplo, se dobrarmos o tamanho de uma corda que produz uma nota ‘‘dó’’, obteremos a mesma nota, mas uma oitava mais grave. Eles ainda identificaram as subdivisões para obter as demais notas. Crê-se que o estudo dos sons tenha auxiliado Pitágoras a desenvolver a idéia de que o próprio universo estivesse organizado sobre os números e as relações entre eles. Na matemática, o nome de Pitágoras permanece associado a uma importante relação numérica que demonstrou haver no triângulo retângulo, conhecido como teorema de 19 Pitágoras. O teorema de Pitágoras estabelece que a área do quadrado relativo à hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados relativos aos catetos. Os pitagóricos deixaram também um fracasso na teoria da medida de grandezas geométricas, ao atribuírem uma dimensão e uma unidade de medida chamada mônada, a qual eles consideravam ser o “menor” segmento, originando um paradoxo quanto ao movimento entre os extremos, fato já detectado por Zenão de Eléia. Por mais de 500 anos antes de Cristo, os gregos (pitagóricos), vem estudando as relações entre os segmentos de um pentagrama. Determinaram um número que desempenha um importante papel na geometria, na estética, nas artes, na arquitetura e na biologia. Este número é chamado de número áureo (número de ouro) ou razão (secção) áurea. A razão áurea, além de um conceito matemático, é uma expressão de harmonia e beleza. Os antigos gregos avaliavam essa harmonia nos seres vivos e não-vivos, buscando em suas dimensões uma proporção que se aproximasse da razão áurea. Um segmento de reta ou linha dividida na Razão Áurea é uma das primeiras situações que aparece quando se pesquisa sobre a Razão Áurea. O estudo da Razão Áurea pode se começar por um segmento de reta qualquer, que podemos imaginar que esteja dividido de tal forma que resulte em um segmento maior e outro segmento menor. A Razão Áurea ocorre quando o segmento menor dividido pelo maior é igual ao maior dividido pelo segmento todo. Na Figura abaixo podemos mostrar como isso ocorre. 1 X Segmento em media e extrema razão O segmento maior da Figura acima, Temos que: possui o valor 1 e o menor o valor X. 20 Ou então, Para esclarecermos como o segmento da Figura 1 está dividido em uma Razão Áurea, pode se resolver equação: Utilizando a fórmula de Báskara temos: Ou seja, eo Portanto o valor encontrado no X’ é conhecido como o valor da Razão Áurea, que é representada pela letra grega fi minúscula (࣐ = 0, 6180339...), resultado da razão do menor pelo maior. Como X > 0, e trata-se de um segmento, podemos desconsiderar o resultado encontrado do X”= -1,6180339... por ser negativo. O fi letra grega, inicial do nome de Fídeas foi adotado para determinar a Razão Áurea. Que despertou o interesse de muitos matemáticos na Idade Média e durante a Renascença. Em 1509 foi publicado um tratado de Luca Pacioli, De Divina Proportione, ilustrado por Leonardo da Vinci. Reproduzido em 1956, é um “compêndido fascinante da aparição do fi em várias figuras planas e sólidas”. 21 Há cerca de 2,5 mil anos esta questão já intrigava os gregos. Euclides (323-285 a. C.), o matemático grego autor de Os elementos, obra fundamental da geometria, descreveu em sua proposição VI uma maneira de buscar o modo mais harmonioso de “[...] dividir um segmento de reta em média e extrema razão [...] (EUCLIDES, apud EVES, 1992, p. 42), e isso foi o que provamos logo a cima. 22 CAPÍTULO III A RAZÃO ÁUREA E O NÚMERO DE OURO De uma maneira mais simplificada podemos chegar ao número de ouro e para isso utilizaremos o seguinte processo: Considere o segmento de reta, cujas duas extremidades se denominarão A e B, e colocando um ponto D entre A e B (neste caso o ponto D estará mais perto de B), de maneira que a razão do segmento de reta menor (DB) para o maior (AD) seja igual à razão do maior segmento (AD) para o segmento todo (AB): A razão entre os comprimentos destes segmentos designa-se habitualmente por seção áurea. Então, tem-se que: (DB) / (AD) = (AD) / (AB) Pode-se então definir o número de ouro se considerar: DB = y AD = x AB = x + y O número de ouro vai ser a razão entre x e y: y / x = x / (x + y) Se ainda substituir y por 1 (que corresponde a unidade de comprimento 1), temos que: 1 / x = x / (x + 1) Multiplicando ambos os lados por x (x + 1), obtém-se: x² - x - 1 = 0 Resolvendo esta equação quadrática: 23 Obtemos as seguintes soluções: Não se irá considerar o segundo valor (x’’), tendo em conta que o comprimento de um polígono, nunca poderá ser negativo. Chegamos então, ao que pretendemos, isto é, encontramos o tão esperado número de ouro Ф (Fi) “maiúsculo”: = 1,6180339 3.1. RELAÇÕES ASSOCIADAS AO NÚMERO DE OURO O fhi também está relacionado com qualquer seqüência de inteiros formada de acordo com a lei segundo a qual cada termo é a soma dos dois termos anteriores, quaisquer que sejam os dois primeiros termos: u u n +1 / u n n +1 = u n + u n −1 . A razão de termos sucessivos, , aproxima-se cada vez mais de fi à medida que n aumenta. Podemos tomar, como exemplo aleatório, 5 e 2 como termos iniciais, u1 e u 2 . 