UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE
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UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE
UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE INGÁ MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ODONTOLOGIA KESLEY MERRY KATHERINE IWASAKI Eficácia dos anti-inflamatórios não-esteroidais diclofenaco resinato e nimesulida sobre a inflamação aguda em feridas no palato de ratos Wistar machos. MARINGÁ 2012 KESLEY MERRY KATHERINE IWASAKI Eficácia dos anti-inflamatórios não-esteroidais diclofenaco resinato e nimesulida sobre a inflamação aguda em feridas no palato de ratos Wistar machos. Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em prótese dentária à Comissão Julgadora da Faculdade IngáUNINGÁ. Orientador: Prof. Dr. Mário dos Anjos Neto Filho MARINGÁ 2012 IWASAKI, Kesley Merry Katherine Z26aEficácia dos anti-inflamatórios não-esteroidais diclofenaco resinato e nimesulida sobre a inflamação aguda em feridas no palato de ratos Wistar machos . Kesley Merry Katherine Iwasaki --Maringá: UNINGÁ, 2012. 62 f. ilustr. Dissertação (Mestrado) Departamento de Pós-Graduação em Odontologia - Mestrado Profissionalizante em Odontologia, Subárea Prótese Dentária. UNINGÁ, 2012. Orientação: Prof. Dr. Mário dos Anjos Neto 1. AINES (anti-inflamatórios não-esteroidais); 2. diclofenaco resinato; 3. nimesulida; 4. cirurgia odontológica. IWASAKI, Kesley Merry Katherine. Eficácia dos anti-inflamatórios não-esteroidais diclofenaco resinato e nimesulida sobre a inflamação aguda em feridas no palato de ratos Wistar machos CDD617.69 KESLEY MERRY KATHERINE IWASAKI Eficácia dos anti-inflamatórios não-esteroidais diclofenaco resinato e nimesulida sobre a inflamação aguda em feridas no palato de ratos Wistar machos. Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em prótese dentária à Comissão Julgadora da Faculdade Ingá UNINGÁ. Orientador: Prof. Dr. Mário dos Anjos Neto Filho Aprovado em ______/______/______ BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Prof.Dr. Edevaldo Tadeu Camarini Universidade Estadual de Maringá- UEM ____________________________________ Prof. Dr. Washington Camargo Faculdade Ingá - Uningá ____________________________________ Prof. Dr. Mário dos Anjos Neto Filho Faculdade Ingá - Uningá DEDICATÓRIA “Dedico este trabalho a minha família, que sempre me apoiou e me incentivou, principalmente aos meus filhos João Pedro e Maria Eduarda, que mesmo com pouca idade compreenderam que às vezes não era possível estar com eles.” AGRADECIMENTOS À Deus por ter me dado coragem e força, para que mesmo com todas as dificuldades eu tenha conseguido realizar o mestrado. A meus pais Ercilio e Neili pelo apoio que sempre me deram. Aos professores que não pouparam esforços, para que nos tornássemos futuros Mestres. Um agradecimento especial e mais que merecido ao meu Orientador, Mário dos Anjos Neto Filho, que me ajudou constantemente, sempre me orientando da melhor forma, com toda paciência e dedicação de um verdadeiro mestre. Ao colega Marcio que sempre esteve pronto pra me ajudar na parte laboratorial. A Uningá e seus funcionários que nos auxiliaram nessa jornada, sempre com muita educação, dedicação e sorriso no rosto. Aos amigos da turma do Mestrado, que sempre me ajudaram nas dificuldades, pelo companheirismo e aprendizado. Ao meu pai de Jorge Iwasaki, o qual mesmo longe, sei que sempre torceu por mim, e hoje com ele perto tenho certeza disso. Ao meu marido Emerson Nichele, pela compreensão e apoio. Ao Professor Dr. Washington Camargo, pela colaboração ao trabalho, realizando as análises das lâminas e fornecendo seus respectivos laudos. Ao Professor Dr. Edevaldo Tadeu Camarini pela honra que nos dá ao fazer parte da banca examinadora. “Aquele que dúvida e não pesquisa torna-se não só infeliz, mas também injusto." Blaise Pasca IWASAKI, K. M. K.; NETO, M. A. Eficácia dos anti-inflamatórios nãoesteroidais diclofenaco resinato e nimesulida sobre a inflamação aguda induzida com bisturi punch de 2 mm no palato de ratos Wistar machos. 2012. 58f. Dissertação (Mestrado Profissional em Odontologia) – PósGraduação em Odontologia. Faculdade Ingá, Unidade de Ensino Superior Ingá LTDA – UNINGÁ, Maringá, 2012. RESUMO A inflamação é fundamentalmente uma resposta de proteção, cujo objetivo final é o de livrar o organismo de uma lesão celular e das consequências desta. Contudo a exacerbação de sintomas inflamatórios típicos, como a dor, o edema e o eritema justificam o uso de anti-inflamatórios não-esteroidais (AINES) em odontologia, devido suas propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórias, embora haja pouco consenso sobre a utilização deste grupo de fármacos como coadjuvante de inúmeros procedimentos em odontologia. Nossa hipótese é de que a nimesulida (AINES COX-2 seletivo) apresentaria eficácia semelhante ao diclofenaco resinato (AINES COX-2 não-seletivo) no controle farmacológico da inflamação aguda, induzida por lesão de pequena extensão no palato de ratos. Assim, investigamos de modo comparativo a eficácia do diclofenaco resinato e da nimesulida 24, 48 e 72h após a lesão induzida no palato de ratos Wistar machos (350 - 370g) com bisturi punch de 2 mm. As lesões induzidas foram histopatologicamente consideradas de baixo potencial lesivo (discretas), com infiltrado inflamatório focal. Houve semelhança na contagem de MN (macrófagos) e PMN (neutrófilos) no grupo controle de 24 h, e predomínio relativo de MN sobre os PMN no grupo controle de 48 e 72h. No grupo tratado com diclofenaco após a indução da lesão, foi observado predomínio de MN ante o PMN no infiltrado após 24 e 48h, mas, de raros PMN e MN após 72h a lesão. No grupo tratado com nimesulida após a indução da lesão, houve semelhança na população de PMN e de MN no grupo tratado por até 24h e predominância de MN após 48h ou 72h de indução da lesão. Assim, sugerimos que nas lesões de baixo potencial lesivo, com infiltrado inflamatório focal, figurado predominantemente por neutrófilos e macrófagos, circunscritos à área próxima da borda da lesão induzida, não infectadas com microorganismos exógenos à flora bucal, os AINES diclofenaco resinato e nimesulida apresentaram semelhante eficácia na atenuação da resposta inflamatória induzida, sendo seu uso dispensável. Palavras-chave: AINES (anti-inflamatórios não-esteroidais); diclofenaco de potássio; nimesulida; palato; rato. IWASAKI, K. M. K.; NETO, M. A. Efficacy of non-steroidal anti-inflammatory resinate diclofenac and nimesulide on acute inflammation induced by punch surgical knife of 2 mm on the palate of male Wistar rats. 2012. 