24 Dando a seqüência 5, 2, 7, 9, 16, 25,..., 280, 453, 733,..., 13153, 21282,..., a partir da qual podemos determinar aproximações do fi: 16/9 = 1,7777... 453/280 = 1,6178... 733/453 = 1,6181... 21282/13153 = 1,61803... Este processo nos leva cada vez mais próximos do valor de fi, que até a sétima casa decimal é 1,6180339. Alguns cálculos demonstrarão que as aproximações oscilam, sendo alternadamente maiores e menores que fi: 453/280 = 1,6178... < Φ, 733/453 = 1,6181... > Φ. Na ausência de qualquer restrição aos dois termos iniciais da série, podemos começar com os mais simples, o que resulta na série de Fibonacci, assim chamada por Edward Lucas em 1877. É surpreendente que a razão áurea esteja intimamente relacionada com a chamada seqüência de Fibonacci. 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144,... . Conforme Boyer (1974), tal seqüência recebe o nome “Fibonacci” devido ao apelido dado a Leonardo Pisano (ou Leonardo de Pisa) (1170-1250) que significava filho de Bonaccio ou Leonardo de Bigollo, Leonardo Bigollo Pisani, esses são os pseudônimos de Leonardo Fibonacci nascido em Pisa (Toscânia). Filho de um, chefe de entrepostos onde os navios se ancoravam no norte da África, onde hoje é conhecido como Bejaia na Argélia. Adquiriu o conhecimento matemático islâmico viajando pelo Mediterrâneo, conhecendo vários países: Egito, Síria, Grécia, Sicília, Provença. Quando regressou a sua terra natal, utilizou os conhecimentos adquiridos com vários estudiosos matemáticos em suas viagens, principalmente os islâmicos e com isso aprendeu, principalmente a matemática do mundo árabe com várias maneiras de fazer cálculos e isso só acrescentou ao seu conhecimento para escrever trabalhos, dentre os quais se destacam três grandes obras: Liber Abbaci (1202) Pratica Geometrae (1220) e Liber Quadratorum (1225). O Liber Abbaci (Livro do Ábaco) refere-se ao estudo do cálculo aritmético e é considerado o melhor tratado sobre Aritmética e Álgebra da época por Baldassare Boncompagni, seu editor de trabalhos no século XIX, o qual significa “Filho de Bonaccio”. Esse livro foi voltado principalmente ao comércio. 25 Com os estudos sobre o sistema numérico e os métodos de operações aritméticas, desenvolveu a seqüência de Fibonacci, onde a soma dos números antecessores gera a seqüência 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144,... . Com essa seqüência ficou famoso e teve vários reconhecimentos, inclusive do imperador romano Frederico II, que o convidou para solucionar alguns problemas que muitos matemáticos não conseguiam resolvê-los, então pelo reinado ficou conhecido como Maravilha do Mundo. A seqüência de Fibonacci aparece num dos problemas tratados no Liber Abbaci e que consiste no seguinte: Um casal de coelhos torna-se produtivo após dois meses de vida e, a partir de então, produz um novo casal a cada mês. Começando com um único casal de coelhos recémnascidos, quantos casais existirão ao final de um ano? Então: • No primeiro mês teria um par de coelhos juvenil; • No segundo mês um par de adulto; • No terceiro mês, um par de coelhos adulto e um recém nascido; • No quarto mês, um par de coelhos adulto, um com um mês e um par recém nascido; • No quinto mês, dois pares de coelhos adultos, um com um mês e dois recém nascidos; • No sexto mês três pares de coelhos adultos, dois com um mês e três recém nascidos; • No sétimo mês, cinco pares de coelhos adultos, três com um mês e cinco recém nascidos; • No oitavo mês, oito pares de coelhos adultos, cinco com um mês e oito recém nascidos; • No nono mês, treze pares de coelhos adultos, oito com um mês e treze recém nascidos; • No décimo mês, vinte e um par de coelhos adulto, treze pares com um mês e vinte e um recém nascidos; • No décimo primeiro mês, trinta e quatro adultos, vinte e um com um mês e trinta e quatro recém nascidos; • No décimo segundo mês, e com isso ao final de um ano de procriação descobriu que essa pessoa teria o total de oitenta e nove pares de coelhos. 26 Vamos verificar que Fibonacci conseguiu provar que um número dividido pelo anterior aproximava do número de ouro, mas esse cálculo não serviu apenas para os pares de coelho, existem vários outros problemas que foram resolvidos usando essa teoria, as árvores genealógicas, o índice de refração de luz, e vários outros problemas. Designaremos com fn o número de casais de coelhos existentes após n meses. Evidentemente, f 0 = f 1 = 1. Por outro lado, o número de casais existentes no n-ésimo mês, fn, é igual ao numero existente um mês antes, fn − 1, mais o número de nascimentos novos. Ora, esse número é precisamente o número de casais existentes há dois meses, fn − 2, que têm pelo menos dois meses de vida, portanto em condições de reproduzir. Então, cada elemento da seqüência de Fibonacci é a soma dos dois precedentes. Como já sabemos que f 0 = f 1 = 1, podemos construir toda a seqüência: f 0 = 1, f 1 = 1, f 2 = f 0 + f 1 = 2, f 3 = f 1 + f 2 = 3, f 4 = f 2 + f 3 = 5, f 5 = f 3 + f 4 = 8, f 6 = f 4 + f 5 = 13,... Ou seja, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89. Com esta seqüência ao final de um ano de procriação descobriu que essa pessoa teria o total de oitenta e nove pares de coelhos. Podemos verificar também que quanto maior é a seqüência mais o resultado do quociente de um numero pelo seu antecessor converge para o número de ouro ࣘ, ou seja, 1,6180339... Por exemplo: 1 = 1, 1 2 = 2, 1 3 = 1,5 , 2 5 =1,6666 ......, 3 8 = 1,6 , 5 13 = 1,625 , ... 8 3.2. O NÚMERO DE OURO O número de ouro não é mais do que um valor numérico cujo valor aproximado é 1,6180339... . Este número irracional é considerado por muitos o símbolo da harmonia. A 27 escola grega de Pitágoras estudou e observaram muitas relações e modelos numéricos que apareciam na natureza, beleza, estética, harmonia musical e outros, mas provavelmente a mais importante é a razão áurea, razão divina ou proporção divina. Se quiséssemos dividir um segmento AB em duas partes, teríamos uma infinidade de maneiras de fazê-lo. Como vimos posteriormente. Existe uma, no entanto, que parece ser mais agradável à vista, como se traduzisse uma operação harmoniosa para os nossos sentidos. Relativamente a esta divisão, o matemático alemão Zeizing formulou, em 1855, o seguinte princípio: “Para que um todo dividido em duas partes desiguais pareça belo do ponto de vista da forma, deve apresentar à parte menor e a maior a mesma relação que entre esta e o todo." A história deste enigmático número perde-se na antiguidade. No Egito as pirâmides de Gizé foram construídas tendo em conta a razão áurea: a razão entre a altura de uma face e a metade do lado da base da grande pirâmide é igual ao número de ouro, conforme pode ser observado na Figura 04. Figura 04: Pirâmide de Quéops, em Gizé. A construção da pirâmide de Quéops, faraó da quarta dinastia cujo reinado se estendeu de 2551 a.C.a 2528 a.C. e tem a maior das três pirâmides de Gizé. Usou 100 mil homens durante 20 anos. Bastante polemizada devido ao seu desgaste pelo tempo, esta pirâmide tem as seguintes dimensões: Base: 230 metros. Altura original: 146,6 metros. Altura atual: 137 metros aproximadamente, devido à falta de seu topo, acreditam que foi construída baseando no numero Phi, mas, por falta de evidencia, os egípcios acreditam que não usaram a razão áurea, mas existem relações, pois, o quociente entre os lados possui a razão áurea, também as relações em seus blocos, o bloco de baixo, era 1,6180339..., maior que o bloco de cima. 28 Outro exemplo da proporção áurea na antiguidade é o Papiro de Rhind (Egípcio) ou Ahmes que mede 5,5 metros de comprimento por 0,32 metros de largura, datado aproximadamente no ano 1650 a.C. onde encontramos um texto matemático na forma de manual prático que contém 85 problemas copiados em escrita hierática pelo escriba Ahmes de um trabalho mais antigo. Refere-se a uma razão sagrada que se crê ser o número de ouro. Esta razão ou seção áurea também aparece em muitas estátuas da antiguidade. O Papiro de Rhind pode ser observado na Figura 05. Figura 05: Papiro de Rhind (Egípcio) ou Ahmes (Museu Britânico) Construído há muitas centenas de anos depois, por volta de 447 a.C. e 433 a.C., o Parthenon Grego, templo representativo do século de Péricles contém a razão de ouro no retângulo que contem a fachada, o que revela a preocupação de realizar uma obra bela e harmoniosa, o qual pode ser observado na Figura 06. Figura 06: Parthenon “O Parthenon, em Atenas, construído no século V a.C. uma das estruturas mais famosas do mundo. Quando seu frontão triangular ainda estava intacto, suas dimensões podiam se encaixadas quase exatamente em um retângulo áureo, conforme demonstrado acima. Ele representa, portanto, outro exemplo de valor estético desse formato especifico.” (HUNTLEY, 1970, p. 69). 29 Assim como o Parthenon, também podemos citar como uma maravilha que possua a razão áurea, o Taj Mahal. Construído pelo imperador Shah Jahan, entre 1630 e 1652 todo em mármore branco sobre o tumulo de Aryumand Banu Began, a quem chamava de Muntaz Mahal “A jóia do palácio” que faleceu após o parto do se 14º filho, ele ofereceu a ela como prova de amor por ser a esposa mais preferida. Localizado em Agra na Índia, e o maior mausoléu do mundo, foi reconhecido como patrimônio da humanidade pela UNESCO e recentemente reconhecido como uma das sete maravilhas do mundo. Edificação maravilhosa, construída baseada na razão áurea, objeto de estudo de vários cientistas, matemáticos, arquitetos, em toda parte frontal podemos localizar a razão áurea como no desenho da figura 07. Figura 07: Taj Mahal 30 CAPÍTULO IV A RAZÃO ÁUREA E O NÚMERO DE OURO RELACIONADO AO MODULOR, OBRAS RENASCENTISTAS, FOCANDO LEONARDO DA VINCI, A NATUREZA, OS ANIMAIS E A MÚSICA 4.1. O MODULOR Durante o caminho percorrido pelo homem tentando encontrar explicações para as coisas da natureza e da arte na matemática, questionavam se existia algo na própria