58f. Dissertation (Professional Master in Dentistry) – Post Graduate Degree in Dentistry. Faculty IngaUNINGÁ, Maringá, 2012. ABSTRACT Inflammation is fundamentally a protective response, whose final objective is to rid the body of a cell injury and there consequences. However, the exacerbation of typical inflammatory symptoms such as pain, edema and erythema justify the use of nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) in dentistry because of their analgesic, antipyretic and anti-inflammatory properties, although there is little consensus about the NSAIDs use as adjunct to many dental procedures. Our hypothesis is that nimesulide (COX-2 selective NSAIDs) present similar efficacy to resinate diclofenac (NSAIDs COX-2 non-selective) on the pharmacological control of acute inflammationinduced by small extent injury on the palate of rats. Thus, we investigated the efficacy compared to resinate diclofenac and of nimesulide 24, 48 and 72 hours after injury induced by punch surgical knife of 2 mm on the palate of male Wistar rats (350 - 370g). The induced lesions were histopathologically classified as low potential lesion (discreet) and with focal inflammatory infiltrate. There were similar population of MN (macrophages) and PMN (neutrophils) in the control group 24 h, and a relative predominance of MN on the PMN in the both control group of 48 and 72 hours. The group treated with resinate diclofenac after the injury, was observed a mild MN predominance on the PMN infiltrate at 24 and 48h, but rare MN and PMN after 72 hours of injury. The treatment with nimesulide after injury-induced lesion, there was similarity among the population of PMN and MN in the group treated for up to 24h and the predominance of MN after 48h or 72h of injury-induced lesion. Taken together, we suggest that in the low potential lesions, with focal inflammatory infiltrate, predominantly figured by neutrophils and macrophages around of the lesion border, in a lesion not infected with exogenous microorganisms to the oral flora, NSAIDs nimesulide and resinate diclofenac showed similar efficacy in attenuating the inflammatory response, and its use is unnecessary. Keywords: NSAIDs, resinate diclofenaco; nimesulide; palate; rat. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Sumarização da análise histopatológica das lâminas obtidas a partir dos grupos controle e tratados com diclofenaco resinato ou nimesulida, 24, 48 ou 72 após a indução de lesão com bisturi punch 2 mm................................................................................................ 41 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - mesa cirúrgica com anteparo para fixação do rato; B: duas argolas presas a pontos de regulagem permite a abertura da cavidade oral do rato anestesiado; C: a lesão foi induzida com um bisturi do tipo punch de 2 mm, no palato de ratos anestesiados; D: administração de terramicina na pata posterior esquerda de ratos após a indução da lesão cirúrgica............................... 26 Figura 2 - Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo controle de 24h com aumento de 40x........................................................................32 Figura 3 - Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo controle de 48h com aumento de 40x........................................................................ 32 Figura 4 - Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo controle de 72h com aumento de 40x........................................................................ 33 Figura 5 - Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com diclofenaco resinato por até 24h após a lesão, com aumento de 40x........ 34 Figura 6 - Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo controle de 24h e do tratado com diclofenaco resinato por até 24h após a lesão, com aumento de 40x.............................................................................. 34 Figura 7 - Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com diclofenaco resinato por até 48h após a lesão, com aumento de 40x........ 35 Figura 8 - Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo do tratado com diclofenaco resinato por até 24 ou 48h após a lesão, com aumento de 40x...................................................................................... 36 Figura 9 - Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com diclofenaco resinato por até 72h após a lesão, com aumento de 40x........ 36 Figura 10 - . Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo do tratado com diclofenaco resinato por até 48 ou 72h após a lesão, com aumento de 40x...................................................................................... 37 Figura 11 - Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com nimesulida por até 24h após a lesão, com aumento de 40x....................... 38 Figura 12 - Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com nimesulida por até 48h após a lesão, com aumento de 40x........................ 39 Figura 13 - Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo do tratado com diclofenaco resinato por até 24 ou 48h após a lesão, com aumento de 40x...................................................................................... 39 Figura 14 - Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com nimesulida por até 72h após a lesão, com aumento de 40x........................ 40 Figura 15 - Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo do tratado com diclofenaco resinato por até 48 ou 72h após a lesão, com aumento de 40x..................................................................................... 41 ABREVIAÇÕES AA – Ácido Aracdônico AINES – Anti-inflamatórios não-esteroidais TXB – Tromboxano PMN – Polimorfonucleares MN – Mononucleares PGE2 – Prostaglandina E2 TNF – Fator de Necrose Tumoral SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO 15 1.1- HISTÓRICO 15 1.2- INFLAMAÇÃO E REPARO 16 1.3- INFLAMAÇÃO AGUDA 17 1.4- INFLAMAÇÃO CRÔNICA 19 1.5- 19 AINES E INFLAMAÇÃO 2- MATERIAL E MÉTODOS 25 2.1- FIXAÇÃO DA PEÇA ANATÔMICA 28 2.2- INCLUSÃO DA PEÇA HISTOLÓGICA 28 2.3- REAGENTES 28 3- RESULTADOS 30 4- DISCUSSÃO 42 5- CONCLUSÒES 51 6- REFLEXÒES 52 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53 15 INTRODUÇÃO Histórico Segundo Rocha e Silva & Garcia Leme (2006) a palavra inflamação, vem do grego phlogosis e do latim flamma, que significa área em chamas, foi identificada pela primeira vez por volta de 3000 A. C. Os sinais de inflamação foram descritos apenas no primeiro século D.C., pelo escritor romano Celsusem, num papiro egípcio. Celsius citou os quatro sinais cardinais de inflamação: rubor, tumor, calor e dor. Um quinto sinal clínico, a perda da função, (functiolaesa), foi depois acrescentado por Virchow em 1858 (BALKWILL et al., 2001). Em 1793, o cirurgião escocês John Hunter observou o que hoje é considerado um fato óbvio: que a inflamação não é uma doença, mas uma resposta inespecífica que tem importantes efeitos sobre seu hospedeiro. Julius Cohnheim (1939-1884) foi o primeiro a usar o microscópio para observar vasos sanguíneos inflamados em membranas delgadas transparentes, como o mesentério e a língua do sapo (MEDZHITOV, 2010). O biólogo russo Elie Metchnikoff descobriu o processo de fagocitose ao observar a ingestão de espinhos da rosa por amebócitos de larvas da estrela do mar e de bactérias por leucócitos de mamíferos, por volta do ano 1882. Metchnikoff concluiu que o objetivo da inflamação era trazer células fagocíticas para a área lesada a fim de englobar as bactérias invasoras. Naquela época, a proposta de Metchnikoff contradisse a teoria prevalente de que o objetivo da inflamação era trazer fatores do soro para 16 neutralizar os agentes infecciosos. Logo se tornou claro que os fagócitos e os fatores séricos (anticorpos) eram cruciais na defesa contra microrganismos. Em reconhecimento a estas importantes descobertas, Metchnikoff e Paul Ehrlich compartilharam o Prêmio Nobel de Medicina em 1908 (HEIFETS, 1982). A esses nomes deve-se acrescentar o de Sir Thomas Lewis (1881-1945) que, com base em experiências simples, envolvendo a resposta inflamatóriana pele, estabeleceu o conceito de que “substâncias químicas como a histamina, induzidas localmente pela lesão, medeiam às alterações vasculares da inflamação”. Esse conceito fundamental deu origem às descobertas dos mediadores químicos da inflamação e do potencial dos agentes antiinflamatórios (RITCHIE et al., 1968). Inflamação e Reparo A inflamação é um dos mais importantes e mais uteis dos mecanismos de defesa do hospedeiro. Ironicamente, é também um dos meios mais comuns que os nossos próprios tecidos são feridos (HANNA & ABURTO, 2012). Classicamente, a inflamação é definida como uma “reação de tecidos vivos vascularizados à lesão local, compreendendo uma série de alterações no leito vascular terminal, no sangue e nos tecidos conectivos para eliminar o irritante e reparar o tecido danificado”, envolvendo células, mediadores químicos e fatores humorais participantes do tecido (KUMAR et al., 2005). Assim, é possível compreender que a inflamação é fundamentalmente uma resposta de proteção, cujo objetivo final é o de livrar o organismo de uma lesão celular e das consequências desta lesão. A resposta inflamatória ocorre 17 no tecido conjuntivo vascularizado, incluindo o plasma, os elementos figurados do sangue, vasos sanguíneos e constituintes celulares e extracelulares do tecido conjuntivo (WEISSMAN, 1992). Desta forma, como a resposta inflamatória está estreitamente interligada ao processo de reparação, é possível imaginar que sua finalidade de destruir, diluir ou encerrar o agente lesivo, mobilizando uma série de eventos que, tanto quanto possível, cicatrizam e reconstituem o tecido danificado. Então, é possível crer que a reparação começa durante as fases iniciais da inflamação; mas, geralmente, só é concluída depois que a influência nociva é neutralizada (MAJNO,1975). Inflamação Aguda É importante notar que a inflamação é fundamentalmente uma resposta protetora cujo objetivo final é livrar o organismo da causa inicial da lesão celular. Academicamente, a resposta inflamatória pode ser caracterizada em duas fases: aguda e crônica. Em cada uma destas fases, mediadores químicos possuem a função de sinalização quimiotática, recrutando para o local da lesão os elementos figurados do sangue responsáveis pela proteção e regeneração do tecido. Embora seja clássica a citação da tríplice resposta inflamatória de Lewis, “dor, rubor e calor” na fase aguda (DRAY, 1995), a dor é um importante fator limitante em qualquer procedimento clínico, tendo seu conceito atualizado pela "International Association for the Study of Pain” no ano de 2010 (IASP, 2010). 18 Como a sensação de dor está relacionada à lesão do tecido, o uso de medicamentos com efeito analgésico e anti-inflamatório, como os AINES (antiinflamatórios não-esteroidais), foi pela primeira vez revisto por PAULUS & WHITEHOUSE (1973) e reiterado por DRAY (1995). A inflamação aguda tem uma duração relativamente curta, de minutos, várias horas ou alguns dias, e suas principais características são exsudação de líquido e proteínas plasmáticas (edema) e a emigração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. A inflamação aguda é a resposta imediata e precoce a um agente nocivo que possui três componentes principais: (1) alterações do calibre vascular, que acarreta aumento do fluxo sanguíneo, (2) alterações estruturais da microvasculatura, que permitem às proteínas plasmáticas e leucócitos deixem a circulação; e (3) emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo no foco da lesão (MAJNO, 1961; DRAY, 1995). O aumento da permeabilidade vascular levando ao extravasamento de um líquido rico em proteína (exsudato) para o interstício é a marca da inflamação aguda. Este é o mecanismo mais comum de extravasamento vascular é suscitado pela histamina, bradicinina, leucotrienos, substância P e muitas outras classes de mediadores químicos. Ocorre rapidamente após a exposição ao mediador e costuma ser reversível e breve (15 a 30 min); assim é conhecido como a resposta transitória imediata (MAJNO, 1961; HANNA & ABURTO, 2012). Assim, de modo geral, diante de estímulos de intensidade na qual o hospedeiro consiga reagir de modo a tornar esse estímulo de curta duração, presenciar-se-á o aparecimento de exsudações plasmáticas e de neutrófilos, 19 ambos característicos dos processos agudos. Entretanto, segundo GUIDUGLINETO (1997), é importante lembrar que a noção de que os polimorfonucleares (predominantemente neutrófilos) são típicos de inflamações agudas e de que os mononucleares são característicos de inflamações crônicas é, muitas vezes, apenas literária. Inflamação Crônica Embora seja difícil de definir com precisão, a inflamação crônica é considerada aquela de duração prolongada (semanas a meses). Seria exatamente a persistência do estímulo, que exige uma reação diferente da anterior por parte do hospedeiro, o desencadeante do aumento dos graus de celularidade (principalmente dos elementos mononucleares como monócitos e macrófagos), o que determina uma fase proliferativa e reparativa e, portanto, de inflamação crônica (GUIDUGLI-NETO, 1997). A inflamação crônica começa de maneira insidiosa, como uma resposta de baixo grau, latente e muitas vezes assintomática, com proliferação de vasos sanguíneos, fibrose e necrose tecidual (THOMAS, 1997). Anti-Inflamatórios Não-Esteroidais (AINES) e Inflamação Os AINES são extensamente utilizados por humanos e animais (ANDRADE & JERICÓ, 2002). A ação dos AINES se deve à inibição da enzima ciclooxigenase (COX), que converte o ácido araquidônico, liberado das membranas fosfolipídicas, em eicosanoides – prostaglandinas, prostaciclinas e 20 tromboxano A2 (HAMBERG & SAMUELSSON, 1973; HAMBERG et al., 1974; VANE, 1971). No processo inflamatório, a PGI2 parece principalmente relacionada ao eritema (rubor) (HIGGS et al., 1978), enquanto a PGE2 estaria relacionada à sensibilização de nociceptores (MNICH et al., 1995) ou indução de febre em regiões hipotalâmicas (CAO et al., 1998). Se por um lado estudos mostram que macrófagos de camundongos estimulados com mediadores inflamatórios liberam de PGE2 e PGI2 a partir da COX-2, monócitos ou macrófagos humanos secretam apenas PGE2 (TRIPP et al., 1985; FELS et al., 1986). Já os neutrófilos, produzem quantidades moderadas de PGE2, enquanto mastócitos produzem quase que exclusivamente PGD2 (STENSON & PARKER, 1983). Células ainda imaturas do sistema imune são estimuladas pela PGE 2, induzindo a diferenciação de timócitos e linfócitos B imaturos, de modo a expressarem suas características funcionais de células maturas (PARKER, 1986). A partir dos estudos conduzidos por (HABENICHT et al.,1985) foi possível concluir que haviam duas isoformas da enzima COX, designadas como COX-1, ou constitutiva e a COX-2, ou induzida, mais tarde sequenciada em humanos por HLA & NEILSON, (1992). Muito recentemente, variantes que retém o intron-1 do RNAm da COX-1 foram identificadas no cérebro de cães (CHANDRAS & KHARAN et al., 2002), e denominada pelos autores de COX-3. AINES descobertos depois da aspirina competem com o ácido araquidônico (AA) pelo sítio ativo das enzimas COX-1 e COX-2. No entanto, os AINES significativamente diferem uns com os outros nesta competição de 21 maneira dependente do tempo ou independente (MARNETT & KALGUTKAR, 1998). Alguns AINES, como o ibuprofeno possuem altas taxas de ligação e desligamento da COX, sendo considerado um exemplo de AINES independente do tempo de ligação (SELINSKY et al., 2001). Em contraste, muitos AINES, tais como o diclofenaco são tido como dependentes do tempo. Eles