matemática que tornava essas coisas agradáveis ao sentido humano. “Uma das propriedades que contribuem para essa efetividade é a proporção – a relação de tamanho das partes entre si e com o todo. A história da arte mostra que, na longa busca pelo elusivo cânone da proporção „perfeita‟ a que poderia de algum modo conferir automaticamente qualidades estéticas agradáveis a todas as obras artísticas, a Razão Áurea provou ser a mais duradoura. Mas por quê?” (LÍVIO, 2008, p. 69). Diversos pesquisadores estudaram as aplicações da Razão Áurea, mas os escultores e arquitetos representam o maior número. “Um dos defensores mais vigorosos da aplicação da Razão Áurea na arte e na Arquitetura foi o famoso arquiteto e pintor-suíço Le Corbusier (Charles-Édouard Jeanneret, 1887-1965)” (LÍVIO, 2008, p. 69). O estudo das proporções perfeitas na história da arte trouxe desenvolvimento em outras áreas, sendo os próprios estudos de Lê Corbusier um referencial. “A busca de Lê Corbusier por uma proporção padronizada culminou na introdução de um novo sistema proporcional chamado Modulor. Suponha-se que o Modulor forneceria uma medida harmônica para a escala humana, universalmente aplicável na arquitetura e na mecânica.” (LÍVIO, 2008, p. 69). O Modulor foi baseado nas proporções humanas, Lê Corbusier sugeriu que ele proporcionava harmonia a tudo, como por exemplo, de tamanhos de gabinetes e maçanetas a edifícios e espaços urbanos. O Modulor é conhecido por despertar o interesse dos arquitetos da época e por ser objeto de discussão quando se fala sobre proporção. 31 Lívio (2008, p. 199) ainda apresenta que até mesmo Einstein deu seu parecer sobre o assunto, dizendo: “É uma escala de proporções que torna o ruim difícil e o bom fácil.” Explicação dada por Lívio: “A razão entre a altura do homem (183 cm) e a altura de seu umbigo (no ponto médio de 113) foi escolhida precisamente em uma Razão Áurea (...). Os dois quocientes (113/70) e (140/86) foram subdivididos em dimensões ainda menores de acordo com a série de Fibonacci.” (LÍVIO, 2008, p. 198). Este é apenas um, de vários exemplos, da ligação entre a Seqüência de Fibonacci com a Razão Áurea. Pennick (1980, p. 139), fez um comentário sobre o Modulor apresentado na figura 08. “As posições diferentes do corpo humano durante várias atividades ajustam-se aos quadros do Modulor, alinhando-se à metrologia antiga de todas as nações. Figura 08: Modulor 1 Figura 09: Modulor 2 Talvez isso justifique o fato dele servir de estudo para arquitetos ainda hoje. 32 4.2. LEONARDO DA VINCI (1452-1519) A perfeição dos desenhos de Leonardo da Vinci nos mostra os seus conhecimentos matemáticos, como a utilização da razão áurea para uma garantia de uma perfeição, beleza e harmonia única de suas obras. É lembrado como matemático apesar de não se concentrar na aritmética, álgebra ou geometria o tempo suficiente para fazer uma contribuição significativa. Representa bem o homem da renascença, que fazia de tudo um pouco sem se fixar em nada. Leonardo era um gênio de pensamento original que usou exaustivamente os seus conhecimentos de matemática, principalmente o número de ouro em suas obras de arte. Um exemplo é a tradicional representação do homem em forma de estrela de cinco pontas de Leonardo, a qual foi inspirada no pentágono regular e estrelado inscrita na circunferência, conforme podemos observar na Figura 10. Figura 10: O Homem Vitruviano Na pintura do renascimento destaca-se um dos quadros mais célebres de Leonardo da Vinci. A Mona Lisa, que apresenta o Retângulo de Ouro em múltiplos locais. 33 Podemos verificar o Retângulo de Ouro quando: Desenharmos um retângulo à volta da face o retângulo resultante é um Retângulo de Ouro; Dividirmos este retângulo por uma linha que passe nos olhos, o novo retângulo obtido também é de Ouro; As dimensões do quadro também representam a razão de Ouro. Isto pode ser verificado na Figura 11. Figura 11: Mona Lisa Podemos verificar que na era renascentista, a perfeição e a beleza eram bastante exploradas em pinturas, a razão áurea pode ser encontrada em diversas obras, Salvador Dali, pintou O Sacramento da Ultima Ceia em um quadro com dimensões áureas, 270 cm x 167 cm, o quociente entre eles gera 1,6180339..., e o foco da foto está em João Batista, o discípulo preferido de Jesus. Vamos verificar na Figura12. Figura 12: Ultima Ceia de Salvador Dali 34 4.3. O NÚMERO DE OURO NA NATUREZA Podemos observar também algumas aplicações do número de ouro na natureza. Os números de Fibonacci podem ser usados para caracterizar diversas propriedades na natureza. O modo como as sementes estão em certa ordem no centro de diversas flores é um desses exemplos. A Natureza "arrumou" as sementes do girassol sem intervalos, na forma mais eficiente possível, formando espirais logarítmicas que tanto curvam para a esquerda como para a direita. O curioso é que os números de espirais em cada direção são (quase sempre) números vizinhos na seqüência de Fibonacci. Os raios destas espirais variam de