exigem tipicamente segundos ou minutos para ligar-se ao sitio ativo da enzima COX. Uma vez ligado, no entanto, estas drogas têm tipicamente baixas taxas de desligamento da COX, podendo levar horas para desligarem-se do sítio ativo da enzima (SELINSKY et al., 2001). Na prática, estudos multicêntricos duplo-cego, (SIQUEIRA et al.,1986), constataram que o diclofenaco, fármaco derivado do ácido fenilacético, é uma boa opção na terapêutica pós-operatória de intervenções cirúrgicas complexas devido a sua tolerabilidade e eficácia no controle da dor e edema. Contudo, é bem descrito na literatura que o consumo exagerado de diclofenaco está correlacionado positivamente com lesões hepáticas (FRY, & SEEFF, 1995; NACLÉRIO-HOMEM et al.1997). AINES COX-2 seletivos foram introduzidos no mercado ainda nos anos 1980, incluindo meloxicam, nimesulida e o etodolac (KUJUBU et al., 1991). Porém, uma segunda geração dessa família de fármacos foram lançados a partir de 1999, a chamada de família COXIB: celecoxib (Celebra), rofecoxib (Vioxx), valdecoxib (Bextra), etoricoxib (Arcoxia) e lumiracoxib (Prexige). Cada um dos congeneres da família COXIB são fracos inibidores independentes do tempo da enzima COX-1, mas potentes inibidores tempo-dependentes da COX-2 (SMITH & BAIRD, 2003; HUNT et al., 2003; DING & JONES, 2002). 22 PANARA et al. (1998) mostrou que a nimesulida pode ser até vinte vezes mais potente em inibir a COX-2 em monócitos do que a COX-1em plaquetas. Uma dose unica de 100 mg de nimesulida foi capaz de inibir cerca de 90% das enzimas COX-2 expressas em monócitos, mas reduziu apenas 29% do tromboxano TXB no soro sanguíneo, mostrando assim que a nimesulida não tem efeito sobre o ácido aracdônico plaquetário (SHAH et al., 1999). A nimesulida é comumente utilizada em processos inflamatórios agudos e crônicos, tais como inflamação no trato respiratório, da cavidade oral e em situações inflamatórias associadas como tendinite, sinovite e artrite reumatóide (WHITTLE, 2003). Em todo mundo, cerca de 200 milhões de pessoas já usaram nimesulida, com apenas cerca de 1200 registros de efeitos indesejáveis. No entanto sua comercialização está sendo proibida em alguns paises da Europa desde o final dos anos 1990, devido sua toxicidade hepática (MACIÁ et al., 2002). Um número grande de efeitos da nimesulida, observados in vitro, podem contribuir para os efeitos terapêuticos anti-inflamatórios in vivo, como por exemplo: inibição da função neutrofílica nas fases inicias da inflamação, (OTTONELLO et al., 1992), redução da síntese de colagenase (BARRACCHINI et al., 1998), inibição do efeito da histamina (BERTI et al., 1990), e proteção do condrócito contra apoptose (BENNETT, 2001; MUKHERJEE et al.,2001b). Nas respostas inflamatórias agudas, a COX-1 é normalrmente envolvida do que a COX-2 (LANGENBACH et al., 1995). Porém, sejam pela inibição da COX-1 ou da COX-2 com AINES, as fases inflamatórias evoluem com uma 23 menor concentração de prostanóides inflamatórios, minimizando a dor, o edema e o eritema. Mas, outra consequência da redução da síntese de prostanóides é supressão de eventos imunológicos, originalmente ativados pelas prostaglandinas, produzindo como consequência o aumento da degradação da cartilagem tanto in vitro como in vivo (PETTIPHER et al., 1988). Na prática odontológica, a inflamação constitui um importante fator limitante, posto que o edema, a dor e a remodelação de tecido, este último no caso de processos inflamatórios crônicos, podem impedir a realização de procedimentos invasivos, ou interferir no resultado final de um procedimento que tenha sido realizado. Assim, os AINES constituem um grupo terapêutico de grande interesse para a odontologia, pois têm propriedades analgésicas, antipiréticas e antiinflamatórias, úteis no processo de tratamento, tornando a terapêutica exequível (LUZ et al., 2006). Porém, embora exista grande variedade dos AINES que o profissional de odontologia possa optar na prescrição, observa-se pouca padronização deste procedimento, exatamente por não ser clara a informação que leve o cirurgião-dentista a uma opção embasada que seja eficiente e eficaz. Neste sentido, apesar de parecer mais racional o uso de AINES COX-2 seletivos, dado que possuem menos efeitos colaterais e maior potência anti-inflamatória, ainda hoje muitos AINES não-seletivos da COX são utilizados na prática clínica médica e odontológica, com diversos efeitos colaterais, como gastrite e antiagregação plaquetária, principalmente. Mesmo diante dos potenciais problemas associados ao uso de AINES, ainda hoje, este grupo terapêutico é imprescindível como coadjuvante de inúmeros procedimentos em odontologia (MONTENEGRO & PALOMINO, 24 1990; SYLAIDIS & O'NEILL, 1998), tornando este assunto atrativo para estudos em nível stricto sensu. Assim, dado que a nimesulida e o diclofenaco são AINES com importantes propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, nossa hipótese é de que AINES COX-2 seletivos, como a nimesulida poderiam não apresentar maior eficácia do controle farmacológico da inflamação aguda induzida por lesão de pequena extensão no palato de ratos Wistar machos, em relação ao diclofenaco resinato. Nosso objetivo foi o de investigar a eficácia do diclofenaco resinato e da nimesulida sobre a lesão induzida no palato de ratos Wistar machos com bisturi punch de 2 mm. Especificamente, investigamos: 1- A eficácia do diclofenaco resinato (CataflanR) e da nimesulida (NisulidR), isoladamente na inibição da resposta inflamatória após a lesão do palato de ratos Wistar machos com bisturi punch de 2 mm. 2- Comparar a eficácia do diclofenaco resinato (CataflanR) e da nimesulida (NisulidR), na inibição da resposta inflamatória após a lesão do palato de ratos Wistar machos com bisturi punch de 2 mm. 25 MATERIAL E MÉTODOS O projeto de pesquisa que permitiu a realização do presente estudo foi inscrito no Núcleo de Pesquisa da Faculdade Ingá sob o número 916-1/2011. O financiamento de todos os custos relacionados à compra de equipamentos e materiais de consumo foram suportados pela UNINGÁ – Unidade de Ensino Superior Ingá LTDA. Realizou-se um estudo experimental laboratorial controlado, paralelo e randomizado, com análise microscópica qualitativa de cortes histológicos do palato de ratos Wistar machos, após indução de lesão com bisturi punch de 2 mm. Ratos Wistar machos (350 a 370g) foram obtidos do biotério central da Universidade Estadual de Maringá – UEM e acondicionados sob ciclo dia-noite de 12h, à temperatura ambiente (de 25 ± 1ºC), com água e ração ad libitum no Biotério da Faculdade Ingá. Para realização da lesão do palato, os animais foram anestesiados com cloridrato de xilazina a 2% (4 mg/kg), associado com cloridrato de cetamina 10% (2 mg/kg). Depois de anestesiados, os animais foram acondicionados em anteparo (Figura 1A) com a fixação da cavidade bucal aberta (Figura1B). A lesão foi induzida com a introdução do bisturi do tipo punch de 2 mm no palato do rato (Figura 1C). A profundidade da lesão foi considerada padrão ao atingir a superfície óssea ficando exposto só o periósteo . Ao final do procedimento, todos os animais, de todos os grupos estudados, receberam uma dose do antibiótico do grupo das tetraciclinas, a 26 Terramicina, na concentração de 25mg/kg, administrado na musculatura da pata posterior esquerda (Figura 1D). A B punch 2mm C D Figura 1. A: mesa cirúrgica com anteparo para fixação do rato; B: duas argolas presas a pontos de regulagem permite a abertura da cavidade oral do rato anestesiado; C: a lesão foi induzida com um bisturi do tipo punch de 2 mm, no palato de ratos anestesiados; D: administração de terramicina na pata posterior esquerda de ratos após a indução da lesão cirúrgica. Os animais estudados foram divididos nos seguintes grupos experimentais: 1- Controle positivo: sofreu apenas a lesão que resultou no foco inflamatório sem, no entanto, receber o tratamento medicamentoso com AINES: a- Extração da peça anatômica após 24h (n=3); b- Extração da peça anatômica após 48h (n=3); c- Extração da peça anatômica após 72h (n=3); ; 27 2- Grupo tratado – diclofenaco resinato: sofreu a lesão cirúrgica com administração de diclofenacoresinato15mg/mL (1,0 mg/kg/dose) logo após o ato cirúrgico e a cada 12h por até 3 dias consecutivos: a- Extração da peça anatômica após 24h: recebeu 2 doses de AINES (n=3); b- Extração da peça anatômica após 48h: recebeu 4 doses de AINES (n=3); c- Extração da peça anatômica após 72h: recebeu 6 doses de AINES (n=3). 3- Grupo tratado - nimesulida: sofreu lesão cirúrgica e administração de 50 mg/mL (2 mg/kg/dose) logo após o ato cirúrgico e a cada 12h por até 3 dias consecutivos: a- Extração da peça anatômica após 24h: recebeu 2 doses de AINES (n=3); b- Extração da peça anatômica após 48h: recebeu 4 doses de AINES (n=3); c- Extração da peça anatômica após 72h: recebeu 6 doses de AINES (n=3). Após, 24, 48 ou 72h da realização da lesão, todos os animais de todos os grupos estudados foram novamente anestesiados para obtenção da peça anatômica, que foi acondicionada em recipiente com solução de formol a 10% e conduzido para o laboratório de patologia. 28 Em cada grupo, a extensão da lesão fixada no corte histológico foi avaliado para a comparação da eficácia do tratamento com diclofenaco resinato ou com nimesulida dentro de cada grupo experimental e intergrupos. As análises realizadas foram qualitativas com base no laudo histopatológico. Todas as lâminas analisadas foram fotografadas para efeito de documentação digital permanente dos resultados encontrados. Fixação da peça anatômica A fixação foi breve, superior a 4 horas, para evitar a destruição dos sítios antigênicos contidos nas peças de palato isoladas. Inclusão da peça histológica A inclusão das peças anatômicas foi realizada em parafina. Os blocos para cortes histológicos foram fatiados em micrótomo para obtenção de fatias com 4 µm de espessura, montados em lâminas histológicas tratadas com silano (4%) e coradas com hematoxilina e eosina para avaliação histopatológica. A revisão histopatológica em todos os casos foi realizada por um patologista experiente em laudar lesões bucais a partir da análise histopatológica de cortes de tecidos. As análises foram realizadas de forma independente, sem identificação dos casos. Reagentes: Cloridrato de Xilazina 2% - 2g/100mL (Xilazin – Rhobifarma), injetável de uso veterinário, lote 006/10; 29 Cloridrato de Cetamina 10% - 10g/100mL (Cetamin - Rhobifarma), injetável de uso veterinário, lote 006/10; Terramicina 50 g/mL(Pfiseer), solução injetável de uso veterinário, lote: 005/10; Diclofenaco resinato (CATAFLAN- Novartis) 15 mg/mL – suspensão oral de uso adulto ou pediátrico, lote:0182; Nimesulida 50 mg/mL (NISULID – Achê), suspensão oral de uso adulto ou pediátrico, lote 1102856. 30 RESULTADOS Os cortes microscópicos revelam um epitélio estratificado delgado e queratinizado compatível com a vigência de processo inflamatório em andamento. Subjacente, observou-se a presença de botões gustativos e um discreto infiltrado, em foco, de células mononucleares (macrófagos) e polimorfonucleares (neutrófilos), compatíveis com ativação do sistema imune. Foram observadas a presença de glândulas mucosas em meio a um tecido conjuntivo de aspecto frouxo, com inúmeros vasos sanguíneos congestos. A lesão induzida com bisturi punch de 2 mm, no palato do rato foi classificada como de baixo potencial lesivo em todos os tecidos obtidos dos grupos de animais estudados, controle e tratados com AINES, sendo cada vez mais tênue a partir da observação dos grupos cujos tecidos foram obtidos depois de 24, 48, até 72 h. A análise histopatológica, definiu as observações como lesões discretas, sendo discreta menor do que leve, que é menor do que moderada. O infiltrado inflamatório em foco, isto é, um infiltrado bem delimitado e circunscrito ao tecido adjacente à área da lesão, foi observado em todos os tecidos obtidos dos grupos de animais estudados, controles e tratados. Em nenhum dos grupos estudados foi observado espraiamento do infiltrado inflamatório para tecidos mais afastados das margens da lesão induzida. Assim é possível afirmar que a lesão do palato de ratos com o bisturi punch de 2 mm produziu um infiltrado inflamatório pequeno e circunscrito ás margens da lesão, em relação ao quadro microscópico como um todo. 31 Figura 2. Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo controle de 24h com aumento de 40x. Nos grupos controle de 24, 48 e 72h foi possível observar no infiltrado inflamatório a presença de neutrófilos (polimorfonuclear – PMN) e de macrófagos (Mononuclear – MN) (Figura 2). 32 Figura 3. Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo controle de 48h com aumento de 40x. Dada à semelhança da população do PMN e MN no grupo de 24, uma ligeira redução na população de PMN e, portanto, um relativo aumento do MN em áreas perivasculares no grupo controle de 48h (Figura 3), com evolução predominante de MN no grupo de 72h (Figura 4) indicando a vigência de um processo inflamatório agudo (24h) adquirindo características progressivamente cronificante nos grupos controle de 48 e 72h (Tabela 1). 33 Figura 4. Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo controle de 72h com aumento de 40x. Nos grupos tratados com diclofenaco resinato, 24, 48 e 72h, foi possível observar uma ligeira modificação no padrão celular em relação ao grupo controle. O diclofenaco pareceu promover ligeira diminuição da população de PMN, resultando num relativo aumento do MN, em relação ao grupo controle de 24h (Figura 5). 34 Figura 5. Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com diclofenaco resinato por até 24h após a lesão, com aumento de 40x O diclofenaco resinato também reduziu levemente a intensidade do infiltrado inflamatório quando comparado com o controle de 24h (Figura 6). A B Figura 6. Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo controle de 24h e do tratado com diclofenaco resinato por até 24h após a lesão, com aumento de 40x. 35 Este padrão celular foi novamente observado no grupo tratado com diclofenaco resinato por até 48h, mas agora com predomínio dos tipos celulares citados principalmente dentro do vaso, em relação ao tecido infiltrado perivascular (Figura 7). Figura 7. Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com diclofenaco resinato por até 48h após a lesão, com aumento de 40x. O infiltrado inflamatório observado foi menor do que aquele do grupo tratado com diclofenaco resinato por até 24h (Figura 8), e, por conseguinte do que o grupo controle de 24h. O grupo tratado com diclofenaco resinato por até 72h após a indução da lesão evoluiu com o já citado padrão de predomínio de MN em relação ao PMN (Figura 9). No entanto, estes tipos celulares foram raros, seja no interior do vaso, seja no infiltrado perivascular; o infiltrado inflamatório foi menor do que o do grupo tratado com diclofenaco resinato por até 48h (Figura 10), e, por conseguinte do que o grupo controle de 48h. 36 A B Figura 8. Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo do tratado com diclofenaco resinato por até 24 ou 48h após a lesão, com aumento de 40x. Tomadas em conjunto, a análise histopatológica do grupo tratado com diclofenaco resinato revela o potencial deste anti-inflamatório de reduzir progressivamente o infiltrado inflamatório induzido pela lesão com bisturi punch de 2 mm. Figura 9. Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com diclofenaco resinato por até 72h após a lesão, com aumento de 40x. 37 A B Figura 10. Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo do tratado com diclofenaco resinato por até 48 ou 72h após a lesão, com aumento de 40x. No período considerado (24 a 72h após a indução da lesão), bem como no grupo controle, o padrão de infiltração das células inflamatórias, com predomínio relativo de MN ante o PMN, foi sugestivo de indução da cronificação do processo inflamatório instalado, compatível com a situação de indução de reparo tecidual, até a observação de 72h (Tabela 1). Nos grupos tratados com nimesulida, 24, 48 e 72h não houve modificação no padrão celular (PMN e MN) em relação ao grupo controle, mas contrasta com o padrão induzido pelo diclofenaco resinato. A nimesulida pareceu promover infiltração de PMN e MN, com intensidade semelhante, comparável àquela observada no grupo controle de 24h (Figuras 11). 38 Figura 11. Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com nimesulida por até 24h após a lesão, com aumento de 40x. Entretanto, com leve redução da intensidade do infiltrado inflamatório em relação ao grupo controle 24h, mas semelhante ao grupo diclofenaco resinato. No grupo tratado com nimesulida por até 48h, observamos o predomínio de MN em relação ao PMN, no tecido perivascular infiltrado (Figura 12), tal como observado no grupo controle de 48h, porém contrastando com o padrão induzido pelo diclofenaco resinato (predomínio de MN em relação do PMN dentro do vaso). Contudo, o infiltrado inflamatório observado foi menor do que aquele do grupo controle 24h e do que do grupo tratado com nimesulida por até 24h (Figura 13), mas semelhante à redução infiltrativa conseguida pelo diclofenaco resinato tratado por até 48h após a lesão. 39 Figura 12. Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com nimesulida por até 48h após a lesão, com aumento de 40x. O grupo tratado com nimesulida por até 72h após a indução da lesão evoluiu com a observação apenas de MN, tal como o grupo controle de 72h (Figura 14). A B Figura 13. Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo do tratado com diclofenaco resinato por até 24 ou 48h após a lesão, com aumento de 40x. 40 Porém, diferente do grupo tratado com diclofenaco resinato por até 72 h após a lesão (PMN e MN raros), o infiltrado inflamatório foi menor do que o do grupo tratado com nimesulida por até 48h (Figura 15); logo foi menor do que o grupo controle de 48h, porém semelhante à redução infiltrativa conseguida pelo diclofenaco resinato tratado por até 72h após a lesão. Figura 14. Imagem de lâmina histológica obtida a partir do grupo tratado com nimesulida por até 72h após a lesão, com aumento de 40x. Tomados em conjunto, a análise histopatológica do grupo tratado com nimesulida revela o potencial deste anti-inflamatório de reduzir progressivamente o infiltrado inflamatório induzido pela lesão com bisturi punch de 2 mm, no período considerado (24 a 72h após a lesão) porém de modo semelhante àquele obtido com o diclofenaco resinato, sem modificar o padrão 41 de infiltração das células inflamatórias em relação aos respectivos controles temporais (Tabela 1). A B Figura 15. Imagens de lâminas histológicas obtidas a partir de animais do grupo do tratado com diclofenaco resinato por até 48 ou 72h após a lesão, com aumento de 40x. TABELA 1. Sumarização da análise histopatológica das lâminas obtidas a partir dos grupos controle e tratados com diclofenaco resinato ou nimesulida, 24, 48 ou 72 após a indução de lesão com bisturi punch 2 mm. Tempo/Grupo CONTROLE 24 h MN ≈ PMN * infiltrado com intensidade DICLOFENACO RESINATO MN >PMN MN > PMN * predomínio no infiltrado MN > PMN * predomínio de PMN dentro do perivascular. vaso e de MN no infiltrado tecido perivascular infiltrado. Infiltrado <que o Grupo 24h ou controle 24h/ 48h. 72 h MN ≈ PMN * predomínio de PMNno infiltrado perivascular semelhante. 48 h NIMESULIDA MN >PMN * predomínio de MN no infiltrado perivascular. Infiltrado < que o Grupo 24h ou controle 24h /48h. Infiltrado ≈ grupo diclofenaco resinato 48h. MN * predomínio no infiltrado MN (raros) ≈ PMN (raros) MN * predomínio perivascular. Infiltrado < que o Grupo 48h ou controles 24h/ 48h/72h. perivascular. no infiltrado Infiltrado < que o Grupo 48h/24 h ou controles24h/ 48h/72h. Infiltrado ≈ grupo diclofenacoresinato 72 h. Em todos os grupos, controles ou tratados, o processo inflamatório foi observado em foco, restrito ao tecido perivascular da borda da lesão e de intensidade discreta (discreto<leve<moderado). Os resultados sumarizados expressam uma análise qualitativa. MN: célula mononuclear, especificamente macrófago; PMN: polimorfonuclear, especificamente neutrófilo; ≈ indica semelhante; < indica menor que; > indica maior que. 42 DISCUSSÃO Apesar da profundidade padrão de perfuração com o bisturi punch de 2 mm, estender-se até o nível da superfície óssea ficando exposto só o periósteo, a lesão induzida nos grupos de animais estudados foi histopatologicamente de baixo potencial lesivo, ou discreta. Apesar da nossa suposição inicial de que a lesão induzida com o bisturi punch de 2 mm pudesse ser caracterizada como extensa, o fato de ter sido realizada em ratos, animal com nível metabólico elevado, quando comparado com humanos, ou outros animais de maior porte como o cão, usualmente adotados como animal padrão para a experimentação em odontologia, corrobora com a observação de uma “lesão discreta”. Contudo, nosso resultado experimental está de acordo com aqueles obtidos por WILLOUGHBY et al., (1986), que afirmam que a lesão inflamatória leve em mucosas de ratos estimula a proliferação epitelial, enquanto lesões mais graves deprimem a proliferação epitelial em razão de maior lesão de células progenitoras, no tecido. Considerando que a lesão induzida nos ratos estudados foi discreta, sendo “discreto” um potencial menor do que leve, podemos inferir que na lesão do palato de ratos induzida com o bisturi punch de 2 mm há rápida proliferação epitelial poderia em parte justificar a brevidade do reparo tecidual, mais uma vez justificando o aspecto discreto do infiltrado inflamatório. As lâminas histológicas de todos os grupos estudados apresentaram infiltrados inflamatórios pequenos e circunscritos ás margens da lesão induzida, isto é, um infiltrado focal. NOVAK et al., (2008), relataram que no infiltrado 43 inflamatório observado nas pequenas leões de mucosas de ratos, a descrição compativel com o quadro de inflamação aguda é raramente observado, devido a tolerância imunológica deste tecido, que possui células apresentadoras de antígenos, como as células dendríticas e diferentes subtipos de células T, sendo a mucosa oral significativamente tolerante à agressões do tecido. Neste sentido, podemos sugerir que nossos resultados estão em consonância com a literatura, consideradas a extensão discreta da lesão, e a observação histopatológica