espécie para espécie, conforme indicamos nas Figuras abaixo. Figura 13: Galho de folhas Figura 14: Girassol Figura 15: Caule 35 Esse fenômeno é descrito por Lívio (2008, p. 129): “as folhas ao longo do galho de uma planta ou talos ao longo de um ramo tendem a crescer em posições que criam condições mais favoráveis a sua exposição ao sol, à chuva e ao ar. (...) Este fenômeno é chamado de phyllotaxis (“ arranjo de folhas”, em grego)”. Como podemos verificar, encontramos o número de ouro em diversos lugares da natureza, nos animais, nas plantas e até mesmo em nossos corpos. O retângulo de ouro pode ser encontrado na concha do Nautilus, veja o esquema abaixo, que mostra o espiral da concha limitado pelo retângulo áureo. Também encontramos a espiral no rabo do camaleão. A seqüência 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13,..., correspondente aos lados dos quadrados que montam essa espiral. Figura 16: Concha do Natilus Figura 17: Rabo de um Camaleão Figura 18: Razão Áurea 36 4.4. A ESPIRAL LOGARÍTMICA A Razão Áurea está presente em várias situações, neste trabalho poderia abordar inúmeros exemplos de sua existência nas artes, no corpo humano, na arquitetura, na natureza, entre outros exemplos envolvendo estas situações, pois é muito abrangente. A Espiral Dourada ou Espiral Áurea é um desses exemplos da Razão Áurea na natureza, conhecida também com espiral logarítmica, Jacques Bernoulli associou-a com a Razão Áurea, o nome vem do princípio que o raio da espiral aumenta entre os rolamentos conforme nos afastamos do centro sem alterar sua forma, característica conhecida como autosimilaridade. No mínimo essa espiral nos deixa com um sentimento de curiosidade em saber como as coisas da natureza se forma dessa maneira. A Figura representa a Espiral Logarítmica. Figura 19: Espiral Logarítmica Essa Espiral Logarítmica também é conhecida como Espiral Equiangular, nome dado pelo matemático e filósofo René Descartes (1596-1650) em 1638. Ao traçar uma reta do foco (ponto inicial da espiral) até qualquer ponto da curva teremos sempre o mesmo ângulo, essa propriedade só pode ser obtida na Espiral Logarítmica. 37 4.5. A MÚSICA E A RAZÃO ÁUREA Pitágoras é considerado o fundador da geometria teórica. Em seus pensamentos sobre a estrutura do universo, razões e proporções, ele elaborou uma teoria que vinculava a música, o espaço e os números. Em duas cordas, de mesmo material, sob mesma tensão e sendo a primeira o dobro do comprimento da segunda, quando tocadas, a corda mais curta irá emitir um tom uma oitava acima da corda mais longa, devido a sua freqüência ter o dobro do valor. Ou seja, a relação de 1:2 compreende a relação sonora de uma oitava. Se dividirmos a corda mais curta pela metade, obtendo a relação de 2:4, o tom será de duas oitavas acima da corda inicial. Por outro lado, a relação de 3:4 nos dá um tom uma quarta acima do tom inicial, e a relação de 2:3 apresenta um tom uma quinta acima. Desta maneira, Pitágoras elaborou relações entre sons, o tamanho das cordas e as razões de 1:2:3:4. Ainda sobre os pensamentos pitagóricos, podemos obter três tipos de proporções: A proporção geométrica se estabelece entre oitavas de um tom, ou seja, 1:2:4 o tom uma oitava acima e duas oitavas acima; A proporção aritmética, ao se apropriar da relação de 2:3:4, se estabelece ao trabalhar o som de uma oitava em uma quinta e uma quarta; A proporção harmônica envolve a diferença dos valores das frações medianas, isto é, na relação de 6:8:12, 8 excede 6 em um terço da mesma maneira que 12 excede 8 também em um terço. A proporção harmônica pode ser considerada um principio estabelecido da proporção aritmética, trabalhando o som de uma oitava em uma quarta e uma quinta. Na música, existem artigos que relacionam as composições de Mozart, Bethoveen (Quinta Sinfonia), Schubert e outros com a razão áurea. Pode-se verificar na figura que até mesmo a construção de instrumentos, como exemplo o violino, está relacionado com a proporção áurea. “É a música que provê a sustentação mais forte à nossa tese de que a experiência estética consiste na interação entre as imagens primordiais universais inumadas no inconsistente e o elemento externo ou objeto natural que chamamos de belo”. (HUNTEY, 1970, p.30). 