com infiltrado inflamatório em foco e restrito ao tecido perivascular da borda da lesão, embora a caracterização de tipos celulares como as células dendríticas e classes de linfócitos fuja do escopo deste estudo. Sob outro aspecto, a presente observação de infiltrado inflamatório discreto e circunscrito, também pode ser explicado pelo desenho experimental por nós adotado: como já citado nos métodos, após a indução das lesões cirúrgicas, os animais foram tratados com terramicina, um antimicrobiano do grupo das tetraciclinas, que possui espectro de ação contra as principias cepas de bactérias Gram positivo e Gram negativo, que poderiam ser encontradas na cavidade oral. Assim, o uso proposital do citado antibiótico teve como objetivo minimizar a observação de infiltrado com elementos celulares mobilizados em razão da contaminação bacteriana da lesão, maximizando por outro lado, a possibilidade de resultados relacionados à lesão per se, portanto à inflamação per se, e minimamente relacionados à infecção. Com base na literatura, a adoção deste desenho experimental pode ser justificado pelo fato da ampla e vasta confirmação científica de que nas infecções, assim como em muitas outras formas de lesão tecidual, o tecido 44 lesado e o tecido circunvizinho induzem alterações na concentração de várias proteínas plasmáticas, conhecidas como “proteínas de fase aguda” (BALLOU & KUSHNER, 1992; BALLOU & KUSHNER, 1993; VOLTARELLI, 1994; BAUMANN & GAULDIE, 1994), que, em nosso estudo, poderiam interferir na observação in vivo do componente exclusivamente (ou maximamente) inflamatório, desencadeado por uma lesão induzida, numa superfície naturalmente contaminada, como é a cavidade oral. Dado que a inflamação é o resultado de alterações teciduais que podem ser cronologicamente classificadas em aguda ou crônica, ou morfologicamente quanto aos elementos celulares predominantes, células polimorfonucleares (PMN) ou mononucleares (MN), nossos resultados a partir do grupo controle, após 24h de indução da lesão, mostram semelhança na presença de PMN, notadamente neutrófilos, em relação à MN, principalmente macrófagos, no infiltrado inflamatório. Este resultado é consistente com a observação de NOVAK et al., (2008), sobre a raridade de descrições compatíveis com o quadro de inflamação aguda na mucosa bucal. SCHNEIDER et al., (1999) mostraram que a prostaglandina E2 (PGE2) poderia atuar como um agente repressor do recrutamento de MN como monócitos e macrófagos na fase aguda da inflamação. Assim, sugerimos que a semelhança na contagem de MN e PMN no grupo controle de 24h, bem como o predomínio relativo de MN sobre os PMN no grupo controle de 48h podem ser explicados pela tenuidade da resposta inflamatória induzida. No entanto, houve modificação do padrão de celular nos grupos controle de 72h, passando a ser principalmente encontrados macrófagos em relação aos neutrófilos no infiltrado inflamatório. Esta modificação do padrão celular 45 pode ser preditiva do início de uma fase proliferativa e de reparo, compatível com a rápida cronificação do processo inflamatório. Acreditamos que este perfil observado no grupo controle como um todo pode ser fundamentado pela já relatada peculiaridade de resposta do rato frente ao estímulo lesivo aplicado, pelo desenho experimental adotado e ainda pelo fato do agente causal da resposta inflamatória ter sido apenas indutor da lesão, não tendo permanecido no tecido lesado. Os resultados obtidos com o uso de diclofenaco resinato mostram que o anti-inflamatório produziu uma modificação do padrão celular infiltrado no tecido, com predomínio relativo de MN ante o PMN, em relação ao grupo controle nos grupos de 24 e 48h. Alguns estudos publicados na literatura, como o de ABRAMSON & WEISSMANN, (1989) mostram que os AINES são capazes de atenuar a reação inflamatória aguda e assim prejudicar eventos próinflamatórios, neutrófilos-dependente. ZWAHLEN et al., (1994) mostraram que anti-inflamatórios não-seletivos da enzima COX-2 como a indometacina,o ácido acetilsalicílico, o diclofenaco e o cetoprofeno são capazes de induzir inibição dose-dependente da adesão de neutrófilos às células endoteliais in vitro. Assim, sugerimos que nossos resultados com o uso do diclofenaco resinato estão de acordo com a literatura, uma vez a observada redução de neutrófilos no infiltrado pode refletir exatamente a citada inibição da adesão celular de PMN ao endotélio vascular, reduzindo assim a presença de neutrófilos no infiltrado, em relação aos outros tipos celulares, como o MN com destaque para o macrófago. Curiosamente, quando os animais foram tratados com diclofenaco por até 72h observamos a presença de raros PMN e MN. A escassez de PMN e 46 MN no grupo tratado com diclofenaco por até 72 h após a lesão pode ser mais uma vez justificada pela observação de que a PGE2 seria um agente repressor do recrutamento de PMN e MN para o infiltrado inflamatório (SCHNEIDER et al.,1999). Assim, dado que a resposta inflamatória induzida neste modelo foi tênue, assumindo discretos contornos característicos de fase aguda, mesmo naqueles grupos controles (24, 48 ou 72h) ou nestes, tratados com diclofenaco resinato por menos tempo (24 ou 48h), sugerimos que a concentração de PGE 2 no infiltrado inflamatório tenha sido ínfima, o que, somado à esperada resposta proliferativa e reparadora após 72h de indução da lesão, tornou a resposta celular compatível com a breve cronificação do processo inflamatório induzido neste estudo. Por muito tempo acreditou-se que a enzima COX-1 seria teoricamente responsável pelas funções homeostáticas do organismo enquanto a enzima COX-2 seria indispensável apenas no processo inflamatório, para a síntese de prostanóides com destaque para a PGE2 (PALACIOS et al., 1998). No entanto, o conceito de que a COX-2 é a isoforma apenas envolvida na inflamação foi desafiado por um grande número de estudos (WALLACE et al., 1998; Mc ADAM et al., 2000; GORDON et al., 2002). Atualmente, a hipótese mais aceita é a de que a COX-1 seria responsável pela resposta inicial de produção de prostanóides, em resposta a estímulos inflamatórios, enquanto a COX-2 se tornaria o principal contribuinte para a síntese de prostanóides com o progresso da resposta inflamatória (LANGENBACH, 1995; GILROY et al., 1999; TILLEY et al., 2001). De acordo com a literatura, podemos concluir que a resposta inflamatória é inicada pela atividade da COX-1, e não da COX-2, que passaria 47 a figurar no processo inflamatório após a prévia existência de citocinas equimiocinas, como a PGE2, produzida inicialmente a partir da COX-1 (STANDIFORD et al., 1992; AGRO et al., 1996). Corroboram com esta assertiva os modelos animais de inflamação que demonstraram o aumento na expressão do RNAm da COX-2, e da conseguinte síntese de prostanoide sem função do tempo de evolução do processo inflamatório (ANDERSON et al., 1996). Outros autores reportam que a prévia existência de citocinas inflamatórias e endotoxinas podem induzir um aumento de cerca de 10 a 80 vezes no nível de expressão de COX-2 em monócitos, macrófagos, condrócitos, fibroblastos e nas células endoteliais, contribuindo assim, para a manutenção da respsota inflamatória (ANDERSON et al., 1996; BUTTAR & WANG, 2000). Então, dado que o diclofenaco resinato é um inibidor não-seletivo da isoforma COX-2, inibindo assim as isoformas COX-1 e COX-2, é possível compreender o porquê da menor presença de MN no grupo tratado com diclofenaco resinato por até 72h, em relação ao grupo controle de 72h. Mas, principalmente é compreensível sua redução, em relação ao grupo tratado com nimesulida por até 72h. A inibição precoce da COX-1, conseguida pelo diclofenaco resinato é mais eficaz em diminuir a presença de células inflamatórias no infiltrado do que a nimesulida que, por inibir seletivamente a isoforma COX-2, teria seu efeito anti-inflamatório iniciado mais tardiamente em relação ao diclofenaco resinato. Contudo, epesar do diclofenaco resinato aparentemente ser mais eficaz, LÓPEZ-ARMADA et al. (2002) observaram que este efeito de inibição da síntese de PGE2, proporcionado pelo uso de AINES como o diclofenaco, que inibem de forma não-seletiva as isoformas COX-1 e 48 COX-2 prolongam o processo inflamatório, exatamente porque retardam a migração de PMN e MN para o tecido inflamado desde o início da migração celular característica do processo inflamatório. Os estudos realizados por KHAN et al., (2007) confirmam que após a lesão de tecidos, principalmente três tipos de células são encontradas no infiltrado inflamatório contribuindo para a expressão e ativação da enzima COX-2 e, subsequentemente, a síntese de prostaglandinas: os fibroblastos residentes, células endoteliais, e os PMN invasores, como os neutrófilos. A presença de neutrófilos é um evento precoce da inflamação da mucosa oral, desempenhando importantes papéis para o desenvolvimento da resposta inflamatória, principalmente no que tange a produção de espécies reativas de oxigênio, citocinas e de quimiocinas pró-inflamatórias (ZARBOCK et al., 2007). Alguns AINES inibem preferencialmente a enzima COX-2, tais como meloxicam e nimesulida (NOBLE & BALFOUR, 1996). LÓPEZ-ARMADA et al., (2002), observaram que o meloxicam reduziu a contagem de PMN infiltrados em tecido inflamado, devido a redução da expressão da IL8. Contudo, os citados autores observaram que o meloxicam não foi capaz de reduzir a infiltração de MN, que depende ao menos em parte da PGE2. Estes dados da literatura podem corroborar com nossos resultados obtidos pelo tratamento com o inibidor seletivo da COX-2, nimesulida, por até 24h após a indução da lesão. Tipicamente poderiamos observar nas fases inflamatórias iniciais o predomínio de PMN em relação aos MN. Porém, retomando o raciocínio já explanado acima, ao tomarmos por base a tenuidade da resposta induzida e a consequente minoração da resposta aguda, bem como a possível diminuição 49 da adesão endotelial de PMN induzida pelos AINES (ZWAHLEN ET al., 1993; 1994), podemos sugerir que a nimesulida, a exemplo do meloxicam (COX-2 seletivo), teria promovido redução da expressão da IL8, resultando em menor estímulo quimiotático para os PMN no tecido inflamado nesta fase, o que resultou na observação de semelhança na população de PMN e MN, quando do tratamento com nimesulida por até 24h. Nossa hipótese pode ser reforçada pelos estudos de BAGGIOLINI et al., (1989) e BAZZONI et al., (1991) que revelaram ser a IL8 capaz de ativar neutrófilos para o foco inflamatório. VOLTARELLI, (1994) cita que independentemente da natureza do estímulo desencadeante, as células ativadas do sistema fagocítico mononuclear (monócitos circulantes e macrófagos teciduais) podem iniciar a cascata de eventos característicos das respostas de fase aguda, secretando, inicialmente, citocinas da família da IL1 e TNF (fator de necrose tumoral). Como MELLO et al. (1994) observaram que a nimesulida pode reduzir a função de neutrófilos na fase aguda da inflamação, em conjunto estes relatos poderiam justificar, ao menos em parte, nossa observação de número semelhante PMN e MN após 24h de tratamento com a nimesulida, bem como a predominância de MN após 48h de tratamento com a nimesulida. Dado que este estudo foi desenvolvido com o intuito de aplicação prática dos nossos resultados, objetivando encontrar uma resposta útil para o dia-a-dia do Cirurgião Dentista, acreditamos que o principal dado obtido seria o de evidenciar a eficácia semelhante dos anti-inflamatórios testados (diclofenaco resinato e nimesulida) naquelas lesões leves e não infectadas com microorganismos exógenos á microbiota. 50 Após uma meta análise de 127 publicações científicas, Sink et al., (2005) discute os potenciais benefícios e riscos de fármacos COX-2 seletivos, que ainda são mais caros do que os não-seletivos da COX-2. Supostamente o uso AINES seletivos da COX-2 teria como finalidade a obtenção de maior potencial analgésico e anti-inflamatório, bem como reduzir os efeitos colaterais gastroerosivos em relação aos AINES não-seletivos da enzima COX-2. Contudo, algumas evidências mostraram que AINES COX-2 seletivos podem promover alterações no metabolismo do tecido ósseo, algo altamente indesejável para a prática odontológica (RIBEIRO et al., 2007). Assim, com base em nossos resultados e na literatura especializada, sugerimos que em ratos machos Wistar, o efeito dos anti-inflamatórios não-esteroidais diclofenaco resinato, nãoseletivo da COX-2, e nimesulida, seletivos da COX-2, foi semelhante sob as lesões de baixo potencial lesivo, com infiltrado inflamatório focal, figurado predominantemente por neutrófilos e macrófagos, circunscritos à área próxima da borda da lesão induzida não infectada com microorganismos exógenos da microbiota. 51 CONCLUSÃO Dentro dos limites deste estudo, foi possível constatar que nas lesões de pequena extensão e baixo potencial lesivo como as que induzimos, o uso dos anti-inflamatórios não-esteroidais diclofenaco resinato e nimesulida pode ser dispensável. 52 REFLEXÕES Considerando-se a pluralidade dos indicadores sócio-economicoculturais de nossa população, e particularmente considerando o atendimento de populações de baixo poder econômico, caso o Cirurgião Dentista opte pelo uso de AINES, podemos considerar que: - Se a prescrição for direcionada à pacientes de baixo poder econômico, não há prejuízo na utilização de diclofenaco resinato em relação ao uso de nimesulida, em termos da eficácia analgésica e anti-inflamatória; Apesar de não termos direcionado nosso estudo às implicações para o tecido ósseo do uso dos anti-inflamatórios por nós estudados, a revisão de literatura necessária para o embasamento de nossos resultados nos permitiu verificar que o uso de AINES seletivos da COX-2 podem resultar em maior dificuldade para o crescimento e/ou remodelamento do tecido ósseo. Assim, com base na literatura, recomendamos ao Cirurgião-Dentista que se a prescrição de anti-inflamatórios for direcionada à pacientes que realizam procedimentos odontológicos que estejam relacionados ao uso de próteses totais, parciais ou prótese sobre implantes, AINES seletivo da COX-2, quando administrados a curto período não acarretam nenhum prejuízo ao tecido ósseo. Entretanto, quando há necessidade do uso por períodos prolongados, o uso de AINES seletivos da COX-2 deve ser visto com cautela, considerando-se que as próteses totais, parciais ou sobre implantes na maioria das vezes promove a reabsorção óssea espontaneamente. 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMSON, S.B.; WEISSMANN, G. The mechanisms of action of nonsteroidal antiinflammatory d rugs. ArthritisRheum. 32:1–9. 1989. AGRO, A.; LANGDON, C.; SMITH, F.; RICHARDS, C.D. PGE2 enhances IL-8 and IL-6 but inhibits GMCSF production b y IL-1 stimulated human synovial fibroblasts in vitro. J Rheumatol. 23:862–868. 1996. ANDRADE, S. 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