38 Observe a figura 20. Figura 20: Violino A escala musical é composta por doze notas, a relação entre duas notas consecutivas recebe o nome de semitom e de dodecafônica, que tem a mesma relação matemática, ou seja, r = 1,159463... = (2 ) 1 12 , que é a raiz duodécimo de 2. “Encontra-se o efeito da música quanto à alternância, por exemplo, na melodia de um hino, da dominante e da tônica – tensão e relaxamento – contribui para a beleza da melodia”. (HUNTLEY, 1970, p.84). Para se formar um acorde maior, necessitamos de uma nota fundamental, no caso o Dó, uma terça Mi e uma quinta Sol, a freqüência dessas notas são quase iguais. Quando uma nota é tocada será muito difícil entender que há a proporção áurea visualmente, mas os nossos ouvidos conseguem perceber através as freqüências emitidas pela notas, embora seja muito pequeno o percentual de notas sonora, apenas 1%. Fazendo referência aos instrumentos, podemos citar primeiramente o teclado como um dos instrumentos onde mais conseguimos ver a razão áurea. A quantidade de teclas de uma oitava é igual a 13, sendo 8 teclas brancas e 5 teclas pretas e mais a divisão entre teclas brancas e pretas e de grupos de 3 e 2, coincidência ou não podemos visualizar que ali tem a seqüência de Fibonacci ( 2, 3, 5, 8, 13). Figura 21: Teclado 39 CAPÍTULO V CAMINHOS PERCORRIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO Segundo (FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sergio, 2009, p. 9) o objeto de estudo da Educação Matemática consiste nas múltiplas relações e determinações entre ensino, aprendizagem e conhecimento matemático. Isso não significa que uma determinada investigação não possa priorizar o estudo de uma dessas relações. Mas, ao mesmo tempo em que isso acontece, o ensino, aprendizagem e conhecimento matemático jamais podem ser totalmente ignorados. O objetivo da pesquisa em Educação Matemática varia de acordo com cada problema ou questão de pesquisa, assim, podemos afirmar que a pesquisa em Educação Matemática visa à melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem da Matemática. É com este intuito que o trabalho foi desenvolvido, com o intuito de promover a investigação utilizando a aplicação da Razão Áurea na sala de aula. Supõe, principalmente, o pensar, o sentir, a descoberta e a cooperação. Caracteriza-se pela participação, pela tarefa comum, pelo trabalho interdisciplinar, globalizante e integrador. Em um mesmo processo permite a integração do ensino e da investigação. Será possível transformar o saber científico em saber de ensino, a partir de atividades manipulativas realizadas individualmente pelos participantes, que são compartilhadas com os colegas. Tal atividade culmina na discussão no grande grupo, etapa conclusiva do trabalho, a qual pressupõe a sistematização do conhecimento produzido pelos participantes. Esta atividade teve como finalidade permitir ao aluno o reconhecimento da importância da Razão Áurea com as áreas do conhecimento. 5.1. ATIVIDADE DESENVOLVIDA O trabalho foi desenvolvido pelos alunos do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Cruzeiro do Sul, em Aparecida de Goiânia. Utilizando textos relacionados à razão áurea, os alunos puderam constatar a relação da Matemática com outras áreas, em especial com o Corpo Humano. Fizeram uma atividade com o material escolhido, procurando estabelecer relação entre o assunto tratado no mesmo, com seus conhecimentos prévios de matemática. Tomaram ciência da presença do número de ouro em outras áreas do conhecimento e suas 40 aplicações na natureza. Através de exemplos sobre o famoso retrato da Monalisa, obra de Leonardo da Vinci e por meio de um trabalho cooperativo efetuaram medições e utilizaram esses dados para a construção de uma tabela. Mediante operações adequadas entre os dados da tabela construída, os alunos observaram a ocorrência de valores próximos ao número de ouro. Com a organização dos dados coletados, em grupo, os alunos desenvolveram a parte Estatística e fizeram uma análise crítica das tabelas e gráficos construídos. 5.2. SUGESTÕES PRODUZIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA 5.2.1. O TRIÂNGULO ÁUREO Neste trabalho já se explicou sobre o Retângulo Áureo, sobre o segmento dividido em média e extrema razão e comentou sobre o pentágono-pentagrama. Reforçando a idéia, Lívio (2008, p. 97) complementa: “A construção do pentágono foi o principal motivo do interesse dos gregos pela Razão Áurea”. Antes de partir para a análise do pentágono-pentagrama, analisou-se a figura 22. Figura 22: Triângulo Áureo O triângulo ABD trata-se de um Triângulo Áureo, assim como o Retângulo Áureo ele possui algumas propriedades especiais parecidas, como, por exemplo: O lado maior em relação com o lado está numa Razão Áurea, tais como os triângulos menores formados infinitamente no seu interior simplesmente dividindo seu ângulo de 72°. A figura formada por estes Triângulos Áureos cada vez menores formam da mesma forma que o Retângulo Áureo, uma espiral logarítmica (figura 23). 41 Figura 23: Retângulo Áureo e Triângulo Áureo, respectivamente É possível demonstrar como os lados AB e DB do triângulo ABD da figura 22 estão numa Razão Áurea: A principal característica deste Triângulo Áureo está nos seus ângulos, dois de 72° e um de 36°. Como afirma Lívio (2008, p. 97, grifo do autor): “O triângulo (...), com uma razão de ࣘ, entre o lado e base, é conhecido como um Triângulo Áureo.” Estes ângulos têm ligação com a Razão Áurea: Os triângulos ABD e DBC são semelhantes, pois seus ângulos são iguais. Portanto, a razão AB / DB é igual a DB / BC, por se tratar de triângulos semelhantes. Sabendo que ambos são triângulos isósceles, então DB = DC = AC. Com essa relação temos: AB / AC = AC / BC. Recapitulando a explicação do segmento dividido em média e extrema razão: o lado do triângulo AB está dividido no ponto C, justamente nessa média e extrema razão porque temos a igualdade AB / AC = AC / BC, onde o segmento todo AB dividido pelo segmento maior AC é igual ao maior AC dividido pelo menor BC ou igual a ࣘ. Analisando-se a figura 22 por outro ângulo e traçando-se a altura H, pode-se perceber a relação existente entre o cos 72° e a Razão Áurea. 42 D 36º 36º 1 1+2x 72º 72º 36º 36º B H x A C x 1 Considerando as medidas dos lados DB = 1 e BC = 2x do triângulo ABD acima tem se: Se DB = 1, então DC = CA =1. A Se BC = 2x, então BH = HC = x. Logo DA = BA =1 + 2x. D 36º 36 1 + 2X 1 + 2X 1 1 72º 72 B 72 º 72 2 X C D 1 B Considerando a raiz positiva dessa equação de 2º grau: Logo o valor de X é a metade da Razão Áurea: E tendo em vista que cos72° equivale a X, o mesmo equivale, também, a metade da Razão Áurea. 43 Então o valor equivale ao cos144° que reduzindo ao primeiro quadrante é equivalente ao cos36°. Para desenvolver outra forma de atividades utilizando a régua e compasso, a geometria trabalhada na Educação Básica, já que foram apresentados alguns conceitos como razão áurea, número de ouro, retângulo áureo, seqüência de Fibonacci, espiral logarítmica e outros no decorrer do trabalho, promoveremos atividades que através de sua análise serão explorados os conceitos anteriormente apresentados e identificados em obras de arte, na arquitetura, no corpo humano, em objetos construídos pelo homem e na natureza. 5.2.2. O RETÂNGULO ÁUREO E SUA CONSTRUÇÃO Material necessário: Cartolina, caneta, lápis, borracha, compasso, régua, transferidor, tesoura e cola. Encaminhamento Metodológico: A sua simplicidade facilitara ao professor ensinar a construção em sala de aula, utilizando a relação do seu lado pela sua base, para mostrar a existência da Razão Áurea, justificando o porquê do Retângulo Áureo. Esse assunto pode ser tanto uma proposta de ensino como uma explicação a mais para o professor perceber a relação entre o Retângulo Áureo e a Razão Áurea no pentagrama obtido a partir do pentágono regular. A Figura nos ajudara o entendimento da construção do Retângulo Áureo. Vamos ver um retângulo que tem uma propriedade interessante. Ele é chamado de retângulo áureo e é o preferido dos artistas e dos arquitetos. O retângulo áureo tem uma propriedade interessante. Considere um retângulo áureo ABCD de onde foi retirado um quadrado ABEF. Como mostra a figura 24: Figura 24 44 O retângulo que sobra, EFCD, é semelhante ao retângulo ABCD. Seja x a medida do lado e y a medida do lado De onde se deduz que . Então, vale a proporção: , ou seja, . Resolvendo a equação em x, tem-se: Se y= 1, então x = 0, 618 Se x=1, então y = 1, 618 Como foi demonstrado anteriormente. O número irracional 1, 618..., é chamado de razão áurea. A construção do retângulo áureo é simples. Basta seguir o esquema abaixo: Construa um quadrado de lado unitário; Divida um dos lados do quadrado ao meio; Trace uma diagonal do vértice F do último retângulo ao vértice oposto B e estenda a base do quadrado; Usando a diagonal como raio, trace um arco do vértice direito superior do retângulo à base que foi estendida; Pelo ponto de interseção do arco com o segmento da base trace um segmento perpendicular à base. Estenda o lado superior do quadrado até encontrar este último segmento para formar o retângulo; Este último é o retângulo Áureo. Figura 25: O retângulo AHCG é áureo. Sucessivamente repetindo este processo infinitamente, como afirma Lívio (2008, p.103, grifo do autor): “Continuando este processo ad infinitum, produziremos Retângulos Áureos cada vez menores (cada vez com dimensões “deflacionadas” por um fator ࣘ).” 45 Simplesmente tem-se uma espiral logarítmica formada ao longo da continuidade dos arcos formados nos quadrados perfeitos como mostra a figura 26. Figura 26: Quadrados Perfeitos Para finalizar a aula, serão reapresentados os slides, identificando os conceitos trabalhados, abordando aspectos históricos e conceituais a respeito do Número de Ouro, explorando a sua beleza e suas aplicações em diferentes áreas do conhecimento e nas principais atividades do homem. Nas discussões, os participantes terão a oportunidade de apresentar suas experiências e trocar ideias. 5.3. ANÁLISE DOS DADOS Durante a apresentação do texto da razão áurea para os alunos, eles ficaram interessados no assunto e começaram a fazer perguntas e discutir o assunto. Quando passei a atividade, na parte onde eles tinham que fazer as medições e anotar os dados coletados, também foi interessante. Na atividade que envolvia a divisão para achar o número de ouro, eles tinham um pouco de dúvidas, alguns alunos não sabiam quais dos números achados serviria para calcular a razão. Quando passamos para a parte de estatística, o resultado não satisfatório. Eles já tinham visto esta matéria só que não sabiam fazer nada. Tive que ajudá-los a desenvolver esta parte da atividade. No final da aula muitos alunos vieram me perguntar mais coisas sobre a razão áurea e o número de ouro, então pude perceber que este conteúdo é válido para promover uma investigação caracterizando-se pelo trabalho interdisciplinar que permite a integração do ensino. 46 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo da Razão Áurea apesar de ser um assunto aparentemente simples, pelo fato de existir aplicabilidade em diversos lugares a tornam, ao mesmo tempo é interessante e curiosamente complexo. Este trabalho visou buscar alguns aspectos e fundamentos da Razão Áurea para ser desenvolvido, tanto por professores quanto por alunos, tendo como meta auxiliarem o desenvolvimento de atividades com a utilização da Razão Áurea, para que os alunos situem-se nos acontecimentos e entenda a importância destes para a matemática. Outro aspecto aparece logo no início do trabalho apresentando as principais propriedades da Razão Áurea e do segmento dividido em média e extrema razão, pois considera fundamental que o aluno entenda, primeiramente, esse contexto da Razão Áurea presente na relação de segmentos especiais, onde o menor está para o maior, assim como o maior está para o todo e entender a ligação entre o Número de Ouro e a Razão Áurea. As raízes da equação equivalem, respectivamente, à Razão Áurea e ao Número de Ouro, pois X = 1,6180339... ࣘ é o Número de ouro, X = 0,6180339... ࣐ é a Razão Áurea. Estes resultados mostram que ambos dependem de , sendo a = 1. Quanto ao Retângulo Áureo e suas propriedades, e admitindo que ele seja uma figura importante no estudo de Razão Áurea, procurou-se colocar o máximo de informação, mesmo assim, alguns assuntos ficaram de fora, pois a sua utilização nas artes e na arquitetura é muito vasta. A pesquisa abordou um pouco da Razão Áurea na arquitetura, através da apresentação de Lê Corbusier e do “homem vitruviano”. O primeiro por seu trabalho sobre o Modulor, sistema de medidas baseadas nas relações do corpo humano que se adaptam a objetos de forma harmônica, talvez se deixasse de falar um pouco mais sobre essas medidas harmônicas ligadas a Razão Áurea, mas procurou deixar subentendido que as relações do corpo humano estão diretamente ligadas a Razão Áurea, como foi citada no trabalho com a figura detalhada do “homem vitruviano”. Sobre a Razão Áurea na natureza, procurou abordar os temas de maneira sucinta, passando pela Espiral Logarítmica e alguns fenômenos da natureza que trazem a Razão Áurea na sua formação e também algumas situações onde a sequência de Fibonacci está presente. É 47 claro que não se conseguiu detalhar todos os fenômenos citados, mas o objetivo principal neste momento era buscar argumentos científicos para a existência da Razão Áurea e mostrar sua relação com a sequência de Fibonacci. Depois de vários exemplos que já poderiam ser utilizados pelos professores como atividades para a explicação da Razão Áurea, fez-se um paralelo sobre o Retângulo Áureo e o Triângulo Áureo deixando uma proposta também trabalhar Razão Áurea com a utilização da relação entre as medidas no corpo humano. Espera-se que este trabalho contribua para despertar novas pesquisas sobre o assunto e que os exemplos utilizados sejam uma referência para a aplicação no Ensino Médio. Além disso, considera-se que a história do número Fi é realmente motivadora, conforme se aprofunda nas pesquisas, começa-se a encontrar situações matemáticas curiosas que levam para uma exploração muito interessante. Estudar a Razão Áurea nos possibilita aprender sobre outros assuntos. Apesar das dificuldades encontradas, espera-se que este trabalho auxilie o professor a estimular as suas aulas, ou simplesmente para um aluno, seja uma fonte agradável para adquirir e aprimorar o conhecimento sobre Razão Áurea e outros assuntos abordados ao longo deste trabalho. 48 REFERÊNCIAS BRASIL, Secretaria da Educação Média e Tecnológica. PCN: Ensino Médio – orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasília: MEC,1998. BRASIL, Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio, Brasília: MEC,1998. BOYER, Carl B. Historia da matemática, São Paulo: Edgard Blücher Ltda. 1996. FIORENTINI, Dario; LORENZATO, Sergio, Investigação em educação matemática: percursos teóricos e metodológicos, Campinas – SP: Autores Associados,2009 3ª edição revista. HUNTLEY, H. E. A Divina Proporção: um ensaio sobre a beleza da Matemática. Trad. De Luiz Carlos Ascêncio Nunes. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985. LIVIO, Mario, 1945 – Razão Áurea: a história de Fi, um número surpreendente.Trad. Marco Shinobu Matsumura 2ª Edição Rio de Janeiro: Record, 2007. Consultas no Google: RPM 6, Número de Ouro, Razão Áurea, Sequencia de Fibonacci. http://www.mat.uel.br/geometrica/artigos/ST-15-TC.pdf - Acesso em 23/08/2010. http://pt.wikipedia.org/wiki/Propor%C3%A7%C3%A3o_%C3%A1urea – Acesso em 22/08/2010. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/expensmat_icap3.pdf - Acesso 22/08/2010.
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